Exercícios Físicos No Tratamento Da Depressão
Exercícios Físicos No Tratamento Da Depressão
Exercícios Físicos No Tratamento Da Depressão
Silvia Simoni
2014
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ATIVIDADE FÍSICA E DEPRESSÃO
Silvia Simoni
2014
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Simoni, S. (2014) Atividade física e depressão - Estudo Preliminar em um Health
Club da Ilha da Madeira. Porto: Simoni, S. Dissertação apresentada para obtenção
do Grau de Mestre em Atividade Física Adaptada, da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
iv
Dedicatória
Esta dissertação é dedicada à minha grande amiga P.R.C (in
memoriam). O seu sorriso, alegria e boa disposição para com os
amigos, escondiam uma grave depressão, que acabou por retirá-la
prematuramente do nosso convívio. Saiu das nossas vidas no auge
dos seus 34 anos mas, os 30 anos de amizade e de boas risadas
serão sempre recordados pelos seus verdadeiros amigos.
i
ii
Agradecimentos
Silvia Simoni
iii
iv
Índice Geral
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................. VII
RESUMO .....................................................................................................................................................IX
1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1
5. RESULTADOS ...................................................................................................................................... 53
6. DISCUSSÃO .......................................................................................................................................... 59
7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 65
8. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................... 67
9. ANEXOS ................................................................................................................................................ 77
v
vi
Índice de Tabelas
Tabela 8 – Comparação das variáveis analisadas no estudo em indivíduos com e sem depressão
............................................................................................................................................................. 57
vii
viii
Resumo
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é dos mais sérios problemas de saúde
pública no século XXI. Estima-se que 17% das pessoas adultas sofram de depressão em algum
período da sua vida. Em Portugal, estima-se que 20% da população tenha depressão, culminando
em 1.200 mortes/ano. A depressão, quando não culmina em morte, pode trazer graves
consequências à vida das pessoas, como: perda de autonomia, agravamento de patologias já
existentes, aumento do risco de suicídio e redução da qualidade de vida. Como terapia para
tratamento da depressão, recomenda-se a farmacoterapia, fototerapia, terapia electroconvulsivas,
acupuntura e a psicoterapia, incluindo nesta última, as terapias, massagens, relaxamento e a
atividade física [AF]. No que toca a AF, apesar de existirem estudos sobre AF e a depressão, ainda
existem lacunas neste tema, como a falta de guidelines portugueses, assim que as correlacionem
em um contexto de Health Clubs. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo caracterizar
os clientes de um Health Club da Ilha da Madeira, identificando a presença de depressão entre os
clientes e estabelecendo uma comparação entre indivíduos com e sem depressão, no que toca a
AF. A amostra trata-se de 193 clientes de um Health Club na Ilha da Madeira, dos quais 6%
apresentaram sintomatologia depressiva, segundo o Inventário de Depressão de Beck [IDB], versão
portuguesa de Vaz Serra & Pio Abreu (1973). Através da estatística descritiva, obteve-se a seguinte
caracterização da amostra com depressão: são na maioria mulheres, com idade entre 26 e 40 anos,
solteiros, com ensino superior, com prática de AF superior a três anos, frequência superior a 3
vezes por semana e sessões de treino de 45 a 60’, com preferência de acompanhamento de
Personal Trainer e com tipos de atividade realizadas com mais frequência e tipo de atividade com
maior prazer as aulas de nível 2 e 3, máquinas cardiovascular e máquinas de resistência. Conclui-
se que os praticantes de AF em Health Club têm menores índices de depressão do que a população
portuguesa em geral, o que se acredita estar relacionado com a prática da AF e as melhorias da
depressão. AF entre 60 e 90% da Frequência Cardíaca Máxima [FCMáx], são as que mais
benefícios psicológicos trazem, além de serem as preferidas pelos indivíduos com depressão, no
que toca ao tipo de AF mais praticada e ao tipo de AF que mais prazer proporciona. Assim, sugere-
se que os professores de Educação Física sejam referência dos indivíduos com depressão;
especializem-se em treino personalizado; busquem conhecimento sobre esta patologia e a
prescrição de AF para este grupo.
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Abstract
According to the World Health Organization, depression is the most serious public health problem in
the XXI century. It is estimated that 17% of adults suffer from depression at some point in their lives.
In Portugal, it is estimated that 20% of the population has depression, culminating in 1,200 deaths /
year. Depression, when it culminates in death, can bring serious consequences to people's lives,
such as: loss of autonomy, worsening of existing diseases, increased risk of suicide and reduced
quality of life. As therapy for treatment of depression, it is recommended pharmacotherapy,
phototherapy, electroconvulsivas therapy, acupuncture and psychotherapy, the latter including,
therapies, massages, relaxation and physical activity [PA]. Regarding the PA, although there are
studies on PA and depression, there are still gaps in this area, as lack of Portuguese guidelines, so
that correlate in a context of Health Clubs. In this sense, this study aims to characterize the clients of
a health club of Madeira, identifying the presence of depression among customers and establishing a
comparison between subjects with and without depression, when it comes to PA. The sample it is
193 customers a Health Club in Madeira, of which 6% had depressive symptoms, according to the
Beck Depression Inventory [BDI], the English version of Vaz Serra & Pio Abreu (1973). Using
descriptive statistics, we obtained the following characterization of the sample with depression are
mostly women aged between 26 and 40 years old, single, college-educated, practicing with PA than
three years, more frequently than three times per week and training 60 ', preferably with monitoring
Personal Trainer and types of activity undertaken more frequency and type of activity with great
pleasure classes levels 2 and 3, cardiovascular machines and resistance machines sessions. We
conclude that the practitioners of PA in Health Club have lower rates of depression than the
Portuguese population in general, which is believed to be related to the practice of PA and
improvements of depression. PA between 60 and 90% of Maximum Heart Rate [MHR], which are
more psychological benefits they bring, and are preferred by individuals with depression, with regard
to the type of AF and most practiced type of PA that provides more pleasure. Thus, it is suggested
that physical education teachers are "the" reference individuals with depression; specialize in
personal training; seek knowledge about this disease and the prescription of PA for this group.
xi
xii
Índice de Abreviaturas
AF – Atividade física
EEG – Eletroencefalogramas
FC – Frequência Cardíaca
HPA – Hipotálamo-hipófise-adrenal
xiii
PDM – Perturbação Depressiva Maior
xiv
1.Introdução
2
2. Revisão de Literatura
3
sua vez são causadores de um impacto significativo no bem-estar geral do sujeito
em todas as idades.
Partindo-se do princípio que as pessoas se motivam a fazer aquilo que lhes
permite satisfazer as suas necessidades, o estudo do perfil psicológico dos
praticantes torna-se fundamental na orientação do seu envolvimento com a prática
da AF (Cid et al., 2007). O conhecimento produzido numa avaliação neste domínio
pode ajudar à promoção de um clima motivacional positivo, sensação de felicidade
e satisfação pessoal, ou seja, a qualidade de vida da qual faz parte o bem-estar
psicológico. Os mesmos autores reforçam que, é fundamental ter presente que a
AF é imprescindível para a saúde do ser humano, contribuindo de forma decisiva
para o seu bem-estar físico, social e psicológico.
Sendo a AF importante para a saúde do ser humano, como referido acima,
Cavallini et al. (2011), apontam os benefícios da AF sobre os aspetos psicológicos
e sociais tais como: melhora do autoconceito, melhora da autoestima, melhora do
humor, melhora da imagem corporal, desenvolvimento da autoeficácia, diminuição
do stresse e da ansiedade, diminuição da tensão muscular e da insônia, diminuição
do consumo de medicamentos, melhora das funções cognitivas e da sociabilização.
É importante salientar que, Cid et al. (2007) referem que, para a obtenção de tais
benefícios faz-se necessário que as pessoas se integrem e se mantenham em AF
regular, exigindo assim novas e diferentes abordagens da AF e, para tal, a
psicologia da AF, bem como o conhecimento da pessoa com que se está a
trabalhar, pode ter um papel decisivo.
Dentre as recomendações atuais da American College of Sports Medicine
[ACSM] (2007) para obtenção de benefícios à saúde estão a acumulação de 30
minutos ou mais de atividades físicas [AFs], preferencialmente diárias, de
intensidade moderada (entre 3 e 6 METs), ou realizar 60 minutos de atividades
vigorosas em pelo menos 3 três vezes na semana. Estas últimas atividades
deveriam ter intensidade superior a 7 METs (sete vezes a energia gasta em
repouso) e poderiam ser do tipo: jogging, andar de bicicleta, natação, entre outros.
O ACSM (2000) descreve as atividades aeróbias como aquelas em que o
treino é realizado entre 60% e 80% da FCMáx. Estas AFs, estimulam a função dos
sistemas cardiorrespiratório e vascular, bem como interferem no metabolismo,
aumentando a capacidade cardíaca e pulmonar para suprir de energia o músculo a
partir do consumo do oxigênio. No exercício anaeróbio, realizado entre 80% e 90%
4
da FCMáx, ou no limiar máximo (entre 90% e 100% da FCMáx), há um esforço
intenso realizado por um número limitado de músculos e há produção de ácido
lático. São exemplos de exercícios anaeróbicos os de velocidade com ou sem
carga, de curta duração e alta intensidade, como a corrida de cem metros rasos, os
saltos, o arremesso de peso. Exercícios de força ou exercícios resistidos, com peso
como a musculação também são considerados como exercício anaeróbio. Estas,
são AFs breves de alta intensidade nas quais o metabolismo anaeróbico acontece
nos músculos.
Baseado nos benefícios da AF já descritos, nas recomendações do ACSM
sobre a intensidade e frequência da prática da AF e, partindo do pressuposto que,
nem todos os indivíduos detêm conhecimento necessário para adotarem hábitos de
vida saudáveis sem acompanhamento de profissionais e/ou organismos de apoio, é
que, em 1981 foi criada a Internacional Health, Racquet & Sportclub [IHRSA] cuja
missão é proporcionar o crescimento, proteger e promover a indústria de saúde e
fitness, em especial de ginásios, Sports Clubs e Health Clubs (International Health,
Racquet & Sportclub [IHRSA], 2013).
A indústria do fitness surge por volta dos anos 40 nos EUA, com pequenos
ginásios. Os equipamentos eram pesos livres e os bancos de apoio para a
execução dos mesmos. Nos anos 60, surgem as primeiras máquinas de
musculação, que davam maior segurança aos usuários. Nos anos 70, houve o
aperfeiçoamento das mesmas e o desenvolvimento de máquinas de musculação
Nautilus e o aparecimento do cicloergómetro eletrónico Lifecycle. Foi também
naquela época que, através de estudos financiados pela NASA, defendeu-se que
os exercícios mais eficazes para melhorar a condição física seriam os exercícios
aeróbios, surgindo e difundindo-se assim o jogging e os exercícios aeróbios que
combinavam passos de dança com saltos e corrida com exercícios localizados,
realizados ao som de músicas alegres e empolgantes (Pedragosa, 2012).
Nos anos 80, Arnold Schwarzenegger e Jane Fonda foram impulsionadores
do treino de força e das aulas de aeróbicas, concomitantemente com a criação de
organizações ligadas ao fitness e com a construção de grandes ginásios e cadeias
5
de Health Clubs. Foi entretanto os anos 90, a caracterização da explosão
internacional do fitness, com a criação de ginásios e Health Clubs destinados às
famílias, estúdios polivalentes dentro dos espaços de modo a abranger as
diferentes aulas de grupo. Foi nessa altura que se verificou a fusão e o conceito
integrado entre spa, atividades físicas estandardizadas (padronizadas), ofertas de
serviços de yoga, pilates, spinning, musculação, treino personalizado, programas
específicos para crianças e terceira idade e inovação dos equipamentos
(Pedragosa, 2012).
O conceito de ginásio e Health Clubs diferenciam-se, de acordo com a
IHRSA citado por Pedragosa (2012) e Ferreira (2012), pela oferta dos serviços e
pelas dimensões físicas dos espaços. Para a IHRSA, os ginásios têm área total
que varia entre 900 m2 e 2.500 m2 (um sócio por m2), com área para pesos livres e
cardiovascular, estúdios para aulas de grupo de balneários, enquanto os Health
Clubs têm áreas que variam entre 3.000 m2 e 9.000 m2 (um sócio para cada 2,5
m2) onde existe espaço para ginásio, piscina, spa, entre outras atividades.
Nos Health Clubs, a prática da AF não constitui a única oferta de serviços.
Estética, massagens, serviços de bar, aluguer de instalações, organização de
eventos, treinos personalizados, entre outros, constituem o rol de atividades
oferecidas por estes espaços, tornando-os polos de AF, saúde, bem-estar e lazer
(J. P. R. Silva, 2014).
Segundo os dados atuais da IHRSA (2013), existem atualmente 153.000
Health Clubs em todos o mundo, com 131,7 milhões de associados e que geram
uma renda de 75,7 bilhões de dólares. Acredita-se que a expansão deste sector
seja estimulada por uma série de técnicas e inovações que se processam
continuamente, bem como a criação de novas modalidades e de novos programas
de treinamento.
Em Portugal, apesar do acesso ao desporto estar consagrado no Art. 79 a
Constituição Portuguesa de 1976, como um direito do Cidadão (“Constituição
Portuguesa,” 1976) e, tendo conhecimento dos inúmeros benefícios que a prática
dos mesmos traz aos praticantes, a popularização e oferta do mesmo, tem-se
desenvolvido sobretudo pela iniciativa privada, em ginásios, academias ou Health
Clubs, tendo o seu acesso, normalmente, condicionado à capacidade econômica
das famílias, tornando-o acessível à pequena parte que possui mais recursos
financeiros (P. T. M. Silva, Souza, & Neto, 2013).
6
Segundo uma pesquisa realizada por E. Santos & Correia (2011), Portugal
tem dois períodos distintos na indústria do fitness: um inicial até 1998 e outro que
surge a partir desta data. No primeiro período, o setor era predominantemente
voltado para o sexo masculino, sem marketing associado, e voltado para a
componente técnica. Em 1998, com a entrada da cadeia Holmes Place Health
Clubs, deram-se profundas alterações na indústria do fitness portuguesa. A cultura
desta empresa contribuiu para uma nova forma organizacional e de marketing para
o mercado, apostando na diferenciação através da marca, na inovação de produtos
através do treino personalizado, num segmento-alvo bem definido e na qualidade e
satisfação dos sócios.
A Holmes Place Health Club é uma multinacional inglesa que opera no
mercado europeu de fitness desde 1979. Com a sua origem em Chelsea, Londres,
a empresa expandiu-se ao nível europeu, pela primeira vez para Portugal em 1998,
com o primeiro clube no Centro Empresarial Quinta da Fonte, em Oeiras. Na altura
contava com 2500 associados e 50 colaboradores. Em Setembro de 2008 abriu o
seu primeiro Health Club fora de Portugal Continental, especificamente no Funchal,
Madeira. Neste momento, a empresa conta com mais de 80 clubes, distribuídos por
10 países (J. P. R. Silva, 2014).
Dentre as AFs oferecidas pela Holmes Place Health Clubs, disponíveis na
Ilha da Madeira, pode-se destacar as aulas de grupo, AFs no ginásio e treino
personalizado. Abaixo, estas AFs serão descritas conforme critérios de
classificação da Holmes Place Health ClubsTM e/ou da Les MillsTM, detentora de
alguns programas oferecidos na rede.
a) Aulas de grupo
7
i. Atividades de grupo nível 1 – ActivateTM, Yoga e Pilates
8
dos programas Sh’BamTM, Body PumpTM, Body BalanceTM, ou pela Holmes Place
Health ClubsTM, detentora do programa Made in BrasilTM.
A aula de total condicionamento é um treino que combina movimento de
aeróbia, step e ginástica localizada. Ajusta-se à condição física de cada
participante.
O Sh’BamTM, aula de dança com estilos atuais, entre os quais o hip hop,
house, rn’b e pop, em que o encadeamento das sequências é muito simples e
acessíveis independentemente do grau de coordenação ou condição física.
Já o Made in BrasilTM, é um típico treino de glúteos e pernas brasileiro em
formato de 30 minutos. Muito localizado e focado nessas áreas do corpo, tonifica e
fortalece os membros inferiores.
O programa Body PumpTM é uma aula de tonificação muscular que utiiza
uma barra onde se podem colocar vários discos para aumentar a carga de treino.
Pfitzinger & Lythe (2003) analisaram o consumo aeróbico e gasto calórico durante
uma sessão de Body PumpTM e concluiu que, durante 38 minutos dos 60 minutos
da referida aula, a frequência cardíaca da amostra esteve acima dos 70% da
FCMáx.
A aula de Body BalanceTM, aula holística que mistura música com a prática
de tai-chi, yoga e Pilates é muito agradável e relaxante, sendo desafiante em
alguns momentos para permitir aprendizagem e evolução. Para Rodrigues (2004)
cujo estudo buscou caracterizar a intensidade da aula de Body Balance TM, a FC
média encontrada no estudo realizado, variou entre 40% - 60% da FCMáx. Durante
a aula, o que, segundo a literatura, a realização de atividades físicas nessa faixa de
percentual de FC, não acrescenta melhoras no condicionamento aeróbio das
praticantes. Esta modalidade, para a autora, tem como benefícios condicionamento
postural, que utiliza exercícios de flexibilidade e força, baseados nos movimentos
de Tai Chi Chuan, Pilates e Yoga, objetivando diminuir os níveis de tensão,
melhorar a flexibilidade, a resistência de força, a concentração, relaxamento e
melhoria da postura.
As aulas inseridas no grupo acima descritas como aulas de grupo nível 2
podem, em função da FCMáx durante o exercício, serem caracterizadas como nível
moderado a intenso ou difícil, com alguns momentos da aula de nível muito
intenso.
9
iii. Atividades de grupo nível 3 – RPMTM, AirfitTM, WarriorTM, X-celerateTM
10
Já as aulas de X-celerateTM são aulas intensas de aeróbica de alto impacto,
muito simples de seguir e altamente enérgica. Permite o treino de várias qualidades
físicas como força, coordenação, cardiovascular, entre outras.
Todas as aulas inseridas neste grupo podem ser consideradas, em função
da FCMáx (acima de 70% da FCMáx) e da escala adaptada de Borg, como muito
difíceis ou muito intensas.
b) Atividades no ginásio
11
segurança. É também neste espaço que são desenvolvidos os treinos de Personal
Trainer. Neste espaço o cliente pratica diferentes sequências em máquinas de
resistência, com pesos livres ou ainda sobre bases instáveis, como bolas, pranchas
e bastões, e aciona os músculos e articulações de forma isolada ou global,
dependendo do tipo de treino prescrito.
c) Treino Personalizado
12
2.2 Depressão
13
âmbito do planeamento em saúde (Murray & Lopez, 1996; Gusmão et al., 2005).
Ao calcular o tempo de vida saudável perdido, que reflete não só a taxa de
mortalidade, mas também a de morbilidade da doença, o GBD evidenciou o peso
das doenças mentais e em particular da depressão.
A OMS alerta para o fato de que, se persistir a incidência da depressão, até
2020 ela estará em segundo lugar, perdendo apenas para a doença isquémica
cardíaca. A elevada e crescente prevalência de depressão em todo o mundo e os
graves impactos que esta produz, configuraram-na como um dos mais sérios
problemas de saúde pública no início do século XXI (Organização Mundial de
Saúde, 2001).
No mundo, a depressão afeta aproximadamente 121 milhões de pessoas
(Organização Mundial de Saúde, 2001). Nas Américas, já constitui a primeira causa
de incapacidade, superando até as enfermidades cardiovasculares (Ustün et al.,
2004). No que toca às perturbações mentais, Portugal tem uma prevalência de
sintomas muito superiores aos restantes países do Sul da Europa, com 23% dos
portugueses afetados, o que só se aproxima dos 26,3% americanos (Campos,
2009). Especificamente sobre a depressão, estima-se que em Portugal, 20% da
população tenha esta doença, culminando em mais de 1200 mortes/ano (SNS,
2006; Reis, 2012 ).
No topo das perturbações mentais mais encontradas estão a ansiedade e a
depressão. Um estudo constata ainda que os mais afetados são as mulheres, os
jovens dos 18 aos 24 anos, as pessoas mais atingidas pela solidão, e com nível
baixo e médio de literacia. Apesar das mulheres serem as mais acometidas pela
depressão, são os homens que lideram as taxas de suicídio em decorrência da
doença (Reis, 2012).
Para Cavallini et al. (2011), os altos níveis de depressão encontrados podem
estar ligados às relações pessoais, que se têm tornado cada vez mais complexas,
deixando as pessoas insatisfeitas e com o seu convívio familiar e social. Esta
insatisfação nas relações pessoais gera níveis de tensão e insegurança maiores,
alterando o seu estado de humor, estado emocional e, refletindo diretamente com
diversos sentimentos, sejam eles negativos (tensão, raiva, fadiga e depressão) ou
positivos (autoestima, vigor e bem-estar). Além disto, Guariente (2002), refere a
depressão como um distúrbio mental decorrente de um conflito interno de uma
alteração bioquímica. Esse conflito interno pode ser desencadeado por vários
14
fatores: psíquicos, orgânicos e sociais. A intensidade do conflito interno e a sua
durabilidade determinarão a gravidade da depressão, assim como o rompimento
que o indivíduo terá com a sua realidade interna e externa. Assim sendo, a
depressão pode ser classificada de três formas: depressão leve, moderada e grave
(Kuritza & Gonçalves, 2003). Já no Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação
Psiquiátrica Americana na 4a edição (DSM-IV) citado por Cheik et al. (2003) e Reis
(2012), as perturbações depressivas são classificadas em: depressão maior,
distimia, e transtorno depressivo sem outra explicação.
Kuritza & Gonçalves (2003) descrevem que na depressão leve, as pessoas
apesar da doença, conseguem trabalhar e se orientar, mesmo com algum
comprometimento da coerência psíquica e sócio-histórica. Na depressão
moderada, as pessoas têm maior dificuldade em suportar a pressão e apresentam
maiores comprometimentos no rendimento e produção, bem como na clareza e na
percepção. Para Girdwood et al. (2011), a depressão moderada, que costuma ser
crónica, é denominada distimia, que por sua vez, gera um quadro de mau-humor
permanente e faz com que as pessoas acometidas por esta doença tenham
padrões de comprotamento inflexível diante de situações da vida pessoal ou social.
Na depressão grave, as pessoas rompem com tudo e todos, isolam-se, e a doença
pode levá-las à morte (Kuritza & Gonçalves, 2003). A depressão grave ou
depressão maior, além do já referido, faz com que os doentes deprimidos não
acreditem nas suas próprias capacidades de tal modo que passam a ter medo de ir
trabalhar, evitando assumir responsabilidades e aumentando a sensação de
inutilidade e culpa (Reis, 2012).
Para Moniz (2007), indivíduos deprimidos têm cerca de uma vez e meia mais
custos com a saúde do que os não deprimidos. Por outro lado, para além dos
elevados custos económicos, também ocorre uma multiplicidade de custos
emocionais, entre os quais o término da vida. Sabe-se que, quando são
devidamente tratadas, 70% das depressões resolvem-se completamente, 20%
mantêm-se residuais e apenas 10% se tornam crónicas. Pessoas com depressão
apresentam maiores gastos com a saúde, incapacidade para o trabalho e menor
adesão a tratamentos médicos prescritos (Simon, 2003).
Face aos dados acima descritos, a depressão na sociedade moderna,
constitui um importante problema de saúde pública, que preocupa as autoridades
responsáveis em razão da sua prevalência e das características patológicas que
15
essa doença adquirem (Mesquita, 2013). Os sintomas comprometem a capacidade
de os indivíduos desenvolverem suas atividades na vida diária e acarretam
prejuízos no desempenho profissional e nas relações interpessoais e, assim sendo,
à qualidade de vida.
16
mente que influencia o corpo ou é o corpo que influencia a mente? A depressão é
um desequilíbrio químico ou uma fraqueza humana?
Desde a Idade Média existem hospitais para abrigar doentes mentais.
Segundo Gonçalves & Machado (2007), foi na segunda metade do século XVII, que
a loucura, resultante de uma reorganização social, foi associada à ociosidade e
começa a ser vista como um elemento perturbador da ordem moral e social que
precisa ser corrigida.
Para Solomon (2002), o trabalho árduo foi considerado, no século XVII,
como o melhor remédio para a depressão, visto que a melancolia, o desalento, o
desespero e frequentemente o suicídio são a consequência da visão sombria das
coisas no estado relaxado do corpo.
Com o acelerado desenvolvimento científico no século XVIII, surgem as
primeiras teorias que vão dar origem aos pensamentos atuais. Friedrich Hoffman
foi o primeiro a sugerir que a loucura seria uma doença hereditária (Solomon,
2002).
Dentre os doentes mentais, os deprimidos eram os relativamente dóceis e
por isso, os tratamentos a que eram submetidos eram mais amenos. Por ser
considerada intratável, as pessoas que sofriam das formas mais graves eram
submetidas a tratamentos aterrorizantes, como causar dor física, para distrair da
dor da mente, afogamentos e dispositivos para fazerem os melancólicos vomitarem
e desmaiarem (Solomon, 2002).
No início do século XX, deu-se a consolidação da psiquiatria, surgindo
movimentos sociais e comunitários que visavam modificar as formas de
atendimento e assistência ao paciente (Gonçalves & Machado, 2007).
Em 1917, Sigmund Freud escreveu Luto e melancolia, afirmando que a
melancolia é uma forma de luto e que surge de uma sensação de perda de libido.
Considera que, na melancolia, o ego se torna pobre e vazio (Solomon, 2002).
A descoberta dos antidepressivos, no ano de 1950, constituiu um avanço
para o tratamento da depressão. Os mecanismos de ação mantem relação com os
neurotransmissores. Ainda naquela década, vários estudos foram realizados para
se descobrir quais seriam os neurotransmissores que regulavam as emoções,
porém ainda não havia pesquisas conclusivas (Gonçalves & Machado, 2007).
A depressão, no início do século XXI, é catalogada na Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde [CID]
17
e no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais [DSM],
recebendo abordagens científicas, como a médica, a psicanalítica e a cognitivista
(Gonçalves & Machado, 2007).
Estes mesmos autores referem que, após 25 séculos decorridos, volta-se
para Hipócrates, colocando a depressão como uma doença que envolve alterações
cerebrais, embora estes não estejam presentes em todos os pacientes, havendo
assim vários tipos de depressão diagnosticadas. Até os dias atuais, estes não
entendem por que um paciente sofre apenas um episódio depressivo, outros têm
várias recaídas, tomando antidepressivos para o resto da vida e outros ainda
cometem o suicídio (Gonçalves & Machado, 2007).
Para Girdwood et al. (2011), as pressões socioeconômicas, estéticas e
culturais impostas pela sociedade, agravando-se pelo aumento do stresse,
obesidade, alcoolismo, uso de drogas ilícitas e indiscriminado de medicamentos,
entre outros, são causas deste aumento abrupto dos casos de depressão no último
século.
Atualmente, existem várias formas de tratamento que podem ser usadas
como terapêutica principal ou complementar, dentre as quais pode-se citar:
farmacológica, massagem, AF, fototerapia, psicoterapia, entre outros. Todas estas
terapêuticas estão referidas no item 2.2.4 deste estudo.
18
de stresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo, doenças clínicas,
ou ainda como resposta a situações stressantes, ou a circunstância sociais e
econômicas adversas.
Acredita-se também que, pessoas com uma ou mais doenças crónicas
apresentam maior prevalência de depressão, mesmo após ajuste pelas variáveis
demográficas, socioeconómicas e de uso de serviços de saúde (Boing et al., 2012).
Tal como diz Campbell (2009, p. 824), a depressão é uma:
“ Síndrome clínica que consiste em um rebaixamento do
humor (sentimentos de abatimento doloroso ou humor
irritável), perda de interesse ou prazer em comparação com o
estado pré-mórbido do indivíduo, retardo ou agitação
psicomotora e dificuldade no pensamento ou na
concentração. Queixas de fadiga ou perda de energia e de
sentimentos de inutilidade e culpa são comuns. O paciente
deprimido com frequência tem pensamentos de morte
recorrentes, e um número significativo deles tenta o suicídio
ou planejam fazê-lo”.
A história familiar, adversidade na infância, aspetos associados à
personalidade, isolamento social e exposição à experiências stressantes podem
ser alguns dos fatores apontados como sendo de risco para desenvolvimento da
depressão (L. H. S. G. de Andrade et al., 2006). Também é possível que fatores
genéticos influam na vulnerabilidade para eventos depressogênicos de modo
diferencial em meninas pós-puberais comparadas a meninas pré-puberais e a
meninos pré e pós-puberais (Andrade, 2011).
A diminuição na variabilidade da frequência cardíaca, níveis elevados de
cortisol, e impacto no sistema nervoso autónomo, em fatores metabólicos e no eixo
hipotálamo-pituitária, podem também estar relacionados com eventos depressivos
(Boing et al., 2012). Os mesmos autores afirmam que, por motivos biológicos,
populações com menor experiência de eventos depressivos podem apresentar
menos possibilidade de desenvolver doenças crónicas.
Os autores Rocañín & Forneiro (1996), também consideram a relação entre
a depressão e os fatores genéticos. Acreditam que os sujeitos com uma
personalidade de tipo melancólico (ordenados, super-responsáveis, escrupulosos,
autoexigentes, trabalhadores, dependente dos demais) são os mais vulneráveis à
19
depressão. Apesar desta crença, os autores Rocañín & Forneiro (1996) referem
que, todas as depressões, mesmo as de cunho psicológico, são influenciadas por
um desequilíbrio ou déficit nas monoaminas cerebrais. Assim, os autores acima
corroboram com Nicoloff & Schwenk (1995) que referem que a depressão pode
estar associada a uma transmissão prejudicada em algumas sinapses aminérgicas
centrais, por defeitos na produção, transferência, receptação ou perda destas
monoaminas (noradrenalina, dopamina e serotonina).
Para alguns especialistas na área, tais como Clua (1993); Graef & Brandão
(1993); Guz (1990) e Neto et al. (1995) citados por Ribeiro (1998), esta
enfermidade é um problema neuroquímico, originado na deficiência de duas
importantes substâncias químicas, a serotonina e noradrenalina, produzidas pelas
células do sistema nervoso central. Os mesmos autores afirmam que a diminuição
destas duas substâncias na fenda sináptica são uma das principais causas da
depressão. Reforçam ainda esta ideia, Kuritza & Gonçalves (2003) e Nahas (2006),
afirmando que a hipótese mais aceita para a depressão é a que justifica menor
quantidade ou indisponibilidade de serotonina, a noradrenalina e a dopamina, nas
transmissões sinápticas, influenciando as emoções e o humor. Além desta, Nahas
(2006) considera também que os aspetos genéticos e psicológicos (perdas reais,
luto, agentes stressantes, desordem familiar, desamparo e visão negativa de si
mesmo) também são hipóteses para a depressão.
A predisposição genética, eventos stressantes, conflitos intrapsíquicos,
doença orgânica, ou a combinação entre eles, podem despoletar um estado
depressivo ao condicionar alterações nas vias neurotransmissoras. Por sua vez,
estas alterações espelhar-se-ão a vários níveis orgânicos, nomeadamente a nível
neuroimunológico, neuroendócrino e neurofisiológico (Alonso-Fernández, 2010).
Apesar de serem muitos os fatores que possam levar um indivíduo à
depressão, pode-se sugerir que, fatores genéticos, ambientais e sociais
desempenham um papel na etiologia desta psicopatologia. Embora se reconheça
os fatores psicossociais como fortes potenciadores do processo depressivo, eles
não são suficientes para explicar manifestações como a perda de peso, a
diminuição da libido e as perturbações do sono. Assim, estas expressões da
depressão têm sido melhor compreendidas à luz de perturbações neuroquímicas e
neurofisiológicas (Reis, 2012).
20
2.2.2.1 Fatores neuroquímicos
21
hipercortisolemia liberado pelas supra-renais e influenciados pela liberação de
outras hormonas pela hipófise e pelo hipotálamo, gera uma série de alterações
cerebrais, principalmente ao nível do hipocampo, condicionado a perda de
dendrites, inibição da neurogénese, neurotoxicidade e atrofia, mudanças estas
associadas ao mecanismo patogénico da depressão.
22
2.2.2.5. Fatores psicossociais
2.2.3 Sintomatologia
23
concentra-se ou tomar decisões. Em função destes prejuízos, segundo Machado et
al. (2009), os pacientes depressivos têm diminuição da produtividade no trabalho e
prejuízo da qualidade de vida quando comparados a portadores de outras doenças
de caráter crónico. Alguns doentes não acreditam nas suas capacidades de tal
modo que passam a ter medo de assumir responsabilidades e de ir trabalhar (Pio
Abreu, 2007). A depressão afeta a população em geral, sendo altamente
incapacitante e interferindo de modo decisivo e intenso na vida pessoal,
profissional, social e económica dos seus portadores ((Machado et al., 2009).
Complementam ainda Boiffin (1984) e Calil & Miranda (1995) que, a
depressão caracteriza-se também pela alteração essencial do humor, que pode ser
deprimido ou irritável, ou pela perda de prazer pelas atividades em geral, além das
outras alterações no sono, no apetite e na psicomotricidade, já referidos
anteriormente. Além dos sintomas descritos, a fadiga e o peso ajudam a corroborar
com o diagnóstico de depressão quando excessivas, relativamente ao esperado
pela condição física e seus tratamentos e quando surgem associadas
temporalmente a sintomas cognitivo-afetivos (humor depressivo) (Ventura, 2011).
Dentre os danos que a depressão acarreta, as principais consequências são a
perda de autonomia, o agravamento de patologias já existentes, aumento do risco
de suicídio e redução da qualidade de vida (D. B. de Souza et al., 2012).
A alteração do humor, onde o sentimento de tristeza e desesperança ou a
irritabilidade e o desprazer tomam o indivíduo aparecem simultaneamente ou não
com os sintomas vegetativos que perturbam o apetite (deixando-o praticamente
ausente ou anormalmente elevado), e o sono, conduzindo o indivíduo a um estado
crónico de cansaço. A energia esbate-se e a lentidão psicomotora domina o dia
dificultando a execução de qualquer tipo de AF. Sentimentos de desvalor e culpa
são também comuns (Reis, 2012). O sistema imunológico também pode se tornar
mais vulnerável, apresentando uma diminuição na capacidade de combater
doenças orgânicas (Campos, 2009). Existem ainda diversas doenças que podem
estar associadas à depressão, como as cardiovasculares, endocrinológicas,
neurológicas, renais, oncológicas e outras síndromes dolorosas crónicas (Teng et
al., 2005).
González de Ribera (1980); Mendelewicz (1990) e Neto et al. (1996) citados
por Ribeiro (1998), afirmam que a depressão maior tem graves consequências,
comprometendo toda a estrutura do indivíduo, dentre os quais pode-se citar:
24
emocionais (tristeza, apatia, desinteresse, desesperança, desgosto); condutuais
(hiperatividade, desvinculação, hisporeatividade, choro fácil, autoagressão);
cognitivos (autocrítica culposa, autoavaliação pobre, lentidão do pensamento,
interpretação negativa); vegetativos (fadiga, hiposonia, anorexia, inibição do desejo
sexual) e motivacionais (indecisão, dependência, impaciência, desmotivação e
renúncia fácil).
Machado et al. (2009) no seu estudo afirma que, a maioria dos pacientes
com depressão maior, apresentavam aptidão motora geral, motricidade global e
organização temporal abaixo da média considerada normal, bem como a
capacidade atencional que se encontra abaixo dos valores de referência. Verificou-
se que, quanto mais baixo o nível de atenção, pior é a aptidão motora, sugerindo-
se assim que, atividades de intervenção no sentido de minimizar os déficits
cognitivos, de atenção e psicomotores causados pela doença, devem ser levados
em conta na prescrição de uma intervenção.
Vasconcelos-Raposo et al. (2009) referem que, segundo o manual (DSM-IV)
já referido, a depressão maior é descrita como um período de pelo menos duas
semanas durante o qual existe humor depressivo ou perda de interesse em quase
todas as atividades. Segundo o manual, os indivíduos devem, também, apresentar
pelo menos um sintoma adicional psicomotor, diminuição de energia, sentimentos
de desvalorização pessoal ou culpa, dificuldades em pensar, concentrar-se ou
tomar decisões, ou pensamentos recorrentes a propósito da morte ou ideação,
planos ou tentativas suicidas.
Para Girdwood et al. (2011) e Reis (2012), o DSM-IV sugere que pelo menos
cinco dos sintomas relacionados a seguir devem ocorrer concomitantemente, e
pelo menos um dos dois primeiros deve estar obrigatoriamente presente, para ser
diagnosticado depressão maior. Além disso, os sintomas devem estar presentes na
maior parte do dia, quase diariamente, duas vezes por semanas, pelo menos. São
eles: humor deprimido na maior parte do dia, quase diariamente; redução
significativa de interesse ou prazer em quase todas as atividades, na maior parte
do dia, quase diariamente (percebida pelo próprio indivíduo ou por outrem); perda
ou ganho significativo de peso; insónia/hipersónia; agitação/retardo psicomotor;
fatigabilidade aumentada (energia reduzida); sentimentos de autodesvalorização
(culpa); redução da concentração (indecisão); e ideias de morte ou suicídio
(Girdwood et al., 2011). Para Furlanetto & Brasil (2006), o diagnóstico da
25
depressão é frequentemente difícil porque vários sinais e sintomas relevantes
podem ser confundidos com aqueles que decorrem do facto de se ter uma doença
física. Para Girdwood et al. (2011), a identificação e diagnóstico das síndromes
depressivas envolvem procedimentos essencialmentes clínicos.
A distimia ou depressão moderada, para Girdwood et al. (2011), interfere
negativamente na vida das pessoas, dificultando a realização de suas atividades do
dia a dia. Os seus sintomas podem ser caracterizados por um quadro de mau-
humor permanente, e as pessoas acometidas tendem a ter padrões persistentes de
comportamento inflexível diante de várias situações pessoais ou sociais.
Normalmente, tem início na infância ou na adolescência, com persistência ao longo
do tempo. Para o mesmo autor e Reis (2012), é comum que as pessoas com
distimia apresentem fadiga e indisposição frequentes, falta de motivação para
realizar tarefas, dificuldade de sentir prazer e alegria, baixa autoestima e
diminuição da libido; são desmotivados, têm comportamentos agressivos,
desinteressam-se pela maioria das suas atividades, evoluem com insónia ou sono
excessivo; alimentam-se pouco, são arrogantes, distraídos, grosseiros ou teimosos.
Apesar de não ser incapacitante, a distimia pode tornar a vida muito pesada e
pouco estimulante. Se não for tratada, tenderá a evoluir para um quadro de
depressão maior, este sim, incapacitante, por ter sintomas muito mais severos.
Para Gameiro et al. (2008), alguns estudos demonstraram igualmente que a
depressão sub-sindromal ou seja, a situação em que são observados apenas
alguns dos sintomas depressivos considerados necessários para o diagnóstico de
uma depressão clínica, tem um impacto funcional negativo e significativo. Num
estudo realizado por estes autores, verificou-se que os resultados obtidos na
pesquisa corroboram com a evidência da literatura científica prévia, que realça o
impacto negativo da depressão na qualidade de vida, independente da presença ou
ausência do diagnóstico de uma perturbação do humor.
Verificou-se neste estudo que a depressão afeta de forma negativa e
significativa todos os domínios e facetas de qualidade de vida contemplados no
Instrumento de avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde
[WHOQOL-100], sendo os domínios mais afetados o psicológico, físico e o de
relações sociais. Este estudo sublinha a importância de uma identificação e
avaliação corretas da sintomatologia depressiva na população geral,
26
independentemente da presença ou não de diagnóstico de uma perturbação de
humor (Gameiro et al., 2008).
Para Parker (2005), as características clínicas e sintomas variam de
indivíduo para indivíduos e as reações à depressão podem ser muito diferentes e,
às vezes oposta, como por exemplo: insónia ou hipersónia; a perda de peso ou
ganho exagerado de peso; os retardos físico-motores ou agitações. Para poder
melhor subdividir os grupos e possibilitar diferentes tratamentos, Parker (2005)
sugere um novo modelo categórico-dimensional que classifica os três subgrupos
diagnósticos focado em: depressão psicótica, depressão melancólica e depressão
não-melancólica.
Fatores como sexo, condições sociais, escolaridade, estado civil, obesidade
e rendimentos, podem estar relacionados à depressão. Por exemplo, no estudo
realizado por Machado et al. (2009), pode-se observar que a depressão parece ser
mais frequente entre pessoas divorciadas ou separadas, pessoas que moram
sozinhas e viuvez recente também apresentam maior probabilidade de desenvolver
essa patologia, já que a solidão é um suposto fator de risco. Verificaram também
Santos & Kassouf (2007) que o transtorno depressivo maior é mais comum em
indivíduos com menor renda e nível de escolaridade, embora outros estudos
tenham apontado não haver relação dos índices encontrados com etnias,
educação, rendimentos ou estado civil.
A mulher, na opinião de L. H. S. G. de Andrade et al. (2006) é mais
vulnerável a sintomas ansiosos e depressivos, que são associados ao período
reprodutivo. Um aspeto epidemiológico importante é a maior prevalência de
depressão em mulheres do que em homens. As taxas de prevalência em mulheres
e homens variam em uma razão de 1,5 a 3,0 com média de 2 mulheres para cada
homem.
A educação está geralmente correlacionada, segundo Santos & Kassouf
(2007), com menores taxas de depressão, sendo que níveis educacionais mais
elevados podem reduzir o risco de desenvolvimento de depressão. Machado et al.
(2009) não conseguiram verificar esta informação no seu estudo por se tratar de
uma amostra com número reduzido. Minghelli et al. (2013) corrobora entretanto
com Santos & Kassouf (2007) e afirma que a variável “escolaridade” mostrou ter
influência na existência de ansiedade e/ou depressão, chegando a ser 11 vezes
maior nos indivíduos sem habilitações literárias.
27
A depressão, assim como a obesidade, pode trazer esquiva social e prejuízo
da qualidade de vida aos doentes. No caso dos obesos mórbidos e da depressão
maior, a perceção da má qualidade de vida pode ser mais evidente, já que o
isolamento social é maior, provocado pela sensação de inadequação perante
padrões sociais vigentes (Ades & Kerbauy, 2002). Para Goodman & Whitaker
(2002), a depressão na adolescência pode trazer maior risco ao desenvolvimento e
manutenção da obesidade, além de acarretar sequelas psicossociais e
complicações médicas a longo prazo que podem propiciar uma diminuição de
oportunidades sociais que levam o indivíduo ao isolamento social potencializando
os sintomas depressivos.
A pessoa com depressão geralmente perde o interesse por atividades até
então preferidas, sua vida interna e externa fica sem sentido e sem valor. O
deprimido deixa de gostar de si e de tudo que se refere a si mesmo. As coisas boas
ficam distantes de si, e as coisas ruins, impregnadas em si mesmo. O deprimido se
isola em seu mundo interior, repleto de angústias, culpas e sofrimentos (Kuritza &
Gonçalves, 2003).
Tal como diz Allen (cit. por Reis, 2012, pp. 6-7):
“As pessoas deprimidas podem não reconhecer que estão
deprimidas; se reconhecem, podem não procurar tratamento;
se procuram tratamento podem não ser diagnosticadas, e se
são diagnosticada podem não ser adequadamente tratadas;
se são adequadamente tratadas, podem não responder
completamente ao tratamento; e se respondem
completamente ao tratamento, podem ter uma recaída ou
uma recorrência.”
A depressão tem um forte impacto negativo na qualidade de vida
relacionada com a saúde e na qualidade de vida geral, superior aliás ao observado
noutras condições físicas crónicas, tais como a hipertensão, a diabetes, a artrite e
os problemas gastrointestinais (Gameiro et al., 2008), neste sentido, a sua
identificação e tratamento tardios podem levar à quadros mais severos e a
consequências que podem chegar à morte.
28
2.2.4 Tratamentos e terapêutica recomendada
29
observados cerca de uma a quatro semanas após a introdução do medicamento e,
por esta razão, tal como (Kuritza & Gonçalves, 2003), sugerem estratégias não-
farmacológicas ou mesmo alternativas aos medicamentos antidepressivos.
Dois estudos citados por Deslandes et al. (2010) e Mota-Pereira et al.
(2011), mostraram que a AF em pacientes com depressão submetidos ao
tratamento com farmacoterapia, permitiu reduzir a dose administrada de
medicamentos e contribuiu para uma redução dos sintomas mais precocemente,
respetivamente. Num estudo citado por Babyak et al. (2000), os pacientes cuja
terapia incluía AF, mostraram uma menor propensão para a recaída do que os que
haviam sido tratados apenas com farmacoterapia.
Outra alternativa no tratamento da depressão é a terapia eletroconvulsiva
que, segundo Moretti & Caro (2006) é usada quando não há resposta à
farmacoterapia ou não há tolerância do paciente a este tratamento. Geralmente é
utilizada em casos clínicos severos e que exigem melhora rápida, incluindo casos
com aspectos psicóticos. É também considerada útil em pacientes que necessitam
de combater sintomas e tendências suicidas.
Para pacientes com transtornos de humor sazonal, muito comum em países
nórdicos, o uso da fototerapia como tratamento único ou em associação à
farmacoterapia, também pode ser recomendado no tratamento da depressão. Este
consiste na exposição à iluminação de 2.500 Lux, durante 1 a 2 horas ao despertar
(Moretti & Caro, 2006).
Além da terapia eletroconvulsiva e da fototerapia, não tão comuns, os
tratamentos psicossociais que incluem tratamento psiquiátrico, terapia cognitiva,
psicoterapia, terapia conjugal e familiar, entre outros, podem ser adotados para o
tratamento da depressão. Para Moretti & Caro (2006), estas formas de tratamento
podem ser usadas para redução ou eliminação dos sintomas da depressão, bem
como, para prevenção de recaídas.
A acupuntura, a massagem e o relaxamento também podem ser
considerados como terapêutica primária ou complementar para o tratamento da
depressão. A acupuntura sugere que a inserção de agulhas pelo corpo, tem a
finalidade de ajudar na restauração da energia vital que estaria desbalanceada pela
depressão. A massagem é considerada um dos meios mais naturais e instintivos
de aliviar a dor e o desconforto, sendo o toque capaz de produzir respostas que
interligam os sistemas nervoso, endócrino, conectivo e circulatório, podendo ser
30
usada como suporte à terapia medicamentosa, de modo a reduzir as dosagens e a
duração do uso de fármacos. Por sua vez, o relaxamento, engloba técnicas que
buscam um estado de equilíbrio da ansiedade e da tensão muscular, sendo uma
alternativa para lidar com situações de stresse e alterações mentais. As sessões de
relaxamento podem incluir meditação, hipnose, biofeedback, técnicas de respiração
e concentração, entre outras (Moretti & Caro, 2006).
Por último, outra opção no tratamento para a depressão é a AF que, devido
ao baixo custo e sua característica preventiva de patologias (Sharkey, 1998), pode
ser considerada uma aliada no tratamento da depressão. Além disso, segundo Vital
et al., (2010), a AF é acessível e ajuda a prevenir o declínio funcional da pessoa
com depressão, devendo por isso ser considerada como uma alternativa não
farmacológica de tratamento da depressão mas, sobretudo quando associado ao
tratamento psicofarmacológico, auxiliando na recuperação da autoestima e
autoconfiança é quando apresenta as contribuições mais importantes.
A AF pode ser usada de duas formas: como medida preventiva, atuando
como proteção contra o desenvolvimento de sintomas depressivos, ou como
medida corretiva, auxiliando pessoas com depressão através de mecanismos
psicológicos (distração dos estímulos stressores, maior controle sobre o corpo e a
sua vida, maior interação social e convívio com outras pessoas) e/ou biológicos
(ligados ao efeito das endorfinas) (Ribeiro, 1998). A observação dos efeitos da AF
sobre este eixo sugeriu que a sua prática regular poderia reverter ou diminuir a
disfunção observada na depressão (aan het Rot et al., 2009).
Para Mesquita (2013), é importante levar em conta os seguintes aspetos: na
depressão maior, o exercício deve ser usado como complemento da terapêutica
médica habitual para a depressão; em indivíduos com sintomas ligeiros de
depressão, a AF pode ser proposta inicialmente como tratamento único, sendo
importante um reforço da monitorização do doente; a prescrição, sempre que
possível deve ser escrita; o treino aeróbio deve ser recomendado (pela sua maior
evidência científica); o programa inicial deve ser bem estruturado; inicialmente, a
supervisão pode ser útil porque garante a adesão e favorece alguma interação
social que também pode produzir benefício; doses mínimas equivalentes às
recomendadas pela ACSM (2000), devem ser preferíveis que doses menores;
independente da duração do programa inicial, é importante motivar os indivíduos a
realizar AF de forma regular, se possível diariamente, integrando-a como hábito de
31
vida. A prática de AF regular reduz sentimentos de ansiedade e depressão, de
acordo com estudos realizados por Weinberg & Gould (2001) nos Estados Unidos e
Inglaterra.
Assim, para Mattos et al. (2004), a AF, mostra-se como um grande aliado
nos tratamentos antidepressivos que envolvam outras terapêuticas e, apesar da
dificuldade em se avaliar o efeito da AF no tratamento da depressão de maneira
isolada, pode ser um grande agente profilático e capaz de influenciar positivamente
os sintomas fisiológicos, psicológicos e sociológicos da depressão. Este autor
refere ainda que, alguns psiquiatras percebem também que, os sintomas,
frequência e duração da depressão são menores em pacientes que praticam AF
regularmente em comparação aos que não praticam.
32
estratégias mais flexíveis e abrangentes de exercício pode ser útil para aumentar e
manter um exercício de pacientes com depressão (Schuch & Fleck, 2013).
Nos indivíduos com depressão, a AF apresenta vantagem sobre o
tratamento medicamentoso, por não apresentar efeitos colaterais indesejáveis e
também por ser uma prática ativa, com maior comprometimento por parte do
paciente. Sua prática pode resultar na melhoria da autoestima e autoconfiança, ao
contrário da atitude relativamente passiva de tomar uma pílula (Girdwood et al.,
2011). Pode não ser melhor do que as outras formas de tratamento já existentes e
comprovadas como eficientes mas, para que o tratamento tenha mais efeito, a AF
pode ser utilizada como forma alternativa ou adjunta ao tratamento farmacológico
ou psicoterápico na depressão de leve a moderada (Ribeiro, 1998).
A obtenção de qualquer benefício terapêutico é dependente da adesão ao
tratamento e como foi referido acima, o grande desafio da inclusão da AF como
terapêutica principal ou complementar para Martinsen (1990) é porque os sujeitos
depressivos encaram, na sua grande maioria, a AF como um esforço, tendendo a
encontrar dificuldades em agregá-la às suas atividades quotidianas. A falta de
motivação pode também estar condicionada pelos efeitos secundários dos
antidepressivos no sistema cardiovascular.
Considerando a falta de energia e a tendência à inatividade, facilmente
questiona-se até que ponto estes doentes aderem a uma terapêutica que implica
contrariar uma tendência intensificada pela própria patologia. Contudo, as taxas de
adesão a programas de AF obtidas por Dunn et al. (2005), não são inferiores às
dos tratamentos convencionais variando de 60 a 80% (Blumenthal et al., 2007).
Os dados encontrados por L. D. da Silveira & Duarte (2004) num estudo
com 320 pessoas, no que se refere ao tempo que as pessoas sem depressão,
permaneceram realizando AF, 84,4% relataram ter realizado por um período de um
a três meses. Estes resultados se assemelham aos estudos de adesão à AF de
pessoas com transtorno depressivo, onde a maioria das pessoas avaliadas (83%)
aderiu a programas de atividades físicas por apenas dois meses. Com relação às
razões do abandono da AF pelas pessoas estudadas, identificou-se: falta de
motivação (60,7%); cansaço (20,6%); outro problema de saúde (9,3%) e falta de
tempo (6,4%). Assim, verificou-se que o tempo de permanência das pessoas na
prática da AF mostrou resultados similares para grupos com e sem depressão.
33
É importante que os indivíduos com depressão tenham consciência do quão
necessária, útil e benéfica são a realização de AFs regulares. Em primeiro
momento, pode ser difícil convencê-las a adotarem um estilo de vida mais ativo.
Essas pessoas talvez precisam ser persuadidas de que a depressão não
impossibilita a prática regular de AFs e o investimento na realização dessas
atividades terá como consequência uma melhora nos sintomas da doença (Guz,
2001).
Neste sentido, e para contrariar a não adesão de muitos indivíduos com
depressão, são necessárias doses extras de suporte e encorajamento quando
estes começam a se exercitar. É importante nesta fase inicial, que a intensidade do
exercício não seja maior do que aquela que o doente seja capaz de realizar. Reis
(2012) ressalta o papel do prescritor que deverá encorajar o paciente, fornecer toda
a informação necessária, prestar apoio, motivar o paciente e discutir abertamente
as potenciais barreiras, sempre que o exercício possa ser recomendado.
Para Schuch & Fleck (2013) a pergunta a ser respondida é: Constituirá o
exercício físico um tratamento eficaz para a depressão? Os autores acreditam que,
a AF pode não ser mais eficaz do que os tratamentos convencionais, no entanto,
não é menos eficaz. Se a prática da AF constitui um desafio inicial para o indivíduo
com depressão, por outro lado, a inatividade física constitui um fator de risco para o
desenvolvimento de um quadro depressivo e, do mesmo modo, a promoção de
uma vida ativa constitui um método preventivo no aparecimento de sintomas
depressivos para além de contribuir para uma melhoria da qualidade de vida do
indivíduo (Galper et al, 2006).
O exercício físico pode desencadear a sensação de vigor que conduz ao
bem-estar psicológico. Estes sentimentos, parecem que se refletem igualmente no
aumento dos estados positivos de humor e numa diminuição dos níveis de
depressão, ansiedade e stress. Os resultados obtidos na pesquisa de Cid et al.
(2007) e Cavallini et al. (2011), corroboram com o estudo de Morgan que descreve
as alterações dos estados de humor induzidas pela AF. Estas alterações
acontecem por um aumento do estado positivo de humor (vigor) e uma diminuição
dos estados negativos (tensão, depressão, hostilidade, fadiga, confusão). Birrer
(2000) completa ainda que esta melhora no humor traz melhoras no bem-estar,
autoestima, autoeficácia, gera pensamentos positivos que servem para contrariar o
humor negativo como a depressão. Pereira et al. (2006) afirma que o
34
comprometimento ativo da pessoa com depressão, na realização da AF, melhora a
confiança em si mesmo, traz melhorias nas adaptações metabólicas e capacidades
funcionais. O exercício físico regular reduz o risco da diminuição funcional e da
mortalidade e um programa de exercícios moderados melhora a saúde física e
psicológica.
Eyre & Baune (2012) através de um estudo de revisão, observaram efeitos
anti-inflamatórios e antioxidantes do exercício, os quais são antagónicos aos
mecanismos oxidantes e à produção aumentada de citocinas pro-inflamatórias
presentes na depressão.
Alguns estudos foram realizados de forma a verificar a eficácia de um
programa de AF como terapêutica na depressão e serão elencados a seguir.
Segundo Cid et al. (2007), as variáveis mais estudadas no âmbito da psicologia da
AF e do exercício são: motivação, ansiedade, depressão, estados de humor,
stress, autoestima, personalidade, funcionamento cognitivo, atitudes e emoções.
Ainda assim, existem investigações e revisões de literatura que identificaram outros
benefícios, inclusive sugerindo a AF como terapêutica principal para o tratamento
da depressão; e outros que discordam dos benefícios da AF nestas pessoas.
No estudo intervencional, realizado por Blumenthal et al. (2009), os efeitos
de um programa de AF durante quatro meses, em doentes com depressão maior,
foram equivalentes aos da medicação. Para Jensen et al. (2012), pessoas
fisicamente ativas têm menores taxas de depressão em cerca de 30-45% em
investigações transversais e 15-25% em estudos prospectivos, do que pessoas
sedentárias.
Dunn et al. (2005), referem que indivíduos submetidos à dose mínima
recomendada de AF, demonstraram reduções sintomáticas mais significativas que
os incluídos em outros grupos não praticantes de AF. Tiveram ainda taxas de
resposta e remissão mais elevadas quando comparáveis às de outros tratamentos
antidepressivos (farmacoterapia e terapia comportamental cognitiva), concluindo
que a diminuição do estado depressivo diminui o estado anérgico do indivíduo
tornando-o mais ativo, do mesmo modo que em indivíduos que se exercitem
diminui a recorrência de sintomas depressivos. Corroboram com os resultados
Minghelli et al. (2013), que observaram, uma relação inversa entre níveis de
depressão e ansiedade e a prática de AF. Estes, compararam os resultados
obtidos com a literatura e verificaram que, de facto, a redução dos sintomas de
35
ansiedade e depressão por meio da prática da AF pode ser explicada pelo aumento
da libertação de hormónios como catecolaminas, ACTH, vasopressina, B-endorfina,
dopamina, serotonina e pela ativação de recetores específicos e diminuição da
viscosidade sanguínea, propiciando um efeito analgésico, tranquilizante e relaxante
no pós-esforço. Outro estudo publicado por Vasconcelos-Raposo et al. (2009),
também corrobora com as informações descritas acima. Neste estudo, com 110
indivíduos e o propósito de analisar o bem-estar psicológico, a autoestima e a
depressão em indivíduos praticantes de AF regular, verificou-se que, metade dos
indivíduos analisados acreditavam que a AF podia contribuir para um melhor bem-
estar psicológico. Assim, os indivíduos optam pelo exercício físico como estratégia
para regular os seus estados depressivos e de forma a aumentarem os seus níveis
de energia.
Nabkasorn et al. (2006), também verificaram que, após 16 semanas de
estudo, houve uma melhoria sintomática e uma redução na excreção diária de
cortisol e epinefrina nas jovens intervencionadas com exercício e que a reversão
deste efeito ocorreu após o término da AF. Para aan het Rot et al. (2009)
contrariamente aos efeitos crónicos observados em programas de exercício, os
efeitos agudos parecem incrementar os níveis das hormonas de stress:
corticotropina e cortisol. Por isso mesmo que, para Dias (2007), a intensidade do
programa de exercício físico deve ser moderada, de forma a que esta tenha
influência positiva no estado de humor dos praticantes.
Reis (2012), no seu trabalho de revisão, demonstrou que o exercício ajuda
na manutenção da atividade cortical e neste sentido age positivamente na
depressão contrariando o declínio da função cerebral.
Esse declínio na função cerebral é observado em pacientes deprimidos, que
segundo Purcell et al. (1997), além do comprometimento da capacidade de
sustentar a atividade cognitiva e motora, de alternar o foco de atenção, da lentidão
motora e cognitiva, existem prejuízos significativos de velocidade quando
comparado com grupos controle não depressivos. Caligiuri & Ellwanger (2000)
identificaram que 40% dos pacientes estudados, demonstraram função
psicomotora anormal e 60% dos pacientes apresentaram alguma lentidão motora.
Cerca de 40% dos pacientes apresentaram déficits de programação motora
semelhantes aos parkinsonianos.
36
Num estudo realizado por Cheik et al. (2003), verificou-se que no grupo de
desportistas foram obtidos os resultados mais satisfatórios, no qual foi possível
observar que, indivíduos praticantes de exercícios físicos regulares (com
frequência, duração, intensidade e volume previamente estabelecidos e tendo
como embasamentos os parâmetros fisiológicos de cada indivíduo tais como: VO 2
pico e FC alvo), diminuíram ainda mais os escores indicativos para a ansiedade e
passaram da classificação de levemente deprimidos a não-deprimidos. Tal facto
poderia ser atribuído às melhoras fisiológicas e metabólicas decorrentes do
exercício físico, como, por exemplo, maior liberação de alguns neurotransmissores
como a noradrenalina e a serotonina, uma vez que já está estabelecido na
literatura a correlação entre alterações desses neurotransmissores e as patologias
avaliadas.
Vasconcelos-Raposo et al. (2009) verificaram também que os indivíduos que
praticam os níveis de exercício físico recomendado apresentam níveis médios de
depressão inferiores aos que não praticam e que à medida que se aumenta a
prática de exercício físico, os sintomas depressivos tendem a diminuir, não se
verificando nenhuma associação entre a depressão e o Índice de Massa Corporal
[IMC] geral. Verificaram que a prática desportiva poderá ter um caráter positivo na
prevenção ou redução da depressão nos adultos. Sugerem também que mais
estudos sejam realizados de forma a comparar as diferenças entre as atividades
aeróbias e anaeróbias, e a relação com os estados de humor.
Apesar da sugestão de Vasconcelos-Raposo et al. (2009), foram
encontradas algumas pesquisas que referem os efeitos da atividade aeróbia e os
seus efeitos positivos. Os resultados encontrados por Ribeiro (1998) relacionam
que os efeitos positivos da atividade aeróbia para a depressão são: aparente
aumento do fluxo sanguíneo e oxigenação do sistema nervoso central; elevação da
transmissão sináptica aminérgica e aumento nos níveis de endorfina no plasma. O
mesmo autor refere que este tipo de atividade contribui na administração e
promoção do stresse, melhora do sono, combate as frustrações e promoção da
autoestima, melhora do humor e fuga temporária dos problemas da vida diária. O
exercício aeróbio está associado com um efeito antidepressivo em pacientes que
apresentam depressão de forma leve a moderada. Outro estudo publicado por
Kiive et al. (2004) relata que, são encontrados níveis sanguíneos elevados de
prolactina durante a realização de exercício aeróbio, refletindo-se num aumento
37
central da serotonina. Esta por sua vez pode agir de forma a atenuar a formação de
memórias relacionadas ao medo e diminuir as respostas a eventos ameaçadores
por meio de projeções serotoninérgicas.
O resultado desta pesquisa vai ao encontro das conclusões de De Moor et
al., (2006) aonde foram verificados que, em média, os praticantes de exercício
físico regular encontravam-se menos ansiosos, menos deprimidos, mais
extrovertidos e desinibidos, procurando mais a emoção e a aventura. Também
pode ser verificado que os valores médios de depressão diminuem à medida que
se passa para uma categoria do exercício físico no qual o indivíduo é mais ativo,
tendo os autores concluído que o exercício físico contribui, na redução ou
prevenção da depressão ou sintomas depressivos.
Outra grande vantagem do tratamento com AF é em função da rapidez dos
resultados. Nos estudos citados por Byrne & Byrne (1993) e Craft & Perna (2004),
após 3 semanas de algumas sessões regulares de AF são suficientes para se
perceber a melhora no estado de humor em pacientes com depressão subclínica.
Estudos preliminares apresentados por Schuch & Fleck (2013)
demonstraram resultados de que o exercício físico é um efetivo tratamento
complementar também em pacientes com depressão severa. Não corroboram com
estes estudos, os realizados por Bailey & McLaren (2005), aonde os resultados não
apresentaram qualquer correlação positiva e significativa entre a melhoria da
ansiedade e depressão e a prática da AF.
Noutras vertentes, estudos como os de Martinsen (1990) e Strohle (2009)
citados por Minghelli et al. (2013), têm demonstrado que a adesão a um programa
regular de exercícios pode melhorar significativamente o desempenho cognitivo do
idoso, aumentando a autoestima, humor, sensação de bem-estar, redução da
resposta fisiológica ao stresse e efeitos positivos na imagem corporal, reduzindo
assim os níveis de ansiedade e depressão. Assim o idoso depressivo tem os
mesmos benefícios elencados para outras pessoas com depressão, quando
inseridos num programa de AF.
H. Silveira et al. (2010), verificou que indivíduos idosos com depressão
apresentam um padrão de eletroencefalogramas [EEG] diferentes do padrão de
indivíduos saudáveis. Contudo, após tratamento adjuvante com exercício físico por
seis meses verifica-se uma conversão do “padrão-deprimido” para um padrão mais
próximo do encontrado em indivíduos saudáveis.
38
Embora haja contradição entre alguns autores, pode-se afirmar que, para a
grande maioria há uma associação positiva entre a prática da AF e a depressão.
Ainda assim não se deve desconsiderar que grande parte das atividades
desportivas ocorrem num ambiente social (interação do indivíduo com depressão
com o treinador ou com o grupo) o que também pode contribuir para uma melhoria
sintomática (Blumenthal et al., 2007). Schuch & Fleck (2013), também acreditam
que tem muitos fatores que compõem a sessão de exercício, mas não é o exercício
por si só. Exemplificam que quando um paciente faz exercícios em um ambiente de
grupo, ou até mesmo uma empresa de profissionais de saúde (health clubs), o
apoio social resultante e atenção podem ter um papel importante, especialmente na
depressão leve. Entretanto, Blumenthal et al. (2007) apresenta um estudo que
demonstra o efeito antidepressivo do exercício, também quando este é realizado na
ausência de contato social (sozinho no domicílio), reforçando assim a ideia de que
o exercício por si só produz benefício terapêutico. Para além disso, em estudos
intervencionais, o exercício revelou-se superior à intervenção social na redução
sintomática.
A maioria dos autores referidos acima concorda que a AF auxilia “de
moderada a totalmente” no tratamento da depressão. Dentre as variáveis que
podem ser melhoradas, cita-se: a melhoria da estabilidade emocional, a imagem
corporal positiva, o aumento da positividade e autocontrole psicológico, a melhora
do humor, a interação social positiva, a diminuição da insónia e da tensão.
A elevação da temperatura corporal com a AF também pode ser considerada
como tendo efeitos antidepressivos pois, o aumento de temperatura como
consequência do exercício, facilita o disparo do início do sono, graças a ativação
dos mecanismos de dissipação do calor e indução do sono, processos controlados
pelo hipotálamo (Moretti & Caro, 2006)
L. D. da Silveira & Duarte (2004) concluíram através do seu estudo que,
apesar dos estudos estarem apontando para o importante papel da prática de
atividades físicas regulares na terapêutica dos transtornos depressivos, ainda é alto
o nível de inatividade deste grupo populacional. Os mesmos autores sugerem
ainda que, esforços devem ser realizados para desenvolver programas que visem a
implementação da AF no tratamento desta doença. Concluíram ainda que, em
média, as mulheres apresentam valores superiores de depressão quando
39
comparados com homens, o que vem corroborar os resultados obtidos no estudo
de Campos e Gonçalves (2004) citado por Vasconcelos-Raposo et al. (2009).
Neste sentido, cria-se uma grande oportunidade de intervenção para o
Profissional de Educação Física e, embora com atuação recente, Roeder (1999)
acredita que a maior dificuldade do Profissional de Educação Física, está em ser
reconhecido como um profissional atuante da área da saúde e o próprio
preconceito existente acerca do trabalho com pessoas com distúrbios psiquiátricos,
são fatores que contribuam tanto para a falta de experiência como para o baixo
número de profissionais de educação física atuantes na área de saúde mental.
Apesar de não existirem guidelines nacionais que recomendem um
programa especificamente desenhado para doentes com o diagnóstico de
depressão, deve-se ter em mente que esta modalidade terapêutica está acessível,
tem poucos efeitos adversos, tem um custo reduzido e pode ser mantida por um
longo período de tempo, permitindo obter benefícios não só psicológicos,
condições estas que frequentemente estão presentes no indivíduo com depressão.
Foi também demonstrado que, indivíduos intervencionados com exercício
aumentam os seus níveis basais de AF mesmo depois do término do programa.
Assim, o benefício terapêutico inicial de que prescreve AF acaba por desenvolver
posteriormente uma ação preventiva, diminuindo o risco de depressão associado
ao sedentarismo (Reis, 2012).
40
ser dirigidas à conduta dos sujeitos face à AF: no incentivo (educação para o
exercício através da criação de um clima motivacional positivo e atividades
atrativas – avaliação das expectativas e custos-benefícios), na facilitação (criação
de infraestruturas pessoais e de uma rede de suporte social para o exercício
através da organização e gestão do tempo e das atividades), no controlo
(afirmação de um contrato comportamental através de uma programação das
atividades e de estabelecimento de metas) e no reforço (regulação e/ou
autorregulação da atividade através do ajustamento dos programas, reformulação
dos objetivos e técnicas cognitivas, que permitam aumentar e/ou reforçar a
sensação de bem-estar geral).
Numa pesquisa de revisão de literatura realizada por Reis (2012), a mesma
concluiu que as diferentes combinações de frequência, intensidade e duração
dificultam a diferenciação dos efeitos de cada uma delas e, neste sentido, não é
possível concluir qual é a mais eficaz. Sugere que em outras pesquisas, os
indivíduos devem ser categorizados em função dos sintomas que apresentam, de
modo a verificar se há uma predileção da resposta em função do quadro clínico.
Como alguns dos sintomas depressivos são somáticos (fadiga, alterações do sono,
perda de apetite, entre outras), a melhoria dos sintomas pode ser reflexo dos
benefícios do exercício a este nível, sem que haja um impacto proporcional na
melhoria do humor.
Segundo C. V. Souza (2013), alguns estudos mostraram ser o exercício
físico superior ao placebo e igual ao tratamento com antidepressivos do tipo
Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina [ISRS] – (fluoxetina, paroxetina,
sertralina, etc.). Uma vez que não há guidelines portugueses, abaixo há uma
revisão de literatura sobre intensidade, duração e frequência sobre programas para
esta população.
2.3.1.1 Intensidade
41
participantes, enquanto que, no mesmo estudo o grupo que tinha alguma
flexibilidade nos exercícios, e intensidades ajustadas, teve 66% de participação nas
sessões. Estes estudos concluíram que, estratégias mais flexíveis nos exercícios e
na prescrição dos mesmos podem ser uma alternativa interessante para aumentar
a adesão de pessoas com depressão no exercício físico quando comparado com
os métodos tradicionais (Schuch & Fleck, 2013).
Os pesquisadores descobriram que aqueles que participaram nos exercícios
de alto gasto calórico/energético (independentemente da frequência) reduziram
significativamente os sintomas depressivos em comparação com as condições de
gasto energético baixo ou de controle, não havendo diferenças entre os dois
últimos grupos (Jensen et al., 2012).
Os dados também sugerem a possibilidade de que a AF mais vigorosa pode
estar associada a uma redução dos sintomas depressivos em indivíduos meia-
idade com esclerose múltipla. No lado positivo, a maioria (57%) dos indivíduos
mais velhos com caso de esclerose múltipla que continuam a envolver-se em pelo
menos alguma AF moderada. Na medida em que esta atividade está ligada a
resultados importantes de saúde, como depressão (e os achados deste estudo
sugerem que é), melhora da função física e prevenção de problemas de saúde
secundários, um aumento na AF moderada pode ser um tratamento importante
alvo para pacientes idosos com esclerose múltipla (Jensen et al., 2012).
Num estudo realizado por Jensen et al. (2012) entre 2004 e 2005, verificou-
se que em todos os grupos de idade, AF moderada, mas não vigorosa era o mais
importante. A associação entre nível de AF e depressão é consistente com estudos
anteriores que encontraram associações significativas entre a AF e depressão em
indivíduos com esclerose múltipla. Não se pode concluir a partir destes dados, por
exemplo, que os níveis moderados de AF causam menores níveis de depressão,
ou de que os níveis mais baixos de depressão causaram um aumento na AF
moderada (Jensen et al., 2012).
Para outros autores como Hall et al., (2002) e Araújo et al., (2007), o
exercício físico de alta intensidade não é recomendado para pessoas com
depressão pois estão associados à estados afetivos negativos como a dor e o
cansaço, bem como à produção em excesso de ácido lático que poderá possibilitar
a ocorrência de ataques de pânico em indivíduos com ansiedade e/ou depressão.
42
Um programa gradual de exercício, com intensidade baixa a moderada, é
sugerido por Mesquita (2013) para a obtenção de efeitos antidepressivos dos
exercícios e promover a adesão e manutenção dos indivíduos aos programas de
AF. Este autor acredita que a variabilidade individual no condicionamento e na
adaptação ao exercício, sempre deve ditar progressão da atividade uma vez que,
os indivíduos depressivos podem possuir baixos níveis de aptidão
cardiorrespiratória e podem apresentar dificuldades no início das AFs em
decorrência do quadro depressivo.
Além destas recomendações, o autor sugere também que, devem ser
adotados como rotina de trabalho, exercícios prévios de aquecimento e exercícios
posteriores de cool down (50-60% FCMáx) nas sessões de AF. Ainda é necessário
distinguir esta prescrição para a melhora da qualidade de vida e remissão dos
sintomas de pessoas, leves ou moderadamente deprimidas, daqueles pacientes
psiquiátricos cronicamente comprometidos.
Teychenne et al. (2008) dizem que os estudos que não demonstraram
relação entre a AF e a depressão, incluíam programas de intensidade leve-
moderada, sugerindo que intensidades superiores poderão ser mais efetivas.
Todavia, como outros estudos intervencionais demonstraram efeitos benéficos com
programas de leve intensidade, não podemos afirmar que intensidades altas são
mais eficazes, sendo necessário mais estudos neste âmbito. Já para os autores
Singh et al. (2005) e Dunn et al. (2005), os exercícios mais intensos são mais
efetivos no tratamento da depressão.
Quanto à intensidade, Singh et al. (2005), tiveram em seu estudo, um grupo
que realizou exercícios de musculação com 80% da carga máxima, e outro com
20% da carga máxima. No primeiro grupo, 61% dos indivíduos avaliados reduziram
em 50% os scores de depressão, e no segundo apenas 29% reduziram a mesma
percentagem de scores. Ou seja, percebeu-se neste estudo que, exercícios com
maiores intensidades tinham maior efeito sobre a diminuição da depressão. Berger
et al., 2002; Buckworth e Dishman, 2002; Cruz et al., 1996; Dosil, 2004; Samulski,
2002; Weinberg, 1995 citados por Cid et al. (2007) corroboram com o autor acima e
adicionam que, intensidade entre os 60 a 90% da FCMáx, são os mais
recomendados para benefícios psicológicos.
Outro estudo que concorda com esta questão sobre a intensidade é o de
Dunn et al. (2005), em que foram organizados grupos que se exercitavam 5 vezes
43
por semana e outro 3 vezes por semana. O grupo com 15,5 Kcal/Kg/semana teve
redução de 47% dos escores de depressão, e o grupo com 7,0 Kcal/Kg/semana
reduziu apenas 30% dos escores de depressão. Não houve diferença entre os
grupos com frequência diferente. Isto fez com que os autores concluíssem que é
mais importante a quantidade de energia gasta na semana do que a frequência. Na
revisão de literatura elaborada por Andrade (2011), a autora concluiu que:
exercícios mais intensos estão ligados à maior melhora dos pacientes com
depressão; e ampla diversidade de exercícios podem ser utilizados com estes
indivíduos.
Dois estudos controlados mostraram que os exercícios aeróbicos de alto
consumo energético (com perda de 17,5 Kcal/Kg/semana) ou treinamento de
resistência, produziram maiores reduções de sintomas depressivos do que os de
baixo consumo energético (com perda de 7 Kcal/Kg/semana) (C. V. Souza, 2013).
44
Para Werneck et al. (2006), o exercício físico orientado para a melhoria do
estado de humor deve ser de caráter não competitivo e com duração entre 20 e 40
minutos.
Na opinião de Sousa (2013), a frequência dos exercícios físicos e o alívio
dos sintomas depressivos, mostrou que as pessoas que praticavam exercícios
aeróbios de três a cinco vezes por semana, apresentam maior redução destes
sintomas, comparados com as pessoas que praticam somente uma vez por
semana.
Outros autores referem que, os exercícios físicos moderados com duração
de 30 minutos e com frequência de três vezes por semana podem ser tão eficazes
quanto à psicoterapia no tratamento da depressão, sendo o seu efeito
tranquilamente comparado ao efeito da psicoterapia individual, da psicoterapia em
grupo e da psicoterapia cognitiva, sobre os sintomas da depressão leve e
moderada (Tkachuk & Martin, 1999).
45
Os efeitos antidepressivos do exercício físico são percebidos em vários
estudos, mas apesar da maioria destes serem realizados com exercícios aeróbios
como a caminhada e a hidroginástica, Martinsen (1990) refere que estes efeitos
também podem ser atribuídos aos exercícios anaeróbios. Ribeiro (1998) corrobora
com esta indicação, constatando através de uma revisão de literatura que os
exercícios físicos não aeróbios vem demonstrando eficácia contra a depressão.
Esta informação é oposta a encontrada por Knubben et al. (2007) que refere
que, a maioria dos estudos analisados avaliaram os efeitos do treino aeróbio e
obtiveram resultados positivos na redução da sintomatologia e que nos estudos em
que um dos grupos era submetido apenas a exercícios de flexibilidade os
resultados não foram tão satisfatórios, verificando-se uma redução menor dos
sintomas quando comparados com o exercício aeróbio.
Segundo a Internacional Society of Sport Psychology ISSP (1989), para se
beneficiar dos efeitos psicológicos da AF há que alternar o exercício do tipo
anaeróbico com o aeróbico. Deve-se entretanto dar prioridade à AF do tipo:
jogging, footing, natação, ciclismo, de uma forma não competitiva e menos intensa,
privilegiando, sempre que possível, as atividades em grupo e de contato com a
natureza.
Para os mesmos autores, as atividades lúdicas podem trazer mais
efetivamente um impacto positivo, além disso, o exercício em grupo como por
exemplo: os desportos coletivos, as aulas em grupo e os grupos de caminhada,
deve ser privilegiados pois promovem benefícios psicológicos de uma experiência
grupal, como o senso de envolvimento, compromisso e propósito, o senso de
controle sobre eventos externos, a instalação de esperança, o altruísmo e a
percepção de competência social.
46
3. Objetivo Geral
47
48
4. Material e Métodos
4.1 Amostra
49
e vii) tipo de AF mais praticada. Nas questões 11 e 12 deste questionário, era
facultado ao participante do estudo a escolha de 2 das 9 opções disponíveis
(Anexo 1).
50
Depressão grave: Média=32,20 e D.P.=8,28.
Adicionalmente, Vaz Serra & Pio Abreu (1973) admitem que, um português
pode estar deprimido se tiver um valor igual ao superior a 17,40-4,55=12,85.
Assim, neste estudo o ponto de corte entre não depressivos e depressivos foi em
12,85. Assim, a exemplo do realizado por Sá Gomes (2011), os clientes com score
inferior a 12,85 ficam incluídos na categoria "sem depressão" e os clientes com
score superior a 12,85 ficam incluídos na categoria "com depressão".
4.3 Protocolo
51
52
5. Resultados
Sem Com
Tempo de prática Total
Depressão Depressão
Até 6 meses 27 1 28
Entre 6 meses e 1 ano 24 0 24
Entre 1 e 3 anos 42 5 47
Acima de 3 anos 87 6 93
Não responderam 1 0 1
53
melhorar/prevenir estados de depressão, sendo 23% para indivíduos sem
depressão e 25% para indivíduos com depressão (Tabela 2).
Sem Com
Motivo Total
Depressão Depressão
Médica 11 0 11
Social – convívio 5 0 5
Recomendação de amigos/familiares 14 1 15
Ocupar tempos livres 5 0 5
Estética – modificar imagem corporal 64 5 69
Melhorar a autoestima 15 1 16
Melhorar estados psicológicos 41 3 44
Outros 22 2 24
Não responderam 4 0 4
Total 181 12 193
Sem Com
Atividade física Total
Depressão Depressão
aulas de nível 1 22 1 23
aulas de nível 2 76 7 83
aulas de nível 3 59 3 62
aulas de nível 4 20 1 21
máquinas de cardiovascular 54 5 59
máquinas de resistência muscular 49 3 52
Pesos Livres 22 1 23
Zona de treino funcional 14 1 15
X-Press Classes 3 2 5
Total 319 24 343
54
Na opinião dos clientes, com relação ao tipo de AF que lhes confere mais
prazer durante a prática, verificou-se que ambos os grupos optaram pelas mesmas
modalidades, são elas: as aulas de grupo com intensidade 2, as aulas de grupo
com intensidade 3, seguidas das máquinas de cardiovascular e de resistência
muscular (Tabela 4).
Sem Com
Atividade física Total
Depressão Depressão
aulas de nível 1 28 2 30
aulas de nível 2 83 7 90
aulas de nível 3 74 4 78
aulas de nível 4 25 0 25
máquinas de cardiovascular 40 3 43
máquinas de resistência muscular 38 3 41
Pesos Livres 22 1 23
Zona de treino funcional 11 1 12
X-Press Classes 2 3 3
Total 323 24 347
Sem Com
Acompanhamento Total
Depressão Depressão
em aulas de grupo com Instrutor 74 4 78
acompanhado de amigos ou familiares 44 2 46
com Personal Trainer 29 5 34
sozinho 26 1 27
Total 173 12 185
55
Tabela 6 – Frequência semanal dos treinos
Sem Com
Frequência semanal Total
depressão depressão
> 3 vezes 123 8 131
Entre 2 e 3 vezes 54 4 58
Total 177 12 189
Sem Com
Duração média da sessão Total
depressão depressão
Até 30 minutos por sessão 20 1 21
Entre 30 e 45 minutos por sessão 85 4 89
Entre 45 e 60 minutos por sessão 71 7 78
60 ou mais minutos por sessão 1 0 1
Não responderam 4 0 4
Total 181 12 193
56
Tabela 8 - Comparação das variáveis analisadas no estudo em indivíduos com e sem depressão
57
58
6. Discussão
59
razão de 1,5 a 3,0 com média de 2 mulheres a 5 mulheres para cada homem. Para
Minghelli et al. (2013), uma das explicações para o diagnóstico de depressão ser
superior em mulheres, deve-se ao facto de que estas vão com mais frequência a
consultas médicas.
Verificou-se neste estudo que, 60% dos indivíduos com depressão são
solteiros ou divorciados/separados (n=7), 33% são casados ou vivem em união de
facto (n=4) e 9% não responderam a esta questão (n=1). Os resultados deste
estudo corroboram com Katon (2011) que afirma ter a prevalência de depressão
uma distribuição de maneira desigual na população: sendo mais comum entre as
mulheres, os mais jovens, os mais desprivilegiados economicamente e os que
vivem sem companheiro (a). O fator económico, citado por Katon não foi analisado
na pesquisa, nem pode ser generalizado pois o valor médio da mensalidade no
Health Club em questão (50€), face ao salário mínimo atual (565,83€), representa
8,8% do valor do salário mínimo, ainda assim não se pode caracterizar a amostra
com médio/alto padrão económico.
Verificou-se também neste estudo que, a maior parte dos indivíduos com
depressão tem o Ensino Superior (66%). Este resultados não corroboram com a
literatura encontrada, como a de Santos & Kassouf (2007) que refere que quanto
maiores os níveis de escolaridade, menores taxas de depressão. Minghelli et al.
(2013) também afirma que a variável “escolaridade” tem influência na existência de
ansiedade e/ou depressão, chegando a ser 11 vezes maior nos indivíduos sem
habilitações literárias. Possivelmente estas diferenças devem-se ao facto do
presente estudo ter sido realizado no Holmes Place Health Club, um local de
prática privada de AF, enquanto que a pesquisa de Minghelli foi realizada com
idosos num Centro Cultural e num Centro de Dia, público, do Algarve.
Outra questão levantada no estudo refere a razão pela qual os clientes
iniciaram a prática da AF no Health Club. Verificou-se que, a maioria dos clientes
(58%) da amostra, decidiu iniciar a AF regular no Health Club por estética
(modificar a imagem corporal) ou para melhorar estados psicológicos (libertar o
stress, ansiedade e depressão). Para Sharkey (1998), a construção da imagem
corporal não é afetada pela depressão apenas por ser um distúrbio psíquico, mas
também pelas disfunções sociais, psicológicas e fisiológicas ocasionadas por ela.
Neste sentido, a busca pela modificação da imagem corporal pode estar
indiretamente relacionada à melhora dos estados psicológicos, embora não se
60
possa afirmar se estes clientes eram ou não depressivos quando iniciaram o
programa de AF no Health Club, pode-se sugerir que a busca por uma imagem
corporal melhor, pode indicar sintomas de depressão.
Na amostra analisada, pode-se verificar que, a maioria dos indivíduos com
depressão (91%) praticavam AF regular há mais de um ano, sendo que metade
(50%) destes indivíduos já pratica AF regular num Health Club ou ginásio há mais
de 3 anos. No que se refere ao tempo de adesão, os valores encontrados na
amostra não corroboram com a pesquisa de L. D. da Silveira & Duarte (2004),
referida anteriormente, aonde relata que 84,4% dos pacientes praticou AF apenas
por um período de um a três meses. O tempo de permanência dos indivíduos pode
ser em função do tipo de AFs oferecidas pelo Health Club e pela grande interação
social entre os profissionais e os clientes, incentivados pela marca Holmes Place,
pode ser uma das razões para a grande adesão destes indivíduos com depressão
por períodos superiores ao referido por L. D. da Silveira & Duarte.
Para Martinsen (1990), os sujeitos depressivos encaram, na sua grande
maioria, a AF como um esforço, tendendo a encontrar dificuldades para agregá-la
as suas atividades quotidianas. Neste sentido, para auxiliar a adesão, serão
necessárias estratégias de adesão, com suporte e encorajamento quando estes
começarem a se exercitar. Assim, acredita-se que, o facto dos participantes do
estudo, preferirem praticar AF acompanhada pode fazer com que o tempo da
prática de AF regular seja superior às pesquisas encontradas, visto que, a maioria
dos indivíduos (42%) com depressão preferem praticar AF acompanhada de
Personal Trainer, 33% preferem fazer em aulas de grupo, 17% preferem ter a
companhia de amigos ou familiares durante as sessões de treino e, apenas 8%
preferem praticar AF regular sozinho. Estes resultados podem significar que a
maior adesão destes indivíduos à AF deve-se ao acompanhamento durante as
sessões e à interação encontrada no ambiente de Health Club e corroboram com
Schuch & Fleck (2013) que afirmam que, muitos são os fatores que compõem a
sessão de exercício e, não é o exercício por si só. Por exemplo, quando um
indivíduo faz exercícios em um ambiente de grupo, o apoio social resultante e
atenção podem ter um papel importante, especialmente na depressão leve.
A preferência da maioria dos indivíduos com depressão pelo treino com
acompanhamento por Personal Trainer pode-se sugerir que seja pela maior
proximidade e cumplicidade entre o professor e aluno, atuando o Personal Trainer,
61
muitas vezes, como um “amigo ou confidente” do aluno. Acredita-se também que,
de alguma forma, estes sujeitos numa sessão de Personal Trainer têm menos
necessidade de sociabilização, visto ser uma das grandes dificuldades dos
indivíduos com depressão. Cabe ao Personal Trainer, com o conhecimento
adquirido através das formações e workshops de retenção de clientes, oferecidos
pela Academia de Formação Holmes Place, incentivar a permanência do cliente e
perceber quando o mesmo ganha autonomia, direcionando-o para aulas de grupo
de forma a aumentar a interação dos indivíduos com depressão com os outros
indivíduos do Health Club.
No presente estudo, verificou-se que, dentre os indivíduos com depressão, a
maioria pratica AF mais de 3 vezes por semana, o que corrobora com a literatura
que indica serem as sessões de 3 a 5 vezes por semana, fatores chave para que o
exercício físico possa originar benefícios psicológicos mais consistentes (Berger et
al., 2002; Buckworth e Dishman, 2002; Cruz et al., 1996; Dosil, 2004; Samulski,
2002; Weinberg, 1995 citado por Cid et al. (2007). A duração das sessões de 20 a
60 minutos descrita pelos autores acima como benéficas aos praticantes,
corroboram com os resultados da amostra analisada, aonde os clientes
responderam que a maioria (86%), com ou sem depressão, realizam as sessões de
treino com duração entre 30 e 60 minutos por sessão. Os benefícios referidos pelos
autores acima influenciam a saúde geral que, por sua vez, influencia a saúde
psicológica.
Dentre o tipo de AF realizada com mais frequência e o tipo de AF que
confere mais prazer aos clientes, as aulas de intensidade nível 2 e 3, bem como as
máquinas de cardiovascular são as AFs mais frequentadas e também aquelas que
oferecem maior grau de prazer aos clientes do estudo. No que toca a intensidade
das AFs acima relatadas, tratam-se de aulas com intensidade de média a alta,
entre 60 a 90% da FCMáx, o que vão estão em linha com a literatura referida por
Berger et al. (2002); Buckworth e Dishman (2002); Cruz et al. (1996); Dosil (2004);
Samulski (2002); Weinberg (1995) citado por Cid et al. (2007) que referem que,
AFs em intensidade entre 60 e 90% da FCMáx são fatores consistentes para que o
exercício físico possa originar benefícios psicológicos mais consistentes.
Pode-se verificar também que, algumas das aulas mais frequentadas pelos
clientes da amostra analisada, com ou sem depressão, não têm vertente aeróbia,
seja por estar abaixo dos 60% da FCMáx ou por ter picos acima dos 80%. Estes
62
picos acima da vertente aeróbia pode ser verificado em algumas faixas das
modalidades de maior intensidade, como é o caso do RPMTM, WarriorTM, Body
PumpTM, sugerindo assim que as aulas com componente anaeróbia também foram
referidas pelos participantes deste estudo.
Verificou-se também que, quando comparados indivíduos com e sem
depressão no que toca ao tipo de AF que realizam com mais frequência e o tipo de
AF que lhes promove mais prazer, os resultados encontrados foram semelhantes.
Não foram encontradas diferenças entre os indivíduos com e sem depressão, no
que se refere às razões pela qual decidiram iniciar um programa de AF, a
frequência semanal ao Health Club, bem como o tempo de prática de AF regular
num ginásio ou Health Club. Assim, as únicas diferenças encontradas entre estes
clientes foram: com relação ao tempo de duração de cada sessão de treino, aonde
os indivíduos com depressão realizam em sessões de 45 a 60', enquanto que os
indivíduos sem depressão realizam-nas em sessões de 30 a 45', em média; e com
relação ao tipo de acompanhamento durante as sessões em que os indivíduos com
depressão preferem realizar AF acompanhada por Personal Trainer e os indivíduos
sem depressão preferem fazê-lo nas aulas de grupo.
A discussão sobre a comparação entre indivíduos com e sem depressão e a
sua relação com a AF fica limitada devido ao facto de, este estudo ser um estudo
preliminar e, não terem sido encontrados estudos com esta metodologia.
63
64
7. Conclusões
65
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76
9. Anexos
1 – Idade
( ) entre 16 e 25 anos
( ) de 26 a 40 anos
( ) de 41 a 50 anos
( ) de 51 a 65 anos
( ) acima dos 65 anos
2 – Habilitações Literárias
( ) Sem habilitação
( ) Ensino Primário
( ) Ensino Básico (5º ao 9º)
( ) Ensino Secundário (10º ao 12º)
( ) Ensino Superior
3 – Estado Civil
( ) Solteiro
( ) Casado ou União de Facto
( ) Divorciado ou Separado
( ) Viúvo
4 – Sexo
( ) Masculino
( ) Feminino
5 – Tem filhos?
( ) Sim, quantos? _______
( ) Não
77
6 – Há quanto tempo pratica atividade física em Ginásio ou Health Club?
( ) Até 6 meses
( ) Entre 6 meses e 1 ano
( ) Entre 1 e 3 anos
( ) Acima de 3 anos
10 – Como prefere fazer atividade física ? Assinale a que considera mais importante.
( ) sozinho (a)
( ) acompanhado de amigos ou familiares
( ) com Personal Trainer
( ) em aulas de grupo com Instrutor
11 – Entre as atividades oferecidas pelo Health Club, quais as que considera mais
atrativas/prazerosa? Assinale as duas que lhe confere mais prazer.
( ) aulas de grupo nível 1 (Activate, Yoga, Pilates)
( ) aulas de grupo nível 2 (Total Condicionamento, Sh’Bam, Made in Brasil, B. Pump,
Body Balance)
( ) aulas de grupo nível 3 (RPM, Airfit, Warrior, X-celerate,
( ) aulas de grupos nível 4 (Spartans)
( ) máquinas de cardio (passadeira, remo, cross trainer, stepper, wave, bicicletas, etc)
( ) máquinas de resistência muscular (leg press, leg curl, leg extension, pectoral, etc)
( ) Pesos livres (barras livres, halteres, etc)
( ) Zona de treino funcional (TRX, Bosu, Ketlebells, elásticos, etc)
( ) X-Press Classes (Abdominais, Circuit trainer, etc)
78
12 – Qual das atividades abaixo realiza com maior frequência semanal? Assinale as duas
que mais vezes realiza por semana.
( ) aulas de grupo nível 1 (Activate, Yoga, Pilates)
( ) aulas de grupo nível 2 (Total Condicionamento, Sh’Bam, Made in Brasil, B. Pump,
Body Balance)
( ) aulas de grupo nível 3 (RPM, Airfit, Warrior, X-celerate,
( ) aulas de grupos nível 4 (Spartans)
( ) máquinas de cardio (passadeira, remo, cross trainer, stepper, wave, bicicletas, etc)
( ) máquinas de resistência muscular (leg press, leg curl, leg extension, pectoral, etc)
( ) Pesos livres
( ) Zona de treino funcional (TRX, Bosu, Ketlebells, elásticos, etc)
( ) X-Press Classes (Abdominais, Circuit trainer, etc)
79
80
9.2 Anexo 2 - Inventário de depressão de Beck [BDI]
I.D.B – ( Beck,1961)
Versão de Vaz Serra, 1973
Este questionário é constituído por vários grupos de afirmações. Em cada grupo escolha
apenas uma afirmação, aquela que lhe parece descrever melhor como se sente no
momento atual.
81
Não gosto de mim ( )
Estou bastante desgostoso comigo ( )
Odeio-me ( )
82
Não consigo trabalhar tão bem como de costume ( )
Tenho de dispender um grande esforço para fazer seja o que for ( )
Sinto-me incapaz de realizar qualquer trabalho, por mais pequeno que seja ( )
19. Não tenho perdido muito peso, se é que perdi algum, ultimamente ( )
Perdi mais de 2,5 quilos de peso ( )
Perdi mais de 5 quilos de peso ( )
Perdi mais de 7,5 quilos de peso ( )
21. Não notei qualquer mudança recente no meu interesse pela vida sexual ( )
Encontro-me menos interessado pela vida sexual do que costumava estar ( )
Atualmente sinto-me muito menos interessado pela vida sexual ( )
Perdi completamente o interesse que tinha pela vida sexual ( )
83