MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA (Guardado Automaticamente)
MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA (Guardado Automaticamente)
MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA (Guardado Automaticamente)
Ditado
Texto
A Malária
De acordo com a OMS, a malária de longe, a doença tropical e parasitária que mais
problemas sociais e económicas causa no mundo. Só é superada, em número de mortes, pela sida.
Também conhecida por paludismo, a malária é considerada um problema de saúde pública em mais
de 90 países, onde cerca de 2,4 biliões de pessoas convivem com o risco de contágio. Anualmente,
são infectadas, sobretudo em África, entre 500 e 300 milhões de pessoas, das quais cerca de um
milhão morre da doença.
1
COMPLEXO ESCOLAR PRIVADO NOSSA SENHORA DA
ANUNCIAÇÃO
INTRODUÇÃO
Olhando sinteticamente sobre a história da Língua Portuguesa, apraz-nos dizer que, segundo
o gramático MOURA, José de Almeida, o português é uma das línguas românicas, ou
novilatinas, resultantes da diferenciação do latim vulgar da România.
A România era o território do Império Romano onde, por substituição das línguas locais,
se falava o latim vulgar, formado desde o século III a.C. ao séc. V d.C.
Esta língua variava de acordo com a época, a zona geográfica, o grau de escolarização
e o estatuto social. Quer dizer, falava-se o latim familiar, o latim rural, o latim provincial e o
latim plebeu(que não pertence à nobreza, membro da classe inferior da Roma aniga).
Assim sendo, a Língua portuguesa, uma das línguas românicas de formação mais
paradigmática, é o produto da lenta evolução do latim vulgar trazido na Península Ibérica
pelos invasores romanos a partir de 218 a.C.
2
A conquista de Ceuta (1415) levou o português ao Norte de África e os Descobrimentos
expandiram, sucessivamente, à África, à Ásia e ao Brasil.
O texto: é uma palavra que vem do latim textu, que quer dizer tecido, teia, o que está
entrelaçado. É qualquer realização da linguagem humana, transmitindo um sentido e um objectivo
comunicativo.
O texto integra uma sequência de frases em interdependência semântica umas das outras e
do contexto situacional e discursivo em que são produzidas. É uma unidade comunicativa com
senetido completo organizada logicamente e construída de acordo com as regras de determinado
modelo de texto.
O texto pode ser ainda definido como o produto em si, oral ou escrito e monológico ou
dialógico, de um discurso autónomo, coerente, coeso e completo, sendo o discurso tudo o que se diz
ou escreve para agir, isto é, para produzir um efeito sobre alguém.
É importante salientar que, a unidade de sentido que constitui um texto, pode ser
compreendida a partir da identificação da informação essencial resumida em tópicos, assunto e
tema.
Para identificar o assunto de um texto, podemos nos perguntar: o que é que o texto diz?
Fogo-fátuo
3
decomposição. A fosfina incendeia-se ao atingir o ar e faz o metano brilhar em clarões. O rápido
movimento dessas chamas é impossível de acompanhar.
Enciclopédia Visual de Ciência.
Assunto: Neste texto explica-se que o fogo-fátuo é uma chama espontânea gerada a
partir do contacto entre a fosfina e o gás metano, na atmosfera.
Tema: é a ideia principal, que pode ser resumida numa palavra ⁄ expressão curta. Ex.: beleza,
amor, a malária.
Para identificar o tema de um texto, podemos nos perguntar: o texto trata de quê? ⁄ Qual é
a ideia fundamental do texto?
Há textos em que o tema é desenvolvido de forma objectiva. Ex.: textos científicos. Nestes
casos, o tema pode corresponder ao título do texto, marcado pela presença de campos lexicais
predominantes ao longo do texto.
Fogo-fátuo
O texto fica completo quando as suas partes, formadas por um ou mais parágafos, se
encontram organizadas segundo um plano(encadeamento das ideias) e conserva uma intenção
comunicativa, a qual corresponde à motivação do seu emissor.
4
A intenção comunicativa do autor de um texto diversifica-se entre referir coisas, informar(-
se), procurar agir sobre a vontade do interlocutor, exprimir sentimentos, emoções e estados de
espírito, constituir pactos de natueza pessoal e social(Declaro…⁄ Certifico…), comprometer-
se(Juro…⁄ Prometo.), cumprir actos de sociabilidade(Olá! ⁄ Bom dia! Como passou?)... A
compreensão de um texto consiste na reconstrução da sua significação intencional.
Um texto especial resulta dos actos indirectos da fala, porque são interpretáveis de acordo
com o contexto da enunciação, da recepção e de acordo com a competência linguística, o grau de
informação e a capacidade emocional e intelectual do alocutário, o sujeito interpretante. Ex.: piso
escorregadio. → Atenção à condução! Está a chover…! → Leva o guarda-chuva!
A competência linguística define-se pelo domínio das regras de uma língua que permitem
ao falante construir e compreender o sentido literal e o sentido figurado de quaisquer enunciados
bem formados.
Texto e contexto
O parágrfo: é uma grande porção lógica de texto, constituído por uma sequência de frases
ou apenas por uma só frase. Pois, é uma fase do desenvolvimento lógico do pensamento global
comunicado pelo autor. É marcado graficamente por uma mudança de linha e um espaço maior à
esquerda no seu começo. É formado por um ou vários períodos sintaticamente coesos e coerentes.
Em suma, o parágrafo é uma ideia predominante do plano do texto e desempenha um papel
importante para o leitor, ao indicar-lhe que vai transitar de uma unidade de sentido para outra.
A estrutura do parágrafo
5
O parágrafo está estruturado da seguinte forma:
1- O parágrafo-tipo, implica
a) A ideia essencial (tópico), posta no início do parágrafo;
b) A argumentação do corpo do parágrafo (exemplos, citações, provas…);
c) A frase de conclusão.
2- Ideias secundárias podem fazer parte do parágrafo, inseridas em qualquer lugar da
estrutura básica.
A jornalista Dulce Neto, no comentário que faz dos resultados da sondagem se «entram
muitos ignorantes para as universidades», escreve um parágrafo-tipo:
«Não há qualquer estudo conhecido que o comprove. E é bem preciso. Não basta olhar
para as médias de entrada no ensino superior, para o discurso desculpabiliador dos professores
universitários (a maior parte das vezes mal preparados pedagogicamente), para os mecanismos
que os reitores engendraram este ano com a nota mínima ou mesmo para as taxas de insucesso
reinantes nas pautas dos caloiros. O ânimo leve com que se diz que o nível baixou devia ser
temperado».
6
Relações de comparação que se estabelecem por meio de conexões de conformidade:
conforme, consoante, segundo, conexões de semelhança: do mesmo modo… assim, tal como…
assim…, conexões de contraste: ao contrário, pelo contrário;
Relações restritivas que se estabelecem por meio de conexões de oposição : mas, porém,
todavia, contudo, e conexões de correcção: ou antes, ou melhor, melhor dito ⁄ dizendo, mais
precisamente;
Relações de ruptura: de qualquer modo, em todo caso, seja como for, como quer que seja.
A coesão textual: consiste na relação estabelecida por meios linguísticos quer entre os
elementos da oração e da frase quer entre frases do mesmo texto. Ou ainda, é a união e a harmonia
entre os vários elementos que compõem o texto, oral ou escrito.
O texto é coerente quando a sua organização lógico-semântica à volta de um tópico lhe
permite ser correctamente interpretado pelo destinatário. A interpretação do texto será conseguida
se o sujeito interpretante, partilhar a competência linguística e a informação do autor, ao ponto de
compreender os factos citados no contexto situacional e encontrar a intencionalidade comunicativa
do texto. A coerência textual tem a ver com a aceitabilidade da frase, isto é, a sua lógica.
entre si.
7
repetir o que já foi exposto.
Exemplos:
Tenho durmido pouco. No fim-de-semana vou aproveitar para me deitar tarde. Esta frase é
incoerente. Que princípio viola? R: Viola o princípio da não contradição.
R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Tens de estudar duas horas por dia, pois não podes deixar de te dedicar ao estudo cento e
vinte minutos por dia. Que princípio viola esta frase e porquê?
R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Gostas de ler? – A minha mãe comprou-me um vestido nos saldos. Que princípio viola esta
frase e porquê?
R:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
A ESCRITA, A REDACÇÃO
Apesar dos objectivos da escrita determinarem o formato da produção, o seu ensino nunca se
esvazia no conhecimento da caligrafia ou ortografia, mas inclui a planificação da produção escrita, a
formatação linguística dos conteúdos, o rascunho, a revisão e a versão final para partilhar com os
destinatários.
8
O grande objectivo da aprendizagem da escrita é que o aluno consiga adquirir uma
capacidade de transcrição, sobretudo, que seja capaz de adequar a expressão escrita aos preceitos
colocados pelo contexto de comunicação e pelos efeitos perlocutivos, para obter uma competência
comunicativo-pragmática. É por isso que, a Pedagogia do ensino da aprendizagem da escrita
valoriza mais as competências específicas envolvidas nesse acto do que o produto final adquirido.
O enfoque desta temática está nas competências dominadas para o exercício da escrita, pois
esta actividade dispõe a planificação, a redacção, e a revisão.
Segundo AZEVEDO, 2012, p.32, saber escrever inclui, portanto, um conjunto de saberes ou
de competências:
1- Saber planificar, quer dizer, ser capaz de gerar uma situação de comunicação
funcionalmente adequada aos efeitos que se pretendem obter;
2- Saber textualizar, escolhendo determinado modo de enunciação e redigindo em
coerência com as características do tipo textual;
3- Saber rever e corrigir o texto, reformulando-o sempre que necessário, por forma a obter
um produto final considerado comunicativamente adequado;
A planicação
Escrever um texto implica escrever sobre algo, que possui um objectivo comunicativo para
alguém e este acto de comunicação deve originar um originar um efeito.
Nesta perspetiva, afirma AZEVEDO, 2012, p.36, o acto da escrita exige uma cuidadosa
reflexão no sentido de identificar a informação pertinente e o ⁄ s argumento ⁄ s para que o texto a
produzir se adeqúe, com eficácia, aos nossos leitores-modelo e suscite os efeitos desejados. Famos,
neste sentido, da necessidade de uma adequada planificação. Esta, passa pela formulação das
seguintes perguntas:
O que sei acerca das pessoas que vão ler este texto?
O que sabem elas acerca do tema que vou escrever?
Que tipo de efeito pretendo causar com este texto?
Que tipo de informação devo explicitar?
Quando será este texto lido?
9
Como me vejo como autor deste texto?
Debate colectivo acerca de um tema gerador de diálogo, motivado, por exemplo, por um
filme, recortes de jornais, uma situação da comunicação, etc.;
Exploração de palavras-chave;
Colocação das perguntas Quem? O Quê? Onde? Quando? Como? Porquê? ou de
questões mais complexas do tipo Como é que? Quem afecta? O quê?
Exploração de uma situação a partir de vários pontos de vista alternativos
(Cassany,1995 apud AZEVEDO, p. 37): descrever o objecto ou situação (como o vês,
sentes, tocas ou saboreias?), compará-lo com outros objectos ou situações (com o que
se parece ou de que se diferencia?), relacioná-lo (com o que se relaciona?), anlisá-lo
sob várias perspectivas (quantas partes tem? como funciona?), aplicá-lo (como se
utiliza? para que serve?) e argumentar (que se pode dizer a favor ou contra?);
Consulta de bibliografia especializada acerca do tema em questão;
Investigação realizada pelos alunos, sob supervisão dos professores.
Com efeito, trata-se de explorar adequadamente as circunstâncias que nos movem a
escrever, já que uma situação comunicativa bem percebida permite pôr em marcha o processo de
escrita o objeto desejado.
Após o processo de planificação, segue-se o momento da redacção do texto, isto é, da
transformação das ideias em linguagem e numa representação gráfica. Pois é importante clarificar
os elementos verbais e as suas relações, dotada de coerência e coesão ao nível da estrutura esterna
do texto e ao nível da sua estrutura profunda.
Segundo Barbeiro2003, apud AZEVEDO, p. 39, um texto deverá ser construído em
conformidade com o universo que toma como referência. Assim, a escolha das expressões
linguísicas não poderá contradizer o seu universo de referência, sob pena de se tornar incoerente.
Daí que, o texto implica, necessariamente, uma coesão temporal, referencial e uma coesão
lexical.
10
Este processo de conectividade, permite organizar as estruturas das frases e as estruturas
interfrásicas. A coesão assegura a unidade do texto, em termos de progressão temática.
Concluindo, escrever é uma actividade complexa que requer esforço e motivação, e que só
se aprende se os alunos praticarem essa actividade, isto é, se escreverem, á partir de uma aula por
tópicos de partilha activa de ideias e tarefas de escrita em que eles se envolvam afectivamente.
Logo, escrever é treinar competências. Ao estruturar o texto é preciso sempre ter em conta o
destinatário e seus comportamentos interpretativos, a intencionalidade e os objectivos
comunicativos precisos. Por isso, de acordo com Condemarín e Chadwick 1987, apud AZEVEDO,
p. 42, a escrita criativa, é um excelente meio para estimular, sob o ponto de vista cognitivo, o
desenvolvimento de um pensamento divergente, o qual, contrariamente ao pensamento convergente,
que se caracteriza por reter o conhecido e conservar o que é, tende a explorar o indeterminado e a
construir ou elaborar o que poderia ser. Assim, a criatividade constitui uma faculdade que pode ser
utilizada proactivamente como instrumento de descoberta, de resolução de problemas ou de auto-
afirmação. Por exemplo o exercício de uma escrita criativa a partir de jogos, ou temas anedóticos ou
de uma mistura de contos, já conhecidos.
11
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
2020
Ter noção destes conceitos, para servir de base no estudo das funções da linguagem e níveis
de língua.
Linguagem: segundo a autora ″ Tatiana Slama-Casacu, 1961, citado pelo gramático (apud)
Cintra, Lindley, na pg. 1, a Linguagem é um conjunto complexo de processos, resultado de uma
certa actividade psíquica profundamente determinada pela vida social, que torna possível a
aquisição e o emprego concreto de uma LÍNGUA qualquer ″. É ainda o sistema de sinais que serve
de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua valor convencional a
determinado sinal, existe uma LINGUAGEM (CINTRA, Lindley, 2006, pg. 1).
De acordo com esta definição, entendemos que a linguagem é a capacidade que os seres
humanos têm de se comunicar, exprimindo conhecimentos. E o nosso nível social determina a
linguagem.
12
por todos os seus falantes. Numa linguagem mais concreta, a língua é um depósito de signos e de
regras combinatórias, que proporcionam aos falantes de uma comunidade linguística a capacidade
de comunicarem (Cfr. Borregana, 2003, pg.7).
Fala: é a língua no acto, na execução individual (CINTRA, Lindley, 2006, pg. 1).
É importante referir que, todo nosso comportamento social está regulado por normas a que
devemos obedecer, se quisermos ser correctos. Jespersen define linguisticamente o correcto como
aquilo que é exigido pela comunidade linguística a que se pertence. Falar correcto significa o
falar que a comunidade espera, e o erro em linguagem equivale a desvios desta norma, sem
relação alguma com o valor interno das palavras ou formas. A norma não corresponde, como
pensam certos gramáticos, ao que se pode ou se deve dizer, mas ao que já se disse e
tradicionalmente se diz na comunidade considerada (Cfr. Ibidem, 2006, pg. 3- 4).
Pois, a língua e a fala são dois aspectos da linguagem, totalmente inseparáveis. Porque entre
elas existe uma estreita relação no seu funcionamento real. Entretanto, aos nossos olhos, parece que
a língua precede a fala, pelo facto de a fala se alimentar da língua, usando os seus signos e regras
combinatórias. Apesar disso, é lógico considerar que a fala precede a língua, visto que são os actos
da fala que constroem e modificam progressivamente a língua.
Por tudo o que se disse acima, conclui-se que os três elementos referidos, são bastante
importantes no processo de comunicação, uma vez que estão relacionados no seu funcionamento
real.
Monólogo: Diálogo interior do emissor, sendo assim, assume o papel de emissor e receptor.
Diálogo: o emissor e o receptor trocam os seus papéis logo que um responde o outro. Aqui
se estabelece uma comunicação bilateral, isto é, conversa entre os dois quando há feedback.
Difusão: o emissor e o receptor nunca trocam os seus papéis. Cada um assume a sua posição
de transmitir e de receber. Este tipo de comunicação verifica-se nos livros, nas revistas, e jornais, na
rádio e na televisão, cujos receptores são indeterminados. Aqui se estabelece uma comunicação
unilateral.
13
3- Canal de comunicação: é meio físico através do qual a mensagem se transmite do
emissor ao receptor. E quando há interferências ou obstáculos que obstruem o canal de
comunicação, que impedem a boa compreensão entre o emissor e o receptor, estamos
diante de ruído.
4- Mensagem: a mensagem é o aspecto significativo do texto emitido, contendo a realidade
extra-linguística a que o significado se refere. Nota-se isto no seguinte exemplo: O
professor ensina os alunos.
Vale lembrar que, neste processamento da mensagem, é preciso saber usar os sinais de
pontuação ⁄ as pausas, porque qualquer entoação diferente alteram o sentido da frase.
Portanto, para o emissor transmitir a sua mensagem, tem de codificá-la e o receptor, para
apreender o sentido da mensagem, terá de descodificá-la, isto é, identificar e interpretar os sinais
transmitidos (descodificação).
Código
Codificação Descodificação
Mensagem
Contexto
Emissor receptor
Canal de comunicação
14
O emissor e o receptor não se compreenderão, se não conhecerem o código (a língua) que
falam. E se um deles tiver mais domínio do que o outro, a mensagem será entendida apenas por um
deles.
Referentes verbais ⁄ contextos: são os que precedem ou seguem cada uma das mensagens e
que contribuem para o seu esclarecimento.
15
Sumário: Funções da Linguagem
Quando comunicamos, temos várias finalidades, como informar, exprimir sentimentos, dar
uma ordem ou fazer um pedido. É, pois, neste sentido que, surgem as diferentes funções da
linguagem com suas características, para serem usadas em cada uma destas finalidades.
É de recordar mais uma vez que, podemos definir a linguagem como um conjunto complexo
de processos, resultado de uma certa actividade psíquica profundamente determinada pela vida
social, que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma LÍNGUA qualquer ″. Como
sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Como capacidade que os
seres humanos têm de se comunicar, exprimindo conhecimentos. E como um processo pelo qual os
homens transmitem mensagens entre si, servindo-se da palavra oral, escrita e da linguagem gestual.
Código
META-LINGUÍSTICA
Canal de comunicação
FÁCTICA
Referente
INFORMATIVA
16
Esta função é marcada pelo emprego da 1ͣ pessoa, por interjeições com significado emotivo,
oh!, ah! ui! ai de mim! Por adjectivos de emotividade: estupendo! horrível! paciência! Por frases
exclamativas e por alguns sinais de pontuação como (… ! ).
Ex.: Mulherzinha
Não aguento mais!... Eu toda muito pobrezinha em minha casa e aquele Pedro de
Andrade cheio de riqueza, sem filho nem filha para receber… Vou mesmo amigar com esse
homem… Mas… se fico só com ele e depois não gerar?... Ah, não importa, vou mesmo… Se não
gerar, paciência, vou embora outra vez. Não aguento mais!...
Função apelativa ou imperativa: através desta função, o emissor actua sobre o receptor,
dando-lhe uma ordem, um conselho, apelando para que ele assuma um determinado
comportamento. A intenção do emissor é de influenciar ou persuadir o receptor a fazer algo. A
mensagem centra-se no receptor, para influenciá-lo ou chamar sua atenção. É marcada pelo
vocativo, os verbos no modo imperativo e por uma linguagem orientada para a 2ͣ pessoa (tu, vós,
você, vocês), para o receptor. Portanto, esta função aparece mais nos textos publicitários, nos
discursos políticos, nas receitas e nos textos de auto-ajuda.
CUIDADO!
Menino sê diligente.
Função metalinguística: o emissor serve-se desta função para explicar qualquer palavra
cujo sentido não é entendido pelo receptor. Quando se analisa, por exemplo, um texto, investigando
17
o seu sentido e observando-o nos aspectos morfossintácticos e semânticos, estamos a utilizar esta
função. Ou seja, é a interpretação que se faz do que está por de trás de uma frase. Portanto, esta
função centra-se no código. E serve para esclarecer o código.
Ex.: Tu sabes que aquele poeta era um nefelibata, isto é, andava sempre nas nuvens, quer
dizer, fora deste mundo.
Função fáctica: é a função que permite manter o contacto, físico ou psicológico (atenção)
entre os interlocutores. Servimo-nos desta função quando existe grande urgência ou desejo de
comunicar. Pois, ela está bastante interligada com as funções informativa e apelativa, por ser
própria dos discursos, ou sermões, dos textos publicitários, das conversas entre amigos, sobretudo
ao telefone. Por isso, ela centra-se no canal de comunicação.
Ex.: Alô! Está aí? Não desligue! Compreende? Está a ouvir-me? Etc.
Função poética: tem a função de enfeitar a própria mensagem. Preocupa-se mais com a
estética do que com o seu conteúdo. Pois, está relacionada com a linguagem poética, literária. Tudo
o que torna a mensagem atraente, por exemplo, as palavras belas, os ritmos agradáveis das frases, o
uso de figuras de estilo e de imagens, de forma a criar o prazer da leitura, está dentro do contexto da
função poética da linguagem, que se centra na própria mensagem. Portanto, ela aparece na poesia e
na prosa literária. E através desta função, o escritor procura deixar o seu texto mais bonito,
surpreendente, provocando um efeito humorístico.
Por tudo o que dissemos atrás sobre as funções da linguagem, conclui-se que, a linguagem
surgiu para satisfazer as necessidades informativas. Por isso é que a função informativa é a mais
importante, porque ela visa a informação objectiva e é a função própria dos noticiários e das obras
científicas. Depois está a função emotiva, que visa a subjectividade e está bastante ligada à obra
literária, quer a poesia, quer a prosa artística.
18
Sumário: Mensagem oral e mensagem escrita
Mas para podermos compreender melhor as diferenças entre a linguagem oral e a linguagem
escrita, observemos o quadro a seguir:
Para transmitir uma informação, devemos utilizar níveis de língua diferentes, em função do
interlocutor, do local e das circunstâncias em que nos encontramos e da natureza da mensagem. Por
isso, a língua não é uniforme dentro da comunidade em que se fala. Pois, ela está sujeita à
mudanças geográficas, sociais, e situacionais.
Entretanto, apesar dessas mudanças, na língua está visível uma base comum, o código, que
deve ser conhecido e partilhado por todos os falantes duma mesma comunidade, para permitir uma
comunicação segura entre todos eles. Este código é traduzido em língua padrão, denominado por
norma. Esta é, portanto, constituída por um sistema de signos e regras combinatórias próprias de
uma comunidade linguística, que permitem a todos os falantes comunicarem entre si e
compreenderem-se mutuamente, até os analfabetos, ou de elevada cultura. A norma é adquirida
durante a vida escolar. Bally chama de língua comum, o conjunto de factos linguísticos, que, numa
19
determinada língua, exprimem as manifestações constantes da vida de um grupo linguístico. A
língua padrão é constituída por palavras usuais, unificando os sinónimos. E os outros níveis estão
assentes nesta, que a têm como base. Daí o facto de a língua padrão ser chamada por norma. Ela é
norma tanto para os falantes que se exprimem sempre dentro dos seus limites, como para aqueles
que a transgridem, criando os outros níveis de língua.
LÍNGUA LITERÁRIA
LÍNGUA CUIDADA
LÍNGUA FAMILIAR
LÍNGUA POPULAR
É bastante difícil identificar se um texto apresenta puramente a língua padrão, visto que isto
é apenas uma idealização dos linguista do que uma realidade isolável. Por isso, podemos afirmar
que se aproximam da língua padrão os textos dos dicionários, a linguagem do professor e dos
alunos nas aulas, e todos os textos expositivos que, aponte, unicamente a clareza. Jean Cohen
afirma mesmo que a linguagem dos cientistas é a que mais se aproxima da norma.
Assim, os níveis de língua podem ser agrupados da seguinte forma: nível corrente (padrão
ou norma), nível cuidado, nível literário, nível familiar, nível popular, nível técnico e nível
científico.
20
Nível cuidado: é aquele que se emprega em situações mais formais, por exemplo, em
discursos políticos ou parlamentares, conferências, artigos de crítica literária. É caracterizado por
expressões e vocabulários mais seleccionados, menos usual, e por uma construção frásica mais
complexa.
Ex.: Hoje, grande parte do trabalho dos químicos está em aumentar a eficiência dos
processos de produção e combustíveis e em descobrir novos processos para a sua produção, que
permitam minimizar os custos da mesma.
Ex.: Enfim, velho e gasto, já não aprendo linguagem. Foi, aliás, a fabricá-la que me
gastei. Mas se for por fabricar se entende a recebê-la em menino como matéria semiótica do
segundo grau, então sim, tenho de reconhecer que fui um bom operário da fala oral e escrita.
Ex.: Nesta idade não é o corpo que transpira mas a alma onde ele respira. Com aquele
meu sempre e internado abraço, cá te tenho no tempo onde te inventas a pedir-te que me inventes
também.
Nível familiar: é utilizado no meio familiar ou entre amigos, estando assim em situações
informais. A sua construção é pouco rigorosa. Não se afasta tanto da língua corrente, porque neles,
o seu vocabulário e elaboração sintáctica é simples e pouco variado. Por isso as frases são curtas,
com repetições de frases e expressões, aproximando-se da linguagem oral. As crónicas jornalísticas
e as cartas informais, apresentam quase este nível de língua, pelo tom de conversa despreocupada e
pela simplicidade e tom coloquial.
Ex.: Anita, ⁄ Cumprindo a promessa que te fiz hoje mesmo, não me quis deitar sem
primeiro te escrever: Cheguei a salvamento a esta terra, tendo engolido muito pó pelo caminho,
petisco de que nem por isso fiquei gostando. Ceei bem e espero dormir melhor.
Nível popular: é aquele que se usa ao baixo nível de instrução, isto é, nas camadas sociais
mais desfavorecidas e pouco letradas ou menos alfabetizadas da população. Usa um vocabulário
muito, e afasta-se frequentemente das regras da gramática normativa. É marcado por desvios
frequentes da norma a nível do corpo fónico das palavras, sintaxe descuidada e morfológico.
De acordo com as regiões do País e com determinados grupos sociais, a língua popular pode
assumir as formas de regionalismo, de gíria e de calão.
21
Os regionalismos: são utilizados numa determinada região, distintos no léxico, na pronúncia
e na sintaxe. São registos de língua próprios da população que habita as aldeias mais afastadas dos
centros urbanos.
- Ah, já percebi! Aqui na tua banda o pirão tem a ver com o caldo de peixe.
Ex.: A professora chumbou-me à toa. Fartou-se de nos dar borlas. Mas eu também nos
furos não aproveitava para estudar.
O calão: o calão está incluído dentro da gíria. E é um linguajar grosseiro ou obsceno e que
se difunde pouco a pouco entre os falantes. Próprio dos rapazes vagabundos, salteadores,
contrabandistas, etc. Tem origem em extractos sociais marginalizados, de ambientes miseráveis,
onde a acção educativa dificilmente penetra. Por isso, não é aceite pelas classes sociais mais
elevadas, por considerarem-no mesmo grosseiro e até obsceno. Portanto, apesar disso, certas
palavras menos grosseiras do calão vão entrando na linguagem familiar, mesmo em meios sociais
elevados, sobretudo através de estudantes jovens menos respeitadores das normas sociais.
Nível técnico: a linguagem técnica não se confunde com a gíria. Porque a linguagem técnica
é aquela que é constituída por um léxico próprio das comunidades ligadas a uma profissão. Por
exemplo, a palavra pistão, muita gente ignora que seja uma peça importante de um motor. Muitos
termos da linguagem técnica são usados também na linguagem comum, mas com outro significado,
é o caso das velas de um motor (ling. técnica); as de cera (ling. comum).
Nível científico: é aquela que se afasta da língua comum sobretudo a nível lexical ou de
terminologia. Porém, muitas palavras das línguas científicas vieram da língua comum, adquirindo
um significado especializado, ex.: norma, desvio (Linguística), massa e pressão (Físico-Química).
Por tudo o que se disse, conclui-se que estes níveis ajudam-nos a distinguirmos os
momentos de comunicação de acordo com o contexto.
Bibliografia
- MAGALHÃES, Olga at all. Língua Portuguesa 11ͣ. Porto Editora, Porto, 2011.
22
- CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Breve Gramática do Português Contemporâneo. Edições
João Sá da Costa, 18ͣ Edição, Lisboa, 2006.
- JORGE, Noémia. Gramática de Português 3° Ciclo 7° 8° e 9° anos, Porto Editora, Porto, 2015.
- COSTA, Márcia e ROTHES, Eva Areal. A nossa Gramática de Língua Portuguesa Ensino
Secundário. Plural Editores, Porto, 2015.
- AZEVEDO, Fernando José Fraga. Metodologia da Língua Portuguesa, Plural Editores Grupo
Porto Editora, Porto, 2012.
- COSTA, Luísa Dolbeth e PEREIRA, Anny. Português 11ͣClasse, Texto Editores, Luanda, 2006.
23