Fundamentos de Extração
Fundamentos de Extração
Fundamentos de Extração
O conceito de extracção aplica-se quer a alimentações (misturas) sólidas, quer líquidas, às quais se
pretende retirar o soluto, seja para o obter num estado mais puro por constituir o produto objecto do
processo, seja por corresponder a uma impureza da alimentação que é necessário eliminar.
Na Extracção Líquido/Líquido a separação está relacionada com a distribuição diferenciada do soluto pelas
duas fases imiscíveis (ou parcialmente miscíveis) em contacto. A alimentação líquida é misturada com o
solvente da extracção e o soluto dessa alimentação vai distribuir-se de forma desigual entre o solvente que
se adicionou e o diluente da alimentação, passando, preferencialmente, para o novo solvente que se
adicionou. Solvente e diluente devem ser o mais imiscível possível (total ou parcialmente imiscíveis). A
transferência de massa do soluto deve dar-se da solução de alimentação para a fase do solvente.
Extracção Destilação
1. Extracção é a Operação Unitária na qual os 1. Os constituintes da mistura líquida são separados
constituintes da mistura líquida são separados pela adição de calor.
através da adição de um solvente líquido insolúvel.
2. A Extracção usa a diferença de solubilidades dos 2. A Destilação usa a diferença de pressão de vapor
componentes para conseguir a separação dos componentes para conseguir a separação
6. A extracção não fornece produtos puros e requer 6. Fornece produtos praticamente puros.
outros tratamentos posteriores.
7. Oferece maior flexibilidade na selecção das 7. Menor flexibilidade na selecção das condições
condições operatórias. operatórias.
8. Requer energia mecânica para a mistura e a 8. Requer energia térmica.
separação.
9. Não precisa de sistemas de aquecimento ou 9. Precisa de sistemas de aquecimento e
arrefecimento. arrefecimento.
10. Normalmente é a segunda escolha para a 10. Normalmente é a primeira escolha para a
separação dos componentes de uma mistura separação dos componentes de uma mistura líquida
líquida.
Quando, para tratar uma dada mistura, tanto a destilação como a extracção são opções viáveis, a escolha
recai, normalmente, sobre a destilação. Se é certo que a destilação é energeticamente mais exigente,
também é certo que, normalmente, a extracção sozinha não resolve o problema tendo de ser seguida de
uma destilação para separar o soluto do novo solvente onde está dissolvido, dado que a extracção não
conduz, por norma, a produtos muito concentrados.
A extracção é normalmente escolhida quando a separação por destilação da corrente original é difícil (caso
das misturas azeotrópicas ou de volatilidade relativa próxima da unidade). Outra situação onde faz sentido
recorrer à extracção é no tratamento de misturas aquosas pouco concentradas. Extrai-se o soluto com um
solvente volátil e destila-se, posteriormente, a fase do solvente, com custos energéticos substancialmente
mais baixos.
Na extracção líquido/líquido a alimentação que contém o Soluto (composto C) a extrair é misturada com
oSolvente do processo (composto B) o qual deve ser o mais imiscível possível com o Diluente (composto A)
da alimentação. Em resultado deste processo produzem-se duas fases, uma rica no solvente B (Extracto) e
outra rica no diluente A (Resíduo ou Refinado). O solvente que se selecciona para o processo de extracção
deve ter grande afinidade com o soluto C, de tal modo que, no processo de mistura, a transferência de
massa ocorra no sentido dos extractos, ou seja o soluto fique preferencialmente retido na fase do solvente
B. De seguida há que deixar repousar a mistura por forma a ser possível separar as duas fases
praticamente imiscíveis (as quais devem ter densidades diferentes) produzindo-se finalmente o extracto e o
resíduo.
A extracção laboratorial é também uma operação muito comum sendo nesse caso as duas etapas do
processo (mistura e separação de fases) conduzidas na mesma peça de equipamento, o funil de
decantação. Veja uma operação de extracção laboratorial no pequeno vídeo em baixo.
Para melhorar a recuperação do soluto no extracto e a eficiência global do processo, a extracção pode
decorrer em vários andares em equilíbrio como esquematizado na Figura 3. O esquema da Figura 3
corresponde a um Processo em Contra-Corrente. Na extracção não se usam, normalmente operações em
co-corrente pois nesse caso a driving-force fica muito pequena no final do processo. No caso da extracção
em contra-corrente a driving-force para a transferência de massa (diferença de concentração entre as duas
fases) mantém-se praticamente constante ao longo de todo o processo.
Figura 3: Extracção em contra-corrente.
EQUILÍBRIO LÍQUIDO/LÍQUIDO
O equilíbrio líquido/líquido também pode ser descrito pela igualdade dos potenciais químicos (μ) das duas
fases líquidas, tal como acontece nos sistemas líquido/vapor. Ou seja, para as fases α e β o equilíbrio entre
as fases implica:
(1)
(2)
onde γiα eγiβ são os coeficientes de actividade de i nas duas fases e xi α e xi β as respectivas fracções
molares.
Os coeficientes de actividade podem ser calculados pelo método UNIFAC ou UNIQUAC, embora neste
portal se recorra exclusivamente ao método UNIFAC (este assunto é desenvolvido em mais detalhe na
secção deTermodinâmica Química/Equilíbrio Líquido/ Líquido).
(3)
Na equação (3) yi designa a fracção mássica de i no extracto, enquanto xi corresponde à fracção mássica
de ino resíduo, de acordo com a nomenclatura normalmente utilizada na extracção (quando não se coloca
nenhum índice referimo-nos ao soluto do processo).
Quando se define Ki para o soluto C, interessa que ele seja o mais diferente da unidade possível.
A Selectividade do solvente B é definida como a razão entre as razões das fracções mássicas
soluto/diluente no extracto e no respectivo resíduo em equilíbrio:
(4)
e dá uma ideia da eficácia do solvente B para separar os constituintes da alimentação (A+C), ou seja, para
retirar C da fase do diluente.
Na Figura 5 está representada num diagrama ternário a curva de equilíbrio líquido/líquido (Curva Binodal)
que é olocus de todas as correntes de extracto (zona direita da curva) e de resíduo (zona esquerda da
curva) em equilíbrio. Os vértices do triângulo correspondem aos componentes puros (A, B, C), e os lados às
misturas binárias. No diagrama triangular as composições são normalmente dadas em fracções mássicas.
O ponto P é designado por Ponto Crítico ou Plait Point e corresponde a ter um extracto e um resíduo em
equilíbrio com a mesma composição, o que implica que, para estas condições, a extracção é impossível. No
diagrama triangular estão também representadas as linhas que unem os extractos e os resíduos em
equilíbrio, as quais se designam por Tie-Lines. Todos estes aspectos são mais desenvolvidos na secção
de Termodinâmica Química/Equilíbrio Líquido/Líquido (nessa secção também se explica como
trabalhar, ler composições e marcar correntes, num diagrama triangular). A curva de equilíbrio e as
respectivas tie-lines traçam-se, normalmente, com base em resultados experimentais.
A curva binodal separa a zona de miscibilidade parcial dos componentes A e B (abaixo da binodal), da zona
de miscibilidade total (acima da binodal).
O sistema ternário representado na Figura 5 é do tipo I (uma só zona de miscibilidade parcial). Existem
sistemas com duas ou três zonas de miscibilidade parcial, como descrito na secção de Termodinâmica
Química . A separação é normalmente mais fácil para os sistemas tipo I. Por vezes, variando a
temperatura, pode passar-se de um sistema tipo III a um tipo II ou tipo I.
Para obter experimentalmente a curva binodal e respectivas tie-lines podemos proceder como se segue:
Preparar uma solução de A+C e juntar lentamente B até surgir turvamento. A composição da mistura nesse
preciso momento fornece um ponto da binodal.
Para traçar as tie-lines é necessário preparar misturas ternárias na zona de miscibilidade parcial, deixá-las
repousar para que ocorra a separação das duas fases em equilíbrio, recolher amostras de cada fase e
efectuar a sua análise química.
Outra forma de representar o equilíbrio líquido/líquido é traçar a Curva de Distribuição onde se representa a
fracção mássica de soluto no extracto em função da fracção mássica de soluto no resíduo. A curva de
distribuição pode obter-se directamente a partir do diagrama ternário como indicado na Figura 6. A forma da
curva de distribuição depende do tipo de binodal (mais informação em Termodinâmica Química/
Equilíbrio Líquido/Líquido ).
No caso de A e B serem totalmente imiscíveis a curva de distribuição deve ser representada em termos de
coordenadas isentas de soluto, Y=f(X), onde:
Para o projecto do equipamento de extracção é necessário fixar as condições operatórias que se seguem:
Temperatura de operação;
Pressão de operação;
Caudal e composição da alimentação;
Tempo de residência
Seleccionar o solvente da extracção (muito importante).
A temperatura deve ser suficientemente alta para que os componentes sejam todos solúveis, mas também
suficientemente baixa para que a zona de miscibilidade parcial seja apreciável. A temperatura pode ser uma
variável a manipular para alterar a selectividade do solvente, e ajuda ainda a controlar a viscosidade.
Dito isto, normalmente o equipamento de extracção opera à pressão e temperatura ambiente. A pressão
tem normalmente pouca influência no processo de extracção.
SELECÇÃO DO SOLVENTE
O solvente ideal para um processo de extracção é aquele que tem uma grande afinidade para o soluto e
que é totalmente imiscível com o diluente da alimentação. O solvente ideal é normalmente inatingível.
Uma vez identificado o grupo funcional com afinidade química para o soluto (“Liquid-Liquid Extraction”,
Robbins, 1980) a pré-selecção dos solventes possíveis é, normalmente, feita em laboratório, para se
avaliar melhor o desempenho dos vários solventes. Os parâmetros a ter em conta são:
Selectividade – afinidade para o soluto C e não para o diluente A. Se a selectividade for 1 não haverá
separação.
Imiscibilidade com o diluente A (deve ser o mais elevada possível). A imiscibilidade de A e B facilita a
separação das fases.
Densidade – quanto maior a diferença de densidade entre solvente e diluente, mais fácil a separação das
fases.
Facilidade de recuperação do solvente – o solvente tem, em geral, de ser posteriormente recuperado do
extracto para reutilização, e também para se obter o soluto com um grau de pureza mais elevado. Esta
recuperação é, normalmente, efectuada por destilação. Assim, por esta razão, há que ter também em conta
os seguintes parâmetros relativos ao solvente: volatilidade relativa solvente/soluto (tão alta quanto possível);
temperatura de ebulição do solvente (tão baixa quanto possível para minimizar os custos energéticos da
destilação); não deve haver formação de azeótropos com o soluto.
Outras propriedades a ter em conta – viscosidade, tensão superficial, estabilidade química, reactividade
(não pode reagir com o diluente da alimentação), toxicidade e, finalmente o custo.
Apresenta-se em baixo um exemplo de selecção de um solvente para a separação de ácido acético da água
(analisando apenas o coeficiente de distribuição e a miscibilidade com a água). Os valores do coeficiente de
distribuição levam-nos a seleccionar o n-butanol ou o acetato de etilo apesar de parcialmente miscíveis com
a água.
Como se referiu, um exemplo de uma separação que é efectuada por extracção é a separação do ácido
acético da água, para a qual se usa, normalmente, o acetato de etilo como solvente (o ácido acético com
elevado grau de pureza usa-se na produção de ésteres ou de acetato de celulose). Também outros ácidos
carboxílicos são normalmente purificados recorrendo ao processo de extracção, utilizando-se, nalguns
casos, como solvente, o benzeno. Na purificação de misturas aquosas de álcoois também se pode recorrer
à extracção para ultrapassar o ponto azeotrópico. Outra aplicação comum da extracção é na purificação de
aminas e também na produção de perfumes e essências (ver Flow Sheet na Figura 8).
Figura 8: Produção de essências por extracção líquido/líquido.
Nalguns casos a extracção pode ser favorecida se ocorrer simultaneamente reacção química com o soluto.
Na secção de Aplicações e Casos de Estudo podem analisar-se alguns exemplos de extracção.
EQUIPAMENTO DE EXTRACÇÃO
Misturadores-Decantadores
A intensidade de mistura requerida depende de várias variáveis como seja a viscosidade, tensão superficial
e diferença de densidade das fases em contacto. Uma taxa baixa de mistura dá origem a gotas grandes e,
como tal, diminui a área interfacial dificultando a extracção. Mistura muito intensa conduz à formação de
gotas muito pequenas o que facilita a transferência de massa mas dificulta a decantação.
O objectivo do equipamento de extracção é misturar as duas fases, formar e manter as gotas da fase
dispersa e, subsequentemente, separar as duas fases. Na extracção o equilíbrio é controlado pelo tamanho
da maior gota no equipamento, enquanto que a decantação é controlada pelo tamanho da menor gota.
Colunas de Extracção
Quando o número de andares requerido é muito elevado a extracção tem de ser conduzida em colunas de
extracção. Estas colunas podem ser estáticas ou agitadas.
Pratos
Enchimento
Spray
Discos rotativos
Pulsantes
As Colunas Estáticas dependem dos Internals para criar turbulência, formar as gotas e promover a
transferência de massa. Assim, existe um valor mínimo para o caudal da fase dispersa. As Colunas
Agitadaspermitem maior flexibilidade.
Um outro tipo de equipamento de extracção são os Extractores Centrífugos os quais utilizam a força
centrífuga para facilitar quer a mistura quer a separação das fases (a transferência de massa aumenta).
Nestes extractores o tempo de residência é normalmente baixo e o número de andares teóricos anda à
volta de um. Este tipo de extractor é muito usado na indústria farmacêutica.
Nas Colunas Pulsantes existe um movimento alternado, de baixa amplitude, das fases que enchem a
coluna, o que facilita a transferência de massa e a separação. Na fase ascendente o líquido leve mistura-se
mais facilmente com a fase densa, enquanto que na fase descendente se favorece a separação das fases.
Assim, uma coluna pulsante requer normalmente um terço dos andares das colunas não pulsadas
equivalentes. As colunas pulsantes podem ser de pratos ou de enchimento.
Como se referiu anteriormente, o processo de extracção, só por si, não conduz à obtenção do produto final
com as características desejadas. Na Figura seguinte representa-se um fluxograma de um processo de
extracção com recuperação do solvente numa coluna de destilação de rectificação, e ainda, recuperação
adicional do solvente transportado pelo resíduo por desabsorção (Stripping ou back extraction). O exemplo
da figura refere-se à recuperação de ácido acético de um efluente, uma mistura aquosa com ácido acético
(o solvente é, como referido anteriormente, o acetato de etilo). O ácido acético pode ser produzido, numa
unidade deste tipo, com um grau de pureza de 95 a 100%.
Figura 9: Recuperação do ácido acético de um efluente aquoso.
Para uma operação em contra-corrente (ver Figura 10) representa-se na Figura 11 o balanço mássico
global ao extractor. Os balanços mássicos globais são representados por linhas rectas que unem as
correntes em causa:
(5)
Uma vez conhecido E1 podemos determinar a composição do resíduo R1 em equilíbrio com o extracto,
recorrendo às relações de equilíbrio. Na Figura 12 representou-se a tie line que une E1 e R1 em equilíbrio, a
qual corresponde ao primeiro andar teórico do extractor.
(6)
(7)
e, deste modo, E2 pode ser localizado na binodal, na zona dos extractos, no prolongamento do segmento de
recta (ver Figura 12).
Para localizar no diagrama triangular as restantes correntes utilizar-se-ão as relações de equilíbrio, para
localizar os resíduos, e os balanços mássicos incluindo o Net Flow, para localizar os extractos. Cada tie
linerepresenta um andar teórico. Traçam-se tantas tie-lines quantas as necessárias para atingir a
composição pretendida para o resíduo (obter o grau de redução pretendido para o extractor, X F/XN).
Genericamente, para o andar n do extractor a equação (7) pode escrever-se:
(8)
O número de tie lines corresponde ao número de andares teóricos do extractor. Este método designa-se
porMétodo de Hunter-Nash.
Para o cálculo dos caudais de extracto e resíduo em cada andar há que conjugar balanços mássicos
globais e balanços mássicos ao soluto. Por exemplo, para calcular E 1 e RN conhecidas as suas
composições e o caudal de solvente e de alimentação, basta resolver simultaneamente as equações (6)
e(9):
(9)
Designamos a fracção mássica de soluto nos extractos e solvente por y, e no resíduo e alimentação por x,
como referido anteriormente (yC,S pode ser zero). Todos os balanços estabelecidos ao equipamento de
extracção são sempre balanços mássicos.
Para os casos em que a extracção é mais difícil pode-se operar com refluxo do extracto (ou do resíduo), à
semelhança do que acontece na destilação, por forma a melhorar a separação.
Diâmetro da coluna
O diâmetro da coluna de extracção tem de ser suficientemente elevado para deixar escoar as duas fases ao
longo da coluna sem haver inundação. A estimativa do diâmetro de uma coluna de extracção é mais difícil e
complexa do que no caso das colunas de destilação, devido ao maior número de variáveis que condicionam
o diâmetro da coluna. Essas variáveis são: caudais, diferença de densidades das fases, tensão interfacial,
direcção da transferência de massa, viscosidade, densidade da fase contínua e geometria dos internals.
A forma mais correcta de determinar o diâmetro da coluna de extracção é por scale up de testes
laboratoriais. Existem, contudo, alguns métodos aproximados para o cálculo do diâmetro de uma coluna de
extracção os quais envolvem várias etapas:
Na Figura13 esquematiza-se a ascensão das gotas da fase menos densa (dispersa) no seio da fase
contínua que desce na coluna.
uD é a velocidade de ascensão média das gotas da fase dispersa e uC a velocidade com que desce a fase
contínua, as quais podem ser calculadas a partir de:
(10)
(11)
Onde UD e UC são as velocidades superficiais médias, respectivamente para a fase dispersa e para a fase
contínua e φD é a fracção volumétrica da fase dispersa.
A velocidade média de ascensão da fase dispersa relativamente à fase contínua (u r, slip velocity) será então
dada por:
(12)
Esta velocidade relativa está relacionada com as forças que actuam sobre a gota de líquido (atrito,
gravidade e impulsão) e a constante de proporcionalidade dessa relação designa-se por C, a qual pode ser
obtida através de correlações obtidas experimentalmente (ver Seader e Henley, 2006).
(13)
Uma alternativa à equação (13) é relacionar ur com a velocidade de ascensão das gotas isoladas (u0),
corrigindo esta velocidade tendo em atenção a fracção volumétrica da fase dispersa:
(14)
(15)
A equação (15) é cúbica relativamente a φD e pode ser representada graficamente como UD/ u0=f(φD) para
cada valor da razão UC/ u0. Um valor típico para UC/ u0 é 0.1. Na Figura 14 temos a curva de retenção (hold
up) para uma coluna de extracção líquido/líquido, para U C/ u0=0.1.
Figura 14: Curva de hold up para uma coluna de extracção líquido/líquido (Seader e Henley, 2006).
Para um valor de UC fixo se UD aumenta o hold up na coluna aumenta (φD aumenta) até se atingir o ponto
de inundação da coluna, como se verifica na Figura 14. φ D no ponto de inundação ((φD)f) pode ser dado por:
(16)
Esta equação prevê valores para o ponto de inundação entre zero, se U D/UC igual a zero, e 0.5 se
UC/UD igual a zero. Para UD/UC igual a 1 (φD)f =1/3.
A resolução simultânea das equações (15) e (16) permite traçar o gráfico da Figura 15 para a variação da
capacidade total máxima da coluna (no ponto de inundação) em função da razão das velocidades das duas
fases.
Figura 15: Efeito da razão das velocidades das fases na capacidade total máxima de uma coluna de
extracção líquido/líquido (Seader e Henley, 2006).
A capacidade total da coluna pode ser lida neste gráfico para cada valor de U D/UC. A maior capacidade total
máxima ocorre para os menores valores de UD/UC. A razão das velocidades das duas fases pode ser
calculada a partir do conhecimento dos caudais mássicos das respectivas fases (M D e MC, respectivamente
para a fase dispersa e para a fase contínua), de acordo com a equação (17):
(17)
u0 pode ser calculado a partir da equação (18) se se supuser que o número adimensional [(u 0μCρC)/(σΔρ)] é
constante. De acordo com Olney e Ackerman (Seader e Henley, 2006) um valor normal para este número
adimencional, para colunas agitadas onde uma das fases é água, é 0.01. Nesse caso pode escrever-se:
(18)
Se considerarmos que a coluna opera para uma carga correspondente a 50% do ponto de inundação (o que
é um valor normal), a capacidade total da coluna pode ser obtida lendo o valor da capacidade máxima na
Figura 15 e dividindo por 2 esse valor. Obtém-se, assim, a soma das velocidades superficiais reais para
50% de inundação:
(19)
O caudal volumétrico total em circulação na coluna pode agora ser calculado a partir de:
(20)
A área de secção recta da coluna pode, por sua vez, ser dada por:
(21)
Altura da coluna
No que se refere à altura da coluna de extracção, se se tratar de uma coluna de pratos podemos calcula-la
a partir de:
(22)
Onde Lp é o espaçamento entre os pratos, N o número de pratos e H topo e Hbase são alturas de segurança
dependentes do tempo de retenção na coluna, mas normalmente da ordem de 10 a 15% da altura da
secção com os pratos. O espaçamento é normalmente menor do que para as colunas de destilação e varia
entre 0.15 e 0.6 m. As perfurações dos pratos para colunas de extracção variam entre 1.5 e 4.5 mm.
Nas colunas de enchimento e também nas colunas rotativas, a altura da coluna pode ser calculada a partir
da definição da HETS (altura equivalente a um andar), onde já se incorpora um factor de eficiência
correspondente à passagem do andar teórico (calculado no projecto) ao andar real.
H=N (HETS)
Eventualmente, seria mais exacto calcular a altura com base no conceito de HTU (height transfer unit) o
qual é introduzido na secção de Absorção/Fundamentos mas, devido à dificuldade de calcular este
parâmetro para os sistemas de contacto líquido/líquido, ainda se continua a usar vulgarmente o parâmetro
(HETS) em extracção para o cálculo da altura da coluna.
A (HETS) é função da tensão interfacial, viscosidades das fases e da diferença de densidades das duas
fases. Existem algumas correlações empíricas para o cálculo de (HETS), para os vários tipos de colunas,
mas o ideal, dado o grau de incerteza dessas correlações, é efectuar testes experimentais e fazer o scale
up para o equipamento industrial considerando a relação entre (HETS) e diâmetro da coluna. O expoente, n,
desta relação varia normalmente entre o.2 e 0.4, dependendo do sistema a tratar.
HETS=f(Dn)
Na falta de informação experimental podemos usar o gráfico da Figura 16 para determinar o valor de
(HETS) para colunas rotativas, desde que a viscosidade das fases não seja superior a 1 cp.
Figura 16: Scale up da HETS (Seader e Henley, 2006) - valores em polegadas.
Para misturas muito viscosas o valor de (HETS) pode chegar aos 30 cm (24 polegadas).
Muitas vezes os próprios fabricantes fornecem valores de (HETS) para os seus equipamentos em função
das propriedades das fases.
Informações mais rigorosas podem ser obtidas em Lo et al. (1983), Thornton (1992) e Strigle (1987). Na
Tabela 5 apresentam-se valores típicos de (HETS) e da gama de velocidades superficiais características,
para vários tipos de colunas (Seader e Henley, 2006).
No caso de colunas pulsantes a amplitude e a frequência da pulsação também são parâmetros operatórios,
e variam normalmente como se segue:
Amplitude – 5-25 mm
Frequência – 100-250 ciclos/minuto
As perfurações dos pratos, neste caso, costumam ser ligeiramente mais pequenas do que para colunas não
pulsantes, variando entre 1.5 e 3.0 mm.
A separação por Extracção Líquido/Líquido é normalmente atractiva e como tal a opção escolhida, quando:
O composto a separar existe em pequena quantidade;
O composto a separar tem ponto de ebulição muito elevado;
Se pretende separar misturas aquosas com grande percentagem de água (como a entalpia de vaporização
da água é elevada a destilação implicaria grandes consumos energéticos);
Se pretende recuperar compostos sensíveis à temperatura (a extracção pode ser mais económica do que a
destilação sob vácuo);
Se pretende separar compostos com ponto de ebulição muito próximos;
Se pretende separar misturas que dão origem a azeótropos.
De notar, contudo, como referido anteriormente, que a operação de extracção de per si, não resolve,
normalmente, o problema total de separação da mistura a tratar, exigindo que as correntes do extractor
sofram outros tratamentos posteriores (veja-se os exemplos das Figuras 8 e 9). Este aspecto tem de ser
tido em conta na análise económica do processo.
BIBLIOGRAFIA
Robert E. Treybal, Liquid Extraction, 2nd ed, McGraw-Hill, New York, 1963.
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Ernest J. Henley and J. D. Seader, Equilibrium-Stage Separation Operations in Chemical Engineering,
Wiley, New York, 1981.
Phillip C. Wankat, Separation Process Engineering, 2nd ed., Prentice Hall, 2006.
Robbins, L.A., Liquid-liquid Extraction: a Pretreatment Process for Wastewater, CEP, pp. 58-61,
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Lo, T.C., Baird, M.H.I. e Hanson, C., Eds., Handbook of Solvent Extraction, Wiley IntSc., N.Y, 1983.
Thornton, J.D., Science and Practice of Liquid-Liquid Extraction, vol 1, Claredon Press, Oxford, 1992.
Stigle, R.F. Jr., Random Packings and Packed Towers, Gulf Pub. Co., Houston, Tx, 1987.
Outros links