Texto Complementar - Tema 6 - Matrimônio Na Dimensão Do Sinal
Texto Complementar - Tema 6 - Matrimônio Na Dimensão Do Sinal
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A Linguagem do Corpo
e a Realidade do Sinal
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em certo sentido, o conteúdo constitutivo da de tal modo, desde o "princípio", que as mais
comunhão das pessoas. (...) As pessoas —homem profundas palavras do espírito – palavras de amor,
e mulher — se tornam um dom recíproco um para de entrega, de fidelidade – exigem uma adequada
o outro. Tornam-se esse dom na masculinidade e "linguagem do corpo". E sem ela não podem ser
feminilidade que lhe são próprios, enquanto plenamente expressas. Sabemos pelo Evangelho
descobrem o significado esponsal do corpo e o que isto se refere quer ao matrimônio quer à
direcionam reciprocamente a si mesmos de modo continência "por amor do Reino dos Céus". (TdC
irreversível: na dimensão da vida como um todo. 104)
(TdC 103)
13. O corpo, de fato, diz a verdade através do
8. O matrimônio é um sinal visível e eficaz. amor, da fidelidade, da honestidade conjugais,
Originado pelo mistério da criação, ele haure a assim como a não-verdade, ou seja, a falsidade é
sua nova origem do mistério da Redenção, a fim expressa através de tudo o que é negação do amor,
de servir a "união dos filhos de Deus na verdade e da fidelidade, da honestidade conjugais. Pode-se,
na caridade" (Gaudium et Spes 24, 3). A liturgia pois, dizer que, no momento de proferir as
do sacramento do matrimônio dá forma àquele palavras do consentimento matrimonial, os novos
sinal: diretamente, durante o rito sacramental, com esposos se põem na linha do mesmo "profetismo
base no conjunto das suas eloqüentes expressões; do corpo", cujos porta-vozes foram os antigos
indiretamente, no espaço de toda a vida. O homem Profetas. (TdC 105)
e a mulher, como cônjuges, carregam este sinal
por toda a sua vida e permanecem sendo esse sinal
até a morte. (TdC 103)
“Profetismo do Corpo”
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16. Podemos dizer que o elemento essencial para 21. À luz das palavras pronunciadas por Cristo no
o matrimônio enquanto sacramento é a Sermão da Montanha, à luz de todo o Evangelho e
"linguagem do corpo" relida na verdade. É da Nova Aliança, a tríplice concupiscência (e, em
precisamente através disso que o sinal sacramental particular, a concupiscência da carne) não destrói
é constituído. (TdC 104) a capacidade de reler a "linguagem do corpo" na
verdade — e de a reler continuamente de modo
17. Os corpos dos esposos falarão "por" e "da mais amadurecido e mais total. (TdC 107)
parte" de cada um deles, falarão no nome e com a
autoridade da pessoa, de cada um das pessoas, 22. Deste modo, na visão evangélica e cristã do
realizando o diálogo conjugal, que é próprio da problema, o homem "histórico" (depois do pecado
sua vocação e baseado na linguagem do corpo, original), com base na "linguagem do corpo"
continuamente relida na ocasião correta e no relida na verdade, é capaz — como homem e
tempo oportuno: e é necessário que seja relida na mulher— de constituir o sinal sacramental do
verdade! (TdC 106) amor, fidelidade e honestidade conjugal, e isto
como sinal duradouro: "ser fiel sempre, na alegria
e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e
respeitando-te todos os dias da minha vida". (TdC
107)
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29. “Teus lábios, minha esposa, são favo que Um Jardim Fechado, Uma Fonte Selada
distila o mel; sob a tua língua há mel e leite, e o
perfume de tuas vestes é como o perfume do 34. Com relação ao tema anterior, que pode ser
Líbano.” (Cânt 4, 11) chamado de ―fraternal‖, surge outro tema no dueto
de amor do Cântico dos Cânticos. (TdC 110)
30. A presença desses elementos neste livro que
faz parte do cânon da Sagrada Escritura mostra 35. “És um jardim fechado, minha irmã e esposa,
que eles e a correspondente ―linguagem do corpo‖ jardim fechado e fonte lacrada.” (Cânt 4, 12)
contêm um sinal primordial e essencial de
santidade. (TdC 109) 36. A metáfora do ―jardim fechado, fonte selada”
revela a presença de outra visão do mesmo “eu”
feminino. (...) A esposa amada aparece aos olhos
do esposo amado como um ―jardim fechado‖, e
como ―fonte selada‖, ou ela fala a ele com aquilo
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que parece mais profundamente escondido na se abre de algum modo ante os olhos da alma e
estrutura toda de seu ―eu‖ feminino, que também do corpo do esposo amado. Através desse círculo
constitui o mistério estritamente pessoal da de intimidade a esposa amada vive mais
feminilidade. A esposa amada se apresenta aos plenamente a experiência do dom que está unida,
olhos do homem como senhora de seu próprio da parte do ―eu‖ feminino, com a expressão
mistério. Pode-se dizer que essas metáforas esponsal e o significado do corpo. Essas palavras
expressam a plena dignidade pessoal do sexo – contêm não apenas uma descrição poética da
daquela feminilidade que pertence à estrutura amada, de sua beleza feminina, na qual os
pessoal. (TdC 110) sentidos repousam, mas essas palavras falam de
dom e de auto-doação. Nelas sempre ouvimos o
37. A ―irmã esposa‖ é, para o homem, senhora de eco das primeiras palavras do Gênesis (2, 23)
seu próprio mistério enquanto ―jardim fechado‖ e através das quais o sinal do sacramento primordial
―fonte selada‖. A ―linguagem do corpo‖ relida na foi constituído. (TdC 111)
verdade anda de mãos dadas com a descoberta da
inviolabilidade interior da pessoa. Ao mesmo 40. “Porque o amor é forte como a morte e é
tempo, precisamente essa descoberta expressa a cruel, como o Abismo, o ciúme: suas chamas são
autêntica profundidade do pertencer recíproco dos chamas de fogo, labaredas divinas. Águas
esposos, a consciência iniciante e crescente de torrenciais não puderam extinguir o amor, nem
pertencer um ao outro, de ser destinado um ao rios poderão afogá-lo.” (Cânt 8, 6-7)
outro: “Meu amado é meu, e eu sou do meu
amado” (Cânt 2, 16). (TdC 110) 41. Aqui atingimos, em certo sentido, o ápice de
uma declaração de amor. (...) À luz dessas
palavras sobre o amor, que é ―forte como a
morte‖, encontramos o fechamento e o
coroamento de tudo no Cântico dos Cânticos.
(TdC 111)
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une irmão e irmã. (...) Através do matrimônio 49. No sinal sacramental, o matrimônio deve
homem e mulher se tornam irmão e irmã de um servir para construir a comunhão recíproca de
modo especial. O caráter fraternal parece estar pessoas, reproduzindo o significado esponsal do
enraizado no amor esponsal. (TdC 114) corpo em sua verdade intrínseca. (TdC 116)
45. Na historia do casamento de Tobias com Sara, 50. A ―linguagem do corpo‖ se torna a linguagem
entretanto, encontramos uma situação, parece, da liturgia, porque é com base e com fundamento
que confirma enfaticamente a verdade sobre as nessa linguagem que o sinal sacramental do
palavras acerca do amor: ―forte como a morte‖. matrimônio é constituído. (...)É através da
(...) Sara já tinha sido dada em casamento a sete ―linguagem do corpo‖ relida na verdade – na
homens (Tob 6, 14) Mas cada um deles falecia verdade do amor – que o sinal sacramental do
antes de se unir com ela. (...) O jovem Tobias matrimônio é construído na linguagem da liturgia
tinha razões para temer uma morte similar. (...) e no ritual litúrgico como um todo. (...) Na ótica
Portanto, desde o primeiro momento, o amor de do mesmo texto pode-se ver também o modo
Tobias teve que enfrentar um teste de vida ou como a linguagem e o ritual da liturgia formam
morte. Se o amor prova ser forte como a morte, (devem formar!) a ―linguagem do corpo‖. (TdC
isso acontece acima de tudo porque Tobias (e Sara 117)
com ele) se dirigem sem hesitação a esse teste.
Nele, a vida tem a vitória, e o amor se revela forte 51. A liturgia, especialmente a linguagem
como a morte. (TdC 114) litúrgica, eleva a aliança conjugal de homem e
mulher - a qual é baseada na ―linguagem do
46. Rafael dá ao jovem Tobias vários conselhos corpo‖ relida na verdade – às dimensões do
para evitar a ação do mau espírito que causara a “mistério”, e ao mesmo tempo permitem que essa
morte dos sete homens com quem Sara havia se aliança seja realizada nessas dimensões através da
casado antes. (...) Recomenda acima de tudo, a ―linguagem do corpo‖. (TdC 117b)
oração: “Quando estiveres para te unir a ela,
antes levantai-vos ambos e orai e suplicai ao 52. A linguagem litúrgica cofia a ambos, ao
Senhor do céu, para que vos seja concedida homem e à mulher, o amor, a fidelidade e a
misericórdia e saúde. Não temas. Ela foi honestidade conjugal mediante a "linguagem do
destinada para ti desde sempre e tu a salvarás. corpo". Confia-lhes como dever todo o "sacrum"
Ela irá contigo e tenho certeza de que terás filhos da pessoa e da comunhão das pessoas, e
com ela, os quais serão para ti como irmãos. Não igualmente a sua feminilidade e masculinidade —
fiques preocupado.” (Tob 6, 18) (TdC 114) precisamente nesta linguagem. (TdC 117b)
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