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Vida Religiosa
Consagrada:
novos contextos,
desafios renovados
ESTEF CRB/RS
Porto Alegre 2019
Vanildo Luiz Zugno (Org.)
ESTEF CRB/RS
Porto Alegre 2019
CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL
REGIONAL RIO GRANDE DO SUL
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Apresentação
Frei Vanildo Luiz Zugno.....................................................................p. 04
Considerações Finais
Ir. Aldinha Inês Welzbacher...................................................... p.84
APRESENTAÇÃO
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
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NOVAS FORMAS DE VIDA
CONSAGRADA E NOVAS
COMUNIDADES
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
PARA DIALOGAR:
1. Após o Concílio Vaticano II e a Conferência de
Medellin, o que aconteceu de novidade em sua
comunidade e em sua congregação?
2. Qual é a postura sua, de sua comunidade e congregação
sobre as novas comunidades de vida cristã e de vida
consagrada? Que tipo de relação se vive com essas
novas comunidades?
3. Que opções, fatores e meios podem suscitar o novo na
vida religiosa consagrada em nosso tempo?
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
REFERÊNCIAS
CARRANZA, Brenda. Primavera em questão: novas
comunidades. In: SUSIN, L. C. (Org.). Vida Religiosa
Consagrada em processo de transformação. São Paulo:
Paulinas, 2015, p. 59.
BENTO XVI. Carta para a Proclamação de um Ano
Sacerdotal por Ocasião do 150º Aniversário do Dies Natalis
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http://w2.vatican.va/content/benedict-
xvi/pt/letters/2009/documents/hf_ben-
xvi_let_20090616_anno-sacerdotale.html
CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA
CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA
APOSTÓLICA. Para vinho novo, odres novos. S Paulo:
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Gaudet Mater Ecclesia, citado em: OFM. Documento Ite,
nuntiate. Diretrizes sobre as novas formas de vida e missão.
Roma: 2017, p.19
BINS, Rejane Maria. Eclesialidade, Novas Comunidades e
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http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/teopublica
/106_cadernosteologia_publica Acesso em 18 abril 2019.
VALLE, Edênio. A Renovação Carismática Católica. Algumas
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2004, p. 97-107. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n52/a08v1852.pdf Acesso em:
15/03/2019.
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A URGÊNCIA DA ATENÇÃO ÀS
NECESSIDADES DOS
RELIGIOSOS ADULTOS
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
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PARA DIALOGAR
1) Que espaços e oportunidades as pessoas consagradas dessa faixa
da vida tem recebido para alcançar essa integridade e exorcizar o
desespero de uma vida apegada ao passado, aterrorizada diante da
morte que se avizinha, e vazia de significado e transcendência?
2) Que cuidados e iniciativas poderíamos ter em nossa Regional
para ajudar as pessoas consagradas a desenvolver fazer esta
experiência e ultrapassar este limiar?
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INTERCULTURALIDADE E
VIDA RELIGIOSA
CONSAGRADA
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
A colonialidade do ser
Refletir sobre este assunto supõe de nossa parte algumas
atitudes sinodais: escuta, diálogo, encontro. Esta tarefa de
repensar a realidade da VRC desde o reencontro com sua
diversidade viva começa por um ato de autocrítica. Nesse sentido,
a interculturalidade significa negociar a questão do centro
referencial, o fio condutor, da matriz cultural de fundo. Mas, a
questão de fundo é esta: como podemos assumir
teologicamente/nos nossos planos de formação/na vida fraterna/em
tudo o que somos como VRC a pluralidade?
Vemos que este assunto é um tema de fronteira,
missioneiro e precisamos pedir licença para poder criticar o que
aprendemos até chegarmos à formação da nossa própria
consciência cultural. A sabedoria da teóloga andina, Sofía Chipana
Quispe, nos ensina que uma das dimensões que vai nos ajudar a
aterrissar nesta relação que estamos propondo é a colonialidade do
ser, porque tem a ver com a subjetividade e corpos alienados que
seguem funcionando sob os mandatos do poder e do saber colonial.
Aqui a interculturalidade lembra à VRC que deve existir
coerência com seus princípios de justiça, paz e integridade da
criação e também a interpela para repensar a mentalidade colonial
que pode estar sustentando práticas éticas e religiosas.
(TOMICHÁ, 2016, p. 13).
Aprofundando esta questão, em nome da relevância
objetiva da razão, por muito tempo e ainda hoje, a subjetividade
tem sido vista de maneira pejorativa por estar vinculada ao âmbito
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Apontando caminhos
A rápida passagem por uma fundamentação teórica nos
leva agora a encontrar alguns caminhos de reais convivências e não
de meros ajeitamentos na VRC. Trata-se agora de confessar que na
relação com o outro construímos pontes de diálogos e lugares de
mediação para garantir a materialidade de nossas práticas, assim
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Para concluir
O processo de interculturalidade não apenas deve ser
planteado como método. Pelo contrário é uma práxis cotidiana do
povo de Deus e de sua espiritualidade libertadora. Cada grupo e
povo, incluindo a VRC, transitam rumo à plenitude humana e
espiritual, tais itinerários estimulam a atenção dos nossos
fundamentos.
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
Para dialogar:
a) A interculturalidade é uma aposta para voltar às nossas raízes
culturais e vivê-las com honestidade. Como está esta discussão ao
interior de sua congregação? Encontramos espaço para viver esta
autenticidade?
b) Diante do fenômeno migratório cada vez mais acentuado, de
que forma estes diálogos interculturais podem contribuir para a
ação pastoral?
Referências
CHIPANA, Sofía. Teología y Buen Vivir. In: Congreso
Continental de Teología, 2012, São Leopoldo. La teología de la
liberación en prospectiva: Anales. Uruguay: Fundación
Amerindia, 2012, v.1, p. 231-262.
ESTERMANN, Josef. Más allá de occidente: apuntes filosóficos
sobre interculturalidad, descolonización y el Vivir Bien andino.
Quito: Abya-Yala, 2015.
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RELAÇÃO DE AJUDA NO
ACOMPANHAMENTO
FORMATIVO
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PARA DIALOGAR
a) Quais e que memórias carrego/carregamos das relações de ajuda
no acompanhamento formativo e no discernimento pessoal e
comunitário?
b) “... o homem concreto continua a gritar a necessidade de ser
ajudado a enfrentar as questões que o afligem” (Papa Francisco).
Quais são as questões dramáticas que neste tempo nos exigem
maior discernimento, como Vida Consagrada em Formação,
visando responder aos apelos de uma Vida Consagrada Profética,
como Igreja em saída?
c) “É necessário reconciliar-se com a sua história, com os fatos que
não se aceitam, com as partes difíceis da própria existência.
Pergunto-vos: cada um de vós reconciliou-se com a sua história? A
verdadeira paz, efetivamente, não é mudar a própria história, mas
acolhê-la e valorizá-la, tal como aconteceu” (Papa Francisco,
Audiência Geral, 05/09/2018). Partilha dos sinais concretos que
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REFERÊNCIAS
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VIDA RELIGIOSA
CONSAGRADA E POLÍTICAS
PÚBLICAS
o, FMH
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CRB/RS VRC: novos contextos, desafios renovados
não são só para os pobres, mas são estes que mais sofrem quando
estas falham. Acolher o desafio da Campanha significa colocar-se
em movimento, envolver-se em Política e vale lembrar que o Papa
Francisco, atualizando Paulo VI, disse que “a política é a melhor
forma de fazer caridade”, porque através das decisões políticas se
garante ou não condições de vida digna às pessoas. Assim, fica o
desafio de superar uma VR que se acomoda ao sistema, perde a
paixão e a motivação no seguimento de Jesus Cristo, assim como o
desafio de descobrir novas formas de inserção, recuperando a
presença, o contato com a vida, com o povo, superando o
comodismo e o medo e buscando um projeto concreto no qual se
expresse as novas oportunidades que o Espírito vem suscitando
para a renovação da VRC.
Falar de VRC e Políticas públicas é, portanto, falar de um
olhar que precisa estar fixo em Jesus, que trouxe a proposta do
Reino que é, antes de tudo, vida plena para todas as pessoas (Jo
10,10); é fazer parte nas lutas que pressionem o Estado a fazer a
sua parte; é falar de participação junto aos movimentos populares,
tão desrespeitados no atual cenário político brasileiro. É caminhar
na frente, atrás, junto do povo, até que chegue a resultados
concretos que transformam efetivamente a vida das pessoas.
Para dialogar:
1. A VRC na sua essência é um convite a escutar o chamado do
Mestre e colocar-se radicalmente em seu seguimento, num
despojamento total a serviço do Reino de Deus com
COMPAIXÃO. Até que ponto nos deixamos seduzir pelo
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REFERENCIAS
BÍBLIA. A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008.
CONSELHO EPISCOPAL LATINO AMERICANO. Documento
de Aparecida. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2007.
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA EVANGELLI GAUDIUM. A
Alegria do Evangelho. Papa Francisco. Sobre o anúncio do
Evangelho no mundo atual, n. 198. São Paulo: Paulinas, 2013.
PAGOLA, José Antônio. Jesus aproximação Histórica.
Petrópolis: Vozes, 2011.
SOUZA, Rui de Souza. Fraternidade e Politicas públicas.
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/583970-
fraternidade-e-politicas-publicas Acesso em 02 de março de 2019.
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DESPERTANDO VOCAÇÕES:
REFLEXÕES SOBRE O ANO
VOCACIONAL
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O 4º Congresso Vocacional
O ano de 2019 será marcado pelo quarto Congresso
Vocacional, que acontecerá em Aparecida, de 5 a 8 de setembro,
com o tema “Vocação e discernimento” e o lema “Mostra-me,
Senhor, os teus caminhos” (Sl 25,4). O que transparece com este
tema é uma ideia que vem sendo difundida nos últimos tempos que
é a ideia de itinerário vocacional. Pensar a vocação a partir do
discernimento é um passo a mais no processo de reflexão
vocacional feita pela Igreja. Vejamos: o primeiro Congresso, em
1999, trabalhou a questão das motivações vocacionais a partir das
quatro etapas: despertar, discernir, cultivar e acompanhar. Estas
quatro etapas por si sós configuram um itinerário, mais voltado,
contudo, para a pessoa do animador. Mas elas foram fundamentais
para o desenvolvimento de todo um novo processo de pastoral
vocacional no Brasil. O segundo congresso, em 2005, começou a
discutir o discernimento a partir das relações, destacando o valor
da pessoa, a partir da sua subjetividade, focando também nos
processos de planejamento e organização da pastoral vocacional. O
terceiro, em 2010, acolheu o Documento de Aparecida, analisando
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vocacionado não pode ser sempre uma pessoa dependente, mas que
precisa dar cada vez mais passos para que o crescimento aconteça.
A ideia do discernimento vocacional à luz de João 14 leva o
vocacionado a perceber que para dar uma resposta significativa ao
chamado de Deus é preciso primeiro conhecer Jesus. Reafirmando
a ideia do Batismo como fonte de todas as vocações, o Congresso
mostra que, para o cristão, saber quem é Jesus, ou seja, conhecer a
quem está dedicando a sua vida, é fundamental. Não se pode seguir
qualquer coisa: numa perspectiva de itinerário vocacional,
conhecer antes o caminho a seguir fortalece o processo de
discernimento. Parece que, nos próximos anos, não há muita
esperança de vermos, como era há muitos anos, os seminários e
casas de formação cheias. O que precisamos, para o século XXI, é
de padres, religiosos e leigos conscientes de sua vocação e missão,
e para isso é preciso um bom processo de discernimento
vocacional.
Conclusões
Não é verdade a premissa levantada no começo deste texto
de que haja um “silêncio de Deus” no que tange à dimensão
vocacional. Alguns até podem pensar assim, mas a verdade é que
houve uma mudança de época, que veio junto com uma mudança
de mentalidade. Portanto, Deus não silenciou, ou não deixou de
chamar; o que mudou foi a maneira como as pessoas passaram a
encarar a ideia de vocação e de religião no século XXI.
Ao assumir uma postura firme em relação às vocações,
recordando o atual projeto “Cada comunidade uma nova vocação”,
a Igreja mostra aos fiéis que está sempre preocupada com o
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Para dialogar:
1. Como criar uma cultura vocacional em um mundo marcado pelo
pluralismo?
2. Quais são os grandes desafios que a Igreja precisa encarar para
lidar com a questão das vocações?
3. Na sua comunidade, na sua paróquia, o que se pode fazer para
criar e alimentar uma cultura vocacional?
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POR UM CREPÚSCULO
QUE RECOLHA O
FRESCOR DA AURORA E A
LUZ DO MEIO-DIA.
Pe. Itacir Brassiani msf
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A primazia do amor
A velhice é a fase da vida em que o amor se torna mais
fundamental e aparece em toda a sua essencialidade. A pessoa
idosa descobre, às vezes não sem dor, que, diante do amor dado ou
recebido, tudo o mais é secundário. Percebe que no entardecer da
vida, é o amor que dá a medida e pronuncia a sentença sobre tudo
o que passou, o que contece e o que virá. A própria psicologia
profunda ensina que é o amor, e não as conveniências sociais, que
estabelece o vínculo profundo com as pessoas e com tudo o que
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A mística da comunhão
Numa perspectiva um pouco diferente mas complementar,
poderíamos dizer que a intensa e envolvente experiência de amar e
de ser amado é a consciência de uma profunda comunhão com
todas as pessoas, acontecimentos e coisas. É próprio do Espírito
Santo criar vínculos entre as diferentes criaturas. Ele é fonte tanto
da originalidade e da diversidade como da unidade através da
comunhão. Ele, sopro divino que produz a individuação e a
relação, é o fator de união, e não a inflexibilidade da lei, a
igualdade formal ou a indiferenciação da disciplina. Assim
também a espiritualidade que ele suscita e sustenta.
Por traz da descoberta da inter-relação comunicativa de
todas as coisas e criaturas está a mística da comunhão, a percepção
de que tudo é diverso e uno, de que temos a ver com tudo e de que
tudo conspira para o nosso bem. Não se trata de um conceito, mas
de uma experiência percebida no horizonte dos sentimentos e, mais
profundamente, no horizonte da fé. O Espírito de Deus é
derramado como força, luz e bondade sobre todas as criaturas, dá
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O esvaziamento plenificador
Sem resquício de maniqueísmo ou desprezo pelas outras
fases da vida, podemos dizer que a fase da vida madura ou adulta,
o meio-dia da existência, se caracteriza pela taça cheia, pela
solidez bela e dura do granito. Estas marcas são positivas e nada
desprezíveis, mas, quando estendidas à ancianidade, se tornam um
problema. O crepúsculo, o cristal, a taça meio-vazia falam mais
eloquentemente da velhice e lhe conferem uma fecundidade, um
frescor e um colorido antes desconhecidos.
No caminho espiritual aberto e vivido por Jesus de Nazaré
e atualizado pelo Espírito, o esvazimento é sinal de plenitude, o
despojamento é prova de força, a pequenez é claro indício de
grandeza. A pessoa idosa recebe isso de graça, sem precisar
buscar. A fraqueza física e o debilitamento psíquico, os limites
intransponíveis, as perdas irreparáveis, a lentidão, enfim, a kénosis,
passam a ser experiência diária e companheiros de caminho ou de
cadeira e leito. Mas isso que é um dado, às vezes pesado e duro,
precisa ser interiorizado como tesouro, dom e graça. É a
possibilidade de desapego de futilidades e vaidades, de minúcias e
manias, de rancores e mau humores, de sofrimentos e lamúrias. E
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A fecundidade consoladora
A fecundidade é uma necessidade humana, tanto psíquica
como antropológica e espiritual. A esterilidade existencial
representa a imaturidade humana e o fracasso espiritual. Uma
velhice acompanhada da sensação de um percurso de vida sem
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A entrega incondicional
Com o avançar dos anos, o desfecho da nossa vida histórica
vai se tornando uma realidade evidente e mais que uma simples
possibilidade remota. E então a vida, dom recebido e oferecido em
mil gestos e tramas relacionais, nos pede uma oferta mais generosa
e total, sem regateios, um salto mortal (ou seria um salto vital?)
sem o apoio das muletas (da eficácia, da notoriedade, do retorno
afetivo, etc.) nas quais fomos habituados a buscar apoio.
É o desfecho belo e terrível, que nos seduz e intimida; a
passagem para um tudo pleno que deve ser feita através do vazio e
do nada; uma travessia que, para ser saboreada, deve ser preparada
com sereno esmero. Neste momento, como diz Dom Helder
Camara, o bom vinho velho pode se tornar vinagre; o travo da fruta
jovem pode se evidenciar mais fortemente na fruta madura; o
apego às satisfações sensíveis, potencializado pelo medo e pela
insegurança, pode se tornar mais rígido e intenso.
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Para dialogar:
a) Quais são as fontes que alimentam a espiritualidade que me
prepara para viver a última fase da minha vida?
b) Como eu expresso e cultivo essa espiritualidade? Quais são
seus principais traços?
c) Qual é o espaço que a espiritualidade (não as práticas de
piedade) ocupa no cuidado e acompanhamento dos/as
religiosos/as em nossas casas de longa permanência?
d) De que modo temos ajudado os/as consagrados a viverem
com confiança e serenidade sua entrega definitiva na morte?
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Referências
ANDREOLI, Vittorio, Preti. Viaggio fra gli uomini del sacro.
Milão, Piemme, 2009.
BOBBIO, Norberto, Elogio da Serenidade e outros escritos
morais. São Paulo, Unesp, 2002.
CAMARA, Dom Helder, “Não se deixe transformar em vinagre”,
disponível em:
http://cvssemprejovens.blogspot.com.br/2013/01/nao-se-deixe-
transformar-em-vinagre.html (acessado em 24.02.2014).
JOÃO PAULO II, Vita Consecrata. Exortação Apostólica Pós-
Sinodal sobre a Vida Consagrada e a sua missão na Igreja e no
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João Paulo II, Carta aos Anciãos
(01.10.1999): https://w2.vatican.va/content/john-paul-
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Acesso em: 28 de abril de 2019.
LORSCHEITER, Aloísio, “Envelhecer com sabedoria”.
Disponível em:
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Catequista+Roberto%29 Acesso em 24.02.2014.
PAOLI, Arturo, Espiritualidade hoje: comunhão solidária e
profética. São Paulo, Paulnas, 1987.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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