Manuel Matos*
Psicanálise Relacional:
Intercepções teóricas e clínicas na actualidade
*Doutoramento e Agregação em Psicologia Clínica pela Universidade de Lisboa
Psicanalista Titular pela Sociedade Portuguesa de Psicanálise
**1ªs Jornadas da Associação de Psicanálise Relacional, Lisboa: Fac. de Psicologia, 15 de Outubro de 2016
Abertura
Este trabalho inspira-se na leitura atenta de uma obra incontornável de P. Fonagy
(2001), publicado em francês sob o títuloThéorie de l’attachement et psychanalyse.
A vida acontece na relação e no plural. Para o bebé, para a criança, a mãe e as pessoas
desse primeiro mundo restrito são vitais para o desenvolvimento psíquico. Na base
dessas relações iniciais, mas que prosseguem, edifica-se toda a vida mental posterior.
Privado da relação humana, sem expressões afectiva e emocionais a criança adoece
ou morre, ou para evitar a morte, fecha-se na concha autística.
A de Ajuriaguerra (1977)1 dá-nos conta da primeira experiência de privação afectiva
conhecida descrita pelo cronista Salimbeni, contemporâneo do imperador Alemão
Frederico II, (1194-1250), o qual querendo saber se os bebés falavam espontaneamente
o hebreu, o latim, o grego, ou a língua dos pais ordenou às amas que cuidassem das
crianças, mas não lhes falassem em circunstância nenhuma. As amas assim fizeram e
essas crianças, tratadas maquinalmente e sem expressões verbais que veiculassem a
relação, morreram todas.
A relação afectiva e emocional, indispensável à emergência psíquica, aparece como
sustentáculo da vida.
Tal como o bebé que à partida procura objecto de vinculação que o faça agarrar-se à
vida, o paciente que nos procura espera encontrar em nós qualidades relacionais que
lhe permitam compreender a natureza das suas relações com outras pessoas e consigo
mesmo. O palco da realidade externa dessas pessoas na relação com outras e a
complexidade dos acontecimentos de vida mobiliza a nossa escuta, mas a apreensão
da realidade interior, que está subjacente e imperceptível, obriga-nos a uma
descentração direcionada para a realidade interior dominada por inúmeras
representações subjectivas. Fazendo isso procedemos em relação ao analisando como
é suposta proceder a mãe com a criança no desenvolvimento da mentalização e da
função reflexiva. Na sequência dos trabalhos de P. Fonagy, S.Tereno e al. (2016)
referem que “o desenvolvimento da mentalização repousa na capacidade da mãe em
construir uma representação da criança enquanto sujeito tendo sentimentos, desejos e
intenções; o que permite à criança descobrir a sua própria experiência interna pela via
das representações que lhe apresenta a sua mãe”, p. 312.
As experiências afectivas e emocionais vividas na relação desencadeiam
representações subjectivas, constituintes das identificações primárias, e de um
inconsciente não recalcado de natureza predominantemente sensorial.
1
A. de Ajuriaguerra ( 1977) Manuel de la psychiatrie de l’enfant, Paris: Masson. (Cap.VII, “la sphere oro-alimentaire,
son organisationet ses désordres”, p.p.199-231)
2
Na análise esta realidade traduz-se na nossa intuição e capacidade de sentir o que está
aquém da palavra.
Desde logo, e do ponto de vista psicanalítico, a apreensão das realidades que abarcam
as relações objectais internas e externas mobiliza a subjectividade e múltiplas zonas da
receptividade sensorial do analista, e questionam a validade de um corpo teórico e
conceptual que vem sendo posto à prova no exercício clínico da psicoterapia e da
psicanálise perante novas formas de expressão psicopatológica.
Formas particulares de relações precoces têm dado origem a formas particulares de
desenvolvimento psíquico que obrigam psicanalistas e psicoterapeutas a privilegiar as
perspectivas relacionais como formas de intervir. É hoje ponto assente que as boas
relações atempadas geram saúde mental e que as distorções ou falhas relacionais,
particularmente em períodos sensíveis do desenvolvimento, geram sofrimentos
psíquicos, constituem vivências traumáticas e alastram do meio familiar para o tecido
social e educativo, comprometem a vida e a saúde em geral.
Também se constata que um psicoterapeuta ou psicanalista mal preparados podem
fazer com que um paciente descompense ou psicotise sob o efeito de uma relação
desadequada; como se isto confirmasse a sobreposição da relação analítica actual com
as relações significativas anteriores no melhor ou pior sentido.
A psicanálise relacional constitui um modelo de intervenção que permite ao paciente
retomar relações que ficaram suspensas, por norma de natureza traumática, sem que
isso dispense um conhecimento essencial acerca das principais linhas de
funcionamento psíquico do analisando e da psicopatologia que pode estar subjacente
ao pedido de intervenção
Na clínica observamos estreitos nexos de causalidade entre relações adequadas,
desenvolvimento psíquico e saúde mental; tal como observamos perturbações do
desenvolvimento e patologias psíquicas sempre que essa relações foram
predominantemente más, pervertidas, interrompidas precocemente, ou naquelas em
que ocorreram cortes abruptos, como acontece em casos de perdas significativas que
obrigam a trabalho de luto psicológico; nem sempre possível ou em abandonos que dão
origem a revoltas insanáveis e a lutos patológicos enquistados.
A capacidade ou impossibilidade relativa de implicação do sujeito com os seus objectos
de relação, tanto no paciente como no analista, constitui elemento decisivo para se
avaliar da indicação terapêutica ou de indicação do analista para o seguimento.
Como sabemos, as relações de objecto constituem-se como padrões de funcionamento
psíquico, sobretudo durante a infância que tendem a generalizar-se quaisquer que
sejam os objectos de relação externa ou as circunstâncias. Se nos ativermos apenas a
3
comportamentos ou atitudes objectivas estaremos a intervir sobre uma realidade sem
ter em linha de conta as determinantes intrapsíquicas, constituintes da subjectividade.
Qualquer que seja a intervenção psicoterapêutica a determinante maior é de natureza
relacional. Um bom teórico que não goste do paciente só lhe faz mal. E quem quiser
fazer bom trabalho sem perceber os meandros do desenvolvimento psíquico, ou que
não seja capaz de fazer uma leitura suficiente dos seus próprios processos psíquicos
prejudica o paciente. A psicoterapia enquanto acto psicológico de responsabilidade é
simultaneamente técnico e subjectivo, na medida em que as relações não se explicam.
Vivenciam-se. Vivencia-se a experiência analítica ou psicoterapêutica na justa medida
em que os actores se implicam no processo.
Em meu entender, o pressuposto da intervenção psicanalítica relacional é o de que o
analisando viveu relações desadequadas em períodos sensíveis da sua formação
psíquica que se traduziram em retiradas relacionais mais ou menos evidentes. A clínica
mostra-nos isso mesmo:
- Na psicose o sujeito retira-se da relação e constrói uma neo-realidade, sob a forma de
delírio e a intervenção
- Nas patologias limite a descontinuidade relacional é uma constante. O objecto retirou-
se da relação precocemente e o sujeito está sempre a retirar-se e a interromper
relações.
-Na linha das depressões e na linha da ansiedade estão em causa diferentes formas de
retirada relacional, obviamente defensivas que vão do retraimento fóbico e inibições
ansiosas até à retirada esquizoide e isolamento do contacto com o mundo, ou ao
encapsulamento autístico.
-É ainda de retirada que se trata quando uma parte da vida mental da pessoa se
encapsula sob forma de dor crónica ou em situações hipocondríacas e psicossomáticas
nas quais o sujeito perde o contacto psíquico com essas partes de si mesmo e, a título
de controlo recorre à objectividade racional que nada esclarece.
Contrariamente ao senso comum estar vivo é antinatural2. A vida acontece, mas a vida
psíquica nasce das relações humanas adequadas que respeitem a trajectória que vai
da imaturidade e dependência da criança à autonomia progressiva que permitam ao
homem criar novas relações. As patologias correspondem a estagnações dessas
trajectórias a diferentes níveis de retiradas relacionais, a título defensivo.
A retirada relacional é uma invariante cada vez que a pessoa se sente em perigo.
Creio que um dos grandes prismas da psicanálise relacional consiste, precisamente, em
ligar, por um lado, retirada relacionais mais ou menos intensas por parte do paciente a
2 Michael Guillen, (1995) Cinco equações que mudaram o mundo, trad. ing. Lisboa: Gradiva, 2004
4
título defensivo em diferentes relações períodos de vida e, por outro, na relação
adequada que se deve oferecer durante o processo psicanalítico ou psicoterapêutico. A
nova relação deve ser de natureza a corrigir distorções relacionais anteriores. J.
Stackey, ( ) M. Balint,( ) D. Winnicott,() R. Fairbairn,() na perspectiva das relações
objectais, J. Grenberg, St. Mittchel e A. Bateman na vertente intersubjectiva, J. Bowlby
( ), e P. Fonagy (), entre outros, na perspectiva da vinculação, cada um a seu modo e
na sua época transmitiram-nos esses ensinamentos.
O que pretendo salientar aqui é que a psicanálise relacional enquanto atitude me parece
ser a mais adequada a uma intervenção onde prevaleça a invariante da retirada
relacional.
A psicanálise relacional diz respeito a uma abordagem relacional e intersubjectiva na
qual o encontro psicanalítico acontece entre duas pessoas empenhadas na co-
construção de realidades a partir de duas subjectividade emergentes no processo
analítico, a subjectividade do analista e a do analisando.
Como noutras perspectivas o analista é parte determinante do processo terapêutico,
mas na perspectiva relacional a sua responsabilidade é acrescida no que diz respeito a
capacidade de pensar os seus movimentos psíquicos no âmbito da contratransferência.
Do meu ponto de vista as novas patologias, nomeadamente nos dois grandes
paradigmas clínicos das patologias limite e o do autismo, reenviam-nos para um objecto
que pouco se questionou quanto à sua importância no devir da saúde mental. É exigido
à criança uma adaptação precocíssima à vida dos adultos na actualidade. O que daí
decorre é que os pacientes exigem de nós aquilo que o mundo lhes deve, e antes de se
interrogarem interrogam-nos.
No processo clássico a tónica da dinâmica transfero contratransferencial é colocada
sobretudo no paciente, ou no analisando, como se pretenda, enquanto na psicanálise
relacional se incide no processo. E, à semelhança de uma mãe que entende que o filho
se deve adaptar a ela e à sua maneira adulta de ver a realidade, o processo clássico
constitui, por vezes, um movimento contrário ao da mentalização. Nesta forma de
pensar o analista parte do princípio que a sua contratransferência decorre da
transferência do analisando.
Enquanto no processo clássico se acentua o histórico, a transferência do paciente, e
todo um cortejo teórico que sustentam um “à priori” segundo o qual “o problema está
em si”, na psicanálise relacional, e para que existam processos transformacionais, a
actualidade, a relação que se oferece ao paciente a leitura atenta das atitudes
contratransferenciais do analista, bem como a capacidade de recorrer a um “terceiro
analítico” distinguem claramente o que é ou não é a psicanálise relacional.
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E por isso dizemos que na psicanálise relacional a contratransferência precede e
condiciona a transferência do analisando. Os trabalhos de H. Racher, (1949) e P.
Heiman, (1950) foram pioneiros nessas temáticas.
Numa situação o analista questiona, noutra não deixa de questionar, mas em primeiro
lugar questiona-se e por esta via promove a função reflexiva, descrita por P. Fonagy, ()
e Debbané ( ), entre outros.
O analista fazendo uso da intersubjectividade que emerge no campo analítico deverá
ter um pensamento equivalente ao do objecto materno quando a mãe consegue ir ao
encontro do estado psíquico da criança subjacente às atitudes ou comportamentos no
sentido do desenvolvimento da mentalização e da capacidade reflexiva. Deixa assim
de ser o analista observador para ser participante.
Onde coloco as minhas dúvidas é que o intra-psíquico possa ser substituído pelo
intersubjectivo ou que o presente, ou o aqui e agora, possa secundarizar a importância
do passado que comporta o fio condutor da vida mental. Nele reside, precisamente, a
história e as vicissitudes das relações paciente.
Parece-me incompreensível que as teorias da relação e as da vinculação afirmem que
“o passado, o trabalho de memória e de reconstrução não tenham importância no
trabalho clínico”, p.152.
Tudo o que há de menos relacional é negar o que se observa. P. Fonagy ( ) lembra,
aliás, que na transferência o paciente põe em jogo as consolidações e transformações
vividas no passado com pessoas reais onde foram gravadas, combinadas,
reorganizadas e vividas relações complexas com outros reais nas interacções actuais”,
p. 151.
É ele mesmo que acrescenta: um ponto de vista claramente determinado,
intersubjectivo-relacional ainda não emergiu. O que é claro é que as ligações entre as
ideias de Mitchell e as teorias da vinculação testemunham de inúmeros pontos de
sobreposição, parecem ser os mais fecundos e de maior convergência, p.148.
P. Fonagy (2001) considera mesmo Bowlby o pai da psicanálise relacional e salienta a
convergência do seu pensamento com o de St. Mitchell.
Segundo Bowlby (1980) “as vinculações íntimas do sujeito a outras seres humanos são
o eixo em torno do qual decorre a vida das pessoas: como bebé, como criança, na vida
escolar, na adolescência, nos anos de maturidade até à velhice”, op. cit. p.
P. Fonagy no seu livro teoria da vinculação e psicanálise salienta pontos de discórdia
e de concordância entre teorias e autores cujos trabalhos são uma referência na
actualidade. Como veremos mais adiante, de um modo geral, os autores que se
baseiam na observação privilegiam os aspectos relacionais, mas quando passam à
conceptualização têm dificuldades em abstrair-se de pressupostos teóricos
6
anteriormente adquiridos. A título de exemplo referem-se os trabalhos de A. Freud,
sobre observação minuciosa de bebés, com perturbações da socialização precoce
relacionadas com privações afectivas, carência de cuidados por parte dos cuidadores,
mas quando se tratava de conceptualizar ela entendia que “o percurso de
desenvolvimento da criança não podia ser determinado pelas experiências precoces”,
p.92.
Critica semelhante se poderia fazer à teoria da vinculação e à teoria relacional para os
quais a sexualidade e a agressividade são derivados de experiências da primeira
infância, mas não constituem forças motoras do desenvolvimento, p.93.
Posto desta forma parece haver uma secundarização da importância da sexualidade,
quando todos sabemos que assim não é.
O que aqui parece evidente é o distanciamento em relação à teoria da pulsionalidade
segundo S. Freud em favor das teorias das relações de objecto.
Com R. Fairbairn (1940-1946) a relação aparece como fundadora da vida mental. Na
relação, a criança interioriza representações dinâmicas e processa movimentos
relacionais.
Fairbairn, considerado um dos fundadores do modelo relacional, introduz uma mudança
de fundo na teoria pulsional e estrutural de Freud e na teoria da líbido propriamente dita,
com repercussões ao nível da compreensão do desenvolvimento da psicopatologia e
da técnica analítica. Na sua óptica, e como se constacta na clínica, a criança procura o
objecto para se relacionar, a satisfação decorre da relação e a relação estrutura a vida
psíquica.
Esta concepção altera a própria teoria da líbido e a atitude na procura do objecto. Não
é a atitude libidinal que determina a relação de objecto, mas a relação de objecto que
determina a atitude libidinal, p.52.
Também H. Kohut, como veremos adiante, dá pouca importância à sexualidade e diz-
nos que algumas manifestações da sexualidade infantil e de aparência edipiana são
defesa contra falhas narcísicas subjacentes.
A teoria de Fairbairn vem questionar o conceito fundamental da psicanálise, que é o do
recalcamento. Na sua óptica o que é recalcado são os acontecimentos traumáticos, o
que nos merece aqui um reparo. Como sabemos todo o acontecimento vale por aquilo
que é e por aquilo que esse mesmo acontecimento representa do ponto de vista afectivo
e emocional. O recalcamento acontece ao nível da representação que está contida nos
acontecimentos. A memória descritiva mantem-se, mas aquilo que o acontecimento
representa sofre o efeito do recalcamento. E por esta via separa-se acontecimento e
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afecto. Certos impasses no processo analítico reflectem precisamente o corte exercido
a esse nível. Este facto comprova-se quando através de um sonho ou numa sessão
analisando desbloqueia o impasse ao mesmo tempo que religa o que anteriormente
sofreu o desligamento.
Todos sabemos quanto o recalcamento é, no essencial, um mecanismo de defesa activo
na base do qual se organizam todos os outros no desenvolvimento da vida psíquica e
não apenas na patologia. Tanto assim que quando o recalcamento não é conseguido
temos necessidade de manter um contra investimento da representação afectiva.
É preciso lembrar que o recalcamento é um mecanismo de defesa activo e constante,
tanto mais que em certas patologias há necessidade de manter contra investimentos de
atitudes para que não reapareçam em força o que se pretende controlar; assim acontece
nas formações reactivas de bondade para evitar a emergência de forças agressivas ou
caóticas.
Na perspectiva do trauma psíquico e do seu impacto sobre todo o funcionamento mental
é concebível a teoria de Fairbairn acerca do recalcamento, embora a prática clínica nos
mostre que em situações traumáticas a memória descritiva mantem-se, mas aquilo que
o acontecimento tem de traumático fica isolado da consciência. As patologias da dor
crónica são disto um exemplo na actualidade.
A prudência obriga-nos a relativizar conceitos qualquer que seja a perspectiva em que
nos coloquemos. E em psicanálise relacional uma atitude inclusiva é aconselhável.
Embora não exista ainda “um ponto de vista claramente determinado, intersubjectivo-
relacional, como refere Fonagy, o certo é que as patologias da actualidade entrelaçam
problemas relacionais, de desenvolvimento e da vinculação primária. E quando
centramos a actuação clínica e de supervisão na perspectiva da psicanálise
desenvolvimentista, das relações de objecto e da teoria da vinculação surgem
transformações psíquicas apreciáveis, razão pela qual elegemos entre elas
convergências de autores e de conceitos com um cunho marcadamente relacional.
Salientemos em primeiro lugar alguns pontos de convergência entre Freud, Ferenczi e
e a teoria da vinculação de Bowlby, 71-75.
Na primeira teoria do trauma da sedução Freud refere que a patologia se deve a
acontecimentos reais na primeira infância (ver referência exacta)
Ferenczi (1930-33) evoca o trauma da incompreensão dos adultos em relação à criança
Freud e Bowlby assinalam as consequências das carências precoces. O primeiro
desvia-se da teoria da sedução e insiste sobre a teoria psicossexual do
desenvolvimento, enquanto Bowlby ( ) na trilogia apego, separação e perda se centra
8
no apoio psicológico e social que se deve dar à criança e confere particular atenção à
representação das experiências na estabilidade da vida mental e acentua a necessidade
de vinculação na criança.
Na teoria freudiana após a publicação de Inibição sintoma e angústia (1926) o protótipo
da situação de perigo é a perda do objecto na teoria da vinculação que acentua a
importância do objeto cuidador e igualmente o medo da perda.
Freud (1938) fala da relação à mãe como única e como protótipo das relações amorosas
posteriores. Bowlby acentua a qualidade da “maternage” e a necessidade de
apego/vinculação. Freud foi também um homem da psicanálise relacional. Em 19373
refere-se às limitações dos analistas no processo analítico quando pretendem fazer
chegar os seus pacientes a níveis que eles próprios não atingiram e fale aí de relação
analítica fundada no amor à verdade e, na senda dos trabalhos de Ferenczi diz: “não é
só a constituição do Eu do paciente, mas também o carácter próprio do analista que
reivindica o seu lugar entre os factores qui influenciam as perspectivas de cura
analítica”, p. 262-263. E mais adiante diz “alguns analistas aprendem a utilizar os
mecanismos de defesa que lhes permitem desviarem-se da sua própria pessoa as
consequências e exigências da análise, p.264.
Salientem-se também convergências entre as observações A. Freud (1944) com a teoria
da vinculação e a divergência quanto à conceptualização,p. 91-94).
Fonagy refere que A. Freud com Drothy Burlingham fizeram observações pertinentes
sobre o sofrimento psíquico e a carência de cuidados maternos nas crianças vítimas da
guerra. Foi a partir daí que ela estabeleceu a teoria das fases em o Normal e o patológico
nas crianças em que a “fase actual” corresponde à elaboração da anterior. Quando uma
das etapas falha deixa a criança com falhas estructurais. Mas é referido que A. Freud
tinha uma profunda antipatia pela teoria da vinculação e numa exposição de Mary
Ainsworth sobre a situação estranha reafirmava o predomínio da teoria da
pulsionalidade, p.94.
Tanto ela como Bowlby entendem que o passado dá sentido ao presente e prediz o
futuro.
Fonagy, p.93, refere Selma Fraiberg, e salienta que a patologia é vista como o
disfuncionamento das modalidades de vinculação, como consequência de falta de
cuidados parentais tornando difíceis a utilização de defesas por parte da criança
Vejamos agora convergências e divergências entre os psicanalistas
desenvolvimentistas e a teoria da vinculação, p.94-102.
3 S. Freud, (1937) “ Analyse avec fin et analyse sans fin”, Résultats, idées, problèmes, I I, 1921-1938,
Paris: Puf, 1985. (231-268).
9
Mahler é bastante citada pelos teóricos da vinculação A sua elaboração dos conceitos
de separação individuação e do reabastecimento emocional junto da mãe após períodos
de separação e a noção de base de segurança são semelhantes.
Weil 1970, citado por Fonagy p. 95, salienta a importância que desempenham as
representações que a mãe constrói sobre o seu bebé como mediadores da relação entre
o seu estado de espírito e os cuidados que tem, ou não tem, com o seu bebé no
desenvolvimento da vida psíquica.
É Mahler que estudo a necessidade decrescente de proximidade entre a mãe e o bebé
para que o desenvolvimento aconteça.
Os trabalhos de Mahler e Masterson têm uma importância maior nos teóricos da
vinculação nomeadamente ao nível das patologias limite; concluem mesmo que a mãe
do borderline foi provavelmente ela própria borderline, p. 99.
A. Bateman e e P. Fonagy (2006)4 escrevem um livro inovador na base da teoria da
vinculação no qual explanam, entre outos, a evolução do mundo interpessoal e
relacional e apresentam os princípios da intervenção.
Também D. Stern, na senda dos psicanalistas desenvolvimentistas, nomeadamente
Spitz, Mahler, interliga diferentes modelos criando o conceito de mundo
representacional. É D. Stern que desenvolve o conceito de “accordage”, ou afinação
afectiva, pondo à prova a capacidade do adulto dispensador de cuidados no
desenvolvimento da capacidade reflexiva da criança. Facto a ter em conta na afinação
afectiva que deve existir entre analista e analisando durante o processo analítico.
Vejamos agora o modelo de J. Sandler, p.102-104.
O modelo de J. Sandler é talvez o mais próximo da teoria da vinculação e da minha
perspectiva: as representações complexas de si mesmo e do objecto são construídas
nas experiências quotidianas, carregadas de afecto e pelos fantasmas e recordações
da pessoa só ou em interacção com os outros. Os modelos relacionais da primeira
infância entram em cena nas relações adultas; segundo Fonagy há pouca diferença
entre esta perspectiva e a dos MIO. Lembra ele que foi Emde (1983,1988 ) teve o mérito
de trazer para 1ºplano a noção de representação mental e o sentido de Si e do outro a
partir das trocas relacionais primitivas mãe bebé.
As descrições de Sandler são análogas às de Bowlby. O primeiro fala de contexto de
segurança, Bowlby de base segura, p 103.
Sandler acrescenta algo à teoria de Fairbairn a propósito do sabotador interno (S. I.) e
à teoria da identificação ao agressor de A. Freud, dizendo que criança maltratada
4 A. Bateman, P. Fonagy, (2006) Mentalisation et trouble de la personalité limite, Bruxelles: de boeck
supérieur, 2015
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procura contacto com o objecto maltratante porque, paradoxalmente, é uma experiência
conhecida e previsível, Ibidem.
Modelo de Sandler pode ser concebido como uma elaboração da teoria da vinculação.
O modelo Klein- Bion integra-se nas teorias da relação de objecto que deslocaram o
seu interesse para questões ligadas ao desenvolvimento, (p.105-116).
As teorias da relação de objecto diferem entre elas segundo uma visão mais clássica e
pessimista ou mais romântica e humanista.
A visão mais humanista, considera o conflito como encastrado no desenvolvimento
normal, acentuam a vulnerabilidade da infância, a necessidade de um amor primário e
a dependência dos cuidados de qualidade. Nesta óptica os cuidados insensíveis,
desorganizados ou predominantemente maus são a causa das patologias.
A visão mais pessimista e clássica considera a patologia como profundamente
enraizada no ser humano que deve ser reduzida a partir de cuidados e de intervenção
do meio. A polaridade clássica é mais representada com Klein e O. Kernberg, na
polaridade mais humanista encontramos Balint, Winnicott, mas também Bowlby que não
deixa de assinalar o potencial inacto do bebé.
Para Klein os fantasmas sádicos que geram fortes sentimentos de culpabilidade serão
modificados por experiências reais de interacção com o meio e a inveja é um sentimento
dirigido para os bons objectos.
Há uma crítica ao conceito de inveja feita pelos teóricos inspiradores da psicanálise
relacional que aqui considerei, e que se pode integrar numa visão mais humanista,
oposta à visão de Klein: “a inveja pode ser desencadeada pelas frustrações vividas nas
relações maternas de má qualidade, de capacidade defeituoso dos dispensadores de
cuidados tal como os movimentos esquizoparanóides se integram no modelo da relação
insegura. E a criança pode desenvolver relações seguras ou inseguras consoante os
diferentes dispensadores de cuidados, p.115.
Quanto aos pontos de contacto entre a teoria Klein-Bion e a da vinculação saliente-se
que Bowlby considerava Klein como uma incompetente em termos científicos, mas ela
teve intuições sobre a precocidade dos bebés que se revelam hoje confirmadas pelas
potencialidades do recém-nascido no seu próprio devir.
Klein foi, contudo, fonte inspiradora para Bowlby e Bowlby fonte inspiradora para
Mitchell, talvez pouco referida por este último.
Do ponto de vista dos conceitos a Posição Esquizoparanóide (PSP) equivale à labilidade
das representações mentais de insegurança. A Posição Depressiva (PD) é equivalente
ao equilíbrio entre amor e ódio, a partir da qual emerge a consciência da capacidade
de amar e odiar, a dor psíquica e a integração da clivagem.
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Também sobre o conceito de clivagem podemos opor Klein e Fairbairn. Para Klein, e
numa visão clássica, a PSP caracteriza-se pela clivagem e a ambivalência é própria da
PD. Para Fairbairn, as relações iniciais são de imediato ambivalentes e se o meio for
desadequado ou hostil a criança exerce uma clivagem entre bons e maus objectos, tanto
internos como externos.
Segundo E. Spillius, citada por Fonagy, aquando da posição depressiva, a criança
atribui ao objecto dispensador de cuidados uma posição intencional. Fonagy vê aqui
uma ligação com a problemática da mentalização e da capacidade reflexiva que tem
semelhanças com o vínculo K de W. Bion.
Klein descreveu as sequelas da relação de insegurança a partir das narrativas dos
adultos, próprias de uma época. As fontes inspiradoras da psicanálise relacional,
nomeadamente as teorias da relação de objecto da vinculação e do desenvolvimento,
já mais contemporâneas, partem das observações e das experiências infantis.
As críticas à psicanálise clássica evidenciam a pouca importância que a psicanálise
daria às experiências reais, interessando-se sobretudo ao imaginário, o que não se
aplica aos neo-kleinianos Meltzer e Bion que integram as experiências da realidade e
os fantasmas arcaicos que residem em todos nós e fazem parte do irrepresentável.
Quanto ao Grupo independente britânicos, (p117-127. )
Muitos de nós, e talvez a maior parte, dos analistas que se inscrevem na perspectiva
da psicanálise relacional, situamo-nos no sector da Escola Independente Britânica com
Winnicott, Bowlby, Fairbairn, da escola da relação de objecto americana com Kohut e
Modell, nomeadamente.
Inicialmente os autores da linha relacional que mais influenciaram a psicanálise
relacional foram Fairbairn, Balint, Guntrip, Winnicott ( muito influenciado por Klein e
Bion) e actualmente Bollas, Ogden e Fonagy, Bateman, Debbané, entre outros. Os
analistas britânicos pertencentes ao grupo de independentes, distanciaram-se do
modelo estructural na base da pulsionalidade e desenvolveram a teoria do “soi-object”
segundo a qual as diferentes partes de Self (ou Si) estariam numa interacção dinâmica
entre elas com objectos internos e externos complementares, p 117.
Existe convergência entre os conceitos de vinculação segundo Bowlby, o de amor
primário segundo M. Balint, de procura do objecto segundo Fairbairn.Justiça seja feita
a H. Guntrip5, analisando de Fairbairn e de Winnicott que pôs a tónico na necessidade
de se estudar a relação “na base da dinâmica emocional de crescimento do bebé, nas
experiências que ele vive no seio das relações significativas,
5
H. Guntrip, ( ) A minha análise com Fairbairn e Winnicott,
E. Dias, Winnicott e-prints vol.7 no.2 São Paulo 2012 [email protected]
H. Oppenheim-Gluckman, Winnicott, notre comtemporain,Paris: Campagne Première, 2015
12
num mundo que se alarga progressivamente, para se tornar pessoa e perceber a sua
importância e o seu valor para os outros, p. 118.
Balint, por sua vez descreveu estilos de relação de objecto primários para controlar a
ansiedade, que se revelam nas atitudes face ao mundo em geral: a atitude ocnofílica
que consiste em agarrar-se ao objecto, revelando apego intenso, por insegurança e
dependência, e a atitude filobática que se caracteriza por um desprendimento,
evitamento, obviamente defensivo. São modelos defensivos sobreponíveis aos da
vinculação, ou aos da angústia de separação individuação nos quais se atribui uma
importância maior à relação com os objectos significativos e à sua capacidade de gerar
na criança defesas contra a ansiedade que, na sua expressão excessiva, limitam o
desenvolvimento psíquico, ou bloqueiam a “experiência da continuidade psíquica”,
Como refere Winnicott ( 1971)6 , a experiência da continuidade psíquica começa por ser
a continuidade da psique da mãe com a do bebé para se tornar a continuidade psíquica
da própria criança. A vida intrapsíquica resulta da relação interpsíquica mãe-bebé.
Mahler dirá que a representação intrapsíquica da mãe em relação ao seu bebé precede
a primeira etapa da construção do objecto enquanto representação estável. Sendo certo
que nada se constitui de uma vez por todas apenas e só na relação com a mãe; existem
dinâmicas que se alargam, diversificam, com outros “objectos cuidadores” e agentes
implicados no crescimento que promovem dinâmicas; sem as quais se perde essa
estabilidade das representações.
Existem também convergência entre os conceitos de experiência da continuidade
psíquica, mentalização próximo da construção do sentido aquilo que está subjacente à
realidade, que convoca a simbolização e a representação, ou ainda o de “mirroring” de
Debbané, (2006) quando se diz: “ em mirroring, o objecto cuidador devolve em espelho,
(através de expressões enriquecidas) os diversos afectos exprimidos pelo bebé a fim
de que este se aperceba do modo como é compreendido”, p.69.
Dito de outra forma, a criança associa o “mirroring” do “caregiving” aos estados internos
precedentes e, voltamos a citar, “Fazendo assim o bebé conseguirá circunscrever as
diferentes categorias daquilo que sente internamente na base das representações
externas fornecidas pelo “mirroring parental”, p. 70.
A função reflexiva do objecto que dispensa cuidados é por demais evidente no
desenvolvimento dessa mesma função na própria criança.
Do encontro de duas subjectividades resultam cocriações múltiplas. O melhor exemplo
que nos ocorre é o da mãe inicialmente em relação fusional com o bebé, que
progressivamente lhe permite que ele desenvolva a capacidade de se sentir só na sua
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D. Winnicott, (1971) O Brincar e a realidade
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presença e por fim capaz de estar mesmo só, consigo próprio, porque já construiu
representações de confiança básica e lhe garantem que a distância não é ausência,
bem pelo contrário, é presença.
Há aqui uma noção progressividade comum à teoria do objecto de para-excitação, cuja
função é a de evitar a exposição a estímulos insuportáveis pela criança segundo Freud,
igualmente presente em Winnicott segundo o qual a criança não deve ser posta à prova
através de experiências intensas antes de ter maturidade para as suportar, por ex.
separações precoces, tal como em Bion, a propósito da função alfa, conceito muito
próxima do de mentalização, para o qual a transformação dos elementos beta em
elementos de pensamento devem ser assegurada pelo função de um objecto pensador
antes do sujeito se sentir capaz de pensar os seus próprios pensamentos.
Bion, Winnicott, Bowlby, Fairbairn, Guntrip, cada um a seu modo, acentuam a
importância do objecto e do meio, face à vulnerabilidade da criança, na promoção de
experiências de integração que permitam construir representações de si e do mundo
que assegurem funções de ligação, M. Matos, (2005).
Os teóricos norte americanos da relação de objecto (p.129-145), A. Modell, H. Kohut e
O. Kernerberg, foram influenciados pela teoria da relação de objecto dos psicanalistas
britânicos.
Modell (1975), na linha de Faibairn concebe os afectos como uma procura de objecto.
É grande a convergência de Modell com Bowlby e na sua teoria sobre as patologias
limite é também evidente a convergência de Bateman e Fonagy, anteriormente
referidos, com Modell7.
Segundo este autor qualquer experiência angustiante convoca a coesão e o sentido de
Si-mesmo. Essas experiências serão vividas tanto mais intensamente quanto maior
tenham sido a insatisfação das relações objectais no passado tendo como referência a
problemática da culpabilidade e da separação, a problemática narcísica que negam a
sua enorme dependência do objecto pelo facto do objecto do passado ter sido
incompetente nos cuidados, desenvolvem uma auto suficiência como forma de iludirem
a dependência.
As defesas narcísicas comprovam a sua dependência. A ausência e objecto, ou melhor,
a ausência de representações objectais estáveis, como nós próprios referimos, M.
Matos (2006), ajudam a compreender o apego a objectos inertes ou excitantes dessas
pessoas que conseguirem manter relações quando adultos. De resto, e como refere
7 A. Modell (1985) Psychoanalysis in a new context , N.Y: International University Press
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Fonagy, p.131, as próprias pessoas a quem parecem estar ligados são usadas também
como objectos. Eles próprios na infância foram usados como objectos descartáveis.
Outros autores referem-se também à alternância do borderline entre angústia de
intrusão que estas pessoas sentem quando estão próximas do objecto e à angustia de
abandono quando distantes. Modell refere que eles vivem no dilema dilacerante entre a
extrema dependência e o terror da proximidade, acrescido da falha ao nível da
estabilidade das representações de si e do objecto.
H. Kohut veio revolucionar a teoria do narcisismo na medida em que a construção da
auto-estima, ou amor a si próprio tem uma via autónoma de desenvolvimento,
distanciando-se da oscilação entre líbido do Eu e libido do objecto, segundo Freud
(1914). Criou o conceito de Sef-objecto enquanto instância, com função reguladora. Um
Si-mesmo objecto inseparável da experiência de ser o próprio. No nosso entender esse
Si-mesmo objecto gere as experiências empáticas e frustrantes com os objectos e
servem para manter a coesão de si durante toda a vida.
Aquilo que poderia ser visto como reacções edipianas da criança ocultam a falta de
resposta empática dos objectos cuidadores. Por isso se diz que a criança quando não
se sente gostada faz o que pode para ser desejada. Claro que se o adulto não entende
isto entramos na confusão de línguas a que se referiu Ferenczi8. Se um terapeuta menos
experimentado não compreende isto responde à erotização do paciente ou passa
mesmo ao acto sexualmente, sem perceber que por detrás da aparente sedução erótica
está a necessidade de narcisação e de fusão temporária com um objecto idealizado
como grandioso. O self, ou o Si-mesmo grandioso está destinado a tornar-se um Self
normal quando a coesão narcísica estiver assegurada. O Self grandioso será
progressivamente neutralizado pelas respostas em espelho do objecto dispensador de
cuidados adequados à idade da criança, p.133.
A raiva narcísica do adulto corresponde à reactivação da vulnerabilidade narcísica da
infância.
Esta ideia da infância como pai/mãe do adulto faz com que Ph. Jeammet teorise a
saúde ou a doença psíquica a partir daquilo que designa de alicerces narcísicos.
O. Kernberg tem uma teoria estructural das relações de objecto nas quais as
representações de si e as representações do objecto estão ligadas por um afecto
dominante. As relações Self-objecto são experiências de relações internalizadas A sua
mental depende da capacidade de integrar representações positivas e negativas de si
mesmo e do objecto, contrariamente às patologias, nomeadamente a patologias
neuróticas, cujas representações de si e do outro têm demasiada carga afectiva, são
8 S.Ferenczi (1933) Ver confusão de línguas
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mal diferenciadas e os MIO são inadaptados. Nas patologias mais graves existe
disfunções invasivas dos MIO, como acontece nos Estados Limite, nas quais a tríada
Self-Objecto-Afecto carece de unidade, p.137. É difícil não encontrar aqui uma
convergência clara entre diferentes teorias desde a teoria estructural de Freud, às
relações objectais britânicas, norte americanas à teoria da vinculação.
Há, portanto, muita convergência teórico-clínica entre diferentes modelos nos quais se
baseia a psicanálise relacional. Apesar de não ter emergido ainda um modelo
claramente relacional e intersubjectivista, como referimos inicialmente, o relacional
constitui o seu núcleo central desde o início do indivíduo. Foi isso que orientou o fio
condutor desta exposição.
Referências (a completar)
DEBBANÉ, M. (2016) Mentaliser. Louvain-la-Neuve: De Boeck Supérieur, 2016.
FONAGY, P. ( 2001) Théorie de l’attachement et psychanalyse, trad. fr., Paris: érès, 2004
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LANZA CASTELLI, G. Mentalization: aspectos teóricos y clínicos
Trabajo presentado en el Congresso de Interpsis, Febrero 2011, 22 P.
MATOS, M. “Représentations-liens”, RFP, completar
MATOS, M. “Aspectos teórico-clínicos das representações nas patologías limite”. Provas de Agregação em Psicologia
Clínica, Universidade de Lisboa, 2006.
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