Pintura em Pontes Metalicas

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PONTES METÁLICAS EM AMBIENTE MARÍTIMO:

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO, REPARAÇÃO E PROTECÇÃO

Hugo Miguel Barros Perneta


(Licenciado em Engenharia Civil)

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE DA MADEIRA PARA CUMPRIMENTO


DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ENGENHARIA CIVIL

Funchal, Julho de 2010


PONTES METÁLICAS EM AMBIENTE MARÍTIMO:
METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO, REPARAÇÃO E PROTECÇÃO

Hugo Miguel Barros Perneta


(Licenciado em Engenharia Civil)

ORIENTADORES:
Engenheira Maria Manuela Sequeira Ribeiro de Lemos Salta
(Investigadora Coordenadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil)

Doutor Luiz Carlos Guerreiro Lopes


(Professor Auxiliar da Universidade da Madeira)

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE DA MADEIRA PARA CUMPRIMENTO


DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ENGENHARIA CIVIL

Funchal, Julho de 2010


Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Agradecimentos
Esta dissertação de mestrado foi elaborada no âmbito do Projecto nº 049/2009
DURATINET ‒ Durable Transport Infrastructures in the Atlantic Area Network, aprovado
no Programa Transnacional Espaço Atlântico, co-financiado pelo FEDER.
Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os que contribuíram
para a elaboração desta dissertação, particularmente:
À Eng.ª Manuela Salta, pela oportunidade única de integrar um projecto com a
relevância do Projecto DURATINET e de desenvolver este trabalho numa instituição de
eleição da engenharia civil, como é o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC),
assim como pelo seu apoio, disponibilidade e conhecimento transmitido, sem o qual
seria impossível a realização desta dissertação.
Ao Prof. Luiz Lopes, pela disponibilidade, incentivo e apoio concedidos, principalmente
na procura de condições adequadas à realização deste trabalho e na resolução de
todos os imprevistos que surgiram.
À Doutora Maria João Correia, pelo conhecimento transmitido na área da investigação
e pela paciência e disponibilidade para esclarecer muitas das minhas dúvidas.
Ao Doutor António Baptista, pela disponibilidade e indicações para o desenvolvimento
desta dissertação.
Ao Departamento de Materiais - Núcleo dos Materiais Metálicos do LNEC, pela
simpatia com que me receberam.
Ao Eng. Hugo Patrício, da REFER, pela documentação disponibilizada e transmissão da
sua experiência na área da reabilitação.
Aos amigos e colegas que me ajudaram ao longo do meu percurso na Universidade da
Madeira.
E, para finalizar, o meu muito obrigado aos meus pais, Luís Fernão e Maria do Céu, e ao
meu irmão Ricardo, pelo amor e apoio incondicional, bem como à minha companheira
e amiga Débora, pelo seu amor, força e confiança inabalável.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Resumo
O principal objectivo deste trabalho é fornecer um panorama geral sobre a
metodologia a adoptar na reabilitação de pontes metálicas, em particular no que toca
à avaliação de danos e reparação, e focar a importância destas obras de arte enquanto
legado histórico. Neste sentido, primeiro é apresentada a evolução histórica das
pontes metálicas, no mundo e em Portugal, particularmente ao nível de materiais e
soluções estruturais. Em seguida, é apresentada uma síntese sobre os principais
processos de deterioração e as metodologias a aplicar na reabilitação de pontes
metálicas, incluindo a avaliação do estado de conservação e a reparação e protecção
dos elementos metálicos. O capítulo da avaliação contém uma abordagem geral à
inspecção visual, assim como aos métodos de ensaio não destrutivos e destrutivos que
podem ser aplicados na avaliação do estado de conservação. O capítulo da reparação
descreve os vários métodos de reparação, aspectos críticos da sua aplicação e campo
de aplicação. No último capítulo, sintetizam-se os aspectos mais relevantes na
protecção de elementos metálicos, fornecendo informação sobre os sistemas mais
utilizados e indicações a ter em conta na sua selecção.

Palavras-chave: pontes metálicas, aço estrutural, reabilitação, deterioração, corrosão,


fadiga, danos, defeitos, avaliação, reparação, protecção.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Abstract
The main objective of this work is to provide an overview of the methodology to be
adopted in the rehabilitation of metallic bridges, particularly regarding the damage
assessment and repair, and to focus the importance of these works of art as a
historical legacy. In this sense, it is first presented the historical development of
metallic bridges in the world and in Portugal, particularly in terms of materials and
structural solutions. Then, it is presented a synthesis of the main deterioration
processes and methodologies to be applied in the rehabilitation of metallic bridges,
including the assessment of the conservation condition, and the repair and protection
of metallic elements. The assessment chapter contains an overall approach to visual
inspection as well as to non-destructive and destructive testing methods that can be
applied in the assessment of the conservation condition. The repair chapter describes
the various methods of repair, critical aspects of their application and field of
application. The last chapter summarizes the most relevant aspects in the protection
of metallic elements, providing information on the most widely used systems and
directions to be taken into account in their selection.

Keywords: metal bridges, structural steel, rehabilitation, deterioration, corrosion,


fatigue, damage, defects, assessment, repair, protection.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Índice

1. Introdução ....................................................................................................................... 11
2. Evolução da construção de pontes metálicas ................................................................. 13
2.1 Enquadramento histórico............................................................................................ 13
2.2 Materiais ..................................................................................................................... 14
2.3 Soluções estruturais .................................................................................................... 19
3. Processos de deterioração .............................................................................................. 33
3.1.1 Corrosão .............................................................................................................. 33
3.1.2 Fadiga .................................................................................................................. 37
4. Avaliação do estado de conservação de pontes metálicas ............................................. 40
4.1 Generalidades ............................................................................................................. 40
4.2 Defeitos ....................................................................................................................... 41
5. Métodos de reparação de pontes metálicas................................................................... 47
5.1 Esmerilamento ............................................................................................................ 47
5.2 Martelagem ................................................................................................................. 48
5.3 Refusão TIG ................................................................................................................. 49
5.4 Stop hole ...................................................................................................................... 50
5.5 Soldadura .................................................................................................................... 52
5.6 Aparafusamento .......................................................................................................... 54
5.7 Rebitagem ................................................................................................................... 57
5.8 Adição de componentes metálicos ............................................................................. 60
5.9 Substituição total ou parcial de elementos estruturais .............................................. 60
5.10 Desempenamento mecânico ...................................................................................... 61
5.11 Desempenamento por calor ....................................................................................... 62
5.12 Polímeros reforçados com fibras de elevada resistência (FRP) .................................. 64
6. Métodos de protecção dos elementos metálicos ........................................................... 66
6.1 Protecção catódica ...................................................................................................... 66
6.1.1 Generalidades ..................................................................................................... 66
6.1.2 Sistemas de protecção catódica .......................................................................... 69
6.1.3 Selecção do sistema de protecção catódica........................................................ 71

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

6.2 Sistemas de revestimento ........................................................................................... 72


6.2.1 Generalidades ..................................................................................................... 72
6.2.2 Revestimentos orgânicos .................................................................................... 73
6.2.3 Revestimentos metálicos .................................................................................... 75
6.2.4 Selecção do sistema de revestimento ................................................................. 77
6.3 Preparação de superfície ............................................................................................. 86
6.3.1 Generalidades ..................................................................................................... 86
6.3.2 Métodos de preparação da superfície ................................................................ 88
6.3.3 Selecção do método de preparação da superfície .............................................. 95
7. Conclusões e sugestões ................................................................................................. 100
7.1 Considerações finais e conclusões do estudo ........................................................... 100
7.2 Propostas de desenvolvimento futuro ...................................................................... 101
8. Referências .................................................................................................................... 102

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Índice de figuras

Figura 1 Ponte de Coalbrookdale ............................................................................................... 13


Figura 2 Viaduto de Xabregas ..................................................................................................... 14
Figura 3 Evolução dos processos siderúrgicos ........................................................................... 15
Figura 4 Evolução dos tipos de aço ............................................................................................ 16
Figura 5 Evolução das ligações nas estruturas metálicas ............................................................ 17
Figura 6 Ponte em aço patinável ................................................................................................ 18
Figura 7 Viaduto de Garabit ....................................................................................................... 19
Figura 8 Ponte Eads .................................................................................................................... 19
Figura 9 Ponte Hohenzollern ...................................................................................................... 20
Figura 10 Ponte do Observatório ............................................................................................... 20
Figura 11 Ponte Union ................................................................................................................ 21
Figura 12 Ponte Menai Straits ..................................................................................................... 21
Figura 13 Ponte Wheeling .......................................................................................................... 21
Figura 14 Ponte Clifton ............................................................................................................... 21
Figura 15 Ponte Cincinnati-Covington ........................................................................................ 22
Figura 16 Ponte George Washington ......................................................................................... 23
Figura 17 Ponte de Brooklyn ...................................................................................................... 23
Figura 18 Ponte Golden Gate ..................................................................................................... 23
Figura 19 Ponte Theodor Heuss ................................................................................................. 24
Figura 20 Ponte Britannia ........................................................................................................... 24
Figura 21 Ponte Tczew ............................................................................................................... 25
Figura 22 Ponte Saint-Jean ......................................................................................................... 25
Figura 23 Viaduto de Granfey .................................................................................................... 25
Figura 24 Ponte sobre o rio Reno ............................................................................................... 26
Figura 25 Ponte Firth of Forth .................................................................................................... 27
Figura 26 Ponte da Praia do Ribatejo ......................................................................................... 27
Figura 27 Ponte da Régua ........................................................................................................... 28
Figura 28 Ponte da Portela ......................................................................................................... 28

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Figura 29 Ponte D. Maria Pia ...................................................................................................... 28


Figura 30 Ponte Luís I .................................................................................................................. 29
Figura 31 Ponte D. Luís ................................................................................................................ 30
Figura 32 Ponte do Lima.............................................................................................................. 30
Figura 33 Ponte 25 de Abril ........................................................................................................ 31
Figura 34 Corrosão: (a) uniforme; (b) localizada, do tipo intersticial ......................................... 34
Figura 35 Aceleração da corrosão em zonas microclimáticas na estrutura: (a) zonas de
condensação; (b) zonas de retenção de água e detritos . .......................................................... 35
Figura 36 Tipos de fissuras em ligações soldadas: (a) soldadura de topo; (b) soldadura de
ângulo . ........................................................................................................................................ 38
Figura 37 Curvas de resistência à fadiga para medição directa do intervalo de tensões .......... 39
Figura 38 Tipos básicos de danos: (a) Contaminação; (b) Deformação; (c) Deslocamento; (d)
Descontinuidade; (e) Deterioração; (f) Perda de material .......................................................... 41
Figura 39 Método do líquido penetrante.................................................................................... 43
Figura 40 Tabela resumo informativa de ensaios DT .................................................................. 45
Figura 41 Defeitos por degradação das pinturas: (a) fissuração; (b) empolamento; (c)
pulverulência; (d) descamação; (e) corrosão . ............................................................................ 46
Figura 42 Métodos de esmerilamento: (a) com rebarbador; (b) com disco de esmeril ............. 48
Figura 43 Equipamento para a refusão TIG: 1. Fornecimento de gás inerte; 2. Máquina de
soldadura; 3. Porta-eléctrodos; 4. Condutor eléctrico; 5. Isolante (insulating heath); 6.
Passagem de gás; 7. Gás de protecção; 8. Objecto a soldar; 9. Linha de terra .......................... 50
Figura 44 Localização do furo (“stop hole”) ............................................................................... 51
Figura 45 Soldadura por arco: 1. Máquina da soldadura por arco; 2. Porta-eléctrodos; 3.
Eléctrodo; 4. Objecto a soldar; 5. Linha de terra. ....................................................................... 52
Figura 46 Adição de chapas metálicas soldadas ........................................................................ 53
Figura 47 Defeitos típicos do metal fundido da junta: (a) undercut; (b) falta de fusão; (c) falta
de penetração; (d) porosidade; (e) inclusões de escórias; (f) fendas . ....................................... 54
Figura 48 Ligação aparafusada: 1. Parafuso; 2. Anilhas; 3. Conjunto a fixar; 4. Porca ............... 54
Figura 49 Ligação aparafusada .................................................................................................... 56
Figura 50 Ligação rebitada: 1. Furos dos rebites; 2. Rebites quentes; 3. Cabeças formadas; 4.
Cabeças marteladas .................................................................................................................... 57
Figura 51 Tipos de rebites: (a) cabeça tipo “snap”; (b) cabeça tipo “pan”; (c) cabeça embutida
plana; (d) cabeça embutida redonda .......................................................................................... 57
Figura 52 Tipos de juntas rebitadas: (a) junta sobreposta, com solicitação ao corte único; (b)
com solicitação ao corte duplo; (c) junta a topo, com uma chapa de cobertura e rebitagem em
fileira única; (d) junta a topo, com uma chapa de cobertura e rebitagem em fileira dupla; (e)
junta a topo, com duas chapas de cobertura e rebitagem em fileira única; (f) junta a topo, com
duas chapas de cobertura e rebitagem em fileira dupla ........................................................... 58

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Figura 53 Tipos de solicitação nas ligações rebitadas: (a) rebites solicitados ao corte; (b) rebites
solicitados à tracção .................................................................................................................... 59
Figura 54 Ligação rebitada .......................................................................................................... 59
Figura 55 Exemplos de chapas de reforço: (a) Chapas soldadas; (b) Chapas sobreposta
aparafusadas; (c) Chapas gusset aparafusadas .......................................................................... 60
Figura 56 Substituição de elementos: (a) Substituição parcial; (b) Substituição total ............... 61
Figura 57 Categorias fundamentais de danos ............................................................................ 64
Figura 58 Diagrama de potencial pH: representação esquemática do conceito de protecção
catódica, com regiões activa, passiva e de imunidade .............................................................. 66
Figura 59 Representação dos sistemas de protecção catódica em água do mar: (a) galvânico;
(b) corrente imposta ................................................................................................................... 69
Figura 60 Aplicação de um revestimento por pintura: (a) por pincel; (b) por projecção . .......... 73
Figura 61 Preparação de superfície por esmerilamento mecânico ............................................ 89
Figura 62 Hidrodecapagem ......................................................................................................... 92

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Índice de Tabelas

Tabela 1 Categorias de corrosividade atmosférica, respectivas velocidades de corrosão de aço


carbono durante o primeiro ano de exposição e exemplos de ambientes típicos .................... 36
Tabela 2 Categorias de corrosividade em água e solos) .............................................................. 36
Tabela 3 Índice de avaria ............................................................................................................. 42
Tabela 4 Métodos NDT aplicáveis a estruturas metálicas .......................................................... 44
Tabela 5 Categorias de ligações aparafusadas ........................................................................... 55
Tabela 6 Valores nominais da resistência máxima fyb e do esforço de tracção no estado limite
último fub para parafusos ............................................................................................................ 56
Tabela 7 Deformação permitida a elementos estruturais de pontes em aço ............................ 62
Tabela 8 Propriedades de fibras normalmente utilizadas em estruturas metálicas .................. 65
Tabela 9 Potenciais de protecção de materiais de aço não ligados ou de baixa liga, no solo, na
água doce e na água do mar ....................................................................................................... 67
Tabela 10 Valores orientadores para o dimensionamento da densidade de corrente para
protecção de aço nu em lama salina e em água do mar ............................................................ 68
Tabela 11 Vantagens e desvantagens dos sistemas de protecção catódica com ânodos com
corrente imposta e ânodos de sacríficio ..................................................................................... 71
Tabela 12 Comparação entre revestimentos metálicos e orgânicos ......................................... 78
Tabela 13 Preparação de superfície exigida, de acordo com a condição inicial da superfície do
aço .............................................................................................................................................. 80
Tabela 14 Comparação de custos entre diferentes sistemas de protecção de aço estrutural ... 81
Tabela 15 Categorias de durabilidade ........................................................................................ 82
Tabela 16 Propriedades gerais de diferentes tipos genéricos de tintas ..................................... 84
Tabela 17 Compatibilidade de diferentes tipos genéricos de tintas .......................................... 85
Tabela 18 Procedimentos para remoção de camadas exteriores e matéria estranha ............... 94
Tabela 19 Condição de superfícies pintadas ............................................................................... 97
Tabela 20 Informação a considerar antes da elaboração de uma especificação ........................ 98
Tabela 21 Especificação do grau de ferrugem ............................................................................ 99

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

1. Introdução
A construção de pontes metálicas teve início no final do séc. XVII e, desde então, tem
vindo a evoluir com soluções estruturais optimizadas, acompanhando o
desenvolvimento da indústria metalúrgica. Muitas destas pontes têm uma idade
avançada e encontram-se desadequadas à sua função, seja devido à deterioração do
material ou à crescente solicitação das cargas circulantes. É neste quadro que a
actividade da reabilitação assume particular importância.
Por razões de sustentabilidade e também de economia, torna-se fundamental a
adopção de práticas vantajosas do ponto de vista económico, tais como a
reabilitação/reforço das pontes existentes, em detrimento da construção de novas
estruturas. O aumento da densidade urbana, que dificulta a construção de estruturas
novas, também é uma realidade actual. Outro factor relevante é o valor destas
estruturas enquanto património cultural. Considerando estes factores, torna-se
importante preservar as pontes metálicas existentes e procurar garantir uma
durabilidade idêntica ou superior para as estruturas mais recentes.
A maioria das estruturas metálicas expostas ao ambiente marítimo estão sujeitas a
diferentes tipos de patologias. Os principais processos de deterioração que ocorrem
neste tipo de estruturas podem ser classificados como físicos, químicos e biológicos e
compreendem todos os fenómenos que contribuem para a redução da resistência e
funcionalidade da estrutura. Além dos processos de deterioração acidentais, e.g.
incêndios ou sismos, os mecanismos mais recorrentes neste tipo de estruturas são a
corrosão e a fissuração por fadiga, sendo também necessário considerar a
deterioração dos sistemas de protecção contra a corrosão. Este tipo de deterioração,
para além da acção ambiental, pode também ter como causas erros de
pormenorização do projecto, de construção ou até mesmo de utilização e a sua
desconsideração pode ter consequências significativas no comportamento do metal à
corrosão e, assim, acelerar os efeitos deste fenómeno.
Devido à deterioração inerente das estruturas metálicas, é essencial que existam
planos de manutenção adequados, que permitam avaliar de forma periódica o estado
de conservação das obras de arte, através da identificação e quantificação de danos e
respectivas causas, assim como das respectivas consequências para a segurança da
estrutura. Sempre que o diagnóstico dos danos identificar problemas, é necessário
analisar as medidas de intervenção e escolher o método de reparação mais
apropriado, assim como o sistema de protecção contra a corrosão mais adequado face
às condições ambientais.
Com esta dissertação pretende-se, depois da apresentação da evolução histórica das
pontes metálicas, fazer uma análise das metodologias correntemente aplicadas na sua
reabilitação. Os principais processos de deterioração e consequentes danos serão
identificados, assim como os métodos adequados à sua avaliação e,
subsequentemente, os métodos de reparação e protecção que podem ser aplicados.
A elaboração desta dissertação surge do trabalho desenvolvido no âmbito do Projecto
DURATINET ‒ Durable Transport Infrastructures in the Atlantic Area Network
(http://www.duratinet.org/), onde um dos objectivos é “produzir recomendações

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práticas sobre manutenção e reparação das infra-estruturas de betão armado e de


aço”.

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2. Evolução da construção de pontes metálicas


2.1 Enquadramento histórico
A máquina a vapor deu início à revolução industrial no final do séc. XVII, mas os
caminhos-de-ferro apenas surgem no séc. XIX, em Inglaterra. Na segunda metade
deste século, este meio de transporte generaliza-se por toda a Europa e torna-se num
dos principais factores de desenvolvimento e, consequentemente, de necessidade de
construir as respectivas vias.
No entanto, a primeira ponte metálica a ser construída foi rodoviária, a Ponte de
Coalbrookdale (Figura 1), em 1779. As pontes ferroviárias apenas surgem em 1825,
com a construção do viaduto de Gaunless, projectado por Stephenson para a Linha de
Stockton-Darlington.

Figura 1 Ponte de Coalbrookdale [1]

A história das pontes metálicas em Portugal está ligada à construção de estradas e à


sua evolução desde a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria e
do Conselho Superior de Obras Públicas, em 1852. A ponte rodoviária de Bertiandos,
em Viana do Castelo, é indicada pela antiga Junta Autónoma de Estradas (JAE) [2] como
a primeira ponte metálica rodoviária construída em Portugal, no ano de 1874. No
entanto, a primeira estrutura metálica portuguesa que se tem conhecimento é o
viaduto de Xabregas (Figura 2), destinado ao tráfego ferroviário e inaugurado em 1854.

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Figura 2 Viaduto de Xabregas

Em Portugal, tal como no resto da Europa, a construção de pontes metálicas também


está ligada à expansão dos caminhos-de-ferro. Actualmente, cerca de 40% das pontes
ferroviárias são metálicas, correspondendo a um comprimento total aproximado de
23,4 km, enquanto as não metálicas correspondem apenas a 15 km. A maioria das
pontes metálicas tem mais de um século, correspondendo a um comprimento
aproximado de 9,2 km [3].
O património em pontes metálicas em Portugal é assinalável e muitas destas obras de
arte devem ser consideradas como “monumentos históricos”. A neutralidade
portuguesa na 2ª Guerra Mundial, aliada às dificuldades financeiras de Portugal, que
deram origem a uma política de reparação e/ou reforço das pontes, permitiu a
conservação destes equipamentos.
Na sequência desta política, em 1929 foi criada a Secção de Pontes da JAE [2], com o
principal objectivo de estudar e executar trabalhos de reparação, reforço e
substituição de pontes. Por volta de 1999, a JAE foi extinta e originou três institutos
rodoviários, entre os quais o Instituto das Estradas de Portugal (IEP). Poucos anos
depois, este instituto deu lugar às Estradas de Portugal (EP), actual responsável pela
conservação das obras de arte pertencentes à Rede Rodoviária Nacional (RRN).
Quanto à conservação das pontes ferroviárias, a entidade responsável era a
Companhia Real dos Caminhos de Ferro, constituída em 1860 e transformada nos
Caminhos de Ferro Portugueses (CP) em 1951. Por volta de 1997, devido a imposições
comunitárias, foi criada a Rede Ferroviária Nacional (REFER), actual responsável pela
conservação das pontes ferroviárias, especificamente através da Secção de Pontes do
Departamento de Estruturas e Projectos Especiais.

2.2 Materiais
Estruturais
No início do séc. XVIII, Abraham Darby I desenvolve um método de produção de ferro
de alta qualidade, o ferro fundido. Passadas três gerações, no final do mesmo século,
Abraham Darby III constrói a primeira ponte metálica em Coalbrookdale (Figura 1), em

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

1777-79. Esta ponte foi projectada por T.M. Pritchard e ainda está em serviço, após ter
sido objecto de reabilitação.
Por volta de 1784, surge o ferro pudelado, também designado por wrought iron (ferro
forjado) na literatura inglesa, após o desenvolvimento do processo de pudelagem do
ferro por Henry Cort, e começa a ser utilizado em pontes por volta de 1800 [4].
Desde 1777, até por volta de 1840, o ferro fundido e pudelado foram os materiais mais
utilizados na construção de pontes metálicas, pois apresentavam uma boa resistência
à corrosão e propriedades mecânicas que, de algum modo, se complementavam nas
suas aplicações, i.e., o ferro fundido com uma boa resistência à compressão e o ferro
pudelado à tracção.
O aço começou a ser produzido no final do séc. XVIII e a sua utilização na construção
de pontes começou no início do séc. XIX. Nessa altura, o processo de produção do aço
não permitia a sua utilização em grande escala. Apenas com a invenção e
desenvolvimento do processo siderúrgico de Bessemer por volta de 1855 e, mais
tarde, dos processos de Thomas-Gilchrist e Siemens–Martin, é que foi possível
produzir aços mais limpos, em quantidade e com melhores características [4]. Estes
progressos foram ao encontro da grande necessidade de então, devido à expansão dos
caminhos-de-ferro por toda a Europa.

Figura 3 Evolução dos processos siderúrgicos (adaptado de [4])

Por volta de 1870, surge o aço laminado e, em 1874, é concluída a primeira grande
ponte de aço no mundo, a ponte Eads, em Saint Louis, Missouri, com três vãos de
159m cada. De referir ainda outras duas referências mundiais das pontes em aço:
a ponte suspensa de Brooklyn, em Nova Iorque, construída em 1883, e a ponte tipo
cantilever Firth of Forth, na Escócia, em 1890.
Ainda em relação à construção de pontes em aço, é necessário tomar em consideração
que, durante algumas épocas, nomeadamente durante a grande recessão (1929-1939),
a 1ª (1914-18) e a 2ª Guerra Mundial (1939-45), o aço era produzido num ritmo muito
elevado. Este facto traduz-se na possibilidade de algumas das pontes construídas
nestas épocas poderem apresentar alguns problemas de durabilidade devido à fraca
qualidade do aço, principalmente com o aumento das cargas actuantes [4].
Ao longo do séc. XX, assistiu-se a outros progressos na siderurgia do aço, com o
desenvolvimento de novos tipos de aço com maior resistência e ductilidade. A partir
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de 1960, os desenvolvimentos nos aços fracamente ligados conduziram aos aços


designados de alto desempenho (High Performance Steel, HPS). Com uma excelente
tenacidade e ductilidade, boa soldabilidade e, simultaneamente, elevada resistência à
corrosão, este tipo de aço permitiu a construção de pontes inovadoras, reduzindo
significativamente o seu peso e custo.

Figura 4 Evolução dos tipos de aço (adaptado de [4])

A partir de 1935, a construção de pontes metálicas começa a ser abandonada em


detrimento do betão armado e da técnica do betão pré-esforçado, que surgem por
volta de 1880 e 1930 respectivamente. A primeira grande ponte em betão armado foi
a ponte Camille de Hogues, em Châtellerault, construída em 1899-1900, por François
Hennebique [2]. A partir desta altura, a construção de pontes metálicas em Portugal,
resume-se praticamente a duas grandes pontes sobre o rio Tejo, a ponte Marechal
Carmona, em 1951, e a Ponte 25 de Abril, em 1966.

Ligações entre componentes


Desde o início da construção metálica até cerca de 1930 não se verificaram evoluções
no tipo de ligações utilizadas, que consistiam essencialmente em ligações rebitadas e
com parafusos correntes. Por volta de 1930, surge a soldadura na construção metálica
e, em 1950, os parafusos de alta resistência. Estes dois tipos de ligação permitiram dar
resposta a solicitações de carga muito superiores às ligações anteriores. No entanto, as
estruturas soldadas vieram aumentar o risco de situações de falha devido à fissuração
por fadiga [4].

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Figura 5 Evolução das ligações nas estruturas metálicas (adapt ado de [4])

Sistemas de protecção contra a corrosão


Relativamente aos materiais utilizados na protecção por pintura contra a corrosão, os
primeiros a serem utilizados foram as tintas à base de chumbo. Não se sabe
exactamente quando é que este sistema de protecção começou a ser adoptado como
sistema preferencial contra a corrosão, mas suspeita-se que seja por volta de 1874. As
pontes Eads, Brooklyn e Firth of Forth foram protegidas com este tipo de pintura e já
estão em serviço há mais de dois séculos [4].
Este tipo de tintas tem um desempenho excelente, pois geralmente permite uma
durabilidade expectável superior a 100 anos, sob diferentes condições de exposição e
classes de corrosividade ambiental, desde que as estruturas e os respectivos sistemas
de protecção sejam submetidas a manutenções periódicas. No entanto, a partir de
1970, por razões ecológicas e de saúde pública, este tipo de tintas foi proibido e
substituído por novos sistemas.
Para além dos revestimentos por pintura, existem também os revestimentos
metálicos, normalmente de zinco ou ligas Zn-Al, e os revestimentos “duplex”, que
consistem na junção do revestimento metálico com a pintura. A aplicação de
revestimentos metálicos apresenta-se como uma boa solução para estruturas aéreas,
pois apresenta uma boa durabilidade na maioria dos ambientes. No entanto, a
exposição à atmosfera induz alterações cromáticas do zinco que provocam um visual
pouco atractivo, pelo que, para satisfazer também requisitos estéticos, é aconselhável
a utilização do sistema “duplex”, permitindo ainda maior durabilidade [4].
Actualmente, existem alguns tipos de aço, nomeadamente os aços patináveis
(weathering steel), que não necessitam de protecção contra a corrosão (Figura 6).
A exposição deste tipo de aço à atmosfera forma produtos de corrosão à superfície do
metal-base que o protege contra a corrosividade do ambiente. No entanto, o aço
patinável é apenas indicado para classes de corrosividade baixas, pois não é eficaz na
protecção contra ambientes agressivos, tais como ambientes marítimos.

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Figura 6 Ponte em aço patinável [4]

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2.3 Soluções estruturais


Antigamente um dos principais problemas na construção de pontes era a concepção e
construção de fundações no leito dos rios, tornando conveniente a construção de
pontes com grandes vãos. A solução encontrada foi a construção metálica, que
permitiu pontes mais leves e, consequentemente, com maiores vãos. A construção de
pontes metálicas data de finais do séc. XVII e vem evoluindo com soluções estruturais
optimizadas, analogamente ao desenvolvimento da indústria metalúrgica.

Pontes em arco
Conforme previamente referido, a primeira ponte metálica foi a ponte Coalbrookdale
(Figura 1), projectada por T.M. Pritchard e construída por Abraham Darby III. Esta
ponte, com um vão de 30m, ainda está em funcionamento, após reabilitação, e o seu
sucesso é atribuído à adequação do sistema estrutural —ponte em arco — ao material
utilizado, ferro fundido.
Esta adequação do material à tipologia construtiva da ponte em arco foi desenvolvida
pelo engenheiro Reichenbach, que criou um método onde os tubos em ferro são
utilizados como elementos em compressão do arco. Um dos melhores exemplos deste
sistema é a ponte Carrousel, construída em 1839 por Polonceau, em Paris [5].
Um dos principais impulsionadores das pontes em arco foi Gustave Eiffel, que dirigiu e
fundou a Société Eiffel, em 1866, um gabinete dedicado ao estudo e construção de
estruturas metálicas. Uma dessas estruturas metálicas foi o viaduto de Garabit (Figura
7), construído em França no ano de 1884 e que foi uma das principais obras de Eiffel.
Uma outra ponte em arco importante, devido a ser a primeira ponte em aço e ter
batido o recorde de maior vão do mundo da época com 159m, foi a ponte Eads (Figura
8), em Saint Louis, Missouri. Esta ponte rodoviária e ferroviária, construída em 1874,
ainda é utilizada e foi baptizada em homenagem ao seu projectista, J.B. Eads [5].

Figura 7 Viaduto de Garabit [1] Figura 8 Ponte Eads [1]

Além das pontes em arco mencionadas, com tabuleiro superior, temos também um
outro tipo de sistema estrutural, as pontes em arco atirantadas, com tabuleiro inferior.
As primeiras pontes deste tipo foram construídas em Hamburgo, sobre rio Elba, por

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volta de 1899. Podemos encontrar um bom exemplo deste tipo de solução estrutural
na ponte Hohenzollern (Figura 9), em Colónia, construída em 1910.

Figura 9 Ponte Hohenzollern [1]

Este tipo de sistema estrutural comporta-se da mesma forma que uma estrutura de
viga em treliça, que será apresentada mais à frente, onde o arco desempenha as
funções dos membros superiores da treliça e o tabuleiro as de membros inferiores. No
entanto, a utilização deste tipo de pontes em arco permite suportar cargas maiores e
vencer maiores vãos do que as vigas em treliça [5].
Posteriormente, tem sido utilizado outro tipo de ponte em arco, similar à solução
anterior, a solução tipo Bowstring. Esta solução estrutural consiste num tabuleiro
inferior suspenso por tirantes que transferem as cargas para o arco metálico. Um bom
exemplo da versatilidade deste tipo de pontes é a ponte do Observatório, em Liége
(Figura 10), construída em 2002 e projectada por Santiago Calatrava.

Figura 10 Ponte do Observatório [1]

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Pontes suspensas
Por volta de 1819, Samuel Brown inventa um tipo de corrente em ferro e constrói a
primeira ponte pênsil em ferro pudelado na Europa, a ponte Union (Figura 11), no
Reino Unido. Pouco tempo mais tarde, em 1826, Thomas Telford construiu outra
ponte pênsil que bate o recorde de ponte com maior alcance da época, a ponte Menai
Straits (Figura 12), também no Reino Unido [5].

Figura 11 Ponte Union [1] Figura 12 Ponte Menai Straits [1]

Dentro desta tipologia construtiva, temos que referir a Grande Ponte Suspensa,
construída por Joseph Chaley na Suíça, em 1834, e demolida em 1923. Esta ponte
pênsil foi construída em ferro pudelado, tinha um vão único de 273m e foi a maior
ponte do mundo até à construção da ponte Wheeling (Figura 13), nos Estados Unidos
da América (EUA). A ponte rodoviária Wheeling, projectada por Charles Ellet Jr., foi
construída em 1849 e destruída por uma tempestade em 1855. No entanto, foi
reconstruída e ainda está em funcionamento actualmente.
Ainda outra ponte pênsil digna de referência é a ponte Clifton (Figura 14), no Reino
Unido, da autoria de Brunel. Esta ponte rodoviária foi construída em ferro pudelado no
ano de 1864 e actualmente ainda exerce a sua função.

Figura 13 Ponte Wheeling [1] Figura 14 Ponte Clifton [1]

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Enquanto na Europa se construíam pontes suspensas por correntes de ferro (ponte


pênsil), nos Estados Unidos da América começavam-se a desenvolver os cabos
metálicos, que eram consideravelmente mais resistentes. No entanto, a primeira
ponte suspensa por cabos metálicos foi construída na Europa, a ponte de Saint-
Antoine. Esta ponte pedestre foi construída em 1823, na cidade de Genebra, e é da
autoria de G.H. Dufour e Marc Séguin [5].
O principal problema deste tipo de pontes residia no facto de ser difícil garantir a
mesma força de tracção em todos os fios do cabo metálico. Tal situação foi resolvida
por John A. Roebling, que desenvolveu um método de enrolamento mecânico dos
cabos in situ, que havia sido previamente sugerido pelo engenheiro francês L.J. Vicat.
Em 1866, John A. Roebling construiu a maior ponte suspensa do mundo da época, a
ponte Cincinnati-Covington (Figura 15), sobre o rio Ohio. Esta ponte era originalmente
em ferro forjado, com um vão máximo de 322 m, e o tabuleiro era constituído por uma
treliça [5]. Por volta de três décadas após a sua construção, esta ponte foi reforçada
com cabos de aço e o tabuleiro substituído por outro, igualmente em aço.

Figura 15 Ponte Cincinnati-Covington [1]

A primeira ponte a exceder um vão de 1 km, nomeadamente 1.067 m, foi a ponte


suspensa George Washington (Figura 16), em Nova Iorque, construída em 1931. Esta
ponte foi projectada por Othmar H. Ammann, que utilizou quatro cabos de aço com
91cm de diâmetro e com 20.000 fios cada [5].

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Figura 16 Ponte George Washington [1]

Outras pontes de referência dentro deste sistema estrutural são a ponte de Brooklyn
(Figura 17), construída em 1883 e considerada uma obra-prima da engenharia, e a
ponte Golden Gate (Figura 18), construída por Joseph Strauss no ano de 1937, em São
Francisco, Califórnia. A ponte Golden Gate tem uma extensão de 1.281 m e é, sem
dúvida, a mais conhecida de todas as pontes suspensas.

Figura 17 Ponte de Brooklyn [1] Figura 18 Ponte Golden Gate [1]

O tipo de estrutura mais recente nas pontes metálicas é a ponte atirantada. Embora
este tipo de ponte seja usualmente enquadrado dentro das pontes suspensas devido
ao seu aspecto visual, na realidade o seu comportamento é muito mais similar a uma
ponte em viga contínua, sobre apoios relativamente elásticos. Estes apoios elásticos
são fornecidos pelos tirantes em vários pontos do tabuleiro e permitem a construção
de grandes vãos com vigas relativamente finas [5].
A primeira ponte atirantada foi construída na Alemanha, a ponte Theodor Heuss
(Figura 19), em 1957. Esta ponte em aço foi projectada por F. Tamms e F. Leonhardt
com vãos de 108+260+108 m.

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Figura 19 Ponte Theodor Heuss [1]

Pontes em viga
Em 1844, os caminhos-de-ferro britânicos decidiram construir uma linha ferroviária
entre Londres e a ilha Anglesey, no País de Gales. Para tal ser possível, foi necessário
construir uma ponte sobre o Estreito de Menai. Esta ponte foi encomendada a
Stephenson, que, após estudar as pontes em arco e as pontes suspensas por correntes
de ferro (ponte pênsil), decidiu construir uma ponte com a forma de dois tubos
rectangulares, nos quais poderiam passar as duas vias do caminho-de-ferro. Foi então
construída a ponte Britannia (Figura 20), sobre o estreito de Menai, em 1850. Esta
ponte em ferro pudelado demonstrou que vigas compostas, com reforços espaçados,
eram suficientemente resistentes para suportar um vão com mais de 142 m, em
recurso a diagonais de reforço. Assim surgiu a construção com vigas de alma cheia e foi
dado o primeiro passo rumo às pontes em vigas caixão [5].

Figura 20 Ponte Britannia [1]

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Não se sabe bem quando foi construída a primeira ponte em viga treliça, mas uma das
primeiras e maiores pontes da Europa com este sistema estrutural foi construída em
1857, a ponte Tczew (Figura 21), projectada por Carl Lentze. Esta ponte em ferro
pudelado foi fortemente influenciada pela ponte Britannia e tem seis vãos de cerca de
131m.
A ponte que serviu como modelo para as pontes de vigas em treliça dos caminhos-de-
ferro, foi a ponte Saint-Jean (Figura 22), construída em Bordéus no ano de 1860 [2].

Figura 21 Ponte Tczew [1] Figura 22 Ponte Saint-Jean [1]

O viaduto de Grandfey (Figura 23), construído na Suíça em 1862, é considerado a


primeira estrutura em treliça com os elementos em compressão bem adaptados [5].
Esta ponte em ferro pudelado tinha sete vãos de 49m e a sua montagem consistiu no
lançamento do tabuleiro em treliça sobre os pilares metálicos.

Figura 23 Viaduto de Granfey [1]

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A construção de pontes em treliça foi desenvolvida exaustivamente por Gustave Eiffel,


que construiu muitas pontes para os caminhos-de-ferro franceses e portugueses, e.g.
viaduto de Garabit (Figura 7) e várias pontes da Linha da Beira Alta.
A ponte Britannia foi um excelente exemplo para o impulso da construção de pontes
em vigas caixão, que surgiu a partir do desenvolvimento da soldadura, por volta de
1925. No início da utilização deste tipo de ligações houve muitos problemas causados
por fenómenos de fadiga, que, na altura, obviamente ainda não eram conhecidos. No
entanto, após o período inicial de aprendizagem, houve um aumento muito rápido do
comprimento dos vãos, como, por exemplo, a ponte sobre o rio Reno, na Alemanha,
construída em 1948 com vãos de 99+196+99m [5].

Figura 24 Ponte sobre o rio Reno [1]

Pontes em consola
No séc. XIX, as pontes com vários vãos eram quase todas divididas, sobre os pilares,
em vãos únicos. Nessa época, já existia conhecimento dos benefícios, a nível de
comportamento estático, das vigas contínuas. No entanto, esta solução não era
utilizada devido aos problemas que acarretava no dimensionamento das fundações.
Este obstáculo foi resolvido por volta de 1868, quando German H. Gerber tem a ideia
de introduzir juntas em vigas contínuas. O princípio das “vigas de Gerber” é aplicado
na solução estrutural tipo cantilever [5].
A construção de pontes em consola ou tipo cantilever consiste, essencialmente, em
aumentar a altura da viga em treliça para o nível dos pilares, tornando possível a
construção das consolas a meio vão, sem ser necessário recorrer a qualquer tipo de
escoramento. Esta técnica construtiva é particularmente útil quando se pretende
atravessar águas profundas e/ou agitadas.
Uma das maiores e mais representativas pontes em consola é a ponte Firth of Forth,
na Escócia. Esta ponte em aço foi projectada por Sir Benjamin Barker e Sir John Fowler
e construída em 1883-1890, tornando-se na ponte com maior vão do mundo da época,
com 521m.

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Figura 25 Ponte Firth of Forth [1]

Pontes em Portugal
A primeira estrutura metálica a ser construída em Portugal foi o Viaduto de Xabregas
(Figura 2), em ferro fundido, projectado por John Sutherland Valentine, e a construção
de grandes pontes metálicas em Portugal tem início com a construção da ponte
ferroviária da Praia do Ribatejo sobre o rio Tejo (Figura 26), em 1862, que entretanto
foi substituída pela actual Ponte da Praia [2]. Relativamente a pontes metálicas
projectadas por portugueses, a mais antiga foi a ponte da ribeira de Noemi, projectada
por Bento d`Eça, José Garção e José de Andrade e inaugurada em 1876 [6].

Figura 26 Ponte da Praia do Ribatejo

A partir de 1870, generaliza-se o modelo de ponte em viga treliça, com tramos rectos e
perfis cruzados de rótula simples ou múltipla. Pouco tempo depois, em 1872, também
começa a ser utilizado outro tipo de solução estrutural, as pontes em viga utilizando o
sistema Schwedler. Este sistema é uma variação das pontes em arco atirantadas,
consistindo em vigas com o banzo inferior recto e o superior parabólico [2]. Dois

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exemplos deste tipo de pontes são a ponte da Régua (Figura 27) e a da Portela (Figura
28), construídas em 1872 e 1873, respectivamente.

Figura 27 Ponte da Régua Figura 28 Ponte da Portela

A ponte D. Maria Pia e a ponte Luís I, no Porto, são, sem dúvida, duas das mais
importantes pontes metálicas construídas em Portugal. Estas pontes contribuíram
significativamente para o desenvolvimento do país, ao encurtar a distância entre o
norte e o sul, e contribuíram para a evolução da tecnologia de construção,
principalmente a ponte D. Maria Pia. Esta ponte foi o primeiro grande sucesso de Eiffel
na implementação de uma das suas ideias, a preparação de obra na construção
metálica, desde a concepção até à mais pequena pormenorização [5].
A ponte D. Maria Pia (Figura 29), projectada por Gustave Eiffel e Théophile Seyrig, foi
construída em 1878 e desactivada em 1991. Esta ponte tem um vão principal de 160 m
e serviu de modelo para outras grandes obras de Eiffel, como o viaduto de Garabit
(Figura 7). O reconhecimento da importância da ponte D. Maria Pia é demonstrado na
atribuição do título de Civil Engineering Historical Landmark pela Ordem dos
Engenheiros portugueses e pela American Society of Civil Engineers. Felizmente, neste
momento está em curso um projecto que visa a sua reabilitação.

Figura 29 Ponte D. Maria Pia

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Poucos anos após a construção da ponte D. Maria Pia, foi construída a ponte Luís I
(Figura 30) que visava a substituição da ponte pênsil do Porto. A ponte Luís I foi
construída em 1886 e é da autoria de Théophile Seyrig, um antigo colaborador de
Eiffel. Esta ponte foi inicialmente projectada para servir o tráfego rodoviário e pedonal,
mas recentemente foi alvo de obras de reforço, de modo a permitir a passagem do
Metro do Porto. Esta obra é um excelente exemplo da capacidade de adaptação das
pontes metálicas antigas às necessidades actuais, pois neste momento está a funcionar
com cargas muito superiores às previstas inicialmente, no séc. XIX.

Figura 30 Ponte Luís I

Outra ponte construída na mesma altura das duas grandes pontes do Porto foi a ponte
D. Luís, sobre o rio Tejo (Figura 31), em Santarém. Esta ponte foi, de algum modo,
ofuscada pelas anteriores, mas também teve a sua importância no desenvolvimento
do país. A ponte D. Luís foi construída em 1881 e projectada com uma estrutura em
viga treliça por F. Moreaux [2]. Após ser sujeita a uma intervenção de reforço da autoria
do engenheiro Edgar Cardoso, esta ponte continua a servir o tráfego rodoviário.

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Figura 31 Ponte D. Luís

Além da ponte D. Maria Pia, Gustave Eiffel projectou mais de 20 pontes para os
caminhos-de-ferro portugueses, na sua maioria em ferro pudelado e com uma
estrutura de viga em treliça. Algumas das pontes referidas são as pontes do Milijoso,
Breda, Criz, Dão e Trezói, em 1879-1881, pertencentes à Linha ferroviária da Beira Alta,
a ponte do Fão, sobre o rio Cávado, em 1892, pertencente à Linha ferroviária do
Minho, e principalmente a ponte do Lima, em Viana do Castelo, que Eiffel sempre
considerou a sua obra-prima.
A ponte do Lima (Figura 32), em Viana do Castelo, construída em ferro pudelado, data
de 1886 e divide-se numa estrutura metálica contínua com 562 m, de vigas de rótula
múltipla, com dois tabuleiros sobrepostos apoiados em pilares de alvenaria. Os
viadutos de acesso também são constituídos por vigas contínuas, apoiadas
transversalmente em pórticos múltiplos [2]. Esta ponte foi sujeita a obras de reforço há
cerca de 20 anos e recentemente foi substituído o tabuleiro rodoviário.

Figura 32 Ponte do Lima

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A partir de 1927, construíram-se muitas pontes metálicas em Portugal, mas quase


sempre com o mesmo tipo de solução estrutural. Prevalece, então, a construção de
pontes em vigas metálicas rectas, de alma cheia ou rota, simples ou múltipla, apoiadas
em pilares de pedra ou ferro fundido [2]. Uma das excepções foi a ponte 25 de Abril,
construída em 1962-66.
A ponte 25 de Abril (Figura 33) é, actualmente, a mais importante e conhecida ponte
metálica portuguesa. Esta ponte foi baptizada de ponte Salazar e foi construída pelas
empresas americanas United States Steel Export Company e Morrison-Knudsen
Company, enquanto o projecto de dimensionamento ficou a cargo de Steinman,
Boynton, Gronquist & London. Para esta obra de arte, foi adoptada uma solução de
ponte suspensa, similar à ponte Golden Gate, de São Francisco.

Figura 33 Ponte 25 de Abril

A ponte 25 de Abril foi construída em aço com ligações aparafusadas e tem um


tabuleiro em viga treliça contínua, com um comprimento total de cerca de 2.277 m,
onde o vão principal tem cerca de 1.013 m, os dois vãos adjacentes 483 m e os dois
viadutos 100 m. Esta viga de rigidez, em viga treliça contínua, tem 10,65 m de altura e
21m de largura e continua a ser uma das mais longas do mundo. Os cabos metálicos de
suspensão consistem em 37 cordões de aço, compostos por 11.248 fios de 5mm de
diâmetro paralelos, com um comprimento total de 54.196 km. Esta ponte também foi
protegida contra a corrosão, nomeadamente através da galvanização e esquemas de
pintura [2]. Inicialmente, esta ponte abriu apenas ao tráfego rodoviário, mas no entanto
a disposição dos espaçadores foi dimensionada para uma futura utilização ferroviária,
como se pode verificar actualmente.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Pontes mistas
Uma das soluções estruturais mais aplicadas actualmente é a da ponte mista. Este tipo
de ponte utiliza o betão e o aço, tirando partido das melhores características de cada
um deles e, normalmente, temos um tabuleiro metálico com pilares e laje de betão.
A construção de pontes mistas oferece diversas vantagens, tais como leveza, facilidade
de construção, protecção atmosférica do aço pelo betão e bom comportamento
dinâmico [3].

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

3. Processos de deterioração
A degradação das pontes metálicas normalmente ocorre por processos de
deterioração física ou por reacções químicas e biológicas, que consistem
essencialmente no fenómeno da corrosão.
Os processos de deterioração física referem-se a processos de fadiga e a impactos de
veículos, sobrecargas ou deformações acidentais, resultantes de assentamentos,
escavações e, ainda, de acções sísmicas ou do fogo. Normalmente, estes processos não
podem ser previstos, mas os danos consequentes são relativamente simples de
detectar, assim como a escolha da reparação ou reforço adequados.
Além dos danos acidentais, o tipo de defeitos mais recorrentes nas pontes metálicas
são resultantes de fenómenos de corrosão e fadiga.

3.1.1 Corrosão

A corrosão é um processo natural de deterioração de um metal ou liga, que resulta da


reacção com o meio ambiente e depende dos mecanismos envolvidos e da
corrosividade do ambiente. O metal estrutural tem um potencial de corrosão que pode
ser acelerado pelos seguintes factores [4]:
 Actividade microbiológica;
 Perda das características protectoras do sistema de protecção anti-corrosão;
 Erros de pormenorização;
 Utilização menos adequada.
Este processo é normalmente classificado em dois tipos, nomeadamente corrosão
uniforme e localizada (Figura 34). A corrosão uniforme implica um desgaste do
material por corrosão igualmente distribuída em toda a superfície. A corrosão
localizada implica um desaparecimento localizado do material e pode assumir as
seguintes formas:
 Intersticial – e.g. em espaços confinados, nas interfaces da sobreposição de
chapas;
 Por picadas – normalmente em ambientes agressivos com grande concentração
de cloretos;
 Galvânica – devido ao contacto com outros metais.

33 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

(a) (b)

Figura 34 Corrosão: (a) uniforme; (b) localizada, do tipo intersticial

Outro fenómeno que podem ocorrer, envolvendo a corrosão, é a corrosão sob tensão.
Este tipo de processo de deterioração consiste na acção conjunta da corrosão e de
tensões mecânicas, estáticas ou dinâmicas, que diminuem a vida à fadiga da estrutura,
resultando na redução do tempo de início da fissuração ou no aumento da sua
velocidade de propagação. Para evitar este tipo de problema, é aconselhável a
aplicação de métodos de tratamento da superfície, para reduzir as tensões, e a
selecção de aços menos susceptíveis a fenómenos de fragilização por hidrogénio.
A existência de fases e de inclusões, especialmente sulfuretos e escórias, e as
características metalográficas, que são determinadas pelas fronteiras de grão, são
alguns dos factores condicionantes do comportamento à corrosão de um metal. Estas
fronteiras de grão consistem em descontinuidades estruturais ou em diferenças
químicas, que resultam em zonas susceptíveis de fenómenos de corrosão localizada.
Além das características da liga, a resistência à corrosão das ligas ferrosas depende
significativamente da corrosividade do ambiente. O aço não ligado requer um sistema
de protecção adequado em qualquer ambiente, assim como os novos tipos de aço
ligado, pois, embora sejam mais resistentes à corrosão, continuam a precisar de um
sistema de protecção adequado. No entanto foi desenvolvido um tipo de aço, o aço
patinável (weathering steel), que através da exposição ambiental forma uma camada
protectora de produtos de corrosão na superfície do aço. O ferro fundido tem um
elevado conteúdo em carbono, que proporciona uma boa resistência à corrosão
uniforme. Esta situação ocorre porque os produtos de corrosão também têm um
elevado teor em carbono que dá estabilidade à camada de óxidos, mas no entanto
torna o material susceptível à corrosão localizada. Quanto ao ferro pudelado, este tem
uma boa resistência à corrosão, em decorrência do elevado conteúdo de escórias não
reactivas, devido à acção de frenagem proporcionada na progressão de processos de
corrosão.
É essencial um bom conhecimento das características de corrosividade do ambiente de
exposição, tanto no projecto de uma nova estrutura como na manutenção de
estruturas existentes. Deve ser feita uma avaliação das condições ambientais, tanto
macro como microambientais, de modo a proceder à identificação das causas da
deterioração e à selecção adequada de métodos de reparação, que resultem num
desempenho optimizado da estrutura.

34 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

O ambiente envolvente de uma estrutura deve ser considerado na escolha do método


de reparação e/ou protecção das estruturas metálicas, pois tem uma influência
considerável na velocidade de corrosão do aço. De acordo com a norma EN
12500:2000 [7], que é baseada na acção dos principais agentes corrosivos, o tipo de
atmosfera é caracterizado da seguinte forma:
1) Atmosfera rural – ambiente atmosférico de zonas rurais e pequenas cidades,
sem contaminação significativa de agentes agressivos.
2) Atmosfera urbana – ambiente atmosférico de zonas densamente populadas,
com concentração moderada de poluentes e sem concentração industrial
destes.
3) Atmosfera industrial – ambiente atmosférico de zonas com elevada
contaminação de poluentes corrosivos, devido à actividade industrial.
4) Atmosfera marítima – ambiente atmosférico sobre o mar ou terra, mas com
contaminação de sais transportados pelo ar.
5) Atmosfera marítima e industrial – ambiente atmosférico perto da costa e de
zonas de concentração industrial com contaminação moderada a elevada de
agentes corrosivos.
Outro factor a considerar são as condições microclimáticas, que ocorrem em função da
geometria e posição do elemento. Os factores microambientais podem criar condições
que aceleram a velocidade da corrosão (Figura 35) e criar:
 Zonas de condensação, retenção de água ou detritos;
 Desgaste do sistema de protecção por abrasão;
 Exposição à acção microbiológica.

(a) (b)

Figura 35 Aceleração da corrosão em zonas microclimáticas na estrutura: (a) zonas de


condensação; (b) zonas de retenção de água e detritos.

A norma ISO 9223:1992 [8] especifica classes de corrosividade de acordo com algumas
informações ambientais, nomeadamente o tempo de “molhagem” e o nível de
poluição, ou baseadas na velocidade de corrosão de diferentes metais. A Tabela 1

35 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

mostra um exemplo de classificação da corrosividade do ambiente para um metal


específico, nomeadamente o aço carbono.

Tabela 1 Categorias de corrosividade atmosférica, respectivas velocidades de corrosão de aço


carbono durante o primeiro ano de exposição e exemplos de ambientes típicos (adaptado de [8] e [9])
Taxa de corrosão do aço Exemplos de ambientes típicos num clima
Categoria Corrosividade carbono moderado (apenas informativo)
2
g/(m a) g/a Exterior Interior
Edifícios com
C1 Muito baixa ≤ 10 ≤ 1,3 — aquecimento, com
atmosfera limpa.
Atmosferas com baixo
Edifícios sem
nível de corrosão.
C2 Baixa > 10 a 200 > 1,3 a 25 aquecimento, onde
Geralmente zonas
ocorre condensação.
rurais.
Atmosferas urbanas e
industriais com Compartimentos de
poluição de dióxido produção com elevada
C3 Média > 200 a 400 > 25 a 50
sulfúrico moderada. humidade e alguma
Zona costeira com poluição no ar.
baixa salinidade
Zonas costeiras e Plantas químicas,
C4 Alta > 400 a 650 > 50 a 80 industriais com piscinas, navios e
salinidade moderada. estaleiros costeiros.

Zonas industriais com


C5-I elevada humidade e Edifícios ou zonas com
atmosfera agressiva. condensação quase
Muito alta > 650 a 1500 > 80 a 200
permanente ou elevada
Zonas costeiras e em
poluição.
C5-M mar alto, com alta
salinidade.

Em relação às estruturas imersas ou enterradas, é difícil definir as categorias de


corrosividade, devido aos inúmeros factores de influência. No entanto, a norma NP EN
ISO 12944-2 [9] agrupa estes ambientes (Tabela 2), de forma a poderem ser utilizados
na escolha de um sistema de protecção adequado para este tipo de estruturas.

Tabela 2 Categorias de corrosividade em água e solos (adaptado de [9])

Categoria Ambiente
Im 1 Água doce
Im 2 Água do mar
Im 3 Solo

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3.1.2 Fadiga

O fenómeno de fadiga é um processo de deterioração cumulativa, localizada e


permanente, que resulta da acção de cargas cíclicas. Esta deterioração acumulada
eventualmente causa o início da fissuração e subsequente propagação, conduzindo
muitas vezes à ruptura parcial ou completa de elementos estruturais. Este processo
geralmente se inicia em zonas com concentrações elevadas de tensões, onde a tensão
localizada excede o limite de elasticidade do metal.
A vida à fadiga de uma estrutura é o seu tempo de vida previsto, sob a aplicação de um
intervalo de tensões expectáveis, até que ocorra falha. Os parâmetros principais que
influenciam a vida à fadiga de uma estrutura são [4]:
 Tensões – incluem a tensão máxima e mínima, o intervalo de tensões e o
número de ciclos;
 Ambiente de exposição – inclui a temperatura e a agressividade do ambiente;
 Geometria e propriedades do elemento – incluem erros de pormenorização,
dimensão, gradiente da tensão e propriedades mecânicas e metalúrgicas do
metal base e do metal de enchimento.
A concentração de tensões está directamente relacionada com o processo de
fabricação e com a geometria e pormenorização do desenho. Na pormenorização e na
execução do projecto é fundamental ter em atenção todos os pormenores que possam
causar fissuração por fadiga. Os erros de pormenorização podem promover a
concentração de tensões numa dada zona, tornando-a susceptível à fissuração por
fadiga. Este aspecto torna-se ainda mais importante no caso de ocorrer,
simultaneamente, redução da secção devido à corrosão.
Nas estruturas com ligações rebitadas ou por parafusos, a concentração de tensões e
tensões residuais derivadas do processo de execução são factores críticos que
influenciam o comportamento à fadiga da estrutura. No caso de pontes metálicas
antigas rebitadas, caso de muitas das pontes portuguesas ainda em utilização, a rotura
por fadiga pode ocorrer devido a causas como microfissuras em torno dos orifícios dos
rebites, resultantes da operação de mandrilagem, ou então iniciadas pelo
desenvolvimento de corrosão. De acordo com Khun et al. [10], as causas típicas da
fissuração por fadiga em estruturas rebitadas/aparafusadas são:
 Mandrilagem ou processo de rebitagem;
 Alteração da geometria;
 Chapas de conexão finas;
 Restrição, distorção e flexão fora de plano;
 Tensões secundárias devido a barras à tracção;
 Entalhes e concentração de tensões localizadas;
 Apoios corroídos ou presos;
 Pormenorização fraca, com pouca resistência à fadiga e carregamento elevado.

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As estruturas metálicas mais susceptíveis a fenómenos de fadiga são as pontes com


ligações soldadas. Estas ligações são geralmente zonas críticas, devido à sua
susceptibilidade à concentração de tensões e a tensões residuais, mas também devido
aos problemas inerentes ao processo de execução da soldadura, nomeadamente
defeitos e heterogeneidades induzidas na microestrutura. Estes factores transformam
as ligações soldadas em zonas preferenciais ao desenvolvimento da fissuração por
fadiga, que se manifesta nos vários tipos de fissuração ilustrados na Figura 36. Entre os
vários tipos de fissuras, as mais difíceis de detectar são as que se desenvolvem a partir
da raiz da soldadura, que normalmente exigem a utilização de técnicas de inspecção
não destrutivas.

(a) (b)

Figura 36 Tipos de fissuras em ligações soldadas: (a) soldadura de topo; (b) soldadura de
ângulo.
1. fissura tipo cratera; 2. fissura na face da soldadura; 3. fissura lamelar; 4. fissura longitudinal;
5. fissura na raiz da soldadura; 6. fissura no bordo da soldadura; 7. fissura na concordância da
junta; 8. fissura transversal; 9. fissura sob cordão; 10 fissura na interface da soldadura.

De acordo com Khun et al. [10], as causas típicas da fissuração por fadiga em estruturas
soldadas são:
 Soldadura pobre ou defeitos de soldadura;
 Falta de fusão;
 Restrição;
 Vibração;
 Descontinuidades (web gaps);
 Deformação contínua por torção (web breathing).
Após o início da fissuração, a propagação subsequente pode desenvolver-se de duas
formas, nomeadamente num crescimento contínuo das fissuras, que propagam para
elementos estruturais principais e secundários, ou em fissuras derivadas do alívio de
restrições, que param em zonas com baixas tensões. Esta situação deve ser
identificada, porque o primeiro tipo de propagação pode resultar na fractura do
elemento estrutural, com as respectivas consequências na segurança da estrutura.

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A resistência à fadiga de um metal, num pormenor especificado, é caracterizada pelo


número de ciclos que o metal consegue suportar, com um determinado intervalo de
tensões, antes da ocorrência de falha. Esta caracterização é proporcionada pelas
curvas de resistência à fadiga (Figura 37), curvas S-N, indicadas pelo Eurocódigo 3,
Parte 1-9 [11].

Figura 37 Curvas de resistência à fadiga para medição directa do intervalo de tensões (adaptado de
[11])

A avaliação do comportamento à fadiga de materiais estruturais também pode ser


realizada através de ensaios em amostras retiradas de zonas seleccionadas da
estrutura, de modo a obter as curvas S-N referidas anteriormente. No caso de serem
identificados problemas relacionados com fenómenos de fadiga, deve-se tomar
medidas adequadas de reparação, mitigação e/ou monitorização ou, em último caso,
de desactivação da estrutura.

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4. Avaliação do estado de conservação de pontes metálicas


4.1 Generalidades
Um factor fundamental para uma ponte atingir o tempo de vida proposto pelo
projecto é a existência de planos de manutenção adequados. Normalmente, nestes
planos de manutenção, são considerados três tipos de inspecção, definidos como:
 Inspecção de rotina – tem uma periodicidade anual ou a cada 18 meses e pretende
a elaboração de um relatório baseado na análise visual, classificando os diversos
componentes de acordo com a extensão dos seus danos. A inspecção deve abranger
todos os componentes importantes e, se possível, deve-se efectuar medições nos
aparelhos de apoio. Durante esta inspecção, pode-se também efectuar operações
simples de limpeza e manutenção.
 Inspecção principal – tem um ciclo de três a cinco anos e o objectivo principal de
avaliar o estado de conservação da estrutura em relação ao seu estado original.
Este tipo de inspecção tem por base a inspecção visual, com a possibilidade de
recorrer a métodos de controlo expeditos, tais como a batida do martelo. Também
pode utilizar-se ensaios não destrutivos para conhecimento interno da estrutura e
dos processos de deterioração. Os defeitos na pintura e os danos por corrosão
devem ser verificados por medição da espessura por métodos directos ou técnicas
de ultra-sons. Quanto a zonas críticas e fissuras de fadiga, a sua identificação é
efectuada por observação assistida por métodos não destrutivos simples. Neste tipo
de inspecção, além da classificação dos danos de acordo com a sua extensão,
também deverá ser efectuada uma classificação dos danos ou anomalias
observadas.
 Inspecção especial – deve ser realizada de uma forma programada, sempre que seja
detectado algum defeito relevante, dano físico acidental, corrosão, fissuração ou
identificados pormenores prejudiciais ao comportamento à fadiga, que coloquem
dúvidas acerca do estado de funcionamento da ponte ou que solicitem estudos
específicos ou a utilização de algum tipo de equipamento não corrente. As decisões
relativas à reabilitação de uma estrutura devem basear-se em inspecções deste
tipo.
As estruturas estão expostas a vários processos de deterioração ao longo da sua vida
útil, resultando no aparecimento de diferentes tipos de defeitos decorrentes da sua
degradação. Logo, é fundamental a realização de uma avaliação adequada do estado
de conservação, de modo a decidir sobre uma eventual necessidade de reparação e,
assim, garantir o bom desempenho da estrutura durante o tempo de vida proposto.
A avaliação do estado de conservação de uma ponte consiste na identificação de
defeitos estruturais e na comparação destes com os critérios definidos em projecto.
Nesta avaliação, é fundamental aplicar metodologias adequadas à classificação dos
defeitos e identificação da sua influência no comportamento da estrutura.

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4.2 Defeitos
A classificação primária dos danos ou defeitos pode ser efectuada utilizando três tipos
de critérios, considerando a causa, a causa e o efeito, ou apenas o efeito. Na maior
parte das vezes, não é fácil identificar a(s) causa(s) do defeito, dando origem a
diferentes interpretações. Este facto levou à recomendação, por parte da União
Internacional dos Caminhos de Ferro (UIC) [12], da adopção do critério do efeito, de
modo a ser possível uma certa uniformidade na classificação dos defeitos. Então, os
tipos básicos de defeitos podem ser divididos da seguinte forma (Figura 38):
a) Contaminação – Presença de qualquer tipo de sujidade ou vegetação não
projectada.
b) Deformação – Alteração geométrica significante, prejudicial ao desempenho da
estrutura.
c) Deslocamento – Alteração da localização de um ou mais componentes
estruturais, prejudicial ao desempenho da estrutura, incluindo restrições a
elementos previstos.
d) Descontinuidade – Falta de continuidade no material estrutural não prevista no
projecto.
e) Deterioração – Alteração das características físicas e/ou químicas dos materiais
estruturais, prejudicial ao desempenho da estrutura.
f) Perda de material – Redução do material existente na estrutura, relativamente
ao projectado.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 38 Tipos básicos de danos: (a) Contaminação; (b) Deformação; (c) Deslocamento; (d)
Descontinuidade; (e) Deterioração; (f) Perda de material (cedidas por REFER)

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Após a identificação, é necessário definir a extensão do defeito, pois este nem sempre
constitui uma avaria. Uma avaria implica um defeito suficientemente extenso, que põe
em causa o estado de conservação da estrutura e que, por isso, exige correcção.
A Tabela 3 ilustra o índice de avaria recomendado pela UIC [12].

Tabela 3 Índice de avaria (adaptado de [12])


Índice Descrição do defeito Reparação do defeito
0 Sem defeitos Não é necessário reparação
1 Defeitos menores Reparação a longo prazo (> 3 anos)
2 Defeitos sérios sem efeitos a curto prazo Reparação a curto prazo (< 1 ano)
3 Defeitos sérios com efeitos a curto prazo Reparação a curto prazo (ano corrente)
4 Defeitos que exigem acções imediatas Reparação imediata

Durante a avaliação de defeitos, é importante distinguir os tipos de defeitos inerentes


ao fabrico do material daqueles que são resultantes da execução de trabalhos. Por
exemplo, os defeitos da pintura podem não exercer influência alguma durante o ciclo
de vida útil da estrutura, a não ser diminuir a densidade do sistema de protecção,
enquanto os defeitos promovidos por processos de deterioração podem reduzir
parcialmente ou completamente a sua funcionalidade.
A fissuração por fadiga pode ser facilmente identificável através da observação a olho
nu da fissura sob acção de cargas cíclicas, pois é possível observar a sua propagação.
Em caso deste tipo de fissuração em elementos principais da estrutura, i.e. vigas
principais ou transversais, é necessário recorrer a uma inspecção especial, de modo a
proceder a uma avaliação detalhada da extensão e consequências do dano na
segurança da estrutura.
A detecção de perda de espessura na superfície do metal ou entre chapas, devido à
corrosão, pode reduzir a resistência destes elementos e assim constituir risco para a
estabilidade da estrutura. Então, este tipo de defeito também deve ser quantificado,
de modo a determinar a necessidade de reparação.
Quando não é possível a recolha dos dados necessários à avaliação através da
inspecção visual, deve-se recorrer a métodos de ensaio não destrutivos (NDT), tais
como o método do líquido penetrante (Figura 39).

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Figura 39 Método do líquido penetrante (cedidas por REFER)

A Tabela 4 descreve os métodos NDT mais correntes na avaliação de estruturas


metálicas.

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Tabela 4 Métodos NDT aplicáveis a estruturas metálicas


Método de
Fundamento Aplicação
ensaio
Identificação de fissuras à
A superfície de aço é magnetizada e
superfície; verificação de
pequenas partículas de ferro
furações após remoção de
fosforescentes são aplicadas. Estas
Magnetoscopia rebites e antes da aplicação de
partículas são atraídas pela
parafusos pré-esforçados;
descontinuidade do campo magnético,
controlo da execução da técnica
identificando assim a fissura.
de reparação stop hole.
O líquido penetrante é aplicado na
Líquido superfície do material e absorvido por Identificação de fissuras à
penetrante capilaridade, revelando, após algum superfície.
tempo, as fendas.
O elemento de aço é irradiado com
raios gama e, após penetração, os
Identificação de fissuras à
Radiográfico defeitos são apresentados como
superfície e internas.
imagens acinzentadas num filme ou
imagem do elemento.
Emissão de sons de elevada frequência Detecção de descontinuidades e
que atravessam o material, sendo sua localização em profundidade;
Ultra-sons
reflectidas nas descontinuidades ou medida da espessura do material
superfície do material. (exceto no ferro pudelado).
Detecção de fissuras nas
Baseia-se nos princípios da indução furações após remoção de
Correntes de electromagnética. Os defeitos são rebites e em elementos com
Eddy/Foucault identificados quando as correntes fraca espessura; medição da
eléctricas induzidas são distorcidas. espessura das camadas do
revestimento.
O movimento súbito de materiais sob Deformação do material, fissuras
Emissão
tensão produz emissões acústicas que em chapas sobrepostas e fissuras
acústica
podem ser lidas por sensores. activas em propagação.

Muitas vezes, também é necessário recorrer a ensaios de carácter destrutivo (DT) para
conhecer as características e propriedades do material estrutural ou para verificar a
compatibilidade de esquemas de pintura novos com outros existentes. Este tipo de
ensaios ocorre principalmente em estruturas antigas e envolve procedimentos de
recolha de amostras, que devem ser sempre acompanhados por um engenheiro de
estruturas, de modo a garantir a estabilidade estrutural em todas as intervenções.
A Figura 40 exemplifica uma tabela de informações sobre ensaios DT, efectuados, ao
longo dos anos, a algumas das pontes da REFER.

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Figura 40 Tabela resumo informativa de ensaios DT (cedida por REFER)

A avaliação do estado de conservação do sistema de protecção também é importante


na decisão de substituição por um revestimento novo ou de renovação parcial ou
completa do esquema de pintura existente. Neste tipo de avaliação, é necessário
distinguir os defeitos de pintura resultantes da aplicação, alguns dos quais não têm
influência na durabilidade do sistema de protecção, daqueles originados por processos
de degradação, que têm consequências na protecção da estrutura contra corrosão.
Este tipo de defeitos inclui corrosão, empolamento, enferrujamento, fissuração,
descamação, pulverulência e delaminação e são identificados, classificados e
quantificados nas várias partes da norma NP EN ISO 4628 [13]-[21]. A Figura 41 mostra
alguns exemplos de defeitos resultantes da degradação do esquema de pintura.

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(a) (b) (c)

(d) (e)

Figura 41 Defeitos por degradação das pinturas: (a) fissuração; (b) empolamento; (c)
pulverulência; (d) descamação; (e) corrosão.

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5. Métodos de reparação de pontes metálicas


A reparação adequada de uma ponte metálica requer uma avaliação prévia do
elemento danificado, do tipo de dano e respectivas causas, da corrosividade do
ambiente ao qual a estrutura está exposta, das características do material e do tipo e
importância da estrutura.
Após esta avaliação, é então possível escolher o método ou a combinação de métodos
mais apropriados à reparação do dano particular da estrutura. A seguir, estão descritos
os métodos mais aplicados na reparação de pontes metálicas.

5.1 Esmerilamento
Esmerilamento é a designação comum dada a processos de desbaste que utilizam um
elemento abrasivo como meio de remoção mecânica de material. O elemento abrasivo
é composto por partículas abrasivas, com uma forma e número indefinido de pontos
de corte, ligadas entre si por um agente ligante macio. Cada grão abrasivo tem um
único ponto microscópico com um potencial bordo de corte. Esta técnica difere da
técnica de corte na medida em que as peças removidas pelos grãos abrasivos são
muito mais reduzidas.
Os processos de esmerilamento são normalmente aplicados em estruturas soldadas
para modificação do perfil do metal fundido da junta, como técnica de optimização da
resistência à fadiga. No entanto, o esmerilamento também é aplicado para reparar
pequenas fendas de fadiga, pequenos entalhes e goivas e para alisar o metal fundido
da junta, arestas, etc., antes do acabamento geral da preparação de superfície.
Relativamente à remoção de fendas de fadiga, o esmerilamento é mais adequado
quando as causas são defeitos da soldadura ou descontinuidades (web gaps), mas
também pode ser utilizada para causas como falta de fusão, zonas com defeitos de
fissuração a frio, restrição de forças, vibração ou alterações geométricas [10].
Enquanto técnica de melhoria da resistência à fadiga, os processos de esmerilamento
podem ser incluídos no grupo de métodos para aperfeiçoamento da geometria das
soldaduras. O objectivo destes métodos é remover os defeitos do metal de base, na
concordância da junta soldada, melhorando o perfil da ligação e facilitando a transição
entre o metal fundido da junta e o metal de base. Esta transição suave permite reduzir
a tensão geométrica e aumentar o tempo de início da fissuração.
Na reparação de estruturas metálicas, especialmente no aperfeiçoamento da
resistência à fadiga, os processos de esmerilamento mais aplicados (Figura 42) utilizam
rebarbador e discos de esmeril.

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(a) (b)

Figura 42 Métodos de esmerilamento: (a) com rebarbador; (b) com disco de esmeril (cedida por
REFER)

5.2 Martelagem
Martelagem é geralmente um processo de trabalho a frio que deforma plasticamente
um dado material através do impacto produzido por uma ferramenta ou partículas de
metal. Este processo produz tensões residuais compressivas, benéficas para a
superfície metálica, pelo processo de endurecimento.
Estas tensões compressivas pretendem substituir as tensões residuais de tracção,
inerentes aos elementos soldados, que são prejudiciais devido à sua predisposição à
fissuração. A substituição das tensões de tracção por compressivas vai promover um
melhoramento do comportamento da estrutura à fadiga.
A deformação induzida pela martelagem também optimiza a geometria da junta
soldada e facilita a transição entre o metal fundido da junta e o metal de base,
reduzindo a concentração localizada de tensões.
As formas mais comuns de martelagem são [22]:
 Martelagem com martelo leve – Técnica manual que reduz a concentração
localizada de tensões na concordância das juntas soldadas através da produção
de uma grande quantidade de trabalho a frio e da alteração do ângulo e raio da
junta soldada.

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 Granalhagem – Operação de desbaste que proporciona um melhoramento


considerável da força à fadiga das juntas soldadas. A extensão deste
aperfeiçoamento depende do tipo de junta e limite de elasticidade do material.
 Martelagem com agulhas – Técnica similar à martelagem com martelo leve,
mas utilizando uma ferramenta diferente.
 Martelagem por vibração ultra-sónica – Técnica recente que usa um martelo
ultra-sónico para tratar a área ao longo da concordância das juntas soldadas.
O mecanismo é similar à martelagem com martelo leve.
Este tipo de reparação é muito eficaz para reparar fissuras superficiais pouco
profundas, que normalmente ocorrem na fronteira do metal fundido de juntas em
filete, e para optimizar a resistência à fadiga das juntas soldadas. A martelagem é
sobretudo aplicada em estruturas soldadas, oferecendo bons resultados para causas
de fissuração por fadiga como falta de fusão, zonas com defeitos de fissuração a frio,
restrição de forças, vibração e descontinuidades (web gaps) [10].
A martelagem das camadas intermédias do metal fundido da junta também é
considerada benéfica para a prevenção de fissuração e para reduzir as tensões de
retracção e distorção. Este método de reparação só pode ser aplicado em juntas
soldadas cujos elementos tenham uma espessura maior do que 22,5 mm e tem de
respeitar todos os procedimentos específicos relativamente a ferramentas, áreas de
aplicação, limites de temperatura e outros tratamentos intermédios [23].
Durante o desempenamento a quente, a aplicação de martelagem leve também pode
ser considerada, pois a introdução de tensões compressivas localizadas é benéfica à
acção de desempenamento, através da redução da resistência do material [24].

5.3 Refusão TIG


A refusão TIG é utilizada para refundir a região de concordância das juntas soldadas,
com o objectivo principal de aumentar a resistência à fadiga destas juntas. Conforme
referido por Kirkhope et al. [22], este aumento resulta de um aperfeiçoamento da
pormenorização, reduzindo o factor de concentração das tensões, e removendo
inclusões de escórias e undercuts. O aperfeiçoamento da geometria de uma junta
soldada com a refusão TIG pode resultar num aumento, para o dobro, da vida à fadiga
[25]
.
Esta descrição pode ser aplicada a outras técnicas de refusão da concordância de
juntas soldadas, tais como a refusão plasma. A principal diferença entre a refusão TIG e
plasma é o maior incremento de calor por parte da segunda, que produz um maior
banho de fusão, resultando numa melhor transição entre o metal fundido da junta e o
metal de base.
As principais vantagens destas técnicas são:
 Possibilidade de grandes melhorias;
 Pouco esforço físico exigido;
 Baixo custo.

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A refusão TIG é relativamente barata, mas no entanto são necessários soldadores


altamente qualificados e o equipamento pesado (Figura 43) e a acessibilidade limitada
podem condicionar a sua aplicação. Uma outra desvantagem é a dificuldade em
estabelecer um critério de inspecção capaz de garantir uma execução correcta dos
trabalhos.

Figura 43 Equipamento para a refusão TIG: 1. Fornecimento de gás inerte; 2. Máquina de


soldadura; 3. Porta-eléctrodos; 4. Condutor eléctrico; 5. Isolante (insulating heath); 6.
Passagem de gás; 7. Gás de protecção; 8. Objecto a soldar; 9. Linha de terra

Além do aperfeiçoamento da pormenorização do metal fundido da junta, este método


também pode ser utilizado para reparar fendas superficiais na concordância de juntas
soldadas em filete.
A reparação da fissuração por fadiga com este método é quase exclusiva para
estruturas soldadas. Podem-se obter bons resultados para causas como a falta de
fusão, zonas com defeitos de fissuração a frio, restrição de forças, vibração e
descontinuidades (web gaps) [10].

5.4 Stop hole


O método stop hole consiste em fazer um furo próximo ou na ponta da fenda (Figura
44), de modo a reduzir a concentração localizada de tensões e prevenir a propagação
da fissuração.

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Figura 44 Localização do furo (“stop hole”) (cedida por REFER)

A eficácia desta técnica de reparação pode ser influenciada por diversos parâmetros,
tais como:
 Dimensão, localização e acabamento da superfície do furo;
 Tipo e dimensão da fenda;
 Propriedades mecânicas do material;
 Tipo e magnitude da carga solicitante;
 Rácio de tensões.
De acordo com referências na literatura [24][26][27], este método pode ser optimizado
pela expansão a frio, por furos adicionais, ou por parafusos de alta resistência, rebites
ou pinos.
O método stop hole é uma técnica de reparação simples, que normalmente é
empregue para prolongar a vida à fadiga de elementos estruturais com fendas. Esta é
uma técnica temporária ou de emergência, utilizada tanto em estruturas soldadas
como aparafusadas ou rebitadas, que tem por objectivo atrasar a propagação de
fendas. É ideal para pequenas fendas sujeitas a uma variação de tensões baixa em
chapas ou componentes de chapas de elementos estruturais e para impedir a
propagação de fendas maiores, desde que o comprimento restante dessas fendas seja
reparado por chapas sobrepostas soldadas ou aparafusadas [25].
De acordo com Kühn et al. [10], nas estruturas soldadas, esta técnica tem bons
resultados quando a fissuração por fadiga tem como causas a falta de fusão, zonas
com defeitos de fissuração a frio, restrição de forças e deformação contínua por torção
(web breathing). No entanto, também pode ser aplicada para causas como vibração,
descontinuidades (web gaps) e alterações geométricas. Nas estruturas aparafusadas e
rebitadas, este método tem excelentes resultados quando a causa da fissuração por
fadiga é a deformação fora de plano, bons resultados em caso de tensões secundárias
e resultados satisfatórios para concentrações localizadas de tensões.

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5.5 Soldadura
A soldadura é um processo de junção de materiais que assegura a continuidade entre
elementos metálicos através da fusão. De acordo com a norma ISO/TR 581:2005 [28],
um material metálico é considerado soldável quando a continuidade metálica pode ser
obtida utilizando procedimentos adequados para que a junta cumpra com os
requisitos especificados relativamente às suas propriedades e respectiva influência na
estrutura da qual faz parte integrante.
Uma vasta gama de processos de soldadura está disponível, diferindo nos seguintes
parâmetros: temperatura, pressão e metal de enchimento. Com base na fonte de
energia, estes processos podem ser classificados por:
 Gás;
 Arco (Figura 45);
 Resistência;
 Estado-sólido;
 Termoquímica;
 Energia radiante.

Figura 45 Soldadura por arco: 1. Máquina da soldadura por arco; 2. Porta-eléctrodos; 3.


Eléctrodo; 4. Objecto a soldar; 5. Linha de terra.

A escolha de um processo específico depende de factores tais como as propriedades


do metal, o tipo, localização e requisitos da junta, acessibilidade, projecto,
desempenho e custo.
A soldadura envolve a transferência de uma grande quantidade de calor para o
elemento que está a ser soldado. Este ciclo térmico é regulado pela distância entre
cada ponto do elemento e a fonte de calor e produz alterações microestruturais no
aço, afectando as suas propriedades. A metalurgia explica os princípios mais
importantes e o impacto consequente dos processos de soldadura nas propriedades
do aço.

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Quando submetido a temperaturas acima da zona crítica, o aço sofre mudanças


previstas pelos diagramas de equilíbrio. As transformações de fase, com a temperatura
e o tempo, são traduzidas pelos diagramas da transformação isotérmica tempo-
temperatura-transformação (TTT) e da transformação desse arrefecimento contínuo.
A microestrutura e as propriedades da área soldada dependem das taxas de
arrefecimento e são consequência directa de outros fenómenos que ocorrem durante
a solidificação, incluindo reacções do estado-sólido e o efeito de inclusões não-
metálicas.
A qualidade da soldadura é significativamente afectada pelas alterações metalúrgicas,
que, por sua vez, estão dependentes de factores tais como as propriedades do
material, procedimentos e parâmetros específicos do processo, nomeadamente:
 Corrente eléctrica e velocidade;
 Voltagem do arco;
 Velocidade de consumo do eléctrodo;
 Comprimento, diâmetro e geometria da junta;
 Forma do filete do metal fundido da junta;
 Profundidade de penetração;
 Velocidade de arrefecimento;
 Distorção.
Na reparação das estruturas soldadas, a soldadura pode ser utilizada para fendas e
danos nas junta soldadas. Esta técnica também pode ser utilizada para reforçar
ligações rebitadas ou elementos individuais, através da adição de chapas metálicas
(Figura 46) [29].

Figura 46 Adição de chapas metálicas soldadas (cedida por REFER)

De acordo com Kühn et al. [10], a utilização da soldadura para reparação de danos
relacionados com a fadiga é quase exclusiva para estruturas soldadas, mas também
pode ser utilizada em estruturas rebitadas e/ou em ferro pudelado, após uma

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avaliação da soldabilidade do metal. Nas estruturas soldadas, este tipo de reparação


oferece bons resultados para problemas de fadiga resultantes de defeitos nas juntas
soldadas (Figura 47), falta de fusão e zonas com defeitos de fissuração a frio. Para
defeitos causados por restrição de forças, vibração, descontinuidades (web gaps) e
deformação contínua por torção (web breathing), a soldadura não é o método de
reparação mais adequado, mas também pode ser utilizado. Quanto às estruturas
rebitadas, a soldadura é utilizada como reparação para problemas de fadiga
resultantes de processos indevidamente executados de rebitagem.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 47 Defeitos típicos do metal fundido da junta: (a) undercut; (b) falta de fusão; (c) falta de
penetração; (d) porosidade; (e) inclusões de escórias; (f) fendas.

5.6 Aparafusamento
Entre os métodos de fixação, o aparafusamento é o mais utilizado. De acordo com a
norma EN 1090-2:2008 [30], as ligações aparafusadas consistem em parafusos, porcas e
anilhas correspondentes (Figura 48). No entanto, só são utilizadas anilhas se forem
necessárias para reduzir os danos locais nos revestimentos metálicos.

Figura 48 Ligação aparafusada: 1. Parafuso; 2. Anilhas; 3. Conjunto a fixar; 4. Porca

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As ligações aparafusadas são caracterizadas pelo tipo de solicitação, perpendicular (ao


corte) ou paralelo (à tracção) ao eixo do parafuso, e pelo modo de funcionamento,
com ou sem pré-esforço. A integração destes critérios define cinco categorias que,
segundo o Eurocódigo 3, são designadas de A a E. As categorias A, B e C destinam-se às
ligações solicitadas ao corte, enquanto a D e E às solicitadas à tracção. A Tabela 5
mostra uma descrição sumária destas categorias.

Tabela 5 Categorias de ligações aparafusadas (adaptado de [31])


Classes de Requisito de Pré-
Categoria Descrição Critérios Tipo de solicitação
parafuso a aplicar1 esforço

Fv,Ed ≤ Fv,Rd
Resistente ao
A Corte 4,6 a 10,9 Não
esmagamento
Fv,Ed ≤ Fb,Rd

Fv,Ed.ser ≤ Fs,Rd.ser
Resistente ao
escorregamento no
B Fv,Ed ≤ Fv,Rd Corte 8,8 ou 10,9 Sim
estado limite de
utilização
Fv,Ed ≤ Fb,Rd

Fv,Ed ≤ Fs,Rd
Resistente ao
C escorregamento no Fv,Ed ≤ Fb,Rd Corte 8,8 ou 10,9 Sim
estado limite último
Fv,Ed ≤ Nnet,Rd

Ft,Ed ≤ Ft,Rd
D Não pré-esforçada Tracção 4,6 a 10,9 Não
Ft,Ed ≤ Bp,Rd

Ft,Ed ≤ Ft,Rd
E Pré-esforçada Tracção 8,8 ou 10,9 Sim
Ft,Ed ≤ Bp,Rd

Símbolos: Esforço de corte no estado limite último - Fv,Ed | Resistência ao corte - Fv,Rd | Resistência ao esmagamento - Fb,Rd |
Resistência ao corte no estado limite de utilização - Fv,Ed.ser | Resistência ao escorregamento - Fs,Rd.ser | Resistência plástica
da secção transversal dos furos dos parafusos - Nnet,Rd | Esforço de tracção no estado limite último - Ft,Ed | Resistência à
tracção - Ft,Rd | Resistência ao punçoamento - Bp,Rd

1
Ver Tabela 6

Em ligações sem pré-esforço, normalmente são utilizados parafusos correntes sem


aptidão para o pré-esforço, mas no entanto parafusos de alta resistência aptos ao pré-
esforço também podem ser utilizados (Tabela 6). Nas ligações pré-esforçadas, os
parafusos de alta resistência têm de estar em conformidade com os requisitos da
norma EN 14399-1:2005 [32] e das normas específicas dos sistemas de parafusos e
roscas HR e HV, respectivamente EN 14399-3:2005 [33] e EN 14399-4:2005 [34]. As
normas de produto das anilhas dos sistemas HR e HV são, respectivamente, EN 14399-
5:2005 [35] e EN 14399-6:2005 [36]. Os requisitos para a utilização de parafusos
especiais, e.g. parafusos hexagonais de injecção, também estão incluídos na norma EN

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1090-2:2008 [30]. As propriedades mecânicas e físicas dos parafusos e roscas em aço-


carbono e em aço ligado estão especificadas na norma EN ISO 898-1:2009 [37].

Tabela 6 Valores nominais da resistência máxima fyb e do esforço de tracção no estado limite
último fub para parafusos (adaptado de [31])
Classe 4.6 4.8 5.6 6.8 8.8 10.9
2
fyb [N/mm ] 240 320 400 480 640 900
fub [N/mm2] 400 400 500 600 800 1000

As ligações aparafusadas (Figura 49) requerem menos trabalho especializado do que a


rebitagem e a soldadura e, embora o preço dos parafusos de alta resistência seja maior
do que o dos rebites, o custo total das ligações aparafusadas é menor, devido ao
reduzido trabalho exigido, ao custo do equipamento e à quantidade de parafusos, que
também são facilmente removidos se for necessário. As ligações aparafusadas também
são mais resistentes à fadiga.

Figura 49 Ligação aparafusada

A reparação com parafusos normalmente segue os requisitos gerais especificados para


a montagem de ligações aparafusadas em novas estruturas. Esta técnica é utilizada
principalmente para substituir parafusos defeituosos em ligações aparafusadas, mas
também pode ser aplicada em estruturas de ferro antigas com baixa soldabilidade e
para substituir rebites em ligações rebitadas. A vantagem principal de substituir rebites
danificados por parafusos prende-se com o menor custo, mas o incremento de
resistência na ligação é nulo. Geralmente, é preferível substituir rebites por outros
rebites para manter a uniformidade.
As ligações por parafusos pré-esforçados são consideradas excelentes, por Kühn et al.
[10]
, para reparações de fissuração por fadiga devido a fissuras resultantes da
mandrilagem e a chapas de conexão demasiado finas. No entanto, também é indicada
como satisfatória para causas como processos indevidamente executados de
rebitagem ou erros de pormenorização.
De acordo com as linhas orientadoras de um relatório de um programa de investigação
americano dedicado a auto-estradas [38], a reparação de fendas em elementos
estruturais críticos deve ser mais conservadora e executada com chapas sobrepostas
aparafusadas e reforçadas, no caso de serem utilizados mais métodos de reparação.

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5.7 Rebitagem
A rebitagem é um método utilizado para unir componentes metálicos de elementos
estruturais com rebites. Um rebite é composto por uma barra metálica cilíndrica,
designada por haste, com uma cabeça numa extremidade. Os rebites são conduzidos
por furos previamente executados nos elementos a unir e, na outra extremidade, uma
segunda cabeça é formada por ferramentas específicas (Figura 50).

1
3

2 4

Figura 50 Ligação rebitada: 1. Furos dos rebites; 2. Rebites quentes; 3. Cabeças


formadas; 4. Cabeças marteladas

A cabeça do rebite pode ter diferentes formas (Figura 51), mas a forma mais utilizada
no aço estrutural é a cabeça tipo snap. De acordo com a norma EN 1090-2:2008 [30], o
rebite deve ter comprimento suficiente para formar uma cabeça de dimensões
uniformes, preencher completamente o furo e evitar deformações superficiais nas
faces exteriores das chapas. As cabeças de rebite embutidas devem preencher
completamente o furo escareado após a rebitagem.

(a) (b) (c) (d)

Figura 51 Tipos de rebites: (a) cabeça tipo “snap”; (b) cabeça tipo “pan”; (c) cabeça embutida
plana; (d) cabeça embutida redonda

Os rebites quentes devem cumprir com as normas de produto específicas que devem
estar indicadas nos anexos nacionais. As normas NP EN 1993-1-8:2010 [31] e EN 1090-
2:2008 [30] especificam, respectivamente, o dimensionamento e os requisitos técnicos
para a instalação de rebites.

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As ligações rebitadas podem ser classificadas de acordo com o arranjo das chapas e
rebites. As chapas podem estar sobrepostas (junta sobreposta) ou unida pelo topo
(junta a topo) (Figura 52). Nas juntas a topo, a ligação é feita com chapas de cobertura
num ou em ambos os lados do elemento estrutural. Ambos os tipos de junta podem
ter apenas uma fila, serem alternados ou rebitados em cadeia.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 52 Tipos de juntas rebitadas: (a) junta sobreposta, com solicitação ao corte único; (b)
com solicitação ao corte duplo; (c) junta a topo, com uma chapa de cobertura e rebitagem em
fileira única; (d) junta a topo, com uma chapa de cobertura e rebitagem em fileira dupla; (e)
junta a topo, com duas chapas de cobertura e rebitagem em fileira única; (f) junta a topo, com
duas chapas de cobertura e rebitagem em fileira dupla

Este tipo de ligação também pode ser classificado pelo modo de transmissão ou pelo
tipo de solicitação das cargas, que pode ser perpendicular (ao corte) ou paralelo (à
tracção) ao eixo do rebite ou, então, um combinação destes dois (Figura 53).
O carregamento é transmitido através do apoio entre as chapas e a haste ou cabeça do
rebite, com o rebite a ser solicitado ao corte ou à tracção. Além da resistência ao
esmagamento dos rebites nos elementos unidos, existe também uma força de fricção
causada pelo travamento da rebitagem a quente. Embora esta força seja ignorada na
análise ou dimensionamento de ligações, também contribui para a resistência ao
escorregamento da junta.

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Solicitação única ao corte

Solicitação dupla ao corte

Solicitação múltipla ao corte

(a) (b)

Figura 53 Tipos de solicitação nas ligações rebitadas: (a) rebites solicitados ao corte; (b) rebites
solicitados à tracção

As ligações rebitadas (Figura 54) foram amplamente utilizadas no séc. XIX e no início do
séc. XX. No entanto, este processo tornou-se obsoleto com o desenvolvimento da
soldadura e dos parafusos de alta resistência.

Figura 54 Ligação rebitada (cedida por REFER)

Actualmente, a rebitagem apenas é utilizada em trabalhos de reabilitação como a


reparação e reforço de estruturas antigas rebitadas. A reparação por rebitagem é
utilizada para substituir rebites defeituosos ou ligações rebitadas completas.

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5.8 Adição de componentes metálicos


A adição de componentes metálicos (Figura 55), tais como cantoneiras, chapas gusset
aparafusadas e chapas de cobertura, de enchimento, ou sobrepostas, é uma técnica de
reparação simples e de baixo custo que é vulgarmente usada para restaurar as
condições iniciais, através do reforço, de um elemento estrutural danificado.

(a) (b) (c)

Figura 55 Exemplos de chapas de reforço: (a) Chapas soldadas; (b) Chapas sobreposta
aparafusadas; (c) Chapas gusset aparafusadas (cedidas por REFER)

Além do reforço de elementos estruturais, os componentes metálicos são


frequentemente utilizados para reforçar ou fazer ponte de secções danificadas por
corrosão ou colisões e para reparar fendas causadas por fadiga ou sobrecargas.
De acordo com Kühn et al. [10], em elementos fissurados por fadiga em estruturas
soldadas, a adição de chapas metálicas oferece bons resultados para causas como
defeitos no metal fundido da junta, falta de fusão, restrição de forças, vibração e
alterações geométricas. A utilização de chapas sobrepostas aparafusadas é
considerada excelente para causas como defeitos no metal fundido da junta, falta de
fusão, zonas com defeitos de fissuração a frio, restrição de forças e alterações
geométricas. Nas estruturas soldadas e rebitadas, esta técnica de reparação também é
considerada excelente para causas como fissuras devidas à mandrilagem ou localizadas
na secção bruta (gross cross section), e tem bons resultados quando as causas são
processos indevidamente executados de rebitagem ou erros de pormenorização.
Esta técnica de reparação é normalmente utilizada para fendas cuja profundidade
excede a capacidade de penetração da refusão TIG ou a eficácia da martelagem ou do
esmerilamento.

5.9 Substituição total ou parcial de elementos estruturais


A substituição parcial de um elemento estrutural essencialmente consiste na remoção
da área danificada desse elemento e substituição com inserção de nova parte por
soldagem, aparafusamento ou rebitagem, enquanto a substituição total consiste na
substituição completa do elemento (Figura 56).

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(a) (b)

Figura 56 Substituição de elementos: (a) Substituição parcial; (b) Substituição total (cedida por REFER)

A substituição parcial é normalmente aplicada em elementos com elevada


deterioração por corrosão ou por mecanismos físicos ou em elementos com
deformações críticas causadas por acidente. A substituição total pode ser
economicamente justificada quando estes danos são demasiado extensos.

5.10 Desempenamento mecânico


Esta técnica de reparação consiste na aplicação de forças externas a um elemento
deformado de modo a induzir deformação plástica contrária à deformação
apresentada pelo elemento estrutural.
O desempenamento mecânico pode ser aplicado a um elemento estrutural in situ ou
após a sua remoção da estrutura, o que normalmente acontece quando as
deformações são relativamente grandes. Esta situação requer a reinstalação do
elemento na estrutura após a aplicação do desempenamento mecânico.
O tipo específico de desempenamento mecânico depende da dimensão e localização
da deformação e da dimensão do elemento estrutural. De acordo com a espessura das
chapas de aço, deve ser escolhido equipamento e ferramentas mecânicas adequadas
[39]
.
Esta técnica de reparação é utilizada para reparar elementos estruturais deformados
através da acção do desempenamento a frio e só deve ser aplicada quando os limites
de deformação permitidos são excedidos. Neste caso, o elemento estrutural deve ser
reparado e um novo sistema de protecção contra a corrosão aplicado. No entanto, se
estas deformações forem demasiado grandes, o elemento estrutural deve ser
substituído, conforme descrito na Secção 5.9.

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Tabela 7 Deformação permitida a elementos estruturais de pontes em aço (adaptado de [39])


Tipo de deformação Valores limite para a reparação
Até 1/1000 do comprimento total
Empenamento (camber deformation) na zona
do empenamento (bend) medido ao
compressiva de vigas de alma cheia.
longo da corda (chord).
Até 1/500 do comprimento total do
Empenamento na zona traccionada de vigas de alma
empenamento medido ao longo da
cheia.
corda.
Quando f ≤ s – máximo do
Encurvamento (bend deformation) das chapas de empenamento a não é limitado;
cobertura de vigas de alma cheia. Quando a ≤ b/4 – máximo do
empenamento a não é limitado.
Abaulamento (bulging) da malha estrutural na zona
Quando Φ < 0,2 h e d < g.
compressiva de vigas de alma cheia sem fissuras.
Abaulamento da malha estrutural na zona traccionada
Quando Φ < 0,1 h e d < g.
de vigas de alma cheia sem fissuras.
Até 1/1000 do comprimento do
Empenamento de elementos à compressão de vigas em
elemento medido entre as margens
treliça.
externas e as chapas gusset.
Até 1/500 do comprimento do
Empenamento de elementos à tracção de vigas em
elemento medido como
treliça.
anteriormente.
Deformação torsional de elementos secundários de
Quando β < 1 em elementos à
vigas principais ou elementos de contraventamento de
tracção; Quando β < 0,5 em
vigas em treliça, com as condições das duas linhas
elementos à compressão.
acima a serem cumpridas.
Quando f ≤ s – máximo de
Empenamento de chapas de reforço de vigas em empenamento a não é limitado;
treliça. Quando a ≤ b/4 – máximo de
empenamento a não é limitado.
f – altura máxima de empenamento (bend) da flange | s – profundidade total da chapa de
cobertura | a – espessura de empenamento da flange | b – espessura da chapa de cobertura,
medida da malha até à margem da flange | Φ – diâmetro do abaulamento (bulging) |
h – altura da secção transversal de vigas de alma cheia | d – peso do abaulamento |
g – Espessura da malha estrutural (web) | β – ângulo de torção, medido ao longo de cada
metro do elemento estrutural.

5.11 Desempenamento por calor


O processo de desempenamento por calor envolve a aplicação controlada e
padronizada de aquecimento e arrefecimento a zonas de aço plasticamente
deformadas, de modo a proceder a um desempenamento gradual do material [40]. Este
método é baseado na plasticidade do aço após o seu limite de elasticidade e na sua
expansão, a uma taxa previsível promovida pelo calor, com consequente decréscimo
do seu limite de elasticidade a altas temperaturas.

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Este processo é principalmente influenciado pelos seguintes factores:


 Selecção do padrão e sequência de aquecimento;
 Controlo da temperatura de aquecimento, taxa de aquecimento e
arrefecimento;
 Aplicação de restrições.
O desempenamento por calor é utilizado em aço danificado cujo limite de elasticidade
foi excedido, normalmente devido a:
 Danos causados pelo impacto de veículos ou detritos;
 Distorção provocada durante a construção;
 Movimentos da subestrutura ou da estrutura de suporte;
 Fogos, explosões e terramotos.
Para avaliar a aplicabilidade específica do desempenamento por calor, é essencial
avaliar a condição da estrutura, a causa, o tipo e a gravidade do dano (Figura 57), a
presença de fracturas, as propriedades do material e respectivos efeitos da reparação
e a acessibilidade.

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S W T L
S – danos resultante de flexão sobre o eixo “forte” ou maior;
W – danos resultante de flexão sobre o eixo “fraco” ou menor;
T – danos resultante de torção sobre o eixo longitudinal;
L – danos de natureza localizada.

Figura 57 Categorias fundamentais de danos (adaptado de [41])

5.12 Polímeros reforçados com fibras de elevada resistência (FRP)


FRP (Fibre Reinforced Polymers) são compósitos de polímeros reforçados com fibras,
geralmente fabricados em perfis pultrudidos ou construídos a partir de chapas finas
pré-impregnadas que são aplicadas como reforço externo, proporcionando um
aumento da resistência e rigidez da estrutura. As propriedades de um compósito
dependem do método de fabricação, tipo de fibra utilizada, fracção volumétrica e
orientação.
As vantagens em utilizar FRP são:
 Elevada resistência e rigidez;
 Leveza do material;
 Propriedades excelentes de resistência à fadiga e fluência;
 Manuseamento e transporte fácil;
 Boa resistência à deterioração ambiental;
 Pouca carga adicionada;
 Impacto visual mínimo.

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As principais desvantagens são:


 Intolerância a superfícies com uma colagem irregular;
 Eventual descolagem em modo de ruptura frágil;
 Altos custos, embora sendo considerado um método de custo eficaz.
Este método pode ser utilizado para reparar elementos danificados devido a causas
ambientais relacionadas com mecanismos de deterioração físicos e/ou químicos,
possibilitando o aumento da durabilidade e a vida à fadiga da estrutura e o reforço de
elementos estruturais. No entanto, embora com ampla aplicação noutras indústrias,
este tipo de compósito tem uma aplicação recente na construção, principalmente nas
estruturas metálicas, o que levanta várias questões, particularmente relacionadas com
a durabilidade.
Em caso de reparação de fissuração por fadiga, a utilização do método FRP é mais
adequada para estruturas aparafusadas ou rebitadas. É possível obter bons resultados
para causas como [10] processo de rebitagem defeituoso, fendas na secção bruta (gross
cross section), deformações fora-de-plano, tensões secundárias e erros de
pormenorização.
Os tipos de fibras mais utilizados pelo método FRP na reparação de estruturas são
indicados na Tabela 8, sendo as fibras de carbono (CFRP) as mais aplicadas. De acordo
com a literatura [42], o reforço por CFRP pode aumentar a vida à fadiga de uma
estrutura em até mais de 20 vezes, sendo muito eficiente na prevenção da fissuração.

Tabela 8 Propriedades de fibras normalmente utilizadas em estruturas metálicas (adaptado de [43])


Propriedades

Peso Módulo de Resistência Deformação Coeficiente de


Fibras utilizadas
específico elasticidade à tracção máxima expansão térmica

[GPa] [MPa] [%] [10-6/C]

Carbono de ultra
2,12 620‒935 3600‒3700 0,6 ‒
alto módulo

Carbono de alta
1,80 230 3400 1,48 ‒1,0 a +0,4
resistência

Carbono de alto
1,80 390 2900 0,74 ‒1,0 a +0,4
módulo

Aramida Kevlar®
45 130 3000 2,3 ‒5,2
49

Vidro (e-glass) 2,56 70

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6. Métodos de protecção dos elementos metálicos


Existe uma grande variedade de sistemas de protecção contra a corrosão de estruturas
metálicas, que devem ser seleccionados de acordo com a especificação dos requisitos.
Os sistemas de protecção mais económicos são os esquemas de pintura e os
revestimentos metálicos, ou a combinação de ambos, o sistema “duplex”. Geralmente,
a protecção por pintura é mais económica inicialmente, mas no entanto as condições
de exposição e os custos da manutenção devem ser bem ponderados. Uma outra
possibilidade, para condições de imersão ou enterradas, é a protecção catódica, com
ou sem aplicação de revestimento. A aplicação de protecção catódica com
revestimento exige um sistema de revestimento não saponificável. No projecto de
uma estrutura, em vez de optar pela aplicação de sistemas de protecção por pintura
do aço, pode-se ponderar a utilização de ligas mais resistentes ou de outros métodos
de protecção.

6.1 Protecção catódica


6.1.1 Generalidades

O conceito de protecção catódica está relacionado com a estabilidade termodinâmica


das espécies, genericamente representada em diagramas de potencial pH. A corrosão
do metal pode ser prevenida através da mudança do seu potencial de uma condição
de estado activo, onde os produtos de corrosão são uma espécie activa, para valores
dentro da região de imunidade, conforme ilustrado esquematicamente na Figura 58.

Figura 58 Diagrama de potencial pH: representação esquemática do conceito de


protecção catódica, com regiões activa, passiva e de imunidade

Então, o processo da protecção catódica consiste essencialmente na redução do


potencial do metal a proteger. Esta situação ocorre com o aumento da densidade de
corrente catódica, que também aumenta a sua taxa de dissolução.
O critério da protecção catódica consiste na redução do potencial das ligas para
valores indicados na Tabela 9, de maneira a que a taxa de corrosão seja menor que 0,01
mm/ano. No entanto, em alguns casos, o potencial do metal não pode ser mais
negativo que um certo valor limite crítico, de modo a minimizar efeitos prejudiciais,

66 | P á g i n a
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tais como danos em revestimentos e fissuração do metal por fragilização pelo


hidrogénio.

Tabela 9 Potenciais de protecção de materiais de aço não ligados ou de baixa liga, no solo, na
água doce e na água do mar (adaptado de [44])
Potencial de
Metal ou liga Meio
protecção
T < 40C ‒0,85 (a)
T > 60C ‒0,95 (a)(b)
Água e solo
Solo arenoso arejado
Materiais Fe não ‒0,75
100 < < 1000 m
ligados ou de baixa Condições aeróbicas
liga, com Solo arenoso arejado
‒0,65
YS ≤ 800 N.mm-2 > 1000 m

Água e solo
Condições ‒0,95
anaeróbicas
NOTA 1: Todos os potenciais referem-se a um eléctrodo de referência de sulfato de
cobre/cobre saturado, ECu = EH – 0,32 V.
(a) Para temperaturas entre 40 e 60C, a protecção do metal pode ser interpolada.
(b) Aumentando o risco de fissuração devido a tensões de corrosão induzidas por NaOH com o
aumento da temperatura.

Em estruturas complexas, nem sempre é possível determinar por medição se os


critérios da protecção catódica são cumpridos. Podem então ser escolhidos métodos
alternativos de verificação, que são especificados na norma EN 14505:2005 [45],
nomeadamente:
 Método de medição do potencial – O potencial, quando a corrente de
protecção está ligada, deve ter um valor igual ou mais negativo do que ‒1,2V
em condições específicas, excepção feita onde ocorre entrada de corrente e
perto de grandes cátodos externos, onde valores mais negativos do que ‒0,8V
podem ser aceites.
 Método de medição da corrente – A entrada de corrente na estrutura pode ser
demonstrada directamente ou através da medição da densidade de corrente
ou da mudança de potencial medida por meio de eléctrodos. Por exemplo,
pode ser dada indicação ao ocorrer mudança negativa do potencial de corrosão
de, pelo menos, 0,3V, quando a corrente de protecção está ligada.
 Método de medição da despolarização – Uma mudança positiva, nas sondas de
teste, de pelo menos 0,1V, medida uma hora após a desconexão da estrutura,
indica que a estrutura está polarizada.

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De acordo com a norma EN 14505:2005 [45], pelo menos um destes critérios deve ser
aplicado. No entanto, provavelmente é necessária a aplicação de mais do que um
critério para verificar a protecção adequada de estruturas complexas.
Uma distribuição adequada da corrente de protecção sobre a estrutura assegura a
uniformidade de potencial essencial à protecção catódica. A corrente exigida para
alcançar o critério de protecção depende do tipo e das características da estrutura e
das condições ambientais às quais a estrutura está exposta.
De acordo com a norma EN 12473:2000 [46], especialmente na água do mar, os
principais factores que afectam os requisitos da densidade da corrente são a
salinidade, o pH, a temperatura, a profundidade e o fluxo da água. Estes factores
afectam directamente o teor de oxigénio dissolvido, os depósitos de calcário e a
contaminação marinha, que influenciam a taxa de corrosão e, consequentemente, os
requisitos da protecção catódica. A corrente catódica é considerada como
proporcional à taxa de difusão de oxigénio dissolvido no substrato de aço. Então, os
requisitos de densidade de corrente aumentam com o aumento das correntes do mar,
e decrescem com o aumento da salinidade, dos depósitos de calcário e da
contaminação marinha. A temperatura, profundidade e pH têm efeitos complexos na
limitação dos requisitos de densidade de corrente para a protecção catódica.
Cada situação prática é abordada por diferentes normas, que fornecem
recomendações e orientações. Por exemplo, a norma EN 13174:2001 [47] fornece
orientação para a protecção catódica em instalações portuárias. A Tabela 10 fornece
os valores orientadores das densidades de corrente para a protecção do aço.

Tabela 10 Valores orientadores para o dimensionamento da densidade de corrente para


protecção de aço nu em lama salina e em água do mar (adaptado de [47])
Densidades de corrente (mA.m-2)
Ambiente Descrição | Condições
Inicial Manutenção Repolarização
Lama salina Todos os tipos de estruturas 25 20 20
Em águas
Condições estáticas pouco 80 a 100 50 a 65 60 a 80
ou semi-estáticas arejadas
com um fluxo de
maré < 0,5 m/s Em águas
120 a 150 65 a 80 80 a 100
bem arejadas
Água do
mar Em águas
Condições estáticas pouco 120 a 150 60 a 80 80 a 100
ou semi-estáticas arejadas
com um fluxo de
maré > 0,5 m/s Em águas
170 a 200 80 a 100 100 a 130
bem arejadas

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

A protecção catódica pode ser alcançada tanto por ânodos com corrente imposta ou
por ânodos de sacrifício ou galvânicos (Figura 59). A protecção catódica por ânodos
com corrente imposta consiste no fornecimento da corrente de protecção por uma
fonte externa de energia, em conjunto com a utilização de ânodos relativamente
inertes. A protecção catódica por ânodos de sacrifício consiste na utilização de um
metal menos nobre, com um potencial de corrosão mais negativo que o do aço, e.g.
alumínio, zinco, ligas de magnésio. Uma outra forma de proporcionar protecção
catódica é através de sistemas híbridos, que incluem ânodos com corrente imposta e
galvânicos.

(a) (b)

Figura 59 Representação dos sistemas de protecção catódica em água do mar: (a) galvânico;
(b) corrente imposta (adaptado de [46])

6.1.2 Sistemas de protecção catódica

Os ânodos com corrente imposta podem ter uma configuração distribuída ou contínua,
com os ânodos colocados, respectivamente, em pequenos intervalos ao longo da
estrutura ou num aterro com enchimento de grafite contínuo com intervalos
adequados. De acordo com a norma EN 14505:2005 [45], os ânodos com corrente
imposta contínuos proporcionam uma distribuição de corrente uniforme ao longo da
estrutura, com menos consumo de corrente e necessidade de produção de voltagem.
Este tipo de protecção catódica normalmente evita problemas de interferência na
distribuição da corrente de protecção.
Nos sistemas de ânodos de sacrifício, a produção de voltagem resulta da diferença de
potencial entre os dois metais, que produzem uma célula galvânica quando estão
ligados um ao outro num electrólito. Esta ligação induz a corrosão do metal mais activo
e protecção do mais nobre, onde o ânodo é o material menos nobre, que é consumido
na interacção galvânica, e o metal estrutural, com o potencial mais positivo, é o

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

cátodo, que é protegido como resultado da corrente galvânica. Nos sistemas de


ânodos de sacrifício, o potencial do par galvânico depende dos seguintes factores:
 Parâmetros electroquímicos;
 Dimensões relativas das áreas anódicas e catódicas;
 Distância relativa entre as áreas anódicas e catódicas;
 Condições ambientais;
 Características do revestimento;
 Velocidade do fluido.
Os sistemas de protecção catódica podem ser utilizados conjuntamente com um
sistema de revestimento adequado, que tem um efeito de redução da densidade de
corrente e melhora a distribuição de corrente sobre a superfície. A selecção do sistema
de revestimento depende do tipo de estrutura, das condições do ambiente e do custo.
No dimensionamento deste tipo de sistema de protecção é preciso tomar em
consideração alguns efeitos adversos da protecção catódica, que podem limitar a
utilização dos sistemas de revestimento. Nos revestimentos do tipo óleo-resinoso ou
alquídico, por exemplo, tais efeitos adversos devem-se à saponificação, nos primários
de polivinil butiral, decorrem da perda de adesão, e alguns revestimentos contendo
alumínios podem ser atacados por álcalis.
O revestimento actua como uma barreira resistente ao fluxo da corrente, que é
limitada às micro-porosidades na superfície pintada, reduzindo os requisitos de
densidade da corrente. Desta forma, é introduzido um factor relativo a falhas no
revestimento, , que é considerado na redução da densidade de corrente catódica.
Este factor, que depende de eventuais danos mecânicos e do envelhecimento, varia
entre 0 e 1, que correspondem, respectivamente, a um revestimento isolante perfeito
e a uma estrutura sem revestimento. Então, a densidade da corrente de protecção
para estruturas com revestimento é dada pela equação (1),
(1)
onde
– densidade da corrente de protecção para aço com revestimento (A.m-2),
– densidade da corrente de protecção para aço sem revestimento (A.m-2),
– factor relativo a falhas no revestimento.
A norma EN 13174:2001 [47] fornece valores de orientação para os factores relativos a
falhas no revestimento de esquemas de pintura usuais. Estes valores são inicialmente
de 1% a 2% para áreas imersas, e de 25% a 50% para áreas enterradas, com uma taxa
de depauperação de 1% a 3% ao ano.

70 | P á g i n a
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6.1.3 Selecção do sistema de protecção catódica

A escolha do tipo de protecção catódica deve ponderar bem os requisitos


especificados. A Tabela 11 fornece diversas vantagens e desvantagens relativas aos
dois tipos de protecção catódica, que podem ajudar nesta selecção.

Tabela 11 Vantagens e desvantagens dos sistemas de protecção catódica com ânodos com
corrente imposta e ânodos de sacríficio
Sistemas de protecção catódica
Ânodos com corrente imposta Ânodos de sacrifício
Variação alta de produção de energia e Não necessitam de fontes de energia
corrente. externas.
Fácil instalação.
Níveis de protecção controláveis.
Robustez.
Vantagens

Improvável interferência de
Áreas amplas de protecção.
estruturas alheias.
Baixa manutenção.
Necessidade de um número reduzido de Auto regulação.
ânodos, mesmo em ambientes com alta
Distribuição de potencial
resistência.
relativamente uniforme, sem risco de
sobreprotecção.
Risco maior de causar interferência em Produção de energia e corrente
estruturas alheias. limitada.
Mais requisitos de manutenção.
Aplicação inviável em ambientes com
Desvantagens

Exigências de uma fonte de energia alta resistência.


externa.
Maior risco de ligações de polarização
incorrectas e de danos devido à Necessidade de substituição dos
sobreprotecção. ânodos em sistemas com alto
Mais complexos, menos robustos e a consumo de corrente.
perda de ânodos é mais crítica.

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6.2 Sistemas de revestimento


6.2.1 Generalidades

Os sistemas mais utilizados na protecção contra a corrosão de estruturas em aço são


os sistemas de revestimento, que também podem proporcionar um acabamento
decorativo à superfície da estrutura. Um sistema de revestimento pode ser composto
por várias camadas, desde que a compatibilidade seja assegurada. O processo de
revestimento envolve a aplicação de pintura, revestimento metálico ou uma
combinação dos dois — o sistema “duplex” — na superfície do aço, com o objectivo de
garantir o bom desempenho da estrutura durante o tempo de vida projectado, sem
necessidade de reparações estruturais.
De acordo com Bayliss et al. [48], para garantir um desempenho optimizado dos
sistemas de revestimento, as seguintes etapas devem ser seguidas:
1) Consideração ponderada dos requisitos do revestimento;
2) Selecção do sistema de protecção mais adequado;
3) Avaliação do projecto da estrutura para optimizar a aplicação e o desempenho
do revestimento;
4) Adequação do revestimento ao projecto da estrutura ou o inverso;
5) Preparação de uma especificação clara e inequívoca;
6) Realização do concurso da obra e aprovação dos requisitos pelo empreiteiro
escolhido;
7) Inspecção da qualidade dos materiais especificados e fornecidos;
8) Inspecção de todas as fases do processo de revestimento.
Os factores mais significantes na selecção de um sistema de revestimento são o tipo de
estrutura e sua importância, a caracterização ambiental, a durabilidade requerida, o
desempenho e o custo do sistema de revestimento.
A especificação deve ser efectiva, clara e inequívoca e elaborada por alguém com os
conhecimentos técnicos exigidos e bom conhecimento da tecnologia envolvida na
aplicação de sistemas de protecção.
A preservação de estruturas em aço é normalmente fornecida pela manutenção dos
revestimentos e, neste caso, podem ser necessários requisitos adicionais, assim como
um levantamento do estado da pintura e de testes para determinar a viabilidade de
procedimentos de manutenção. A eficácia e o custo da pintura de manutenção
dependem do sistema de protecção inicial e da qualidade dos tratamentos de
manutenção anteriores. Muitas vezes, é mais económico remover completamente o
sistema de protecção e voltar a pintar toda a estrutura do que realizar pintura de
manutenção nas várias partes danificadas.
A manutenção dos sistemas de revestimentos é indispensável na estratégia global de
protecção das estruturas metálicas e, embora represente a maior parte do aço
estrutural pintado, o desenvolvimento de processos básicos e tecnologia é muito
menor do que relativamente à pintura de novas estruturas. Na maioria das situações,

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apenas é considerado o custo inicial e a manutenção é negligenciada, resultando num


aumento do custo total da estrutura.
É também aconselhável a elaboração de um registo adequado e detalhado de todos os
procedimentos de revestimento, porque pode fornecer informação importante sobre
eventuais falhas prematuras ou outros problemas relativos à aplicação ou
desempenho do revestimento. Todos os registos devem conter as datas de operação
relacionadas com itens estruturais específicos, com códigos de identificação claros.
Outros tipos de informações, tais como o progresso da obra, precauções de segurança
e comentários gerais também podem ser úteis. Este tipo de informação também pode
ser uma ferramenta útil na selecção futura de sistemas de protecção adequados.

6.2.2 Revestimentos orgânicos

Os revestimentos orgânicos, ou por pintura (Figura 60), são os sistemas de protecção


mais utilizados contra a corrosão de estruturas metálicas. Este tipo de revestimento
oferece diversas vantagens, tais como fácil aplicabilidade, dimensão ilimitada das
estruturas a proteger e acabamento decorativo.

(a) (b)

Figura 60 Aplicação de um revestimento por pintura: (a) por pincel; (b) por projecção (cedidas por
REFER)
.

Dentro do contexto dos revestimentos de tinta, convém definir bem os seguintes dois
termos, a tinta e o revestimento de tinta. A tinta é definida como o material líquido e o
revestimento de tinta é a película protectora que se forma após a secagem. As tintas
são normalmente constituídas por ligantes, pigmentos e solventes, enquanto a película
de protecção é formada através da evaporação do solvente e da conversão do ligante
numa película de tinta sólida. A tinta também pode ter outros constituintes, e.g.
diluentes e aditivos, dependendo das propriedades exigidas. De modo a preservar
estas propriedades, devem ser escolhidas técnicas de aplicação apropriadas.
Todos os revestimentos orgânicos devem proporcionar um bom desempenho após a
preparação da superfície com o critério de limpeza especificado. Em algumas casos, a
preparação da superfície é muito dispendiosa e/ou difícil de executar. Tal situação
levou ao desenvolvimento de um novo tipo de revestimento, tolerante à superfície.

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Este tipo de revestimento consiste em dois processos. O primeiro é introduzir


solventes hidrofílicos ou agentes activos na superfície que, quando combinados com a
humidade da superfície, causam a sua dispersão por toda a película protectora. O
segundo utiliza tintas epóxi de dois componentes, frequentemente utilizadas com
pigmentos de alumínio, de maneira a proporcionar uma boa penetração e
“molhagem” da superfície. Os revestimentos tolerantes à superfície só devem ser
utilizados quando considerados indispensáveis.
A principal função dos revestimentos de tinta é proteger contra o tipo de ambiente ao
qual a estrutura será exposta, mas também devem oferecer:
 Possibilidade de voltar a pintar;
 Aplicação fácil;
 Durabilidade no armazenamento e custo razoável;
 Durabilidade no ambiente especificado;
 Formação de uma película protectora coerente e com boa adesão;
 Resistência ao impacto e a danos mecânicos;
 Propriedades de secagem rápida.
Com base na durabilidade especificada, deve ser elaborado um plano de manutenção
na fase inicial da concepção do sistema de revestimento. Este plano pode ser revisto,
se o tipo de utilização da estrutura ou a categoria do ambiente mudar e no caso de
surgirem novos materiais e/ou técnicas.

Esquemas de pintura
A protecção das estruturas em aço é geralmente assegurada pela aplicação de várias
camadas de tinta, que desempenham um papel específico e formam um esquema de
pintura: a primeira camada ou o primário, a(s) camada(s) intermédia(s) e o camada
final ou de acabamento.
O primário é aplicado ao substrato e tem como função “molhar” a superfície e
proporcionar uma boa adesão do esquema de pintura ao substrato de aço. A norma
EN ISO 12944-5:2007 [49] define dois tipos de primário:
 Primários ricos em zinco – contêm pigmentos de pó de zinco, com uma
percentagem de voláteis igual ou superior a 80% em massa. O pigmento pó de
zinco deve estar em conformidade com a norma EN ISO 3549:2002 [50] e o seu
conteúdo pode ser determinado por um método descrito na ASTM D 2371 [51].
 Outros primários – contêm pigmentos de zinco ou outros anticorrosivos, com
uma percentagem de voláteis inferior a 80% em massa. Devido a razões de
saúde e segurança, não devem ser utilizados cromato de zinco, chumbo
vermelho e plumbato de cálcio.
O anexo A da norma EN ISO 12944-5:2007 [49] pode ser consultado para mais
informações sobre a selecção adequada do tipo de primário. O anexo B da mesma
norma também fornece informação sobre um outro tipo de primário, o primário
aplicado em fábrica. As camadas intermédias de tinta são utilizadas para aumentar a

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espessura total do esquema de pintura e, no caso de ser utilizado mais de uma, é


aconselhável a utilização de tons diferentes. Quanto à camada final, tem como função
proteger contra factores ambientais e proporcionam resistência primária à abrasão e
decoração, se necessário.
[49]
A norma EN ISO 12944-5:2007 divide os esquemas de pintura em dois tipos
principais:
 Revestimentos reversíveis – consistem na formação do revestimento de tinta
por evaporação do solvente, sendo possível voltar a dissolver a película no
solvente original.
 Revestimentos não reversíveis – inicialmente também se formam por
evaporação do solvente, se o tiverem, e depois por reacção química ou
coalescência, em caso de tintas de base aquosa. Este processo é irreversível e
este tipo de tintas podem ser divididas por tipo genérico, nomeadamente tintas
de secagem atmosférica, base aquosa, cura química e cura por humidade.
Esta mesma norma também refere três produtos principais com baixo conteúdo de
compostos orgânicos voláteis (VOC): produtos de base aquosa com alto teor de
sólidos, produtos livres de solventes e produtos de base aquosa. Os produtos de base
aquosa podem ser utilizados em quase todas as categorias de corrosividade do
ambiente atmosférico, sendo os restantes geralmente mais apropriados para
condições de imersão.
Os esquemas de pintura podem ser aplicados tanto em estaleiro como em obra.
A aplicação em estaleiro oferece mais vantagens, tais como melhor controlo das
condições ambientais e facilidade na reparação de danos. No entanto, em trabalhos de
manutenção, a aplicação é quase sempre in situ. A aplicação em obra é muito
influenciada pelas condições atmosféricas diárias, mas também oferece algumas
vantagens, tais como o menor risco de danos e de contaminação do revestimento.

6.2.3 Revestimentos metálicos

A protecção de estruturas em aço contra a corrosão também pode ser proporcionada


por revestimentos metálicos. Este tipo de revestimento é normalmente composto por
metais não ferrosos, que fornecem maior protecção contra a corrosão do que o aço
carbono. O metal mais utilizado nos revestimentos metálicos é o zinco, seguido pelo
alumínio.
A taxa de corrosão do ferro e do aço não é significativa para humidades relativas
abaixo dos 60%, mas acima desta percentagem, especialmente em ambientes com
cloretos, pode ser 10 a 40 vezes maior do que a do zinco. Este tipo de metal é
dispendioso e não é utilizado como metal estrutural porque não tem as propriedades
mecânicas exigidas

Sistemas de revestimento metálico


Os revestimentos de zinco são eficazes na protecção contra a corrosão de metais
ferrosos, protegendo o aço pelo efeito de barreira física e por acção galvânica. Este

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

tipo de revestimento pode ser aplicado em aço carbono e em aço de liga baixa de alta
resistência ou não.
Relativamente aos revestimentos de alumínio, só são apropriados para aplicação por
projecção térmica. De acordo com alguns ensaios, nomeadamente imersão
subaquática de revestimentos de zinco e de alumínio, apresentados em Bayliss et al.
[48]
, os revestimentos de alumínio oferecem uma vida livre de manutenção mais longa
do que os revestimentos de zinco. Após 19 anos, embora com alguma corrosão, os
revestimentos de alumínio ainda proporcionavam alguma protecção, ao contrário dos
de zinco.
A classificação dos revestimentos metálicos não é efectuada apenas pelo tipo de metal
mas também pelo método de aplicação. Os métodos utilizados na aplicação de
revestimentos metálicos são:
 Galvanização por imersão a quente;
 Metalização por projecção térmica;
 Electrodeposição;
 Sherardização.
Os revestimentos galvanizados por imersão a quente são adequados para alguns
elementos estruturais, dependendo da dimensão, sendo geralmente utilizado o zinco,
pois está normalizado e é menos dispendioso do que o alumínio, que proporciona uma
melhor protecção. A norma EN ISO 14713-2 [52] apresenta recomendações para a
aplicação de revestimentos com este tipo de método e, no seu anexo A, são descritos
vários tipos de pormenorização. A norma EN ISO 10684:2005 [53] também fornece
informação relativamente à galvanização por imersão a quente de elementos de
ligação.
Os revestimentos metalizados por projecção térmica são aplicados a elementos
estruturais e os metais utilizados são o zinco, o alumínio ou suas ligas. O processo de
projecção térmica consiste na formação do revestimento através da fundição de um
largo número de partículas de metal fornecidas por um fio metálico, que é fornecido
por ar ou gás e projectado por um bocal na superfície de aço. Neste processo, não são
formadas camadas de ligas, como na galvanização por imersão a quente. Este método
de aplicação de revestimentos metálicos é o único que pode ser aplicado in situ.
Os revestimentos metálicos aplicados por projecção térmica devem ser selados, de
modo a reduzir a sua porosidade. Pode-se utilizar selantes especialmente formulados
ou uma fina camada de pintura adequada. Uma outra forma é a selagem natural, que
pode ser obtida através da oxidação do revestimento metálico. Este processo ocorre
sob determinadas condições ambientais, assim como a selagem artificial, através de
conversão química. De acordo com Bayliss et al. [48], os tipos de selante mais comuns
são soluções de cloreto de vinil/copolímeros de acetato, de um componente, e
selantes epóxi de dois componentes ou de uretano.
A electrodeposição, também designada por galvanoplastia, é utilizada para
componentes e elementos de dimensão reduzida, tais como elementos de ligação.
O zinco é o metal de revestimento mais utilizado por este método, seguido pelo
alumínio, mas o cádmio também pode ser utilizado em alguns tipos de ambiente.

76 | P á g i n a
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Este é um processo electroquímico onde o aço é o cátodo e o metal de revestimento é


o ânodo da célula. A electrodeposição requer um elevado grau de limpeza da
superfície do aço, que normalmente é fornecida por métodos como a decapagem e
neste processo não há formação de liga entre o aço e o revestimento.
Revestimentos produzidos sherardização, ou por difusão, também são normalmente
aplicados em componentes ou elementos de dimensão reduzida, tais como elementos
de ligação. O processo da sherardização ocorre pela imersão a quente, mas, ao
contrário da galvanização por imersão a quente, o revestimento é produzido apenas
por processos de difusão, com uma temperatura abaixo do ponto de fusão do metal.
A principal vantagem deste tipo de revestimentos é a reduzida alteração provocada
nas dimensões do componente, particularmente importante em elementos de
dimensão reduzida.
Os revestimentos orgânicos, ou por pintura, também podem ser aplicados aos
revestimentos metálicos, desde que seja aplicado um tratamento adequado ao
revestimento metálico, que proporcione uma boa adesão do revestimento orgânico.
Geralmente, a vida de um sistema “duplex” é maior do que a soma das vidas do
revestimento metálico e orgânico. Enquanto o revestimento metálico reduz a corrosão
sob o sistema “duplex”, o revestimento orgânico protege o metálico contra a corrosão
precoce, devido à exposição ao ambiente. Neste tipo de sistema, é aconselhado
proceder à manutenção quando o revestimento metálico começa a deteriorar-se, o
que normalmente acontece depois do inicio da deterioração da pintura. As normas EN
ISO 12944-5:2007 [49] e EN 13438:2005 [54] fornecem mais informação sobre os
sistemas “duplex”.

6.2.4 Selecção do sistema de revestimento

A selecção do sistema de revestimento para protecção de aço estrutural deve ser


cuidadosamente ponderada. Deve ser feita uma comparação entre as vantagens e
desvantagens dos revestimentos metálicos e orgânicos. A Tabela 12 contém uma
comparação entre as diversas vantagens e desvantagens dos revestimentos metálicos
e orgânicos.

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Tabela 12 Comparação entre revestimentos metálicos e orgânicos (adaptado de [48])

Vantagens Desvantagens
Aplicação directa e facilmente
controlável. Difícil execução quando é exigido
Durabilidade fácil de prever e raramente pintura.
ocorrem falhas prematuras.
Maior resistência a danos e Difícil execução de soldadura com
Revestimentos metálicos

manuseamento fácil. qualidade após aplicação do


Em caso de danos, a corrosão ataca revestimento metálico ou quando
preferencialmente o revestimento ocorrem danos sérios no
metálico em vez do aço estrutural. revestimento.

Resistência à abrasão aproximadamente Limitação na dimensão dos


10 vezes ou mais superior à dos elementos estruturais, na
esquemas de pintura. galvanização por imersão a quente.
Sem pintura, os revestimentos
Possibilidade de revestimento espesso metálicos tendem a desenvolver um
nas extremidades, ao contrário dos aspecto desagradável.
esquemas de pintura.

A logística necessária à pintura é fácil de


adquirir. Aplicação susceptível de muitos erros
Revestimentos orgânicos

Boa resistência a condições de acidez e devido à mão-de-obra de pouca


pode preencher muitos requisitos, qualidade, sendo necessário adoptar
devido à disponibilidade de diversos procedimentos de controlo de
tipos de tinta, ao contrário dos qualidade adequados.
revestimentos metálicos.
Sem limitações relativamente à Difícil previsão do tempo de vida,
dimensão e tipo de estrutura. mesmo com normas e
Na maioria das vezes, a aplicação é especificações, ao contrário dos
simples. revestimentos metálicos.

A durabilidade de um revestimento está directamente relacionada com as condições


de exposição e a sua selecção deve considerar o ambiente, tanto o macro como o
microclima, ao qual a estrutura estará exposta. O grau de corrosividade de alguns tipos
de ambiente pode causar a ruptura do revestimento e permitir a corrosão do aço.
A corrosividade do ambiente está relacionada com a taxa de corrosão que irá
influenciar a degradação do revestimento. Devem ser aplicados revestimentos de alta
resistência em ambientes agressivos, e menos resistentes, que são normalmente
menos dispendiosos, em ambientes moderados. As condições climáticas devem ser
bem avaliadas, particularmente a temperatura e a humidade, pois afectam
significativamente o desempenho dos revestimentos.

78 | P á g i n a
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A acessibilidade e os requisitos devem ser muito bem considerados para todos os tipos
de revestimentos. Deve ser dada preferência a revestimentos que não exigem
procedimentos complexos, tais como decapagem por projecção de abrasivos. O grau
de exigência do revestimento depende da importância da estrutura e, em algumas
situações, a aparência também pode ser importante. A manutenção geral pode ser
afectada pela necessidade de manter um certo tipo de aparência da estrutura.
Outro factor importante na selecção de um sistema de protecção é o custo. O custo
deste sistema compreende o custo inicial e o de manutenção, durante o tempo de vida
projectado para a estrutura. Durante a utilização da estrutura, o custo da manutenção
pode-se alterar devido a novos requisitos, e.g. reforço da estrutura. Neste caso, pode
ser necessária uma reavaliação completa da estrutura, de modo a aproveitar qualquer
novo desenvolvimento na tecnologia dos sistemas de protecção. Uma avaliação
económica é muito difícil de realizar, mas um especialista em revestimentos deve ter a
capacidade de levar a cabo uma avaliação razoável do custo total do sistema de
protecção ou, pelo menos, uma avaliação rigorosa do custo inicial. Os principais custos
a considerar são:
 Preparação de superfície;
 Material de revestimento;
 Aplicação do revestimento;
 Outras despesas.
No caso dos esquemas de pintura, o custo da preparação de superfície e do material
de revestimento é facilmente calculado. As outras despesas referem-se a custos de
ferramentas, equipamentos, supervisão, administração, escoramento, atrasos e
interrupções.
O custo da preparação de superfície depende da condição da superfície. A Tabela 13
mostra alguns exemplos da preparação de superfície exigida para atingir determinado
grau, de acordo com a condição inicial da superfície. Para superfícies com corrosão e
ferrugem, o custo aumenta, pois normalmente é necessário decapagem química.

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Tabela 13 Preparação de superfície exigida, de acordo com a condição inicial da superfície do


aço (adaptado de [48])

Quantidade de abrasivos utilizado na projecção a seco


[kg/m2]
Grau de preparação de
Condição inicial superfície
Sa3 Sa2½ Sa2
Óxidos soltos ou pouca ferrugem ou corrosão por picada 4,06 3,85 2,03
Óxidos com adesão ou ferrugem geral ou pouca corrosão
5,62 5,33 2,79
por picada
Superfície pintada ou muita ferrugem ou corrosão por
7,27 6,89 3,64
picada moderada
Pintura espessa ou nódulos de ferrugem ou muita
10,15 9,64 5,07
corrosão por picada

O custo do material de revestimento é relativamente fácil de determinar. Os esquemas


de pintura são determinados pela espessura da película protectora e área coberta.
Os revestimentos metálicos galvanizados por imersão a quente são especificados como
peso por unidade de área, sendo os aplicados por projecção térmica por espessura.
O custo da aplicação depende do método de aplicação, das perdas de material durante
a aplicação deste método e do tipo de material aplicado.
Apenas para informação e para proporcionar uma visão geral do custo dos sistemas de
protecção, a Tabela 14 mostra uma comparação de custos entre alguns dos sistemas de
protecção mais aplicados no aço estrutural.

80 | P á g i n a
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Tabela 14 Comparação de custos entre diferentes sistemas de protecção de aço estrutural


(adaptado de [48])

Espessura Aplicação em
Preparação de Custo
Sistema de protecção b estaleiro ou in
superfície a [µm] comparativo
situ
Fosfato de zinco/alquídica 35
LM PE Fosfato de zinco/alquídica 75 in situ χ
PE alquídica 60
Primário projectado 20 Estaleiro
PA Sa2½ PE Fosfato de zinco/alquídica 60 Estaleiro 1,25 χ
PE alquídica 60 in situ
Epóxi rico em zinco de dois
25 Estaleiro
componentes

PA Sa2½ PE Fosfato de zinco/alquídica 75 Estaleiro 1,58 χ


OFM/ alquídica 50 in situ
OFM/ alquídica 50 in situ
Galvanização por imersão a
Decapagem 85 Estaleiro 1,16 χ
quente
Galvanização por imersão a
85 Estaleiro
quente
Decapagem 1,7 χ
Limpeza T in situ
PE borracha clorinada 75 in situ
Epóxi rico em zinco de dois
25 Estaleiro
componentes
OFM/epóxi de dois
85 Estaleiro
PA Sa2½ componentes 1,7 χ
OFM/epóxi de dois
85 Estaleiro
componentes
PE borracha clorinada 75 in situ
Galvanização por imersão a
PA Sa2½ 140 Estaleiro 1,6 χ
quente
Alumínio ou zinco por
PA Sa2½ projecção, dois revestimentos 150 Estaleiro 2,2 χ
de selante
a
LM = limpeza manual; PA= decapagem por projecção de abrasivos.
b
PE = produção elevada; OFM = pigmento de óxido de ferro micácio.

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Selecção do esquema de pintura


A norma EN ISO 12944-5:2007 [49] fornece orientações na selecção do esquema de
pintura mais adequado. O primeiro requisito a especificar é a categoria de
corrosividade do ambiente, que deve ser determinado de acordo com a norma NP EN
ISO 12944-2:1999 [55]. Em caso de ser determinada uma categoria de corrosividade
alta, o microclima também deve ser estabelecido.
Outro factor importante na selecção de um esquema de pintura é a durabilidade.
A durabilidade de um esquema de pintura é definida pela norma EN ISO 12944-1 [56]
como o nível de falha do revestimento antes da primeira grande pintura de
manutenção. De acordo com a norma EN ISO 12944-5:2007 [49], a durabilidade é
influenciada pelos seguintes parâmetros:
 Tipo de esquema de pintura;
 Design da estrutura;
 Condição do substrato anterior à preparação de superfície;
 Grau de preparação da superfície;
 Condição das juntas e extremidades;
 Qualidade do trabalho executado;
 Condições de aplicação.
A Tabela 15 define três categorias de durabilidade, com respectivos intervalos de
tempo.

Tabela 15 Categorias de durabilidade (adaptado de [49])


Categoria Intervalo de tempo
Baixa (B) 2 a 5 anos
Média (M) 5 a 15 anos
Alta (A) Mais de 15 anos

A selecção de um esquema de pintura também deve ter em atenção tensões especiais


de corrosão às quais a estrutura possa estar sujeita, assim como as situações especiais
relativamente à sua localização. Isto é importante, porque a disposição e localização da
estrutura pode levar a tensões de corrosão que não são consideradas na classificação
do ambiente. O anexo B da norma NP EN ISO 12944-2:1999 [55] fornece informação
relativamente a estas condições.
As tabelas do anexo A da norma EN ISO 12944-5:2007 [49] fornecem uma visão geral
sobre diversas propostas de tipos genéricos de tinta. Os esquemas de pintura com a
durabilidade exigida devem ser identificados nestas tabelas e, tendo em conta a
preparação de superfície, deve ser escolhido o mais apropriado. Também deve-se
consultar e pedir informações aos fornecedores sobre os diferentes esquemas de
pintura disponíveis.

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As propriedades da tinta e do revestimento de tinta devem proporcionar:


 Aplicação e secagem sob as condições especificadas;
 Boa adesão e decoração exigida;
 Revestimento protector com propriedades adequadas.
As propriedades dos revestimentos por pintura são principalmente determinadas pelo
tipo de ligante. A Tabela 16 fornece informações gerais sobre as principais
características físicas e mecânicas de diferentes tipos genéricos de tintas. No entanto,
esta tabela não substitui a consulta de um especialista em esquemas de pintura.

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Tabela 16 Propriedades gerais de diferentes tipos genéricos de tintas (adaptado de [49])

Borracha clorada
Adequação

Silicato de zinco
Poli (cloreto de

Combinação
Poliuretano,

Poliuretano,
aromático
Alquídicas

alifático
B Boa

Acrílica

epóxi
Epóxi
vinil)

etil
L Limitada
P Pobre
Não (PUR, (PUR,
Nr (PVC) (CR) (AY) (AK) (ESI) (EP) (EPC)
relevante aromático) alifático)
Retenção de lustro L L L L P B Nr P P
Retenção de cor L L B L P B Nr P P
Resistência aos
químicos:
Imersão aquática L B L P L P L B B
Chuva /
B B B L B L B B B
Condensação
Solventes P P P L B L B B L
Solventes
P P P B B B B B B
(salpicos)
Ácidos L B L L B L P L B
Ácidos (salpicos) B B L L B B P B B
Álcalis L L L L L L P B B
Álcalis (salpicos) B B L L B B P B B
Resistência ao
calor seco:
Até 70C P P L B B B B B B
70C a 120C Nr Nr L B B B B B L
120C a 150C Nr Nr L P L P B L L
150C a 400C Nr Nr Nr Nr Nr Nr B Nr Nr
Propriedades
físicas:
Resistência à
P P P L B L B B L
abrasão
Resistência ao
L L L L B L L B L
impacto
Flexibilidade B B B L L B P L L
Dureza L L L B B L B B B

A escolha do esquema de pintura deve ser baseada na experiência e/ou resultados


fornecidos por ensaios de desempenho realizados em laboratório. A compatibilidade

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do esquema de pintura com revestimentos existentes, em superfícies previamente


revestidas, também deve ser verificada por ensaios. A Tabela 17 fornece informações
sobre a compatibilidade dos tipos genéricos de tinta mais comuns.

Tabela 17 Compatibilidade de diferentes tipos genéricos de tintas (adaptado de [48])

1º Revestimento de tinta
Borracha Combinação
Betume Vinil Alquídica Epóxi Poliuretano
clorada Epóxi
Betume Pb Nr Nr Nr Nr Nr Nr
Vinil Nr Pb Nr Nr Pb Pb e/ou As Pb
2º Revestimento de tinta

Borracha
Nr Pb Pb Rf Pb Pb e/ou As Pb
clorada
Alquídico Nr Nr Nr Pb Pb Pb e/ou As Pb
Epóxi Nr Nr Nr Nr Pb Pb e/ou As Nr
Combinação
Nr Nr Nr Nr Pb Pb Nr
Epóxi
Poliuretano Nr Nr Nr Nr Pb Pb e/ou As Pb
Pb – Provavelmente boa
Nr – Não recomendada
Rf – Resulta em fissuras
As – Adesão satisfatória, mas a aparência é afectada por bleeding

Selecção do revestimento metálico


[48]
De acordo com Bayliss et al. , a selecção do metal de revestimento deve incluir
parâmetros tais como:
 Resistência à corrosão;
 Custo;
 Aplicação.
Normalmente, o metal escolhido é o zinco, seguido pelo alumínio. Ao comparar estes
dois metais, considera-se que o alumínio proporciona uma maior protecção contra a
corrosão do que o zinco em ambientes agressivos, excepto em ambientes alcalinos.
O grau de preparação de superfície exigido para uma boa adesão dos revestimentos de
alumínio também é maior.
Embora esteja comprovada a eficácia dos revestimentos de alumínio aplicados por
projecção térmica, normalmente é utilizado o zinco, porque sobre este existe muito
mais informação disponível.
A norma EN ISO 14713-1:2009 [57] aborda o desempenho de revestimentos de zinco em
ambiente atmosférico e contém informação sobre a taxa de corrosão do zinco,

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incluindo a redução de poluentes recentemente legislada. Esta norma também fornece


a espessura adequada, de acordo com o tipo de corrosividade ambiental ao qual a
estrutura estará exposta. Esta informação é importante, porque a vida de um
revestimento de zinco depende directamente da sua espessura. De acordo com esta
norma, a selecção de um sistema de revestimento de zinco deve tomar em
consideração os seguintes factores:
 Ambiente, tanto macro como microclimático, incluindo futuras alterações
identificadas e alguma condição de exposição excepcional;
 Tempo de vida exigido até a primeira manutenção;
 Necessidade de pós-tratamentos, protecção temporária e pintura;
 Disponibilidade e custo;
 Dificuldade de manutenção.
Na prática, a escolha do tipo de revestimento metálico, para elementos estruturais,
reside entre revestimentos de zinco galvanizados por imersão a quente ou
revestimentos aplicados por projecção térmica. A melhor opção é a galvanização por
imersão a quente, porque o controlo de produção é mais fácil e não é necessária
decapagem por projecção de abrasivos para atingir espessuras razoáveis. Embora seja
mais fácil o controlo dos trabalhos em estaleiro, existe sempre o risco de danos
durante o transporte, pelo que, em caso de sistemas “duplex”, a camada final deve ser
aplicada in situ. No caso de a especificação exigir aplicação do revestimento metálico
em obra, a única opção viável é a projecção térmica.
Para elementos de dimensão reduzida, tais como parafusos e roscas, a escolha entre
galvanização por imersão a quente e sherardização não é muito clara. A sherardização
é mais dispendiosa, mas proporciona uma superfície mais adequada para pintura
posterior e um melhor controlo das tolerâncias da dimensão. Esta situação é muito útil
para componentes com rosca, pois a galvanização por imersão a quente pode causar
problemas de perda de material.
A galvanização por imersão a quente também modifica a reactividade do aço através
da composição química, conforme descrito na norma EN ISO 14713-2 [52]. Este facto faz
com que alguns tipos de ferro fundido não sejam apropriados para galvanização por
imersão a quente, devido à sua composição química e metalúrgica. No caso de
revestimentos metálicos aplicados por projecção térmica ou sherardização, a
composição química do aço é irrelevante.

6.3 Preparação de superfície


6.3.1 Generalidades

A preparação de superfícies de uma estrutura já existente normalmente implica


requisitos diferentes daqueles de uma estrutura nova.
As superfícies onde vão ser aplicados sistemas de revestimento devem estar limpas e
aptas a receber estes sistemas. O objectivo da preparação de superfície é a remoção
de produtos de corrosão e de material prejudicial à adesão do primário ao substrato

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de aço. Um dos principais factores no desempenho a longo termo de um revestimento


é a adesão. Uma adesão pobre pode causar o descamação do revestimento, o
destacamento da superfície e/ou reduzir a resistência à humidade e a produtos de
corrosão. O tipo de adesão mais efectiva é oferecido pela galvanização por imersão a
quente, onde é formada uma liga de aço/zinco. Esta liga é proporcionada por um
banho de zinco quente à superfície do aço, formando uma ligação química.
Relativamente a revestimentos orgânicos, a adesão ocorre principalmente por ligação
física.
As moléculas de resina comportam-se como ímanes fracos, com os seus pólos
positivos e negativos a atraírem grupos opostos no substrato. Este tipo de adesão só é
efectivo a uma distância molecular do aço e exige uma superfície limpa. Os
revestimentos orgânicos que não conseguem aderir à superfície do aço por este
processo são apenas utilizados para protecção temporária.
A adesão mecânica consiste no desbaste da superfície, por métodos tais como a
decapagem por projecção de abrasivos, e exige uma superfície livre de óxidos,
ferrugem, tinta velha e qualquer outro tipo de impureza. Alguns tipos de revestimento
podem exigir um perfil de superfície elevado, pois pode ocorrer uma retracção
excessiva durante a cura.
De acordo com a norma NP EN ISO 8504-1:2003 [58], o desempenho dos revestimentos
de protecção contra a corrosão depende principalmente da condição do substrato do
aço imediatamente antes da aplicação do revestimento, sendo os seguintes os
principais factores de influência:
 Presença de ferrugem e óxidos;
 Presença de contaminantes, incluindo sais, poeiras, óleos e gorduras;
 Perfil da superfície.
Relativamente à manutenção de estruturas com sistemas de revestimentos, a mesma
norma recomenda uma consideração ponderada dos seguintes parâmetros:
 Idade e localização da estrutura;
 Qualidade da superfície anterior;
 Desempenho e extensão da degradação do sistema de revestimento existente;
 Tipo e agressividade da corrosividade do ambiente anterior e posterior;
 Sistema de revestimento proposto.
De acordo com a norma NP EN ISO 8504-1:2003 [58], a preparação de substratos de aço
deve ser realizado de acordo com as seguintes normas:
 EN ISO 8501 [61]-[64]: Avaliação visual da limpeza da superfície;
 EN ISO 8502 [65]-[73]: Testes para avaliação da limpeza das superfícies;
 EN ISO 8503 [74]-[78]: Características de rugosidade da superfície de superfícies
de aço decapadas por projecção de abrasivos;
 NP EN ISO 8504 [58]-[60]: Métodos de preparação de superfície.

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6.3.2 Métodos de preparação da superfície

A norma NP EN ISO 12944-4:1999 [79] descreve diversos métodos de preparação da


superfície, dividindo-os em três tipos:
 Limpeza com água, solventes e químicos;
 Limpeza mecânica, incluindo decapagem por projecção;
 Limpeza com chama.
Em seguida, os métodos enumerados serão descritos, assim como alguns métodos
inovadores na preparação de superfície, apresentados por Bayliss et al. [48].

Limpeza com água, solventes e químicos


 Limpeza com água – Um jacto de água limpa e fresca é direccionado à superfície a
limpar, com uma pressão especificada, de acordo com os contaminantes a remover.
A remoção de óleos, gorduras, etc., exige a adição de detergentes adequados e,
neste caso, uma limpeza final com água limpa e fresca é necessário.
 Limpeza com vapor – É utilizada para remover óleos e gorduras. No caso de serem
utilizados detergentes, uma lavagem final com água limpa e fresca é necessária.
 Limpeza por emulsão – É utilizada para remover óleos e gorduras e é necessária
uma limpeza final com água limpa e fresca.
 Limpeza alcalina – É utilizada para remover óleos e gorduras, sendo necessária uma
limpeza final com água limpa e fresca.
 Limpeza por solventes orgânicos – É utilizada para remover óleos e gorduras,
utilizando solventes orgânicos adequados.
 Limpeza por meios de conversão química – É utilizada em superfícies galvanizadas
por imersão a quente e em revestimentos de zinco aplicados por electrodeposição e
sherardização. Após este tipo de limpeza, é aconselhada uma limpeza final com
água limpa e fresca. Este tipo de tratamento só deve ser utilizado após aprovação
do fornecedor do sistema de protecção.
 Stripping – É utilizado para remover revestimentos orgânicos através de pastas
alcalinas ou à base de solventes. Normalmente, este tipo de limpeza não é
permitido em áreas reduzidas e é necessária uma limpeza final com água limpa e
fresca.
 Decapagem com ácido – O componente é submerso num banho ácido adequado à
remoção de óxidos e ferrugem. Este tipo de limpeza é normalmente realizado em
estaleiro e com monitorização.

Limpeza mecânica, incluindo decapagem por projecção


 Limpeza com ferramentas manuais – inclui escovas, espátulas, raspadores, esponjas
de fabrico sintético com abrasivos incorporados, papel de esmerilar e martelos de
remoção de ferrugem. A norma NP EN ISO 8504-3 [60] descreve vários métodos
manuais e mecânicos para a preparação de superfície. Este método não consegue
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atingir um nível de limpeza tão alto como a decapagem por projecção e


normalmente também não é capaz de remover óleos, gorduras e substâncias como
cloretos e sulfatos.
 Limpeza com ferramentas mecânicas – inclui escovas rotativas, vários tipos de
esmerilamento mecânico (Figura 61), martelos de percussão e de agulhas. Devem-
se evitar entalhes, assim como qualquer tipo de dano ou deformação no elemento
estrutural. Este tipo de limpeza é mais efectivo do que o método manual, atingindo
um grau superior de limpeza e cobrindo uma área maior. No entanto, não é tão
eficaz como a decapagem por projecção. Geralmente, as ferramentas mecânicas
são melhores que as manuais para promover a adesão do primário. As ferramentas
mecânicas são apropriadas para graus de preparação da superfície altos,
particularmente quando a decapagem por projecção não é exequível ou permitida.

Figura 61 Preparação de superfície por esmerilamento mecânico (cedida por REFER)

 Decapagem por projecção – A decapagem por projecção de abrasivos é o método


mais utilizado e eficaz no tratamento mecânico da superfície. Este método permite
uma taxa de produção alta e pode ser aplicado a quase todos os tipos e formas de
superfície em aço. O equipamento utilizado pode ser fixo ou móvel e adaptado de
acordo com a superfície a limpar. A limpeza abrasiva permite atingir diferentes
perfis e graus de preparação de superfície. De acordo com a norma NP EN ISO 8504-
1:2003 [58], podem-se produzir os seguintes efeitos na superfície do aço: limpeza,
martelagem, desbaste, nivelamento e lapping. Também é possível proceder à
remoção parcial de revestimentos, deixando intactos os revestimento sem boas
condições. Este método deve ser aplicado de acordo com as normas NP EN ISO
8504-2:2003 [59] e as várias partes da NP EN ISO 11124 [85]-[87] e da NP EN ISO 11126
[88]-[99]
. Os substratos de aço limpos por decapagem por projecção são especificados
de acordo com os comparadores de perfil da superfície descritos na norma 8503-
1:1995 [74] e classificados de acordo com a norma 8503-2:1995 [75]. A adesão do
revestimento é influenciada pelo perfil de superfície do substrato e, para sistemas
de protecção, o perfil de superfície mais adequado é o médio (G) ou médio (S).
De acordo com a norma NP EN ISO 8504-2:2003 [59], os tipos de decapagem por
projecção disponíveis são:

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

 Decapagem por projecção a seco de abrasivos:


 Decapagem por projecção centrífuga de abrasivos – O abrasivo é
uniformemente projectado na superfície a limpar, através de impulsores ou
rodas a alta velocidade. Este processo é uma operação contínua e pode ser
aplicado em peças com qualquer grau de ferrugem, desde que a superfície
tenha uma boa acessibilidade. Como desvantagem, este método não é capaz
de limpar todos os contaminantes da superfície e o equipamento necessário
requer uma preparação cuidadosa em cada aplicação, resultando em
limitações relativamente à repetição de trabalhos.
 Decapagem por projecção de abrasivos com ar comprimido – Uma mistura de
ar/abrasivo é projectada por ar comprimido a alta velocidade, através de um
bocal, na superfície a limpar. Este método pode ser utilizado, numa operação
contínua ou não, para limpar qualquer tipo de peça com qualquer grau de
ferrugem. Como limitações, tem-se possíveis restrições ambientais devido à
formação de pó e, tal como no método anterior, a remoção de contaminantes
químicos requer limpeza adicional.
 Decapagem por projecção de abrasivos com aspiração – É similar ao último
método, mas o bocal está ligado a uma cabeça de sucção, selada à superfície,
que recolhe os contaminantes e o abrasivo excedente. Este método produz
pouco pó e é apropriado para limpeza localizada e para graus de preparação
de superfície até Sa2½. Este tipo de decapagem necessita limpeza adicional
para contaminantes químicos e não deve ser aplicado a formas irregulares,
nem ao grau de ferrugem D.
 Decapagem por projecção húmida de abrasivos – A água utilizada deve ter um
conteúdo baixo de sal e podem-se utilizar inibidores de ferrugem, desde que
sejam aplicados sistemas de protecção adequados. Os subtipos deste método
são:
 Decapagem por projecção de abrasivos com injecção húmida – É similar à
decapagem por projecção de abrasivos com ar comprimido, mas com a adição
de uma reduzida quantidade de líquido antes do bocal, resultando num
procedimento livre de poeiras. Normalmente, o líquido utilizado é água limpa
e fresca, com um consumo de 15 a 25 l/h. Este método é utilizado para limpar
qualquer tipo de peça com qualquer grau de ferrugem e o líquido é
adicionado de acordo com a produção de pó. Após a preparação da superfície,
pode-se verificar a ocorrência súbita de ferrugem (flash rusting), pois a
superfície estava inicialmente húmida.
 Decapagem por projecção húmida de abrasivos com ar comprimido – É similar
à decapagem por projecção de abrasivos com ar comprimido, mas com a
adição de líquido, normalmente água limpa e fresca, produzindo um fluxo de
ar/abrasivo/água. Este método pode ser utilizado, numa operação contínua
ou não, para limpar qualquer tipo de peça com qualquer grau de ferrugem,
particularmente para a corrosão localizada, aço contaminado com químicos e
quando são exigidos níveis baixos de resíduos de sais solúveis. Durante a
manutenção, este método permite a remoção selectiva e parcial de
revestimentos, através do ajuste da pressão e das proporções da mistura.

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As limitações deste método incluem a produção de uma substância sobre a


superfície limpa e também o aparecimento súbito de ferrugem.
 Decapagem por projecção de lamas abrasivas (slurry blast-cleaning) –
Abrasivo fino é distribuído num líquido, normalmente água, sendo projectado
por bombas ou ar comprimido na superfície a limpar. Este método é
adequado a peças de dimensões reduzidas, onde normalmente apenas é
exigido um perfil de superfície fino, e é particularmente adequado para
reduzir a quantidade de sais solúveis na superfície.
 Decapagem por projecção de líquido pressurizado – Uma mistura abrasiva é
introduzida, como pasta seca ou húmida, num fluxo que é um líquido
pressurizado, normalmente água, projectado por um bocal na superfície a
limpar. A aplicabilidade deste método é a mesma da decapagem por
projecção húmida de abrasivos com ar comprimido e pode-se atingir um grau
de preparação de superfície Sa3 para graus de ferrugem A, B e C, e Sa2½ para
o grau de ferrugem D. Este tipo de decapagem também é particularmente
adequado para reduzir a quantidade de sais solúveis na superfície, mas é
preciso tomar cuidado com a projecção de água com grande pressão. As
limitações são as mesmas que para a decapagem por projecção húmida de
abrasivos com ar comprimido.
 Aplicações particulares da decapagem por projecção:
 Decapagem por projecção dispersa de ar – É utilizada para limpar ou
proporcionar rugosidade a superfícies com revestimentos orgânicos e
metálicos ou para remover a camada superior de revestimentos orgânicos
sem danificar os revestimentos inferiores em bom estado. Geralmente, é
utilizado um grão fino e pouca pressão de ar. Estes parâmetros e outros, tais
como a dureza do abrasivo, o ângulo de ataque e a distância do bocal ao
substrato, devem ser optimizados através de testes.
 Decapagem por projecção localizada de ar – É uma forma comum de
decapagem por projecção de ar comprimido ou com injecção húmida que
apenas limpa nódoas individuais, tais como ferrugem ou manchas de
soldadura. Em superfícies que não podem ser novamente revestidas sem
limpeza prévia, também pode ser combinada com o tipo de decapagem
anterior.
 Decapagem por projecção de água ou hidrodecapagem – Um jacto de água
limpa e fresca é projectado na superfície a limpar. Os contaminantes a
remover determinam a pressão da água e, no caso de serem utilizados
detergentes, é necessária uma lavagem final com água limpa e fresca. As
variações de pressão de água normalmente utilizadas são pressão alta, que
varia entre 70 e 170 MPa, e pressão ultra alta (Figura 62), com pressões acima
de 170 MPa.

91 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Figura 62 Hidrodecapagem (cedida por REFER)

Limpeza com chama


Este tipo de limpeza consiste em passar uma chama de acetileno/oxigénio sobre a
superfície a limpar, de modo a remover todos os óxidos e ferrugem através do efeito
da chama e da acção do calor. Após este procedimento, deve-se utilizar escovas
mecânicas para remover os restos de poeiras e de contaminantes.

Métodos de desenvolvimento mais recente


 Decapagem por projecção criogénica – Consiste em projectar granalhas (pellets) de
dióxido de carbono ou cristais de gelo, que supostamente removem pinturas velhas
sem danificar o substrato. Este método é seguro e o único resíduo produzido, além
da tinta removida, é água. Uma outra vantagem da projecção de dióxido de carbono
é a possibilidade de limpeza do equipamento eléctrico durante a preparação da
superfície, devido à sua não condutividade. O equipamento de protecção exigido
consiste apenas em protectores de ouvido, pois, supostamente, este método gera
ar com pouco conteúdo de dióxido de carbono. No entanto, se for um espaço
confinado, é necessário fato protector e respirador. As únicas desvantagens deste
método em relação aos outros são a menor velocidade de limpeza e o pouco
desenvolvimento na área de limpeza do aço estrutural. A aplicação deste tipo de
decapagem é mais adequada para metais macios ou materiais compostos.
 Limpeza a laser – Também está sob desenvolvimento e a aplicabilidade considerada
é, principalmente, o stripping de pinturas velhas através de um dos seguintes dois
processos, laser CO2 ou laser Xénon. O primeiro é considerado mais eficaz, porque
precisa de menos potência na remoção de revestimentos. A energia do laser CO2
incinera o ligante da tinta, deixando um resíduo de cinzas secas que pode ser
aspirado posteriormente. O laser Xénon funciona da mesma maneira que uma
lâmpada flash com uma câmara, mas com a produção de uma luz muito mais
intensa. Este procedimento incinera o revestimento a remover e também deixa um

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

resíduo de cinzas secas. No entanto, tem a possibilidade de optimização consoante


o tipo específico de revestimento a remover. A principal desvantagem da limpeza a
laser é a baixa velocidade de limpeza e os custos elevados inerentes à tecnologia
laser. No entanto, a eliminação de resíduos é muito mais fácil do que nos outros
métodos convencionais de preparação de superfície.
 Decapagem por projecção de uma esponja – Este processo foi concebido tendo em
conta a saúde e as restrições ambientais e consiste no impacto, por ar comprimido,
de uma esponja sintética de polímeros, impregnada com abrasivo, na superfície
metálica. A deformação da esponja absorve o impacto, retirando a pintura,
ferrugem ou óxidos da superfície. A esponja também retira os detritos e as poeiras,
ao contrário dos abrasivos convencionais mais resistentes, que ressaltam na
superfície. Após o procedimento, esta esponja pode ser recolhida, limpa e
reutilizada e, quando já não estiver em condições de utilização, pode ser reciclada.
O tipo de abrasivo contido na esponja depende da superfície a limpar e do perfil de
superfície exigido. Esponjas sem abrasivo também podem ser utilizadas para limpar
óleos, gorduras e outros contaminantes.
A Tabela 18 mostra a adequação dos diferentes métodos de preparação, de acordo
com o tipo de matéria a remover.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Tabela 18 Procedimentos para remoção de camadas exteriores e matéria estranha (adaptado de [79])
Matéria a ser
Procedimento Notas 1)
removida
Água fresca com adição de detergentes.
Limpeza com água Pode ser utilizada pressão (< 70 MPa).
Lavagem final com água fresca.
Água fresca.
Limpeza com vapor
Se forem utilizados detergentes, lavagem final com
água fresca.
Gordura e óleo Limpeza por emulsão Lavagem final com água fresca.
Quando são utilizadas soluções alcalinas fortes, o
alumínio, zinco ou outros metais de revestimento
Limpeza alcalina podem ser susceptíveis à corrosão.
Lavagem final com água fresca.
Muitos solventes orgânicos são prejudiciais à saúde.
Limpeza com solventes
orgânicos Se forem utilizados panos, estes devem ser
substituídos frequentemente.
Água fresca com adição de detergentes.
Limpeza com água
Pode ser utilizada pressão (< 70 MPa).
Contaminantes Limpeza com vapor Lavagem com água fresca.
solúveis em água,
Quando são utilizadas soluções alcalinas fortes, o
e.g. sal alumínio, zinco ou outros metais de revestimento
Limpeza alcalina
podem ser susceptíveis à corrosão.
Lavagem final com água fresca.
Este processo normalmente não é realizado em obra.
Decapagem com ácidos
Lavagem final com água fresca.
Decapagem por
Devem ser removidos todas as poeiras e depósitos de
projecção seca de
resíduos soltos por jacto de ar seco ou por aspiração.
abrasivos
Óxidos Decapagem por
projecção húmida de Lavagem final com água fresca.
abrasivos
É necessária limpeza por ferramentas mecânicas para
Limpeza por chama remover resíduos de processos de combustão,
seguida da remoção de poeiras e depósitos de
resíduos soltos.
Mesmos procedimentos
que para os óxidos, mais:

A escovagem mecânica pode ser utilizada em zonas


com ferrugem solta, enquanto o esmerilamento pode
Limpeza com
ser utilizado na ferrugem com boa adesão.
ferramentas mecânicas
Ferrugem Poeira e depósitos de resíduos soltos devem ser
removidos.
Serve para a remoção de ferrugem solta.
Hidrodecapagem
O perfil da superfície não é afectado.
Decapagem por
Para remoção localizada de poeiras.
projecção localizada de ar

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

Tabela 18 Procedimentos para remoção de camadas exteriores e matéria estranha (adaptado de [79])
(continuação)
Matéria a ser
Procedimento Notas 1)
removida
Pastas à base de solventes para revestimentos
sensíveis a solventes orgânicos.
Decapagem
Os resíduos devem ser removidos por lavagem com
solventes.
Decapagem por Pastasser
alcalinas para todas
revestimentos
Devem removidos as poeirassaponificáveis.
e depósitos de
projecção seca de resíduos
abrasivos Lavagem final profunda com jacto de por
soltos por jacto de ar seco ou águaaspiração.
fresca.
Decapagem por A remoção total do revestimento não é permitida em
projecção húmida de Lavagem finalreduzidas.
áreas com água fresca.
Esquemas de pintura abrasivos
Para remoção de revestimentos orgânicos com uma
adesão pobre.
Hidrodecapagem
Para revestimentos com uma boa adesão, pode-se
utilizar limpeza com pressão ultra alta (> 170 MPa).
Decapagem por Para dar rugosidade a revestimentos ou remoção da
projecção dispersa de ar camada exterior.

Decapagem por
projecção localizada de Para remoção localizada de revestimentos.
ar
Decapagem por Quando aplicada em zinco, pode ser adicionado óxido
projecção dispersa de ar de alumínio, silicatos ou areia olivina.
Produtos de corrosão
Para corrosão localizada no zinco, pode ser utilizada
de zinco
uma solução de amónia de 5% (m/m) com abrasivos
Limpeza alcalina
embutidos.
Com um pH alto, o zinco é susceptível à corrosão.
1)
Quando é necessário lavar com jacto de água e secagem, as estruturas aparafusadas e rebitadas
devem ser tratadas com cuidado especial.

6.3.3 Selecção do método de preparação da superfície

A selecção do método de preparação de superfície depende do tipo de revestimento


existente na superfície a preparar e do estado de degradação do mesmo, assim como
dos requisitos do sistema de protecção a aplicar.
A selecção do método de preparação de superfície também deve tomar em
consideração o grau de preparação de superfície exigido, onde o nível apropriado de
limpeza e de rugosidade da superfície são definidos de acordo com o revestimento a
aplicar. A escolha do grau de preparação de superfície também deve ser bem
ponderada, porque o custo desta operação varia de acordo com o nível de limpeza
exigido.

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A norma NP EN ISO 8504-1:2003 [58] contém os princípios gerais que devem ser
utilizados na selecção do método de preparação da superfície mais adequado. De
acordo com esta norma, a selecção do método de preparação de superfície depende
dos seguintes factores:
 Condição da superfície;
 Exequibilidade, e.g. condições de operação;
 Preparação de superfície completa ou parcial;
 Grau de preparação exigido ou especificado;
 Sistema de revestimento a aplicar;
 Custo;
 Outros requisitos particulares, e.g. perfil da superfície.
Quando é especificada a decapagem por projecção de abrasivos, é necessário escolher
um tipo de abrasivo adequado. O tipo de abrasivo é muito importante para atingir a
condição de superfície especificada e devem ser realizados ensaios preliminares para
identificar o mais eficaz. A selecção do abrasivo deve considerar a influência da
dimensão da partícula no perfil da superfície e a utilização de uma mistura equilibrada
de tamanhos, de modo a produzir uma condição de superfície optimizada. A norma NP
EN ISO 8504-1:2003 [58] fornece os parâmetros a considerar na selecção de um
abrasivo, nomeadamente:
 Subgrupo e tipo de composição química;
 Variação da dimensão da partícula;
 Dureza da partícula.
A norma NP EN ISO 12944-4:1999 [79] divide os vários tipos de superfície a preparar da
seguinte forma:
i. Superfícies sem revestimento – Aço nu, coberto ou não com óxidos, ferrugem ou
outros contaminantes;
ii. Superfícies com revestimentos metálicos:
 Galvanizados por imersão a quente:
 Superfícies sem alteração por acção atmosférica e biológica – Aplicação de
decapagem por projecção dispersa com jacto de ar (sweep blast-cleaning)
usando abrasivos não metálicos ou outro tratamento, de acordo com a
especificação. A superfície preparada deve estar livre de danos mecânicos
e contaminantes aderentes e inclusos. A rugosidade da superfície e a
espessura mínima do revestimento de zinco deve estar de acordo com a
especificação.
 Superfícies com alteração por acção atmosférica e biológica – Neste tipo de
superfície, normalmente ocorre a formação de produtos de corrosão,
assim como a acumulação de contaminantes. A limpeza pode ser realizada
com água quente ou pressurizada, a vapor, por decapagem por projecção

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dispersa com jacto de ar ou com ferramentas manuais ou mecânicas,


dependendo da natureza e da extensão da contaminação.
 Por projecção térmica – Requer a protecção temporária ou parcial das
superfícies antes da aplicação de mais revestimentos e deve ser
imediatamente pintada após aplicação do revestimento metálico, de modo a
evitar condensação. A norma EN ISO 2063:2005 [80] fornece mais informação
sobre a projecção térmica de revestimentos metálicos.
 Por electrodeposição – Revestimentos deste tipo com uma adesão fraca
devem ser completamente removidos. Para remover contaminantes, como
gorduras, óleos ou sais, pode-se utilizar detergentes especiais, água quente,
vapor de água ou outros tratamentos.
 Por sherardização – Aplica-se o mesmo que para o método da
electrodeposição.
iii. Superfície pintada com um primário aplicado em fábrica – É realizada decapagem
automática por projecção de abrasivos e a aplicação do primário também é
automática.
iv. Outras superfícies pintadas (superfícies com revestimentos metálicos previamente
pintados) – Todos os revestimentos com má adesão e defeitos devem ser
completamente removidos. Para remover contaminantes, como gorduras, óleos
ou sais, pode-se utilizar detergentes especiais, água quente, vapor de água ou
outros tratamentos. Em seguida, pode-se aplicar a decapagem por projecção
dispersa com jacto de ar usando grãos inertes ou outro material adequado.
Relativamente à pintura de manutenção, a condição da superfície também pode ser
dividida conforme mostra a Tabela 19.

Tabela 19 Condição de superfícies pintadas (adaptado de [48])

Condição da superfície
Camadas finais com mau aspecto devido a desbotamento, pulverulência,
1 possível fissuração reduzida, sem ferrugem visível ou deterioração do
substrato.
Similar à condição 1, mas com ferrugem visível em áreas vulneráveis, e.g.
2
áreas com retenção de água.
Com ferrugem localizada, normalmente causada por uma espessura
3
inadequada da pintura.
Com empolamento, fissuração ou descamação até ao substrato,
4
aparentemente aleatória.

A superfície ideal para manutenção é a condição de superfície 1, que apenas necessita


de esmerilamento, em caso de superfícies lustrosas, ou de escovagem ou jacto de água
com pouca pressão para remoção de depósitos de pó. Na condição 2, qualquer
percentagem significativa de ferrugem no aço deve ser removida por decapagem por
projecção de abrasivos ou por jacto de água com pressão ultra alta. Nestes casos,

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também é necessário assegurar que a pintura existente tem qualidade suficiente para
resistir ao tratamento exigido para a adesão da nova pintura à antiga. Na condição de
superfície 3, o esquema de pintura não é necessariamente prejudicado pela corrosão,
e lavagem ou escovagem com abrasão podem ser suficientes para preparar a
superfície. Finalmente, em relação à condição de superfície 4, normalmente é
necessário limpar até ao substrato, preferencialmente com jacto de água de pressão
ultra alta ou decapagem por projecção húmida de abrasivos.
A manutenção de revestimentos metálicos é normalmente realizada com pintura. Aço
galvanizado por imersão a quente pode ser utilizado sem pintura, mas é preferível a
sua aplicação antes da ocorrência de ferrugem na superfície. Em caso de presença
significante de ferrugem no aço galvanizado, deve ser utilizada a decapagem por
projecção de abrasivos. No entanto, se não tiver ferrugem, a remoção de toda a
pintura solta é suficiente. No caso de áreas reduzidas com degradação do
revestimento, o tratamento pode ser realizado com ferramentas mecânicas de
esmerilamento. Relativamente a aço protegido com revestimento metálico produzido
por sherardização, o tratamento deve ser o mesmo do aço galvanizado.
A Tabela 20 fornece informação importante a considerar antes da elaboração de uma
especificação para a preparação de superfície.

Tabela 20 Informação a considerar antes da elaboração de uma especificação (adaptado de [58])

Tipo de
Informação
superfície
Tipo de aço e sua espessura
Sem Grau de ferrugem, avaliado de acordo com a norma EN ISO 8501-
revestimento 1:2007 [61], com detalhes relevantes
Detalhes suplementares
Tipo, espessura aproximada, condição e idade do revestimento ou
sistema de revestimento
Grau de ferrugem, avaliado de acordo com a norma NP EN ISO
4628-3:2005 [81], com detalhes relevantes sobre ferrugem sob
revestimento aparente
Com
revestimento Grau de fissuração, avaliado de acordo com a norma NP EN ISO
4628-4:2005 [82]
Grau de descamação, avaliado de acordo com a norma NP EN ISO
4628-5:2005 [83]
Detalhes suplementares

A Tabela 21 mostra os graus de ferrugem definidos pela norma EN ISO 8501-1:2007 [61].
A preparação de superfície deve ser realizada o mais breve possível para os graus de
ferrugem A e B e, em caso de tratamento manual, também para C. Em seguida, deve
ser aplicado um primário adequado.

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Tabela 21 Especificação do grau de ferrugem (adaptado de acordo com [61])


Grau de ferrugem Condição da superfície
Largamente coberta com óxidos e com pouca ou nenhuma
A
ferrugem
B A ferrugem começou e os óxidos começaram a descamar
C Com alguma corrosão visível, mas com ou sem óxidos
D Com corrosão visível, sem óxidos

De acordo com a norma NP EN ISO 12944-4:1999 [79], a preparação de superfícies está


dividida em preparação de superfície geral ou primária e em preparação de superfície
parcial ou secundária. O primeiro tipo refere-se ao tratamento de toda a superfície até
ao substrato, enquanto a preparação parcial deixa partes da estrutura com
revestimentos metálicos ou orgânicos ainda em condições. A escolha do método de
preparação da superfície é determinada pelo perfil da superfície e nível de limpeza
exigido. Estes são os principais requisitos considerados nos diferentes graus de
preparação.
Os anexos A e B da norma referida acima definem diversos graus de preparação de
superfície, respectivamente para preparação geral e parcial. A preparação geral diz
respeito à remoção de óxidos, ferrugem, revestimentos existentes e contaminantes e
corresponde à conversão de toda a superfície em aço nu. Os graus de preparação
correspondentes são Sa, St, Fl e Be. A preparação parcial de superfícies trata da
remoção de ferrugem e contaminantes, mas deixa os revestimentos em bom estado
intactos. Os graus de preparação correspondentes a esta categoria são P Sa, P St e
P Ma.
A norma EN ISO 8501-1:2007 [61] também contém informação sobre os graus de
preparação de superfície Sa 1, Sa 2, Sa 21/2, Sa 3 para decapagem por projecção de
abrasivos, St 2, St 3 para limpeza por ferramentas manuais e mecânicas, e Fl para
limpeza por chama. No Suplemento Informativo desta norma, também se pode
encontrar exemplos fotográficos de alterações na aparência, provocadas pela
decapagem por projecção de diferentes abrasivos.
De acordo com a norma EN ISO 8501-1:2007 [61], a selecção do grau de preparação da
superfície depende dos seguintes factores:
 Condição da superfície;
 Sistema de protecção a aplicar;
 Corrosividade do ambiente ao qual a superfície revestida estará exposta;
 Preparação parcial ou completa da superfície;
 Custo.

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7. Conclusões e sugestões
7.1 Considerações finais e conclusões do estudo
Muitas pontes metálicas são um testemunho vivo de acontecimentos importantes, que
estão directamente relacionados com o desenvolvimento tecnológico e industrial e a
evolução da nossa história. Este facto, aliado às vantagens económicas da
reparação/reforço e às novas exigências de sustentabilidade ambiental e de
construção, torna recomendável continuar a preservar este legado histórico para
gerações futuras.
As pontes metálicas podem apresentar uma boa durabilidade, como é possível
verificar em pontes com mais de um século que continuam no activo. No entanto, é
essencial uma manutenção periódica, com a adopção de métodos adequados de
avaliação, reparação e protecção.
Uma das vantagens da construção metálica é o facto do material estrutural estar à
vista, tornando mais fácil a avaliação de possíveis danos através de métodos directos,
tais como a inspecção visual. O desenvolvimento avançado de métodos não
destrutivos também permite um diagnóstico mais correcto e consequente adopção
atempada de medidas de correcção adequadas.
A reparação de estruturas metálicas está muito dependente da experiência dos
engenheiros e técnicos de manutenção e da transmissão desse conhecimento. Esta
situação pode ser verificada através de alguma falta de informação sobre normas
europeias que têm vindo a ser desenvolvidas nesta área. Por esta razão, todos os
trabalhos de compilação da informação existente são muito importantes, de modo a
ser possível elaborar manuais que, eventualmente, sirvam de base a esta
normalização. Este é um dos objectivos do Projecto DURATINET ‒ Durable Transport
Infrastructures in the Atlantic Area Network (http://www.duratinet.org/), no âmbito
do qual foi desenvolvida esta dissertação.
O primeiro sistema de protecção contra corrosão a ser utilizado nas pontes metálicas
foi a pintura com tintas à base de chumbo, proporcionando uma protecção excelente
contra corrosão e garantindo uma longa durabilidade do material destas estruturas.
No entanto, este tipo de pintura tem consequências nefastas ao ambiente e à saúde
pública e foi gradualmente substituído por outros sistemas. Infelizmente, a maioria
destes sistemas apresenta menos vantagens, principalmente na relação de capacidade
protectora/custo.
Actualmente são utilizados aços designados como de elevado desempenho, com
características optimizadas ao nível da resistência, soldabilidade e de protecção contra
a corrosão atmosférica. Alguns destes materiais são muito interessantes, devido à não
exigência de sistemas de protecção, como, por exemplo, os aços patináveis
(weathering steel), que no entanto não são aconselhados para ambientes agressivos.
Relativamente à sustentabilidade da construção metálica, temos como principal
constituinte do aço o ferro, um elemento que existe em grande quantidade na crosta
terrestre e que é totalmente reciclável.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

7.2 Propostas de desenvolvimento futuro


Particularmente em Portugal, temos um grande património em pontes metálicas e
seria interessante a compilação de informação sobre estas obras de arte, de modo a
ser possível apresentar propostas adequadas de reabilitação, tanto para as pontes
activas como para as desactivadas e com importante valor histórico, como, por
exemplo, a ponte D. Maria Pia.
Estas propostas de reabilitação convém serem acompanhadas por uma avaliação
rigorosa das características dos materiais utilizados na época, pois existe alguma falta
de informação, principalmente em relação ao comportamento à fadiga de materiais
como o ferro pudelado, material estrutural de muitas pontes metálicas portuguesas.
A proposta seria, então, a de realização de um estudo sistemático do comportamento
à fadiga comparativo entre estruturas, bem como do ferro pudelado, a partir de
amostras retiradas de pontes antigas, com o objectivo de elaborar recomendações
para a preservação destas estruturas.
Ainda na área da avaliação, é importante o desenvolvimento de ensaios não
destrutivos cada vez mais simples, que permitam uma caracterização optimizada dos
materiais e, assim, evitar a recolha de amostras necessárias aos denominados ensaios
destrutivos. Esta situação torna-se pertinente em caso de eventuais avaliações
incorrectas devido à não realização de ensaios, seja pela impossibilidade de recolha de
amostras ou pelo custo elevado dos ensaios exigidos.
Conforme se pode verificar, existe alguma falta de harmonização nos procedimentos
de reparação de pontes metálicas, particularmente porque a maioria dos métodos não
estão normalizados. A investigação detalhada dos diferentes métodos de reparação
pode contribuir significativamente para a elaboração de normas que permitam uma
melhor adequação da reparação aos danos existentes.
Relativamente aos sistemas de protecção, assiste-se a uma restrição cada vez maior
dos produtos, particularmente nas emissões de VOCs (Volatile Organic Compounds).
As novas exigências de sustentabilidade ambiental recomendam o desenvolvimento de
novos sistemas de protecção, que possam dar uma melhor resposta aos requisitos
ambientais e de saúde pública e que proporcionem uma aplicabilidade simples e
durabilidade idêntica ou superior à anterior. Os novos desenvolvimentos ao nível de
revestimentos nanoestruturados constituem áreas de grande potencial, no âmbito da
protecção de estruturas metálicas contra a corrosão.

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

8. Referênciasias
[1] http://en.structurae.de/index.cfm
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Estruturas.
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[13] NP EN ISO 4628-1:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 1: Introdução geral e
sistema de designação (ISO 4628-1:2003).
[14] NP EN ISO 4628-2:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 2: Avaliação do grau de
empolamento (ISO 4628-2:2003).
[15] NP EN ISO 4628-3:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 3: Avaliação do grau de
enferrujamento (ISO 4628-3:2003).
[16] NP EN ISO 4628-4:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 4: Avaliação do grau de
fissuração (ISO 4628-4:2003).

102 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

[17] NP EN ISO 4628-5:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de


revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 5: Avaliação do grau de
descamação (ISO 4628-5:2003).
[18] EN ISO 4628-6:2007. Paints and varnishes. Evaluation of degradation of coatings -
Designation of quantity and size of defects, and of intensity of uniform changes in
appearance. Part 6: Assessment of degree of chalking by tape method (ISO 4628-
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[19] NP EN ISO 4628-7:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 7: Avaliação do grau de
pulverulência pelo método do tecido aveludado (ISO 4628-7:2003).
[20] NP EN ISO 4628-8:2007. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos por pintura Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 8: Avaliação do grau de
delaminação e corrosão em volta de um corte (ISO 4628-8:2005).
[21] NP EN ISO 4628-10:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 10: Avaliação do grau de
corrosão filiforme (ISO 4628-10:2003).
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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

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104 | P á g i n a
Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

[56] EN ISO 12944-1:1998. Paints and varnishes. Corrosion protection of steel


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[58] NP EN ISO 8504-1:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Métodos de preparação de superfícies. Parte 1:
Princípios gerais (ISO 8504-1:2000).
[59] NP EN ISO 8504-2:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Métodos de preparação de superfícies. Parte 2:
Decapagem por projecção de abrasivos (ISO 8504-2:2000).
[60] NP EN ISO 8504-3:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Métodos de preparação de superfícies. Parte 3:
Limpeza com ferramentas manuais e mecânicas (ISO 8504-3:1993).
[61] EN ISO 8501-1:2007. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Visual assessment of surface cleanliness. Part 1: Rust grades
and preparation grades of uncoated steel substrates and of steel substrates after
overall removal of previous coatings (ISO 8501-1: 2007).
[62] EN ISO 8501-2:2001. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Visual assessment of surface cleanliness. Part 2: preparation
grades of previously coated steel substrates after localized removal of previous
coatings (ISO 8501-2: 1994).
[63] EN ISO 8501-3:2007. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Visual assessment of surface cleanliness. Part 3: Preparation
grades of welds, edges and other areas with surface imperfections (ISO 8501-
3:2006).
[64] EN ISO 8501-4:2006. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Visual assessment of surface cleanliness. Part 4: Initial
surface conditions, preparation grades and flush rust grades in connection with
high-pressure water jetting.
[65] EN ISO 8502-2:2005. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 2:
Laboratory determination of chloride on cleaned surfaces (ISO 8502-2: 2005).
[66] EN ISO 8502-3:1999. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 3:
Assessment of dust on steel surfaces prepared for painting (pressure-sensitive tape
method) (ISO 8502-3: 1992).
[67] EN ISO 8502-4:1999. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 4:
Guidance on the estimation of the probability of condensation prior to paint
application (ISO 8502-4: 1993).
[68] EN ISO 8502-5:2004. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 5:
Measurement of chloride on steel surfaces prepared for painting (ion detection
tube method) (ISO 8502-5: 1998).
[69] EN ISO 8502-6:2006. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 6:
Extraction of soluble contaminants for analysis. The Bresle method (ISO 8502-6:
2006).

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

[70] EN ISO 8502-8:2006. Preparation of steel substrates before application of paints


and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 8: Field
method for the refractometric determination of moisture (ISO 8502-8: 2001).
[71] EN ISO 8502-9:2000. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 9: Field
method for the conductometric determination of water-soluble salts (ISO 8502-9:
1998).
[72] EN ISO 8502-11:2006. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 11: Field
method for the turbidimetric determination of water-soluble sulphate (ISO 8502-
11: 2006).
[73] EN ISO 8502-12:2004. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Tests for the assessment of surface cleanliness. Part 12: Field
method for the titrimetric determination of water-soluble ferrous ions (8502-12:
2003).
[74] EN ISO 8503-1:1995. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Surface roughness characteristics of blasted-cleaned steel
substrates. Part 1: Specifications and definitions for ISO surface profile
comparators for the assessment of abrasive blast-cleaned surfaces (ISO 8503-1:
1988).
[75] EN ISO 8503-2:1995. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Surface roughness characteristics of blasted-cleaned steel
substrates. Part 2: Method for the grading of surface profile of abrasive blast-
cleaned steel. Comparator procedure (ISO 8503-2: 1988).
[76] EN ISO 8503-3:1995. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Surface roughness characteristics of blasted-cleaned steel
substrates. Part 3: Method for the calibration of ISO surface profile comparators
and for the determination of surface profile. Focusing microscope procedure (ISO
8503-3:1988).
[77] EN ISO 8503-4:1995. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Surface roughness characteristics of blasted-cleaned steel
substrates. Part 4: Method for the calibration of ISO surface profile comparators
and for the determination of surface profile. Stylus instrument procedure (ISO
8503-4:1988).
[78] EN ISO 8503-5:1995. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Surface roughness characteristics of blasted-cleaned steel
substrates. Part 5: Replica tape method for the determination of the surface
profile (ISO 8503-5:2003).
[79] NP EN ISO 12944-4:1999. Tintas e vernizes. Protecção anticorrosiva de estruturas
de aço por esquemas de pintura. Parte 4: Tipos de superfície e de preparação de
superfície (ISSO 12944-4:1998).
[80] EN ISO 2063:2005. Thermal spraying. Metallic and other inorganic coatings. Zinc,
aluminium and their alloys (ISO 2063:2005).
[81] NP EN ISO 4628-3:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 3: Avaliação do grau de
enferrujamento (ISSO 4628-3:2003).
[82] NP EN ISO 4628-4:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de
revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 4: Avaliação do grau de
fissuração (ISSO 4628-4:2003).

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

[83] NP EN ISO 4628-5:2005. Tintas e vernizes. Avaliação da degradação de


revestimentos. Designação da quantidade e dimensão de defeitos e da
intensidade das alterações uniformes de aspecto. Parte 5: Avaliação do grau de
descamação (ISSO 4628-5:2003).
[84] NP EN ISO 11124-1:1998. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos metálicos para decapagem
por projecção. Parte 1: Introdução geral e classificação (ISO 11124-1:1993).
[85] NP EN ISO 11124-2:1998. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos metálicos para decapagem
por projecção. Parte 2: Granalha angular de ferro regelado (ISO 11124-2:1993).
[86] NP EN ISO 11124-3:1998. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos metálicos para decapagem
por projecção. Parte 3: Granalha esférica e angular de aço vazado de alto teor de
carbono (ISO 11124-3:1993).
[87] NP EN ISO 11124-4:1998. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos metálicos para decapagem
por projecção. Parte 4: Granalha esférica de aço vazado de baixo teor de carbono
(ISO 11124-4:1993).
[88] NP EN ISO 11126-1:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 1: Introdução geral e classificação (ISO 11126-
1:1993, incluindo Corrigendas Técnicas 1:1997 e 2:1997).
[89] NP EN ISO 11126-3:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 3: Escória da refinação do cobre (ISO 11126-
3:1993).
[90] NP EN ISO 11126-3:2003/Errata Set:2004. Preparação de substratos de aço antes
da aplicação de tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não
metálicos para decapagem por projecção. Parte 3: Escória da refinação do cobre
(ISO 11126-3:1993).
[91] NP EN ISO 11126-4:2004. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 4: Escória de caldeira a carvão (ISO 11126-
4:1993).
[92] NP EN ISO 11126-5:2004. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 5: Escória de refinação do níquel (ISO 11126-
5:1993).
[93] NP EN ISO 11126-6:2004. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 6: Escória de fundição do ferro (ISO 11126-
6:1993).
[94] NP EN ISO 11126-7:2004. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 7: Óxido de alumínio fundido (ISO 11126-
7:1995).
[95] NP EN ISO 11126-8:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 8: Areia de olivina (ISO 11126-8:1993).
[96] NP EN ISO 11126-8:2003/Errata Set:2004. Preparação de substratos de aço antes
da aplicação de tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não

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Pontes metálicas em ambiente marítimo: Metodologias de avaliação, reparação e protecção 2010

metálicos para decapagem por projecção. Parte 8: Areia de olivina (ISO 11126-
8:1993).
[97] EN ISO 11126-9:2004. Preparation of steel substrates before application of paints
and related products. Specifications for non-metallic blast-cleaning abrasives. Part
9: Staurolite (ISO 11126-9:1999).
[98] NP ISO 11126-10:2003. Preparação de substratos de aço antes da aplicação de
tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não metálicos para
decapagem por projecção. Parte 10: Granada almandite (ISO 11126-10:2000).
[99] NP ISO 11126-10:2003/Errata Set:2004. Preparação de substratos de aço antes
da aplicação de tintas e produtos similares. Especificação de abrasivos não
metálicos para decapagem por projecção. Parte 10: Granada almandite (ISO
11126-10:2000).

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