Questões Comentadas XXX Exame Da Oab

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Sandra Mara Dobjenski

XXX EXAME DA OAB


ÉTICA
01. Em certa situação, uma advogada, inscrita na OAB, foi ofendida em razão do
exercício profissional durante a realização de uma audiência judicial. O ocorrido foi
amplamente divulgado na mídia, assumindo grande notoriedade e revelando, de
modo urgente, a necessidade de desagravo público.
Considerando que o desagravo será promovido pelo Conselho competente, seja
pelo órgão com atribuição ou pela Diretoria ad referendum, assinale a afirmativa
correta.
A A atuação se dará apenas mediante provocação, a pedido da ofendida ou de
qualquer outra pessoa. É condição para concessão do desagravo a solicitação de
informações à pessoa ou autoridade apontada como ofensora.
B A atuação se dará de ofício ou mediante pedido, o qual deverá ser formulado pela
ofendida, seu representante legal ou advogado inscrito na OAB. É condição para
concessão do desagravo a solicitação de informações à pessoa ou autoridade
apontada como ofensora.
C A atuação se dará de ofício ou mediante provocação, seja da ofendida ou de
qualquer outra pessoa. Não é condição para concessão do desagravo a
solicitação de informações à pessoa ou autoridade apontada como ofensora.
D A atuação se dará de ofício ou mediante pedido, o qual deverá ser formulado pela
ofendida, seu representante legal ou advogado inscrito na OAB. Não é condição
para concessão do desagravo a solicitação de informações à pessoa ou autoridade
apontada como ofensora.
FUNDAMENTAÇÃO: Art. 18 - RGEAOAB: O inscrito na OAB, quando ofendido
comprovadamente em razão do exercício profissional ou de cargo ou função
da OAB, tem direito ao desagravo público promovido pelo Conselho
competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa.
§ 1º O pedido será submetido à Diretoria do Conselho competente, que
poderá, nos casos de urgência e notoriedade, conceder imediatamente o
desagravo, ad referendum do órgão competente do Conselho, conforme
definido em regimento interno.
Sandra Mara Dobjenski

§ 2º Nos demais casos, a Diretoria remeterá o pedido de desagravo ao órgão


competente para instrução e decisão, podendo o relator, convencendo-se da
existência de prova ou indício de ofensa relacionada ao exercício da profissão
ou de cargo da OAB, solicitar informações da pessoa ou autoridade ofensora,
no prazo de 15 (quinze) dias, sem que isso configure condição para a
concessão do desagravo.
02. O advogado Geraldo foi regularmente constituído por certo cliente para defendê-
lo em um processo judicial no qual esse cliente é réu. Geraldo ofereceu contestação,
e o processo segue atualmente seu trâmite regular, não tendo sido, por ora,
designada audiência de instrução e julgamento.
Todavia, por razões insuperáveis que o impedem de continuar exercendo o
mandato, Geraldo resolve renunciar. Em 12/02/2019, Geraldo fez a notificação
válida da renúncia. Três dias depois da notificação, o mandante constituiu novo
advogado, substituindo-o. Todo o ocorrido foi informado nos autos.
Considerando o caso narrado, de acordo com o Estatuto da Advocacia e da OAB,
assinale a afirmativa correta.
A Geraldo continuará a representar o mandante durante os dez dias seguintes à
notificação da renúncia.
B O dever de Geraldo de representar o mandante cessa diante da substituição
do advogado, independentemente do decurso de prazo.
C Geraldo continuará a representar o mandante até que seja proferida e publicada
sentença nos autos, ainda que recorrível.
D Geraldo continuará a representar o mandante até o término da audiência de
instrução e julgamento.
.FUNDAMENTAÇÃO: Art. 5º EOA O advogado postula, em juízo ou fora dele,
fazendo prova do mandato.
§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias
seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for
substituído antes do término desse prazo.
03. Beatriz, advogada regularmente inscrita na OAB, deseja organizar uma chapa
para concorrer à diretoria de Subseção. Ao estudar os pressupostos para a
Sandra Mara Dobjenski

formação da chapa, a realização das eleições e o futuro exercício do cargo, Beatriz


concluiu corretamente que
A a chapa deverá ser integrada por advogados em situação regular junto à OAB,
que exerçam cargos em comissão, desde que atuem, efetivamente, na profissão há
mais de cinco anos.
B a eleição será realizada na segunda quinzena do mês de novembro, do
último ano do mandato, sendo o comparecimento obrigatório para todos os
advogados inscritos na OAB.
C o mandato é de três anos, iniciando-se em primeiro de fevereiro do ano seguinte
ao da eleição.
D o mandato extingue-se automaticamente, antes do seu término, sempre que o
titular faltar, sem motivo justificado, a mais de três reuniões ordinárias.
.FUNDAMENTAÇÃO: Art. 63EOA. A eleição dos membros de todos os órgãos
da OAB será realizada na segunda quinzena do mês de novembro, do último
ano do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados
regularmente inscritos.
§ 1º A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos estabelecidos
no Regulamento Geral, é de comparecimento obrigatório para todos os
advogados inscritos na OAB.
04. O advogado Carlos não adimpliu suas obrigações relativas às anuidades devidas
à OAB. Assinale a opção que, corretamente, trata das consequências de tal
inadimplemento.
A Carlos deverá quitar o débito em 15 dias contados da notificação para tanto, sob
pena de suspensão, independentemente de processo disciplinar. Na terceira
suspensão por não pagamento de anuidade, seja a mesma ou anuidades distintas,
será cancelada sua inscrição.
B Carlos deverá quitar o débito no prazo fixado em notificação, sob pena de
suspensão mediante processo disciplinar. Após 15 dias de suspensão, caso não
realizado o pagamento da mesma anuidade, será cancelada sua inscrição.
C Carlos deverá quitar o débito em 15 dias contados da notificação para tanto,
sob pena de suspensão, mediante processo disciplinar. Na terceira suspensão
por não pagamento de anuidades, será cancelada sua inscrição.
Sandra Mara Dobjenski

D Carlos deverá quitar o débito em 15 dias contados da notificação para tanto, sob
pena de suspensão, independentemente de processo disciplinar. Na segunda
suspensão por não pagamento de anuidades distintas, será cancelada sua inscrição,
após o transcurso de processo disciplinar.
FUNDAMENTAÇÃO: Art. 22 ROA. O advogado, regularmente notificado, deve
quitar seu débito relativo às anuidades, no prazo de 15 dias da notificação, sob
pena de suspensão, aplicada em processo disciplinar.
Parágrafo único. Cancela-se a inscrição quando ocorrer a 3 suspensão,
relativa ao não pagamento de anuidades distintas.
05. Jailton, advogado, após dez anos de exercício da advocacia, passou a
apresentar comportamentos incomuns. Após avaliação médica, ele foi diagnosticado
com uma doença mental curável, mediante medicação e tratamento bastante
demorado.
Segundo as disposições do Estatuto da Advocacia e da OAB, o caso do advogado
Jailton incide em causa de
A suspensão do exercício profissional.
B impedimento para o exercício profissional.
C cancelamento da inscrição profissional.
D licença do exercício profissional.
. FUNDAMENTAÇÃO: Art. 12 do Estatuto da OAB
Licencia-se o profissional que:
I - assim o requerer, por motivo justificado;
II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o
exercício da advocacia;
III - sofrer doença mental considerada curável
06. Antônio e José são advogados e atuam em matéria trabalhista. Antônio tomou
conhecimento de certos fatos relativos à vida pessoal de seu cliente, que respondia
a processo considerado de interesse acadêmico. Após o encerramento do feito
judicial, Antônio resolveu abordar os fatos que deram origem ao processo em sua
dissertação pública de mestrado. Então, a fim de se resguardar, Antônio notificou o
cliente, indagando se este solicitava sigilo sobre os fatos pessoais ou se estes
Sandra Mara Dobjenski

podiam ser tratados na aludida dissertação. Tendo obtido resposta favorável do


cliente, Antônio abordou o assunto na dissertação.
Por sua vez, o advogado José também soube de fatos pessoais de seu cliente, em
razão de sua atuação em outro processo. Entretanto, José foi difamado em público,
gravemente, por uma das partes da demanda. Por ser necessário à defesa de sua
honra, José divulgou o conteúdo particular de que teve conhecimento.
Considerando os dois casos narrados, assinale a afirmativa correta.
A Antônio infringiu o disposto no Código de Ética e Disciplina da OAB,
violando o dever de sigilo profissional. Por outro lado, José não cometeu
infração ética, já que o dever de sigilo profissional cede na situação descrita.
B Antônio e José infringiram, ambos, o disposto no Código de Ética e Disciplina da
OAB, violando seus deveres de sigilo profissional.
C José infringiu o disposto no Código de Ética e Disciplina da OAB, violando o dever
de sigilo profissional. Por outro lado, Antônio não cometeu infração ética, já que o
dever de sigilo profissional cede na situação descrita.
D Antônio e José não cometeram infração ética, já que o dever de sigilo profissional,
em ambos os casos, cede nas situações descritas
FUNDAMENTAÇÃO: CÓDIGO DE ÉTICA
Art. 35. O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome
conhecimento no exercício da profissão.
Parágrafo único. O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado
tenha tido conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem
dos Advogados do Brasil.

Art. 36. O sigilo profissional é de ordem pública, independendo de solicitação


de reserva que lhe seja feita pelo cliente.
§ 1º Presumem-se confidenciais as comunicações de qualquer natureza entre
advogado e cliente.
§ 2º O advogado, quando no exercício das funções de mediador, conciliador e
árbitro, se submete às regras de sigilo profissional.
Sandra Mara Dobjenski

Art. 37. O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais


que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito
à vida e à honra ou que envolvam defesa própria.
07. Maria, formada em uma renomada faculdade de Direito, é transexual. Após a
aprovação no Exame de Ordem e do cumprimento dos demais requisitos, Maria
receberá a carteira de identidade de advogado, relativa à sua inscrição originária.
Sobre a hipótese apresentada, de acordo com o disposto na Lei nº 8.906/94 e no
Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa
correta.
A É admitida a inclusão do nome social de Maria, em seguida ao nome
registral, havendo exigência normativa de que este seja o nome pelo qual
Maria se identifica e é socialmente reconhecida, mediante mero requerimento
formulado pela advogada.
B É admitida a inclusão do nome social de Maria, desde que, por exigência
normativa, este seja o nome pelo qual Maria se identifica e que consta em registro
civil de pessoas naturais, originariamente ou por alteração, mediante mero
requerimento formulado pela advogada.
C É admitida a inclusão do nome social de Maria, independentemente de menção ao
nome registral, havendo exigência normativa de que este seja o nome pelo qual
Maria se identifica, e é socialmente reconhecida, e de que haja prévia aprovação em
sessão do Conselho Seccional respectivo.
D Não há previsão na Lei nº 8.906/94 e no Regulamento Geral do Estatuto da
Advocacia e da OAB sobre a inclusão do nome social de Maria na carteira de
identidade do advogado, embora tal direito possa advir de interpretação do disposto
na Constituição Federal, desde que haja cirurgia prévia de redesignação sexual e
posterior alteração do nome registral da advogada para aquele pelo qual ela se
identifica e é socialmente reconhecida.
.FUNDAMENTAÇÃO: Reg. Geral do Estatuto da OAB-
Art. 33 VI -A última página destina-se a transcrição do art 7° do estatuto.
Parágrafo único: O nome social é a designação pelo qual a pessoa trasvesti ou
transexual se identifica e é socialmente reconhecida e será inserido na
Sandra Mara Dobjenski

identificação do advogado mediante requerimento. ( Redação dada pela


Resolução n.5/2016).
08. João Pedro, advogado conhecido no Município Alfa, foi eleito para mandato na
Câmara Municipal, na legislatura de 2012 a 2015. Após a posse e o exercício do
cargo de vereador em 2012 e 2013, João Pedro licenciou-se do mandato em 2014 e
2015 a convite do Prefeito, para exercer o cargo de Procurador-Geral do Município
Alfa.
Diante desses fatos, João Pedro,
A em 2012 e 2013, poderia exercer a advocacia a favor de entidades paraestatais.
B em 2012 e 2013, não poderia exercer a advocacia contra empresa
concessionária de serviço público estadual.
C em 2014 e 2015, poderia exercer a advocacia privada, desde que não atuasse
contra o Município Alfa ou entidade que lhe seja vinculada.
D em 2014 e 2015, não poderia exercer a advocacia a favor de autarquia vinculada
ao Município Alfa.
FUNDAMENTAÇÃO: Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais,
Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública
direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício
da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da
investidura.
Ou seja, um procurador municipal/estadual/federal pode sim exercer a
advocacia, contudo os procuradores GERAIS, os quais possuem atribuições
de direção, coordenação, etc, NÃO PODEM.
É como se fosse uma "dedicação exclusiva" ao participar de cargo de direção.
Art. 30 EOA. São impedidos de exercer a advocacia:
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a
favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades
de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
concessionárias ou permissionárias de serviço público.
FILOSOFIA DO DIREITO
09 Um juiz pode dar uma sentença favorável a uma querelante com um rostinho
bonito ou proveniente de determinada classe social, na realidade porque gosta do
Sandra Mara Dobjenski

rosto ou da classe, mas ostensivamente pelas razões que apresentar para sua
decisão.
Neil MacCormick
Existem diferentes motivos pelos quais uma decisão é tomada, segundo
MacCormick. Alguns argumentos podem ser até mesmo inconfessáveis, porém, de
qualquer forma, a autoridade que decide precisa persuadir um auditório quanto à
sua decisão.
Assinale a opção que, segundo Neil MacCormick, em seu livro Argumentação
Jurídica e Teoria do Direito, apresenta a noção essencial daquilo que a
fundamentação de uma decisão deve fazer.
A Dar boas razões ostensivamente justificadoras em defesa da decisão, de
modo que o processo de argumentação seja apresentado como processo de
justificação.
B Realizar uma dedução silogística por intermédio da qual a decisão seja a premissa
maior, resultante da lei, que deve ser considerada a premissa menor do raciocínio
lógico.
C Proceder a um ato de vontade no qual cabe ao juiz escolher uma norma válida
contida no ordenamento jurídico vigente e aplicá-la ao caso concreto.
D Alinhar-se à jurisprudência dominante em respeito às decisões dos tribunais
superiores expressas na firma de precedentes, enunciados e súmulas.
FUNDAMENTAÇÃO: A falta de argumentação jurídica pelos operadores do
direito mostra a deficiência do conhecimento argumentativo pelo qual se
passa na atualidade.
A citação pode ser ignorada. O enunciado observa a importância de uma boa
argumentação. Argumentar significa justificar, fundamentar. Ainda que o
candidato nunca tenha lido este professor escocês, poderia usar o raciocínio
lógico. Boas razões = justificação = argumentação.
10. É preciso repetir mais uma vez aquilo que os adversários do utilitarismo
raramente fazem o favor de reconhecer: a felicidade que os utilitaristas adotaram
como padrão do que é certo na conduta não é a do próprio agente, mas a de todos
os envolvidos.
John Stuart Mill
Sandra Mara Dobjenski

Na defesa que Stuart Mill faz do utilitarismo como princípio moral, em seu texto
Utilitarismo, ele afirma que o utilitarismo exige que o indivíduo não coloque seus
interesses acima dos interesses dos demais, devendo, por isso, ser imparcial e até
mesmo benevolente.
Assim, no texto em referência, Stuart Mill afirma que, para aproximar os indivíduos
desse ideal, a utilidade recomenda que
A as leis e os dispositivos sociais coloquem, o máximo possível, a felicidade ou
o interesse de cada indivíduo em harmonia com os interesses do todo.
B o Direito Natural, que possui como base a própria natureza das coisas, seja o
fundamento primeiro e último de todas as leis, para que o desejo de ninguém se
sobreponha ao convívio social.
C os sentimentos morais que são inatos aos seres humanos e conformam, de fato,
uma parte de nossa natureza, já que estão presentes em todos, sejam a base da
legislação.
D as leis de cada país garantam a liberdade de cada indivíduo em buscar sua própria
felicidade, ainda que a felicidade de um não seja compatível com a felicidade de
outro.
FUNDAMENTAÇÃO: O princípio do bem-estar. O bem é aquilo que pode ser
observado pela ótica da utilidade. Logo, o maior bem ao maior número de
pessoas.

Você também pode gostar