Resumo - Capital Moral
Resumo - Capital Moral
Resumo - Capital Moral
RESUMO
CAPITAL MORAL – DR. ROEL KUIPER
GOIÂNIA
2°SEM/2020
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RESUMO
Alex Falcão Ribeiro – [email protected]
Bacharelando em Teologia
Seminário Presbiteriano Brasil Central
KUIPER, Roel. Capital Moral: o poder da conexão da sociedade. 1°. ed. Brasília: 2010. 310
p.
O presente resumo busca apresentar os principais pontos trabalhados pelo autor Roel
Kuiper na obra Capital Moral: o poder de conexão da sociedade, a obra tem por objetivo analisar
a moralidade da sociedade pós-moderna e apresentar a necessidade do desenvolvimento do
capital moral para resolução e melhor desenvolvimento dos conflitos sociais modernos. O
presente resumo irá apresentar os principais pontos trabalhados em cada capítulo do livro.
Essa situação decorre do fato da sociedade estar instável e com isso suas instituições
vacilarem, pois para que haja uma sociedade é necessário que haja, também, confiança entre as
pessoas. Essa desconfiança causa o que ele denomina de pânico moral, que nada mais é quando
as pessoas têm a sensação de que o seu mundo não está mais em ordem porque valores e
garantias que sempre pareceram confiáveis repentinamente deixaram de existir. Por isso as
pessoas têm a sensação que nada nem ninguém pode protegê-las. (p.21). Segundo o autor esse
problema está em um nível mais profundo do que a melhora de um capital social, pois encontra-
se no que Fevre chama de desmoralização da cultura ocidental que significa tanto o processo
da perda de contato com a moralidade como a forma em que a nossa cultura perdeu a sua razão
de ser. Fevre também aponta que essa desmoralização está atrelada a termos uma sociedade que
calcula racionalmente as suas relações, até mesmo as mais básicas, ao invés de sustenta-las na
confiança.
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Mas por que as práticas sociais precisam ser denominadas de morais? Duas correntes
são apresentadas para mostrar que ou a moralidade é algo extirpado e secundário, como
defendem os existencialistas, ou elas são produtos de relações sociais como defendem os
historicistas. Contudo, o autor se distancia delas e apresenta que a moralidade é algo que
transcende as relações humanas visto a existência de valores universais. Por fim, o autor
apresenta sua base teórica pautada na teologia reformacional, baseada em Kuyper e
Dooyeweerd e apresenta sua base argumentativa e estrutura do livro: na primeira parte
(capítulos 1, 2 e 3) Kuiper irá apresentar a sua análise da moralidade na modernidade, na
segunda parte (capítulos 4-7) ele irá apresentar como se desenvolve o capital moral e; por fim,
na terceira parte (capítulos 8-11) ele apresenta como é aplicado a teoria da parte anterior na
família, estado e religião.
Após a Segunda Guerra Mundial a sociedade passa por várias transformações, uma delas
é destacada pela sociedade de consumo inaugurada pelo modelo norte-americano de sociedade
do walfare state (Estado de Bem-Estar social). Além disso, a sociedade passou por aceleração
na sua mudança devido a três fatores que Kuiper destaca: a informatização, globalização e
individualização. Esses fatores contribuem para provocar na sociedade um grande processo de
afastamento social. Kuiper tenta, então, apresentar neste capítulo os fatores que levaram ao
estilo de pensamento e padrões de agir moderno e que são responsáveis por causar esses fatores
que consequentemente leva a um deslocamento do capital moral.
do mundo, pois acaba disseminando a “crise de valores” que já estava presente no mundo
ocidental. Aliado a isso, os comportamentos sociais em que ainda há necessidade do outro é
curta, e precariamente usada e explorada e, em todo caso, tem de se funcional para algo que o
individuo deseja ou necessita. O resultado no qual o autor conclui nesse capítulo é que a
sociedade se transformou em uma sociedade de relacionamentos líquidos que cria a cultura da
exclusão e da perda de confiança entre os indivíduos. Ele conclui que diante desse cenário o
“capital moral”, e com isso a força de conexão moral, surge nas relações cotidianas diretas entre
pessoas e, por isso, são as relações que precisam ser estudadas de forma mais aprofundada. Nas
relações cotidianas, as pessoas acabam se chocando com a alteridade do outro. Perceber e lidar
com isso exige uma postura moral de aceitação, tolerância, lealdade e amor ao próximo. Essas
atitudes fundamentais entre as pessoas e grupos dentro da sociedade são fundamentais para
estabelecer vínculos fortes nelas.” (p.51). Sendo assim, uma sociedade líquida e individualista
afasta cada vez mais a construção de um capital moral próprio e tende a sofrer mais com a
carência de valores e a sua liquidez.
Sendo assim, a utopia moderna configura-se no desejo de substituir o que está imperfeito
pelo que será perfeito. Isso deu bases para que regimes totalitários convencessem as massas em
seus projetos utópicos. Isso se dá porque os utopistas acreditam na viabilidade da sociedade
como um todo e eles partem do princípio de que é necessária uma ruptura para com o existente
para poder atingir o objetivo. A crítica a essa mentalidade se dá que o pensamento utópico é
incapaz de reconhecer a condição social existente, pois eles o desconsideram e saltam para
buscar a alteração daquilo que já existe. Portanto, o ponto moral nunca estará no presente, sim
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no futuro e qualquer um que vier em nome de um”futuro melhor” terá o seu direito resguardado,
mesmo que seja como regimes totalitário como o social nacionalismo e o regime socialista na
URSS.
o afastamento em relação a esta ordem natural.” Isso acontece pelo fato de a sociedade moderna
mudar o significado das coisas do SER para as coisas-entes. Kuiper faz isso ao longo do capítulo
mostrando como essa inversão se constrói ao longo do pensamento ocidental partindo desde o
sistema aristotélico-tomista, passando pela filosofia de Hobbes e culminado no pensamento de
Hegel. Ele mostra que esses pensamentos desembocam em um sistema de vida tecnicizado que
acaba afetando a confiança moral e gera um ambiente de vida orientado por liberdade que
suspende os laços morais.
Diante de todo esse cenário, Kuiper encerra o capítulo 3 mostrando que os padrões
normativos da criação precisam ser recuperados para termos um fundamento moral de nosso
relacionamento com o outro e com o mundo criado.
Nesse capítulo Kuiper tenta apresentar outro efeito da sociedade moderna que ele chama
de paradoxo da individualização. Esse paradoxo consiste na necessidade de se construir a nossa
vida pautado em nós mesmo e em nossas próprias escolhas, mas ao mesmo tempo nos
esbarrarmos aos limites de nossa liberdade e ativamos uma autorreflexão moral que nos leva ao
outro e às existências que partilhamos com eles. Isso significa que as necessidades pessoais em
primeiro geram um conjunto de regras e formas sociais negociáveis, o que acaba gerando um
clima de desequilíbrio e desconfiança social.
baseada do que ele chama de “eu sou eu”. Contudo, mesmo nessa busca há ainda uma
necessidade de aproximação moral com o outro.
Nesse capítulo, Kuiper trabalha com temas ligados a natureza do homem. Ele quer
demonstrar que para que haja uma formação de capital moral, o homem não pode ser entendido
como uma máquina biológica, nem mesmo um ser autossuficiente voltado para si mesmo. Nem
mesmo fazer um dualismo entre a parte material e alma do homem. Ele trabalha com a visão de
que consciência (alma) e corpo estão relacionalmente entrelaçados e juntos formam a pessoa
inteira. O relacional é uma característica da persona humana como tal. É a partir daí que pode
ser dito que o homem existe, ou seja, se torna evidente para outros. Desse modo, a dimensão
moral dos homens está intimamente envolvida com o fato de que ele foi chamado para se
relacionar de maneira preocupada com os seus semelhantes e com o mundo.
Tendo isso definido, Kuiper mostra que a alteridade é a origem da realção moral, pois
quando outro se dirige a nós, ele nos exorta a cuidar e amar. A relação moral surge da autoridade
do contato e nos obriga a um ato moral. Para que haja essa alteridade é necessário dois
comportamentos complementares a diminuição da diferença com o outro para gerar o ato de
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compreender ou identificar e a de deixar existir a diferença com o outro, essa última ele
denomina de um ato de preocupação, que significa que há uma construção de se envolver com
o outro. A intersubjetividade aqui se baseia na compreensão comum do outro no igual e é o
retorno do igual que formaliza o diálogo com o passar do tempo.
Por isso, Kuiper mostra que é necessário remontar ao conceito de imago dei para
entendermos a nossa verdadeira natureza. Para ele a imagem de Deus é o compromisso amoroso
com o outro em uma fidelidade relacional. Sendo assim, o homem configura-se em uma missão
de ser fiel com o seu chamado para abraçar e fiel com a criação. Ao abraçar a criação de forma
preocupada-responsiva, o homem demonstra a imagem de Deus.
Nesse capítulo, ele defende a tese de que nosso relacionamento deve ser pautado em
uma estrutura pactual e não contratual. O contrato é a concordância formalizada ou não com
um compromisso. Contudo, os vínculos de um contrato são condicionais e não cria vínculos de
lealdade fora dos interesses partilhados. O quanto alguém se sente obrigado a cumprir o contrato
depende totalmente dele mesmo. Já nas relações pactuais, entramos em uma relação pessoal
com algo que é superior a nós mesmos. E através das relações pactuais, somos chamados a
servir à vida numa existência preocupada-responsiva que se estende a tudo o que existe. É para
isto que as relações pactuais convidam.; por meio de suas qualidades específicas – mediante
sua abertura e inclusividade -, elas criam o compromisso fundamental capaz de forjar uma
sociedade em uma comunidade moral. (p.145-146) Para que haja estrutura sólidas é necessário,
portanto, se ter uma sociedade que entenda que o chamado do homem é agir de maneira a se
preocupar com outro e com a criação dentro de uma estrutura pactual que transcende as relações
contratuais humanas.
Nesse capítulo o autor vai apresentar como o capital moral é formado em estruturas
sociais concretas, onde as pessoas assumem a preocupação umas com as outras. Sua tese é de
que o “capital moral é primariamente formado em contextos sociais pactuais. Neles, o homem
não é só abordado, mas ele é chamado a se compadecer com a preocupação pelo outro. A
autoridade desse chamado leva à noção de uma obrigação essencial ante outros e forma a atitude
fundamental moral que se manifesta na preocupação com o outro e na preocupação com o
mundo. O capital moral é um patrimônio de pessoas que primariamente aprendem em relações
pactuais o que é adotar uma atitude fundamental preocupada em relação ao que se apresenta na
realidade cotidiana.” (p.148)
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Se o capítulo anterior termina com a necessidade uma autoridade moral maior do que o
homem para que haja um conjunto integrado de relações, nesse capítulo Kuiper mostra que os
fundamentos da sociedade não estão bem alicerçados e não são suficientes para desenvolver a
intersubjetividade. Isso se dá, pelo fato de estarmos pautados em relações de contrato e não em
relações de pacto. O problema da estrutura moral ser baseada em contrato está no fato dela
tentar recuperar a confiança social criando uma confiança institucional pautada em contratos.
Contudo, os contratos são frágeis, pressupõe rompimentos e dependem da vontade humana
cumpri-los ou não.
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Kuiper propõe que os contratos têm o seu espaço e servem para relações
interindividuais, contudo, ele não é capaz de dar normatividade para as demais estruturas
sociais. Por isso, ele propõe que a sociedade quer e deve ser vivida como um pacto. O pacto é
uma forma de acordo que começa com o todo, ele é aberto e universal, parte de um laço natural
e vê a relação eu-tu como sagrada e moral, promovendo assim reciprocidade, antecipando as
necessidades do outro. O maior exemplo de pacto é o que Deus tem como o seu povo e nos dá
esse modelo para nossas relações. A grande questão que pacto recupera é a importância da
promessa em nossa sociedade e isso necessita e faz com que a confiança social seja retomada.
Conforme afirma Althusius, o pacto é a base necessária do reconhecimento mútuo e de uma
ordenação sociopolítica comum. É uma sociedade firmada em padrões pactuais que o capital
moral cresce e dá estabilidade a sociedade.
Na parte 3, Kuiper faz uma apresentação de como são as estruturas particulares dentro
de uma estrutura pactual. A primeira estrutura apresentada é a família que segundo ele é a
unidade menor e mais importante para a formação de capital moral, pois é onde os indivíduos
aprendem e são convidadas a se doarem uns pelos outros. Ela se origina de uma relação de
parceria que começa com um projeto de vida conjunto, na união entre duas pessoas que
prometem amor e fidelidade até a morte. A promessa, então, se torna a base da relação
matrimonial e da perpetuidade da família. Dentro disso, há uma forte prática dialógica de
entrega e comunicação um pelo outro. Elas são apresentadas em 4 responsabilidades que
permitem a boa integração da relação de parceria: a comunicação, a gestão, a criatividade e a
preocupação. Essa relação de parceria acaba se desembocando no desenvolvimento da relação
de parentalidade que é pautada numa relação de desigualdade justa devido a assimetria de sua
relação. É na família que se desenvolve, também, as relações de fraternidade que começam nas
relações de iguais entre os irmãos e culmina nas relações de amizade. Sendo assim, a família
dentro de uma estrutura pactual desenvolve as bases de relacionamento e de educação de um
indivíduo e é principal gerador de capital moral. Sem a família o empenho pela comunidade
não existiria, a amizade não existiria, se não tivesse tudo um exemplo e sido aprendidos na
menor de todas as comunidades.
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Esse capítulo trabalha com um dos temas mais atuais: a pluralidade. Kuiper defende a
tese de que o Estado deve visar o bem comum no que ele denomina de uma pluralidade
estrutural, isso significa que a sociedade está diferenciada com todos os seus laços,
organizações e redes. Essas têm as suas diferenças, mas devem interagir entre si. Aqui ele
apropria-se conceito de Kuiper e Dooyweerd de soberania das esferas, porém faz uma crítica e
abrange o conceito, mostrando que por mais que eles defendessem a autoridade e pluralidade
das esferas, eles falhavam na proposição da interação entre as esferas. Para isso, Kuiper propõe
a relação de alternância entre autoridade e subordinação. Isso significa que em dados momentos
uma sociedade que visa o bem comum saberá ouvir determinada autoridade de determinada
esfera que não é a sua, sendo subordinado, mas em outro momento a autoridade de sua esfera
será exercida. Kuiper afirma que é necessário haver uma moralidade complexa para que haja
uma sociedade bem conectada. Ela busca equilíbrio entre as diferentes esferas e interesses por
exigir atenção à contribuição legítima de todos e uma necessária “realização simultânea de
normas”. Essa sociedade, no entanto, só é possível quando ela apoia na promessa de
preocupação e fidelidade comunitária, pois todas as práticas são direcionadas a essa promessa.
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Epílogo