Gestao - de - Florestas Etec

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Gestão de Florestas

Aurélio Lourenço Rodrigues

Curitiba-PR
2013
Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

© INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.

Prof. Irineu Mario Colombo Prof.ª Patrícia de Souza Machado


Reitor Coordenadora de Ensino Médio e
Técnico do Câmpus EaD
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e-Tec/MEC
Thiago da Costa Florencio Projeto Gráfico
Diretor Substituto de Planejamento e
Administração do Câmpus EaD

Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná


Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,

Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando
caminho de o acesso mais rápido ao emprego.

É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.

A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande


diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.

A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do


país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma
formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições
de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas
sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.

Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional


qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Novembro de 2011

Nosso contato
[email protected]
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil 4
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes


desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVA e outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

e-Tec Brasil
e-Tec Brasil 6
Sumário

Palavra do professor-autor 9
Aula 1 – Introdução aos ecossistemas florestais 11
1.1 Conceitos básicos da ecologia
aplicados à gestão de florestas 11
1.2 Elementos que compõem as florestas
e as relações entre eles 12

Aula 2 – As florestas tropicais do planeta 15


2.1 As florestas tropicais úmidas 15
2.2 A Floresta Amazônica 17

Aula 3 – Diversidade e estrutura das florestas tropicais 19


3.1 A estratificação da floresta e diversidade de hábitat 19

Aula 4 – As fitofisionomias da Amazônia 23


4.1 Floresta de terra firme 23
4.2 Florestas inundáveis 24

Aula 5 – O uso sustentável das florestas 27


5.1 Um breve histórico sobre a exploração das florestas 27
5.2 Os recursos florestais e a sustentabilidade 29

Aula 6 – Uso sustentável da Amazônia: recursos madeireiros 31


6.1 O manejo florestal sustentável 31

Aula 7 – A exploração de impacto reduzido na Amazônia 37


7.1 A exploração de impacto reduzido na Amazônia 37

Aula 8 – Uso sustentável dos produtos florestais


não madeireiros da Amazônia 41
8.1 Os produtos florestais não madeireiros:
importância ecológica e social 41
8.2 O manejo dos produtos florestais não madeireiros 42

Aula 9 – Mata Atlântica 47


9.1 Origem e distribuição da Mata Atlântica 47

Aula 10 – As fitofisionomias da mata atlântica 51


10.1 Floresta ombrófila densa 51
10.2 Floresta ombrófila mista 51
10.3 Floresta estacional 52

e-Tec Brasil
Aula 11 – Corredores ecológicos da mata atlântica 55
11.1 Corredores ecológicos 55
11.2 O corredor central da Mata Atlântica 56

Aula 12 – A legislação florestal brasileira 59


12.1 Histórico da legislação florestal no Brasil 59

Aula 13 – As áreas de preservação permanente


e a reserva legal 63
13.1 Áreas de Preservação Permanente (APP) 63
13.2 A Reserva Legal (RL) 65

Aula 14 – A lei de gestão das florestas públicas 67


14.1 Princípios e objetivos da lei de gestão
das florestas públicas 67
14.2 Concessões florestais 68
14.3 Gestão de florestas comunitárias 69

Aula 15 – Sistema Nacional de Unidades


de Conservação da Natureza - SNUC 71
15.1 A criação do SNUC 71

Aula 16 – Unidades de proteção integral 75


16.1 Categorias de unidades de proteção integral 75

Aula 17 – Parques nacionais 79


17.1 Os principais parques brasileiros 79

Aula 18 – Unidades de uso sustentável 83


18.1 Categorias de unidades de uso sustentável 83

Aula 19 – Florestas nacionais 87


19.1 As principais Flonas do Brasil 87

Aula 20 – Áreas de proteção ambiental 91


20.1 Principais áreas de proteção ambiental do Brasil 91

Referências 95
Atividades autointrutivas 101
Currículo do professo-autor 125
Anotações 127

e-Tec Brasil
Palavra do professor-autor

Caros alunos, sejam bem-vindos à disciplina de Gestão de florestas.

O termo gestão de florestas, que dá nome ao nosso livro, refere-se à ação


de gerir, administrar ou manejar os recursos florestais. Nesse contexto, con-
siderando que as florestas são um recurso natural renovável, porém finito,
devemos zelar por uma gestão ou manejo consciente e responsável. Para
isso, é necessário conhecermos os ambientes florestais com propriedade.

No Brasil, as florestas ocupam um papel de grande relevância. A identida-


de de nossa nação está intimamente relacionada às árvores e às florestas.
Exemplo disso é o próprio nome do País, que foi dado a partir do pau-brasil,
árvore abundante na Mata Atlântica no início da colonização.

A importância das florestas para o Brasil não é apenas histórica. Atualmente,


cerca da metade do País é coberta por esse tipo de vegetação, que ocorre
de Norte a Sul, revelando-se em diferentes formas e assumindo uma grande
riqueza em biodiversidade e econômica.

Diante do exposto, o objetivo desse livro é situá-los sobre a questão florestal


no Brasil, abordando temas diversos, desde os conceitos ecológicos que de-
finem a floresta, estratégias de conservação e proteção florestal, até formas
de uso sustentável de seus recursos e legislação pertinente. A compreensão
desses temas é premissa para a gestão apropriada de nossas florestas.

Desejo a todos uma ótima leitura!

Profº Aurélio Lourenço Rodrigues

9 e-Tec Brasil
Aula 1 – Introdução aos ecossistemas
florestais

Caros alunos, sejam bem-vindos à nossa primeira aula da discipli-


na de Gestão de florestas. Para podermos nos aprofundar nesse
tema interessante, precisamos compreender alguns conceitos que
nos auxiliarão em nossas aulas daqui para frente. Portanto, vamos
discutir agora alguns termos básicos da ecologia e entender como
eles se aplicam na gestão dos ambientes florestais.

1.1 C
 onceitos básicos da ecologia
aplicados à gestão de florestas

Figura 1.1: Caminho no interior de uma floresta


Fonte: ©landysh/Shutterstock

Quando imaginamos o que é uma floresta, o que vem primeiro à nossa


mente? Creio que a maioria de nós imagina, a princípio, um conjunto de
árvores, quem sabe em um local remoto da Amazônia, dominado por tribos
indígenas e animais perigosos, cenário típico de um filme de aventura. Porém,
a floresta pode ser definida por conceitos muito mais abrangentes que, ao
longo de nossas aulas, conheceremos. Além de a floresta ser dominada por
árvores, essas plantas possuem diferentes formatos e tamanhos e abrigam
outras formas de vida, sejam elas outros vegetais ou animais (figura 1.1). Se
nos aprofundarmos mais ainda em nossa reflexão sobre as florestas, podemos
perceber que esse conjunto de árvores de diferentes formas e tamanhos,

11 e-Tec Brasil
que abrigam outras formas de vida, espalha-se por uma determinada área
ou região, envolvendo outros elementos do ambiente, como cursos d’água,
o solo e até mesmo o ar. Portanto, percebemos que, partindo de um ponto
de vista mais simplista, chegamos à conclusão de que as florestas vão além
de um simples amontoado de árvores e incluem diversos elementos do
ambiente, sejam eles vivos (bióticos), como as plantas e os animais, ou não
vivos (abióticos), como o solo, a água e o ar.

1.2 E
 lementos que compõem as florestas e
as relações entre eles
Dentro da ecologia existem conceitos que englobam
todos esses aspectos e que discriminam as relações
entre eles. Por isso, passaremos a nos aprofundar a
partir de agora no estudo dos elementos que com-
põem as florestas e nas relações entre eles, pois, para
podermos gerir, manejar e conservar esses ambien-
tes, precisamos antes conhecer as suas características
e seu funcionamento. Como podemos ver, as flores-
tas envolvem vários aspectos do ambiente, sendo,
portanto, um alvo importante para o trabalho do
profissional técnico em meio ambiente.
Figura 1.2: Elementos que compõem uma floresta
Fonte: http://www.silvicontrol.com.br
Um dos conceitos mais básicos em ecologia é o con-
ceito de indivíduo. De um modo geral, indivíduo é qualquer coisa sobre a
qual podemos atribuir propriedades (METZ, 2012). Nesse contexto, os indi-
víduos são considerados como a menor parte que compõe o todo, ou seja,
a unidade básica sujeita às influências do ambiente, cujo conjunto gera as
estruturas ecológicas mais complexas. Então, retomando o nosso pensamen-
to inicial, o que seriam os indivíduos na nossa floresta? Nesse caso, podemos
considerar como indivíduos todos aqueles organismos vivos ali presentes,
desde as menores bactérias que habitam o solo florestal e que vivem por
poucos dias, até a maior árvore da floresta, com idades que podem ultrapas-
sar os mil anos. Portanto, cada árvore, cada animal e cada organismo vivo
que povoa a floresta é considerado um indivíduo.

Os indivíduos, por sua vez, quando considerados de acordo com suas seme-
lhanças, formam conjuntos maiores, chamados de população. Na ecologia,
uma população é definida como um grupo de indivíduos de uma mesma es-
pécie, capazes de se reproduzirem entre si, e que ocupam um determinado
local ou região (ODUM, 1986).

e-Tec Brasil 12 Gestão de Florestas


Sendo assim, transferindo esse conceito para a floresta, podemos dizer que
o conjunto de indivíduos de uma determinada espécie de árvore consiste
em uma população, da mesma forma que o grupo de indivíduos de uma
espécie de animal silvestre forma outra população. Dessa forma, em um
único fragmento florestal pode haver milhares de indivíduos de diferentes Fragmento florestal
Partes de vegetação florestal
espécies, formando diferentes populações. descontínua, interrompida por
barreiras de origem humana
como a agricultura, ou de origem
As populações também podem ser agrupadas em conjuntos de acordo com suas natural, como campos nativos.
semelhanças, formando as comunidades. As comunidades são conjuntos de po-
pulações de diferentes espécies, com certo grau de semelhança, ocupando uma
determinada superfície (ODUM, 1986). Portanto, um conjunto de populações
de árvores de uma floresta, em que cada população é formada por indivíduos
de uma mesma espécie, pode ser considerado como uma comunidade, sendo
denominada de comunidade arbórea. De um modo mais abrangente ainda, po-
demos considerar todos os indivíduos vegetais de uma floresta, sejam árvores,
arbustos, samambaias ou liquens, como pertencentes a uma mesma comuni-
dade, ou seja, a comunidade de plantas. O mesmo conceito aplica-se para os
demais organismos do local, como a comunidade de pássaros, comunidade de
mamíferos, que compõem juntos a comunidade de animais do ambiente.

Vimos, portanto, que a partir de um ponto básico que é o indivíduo, passa-


mos a conceitos mais elaborados como a população e a comunidade. Vimos,
também, que cada um desses conceitos aplica-se às florestas. Entretanto, as
formações florestais vão além desses termos, envolvendo outros conceitos
ainda mais abrangentes que permitem compreender melhor as relações en-
tre os diferentes organismos ali presentes e o meio ambiente em que vivem.

Chegamos então a um dos principais conceitos utilizados para definir as florestas,


o ecossistema. Um ecossistema representa o conjunto de todas as comunidades
que vivem e interagem em um determinado local, sob a influência dos fatores
abióticos, como definimos anteriormente. Portanto, todo um fragmento florestal
pode ser considerado como um ecossistema, no qual as diferentes comunidades
de plantas, de animais, de fungos, de bactérias e de outros organismos ali
presentes interagem entre si e com os outros fatores do ambiente como, por
exemplo, o solo, a água e o ar, formando assim uma estrutura complexa de troca
de energia e nutrientes. Os ecossistemas florestais distinguem-se dos demais
pelo predomínio da comunidade arbórea, ou seja, pela existência de um elevado
número de árvores.

Quando consideramos um conjunto de ecossistemas com certa semelhança entre


si, geralmente ocupando uma mesma região climática e com outras condições
físicas semelhantes, temos um bioma. Um mesmo bioma, geralmente, ocorre por Região climática
Regiões com um clima
semelhante, com volumes
Aula 1 – Introdução aos ecossistemas florestais 13 de chuva e temperaturas
e-Tec Brasil
semelhantes.
Latitude
Refere-se à distância de um
ponto da superfície terrestre
em relação à linha do equador,
extensas áreas, envolvendo muitos ecossistemas, que, por sua vez, abrigam inú-
meras comunidades, populações e, em última instância, os indivíduos.

O Brasil possui seis biomas: a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica, a Ca-


atinga e o Pantanal, e nas próximas aulas veremos mais sobre alguns deles.
Cada um desses biomas agrega, portanto, uma série de ecossistemas que
apresentam alguma similaridade entre si, e ocorrem em locais com carac-
terísticas ambientais parecidas. A grande extensão territorial do Brasil, com
uma acentuada variação de latitudes e altitudes, proporciona uma elevada
variabilidade de ambientes, promovendo assim a existência de diferentes
ecossistemas e biomas, que possibilitam ao nosso país ser o detentor da
maior biodiversidade do planeta. Essa riqueza natural requer de nós conhe-
cimento apropriado para que possamos gerir e conservar esses recursos.

Para saber mais sobre os Resumo


conceitos de ecologia vistos
aqui, consulte o livro Ecologia,
de Eugene P. Odum, Editora Nesta aula refletimos sobre o que consiste uma floresta e como conceitos uti-
Guanabara Koogan (Rio de
Janeiro, 1986). Esse livro traz lizados na ecologia são importantes para entendermos as florestas como um
importantes informações para o
estudo da ecologia básica.
todo. A partir da nossa reflexão, pudemos ver que a floresta é um ecossistema
composto por diversos indivíduos de diferentes espécies, sejam plantas, ani-
mais, bactérias, fungos, ou qualquer outra forma de vida, que se organizam
em populações e comunidades e interagem com o meio ambiente. Os ecos-
sistemas florestais, por sua vez, podem ocorrer em diferentes biomas, apre-
sentando características comuns entre si dentro de um mesmo bioma. Tendo
esses conceitos em mente poderemos seguir para as próximas aulas, nas quais
veremos com mais detalhes as características de alguns biomas brasileiros já
citados e como contribuir para uma gestão sustentável dos recursos florestais.

Atividade de aprendizagem
• Com base no que aprendemos na aula de hoje, estabeleça, com suas
próprias palavras, uma definição para a floresta, empregando os concei-
tos ecológicos estudados.

e-Tec Brasil 14 Gestão de Florestas


Aula 2 – As florestas tropicais do planeta

Nesta aula vamos conhecer as florestas tropicais do planeta e as


principais características da Floresta Amazônica.

Conforme vimos na aula anterior, as florestas são ecossistemas compos-


tos por diferentes comunidades biológicas, que envolvem plantas, animais
e microrganismos, que interagem com o meio ambiente. Um conjunto de
ecossistemas com certo grau de semelhança, ocupando ambientes com ca-
racterísticas semelhantes, forma um bioma. No Brasil, temos oficialmente
seis biomas, que ocorrem em diferentes regiões do País. O maior dos biomas
brasileiros é a Amazônia, que ocorre principalmente na Região Norte, e abri-
ga a maior floresta tropical do planeta: a Floresta Amazônica.

2.1 As florestas tropicais úmidas

Figura 2.1: Exemplo de uma floresta tropical úmida


Fonte: Lubasi/©Creative Commons.

As florestas tropicais úmidas constituem-se nos biomas mais complexos da


Terra, em termos de estrutura e de biodiversidade. Essas características se
devem ao fato de que tais florestas ocorrem em condições ótimas de cresci- Precipitação
Compreende todo o fenômeno
mento, em que há abundância na precipitação e um clima quente ao longo meteorológico em que há queda
de todo o ano. de água do céu, como chuva,
granizo e neve. No caso das
florestas tropicais esse termo
refere-se basicamente à chuva

15 e-Tec Brasil
De um modo geral, as florestas tropicais úmidas atendem a dois critérios
principais: o climático e o relativo à vegetação. O critério climático pode ser
mensurado por elementos como a precipitação e a temperatura, porém,
quanto à vegetação, o critério é qualitativo e variável de ambiente para am-
biente (BURNHAM; JOHNSON, 2004).

Considerando a superfície terrestre, atualmente, as florestas tropicais podem


ocorrer em regiões de latitude de 30º Sul à latitude de 30º Norte. Dentro
dessas latitudes as florestas tropicais úmidas restringem-se àquelas regiões
Índice pluviométrico em que o índice pluviométrico anual é superior a 1.800 mm, podendo
Refere-se à quantidade de
precipitação que incide sobre chegar até a 9.000 mm em alguns casos. Entretanto, apesar da elevada
determinado local por um quantidade de chuvas que atinge essas florestas, elas podem estar sujeitas a
período de tempo, geralmente
um ano. períodos de seca, que não passam de três meses ao ano. Em relação às tem-
peraturas, a média no mês mais frio raramente é inferior à 18º C, enquanto
nos meses mais quentes a média pode ultrapassar os 28º C (MORLEY, 2000).

Essas condições de clima e temperatura são ideais para muitos organismos,


possibilitando que as florestas tropicais úmidas abriguem elevado número de
espécies. Estima-se que cerca de 2/3 das espécies de plantas existentes no
planeta estejam em florestas tropicais. Além disso, estudos apontam que as
florestas tropicais podem conter de 50% a 90% de todas as espécies de se-
res vivos do planeta (HOOD, 2010). Essa variabilidade de números indica que
ainda há pouco conhecimento a respeito dessas florestas, em parte devido à
grande dificuldade em se estudar profundamente esses ecossistemas. Ape-
sar das incertezas, esses números fornecem uma ideia da complexidade e
importância de tais ambientes para a conservação da diversidade biológica.

As florestas tropicais são fonte de importantes recursos e serviços ambien-


tais para a humanidade, como madeira, alimentos, proteção das águas e
regulação do ciclo hidrológico, melhorias na qualidade do ar, entre outros.
Espécies invasorassão Apesar de sua grande importância para o equilíbrio da vida no planeta, es-
Espécies de plantas, animais ou ses ecossistemas encontram-se ameaçados atualmente. São poucas as áreas
outros organismos, geralmente
introduzidos em um determinado tropicais que ainda não sofreram nenhum tipo de impacto humano e, aliado
local onde não ocorriam a isso, as altas taxas de desmatamento e degradação florestal, introdução
naturalmente e que tendem a
dominar esse novo ambiente, de espécies invasoras e as mudanças climáticas fazem com que essas flo-
dificultando o estabelecimento
das espécies nativas do local. restas sejam consideradas como um grande alvo de extinções de espécies
(Bradshaw et al., 2009).

e-Tec Brasil 16 Gestão de Florestas


As florestas tropicais ocupam cerca de 6% da superfície terrestre e ocorrem
em quatro continentes, na América, na África, na Ásia e na Oceania (WWF,
2012). Na América do Sul estão as maiores áreas com esse tipo de floresta,
sendo que no Brasil temos a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica como
biomas representantes.

A seguir vamos saber mais, no estudo sobre a Floresta Amazônica. Nas aulas
seguintes estudaremos também a Mata Atlântica.

2.2 A Floresta Amazônica


Como vimos anteriormente, a Floresta Amazônica é definida como uma flo-
resta tropical úmida, pois ocorre entre a linha do equador e os trópicos, em
uma região de clima quente com precipitação abundante, o que permite que
esse ambiente apresente uma elevada biodiversidade. A Floresta Amazônica
situa-se na América do Sul, compreendendo nove de seus países. Entretanto,
cerca de 60% da Amazônia encontra-se em território brasileiro, sendo, por- Bacia hidrográfica
É o conjunto de terras em que
tanto, o maior bioma do nosso país. A Floresta Amazônica ocorre nos limites há o escoamento da água da
da bacia hidrográfica do rio Amazonas. Essa é a maior bacia do mundo, precipitação, sendo essa água
dirigida com base nas oscilações
sendo responsável pela descarga de cerca de 20% de toda a água doce do do terreno, dos pontos mais
altos aos mais baixos, a um
planeta (DAVIDSON et al., 2012). curso de água ou rio principal e
a seus afluentes.
Como as demais florestas tropicais, a Amazônia agrega uma imensa biodi-
versidade, sendo o lar de muitas espécies de plantas, animais e outros orga-
nismos vivos que só ocorrem ali. Entretanto, o avanço da população sobre
a floresta, juntamente com o desmatamento de áreas para a agricultura, a
pecuária e a exploração indiscriminada de madeira, tem ocasionado grande
redução na área original da floresta e provocado a degradação desse bioma. Para saber mais sobre as
florestas tropicais, assista
Em outras aulas veremos alguns aspectos específicos da Amazônia. ao vídeo A importância da
Amazônia para o clima
e a biodiversidade da
Resumo Terra. Esse vídeo contém
informações interessantes a
Nesta aula aprendemos sobre as florestas tropicais úmidas, em especial sobre respeito do funcionamento
a Amazônia. Vimos que esse tipo de floresta ocorre em regiões específicas e da biodiversidade presente
nessas florestas ao redor
do planeta Terra, ficando entre a linha do equador e os trópicos, em locais do mundo. Disponível em:
onde o clima é quente e chuvoso. Apesar de ocuparem um espaço peque- http://www.youtube.com/
watch?v=8Etfa6jnbOE.
no na superfície terrestre (6%), as florestas tropicais apresentam as maiores
taxas de biodiversidade, sendo importantes ambientes para a conservação.
A Amazônia, maior floresta tropical do planeta, tem 60% de sua área em

Aula 2 – As florestas tropicais do planeta 17 e-Tec Brasil


território brasileiro e constitui-se no maior bioma do País. O avanço da po-
pulação sobre a floresta e o desenvolvimento de atividades como a agricul-
tura, pecuária e a exploração ilegal de madeira, tem provocado o aumento
nas áreas desmatadas e a degradação da floresta, pondo em risco a imensa
diversidade biológica presente nesses ambientes e os inúmeros benefícios
ambientais proporcionados por esses ecossistemas.

Atividades de aprendizagem
1. Com base no que foi apresentado na aula de hoje, quais são as carac-
terísticas ambientais determinantes à ocorrência das florestas tropicais?

2. Após assistir ao vídeo A importância da Amazônia para o clima e a bio-


diversidade da Terra, indicado na seção Mídias integradas, relate a sua
impressão a respeito da importância da Amazônia e de outras florestas
tropicais na regulação do clima global e manutenção da biodiversidade.

e-Tec Brasil 18 Gestão de Florestas


Aula 3 – D
 iversidade e estrutura das
florestas tropicais

Nesta aula serão apresentados alguns aspectos da biodiversida-


de e estrutura das florestas tropicais.

As florestas tropicais apresentam uma complexidade enorme em termos de


diversidade e estrutura quando comparadas com outras formações vegetais,
como já vimos anteriormente. Um conjunto de fatores é responsável pela
exuberância dessas florestas.

3.1 A
 estratificação da floresta e
diversidade de hábitat
As florestas tropicais apresentam diferentes camadas ou estratos, formados
por árvores, arbustos e outras plantas. Essa composição de diferentes espé-
cies com diferentes formas e tamanhos é conhecida como estrutura vertical,
que nas florestas tropicais costu-
ma ser complexa e diversificada. Emergentes
Você já reparou nesse tipo de es-
tratificação? Observe a figura 3.1.
Dossel

Geralmente, as florestas podem


ser divididas em alguns estratos Epífitas
Árvores do
que, combinados, formam a es-
sub-bosque
trutura vertical da floresta, confor-
me veremos a seguir. Arbustos
Herbáceas
a) Estrato emergente: o estrato Solo Serapilheira
mais alto da floresta é o estra- Figura 3.1: Exemplo de estratificação de uma
to emergente. Nessa camada floresta tropical
Fonte: http://www.ib.usp.br
situam-se as árvores mais altas
da floresta, cujas copas superam a altura das copas das demais árvores.

b) Dossel: logo abaixo do estrato emergente localiza-se o dossel da flo-


resta. Esse estrato é formado por árvores altas, entretanto menores que
as árvores do estrato emergente, cujas copas se entrelaçam, formando
geralmente uma cobertura única de folhas e galhos sobre a floresta.

19 e-Tec Brasil
c) Sub-bosque: abaixo da copa das árvores que formam o dossel localiza-
-se o sub-bosque. Esse estrato é composto por árvores mais baixas e
arbustos, e por estar sob a copa densa de outras árvores, a quantidade
de luz que chega até esse estrato é menor, limitando o crescimento de
muitas plantas, permitindo o desenvolvimento apenas daquelas adapta-
das a esse tipo de ambiente.

d) Estrato herbáceo: o estrato herbáceo é o mais baixo da floresta e é


composto predominantemente por espécies não lenhosas, arbustos e
por indivíduos de espécies arbóreas em seus estágios de vida iniciais.

Abaixo do estrato herbáceo, as florestas apresentam, ainda, a serapilheira


e o solo florestal. A serapilheira consiste no amontoado de matéria orgâni-
ca depositada pelos estratos superiores sobre o solo ao longo do tempo, em
diferentes estágios de decomposição. Tanto na serapilheira quanto no solo
florestal há uma grande diversidade de organismos que atuam especialmen-
te no processo de ciclagem de nutrientes, que permite a manutenção dos
ecossistemas florestais.

Os estratos observados em florestas tropicais permitem a criação de vários


ambientes, que diferem na quantidade de energia e recursos que recebem.
Desse modo, cada um dos estratos forma ambientes específicos, que são
hábitats para diferentes espécies, adaptadas a cada uma dessas condições.

hábitats Portanto, com essa diversidade de ambientes e hábitats proporcionada pelos


São áreas ou locais que podem
ser usados por determinadas vários estratos da floresta, diferentes espécies vegetais, animais e de outros
espécies ou organismos para a seres são capazes de sobreviver em tais locais. Por exemplo, muitas espécies
sua sobrevivência e reprodução.
de aves dão preferência pelos estratos superiores da floresta, onde fazem
Arborícola
É o termo usado para descrever seus ninhos e se alimentam. Da mesma forma, espécies de plantas que de-
animais cuja vida se dá
principalmente nas árvores, tais
pendem de grandes quantidades de luz tentem a ocupar os estratos supe-
como muitos primatas, aves, riores, onde a intensidade luminosa é maior. Animais arborícolas, como
cobras e insetos.
macacos, roedores e outros sobrevivem no dossel e no sub-bosque, enquan-
to muitas outras espécies de animais vivem sobre o solo da floresta, como
a maioria dos mamíferos. Espécies de plantas que não são tão exigentes de
luz tendem a ocupar os estratos inferiores da floresta, que recebem menores
quantidades de energia solar que é bloqueada pela copa das árvores dos
estratos superiores. Sendo assim, esse conjunto de variáveis permite que as
florestas tropicais apresentem altas taxas de biodiversidade.

e-Tec Brasil 20 Gestão de Florestas


Resumo
Apesar de ocuparem uma pequena parte da superfície terrestre, as florestas
tropicais são conhecidas como ambientes nos quais há uma das maiores
biodiversidade do planeta. Um dos principais fatores que contribui para essa
elevada diversidade de espécies é a estratificação vertical dessas florestas,
que permite a existência de diferentes ambientes com distintas condições
de intensidade luminosa, temperatura, umidade, entre outros, criando uma
série de hábitats distintos capazes de abrigar espécies com diferentes com-
portamentos e exigências ambientais.

Atividades de aprendizagem
1. Discuta a respeito da importância dos diferentes estratos verticais presen-
tes em florestas tropicais.

2. Assista ao vídeo Aventura visual documentários – a biodiversidade na


floresta tropical e relate suas impressões a respeito da biodiversida-
de das florestas tropicais. Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=zFYPlnmoAa0.

Aula 3 – Diversidade e estrutura das florestas tropicais 21 e-Tec Brasil


Aula 4 – A
 s fitofisionomias da
Amazônia

O objetivo desta aula é falarmos a respeito das formações


vegetais, conhecidas como fitofisionomias, que compõem a
Amazônia.

Apesar de ser classificada em uma única unidade ecológica, denominada


bioma, a Amazônia apresenta distintas formações vegetais, ou seja, asso-
ciações de diferentes tipos de plantas que juntas formam um conjunto com
maior homogeneidade na paisagem, conhecido como fitofisionomia, que
varia de acordo com a quantidade de chuvas, temperatura, tipos de solo e
susceptibilidade a inundações, entre outros. A seguir veremos as principais
formações amazônicas, classificadas conforme o proposto pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística, o IBGE (2012).

4.1 Floresta de terra firme


As florestas de terra firme ocupam a maior parte do território amazônico e
caracterizam-se por ocorrer em locais mais elevados, não sujeitos às inunda-
ções periódicas causadas pela cheia anual dos rios da região. E quais são as
principais tipologias dentro das florestas de terra firme? Veja a seguir.

a) Floresta ombrófila densa: essa formação também é conhecida como


floresta pluvial tropical, e tanto os termos “ombrófila” quanto “pluvial”
referem-se à sua ocorrência em ambientes com abundância de chuvas
associadas a altas temperaturas. No domínio da floresta ombrófila densa,
a temperatura média é de 25 ºC e o período de seca não
ultrapassa os 60 dias, caracterizando a inexistência de um
período biologicamente seco, ou seja, mesmo durante a seca
as plantas são capazes de se desenvolver plenamente, sem
nenhuma restrição biológica. A diversidade florística presen-
te nessa tipologia é muito expressiva, composta por diferen-
tes espécies de árvores, arbustos, além de lianas e epífitas,
que são plantas capazes de se desenvolverem sobre outras.
Figura 4.1: Aspectos de uma floresta
ombrófila densa na Amazônia
Fonte: Hynek Moravec/© Creative Commons.

23 e-Tec Brasil
b) Floresta ombrófila aberta: é a fitofisionomia de transição entre o bio-
ma amazônico e as áreas externas. Assemelha-se à floresta ombrófila
densa em sua composição, entretanto, apresenta um número maior de
clareiras, dando o aspecto mais aberto à vegetação, do que se origina o
nome para a essa formação. Além dessas características, no domínio da
floresta ombrófila aberta os períodos de estiagem podem superar os 60
dias, exercendo efeitos sobre o desenvolvimento da vegetação.

4.2 Florestas inundáveis


As florestas inundáveis na Amazônia ocorrem nas regiões mais baixas, ao
longo das planícies dos grandes rios. A característica principal dessa forma-
ção é o fato de que durante o período das chuvas, em que ocorre a cheia dos
rios e seu transbordamento para as planícies, a floresta é alagada durante
um período de tempo, sendo que as espécies de plantas que ocorrem em
tais locais são adaptadas às inundações recorrentes.

A seguir, veremos as principais tipologias das florestas inundáveis.

a) Floresta de igapó: essa tipologia ocorre nas áreas de relevo mais baixo
e mais próximas aos rios, e por isso tende a ficar inundada a maior parte
do ano. Devido a essa condição, as plantas desenvolveram estratégias
Lenticelas fisiológicas e morfológicas para sobreviver nesses ambientes, como raízes
São órgãos de arejamento
encontrados nos caules. aéreas e lenticelas que permitem a troca gasosa pelos troncos e caules
Pequenos pontos de ruptura no das plantas. Em razão dessas restrições, as árvores nesses ambientes são
tecido suberoso, que aparecem
como orifícios na superfície do mais baixas. Esse tipo de floresta ocorre às margens dos rios de “água
caule e fazem contato entre
o meio ambiente e as células preta”, como o rio Negro, em que o solo é geralmente arenoso e pobre
do parênquima. em nutrientes. A figura 4.2 demonstra um igapó durante o período de
inundação.

Figura 4.2: Floresta de igapó durante o período


de inundação
Fonte: Sergiobaffon/©Creative Commons.

e-Tec Brasil 24 Gestão de Florestas


b) Floresta de várzea: essa tipologia ocorre também nas planícies ao lon-
go dos rios amazônicos, porém, em locais mais altos que os igapós, o
que possibilita que sejam inundadas por um período de tempo menor.
As espécies ali presentes requerem também adaptações às condições de
inundação, no entanto, como o período de inundação é menor, são ca-
pazes de atingir maiores alturas.

Resumo
O bioma amazônico é composto por várias fitofisionomias. Dentre as forma-
ções amazônicas, as florestas de terra firme são as mais expressivas em área,
enquanto a floresta ombrófila densa é a mais característica. Ao longo dos
rios, nas planícies alagáveis, ocorrem as florestas inundáveis, representadas
pelos igapós e várzeas. Em conjunto, as diferentes fitofisionomias amazôni-
cas formam a maior e mais complexa floresta tropical e com a maior biodi-
versidade da Terra.

Atividade de aprendizagem
• Conforme o que foi estudado na aula de hoje, assinale (V) para verdadei-
ro ou (F) para falso nas afirmativas a seguir.

( ) As florestas de terra firme ocorrem nas áreas mais altas onde não há
inundações.
( ) As formações vegetais da Amazônia são diferenciadas basicamente en-
tre as terrestres e as aquáticas, que representam grande parte do bio-
ma, visto a grande quantidade de rios existentes na região.
( ) O termo “ombrófila”, utilizado para nomear a floresta ombrófila densa,
refere-se à abundância de chuvas a que essa formação está submetida,
sem período biologicamente seco.
( ) Apesar de compor um único bioma, a Floresta Amazônica é represen-
tada por uma variedade de fitofisionomias, que variam de acordo com
a quantidade de chuvas, temperatura, tipos de solo e susceptibilidade
a inundações.

Aula 4 – As fitofisionomias da Amazônia 25 e-Tec Brasil


Aula 5 – O
 uso sustentável das
florestas

O objetivo desta aula é estudar a possibilidade de aproveitarmos


os recursos florestais sem comprometer a floresta.

Na aula anterior aprendemos a respeito das florestas tropicais do Planeta, em


especial sobre a Amazônia, a maior desse gênero no mundo e o maior bioma
do Brasil. Com o avanço da população sobre a floresta, parte da área original
da Amazônia já foi desmatada e/ou degradada, colocando em risco um dos
mais importantes biomas da Terra e sua imensa biodiversidade. Para que
esse processo de destruição de nossas florestas seja evitado, é necessário
entendermos que os recursos naturais são finitos, e que o uso indiscriminado
deles pode acarretar em sérios prejuízos ambientais.

5.1 U
 m breve histórico sobre a exploração
das florestas
A humanidade depende das florestas há milhares de anos. A partir das flo-
restas o homem tirava o seu sustento, coletando frutos e raízes, caçando
animais e utilizava a madeira para diversos fins, como a produção de fer-
ramentas e utensílios e para a construção de abrigos. Há cerca de 10.000
anos, o homem passou a desenvolver o cultivo de alimentos e a criação de
animais, dando origem à agricultura e à pecuária. Com o desenvolvimen-
to dessas atividades e o surgimento das civilizações antigas, a humanidade
precisou de mais locais destinados à produção de alimentos e para o avanço
das cidades, aumentando também a necessidade de madeira destinada a
diversos fins para uma população crescente (LEÃO, 2000).

Entretanto, embora a humanidade tenha utilizado a floresta para diversos


fins desde há muito tempo, inclusive desmatando áreas para o desenvolvi-
mento de outras atividades, não havia a preocupação de que os recursos flo-
restais eram finitos, ou seja, as pessoas não imaginavam que se as florestas
fossem exploradas e desmatadas sem controle algum um dia elas poderiam
correr risco de não existirem mais. Essa consciência perdurou por muito tem-
po, pois a população humana ainda era pequena e as florestas abundantes
no mundo todo. Mas, e com o decorrer do tempo, como foi?

27 e-Tec Brasil
Com o passar dos séculos e com o aumento da população, a demanda por
áreas para a produção de alimentos e para o crescimento das cidades au-
mentou, além da necessidade de mais madeira para a construção de casas
e para lenha. Junto com esses fatores, a ocorrência das grandes navegações
a partir do século XV levou à exploração de áreas de florestas ainda preser-
vadas na América, África e Oceania, iniciando um processo de colonização e
desmatamento que dura até hoje.

Diante desse cenário de degradação das florestas do mundo e a preocupa-


ção com o suprimento dos recursos florestais, no século XVIII iniciaram-se
as primeiras tentativas de se manejar as florestas de forma sustentável. Isso
significa utilizar os seus recursos de modo que a floresta possa continuar a
existir e a fornecer seus benefícios ao longo do tempo, preocupando-se com
a manutenção da biodiversidade e de outros serviços proporcionados por
esses ecossistemas.

Embora a preocupação com a sustentabilidade das florestas já tenha surgi-


do há quase 200 anos, essa ideia, a princípio, não foi totalmente difundida,
Sustentabilidade vigorando mais na Europa, onde as florestas estavam seriamente ameaçadas
É a propriedade de sustentar
ou suportar determinada devido a um longo histórico de exploração indiscriminada. Enquanto isso,
característica de algo ou alguém nas regiões tropicais especialmente, inclusive no Brasil, a floresta ainda era
por um determinado período de
tempo. vista como um entrave ao desenvolvimento, sendo incentivado até mesmo
pelo governo de épocas passadas o desmatamento de extensas áreas para
que a população pudesse avançar e que outras atividades mais rentáveis
tivessem espaço.

Esse processo de desmatamento das florestas brasileiras, iniciado desde a


chegada dos colonizadores, se estende até hoje. Durante mais de 500 anos
boa parte de nossas florestas e outros ecossistemas têm dado espaço para
o crescimento urbano, para a agricultura e para a pecuária. Além disso, o
corte seletivo de espécies florestais, sem a preocupação com seu uso susten-
Para saber mais a respeito do tável, colocou muitas espécies sob ameaça de extinção, como o pau-brasil
desmatamento e de medidas
adotadas para o seu controle e a araucária na Mata Atlântica e o mogno na Amazônia. Segundo estu-
na Amazônia, assista ao vídeo dos, estima-se que restem hoje apenas cerca de 7% da cobertura florestal
Combate ao desmatamento
no Brasil, que trata de esforços original da Mata Atlântica no Brasil, enquanto na Amazônia as áreas ainda
feitos para conter a degradação
das florestas e apresenta o florestadas correspondem a 80% de sua cobertura original (DAVIDSON et
trabalho de fiscalização feito al., 2012). Sem dúvida, esses números são muito impactantes e reforçam a
pelo Ibama. Disponível em:
http://www.youtube.com/ necessidade de estudarmos mais nossas florestas e adotarmos técnicas que
watch?v=u5QWYdZuhFo. visem à sua sustentabilidade.

e-Tec Brasil 28 Gestão de Florestas


5.2 O
 s recursos florestais e a
sustentabilidade
Os recursos florestais podem ser definidos como aqueles elementos da flo-
resta que são úteis ao homem ou que são utilizados pela humanidade con-
forme suas necessidades. Geralmente, quando pensamos nas florestas e em
seus recursos, a madeira é o primeiro elemento que nos vem à mente. De
fato, a madeira ocupa um papel de destaque entre os recursos florestais,
sendo utilizada para diversas finalidades há milênios. Entretanto, outros re-
cursos podem ser obtidos a partir das florestas, conhecidos como os recursos
florestais não madeireiros, que consistem em todos aqueles outros elemen-
tos não lenhosos, incluindo os animais e os serviços ambientais.

Para que a utilização desses recursos não esgote a disponibilidade futura


deles, é necessário compreender como eles ocorrem na natureza e adotar
técnicas de uso e manejo adequadas, visando a sua oferta constante ao lon-
go do tempo. Portanto, quando utilizamos qualquer elemento da floresta
preocupados com a sua existência também no futuro, estamos assumindo a
ideia da sustentabilidade.

O conceito de sustentabilidade dos recursos florestais está intimamente re-


lacionado ao próprio conceito de desenvolvimento sustentável. Conforme o
Relatório de Brundtland, (ONU, 1987), desenvolvimento sustentável é aque-
le em que as necessidades das populações atuais são atendidas sem com-
prometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias
necessidades. Nesse sentido, as populações atuais devem utilizar os recursos
existentes para obter o que precisam para sobreviver, de forma que isso não
prejudique a sobrevivência das futuras gerações. Esse conceito é especial-
mente válido para as florestas. Como vimos anteriormente, o homem sem-
pre usou dos recursos florestais sem se preocupar com a capacidade da flo-
resta continuar proporcionando esses benefícios ao longo do tempo. Diante
desse posicionamento, grande parte das florestas mundiais encontra-se em
perigo, necessitando de medidas que visem à sua proteção, conservação e
uso sustentável.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a


Agricultura (FAO, 2010), a humanidade deve promover o manejo, a conser-
vação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos florestais, e favore-
cer o seu múltiplo uso. Afirma-se ainda que os recursos florestais e as áreas
florestadas devem ser manejadas de forma sustentável, visando atender de-
mandas sociais, econômicas, ecológicas, culturais e espirituais das gerações
presentes e futuras.

Aula 5 – O uso sustentável das florestas 29 e-Tec Brasil


Portanto, conforme o exposto, percebemos que os recursos florestais são
esgotáveis, ou seja, quando não manejados corretamente podem desapa-
recer, comprometendo uma série de atividades e inúmeras populações que
dependem diretamente das florestas. Embora essa consciência sobre a sus-
tentabilidade já exista, muito ainda precisa ser feito para que as florestas
deixem de ser exploradas irracionalmente. O uso sustentável desses recursos
é a única forma de assegurar a manutenção das florestas e a continuidade
na obtenção dos benefícios gerados por esses ecossistemas.

Resumo
Vimos na aula de hoje que as florestas vêm sendo utilizadas pela humanida-
de há muito tempo, com diversas finalidades. Entretanto, com o aumento
da população nos últimos séculos, a pressão sobre as florestas aumentou,
sendo necessária uma quantidade maior de madeiras para diversos fins e de
áreas desmatadas para o cultivo de alimentos e expansão das cidades. Esse
cenário passou a mudar a partir do momento em que houve a consciência
de que os recursos florestais são finitos e, então, medidas que visam à sus-
tentabilidade das florestas passaram a ser discutidas e adotadas. Apesar de
já haver a consciência sobre a necessidade de uso sustentável dos recursos
florestais, muito ainda precisa ser feito visando à proteção e conservação
de nossas florestas, permitindo assim a sua permanência para as futuras
gerações.

Atividade de aprendizagem
• Reflita a respeito do uso das florestas da sua região. Você saberia dizer
em que bioma a sua cidade está inserida e se há iniciativas de manejo
sustentável das florestas ao seu redor?

e-Tec Brasil 30 Gestão de Florestas


Aula 6 – U
 so sustentável da Amazônia:
recursos madeireiros

O objetivo desta aula é mostrar que existem formas sustentáveis


de aproveitar os recursos madeireiros da Amazônia, garantindo
a oferta dos demais recursos disponibilizados pela floresta e a
conservação da biodiversidade.

A Floresta Amazônica é uma importante fonte de recursos para a humanida-


de. Seus benefícios vêm desde a oferta de importantes serviços ambientais,
tais como a regulação do clima do planeta, influências sobre o ciclo da água,
manutenção da biodiversidade, até a oferta de recursos economicamente
utilizáveis, como a madeira, alimentos e outros produtos. Tradicionalmente,
a madeira tem sido uns dos recursos mais utilizados da Amazônia, contri-
buindo para a geração de renda para comunidades locais e estimulando o
avanço da população sobre a floresta. Apesar da reconhecida importância
da atividade madeireira na Amazônia, a exploração indevida da floresta ge-
rou uma série de problemas, como o desmatamento e a ameaça de extinção
de muitas espécies. Vamos saber mais?

6.1 O manejo florestal sustentável


O manejo florestal sustentável pode ser definido como a administração da
floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os
mecanismos de sustentação do ecossistema (IBAMA, 2012). Portanto, segun-
do essa definição, manejar a floresta significa obter os seus recursos, sejam
eles madeireiros ou outros, de forma que o ecossistema possa manter suas
funções e características. Além desses aspectos, o manejo florestal ideal deve
ser ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.

Dessa forma, além de assegurar a manutenção das propriedades e funções


dos ecossistemas florestais, o manejo sustentável permite que a floresta seja
mantida para outros ciclos de cortes. Sendo assim, é possível obter da flo- Ciclo de corte
resta, ao longo do tempo, uma quantidade constante de recursos, nesse Corresponde a um período de
tempo que envolve a extração
caso a madeira, desde que seja respeitada a sua capacidade produtiva ou o de madeira da floresta, a sua
regeneração e retorno a uma
seu crescimento. condição semelhante à original,
para que uma nova extração seja
efetuada.

31 e-Tec Brasil
Portanto, para que possamos manejar a floresta de forma sustentável, é
necessário conhecer as suas características, como as espécies que a compõe,
quais são as árvores que apresentam interesse do ponto de vista econômico,
qual o tamanho dessas árvores, qual o volume de madeira que poderá ser
extraído e também precisamos saber sobre a capacidade da floresta se re-
cuperar e retornar a uma condição semelhante àquela antes da exploração.
Com base nessas informações é que poderemos definir as áreas florestais
nas quais o manejo sustentável é possível e também definir o ciclo de corte
ideal para que a floresta seja capaz de oferecer seus produtos constante-
mente, sem ser degradada. O conhecimento das características da floresta
pode ser obtido a partir de levantamentos florísticos-fitossociológicos e
dos inventários florestais.

O levantamento florístico-fitossociológico consiste em avaliar as característi-


cas, as relações e a distribuição das comunidades de plantas. Nesse caso, as
plantas, mais especificamente as árvores, são identificadas conforme a espé-
cie, gênero e família botânica. Então, é avaliado o número de indivíduos de
cada espécie, a sua distribuição ao longo da área e identificadas as espécies
que se destacam em relação às outras em termos de número de indivíduos,
tamanho e ocorrência, sempre considerando uma unidade de área prees-
tabelecida. A aplicação de seus resultados é amplamente recomendada no
planejamento das ações de gestão ambiental, como no manejo florestal e na
recuperação de áreas degradadas. Mas e o inventário florestal?

O inventário florestal, por sua vez, utiliza os dados do levantamento fitosso-


ciológico e associa às espécies identificadas outras características de interes-
se prático, como o volume de madeira disponível para cada espécie. Quando
efetuado ao longo do tempo sobre uma mesma área, o inventário florestal
permite conhecer o crescimento da floresta e sua capacidade de recupera-
ção após distúrbios, como a extração de madeira. Portanto, com base nes-
sas ferramentas, podemos estabelecer o potencial produtivo de determinada
área e avaliar se ela é ideal para as práticas de manejo.

6.1.1 Crescimento e produção florestal


O crescimento de uma floresta se refere ao aumento das dimensões (tama-
nho) de uma ou mais árvores durante um determinado período de tempo
Biomassa (VANCLAY, 1994). Tal crescimento é função do processo de fotossíntese, a
É toda a matéria viva presente
em um ecossistema ou em uma partir do qual o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera é absorvido e con-
população vegetal ou animal. vertido em compostos orgânicos que constituirão a biomassa das árvores,
cujo incremento, ao logo do ciclo de vida das plantas, gera o crescimento.

e-Tec Brasil 32 Gestão de Florestas


O crescimento das árvores é influenciado pelas características das espécies e
suas interações com o ambiente. Tais fatores levam as taxas de crescimento em
florestas tropicais a apresentarem grande variabilidade, considerando a alta di-
versidade de espécies e as distintas condições ambientais a que estão expostas.

Embora existam muitos fatores que podem afetar o crescimento, variáveis


como a profundidade do solo e disponibilidade de nutrientes são considera-
das importantes, visto que restringem os processos fisiológicos que resultam
no incremento das dimensões das árvores. Os fatores climáticos também
são determinantes ao crescimento das árvores. Geralmente em climas mais
quentes o crescimento das árvores é maior.

Quando consideramos o crescimento acumulado durante um determinado


período, temos a produção. Portanto, se considerarmos para uma floresta
um ciclo de corte de 30 anos, a sua produção final será a soma dos incre-
mentos de cada um dos 30 anos. Sendo assim, as variáveis de crescimento e
produção são de extrema importância para as atividades de manejo florestal.

6.1.2 Regulação da produção florestal


Sabemos então que é possível utilizar os recursos florestais, até mesmo os
madeireiros, de forma sustentável, ou seja, visando à manutenção das pro-
priedades e funções da floresta. Para isso devemos considerar informações
importantes da área florestal que pretendemos manejar, obtidas com base
em levantamentos florísticos-fitossociológicos e em inventários florestais.

Para que o manejo florestal seja efetivamente sustentável, além de manter a


floresta em condições apropriadas, preservando suas características e biodi-
versidade, a floresta deve ser capaz de proporcionar seus recursos continua-
mente ao longo do tempo, ou seja, a floresta deve apresentar uma produção
contínua de recursos de forma que a sua exploração venha gerar renda cons-
tante, consistindo assim em uma atividade economicamente viável.

Sendo assim, um planejamento detalhado da exploração deve ser feito, ini-


ciando com a área florestal que será manejada. De modo geral, especial-
mente na Amazônia, as áreas de florestas concedidas para o manejo são
divididas em áreas menores, chamadas de unidades de manejo ou talhões.
Geralmente essa divisão da área se dá em função do ciclo de corte. Confor-
me a Instrução Normativa n. 5, do Ministério do Meio Ambiente, a intensi-
dade máxima de corte na Amazônia deve ser de um volume de madeira de
30 m³ por hectare para um ciclo de corte inicial de 35 anos. Isso significa que

Aula 6 – Uso sustentável da Amazônia: recursos madeireiros 33 e-Tec Brasil


para cada hectare de floresta, durante a extração, podem ser removidos 30
m³ de madeira e esse hectare só poderá voltar a ser explorado 35 anos após
a sua primeira exploração, visando a recuperação da floresta.

Quadro 6.1: Exemplo da divisão de uma


área florestal em unidades de manejo
para a exploração anual e um ciclo de
corte de 35 anos.

01 10 11 20 21 30 31

02 09 12 19 22 29 32

03 08 13 18 23 28 33

04 07 14 17 24 27 34

05 06 15 16 25 26 35

Fonte: acervo do autor.

O quadro 6.1 apresenta um exemplo da divisão de uma área florestal des-


tinada ao manejo. Nesse caso, considerando que essa área possui 3.500 ha
e o ciclo de corte deve ser de 35 anos, tem-se 35 unidades de manejo de
100 hectares cada, que poderão ser explorados a cada ano, sendo que cada
unidade de manejo poderá ser explorado 35 anos depois. Sendo assim, a
unidade de manejo 1 será explorada no ano 1, a unidade de manejo 2 será
explorada no ano 2 e assim sucessivamente, até que todas as 35 unidades
de manejo tenham sido exploradas, uma a cada ano. Finalizados os 35 anos,
a unidade 1 volta a ser explorada, reiniciando a sequência nas demais uni-
dades. Essa forma de manejo, conhecida como controle da produção por
área, é uma das formas mais simples que se tem de garantir uma oferta de
O texto indicado a seguir recursos e de renda contínua ao longo do tempo. Porém, existem outras
trata de aspectos técnicos
relacionados ao manejo formas de regulação da produção florestal mais complexas e que podem ser
sustentável da Amazônia e interessantes de acordo com as circunstâncias da empresa florestal ou da
define alguns parâmetros
importantes referentes à própria floresta.
regulação da floresta e seu
crescimento. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/ Resumo
conama/processos/9F5F8BB7/
NotaTec_RedeflorFinal.pdf. Nesta aula aprendemos que, embora a exploração madeireira na Amazônia
tenha sido uma das precursoras da degradação e desmatamento da floresta,
essa prática pode ser possível se feita de acordo com técnicas de manejo
florestal sustentável. Para que os recursos madeireiros sejam utilizados com
responsabilidade, é necessário um amplo conhecimento a respeito das
características iniciais da floresta, como as espécies que a compõe, número de

e-Tec Brasil 34 Gestão de Florestas


indivíduos, volume de madeira disponível, crescimento e produção florestal,
entre outros. Tais informações são obtidas a partir de técnicas como o
levantamento florístico-fitossociológico e o inventário florestal. Com base nas
características da floresta pode ser determinado um ciclo de corte apropriado,
que possibilitará a obtenção de produção e renda contínua ao longo do tempo.

Atividade de aprendizagem
• Defina com suas próprias palavras o que seria uma prática de manejo
florestal sustentável.

Anotações

Aula 6 – Uso sustentável da Amazônia: recursos madeireiros 35 e-Tec Brasil


Aula 7 – A
 exploração de impacto
reduzido na Amazônia

O objetivo desta aula é tratar acerca do manejo dos recursos


madeireiros com menor impacto possível na Amazônia.

Aprendemos na aula anterior que o uso sustentável dos recursos madeireiros


na Amazônia é possível empregando técnicas de manejo florestal. Atual-
mente, a exploração de impacto reduzido vem sendo uma das alternati-
vas mais difundidas para o manejo sustentável da Amazônia. Esse tipo de
exploração consiste em um conjunto de técnicas com as quais é possível
obter uma quantidade ideal de recursos sem comprometer a estrutura e o
funcionamento da floresta, mantendo suas características de biodiversidade
e produtividade.

7.1 A
 exploração de impacto reduzido na
Amazônia
A exploração de impacto reduzido (EIR) consiste em um conjunto de técnicas
que visam manter a estrutura e as funções da floresta a uma condição similar
àquela anterior à sua exploração. Do ponto de vista ecológico, a EIR resulta
em menores danos à floresta quando comparada aos cortes convencionais,
exercendo efeitos negativos mínimos sobre outras comunidades de organis- Corte seletivo
Consiste no corte de espécies
mos da floresta, como os animais e outras plantas. Sob o aspecto econô- previamente escolhidas, em
mico, a EIR também pode ser mais rentável quando comparada à extração geral aquelas de maior valor
econômico e de maior porte. No
convencional por meio do corte seletivo (VERÍSSIMO et al., 1992). corte seletivo convencional não
há preocupação com as árvores
remanescentes ou mesmo em
Diante dessas características favoráveis, a exploração de impacto reduzido deixar indivíduos da espécie
para que a população volte a se
tem sido considerada como uma importante ferramenta para a conservação regenerar.
da biodiversidade em áreas de florestas sob manejo e amplamente defendi-
da para a Amazônia brasileira.

E quais são os princípios que norteiam essa atividade e a sua aplicação em


nossas florestas?

37 e-Tec Brasil
7.1.1 P
 receitos da exploração de impacto
reduzido
Para que o manejo florestal sustentável seja feito com base na exploração de
impacto reduzido, algumas técnicas e medidas devem ser adotadas antes,
durante e após o corte da madeira. E, geralmente, quais são essas atividades?

a) Inventário florestal e mapeamento das árvores de interesse


comercial: em um primeiro momento, antes do início da exploração,
todas as árvores que serão exploradas são inventariadas, obtendo assim
o número de árvores e a quantidade de madeira (volume) que poderá ser
cortada. Essas árvores são mapeadas, ou seja, identificadas em mapas da
área que servirão de auxílio para as equipes que farão a extração.

b) Planejamento das estradas: antes de se iniciar a exploração de


determinada área é necessário fazer o planejamento de onde as estradas
serão dispostas, visando à otimização da retirada de madeira da floresta
com o mínimo de danos à floresta remanescente.

c) Corte de lianas e cipós: as florestas tropicais apresentam, geralmente,


abundância de espécies de lianas e de cipós. Em muitos casos essas
plantas sobem até a copa das árvores, apoiando-se nos troncos e se
entrelaçam entre si. No momento em que uma árvore com cipós ou
lianas é derrubada, ela pode arrastar consigo outras árvores que não
eram interessantes para o corte, aumentando assim os danos à floresta.
Portanto, o corte das lianas e cipós antes da exploração é uma atividade
importante para reduzir os prejuízos às árvores que restaram.

d) Corte direcionado e redução do desperdício: no momento em que


o corte das árvores selecionadas for efetuado, deve-se tomar o cuidado
para que a árvore seja derrubada no sentido que causará menores da-
nos, procurando os locais mais abertos e onde a regeneração natural é
Regeneração natural menos ocorrente. O corte deve ser feito o mais próximo ao solo possível,
Compreende os indivíduos de
plantas em seus estágios iniciais evitando assim o desperdício de madeira resultante de tocos elevados.
de vida, que ocorrem na floresta
naturalmente como resultado e) Arraste otimizado: após as árvores serem derrubadas elas devem ser
dos processos de reprodução
e dispersão de sementes pelos retiradas da floresta em direção às estradas, onde serão transportadas
indivíduos adultos. para seu destino final. Essa atividade é denominada de arraste, e deve ser
feita com tratores específicos para essa atividade, evitando danos sobre a
regeneração natural e sobre o solo.

f) Monitoramento da floresta remanescente: após a extração, a flores-


ta deve ser monitorada periodicamente com o objetivo de observar se

e-Tec Brasil 38 Gestão de Florestas


a regeneração das espécies está satisfatória, avaliar o crescimento das
árvores que restaram, identificar e remediar os danos causados pela ex-
ploração e fazer os preparativos para a exploração futura.
Assista ao vídeo “Boas práticas
de manejo florestal” que
Resumo trata sobre o manejo florestal
sustentável na Amazônia. Esse
vídeo apresenta uma síntese
a respeito da exploração de
Nessa aula vimos que a exploração de impacto reduzido na Amazônia com- impacto reduzido em áreas da
preende um conjunto de técnicas que visam o manejo sustentável dos re- Floresta Amazônica. Disponível
em: http://www.youtube.com/
cursos madeireiros da floresta. Essas técnicas envolvem todo o processo de watch?v=64bM24Hrr34.
exploração, desde o planejamento até o monitoramento do remanescen-
te após as intervenções, visando garantir que a floresta apresente após as
perturbações, condições que garantam a sua regeneração natural de modo
satisfatório.

Atividades de aprendizagem
• Com base no que temos aprendido a respeito do manejo florestal
sustentável e da exploração de impacto reduzido na Amazônia, você
acredita que esse tipo de atividade pode contribuir para a conservação
da floresta?

Anotações

Aula 7 – A exploração de impacto reduzido na Amazônia 39 e-Tec Brasil


Aula 8 – U
 so sustentável dos produtos
florestais não madeireiros da
Amazônia

O objetivo desta aula é mostrar a importância dos produtos não


madeireiros e sua utilização sustentável na Amazônia.

As florestas são importantes fontes de recursos e serviços ambientais para


a humanidade. Além da madeira, que consiste no recurso mais conhecido
tradicionalmente, tem-se também os produtos florestais não madeireiros,
que podem ser utilizados de forma sustentável, atendendo às demandas
da população e, ao mesmo tempo, auxiliando na preservação da floresta.
Vamos saber mais?

8.1 O
 s produtos florestais não madeireiros:
importância ecológica e social
Produtos florestais não madeireiros (PFNM) consistem em todos aqueles re-
cursos, exceto a madeira, que são possíveis de serem obtidos na floresta,
envolvendo os produtos de origem vegetal, animal e ainda os serviços am-
bientais. Esses produtos podem ser comerciais ou utilizados por comuni-
dades para a sua subsistência e incluem alimentos como frutos, sementes,
folhas e mel, produtos farmacêuticos, aromáticos, bioquímicos, artesanais e
ornamentais, além de forragens, fibras e toxinas (FAO, 1992).

Tradicionalmente, a madeira sempre foi o recurso florestal de maior desta-


que, visto que é um produto amplamente utilizado para diversos fins, tanto
no passado como no presente. Entretanto, com a intensificação dos proces-
sos de desmatamento e degradação das florestas, houve uma preocupação
maior em encontrar alternativas que permitissem o uso múltiplo e sustenta-
do dos recursos florestais. Isso significa que, além da exploração madeireira,
buscou-se utilizar outros recursos da floresta, agregando a eles valores e
buscando formas de utilização sustentável.

E como surgiu a proposta do uso dos PFNM?

A proposta de utilização sustentável dos PFNM iniciou-se na década de 1990,


sendo considerada como uma iniciativa de promover juntamente com a con-
servação da floresta o desenvolvimento sustentável das comunidades po-

41 e-Tec Brasil
bres que vivem em seu entorno (COUNSELL; RICE, 1992). O uso sustentável
desses produtos é recomendado pelo fato de que apresenta baixo impacto
ambiental em sua extração, e serve como fonte de renda para a população
local, evitando que a terra seja convertida para outros usos, como a agricul-
tura e a pecuária.

Figura 8.1: Castanha-do-brasil, exemplo de produto florestal não


madeireiro
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons

Estimativas indicam que centenas de milhões de pessoas ao redor do mun-


do obtêm a sua subsistência a partir de recursos florestais. As populações
dependentes desses recursos são geralmente as mais pobres de suas comu-
nidades. Portanto, o uso sustentável dos produtos florestais não madeireiros
não traz apenas benefícios ecológicos e ambientais, mas permite o sustento
de muitas pessoas do meio rural.

8.2 O
 manejo dos produtos florestais não
madeireiros
Apesar da importância ecológica e social dos PFNM, a sua utilização como
forma efetiva de fonte de renda e conservação das florestas depende de
fatores importantes, como técnicas adequadas de manejo e garantia da exis-
tência de mercado consumidor. As técnicas de manejo variam de acordo
com o produto de interesse, e devem ser consideradas caso a caso, visando
à extração correta do produto com o mínimo de prejuízos aos demais orga-
nismos da floresta e máxima eficiência em sua obtenção. Outros cuidados
importantes devem ser tomados quanto ao beneficiamento, armazenamen-
to e transporte dos produtos, de modo a evitar o desperdício e agregar valor
ao produto.

e-Tec Brasil 42 Gestão de Florestas


Em trabalho a respeito dos PFNM, Fiedler et al. (2008) sugerem cinco passos
a serem seguidos para o correto manejo desses recursos:

Planejamento inicial – recolha de toda informação básica e bibliográfica pos-


sível da área, como mapas, mapas de solo, dados climatológicos, tipologia
preliminar florestal e outros levantamentos.

Inventários florestais detalhados – considerando distribuição, abundância dos


diferentes recursos, tipologia florestal e capacidade de regeneração do recurso.

Seleção das espécies a serem manejadas – considerando fatores econômicos e


sociais e potencial de manejo. Essa avaliação de potencial será baseada nas ca-
racterísticas do ciclo de vida da planta, tipos de recursos produzidos, abundância
em consideração às diferentes tipologias florestais e estrutura de população.

Rendimento do manejo – tem o objetivo de prover uma razoável estimativa


da quantidade de recurso que pode ser produzida em bases sustentáveis
em um hábitat particular. Nesse caso, deverão ser selecionados amostras e
métodos de análise adequados.

Definição final do método de manejo a ser utilizado – subsequentemente,


as “aproximações” e ajustes e correto monitoramento irão definir o manejo
mais adequado dos produtos.

8.2.1 O
 s produtos florestais não madeireiros da
Amazônia
Castanha-do-brasil: também conhecida como castanha-do-pará, é a semen-
te da castanheira (Bertholletia excelsa), árvore de grande porte da Amazônia.
Esse produto florestal não madeireiro é de grande importância para a econo-
mia extrativista da Amazônia, e é considerada como a única castanha comer-
cializada internacionalmente cuja coleta é efetuada quase que unicamente
por populações naturais em florestas maturas (CLAY, 1997). Apesar de ser co-
nhecida internacionalmente como a castanha-do-brasil (Brazil nut), o comér-
cio internacional desse produto é dominado pela Bolívia, visto que a produção
brasileira tem caído muito devido ao desmatamento. As principais práticas
de manejo visam aumentar a produtividade das árvores e diminuir a variação
da produção entre os anos. Algumas opções indicadas consistem no corte de
lianas para favorecer o desenvolvimento das copas das árvores, planejar a co-
leta de forma a incluir a cada ano novas árvores que atingiram a maturidade e
concentrar a coleta em árvores mais produtivas, que geralmente apresentam
um padrão de distribuição espacial agregada (KAINER et al., 2007).

Aula 8 – Uso sustentável dos produtos florestais não madeireiros da Amazônia 43 e-Tec Brasil
Látex: na Amazônia, a árvore conhecida como seringueira (Hevea brasilien-
sis) produz uma substância de textura pegajosa, denominada de látex. Esse
composto é a matéria-prima básica para a formação da borracha natural,
amplamente utilizada por diversos segmentos da indústria. Muitas espécies
de plantas podem ser utilizadas para a obtenção desse produto, entretanto,
a seringueira é a mais utilizada. Embora essa árvore seja originária da Ama-
zônia, ela foi introduzida no Sudeste da Ásia, onde concentra-se atualmente
93% da produção mundial, sendo que a África responde por 4,5% e a Amé-
rica Latina representa apenas 2,5%. Essa baixa produção de borracha na re-
gião da Amazônia se deve ao mal das folhas da seringueira, doença causada
por fungo que limita a produção no Brasil (RIVANO et al., 2013). A extração
do látex pode ser feita a partir das árvores de seringueiras distribuídas pela
floresta, em plantios conhecidos como seringais, ou ainda em consórcios
com outras espécies e culturas, em sistemas chamados agrossilviculturais. O
látex é obtido através de fissuras na casca das árvores.

Açaí: o açaí é uma palmeira (Euterpe oleracea) típica da Amazônia. Essa


planta é utilizada em sua totalidade pelas comunidades nativas, entretanto,
os frutos e o palmito são os produtos mais comercializados. Os frutos são
utilizados em diversas bebidas e outros alimentos, como geleias e sorvetes.
Os frutos apresentam também importantes propriedades medicinais, sendo
conhecidos como antioxidante e anti-inflamatório (KANG et al., 2012). A
coleta dos frutos é feita geralmente escalando-se as palmeiras. O palmito
obtido do açaizeiro é considerado como uma iguaria, apesar de seu baixo
valor nutricional, é uma importante fonte de fibras. Ao contrário da coleta
dos frutos do açaí, que não causam danos à planta, a extração do palmito
leva a planta à morte, visto que a sua parte superior é cortada. Porém, dife-
rentemente de outras palmeiras, o açaí é capaz de se regenerar após o seu
corte, sendo possível o seu manejo sustentado (BROKAMP et al., 2011).

Fármacos: as plantas continuam sendo uma importante fonte de novas


substâncias bioativas e a procura e interesse econômico por esses produtos
são altos. Estimativas apontam que cerca de 25% de todos os medicamen-
tos modernos são derivados direta ou indiretamente de plantas. Entretanto,
quando consideramos apenas os medicamentos utilizados no tratamento
contra o câncer, por exemplo, essa porcentagem sobe para 60% (Newman;
Cragg, 2012; Brower, 2008). As plantas da região amazônica são importan-
tes fontes de bioativos, como o quinino antimalárico extraído da casca de
plantas conhecidas como Cinchona e a pilocarpina, extraída das folhas do
Pilocarpus e empregada no tratamento do glaucoma, entre outras.

e-Tec Brasil 44 Gestão de Florestas


Resumo
Nesta aula vimos que, além da madeira, a Floresta Amazônica é capaz de
proporcionar uma série de outros recursos, como os produtos não madeirei-
ros. Dentre esses produtos vimos aqueles de grande importância econômica,
como a castanha, o açaí, a borracha e fármacos que podem ser obtidos a
partir de plantas. A utilização sustentável desses recursos auxilia economi-
camente as comunidades que vivem na floresta e também atua como um
incentivo à sua preservação, evitando o desmatamento e a conversão da
terra em outros usos, como a agricultura e pecuária.

Atividades de aprendizagem
• Faça uma reflexão se existe algum produto florestal não madeireiro que
você utiliza no seu dia a dia. Caso utilize ou já tenha utilizado, você sa-
beria se esse produto provém de manejo sustentável ou de fontes certi-
ficadas?

Anotações

Aula 8 – Uso sustentável dos produtos florestais não madeireiros da Amazônia 45 e-Tec Brasil
Aula 9 – Mata Atlântica

O objetivo desta aula é estudarmos a respeito desse rico bioma


chamado Mata Atlântica, que se espalha de Norte a Sul do Brasil
ao longo da linha costeira.

Nas aulas anteriores aprendemos algumas noções a respeito dos ecossis-


temas florestais e nos aprofundamos no estudo das florestas tropicais, em
especial sobre a Amazônia. Entretanto, o Brasil, com suas dimensões conti-
nentais, abriga outras formações florestais de grande importância, entre elas
a Mata Atlântica. Vamos saber mais?

9.1 Origem e distribuição da Mata Atlântica


A Mata Atlântica, também co-
nhecida como Floresta Atlân-
tica, possui esse nome por
ocorrer em sua maior parte na
costa brasileira, que é banha-
da pelo Oceano Atlântico. Essa
floresta já foi a segunda maior
floresta tropical do Planeta, co-
brindo originalmente cerca de
150 milhões de hectares, de
Norte a Sul do Brasil, conforme
demonstra a figura 9.1.

Como pode ser visto no mapa Figura 9.1: Distribuição original da Mata Atlânti-
da figura 9.1, a Mata Atlântica ca no território brasileiro e suas fitofisionomias
Fonte: NASA and Miguelrangeljr
ocorre em condições
ambientais bastante diferentes, que envolvem as regiões quentes como o
litoral do Nordeste até as regiões mais frias das serras do Rio Grande do Sul
e de Santa Catarina. Além da grande variação térmica que existe quando
comparamos diferentes regiões sob o domínio da Mata Atlântica, há também
uma grande variação quanto à quantidade e periodicidade das chuvas que
atingem essas regiões. Próximo ao litoral, as chuvas são mais abundantes e
constantes e, à medida que se adentra o continente, as chuvas tendem a

47 e-Tec Brasil
acontecer em menos quantidade ou ocorrem em períodos específicos do
ano, com outro período marcado pela seca. Mas como essas variações
acontecem? Essas variações climáticas são explicadas pela amplitude de
latitudes em que ocorre essa floresta e pelas variações na altitude, que são
baixas no litoral, elevando-se na Serra do Mar e nos planaltos e decrescendo
em direção ao Oeste, no interior do continente.

Essas características ambientais propor-


cionaram a esse bioma uma alta taxa de
biodiversidade e de endemismo, incluin-
do mais de 20.000 espécies de plantas,
261 espécies de mamíferos, 688 espécies
de aves, 200 espécies de répteis, 280 es-
pécies de anfíbios, e muitas outras espé-
cies ainda não catalogadas (SILVA et al.,
2004).

Figura 9.2: Aspectos gerais da Serra do Mar com Anteriormente à chegada dos coloniza-
importantes remanescentes da Mata Atlântica
Fonte: Deyvid Setti e Eloy Olindo Setti/©Creative Commons.
dores, a Floresta Atlântica, cobria apro-
ximadamente 15% do total do território
brasileiro (Schäffer; Prochnow, 2002). Diferentes comunidades vegetais são
encontradas ao longo de um gradiente altitudinal, de áreas costeiras com o
predomínio de dunas e mangues adentrando o interior, com a existência de
vales e montanhas, onde predomina a floresta com araucária e campos nas
altitudes mais elevadas. Finalmente, nas porções oeste da Floresta Atlântica,
predomina a floresta estacional semidecidual (KLEIN, 1984).

Atualmente, essa floresta é considerada uma área de conservação prioritária


(hotspot) e, dentre as 25 áreas consideradas como tal, a Floresta Atlântica
pertence as cinco mais importantes para conservação, junto somente com
regiões como o Caribe, Madagascar, os Andes tropicais, o Norte do Chile e
Argentina, passando pela Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, e o
arquipélago que engloba a região da Indonésia e da Malásia (MYERS et al.,
2000).

A Mata Atlântica sofreu um profundo processo exploratório iniciado no lito-


ral, nos primórdios da colonização europeia, se estendendo pelo interior do
continente. Atualmente, configura um estágio de sucessão secundária, com
fragmentos alterados e empobrecidos se comparados com sua composição
florística original.

e-Tec Brasil 48 Gestão de Florestas


Apesar de toda devastação a que foi submetido, o bioma ainda abriga al-
tíssimos níveis de riqueza biológica e endemismos. Detém cerca de 20 mil
espécies de plantas vasculares, das quais seis mil são restritas ao bioma, pos-
suindo uma rica fauna associada. Além da riqueza de espécies, conta com
grande diversidade de ecossistemas e suas marcantes fitofisionomias. Por
esses motivos, entre outros, é que o bioma Mata Atlântica é um dos mais
O vídeo Mata Atlântica e os
importantes do mundo (SANQUETTA, 2008). ciclos da vida trata a respeito
da Mata Atlântica e de sua
biodiversidade, bem como da
Resumo importância do bioma para o
equilíbrio do planeta. Disponível
Nesta aula vimos que a Mata Atlântica já foi a segunda maior floresta tro- em: http://www.youtube.com/
pical do planeta. A grande variabilidade de ambientes em que esse bioma watch?v=o-LoP1eNUN8.

ocorre permitiu a existência de uma elevada biodiversidade que, atualmente,


em virtude da expansão das atividades agrícolas e urbanas, está seriamente
ameaçada, restando pouco mais de 7% de sua cobertura original no país.

Atividades de aprendizagem
• Assista ao vídeo Mata Atlântica e os ciclos da vida, indicado na seção
Mídias integradas, e relate a sua percepção a respeito da Mata Atlântica
e de sua importância para os ciclos da vida.

Aula 9 – Mata Atlântica 49 e-Tec Brasil


Aula 10 – A
 s fitofisionomias da mata
atlântica

O objetivo desta aula é conhecermos as principais fitofisiono-


mias da Mata Atlântica.

Devido à grande amplitude e variabilidade de ambientes em que ocorre esse


bioma, uma variedade de tipologias vegetais se desenvolveu, com caracterís-
ticas bem específicas, contribuindo para a imensa diversidade observada na
Mata Atlântica. Vamos conhecê-las?

10.1 Floresta ombrófila densa


Essa mesma fitofisionomia que ocorre na Amazônia ocorre também na Mata
Atlântica, basicamente na planície litorânea, encostas da Serra do Mar e ilhas
do Ceará ao Rio Grande do Sul, região com elevadas temperaturas e precipi-
tação abundante e bem distribuída ao longo de todo o ano. É caracterizada
por uma vegetação rica em espécies lenhosas e outras, como bromélias, sa-
mambaias, orquídeas. Essa vegetação caracteriza-se por apresentar o dossel,
que é composto pelas copas das árvores, sempre verde e bastante adensado.

10.2 Floresta ombrófila mista


A floresta ombrófila mista, também conhecida como floresta com araucária, é a
formação florestal predominante nos planaltos e serras dos estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná. Essa fitofisionomia ocorre em ambientes com
abundância de chuvas, bem distribuídas ao longo de todo o ano associada a baixas
temperaturas no inverno, com ocorrência frequente de geadas e temperaturas
negativas no inverno. O termo “mista”, utilizado em sua denominação, está
relacionado à existência de elementos de floras com origens diferentes, oriundas
da região afro-asiática e australásica, há milhões de anos, antes da deriva
continental, quando os continentes formavam uma única massa de terra. Deriva continental
Teoria que afirma que os
continentes se movimentam por
A floresta ombrófila mista destaca-se por constituir uma formação florestal de meio das placas tectônicas.

grande beleza cênica, com predominância da Araucaria angustifólia, espécie


que ocorre com elevada frequência e com indivíduos de grande porte e de ma-
deira de boa qualidade, o que tornou a araucária alvo de intensa exploração
madeireira, reduzindo drasticamente sua área de ocorrência natural.

51 e-Tec Brasil
Essa fitofisionomia ocupava originalmente uma área de cerca de 200.000
km². Desse total, 40% ocorriam no estado do Paraná, 31% em Santa Cata-
rina, 25% no Rio Grande do Sul, com 3% em manchas isoladas nas partes
mais elevadas do sul de São Paulo e 1% em Minas Gerais e Rio de Janeiro
(CARVALHO, 2003).

Atualmente, a área total da FOM, segundo Sanquetta (2004), é de cerca de


2,7 milhões de hectares, o que representa aproximadamente 24% em rela-
ção à área total original. Isso quer dizer que cerca de ¼ da área da floresta
com araucária ainda permanece em pé nos dias de hoje.

Figura 10.1: Floresta ombrófila mista


Fonte: http://www.infoescola.com

10.3 Floresta estacional


A fitofisionomia da floresta estacional é comumente denominada de mata
do interior ou, ainda, mata branca, que se deve ao seu aspecto em época
de estiagem, em que há queda de parte das folhas das árvores. De acordo
com o IBGE (2012), conforme o percentual de árvores do estrato superior
que possuem a característica da decidualidade, ou seja, dependendo do nú-
mero de árvores que perdem suas folhas em determinada época do ano, a
floresta estacional divide-se em: floresta estacional decidual, quando mais
de 50% das árvores perdem as folhas; e floresta estacional semidecidual,
quando o número de indivíduos que perdem suas folhas em determinada
época do ano for inferior a 50%, estando entre 20 a 50%. Essa perda de fo-
lhas por parte das árvores presentes nessas fitofisionomias se dá geralmente

e-Tec Brasil 52 Gestão de Florestas


no período mais seco do ano, que marca a estacionalidade das regiões de
ocorrência dessa floresta. Em razão dos solos bastante férteis em que essas
formações ocorrem, boa parte de sua cobertura original foi convertida em
agricultura, restando poucos remanescentes dessas florestas.

Figura 10.2: Aspectos de uma floresta estacional


Fonte: Clube Tracking Santa Maria RS.

Resumo
A Mata Atlântica, em razão das amplas condições ambientais em que ocorre,
apresenta uma variedade de fitofisionomias. Na planície litorânea e encostas
da Serra do Mar, onde o clima é mais quente e úmido, predomina a floresta
Assista ao vídeo intitulado
ombrófila densa. À medida que a altitude aumenta nos planaltos dos esta- O pinheiro do Paraná –
dos do Sul, surge a floresta ombrófila mista, dominada pela araucária, em floresta com araucárias, que
relata a evolução da araucária
uma região com clima frio e chuvoso. Adentrando o continente ainda mais, e a formação da floresta
ombrófila mista. Disponível
onde o clima passa a ser mais quente e com uma estação seca bem definida em: http://www.youtube.com/
surge a floresta estacional decidual e a semidecidual, nas quais boa parte dos watch?v=mh59DAsz9j4.
indivíduos arbóreos perdem suas folhas no período de estiagem.

Aula 10 – As fitofisionomias da Mata Atlântica 53 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
• Assista ao vídeo O pinheiro do Paraná – floresta com araucárias, indica-
do na seção Mídias integradas, e dê a sua opinião a respeito da espécie
araucária, bem como sobre a floresta ombrófila mista, sua evolução e
estado atual.

Anotações

e-Tec Brasil 54
Aula 11 – C
 orredores ecológicos da
mata atlântica

O objetivo desta aula é conhecermos sobre os corredores eco-


lógicos.

A Mata Atlântica é, atualmente, um dos biomas mais ameaçados do mun-


do, tendo em vista que a maior parte da população brasileira reside em
seu domínio e grandes áreas de floresta foram desmatadas ao longo dos
anos para dar espaço à agricultura, pecuária e urbanização. Esses processos
levaram o bioma a uma intensa redução de sua área original e fragmenta-
ção, pondo em risco a biodiversidade da Mata Atlântica. Entre as estratégias
de conservação existentes, os corredores ecológicos são muito importantes
para aumentar a ligação entre os ecossistemas e auxiliar na manutenção da
biodiversidade, como veremos nesta aula.

11.1 Corredores ecológicos


A manutenção da biodiversidade requer ecossistemas com grandes exten-
sões territoriais para que os processos ecológicos, de reprodução e disper-
são de espécies e de evolução possam ocorrer efetivamente. Atualmente, os
ecossistemas bem preservados com grandes áreas, ideais para a conserva-
ção, encontram-se em número reduzido, devido às pressões humanas que
levaram à degradação das maiores partes das áreas naturais.

As unidades de conservação geralmente são muito pequenas e isoladas,


muito comumente, também, os hábitats remanescentes não protegidos en-
contram-se fragmentados e sob forte pressão e ameaça. Nessas circunstân- Unidades de conservação
São áreas protegidas por lei
cias, os esforços de conservação da biodiversidade devem concentrar-se na que possuem restrições de uso,
ampliação da conectividade entre as áreas remanescentes e no manejo da com o objetivo principal de
preservação de ecossistemas
paisagem em vastas zonas geográficas (FONSECA et al., 1997). relevantes.

Visando essa conectividade, surgiu o conceito de corredores ecológicos.


Mas o que são eles?

Os corredores ecológicos são áreas ou estruturas cobertas por vegetação


natural ou plantada que permitem o deslocamento, migração e troca de
espécies entre áreas importantes para a conservação dentro de um deter-

55 e-Tec Brasil
minado bioma (JONGMAN; PUNGETTI, 2004). Os corredores ecológicos são
compostos basicamente por duas estruturas: as áreas importantes para a
conservação, como parques, reservas e fragmentos florestais bem conserva-
dos, e faixas de vegetação menores, que ligam essas áreas entre si. Podem
envolver grandes áreas como o corredor central da Mata Atlântica e o corre-
dor da Serra do Mar, ou áreas pequenas ligando fragmentos separados por
atividades humanas.

Figura 11.1: Exemplo de corredores ecológicos ligando áreas frag-


mentadas pela agricultura
Fonte: Climate Action Parternship

Os corredores ecológicos constituem-se em uma importante ferramenta


para a conservação da flora e da fauna. A Mata Atlântica, como vimos em
aulas anteriores, é uma das regiões de maior biodiversidade do Planeta,
e sofreu ao longo dos anos um intenso processo de fragmentação. Dessa
forma, a ligação desses fragmentos isolados por corredores de vegetação
natural é uma estratégia viável para mitigar os efeitos da ação do homem e
garantir a biodiversidade neles (VALERI; SENÔ, 2004).

11.2 O corredor central da Mata Atlântica


A gestão dos corredores ecológicos é resultado de experiências iniciadas ainda
na década de 1990. Os corredores foram inicialmente criados como forma
de ligar as áreas protegidas, associados à adoção de práticas alternativas
para o desenvolvimento de atividades de baixo impacto nas áreas ao redor
das unidades de conservação. O projeto dos corredores ecológicos é parte
do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, com
áreas prioritárias na Amazônia e na Mata Atlântica.

e-Tec Brasil 56 Gestão de Florestas


O corredor central da Mata Atlântica abrange mais de 8,5 milhões de
hectares, estendendo-se pelo estado do Espírito Santo e sul da Bahia.
Essa região foi definida como prioritária para a conservação pelo fato de Endemismo
Refere-se à ocorrência de
compreender dois importantes focos de endemismo, definidos com base determinada espécie em um
na ocorrência de espécies de vertebrados, borboletas e plantas. Essa região local ou região específica, com
distribuição limitada àquele
abriga, portanto, uma importante riqueza biológica, abrigando espécies de ambiente.
distribuição restrita e ameaçadas de extinção (BRASIL, 2006).

Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente, o corredor central da


Mata Atlântica possui 83 unidades de conservação em seus limites. As áreas
protegidas são locais favoráveis ao estabelecimento de iniciativas e políticas
públicas que visem restabelecer e manter a conectividade dos ecossistemas
envolvidos.

11.2.1 Corredor de biodiversidade da Serra do Mar


O corredor de biodiversidade da Serra do Mar é formado pela bacia do rio
Paraíba do Sul, envolvendo os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro. Essa é uma região de grande importância biológica e prioritária para
a conservação da Mata Atlântica. As florestas dessa região estão localizadas
próximas às duas maiores metrópoles do Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro),
entretanto, apesar da proximidade da população, possuem um dos princi-
pais trechos contínuos de Mata Atlântica.

O corredor da Serra do Mar engloba áreas com a maior concentração de es-


pécies endêmicas de muitos grupos da fauna e flora e com o maior número
de aves e outros vertebrados ameaçados de extinção. Os riachos costeiros do Assista ao vídeo Corredores
ecológicos, que trata da
Rio de Janeiro apresentam elevado nível de endemismo de espécies de pei- biodiversidade da Mata
xes da Mata Atlântica, e a Serra da Mantiqueira, destaca-se como a região Atlântica, sua fragmentação
e importância dos corredores
de maior diversidade de mamíferos de pequeno porte (RBMA, 2004). ecológicos para a sua
preservação. Disponível em:
http://www.youtube.com/
Resumo watch?v=wLlkTEPyH90.
Nesta aula vimos que os corredores ecológicos são estratégias importantes
para a preservação dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Devido à
grande importância desse bioma, dado à grande concentração de espécies
endêmicas, a conservação dos fragmentos bem preservados é de suma ne-
cessidade, e a conectividade entre eles favorece o fluxo das populações e a
troca genética, permitindo, assim, a continuidade dos processos evolutivos
das espécies.

Aula 11 – Corredores ecológicos da mata atlântica 57 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
• Assista ao vídeo sobre os corredores ecológicos, indicado na seção Mídias
integradas, e destaque a importância dessa estratégia para a preservação
do bioma da Mata Atlântica.

Anotações

e-Tec Brasil 58
Aula 12 – A
 legislação florestal
brasileira

O objetivo desta aula é tratar a respeito da legislação florestal


no Brasil.

Considerando a importância das florestas como fonte de recursos e da ne-


cessidade de sua conservação, há tempos vem se buscando formas legais de
proteger e assegurar o uso sustentável desses ecossistemas.

12.1 H
 istórico da legislação florestal no
Brasil
Apesar das discussões recentes em torno das reformas do Código Florestal
brasileiro, a legislação que trata sobre os recursos florestais em nosso país já
vem de muito tempo. Desde o período colonial já havia leis que restringiam
o uso das florestas no País, porém, tais leis eram desenvolvidas com o pro-
pósito de garantir a soberania de Portugal na exploração desses recursos,
sem haver uma preocupação direta com a sustentabilidade e a conservação
das florestas (SPAROVEK et al., 2011). Nessa época, os recursos naturais, de
modo geral, eram vistos simplesmente como elementos do processo produ-
tivo, e sua importância dada apenas em função do seu valor econômico, não
sendo considerados como recursos exauríveis. Você sabe como foi o início da
legislação florestal no Brasil?

12.1.1 O primeiro código florestal do Brasil


O primeiro código florestal brasileiro surgiu em 1934 (Decreto n.
23.793/1934), durante o governo de Getúlio Vargas. A elaboração de uma
lei tratando especificamente de florestas em uma época que as questões
ambientais ainda não eram tão recorrentes se deu por diferentes motivos,
como destacado por Ahrens (2003) e Medeiros (2005):

–– Avanço da agricultura (café) e da pecuária em áreas de florestadas,


especialmente no Vale do Paraíba, entre as cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro.
–– Atividade florestal puramente extrativista, especialmente nos estados
do Paraná e de Santa Catarina, com a exploração indiscriminada da
araucária.

59 e-Tec Brasil
–– Início de movimentos ambientais, que exerciam pressão sobre o
poder público.
Poder público –– Menção discreta na Constituição de 1934 sobre a responsabilidade
É o conjunto de órgãos e
instituições do governo com de proteção ao meio ambiente por parte do poder público.
poder para realizar os trabalhos Apesar de algumas limitações, o Código Florestal de 1934 foi bastante ino-
do Estado. É composto pelo
poder legislativo, poder vador, pois definiu as bases para a proteção dos principais ecossistemas flo-
executivo e poder judiciário.
restais e outras formas de vegetação natural. Dentre os principais objetivos
do código estava a legitimação dos serviços florestais e a regulamentação da
exploração dos recursos madeireiros, criando critérios para a sua proteção. O
Decreto de 1934 serviu de base para a criação do Código Florestal de 1965,
em fase de reforma atualmente.

12.1.2 O
 Código Florestal de 1965 e a sua
reforma
Em 1965 um novo Código Florestal é instituído através da Lei n. 4.771 de 15
de setembro de 1965 (BRASIL, 1965), seguindo basicamente os mesmos
objetivos do código anterior. De modo geral, o Código Florestal de 1965
aplica-se às propriedades privadas, nas quais o proprietário rural deve man-
ter parte de suas terras destinadas à preservação da vegetação nativa.

De acordo com o Código Florestal, a pre-


servação das florestas nas propriedades
se dará com base em dois estatutos: as
Áreas de Preservação Permanente (APP) e
Reserva Legal (RL), que serão estudados
separadamente em aulas futuras. Sendo
assim, todas as propriedades rurais devem
conter preservadas as áreas correspon-
dentes a esses estatutos ou recuperá-las
quando inexistentes. Entretanto, alguns
fatores impediram que a lei fosse seguida
na íntegra, entre outras razões que leva-
Figura 12.1: Exemplo de propriedade rural com florestas ao
fundo e áreas desmatadas a frente, utilizadas pela pecuária ram à necessidade de revisão da lei.
Fonte: Eduardo P./©Creative Commons.

Dentre os motivos que levaram à reformulação do Código Florestal podemos citar:

- Desenvolvimento do setor agropecuário: é comum atribuir ao rigor da le-


gislação florestal brasileira as dificuldades no avanço do setor agropecuário,
que alega restrições ao buscar novas fronteiras para o seu desenvolvimento,
em vista dos percentuais de APP e de RL que as propriedades rurais devem

e-Tec Brasil 60 Gestão de Florestas


preservar. Em algumas propriedades, excetuando as áreas de preservação,
o restante pode ser insuficiente para que a atividade agropecuária seja eco-
nomicamente viável, reduzindo-se os investimentos para o desenvolvimento
do setor. Entretanto, essa justificativa não é necessariamente válida, pois
existem muitas áreas utilizadas pela pecuária extensiva, de baixa produtivi-
dade, que poderiam ser utilizadas com maior eficiência, abrindo espaço para
a agricultura.

- Não conformidade: apesar do rigor do Código Florestal de 1965, desde lá


muitas propriedades permaneceram alheias à legislação, desrespeitando os
limites das APPs e a porcentagem de RL exigida. A não observância desses
aspectos gerou uma quantidade enorme de terras em não conformidade
com a lei, sendo, portanto, consideradas como um passivo, que precisam
ser recuperadas. Porém, a recuperação de extensas áreas de terra em todo o
país é uma atividade cara, e nem todos os proprietários teriam condições e/
ou disponibilidade para atender a essa necessidade. Portanto, a reforma do
Código Florestal precisou considerar a factibilidade da aplicação da nova lei
nesses casos considerados.

- Vazamento: devido à grande extensão territorial do país e da grande diver-


sidade de biomas e ecossistemas, o Código Florestal apresenta alguns pon-
tos cegos. Esses pontos são áreas que poderiam ser desmatadas legalmente,
pois não recebem nenhum tipo de proteção. Portanto, a revisão do Código
deve contemplar essas áreas e reduzir a possibilidade do desmatamento.

Dessa forma, o novo Código Florestal, Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012


(BRASIL, 2012), deve atender a uma série de novas questões, ainda não tão
evidentes em 1965, buscando conciliar o desenvolvimento sustentável do
país com a preservação ambiental, tentando readequar o proprietário rural
à legalidade. Enquanto o Código de 1965 tinha ênfase na restauração das
áreas em não conformidade, o Código Florestal atual se baseia na redução
das exigências e na ampliação dos mecanismos de compensação. Isso acon-
tece porque, de acordo com a nova lei, as exigências sobre a RL são menores,
podendo ser compensadas na forma de APP. Além desse tipo de compensa-
ção em uma mesma propriedade, as áreas a serem restauradas poderão ser
compensadas em propriedades mais distantes.

Aula 12 – A legislação florestal brasileira 61 e-Tec Brasil


Resumo
Apesar de a legislação florestal brasileira ser bastante antiga e restritiva, ela não
Para saber mais a respeito da
evolução da legislação florestal no foi capaz de conter o avanço do desmatamento e da degradação das florestas
Brasil e das principais alterações do Brasil. A falta de conscientização da população, juntamente com a inefici-
do novo Código Florestal e
suas consequências, consulte ência da fiscalização das atividades irregulares, bem como o desconhecimento
os artigos “Código florestal
brasileiro: evolução histórica e
de alternativas de desenvolvimento sustentável pela maioria dos proprietários
discussões atuais sobre o novo rurais, levou a uma redução da cobertura florestal no país. O impasse entre o
código florestal”, disponível em:
http://www.educonufs.com.br/ desenvolvimento agrário e a preservação ambiental gerou a necessidade de no-
cdvicoloquio/eixo_19/PDF/20. vas discussões acerca de legislação florestal brasileira, com o objetivo de conciliar
pdf, e “A revisão do Código
Florestal brasileiro”, disponível esses dois importantes temas para o desenvolvimento do país.
em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid
=S0101-33002011000100007. Atividades de aprendizagem
• Em sua opinião, as reformas no Código Florestal atenderão às necessida-
des do país de conciliar o desenvolvimento com a preservação ambiental,
ou favorecerão o aumento nas taxas de desmatamento?

Anotações

e-Tec Brasil 62
Aula 13 – A
 s áreas de preservação
permanente e a reserva legal

Nesta aula veremos as principais características das Áreas de Pre-


servação Permanente e da Reserva Legal (RL), bem como a sua
importância para a proteção dos nossos recursos florestais.

As Áreas de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL) são os prin-


cipais estatutos criados pelo Código Florestal de 1965, e mantidos em sua
reforma em 2012. Tais áreas são obrigatórias em qualquer propriedade rural
privada no país. Vamos saber mais?

13.1 Áreas de Preservação Permanente (APP)


As Áreas de Preservação Permanente foram inicialmente instituídas na Lei n.
4.771, de 15 de setembro de 1965, e mantidas durante a reforma do Códi-
go Florestal, que resultou na Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012.

O artigo 3°, inciso II, da Lei n. 12.651, define APP como:

II – Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta ou


não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os re-
cursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversida-
de, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas; [...] (BRASIL, 2012).

Percebe-se que as APPs são designadas como prioridades para a preservação


dos recursos hídricos e suas áreas de recarga. Elas incluem uma faixa de
terras ao longo das margens dos rios, nascentes, lagos e reservatórios de
águas, áreas muito íngremes, topos de morro e altitudes elevadas. Essas áreas
devem ser preservadas integralmente, ou seja, não podem ser utilizadas para
atividades agropecuárias, extração florestal ou uso recreativo. Sua definição
é independente do tamanho da propriedade e é igual em todo o Brasil
(SPAROVEK et al., 2011).

O artigo 4° da mesma lei define as Áreas de Preservação Permanente em


zonas rurais ou urbanas como sendo:

63 e-Tec Brasil
I. as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermi-
tente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular [...];

II. as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, [...];

III. as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes


de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa
definida na licença ambiental do empreendimento;

IV. as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer
que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta)
metros; [...] (BRASIL, 2012).

A figura 13.1 demonstra as larguras de mata ciliar exigidas como APP de


acordo com a largura dos rios, lagos e reservatórios:

Figura 13.1: Larguras mínimas exigidas para as APPs ao longo dos


rios, nascentes, lagos e reservatórios.
Fonte: http://www.atlasdasaguas.ufv.br.

Além da preservação de áreas em torno de corpos d’água, o Código Florestal


prevê a proteção de outros locais, também definidos pelo artigo 4° da Lei n.
12.651, conforme os incisos a seguir:

V. as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalen-


te a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;

e-Tec Brasil 64 Gestão de Florestas


VI. as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII. os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII. as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em


faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX. no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima


de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas deli-
mitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da
altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta defi-
nida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais
próximo da elevação;

X. as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qual-


quer que seja a vegetação;

XI. em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mí-


nima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente
brejoso e encharcado. (BRASIL, 2012).

Portanto, podemos ver que todas aquelas áreas consideradas de maior fra-
gilidade do ponto de vista ambiental, e que exercem importantes funções
ecológicas, são contempladas como APPs, devendo ser destinadas exclusiva-
mente à proteção, salvo atividades de utilidade pública, que incluem obras
importantes ou outras intervenções consideradas necessárias para a prote-
ção e/ou desenvolvimento do país. Além dessas atividades, é legalmente
permitido o acesso de pessoas e animais às APPs para a obtenção de água e
desenvolvimento de atividades de baixo impacto ambiental.

13.2 A Reserva Legal (RL)


A Reserva Legal se constitui em uma área também definida inicialmente no
Código Florestal de 1965, e mantida em sua reforma que resultou na Lei n.
12.651. O artigo 3°, em seu inciso III, define:

III. Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse


rural, [...] com a função de assegurar o uso econômico de modo sus-
tentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e

Aula 13 – As áreas de preservação permanente e a reserva legal 65 e-Tec Brasil


a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da
flora nativa. (BRASIL, 2012).

A RL é formada por áreas à parte das APPs, ou seja, é um local com vege-
tação natural que deve ser mantido no interior da propriedade além das
APPs. As áreas de Reserva Legal são definidas como uma porcentagem do
tamanho total da propriedade. Essa porcentagem é variável de acordo com
a região do país em que a propriedade rural está inserida, variando em, no
máximo, 80% nas florestas situadas na Amazônia Legal, até 20% nas áreas
fora da Amazônia Legal e 35% no Cerrado. Elas permitem algum uso de
baixo impacto, mas sem remoção completa da cobertura vegetal natural.

Resumo
Nesta aula vimos a respeito dos dois principais estatutos de preservação esta-
belecidos pelo Código Florestal brasileiro, que são obrigatórios em qualquer
propriedade rural. Essas ferramentas de proteção legalmente instituídas são
de grande importância para a preservação de áreas de grande vulnerabili-
dade, como nascentes, margens dos rios e lagos, bem como nos topos de
morros e suas encostas. Portanto, a observância da legislação referente a
esses aspectos não só permite ao proprietário rural estar em acordo com a
legislação vigente, mas também o transforma em um importante ator na
preservação ambiental.

Atividades de aprendizagem
• Você acredita que a legislação florestal brasileira é capaz de proteger ade-
quadamente nossas florestas? Dê sua opinião e justifique a sua resposta.

e-Tec Brasil 66
Aula 14 – A
 lei de gestão das florestas
públicas

Nesta aula veremos os aspectos principais da legislação e sua


importância para a conservação e uso sustentável dos recursos
florestais.

Um dos grandes avanços na legislação ambiental brasileira foi o desenvolvi-


mento da lei de gestão das florestas públicas, sancionada em 2006. Essa lei
permitiu ao governo licitar e conceder áreas de florestas públicas para o uso
sustentável de parte de seus recursos pela iniciativa privada ou por comuni-
dades. Vamos conhecer mais sobre ela?

14.1 P
 rincípios e objetivos da lei de gestão
das florestas públicas
Sancionada em 2 de março de 2006, a Lei n. 11.284 (BRASIL, 2006) trata da
gestão de florestas públicas para a produção sustentável. A mesma lei ins-
tituiu o Serviço Florestal Brasileiro, órgão sujeito ao Ministério do Meio Am-
biente e responsável pela administração direta das florestas nacionais. Essa
lei também criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, destinado
a fomentar o desenvolvimento de atividades sustentáveis de base florestal
no Brasil e a promover a inovação tecnológica do setor.

O artigo 2º, da Lei n. 11.284, estabelece os princípios e objetivos da gestão


das florestas públicas, que constituem:

I. a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e


valores culturais associados, bem como do patrimônio público;

II. o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racio-


nal das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do
desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;

III. o respeito ao direito da população, em especial das comunidades lo-


cais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu
uso e conservação;

67 e-Tec Brasil
IV. a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da
agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à
diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização
e à capacitação de empreendedores locais e da mão de obra regional;

V. o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão


de florestas públicas;

VI. a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacio-


nada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;

VII. o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da po-


pulação sobre a importância da conservação, da recuperação e do ma-
nejo sustentável dos recursos florestais;

VIII. a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimen-


tos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das
florestas.

Portanto, conforme o disposto nos princípios da legislação, a gestão de flo-


restas públicas visa, de modo geral, a conservação dos recursos florestais,
incentivando o seu uso sustentável e o desenvolvimento socioeconômico das
comunidades em torno das áreas florestais.

14.2 Concessões florestais


Com base na Lei n. 11.284, de 2006 (BRASIL, 2006), o poder público obteve
a possibilidade de conceder a empresas e comunidades o direito de mane-
jar florestas públicas para a extração de madeira e outros produtos. Essas
concessões permitem a geração de benefícios socioambientais, seja para as
populações que residem no entorno das florestas como para a sociedade
em geral. Além de incentivar a manutenção da cobertura florestal e dos
serviços prestados pela floresta, como regulação do ciclo hidrológico e do
clima, a concessão de florestas permite outras melhorias, tais como o apoio
à estruturação e à gestão das unidades de conservação, maior intervenção
do estado nas áreas florestais e regularização das terras da região.

As concessões florestais seguem o Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF),


que identifica as áreas de florestas públicas que poderão ser concedidas a
cada ano. Estabelecidas as florestas públicas passíveis de concessão, são

e-Tec Brasil 68 Gestão de Florestas


elaborados os editais destinados ao processo de licitação. Nos editais de
concessão são estabelecidos o objetivo da licitação, que indica os serviços e
produtos que poderão ser explorados. O edital ainda deve conter informações
a respeito da área e local das unidades destinadas ao manejo, bem como os
critérios a serem empregados na análise das propostas dos concorrentes,
as categorias de espécies de madeira e os preços mínimos que deverão ser
pagos ao governo pela concessão.

Entretanto, antes do processo de licitação, a proposta de concessão deve ser


discutida com a comunidade e órgãos públicos, afim de estabelecer acordos
entre os interessados. Seguida essa fase, a licitação é aberta, sendo que
empresas e comunidades podem concorrer. Os concorrentes apresentam
então suas propostas, especificando as medidas que serão adotadas para
cumprir as exigências sociais e ambientais, e também devem apresentar o
valor disposto a pagar pela utilização dos recursos. Após o julgamento das
propostas, os vencedores obtêm o direito de manejar a floresta durante um
período de 40 anos.

14.3 Gestão de florestas comunitárias


As florestas públicas comunitárias são aquelas utilizadas ou habitadas por
comunidades tradicionais, onde há a prática da agricultura familiar e assen-
tamentos da reforma agrária. E como isso funciona no Brasil?

No Brasil, as florestas com essas características representam cerca de 136


milhões de hectares, representando 57% das florestas públicas nacionais, e
apresentam grande importância social e econômica, visto que são fonte de
renda para mais de dois milhões de pessoas (SFB, 2012).

Figura 14.1: Exemplo de população tradicional ocu-


pando áreas de florestas comunitárias.
Fonte: www.brasil.gov.br

Aula 14 – A lei de gestão das florestas públicas 69 e-Tec Brasil


No caso de florestas públicas ocupadas nos termos mencionados anterior-
mente, caberá aos órgãos competentes a regulamentação do uso dessas
áreas, seja por meio da criação de reservas extrativistas e reservas de desen-
volvimento sustentável seja pela concessão de uso por meio de projetos de
assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou
outros similares. As comunidades poderão também participar dos processos
de licitações para a obtenção do direito de manejar de forma sustentável
os recursos florestais, por meio de associações comunitárias e cooperativas.

Resumo
A lei de gestão de florestas públicas proporcionou avanços ao incentivar e
conceder florestas sob domínio público ao manejo sustentável de seus recur-
sos, seja pela iniciativa privada seja por associações comunitárias. Seguindo
o Plano Anual de Outorga Florestal, são identificadas áreas onde o manejo
é possível e, em seguida, destinadas à licitação. Dentre os avanços conse-
guidos com essa lei está a possibilidade de compatibilizar a conservação da
natureza, por meio da manutenção da cobertura vegetal sobre a área, com
o desenvolvimento socioeconômico das regiões florestais do Brasil.

Atividades de aprendizagem
• Você acredita que associações de comunidades tradicionais são capazes de
concorrer com grandes empresas, inclusive multinacionais, nos processos
de licitação de florestas públicas? Dê sua opinião e justifique sua resposta.

e-Tec Brasil 70
Aula 15 – S
 istema Nacional de
Unidades de Conservação da
Natureza - SNUC

O objetivo desta aula é estudar o Sistema Nacional de Unidades


de Conservação da Natureza (SNUC), que criou e regulamenta
as unidades de conservação no Brasil.

Em razão da grande diversidade biológica e dos belos cenários naturais pre-


sentes em nosso país, houve a necessidade da criação de unidades de con-
servação, que são áreas protegidas por lei e tem seu uso restrito, visando à
preservação de ambientes naturais remanescentes.

15.1 A criação do SNUC


No ano de 2000, em 18 de julho, foi criada no Brasil a Lei n. 9.985 (BRASIL,
2000), que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Após sancionada a lei, em 22 de agosto de 2002 surge o Decreto n. 4.340
como seu regulamentador. E qual foi a importância da criação desse sistema?

A concretização do SNUC, de forma legal, visou à conservação da diversidade


biológica em longo prazo, além de agrupar todas as áreas de conservação das
esferas federal, estadual e municipal em uma mesma categoria, facilitando
a gestão conjunta. Além das vantagens referentes à melhoria da administra-
ção das unidades de conservação no Brasil, o SNUC permitiu modificações
importantes na política de criação das unidades, dando a possibilidade de
uma maior contribuição por parte da sociedade nos processos, englobando
as comunidades inseridas no interior das unidades e fora delas, sendo que a
sociedade também pode sugerir a criação de unidades de conservação.

Com base na lei que instituiu o SNUC, os órgãos governamentais são obri-
gados a consultar a sociedade civil, especialmente a população localizada
no entorno das unidades de conservação a respeito de toda a proposta de
criação. Dessa forma, buscou-se afirmar o envolvimento da comunidade,
tendo em vista que essa participação é muito importante para o sucesso
em longo prazo das unidades de conservação. Além desses avanços, a lei
estabelece multas e penalidades no caso de infrações e passa a reconhecer
reservas privadas. Com base na mesma lei, o SNUC passa a ser gerido pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) como órgão consultivo e
deliberativo, pelo Ministério do Meio Ambiente como órgão central, e pelo
Instituto Chico Mendes e Ibama como órgão executor.

71 e-Tec Brasil
15.1.1 Objetivos do SNUC
Diante da necessidade de conservação das paisagens naturais e ecossistemas
ameaçados no Brasil, a Lei n. 9.985 (BRASIL, 2000), que instituiu o SNUC,
estabelece em seu artigo 4º os seguintes objetivos:

I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos


genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecos-


sistemas naturais;

IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natu-


reza no processo de desenvolvimento;

VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, geomor-


fológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,


estudos e monitoramento ambiental;

XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental,


a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações


tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.

e-Tec Brasil 72 Gestão de Florestas


De um modo geral, como se observa nos objetivos elencados pela lei, o
SNUC visa não só proteger os recursos naturais a partir da criação de uni-
dades de conservação, mas envolve uma série de outros elementos a serem
protegidos, como os aspectos geológicos de grande importância, cavernas, Populações tradicionais
São grupos ou comunidades
regiões de grande valor arqueológico e paleontológico e cultural. Além dis- com cultura diferenciada e que
so, o desenvolvimento de pesquisas científicas e monitoramento ambiental se reconhecem como tal, com
organização social própria e
nas áreas de conservação são enfatizados como forma de agregar conheci- que ocupam e usam territórios e
recursos naturais como condição
mento a respeito do funcionamento dos ambientes naturais, possibilitando para a sua reprodução cultural,
a criação de melhores estratégias para a sua preservação e recuperação, social, religiosa, econômica,
transmitindo seu conhecimento
quando alterados. Outro ponto importante abordado nos objetivos da lei é por tradição. Exemplo: indígenas
o favorecimento das populações tradicionais com a proteção dos recursos e quilombolas.

naturais necessários à sua sobrevivência, permitindo o seu desenvolvimento


social e econômico.

Para atender os objetivos dispostos na lei, as unidades de conservação inte-


grantes do SNUC foram divididas em dois grupos, com características espe-
cíficas: unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. Essas
categorias, com cada uma de suas subdivisões, serão abordadas nas aulas
seguintes.

Resumo
Diante da necessidade de preservar os ambientes naturais de grande im-
portância no Brasil, foi criado, no ano de 2000, o Sistema Nacional de Uni-
dades de Conservação da Natureza (SNUC), a partir da Lei n. 9.985, sendo
regulamentada em 2002 pelo Decreto n. 4.340. Além do objetivo central de
conservar os ecossistemas brasileiros, o SNUC visa também à proteção de
outros aspectos, sejam naturais, como paisagens de grande beleza cênica,
cavernas, formações geológicas e sítios paleontológicos; ou culturais, como
áreas ocupadas por populações tradicionais, sítios arqueológicos, entre ou-
tros. Dessa forma, o SNUC constitui-se em uma importante ferramenta para
a consolidação da conservação ambiental no Brasil.

Aula 15 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC 73 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
• Na aula de hoje aprendemos a respeito da criação e objetivos do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, o SNUC. Desde en-
tão, foram regulamentadas e criadas inúmeras unidades de conservação
ao longo de todo o País. Você já visitou alguma unidade de conservação
ou conhece alguma área que considere importante para a criação de uma?

Anotações

e-Tec Brasil 74 Gestão de Florestas


Aula 16 – U
 nidades de proteção
integral

Nesta aula aprenderemos a respeito das unidades de conservação


de proteção integral, que são aquelas que apresentam um
número maior de restrições quanto à utilização de seus recursos.

Dentro das unidades de proteção integral temos importantes categorias des-


tinadas especialmente à preservação dos ambientes naturais e à pesquisa
científica. Vamos saber mais?

16.1 C
 ategorias de unidades de proteção
integral
O objetivo básico dessas unidades é preservar a natureza, não sendo permiti-
do ao homem habitá-las, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus recur-
sos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei n. 9.985, de 18 de julho
de 2000. São cinco as categorias dentro das unidades de proteção integral:

Estação ecológica: o estabelecimento de estações ecológicas visa preser-


var a natureza e o desenvolvimento de pesquisas científicas. Essas unidades
são compostas por áreas exclusivamente públicas, entretanto, caso haja no
momento de sua criação propriedades particulares em seu interior, elas de-
vem ser desapropriadas. Dentro das estações ecológicas não é permitido a
visitação pública, a não ser com o objetivo educacional, conforme disposto
em seu plano de manejo. A realização de pesquisas na área deve ser pre-
viamente autorizada pelo órgão responsável, sujeita a restrições. Os ecossis-
temas englobados pelas estações ecológicas podem ser alterados em casos
específicos, dispostos no artigo 9º, parágrafo 4º, da Lei n. 9.985 de 2000
(BRASIL, 2000):

I. Medidas que visem à restauração de ecossistemas modificados;

II. Manejo de espécies com a finalidade de preservar a diversidade biológica;

III. Coleta de componentes do ecossistema com objetivos científicos;

75 e-Tec Brasil
IV. Pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que
aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de
componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no
máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de
um mil e quinhentos hectares.

Reserva biológica: as reservas biológicas visam à


preservação integral da biota e demais atributos na-
turais existentes em seus limites. Nessas unidades de
conservação não é permitida a interferência humana
direta ou modificações no ambiente. Em seus limites
são admitidas apenas intervenções com o objetivo de
recuperar os ecossistemas alterados e outras ações
de manejo necessárias à recuperação e preservação
Figura 16.1: Vista da Reserva Biológica do
Aguaí, no estado de Santa Catarina do equilíbrio natural, à diversidade biológica e aos
Fonte: Felinos do Aguaí processos ecológicos naturais. As reservas biológicas
são áreas exclusivamente públicas, sendo necessária a desapropriação das
áreas privadas em seu domínio. A visitação é permitida apenas para fins
educacionais e a pesquisa científica depende de autorização do órgão res-
ponsável.

Parque nacional: o objetivo básico das unidades de conservação dentro


dessa categoria é a preservação dos ecossistemas naturais de grande rele-
vância ecológica e beleza cênica. São permitidos nessas unidades a visitação,
o desenvolvimento de pesquisas científicas e atividades educacionais, recre-
ação e turismo ecológico, conforme o disposto em seu plano de manejo. Os
parques nacionais são propriedades públicas e as unidades dessa categoria,
quando criadas por estados ou municípios, são denominadas de parque es-
tadual e parque municipal.

Monumento natural: essa categoria de unidade de conservação visa à pre-


servação de sítios ou locais naturais raros ou de grande beleza cênica. Nesse
caso, ao contrário das categorias vistas anteriormente, o monumento natu-
ral pode ser constituído por propriedades privadas, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recur-
sos naturais do local pelos proprietários. Em caso de divergências em relação
aos objetivos da unidade de conservação e interesses do proprietário, a área
deve ser desapropriada. É permitida a visitação pública, desde que sujeita
aos dispostos no plano de manejo da unidade.

e-Tec Brasil 76 Gestão de Florestas


Refúgio da vida silvestre: essa categoria visa à proteção dos ambientes
naturais em que ocorrem condições para a existência ou reprodução de es-
pécies da flora e da fauna, seja residente ou migratória. Semelhantemente
ao monumento natural, as áreas do refúgio da vida silvestre podem ser for-
madas por propriedades particulares, desde que os objetivos da unidade de
conservação e dos proprietários sejam compatíveis. Caso haja divergência
de interesses, as áreas devem ser desapropriadas. Tanto a visitação quanto a
pesquisa científica são possíveis, atendendo às normas estipuladas no plano
de manejo da unidade, com autorização prévia do órgão responsável.

Resumo
Nesta aula vimos que as unidades de proteção integral são aquelas cujo ob-
jetivo principal é a preservação de ecossistemas de grande importância ou
de ambientes de grande beleza cênica. Essas unidades não podem ser habi-
tadas por humanos. Contudo, podem ser visitadas de acordo com normas
específicas estabelecidas no plano de manejo de cada uma, especialmente
com o objetivo de educação ambiental, e ainda permitem o desenvolvimen-
to de pesquisas científicas, que devem ser previamente autorizadas pelo ór-
gão ambiental responsável por sua administração.

Atividades de aprendizagem
• Pesquise a respeito das unidades de conservação integral próximas à sua
cidade e relacione-as de acordo com sua categoria.

Aula 16 – Unidades de proteção integral 77 e-Tec Brasil


Aula 17 – P
 arques nacionais

Os parques nacionais estão entre as principais categorias de


unidades de conservação de proteção integral. O objetivo desta
aula é conhecermos aspectos dos principais parques nacionais
do país e sua importância na preservação de ecossistemas rele-
vantes e paisagens de grande beleza.

Os parques nacionais são unidades de conservação de proteção integral, ou


seja, é permitido apenas o uso indireto de seus recursos. Entretanto, diferen-
temente de outras unidades de conservação em que o desenvolvimento de
atividades envolvendo a sociedade é restrito, os parques nacionais possibili-
tam a oportunidade de interação da comunidade com a natureza, por meio
de visitas e turismo ecológico. Apesar da grande beleza natural que torna os
parques brasileiros atrativos à visitação, a falta de infraestrutura adequada
ao recebimento do público em geral dificulta o acesso e o conhecimento da
maioria dessas unidades, sendo poucos os parques que dispõe de centros de
apoio ao visitante. Vamos conhecer mais sobre eles?

17.1 Os principais parques brasileiros


A seguir veremos alguns dos mais importantes parques brasileiros e suas
principais características.

a) Parque Nacional do Itatiaia: este é o parque mais antigo do Brasil, criado


em 1937 pelo presidente Getúlio Vargas, a partir do Decreto n. 1.713.
Anterior à categoria de parque, a região do Itatiaia era formada pela Esta-
ção Biológica do Itatiaia, incorporada desde 1914 ao patrimônio do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, instituição que desde então já vinha desenvol-
vendo pesquisas científicas no local. Com a criação do parque, uma área
de cerca de 30 mil hectares foi protegida, abrangendo a parte mais alta
da Serra da Mantiqueira, tendo como ponto mais alto o Pico das Agulhas
Negras, com 2.787 m. A maior área do parque está localizada no estado
do Rio de Janeiro, com outra parte menor ocorrendo no estado de Minas
Gerais, estendendo-se a oeste, até próximo à divisa com o estado de São
Paulo. O Parque Nacional do Itatiaia abriga importantes remanescentes de

79 e-Tec Brasil
Mata Atlântica e de campos de altitude, além de formações geológicas de
grande beleza cênica. Conforme informações do ICMBio (2012), o Parque
Nacional do Itatiaia abriga cerca de 5 mil espécies de insetos, 350 de aves
e 50 de mamíferos, entre outras inúmeras espécies de répteis e anfíbios,
sendo que muitas dessas espécies são endêmicas da região. A região é
considerada como uma das mais importantes no mundo para a ornitolo-
gia, que é a ciência que estuda as aves. A figura 17.1 apresenta uma visão
do Pico das Agulhas Negras, ponto mais alto do parque.

Figura 17.1: Vista do Pico das Agulhas Negras, ponto mais alto do Parque Nacional do Itatiaia
Fonte: Alexhubner/©Creative

b) Parque Nacional do Iguaçu: este parque foi criado no final da década de


1930, no governo de Getúlio Vargas, pelo Decreto n. 1.035, de 1939, sen-
do o segundo parque nacional brasileiro a ser estabelecido. A área total da
unidade ultrapassa os 185 mil hectares, e engloba em seus limites as Ca-
Em 2012 as Cataratas do Iguaçu, taratas do Iguaçu, um dos conjuntos mais espetaculares de quedas d’água
localizadas no Parque Nacional
do Iguaçu, foram eleitas como do mundo. As cataratas estendem-se por cerca de 2.700 metros, na divisa
uma das sete novas maravilhas entre o Brasil e a Argentina, com um número de quedas variando entre
da natureza. Disponível em:
http://www.cataratasdoiguacu. 150 a 270, de acordo com volume de água do rio. A área do parque conta
com.br/portal/paginas/75-
cataratas-do-iguacu-sao-
com um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Sul do Brasil,
eleitas-uma-das-novas- protegendo remanescentes primários de floresta estacional semidecidual.
maravilhas-da-natureza.aspx.
De acordo com informações do ICMBio (2012), a biodiversidade do parque
é de grande expressão, tendo sido registradas 257 espécies de borboletas,
45 de mamíferos, 12 de anfíbios, 41 de serpentes, 8 de lagartos, 18 de
peixes e 200 espécies de aves. A figura 17.2 apresenta as cataratas.

Figura 17.2: Vista das Cataratas do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu


Fonte: Domínio público/© Wikimédia Commons

e-Tec Brasil 80 Gestão de Florestas


c) Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense: o Pantanal é um bio-
ma brasileiro e envolve uma das maiores planícies inundáveis do mundo.
Nessa região que engloba os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, e ainda partes do Paraguai e Bolívia, as chuvas são concentradas em
um período do ano, permitindo que extensas áreas fiquem submersas
durante as chuvas. Uma grande biodiversidade pode ser observada nes-
sas regiões, envolvendo tipologias vegetais distintas e elevado número de
espécies de animais, muitas endêmicas do local. Diante dessas condições
específicas de riqueza natural, surgiu a necessidade de proteger áreas
do Pantanal, sendo criado em 1981, por meio do Decreto n. 86.392, o
Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, com área aproximada de
135 mil hectares, a maior área protegida do bioma pantaneiro. A figura
17.3 ilustra áreas inundadas do pantanal.

Figura 17.3: Vista aérea de lagos formados pelas cheias no Pantanal


Fonte: Alicia yo/© Creative Commons.

d) Parque Nacional da Amazônia: com o objetivo de proteger áreas ainda


preservadas do bioma amazônico, foi criado em 1974, por meio do De-
creto n. 73.683, o Parque Nacional da Amazônia, com extensão territo-
rial de 1,15 milhões de hectares. Essa unidade de conservação está locali-
zada no oeste do estado do Pará, às margens do rio Tapajós, afluente do
rio Amazonas. O Parque Nacional da Amazônia compõe um conjunto de
unidades de conservação criadas ao longo da Rodovia Transamazônica. O
parque abriga um bom representativo da biodiversidade amazônica, in-
cluindo espécies da fauna ameaçadas de extinção, como a onça-pintada,
a anta e a ararajuba.

Aula 17 – Parques nacionais 81 e-Tec Brasil


Resumo
Diante da grande expressão da natureza no Brasil, os nossos ecossistemas
e biomas abrigam uma imensa diversidade, compondo paisagens de be-
leza singular. Com o objetivo de preservar esses aspectos naturais, foram
criadas as unidades de conservação. Os parques nacionais surgiram como
uma importante categoria dentro das unidades de proteção integral, pois
possibilitam, além da preservação ambiental, a interação da sociedade com
a natureza, por meio da visitação e do turismo ecológico. Os parques nacio-
nais estão distribuídos por todo o país, englobando remanescentes dos mais
importantes biomas nacionais.

Atividades de aprendizagem
• Você já teve acesso a algum parque nacional? Existe algum em particular
que você acha interessante conhecer? Por quê?

Anotações

e-Tec Brasil 82 Gestão de Florestas


Aula 18 – U
 nidades de uso sustentável

Nesta aula estudaremos as unidades de conservação de uso sus-


tentável, aquelas que permitem o uso de parte de seus recursos,
desde que assegurada a sua sustentabilidade.

Instituídas pela Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000 (Lei do SNUC), as unida-


des de uso sustentável têm como objetivo básico compatibilizar a conserva-
ção da natureza com o uso sustentável de parte de seus recursos naturais. E
quais são as categorias de unidades de uso sustentável? Veja a seguir.

18.1 C
 ategorias de unidades de uso
sustentável
Essas unidades foram divididas em sete categorias, que veremos a seguir.

a) Área de proteção ambiental (APA): são unidades que ocupam exten-


sas áreas, geralmente, e apresentam certo grau de ocupação humana. As
APAs são estabelecidas visando proteger a biodiversidade e regulamentar
a ocupação e uso dos recursos naturais em áreas com características abi-
óticas, bióticas, estéticas ou culturais, de grande importância para a po-
pulação em geral. As terras incluídas nos limites de uma APA podem ser
públicas ou particulares, sujeitas a restrições de uso conforme normas da
unidade. É permitida a realização de pesquisas em seu interior, desde que
autorizada pelo órgão responsável. Para cada unidade dessa categoria
deverá ser criado um conselho, que será presidido pelo órgão ambiental,
com representantes de órgãos públicos, sociedade e moradores do en-
torno. Exemplo desse tipo de unidade de conservação é o arquipélago de
Fernando de Noronha, localizado no litoral do Nordeste do Brasil.

b) Área de relevante interesse ecológico: são unidades de conservação


com áreas pequenas, geralmente, e com pouca ou nenhuma ocupação
humana. Essas unidades visam preservar os ecossistemas naturais de im-
portância regional ou local e regulamentar o uso dessas áreas, concilian-
do com a conservação ambiental. A criação de uma área de relevante
interesse ecológico se dá em locais que abrigam representantes raros da
biota regional e podem incluir áreas públicas ou particulares, sujeitas a

83 e-Tec Brasil
restrições de uso da terra. Exemplo desse tipo de unidade de conserva-
ção é a área de relevante interesse ecológico da Ilha Grande, no Rio de
Janeiro.

c) Floresta nacional (Flona): essas unidades de conservação visam o uso


múltiplo e sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica. São
áreas compostas por espécies florestais nativas, majoritariamente. As
Flonas são compostas por áreas exclusivamente públicas, sendo que as
propriedades privadas dentro de seus limites deverão ser desapropriadas.
Em tais unidades é permitida a permanência de populações tradicionais,
desde que essas já estivessem presentes no local anteriormente à criação
da unidade. Visitas são permitidas dentro dos critérios estabelecidos no
plano de manejo. A pesquisa científica é autorizada e incentivada, desde
que previamente autorizada pelo órgão responsável. As unidades nes-
sa categoria devem apresentar um conselho consultivo, composto por
representantes do poder público, sociedade e, quando necessário, por
representantes das populações tradicionais em seu interior. A Floresta
Nacional de Irati, no Paraná, de São Francisco de Paula, no Rio Grande do
Sul, e de Saracá-Taquera, no Pará, são exemplos desse tipo de unidade
de conservação.

d) Reserva extrativista: compreende áreas usadas por populações tradi-


cionais, cuja subsistência é baseada no extrativismo, podendo ser com-
pletada pela agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno
porte. A reserva extrativista visa à proteção dos meios de vida e a cultura
de populações naturais, assegurando o uso sustentável dos recursos na-
turais. São formadas por áreas exclusivamente públicas, com seu uso
permitido às populações extrativistas tradicionais. Nessas unidades é per-
mitida a visitação pública e o desenvolvimento de pesquisas científicas,
desde que constante em seu plano de manejo e previamente autorizado
pelo órgão responsável. A caça e a exploração de recursos minerais são
proibidas e a exploração dos recursos madeireiros só é permitida de for-
ma sustentável e complementar às demais atividades desenvolvidas pela
população na unidade. Cada reserva extrativista deve contar com um
conselho deliberativo, representado pelo poder público, sociedade e po-
pulações tradicionais residentes, que deverão aprovar o plano de manejo
para a unidade. Como exemplo dessa forma de unidade de conservação,
temos a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, onde é feita a explo-
ração sustentável do látex da seringueira para a produção de borracha.

e-Tec Brasil 84 Gestão de Florestas


e) Reserva de fauna: são áreas naturais habitadas por populações de ani-
mais nativos, sejam terrestres ou aquáticos, residentes ou migratórios.
Essas unidades visam ao desenvolvimento de estudos técnico-científicos
concernentes ao manejo econômico sustentável dos recursos animais. As
reservas de fauna são formadas por áreas exclusivamente públicas. A visi-
tação pública é permitida desde que conciliada aos objetivos da unidade
e previamente autorizada pelo órgão responsável. A caça não é permiti-
da. Exemplo dessa unidade é a Baía da Babitonga, a primeira reserva de
fauna do Brasil, criada em 2007, em Santa Catarina.

f) Reserva de desenvolvimento sustentável: tais unidades são constitu-


ídas por áreas naturais, exclusivamente públicas, onde residem popula-
ções tradicionais, que subsistem a partir do uso sustentável dos recursos
naturais e atuam na preservação da natureza e manutenção da diversi-
dade biológica. O objetivo básico dessas unidades é a preservação da
natureza em harmonia com a manutenção da qualidade de vida e ex-
ploração sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais.
A administração das unidades é de responsabilidade de seu conselho
deliberativo, composto pelo órgão responsável, representantes de órgãos
públicos, sociedade e das populações tradicionais residentes. A visitação
e a pesquisa científica são incentivadas e é permitida a exploração dos
ecossistemas de modo sustentável, incluindo a substituição da vegetação
original por espécies cultiváveis, desde que se respeite um zoneamento
prévio, estabelecido no plano de manejo. A Reserva de Desenvolvimento
Sustentável do Mamirauá é a primeira do gênero no Brasil, criada em
1996, pelo estado do Amazonas.

g) Reserva particular do patrimônio natural: constitui-se em uma área


privada, destinada permanentemente para a conservação da biodiversi-
dade. Essas unidades são criadas por iniciativa de seus proprietários e são
destinadas exclusivamente à visitação pública, com objetivos de recrea-
ção, turísticos e educacionais, e também à pesquisa científica.

Resumo
As unidades de uso sustentável são importantes áreas que visam harmonizar
a preservação da natureza, juntamente com o uso sustentável de seus recur-
sos. Foram estabelecidas categorias com diferentes propósitos, visando aten-
der às demandas ambientais e sociais do país. Dentre as unidades, têm-se
aquelas exclusivamente públicas e com uso mais restritivo de seus recursos,
e outras categorias que englobam áreas privadas, todas colaborando com o
objetivo básico de toda unidade de conservação: a proteção dos ecossiste-
mas naturais.

Aula 18 – Unidades de uso sustentável 85 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
• Dentro das unidades de uso sustentável, qual tipo de unidade seria re-
comendada criar em áreas nas quais ocorre a prática do extrativismo
vegetal por comunidades tradicionais?

Anotações

e-Tec Brasil 86 Gestão de Florestas


Aula 19 – F lorestas nacionais

Nesta aula veremos algumas das mais importantes florestas na-


cionais do país e suas principais características.

As florestas nacionais (Flona) são uma importante categoria dentro das uni-
dades de uso sustentável e permitem conciliar a preservação da natureza
em uma determinada região com a exploração sustentável de parte de seus
recursos.

19.1 As principais Flonas do Brasil


Conforme o estabelecido na Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000, as Flo-
nas são áreas florestais compostas predominantemente por espécies nativas,
que tem como objetivo compatibilizar a conservação e o uso sustentável
dos recursos da floresta, com incentivos ao desenvolvimento de pesquisas
científicas que visem ao aprimoramento das técnicas de manejo sustentável.

Em 2006, com base na Lei n. 11.284, foi instituído o programa de concessão


de áreas de florestas públicas, a partir do qual o governo passou a conceder
a empresas e comunidades o direito de manejar de forma sustentável as
florestas sob seu domínio, visando combater o uso indevido das terras públi-
cas, aliado à proteção ambiental e desenvolvimento econômico e social das
comunidades de entorno. Diante desse cenário, algumas florestas nacionais
tiveram sua concessão licitada à exploração de seus recursos madeireiros
e não madeireiros, podendo oferecer também serviços de turismo. Como
retorno, as empresas e comunidades vencedoras das licitações devem pagar
ao governo quantias variáveis. Mas é assim, fácil? Não exatamente. Apesar
da grande atratividade econômica, social e ambiental proporcionada pelas
concessões, são poucas as Flonas licitadas em função de diversos entraves
legais e políticos, sendo que a maioria das unidades de conservação dessa
categoria permanece destinada apenas à proteção ambiental e à pesquisa
científica. A seguir veremos exemplos de florestas nacionais distribuídas pe-
las regiões do Brasil.

87 e-Tec Brasil
a) Centro-Oeste: essa região é a que apresenta o menor número de Flo-
nas. Ao todo são três unidades, uma no Distrito Federal e duas em Goiás,
que juntas somam 11.822 hectares de áreas predominantemente do bio-
ma Cerrado. Dentre essas, a Flona de Brasília merece
destaque. Criada em 1999, essa é a maior Flona da
Região Centro-Oeste, ocupando uma área de 9.346
ha. O objetivo inicial do estabelecimento dessa uni-
dade de conservação foi o de criar um cinturão verde
visando à proteção de mananciais e atuando como
zona de amortecimento para o Parque Nacional de
Brasília. É uma área com cobertura florestal de espé-
cies usadas em reflorestamentos comerciais, predo-
Figura 19.1: Aspectos gerais da Floresta Nacio-
nal de Brasília, dominada por savanas do bioma minando eucaliptos e pinus, além de áreas com co-
Cerrado bertura nativa do Cerrado.
Fonte: http://bioteia.com.br

b) Nordeste: a Região Nordeste apre-


senta um total de 11 Flonas, que juntas
perfazem 66.019 ha, protegendo áreas
de Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado.
Dentre essas, a Flona de Araripe-Apodi é
a maior, com 38.626 ha, localizada no es-
tado do Ceará, em uma zona de transição
entre a Caatinga, Cerrado e Mata Atlân-
tica. Criada em 1946, essa é a Flona mais
Figura 19.2: Flona de Araripe-Apodi, a mais antiga do Brasil e constitui-se em uma im-
antiga do Brasil
Fonte: http://br.viarural.com portante unidade de conservação para o
Nordeste, que consta com boa parte de
suas áreas já alteradas pelo homem.

c) Norte: a Região Norte é a que consta com o maior número de Flonas. Ao


todo são 32 unidades que somam juntas cerca de 18,7 milhões de ha.
A Floresta Nacional de Roraima, criada em 1989, conta com 2,6 milhões
de ha e é a maior da região. Essa unidade de conservação abriga impor-
tantes remanescentes de Floresta Amazônica, apesar de apresentar certo
grau de ocupação humana em razão do estabelecimento de assenta-
mentos na região. Localizam-se também na região Norte as duas Flonas
sob concessão atualmente, a Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia,
e a Floresta Nacional de Saracá-Taquera, no Pará. A Flona do Jamari foi
a primeira concessão do País, e possui uma área aproximada de 220 mil
ha, dos quais 96 mil foram concedidos à exploração. Além da concessão

e-Tec Brasil 88 Gestão de Florestas


dos recursos madeireiros, é possível explorar em Jamari os resíduos da
extração, produtos não madeireiros e serviços relacionados ao turismo
ecológico, visando integrar a população à natureza. A Floresta Nacional
de Saracá-Taquera possui uma área total de 441.152 ha, sendo que 48,8
mil ha foram destinados à concessão em 2009, em que será possível
explorar legalmente a madeira, óleos, sementes, entre outros produtos.
Para ambas as Flonas citadas o período de concessão será de 40 anos.

d) Sudeste: a Região Sudeste do Brasil conta com dez florestas nacionais,


somando juntas 15.522 ha, ocupando predominantemente o bioma da
Mata Atlântica. Dentre essas, a Flona de Ipanema, criada em 1992 e
localizada no estado de São Paulo, é a maior da região, contando com
5.179 ha, e caracteriza-se por ser uma zona de transição entre a Mata
Atlântica, o Cerrado e áreas de influência humana, além de conter um
sítio histórico tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN).

e) Sul: a Região Sul possui dez florestas nacionais, contanto com uma área
total de 15.147 ha. De todas essas unidades da Região Sul, nove ocorrem
no domínio da floresta ombrófila mista, também chamada de floresta com
araucária, que ocorre predominantemente nas serras e planaltos dos três
estados sulinos. A criação de unidades de conservação nessa região se deu
especialmente por razão da intensa exploração que essa floresta sofreu nas
últimas décadas, levando a araucária e outras espécies quase à extinção. A
Flona de Três Barras, localizada em Santa Catarina, é a maior da região, com
cerca de 4.458 ha e remanescentes de floresta com araucária em diferentes
estágios de conservação, bem como áreas de influência humana. Destaca-se
também a Flona de Irati, no Paraná, com 3.495 ha, incluindo remanescentes
florestais bem conservados e plantios de pinus e de araucária. Importantes
pesquisas científicas vêm sendo desenvolvidas nessas áreas, afim de ampliar
os conhecimentos a respeito das características dessas florestas, bem como
estabelecer formas adequadas de manejá-las sustentavelmente.

Figura 19.3: Vista aérea de partes da Flona de Irati


Fonte: http://www.hojecentrosul.com.br

Aula 19 – Florestas nacionais 89 e-Tec Brasil


As florestas nacionais são unidades de conservação que permitem a explo-
ração sustentável de parte de seus recursos associados à preservação da na-
tureza. Embora estejam distribuídas por todo o país, a Região Norte é a que
apresenta o maior número de Flonas, com área total superior a 18 milhões
de ha. A partir de 2006, com a lei de concessões florestais, o governo passou
a permitir que empresas e comunidades explorassem as florestas públicas,
incentivando assim o desenvolvimento socioambiental, juntamente com a
conservação da natureza.

Atividades de aprendizagem
• Você acredita que é possível conciliar a conservação das florestas junta-
mente com o seu uso sustentável? Dê a sua opinião.

Anotações

e-Tec Brasil 90 Gestão de Florestas


Aula 20 – Á
 reas de proteção ambiental

O objetivo desta aula é estudarmos a respeito das Áreas de Pro-


teção Ambiental (APA), que são unidades de conservação que
englobam propriedades privadas e permitem o desenvolvimento
de atividades em seu interior, desde que não sejam significativa-
mente impactantes ao meio ambiente.

A Área de Proteção Ambiental foi instituída pela Lei n. 9.985, de 18 de julho


de 2000 (Lei do SNUC), sendo integrante das unidades de conservação de
uso sustentável, ou seja, permitem o manejo adequado de parte de seus
recursos. E o que caracteriza uma APA? Dentre suas principais característi-
cas está o fato de que, geralmente, distribui-se por áreas extensas, incluin-
do áreas públicas e privadas, nas quais as atividades humanas continuam
sendo permitidas, porém, com algumas restrições que visam à proteção de
ecossistemas de grande importância ou fragilizados. As Áreas de Proteção
Ambiental (APA) diferem das Áreas de Preservação Permanente (APP), que
são institutos de preservação ambiental definidas pelo Código Florestal, e
estão presentes em todas as propriedades rurais do país em locais de maior
fragilidade ambiental, como margem dos rios, nascentes e encostas.

20.1 P
 rincipais áreas de proteção
ambiental do Brasil
Nessa categoria estão incluídos tanto ecossistemas terrestres quanto mari-
nhos. A seguir veremos as características de algumas das mais importantes
Áreas de Proteção Ambiental do país.

a) APA de Guaraqueçaba: foi criada em 1985 e localiza-se no litoral norte


do estado do Paraná, abrangendo uma área total de 282.444 ha, englo-
bando os municípios de Guaraqueçaba e parte dos municípios de Anto-
nina, Paranaguá e Campina Grande do Sul. O motivo principal de sua
criação foi preservar os últimos remanescentes de floresta ombrófila den-
sa, nas encostas da Serra do Mar, além de proteger espécies endêmicas
da região ameaçadas de extinção, bem como do complexo estuarino da
Baía de Paranaguá. Nas imediações da APA de Guaraqueçaba encontra-
-se o Parque Nacional do Superagui, importante unidade de conservação

91 e-Tec Brasil
dos ambientes costeiros do estado do Paraná. Na região da APA é desen-
volvido um dos maiores projetos de combate às mudanças climáticas no
país, com ações de conservação dos ecossistemas preservados e ameaça-
dos, em que se desenvolve a recuperação das áreas degradadas.

b) APA de Fernando de Noronha: o arquipélago de Fernando de Noro-


nha, constituído por 21 ilhas no Oceano Atlântico, faz parte do estado
de Pernambuco, distante 545 km da capital, Recife. Em razão do grande
interesse para a conservação ambiental da região, foi criada, em 1986,
a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha – Rocas – São
Pedro e São Paulo, que são outros arquipélagos da região, contando com
uma área original de 79.706 ha. Em 1988, foi criado no arquipélago de
Fernando de Noronha um parque nacional marinho, ocupando 70% de
sua área total. Sendo assim, foi excluída da APA de Fernando de Noronha
a área correspondente ao Parque Nacional e à Reserva Biológica do Atol
das Rocas, que passaram a ser unidades de proteção integral. Essas uni-
dades de conservação são de fundamental importância para a proteção
dos ecossistemas marinhos no litoral brasileiro.

Figura 20.2: Vista geral de parte da Serra da Mantiqueira, no


Sudeste do Brasil
Fonte: http://www.icmbio.gov.br.

c) APA da Serra da Mantiqueira: a Serra da Mantiqueira abrange uma


região montanhosa na divisa entre os estados de São Paulo, Rio de Janei-
ro e Minas Gerais. Representa uma importante área de Mata Atlântica,
composta pela floresta ombrófila densa, rica em biodiversidade, nas re-
giões mais baixas e encostas, enquanto nos pontos mais altos ocorrem
manchas da floresta ombrófila mista, seu local de ocorrência é mais ao

e-Tec Brasil 92 Gestão de Florestas


Norte do Brasil, além dos campos de altitudes. Diversas unidades de con-
servação foram criadas na região, sendo que a APA da Serra da Manti-
queira é a maior delas, distribuindo-se pelos três estados, com cerca de
421.804 ha de área. De acordo com o Decreto de sua criação (91.304/85),
a APA tem como objetivos preservar parte de uma das maiores cadeias
de montanhas do Sudeste do Brasil; a flora endêmica; os remanescentes
de floresta com araucária; a continuidade da cobertura vegetal; a vida Assista ao vídeo Meio
Ambiente por inteiro
selvagem, em especial as espécies ameaçadas de extinção. – áreas de proteção
ambiental, que trata das
características das APAs e
seus problemas, como a sua
ocupação irregular. Disponível
em: http://www.youtube.com/
watch?v=uD8ODUjY5xQ.

Figura 20.2: Vista geral de parte da Serra da Mantiqueira, no Sudeste


do Brasil
Fonte: http://www.icmbio.gov.br.

Resumo
Nesta aula aprendemos que as Áreas de Proteção Ambiental são unidades de
uso sustentável estabelecidas pela Lei do SNUC, e visam conciliar a conser-
vação da natureza com o desenvolvimento de atividades de baixo impacto
ambiental, protegendo ecossistemas de grande importância. São unidades
distribuídas por todo o país, envolvendo ecossistemas terrestres e aquáticos.

Atividades de aprendizagem
• Assista ao vídeo Meio Ambiente por inteiro – áreas de proteção ambien-
tal, indicado na seção Mídias integradas, e discuta a respeito da proble-
mática em relação à ocupação irregular das APAs, dando sua opinião e
justificativa.

Aula 20 – Áreas de proteção ambiental 93 e-Tec Brasil


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Fonte: acervo do autor.

Figura 1.2: Elementos que compõem uma floresta.


Fonte: <http://www.silvicontrol.com.br/portal/images/Florestas_constituem_continente_africano_
silvicontrol.jpg>.

Figura 2.1: Exemplo de uma floresta tropical úmida.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d0/Aerial_view_of_the_Amazon_
Rainforest.jpg/800px-Aerial_view_of_the_Amazon_Rainforest.jpg>.

Figura 3.1: Exemplo de estratificação de uma floresta tropical.


Fonte: <http://www.ib.usp.br/ecologia/atributos_05.gif>.

Figura 4.1: Aspectos de uma floresta ombrófila densa na Amazônia.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/40/Stechovice_reservoir_Vltava_7328.
JPG/1280px-Stechovice_reservoir_Vltava_7328.JPG?uselang=pt-br>.

Figura 4.2: Floresta de igapó durante o período de inundação.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/0e/Amazonas1.jpg/1280px-Amazonas1.
jpg>.

Figura 8.1: Castanha-do-brasil, exemplo de produto florestal não madeireiro.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/de/Brazil_nuts.jpg/1024px-Brazil_nuts.
jpg?uselang=pt-br>.

Figura 9.1: Distribuição original da Mata Atlântica no território brasileiro e suas fitofisionomias.
Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f2/Atlantic_Forest_WWF.jpg/1017px-
Atlantic_Forest_WWF.jpg>.

Figura 9.2: Aspectos gerais da Serra do Mar com importantes remanescentes da Mata Atlântica.
Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Ba%C3%ADa_de_Antonina_vista_
da_Serra_do_Mar.JPG/1280px-Ba%C3%ADa_de_Antonina_vista_da_Serra_do_Mar.JPG>.

Figura 10.1: Aspectos de uma floresta ombrófila mista na serra catarinense.


Fonte: acervo do autor.

Figura 10.2: Aspectos de uma floresta estacional.

e-Tec Brasil 98 Gestão de Florestas


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/26/Floresta_estacional_morro_do_plato_santa_
maria_RS.jpg>.

Figura 11.1: Exemplo de corredores ecológicos ligando áreas fragmentadas pela agricultura.
Fonte: <http://cap.org.za/oid%5Cimages%5C1%5C83_1_8_59_39_AM_
cor_15_10_2009204511_03_340104%20Low%20Resolution.jpg>.

Figura 12.1: Exemplo de propriedade rural com florestas ao fundo e áreas desmatadas a frente, utilizadas
pela pecuária.
Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d3/Fazenda_Resgatinho_%285%29.
jpg/1280px-Fazenda_Resgatinho_%285%29.jpg>.

Figura 13.1: Larguras mínimas exigidas para as APPs ao longo dos rios, nascentes, lagos e reservatórios.
Fonte: <http://www.atlasdasaguas.ufv.br/exemplos_aplicativos/barragens_figura26.jpg>.

Figura 14.1: Exemplo de população tradicional ocupando áreas de florestas comunitárias.


Fonte: <http://www.florestal.gov.br/media/k2/items/cache/cfee1df0aef1bf88281266898fc4ff19>.

Figura 16.1: Vista da Reserva Biológica do Aguaí, no estado de Santa Catarina.


Fonte: <http://www.felinosdoaguai.com/aguai2.jpg>.

Figura 17.1: Vista do Pico das Agulhas Negras, ponto mais alto do Parque Nacional do Itatiaia.
Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/90/Panoramica_itatiaia.JPG/1000px-
Panoramica_itatiaia.JPG>.

Figura 17.2: Vista das Cataratas do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2c/Iguazu_D%C3%A9cembre_2007_-_
Panorama_7.jpg/850px-Iguazu_D%C3%A9cembre_2007_-_Panorama_7.jpg>.

Figura 17.3: Vista aérea de lagos formados pelas cheias no Pantanal.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6e/Pantanal%2C_south-central_South_
America_5170.jpg/1024px-Pantanal%2C_south-central_South_America_5170.jpg>.

Figura 19.1: Aspectos gerais da Floresta Nacional de Brasília, dominada por savanas do bioma Cerrado.
Fonte: <http://bioteia.com.br/wp-content/uploads/2012/11/Flona-1024x680.jpg>.

Figura 19.2: Flona de Araripe-Apodi, a mais antiga do Brasil.


Fonte: <http://br.viarural.com/servicos/turismo/areas-de-protecao-ambiental/apa-chapada-do-araripe/
chapada-do-araripe-no-crato.jpg>.

Figura 19.3: Vista aérea de partes da Flona de Irati.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c7/Irati-panoramika.jpg>.

Figura 20.1: Vista geral da ilha principal do arquipélago de Fernando de Noronha.


Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1d/Fernando_de_Noronha_->.

Figura 20.2: Vista geral de parte da Serra da Mantiqueira, no Sudeste do Brasil.


Fonte: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/APA%20Serra%20
da%20Mantiqueira,%20Pedra%20do%20Pic%C3%BA,%20Iamone%20Minas%20Gerais_
Cr%C3%A9dito%20Clarismundo%20Benfica.JPG>.

Referências 99 e-Tec Brasil


Atividades autointrutivas

1. Com base nos conceitos ecológicos, como as florestas podem ser


definidas?

a) Florestas são aglomerados de árvores e outras plantas que crescem sobre


o solo de algumas regiões.

b) As florestas consistem em recursos naturais que devem ser manejados


adequadamente pelo homem para que não se acabem.

c) Florestas consistem em ecossistemas formados por diversas comunidades de


plantas e de outros organismos que interagem entre si e com o meio ambiente.

d) As florestas são importantes para a ecologia, pois abrigam muitas plantas


e outros organismos contribuindo para a biodiversidade.

e) O conceito de floresta pode ser definido como um agrupamento de in-


divíduos arbóreos que geram estruturas complexas de trocas de energia
com o ambiente.

2. Em relação aos conceitos ecológicos aplicáveis às florestas, NÃO


podemos afirmar que:

a) os indivíduos são considerados como a menor parte que compõe o todo,


ou seja, a unidade básica sujeita às influências do ambiente, cujo conjun-
to gera as estruturas ecológicas mais complexas.

b) uma população é definida como um grupo de indivíduos de uma mesma


espécie, capaz de se reproduzir entre si e que ocupa um determinado
local ou região.

c) as comunidades são como conjuntos de populações de diferentes espécies


com certo grau de semelhança, ocupando uma determinada superfície.

d) um conjunto de populações de árvores de uma floresta, em que cada popu-


lação é formada por indivíduos de uma mesma espécie, pode ser conside-
rada como uma comunidade, sendo denominada de comunidade arbórea.

e) os ecossistemas significam o mesmo que biomas, e representam um con-


junto de indivíduos de uma mesma espécie, distribuídos por uma área
específica, onde utilizam os recursos do ambiente.

101 e-Tec Brasil


3. De acordo com o conceito de comunidade, podemos afirmar que:

a) as comunidades são compostas por um grupo de indivíduos da mesma


espécie, que interagem entre si, como, por exemplo, a comunidade ar-
bórea.

b) as comunidades consistem em um conjunto de populações de diferentes


espécies com certo grau de semelhança e que ocupam determinada área.

c) as comunidades são definidas como um conjunto de populações de uma


mesma espécie que ocupam uma área em comum dentro do ecossiste-
ma.

d) o conceito de comunidade é definido como um grupo de espécies com


características distintas distribuídas ao longo de vários biomas.

e) as comunidades compreendem diversos ecossistemas com certo grau de


semelhança entre si, e que ocupam um mesmo bioma.

4. Com base nos conhecimentos da localização e aspectos físicos das


florestas tropicais úmidas, assinale (V) nas afirmativas verdadeiras
e (F) nas falsas.

( ) O desenvolvimento de florestas tropicais úmidas está relacionado es-


pecialmente a fatores climáticos, como temperaturas altas e elevada
precipitação.
( ) As florestas tropicais ocorrem em todos os continentes do planeta, ex-
ceto na Antártida, onde o clima frio impossibilita o desenvolvimento
desses ecossistemas.
( ) As florestas tropicais ocorrem em diversas latitudes, desde o equador
até os polos, uma vez que haja nesses ambientes chuva em abundância.
( ) Os continentes americano, africano, asiático e australiano são os que
apresentam florestas tropicais.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a) F, F, V, V

b) V, F, F, F

c) V, F, F, V

d) V, V, F, V

e) F, F, F, V

e-Tec Brasil 102 Gestão de Florestas


5. As florestas tropicais são conhecidas pela abundância de espécies
de diferentes organismos, chamada de biodiversidade. Assinale a
alternativa CORRETA, que indica os fatores que possibilitam essa
elevada diversidade.

a) A diversidade biológicas das florestas tropicais se deve à dificuldade de


acesso que possuem essas regiões, o que dificultou a exploração pelo
homem e favoreceu a conversação da floresta.

b) As florestas tropicais apresentam condições climáticas ideais para o de-


senvolvimento de muitos organismos vivos, que associados à estratifica-
ção da floresta permitem uma elevada biodiversidade.

c) As florestas tropicais são fonte de importantes recursos e serviços ambientais


para a humanidade, como madeira, alimentos, proteção das águas e regula-
ção do ciclo hidrológico, melhorias na qualidade do ar, dentre outros.

d) São poucas as áreas tropicais que ainda não sofreram nenhum tipo de
impacto humano e, aliado a isso, as altas taxas de desmatamento e degra-
dação florestal, introdução de espécies invasoras e as mudanças climáticas.

e) As florestas tropicais não apresentam condições climáticas ideias para o de-


senvolvimento de alguns organismos vivos, que associado a estratificação que
associados à estratificação da floresta permitem uma elevada biodiversidade.

6. Os diferentes estratos verticais observados em florestas tropicais


contribuem para a grande biodiversidade observada nesses am-
bientes. De que forma isso acontece?

a) A grande altura que as copas das árvores atingem na floresta permite


que muitas espécies de aves façam ali os seus ninhos e o seu hábitat,
aumentando a biodiversidade.

b) Apesar de ser pouco estudado, o solo da floresta abriga uma enorme


quantidade de espécies de microrganismos, o que proporciona um gran-
de ganho na biodiversidade.

c) A estratificação das florestas tropicais favorece a elevada biodiversidade


desses ecossistemas, pois possibilita a existência de diferentes tipos de
ambientes, que servem de hábitat para diversas espécies.

d) Os diferentes estratos permitem que a luminosidade que atinge o sub-


-bosque seja reduzida, favorecendo o desenvolvimento de espécies adap-
tadas à condição de sombreamento.

Atividades autoinstrutivas 103 e-Tec Brasil


e) O estrato emergente, por posicionar-se acima da copa da maioria das
árvores, recebe mais luz e permite que um número maior de espécies se
desenvolva, aumentando a biodiversidade.

7. Em relação aos estratos observados em florestas tropicais é COR-


RETO afirmar que:

a) o dossel é o estrato mais alto da floresta, onde ficam as copas das árvo-
res.

b) a serapilheira é um estrato composto por espécies vegetais herbáceas.

c) o estrato emergente fica logo abaixo do dossel e é formado por árvores


de altura média.

d) o solo florestal é composto somente por minerais, que são utilizados


pelas plantas.

e) o sub-bosque é um estrato intermediário, formado por árvores médias e


arbustos.

8. O bioma amazônico é o maior do Brasil, representado predomi-


nantemente pela floresta tropical. Em relação às fitofisionomias
da Amazônia, é CORRETO afirmar que:

a) a Floresta Amazônica ocorre em região com características ambientais


homogêneas, que permitem que a floresta seja igual, sem diferenciações,
ao longo de toda a sua área de ocorrência.

b) as fitofisionomias da Amazônia são muito semelhantes entre si, não sen-


do possível diferenciá-las de modo adequado, entretanto, algumas dis-
tinções são feitas em relação às alturas das árvores.

c) Apesar de compor um único bioma, a Floresta Amazônica é represen-


tada por uma variedade de fitofisionomias, que variam de acordo com
a quantidade de chuvas, temperatura, tipos de solo e susceptibilidade a
inundações.

d) As formações vegetais da Amazônia são diferenciadas basicamente entre


as terrestres e as aquáticas, que representam grande parte do bioma,
visto a grande quantidade de rios existentes na região.

e) A grande extensão da Amazônia e a dificuldade de acesso às florestas


densas dificulta o desenvolvimento de pesquisas em tais áreas, sendo
difícil constatar as diferenciações na composição da floresta.

e-Tec Brasil 104 Gestão de Florestas


9. As florestas de terra firme constituem-se em formações vegetais
da Amazônia. Em relação a elas, assinale a alternativa INCORRETA.

a) As florestas de terra firme ocupam a maior parte do território amazônico.

b) As várzeas são uma importante tipologia dentro das florestas de terra


firme.

c) As florestas de terra firme ocorrem nas áreas mais altas onde praticamen-
te não ocorrem inundações.

d) A floresta ombrófila aberta compõe a floresta de terra firme.

e) A floresta ombrófila densa é a maior tipologia dentro das florestas de


terra firme.

10. A floresta ombrófila densa é uma fitofisionomia entre as florestas


de terra firma da Amazônia. Em relação a ela, assinale a alterna-
tiva CORRETA.

a) É também chamada de floresta tropical sazonal, visto que ocorre predo-


minantemente em região de clima quente, com chuvas variáveis.

b) O termo “ombrófila”, utilizado para nomear a floresta, se refere à abun-


dância de chuvas a que essa formação está submetida, sem período bio-
logicamente seco.

c) Na região de ocorrência dessa fitofisionomia, o período de seca é mar-


cante, podendo ultrapassar os 60 dias.

d) A floresta ombrófila densa é caracterizada pela baixa diversidade de plan-


tas, já que essas apresentam dificuldades de adaptação às altas tempe-
raturas da região.

e) É também chamada de floresta amazônica, visto que ocorre predominan-


temente em região de clima quente, com pouca chuva.

11. Por que o desenvolvimento de atividades como a agricultura e a


pecuária pelo homem primitivo aumentaram a pressão sobre as
florestas?

a) O desenvolvimento dessas atividades e o crescimento da população au-


mentaram a demanda por novas áreas de cultivo e por madeira destina-
da a energia e construções.

b) Essas atividades facilitaram o desenvolvimento de ferramentas mais ela-


boradas, como serras e machados, facilitando o desmatamento.

Atividades autoinstrutivas 105 e-Tec Brasil


c) Com a abundância de alimentos proporcionada pela agricultura, o ho-
mem tornou-se mais saudável e forte, capaz de desmatar áreas mais
extensas de floresta.

d) As florestas passaram a ser desmatadas devido ao aumento nos rebanhos


criados na época, que frequentemente invadiam as florestas.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

12. De que forma o conceito de sustentabilidade interage com a utili-


zação responsável dos recursos florestais?

a) A utilização dos recursos florestais deve atender principalmente ao cri-


tério econômico, já que é a economia que sustenta o sistema capitalista
contemporâneo.

b) Os recursos florestais devem ser mantidos preservados, sem interferência


humana, deixados intactos para as futuras gerações.

c) O uso sustentável dos recursos florestais não é possível, visto que desde
há muito tempo as florestas vêm sendo degradadas.

d) Os recursos florestais são esgotáveis, ou seja, podem acabar se não fo-


rem preservados, não sendo possível a sua utilização.

e) A utilização de recursos florestais pode ser feita de forma sustentável,


ou seja, preocupando-se com a manutenção desses recursos ao longo
do tempo.

13. Sobre o manejo florestal sustentável, assinale a alternativa CORRETA.

a) O manejo florestal sustentável pode ser definido como a administração


da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respei-
tando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema.

b) O manejo florestal sustentável pode ser definido como a regulação da


floresta para a obtenção de benefícios financeiros, respeitando-se, quan-
do possível, os mecanismos de sustentação do ecossistema.

c) O manejo florestal sustentável pode ser definido como a organização da


floresta para a obtenção de benefícios financeiros, sem a necessidade de
respeitar os mecanismos de sustentação do ecossistema.

d) O manejo florestal sustentável pode ser definido como a administração


da floresta para a obtenção de benefícios, sem a necessidade de conside-
rar os mecanismos de sustentação do ecossistema.

e-Tec Brasil 106 Gestão de Florestas


e) O manejo florestal sustentável pode ser definido como a administração
da floresta para a obtenção de benefícios ecológicos e ambientais, res-
peitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema.

14. Uma empresa florestal da Amazônia recebeu licença para explorar


sustentavelmente 10.000 ha de florestas. Com base no ciclo de
corte legalmente instituído de 35 anos, qual será a área possível
de ser explorada a cada ano?

a) 35,5 ha

b) 10.000,1 ha

c) 285,7 ha

d) 275,8 ha

e) 398,4 ha

15. O controle da produção florestal por área é uma das formas mais
práticas de definir um regime de manejo sustentado, com a ob-
tenção anual de recursos, permitindo à floresta se regenerar para
explorações futuras. Sobre esse método de manejo, é CORRETO
afirmar que:

a) no controle da produção por área o ciclo de corte não precisa ser de-
finido, pois o que realmente importa é conhecer a área total que será
explorada.

b) no controle da produção por área são escolhidos os locais com maior


concentração de espécies de interesse, que são explorados em um único
momento.

c) no controle da produção por área, uma vez definida a área a ser explorada
anualmente, todo o volume presente em cada unidade poderá ser extraído.

d) no controle da produção por área, a área total a ser explorada é dividida


pelo ciclo de corte estipulado, resultando em unidades de manejo anuais
de igual área.

e) no controle da produção por área, a área total a ser explorada é dividida


pelo incremento da floresta, resultando em unidades de manejo com
produção igual.

Atividades autoinstrutivas 107 e-Tec Brasil


16. No que consiste a exploração de impacto reduzido na Amazônia?

a) É uma forma de obter produtos não madeireiros da floresta, que geram


menos impactos em sua extração.

b) Consiste no corte seletivo das espécies de maior interesse comercial, per-


mitindo que as demais espécies se desenvolvam livremente.

c) Consiste em um conjunto de técnicas que visam manter a estrutura e as


funções da floresta a uma condição similar àquela anterior à exploração.

d) Consiste na exploração das árvores caídas na floresta por condições na-


turais, evitando a necessidade do corte, o que gera um menor impacto.

e) É a exploração de frutos da floresta, que são coletados das árvores sem a


necessidade de sua derrubada, reduzindo os impactos.

17. A respeito das técnicas utilizadas na exploração de impacto redu-


zido, assinale a alternativa CORRETA.

a) Antes do início das atividades de exploração é necessário efetuar o inven-


tário florestal, em que são levantadas e mapeadas todas as espécies de
interesse comercial que serão extraídas.

b) O planejamento das estradas florestais não é de muita importância, pois


gera muitos custos e a localização das estradas pode ser definida no mo-
mento do corte, por ser mais prática.

c) O corte de lianas e cipós é uma atividade dispensável, pois essas espécies


são pouco comuns nas regiões tropicais e não causam muitos danos du-
rante a exploração.

d) O arraste da madeira da floresta em direção às estradas é uma atividade


muito importante. Deve-se sempre buscar as distâncias maiores pra que
a extração seja otimizada.

e) O corte de lianas e cipós é uma atividade dispensável, pois embora essas


espécies sejam abundantes nas regiões tropicais, o seu corte acentua a
perda de biodiversidade.

18. Das alternativas a seguir, escolha aquela em que o recurso citado


NÃO é um produto florestal não madeireiro.

a) A lenha utilizada por pessoas de comunidades rurais é um produto flo-


restal não madeireiro, pois é empregada para a subsistência dessa popu-
lação.

e-Tec Brasil 108 Gestão de Florestas


b) Os óleos essenciais utilizados pela indústria de cosméticos é um produto
florestal não madeireiro.

c) As castanhas extraídas da floresta podem ser consideradas como um pro-


duto florestal não madeireiro.

d) O açaí, fruto largamente consumido no país todo, é caracterizado como


um produto florestal não madeireiro.

e) As folhas de árvores e outras plantas utilizadas como chás e medicamen-


tos são consideradas produtos florestais não madeireiros.

19. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso nas afirmativas a se-
guir, em relação aos produtos florestais não madeireiros.

( ) Os produtos florestais não madeireiros são importantes para a conser-


vação da floresta, pois permitem o seu múltiplo uso, diversificando as
possibilidades de renda da população e evitando que a floresta seja
desmatada.
( ) Os fármacos de origem florestal não podem ser considerados como um
produto florestal não madeireiro, pois são utilizados por grandes indús-
trias farmacêuticas e não pela população local.
( ) A exploração dos produtos florestais não madeireiros só traz benefícios
à floresta e os impactos causados não precisam ser considerados.
Agora, marque a alternativa que apresenta a sequência correta.

a) V, V, F

b) F, F, V

c) V, V, V

d) V, F, F

e) F, F, F

20. Escolha a alternativa que não diz respeito ao manejo adequado


dos produtos florestais não madeireiros (PFNM).

a) Apesar da maioria dos PFNM apresentar baixo impacto ambiental, mui-


tos cuidados devem ser tomados para aumentar o rendimento e diminuir
os danos e prejuízos à floresta durante a sua extração.

b) Os PFNM podem ser explorados sem muitos cuidados, pois causam pou-
cos danos à floresta e a principal preocupação em sua exploração deve
ser a renda que eles proporcionam às comunidades nativas da floresta.

Atividades autoinstrutivas 109 e-Tec Brasil


c) Antes da exploração, os PFNM devem ser corretamente inventariados,
avaliando-se o seu estoque na floresta e a sua capacidade de regenera-
ção de modo que haja a sustentabilidade do recurso.

d) O planejamento inicial da exploração dos PFNM é essencial, pois permite


conhecer características da área que será explorada, bem como tomar as
decisões adequadas para o correto manejo do produto de interesse.

e) A seleção de espécies que serão utilizadas como PFNM é muito impor-


tante, pois a partir dessa escolha é possível definir o tipo de produto que
será explorado, sua viabilidade econômica e sua abundância na floresta,
entre outros fatores.

21. A respeito da ocorrência original da Mata Atlântica, é CORRETO


afirmar que:

a) esse bioma concentra-se no litoral do Brasil, uma região predominante-


mente quente e chuvosa, sem muitas variações ambientais.

b) a Mata Atlântica ocorre de Norte a Sul do Brasil, do litoral adentrando o


continente, em uma gama diversificada de ambientes.

c) atualmente restam pouco mais de 15% da cobertura original da Mata


Atlântica, formada por pequenos fragmentos isolados.

d) a Mata Atlântica e a Amazônia são um mesmo bioma, pois ambas são


florestas tropicais.

e) originalmente, a Mata Atlântica ocorria apenas no litoral brasileiro, pró-


ximo ao Oceano Atlântico.

22. Das razões a seguir, qual explica melhor a elevada biodiversidade


e as altas taxas de endemismo presentes na Mata Atlântica?

a) Por estar próxima à Amazônia, parte da biodiversidade dessa floresta


migrou para a Mata Atlântica enriquecendo esse bioma.

b) As elevadas temperaturas e chuvas abundantes, características das flo-


restas tropicais, proporcionou o ganho em diversidade da Mata Atlântica,
por ser mais próxima ao oceano.

c) O isolamento geográfico proporcionado pela Serra do Mar favoreceu o


aumento na biodiversidade desse bioma, que pode ser maior até mesmo
que a da Amazônia.

e-Tec Brasil 110 Gestão de Florestas


d) A grande amplitude de latitudes, altitudes e longitudes possibilitou a
existência de ambientes com características distintas e o desenvolvimen-
to de espécies adaptadas as essas diferentes condições, sustentando a
elevada biodiversidade.

e) O grande número de unidades de conservação presentes na Mata Atlân-


tica favoreceu a preservação desse bioma e o estabelecimento de dife-
rentes espécies, gerando aumento em biodiversidade.

23. Sobre as fitofisionomias da Mata Atlântica, é INCORRETO afirmar


que:

a) a Mata Atlântica apresenta grande homogeneidade em sua composição


florística, não sendo usual a sua classificação em fitofisionomias diferen-
ciadas.

b) na planície litorânea e encostas da Serra do Mar predomina a floresta


ombrófila densa.

c) a floresta ombrófila mista ocorre nos planaltos dos estados do Sul, região
caracterizada pelas baixas temperaturas.

d) a floresta ombrófila densa, rica em diversidade, ocorre tanto na Mata


Atlântica quanto no domínio da Floresta Atlântica.

e) a floresta estacional também ocorre na faixa litorânea, em regiões mais


quentes que aquelas de ocorrência da floresta ombrófila densa.

24. A floresta ombrófila mista, também conhecida como floresta com


araucária, é uma fitofisionomia da Mata Atlântica. Sobre ela po-
demos afirmar que:

a) ocorre em região com um período de seca bem demarcado, especial-


mente no inverno, quando as temperaturas costumam ser negativas.

b) é uma floresta ainda bem conservada, onde resta boa parte de sua cober-
tura original, já que é bem protegida pela legislação ambiental.

c) a araucária é a espécie de maior destaque dessa formação, ocorrendo


com elevada frequência por toda a região de domínio da floresta ombró-
fila mista.

d) a floresta ombrófila mista ocorre nos planaltos e serras de todo o país,


visto que é uma formação dependente da altitude.

Atividades autoinstrutivas 111 e-Tec Brasil


e) ocorre em região bastante chuvosa, com temperaturas elevadas durante
todo o ano, podendo ser considerada uma floresta tropical.

25. A floresta estacional pode ser dividida em decidual e semidecidu-


al. Qual é o critério que leva a essa divisão?

a) Essa divisão é feita em razão da quantidade de chuvas que atinge a re-


gião ocupada por essa fitofisionomia.

b) O critério que diferencia essas tipologias se refere às temperaturas mé-


dias das regiões de ocorrência dessas florestas.

c) Essa denominação varia de acordo com os estados em que essa floresta


ocorre, sendo uma denominação estritamente política.

d) A diferenciação que existe na floresta estacional se dá em função do es-


tado de conservação em que os remanescentes florestais se encontram.

e) Essa diferença na denominação refere-se à porcentagem de indivíduos


arbóreos que perdem suas folhas na estação seca.

26. Em relação aos corredores ecológicos, é CORRETO afirmar que:

a) são estruturas de grande porte e artificiais, utilizadas para ligar parques e


reservas com muita biodiversidade.

b) são estruturas ou áreas cobertas por vegetação natural ou plantada, que


atuam como conectores entre fragmentos florestais relevantes para a
conservação.

c) são pouco eficazes na preservação da biodiversidade, pois são utilizados


para ligar áreas já bastante degradadas.

d) a eficiência dos corredores ecológicos está associada ao seu tamanho,


pois quanto maior, mais organismos serão capazes de transitar por ele.

e) só são importantes em áreas pequenas e isoladas, pois favorecem a liga-


ção entre elas permitindo que a diversidade aumente.

27. A criação de grandes corredores ecológicos na Mata Atlântica é


uma iniciativa pública com o objetivo de preservar áreas desse
bioma com grande ocorrência de espécies endêmicas. Em relação
ao corredor central da Mata Atlântica, assinale a alternativa COR-
RETA.

e-Tec Brasil 112 Gestão de Florestas


a) O corredor central da Mata Atlântica localiza-se no centro do país, en-
volvendo os estados de Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal, e abriga
uma imensa biodiversidade.

b) O corredor central da Mata Atlântica ocorre no litoral dos estados de São


Paulo e Rio de Janeiro, sendo criado com base em dois importantes focos
de endemismo da região.

c) O corredor central da Mata Atlântica possui mais de cem unidades de


conservação em seus limites. Sendo assim, a conectividade desses rema-
nescentes é de suma importância.

d) O corredor central da Mata Atlântica abrange mais de 8,5 milhões de ha,


estendendo-se pelo estado do Espírito Santo e sul da Bahia, áreas com
grande concentração de espécies endêmicas.

e) O corredor central da Mata Atlântica ocorre nas áreas centrais dos esta-
dos do Rio de Janeiro e Espírito Santo, sendo criado com base em dois
importantes focos de endemismo da região.

28. Em relação à legislação florestal no Brasil, podemos afirmar que:

a) as leis visando à proteção das florestas brasileiras são recentes, sendo


que antes do século XX nada havia a esse respeito, visto que os recursos
florestais não eram considerados exauríveis.

b) o Código Florestal brasileiro, em vigência até 2012, foi criado em 1934,


sendo um exemplo para outros países quanto à preservação das florestas
e em seus mecanismos de compensação ambiental.

c) a reforma do Código Florestal brasileiro se deu em virtude de aspectos


não considerados pelo código anterior e de outros pontos, como a ne-
cessidade de expansão da fronteira agropecuária.

d) em 1965 foi promulgado o primeiro Código Florestal do país, que institui


os dois estatutos de preservação, as Áreas de Preservação Permanente e
a Reserva Legal, contribuindo para a conservação dos ecossistemas bra-
sileiros.

e) em 1965 foi promulgado o segundo Código Florestal do país, que institui


os dois estatutos de preservação, as Áreas de Preservação Permanente e
a Reserva Legal, contribuindo para a conservação dos ecossistemas bra-
sileiros.

Atividades autoinstrutivas 113 e-Tec Brasil


29. Com base nas afirmativas sobre a reforma do Código Florestal,
assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso.

( ) Buscando facilitar a legalidade de grande parte dos proprietários rurais


do País, a reforma do Código Florestal visou reduzir as exigências e am-
pliar os mecanismos de compensação das não conformidades.
( ) Dentre os fatores que levaram à reforma do Código Florestal está o
crescimento da população brasileira, que necessita de mais espaços ur-
banos, sendo necessário a facilitação do desmatamento para essa ativi-
dade de interesse social.
( ) O Código Florestal de 1965 apresentou alguns “vazamentos” em que,
devido à grande extensão territorial e diversidade dos ecossistemas bra-
sileiros, parte de áreas florestadas ficaram sem a proteção legal.
a) V, F, V

b) F, F, V

c) V, F, F

d) V, V, V

e) F, F, F

30. De acordo com o estabelecido na legislação acerca das Áreas de


Preservação Permanente, é CORRETO afirmar que:

a) são áreas exclusivamente cobertas por florestas, não sendo consideradas


como Área de Preservação Permanente locais ocupados por outro tipo
de vegetação.

b) a sua função é preservar os recursos florestais para que esses possam ser
manejados adequadamente, garantindo a sustentabilidade.

c) são áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a fun-
ção ambiental de preservar os recursos naturais e assegurar o bem-estar
das populações humanas.

d) são áreas onde não é permitido o corte da vegetação nativa, a não ser
que seja para o desenvolvimento de atividades como a agricultura e a
pecuária.

e) nenhuma das alternativas anteriores está correta.

e-Tec Brasil 114 Gestão de Florestas


31. Conforme as definições do Código Florestal brasileiro, qual dessas
áreas NÃO se constitui em uma Área de Preservação Permanente?

a) As faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermi-


tente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular.

b) As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer


que seja sua situação topográfica.

c) As encostas ou partes dessas com declividade superior a 45°, equivalente


a cem por cento na linha de maior declive.

d) No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de


cem metros e inclinação média maior que 25°.

e) Áreas verdes urbanas, como parques municipais e praças, com grande


circulação de pessoas.

32. O Código Florestal determina que propriedades rurais reservem


parte de suas áreas para constituírem a Reserva Legal. Sobre a
reserva legal, assinale a alternativa CORRETA.

a) Na Mata Atlântica o percentual da propriedade que deverá ser destinado


à Reserva Legal é de 20%.

b) A Reserva Legal tem função de suprir madeira ao governo em momentos


de grande escassez desse recurso.

c) A Reserva Legal é um termo semelhante à Área de Preservação Perma-


nente, e na prática significam o mesmo.

d) O Cerrado é o bioma que requer o maior percentual de Reserva Legal,


que é de 80% da área da propriedade.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

33. Assinale a alternativa que NÃO apresenta princípios da lei de ges-


tão das florestas públicas.

a) A proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valo-


res culturais associados, bem como do patrimônio público.

b) A proibição do acesso de qualquer indivíduo às informações referentes à


gestão de florestas públicas.

Atividades autoinstrutivas 115 e-Tec Brasil


c) A promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacio-
nada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas.

d) A garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos


de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das flores-
tas.

e) O estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racio-


nal das florestas e que contribuam para o desenvolvimento sustentável.

34. Em relação aos processos de concessão de florestas públicas, po-


de-se afirmar que:

a) cabe ao governo decidir como e por quem a exploração será conduzida,


sem a necessidade de apresentação de propostas pelos concorrentes.

b) os concorrentes devem apresentar a proposta financeira para obtenção


do direito de manejar a floresta, não havendo a necessidade de proposta
técnica.

c) o edital da licitação conta apenas com os valores mínimos a serem pagos


pela madeira, sendo que as propostas mais rentáveis ao governo vencem.

d) o Plano Anual de Outorga Florestal estabelece as áreas a serem licitadas


e lança o edital com as informações sobre a área e critérios a serem se-
guidos pelas concorrentes.

e) os concorrentes ao direito de concessão recebem as áreas de florestas


públicas para a exploração por tempo indeterminado.

35. No ano de 2000 foi sancionada a Lei n. 9.985, de grande importân-


cia para a gestão e conservação das florestas brasileiras. De que
se trata essa lei?

a) Essa lei trata da exploração sustentável dos recursos florestais e consti-


tuiu-se em um marco para a sustentabilidade do setor florestal brasileiro.

b) A Lei n. 9.985 de 2000 trata do Código Florestal brasileiro, que institui as


Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Legal.

c) A Lei n. 9.985 de 2000 é conhecida como a Lei do SNUC, pois criou o


Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

d) Essa é a lei dos crimes ambientais, que estipula as penas em casos de


crimes de desmatamento e corte indevido de espécies arbóreas.

e-Tec Brasil 116 Gestão de Florestas


e) A lei trata de normas para o uso de produtos florestais não madeireiros,
bem como estabelece critérios para a sua exploração.

36. Das alternativas a seguir, qual NÃO constitui um objetivo da Lei n.


9.985 de 2000?

a) Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos


genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais.

b) Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacio-


nal.

c) Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossis-


temas naturais.

d) Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais.

e) Combater o desmatamento ilegal e estabelecer penas para os crimes


ambientais.

37. Em relação ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza (SNUC), assinale a alternativa CORRETA.

a) Não representou ganhos importantes para a conservação ambiental, vis-


to que o Código Florestal de 1965 já era capaz de assegurar a conserva-
ção da natureza.

b) Possibilitou grande avanço para a qualidade de vida nas cidades, pois


passou a reconhecer as praças públicas arborizadas como unidades de
conservação.

c) Permitiu avanços ao proteger, além de ecossistemas importantes, for-


mações geológicas como cavernas e locais de grande beleza cênica e
incentivo à pesquisa científica.

d) Apesar dos avanços, o SNUC restringiu a participação popular na criação


de unidades de conservação, ficando essa iniciativa apenas a cargo do
governo.

e) Conforme o estabelecido pelo SNUC, a administração das unidades de


conservação fica a cargo do legislativo, de forma a aliviar as pressões
sobre o Ministério do Meio Ambiente.

Atividades autoinstrutivas 117 e-Tec Brasil


38. A Lei do SNUC foi responsável pelo estabelecimento das unidades
de proteção integral, cujo objetivo principal é:

a) manter intactos os ecossistemas protegidos, sem qualquer tipo de influ-


ência humana, não sendo possível a visitação ou a pesquisa científica.

b) preservar a fauna ameaçada de extinção em áreas de riscos, como aque-


las próximas aos grandes centros urbanos, alvo das pressões antrópicas.

c) assegurar a disponibilidade de recursos madeireiros às gerações futuras,


como compromisso para a sustentabilidade.

d) conservar a natureza, incluindo a fauna e a flora, não permitindo a uti-


lização direta dos recursos naturais ou qualquer outro tipo de alteração
humana.

e) conservar as paisagens de grande beleza cênica e assegurar às popula-


ções tradicionais a sua subsistência.

39. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza es-


tabelece cinco categorias de unidades de proteção integral. Sobre
essas unidades, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O monumento natural é uma unidade de conservação que visa à preser-


vação de sítios ou locais naturais raros ou de grande beleza cênica.

b) As reservas biológicas visam à preservação integral da biota e demais


atributos naturais existentes em seus limites.

c) O refúgio da vida silvestre visa à proteção dos ambientes naturais onde


ocorrem condições para a existência ou reprodução de espécies da flora
e da fauna.

d) Os parques nacionais visam à preservação dos ecossistemas naturais de


grande relevância ecológica e beleza cênica e permitem a visitação e de-
senvolvimento de pesquisas.

e) A estação ecológica visa à conservação de populações tradicionais resi-


dentes em seus limites e não permite a visitação ou o desenvolvimento
de pesquisas científicas.

e-Tec Brasil 118 Gestão de Florestas


40. Em relação à categoria dos parques nacionais, é INCORRETO afir-
mar que:

a) é uma categoria de unidade de proteção integral que visa à proteção da


natureza e de locais de grande beleza cênica.

b) são locais onde há grandes restrições para a visitação pública e desenvol-


vimento de pesquisas, visto que a intenção é deixar o ambiente o mais
intacto possível.

c) a grande maioria dos parques nacionais brasileiros não apresenta estru-


tura adequada para a visitação pública.

d) o turismo ecológico é uma das opções que podem ser desenvolvidas nos
parques nacionais, desde que observadas as normas estabelecidas no
plano de manejo.

e) nos parques nacionais não é permitida a exploração dos recursos madei-


reiros, mesmo que de acordo com técnicas adequadas.

41. O Parque Nacional do Iguaçu é um dos mais conhecidos no Brasil e


no mundo. A respeito desse parque, é CORRETO afirmar que:

a) localiza-se no oeste de São Paulo e, por estar próximo à capital, recebe


um grande número de visitantes todo o ano.

b) este parque abriga importantes remanescentes da floresta ombrófila mis-


ta em bom estado de conservação.

c) o Parque Nacional do Iguaçu abriga importantes remanescentes de flo-


resta estacional semidecidual, além das cataratas, importante atrativo
turístico.

d) a região do Parque Nacional do Iguaçu, incluindo as cataratas, não é um


atrativo exclusivamente brasileiro, sendo compartilhado com o Uruguai.

e) apesar da importância do parque para a conservação da natureza, pou-


cas espécies tanto da flora e da fauna puderam ser catalogadas na re-
gião, indicando baixa diversidade.

42. Conforme a Lei do SNUC, qual o objetivo básico das unidades de


uso sustentável?

a) Proporcionar à população em geral o acesso aos recursos naturais, permi-


tindo a sua exploração econômica.

Atividades autoinstrutivas 119 e-Tec Brasil


b) Conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos
seus recursos naturais.

c) Possibilitar às comunidades tradicionais a posse de terras nas quais pode-


rão desenvolver suas atividades exploratórias.

d) Conciliar a conservação da natureza com a proteção ambiental, garantin-


do a manutenção dos recursos às gerações futuras.

e) Conciliar a conservação da natureza com a exploração econômica da


madeira em áreas públicas.

43. Com base nas categorias das unidades de uso sustentável, assina-
le a alternativa INCORRETA.

a) As Áreas de Proteção Ambiental (APA) são unidades que ocupam exten-


sas áreas, geralmente, e apresentam certo grau de ocupação humana.

b) A reserva extrativista compreende áreas usadas por populações tradicio-


nais, cuja subsistência é baseada no extrativismo, podendo ser comple-
tada pela agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno
porte.

c) A reserva de fauna é uma área natural habitada por populações de ani-


mais nativos, sejam terrestres ou aquáticos, residentes ou migratórios.

d) A reserva particular do patrimônio natural constitui-se em uma área ex-


clusivamente pública, destinada permanentemente para a conservação
da biodiversidade.

e) A reserva de desenvolvimento sustentável é constituída por áreas natu-


rais, exclusivamente públicas, onde residem populações tradicionais que
subsistem a partir do uso sustentável dos recursos naturais.

44. De acordo com o estabelecido na Lei do SNUC em relação às Áreas


de Proteção Ambiental (APA), pode-se afirmar que:

a) são áreas destinadas à conservação da natureza, sem a influência huma-


na, que abrigam espécies ameaçadas da fauna.

b) são unidades que ocupam extensas áreas, geralmente, e apresentam cer-


to grau de ocupação humana.

c) são unidades de uso restrito, com nenhuma ocupação humana, porém,


permite-se o uso sustentável dos produtos florestais não madeireiros.

e-Tec Brasil 120 Gestão de Florestas


d) essas unidades ocorrem predominantemente na Amazônia, onde há
grande necessidade de conter o desmatamento.

e) são áreas protegidas, que visam à proteção do meio ambiente e não per-
mitem a entrada de pessoas não autorizadas.

45. De acordo com a definição dada pelo SNUC para as florestas nacio-
nais, é CORRETO afirmar que:

a) são áreas florestais, compostas predominantemente por espécies nativas,


que têm como objetivo compatibilizar a conservação e o uso sustentável
dos recursos da floresta.

b) são áreas florestais, compostas predominantemente por espécies exóti-


cas plantadas, que têm como objetivo compatibilizar a conservação e o
uso sustentável dos recursos da floresta.

c) são áreas florestais, compostas predominantemente por espécies nativas,


que têm como objetivo a exploração econômica dos recursos da floresta.

d) são áreas florestais, compostas predominantemente por espécies nativas,


que têm como objetivo compatibilizar a conservação e proteção dos re-
cursos para as gerações futuras.

e) são áreas florestais, compostas predominantemente por espécies plan-


tadas, que têm como objetivo harmonizar a conservação e proteção dos
recursos naturais.

46. Em relação às florestas nacionais brasileiras, assinale a alternativa


CORRETA.

a) A Região Sul é a que apresenta o maior número dessas unidades, sendo


a Flona de Três Barras a maior.

b) Na Região Sul, a grande maioria das Flonas ocorre na fitofisionomia da


floresta ombrófila densa.

c) O Centro-Oeste conta com o menor número de Flonas do país, somando


dez unidades ao todo.

d) A Região Norte conta com a maior área de florestas nacionais do país,


sendo que a Flona de Roraima é a maior da região.

e) As Flonas brasileiras são destinadas exclusivamente à exploração madei-


reira, sendo proibido o desenvolvimento de pesquisas.

Atividades autoinstrutivas 121 e-Tec Brasil


47. Com base nos processos de concessões para a exploração das flo-
restas nacionais, é CORRETO afirmar que:

a) os procedimentos de concessão de florestas nacionais não ocorrem no Brasil


devido à necessidade de conservação da grande biodiversidade nacional.

b) as Flonas não fazem parte dos processos de concessão florestal, visto que
são unidades de conservação permanente, em que a prática de explora-
ção não é permitida.

c) a Flona do Jamari, localizada na Região Norte, foi a primeira concessão


no país e possui uma área aproximada de 220 mil ha, dos quais 96 mil
foram concedidos à exploração.

d) as florestas nacionais são amplamente concedidas à exploração, visto


que são formadas predominantemente por espécies exóticas, que não
contribuem com a biodiversidade.

e) as florestas nacionais são pouco concedidas à exploração por estarem


localizadas em locais de difícil acesso, especialmente na Amazônia, o que
encarece o processo de extração de madeira.

48. Qual é a principal diferença entre uma Área de Proteção Ambiental


(APA) e uma Área de Preservação Permanente (APP)?

a) As APAs são áreas protegidas localizadas às margens dos grandes rios da


Amazônia, onde não é permitida intervenção humana, exceto a subsis-
tência de comunidades tradicionais.

b) As APAs são unidades de conservação de uso sustentável, definidas pelo


SNUC, enquanto as APPs são estatutos de preservação ambiental defini-
dos pelo Código Florestal, obrigatórias em áreas de fragilidade ambiental
nas propriedades rurais do país.

c) As APPs são áreas localizadas em propriedades rurais que devem ser iso-
ladas e com uso restrito. Nas propriedades dentro da Mata Atlântica es-
sas áreas devem somar 20% do total da área.

d) As APPs e APAs não apresentam diferenças, sendo ambas destinadas


à conservação da natureza, e não permitem nenhum tipo de atividade
humana em seus limites.

e) As APAs são semelhantes à Reserva Legal, que na Amazônia representa


80% do total da área das propriedades que devem ser preservadas e
protegidas pelo proprietário.

e-Tec Brasil 122 Gestão de Florestas


49. Dentre os principais motivos para a criação de uma Área de Prote-
ção Ambiental, pode-se citar:

a) a presença de áreas densamente povoadas em torno de ambientes de-


gradados, nos quais a conservação da natureza vem sendo negligencia-
da.

b) a existência de ecossistemas de grande significância ou fragilidade, im-


portantes para a conservação em áreas com certo grau de influência
humana.

c) a preservação integral de ecossistemas ameaçados, nos quais as ativida-


des humanas passam a ser proibidas.

d) a conservação de áreas com grande beleza cênica e ricas em espécies de


animais ameaçados de extinção.

e) a preservação de bacias hidrográficas de grandes rios, contribuindo para


a regulação dos ciclos hidrológicos e do clima.

50. Sobre as Áreas de Proteção Ambiental do País, NÃO é correto afir-


mar que:

a) a APA de Guaraqueçaba localiza-se no litoral paranaense e constitui-se


em uma importante unidade de conservação da floresta ombrófila densa
e ecossistemas costeiros.

b) o arquipélago de Fernando de Noronha conta com uma APA e um par-


que nacional, importantes unidades destinadas à proteção dos ecossiste-
mas marinhos da região.

c) a Serra da Mantiqueira é uma formação montanhosa localizada na região


Sudeste do Brasil, envolvendo os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, onde se situa a APA da Serra da Mantiqueira.

d) a Serra da Mantiqueira é composta por diferentes fitofisionomias vege-


tais, incluindo a floresta ombrófila densa e a floresta ombrófila aberta,
juntamente com várzeas nas regiões mais baixas.

e) na APA de Guaraqueçaba são desenvolvidos importantes projetos rela-


cionados ao combate às mudanças climáticas, incluindo iniciativas de re-
cuperação dos ecossistemas degradados.

Atividades autoinstrutivas 123 e-Tec Brasil


Currículo do professo-autor

Aurélio Lourenço Rodrigues

Engenheiro florestal formado pela Udesc, Mestre em Ciências Florestais pela


Unicentro e doutorando em Engenharia Florestal pela UFPR, área de concen-
tração em manejo florestal.

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Anotações

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