Tempos Difíceis - Rebecca Athayde PDF

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R E B E C C A A T H A Y D E

Tempos
Difíceis
S O B R E V I V E N D O À
P A N D E M I A
O QUE FAZER PARA
CRESCER COM ELES E
SAIR AINDA
MAIS FORTALECIDO?
Dedico este livro a todas as vítimas do covid-19,
espalhadas ao redor do mundo, e aos seus familiares que
hoje sofrem com o medo ou choram por suas dolorosas perdas. Dedico aos
profissionais de saúde, que estão nas trincheiras lutando essa batalha,
arriscando-se por todos nós. Hoje vocês são nossos soldados!
AGRADECIMENTOS

À minha filha Cecília, que, ainda que não entenda nada do que está
acontecendo, com seu sorriso, me faz ter esperança e renovar a minha fé.

Ao meu esposo Ronaldo, que, por meio de sua própria vida e história, foi quem
primeiro me ensinou sobre a morte e sobre o sentido do sofrimento.

À minha mãe Lúcia, que é minha inspiração desde que eu comecei a entender
o que é a vida e que, nesse isolamento, veio trazer paz e mais fé para o nosso
lar.

Ao meu filho Lucas, que acabara de nascer em meio ao caos, sem


lembrancinhas de maternidade, sem conhecer os avós, tios, primos e amigos.
Certamente, ele ouvirá muitas histórias sobre o ano do seu nascimento…

Aos queridos psicólogos e amigos, que aceitaram o meu convite para


colaborarem com esse livro, trazendo palavras de sabedoria e amor para os
corações aflitos: Rafael de Abreu, Thiago Vieira, Bruna Silva, Juliana Sento-Sé,
Débora Ottoni, Ingrid Brasilino, Gylmara Araújo, Nickson Lurian, Andrei Alves,
Aline Costa, Rosiane Albuquerque, Letícia Medeiros, Renan Morais, Lucas
Leandro e Larissa Cabral.
SUMÁRIO

Introdução………………………………………………………………………….............................…… 06

Entre a negligência e o pânico, a prudência…………………………………........……... 09

A prisão externa e a liberdade interior……………………………………………..........…... 11

Florescer na adversidade: o amor que brota do caos……………………....………. 14

O medo de morrer ou de perder pessoas: o que você quer deixar para a


eternidade?............................................................................................................ 20

Sobre os fantasmas que enfrentaremos com o isolamento social………….... 23

Algumas reflexões…………………………………………........................…………………………… 27

Rafael de Abreu........................................................................................... 28
Thiago Vieira................................................................................................. 31
Bruna Silva.................................................................................................... 34
Nickson Lurian.............................................................................................. 36
Andrei Alves................................................................................................. 38
Ingrid Brasilino............................................................................................. 41
Juliana Sento-Sé.......................................................................................... 44
Débora Ottoni............................................................................................... 48
Gylmara de Araújo....................................................................................... 51
Aline Costa..................................................................................................... 55
Rosiane Albuquerque.................................................................................. 58
Letícia Medeiros........................................................................................... 60
Renan Morais................................................................................................ 62
Larissa Cabral............................................................................................... 64
Lucas Leandro.............................................................................................. 66
Rebecca Athayde........................................................................................ 69
INTRODUÇÃO
É, pessoal, estamos vivendo tempos difíceis! Não é a primeira vez que a
humanidade experimenta essa sensação e provavelmente não será a última.
Mas, para a maioria de nós, é algo completamente novo e difícil de lidar. Foi daí
que surgiu a ideia desse livro. “O que posso fazer para ajudar nessa batalha? –
me perguntava. “Não quero ser o soldado que se esquiva da guerra e é
dominado pelo medo, então o mínimo que posso fazer é cumprir meu dever
fazendo o que sei fazer: buscando levar um pouco de paz e acalanto para os
corações aflitos…

Não teremos aqui uma super produção e, certamente, esse livro não passará
por uma equipe de revisores ou de designers especializados. Não temos tempo
para isso! O que precisamos é tentar dar esperança aos corações
desesperançados, redirecionar os olhares que se perderam pelo caminho.

Há um sentimento de ameaça que tem assolado a todos. É difícil para


humanidade se deparar com qualquer possibilidade que venha a lembrá-la de
algo que foge completamente ao seu controle: a morte. Por mais paradoxal que
isso pareça, para alguns, é tão desesperador pensar sobre isso que os primeiros
casos de suicídio começaram a surgir em meio a esse caos. Por um medo
absurdo da falta de controle sobre a morte, em uma tentativa de se mostrar
nesse controle, alguns preferem por fim a sua vida. Vemos esse fenômeno
diante de toda nova crise que surge.

Desespero, pânico, perda de esperança… Esse tem sido um discurso comum nos
últimos dias, de modo que, ainda que muitos não venham a adoecer por
contraírem o vírus em seu corpo, a sua mente começara a adoecer. Dizia CS
Lewis, na iminência da bomba atômica: “eles podem quebrar nossos corpos, mas
não precisam dominar nossas mentes”.

A vida tem nos convocado a algo, diante de tudo isso que estamos vivendo.
Seguiremos perdendo tempo e olhando apenas para os números alarmantes
que crescem, ou decidiremos lutar a guerra de frente, a fim de aprender o que
ela quer nos ensinar? O vírus, que parece ter vindo apenas para destruir, talvez
queira nos alertar para as vidas que nós mesmos já vínhamos destruindo.

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O vírus nos convoca a mudar, não apenas por nos isolar em nossos lares, mas
por nos libertar da prisão interior que nos encontrávamos há tanto tempo…
Talvez, ele tenha nos fechado em nossas casas, para conseguir abrir o nosso
coração…

Viktor Frankl dizia que “mesmo quando somos vítimas de uma situação sem
saída possível ainda estamos aptos a encontrar um sentido, e justamente o
sentido mais elevado para a nossa vida. É nesses momentos que se põe à prova
quanto valemos. São essas as situações que mais claramente permitem perceber
aquilo que o homem é e aquilo de que só ele é capaz”…

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ENTRE
A NEGLIGÊNCIA
E O PÂNICO, A
PRUDÊNCIA
Excesso de notícias sobre o vírus tem sido a realidade dos nossos dias. Não
importa em qual canal ou horário que você ligue a televisão, só se falará sobre
isso. Todas as redes sociais se detém unicamente ao COVID-19 e os grupos já
não conseguem encontrar outro assunto. Consequências disso tudo? Nosso
sistema de luta ou fuga constantemente ativado, enquanto a região cerebral
responsável pela tomada de decisões não consegue funcionar adequadamente.
O efeito é que não conseguimos raciocinar direito (some ao efeito do cortisol no
sangue e veja o tamanho do prejuízo) nem nas pequenas decisões diárias que
precisamos tomar.

Ter informações é importante para que saibamos o que fazer, quais os cuidados
necessários e a gravidade da situação. Medo e ansiedade, adequadamente
dosados, são funcionais, porque nos levam a agir sem negligência. O problema
é quando tudo isso passa do ponto, aumentando consideravelmente esses índices
e gerando o efeito descrito acima.

Se você sente que chegou nesse nível, é hora de reduzir o ruído: afaste-se um
pouco das notícias, silencie grupos, afaste-se de pessoas alarmistas. Tudo isso só
causa contágio emocional e, se a emoção dominante é o pânico, você também
será contagiado por ele.

Entre a negligência e o pânico, é preciso que encontremos a linha da prudência.


É ela que nos fará tomar as medidas que precisamos tomar, nos cuidarmos
adequadamente, mas sem deixar que a linha do desespero chegue até nós.
Como diz Nietzsche, “quando você olha muito tempo para um abismo, o
abismo olha para você”, ou seja, se nosso olhar se verter apenas para a pior
parte da epidemia, é isso que iremos nos tornar.

Muitos têm sido os esforços para se mostrar o outro lado dessa história. Pessoas
oferecendo seus serviços gratuitamente, horários de oração comunitária sendo
marcados simultaneamente no mundo todo, pessoas indo às janelas para cantar
músicas de amor e esperança, jovens se propondo a ajudar as pessoas dos
grupos de risco na compra de mantimentos, voluntários se oferecendo para
testes de vacina… A vida é bela, mesmo diante do caos…

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A PRISÃO
EXTERNA E A
LIBERDADE
INTERIOR
Há um homem que, se vivesse em nossos dias, certamente, estaria nos
ajudando a encontrar um sentido diante de tudo isso que estamos vivendo. Esse
homem é Viktor Frankl, psiquiatra e neurologista vienense que foi feito
prisioneiro em quatro campos de concentração nazistas, conseguindo, ainda
diante disso, se manter firme em seus propósitos e ajudar tantos a sobreviverem.

Frankl foi um grande homem em diferentes dimensões: era inteligente, corajoso


e tinha um coração misericordioso. Especialmente, quero destacar outra coisa
que o fez grande: ele se manteve fiel ao sentido de sua existência, mesmo diante
das piores circunstâncias. Não foi alguém que teorizou sobre sofrimento do alto
do seu escritório, mas alguém que o viveu do fundo de sua alma.

Deparar-se com a história dele, como com a de outros tantos heróis e santos que
conseguiram passar pelo sofrimento sem se deixar abater e dominar, nos ajuda
a ampliar o nosso imaginário e entender que, também nós, podemos assim agir
e nos inspirar. Destaco o grande, padre Leo, agora em processo de beatificação,
que ao se descobrir acometido por um câncer grave, a primeira atitude foi: “me
tragam um computador, porque precisarei extrair o máximo desse câncer e
ensinar para outras pessoas tudo o que esse sofrimento é capaz de me dar”
(palavras adaptadas). Grandes homens que têm em comum algo muito
importante: se mantiveram cumprindo o seu papel até o fim de suas vidas!

Algo que fez profunda diferença na vida de Frankl, voltando a ele, é que ele já
entrou no campo de concentração (do qual teve a oportunidade de fugir, mas
decidiu ficar por entender que ali era o seu lugar, lutando ao lado de sua família
e de tantos outros) fortemente determinado a manter a integridade de sua
alma. Ele se decidiu por manter o seu espírito forte, ainda que seu corpo fosse
abatido. E assim o fez…

Frankl entendeu na prática que o ser humano não é livre DE tantas


circunstâncias que chegam até ele – assim como, nesse momento, nós não
somos livres dessa pandemia que nos assola – mas o ser humano sempre será
livre PARA escolher como agirá em cada circunstância. Ele observou que, nas

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filas que se formavam diariamente para encerrar a vida de tantos prisioneiros
em uma câmara de gás, havia dois tipos de pessoas: aquelas que, cabisbaixas,
lamentavam-se pelo fim de suas vidas e maldiziam seus carrascos, e, outras, um
pouco mais raras, que erguiam suas cabeças e proclamavam palavras de louvor
a Deus pelo tempo que viveram até então. Foi aí que ele observou que, mesmo
diante da morte, ainda é possível escolher como iremos encará-la…

Assim, mesmo diante de um campo de concentração – talvez esse agora seja o


nosso campo de concentração, salvo as devidas proporções – é possível se sentir
livre. São as pessoas que têm um forte senso de dever e de missão, dizia Frankl,
que mais conservavam o autodomínio e sanidade diante do sofrimento.

A esperança é fundamental nessa liberdade interior, ainda que dentro da pior


das prisões. Frankl falava que “quem já não consegue acreditar no futuro – no
seu futuro – está perdido no campo de concentração. Juntamente com a
esperança no futuro, essa pessoa perde o apoio espiritual, deixa-se cair
interiormente e decai física e psiquicamente”. Não deixemos a esperança morrer!

Lembremos sempre que é pelo amor que o homem se liberta da sua prisão
interna e externa, indo em direção àquilo que o torna maior que ele mesmo.
FLORESCER NA
ADVERSIDADE:
O AMOR QUE
BROTA DO CAOS
A essa altura, é provável que você já tenha entendido qual é a perspectiva que
aqui adoto: é possível, mesmo diante da pior das adversidades, florescer; ainda
que diante do caos, o amor pode brotar. Há um ditado chinês que diz: “a flor
que brota da adversidade é a mais bela de todas”. Essa frase marcou minha
biografia, desde que a ouvi pela primeira vez em minha infância, e fui
confirmando isso ao longo da minha vida. Permitam-me contar uma história
pessoal:

No ano de 2018, meu esposo foi acometido por uma doença grave que quase
lhe tirou a vida. Dias difíceis nos acompanharam antes, durante e depois do
diagnóstico: seu coração estava parando drasticamente. Nessa situação, pude
ver como os campos de concentração que aparecem em nossas vidas podem
nos ensinar profundamente, se soubermos extrair deles o melhor.

A primeira grande lição veio ainda na internação dele, quando nos confirmaram
que não havia como ele voltar pra casa ou não sobreviveria, mas pediam 10
mil para interná-lo. Não tínhamos plano de saúde e até o valor da consulta
havia sido emprestado, como teríamos então 10 mil reais?

Nessa hora, enquanto nos entreolhávamos sem saber o que fazer, surge um
grande amigo que tinha ido levar um tubo de oxigênio, para o caso de não
conseguirmos interná-lo. Ao ouvir o que foi dito pelo médico e o pedido do
hospital, ele apenas se aproximou calmamente com um cartão e disse: “toma,
pode usar. É o dinheiro que estamos juntando para o nosso casamento, mas a
vida de vocês é mais importante do que uma festa!”. As lágrimas desceram e
tive a primeira experiência do coração florescendo diante do caos.

A segunda veio na mesma semana, quando o quadro se agravou. Os médicos


disseram que a operação de troca de duas válvulas precisava acontecer
imediatamente ou ele não sobreviveria. Ouvi de outros, ainda, sem nunca ter
revelado isso a ele mesmo, que apenas um transplante resolveria, devido a
gravidade do caso. Então, precisamos fazer uma campanha para arrecadar o
dinheiro para a cirurgia, já que o valor que nos foi dado era impossível a nossa
realidade: 100 mil reais. Por incrível que pareça, quatro dias foram necessários
para conseguirmos ainda mais do que precisávamos!
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Em meio ao caos, o amor e a generosidade brotaram do coração das pessoas.
Recebemos doações de todo o Brasil, nosso celular não parava, inúmeras foram
as mensagens de amor e de fé. Amigos que não mais se falavam voltaram a
se falar e a traçar medidas juntos para ajudar na campanha, pessoas doaram
objetos para serem vendidos, outros ofertaram seus serviços… Inexplicável tudo
que aconteceu, não por mérito nosso (até porque 95% ou mais das pessoas
nunca havia tido contato algum conosco), mas por uma graça divina que surge
em momentos como esse.

Agora quero contar um outro caso, esse não é meu. Uma tragédia acometeu o
Brasil na década de 1960. Um ex funcionário de um circo norte americano que
iria estrear em Niterói, considerado um dos maiores da época, ateou fogo no
circo durante o espetáculo. Em cinco minutos, o circo foi todo tomado e mais de
372 pessoas morreram na hora. No total, 500 pessoas morreram, sendo a
maioria criança.

O caos tomou conta do Brasil. Os médicos estavam em greve e foram


convocados a voltarem. Os cinemas paravam os filmes para perguntar se
haviam médicos presentes. Os frigoríficos tiveram que guardar os corpos porque
não havia cemitério e nem caixão suficientes. Os ginásios de futebol foram
transformados em fábricas de caixões...

Uma tragédia que até hoje está na memória de muitos. Mas, certamente, não
foi só essa marca que o incêndio deixou. Foi nessa época que surgiu aquele que
ficou conhecido como “o profeta gentileza”, que, diante da tragédia, abandonou
seu trabalho e montou “acampamento” perto das cinzas do circo para acolher os
parentes das vítimas e dizer palavras de gentileza.

Nas enchentes em Mariana, vimos esse fenômeno novamente acontecer. As


pessoas de todo o Brasil saíram de suas casas e foram tentar ajudar àquelas
vítimas, distribuindo alimentos, fazendo plantões psicológicos gratuitamente para
ajudar os familiares das vítimas, voluntariando-se a procurar corpos ou, até
mesmo, lavando os uniformes daqueles que estavam na frente de batalha.

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Diante do caos, devemos deixar brotar em nosso coração o sentimento de
compaixão e misericórdia, vindo estes carregados pela virtude da coragem.
Apenas aquele que é corajoso é capaz de sair de si, em um momento de dor, e
ir acolher a dor do outro, ainda que no interior de seu coração ou de suas
orações silenciosas.

Se a situação é difícil, se todos estão assustados com os riscos e efeitos da


pandemia do COVID-19, se a sensação é de que se vive um pesadelo, esta é a
hora de recrutar em nós aquilo que há de mais humano. Como diz Frankl, “o
ser humano – se quiser ser realmente humano – tem de ser capaz de passar-se
por alto. Tem que ultrapassar-se, esquecer-se de si próprio, dedicar-se com um
autoesquecimento positivo a uma tarefa ou a uma pessoa (…). É somente na
medida em que o ser humano se autotranscende que lhe é possível realizar-se –
tornar-se real – a si próprio”.

É hora de substituirmos o olhar do medo pelo olhar de esperança e amor.


“Coragem, eu venci o mundo”, eis o clamor que nos é feito! Que não tenhamos
medo de abraçar o sofrimento e cumprir o nosso dever. Só tem misericórdia
aquele que se dispõe a ser corajoso.

Tem uma cena do filme Mulan, um clássico da Disney, que sempre me marcou.
Quando o pai da personagem é convocado para a guerra, causando uma
revolta na garota pelo fato dele já está velho e doente. Durante o jantar em
família, ela se manifesta contrária a sua ida, afirmando que a guerra o levaria a
morte. Imediatamente, seu pai responde enfaticamente: “Vou morrer cumprindo
o meu dever. Eu conheço o meu lugar. Está na hora de você conhecer o seu”. E
nós, conhecemos o nosso lugar? Talvez seja este o momento de conhecê-lo ou
de retomarmos a ele.

CS Lewis disse algo muito propício para o nosso momento atual em "On Living
in an Atomic Age". Na época, o autor se referia ao risco da bomba atômica: “a
primeira ação a ser tomada é nos recompor. Se todos nós formos destruídos por
uma bomba atômica, deixe que quando ela nos encontre, encontre fazendo
coisas sensíveis e humanas - orando, trabalhando, ensinando, lendo, ouvindo

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música, banhando as crianças, jogando tênis, conversando com nossos amigos,
com uma caneca e um jogo de dardos - não amontoados como ovelhas
assustadas e pensando em bombas. Ele pode quebrar nosso corpo, mas não
precisa dominar nossas mentes.”

Não permitamos que toda essa pandemia desperte o pior que há em nós: o
egoísmo, a fraqueza, a covardia, a ganância, o materialismo… O caos sempre
vem repleto de oportunidade de crescermos, seja em nos readaptarmos
estruturalmente, ou de mudarmos interiormente.

A que a vida tem nos convocado? A termos compaixão para entender os que
sofrem; misericórdia para fazermos a nossa parte por amor aos outros; fé de
que tudo está sendo cuidado; esperança de que tudo isso vai passar e
seguiremos a nossa vida.

A vida nos convoca a cumprirmos o nosso dever, a amarmos mais, a nos


doarmos mais, a entendermos que essa vida não se limita aquilo que chega aos
nossos órgãos dos sentidos, a recuperarmos a importância das pequenas coisas
– o almoço em família, as brincadeiras durante o dia, o terço das 18h, o hábito
de rir das fotos antigas e lembrar dos momentos da infância…

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O MEDO DE
MORRER OU DE
PERDER
PESSOAS: O QUE
VOCÊ QUER
DEIXAR PARA A
ETERNIDADE?
O pior medo que todos temos enfrentados nesse período de crise talvez seja o
de perder pessoas ou morrer. Muitos têm paralisado nesse medo e todos os seus
pensamentos têm sido roubados pela ansiedade gerada diante da possibilidade
das perdas.

Mas, todas as vezes que nos deparamos com a possibilidade de morte, direta
ou indiretamente, há algo que ela quer nos revelar. A que a morte nos impele?
Ela nos impele a voltar o nosso olhar para a eternidade! Como diria Jordan
Peterson: “mire no paraíso enquanto trabalha diligentemente na terra.”

Talvez seja isso que esse caos queira nos convocar: a dar uma resposta diferente
à vida, a sair do modo automático que nos encontramos há tanto tempo. Por
mais paradoxal que possa parecer, um vírus que veio para matar a tantos,
talvez seja a cura de tantos outros que, sem ele, poderiam arriscar perder a
eternidade…

Em seu livro “Cristianismo puro e simples”, CS Lewis afirma que as pessoas que
fizeram mais pelo mundo, que deixaram a sua marca na Terra, foram
justamente as que suas mentes estavam ocupadas com o Céu. Ele fala que é
quando alcançamos aquelas coisas desejadas por muito e que pareciam ser a
promessa de felicidade, que vemos que o desejo simplesmente desvanece
quando se torna realidade, continuando por nos manter vazios. Isso só pode
indicar que nossa alma tem sede de algo maior: sede de eternidade.

Lewis afirma ainda que “ao descobrir em mim um desejo que nenhuma
experiência deste mundo poderia satisfazer, a explicação mais provável é que
eu tenha sido feito para outro mundo…”. A grande questão é que o ritmo de
vida que levamos, os caminhos percorridos pela sociedade, pela ciência, família e
educação, nos fez voltar todo o nosso olhar para essa realidade; daí o desespero
diante da possibilidade de algo que venha a afetá-la...

Não digo com isso que iremos morrer agora pelo vírus, apesar de esta ser uma
realidade completamente possível, mas que, ainda que demore décadas para
essa morte se concretizar, a vida tem urgência em que vivamos de verdade!

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Não tenha medo de meditar sobre a sua morte e a morte dos seus! Isso irá te
ajudar a amá-los e servi-los ainda mais. As diferenças e brigas, parecem
irrelevantes quando estamos diante da possibilidade de nunca mais vermos
aquele outro. Passamos a valorizá-lo de um modo diferente, dando-lhe uma
dimensão eterna, fazendo despertar, verdadeiramente, o Amor…
SOBRE OS
FANTASMAS QUE
ENFRENTAREMOS
COM O ISOLAMENTO
SOCIAL…
Além do medo que tem assolado a todos, a pandemia do COVID-19 trouxe
para todos nós a realidade do isolamento social. Acontece que a maioria de nós
não sabe lidar com a distância, com o silenciar dos barulhos do mundo e
recolhimento dentro da própria “cela”. Não aprendemos o que é sequer
estabelecer uma rotina com nossa família e filhos, ou, para aqueles que estão
sós, consigo mesmo.

Os dias irão passar e a tendência é que, se não desenvolvermos estratégias


para lidar com isso, sucumbiremos à angústia da solidão, às brigas familiares,
ou ao tédio gerador do vazio. Isso será ainda mais agravado naqueles que já
possuíam dentro de si esses sintomas de vazio, mas que conseguiam disfarçá-lo
pelo ritmo diário que os impossibilitava de parar e pensar no tipo de vida que
vinham levando.

Agora é a hora de enfrentarmos os nossos fantasmas: aqueles que se colocaram


entre os casais, entre os pais e os filhos, entre o ser que você se tornou e entre
você e Deus. Essa batalha também não será fácil, mas é mais uma que ou nos
afundará de vez, ou nos salvará da prisão interior em que habitávamos. Muitos
poderão sobreviver ao vírus, mas não terão estrutura para aguentar esse
encontro consigo mesmo, com a verdade que estava escondida.

Vês que é mais que um vírus? Vês que há muito mais a ser desvendado nas
entrelinhas dessa circunstância que se derrama sobre cada um de nós? O que
então fazer para sobreviver a tudo isso, como diria Frankl, “mantendo a
sanidade da alma”?

Aqui, quero falar com você de modo bem prático e objetivo: não podemos
deixar os dias passarem de qualquer jeito ou sucumbiremos no tédio, no medo e
nos demais fantasmas que estavam disfarçados em nossas vidas.

A primeira coisa que precisamos fazer para reagir a tudo isso é reduzir os
ruídos que têm nos gerado pânico e ansiedade e nos impedido de extrair da
situação todos os ensinamentos que ela quer nos trazer. Como fazer isso?
Diminua os horários que você tem passado na frente dos telejornais. Se possível

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e necessário, sequer os assista. Apenas dê espaço suficiente para se manter
informado sobre as medidas de segurança e as principais atualizações
necessárias para dar ao momento a devida importância.

Ainda não será suficiente, porque o mundo da internet está tomado por
notícias, verdadeiras ou falsas, sobre o vírus. A todo instante, recebemos áudios
e vídeos que chegam a causar terror, muito mais do que nos mobilizar para a
ação, criando uma espécie de paranóia dentro do nosso ser. Então, reduza
também o tempo de redes sociais. Se necessário, evite pessoas ou grupos que só
têm causado um alarme exagerado.

Em tempos de más notícias, seja um portador e disseminador da paz, tal como


na clássica oração atribuída a São Francisco de Assis: “Onde houver desespero,
que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde
houver trevas, que eu leve a luz”. Seja aquele que traz palavras de afago, sem
que elas sejam uma fuga da realidade. Somos dotados de fé e razão por um
motivo: para que a razão nos leve a agir com prudência diante da situação,
tomando todas as medidas necessárias, mas para que a fé nos leve a confiar
Naquele que está acima de tudo isso e que dá sentido a todo sofrimento.

O segundo passo importante é estabelecer uma rotina diária para que você não
se deixe ser engolido pelos dias. Entenda que procrastinar suas obrigações e
aproveitar a oportunidade para, unicamente, comer, dormir ou cair nos vícios, é
um desrespeito com a situação que vivemos. Se você se ver como essa pessoa,
tire um momento do seu dia para meditar sobre tudo o que está acontecendo:
pense nas vítimas fatais, no sofrimento de seus familiares (muitos que sequer
puderam enterrar os que tanto amam); pense nos profissionais de saúde que
estão nas trincheiras, arriscando-se para salvar a tantos; pense nos moradores
de rua, que estão totalmente desprotegidos; pense naqueles que perderam ou
perderão seus empregos ou estão falindo com a crise; pense nas pessoas que
estão se dispondo a receber o vírus para que os testes sejam feitos.

Tendo incutido dentro do teu peito a importância desse momento, não o encare
de qualquer jeito. É hora de estabelecer uma rotina. Reserve um tempo para

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praticar exercícios em casa, cumprir seus deveres com o lar ou com o trabalho,
ler livros de crescimento pessoal, ter momentos para cultivo da vida espiritual,
conversar mais com sua família (ainda que para alguns apenas por vídeo
chamada), assistir aquele filme que você quer faz tempo... Se você tem filhos,
pense em atividades que podem ser feitas com eles, aproveitando para se
dedicar mais, dar mais atenção, observar melhor suas demandas. Ao chegar ao
fim do dia, você verá que o seu coração está mais tranquilo, porque repousou
exatamente aonde sempre deveria estar...

Aproveite também para disseminar o amor: mande mensagem para seus


amigos e familiares dizendo o quanto eles são importantes em sua vida, busque
perdoar e pedir perdão, a Deus e ao próximo. Não sabemos como as coisas se
sucederão, então não podemos perder tempo em amar. Sejamos generosos com
as pessoas a nossa volta, especialmente os que estão nos grupos de risco. Se
ofereça para ajudá-los, caso estejam precisando de algo. Crie em seu grupo de
amigos o hábito de, caso você precise ir à farmácia ou supermercado, ver se
mais alguém está precisando de alguma coisa por lá, tomando todas as
precauções necessárias. Se você sabe fazer algo que pode ajudar outras pessoas
a passar pela crise, não hesite em colocar isso a disposição do outro. É no
serviço, no movimento de se autotranscender, que iremos crescer com tudo isso
e espantar os fantasmas que queiram se aproximar.

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APRESENTO ALGUMAS
REFLEXÕES DE DIVERSOS
AMIGOS PSICÓLOGOS
QUE UNIRAM SEUS
ESFORÇOS PARA TRAZER
PALAVRAS DE PAZ PARA
VOCÊ NESSES TEMPOS
DIFÍCEIS
RAFAEL DE ABREU
@psi.rafaeldeabreu
Toda circunstância vivida por aqui é, inevitavelmente, oportunidade de
crescimento. A compreensão de que podemos sempre apreender o bem ao
aprender com as experiências dificultosas da vida deve elevar o significado da
percepção dos atos. Essa possibilidade de aprendizado, obviamente, é marcado
na pele involuntariamente, pois é vivido independente do querer. Portanto, é
necessário que o homem dê real sentido para aquilo que se aprende abrindo a
janela do entendimento para começar agir de forma nova e boa.

Na vida humana é fundamental alcançar a verdade acerca de nós mesmos e


das coisas. Como o homem não nasce sabendo de tudo, ele vai ter que
aprender a valorizar cada lição na medida em que caminha na sua jornada. A
experiência entra como auxílio fundamental, porque será por meio dela que o
homem será capaz, através da memória, de chegar ao julgamento das coisas
preservando o seu real valor. Daí podemos concluir a importância da presença
da virtude da prudência, pois ela pertence a aplicação da razão reta às obras
(Suma Teológica, II-II, q. 47, a.4). Versando pelos meios, ou melhor, pelos
melhores meios para realizar aquilo que precisa ser feito, o prudente usa a
memória de alguma experiência, não como um lembrete torturante, mas como
auxílio fundamental para escolher o correto.

Aprender verdadeiramente com a experiência é, então, quando se passa do


caminho intelectual do entendimento para o da ação prática; para esse alcance,
é fundamental ter o conhecimento da ordem hierárquica dos bens (saber
valorar de acordo com a verdade). Através desse caminhar ativo na vida, o
homem pode, nos momentos difíceis, crescer e crescer muito, mesmo que o
sofrimento e as incertezas apareçam, justamente, porque a prudência não é a
virtude do controle total das coisas, ou seja, o prudente sabe que a vida é
incerta e que isso por si só não é um mal, pois não o impede de cumprir com o
seu dever.

Diante disso, é fundamental lembrar uma verdade essencial das virtudes: elas
são uma disposição interna para que o homem seja bom. Os atos exteriores vão
ganhar força em razão da disposição interna ser o impulso ordenado do homem
para que ele retome a caminhada na verdade, quantas vezes for necessário. O

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fato de buscar a verdade para nortear suas escolhas é o que, legitimamente,
deixa-o livre dentro da vida. Nessa perspectiva, não há quarentena, isolamento,
restrição social ou contingência que tirem a liberdade do prudente.

O prudente escolhe intencionalmente (disposição interna) aquilo que precisa


fazer. O homem revestido pela virtude da prudência é auxiliado pela
experiência, que traz para ele, através da memória, um aprendizado afetivo e
efetivo diante da vida, fazendo-o hierarquizar a realidade para dar o valor
devido aos bens, afastando-o do erro prático e mental (a crença no erro) que
mancharia sua personalidade. Com a virtude, assimilamos ordenadamente as
experiências: apropriamo-nos de conceitos novos (e reais), incorporamos ideias e
costumes, absorvemos o aprendizado, nos transformamos e agimos
corretamente dentro do tempo que estamos vivendo. A vida é sempre um
caminho de oportunidades; e agora não é diferente.

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THIAGO VIEIRA
@thiagoandradevieira_
“O vazio existencial se manifesta principalmente num estado de tédio. Por
exemplo, na “depressão dominical”, aquela espécie de tristeza que acomete
pessoas que se dão conta da falta de sentido de suas vidas quando passa o
corre-corre da semana atarefada e o vazio dentro delas se torna manifesto”.

O psiquiatra austríaco Viktor Frankl descreveu em poucas e precisas palavras a


crise existencial — por que não espiritual?! — do homem moderno manifestada
no “tédio dominical”. Tal crise revela um profundo estado letárgico da atividade
do espírito humano que só encontra seu eixo ascendente senão na solidão.
Solidão esta que — contingenciados pela cultura moderna, seus veículos e a
leviandade de costumes — a maioria de nós fugimos como o diabo foge da cruz.

É somente na solidão que o homem encontra sua tábua de salvação, isto é,


aquela força propulsora que organiza de novo e de novo o acumulado das
ideias e dos acontecimentos da vida numa espécie de movimento ascensional,
para que desde o pico de seu espírito encontre aí alguma ordem em meio ao
caos, algum sentido que justifique o sacrifício diário, a doença do corpo, o drama
da morte.

A solidão é o que dá ao espírito humano solidez. Não é atoa que os dois


conceitos têm a mesma raiz etimológica. Ela, a solidão, é o lugar que nos faz
recordar o essencial esquecido. É somente quando calamos a gritaria ao nosso
redor — a pressão exterior, o converseiro mundano, os burburinhos e múltiplas
formas de egoísmo verbal — que o espírito então se encontra livre para agir
sobre si mesmo em vista de uma realidade superior, uma ordem superior, que o
alimenta, que o fundamenta e onde pode encontrar verdadeiro repouso. É
deste, e somente deste movimento que nasce no coração humano o profundo e
ardente desejo de levar aos seus semelhantes o fruto de suas experiências
traduzidas agora em testemunho e conhecimento, a fim de que com isto o
sofrimento do próximo seja minimamente atenuado. E é em torno destes
indivíduos, que fizeram da solidão a morada habitual do espírito, que
comunidades inteiras vão se formando, uma vez que eles são os distribuidores
do alimento que a traça e o vírus não corrói.

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É na solidão que a atividade criativa do espírito encontra asas. Sem a solidão o
homem está para sempre aprisionado para fora de seu próprio coração. Agora
alheio de si, e por esta razão, perdido. É senão marionete nas mãos do mundo e
de tudo aquilo que de mais baixo o mundo produz.

Na solidão é que se descobre que não se deve temer os algozes do corpo, mas
os da alma, e nada mais triste e desprezível que a alma que morre junto com o
corpo.

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BRUNA SILVA
@psibrunasilva
Embora o coronavírus seja um problema de saúde púbica levado muito a sério
em todo o mundo, precisamos dar atenção às preocupações excessivas que, por
vezes, acabam nos dominando e impedindo ações dentro da realidade em que
estamos inseridos. Porém, nem todo medo, nem toda angústia e nem toda
ansiedade é ruim e prejudicial. Há um elemento protetivo e que nos auxilia a
tomar atitudes preventivas. O problema começa quando esses sentimentos
ultrapassam a barreira da funcionalidade. Se essa ansiedade sobe a um nível
em que ficamos disfuncionais, em que não conseguimos agir, então isso significa
que os nossos pensamentos estão povoados por ideias catastróficas, de que algo
muito ruim irá acontecer a qualquer momento. Ficamos sobrecarregados com
informações constantes e, comumente, pessimistas a respeito do presente e do
futuro.

Existem várias maneiras simples e eficazes de gerenciar nossos medos e


ansiedades e muitas dessas estratégias são ingredientes essenciais para manter
um estilo de vida saudável. Dizer para que você não pense no que está
acontecendo no mundo, em seu país e em sua cidade ou mesmo no futuro é
inútil, pois essas têm sido preocupações frequentes. No entanto, a melhor
conduta diante do que estamos vivendo é aplicarmos em nossa vida a aceitação
radical. Aceitar radicalmente é parar de lutar contra a realidade. Não se trata
de ignorar o que está acontecendo, mas de ser prudente quanto ao consumo de
informações e também ser responsável para com aquilo que você pode fazer
para cuidar de si e daqueles que você tanto ama.

Neste momento, é importante entender e acolher os sentimentos que surgirem.


Aceite sua ansiedade, sua angústia, seus medos. Esteja ciente de que, assim
como não é possível controlar o que está ocorrendo, é também necessário que
você não deixe a preocupação com esse vírus controlar sua vida. Seja forte,
esteja disponível para ser o suporte de alguém, observe aquilo que é estável no
mundo. Compreenda que a única coisa que controlamos, de fato, são nossas
escolhas. Não podemos controlar a realidade, nem nossos pensamentos e
emoções, mas podemos interagir com eles, questioná-los, buscar evidências que
nos coloque diante daquilo que, de fato, está ocorrendo. Atente-se ao que você
pode fazer e não perca as esperanças. Se fizer sua parte, não há motivos para
desespero.
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NICKSON LURIAN
@nicksonlurian
Se se reduz o contato social para reduzir o risco, se deve aumentar a
sensibilidade, para se manter humano. Tudo que enriquece a vida continua
intacto: o verdadeiro contato é a promessa, a ajuda, o servir, a bondade.

A ação define a vida: planeje, organize seu dia. Não são férias, também não é
o apocalipse. Melhore, não perca o foco de crescer. Se houver como: ajude. Faça
seu dia.

Esqueça o que você não controla, atenção sobre coisas que você não pode
decidir é perda de energia, o que é da sua responsabilidade é sobre o que você
pode agir: aí está onde sua vida será decidida.

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ANDREI ALVES
@andrei.alves.cfa
Existe um antigo ditado (que é mais uma constatação) de que nunca estamos
satisfeitos. Pense numa verdade!

Quantos de nós, em meio a correria, já não afirmamos “como eu queria ter


mais tempo pra ficar em casa!’?! O fato é que esse tempo chegou! E agora,
diante da necessidade de ficarmos em casa, o que fazemos?

É uma chuva de lamentação, de ócio, de tristeza, de revolta, de desobediência...


Minha esposa, como uma boa “sanguínea”, comentava da importância de
estarmos unidos, de nos abraçarmos, de sairmos nas ruas, contemplarmos o
Belo, abraçarmos os nossos irmãos, de convivermos... Mas este tempo nos
convida a algo igualmente importante: olhar para os nossos, os mais próximos,
aqueles que conhecem os nossos defeitos mais ocultos, e amá-los, nos
reiventando para fugir do tédio; olhar para o nosso lar (que sorte a nossa em tê-
lo!) e perceber como podemos modificá-lo e torná-lo um lugar mais
aconchegante... É tempo de nos reinventarmos, de sermos criativos, fazendo com
que esse tempo se torne leve para nós e para os que estão conosco!

Qual cômodo da casa já vem te convocando à limpeza? Qual gaveta está


sendo um depósito de entulho e precisa ser organizada? O guarda roupas está
guardando peças que não são e nem serão usadas? E há quanto tempo você
não se desafia a cozinhar uma receita diferente? Existe uma infinidade de
atividades que podemos realizar neste tempo e que trarão, ao fim de cada dia,
um sentimento maravilhoso de utilidade.

Por aqui, pela minha casa, já inventamos um monte! Trocamos todos os móveis
de lugar; estamos tentando caprichar nas refeições; estamos fazendo uma prece
sempre juntos e iniciando cursos on-line… São formas que estamos encontrando
de, lá na frente, olharmos pra trás e percebermos que saímos de tudo isso com
grandes ensinamentos e que soubemos enfrentar de forma esperançosa e não
desesperada.

Com isso, não estou dizendo que tudo o que estamos enfrentando é besteira...
De forma nenhuma! Mas quero convidar você, que pode e deve ficar em casa,

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a viver esse tempo da maneira mais amena possível, por você e pelos outros;
sem esquecer, contudo, de fazer uma prece por aqueles que estão lá fora,
correndo riscos e enfrentando tudo com garra, para que o quanto antes
possamos voltar as nossas vidas normais! “Andrei, não sou religioso, não sei
fazer preces!” Aprendi uma vez com um homem sábio, que aquilo que você
deseja para alguém se torna uma prece por ela. Desejar você sabe, não é!?
Então, por uns minutos pare tudo e ao pensar nos que estão contigo e longe de
ti, deseje algo de muito bom para elas. Faça-o todos os dias.

Eu te convido, portanto, a nadar contra a corrente, a ser um ponto positivo no


meio de tanta coisa negativa, a postar a atividade realizada nos grupos que
estão cheios de notícias trágicas, a viver esse momento (que é, inevitavelmente,
histórico e memorável) de uma forma que, lá na frente, você se orgulhe quando
for contar para os seus. No fim de tua vida aparecerá a pergunta: “Que você
foi no tempo da pandemia”? e eu desejo do fundo do meu coração, que tenhas
orgulho de tua resposta.

Sigamos juntos!

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INGRID BRASILINO
@ingridbrasilino
Diante de um caos, nada mais sensato ao nosso sistema neurofisiológico do que
o que tem acontecido: ele sinaliza vulnerabilidade e medo.

É evidente que a predisposição normal e justa ao medo em situações adversas


como essa acontece. Receber estímulos sensíveis, visuais e auditivos,
principalmente no atual caso, ativa de forma rápida o nosso córtex límbico, ou
emocional, porque a amígdala, que decodifica o medo, é constantemente
ativada. Dessa forma, o nosso córtex avaliativo não faz o seu papel. E, assim,
paralisamos.

Mas, nesse momento, não é importante paralisar? Não, é importante mudar o


nosso foco.

O foco atual - em noticiários e conversas sobre o problema - só vai manter ativo


todo o sistema que citei acima. E tirar de nós o ponto fixo ao qual devemos
olhar e, além disso, gerar ou aumentar nossa ansiedade.

No meu coração hoje um grande som batucava constantemente a ideia de que


somos convocados a algo nesse tempo de quarentena. Somos chamados a nos
conhecer melhor. Várias vezes eu repito: o trincado que tem dentro de nós
precisa ser exposto. Temos que deixar de ter medo das cicatrizes e do que nos
aguarda após elas.

Tenho praticado constantemente a experiência do espelho da humildade.


Confesse a si mesmo suas cicatrizes diariamente, para que não venha a ganhar
novas no dia seguinte. É desse tipo de cuidado que precisamos. Mais do que
qualquer outro.

Recolher o corpo para ampliar a alma. É justo que soframos um pouco para
esticar nossa consciência de si e da realidade. Mas só nesse constante processo
de olhar no espelho e confessar aquilo que de melhor há - e de pior também - e
do que hoje eu posso fazer, é que se trilha um caminho de mudanças.

Que teoria bacana, Ingrid. De onde você tirou?

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Comecei a realizar grandes mudanças na minha vida quando entendi a real
proporção do amor. Quando o amor ganhou prioridade. Quando organizei meu
coração. Enxergar no terreno um caminho vertical por meio do que me foi feito
- e do que eu fiz - por alguém me deu a possibilidade de ser e a coragem de
confessar.

Há algo no coração do homem capaz de diminuir o furacão. Há algo de


concreto que você pode intensificar nesse momento. É a intensidade do teu amor
que vai te tornar capaz de enfrentar esse momento sem o medo excessivo.
O medo, o desespero ou a desesperança são próprios apenas daqueles que
amam do modo errado. Amar é sair de nós, não para as ruas. Amar é entender
que estamos em constante vulnerabilidade.

Eis o tempo que nos convida a tocar a sinfonia do amor, do cuidado, do zelo,
da harmonia, do autoconhecimento, da esperança.

Precisamos apenas amar e nada mais, é assim que dizem os grandes.

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JULIANA SENTO-SÉ
@jusentose
Queridos todos que estão lendo esse livro feito com tanto carinho pela Rebecca,
gostaria de deixar aqui algumas reflexões que momentos como esse nos trazem
de forma mais intensa que nunca.

Estamos vivendo sim uma circunstância de crise, um momento de dor, algo que
ultrapassa as fronteiras da nossa casa, da nossa cidade, do nosso país. A medida
da quarentena está aí posta e nós devemos cumpri-la, a não ser que você
precise realmente sair de casa e trabalhar. Se você está nesse grupo, quero te
agradecer e dizer o quanto admiro tua coragem e bravura. É com bravura e
entrega que a vida vale a pena ser vivida. Acovardar-se diante de um vírus ou
de qualquer outra circunstância é sinal de que provavelmente você está vivendo
a sua vida sem a intensidade necessária a que somos chamados.

Eu particularmente tento sempre buscar o melhor, mesmo no meio das


tragédias. E gostaria de trazer alguns pontos aqui para que vocês possam
refletir. Nós podemos sair melhores disso tudo. Ou não. Mas faço o convite para
os que estão dispostos a mergulhar nessas reflexões:

Primeiro de tudo, tudo isso nos mostra o quão pequeno somos. Somos assim um
grão de areia diante da imensidão do que é a Vida. Não adianta lutar contra
isso, precisamos aceitar nossa condição de pequenez. E dentro dessa pequenez
podemos fazer muito. E devemos fazê-lo. A vida tem sentido quando deixamos
de olhar para o nosso umbigo e entregamos tudo de nós ao outro. Ainda que
seja na quarentena, há muito a fazer, pelos seus pais, seus filhos, seu
companheiro (a), seus avós, etc. Hoje temos ainda o recurso da internet, você se
dá conta do quanto pode ajudar? Uma palavra amiga, uma chamada de vídeo,
para estar perto dos que estão longe, as possibilidades são muitas. Mesmo
diante da nossa pequenez.

Além disso, a circunstância atual traz com toda força a realidade de que, sendo
apenas humanos, não estamos no controle de quase nada. De repente,
perdemos nossa liberdade de ir e vir, muitos perdem seus trabalhos, perdemos a
possibilidade de fazer “o que quisermos”. Sim, essa é a nossa condição, e sempre
foi, mas quantos de vocês estavam até então desatentos a isso e vinham

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vivendo a vida como se tivessem o poder de controlar tudo? Esse é o momento
de aprofundar nessa reflexão.

Um terceiro ponto, talvez o mais importante, é o confronto com o fato de que


sim, nós vamos morrer. Certamente a maior parte de nós não vai morrer do
coronavírus. Mas, fato é que, diante da circunstância atual, não há como não
refletir sobre isso. Se você está desesperado demais com isso, repense a sua
vida. Aproveite a quarentena para aprofundar nessa questão: você vai morrer,
eu vou morrer, aqueles que amamos vão morrer. Todos vamos. Não sabemos
como nem quando, mas é a única certeza que carregamos nessa vida. Para não
termos medo da morte, e nem nos desesperarmos, precisamos meditar
profundamente sobre isso, precisamos viver a nossa vida entregando tudo de
nós para os outros, queimando feito uma vela que ilumina e se consome em si
mesma. Veja o paradoxo da vela, mas ela existe para isso, se não queima, não
ilumina e não serve de nada. Nós, seres humanos, se não vivemos nossa vida
servindo aos outros, então nossa vida não vale de nada. E aí sim, nesse caso, se
percebemos que podemos morrer, entramos em profundo desespero. Vejam,
aqui todos nós temos a chance de refletir sobre questão tão profundas e
importantes, e podemos sair seres humanos melhores desse momento de caos.

Além desses pontos de reflexão, gostaria de deixar algumas dicas práticas para
todos vocês, nesse período de quarentena (e também para a vida): Crie uma
rotina diária (se já tem uma, mantenha, fazendo adaptações necessárias);
Aproveite para estar em família e favorecer a colaboração entre todos;
Aumente seus momentos de meditação, oração e contemplação do Belo ao
longo do dia (nossa alma precisa, mais do que nunca, de bons alimentos);
Aproveite a oportunidade para refletir o que você tem feito da sua vida até
aqui. Sempre é tempo de sermos melhores.

Façam um certo jejum de notícias sobre o covid-19, atualize-se uma vez ao dia
no máximo, você já sabe o que precisa fazer, não há motivo para se alimentar
de desgraça por 24h, isso não é o que nossa alma precisa.

Os riscos pessoais de letalidade (a pessoas que não estão no grupo de risco)

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são muito baixos. Não há motivo para pânico, apesar de tudo. O desespero
não ajuda em nada, não te ajuda a sair do caos nem muito menos a ajudar
alguém que precise de você. Se nós nos desesperarmos, não vamos ter condição
de ajudar ninguém.

Pessoas em pânico trazem à tona o pior de si, o egoísmo é o primeiro que


aparece. Mas pessoas que conseguem manter a calma, a tranquilidade e a paz
interior, apesar de tudo, essas sim são capazes de atos de compaixão, amor e
heroísmo.

Algumas coisas na vida não têm sentido aparentemente. Não perca tempo
tentando encontrar sentido. Pode ser que você não encontre mesmo. Nós
precisamos ser corajosos, e não covardes, está aqui uma grande chance. Nós
precisamos ser vela que ilumina e aquece a vida do outro, vela que se consome
pelo outro. Não há nada de novo aqui. Esse é mesmo o sentido da vida. Mas
agora, em tempos de caos e incerteza, você tem uma grande chance. Seja luz
para quem precisa. Não tenha medo de se deixar queimar pelo outro. É assim
que o medo diante do vírus desaparece, perde o sentido, porque a sua vida
ganha todo o sentido.

Cuidem-se todos. Deixo meu beijo afetuoso e cada um de vocês. Contem


comigo. Estamos juntos nessa.

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DÉBORA OTTONI
@debora.0ttoni
Estamos mortos, e não sabíamos!

Estes últimos dias têm suscitado em nós um incômodo de falarmos sobre algo
que estamos sempre tentando evitar, mas que agora se torna inevitável: a
morte.

Em uma de suas aulas, o professor Sidney Silveira utilizou de uma fala que me
marcou profundamente: “Uma civilização que tem pavor de morrer, já está
morta e não sabe.”

Nossa civilização está morta porque não temos alimentado nossas almas com
aquilo que, de fato, nos faça experimentar a vida. Estamos nos sucumbindo ao
medo porque nos deparamos com a realidade de não sabermos para o que e
porquê temos vivido. Passamos os nossos dias tão preocupados em nutrir nossos
desejos fugazes, nossas vaidades e satisfações momentâneas que só percebemos
a falência e insignificância de nossas vidas, quando a morte se torna uma
possibilidade.

Por isso, se torna tão penoso quando somos obrigados a nos enclausurarmos em
nossas casas, pois desaprendemos a lidar com o que é essencial. Se torna
atormentadora a verdade da existência de uma solidão que habita nossa alma,
não sabemos mais ouvir a voz do silêncio. Nos desacostumamos com a
companhia dos nossos filhos, maridos e esposas, nos esquecemos de como é
olhar com atenção nos olhos daqueles que fazem parte dos nossos dias e de
como podemos doar um pouco de nós no sofrimento, em um período de tanto
egocentrismo.

É mais fácil sair para arrumar o mundo lá fora através de nossas importantes
profissões, cargos e funções, dos tantos telefonemas, e-mails e ordens que
precisamos dar e responder, do que arrumar as nossas próprias vidas. Voltar
para a casa é ter que assumir que quando tiramos os ternos e roupas sociais,
não dá mais esconder quem SOMOS. Estar em casa é estar em contato com
quem somos de verdade, e isso dói. Dói porque constatamos o quanto temos
sido desorganizados, omissos, desatentos, ausentes e egoístas. É a ratificação de

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que estamos mortos em vida.

Mas o providencial de Deus é que, mesmo em tempos difíceis, podemos


recuperar e encontrar o sentido da vida. Podemos utilizar esse momento de
reclusão para crescer e nos moldarmos como pessoas melhores, buscando o que
realmente é fundamental e que nos faz sentir vivos. Voltaremos a sentir a vida
pulsando em nosso peito quando formos fortes em meio ao caos, ao abdicarmos
do papel de vítimas assumindo a responsabilidade das nossas ações; quando
deixarmos de ser egoístas nesse tempo de angústia e oferecermos apoio e
palavras de ânimo, ao invés de esperar recebê-las de alguém; quando
oferecermos suporte para aqueles que estão fracos; quando nos esforçarmos
todos os dias para acordar cedo e estabelecer uma rotina; quando estendermos
a cama ao acordar e organizarmos a casa como se estivéssemos aguardando
uma visita; quando nos desligarmos dos aparelhos que nos anestesiam e nos
roubam o tempo, para conversar com os que estão do nosso lado; quando
colocarmos em nossos lábios orações e súplicas por nós e pelos outros; quando
nos dedicarmos aos deveres oferecendo o nosso melhor.

Só nos sentiremos vivos quando fortalecermos e alimentarmos nossas almas com


as virtudes do alto e que, expressas em gestos, atos e práticas exercidos através
da caridade, do amor, da verdade, da beleza e bondade, apontem para a
eternidade. Quando amarmos a nossa realidade, ainda que ela seja de dor e
sofrimento, entendendo que é nela que atuamos com o que temos e somos. Que
sejamos e ofereçamos o nosso melhor hoje, pois é no agora que a vida exige de
nós. Assim, quando a morte nos visitar não teremos medo, pois teremos a
certeza de que vivemos de verdade até o último segundo que nos foi dado.

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GYLMARA PEREIRA
@gylmaraapi
“Haverá maior mal do que não podermos estar em nossa própria casa? Se em
nosso lar não acharmos sossego, que esperança teremos de encontrá-lo em
casas alheias? ” (Santa Tereza D’Ávila)

Começo minha reflexão, a partir da minha experiência sobre o isolamento social


que estamos obrigados a viver, em vista da epidemia do Coronavírus.

Querendo fazer algo proveitoso nesse período, acredito que a Providência


Divina colocou o livro Castelo Interior ou Moradas, de Santa Tereza, em minhas
mãos para me lembrar que, além do recolhimento físico no meu apartamento, a
vida me chama ao recolhimento espiritual. Este último, é o que ela pede em seu
livro, ou seja, o autoconhecimento, tão em voga hoje.

No livro a santa diz que: “ é desatino pensar que havemos de entrar no céu sem
primeiro entrar em nós mesmos (...)”. Para quem não sabe, nesse livro ela ensina
às suas filhas espirituais como buscar a perfeição através da oração. Ela diz
ainda que é preciso adentrar no nosso castelo interior, que é nada mais nada
menos o nosso interior, onde encontraremos com o Rei que habita nele.

Sabemos também o quanto essa proposta tem sofrido resistência por cada um
de nós. O quão é difícil é a perseverança na oração! Por mais que a Igreja e os
dirigentes espirituais indiquem-na como remédio e meio eficaz para alcançar a
intimidade com Deus, porém, a resistência humana para olhar-se e examinar-se
ainda é muito grande. Não queremos parar os nossos afazeres e trabalhos para
nos deter no silêncio e contemplação. Mas sabe porque é difícil? Porque a
oração não se tornou prioridade ou questão de vida ou morte, pelo menos não
é o que parece.

Confesso que falo a começar de mim. Tudo que está fora de mim, ainda me é
muito atraente e chamativo. Mas são notórios os prejuízos que percebo pela
ausência desse percurso até o meu castelo interior: não enxergar com mais
clareza o que há de precioso, de miserável e misterioso em mim.

Nesses dias, fui obrigada a experimentar o recolhimento físico, humano e

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espiritual. Fisicamente, no meu apartamento, fazendo o que normalmente não
faço, faxina da casa, lavar banheiro e roupa. As outras tarefas domésticas eu já
fazia. Mas tive que sair dos muros do castelo e entrar no ordinário do serviço
caseiro, não mais de forma apressada como fazia, pois, antes, tinham outros
afazeres mais interessantes e urgentes para fazer fora de casa e que impediam
de fazer com mais perfeição e zelo.

No plano humano, resolvi ligar para todos aqueles que fazia tempo que não
falava. Não esperei que ligassem para mim ou perguntassem se eu estava bem,
mas busquei as pessoas, antes que elas me procurassem. Daí percebi que não
tinha tempo para tristeza, tinha que pensar nos outros.

Enfim, na dimensão espiritual, além de alguns filmes, me debrucei no livro de


Santa Tereza e resolvi começar essa aventura em busca de meu próprio EU. E
tudo foi se confirmando. O tempo, que antes era meu inimigo, agora se tornou
meu aliado. Não tem desculpa agora. O adágio popular tá valendo: “Não há
mal que não traga um bem”. E sabe quais as palavras de Tereza que me
estimularam a iniciar essa jornada? Foi essa: “fora deste castelo – tenha certeza
– a alma não achará segurança nem paz. Deixe de andar pelas casas alheias.
Sua própria casa está repleta de bens, se os quiser saborear: onde poderá achar
tudo de que precisa como em sua casa? Especialmente tendo tal Hóspede, que
lhe dará domínio sobre todas as suas riquezas(...)”. Isso me fez lembrar a frase
que tem ecoado em todas as redes sociais: “FIQUE EM CASA POR VOCÊ E
PELOS OUTROS”.

Que coincidência ou providência!! O clamor da humanidade hoje é o mesmo de


Santa Tereza a mais de quatrocentos anos atrás: “Haverá maior mal do que
não podermos estar em nossa própria casa? Se em nosso lar não acharmos
sossego, que esperança teremos de encontrá-lo em casas alheias? ” (Santa
Tereza D’Ávila).

Em meio ao risco do Coronavírus, haverá mal maior do que sair de casa? Não.
Assim como haverá mal maior do que não adentrarmos em nós e em nosso
castelo interior, como diz a santa? Também não.

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Então, nesse tempo difícil é preciso buscar os nossos tesouros: nossa família e
nossa casa interior. Na casa física, os avós, pais, irmãos, esposo, esposa, filhos,
porque são os que mais amamos. Não adianta buscar fora o que só tem em
casa. Assim, em tempos de quarentena, não adianta preencher a solidão, a
carência, a angústia, o medo de ser contaminado e a falta de paz apenas em
redes sociais, mas voltar-se para aquilo pelo qual morreríamos. E se não gosta
de estar junto com a família, é melhor começar a mudar a situação, porque no
momento é isso que se tem, e, na verdade, você estava precisando enfrentar
essa verdade. O outro tesouro é o nosso interior ou castelo, onde está o Cristo,
amado de nossa alma. Mas, como em casa tem alguns membros da família que
não nos damos bem, mas teremos que enfrentá-los, para chegar ao cômodo do
Rei, teremos que enfrentar alguns inimigos indesejados, como medos, a louca da
imaginação, temperamento, egoísmo e tudo que nos impedem de chegar aonde
a nossa alma mais anseia: o encontro com nós mesmos, que, em certa medida, é
o encontro com o Rei.

Pois bem, se nos esforçarmos na busca desses tesouros durante esse período de
provação, podemos evitar um sofrimento sem sentido, porque ao nos voltamos
para aquilo ou para aqueles que tem valor para nós, como aqueles a quem
amamos, e, por outro lado, nos desafiando ao encontro com a nossa própria
verdade e realidade, elevaremos nossa humanidade e sairemos da mediocridade
da vida antes do COVID-19.

Como vocês, estou lutando para entrar no castelo interior do meu coração. Mas
olha, a privação não está sendo ruim, afinal, não estamos sofrendo o que nossos
irmãos sofreram nas grandes guerras. Até porque, muita coisa que eu queria
fazer e não tinha tanto tempo, estou fazendo, como ler, rezar e escrever esse
artigo. E você? O que tem feito? Estamos juntas!!!

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ALINE COSTA
@alinecosta.sentidodavida
Esse tempo em que estamos vivendo é um novo tempo, e tudo que é novo trás
consigo suas inseguranças e incertezas.

Uma das situações nesse tempo de pandemia que mais está me levando a
refletir é a angústia que tenho observado em muitas pessoas com relação ter
que estarem a sós, com sua própria presença.

Devido ao isolamento social que nos foi proposto em medida preventiva a


doença, muitas pessoas não estão podendo ir trabalhar, estudar, se
confraternizar com os seus colegas, amigos e familiares, e para muitas pessoas
esse isolamento dos outros remete a uma profunda solidão.

Mas elas próprias não são uma pessoa? Elas próprias não são uma presença?
Como podem estar em pânico por estarem consigo mesmas? Porque não existe
paz em estar a sós lendo um livro, assistindo uma série, ou produzindo qualquer
atividade individual?

De fato, não fomos criados para nós mesmos, Viktor Frankl afirma que o ser
humano exerce sua capacidade humana efetivamente quando se dedica a
alguma missão para suprir alguma necessidade das pessoas no mundo.

O problema é que quando não nos reconhecemos inteiros, ou seja, sendo uma
presença para nós mesmos, nossos relacionamentos de tornam distorcidos,
prejudicados. Pois ao invés de nos relacionarmos para agregar o que somos na
vida do outro, nos apegamos ao outro como tentativa de nos completarmos ou
nos preenchermos do falta em nós através das características em que neles
consistem ou até mesmo como forma de distração do que devemos remover ou
desenvolver em nós mesmos.

Portanto, esse tempo de crise exterior é um momento totalmente propício para


mergulharmos num auto conhecimento profundo, nos depararmos com nossas
lacunas a preencher, com a direção do leme da nossa existência a redirecionar e
de fato compreendermos que nos não somos pedaços, nem metades, somos um
ser capaz de se preencher por completo através da realização de sentido de

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vida e sendo assim podemos nos encher a até transbordar na vida dos que para
nós são tão queridos.

E mesmo nessa situação de ações limitadas em que nos encontramos hoje,


apostamos no que Viktor Frankl defende como Valor de Atitude: Ainda que
meio paralisados como estamos, podemos decidir enfrentar nossos fantasmas
interiores para sermos pessoas melhores para quem amamos e ilumina-las assim
que essa tempestade passar e o sol se abrir novamente.

Eu enfatizo: Não estamos sozinhos, pois somos uma presença, uma construção
existencial, uma pessoa consciente e livre, que se realiza quando percebe que
não nasceu para ser servido, mas para servir.

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ROSIANE ALBUQUERQUE
@rosiane.albuquerque_
Períodos críticos carregam a potencialidade de estabelecer mudanças definitivas
em nossas vidas, pois revelam mais intimamente quem somos e o que estamos
fazendo com a nossa existência.

Como saber para onde ir, se não sei onde estou? Quando estamos perdidos,
para prosseguir viagem, temos que: parar, olhar à nossa volta, observar o que
está diante de nós, atentar para como estamos e o que temos, planejar um
roteiro, pensar estratégias e só assim poder entrar em rota e seguir em frente. É
isso que este tempo nos pede: olhar para a realidade, tocá-la, contemplar o
que/quem está ao nosso redor, prestar atenção aos nossos movimentos
interiores e aos exteriores, criar um enredo para a nossa rotina e escolher a
música que queremos dançar com a vida.

Quando estamos diante de uma realidade que não podemos mudar, somos
convocados a mudar a nós mesmos, a mudar a forma de olhar para ela. A
maior crise não é essa epidemia, é a crise de sentido que ou é deflagrada ou se
instala nesses períodos em que tocamos tão cruamente a vida humana e sua
frágil condição.

Podemos sim dar um sentido a tudo o que nos acontece, por pior que seja, esta
é a nossa liberdade última, escolher o que fazer com o que nos ocorre. É esse
sentido que colocamos no que vivemos que nos faz sair mais fortes e vivos da
tempestade, do sofrimento inevitável.

Quem e com quem você quer sair dessa? A resposta está no como você encara
a realidade e o que faz com ela. É uma decisão que está ancorada na
responsabilidade individual e intransferível pela própria vida.

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LETÍCIA MEDEIROS
@leticiamedeirospsi
O momento que estamos vivendo reflete o quanto somos pequeninos diante da
realidade e que não temos o controle da situação. Isso pode nos dar a sensação
de que, por não estarmos no controle, as coisas só vão piorar. De fato, não é
fácil passar por situações como esta, mas isso não significa que somos
totalmente impotentes. Ainda resta em nós a capacidade de assumir as rédeas
do que está ao nosso alcance, do que entendemos como nosso dever. Ao
fazermos a nossa parte, cientes de que só controlamos nossas próprias atitudes,
poderemos entregar todo o resto nas mãos do mistério que está do lado de fora.
E assim esperar por um detalhe que sempre se apresenta, por mínimo que seja,
para nos mostrar que, mesmo em meio ao caos, ainda existe algo de bom por
vir.

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RENAN MORAIS
@psi.renan
O medo é amigo da prudência, mas a ansiedade é inimiga!

Diante de um grande problema é natural que a ansiedade gere uma paralisia; e


mesmo sabendo, de certa forma, o que precisa ser feito, agir passa a ter um
peso maior, como se estivesse carregando as preocupações todas da família, do
trabalho e do mundo nas costas.

Nesta hora o mais prudente é colocar a razão para o centro e os sentimentos


para a periferia. Para fazer isso você precisa parar por um instante, se afastar
das redes sociais, das telas e de toda a agitação, respirar com calma e começar
a pensar como será a sua rotina nas próximas semanas, para planejar as
providências que serão necessárias.

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LARISSA CABRAL
@psi.larissacabral
Fomos criados pra controlarmos tudo: a escolha da profissão, se ou quando
casar, não ter filhos ou quantos e quando ter.. E assim fomos aprendendo que
estamos no controle de nossas vidas.. Doce ilusão!

Nos achamos imunes de guerras, de doenças, de pandemias.. “Nada pode nos


atingir! Nós estamos no controle!” E, de repente, não podemos decidir nem sair
de casa, mal podemos planejar o dia de amanhã.. Que lição para todos nós!

Nossa vida não nos pertence, não podemos controlar nada.. Não sabemos se
nós ou nossos familiares seremos contaminados pelo Coronavírus, não sabemos
quem morrerá, não sabemos o tamanho do impacto nos nossos trabalhos e na
nossa renda.. O único controle que temos nas mãos é o que fazer com as
circunstâncias que nos apresentam, ah esse controle temos, e que poder ele tem!
Podemos transformar verdadeiramente as situações dependendo da nossa
forma de agir..

Podemos nos desesperar diante do caos, mas podemos também enxergar as


possibilidades inerentes a toda crise. Quem não queria mais tempo em casa? (E
quem não pode, porque está na linha de frente, provavelmente daria tudo pra
poder estar em isolamento social). Quem não queria tempo pra colocar em dia
leituras e cursos? Passar mais tempo em família? Colocar receitas em prática?
Organizar a casa? Ficar com o marido? Brincar com as crianças? “Ah, mas não
nessas condições, né?” Claro que não, mas essa é a nossa circunstância atual, e
podemos tirar o melhor proveito dela ou simplesmente deixar a oportunidade
passar (não sem experimentar depois o remorso pelo tempo perdido que não
voltará mais). Não façamos isso! A vida está nos dando uma chance! Chance
de viver e valorizar o que realmente é importante!

Nunca mais seremos os mesmos, e acreditem, nossa vida poderá ser muito
melhor pós-pandemia, depende das nossas escolhas e do sentido que damos à
nossa vida! Não temos o controle de nada, mas dessa forma, temos o “controle”
de tudo.

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LUCAS LEANDRO
@lucasleandropsicologo
A virtude da fortaleza que nós podemos/devemos desenvolver, foi marcada em
um passado distante pelos grandes guerreiros medievais, que lutaram com
imensa bravura a fim de dar norte ao caminhar da civilização, de desbravar
novos territórios, de sobreviver aos maiores traumas históricos e preservar o
sagrado ao longo das gerações.

Nós, como guerreiros e guerreiras da modernidade, ao enfrentarmos tamanhas


dificuldades em nossos tempos, devemos lembrar todos os dias que nosso papel
também se encontra no enfrentamento das circunstâncias da nossa geração,
sejam elas de homens e mulheres violentos, injustos e imprudentes ou sejam de
doenças, catástrofes e desordens em geral.

Padre Francisco Faus, em seu livro "Conquista das Virtudes", já disse: "De fato,
a fortaleza é uma virtude moral que robustece a nossa vontade, para que
seja capaz de enfrentar, sem medo, coisas boas que são difíceis; e de ir atrás do
bem custoso, “árduo”, dispostos a sofrer – por esse bem difícil – sem queixar-nos
nem desistir." Dessa forma, é fácil perceber que a solução que buscamos, aliás,
que nossa MELHOR solução para um momento como esse, será
inevitavelmente derivada da virtude da FORTALEZA.

Para sermos fortes, portanto, e ajustarmos nossos comportamentos para lidar


com essa crise, nos cabe:

-cumprir deveres ainda que neste estado de quarentena, mantendo nossos lares
e tarefas organizados;
- criar oportunidades de reflexão através de boas leituras, boas músicas e bons
filmes, a fim de oferecer algo útil aos que convivem conosco;
- desejar/pedir em oração, forças específicas que nos faltem, ao mesmo tempo
que nos esforçamos na prática para desenvolvê-las;
- praticar a generosidade dentro e fora de casa de acordo com as possibilidades,
visando o bem estar de outros e não somente o individual;
- buscar as estratégias sabiamente oferecidas por profissionais de diversas áreas,
para não perder o bom condicionamento físico, emocional e mental;
- por fim, mas não menos importante, não perder nossa vertente do

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transcendente, pois nosso corpo pode padecer, mas o espirito forte sempre há de
se reerguer no fim de tudo.

Em resumo, vamos juntos encontrar em nossas próprias realidades os sacrifícios


necessários, as dificuldades a serem superadas e os serviços a serem executados
com firmeza e retidão a favor do progresso saudável dos nossos e dos que nos
rodeiam. Assim, como guerreiros, teremos mais chances de vencer com honra e
fortaleza no campo de batalha que carinhosamente chamamos de VIDA.

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REBECCA ATHAYDE
@rebecca.athayde
Hoje, recebi a mensagem de um amigo pedindo oração pelo pai, que, por não
entender a gravidade da situação, arriscava-se em sair de casa. Vi também
meu marido chorar de preocupação por seus pais, por achar que ainda não
conseguiu demonstrar o quanto os ama e ter medo de perdê-los.

Não sei se daqui a alguns dias tudo eclodirá com mais força ou se estaremos
comemorando a cura e controle da situação. O que sei é que a vida tem nos
impelido a refletir sobre a morte, ainda que ela chegue em dias ou em muitas
décadas lá para frente…

Se o medo de perder pessoas tem dominado o teu coração, não perde mais um
minuto sequer: liga para essas pessoas, diz a elas o quanto as ama e o quanto a
vida delas é importante para você! Não tenha medo de chorar, de se expor.
Amar requer coragem e uma palavra pode lançar aquela pessoa no sentido do
sofrimento e transcender toda essa situação.

Se o medo que você tem é de perder a sua própria vida, dê também a ela um
sentido de eternidade. “Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois
estás comigo…”. Coragem! Caso precisemos nos deparar com a morte (o que já
aconteceria hora ou outra), que nos encontre exatamente aonde deveríamos
estar: de cabeça erguida, cumprindo o nosso dever, dando sentido de eternidade
à nossa vida: amando, sorrindo, ajudando uns aos outros, tendo esperança...

Talvez, o vírus, que parece ter vindo para tirar nossas vidas, veio também para
devolvê-la a tantos que já não viviam, apenas enganavam-se correndo entre os
concretos do mundo, sem enxergar um palmo de realidade a frente.

Que a possibilidade de morte nos inspire a viver melhor e, ao sairmos dessa


quarentena (que, não por coincidência, caiu em plena quaresma), tenhamos
deixado para trás uma vida velha, cega para o amor que se derrama todos os
dias a nossa frente…

Nos permitamos ser moldados por essa situação, pelo sofrimento que nos chega
direta ou indiretamente. O vírus nos convoca a mudar, não apenas por nos

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isolar em nossos lares, mas por nos libertar da prisão interior que nos
encontrávamos há tanto tempo… Talvez, ele tenha nos fechado em nossas
casas, para conseguir abrir o nosso coração…

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tempos
em

difíceis
sempre nasce a esperança

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