Livro Mediuns Mediunidades
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Livro Mediuns Mediunidades
e
Madiunidades
Sumário
Capítulo Título
1 A Religião Espírita
2 O Livro dos médiuns
3 Cepticismo ante a mediunidade
4 Evocação dos Espíritos
5 Consciência mediúnica
6 Dons mediúnicos
7 Ser médium
8 Fenômenos mediúnicos
9 Responsabilidade mediúnica
10 Objetivo da mediunidade
11 Problemas da mediunidade
12 Obstáculos à mediunidade nobre
13 Educação das forças mediúnicas
14 Mistificações na mediunidade
15 Rivalidades entre os médiuns
16 Obsessão na mediunidade
17I Médiuns em desconcerto
18 Médiuns-fenômenos
19 Médiuns imperfeitos
20 Médiuns instáveis
21 Médiuns exibicionistas e problemáticos
22 Médiuns sensacionalistas
23 Mediunidade e Jesus
24 Calvário dos médiuns
25 Médiuns seguros
26 Médiuns responsáveis
27 Médiuns profetas
28 Médiuns curadores
29 Médiuns iluminados
30 Mediunato
Médiuns e Mediunidades - Sumário
Os médiuns, na atualidade, como os antigos profetas a seu tempo, sofrem hoje, como
aqueles que padeceram, na época própria, a incompreensão dos seus coevos.
Atribuindo-lhes dons divinos, que constituem uma forma de transferência de valores,
sob a coerção de entusiasmos exagerados ou fanatismos injustificáveis, os que assim
o fazem, esperam colher resultados que lhes atendam às necessidades imediatas,
sem penetrarem no sentido real do ministério desses Obreiros do Senhor, cujas
faculdades devem ser colocadas a serviço de mais elevados fins que aqueles
meramente materiais, nos quais muitos indivíduos se demoram, ansiosos e
perturbados.
Não há dúvida de que, pela misericórdia do Amor, o Mestre permite que diariamente
mergulhem no corpo carnal missionários encarregados de promover o progresso
moral, espiritual e cultural das criaturas e da Humanidade, fazendo-os estagiar nos
múltiplos campos do conhecimento: nas ciências, na ética, nas artes, na filosofia,
modificando a paisagem do planeta que evolui no programa de ascensão entre os
mundos.
Da mesma forma, amplia a área da reencarnação de trabalhadores da mediunidade, a
fim de que mais amplas contribuições psíquicas possam apressar os ideais de
enobrecimento, sobretudo demonstrando a imortalidade do Espírito, a permanência da
vida após a morte física, a sua transformação cadavérica...
Embora a vulgarização do fenômeno mediúnico em toda parte, o cepticismo arma
ciladas, faz exigências, impõe condições, algumas das quais primando pelo absurdo,
numa verdadeira volúpia para negar o intercâmbio entre a vida sensorial e a espiritual.
Os homens especulam e investigam demoradamente. No entanto, quando defrontam
o fato, elaboram teorias que vestem com terminologia complexa, em contínuas
tentativas de negação da imortalidade da alma, cuja ideia parece repugnar a maioria
dos estudiosos da fenomenologia paranormal.
Abstraindo-nos das acusações de fraude, interferência demoníaca, mistificação
involuntária, surgem outras.
Ante as mediunidades escrevente e falante, apelam para a telepatia e as percepções
do inconsciente, que logra encontrar, nos arquétipos, os recursos para elucidar os
intrincados mecanismos da xenoglossia e das manifestações da ecmnésia nos
quadros das lembranças das vidas passadas.
Noutras vezes, recorrem à memória genética e às manifestações da hiperestesia
indireta do inconsciente, pescando nos arquivos de outras mentes as informações que
não podem ser contestadas.
Diante do profetismo, ora encaixado nas classificações de pré e retrocognição, como
na clarividência e clariaudiência, repetem as mesmas justificativas, arrolando-as como
resultante do próprio psiquismo do sensitivo.
Surgem, porém, as complexas condensações da ectoplasmia, nas materializações
luminosas ou não, nas desmaterializações, nos transportes, e os mesmos argumentos
são reencaixados com molduras novas, embora a repetição deles traga de volta
aqueles seres que afirmam haver vivido na Terra, identificando familiares e amigos,
recordando-se de acontecimentos que somente podem ser confirmados em buscas
realizadas a posteriori, deixando perplexos os perquiridores que, apesar disso,
permanecem duvidosos.
Defrontando as curas mediúnicas, mediante as intervenções espirituais, simplesmente
respondem com a justificativa da sugestão e equivalentes de pseudoenfermidades de
natureza histérica ou psicossomática...
Surgem, por fim, as cirurgias em campo aberto, sem assepsia, nem anestesia, com
hemóstase automática e, de imediato, a crítica ácida recorre ao não-convencional, ao
antiacadêmico, aos códigos de ética, esquecidos de que o convencional, o ético e o
acadêmico de hoje feriram frontalmente, no seu tempo, o que estava estabelecido
como correto e aceito. Ainda insatisfeitos, apontam os operados que desencarnam
posteriormente, sem dar-se conta de que a morte é fenômeno inevitável nos
soberanos códigos da vida, de que pessoa alguma se eximirá.
Invariavelmente, quando se recorre à terapia mediúnica, já malograram outros
métodos e recursos que foram inócuos, quando não perniciosos, às vezes, esperando-
se que os Espíritos substituam os órgãos destruídos em verdadeiros cadáveres, que
apenas respiram, tão comprometida se encontra a maquinaria orgânica.
Esperam-se milagres da mediunidade, e, quando algo ocorre ferindo o habitual,
embora jamais miraculoso, recusam-no, sob a alegação de não poder ser controlado.
Certamente respeitamos a valiosa contribuição da ciência, em todos os campos,
reconhecendo nos seus legítimos sacerdotes, apóstolos do bem a serviço de Deus.
Ninguém nega a ocorrência de fenômenos da personalidade, do próprio Eu espiritual
da criatura humana, que se apresenta em condições várias, exigindo cuidados e
estudos honestos.
Todavia, a multiplicidade de manifestações espirituais pela mediunidade convida os
homens sensatos e dignos a uma avaliação profunda das mesmas e à reflexão em
torno das suas causas, de modo a influenciar o seu comportamento moral, com
reflexos na sociedade sofrida destes dias, que necessita de apoio espiritual e diretriz
eficaz para rumar com segurança e harmonia.
Eis porque, diante de quaisquer expressões mediúnicas, a Doutrina Espírita conclama
o homem à renovação moral para melhor, demonstrando-lhe a sobrevivência da alma
e o futuro que o aguarda, assim predispondo-o à conscientização das finalidades da
existência física como preparação para a espiritual donde procede e para onde
retornará.
A desencarnação, que também alcança os médiuns, é etapa final das lutas terrenas, e
ninguém a evitará.
Enquanto isso não ocorre, cumpra cada qual com o seu dever, e os novos Profetas do
Senhor, sem o descoroçoamento nem soberba, avancem no integral cumprimento das
tarefas para cujos cometimentos renasceram na carne, utilizando-se, com sabedoria e
amor na ação da caridade, do tempo de que dispõem, sem muita preocupação com os
cépticos que, por muito tempo, existirão no mundo.
4
Evocação dos Espíritos
A frase de João Batista: "É necessário que Ele cresça, e que eu diminua" tem
atualidade no comportamento dos médiuns em todas as épocas, especialmente
em nossos dias tumultuados.
A semelhança do preparador das veredas, o médium deve diminuir, na razão
direta em que o serviço cresça, controlando o personalismo, a fim de que os
objetivos a que se entrega assumam o lugar que lhes cabe.
A mediunidade é faculdade amoral, a que os valores éticos do seu possuidor
oferecem qualificação.
Posta a serviço do sensacionalismo, entorpece os centros de registro e
decompõe-se. Igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai submetida,
passa ao comando de entidades perversas e frívolas, que se comprazem em
comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio como de
ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando-a para perniciosas obsessões.
Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e o personalismo do
homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo traçado, conduzindo-
o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.
Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio, que devem caracterizar
o comportamento psíquico do médium, cedem lugar à inquietação, à ansiedade,
aos movimentos irregulares das atrações externas, passando a sofrer de
irritação, de devaneios e da crença de que repentinamente se tornou pessoa
especial, irreprochável, não tendo ouvidos para a sensatez nem discernimento
para a eqüidade. Torna-se absorvido pelos pensamentos da vanglória, e,
disputado pelos irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, é levado à lenta
alucinação, que o atira ao abismo da loucura.
A faculdade mediúnica é transitória como outra qualquer, devendo ser
preservada mediante o esforço moral do seu possuidor, assim tornando-se
simpático aos bons Espíritos, que o inspiram à humildade, à renúncia, à
abnegação.
Quando o personalismo sensacionalista domina o psiquismo do homem,
naturalmente que o aturde, tomando-se mais grave nos sensores mediúnicos,
cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques vibratórios dos
indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas, sempre à cata
de novidades e variações, sem assumirem compromissos dignificantes.
São João Bosco, portador de excelentes faculdades mediúnicas, resguardava-
as da curiosidade popular, utilizando-as com discrição nas finalidades
superiores.
Santa Brígida, da Suécia, que possuía variadas expressões mediúnicas,
mantinha o pudor da humildade ao narrar os fenômenos de que se fazia objeto.
José de Anchieta, médium admirável e curador eficiente, agia com equilíbrio
cristão, buscando sempre transferir para Jesus os resultados das suas ações
positivas.
São Pedro de Alcântara, virtuoso médium, possuidor de "vários dons", ocultava-
os, a fim de servir, apagado, enquanto o Senhor, por seu intermédio, era
engrandecido.
Santa Clara de Montefalco procurava não despertar curiosidade para os
fenômenos mediúnicos de que era instrumento, atribuindo-os todos à graça
divina de que se reconhecia sem merecimento.
Os médiuns que cooperaram na codificação do espiritismo sensatamente
anularam-se, a fim de que a doutrina fixasse nas almas e vidas as bases da
verdade e do amor como formas para a aquisição dos valores espirituais
libertadores.
Todo sensacionalismo altera a face do fato e adultera-lhe o conteúdo. Quando
ele se expressa no fenômeno mediúnico, cor- rompe-o, descaracteriza-o e
coloca-o a serviço da frivolidade.
Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o engano do sensacionalismo,
não obstante as justificações sob as quais se resguardaram, desceram as
rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que se deixaram fascinar
pelos seus espetáculos, nos quais o ridículo passou a figurar.
O tempo, esse lutador incessante, encarrega-se de aferir os valores e
demonstrar que a "árvore que o Pai não plantou" termina por ser arrancada.
Quando tais aficcionados da mediunidade bulhenta se derem conta do erro,
caso isto venha a acontecer, na Terra, possivelmente o caminho de retorno à
sensatez estará muito longo e o sacrifício para percorrê-lo os desencorajará.
Diante do sensacionalismo mediúnico, recordemo-nos de Jesus, que, após os
admiráveis fenômenos de socorro às massas, jamais aceitava o aplauso, as
homenagens e gratulações dos beneficiários, recolhendo-se à solidão, para, no
silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai, a Eterna Fonte Geradora do
Bem.
* João 3:30 (Nota do autor espiritual).
23
Médiuns e Jesus
Envolta em auréola mítica por largos séculos, a mediunidade tem sido confundida
na sua realidade paranormal, transitando do estado de graça à condição de
demonopatia ou degeneração psicológica da natureza humana.
Homenageada em alguns períodos da história, noutros detestada e perseguida
com dureza, ainda permanece ignorada pela presunção de uns, pela ignorância de
outros, pelos preconceitos que teimosamente se demoram, dominadores, no
organismo sócio-cultural dos nossos dias.
Allan Kardec foi o corajoso investigador que lhe penetrou as causas e estudou-a à
saciedade, estabelecendo critérios justos de avaliação e técnicas próprias para a
sua compreensão, análise e desdobramento de suas possibilidades psíquicas. As
suas inquirições abrem espaços científicos e culturais para um conhecimento
lógico dessa faculdade, desvestindo-a de todas as superstições, fantasias e
acusações de que tem sido vítima.
Mediante linguagem clara e fácil ao entendimento de todos, examinou a
mediunidade sob os pontos de vista orgânico, psicológico, psiquiátrico e
sociológico, concluindo pela sua legitimidade e amplos recursos para a perfeita
integração do homem na harmonia da natureza, estabelecendo diretrizes morais
para o seu exercício e regras comportamentais para a sua demonstração científica,
elaborando um tratado extraordinário, que permanece o mais completo a respeito
da paranormalidade humana, o insuperável O Livro dos Médiuns.
Apesar disso, a mediunidade e os médiuns prosseguem como motivo de surpresa,
admiração e sarcasmo, conforme o meio social onde se apresentem.
Utilizados, invariavelmente, para futilidades e divertimentos, sofrem o
barateamento da ingerência de pessoas astutas, porém, desinformadas, que
pretendem conduzi-los a proveito próprio ou para exibição em espetáculos que se
caracterizam pelo ridículo decorrente da ignorância de que são portadores.
Chamam a atenção pelo exibicionismo vulgar e logo desaparecem, quais cometas
que passam com celeridade, sem maior benefício para o zimbório sombrio por
onde deambulam, errantes.
A mediunidade, exercida com elevação de propósitos, séria e digna, tem sofrido a
incompreensão e a agressividade daqueles que gostariam de utilizá-la nos jogos
da ilusão e do prazer. Por conseqüência, os médiuns sinceros e honestos, de
conduta moral incorruptível, pagam alto preço pela vida moral a que se entregam e
por se fazerem dóceis às orientações dos seus guias espirituais, que não convivem
com idéias, discussões estéreis, rivalidades de indivíduos, grupos, nem sociedades
que se entregam ao campeonato da vaidade.
Atacados nos próprios arraiais do movimento no qual laboram, são levados à praça
pública do ridículo por companheiros apressados, sem nenhuma folha de serviço
apresentada à causa espírita, mas, hábeis nos aranzéis da agressão, escrevendo
ou falando por mecanismo de transferência psicológica, atirando no trabalhador o
que se encontra neles próprios e descarregando a mal disfarçada inveja que os
leva a competir, às vezes, inconvenientemente, quando deveriam compartir e
participar do serviço de iluminação de consciências ao qual ele se entrega.
Sucede que se encontram teleguiados por mentes insanas, que sempre
combateram e perseguiram os instrumentos das Vozes lúcidas do além-túmulo,
que vêm despertar os homens e adverti-los das ciladas preparadas por esses
adversários desencarnados, incansáveis nos seus malfadados programas de
perturbação e crimes, obsessão e loucura...
Além desses, que medram com exuberância, nos dias atuais, a dureza dos
descrentes e gozadores sempre está disposta a agredir os médiuns e acusá-los de
serem portadores de desequilíbrios da mente, do sexo, da conduta, por serem
diferentes, isto é, por adotarem um comportamento saudável, que aqueles têm
como incompatível com os dias de luxúria e abuso de toda natureza, ora vigentes.
Outros perseguidores ainda repontam em pessoas que procuram depender
emocionalmente do amigo da mediunidade, e que, contrariadas por este ou aquele
verdadeiro ou falso motivo, levantam-se para infligir maior soma de sofrimentos em
quem sempre lhes aturou a preguiça mental, as irregularidades morais com
paciência, brindando-lhes palavras amigas e consoladoras...
Já não se apedrejam, nem se encarceram ou conduzem à fogueira os médiuns.
Todavia, a maledicência e a acrimônia, a crítica sistemática e as exigências de
consultas largas, quão inócuas, constituem prova e martírio para os instrumentos
abnegados que se entregam ao ministério com unção.
Além do círculo de ferro exterior que os comprime, a sua condição humana exige-
lhes muitas renúncias silenciosas, que os amigos fingem não ver, por considerarem
que a mediunidade, segundo alguns, é um privilégio que libera o seu portador das
aflições e processos de evolução pela dor.
Carregando todos os problemas inerentes à sua situação evolutiva, remuneram a
alto preço a existência, em holocaustos admiráveis e perseverantes no bem, que
os credencia a receber maior assistência e amor dos seus amigos espirituais.
Por fim, sofrem o assédio das entidades inimigas do progresso da humanidade - e
dos seus próprios adversários espirituais - que os não perdoam pela tarefa que
desempenham em favor de si mesmos e das demais criaturas.
O calvário dos médiuns é oculto e deve ser vivido com dignidade, sem queixas ou
reclamações, pois que é também o pórtico da ressurreição gloriosa, de onde se
alçarão às regiões felizes, após cumpridas as tarefas de amor e esclarecimento, de
caridade e perdão para as quais reencarnaram.
Têm por Modelo Jesus, que lhes permanece como o Conquistador Inconquistado
que, morrendo por amor, distribui vida para todos aqueles que O buscam e crêem,
servem e passam, rumando na direção da imortalidade.
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Médiuns Seguros