Directriz de Implementação de Carga Viral de HIV em Moçambique
Directriz de Implementação de Carga Viral de HIV em Moçambique
Directriz de Implementação de Carga Viral de HIV em Moçambique
MINISTÉRIO DE SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE ITS- HIV/SIDA
E
DEPARTAMENTO CENTRAL DE LABORATÓRIOS
DIRECTRIZ
IMPLEMENTAÇÃO
DA CARGA VIRAL
DE HIV EM
MOÇAMBIQUE
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DE SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE ITS- HIV/SIDA
E
DEPARTAMENTO CENTRAL DE LABORATÓRIOS
DIRECTRIZ DE IMPLEMENTAÇÃO
DA CARGA VIRAL DE HIV
EM MOÇAMBIQUE
DIRECTRIZ NACIONAL PARA ATS
Ficha técnica
Ministério da Saúde
Dr. Ussene Hilário Isse
Dra. Elenia Macamo Parceiros
Dr. Antonio Assane CDC: Charity Alfredo
Dra. Aleny Couto José de Almeida
Dr. Adolfo Vubil Kebba Jobarteh
Dr. Armando Bucuane
Dra. Eduarda Gusmão USAID: Maria Angels Almira
Dra. Florbela Bata
Dra. Guita Amane MSF: Daniel Remartinez
Dra. Isabel Pinto
Dr. José Tique
2
Dra. Noela Chicuecue
Dra. Octávia Benzane
Dr. Orlando Munguambe
Dra. Roxanne Hoek
Dra. Vânia Macome
Capa
Danilo da Silva
Revisão Linguística
Rui Manjate
Agradecimentos:
Agradecemos a todos os que directa ou indirectamente contribuíram e apoiaram na
elaboração deste documento.
DIRECTRIZ NACIONAL PARA ATS
4
Índice
ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS 6
INTRODUÇÃO 9
IMPLEMENTAÇÃO DA CARGA VIRAL 11
Definições de falência Terapêutica 11
Fase 1 12
Fase 2 17
Considerações especiais 19
ACTIVIDADES LABORATORIAIS 20
Condições para a instalação dos equipamentos 20
Gestão de amostras 20
Controlo de qualidade da testagem 21
Equipamento, manutenção, reagentes e insumos 22
FORMAÇÃO 24
Pessoal do laboratório 24
5
Pessoal Clínico 24
1. ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
AEQ Avaliação Externa de Qualidade
ARV Anti-retroviral
CV Carga Viral
6
INS
LMIS
Instituto Nacional de Saúde
TB Tuberculose
PREFÁCIO
Estima-se que 1.4 milhões de pessoas, em Moçambique, estão infectadas pelo HIV/SIDA e
120 mil novas infecções acorrem anualmente, colocando o país entre os 10 mais afectados
pela pandemia, no mundo.
Estes dados ilustram o desafio enorme que a pandemia representa para o Serviço Nacional
de Saúde (SNS) e para o país em geral.
7
mutações de resistência e melhorar os resultados clínicos.
A introdução do teste da Carga Viral (CV) para monitoria do TARV constitui uma das
intervenções para a melhoria da condição de saúde dos utentes, pois vai impulsionar a
Espera-se que a presente Directriz seja um documento orientador para uma cada vez
melhor intervenção dos gestores e provedores da área de saúde, em relação às políticas e
procedimentos para o uso do teste de CV dentro do SNS, assim como para a identificação
precoce das falências ao tratamento, de modo a melhorar a conduta e com vista ao
alcance da supressão viral nestes pacientes, contribuindo, deste modo, para a redução de
novas infecções pelo do HIV.
A Ministra da Saúde,
8
2. INTRODUÇÃO
Em 1986 foi diagnosticado o primeiro caso de infecção pelo HIV em Moçambique.
Actualmente, estima-se que cerca de 1.4 milhões de pessoas vivem com o HIV/
SIDA, sendo que destas, 200.000 são crianças (0-14 anos), 460.000 homens e
770.000 são mulheres1.
9
anual do PNCITS HIV/SIDA, 2014) com uma cobertura de TARV a nível nacional de
cerca de 65%. De acordo com o relatório de consumo de anti-retrovirais gerado
pela Central de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM), até Dezembro de 2014
menos de 1% dos pacientes em TARV se encontravam em tratamento de segunda
linha. Em função dos dados referentes a países de baixo e médio rendimento que
estimam que cerca de 5-10% dos pacientes em TARV há mais de 12 meses estão
em falência terapêutica, 2 o país está muito aquém do cenário de identificação de
falências, incorrendo aos riscos inerentes de disseminação de estirpes resistentes.
Em 2013, a OMS recomendou fortemente o uso do teste de carga viral para prover
uma indicação mais precisa da falência ao TARV e a necessidade de mudança para
segunda linha, evitando trocas desnecessárias, reduzindo o acúmulo de mutações
de resistências e melhorar os resultados clínicos.5 À luz desta recomendação,
Moçambique decidiu elaborar uma directriz de implementação da carga viral.
Seguindo as considerações técnicas e operacionais propostas pela OMS,6 a
implementação da carga viral será feita de forma faseada, tendo em consideração
a limitação de recursos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
10
a primeira fase, serão estabelecidos sistemas clínicos, laboratoriais e logísticos
de modo a possibilitar o uso de carga viral e permitir a preparação da segunda
fase (Fase 2) da implementação da carga viral de forma rotineira para todos os
pacientes em TARV.
A introdução do teste de carga viral será feita de forma faseada. Numa primeira
fase (Fase 1), a carga viral será aplicada de forma rotineira para mulheres grávidas
e lactantes, crianças entre 2 e 5 anos, e para todos os pacientes com suspeita de
falência clínica e/ou imunológica ao TARV com vista a confirmar o diagnóstico.
Durante a Fase 1, as mulheres grávidas, lactantes e as crianças que já tenham
iniciado a monitoria do TARV através da carga viral irão continuar a monitoria
com o teste de carga viral anualmente.
ADULTOS
12
FALÊNCIA VIROLÓGICA
Inadequado controlo de replicação viral, ou seja, uma carga viral detectável após
6 meses de início do tratamento anti-retroviral, traduzido por:
3.2. FASE 1
Na Fase 1 a aplicação da carga viral será feita no sentido de priorizar a eliminação
da transmissão vertical, a monitoria do TARV pediátrico e a prevenção da troca
desnecessária de linha terapêutica em pacientes com suspeita de falência
terapêutica determinada através de métodos imunológicos e clínicos. Pretende-
se ainda durante a Fase 1 estabelecer os sistemas clínicos, laboratoriais e logísticos
básicos para a implementação da carga viral.
OBJECTIVOS DA FASE 1
13
intervalo, após a intensificação de intervenções com vista ao reforço da adesão.
Se a pressão for
menor que 140/90
Caso a carga viral seja detectável, deve-se trabalhar na adesão e colha de nova
carga viral após 3 meses. Se a segunda carga viral for detectável, deve-se trocar
para segunda linha terapêutica. Caso contrário, continuar o tratamento com
regime original e seguir o algoritmo de carga viral para mulheres grávidas e
lactantes. Deve-se em todos os casos reforçar a adesão das pacientes.
Mulheres grávidas que iniciam TARV na SMI devem colher 1ª carga viral 3 meses
após o início do TARV. Caso seja indetectável, colher nova carga viral 3 meses
após o parto de acordo com o algoritmo de carga viral para mulheres grávidas e
14
lactantes (Figura 2 pág. 15).
Mulheres lactantes que iniciam TARV na SMI devem colher 1ª carga viral 3 meses
após o início do TARV. Caso seja indetectável, colher nova carga viral anualmente
de acordo com o algoritmo de carga viral para mulheres grávidas e lactantes
(Figura 2 pág. 15).
Caso a carga viral seja detectável, deve-se trabalhar a adesão e colher nova carga
viral após 3 meses. Se segunda carga viral detectável trocar para segunda linha
terapêutica. Caso contrário, continuar tratamento com regime original.
Para as mulheres lactantes, que chegam já em TARV na CCR, devem colher carga
viral 3 meses após o parto (caso não tenham colhido nenhuma carga viral após o
parto).
NB: Todas as lactantes que tenham sido submetidas ao teste de carga viral durante
a gravidez, e que tenham a carga viral ≥1000 cópias/ml, devem seguir o algoritmo
de carga viral para mulheres grávidas e lactantes (Figura 2 pág. 15).
Figura 2. Algoritmo da carga viral para mulheres grávidas e lactantes HIV positivas
Carga Viral ≥1000 cp/ml Carga Viral <1000 cp/ml Carga Viral ≥1000 cp/ml
Figura 3. Algoritmo da carga viral para crianças com idade entre 2 e 5 anos
16
3. Verificar dosagem de TARV e regime
4. Solicitar nova CV após 3 meses
Carga Viral < 1000 cp/ml Carga Viral ≥ 1000 cp/ml
•• Uma carga viral baixa e isolada (<5.000 cópias/ml numa única determinação) é
sugestiva de um “blip” ou escape viral de vírus sensível, que é temporário e
geralmente retorna ao limite inferior de detecção em poucas semanas, não
necessitando de mudança do TARV.
3.3. FASE 2
Estabelecidos os sistemas funcionais de laboratório (descritos abaixo), logístico
e clínicos para diagnóstico de falências terapêuticas durante a Fase 1, a segunda
fase terá como foco o uso da carga viral de forma rotineira em todos os pacientes
em TARV. Para além do diagnóstico de falências terapêuticas, a carga viral passará
a ser aplicada na monitoria precoce da fraca adesão ao TARV.
17
1. Monitorar a resposta dos pacientes ao TARV (identificar pacientes sem
supressão viral);
2. O sucesso do TARV será definido por uma carga viral do HIV indetectável
pelo método utilizado. Com esta determinação de carga viral, pretende-
se verificar o grau de supressão viral e/ou o nível de adesão de pacientes
ao TARV.
18
Adultos e Crianças >5: 6 meses após o início TARV
A interpretação da carga viral neste grupo etário deve ser feita de forma
individualizada sem descurar dos eventos clínicos e imunológicos ligados ao
paciente. A diminuição persistente de 1,5 a 2 log, associada à boa evolução clínica
e boa resposta imunológica é aceitável e não justifica mudanças de linhas de
tratamento.
Alguns destes pacientes poderão ter fraca adesão ao tratamento, por isso deve-
se reforçar o aconselhamento a estes pacientes, com vista a garantir uma boa
adesão ao tratamento.
Deve-se fazer a carga viral 3 a 6 meses após o início da segunda linha e caso seja
indetectável, este deve ser repetido anualmente. Desta forma, previne-se trocas
desnecessárias para terceira linha.
19
4. ACTIVIDADES LABORATORIAIS
O Laboratório de Biologia Molecular deve ser composto, no mínimo, por duas áreas
técnicas bem definidas. Cada área deve possuir uma dimensão mínima de 20m2.
Para além das áreas técnicas, o laboratório deverá ter uma área administrativa e
um armazém.
20
4.1.2. BIOSSEGURANÇA
Para o controlo interno de qualidade, os kits de reagentes para carga viral incluem
controlo positivo e negativo. Após cada testagem, os valores dos controlos serão
introduzidos numa máscara que permitirá que gráficos Levey Jennings sejam
gerados e verificar se os valores estão dentro dos limites aceitáveis de erro.
22
os laboratórios visados receberão visitas de apoio técnico.
4.4.2. MANUTENÇÃO
A gestão das avarias e reparação dos equipamentos serão feitas por pessoal
qualificado e competente da empresa oficialmente seleccionada para dar
assistência técnica em Moçambique.
GESTÃO E ABASTECIMENTO
23
DIRECTRIZ NACIONAL PARA ATS
5. FORMAÇÃO
24
6. VISITAS DE MONITORIA E APOIO TÉCNICO
As unidades sanitárias têm limitações técnicas no uso de carga viral, tendo em
conta que se trata de uma nova estratégia. A equipa de supervisão deverá ser
composta pela DNAM, INS e Supervisor Provincial. O papel das mesmas será
de verificar a qualidade da testagem, avaliar os procedimentos, a percepção do
uso do algoritmo de testagem, interpretação dos resultados, o preenchimento
no Livro de Registo/Base de Dados e o uso de acções correctivas em caso de
necessidade. Adicionalmente, as visitas serão usadas para solucionar possíveis
problemas detectados no âmbito dos programas de AEQ.
A tutoria será feita também aos clínicos para motivá-los a suspeitar mais casos de
25
falência e evitar trocas desnecessárias para segunda linha.
DIRECTRIZ NACIONAL PARA ATS
7. RESPONSABILIDADES
7.1. DNAM
̥̥ Gerir a cadeia de aprovisionamento dos reagentes e consumíveis
(procura, armazenamento, distribuição e seguimento);
26
a gestão e seguimento dos contratos de manutenção preventiva e
correctiva assinados entre MISAU e o provedor de assistência técnica.
̥̥ INS
27
terapêuticas;
̥̥ US/SDSMAS
28
Eis a lista de indicadores:
29
6 Lab Nº de amostras CV processadas
9. REFERÊNCIAS
1. Instituto Nacional de Saúde (INS), Instituto Nacional de Estatística (INE), e ICF
Macro. 2010. Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e
Informação sobre o HIV e SIDA em Moçambique 2009. Calverton, Maryland,
EUA: INS, INE e ICF Macro; 2010.
30
5. Consolidated guidelines on the use of antiretroviral drugs fortreating and
preventing HIV infection: recommendations for apublic health approach.
Geneva: World Health Organization;2013. Disponivel em: http://apps.who.
int/iris/bitstream/10665/85321/1/9789241505727_eng.pdf?ua=1
10. ANEXOS
Anexo I. Ficha de solicitação de teste de carga viral de hiv
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
FSR
FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE TESTE DE CARGA VIRAL DE HIV
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Qual:__________________ __________________ Cópias/ml ____________ Log
2. A PREENCHER PELO LABORATÓRIO DE COLHEITA
Local de colheita: Data de colheita: Tipo de colheita: Nome do técnico:
____/____/_______ 1. Punção venosa
Hora _____ : _____ 2. Punção digital
Laboratórios de Referência
Departamento de Imunologia, Instituto Nacional de Saúde, recinto do Hospital Central de Maputo, Telefax: 21309317, Cidade de Maputo
Laboratório de Biologia Molecular de Xai-Xai, Bairro 13, Hospital Provincial de Xai-Xai, cell: 827172949 ou 28225472, Xai-Xai
Laboratório de Biologia Molecular da Beira, Avenida Eduardo Mondlane, Centro de Saúde da Ponta Gêa, cell: 842769199, Beira
Laboratório de Biologia Molecular de Quelimane, Avenida Samora Machel n° 98, Hospital Provincial de Quelimane, cell: 825112978 ou 822276450, Quelimane
Laboratório de Retrovirologia Molecular de Nampula, Avenida Samora Machel, Hospital Central de Nampula, Telefax: 26218619, Nampula
____/____/_______
No de ordem: Data de volta:
____/____/_______
Nome de técnico que colheu:
Anexo II. Ficha de envio de amostra e resultados de carga viral de hiv
US: Distrito:
Serviço: Província:
N. FEA
Resultado
Amostra Enviado
Nome NID Nº ID LAB Qualidade
recebida
S N
10
33
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
Preenchimento obrigatório pelo Laboratório Provincial
Observações:
Data:
Versão 1
34
Ministério da Saúde
Departamento Central de Laboratórios Clínicos
Versão nº02
Stock no início Entrada no Prazo de Validade Consumo durante Perdas (14) Ajustes Stock no fi m do Contagem
Código Unidade de do Período (10) Período (11) o Periodo (13) (15) Periodo (16) Prazo de Validade
Nº (6) Descrição do Produto (8) (Entrada) (12) Física (17)
CMAM (7) Contagem (9) (Stock Actual) (18)
A B C D E F=((A+B-C-D)+(E)) G
Carga Viral (CV)
4N 66-90 Real time HIV-1 Ampl Reagent Kit Qual, 4 x 24 tests kit
CV DPI CV DPI
Nº de pacientes testados durante o mês (19) Data da última manutenção preventiva (22)
Nº de testes realizados pelo equipamento durante o mês (20) Data da próxima manutenção preventiva (23)
Nº de dias que o equipamento funcionou (21)
Tipo de
Programa Indicador Métedo de Medição Frequência Observação
Indicador
Nº de pessoas vivendo com HIV (PVHIV) em TARV
Numerador Tem que se ter cautela
com resultado de CV disponível aos 12 meses
% de pessoas em TARV com resultados de de não duplicar pessoas
Gestão PTV- HIV/SIDA Anual
CV até aos 12 meses após o início TARV Denominador Nº de PVHIV em TARV por 12 meses no numerador (que
receberam > 1 CV no ano).
Unidade de cálculo Proporção (x 100)
Produtividade Lab % de dias com aparelho CV operacional Denominador N de dias do período em análise Mensal
Denominador
para ao laboratório de referência
Lab % de US com taxas de rejeição acima de 5% Denominador Total de US que referencia para o Laboratório
Coorte semestral
Período de reporte
Numerador Denominador
Informação referente a
Informação referente a pacientes entre
Janeiro pacientes entre Julho a
Janeiro a Junho do ano anterior
Dezembro do ano anterior
Informação referente a
Informação referente a pacientes entre
Julho pacientes entre Janeiro a
Julho a Dezembro do ano anterior
Junho do mesmo ano
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DIRECTRIZ NACIONAL PARA ATS
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