ECTOPARASITOSES
ECTOPARASITOSES
ECTOPARASITOSES
1. Ácaros
A ESCABIOSE ou sarna é uma dermatose produzida pelo ácaro Sarcoptes scabiei,
var hominis. É transmitida por contato pessoal, sem preferência por idade, sexo ou raça. A
possibilidade de transmissão por roupas é excepcional.
Patogenia: O parasita completa todo o ciclo biológico no homem. O macho não
invade a pele e morre após a cópula, enquanto a fêmea fecundada penetra na camada
córnea e escava um túnel, particularmente à noite, depositando 2-3 ovos por dia, durante
algumas semanas, então morre. Os ovos, em alguns dias, originam larvas hexápodes, que vêm
à superfície e mudam para ninfas octópodes, as quais originam ácaros adultos. O prurido
ocorre por dois mecanismos: (1) alérgico (eosinofilia sanguínea, às vezes elevada, sobretudo
na escabiose crostosa), e (2) mecânico – progressão do parasital, a qual se faz especialmente à
noite, como consequência do calor do leito.
Manifestações clínicas: o principal sintoma clínico da escabiose é o prurido, em
geral intenso, durante a noite. Três elementos devem ser considerados na escabiose: (1)
sulco – pode ser reconhecido como uma pequena saliência linear, não maior que 1cm,
apresentando em uma das extremidades, uma vesicopápula, perlácea, do tamanho da cabeça
de um alfinete, onde se encontra a fêmea do ácaro; (2) distribuição – afeta principalmente
espaços interdigitais das mãos, axilas, cintura, nádegas, mamas, pênis, face e pés, sendo
que, em crianças, também ocorrem lesões nas palmas, plantas, couro cabeludo e pescoço;
(3) lesões secundárias – são escoriações e piodermites como impetigo, foliculite,
furúnculo, ectima, urticas, sendo que, no idoso, as lesões são pouco visíveis e o quadro é
manifesto por prurido e escoriações.
Diagnóstico clínico: sugerido, principalmente, por prurido noturno, especialmente
quando vários familiares ou pessoas na mesma habitação apresentam a mesma
sintomatologia. O exame objetivo, pelo encontro de sulcos ou pela distribuição confirma o
diagnóstico. Os principais grupos a serem considerados são: (1) higiene excessiva (lesões
mínimas), (2) crianças (especialmente lactentes -lesões urticadas ou eczematosas, palmas,
plantas e couro cabeludo), (3) idosos (raros sulcos são vistos, atentar-se ao prurido), (4)
iatrogenia (quadros tratados com corticoides e anti-histamínicos podem apresentar-se de
forma atípica com lesões eritematosas, urticadas ou eczematosas), (5) contaminação de
familiares, (6) escabiose nodular (lesões nodulares/papulonodulares, pruriginosas, em região
genital, inguinal e axilar – homens!), (7) hiperinfestação (extensão e diversidade de lesões,
especialmente em imunodeprimidos) e (8) sarna crostosa (hiperinfestação em
imunodeprimidos com formação de crostas).
Diagnóstico laboratorial: a pesquisa de ácaros, ovos ou cíbalos do ácaro deve ser
feita rotineiramente. Escarifica-se o sulco ou pápula suspeita com lâmina de bisturi ou cureta
molhada com óleo mineral e coloca-se uma lâmina com óleo. Devem ser escarificadas várias
lesões, podendo ocorrer sangramento mínimo. O exame negativo não invalida o diagnóstico.
Na dermatoscopia, podem ser visualizadas estruturas acastanhadas em forma de asa delta
(porção anterior do ácaro) na extremidade de lesões lineares correspondentes aos sulcos. PCR
é uma opção, porém pouco usada na prática clínica.
Diagnóstico diferencial: farmacodermia, dermatite atópica, dermatite de contato,
prurido metabólico. Casos de hiperinfestação – psoríase, dermatite eczematosa, dermatite
seborreica, eritrodermia.
Tratamento: Antes de se iniciar o tratamento da escabiose, é preciso fazer um
levantamento de todos os habitantes da casa e avaliar os que estão de fato acometidos. Nos
casos de dúvida, é melhor tratar todos, pois, do contrário, novo ciclo epidemiológico familiar
pode ocorrer. A permetrina é usada como tratamento eletivo – creme ou loção a 5%, não
sendo irritante na forma natural e podendo ser usada em adultos, crianças, gestantes e
mulheres em aleitamento (controverso! Azulay traz que o enxofre seria preferível). Deve se
passar o medicamento em todo o corpo, sem banho prévio, deixando agir por 10-12 horas.
Após, o paciente deve tomar banho e repetir a aplicação após 24 horas. Após duas aplicações,
se houver prurido, devem-se usar cremes de corticoides e anti-histamínicos. Após cada
aplicação do medicamento, toda a roupa de uso pessoal ou de cama deve ser lavada, porém
não necessita ser fervida. A ivermectina é uma opção eletiva para terapia sistêmica –
200mcg/kg para adultos e crianças acima de 5 anos, VO, dose única, que pode ser repetida
após uma semana. Em imunocomprometidos são necessárias duas doses ou até associação
com terapia tópica. Terapias alternativas incluem: (1) enxofre precipitado (5% em vaselina
ou pasta d’água por 3 dias, pouco irritante, 2ª escolha para crianças), (2) monossulfiram
(pouco efetivo), (3) benzoato de benzila (loção a 25% em todo o corpo, deixando agir por 24
horas – pouco usado por causar muita dermatite irritativa), (4) tiabendazol (50mg/kg/dia por
10 dias) e (5) ivermectina tópica.
2. Epidemiologia
A acne vulgar é comum na população, afetando aproximadamente 85% dos jovens.
Seu início geralmente ocorre na puberdade, porém pode surgir aos 25 anos ou mais.
Usualmente os quadros mais graves acontecem no sexo masculino. Sabe-se que existe um
componente genético associado, podendo relacionar-se à predisposição familiar.
3. Patogênese
4. Manifestações clínicas
As lesões costumam durar de semanas a meses, sendo mais graves no outono ou no
inverno. A dor local, especialmente no tipo nódulocístico, pode estar presente. A acne, em
toda a sua plenitude, é uma erupção polimorfa caracterizada por comedões (cravos), pápulas,
pústulas e lesões nodulocísticas, com grau variável de inflamação e cicatrizes. Pode ser
classificada em: acne não-inflamatória – acne comedoniana (grau I) ou acne inflamatória –
papulopustulosa (grau II), nodulocística (grau III), conglobata (grau IV) e fulminans (grau V).
Comedões: podem ser abertos
(pontos pretos) ou fechados (pontos
brancos), caracterizando a acne
comedônica. Os comedões são tampões
de queratina que se formam no interior
do óstio folicular, frequentemente
associados a eritema e formação de
pústula. Aqueles com óstios pequenos
são denominados fechados e os com
óstios maiores são denominados abertos.
6. Tratamento e prognóstico
Com frequência, as lesões regridem no início da terceira década de vida, mas podem
persistir até a quarta década ou mais. Há exacerbações no inverno e no período menstrual. As
sequelas da acne são as cicatrizes.
O objetivo do tratamento é remover os tampões que obstruem a drenagem dos
folículos, reduzir a produção de sebo e tratar a colonização bacteriana.
Loções e sabões desengordurantes podem ser usados, ainda que sua ação tenha curta
duração e pouca evidência na modificação da acne, devendo ser usados de 2 a 3 vezes/dia. Os
sabões mais comumente indicados são os que possuem enxofre e ácido salicílico.
Acne branda: antibióticos tópicos (clindamicina e eritromicina) e peróxido de
benzoíla em gel. O uso de retinoides tópicos (ácido retinóico, adapaleno, tazaroteno) requer
instruções detalhadas acerca do aumento gradual na concentração, iniciando-se com 0,01 e
aumentando-se para 0,025 e 0,05. Tratamento combinado com gel de peróxido de benzoíla e
de eritromicina é mais eficaz.
Acne moderada: ao esquema anterior, deve-se acrescentar antibioticoterapia oral,
sendo o esquema mais efetivo minociclina 50-100mg/dia ou doxiciclina 50-100mg 2x/dia. O
uso de isotretinoína VO para prevenção de cicatrize nos casos de acne moderada tem sido
mais comum e é efetivo.
Acne grave: além do tratamento tópico, há indicação de terapia com isotretinoína nos
casos de acne cística ou conglobata ou qualquer outro refratário ao tratamento inicial. Esse
retinoide inibe a função das glândulas sebáceas e a queratinização e é muito efetivo. As
contraindicações incluem: gestação (teratogênica, obrigatório uso de contracepção efetiva),
uso concomitante com tetraciclina (quadro de edema intracraniano benigno). As advertências
incluem: dosar AST/ALT e lipídeos antes do tratamento (risco de hipertrigliceridemia e
aumento de transaminases), pode causar cegueira noturna, exantema eczematoso. Secura
dos lábios, queilite, afinamento do cabelo, secura e sangramento nasal, depressão,
cefaleia, artrite, dor muscular e pancreatite. A isotretinoína é prescrita na dose de 0,5-
1mg/kg em dose fracionada administrada junto às refeições.
Outras medidas incluem: extração mecânica dos comedões, logo no início do
tratamento da acne, semanalmente ou de 2 em 2 semanas; a crioterapia pode provocar
excelente descamação, sendo usada a cada 1 ou 2 semanas; dieta (redução de alimentos como
chocolate, amendoim etc; geralmente só recomendada em pacientes que demonstrem grande
convicção de que esses alimentos agravam o processo); psicoterapia