Título: Prorrogação Graciosa Do Prazo de Execução de Empreitada
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Solicita o Município de .........., por ofício de 21/09/2018, parecer sobre se no âmbito do Código dos Contratos
Públicos (CCP), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, continua a ser possível o recurso à
figura da prorrogação graciosa do prazo para conclusão da empreitada à semelhança do que sucedia quando
estava em vigor o Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de março (revogado pela alínea d) do n.º 1 do artigo 14.º do
Decreto-Lei n.º 18/2008), diploma este que contemplaria essa figura.
Estas últimas correspondem a um direito do adjudicatário (empreiteiro), previsto na lei (presentemente, no CCP)
que, em certos casos, determinam um prolongamento ou ampliação do prazo do cumprimento do contrato por
não ter sido possível ao empreiteiro, por razões que não lhe são imputáveis, cumprir o prazo inicialmente previsto.
A concessão de uma prorrogação graciosa do prazo de execução da empreitada tem de ser compatível com o
interesse público de boa conclusão dessa empreitada e para ser concedida terão de existir razões substantivas
que, não obstante serem imputáveis ao empreiteiro, merecem ser atendidas.
O Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de março (revogado, como acima já se referiu, pelo Decreto-Lei n.º 18/2008), que
continha o regime jurídico das empreitadas de obras públicas, não tinha uma norma expressa com a definição do
que se entendia por prorrogação graciosa. De facto, a referência a prorrogação graciosa existia tão só no n.º 1 do
artigo 201.º desse decreto-lei, artigo esse relativo à multa por violação dos prazos contratuais (conforme sua
epígrafe) e onde se dizia que ?se o empreiteiro não concluir a obra no prazo contratualmente estabelecido,
acrescido de prorrogações graciosas ou legais, ser-lhe-á aplicada, até ao fim dos trabalhos ou à rescisão do
contrato, a seguinte multa contratual diária, se outra não for fixada no caderno de encargos (...)?.
Era, portanto, neste contexto de aplicação de multa por incumprimento de prazo contratual [em que se dizia que
seria aplicada multa ao empreiteiro que não concluísse a obra no prazo (inicialmente) previsto no contrato (cfr:
?(...) prazo contratualmente estabelecido (...)?) acrescido de prorrogações graciosas ou legais a tal prazo previsto
no contrato] que o referido diploma legal se referia expressamente a prorrogações graciosas.
Atualmente o CCP, à semelhança do que sucedia com o Decreto-Lei n.º 59/99, também não contém uma norma
expressa com a definição do que se entende por prorrogação graciosa. Portanto, neste aspeto, não ocorreu
qualquer alteração legislativa.
O que sucedeu, sim, foi que o artigo 403.º do CCP, que contém presentemente a matéria relativa à sanção
contratual por atraso na conclusão da execução da obra, não faz qualquer referência à prorrogação graciosa. Mas
não o faz à prorrogação graciosa tal como também, da mesma maneira, não o faz à prorrogação legal (embora
quanto a esta se possa sempre dizer que a mesma decorre de outras normas do diploma) e tal deve-se, salvo
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melhor entendimento, não por ter deixado de ser possível ao dono da obra conceder prorrogações graciosas mas
sim porque a redação desta disposição legal se encontra feita de forma diferente da constante no revogado n.º 1
do artigo 201.º do Decreto-Lei n.º 59/99 pois enquanto que nesse n.º 1 do artigo 201.º se dizia que a multa seria
aplicada se o empreiteiro não concluísse a obra no prazo contratualmente estabelecido, acrescido de
prorrogações graciosas ou legais, agora o n.º 1 do artigo 403.º do CCP refere que a aplicação da sanção
contratual pode ocorrer quando o atraso na conclusão da obra for devido a facto imputável ao empreiteiro.
Ora, parece-nos, salvo melhor entendimento, que dizer que a aplicação da sanção contratual pode ocorrer
quando há atraso na conclusão da obra por facto imputável ao empreiteiro não significa que não possam ser
concedidas prorrogações graciosas ao empreiteiro (que, ao serem concedidas, implica que, em termos formais,
deixe de haver atraso na conclusão da obra, só havendo este quando, não tendo lugar nenhuma prorrogação
legal nem sendo concedida nenhuma prorrogação graciosa, a obra ainda não se encontra concluída uma vez
decorrido o respetivo prazo).
Acresce que, conforme resulta da letra do n.º 1 do artigo 403.º do CCP, a aplicação da sanção contratual pelo
dono da obra corresponde a uma faculdade e não a uma obrigação pelo que, numa situação em que não haja
fundamento para prorrogação legal, caso o dono da obra, fundamentadamente, entenda não ser de aplicar
sanção contratual mas nada delibere quanto ao prazo de conclusão da empreitada, o que sucederá, na prática, é
que o prazo de conclusão da empreitada se irá prorrogando sendo que essa prorrogação só poderá ser
considerada uma prorrogação graciosa, ainda que tácita.
E, finalmente, realça-se que não obstante o Decreto-Lei n.º 6/2004, de 6 de janeiro, ter sido publicado quando
ainda estava em vigor o DL. n.º 59/99, de 2 de março, o mesmo ainda se mantém em vigor(1), sendo que este
diploma se refere expressamente a prorrogações graciosas no seu artigo 13.º, n.º 2 e n.º 3 dizendo que,
tratando-se de prorrogação graciosa, o empreiteiro não terá direito a qualquer acréscimo de valor de revisão de
preços em relação ao prazo acrescido, por contraposição às prorrogações legais que, conforme n.º 1 deste artigo,
conferem direito à revisão de preços, considerando-se que a prorrogação de prazo é graciosa quando derive de
causas imputáveis ao empreiteiro mas que o dono da obra entenda não merecerem a aplicação de multa
contratual.
Concluindo:
2. A concessão de uma prorrogação graciosa do prazo de execução da empreitada tem de ser compatível com o
interesse público de boa conclusão dessa empreitada e para ser concedida terão de existir razões substantivas
que, não obstante serem imputáveis ao empreiteiro, merecem ser atendidas.
3. O Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de março, não tinha uma norma expressa com a definição do que se entendia por
prorrogação graciosa. De facto, a referência a prorrogação graciosa existia tão só no n.º 1 do artigo 201.º desse
decreto-lei, artigo esse relativo à multa por violação dos prazos contratuais e onde se dizia que ?se o empreiteiro
não concluir a obra no prazo contratualmente estabelecido, acrescido de prorrogações graciosas ou legais,
ser-lhe-á aplicada, até ao fim dos trabalhos ou à rescisão do contrato, a seguinte multa contratual diária, se outra
não for fixada no caderno de encargos (...)?. Era, portanto, neste contexto de aplicação de multa por
incumprimento de prazo contratual [em que se dizia que seria aplicada multa ao empreiteiro que não concluísse a
obra no prazo (inicialmente) previsto no contrato (cfr: ?(...) prazo contratualmente estabelecido (...)?) acrescido de
prorrogações graciosas ou legais a tal prazo previsto no contrato] que o referido diploma legal se referia
expressamente a prorrogações graciosas.
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4. Atualmente o CCP, à semelhança do que sucedia com o Decreto-Lei n.º 59/99, também não contém uma
norma expressa com a definição do que se entende por prorrogação graciosa.
Portanto, neste aspeto, não ocorreu qualquer alteração legislativa.
5. O que sucedeu foi que o artigo 403.º do CCP, que contém presentemente a matéria relativa à sanção
contratual por atraso na conclusão da execução da obra, não faz qualquer referência à prorrogação graciosa tal
como também, da mesma maneira, não o faz à prorrogação legal, e tal deve-se, salvo melhor entendimento, não
por ter deixado de ser possível ao dono da obra conceder prorrogações graciosas mas sim porque a redação
desta disposição legal se encontra feita de forma diferente da constante no revogado n.º 1 do artigo 201.º do
Decreto-Lei n.º 59/99 pois enquanto que nesse n.º 1 do artigo 201.º se dizia que a multa seria aplicada se o
empreiteiro não concluísse a obra no prazo contratualmente estabelecido, acrescido de prorrogações graciosas
ou legais, agora o n.º 1 do artigo 403.º do CCP refere que a aplicação da sanção contratual pode ocorrer quando
o atraso na conclusão da obra for devido a facto imputável ao empreiteiro.
6. Portanto, parece-nos que dizer que a aplicação da sanção contratual pode ocorrer quando há atraso na
conclusão da obra por facto imputável ao empreiteiro não significa que não possam ser concedidas prorrogações
graciosas ao empreiteiro (que, ao serem concedidas, implica que, em termos formais, deixe de haver atraso na
conclusão da obra, só havendo este quando, não tendo lugar nenhuma prorrogação legal nem sendo concedida
nenhuma prorrogação graciosa, a obra ainda não se encontra concluída uma vez decorrido o respetivo prazo).
7. Acresce que, conforme resulta da letra do n.º 1 do artigo 403.º do CCP, a aplicação da sanção contratual pelo
dono da obra corresponde a uma faculdade e não a uma obrigação.
8. E, finalmente, realça-se que não obstante o Decreto-Lei n.º 6/2004, de 6 de janeiro, ter sido publicado quando
ainda estava em vigor o DL. n.º 59/99, de 2 de março, o mesmo ainda se mantém em vigor, sendo que este
diploma se refere expressamente a prorrogações graciosas no seu artigo 13.º, n.º 2 e n.º 3 dizendo que,
tratando-se de prorrogação graciosa, o empreiteiro não terá direito a qualquer acréscimo de valor de revisão de
preços em relação ao prazo acrescido e considerando-se que a prorrogação de prazo é graciosa quando derive
de causas imputáveis ao empreiteiro mas que o dono da obra entenda não merecerem a aplicação de multa
contratual.
______________
(1) Veja-se, por exemplo, que, para efeito de aplicação das fórmulas de revisão de preços previstas neste
diploma, em concreto, no seu artigo 6.º, são publicados regularmente avisos com os valores dos índices de
custos de mão-de-obra, de materiais e de equipamentos de apoio, tendo o último aviso a ser publicado sido o
Aviso n.º 12034/2018, de 23 de agosto, na 2.ª série do Diário da República.
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