Sociedade de Consumo e Consumismo
Sociedade de Consumo e Consumismo
Sociedade de Consumo e Consumismo
A SOCIEDADE E OS RISCOS DO
CONSUMISMO 1
I
É inegável a importância do consumo para o sistema
econômico e social, porém a cultura do excesso deve
dar lugar ao equilíbrio e à reflexão
O
s objetivos perseguidos para a compo- 1. SOCIEDADE DE CONSUMO
sição deste texto são dois: Na atualidade, o consumo se tornou o foco
1º. homenagear a memória do pro- da vida social. Práticas sociais, valores cultu-
fessor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, rais, ideias, aspirações e identidades são defi-
reitor da Universidade Federal de San- nidas e orientadas em relação ao consumo em
ta Catarina, cujo falecimento, no ano de 2017, vez de outras dimensões sociais como traba-
enlutou e muito entristeceu especialmente lho, cidadania e religião.
toda a comunidade científica brasileira, mor- Para esta pesquisa será adotada a termi-
mente àqueles que adotam como ética básica nologia “sociedade de consumo” no sentido
de pesquisa o inarredável compromisso da ci- de apontar a sociedade contemporânea como
ência com a busca da verdade, bem como com sendo a dimensão singularizada do consumo.
o cumprimento da função social e cultural do Neste contexto, ela engloba características so-
ensino, da pesquisa e da extensão. Aqui, é ne- ciológicas para além do commodity sign, tais
cessário bradar que as estranhas circunstân- como “consumo de massas e para as massas,
cias que o levaram ao suicídio são um podero- alta taxa de consumo e descarte de mercado-
so estímulo à nossa intransigente e incessante rias per capita, presença de moda, sociedade
defesa da democracia, mormente dos direitos de mercado, sentimento permanente de insa-
fundamentais, e deles, em especial, o do devido ciabilidade e o advento do consumidor como
processo legal e da ampla defesa, tão grave- um de seus principais personagens sociais”2.
mente desrespeitados no lamentável episódio; Cancellier de Olivo3 pontifica que “a ideia
2º. tratar da categoria sociedade de riscos de uma sociedade de consumo representaria,
– e sua variação mor, a sociedade de consumo em termos de modernidade, a consagração do
– sob aporte multi e interdisciplinar, ofertan- ideal da liberdade individual”.
do estímulos a reflexões teórico-práticas so- Não se nega o papel central do consumo
bre meio ambiente e suas diversas e delicadas para o funcionamento adequado do sistema
nuances. econômico e social, porém é necessário mu-
E, como tal anseio em grande parte das ve- nados não trazem nenhuma segurança ou dão
zes não é alcançado, justamente em função da qualquer senso de direção, ela sente um vazio
ideologia consumista, da dinâmica de merca- interior, medo, e sua reação natural é procurar
do e da chamada democratização do consumo, outras pessoas. O indivíduo espera que os ou-
a velocidade com que os estilos se alteram di- tros possam lhe dar um senso de direção ou
minui a vida útil dos produtos, fazendo com pelo menos algum conforto na compreensão
que um bem recém-adquirido se torne obso- de que não está sozinho no seu medo. Assim, o
leto15, defasado e condenado à substituição sentimento de “vazio e solidão são duas fases
sem ao menos ter perdido sua utilidade16. Por da mesma experiência básica de ansiedade”21.
conseguinte, é possível constatar que: Além disso, a perda do contato do homem
[O] espírito do consumismo moderno ‘é tudo, me- com a natureza e o apoio das instituições na
nos materialista’. Se os consumidores desejassem continuação da cultura do consumo fez com
realmente a posse material dos bens, se o prazer
estivesse nela contido, a tendência seria a acumu- que os indivíduos acreditassem ser senhores
lação dos objetos, e não o descarte rápido das de si, independentes e alheios ao meio am-
mercadorias e a busca por algo novo que possa biente. É possível notar que não há real exis-
despertar os mesmos mecanismos associativos.17
tência de “um universo no qual predomina a
O problema, então, encontra-se na forma- autonomia de escolha e a soberania do consu-
22
ção e nos princípios do indivíduo. Nos dias de midor” , como preconizam as propagandas e
hoje, os compradores consomem apenas com os vendedores. De acordo com Lívia Barbosa:
o intuito de satisfazer seus O poder de escolha do indi-
desejos18 e o mercado sabe Não há real víduo na esfera do consumo
que “o preço que o potencial nas sociedades pós-tradicio-
existência de um
consumidor em busca de sa- nais tem sido campo de deba-
universo no qual te sobre a sua real liberdade
tisfação está preparado para
pagar pelas mercadorias em predomina a livre de escolha ou submissão a
oferta dependerá da credibi- escolha do interesses econômicos maio-
res que se escondem por trás
lidade dessa promessa e da consumidor
intensidade desses desejos” . 19 do marketing e da propagan-
O homem pós-moderno, na sua maioria, de- da. Será o consumo uma arena de liberdade e
senvolveu um perfil a partir do que os outros escolha ou de manipulação e indução? Terá o
pensam dele. Manifesta muitas vezes aquilo consumidor efetivamente escolha? Ele é súdi-
que deveria querer – como conseguir um em- to ou soberano, ativo ou passivo, criativo ou
determinado? 23
prego, obter determinada titulação, apaixo-
nar-se, casar-se e ter uma família –, mas isso Ademais, levando-se em conta a teoria con-
é uma mera descrição do que os outros (pais, tratualista, segundo a qual os homens devem
amigos, familiares) esperam dele ao invés dos renunciar a certas vontades e realizar deter-
24
seus próprios desejos20. Aqui, percebe-se um minados atos em prol do bem comum na
fenômeno interessante: este mesmo homem, vida em sociedade, a liberdade de escolha e a
de outra parte, cultiva e pratica predominan- autonomia do consumidor não seriam abso-
temente o egoísmo e a inveja, ambos frutos do lutas, posto que muitas vezes podem ferir di-
orgulho. reitos de outros cidadãos. Em uma sociedade
Talvez por isso mesmo, há uma sensação de consumo, Hegel exalta a educação como a
de vazio e de insatisfação que acaba por ge- tarefa de não apenas
rar, irresistivelmente, o sentimento de solidão. tomar as medidas necessárias para que o desen-
volvimento natural e espiritual transcorra, tanto
Quando uma pessoa não sabe com convicção o quanto possível, sem entraves, mas, também, para
que quer ou sente, quando, no período de uma que a vida individual e comunitária seja conduzida
mudança traumática, percebe que os desejos a sua mais elevada perfeição num discurso refle-
tido, num pensamento penetrante e numa ação
convencionais e objetivos que lhe foram ensi- conforme à razão.25
“velho” igualada a “defasado”, “impróprio para sistemas, todos eles aninhados dentro de sistemas
maiores, em um sistema hierárquico que coloca
continuar sendo utilizado” e “destinado à lata os maiores acima dos menores, à maneira de uma
de lixo”36. A insatisfação dos desejos instáveis pirâmide. Mas isso é uma projeção humana. Na
e rapidamente mutáveis do consumidor o leva natureza, não há “acima” ou “abaixo”, não há hie-
rarquias. Há somente redes aninhadas dentro de
a descartar os objetos que comprou com a pro- outras redes40.
messa de cumprir esta tarefa37.
É pela alta taxa de desperdício, e pela de- Diante das inúmeras projeções e conceitos
crescente distância temporal entre o brotar e distorcidos pelo ser humano é elementar a ne-
o murchar do desejo, que o fetichismo da sub- cessidade de tomada de consciência do lugar
jetividade se mantém vivo e digno de crédito, que ele ocupa no planeta para que não se dei-
apesar da interminável série de desaponta- xe influenciar pelas culturas insustentáveis e
mentos que ele causa. A sociedade de consu- venha a prejudicar o meio ambiente e as futu-
midores é impensável sem uma florescente in- ras gerações.
dústria de remoção do lixo. Não se espera dos O que isto implica é o fato de que o vínculo
consumidores que jurem lealdade aos objetos entre uma percepção ecológica do mundo e o
que obtêm com a intenção de consumir38. comportamento correspondente não é uma co-
Vê-se com apenas esta situação ocasionada nexão lógica, mas psicológica. A lógica não nos
pela cultura do consumo que o meio ambiente persuade de que deveríamos viver respeitando
e os direitos individuais estão comprometidos. certas normas, uma vez que somos parte inte-
O consumismo dirigido para o mercado tem uma gral da teia da vida. No entanto, se temos a per-
receita para enfrentar este tipo de inconveniência: cepção, ou a experiência ecológica profunda de
a troca de uma mercadoria defeituosa, ou apenas
imperfeita e não plenamente satisfatória, por uma sermos parte da teia da vida, então estaremos
nova e aperfeiçoada. A receita tende a ser reapre- (em oposição a deveríamos estar) inclinados a
sentada como um estratagema a que os consu- cuidar de toda a natureza viva41.
midores experientes recorrem automaticamente
de modo quase irrefletido a partir de um hábito Tal visão sistêmica de teia, de Fritjof Capra,
aprendido e interiorizado; afinal de contas, nos de um todo interligado, pode também ser en-
mercados de consumidores-mercadorias, a neces- contrada no conceito de sustentabilidade de
sidade de substituir objetos de consumo “defasa-
dos”, mesmo que plenamente satisfatórios ou não John Elkington, autor de Canibais com Garfo e
mais desejados, está inscrita no design dos produ- Faca. Para ele, a sustentabilidade possui defini-
tos e nas campanhas publicitárias calculadas para ção extremamente complexa, que abrange dife-
o crescimento constante das vendas.
rentes dimensões, por ser “o princípio que asse-
Ademais, a curta expectativa de vida de um pro-
duto na prática e na utilidade proclamada está in- gura que nossas ações de hoje não limitarão a
cluída na estratégia de marketing e no cálculo de gama de opções econômicas, sociais e ambien-
lucros, já que tende a ser preconcebida, prescrita e tais disponíveis para as futuras gerações”42.
instilada nas práticas dos consumidores mediante
a apoteose das novas ofertas (de hoje) e a difama- E é precisamente a necessidade de garantir
ção das antigas (de ontem)39. as opções, sobrevivência e a própria autono-
mia de escolha das futuras gerações, auto-
A insaciabilidade dos desejos supérfluos nomia esta tão usada como justificativa do
do homem contemporâneo gera toneladas de consumo indeliberado, que faz imprescindível
lixo que devem ser removidas e que muitas uma abordagem sistêmica da educação, prin-
vezes não têm o devido fim, acarretando enor- cipalmente em uma sociedade do consumo na
me ônus ao planeta e a todas as espécies. As- qual se observa uma enorme discrepância en-
sim, é possível constatar, que, como já exposto tre a tutela e a importância dada às diferentes
por Fritjof Capra, tudo está relacionado e cada dimensões da sustentabilidade.
ação tem uma reação, o homem vive em uma A crise deste modelo é que possibilita, se-
grande teia: gundo o modelo defendido por Luiz Carlos
Em outras palavras, a teia da vida consiste em re- Cancellier de Olivo, o surgimento da regloba-
des dentro de redes. Em cada escala, sob estreito
e minucioso exame, os nodos da rede se revelam lização, cujos fundamentos são diferenciados
como redes menores. Tendemos a arranjar esses dos dois momentos anteriores. O conceito de
reglobalização utilizado no estudo quer sig- vivemos em uma sociedade alienada, sem um
nificar o rompimento com a forma neoliberal mínimo de conscientização, onde o consumo
excludente de globalização43. e o desperdício formam um ciclo vicioso e as
A sociedade necessita urgentemente sair vítimas são os próprios seres humanos e toda
desta crise, que não é apenas ecológica, mas, forma de vida existente”.
sobretudo, uma crise de valores e de vínculos, Com o avanço da tecnologia é possível
que distancia e desvincula os seres humanos informar cada vez mais o cidadão sobre os
da natureza na busca obstinada do progresso produtos e serviços utilizados. Contudo, há
a qualquer custo. Sabe-se que uma das princi- necessidade de uma melhor estruturação dos
pais consequências da crise de valores é a fal- sistemas de monitoramento, por meio do Es-
ta de solidariedade, e também de preocupação tado e do setor privado.
com os bens da coletividade e, principalmen- Para que ocorra a transformação da re-
te, de exercício de uma cidadania ativa. alidade social em busca de um consumismo
Aliás, é cada vez mais urgente “uma clara sustentável, deve-se observar a intervenção es-
parceria entre os Estados, os governos, socie- tatal no estabelecimento de regramentos ao po-
dade e negócios econômicos, no sentido de der econômico, como a legislação da rotulagem
concretizar-se uma governança ecológica que no Brasil e União Europeia. Todavia, enquanto
proporcione uma gestão para todos os seres não se reduzem as desigualdades sociais e a
que compõem o ecossistema”44. concentração do capital na mão de poucos, to-
E, no que concerne especificamente ao dos os esforços não serão suficientes. Portanto,
Estado, mister se faz atentar para a lição de a mudança depende de todos. Logicamente, os
Telmo Ribeiro45 e ainda praticá-la, segundo a pequenos gestos podem não ser suficientes,
qual o Estado é um agente social, um instru- mas deve-se ter um ponto de partida, cabendo a
mento de trabalho, um meio de servir. A fun- cada um tomar uma atitude, para que se possa
ção do Estado é servir ao homem. Portanto, em um futuro próximo melhorar a qualidade
deve o homem servir-se do Estado e não este de vida em prol da sustentabilidade social52.
se servir daquele. No atual estágio de evolução da sociedade,
o ser humano, ao mesmo tempo que demons-
3. A SOCIEDADE CONSUMISTA E OS tra uma impressionante capacidade técnica e
ENTRAVES PARA A SUSTENTABILIDADE46 científica, também confessa uma impotência
A sociedade contemporânea é caracterizada grandiosa em termos de convívio civilizado.
pela existência de paradoxos e contradições. A A busca inconsequente por bem-estar e feli-
constante presença de novas tecnologias pro- cidade em razão de padrões irresponsáveis de
move um permanente repensar nas maneiras de produção e consumo contribui decisivamente
agir, de pensar, e acaba, igualmente, por promo- para a crise ecológica global53.
ver possibilidades até então não disponíveis47. Trata-se da consolidação de uma sociedade
Luiz Olivo acentua que a inovação tecno- em situação periclitante de risco pluridimen-
lógica48, a virtualidade e o padrão em rede sional, na qual a insegurança e a imprevisibi-
constituem a base da produção globalizada da lidade consubstanciam o componente básico
economia, que na sociedade reglobalizada é e a única certeza decorrente das condutas hu-
redirecionada para a solidariedade, a integra- manas na atualidade54.
ção e o desenvolvimento sustentável49. A atual sociedade de riscos é a consequência
A tecnologia, desse modo, opera uma constan- ou o resultado do modelo de produção indus-
te transformação da sociedade, agindo massiva- trial e do consumo. Não se nega a importância
mente sobre os indivíduos e gerando comunica- do consumo para o funcionamento adequado
ções. Assim, promove inovações e possibilidades do sistema econômico e social, porém o que pre-
comunicativas até então indisponíveis50. cisa mudar é a cultura do excesso, do esbanja-
Alesson Cardoso e Charles Armada são pe- mento, do luxo desnecessário e parasitário, que
remptórios51 ao afirmar que “hodiernamente desequilibra gravemente a capacidade de pro-
dução de bens e serviços ambientais em relação lhante à evolução que a física sofreu no século
às demandas reais e necessárias, não às criadas 20, com o desvendar da física quântica58. A cri-
artificialmente pela ganância humana55. se que se vivencia não é meramente de indiví-
É crucial para a sociedade refletir e criar o duos, governos ou instituições sociais, é uma
equilíbrio entre consumidores, produtores e dis- transição de dimensões planetárias, com pro-
tribuidores, visando à preservação do meio am- fundas transformações das instituições, dos
biente, bem como, participar nas decisões eco- valores e das ideias.
nômicas e sociais que afetam os consumidores.
O consumo excessivo que leva a pessoa a gastar CONSIDERAÇÕES FINAIS
por impulso, adquirindo produtos e serviços Neste relato de pesquisa, que efetuamos
desnecessários, caracteriza-se como consumis- sob a égide da ciência em perspectiva multi e
mo, mas o que se deve buscar é o consumerismo, interdisciplinar, cuidou-se de examinar a so-
que é o consumo controlado, em que a pessoa ciedade de riscos em que a humanidade vive
consome consoante as suas necessidades. já de algum tempo, entregando-se a um de-
Não se pode atribuir toda a culpa de se ter senfreado consumismo, e sendo predadora do
uma sociedade consumista à publicidade nem meio ambiente e ofensora dos valores básicos
ao marketing que incentivam a tal comporta- da vida coletivamente comprometida com o
mento; estes hábitos ficam muito mais a dever à legítimo bem comum.
formação da sociedade, pois eles são mais carac- O comportamento da sociedade consumis-
terísticos em umas culturas do que em outras. ta hodierna, descrito ao longo de todo este
A sociedade necessita e deve ter um projeto texto, requer e comprova a absoluta e indiscu-
de civilização revolucionário e estratégico para tível necessidade impostergável de mudança
o presente e o futuro, pautado na consciência do arquétipo dos indivíduos da contempora-
crítica da finitude dos bens ambientais e na res- neidade para sua vida em sociedade.
ponsabilidade global e solidária, na defesa e me- É fundamental uma urgente recomposição
lhora contínua de toda a comunidade e dos ele- do tratamento que vem sendo conferido ao
mentos que lhe dão sustentação e viabilidade56. meio ambiente.
Necessita-se urgentemente sair da crise Há uma pressuposição fundamental para
atual, que não é apenas ecológica mas de va- que se logre êxito neste mister.
lores e de vínculos, que distancia e desvincula É necessário que ocorra uma urgente e só-
os seres humanos da natureza na busca obs- lida alteração das relações consumistas, para
tinada do resultado a qualquer custo. Sabe-se que se torne – em breve prazo – sustentada
que uma das principais consequências desta em valores coletivos fundamentais que con-
crise é também a falta de solidariedade, de templem o incondicional respeito à vida, de
preocupação com os bens da coletividade e do modo que as ações da humanidade passem a
exercício de uma cidadania ativa. ser efetivamente em favor do espaço!
Esta crise é uma oportunidade de mudança Como dito no preâmbulo, o texto que ora se
positiva, não apenas potencial, mas também encerra foi composto em homenagem à memó-
real, já que a história demonstra que grandes ria e tomando como referência a vida e a obra do
civilizações surgiram em resposta à ameaça professor doutor Luiz Carlos Cancellier de Olivo,
ou do desafio à ordem estabelecida57, exigindo especialmente seu livro “Reglobalização do Esta-
troca de paradigma no modo de pensar, seme- do e da Sociedade em Rede na Era do Acesso”. n
Notas
1. Esta pesquisa foi objeto de discussão no Insular, 2018, p. 237-253. Jorge Zahar Editor, 2004, p. 08.s: Fundação
capítulo 11 da obra Direito, Políticas Públicas 2. Sobre o tema indica-se a obra: BARBOSA, Boiteux, 2014, p. 64.
e Sociedade: homenagem ao professor Luiz Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: 4. BODNAR, Zenildo. O cidadão consumidor e
Carlos Cancellier de Olivo. BALTHAZAR, Ubal- Jorge Zahar Editor, 2004, p. 08. a construção jurídica da sustentabilidade. In:
do Cesar; PILLATI, José Isaac; MOTA, Sergio 3. Sobre o tema indica-se a obra: BARBOSA, PILAU SOBRINHO, Liton Lanes; SILVA, Rogério.
Ricardo Ferreira (Org.). Florianópolis: Editora Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Consumo e sustentabilidade. Passo Fundo:
Edusp, 2012, p. 32. ter, veja: PASOLD, Cesar Luiz. Função social do tentável. In: MACHADO, José Carlos; SOUZA,
5. Sobre o tema recomenda-se a leitura da Estado Contemporâneo. 4. ed. rev. ampl. Ita- Maria Cláudia Antunes de; RUSCHEL, Caroline
produção intelectual: SOUZA, Maria Cláudia da jaí/SC: Univali, 2013. Ebook– acesso gratuito: Vieira. Produção Científica CEJURPS. Itajaí:
Silva Antunes de; SOUZA, Greyce Kelly Antunes http://siaiapp28.univali.br/LstFree.aspx Universidade do Vale do Itajaí, 2017, p. 565.
de. Sustentabilidade e sociedade de consumo: 25. PLEINES, Jürgen Eckardt. Coleção de Edu- 45. OLIVO; PASOLD. Op. cit., p. 78.
avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria Cláudia cadores: Friedrich Hegel. Recife: Massangana, 46. Parte desta pesquisa foi objeto de refle-
da Silva Antunes de; ARMADA, Charles Alexan- 2010, p.15 xões no artigo científico: SOUZA, Maria Cláu-
dre Souza. Teoria Jurídica e transnacionalidade. 26. ERNANDORENA, Paulo Renato. Eco Me- dia da Silva Antunes de; SOUZA, Greyce Kelly
Itajaí: Univali, 2014, v.1., p. 170-187. diação: uma Teoria Pós-Moderna de Gestão Antunes de. Sustentabilidade e Sociedade de
6. BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. de Conflitos Ambientais. In: PASOLD, Cesar Consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA,
Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Ja- (Org.) Ensaios sobre Meio Ambiente e Direito Maria Cláudia da Silva Antunes de. ARMADA,
neiro: Jorge Zahar Editor, 2008, p.41 Ambiental. Florianópolis: Insular, 2012, p.132. Charles Alexandre Souza. Teoria jurídica e
7. BARBOSA, Livia. Sociedade de consumo. 27. NALINI, José Renato. Ética ambiental. 2. transnacionalidade. Itajaí: UNIVALI, 2014, p.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004, p. 15. ed. Campinas: Millennium, 2003, p. 9. 170-187.
8. BARBOSA. Op. cit., p. 15. 28. OLIVO. Op. cit., p. 68. 47. PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 18.
9. Sobre o tema: BAUMAN. Op. cit. 29. BOSSELMANN, Klaus. O princípio da 48. Sobre este tema recomenda-se a leitura
10. Indica-se a leitura da obra: CAMPBELL, sustentabilidade: transformando direito e da obra: CASTELLS, Manuel. A sociedade em
Colin. Ética romântica e o espírito do consu- governança. São Paulo: Editora Revista dos rede. Trad. de Roneide Venancio Majer. São
mismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. Tribunais, 2015, p. 25. Paulo: Editora Paz e Terra, 2012.
11. Sobre o tema: BAUMAN. Op. cit. 30. BARBOSA. Op. cit., p. 8. 49. OLIVO. Op. cit., p. 83.
12. BARBOSA. Op. cit., p. 49. 31. IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do 50. PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 20.
13. APA, Wilson Rio Manifesto do povo. Curi- Consumidor. Entenda o que é obsolescência 51. CARDOZO; ARMADA. Op. cit., p. 383.
tiba: Coo-Editora, 1980, p. 95. programada. 18 de junho de 2012. Disponível 52. PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 28.
14. BARBOSA. Op. cit., p. 53. em: https://www.idec.org.br/consultas/dicas- 53. BODNAR. Op. cit., p. 30.
15. A obsolescência programada é uma es- -e-direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia- 54. BODNAR. Idem, p. 32.
tratégia da indústria para “encurtar” o ciclo -programada. Acesso em: 9 ago. 2017. 55. BODNAR. Ibid.
de vida dos produtos, visando a sua substi- 32. IDEC. Ibid. 56. BODNAR. Ibid.
tuição por novas mercadorias. Pode-se dizer 33. BARBOSA. Op. cit., p. 23. 57. Nesse sentido também é a reflexão de
que há uma lógica da “descartabilidade” 34. BARBOSA. Idem, p. 24. Fritjof Capra que defende que os problemas
programada desde a concepção dos produtos 35. BARBOSA. Ibidem, p. 25. são sistêmicos, e qualquer abordagem limita-
(SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de.; 36. BAUMAN. Op. cit., p. 31. da, com base no enforque de não colaboração
IZIDIO, Debora. A obsolescência programada 37. BAUMAN. Ibid. entre as partes, apenas deslocará o problema
e os reflexos no consumo e pós-consumo no 38. BAUMAN. Ibid. para dentro da teia de inter-relacionamentos.
meio ambiente. Produção Cientifica – CE- 39. BAUMAN. Ibid, p. 31. A solução poderá ser encontrada somente se
JURPS. Itajai: UNIVALI, 2014). 40. CAPRA, Fritjof. Teia da vida: Uma nova a própria estrutura da teia for modificada.
16. Sobre este assunto consultar: SOUZA; compreensão científica dos sistemas. Trad. Justifica através da teoria dos sistemas que
IZIDIO. Op. cit. de Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: vê o mundo em termos inter-relação e inter-
17. BARBOSA. Op. cit., p. 53. Cultrix, 2012, p. 35. dependência de todos os fenômenos, e nesse
18. BAUMAN. Op. cit., p. 18. 41. CAPRA. Op. cit., p. 20. arcabouço denomina-se sistema a um todo
19. BAUMAN. Ibid. 42. ELKINGTON, John. Canibais com garfo e integrado, cujas propriedades não podem ser
20. MAY, Rollo. Man’s Search For Himself. faca. Trad. de Laura Prades Veiga. São Paulo: reduzidas a partes especificas. CAPRA. Op.
New York; London: W. W. Norton & Company, M. Books, 2012, p. 52. cit., p. 429.
2009, p.13. 43. OLIVO. Op. cit., p. 82. 58. Informações sucintas e didaticamente
21. MAY. Ibid. 44. MACHADO, Maycon Fagundes; SOUZA, dispostas sobre Física Quântica, encontram-
22. BARBOSA. Op. cit., p. 32. Maria Maria Cláudia da Silva Antunes de; PA- -se em: SANTANA, Ana Lucia. Física Quântica.
23. BARBOSA. Idem, p. 35. SOLD, Cesar Luiz. Justiça Ecológica: para além Disponível em: https://www.infoescola.com/
24. Sobre a concepção de bem comum e o do predominante antropocentrismo constitu- fisicaquantica/. Acesso em: 23 dez. 2017.
compromisso intrínseco que o Estado deve cional sob a luz da governança urbana sus-
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BARBOSA, Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar MACHADO, José Carlos; SOUZA, Maria Cláudia Antunes de; RUS-
Editor, 2004. CHEL, Caroline Vieira. Produção Científica CEJURPS. Itajaí: Univer-
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. Trad. de Carlos Alberto Medei- sidade do Vale do Itajaí, 2016.
ros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008. ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. Trad. de Laura Prades
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DIREITO DE FAMÍLIA
A GUARDA COMPARTILHADA COMO REGRA
A
Lei 13.058/14, que trata da guarda com- de 2010 e mostram que, no Brasil, prevalece o
partilhada como regra, vem suscitando modelo unilateral (87,3%). E o guardião, nesse
debate e angariando polêmica ao cada caso, é a mãe. Admita-se: os dados colhidos
vez mais amplo e heterogêneo círculo são anteriores à Lei 13.058/14 e mesmo com
do direito de família. Os juristas favoráveis a regra do compartilhamento da educação
enalteceram a medida. A professora titular dos filhos, com todas as responsabilidades
de direito civil da puc-sp, Maria Helena Diniz, que isso acarreta, há que se falar em médio
foi uma delas. “A guarda compartilhada é o e longo prazo e em um novo cenário econô-
exercício conjunto do poder por pais que não mico para que se obtenham resultados. Por
vivem sob o mesmo teto. Ambos os genitores enquanto, a guarda compartilhada engatinha
terão responsabilidade conjunta e o exercício em um porcentual de 5,5%.
dual de direitos e deveres.” A Revista Bonijuris também traz nesta
Os que se manifestaram céticos, entre edição uma entrevista com a advogada Gise-
eles o advogado e especialista em direito de le Truzzi, especialista em “caçar” stalkers ou
família Marcelo Rivera, disseram que faltou perseguidores nas redes sociais. Gisele é uma
uma dose de realidade à lei: “O que se mos- pioneira no ramo. Mesmo quando o assunto
trou na adoção da guarda compartilhada era pouco discutido na mídia e a internet ain-
como regra é que o compartilhamento da da dava seus primeiros passos, a especialista
guarda deve se dar onde há capacidade de já se interessava pelos efeitos nocivos do ex-
diálogo entre os genitores. E quando não cesso de exposição na grande rede mundial.
há?”. Eis a questão. Logo constatou que essa teia poderia ser
O artigo de Rivera, aliás, inspirou a busca mais física do que imaginava, ao identificar
de uma nova expressão para o que se configu- pessoas dispostas a atormentar suas vítimas.
ra como uma imposição, aos casais separados Ela mesmo foi alvo de um stalker que divul-
que não chegam a acordo, de uma comunhão gou, em um canal do Youtube, os detalhes da
incômoda de decisões e cuidados diligentes vida de uma celebridade que contratou seu
para com os filhos, no que pode ser definido escritório. O acossador fugiu para os Estados
como “guarda compartilhada induzida”. Unidos.
Há anos a mestre em direito de família Ta- Na seção Doutrina Jurídica, destaque para
tiana Lauand insiste em obter, junto ao judi- um instigante artigo dos professores Cesar
ciário paranaense, dados sobre a situação dos Luiz Pasold e Maria Cláudia da Silva Antunes
filhos de pais separados. Sem sucesso. A alega- de Souza, ambos doutores em direito, acerca
ção é de que os processos correm em segredo dos riscos do consumismo na sociedade con-
de justiça. Ela reclama do desserviço aos pes- temporânea. “O consumismo traduz-se no
quisadores. Entrevistada para a reportagem costume de se comprar aquilo que não se pre-
de capa desta edição, ela é também doutoran- cisa com o dinheiro que não se tem”, escrevem
da na Universidade Federal do Paraná (ufpr) eles em tom aforístico. Um dos efeitos é catas-
e seu objeto de análise – a pensão alimentícia trófico: o superendividamento. É outro tópico
– requer justamente informações processuais. que está na ordem do dia.
As estatísticas mais recentes sobre separa-
ção e guarda dos filhos são do censo do ibge Boa leitura!
DOUTRINA JURÍDICA
48 Tribunais
A relevância do núcleo de apoio técnico à saúde
Mário Celegatto, Ricardo Galera e Luiz Correia
Agenda de eventos
ACÓRDÃOS EM DESTAQUE
250 Programação de encontros jurídicos
186 Servidor público
Acumulação de cargos por profissional de saúde
Índice Remissivo
189 Prestação de serviço
Denúncia imotivada de serviços advocatícios 252 Temático e onomástico
198 Incorporação imobiliária
Pagamento de corretagem no dia da assinatura Ponto Final
203 Dosimetria da pena 258 Novos ventos na regulamentação do
Exasperação da pena em razão da personalidade lobby
208 Benefício assistencial Murilo Jacoby Fernandes
Prestação não recebida pelo falecido
210 Intervenção de terceiros
Oposição na ação de usucapião
217 Deduções indevidas
Descontos superiores a um salário