Relatorio PMM Ensaio de Fadiga

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Universidade Estadual Paulista – Campus Guaratinguetá

Departamento de Materiais e Tecnologia

Ensaio de Fadiga

Gabriel Knopp de Macedo – 181323486


Guilherme Guerato - 181324415
Juan Martinez Mendes Nóbrega Rocha – 181324423

Propriedade Mecânica dos Materiais – 342L

Resumo: O ensaio de fadiga é um método de ensaio usado para prever e calcular as


falhas, podendo ser em três níveis nucleação da trinca, propagação e fratura, que
podem ocorrer em uma peça após determinado tempo e mesmo esta peça trabalhando
bem abaixo do seu limite de trabalho. Assim evitando acidentes ou gastos inesperados.
Neste ensaio foi utilizado um corpo de prova de aço SAE 9258 em um ensaio de flexão
rotativa, foi assim possível obter o número de ciclos médio de acordo com a tensão e
esboçar este resultado graficamente.

Palavras-chave: Ensaio de fadiga, AÇO SAE 9258, tensão, número de ciclos, curva de
Wöhler

1. INTRODUÇÃO
Devido um grande avanço industrial e tecnológico, precisou-se estudar e
analisar melhor os tipos de materiais utilizados, no intuito de se conhecer suas
características, valores de cargas suportadas antes de possível quebras. Para
adquirir tais conhecimentos, é necessário realizar ensaios e testes nos materiais,
tendo como um dos principais o ensaio de fadiga.
A falha por fadiga é o principal tipo de falha que ocorre em materiais e
máquinas, representando 90% de todas as falhas, devido ao fato de ser muito
imprevisível e estar sujeito a diferentes tipos de tensões cíclicas: axial, de flexão,
torção. Ela começou a ser estudada no século XIX, principalmente pelo
engenheiro August Wöhler, quando vários eixos de vagões ferroviários
começaram a apresentar fraturas em suas estruturas.
A falha apresenta três estágios diferentes: nucleação da trinca,
propagação e fratura. Na nucleação, as tensões cíclicas influenciam no
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escoamento local, gerando deformações plásticas localizadas. Essas


deformações vão causando distorções e criando bandas de deslizamentos que,
a medida que vai aumentando o número de ciclos que o material está submetido
a uma carga, há aumento do número de bandas de deslizamentos e,
consequentemente agrupamento dos mesmos, gerando as trincas
microscópicas. No estágio da propagação, ocorrerá o crescimento das trincas
devido ao submetimento do material às tensões de tração. No último estágio, o
tamanho da trinca será o grande o suficiente para gerar uma falha repentina no
material, gerando a fratura por fadiga.
Para analisar e estudar a falha por fadiga, utiliza -se o ensaio de fadiga
consiste na aplicação de carga cíclica em corpo de prova apropriado e
padronizado segundo o tipo de ensaio a ser realizado e a solicitação desejada,
podendo ser torção, tração-compressão, flexão ou flexão rotativa
(GARCIA,2012). O tipo de ensaio mais utilizado devido sua facilidade e custo de
operação é do tipo flexão rotativa, na qual o corpo de prova é submetido a uma
tensão variando de modo senoidal à medida que gira a partir do lado da tração
(topo da curvatura) para o lado de compressão (parte inferior da curvatura),
completando um ciclo cada vez que a amostra roda 360°. (DOWLING,1993).
Como qualquer ensaio, o ensaio de fadiga também apresentará normas
para padronização e procedimentos. Uma das normas é a norma ASTM E466–
15, responsável pelo procedimento para a realização de ensaios de fadiga
controlada por força axial para obter a resistência à fadiga de materiais metálicos
no regime de fadiga em que as deformações são predominantemente elásticas,
tanto no carregamento inicial quanto ao longo do ensaio. Fonte [2]. Além dessa
norma, há também a norma ASTM E606/E606M–12 que cobre todo o processo
para determinar propriedades de fadiga dos materiais nominalmente
homogêneos através do uso de corpos de provas submetidos a forças uniaxiais.
Fonte [3]. Também há outras normas de padronização como: ASTM E1823,
ASTM E1150.
Em relação aos corpos de provas, pode-se utilizar três tipos: a própria
peça; um produto acabado como :barra, chapa, tubos; um corpo de prova
usinado para o ensaio, podendo ser liso ou entalhado. Com relação a forma do
corpo de prova, varia conforme o tipo de solicitação desejada ou com a norma
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de padronização utilizada, porém em geral utiliza-se corpos com secção circular


ou retangular, apresentando uma parte com uma biconicidade ao longo de seu
comprimento, apresentando em seu centro uma secção transversal uma
dimensão mínima. Tal biconicidade apresenta um valor de raio de modo a inibir
a concentração de tensão. (AUGUSTO,1974);
Através do ensaio, é possível obter dados sobre a carga utilizada, bem
como o número de ciclos suportados pelo material, sendo possível assim calcular
o momento de inércia, o momento e consequentemente o valor da tensão
aplicada. Para o cálculo do momento fletor, utilizou-se o valor da carga P e um
comprimento L igual a 100mm, representado na equação:

𝑀𝑓 = 𝑃 𝑥 𝐿 (N.mm) (Equação 1)

Para o cálculo do momento de inércia, utilizou-se o diâmetro do corpo de


prova, representado na equação:

𝜋 𝑥 𝐷4
𝐼= (𝑚𝑚4 ) (Equação 2)
64

Por fim, para cálculo da tensão, utilizou-se o valor do momento fletor,


momento de inércia e do valor do raio da região central em mm, representado
na equação:

𝑀𝑓 𝑥 𝛾
𝜎= (MPa) (Equação 3)
𝐼

O resultado do ensaio de fadiga será analisado através da curva de


Wöhler ou curva S-N, encontrada através dos valores da tensão e do número de
ciclos. Nessa curva, é possível analisar uma tensão conhecida como tensão
limite de resistência a fadiga, na qual se um material estudado estiver submetido
a um valor de tensão abaixo de tal valor limite, ele nunca sofrerá ruptura por
fadiga, ou seja, apresentará vida infinita. Essa faixa de valores é importante no
momento do dimensionamento do projeto, com intuito de não ocorrer falhas
durante o uso. Além disso, é possível conhecer também o número de ciclos que
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o material suporta também, bem como identificar a influência de alguns efeitos


como rugosidade, tratamentos térmicos, variações na tensão residual da
superfície nos valores da tensão limite e número de ciclos.

2. OBJETIVOS
Realizar ensaios de fadiga por flexão rotativa em um aço para mola de
válvulas SAE 9258, utilizando corpos de prova com acabamento usinado, de
diâmetro de 6,0 mm. E depois plotar o gráfico S x N.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais Utilizados:


• Corpo de Prova de aço SAE 9258, normalizado a 880ºC por 90
minutos (resfriamento ao ar), com 6 mm de diâmetro;
• Máquina de ensaio de fadiga por flexão rotativa com contador de
rotação;
3.2. Métodos:

O corpo de prova é fixado em um equipamento de ensaios de fadiga por


flexão rotativa que é composto por:

- Um contador de rotação;
- Um motor;
- Um dispositivo aplicador de carga;
- Suportes para o corpo de prova.

Logo depois, o contador de rotação registra o número de ciclos até a ruptura


do corpo de prova. Para acontecer tal coisa, o motor gera a rotação necessária
para a realização dos testes.

Vale salientar que para ocorrer a flexão, são necessários dispositivos


capazes de aplicar uma determinada carga ao corpo de prova, isto é feito pelos
dispositivos aplicadores de carga. Já fixação e o suporte do corpo de prova são
feitos através de mandris e pinças.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a realização de todos os procedimentos do ensaio de fadiga por
flexão rotativa, pode-se coletar os dados sobre as cargas aplicadas no corpo
de prova, bem como o número de ciclos sob tal carga até a ruptura do
material, sendo tabelado abaixo:

Tabela 1 - Resultados dos ensaios de fadiga para o aço SAE 9258, normalizado

Através dos valores da tensão (σ) e do número de ciclos médios (NRmédio),


plotou-se a curva S-N ou curva de Wöhler para o aço SAE 9258, podendo-se
observar posteriormente características importantes do material.

Gráfico 1 - Curva S-N do AÇO SAE 9258

Analisando – se o gráfico 1, nota-se uma relação inversamente proporcional


entre o valor da tensão aplicada e do número de ciclos que o material suportou
tal tensão antes da ruptura, confirmando um fato de que se um material estiver
sujeito a um valor de tensão ou carga mais alto, ele terá um tempo para uma
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falha ou ruptura mais baixo, consequentemente suportará menos ciclos nesse


carregamento, ou seja, quando o material estava sujeito a uma tensão de 801,67
MPa ou a uma tensão de 565,88 MPa, na primeira situação, o material suportou
somente por aproximadamente 7000 ciclos, enquanto que na segunda situação,
com um valor de tensão menor, suportou aproximadamente 730.000 ciclos,
efetivando e confirmando a relação inversa das duas variáveis.

Embora tenha-se utilizado somente 6 diferentes cargas ao invés de uma


quantidade maior de cargas para uma curva mais realista, pode-se observar
também que o material do corpo de prova, AÇO SAE 9258, não apresenta
nenhuma tendência a apresentar um valor de tensão limite de resistência a
fadiga, ou seja, tal material não apresenta uma faixa de valores abaixo do limite
em que o material não apresenta ruptura ou falha por fadiga, podendo-se utilizar
tal dado em um dimensionamento de projeto, apresentando vida infinita.

5. CONCLUSÃO
Após a realização de todos os procedimentos, bem como análise dos
resultados gerados, pode-se perceber a importância do estudo sobre a falha por
fadiga, bem como do ensaio de fadiga para uma melhor seleção de material em
um dimensionamento de um projeto em que os materiais estão sujeitos a
carregamentos cíclicos.
Pode-se confirmar, através da curva S-N do material do corpo de prova, a
relação inversamente proporcional entre a tensão e o tempo de vida ou número
de ciclos realizados até a ruptura, além de notar que o material não apresenta
nenhuma tendência a nenhum valor de uma tensão, ou seja, não apresenta uma
tensão limite e, consequentemente nenhuma faixa de valores que apresenta vida
infinita.
Por fim, pode-se efetivar que todo cuidado na hora da fabricação do material,
a temperatura do processo, o acabamento, gera uma maior vida útil sem grandes
defeitos.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Essel, Ensaio de fadiga. Disponível em: <
https://essel.com.br/cursos/material/01/EnsaioMateriais/ensa15.pdf > Acesso
em 19/01/2021.

[2] ASTM, ASTM E466. Disponível em : <


https://www.astm.org/Standards/E466.htm>, Acesso em 19/01/2021

[3] ASTM, ASTM E606. Disponível em: <


https://www.astm.org/Standards/E606>, Acesso em 20/01/2021

[4]CCDM, ENSAIO DE FADIGA. Disponível em :<


http://www.ccdm.ufscar.br/materiais-metalicos-ensaios-tecnologicos/ensaios-
mecanicos/ensaio-de
fadiga/#:~:text=Informa%C3%A7%C3%B5es%20adicionais%3A%20O%20ensa
io%20de,ou%20tamb%C3%A9m%20conhecida%20curva%20S%2DN.>,
Acesso em 20/01/2021

[5] GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. ENSAIO DOS MATERIAIS. Rio de

Janeiro: LTC, 2012. 2 v.

[6]. De SOUZA, S. A. ENSAIOS MECÂNICOS DE MATERIAIS METÁLICOS.

São Paulo: Ed. Bluscher,1982. 5v.

[7] DOWLING, N. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS. Rio de


Janeiro : Grupo GEN, 2017. 1v.

[8] L., NORTON, R. PROJETO DE MÁQUINAS : uma abordagem integrada.


Porto Alegre : Equipe Bookman, 2013. 4v.

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