Bacteriologia e Diagnósticos Laboratoriais
Bacteriologia e Diagnósticos Laboratoriais
Bacteriologia e Diagnósticos Laboratoriais
SUMÁRIO
1 BACTERIOLOGIA ....................................................................................... 3
2 MICROBIOLOGIA ESPECIAL - BACTERIOLOGIA .................................... 5
3 FISIOLOGIA BACTERIANA / NUTRIÇÃO BACTERIANA .......................... 7
4 CONJUGAÇÃO BACTERIANA ................................................................... 9
5 ANTIBIOGRAMA ...................................................................................... 12
6 PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS .............................................. 19
7 BACILOS GRAM-POSITIVOS .................................................................. 20
8 IDENTIFICAÇÃO DE ENTEROBACTÉRIAS ............................................ 28
9 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN ........................................................ 32
10 DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS ..................................................... 34
11 EXAME DE URINA ................................................................................ 43
12 INFECÇÕES DE OSSOS E ARTICULAÇÕES ...................................... 49
13 INFECÇÕES DA PELE E TECIDO SUBCUTÂNEO .............................. 51
14 INFECÇÕES INTESTINAIS ................................................................... 68
15 PRINCIPAIS CAUSAS INFECCIOSAS DE DESINTERIA ..................... 71
16 RELATÓRIO DE RESULTADOS ........................................................... 82
17 INFECÇÕES ABDOMINAIS .................................................................. 83
18 INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .............................. 86
19 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E ETIOLOGIA DE PROCESSOS
INFECCIOSOS DO SNC ........................................................................................... 89
20 INFECÇÕES SISTÊMICAS ................................................................... 97
21 DIAGNÓSTICO EM HEMOCULTURAS .............................................. 101
22 INFECÇÕES GENITAIS ...................................................................... 106
23 INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR ..................... 121
24 INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR ...................... 125
25 PNEUMONIA HOSPITALAR ............................................................... 128
26 PACIENTES NEUTROPÊNICOS E IMUNOSSUPRIMIDOS ............... 139
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 142
2
1 BACTERIOLOGIA
Fonte: www.laced.com.py
História
Somente no século XIX, após muitas doenças disseminadas sem
conhecimento, as bactérias começaram a ser profundamente estudadas. Entre os
mais importantes bacteriologistas, podemos citar os dessa época, Robert Koch e
Louis Pasteur, pois fizeram muitos estudos importantes para a medicina atual em
torno da ação nociva das bactérias e das formas de combate a elas.
O que estuda?
As principais áreas e temas estudados por essa área quanto às bactérias são
a taxonomia, ou seja, a classificação destes seres; a sistemática, que descreve as
relações entre os organismos e a biodiversidade; morfologia, que estuda as formas
3
ou partes das bactérias; bioquímica, que envolve estudos relacionados aos processos
químicos das bactérias; o estudo destes seres para a produção de medicamentos, as
propriedades nocivas das bactérias, além de sua genética de suas diversas espécies.
Tipos de bactérias
Pertencentes ao Reino Monera, as bactérias podem ser divididas em três tipos
principais:
Tiobactérias ou sulfobactérias, que utilizam compostos à base de
enxofre para que sua síntese de compostos orgânicos seja possível;
Doenças comuns
As doenças mais conhecidas que são causadas por bactérias são o botulismo,
causado pela Clostridium botulinum, a bronquite, causada pelos pneumococos, e o
Cancro mole, DST causada pela Haemophilus ducreyi.
4
2 MICROBIOLOGIA ESPECIAL - BACTERIOLOGIA
Fonte:caisdamemoria.files.wordpress.com
Coloração de Gram.
Observações das principais formas e estruturas bacterianas.
A coloração de Gram recebeu este nome em homenagem a seu descobridor, o
médico dinamarquês Hans Cristian Joaquim Gram. Em 1884, Gram observou que as
bactérias adquiriram cores diferentes, quando tratadas com diferentes corantes. Isso
permitiu classificá-las em dois grupos distintos: as que ficavam roxas, que foram
chamadas de Gram-positivas, e as que ficavam vermelhas, chamadas de Gram-
negativas. Após descrição do método, inúmeras propostas de modificação foram
feitas.
O método tintorial predominante utilizado em bacteriologia é o método de Gram.
A bacterioscopia, após coloração pelo método de Gram com diagnóstico presuntivo,
de triagem, ou até mesmo confirmatório em alguns casos, constituindo-se uma peça
importante e fundamental. Essa técnica é simples, rápida e tem capacidade de
resolução, permitindo o correto diagnóstico em cerca de 80% dos pacientes em
caráter de pronto atendimento em nível local.
Os custos com investimento e manutenção são consideravelmente baixos
diante da eficácia alcançada com os resultados imediatos dos testes. Essa técnica
requer instalação simples, necessitando apenas de uma sala pequena com
5
disponibilidade de água e gás, onde deverá ser instalado um balcão com pia e um
bico de Bunsen, eventualmente substituído por uma lamparina ou espiriteira. São
ainda necessários: microscópio com objetiva de imersão e bateria para a coloração
de Gram. Os corantes devem ser preparados pelo próprio laboratório ou por um
laboratório habitado que assegure a qualidade do produto. Finalmente, e mais
importante, são necessários técnicos de laboratório treinados, responsáveis e
conscientes do valor do seu trabalho.
Princípio
Nas bactérias Gram-positivas a parede celular é formada principalmente por
ácidos teicóicos e nas bactérias Gram-negativas, é formada principalmente por
lipídeos. Por possuírem grande quantidade de ácidos teicóicos, após a coloração, as
Gram-positivas formam um complexo corado azul intenso, que não é removido
facilmente com álcool-acetona. As Gram-negativas não retêm a coloração após o
tratamento com álcool-acetona e são reveladas posteriormente com solução de
fucsina ou safranina, apresentando-se na coloração avermelhada.
Variações
A técnica de coloração de Gram geralmente respeita um protocolo de ações
que a padroniza. Contudo, há variantes nesse procedimento relacionadas aos tempos
de execução da coloração e à utilização de lavagem com água em dadas etapas que
podem ou não interferir na visualização das estruturas coradas.
Como exemplo, o método original utiliza violeta-de-genciana. Hoje se utiliza um
outro tipo de cristal violeta, a violeta-de-metila. É importante ressaltar que a solução
de violeta-de-metila, em sua preparação, já contém fixador químico. Entretanto, a
modificação mais importante foi a do corante secundário, também chamado de
corante de fundo. A fucsina fenicada de Gram foi substituída pela safranina baseado
no espectro de cores, já que esta última se mantém mais distante da violeta no
espectro de cor, diferenciando com maior nitidez as bactérias Gram-negativas.
Procedimento
1. Cubra o esfregaço com cristal violeta e deixe por aproximadamente 1 minuto;
2. Escorra o corante e lave em um filete de água corrente;
6
3. Cubra a lâmina com lugol e deixe agir por aproximadamente 1 minuto;
4. Escorra o lugol e lave em um filete de água corrente;
5. Adicione álcool-acetona sobre a lâmina; descorando-a, até que não
desprenda mais corante;
6. Lave em um filete de água corrente;
7. Cubra a lâmina com safranina e deixe agir por aproximadamente 30
segundos;
8. Lave em um filete de água corrente;
9. Deixe secar ao ar livre;
10. Coloque uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço;
11. Leia em objetiva de imersão (100x).
Fonte:ebon.maszbiznes.info
Interpretação:
Bactérias Gram-positivas: coradas em roxo.
Bactérias Gram-negativas: coradas em vermelho.
7
como extrato de carne, leveduras ou sangue. Bactérias cultiváveis apenas nestes
meios são exigentes nutricionalmente e incapazes de sintetizar alguns componentes
obtidos diretamente do meio de cultura. Por outro lado, existem bactérias capazes de
crescer em meios muito simples constituídos por uma única fonte de carbono (em
geral, um açúcar) e sais minerais. Estes meios denominados meios mínimos ou
sintéticos permitem o crescimento apenas de bactérias capazes de sintetizar todos os
seus precursores metabólicos e obter energia a partir de carboidratos. Bactérias
cultiváveis em meio mínimo são denominadas protróficas enquanto que as
auxotróficas dependem da adição de componentes adicionais ao meio de cultura,
como aminoácidos e vitaminas. Um outro método de avaliar a capacidade de uma
bactéria utilizar um determinado substrato como fonte de carbono e energia emprega
meios de cultura especiais denominados meios indicadores. Estes meios possuem na
sua composição, um revelador cromogênico específico que muda de cor quando a
bactéria semeada é capaz de utilizar um substrato específico.
Objetivo
Avaliar o crescimento de algumas bactérias em diferentes meios de cultura para
analisar as exigências nutricionais das bactérias e empregar um meio indicador para
determinar a capacidade de fermentação da lactose.
Material
3 tubos de ensaio contendo culturas bacterianas de: Escherichia coli K12 (linhagem
J53 e linhagem BB) e Salmonella dublin.
Três tubos de ensaio com meios de cultura: (a) meio mínimo sem adição de leucina;
(b) meio mínimo com adição de leucina; (c) meio rico feito com extrato de levedura.
Placa com ágar MacConkey acrescida de lactose.
Alças para inoculação.
Procedimento
1. Flambar a alça de platina e efetuar a coleta de uma amostra (uma alçada) para
cada um dos tubos com meios diferenciais. Repetir o procedimento com as outras 2
bactérias.
8
2. Dividir a placa com Meio McConkey em 3 e semear por esgotamento, uma
bactéria em cada uma das 3 áreas marcadas da placa.
3. Incubar os tubos e as placas em estufa bacteriológica a 37C por 24 horas.
4. Avaliar o crescimento das bactérias.
Resultados
1. Anotar o crescimento de cada uma das bactérias fornecidas nos três meios de
cultura líquidos.
2. Verificar a coloração das colônias cultivadas nas placas de ágar MacConkey.
4 CONJUGAÇÃO BACTERIANA
Fonte: canaldescubra.files.wordpress.com
9
No primeiro caso, a linhagem bacteriana é chamada de Hfr (grande frequência de
recombinação) e, no segundo caso, de F+.
A célula F+, após contato com células F-, transfere para esta última, em alta
frequência, uma réplica do plasmídio F, tornando-a F+. Por outro lado, a linhagem Hfr
(alta frequência de transferência), cujo fator F está integrado, transfere
sequencialmente marcadores localizados no cromossomo, sendo o F raramente
transferido.
Após a descoberta do fator F, outros plasmídios conjugativos foram
descobertos, como é o caso dos fatores ou plasmídios R. Esses plasmídios contêm
marcadores para resistência a drogas antibacterianas e não reintegram normalmente
no cromossomo bacteriano. Alguns plasmídios não promovem conjugação, mas
podem ser mobilizados por outros conjugativos.
Neste experimento será utilizada como doadora uma linhagem portadora de
plasmídio R.
Objetivo
Material
1. Linhagens:
1.1 Doadora: Linhagem de Salmonella typhimurium MG031 (lac-, Tetor).
Hospeda um plasmídio que carrega o marcador que confere resistência a Tetraciclina
(Tcr ).
1.2 Receptora: Linhagem de Escherichia coli K12 (lac+, nalr). O fenótipo de
resistência ao ácido Nalidíxico deve-se a uma mutação cromossomal.
2. Antibióticos
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2.1 Ácido Nalidíxico (Nal) usar a concentração de 50g/ml
2.2 Tetraciclina (Tet) usar a concentração de 25 g/ml
3 Procedimento
Dia anterior:
1. Fazer os pré-inóculos das linhagens doadoras e receptoras em 4,0ml de
meio TSB mais antibióticos. Incubar à temperatura de 37C por uma noite.
Dia 1:
Lavar as culturas com salina para remover os antibióticos. Ressuspender as
células em TSB;
Semear as culturas de K12 e MG031 nos espaços destinados em meio sólido
Mac Conkey contendo os diversos antibióticos (conforme indicado abaixo);
3. Adicionar em um tubo de ensaio contendo 1,0ml de TSB as seguintes
culturas:
1,0 ml da linhagem S. typhimurium MG031 (doadora) e
1,0 ml da linhagem E. coli K12 (receptora)
4. Agitar bem e incubar por 1 hora sem agitação à temperatura de 37C;
5. Semear a mistura de conjugação em meio sólido Mac Conkey contendo os
diversos antibióticos (conforme a figura acima);
6. Incubar em estufa à temperatura de 37C por 16-24 horas (durante uma
noite).
11
Propriedades de crescimento (R/S e Lac+/ Lac-)
5 ANTIBIOGRAMA
Fonte: www.las.org.br
12
Texto adaptado do Manual para Antibiograma da Laborclin
Definição
Introdução
13
atualizações anuais das organizações internacionais (CLSI ou EUCAST). No
Brasil a ANVISA padroniza a utilização do CLSI para os laboratórios.
Amostra
Tipo de amostra
Colônias puras de bactérias gram-positivas ou gram-negativas. Colônias
provenientes de cultivo bacteriano recente de 18 a 24 horas, isoladas a partir de meios
de cultura não seletivos.
Armazenamento e estabilidade
As amostras mantem-se viáveis para a execução das análises até cerca de 24
horas de cultivo em meio não seletivo. Além deste prazo, deve-se fazer novo repique
da cepa, cultivar por mais 24 horas em meio não seletivo para depois proceder ao
exame.
Critério para rejeição
As amostras que já ultrapassaram o prazo máximo de estabilidade devem ser
rejeitadas para a análise, devendo ser repicadas em meio apropriado, e usadas
colônias recentes. Outro cuidado importante consiste em verificar a pureza do inóculo,
e na dúvida, sugere-se o repique da cepa. Em caso de contaminação, deve-se reisolar
o micro-organismo a ser testado para evitar erros na medição dos halos.
A- Princípio da técnica
O procedimento consiste no preparo de uma suspensão de bactérias de cultivo
recente, inoculação desta suspensão na superfície de uma placa de Agar Mueller
Hinton, e adição dos discos de papel impregnados com antimicrobianos. Após a
incubação em estufa, é analisado o padrão de crescimento ou inibição ao redor de
cada disco, sendo então medido o tamanho de cada halo e o resultado pesquisado
em tabelas apropriadas segundo a espécie bacteriana em análise.
B- Reagentes
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Discos de papel impregnados com antibióticos de forma a cada disco
apresentar uma concentração padronizada. Cada disco possui impresso em uma de
suas faces seu código e o valor numérico de sua concentração.
O frasco contém um disco agente indicador de umidade, que consiste em um
disco de coloração azul, que caso modifique para rósea indica impregnação por
umidade. Neste caso, os discos devem ser inutilizados. Os multidiscos constituem
uma boa alternativa para laboratórios com pequenas rotinas de antibiograma. As
combinações disponíveis foram estabelecidas de forma a aproximar aos critérios de
escolha do CLSI, 2011.
Na forma de multidiscos, estão disponíveis as seguintes combinações:
Fonte: Laborclin
C- Armazenamento e estabilidade
Os monodiscos e multidiscos podem permanecer em temperatura ambiente por um
prazo máximo de 3 dias para fins de transporte. No laboratório ao se receber o
material, colocar imediatamente nas condições indicadas de armazenamento, em
geladeira (2-8 °C) ou freezer (abaixo de -10 °C), condição em que não ocorrendo
15
contaminação microbiana ou umidificação, o produto se manterá estável até a data de
validade expressa em rótulo.
Procedimento Técnico
Fonte: Laborclin
17
Fonte: Laborclin
Fonte: Laborclin
18
Fonte: Laborclin
19
Vários trabalhos mostraram que os ácidos graxos naturais presentes no
material interferirem no crescimento bacteriano;
A temperatura de incubação deve ser rigorosamente controlada;
O tempo de incubação indicado não deve ser nem abreviado nem aumentado,
sob risco de se obterem resultados falsamente diminuídos (pouco tempo) ou
falsamente aumentados (mais tempo);
Para as placas com tamanho 90x15 mm recomenda-se a colocação de no
máximo 5 discos, já para a placa com 140x15 mm podem ser colocados até 12 discos.
Esta sugestão visa impedir que o contato entre os antimicrobianos difundidos no meio,
podendo fornecer distorções ligadas a sinergismo ou outros tipos de interação.
7 BACILOS GRAM-POSITIVOS
Fonte:www.ipn.mx
20
ocasionada por uma toxina denominada tetanoespasmina. Esta toxina inibe a
liberação da glicina que é responsável pela inibição da neurotransmissão, fazendo
com que exista uma constante ação da acetilcolina, causando uma contração
espástica dos músculos extensores e flexores simultaneamente.
A espécie Cl. botulinum é compreendida por vários subtipos, sendo que,
somente os dos grupos A, B, E e F ocorrem no homem. As vias de transmissão destas
bactérias são alimentos enlatados, embutidos, ou conservas caseiras feitas,
mormente com carne e vegetais. Os esporos do Cl. botulinum são bastante resistentes
à fervura e, quando tais alimentos são preparados e estocados, os mesmos germinam
e produzem uma toxina que tem ação inibidora da liberação de acetilcolina, que é
a mediadora da contração muscular, causando uma paralisia flácida. Em ambos os
casos, a morte se dá por paralisia respiratória.
O Cl. perfringes tem vários tipos, sendo os dos tipos A e C, os patogênicos
para o homem. Estão envolvidos em casos de gangrena gasosa no homem, sempre
como consequência de ferimentos profundos, que comprometam a circulação local,
contribuindo para uma anoxia tecidual que favorece a germinação dos esporos. A
bactéria produzirá várias toxinas, entre elas, a toxina α, que é uma lecitinase. Em
mulheres que provocam o aborto em condições precárias de higiene, pode ocorrer o
chamado aborto séptico, que se trata de uma mionecrose do útero, sempre rápida e
fatal. Os tipos A e C produzem uma enterotoxina responsável por intoxicações
alimentares.
O Cl. difficile ocorre somente em casos de indivíduos submetidos a uma
antibioticoterapia intensa e demorada, em especial quando se usa a clindamicina,
embora possa ocorrer com qualquer antibiótico de largo espectro. Todos os
clostrídios são Gram-positivos, porém as células bacterianas são Gram-negativas
na fase de esporulação.
Dentre as Corinebactérias que merecem destaque, encontramos o C.
diphterae, causador do chamado “crupe”, ou difteria. Esta enfermidade se deve à
produção por amostras da bactéria que estão lisogenizadas por um fago (β),
sendo este o responsável pela produção da toxina diftérica que inativa o fator de
elongamento EF2. As Corinebactérias se caracterizam por serem bactérias Gram-
positivas, com grânulos de metafosfato em seu interior, denominados de
granulações metacromáticas. Estas granulações são visíveis por colorações
21
especiais, ou até mesmo com azul de metileno, e se coram em vermelho, daí o nome
derivado de metacromasia. A bactéria não é invasora, e a lesão que é caracterizada
por uma pseudomembrana fica, geralmente, restrita ao trato aéreo superior, a partir
de onde a toxina invade a corrente circulatória causando lesões graves em vários
órgãos, em especial coração (miocardite), rins e nervos (neurite).
No gênero Bacillus, encontramos várias bactérias que têm como habitat o solo,
o ar e a água. Entre os patogênicos para os animais e para o homem se destaca o B.
anthracis causador no gado do carbúnculo hemático e, no homem do antrax, ou
anthrax (antraz não é a denominação correta). A importância deste agente aumentou
consideravelmente nos dias atuais, devido às ameaças do bioterrorismo. Outra
bactéria do gênero que pode causar intoxicações alimentares no homem é o B.
cereus. A maioria dos bacilos cresce rapidamente em meios simples formando
colônias grandes em meio sólido. Geralmente, quando se observam as bactérias
coradas pelo método de Gram, é possível visualizar-se estruturas intracelulares
arredondadas que não se coram correspondentes aos esporos.
Material
Procedimento
22
3. Semear como indicado pelo professor os meios de tioglicolato, com cada uma
das 3 bactérias (Cl. perfringens, P. aeruginosa e. coli).
Princípio do teste
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Material requerido
Reagentes
Ágar sangue
ATCC Staphylococcus aureus
Água oxigenada
Plasma citratado
Colônias do microrganismo
Solução fisiológica estéril
Bacitracina
Optoquina
Novobiocina
Procedimento detalhado
Prova da catalase
Com a alça bacteriológica ou canudo coleta-se o centro de uma colônia
suspeita e esfrega-se em uma lâmina de vidro. Colocar sobre este esfregaço uma gota
de água oxigenada a 3% e observar a formação de bolhas (como descrito no pop da
catalase).
Para os Staphylococcus esta prova é positiva, enquanto para os Streptococcus
é negativa.
25
Identificação dos estafilococos
Então a primeira prova de diferenciação dentre estafilococos e estreptococos é
a catalase, sendo assim, após o resultado da catalase positiva, os estafilococos são
divididos em duas categorias: coagulase negativa e coagulase positiva de acordo com
a resposta ao teste do plasma coagulase, descrito no pop da coagulase.
Staphylococcus coagulase positiva, considerar Staphylococcus aureus e
Staphylococcus coagulase negativa existem cerca de 31 espécies conhecidas, das
quais os mais frequentes são:
Staphylococcus epidermidis
Causador de infecções de cateteres e próteses e o mais frequente
microrganismo encontrado em hemoculturas.
Staphylococcus saprophyticus
Causador de infecção urinária em mulheres jovens.
Staphylococcus haemolyticus
Importante devido à resistência aumentada aos antimicrobianos, e por ser
comumente confundido com o S. aureus, pois apresenta hemólise na placa de ágar
sangue de carneiro.
26
O Staphylococcus aureus tem a capacidade de fermentar o manitol em meio
contendo 7,5 % de cloreto de sódio, denominado ágar manitol salgado ou Meio de
Chapman. O indicador de pH é o vermelho de fenol, que indica uma reação positiva
quando o meio ao redor das colônias se torna amarelo, e negativa quando permanece
avermelhado.
Existem também testes de aglutinação em látex ou em hemácias de carneiro
(sorologia). Estes testes geralmente detectam a coagulase livre e alguns apresentam
também uma imunoglobulina antiproteína.
A presente da parede do Staphylococcus aureus.
Como são disponíveis comercialmente, deve-se seguir as instruções do
fabricante.
Teste da Bacitracina
É importante notar que as identificações devem ser feitas em ágar sangue sem
tensão de CO2 ou os resultados podem ser conflitantes.
27
A sensibilidade a esta droga significa, em conjunto com as outras leituras,
que o estreptococo não pertence ao grupo A, B ou D de Lancefield.
•Colocar um disco de Bacitracina 0,004 UI à direita e um de Sulfametoxazol
trimetoprim à esquerda.
8 IDENTIFICAÇÃO DE ENTEROBACTÉRIAS
Fonte: 4.bp.blogspot.coms1600
28
Outras provas complementares (sorológicas, testes biológicos) são utilizadas
na prática, para complementação destas provas, principalmente no que diz respeito à
identificação de uma das cinco categorias de E. coli enteropatogênicas para o homem:
EPEC, EIEC, ETEC, EHEC e EAEC.
Material
Para cada grupo:
1. Uma cultura pura para (Culturas 1, 2, 3 ou 4) em placa contendo meio sólido
MacConkey (haverá: E. coli, Salmonella sp, Shigella sp e Proteus sp);
2. Série Bioquímica (EPM, MILi, CITRATO );
3. Alças e agulhas.
Procedimento
1. Leitura da placa de MacConkey. Anotar morfologia e fermentação da lactose (+ ou
-);
2. Com a agulha, tocar a colônia bacteriana isolada e inocular na série bioquímica:
meios EPM, MILi e citrato. Incubar a 37oC por 24 horas;
3. Leitura das séries Bioquímicas e identificação dos microrganismos, conforme
TABELA abaixo.
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TABELA PARA IDENTIFICAÇÃO BIOQUÍMICA DAS ENTEROBACTÉRIAS
Klebsiella pneumoniae + + - + - - - + +
Enterobacter cloacae + + - - /+ - + - - /+ +
Citrobacter freundii - /+ + - /+ - /+ - + -/+ - +
Arizona + + + - - + - + +
Shigella sp - - - - - - - /+ - -
Edwardsiella tarda - + - /+ - - + + + -
Salmonella sp - + + - - + - + +
Serratia marcescens - + - - /+ - + - + +
Proteus mirabilis - + -/+ + + + - /+ - - /+
Providencia rettgeri - + - - + + + - +
Yersinia enterocolitica - - - + - - /+ /+ - - /+
Procedimento
1. Com o auxílio de uma alça, colocar um pouco de uma das suspensões bacteriana
formalizadas sobre uma lâmina limpa e desengordurada. Sobre esta suspensão
colocada na lâmina, pingar uma gota de um dos antissoros específicos e
homogeneizar com o auxílio de um palito estéril. Em outra região da mesma lâmina,
colocar a suspensão como descrito acima e, ao invés de antissoro, pingar uma gota
de solução fisiológica estéril. Repetir a mesma conduta com o outro antissoro recebido.
31
2. Esperar aproximadamente um minuto e verificar se ocorre ou não aglutinação com
algum dos antissoros. Em não ocorrendo aglutinação com solução fisiológica (cultura
rugosa), identificar o sorogrupo da suspensão da cultura recebida.
9 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN
Fonte: www.uff.br
32
qualquer outra patologia pulmonar. Atualmente, por causa da AIDS tem ocorrido um
aumento significante de casos de tuberculose em pacientes HIV+, causados pelo M.
tuberculosis e as Micobactérias oportunistas, em especial as do complexo MAIS (ou
M. avium, M. scrofulaceum e M. intracellulare). O diagnóstico, em qualquer dos
casos de origem pulmonar, se faz pelo exame do escarro, corando-se pela técnica
de Ziehl-Neelsen, seguido de cultivo em meios específicos como Löwenstein-
Jensen, ou Middlebrook 7H10 e identificação por métodos bioquímicos especiais.
Recentemente, também está sendo empregado o PCR.
Material
1.Lâminas sabidamente positivas para BAAR (M. tuberculosis) para serem coradas
pelo método de Ziehl-Neelsen (vide método abaixo).
2.Várias culturas de BAAR, em especial M. tuberculosis, e algumas microbactérias
oportunistas. Bactérias com pigmentação como: M. kansasii, M. gordonae; e, outras
não cromogênicas como: M. avium e/ou M. intracellulare;
3.Bateria de corante para coloração de Ziehl-Neelsen.
Procedimento
1. Esfregaço, já fixado, de secreção pulmonar (escarro);
2. Realizar a coloração pela técnica de Ziehl-Neelsen para observar os BAAR;
3. Coloração de Ziehl Neelsen:
a) Cobrir os esfregaço com fucsina de Ziehl. Aquecer até a emissão de vapores (Não
deixar o corante secar). Esperar 5 minutos;
b) Lavar com água corrente;
c) Descorar com álcool (97%), ácido clorídrico (1%);
d) Lavar em água corrente;
e) Corar com azul de metileno por 1 minuto;
f) Lavar e secar;
g) Observar ao microscópio as lâminas coradas;
h) Como se apresentam os BAAR.
33
10 DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS
Fonte: www.estudopratico.com.br
Introdução
Na infância, as infecções do trato urinário (ITUs) podem ser encontradas em
qualquer idade, podendo ter início no período neonatal. A incidência de infecções do
trato urinário em lactantes, até seis meses, é de 2 casos por 1.000 nascidos vivos.
Muitas vezes ocorrem bacteremias. Durante o período pré-escolar as infecções do
trato urinário são mais comuns no sexo feminino. Quando ocorre em meninos,
habitualmente está associada a anomalias congênitas. As ITUs na infância,
principalmente nas meninas, comumente são assintomáticas e podem ser
recidivantes.
Na idade adulta, a prevalência de bacteriúria aumenta na população feminina.
A prevalência de ITUs em mulheres jovens não grávidas é de aproximadamente 1 a
3%. Estima-se que cerca de 10 a 20% da população feminina apresenta, pelo menos,
uma ITU em algum momento da vida. A relação sexual e o uso de diafragma são
fatores de risco para ITU.
34
Quadro clínico
A infecção do trato urinário pode afetar apenas o trato urinário inferior ou o trato
urinário superior, comprometendo um dos rins. O termo cistite tem sido utilizado para
descrever uma síndrome que compreende: disúria, polaciúria, dificuldade de micção
e, ocasionalmente, dor à palpação da região supra púbica. Entretanto, estes sintomas
também podem estar associados à inflamação do trato urinário inferior, produzidos
por uretrites, como a gonorreia ou a infecção por clamídias. A pielonefrite aguda é
uma síndrome clínica que envolve o rim, caracterizada por dor e/ou sensibilidade à
palpação no flanco, febre e frequentemente bacteriúria, sendo que, por vezes, ocorre
disúria, polaciúria, dificuldade à micção e elevação das proteínas de fase aguda.
Entretanto, 10 a 20% das infecções do trato urinário não podem ser classificadas como
inferiores ou superiores.
Bacteriúria assintomática
A bacteriúria assintomática é frequentemente identificada em exames de
triagem, pois não é acompanhada da sintomatologia comum à cistite ou à pielonefrite.
A definição de bacteriúria assintomática para homens sem uso de cateter vesical
corresponde ao isolamento bacteriano quantitativo em uma única amostra de urina,
colhida de forma adequada, de ≥ 105 UFC/mL. No caso de uso de cateter vesical, o
isolamento em uma única amostra valores ≥ 102 UFC/mL define bacteriúria
assintomática. Para mulheres, são necessárias duas amostras de urina com
isolamento bacteriano ≥ 105 UFC/mL.
Recidiva: recaída ou reinfecção?
As infecções do trato urinário podem ser recidivantes. Nestes casos, é
importante diferenciar se estamos diante de uma recaída ou uma reinfecção. A
recaída de uma infecção se refere ao isolamento do mesmo microrganismo que
estava presente antes de iniciar o tratamento. Esta situação frequentemente está
associada à falha da terapêutica antimicrobiana, devido à resistência ou à dificuldade
de penetração do antimicrobiano no foco de infecção.
A reinfecção é uma infecção por um microrganismo diferente do inicial. É, de
fato, uma nova infecção. Ocasionalmente, pode ocorrer reinfecção com o mesmo
microrganismo, que pode ter persistido, principalmente na vagina.
O termo pielonefrite crônica geralmente refere-se a alterações patológicas
dos rins decorrentes de infecções de repetição ou recidivas. Entretanto, diversas
35
entidades podem determinar alterações renais crônicas, como a nefropatia por anti-
inflamatórios, as doenças vasculares e a nefropatia por ácido úrico. Muitas vezes, é
difícil diferenciar as alterações ocasionadas por infecção das produzidas por outras
complicações não infecciosas.
Tipos de infecção urinária
A infecção urinária pode ser sintomática ou assintomática, recebendo na
ausência de sintomas a denominação de bacteriúria assintomática. Quanto à
localização, é classificada como baixa ou alta. A ITU pode comprometer somente o
trato urinário baixo, caracterizando o diagnóstico de cistite, ou afetar simultaneamente
o trato urinário inferior e o superior, configurando infecção urinária alta, também
denominada de pielonefrite.
A ITU baixa (cistite) apresenta-se habitualmente com disúria, urgência
miccional, polaciúria, nictúria e dor supra púbica. A febre nas infecções baixas não é
um sintoma usual. O antecedente de episódios prévios de cistite deve sempre ser
valorizado na história clínica. A urina pode se apresentar turva, pela presença de
piúria, e/ou avermelhada, pela presença de sangue, causada pela presença de litíase
e/ou pelo próprio processo inflamatório.
A ITU alta (pielonefrite) se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo
frequentemente acompanhada de febre elevada, geralmente superior a 38°C,
associada a calafrios e dor lombar uni ou bilateral. Febre, calafrios e dor lombar
formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando presentes na
maioria dos casos. A dor lombar pode se irradiar para o abdômen ou para os flancos
ou ainda, para a virilha, situação que sugere mais fortemente a presença de litíase
renal associada. Os sintomas gerais de um processo infeccioso agudo podem também
estar presentes, e sua intensidade é diretamente proporcional à gravidade da
pielonefrite.
As infecções do trato urinário podem ser complicadas ou não complicadas, as
primeiras têm maior risco de falha terapêutica e são associadas a fatores que
favorecem a ocorrência da infecção. A infecção urinária é complicada quando ocorre
em um aparelho urinário com alterações estruturais ou funcionais ou quando se
desenvolve em ambiente hospitalar. Habitualmente, as cistites são infecções não
complicadas enquanto as pielonefrites, ao contrário, são mais frequentemente
complicadas, pois em geral resultam da ascensão de microrganismos do trato urinário
36
inferior e estão frequentemente associadas à presença de fatores complicadores. Um
paciente é considerado portador de ITU de repetição quando acometido por 3 ou mais
episódios de ITU no período de doze meses.
37
Propriedades antibacterianas da urina (elevada osmolalidade e baixo ph) e da
mucosa do trato urinário (citocinas, mecanismos antiaderência).
Efeito mecânico da micção.
Resposta imune e inflamatória.
Integridade anatômica e funcional das vias urinárias.
Tamanho do inóculo (quanto maior o inóculo que alcança o rim, maior a chance
de infecção). A medula renal é altamente susceptível a infecção por baixas contagens
bacterianas, ocorrendo o inverso no córtex renal.
Virulência do microrganismo
Aderência às células uroepiteliais e vaginais
Resistência à atividade bactericida do soro
Produção de hemolisina e fator citotóxico necrotizante tipo i.
Nos pacientes com cateterismo vesical, os microrganismos atingem a bexiga
através de três caminhos:
- no momento da inserção do cateter
- através da luz do cateter
- através da interface mucosa-cateter
Por outro lado, os fatores envolvidos na fisiopatogênese das infecções urinárias
associadas ao uso de cateteres vesicais são:
- fenômenos inflamatórios locais (corpo estranho).
- eliminação dos mecanismos habituais de defesa (esvaziamento incompleto da
bexiga, alterações da imunidade local, via aberta de passagem até a bexiga).
- obstrução mecânica das glândulas periuretrais (facilitando quadros de uretrites
e epididimites). Nos pacientes com prostatite ou epididimite, os microrganismos
atuam, principalmente, através do refluxo da urina infectada nos ductos prostáticos e
ejaculatórios.
Diagnóstico
O termo bacteriúria refere-se à presença de bactérias na urina, sem invasão
tecidual. Na ITU ocorre invasão tecidual por estes microrganismos, causando
inflamação local, que gera sinais e sintomas característicos desta infecção. O
38
diagnóstico de ITU baseia-se na presença de bacteriúria associada aos sinais e
sintomas que denotem inflamação de segmentos do trato urinário.
A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos
100.000 unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 ufc/mL) colhida
em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente
idoso, infecção crônica, uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento
bacteriano igual ou acima de 10000 colônias (10.000 ufc/mL). Para pacientes
cateterizados e mediante realização de assepsia rigorosa contagem superiores a 100
UFC/mL podem ser consideradas significativas.
O nível de bacteriúria significativa pode variar de acordo com a forma de coleta
da amostra de urina, o fluxo urinário, a presença e o tempo de permanência do cateter
urinário e até com o microrganismo isolado. Microrganismos com crescimento mais
lento, como Enterococcus sp e Candida sp, podem requerer mais tempo para atingir
contagem mais elevada de colônias.
A coleta de urina para cultura pela micção deve ser realizada após limpeza
genital externa e rigor de antissepsia. Nos pacientes cateterizados, é recomendada a
coleta por meio da punção do sistema de drenagem no local especialmente
designado, após rigorosa desinfecção com álcool a 70% deste local, mantendo-se o
sistema fechado.
No ambiente hospitalar o diagnóstico de ITU é complicado por diversos fatores.
A presença de cateter urinário dificulta ou impede a verificação dos sinais e sintomas
associados à ITU. A sensação de disúria, de urgência miccional ou de desconforto
supra púbico podem estar relacionados à presença do cateter urinário,
independentemente da existência de ITU. Tendo em vista as dificuldades diagnósticas
é comum encontrar disparidade das taxas de infecção urinária nosocomial entre
diferentes instituições.
A identificação de sintomas de infecção urinária em idosos e pacientes em
estado confusional agudo representa dificuldade adicional. Importante ressaltar que a
ausência dos sintomas clássicos não exclui o diagnóstico de ITU. É comum que em
pacientes idosos a única manifestação clínica presente seja a alteração do nível de
consciência associada à confusão mental. Por outro lado, a ocorrência de bacteriúria
assintomática em idosos é muito frequente. Estima-se que a bacteriúria assintomática
39
acometa cerca de 11 a 25% dos pacientes idosos sem cateterismo vesical
intermitente, com resolução espontânea na maioria das vezes.
Em virtude desta dificuldade diagnóstica e com o objetivo de manutenção de
vigilância epidemiológica adequada recomenda-se a utilização do desenvolvimento
de bacteriúria como critério definidor da ITU. A infecção urinária deve ser classificada
em ITU sintomática ou bacteriúria assintomática.
A maioria dos casos de ITU hospitalar ocorre após cateterização do trato
urinário. Cerca de 80% das ITUs hospitalares são associadas ao uso de cateter vesical
e 5 a 10% a outras manipulações do trato urinário. Aproximadamente 10% dos
pacientes são cateterizados durante internação hospitalar, com duração média de 4
dias. Entre 10 a 20% dos pacientes cateterizados desenvolvem bacteriúria e 2 a 6 %
desenvolvem sintomas de ITU. Sondagem urinária por período superior a sete dias é
associada ao desenvolvimento de ITU em até 25% dos pacientes, com risco diário de
5%.
Os exames complementares que podem ser úteis para o diagnóstico de ITU
incluem: (1) Urina rotina, (2) Urocultura (Exame definidor do diagnóstico), (3)
Antibiograma; e em casos selecionados, (4) Hemocultura (Em casos de pielonefrite)
e (5) Exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia com putadorizada
Ressonância Magnética).
41
Uretrite Disúria, frequência, Chlamydia Trachomatis Urocultura negativa
corrimento uretral (a) Mycoplasma hominis a) Diagnóstico por IFD
(b) Ureaplasma b) e c) secreção uretral semeada
urealyticum (c) Neisseria em meios de cultura específicos.
gonorrhoeae (d) Alguns kits permitem contagem
Trichomonas vaginalis (e) de colônias - ≥ 104 ucf/ml
Cândida albicans e spp. d) cresce em ACH e TM
(f) e) exame direto de jato inicial de
urina centrifugada
f) podem crescer em ágar sangue
ou CLED
Questionável:
micoplasmas
42
11 EXAME DE URINA
Metodologia
Exame físico
Análise visual (cor e aspecto)
Exame do sedimento
Microscopia direta
Citometria de fluxo
Exame químico
Leitura de tiras (visual e refletometria)
Interpretação
Características físicas
Aspecto e cor
A cor normal da urina provém da presença de urocromos (que são pigmentos
excretados na urina), concentração e pH. A cor ou o aspecto anormais da urina podem
ser explicados por diversas condições.
Densidade
43
Os limites fisiológicos variam de 1.003 – 1.030.
A densidade da urina pode ser elevada pela presença aumentada de solutos
ou por moléculas com elevado peso molecular, como glicose, meios de contraste,
manitol e alguns antibióticos.
Há uma redução da densidade urinária com a idade e queda da função
renal com o uso de diuréticos.
Uma densidade fixa de 1.010 é característica da doença renal crônica.
Pacientes com história de cálculo urinário se beneficiam com a
manutenção de uma urina mais diluída, podendo ser útil o monitoramento
da densidade urinária.
Tabela 1 Aspecto macroscópico da urina:
Aspecto Causa
Leitoso Urina ácida-cristais de urato-fosfatos insolúveis; infecção-
pus; espermatozoides; quilúria.
Rosa esfumaçado Hematúria (> 0,54 ml de sangue/L de urina).
Espumosa Proteinúria
Azul ou verde Infecção do trato urinário por Pseudomonas; bilirrubina; azul
de metileno.
Rosa ou vermelho Corante de anilina em doces; porfirinas (em repouso);
sangue; hemoglobina; mioglobina; fármacos; fenindiona e
fenolftaleína; antocinaniúria (beterraba).
Laranja Fármacos; antracnonas (laxativos) e rifampicina;
urobilinogenúria.
Amarelo Mepacrina, bilirrubina conjugada; fenacetina; riboflavina.
Castanho ou preto Melanina (em repouso); mioglobina (em repouso);
alcaptonúria.
Verde ou preto Fenol; Lisol.
Castanho Fármacos; fenazopiridina, furazolidona, L-dopa e niridazol;
hemoglobina e mioglobina (em repouso); bilirrubina.
Características químicas
pH- O pH urinário pode variar de 4,5 a 7,8
44
Hemoglobina- A fita de teste para hemoglobina não é específica para eritrócitos
e deve ser utilizada apenas como triagem da hematúria; se positiva na ausência de
células vermelhas na análise microscópica do sedimento urinário, pode dever-se à
mioglobinúria.
Falso-positivo: fenazopiridina ou contaminação bacteriana na amostra.
Falso-negativo: infecção por Enterococcus, Streptococcus faecalis, Neisseria
gonorrhoeae, Mycobacterium tuberculosis ou outros microorganismos que não
convertem nitrato em nitrito, ácido ascórbico, armazenamento na bexiga por tempo
insuficiente previamente à coleta (< 4 h).
Sedimento urinário
Cilindros
São precipitados proteicos moldados na luz do túbulo, podendo conter ou não
inclusões de células, de bactérias e de lipoides.
Na maioria dos casos, não são detectados no sedimento urinário normal, e,
portanto, sua presença geralmente indica doença renal intrínseca.
Urocultura
Indicações: Diagnóstico laboratorial de infecção urinária inferior e/ou superior.
Definição da etiologia da infecção e realização do teste de sensibilidade aos
antibióticos com subsídio para a conduta terapêutica.
Controle pós-tratamento antibiótico.
Método do exame
Material biológico: Amostra de jato médio de urina coletada assepticamente:
após a higiene da região genital, desprezar-se o 1º jato de urina e coletar-se o jato
médio em frasco estéril.
45
Amostra de urina coletada por punção suprapúbica (PSP): coletada com
seringa e agulha diretamente por punção vesical. Indicada especialmente em crianças
< 2 anos.
Amostra de urina coletada por sondagem vesical. Após desinfecção com álcool
70%, pinçar-se e puncionar-se a cânula, retirando-se até 10 ml de urina.
Amostra de urina coletada por saco coletor: Após higiene da região genital,
fixar-se o saco coletor, que deverá ser trocado a cada 45 min. Assim que obtida a
amostra, deve-se retirar o saco cuidadosamente, fechá-lo e enviá-lo imediatamente
ao laboratório.
Interpretação
O crescimento de 105 UFC (unidades formadoras de colônia) por mililitro de
urina coletada assepticamente sugere a presença de infecção do trato urinário, desde
que acompanhado por achados clínicos e/ou laboratoriais (exame qualitativo ou
comum de urina- EQU) que corroborem o diagnóstico. O mesmo resultado possui uma
alta especificidade para o diagnóstico etiológico da infecção.
Lembretes
Infecções do trato urinário adquiridas na comunidade têm como principais
agentes etiológicos: Escherichia coli, Staphilococcus saprophyticus, Proteus spp.,
Klebsiella spp. e Enterococcus faecalis, sendo a E. coli a responsável por mais de
85% das infecções comunitárias. No entanto, quando as infecções são adquiridas no
46
hospital, a etiologia é bastante diversa, com um decréscimo na participação da E. coli
e aumento na participação de outros agentes, como: outras enterobactérias,
especialmente Proteus spp. e Klebisiella spp.; bacilos Gram-negaticos não
fermentadores da glicose, como a Pseudomonas aeruginosa e o Acinetobacter
baumannii; cocos gram-positivos, como Staphylococcus aureus e E. faecalis; e, ainda,
a participação de leveduras, especialmente do gênero Candida.
Na maioria das vezes, em imunocompetentes, a urina de pacientes com
infecção urinária apresenta uma resposta inflamatória intensa, com um grande
número de leucócitos no sedimento urinário.
A microscopia direta da amostra evidenciando a presença de um ou mais
microorganismos por campo examinando em lâmina corado pelo método de Gram é
indicativa de contagens > 10 5 UFC/ml.
A combinação da presença de microrganismos na microscopia com a presença
de leucócito esterase e nitrito na análise química da urina apresenta um bom valor
preditivo de infecção, devendo, portanto, acompanhar a realização da urocultura.
Mesmo quando a coleta é executada seguindo recomendação- padrão, a urina
está sujeita à contaminação com microbiota genital e/ou epitelial. Sendo assim, o
crescimento de 3 ou mais microrganismos indica a necessidade de nova coleta após
rigorosa assepsia. Configuram exceção as urinas coletadas por sondagem, uma vez
que, nestes pacientes, as infecções urinárias por múltiplos microrganismos
(polimicrobianas) são mais frequentes.
O uso de meios cromogênicos facilitou muito a rotina dos laboratórios de
microbiologia, permitindo a identificação presuntiva de bactérias de modo mais rápido.
Dosagem de proteinúria
Indicações: Avaliação de doença renal na população em geral e
principalmente em populações de risco para nefropatia, como indivíduos diabéticos,
hipertensos, com doença vascular ou com doença vascular ou com histórico familiar
de doença renal. O método semiquantitativo da fita reagente, utilizado no exame
qualitativo de urina (EQU), é o mais utilizado para fins de triagem.
Método do exame
Material biológico:
47
Amostra de urina coletada- preferencialmente a primeira urina da manhã- para
a realização do exame comum de urina (fita reagente) ou do índice
proteína/creatina.
Coleta de urina durante 6,12 ou 24 h para a realização da dosagem da
proteinúria em um tempo determinado.
Metodologia
Fita reagente (multisticks): reação colorimétrica entre a albumina e o
tetrabromofenol azul, produzindo uma coloração tanto mais intensa quanto
maior for a concentração de proteínas urinárias. Detecta apenas a perda de
proteínas à custa de albumina.
Método turbidimétrico (teste do ácido sulfossalicílico): reação das proteínas
presentes na amostra com ácido sulfossalicílico. Quantifica a proteinúria entre
0 e 4+, conforme o grau de turbidez da amostra. Esse exame detecta todos os
tipos de proteínas, inclusive as de cadeias leves.
Dosagem de proteína ou albumina: emprega o método de nefelometria.
Dosagem de creatinina: frequentemente realizada pelo método de Jaffé.
Tabela 1
Classificação da proteinúria conforme o método utilizado
Normal Microalbuminúria Albuminúria Proteinúria
Fita reagente Negativo Negativo (1+ a 4+) * (1+ a 4+)
Amostra isolada < 20 mg/g 30 a 300 mg/g > 300 mg/g > 200 a 300 mg/g
Urina de 24 h 15-150 30 a 300 mg/dia > 300 mg/dia > 150 mg/dia
mg/dia
*Deve-se utilizar fita específica para medir albumina
48
12 INFECÇÕES DE OSSOS E ARTICULAÇÕES
Fonte: www.fcnoticias.com.br
Introdução
Artrite séptica
Neisseria gonorrhoeae
Staphylococcus aureus
Streptococcus pyogenes
Streptococcus pneumoniae
Contraindicações:
Absoluta: infecções de partes moles no sítio da punção; risco de introdução de germes
na cavidade sinovial e indução de artrite séptica.
Relativa: anticoagulação: pacientes com hemofilia e CIVD devem receber fatores de
coagulação/ plasma antes da artrocentese.
Método do exame
Material biológico:
Líquido sinovial (através de punção), frasco com heparina ou EDTA, 4 ºC, analisar
prontamente.
Metodologia:
50
Avaliação macroscópica.
Microscopia óptica simples e com luz polarizada.
Contagem de células e diferencial (Wright)
Gram e cultura (ágar chocolate sem preservantes)
Testes especiais
Suspeita de ombro de Milaukee: pesquisa de cristais de hidroxipatita com vermelho
de alizarina.
Monoartrite subaguda e oligoartrites refratárias: culturas especiais para fungos e
Microbactérias, PCR de líquido sinovial ou, preferencialmente, de biópsia sinovial.
Parâmetros do líquido sinovial normal e em artropatias com derrame articular
51
Fonte:www.brasilblogado.com
Introdução
A pele é o órgão mais acessível do corpo, um dos mais facilmente traumatizável
e sujeito à infecção, sendo composta de duas camadas. Uma superficial denominada
epiderme e a outra mais profunda denominada derme. Os folículos pilosos, as
glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas abrem-se para a superfície cutânea.
Abaixo da derme está a camada subcutânea adiposa, sob a qual localiza-se a fina
membrana fascial que recobre os músculos, ligamentos e outros tecidos conjuntivos.
O plano fascial cria espaço em várias partes do corpo, incluindo a cabeça, o pescoço,
dedos, mãos e pés. A fáscia é uma barreira que determina a extensão por onde a
infecção pode se disseminar, mas pode também criar desafios terapêuticos devido à
sua impermeabilidade, tendo de ser tratada cirurgicamente.
As infecções cutâneas envolvem uma grande diversidade de agentes
etiológicos e mecanismos patogenéticos múltiplos. Estas infecções são classificadas
em primárias ou secundárias, (dependendo da existência ou não de uma porta de
entrada anterior à infecção), agudas ou crônicas (de acordo com a duração da
infecção), podendo ainda ser mono ou polimicrobianas. As infecções que têm o foco
primário em estruturas profundas podem manifestar-se como erupções cutâneas. As
infecções primárias ocorrem em pacientes sem porta de entrada evidente (Ex:
erisipelas). As infecções secundárias ocorrem, como complicações de lesões de pele
(abrasões), traumas cirúrgicos ou feridas penetrantes. Tais infecções podem ser tanto
monomicrobianas, tais como feridas infectadas por estafilococos, ou
polimicrocrobianas, como em algumas condições gangrenosas causadas por
estreptococos microaerófilos e anaeróbios. As infecções secundárias podem ser
localizadas ou disseminadas, dependendo da extensão das doenças de base, ou
52
precipitadas por algum trauma. Como exemplo de infecções agudas ou crônicas
podemos citar um furúnculo estafilocócico que acaba em poucos dias, enquanto que
algumas infecções fúngicas crônicas podem durar meses ou anos.
Impetigo
É uma infecção cutânea intraepidérmica superficial que produz lesões
eritematosas, podendo ser acompanhados de lesões pustulares ou bolhosas. O
impetígo não bolhoso é normalmente causado por Streptococcus pyogenes, beta
hemolítico do grupo A, enquanto que Staphylococcus aureus tem sido associado com
a doença na forma bolhosa.
As lesões do impetigo não-bolhoso iniciam-se como pápulas eritematosas
pequenas, que então formam vesículas (1 a 2 cm de diâmetro). Dentro de poucos dias
as vesículas formam pus e se rompem. O exsudato purulento seca formando crostas
finas características de coloração âmbar ou castanha, circundadas por um halo
eritematoso. O exame microbiológico do material da lesão produz cultura pura de
estreptococcos do grupo A ou cultura mista de S. pyogenes e S. aureus, embora o
estafilococo seja geralmente considerado mais uma invasão secundária do que
patógeno primário.
O impetigo bolhoso causado por S. aureus é menos comum do que o causado
por S. pyogenes e ocorre geralmente em crianças recém-nascidas. As lesões
começam como vesículas e depois formam grupos característicos de bolhas
superficiais flácidas (0,5 a 3,0 cm de diâmetro) com o mínimo ou nenhum eritema
circundante. As bolhas apresentam parede fina e rompem-se facilmente, revelando
camada cutânea básica semelhante a queimadura de segundo grau, caracterizada
como síndrome da pele escaldada. O exsudato pode ser seroso ou purulento e forma
uma crosta fina marrom em desidratação.
Erisipela e celulite
Diagnóstico Laboratorial
Foliculite
Diagnóstico Laboratorial
Furunculose e Carbúnculo
Paroníquia
É uma infecção superficial na prega da unha que pode ser aguda ou crônica.
As infecções agudas são devidas a Staphylococcus aureus, que poderá ser cultivado
de drenagem purulenta.
Tratamento com compressas quentes são geralmente adequadas, embora a
incisão cirúrgica e drenagem sejam necessárias. A paroníquia crônica é geralmente
associada com imersões frequentes das mãos em água de sabão, sendo o agente
mais comum a Candida sp.
Diagnóstico Laboratorial
56
Celulite Streptococcus pyogenes, S. Gram, Cultura em Ágar Sangue, Ágar
aureus Chocolate, Ágar Mac Conkey, Caldo
Enterobactérias, Pasteurella
spp., Aeromonas spp.,
Clostridium spp., B. anthracis,
Erysipelotrix spp.
Micoses superficiais Candida spp., Epidermophyton KOH 10%, Ágar Sabouraud, Dextrose
spp., Microsporum spp. + cloranfenicol e cicloheximida
57
Doenças e Agente Etiológico Diagnóstico Laboratorial
Síndromes
Fístulas
58
tecido profundo. Por esta razão as culturas feitas a partir do material que exsuda para
a superfície cutânea da fístula podem ser enganosas.
Vários microrganismos de infecções do tecido mole são caracterizados através
do trato fistulizado. O Staphylococcus aureus produz abscessos profundos
(carbúnculo) e secreta pus espesso. A linfadenite cervical causada por microbactéria,
especialmente a tuberculose cervical, pode produzir drenagem crônica da fístula
denominada escrófulo. A actinomicose classicamente definida como queixo granuloso
é uma infecção cérvico-facial extremamente dolorida e edemaciada ao redor do
ângulo do queixo que drena secreção aquosa contendo os denominados grãos de
enxofre (devido a cor amarelada). Estes grânulos amarelados são constituídos de
massas bacterianas, medindo geralmente 2 mm de diâmetro.
Quando não tratada, a actinomicose progride para uma fistulização crônica.
A fonte de tal microrganismo é a cavidade oral do próprio paciente e a má
higiene bucal provavelmente constitui o fator desencadeante. A maduromicose plantar
ocorre quando os microrganismos do solo como Nocardia sp e vários fungos (ex:
Petriellidium boydii, Madurella mycetomatis e Phialophora verrucosa), são inoculados
em tecidos moles do pé e produzem múltiplos abscessos com fístulas e às vezes
osteomielites.
Diagnóstico Laboratorial
Diagnóstico de Fístulas
59
Doenças e Agente Etiológico Diagnóstico Laboratorial
Síndromes
Queimados
Diagnóstico Laboratorial
61
com aumento de 100 vezes. Uma série de cálculos permite a determinação de
contagem bacteriana em termos de microrganismos por grama de tecido.
Técnicas histopatológicas - as técnicas histopatológicas foram usadas para
detectar infecções fúngicas e na tentativa de localizar o microrganismo no tecido
queimado.
Os métodos histopatológicos apresentam uma série de desvantagens:
Diagnóstico Laboratorial
63
Material purulento de feridas profundas ou de feridas que mostram bolhas de
gás deve ser cultivado para germes anaeróbios assim como para aeróbios e
facultativos.
O Mycobacterium chelonei e o Mycobacterium fortuitum, embora classificados
como microbactérias de crescimento rápido e capazes de crescer em meios simples,
geralmente necessitam de uma a seis semanas para crescer em cultura primária. Tais
microrganismos especialmente M. chelonei, pode ser erradamente identificado como
difteróide numa cultura em caldo, a menos que se realize coloração para pesquisa de
bacilos álcool-ácido resistentes.
Quando se relata isolamento de microrganismos em feridas infectadas é
essencial levar-se em conta a origem da amostra clínica. Assim, todos os estafilococos
coagulase-negativa isolados de feridas de esternotomia infectadas ou associados com
cirurgia vascular ou de implante ortopédico, devem ser considerados como
potencialmente patogênicos fazendo-se o antibiograma.
Inversamente, baixo número de estafilococos coagulase negativa associado
com flora entérica em ferida infectada de incisão no cólon deveria ser descartada não
devendo realizar antibiograma neste caso. A razão dessa conduta é que tal
microrganismo não constitui problema clínico e irá desaparecer quando outros
patógenos forem eliminados.
64
Aeromonas hydrophila, Vibrio tioglicolato, Ágar enriquecido e seletivo
vulnificus, Bacteroides spp., para anaeróbios estritos.
Clostridium spp., cocos
anaeróbios, cocos
microaerófilos, Fusobacterium
spp.
Infecções complicadas
Diagnóstico Laboratorial
66
A coloração de Gram pode indicar uma variedade de microrganismos associados
com a lesão e uma terapia presuntiva poderá ser guiada pelo resultado do Gram. No
caso particular da mionecrose causada por C. perfringens, o agente pode ser
facilmente reconhecido por sua morfologia de bacilo Gram-positivo típico com
extremidade angular. Nestes casos nota-se pouca quantidade de pus na amostra.
As amostras podem ser cultivadas em ágar sangue ou ágar Mac Conkey. Os
germes facultativos comuns irão aparecer em 24 horas. O exame microbiológico de
todas essas infecções requer cultura para bactérias anaeróbias, assim como para
aeróbios e anaeróbios facultativos.
Diagnóstico Laboratorial
A cultura de mordedura recente não está indicada, pois o seu resultado não tem
aplicação clínica. O melhor material para cultura é geralmente o pus aspirado da
67
profundidade da ferida ou a cultura feita durante a incisão e drenagem desta amostra
ou debridamento da ferida infectada. Deve-se realizar cultura tanto para bactérias
aeróbias quanto para anaeróbias com uma variedade de meios de cultura para auxiliar
na separação prévia dos microrganismos misturados.
Mordedura de Pasteurella multocida (cão e Gram, Ágar sangue, Ágar Mac Conkey,
animais gato), Streptobacillus Hemocultura
moniliformis (rato),
Anaeróbios, Capnocytophaga
spp. (cão), Staphylococcus
aureus (cão e gato)
14 INFECÇÕES INTESTINAIS
Introdução
70
15 PRINCIPAIS CAUSAS INFECCIOSAS DE DESINTERIA
Evacuação
- Desinteria bacilar: Shigella spp., E. coli (EIEC)
acompanhada de
- Campylobacter jejuni
tenesmo, sangue, muco
- Desinteria amebiana: Entamoeba histolytica
e dor
- Outros protozoários: Balantidium coli, Giardia lamblia
- Parasitas: Schistosoma mansoni, Strongyloides stercoralis,
Trichinella spiralis, Cyclospora spp., Microsporidium spp.
- Vibrio cholerae e Vibrio parahaemolyticus
- Febre tifóide: Salmonella typhi e outras Salmoneloses
- Yersiniose - Yersinia enterocolítica
- Proctite gonorreica, sifilítica, por Chlamydia e herpética
Diarréia
- Intoxicação alimentar por Staphylococcus aureus, Bacillus
cereus, Clostridium perfringens, Clostridium botulinum
- E. coli enterotoxigenica (ETEC)
- E. coli enterohemorrágica (EHEC)
- E. coli enteropatogênica (EPEC)
- E. coli entero-agregativa (EaggEC)
- E. coli difusamente aderente (DAEC)
- Enterocolite necrotizante do recém-nascido, enterocolite
pseudomembranosa (Clostridium difficile), diverticulite, tiflite ou
enterocolite do neutropênico/ imunossuprimido
- Helicobacter pylori
- Rotavirus
- Norwalk vírus
71
A detecção do patógenos entéricos bacterianos é complicada pela presença de
microflora fecal normal abundante e complexa. Tal flora aparece logo após o
nascimento, envolvendo o intestino grosso durante o primeiro mês de vida,
principalmente em resposta à mudança da dieta alimentar. Por volta do primeiro
aniversário, a microflora intestinal é totalmente estabelecida e permanece durante a
vida inteira, a menos que seja induzida uma grande mudança pela terapia
antimicrobiana.
A flora fecal obtida de adulto normalmente contém entre 1011 -1012
microrganismos por grama de fezes, das quais 99% são anaeróbios estritos,
predominantemente os pertencentes aos gêneros: Bacteroides, Fusobacterium,
Bifidobacterium, Eubacterium e Propionibacterium. Quando comparados com a
microflora fecal facultativa, esta é mais modesta em número e variedade, com 10 8 -
109 organismos por grama de fezes.
O desafio para o microbiologista clínico é a tentativa de detectar vários
enteropatógenos em meio incrivelmente complexo. As infecções intestinais ocorrem
em função de fatores ligados ao hospedeiro, como baixa acidez gástrica que reduz
significativamente a dose infectante, como sua microbiota, imunidade, motilidade, etc.
E fatores ligados ao agente, destacando-se os fatores de virulência e inóculo.
72
Escherichia coli
73
EIEC - São E. coli que invadem as células epitelias do cólon, causando
síndrome semelhante à causada pela Shigella com diarreia aquosa, cólica e
eventualmente diarreia sanguinolenta. São menos frequentemente isoladas que as E.
coli anteriormente descritas. Em geral as cepas são lisina desaminase negativas e
imóveis. Existem comercialmente soros polivalentes e monovalentes contra os
sorotipos prevalentes. A duração do período de incubação pode sugerir alguma
etiologia específica principalmente quando há surtos.
Bactérias
76
Agente etiológico Início dos Dados clínicos mais comuns Diagnóstico
sintomas
E. coli Enterohemorrágica 1-10d média: 6% das crianças com síndrome Isolamento de E.coli O157:H7
(EHEC) O157:H7 4-5 d hemolítico-urêmica, adultos. nas fezes e/ou alimento –
Púrpura trombocitopênica e (soroaglutinação)
insuficiência renal aguda; diarreia CHROmagar O157.
sanguinolenta é característica ,
fortes cólicas abdominais.
77
Listeria monocytogenes – 9-32 h Diarreia, febre, cólicas Coprocultura em caldo de
forma diarreia abdominais. enriquecimento (caldo Fraser,
caldo Listeria-Oxoid) e meio
seletivo (Listeria Seletive
Medium / Oxoid).
Vibrio cholerae e outros 1-5 d Diarreia aquosa geralmente Coprocultura em meio seletivo
acompanhada de vômitos. (Ágar TCBS) e isolamento de
cepa produtora de toxina.
78
Vírus
Rota vírus 15-77h média: 1- Início súbito, com vômitos e Testes por aglutinação com
2d diarreia, principalmente em partículas de látex ou Elisa
crianças, ocasionalmente Imunoensaio (EIA) com anticorpos
dor abdominal e sintomas poli ou monoclonais.
respiratórios. Surtos
hospitalares.
Norwalk (calicivírus ) e outros 15-77h média: 1- Vômitos, cólicas, diarreia e Laboratórios de Saúde Pública.
enterovírus 2d cefaleia. Enviar fezes conservadas a menos
20oC.
Parasitas
Cryptosporidium parvum 2-28 d Diarreia, náusea, vômito Pesquisa com Ziehl modificado ou
média: 7 d e febre. imunofluorescência / Elisa.
Diagnóstico Laboratorial
79
Os antibióticos mais frequentemente associados à diarreia por C. difficile são:
cefalosporinas, ampicilina, amoxicilina, outros derivados de penicilinas, macrolídeos,
tetraciclinas e sulfazotrim.
Meios de transporte
80
Salmonella, Shigella, Aeromonas, Plesiomonas, Yersinia: podem ser isolados
em Mac Conkey e Salmonella-Shigella. Recomenda-se também incluir a cultura para
Campylobacter, que exige meio específico. No caso de fezes com sangue, pesquisar
EHEC.
Ágar Mac Conkey e Ágar Eosin Metilene Blue (EMB) são meios diferenciais,
mas não seletivos entre os Gram negativos entéricos.
Ágar verde brilhante (VB) é seletivo para Salmonella sp, mas não é indicado
para Salmonella typhi e S. paratyphi.
Caldos de enriquecimento:
81
Campy-tioglicolato - apenas para pesquisa de portadores de C. jejuni Salina
fosfatada e tamponada pH 7,6 - para semear fezes e conservar em geladeira por três
semanas para pesquisa de portadores de Yersinia enterocolitica, mas não indicado
para rotina.
16 RELATÓRIO DE RESULTADOS
82
microaerofilia à de Skirrow, Campy-
42ºC. BAP(Blaser), etc.
17 INFECÇÕES ABDOMINAIS
84
colocados em frasco com meio de transporte para anaeróbios facultativos e estritos
(caldo de tioglicolato) e encaminhados logo ao laboratório de microbiologia.
85
Se houver suspeita clínica de microbactérias, semear também em meios
especiais (Lowenstein Jensen ou Middlebrook); aguardar 60 dias para diagnosticar a
cultura como negativa.
Se houver suspeita clínica de fungos, semear também em Ágar Sabouraud
glicose; incubar a temperatura ambiente durante 4 semanas.
INTRODUÇÃO
Meningite aguda
Meningite crônica
Encefalite, mielite e neurite
Abscesso cerebral
Empiema subdural, abscesso epidural e flebite intracraniana supurativa
Infecções associadas a procedimentos invasivos e dispositivos implantados no
SNC
Bactérias Fungos
Vírus Protozoários
86
Ascensão de vírus por nervos periféricos
87
Causas mais frequentes de encefalomielite
Enterobactérias 23-33%
Fungos 10-15%
S. pneumoniae <1%
H. influenzae <1%
88
Em populações de pacientes imunocomprometidos e distribuições regionais
podem evidenciar predomínio diferente dos seguintes agentes etiológicos:
Bactérias: M. tuberculosis e Nocardia spp.
Fungos: Aspergillus spp., Candida spp., Cryptococcus spp. e outros fungos
oportunistas
Parasitas: estrongiloidíase, Entamoeba histolytica, cisticercose e
toxoplasmose.
Idade
0 a 4 semanas - E. coli, S. agalactiae (grupo B), L. monocytogenes, Klebsiella
pneumoniae, Enterococcus spp. e Herpes simplex vírus 2
Infecção Hospitalar
89
Contato com hamster, ratos e animais Coriomeningite linfocítica, Pasteurella spp.
silvestres
Inundações Leptospirose
90
Fatores Predisponentes e Etiologia de Abscesso Cerebral
Diagnóstico laboratorial
Teste do Limulus pode ser utilizado para detectar endotoxina de bactérias Gram
negativas, tendo alta sensibilidade e especificidade para concentrações ≥ 103 UFC/ml.
Os vírus podem ser pesquisados por métodos diretos ou cultura para vírus com
tipagem. A pesquisa monoclonal e o PCR representam os métodos de maior
praticidade, especificidade e sensibilidade que se dispõe na atualidade.
92
cuidados para evitar contaminação). Obter qualquer amostra antes de iniciar uso de
antimicrobianos.
LCR deve ter máxima prioridade devendo ser processado imediatamente. Avalie
e anote o volume e o aspecto do LCR.
Exame da cultura
No tubo com caldo deve ser observada turvação diariamente e descartado após
7 dias. Caso haja crescimento, fazer um Gram e semear em placa de ágar chocolate
para isolamento, identificação e antibiograma.
93
Em caso de pneumococos, testar a penicilina usando discos de oxacilina 1
micrograma. Se halo para oxacilina ≥ 20mm, a cepa é sensível à penicilina. Halo ≤ 19
mm encaminhar a cepa a um Laboratório de Referência ou fazer teste da
Concentração Inibitória Mínima (CIM), podendo ser usado o E-test:
- Penicilina ≤ 0,06 microgramos/ml = cepa sensível
- Penicilina 0,12 a 1 microgramos/ml = cepa de sensibilidade intermediaria.
- Penicilina ≥ 2,0 microgramos/ml = cepa resistente
Interpretação do exame
Cloretos < 110 mEq/L sugere meningite por tuberculose se afastada outra
etiologia bacteriana. Atualmente pouco utilizado devido a disponibilidade de testes
mais específicos.
Pesquisa de antígenos
94
A seguir depositar uma gota do sobrenadante do LCR ao lado da gota de látex.
Usar um bastão ou alça flambada para cada teste.
Observar a aglutinação conforme padrão e no tempo descrito por cada
fabricante.
Aglutinações que ocorrerem com mais de um anticorpo devem ser relatadas
como indeterminadas ou não interpretável. Pode-se tentar diluir o LCR em salina 1:2
ou 1:4. Repetir os testes e observar os resultados.
Rotina de Plantão
95
- no caso de amostras límpidas, pode-se depositar duas gotas e fazer esfregaço
menos extenso, quando mais purulento, fazer esfregaço mais espalhado.
- deixar secar e fixar rapidamente no calor
- fazer a coloração de Gram e anotar o resultado
Processamento de amostras – Abcesso cerebral
96
- cocos Gram positivos em cadeias longas ou aos pares: Streptococcus (S.
pneumoniae ou outros estreptococos aeróbios ou anaeróbios)
- bacilos Gram positivos: Listeria spp., Corynebacterium spp. (contaminante ou
em derivações), esporulados (Bacillus ou Clostridium).
- suspeita de bacilo da tuberculose: fazer coloração de Ziehl-Neelsen ou
auramina e se confirmado, semear em Lowenstein Jensen ou outro meio especifico.
- ramificados: Actinomyces ou Nocardia (fazer Ziehl Neelsen)
- cocobacilo Gram negativo: hemófilos, Brucella, Pasteurella sp, etc.
- Acinetobacter spp. (Infecção Hospitalar (IH) em derivações e próteses do
SNC)
- bacilo Gram negativo: enterobactérias, Pseudomonas spp. (IH)
- Fungos: leveduriformes ou dimórficos.
Candida - exame direto com Lactofenol e semear em ágar Sabouraud dextrose
(ASD)
Cryptococcus spp. - tinta da china para melhor caracterização; semear em BHI
ágar
Histoplasma capsulatum - semear em BHI, ágar glutamina
Filamentosos e oportunistas em geral - semear em ASD
20 INFECÇÕES SISTÊMICAS
Fonte: images3.minhavida.com
97
INTRODUÇÃO
98
variáveis de tempo (com o mesmo microrganismo) é denominada de intermitente.
Geralmente este tipo de bacteremia ocorre em processos infecciosos relacionados a
abscessos intra-abdominais, pneumonias e outras. A bacteremia contínua é
característica da endocardite infecciosa e de outras infecções intravasculares.
As bacteremias na grande maioria das vezes são causadas por um único
microrganismo, porém em algumas situações são de etiologia polimicrobiana.
Embora qualquer infecção localizada possa se disseminar para o sangue, a
bacteremia e/ou fungemia geralmente são mais frequentemente devidas à dispositivos
intravasculares (catéteres), infecções abdominais, infecções dos tratos respiratório e
urinário. Bacteremia e fungemia são termos que simplesmente identificam a presença
de bactérias ou fungos no sangue. Sepse é a presença de sintomas clínicos de
infecção na presença ou não de hemocultura positiva.
99
do HIV. As bacteremias causadas por bactérias anaeróbias são muito raras. Em
crianças, o perfil de microrganismos assemelha-se ao da população adulta (os
microrganismos são similares aos que ocorrem na população adulta), mas há uma
maior prevalência de bacteremias por estafilococos, e, principalmente, por S.
pneumoniae, meningococos e hemófilos.
A identificação do microrganismo isolado fornece um valor preditivo importante.
Alguns microrganismos em cerca de 90% dos casos sugerem uma infecção
verdadeira como S. aureus, E. coli e outras enterobactérias, Pseudomonas
aeruginosa, S. pneumoniae e Candida albicans.
100
21 DIAGNÓSTICO EM HEMOCULTURAS
Número de amostras
As amostras são coletadas por punção venosa, uma após a outra em locais
diferentes, logo que inicie o pico febril ou a bacteremia. Preferencialmente não colher
de cateter, exceto para diagnóstico de infecção ou colonização do cateter; colher uma
a duas amostras periféricas e uma de cateter. Para adultos em cada punção coleta-
se 8 a 10 ml de sangue em frascos para aeróbios ou opcionalmente a segunda ou
terceira coleta em frasco para anaeróbios.
Volume de sangue
É uma das variáveis mais críticas para a positividade do exame. Quanto maior
o volume coletado, maior será a positividade do mesmo. Temos que respeitar a idade
do paciente (adulto ou criança) e o volume recomendado de acordo com os tipos de
frascos aeróbios e anaeróbios utilizados na realização dos exames.
O volume recomendado para coleta de cada punção de adulto é de 20 a 30 ml,
distribuídos pelo número de frascos indicados pela sua capacidade e respeitando a
proporção de 1 ml de sangue para cada 10 ml ou no mínimo 5 ml de caldo.
Como as bacteremias em crianças tem cerca de 100 a 1000 bactérias/ml em
comparação com < 1 a 10 bactérias/ml nos adultos, o volume pode ser menor (3 a
5ml), respeitando-se também a proporção de no mínimo 1:5 até 1:10 de sangue e
meio de cultura ou orientação do fabricante.
101
Procedimentos por metodologias manuais
103
Meios de cultura
Técnicas Quantitativas
Segmento de cateter (lumen e/ou superfície externa)
105
Cultura do lumen: o lumen do cateter pode ser cultivado injetando-se salina no
seu interior com uma agulha.
Cultura da superfície externa: agita-se no mixer o segmento do cateter em
salina. Faz-se cultura quantitativa (semea-se 100 µl do lavado em Ágar sangue). É
considerado significativo quando a contagem for ≥ 102 UFC pelo segmento de cateter
analisado.
22 INFECÇÕES GENITAIS
INTRODUÇÃO
Os microrganismos que colonizam o trato genital feminino incluem lactobacilos,
difteróides, Gardnerella vaginalis, estafilococos coagulase negativos, Staphylococcus
aureus, Streptococcus agalactiae, Enterococcus spp., estreptococos alfa e gama
hemolíticos, Escherichia coli e leveduras.
A uretra masculina normalmente contém relativamente poucos microrganismos
encontrados na pele, tais como: estafilococos, micrococos, corynebactérias e
estreptococos alfa hemolíticos.
Muitas infecções do trato genital feminino têm origem em microrganismos
endógenos. A patogenicidade deles pode ser facilitada por fatores do hospedeiro,
como por infecções primárias causadas por outros microrganismos como: herpes
simplex vírus (HSV), o vírus papiloma humano (HPV), Chlamydia trachomatis,
Ureaplasma urealyticum, ou ainda com infecções específicas como aquelas causadas
pela Neisseria gonorrhoeae.
106
O Laboratório de Microbiologia deve estar capacitado para detectar os
principais agentes das doenças sexualmente transmissíveis: Neisseria gonorrhoeae,
Treponema pallidum, Haemophilus ducreyi, Chlamydia trachomatis, Ureaplasma
urealyticum e Mycoplasma hominis.
Menos comuns:
Candidíase vulvo-vaginal
107
episódios e a susceptibilidade é associada a uma condição de mucosa não-secretora,
o que facilitaria a implantação da levedura.
A candidíase vulvovaginal não é tradicionalmente considerada como doença
sexualmente transmitida, pois ocorre em mulheres celibatárias e a Candida spp.
também faz parte da microbiota vaginal normal. Episódio individual de candidíase
vulvovaginal parece não estar relacionado à faixa etária nem ao número de parceiros
ou frequência de relações sexuais.
A candidíase vulvovaginal recorrente é definida como quatro ou mais episódios
da infecção por ano e ocorre em menos de 5% de mulheres sadias. Entretanto ela é
importante em pacientes diabéticas não controladas e nas que fazem uso de drogas
imunossupressoras.
A Candida albicans é a responsável por 80-92% dos episódios de candidíase
vulvo-vaginal. Mais recentemente outras espécies como Candida (Torulopsis)
glabrata e Candida krusei também foram consideradas patogênicas.
Fatores predisponentes
Diagnóstico Laboratorial
108
Antifungigrama com drogas específicas: miconazol, fluconazol, ketoconazol,
itraconazol, clotrimazol e nistatina.
Tricomoníase
Diagnóstico Laboratorial
109
Exame direto a fresco e/ou após coloração pelo Gram
Vaginose Bacteriana
Diagnóstico Laboratorial
110
de escolha para visualização de “clue cells” com sensibilidade de 93% e
especificidade de 70%.
A cultura para G. vaginalis é positiva em todos os casos de vaginose bacteriana,
e pode ser detectada em 50-60% de mulheres sadias assintomáticas. Desta maneira
a cultura vaginal, isoladamente, não deve fazer parte do diagnóstico de vaginose
bacteriana. O uso de metodologia de sondas de DNA, possui sensibilidade e
especificidade semelhantes à cultura, mas o seu custo é muito elevado.
No diagnóstico laboratorial os seguintes testes são frequentemente utilizados:
pH vaginal > 4,5; odor desagradável após a adição de KOH 10% à secreção
Bacterioscópico pelo Gram: ausência ou diminuição de leucócitos e de
lactobacilo, presença de “clue-cells”, grande quantidade de bacilos Gram-variáveis
(lábeis)
Cultura: isolamento em meio seletivo (ágar vaginalis)
Pesquisa pelo uso de metodologia de sondas de DNA
111
Vaginose bacteriana Gardnerella vaginalis, Prevotella spp., 5 a 10% com leveduras
Bacteróides spp., Mycoplasma hominis, > 15 % com Trichomonas também com
Mobiluncus spp. Chlamydia trachomatis e Neisseria
gonorrhoeae
Infecção Gonocócica
112
A resposta inflamatória inicial é um corrimento mucoide, seguido por um
exudato purulento que aparece 2 a 5 dias após a relação suspeita. A infecção pode
progredir da uretra anterior para a uretra posterior em 10 a 14 dias. Os sintomas
incluem aumento da disúria, poliúria e ocasionalmente febre e dor de cabeça. As
glândulas, dutos e vesículas do trato genito-urinário podem tornar-se sítios de
complicações locais. Infecção crônica da próstata, vesícula seminal e epidídimo, bem
como estreitamento uretral, podem ocorrer. Dentre os fatores que contribuem para o
aumento da incidência da gonorreia estão: a bactéria, o hospedeiro e as
características clínicas da doença.
113
vezes mais frequente em homens com mais de 4 parceiras sexuais do que em homens
com única parceira sexual.
Diagnóstico Laboratorial
114
O gonococo é uma bactéria frágil. As amostras clínicas submetidas a cultura
devem ser semeadas imediatamente, pois a bactéria se auto-lisa com muita facilidade
e é sensível a variações de temperatura. As amostras devem ser obtidas sempre antes
do início do uso de antimicrobianos.
Quando é necessário transportar a amostra até o laboratório, medidas
adequadas devem ser tomadas, como o uso de meios de transporte adequados ao
gonococo. Para amostras obtidas de articulações, a cultura deve ser realizada em
meio hipertônico contendo 20% de sacarose ou 20% de soro de cavalo, pois nestas
amostras, o gonococo se encontra na forma L, desprovida de parede celular e não
cresce nos meios habituais. A não observância dessas recomendações implica na
obtenção de culturas negativas.
Os seguintes exames podem ser utilizados:
Pesquisa de beta-lactamase.
115
Masculino homossexual uretra, reto, faringe Gram, Cultura e/ou
técnicas moleculares
DIP feminino sangue, endocérvice, faringe a, lesão pele b, fluido Cultura e/ou técnicas
b
reto de articulação , uretra moleculares
DIP masculino sangue, uretra faringe a, lesão pele b, fluido Cultura e/ou técnicas
c
de articulação b, reto moleculares
A, B, Ba, C
ambos tracoma, conjuntivite, queratite
D, E, F, G, H, I, J, K
homem uretrite não gonocócica, prostatite, epididimite
116
A Chlamydia é, do ponto de vista metabólico, incapaz de produzir sua própria
energia e, desta maneira, retira ATP da célula hospedeira, sendo denominada de
parasita energética. A Chlamydia trachomatis infecta somente o homem e é
usualmente transmitida por contato pessoal, isto é, sexualmente ou através do canal
do parto. No tracoma, a bactéria é transmitida por contato dos olhos com os dedos ou
com fômites contaminados.
A infecção por clamídia tornou-se altamente prevalente, mas devido sua
natureza mais branda, ela não tem sido reconhecida e, muitas vezes, permanece sem
tratamento. Os estudos epidemiológicos de infecção por clamídia têm documentado
uma prevalência substancial do microrganismo em adultos jovens e ativos
sexualmente. Estes estudos relatam taxas de prevalência na faixa de 5% a 20% entre
mulheres que frequentam clínicas de planejamento familiar; frequências mais altas de
20-40% foram notadas entre mulheres e jovens adolescentes sexualmente ativas que
frequentavam clinicas de DST e em cerca de 25% de todas as mulheres atendidas em
clínicas ginecológicas.
Aproximadamente 8% de todas as mulheres jovens atendidas em
maternidades, sem sintomas de infecção urogenital, são portadoras de C. trachomatis.
Da mesma maneira, pelo menos 3% dos homens atendidos em clínicas de DST, sem
sintomas genito-urinários, são portadores de C. trachomatis. Aproximadamente 50%
das uretrites não gonocócicas (UNG) são causadas por esse agente.
As infecções por clamídia coexistem frequentemente com a gonorreia. Nos
Estados Unidos e regiões da Europa, 35-50% das mulheres com gonorreia
apresentam infecção simultânea por clamídia; além disto, os estudos mostram
também que 20-25% dos homens heterossexuais com gonorreia estão infectados
também por C. trachomatis.
A uretrite é a manifestação mais comum da infecção por clamídia, no homem.
Ela é duas vezes mais frequente que a gonorreia em algumas populações e sua
incidência tem aumentado. C. trachomatis virtualmente é responsável por todas as
complicações da uretrite não gonocócica.
Na mulher as infecções causadas por Chlamydia trachomatis incluem cervicite
mucopurulenta, síndrome uretral, endometrite e salpingite. As infecções do trato
genital superior causam esterilidade ou predispõem à gravidez ectópica. As
117
complicações na mulher são as mais graves de todas que ocorrem com doenças por
clamídias. Além disso, na mulher, o risco é duplo, para ela e para seu recém-nascido.
Diagnóstico Laboratorial
118
Testes laboratoriais no diagnóstico das infecções genitais por Chlamydia
Positiva: material Não Positiva Positiva Negativa Positiva Eventualme Positiva Positiva
de raspado de recomendada ou soros nte positiva
2
mucosas positiva areados
título
baixo 1
1- Consideram-se títulos baixos até 1:16 e títulos altos de 1:32 ou mais. Maior
valor diagnóstico que títulos altos é a elevação de 4x o título entre amostras de soro
no início da doença e 2 semanas após.
2- Positiva nas primeiras semanas da infecção.
IFD: imunofluorescência direta
EIA: método imuno-enzimático
RFC: reação de fixação do complemento
119
O U. urealyticum é comum no trato genital feminino, porém a sua associação
com doença é discutível. Ele tem sido associado à ocorrência de doenças pulmonares
em prematuros com baixo peso que contraíram o microrganismo durante o
nascimento. Existe evidência de associação entre o Ureaplasma urealyticum e
infertilidade.
Diagnóstico Laboratorial
Testes sorológicos não são utilizados na rotina, para infecções genitais por
micoplasmas. Os principais testes utilizados no diagnóstico de infecções genitais por
micoplasmas incluem:
Cultura quantitativa de materiais, tais como: secreção vaginal, uretral, cervical,
urina de 1º. jato, esperma e líquido prostático em meios U-9, M-42 e A-7. Títulos iguais
ou maiores que 103 UTC (unidades trocadoras de cor) são clinicamente significativos.
Testes sorológicos: utilizados somente para infecções pulmonares ou
articulares.
Antibiograma: tetraciclina, eritromicina, roxitromicina, ofloxacina e tianfenicol
são testados rotineiramente.
120
Outras Infecções Genitais e seus Patógenos
Úlceras genitais Cancro mole - Haemophilus ducreyi Cancro duro - Treponema pallidum
(sífilis) Herpes genital - Herpes simplex vírus.
INTRODUÇÃO
121
A identificação de uma bactéria patogênica ou potencialmente patogênica não
necessariamente indica seu envolvimento na infecção, pois estes microrganismos
podem também ser detectados em portadores como é o exemplo do Haemophilus
influenzae. Desse modo, o conhecimento da flora normal do trato respiratório superior
é essencial para a interpretação dos resultados da cultura.
A orofaringe contém uma microbiota mista com grande densidade de bactérias
aeróbias, anaeróbias facultativas e anaeróbias estritas, incluindo Streptococcus alfa
hemolíticos e não hemolíticos, Streptococcus beta hemolíticos não pertencentes ao
grupo A, Neisserias não patogênicas, Haemophilus spp., difteróides, Staphylococcus
sp, Micrococcus spp., Anaeróbios (Bacteroides spp, Fusobacterium spp., Veillonella
spp., Peptostreptococcus spp., Actinomyces spp.).
Alguns patógenos como Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes,
Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, enterobactérias e leveduras como
Candida albicans podem ser componentes transitórios da flora de orofaringe em
indivíduos saudáveis, sem desenvolvimento de doença. O trato respiratório abaixo da
laringe não possui flora residente normal. A mucosa nasal anterior é frequentemente
colonizada por Staphylococcus epidermidis e difteróides, e alguns indivíduos são
portadores intermitentes ou definitivos de Staphylococcus aureus. Por outro lado, os
seios paranasais e o ouvido médio não possuem flora microbiana.
Faringite *
O agente mais frequente de faringite bacteriana é o Streptococcus
pyogenes. Em pacientes hospitalizados o trato respiratório superior pode ser
colonizado por Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter spp., Klebsiella
pneumoniae e outras enterobactérias. Esses microrganismos não são
patógenos de faringe e não devem ser reportados nos resultados de rotina.
Porém se o paciente for imunocomprometido, e houver solicitação do médico,
essas bactérias serão consideradas para laudo e teste de sensibilidade.
Alguns vírus tais como: adenovírus, herpes simplex, influenza, para
influenza, coxsackie A e EBV (mononucleose infecciosa), produzem faringite
acompanhada de rinorréia, tosse, exantema e às vezes febre, sendo o
diagnóstico sorológico ou através de provas moleculares.
122
Laringite e Epiglotite
A laringite aguda, na grande maioria das vezes, é de etiologia viral.
Culturas para pesquisa de agentes bacterianos são indicadas apenas na
suspeita de difteria. A epiglotite, também chamada de “crupe”, geralmente tem
etiologia bacteriana (Haemophilus influenzae tipo B). Mas a coleta com “swab”
diretamente da epiglote é contraindicada por duas razões: em primeiro lugar, a
manipulação ou irritação da epiglote edemaciada pode provocar quadro de
obstrução; em segundo lugar, o isolamento de H. influenzae b pode não ocorrer.
O diagnóstico é fundamentalmente clínico, porém hemoculturas (> 50%
dos casos são bacterêmicos) podem confirmar a etiologia. O meio de cultura
deve ser enriquecido com fatores X e V ou adicionado de sangue de cavalo
aquecido, sendo importante realizar teste de suscetibilidade com pesquisa de
beta lactamases.
Nasofaringe e Mucosa Nasofaringe: o material coletado para diagnóstico da infecção deve ser
Nasal aspirado através do nariz; utilizado para o diagnóstico de coqueluche,
123
Mycoplasma e alguns casos de difteria. Para detecção de meningococo a
amostra deve ser coletada com swab ou por aspiração e semeada
imediatamente em meios adequados. Deve ser lembrado que para detecção de
portadores de meningococo, deve ser coletado material com zaragatoa de
arame, e semeado imediatamente em meios adequados.
Nariz: 20 a 25% dos indivíduos sadios são portadores de Staphylococcus
aureus no nariz, e no ambiente hospitalar esta taxa pode aumentar. Alguns
autores associam a colonização nasal por este microrganismo com o aumento
do risco de infecção hospitalar em pacientes submetidos a cirurgias (cardíaca,
por exemplo) e a programas de diálise peritoneal contínua (CADP). Nestes
casos de risco, colher material das narinas para pesquisa de Staphylococcus
aureus, com teste de susceptibilidade à mupirocina (antibiótico de uso tópico
utilizado para erradicação do microrganismo da mucosa nasal).
124
* Principais agentes etiológicos de faringites
Rhinovirus Resfriado 20
Coronavírus Resfriado 5
Pneumonia Da Comunidade
125
de 30 a 60% das pneumonias adquiridas na comunidade não revelam nenhum agente
entre os mais frequentemente pesquisados e isoladas, ficando apenas com
diagnóstico clínico ou de imagem.
Tosse Diabetes
Haemophilus influenzae 3-10
Expectoração Alcoolismo
Staphylococcus aureus 3-5 Dispneia Crises convulsivas
Dor torácica Insuficiência cardíaca congestiva
Anaeróbios da cavidade oral 6-10
Anemia falciforme
Gerais:
Mortadela catarrhalis 1-3 Imunossupressão
Febre
Idade avançada
Outros Gram negativos 3-10 Mal-estar
Doença respiratória prévia (em geral
Mialgia
Chlamydia pneumoniae 5-17 viral)
Sudorese
Fadiga Ventilação mecânica
Legionella pneumophila 2-8
Cefaleia Etc
Vírus respiratórios 2-15 Náuseas
etc
126
Fator Agente Etiológico Fator Agente Etiológico
127
3 semanas a 3 meses Chlamydia trachomatis, Vírus respiratório sincicial, Parainfluenza vírus 3, S.
pneumoniae, Bordetella pertussis, Staphylococcus aureus
4 meses a 4 anos Vírus respiratório sincicial, Parainfluenza virus, influenza virus, adenovirus,
rinovírus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Mycoplasma
pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis
5 a 15 anos Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Streptococcus
pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis
Leptospirose (Leptospira spp.) Roedores silvestres; água contaminada com urina de animal
doente; animais domésticos doentes
Tifo murino (Yersinia pestis) Ratos, esquilos, coelhos e outros roedores silvestres
25 PNEUMONIA HOSPITALAR
Patógenos %
Pseudomonas aeruginosa 21
129
Staphylococcus aureus 20
Enterobacter spp. 9
Klebsiella pneumoniae 8
Acinetobacter spp. 6
Candida albicans 5
Escherichia coli 4
Enterococcus spp. 2
Outras enterobactérias 8
Recursos Diagnósticos
Exame físico
Exame do escarro
Aspirado transtraqueal
Broncoscopia com fibra óptica e lavado bronco-oalveolar
Aspirado endotraqueal cego
130
Biópsia pulmonar
Hemocultura (1 a 16% de positividade)
Exames imunológicos (imunofluorescência, ELISA, etc.)
Punção de derrame pleural para realização de exames bioquímicos,
citológicos e microbiológicos.
Raio X simples (AP + perfil)
Tomografia computadorizada
Lavado bronco-alveolar, escovado brônquico e biópsia Swab endotraqueal, cânula ou tubo endotraqueal
brônquica
Escarro
Apesar de poder ser útil em pacientes com tosse produtiva e com capacidade
de expectorar e a presença de escarro purulento encontrar-se na maioria dos critérios
utilizados para o diagnóstico de pneumonias, a análise desta secreção é bastante
controvertida do ponto de vista de sensibilidade e especificidade.
Aspectos da análise macroscópica do escarro que podem ser úteis para
sugestão de agentes ou patologias: Cor, quantidade, consistência e cheiro.
131
Escarro purulento – pneumonia bacteriana (embora nas pneumonias por vírus
ou microplasma a infecção secundária pode oferecer os mesmos achados em cerca
de 30 a 50% dos casos)
Expectoração matinal, abundante e fétida - bronquiectasia
Expectoração escassa ou aquosa (mucóide) - pneumonias atípicas
Escarro avermelhado, mucóide - Klebsiella pneumonia
Escarro fétido associado a pneumonia aspirativa - anaeróbios
Bacterioscopia
132
26,5% de amostras de escarro purulento eram de pacientes mostrando nenhum
sinal clínico ou radiológico de pneumonia.
40% das amostras de escarro provenientes de pacientes com pneumonia não
eram profundamente expectorados, refletindo a presença de secreção oral.
Somente 10% de pacientes produzindo escarro não purulento tinham
pneumonia.
Somente 56,8% dos pacientes com pneumonia produziam escarro purulento.
Grupo ≥ 25 ≥ 25 > 25 +2
133
Grupo 4 10-25 ≥ 25 Muco +1
Grupo 5 <10 ≥ 25
134
Exames realizados não foram conclusivos (não isolou nada ou isolou
enterobactérias, ou Candida ou mais de um agente)
Possibilidade de superinfecção
Aspirado transtraqueal
Trata-se de uma técnica bastante utilizada na década de 70, mas que atualmente
devido aos riscos que leva para o paciente (enfisema subcutâneo, estímulo vaso-
vagal, hemoptise), está preterido em função do aparecimento de procedimentos mais
135
promissores. Outro fato relevante é o elevado número de resultados falso-positivos,
pelo isolamento de flora colonizadora do trato respiratório superior.
Escovado protegido
Biópsias
137
salientar que de nada adianta obter boas amostras para estudo microbiológico quando
se emprega técnica laboratorial convencional, isto é, morosa e de baixa sensibilidade.
Toracoscopia
Derrame pleural
Hemocultura
O cálculo dos valores limítrofes para definição de infecção para amostras do trato
respiratório, deriva da concentração de microrganismos encontrada em culturas do
tecido pulmonar infectado. Comparando-se o número de bactérias na amostra,
138
estima-se o número na secreção original. As infecções pulmonares clinicamente
significativas contêm pelo menos 104 UFC/g de tecido.
Lavado broncoalveolar (BAL) 1ml diluído em 10 a 100 ml 1/10 – 1/100 104 UFC/ml
Ágar sangue
Ágar chocolate
139
Ágar sangue suplementado para anaeróbios, para amostras clínicas para as
quais recomenda-se fazer o isolamento de anaeróbios.
2-24 103
25-249 104
≥ 250 105
141
BIBLIOGRAFIA
LEVINSON, W., JAWETZ, E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Porto Alegre,
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 10. ed., Porto Alegre:
Artmed, 2010.
142