Cultura Do Algodão

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Disciplina Grandes Culturas 1 - Prof.

Fagioli - Agro/UnB

CULTURA DO ALGODÃO (Gossypium hirsutum L.)


1. SITUAÇÃO ECONÔMICA
- Bastante afetado pela crise econômica-financeira mundial, em 2008 e 2009.
- Mercado vem ensaiando uma recuperação forte dos preços em 2011. Preços= recorde em 140 anos
- Redução nos estoques mundiais na safra 2009/2010 e o aumento da demanda dos países emergentes
(China e Índia) que estão dando oportunidade de compra de roupas à população, provocaram uma grande
alta nos preços= @ do algodão em pluma alcançou + 126%.
- O algodão em pluma chegou em R$ 92,00 a @, com média de R$ 77,60, com uma produção média do
-1 -1
Brasil de 1.500 kg ha (100@ ha ). Receita de R$ 7.760,00 – Custo de R$ 3.600,00= Receita Líquida de
-1
R$ 4.160,00 ha .
- Aumento da área sem 45% no Brasil é esperado na safra 2010/11. Produção estimada algodão em pluma
1,8 milhão de toneladas, com produtividade ha-1 1.511 kg ha-1.
- 2008/2009: - produção mundial: 24,4 milhões t
- consumo: 27,1 milhões t
- estoque: ± 11 milhões t
- China: maior consumidor mundial= 43%
- EUA: líder nas exportações mundiais= 38%
- Produtores Brasileiros:
-1
- cultivo dispendioso + que soja e milho, com custo estimado ha : R$ 3.600,00;
- exige maquinário exclusivo (ex.: colhedeiras) e muito caro;
- tem alta suscetibilidade a pragas (bicudo);
- de logística onerosa e baixa eficiência;
- no Brasil o produtor enfrenta a concorrência dos produtos acabados (fios e tecidos) do Oriente;
- briga na OMC= Brasil X EUA, sobre subsídios agrícolas. Brasil acaba de ganhar em 19/11/09;
- no cenário atual o setor têxtil foi o único a não conseguir repassar o aumento de custo de
produção ao consumidor, deixando os produtores ainda mais no prejuízo. Nossa indústria é a metade do
que outros países como a Índia e a China. A expansão das indústrias têxteis da China e o aumento de
produção da Índia têm conquistado o mercado americano e europeu, prejudicando a expansão do mercado
brasileiro da indústria algodoeira e têxtil.
- A adoção do algodão adensado (sistema de cultivo adensado-SCA) é uma das estratégias para alavancar
a produção brasileira; essa “nova” técnica já vem sendo adotada nos EUA, Austrália, Paraguai e Argentina,
com redução do espaçamento entrelinha tradicional de 80 a 90 cm para o adensado de 45 cm, promovendo
uma redução nos custos por hectare de 30%.
- Safra 2009/2010:
- Algodão herbáceo:
- produção: 3,975 milhões t de algodão em caroço (2008/09) safra 2010= 1,868 milhões t
- área colhida: 1,07 milhões de ha (2008/09) safra 2010= 792,4 mil ha
- Nordeste: MA 42,4 mil t e PI 30,6 mil t
- Sudeste: MG 55,3 mil t e SP 35 mil t
- Sul: PR 17,1 mil t
- Centro-Oeste: MS 47,2 mil t; MT 1.408,1 milhões t; GO 225,7 milhões t
- Algodão arbóreo: CE 441 t; PB 168 t; PI 144 t= 852 t, em uma área de 245 ha
- Brasil:
- Exportações: 226,5 t (Coréia do Sul, Indonésia, Paquistão, Argentina, Japão e Coréia do Norte)
- Importações: 7,3 t (EUA, Paraguai e Egito),
- Estoque: 1,0 milhões t
- Ranking da produção no Brasil em relação à produção mundial:
o
- Café, Cana-de-Açúcar e Feijão= 1 produtor mundial
o
- Soja= 2
o
- Milho= 3
o
- Arroz= 7
- Algodão= 5o e o 4o maior exportador da fibra do mundo (2011)
- Situação 2011/2012: quebras nos EUA (Texas) devido à seca e na Índia (2o maior produtor e exportador),
o consumo no Brasil 900 mil t, sendo que a produção supera (produção cheia - oferta grande e demanda
retraída), existindo a necessidade de exportar. Estoques iniciais altos no mundo, a China importará menos
esse ano (2012). Preço na Bolsa de Nova Iorque (NYBOT) out/12 R$ 50,80@ e dez/12 R$ 51,40@. Em
LEM-BA o algodão em pluma R$ 49,60@ e algodão em caroço R$ 670,00/t. Tendências de queda no preço
no mercado brasileiro, atualmente o preço Brasil é bom em relação ao exterior. Área plantada: 1,4 milhão ha
-1
e Produção de algodão em pluma: 1,87 milhão t. Produtividade: 11/12: 3554 kg ha (em caroço).

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2. ORIGEM DA ESPÉCIE E CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA


- Existem 50 espécies - 4 cultivadas economicamente
- Gossypium hirsutum, G. barbadense, G. herbaceum e G. arboreum = apenas as 4 espécies produzem
fibra comercial = a 1a é a + cultivada por + 90% da produção mundial, são 2500 cultivares em 100 países
- Gossypium hirsutum e G. barbadense: 2n= 52 (tetraplóides) - nativas do Novo Mundo (América do Sul e
do México)
- Gossypium hirsutum L.= os achados arqueológicos têm sido encontrados principalmente no
México é o mais antigo data de 3500-2300 a.C. no Vale Tehaucan, esses achados já pertencem a formas
domesticadas. A forma silvestre do G. hirsutum L. distribuiu-se pelas áreas secas da América Central, do
norte da América do Sul, Antilhas, Sul da Florida e da Polinésia e por meio de introduções na África e no Sul
da Ásia.
- Gossypium herbaceum e G. arboreum: 2n= 26 (diplóides) - nativas do Velho Mundo (África)
- Gossypium mustelinum= originário do Brasil
- Algodão arbóreo (G. mustelinum 2n=52 tetraplóide) entrou na complexa composição genética do
algodoeiro arbóreo, perene, denominado mocó, singular no Nordeste brasileiro.
- G. hirsutum e G. barbadense possuem descendente ancestral de fibra nas sementes datado de 4000 anos
no continente Africano no Sudoeste da Arábia.

- Classificação Botânica sistemática:


- Filo: Angiospermae
- Classe: Dicotiledoneae
- Subclasse: Archichlamidae
- Ordem: Malvales
- Família: Malvaceae
- Tribo: Hibisceae
- Gênero: Gossypium
- Espécie: G. hirsutum
- Raça: G. hirsutum latifolium

3. FENOLOGIA E FISIOLOGIA DA PLANTA DE ALGODÃO


3.1. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS em dias:
o
1 Germinação a Emergência= 4 a 10 dias
o
2 Botões florais= 30 dias
o
3 Primeira flor= 45 dias
o
4 Primeiro capulho= 90 dias
5o Colheita (maçãs abertas= capulhos)= 126 dias

3.1. FENOLOGIA - FASES:


- Fase 1= estende-se do plantio à emergência. Ocorre a embebição da semente, a germinação e a
emersão da parte aérea (primórdio foliar e cotilédones). Dura em média de 4 a 10 dias.
Pode prolongar em condições desfavoráveis.
o
- Fase 2= surgimento do 1 botão floral ± 30 dias.
a
- Fase 3= aparecimento da 1 flor aos 45 dias.
- Fase 4= aparecimento do 1o capulho aos 90 dias.
- Fase 5= inclui a 1a e última colheita. Quando os capulhos estão totalmente abertos, em média aos
126 dias.
*Cultivares + precoces antecipam o ciclo em 10 dias.

- Os estádios vegetativos, denominados de V, V1= duas folhas cotiledonares e uma folha verdadeira; V2=
três folhas verdadeiras; V3= quatro folhas verdadeiras.
- Os estádios reprodutivos, dentro de cada etapa de desenvolvimento são denominados R, sendo R1=
quando aparece o 1o botão floral.

Fenologia ATUAL da planta de algodão: o algodoeiro apresenta quatro fases bem distintas durante o seu
desenvolvimento, estabelecendo uma curva de crescimento até a altura ideal, necessitando de práticas de
manejo específicas para cada fase, de forma a expressar o seu potencial produtivo. Os estádios fenológicos
do algodoeiro podem ser divididos em 4 fases ou momentos, a saber: fase 1 ou fase vegetativa; fase 2 ou
formação dos botões; fase 3 ou abertura de flores; fase 4 ou abertura de botões. Fase 1 - Crescimento
Vegetativo Inicial. Fase que compreende desde a semeadura até o primeiro botão floral (quinto ao oitavo
nó), ou 25 - 35 dias da germinação. Sub-fases: V0 - Emergência até nervura central da primeira folha
verdadeira com 2,5 cm.V1 - Até a segunda folha com 2,5 cm de comprimento.V2 - Até a nervura central da

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terceira folha com 2,5 cm.V3 a Vn - Segue o mesmo critério para V2, sendo o ponto de mudança o
comprimento da folha. Fase 2 - Fase Juvenil ou de Formações dos botões florais. Compreende desde o
primeiro botão floral (6 a 8 nós) até a primeira flor branca (15 nós) ou 60 a 70 dias da germinação. Fase de
maior retenção de botões florais sendo que o algodoeiro necessita de alto volume de nutrição balanceada
disponível. Realiza-se neste período o ajuste da adubação com nitrogênio, potássio e boro. Sub-fases: B1 -
Primeiro botão floral visível do primeiro ramo frutífero. B2 - Primeiro botão floral visível do segundo ramo
frutífero. B3 - Primeiro botão floral visível do terceiro ramo frutífero. B4 a Bn - O mesmo critério para B3,
sendo o ponto de mudança o aparecimento dos botões. Fase 3 - Fase Reprodutiva ou de Floração. Desde o
surgimento da primeira flor aos 15 nós ou 60 dias após a germinação, até a paralisação do crescimento
vegetativo aos 20 a 22 nós (cut-out). O momento do cut-out é determinado quando a última flor branca se
encontra no quinto ramo reprodutivo a partir do topo da planta. Ocorre intensa competição entre as
estruturas vegetativas e reprodutivas e a planta direciona toda a reserva de nutrientes da parte vegetativa
para as maçãs. A planta já definiu seu potencial produtivo, iniciando o enchimento das maçãs pelo acúmulo
de celulose nas fibras das sementes. O alto pegamento de maçãs regula naturalmente a altura da planta
sendo reduzida a necessidade do uso de reguladores de crescimento até o cut-out. Prioriza-se o controle de
pragas que atacam as maçãs, como as lagartas, o bicudo, os percevejos. O controle de pulgões é
importante para evitar dano as fibras por fumagina. A segunda metade desta fase é muito vulnerável a
qualquer stress que interfira na taxa fotossintética, como extremos de temperatura, elevada nebulosidade,
secas, etc, causando aumento na queda de estruturas e levando a maior ocorrência de fibras imaturas.
Sub-fases: F1 - Primeiro botão floral do primeiro ramo torna-se flor. F2 - Primeiro botão floral do segundo
ramo torna-se flor.F3 a Fn - O mesmo critério para F2, sendo o ponto de mudança a abertura das flores.
Fase 4 - Abertura dos Capulhos. Nesta fase prepara-se a colheita com desfolhantes quando as plantas
apresentam 70 a 80% das maçãs abertas, ou com apenas 4 maçãs fechadas acima da última maçã aberta,
uma vez que as maçãs destas posições sempre estarão maduras fisiologicamente. Aos 7 dias após a
aplicação do desfolhante as maçãs ainda fechadas estarão prontas a receber o maturador, que estimulará a
sua abertura. A colheita deverá ser realizada o mais rápido possível para evitar a re-infestação por plantas
daninhas, e para diminuir as perdas em produtividade e qualidade de fibra. Sub-fases: C1 - Abertura da
primeira maçã do primeiro ramo, tornando-se capulho. C2 - Abertura da primeira maçã do segundo ramo,
tornando-se capulho. C3 a Cn - O mesmo critério para C2, sendo o ponto de mudança a abertura das
maçãs.

3.2. FISIOLOGIA DA PLANTA DE ALGODÃO:


3.2.1. Crescimento e desenvolvimento da parte aérea e subterrânea
o o o
a) Germinação: 25 a 30 C temperatura ótima; 11 a 12 C não completa a germinação; 40 C paralisa a
emergência de plântulas. A emergência ocorre de 4 a 10 dias após a semeadura.
b) Sistema radicular: forma axial pivotante, a raiz principal parece continuação direta da haste principal da
planta, a raiz principal pode chegar a 2,5 m de profundidade, com crescimento de 2,5 cm dia-1. Da raiz
os
principal partem as raízes laterais horizontalmente. Nos 1 20 cm encontram-se boa parte da massa das
raízes. O crescimento do sistema radicular reduz drasticamente no período de maturação das maçãs, que é
final do ciclo.
o
c) Parte aérea: temperatura ótima varia de 27 a 32 C. Algodão herbáceo tem crescimento rápido até os 60
dias a partir dos 70 dias apresenta crescimento lento. A primeira flor aparece aos 45-55 dias (os
fotoassimilados são direcionados para os principais drenos da planta= os órgãos florais). O algodoeiro
apresenta hábito de crescimento indeterminado, podendo chegar a 2,5 m de altura e apresenta dois tipos de
ramos (vegetativo e frutífero). Caule é um eixo (haste) ascendente tendo uma gema apical (meristema), com
vários nós e entrenós. O ramo vegetativo= monopodial, com gema apical que produz folha indefinidamente.
O ramo frutífero= simpodial, com gema apical, depois de produzir o prófilo, entrenó e folha verdadeira,
sempre vai terminar em uma flor, apresentando crescimento determinado definido. Nas cultivares +
precoces tem presença predominante de ramos frutíferos (Ex: cultivar CNPA-Precoce 2) que surgem a partir
o o
do 4 ao 7 nó. Na axila de cada folha verdadeira inserida no ramo principal (haste) desenvolve uma gema
axilar originando ramos frutíferos ou vegetativos. Gossipol (substância que origina o nome do algodão)
estão em glândulas internas, chamadas tricomas na superfície do caule, onde se armazena o gossipol
(fenóis e aldeídos) que está ligado à defesa da planta e a agentes causadores de pragas e doenças.
Cultivares com elevado teor de gossipol possui resistência a hemípteros. Ramo frutífero muito curto é
chamado tipo cluster. De um ramo vegetativo pode originar um ramo frutífero e de um ramo frutífero origina
a
um ramo frutífero de 2 ordem.
d) Folha: na base (axila) de cada folha da haste principal brotam ramos vegetativos ou frutíferos. As folhas
verdadeiras não possuem bainhas e apresentam 2 tipos as vegetativas ou do ramo e as frutíferas
originando no lado oposto de cada nó frutífero (folhas vegetativas são > que as folhas frutíferas). As folhas
verdadeiras são responsáveis por 70% da nutrição da planta. As folhas são inseridas alternadamente
(zigue-zague), de forma regular e longamente peciolada. O formato das folhas pode ser normal ou com

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forma cordiforme com recortes ou com forma de quiabo, com profundos recortes, chamada okra ou
superokra, que são quase filiformes. Existem 3 nectários nas nervuras da face dorsal das folhas, sendo que
a ausência (nectariless) fator que promove resistência a pragas (pulgões, mosca branca e Heliothis). As
folhas de formato cordiforme (normal) promovem um auto-sombreamento da planta (em função do tipo de
estrutura que é planófila), ao passo que as folhas filiformes sombreiam-se muito pouco. O IAF máximo está
próximo a floração. A luz incidente é capturada pelas folhas (formato normal) superiores do dossel planófilo,
ficando pouca energia disponível para as folhas inferiores da copa e as da parte baixa do dossel das
plantas, essas condições indicam a baixa eficiência na captura e distribuição da luz pelo dossel e a redução
da fotossíntese líquida. Uma aparente melhoria da eficiência fotossintética ocorre com a utilização de
plantas de folhas do tipo okra (quiabo) ou superokra (folha de quiabo super), que por serem recortadas e
filiformes, respectivamente, deixam a luz ser distribuída melhor em todo o dossel. Comparada com as folhas
normais (cordiforme) as plantas com folhas okra apresentam 40% a menos de área foliar e 70% de
penetração da luz no dossel e as folhas superokra 60% a menos de área foliar e 190% a mais de
penetração da luz. Desvantagens no uso de folhas tipo okra/superokra mesmo com mais eficiência na
captura e distribuição da luz no dossel, as folhas okra/superokra têm áreas foliares individuais menores
(metade no caso da superokra) produzindo menores quantidades de fotoassimilados que também são
direcionados em menores quantidades para os frutos, aumentando a taxa de shedding (queda de frutos
jovens), além das áreas apresentarem maior incidência de plantas daninhas. Existe uma grande
dissincronia (fruto (dreno forte) e folha verdadeira velha (fonte))= os frutos em desenvolvimento estão
ligados às folhas mais velhas= provoca o shedding ficando 25% dos frutos. Plantas resistentes a pragas e
doenças: glabras (sem pêlos) menos ramulose e menos mosca branca; pilosas apresentam redução na
postura do bicudo e mais Heliothis.
e) Flor: é hermafrodita com polinização entomófila (abelhas). Ramo frutífero 6 a 8 botões florais com queda
de 20% de flores (shedding). Antes da fecundação a cor da flor é branca ou bege clara, depois fica com cor
violeta ou roxa. As flores apresentam nectários na base das brácteas, que atraem insetos (pulgões e mosca
branca) e flores sem nectários são denominadas nectariless. As flores do algodoeiro apresentam padrão de
o o
surgimento característico, ocorrendo o aparecimento, em espiral, a partir do 1 botão floral do 1 ramo
frutífero. Tempo de abertura de uma flor para outra entre dois ramos= 3 dias; de duas flores no mesmo
ramo= 6 dias.
f) Fruto: é uma cápsula deiscente tipo loculicida. Apresenta de 3 a 5 lóculos com 6 a 8 sementes/lóculo.
Antes de abrir o fruto é chamado de maçã e após abrir de capulho.
g) Semente: apresenta de 14 a 25% de teor de óleo. O tegumento é coberto com línter, que deve ser
retirado (deslintado) para proporcionar uma melhor qualidade, as sementes passam por mesa densimétrica
e peneiras para classificação em espessura e largura.

3.2.2. Florescimento/Frutificação
- Para o bom rendimento do algodoeiro o fundamental é o balanço entre crescimento vegetativo e frutífero -
que pode ser afetado pelas condições do ambiente, umidade e fertilidade do solo.
o
- Altas temperaturas noturnas (25 C) atrasam o florescimento.
o o
- Baixas temperaturas noturnas (20 C) combinada com temperatura diária de 25 C - estimulam o
florescimento
- Ácido giberélico é relatado como o principal fitorregulador que influencia o florescimento.
- Após a abertura das flores e a fertilização dos óvulos - o fruto alcança tamanho completo 21 a 25 dias e a
completa maturação ocorre aos 40 dias.
- Sementes estão maduras antes da abertura do capulho.
- Quantidade de flores > frutos/capulhos= diversos os fatores que influenciam a formação dos capulhos
finais: quantidade de fotoassimilados; condições edafoclimáticas; ataques de pragas e doenças e estresses
altas/baixas umidade e temperatura.
os
- Os capulhos responsáveis pela produção são os resultantes dos 1 dias da floração = 80% das maçãs
os
retidas resulta dos 1 dias da floração= entre 21 e 42 dias.
- Fatores ou problemas de estresses altas/baixas umidade e temperatura= provocam= bloqueio antecipado
do crescimento e desenvolvimento, não haverá botões florais nem ramos frutíferos, ocorrendo redução na
produção e na qualidade da fibra= fenômeno denominado de cut-out (fase em que a planta deixa de emitir
botões florais - menopausa).

Fase de florescimento= esta fase se encerra com o que se chama “cut-out” (corte). É quando a
planta já está com a carga total, quando entrará em senescência, se tiver carga pendente suficiente. Este é
um ponto importante da lavoura, pois dá indicação segura sobre a época de colheita, sobre a aplicação de
maturadores ou interrupção dos tratos fitossanitários. Como reconhecer este momento? O cut-out
considerando-se a produção econômica da planta ocorre quando forem observados 5 nós acima da flor

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branca de primeira posição + alta na planta. Na contagem, devem ser considerados como nós aqueles que
tiverem uma folha, no mínimo, do tamanho de uma moeda de R$ 1,00.

3.2.3. Fotossíntese/Respiração
- O algodoeiro herbáceo é uma planta com fotossistema C3, pouco eficiente na síntese de assimilados, em
razão de apresentar alta taxa de fotorrespiração, alto ponto de compensação de CO2, cerca de 70 ppm.
-1
- Potencialmente o algodão herbáceo poderia produzir aproximadamente 17,5 t ha de algodão em caroço -
produtividade limitada pela própria planta, considerando sua morfologia, fisiologia, bioquímica e os fatores
ambientais.

4. ÉPOCA DE SEMEADURA E ÉPOCA DE COLHEITA


- Centro-Sul (SP, MG e MT):
- Plantio= out - nov - dez - jan - fev (> área 2a quinzena de dez a jan)
a
- Colheita= mar - abr - mai - jun - jul - ago (> volume 2 quinzena mai a jul)
- Nordeste (BA, Norte de MG, PE, PB, RN, PI e CE):
a a
- Plantio= dez - jan - fev - mar - abr - mai (> área 2 quinzena de jan a 1 quinzena mar)
a
- Colheita= mai - jun - jul - ago - set - out - nov (> volume 2 quinzena de jun a jul)

5. MANEJO CULTURAL DO ALGODÃO


- Manejo Cultural: é o conjunto de práticas agrícolas usadas no cultivo de uma espécie, para expressar todo
seu potencial produtivo.
- Cerrado brasileiro é a principal região produtora de algodão no Brasil - MT (48%), BA e GO.
- Algodão cultivado em sistema de monocultura.
- Preparo do solo prevalecem dois sistemas: convencional e o SPD. O convencional com 3 a 4 gradagens +
escarificação e o com gradagem pesada + grade niveladora.
- Cerrado predomina o cultivo do algodão sobre palhada de milheto (semeado no início das águas) e depois
dessecado para o algodão.
- Produtividade é função= potencial genético + ambiente + práticas de manejo + interação entre: cultivar X
ambiente + cultivar X manejo + cultivar X ambiente X manejo
o o
- Características da região do Cerrado: - Temperatura média: 25 C - muito comum 40 C
- Precipitação de 1200 a 1800 mm - distribuídos de setembro a março
- Estação seca definida de abril a setembro
- O sucesso da implantação do SPD depende: qualificação do produtor; treinamento da mão-de-obra;
eliminação da camada compactada/adensada; correção da acidez do solo; correção da fertilidade;
estabelecimento da cobertura do solo e definição do plano de rotação de culturas.
- Espécies usadas para palhada: braquiária ou sorgo (evitar nematóides: Rotylenchus) e outras (milheto,
capim pé-de-galinha)
- 50% do solo devem estar coberto com palhada.
- Palhada fornece P e K na superfície do solo: Braquiária ruziziensis + crotalária ou guandu = relação
C/N intermediária
- O estabelecimento (construção) da cobertura se faz após a soja precoce em fevereiro. Cultura de
cobertura usada para pastejo de junho a setembro, no início das chuvas, retirada dos animais para
dessecação - semeadura do algodão em final de novembro a início de dezembro. Aplicação de herbicida
para plantio de algodão, se for usar 2,4-D somente após 30 dias.

- Alternativa de rotação de cultura com algodão a cada 2 anos:


ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4
Verão Out/Inv Verão Primavera Verão Out/Inv Verão Primavera
Soja Milho*+braq Algodão milheto Soja Milho*+braq Algodão milheto
*milho semeado em fevereiro - safrinha.

o o
- Durante a condução da lavoura de algodão= temperatura ideal 22 a 32 C, temperaturas >30 C o ciclo é
o o
reduzido. Temperaturas de dia de 30 passando para 35 C e noturna de 22 passando para 27 C - alta
abscisão de flores e frutos (maçãs). A exigência térmica varia conforme cada cultivar.
- Características intrínsecas da fibra (comprimento, elongação e finura/micronaire) são altamente
influenciadas pela temperatura.
- Baixa luminosidade (sombreamento) - provoca queda nas estruturas reprodutivas. No início do
crescimento dos frutos ocorrer deficiência de luz - baixo no capulhos planta-1.
- Algodoeiro apresenta baixa eficiência no uso da água (646 g de água = 1 g MS).

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- MAPA = zoneamento agroclimático para o algodão:


- cultivares ciclo longo (BRS Cedro/Buriti) semeadura recomendada no início da época
- cultivares ciclo precoce (FiberMax 966/BRS Araçá) semeadura recomendada no final da época
- cv ciclo longo semeados no final pode pegar déficit hídrico no final do ciclo
- cv ciclo precoce semeados no início pode pegar chuvas na época de maturação dos frutos

5.1. Espaçamento e densidade


- O espaçamento entre linha e a densidade entre planta alteram a arquitetura da planta, a posição dos frutos
o -1 o
nos ramos, o n de frutos planta , altura das plantas, altura de inserção dos ramos reprodutivos e o n nós
da haste principal.
-1
- cv de porte alto - espaçamento 0,90 m e densidade de 6 a 10 plantas m = BRS Cedro, BRS Jatobá, BRS
Buriti, FiberMax 977 e FMT 701
- cv de porte baixo - espaçamento 0,76 m e densidade de 8 a 12 plantas m-1= BRS Araçá, SureGrow 821 e
FiberMax 966
- Alta densidade proporciona condições favoráveis para Ramulose
-1
- População varia de 80 mil a 125 mil plantas ha - cv de porte baixo usar alta população e cv de porte alto
adotar baixa população
- Recomenda-se para condições do Cerrado espaçamento + adensado 0,70 a 1,00 com densidade de 6 a
-1
10 ptas m
- Algodão possui capacidade de compensação fator “FC” (caso exista perda de planta na linha de
semeadura) até um limite de 40 cm. Falhas na lavoura, acima de 40 cm na linha de plantio acarretam
diminuição da produtividade, além de problemas decorrentes da presença de plantas daninhas.
- Em todo o mundo existe uma tendência em se cultivar o algodoeiro em sistema adensado (SCA), usando-
se espaçamento entre fileiras de 0,30 m a 0,40 m (atualmente em 2009: 0,45 m foi + comum). Esse sistema
ainda precisa ser melhor estudado. No SCA, por ocasião da colheita as plantas devem ter altura de no
máximo 0,70 m, o que requer das cultivares usadas no Cerrado um rigoroso manejo com regulador de
crescimento. Em pesquisa com os espaçamentos de 0,38 e 0,76 m verificaram que mesmo usando o cloreto
de mepiquat as plantas na colheita, no espaçamento de 0,38 m estavam com 1,30 m. Até o momento
(2008) os resultados de pesquisa disponíveis permitem com segurança não recomendar o cultivo do
algodoeiro em espaçamentos entre linhas menores que 0,76 m. A grande vantagem do SCA é a redução
dos custos de produção, chegando a -30%, do que uma lavoura tradicional.
O Regulador de Crescimento além de diminuir a altura das plantas diminui também o número de
nós. Assim, a altura da planta deve ser monitorada e não se deve trabalhar com alturas muito diferentes do
espaçamento entre linhas (EL) vezes 1,5.
Espaçamento entre linha (EL): - EL= 0,45 == altura da planta de 67 cm
- EL= 0,50 == altura da planta de 75 cm

5.2. Sistema de cultivo adensado (SCA)


- Países que já utilizam o SCA: EUA, Austrália, Paraguai e Argentina
- Sistema tradicional ou convencional (ST)= espaçamento 0,76 (0,80) m a 0,90 m entre linhas com
-1
população de 80 a 120 mil plantas ha
-1
- Sistema de cultivo adensado= espaçamento + comum 0,45 m entre linhas e pop. 220 mil plantas ha
- SCA exige um rigoroso manejo com regulador de crescimento.
- SCA é um cultivo adensado do algodoeiro em segunda safra (safrinha) na região dos Cerrados.

- Necessidade de análise técnico-científica do SCA:


- época de semeadura de acordo com a região;
- melhor arranjo espacial das plantas;
- cultivares adaptadas ao adensamento;
- ajuste de adubação;
- ajuste do regulador de crescimento;
- sistema de colheita empregado;
- qualidades intrínsecas da fibra.
a
- Novidade é a época de cultivo (semeadura)= 2 safra (safrinha) principalmente após soja superprecoce.
Após a colheita da soja superprecoce ou do feijão de verão inicia-se a semeadura do algodão adensado no
mês de janeiro.
- 71% da área do MT apresenta 55 mil ha cultivados no SCA. Estima-se de 80 a 120 mil ha na safra
2009/10. 90% do algodão de Lucas do Rio Verde-MT e o Meio Norte do MT são em SCA.
-1
- A produtividade média do SCA é superior a 300 @ ha . A análise da fibra (HVI) indica c/ caract. boas.
- Problemas no SCA: - época de semeadura: coincide com precipitações excessivas;
- final do ciclo: coincide com deficiência hídrica severa.

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- Época de semeadura: - sistema tradicional (ST)= início de dezembro


a a
- SCA= final de janeiro até a 1 quinzena de fevereiro (2 safra), após soja
superprecoce ou feijão de verão= isso dá 2 meses após o cultivo de verão (ST)
- Duas técnicas estão envolvidas no SCA: 1a) redução de espaçamento com mesmo ou > no plantas m-1,
que dá > população de plantas por área;
a a
2 ) posicionar a época de semeadura na 2 safra (safrinha).
- Regulador de crescimento mais utilizado é o Cloreto de Mepiquat (PIX HC), que para o SCA a
-1
recomendação é uma dose de 190 mL ha em cada uma das 3 aplicações = para controlar a altura das
plantas ao redor de 0,70 m. Com regulador de crescimento a idéia é ter uma planta compactada, haste fina,
com 5 a 7 capulhos.
- Cultivares usados em SCA= FiberMax 993, BRS 293, DP 604 BG e NuOpal, com produtividade acima de
270 @ ha-1.
- Ciclo= ST: 240 dias = 258 @ ha-1
-1
SCA: 152 dias = 302 @ ha = menos dias menos aplicações com defensivos < custo (-30%)
- Máquinas da Colheita (Colhedeiras):
- colhedeiras de fuso (lavoura convencional)= picker colhe com 4 a 7% de impurezas, manutenção
de cada máquina na troca dos fusos por safra US$ 30 mil;
- colhedeiras SCA= stripper (escova) colhe com 32% de impureza, na máquina mesmo ela faz a
pré-limpeza (HL) abaixando para 16% as impurezas. O resíduo gerado na usina é briquetado e
vendido para fornos a R$ 110 a tonelada.
- Picker= sistema de fuso que enrola a fibra
- Stripper= sistema de pente ou dedo, recolhe as bolas dos capulhos (boll buster) e escova (penteia)
- No SCA se o produtor perder uma maçã/capulho em cada planta o produtor terá um prejuízo de 20% na
produção, considerando uma planta produzindo 5 capulhos finais.

5.3. Controle de plantas daninhas da lavoura algodoeira


- Custo de 7,8% a 9,5% em MT.
- PAI= 0 a 15 DAE (podem conviver juntas)
- PCPI= 15 aos 60 DAE (manter limpa a área)
- PTPI= 0 a 60 DAE (a cultura se encarrega)
- PPI (pré-plantio incorporado)= usa-se a trifluralina (graminicida) na profundidade de 5,0 a 10,0 cm no
máximo da superfície (o PPI está em desuso).

- Pré-emergência= diuron, alachor, pendimethalin, metalachlor, diuron + trifluralina, diuron + pendimethalin,


alachlor + diuron + trifluralina, cyanazina + alachlor + trifluralina
- Pós-emergência (dirigida) não seletiva= paraquat, MSMA, diuron + surfactante, oxufluorfen
- Pós-total= quizalofop, sethoxydim e fluazifop-butil (FE ou graminicida)
- Diuron em pré-emerg. e sethoxydim (graminicida) em pós-emergência da cultura e das PD.
- alachlor= controla FL e FE
- cyanazina= controla FL
- diuron= herbicida de amplo espectro de controle de FL e FE
- fluaxifop-butil= seletivo para folhas largas e algodão, controla FE anual e perene
- MSMA= controla FL e FE
- pendimethalin= herbicida de amplo espectro de controle de FL e FE
- sethoxydim= seletivo para folhas largas e algodão, controla FE anual e perene
- trifluralina= atua na germinação das PD, controlando várias FE e algumas FL

5.4. Regulador de Crescimento, maturador, desfolhante e dessecante


- Ponto ideal geral para cada aplicação (depende do produto pode existir uma exigência específica para
alicação):
- Regulador de Cresc.= antes da abertura floral, quando a planta está com 35 ou 45 cm de altura;
- Maturador= 90% das maçãs maduras;
- Desfolhante= 60% dos capulhos abertos e 90% das maçãs maduras (folhas caem 7 a 15 DAA);
- Dessecante= 70% a 80% dos capulhos abertos.

5.4.1. Regulador de crescimento (RC)


- Fatores do meio: crescimento vegetativo excessivo prejudica a produtividade e a qualidade da fibra. Antes
do aparecimento dos frutos, quando botão e flor, os fotoassimilados são direcionados para o crescimento
a
vegetativo (na altura da planta). Se perder o momento da 1 aplicação a planta não é mais dominada,
mesmo aumentando a dose do RC.

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- RC: possibilitam o controle do crescimento vegetativo por meio da manipulação da arquitetura das plantas
deixando-as mais compactas.
- A aplicação de RCs altera o balanço entre as partes vegetativas e reprodutivas. As plantas apresentam
uma estrutura central de entrenós curtos (reduzidos/compactos) que viabiliza a colheita mecanizada. Com
produtividade de 3200 kg ha-1 (215 @ ha-1).
- Na aplicação de PIX HC (produto comercial) este não é metabolizado, o produto vai atuar em nível celular
envolvendo os promotores de crescimento da planta, inibindo a síntese de ácido giberélico (GA). O
crescimento da planta de algodão é suprimido por reduzir o comprimento dos entrenós no caule. Estimula o
espessamento do mesófilo (folha) conferindo > resistência ao fluxo de água; < transpiração e <
suscetibilidade ao ácaro (por aumentar a produção de tanino e terpenóides que dão resistência a insetos e
contribuem no MIP).
- O RC promove: fibra + limpa; uniformidade de maturação; antecipação da colheita (uns 15 dias) e
economia de aplicação pela antecipação da colheita.
- Plantas + compactas= alta população e > eficiência da aplicação de fungicidas, inseticidas e > eficiência
na captação de luz. Contribui para abertura + rápida e uniforme dos capulhos.
- Na colheita mecanizada a altura ideal é no máximo 1,30 m. Colheita em SCA 0,70 m de altura.
- Momento ideal de aplicação depende do ciclo da cultivar, quando ainda não iniciou a floração:
a
- Cultivares de porte alto (BRS Cedro, BRS Buriti, BRS Jatobá)= 1 aplicação aos 35 cm de altura;
a
- Cultivares de porte baixo (FiberMax 966, SureGrow 821, DeltaOpal, DeltaPaine, Makina, NuOpal)= 1
aplicação aos 45 cm de altura.
- A aplicação do RC deve ser feita no aparecimento (1a aplicação) no surgimento do 1o botão floral e 1as
flores, essa fase é crítica para regular o crescimento da planta. O uso do RC é imprescindível no cultivo
do algodão no SCA, a planta tem que ser compactada, se deixar ela vegeta e alcança um porte inviável
para a colheita mecanizada. A primeira aplicação deve ser feita no estádio fenológico V4/V6 (20 DAE).
O objetivo final são plantas com altura de 80 cm e 4-5 capulhos/planta, ou seja, o corte fisiológico do
florescimento (cut-out) deverá ser antecipado através do uso de RC para as plantas não crescerem
muito.
- Ideal que as condições climáticas sejam: 32oC diurna e 22oC noturna, chuva até 16 horas depois
recomenda-se reposição da aplicação e chuva de 30 mm após 24 horas também recomenda-se reposição
a a a a
do RC. A dose do RC é dividida em 4 aplicações 1 10%, 2 20%, 3 30% e 4 40%.
Quando a aplicação é feita observando-se os cuidados mencionados, o esquema de parcelamento a ser
adotado pode ser: 10 + 20 + 30 + 40% da dose total. Se por algum motivo a primeira aplicação foi atrasada
sugere-se 20 + 30 +50% ou ainda 25 + 25 + 25 +25% da dose total. O intervalo entre uma aplicação e outra,
se as condições são favoráveis para o crescimento das plantas, não deve ser superior a 14 dias; em média
entre uma aplicação e outra recomenda-se um intervalo entre 7 a 14 dias. É necessário o monitoramento
frequente das plantas. No SCA a dose pode chegar a ser o dobro da recomendação.
*As vistorias no campo devem ser realizadas em intervalos de 7 em 7 dias. Independente do local do Brasil
a planta de algodoeiro cresce 1,5 cm/dia, Definição de novas aplicações= valor da altura da planta ÷ número
o
de nós= a razão entre altura e n de nós não deve ser superior a 4,0 e o ideal é 3,5, então >3,5 tem que
aplicar o RC.
*O RC além de diminuir a altura das plantas diminui também o número de nós. Assim, a altura da planta
deve ser monitorada e não se deve trabalhar com alturas muito diferentes do valor do espaçamento entre
linhas vezes 1,5, por exemplo= espaçamento entre linhas de 0,45 m = altura 67 cm // espaçamento entre
linhas de 0,50 m = altura 75 cm.
**Produtos RC= além do PIX HC (dose acumulada de 1500 mL/ha= 4 doses de 250 mL em V3 e V4, 350
mL/ha em B1, 400 mL/ha e 500 mL em B5), existe o Tuval (ingrediente ativo Cloreto de Clormequat) em
áreas de crescimento vegetativo vigoroso aplicar 250 mL de Tuval/ha (25 g i.a./ha) a cada 20 dias até
aproximadamente os 100 dias, no algodão cultivo entre linha convencional. Tuval também é usado no “cut-
out” corte fisiológico do florescimento da planta, quando a mesma atingir a altura desejada. Os últimos 5
entrenós não poderá passar de 3,5 cm.

5.4.2. Maturadores
- Maturadores são produtos químicos que estimulam a produção de etileno o qual causa a desintegração
das membranas celulares e dessecação das células, especialmente daquelas que unem os carpelos da
cápsula (maçã madura). As maçãs iniciam um processo de evaporação e as fibras internas ao secarem
pressionam a casca da maçã para abrir. Maçãs maduras são definidas com o teste do canivete em que
estas sendo maduras possuem resistência contra o corte e as imaturas são seccionadas sem resistência.
- Vantagens no uso de Desfolhantes/Maturadores= evita alimento/abrigo para pragas, promove a
uniformidade, a qualidade da fibra, reduz a umidade da fibra e produto + limpo.
- Maturador: produtos hormonais para acelerar a maturação e a correspondente abertura dos frutos do
algodoeiro. Exemplos= Finish (Ethephon+Cyclanilida), Dropp (Tidiazuron) e CottonQuik (Etefon)

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5.4.3. Desfolhantes
- Desfolhantes são produtos químicos (dois grupos de ação: herbicida e hormonal) que direta ou
indiretamente promovem a produção de etileno e ácido abscísico no pecíolo das folhas e afetam o
transporte. O desfolhante deve ser aplicado primeiramente para depois se aplicar o maturador dos frutos,
com isso o efeito guarda-chuva das folhas é eliminado, fazendo com que o maturador consiga entrar em
contato com todos os frutos maduros para ocorrer a indução à abertura das maçãs em capulho.
- Benefícios com o uso dos desfolhantes:
- eliminação de fontes de impurezas (restos de folhas secas);
- colheita + rápida, eficiente e com menos problemas;
- previne contra o apodrecimento das maçãs;
- reduz a fonte de alimentação para a diapausa do bicudo;
- abertura + rápida e secagem dos capulhos, permitindo a colheita + rápido.
- Diferença= Desfolhante X Dessecante= desfolhante: provoca a queda das folhas e o dessecante: seca as
folhas sem cair.
- Caso após o maturador as plantas ainda estiver com folhas - recomenda-se o uso de
desfolhantes/dessecantes.
- Desfolhantes: Tidiazurom (Dropp Ultra) ou Ethrel (reduz o AIA e aumenta o Etileno, que forma a camada
de abscisão foliar, ocorrendo de 7 a 15 dias a desfolha intensa. Plantas desfolhadas exigem colheita
imediata.
- Momento da aplicação dos Desfolhantes: quando as quatro 1as maçãs acima do último capulho estiver
madura fisiologicamente e as demais imaturas. Só aplicar quando 90% dos frutos estiverem atingido a
Maturidade Fisiológica (MF) ou 60% dos capulhos abertos. O momento ótimo, e mais indicado como
confiável, para desfolhação é quando cápsulas/maçãs localizadas 4 ramas acima do último capulho aberto
encontram-se maduras. == outro modo: a desfolha pode ser usada quando a última maçã fisiologicamente
madura com interesse de colheita estiver entre 3 a 5 internódios acima do capulho mais alto.

5.4.4. Dessecantes
- Dessecantes são produtos químicos que alteram a integridade das membranas celulares, causando uma
rápida desidratação e a dessecação das folhas. Esse processo não dá tempo para a formação da capa de
abscisão na base do pecíolo e as folhas ficam secas e presas na planta. Isto é uma desvantagem na
colheita mecanizada porque as folhas secas vão contaminar as fibras com resíduos das folhas e brácteas.
- Dessecantes provocam a seca das folhas sem estas caírem. O dessecante aumenta a impureza.
- Dessecantes usados: - Glifosato: 70 a 80% dos capulhos abertos
- Paraquat (Gramoxone): 70% dos capulhos abertos
- Glufosinato de Amônio: quando 50% dos capulhos abertos

6. NUTRIÇÃO, CALAGEM E ADUBAÇÃO DO ALGODOEIRO


Nutrição: Os seguintes nutrientes são importantes para o algodoeiro:
Nitrogênio: (N): aquele que o algodoeiro retira em maior proporção do solo. Promove o desenvolvimento da
planta, inclusive na floração, no comprimento/resistência da fibra. Sua deficiência é mostrada por pequeno
número de folhas na planta, amarelamento (clorose) notadamente de folhas velhas, plantas com porte
reduzido.
Fósforo (P2O5): concentra-se nas folhas e frutos principalmente; é responsável por boa polinização, por
frutificação, maturação e abertura dos frutos e formação/crescimento de raízes. Sua deficiência atrasa o
desenvolvimento, reduz frutificação, folhas escuras, fibras com baixa qualidade e manchas ferruginosas nos
bordos da folha.
Potássio (K2O): o potássio participa direta ou indiretamente na fotossíntese e respiração, no transporte de
alimentos na planta. Aumenta tamanho das maçãs, peso do capulho e das sementes e promove qualidade
das fibras do algodão. Clorose entre as nervuras das folhas do "baixeiro" (que evolui a bronzeamento) é
sinal de deficiência de potássio.
Cálcio (CaO): bastante exigido pelo algodoeiro; é importante para a utilização do N pela planta, para
crescimento e germinação da semente. Murchamento de folhas com curvatura e colapso dos pecíolos
mostram a deficiência de cálcio.
Magnésio (Mg): é pouco exigido pela planta; sua deficiência é mostrada por amarelecimento entre as
nervuras que evolui para vermelho púrpura (folhas mais velhas), o que indica deficiência de magnésio.
Enxofre (S): é requerido continuadamente pelo algodoeiro; é importante para aparecimento e
desenvolvimento dos botões florais.
Como micronutrientes importantes destacam-se: boro (para flor, frutos), manganês (folhas do ponteiro),
zinco (folhas novas), molibdênio, ferro, cloro, cobre.

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Calagem (correção do solo): Com antecedência hábil ao plantio (90 dias) para aplicação de corretivos de
solo (calcários, outros) e adubos em geral. Caso haja necessidade de uso de calcário aplicar metade da
dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem. O calcário deve ter PRNT em 80 ou
acima. Calcários dolomíticos e magnesianos fornecem cálcio e magnésio. O V2 requerido no Cerrado é
50%, mas em solos da Bahia recomenda-se trabalhar com V2 de 60% a 70%. Condições de sequeiro V2
-1
50% e em sistema irrigado V2 60%. A quantidade de gesso (QG em kg ha = 50 x % de argila)= <15%
-1 -1 -1 -1
argila: 700 kg ha ; de 15 a 35%: 1200 kg ha ; de 35 a 60%: 2200 kg ha e >60% de argila: 3200 kg ha de
gesso.
-1
Adubação: O algodoeiro exige em adubação necessitando de 69, 26, 73, 36, 27 e 6 kg ha de N, P2O5,
K2O, CaO, MgO e S, respectivamente, para produzir uma tonelada de algodão em pluma.
-1
O nitrogênio (120 a 150 kg ha ) deve ser fornecido ao algodoeiro na ocasião do plantio e parcelado (2-3
vezes) em cobertura até 40 DAE ou abotoamento e no florescimento. Aplicações tardias de nitrogênio (80
DAE) vão direcionar para o crescimento vegetativo, prolongar o ciclo da cultura, aumentar o shedding e os
-1
ataques de pragas e doenças. A planta requer grandemente o fósforo (80 a 140 kg ha ) entre 30 e 50 dias,
-1
o potássio (80 a 170 kg ha ) entre 30 e 50 dias e em torno de 90 dias, o magnésio a partir de 35 dias, o
enxofre em torno de 50 dias e 80 dias após a emergência.
A adubação deve seguir as recomendações da análise de solos; ela é feita no plantio - adubação de base -
e em coberturas - (1/3 dos 25 aos 30 dias e 2/3 aos 45 dias pós-emergência). A adubação de base deve ser
colocada a 5 cm de profundidade e ao lado da semente; a adubação de cobertura é aplicada a uma
distância de 15 cm da planta e incorporada ao solo (cultivador - em preparo convencional). Recomenda-se
para atender micronutrientes: 2,0 kg ha-1 de boro (o algodão é muito exigente em boro e responde muito: 1
-1 -1 -1 -1
a 4 kg ha no sulco ou a lanço), 2,0 kg ha de cobre, 6,0 kg ha manganês, 0,4 kg ha molibdênio, 6,0 kg
-1
ha de zinco, aplicados no sulco de plantio. O SS e SA ou potássio suprem as necessidades de enxofre.
a
Para análise foliar devem-se retirar folhas no início do florescimento, coletar o limbo da 5 folha a partir do
ápice da haste principal; no mínimo 50 limbos por gleba, um por planta.

Nas cultivares de ciclo precoce a velocidade de absorção é maior e as adubações de cobertura (N e K)


devem ser realizadas mais cedo, entre as fases B1 até B7. Para as cultivares de ciclo tardio a velocidade de
absorção é mais lenta as adubações de cobertura podem ser postergadas, sendo a primeira até a fase B4 e
a segunda até a fase F1.

Mais Nutrição
A planta tem a característica de produzir inúmeras estruturas de produção (botões florais), dos quais podem
ser abortados entre 40 e 50% do total. Porém, se conseguir 10 maçãs uniformes por planta pode-se ter
ótima produtividade; para tanto ela extrai para cada tonelada de algodão em caroço 50 kg de Nitrogênio, 40
kg de Potássio e 30 kg de Fósforo. Quando na fase de enchimento das maçãs a planta mostrar boa carga
de frutos e se não houver nutrientes suficientes para suprir suas necessidades, ela poderá apresentar
senescência ou envelhecimento precoce, mostrando na área cultivada plantas com manchas amareladas,
avermelhadas ou arroxeadas que poderão produzir maçãs imaturas e de baixo peso.
Para que a planta possa expressar todo seu potencial produtivo é importante ter uma boa reserva de
nutrientes no solo, além de obter ajuda do clima que tem uma importância de 80% dos fatores que
influenciam a produção. Para ter uma produtividade acima de 250 @/ha em solos de Cerrado, Recomenda-
se adicionar: Nitrogênio de 110 a 150 kg/ha, Fósforo de 110 a 130 kg/ha, Potássio de 130 a 180 kg/ha,
Enxofre de 30 kg/ha, Boro de 2,0 a 5,0 kg/ha, Zinco de 1,5 a 2,0 kg/ha, além de outros micronutrientes.
Torna-se necessário adicionar Potássio após os 30 dias da germinação quando houver necessidade ou
carência, através de uma adubação em cobertura a lanço ou foliar, caso o valor seja superior a 60 kg/ha
pode-se aplicar em pré-semeadura ou parcelado metade na semeadura e a outra parte em cobertura junto
com o N.

7. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS


Entre as pragas mais freqüentes e importantes estão o bicudo, a broca-da-haste, curuquerê, lagarta-da-
maçã, lagarta rosada, mosca-branca, ácaros. Dentre as doenças destacam-se a ramulose, ramulária, mofo
branco, mosaico comum, antracnose, tombamento das plântulas (damping-off).
A estratégia de controle passa por:
Controle biológico: traduz-se em ação de parasitas, predadores (comem) ou causadores de enfermidades
nas pragas reduzindo sua população. É um controle natural feito por insetos (joaninhas, bicho-lixeiro,
besouro calosoma, percevejos, vespas, tesourinhas), por aranhas (caranguejeira, de teias), por
microorganismo (fungos, bactérias).
Controle cultural: é a manipulação de diversas práticas de cultivo que visa tornar o agroecossistema
desfavorável ao desenvolvimento da praga e favorável a seus inimigos naturais. Entre algumas práticas
citam-se extensas áreas com data de plantio uniforme, períodos livres do plantio de algodão, destruição de

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botões florais, maçãs e hospedeiros alternativos, destruição antecipada e uniforme de restos de cultura, uso
de culturas armadilhas e rotação de culturas. Além disso, utilização de cultivares de ciclo curto.
Controle químico: Deve ser efetuado quando necessário, ou seja, quando a incidência de pragas atingirem
o nível de dano econômico. A aplicação do defensivo está presa a uma série de necessidades que,
satisfeitas, tornarão a prática eficiente mantendo a praga sob controle. Entre elas, características do
agroquímico (efetividade, seletividade, toxicidade, poder residual, carência, método de aplicação,
formulação, preço), características do equipamento aplicador (pontas/bicos, estado geral, tamanho da área
a tratar, calibragem, treinamento do operador). Modernamente adota-se o MIP (Manejo Integrado de
Pragas) que se baseia em amostragens periódicas de pragas na cultura que definirão a estratégia correta a
ser aplicada para controlar uma praga.

Níveis de controle para as principais pragas do algodão no Brasil:


PRAGA NÍVEL DE CONTROLE
Tripes 70% de plantas atacadas
Pulgão 70% de plantas com colônia
Curuquerê 50% ou 20% das plantas atacadas por lagartas menores ou maiores que 15 mm,
respectivamente
Mosca-branca 50% de plantas com colônia
Bicudo 10% das plantas com botões florais danificados (orifício de ovoposição e/ou
alimentação)
Lagarta das maçãs 13% de plantas com lagartas
Lagarta rosada 11% de plantas com maçãs danificadas
Ácaros 40% das plantas com colônia
Percevejos 20% das plantas atacadas

7.1. Manejo de Pragas e Doenças:


- O manejo inclui o conhecimento das pragas, dos seus inimigos naturais e das doenças que prejudicam o
desenvolvimento da cultura. Como técnica indispensável para determinação do momento certo da aplicação
do produto químico (defensivo) utiliza-se da amostragem de pragas.
- Amostragem para principais pragas:
O percurso para amostragem deve ser em espiral na lavoura; faz-se primeiro a área das bordaduras e
depois o interior da cultura. O caminhamento é feito zigue-zague.
- Nas propriedades pequenas o talhão a amostrar deve ter até 10 ha e o número de plantas observadas
deve ser 50. Nas áreas irrigadas (pivô central), propriedades médias e grandes talhões, de 10 a 60 ha faz-
se com 50 a 100 plantas observadas.
Ácaros vermelho e rajado: observar face inferior das folhas; período crítico do ataque vai do aparecimento
dos botões florais ao primeiro capulho. Iniciar aplicações quando 40% das plantas estejam atacadas (em
reboleiras).
Ácaro branco: observar folhas do ponteiro; período crítico da formação das maçãs ao aparecimento dos
capulhos. Iniciar aplicações com 40% das folhas atacadas
Bicudo: observar botões florais e maçãs; período crítico do aparecimento do botão floral ao primeiro
capulho. Iniciar aplicações quando 10% das plantas mostrarem botões atacados (oviposição e alimentação),
do inseto.
Curuquerê: observar face inferior das folhas; período crítico da emergência da planta ao aparecimento do
primeiro capulho. Iniciar aplicações quando forem encontradas 2 lagartas por planta (média) observada ou
desfolhamento de até 10% no terço superior da planta.
Lagarta-da-maçã: observar botões florais e frutos; período crítico do aparecimento de botões florais até o
primeiro capulho. Iniciar aplicações quando houver uma lagarta em 13% das plantas amostradas (6
plantas/50).
Lagarta-rosada: observação de flores e frutos; período crítico do aparecimento da 1ª maçã firme até o
primeiro capulho. Iniciar aplicações quando se encontrar 5 plantas de maçãs firmes atacadas (10%) por 50
plantas observadas).
Lagarta militar (Spodoptera): observar caule, folhas, botões florais e maçãs; iniciar as aplicações quando se
notar a presença de 7 a 8 plantas com lagartas (15%) das 50 observadas. A partir de 70 DAE só aplicar
piretróides.
Pulgões: observar folhas novas, botões e gemas e capulhos; período crítico da emergência da planta ao
aparecimento do 1º capulho. Quando houver 35 das 50 plantas atacadas (70%), iniciar as aplicações.
Tripes: observar folhas do topo da planta; período crítico da emergência da planta até 20 dias após. Iniciar
aplicação quando encontrados 70% das plantas observadas com 6 tripes em cada.

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Broca-da-raiz: observar o colo da planta; período crítico entre 10 e 40 DAE. Controle efetuado pelo
tratamento de sementes com inseticidas ou aplicações contra infestações com 20 a 30 dias de vida da
planta.

7.2. Pragas/Controle:
- Considera-se que broca-da-raiz, tripes e pulgões, curuquerê são pragas iniciais e ácaros, bicudo, lagartas,
das maçãs e rosada, percevejos, são pragas tardias.
Broca-da-raiz: Eutinobothrus brasiliensis (Hambledon, 1937), Coleoptera, Curculionidae.
O adulto é besouro de cor preta, com 3 a 5 mm de comprimento, aparelho bucal em forma de tromba; o
jovem é uma lagarta branca ou amarelada (até parda). A fêmea adulta coloca ovos ovais branco-
amarelados no caule; deles saem lagartas que penetram no caule, abrem galerias em todas as direções, na
região entre o caule e a raiz, em geral. Isto provoca murchamento e até morte do algodoeiro.
O controle é feito preventivamente pelo tratamento das sementes com inseticidas à base de Carbofuran
(Diafuran 50, Furadan 50) na dosagem de 30 a 40 g do produto comercial para misturar a cada 100 kg de
sementes. Em caso de infestação aos 20 dias de vida da planta, pulverizar com produtos à base de
Paratiom-metil (Folidol 600) na dose de 0,5 L do produto por hectare (visar caule e colo da planta).
Pulgões:
Pulgão do algodoeiro: Aphis gossypii (Glover, 1876)
Pulgão verde: Myzus persicae (Sulzer, 1776), Homoptera, Aphididae
Insetos pequenos, com corpo mole ovalado com 1,3mm. de comprimento, cor verde - limão (Aphis) e verde
a verde-amarelada até marmoreada (Myzus). Reproduzem-se (parição) nas regiões quentes sem concurso
de machos. Vivem em colônias sugando a seiva das folhas (face inferior) novas e brotos expoliando o
algodoeiro; ataques severos causam encarquilhamento da folha e até "mela" (por substância doce
excretada pela praga que danifica capulhos e atrai formigas pretas). Quando a população excede a
capacidade do órgão da planta em alimentar a colônia, surgem adultos alados que voam para outras folhas
ou plantas para iniciar colônias. O ataque de pulgão pode determinar prejuízos de até 44% à lavoura do
algodoeiro. Alta temperatura e umidade relativa do ar associada à estiagem favorecem o desenvolvimento
dos pulgões. O controle do pulgão pode ser feito, parcialmente, por seus inimigos naturais - joaninhas,
bicho-lixeiro, mosca sirfídeo, entre eles - ou via aplicação de produtos agroquímicos (inseticidas) a partir das
épocas determinadas pela amostragens, com os defensivos químicos abaixo:
-1
Pirimicarb (Pirimor 500) – (500 g ha )
-1
Thiomethon (Ekatim 250 CE) – 0,3 a 0,5 L ha )
-1
Monocrotofos (Azodrin 400S) – 1,5 L ha
Curuquerê: Alabama argillacea (Hubner, 1823), Lepidoptera, Noctuidae.
Também se hospeda no mate. O adulto é mariposa cor marrom-avermelhada, com duas manchas circulares
no centro das asas anteriores. A lagarta é do tipo mede-palmos, com cores variadas (verde ao preto),
podendo atingir 35 a 40 mm de comprimento (madura) e a pupa é de cor castanha e encontrada enrolada
em folha. Com hábitos noturnos a mariposa fêmea põe ovos circulares e achatados verde-azulados
embaixo das folhas. O ataque começa pela parte superior do algodoeiro e as lagartas, vorazes, consomem
a área foliar completamente. Lagartas foram encontradas consumindo as primeiras folhas (cotilédones) logo
após a emergência do algodoeiro. O controle do curuquerê é feito, em parte, por inimigos naturais
(percevejos, aranhas, vespas, outros) e por aplicação de defensivos agroquímicos lagarticidas como:
-1
Bacillus thuringiensis (Dipel 32 PM, ou Thuricide) - 0,5 kg ha
-1
Diflubenzuron (Dimilin 250 PM) - 50 a 60 g ha
Endosulfan (Thiodan 35 CE) - 1,2 a 1,5 L ha-1

Bicudo: Anthonomus grandis (Boheman, 1843), Coleoptera, Curculionidae.


Adulto é besouro acinzentado ou castanho, com 4 a 9 mm de comprimento e 7 mm de envergadura,
aparelho bucal em forma de tromba, tipo mastigador; a forma jovem é lagarta sem patas, cor branca ou
creme que vive dentro de botões e maçãs e lá passa a pupa (creme ou branca) donde surge o adulto.
A fêmea adulta deposita ovos esféricos, branco-amarelados, dentro dos botões florais ou em maçãs
pequenas, onde as lagartas se alimentam.
Após o ataque os botões tornam-se amarelos, as brácteas (folhas modificadas) abrem-se e os botões caem
no solo; há destruição da fibra e das sementes nas maçãs atacadas.
As medidas de controle preconizadas são:
Monitoramento= Armadilhas contendo feromônio “granddlure” nas áreas a serem cultivadas com bicudo.
BAS= Bicudo/Armadilha/Semana. Número de aplicações no surgimento dos botões florais: +2 BAS= zona
vermelha= 3 aplicações; 1 e 2 BAS= zona amarela= 2 aplicações; 0 e 1 BAS= zona azul= 1 aplicação; zero
BAS= zona verde= nenhuma aplicação.
Culturais: destruição de restos culturais do algodoeiro (o mais cedo possível pós-colheita), catação de
botões florais atacados e caídos ao solo (operação diária com queima do material), plantio uniforme (no

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máximo dentro de uma semana), plantio-isca (algumas ruas de algodoeiro, antes do plantio, para atrair o
inseto adulto).
Em parte o bicudo pode ser controlado por inimigos naturais - como a formiga preta grande - e por aplicação
de agroquímicos inseticidas como:
Carbaryl (Sevin 850 PM) – 1,6 Kg/hectare
Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 2,0 litros/hectare
Betacyfluthrin (Buldock 125 SC) – 100 ml./hectare
Deltametrina (Decis 50 SC) – 200 ml./hectare

Lagarta-da-maçã: Heliothis virescens (Fabricius, 1871) Lepidoptera, Noctuidae.


Adulto é mariposa de cor verde pálido a amarelada com 3 listras cor castanha distribuídas nas asas e tem
hábitos noturnos. O jovem é lagarta verde com pontuações no corpo e mede de 16 a 25 mm quando
madura (a larva pode tomar cor avermelhada por vezes). A fêmea adulta põe ovos semi-esféricos estriados
e de cor branco-brilhante, nos ponteiros da planta (preferencialmente) e também em brácteas dos botões
florais e em folhas laterais novas. As lagartas podem ser encontradas nos botões florais, nos ponteiros e em
maçãs pequenas e grandes. A lagarta perfura botões florais e maçãs e alimenta-se da parte interna; ela
pode penetrar parcial ou totalmente. O controle da lagarta é feito pela aplicação de:
Bacillus thuringiensis (Dipel 32 PM, Thuricide) – 0,5Kg/hectare
Endosulfan (Endosulfan CE, Thiodan CE) – 1,5 – 2,5l./hectare
OBS.: há casos de se encontrar a lagarta da espiga do milho (Heliothis zea) ou a lagarta do cartucho do
milho (Spodoptera frugiperda) atacando botões florais e maçãs do algodoeiro.
Lagarta rosada: Pectinophora gossypiela (Saunders, 1844) Lepidoptera, Gelechiidae.
Adulto é mariposa com 18-20 mm comprimento, asas anteriores pardo-claras, corpo com 10 a 13 mm
comprimento, cor creme clara com dorso púrpureo. A pupação faz-se no solo.
As fêmeas põem ovos entre as diferentes estruturas da flor e das maçãs. As lagartas rosadas são
encontradas no interior dos botões florais, de flores (flor rosetada), e de maçãs alimentando-se das
estruturas e das sementes. A flor rosetada não se abre e é sinal da presença da lagarta rosada.
Os danos são destruição de flores, fibras manchadas ou destruídas, sementes parcial ou totalmente
destruídas, maçãs amadurecem precocemente sem abrir-se. O controle da lagarta rosada pode ser feito
parcialmente por inimigos naturais – vespas predadoras e parasitas – e por aplicação de defensivos
químicos agrícolas, a saber:
-1
Carbaryl (Carbaryl 850 PM, Sevin 850 PM) - 1,5 kg ha
Deltametrina (Decis 25 CE) – 300cc./hectare
Lambdacyhalotrina (Karate 50 CE) – 250cc./hectare
Lagarta do cartucho do milho: Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797) Lepidoptera, Noctuidae.
Adulto é mariposa com 25 mm comprimento e 35 mm envergadura; asas anteriores acinzentado-escuras e
asas posteriores claras, esbranquiçadas, corpo acinzentado.
Lagarta madura atinge 35 a 50 mm comprimento cor de verde-claro a pardacento, escura com 5 estrias
longitudinais escuras e cabeça preta com 3 estrias claras que formam Y invertido.
A fêmea adulta, com hábitos noturnos, põe ovos em camadas superpostas em ambas as faces da folha.
Saídas do ovo as lagartas passam a se alimentar do caule, folha, botões florais e maçãs. São terrivelmente
vorazes. Para pupar a lagarta abandona a planta e enterra-se no solo (de 1 a 5 cm.). Uma fêmea pode
colocar 1000 ovos em 12 dias de longevidade.
Lagartas iniciam o ataque à partir da parte mediana da planta subindo até o ponteiro. Controla-se esta
lagarta pelas aplicações dos agroquímicos:
Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 1,5 – 2,5l./hectare
Triclorfon (Dipterex 500) – 1,5l./hectare
Cloropirifós (Lorsban 480 CE) – 1,0l./hectare
Triazophós (Hostathion 400 CE) – 0,5l./hectare
Paration metil (Folidol 600) – 450-675cc./hectare
Mosca branca: Bemisia argentifolii (Bellows e Perrina) Bemisia tabaci (Gennaduis, 1889), Homoptera,
Aleyrodidae.
Adulto é inseto com 1,5 mm comprimento, olhos vermelhos, antenas longas, 2 pares de asas membranosas
brancas, vivem em colônias na parte inferior da folha. Inseto sugador de seiva, transmite várias viroses à
planta e é capaz de reduzir a produção em mais de 50%. Jovem – ninfas – são quase imóveis. Adulto vive
18 dias e ninfas 15 a 30 dias.
Como medidas de controle destruir restos da cultura, fazer barreiras quebra-vento no algodoal (com milho
ou sorgo forrageiro), evitar plantar algodão próximo à melancia, soja, melão, feijão e fumo, plantar na
mesma época que outros produtores. O controle químico indica os seguintes produtos:
Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 1,5l./hectare
Imidacloprid (Confidor 700) – 360g./hectare

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Triazophos (Hostathion 400 CE) – 1,0l.hectare.

Ácaros:
Ácaro banco: Polyphagotarsonemus latus (Banks 1904) Tarsonemidae
Ácaro rosado: Tetranychus urticae (Koch, 1836) Tetranychidae
Ácaro vermelho: Tetranychus ludeni (Zacher, 1913) Tetranychidae.
Branco: fêmeas com 0,2 mm comprimento, cor branca a amarelo brilhante, ovos com 0,1 mm diâmetro, cor
pérola. Ciclo de 5 a 7 dias (a 27ºC). Tem preferência pelas folhas do ponteiro onde põe os ovos. Danos
aparecem nas folhas dos ponteiros que mostram face inferior brilhante e margens voltadas para cima e
depois ficam espessas e coriáceas tornando-se quebradiças. Sob ataques intensos os caules tomam forma
de S. Hospeda-se, também, na batatinha, laranjeira, mamoeiro, dália. Alimentam-se sugando a seiva da s
folhas.
Rajado: hospeda-se também no chuchuzeiro, feijoeiro, mamoeiro, roseira. As fêmeas possuem coloração
esverdeada com duas manchas escuras de cada lado do dorso; elas medem 0,5 mm comprimento e tem
corpo ovalado. Vivem em colônias na página inferior da folha tecendo grandes quantidades de teias onde
são colocados ovos esféricos e esbranquiçados. Os danos caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas
manchas avermelhadas entre as nervuras que se juntam, tomam toda a folha que seca e cai. Sugam a
seiva das folhas.
Vermelho: as formas ativas apresentam cor vermelha-intensa, fêmeas com 0,43 mm comprimento, corpo
ovalado. Localizam-se na parte inferior da folha onde formam colônias, recobrindo-a com teias onde põem
os ovos arredondados e avermelhados. Sugam a seiva das folhas. Hospedam-se, também, no feijoeiro, no
girassol.
O controle dos ácaros é feito por inimigos naturais – ácaros predadores, percevejos, bicho lixeiro – e por
aplicações de agroquímicos defensivos agrícolas acaricidas ou inseticidas-acaricidas tais como:
Para o branco:
Abamectin (Vertimec 18 CE) – 0,3l./hectare
Propargite (Omite 720 CE) – 1,5l./hectare
Endosulfan (Thiodan 350 CE) – 1,5l./hectare
Para rajado e vermelho:
Abamectin (Vertimec 18 CE) – 0,6l./hectare
Propargite (Omite 720 CE) – 1,5l./hectare
-1
Tetradifon (Tedion 80 CE) – 3,0 L ha
Outras pragas:
Tripes – sugam a seiva das partes novas
Percevejos (rajado e manchador) – danificam botões, brotos e maçãs
Besouro amarelo – depreda a folhagem
Lagarta elasmo – broqueia o caule
Percevejo castanho – suga a seiva das raízes
Formigas saúvas – cortam folhas
Ácaro verde – suga a seiva das folhas

7.3. Doenças / Controle:


- As principais doenças do algodoeiro são:
Ramulose ou superbrotamento
Ramularia
Mofo branco
Mosaico comum
Tombamento das plântulas
Ramulose: Doença dos vasos do algodoeiro causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var.
cephalosporioides. Tem importância econômica podendo ocasionar redução em 80% da produção (segundo
a cultivar, época do plantio, susceptibilidade da planta). Temperatura elevada e chuvas intensas são
favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Os sintomas iniciam-se pelo aparecimento de manchas de forma
estrelada e cor pardo-escura nas folhas novas do ponteiro que, com o passar do tempo, tornam-se furos
nos limbos foliares. Há redução dos internódios perto do ponteiro, manchas necrosadas no caule e hastes e
superbrotamento no ponteiro com redução do porte da planta (principal problema na planta é a quebra da
dominância apical). Para o controle recomenda-se: queima dos restos de cultura, rotação de cultura por 3
anos; não plantar algodão em área vizinha de cultura contaminada no ano anterior; uso de cultivares
resistentes à doença tais como Deltapine 90, CNPA ITA 97, Sicala 34, CNPA Itamarati 90, CS 50; uso de
sementes sadias para o plantio.

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Ramulária: fungo Ramularia areola, com sintomas de manchas verde-escuras de formato angular em ambas
as faces da folha. Ao evoluírem essas manchas são recobertas por uma massa pulverulenta de coloração
branca, constituída pelos esporos do patógeno.
*O termo Ramulose refere-se a uma doença e ramulária a um patógeno.
Mofo Branco: é uma nova doença que vem afetando o algodoeiro em regiões onde há plantios de feijão sob
pivô central. É causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, fungo altamente destrutivo, que produz
estruturas de resistência denominadas de escleródios. No algodoeiro o mofo branco é de difícil controle,
sobretudo quando afeta plantas com mais de 80 dias de idade. A cobertura vegetal do solo impede que o
patógeno alastre-se mais dentro da lavoura; a cobertura de palhada no solo contribui para diminuir as
aplicações de fungicidas, mas o ideal é um programa de rotação de culturas com o algodão retornando na
área após 3 anos no mínimo. Uso de agentes de controle biológico (Trichoderma) associado a aplicações
de fungicidas específicos como o Fluazinam (Frowncide) são indicados no manejo da doença.
Tratamento das sementes com fungicidas específicos (ex.: Tiofanato Metilico + Fluazinam= Certeza). TS
com Trichoderma (controle de Fusarium spp e Rhizoctonia solani), usar Trichoderma: sempre visando o solo
(atuação é no escleródio)
Tombamento: O tombamento está associado a vários fungos sendo os mais freqüentes Colletotrichum
gossypii, Rhizoctonia solani e Fusarium spp. Ocorre mais em condições de alta umidade no solo nos
primeiros 20 DAE. Baixas temperaturas agravam os efeitos da doença. O principal sintoma é o
escurecimento da haste logo abaixo do colo das plantinhas seguido de tombamento e morte. Esta doença
causa falhas na população de plantas comprometendo o rendimento da cultura.
O controle deve ser preventivo através do conjunto:
Uso de sementes com boa germinação e vigor
Tratamento das sementes com fungicidas específicos Captan, Thiram, Carboxin-Thiram, Fludioxonil (Maxin
Advanced), Carbendazin-Thiram. TS com Trichoderma (controle de Fusarium spp e Rhizoctonia solani).
Antracnose: Doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii Southi worth, ocorre em todas as regiões
produtoras, ataca todas as partes da planta podendo aparecer nos cotilédones e caule das plântulas recém
- emergidas que podem morrer. A doença aparece nos cotilédones sob forma de pequenas lesões que
servem de foco da doença para estádios mais avançados do desenvolvimento do algodoeiro. A lesão é
mancha deprimida avermelhada. Nas maçãs a lesão começa sob forma de pequenas manchas de
coloração escura e arroxeada; elas aumentam de tamanho cobrindo grande parte da maçã. Em condições
favoráveis e temperatura moderada as lesões cobrem-se de massa de esporos (frutificações) úmida,
pastosa e cor rósea. Mesmo com pouca extensão externa da lesão o fungo penetra a maçã, causa
deterioração da parte interna, e fibra e sementes podem ser destruídas. Quando não há destruição total da
fibra a maçã amadurece e abre, mostrando fibra compacta, descolorida e coberta com massa rosa de
esporos.
O fungo é transmitido pelas sementes (interna e externamente) podendo causar tombamento em pré e em
pós emergência.
O método mais importante de controle é o tratamento prévio de sementes com fungicidas dos grupos do
Benzimidazóis (Benlate) e dos Tolyfluanid (Euparen).
Utilização de sementes sadias para o plantio
Rotação de culturas e destruição de restos de culturas
Mosaico comum: Doença causada pelo AbMV (vírus) e pode ser encontrada em todas as regiões
produtoras e sua incidência pode chegar a 50%.
Manchas alternadas de coloração diferente (mosaico) são caracterizadas por manchas amarelas (cor gema-
de-ovo). Com maturação da planta a coloração amarela fica mais clara e os sintomas menos evidentes. Em
alguns aparece coloração avermelhada. Segundo o estado de desenvolvimento a planta pode apresentar
nanismo e torna-se parcial ou totalmente estéril. O vírus é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci e
B. argentifolii).
Controle:
Eliminar plantas doentes, no desbaste.
Eliminar ao máximo, malváceas nativas em torno do futuro campo do algodoeiro
Usar cultivares resistentes como CNPA Precoce 2, CNPA 7H e IAC 22.
Nematóides: Vermes microscópicos que atacam plantas e se alimentam, principalmente, das raízes.
Espécies dos gêneros Rotylenchulus, Belonolaimus, Pratylenchus, Trichodorus, outras, atacam o
algodoeiro; o mais importante é o nematoide de galhas (Meloidogyne incognita (Kofoid/White) Chitwood.
Causa danos por alimentar-se da planta bem como por abrir caminho para a penetração de fungos
(Fusarium) nas plantas.
Galhas (entumescências) na raiz é o sintoma característico do ataque do nematóide. A doença pode
determinar murcha nas horas quentes do dia e morte em época de seca. As plantas atacadas aparecem em
reboleira.

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O controle mais eficiente é o uso de variedades (cultivares) resistentes; rotação de culturas diminui a
população de nematóides no solo.
Outras doenças do algodoeiro:
Doenças por vírus:
Mosaico das nervuras: amarelecimento ao longo da nervura
Vermelhão: áreas vermelhas ou roxas nas folhas baixeiras
Mosaico tardio: mosaico de áreas verde-claras e normais
Murchamento avermelhado: folhas dobram-se para baixo, com cor bronzeada que evolui para vermelho.
Doenças por fungos:
Murcha de Fusarium: escurecimento de feixes vasculares, clorose nas folhas, necrose nas bordas
Murcha de Verticillium: semelhante a anterior, em reboleiras
Mancha de Alternaria: manchas de até 1 cm, cor marrom nas folhas cobrindo-as.
Mancha de Stemphylium: manchas marrom-escuras à negras nas folhas
Podridão das maçãs: de vários fungos
Doenças por bactérias:
Mancha angular: lesões aquosas com bordas em ângulos nas folhas
Aplicação de defensivos agrícolas no algodoal:
O agroquímico - acaricida, fungicida, herbicida ou inseticida – encontrado no comércio sob diversas
formulações (estado físico), tais como concentrado emulsionável (CE), solução concentrada (SC), pó
molhável (PM ou M) necessita, para chegar ao solo ou a planta, de um veículo que é, de ordinário, a água;
(agroquímico + água constituem a calda defensiva). A quantidade total da calda (volume) aplicada num
hectare deve conter a quantidade do agroquímico (dose, dosagem) preconizado pelo fabricante para
controlar a planta daninha, a praga ou doença.

8. Colheita/Armazenamento
Por exigir atenção constante ao longo do seu desenvolvimento (mão-de-obra e capital) maiores cuidados
com o algodoeiro devem ser alocados à colheita e armazenamento. Como a destinação principal do
algodão é a indústria têxtil a qualidade da fibra é de fundamental importância e também depende da
colheita.
A ocorrência de sujeira - notadamente fios de sisal, ráfia, náilon e plásticos, penas de aves (já no
armazenamento) - contamina o algodão, deprecia sua qualidade e induz mal conceito junto a consumidores.
O algodão deve ser colhido em sacos de algodão; no ato da colheita separar o algodão mais limpo do
produto sujo; nessa ocasião separar casulos, carimãs, frutos verdes, entre outros.
A colheita, iniciada em até 130 dias de ciclo, pode ser manual ou mecânica.
Colheita mecânica: (Colhedeiras do tipo Picker de 2 a 5 fileiras). De alto rendimento é de menor custo que a
manual; em lavouras bem conduzidas tecnicamente e com bom rendimento um equipamento colhedor pode
colher de 3 a 5ha/dia de trabalho (colhendo 2 filas). O algodão colhido (tipo 5) passa a tipo 4. Para a
colheita mecânica a declividade do terreno deve estar abaixo de 8%, não devem existir obstáculos no
terreno, tocos, pedras, buracos, deve haver satisfação às exigências da colheita mecânica (cultivar,
população de plantas, controle de ervas, entre outros), teor de água de 7 a 12% (colher em horas quentes
do dia), operadores capacitados, a cultura deve estar no limpo, desfolhada e uniforme. Perdas admitidas em
até 10%. Velocidade de trabalho em 3,5 km/h.
Rendimentos podem variar de 1.500 kg a 2.500 kg/ha em condições de sequeiro; em trabalhos
experimentais já se conseguiu 4.500 kg/ha (Bahia) em condição de lavouras irrigadas.
Caso haja necessidade de armazenamento antes da comercialização o local deve estar seco, ventilado,
limpo, protegido da umidade e do fogo.

9. Beneficiamento do algodão
Para que as máquinas de beneficiamento operem com maior eficiência e para obter fibra e semente de boa
qualidade é recomendado que o algodão em caroço, ao entrar na usina, apresente as seguintes
características:
- Umidade do algodão em torno de 7% (6,5 a 8%)
- Sem excesso de impurezas (detritos da cultura, brácteas, barbantes, penas de aves, amarrios, arames,
terra)
- Isenção de pragas e doenças
- Grau de maturidade ideal (verificado em laboratório)
- Algodão proveniente de cultivares apropriadas para a colheita mecânica.
Fases do beneficiamento: O beneficiamento é dividido em 3 etapas:
- Preparatória: recepção, qualificação, armazenamento temporário.
- Limpeza e descaroçamento: separação da fibra da semente
- Complementar: prensagem, enfardamento e armazenamento da fibra.

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10. Fibra/Fio de algodão


- Fecundada a flor do algodoeiro a fibra de algodão desenvolve-se na epiderme (parede mais externa) da
semente. Cada fibra é formada por uma célula simples dessa epiderme que se alonga (1 mm/dia) até o seu
tamanho final (segundo cultivar e condições edafoclimáticas). Cada semente (G. hirsutum) pode conter de
7.000 a 15.000 fibras individuais. O crescimento pode variar de 50 a 75 dias (da fecundação à abertura das
maçãs). Da sua superfície à parte mais interna a fibra pode conter ceras, gomas, óleos, cutícula, celulose,
proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, outros. Para produzir o fio de algodão a fibra deve apresentar
comprimento necessário, uniformidade, resistência, finura, pureza/limpeza. Comprimento: fibras inferiores
(abaixo de 22 mm), fibras curtas (22-28 mm), fibras médias (28-34 mm), e fibras longas (acima de 34 mm).
O G. hirsutum produz fibras médias e curtas e o G. barbadense fibras médias e longas. Fios com Neps= fios
com presença de nós.

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