Apostila Completa - Fundamentos e Aplicações em Engenharia PDF
Apostila Completa - Fundamentos e Aplicações em Engenharia PDF
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Mestre em Engenharia Civil – Área Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista em Geoprocessamento pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos/RS). Graduada em
Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos/RS.
Importância e contexto
do estudo arquitetônico
Patrícia de Freitas Nerbas
Mestre em Engenharia Civil – Área Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Geoprocessamento
pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos/RS). Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos/RS.
endimentos. Além disso, irá proporcionar conhecimento técnico sobre alguns conceitos básicos que se
integram no processo de desenvolvimento do produto imobiliário.
Antes de falarmos especificamente dos processos de desenvolvimento do produto imobiliário,
devemos entender qual é a ótica do gestor imobiliário. Para isso, vamos refletir sobre a função desse
profissional no mercado de trabalho.
O gestor imobiliário exercerá suas habilidades em consonância aos negócios imobiliários de qual-
quer natureza, operando com conhecimentos da área jurídica e da área técnica sobre o produto imo-
biliário. Uma das funções mais conhecidas do gestor imobiliário é sua atuação na comercialização e na
avaliação financeira dos produtos imobiliários.
Produto imobiliário
Você deve ter pensado que os principais produtos do ramo imobiliário são os imóveis, os quais
podem se localizar tanto no meio urbano quanto no meio rural das cidades. O gestor imobiliário pode
trabalhar ainda com terrenos (lotes) que contenham edificação, ou seja, empreendimentos imobiliários
com área construída, ou sem edificação alguma (terrenos vazios, prontos para serem ocupados).
Para comercializar, indicar caminhos para seus clientes e avaliar é necessário que o gestor imobiliá-
rio estude aspectos técnicos, legais e humanos relacionados ao desenvolvimento do produto imobiliário.
Por isso, é de suma importância ao gestor imobiliário entender todos os processos envolvidos, desde a
etapa de planejamento até a comercialização do empreendimento imobiliário. A partir disso, esse pro-
fissional pode realizar análises qualitativas e quantitativas de qualquer empreendimento imobiliário, seja
um terreno vazio ou uma edificação de um ou mais pavimentos, por exemplo.
Os processos para o desenvolvimento do produto imobiliário apresentam variabilidade e depen-
dem da organização da empresa que irá lançar o empreendimento e da qualidade que se pretende atin-
gir. Entretanto, existem alguns aspectos fundamentais relacionados ao desenvolvimento do produto
imobiliário que almeja obter melhores resultados no desempenho da edificação ou comercialização de
lotes.
Todo produto do ramo imobiliário passa pelas etapas de planejamento, execução e comerciali-
zação.
::: Etapa de planejamento: devemos observar todas as informações (técnicas, humanas e
legais) antecedentes à execução do empreendimento. É a previsão de tudo que vai acontecer
nas demais etapas.
::: Etapa de execução: a qualidade dessa etapa depende da qualidade e quantidade de informa-
ções previstas na etapa de planejamento do empreendimento. A fase de execução é a cons-
trução, a materialização do que foi planejado.
::: Etapa de comercialização: nessa fase, o empreendimento é disponibilizado ao mercado para
sua compra, troca, permuta ou venda.
A disciplina de Estudo Arquitetônico para Gestores Imobiliários pretende fornecer subsídios para
o conhecimento básico sobre o conjunto de técnicas que integram a etapa de planejamento físico do
desenvolvimento do produto imobiliário, ou seja, a fase de desenvolvimento dos projetos técnicos e
todos os procedimentos envolvidos.
A etapa de planejamento do produto imobiliário divide-se em alguns estágios, os quais são o foco
desta disciplina, já que o gestor imobiliário deve saber identificar os aspectos que podem qualificar ou
não o empreendimento imobiliário. Por isso, esse profissional necessita de conhecimentos técnicos bá-
sicos para melhorar sua percepção frente aos produtos com os quais trabalha e melhorar suas análises
referentes aos imóveis.
Abordagem da disciplina:
o planejamento físico do produto imobiliário
A disciplina estudada procura enfatizar as relações existentes durante o processo de desen-
volvimento do produto imobiliário, vislumbrando as características muldisciplinares presentes nessa
área do saber. Multidisciplinar, pois o desenvolvimento do produto imobiliário depende da sistema-
tização de um conjunto de saberes, como: técnicos (arquitetos e engenheiros), jurídicos (advogados),
marketing (publicitários), comercialização (gestores imobiliários), entre outros. Claro que o porte do
empreendimento pode exigir mais ou menos profissionais. O grau de qualidade que se pretende atin-
gir, as exigências legais e os valores financeiros disponíveis também influenciam nessa decisão.
A integração entre os profissionais durante o processo de planejamento é essencial. Além de
uma visão multidisciplinar, é importante contemplar todas as informações necessárias ao planeja-
mento para a execução do empreendimento. Antes de descrevermos os principais tópicos relacio-
nados à etapa de planejamento do empreendimento, precisamos entender algumas definições de
planejamento.
O planejamento é a atividade de tomada de decisão sobre o que pretendemos fazer dentro de
um determinado contexto, o qual apresenta restrições e potencialidades. O que é exatamente a etapa
de planejamento de um empreendimento imobiliário?
O planejamento de um empreendimento imobiliário é o desenvolvimento dos projetos técnicos
e demais informações necessárias à execução da edificação ou do parcelamento do solo. De acordo
com Melhado (2004, p. 9), o projeto do empreendimento é resultado de um planejamento que siste-
matiza as informações antecedentes à execução por meio de documentos e desenhos. Especifica as
etapas e recursos que serão empregados durante a execução, de forma a alcançar as metas de todos
os envolvidos e atender aos requisitos necessários.
Antes de iniciarmos o desenvolvimento dos projetos é preciso atentar para todas as infor-
mações de entrada no sistema de projetos. Essas informações compõem a base técnica, legal e
humana sobre as diretrizes que serão seguidas durante o processo de desenvolvimento dos pro-
jetos. Para facilitar, vamos imaginar o planejamento de um edifício comercial de cinco pavimentos
em sua cidade.
Para desenvolver os projetos desse empreendimento você precisa analisar qual é o contexto
urbano em que ele se insere. Por isso você precisa saber qual é a localização geográfica do empreen-
dimento, pois é fundamental identificarmos quais são os potenciais e as restrições existentes no lo-
cal. Nesse sentido, estudaremos conceitos básicos sobre o planejamento urbano, melhorando nossa
apreensão referente à dinâmica das cidades e o conjunto de diretrizes propostas no Plano Diretor
das cidades, o qual indica os potenciais construtivos dos lotes e identifica as zonas de expansão
urbana e usos especiais.
Para que a equipe envolvida no desenvolvimento do empreendimento possa se manter no
mercado e consiga obter melhores resultados na comercialização, é necessário aplicar conceitos
da gestão da qualidade em todas as etapas do empreendimento. A gestão da qualidade objetiva
a melhora contínua dos procedimentos de desenvolvimento do produto, por isso estudaremos
a importância dos sistemas de qualidade na etapa de criação do conjunto de projetos técnicos
das edificações.
Além dos condicionantes técnicos propostos pelas leis urbanas, os empreendimentos imobi-
liários devem considerar os requisitos dos seus clientes, pois para alcançarmos a qualidade do em-
preendimento devemos satisfazer às necessidades dos usuários da edificação. Identificar o público-
-alvo do empreendimento é de suma importância, já que o produto é desenvolvido com base nas
necessidades dos seus clientes. Dessa forma, são apresentadas algumas ferramentas e técnicas para
realizar as análises de desempenho das edificações. As informações contidas nessas análises servi-
rão de indicadores para o desenvolvimento de novos produtos do ramo imobiliário, minimizando
investimentos desnecessários e maximizando o que realmente interessa aos usuários do empreen-
dimento.
Os terrenos que serão comercializados, com ou sem edificação, precisam ser analisados sob o
enfoque qualitativo e quantitativo. O gestor imobiliário precisa analisar informações técnicas como
os potenciais construtivos do terreno e suas características de conforto térmico, por exemplo. Tam-
bém precisa interpretar informações qualitativas do lote, como as visuais do terreno, a sensação de
segurança, de privacidade e demais características subjetivas, conforme o público-alvo do empre-
endimento. Sendo assim, os aspectos qualitativos e quantitativos dos lotes serão listados a partir da
apresentação de algumas definições básicas sobre os levantamentos e observações que devem ser
realizadas.
Antes do lançamento de uma edificação ou de um loteamento no mercado, o empreendimento
passa por diferentes etapas de desenvolvimento. Uma das principais etapas do desenvolvimento do
produto é a criação do conjunto de projetos técnicos, os quais são os responsáveis pela materia-
lização do empreendimento. O gestor imobiliário precisa compreender as definições envolvidas e
as informações necessárias para o processo de desenvolvimento dos projetos dos empreendimentos
imobiliários, visto que esse profissional pode fornecer informações de mercado imprescindíveis à exe-
cução dos projetos.
Mas quais são as características dos projetos de um empreendimento imobiliário? Os projetos
técnicos dos empreendimentos imobiliários têm características específicas, pois representam o empre-
endimento por meio de desenhos e documentos técnicos. As técnicas gráficas utilizadas nas represen-
tações dos projetos seguem algumas normas. Entender as normas de representação facilita a leitura das
plantas, cortes e fachadas e demais desenhos que integram os projetos. A adequada leitura técnica dos
projetos é imprescindível para quem pretende participar do processo de desenvolvimento do produto
imobiliário. Além disso, a interpretação dos desenhos técnicos é essencial para quem irá comercializar
imóveis, os quais muitas vezes estão disponíveis no mercado sem estarem prontos, ou seja, ainda não
foram completamente construídos.
Projetos técnicos
Identificamos as informações básicas que devemos observar antes de iniciar a criação dos pro-
jetos. Também já sabemos que os projetos são representados por meio de desenhos e documentos
técnicos. Mas de que tipo de projeto estamos nos referindo?
Os tipos de projetos envolvidos no processo de desenvolvimento do produto imobiliário depen-
dem das características, do porte, dos condicionantes legais e dos aspectos qualitativos que se preten-
dem atingir. Os tipos de projetos mais usuais no desenvolvimento dos empreendimentos imobiliários
serão apresentados, a fim de fornecer um conhecimento básico sobre o tipo de projeto, sua função e al-
gumas especificidades. Sendo assim, serão apresentados o projeto arquitetônico, os projetos urbanístico,
paisagístico e de decoração de interiores e os projetos estrutural, hidrossanitário e elétrico.
A coerência da apresentação dos tipos de projetos não significa graus de importância, entretanto
procura facilitar a apreensão, sendo que, normalmente, o projeto arquitetônico (quando falamos de
edificações) e o projeto urbanístico (quando falamos de parcelamento do solo) conduzem às decisões
gerais do empreendimento. Os demais projetos são conhecidos como projetos complementares, mas
são essenciais para o desempenho dos empreendimentos que almejam qualidade.
Depois de entendermos as informações básicas que integram o processo de desenvolvimento do
produto imobiliário, vamos estudar algumas características que podem qualificar ou onerar os empre-
endimentos. Essas características técnicas são produzidas na etapa de desenvolvimento dos projetos e
devem ser analisadas procurando sempre a relação custo versus benefício.
Os aspectos que agregam valor na edificação são complexos, pois congregam diversificadas áreas
do saber e variam conforme o público-alvo do empreendimento. Sendo assim, vamos retratar apenas
alguns desses aspectos, conforme o grau de importância e relação com a produção imobiliária, usuários
dos empreendimentos e tendências de desenvolvimento.
Para que um ambiente ou um espaço seja frequentado e tenha uma eficiente utilização é
imprescindível que o espaço apresente características de conforto. Se o espaço não for confortável
ao homem, esse ambiente está condenado ao abandono ou a usos que não foram previstos. Por
isso, estudar relações de conforto ambiental nas edificações é fundamental a qualquer empreendi-
mento.
O conforto ambiental de uma edificação depende da localização do imóvel, da orientação solar,
do padrão e da tipologia das edificações que estão entorno do imóvel, entre outras variáveis (LAM-
BERTS, 2004, p. 51-85). As características básicas de conforto ambiental podem ser mensuradas a partir
da análise do conforto térmico local, do conforto visual, do conforto sonoro e da ergonomia da edifica-
ção (adequação ao uso do homem).
Atender ao conforto ambiental das pessoas é requisito básico para qualquer empreendimento.
Dessa forma, respeitar o meio ambiente em todas as escalas (escala local, regional e global) de abran-
gência dos empreendimentos imobiliários é imprescindível para que o imóvel possa atender às ne-
cessidades e exigências dos seus usuários. Além disso, a legislação e a fiscalização ambientais estão
cada vez mais exigentes devido aos problemas ambientais que afetam todo o mundo. Por isso, serão
apresentadas e discutidas soluções de cunho ambiental nas edificações, as quais qualificam a vida das
pessoas que usam diariamente a edificação e das pessoas que habitam o seu entorno, sob o ponto de
vista socioambiental. Além disso, utilizar os recursos naturais de forma responsável e criativa melhora a
imagem da empresa, que transforma o que era visto como restrição em potenciais ao empreendimento.
A sustentabilidade ambiental dos empreendimentos imobiliários agrega valores antes não percebi-
dos, os quais podem ser o ponto forte dos empreendimentos inseridos em um mercado competitivo.
Sendo assim, o que poderia ser uma restrição ambiental pode se transformar em novas soluções e gerar
novas expectativas para as pessoas que movimentam o mercado imobiliário.
Qualquer imóvel deve atender aos requisitos básicos de qualidade. O empreendimento deve ser
confortável ao ser humano, respeitar a legislação pertinente e a tecnologia existente. A arquitetura do
empreendimento também deve contemplar soluções que atentem às características funcionais e esté-
ticas de cada edificação ou parcelamento do solo, de acordo com as preferências do seu público-alvo.
É óbvio que a preferência estética é pessoal e subjetiva, entretanto, existem alguns padrões esté-
ticos que são aceitos pela maioria das pessoas. Um dos efeitos estéticos que estudaremos está relacio-
nado ao uso da cor nas edificações, visto que a cor está presente em todos os elementos da arquitetura,
seja de forma natural (cor do próprio material) ou artificial (tintas e texturas aplicadas). As cores da
edificação fornecem um excelente impacto visual se combinadas de forma adequada. Ainda serão apre-
sentados os elementos volumétricos que podem compor as fachadas das edificações, pois a volumetria
do empreendimento é considerada como um cartão de visitas.
Depois de discutirmos sobre o processo de desenvolvimento do produto imobiliário e apresen-
tarmos algumas diretrizes que podem qualificar os empreendimentos imobiliários, fica mais fácil de
sistematizar as informações para realizar as análises qualitativas e quantitativas do projeto arquitetônico
das edificações, bem como dos projetos complementares.
Qual a diferença básica entre análises qualitativas e quantitativas? Conforme Richardson (1999,
p. 70), “o método quantitativo, como o próprio nome indica”, caracteriza-se por coletar e tratar dados
por meio da quantificação. O interesse da pesquisa é medir informações e analisá-las com técnicas de
estatística, médias e percentuais. As análises qualitativas diferem-se das quantitativas, pois não utilizam
técnicas estatísticas e não pretendem numerar ou medir as observações (RICHARDSON, 1999, p. 79).
Normalmente, os estudos qualitativos são dirigidos à análise de atitude, preferências e motivações. Em-
pregar a abordagem qualitativa ou quantitativa na análise de um problema depende da natureza do
fenômeno.
Para melhorar nosso entendimento sobre análises qualitativas e quantitativas vamos exemplificar
algumas situações. Imagine uma casa ocupada por uma família. Para verificarmos a adequação do imó-
vel ao uso dos seus proprietários precisamos fazer alguns levantamentos. Para saber, por exemplo, qual
é o ambiente mais usado da casa é necessário questionar os membros da família sobre a frequência de
uso de cada ambiente. A análise da frequência pode ser feita em percentual sobre o ambiente que é
mais usado – esse é um dado de natureza quantitativa. Agora, se quisermos saber os motivos que fazem
as pessoas usarem com maior frequência determinado ambiente, estaremos lidando com dados quali-
tativos. Assim, as análises qualitativas e quantitativas são complementares umas às outras.
O conhecimento adquirido nesta disciplina, somado ao seu saber empírico (conhecimento ad-
quirido no dia a dia profissional) qualificam as análises qualitativas e quantitativas dos empreendimen-
tos imobiliários que você pode fazer. Dessa forma, essas análises podem ser utilizadas, tanto para a
formulação de novos produtos do ramo imobiliário quanto para qualificar seus argumentos técnicos
referentes aos imóveis que você comercializa.
Atividade
1. Reflita sobre o exercício profissional do gestor imobiliário e os objetivos da disciplina de Estudo
Arquitetônico para Gestores Imobiliários. Desenvolva um texto, com um mínimo de 500 palavras,
relacionando as funções do gestor imobiliário e o contexto desta disciplina.
Ampliando conhecimentos
Faça análises qualitativas e quantitativas de empreendimentos imobiliários contidos nos sites a seguir:
<www.arquiteturaeconstrucao.com.br>.
<www.arcoweb.com.br>.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
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Planejamento urbano e
instrumentos de gestão das
cidades
Cenário e contexto das cidades brasileiras
A expansão urbana desenrola-se rapidamente e se reflete na desqualificação dos espaços físi-
cos das cidades, situação enfrentada pela maioria dos centros urbanos brasileiros. Aproximadamente,
81,2% (BRASIL, 2001) da população brasileira vivenciam a baixa qualidade de vida presente nas cidades.
Além disso, a maior parte dessa população se situa às margens da sociedade, povoando as classes so-
ciais de baixa renda, e sofre ainda mais com a desqualificação urbana (BRITO; SATTLER, 2001, p. 21), pois
vive em zonas com pouco ou nenhum tipo de infraestrutura.
O planejamento urbano, quando existe, tem sido trabalhado de forma excludente, pois centraliza
o poder, os serviços e a infraestrutura das cidades em algumas zonas. Entretanto, pensar na valorização
apenas de uma parcela urbana, além de não propiciar a função social da terra, dificulta o desenvolvi-
mento para todos os envolvidos no processo, inclusive para as classes que acabam sendo privilegiadas.
Centralizar os recursos resulta em uma centralização de serviços, o que acaba gerando, por exemplo, um
deslocamento em massa das periferias para os centros urbanos. Essa situação gera congestionamentos
no trânsito, provocando estresse e aumentando a poluição do ar, além de ser inconveniente para os
trabalhadores que enfrentam horas perdidas nas viagens para o trabalho. As características do modelo
de desenvolvimento urbano seguido até então acarretam problemas de cunho social, ambiental,
cultural e econômico.
Os conflitos presentes no dia a dia das cidades são reflexos de uma gestão do território que não
vislumbra todas as variáveis envolvidas no processo. É comum encontrar nas cidades zonas de conflitos,
como: a disposição de lixões em áreas de nascentes ou banhados, contaminando a água urbana; nos
períodos chuvosos, as enchentes – comuns em locais muito impermeabilizados e com pouca área ver-
de – causam prejuízos materiais e à saúde do homem; e no verão, o efeito de ilha de calor presente nos
centros urbanos deixa a cidade desconfortável para as atividades humanas. Esses são apenas alguns
exemplos das inter-relações existentes no meio urbano.
O sistema da cidade é extremamente complexo e computa inúmeras variáveis, as quais se corre-
lacionam umas com as outras. Para assegurar-se a qualidade de vida no meio urbano são necessários
mecanismos e ações que propiciem diretrizes ao desenvolvimento dos sistemas componentes das ci-
dades. O planejamento urbano sistêmico é um meio de qualificação dos espaços que integram a cidade
e visa ao desenvolvimento de estratégias para o ordenamento e uso do solo urbano sob um enfoque
holístico. Os conceitos envolvidos são interdisciplinares, visto que abrangem a inter-relação de várias
áreas de atuação. São elas: a Arquitetura, a Engenharia, a Gestão Imobiliária, a Geografia, a Administra-
ção, o Direito, a Ecologia, a Sociologia, entre tantas outras áreas do saber que atuam nas cidades. Sendo
assim, desenvolver instrumentos para o planejamento urbano sob o enfoque sistêmico, por meio de
uma abordagem multimetodológica, pode contribuir para a qualificação do uso do solo das cidades.
Mas como fazer isso? Os meios não são únicos e muito menos seguem um modelo predeterminado.
Entretanto, os instrumentos legais na esfera federal já estão em vigência desde 2001 na Lei 10.257, o
Estatuto da Cidade. Com o desenvolvimento dessa lei, fornecem-se instrumentos para aplicação de so-
luções que evidenciam a função social, o direito à cidade e a democratização da gestão urbana. Dessa
forma, os princípios evidenciados no Estatuto da Cidade1 regulamentam diretrizes para uma cidade
mais sustentável e democrática. Porém, essa lei é apenas um meio de ação que dispõe um conjunto de
ferramentas, as quais fornecem subsídios para os municípios elaborarem seus Planos Diretores.
1 A aprovação do Estatuto da Cidade, todavia, é apenas o primeiro passo para que os brasileiros tenham assegurado o seu direito a cidades
sustentáveis, entendido pelo próprio texto da Lei 10.257/2001 como envolvendo o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental,
à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. É apenas um primeiro
passo, porque praticamente todos os instrumentos trazidos pela nova lei demandarão a edição de leis municipais que os implementem
(BRASIL, 2001).
gestão da cidade, pois contempla as questões de zoneamento urbano, bem como as possibilidades
construtivas de cada terreno. Ainda, o Estatuto da Cidade (2001, p. 38-40) salienta que o Plano Diretor é
um instrumento básico para as políticas de desenvolvimento e expansão do território das cidades.
O ideal seria que todo e qualquer município tivesse um Plano Diretor para orientar a expansão do
seu território, porém essa ocorrência não é efetiva, já que geralmente os municípios pequenos não dis-
põem de corpo técnico qualificado para isso e nem de recursos. A obrigatoriedade do desenvolvimento
de um Plano Diretor é presente nos municípios com as seguintes características, de acordo com o artigo
41 da Lei 10.257 (BRASIL, 2001, p. 56):
I - com mais de vinte mil habitantes;
II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no §4.° do art. 182 da Constituição
Federal;
VI - inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbi-
to regional ou nacional.
Os Planos Diretores devem ser concebidos sob a forma de planejamento politizado, ou seja, o
planejamento desenrola-se juntamente com a gestão. No período anterior à reforma urbana, o plane-
jamento era visto sob a ótica técnica e a gestão sob a ótica política. Já nos tempos atuais surge a visão
holística dos processos urbanos, por isso os Planos Diretores não são considerados mais um fim e sim
um meio para a gestão de políticas, por meio de um planejamento que qualifique a vida urbana.
O levantamento precede o plano (MCHARG, 2000), por isso é importante realizar-se a leitura
da realidade local, antes de iniciar-se o Plano Diretor. Os levantamentos necessários representam as
características sociais (escolaridade, saúde), ambientais (áreas verdes, rios, geomorfologia) e espaciais
(elementos físicos, espaços construídos) das cidades. A etapa de levantamento é de suma importância
para a qualidade do Plano Diretor: quanto maior for o número de informações, melhor será a base de
dados sobre a realidade do município. No entanto, as disponibilidades econômicas e temporais nem
sempre possibilitam o levantamento dos dados necessários. São exemplos de levantamentos: o levan-
tamento cartográfico da área do município, com as informações técnicas necessárias; dados socioeco-
nômicos sobre a população local; inventário ambiental da área; bem como todas as informações exis-
tentes sobre a cidade.
A partir da coleta de dados, os técnicos da prefeitura e demais órgãos municipais, juntamente
com representantes de toda a sociedade, iniciam análises e discussões sobre os potenciais e as restri-
ções existentes. Então, em um processo de tomada de decisões, elabora-se o conjunto de diretrizes
propostas nos Planos Diretores de cada cidade. Sendo assim, o Plano Diretor é um instrumento de ges-
tão integrada formado pelo conjunto de estratégias que ordenam e orientam o crescimento urbano de
cada município.
Para que as diretrizes propostas nos Planos Diretores almejem uma cidade mais democrática,
a participação da sociedade deve ser estimulada. Assim, para que o planejamento seja politizado, os
cidadãos devem participar das decisões sobre investimentos públicos, juntamente com técnicos que
orientem as adequações, conforme aspectos qualitativos e quantitativos do meio urbano em questão.
Ainda, para contemplar todas as variáveis urbanas, o Plano Diretor deve ser revisado; segundo o artigo
40 da Lei 10.257, o Plano Diretor da cidade deve ser revisto em um período mínimo de dez anos, pois as
mudanças urbanas são constantes e o processo deve ser democrático.
Vias de tráfego
As vias de tráfego são os locais destinados à circulação de veículos e de pedestres. Elas apresen-
tam diferentes características, conforme sua localização geográfica, dimensões e qualidade. As vias po-
dem ser classificadas de acordo com seu tamanho e importância. São denominadas de vias arteriais (15
metros de largura), vias coletoras (6 metros de largura) e vias locais (DEL RIO, 1990, p. 138).
::: Vias arteriais: são as vias que fazem ligações entre bairros, apresentam maiores dimensões e
seu pavimento é mais homogêneo e liso. Caracterizam-se por serem vias de fluxo intenso de
veículos e normalmente há predominância de velocidades de alto tráfego.
::: Vias coletoras: são as vias que fazem as principais ligações dentro de um bairro. As dimensões
sofrem maior variabilidade, mas geralmente são para um fluxo de média velocidade; a intensi-
dade de veículos depende do horário.
::: Vias locais: são vias de acesso imediato, normalmente têm características residenciais e de
pequenos serviços, com dimensões reduzidas. A velocidade dos veículos é baixa e o fluxo não
é intenso.
Volumetria da edificação
O regime volumétrico da edificação é resultado das restrições incidentes em cada lote, como a
altura máxima permitida, os recuos necessários, a taxa de ocupação e o índice de aproveitamento. Esse
conjunto de restrições indica a situação volumétrica limite que a edificação pode ter.
A altura máxima da edificação é expressa em metros. Para saber a quantidade de andares que
a construção pode ter, verifica-se qual é o pé-direito mínimo exigido no Código de Obras municipal,
somando-o com as espessuras dos pisos e tetos e dividindo esse resultado pela altura máxima permitida.
Os recuos indicam a distância que a edificação deve ter em relação às testadas (os limites) do
terreno, por isso indicam a parte do terreno que deve ser destinada a um espaço livre, sem construção.
Os recuos podem se dividir em:
::: recuo de jardim ou frontal – é o recuo a partir do alinhamento predial, ou seja, a partir da
testada frontal do terreno. Essa área compõe a entrada da edificação e costuma ser destinada
a um espaço livre com tratamento paisagístico;
::: afastamentos laterais e de fundos – são os recuos que o prédio deve ter em relação aos
terrenos vizinhos. A existência desses recuos é necessária para controlar a qualidade de ilumi-
nação e ventilação das edificações no meio urbano;
::: recuo viário – é a indicação de que no futuro existirá uma via com dimensões maiores do que
a existente, e por isso a área edificada deve respeitar esse limite. O recuo viário normalmente
é indicado em metros, a partir do alinhamento do meio-fio existente.
Solo criado
O solo criado é uma forma de transferência de potencial construtivo que a prefeitura disponibi-
liza. Quando o proprietário de um terreno pretender construir em uma área maior do que a permitida
no índice de aproveitamento proposto pelo Plano Diretor, ele poderá comprar o chamado solo criado,
se o local tiver índices disponíveis.
As possibilidades de construção nos lotes são calculadas de acordo com os limites da infraestru-
tura local e dos equipamentos e serviços urbanos disponíveis. Portanto, em um terreno com IA = 2, que
disponibiliza um índice de solo criado igual a 1, a área construída permitida será de 3 vezes a área total
do terreno.
Esse instrumento tem como objetivo arrecadar recursos para os investimentos de caráter público.
Os recursos disponibilizados pela compra de índices de construção (solo criado) são destinados à arbo-
rização urbana, aos sistemas de praças e parques públicos e/ou à habitação de interesse social. Além
disso, as permutas do solo criado possibilitam à prefeitura pagar pela desapropriação de áreas privadas
com índices de área construtiva. Dessa forma, a prefeitura não desembolsa dinheiro público para esse
tipo de ação.
Como vocês perceberam, o planejamento urbano trabalha com inúmeras variáveis (ambientais,
sociais, econômicas), as quais se inter-relacionam. Por isso, quando estamos realizando um empreen-
dimento imobiliário, devemos observar e considerar todos os aspectos urbanos, a fim de qualificar o
desenvolvimento do produto, assim como a vida nas cidades urbanos.
Atividades
1. Analise a situação de sua cidade e descreva os principais conflitos existentes. A partir da
identificação dos problemas, pense e escreva algumas ações públicas que possam qualificar cada
caso.
2. Procure o Plano Diretor de sua cidade (ou outra de sua preferência) e identifique o conjunto de
restrições existentes em uma zona urbana escolhida de forma aleatória, a partir do mapa de
zoneamento urbano. Identifique as atividades permitidas na área selecionada.
Ampliando conhecimentos
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Disponível em: <www.cidades.gov.br/>. Acesso em: 9 jan. 2006.
Nestes sites você pode acessar o Plano Diretor de Porto Alegre e de Curitiba e analisar como é sua
estrutura e organização:
<www2.portoalegre.rs.gov.br/spm/>.
<www.curitiba.pr.gov.br/Secretaria.aspx?o=2>.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
POUEY, M.; FREITAS, R.; SATTLER, M. A. Arborização e Sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL SO-
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Gestão da qualidade
para os projetos técnicos dos
empreendimentos imobiliários
mento da edificação. Dessa forma, a produção de um projeto adequado ao público-alvo, que satisfaça
e supere as expectativas dos seus usuários, é o inicio de um processo que idealiza maior rentabilidade,
liquidez e segurança em manter seus clientes.
No entanto, existem muitas dificuldades na gestão dos projetos técnicos envolvidos no processo
de desenvolvimento do produto imobiliário. Na prática, é dada pouca importância para as etapas de
planejamento do empreendimento, pois, nessa fase, geralmente o empreendedor não dispõe de todos
os recursos financeiros. A falta de recursos também é responsável pela pressa na comercialização das
unidades, gerando um atropelamento nos procedimentos necessários ao bom desenvolvimento do
produto. Em suma, os resultados disso estão presentes na baixa qualidade dos projetos técnicos envol-
vidos no processo de construção das edificações.
Ambiente
Retroalimentação
do sistema
Ao analisarmos essa figura, podemos nos questionar sobre questões mais específicas sobre as
entradas, os processos, as saídas, o ambiente e a retroalimentação do sistema projeto. Primeiro, é pre-
ciso entender para quem os projetos estão sendo desenvolvidos, ou seja, identificar as pessoas para
as quais os projetos são produzidos e suas exigências. Na fase de planejamento, o projeto é destinado
basicamente a três personagens, cada qual apresentando diferentes necessidades e graus de exigên-
cias, envolvidos no processo: o incorporador ou empreendedor, o construtor e os usuários.
Para que o projeto possa ser gerenciado sob o enfoque da qualidade, o conjunto de informa-
ções necessárias à produção dos projetos deve estar disponível. Essas informações são consideradas
as entradas do sistema projetos, pois a partir delas é que são desenvolvidos os estudos preliminares,
estruturando as primeiras ideias, formas e usos da edificação. Dentro das informações necessárias aos
projetos, podem-se citar as exigências legais do Plano Diretor e Código de Obras da cidade, o levanta-
mento topográfico, a sondagem do terreno, o público-alvo do empreendimento, os valores de merca-
do, o conceito do projeto, o programa de necessidades para a edificação, entre outras, dependendo da
complexidade de cada empreendimento.
Os processos envolvidos no sistema projeto são a criação e o desenvolvimento de cada projeto,
conforme suas peculiaridades. O ambiente é o meio em que os projetos são formalizados. As saídas do
sistema projeto, o produto final gerado, é o conjunto de informações gráficas, memoriais e especifica-
ções técnicas necessárias para a execução da edificação. Já a retroalimentação desse sistema acontece
após uma avaliação dos acontecimentos durante a obra da edificação e depois de certo tempo de ocu-
pação dos usuários. A partir dos problemas identificados no decorrer da execução, elabora-se uma pla-
nilha com todas as informações, somando-se a isso as informações provenientes das reclamações dos
usuários que dizem respeito à forma, à função e aos materiais da edificação, ou seja, aos resultados das
medições de desempenho dos empreendimentos.
Tudo isso é repassado aos projetistas que procuram maximizar todo o processo de desenvolvi
mento dos projetos das próximas edificações, melhorando as falhas apontadas. Por isso, o sistema de
gestão da qualidade é considerado um processo de melhora contínua e não tem um fim em si mesmo,
visto que o conhecimento dos problemas apontados na etapa de execução e no uso do produto final
poderá fornecer novos subsídios para os projetos dos futuros empreendimentos.
Para que os projetos de empreendimentos tenham qualidade, é necessário observar a qualidade
das informações de entrada, assim como a qualidade dos processos de criação e desenvolvimento dos
projetos. A fim de melhorar nossa apreensão sobre como aplicar conceitos da qualidade no processo de
desenvolvimento dos projetos, é necessário analisarmos as principais informações envolvidas durante
a fase de planejamento até a entrega dos projetos para início da execução. São elas:
::: necessidades dos clientes finais – identificar sonhos, desejos, atividades e expectativas;
::: necessidades do(s) contratante(s) do projeto – identificar qual é o tipo de investimento e
intenção de lucro;
::: análises qualitativas e quantitativas do terreno – identificar restrições e potenciais físicos
e legais;
::: formulação programa de necessidades – listar diretrizes para o desenvolvimento dos projetos;
::: concepção dos projetos – criação dos projetos por meio de desenhos;
::: coordenação de projetos – compatibilização entre os projetos (arquitetônico, elétrico, es-
trutural, hidrossanitário e outros);
::: entrega dos projetos – finalização dos desenhos técnicos, memoriais descritivos e demais
documentos necessários à execução da obra.
Dessa maneira, o coordenador de projetos verifica prováveis defeitos na integração entre os pro-
jetos, analisando a compatibilidade entre os projetos arquitetônico, estrutural e de instalações. Também
são observados possíveis problemas nas informações gráficas de cada projeto, nas falhas das especifica-
ções técnicas e dos materiais a serem utilizados. Esse profissional deve submeter os projetos à verifica-
ção do estudo de viabilidade econômica, ao programa de necessidades, aos requisitos de qualidade de-
mandados sob a ótica do incorporador, construtor e usuário e aos prazos de entrega do produto final.
Para a realização de novas tarefas todo indivíduo precisa desenvolver competências para efeti-
var a ação. Atualmente, entende-se por competência pessoal as habilidades que se somam, desde os
conhecimentos específicos até os saberes informais adquiridos ao longo da vida das pessoas.
Dessa forma, destaca-se que os novos profissionais do ramo imobiliário devem estar atentos para
os conhecimentos necessários. Participar da etapa de planejamento de um empreendimento exige
conhecimentos de mercado e conhecimentos específicos das técnicas envolvidas no processo de de-
senvolvimento do produto imobiliário (entender tanto dos projetos envolvidos, quanto da execução
do empreendimento). Não é tarefa simples, no entanto proporciona um retorno favorável para quem
quer trabalhar com consultoria imobiliária para o lançamento de novos empreendimentos. Experimen-
te, tente envolver-se em um processo de planejamento de um empreendimento imobiliário!
Atividades
1. Reflita sobre os processos de qualidade e relacione suas importâncias no atual mercado de
trabalho do gestor imobiliário.
2. Pense nas funções de coordenação de projetos. Na sua opinião, quais são as características
fundamentais para a tarefa de coordenador de projetos? Discuta com seus colegas.
Ampliando conhecimentos
FORMOSO, Carlos. et al. Gestão da Qualidade na Construção Civil: estratégias e melhorias de processo
em empresas de pequeno porte. Disponível em: <www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/105.
pdf>. Acesso em: 1 set. 2006.
OLIVEIRA, Ricardo. Metodologia para Melhoria da Qualidade e Produtividade em Obras Habita-
cionais de Caráter Repetitivo. Disponível em: <www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/106.
pdf>. Acesso em: 1 set. 2006.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
POUEY, M.; FREITAS, R.; SATTLER, M. A. Arborização e Sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL SO-
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
O uso de métodos e técnicas para medir o desempenho das edificações não é fato novo. Porém,
ainda apresenta pouca aplicação nas empresas que operam no ramo imobiliário, sendo matéria pratica-
mente exclusiva das grandes construtoras e incorporadoras.
As medições de desempenho podem ser realizadas em diferentes esferas da empresa, mas o en-
foque deste texto é sobre os sistemas de medição de desempenho das edificações, conforme o ponto
de vista dos seus usuários, visto que os movimentos fundamentados nos sistemas de qualidade buscam
satisfazer às necessidades e agregar novos atrativos aos produtos. Sendo assim, esse processo tem o
foco direcionado ao usuário da edificação, com a finalidade de melhorar o relacionamento das empre-
sas com seus clientes.
Buscar a adequação da edificação e seu entorno aos usos e necessidades do homem é um movi-
mento que provém da necessidade das empresas se manterem no mercado. As medições de desempe-
nho das edificações também são resultados de pesquisas nas áreas sociais, pois têm como objetivo criar
espaços mais humanos e adequados ao desenvolvimento da vida. Medir o desempenho das edificações
melhora nosso conhecimento sobre o que nossos clientes querem e preferem, além de verificar caracte-
rísticas físicas das edificações que não são tão importantes para as pessoas.
Para identificar aspectos negativos nos empreendimentos imobiliários e propor novas soluções
para a qualificação desses problemas, é interessante entender alguns conceitos e técnicas da avaliação
pós-ocupação e da percepção ambiental, os quais são métodos utilizados para medir o desempenho
das edificações segundo o enfoque dos seus usuários.
Já sabemos sobre a importância e alguns conceitos das análises de desempenho, as quais são re-
alizadas a partir de caracterizações físicas e referentes à percepção ambiental das pessoas. Para coletar
os dados por meio da caracterização física e da percepção das pessoas é preciso estar atento a algumas
questões que devem ser observadas.
de análise dos dados é mais interessante aplicar questionários, os quais são mais diretos para analisar.
Com isso você pode observar que não existe uma opção certa ou errada, pois é necessário verificar a
melhor alternativa para o objetivo que se pretende atingir.
O processo de formulação das questões inseridas nas entrevistas ou questionários, conforme o
objetivo de vocês, pode seguir as orientações adaptadas de Richardson (1999, p. 189-219):
::: definição das informações que serão pesquisadas (os objetivos);
::: tipo de questionário ou entrevista a ser aplicado;
::: formulação das primeiras redações (perguntas a serem feitas);
::: reexame das perguntas;
::: aplicação do pré-teste (aplicar as perguntas em algumas pessoas para verificar se elas enten-
dem exatamente o que você queria perguntar);
::: revisão do questionário ou entrevista aplicado, conforme resultado do pré-teste;
::: especificações dos processos para o uso do questionário ou entrevista (caso não seja você
quem irá realizar as perguntas).
Os dados provenientes da opinião dos usuários fornecem subsídios para a formulação dos novos
empreendimentos, pois esses são concebidos para satisfazer às expectativas dos seus clientes e superá-
-las. São exemplos de questões pertinentes às análises de desempenho das edificações:
::: o dimensionamento dos espaços;
::: as sensações de conforto ambiental;
::: a localização do empreendimento;
::: a funcionalidade espacial;
::: aspectos estéticos do empreendimento;
::: segurança;
::: durabilidade;
::: ergonomia do espaço.
Entre tantas possibilidades, também é interessante verificar todos os aspectos relacionando as
preferências das pessoas com as possibilidades financeiras de cada grupo. Todos esses dados podem
ser sistematizados em um banco de dados com as informações dos seus clientes, ou seja, com as neces-
sidades, exigências e preferências das pessoas que vão procurá-lo para comprar ou alugar um imóvel.
Esses dados também podem ser transformados em indicadores.
Os indicadores são meios de caracterizar as pessoas e serviços descrevendo condições econô-
micas e de vida da população, por exemplo. As funções dos indicadores são de identificar restrições e
possibilidades para os futuros investimentos e qualidade de vida das pessoas.
Nesse contexto, é interessante despertar no gestor imobiliário novas possibilidades. A partir do
conjunto dessas informações, você consegue criar grupos com algumas semelhanças e preferências em
comum. Essas análises proporcionam identificações de novos nichos de mercado, além disso você pode
verificar quais são as necessidades que não estão sendo supridas em sua cidade. Dessa forma, você
pode contribuir com dados preciosos ao desenvolvimento do produto imobiliário.
Atividade
1. Vamos praticar: escolha um edifício residencial ou comercial da sua cidade para fazer uma
breve avaliação de desempenho da edificação. Elabore as perguntas que serão aplicadas aos
usuários da edificação e analise o conjunto de projetos do edifício. Sugiro que você verifique
o dimensionamento dos ambientes e a sua função. Em seguida, questione os usuários sobre a
qualidade do espaço em relação às dimensões e à funcionalidade de cada ambiente.
Ampliando conhecimentos
Recomendo que acessem o resumo de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Gestão e Inovação sobre
a avaliação pós-ocupação e satisfação do cliente de sistemas de vedação em drywall, realizada em Porto
Alegre, disponível no site <www.drywall.org.br/upload/pdf/Relatorio_APOPOA.pdf>.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
POUEY, M.; FREITAS, R.; SATTLER, M. A. Arborização e Sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL SO-
BRE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 7., CONFERÊNCIA LATINO- AMERICANA SOBRE CONFOR-
TO E DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFICAÇÕES, 3., 2003, Curitiba. Anais... Curitiba: Encac–Coted,
2003. p. 730-736.
RAMOS NETO, A. C. Incorporação Imobiliária: roteiro para avaliação de projetos. Brasília: Lettera,
2002.
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ROSA, T. F.; SEDREZ, M. M.; SATTLER, Miguel Aloysio. Análise do desempenho energético do Protótipo
Alvorada: protótipo de habitação sustentável. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE CONFORTO NO AM-
BIENTE CONSTRUÍDO, 6., 2001, São Pedro. Anais... São Pedro: VI ENCAC, 2001.
SATTLER, M. A. Disciplina de Conforto Ambiental. Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil. Porto
Alegre: Norie/UFRGS, 2004.
SATTLER, M. A. et al. Aplicação de tecnologias sustentáveis em um conjunto habitacional de baixa ren-
da. In: FORMOSO, C. T.; INO, A. Inovação, Gestão da Qualidade e Produtividade e Disseminação do
Conhecimento na Construção Habitacional. Porto Alegre: HABITARE, 2003.
SILVA, S. R. M.; SHIMBO, I. Proposição básica para princípios de sustentabilidade. I Encontro Latino-ame-
ricano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis, 1., 2001, Canela. Anais... Canela: I ELECS, 2001.
THOMAZ, E. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção. São Paulo: Pini, 2001.
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de Edificações em Empresas Construtoras Incorporadoras de Pequeno Porte. Dissertação (Mestra-
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em Engenharia Civil, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Avaliações qualitativas e
quantitativas dos
lotes urbanos
Localização dos empreendimentos: questões legais e técnicas
Antes de planejarmos qualquer tipo de empreendimento imobiliário, devemos realizar uma
pesquisa de mercado: locais potenciais versus investimentos apropriados. Por isso, é fator determi-
nante entender as características físicas, legais e técnicas do lote que se pretende investir, no qual se
construirá o futuro empreendimento. Ainda é importante que as análises do lote se estendam ao seu
entorno próximo, pois você pode obter informações sobre a região do lote, tais como: serviços, trans-
porte, infraestrutura, características paisagísticas, equipamentos urbanos, padrão socioeconômico,
entre outros.
Para fazer as análises dos terrenos urbanos é necessário visitar o local em que será implantada a
edificação. Nessa visita técnica são realizados levantamentos de dados com o objetivo de fundamentar
o processo de desenvolvimento dos projetos dessa edificação. As análises dos terrenos são realizadas
com o objetivo de qualificar o desenvolvimento das fases de planejamento e execução da edificação,
já que fornece informações indispensáveis ao processo de criação dos projetos e para a construção do
empreendimento. Por isso, ao realizar uma análise de um lote urbano é interessante posicionar-se como
o futuro usuário, pensando nas expectativas de cada um dos envolvidos: empreendedor e usuário final.
Desse modo, você pode caracterizar os potenciais do local e desenvolver soluções para os pontos nega-
tivos, além de evidenciar os pontos positivos do lote previsto.
Condicionantes físicos
Alguns levantamentos dos condicionantes físicos do lote podem ser realizados com base no
levantamento topográfico. O levantamento topográfico é a representação gráfica dos elementos na-
turais ou artificiais que formam uma determinada área de terra. Para o desenvolvimento de qualquer
projeto arquitetônico e execução de obras, o levantamento topográfico é indispensável. A execução
do levantamento topográfico é feita por meio de níveis eletrônicos, teodolito e/ou estação total. Esse
levantamento pode ser divido em:
::: planimetria – retrata todas as dimensões planas e os detalhes existentes, naturais ou não;
::: altimetria – retrata os planos topográficos, mais conhecidos como relevo da área (representa
a volumetria do terreno).
Levantamento topográfico
Faz parte da planimetria a indicação do norte magnético (símbolo de indicação da orientação
solar norte); o dimensionamento das divisas do terreno, marcos de referências (malha de dimensiona-
mento) que fornecem coordenadas que facilitam a localização do terreno; os azimutes, que são ângulos
de confluência das divisas do terreno – variam de 0° a 360°; a localização dos acidentes naturais (árvores,
afloramentos de rochas, córregos etc.) e localização dos acidentes artificiais (muros, cercas, construções
existentes).
Faz parte da altimetria as curvas de nível, que indicam a altura de uma reta contínua em relação
a um referencial conhecido. São desenhadas com espaçamentos variáveis, conforme a necessidade de
detalhamento (exemplo: 1x1 m ou 5x5 m); cotas de nível que indicam a altura de um ponto ou um plano
em relação a um referencial conhecido. As cotas de nível são representadas por um símbolo universal, o
mesmo que é utilizado nos projetos arquitetônicos e complementares.
Levantamento topográfico.
Condicionantes técnicos
Os condicionantes de ordem técnica estão relacionados às características físicas e legais de cada
terreno, pois conforme cada situação devem-se analisar os aspectos técnicos que podem qualificar a
realidade. Por exemplo, ao analisar a orientação solar do terreno e os potenciais construtivos dos terre-
nos, você pode verificar as condições de conforto térmico do local.
Para que o empreendimento tenha qualidade, é necessário analisar o conforto ambiental nas
proximidades do lote, a acessibilidade de pedestres e veículos ao terreno e a infraestrutura urbana exis-
tente no local, por exemplo. Essas informações fornecem subsídios para o desenvolvimento dos proje-
tos das edificações. Além disso, ao comercializar um terreno, você já poderá indicar aos seus clientes os
potenciais e as restrições do lote.
e as mínimas de cada região, além de indicar os ventos predominantes da área. Ao analisar os ventos
predominantes da região, deve-se observar a existência de obstruções à passagem dos ventos, como
uma edificação alta, por exemplo.
Por isso, ao realizar a visita técnica ao terreno, é interessante verificar qual é a orientação solar de
cada lado do terreno, a fim de compreender onde o sol nasce e se põe em relação à frente do terreno (ou
então observar a indicação do norte no levantamento topográfico do terreno). Dessa forma, pode-se
analisar qual é a face do terreno que recebe insolação direta adequada (parte da manhã: orientação les-
te), a que recebe incidência solar no horário mais quente (parte da tarde: orientação solar oeste). Ainda
pode ser observada qual é a face que receberá menor incidência solar (no caso a face voltada para o sul),
pois essa será sombreada pelo próprio volume da edificação que será construída.
O conforto acústico depende das atividades que são praticadas na região. Por isso, deve-se
observar a incidência de alto tráfego na área, existência de indústrias ou serviços que emitem ruídos. O
zoneamento urbano das cidades contempla um estudo de compatibilidade entre atividades para evitar,
por exemplo, a construção de um hospital próximo a uma indústria. Mesmo observando que no local
não existam excesso de ruídos, é interessante analisar o zoneamento urbano proposto no Plano Diretor,
visto que ele indica as atividades potenciais para cada área.
O conforto visual é o mais fácil de ser percebido, já que depende do planejamento paisagístico
da área onde se insere o lote. Mesmo que cada pessoa perceba os ambientes de diferentes formas, a
valorização estética segue alguns padrões. A estética proporcionada pelos ambientes naturais é geral-
mente unânime entre as pessoas, contendo algumas variações especificas. Edifícios com características
peculiares e cores amenas também são referências agradáveis.
Acessibilidade
As análises sobre acessibilidade do lote são de ordem técnica, pois analisam questões relaciona-
das ao transporte urbano, além de verificar as facilidades de acesso ao lote. Nesse contexto, é essencial
identificar a localização geográfica do terreno e estudar sua posição em relação à área urbana em que
o lote está inserido. É importante considerar o desenvolvimento da região e realizar prospecções sobre
o aumento de tráfego e futuras ampliações viárias. Na rua de acesso ao lote, deve ser observada tanto
a intensidade quanto a direção do fluxo de veículos, para posicionar a entrada de veículos do lote de
forma adequada.
Entretanto, quando discutimos sobre acessibilidade não nos restringimos ao estudo do fluxo de
veículos, pois é imprescindível para qualquer empreendimento contemplar possibilidades que facilitem
a acessibilidade humana ao lote. Por isso a acessibilidade deve ter um enfoque que vislumbre todas as
pessoas, considerando as pessoas portadoras de restrições físicas, pessoas com idades mais avançadas,
grávidas, crianças, ou seja, todas as possibilidades.
Condicionantes legais
Analisar os condicionantes legais de cada terreno é de suma importância para o desenvolvimento
do produto imobiliário. Ao analisar um terreno, verifique toda a legislação incidente (Plano Diretor, Código
de Obras, legislação ambiental), pois o empreendimento que será desenvolvido na área em questão
deve respeitar as leis de todas as esferas: federal, estadual e municipal. Por exemplo, ao propor um lote-
amento, deve ser analisado se a área de terra não possui nenhuma restrição de ocupação do solo devido
à existência de uma Área de Preservação Permanente (APP), de acordo com o Código Florestal.
É interessante que mais de uma pessoa analise os condicionantes do terreno, a fim de obter dados
mais consistentes, além disso, cada profissional tem uma percepção diferenciada sobre a área. A seguir
há um exemplo de checklist, adaptado de Ramos (2002, p. 47-68), para análise dos aspectos qualitativos
e quantitativos do terreno.
Atividade
1. Selecione um terreno localizado na sua região, em uma área de sua preferência. Você deve
assessorar o futuro investidor da área, a fim de contribuir com a identificação de alguns elementos
qualitativos e quantitativos do terreno, verificando a viabilidade de investimento nesse lote.
Analise as seguintes questões:
a) O Plano Diretor municipal da cidade em que o lote se insere e identifique as possibilidades
construtivas do terreno escolhido, contemplando no mínimo os seguintes itens:
::: Zona Urbana;
::: Índice de Aproveitamento (IA);
::: Taxa de Ocupação (TO);
::: Recuos Existentes.
Ampliando conhecimentos
MASCARÓ, L. J. Loteamentos Urbanos. Porto Alegre: Sagra-DC, 2003.
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
[...] os projetos são definidos como determinação e representação prévias dos atributos funcionais, formais e técnicos
de elementos da edificação a construir, a pré-fabricar, a montar, a ampliar,[...], abrangendo os ambientes exteriores e
interiores e os projetos de elementos da edificação e das instalações prediais.
Desenvol- Diretrizes do
Identificação Concepção do Lançamento
Identificação vimento do programa de
de uma produto: Validação do da edificação
dos requisitos conceito do necessidade
oportunidade projeto da produto no mercado
dos clientes empreendi- do empreen-
no mercado edificação imobiliário
mento dimento
A partir dessas informações básicas, você já pode perceber que geralmente o contexto de desen-
volvimento do produto imobiliário, o processo de criação e desenvolvimento dos projetos da edificação
envolve várias pessoas com distintos objetivos e conhecimentos. Por isso, os projetistas desenvolvem o
conjunto de projetos sob diferentes óticas, conforme os seus clientes e seus objetivos.
Mas você sabe quem são os envolvidos nesse processo e quais são seus objetivos? Primeiro pense
nas pessoas para as quais os projetos são desenvolvidos. Você deve ter pensado no empreendedor, no
construtor e, lógico, no usuário final da edificação. Veja esquematicamente na figura a seguir o perfil
básico de cada um desses clientes e seus respectivos requisitos (TZORTZOPOULOS, 1999, p. 89).
Depois de analisado o perfil de cada cliente para quem os projetos são desenvolvidos, facilmente
você percebe que para cumprir os objetivos de todos os envolvidos no processo é essencial respeitar
os requisitos dos usuários da edificação. A identificação dos requisitos dos clientes pode ser feita por
meio de medidas de desempenho da edificação e pesquisa de mercado. Essas informações alimentam
as bases conceituais de cada empreendimento. A partir da formulação do conceito dos projetos e da
identificação do público-alvo, a equipe envolvida no processo de desenvolvimento dos projetos cria as
diretrizes do programa de necessidades do empreendimento em questão.
terísticas básicas que devem ser analisadas para a formulação dos projetos. Além disso, fornece dados
sobre o conceito e o público-alvo do empreendimento, material de suma importância para a equipe
comercial que trabalhará com o marketing e as vendas do empreendimento. Partindo do programa de
necessidades, todos os agentes participantes de um empreendimento da construção civil podem ter
uma ideia mais clara sobre o produto que se pretende executar.
Dessa forma, os principais objetivos do programa de necessidades são:
::: aumentar a compreensão sobre a forma e a função dos empreendimentos;
::: relacionar as exigências e os requisitos do público-alvo das edificações;
::: orientar e instruir o desenvolvimento do conjunto de projetos dos empreendimentos imobi-
liários;
::: diminuir riscos de falhas na etapa de desenvolvimento dos projetos.
Atividades
1. Imagine que você faz parte da equipe que desenvolverá um empreendimento residencial na sua
cidade. Liste todas as informações necessárias para que possa ser iniciado o desenvolvimento
dos projetos desse empreendimento. Pense nas necessidades de todos os clientes desse
empreendimento. Busque:
a) identificar informações necessárias para a concepção dos projetos de uma edificação;
b) listar quais os tipos de projetos necessários para execução de um edifício de uso misto para
um determinado local.
2. Faça uma visita a uma construtora da sua cidade e analise o processo de desenvolvimento de um
empreendimento (uma edificação). Recomendo que selecione um empreendimento pequeno
para facilitar o entendimento do processo como um todo. Lembro que muitas das informações
aqui comentadas estão implícitas no processo, por isso procure questionar o responsável sobre
os procedimentos adotados.
Ampliando conhecimentos
BRANDÃO, Douglas Queiroz. Tipificação e Aspectos Morfológicos de Arranjo Espaciais de Aparta-
mentos de Âmbito da Análise do Produto Imobiliário Brasileiro. Disponível em: <www.antac.org.br/
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
1 A NBR 10067 é norma de Representação Gráfica em Desenho Técnico desenvolvida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Essa norma procura criar algumas referências e regras básicas para o desenvolvimento dos desenhos técnicos. Dessa forma, adotar os
procedimentos da norma qualifica o entendimento e a apresentação dos desenhos, pois ela é um instrumento que propõe organização e
unificação das convenções utilizadas nos desenhos técnicos.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
54 | Técnicas gráficas para os projetos de empreendimentos imobiliários
O projeto de uma edificação é representado pelo conjunto de desenhos técnicos, como plantas,
cortes e fachadas, e a partir de documentos técnicos. O projeto é o desenvolvimento da ideia do pro-
duto imobiliário, ou seja, da edificação. Cada tipo de projeto tem suas fases de desenvolvimento, e os
desenhos técnicos seguem essas fases para expor detalhes.
Há pouco tempo, aproximadamente até a década de 1970, praticamente todos os projetos eram
entregues para os clientes por meio de desenhos técnicos feitos à mão. Utilizavam-se papéis vegetais e
caneta nanquim. Nos dias atuais, os projetos são entregues com técnicas de computação gráfica, já que
esse sistema é mais adequado às exigências de controle de qualidade e sua precisão é maior.
O gestor imobiliário deve saber interpretar e identificar elementos no conjunto de desenhos que
compõe os projetos das edificações, pois muitas vezes realiza a comercialização quando o empreendi-
mento ainda não foi executado. Esse profissional pode ainda contribuir com ideias para o desenvolvi-
mento dos projetos, a partir das informações que ele tem do mercado imobiliário. Sendo assim, ler e
interpretar o conjunto de desenhos técnicos dos projetos das edificações é essencial para sua formação
profissional.
::: 1:200 ::: 1:100 ::: 1:50 ::: 1:20 ::: 1:25
::: Estudos preli- ::: Anteprojeto ::: Escala mais ::: Escala usada ::: Escala usada
minares usual para o para detalhes para detalhes
::: Desenhos
projeto legal construtivos contrutivos
::: Planta de com menos
localização detalhes
O dimensionamento dos ambientes é realizado com base em identificações numéricas denomi-
nadas cotas, cuja unidade usual é o metro. As cotas são representadas por linhas chamadas de linhas de
cotas, seja para o dimensionamento horizontal ou vertical. A planta baixa deve conter linhas de cotas, as
quais representam a largura e o comprimento real dos ambientes e objetos. No corte, as linhas de cotas
dimensionam a altura de cada ambiente e objeto.
Nos desenhos, deve-se observar a correta identificação das dimensões, para evitar erros na
execução e na comercialização da edificação. As esquadrias (janelas e portas) são dimensionadas de
forma numérica em centímetros, onde o primeiro valor é a sua largura e o segundo é a sua altura. No
caso das janelas, ainda existe a informação da altura do peitoril, que é o número após a barra. Observe
a figura 1-a.
Janela
160 X 120/90
Figura 1-a
Porta
80 X 210
Figura 1-b
Existe ainda um outro tipo de cota, denominado de cota de nível, que indica a altura do nível do
piso. A cota de nível indica a altura de cada pavimento nas plantas baixas e nos cortes, e é calculada a
partir de um ponto referencial, somando-se sempre a altura de cada pavimento. Na figura 2, temos um
símbolo da cota de nível no corte e outro na planta baixa da edificação.
37.00 37.00
Planta de situação
Figura 3 – Exemplo de planta de situação do terreno em que será executada a residência (ESCALA REPRESENTATIVA).
Planta de localização
ESC. 1:100
Figura 4 – Exemplo de planta de localização da residência.
Plantas baixas
Toda e qualquer edificação deve ser representada em planta baixa que, por convenção, é um
corte horizontal da edificação inteira, na altura aproximada de 1,50m do nível do chão. Representa uma
vista seccional de cima para baixo e tem a finalidade de ilustrar as relações entre os ambientes, bem
como os elementos de definição das superfícies. A escala usual para as plantas baixas é 1:50.
As plantas baixas contêm o maior número de informações possível para garantir a execução da
edificação, assegurando uma comunicação eficiente. Assim, todas as informações e dimensões de-
vem estar indicadas, como as dimensões das esquadrias, as cotas de nível (altura do nível do piso) e as
dimensões de todos os ambientes e paredes. Cada ambiente dever ter sua identificação, área útil (sem
considerar as paredes), cota de nível e especificações técnicas sobre o piso a ser executado.
A planta de cobertura representa a vista superior do telhado ou cobertura da edificação. Suas prin-
cipais informações são a inclinação e a direção das águas no telhado, chaminés (se existentes), calhas e
acabamentos para a cobertura. O dimensionamento segue as mesmas regras dos outros desenhos.
As plantas seguem determinadas convenções, conforme o tipo de projeto que elas integram.
Por exemplo, a planta baixa do projeto elétrico e hidrossanitário não tem dimensionamento de cotas.
As dimensões restringem-se à tubulação e a outros detalhes específicos. A planta baixa de paisagismo
contém informações de espécies e quantidades, bem como o dimensionamento e localização de cada
vegetação proposta no projeto.
Para facilitar a compreensão da dimensão real da edificação, representada por cotas nos dese-
nhos, é importante estar sempre atento e medir todos os ambientes, móveis e passagens, para poder ler
e entender a tridimensionalidade dos desenhos técnicos que compõem os projetos das edificações.
PLANTA COBERTURA
ESC: 1:50
Cortes
Os cortes representam uma vista horizontal da edificação após ela ter sido seccionada por um
plano vertical, em uma linha indicada na planta baixa, devendo a parte frontal ser retirada. O objetivo
dos cortes de um projeto de edificação é ilustrar as relações entre os espaços interiores mais significati-
vos e as alturas de cada elemento, como a do pé-direito, da cumeeira do telhado, do forro, entre outros.
A escala usualmente utilizada nos cortes é 1:50.
A linha de corte é indicada nas plantas baixas por uma semirreta, com uma seta indicando a dire-
ção para a visualização dos desenhos que fazem parte do corte. A nomenclatura utilizada normalmente
é corte AA, corte BB e assim por diante.
Nos cortes, como nas plantas baixas, os elementos seccionados são desenhados com uma linha
mais forte, e os elementos que estão à vista são desenhados com uma linha mais fina.
Elevações ou fachadas
As fachadas são representações geométricas do exterior da edificação (planificação de um dos
lados da edificação). As escalas usadas normalmente seguem a escala dos cortes, 1:50. As fachadas não
têm dimensionamento. A nomenclatura utilizada é: fachada oeste, sul, leste, norte ou nordeste, conforme
visualizada a partir do lado do seu terreno em direção à edificação.
Como vocês podem perceber, os desenhos técnicos têm peculiaridades, conforme os objetivos
do projeto que está sendo desenvolvido. Por isso, é importante verificar todos os tipos de projetos exis-
tentes e as formas de representação de cada um (todos os projetos devem ter legenda com os símbolos
utilizados), para poder repassar as informações necessárias aos seus clientes.
Atividades
1. Qual é a função dos desenhos técnicos em um empreendimento imobiliário?
2. Por que é importante para o gestor imobiliário saber ler e interpretar o conjunto de desenhos
técnicos dos projetos de um empreendimento?
Ampliando conhecimentos
ARQUITETURA – planta baixa. Disponível em: <www.sitengenharia.com.br/arquiteturaplantabaixa.
htm>. Acesso em: 30 ago. 2006.
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Projeto arquitetônico:
significados e funções
Definições e conceitos do projeto arquitetônico
O projeto arquitetônico é resultado da integração entre diferentes informações técnicas, legais e
condições humanas, como: as condições físicas do terreno, o estudo de viabilidade financeira, o perfil
do público-alvo, as exigências legais, as técnicas construtivas, as tecnologias utilizadas, entre tantas
outras. O desenvolvimento do projeto arquitetônico solidifica-se por meio de um processo de estudo e
trabalho e tem como principal característica a criação.
O projeto arquitetônico não é o mais importante entre os projetos envolvidos no processo de
desenvolvimento do produto imobiliário, pois para a execução da edificação ou de um loteamento pre-
cisamos consolidar o conjunto de projetos exigidos, tanto sob aspectos técnicos (sistemas utilizados,
instalações que serão implantadas), como de acordo com as exigências legais de cada prefeitura. No
entanto, o projeto arquitetônico é que fornece as diretrizes gerais para o desenvolvimento dos demais
projetos, visto que todos os outros projetos são desenvolvidos de acordo com os desenhos e especifica-
ções técnicas contidas no projeto arquitetônico.
Por isso, é de suma importância que o projeto arquitetônico seja criado pensando em
soluções básicas para os demais projetos, como, por exemplo, a localização e a altura da caixa d’água;
a localização do quadro de energia; a distribuição das tomadas e interruptores; a localização das vigas
e pilares, entre outros.
Concepção do empreendimento
A concepção do produto do mercado imobiliário, seja uma edificação ou um parcelamento do
solo, inicia pela criação do conceito de projeto e identificação dos requisitos do cliente. Nessa etapa
formula-se a imagem-referência do empreendimento e a criação do programa de necessidades da edi-
ficação.
O conceito do projeto é configurado pela integração de variáveis técnicas legais e humanas e
contém as principais diretrizes que nortearão o projeto da edificação. As diretrizes vão indicar as possi-
bilidades e as restrições para a concepção e criação do projeto arquitetônico. São exemplos de diretrizes
o tamanho do empreendimento, as características físicas do futuro empreendimento, as exigências le-
gais e as características do público-alvo.
Nessa etapa, é fundamental sistematizar o maior número de informações possíveis acerca do
empreendimento que se pretende executar, pois a qualidade de todo o processo depende da quali-
dade das informações de entrada. Sendo assim, é preciso concentrar esforços para evitar as falhas nos
dados de entrada, já que um dado não percebido pode prejudicar o desenvolvimento das outras fases
do projeto.
Estudos preliminares
A partir dos dados integrantes da fase de concepção do empreendimento imobiliário, inicia-se
a etapa de estudos preliminares do projeto arquitetônico. Os estudos preliminares são representados
de forma primária, ou seja, por desenhos técnicos com baixo grau de detalhamento. Geralmente, os
desenhos técnicos que compõem os estudos preliminares são a perspectiva da edificação (que pode ser
representada por croquis ou maquete eletrônica), plantas baixas, corte e fachadas (esquemáticos). Os
desenhos dos estudos preliminares não apresentam detalhes.
Os estudos preliminares transmitem a ideia central do partido arquitetônico adotado. É comum
a essa fase existirem mais de uma opção de projeto para facilitar a decisão do empreendedor e demais
envolvidos. Nesses estudos são tratadas questões gerais sobre a edificação, relacionadas à implantação
do edifício no lote, à volumetria da edificação, à área total construída, ao número de economias (habita-
ção ou salas comerciais), ao dimensionamento básico dos espaços, a acessos, entre outros.
Anteprojeto
Depois de realizar os estudos preliminares é necessário organizar uma reunião com todos os par-
ticipantes da equipe de desenvolvimento do produto imobiliário. São eles: empreendedor, responsável
pelo marketing, gestor imobiliário, coordenador de projetos, outros técnicos responsáveis pelos pro-
jetos estrutural, elétrico, entre outros. Assim os projetistas apresentam as propostas a todos os partici-
pantes, os quais podem contribuir fornecendo suas opiniões, suas preferências e dados que dispõem,
enriquecendo e fundamentando as decisões tomadas no projeto arquitetônico. A partir das decisões
tomadas nessa reunião (pode ser necessária mais de uma), os responsáveis pelo projeto arquitetônico
iniciam o desenvolvimento do anteprojeto da edificação.
1 Projeto desenvolvido no Norie (Núcleo Orientado para a Inovação das Edificações-Ufrgs/RS). Coordenador: Eng. Ph.D. Miguel Alouysio Sattler.
Equipe técnica: Arq. Diego Muskopf; Arq. Eugenia Kuhn; Arq. Esp. Patrícia F. Nerbas; Arq. Ms. Pery Bennet.
Nessa fase, avança-se em relação à opção escolhida nos estudos preliminares. Detalham-se algu-
mas necessidades básicas para o entendimento da proposta, como o dimensionamento dos ambientes,
além de especificar sobre alguns métodos de construção adequados à proposta. Nessa etapa inicia-se
o desenvolvimento dos demais projetos envolvidos no processo, já que é necessário realizar o pré-
-dimensionamento estrutural e confirmar pontos de instalações, indicar espaços livres e acessos, por
exemplo.
Projeto legal
O projeto legal, como seu próprio nome indica, corresponde ao anteprojeto desenvolvido, com
todas as informações necessárias, conforme as exigências legais dos órgãos responsáveis pela apro-
vação. Existem algumas variações para o desenvolvimento do projeto legal, visto que cada prefeitura
tem seu próprio Plano Diretor e Código de Obras. Os desenhos técnicos exigidos para aprovação do
projeto arquitetônico normalmente são planta de situação e localização; plantas baixas de todos os
pavimentos, incluindo a cobertura; cortes e fachadas da edificação. Geralmente o Código de Obras do
município exige dimensionamento dos ambientes (cotas e áreas); dimensionamento dos vãos de ilumi-
nação e ventilação (largura, altura e peitoril); especificações técnicas; memoriais dos projetos (descreve
materiais e algumas técnicas que devem ser empregadas na construção); memorial da incorporação
(regulariza a comercialização dos imóveis antes e durante a construção).
Projeto executivo
Depois que o projeto arquitetônico foi aprovado pelos órgãos competentes desenvolve-se o
projeto executivo. Esse projeto procura sistematizar o conjunto de todas as informações necessárias à
execução do empreendimento. Representa de forma clara e precisa todo detalhe técnico necessário à
execução da obra e para a elaboração do orçamento. Todos os desenhos técnicos e documentos rece-
bem um maior grau de especificação. Nessa fase são criados todos os detalhes construtivos e especifi-
cações técnicas pertinentes à obra.
Detalhes técnicos
O detalhamento do projeto arquitetônico é realizado junto ao projeto executivo e corresponde a
um aumento de escala nos desenhos técnicos. Como se você pegasse uma lente de aumento e colocasse
sobre o projeto arquitetônico. O conjunto de detalhes técnicos necessários depende da natureza de
cada obra e da qualidade que se almeja atingir. Lembrando que quanto maior for o número de detalhes
técnicos, tanto menores são as chances de ocorrerem erros durante a execução da edificação.
Alguns exemplos de detalhes técnicos necessários ao bom desempenho das edificações estão
listados a seguir:
::: especificações sobre a impermeabilização – detalhes de rodapé, soleira e acabamentos no
ralo, entre outros;
::: execução das fachadas – as espessuras dos revestimentos e do rejunte, as divisões de panos de
argamassa, saliências e reentrâncias existentes, entre outros;
::: especificações detalhadas de todos os materiais de acabamento utilizados.
produto imobiliário também influenciam nas decisões do projeto arquitetônico. Por isso, o processo é
complexo e envolve muitas variáveis, como dimensionamento dos ambientes, tubulação do hidrossa-
nitário, locação de pilares ou vigas, entre outras.
É importante salientarmos que as etapas apresentadas no projeto arquitetônico ocorrem simul-
taneamente ao desenvolvimento dos demais projetos. Destaca-se que nem todos os empreendimentos
seguem todas as etapas recomendadas devido a questões financeiras e temporais. Ainda, um problema
cultural está fortemente enraizado, já que geralmente as pessoas querem materializar o quanto antes a
edificação, deixando algumas questões para serem resolvidas na hora da execução do edifício.
Atividade
1. Visitem alguma construtora da sua cidade e entrevistem o responsável técnico sobre as etapas
de projetos adotadas pela empresa. Peça para analisar um projeto completo que a empresa
desenvolveu e verifique quais foram as etapas realizadas. Se possível, visite mais de uma
empresa e compare os resultados obtidos por cada uma.
Ampliando conhecimentos
NEUFERT, Ernst. A Arte de Projetar em Arquitetura. São Paulo: GG, 2004.
VITRUVIUS. Disponível em: <www.vitruvius.com.br/>. Acesso em: 1 set. 2006.
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THOMAZ, E. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção. São Paulo: Pini, 2001.
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de Edificações em Empresas Construtoras Incorporadoras de Pequeno Porte. Dissertação (Mestra-
do em Engenharia Civil) – Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,
1999.
ULRICH, Helen; SACOMANO, José Benedito. O processo de projeto na busca da qualidade e produtivi-
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Anais... São Paulo: X ENTAC, 2004.
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Projeto urbanístico
O projeto urbanístico trabalha com a escala da cidade, retratando questões relacionadas ao fun-
cionamento e a forma de uso do solo urbano, bem como distribuição da infraestrutura na cidade. Esse
projeto é responsável por intervenções projetuais em diferentes escalas da cidade, sendo uma forma de
transformação do espaço urbano.
De acordo com a NBR 13531 (1995, p. 2), o projeto de urbanismo define a articulação e integração
de um conjunto de edificações, incluindo infraestrutura e serviços. Esse projeto é responsável por deter-
minar e representar previamente os atributos funcionais, formais e técnicos dos espaços da cidade.
O projeto arquitetônico é responsável pela forma e função da edificação. Já o projeto urbanístico
trabalha com espaços livres, ordenando a distribuição de funções e redes de abastecimento (trabalha
com uma escala maior do que a do projeto arquitetônico).
Mas quando trabalhamos com um projeto urbanístico? Geralmente o projeto urbanístico é
desenvolvido para a criação e execução de loteamentos ou condomínios horizontais e ainda para in-
tervenções urbanas, como: praças, passeios públicos e vias de acessos. Esse projeto também passa por
diferentes etapas de criação e desenvolvimento.
1
Figura 1 – Exemplo projeto urbanístico de um loteamento, Eco-park, Harmonia(RS), 2005.
Projeto paisagístico
O projeto paisagístico trabalha com questões relacionadas aos espaços livres das nossas cidades.
Podem ser espaços públicos ou privados. Para o adequado planejamento dos espaços livres da cidade,
o projeto de paisagismo é essencial para a qualidade da composição do espaço, bem como sua inte-
gração na trama urbana. Salienta-se que qualquer projeto é essencial para criar espaços com um custo
compatível com as exigências, com as necessidades e com as condições financeiras dos usuários.
1 Desenvolvido no Norie (Núcleo Orientado para a Inovação das Edificações – UFRGS/RS). Coordenador: Doutor Ph.D. Miguel Aloysio Sattler.
Equipe técnica: Arq. Ingrid B.; Arq. Nauira Zambrano; Arq. Patrícia F. Nerbas; Arq. Marcos Profes; Acadêmica Vivian Ecker.
O projeto de paisagismo tem papel fundamental na avaliação da satisfação dos usuários finais
dos empreendimentos imobiliários, pois as pessoas costumam valorizar muito os espaços livres, com
vegetação. Além disso, o projeto paisagístico pode propiciar o desenvolvimento de diferentes ativida-
des de lazer para as pessoas, proporcionando maior qualidade de vida aos seus usuários.
Caráter multidisciplinar
A equipe do projeto paisagístico deve ter caráter multidisciplinar, conforme os objetivos do
empreendimento. O que significa caráter multidisciplinar? De acordo com as definições do dicionário
Aurélio (2004), multidisciplinar significa que abrange muitas disciplinas. Para facilitar, vamos analisar
algumas questões pertinentes à paisagem.
As paisagens são composições formadas tanto por espaços artificiais quanto por ambientes natu-
rais. O paisagismo estuda e trabalha com as paisagens, localizadas principalmente nos espaços urbanos.
Complementa-se à prática do projeto arquitetônico e aos demais projetos, visto que desenvolve propos-
tas para o uso dos espaços livres, públicos ou privados, existentes entre os edifícios. Mas quem são os
profissionais que podem estar envolvidos nos estudos da paisagem? Salienta-se nesse contexto o grau
de objetividade e qualidade que se pretende atingir com o projeto paisagístico. Entre a equipe de profis-
sionais que pode participar do desenvolvimento das propostas de projeto paisagístico, podemos citar:
::: arquiteto/paisagista – tem óptica sobre os aspectos socioambientais, qualidade urbana, valo-
res estéticos, conformação espacial, entre outros;
::: engenheiro agrônomo e florestal – tem conhecimento das espécies vegetais, suas qualidades,
usos, métodos de propagação, entre outros;
::: geólogo – movimentações do solo, tipo de solo, composição da paisagem, entre outros;
::: biólogo – conhecimento da biodiversidade, flora e fauna, processos ecológicos;
::: administrador/gestor imobiliário – dados e informações econômicas sobre o mercado e perfil
consumidor.
O sucesso do projeto paisagístico depende da compreensão clara de todos os condicionantes
físicos locais, regionais e até mesmo globais. Além disso, é necessário observar as necessidades dos
usuários, pois não adianta criarmos espaços que não ofereçam possibilidades de uso e conforto para as
pessoas. Para desenvolver um projeto de paisagismo, assim como os demais, é imprescindível observar
o programa de necessidades e as análises dos componentes físicos do terreno (elementos qualitativos
e quantitativos).
É importante destacar que a legislação brasileira e a própria sociedade estão cada vez mais aten-
tas às questões ambientais, por isso todo empreendimento deve analisar os potenciais ambientais do
seu projeto e utilizar esses recursos de forma a qualificar o empreendimento, assim como a vida de toda
sociedade.
A presença da vegetação no espaço urbano tende a melhorar a qualidade de vida de toda a cidade, visto que a inserção
adequada de vegetação no meio urbano proporciona contribuições sociais, ambientais e econômicas. As áreas verdes são
espaços próprios ao convívio humano e para as interações sociais. Esses espaços valorizam o meio urbano devido às suas
características de qualificação do conforto ambiental local, melhorando aspectos estéticos, de drenagem urbana, de con-
forto térmico, além de minimizar a presença de poeiras e gases da atmosfera. (POUEY; FREITAS; SATTLER, 2003, p. 731)
::: selecionar as espécies – existem espécies de grande porte (árvores) arbustivas, trepadeiras e
forrações. Criar maciços de uma mesma espécie e integrá-los a outros maciços diversifica a
paisagem e não deixa o espaço monótono;
::: planejar a infraestrutura – pontos de água e luz e caprichar em todos os detalhes.
Lembre-se: a presença da vegetação no espaço urbano tende a melhorar a qualidade de vida dos
indivíduos. O contato com a natureza no ambiente urbano é saudável, pois proporciona espaços para
lazer passivo e ativo. A vegetação ativa nossos sentidos, melhora a concentração e diminui o estresse.
Os estudos de Beatriz Fedrizzi (1997; 2003) sobre os pátios escolares indicam que a vegetação, além de
tornar os espaços mais agradáveis, contribui para a qualidade de vida de toda a comunidade escolar.
::: projeto de iluminação interna – iluminação embutida, iluminação cênica e específica nas ati-
vidades;
::: especificação de materiais, de revestimentos – das paredes, dos pisos e dos forros;
::: detalhes construtivos – rodapé, rodaforro, acabamentos em gesso, iluminação embutida;
::: as cores utilizadas – em todos os detalhes.
No projeto de decoração de interiores facilmente pode ser gasto mais do que o previsto, por isso
é importante estar atento ao cronograma financeiro da obra.
Para o controle do prazo da obra e dos gastos econômicos é necessário fazer um cronograma
físico-financeiro de qualquer obra. Nesse cronograma, todas as etapas do planejamento devem ser ava-
liadas, a execução deve ser fiel aos projetos, para evitar desperdícios, e deve-se estar atento para conci-
liar preço com qualidade.
Para diluir gastos no projeto de decoração de interiores pode-se planejar uma execução por eta-
pas, por exemplo: 1.ª fase – limite-se ao essencial; 2.ª fase – entram os detalhes especiais como quadros,
esculturas, luminárias (elementos de pequeno porte, mas com efeito expressivo nos nossos bolsos).
Mas, principalmente, evite o fascínio da moda, respeite sua personalidade.
Esses são apenas alguns exemplos dos principais elementos que são tratados em cada um desses
projetos apresentados. O principal objetivo desta unidade é despertar no gestor imobiliário a importância
e algumas funções dos projetos urbanístico, paisagístico e de decoração de interiores. Dessa forma,
esse profissional pode indicar para seus clientes o tipo de projeto necessário à execução do empreendi-
mento que se pretende lançar no mercado. Além disso, você que trabalha diariamente com empreen-
dimentos imobiliários, deve entender todos os procedimentos que fazem parte da materialização das
edificações e seus espaços livres.
Texto complementar
A paisagem urbana
(AMBIENTE BRASIL, 2006)
A vegetação, como um todo, tem sido de grande importância na melhoria das condições de
vida nos centros urbanos. Com o crescimento populacional das cidades, depara-se com a falta de um
planejamento urbano.
O clima urbano difere consideravelmente do ambiente natural. A amplitude térmica, o regime
pluviométrico, o balanço hídrico, a umidade do ar, a ocorrência de geadas, granizos e vendavais
precisam ser considerados.
Os solos, por sua vez, responsáveis pelo suporte físico das árvores e pelo substrato nutritivo
do qual depende seu desenvolvimento, apresentam-se compactados nas cidades devido ao grande
número de pavimentações que não permitem o escoamento das águas. Resíduos sólidos, despejos
residenciais e industriais poluem e comprometem o solo urbano.
Quanto à qualidade do ar, esta fica comprometida pela combustão de veículos automotores e
pela emissão de poluentes advindos de atividades industriais.
Além da função paisagística, a arborização urbana proporciona benefícios à população, como:
a. proteção contra ventos;
b. diminuição da poluição sonora;
c. absorção de parte dos raios solares;
d. sombreamento;
e. ambientação a pássaros;
f. absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população.
Planos de arborização
O adequado conhecimento das características e condições do ambiente urbano é uma precon-
dição ao sucesso da arborização. É preciso considerar fatores básicos como: condições locais, espaço
físico disponível e características das espécies a utilizar.
O plano de arborização deve responder às perguntas: o que, como, onde e quando plantar.
Análise da vegetação – é importante conhecer a vegetação da região, dentro da cidade e nos
arredores, procurando selecionar espécies que são recomendadas para a arborização urbana e que
apresentam crescimento e vigor satisfatórios.
Análise do local – é preciso efetivar os levantamentos dos locais a serem arborizados, como
também daqueles que necessitam ser complementados ou adaptados. Há necessidade de compati-
bilizar a arborização com o sistema elétrico, o abastecimento de água, esgotos, sinalizações e edifi-
cações. O cadastramento e controle das ruas e praças (dimensões, localização das redes e outros ser-
viços urbanos, identificação das árvores, data do plantio e época de poda) possibilitam uma melhor
implantação da arborização urbana.
Atividades
1. Faça uma visita técnica à execução de um loteamento e verifique os tipos de serviços que estão
sendo realizados. Analise o conjunto de plantas técnicas que estão à disposição do grupo de
execução.
Ampliando conhecimentos
BRASIL, Lei n.º 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L6766orig.htm>. Acesso em: 30 ago. 2006.
CASA Claudia. Disponível em: <www.casaclaudia.abril.com.br>. Acesso em: 30 ago. 2006.
MACEDO, Silvio. Quadro do Paisagismo no Brasil. São Paulo: Edusp, 1999.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
POUEY, M.; FREITAS, R.; SATTLER, M. A. Arborização e Sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL SO-
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RAMOS NETO, A. C. Incorporação Imobiliária: roteiro para avaliação de projetos. Brasília: Lettera,
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Projetos estrutural,
hidrossanitário e elétrico
Projeto estrutural
O projeto estrutural, como o próprio nome indica, é o responsável pelo dimensionamento da
estrutura da edificação, ou seja, é o responsável por manter a edificação sólida e evitar danos físicos à
edificação, como fissuras nas paredes.
Esse projeto segue a forma e as dimensões da edificação, conforme proposto no projeto arqui-
tetônico. O projeto estrutural é responsável por definir o tipo de estrutura da edificação, por exemplo,
se o sistema estrutural é autoportante ou estruturado. Após definir o tipo de estrutura são localizados
e dimensionados os elementos que compõem a estrutura da edificação. A interação entre o projeto
arquitetônico e o projeto estrutural deve ser feita desde os estudos preliminares, para evitar possíveis
problemas de compatibilização entre os projetos.
Antes de iniciar o desenvolvimento do projeto estrutural é necessário analisar alguns condicio-
nantes locais, para evitar possíveis danos estruturais à edificação, como:
::: condições geotécnicas do solo – por meio de sondagens, verifica-se o tipo de solo e o nível do
lençol freático, a fim de projetar a fundação mais adequada às condições locais;
::: ventos predominantes – analisam direções predominantes e força;
::: peso da edificação – considerar forma, sistemas construtivos utilizados e as atividades que
serão realizadas no empreendimento.
Projeto hidrossanitário
O projeto hidrossanitário é o responsável pelas instalações hidráulicas (referentes à distribuição
de água na edificação), bem como as instalações da rede de esgoto cloacal (águas provenientes das
pias, vasos sanitários, máquinas de lavar roupas, chuveiros, entre outros) e esgoto pluvial (água da chu-
va) do edifício ou do loteamento.
O projeto hidrossanitário é aquele que atende às necessidades dos usuários do imóvel, que facilita
futuros reparos e que se integra ao plano arquitetônico, tanto do ponto de vista da forma quanto do
custo. Antes de iniciar o desenvolvimento do projeto hidrossanitário, deve-se verificar e analisar alguns
aspectos:
::: o sistema de drenagem natural do terreno;
::: se existe rede de recolhimento de esgoto cloacal e pluvial;
::: o tipo de tratamento dos efluentes líquidos que deve ser aplicado;
::: a pressão de chegada da rede de água no terreno do futuro empreendimento. Quando a
pressão é baixa, encher a caixa d’água pode levar muito tempo, o chuveiro acaba se redu-
zindo a quase um conta-gotas e os aparelhos eletrodomésticos, como as máquinas de lavar
louças e lavar roupas, demoram muito mais para completar suas funções. Por outro lado,
quando a pressão é alta demais, você vai precisar de tubos mais resistentes e mais largos e
ter atenção redobrada quanto às emendas e conexões. Se a sua obra se enquadra em uma
dessas duas categorias, calma! O mercado oferece dispositivos que elevam ou reduzem a
pressão da água.
::: instalação de esgoto sanitário (cloacal) – o esgoto sanitário deve receber especial atenção,
pois é responsável em conduzir as águas provenientes das pias, ralos e vasos sanitários até
a unidade de tratamento. O sistema de instalação de esgoto deve garantir estanqueidade,
ou seja, evitar vazamentos e, lógico, a contaminação do solo e, consequentemente, do lençol
freático. A parte mais importante desse sistema refere-se ao tratamento dos resíduos líquidos
(esgoto), pois precisamos garantir que o efluente lançado não irá contaminar a água que mais
tarde beberemos ou utilizaremos para outros fins, como cozinhar, tomar banho, lavar as mãos,
escovar os dentes. Quanto mais poluídos estiverem os recursos hídricos maior será a exigên-
cia por tratamentos mais eficientes por parte dos órgãos responsáveis, ou seja, mais custo e
menos qualidade;
::: instalações de esgoto pluvial (água da chuva) – têm o objetivo de coletar e conduzir as águas
provenientes da água da chuva em direção à rede de drenagem da cidade. Essas instalações
devem cuidar para promover a adequada vazão e evitar retornos de água nos ralos ou caixas
de inspeção do empreendimento;
::: sistema de drenagem – a função do sistema de drenagem é reduzir a umidade do solo, rebai-
xando a altura do lençol freático por meio do afastamento dos excessos de águas subterrâneas,
assim como conduzir as águas superficiais (da chuva) para longe da edificação, diminuindo
problemas com umidade e alagamento. Deve-se dimensionar os tubos de drenagem de forma
a conduzir o adequado escoamento da água. Pode ser feito por meio de tubos perfurados e/
ou drenos com brita;
::: instalações de água de reuso – essas instalações proporcionam economia, reduzindo o con-
sumo de água tratada para fins não nobres, como lavar calçadas, molhar grama, lavar carros,
descargas das bacias sanitárias. Deve-se ter cuidado para não misturar a água tratada com
as águas de reuso, sendo que cada rede deve ter sua específica identificação para evitar
possíveis transtornos. Deve ser realizado ainda um monitoramento da qualidade das águas
de reuso. A utilização desses sistemas torna-se cada vez mais um forte aliado de empreen-
dimentos que querem manter a qualidade e apresentar diferencial no mercado, pois contri-
buem para a qualificação ambiental de toda a sociedade. As águas a serem reutilizadas na
edificação podem ser as águas cinzas (provenientes das pias e chuveiros), as águas negras
(provenientes das bacias sanitárias) e a água da chuva. Claro que a reutilização da água das
bacias sanitárias deve ter um cuidado especial, devido a suas características. Destaco para
vocês que a economia de água de uma edificação tende a ser cada vez mais uma exigência
comum a todos; atualmente é considerada um requisito de qualidade dos usuários, logo
será uma exigência legal.
As instalações hidrossanitárias merecem muita atenção porque esses sistemas, além de serem
responsáveis por garantir um abastecimento de água potável para nosso consumo diário, são os res-
ponsáveis por lançar novamente nos rios as águas já contaminadas por nossas ações diárias.
A atual forma de desenvolvimento dos sistemas urbanos, onde simplesmente o que não nos serve
mais colocamos para fora do nosso empreendimento, acarreta em uma situação embaraçosa e um tan-
to quanto contraditória, visto que acabamos bebendo nosso próprio esgoto. A liberação indiscriminada
do esgoto doméstico (assim como outras formas) oneram o custo do tratamento da água, além de
causar problemas de saúde, pois cada vez mais ingerimos novos produtos químicos em maiores quan-
tidades.
Projeto elétrico
De acordo com a NBR 13532 (1995, p. 2-3), as instalações elétricas são responsáveis por especifi-
car os controles e pontos de utilização de energia em uma edificação ou parcelamento do solo. Por isso,
a qualidade do projeto elétrico também é importante para os empreendimentos imobiliários. Se o pro-
jeto elétrico for desenvolvido de forma inadequada, poderá causar sérios danos financeiros, além de
poder causar danos à saúde humana, devido aos choques.
O projeto elétrico deve indicar as formas de abastecimento de energia, os pontos de iluminação e
pontos de tomadas do empreendimento e a capacidade de carga de cada ponto. Deve-se ter um cuidado
importante ao dimensionar os pontos de iluminação e tomadas, os quais devem ser distribuídos em
diferentes circuitos. Dessa maneira, se ocorrer um problema em uma das tomadas da casa, você pode
desligar o disjuntor referente ao circuito daquela tomada, mas ainda terá luz no ambiente, já que esse
ponto faz parte de outro circuito, por exemplo.
Os circuitos terminais dividem-se basicamente em: circuito coletivo de lâmpadas; circuito coletivo
de tomadas de uso geral para áreas de serviço e cozinha; circuito coletivo de tomadas de uso geral para
dormitórios, salas, banheiros, escritórios, varandas; circuito individual (equipamentos com potência
igual ou superior a 1 500W).
ser indicadas as tubulações (eletrodutos que envolvem os fios condutores de energia); as caixas de
passagem; os quadros de carga (onde se localizam os disjuntores); os pontos de tomadas (normais e es-
peciais para equipamentos que exigem uma maior carga elétrica – máquinas de lavar, chuveiro elétrico,
forno de micro-ondas, geladeira, entre outros); pontos de iluminação, localização do ar-condicionado;
dimensionamento dos fios condutores de energia. Ainda são necessários os memoriais descritivos e as
especificações técnicas.
Os itens que normalmente acompanham o projeto elétrico são:
::: planta baixa com eletrodutos, circuitos, pontos de iluminação, tomadas, tabela de convenções
e quadro de cargas;
::: detalhes da entrada de energia elétrica e do sistema de aterramento;
::: memoriais – memorial descritivo das instalações e memorial de cálculo (cálculo de demanda
de energia e condutores).
Os projetos estrutural, hidrossanitário e elétrico são indispensáveis para a qualidade do empreen-
dimento como um todo. Todos esses projetos são detalhados para evitar falhas durante a execução do
empreendimento, assim como para realizar o orçamento discriminado da obra. Quanto mais detalha-
dos forem os projetos, mais eficiente será o orçamento realizado.
Nessa unidade foram apresentados alguns exemplos dos principais elementos que são tratados
em cada um desses projetos, no entanto existem muitos outros fatores e cuidados envolvidos. O prin-
cipal objetivo desta unidade é despertar no gestor imobiliário a importância e as funções dos projetos
apresentados, a fim de possibilitar um maior entendimento sobre os processos de desenvolvimento do
produto.
Texto complementar
A gota d’água
(WENZEL, 2003)
O consumo de água só cresce. Se mantivermos o ritmo, em 20 anos, metade da população mun-
dial sofrerá com a escassez. Mas a solução está ao alcance de todos. Basta adotar a máxima dos eco-
logistas: resolver localmente um problema global. E começar em casa.
Já reparou na sua conta de água? Uma metade do valor paga o abastecimento e a outra, a coleta
de esgoto. Pela água não se cobra nada. Está aí, segundo especialistas, a raiz da cultura do desperdí-
cio, cuja imagem mais comum é a cena do vizinho varrendo a calçada com um esguicho. Para inibir
o esbanjamento, a Unesco recomenda que ela tenha valor de mercado. No Brasil, a Agência Nacional
de Águas já estuda formas de implantar a taxa. “Logo arcaremos com uma conta mais cara”, prevê
o engenheiro Luiz Colella, da comissão de saneamento da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
Atividade
1. Analise o projeto estrutural, hidrossanitário e elétrico de uma edificação e verifique quais são os
elementos de cada um deles. Descreva o tipo de desenho técnico que representa cada um dos
elementos identificados.
Ampliando conhecimentos
AZEREDO, Hélio Alves de. O Edifício até sua Cobertura. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.
CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
_____. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1991.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído. São Paulo: USP, 1992.
POUEY, M.; FREITAS, R.; SATTLER, M. A. Arborização e Sustentabilidade. In: ENCONTRO NACIONAL SO-
BRE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 7., CONFERÊNCIA LATINO- AMERICANA SOBRE CONFOR-
TO E DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFICAÇÕES, 3., 2003, Curitiba. Anais... Curitiba: Encac–Coted,
2003. p. 730-736.
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WENZEL, Mariane. A gota d’água. Revista Arquitetura e Construção, São Paulo, jun. 2003.
Conforto ambiental
nas edificações
Conforto ambiental
O conforto ambiental nas edificações é matéria cada vez mais presente e discutida nos congres-
sos que estudam o ambiente construído e suas relações com o homem, procurando aprimorar a qua-
lidade de vida para as pessoas. Esse conforto pode ser entendido como adequação ao uso do homem,
respeitando condições térmicas, de ventilação, de insolação, de acústica e visual, capazes de alterar o
desempenho da edificação e seu contexto urbano.
Conforto visual
Os aspectos referentes ao conforto visual são subjetivos, no entanto destaco a vocês que as pai-
sagens preferidas das pessoas geralmente são espaços que possibilitam uma visão ampla do horizonte,
que contempla visuais dinâmicos e naturais. Os ambientes construídos com formas e elementos arqui-
tetônicos diferenciados são sempre bem-vindos e também agradam as pessoas. Por isso, é importante
planejar as cidades de forma a permitir mais integração entre os espaços artificialmente construídos e
os ambientes naturais.
Conforto acústico
Observar as condições locais de conforto acústico contribui para confrontar o tipo de ativida-
des potenciais ao empreendimento em relação às atividades permitidas pelo Plano Diretor da cidade.
O desempenho da edificação sob o aspecto de conforto acústico se faz necessário para promover ao
homem o adequado desenvolvimento das suas atividades diárias (descanso, lazer ou trabalho). Além
disso, o conforto acústico eficiente nos ambientes pode minimizar a incidência de estresse no homem,
pois ambientes mais silenciosos facilitam a concentração.
Para medir o desempenho acústico das edificações é necessário realizar medições em condições
complexas, pois tal medição envolve a escala urbana. A localização do empreendimento é fator deter-
minante para que a edificação apresente ou não qualidades acústicas, devido principalmente à intensi-
dade do fluxo de veículos. A poluição sonora é usada como critério de planejamento de uso e ocupação
do solo das cidades, conforme o Plano Diretor urbano. Dessa forma, as atividades propostas no Plano
Diretor seguem critérios para o zoneamento, de acordo com a compatibilidade entre as atividades e as
áreas industriais. Excesso de ruído e poluição não é adequado ao uso residencial, por exemplo.
Um exemplo típico de área urbana que tem restrições de ocupação devido a problemas acústicos
é o entorno de aeroportos. Essa área é prejudicada pela poluição sonora gerada pela decolagem e pouso
de aeronaves, o que não é compatível com atividades que exigem mais concentração como escolas, por
exemplo.
e condicionamento artificial. As estratégias são utilizadas para minimizar o uso de recursos artificiais,
diminuindo gastos com a conta de energia elétrica, tanto nas edificações residenciais, como nas comer-
ciais e industriais.
Eficiência energética
O conceito de eficiência energética, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (2004, p. 14), pode ser
entendido como a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é
considerado mais eficiente do que outro se esta edificação oferece as mesmas condições ambientais
com menor consumo de energia.
Você deve estar se questionando sobre como podemos medir o conforto térmico de uma edifica-
ção. Conforme Lamberts (2004 p. 40-41), o conceito de conforto térmico é o reflexo de satisfação com o
ambiente que envolve a pessoa. A sensação de conforto varia conforme o estado das condições climáticas
locais, a quantidade de roupa que a pessoa está usando e a atividade que ela está desempenhando.
Dessa forma, desenvolver o produto imobiliário pensando em satisfazer as necessidades de conforto
térmico dos clientes da edificação, além de proporcionar sensação de bem-estar entre os usuários do edi-
fício, acaba minimizando os gastos energéticos da edificação, gerando mais satisfação do produto.
Para a edificação consumir menos energia é necessário promover um uso mais racional. Sendo as-
sim, é interessante especificar equipamentos que tenham mais eficiência energética e incentivar o uso
racional de energia, evitando desperdícios. Entretanto, algumas das principais soluções para diminuir os
gastos energéticos das edificações podem ser empregadas ainda na fase de planejamento do empreendi-
mento imobiliário, por meio da adequação climática da forma, da função e dos materiais utilizados.
Para podermos projetar de forma eficiente é de suma importância conhecer os aspectos relacio-
nados ao clima local e o tipo de uso e ocupação do solo urbano. O clima varia conforme a região em que
a cidade se localiza. Duarte e Serra (2003, p. 8) explicam que:
[...] cada cidade é composta por um mosaico de microclimas diferentes; os mesmos fenômenos que caracterizam o
mesoclima urbano existem em miniaturas por toda a cidade, como pequenas ilhas de calor, bolsões de poluição atmos-
férica e diferenças locais no comportamento dos ventos.
::: as características dos materiais das fachadas externas (expostas às condições climáticas);
::: a cor utilizada nas fachadas externas;
::: a orientação solar;
::: a forma e a altura da edificação;
::: a orientação e o tamanho das vedações transparentes;
::: as características do entorno da edificação;
::: a orientação em relação à ventilação;
::: o desempenho das aberturas, quanto às possibilidades de iluminação natural, bem como suas
devidas proteções à insolação inadequada;
::: a localização estratégica dos condicionadores de ar artificiais.
Cada região tem estratégias específicas para as soluções arquitetônicas a serem adotadas nas
edificações, já que as cidades brasileiras apresentam características climáticas bem diferenciadas
entre elas.
Adaptado.)
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004.
Exemplo de ventilação higiênica.
Porto Alegre
O clima de Porto Alegre é complicado, visto que o projetista trabalha com duas situações antagô-
nicas: frio intenso e úmido no inverno e calor intenso e úmido no verão. Para Porto Alegre é importante
planejar um sistema de esquadrias eficientes, as quais podem propiciar a ventilação necessária no verão
e ao mesmo tempo proporcionar uma excelente vedação no inverno para evitar perdas de calor. A ven-
tilação cruzada é a solução mais adequada para retirar o calor interno nos dias de verão.
Curitiba
A cidade de Curitiba tem seu desconforto climático devido, principalmente, ao frio incidente. Para
as edificações de Curitiba salienta-se o maior aproveitamento solar possível, ou seja, permitir que o sol
aqueça naturalmente as edificações evitando situações de sombreamento. Nos dias de calor, a ventila-
ção cruzada pode minimizar uma parte do desconforto.
São Paulo
Salienta-se que a cidade de São Paulo sofre muito com o efeito da ilha de calor, devido às altas den-
sidades, à pequena quantidade de vegetação e à poluição do ar. Para São Paulo destacam-se alternativas
que promovem a melhor ventilação possível, com menos necessidade de aproveitamento do calor solar.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
96 | Conforto ambiental nas edificações
Rio de Janeiro
Para o Rio de Janeiro aconselha-se muita ventilação. Além disso, é interessante criar sistemas de
sombreamento solar nas esquadrias evitando incidência do sol direta no interior da edificação, o que
acaba aumentando o calor interno. Pode-se utilizar brises1 de proteção das janelas e trepadeiras caduci-
fólias, espécies que perdem as folhas no inverno e permitem a incidência solar em dias frios.
Salvador
Nessa cidade, o principal problema é o calor. Aconselham-se as mesmas estratégias indicadas
para o Rio de Janeiro (ventilação cruzada, uso de proteção solar nas esquadrias, além de propiciar espa-
ços internos fluidos que facilitem a ventilação cruzada).
Brasília
Segundo as análises da carta bioclimática da cidade de Brasília, conforme literatura mencionada,
as estratégias indicadas para as edificações são a ventilação e o aquecimento solar. Para Brasília, alerta-
-se sobre a importância das áreas verdes, visto que a região é muito seca e a vegetação contribui para
aumentar a umidade do ar. Por isso, é importante projetar espaços que promovam a integração entre
os ambientes construídos e os naturais.
Esses são apenas alguns exemplos básicos das soluções mais indicadas para as cidades referidas.
Adotar soluções arquitetônicas que respeitem o clima local melhora a vida dos seus usuários e pode
minimizar o uso de ar-condicionado durante todo o ano, sendo este um dos requisitos de qualidade dos
empreendimentos imobiliários.
1 Brise: elemento arquitetônico em forma de placas horizontais ou verticais, fixas ou móveis, aplicadas sobre a fachada de um edifício, para
barrar a incidência direta dos raios solares; quebra-luz, quebra-sol (Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa).
Pesquisas de Lúcia e Juan Mascaró (2002, p. 41) indicam que sob agrupamentos vegetais a tem-
peratura do ar pode ser entre 3 e 4°C mais baixa do que em áreas expostas à radiação solar direta. E,
dependendo da cobertura do solo, como o asfalto, por exemplo, essa diferença pode ser ainda mais
marcante.
Na figura anterior, podemos constatar que o tipo de ocupação e material utilizados na cobertura
do solo influencia a temperatura do ar nessa região, segundo dados de Sattler (2004). As temperaturas
são mais amenas na sombra da árvore; já o piso próximo da casa, além de absorver muita radiação (ca-
lor), reemite esse calor para o interior do ambiente. Se a árvore estivesse plantada mais perto da janela
da casa, certamente o clima seria mais ameno no interior da edificação.
Adotar soluções construtivas que propiciem mais qualidade ambiental ao empreendimento imo-
biliário aumenta a qualidade de vida dos usuários da edificação, assim como a dos habitantes do entorno
da edificação, pois as relações ambientais desenvolvem-se em diferentes escalas. Os reflexos de uma
arquitetura que cria espaços mais agradáveis ao uso humano, sob a perspectiva ambiental, ultrapassam
a satisfação dos clientes, pois melhora as relações econômicas e sociais do empreendimento. Os bene-
fícios econômicos são percebidos em médio prazo, já que há uma economia de energia durante o uso
da edificação e em longo prazo pela satisfação dos compradores do imóvel.
Para o gestor imobiliário, entender as contribuições proporcionadas pela integração do empre-
endimento com seu ambiente qualifica sua ação profissional, já que poderá indicar para seus clientes
soluções mais adequadas e que proporcionam mais satisfação. O gestor imobiliário poderá utilizar esse
conhecimento tanto para indicar caminhos para seu cliente investidor, como para contribuir para a
tomada de decisão do cliente que irá comprar ou alugar um imóvel.
Texto complementar
Projeto premiado tem raízes no Programa Habitare
(HABITARE, 2006)
Água
Para uso racional da água, o sistema hidráulico da casa foi desenvolvido prevendo o aproveita-
mento da chuva e o tratamento de efluentes no local da construção. O projeto prevê que as águas
Desempenho econômico
[...]
Com área prevista de 206m2, incluindo sala, cozinha, banheiro, serviço, quarto de casal, quarto
de solteiro, terraços, acessos, rampas e mezanino, a casa será um ambiente para demonstração e
desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa. Todas as soluções e sistemas implementados
poderão ser observados por meio da visitação pública.
Também serão realizadas atividades de monitoramento termo-energético e os dados serão dis-
ponibilizados eletronicamente por meio da visita virtual. O modelo real vai abrigar o Núcleo Procel-
-Eletrosul-LabEEE, para o desenvolvimento de atividades de pesquisa. O projeto foi coordenado por
Henrique Martins, da Eletrosul, e pelo professor Roberto Lamberts, do LabEEE/UFSC, com autoria da
arquiteta Alexandra Albuquerque Maciel, pesquisadora do LabEEE. São coautores a arquiteta Suely F.
de Andrade (LabEEE) e o arquiteto Arnaldo de Oliveira (Eletrosul).
Atividade
1. Reflita sobre o tipo de uso e ocupação do solo urbano da sua cidade. Pense nas condições de
conforto térmico da sua residência e ou do seu escritório. O uso de condicionamento artificial
de ar nesses ambientes pode ser considerado racional por falta ou excesso de calor? Analise a
orientação solar de cada ambiente e verifique se necessitam de mais calor ou de mais resfriamento.
Faça um desenho esquemático da planta baixa e anote suas observações, compare com outros
empreendimentos da sua cidade e com as condições climáticas locais.
Ampliando conhecimentos
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. Eficiência Energética na Arquitetura. 2. ed. São Paulo: ProLi-
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A sustentabilidade e os
empreendimentos imobiliários
Conceitos e princípios da sustentabilidade
As questões ambientais têm origem nos diversos ciclos de intervenção humana realizados de
forma indiscriminada. As discussões iniciais que ocorrem em todo o mundo sobre o meio ambiente têm
foco na existência de recursos naturais finitos. Foladori (2001, p. 15-19) afirma que a década de 1970
foi marcada pelo início dos diálogos mundiais sobre as questões ambientais. Nesse período, surgem as
primeiras definições sobre desenvolvimento sustentável, o qual tem premissas na qualificação da vida
de forma igualitária a todos os seres no presente, sem comprometer a qualidade de vida das futuras
gerações (FOLADORI, 2001).
Segundo Bennett e Sattler (2004, p. 2), a sustentabilidade extrapola as questões ambientais,
pois está relacionada com todas as atividades humanas, as quais também interagem com os aspectos
econômicos, sociais e políticos. Pode-se fazer uma analogia entre a sustentabilidade e os processos de
qualidade empresarial. Destaca-se que os planos de qualidade objetivam a melhoria contínua, assim a
sustentabilidade deve ser compreendida como um meio e não um fim, ou seja, um processo de avanço
contínuo.
Silva e Shimbo (2001, p. 76-78) sobrepõem alguns princípios e estratégias gerais para o referen-
cial da sustentabilidade. Para esses autores, as dimensões da sustentabilidade dividem-se em aspectos
ambientais, sociais, econômicos, políticos e culturais.
Ótica Princípios
Colocar em prática princípios da sustentabilidade nas cidades pode ser considerado um dos gran-
des desafios ambientais deste século, pois os problemas ambientais afetam a produtividade das cida-
des e a qualidade de vida dos seus habitantes (BRITO; SATTLER, 2001, p. 21). O processo de urbanização
causa inúmeros impactos, que devem ser superados com um planejamento sistêmico, considerando o
homem e suas atividades no seu contexto ambiental.
A ação antrópica sobre o meio causa reflexos que são difíceis de mensurar. A escala urbana repro-
duz inúmeros sistemas, a intensidade de problemas causa insatisfação, tanto para quem apenas habita
a cidade, quanto para quem tenta qualificá-la.
Para planejar tendo uma visão sistêmica é fundamental a compreensão de fatores ambientais,
econômicos, sociais e culturais de cada local. Ressalta-se que as restrições ambientais devem ser vistas
como potenciais para o desenvolvimento urbano. Considerar os fatores ambientais configura-se como
uma nova forma de planejar as cidades, o que é fundamental para melhorar as condições de vida nos
núcleos urbanos. A sustentação da própria vida na cidade depende do uso sustentável dos ecossistemas
urbanos.
Analise a atual forma de desenvolvimento dos empreendimentos imobiliários e seus reflexos para
a sociedade. Quais são os reflexos a que estamos nos referindo?
Pense na enorme quantidade de entulhos que as obras das edificações costumam gerar. Agora
reflita onde esses materiais costumam ser depositados. Com certeza você já deve ter visto materiais de
construção em áreas verdes e nas margens de rios e córregos.
Avalie a eficiência energética dos edifícios que vocês conhecem, quantos apresentam projetos de
arquitetura que se preocuparam com questões de conforto térmico? Desconsiderar o conforto térmico
nas edificações é não respeitar as necessidades dos seus usuários, ocasionando gastos excessivos com
condicionamento artificial do ar, além de ser uma forma de desperdício.
Para onde vão os dejetos provenientes dos esgotos domésticos das edificações, sem considerar
os industriais? Em praticamente todas as edificações do nosso País os esgotos domésticos são descar-
tados sem nenhum tipo de tratamento, contaminando o solo, o lençol freático e os rios, que são nossa
fonte de água potável.
Você já deve ter percebido a quantidade de impacto gerado por um empreendimento imobiliário
e alguns dos seus reflexos para a sociedade. Estes são apenas alguns exemplos, entre tantos outros
problemas ocasionados por uma visão em curto prazo no desenvolvimento do produto imobiliário.
Considerar os aspectos ambientais no desenvolvimento do produto imobiliário não deve ser visto sob
o enfoque de restrição às edificações. Devemos analisar a legislação ambiental brasileira vigente sob a
óptica de potencialidade que as questões ambientais podem proporcionar em escala local (para os usu-
ários da edificação), assim como em escala regional (para que toda a sociedade se beneficie de ações
que respeitam o meio em que vivemos e convivemos) e escala global (se analisarmos a quantidade de
edifícios existentes e seus potenciais poluidores).
Você deve estar se perguntando: como transformar uma restrição legal em uma potencialidade?
A busca por qualidade de vida está presente em todas as pessoas, o perfil do mercado consumidor está
cada vez mais exigente. Mostrar diferenciais e novas possibilidades para os produtos imobiliários é fun-
damental para quem quer criar novos nichos de mercado.
Os princípios da sustentabilidade devem ser aplicados desde o planejamento do empreendimento.
Nesta etapa, são realizadas previsões sobre o sistema de gestão dos resíduos sólidos e líquidos do em-
preendimento, por exemplo. A etapa de gerenciamento da execução deve contemplar soluções que
minimizem todos os desperdícios possíveis; dessa forma, além da economia dos recursos naturais e de
minimizar os impactos dos resíduos, obtém-se mais economia financeira.
Somam-se aos benefícios econômicos, os benefícios sociais e ambientais proporcionados pela
aplicação de diretrizes sustentáveis durante todo o processo de desenvolvimento do produto imobiliário.
Essas diretrizes podem solidificar a imagem de empreendimentos imobiliários com responsabilidade
socioambiental.
::: A implantação do edifício deve estar adequada à geomorfologia e respeitar a paisagem local.
::: Proporcionar mais interação entre o homem e a natureza.
::: Observar a paisagem local e utilizar espécies nativas no tratamento paisagístico sempre que
possível.
::: Promover a gestão dos resíduos sólidos (propiciando um local para separação e disposição do
lixo, incluindo a possibilidade de executar uma composteira para adubo orgânico do jardim
da edificação).
::: Gestão dos recursos hídricos: utilização da água da chuva, reaproveitamento das águas servi-
das (águas cinzas: pias e chuveiros) e tratamento das águas negras (vaso sanitário).
::: Gestão dos recursos energéticos: mecanismos de iluminação e ventilação eficientes, aplicar
conceitos da arquitetura bioclimática (respeitar o clima local e o conforto ambiental do usuá-
rio da edificação).
::: Evitar excesso de áreas impermeáveis para facilitar a absorção da água através do solo, contri-
buindo para a gestão da drenagem urbana e para a qualidade da água do lençol freático.
::: Uso de conceitos do paisagismo produtivo para possibilitar o suprimento de uma parcela das
necessidades alimentares dos usuários, assim como atrair a fauna local e promover a educação
ambiental.
::: Criar áreas de lazer passivo e ativo para a comunidade.
::: Pensar soluções à acessibilidade universal, respeitando as necessidades dos diferentes usuá-
rios (idosos, mulheres grávidas, crianças e deficientes físicos).
::: Procurar utilizar materiais com baixo impacto ambiental e nível de toxidade.
::: Utilizar materiais locais para evitar perdas econômicas e ambientais no transporte.
::: Respeitar as características sociais, ambientais e culturais da comunidade local.
::: Propiciar um aumento da vida útil da edificação por meio do uso de materiais duráveis e de
características arquitetônicas que respeitam a cultura local.
::: Desenvolver projetos flexíveis que possibilitem diferentes atividades.
::: Preservar áreas verdes e vegetação existente, promovendo o desenvolvimento da biodiversi-
dade local.
::: Gerar emprego no local, propiciando uma melhora da economia.
As soluções que podemos adotar do ponto de vista da sustentabilidade podem não ter neces-
sariamente custos elevados de implantação. Elas dependem dos sistemas adotados e objetivos do
empreendimento, pois existem, por exemplo, soluções de baixo custo de implantação estudadas para
qualificação de loteamentos e assentamentos populares. Algumas diretrizes para a sustentabilidade
dos empreendimentos imobiliários exigem apenas mais criatividade e tempo gasto na etapa de plane-
jamento das edificações. Na etapa de desenvolvimento dos projetos é necessário prever as soluções da
melhor maneira possível, sempre analisando custos versus benefícios.
Os sistemas de tratamento de efluentes, aproveitamento da água da chuva, reuso das águas ser-
vidas e sistemas de aquecimento solar, por exemplo, podem apresentar um custo mais elevado do que
Texto complementar
Programa Habitare demonstra nova casa popular sustentável
(HABITARE, 2006)
Dentro desse princípio, o material escolhido foi o tijolo de cerâmica, produzido em praticamente
todo o Rio Grande do Sul. “O ideal em uma construção que busca ser sustentável é a utilização de
materiais locais, que não exijam grandes distâncias de transporte e que gerem empregos e renda no
local na construção”, explica o professor Sattler. Todas as esquadrias de portas e janelas são de euca-
lipto, tratadas com produtos não tóxicos. Foi utilizado para prevenir o ataque de cupins um produto
a base de óleos essenciais extraídos de plantas da Amazônia.
Para proteção contra a umidade, foi usado óleo de linhaça cozido, cuja eficiência está sendo
estudada em uma tese de doutorado em realização no Norie. Na linha de reaproveitamento de
materiais, dentro do forro há uma lâmina refletora de alumínio, que recicla chapas de alumínio de
fotolitos e funciona como uma barreira à passagem de calor.
O protótipo está sendo equipado com coletores de água da chuva para utilização no vaso
sanitário e irrigação do jardim. Um sistema de tratamento de esgotos também está em implantação
no próprio local. O sistema de esgotos separa as águas negras (do vaso sanitário) das águas cinzas
(as demais águas residuárias geradas na construção). Cada uma delas é tratada separadamente. As
águas negras, por exemplo, passam por um digestor e depois por um filtro anaeróbico. Então se jun-
tam às águas cinzas, que passaram por uma caixa de gordura. Em seguida as águas são conduzidas a
um canteiro, composto por um filtro de solo e agregados miúdos, sobre o qual são cultivadas plantas.
As raízes dessas plantas buscam os nutrientes necessários à vegetação no afluente ao canteiro e,
com isso, depuram ainda mais as águas originalmente negras. Finalmente, o efluente do canteiro é
conduzido a um pequeno espelho d´água, onde plantas aquáticas fazem o polimento final das águas
residuárias. A tecnologia está sendo desenvolvida com apoio do Programa de Pesquisa em Sanea-
mento Básico (Prosab), também financiado pela Finep.
Ainda estão por ser executadas as instalações de água quente (do coletor solar e as ligadas ao
fogão à lenha) e fria, com os respectivos equipamentos (chuveiro, bacia sanitária, tanque de lavar
roupa, pia da cozinha). O pé-direito elevado do protótipo também permitirá a construção de dois
mezaninos, um na sala e outro no dormitório voltado para o Norte, cada um com aproximadamente
oito metros quadrados. Estas extensões serão iluminadas e ventiladas pelas janelas superiores, exis-
tentes na fachada Norte do protótipo.
O coordenador do projeto, professor Miguel Sattler, acredita que os componentes da casa criam
um novo paradigma para a habitação popular. Construído com recursos da Caixa Econômica Federal
e da Finep, o protótipo iniciou com recursos de R$20 mil, boa parte dos quais foram investidos em
mão de obra qualificada – de modo a não comprometer a função demonstrativa do protótipo. Em
materiais foram gastos aproximadamente R$8.650,00 e outros investimentos continuam sendo fei-
tos. No entanto, este valor possibilita a construção de uma casa de 46m2 (o que representa aproxima-
damente ¼ do CUB, para materiais).
“Está se proporcionando, a este custo, muito mais do que uma casa. Constrói-se uma habitação
mais digna, que abrigue com conforto uma família de quatro ou cinco pessoas, reduzindo significati-
vamente os impactos sobre o meio ambiente”, ressalta Sattler. A continuidade do projeto contempla o
monitoramento do desempenho térmico do protótipo (projeto financiado pelo CNPq, em fase de con-
clusão), o desenvolvimento de pesquisas sobre coletores solares para aquecimento d’água, de custo
acessível a populações de baixa renda, acoplados a fogões à lenha e a implantação do paisagismo
produtivo nas áreas junto à edificação.
[...]
Segundo o professor, a adoção de pelo menos alguns dos princípios que estão sendo demons-
trados no protótipo já ajudaria na melhoria da habitação popular. “Não só da habitação em si, mas
na conscientização sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, no estímulo à produção
local de alimentos, a projetos cooperativos de construção apoiados por sistemas de autogestão ou
autoconstrução e na geração de empregos nos locais de produção das construções”, ressalta.
Isso porque os projetos do Núcleo Orientado à Inovação na Edificação (Norie) não se resumem à
habitação.
Atividade
1. Visite a obra de uma edificação, analise a quantidade de entulhos gerada e questione sobre o
destino dos resíduos sólidos desta edificação. Depois disso, reflita sobre algumas ações do seu dia
a dia:
a) Quantos litros de água você e sua família costumam gastar por mês?
c) Quanto você poderia economizar por ano e em um período de dez anos se sua casa tivesse um
sistema de reuso de água, ou maior eficiência energética, por exemplo?
Ampliando conhecimentos
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Avaliações qualitativas
e quantitativas do projeto
arquitetônico das edificações
do produto imobiliário e na produção dos sistemas que devem ser executados, objetivando uma pro-
dução enxuta do empreendimento. No entanto, destaca-se outra medida de suma importância para
o empreendedor que pretende manter diferencial no mercado: deve-se observar o atendimento das
necessidades dos usuários da edificação.
Você já deve ter observado que os apartamentos residenciais ofertados no mercado têm pratica-
mente a mesma tipologia arquitetônica: distribuição em três zonas funcionais (área íntima, área social e
área de serviço). Essa tipologia vem sendo utilizada em larga escala desde a década de 1970, sendo que
a maior diferença encontra-se no dimensionamento dos ambientes construídos. Os ambientes dos apar-
tamentos, e mesmo das salas comerciais, vêm diminuindo de tamanho no decorrer do tempo, sendo
que Villa (2004, p. 1) destaca que as áreas podem ser até 50% menores que nos anos de 1950.
O modo de vida, a família, as pessoas são os mesmos de anos atrás? Você com certeza pensou que
não. Pense no núcleo familiar. Cada vez mais o número de integrantes familiares é menor, casais com
um ou dois filhos. E as atividades que cada um exerce na sua casa? Bem, hoje o dormitório não é mais só
utilizado para dormir; nesse ambiente os indivíduos familiares praticam atividades diversificadas, como
leitura, jogos em computador, trabalho, assistir televisão e escutar música. Ainda temos outros tipos de
público como os solteiros, casais jovens sem filhos, casais mais velhos cujos filhos já saíram de casa. Por
esses motivos, as mudanças na forma e nas funções dos empreendimentos imobiliários devem seguir
esses perfis. É importante, antes de iniciar o desenvolvimento dos projetos, realizar uma pesquisa de
mercado para identificar o perfil do mercado consumidor.
As necessidades dos usuários das edificações são diversificadas e os estilos de vida são distintos.
Sendo assim, você pode trabalhar identificando as preferências e as necessidades dos seus clientes. To-
dos os dados que você puder coletar a partir das informações de seus clientes, que procuram um imóvel
para morar ou montar seu negócio, podem fazer parte de uma base de dados. Essa base de dados pode
compor diferentes perfis do mercado consumidor e, dessa maneira, podemos encontrar novos nichos
no mercado.
A flexibilidade dos projetos e as possibilidades de personalização dos espaços, conforme as
necessidades dos clientes, são algumas das possibilidades de diferencial no mercado (FERNANDEZ; HO-
CHHEIM, 2000, p. 3-4). Quantas vezes o gestor imobiliário, ao apresentar para seu cliente um aparta-
mento residencial, não escutou: “ah, mas eu gostaria que os revestimentos do banheiro fossem de outra
cor”, ou “preferia que o piso fosse de outro material, com menor manutenção”. Esses são apenas alguns
exemplos de que nosso cliente gosta de alguns diferenciais de acordo com sua preferência.
Algumas empresas construtoras possibilitam aos seus clientes a escolha de alguns materiais de
acabamento, conforme sua preferência, e possibilidades de pagamento. Os elementos das áreas de uso
comum e os materiais de acabamento das fachadas podem ser modificados apenas em decisão conjunta
com os compradores dos empreendimentos, projetistas e empreendedor. Possibilitar a flexibilidade para
determinados itens do empreendimento é uma alternativa eficiente, no entanto, ressalto que devem ser
observados os prazos de execução da obra, os quais não podem falhar para evitar atrasos na entrega do
empreendimento. Os prazos de entrega dos empreendimentos são uma das exigências dos clientes dos
empreendimentos imobiliários, pois atraso na obra significa perdas econômicas para todos.
A flexibilidade também está relacionada à conformação espacial do empreendimento, sendo que
algumas empresas oferecem mais de um tipo de planta para seu cliente escolher. Ressalto que normal-
mente as possíveis mudanças referem-se à localização de porta, um ambiente sem parede para agregar-
se a outro, ou mesmo novas funções de uso para o dormitório de empregada, por exemplo.
tes para seus clientes. Qualquer elemento construtivo agregado ao empreendimento ou acréscimo de
área construída, por exemplo, exige um investimento de valor representativo. Investir em detalhes que
não fazem a diferença, não agregam valor sob o ponto de vista dos compradores do imóvel, é colocar
dinheiro fora.
Na pesquisa, os autores encontraram os atributos mais valorizados pelos clientes dos referidos
apartamentos e identificaram as funções percebidas pelas pessoas de cada um desses atributos (PAN-
DOLFO et al., 2004, p. 7-9):
::: área total privada – valorização do imóvel;
::: veneziana nas esquadrias dos dormitórios – proporciona melhor conforto ambiental (térmico,
lumínico e sonoro);
::: sacada com churrasqueira/cozinha integrada – facilita a convivência social;
::: duas vagas na garagem – comodidade entre os usuários;
::: proximidade com praça pública – aumenta as possibilidades de contato com a natureza e o
convívio social;
::: proximidade de um shopping center – possibilidades de lazer e facilidade de compras.
Esses são apenas alguns exemplos de atributos e funções de cada um. Quando você for comer-
cializar ou propor novas soluções para um empreendimento, reflita nas características que podem ser
agregadas, qual é a função de cada elemento inserido na edificação e verifique se o item tem ou não
importância para o público-alvo que se pretende atingir.
Nesse sentido, Miron (2002, p. 1-3) destaca que é necessário encontrar os requisitos do clien-
te, criar soluções para alcançar esses requisitos e garantir que os mesmos sejam atendidos da melhor
maneira possível, desde a concepção (projetos) até a produção do produto (execução). É importante
cada empreendimento focar seus objetivos em atender os requisitos do seu público-alvo.
Claro que a decisão de compra é pessoal, dependendo da pessoa ou grupo familiar e, ainda,
outros aspectos também são importantes, conforme o estilo de vida das pessoas. É importante en-
tender que os consumidores de empreendimentos imobiliários normalmente são pessoas leigas no
assunto e por isso precisam de consultoria sobre as restrições e potenciais de cada empreendimento. O
gestor imobiliário poderá transmitir informações aos seus clientes que contribuem para sua tomada de
decisão por um determinado imóvel.
Dessa forma, o papel do gestor imobiliário é realizar todas as análises possíveis e repassá-las aos
seus clientes. Para qualificar as análises dos empreendimentos você deve observar alguns aspectos de
desempenho das edificações, como conforto térmico e acústico; circulação funcional; design do empre-
endimento; durabilidade e manutenção do imóvel.
Análises do empreendimento:
unidade privada e áreas de uso comum
Ao analisar os folhetos de propaganda utilizados para divulgação de empreendimentos imo-
biliários, você sabe que normalmente o veículo de comunicação contempla as soluções adotadas no
pavimento-tipo (com planta baixa ilustrada) e, algumas vezes, a volumetria da edificação (mostrando as
fachadas dos empreendimentos).
Você já deve ter percebido que existem alguns padrões funcionais, ou seja, normalmente a planta
da unidade privada é dividida em três zonas funcionais: área íntima (dormitórios, banheiro), área so-
cial (salas de estar e jantar) e área de serviço (cozinha e lavanderia). As variações dos imóveis ocor-
rem conforme o padrão socioeconômico para o qual ele se destina e dizem respeito à quantidade
e dimensões dos ambientes e às formas arquitetônicas utilizadas.
Existem elementos do empreendimento que são unânimes na valorização dos imóveis e outros
tantos que são subjetivos. Destaco que as pessoas costumam valorizar mais os itens da unidade privada
do que os elementos das áreas de uso comum.
Unidade residencial
A área privativa da unidade residencial, seja um condomínio horizontal ou vertical, é o local de
maior permanência para os usuários do empreendimento, por isso alguns cuidados essenciais devem
ser considerados:
::: conforto ambiental – ventilação adequada, ruídos presentes, conforto térmico, iluminação
natural e os visuais existentes;
::: circulação racional – evitando desperdícios em áreas de circulação que em geral não são
espaços próprios ao exercício de nenhuma atividade das pessoas;
::: nivelamento entre pisos – cuidar com os desníveis existentes entre ambientes, procurando
enfatizar o degrau para evitar riscos de acidentes;
::: analisar o posicionamento das esquadrias – as janelas devem proporcionar uma ventilação
e insolação mínima ao conforto dos usuários; já as portas devem estar localizadas de forma a
não comprometer a circulação e integração dos ambientes;
::: verificar a posição adequada dos aparelhos de ar condicionado – posicioná-los o mais próximo
possível do forro, visto que o ar quente sobe e assim seu rendimento será mais eficiente;
::: funcionalidade das áreas de uso comum – por exemplo, em um prédio com muitas unida-
des, projetar apenas um elevador pode ser um transtorno para os moradores;
::: concordância entre estrutura e paredes – evitar pilares e vigas que possam prejudicar a
funcionalidade e a estética dos ambientes;
::: segurança do empreendimento – um dos elementos essenciais em empreendimentos de
qualquer natureza, devido a circunstâncias de falta de segurança pública no Brasil;
::: racionalidade construtiva – evitar desperdícios na obra, o que onera o custo do empreendi-
mento e, lógico, seu preço de venda;
::: racionalidade das instalações – projetar tubulação de água, de esgoto e elétrica, conforme
o número de equipamentos necessários no dia a dia das pessoas.
Você percebeu que, quando vai analisar um empreendimento, deve se deter nos possíveis ris-
cos existentes, os quais podem comprometer a satisfação do seu cliente. Observe as oportunidades de
distribuição dos móveis, avaliando se existe mais de uma possibilidade para colocar o mobiliário neces-
sário ou se está restrito a apenas uma configuração. Para isso, verifique dimensões mínimas de móveis
básicos, como sofás, mesa, cadeiras, móvel para TV, cama. A partir disso, faça uma breve disposição nos
ambientes. Você vai constatar que na maioria dos ambientes a distribuição dos móveis não tem grandes
variações devido às dimensões reduzidas de cada ambiente.
Verifique se as dimensões dos ambientes e a quantidade de cômodos estão proporcionais. Por
exemplo, o tamanho da sala de estar de um apartamento de quatro dormitórios deve ser proporcional
ao número de quartos, já que estes determinam o número de possíveis habitantes. Analise se o ambiente
não causa sensação de corredor, ou seja, pouca largura, pois essa situação prejudica a distribuição dos
móveis que só podem ser distribuídos de forma enfileirada, junto às paredes, causando uma sensação
de aperto. Nos ambientes com dimensões mais proporcionais, onde a largura e a profundidade têm
uma relação mais harmônica (uma diferença menor entre as duas dimensões), a sensação de conforto é
maior e as possibilidades para o mobiliário podem ser mais diversificadas.
Lembre-se de que a distribuição dos móveis também depende da quantidade e da localização
das portas. Para facilitar seu entendimento e do seu cliente, trace uma linha imaginária conectando
todas as portas existentes no ambiente, pois esta será a área de circulação entre os espaços e, por isso,
não se pode colocar mobiliário nessas áreas.
Ergonomia da edificação
Outra questão que deve ser contemplada, quando estamos analisando o dimensionamento e a
distribuição interna dos ambientes da unidade privada, é a adequação ao uso, ou melhor, a ergonomia
dos espaços.
Villarouco (2004, p. 2-4) afirma que a Análise Ergonômica do Projeto do Ambiente (Aepa) é reali-
zada conforme dois enfoques:
::: identificar as atividades que serão exercidas nos espaços do ambiente construído;
::: analisar a percepção e as medidas antropométricas (mensuração do corpo humano) dos usu-
ários da edificação.
Então é possível verificar que, na verdade, além de analisar os requisitos dos clientes do empreen-
dimento, é importante checar se os ambientes estão de acordo com as dimensões médias das pessoas.
Por exemplo, analisando se as alturas do balcão da pia, do peitoril e do pé-direito dos ambientes estão
em conformidade com as dimensões médias do público-alvo. Avalie se o espaço da cozinha permite o
uso de quem está manipulando alimentos entre a pia e o fogão, e se ainda possibilita a passagem de
uma outra pessoa.
Unidade comercial
Na unidade comercial também devemos seguir os mesmos critérios de análise adotados para
as unidades residenciais. Destaco para vocês que as questões relativas a conforto, acessibilidade,
segurança, localização, são comuns a qualquer empreendimento. Entretanto, os empreendimentos
comerciais apresentam algumas peculiaridades que devem ser analisadas conforme a necessidade
e as especificidades do negócio.
Você sabe que quem deseja montar um negócio já tem muitas ideias sobre ele: o tipo de produto
ou serviço que vai oferecer e o tipo usual de seus clientes. Porém, sabemos que existem muitos outros
parâmetros envolvidos. Vamos exemplificar alguns aspectos qualitativos e quantitativos da arquitetura
comercial.
Escolha do local do empreendimento – para qualquer negócio, a localização é determinante, por
isso é de suma importância realizar análises qualitativas e quantitativas sobre as questões pertinentes
à localização do futuro empreendimento, seja este de pequeno ou grande porte. Os especialistas em
marketing lembram que uma ótima localização é aquela que está o mais próximo possível dos seus
clientes em potencial. Dessa forma, listar e avaliar todas as potencialidades e restrições de cada área são
essenciais para qualquer negócio. Mais vale uma loja bem localizada, bem visível, do que uma loja com
um design arrojado, mas localizada em uma região inadequada.
Pensando na análise da localização, verifique todas as características físicas e legais e analise, por
exemplo:
::: a melhor posição para sua loja – esquina, final ou começo da rua;
::: os obstáculos de acessibilidade, como escadas de acesso ou rampas;
::: as interferências – no visual do espaço comercial, um poste que atrapalha a sinalização ou
insuficiência de área para estacionamento;
::: a vizinhança – que tipo de comércio existe no entorno do empreendimento (bons vizinhos
atraem clientes, maus afugentam).
Além de verificar a localização, a melhor dimensão para os espaços necessários ao bom
desenvolvimento do seu negócio, você deve fazer uma análise qualitativa da sua futura apresentação.
Como transmitir para seu cliente a ideia do seu negócio? Lembre-se de que a imagem, se não for tudo,
é bastante marcante e representativa, pois transmite o conceito do nosso negócio.
Para que seu negócio seja reconhecido e gravado na mente de seus clientes, avalie: quais são os
produtos que serão expostos? Quantas pessoas serão atendidas por dia/hora? Qual o estoque necessário?
Quais são seus clientes (sexo, idade, classe social, escolaridade, entre outros).
Com os dados sobre o que, onde, como e para quem vender, fica mais fácil identificar o tipo de
imagem que se deve passar. O tipo de fachada, materiais e cores, bem como a propaganda do negócio.
Alguns cuidados com as fachadas:
::: visibilidade do letreiro (à noite e durante o dia);
::: facilidade de acesso;
::: higiene e conservação da fachada – mais vale aplicar materiais simples e bem cuidados do que
materiais sofisticados, porém com aparência de velho ou sujo;
::: localização e formato da porta – não deve ser um obstáculo, mas sim um local que facilita o
acesso, além de transmitir a ideia de convite para entrar.
Layout do negócio
Para passarmos uma boa impressão ao nosso cliente, além de termos o cuidado com a fachada do
empreendimento, é importante cuidarmos do dimensionamento dos ambientes conforme as necessi-
dades. Boa distribuição e excelente organização das áreas é um dos fatores que contribui para garantir o
conforto dos nossos clientes. Aspectos que devem ser considerados na distribuição e dimensionamento
dos ambientes:
::: entrada – deve facilitar o acesso. Deve-se pensar em pessoas portadoras de deficiência e
mulheres com carrinhos de crianças;
::: espaço – os móveis não devem ocupar mais do que 40% da área total do ambiente. Se a loja
for pequena, é interessante utilizar alguns artifícios que ampliam os espaços, como espelhos,
boa luminosidade, pinturas claras;
::: circulação – deve ser confortável e propiciar uma visão ampla dos produtos. Os corredores
devem ser amplos o suficiente (considere uma pessoa parada em cada prateleira e uma pas-
sando). Muitas vezes é interessante planejar o fluxo usual na loja;
::: definir "zonas quentes" (são as que naturalmente mais atraem os clientes) e as “zonas frias”,
com o intuito de aquecê-las com algum elemento especial, como vegetação, objeto especial,
cor e textura na parede;
::: sinalização – o cliente deve enxergar as sinalizações sem precisar se esforçar. Cores variadas e
materiais diferentes podem diferenciar seções de produtos;
::: exposição dos produtos – organização e limpeza são fundamentais;
::: emergências – planejar as saídas de emergência, caso ocorra algum problema.
Todos os itens citados são apenas alguns exemplos de análises qualitativas e quantitativas que
devem ser realizadas no empreendimento antes da sua comercialização. Essas observações também
podem favorecer o desenvolvimento de um produto imobiliário mais adequado à sua realidade e que
esteja em maior conformidade com seu público-alvo.
Atividade
1. Faça um levantamento sobre as principais reclamações dos compradores de imóveis residenciais e
comerciais da sua cidade. Verifique quais são os itens que eles costumam dar maior importância.
Ampliando conhecimentos
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Análises do
empreendimento: aspectos
volumétricos das edificações
Análises de fachadas das edificações
A forma arquitetônica, os elementos exteriores que compõem a volumetria da edificação, pode
ser considerada como o cartão de visitas do nosso empreendimento, visto que os elementos que com-
põem cada fachada da edificação são os primeiros a serem vistos no empreendimento.
As fachadas da edificação podem ser representadas por meio de desenhos técnicos, também
conhecidos como elevações. As fachadas representam a planificação em linhas dos elementos volumé-
tricos que as compõem.
Antes de falarmos especificamente de cada elemento das fachadas é importante entender a com-
posição volumétrica básica das edificações:
::: fechamentos horizontais – piso, lajes e cobertura;
::: fechamentos verticais – as paredes e esquadrias (janelas), por exemplo.
Quando trabalhamos com uma composição de fachada, devemos analisar todos os condicionan-
tes legais, técnicos, humanos e econômicos do nosso empreendimento para projetarmos as melhores
soluções conforme o conceito do projeto.
Nas composições volumétricas das fachadas pode-se trabalhar com:
::: esquadrias – as quais podem proporcionar diferentes sensações de conforto (umas com ven-
tilação de 50%, outras com ventilação de 100%). Elas apresentam ainda um funcionamento
diversificado, pois umas são de abrir, outras de correr. Os materiais de acabamento utilizados
também variam, podendo ser de madeira, PVC e alumínio;
::: elementos translúcidos – vidros, policarbonato, acrílico, elementos transparentes. Atualmen-
te existem diferentes tipos de vidros, com textura e cores diversificadas. Conforme a função do
vidro, faz-se a adequada especificação técnica necessária. Lembre-se de que, ao projetar uma
fachada toda de vidro, deve ser analisada a orientação solar da edificação. Esse tipo de solução,
sem proteção solar, em um clima tropical e subtropical como o do Brasil, causa problemas de
conforto térmico no interior da edificação, pois a incidência de radiação solar no vidro causa o
efeito estufa no interior dos ambientes. Essa situação normalmente exige gastos energéticos
muito elevados, devido ao aumento da necessidade de condicionamento de ar artificial;
::: sacadas – são excelentes elementos volumétricos, visto que podem estar inseridas no corpo
da edificação ou salientes na fachada. Podem ter diferentes tipos de fechamentos, como pei-
toril de alvenaria, de vidro ou todo vazado com ferro;
::: revestimentos – existe uma diversidade de materiais de acabamento para as fachadas com
cores e texturas diferenciadas: pastilhas cerâmicas, pintura texturizada, pedra e alumínio, por
exemplo.
Na verdade, existem inúmeras opções para criar um empreendimento com uma arquitetura
diferenciada, a qual pode proporcionar uma estética que qualifique o imóvel. Mas você já deve ter
pensado que todos esses elementos implicam custo na hora da construção, certo? Óbvio que com o
incremento das fachadas, a partir da adição de elementos compositivos, temos aumento no custo de
construção, pois aumenta o material da estrutura, aumenta o material de revestimento e aumenta o
tempo de execução.
Sendo assim, o grupo que está participando das reuniões iniciais sobre o desenvolvimento do
produto imobiliário, antes de iniciar a criação dos projetos técnicos, deve avaliar as condições econô-
micas e o público-alvo que se pretende alcançar. Quando estamos elaborando o programa de necessi-
dades da edificação devemos avaliar as influências de diferentes elementos que podem ser utilizados
na volumetria da edificação, verificando a qualidade que se pretende atingir, o custo de construção e o
valor percebido pelos usuários dos elementos que serão utilizados.
Cores análogas são aquelas que estão vizinhas no círculo das cores. São próximas entre si. Por
exemplo, amarelo e verde, vermelho e laranja.
Observação: uma composição com cores complementares (contrastantes) sempre possibilita
maior destaque que uma composição com cores análogas.
Cores quentes são cores em que predominam os tons de vermelho, amarelo e laranja. Caracteri-
zam-se como cores vibrantes, alegres, agressivas, sensuais, dando, inclusive, a sensação de calor. São
cores associadas à época do verão.
Cores frias são cores em que predominam os tons de azul, verde e roxo. Caracterizam-se como
cores melancólicas, tristes, que proporcionam a sensação de calma e recolhimento (aconchego), por-
tanto, não são vibrantes. São cores associadas à época do inverno.
Cores neutras são aquelas em que não há predomínio de tonalidades quentes ou frias. São cores
neutras os tons de preto, branco, cinza, marrom e bege. De acordo com Gurgel (2005, p. 67), a com-
binação de cores neutras proporciona atmosfera refinada e elegante, pois este esquema neutraliza a
composição.
Você sabe que as combinações podem ser variadas e dependem de preferências pessoais, além
do contexto em que se inserem no empreendimento. Quando fazemos uma combinação de várias
cores (mais do que três) em uma composição, dizemos tratar-se de uma policromia. Já quando usamos
uma única cor, mas com várias tonalidades, dizemos tratar-se de uma monocromia.
Muitas pessoas, para evitarem erros, utilizam combinações monocromáticas, as quais são mais
simples de realizar. As combinações monocromáticas são excelentes para espaços pequenos. Mas tes-
tar, arriscar, faz parte do planejamento de desenvolvimento do produto imobiliário que busca, além de
qualidade, atingir os estilos de vida dos seus clientes.
Alguns estudiosos defendem o uso da cor como fonte de inúmeras sensações, existindo inclusive
um tipo de terapia por meio do uso de cores: a cromoterapia. Na arquitetura, o uso das cores é essen-
cial para manter o equilíbrio do empreendimento proposto, pois conforme a cor escolhida pode-se
influenciar beneficamente ou não os ambientes. Cada cor pode provocar estímulos variados no nosso
sistema nervoso, afetando nossas emoções e até nosso humor. A seguir damos alguns exemplos dos
significados das cores.
Vermelho: a cor do fogo, da paixão, do entusiasmo e dos impulsos; estimula os movimentos, ajuda
a combater o estresse e a falta de energia. Exemplo de aplicação: pode ser usada em objetos e detalhes
das salas de estar e jantar. No dormitório de casal aconselha-se utilizar em apenas um pequeno objeto
para não interferir no sono. Na arquitetura comercial valoriza espaços e chama a atenção.
Amarelo: a cor do sol, traz luz e vibração; ativa o intelecto, a comunicação, a harmonia do todo.
Exemplo de aplicação: é interessante utilizar essa cor em áreas de acesso, salões sociais e quartos de
estudo. Como é uma cor quente, vai muito bem em climas frios.
Violeta: representa o mistério, expressa sensação de individualidade, personalidade. Está asso-
ciada à intuição e à espiritualidade, influenciando emoções e humores. Exemplo de aplicação: não é
muito utilizada nos ambientes de interiores, apenas se for empregado em tonalidades suaves. Se for
uma tonalidade mais azulada, é muito interessante para dormitórios. Esta cor é ideal para locais de
meditação.
Atividade
1. Compare dois empreendimentos, ambos destinados ao mesmo público-alvo, com o mesmo
padrão socioeconômico. Compare as soluções adotadas nas fachadas de cada um dos prédios e
questione alguns moradores sobre as qualidades e defeitos existentes.
Ampliando conhecimentos
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Análises do empreendimento:
projetos complementares
Análises dos projetos complementares
Os empreendimentos imobiliários são desenvolvidos a partir de uma pesquisa de mercado que
identifica o público-alvo do empreendimento, da formulação do programa de necessidades do empre-
endimento e demais condicionantes (técnicos e legais) existentes. A partir dessas informações iniciais,
o grupo envolvido no processo de desenvolvimento do produto imobiliário cria os projetos técnicos
necessários à execução da obra do empreendimento.
Para qualificar sua ação profissional é necessário entender quais são os projetos envolvidos e as
funções de cada um, para que você possa contribuir com informações sobre o mercado no processo
de planejamento do empreendimento. Além disso, é de suma importância entender quais são os
elementos que cada projeto deve contemplar, de forma a qualificar o empreendimento. Assim, você
pode fazer análises qualitativas dos projetos complementares e repassar informações consistentes,
as quais realmente enfatizam a qualidade do empreendimento para seus clientes.
Alguns aspectos devem ser observados no projeto arquitetônico, como dimensionamento e fun-
cionalidade dos ambientes. Mas a qualidade do empreendimento não depende apenas de um bom
projeto arquitetônico, pois devemos avaliar os componentes de todos os projetos complementares
envolvidos. Então, vamos entender alguns elementos do projeto estrutural, hidrossanitário e elétrico
que podem qualificar ou não o empreendimento.
Quando trabalhamos com rede de água, é de suma importância lembrar que um pequeno
problema em qualquer ponto da rede pode significar grandes prejuízos financeiros, já que a água pode
escoar pelos ambientes, mofando paredes, rejuntes, descolando pintura, estufando revestimentos
cerâmicos, entre outros.
Para resumir, os principais problemas que devem ser evitados nas instalações hidrossanitá-
rias são:
::: vazamentos – como saber se existe um? Se a sua conta de água aumentar muito e rapida-
mente, sem que haja motivo para isso, é quase certo que o sistema hidráulico apresenta al-
guns problemas. Para saber onde está o vazamento, algumas empresas oferecem o serviço de
detecção de vazamentos com aparelhos de ultrassom, que prometem apontar sua localização.
O problema está no preço, geralmente alto demais. Outra forma de saber é por meio da obser-
vação, fechando todos os registros;
::: entupimentos – projetar e implantar caixas de gordura e de inspeção em intervalos regulares,
de preferência na saída de cada ambiente. Em caso de entupimento, a manutenção é feita a
partir dessas caixas, diminuindo a extensão dos tubos que devem ser desimpedidos. Também
é importante evitar o uso de conexões de 90° no esgoto sanitário, pois estas aumentam as
chances de entupimento por acúmulo de dejetos. As curvas devem ser mais suaves e permitir
o perfeito escoamento da água do esgoto;
::: mau cheiro – para evitar o retorno do cheiro através dos ralos é importante o projeto da rede
de esgoto prever e calcular os tubos de ventilação necessários, denominados de TV, nos dese-
nhos técnicos;
::: manutenção – minimize o uso de material; quanto menor for a quantidade de material utili-
zado, menor serão os riscos e problemas. Dessa forma, os recortes nas paredes para colocação
da tubulação do hidrossanitário também serão menores, consequentemente, não haverá des-
perdícios com mão de obra e produção de entulhos;
::: altura e localização dos equipamentos – prever a localização do reservatório superior com
altura adequada ao uso dos chuveiros, a fim de evitar problemas com a pressão d’água. O po-
sicionamento de aquecedores de passagem também deve ser otimizado, uma vez que uma
melhor eficiência ocorre quando este localiza-se logo abaixo do reservatório de água. Quando
o assunto são registros de passagem, conhecidos como registros de gaveta, muitas vezes vale
a lógica do quanto mais, melhor. Assim, quando existir algum vazamento, é mais fácil detectar
o local fechando registros de água por partes. O posicionamento dos registros são projetados
de acordo com a configuração de cada imóvel. Dependendo do projeto, pode ser interessante
colocar um registro individual para as saídas de água da lavanderia, um segundo para os pon-
tos da pia da cozinha e um terceiro para o banheiro. Mas existem outras disposições possíveis.
No banheiro, por exemplo, uma solução é optar por ter um registro para a pia e para o chuveiro
e outro, individual, para a válvula de descarga. Assim, em caso de manutenção da válvula, os
outros aparelhos do banheiro continuam sendo usados. Em qualquer situação, uma recomen-
dação importante é não deixar esses registros meio abertos. Lembre-se de que esses registros
não foram feitos para regular a força da água, prática que causa danos irreversíveis ao meca-
nismo dessas peças. Caso ocorra algum dano no registro do imóvel, a única solução é trocar o
conjunto todo, com os habituais inconvenientes de quebra de paredes e de revestimentos.
Ter todos esses cuidados não é tarefa simples e exige um grau de planejamento mais eficiente.
Planejar tudo que será executado evita desperdício de tempo da produção, assim como de material.
As ações corretivas tomadas no canteiro de obras (soluções que devem ser criadas durante a execução
da obra) têm resultados que normalmente oneram o custo de construção, porque nem sempre a melhor
solução pode ser realizada em uma situação emergencial. Por isso, a racionalização do sistema de rede
de água e esgoto já deve estar prevista na fase de planejamento do empreendimento, quando os pro-
jetos técnicos estão sendo elaborados.
Adotar planilhas de controle, como um checklist de projeto dos itens imprescindíveis, aferindo
questões de controle da qualidade do produto contribui para o bom funcionamento do sistema hidros-
sanitário. Porém, para se manter e ter diferenciais em um mercado competitivo, também é importante
propor novas ações, como inovações tecnológicas na área, para diminuir custos e evitar riscos, como os
exemplos citados. Aro e Amorin (2004, p. 3) destacam que:
Os esforços despendidos devem estar concentrados na racionalização da gestão do processo de produção, sendo
necessária a racionalização dos custos de implantação, execução, uso e manutenção, uma vez que estes têm uma par-
cela considerável no custo global da edificação. Racionalizar também o uso dos recursos naturais, preocupação cada
vez mais acentuada da sociedade frente ao risco crescente de escassez destes recursos.
Por isso a padronização do sistema é item essencial. Como os recursos hídricos estão cada vez
mais escassos em quantidade e qualidade, diminuir a quantidade do uso de água no sistema de esgoto
é uma necessidade presente. A indústria já desenvolveu uma linha de produtos que usa menos água
para a descarga sanitária, por exemplo. Destaco para vocês que os vasos sanitários consomem cerca de
40% da água de uma residência, de acordo com Aron e Amorin (2004, p. 6), com consumo médio de 15
litros por uso (descarga). Alguns aparelhos já operam com a mesma eficiência, porém consomem cerca
de seis litros de água (o que ainda é um valor alto se considerarmos a natureza nobre da água que nos
abastece e que serve para praticamente todas nossas atividades).
Além disso, existem elementos acoplados em torneiras e chuveiros que minimizam o gasto de
água potável. Reduzir a quantidade de água potável utilizada consequentemente diminui a necessidade
de tratamento dos resíduos líquidos, sendo um benefício ambiental e econômico excelente.
Outro item importante para a racionalização do sistema hidráulico é o reuso de água na edifica-
ção. O reuso de água também é uma forte alternativa para empreendimentos que querem ter diferen-
cial, pois esse sistema proporciona economia de água potável e minimiza o impacto ambiental produ-
zido pelo despejo dos efluentes líquidos da edificação.
As instalações de esgoto sanitário também devem ter um projeto eficiente para evitar contami-
nação. Essas instalações destinam-se a escoar as águas servidas da edificação, objetivando por meio do
seu traçado e dimensionamento o escoamento rápido dos dejetos, fácil desobstrução e a vedação dos
gases das tubulações de esgoto. Quando a rua não tem rede de esgoto o tratamento deve ser realizado
no próprio empreendimento. É necessário utilizar um sistema combinado: tanque séptico, filtro anae-
róbio e sumidouro (encontrados em lojas especializadas ou construídos conforme dimensionamento
segundo critérios específicos na norma).
A NBR 7229/93 estabelece as condições exigíveis para o projeto, a construção e a operação de
sistemas de tanques sépticos, incluindo tratamento e disposição de efluentes e lodo sedimentado. Seu
objetivo é preservar a saúde pública e ambiental, a higiene, o conforto e a segurança dos habitantes de
áreas servidas por esses sistemas.
::: integração com luz natural (átrios, espelhos, tijolo de vidro, iluminação zenital, entre outros);
::: iluminação direta (iluminação de tarefa com luminárias de mesa);
::: controles eficazes de sistemas de iluminação (sistemas fotoelétricos, sensores de ocupação e
sistemas de programação de tempo);
::: janelas maiores – o ideal é que sejam contínuas e se estendam o mais próximo possível do
forro. A altura ideal é o próprio pé-direito e a largura, a dimensão do ambiente em que a janela
encontra-se inserida.
Atividade
1. Faça um levantamento sobre as principais reclamações dos compradores de imóveis residenciais
e comerciais da sua cidade. Verifique quais são os itens que eles costumam dar maior importância
e se eles já enfrentaram algum problema nas instalações hidrossanitárias e/ou elétricas.
Ampliando conhecimentos
Sugiro a leitura dos projetos a seguir:
Projeto estrutural
NBR 6118/2003 – Projeto e execução de obras de concreto armado.
Projeto hidrossanitário
NBR 5626/98 – Instalação predial de água fria.
NBR 8160/99 – Sistemas prediais de esgoto sanitário – projeto e execução.
Projeto elétrico
NBR 5410/97 – Instalações elétricas de baixa tensão.
NBR 5444/86 – Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
MULTIDISCIPLINAR. In: NOVO DICIONÁRIO Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
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