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Complexo Escolar Privado Nossa Senhora da Anunciação

Sumário: Apresentação do professsor e dos alunos,

- Teste diagnóstico de Língua Portuguesa

Ditado

Escreva as seguintes palavras:

Entusiasmado, impressionante, expressividade, excepto, sinceridade, jurisprudência,


esdrúxula, monossilábica, sensível, sensação, âmbito, aeroporto, incessante.

Texto

A Malária

De acordo com a OMS, a malária de longe, a doença tropical e parasitária que mais
problemas sociais e económicas causa no mundo. Só é superada, em número de mortes, pela sida.
Também conhecida por paludismo, a malária é considerada um problema de saúde pública em mais
de 90 países, onde cerca de 2,4 biliões de pessoas convivem com o risco de contágio. Anualmente,
são infectadas, sobretudo em África, entre 500 e 300 milhões de pessoas, das quais cerca de um
milhão morre da doença.

1- Faça a pontuação desse texto.


2- Faça a análise sintática da seguinte frase: A Priscila deu o livro ao Carlos.
3- Classifique morfologicamente as palavras: bonito, aluno, para, e, vida, a, uma, que, cem,
hoje, aqui, ah!, mas, por, muito e mais.
4- Conjugue o verbo saber no pretérito perfeito do modo indicativo.
5- Passe para o discurso indirecto a seguinte frase: - Não vou à praia porque não tenho
vontade.
6- Qual é a sua expectativa neste ano lectivo de 2020, ou seja, o que espera de si e dos
professores?

Os princípios que devemos seguir durante as nossas aulas:

1- Ninguém fala sem permissão;


2- Se falar sem permissão, é-lhe retirado 1,5 valores nas notas das avaliações
contínuas;
3- Falar quando for necessário e antes levantar o braço;
4- Escutar silenciosamente quem fala;
5- Não interromper quem está no uso da palavra;
6- Compreender a ideia de quem fala pra contextualizar ou criticar;
7- Esperar a sua vez para intervi

1
COMPLEXO ESCOLAR PRIVADO NOSSA SENHORA DA
ANUNCIAÇÃO

MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 10 ͣ E 11ͣ CLASSES

INTRODUÇÃO

Dada a complexidade do comteúdo da Língua Portuguesa, neste pequeno material


trataremos, sintéticamente, os conteúdos programáticos para este ano lectivo.

As nossas aulas serão ministradas com base aos conteúdos teórico-práticos.

Os objectivos da Língua Portuguesa nesta classe são:

1- Conhecer a Língua Portuguesa, para usarmos correctamente nas diferentes situações de


comunicação;
2- Compreender as características dos tipos de textos e a caracterização dos discursos;
3- Compreender enunciados orais e escritos através da informação captada e da dedução de
sentidos implícitos;
4- Aplicar uma expressão oral fluente, correcta e adequado à diversas situações de
comunicação, de acordo com as normas e técnicas específicas;
5- Analisar e interpretar textos através de instrumentos linguístcos e literários;
6- Desenvolver a competência de interpretação.

Olhando sinteticamente sobre a história da Língua Portuguesa, apraz-nos dizer que, segundo
o gramático MOURA, José de Almeida, o português é uma das línguas românicas, ou
novilatinas, resultantes da diferenciação do latim vulgar da România.

A România era o território do Império Romano onde, por substituição das línguas locais,
se falava o latim vulgar, formado desde o século III a.C. ao séc. V d.C.

O latim vulgar correspondia ao falar corrente da população, sem estudos e sem


preocupações literárias, de Roma ou a ela submetida em toda a România.

Esta língua variava de acordo com a época, a zona geográfica, o grau de escolarização
e o estatuto social. Quer dizer, falava-se o latim familiar, o latim rural, o latim provincial e o
latim plebeu(que não pertence à nobreza, membro da classe inferior da Roma aniga).

Esta variedade do latim desrespeitava as normas gramaticais e introduzia elementos


lexicais estrangeiros, além de apresentar uma fonética e entoação particulares. É por esta razão
que surge o latim clássico, que era sujeito a prescrições⁄regras rígidas.

Assim sendo, a Língua portuguesa, uma das línguas românicas de formação mais
paradigmática, é o produto da lenta evolução do latim vulgar trazido na Península Ibérica
pelos invasores romanos a partir de 218 a.C.

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A conquista de Ceuta (1415) levou o português ao Norte de África e os Descobrimentos
expandiram, sucessivamente, à África, à Ásia e ao Brasil.

A emigração para a Europa e a América constituiu um fenómeno recente de alargamento da


superfície do português falado (…).

SUMÁRIO: O TEXTO, SUA ESTRUTURA E COMO ELABORAR UMA


REDACÇÃO

O texto: é uma palavra que vem do latim textu, que quer dizer tecido, teia, o que está
entrelaçado. É qualquer realização da linguagem humana, transmitindo um sentido e um objectivo
comunicativo.

O texto integra uma sequência de frases em interdependência semântica umas das outras e
do contexto situacional e discursivo em que são produzidas. É uma unidade comunicativa com
senetido completo organizada logicamente e construída de acordo com as regras de determinado
modelo de texto.

O texto pode ser ainda definido como o produto em si, oral ou escrito e monológico ou
dialógico, de um discurso autónomo, coerente, coeso e completo, sendo o discurso tudo o que se diz
ou escreve para agir, isto é, para produzir um efeito sobre alguém.

É importante salientar que, a unidade de sentido que constitui um texto, pode ser
compreendida a partir da identificação da informação essencial resumida em tópicos, assunto e
tema.

Como sabemos, os textos são constituídos por ideias principais ou ideias-chave


(informações essenciais para o desenvolvimento do texto) e ideias acessórias (informações
secundárias para o desenvolvimento do texto). Estas funcionam como complemento das ideias
principais.

Assunto: é um breve resumo que na qual se apresenta a informação mais importante de um


texto. Para tal, é preciso:

 Compreender o sentido global, identificando as ideias principais que constituem o


texto e como elas estão encadeiadas;
 Síntese dessas ideias numa frase bem articulada e que dê conta do todo.

Para identificar o assunto de um texto, podemos nos perguntar: o que é que o texto diz?

Fogo-fátuo

O misterioso fogo-fátuo é uma chama que aparece espontaneamente sobre um terreno


húmido. O combustível da chama é o gás metano produzido pelo apodrecimento das plantas. As
bolhas do metano sobem à superfície juntamente com fosfina, produzzida pelos restos em

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decomposição. A fosfina incendeia-se ao atingir o ar e faz o metano brilhar em clarões. O rápido
movimento dessas chamas é impossível de acompanhar.
Enciclopédia Visual de Ciência.

Assunto: Neste texto explica-se que o fogo-fátuo é uma chama espontânea gerada a
partir do contacto entre a fosfina e o gás metano, na atmosfera.

Tema: é a ideia principal, que pode ser resumida numa palavra ⁄ expressão curta. Ex.: beleza,
amor, a malária.

Para identificar o tema de um texto, podemos nos perguntar: o texto trata de quê? ⁄ Qual é
a ideia fundamental do texto?

Há textos em que o tema é desenvolvido de forma objectiva. Ex.: textos científicos. Nestes
casos, o tema pode corresponder ao título do texto, marcado pela presença de campos lexicais
predominantes ao longo do texto.

Fogo-fátuo

O misterioso fogo-fátuo é uma chama que aparece espontaneamente sobre um terreno


húmido. O combustível da chama é o gás metano produzido pelo apodrecimento das plantas. As
bolhas do metano sobem à superfície juntamente com fosfina, produzzida pelos restos em
decomposição. A fosfina incendeia-se ao atingir o ar e faz o metano brilhar em clarões. O rápido
movimento dessas chamas é impossível de acompanhar.
Enciclopédia Visual de Ciência.

Título: (Fogo fátuo). Campo lexical predominante: (palavras ⁄ expressões destacadas a


verde). Tema: fogo-fátuo.

O texto fica completo quando as suas partes, formadas por um ou mais parágafos, se
encontram organizadas segundo um plano(encadeamento das ideias) e conserva uma intenção
comunicativa, a qual corresponde à motivação do seu emissor.

As partes de um texto são:

 Introdução, onde se apresenta e enquadra o tema ⁄ assunto(ou a formulação mais


concisa do seu conteúdo), com as linhas gerais em que ele vai ser tratado;
 Desenvolvimento, onde se explana ⁄ explica de modo organizado o tratamento do
tema;
 Conclusão, onde de modo sintético, se faz o balanço do tema tratado e se abrem
perspectivas para novas abordagens.

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A intenção comunicativa do autor de um texto diversifica-se entre referir coisas, informar(-
se), procurar agir sobre a vontade do interlocutor, exprimir sentimentos, emoções e estados de
espírito, constituir pactos de natueza pessoal e social(Declaro…⁄ Certifico…), comprometer-
se(Juro…⁄ Prometo.), cumprir actos de sociabilidade(Olá! ⁄ Bom dia! Como passou?)... A
compreensão de um texto consiste na reconstrução da sua significação intencional.

Um texto especial resulta dos actos indirectos da fala, porque são interpretáveis de acordo
com o contexto da enunciação, da recepção e de acordo com a competência linguística, o grau de
informação e a capacidade emocional e intelectual do alocutário, o sujeito interpretante. Ex.: piso
escorregadio. → Atenção à condução! Está a chover…! → Leva o guarda-chuva!

A competência linguística define-se pelo domínio das regras de uma língua que permitem
ao falante construir e compreender o sentido literal e o sentido figurado de quaisquer enunciados
bem formados.

A informação é o conjunto de dados significativos que servem de base ao pensamento e à


acção.

Texto e contexto

O contexto é a situação comunicativa concreta em que o texto foi produzido.

O contexto pode ser de enunciação e de recepção.

O contexto de enunciação envolve:

1- O enquadramento concreto em que a enunciação se desenvolve;


2- A relação entre o locutor e o alocutário; o tempo e lugar da enunciação (agora,
aqui…);
3- Os objectos presentes no cenário da enunciação (esta cas, isso…);
4- As características do canal da comunicação (telefone, fax, carta..).

O contexto de recepção envolve o ambiente em que se desenvolve a recepção do enunciado.

O parágrfo: é uma grande porção lógica de texto, constituído por uma sequência de frases
ou apenas por uma só frase. Pois, é uma fase do desenvolvimento lógico do pensamento global
comunicado pelo autor. É marcado graficamente por uma mudança de linha e um espaço maior à
esquerda no seu começo. É formado por um ou vários períodos sintaticamente coesos e coerentes.
Em suma, o parágrafo é uma ideia predominante do plano do texto e desempenha um papel
importante para o leitor, ao indicar-lhe que vai transitar de uma unidade de sentido para outra.

O período: é uma frase organizada em oração ou orações, simples ou compostas, termida


sempre com uma pausa forte assinalada por ponto (.), ponto de exclamação (!), ponto de
interrogação (?), reticências (…) ou dois pontos (:).

A estrutura do parágrafo

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O parágrafo está estruturado da seguinte forma:

1- O parágrafo-tipo, implica
a) A ideia essencial (tópico), posta no início do parágrafo;
b) A argumentação do corpo do parágrafo (exemplos, citações, provas…);
c) A frase de conclusão.
2- Ideias secundárias podem fazer parte do parágrafo, inseridas em qualquer lugar da
estrutura básica.

A jornalista Dulce Neto, no comentário que faz dos resultados da sondagem se «entram
muitos ignorantes para as universidades», escreve um parágrafo-tipo:

«Não há qualquer estudo conhecido que o comprove. E é bem preciso. Não basta olhar
para as médias de entrada no ensino superior, para o discurso desculpabiliador dos professores
universitários (a maior parte das vezes mal preparados pedagogicamente), para os mecanismos
que os reitores engendraram este ano com a nota mínima ou mesmo para as taxas de insucesso
reinantes nas pautas dos caloiros. O ânimo leve com que se diz que o nível baixou devia ser
temperado».

Os conectores na progressão textual

Os parágrafos formam um todo unitário, depois de interligados por:

 Relações lógicas, que se estabelecem por meio de modos e tempos verbais;


 Relações sequenciais, que se estabelecem por meio de conexões temporais: então, a
princípio, primeiro, em seguida, depois de, por fim… conexões de referência espacial: aqui, alí,
para além de, atrás de, mais adiante, acolá, deste lado, daquela banda… conexões de ordem:
primeiro, em primeiro lugar, antes de mais, em seguida, em segundo lugar, por último, por fim…
conexões múltiplas: por um lado…, por outro…;
 Relações de causalidade, que se estabelecem por meio de conexões causais: porque, visto
que, dado que, pois que, uma vez que, posto que, por causa de, em virtude de, devido a, …,
conexões consecutivas: tanto que, apesar de, se bem que, ainda que, ainda assim, mesmo assim,
embora, mesmo que, por mais que, …, conexões conclusivas: por conseguinte, por consequência,
portanto, em conclusão, concluindo, logo, …, conexões finais: para, a fim de, para que, a fim de
que, de forma a, com o objectivo de, com o fim de,…,
 Relações de aditivas: e, ora, e também, e ainda, e mais, do mesmo modo, além disso, além
do mais, igualmente, incluindo, bem como, não só…como também,… ;
 Relações disjuntiva⁄de alternativa: ou, ou então, seja, quer… quer,…;
 Relações de extensão que se estabelecem por meio de conexões síntese: em geral, de um
modo geral, geralmente, conexões de elaboração: a saber, isto é, por outras palavras,
nomeadamente,…, conexões de ilustração: por exemplo,…;
 Relações de exclusão: a não ser que, salvo se, senão, só, somente, unicamente, apenas,
exclusivamente, simplesmente;

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 Relações de comparação que se estabelecem por meio de conexões de conformidade:
conforme, consoante, segundo, conexões de semelhança: do mesmo modo… assim, tal como…
assim…, conexões de contraste: ao contrário, pelo contrário;
 Relações restritivas que se estabelecem por meio de conexões de oposição : mas, porém,
todavia, contudo, e conexões de correcção: ou antes, ou melhor, melhor dito ⁄ dizendo, mais
precisamente;
 Relações de ruptura: de qualquer modo, em todo caso, seja como for, como quer que seja.

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL

A coesão textual: consiste na relação estabelecida por meios linguísticos quer entre os
elementos da oração e da frase quer entre frases do mesmo texto. Ou ainda, é a união e a harmonia
entre os vários elementos que compõem o texto, oral ou escrito.
O texto é coerente quando a sua organização lógico-semântica à volta de um tópico lhe
permite ser correctamente interpretado pelo destinatário. A interpretação do texto será conseguida
se o sujeito interpretante, partilhar a competência linguística e a informação do autor, ao ponto de
compreender os factos citados no contexto situacional e encontrar a intencionalidade comunicativa
do texto. A coerência textual tem a ver com a aceitabilidade da frase, isto é, a sua lógica.

O que transmite está


de acordo com o conhe-
cimento que temos do
mundo. As situações representadas
Não contradição num texto, não devem ser
logicamente incompatíveis.

Coerente Não deve existir repetição de


Se respeita os três Não tautologia
princípios gerais: informações desnecessárias.

Texto Determina que as situações

Relevância representadas devem relacionar-se

entre si.

Continuidade semântica O texto não se limita a

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repetir o que já foi exposto.

Progressão temática Garante a existência de um foi condutor.

Exemplos:

Tenho durmido pouco. No fim-de-semana vou aproveitar para me deitar tarde. Esta frase é
incoerente. Que princípio viola? R: Viola o princípio da não contradição.

R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

Tens de estudar duas horas por dia, pois não podes deixar de te dedicar ao estudo cento e
vinte minutos por dia. Que princípio viola esta frase e porquê?

R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

Gostas de ler? – A minha mãe comprou-me um vestido nos saldos. Que princípio viola esta
frase e porquê?

R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

A ESCRITA, A REDACÇÃO

A escrita deve ser ensinada e exercitada em contextos comunicativo-funcionais. Logo, exige


um trabalho planificado, que só se desenvolve com a prática e conhecimento de algumas técnicas, e
a construção de espaços comunicacionais, que permitem adicionar a reflexão acerca da própria
prática da escrita e a complexidade do seu acto.

Apesar dos objectivos da escrita determinarem o formato da produção, o seu ensino nunca se
esvazia no conhecimento da caligrafia ou ortografia, mas inclui a planificação da produção escrita, a
formatação linguística dos conteúdos, o rascunho, a revisão e a versão final para partilhar com os
destinatários.

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O grande objectivo da aprendizagem da escrita é que o aluno consiga adquirir uma
capacidade de transcrição, sobretudo, que seja capaz de adequar a expressão escrita aos preceitos
colocados pelo contexto de comunicação e pelos efeitos perlocutivos, para obter uma competência
comunicativo-pragmática. É por isso que, a Pedagogia do ensino da aprendizagem da escrita
valoriza mais as competências específicas envolvidas nesse acto do que o produto final adquirido.

O enfoque desta temática está nas competências dominadas para o exercício da escrita, pois
esta actividade dispõe a planificação, a redacção, e a revisão.

Segundo AZEVEDO, 2012, p.32, saber escrever inclui, portanto, um conjunto de saberes ou
de competências:

1- Saber planificar, quer dizer, ser capaz de gerar uma situação de comunicação
funcionalmente adequada aos efeitos que se pretendem obter;
2- Saber textualizar, escolhendo determinado modo de enunciação e redigindo em
coerência com as características do tipo textual;
3- Saber rever e corrigir o texto, reformulando-o sempre que necessário, por forma a obter
um produto final considerado comunicativamente adequado;

TÉCNICAS DE DESENVOLVIMENTO TEXTUAL

A planicação

Escrever um texto implica escrever sobre algo, que possui um objectivo comunicativo para
alguém e este acto de comunicação deve originar um originar um efeito.

Nesta perspetiva, afirma AZEVEDO, 2012, p.36, o acto da escrita exige uma cuidadosa
reflexão no sentido de identificar a informação pertinente e o ⁄ s argumento ⁄ s para que o texto a
produzir se adeqúe, com eficácia, aos nossos leitores-modelo e suscite os efeitos desejados. Famos,
neste sentido, da necessidade de uma adequada planificação. Esta, passa pela formulação das
seguintes perguntas:

Qual o propósito do meu texto?

 Que quero com este texto?


 Como quero que reajam os leitores?
 O que quero que façam com o meu texto?
 Como poderei formular, em pocas palavras, este meu propósito?

Qual é a minha audiência?

 O que sei acerca das pessoas que vão ler este texto?
 O que sabem elas acerca do tema que vou escrever?
 Que tipo de efeito pretendo causar com este texto?
 Que tipo de informação devo explicitar?
 Quando será este texto lido?

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Como me vejo como autor deste texto?

 Que relação espero estabelecer com os receptores deste texto?


 Que imagem desejo que os recsptores tenham de mimm, através deste texto?
 Que tom ou estilo quero adoptar?

Qual é a minha mensagem?

 Como será o texto que quero escrever?


 Qual é a sua dimensão, em termos de linhas ou palavras?
 Em quantas partes devo estruturar este texto?
 Como é que imagino este texto?

ESTRATÉGIAS PARA UMA ADEQUADA PLANIFICAÇÃO DO TEXTO

Segundo este autor, AZEVEDO, antes de escrever, é importante encontrar, organizar e


clarificar as ideias, actividade que pode ser realizada através de estratégias como:

 Debate colectivo acerca de um tema gerador de diálogo, motivado, por exemplo, por um
filme, recortes de jornais, uma situação da comunicação, etc.;
 Exploração de palavras-chave;
 Colocação das perguntas Quem? O Quê? Onde? Quando? Como? Porquê? ou de
questões mais complexas do tipo Como é que? Quem afecta? O quê?
 Exploração de uma situação a partir de vários pontos de vista alternativos
(Cassany,1995 apud AZEVEDO, p. 37): descrever o objecto ou situação (como o vês,
sentes, tocas ou saboreias?), compará-lo com outros objectos ou situações (com o que
se parece ou de que se diferencia?), relacioná-lo (com o que se relaciona?), anlisá-lo
sob várias perspectivas (quantas partes tem? como funciona?), aplicá-lo (como se
utiliza? para que serve?) e argumentar (que se pode dizer a favor ou contra?);
 Consulta de bibliografia especializada acerca do tema em questão;
 Investigação realizada pelos alunos, sob supervisão dos professores.
Com efeito, trata-se de explorar adequadamente as circunstâncias que nos movem a
escrever, já que uma situação comunicativa bem percebida permite pôr em marcha o processo de
escrita o objeto desejado.
Após o processo de planificação, segue-se o momento da redacção do texto, isto é, da
transformação das ideias em linguagem e numa representação gráfica. Pois é importante clarificar
os elementos verbais e as suas relações, dotada de coerência e coesão ao nível da estrutura esterna
do texto e ao nível da sua estrutura profunda.
Segundo Barbeiro2003, apud AZEVEDO, p. 39, um texto deverá ser construído em
conformidade com o universo que toma como referência. Assim, a escolha das expressões
linguísicas não poderá contradizer o seu universo de referência, sob pena de se tornar incoerente.
Daí que, o texto implica, necessariamente, uma coesão temporal, referencial e uma coesão
lexical.

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Este processo de conectividade, permite organizar as estruturas das frases e as estruturas
interfrásicas. A coesão assegura a unidade do texto, em termos de progressão temática.
Concluindo, escrever é uma actividade complexa que requer esforço e motivação, e que só
se aprende se os alunos praticarem essa actividade, isto é, se escreverem, á partir de uma aula por
tópicos de partilha activa de ideias e tarefas de escrita em que eles se envolvam afectivamente.
Logo, escrever é treinar competências. Ao estruturar o texto é preciso sempre ter em conta o
destinatário e seus comportamentos interpretativos, a intencionalidade e os objectivos
comunicativos precisos. Por isso, de acordo com Condemarín e Chadwick 1987, apud AZEVEDO,
p. 42, a escrita criativa, é um excelente meio para estimular, sob o ponto de vista cognitivo, o
desenvolvimento de um pensamento divergente, o qual, contrariamente ao pensamento convergente,
que se caracteriza por reter o conhecido e conservar o que é, tende a explorar o indeterminado e a
construir ou elaborar o que poderia ser. Assim, a criatividade constitui uma faculdade que pode ser
utilizada proactivamente como instrumento de descoberta, de resolução de problemas ou de auto-
afirmação. Por exemplo o exercício de uma escrita criativa a partir de jogos, ou temas anedóticos ou
de uma mistura de contos, já conhecidos.

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FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

CONCEITOS ESSENCIAIS SOBRE LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

Sumário: Linguagem, Língua e Fala

2020

Objectos desta aula:

Objectivos gerais: Conhecer Linguagem, Língua e Fala;

Objectivos específicos: Definir Linguagem, Língua e Fala;

Relacionar Linguagem, Língua e Fala com a nossa vida prática;

Usar Linguagem, Língua e Fala nos momentos certos de comunicação;

Ter noção destes conceitos, para servir de base no estudo das funções da linguagem e níveis
de língua.

Linguagem: segundo a autora ″ Tatiana Slama-Casacu, 1961, citado pelo gramático (apud)
Cintra, Lindley, na pg. 1, a Linguagem é um conjunto complexo de processos, resultado de uma
certa actividade psíquica profundamente determinada pela vida social, que torna possível a
aquisição e o emprego concreto de uma LÍNGUA qualquer ″. É ainda o sistema de sinais que serve
de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua valor convencional a
determinado sinal, existe uma LINGUAGEM (CINTRA, Lindley, 2006, pg. 1).

De acordo com esta definição, entendemos que a linguagem é a capacidade que os seres
humanos têm de se comunicar, exprimindo conhecimentos. E o nosso nível social determina a
linguagem.

Na perspectiva do autor Borregana, 2003, a linguagem é um processo pelo qual os


homens transmitem mensagens entre si, servindo-se da palavra oral, escrita e da linguagem
gestual. De facto, a palavra oral ou escrita, funciona como símbolo evocativo dos objectos. E o que
nós temos na mente é a ideia, ou conceito, de cada objecto. Por isso, para transmitirmos esse
conceito, às outras pessoas servimo-nos das palavras pronunciadas ou escritas e é através destas que
pensamos e transmitimos os pensamentos aos nossos semelhantes. Por fim, é o processo de
comunicar ideias, emoções e desejos (Cfr. 2003, pg.7).

Língua: é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão da


consciência de uma colectividade, a LÍNGUA é o meio por que ela concebe o mundo que a cerca e
sobre ele age (CINTRA, Lindley, 2006, pg. 1). É um sistema organizado de sons vocais de que nos
servimos para expressar ideias e comunicar com os falantes do mesmo código. Enquanto instituição
social exterior ao indivíduo, é um conjunto de acordos estabelecidos numa colectividade e aceites

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por todos os seus falantes. Numa linguagem mais concreta, a língua é um depósito de signos e de
regras combinatórias, que proporcionam aos falantes de uma comunidade linguística a capacidade
de comunicarem (Cfr. Borregana, 2003, pg.7).

Fala: é a língua no acto, na execução individual (CINTRA, Lindley, 2006, pg. 1).

É importante referir que, todo nosso comportamento social está regulado por normas a que
devemos obedecer, se quisermos ser correctos. Jespersen define linguisticamente o correcto como
aquilo que é exigido pela comunidade linguística a que se pertence. Falar correcto significa o
falar que a comunidade espera, e o erro em linguagem equivale a desvios desta norma, sem
relação alguma com o valor interno das palavras ou formas. A norma não corresponde, como
pensam certos gramáticos, ao que se pode ou se deve dizer, mas ao que já se disse e
tradicionalmente se diz na comunidade considerada (Cfr. Ibidem, 2006, pg. 3- 4).

Segundo Borregana a fala é o uso individual da língua.

Pois, a língua e a fala são dois aspectos da linguagem, totalmente inseparáveis. Porque entre
elas existe uma estreita relação no seu funcionamento real. Entretanto, aos nossos olhos, parece que
a língua precede a fala, pelo facto de a fala se alimentar da língua, usando os seus signos e regras
combinatórias. Apesar disso, é lógico considerar que a fala precede a língua, visto que são os actos
da fala que constroem e modificam progressivamente a língua.

Por tudo o que se disse acima, conclui-se que os três elementos referidos, são bastante
importantes no processo de comunicação, uma vez que estão relacionados no seu funcionamento
real.

Factores fundamentais da comunicação verbal

São eles: emissor, receptor, canal de comunicação, mensagem, contexto, código e


referente.

1- Emissor: é o sujeito falante que inicia a comunicação.


2- Receptor ⁄ Destinatário: é a pessoa que recebe e descodifica a mensagem que o emissor
lhe transmite. Na relação emissor ⁄ receptor, distinguem-se três tipos de comunicação:
monólogo, diálogo e difusão.

Monólogo: Diálogo interior do emissor, sendo assim, assume o papel de emissor e receptor.

Diálogo: o emissor e o receptor trocam os seus papéis logo que um responde o outro. Aqui
se estabelece uma comunicação bilateral, isto é, conversa entre os dois quando há feedback.

Difusão: o emissor e o receptor nunca trocam os seus papéis. Cada um assume a sua posição
de transmitir e de receber. Este tipo de comunicação verifica-se nos livros, nas revistas, e jornais, na
rádio e na televisão, cujos receptores são indeterminados. Aqui se estabelece uma comunicação
unilateral.

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3- Canal de comunicação: é meio físico através do qual a mensagem se transmite do
emissor ao receptor. E quando há interferências ou obstáculos que obstruem o canal de
comunicação, que impedem a boa compreensão entre o emissor e o receptor, estamos
diante de ruído.
4- Mensagem: a mensagem é o aspecto significativo do texto emitido, contendo a realidade
extra-linguística a que o significado se refere. Nota-se isto no seguinte exemplo: O
professor ensina os alunos.

A ordem das palavras no processamento da mensagem é fundamental, porque se efectuar


uma mudança de ordem, muda também o sentido. Ex.: Fausto é um piloto rico. (rico, que possui boa
fortuna). Ex.: Fausto é um rico piloto. (rico, muito competente).

Ex.: Ele é um homem grande. (grande = aspecto físico: robusto, corpulento).

Ex.: Ele é um grande homem. (grande = qualidade, carácter da pessoa).

Vale lembrar que, neste processamento da mensagem, é preciso saber usar os sinais de
pontuação ⁄ as pausas, porque qualquer entoação diferente alteram o sentido da frase.

Ex.: Você é um ladrão, não tem direito à liberdade.

Ex.: Você é um ladrão? Não! Tem direito à liberdade.

5- Contexto: são as circunstâncias da comunicação da mensagem. Ou seja, é o momento


em que a mensagem é transmitida (tempo e lugar onde se transmite a mensagem).
6- Código: conjunto de palavras de uma língua e o modo de emprego ou regras
combinatórias. Logo, o código é sinónimo de língua, através dela se transmitem as
mensagens. Por isso, traduzir, por exemplo, um texto do inglês para o português consiste
em mudar o código, conservando a mesma mensagem.

Portanto, para o emissor transmitir a sua mensagem, tem de codificá-la e o receptor, para
apreender o sentido da mensagem, terá de descodificá-la, isto é, identificar e interpretar os sinais
transmitidos (descodificação).

Tudo o que se disse sobre os factores fundamentais da comunicação verbal, resume-se no


seguinte esquema:

Código

Codificação Descodificação

Mensagem

Contexto

Emissor receptor

Canal de comunicação

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O emissor e o receptor não se compreenderão, se não conhecerem o código (a língua) que
falam. E se um deles tiver mais domínio do que o outro, a mensagem será entendida apenas por um
deles.

7- Referente: é o objecto extra-linguístico, isto é, aquilo que é designado por este.


Ex.: Quando vemos um letreiro com a expressão ″aluga-se″, ficamos sem saber o que é
que se aluga, mas se estiver colado na porta de uma casa, concluímos que é a casa que se
aluga.

Existem, portanto, três tipos de referentes: referentes reais, situacionais e referentes


verbais.

Referentes reais: são objectos ou acontecimentos extra-linguísticos aos quais a mensagem


se refere. Ex.: Júlia é inteligente. Ex.: Amanhã farei uma viagem a Huambo.

Referentes situacionais: são os elementos constituintes do ambiente espacio-temporal em


que se encontram o emissor e o receptor no momento da comunicação, designados pelos pronomes
eu, tu, ele, este, aquele e pelos advérbios aqui, ali, acolá, longe, perto, dentro, fora, aquém,
além, abaixo, acima, hoje, ontem, amanhã, logo, antes, depois, cedo, tarde, etc.

Referentes verbais ⁄ contextos: são os que precedem ou seguem cada uma das mensagens e
que contribuem para o seu esclarecimento.

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Sumário: Funções da Linguagem

Quando comunicamos, temos várias finalidades, como informar, exprimir sentimentos, dar
uma ordem ou fazer um pedido. É, pois, neste sentido que, surgem as diferentes funções da
linguagem com suas características, para serem usadas em cada uma destas finalidades.

É de recordar mais uma vez que, podemos definir a linguagem como um conjunto complexo
de processos, resultado de uma certa actividade psíquica profundamente determinada pela vida
social, que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma LÍNGUA qualquer ″. Como
sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Como capacidade que os
seres humanos têm de se comunicar, exprimindo conhecimentos. E como um processo pelo qual os
homens transmitem mensagens entre si, servindo-se da palavra oral, escrita e da linguagem gestual.

As funções da linguagem aplicam-se de acordo com a intenção daquele que produz a


mensagem.

Ora, os linguistas distinguem seis funções da linguagem, ou funções da comunicação verbal,


a saber: emotiva ou expressiva, informativa ou referencial, apelativa ou imperativa,
metalinguística, fáctica e função poética.

Segundo Roman Jacobson, compreende-se melhor estas funções no seguinte esquema:

Código

META-LINGUÍSTICA

Emissor Receptor Mensagem

EMOTIVA APELATIVA POÉTICA

Canal de comunicação

FÁCTICA

Referente

INFORMATIVA

Este esquema mostra que a função emotiva se centra no emissor, a metalinguística no


código, a poética na mensagem, a fáctica no canal de comunicação, a informativa no referente
e a apelativa no receptor.

Função emotiva ou expressiva: o emissor manifesta a sua atitude afectiva ou a sua


emotividade, em relação à mensagem emitida. A mensagem apresenta-se carregada de
subjectividade. Está muito ligada à esta função a poesia lírica como expressão da sensibilidade do
eu. Preocupa-se mais em como diz do que o que diz.

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Esta função é marcada pelo emprego da 1ͣ pessoa, por interjeições com significado emotivo,
oh!, ah! ui! ai de mim! Por adjectivos de emotividade: estupendo! horrível! paciência! Por frases
exclamativas e por alguns sinais de pontuação como (… ! ).

Na oralidade, a exclamação corresponde a uma entoação afectiva e enfática. Portanto, a


função emotiva se centra no eu do emissor.

Ex.: Mulherzinha

Não aguento mais!... Eu toda muito pobrezinha em minha casa e aquele Pedro de
Andrade cheio de riqueza, sem filho nem filha para receber… Vou mesmo amigar com esse
homem… Mas… se fico só com ele e depois não gerar?... Ah, não importa, vou mesmo… Se não
gerar, paciência, vou embora outra vez. Não aguento mais!...

José Mena Abrantes, Teatro (I volume), Ed. Cena Lusófona, 1999.

Função informativa ou referencial: através desta função, o emissor informa


objectivamente uma realidade ou acontecimento ao receptor. A mensagem centra-se na informação
que o emissor transmite ao receptor. As palavras são empregues no seu sentido denotativo.

Ex.: Na próxima segunda-feira (diz o professor), haverá teste escrito. É informativa


porque o seu objectivo essencial é informar; é referencial porque a informação centra-se no
referente (teste escrito).

Função apelativa ou imperativa: através desta função, o emissor actua sobre o receptor,
dando-lhe uma ordem, um conselho, apelando para que ele assuma um determinado
comportamento. A intenção do emissor é de influenciar ou persuadir o receptor a fazer algo. A
mensagem centra-se no receptor, para influenciá-lo ou chamar sua atenção. É marcada pelo
vocativo, os verbos no modo imperativo e por uma linguagem orientada para a 2ͣ pessoa (tu, vós,
você, vocês), para o receptor. Portanto, esta função aparece mais nos textos publicitários, nos
discursos políticos, nas receitas e nos textos de auto-ajuda.

Ex.: Beba Coca-Cola!

CUIDADO!

O PERIGO ESTÁ AÍ!

Não entre nestas zonas!

Menino sê diligente.

Soldados, combatei pela pátria.

Amigos, sejam dignos da pátria.

Função metalinguística: o emissor serve-se desta função para explicar qualquer palavra
cujo sentido não é entendido pelo receptor. Quando se analisa, por exemplo, um texto, investigando

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o seu sentido e observando-o nos aspectos morfossintácticos e semânticos, estamos a utilizar esta
função. Ou seja, é a interpretação que se faz do que está por de trás de uma frase. Portanto, esta
função centra-se no código. E serve para esclarecer o código.

Ex.: Tu sabes que aquele poeta era um nefelibata, isto é, andava sempre nas nuvens, quer
dizer, fora deste mundo.

Função fáctica: é a função que permite manter o contacto, físico ou psicológico (atenção)
entre os interlocutores. Servimo-nos desta função quando existe grande urgência ou desejo de
comunicar. Pois, ela está bastante interligada com as funções informativa e apelativa, por ser
própria dos discursos, ou sermões, dos textos publicitários, das conversas entre amigos, sobretudo
ao telefone. Por isso, ela centra-se no canal de comunicação.

Ex.: Alô! Está aí? Não desligue! Compreende? Está a ouvir-me? Etc.

Função poética: tem a função de enfeitar a própria mensagem. Preocupa-se mais com a
estética do que com o seu conteúdo. Pois, está relacionada com a linguagem poética, literária. Tudo
o que torna a mensagem atraente, por exemplo, as palavras belas, os ritmos agradáveis das frases, o
uso de figuras de estilo e de imagens, de forma a criar o prazer da leitura, está dentro do contexto da
função poética da linguagem, que se centra na própria mensagem. Portanto, ela aparece na poesia e
na prosa literária. E através desta função, o escritor procura deixar o seu texto mais bonito,
surpreendente, provocando um efeito humorístico.

Ex.: Se eu não vejo


a mulher
que mais desejo
nada que eu veja
vale o que
eu não vejo. (Daniel Jorge)

Por tudo o que dissemos atrás sobre as funções da linguagem, conclui-se que, a linguagem
surgiu para satisfazer as necessidades informativas. Por isso é que a função informativa é a mais
importante, porque ela visa a informação objectiva e é a função própria dos noticiários e das obras
científicas. Depois está a função emotiva, que visa a subjectividade e está bastante ligada à obra
literária, quer a poesia, quer a prosa artística.

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Sumário: Mensagem oral e mensagem escrita

- Níveis de língua ou registos de língua

A mensagem oral: processa-se na conversação obrigando a presença, pelo menos, de duas


pessoas, que vão alternando continuamente as suas funções de emissor e receptor. Na
comunicação verbal, os dois devem encontrar-se no mesmo referente situacional, (o mesmo
ambiente), podendo, no entanto, utilizar um gesto para esclarecer elementos que dizem respeito a
esse referente. Já no texto escrito, os referentes situacionais são descritos. A mensagem escrita: é
aquela que não se processa na conversação nem obriga a presença de duas pessoas, e nem vão
alternando continuamente a sua função de emissor e receptor.

Mas para podermos compreender melhor as diferenças entre a linguagem oral e a linguagem
escrita, observemos o quadro a seguir:

LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA


Além do emissor, exige a presença activa do O receptor encontra-se geralmente ausente.
receptor.
A produção e a recepção sucedem-se, mudando Entre a produção e a recepção mete-se um
continuamente de sentido. espaço mais ou menos longo.
A mensagem é facilitada pela presença dos refe- A ausência dos referentes situacionais obriga a
rentes situacionais. que se apresentem por descrição.
Os referentes situacionais são revelados pelos ges- Os referentes situacionais são apresentados pela
tos e pelas entoações mais ou menos intensas. descrição.
A descrição está quase ausente. A descrição é frequente.
Uso frequente de pausas e entoações variáveis. As pausas e entoações são indicadas pelos sinais
de pontuação.
Texto menos extenso. Texto mais extenso.
Uso de frases curtas, repetições, erros, hesitações, Linguagem mais elaborada, períodos mais lon-
frases incompletas… gos, sem repetições, maior correcção…
Vocabulário corrente, popular. Vocabulário seleccionado, mais raro, cuidado.

Níveis de língua ou registos de língua

Para transmitir uma informação, devemos utilizar níveis de língua diferentes, em função do
interlocutor, do local e das circunstâncias em que nos encontramos e da natureza da mensagem. Por
isso, a língua não é uniforme dentro da comunidade em que se fala. Pois, ela está sujeita à
mudanças geográficas, sociais, e situacionais.

Entretanto, apesar dessas mudanças, na língua está visível uma base comum, o código, que
deve ser conhecido e partilhado por todos os falantes duma mesma comunidade, para permitir uma
comunicação segura entre todos eles. Este código é traduzido em língua padrão, denominado por
norma. Esta é, portanto, constituída por um sistema de signos e regras combinatórias próprias de
uma comunidade linguística, que permitem a todos os falantes comunicarem entre si e
compreenderem-se mutuamente, até os analfabetos, ou de elevada cultura. A norma é adquirida
durante a vida escolar. Bally chama de língua comum, o conjunto de factos linguísticos, que, numa

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determinada língua, exprimem as manifestações constantes da vida de um grupo linguístico. A
língua padrão é constituída por palavras usuais, unificando os sinónimos. E os outros níveis estão
assentes nesta, que a têm como base. Daí o facto de a língua padrão ser chamada por norma. Ela é
norma tanto para os falantes que se exprimem sempre dentro dos seus limites, como para aqueles
que a transgridem, criando os outros níveis de língua.

Para compreendermos melhor a correlação dos diferentes níveis de língua, observe o


esquema a seguir:

LÍNGUA LITERÁRIA

LÍNGUA CUIDADA

LÍNGUA PADRÃO OU NORMA

LÍNGUA FAMILIAR

LÍNGUA POPULAR

As setas ascendentes representam níveis mais elevados e mais literários; as setas


descendentes, são menos elevados, familiares e coloquiais.

É bastante difícil identificar se um texto apresenta puramente a língua padrão, visto que isto
é apenas uma idealização dos linguista do que uma realidade isolável. Por isso, podemos afirmar
que se aproximam da língua padrão os textos dos dicionários, a linguagem do professor e dos
alunos nas aulas, e todos os textos expositivos que, aponte, unicamente a clareza. Jean Cohen
afirma mesmo que a linguagem dos cientistas é a que mais se aproxima da norma.

Assim, os níveis de língua podem ser agrupados da seguinte forma: nível corrente (padrão
ou norma), nível cuidado, nível literário, nível familiar, nível popular, nível técnico e nível
científico.

Nível corrente (padrão ou norma): próprio da comunicação diária. É aquele que


corresponde à norma, exigida nas relações sociais de carácter profissional ou oficial, por exemplo,
na entrevista de trabalho, na carta de pedido de emprego, e é utilizado pela maioria dos falantes. Por
isso, corresponde ao nível médio. Neste nível é predominante o uso de palavras e frases simples,
uso frequente de interjeições, de fáceis compreensões.

Ex: É o meu filho querido. Ele é amigo dos seus amigos.

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Nível cuidado: é aquele que se emprega em situações mais formais, por exemplo, em
discursos políticos ou parlamentares, conferências, artigos de crítica literária. É caracterizado por
expressões e vocabulários mais seleccionados, menos usual, e por uma construção frásica mais
complexa.

Ex.: Hoje, grande parte do trabalho dos químicos está em aumentar a eficiência dos
processos de produção e combustíveis e em descobrir novos processos para a sua produção, que
permitam minimizar os custos da mesma.

Ex.: Enfim, velho e gasto, já não aprendo linguagem. Foi, aliás, a fabricá-la que me
gastei. Mas se for por fabricar se entende a recebê-la em menino como matéria semiótica do
segundo grau, então sim, tenho de reconhecer que fui um bom operário da fala oral e escrita.

Nível literário: é utilizado apenas na escrita e as palavras e expressões assumem um


carácter conotativo, diferente da realidade. Desvia-se da norma, isto é, desvios semânticos e
sintácticos intencionados, usando figuras de estilo e palavras para criar um ambiente de sonho e de
emoção; dá importância às funções emotiva e poética da linguagem; explora o significado e o
significante, para enfeitar e tornar mais expressiva e atraente a mensagem.

Ex.: Nesta idade não é o corpo que transpira mas a alma onde ele respira. Com aquele
meu sempre e internado abraço, cá te tenho no tempo onde te inventas a pedir-te que me inventes
também.

Nível familiar: é utilizado no meio familiar ou entre amigos, estando assim em situações
informais. A sua construção é pouco rigorosa. Não se afasta tanto da língua corrente, porque neles,
o seu vocabulário e elaboração sintáctica é simples e pouco variado. Por isso as frases são curtas,
com repetições de frases e expressões, aproximando-se da linguagem oral. As crónicas jornalísticas
e as cartas informais, apresentam quase este nível de língua, pelo tom de conversa despreocupada e
pela simplicidade e tom coloquial.

Ex.: É o meu filhinho, fofo, um amigão para toda a gente.

Ex.: Anita, ⁄ Cumprindo a promessa que te fiz hoje mesmo, não me quis deitar sem
primeiro te escrever: Cheguei a salvamento a esta terra, tendo engolido muito pó pelo caminho,
petisco de que nem por isso fiquei gostando. Ceei bem e espero dormir melhor.

Nível popular: é aquele que se usa ao baixo nível de instrução, isto é, nas camadas sociais
mais desfavorecidas e pouco letradas ou menos alfabetizadas da população. Usa um vocabulário
muito, e afasta-se frequentemente das regras da gramática normativa. É marcado por desvios
frequentes da norma a nível do corpo fónico das palavras, sintaxe descuidada e morfológico.

Ex.: Eu vou indo pra botar o lixo na lixeira.

Ex.: É meu kamba, simpatiquérrimo.

De acordo com as regiões do País e com determinados grupos sociais, a língua popular pode
assumir as formas de regionalismo, de gíria e de calão.
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Os regionalismos: são utilizados numa determinada região, distintos no léxico, na pronúncia
e na sintaxe. São registos de língua próprios da população que habita as aldeias mais afastadas dos
centros urbanos.

Ex.: - Vou buscar o pirão para acompanhar o calulu.

- O quê? – perguntou, surpreso, ao ver a massa de fuba de milho na travessa. –


Agora é que me confundiste. Isso não é funge, meu?

- Ah, já percebi! Aqui na tua banda o pirão tem a ver com o caldo de peixe.

Gíria: é a linguagem própria de certos grupos sociais e de certas profissões, como


estudantes, militares, pescadores, desportivos, etc. As palavras utilizadas por cada um desses grupos
são-lhes próprias, sendo dificilmente compreendido por quem não pertence ao grupo.

Ex.: A professora chumbou-me à toa. Fartou-se de nos dar borlas. Mas eu também nos
furos não aproveitava para estudar.

O calão: o calão está incluído dentro da gíria. E é um linguajar grosseiro ou obsceno e que
se difunde pouco a pouco entre os falantes. Próprio dos rapazes vagabundos, salteadores,
contrabandistas, etc. Tem origem em extractos sociais marginalizados, de ambientes miseráveis,
onde a acção educativa dificilmente penetra. Por isso, não é aceite pelas classes sociais mais
elevadas, por considerarem-no mesmo grosseiro e até obsceno. Portanto, apesar disso, certas
palavras menos grosseiras do calão vão entrando na linguagem familiar, mesmo em meios sociais
elevados, sobretudo através de estudantes jovens menos respeitadores das normas sociais.

Ex.: Esse gajo está a chatear-me.

Ex.: Estás giro (bonito)!

Ex.: A massa (dinheiro) ainda não caiu?

Nível técnico: a linguagem técnica não se confunde com a gíria. Porque a linguagem técnica
é aquela que é constituída por um léxico próprio das comunidades ligadas a uma profissão. Por
exemplo, a palavra pistão, muita gente ignora que seja uma peça importante de um motor. Muitos
termos da linguagem técnica são usados também na linguagem comum, mas com outro significado,
é o caso das velas de um motor (ling. técnica); as de cera (ling. comum).

Nível científico: é aquela que se afasta da língua comum sobretudo a nível lexical ou de
terminologia. Porém, muitas palavras das línguas científicas vieram da língua comum, adquirindo
um significado especializado, ex.: norma, desvio (Linguística), massa e pressão (Físico-Química).

Por tudo o que se disse, conclui-se que estes níveis ajudam-nos a distinguirmos os
momentos de comunicação de acordo com o contexto.

Bibliografia

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Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário. Raiz Editora, Lisboa, 2015.

- COSTA, Márcia e ROTHES, Eva Areal. A nossa Gramática de Língua Portuguesa Ensino
Secundário. Plural Editores, Porto, 2015.

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Portuguesa, 2° Ciclo. Porto Editora, Porto, 2012.

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- BORREGANA, António Afonso. Gramática – Língua Portuguesa, Textos Editores, Luanda,


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- COSTA, Luísa Dolbeth e PEREIRA, Anny. Português 11ͣClasse, Texto Editores, Luanda, 2006.

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