PROGRAM DISCIPLINA PÒS GRADUAÇÃO ARTES VISUAIS Segundo Semestre 2020

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PROGRAM DISCIPLINA PÒS GRADUAÇÃO ARTES VISUAIS

segundo Semestre 2020


Prof.Dr.Ernesto G.Boccara

filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuírem


profundas diferenças em termos de doutrinas,[1][2][3]
partilhavam a crença que o pensamento filosófico
começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito
pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de
um ser humano individual.[4] No existencialismo, o ponto
de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem
designado por "atitude existencial", ou uma sensação de
desorientação e confusão face a um mundo
aparentemente sem sentido e absurdo.[5] Muitos
existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e
sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito
abstratas e longínquas das experiências humanas
concretas.[6][7]

O filósofo Søren Kierkegaard,[8][9] do início do século XIX,


é geralmente considerado como o pai do existencialismo.
[10][11] Ele sustentava a ideia que o indivíduo é o único
responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de
maneira sincera e apaixonada,[12][13] apesar da
existência de muitos obstáculos e distracções como o
desespero, ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio.
[14]

Filósofos existencialistas posteriores retêm esta ênfase no


aspecto do indivíduo, mas diferem, em diversos graus, em
como cada um atinge uma vida gratificante e no que ela
constitui, que obstáculos devem ser ultrapassados, que
factores internos e externos estão envolvidos, incluindo
as potenciais consequências da existência[15][16] ou não
existência de Deus.[5][17] O existencialismo tornou-se
popular nos anos após as guerras mundiais, como
maneira de reafirmar a importância da liberdade e
individualidade humana.[18]

Origens
O existencialismo é um movimento filosófico e literário
distinto pertencente aos séculos XIX e XX, mas os seus
elementos podem ser encontrados no pensamento (e
vida) de Sócrates, Agostinho de Hipona e no trabalho de
muitos filósofos e escritores pré-modernos.
Culturalmente, podemos identificar pelo menos duas
linhas de pensamento existencialista: alemã-
dinamarquesa e anglo-francesa. As culturas judaica e
russa também contribuíram para esta filosofia. O
movimento filosófico é agora conhecido como
existencialismo de Beauvoir. Após ter experienciado
vários distúrbios civis, guerras locais e duas guerras
mundiais, algumas pessoas na Europa foram forçadas a
concluir que a vida é inerentemente miserável e
irracional.

O existencialismo foi inspirado nas obras de Søren


Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski, Karl Jaspers e nos
filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e
Martin Heidegger, e foi particularmente popularizado em
meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo
francês Jean-Paul Sartre e da escritora e filósofa Simone
de Beauvoir. Os mais importantes princípios do
movimento são expostos no livro de Sartre
L'Existentialisme est un humanisme ("O existencialismo é
um humanismo").

O termo "existencialismo" parece ter sido cunhado pelo


filósofo francês Gabriel Marcel em meados da década de
1940[19][20][21] e adoptado por Jean-Paul Sartre que,
em 29 de Outubro de 1945, discutiu a sua própria posição
existencialista numa palestra dada no Club Maintenant
em Paris e publicada como O Existencialismo É um
Humanismo, um pequeno livro que teve um papel
importante na divulgação do pensamento existencialista.
[22]

O rótulo foi aplicado retrospectivamente a outros


filósofos para os quais a existência e, em particular, a
existência humana eram tópicos filosóficos fundamentais.
Martin Heidegger tornou a existência humana (Dasein) o
foco do seu trabalho desde a década de 1920 e Karl
Jaspers denominou a sua filosofia com o termo
"Existenzphilosophie" na década de 1930[20][23] Quer
Heidegger quer Jaspers tinham sido influenciados pelo
filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Para
Kierkegaard, a crise da existência humana foi um tema
maior na sua obra.[11][24][25] Ele tornou-se visto como o
primeiro existencialista,[21] e mesmo chamado como o
"pai do existencialismo".[11] De facto, foi o primeiro de
maneira explícita a colocar questões existencialistas como
foco principal da obra.[26] Em retrospectiva, outros
escritores também discutiram temas existencialistas ao
longo da história da literatura e filosofia. Devido à
exposição dos temas existencialistas ao longo das
décadas, quando a sociedade foi oficialmente introduzida
ao tema, o termo tornou-se relativamente popular quase
de imediato. Na literatura, após a Segunda Guerra
Mundial, houve uma corrente existencialista que contou
com Albert Camus e Boris Vian, além do próprio Sartre. É
importante notar que Albert Camus, filósofo além de
literato, ia contra o existencialismo, sendo este somente
característica de sua obra literária. Já Boris Vian definia-se
patafísico.

Temáticas
Os temas existencialistas são férteis no terreno da criação
literária, nomeadamente na literatura francesa, e
continuam a exibir vitalidade no mundo filosófico e
literário contemporâneo. As principais temáticas
abordadas sugerem o contexto da sua aparição (final da
Segunda Guerra Mundial), reflectindo o absurdo do
mundo e da barbárie injustificada, das situações e das
relações quotidianas (L'enfer, c'est les autres, ["O inferno
são os outros"], Jean-Paul Sartre). Paralelamente, surgem
temáticas como o silêncio e a solidão, corolários óbvios
de vidas largadas ao abandono, depois da "morte de
Deus" (Friedrich Nietzsche). A existência humana, em
toda a sua natureza, é questionada: quem somos? O que
fazemos? Para onde vamos? Quem nos move? É esta
consciência aguda de abandono e de solidão (voluntária
ou não), de impotência e de injustificabilidade das acções,
que se manifesta nas principais obras desta corrente em
que o filosófico e o literário se conjugam.
Relação com a religião
Os autores Søren Kierkegaard, Karl Jaspers e Gabriel
Marcel propuseram uma versão mais teológica do
existencialismo. O ex-marxista Nikolai Berdiaev
desenvolveu uma filosofia do cristianismo existencialista
na sua terra natal, Rússia, e mais tarde na França, na
véspera da Segunda Guerra Mundial.[27]

Fé cristã e existencialismo
Ver artigo principal: Existencialismo cristão
O existencialismo não é uma simples escola de
pensamento, livre de qualquer e toda forma de fé. Ajuda
a entender que muitos dos existencialistas eram, de fato,
religiosos. Pascal e Kierkegaard eram cristãos dedicados.
Pascal era católico, Kierkegaard, um protestante radical
marcado pelo ríspido antagonismo com a igreja luterana.
Dostoiévski era greco-ortodoxo. Kafka era judeu.[28]
Sartre realmente não acreditava em força divina. Sartre
não foi criado sem religião, mas a Segunda Guerra
Mundial e o constante sofrimento no mundo levou-o para
longe da fé, de acordo com várias biografias, incluindo a
de sua companheira, Simone de Beauvoir.

Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo


e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras
em algumas vertentes cristãs e em outras como o
espiritismo, as decisões são guiadas pelo pensamento,
pela alma. Para os ateus, a ironia é a de que não importa
o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você
sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas
acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o
absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma
vida miserável, pela qual você pode ou não ser
recompensado por uma força maior. Se essa força existe,
por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é
absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e
encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas
insinuam a complexidade do pensamento existencialista.

Liberdade

Albert Camus, escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo


e filósofo francês nascido na Argélia.
Com essa afirmação vemos o peso da responsabilidade
por sermos totalmente livres. E, frente a essa liberdade
de eleição, o ser humano se angustia, pois a liberdade
implica fazer escolhas, as quais só o próprio indivíduo
pode fazer. Muitos de nós ficamos paralisados e, dessa
forma, nos abstemos de fazer as escolhas necessárias.
Porém, a "não ação", o "nada fazer", por si só, já é uma
escolha; a escolha de não agir. A escolha de adiar a
existência, evitando os riscos, a fim de não errar e gerar
culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea.
Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua,
uma jornada pessoal que o ser deve empreender em
busca de si mesmo.

Os existencialistas perguntaram-se se havia um Criador.


Se sim, qual é a relação entre a espécie humana e esse
criador? As leis da natureza já foram pré-definidas e os
homens têm que se adaptar a elas?
Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger são alguns dos
filósofos que mais influenciaram o existencialismo. Os
dois primeiros se preocupavam com a mesma questão: o
que limita a ação de um indivíduo? Kierkegaard chegou à
possibilidade de que o cristianismo e a fé em geral são
irracionais, argumentando que provar a existência de
uma única e suprema entidade é uma atividade inútil.[29]
[30][nota 1] Nietzsche foi sobretudo um crítico da religião
organizada e das doutrinas de seu tempo. Ele acreditou
que a religião organizada, especialmente a Igreja Católica,
era contra qualquer poder de ganho ou autoconfiança
sem consentimento. Nietzsche usou o termo rebanho
para descrever a população que segue a Igreja de boa
vontade. Ele argumentou que provar a existência de um
criador não era possível nem importante.

Nietzsche se referia à vida como única entidade que


carecia de louvor. Prova disso é o eterno retorno em que
ele afirmava que o homem deveria viver a vida como se
tivesse que vivê-la novamente e eternamente. E quanto à
Igreja, Nietzsche a condenava; para ele, dentre os
inteligentes o pior era o padre, pois conseguia incutir nos
pensamentos do rebanho, fundamentos que só
contribuíam para o afastamento da vida. Encontramos
essas críticas em O Anticristo.

O indivíduo versus a sociedade


O existencialismo representa a vida como uma série de
lutas. O indivíduo é forçado a tomar decisões que
reforçam suas características de ser racional: pensar,
questionar. Nas obras de alguns pensadores, parece que
a liberdade e a escolha pessoal são as sementes da
miséria. A maldição do livre arbítrio foi de particular
interesse dos existencialistas teológicos e cristãos. As
regras sociais são o resultado da tentativa dos homens de
planejar um projeto funcional. Ou seja, quanto mais
estruturada a sociedade, mais funcional ela deveria ser.
Os existencialistas explicam por que algumas pessoas se
sentem atraídas à passividade moral baseando-se no
desafio de tomar decisões. Seguir ordens é fácil; requer
pouco esforço emocional e intelectual fazer o que lhe
mandam. Se a ordem não é lógica, não é o soldado que
deve questionar. Deste modo, as guerras podem ser
explicadas, genocídios em massa podem ser entendidos.
As pessoas estavam apenas fazendo o que lhe foi dito.

O absurdo
A noção do absurdo contém a ideia de que não há sentido
a ser encontrado no mundo além do significado que
damos a ele. Esta falta de significado também engloba a
amoralidade ou "injustiça" do mundo. Isto contrasta com
as formas "cármicas" de pensar em que "as coisas ruins
não acontecem para pessoas boas"; para o
mundo,falando-se metaforicamente, não há tais coisas
como: "pessoa boa" e/ou "uma coisa má", o que
acontece, acontece, e pode muito bem acontecer a uma
pessoa "boa" como a uma pessoa "ruim". Por conta do
absurdo do mundo, em qualquer ponto do tempo,
qualquer coisa pode acontecer a qualquer um, e um
acontecimento trágico poderia cair sobre alguém em
confronto direto com o Absurdo. A noção do absurdo tem
se destacado na literatura ao longo da história. Søren
Kierkegaard, Franz Kafka, Fiódor Dostoiévski e muitas das
obras literárias de Jean-Paul Sartre e Albert Camus
contêm descrições de pessoas que encontraram o
absurdo do mundo. Albert Camus estudou a questão do
"absurdo" em seu ensaio O Mito de Sísifo.

Importantes filósofos para o existencialismo


Karl Jaspers
Jean-Paul Sartre
Martin Heidegger
Søren Kierkegaard
Edmund Husserl
Friedrich Nietzsche
Há duas linhas existencialistas famosas, quer de
impulsionadores, quer de existencialistas propriamente
ditos. A primeira, de Kierkegaard, Arthur Schopenhauer,
Nietzsche e Martin Heidegger é agrupada
intelectualmente. Esses homens são os pais do
existencialismo e dedicaram-se a estudar a condição
humana. A segunda, de Sartre, Albert Camus e Simone de
Beauvoir, era uma linha marcada pelo compromisso
político.

Enquanto outras pessoas entraram e saíram, esses sete


indivíduos definiram o existencialismo. O filosofar
heideggeriano é uma constante interrogação, na procura
de revelar e levar à luz da compreensão o próprio objeto
que decide sobre a estrutura dessa interrogação, e que
orienta as cadências do seu movimento: a questão sobre
o Ser. A meta de Heidegger é penetrar na filosofia,
demorar nela, submeter seu comportamento às suas leis.
O caminho seguido por ele deve ser, portanto, de tal
modo e de tal direção, que aquilo de que a Filosofia trata
atinja nossa responsabilidade, vise a nós homens, nos
toque e, justamente, em todo o ente que é no Ser. O
pensamento de Heidegger é um retorno ao fundamento
da metafísica num movimento problematizador, uma
meditação sobre a Filosofia no sentido daquilo que
permanece fundamentalmente velado. A Filosofia sobre a
qual ele nos convida a meditar é a grande característica
da inquietação humana em geral, a questão sobre o Ser.
Heidegger entende que a Filosofia é nas origens, na sua
essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do
mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver. O
caminho que Heidegger segue é orientado pela procura
de renovar a temática do Ser na Filosofia ocidental.
Heidegger tenta trazer os homens e mulheres de hoje de
volta à questão do ser. No início da tradição da filosofia
ocidental, o ser humano era definido como racional
animal, o animal dotado de razão. Desde então, a razão
se tornou um valor absoluto que, através da educação,
provoca uma transformação gradual de todas as esferas
da vida humana. Não é mais razão no sentido moderno
do pensamento calculativo, acredita Heidegger, que
precisamos hoje, mas mais abertura para e mais reflexão
sobre o que está mais próximo de Ser-nós. Todavia, ele
constata que nunca o pensamento ocidental conseguiu
resolver a questão sobre o Ser.[31]

Importantes escritores existencialistas


Albert Camus
Franz Kafka
Rainer Maria Rilke
T.S. Eliot
Herman Hesse
Luigi Pirandello
Ralph Ellison
Jack Kerouac
Vergílio Ferreira
Fernando Pessoa
Diretores de cinema existencialistas
Ingmar Bergman
François Truffaut
Jean-Luc Godard
Michelangelo Antonioni
Akira Kurosawa
Terrence Malick
Stanley Kubrick
Andrei Tarkovsky
Hideaki Anno
Wes Anderson
Walter Hugo Khouri
Christopher Nolan
Notas
Søren Kierkegaard fala da "irracionalidade" na história de
Abraão que foi usado como uma ilustração de fé, em
primeiro lugar. A ideia de sacrificar o próprio filho por
conta das instruções da voz de Deus atingiria a maioria
das pessoas normais, mesmo aqueles nos tempos
bíblicos, como bastante irracional.
Referências
[1]
John Macquarrie, Existentialism, New York (1972), pages
18–21.
Oxford Companion to Philosophy, ed. Ted Honderich,
New York (1995), page 259.
John Macquarrie, Existentialism, New York (1972), pages
14–15.
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pages 1–2)
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New York (1962), page 5
Walter Kaufmann, Existentialism: From Dostoyevesky to
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Troy, (2008)
'Kierkegaard and Socrates' por D.R. Khashaba em
"PHILOSOPHY PATHWAYS" (ISSN 2043-0728)
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tradução para inglês: "A First and Last Declaration": "...to
read solo the original text of the individual, human-
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down from the fathers, to read it through yet once more,
if possible in a more heartfelt way."
Michael Weston, Kierkegaard and Modern Continental
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History (em inglês). 13 (2): 188–208. ISSN 1740-0228.
doi:10.1017/S1740022818000049 Verifique data em: |
data= (ajuda)
KAFKA, Franz. A Metamorfose, Um Artista da Fome e
Carta a Meu Pai. Coleção a Obra-Prima de Cada Autor.
Introdução, página 12. Editora Martin Claret.
Philosophy and Phenomenological Research - Vol. 51, No.
2, Junho de 1991 - capítulo: Kierkegaard's Pragmatist
Faith (pp. 279-302) por Steven M. Emmanuel
Kierkegaard: On Faith and the Self Baylor University Press
- por C. Stevens Evans (2006)
«Heidegger: The End of Philosophy and the Task of
Thinking (1964)». Philosophical Explorations (em inglês).
10 de abril de 2016. Consultado em 3 de setembro de
2019Expressionismo é um movimento artístico e cultural
que se iniciou na Europa, no final do século XIX, que
valoriza a vivência afetiva e subjetiva como potência
expressiva do indivíduo.

Esse movimento estético não tem como intuito


reproduzir cópias exatas e objetivas de situações ou
paisagens, mas transmitir a impressão particular do
artista, do modo como cada um percebe e capta a
realidade num dado momento.

Suas características são a recusa do princípio de realidade


objetiva, a exploração da vivência existencial, a
possibilidade de recriar o percebido, e a valorização da
subjetividade, da criatividade e da expressão dos
sentimentos, ao invés da simples reprodução objetiva da
realidade, reconhecendo o aspecto irracional e emotivo
de cada indivíduo.

Propondo uma nova forma de fazer arte, o


expressionismo envolveu diversas áreas como a pintura,
as artes plásticas, a arquitetura, a música, o cinema, o
teatro, a dança e a fotografia.

O pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890) foi um


precursor deste movimento. Alguns dos pintores
expressionistas de maior destaque foram o norueguês
Edvard Munch (1863-1944), o suíço Paul Klee (1879-
1940), e o alemão Erich Heckel (1883-1970)

Esse movimento marcou uma reação contra o


positivismo, que retrata as coisas e o mundo de maneira
estritamente objetiva. A expressão do artista, refletindo
sua percepção pessoal, é oposta à mera descrição
objetiva da realidade, não é algo "neutro" e passivo, mas
algo envolvido e emotivo.

Os pintores do expressionismo tinham o costume de


retratar inclusive o lado doloroso e angustiante da
existência humana, os conflitos psicológicos e o indivíduo
sofrido emocionalmente, que se sente alienado e solitário
numa sociedade moderna e industrializada.

O Expressionismo se constitui, assim, como uma postura


de privilegiamento da vivência existencial, em suas
propriedades de atualização de possibilidades, de
superação. E, inclusive, de suas propriedades de geração
e regeneração do real, de geração e regeneração de
sujeitos, e de objetos, de subjetividades e de
objetividades.
(Afonso Fonseca, em 'História das Psicologias e
Psicoterapias Fenomenológico Existenciais')
Tal como o expressionismo, o existencialismo também se
desenvolveu na Europa, no final do século XIX e início do
século XX, como uma vertente de filosofia focada na
existência humana em seus aspectos concreto, singular e
afetivo.

Enquanto vertente filosófica, o existencialismo


compreende que cada indivíduo percebe o mundo de
uma maneira singular, por meio de seus afetos,
desenvolvendo uma apreensão particular da realidade,
criticando o positivismo, que se detém apenas nas
questões objetivas e busca universalizar o entendimento
sobre os seres e o mundo.

O existencialismo valoriza, portanto, a liberdade e os


diferentes modos de ser. A existência humana, segundo
os existencialistas, é resultante das experiências de cada
um, que por meio de suas escolhas desenha seu caminho
e projeta seu modo de ser no mundo, onde cada um
atribui um sentido e significado específico para a sua vida.

Essa liberdade de escolher os caminhos de nossa vida é


também geradora de angústias existenciais, pois, quando
nos percebermos livres, nos angustiamos diante da
dificuldade de escolher e com o "peso" da
responsabilidade de nossas escolhas.

Os precursores da filosofia existencialista foram o alemão


Arthur Schopenhauer (1788-1860), o norueguês Sören
Kierkegaard (1813-1955) e o alemão Friedrich Nietzsche
(1844-1900). Os existencialistas mais conhecidos foram os
franceses Jean-Paul Sartre (1905-1980), Simone de
Beauvoir (1905-1986) e Albert Camus (1913-1960).
Expressionismo e existencialismo são duas vertentes que
compreendem que cada pessoa percebe suas
experiências de maneira afetiva e singular, que as pessoas
são diferentes entre si e que o existir humano envolve
momentos de angústia, solidão e incertezas.

Reparando bem nessas duas correntes, uma artística e


outra filosófica, é possível perceber uma série de
semelhanças, desde o período e região onde que se
desenvolveram, como também o modo como encaram a
existência humana e as questões existenciais que
evidenciam.

Por Bruno Carrasco.

Referências:
FONSECA, Afonso. Para uma História das Psicologias e
Psicoterapias Fenomenológico Existenciais. 2015.
PENHA, João da. O que é Existencialismo. São Paulo:
Brasiliense, 2014.
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O existencialismo popularizou-se após a Segunda Grande


Guerra. É no contexto de uma Paris destruída que essa
corrente de pensamento foi associada ao nome de Jean-
Paul Sartre. Trata-se de um equívoco, entretanto, assumir
que esse pensador é o inaugurador desse novo olhar
sobre o mundo e o ser humano.

A fonte de inspiração da existência como problema


filosófico encontra-se em Martin Heidegger, que, por sua
vez, foi influenciado por Friedrich Nietzsche e Søren
Kierkegaard. Embora esses pensadores tenham elaborado
explicações distintas, suas reflexões iniciaram-se
baseadas no ser humano em sua concretude.

Maurice Merleau-Ponty, por exemplo, enfatizou a


centralidade do corpo em Fenomenologia da percepção
(1945), sendo sua ausência inconcebível. Nessa obra, as
questões foram pensadas com base na vida em seus
aspectos concretos, e temas como a angústia, a
responsabilidade e a liberdade começaram a ser
enfatizados.
A base da proposta existencialista é analisar o ser
humano em seu todo e não dividido em aspectos internos
(sua mente, cognição e sentimentos) e externos (seu
corpo, comportamento e ações). Embora tenhamos
semelhanças com outros seres e alguns objetos, a
consciência que temos das nossas ações e do mundo ao
nosso redor é peculiar.
Não poderíamos, assim, tentar entender o ser humano do
mesmo modo que compreendemos os demais seres e
objetos do mundo. A existência não é algo que se possa
meramente classificar ou mensurar, pois é um
desdobramento ou acontecimento que não se deixa
compreender a não ser sendo um indivíduo.

Encontramo-nos em uma situação na qual o que somos


não está predeterminado, mas é antes resultado das
nossas ações. Coloca-se em questão, assim, o propósito
do ser humano em um mundo que não é como deseja ou
tenha escolhido.

Essa situação, que consiste geralmente na percepção de


uma limitação, é o que gera o sentimento de ansiedade.
As ações passam a ser entendidas como resultados
unicamente de escolhas e não como reações ou reflexos
das situações nas quais alguém se encontra.
A autenticidade é uma noção que encontra reflexos e
semelhanças em todos os pensadores da linha
existencialista. Ser autêntico seria não se deixar
meramente submeter aos valores de uma sociedade e
assumir um lugar na dinâmica social. O cotidiano pode ser
uma fuga da nossa responsabilidade ao fazermos apenas
o que é esperado de nós ou o que nos é solicitado, sem
refletirmos seriamente sobre a própria existência.
Longe de recair em libertinagem ou individualismo,
autenticidade trata-se da percepção de que o que somos
é constantemente modificado pelas nossas escolhas e de
que o modo como vivemos é um compromisso assumido
diariamente.

"Existir é para nós achar-nos de pronto tendo que realizar


a pretensão que somos numa determinada circunstância.
Não se nos permite eleger de antemão o mundo ou
circunstância em que temos que viver, já que nos
encontramos, sem nossa anuência prévia, submersos
num contorno, num mundo que é o de aqui e agora. Esse
mundo ou circunstância em que me encontro submerso
não é somente a paisagem que me rodeia, mas também
meu corpo e também minha alma. Eu não sou meu corpo;
encontro-me com ele e com ele tenho que viver, seja são
seja doente, mas também não sou minha alma: encontro-
me com ela e tenho que usar dela para viver, ainda que às
vezes me sirva mal porque tem pouca vontade ou
nenhuma memória. Corpo e alma são coisas, e eu não sou
uma coisa, mas um drama, uma luta para chegar a ser o
que tenho que ser." |1|
Principais filósofos
A radicalidade da tomada de consciência de si e do
mundo é um dos principais motivos pelo qual o
existencialismo continua sendo uma corrente de
pensamento relevante e que possibilitou
desdobramentos em muitas áreas do conhecimento.
Søren Kierkegaard é apontado por muitos como o
primeiro filósofo a colocar o indivíduo como ser singular
no centro da reflexão filosófica. Essa temática surge em
suas abordagens do conflito entre questões morais e
religiosas, nas quais usa frequentemente a figura do
personagem bíblico Abraão, indicando limitações nas
perspectivas racionalistas em oferecer respostas.
Martin Heidegger reorientou a visão contemporânea
sobre o problema do ser ao propor que a pergunta pelo
ser só pode ser colocada por dasein (o “ser-aí”) ou o
homem que existe no mundo. Só o ser humano existe
efetivamente, uma vez que os demais seres e objetos
apenas são. É a investigação sobre essa pergunta que
evidencia o caráter existencialista de seu pensamento em
Ser e tempo (1927).

Sartre é mundialmente conhecido por sua afirmação de


que a existência precede a essência, significando que só
se pode entender o ser humano com base em suas ações
no mundo. Conhecido por uma conferência intitulada O
existencialismo é um humanismo (1946), que continha
noções posteriormente revisadas e abandonadas, sua
grande obra é O ser e o nada, publicada em 1943.

Apontado pelo próprio Sartre como um existencialista


cristão, Gabriel Marcel afirmou que o cotidiano pode
afogar o ser humano em uma série de atividades
repetidas (funções) que o privam de refletir
profundamente sobre a vida. O que nomeou como
“mundo quebrado” (le monde cassé) está relacionado à
influência que a ciência possui em reduzir nosso
pensamento a problemas e soluções, deixando de lado a
experiência efetiva das pessoas e o mistério que nos
conduz a refletirmos profundamente sobre o ser.

Esse filósofo interpretou várias facetas da relação


humana com as noções de “disponibilidade”, uma
abertura para o outro e ao mundo, e de
“indisponibilidade”, uma sensação de autossuficiência.

Karl Jaspers, outro pensador cristão, expôs grande parte


do seu pensamento existencialista nos três volumes da
obra Filosofia (1932). Defendeu que não somos um eu
predeterminado, e o que podemos tornar-nos seria
melhor entendido pelas “situações limite”, isto é,
momentos nos quais questionamos nossa vida como um
todo, como aqueles em que experimentamos medo,
angústia ou pavor. Propôs que sua concepção de “fé
filosófica” fosse o caminho para transcender a existência
real.

Martin Buber pode ser considerado um pensador muito


próximo desse aspecto religioso do existencialismo. Esse
pensador judeu refletiu amplamente sobre as relações do
ser humano e dos demais seres. Não haveria um eu
isolado, já que se realiza no encontro com um outro, uma
vez que as demais relações seriam com objetos.

O pensamento existencialista também teve expressão na


Espanha, com José Ortega y Gasset e Miguel de Unamuno
y Jugo. Este último abordou o conflito entre fé e razão,
uma vez que o ser humano almeja a imortalidade, mas
essa possibilidade não é confirmada pela razão, o que
conduz ao desespero. Já o primeiro, concentrou-se em
uma noção ampla de vida, incluindo uma dimensão
histórica e outros aspectos circunstanciais e biológicos.

Essa corrente de pensamento alcançou muitos outros


países, incluindo a Rússia, com Lev Shestov e Nicolau
Berdiaev, e o Brasil, onde muitos pesquisadores apontam
Farias Brito como seu precursor.

Leia também: Empirismo - o conhecimento como produto


da experiência prática

O existencialismo em outras áreas


A tentativa de analisar a situação do ser humano no
mundo em que se encontra também teve ramificações na
literatura e nas artes em geral. Elementos do pensamento
existencialista são encontrados nas obras de André
Malraux e Albert Camus, e muitos consideram Franz
Kafka e Fiodor Dostoievski como escritores precursores
de noções existencialistas. O existencialismo também
influenciou a teologia, em especial, o teólogo Paul Tillich.

Notas

|1| ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica.


Tradução de Luís Washington Vita. Rio de Janeiro: Livro
Ibero-Americano, 1963.
ESCULTURA E EXISTENCIALISMO
ALBERTO GIACOMETTI(1901-1966)Suiço.
Conhecido por suas figuras humanas, ora gigantescas, ora
pequeninas, Giacometti mergulha suas obras na
profunidade do pensamento existencialista, influenciado
de perto por Jean-Paul Sartre, de quem era amigo. A
deformação das proporções tem um apelo dramático,
que nos lança um sentimento de desorientação, face a
um mundo aparentemente absurdo.

Uma de suas obras mais marcantes é L’Homme qui


Marche, uma escultura de bronze de quase 3 metros que
se tornou uma da imagens icônica da arte moderna. O
artista iniciou sua formação em Genebra e em 1923 se
mudou para Paris, onde conheceu alguns dos principais
pintores dadaístas, cubistas e surrealistas que
influenciaram o seu início de carreira. Aderiu ao
movimento surrealista entre 1930 e 1934, quando
produziu algumas obras fundamentais para a
caracterização da escultura surrealista. Seus trabalhos
realizados depois da Segunda Guerra Mundial, onde a
figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas,
marca o período mais original de Giacometti.
EXISTENCIALISMO E TEATRO

1-Eugéne Ionesco (1909-1994)Romeno.


desponta como escritor (antes ele foi professor e autor
de críticas com tom literário) na década de 50 do século
passado, em uma paisagem já dominada pelo
Existencialismo. Acotovelado pelo monopólio intelectual
artístico da época, ele instala-se na cena intelectual
francesa, parecendo incorporar em seus escritos alguns
dos postulados existencialistas; mais de Camus e menos
de Sartre. A minha tese funda-se no estudo da relação
ambivalente que o autor franco-romeno entretém com o
Existencialismo, em que ora prepondera a continuidade
com esse movimento literário-filosófico, ora dele se
afasta, convergindo sua obra a uma linhagem
existencialista, anterior ao de Camus em um apagamento
do absurdo através da fuga para a metafísica. Sobre a
filiação de Ionesco no Existencialismo, ele irá, a
contragosto, e em raras oportunidades, endossá-la,
sobretudo com relação ao pensamento sartriano. De
qualquer maneira, ele confessa a influência sofrida, em
um diálogo de natureza ora reacional, ora ratificando a
filosofia sartriana. Se o dramaturgo entretém uma relação
reativa com o Existencialismo, algumas de suas obras,
sobretudo aquelas pertencentes a sua primeira fase, o
mesmo não se dará se se pensar na noção do absurdo
camusiano.

Extratos de O existencialismo é um humanismo,


conferência pronunciada por Jean-Paul Sartre em Paris,
1945 d.C.
Eu gostaria de defender o existencialismo contra certas
recriminações que lhe costumam dirigir.

Ele foi acusado, antes de mais nada, de convidar as


pessoas a permanecerem num quietismo do desespero,
porque, ante a impossibilidade de todas as soluções, seria
preciso concluir que a ação neste mundo é totalmente
impossível e nos entregarmos enfim a uma filosofia
contemplativa, o que no fim das contas, dado que a
contemplação é um luxo, nos leva a uma filosofia
burguesa. São sobretudo estas as reprovações dos
comunistas.

Acusaram-nos, por outro lado, de enfatizar a ignomínia


humana, de mostrar por toda parte o sórdido, o sombrio,
o viscoso, e de negligenciar certas belezas da natureza
humana; por exemplo, segundo Mademoiselle Mercier,
crítica católica, de ter esquecido o sorriso da criança. Uns
e outros nos recriminam por termos faltado à
solidariedade humana, por considerarmos que o homem
é isolado, em grande parte porque partimos, como dizem
os comunistas, da subjetividade pura, do eu penso
cartesiano, ou seja do momento no qual o homem se
encontra em sua solidão, o que nos tornaria incapazes na
sequência de retornar à solidariedade para com os
homens que estão fora de mim e que não posso
encontrar no cogito.

E do lado cristão, reprovam-nos por negar a realidade e a


seriedade dos empreendimentos humanos, pois se
suprimimos os mandamentos de Deus e os valores
inscritos na eternidade, já não resta mais nada senão a
pura arbitrariedade, com cada um podendo fazer aquilo
que bem entender, e sendo incapaz, a partir de seu ponto
de vista, de condenar os pontos de vista e os atos dos
outros.

(…)

Que se entende por existencialismo?


A maioria das pessoas que utilizam este termo ficaria
bastante embaraçada para justificá-lo, pois hoje, que se
tornou uma moda, dizem a esmo que um músico ou que
um pintor é um existencialista. Um colunista da revista
Clartés assina O Existencialista; e, no fundo, esta palavra
assumiu hoje uma tal amplitude e uma tal extensão que
já não significa mais nada. Parece que, na falta de uma
doutrina de vanguarda análoga ao surrealismo, as
pessoas ávidas por escândalos e por agitação se dirigem a
esta filosofia, que não pode por sua vez lhes trazer
qualquer contribuição neste domínio; na verdade, é a
doutrina menos escandalosa, a mais austera; ela é
estritamente destinada aos técnicos e aos filósofos.

Não obstante, ela pode ser facilmente definida. O que


complica as coisas é que há duas espécies de
existencialistas: os primeiros, que são cristãos, e entre os
quais eu colocaria Jaspers e Gabriel Marcel, de confissão
católica; e, do outro lado, os existencialistas ateus, entre
os quais é preciso pôr Heidegger, assim como os
existencialistas franceses e eu mesmo.

Aquilo que todos têm em comum, é simplesmente o fato


de estimarem que a existência precede a essência, ou, se
quiserem, que é preciso partir da subjetividade. O que
exatamente devemos entender por isto? Quando
consideramos um objeto fabricado, como por exemplo
um livro ou um estilete, este objeto foi manufaturado por
um artesão que se inspirou em um conceito; ele se
baseou no conceito de estilete, e igualmente numa
técnica de produção precedente que faz parte do
conceito, e que no fundo é uma receita.

Assim, o estilete é a um só tempo um objeto que se


produz de uma determinada maneira e que, além disso,
tem uma utilidade definida, de modo que não é possível
supor que algum homem produza um estilete sem saber
para que seu objeto servirá. Diremos portanto que, para
o estilete, a essência – ou seja o conjunto de receitas e de
qualidades que permitem produzi-lo e defini-lo – precede
a existência; e assim a presença, à minha frente, deste
estilete ou daquele livro é determinada. O que temos aí,
por conseguinte, é uma visão técnica do mundo, na qual
se pode dizer que a produção precede a existência.

Quando concebemos um Deus criador, este Deus é


assimilado na maior parte do tempo a um artesão
superior; e seja qual for a doutrina que temos em mente,
quer se trate de uma doutrina como aquela de Descartes
quer se trate da doutrina de Leibniz, nós assumimos
sempre que a vontade segue mais ou menos o
entendimento, ou no mínimo o acompanha, e que Deus,
quando cria, sabe precisamente aquilo que cria. Assim, o
conceito de homem, no espírito de Deus, é assimilável ao
conceito de estilete no espírito do industrial; e Deus
produz o homem seguindo técnicas e uma concepção,
exatamente como o artesão fabrica um estilete seguindo
uma definição e uma técnica.

Assim, cada homem individual é a realização de um certo


conceito que está no entendimento divino. No século
XVIII, no ateísmo dos filósofos, a noção de Deus foi
suprimida, mas não a ideia de que a essência precede a
existência. Esta ideia, nós a encontramos um pouco por
toda parte: nós a encontramos em Diderot, em Voltaire, e
mesmo em Kant. O homem é possuidor de uma natureza
humana; esta natureza humana, que é um conceito
humano, se encontra em todos os homens, o que significa
que cada homem é um exemplar específico de um
conceito universal, o homem; em Kant, o resultado desta
universalidade é que o homem selvagem, o homem da
natureza, assim como o burguês, estão restritos à mesma
definição e possuem as mesmas qualidades de base.
Assim, também aqui a essência do homem precede esta
existência histórica que encontramos na natureza.

O existencialismo ateu, que eu represento, é mais


coerente. Ele declara que se Deus não existe, há ao
menos um ser cuja existência precede a essência, um ser
que existe antes de poder ser definido por qualquer
conceito, e que este ser é o homem ou, como diz
Heidegger, a realidade humana. O que significa dizer que
a existência precede a essência? Significa antes de mais
nada que o homem existe, se encontra, surge no mundo e
que ele se define depois.

O homem, tal qual o existencialismo o concebe, se não é


definível, é porque de início ele não é nada. Ele só será
depois, e ele será tal qual se terá feito. Assim, não há
natureza humana, porque não há Deus para concebê-la.

O homem simplesmente é, não só tal qual ele se concebe,


mas tal qual ele se quer, e como ele só se concebe após a
existência, como ele só se quer após este impulso rumo à
existência, o homem nada mais é que aquilo que ele se
fez. Este é o primeiro princípio do existencialismo. É
também aquilo que chamam de subjetividade, a qual nos
recriminam sob esse mesmo nome. Mas que queremos
dizer com isso senão que o homem tem uma dignidade
maior que a da pedra ou da mesa?

Pois queremos dizer que o homem antes de mais nada


existe, ou seja que o homem é antes de mais nada aquele
que se lança num futuro, e aquele que é consciente de se
projetar no futuro. O homem é antes de mais nada um
projeto que se vive subjetivamente, ao invés de ser uma
espuma, um detrito ou uma couve-flor; nada existe
precedentemente a este projeto; não há nada no céu
inteligível, e o homem será antes de tudo aquilo que ele
tiver projetado ser. Não aquilo que ele quiser ser. Pois
aquilo que entendemos ordinariamente por querer, é
uma decisão consciente, a qual, para a maioria de nós, é
posterior àquilo que fizemos de nós mesmos. Posso
querer aderir a um partido, escrever um livro, me casar;
tudo isto não é senão uma manifestação de uma escolha
mais originária, mais espontânea do que aquilo que
denominamos vontade.

Mas se realmente a existência precede a essência, o


homem é responsável por aquilo que ele é. Assim, a
primeira meta do existencialismo é fazer com que todo
homem tome posse daquilo que ele é, e fazer com que
caia sobre ele a responsabilidade total por sua existência.
E quando dizemos que o homem é responsável por si
mesmo, não queremos dizer que o homem é responsável
por sua estrita individualidade, mas que ele é responsável
por todos os homens. Há dois sentidos do termo
subjetivismo, e nossos adversários jogam com estes dois
sentidos. Subjetivismo quer dizer de um lado escolha do
sujeito individual por si mesmo, e, de outro lado,
impossibilidade para o homem de ultrapassar a
subjetividade humana.

É este segundo sentido o sentido profundo do


existencialismo. Quando dizemos que o homem se
escolhe, entendemos que cada um dentre nós se escolhe,
mas com isso queremos dizer que ao se escolher ele
escolhe todos os homens. Com efeito, não há um só de
nossos atos que, ao criar o homem que queremos ser,
não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem tal
qual nós estimamos que ele deve ser. Escolher ser isto ou
aquilo, é afirmar ao mesmo tempo o valor daquilo que
escolhemos, pois não podemos jamais escolher o mal;
aquilo que escolhemos, é sempre o bem, e nada pode ser
bom para nós sem que o seja para todos.

Se, por sua vez, a existência precede a essência e se nós


queremos existir ao mesmo tempo em que fazemos
nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para
toda a nossa época. Assim, nossa responsabilidade é
muito maior do que poderíamos supor, pois ela engaja a
humanidade inteira. Se sou um operário, e se eu escolho
aderir a um sindicato cristão ao invés de ser comunista,
se, por esta adesão, eu quero indicar que a resignação é
no fundo a solução que convém ao homem, que o reino
do homem não é deste mundo, então eu não engajo
somente o meu caso: eu quero a resignação para todos,
por consequência minha decisão engajou a humanidade
inteira.

E se quero, num fato ainda mais individual, me casar, ter


filhos, mesmo que este casamento dependa unicamente
da minha situação, ou da minha paixão, ou do meu
desejo, através disto eu engajo não somente a mim
mesmo, mas à humanidade inteira no caminho da
monogamia. Assim, sou responsável por mim mesmo e
por todos, e eu crio uma certa imagem do homem que eu
escolho; ao me escolher, eu escolho o homem.

Isso nos permite compreender aquilo que está por trás de


palavras um tanto grandiloquentes como angústia,
desamparo, desespero. Na verdade, tudo isso é bastante
simples.

(…)

Quando, por exemplo, falamos em desamparo, expressão


cara a Heidegger, queremos dizer simplesmente que Deus
não existe, e que é preciso extrair até o fim todas as
consequências. O existencialismo é extremamente oposto
a um certo tipo de moral laica que gostaria de suprimir
Deus com o menor custo possível.

Quando, por volta de 1880, alguns professores franceses


ensaiaram constituir uma moral laica, eles disseram
quase isso: Deus é uma hipótese inútil e custosa, nós a
suprimimos, mas é necessário não obstante, para que
haja uma moral, uma sociedade, um mundo policiado,
que certos valores sejam levados a sério e considerados
como existentes a priori; é preciso que seja a priori
obrigatório ser honesto, não mentir, não bater na sua
mulher, fazer filhos etc., etc. Queremos portanto fazer
um pequeno arranjo que permitirá mostrar que estes
valores existem tais quais sempre foram, inscritos num
céu inteligível, ainda que, por outro lado, Deus não exista.

Dito de outra forma, e é esta, creio, a tendência que


todos na França chamam de radicalismo, nada mudará se
Deus não existe; nós encontraremos as mesmas normas
de honestidade, de progresso, de humanismo, e teremos
feito de Deus uma hipótese desusada que morrerá
tranquilamente e por si mesma. O existencialista, ao
contrário, considera extremamente inquietante que Deus
não exista, pois com ele desaparece toda possibilidade de
encontrar valores num céu inteligível; já não pode mais
haver qualquer bem a priori, pois não há uma consciência
infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em
parte alguma que o bem existe, que é preciso ser
honesto, que não se deve mentir, precisamente porque
estamos numa dimensão na qual só existem homens.

Dostoievski escreveu: “Se Deus não existisse tudo seria


permitido”. Eis o ponto de partida do existencialismo. De
fato, tudo é permitido se Deus não existe, e por
conseguinte o homem está desamparado, porque não
encontra nem nele, nem fora dele uma possibilidade de
se pendurar. Ele já não encontra mais desculpas. Se de
fato a existência precede a essência, jamais
encontraremos explicações fazendo referência a uma
natureza humana dada e fixada; em outras palavras, não
há qualquer determinismo, o homem é livre, o homem é
liberdade.

Se, além disso, Deus não existe, nós não encontraremos à


nossa frente valores ou ordens que legitimarão nossa
conduta. Assim, não temos nem atrás de nós, nem
adiante, no domínio luminoso dos valores, justificativas
ou desculpas. Estamos sós, e sem desculpas. É neste
sentido que digo que o homem é condenado a ser livre.
Condenado, porque ele não se criou a si mesmo, e
ademais é, não obstante, livre, pois uma vez que foi
lançado no mundo, ele é responsável por tudo aquilo que
faz. O existencialista não crê na potência da paixão. Ele
jamais pensará que uma bela paixão é uma torrente
devastadora que conduz fatalmente o homem a certos
atos, e que, por conseguinte, é uma desculpa. Ele acredita
que o homem é responsável por sua paixão. O
existencialista não pensa tampouco que o homem pode
encontrar socorro em um sinal qualquer que o orientará
no mundo; pois ele acredita que o homem decifra ele
mesmo os sinais como bem entende.

Ele pensa, para concluir, que o homem, sem qualquer


apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada
instante a inventar o homem. O escritor Francis Ponge
disse, num belo artigo: “O homem é o futuro do homem”.
É perfeitamente exato. Somente que, se se entende com
isto que este futuro está inscrito no céu, que Deus assim
o quer, então isto é falso, pois este já não seria a rigor um
futuro. Mas se se entende que, seja lá qual for o homem
que apareça neste mundo, ele tem um futuro a construir,
um futuro virgem que o espera, então esta expressão é
justa.

EXISTENCIALISMO & CINEMA


Durante as (relativas) férias de julho, assisti o DVD “Sartre
no cinema” (Versátil Home Vídeo, 2017), que reúne duas
importantes produções a respeito do filósofo francês
Jean-Paul Sartre (1905–1980).
Uma dessas produções, “Sartre: a Era das Paixões”, é uma
minissérie de 2006, dirigida por Claude Gorett. O
veterano diretor suíço focou, nessa minissérie composta
por dois capítulos, a movimentada trajetória de Sartre no
período 1958–1964: sua vida pessoal (affaires amorosos,
relacionamento com Simone de Beauvoir), sua intensa
produção filosófica e literária (tal como suas peças de
teatro) e, claro, seu visceral engajamento social e
desavenças com outros intelectuais. A minissérie, que
conta com ótim@s atrizes e atores e um roteiro
consistente, retrata com vivacidade, ainda, o ativismo
anticolonialista de Sartre e as viagens que ele realizou,
juntamente com de Beauvoir, à Cuba e à então URSS.
A outra produção que integra o DVD é “Sartre por ele
mesmo”, um extenso documentário dirigido em 1976 por
Alexandre Astruc e Michel Contat (este último, um dos
roteiristas da minissérie acima mencionada). Nesse
documentário, que eu já havia tido a oportunidade de
assistir no Youtube, o próprio Sartre discorre sobre
aspectos de sua vida pessoal e trajetória intelectual. Ao
lado de amigos e de Simone de Beauvoir, o pensador
francês nos oferece, nesse relato autobiográfico filmado
quando ele contava com pouco mais de 70 anos, não
apenas dados essenciais sobre sua vida e obra, mas
também, um valioso retrato do contexto político-cultural
em que germinou sua filosofia da existência.
Enfim, trata-se de duas produções fundamentais para os
que se interessam em compreender melhor as ideias de
Sartre e suas raízes históricas.
[Ailton Bedani].

Existencialismo em 50 Filmes – Parte 1


Novembro 12, 2014 2 Comentários 2602
Existencialismo é um termo aplicado a uma escola de
filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuir
profundas diferenças em termos de doutrinas,
partilhavam a crença que o pensamento filosófico
começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito
pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de
um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de
partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem
designado por “atitude existencial”, ou uma sensação de
desorientação e confusão face a um mundo
aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos
existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e
sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito
abstratas e longínquas das experiências humanas
concretas.

Um filme existencial é aquele que lida com um mundo e /


ou uma vida que é desprovida de qualquer sentido pré-
determinado, regras ou justiça. Muitas vezes trata de
uma luta confusa para encontrar significado pessoal.
Estes são os filmes que nos forçam a olhar para a vida e
ver que temos uma escolha para abraçar. Fazer nossas
próprias escolhas de acordo com a nossa própria
consciência livre-arbítrio, ou talvez tomar o caminho mais
fácil e deixar a sociedade em torno de nós ditar nossa
breve existência. Ou, talvez, não temos uma escolha, mas
somos obrigados a tornar-se dolorosamente conscientes
desta futilidade. A única opção seria a abraçar esta
verdade e rir do absurdo de tudo isso.(tasteofcinema)

1 – Nu (Mike Leigh, 1993)

O filme é uma obra em movimento. David Thewlis


interpreta um homem sem lar e sem perspectivas que
estupra uma mulher e foge, invadindo e mudando os
rumos das vidas de várias pessoas que encontra. Thewlis
vira carrasco, bálsamo, incitador, vítima, dependendo de
quem cruza seu caminho. Parece um anjo/demônio
boêmio que vem para provocar reações. Sua rudeza com
uma mulher de meia-idade que se exibe na janela
contrasta com seus conselhos metafísicos para o vigilante
que a olha. Nu despe o espectador de qualquer procura
por coerência narrativa. O que importa aqui é investigar
almas.

2 – Viver a Vida (Jean-Luc Godard, 1962)

Nana (Anna Karina) é uma jovem que abandona o seu


marido e o seu filho para iniciar sua carreira como atriz.
Para financiar sua nova vida começa a trabalhar numa
loja de discos, mas não ganha muito dinheiro. Como não
consegue pagar o aluguel, Nana é expulsa de casa e
decide virar prostituta. No primeiro dia que começa a
trabalhar na rua, reencontra Yvette (Guylaine
Schlumberger), uma velha amiga que lhe confessa que
também se prostitui por necessidade. Yvette lhe
apresentará a Raoul (Saddy Rebot), que se converterá em
seu cafetão. A partir desse momento, Nana irá
introduzindo-se progressivamente no mundo da
prostituição.
3 – Face a Face (Ingmar Bergman, 1976)

Jenny Isaksson (Liv Ullmann) é uma psiquiatra casada,


que é assombrada por visões de uma velha e passa a
sofrer uma profunda depressão. Na procura desesperada
de fugir deste pesadelo ela tem um caso com Tomas
Jacobi (Erland Josephson), um médico casado. Isto só
serve para provocar nela uma crise histérica e, quando
tem novas alucinações com a velha mulher, ela tenta
suicídio. Enquanto está entre a vida e a morte ela imagina
ver todas as pessoas que tiveram alguma influência em
sua vida. Quando está se recuperando ela consegue
entender quem é a velha senhora e por qual motivo
provoca tanto sofrimento.

4 – O Porco Espinho (Mona Achache, 2009)

Paloma é uma menina séria e inteligente de 11 anos,


decidida a se matar em seu décimo-segundo aniversário.
Fascinada por arte e filosofia, a menina passa o dia
filmando seu cotidiano, a fim de fazer um documentário.
À medida que a data de seu aniversário se aproxima, ela
conhece pessoas que a fazem questionar sua visão
pessimista do mundo.
5 – Morangos Silvestres (Ingmar Bergman, 1957)

A caminho de uma cerimônia de premiação numa


universidade, um médico é assediado por situações e
personagens que o conduzem a um mergulho em sua vida
pregressa.

6 – Amor (Michael Haneke, 2012)

Estrelado por dois ícones do cinema francês –


Emmanuelle Riva, 85 anos, e Jean-Louis Trintignant, 81,
“Amour” trata da relação de um casal de idosos que tem
de lidar com a proximidade da morte.

7 – O Espelho (Andrei Tarkovsky, 1975)

Um homem em seus últimos dias de vida relembra o


passado. Entre as memórias pessoais da infância e
adolescência, da mãe, da Segunda Guerra Mundial e de
um doloroso divórcio, estão também momentos que
contam a história da Rússia numa mistura de flashbacks,
tomadas históricas e poesia original.
8 – Sonata de Outono (Ingmar Bergman, 1978)

Uma pianista visita a filha no interior da Noruega. A mãe


é uma artista de renome internacional, mas a filha é
tímida e deprimida. O encontro das duas é tenso,
marcado por lembranças do passado e revela uma
relação repleta de rancor, ressentimentos e cobranças.

9 – Trinta Anos Esta Noite (Louis Malle, 1963)

O filme narra dois dias na vida de Alain Leroy, um homem


angustiado e perdido, que deixava um hospital, onde
fazia um tratamento contra o alcoolismo. Sua amante
Lydia tenta ajudá-lo quando ele volta a Paris. Alain
percorre bares e procura velhos amigos, em uma busca
de si mesmo na reconstituição do passado.

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10 – Os Incompreendidos (François Truffaut, 1959)
Os Incompreendidos (Les quatre cents coups) é um filme
francês de 1959, do gênero drama, dirigido por François
Truffaut. O filme narra a história do jovem parisiense
Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela
contra o autoritarismo na escola e o desprezo dos pais
Gilberte e Julien Doinel. Rejeitado, Doinel passa a faltar as
aulas para freqüentar cinemas ou brincar com os amigos,
principalmente René. Com o passar do tempo, as
censuras o direcionarão, vivenciará descobertas e
cometerá delitos em busca de atenção.

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11 – A Aventura (Michelangelo Antonioni, 1960)

Um grupo de ricos italianos sai numa viagem de iate para


uma ilha vulcânica deserta no Mediterrâneo, onde um
dos passageiros, Anna, se perde dos demais. O namorado
dela, Sandro, e uma amiga, Claudia, saem, sem sucesso, à
procura de Anna e, durante a busca, acabam se
apaixonando.

12 – A Esposa Solitária (Satyajit Ray, 1964)


Charu vive uma vida solitária e ociosa na Índia de 1870. O
seu marido Bhupati, dono de um jornal, passa mais
tempo no escritório e a fazer política do que em casa.
Amal, primo de Bhupati e aspirante a escritor, vai viver
com eles para tentar encontrar um rumo para a sua vida
e também para fazer companhia a Charu que se interessa
igualmente por literatura. No entanto, passados alguns
meses, os sentimentos entre Charu e Amal começam a
ultrapassar a simples amizade.

13 – Stalker (Andrei Tarkovsky, 1979)

Após a suposta queda de meteoritos numa região do


planeta, essa região adquire propriedades estranhas e é
chamada de Zona. Dentro da Zona, diz a lenda ter o
Quarto, que seria um lugar onde todos os seus desejos
são realizados. Temendo que a população invada a Zona à
procura do Quarto, o exército a isola, mas eles próprios
não têm coragem de entrar nela. Apenas alguns poucos,
chamados Stalkers, têm habilidade suficiente para entrar
e sobreviver lá dentro. Um dia, um escritor famoso e um
físico contratam um Stalker para os guiarem ao Quarto,
sem exatamente saber o que procuram.
14 – Um Condenado à Morte Escapou (Robert Bresson,
1956)

Baseado na história do ativista da resistência francesa


Andre Devigni, que acaba preso durante a ocupação
alemã na França e é condenado à morte. O que alimenta
sua esperança é a preparação de um plano para fugir do
seu destino.

15 – A Dupla Vida de Véronique (Krzysztof Kieslowski,


1991)

O filme abre com a história de Veronika, uma jovem


polonesa com um talento absurdo para a música erudita.
Sua voz é incomparável. Após conseguir entrar em uma
escola de música, Veronika se apresenta pela primeira vez
e morre, com um ataque cardíaco. Veronique é uma
jovem francesa com um grande talento musical. Sua vida
seguia bem até que ela sente como se estivesse só. Perde
o interesse na música e acaba se relacionando um
manipulador de fantoches, Alexandre Fabbri, que a
conduz para uma espécie de conto da vida real.
16 – O Samurai (Jean-Pierre Melville, 1967)

O matador Jeff Costello é um perfeccionista: ele sempre


planeja com extremo cuidado todos os seus assassinatos
para nunca ser pego. Uma noite, porém, ele finalmente é
surpreendido por uma testemunha, e aos poucos, a partir
daí, ele vai sendo cada vez mais pressionado.

Resultado de imagem para O Samurai (Jean-Pierre


Melville
17 – Mother: A Busca Pela Verdade (Joon-ho Bong, 2009)

Hye-ja, é a mãe solteira de Do-joon, de 27 anos de idade.


Seu filho é a razão de sua vida. Apesar de um adulto, Do-
joon, é ingênuo e dependente de sua mãe, e às vezes
comporta-se de maneira estúpida ou simplesmente
perigosa. Ele é uma fonte constante de ansiedade para
todos. Um dia, uma jovem garota é encontrada morta em
um prédio abandonado e Do-joon, é acusado de seu
assassinato. Um advogado ineficiente e uma força policial
apática fecham o caso de Do-joon, muito rapidamente e
inspiram sua mãe a agir por conta própria. Convocando
todos os seus instintos maternais e não confiando em
ninguém, ela parte em busca do verdadeiro assassino
para provar a inocência do filho.

18 – Primavera, Verão, Outono, Inverno e… Primavera


(Kim Ki Duk, 2003)

Ninguém é indiferente ao poder das quatro estações e de


seu ciclo anual de nascimento, crescimento e declínio.
Nem mesmo os dois monges que compartilham a solidão,
em um lago rodeado por montanhas. Assim como as
estações, cada aspecto de suas vidas é introduzido com
uma intensidade que conduz ambos a uma grande
espiritualidade e a tragédia. Eles também estão
impossibilitados de escapar da roda da vida, dos desejos,
sofrimentos e paixões que cercam cada um de nós. Sobre
os olhos atentos do velho monge vemos a experiência da
perda da inocência do jovem monge, o despertar para o
amor quando uma mulher entra em sua vida, o poder
letal do ciúme e da obsessão, o preço do perdão, o
esclarecimento das experiências. Assim como as estações
vão continuar mudando até o final dos tempos, na
indecisão entre o agora e o eterno, a solidão será sempre
uma casa para o espírito.
19 – Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois (François
Truffaut, 1962)

Na virada para o século XX, Jules e Jim são dois amigos


que se apaixonam pela mesma mulher, Catherine, que
acaba casando com Jules. Depois da Primeira Guerra
Mundial, quando eles se reencontram na Alemanha,
Catherine começa a amar Jim.

20 – As Diabólicas (Henri-Georges Clouzot, 1955)

Christina é uma rica herdeira, proprietária e professora de


um colégio, cuja administração acha-se a cargo de seu
marido, Michel. Ele dirige o colégio com mãos de ferro,
bate na mulher, a humilha, serve comida estragada no
refeitório, é odiado por todos, professores e alunos, além
de ser amante de Nicole, uma das professoras. Nicole
procura Christina e lhe diz que ele só se casou com ela
pelo seu dinheiro e que torce para que ela sofra infarto e,
assim, ele possa herdar toda a sua fortuna. Em seguida,
sugere um plano para, juntas, assassiná-lo.
21 – A Doce Vida (Federico Fellini, 1960)

Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello


Mastroianni) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos
que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado
por um vazio existencial, frequenta festas, conhece os
tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido
para a vida.

22 – A Árvore dos Tamancos (Ermanno Olmi, 1978)

A vida e as dificuldades de uma comunidade de


camponeses da região de Bérgamo, no norte da Itália.
Uma das famílias decide colocar o filho na escola em vez
de utilizá-lo na lavoura. Eles enfrentam muitas
dificuldades, pois a escola fica muito longe e eles mal têm
condições de comprar roupas para o menino.

Imagem relacionada

23 – Era uma Vez em Tóquio (Yasujiro Ozu, 1953)


Casal de idosos viaja a Tóquio, onde pretende visitar os
filhos que há anos não vêem. Porém, todos são muito
atarefados e não têm tempo para dar-lhes atenção.
Quando sua mãe fica doente, os filhos vão visitá-la junto
com a nora de seu falecido filho mais novo, e complexos
sentimentos são revelados entre eles.

24 – Noites de Cabíria (Federico Fellini, 1957)

Uma prostituta procura, incansavelmente, seu verdadeiro


amor nas ruas de Roma. Após muitas decepções,
encontra o pretendente dos sonhos no local e hora mais
inapropriados.

25 – Tartarugas Podem Voar (Bahman Ghobadi, 2004)

Em uma vila de curdos no Iraque, na fronteira entre o Irã


e a Turquia e pouco antes do ataque americano contra o
país, os moradores locais buscam desesperadamente
uma antena parabólica, na intenção de ter notícias via
satélite.
Veja também:
O Homem Invisível
O Homem Invisível
The Red Phallus
The Red Phallus
O PARASITA QUE HÁ EM TODOS NÓS
O PARASITA QUE HÁ EM TODOS NÓS
Share Article: Os existencialistas não acreditam que os
seres humanos possuem um caminho predefinido, mas
sim, que este caminho é criado a partir da nossa
caminhada existencial, por essa razão não podemos
responder os porquês de tudo que acontece no mundo
em que vivemos, justamente por não sabermos como
racionalizar o mundo como percebemos. Neste ponto,
inicia-se a angústia existencial justamente por não
conseguirmos compreender e dar um sentido ao que
acontece ao nosso redor, restando apenas a liberdade de
existir.

FENOMENOLOGIA
O existencialismo foi fortemente influenciado pela
fenomenologia. O fundador da fenomenologia, o filósofo
alemão Edmund Husserl, introduziu este termo em seu
livro “Ideias Para Uma Fenomenologia Pura e Para Uma
Filosofia Fenomenológica” de 1913. Ele definiu a
fenomenologia como o estudo das estruturas de
consciência que possibilitam o conhecimento para se
referir aos objetos para fora de si próprio. Somente as
essências de certas estruturas conscientes particulares
constituem o objeto. Este estudo requer reflexão sobre o
conteúdo da mente para excluir todos os demais. Ele
chamou esse tipo de reflexão de “redução
fenomenológica”: Uma vez que a mente pode ser
direcionada para o não-existente, tanto quanto com os
objetos reais, Husserl advertiu que a reflexão
fenomenológica não pressupõe que existe algo com
caráter material; e sim equivale a colocar em parênteses
a existência, isto é, deixando de lado a questão da
existência real do objeto contemplado. Ele descobriu ao
analisar o conteúdo da mente uma série de eventos como
o recordar, o desejar e o perceber, e até mesmo o
conteúdo abstrato desses atos, que Husserl chamou
“significados”. Esses significados, segundo ele, permitiam
a um ato ser dirigida para um objeto sob uma aparência
concreta, e afirmou que a direcionalidade, ele chamou
“intenção”, era a essência do conhecimento. Os primeiros
seguidores proclamaram que a tarefa da fenomenologia é
estudar a essência das coisas e emoções.

EXISTENCIALISMO
O Existencialismo se apresenta como "movimento
filosófico que tenta estabelecer o conhecimento de toda
a realidade sobre a experiência imediata da existência",
que se destaca como um tema central para a reflexão da
existência de seres humanos, com as suas experiências e,
especialmente, seu pathos , ou seja, dos seus
sofrimentos.
Tentativa da filosofia existencialista de criar uma visão de
mundo de acordo com o estado de ânimo dos
intelectuais, com a fonte ideológica da filosofia de vida e
da fenomenologia.
Ele surgiu (primeiro na Alemanha após a Primeira Guerra
Mundial, depois na França após a Segunda Guerra
Mundial, e depois em outros países, incluindo os Estados
Unidos), como uma tentativa de criar uma nova visão de
mundo, de acordo com o estado de ânimo dos
intelectuais burguesa.
Como um movimento filosófico, se desenvolveu na
Europa, tem origem na Alemanha como consequência da
grande crise causada pelas duas guerras mundiais,
passando depois também para a França. O mundo deixou
de ser um lugar tranquilo e o projeto iluminista de uma
humanidade que iria conquistar a justiça e o bem-estar
social com a força de sua razão falhou completamente.
Nem mesmo a ciência ou técnica se mostraram uteis para
melhorar o mundo.
Surge de enorme ansiedade, um sufocamento existencial
do ser humano que emergiu durante o período entre
guerras. Mais tarde, nas décadas de 1950 e 1960, tornou-
se popular, converteu-se na filosofia da moda. Os artistas
identificados com esta corrente de pensamento eram
solitários. O corpo humano se caia dilacerado por
conteúdos existenciais.

A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA
Tem como essência tomar como ponto de partida a
relação objeto-sujeito, ou seja, o objetivo e o subjetivo
encarnados na existência do indivíduo. Para tornar-se
consciente de si mesmo, o homem tem que se encontrar
em uma situação extrema, limite, tal como a morte.
Ressalta o papel crucial da existência, da liberdade e das
relações individuais e que gozava de influência em
diferentes pensadores e escritores dos séculos XIX e XX.
Devido à diversidade de posições associadas com ao
existencialismo, o termo não pode ser definido com
precisão. Eles podem identificar, no entanto, alguns
temas comuns em todos os autores existencialistas: a
ênfase na existência individual concreta e,
consequentemente, sobre a subjetividade, a liberdade
individual e os conflitos das escolhas.
O existencialismo é um movimento filosófico e literário
dos séculos XIX e XX, mas você pode encontrar elementos
existencialistas no pensamento (e vida) de Sócrates, na
Bíblia e nas obras de muitos filósofos e escritores antes
da idade contemporânea: a maioria dos filósofos desde
Platão tem mantido que o bem ético mais elevado é o
mesmo para todos (na medida em que se aproxima a
perfeição moral, mais você se parece para os outros um
indivíduo moralmente perfeito).
O tema mais destacado na filosofia existencialista é o da
escolha. A primeira característica do ser humano,
segundo a maioria dos existencialistas, é a liberdade para
escolher. Eles afirmam que os seres humanos não têm
uma natureza imutável, ou essência, como têm outros
animais ou plantas; cada ser humano faz escolhas que
moldam sua própria natureza
Este movimento geralmente descreve a ausência de uma
força transcendental; isso significa que o indivíduo é livre
e, portanto, totalmente responsável por seus atos, sem a
presença de uma força superior que poderia determina-lo
em seus atos. Isso atribui aos seres humanos a criação de
uma ética de responsabilidade individual, separada de
qualquer sistema de crenças externos a ele. Esta
articulação pessoal do ser é, geralmente, a única maneira
de superar as religiões existentes, que lidam com o
sofrimento, da morte e do fim do indivíduo.
Apesar de sua posição inicial antirracionalista, não
podemos dizer que os existencialistas foram irracionais
no sentido de negar toda validade do pensamento
racional. Eles têm mantido que a clareza racional é
desejável sempre que possível, mas as questões mais
importantes na vida não são acessíveis pela razão ou pela
ciência. Eles também argumentaram que mesmo a ciência
não é tão racional quanto se supõe. Nietzsche, por
exemplo, disse que a visão científica de um universo
ordenado é para a maioria uma ficção mais prática, um
sonho.
Dentro dessa filosofia se desenvolve um papel importante
quanto ao conceito de liberdade: a "escolha" que faz do
homem uma possibilidade entre muitas que lhe são
apresentados, que têm caráter voluntário, separando
escolha de circunstâncias, ou seja , separando as leis
sociais objetivas , a necessidade objetiva e torná-lo um
problema ético, com extremo individualismo no que diz
respeito à sociedade.

PRINCIPAIS FUNDADORES DO EXISTENCIALISMO


Soren Kierkegaard (1813-1855), filósofo e teólogo
dinamarquês, teve interesse pela existência, pelas
escolhas e pelos comprometimentos individuais, os quais,
segundo Kierkegaard, tiveram grande influência na
teologia e na filosofia ocidental moderna, especialmente
no campo do existencialismo.
Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão.
Fundador da chamada fenomenologia existencial, é
considerado um dos pensadores mais originais do século
XX. Ele alegou que a fenomenologia deve revelar o que
está escondido na experiência comum do nosso
cotidiano, descrevendo o que ele chamou de “a estrutura
da cotidianidade”, ou “ser no mundo”, que pensou que
era um sistema inter-relacionado de habilidades, papéis
sociais, projetos e intenções.
Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi filósofo, dramaturgo,
romancista, jornalista político francês e um dos principais
representantes do existencialismo. Ele usou o termo
existencialismo para definir e descrever sua própria
filosofia e, após finalizada a Segunda Guerra Mundial, se
tornou o grande promotor do movimento em escala
internacional. Para Sartre a existência precede a essência.
Sua tese baseia-se no seguinte princípio: não há natureza
humana, ou seja, o homem não tem essência ou
natureza, portanto, o homem é o que ele tem feito de si
mesmo. Pensamentos coletados em seu livro "O
Existencialismo é um Humanismo".
Karl Jaspers (1883-1969) foi filósofo e psiquiatra alemão.
Jaspers foi um dos fundadores do existencialismo. Seu
trabalho, composto por mais de 30 livros, influenciou de
forma decisiva a teologia, a psiquiatria e a filosofia do
século XX.

A ARTE EXISTENCIALISTA

O existencialismo foi a base para muitos artistas após a


Segunda Guerra Mundial e se traduziu visualmente em
dor, em uma sensação de mal-estar, em uma negação do
figurativo e de qualquer regra que não era o que o
próprio artista entendia como válida. Desespero e perda
do sentido do homem são mostrados nos quadros. A obra
de arte muitas vezes se torna um meio em que será
despejada a ira do criador que está ciente do fracasso da
humanidade que levou o mundo a mergulhar em um
holocausto físico e em um apocalipse espiritual.
Após a II Guerra Mundial, o existencialismo surgiu nos
anos 50 como uma das principais correntes do
pensamento europeu. Depois dos horrores vivenciados
pela sociedade europeia não havia muito espaço para
considerações religiosas ou éticas, as ações dos homens
deveriam se basear pelas condições da vida, da própria
existência.
A chamada “Escola de Londres”, da qual participaram
Francis Bacon, Frank Auerbach, Leon Kossof e Lucian
Freud, entre outros, era composta em sua maioria por
artistas judeus que sofreram as consequências da Grande
Guerra.
Exilados, sentiram a necessidade de retratar a realidade
de maneira mais densa, explícita. Algumas das marcas do
existencialismo são a angústia, a transformação do
indivíduo, o absurdo. Francis Bacon, por exemplo,
retratava corpos como pedaços de carne dilacerados,
“desfeitos”. Sem a densidade do corpo a verdadeira
liberdade poderia emergir, mas era necessário mostrar
que somos feitos de carne. Lucian Freud retratou corpos
sem esconder os “detalhes” feios. Imagens explícitas, mas
nunca, jamais voltadas para o erotismo. O nu retratado
por Freud nos mostra homens solitários e encarcerados
dentro de seus corpos. Assim como em Bacon, há uma
“carnalidade” na sua pintura, carnalidade essa puramente
figurativa.
Alguns consideram que os conceitos desenvolvidos na
filosofia existencialista foram fortemente influenciados
pela arte. Romances, peças de teatro, filmes, histórias e
pinturas, sem que tenham sido catalogadas
necessariamente como existencialistas, sugerem serem
precursores de seus postulados.
Como dito anteriormente, após a Segunda Guerra
Mundial, o existencialismo se traduziu em muitas obras
de arte que mostravam dor, desassossego e na negação
de qualquer regra que não seja o que o artista declarou
válido. Em sua arte mostrava o desespero e a perda de
rumo das vidas humanas. A arte se converteu em um
suporte onde expressar sentimentos de raiva causada
pelo fracasso da humanidade que levou o mundo a um
holocausto. Mas, apesar desse ponto de vista, podemos
também encontrar outros pontos de vista diferentes que
rejeitam este tipo de arte, enfatizando que seguir por
esse pensamento irá nos levar a perda total do homem
em seus cinco sentidos, pois estes pensamentos
degeneram a arte

GERMAINE RICHIER
Germaine Richier – (1902-1959)França
Escultora francesa. Durante a Segunda Guerra Mundial
construiu seu próprio mundo imaginário. Combinação de
flora e fauna, chegando a produzir despois da guerra
enormes estatuas.

Germaine Richier - Water, 1953-54


JEAN FAUTRIER

Jean Fautrier
Pintor e escultor francês. Com suas pinturas abstratas
podemos dizer que foi um pintor abstrato lírico.
Ele queria expressar a horrível experiência vivida quando
a França foi ocupada pelos Nazistas. Colocava uma grossa
capa de cor e continuava desenhando e pintando.

Jean Fautrier - Tête d'otage N. 14, 1945


ALBERTO GIACOMETTI

Alberto Giacometti
Escultor e pintor suíço (por mais que tenha passado a
maior parte de sua na França). Suas estatuas humanas
parecem aparições dissecadas que se montam na medula
da existência.
Alberto Giacometti - l'homme qui marche

FRANCIS BACON

Francis Bacon (1909-1992), é um artista cuja desoladora


visão da condição humana, unida a seu tratamento
austero da homossexualidade masculina, despertou em
seu tempo fascinação e repulsa, porém a sua obra não
deixou de ganhar importância com o passar do tempo.
Nascido em Dublin, filho de pais ingleses, Bacon
trabalhou algum tempo como designer de interiores
antes de começar a pintar no ano de 1928. Porém,
exigente consigo mesmo, destruiu a maior parte de sua
produção inicial. É o pintor britânicos mais importantes
do século XX.

Sua autêntica incursão pelo mundo da arte


contemporânea não ocorreu até 1945, quando seu
tríptico " Três Estudos para Figuras na Base de uma
Crucificação", pintado no ano anterior, causou um
enorme impacto sobre os visitantes da galeria Lefebvre,
em Paris, onde ele se exibiu pela primeira vez ao público.
(obs: Um tríptico é geralmente, um conjunto de três
pinturas unidas por uma moldura tríplice, dando o
aspecto de serem uma obra, ou somente três pinturas
juntas formando uma única imagem.)

Neste tríptico, que agora pertencente ao museu Tate,


estão "em poucas palavras" algumas das constantes em
sua obra: o isolamento - mais tarde enjaulamento- da
figura, a violência sadomasoquista, a náusea, a fascinação
pela carne, elementos que fazem de Bacon um pintor
existencialista por excelência.
Um existencialismo visceral, viscosa e abertamente sexual
parece ser o oposto do existencialismo distante, ascético
e quase metafísico de seu contemporâneo suíço Alberto
Giacometti.

O mesmo escreveu em 1964 sobre sua obra onde disse


que ele gostaria que suas pinturas parecessem como se
tivessem passado por eles uma presença humana
deixando sua marca “como um caracol deixa sua baba”.

Bacon foi um colecionador de imagens, fotografias e


reproduções de tudo o que viu em revistas e livros, que
ele cortava e amontoava em seu estúdio caótico para,
eventualmente, recorrer a eles sempre que necessário.

Totalmente autodidata, porém fascinado pelos fortes


momentos da história da arte, especialmente pela a
pintura de Masaccio, Velázquez, Goya, Rembrandt, Van
Gogh e Picasso, Bacon não hesitou em se apropriar de
imagens de outras pessoas e manipulá-los para suas
próprias criações.
Sua apropriação mais famosa, além da série de
fotografias de atletas e animais de Eadward Muybridge, é
a que fez do retrato do Papa Inocêncio X, de Velázquez,
que a distorceu até que se tornou uma imagem icônica do
isolamento e do desespero mais radical.

Outra grande influência sobre Bacon é a exercida pelas


figuras violentamente distorcidas dos anos trinta feitas
por Picasso, embora nos corpos dos animais que
apareceram em seus estudos para uma crucificação
também há citações claras de Rembrandt e Soutine.

Seu material favorito era definitivamente a figura


humana. Bacon evidentemente não se sentia à vontade
com paisagens, mesmo que tenha, no entanto, algumas
amostras.
Mas são especialmente seus nus, tanto femininos - por
exemplo, sua amiga Henrietta Moraes - como os
masculinos, massas amorfas de carne que parecem
oferecer uma batalha agonizante no meio de um ringue.
E estão também seus retratos e autorretratos, embora
ele mesmo disse detestar seu rosto e só o pintava quando
ele não tinha nenhum outro modelo. É são seus rostos
retorcidos e deformados e essas pinceladas violentas que
fazem seu estilo imediatamente reconhecível.
Entre eles se destacam sem dúvida os que ele pintou
quase obsessivamente de sua amante George Dyer, cujo
suicídio em um quarto de hotel em Paris, na véspera da
inauguração da retrospectiva de Bacon no Grand Palais,
localizado na mesma cidade, deixou no artista um
enorme vazio.

Sua pintura está marcada pela mesma situação trágica


que marcou a obra de Sartre e de outros existencialistas.
Desnudo agachado, 1950

Bacon lhe dedicou vários trípticos póstumos, desde o


mais misterioso e elegíaco de todos, pintado em 1971,
apenas dois meses depois do suicídio, até os mais
desesperados de 1972 e principalmente o de 1973.
Neste último, o artista mostra seu amigo sozinho em seu
quarto de hotel, vomitando na pia ou sentado no vaso
sanitário, cercado por uma mancha negra que seria a
morte em transe de engoli-lo.

YAYOI KUSAMA

Yayoi Kusama, a “rainha lunática”


Obsessão interminável.
Para muitos a maior entre todos(as) artista vivos(as) do
Japão.
Seu trabalho vai desde a esfera privada para a esfera
pública, da pintura à performance, do estúdio para a rua.

Yayoi Kusama nasceu em Matsumoto, Japão, em 1929.


Depois de uma conjunto poético de obras semi-abstratas
em papel que marcaram seu início de carreira, na década
de 40 , Kusama criou a famosa série Infinity Net (Red
Infinita) no final da década de 50 e início da década de 60.
Estes trabalhos altamente originais são caracterizados
pela repetição obsessiva de pequenos arcos de tinta
acumulam em grandes superfícies seguindo padrões
rítmicos .
Kusama se mudou para Nova York em 1957, onde se
encontrou com Donald Judd, Andy Warhol, Claes
Oldenburg e Joseph Cornell. Isso foi um marco em sua
carreira artística. Da prática pictórica passou às esculturas
brandas conhecidas como Accumulations (Acumulações)
e, em seguida, para performances ao vivo e happenings
(espetáculo dramático inusitado, em geral artisticamente
concebido como uma série de acontecimentos sem
continuidade, em que o imprevisto e o espontâneo têm
papel essencial, envolvendo a participação da plateia),
exemplos claros de cultura alternativa de New York, com
a qual ganhou reconhecimento e reputação na cena
artística local.

Happening: Explosão Anatómica na estátua de Al[ice no


País das Maravilhas. Central Park, 1968
Em 1973 Kusama retornou ao Japão e em 1977 se
internou voluntariamente em uma clínica psiquiátrica
onde reside desde então. A já marcada peculiaridade
psicológica de sua obra, se soma a um amplo espectro de
inovações formais y reinvenções que permitem a artista
compartilhar com um público amplio sua singular visão,
através dos infinitos espaços espelhados as superfícies
obsessivamente cobertas de pontos que lhe deram fama
internacional. Nas suas obras mais recentes, Kusama tem
recuperado o contato com seus instintos mais radicais em
instalações envolventes e peças que convidam a
colaboração, obras que lhe converteu na artista viva mais
célebre do Japão.

Infinity Mirror Room – Phalli\’s Field [Sala de espelhos


infinito – Campo de falos]1965-2013

LUCIAN FREUD

Lucian Michael Freud (1922-2011)


Neto de Sigmund Freud, Lucian Michael Freud (1922-
2011) nasceu em Berlim e permaneceu na Alemanha até
1933, quando se mudou para o Reino Unido com a família
para fugir da tomada nazista. Alguns anos depois foi
naturalizado britânico e permaneceu em Londres durante
toda a sua vida.
Mais do que retratos do cotidiano, Freud procurou,
através da sua arte, compreender quais seriam os traços
e pinceladas exatas que poderiam traduzir a
“humanidade” das pessoas, e hoje é reconhecido como
um dos maiores representantes da arte existencialista.
“Fazer um retrato é tentar ver o que você não viu antes. É
extraordinário o quanto podemos aprender sobre nós
mesmos se olharmos para alguém com muita atenção,
sem julgar” – disse o artista em uma entrevista concedida
em 2009 a Michael Auping, curador do National Gallery,
Londres.

Dentre os principais representantes do existencialismo


filosófico estavam os escritores e pensadores franceses
Jean Paul Sartre e Albert Camus. Romances e peças
teatrais como Entre Quatro Paredes, O Muro, O
Estrangeiro, O Mito de Sísifo e O Homem Revoltado
traziam histórias nas quais os personagens encontravam
dilemas éticos e guiavam-se sem a ajuda de dogmas
religiosos, fé ou idealismos. A falta da crença em algo que
lhes fosse externo, tal como Deus por exemplo, os levava
a sentir o peso e o vazio ocasionados pela solidão e pela
responsabilidade de escolher os caminhos da própria
existência.
Já nos anos 60 a arte existencialista cedeu seu lugar a
estilos menos “densos”. Surgiam nas artes plásticas
imagens com características de alienação, a cultura pop
fazia parte da realidade daquela década onde a
publicidade começava a ditar tendências. O neo-
dadaísmo e a arte abstrata complementavam o cenário.
Nesse contexto, o figurativismo de Freud atuou como um
contraponto a arte abstrata da época. Os personagens
que retratou em pinceladas carregadas de óleo traziam
consigo visceralidade, tristeza, o peso da vida. Através da
carne densa, o retrato do estado psicológico do indivíduo
sozinho no mundo, ancorado no desespero da existência.

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