Livro Influência Argamassa
Livro Influência Argamassa
Livro Influência Argamassa
Recife / Pernambuco
Junho / 2006
II
Email: [email protected]
Blog: joaomanoelm.blogspot.com.br – (menu de livros e artigos)
III
A Deus incondicionalmente; Meu pai (in memoriam) Ilton da Mota Silveira; Minha avó,
Jacinta Barbosa de Freitas; Meu tio pai Severino Maurício de Freitas; minha filha
amada Marina de Freitas Andrade,
DEDICO.
IV
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo amor supremo que nos concede. “Filho meu, guarda o mandamento de teu
pai, e não deixes a lei da mãe. Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu
pescoço” (Provérbios 6:20-21).
A minha mãe, minha vida, que sempre me apoiou nessa árdua jornada e a minha filha.
Ao ilustre Professor Joaquim Correia Xavier de Andrade Filho, que sempre me apoiou
com suas reflexões enriquecedoras.
“O verdadeiro valor de um homem não pode ser encontrado nele mesmo, mas nas
cores e texturas que faz surgir nos outros.”
Albert Schweitzer
VI
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1.3 Objetivos..................................................................................................................... 3
2.2.5.1 Esbeltez........................................................................................................ 61
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 73
6 RESULTADOS .......................................................................................................... 97
RESUMO
Abstract
Since the 70s, buildings called “caixões” began to be built in a large scale, made of
resistant masonry with up to four floors, in the Metropolitan Area of Recife. It’s known
that these constructions were built without technological basis and necessary technical
rules, national and international ones. It’s noticed that these constructions and the material
used for building them – especially the ceramic blocks destined for impeding, with
horizontal holes – don’t have the necessary requirements to be considered structural. The
calculus of resistance to wall compression of these kinds of buildings built with this type
of masonry proves to be insufficient to resist the efforts they are submitted, especially on
the ground floor. It means that these buildings don’t have normative evaluation of
stability. Consequently, it’s necessary to investigate the aspects of the process, trying to
find possible aspects that are of influence in the resistance to compression. This project
has the aim of studying the influence of the revetment in the resistance to axial
compression in the masonry walls, used with structural function, and using ceramic blocks
with horizontal holes. With the aim to get to know the necessary knowledge of the
behavior and intensity of the revetment contribution to this mechanical property, we had
prisms, which are extremely relevant to the stability of the edification. It was verified that
the revetment building cement contributes, in a substantial way, in the resistance to the
axial compression of this kind of masonry. Consequently, experimental investigations are
necessary to these buildings’ rehabilitation, mainly in the Metropolitan Area of Recife,
where we can find thousands of buildings built in this constructive process.
Key words: masonry, “caixão” buildings, resistant masonry, structural masonry, walls’
rehabilitation, impeding ceramic blocks.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.2 - Justificativa
Os edifícios tipo “caixão” com até quatro pavimentos construídos em larga escala na
Região Metropolitana do Recife, fundamentalmente a partir da década de 70, apresentam
instabilidade teórica inclusive com característica frágeis.
Quando essas alvenarias são calculadas com as paredes isoladas, verifica-se que há uma
insuficiência de resistência à compressão.
Para tanto, presumi-se que a argamassa de revestimento contribui na resistência à
compressão, seja como parte ativa na sustentação direta e/ou com o aumento da seção
estrutural do conjunto alvenaria-revestimento, através da solidarização eficaz desse conjunto.
1.3 - Objetivos
● Capítulo 2 - Referencial teórico – Este capítulo apresenta referenciais teóricos dos assuntos
tratados. São efetuadas considerações sobre as argamassas de assentamento e revestimento
das alvenarias, as alvenarias utilizadas e a influência do revestimento na resistência à
compressão axial de alvenarias “estruturais” de blocos cerâmicos com furos na horizontal.
● Referências bibliográficas.
CAPÍTULO 2
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 – Argamassa
Serão tratadas questões sobre argamassa, diretamente ou indiretamente envolvidas com
a pesquisa, tendo em vista atribuir-se à argamassa alguma influência na resistência à
compressão das alvenarias. Por conseguinte, tratar-se-á das argamassas, tanto de
revestimento quanto de assentamento dos blocos cerâmicos, dentro dos seus aspectos gerais,
relacionados com o desempenho adequado ao trabalho e durabilidade.
Nos tempos antigos, no Oriente Médio, a argila e o barro eram misturados com a palha
da cana cortada, formando compostos (argamassas), MOROPOULO; BAKOLAS &
ANAGNOSTOPOULOU (2004). Os autores citados dizem que, pelo menos até 3.000 a.C.,
a argamassa de asfalto ligava os tijolos, permanecendo essa prática por um longo período.
Na Babilônia, misturas de asfalto foram substituídas por cal, com adição de argila, cinzas e
outros materiais.
Observou-se que o uso da argamassa à base de gesso no Oriente Médio durou mais de
4.000 anos. Estudos na cisterna de Kameiros-Rhodes (500 a.C.) demonstram que as
argamassas e concretos que revestem suas paredes tiveram a cal como princípio ativo de um
material nobre e vantajoso. Essas misturas apresentam características de argamassas
pozolânicas, fundamentalmente pela melhoria de sua hidraulicidade, LUGLI apud
MOROPOULO; BAKOLAS & ANAGNOSTOPOULOU (2004).
Sabe-se que a terra de Santorine foi encontrada pelos Gregos e Romanos, bem como a
argamassa Pozolânica fora encontrada em estruturas antigas na ilha de Delos, próximo da
ilha de Thera, no segundo século a.C., período romano que se caracterizou pela utilização da
técnica de adicionar os materiais pozolânicos à argamassa de cal. Portanto, estava
disseminado, por todo o império, um material nobre com propriedades pozolânicas, com
melhorias em suas propriedades físicas e químicas, DAVIDOVITS (1993).
Outro aspecto marcante na história das argamassas foi a descoberta da adição de tijolos
esmagados em argamassa de cal. Os romanos propagaram esse uso através do seu império na
Europa, norte da África e Oeste da Ásia (Turquia). Esses materiais eram empregados com
muitos propósitos. Por exemplo, o pó dos tijolos era usado principalmente para as camadas
superiores do piso e os tijolos esmagados, de dimensões variadas, eram recomendados para
paredes e fundações, devido à melhoria do desempenho da argamassa em condições críticas,
DAVIDOVITS (1993) e BORONIO (1997).
Ao longo do último período do Império Romano, além do tradicional uso de tijolos
esmagados nos revestimentos de paredes, observava-se o aumento da espessura dos
revestimentos em geral, que foram gradativamente passando de 10 a 15 mm, posteriormente
para 60 a 70 mm, chegando até a espessura de 70 cm no período Bizantino em Istambul,
MAINSTONE (1987).
8
Na Idade Média, as pedras calcárias impuras eram usadas para produzir cal e tinham
que ser usadas instantaneamente, devido ao endurecimento rápido.
As argamassas antigas usadas como material de revestimento com adição de materiais
pozolânicos, obtinham longevidade através principalmente do uso da cal. Algumas vezes,
para que as características mecânicas fossem melhoradas, aditivos orgânicos e materiais de
origens animal e vegetal eram usados para melhoria dessas propriedades.
A vantajosa adição das pozolanas artificiais e naturais à mistura de cal, para obter
argamassa hidráulica, era bem conhecida, apesar do desconhecimento da química dos
materiais inorgânicos. As pozolanas naturais, fundamentalmente de origem vulcânica, tanto
“in natura” quanto moídas, eram usadas extensivamente para calçadas sujeitas às agressões
do intemperismo. Já as pozolanas artificiais, tais como os tijolos ou retalhos de cerâmica,
eram usadas quando as pozolanas naturais não estavam disponíveis.
A trabalhabilidade e a consistência das argamassas eram apreciadas pelos construtores
da época. A vigorosa compactação à mão, usando ferramentas simples, a plasticidade
adequada da mistura para um controle da fluidez e outros cuidados no controle tecnológico
eram observados no preparo das argamassas.
invariavelmente, observam-se, nas argamassas utilizadas nas obras, areia natural lavada,
cimento Portland como aglomerante e saibro ou cal hidratada conforme a Região do Brasil.
As Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3 apresentam os revestimentos de argamassas inorgânicas, sua
classificação, tipos e materiais constituintes.
Basicamente, as argamassas mistas contendo cal são utilizadas para emboço, reboco e
assentamento de alvenarias, pela sua plasticidade, retenção de água, incremento da
resistência, elasticidade e acabamento regular. Portanto, atribui-se à cal a capacidade de
acomodar as movimentações entre o revestimento e as alvenarias, sabendo-se que o módulo
de deformação deve ser decrescente das camadas internas para as externas, evitando-se assim
movimentações diferenciadas entre o substrato e o revestimento, THOMAZ (2001) e
CARNEIRO & CINCOTTO (1995). QUARCIONI & CINCOTTO (2005) julgam ser a cal
uma substância importante para o incremento da plasticidade e retenção da água no estado
fresco, fundamentalmente pela sua finura, e acomodação das deformações no estado
endurecido, inclusive contribuindo para um menor estado de fissuração.
CINCOTTO apud THOMAZ (2001) enfatiza que, em relação às dosagens das
argamassas, devem-se relevar os seguintes requisitos no estado fresco: consistência, coesão,
plasticidade, retenção de água, trabalhabilidade e adesão inicial e no estado endurecido:
resistência mecânica, ao fogo, ao ataque de sulfatos, ao congelamento, deformabilidade,
retração, aderência, permeabilidade, condutibilidade térmica e durabilidade.
Deve-se destacar o gerenciamento do preparo do substrato, tendo em vista ser essa
etapa fundamental para o desempenho do conjunto argamassa/substrato, fundamentalmente
a aderência.
Podem-se preparar os substratos de várias formas, isto é, desde a aplicação do chapisco,
passando pela ponte de aderência química, chegando ao simples umedecimento
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Sabe-se que o chapisco tornou-se a mais usual forma de preparar o substrato na Região
Metropolitana do Recife. Observa-se que o chapisco é uma argamassa fluida, composta por
traço em volume de 1:3 a 1:4, cimento e areia média ou grossa, sendo que este composto após
lançado na superfície, deve passar por um período de cura de três dias antes de receber o
revestimento e deve ter no máximo 0,5 cm, YAZIGI (2004). O
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Cimento Cal
hidratada
Chapisco Argamassa 500 / 600 - 1:0:(2,1 a 2,8)
simples (500 a
600 Kg/m3)
Emboço e Argamassa mista 200 / 350 e 100 / 150 1:(0,5 a 1,3):(4,0 a 8,3)
reboco (350 a 450 e 250 100 / 250 e 50 / 150 e 1:(0,4 a 2,7):(6,4 a 16)
a 350 Kg/m3)
Pode-se dizer que a trabalhabilidade é a condição das argamassas que provoca maior
ou menor facilidade de manuseio por parte do operário que a prepara e aplica. Sabe-se que
quanto menor o módulo de finura e mais contínua for a curva granulométrica do agregado,
maior será a trabalhabilidade. Ao mesmo tempo, em misturas que contêm cal e cimentos com
maior finura, também se observa uma melhoria da trabalhabilidade, CINCOTTO; SILVA &
CASCUDO (1995).
Trabalhabilidade é uma propriedade empírica que traduz a facilidade do manuseio,
transporte e aplicação das argamassas. A consistência e a plasticidade expressam
substancialmente a trabalhabilidade, RAGO & CINCOTTO (1997).
A plasticidade é a capacidade de retenção da deformação das argamassas após a
diminuição da força que provoca deformação, RAGO & CINCOTTO (1997). É influenciado
pelo teor de ar, consumo de aglomerante e pela energia e intensidade da homogeneização da
mistura.
17
A Tabela 2.8 apresenta a classificação da plasticidade, uma vez que esse indicador é
função do percentual de finos menores que 0,075 mm na mistura seca, CINCOTTO; SILVA
&CASCUDO (1995).
CHASE; REDA & SHRIVE, apud SILVA & LIBÓRIO (2003), estudaram o
mecanismo de aderência nos tijolos cerâmicos e concluíram que a extensa rede fibrosa
entrelaçada de C-S-H crescendo na superfície da alvenaria é a principal responsável pela
aderência mecânica.
Verificam-se substanciais ganhos na resistência de aderência devido à adição da
pozolana na argamassa, tendo em vista seus benefícios geradores de uma maior compacidade
na zona de transição, implicando no incremento da ligação ao substrato, SILVA & LIBÓRIO
(2003) e CARNEIRO (2005). Esses autores relatam que a sílica da pozolana em reação com
o hidróxido de cálcio forma o C-S-H, enriquecendo algumas propriedades das argamassas.
Portanto, tem-se, desde algumas décadas, a utilização de materiais pozolânicos nas
construções, principalmente por causa de sua influência na microestrutura e durabilidade nos
concretos e argamassas, MOSEIS; ROJAS & JOSEPH CABRERA (2001).
A Figura 2.4 mostra a interface entre a pasta e o substrato.
20
Figura 2.5 (b) – Região da interface entre argamassa e substrato cerâmico, CARASEK apud
GOMES (2001)
- Cimento
Argamassas muito ricas (elevado teor de cimento) produzem revestimentos rígidos que
podem fissurar e, ao longo do tempo, perder aderência, mas apresentam inicialmente maior
resistência de aderência, CARASEK (1997) e PRADO ROCHA & PEREIRA DE
OLIVEIRA (1999).
Particularmente em substratos de blocos cerâmicos, há um incremento de aderência de
acordo com o aumento do teor de cimento, podendo não ocorrer o mesmo incremento com a
variação da relação água/cimento. A cura em câmara úmida melhora esta propriedade,
chegando a ser até 3,5 vezes maiores; PEREIRA et al. (1999), SCARTEZINI & CARASEK
(2003) e CANDIA & FRANCO (1998); tendo em vista que o retardo da velocidade da
carbonatação da cal e do cimento, presente na argamassa de revestimento, diminui os efeitos
da retração da argamassa nas primeiras idades.
A temperatura na cura é um fator importante na formação das fases de hidratação dos
aglomerantes. Verificou-se em pesquisa realizada que, para um mesmo período de cura (9
dias), amostras curadas a 60 oC mostraram uma reação da cal de 82%, entretanto para
amostras curadas a 20 oC, apenas 18%. Portanto, no último caso, o conteúdo de hidróxido de
cálcio desapareceu em 180 dias, já os espécimes curados a 60 oC mostraram 6% de resto de
cal a 123 dias, MOSEIS; ROJAS & JOSEPH CABRERA (2001).
- Cal
Dentro das considerações gerais, sabe-se que a utilização das pedras calcárias é
conhecida desde 2.450 a.C., mais precisamente na Mesopotâmia Antiga. Utilizou-se com
êxito a cal como aglomerante em obras civis já nas pirâmides egípcias e monumentos
romanos que perduram até os nossos dias, QUARCIONI & CINCOTTO (2005).
24
Define-se a cal hidratada como sendo um pó obtido pela hidratação da cal virgem
constituído essencialmente de uma mistura de hidróxido de cálcio, hidróxido de magnésio,
ou os dois misturados ao óxido de magnésio, NBR 7175.
Resumidamente, reportam-se a cal como sendo um aglomerante aéreo de origem
calcária, cuja temperatura de calcinação necessária se situa em torno de 900o C. Este material
provoca nas argamassas mistas uma maior plasticidade e coesão, melhor e maior extensão de
aderência da argamassa com o substrato, bem como reduz a retração, CARNEIRO (2005).
A cal possui uma elevada finura, sendo importante por sua propriedade plástica,
retenção de água, preenchimento dos vazios do substrato (extensão de aderência) e maior
durabilidade decorrente da carbonatação processada ao longo do tempo. Argamassas que
contêm esse produto tendem a evitar fissuras, haja vista a peculiaridade de restabelecimento
ou reconstituição autógena, CARASEK; CASCUDO & SCARTEZINI (2001).
Este material propicia maior coesão entre as partículas sólidas quando se aumenta a
viscosidade da pasta com a substituição gradativa do cimento pela cal, mantendo-se a mesma
relação água/cimento. Por sua vez, as cales cálcicas em contato com a água apresentam
viscosidade maior do que as cales dolomíticas, RAGO & CINCOTTO (1995).
A cal fornece à argamassa mista uma melhor trabalhabilidade; retenção de água,
propiciando o tempo adequado à hidratação necessária do cimento; aumento da resistência
mecânica, por ter menos vazios devido a sua pozolanicidade. Além disso, diminui o módulo
de elasticidade, melhorando a capacidade de deformação e aumenta a capacidade de
aderência da pasta no substrato, OLIVEIRA (2004).
A cal nas argamassas mistas de cimento, cal e areia, propicia: economia, por ser um
aglomerante mais barato que o cimento; plasticidade; retenção de água; reações como
aglomerante, onde inevitavelmente apresenta incremento razoável da resistência à
compressão e tração; resistência à fissuração; diminuição de eflorescência; pequena
capacidade de reconstituição autógena das fissuras, obtendo ganho de resistências mecânicas
por conta da carbonatação ocorrente ao longo do tempo; maior resistência à penetração de
água; meio alcalino, além disso, é compatível com diversos sistemas de
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pintura e maior durabilidade em função das propriedades químicas inseridas, YAZIGI (2004).
As cales são classificadas na NBR 7175 de acordo com as exigências químicas e físicas,
isto é: cal hidratada CH-I; CH-II e CH-III. Verifica-se que a cal CH-I e CH-II têm um
desempenho mais relevante na construção civil. A CH-I chega a ter um desempenho superior
em cerca de 30% com relação à CH-III, YAZIGI (2004).
Basicamente são encontrados dois tipos de cal: a cálcica e a dolomítica. A cálcica é
mais viscosa, possui maior consistência com relação a dolomitica. Os parâmetros de maior
relevância dos aglomerantes são as formas das partículas, tendo em vista a sua influência na
compacidade ou rolamento dos grãos. Portanto, verifica-se nas cales cálcicas aglomerados de
placas mais angulosos e nas cales dolimíticas ou magnesianas partículas em forma de flocos,
RAGO & CINCOTTO (1997).
- Areia
O desempenho da aderência é influenciado também pela areia utilizada na produção da
argamassa, pois, com o incremento de sua adição, verifica-se uma redução da aderência.
Atribui-se a esse material a responsabilidade do esqueleto indeformável da massa, reduzindo
a retração e, consequentemente contribuindo para a elevação da durabilidade da aderência.
Vale destacar que uma areia com uma granulometria contínua aguça uma maior aderência,
KAMPF, (1963), LAMANA et al. (1970), RENSBURG et al. (1978) e LAWRENCE & CAO
(1987).
As areias mais grossas não contribuem para uma elevada extensão de aderência, na
medida em que prejudica a plasticidade e a aplicação, CINCOTTO; SILVA & CASCUDO
(1995). Contudo ANGELIM (2000) estudou os traços 1:1:6 e 1:2:9 (cimento, cal e areia em
volume) com dois tipos de areias, finas e muito finas, tendo verificado que as maiores
resistências de aderência foram nas argamassas que continham areia com partículas mais
grossas. Por sua vez, SCARTEZINI & CARASEK (2003) também verificaram a influência
positiva na resistência de aderência devido ao aumento do tamanho dos grãos, haja vista
possivelmente a maior condição da perda de água da argamassa para o mesmo substrato
decorrente da menor quantidade de poros finos no interior da argamassa.
Areias com alto teor de finos, ou seja, partículas inferiores a 0,075 mm, prejudicam a
aderência da argamassa, pois neste caso esse material pulverulento poderá penetrar nos
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poros do substrato, tomando parte do espaço físico, dificultando assim a migração da água
coloidal da argamassa que ancorará nesses poros, ou ainda reduzindo o diâmetro dos poros
médios da argamassa. Assim a sucção do substrato será prejudicada, com base no princípio
dos poros ativos do substrato, CARASEK; CASCUDO & SCARTEZINI (2001).
Tijolos com reduzida taxa de sucção de água apresentam baixa aderência, isso
condicionado a relação areia/aglomerante elevada. Fato inverso ocorre quando a taxa de
sucção é alta, GOODWIN & WEST (1980).
- Água
Para obter melhores resultados de aderência, o conteúdo de água das argamassas, deve
ser o máximo possível compatível com a trabalhabilidade, garantindo a coesão e a adequada
plasticidade da argamassa, BOYNTON & GUTSCHICK (1964), GALLEGOS (1995) e
PEREIRA et al. (1999). Portanto, manter uma relação água/cimento baixa nas argamassas,
diferentemente do concreto, não é relevante quando se objetiva uma satisfatória aderência.
Quando a argamassa no estado fresco entra em contato com o substrato poroso, rapidamente
perde água por sucção. Desta forma, as argamassas com relação água/cimento entre 0,7 e 2,8
têm-se verificado como adequadas, CINCOTTO; SILVA & CASCUDO (1995).
- Tipo de substrato
As características dos substratos influenciam na aderência da argamassa, pois a
rugosidade superficial, absorção e a sucção inicial de água dissipada das argamassas tornam-
se aspectos fundamentais para a aderência do sistema argamassa-base, CARASEK;
CASCUDO & SCARTEZINI (2001).
O item 8.1.4 da NBR 7200:98 diz que a aderência do revestimento está relacionada
com o grau de absorção da base, que propicia a microancoragem, e com a rugosidade
superficial, que contribui para a macroancoragem.
A norma Americana ASTM estabelece o método de ensaio para o IRA, de tal forma
que se determina a absorção de água do bloco após 1 minuto imerso em uma lâmina de água
a uma profundidade de 3,2 mm, pelo qual se verifica o grau de sucção inicial.
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Entretanto GALLEGOS (1995) e RIBAR & DUBOVOY (1988) relatam que o IRA pode não
ser consideravelmente representativo na aderência das argamassas ao substrato, pois este
ensaio relaciona a medição da água livre e não a água restringida da argamassa, bem como
mede a sucção em apenas um minuto, fato que poderá não caracterizar as forças capilares ao
longo de um tempo.
A capacidade de sucção inicial dos blocos cerâmicos não é o fator exclusivo de
influência na aderência, tendo em vista que os poros de grandes diâmetros, que retiram grande
quantidade de água livre das argamassas durante o ensaio do IRA são inoperantes frente aos
poros no interior da argamassa no estado fresco, SCARTZEINI & CARASEK (2003).
No ensaio do IRA, o bloco de concreto absorve mais água do que o bloco cerâmico,
sendo que ao longo do tempo, essa posição pode ser invertida, permitindo concluir que o IRA
talvez não seja o melhor parâmetro para avaliação do desempenho do revestimento frente à
movimentação de água da argamassa fresca à base absorvente PAES; BAUER & CARASEK
(2003). Nesta linha, dizem PRADO ROCHA & PEREIRA DE OLIVEIRA
(1999), que através de resultados obtidos em ensaios, a resistência de aderência cresce em
função do aumento da absorção total capilar do substrato de blocos cerâmicos.
A Tabela 2.9 apresenta valores representativos de faixas ideais da taxa inicial de sucção
para ocorrência de aderências máximas entre argamassa e substrato.
Tabela 2.9 – Recomendação das faixas ideais da taxa inicial de sucção para ocorrência da
máxima aderência entre a argamassa e o substrato
Autores Tipo de bloco Faixa de recomendação da taxa
analisado Inicial de sucção (IRA)
PALMER & PARSON (1934) Cerâmico 20 a 30g/200cm2/min
British Ceramic Research Cerâmico 10 a 25g/200cm2/min
Association (WEST, 1975)
National Building Research Sílico-calcário 14 a 35g/200cm2/min
Institute – NBRI (1978)
HAN & KISHITANI (1984) Cerâmico 12 a 22g/200cm2/min
MCGILEY (1990) Cerâmico 5 a 15g/200cm2/min
ASTM C-62 (1992) Cerâmico < 30g/200cm2/min
GROOT & LARBI (1999) Cerâmico 30 a 50g/200cm2/min
Fonte: CARASEK; CASCUDO & SCARTEZINI (2001)
29
Verificou-se que os blocos de concreto propiciam melhor aderência com relação aos
blocos cerâmicos. Ensaios mostraram valores de até 160% superiores, daqueles sobre esses,
PEREIRA (2000) e SCARTEZINI (2001). Por sua vez SCARTEZINI & CARASEK (2003)
dizem que os valores médios de resistência de aderência obtidos sobre bloco cerâmico são
bastante diferentes e inferiores aos obtidos sobre blocos de concreto, haja vista a estrutura
superficial dos blocos cerâmicos serem mais densa, compacta e lisa, ao passo que no bloco
de concreto apresenta-se uma rugosidade adequada ao intertravamento da argamassa.
A Figura 2.7 mostra a diferença da estrutura superficial observada nos blocos cerâmicos
(a) e concreto (b).
- Preparação do substrato
Na preparação da base, deve-se observar a limpeza com a remoção de poeira, partículas
soltas, graxas, óleos, desmoldantes; depressões; saliências; entre outros. O pré-
umedecimento adequado e a aplicação de chapisco parecem ser bastante relevantes para
melhorar o potencial de aderência das argamassas mistas, CINCOTTO; SILVA &
CASCUDO (1995). Entretanto vale destacar que PEREIRA et al. (1999) e SCARTEZINI &
CARASEK (2003) não observaram influência significativa na resistência de aderência
decorrente do umedecimento prévio dos substratos de blocos cerâmicos.
Deve-se observar que, um aspecto importante para a aderência é a pressão imposta por
parte do operário, comprimindo a argamassa na parede com a colher de pedreiro,
30
= / E.
onde:
- Deformação unitária (mm/m).
- Tensão (MPa).
E – Módulo de Deformação (GPa).
O alto consumo de cimento incrementa a resistência mecânica, porém isso pode não
indicar um satisfatório desempenho do revestimento, tendo em vista a possível implicação de
ocorrência de fissuras de extensão indesejada, SABBATINI et al. (1989).
Por sua vez, quanto menor for a resistência à compressão das argamassas, menores
serão as resistências de aderência, CANDIA & FRANCO (1998).
Na Tabela 2.10, algumas propriedades das argamassas citadas pela ASTM C 270 tais
como a resistência à compressão, a retenção de água e ar incorporado, são apresentadas.
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Tipo
Psi MPa Kgf/cm² Psi MPa Kgf/cm²
Cimento/cal M 2.500 17,2 172 2.125 14,6 146 75 12
S 1.800 12,4 124 1.530 10,5 105 75 12
N 750 5,2 52 638 4,4 44 75 14
O 350 2,4 24 298 2,0 20 75 14
Fonte: FIORITO (1994)
Foi verificado, em ensaios realizados com argamassa mista de traço 1:1:6 em volume
variando o teor de cal, que o aumento deste teor corresponde ao aumento da retração,
principalmente da segunda retração (estado endurecido), tendo em vista sua capacidade de
retenção de água não ser suficiente frente a outros fatores, tais como maior deformabilidade
da argamassa, devido à diminuição do teor de cimento e dos espaços entre partículas sólidas,
decorrente da elevada finura da cal, BASTOS & CINCOTTO (2001).
Verificou-se, em ensaios com argamassa aplicada em blocos cerâmicos com diferentes
teores de saturação, que o pré-umedecimento do substrato exerce grande influência na
diminuição da retração nas primeiras horas de contato da argamassa com a base, BASTOS
& CINCOTTO (2001).
A Figura 2.10 explana a retração em base de blocos cerâmicos com diferentes teores
de umidade.
Figura 2.10 - Retração da argamassa com traço 1:1:6 aplicada sobre bloco cerâmico com
três teores de umidade, BASTOS & CINCOTTO (2001)
O traço 1:1:6 e 1:2:9 (cimento, cal e areia) em volume para argamassas de revestimento
numa proporção aglomerante/agregado de 1:3, é adequado, quando se objetiva a maior
durabilidade possível, CARNEIRO (1999).
38
uma ação estática do vento com velocidade de 140 Km/h). Por fim, efetua-se a cada 5 minutos
a leitura da diminuição do nível de água em cm3, até que o nível da água atinja a marca de 4
cm3 ou se completem 15 minutos de ensaio.
ALMEIDA & CARASEK (2003) justificam ainda que o ensaio de permeabilidade pelo
método do cachimbo é um procedimento simples de rápida execução, pode ser realizado em
laboratório e campo, apresenta um custo baixo e o ensaio é não destrutivo.
A Figura 2.12 mostra o sistema de ensaio de absorção pelo método do cachimbo.
Figura 2.12 – Cachimbo fixado à parede para o ensaio de permeabilidade, ALMEIDA &
CARASEK (2003)
→ Fatores atmosféricos
- Radiação
• solar
• nuclear
• térmica
- Temperatura
• elevação
• depressão
• ciclos
- Água
• sólida (neve, gelo)
• líquida (chuva, condensação, água estagnada)
- Constituintes normais do ar
- gases (óxidos de nitrogênio e enxofre)
- neblinas (partículas finas em suspensão, sais ácidos, álcalis dissolvidos na água)
- partículas (areia, poeira, impurezas)
- Vento
→ Fatores biológicos
- Microorganismos
- Fungos
- Bactérias
→ Fatores de incompatibilidade
- Químicos
- Físicos
→ Fatores de uso
- Procedimento de instalação e manutenção
- Desgaste por uso normal
- Abuso no uso
2.2 – Alvenaria
Figura 2.13 (a) - Alvenaria de elevação com função estrutural similar à dos edifícios tipo
“caixão”
45
Alvenaria pode ser entendida como um componente construído na obra através da união
entre tijolos ou blocos por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso. A
palavra alvenaria deriva do Árabe al-bannã: aquele que constrói (bannã significa construir),
LORDSLEEM (2000). Pode-se classificar quanto às cargas em: alvenaria de vedação,
alvenaria resistente e alvenaria estrutural. Esta última classifica-se em não armada, armada,
parcialmente armada e protendida.
Pode-se dizer que o sistema construtivo mais antigo na construção civil com ampla
utilização na atualidade é a alvenaria estrutural, de modo que a forma como é feito o
assentamento dos tijolos ou blocos é a mesma de centenas de anos atrás. É possível, com esse
sistema construtivo, uma economia global na ordem de 25 a 30% comparada com os sistemas
convencionais, OLIVEIRA (2001) e GOMES (2001). Portanto, a alvenaria estrutural é o
processo nos quais os elementos que desempenham a função estrutural são de alvenaria,
sendo os mesmos projetados, dimensionados e executados de forma racional, CAMACHO
(2001).
Há milhares de anos, a alvenaria tem sido usada em larga escala, sendo possivelmente
o material composto mais utilizado nas edificações antigas e atuais. A alvenaria pode ser
constituída de tijolos de barro, inicialmente de baixa resistência, ou de pedra, e, concebida
46
Figura 2.14 (d) – Condomínio Central Parque, com quatro blocos de 12 pavimentos cada,
construídos em 1972, São Paulo (o mais elevado até então)
A NBR 8042 define de forma clara a especificação dos blocos de vedação: largura
(L) é a dimensão da menor aresta da face perpendicular aos furos; altura (H) a dimensão da
maior aresta da face perpendicular aos furos e comprimento (C) é a dimensão da aresta
paralela ao eixo dos furos.
Sabe-se que os blocos de vedação são mais frágeis e têm rompimento brusco.
Considera-se a unidade como bloco, quando a área vazada é no mínimo 20% da área da face.
A resistência à compressão mínima dos blocos cerâmicos deve atender aos valores
indicado na Tabela 2.12.
Largura (L) ±3
Altura (H) ±3
Comprimento (C) ±3
Desvio em 3
Relação ao
Esquadro (D)
Flecha (F) 3
Fonte: NBR 7171
A absorção não deve ser inferior a 8% nem superior a 25%, NBR 7171.
O peso do bloco cerâmico de vedação se situa em torno de 2,5 kg e sua resistência ao
fogo em aproximadamente de 105 min para o bloco de 9 cm, e 175 min para o de 14 cm. Seu
isolamento acústico é de 42 dB, YAZIGI (2004).
Os blocos cerâmicos mostram as seguintes características, OLIVEIRA (2004):
▪ não apresentam retração;
▪ podem apresentar expansão por umidade (EPU) da ordem de 0,1%. A norma ACI de 2001
aceita 3 x 10-4 mm/m;
▪ o coeficiente de dilatação térmica linear é cerca de 10-6 oC-1;
▪ deve ter adequada resistência à compressão, oferecer boa capacidade de aderência às
argamassas, ser resistente aos agentes agressivos, ter boa uniformidade e estabilidade
dimensional.
As Tabelas 2.14 e 2.15 mostram características termoacústicas e resistência ao fogo de
paredes constituídas de blocos cerâmicos vazados.
51
12 130 0,22 42
14 17 180 0,30 *
* Ensaios não realizados
Fonte: THOMAZ (2001)
Pode-se estimar a resistência das paredes através dos prismas. Os prismas são
confeccionados com dois ou três blocos, unidos por juntas de argamassa.
As Figuras 2.17 (a) e (b) apresentam um modelo de prismas com blocos estruturais e
de vedação respectivamente.
A resistência média da alvenaria deve ser obtida através de pelo menos 12 prismas
ensaiados a pelo menos 28 dias, NBR 10837, segundo as recomendações da NBR 8215 que
estabelece ensaios através de dois métodos: método A e método B. O primeiro é executado
com critérios laboratoriais e o segundo com controle de obras.
Pode-se também obter a “eficiência” dada pela relação entre a resistência do prisma e
a do bloco:
η=fp/fb
Verifica-se que quanto menor for a resistência do bloco, maior será a eficiência e
vice-versa, RAMALHO & CORRÊA (2003), GOMES (2001) e CAMACHO (2001).
Figura 2.18 - Estado triaxiais de tensões no prisma: (a) tensões de compressão devido ao
ensaio; (b) tensões no bloco e (c) tensões na argamassa, GOMES (2001)
Considerando os traços 1:1:6 (cimento, cal e areia) como mais fraco e 1:1/4:3 e
1:1/2:4,5 (cimento, cal e areia) como mais fortes, MOHAMAD & ROMAN (1999)
60
2.2.5.1 - Esbeltez
λ = hef / tef
É definida pela efetiva altura dividida pela efetiva espessura. Mostram-se valores
limites na Tabela 2.22.
62
Tabela 2.24 – Valores das tensões normais admissíveis em pilares e paredes de alvenaria
Alv. Não-armada
Parede 0,20 fp R ou 0,286 fpar R
Pilar 0,18 fp R
Fonte: RAMALHO & CORRÊA (2003)
63
sendo:
R = 1 - [h / 40.t]3 - fator de redução de resistência associado à esbeltez (h / t).
A carga axial admissível nas alvenarias não armadas é dada pela NBR 10837:
- Paredes:
Padm = 0,20.fp.[1 – (h / 40.t)3].An; h/t ≤ 20
onde:
Padm = carga axial admissível da parede.
h - altura efetiva da parede.
t - espessura efetiva da parede.
An – área líquida da seção transversal da parede.
fp – resistência média dos prismas.
- Pilares:
Padm = 0,18.fp.[1 – (h/40.t)3].An; h/t ≤ 20
onde:
fp – resistência média dos prismas.
An – área líquida da seção.
h – altura efetiva dos pilares.
t = espessura efetiva dos pilares.
constituídas com blocos cerâmicos assentados com furos na horizontal, verificou-se que:
CAVALHEIRO (1994) observou um aumento médio nas paredinhas de 23%; OLIVEIRA &
HANAI (2002) observaram um aumento médio nas paredinhas da série 1 (blocos em pé) de
20 vezes com argamassa de revestimento fraca e 33 vezes com argamassa forte, já na série 2
(blocos deitados) um aumento de 10 vezes com argamassa forte e 5 vezes com argamassa
fraca, por sua vez nos prismas da série 1 houve um incremento de 2,61 vezes com argamassa
forte e 2,45 vezes com argamassa fraca e nos prismas da série 2 um aumento de 1,85 vezes
com argamassa forte e 2,05 com argamassa fraca, e, OLIVEIRA & AZEVEDO (2006)
observaram um aumento médio da resistência nos prismas de 98,13% para 1,5 cm de
espessura do revestimento e 139,25% para 3,0 cm de espessura do revestimento.
73
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
3.1 Materiais
- Cimento.
- Cal: propriedades.
- Areia: Características (granulometria; coeficiente de uniformidade; densidade aparente;
massa especifica; umidade; coeficiente de inchamento; módulo de finura; diâmetro máximo
característico e teor de material pulverulento).
74
3.3 – Argamassas
Foram caracterizadas no estado anidro (granulometria: Figura 3.2a – traço 1:2:9; Figura
3.2b – traço 1:1:6 e 3.2c – desses dois traços e da areia utilizada), no estado fresco e no estado
endurecido. Portanto, determinou-se: proporções (traços); relação água/cimento,
água/materiais secos, água/aglomerantes e aglomerantes/agregado; consistência; densidade
de massa no estado fresco e endurecido; retenção de água (Figura 3.3); teor de ar incorporado;
variação de massa; resistência à compressão, (Figura 3.4) 15 corpos de prova de cada
amostra; resistência à tração por compressão diametral, (Figura 3.5) 4 corpos de prova de
cada amostra; absorção de água por imersão, 6 corpos de prova de cada amostra; retração
linear, (Figura 3.6) e módulo de elasticidade, 4 corpos de prova de cada amostra.
75
Argamassa 1:2:9
90,0
80,0
70,0
% passante
60,0
50,0
Argamassa 1:2:9
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,01 0,1 10
#peneiras (mm)
3.4 – Prismas
Esses elementos foram confeccionados com três blocos cerâmicos, Figura 3.7, visando
melhor representar a parede. Verificou-se de cada amostra: o peso; a permeabilidade à água
dos revestimentos, Figura 3.8, sendo 2 investigações por amostra; a resistência de aderência
à tração dos revestimentos, Figura 3.9 e a própria resistência à compressão axial dos prismas,
Figura 3.10.
Foi estudada a resistência à compressão axial de seis amostras formadas por 15 réplicas
cada. Essa quantidade adveio do estabelecimento do nível de significância de 95%. Para tal,
necessitava-se de 12 réplicas, entretanto foi decidido por 15, havendo os seguintes
tratamentos:
▪ prismas nus, Figura 3.11;
▪ prismas com chapisco e revestimento de 2,0 cm ± 2,0 mm de espessura, nas duas faces,
Figura 3.13;
▪ prismas com chapisco e revestimento de 3,0 cm ± 3,0 mm de espessura nas duas faces,
Figura 3.14.
▪ determinou-se seguir o item 9.2.5 da NBR 7200, haja vista ser esse o item adequado para o
lançamento e acabamento do revestimento, sendo este procedimento inclusive similar ao
processo de referência. O sarrafeamento foi executado com régua de alumínio,
desempoladeira de madeira e colher de pedreiro. Observou-se uma grande dificuldade em
realizar a operação de lançamento e acabamento das argamassas de revestimento, uma vez
que a área do substrato do prisma é bem menor do que a de uma parede, gerando assim uma
83
▪ a cura dos prismas foi realizada ao ar ambiente, protegido das chuvas. A temperatura média
no período da fabricação dos prismas e cura foi de 25,03oC (com média das máximas diárias
de 27,3oC e médias das mínimas diárias de 23,1oC), a média da umidade relativa do ar foi de
82% (com médias das máximas de 98% e médias das mínimas de 61%) e a velocidade média
dos ventos foi de 13 Km/h, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia - INMET;
▪ os ensaios de resistência à compressão dos prismas foram realizados após os 28 dias e os
demais ensaios sempre atenderam, no mínimo às indicações das normas pertinentes;
▪ utilizou-se adesivo epóxi para colagem das pastilhas retangulares para o ensaio da
resistência de aderência à tração dos revestimentos, sendo o corte da argamassa executado
com disco de corte;
▪ a aplicação da argamassa de revestimento com 3 cm de espessura foi efetuada em duas
camadas, sendo a segunda camada executada aproximadamente 24 horas após a aplicação
84
da primeira, tendo em vista ser essa a prática usada nas construções dos edifícios de
referência;
▪ utilizou-se o método B da norma NBR 8215, que em seu item 1.2 recomenda a
determinação da resistência à compressão de alvenarias, através de prismas executados nas
mesmas condições da obra, com os mesmos operários e materiais comumente empregados.
A Figura 3.17 mostra o canteiro de fabricação dos prismas, onde se observa que este ambiente
de trabalho apresenta-se de forma similar aos ambientes encontrados nas obras;
▪ Planejou-se cuidadosamente o transporte dos prismas, objetivando não gerar nenhum dano
aos mesmos, evitando-se assim, distorções nos resultados. Para tanto, o transporte do local
da fabricação para o laboratório (aproximadamente 150 m) foi seguido rigorosamente os
cuidados prescritos na NBR 8215, item 5.2 (Figura 3.18);
▪ o equipamento utilizado nos ensaios de aderência das argamassas dos prismas foi o
Aderímetro marca Pavitest, cuja velocidade de carregamento foi de 11 Kgf/seg.;
▪ a prensa utilizada nos ensaios dos prismas foi o equipamento hidráulico servo-controlado
universal de ensaios, computadorizada, da marca Pavitest de fabricação Contenco, código I
– 3058.
86
CAPÍTULO 4
Figura 4.1 – Situação, numeração dos apartamentos e locação das cavas, OLIVEIRA
(1997)
87
Tabela 4.1 – Expansão por umidade de blocos cerâmicos do edifício Aquarela determinada
através da análise dilatométrica
Figura 4.3 – Localização do edifício Éricka em relação a outros imóveis, SOBRINHO et al.
(2000)
91
A edificação tinha doze anos de construída. Tinha quatro pavimentos, com dois
apartamentos por andar, construído em alvenaria portante, com blocos de vedação.
A fundação na região onde se deu o colapso foi construída com blocos de concreto.
Sobre a sapata corrida, apoiava-se o embasamento de alvenaria em blocos de concreto e
blocos cerâmicos vazados, caracterizando uma falta de regularidade do processo construtivo.
Verificou-se, inclusive, variação de espessura do embasamento, encontrando-se
alvenaria dobrada com tijolos cerâmicos de seis furos, com espessura de 20 cm, e blocos de
concreto com espessura de 14 cm.
Sob a laje do primeiro piso, pavimento térreo, encontrava-se um caixão vazio.
As lajes eram pré-moldadas, do tipo volterrana, e apoiavam-se nas alvenarias portantes,
pois não existiam cintas sobre as paredes dos pavimentos, excetuando-se no trecho da
varanda.
As alvenarias de elevação eram de tijolos cerâmicos vazados, assentados a galga.
A análise da água conduziu aos resultados apresentados na Tabela 4.2.
CAPÍTULO 5
MATERIAIS UTILIZADOS
Foi utilizada uma cal cálcica CHI cujas características constam na Tabela 5.1
Ensaio
Cal Hidratada CH I (Cálcica)
7217.
Tabela 5.2 – Características da areia natural
Peneira Peneira Massa retida % %
(mm) (Pol/Nº) (g) Retida Acumulada
9,5 3/8”
6,3 ¼" 5,1 1,0 1,0
4,8 Nº 4 6,4 1,3 2,3
2,4 Nº 8 24 4,8 7,1
1,2 Nº 16 58,1 11,6 18,7
0,6 Nº 30 107,9 21,6 40,3
0,3 Nº 50 166,5 33,3 73,6
0,15 Nº 100 102,7 20,5 94,1
Total 500 100
Dim. Máximo característico (mm) 4,8
Módulo de finura 2,36
Massa unitária (g/cm3) – NBR – 7251 1,17
Massa específica (g/cm³) – NBR 9776 2,611
Inchamento – NBR 6467 1,3
Teor de material pulverulento (%) – NBR 7219 2,63
Umidade (%) – NBR 6467 5
Coeficiente de Uniformidade - método de Allen- 3
Hazem
CAPÍTULO 6
RESULTADOS
Serão mostrados neste capítulo ensaios realizados com as argamassas e com os próprios
prismas, objetivando a caracterização dos mesmos.
Apresentar-se-ão figuras representativas de alguns ensaios. Vale destacar as fotos com
a seqüência evolutiva dos ensaios, ou seja, fotos da ruptura no instante anterior, no instante
posterior e da forma final da ruptura resultante do prisma.
Por fim, efetua-se análise comparativa da capacidade de suporte das paredes, sem e
com a utilização do beneficio do revestimento.
6.1 - Argamassas
São mostradas, nas Tabelas 6.1a e 6.1b, algumas características das argamassas
utilizadas.
Tabela 6.1 (a) – Caracterização das argamassas
6.2 - Prismas
A Tabela 6.4 mostra algumas características dos prismas de alvenaria de blocos
cerâmicos, sendo a identificação das amostras dada por: P1 (prismas nus); P2 (prismas
chapiscados nas duas faces); P3 (prismas chapiscados e revestidos nas duas faces, sendo a
espessura do revestimento 2,0 cm e o traço utilizado fraco); P4 (prismas chapiscados e
revestidos nas duas faces, sendo a espessura do revestimento 2,0 cm e o traço utilizado
médio); P5 (prismas chapiscados e revestidos nas duas faces, sendo a espessura do
revestimento 3,0 cm e o traço utilizado fraco) e P6 (prismas chapiscados e revestidos nas
duas faces, sendo a espessura do revestimento 3,0 cm e o traço utilizado médio).
As Figuras 6.1 (a) até 6.1 (d) apresentam os gráficos da permeabilidade à água com o uso do
cachimbo com idade superior a 28 dias do lançamento da argamassa, (2 corpos de prova por
pano) sendo um ponto de ensaio na região da junta e outro no centro do bloco.
Permeabilidade (ml)
2,5
1,5
0,5
Permeabilidade (ml)
2,5
1,5
0,5
Verificou-se que nos gráficos com o traço médio, as curvas de absorção dos dois pontos
do ensaio, apresentaram uma variação considerável. Este fato pode ser atribuído à região em
que se postou o “cachimbo”, pois em cada prisma um ponto do ensaio foi na região central
do bloco e outro ponto na região da argamassa de assentamento do prisma.
Após o ensaio de resistência de aderência à tração dos revestimentos, observou-se a
região em que se estabeleceu o descolamento da pastilha. A Tabela 6.5 apresenta a região do
arrancamento.
102
250 176,2
131,12 137,76
200
79,08
150 72,45
26,42
100 13,78
50
0
P2 P2 P3 P3 P4 P4 P5 P5 P6 P6 AMOSTRAS
DE PRISMAS
As Figuras de 6.3 a 6.5 mostram a forma final da ruptura que melhor representa a
tendência de cada amostra (nu, com 2,0 cm e 3,0 cm de espessura) dos prismas ensaiados.
As Figuras de 6.6 a 6.13, de (a) a (c), apresentam a evolução da ruptura das amostras,
de tal maneira que a seqüência de fotos mostra a ruptura nos instantes anterior, posterior e
final, para diversas situações típicas dos ensaios.
Figura 6.8 (c) – Prisma com 2 cm de revestimento após a ruptura (concluído o ensaio)
107
sendo:
fpar – resistência da parede;
fp – resistência média do prisma;
h – altura efetiva da parede;
t – espessura efetiva da parede.
onde:
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
7.1 – Conclusões
A análise dos resultados e as observações das formas de ruptura dos corpos de prova,
durante os ensaios, conduziram às seguintes conclusões:
► vários estalos foram ouvidos durante o processo de carga dos prismas, devido
possivelmente aos rompimentos progressivos dos septos por tração. Sons similares foram
115
► pode-se inferir que, sob as mesmas hipóteses, quanto menor for a resistência do
bloco, maior será a influência da argamassa de revestimento na resistência à compressão da
alvenaria;
► pode-se dizer que o revestimento com o traço médio e espessura de 3 cm, forneceu
uma melhor capacidade de suporte, bem como melhor resistiu às deformações laterais
excessivas impostas pelo desequilíbrio do estado de confinamento, ocasionado pelo
rompimento progressivo dos septos dos blocos.
7.2 – Sugestões
Faz-se necessária uma maior reflexão contextual sobre a alvenaria em estudo. Por
conseguinte, sugere-se analisar outros aspectos, tais como:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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lime and crushed bricks. Const. build mater, 1997.
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of Civil Engineering. University of Leeds, 2001.
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PEREIRA et al. Teor de cimento ou A/C: Quem exerce maior influência na resistência
de aderência. In: III Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas. Vitória - ES, 1999.
RENSBURG, J. J. J. et al. Factors influencing the bond strength between calcium silicate
bricks and mortar, 1978.
WILSON, M. A.; CARTER, M. A. & HOFF, W. D. British standard and RILEM water
absorption test: A critical evaluation. Matériaux et Constructions, 1999.