Direito Comercial Praticas
Direito Comercial Praticas
Direito Comercial Praticas
Direito-Comercial-práticas
Caso nº1
A casado com B, e Carlos solteiro, donos de uma pastelaria na Avenida de Roma,
compraram à sociedade fruta LDA, um carregamento de mangas, para fazerem os seus
conhecidos sumos que atraem multidoões.
1. Pode a frutas lda demandar apenas A exigindo o pagamento do preço total?
a. A sociedade pode só demandar A?
b. Pode atuar contra os bens comuns do casal?
1. Ato de comércio:
Embora as obrigações divisíveis sejam o regime geral, de acordo com o artigo 100º do
Código Comercial, encontra-se estabelecido, nas obrigações comerciais, a regra da
solidariedade:
“Artigo 100º
Assim em suma, através da conciliação dos artigos 513º e 534º CC, que estabelece o
regime geral (parciária) e o regime excecional da solidariedade, com o artigo 100º do
C.Comercial , que determina que se estivermos perante um ato de comércio, a
obrigação será solidária, concluímos que sendo este um ato de comércio a obrigação
será deste modo solidária podendo as frutas LDA exigir o pagamento do preço total a
A.
2. De acordo com o artigo 1695º de epigrafe “bens que respondem pelas dividas da
responsabilidade de ambos os cônjuges”, respondem pelas dividas que são da
responsabilidade de ambos os cônjuges os bens comuns do casal e na falta ou
insuficiência deles, solidariamente os bens próprios de qualquer dos cônjuges. Visto
nada no caso indicar que o casal se encontre o regime da separação de bens e
vigorando no nosso ordenamento, de acordo com 1717º, o regime supletivo do regime
de comunhão de adquiridos, a excepção do nº 2 do primeiro artigo não deverá aqui
será aplicada.
“todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente
civil, se o contrário do próprio ato não resultar” – art. 2º, última parte.
Art.º 2º CCOM:
Critério objetivo: é comercial todo o ato de comércio previsto na lei (lei comercial,
sociedades comerciais, lei extravagante) – art.º 2º, 1ª parte
DD: é necessário que haja bilateralidade? Pode haver um negócio unilateral que pode
ser na mesma considerado um ato de comercio (criação de uma sociedade comercial).
464º CCOM
Atos, melhor palavra? Além dos contratos, temos atos unilaterais (ex. cheque).
Critério subjetivo:
- Art.º 2ª parte – há ou não um comerciante envolvido?
o Comerciante – art.º 13º CCOM – é preciso saber se tem capacidade ou não –
art.º 7º CCOM.
SÃO COMERCIANTES:
1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;
1
Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante
O ato em causa é uma compra e venda com o fim de revenda- é um ato de comércio.
Primeira disti nção
O ato tem natureza exclusivamente civil? Pode ser regulado pelo direito comercial?
Embora seja realizada por um comerciante um ato caso tenha uma natureza
exclusivamente civil não adota um caracter comercial por quem o seu exercício ser
feito
Resulta o contrário do próprio ato?
O ato é comercial se dele não resultarem circunstâncias que não são comerciais (ex.
um comerciante comprar uma caravana e ir de férias).
Caso nº2
David, fotografo, vende todos os fins de semanas, fotografias por si
captadas nas feiras da região. Cansado das longas deslocações, propõe a
Elvira, que se dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, que
comprem em conjunto, uma carrinha para chegarem às feiras. Assim
fizeram. No entanto, Elvira arrepende-se e não quer pagar o preço
acordado.
Pode a sociedade automóveis CA. demandar apenas D?
Temos dois regimes que se contrapõe neste caso. O regime civil (em que coexistem o
regimes geral da parciaridade e o regimes especial da solidariedade e o regime
comercial.
De acordo com o 512º a obrigação apenas é solidária quando cada um dos
devedores responde pela prestação integral e esta a todos libera, ou quando
cada um dos credores tem a faculdade de exigir, por si só, a prestação integral
e esta libera o devedor para com todos eles.
De acordo com a artigo 513º são fontes de solidariedade de devedores só existe
quando da lei resulte da lei ou da vontade das partes.
2
A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.
Embora as obrigações divisíveis sejam o regime geral, de acordo com o artigo 100º do
Código Comercial, encontra-se estabelecido, nas obrigações comerciais, a regra da
solidariedade.
“Artigo 100º
Para que o artigo 100º - o regime comercial da solidariedade- possa ser aplicado é
necessário que estejam preenchidos dois requisitos:
- Que sejam comerciantes;
- Que pratiquem atos comerciais.
De acordo com o artigo 13º são comerciantes: as pessoas, que, tendo capacidade para
praticar actos de comércio, fazem deste profissão;
O conceito de empresa no nosso código comercial não tem a mesma conotação que
nomeadamente tem no código alemão. Deste modo aplica-se a este caso o artigo 230º
- ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO
§ 3.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O PRÓPRIO AUTOR QUE
EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.
Relativamente a E
E de acordo com o artigo 7º tem de ter capacidade de gozo e exercício para poder
praticar atos comerciais.
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO
A partir da conjugação do art 2º com o 464/2º do C.Com podemos retirar que E que se
dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, não pratica uma ato
comercial.
Consequentemente e tendo em conta o artigo 13º do C.Com E não é
comerciante.
SÃO COMERCIANTES:
1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;
Aula prática
3/2
ART.º 99.º REGIME DOS ACTOS DE COMÉRCIO UNILATERAIS
EMBORA O ACTO SEJA MERCANTIL SÓ COM RELAÇÃO A UMA DAS PARTES SERÁ REGULADO
PELAS DISPOSIÇÕES DA LEI COMERCIAL QUANTO A TODOS OS CONTRATANTES, SALVO AS QUE SÓ
FOREM APLICÁVEIS ÀQUELE OU ÀQUELES POR CUJO RESPEITO O ACTO É MERCANTIL, FICANDO,
PORÉM, TODOS SUJEITOS À JURISDIÇÃO COMERCIAL.
NOTA:
ATOS DE COMÉRCIO SUBJETIVO E ACESSÓRIOS
- ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS POR ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS OS QUE DEVEM A SUA
COMERCIALIDADE AO FACTO DE SE LIGAREM OU CONEXIONAREM A ATOS MERCANTIS
3
Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante
4
A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.
OBRIGAÇÕES singulares
Conjuntas (513º/534º)
plurais
CASO 2 – RESOLUÇÃO
FOTÓGRAFO NÃO É COMERCIANTE- NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O
PRÓPRIO AUTOR QUE EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.
PERANTE UMA DETERMINADA SITUAÇÃO DE VIDA QUAL DOS REGIMES SE APLICA- DEPENDE SE O ATO É
OU NÃO UM ATO DE COMÉRCIO
EXCLUSÃO DE ATOS COMERCIAIS EM SENTIDO OBJETIVO
§ 3.º NÃO SE HAVERÁ COMO COMPREENDIDO NO N.º 5.º O PRÓPRIO AUTOR QUE
EDITAR, PUBLICAR OU VENDER AS SUAS OBRAS.
Embora a venda pela sociedade automóvel, seja um ato comercial (100º+ 99º), a
compra da carrinha por D e E já não o é:
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO
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A escola de Coimbra considera agricultores, artesãos, industriais comerciantes.
Contudo a posição dominante (MC) não os considera comerciantes.
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Interpretação extensiva: código comercial e demais lei extravagante
Estamos assim perante um ato comercial unilateral mas não se retira quaisquer
consequências. Será então aplicado o regime da parciaridade (regime regra do código
civil - De acordo com o 534º nas obrigações divisíveis os vários credores ou devedores,
se outra proporção não resultar da lei ou do negócio jurídico): a sociedade automóvel
apenas pode pedir a D e E a parte que lhes corresponde da obrigação (50% do valor).
Caso 3
F, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de quadros de Julio resende
numa galeria de arte no Porto, pretendendo fazer uma surpresa a H, sua mulher. H
não gostou dos quadros e exigiu que F os retira-se rapidamente de casa. Triste F
decidiu vender os quadros. Jeremias comerciante de arte mostrou-se logo interessado
e a venda realizou-se. Ficou no entanto combinado que F guardaria o quadro durante
15 dias pelo que este contratou o depósitos dos quadros com a galeria de arte onde os
comprara por aquele período para garantir a segurança dos quadro F contratou ainda
um guarda para vigiar as pinturas.
Qual a natureza dos vários atos descritos?
Atos
Compra de quadros por F (analisar a compra)
Análise da Venda pela galeria de arte
Venda dos quadros pelo F ao J
Compra de J desses mesmos quadros
Depósito desses mesmo quadros com a galeria de arte
Contrato celebrado entre o F e o guarda (contrato de serviços de segurança)
Resolução
F é advogado
Trata-se de uma profissão liberal.
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são legalmente qualificadas como mercantis (premissa reforçada pela letra do artigo
230º/3 do C.Comercial).
ART.º 2.º ATOS DE COMÉRCIO
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Interpretação extensiva: código comercial e demais leis extravagantes
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J é um comerciante de arte, faz disso profissão – art.º 13º/§1 e tem capacidade art.º
7º.
ART.º 13.º QUEM É COMERCIANTE
SÃO COMERCIANTES:
1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;
De acordo com o artigo 13º são comerciantes: as pessoas, que, tendo capacidade para praticar
atos de comércio, fazem desta profissão;
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Teoria da acessoriedade.
ATOS DE COMÉRCIO SUBJETIVO E ACESSÓRIOS
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- ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS- SÃO ATOS DE COMÉRCIO ACESSÓRIOS OS QUE DEVEM A SUA
COMERCIALIDADE AO FACTO DE SE LIGAREM OU CONEXIONAREM A ATOS MERCANTIS
- TEM-SE QUESTIONADO A POSSIBILIDADE DE QUALIFICAÇÃO COMO COMERCIAIS DOS ATOS QUE
NÃO TENDO SIDO ESPECIALMENTE REGULADOS NA LEI MERCANTIL MAS ACESSÓRIO DE ATOS
OBJETIVAMENTE COMERCIAIS.
- EXEMPLOS: FIANÇA(101º), 231º, 403º
- POR EXEMPLO A COMPRA DE CAXAS E O ALUGUER POR UM AGRICULTOR DE UMA VIATURA
(QUE NÃP CABEM NO ARTIGO 463º/1º, NEM NO ARTIGO 481º, RESPETIVAMENTE) SÃO
QUALIFICÁVEIS COMO ATOS DE COMÉRCIO PELO FACTO DE SEREM ACESSÓRIOS DE UM ATO
MERCANTIL?
É possível a qualificação do ato de comércio por analogia?
Há possibilidade de considerar comerciais atos que não surjam nem no CCOM, nem em
leis que alteraram o COM, nem em leis que as assumam, elas próprias como comerciais?
Recorrer à analogia para qualificar, como comercial, um determinado ato, é válido?
o A doutrina divide-se:
Contra a analogia: Guilherme Moreira, José Tavares, Alves de Sá,
Caeiro da Matta, Mário de Figueiredo, Oliveira Ascensão
A favor: José Benevides, Cunha Gonçalves, Barbosa de Magalhães,
Pereira de Almeida, Lobo Xavier, Coutinho de Abreu
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Por esta via é teoricamente possível que um ato deva ser considerado
comercial, por força da aplicação analógica das normas de que a qualificação dependa.
Ex. obrigações resultantes da culpa in contrahendo verificadas aquando de um
contrato comercial, mesmo não estando previstas na lei comercial, tendo em
consideração as valorações em jogo, devem reger-se por esta, sendo então, comerciais
por analogia.
CASO Nº 4
Vasco, trabalhador dos correios, entra, todos os dias, às 9h00 e sai às 17h00.
Amante de filatelia, decidiu, há algum tempo, montar um pequeno quiosque numa
Praça lisboeta, para se distrair um pouco ao fim do dia, antes de ir ter com a
mulher, por volta das 19h00. Para manter aberto o quiosque todo o dia, Vasco
contratou um empregado, Manuel. Qual a natureza (civil ou comercial) do
contrato celebrado?
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Vasco relativamente aos CTT é um trabalhador por conta de outrem. Na atividade que
exerce nos correiros, não é comerciante, na medida, em que, de acordo com o artigo
13º + artigo 7º C: Comercial V embora tenha capacidade de praticar atos de comercio
não faz da prática destes atos, profissão.
SÃO COMERCIANTES:
1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;
Para tal era necessário estarem preenchidos os requisito enunciados pelo professor
MC, nomeadamente ser uma prática juridicamente autónoma, a qual não, é na medida
em que a sua entidade empregadora é os CTT – não é um trabalhador por conta
própria.
Relativamente ao quiosque, este é uma empresa comercial:
são comerciais as empresas através das quais são exercidas atividades de interposição
nas trocas – máxime, compras de coisas para revenda e vendas de coisas adquiridas
para revender (463º), - atividades industrial-transformadoras (art 230º/1) de serviços-
agenciamento de negócios, exploração de espetáculos públicos (230º/3 e 4),
operações de banco (362º)- etc.
Em suma são comerciais as empresas cujo objetivo se traduza na realização de atos
(ou atividades) objetivamente mercantis.
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SÃO COMERCIANTES:
1.º AS PESSOAS, QUE, TENDO CAPACIDADE PARA PRATICAR ACTOS DE COMÉRCIO, FAZEM
DESTE PROFISSÃO;
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O professor Ascensão nem sequer considera a exclusividade como requisito para que os atos
O próprio MC diz que este é um sistema móvel desde que haja clareza pode se dizer que faz
deste ato de comércio profissão. Não é necessário estarem preenchidos todos os requisitos.
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Caso nº 4 (resolução)
Vasco:
- Enquanto ao quiosque, de acordo com o 13º + 7º, é um comerciante. Analise
dos pressupostos.
- 463º + 2º, 2ª parte é um ato objetivo + subjetivo
Contrato de trabalho:
- Contrato de trabalho pelo CT ou pelo CCOM (prestação de serviços)? É pelo
CT, tal exige uma subordinação ao superior, instruções de como realizar a tarefa, um
horário fixo com remuneração ao final do mês
- um contrato de trabalho não e um ato de comercio em sentido objetivo pois
não está estipulado no código. Será em sentido subjetivo?
- art.º 13º CCOM – três requisitos: capacidade, praticar atos de comercio, fazer
do comércio profissão.
- o vasco é comerciante? Sim, 4 pressupostos do professor MC
- o CT tem natureza exclusivamente civil ou o contrario resulta do ato? Para que
tenha natureza exclusivamente civil que no momento considerado não seja regulado
pelo direito comercial. O CT tem uma natureza exclusivamente civil. – Também não é
subjetivamente comercial.
-Suponhamos que deixa de pagar o ordenado ao funcionário, o Vasco é casado,
podem responder os bens de ambos?
A responsabilidade dos bens comuns do casal não significa que às dividas seja
aplicado o regime da solidariedade. É aplicado o regime civil ainda que seja
comerciante (2º /2ª parte) - em principio as dividas contraídas no exercício do seu
comércio, não pode ser extensível à sua esposa. É apenas imputável a Vasco.
* obrigações comunicáveis 1691º/b 1695ºCC - dividas contraídas em proveito
comum ou em comunhão de bens – regime de comunhão de bens
* obrigações incomunicáveis 1692 CC + 1696º CC
+ art.º 15º CCOM – presumem-se contraídas no exercício do seu comércio, não
pode ser extensível à sua esposa. É apenas imputável a Vasco.
17/10
Caso nº 5
José e Luís, arquitetos, pretendendo remodelar o atelier de que são proprietários, no
Chiado, contrataram Matias, empreiteiro, para fazer as obras. No dia 15 de Agosto de
2009, já com as obras prontas e aprovadas, Matias apresenta a fatura a José,
conhecido pelas suas maiores disponibilidades financeiras. Contudo, até agora, José
não pagou a dívida, alegando que só está obrigado a pagar metade do valor da fatura.
(i) José tem razão?
(ii) A dívida está vencida?
(iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que nada foi convencionado?
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J + L são arquitetos:
- 7º tem capacidade para ser comerciantes
- 13º - são não considerados comerciantes, trata-se de uma profissão liberal,
464º/3.
Contrato de empreitada
- está regulado no CC – 1207ºss – mas 230º/6 CCOM – pode ser aplicado ao
contrário de empreitada? Interpretação objetiva ou subjetiva? Objetiva, pois à data do
código falava-se em empresa e desconhecia-se o termo pessoas coletivas, na doutrina
portuguesa. Só foi introduzida por Guilherme Moreira em 1907. Diz-se que se
dessemos uma interpretação subjetiva, ia concorrer com o artigo 13º. MC defende a
interpretação objetiva para este artigo. A responsabilidade poderia ser solidária (100º),
mas só seria para um dos lados (99º).
-Vencimento da obrigação
-Regime dos juros
Se 230º tem cariz objetivo, aquele ato era objetivamente comercial apenas em
relação a uma das partes (99º). Como a obrigação para J+L era civil, a obrigação tem
responsabilidade parciária. Logo tinha razão.
A obrigação só está vencida DL 62/2013 de 10 de maio
ARTIGO 2.º
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
1 - O PRESENTE DIPLOMA APLICA-SE A TODOS OS PAGAMENTOS EFETUADOS COMO
REMUNERAÇÃO DE TRANSAÇÕES COMERCIAIS.
2 - SÃO EXCLUÍDOS DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO PRESENTE DIPLOMA:
A) OS CONTRATOS CELEBRADOS COM CONSUMIDORES;
B) OS JUROS RELATIVOS A OUTROS PAGAMENTOS QUE NÃO OS EFETUADOS PARA REMUNERAR
TRANSAÇÕES COMERCIAIS;
C) OS PAGAMENTOS DE INDEMNIZAÇÕES POR RESPONSABILIDADE CIVIL, INCLUINDO OS
EFETUADOS POR COMPANHIAS DE SEGUROS.
3 - O PRESENTE DIPLOMA NÃO PREJUDICA:
A) A APLICAÇÃO DO DECRETO-LEI N.º 118/2010, DE 25 DE OUTUBRO, ALTERADO PELO
DECRETO-LEI N.º 2/2013, DE 9 DE JANEIRO, APLICANDO-SE SUPLETIVAMENTE;
B) AS REGRAS RELATIVAS À ASSUNÇÃO DE COMPROMISSOS E AOS PAGAMENTOS EM ATRASO
DAS ENTIDADES PÚBLICAS, NOS TERMOS DA LEI N.º 8/2012, DE 21 DE FEVEREIRO, ALTERADA
PELAS LEIS N.OS 20/2012, DE 14 DE MAIO, 64/2012, DE 20 DE DEZEMBRO E 66-B/2012,
DE 31 DE DEZEMBRO, E DEMAIS LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR.
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art.º 4º:
1 - Os juros aplicáveis aos atrasos de pagamentos das transações comerciais
entre empresas são os estabelecidos no Código Comercial ou os convencionados entre
as partes nos termos legalmente admitidos.
Se fosse civil, (não apanhei o art.º) – 4%
No que respeita ao Código comercial, está definido no art.º 102º:
Artigo 102.º - Obrigação de juros
ART.º 102.º
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OBRIGAÇÃO DE JUROS
HAVERÁ LUGAR AO DECURSO E CONTAGEM DE JUROS EM TODOS OS ACTOS
COMERCIAIS EM QUE FOR
DE CONVENÇÃO OU DIREITO VENCEREM-SE E NOS MAIS CASOS ESPECIAIS
FIXADOS NO PRESENTE
CÓDIGO.
§ 1 .º A TAXA DE JUROS COMERCIAIS SÓ PODE SER FIXADA POR ESCRITO.
§ 2.º APLICA-SE AOS JUROS COMERCIAIS O DISPOSTO NOS ARTIGOS 559.º,
559.º-A E 1146.º DO
CÓDIGO CIVIL.
§ 3.º Poderá ser fixada por portaria conjunta dos Ministros da Justiça e das Finanças e
do Plano uma taxa supletiva de juros moratórios relativamente aos créditos de que
sejam titulares empresas comerciais, singulares ou colectivas.
Há lugar ao decurso e contagem de juros em todos os atos comerciais em
que for de convenção ou direito vencerem-se e nos mais casos especiais fixados no
presente Código.
§ 1.º A taxa de juros comerciais só pode ser fixada por escrito.
§ 2.º Aplica-se aos juros comerciais o disposto nos artigos 559.º-A e 1146.º
do Código Civil.
§ 3.º Os juros moratórios legais e os estabelecidos sem determinação de
taxa ou quantitativo, relativamente aos créditos de que sejam titulares empresas
comerciais, singulares ou coletivas, são os fixados em portaria conjunta dos Ministros
das Finanças e da Justiça.
§4.º A taxa de juro referida no parágrafo anterior não poderá ser inferior ao
valor da taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua mais recente operação
principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de janeiro ou julho, consoante
se esteja, respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de sete
pontos percentuais, sem prejuízo do disposto no parágrafo seguinte.
§5.º No caso de transações comerciais sujeitas ao Decreto-Lei n.º 62/2013,
de 10 de maio, a taxa de juro referida no parágrafo terceiro não poderá ser inferior ao
valor da taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua mais recente operação
principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de janeiro ou julho, consoante
se esteja, respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de oito
pontos percentuais.
7%, A TAXA SUPLETIVA DE JUROS DE MORA RELATIVA A CRÉDITOS DE QUE SEJAM TITULARES EMPRESAS
COMERCIAIS, SINGULARES OU COLETIVAS, NOS TERMOS DO § 3º DO ARTIGO 102º DO CÓDIGO
COMERCIAL (APLICÁVEL AOS CONTRATOS CELEBRADOS ANTES DE 01/07/2013);
23
8%, A TAXA SUPLETIVA DE JUROS DE MORA RELATIVA A CRÉDITOS DE QUE SEJAM TITULARES EMPRESAS
COMERCIAIS, SINGULARES OU COLETIVAS, NOS TERMOS DO § 5º DO ARTIGO 102º DO CÓDIGO
COMERCIAL E DO DECRETO-LEI 62/2013, DE 10 DE MAIO.
CASO 5º (RESOLUÇÃO)
ARTIGO 3.º
D) «EMPRESA», UMA ENTIDADE QUE, NÃO SENDO UMA ENTIDADE
PÚBLICA, DESENVOLVA UMA ATIVIDADE ECONÓMICA OU
PROFISSIONAL AUTÓNOMA, INCLUINDO PESSOAS SINGULARES;
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ARTIGO 4.º
TRANSAÇÕES ENTRE EMPRESAS
1 - OS JUROS APLICÁVEIS AOS ATRASOS DE PAGAMENTOS DAS
TRANSAÇÕES COMERCIAIS ENTRE EMPRESAS SÃO OS ESTABELECIDOS
NO CÓDIGO COMERCIAL OU OS CONVENCIONADOS ENTRE AS PARTES
NOS TERMOS LEGALMENTE ADMITIDOS.
2 - EM CASO DE ATRASO DE PAGAMENTO, O CREDOR TEM DIREITO
A JUROS DE MORA, SEM NECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO, A CONTAR
DO DIA SUBSEQUENTE À DATA DE VENCIMENTO, OU DO TERMO DO
PRAZO DE PAGAMENTO, ESTIPULADOS NO CONTRATO.
3 - SEMPRE QUE DO CONTRATO NÃO CONSTE A DATA OU O PRAZO
DE VENCIMENTO, SÃO DEVIDOS JUROS DE MORA APÓS O TERMO
DE CADA UM DOS SEGUINTES PRAZOS, OS QUAIS SE VENCEM
AUTOMATICAMENTE
SEM NECESSIDADE DE INTERPELAÇÃO:
A) 30 DIAS A CONTAR DA DATA EM QUE O DEVEDOR TIVER RECEBIDO
A FATURA;
B) 30 DIAS APÓS A DATA DE RECEÇÃO EFETIVA DOS BENS OU
DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS QUANDO A DATA DE RECEÇÃO DA
FATURA SEJA INCERTA;
C) 30 DIAS APÓS A DATA DE RECEÇÃO EFETIVA DOS BENS OU
DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS, QUANDO O DEVEDOR RECEBA A
FATURA ANTES DO FORNECIMENTO DOS BENS OU DA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS;
D) 30 DIAS APÓS A DATA DE ACEITAÇÃO OU VERIFICAÇÃO,
QUANDO ESTEJA PREVISTO, NA LEI OU NO CONTRATO, UM PROCESSO
MEDIANTE O QUAL DEVA SER DETERMINADA A CONFORMIDADE
DOS BENS OU SERVIÇOS E O DEVEDOR RECEBA A FATURA EM DATA
ANTERIOR OU NA DATA DE ACEITAÇÃO OU VERIFICAÇÃO.
4 - CASO ESTEJA PREVISTO UM PROCESSO DE ACEITAÇÃO OU
DE VERIFICAÇÃO PARA DETERMINAR A CONFORMIDADE DOS BENS
OU DO SERVIÇO, A DURAÇÃO DESSE PROCESSO NÃO PODE EXCEDER
30 DIAS A CONTAR DA DATA DE RECEÇÃO DOS BENS OU DA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS, SALVO DISPOSIÇÃO EXPRESSA EM CONTRÁRIO NO
CONTRATO E DESDE QUE TAL NÃO CONSTITUA UM ABUSO MANIFESTO
FACE AO CREDOR NA ACEÇÃO DO N.º 2 DO ARTIGO 8.º, SEM PREJUÍZO
DO DISPOSTO EM LEGISLAÇÃO PRÓPRIA SOBRE TRANSAÇÕES
DE BENS ALIMENTARES.
5 - O PRAZO DE PAGAMENTO NÃO PODE EXCEDER 60 DIAS,
SALVO DISPOSIÇÃO EXPRESSA EM CONTRÁRIO NO CONTRATO,
DESDE QUE TAL DISPOSIÇÃO NÃO SEJA NULA NOS TERMOS DO
ARTIGO 8.º.
ATELIER TEM UM CONCEITO LATO- EMBORA SEJA SINGULARES TEM UM CONCEITO DE EMPRESA POR
TRÁS.
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CASO N.o 6
Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de
arrendamento uma loja na Baixa, comprou as estantes e todo o mobiliário necessário,
encomendou os computadores e celebrou um contrato de fornecimento de livros com
uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir, Francisco apercebeu-se que o
curso de Direito lhe deixava pouco tempo para gerir o negócio, acabando por vender a
loja a Gustavo e Octávio, estudantes de gestão. Estes nunca pagaram o preço. A
responsabilidade de Gustavo e Octávio é solidária ou é conjunta?
Forma: Depois de 2000 e atualmente apenas exige-se a simples escrita como a forma
necessária.
A transmissão de firma (que pode ser feita com ou sem a transmissão de
estabelecimento – exige:
Escrito (44º nº1 e 4 do RRNPC);
A transmissão de marca ou de logotipo – envolvida naturalmente na transmissão de
estabelecimento- exige escrito.
o Seria estranho que a transmissão destes elementos acessórios requeresse
escrito e não o requeresse a transmissão em conjunto, o negócio (unitário) de
trespasse (unitário) estabelecimento (com aqueles elementos).
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Âmbitos da entrega
Num contrato ooou negócio de trespasse gozam as partes de liberdade para excluírem
da transmissão alguns aspetos/elementos do estabelecimento.
Todavia tal exclusão não pode abranger os bens necessários ou essenciais para
identificar ou exprimir a empresa objecto do negócio. Desrespeitando-se o âmbito
mínimo (necessário/essencial da entrega) de entrega (elementos necessários e
suficientes para a transmissão de um concreto estabelecimento), impossibilitado fica o
trespasse;
Objeto do negócio translativo serão então singulares bens (ou conjunto de bens ) de
um estabelecimento e não o próprio estabelecimento.
Fazem parte do Âmbito natural de entrega os elementos que se transmitem
naturalmente com o estabelecimento trespassado, isto é, os meios transmitidos ex
silentio, independentemente de estipulação ad hoc- estamos assim perante um
problema do âmbito natural da entrega quando, por exemplo, em um escrito de
trespasse o estabelecimento é identificado apenas pelo seu objeto e localização –não
se inventariando quaisquer elementos e posições jurídicas a transmitir; ou
mencionam-se alguns elementos mas a titulo exemplificativo.
Por força da lei (supletiva) incluem-se no âmbito natural os logótipos e as marcas.
Quer isto dizer que, se na marca não constar o nome, etc, do titular, ela é transmitida
naturalmente com o respetivo estabelecimento não precisando de cláusula ad hoc.
Quando a outros elementos, o silêncio das partes é acompanhado pelo silencio da lei.
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2 - NÃO HÁ TRESPASSE:
A) QUANDO A TRANSMISSÃO NÃO SEJA ACOMPANHADA DE
TRANSFERÊNCIA, EM CONJUNTO, DAS INSTALAÇÕES, UTENSÍLIOS, MERCADORIAS OU
OUTROS ELEMENTOS QUE INTEGRAM O ESTABELECIMENTO;
B) QUANDO A TRANSMISSÃO VISE O EXERCÍCIO, NO PRÉDIO, DE OUTRO
RAMO DE COMÉRCIO OU INDÚSTRIA OU, DE UM MODO GERAL, A SUA AFECTAÇÃO A
OUTRO DESTINO.
ARTIGO 1009.º
(PODERES DOS ADMINISTRADORES DEPOIS DA DISSOLUÇÃO)
1. DISSOLVIDA A SOCIEDADE, OS PODERES DOS ADMINISTRADORES FICAM LIMITADOS
À PRÁTICA DOS ACTOS MERAMENTE CONSERVATÓRIOS E, NO CASO DE NÃO TEREM
SIDO NOMEADOS LIQUIDATÁRIOS, DOS ACTOS NECESSÁRIOS À LIQUIDAÇÃO DO
PATRIMÓNIO SOCIAL.
2. PELAS OBRIGAÇÕES QUE OS ADMINISTRADORES ASSUMAM CONTRA O DISPOSTO
NO NÚMERO ANTERIOR, A SOCIEDADE E OS OUTROS SÓCIOS SÓ RESPONDEM
PERANTE TERCEIROS SE ESTES ESTAVAM DE BOA FÉ OU, NO CASO DE SER
OBRIGATÓRIO O REGISTO DA DISSOLUÇÃO, SE ESTE NÃO TIVER SIDO EFECTUADO; NOS
RESTANTES CASOS, RESPONDEM SOLIDARIAMENTE OS ADMINISTRADORES QUE
TENHAM ASSUMIDO AQUELAS OBRIGAÇÕES.
28
C) A EXCLUSÃO DE SÓCIOS;
D) A DESTITUIÇÃO DE GERENTES E DE MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO;
E) A APROVAÇÃO DO RELATÓRIO DE GESTÃO E DAS CONTAS DO EXERCÍCIO, A
ATRIBUIÇÃO DE LUCROS E O TRATAMENTO DOS PREJUÍZOS;
F) A EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DOS GERENTES OU MEMBROS DO ÓRGÃO
DE FISCALIZAÇÃO;
G) A PROPOSIÇÃO DE ACÇÕES PELA SOCIEDADE CONTRA GERENTES, SÓCIOS OU
MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO, E BEM ASSIM A DESISTÊNCIA E TRANSACÇÃO
NESSAS ACÇÕES;
H) A ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE SOCIEDADE;
I) A FUSÃO, CISÃO, TRANSFORMAÇÃO E DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E O REGRESSO
DE SOCIEDADE DISSOLVIDA À ACTIVIDADE;
2 - SE O CONTRATO SOCIAL NÃO DISPUSER DIVERSAMENTE, COMPETE TAMBÉM AOS
SÓCIOS DELIBERAR SOBRE:
A) A DESIGNAÇÃO DE GERENTES;
B) A DESIGNAÇÃO DE MEMBROS DO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO;
C) A ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO DE BENS IMÓVEIS, A ALIENAÇÃO, A ONERAÇÃO E A
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO;
D) A SUBSCRIÇÃO OU AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES NOUTRAS SOCIEDADES E A SUA
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO.
29
Além do trespassante outras pessoas podem ficar vinculadas pela obrigação implícita
de não concorrência- É o xaso do cônjuge do trespassante e dos filhos do trepassante
quando com ele tenham colaborado na exploração da empresa transmitida.
Nos casos em que o trespassante é uma sociedade ficam vinculados pela obrigação,
além dela, também poderão ficar alguns sócios, nomeadamente aqueles que possuem
conhecimento relativos à empresa trespassada indispensável a uma concorrência
qualificada.
30
Esta obrigação de não concorrência tem é claro limites. Ela justifica-se apenas na
medida em que seja necessária para uma entrega efetiva do estabelecimento
trespassado . Tem por conseguinte limites objetivos, espaciais e temporais.
Por fim é importante ressalvar que esta obrigação implícita de não concorrência pode
ser afastada por estipulação contratual das partes- o sujeito dos interesses
patrimoniais tutelados pela obrigação é o trespassário que deles pode dispor
livremente.
31
32
Quer a venda como a compra são considerados atos de comercio tanto em sentido
objetivo como subjetivo.
24/10
ESTABELECIMENTO.
ELEMENTOS.
33
Elementos activos:
Coisas corpóreas:
o Bens materiais relativos a imóveis e móveis
o Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis
Coisas incorpóreas:
o Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
o Posições contratuais
Clientela:
o conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.
Aviamento:
o A mais valia que resulta da aptidão funcional do estabelecimento. A
unificação de todos os elementos, enfim. Para COUTINHO DE ABREU trata-
se de um “bem jurídico novo”. Critério decisivo para aferir a existência de
um estabelecimento. Há estabelecimento, na medida em que há
aviamento.
Elementos passivos:
Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante
34
35
CESSÃO DE EXPLORAÇÃO
ELEMENTOS TRANSMITIDOS
o Elementos passivos:
36
o Elementos passivos:
Dívidas [art. 595º CC]:
Com consentimento do credor: exonera o trespassante, o devedor
originário.
Sem consentimento do credor: não exonera o trespassante, o devedor
originário, que, pagando a dívida em causa, pode exercer direito de
regresso sobre o trespassário, o novo devedor.
Resolução do caso
CASO N.o 7
37
- Elementos activos:
Coisas corpóreas:
o Bens materiais relativos a imóveis e móveis
o Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis
Coisas incorpóreas:
o Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
o Posições contratuais
Clientela:
o conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.
Aviamento:
o A mais valia que resulta da aptidão funcional do estabelecimento. A
unificação de todos os elementos, enfim. Para COUTINHO DE ABREU trata-
se de um “bem jurídico novo”. Critério decisivo para aferir a existência de
um estabelecimento. Há estabelecimento, na medida em que há
aviamento.
- Elementos passivos:
Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante
38
O fator funcional apela ao realismo exigido pela própria vida do comercio – como se
organiza efetivamente o estabelecimento e como ele funciona - atenta à função do
conjunto de coisa corpóreas, incorpóreas, num todo coerente e organizado para
conseguir clientela e dai lucro. A análise dos factos diz-nos em regra que o
estabelecimento gira sob um nome, tem insígnias, usa marcas e patentes, disfruta de
colaboradores etc.
Fator jurídico- explica-nos que em homenagem a essa realidade que ele traduz, o
Direito concede ao conjunto dos elementos referidos, um regime especial, inaplicácel
in solo ( pretendemos encontrar um regime jurídico unitário que pretender dar a
aplicar ao conjunto de bens).
Entre a Caravela Azul, Lda. e Bento e Carlos, foi celebrado, por documento particular,
um contrato que denominaram “Contrato de Trespasse”. Contudo o senhorio da loja
onde estava instalado o restaurante “Caravela Azul” intentou uma acção contra
Caravela Azul A, Lda., Bento e Carlos arguiu que o negócio celebrado correspondia a
uma cessão da posição contratual de arrendatário.
Face à distinção entre cessão da posição contratual e trespasse supra, os passos a seguir
devem ser estes:
39
o Forma: escrita [art. 1112º-3 CC] : desde a alteração legislativa de 2000 que
mantém essa redação atualmente apenas se exige, relativamente à forma, a
simples escrita como a forma necessária – artigo 1112º nº3 1ªparte
40
E segundo este art. 424º, a cessão da posição contratual de qualquer uma das
partes a um terceiro é permitida, mas desde que se esteja perante um contrato
bilateral, com prestações recíprocas, e o contraente cedido consinta nessa
transmissão, antes ou depois da celebração do contrato.
1 - A posição contratual do locatário é transmissível por morte dele ou, tratando-se
de pessoa colectiva, pela extinção desta, se assim tiver sido convencionado por
escrito.
2 - A cessão da posição do locatário está sujeita ao regime geral dos artigos 424.º e
seguintes, sem prejuízo das disposições especiais deste capítulo.
1. No contrato com prestações recíprocas, qualquer das partes tem a faculdade de
transmitir a terceiro a sua posição contratual, desde que o outro contraente, antes ou
depois da celebração do contrato, consinta na transmissão.
2. Se o consentimento do outro contraente for anterior à cessão, esta só produz
efeitos a partir da sua notificação ou reconhecimento.
Neste caso temos que analisar se, face às clausulas enunciadas no “contrato de
trespasse” estamos perante um verdadeiro trespasse.
“No passado dia 20 de Agosto, a Caravela Azul, Lda. celebrou com Bento e Carlos,
por documento particular, um contrato que denominaram“Contrato de Trespasse” que
continha, entre outras, as seguintes cláusulas:
41
“2 - Não há trespasse:
a) Quando a transmissão não seja acompanhada de transferência, em conjunto,
das instalações, utensílios, mercadorias ou outros elementos que integram o
estabelecimento;
b) Quando a transmissão vise o exercício, no prédio, de outro ramo de comércio
ou indústria ou, de um modo geral, a sua afectação a outro destino.”
De acordo com o professor Coutinho de Abreu não pode ser feito uma interpretação à
letra do nº2 deste artigo na medida em que tal interpretação levaria À conclusão que o
trespasse exige a transferência de todos os seus elementos, sendo que bastaria assim
a falta de um deles para que não pudesse falar de trespasse; inexistindo trespasse a
cessão da posição contratia de arrendatário seria ilícita sem o consentimento do
senhorio e (não concedido o mesmo fundamento da resolução do contrato de
arrendamento nos termos no artigo 1083º /2 e Cc.
42
E tal não faz sentido: à luz do principio da autonomia, considera-se que há trespasse
mesmo que as partes afastem um dos elementos enunciados – para tal apenas é
necessário que se mantenha o aviamento – é necessária a manutenção de elementos
que sejam efetivamente relevantes e essenciais ao estabelecimento e q sem os quais
há uma perda da aptidão funcional do espaço.
43
- Transmissão
Quanto à divida:
- No contrato é estipulado que “as dívidas correspondentes às rendas em atraso são
responsabilidade da sociedade transmitente”
Dívidas, com consentimento do credor [art. 595º CC], excepto quando se trate de dívidas
exploracionais, indissociáveis do estabelecimento [segundo OLIVEIRA ASCENSÃO transmitem-
se tacitamente]. A solução adoptada deve ser intermédia: as dívidas não se transmitem
tacitamente em bloco, nem uma a uma, dada a difícil especificação de todas as dívidas
existentes.
44
Deste preceito retira-se assim que, sendo ambos comerciantes nos termos no
artigo 13º e 7º do C.Comercial e no caso de silêncio das partes em principio
estes responderiam ambos (Estabelecimento e o B e C) pela divida (a divida
seria em parte transmitida para os novos proprietários).
Nota:
Transmitem-se, num plano externo [entre o trespassário e terceiros]:
Elementos activos:
o Cessão da posição contratual [art. 424º CC]: com consentimento
o Cessão de créditos [art. 577º CC]: sem consentimento
Elementos passivos:
o Dívidas [art. 595º CC]:
o Com consentimento do credor: exonera o trespassante, o devedor
originário.
o Sem consentimento do credor: não exonera o trespassante, o
devedor originário, que, pagando a dívida em causa, pode exercer
direito de regresso sobre o trespassário, o novo devedor.
45
Artigo 32º
Firma
Definição de ambas
A firma reporta-se a sociedades comerciais sob a forma comercial; aos
comerciantes individuais, (37º+38- principio da unidade-º+40º DL 129/98):
46
Autonomia privada
Obrigatoriedade e normalização [art. 18º RNPC]
Verdade [art. 32º RNPC]
Estabilidade
Novidade e exclusividade [art. 33º RNPC]
O regime da firma toma corpo através de alguns princípios tradicionais que vieram a
encontrar consagração legislativa, nomeadamente o princípio da novidade e da
verdade expressos em dois artigos do RNPC e ainda outros princípios:
o principio da autonomia privada, com limitações genéricas;
o principio da obrigatoriedade e da normalização
o principio da estabilidade
o principio da exclusividade
o principio da unidade
O RRNPC, diploma que contém o atual regime geral das firmas e denominações,
retomou a distinção que tinha terminado com o decreto lei 19683 de 21 de Abril de
1931.
De acordo com o artigo 44º a transmissão entre vivos de firma obedece a três
requisitos:
1) A transmissão entre vivos tem de fazer-se com a de um estabelecimento comercial a
que esteja ligada
2) É necessário acordo entre as partes – o consentimento do transmitente da firma deve
ser dado porque escrito – normalmente no documento que enforma a transmissão do
estabelecimento
3) O adquirente deve editar à sua própria firma menção de sucessão e a forma adquirida
47
Neste caso é necessário ponderar a boa fé, a livre iniciativa económica e a não
limitação da concorrência.
463º cv comercial
48
49
50
51
25/10
Artigo 595º
O credor tem de consentir
Se nada se disser, o trespassário é obrigado nos mesmos termos que o trespassante-
obrigação é solidária (estão obrigados o novo e o antigo devedor).
Para as dividas não passarem para o novo trespassário, tal tem de ser estabelecido no
contrato de transmissão pelas partes.
Para as dividas passarem para o novo trespassário é necessário não só as partes o
estipularem mas também o consentimento do credor.
Resolução nº3
Denominação – entidades não comerciantes
Firmas – sociedades comerciantes
52
É licita a sua transmissão autónoma desde que não induza em erro o consumidor final.
Há uma transmissão do nome para um sociedade que explora restaurantes- tal pode
causar gerar confusão ao consumidor final sendo por isso proibida a alienação do
nome
“- Transmissão
MC e CA:
Há autores que fundamentam o dever de não concorrência pelo gozo pacifico na coisa-
nada deve perturbar (879/b, 872)
Outros autores discordante dizendo que este dever de não concorrência não faz sentido
– deve existir um elemente escrito ou senão não existe
-176º CT
-Livre iniciativa económica (61º)
53
CASO N.o 8
Daniel é proprietário de uma tabacaria na Avenida de Roma. Com já tem alguma idade
acordou com Estêvão que este passaria a explorar a tabacaria por sua conta pagando- -
lhe, em troca, 10% sobre o valor da facturação anual.
No mesmo momento constituiu um penhor sobre a tabacaria a favor do seu amigo
Francisco como garantia do mútuo destinado à realização de pequenas obras na fachada
da loja.
1 – Como qualifica o negócio jurídico celebrado entre Daniel e Estêvão?
Os 10% depende da faturação anual, a renda terá de ser um valor certo, logo não há
arrendamento 1038/a)
SECÇÃO III
OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
ARTIGO 1038.º
(ENUMERAÇÃO)
54
1109º CC aplica-se à locação a seção referida, pode configurar o negócio como quiser
ARTIGO 1109.º
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO
1 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DO GOZO DE UM PRÉDIO OU DE PARTE
DELE, EM CONJUNTO COM A EXPLORAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU
INDUSTRIAL NELE INSTALADO, REGE-SE PELAS REGRAS DA PRESENTE SUBSECÇÃO, COM
AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕES - REGRAS DISPOSITIVAS- AS PARTES DEPOIS APLICAM OS
CONVÉNIOS QUE AS MAIS BENEFICIAR
2 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DE ESTABELECIMENTO INSTALADO EM
LOCAL ARRENDADO NÃO CARECE DE AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO, MAS DEVE SER-LHE
COMUNICADA NO PRAZO DE UM MÊS.
55
Garantias reais (incidem sobre uma determinada coisa) e garantias pessoais (bail
Hipoteca (bens registáveis antes da fase judicial) vs penhor (mesma coisa que a
penhora mas sem bens sujeitos a registo, necessita de entrega da coisa) vs penhora
(coisa registada, decretada por tribunal)
HIPOTECA
♦ A hipoteca é usada quando um imóvel (ou bem móvel, desde que sujeito a registo) é dado
como garantia de pagamento de uma dívida. Por exemplo, é uma solução tipicamente
associada ao crédito à habitação, em que a casa é hipotecada para servir como garantia de
pagamento.
♦ No caso do devedor não honrar o compromisso, ou seja, não pagar as prestações acordadas
com o banco, este pode ficar com casa e o devedor perde o bem definido como garantia.
♦ Quando a divida for paga na totalidade, a hipoteca é extinta.
Se o devedor não tiver um bem de valor suficiente para servir de garantia, pode hipotecar o
bem de uma terceira pessoa, desde que esta o autorize.
♦ Durante todo o período da hipoteca, o devedor é o proprietário da casa e não o banco, que
apenas tem a garantia.
PENHOR
56
♦ O penhor de direitos também é possível. Pode ser usado, por exemplo, nos depósitos a prazo
ou em aplicação financeiras que sejam empenhadas como garantia de um empréstimo. Neste
caso, se o acordo de pagamento não for cumprido, o credor ganha o direito de usufruir da
aplicação financeira que servia de garantia.
PENHORA
♦ Penhora não é o mesmo que penhor, pelo que envolve bens penhorados e não empenhados.
♦ A penhora não constitui uma garantia e, nos casos em que uma divida não é paga, o credor,
através de um processo de execução intentado em tribunal, visa a apreensão judicial de
rendimentos/bens do devedor e/ou fiador.
♦ Em regra, os bens penhorados são vendidos e o dinheiro obtido com essa operação é
entregue ao credor, para reduzir a dívida ou até mesmo pagá-la na totalidade.
É possível o penhor?
Mc: O penhor de estabelecimento é permitido numa lógica de quem pode o mais pode
o menos (se o estabeleciemento pode ser traspassado pode ser onerado)- tem o dever
de manter o estabelecimento tal como está.
Basta de acordo com 398º que a entrega no penhor mercantil seja simbólica.
Depende do conceito que se tem do estabelecimento em si. Que bens é que são
empenhados dentro do próprio estabelecimento.
O penhor pode ter um caracter mercantil tal como se encontra previsto no artigo 397º
e 398º do C.COM
DO PENHOR
ART.º 397.º REQUISITOS DA COMERCIALIDADE DO PENHOR
PARA QUE O PENHOR SEJA CONSIDERADO MERCANTIL É MISTER QUE A DÍVIDA QUE SE CAUCIONA
PROCEDA DE ACTO COMERCIAL.
57
A PENHORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL É AQUELA QUE JÁ ESTÁ EM FASE DE EXECUÇÃO 782º CPC
58
Caso 9
Francisco arrendou uma loja sita na Rua do Alecrim por € 500,00. Fez obras e montou
uma pastelaria com todo o equipamento necessário, pronta a funcionar. Acordou de
seguida com Gustavo que este passaria a explorar a pastelaria e que, em troca, lhe
pagaria a quantia mensal de €3.500,00. Gustavo contratou trabalhadores,
fornecedores, etc. e dois meses depois iniciou a exploração do estabelecimento.
No dia da inauguração, o senhorio foi tomar café à nova pastelaria e deu-se conta que,
afinal, quem explorava a partelaria era Gustavo e não Francisco.
Dias depois, Gustavo recebeu uma carta com o seguinte teor: “Informa-se V.Exa. que o
presente subarrendamento não foi autorizado pelo senhorio e que, ainda que houvesse
sido, o valor da sublocação excede o disposto no art.1062.o do CC.”.
Quid Juris?
ARTIGO 1022.º
(NOÇÃO)
LOCAÇÃO É O CONTRATO PELO QUAL UMA DAS PARTES SE OBRIGA A PROPORCIONAR À OUTRA O GOZO
TEMPORÁRIO DE UMA COISA, MEDIANTE RETRIBUIÇÃO.
ARTIGO 1023.º
(ARRENDAMENTO E ALUGUER)
A LOCAÇÃO DIZ-SE ARRENDAMENTO QUANDO VERSA SOBRE COISA IMÓVEL, ALUGUER QUANDO INCIDE
SOBRE COISA MÓVEL.
Neste caso, quando Francisco arrenda a loja, este tem de proceder a obras e “montar
a pastelaria” o que dá a entender que não existia há altura do arrendamento na loja
quaisquer traços definidores distintivos da atividade que ai viria a ser exercida,
nomeadamente, os atavios necessário à abertura de uma pastelaria.
59
Locação de estabelecimento
Como critério puramente orientador, pode dizer-se que para que haja estabelecimento
comercial ele deve ter um conteúdo mínimo necessário para que, em face do ramo de
actividade a que se destine, possa prosseguir esse escopo. Deverá, por isso, ter,
necessariamente, alguns elementos – bens materiais ou imateriais ou certas posições
60
ARTIGO 1109.º
LOCAÇÃO DE ESTABELECIMENTO
1 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DO GOZO DE UM PRÉDIO OU DE PARTE DELE, EM
CONJUNTO COM A EXPLORAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU INDUSTRIAL NELE
INSTALADO, REGE-SE PELAS REGRAS DA PRESENTE SUBSECÇÃO, COM AS NECESSÁRIAS ADAPTAÇÕES.
2 - A TRANSFERÊNCIA TEMPORÁRIA E ONEROSA DE ESTABELECIMENTO INSTALADO EM LOCAL
ARRENDADO NÃO CARECE DE AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO, MAS DEVE SER-LHE COMUNICADA NO PRAZO
DE UM MÊS
61
SECÇÃO III
OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
ARTIGO 1038.º
(ENUMERAÇÃO)
SÃO OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO:
F) NÃO PROPORCIONAR A OUTREM O GOZO TOTAL OU PARCIAL DA COISA POR MEIO DE CESSÃO
ONEROSA OU GRATUITA DA SUA POSIÇÃO JURÍDICA, SUBLOCAÇÃO OU COMODATO, EXCEPTO SE A LEI O
PERMITIR OU O LOCADOR O AUTORIZAR;
G) COMUNICAR AO LOCADOR, DENTRO DE QUINZE DIAS, A CEDÊNCIA DO GOZO DA COISA POR ALGUM
DOS REFERIDOS TÍTULOS, QUANDO PERMITIDA OU AUTORIZADA;
ARTIGO 1060.º
(NOÇÃO)
A LOCAÇÃO DIZ-SE SUBCOLOCAÇÃO, QUANDO O LOCADOR A CELEBRA COM BASE NO DIREITO DE
LOCATÁRIO QUE LHE ADVÉM DE UM PRECEDENTE CONTRATO LOCATIVO.
ARTIGO 1061.º
(EFEITOS)
A SUBLOCAÇÃO SÓ PRODUZ EFEITOS EM RELAÇÃO AO LOCADOR OU A TERCEIROS A PARTIR DO SEU
RECONHECIMENTO PELO LOCADOR OU DA COMUNICAÇÃO A QUE SE REFERE A ALÍNEA G) DO ARTIGO
1038.º
ARTIGO 1062.º
(LIMITE DA RENDA OU ALUGUER)
O LOCATÁRIO NÃO PODE COBRAR DO SUBLOCATÁRIO RENDA OU ALUGUER SUPERIOR OU
PROPORCIONALMENTE SUPERIOR AO QUE É DEVIDO PELO CONTRATO DE LOCAÇÃO, AUMENTADO DE
VINTE POR CENTO, SALVO SE OUTRA COISA TIVER SIDO CONVENCIONADA COM O LOCADOR.
ARTIGO 1083.º
FUNDAMENTO DA RESOLUÇÃO
1 - QUALQUER DAS PARTES PODE RESOLVER O CONTRATO, NOS TERMOS GERAIS DE DIREITO, COM BASE
EM INCUMPRIMENTO PELA OUTRA PARTE.
2 - É FUNDAMENTO DE RESOLUÇÃO O INCUMPRIMENTO QUE, PELA SUA GRAVIDADE OU
CONSEQUÊNCIAS, TORNE INEXIGÍVEL À OUTRA PARTE A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO,
DESIGNADAMENTE QUANTO À RESOLUÇÃO PELO SENHORIO:
A) A VIOLAÇÃO DE REGRAS DE HIGIENE, DE SOSSEGO, DE BOA VIZINHANÇA OU DE NORMAS CONSTANTES
DO REGULAMENTO DO CONDOMÍNIO;
B) A UTILIZAÇÃO DO PRÉDIO CONTRÁRIA À LEI, AOS BONS COSTUMES OU À ORDEM PÚBLICA;
C) O USO DO PRÉDIO PARA FIM DIVERSO DAQUELE A QUE SE DESTINA, AINDA QUE A ALTERAÇÃO DO
USO NÃO IMPLIQUE MAIOR DESGASTE OU DESVALORIZAÇÃO PARA O PRÉDIO;
62
D) O NÃO USO DO LOCADO POR MAIS DE UM ANO, SALVO NOS CASOS PREVISTOS NO N.º 2 DO ARTIGO
1072.º;
E) A CESSÃO, TOTAL OU PARCIAL, TEMPORÁRIA OU PERMANENTE E ONEROSA OU GRATUITA, DO GOZO
DO PRÉDIO, QUANDO ILÍCITA, INVÁLIDA OU INEFICAZ PERANTE O SENHORIO.
3 - É INEXIGÍVEL AO SENHORIO A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO EM CASO DE MORA IGUAL OU
SUPERIOR A TRÊS MESES NO PAGAMENTO DA RENDA, ENCARGOS OU DESPESAS QUE CORRAM POR
CONTA DO ARRENDATÁRIO OU DE OPOSIÇÃO POR ESTE À REALIZAÇÃO DE OBRA ORDENADA POR
AUTORIDADE PÚBLICA, SEM PREJUÍZO DO DISPOSTO NOS N.OS 3 A 5 DO ARTIGO SEGUINTE.
4 - É AINDA INEXIGÍVEL AO SENHORIO A MANUTENÇÃO DO ARRENDAMENTO NO CASO DE O
ARRENDATÁRIO SE CONSTITUIR EM MORA SUPERIOR A OITO DIAS, NO PAGAMENTO DA RENDA, POR
MAIS DE QUATRO VEZES, SEGUIDAS OU INTERPOLADAS, NUM PERÍODO DE 12 MESES, COM REFERÊNCIA
A CADA CONTRATO, NÃO SENDO APLICÁVEL O DISPOSTO NOS N.OS 3 E 4 DO ARTIGO SEGUINTE.
5 - É FUNDAMENTO DE RESOLUÇÃO PELO ARRENDATÁRIO, DESIGNADAMENTE, A NÃO REALIZAÇÃO PELO
SENHORIO DE OBRAS QUE A ESTE CAIBAM, QUANDO TAL OMISSÃO COMPROMETA A HABITABILIDADE DO
LOCADO E, EM GERAL, A APTIDÃO DESTE PARA O USO PREVISTO NO CONTRATO.
ARTIGO 798.º
(RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR)
O DEVEDOR QUE FALTA CULPOSAMENTE AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO TORNA-SE RESPONSÁVEL
PELO PREJUÍZO QUE CAUSA AO CREDOR.
SUBARRENDAMENTO
ARTIGO 1088.º
AUTORIZAÇÃO DO SENHORIO
1 - A AUTORIZAÇÃO PARA SUBARRENDAR O PRÉDIO DEVE SER DADA POR ESCRITO.
2 - O SUBARRENDAMENTO NÃO AUTORIZADO CONSIDERA-SE, TODAVIA, RATIFICADO PELO SENHORIO SE
ELE RECONHECER O SUBARRENDATÁRIO COMO TAL.
63
No nosso caso prático para além do subarrendamento não ter sido autorizado,
também, de acordo com o artigo 1062º referente à sublocação, a renda exigida pelo
locatário ao sublocador não pode ser superior ao cobrado pelo senhorio, logo
Francisco pagando ao senhorio a quantia de 500€ não poderia cobrar o valor de 3.500€
por esse mesmo espaço a G. Com base nestes dois motivos é admitida a resolução do
contrato nos termos do 1083º/e.
Estabelecimento comercial
Caso 1
CASO N.o 1
Magda e Manuela desenvolvem há vário tempo uma loja de vestuário típico
português na zona do Chiado, em Lisboa o qual arrendaram a Frederico.
Como o negócio lhes corre de feição e considerando o boom do turismo em Lisboa,
pretendem tomar de arrendamento a loja contígua (que se dedica à venda de
salgados e doces regionais) por forma a aumentarem a capacidade de oferta do
vestuário que vendem.
Considerando que o fundo de maneio que têm poderá ser insuficiente para o
desenvolvimento da sua atividade, resolvem pedir ao Banco ABC um empréstimo no
valor de EUR 500.000,00. Magda que detesta assumir responsabilidades pessoais
sugere a Manuela que se dê em garantia a loja que já exploram e que, assim, tudo
fica mais fácil.
Manuela que é muito metódica, entende que tal não faz sentido nenhum, porque a
(i) loja é arrendada (1112º do CC), (ii) tinham de fazer um extenso inventário de tudo
para entregar ao banco – não é necessária- apenas é essencial o aviamento- (vá-se lá
saber a quem é que a informação vai parar...), e (iii) que a garantia sobre a loja
impede que elas continuem a atividade porque os bens da loja ficam indisponíveis.
Enquanto a questão do empréstimo não se resolvia, Magda e Manuela decidiram ir
avançando e “compraram a loja do lado”. De imediato venderam tudo o lá estava e
começaram a vender nessa loja o vestiário típico do Minho que foi um sucesso.
Quem não ficou agradado foi o senhorio dessa loja, Marco que fica arrasado ao saber
que já não pode comprar as famosas chamuças de alheira que ali se vendiam,
exigindo que Magda e Manuela retirem de imediato tudo o que têm na loja,
alegando que não “lhe tinham dado cavaco” da transmissão.
Quid iuris?
64
65
Relativamente aos argumentos apresentados por Man contra se dar como garantia a
loja, nomeadamente:
a necessidade de fazer um extenso inventário de tudo para entregar ao banco
a garantia sobre a loja impedir que elas continuem a atividade porque os bens da loja
ficam indisponíveis.
De acordo com o Prof MC, o estabelecimento comercial pode operar como garantia.
Pode ser dado em penhor pelo seu titular (sendo um misto entre penhor de coisas e
penhor de direitos). De acordo com o 398º C.Com é suficiente a entrega simbólica
quando se trate de um penhor mercantil.
7/11
CASO N.o 2
Manuel Rocha explora, desde há vários anos, um café na zona do Saldanha, em
Lisboa, chamado “Manuel Rocha dos Cachorros”. O negócio que, no início, apenas
dava para “sobreviver” tornou-se pujante quando passou a incluir no seu menu, o
famoso cachorro quente “kamikaze” com uma receita única e original que atraia
gente de todo o país e também do estrangeiro, após uma reportagem publicada no
The New York Times.
66
Manuel Rocha que começava a achar-se velho e cansado para o negócio, decide
vendê-lo a Maria Botelho. Para o efeito, as partes limitaram-se a assinar um contrato
no qual se estabelecia o seguinte:
Manuel da Rocha vende a Maria Botelho o café sito na Praça Duque de Saldanha
pelo valor de EUR 1.500.000,00.
O contrato foi celebrado no dia 10 de outubro de 2017. No dia 11 de outubro, já com
a chave do café, Maria Botelho repara que, durante a noite, Manuel Rocha tinha
retirado do café metade das cadeiras (deixando as mesas) e tinha levado consigo a
receita do cachorro “kamikaze”.
Além deste espanto, Maria Botelho, que, entretanto, tinha contratado uma equipa
de profissionais de restauração, fica estarrecida quando encontra os trabalhadores
que tinham sido contratos anteriormente por Manuel Rocha à porta do café e
prontos para trabalhar, pois considera que, uma vez vendido o café, os trabalhadores
“vão à sua vida”.
No dia 12 de outubro, Manuel Rocha entrega a Maria Botelho uma carta onde refere
que esta deverá deixar de utilizar o nome “Manuel Rocha dos Cachorros” e dar outro
nome ao café.
Na sexta-feira 13 de outubro, Sebastião proprietário do imóvel onde se localizava o
café, fica estarrecido com a carta que recebeu de Manuel Rocha a desejar “boa
sorte” com a nova proprietária do café. Espantado, Sebastião dirige-se a Maria
Botelho dizendo que quer que o imóvel de volta até ao final do mês e “já agora” as
dez rendas que Manuel Rocha lhe ficou a dever.
Como se a desgraça já não fosse suficiente, Rui Vieira aparece a cobrar a dívida de
fornecimento de salsichas, presuntos e enchidos, referindo que Manuel Rocha lhe
disse que após a venda do café, ele não tinha mais nada a pagar e que deveria pedir
o pagamento dos fornecimentos a Maria Botelho, dando-lhe desde já nota de que
não tenciona voltar a fornecer qualquer produto àquele café, declarando extinto o
contrato de fornecimento que duraria até 2019. Maria Botelho fica preocupada
porque Rui Vieira é o único fornecedor daqueles exclusivos produtos.
Quid iuris?
Caso nº2
Coisas corpóreas:
67
Coisas incorpóreas:
Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
Posições contratuais
Clientela: conjunto real ou potencial de pessoas dispostas a contratar com o
estabelecimento.
Elementos passivos:
Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante
De acordo com o professor Coutinho de Abreu e MC não pode ser feito uma
interpretação à letra do nº2 do artigo 1112º Cc. na medida em que tal interpretação
levaria à conclusão que o trespasse exige a transferência de todos os seus elementos,
sendo que bastaria assim a falta de um deles para que não se pudesse falar de
trespasse;
Sendo que, à luz do principio da autonomia, tal não faz sentido: considera-se assim que
há trespasse mesmo que as partes afastem um dos elementos enunciados – para tal
apenas é necessário que se mantenha o aviamento, ou seja, é necessária a manutenção
de elementos que sejam efetivamente relevantes e essenciais ao estabelecimento e sem
os quais há uma perda da aptidão funcional do espaço.
Concluimos assim que embora o elemento corpóreo em causa “as cadeiras” seja um
elemento que, de acordo com a conceção do professor MC e do professor CA, faz parte
dos elementos ativos do estabelecimento comercial é questionável, que se possa
concluir que a falta destes faça com que o negócio deixe de ser considerado um
trespasse.
68
ARTIGO 1083.º
FUNDAMENTO DA RESOLUÇÃO
1 - QUALQUER DAS PARTES PODE RESOLVER O CONTRATO, NOS TERMOS GERAIS DE DIREITO, COM BASE
EM INCUMPRIMENTO PELA OUTRA PARTE
RESOLUÇÃO PELO SENHORIO:
E) A CESSÃO, TOTAL OU PARCIAL, TEMPORÁRIA OU PERMANENTE E ONEROSA OU GRATUITA, DO GOZO
DO PRÉDIO, QUANDO ILÍCITA, INVÁLIDA OU INEFICAZ PERANTE O SENHORIO.
A firma distingue-se enquanto nome da empresa- é o nome que uma entidade detém-
meio de identificação de uma certa entidade.
A firma e o nome, embora não seja obrigatório, podem coincidir. Uma vez transmitido
o estabelecimento a firma vai com ele.
Relativamente à exclusão do nome: A firma é o nome dado à sociedade comercial. O
nome caindo no âmbito do logótipo previsto no art 304-p-3 é igualmente um elemento
ativo (neste caso incorpóreo) do estabelecimento.
69
O estabelecimento pode ser transmitido sem a firma mas o contrário não é possível-
podemos assim concluir que a não transmissão do nome não retira o aviamento ao
trespasse, sendo licita a transmissão autónoma do nome desde que tal não induza em
erro o consumidor final.
Esta possibilidade encontra-se prevista no artigo 304.º-P/3:
- Transmissão
Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 31.º, a transmissão do estabelecimento
envolve o respectivo logótipo, que pode continuar tal como está registado, salvo se o
transmitente o reservar para outro estabelecimento, presente ou futuro.- tal admite que
o nome possa não passar com o trespasse do estabelecimento.
Relativamente ao Senhorio:
Apesar de haver uma descaracterização do negócio, é efetivamente celebrada na data
de 10 de outubro um trespasse. Aplicando-se o regime deste contrato apenas seria
necessário comunicar no prazo de 15 dias, a celebração deste negócio ao senhorio. O
senhorio não deverá em principio assim poder resolver o contrato com base na não
notificação, até terem passado o prazo estabelecido na lei.
Fornecedor:
70
Se o fornecedor achar que não lhe são dadas garantias essencial para a
manutenção do contrato de fornecimento pode rescindir o contrato. Se a parte
não aceita continuar a fornecer de acordo com o 424º não terá de o fazer.
Podemos questionar se o facto de este ser o único a fornecer aquele produto no
mercado gera problemas no âmbito da concorrÊncia
as dividas vencidas – 424 -595º/2 – o trespasse implica a transmissão unitária
do estabelecimento – 1112º + lei do contrato de seguro (95º/5 a transferência
do estabelecimento pressupõe a transmissão de tudo) + código de contrato de
autor(?) Engracia Antunes – à uma lacuna da lei – preenche a lacuna
recorrendo a vários regime- s a transmissão da empresa tem de haver uma
tutela do próprio empresa, enquanto valor próprio criado no mercado) é
necessário a autorização do credor. MC – com o trespasse transmitem-se
todos os contratos
CASO N.o 3
Rosa há vários anos explora uma loja de telemóveis e outros equipamentos
informáticos na zona da Praça de Espanha. Cansada de tanta inovação tecnológica,
decide vender a sua loja a Henrique que, concluído o curso de Direito, considera que
o melhor é desenvolver a área tecnológica à boleia das start-ups.
Com o encaixe da venda da loja, Rosa que, entretanto, tinha casado com um técnico
de reparação de telemóveis e tablets decide abrir uma loja de venda de capas e
acessórios e de reparação de telemóveis e tablets perto de Chelas.
Henrique, que tinha um apreço especial por Direito Comercial, fica agastado com a
situação e resolve intentar uma providência cautelar para, de imediato, encerrar a
exploração da loja aberta por Rosa e o marido.
Quid iuris?
71
o Há ainda que referir que pode ser celebrado mediante qualquer contrato com
eficácia translativa da titularidade do direito, como por exemplo, a compra e
venda, que é o que acontece, efetivamente, neste caso.
Neste caso é necessário ponderar a boa fé, a livre iniciativa económica e a não
limitação da concorrência, sendo discutível a existência de uma efetiva violação ao
dever da concorrência discutido na doutrina.
Adotando a posição do professor MC, o dever de não concorrência preconiza a
observância de limites:
- Materiais [actividade semelhante]: é aberta uma loja que tem âmbito material
diferente da loja anterior.
72
Neste âmbito, podemos ainda indagar se este segundo negócio, foi aberto em
conjunto com o marido. Se sim e tendo em conta a dimensão pessoal da obrigação,
esta não existe perante o marido, mas apenas perante a mulher.
Assim sendo será questionável se neste caso, há manutenção da obrigação da não
concorrência, na medida, em que, relativamente ao marido, enquanto mero socio não
se fomenta uma obrigação de não concorrência.
O marido de acordo com o professor CA teria também sujeita a esta obrigação de não
concorrência porém tal é muito duvidável- é necessário ter em consideração o
envolvimento do marido no negócio anterior – ver se ele tinha beneficiado ou lucrado
com o estabelecimento antigo ou com a sua respetiva venda- caso não se verifique
este envolvimento esta obrigação não podia ser extendida.
Por fim, no que diz respeito à instauração de uma providencia cautelar contra Rosa,
esta consiste num processo judicial, com carácter de urgência, que corre
paralelamente e por apresso a uma ação judicial, destinado à obtenção de uma
decisão provisória que acautele um determinado direito, de modo que a demora
normal do processo principal não o torne inútil
Constituem pressupostos legais do decretamento da providência cautelar
comum não especificada a probabilidade séria da existência do direito de que se ocupa
a ação, proposta ou a propor, que tenha por fundamento o direito tutelado, o justo e
fundado receio de que outrem cause lesão grave e de difícil reparação a esse direito, a
não existência de providência específica para acautelar o mesmo direito e que o
prejuízo resultante da providência não exceda o valor do dano que com ela se
pretende evitar, nos termos das disposições conjugadas dos artigos 381º e 387º, do
CPC.
No caso específico da providência cautelar comum, deve existir um justificado e
fundado receio de que outrem cause lesão grave e de difícil reparação ao direito
invocado, um indispensável juízo de certeza, sendo certo que este receio há-de ser de
tal ordem que fundamente a providência requerida, o que só acontece, quando as
circunstâncias se apresentem de modo a convencer que está iminente a lesão do
direito.
É que o receio só pode ser qualificado como justificativo da providência
requerida quando as circunstâncias se apresentam de modo a convencer que se
encontra iminente a lesão do direito.
73
A providencia cautelar não se justifica, porque não é plausível, neste ramo de negócio
a clientela da Praça de Espanha, se deslocasse para a outra zona da cidade que é
Chelas.
A providencia cautelar visa conseguir o exercício mais célere do direito- visa acautelar
do direito.
Dois requisitos:
- o direito tem de existir
- tem de demonstrar que em tempo útil isso teria efeitos prejudiciais para quem
intrepós a providência
Contratos de organização e instituição
8/11
74
75
Resolução
Visa:1º pagamento ainda que parcial das dividas dos credores- tem de ser impossível
pagar as obrigações vencidas
Crédito privilegiado- privilégio cai de acordo com o artigo 97º- passa a ser um crédito
comum mas não se extingue o crédito
1. 47º - 261- 51º - custos do processo: o processo têm de se custar a si próprio – dividas
da massa
2. crédito garantido – 696º - 194º: crédito hipotecário
3. crédito previligiado – passa a crédito comum
4. fornecimento de tendas- comum (176º)
5. suprimento (177º + 243º do CSC)
15/1
Insolvência
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Ser insolvente significa ser incapaz de cumprir as suas obrigações, mas essa
incapacidade tem que ser verificada em determinado momento através de
declaração de insolvência.
De acordo com o 1º critério: o devedor é insolvente logo que se torne incapaz, por
ausência de liquidez suficiente, de pagar as suas dividas no momento em que estas
se vencem: o facto de o seu ativo ser superior ao passivo é irrelevante na medida em
que a insolvência ocorre logo que se verifica a impossibilidade de pagar as dividas que
surgem regularmente na sua atividade: O facto de não as pagar no momento do
vencimento dessas obrigações indicia claramente a insolvência.
CAPÍTULO I
Massa insolvente e classificações dos créditos
Artigo 46.º
Conceito de massa insolvente
1 - A massa insolvente destina-se à satisfação dos credores da insolvência, depois de pagas as suas próprias dívidas,
e, salvo disposição em contrário, abrange todo o património do devedor à data da declaração de insolvência, bem
como os bens e direitos que ele adquira na pendência do processo.
2 - Os bens isentos de penhora só são integrados na massa insolvente se o devedor voluntariamente os apresentar e a
impenhorabilidade não for absoluta.
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Satisfação das dividias da massa insolvente são satisfeitas em primeir lugar- só depois
satisfazem os créditos sobre a insolvência
A massa solvente no caso de comunhão de bens adquiridos, tmbém vai incluir a sua
meação dos bens comuns.
Se um certo ato frustrar o património daquela massa insolvente este pode ser
resolvido
120º CIRE
Resolução em benefício da massa insolvente
Artigo 120.º
Princípios gerais
1 - Podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os atos prejudiciais à massa praticados dentro dos dois
anos anteriores à data do início do processo de insolvência.
2 - Consideram-se prejudiciais à massa os actos que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem
a satisfação dos credores da insolvência.
3 - Presumem-se prejudiciais à massa, sem admissão de prova em contrário, os actos de qualquer dos tipos referidos
no artigo seguinte, ainda que praticados ou omitidos fora dos prazos aí contemplados.
4 - Salvo nos casos a que respeita o artigo seguinte, a resolução pressupõe a má fé do terceiro, a qual se presume
quanto a actos cuja prática ou omissão tenha ocorrido dentro dos dois anos anteriores ao início do processo de
insolvência e em que tenha participado ou de que tenha aproveitado pessoa especialmente relacionada com o
insolvente, ainda que a relação especial não existisse a essa data.
5 - Entende-se por má fé o conhecimento, à data do acto, de qualquer das seguintes circunstâncias:
a) De que o devedor se encontrava em situação de insolvência;
b) Do carácter prejudicial do acto e de que o devedor se encontrava à data em situação de insolvência iminente;
c) Do início do processo de insolvência.
6 - São insuscetíveis de resolução por aplicação das regras previstas no presente capítulo os negócios jurídicos
celebrados no âmbito de processo especial de revitalização ou de processo especial para acordo de pagamento
regulados no presente diploma, de providência de recuperação ou saneamento, ou de adoção de medidas de
resolução previstas no título VIII do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, bem como os realizados no âmbito do Regime Extrajudicial de
Recuperação de Empresas ou de outro procedimento equivalente previsto em legislação especial, cuja finalidade
seja prover o devedor com meios de financiamento suficientes para viabilizar a sua recuperação.
78
Artigo 52.º
Nomeação pelo juiz e estatuto
1 - A nomeação do administrador da insolvência é da competência do juiz.
2 - Aplica-se à nomeação do administrador da insolvência o disposto no n.º 1 do artigo 32.º, podendo o juiz ter em
conta as indicações que sejam feitas pelo próprio devedor ou pela comissão de credores, se existir, ou pelos
credores, também no caso de a massa insolvente compreender uma empresa com estabelecimento ou
estabelecimentos em atividade ou quando o processo de insolvência assuma grande complexidade, cabendo a
preferência, na primeira designação, ao administrador judicial provisório em exercício de funções à data da
declaração de insolvência.
3 - O processo de recrutamento para as listas oficiais, bem como o estatuto do administrador da insolvência,
constam de diploma legal próprio, sem prejuízo do disposto neste Código.
4 - Caso o processo de insolvência assuma grande complexidade, ou sendo exigíveis especiais conhecimentos ao
administrador da insolvência, o juiz pode, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado, nomear mais
do que um administrador da insolvência, cabendo, em caso de requerimento, ao requerente a responsabilidade de
propor, fundamentadamente, o administrador da insolvência a nomear, bem como remunerar o administrador da
insolvência que haja proposto, caso o mesmo seja nomeado e a massa insolvente não seja suficiente para prover à
sua remuneração.
5 - Existindo divergência entre o administrador da insolvência nomeado pelo juiz ao abrigo do n.º 1 e os
administradores de insolvência nomeados a requerimento de qualquer interessado, prevalece, em caso de empate, a
vontade daquele.
6 - Sendo o devedor uma sociedade comercial que, nos termos do Código das Sociedades Comerciais se encontre em
situação de relação de domínio ou de grupo com outras sociedades relativamente às quais tenha sido proposto
processo de insolvência, o juiz, oficiosamente ou mediante indicação efetuada pelo devedor ou pelos credores, pode
proceder à nomeação de um mesmo administrador da insolvência para todas as sociedades, devendo, nesse caso,
proceder, à nomeação, nos termos gerais, de outro administrador da insolvência com funções restritas à apreciação
de créditos reclamados entre devedores do mesmo grupo, logo que verifique a existência destes, nomeadamente
mediante indicação do primitivo administrador.
Funções
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120º
123º- recebe reclamação de créditos que são dirigidas ao administrador de insolvência
( e não ao juiz) e elaborar a lista de crédito e reconhecer ou não esses créditos – os
créditos não reconhecidos podem ser impugnados (128º 129º/130º/131º a)
Separação e restituição dos bens que não devem fazer parte da massa insolvente
(141º/3)- pode existir a apreensão de bens que não fazem parte insolvente
____________________________________,,__________________________________
A insolvência
Quando é que uma entidade se pode encontrar insolvente? Quando uma entidade
não consegue pagar as suas dívidas aos fornecedores – art.º 3º SIRE – critério do cash
flow – figura principal – administrador da insolvência.
Este momento antes há ainda uma entidade saudável que vai criando dividas
1º momento – declaração de insolvência em tribunal – no CITOS, quando
alguém é declarado insolvente por sentença, esta é fixada no CITUS. Desde ai, há 30
dias para os credores reclamarem os seus créditos
2º momento – já está insolvente, administrada pelo administrador de insolvência
e as dividas que esta venha a criar são chamadas dividas da massa insolvente (os
administradores são afastados) – 46º + 51º SIRE: a massa insolvente (património do
80
81
Caso nº11
a) A calma com que Telma e Luísa estão a lidar com a situação financeira da RF será
passível de censura, caso esta última venha a ser declarada insolvente?
b) Caso a RF venha ser declarada insolvente em Janeiro de 2016, será que a sociedade
Frango Gorducho, S.A. (FG) pode compensar um crédito sobre a RF de que é titular,
emergente do fornecimento de frangos durante o primeiro semestre de 2015, com
uma dívida decorrente do fornecimento de almoços pela RF aos trabalhadores da FG,
durante Setembro e Outubro de 2014? Ambos os créditos deveriam ser pagos nos 30
dias seguintes ao fim do prazo do correspondente fornecimento.
82
46º+51
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b) Compensação de créditos
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conceito de má fé
instituto da insolvência culposa (13º)
185º
186º - insolvência culposa
nº3
Contratos comerciais
o de distribuição
o agência
o franquia
o comissão
o
o organização
o consórcio
o Associação em participação
O CCC é composto pelas sociedades Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A., Edifica,
S.A. e pelo próprio JB.
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1 – Como qualifica o contrato celebrado entre Cimentos Forte, Lda., Pedra e Cal, S.A.,
Edifica, S.A. e JB? Quais as partes do contrato de empreitada celebrado entre a FMM e
o CCC?
86
Por seu turno, o art. seguinte em causa – 2º dispõe: “ O consórcio terá um dos seguintes
objectos:
a) realização de actos materiais ou jurídicos, preparatórios quer de um determinado
empreendimento, quer de uma actividade contínua;
b) execução de determinado empreendimento;
c) fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre si, produzidos por
cada um dos membros do consórcio
d) pesquisa ou exploração de recursos naturais; e) produção de bens que possam ser
repartidos, em espécie, entre os membros do consórcio.
Os atos preparatórios da alínea a) são pela sua natureza concretos e finitos, e podem ser
considerados e enquadrados na alí- nea b) como execução de um determinado
empreendimento. Esta alínea tem como desiderato a realização, como objeto do
consórcio, de um empreendimento ocasional ou momentâneo, mas concreto e
determinado. A duração do contrato de consórcio, de uma maneira geral, não é fixada
em função do tempo, mas sim da realização do objeto, acarretando, por si, uma
transcorrência de tempo mais ou menos longa.
Este ponto embora simples, tem relevância por permitir concluir que o consórcio
desaparece, quando se perca tal pluralidade, desde que, nos termos gerais, possa operar
a confusão – artigo 868.º do Código Civil português – e sem prejuízo de terceiros –
artigo 871.º/1, do mesmo diploma.
Desta feita, a lei visou acentuar a natureza basicamente lucrativa e, daí, comercial, da
figura. Parece, contudo que não se colocam dúvidas no tocante à possibilidade de,
através da autonomia privada, se poder utilizar o consórcio num sentido puramente
civil: mas ele terá sempre um teor oneroso, por oposição a gratuito. As pessoas
interessadas no contrato vão obrigar-se, pelo consórcio, a agir de forma concertada. A
concertação referida reporta-se ao desenvolvimento de certa actividade ou à efectivação
de certa contribuição.
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Deve ainda frisar-se que o contrato visa um dos objectivos do artigo 2.º do Decreto-Lei
nº 231/81, de 28 de Julho. Por determinação legal, os contratos de consórcio devem
ser celebrados por escrito, requerendo-se a escritura quando estejam envolvidos
imóveis – artigo 3.º. As partes têm larga liberdade de estipulação – artigo 4.º.
As alterações ao contrato, a adoptar pela forma utilizada para sua celebração inicial,
devem ser aprovadas por todos os contraentes, salvo quando o próprio contrato preveja
outra fórmula.
88
com terceiros no art. 19º.Todos estes preceitos têm em comum o serem supletivos,
numa ocorrência que deverá ser confirmada caso a caso, perante a própria lei e em face
dos princípios gerais. A denominação do consórcio externo tem regras. Segundo o art.
15º/1 do Decreto-Lei nº 231/81, os seus membros podem juntar os seus nomes, firmas
ou denominações sociais, com o aditamento “Consórcio de…”ou “…em consórcio, sem
prejuízo de apenas ser responsável perante terceiros quem assine os contratos. Deve
ficar bem claro que, quanto às posições dos contraentes, toda esta regulamentação é
apenas um modelo que a lei põe à disposição das partes. Estas, nos termos do art. 405º
do Código Civil, dispõem de plena liberdade contratual: podem, designadamente,
celebrar consórcios “atípicos
Resposta:
Art 2º alínea d
Denominação comum
12º - 14º
Clausula tem-se por não escrita - d) ao consorciado JB caberá contribuir com dinheiro
equivalente a 10% do valor total da empreitada que constituirá um fundo de maneio
próprio do consórcio.- é feita uma redução do negócio – JB poderia fazer parte do
89
consórcio mas não podia ser só em dinheiro- tal apenas seria possível se todos apenas
utilizassem contrinuições em dinheiro
O artigo 7.º prevê a existência de um conselho de orientação e fiscalização. Por sua vez,
o artigo 12.º menciona expressamente a existência de um chefe do consórcio. Os artigos
13.º e 14.º preconizam, respetivamente, as funções internas e externas do chefe do
consórcio, e o artigo 15.º a denominação do consórcio.
90
Resposta
91
atividades são fornecidas diretamente a terceiros por cada um dos membros, mas com
invocação expressa dessa qualidade.
Ou seja, relativamente às relações com terceiros, importa recordar, desde logo, que se
trata sempre de relações dos próprios consorciados com terceiros, e não do consórcio
que, como vimos, não tem personalidade jurídica.
Tal como dispõe o art. 19° do Dec. Lei n° 231/81, no seu n° 1, nas relações dos
membros do consórcio externo com terceiros não se presume solidariedade activa ou
passiva entre aqueles membros, ou seja, esta responsabilidade diz respeitos aos
membros do consórcio e não ao consórcio em si, uma vez que tal como foi dito esta
figura não goza de personalidade jurídica. Os sujeitos dos direitos e deveres emergentes
das relações estabelecidas entre os membros do consórcio e os terceiros são os próprios
consortes, consequentemente, cada membro do consórcio é responsável pelas
obrigações que assume individualmente no âmbito do contrato de consórcio.
Na fonte desta obrigação não está o contrato de consórcio mas sim a relação contratual
resultante de um contrato de empreitada entre um dos membros – Cimentos forte LDA –
e um terceiro – a sociedade Moreira e Carvalho LDA.
92
Por fim, o n.º 3 refere que a obrigação de indemnizar terceiros, por facto constitutivo de
responsabilidade civil, é restrita ao consorciado que, por lei, essa responsabilidade seja
imputável, sem prejuízo de estipulações internas quanto à distribuição desses encargos.
Contudo é importante ressalvar que estas estipulações e regras internas não podem ser
opostas a terceiros, devido a carecerem de eficácia externa.
Porém relativo a este tema temos uma importante discussão doutrinária entre Manuel
Pita que defende a aplicação do artigo 500º do CC relativo à responsabilidade objectiva
do comitente para responsabilizar o chefe do consórcio pelos as condutas praticadas
pelos seus membros, no exercícios das funções que lhes incumbiam, neste caso, na
empreitada, podendo nestes termos ser JB considerar responsável a titulo objetivo pelo
acidente de trabalho.
Porém contra esta posição, o Prof. Sousa de Vasconcelos argumenta que a relação entre
os membros e o chefe de consórcio considerando estas como um contrato atípico de
prestações de serviços e não um contrato de mandato, não podendo, deste modo, JB ser
considerado responsável, na medida, em que não sendo um prestador de serviços, este
não é um verdadeiro comissário, não se lhe podem aplicar este regime.
3 – Oito meses após o início da obra, o pavilhão não estava ainda concluído mas o
preço da empreitada já estava todo pago. Poderia a FMM exigir à Pedra e Cal,
S.A. a totalidade do valor devido a cláusula penal?
93
O seu tempo de duração é de 10 anos – artigo 11º/2- do caso das partes nada
estabelecerem. Contudo as partes estabeleceram um prazo de 6 meses para a realização
da obra.
Tendo o preço sido pago na totalidade pela FMM, não lhe é possível invocar a exceção
do não cumprimento, não podendo a este meio de tutela dos seu direito.
Embora o Consórcio, tal como se encontra previsto no artigo 1º do DL, ser um contrato
pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou coletivas, que exercem uma atividade
económica se obrigam entre si e de forma concertada a realizar certa atividade – neste
caso a construção de um pavilhão através da celebração de um contrato de empreitada, o
consórcio não possui personalidade jurídica, nem possuiu fundo comum.
Em principio cada uma das partes responde por si mesma, embora o contrato tenha sido
celebrado, em nome de todos por um representante, neste caso JB, contudo estes
continuam a exercer a sua atividade com um certo grau de independência económica e
individualidade jurídica.
De acordo com o artigo 19º/1 não se presume nas relações dos membros com terceiros a
solidariedade ativa ou passiva desses membros. Este nº1 vem a afastar a presunção de
solidariedade ativa ou passiva dos membros do consórcio, contudo tal não significa que
a solidariedade esteja afastada. Cabe ao terceiro o ónus de provar que existe
solidariedade entre os membros.
94
Porém o artigo 19º/2 prevê que a estipulação em contratos com terceiros de multas ou
outras cláusulas penais a cargo de todos os membros do consórcio não faz presumir a
solidariedade destes quanto a outras obrigações ativas ou passivas. Ou seja, embora a
cláusula penal seja responsabilidade de todos os membros do consórcio, que assim
respondem solidariamente, neste caso pelo incumprimento do prazo de conclusão e
entrega da empreitada, que deveria ter a duração de 6 e não 8 meses, como sucedeu, esta
solidariedade não é extensível a outras obrigações no relacionamento com 3ºs dos
membros do consórcio.
Em suma, a FMM pode exigir da Pedra e Cal S.A a totalidade do valor da cláusula
penal, sem prejuízo da existência de direito de regresso desta face aos demais membros
do consórcio. O pagamento integral por parte desta empresa exonera as demais pessoas
que compõe o consórcio da obrigação que tinham com o 3º, neste caso FMM.
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