Fundacoes Sapatas Excentricas

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Licenciatura em Engenharia Civil – Disciplina de Fundações – Opção de Estruturas

1.1.4. Sapatas excêntricas

1.1.4.1. Introdução

As sapatas excêntricas podem ser uma opção do projectista mas também podem ser uma imposição
por condicionantes várias. Quando o momento actuante na base do pilar tem um caracter
permanente a utilização de uma sapata excêntrica permite que a tensão instalada no terreno seja
uniforme.

N
N1
M
e = M/N

N2

N3

N
L/2 L/2
R

Sapatas isoladas com cargas excêntricas

Quando existem pilares na periferia da propriedade surge a necessidade de utilizar sapatas


excêntricas de forma a não invadir terreno alheio.

Limite do terreno

Sapatas excêntricas devido a imposições geométricas

Neste capítulo tratar-se-á sobretudo de fundações do segundo caso.

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1.1.4.2. Sapatas isoladas

1.1.4.2.1. Diagrama triangular de tensões

L/3 N 2L/3

A utilização deste esquema de cálculo não introduz qualquer momento adicional no cálculo dos
elementos estruturais, no entanto, o diagrama de tensões instaladas no terreno está longe de ser o
ideal para solicitações de caracter permanente.

Este tipo de funcionamento é um pouco duvidoso pois o diagrama de tensões instalado pode
provocar a plastificação do solo, logo o diagrama deixará de ser triangular e existirá uma
excentricidade da reacção implicando o aparecimento de um momento desequilibrado no pilar.

Largura efectiva da sapata = 1.5 x b

Caso possível quando:

i) Dimensão b do pilar elevada;


ii) Esforço axial N do pilar reduzido;
iii) Terreno que permita a consideração de uma tensão de contacto elevada.

1.1.4.2.2. Diagrama rectangular de tensões

e = L/2 - b/2
b

N
L/2 L/2

A consideração deste esquema de cálculo introduz um momento desequilibrado, devido ao facto da


linha de acção da acção do pilar e da reacção da sapata não serem coincidentes.

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N × (B − b )
M = N ×e =
2

Existem duas possibilidades para equilibrar o referido momento:

i) Através de um binário de forças horizontais mobilizadas na primeira viga ou laje acima


das fundações e no contacto da sapata com o terreno de fundação, conforme representado no
primeiro esquema da figura seguinte. Desta forma dever-se-á dimensionar a primeira laje ou
viga à flexão composta com tracção, o pilar com um acréscimo de momento M e verificar o
deslize na base da sapata (forças tangenciais na base e impulso passivo na superfície lateral
da sapata).

N × (B − b )
H=
2×h

Viga ou laje
b
h

N
B

ii) Através de um binário criado por tensões passivas do terreno mobilizadas pela rotação
do conjunto pilar/sapata, conforme representado no segundo esquema da figura seguinte. Este
esquema de cálculo só é possível em terrenos rochosos ou muito resistentes e tendo o cuidado
de se betonar a sapata contra o terreno de forma de modo se conseguir um bom contacto entre
esta e o terreno de fundação. Existem algumas considerações acerca deste esquema de
equilíbrio que devem ser tomadas em atenção, como por exemplo, o facto de a materialização
das tensões passivas implicar a ocorrência de deformações da sapata que poderão não ser
compatíveis com a consideração de um diagrama de tensão uniforme na base da mesma ou
facto de uma escavação do terrenos adjacentes impedir a materialização do binário de
equilíbrio.

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Tensões passivas
N

1.1.4.2.3. Diagrama trapezoidal de tensões

Este esquema de cálculo é semelhante ao esquema do diagrama rectangular de tensões, no entanto


utiliza-se o Método de Winkler (Ver capítulo “Fundações em meio elástico”) para aproximar o
diagrama de tensões instalado na base da fundação da realidade, já que nos casos anteriores o
diagrama foi imposto.

H
A

b
h

L/2 - b/2

e=?
G
H

σ2

σ1
N

Existem diversas maneiras de resolver este esquema de cálculo mas actualmente a tendência passa
por pré-dimensionar a fundação, introduzir a fundação no cálculo da estrutura através de apoios
elásticos (Mét. de Winkler) e no final verificar as dimensões estimadas para a fundação.

1.1.4.2.4. Lintel de equilíbrio

O lintel ou viga de equilíbrio são utilizados quando os momentos devido à excentricidade da fundação
começam a ser muito elevados condicionando a dimensão do 1º tramo dos pilares e existem sapatas
interiores nas imediações da sapata em estudo. Neste esquema de cálculo utiliza-se uma viga que
liga a sapata excêntrica a uma sapata interior com a função de equilibrar o momento associado à
excentricidade através de um binário, impedindo que o referido momento se transmita ao pilar.

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Existem várias hipótese de cálculo da viga de equilíbrio de onde se destacam dois pela simplicidade
da resolução. Numa primeira hipótese (alínea a da figura seguinte) considera-se a viga como
encastrada na sapata central, duplamente apoiada sob o eixo do pilar e solicitada neste apoio por um
momento M. Despreza-se o peso próprio das sapatas e as interacções com o solo.

Na segunda hipótese (alínea b da figura seguinte) considera-se a viga duplamente apoiada no centro
das duas sapata e solicitada sob o eixo vertical do pilar por uma carga vertical igual ao esforço axial
deste. Neste caso também se despreza o peso próprio das sapatas e as interacções com o solo.

D D

N N1 N2

e = L/2 - b/2 e = L/2 - b/2


b b
Viga de equilíbrio Viga de equilíbrio

S1 S2 S1 S2

N R1 R2
L/2 L/2 L/2 L/2

N1

M M/2
N2

R2
R1

Diagrama de esforços
+ 3M/(2D) +- 3M/(2D)
transversos

-
M -
Diagrama de
+- M/2 momentos flectores

a) b)
Linteis de equilíbrio

A dimensão dos linteis de equilíbrio é normalmente condicionada por questões de rigidez e


capacidade resistente ao esforço transverso.

Na sapata excêntrica apenas a armadura transversal deve ser calculada já que na direcção
longitudinal a viga tem capacidade para absorver a totalidade dos esforços. Esta armadura deve ser
calculada considerando as consolas da sapata como encastradas na viga de equilíbrio.

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