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CATALOGAÇÃO
DOS PRINCÍPIOS E TEORIAS AO RDA E IFLA LRM
CATALOGAÇÃO:
DOS PRINCÍPIOS E TEORIAS AO RDA E IFLA LRM
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
MARGARETH DE FÁTIMA FORMIGA MELO DINIZ
BERNARDINA MARIA JUVENAL FREIRE DE OLIVEIRA
EDITORA UFPB
Diretor REINALDO FARIAS PAIVA DE LUCENA
Coordenadora de editoração SÂMELLA ARRUDA ARAÚJO
Revisora gráfica ALICE BRITO
Revisor de pré-impressão WELLINGTON COSTA OLIVEIRA
Chefe de produção JOSÉ AUGUSTO DOS SANTOS FILHO
Editora filiada à:
RAILDO DE SOUSA MACHADO
ZAIRA REGINA ZAFALON
CATALOGAÇÃO:
DOS PRINCÍPIOS E TEORIAS AO RDA E IFLA LRM
João Pessoa
Editora UFPB
2020
Direitos autorais 2020 – Editora UFPB
Efetuado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme a
Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À EDITORA DA UFPB
É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou
por qualquer meio.
A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998)
é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal.
O conteúdo desta publicação é de inteira responsabilidade do autor.
Projeto Gráfico Editora UFPB
Editoração Eletrônica
e Design da Capa Alexandre Câmara
Catalogação na publicação:
Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba
128 p.
ISBN 978-65-5942-000-1
APRESENTAÇÃO................................................... 7
3 PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS DE
CATALOGAÇÂO................................................... 34
4 OS INSTRUMENTOS DE CATALOGAÇÃO....... 38
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Requirements for Bibliographic Records (FRBR); o Functional Requirements
for Authority Data (FRAD); e o Functional Requirements for Subject Authority
Data (FRSAD).
Já o tópico dedicado à proposta do Resource Description and
Access (RDA), estabelece a sua relação com os princípios e fundamentos
teóricos da catalogação descritiva, estruturado sob criteriosa e
seletiva bibliografia. Ao tratar das bases teóricas e das justificativas
para a concepção do RDA, o capítulo realça um significativo alerta aos
bibliotecários de catalogação e estudiosos do tema, preconizado por
Lubetzky (1953, p.61-62), ao destacar que:
Capa | Sumário | 8
O livro, em Isto não é um desfecho, destaca, entre várias
considerações, dois pontos significativos: 1) o RDA não é o desfecho
final de séculos de história da catalogação; também, talvez, não seja o
seu ápice, o momento mais glorioso da catalogação; mas representa um
momento importante, discutido nos cinco continentes; e 2) o momento
pelo qual passa a catalogação, na atualidade, chega como reflexo não
apenas do contexto tecnológico que ocasionou os acontecimentos
presentes, mas como despertar da consciência de que esta é apenas
umas das etapas que futuramente enriquecerá a história da catalogação.
Enfim, resta renovar o convite para a leitura e, principalmente,
saudar o bibliotecário e mestre Raildo de Sousa Machado e a bibliotecária
e professora Zaira Regina Zafalon, pela qualidade da contribuição que
disponibilizam para a área da Biblioteconomia brasileira.
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1 ISTO NÃO É UMA INTRODUÇÃO
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INSTITUTIONS, 2017). A publicação do agrupamento de todas as ISBDs
em apenas uma, a edição consolidada da ISBD, presente no anexo D
do RDA, ocorreu em 2011 (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY
ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, 2011). A publicação do IFLA Library
Reference Model: a conceptual model for bibliographic information (IFLA
LRM) ocorreu em 2017 e consolida “[...] a família FR em um único modelo
coerente para esclarecer a compreensão do modelo geral e remover
barreiras à sua adoção” (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY
ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, 2017, p. 5). Esses fatos deram impulso
à releitura do RDA e o levaram ao Project RDA 3R.
Está posto o ponto de partida para o nosso interesse em
publicar este livro que considera o percurso da revisão do AACR2 até
a proposta do RDA, tecendo um entrelaçamento entre os princípios e
os fundamentos teóricos da catalogação descritiva.
Com a clara intenção de mostrar o percurso que fizemos, e por
conta de assumirmos que é possível crescer sobre o ombro de gigantes,
rememoramos a contribuição dos teóricos fundadores da catalogação
e os princípios e fundamentos trazidos por eles. Apresentamos a
cronologia dos instrumentos da catalogação e os modelos conceituais
basilares da catalogação contemporânea pois isso, em nosso ponto
de vista, é requisito essencial para analisar o RDA. Como, durante a
elaboração desse material, o ciclo de (re)avaliação do RDA continuou
ocorrendo, também apresentaremos os movimentos ocorridos após o
lançamento do RDA e que são inerentes às discussões atuais do RDA.
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2 A CATALOGAÇÃO DESCRITIVA E SEUS TEÓRICOS
O século XIX foi decisivo para a história e o desenvolvimento da
catalogação moderna. Alguns fatores impulsionaram o desenvolvimento
prático e teórico da catalogação como conhecida hoje, tais como a ideia
da democratização do acesso aos livros a todas as pessoas, o crescimento
da produção de livros em línguas vernáculas (e não apenas em Latim),
e o surgimento de bibliotecas públicas, nacionais e universitárias.
Garrido Arilla (1999) destaca, entre os acontecimentos que foram
importantes para a história da catalogação, o trabalho de Otlet e La
Fontaine com o Institut International de Bibliographie, criado em 1895
em vista do crescimento da comunidade intelectual e a propagação
colossal das publicações científicas. Garrido Arilla (1999) afirma que
quiseram construir um arquivo central de todas as publicações impressas
editadas em todos os países, desde a invenção da imprenta. Estava
posta a necessidade de padronização de catálogos.
A catalogação se estabelece como uma das principais atividades
no campo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação, tanto
naquelas de cunho profissional quanto de pesquisas, mesmo tendo
surgido a partir das comunidades de prática e, delas, advindo suas
teorias e seus conceitos. Destacamos o ambiente biblioteconômico
como o seu lugar de nascimento prático e de desenvolvimento teórico.
Ao destacar a importância da catalogação, Lubetzky e Svenonius
(2000), a descrevem como um elo indispensável na transmissão,
integração e exploração dos registros da civilização humana e como
fundamental no desenvolvimento de operações e serviços e para o
atingimento da missão da biblioteca. A catalogação, portanto, está
repleta de ideologia, metodologia e tecnologia para servir bem a
biblioteca do século XXI.
Para Pinto Molina (1991) a catalogação é um processo composto
por um conjunto de operações (algumas intelectuais e outras mecânicas
e repetitivas) que cobrem o conteúdo e a forma dos documentos
originais, retrabalhando-os e transformando-os em outros, de natureza
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3 PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÂO
Ao considerar os alicerces teóricos para o desenvolvimento
do RDA, ainda em sua introdução, fica explícito que o padrão foi
construído nas bases estabelecidas pelo AACR e com influências de
grandes tradições catalográficas. O documento do RDA especifica tais
tradições e destaca como obras fundadoras: [1] Rules for a Dictionary
Catalog, de Charles A. Cutter; [2] International Conference on Cataloging
Principles, report; [3] Principles of cataloging: final report: phase I: descriptive
cataloging, de Seymour Lubetzky e; [4] Rules for the compilation of the
catalogue, de Antonio Panizzi, que fazem parte do rol de importantes
pensadores da catalogação e formadores de ideias que ainda hoje são
aplicadas. As ISBDs, um dos principais contributos para a padronização
dos registros bibliográficos, não são indicadas como parte das tradições,
mas como um dos instrumentos em que a construção do RDA se
fundamenta.
Resultado da International Conference on Cataloguing Principles,
realizada em Paris, a Statement of International Cataloguing Principles teve
sua primeira publicação em 1961 e ficou conhecida como Princípios de
Paris. O objetivo dos Princípios de Paris é o de servir como referência
para a padronização internacional da catalogação, além de orientar a
construção de catálogos e de códigos de catalogação (apesar de estes
últimos estarem implícitos na publicação de 1961). Santos e Corrêa
(2009) lembram que a obra Cataloguing rules and principles, de Seymour
Lubetzky, foi aquela que deu sustentação para o que seria discutido
na International Conference on Cataloguing Principles. Consideramos de
igual importância as ideias conjuntas de Ranganathan e Lubetzky nas
discussões de tais princípios.
Na publicação de 1961, a declaração apresentou as funções e
a estrutura dos catálogos, além de orientações de como deveriam ser
registradas as entradas em um registro bibliográfico. Santos e Corrêa
(2009, p. 23) destacam que a “[...] Conferência de Paris é [...] a primeira
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Quadro 1 – Quadro comparativo das definições presentes nos Princípios Internacionais de Catalogação (ICP) de 1961, 2009 e 2016
Categorias ICP 1961 ICP 2009 ICP 2016
Escolha de Pontos de acesso e cabeçalhos Entidades, atributos e relações; descrição Entidades, atributos e relações; descrição bibliográfica;
Abrangência bibliográfica; pontos de acesso; fundamentos pontos de acesso; fundamentos das capacidades de
para a funcionalidade de pesquisa pesquisa
Não menciona. Conveniência do usuário; Uso comum; Conveniência do usuário; Uso comum; Representação;
Representação; Exatidão; Suficiência e Exatidão; Suficiência e necessidade; Significância;
Princípios necessidade; Significância; Economia; Economia; Consistência e normalização; Integração;
Consistência e normalização; Integração. Interoperabilidade; Abertura; Acessibilidade;
Racionalidade
Recursos Livros impressos Todos os tipos de recursos informacionais Todos os tipos de recursos informacionais
informacionais
O catálogo deve ser um instrumento eficiente para O catálogo deve ser um instrumento efetivo e O catálogo deve ser um instrumento eficaz e eficiente
verificar: se a biblioteca contém um determinado livro eficiente que permita ao utilizador (usuário): que permite ao usuário: encontrar um determinado
especificado por seu autor e título, ou se o autor não for encontrar um determinado recurso; identificar recurso; identificar um recurso bibliográfico ou agente;
mencionado no livro, apenas seu título, ou se autor e título um recurso bibliográfico ou agente; selecionar selecionar um recurso bibliográfico que seja apropriado
forem inadequados ou insuficientes para identificação, um recurso bibliográfico que seja apropriado às às necessidades do usuário; adquirir ou obter acesso a um
um substituto adequado para o título; e quais obras de um necessidades do usuário; adquirir ou obter acesso item descrito; navegar e explorar num catálogo ou para
Funções do catálogo
determinado autor e quais edições de uma determinada a um item descrito; navegar num catálogo ou para além dele.
obra estão na biblioteca. além dele.
O catálogo deve atender às necessidades e ao interesse A conveniência do usuário é o princípio mais Considera novas categorias de usuários e a mudança
do usuário. determinante. significativa do seu comportamento em geral.
Usuário
Não menciona. Indica que: deve ser criada uma descrição - deve-se criar uma descrição bibliográfica separada para
bibliográfica separada para cada Manifestação; cada Manifestação;
a descrição bibliográfica baseia-se,
tipicamente, no item e pode incluir atributos - os dados descritivos devem ser baseados numa norma
tanto da obra quanto da expressão; os dados internacionalmente vigente;
Descrição bibliográfica
descritivos devem ser baseados numa norma
- as descrições podem ser feitas de acordo com vários
internacionalmente vigente; as descrições
níveis de detalhe, dependendo dos objetivos do
podem ser feitas de acordo com vários níveis de
catálogo.
detalhe, dependendo dos objetivos do catálogo
ou ficheiro (arquivo) bibliográfico.
Fonte: Adaptação a partir de International Federation of Library Associations and Institutions (1961, 2009a, 2016) e de Santos e Corrêa (2009).
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4 OS INSTRUMENTOS DE CATALOGAÇÃO
A catalogação teve desenvolvimento concomitante de
instrumentos que auxiliassem a sua prática e a constituição de sua
teoria. Assim, tanto a catalogação descritiva quanto a temática, fazem
uso de códigos, normas e/ou padrões que orientam a elaboração e o
arranjo de catálogos.
Para Chaplin (1956) além de ser uma declaração de práticas,
um código de catalogação pode ser entendido como um conjunto de
regras destinadas a aplicar-se aos catálogos, visto que é um instrumento
de padronização. Ele ainda lembra que as vantagens na uniformização
dos catálogos são sentidas na economia de tempo tanto do usuário
quanto para os produtores de catálogos.
Neste capítulo apresentaremos uma abordagem geral sobre os
códigos de catalogação e seu percurso histórico, com destaque para
os códigos anglo-americanos e a ISBD.
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Desta maneira, um vídeo ou um áudio (em cassete)
tinham os suportes delineados e os catalogadores
podiam descrevê-los sem dificuldades como conteúdos
de algo real. Com a evolução tecnológica, surge uma
nova variedade de mídias. (SILVA, 2008).
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5 OS MODELOS CONCEITUAIS DO UNIVERSO
BIBLIOGRÁFICO
Diante do contexto de necessidades teóricas da catalogação
surgem os modelos conceituas propostos pela International Federation
of Library Associations and Institutions, que trouxeram para a área amplas
discussões e impacto nas práticas, padrões e teorias da catalogação.
Segundo Chen (1990), modelo conceitual (expressão que vem
da Ciência da Computação) refere-se a um método adotado para a
definição do projeto lógico de um banco de dados. Neste modelo busca-
se fazer, por meio de diagramas, uma representação do mundo real,
independente das formas de armazenamento dos dados e da eficiência
do banco de dados. Por ser concebido a partir das funcionalidades dos
dados, as definições do modelo conceitual são feitas com base nas
relações entre as entidades (a “coisa” distintamente identificada) por
meio de seus atributos (qualificadores).
No delineamento dos modelos conceituais assume-se que as
abstrações do mundo real e sua semelhança com a realidade são de
ordem conceitual e não física (COYLE, 2016). Poulter (2013) apresenta
entidade como uma coisa capaz de existir de forma independente, que
pode ser identificada de forma exclusiva.
Além das entidades e dos atributos, os modelos conceituais
apresentam as relações estabelecidas entre as entidades; essa
composição de entidades, atributos e relacionamentos é o que demarca
um modelo conceitual.
O Esquema 1 é apresentado para ilustrar como os relacionamentos
são ligados às entidades. As setas que ligam as entidades marcam as
relações: pontas duplas de setas ilustram, por exemplo, uma relação
para muitos; as pontas únicas de setas indicam que a relação é unívoca.
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PAÍS
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natureza levaram a comunidade bibliotecária a refletir teoricamente
sobre os motivos pelos quais as regras são necessárias e amplamente
adotadas na prática.
Os modelos conceituais usados no domínio biblioteconômico,
reconhecidos como família FR, são modelos abstratos. Joudrey, Taylor
e Miller (2015) definem os FRs como um arcabouço teórico básico
para a compreensão dos componentes do universo bibliográfico. Essa
exposição reforça que a família FR foi estabelecida com a finalidade de
orientar a construção de padrões, e não de tornarem-se padrões de
catalogação em si mesmos.
Para Coyle (2016) até o surgimento do Functional Requirements
for Bibliographic Records (FRBR), as descrições bibliográficas eram feitas
de forma muito restrita, limitando-as às características materiais/físicas,
ou às características que eram mais visíveis ou facilmente identificáveis,
não dando a atenção necessária aos conteúdos que os suportes
informacionais carregam. Desse modo, a contribuição que a abordagem
dos modelos conceituais traz pressupõe uma redefinição da descrição
bibliográfica de um grupo fixo e imóvel de dados para um conjunto de
unidades de informação inter-relacionadas que podem ser vistas sob
diferentes pontos de vista.
Pelo fato de os modelos conceituais voltarem-se à compreensão
sobre as funções de um registro bibliográfico, vamos olhar com mais
detalhe os requisitos funcionais propostos pela IFLA: Functional
Requirements for Bibliographic Records (FRBR), Functional Requirements
for Authority Data (FRAD) e Functional Requirements for Subject Authority
Data (FRSAD).
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OBRA
é realizada através de
EXPRESSÃO
é materializada em
MANIFESTAÇÃO
é exemplificada por
ITEM
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OBRA
é criada por
é produzida por
ITEM
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PESSOA
CONCEITO OBJETO
INSTITUIÇÃO
EVENTO LUGAR
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ENTIDADES BIBLIOGRÁFICAS
PESSOA
INSTITUIÇÃO
OBRA CONCEITO
FAMÍLIA
EXPRESSÃO OBJETO
é associado com
é associado com EVENTO
MANIFESTAÇÃO
LUGAR
ITEM
é base para
possui denominação é baseado em
NOME PONTO DE ACESSO
é denominação de
CONTROLADO
é atribuído
IDENTIFICADOR
é atribuído para
é controlado por
controla REGRAS
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Fonte: International Federation of Library Associations and Institutions (2010, p. 15, tradução nossa).
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OBRA
OBRA
tem EXPRESSÃO
como assunto
MANIFESTAÇÃO
tem como assunto
ITEM
é assunto de
PESSOA
tem como assunto
INSTITUIÇÃO THEMA
FAMÍLIA
OBJETO
EVENTO
LUGAR
tem denominação
NOMEN
é denominação de
Fonte: International Federation of Library Associations and Institutions (2010, p. 15, tradução nossa).
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6 UM NOVO CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO
O que impulsionou a criação de um novo código, visto que o
AACR2r estava sendo atualizado? Weiss e Larkin (2006) consideraram
quatro forças motrizes para a tomada de decisão quanto à criação de um
novo código de catalogação: [1] a realização da International Conference
on the Principles and Future Development of AACR, em Toronto, Canadá,
em 1997; [2] a publicação do Functional Requirements for Bibliographic
Records (FRBR), em 1998; [3] o Plano estratégico para o AACR; e [4] a
realização do IFLA Meeting of Experts on an International Cataloguing
Code, com edições anuais no período de 2003 a 2007, ocorridas em
diferentes continentes.
A International Conference on the Principles and Future Development
of AACR, ocorreu de 23 a 25 de outubro de 1997, na Faculty of Information
Studies, University of Toronto, em Toronto, no Canadá, e contou com
participantes de Austrália, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Rússia,
Suécia, África do Sul, Irã e Dinamarca. Segundo Tillett (1998), esta
Conferência avaliou os princípios e as regras de catalogação à luz da
descrição e do acesso aos recursos informacionais dentro da estrutura
dos catálogos de bibliotecas.
As discussões neste evento buscaram apresentar, historicamente,
o AACR e analisar seus princípios à luz das tecnologias que transformaram
as formas de apresentação das informações em um catálogo. Também
foram colocadas em pauta as influências da tecnologia na construção de
catálogos e a permanência da validade dos princípios de catalogação
para o ambiente online. Debateu-se, ainda, a efetividade dos pontos
de acesso em um catálogo, que deixou de ser físico, e, em um contexto
marcado pela transferência do catálogo em fichas para o computador,
analisou-se como o MARC poderia ser usado para além de uma
apresentação prática do AACR, o que exigiu um olhar computacional.
As relações bibliográficas também foram abordadas no
encontro, e destacou-se a necessidade de que tais relações deveriam
estar presentes nos princípios de códigos de catalogação. A função
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Pediu regras compreensíveis e ensináveis que tivessem
lógica, e que fossem extensíveis, pois novas mídias apareciam
frequentemente e algumas vêm e vão. As regras do AACR
deveriam ser compatíveis, tanto quanto possível, com
Glenn Patton
outras tradições e regras de catalogação, à medida em que
o movimento internacional era cada vez maior. Destacou,
também, a necessidade de remover o limite de três autores
na descrição.
Observou que era possível incluir EAD (Enhanced Archival
Description) e Dublin Core nas regras de várias maneiras
Laurel Jizba e sugeriu declarar o propósito dos diferentes modelos na
introdução das regras de modo a defini-los no contexto do
mundo dos sistemas de informação.
Observou que a comunidade arquivística utilizou com
Kent Haworth e Steve
sucesso a ISBD(G) e o AACR2 nos últimos sete anos, o que
Hensen
não comprometeu os princípios de arquivamento.
Indicou que os registros bibliográficos deveriam incluir o
idioma, a data, os dados da manifestação original e que os
Sherry Vellucci registros de obra deveriam incluir o nome do autor, o nome da
obra e a data, visto que cobriam todas as funções tradicionais
de uma entrada principal.
Propôs um modelo nomeado como sendo de quatro camadas
Lynne Howarth (ou quatro níveis), que, na verdade, eram quatro componentes
vinculados de informação (e não um modelo hierárquico).
Afirmou que o AACR2 poderia ser a base para mudanças
Michael Gorman graduais e evolutivas e um meio de padronização para
aumentar os benefícios econômicos da catalogação.
Fonte: Adaptado de Tillett (1998).
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Leis de
Leis propostas por Connaway e Faniel
Ranganathan
Os livros são para E-books são para Netflix é para
Blackboard é para estudar
usar leitura assistir
A cada leitor o seu A cada ouvinte A cada artista
A cada estudante seu EasyBib
livro seu iTunes seu Photoshop
Todo mapa do
Para cada livro o Todo blog seu Todo repositório digital tem
Google tem seu
seu leitor leitor seu pesquisador
viajante
Economize Economize
Poupe o tempo Economize o tempo do
o tempo do o tempo do
do leitor pesquisador
ouvinte viajante
A biblioteca é um
organismo em
crescimento
Fonte: Adaptado de Connaway e Faniel (2015).
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7 ERA UMA VEZ UM CÓDIGO INTERNACIONAL DE
CATALOGAÇÃO!
Por conta da associação das tecnologias na elaboração
de registros bibliográficos, no gerenciamento dos catálogos, no
processamento das solicitações dos usuários pelos bancos de dados,
na definição de templates de apresentação dos resultados em ações
de busca, e em sua (re)configuração por opções feitas pelos próprios
usuários, as limitações das fichas catalográficas e as regras vigentes já
não eram aplicáveis também aos novos suportes informacionais.
Relembremos, com Souza (1997), que o AACR foi publicado
em 1967, após uma revisão do Código da American Library Association
(ALA), adaptando-o aos princípios discutidos, em 1961, durante a
International Conference on Cataloguing Principles. Portanto, o AACR
supriu as necessidades que lhe cabiam naquele período específico, o que
mostra que o processo de catalogação, seus instrumentos, e tecnologias
correlacionam-se. Com os avanços tecnológicos e, consequentemente,
com as novas formas de produção, armazenamento e uso da informação,
surgiu a necessidade de revisão e adequação do AACR.
Elaborado como um código para catalogar materiais impressos,
o AACR2 passou por várias atualizações com a finalidade de melhorar
seu desempenho e oferecer regras para o registro de maior gama
de suportes, por isso a publicação do AACR2r (revisão de 2002, com
publicação da versão brasileira em 2004). Segundo Oliver (2011, p. 3) “[...]
um grande obstáculo com que se defrontaram as AACR foi a descrição
de novos tipos de recursos. [...] Esta limitação dificultou a extensão
das regras AACR2 para incluir a descrição de novos tipos de recursos,
principalmente os eletrônicos.”
Algum argumento contrário à proposta de um novo código? Nos
apontamentos feitos por Gorman e Oddy (1997) durante a Conferência de
Toronto ficou claro o cuidado que se deveria ter ao propor a substituição
de um código amplamente aceito, o que era o caso do AACR (inclusive,
identificado nos IME-ICC), e argumentam:
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8 A PROPOSTA DO RESOURCE DESCRIPTION AND
ACCESS (RDA)
No documento norteador do RDA, o Statement of objectives and
principles for RDA, foram estabelecidos cinco princípios que orientariam
o desenvolvimento do RDA: [1] generalização, [2] especificidade, [3] não
redundância, [4] terminologia e [5] estrutura de referência; e outros
oito princípios voltados à funcionalidade dos dados descritivos: [1]
diferenciação, [2] relacionamentos, [3] uniformidade, [4] atribuição, [5]
representação, [6] precisão, [7] uso comum e [8] suficiência.25 (JOINT
STEERING COMMITTEE FOR DEVELOPMENT OF RDA, 2009). O plano
estava traçado.
Para Riva (2016), os códigos de catalogação podem ser, e
de fato são, baseados em um modelo que considera as entidades,
relacionamentos e atributos revelados por meio de dados bibliográficos.
O RDA, então, seria exemplo de um instrumento de catalogação alinhado
de forma firme e explícita com um modelo conceitual escolhido.
Para Delsey (2016) o alinhamento com os modelos FRBR e FRAD
foi fundamental no cumprimento do compromisso assumido no plano
estratégico do RDA. Isso definiu que as orientações estabelecidas pelo
novo padrão deveriam apresentar-se conforme os conceitos presentes
nos FRs. Para Gorman ([2007]), porém, o FRBR pode ter algum mérito
como forma de examinar a teoria da catalogação, mas tem pouco a
contribuir como documento fundamental para a criação de um código
de catalogação.
O alinhamento do RDA aos modelos conceituais da IFLA fica
evidente em cada uma de suas seções, que direcionam o olhar para as
entidades, atributos e relações presentes nos modelos.
Em um ensaio “pré RDA”, Dunsire (2007) declara que RDA é o
acrônimo de Resource Description and Access, um novo padrão para o
conteúdo de metadados usados para apoiar a descoberta, identificação
e emprego de recursos informacionais.
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transcrito exatamente como aparece, tal qual o RDA orienta nas diretrizes
gerais para trancrição, em 1.7.1. Um ponto que mostra divergência entre
as proposições de Jewett e o RDA é que ele era contra a liberdade dada
ao catalogador, visto que, para ele, ou os catalogadores seguiam regras
ou o serviço catalográfico seria um bagunça.
Cutter, ao estabelecer os objetivos do catálogos, vinculou a
necessidade de que todas as atividades práticas e teóricas da catalogação
fossem direcionadas aos usuários. Esse é o grande ponto de encontro
entre os teóricos e o RDA: o usuário.
Mesmo que em épocas diferentes e contextos tecnológicos
diversos, ou que algumas das regras e instruções diferenciem-se no
padrão RDA, o que se observa no arcabouço teórico de tais estudiosos
é a preocupação com o usuário e o esforço para que o catálogo sirva
não apenas de canal de comunicação entre os acervos e o público, mas
que cumpra o papel de democratização do acesso e uso da informação.
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9 DURANTE O RDA, O IFLA LRM! UM NOVO MODELO
CONCEITUAL
Em decorrência da publicação do RDA e do FRSAD, ambos
em 2010, e das discussões advindas do alinhamento do padrão aos,
agora, três modelos conceituais FR houve uma pausa nas atualizações
do RDA motivada pela proposição de um novo modelo conceitual.
Neste capítulo comentaremos os desdobramentos havidos depois da
publicação do RDA: o IFLA Library Reference Model e o Project RDA 3R.
A International Federation of Library Associations and Institutions
(2017) define que o IFLA LRM é resultado dos três modelos conceituais
da família FR (FRBR, FRAD e FRSAD) e, ao mesmo tempo, distinto dos
mesmos. Tendo em vista que os modelos conceituais da família FR
foram propostos por grupos com diferentes membros e publicados
em diferentes períodos, se fez necessário consolidá-los em um único
modelo coerente, o que originou o IFLA LRM, um modelo conceitual
de referência para dados de bibliotecas.
Os estudos para a consolidação dos modelos FR em um modelo
conceitual consolidado foram desenvolvidos pelo FRBR Review Group, a
partir de 2010. Em 2013 esse grupo constituiu o Consolidation Editorial
Group (CEG) que tinha como missão avaliar detalhadamente os atributos
e relacionamentos do modelos da família FR e elaborar um relatório com
a definição do modelo. Após a apresentação do relatório, identificado
como FRBR-Library Reference Model, para uma revisão mundial, o CEG
fez os ajustes no rascunho do modelo, que foi avaliado pelo FRBR Review
Group, e aprovado, em 2016, com o nome de IFLA Library Reference
Model. Feita a apresentação do modelo aos comitês permanentes de
catalogação e de assuntos da IFLA e ao ISBD Review Group, o modelo
foi aprovado e publicado em 2017.
A International Federation of Library Associations and Institutions
(2017) ressalta que, para o IFLA LRM, foram analisados comparativamente
as tarefas de usuários, as entidades, os atributos e as relações dos três
modelos da famílai FR, tendo o estudo sido dividido nos seguintes
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Identificação Entidadades
LRM-E1 Res
LRM-E2 Obra
LRM-E3 Expressão
LRM-E4 Manifestação
LRM-E5 Item
LRM-E6 Agente
LRM-E7 Pessoa
LRM-E9 Nomen
LRM-E10 Lugar
LRM-E11 Intervalo de
Tempo
Fonte: Elaborado pelos autores.
LRM-E1
LRM-E7 LRM-E8
LRM-E1
LRM-E1-A1
LRM-E1-A2
LRM-E7 LRM-E8
LRM-E3-A4 LRM-E4-A4 LRM-E9-A4
LRM-E3-A5 LRM-E4-A5 LRM-E9-A5
LRM-E3-A6 LRM-E4-A6 LRM-E9-A6
LRM-E7-
LRM-E3-A7 LRM-E9-A7
A1
LRM-E3-A8 LRM-E9-A8
LRM-E9-A9
Fonte: Adaptado de International Federation of Library Associations and Institutions (2017, p. 38, tradução nossa).
• LRM-E7-A1 Profissão/Ocupação
• LRM-E9 – Nomen
• LRM-E9-A1 Categoria
• LRM-E9-A2 Nomen string
• LRM-E9-A3 Esquema
• LRM-E9-A4 Público-alvo
• LRM-E9-A5 Contexto de uso
• LRM-E9-A6 Fonte de referência
• LRM-E9-A7 Idioma
• LRM-E9-A8 Escrita
• LRM-E9-A9 Conversão de escrita
• LRM-E10 – Lugar
• LRM-E10-A1 Categoria
• LRM-E10-A2 Localização
• LRM-E11 – Intervalo de tempo
• LRM-E11-A1 Início
• LRM-E11-A2 Término
No IFLA LRM os atributos devem ser registrados pela agência
catalogadora com o uso de vocabulários controlados e no idioma e
escrita da própria agência.
Outro componente essencial em modelos conceituais do tipo
entidade-relacionamento são os relacionamentos entre as entidades.
Com a finalidade de contextualizar e vincular as entidades, os
relacionamentos exercem fundamental importância no IFLA LRM.
Do mesmo modo que ocorre com as entidades, os
relacionamentos obedecem a hierarquias, nomeado no modelo como
refinamento específico; isso faz com que seja cumprida a função de
restrição entre os relacionamentos.
As relações previstas entre as entidades do IFLA LRM podem ser vistas no Esquema 10.
Esquema 10 – Panorama dos relacionamentos entre as entidades do IFLA LRM
possui parte
é parte de
possui associação com
INTERVALO DE
é associado com TEMPO
Fonte: International Federation of Library Associations and Institutions (2017, p. 86, tradução nossa).
HUFFORD, Jon R. The pragmatic basis of catalog codes: has the user
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n. 1, p. 27-38, 1991.
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2016. Disponível em: http://library.ifla.org/1911/1/S17-2016-riva-en.
pdf. Acesso em: 10 abr. 2018.
SILVA, José Fernando Modesto da. O AACR não dá, mas o RDA dará
vitaminação ao catalogador. 2008. Disponível em: http://www.ofaj.
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WEISS, Paul J.; LARKIN, Molly R. T. AACR3 Is Coming: What Is It? The
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the Catalog. Cataloging & Classification Quarterly, [s. l.], v. 1, n. 19,
p. 9-28, 1994.
SOBRE OS AUTORES
Raildo de Sousa Machado é bacharel em Biblioteconomia,
especialista em Docência no Ensino Superior e mestre em Ciência da
Informação. Atua como bibliotecário-documentalista na Universidade
Federal do Amapá há sete anos. É membro do Grupo de Trabalho em
Catalogação da FEBAB. É pesquisador no Grupo de Pesquisa Tecnologias
em Ambientes Informacionais e Inovação da Universidade Federal de
São Carlos (GPTAI/UFSCar), onde desenvolve pesquisas em Organização
e Representação da Informação, com ênfase em catalogação descritiva,
revisão sistemática de literatura e normativas para a formalização da
comunicação científica.