Zeus Liceu

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Zeus Liceu

Ver também: Liceias

Zeus
Cabeça com coroa de louros, num stater de ouro. Lâmpsaco, c. 360-340 a.C., Cabinet des Médailles

O epíteto Zeus Liceu (Zeus Lykaios, "Zeus-lobo") era atribuído a Zeus apenas quando


associado ao festival arcaico das Liceias, na localidade de Liceia, nas encostas do Monte
Liceu, o pico mais alto da Arcádia. Zeus tinha uma associação apenas formal[32] com os
rituais e mitos deste rito de passagem que envolviam a ameaça antiga de canibalismo e a
possibilidade de uma transformação em licantropo para os efebos que dele participavam.
[33]
 Nas proximidades da antiga pilha de cinzas sobre a qual eram efetuados os sacrifícios,
[34]
 se encontrava um recinto proibido no qual, supostamente, nenhuma sombra jamais era
projetada.[35]
De acordo com Platão,[36] um clã específico se reuniria na montanha para fazer um
sacrifício a Zeus Liceu, a cada nove anos, e uma pequena quantidade de entranhas
humanas era acrescentada às entranhas do animal sacrificado; aquele que consumisse o
pedaço de carne humana supostamente se transformaria num lobo, e voltaria à forma
humana apenas se não voltasse a consumir carne humana até o fim do próximo ciclo de
nove anos. Haviam jogos associados com o festival das Liceias, que foram interrompidos
no século IV a.C. com a urbanização da Arcádia (Megalópole); lá, o principal templo era
dedicado a Zeus Liceu.
Apolo também tinha uma antiga forma lupina, Apolo Liceu (Apollo Lycaeus), venerado
em Atenas no Liceu (Lykeion), célebre por ser um dos locais frequentados por Aristóteles,
onde ele costumava lecionar.
Outros cultos
Embora a etimologia indique que Zeus era originalmente um deus celestial, diversas
cidades gregas prestavam homenagem a uma versão local de Zeus, que vivia sob a terra.
Os atenienses e sicilianos cultuavam Zeus Melíquio (Zeus Meilichios, "bondoso" ou
"melífluo"), enquanto outras cidades tinham Zeus Ctônio (Zeus Chthonios,
"terreno"), Zeus Catactônio (Zeus Katachthonios, "sob a terra") e Zeus Plúteo (Zeus
Plousios, "trazedor de riquezas"). Estas divindades podiam ser representadas nas artes
plásticas na forma de serpentes, ou em forma humana, ou até mesmo como ambas, na
mesma imagem. Também recebiam oferendas da carne de animais negros sacrificados
em poços no solo, da mesma forma como era feito para divindades ctônicas,
como Perséfone e Deméter, ou como as homenagens dedicadas aos heróis em suas
sepulturas - enquanto os deuses olímpicos costumavam receber vítimas brancas,
sacrificadas em altares elevados.
Em alguns casos, as cidades não determinavam com precisão se o daimon a quem eles
estavam dedicando o sacrifício era um herói ou um Zeus subterrâneo; assim, o santuário
de Lebadeia, na Beócia, pertencia tanto ao herói Trofônio quanto ao Zeus Trofônio (Zeus
Trophonius, "aquele que nutre"), de acordo com a versão apresentada
por Pausânias ou Estrabão. O herói Anfiarau era cultuado como Zeus Anfiarau (Zeus
Amphiaraus), em Oropo, nos arredores de Tebas, e os espartanos tinham até mesmo um
santuáriio dedicado a Zeus Agamemnon.

Cultos não-pan-helênicos
Além dos títulos e conceitos pan-helênicos mencionados acima, diversos cultos locais
mantinham suas próprias ideias idiossincráticas sobre o rei dos deuses e homens. Com o
epíteto de Zeus Etneu (Zeus Aetnaeus), era venerado no Monte Etna, onde existia uma
estátua sua, e era realizado um festival chamado de Etnéia em sua homenagem. [37] Outros
exemplos é o Zeus Ênio ou Enésio (Zeus Aeneius ou Aenesius), forma com a qual era
venerado na ilha de Cefalônia, onde existia um templo dedicado a si no monte Eno.[38]

Oráculos

Júpiter Amom (Jupiter Ammon)
Molde em terracota com chifres de carneiro, século I, Museo Barracco, Roma

Embora a maior parte dos oráculos fossem dedicados a Apolo, a heróis, ou a diversas


deusas, como Têmis, alguns oráculos foram dedicados a Zeus.
Oráculo de Dodona
O culto a Zeus em Dodona, no Epiro, onde existem evidências de atividades religiosas
desde o II milênio a.C., estava centrado num carvalho sagrado. Quando a Odisseia foi
composta (por volta de 750 a.C.), a adivinhação era feita ali por sacerdotes descalços,
conhecidos como selos (selloi), que observavam o movimento e os ruídos feitos pelas
folhas e galhos da árvore com o vento. [39] Quando Heródoto escreveu sobre Dodona,
séculos depois, sacerdotisas chamadas de pelêiades ("pombas") haviam substituído os
antigos sacerdotes.
A consorte de Zeus em Dodona não era Hera, porém sim a deusa Dione - cujo nome é
uma forma feminina de "Zeus". Seu status como uma das titãs indica que ela pode ter sido
uma divindade pré-helênica mais poderosa, e talvez a ocupante original daquele oráculo.
Oráculo de Siuá
O oráculo de Amom no Oásis de Siuá, situado na região do Deserto Ocidental, no Egito,
não se encontrava dentro dos confins do mundo grego antes da época de Alexandre, o
Grande, porém já pairava sobre o imaginário grego durante o período arcaico; Heródoto
menciona consultas com o oráculo de Zeus Amom em seus relatos das Guerras Persas.
Zeus Amom era especialmente cultuado em Esparta, onde existia um templo dedicado a
ele na época da Guerra do Peloponeso.[40]
Após a viagem de Alexandre ao deserto, para consultar-se com o oráculo em Siuá, este
passou a figurar no imaginário helenístico, especialmente com a figura da sibila líbica.

Zeus e deuses estrangeiros


Zeus foi identificado com o deus romano Júpiter, e associado no
imaginário sincrético clássico (ver interpretatio graeca) com diversas outras divindades,
tais como o egípcio Amom e o etrusco Tinia. Juntamente com Dioniso, absorveu o papel
do principal deus frígio Sabázio. O governante sírio Antíoco Epifânio IV ergueu uma
estátua de Zeus Olímpio no templo judaico em Jerusalém;[41] os judeus helenizados
referiam-se a esta estátua como Baal Shamen ("Senhor do Céu").[42]
Alguns mitólogos comparativos modernos também o alinharam com a
divindade hindu Indra.

Na cultura moderna

Zeus
Reconstrução da estátua em Fídias, num desenho de Maarten van Heemskerck

Representações de Zeus na forma de um touro, a forma que ele assumiu quando


estuprou Europa, podem ser vistas na moeda grega de dois euros e na carta de
identidade britânica. Mary Beard, professora de Estudos Clássicos na Universidade de
Cambridge, criticou o fato, descrevendo-o como uma "aparente celebração do estupro."[43]

No cinema e na televisão, Zeus foi interpretado por diversos atores:

 Axel Ringvall - em Jupiter på jorden, primeira adaptação conhecida do


personagem para o cinema;
 Niall MacGinnis - na minissérie Jason and the Argonauts, e Angus MacFadyen,
na refilmagem de 2000;
 Laurence Olivier - no filme Clash of the Titans (Fúria de Titãs, no Brasil),
e Liam Neeson em sua refilmagem de 2010, bem como na sequência, Wrath
of the Titans;
 Anthony Quinn - na série de televisão Hercules: The Legendary Journeys, da
década de 1990;
 Rip Torn - na animação Hercules.
 John Novak - na série de televisão Supernatural (série), no episodio 8x16.
 Luke Evans - no filme Immortals (2011) (Imortais, no Brasil).

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