Aula 3 e 4 Agrario

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DIREITO AGRÁRIO

Aula 3, 4,

RESENHA HISTÓRICA DA OCUPAÇÃO DA TERRA EM MOÇAMBIQUE

PERÍODO PRÉ COLONIAL

PRIMEIROS HABITANTES DE MOÇAMBIQUE


Existem varias versões sobre os 1os habitantes de Moçambique, nós vamos partilhar
duas dessas versões para efeito deste estudo, uns dizem ter sido bosquímanos caçadores e
recolectores, outros dizem ter sido os Khoisan que também eram caçadores e recolectores.
As grandes migrações entre 200/300 DC dos povos Bantu de hábitos guerreiros e oriundos
dos Grandes Lagos, forçaram a fuga destes povos primitivos para as regiões mais pobres em
recursos. 
Antes do séc. VII, foram estabelecidos Entrepostos comerciais pelos Suahil-árabes na costa
para trocar produtos do interior, fundamentalmente ouro e marfim por artigos de várias
origens.
No final do séc. XV há uma penetração mercantil portuguesa, principalmente pela demanda
de ouro destinado à aquisição das especiarias asiáticas. 

Existem também a versão que os primeiros habitantes de Moçambique foram os Khoisan, que


eram caçadores-recolectores. Há cerca de 10.000 anos, a costa de Moçambique já tinha o
perfil aproximado do que apresenta hoje. A sua configuração confere à região uma grande
fertilidade, ostentando ainda hoje grandes extensões de savana onde pululam muitos animais.
Havia portanto condições para a fixação de povos caçadores-recolectores e até de
agricultores.

Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, que eram agricultores e já
conheciam a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a agricultura,
principalmente de cereais locais, como a mapira e a mexoeira a olaria, a tecelagem e
metalurgia encontravam-se também desenvolvidas, mas naquela época
a manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e o comércio era efectuado por
troca directa. Por essa razão, a estrutura social era bastante simples - baseada na família
alargada, à qual era reconhecido um chefe.

Os nomes destas destas famílias nas línguas locais são, em eMakua, o Nlocko,
em ciYao, Liwele, em ciChewa, Pfuko e em chiTsonga, Ndangu.

Apesar da sociedade moçambicana se ter tornado muito mais complexa, muitas das regras
tradicionais de organização ainda se encontram baseadas numa linhagem ou família alargada.

Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental de África populações


oriundas da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial.
Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela época
referiram-se a um activo comércio com as terras de Sofala, incluindo a troca de tecidos
da Índia por ferro, ouro e outros metais.

O ferro era tão importante que alguns arqueológicos chegaram a pensar que eram utilizadas
como moeda. Mais tarde, esta moeda foi substituída por outra: tubos de penas de aves cheias
de ouro em pó, os meticais cujo nome deu origem à actual moeda de Moçambique.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com a chegada dos


mercadores, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando outras e
finalmente, formando-se verdadeiros estados na região. Um dos mais importantes foi o
primeiro Estado do Zimbabwe.

O Primeiro Estado do Zimbabwe

o primeiro Estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450


aproximadamente na região da actual República do Zimbabwe, a língua falada era o Chona.
O seu nome deriva dos amuralhados de pedra que a aristocracia fazia construir à volta das
suas habitações e que se chamavam madzimbabwe. O que parece ter sido a capital deste
Estado - o actual monumento do Grande Zimbabwe - cobria uma superfície considerável
(incluindo não só a área dentro dos amuralhados, mas também uma grande "cidade"
de caniço, à volta daqueles), levando a pensar que tinha uma população de várias centenas,
talvez milhares de habitantes, e uma grande actividade comercial.

Para além da grande fertilidade da região onde este Estado se estabeleceu, o apogeu do
primeiro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração e metalurgia do ouro, muito
procurado pelos mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já demandavam as
terras de Sofala, pelo menos desde o século XII.

Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se conhecendo as razões desse
abandono mas, pela mesma altura, verificou-se uma grande invasão de povos também de
língua chiShona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas. Estes invasores submeteram
os povos duma região que se estendeu até ao Oceano Índico, desde o rio Zambeze até a actual
cidade de Inhambane, pelo que não é claro o abandono do Grande Zimbabwe.

O IMPÉRIO DOS MWENEMUTAPAS

A invasão e conquista do norte do planalto zimbabweano pelas tropas de Nyantsimba Mutota,


em 1440-1450, deu origem a um novo Estado dominado pela dinastia dos Mwenemutapas.
Estes invasores, que também falavam a língua chiShona estabeleceram a sua capital num
local próximo do rio Zambeze, no norte da actual província moçambicana de Manica.

No século XVI, o Império dos Mwenemutapas tinha estendido o seu domínio a uma região
limitada pelo rio Zambeze, a norte, o Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a sul e chegando
a sua influência quase ao deserto do Kalahari a sudoeste. Porém, esta última região poderia
estar sobre a alçada de outros estados, como os reinos de Butua e Venda, que terão
estabelecido com os Mwenemutapas relações de boa vizinhança.

Para além de esta ser uma região fértil e não estar afectada pela mosca tsé-tsé, permitindo a
criação de gado, o que contribuiu para a estabilidade e crescimento das populações, as minas
de ouro estavam principalmente localizadas no interior. Por essa razão, o domínio das rotas
comerciais que constituíam o Zambeze, por um lado, e de Sofala, mais a sul, conferiu aos
Mwenemutapas - era a aristocracia que controlava o comércio - uma grande riqueza.

Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico, primeiro dos mercadores e
colonos árabes oriundos da região do Golfo Pérsico, ainda no século XII, e depois
dos portugueses, no dealbar do século XVI.
PERIODO COLONIAL

A chegada dos portugueses a Moçambique e o declínio do Império dos Mwenemutapas

Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam


entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão.

Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no império


dos Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. Em 1530 foi
fundada a povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio Zambeze, e
em 1544 de Quelimane, na costa do Oceano Índico, assenhorando-se da rota entre as minas e
o oceano. Em 1607 obtiveram do Rei a concessão de todas as minas de ouro do seu território.
Em 1627, o Mwenemutapa Capranzina, hostil aos portugueses, foi deposto e substituído pelo
seu tio Mavura; os portugueses baptizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal.

Os Mwenemutapas reinaram até finais do século XVII, altura em que foram substituídos pela
dinastia dos Changamira Dombos, outro grupo Shona que dominava o reino Butua,
contribuindo assim para a extensão territorial do império. As relações dos Changamiras com
os portugueses tiveram altos e baixos mas, em 1693, houve um levantamento armado em que
os soldados portugueses que residiam na capital foram escorraçados, várias igrejas destruídas
e os portugueses impedidos, durante algum tempo, de ter acesso ao ouro e ao comércio com
os reinos indígenas.

Por essa altura, no entanto, os portugueses controlavam o vale do Zambeze e começaram a


interessar-se mais pelo marfim, empreendimento que levavam a cabo por acordo com os
estados Marave (ver abaixo). O império dos Mwenemutapa, embora com menos poder
económico, manteve-se até meados do século XIX, altura em que foi desmembrado
pelos Estados Militares que se formaram como resistência dos prazeiros à administração
portuguesa.

Finalmente, a administração colonial portuguesa e britânica em África terminou com o poder


político dos chefes então existentes.
Sílvia Soares

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