Mercado de Capitais

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ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO

DA BOLSA DE VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CONTABILIDADE E FISCALIDADE

MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE


VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Orientador: Prof. Doutor Paulo Alves

UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS

Unidade Orgânica (Escola de Ciências Económicas e das Organizações)

Lisboa

2016

UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS - ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E DAS ORGANIZAÇÕES 1


ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO
DA BOLSA DE VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO

MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE


VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Dissertação defendida em prova pública na Universidade


Lusófona de Humanidades e Tecnologias no dia 17 de
junho de 2016, perante o júri, nomeado por despacho
nº240/2016, de 6 de Maio de 2016 com a seguinte
composição:

Presidente: Professora Doutora Inna Choban de Sousa


Paiva
Arguente: Professor Doutor António Augusto Costa
Orientador: Professor Doutor Paulo Alves

UNIVERSIDADE
LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS

Escola de Ciências Económicas e das Organizações

Lisboa

2016

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“Tudo é considerado impossível, até que alguém o realize!”

Nelson Mandela

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais: Pinto Júlio e Conceição António Peliganga.


Dedico-vos este trabalho com muito amor e carinho.

Obrigado.

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AGRADECIMENTOS

A realização da presente dissertação de mestrado só se tornou possível graças ao contributo de


um conjunto de pessoas, às quais manifesto os meus sinceros agradecimentos por todo apoio e
ajuda que me forneceram.

Desta forma, manifesto os meus agradecimentos: A Jeová Deus pela benignidade imerecida de
conceder-me a vida, saúde e sabedoria, ao meu orientador Professor Doutor Paulo Alves, pelos
conhecimentos transmitidos, pela paciência e disponibilidade.

Ao meu irmão, Fausto Júlio.

À minha querida e dedicada noiva, Francisca K. Tungumuna.

Ao meu grande amigo, Celso Machado.

À Cleimita Sousa.

Por fim, a minha eterna e especial gratidão a minha mãe, Conceição António Peliganga,
restantes familiares e amigos, que sempre estiveram presentes, manifestando a sua dedicação,
incentivo e apoio incondicionais.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar o Mercado de Capitais em


Angola. Pretende-se especificamente: (1) avaliar a atuação Bolsa da Dívida e Valores de
Angola (BODIVA), de que forma permitirá que os investidores rentabilizem os seus ativos
financeiros (2); estudar o comportamento dos mercados de capitais da África do Sul e da
Nigéria, de forma a obtermos ilações que poderão ser úteis no fortalecimento do mercado
de capitais angolano; (3) medir o acesso e uso dos serviços financeiros por parte das
famílias.

Foram utilizadas várias metodologias, como a pesquisa descritiva, bibliográfica,


exploratória e de campo. Do estudo efectuado, concluiu-se que os investidores particulares
receiam participar no mercado de capitais, concretamente na bolsa de valores pelas
seguintes razões: 1) falta de confiança na transparência das instituições; 2) pouca cultura
financeira e 3) insuficiência de rendimentos.

O mercado de capitais trará benefícios a todos os intervenientes (Estado, Empresas,


Instituições Financeiras e Investidores). Para que tal aconteça é necessário investir na
educação financeira, criar leis que protejam a todos e seguir o exemplo das maiores
economias africanas.

Palavras-chave: Sistema Financeiro, Mercado de Capitais, Bolsa de valores, Poupança,


Crescimento Económico

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ABSTRACT

This study aims to analyze the Capital Markets in the present study is meant to examine the
Capital Market in Angola. It is intended specifically: (1) evaluate the performance of the
Exchange and Debt Securities Angola (BODIVA), how will allow investors to leverage their
financial assets (2); study the behavior of the South African capital markets and Nigeria, in
order to obtain conclusions that may be useful in strengthening the Angolan capital
markets; (3) measuring access to and use of financial services by households.

Various methods, such as descriptive, bibliographic, exploratory and field were used. Of the
examination, it was concluded that private investors are afraid to participate in the capital
market, particularly the stock market for the following reasons: 1) lack of confidence in the
transparency of the institutions; 2) little financial culture and 3) income poverty.

The capital market will benefit all stakeholders (State Enterprises, Financial Institutions and
Investors). For this to happen it is necessary to invest in financial education, create laws
that protect all and follow the example of the largest African economies.

Keywords: Financial System, Capital Market, Stock Exchange, Savings, Economic Growth

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ABREVIATURAS

ADB- Angola Doing Business


AEO- Angolan Economics Outlook
ANIP- Agência Nacional para o Investimento Privado
AOA- Kwanza Angolano
ASF- Acesso aos Serviços Financeiros
BAI - Banco Africano de Investimentos
BCA - Banco Comercial de Angola
BCI - Banco de Comércio e Industria
BDA - Banco de Desenvolvimento de Angola
BESA - Banco Espirito Santo Angola (atual Banco Económico)
BFA - Banco de Fomento de Angola
BFE – Banco de Fomento Exterior
BMA - Banco Millennium Angola
BNA - Banco Nacional de Angola
BODIVA - Bolsa de Dívida e Valores de Angola
BPA - Banco Privado Atlântico
BPC - Banco de Poupança e Crédito
BPI- Banco Português de Investimento
BTA - Banco Totta Angola
BVDA - Bolsa de Valores e Derivados de Angola
CDBs- Certificado de Depósitos Bancários
CEVAMA - Central de Valores Mobiliários de Angola
CMC - Comissão de Mercados de Capitais
ENSA - Empresa Nacional de Seguros de Angola
FMI – Fundo Monetário Internacional
IAC – Imposto sobre a Aplicação de Capitais
IDE – Investimento Direto Estrangeiro
IDH- índice de Desenvolvimento Humano
INFE- Internacional Network Financial Education
IPU – Imposto Predial Urbano
IRT – Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho
JSE- Johannesburg Stock Exchange
LIF- Lei das Instituições Financeiras
LVM- Lei dos Valores Mobiliários

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OCDE- Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico


PIB- Produto Interno Bruto
S.A – Sociedade Anónima
SARB- South African Reserve Bank
SPSS- Statistical Package for the Social Sciences
UNITEL - Operadora Telecomunicações Moveis

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CONTEÚDO
RESUMO ............................................................................................................................................. 6
ABSTRACT ......................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 14
CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 17
1.1 Crescimento, Desenvolvimento Financeiro e Económico ................................................... 17
1.1.1 Crescimento e Desenvolvimento ................................................................................. 17
1.1.2 Desenvolvimento Financeiro e Crescimento Económico ......................................... 19
1.2 Sistema Financeiro ................................................................................................................ 22
1.2.1 Mercado Financeiro........................................................................................................ 23
1.2.2 Mercado de Capitais ...................................................................................................... 25
1.2.3 Bolsa de Valores............................................................................................................. 27
CAPÍTULO II – SISTEMA FINANCEIRO DE ALGUNS PAÍSES AFRICANOS ...................... 28
2.1 Enquadramento socioeconómico ........................................................................................ 28
2.1.1 Enquadramento socioeconómico de Angola.................................................................. 31
2.2 Sistema financeiro angolano ................................................................................................ 32
2.2.1 Evolução do sistema financeiro angolano .................................................................. 32
2.2.2 Principais indicadores financeiros, macroeconómicos e caraterização bancária 33
2.2.3 Comparação dos mercados financeiros nigeriano e sul-africano ........................... 45
CAPÍTULO III – MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA ......................................................... 51
3.1 Funcionamento do Mercado de Capitais ....................................................................... 51
3.1.1 Comissão de Mercado de Capitais .............................................................................. 51
3.1.1.1Evolução ........................................................................................................................ 51
3.1.1.2 Atribuições .................................................................................................................... 51
3.1.1.4 Organismos supervisionados .................................................................................... 53
3.1.1.5 Principais Instrumentos Negociados nos Mercados de Capitais ......................... 54
3.2 Mercado da Bolsa de Valores ........................................................................................ 55
3.2.1 Bolsa de Valores e Dívida de Angola .......................................................................... 55
3.2.2 Funcionamento da BODIVA: Regulamentos/Requisitos para Entrada na Bolsa . 55
3.2.3 Competências ................................................................................................................. 56
3.2.4 Requisito para entrada na bolsa .................................................................................. 56
3.2.3 Fatores Condicionantes do desenvolvimento da Bolsa de Valores e Dívida de
Angola ........................................................................................................................................ 58
3.2.4 Vantagens da Bolsa de Valores e Dívida de Angola .......................................... 60

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3.2.4.1 Empresas ............................................................................................................... 60


3.2.4.2 Famílias .................................................................................................................. 60
CAPITULO IV - ESTUDO EMPÍRICO: TRATAMENTO DOS DADOS E RESULTADOS ..... 63
4.1 Metodologia ............................................................................................................................ 63
4.2 Caraterização da amostra .................................................................................................... 63
4.3 Análise descritiva dos resultados do inquérito .................................................................. 64
4.3.1 Caraterização dos Inquiridos ........................................................................................ 64
4.3.1.1 Orçamento, planeamento de despesas e poupança ............................................. 67
4.3.2 Recomendações ................................................................................................................. 69
4.3.2.1 Métodos de educação e consciencialização financeira ........................................ 69
4.3.2.2 Recomendações sobre o desenvolvimento do sistema financeiro e mercado de
capitais ....................................................................................................................................... 71
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 75
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 77
APÊNDICES E ANEXOS ............................................................................................................................ i

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxo de IDE para África....................................................................................32

Figura 2 – Evolução do PIB real (%)…………………………………………………..............36

Figura 3 – Evolução da estrutura do PIB angolano………………………………….............36

Figura 4 – Nº de balcões………………………………………………………………..............40

Figura 5 - Evolução do crédito………………………………………………………................40

Figura 6 – Crédito por setor de atividade………………………………………….….............41

Figura 7 – Capitalização bolsista em % do PIB Sul-africano…………………..…...............48

Figura 8 – Capitalização bolsista em % do PIB nigeriano……………………..…...............50

Figura 9 – Transparência nas empresas…………………………………………........….......51

Figura 10 – Facilidade de acesso ao crédito………………………………………................51

Figura 11 – Classificação dos inquiridos por critérios de estratificação……….......…........66

Figura 11.1 – Faixa etária………………………………………………………….......….........66

Figura 11.2 – Género……………………………………………………………......……..........66

Figura 11.3 – Situação laboral………………………………………………......………….......66

Figura 11.4 – Nível de escolaridade…………………………………………......……….........67

Figura 11.5 – Localização geográfica………………………………………….....……….......67

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1- Classificação dos níveis de IDH baixo, médio e elevado por país ............... 31

Tabela 2 – Indicadores do sistema financeiro .............................................................. 35

Tabela 3 – Indicadores do sistema financeiro .............................................................. 37

Tabela 4 – Indicadores de robustez do sistema financeiro .......................................... 38

Tabela 5 – Principais indicadores económicos/ financeiros ......................................... 39

Tabela 6 – Indicadores Macroeconómicos ................................................................... 42

Tabela 7 – Indicadores económicos/financeiros ........................................................... 42

Tabela 8 – Indicadores de robustez do sistema financeiro ........................................... 43

Tabela 9 – Poder comercial .......................................................................................... 43

Tabela 10 – Poder negocial .......................................................................................... 44

Tabela 11 – Impostos ................................................................................................... 44

Tabela 12 – Obrigações do tesouro.............................................................................. 45

Tabela 13 – Bilhetes do tesouro ................................................................................... 46

Tabela 14 – Indicadores do sistema financeiro sul-africano ......................................... 47

Tabela 15 – Indicadores de robustez do sistema financeiro ......................................... 46

Tabela 16 – Indicadores económicos/financeiros ......................................................... 49

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INTRODUÇÃO

Tendo como objetivo a dinamização do sistema financeiro angolano, o Governo tem


adotado uma série de medidas legislativas de forma a tornar o mercado financeiro
angolano mais competitivo, uma vez que os mercados de capitais são um fator importante
na criação de riqueza.

A abertura da bolsa de valores através do mercado de capitais permitirá o


desenvolvimento socioeconómico do país, na medida em que faculta aos agentes
económicos meios de financiamento e proteção de risco que os bancos não financiam
devido à sua dimensão e risco.

A bolsa de valores constitui um centro de liquidez, sendo uma peça fundamental para a
viabilização do mercado primário de títulos. Não havendo mecanismos de negociação que
permitam uma maior transparência no mercado, a tarefa da sua implementação fica
diminuída nos seus objetivos. Sendo assim, a celebração do negócio em bolsa, a análise
das ordens e a relação entre o investidor e o intermediário devem ser objeto de tratamento
específico.
A abertura da bolsa constitui uma nova porta de acesso à capitalização e financiamento
das empresas, principalmente nacionais, representa uma alternativa ao financiamento
bancário e viabiliza a dispersão do capital social das sociedades abertas. Uma Bolsa de
valor sólida contribui para o fortalecimento da económia, desta forma podemos definir a
importância de um mercado de capitais na economia de um pais.

Os pontos acima referidos, tornam este tema interessante pelos benefícios que a
criação da bolsa trará ao país e ao continente africano, visto que se prevê que a bolsa de
Angola será umas das maiores de África.

O presente estudo procura analisar e descobrir as possibilidades e perspetivas que o


funcionamento fluido do mercado de capitais trará para o país. Este trabalho encontra-se
dividido em quatro capítulos.

No capítulo I é feita a revisão de literatura que tem como objetivo dar a conhecer o
atual estado da arte sobre o tema pelo que é caracterizado e explicitado o mercado
financeiro, mercado de capitais, bolsa de valores e analisado de que forma podem
contribuir para o crescimento e consequente desenvolvimento económico e financeiro.

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O capítulo II inicia com o enquadramento socioeconómico do continente africano e


particularmente angolano, seguindo-se a caracterização do sector financeiro angolano e a
comparação com os mercados financeiros nigeriano e sul-africano.

Seguidamente, o Capítulo III aborda o mercado de capitais em Angola, é feito um


enquadramento teórico, descrevendo o funcionamento, evolução, atribuições, os tipos de
mercados e produtos financeiros transacionados. De seguida é analisada a bolsa de
valores angolana, o funcionamento, requisitos, competências, fatores condicionantes ao
seu desenvolvimento e são explicitadas as vantagens do mercado de capitais, através da
bolsa de valores para as famílias e empresas.

No Capítulo IV é feito um estudo empírico, por meio de um questionário com vista a


analisar o grau de literacia financeira em Angola. O estudo termina com a conclusão onde
são apresentadas as dificuldades, vantagens, benefícios que a bolsa trará aos investidores
particulares e a economia como um todo, bem como as limitações e sugestões para
investigações futuras.

Tendo em contas os pontos que se pretende abordar, as perguntas que se colocam


são: estarão as famílias (investidores particulares) dispostas a investirem nas
empresas participantes no mercado de capitais, através da bolsa de valores? Caso
invistam no mercado de capitais que benefícios obterão as famílias e empresas?

OBJECTIVO GERAL

Analisar o Mercado de Capitais em Angola.

ESPECÍFICOS

(1) Avaliar de que forma a atuação Bolsa da Dívida e Valores de Angola (BODIVA)
permitirá que os investidores rentabilizem os seus ativos financeiros;

(2) Estudar o comportamento dos mercados de capitais da África do Sul e da Nigéria,


de forma a obtermos ilações que poderão ser úteis no fortalecimento do mercado de
capitais angolano.

(3) Medir o acesso e uso dos serviços financeiros por parte das famílias.

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METODOLOGIA DE PESQUISA

Para o presente estudo foram utilizados vários métodos complementares entre si, tais
como a pesquisa descritiva que consistiu na análise de uma parte da população (amostra)
por meio de um questionário com vista à obtenção de resultados, pesquisa bibliográfica
(Universidade Lusófona, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa,
Biblioteca Nacional de Portugal), abrangeu a leitura, análise e interpretação de livros que
serviram de base aos conteúdos téoricos.

A pesquisa de campo (Comissão do Mercado de Capitais, Bolsa de Dívida e Valores de


Angola, Instituto Nacional de Estatística de Angola e entrevista aos moradores da cidade
de Luanda), envolveu a recolha, análise e interpretação dos dados com vista ao estudo
qualitativo e quantitativo.

Recorreu-se a outras fontes como revistas e jornais, completou-se com a pesquisa


exploratória que permitiu um maior aprofundamento das ideias.

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CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, começaremos por explanar e diferenciar os conceitos de crescimento


económico, poupança, investimento, desenvolvimento financeiro e económico.
Considerando o nosso objeto de estudo, resolveremos conceitualizar e caraterizar,
igualmente, sistema financeiro, mercado financeiro, mercado de capitais e bolsa de
valores, pela sua relevância no processo de maturação do mercado de capitais e,
consequentemente, no impacto que a criação da bolsa de valores terá na economia.

1.1 Crescimento, Desenvolvimento Financeiro e Económico


1.1.1 Crescimento e Desenvolvimento

De acordo com Andrezo & Lima (2007), tende-se a considerar erroneamente,


crescimento e desenvolvimento económico como sinónimos, pelo que sublinham que são
dois conceitos diferentes, porém, interdependentes. Schumpeter (1997) foi o primeiro
economista a assinalar que o desenvolvimento económico envolve transformações
estruturais do sistema económico que o crescimento do rendimento per capita não garante.
O autor na sua distinção entre estes dois conceitos aproveitou para salientar a falta de
lucro económico no fluxo circular onde no máximo aconteceria o crescimento, e para
mostrar a relevância da inovação no processo de desenvolvimento económico.

Celso Furtado (2004) afirmou rispidamente que a diferença dos conceitos estava no
facto do crescimento económico não passar da preservação de privilégios das elites que
satisfazem a sua avidez pela modernização e o desenvolvimento corresponder a um
projeto de cunho social implícito. De acordo com Feldman (2014) é importante saber a
diferença entre desenvolvimento económico e crescimento económico, sendo que
crescimento económico em termos conceptuais retrata a economia como uma máquina
que transforma inputs (fatores produtivos) em outputs sendo que o crescimento dá-se
quando os outputs vão aumentado através de tecnologia ou inovação.

Nesse sentido pode-se afirmar que o crescimento económico representa a expansão


do PIB potencial ou produto nacional, isto é, o valor de todos os produtos e serviços finais
produzidos dentro das fronteiras geográficas do país, num determinado ano (Samuelson &
Nordhaus, 2005). Na ótica da Teoria de Rostow (1960), o desenvolvimento económico
consiste no aumento constante do rendimento, dependente do aumento da produtividade e
das transformações estruturais a nível de produção do país, sendo que alcança-se o

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desenvolvimento económico das sociedades em cinco fases1. Tal como (Robbins, 1968)
reforça ao considerar na perspetiva dos sistemas económicos então pode-se entender o
crescimento económico como sinónimo de aumento – em termos absolutos- de capital ou
da capacidade de produtiva de uma população.

Assim, verifica-se que são interdependentes na medida em que para haver


desenvolvimento económico (qualitativo) é, intrinsecamente, necessário que haja o
crescimento económico (quantitativo). Importa salientar que existem várias linhas de
pensamentos que definem desenvolvimento económico, porém, optámos por nos debruçar
na definição onde haja crescimento económico contínuo (aumento do PIB) desencadeando
mudanças estruturais qualitativas e melhorias nos indicadores económicos (aumento da
rendimento).

Não obstante ao distinguir-se o crescimento e desenvolvimento económico, há que


destacar duas variáveis importantes a poupança e o investimento. Segundo Samuelson &
Nordhaus (2005) poupança é definida como a parte do rendimento que não é consumido
no presente, mas sim, colocado de parte para um consumo futuro e incerto. Por outro lado,
o uso dos recursos, anteriormente, poupados, quer sejam próprios quer sejam de terceiros
para ampliar a capacidade produtiva, representa um ato de investimento.Pode-se constatar
a grande relevância das duas variáveis na taxa de crescimento económico 2, sobretudo
pelo facto de que quanto mais as pessoas estiverem dispostas e puderem poupar e
colocar para investimento maior será o fluxo disponível para consumo ou para novos
investimentos (uso produtivo).

Conquanto Soubbotina (2004), sublinha que é fundamental decifrar o termo


“desenvolvimento” e compreender o que significa num sentido mais amplo. O autor critica o
facto de que, normalmente, usa-se o conceito de desenvolvimento para comparar em
termos económicos as diferentes nações e distinguir entre elas quais apresentam maior
índice de riqueza de acordo com a quantidade de recursos que um país possa ter, sendo

1A primeira fase corresponde á sociedade tradicional em que a estrutura se alastra dentro de funções de
produção limitadas. Na segunda fase são criadas as pré-condições para o arranque (take-off), permitindo a
mudança de uma estrutura tradicional para uma nova e moderna estrutura de produção impulsionada pelo
avanço tecnológico. Na terceira fase após o take-off o desenvolvimento económico torna-se numa situação
normal onde são difundidas novas técnicas agrícolas ou industriais. Na quarta fase caminha-se para a
consolidação da economia ocorrendo, aproximadamente, seis decénios após o arranque, pelo que verifica-se
uma capacidade de expansão para além das indústrias em que as aptidões são aprimoradas, de maneira a que
se possa produzir quaisquer bens. Na quinta fase entra-se por fim na era do consumo em massa que é
alcançável quando se verifica o aumento do rendimento real por pessoa, de modo que as necessidades
básicas de consumo são ultrapassadas.
2 Para mais informações consultar Joseph A.Schumpeter (1911), John M. Keynes (1937) e Michal Kalecki
(1943)

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que esta riqueza é avaliada com base em alguns indicadores de desenvolvimento. No


entanto, acautela o facto de nem sempre os indicadores refletirem a realidade, visto que
nem sempre têm em consideração a alocação dos recursos que cada país tem, assim
como as suas prioridades de desenvolvimento e respetivas políticas. Não obstante,
considera que o desenvolvimento diz respeito ao desenvolvimento humano, isto é, todos
os aspetos que contribuem para um bem-estar individual desde a vertente da saúde à
economia e liberdade política por exemplo – assim o crescimento económico acaba por ser
um meio que permite atenuar e resolver alguns problemas sociais3, mas não é suficiente
para o alcance do desenvolvimento humano.

1.1.2 Desenvolvimento Financeiro e Crescimento Económico

O desenvolvimento do mercado financeiro pode ser extremamente relevante para o


crescimento económico na medida em que, através do mercado financeiro, vai possibilitar
a canalização dos recursos poupados para investimentos, culminando no aumento da
capacidade produtiva (Andrezo & Lima, 2007).

Para analisar o desenvolvimento financeiro existem dois conceitos fundamentais,


nomeadamente, deepening4 (aprofundamento) e broadening5 (alargamento). O deepening
consiste no aumento dos ativos financeiros em percentagem do PIB, enquanto o
broadening refere-se ao aumento do número e da variedade de participantes e
instrumentos do mercado financeiro.

Ao examinar a relação causal entre o desenvolvimento financeiro e o crescimento


económico, sublinha-se que nem sempre foi consensual a nível académico. Embora hoje
haja uma aceitação quase generalizada no âmbito académico em que os estudos com
recurso a diversas variáveis, detetam uma correlação positiva entre desenvolvimento
financeiro e crescimento económico, ainda há quem não concorde com esta premissa.

Na ótica de Peter Rousseau (2002) a literatura sobre o crescimento económico


subestimou o papel das finanças na fase embrionária do desenvolvimento económico,
enquanto mobilizador de recursos. No seu estudo analisou a Holanda, Inglaterra, Estados
Unidos da América e o Japão pelo que concluiu que a emergência de instrumentos,

3 Soubbotina (2004), indica que por vezes esse crescimento económico em alguns casos resulta em ou a partir
de desigualdades, alto desemprego, fracos processos democráticos, perda da identidade cultura e acima de
tudo uso abusivo dos recursos naturais.
4Tem a ver com um aumento da quantidade de depósitos, empréstimos, operações no mercado de capitais,

operações de seguros, entre outros.


5 Relacionado com o número de bancos, seguradoras, investidores, produtos e agentes deficitários.

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instituições e mercados financeiros foi crucial para a promoção do comércio e da


industrialização nesses países. Todavia, salientou na Holanda, Inglaterra e Estados Unidos
da América, o facto dos setores financeiros terem emergido antes do período industrial
permitiu o desenvolvimento financeiro através da mobilização dos recursos financeiros que
materializaram os projetos pré-industrial através do financiamento concedido às empresas.
Nas fases posteriores à Revolução Industrial, a Inglaterra e os Estados Unidos da América
estimularam o desenvolvimento financeiro afetando eficientemente os recursos e
expandido o depósito bancário de maneira a promover o crescimento económico.

Michael Thiel (2001), considerou que a literatura económica é menos consensual sobre
como e em que medida o financiamento afeta o crescimento económico, porém, entre
várias conclusões, as evidências sugeriram que o financiamento é importante para o
crescimento nos estágios iniciais da evolução económica. No entanto, no que diz respeito
às economias industriais, a evidência é menos conclusiva a nível agregado, dado que se
verifica uma tímida evidência dos mercados de ações como sendo mais forte do que as
variáveis da atividade bancária. Mas o autor adverte que a falsa ideia de que os sistemas
baseados no mercado são constantemente superiores aos sistemas financeiros baseados
em bancos, realçando o facto do grau de desenvolvimento e estrutura do sector financeiro
dependerem fortemente de questões jurídicas que regem a proteção dos investidores e
transparência.

Ross Levine (2010), perentoriamente considerou que a falha sistémica da regulação


financeira contribuiu para a crise financeira global, daí que a solução consiste no reforço da
governação da regulação financeira, ou seja, na criação de um sistema de regulação que
se adapta a uma economia dinâmica e inovadora que incentive os financiadores a fornecer
os serviços financeiros necessários para sustentar o crescimento económico. Thorsten
Beck (2012), criticou também o facto de muitos estudos se focarem na dimensão do setor
financeiro, ao invés da sua função como intermediador que pode estimular o crescimento
económico a curto prazo, em detrimento da alta volatilidade. A sugestão do autor passa
por reforçar o incentivo no sentido da intermediação para dar maior robustez ao sistema
financeiro tornando-o mais seguro, culminando no aumento dos benefícios que o avolumar
dos financiamentos pode acarretar para a economia real. Para si, o deepening financeiro
não se traduz num objetivo per si, mas numa ferramenta para o crescimento económico.

Pagano (1993), considerou que o desenvolvimento financeiro pode afetar o


crescimento económico, quando há a canalização da poupança para as empresas,
permitindo uma melhoria na afetação do capital, influenciando também a taxa de

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

poupança. Nessa mesma linha de pensamento, Fry (1980) advogou que reprimir o
mercado financeiro tende a impactar de forma negativa o crescimento económico. Em
género de reforço das ideias desses autores, Berthelemy e Varoudakis (1995),
sublinharam que um desenvolvimento financeiro desajustado pode inibir o crescimento
económico.

Não obstante, Levine e Renelt (1992), revelam que a percentagem de investimentos


em ações em relação ao PIB é uma variável a ter em conta, dado que está,
intrinsecamente, relacionada ao crescimento económico. Porém, Fry (1993), adverte que
taxas de juros elevadas afetam negativamente o crescimento económico, uma vez que
reduzem as possibilidades de investimentos.

Pelo facto de grande parte dos estudos serem cross-country, Arestis e Demetriades
(1997), salientaram as deficiências dessa metodologia, uma vez que consideram que esse
género de estudos não atendem às especificidades de cada país, nomeadamente, a nível
da estrutura institucional do sistema financeiro, das políticas de cada sistema político e da
governabilidade. Deste modo, ambos concluíram que a relação causal entre o
desenvolvimento financeiro e o crescimento económico varia de país para país.

Não são todos os autores que consideram a existência de uma relação positiva entre
desenvolvimento financeiro e crescimento económico. Ho (2002) avaliou o papel dos
intermediários financeiros enquanto estimuladores do crescimento económico e o seu
estudo revelou uma fraca evidência na contribuição do setor financeiro para o crescimento
económico, sobretudo, pelo facto da poupança arrecadada ter sido destinada para setores
não produtivos da economia.

Todavia, Hassan et al. (2011), estudaram essa relação baseando-se nas diversas
regiões do globo e no rendimento dos países, pelo que as evidências demonstraram que
há uma relação causal positiva nos dois sentidos em quase todas as regiões, excetuando
os países africanos e do leste da Ásia e Pacífico, onde há causalidade num sentido, do
crescimento económico para o desenvolvimento financeiro, justificado pelo PIB per capita
baixo e a fraca robustez do sistema financeiro. Assim sendo, recomendam que,
particularmente, a região da África Subsaariana deverá aumentar o nível de abertura ao
exterior de forma a estimular o crescimento económico que será alcançável com um
aumento da poupança interna.

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Dai que, Odhiambo (2008) testou a relação causal tridimensional dinâmica entre
profundidade financeira e crescimento económico, usando a poupança como uma variável
intermitente e concluiu que o crescimento económico provocou o aumento da poupança
que por sua vez conduziu ao desenvolvimento do setor financeiro no Quénia. E não o
contrário. Noutro estudo, Odhiambo (2010), resolveu averiguar a relação causal
tridimensional, desta vez utilizado o investimento como variável intermitente pelo que
concluiu que o crescimento económico impulsionou o investimento que causou o
desenvolvimento financeiro na África do sul. Nesse sentido, o autor resolveu recomendar
um aumento de políticas promotoras ao crescimento económico enquanto medidas que
reforçarão o investimento e o desenvolvimento financeiro.

Neste contexto, Rufael (2009) reverificou a relação causal entre desenvolvimento


financeiro e crescimento económico no Quénia para o período de 1966-2005 e constatou
que o desenvolvimento financeiro possibilitou o crescimento económico, destacando
também a importância do melhoramento das políticas de desenvolvimento do setor
financeiro enquanto forma de instigação do crescimento económico.

1.2 Sistema Financeiro


A palavra sistema é de origem grega e provém de synistavai, que traduzindo significa
reunir. Vários autores falaram sobre o tema, segundo Pinheiro (2012), o sistema financeiro
corresponde ao conjunto de instituições, instrumentos e mercados organizados, que tem
como objetivo transferir a poupança dos agentes que têm em excesso para os agentes que
necessitam, para que possam investir. De acordo com o autor, o sistema financeiro tem as
seguintes funções:

 Fomentar a poupança;
 Transformar a poupança em créditos;
 Dirigir os créditos às atividades produtivas;
 Gerir as aplicações e estabelecer um mercado para elas.

Outros autores definiram o sistema financeiro como:

“Uma série de mercados para instrumentos financeiros, e os indivíduos e


instituições que negociam nestes mercados” (Howells e Bain, 2007, p.3)

“Instituições e mercados voltados para a viabilização de transações com


promessas de pagamento a ser realizado no futuro, feitas por agentes, que se
tornam assim devedores; e aceitas por outros agentes, como direitos a serem

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

exercidos na mesma data, tornando-se com isto credores dos primeiros.”(Cardim et


al, 2012, p.212).

Segundo Leão & Lagoa (2012), uma das principais funções do sistema financeiro é
assegurar o financiamento da economia. Uma vez que os agentes económicos, precisam
de fundos para financiar as suas atividades, as empresas necessitam de meios para a
aquisição de capital fixo, pagamento de salários, compra de mercadorias entre outros, os
organismos públicos precisam de fundos para a satisfação das necessidades coletivas,
como a construção de infraestruturas públicas e o pagamento dos ordenados dos
funcionários públicos. As famílias necessitam de recursos para a realização das suas
necessidades, como a aquisição de habitação, viatura, educação entre outras. É
necessário que a economia seja regulada para um melhor funcionamento e satisfação dos
agentes económicos, que pode ser feita através do sistema financeiro.

Para os autores Leão & Lagoa (2012), o sistema financeiro corresponde “ ao conjunto
de instituições, instrumentos e mercados que asseguram duas grandes funções na
economia – a canalização de fundos para os agentes económicos que deles necessitam e
a cobertura parcial dos riscos a que os agentes económicos estão expostos.” Sendo que a
canalização de fundos está relacionada com o crédito bancário, as ações e obrigações. E a
cobertura de riscos, relaciona-se com os seguros e produtos financeiros derivados, como
os futuros, opções entre outros. Os bancos, fundos de investimentos, fundos de pensões,
companhias de seguros, bolsas e corretores são instituições financeiras. Ao passo que as
ações, obrigações, entre outros são instrumentos financeiros.

A necessidade de existência do sistema financeiro justifica-se pelo facto de alguns


agentes económicos ganharem mais do que gastam e outros que gastam mais do que
ganham, o que gera um deficit ou necessidade de contrair empréstimos para fazer face às
necessidades. Surge dai a importância da existência de um mercado organizado, onde por
meio de intermediários os agentes consigam entrar em contato. Os mercados organizados
têm a vantagem de permitir a maximização de tempo e a transparência.

1.2.1 Mercado Financeiro


“Mercados Financeiros – procura e oferta total de operação com vista à afetação
eficiente de capital financeiro entre as várias alternativas de uso físico na economia, ou
seja, a criação e transparência de activos e passivos financeiros.” (Tomé,1999, p. 6)

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Tendo em conta que na economia existem os agentes superavitários (que têm dinheiro
em excesso) e agentes deficitários (que necessitam de dinheiro), torna-se crucial que a
economia crie elos de ligação entre ambos. Esta ligação é estabelecida por meio dos
mercados financeiros (também denominado mercado do dinheiro) que segundo Andrezo &
Lima (2007) correspondem ao conjunto de instituições e instrumentos que oferecem
alternativas de aplicação e captação de recursos financeiros, com vista a criação de
liquidez e gestão de riscos. O mercado financeiro de acordo com os autores encontra-se
dividido em quatro mercados específicos 6 : Mercado monetário, mercado de crédito,
mercado de derivados e mercados de capitais.

De acordo com Tomé (1999), a economia divide-se em dois mercados, mercado de


bens e serviços (analisa a produção e prestação de serviços de uma economia num
determinado período com vista a formação de preços) e mercado de fatores (capital e
trabalho), que representa uma parte do mercado financeiro. Neste mercado é apurado o
custo do capital.

O autor entende que, o mercado financeiro é aquele em que os vendedores e


compradores negoceiam os ativos financeiros.

Sendo que este mercado divide-se de acordo com alguns critérios, a saber:

 Maturidade dos ativos que nele são negociados;


 Natureza dos direitos que conferem;
 Posição no mercado – emissão e /ou negociação.

Relativamente à maturidade, o mercado financeiro divide-se em mercado monetário


(onde são transacionados os ativos de curto prazo) e mercado de capitais, onde são
realizadas operações de médio e longo prazo.

Quanto à natureza, o mercado divide-se em mercado de crédito (compreende os


rendimentos fixos, instrumentos de dívida e de crédito) e mercado acionário, que
compreende os títulos representativos de capital.

6Mercado Monetário: composto por operações com espaço de tempo bastante curto, que tem como finalidade
atender as necessidades imediatas de liquidez, abrangendo basicamente os títulos públicos.

Mercado de Crédito: é caracterizado pelas operações de curto, médio prazo e aleatório, com vista à satisfação
das necessidades de financiamento , empréstimos por parte das famílias e empresas.

Mercado de Derivados: é composto por um conjunto de operações em que os valores são consequência do
desempenho de outros ativos, ou seja tem como objectivo a negociação da transferência dos riscos. Podem
por exemplo estar associados a um determinado bem como mercadorias ou acções, índices ou ativos
financeiros como o dólar americano.

Mercado de Capitais: é caracterizado pelas operações de médio, longo ou indeterminado prazo, com vista ao
financiamento em capital fixo.

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Acerca da posição, é no mercado primário que são emitidos os títulos, para


posteriormente serem comercializados no mercado secundário.

Funções dos Mercados Financeiros

Para o autor supracitado,Tome (1999), os mercados financeiros têm cinco funções, a


saber:

 Estabelecimento de interação entre os agentes económicos, ou seja


compradores e vendedores, o que irá determinar o preço e o
rendimento de um determinado ativo;
 Criação de mecanismos de pagamento que possibilitem a liquidez
dos títulos;
 Diminuição dos custos de contratação, pesquisa e transação;
 Criação de condições para que os ativos atinjam a maturidade;
 Redução do risco por meio da diversificação.

A participação dos agentes económicos no mercado financeiro, depende da sua


motivação, para que tal aconteça é necessário que todas as condições estejam criadas.

1.2.2 Mercado de Capitais


Embora não se consiga precisar com exatidão, sabe-se que o mercado de capitais
surgiu no século XIX, como consequência da revolução financeira que tinha como cerne a
concentração bancária e a criação de um mercado monetário. Segundo Verdier (2001) os
bancos não tinham a capacidade de financiar a indústria do aço, máquinas elétricas,
produtos químicos e comunicações, através de empréstimos uma vez que a conceção dos
mesmos iria afetar o levantamento de depósitos. Dando assim origem ao surgimento do
mercado de capitais, que na visão de Pinheiro (2012) são uma alternativa ao mercado de
créditos, porque garantem o acesso aos recursos financeiros em condições adequadas em
termos de prazos, custos e exigibilidades. O autor definiu mercado de capitais como sendo
o conjunto de instituições e de instrumentos que negoceiam com títulos e valores
mobiliários, com a finalidade de permitir a transferência de recursos dos agentes
compradores para os vendedores. Este mercado encontra-se dividido em mercado
primário e secundário.

No mercado primário são criados os títulos com vista à capitalização das empresas, no
mercado secundário são negociados os títulos emitidos no mercado primário, o que
proporciona liquidez aos títulos. A diferença entre os dois mercados cinge-se ao facto de
que no mercado primário as empresas procuram obter recursos para os seus negócios e

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

no mercado secundário acontecem as transações de ações entre os compradores e


vendedores sem que ocorra alterações financeiras na empresa. Ou seja, após ter passado
algum tempo da compra de ações no mercado primário, o investidor almejará converter as
aplicações realizadas novamente em dinheiro através da venda das mesmas, a realização
da venda será então denominada como operação secundária.

De acordo com Mota & Tomé (1991), o mercado de capitais é um subsegmento do


mercado financeiro que tem como instrumentos de trabalho títulos de médio e longo prazo,
como ações, obrigações, títulos do tesouro entre outros. Encontrando-se subdividido em
dois componentes: o mercado primário e o secundário.

No mercado primário são emitidos os ativos financeiros por meio de emissão pública e
privada, o que possibilita a abertura do capital das empresas ao público, assim como
permite que haja um equilíbrio entre a oferta e a procura.

Após a emissão e subscrição dos novos títulos, os mesmos são colocados no mercado
através de duas formas:

Subscrição privada ou particular: compreende os títulos destinados a serem comprados


por alguns investidores institucionais (singulares ou coletivos) previamente definidos.

Subscrição pública: por meio dela é feita a venda de títulos públicos, sem que os
investidores estejam previamente definidos.

De acordo com os autores, o mercado secundário será aquele em que se transacionam


os ativos financeiros (as bolsas de valores, ou fora das bolsas os balcões bancários e
corretores) com vista ao garante da liquidez dos valores mobiliários.

Para Coelho & Oliveira (2015), no mercado de capitais as operações são de médio e
longo prazo com vista ao financiamento e investimento dos particulares e empresas, por
meio da mobilização da poupança das famílias com vista ao financiamento das empresas.
Encontrando-se o mercado dividido em primário e secundário.

Segundo Tomé (1999), há uma semelhança nos mercados financeiros, particularmente


no monetário e de capitais, sendo nos dois mercados aplica-se o dinheiro por meio da
compra de ativos, negociando-se o recebimento e empréstimo de dinheiro. A diferença
entre os dois, é a maturidade dos ativos, ou seja o tempo de aplicação dos ativos. No
mercado monetário, os recursos são aplicados a curto prazo, períodos até um ano no
máximo. Enquanto que no mercado de capitais são aplicados a longo prazo, sem muitas
vezes a garantia de reembolso. As empresas emitem os títulos em função das suas
necessidades financeiras tendo em conta o equilíbrio financeiro mínimo, que passa pela

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solvabilidade e equilíbrio financeiro. Sendo que os investidores também procuram o


alcance dos seus objetivos, a saber, aumento dos rendimentos, segurança, entre outros.

1.2.3 Bolsa de Valores


Todavia, importa realçar que após a emissão dos títulos no mercado primário, os
mesmos precisam de ser comercializados nos mercados secundários, um desses
mercados é a bolsa de valores.

“As bolsas são mercados estruturados e dotados de instrumentos jurídicos adequados


que permitem que se efectuem transacções ou operações de compra e venda de títulos,
com transparência e segurança “. (Mota & Tomé, 1991, p 36).

“A bolsa de valores é o mercado organizado onde se negoceiam instrumentos


financeiros de acordo com um conjunto de regras, nomeadamente no que respeita aos
deveres de informação para com os investidores e ao nível de supervisão por entidades
externas”. (Coelho & Oliveira,2015, p 52).

De acordo com Pinheiro (2012), as bolsas de valores são instituições de carácter


económico que tem como objeto a negociação pública comercial de títulos e valores
mobiliários, ou seja, é o local onde se compram e vendem ações. No entanto, a bolsa de
valores também pode ser definida como sendo um estabelecimento privado de caráter
comercial que oferece as condições (lugar, infraestrutura, mecanismos e instrumentos
técnicos e materiais), possibilitando a negociação de títulos de valores. Isto é, carateriza-se
por ser um ponto de encontro entre dois agentes extremamente relevantes numa
economia, as empresas e as famílias.

Conforme Mota & Tomé (1991), as funções primordiais das bolsas de valores são:

 Formar os preços dos valores mobiliários no mercado;


 Canalizar a poupança para o mercado primário;
 Avaliar os valores mobiliários;
 Assegurar e proporcionar liquidez aos títulos;

A bolsa sendo um instrumento financeiro, Moniz (2011), permitirá a captação de


recursos e criação de liquidez aos títulos transacionados.

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CAPÍTULO II – SISTEMA FINANCEIRO DE ALGUNS PAÍSES


AFRICANOS
Neste capítulo realizaremos um enquadramento social, económico e financeiro do
continente africano no geral e de Angola em particular. Efetuaremos uma análise do sector
financeiro angolano e, posteriormente, uma comparação com os mercados financeiros
nigeriano e sul-africano.

2.1 Enquadramento socioeconómico


Na entrada do século XXI o continente africano passou a merecer atenção dos
investidores estrangeiros. Num curto espaço de tempo deixou de ser, exclusivamente,
recetor de ajuda para tornar-se num importante destino de comércio e investimento7. Tem-
se verificado um crescente interesse na implantação de diversas empresas multinacionais,
devido aos esforços feitos no sentido de se aplicarem reformas políticas, económicas e
sociais, que catapultem o progresso e o crescimento, inserindo o continente africano no
leque de destinos apetecíveis para além dos mercados desenvolvidos e emergentes.

Os esforços sucessivos no alcance de uma estabilização política e social têm


contribuindo para a melhoria do desempenho da economia. O Produto Interno Bruto (PIB)
tem vindo a crescer exponencialmente justificado em grande medida pelas reformas
económicas em conformidade com o sistema vigente, nomeadamente, através do controlo
da inflação, abertura ao comercio internacional, redução da dívida externa e do défice
orçamental e, ainda, a consolidação dos sistemas reguladores e jurídicos ( Ernst & Young,
2012).

Segundo o relatório do Business Insider (2015) baseado no Banco Mundial seis das
treze economias com maiores perspetivas de crescimento são africanas com taxas acima
dos 7%8. Estima-se que as economias da África subsaariana cresçam na sua totalidade
4,5% colocando o subcontinente no topo das regiões com o crescimento mais acelerado
do mundo (Angolan Economic Outlook,2015).

Nesse caso realça-se o papel do Investimento Direto Estrangeiro ( IDE) no vertiginoso


crescimento destas economias, particularmente, o investimento proveniente das potências
emergentes intercontinentais como a China e a Índia que contribuem para a estimativa
total de 73,5 mil milhões de dólares em 2015 ( AEO,2015). Embora os valores espelhem o
progresso verificado ainda existem constrangimentos (infra-estruturas debilitadas,

7
Relatório do Ministério da Economia (2015) – Evolução do Comércio Internacional de Mercadorias com
Angola 2010 - 2014
8 Etiópia, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Tanzânia, Moçambique, Ruanda.

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instabilidade política e social, epidemias e pobreza) para a sub-região que dificultam de


certo modo o ambiente de negócios9.

As taxas de crescimento em África são consideradas sustentáveis devido às melhorias


verificadas em alguns países no que tange ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
aumento do rendimento disponível e a diversificação do investimento externo recebido
(Ernst & Young,2012). A nível do IDH, conforme é possível constatar através da
10
tabela1, ainda existem vários países africanos abaixo do 0.55 sendo por isso
considerados países com IDH baixo. Porém, alguns avanços significativos permitiram a um
número reduzido de países atingirem o IDH entre 0.55 e 0.7 (médio) e acima de 0.7
(elevado)11.

Tabela 1 – Classificação dos níveis de IDH baixo, médio e elevado por país

Fonte: UNDP, 2014

Também no relatório Ernst &Young (2012) é possível constatar o aumento do poder de


compra dos cidadãos africanos fruto da rápida urbanização, crescimento populacional e
continuo desenvolvimento socioeconómico. É de referir o crescimento do consumo no
período de 2005 a 2015 onde, aproximadamente, mil milhões de pessoas gastaram,
aproximadamente, um bilião de dólares em consumo de bens não-essenciais espelhando
também o surgimento da classe média no continente.

9 Das dez economias que mais têm melhorado o seu ambiente de negócios entre Junho de 2013 a Junho de
2014 constam cinco países africanos, sendo eles Benin, Costa do Marfim, República Democrática do Congo,
Senegal e Togo.
10 Não há registo de dados referentes à Somália e Sudão do Sul.
11 Em 2014, 17 dos 52 países africanos atingiram o IDH médio e elevado.

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Existe um certo comprometimento generalizado entre os países da região na


diversificação das suas economias de forma a reduzir a dependência das commodities12 -
sobretudo, dos recursos naturais-, pelo que muito do IDE quer seja inter-regional quer seja
intra-regional tem servido para essa finalidade. Segundo a Figura 1 é possível ver que
desde 2003 avolumou-se o número de novos projetos, tendo atingindo o pico, em 2008 e,
posteriormente, declinado em 2010. Mas, a partir de 2010 foram feitos esforços no sentido
de incrementar uma diversificação gradual.

Figura 1 - Fluxo de IDE para África

Fonte: Ernst & Young, 2012

Não obstante, há que perceber que essa diversificação distribui-se da seguinte


maneira: o sector manufatureiro abarca 24,6%, serviços 20,5%, apoio, vendas e
marketing 17,9%, extração 9,9%, construção 6,1%, retalho 5,9%, logística, distribuição e
transportes 3,0%, infra-estruturas tecnológicas e internet 2,2 % e electricidade 1,7 % (
Ernst & Young, 2012).

12 Matérias-Primas

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2.1 Enquadramento socioeconómico de Angola


Após um longo período de conflito armado, o país estabilizou e seguiu-se um período
de crescimento económico rápido no país. Durante quase um decénio Angola viu a sua
taxa de crescimento anual do PIB rondar os 12%, catapultando-a como uma das
economias com o crescimento mais rápido a nível mundial. Essas transformações estão
diretamente relacionadas com os setores de petróleo e do gás, onde o país concentrou as
suas atenções. Isso fez com que Angola passasse a ser o segundo maior produtor de
petróleo na região da África subsaariana atrás da Nigéria, com perspetiva de ultrapassar a
um curto prazo esse mesmo país.

O relatório do Banco de Desenvolvimento Angolano (2012) menciona que com as


explorações feitas pelas companhias petrolíferas descobriram-se novas jazidas que
tornaram animadoras as perspetivas para o setor. No mesmo relatório, refere-se o facto de
Angola deter também as segundas maiores reservas de gás natural em África (297 mil
milhões de metros cúbicos) 13 . Acresce-se ainda o facto da indústria diamantífera ser
extremamente relevante para a economia angolana, na medida em que é a segunda
matéria-prima mais exportada atrás do petróleo (Ibid, 2012).

O relatório Angola Doing Business (2015) relata que embora haja essa forte
dependência face aos recursos supramencionados aborda-se a questão da diversificação
da economia, especificamente, a estimulação de alguns setores hibernados, como a
agricultura. Urge a necessidade de se revitalizar a produção agrícola pelas suas imensas
potencialidades (terra agrícola fértil, clima favorável e abundância em recursos hídricos)
que não justificam o facto de se continuar dependente da importação de géneros
alimentícios14.

Não se pode negligenciar o papel da construção civil é fundamental dado que dotará o
país de infraestruturas necessárias não só para alicerçar a agricultura, mas também outros
setores deficitários (fornecimento de energia15 e de água). Dai que embora os recentes
constrangimentos verificados devido à redução do investimento público, não devem cessar
os investimentos realizados na reabilitação e expansão de estradas, caminhos férreos,
portos e aeroportos que estão a transformar as infraestruturas do país e contribuirão para o
aumento da produtividade (BDA, 2012).

13 A fábrica de Gás Natural Liquefeito (LNG) no Soyo, no Norte de Angola, representa o principal esforço do
país para comercializar e desenvolver os seus recursos de gás natural (BDA, 2012).
14 Pretende-se aumentar, melhorar e diversificar gradualmente a oferta proveniente dos produtores nacionais.

Este sector estratégico é fundamental para a redução dos gastos concernentes às importações alimentares e
no aumento do emprego nos próximos anos (BDA, 2012).
15 O fornecimento de electricidade é um dos grandes problemas do país não só para as famílias, mas também,

para as empresas, com a capacidade produtiva permanecer em níveis bastante deficientes (ADB,2015)

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Porém, apesar do esforço já feito, Angola precisa de continuar a apostar no


desenvolvimento. Visto que apresenta ainda um fraco desempenho em termos de bem-
estar socioeconómico, com um baixo IDH de 0,486, Nações Unidas (2010). Nesse sentido
têm sido desenvolvidos esforços de modo a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do
Milénio (ODM), particularmente, referente a implementação do ensino primário universal,
redução da mortalidade materno-infantil e combate de algumas doenças epidémicas.

2.2 Sistema financeiro angolano

2.2.1 Evolução do sistema financeiro angolano


A origem do sistema financeiro angolano remonta a 1865, quando a Sucursal do Banco
Nacional Ultramarino começou a exercer a sua atividade bancária. O Banco de Angola foi
criado a 14 de Agosto de 1926, encontrando-se a sua sede estabelecida em Lisboa,
detendo até 1957 o comércio bancário exclusivo em Angola, até a criação de um banco
exclusivo de direito angolano, o Banco Comercial de Angola (1957).

Um ano após a independência de Angola, a 10 de novembro de 1976 foi criado o


Banco Nacional de Angola (BNA), através da Lei nº 67/76 publicada em Diário da
República Nº 266, os ativos e passivos do então Banco de Angola foram transferidos para
o BNA e decretou-se a cessão de funções em Angola. De acordo com a referida lei, era da
competência do BNA exercer as funções de Banco Central e Comercial, estando sob tutela
do Ministério das Finanças, os bancos do Estado só passaram a desempenhar atividades
aquando da criação da Lei 4/78 de 25 de fevereiro, que levou ao encerramento dos bancos
comerciais privados e possibilitou a expansão interna.

Em 1991, por meio da lei orgânica do BNA, foi aprovada a Lei reguladora das
instituições financeiras, como consequência da nova política económica e financeira que
tinha em vista a separação das atividades do Banco Central do comercial ou de negócios.
Em 1992, foram criados novos bancos comerciais angolanos constituídos sobre a forma de
sociedades anónimas de capitais públicos, nomeadamente o Banco de Poupança e
Crédito (BPC, ex. BPA), e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), e três bancos de capitais
estrangeiros, o Banco Totta e Açores (BTA), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o
Banco Português Atlântico (BPA).

O sistema financeiro angolano foi reestruturado em 1997, com a aprovação pela


Assembleia Nacional da Lei orgânica 6/97 de 11 de julho do BNA, que aprovou a distinção
entre os vários mercados, designadamente o mercado monetário, cambial e financeiro.

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2.2.2 Principais indicadores financeiros, macroeconómicos e


caraterização bancária
O sistema financeiro angolano apresenta hoje um estágio mais evoluído e desenvolvido
em relação aquele que vigorou até a independência nacional. Atualmente é constituído por
bancos comerciais, seguradoras e fundos de pensões e outras instituições financeiras.
Apresenta alguns indicadores que merecem consideração, conforme podemos notar na
tabela abaixo.

Tabela 2: Indicadores do Sistema financeiro angolano

Jun-15 Jul-15 Ago-15


INDICADORES DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO
Adequação de Capital
Solvabilidade = FPR/APR+ (ECRC/0,10)) 19,7 19,4 19,4
Fundos Próprios de Base (Nivel 1)/(Activos Ponderados p/ Risco 14,3 14,0 14,0

Qualidade dos Activos


Credito ME/Crédito Total 31,0 31,2 31,2
Credito Vencido Mal Parado/Crédito Total 13,8 12,9 12,8
(credito vencido Mal Parado -provisões p/credito vencido Mal Parado)/FPR 26,8 23,2 22,9

Distribuição de Crédito por Sector de Actividade


Credito ao sector publico/ Credito Total 7,5 7,3 6,9
Credito ao sector Privado/ Credito Total 92,5 92,7 93,1

Lucro e Rentabilidade
Rendibilidade dos Activos (ROA) 1,1 1,2 1,2
Rendibilidade do Capital (ROE) 8,8 9,5 9,6
Custos totais/proveitos totais 99,7 99,8 99,8
Cost-to-income=Custo Administrativo e de comercialização/ Produto Bancário 42,9 43,1 45,7
Taxa de Emprestimos -Taxa de Depósitos à ordem (Spread) 14,1 14,6 16,2
Taxa de Depositos de Poupanças 5,5 5,1 5,0
Margem Financeira / Margem Bruta de Intermediação 54,5 53,4 53,4

Liquidez
Activos liquidos/ Activos Totais 42,3 42,4 42,7
Activos liquidos/ passivos de curto prazo 54,1 54,3 56,2
Credito total/depositos totais 56,0 56,2 57,8
passivo ME/passivo total 33,0 33,1 32,6

Sensibilidade e Mutações do Mercado


Exposição cambial aberta liquida /Fundos Próprios 32,2 35,8 34,9
Numéro de bancos que reportaram informação no periodo 25 25 25

Fonte: BNA (2015)

O PIB é um dos indicadores económicos mais importantes, o país apresenta uma


evolução notável do PIB, registando um crescimento médio de 12,5% registado entre 2005
e 2011. Como pode ver-se no gráfico abaixo.

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Figura 2 - Evolução do PIB real (%)

Fonte: FMI, World Economic Outlook (2013)

Pretende-se começar a diversificar a economia e será de esperar que contribua para o


crescimento de Angola, a diversificação permitirá a redução do peso do setor petrolífero no
total do PIB angolano, fomentando os setores da agricultura, a indústria transformadora e a
construção, como mostra os resultados abaixo ilustrado.

Figura 3 - Evolução da estrutura do PIB Angolano

Fonte: KPMG (2013) - Relatórios e Contas dos Bancos

Segundo o relatório do BDA (2012) – Perfil do Sector Privado do País, a atividade


bancária em Angola tem-se expandido muito rapidamente desde 2002, o total dos ativos
bancários passou de US$ 2.9 mil milhões em 2003 para US$ 57 mil milhões em 2011,

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fazendo do setor bancário angolano o terceiro maior da África subsaariana, atrás apenas
da África do Sul e Nigéria. Atualmente a banca conta com vinte e quatro bancos e outras
instituições financeiras. (ver figuras abaixo)

Tabela 3 - Ranking Total dos Ativos

Fonte: Deloitte, (2014)

Segundo o Relatório da Deloitte (2014) – Banca em Análise, o total global dos ativos
bancários foi de 6.621 mil milhões de AOA em 2013, o que significou um acréscimo de
12% relativamente a 2012. Sendo que a posição dos maiores bancos manteve-se
constante, o BAI liderou a lista com 15,7%.

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Tabela 4 - Ranking de Resultados Líquidos

Fonte: Deloitte, (2014)

Em 2013, houve um aumento de aproximadamente 374 mil milhões de Kwanzas no


global dos produtos bancários obtidos pelos bancos, este acréscimo corresponde a um
crescimento de cerca de 7% relativamente a 2012. Estes valores são fruto do aumento da
margem financeira, que esteve 12% acima do valor registado em 2012, ao aumento dos
proveitos oriundos do crédito a clientes e ao crescimento nos resultados de operações
cambiais, que causaram um aumento da margem complementar na ordem dos 0,2%.

As provisões para crédito apresentaram um valor de 73 mil milhões de AOA em


2013,menos 22 mil milhões que o período homólogo, o que representa uma diminuição de
24%. Os custos de exploração elevaram-se ao montante de 194 mil milhões de AOA, o
que representa um crescimento de 15% face a 2012, estes resultados são fruto do trabalho
que os bancos têm levado a cabo um pouco por todo o País. O total do resultado líquido do
sector bancário aumentou para cerca de 92 mil milhões de AOA em 2013, 13% acima dos
81 mil milhões do período homólogo.

Segundo o BNA, Relatórios e contas (2015), o volume de negócios da banca totalizou


quase 7.129,5 Mil Milhões de AOA em dezembro de 2014, face aos 6.646,8 Mil Milhões
relativos a dezembro de 2013, o que corresponde a um aumento de 482,7 Mil Milhões de
AOA, cerca de 7,26%, este aumento deve-se maioritariamente pelo incremento de 25,86%

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nos títulos e valores mobiliários e de 8,90% na carteira de crédito. Relativamente ao crédito


líquido, este continua a ser relevante na estrutura de negócios da banca com um peso de
41,21%, seguindo-se os títulos e valores mobiliários com 21,69% e Disponibilidades com
16,01%. Quanto ao crédito total atribuído à economia em 2014, o valor foi de 3.205,5 Mil
Milhões de AOA, face aos 2.943,6 Mil Milhões de AOA em 2013, o que representou um
aumento de 261,9 Mil Milhões de AOA, cerca 8,90%.

No estudo da KPMG (2014)16 concluiu-se que o setor bancário apesar de ainda ser
concentrado tem crescido a um ritmo considerável. Relativamente ao crédito líquido
concedido o BPC, BAI, BIC, BPA e BFA, lideram com quotas que variam entre os 22% e
5%. Apesar de haver uma tendência de crescimento de bancos menores, o sistema
bancário ainda é concentrado. (ver figuras abaixo).

Tabela 5 – Ranking do crédito Líquido Concedido a Clientes

Fonte: Deloitte (2014)

16 Relatório da KPMG “Análise ao setor bancário angolano (outubro de 2014)

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Figura 4 - Nº de Balcões

Fonte: KPMG (2013) - Relatórios e Contas dos Bancos

Na figura acima podemos verificar o aumento do número de balcões em 10,5 % de


2011 para 2012, o que traduz na prática o surgimento de 107 novos balcões. Apesar do
aumento do número de balcões, o nível de bancarização ainda não é o satisfatório, em
dezembro de 2013 a taxa de bancarização situou-se em 23% (Relatório da KPMG “Análise
ao setor bancário angolano” - outubro de 2014). A criação de novos balcões possibilita
maior acesso ao crédito, como podemos verificar na figura abaixo.

Figura 5 - Evolução do Crédito

Fonte: KPMG (2013) - Relatórios e Contas dos Bancos

Em 2011, verificou-se uma tendência de crescimento na concessão de crédito (com


uma taxa de crescimento de 22,7% face a 2010), e continuou a crescer em 2012 (com uma
taxa de crescimento de 25% face a 2011). Em 2013, o crédito concedido pelos bancos foi
de 2.710 mil milhões de AOA, o que representa um aumento de 14%. O banco líder na
conceção de crédito foi o BPC, alcançando uma quota de mercado de 22,9%.Os setores

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do Comércio a Grosso e a Retalho, os Particulares e Outras Atividades de Serviços


Coletivos, Sociais e Pessoais representam quase a metade (50%) de todo o crédito
concedido em Angola, o que indica que a economia angolana tem potencial de
crescimento em diversas áreas de negócio e que as instituições bancárias podem
diversificar o risco, concedendo crédito a outros setores. (ver figura abaixo).

Figura 6 - Crédito por Setor de Atividade

Fonte: KPMG (2013) - Relatórios e Contas dos Bancos

Como regulador do setor bancário, o BNA tem levado a cabo um conjunto de medidas
como a implementação da governação corporativa, controlo interno e auditoria externa e
outras, com o objetivo de desenvolver o setor financeiro.

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Tabela 6 – Indicadores Macroeconómicos

2013 2014
Taxa de Crescimento do PIB % 6.8 4.7
Taxa de Desemprego % 25 26
Taxa de Inflação % 12.4 13.29
Taxa de Juro % 10.5 11
Balança Comercial 4506 1425
Dívida Pública % PIB 34.57 31
Moeda: Valores em milhões de AOA

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

Conforme a tabela acima, verificou-se uma redução na taxa de crescimento do PIB em


2014 face ao período homólogo em 2,1 %, as taxas de desemprego, inflação e de juros
registaram aumentos, ao passo que ouve que a balança comercial e a dívida pública
registaram uma diminuição.

Tabela 7 – Indicadores Económicos/ Financeiros

2014 2013 Periodicidade


Receitas do Estado 4745 4570 Anual
Despesas do Estado 5375 5021 Anual
Classificação de Risco de Crédito 37.5 Mensal
Orçamento do Estado – Valor -630 -450 Anual
Gastos públicos 4682 4816 Anual
Moeda: Valores em milhões de AOA

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

Em 2014, as receitas do Estado aumentaram em 175 milhões de Kwanzas face ao


período anterior, ao passo que as despesas também em 354 milhões de Kwanzas. Os
créditos apresentam um risco de 37,5 %, ao passo que o orçamento do Estado apresentou
um deficit (valores negativos) nos dois anos porque as despesas foram maiores do que as
receitas. Já os gastos públicos registaram um descréscimo em 2014, no valor de 134
milhões.

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Tabela 8 – Indicadores de Robustez do Sistema Financeiro

Último Referência Anterior Periodicidade


Taxa de Juro % 11 12/15 10.5 Diariamente
Taxa Interbancária% 11.56 11/15 11.55 Mensal
Balanço do Banco Central (Bilhões de AOA) 4372 12/15 4188 Mensal
Reservas Internacionais (Bilhões de AOA) 3368 11/15 3177 Mensal
Taxa de Concessão de Empréstimos % 13 12/15 12.5 Mensal
Empréstimos a bancos (milhões de AOA) 233667 10/15 283856 Mensal

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

A taxa de juro registou um aumento em 2015 face a 2014 em cerca de 0,5 %, a taxa
interbancária também aumentou em 0,01 % em 2015, ao que o balanço do Banco Central
apresenta um aumento de 184 bilhões de AOA em 2015 face ao período anterior, houve
um amento em 2015 na taxa de concessão de crédito em 0,5 %. Os empréstimos aos
bancos diminuíram em 50189 milhões de AOA em 2015.

Tabela 9 – Poder Comercial

Último Referência Anterior Periodicidade


Exportações 8057 3/15 11705 Trimestral
Importações 6632 3/15 7199 Trimestral
Balança Corrente -3722 12/14 8348 Anual
Balança Corrente (% PIB) 2.7 12/14 5.8 Anual
Dívida Externa 35933 12/14 28178 Anual
Investimento Direto Estrangeiro 16543 12/14 14346 Anual
Moeda: Valores em milhões de AOA

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

A comparação de 2015 face a 2014 permitiu verificar que, as exportações diminuíram


em 3648 milhões de AOA e importações em 567 milhões de AOA, a balança corrente
apresentou um saldo negativo de 3722 milhões de AOA face aos 8348 milhões de AOA de
2014.Em termos percentuais significou uma diminuição de 3,1 %. A dívida externa registou
um aumento de 7755 milhões de AOA em 2015. Os estrangeiros têm investido cada vez
mais no país, a prova disso é que o IDE aumentou em 2197 milhões de AOA em 2015 face
ao valor verificado em 2014.

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Tabela 10 – Capacidade Negocial

Último Referência Anterior Periodicidade


Ranking de Competitividade 140 12/15 142 Anual
Índice de Corrupção 19 12/14 23 Anual
Ranking de Corrupção 161 12/14 153 Anual
Facilidade em Fazer Negócios 181 12/15 183 Anual

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

As condições de criadas para o funcionamento dos negócios são fundamentais para


atrair os investidores, quer sejam nacionais ou estrangeiros. Como se pode verificar na
tabela acima, o país não deve diminuir os esforços que tem feito com vista a diminuição da
corrupção, aumento da competitividade e redução da burocracia, de forma que a que haja
uma maior facilidade para se fazer negócios.

Tabela 11 – Impostos

Último Referência Anterior Periodicidade


Imposto Industrial – Empresas 30 12/15 35 Anual
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho 17 12/15 17 Anual
Imposto Sobre o Consumo 10 12/15 10 Anual
Segurança Social 11 12/15 11 Anual
Segurança Social – Empregador 8 12/15 8 Anual
Segurança Social – Empregado 3 12/15 3 Anual
Valores em %

Fonte: Banco Mundial, Trading Economics

O país tem passado por uma reforma fiscal com o objectivo de modernizar o sistema
fiscal angolano, e adaptar-se a nova realidade sócio – económica. Para esse efeito tem se
procedido a criação e alteração de alguns diplomas. Verificamos na tabela acima, que o
imposto pago pelas empresas (Imposto Industrial) sofreu em 2015 uma diminuição em 5
pontos percentuais face a 2014, situando-se agora em 30%. A taxa de Imposto sobre o
Rendimento do Trabalho (IRT) não sofreu alteração, assim como a contribuição a
Segurança Social (SS), paga pelas empresas (8%) e pelos trabalhadores (3%).

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Tabela 12 – Obrigações do Tesouro

EMISSÃO DE OBRIGAÇÕES DO TESOURO


DATA 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Janeiro
- - - - - - 5.488.344.123,10 40.776.781.940,19
Fevereiro
4.678.280.871,07 3.262.851.783,38 1.732.128.818,56 - - - 15.142.466.468,31 35.258.726.917,50
Março
3.895.998.756,73 3.773.109.038,81 4.565.116.114,99 - 14.160.921.282,98 - 22.828.376.495,70 38.509.381.561,82
Abril
3.271.967.905,39 68.125.183.730,26 - 2.299.721.211,90 8.343.785.092,46 - 35.115.643.179,77 19.505.445.555,01
Maio
3.064.089.845,19 12.011.525.558,63 - 3.558.828.755,00 34.765.700.201,60 28.092.397.580,79 28.916.101.192,80 26.341.587.996,16
Junho
4.101.558.667,24 111.715.711.296,08 - 1.902.607.748,46 13.319.954.523,76 11.031.683.965,85 11.364.388.574,50 24.826.674.414,77
Julho
4.129.154.484,27 50.048.688.438,64 - 1.330.574.866,21 6.943.489.339,46 7.738.297.599,07 6.537.485.760,73 11.763.223.020,48
Agosto
3.813.507.020,13 21.930.957.138,13 - 3.843.288.192,24 2.872.380.893,70 2.599.799.481,09 12.973.162.271,31 25.215.352.558,46
Setembro
4.123.363.681,57 22.815.232.951,78 - 3.277.131.815,81 2.119.796.562,32 4.641.322.910,56 13.421.185.878,85 25.061.992.506,74
Outubro
3.778.020.276,07 26.638.896.393,25 - 1.250.354.569,16 299.789.152,11 63.524.165.022,49 18.323.763.204,00 16.016.964.099,24
Novembro
6.505.587.491,97 1.468.977.003,46 - 1.350.643.604,69 549.905.000,00 30.776.027.529,30 7.511.970.631,22 60.718.921.979,17
Dezembro
- 56.599.100.300,16 118.173.642.627,88 6.768.224.129,70 599.936.000,00 15.721.746.767,56 63.952.055.019,36
Total 41.361.529.000 378.390.233.633 124.470.887.561 25.581.374.893 83.975.658.048 164.125.440.857 241.574.942.800 323.995.052.550

Fonte: BNA - DMA/DAD

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Tabela 13 - Bilhetes do tesouro

EMISSÃO DE BILHETES DO TESOURO

DATA 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Janeiro
19 444 615 000,00 80 283 821 000,00 446 250 000,00 0,00 0,00 - 9 746 518 000,00 60 875 150 000,00

Fevereiro
76 198 469 000,00 43 921 651 000,00 0,00 29 026 926 000,00 0,00 - 59 844 316 000,00 99 915 916 000,00

Março
82 772 652 000,00 80 731 741 000,00 0,00 53 617 225 000,00 11 653 757 000,00 - 69 560 354 000,00 56 007 125 000,00

Abril
88 014 848 000,00 281 440 000,00 0,00 43 613 930 000,00 19 092 218 000,00 - 43 514 144 000,00 40 336 937 000,00

Maio
76 221 298 000,00 54 009 026 000,00 0,00 43 920 022 000,00 20 052 306 000,00 26 515 563 000,00 30 756 261 000,00 147 447 130 000,00

Junho
92 086 005 000,00 41 276 673 000,00 0,00 50 857 167 000,00 20 052 306 000,00 16 671 441 000,00 15 175 322 000,00 9 552 873 000,00

Julho
127 132 217 000,00 39 829 010 000,00 0,00 22 720 494 000,00 14 249 809 000,00 27 197 509 000,00 31 026 284 000,00 6 943 253 000,00

Agosto
126 158 950 000,00 15 318 955 000,00 0,00 21 549 116 000,00 10 691 285 000,00 46 347 598 000,00 27 604 359 000,00 32 464 339 000,00

Setembro
149 150 159 000,00 0,00 0,00 17 103 973 000,00 9 752 914 000,00 48 274 750 000,00 56 772 771 000,00 53 029 301 000,00

Outubro
170 744 845 000,00 0,00 0,00 13 444 663 000,00 10 616 538 000,00 62 729 408 000,00 57 009 365 000,00 29 744 165 000,00

Novembro
146 420 262 000,00 9 558 228 000,00 38 604 976 000,00 18 694 510 000,00 13 615 232 000,00 44 489 371 000,00 51 997 557 000,00 65 382 880 000,00

Dezembro
149 843 520 000,00 48 686 824 000,00 63 802 278 000,00 21 936 176 000,00 14 193 549 000,00 33 478 929 000,00 27 811 162 000,00

TOTAL 1 304 187 840 000 413 897 369 000 102 853 504 000 336 484 202 000 143 969 914 000 305 704 569 000 480 818 413 000 601 699 069 000

Fonte: BNA - DMA/DAD

Atualmente os únicos títulos emitidos e transacionados no mercado financeiro


angolano, são as obrigações do tesouro e os bilhetes do tesouro. Em 2015 foram emitidas
obrigações do tesouro no valor de 323 bilhões de AOA, mais 82 bilhões face a 2014.
Quanto aos bilhetes do tesouro foram emitidos no valor de 601 bilhões, mais 120 bilhões
que o período homólogo.

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ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE
VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

2.2.3 Comparação dos mercados financeiros nigeriano e sul-


africano
Geograficamente, a África do Sul localiza-se no extremo sul do continente africano. A
bolsa de valores do país é uma das vinte maiores do mundo. Detém um sistema financeiro
muito evoluído, chegando a ser comparado com o dos principais países industrializados
em termos de desenvolvimento e regulação. Segundo o World Economics Forum17, o país
ocupa o terceiro lugar no índice global de competitividade num conjunto de 148 países, na
classificação do desenvolvimento de mercados financeiros. Essa avaliação resulta do
seguinte:

 Disponibilidade de serviços financeiros;


 Facilidade de financiamento por meio do mercado acionista;
 Legislação rigorosa e de qualidade;
 Solidez das instituições financeiras;
 Facilidade ao acesso ao crédito;
 Acesso aos serviços financeiros.

O desenvolvimento financeiro do país é refletido nos bons indicadores apresentados, a


saber, a capitalização bolsista corresponde a mais de 200% do peso dos ativos no PIB, o
crédito concedido ao setor privado representa 77% do PIB e mais de 80% do total de
créditos concedido no país. A África do Sul apresenta um sistema financeiro bastante
sólido. (ver tabelas abaixo).

Tabela 14 – Indicadores do sistema financeiro Sul-africano

Fonte: SARB, FMI, JSE (2014)

17 Relatório BPI – Mercados Financeiros (2014)

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Tabela 15 – Indicadores de robustez do sistema financeiro

Fonte: SARB (2014)

Até ao início do ano de 2014, estavam cotadas na bolsa de Joanesburgo (JSE) cerca
de 350 empresas, com uma capitalização bolsista de 10761 mil milhões de Rands, o que
representa um aumento de mais de 40% face ao período homólogo. Os setores que mais
contribuem para o peso desse índice são, a indústria que representa cerca de 14%,
mineração 11%, setor financeiro 8%, petrolífero 6,5% e o retalho 5%. (ver figura abaixo).

Figura 7 – Capitalização bolsista em % do PIB Sul -africano

Fonte: JSE (2014)

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

A Nigéria situa-se na África Ocidental, possui muitos recursos naturais tais como
jazidas de petróleo e gás, betume e, ainda, recursos minerais como estanho, ferro, carvão,
cal, nióbio, chumbo, zinco, betume, bauxita e solos para cultivo. O sistema financeiro
nigeriano tem passado por algumas transformações, os monopólios foram desfeitos de
forma a incentivar o investimento privado, a banca foi recapitalizada para permitir o
surgimento de instituições maiores e mais modernas com o objetivo de angariar e manter
investimentos de longo prazo.

A Nigéria, a par da África do Sul são as maiores economias africanas, fruto do forte e
contínuo crescimento económico cerca 6,8% por ano em média e o seu PIB representa
35% da região subsaariana18 é o sexto maior exportador de petróleo a nível mundial e
possui um enorme potencial agrícola. Em 2014, a taxa de crescimento do PIB foi de 7% e
estima-se em 7,3% em 2015, impulsionado pelos sectores não-petrolíferos
(telecomunicações, construção e engenharia civil e hotelaria). O setor petrolífero é o que
tem maior peso no PIB, cerca de 15% e representa 90% das receitas em moeda
estrangeira. O país produz e comercializa igualmente gás e carvão para o mercado interno.
A agricultura é um dos setores chave visto que empregou mais de 45% da população e
contribuiu em mais de 20% para o PIB da Nigéria em 2014, as telecomunicações, que tem
crescido exponencialmente representam cerca de 9% do PIB, ao passo que a atividade
bancária e seguradora representa cerca de 4% do PIB.
A economia da Nigéria é sólida devido ao baixo nível de dívida pública e do défice
orçamental, inflação estável e crescimento é diversificado. (ver quadro abaixo).

Tabela 16 – Principais indicadores económicos/ financeiros

Indicadores Principais 2011 2012 2013 2014 2015 (e)


PIB (bilhões USD) 418.83 467.12 521.81 594.26 657.22
PIB (preços constantes, % anual) 4.9 4.3 5.4 7.0 7.3
PIB per Capita (USD) 2,612 2,835 3e 3,416 3,677
Dívida pública bruta (em % do PIB) 10.2 10.4 10.4 10.6 11.1
Taxa de inflação (%) 10.8 12.2 8.5 8.3 8.7
Taxa de desemprego (% da força de
trabalho) 23.9 - - - -
Conta Corrente (US $ bilhões) 12.55 20.35 20.71 21.80e 14.73
Conta Corrente (em % do PIB) 3.0 4.4 4.0 3.7e 2.2

Fonte: FMI, Banco Mundial, World Economics Outlook (2014)

18 Informações do Banco Mundial, FMI

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Em 2012 estavam cotadas na bolsa nigeriana 196 empresas19, e apresentavam uma


capitalização bolsista de 56.39 mil milhões de dólares e correspondia a 12,89 % do
PIB.(ver figura abaixo).

Figura 8 - Capitalização bolsista em % do PIB nigeriano

Fonte: Global Economy, Banco Mundial (2012)

Ao compararmos as três economias, verificamos que apesar da economia angolana ter


o mesmo potencial e caraterísticas semelhantes a África do Sul e Nigéria, o país ocupa
uma classificação abaixo desses países quando comparado algumas áreas chave do
mercado financeiro, (ver figuras abaixo). Com base nas informações acima, podemos
concluir que são vários os fatores que tornam as economias sul-africana e nigeriana as
maiores do continente africano. Angola pode seguir o exemplo desses países com vista ao
desenvolvimento do mercado financeiro ao baixar o nível de dívida pública, o défice
orçamental, a taxa de inflação, apostar no crescimento diversificado, na criação de leis
rigorosas, mas de qualidade que facilitem o acesso aos serviços financeiros.

19 Dados do Global Economy, Banco Mundial

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Figura 9 – Transparência nas empresas

Fonte: Banco Mundial (2015)

Segundo o Relatório do Banco Mundial – Angola Doing Business (2015), numa


classificação de zero a nove, Angola obteve 1,5 pontos no campo da transparência das
empresas, ficando muito abaixo da Nigéria 6,5 pontos e África do Sul 6 pontos. É
necessário que haja transparência nas empresas porque só assim os investidores sentir-
se-ão motivados e seguros a investir o seu dinheiro no mercado de capitais.

Figura 10 – Facilidade de Acesso ao crédito

Fonte: Banco Mundial (2015)

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Relativamente ao acesso ao crédito, numa escala de 0 a 100, Angola obteve 5 pontos,


muito abaixo da média regional 32,34 pontos, da África do Sul e Nigéria, melhores
classificados em África com 60 pontos.

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

CAPÍTULO III – MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA

Neste capítulo analisaremos o funcionamento do mercado de capitais em Angola,


particularmente a bolsa de valores, veremos quais as vantagens da Bolsa de Valores e
Dívidas de Angola (BODIVA) para as empresas e famílias.

3.1 Funcionamento do Mercado de Capitais

3.1.1 Comissão de Mercado de Capitais


3.1.1.1Evolução

A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) 20 é uma entidade pública angolana, com


personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e de património próprio,
sujeita à supervisão do Ministério das Finanças. Foi instituída pelo decreto nº 9/05 do
Conselho de Ministros e publicada a 18 de Março de 2005 no Diário da República, a CMC
tem como pilares a Lei dos Valores dos Valores Mobiliários (LVM - Lei 12/05 de 23 de
Setembro de 2005), Lei das Instituições Financeiras (LIF- Lei 13/05 de 30 e Setembro de
2005), Estatuto Orgânico, bem como pelo seu Regulamento Interno.

A sua missão consiste na regulação, a supervisão, a fiscalização e a dinamização do


mercado de valores mobiliários e das atividades de todos indivíduos que nele participam,
segundo o Decreto Presidencial n.º 54/13, de 06 de Junho (Estatuto Orgânico da CMC).
Como qualquer outra instituição estatal, a CMC presta contas ao Tribunal de contas
anualmente, atuando de forma independente com vista ao alcance dos seus objetivos.

3.1.1.2 Atribuições

A gestão da CMC está a cargo do Conselho de Administração, sendo constituído por


um (1) Presidente e quatro (4) Administradores Executivos, nomeados por meio do Decreto
Presidencial n.º 23/12 de 30 de Janeiro. De acordo com Decreto nº.9/05, de 18 de Março
de 2005 as atribuições da CMC consistem na regulação, supervisão, fiscalização e
promoção do mercado de capitais e das atividades que envolvam todos os agentes que
participam no mercado.

20 Fonte: Comissão de Mercado de Capitais (CMC)

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Tendo como objetivo o desenvolvimento das suas competências, a CMC rege-se por
quatro (4) pilares. As competências da Comissão do Mercado de Capitais (CMC)
desenvolvem-se nos seguintes pilares basilares:

 Poder de regulação

Este poder consiste na criação de normas e regras técnicas necessárias a aplicação


das leis sobre o mercado de capitais e as atividades que nestes se desenvolvem,
sugerindo ao Ministério das Finanças alguns projetos e diplomas legais que considere
imprescindíveis para a regulação e supervisão, obedecendo aos princípios da legalidade e
clareza. Os regulamentos da CMC devem ser publicados na 1ª Série do Diário da
República, passando a cinco dias após a sua promulgação;

 Poder de supervisão

O poder de supervisão, conforme a Lei dos Valores Mobiliários, permite a autorização


do funcionamento das Bolsas de Valores, aprovação das normas internas que possibilitam
a comercialização de valores mobiliários, dar parecer acerca das mudanças na
Administração das entidades gestoras e operadoras mercado supramencionado caso
ocorram situações sempre que neles se verifiquem situações irregulares e que essas
entidades após serem essas entidades não tomem, depois de intimadas não adotem
medidas que defendam os interesses públicos.

 Poder de fiscalização

A fiscalização consiste na verificação da conformidade das estruturas, a eficiência e


precisão do funcionamento do mercado de capitais, tendo em conta os deveres das
entidades responsáveis pela sua organização e gestão, abertura de processos
disciplinares e criminais, inquéritos, aplicação de multas a aqueles que infringirem as
normas que regulam o bom funcionamento do mercado.

 Incentivo à promoção do mercado

Cabe a CMC estimular e incentivar as famílias e empresas ao desenvolvimento de


uma cultura de poupança com vista a aplicação em valores mobiliários, favorecendo o
desenvolvimento do mercado de capitais.

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

3.1.1.3 Tipos de mercados

Para um melhor funcionamento e prossecução da finalidade do mercado de capitais


tornar-se uma alternativa a capitalização das organizações, o Conselho de Administração
da CMC dividiu o mercado nos seguintes tipos:

 Dívida Pública
 Dívida Corporativa
 Fundos de Investimento
 Ações
 Futuros

Mercado de dívida pública: Constitui uma fonte de financiamento do Estado, engloba


a dívida às instituições públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras e outros estados
através da emissão de títulos públicos emitidos pelo Estado.

Mercado de dívida corporativa: Compreende os empréstimos realizados pelas


empresas com vista ao impulsionamento dos seus projetos, aquisições, entre outros.

Fundos de Investimento: Representam uma alavanca dos mercados dos títulos de


dívida, pública e corporativa, pois, possibilitam o encontro entre os investidores com o
objetivo de obtenção de lucro no investimento em títulos e valores mobiliários.

Mercado de ações: Corresponde ao conjunto de instituições e pessoas que negoceiam


diferentes tipos de ativos (ações, obrigações, fundos, etc.), com vista ao alavancamento do
investimento particular e curva de aprendizagem para o mercado de futuros.

Mercado de Futuros: Nesse mercado são feitos compromissos de compra e venda de


ativos financeiros, a um preço previamente acordado, mas que o negócio só se realizará no
futuro, sendo o objetivo alavancar o investimento produtivo e o mercado financeiro.

3.1.1.4 Organismos supervisionados

De acordo com a Lei (LIF) n.º 13/05 de 30 de Setembro de 2005, encontram-se sujeitas
à supervisão da Comissão do Mercado de Capitais (CMC) as seguintes entidades:

 As sociedades gestoras de mercados regulamentados, sistemas de


liquidação e sistemas centralizados de valores mobiliários;

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

 As sociedades corretoras de valores mobiliários;


 As sociedades distribuidoras de valores mobiliários;
 As Sociedades Gestoras de Organismos de Investimento Colectivo;
 As sociedades de investimento;
 As sociedades gestoras de patrimónios;
 Os analistas financeiros e consultores autónomos de investimento;
 Os Auditores;
 Os investidores institucionais e os titulares de participações qualificadas em
sociedades abertas;
 As emitentes de valores mobiliários;
 Outras pessoas que exerçam atividades relacionadas com a emissão, a
distribuição, a negociação e o registo ou o depósito de valores mobiliários ou, em
geral, com a organização e funcionamento dos mercados de valores mobiliários;
 Outras empresas que sejam como tal qualificadas por lei.

As entidades sujeitas à supervisão da CMC devem prestar-lhe toda a cooperação


requerida.

3.1.1.5 Principais Instrumentos Negociados nos Mercados de


Capitais
 Os instrumentos negociados em mercado de capitais podem ser emitidos pelo
Estado (títulos de dívida pública – obrigações do tesouro), ou por particulares, estes
instrumentos podem ser:
 Ações: São títulos representativos de uma parte do capital social de uma empresa,
concedendo ao seu proprietário o direito a receber dividendos (parte dos resultados
obtidos), atribuindo-lhe poderes de participar na gestão da empresa através do
voto.
 Obrigações: Correspondem a títulos de dívidas (empréstimos), emitidos pelo
Estado ou empresas (Sociedades Anónimas – S.A), que permitem ao detentor
tornar-se credor da instituição que emitiu o título e auferir o direito ao recebimento
de juros. A emissão de obrigações é uma forma alternativa ao financiamento
bancário, uma vez que os custos de obtenção do dinheiro são mais baixos por
norma.
 Letras de câmbio: Representam a captação de recursos por parte das Sociedades
de Financiamento e de Crédito.

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 Certificados de Depósitos Bancários (CDBs): São títulos de crédito emitidos


pelos bancos comerciais e de investimento com vista a obtenção de recursos
 Papel comercial: É um instrumento de dívida privada de curto prazo, utilizado
geralmente pelas grandes empresas para não recorrem a financiamentos
bancários.

3.2 Mercado da Bolsa de Valores21

3.2.1 Bolsa de Valores e Dívida de Angola


Com vista a modernização do sistema financeiro angolano, o Ministério das Finanças
constituiu em 1997 uma equipa para trabalhar na criação do Mercado de Capitais e Bolsa
de Valores, entre 1998 a 2002 tiveram início os seminários, palestras e ações de
sensibilização da importância e necessidade da Bolsa de Valores. Em 2005, por meio do
Decreto 9/05 de 18 de Marco de 2005 foram aprovadas a Lei 12/05 de 23 de Setembro
sobre os Valores Mobiliários e a Lei 13/05 de 30 de Setembro sobre as instituições
Financeiras. Em março de 2006, o então Ministro das Finanças assinou a escritura pública
da Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (BVDA)22, como uma sociedade anónima com
um capital equivalente a USD 15.000.000,00 representado por 150 ações com um valor
nominal equivalente a USD 100 cada uma, tendo na altura 22 acionistas.

3.2.2 Funcionamento da BODIVA: Regulamentos/Requisitos


para Entrada na Bolsa

A Bolsa de Valores e Dívida de Angola (BODIVA) teve início a 19 de dezembro de


2014, após a aprovação do seu estatuto social pela Comissão Económica do Conselho de
Ministros, o capital social é de 900 milhões Kwanzas angolanos (AOA), totalmente
subscritos pelo Estado. A Central de Valores Mobiliários de Angola (CEVAMA),é
supervisionada pela BODIVA e tem um capital social de 300 milhões AOA. Os mercados
de valores mobiliários são geridos pela BODIVA e CEVAMA, através Decreto Legislativo
Presidencial n.º 6/13, de 13 de Outubro sobre o Regime Jurídico das Sociedades Gestoras
dos Mercados Regulamentados e Serviços Financeiros, aprovado pela Comissão Técnica
do Conselho de Ministros.

A Sociedade Gestora dos Mercados Regulamentados, foi criada pelo Despacho


Presidencial n.º 43/13, de 3 de Maio, tem trabalhado na criação de condições para que a

21 Fonte: Bolsa de Valores e Dívida de Angola (BODIVA),


22
Fonte: Mercado de Capitais em Angola (Francisco, 2011)

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BODIVA funcione em pleno, este trabalho passa pela seleção da plataforma eletrónica de
negociação e pós-negociação, tendo em vista o alcance da estratégia delineada pela CMC,
que pretende desenvolver o mercado secundário de dívida pública titularizada, esses
títulos possuem um risco quase nulo e essa experiência servirá para os outros títulos a
serem lançados a posteriori, como as acções e futuros.

3.2.3 Competências
Compete a BODIVA efetuar a gestão dos mercados regulamentados, designadamente
a Bolsa, Mercado de Balcão organizado e Mercado Especial de Dívida Pública, a
prestação de serviços adicionais, como assistência nas ofertas públicas, divulgação de
informações e formação. A CEVAMA responsabiliza-se pela gestão do sistema
centralizado de valores mobiliários para efeitos de custódia, compensação e liquidação,
prestando serviços aos emitentes no processamento de eventos corporativos.

3.2.4 Requisito para entrada na bolsa


Para que uma empresa seja admitida e permaneça na bolsa de valores, é necessário
que cumpra com alguns preceitos, nomeadamente:

 Abrir o capital: implica a disposição de admissão a novos sócios, distribuir


dividendos (lucros), ser fiscalizada periodicamente, entre outros;
 Ser uma Sociedade Anónima: A responsabilidade dos sócios é limitada, porque
os sócios limitam a sua responsabilidade ao valor de ações que subscreveram, o
capital é representado por ações, não devendo ser inferior USD 20.000,00 ou o
equivalente em AOA e o número mínimo de sócios é de cinco;
 Ter um Conselho de Administração e Fiscal: É composto por pessoas eleitas,
que vão gerir a empresa. Espera-se que essa equipa de gestão seja sólida, Integra,
competente e experiente e que promovam o crescimento financeiro da empresa,
visto que os investidores demonstrarão confiança na organização ao investirem os
seus recursos;
 Informação financeira: a empresa deve preparar e publicar demonstrações
financeiras anuais e periódicas, devendo trimestralmente atualizar as suas
operações, os gestores restantes membros seniores não devem comercializar
ações da empresa ou exercer opções de ações se estiverem na posse de
informações sobre a empresa que ainda não tenham sido divulgadas ao mercado e
que possam afetar o preço das ações (informação privilegiada);
 Divulgação de informações: as sociedades a serem cotadas em bolsa,
devem ser transparentes e prover informações sobre fatos relevantes que possam

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

influenciar o preço dos títulos no mercado, através da divulgação periódica e


oportunamente a todos os interessados, essas informações compreendem:
 Atividades comerciais desenvolvidas pela empresa: incluem os
produtos, a concorrência, os mercados e possíveis riscos;
 Estrutura empresarial: engloba as alterações substanciais na
participação dos acionistas, na administração da empresa, remuneração
dos membros do Conselho de Administração e quadros superiores, opção
de aquisição de ações e a situação financeira da empresa;
 Auditoria externa: a empresa deve ser auditada por peritos em questões
financeiras, para garantir que as informações constantes nas
demonstrações financeiras são fidedignas e que estão isentas de erros
materiais que possam afetar as decisões dos investidores;
 Comité de Remuneração: a empresa deve ter um comité de remuneração,
composto por administradores não executivos autónomos que têm como
função, estipular a remuneração dos membros do Conselho de
Administração e dos quadros superiores, elaborar o relatório anual de
remunerações que deverá ser publicado para os acionistas;
 Dividendos: as empresas admitidas em bolsa, devem definir e publicar a
política de distribuição de dividendos no documento de admissão de novos
sócios. A distribuição regular de dividendos pode ser muito importante para
manter e melhorar o preço das ações de uma empresa cotada;

Estabelecimento de Relações com os investidores e os meios de comunicação: A


sociedade deve manter boas relações com os investidores atuais, potenciais e meios de
comunicação, pois, os mesmos podem influenciar no preço das suas ações. Deve divulgar
as notícias, quer sejam elas boas ou más, em conformidade com as obrigações de
divulgação acima enunciadas. A empresa deve elaborar um guia de comunicação que
inclua:

 Comunicados de imprensa
 Atualizações regulares da página de internet
 Relatórios anuais e periódicos
 Publicações destinadas aos acionistas e eventos com investidores
 Relatórios dos analistas

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

3.2.3 Fatores Condicionantes do desenvolvimento da Bolsa de


Valores e Dívida de Angola

O desenvolvimento da BODIVA depende de vários fatores, alguns dos quais impedem


o seu normal funcionamento, destacam-se os referidos nos estudos de Yartey (2008),
Yartey e Adjasi (2007), Garcia e Liu (1999) e La Porta et al. (1999) sobre as condições
necessárias para o eficaz funcionamento dos mercados de capitais em África23. Para o
caso de Angola, identificamos os seguintes fatores:

 Solidez Macroeconómica: a instabilidade macroeconómica gera incertezas e


assimetrias de informação, conduz a falta de credibilidade no sistema financeiro. As
famílias e empresas devem ter confiança nas políticas económicas, ou seja, elas
investirão os seus recursos (poupanças) e esperam que a longo prazo os mesmos
sejam recuperados e que tenham uma compensação (juros ou dividendos), caso
contrário não se sentirão motivados a investir em Angola e procurarão outros
países que ofereçam maior segurança e conforto financeiro. Pode-se medir a
estabilidade económica de um país por meio das taxas de inflação e de juros,
quanto mais baixas forem maior será a propensão de investimentos em geral e, em
particular, no mercado de capitais através da bolsa de valores.
 Rendimento disponível: para que os agentes possam investir é necessário que
tenham rendimentos, que correspondem as remunerações auferidas pelos agentes
fruto do seu trabalho. A medida de análise utilizada é o PIB per capita que rondou
os 2.700,00 USD em 2015. Não deve haver assimetria na distribuição dos
rendimentos, visto que inibe os investimentos e dificulta o crescimento,
desenvolvimento económico e social.
 Setor bancário: apesar do mercado de capitais ser visto como concorrente da
banca, no seu estágio inicial o sucesso do mesmo depende do desenvolvimento
das instituições bancárias, devido a necessidade dos serviços prestados pela
banca.
 Transparência nas instituições: para que o mercado de capitais se desenvolva, é
necessário que todos intervenientes tenham conhecimento das regras e condições
do mercado, não devendo haver assimetrias de informação e informações
privilegiadas, uma vez que, a qualidade das instituições pode afetar a capacidade
de atração de investimentos e influenciar positiva ou negativamente o mercado de
capitais.

23Relatório do Banco de Moçambique – O papel do Mercado de Capitais na dinamização da Economia


Nacional

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 Proteção dos acionistas: a segurança oferecida pelas leis, vai influenciar o


investimento no mercado de capitais, quanto mais protegidos sentirem-se os
investidores, maior será a propensão de investirem nesse mercado.
 Cultura empresarial: a falta de publicação das contas das empresas de forma
regular, a pouca cultura de informação sobre os mercados financeiros,
particularmente o mercado de capitais, conhecimento dos títulos negociados
(atualmente são emitidos títulos da dívida pública, ficando em falta a emissão de
dívida corporativa, que permitirá a diversificação dos riscos e novas fontes de
financiamento) geram desconfiança aos investidores.
 Receio de abertura de capital: as empresas angolanas têm ainda uma visão de
centralização de capital, temendo a perda de controlo das empresas, ignorando os
benefícios da abertura de capital, o que leva à fraca divulgação dos produtos
financeiros.
 Despesas correntes e obrigações: a entrada na bolsa implica alguns custos e
obrigações que muitas empresas não estão dispostas a suportar, os custos
associados ao processo de abertura de capital, as taxas da CMC e da BODIVA,
criação de um conselho de administração e fiscal, publicação de informação de
forma regular sobre o desempenho, resultados, contas e outros fatos relevantes,
distribuição de lucro aos sócios, estruturação do departamento de acionistas ou
contratação de uma instituição que o faça, de forma a manter o relacionamento
com os acionistas e investidores, contratação de auditores externos, entre outros.

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3.2.4 Vantagens da Bolsa de Valores e Dívida de Angola

3.2.4.1 Empresas
 As empresas decidem abrir o seu capital, quando necessitam de capitais
para expansão dos seus projetos, reestruturação de passivos, profissionalização,
liquidez, melhoria da imagem institucional seja a nível nacional ou internacional,
essa capitalização pode ser feita por meio da bolsa de valores, ao abrir o capital as
empresas beneficiam das seguintes vantagens (Pinheiro, 2012):
 Possibilitar a entrada de novos investidores, que facultarão o acesso
contínuo ao capital através da participação de ações e outras formas
complementares de financiamento;
 Melhorar a imagem da empresa e capacidade de atrair clientes,
fornecedores e trabalhadores, premiando-os com ações ou dando-lhes a
possibilidade de as adquirir;
 Permitir a aquisição de outras empresas, ao utilizar as ações da empresa
como alternativa à liquidez;
 Reduzir a dependência de créditos;
 Aumentar a flexibilidade nas decisões estratégicas sobre a estrutura de
capitais (relação entre os capitais próprios e alheios);
 Aumentar a capacidade negocial da empresa perante os intermediários
financeiros;
 Promover soluções para a sucessão quando se tratam de empresas
familiares: a abertura de capital reduz o impacto sobre a empresa de problemas
internos derivados de desentendimentos pessoais ou familiares, sendo que a saída
dos descontentes é feita por meio do mercado de capitais, através da venda das
ações;
 Melhor desempenho: a entrada de novos sócios obriga a um maior rigor na
gestão da empresa, uma vez que eles investem os seus recursos e esperam que a
empresa tenha bons resultados de forma a remunerar o seu investimento, caso as
empresas não tenham um bom desempenho eles procurarão outras empresas que
ofereçam maior retorno.

3.2.4.2 Famílias
A par das empresas, as famílias também têm benefícios ao investir no mercado de
capitais, através da bolsa, procuram investimentos que ofereçam as três premissas
básicas do investimento, nomeadamente: Maior Retorno, proteção e prazo. Os aspetos

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referidos permitem às famílias avaliar o grau de risco, a liquidez e a rentabilidade dos


títulos. Quanto maiores forem os prazos, maiores serão os retornos, e quanto maiores os
retornos, maiores serão os riscos. Tendo em conta esses fatores ao investir na bolsa as
famílias têm a possibilidade de:

 Tornar-se sócio de uma grande empresa: por meio da aquisição de títulos, as


famílias vão poder tornar-se sócios e contribuir para o crescimento das empresas e
consequentemente do país;
 Ter uma fonte alternativa de rendimento (dividendos): as famílias terão como
recompensa pelo investimento feito a possibilidade de receber parte dos resultados das
empresas, caso as empresas tenham lucros, as famílias poderão os receber na forma
de dividendos.
 Diversificar os riscos e aumentar a rentabilidade dos investimentos a longo prazo: o
investimento em títulos vai permitir aos indivíduos particulares diversificar os riscos
inerentes a sua carteira de investimento, não concentrando por exemplo os seus
recursos em apenas algumas aplicações bancárias como os depósitos a prazo.

Para além das vantagens deve-se analisar o comportamento financeiro das famílias
que vislumbra-se desafiante pelas dificuldades encontradas na sua medição. O Acesso
aos Serviços Financeiros (ASF) por parte das famílias não significa o uso dos mesmos.
Claessens (2006) elabora uma distinção interessante ao considerar o acesso como a
disponibilidade de serviços financeiros de boa qualidade a custos reduzidos (oferta),
enquanto o uso corresponde a utilização dos mesmos (intersessão das curvas da oferta e
da procura). De acordo com Claessens (2006) o equilíbrio é alcançado ao estabelecer-se
uma relação de compatibilidade entre os custos estabelecidos pelas instituições e o
rendimento das famílias, sendo que se o custo for elevado haverá uma redução ou a não
utilização dos serviços financeiros, caso o custo seja inferior haverá um aumento na
utilização.

Escassos estudos têm-se debruçado no equilíbrio entre a procura e a oferta, pelo que
os modelos de Stiglitz e Weiss (1981) abordam as questões das assimetrias de
informação, a seleção adversa e o risco moral que fazem com que as instituições
financeiras não sejam por vezes capazes de possuir preços que satisfaçam as
necessidades socioeconómicas de alguns indivíduos. No entanto, elementos como as
habilitações literárias, a faixa etária, o ambiente institucional, rendimento médio do
agregado familiar e a localização geográfica constituem fatores socioeconómicos que
determinam o acesso e uso dos serviços financeiros nos países menos desenvolvidos. De
sublinhar os fatores comportamentais que podem influenciar o acesso e uso dos serviços

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financeiros, nomeadamente, a confiança nas instituições, conveniência e aversão ao risco (


Claessens, 2006; King & Honahan,2009).

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CAPITULO IV - ESTUDO EMPÍRICO: TRATAMENTO DOS DADOS E


RESULTADOS
24
Neste capítulo procedemos a aplicação de um questionário , as questões
apresentadas têm como finalidade avaliar o grau de conhecimento da literacia financeira
em Angola, especificamente assuntos relacionados com o Mercado de Capitais e a Bolsa
de Valores e Dívida de Angola (BODIVA), capacidade de planeamento das despesas,
poupança e alguns conceitos financeiros.

4.1 Metodologia

No presente estudo, recorreu-se a estratégia de investigação survey com abordagens


indutiva e dedutiva, sendo o propósito da pesquisa confirmatório, para análise dos dados
quantitativos utilizou-se o Software Estatístico Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS), para o tratamento e análise dos dados, foi utilizado o método Bootstrap. Esta
ferramenta é adequada para a elaboração de análises estatísticas de matrizes de dados.
Por meio dela foram elaborados os, gráficos utilizados na realização de análises
descritivas e de correlação entre variáveis.

4.2 Caraterização da amostra

A amostra foi organizada de forma com base em alguns critérios de estratificação por
género (sexo masculino e feminino), idade, nível de escolaridade, localização geográfica e
situação laboral. O inquérito foi feito de porta-a-porta seguindo o método de random-route,
os participantes forma selecionados de forma aleatória.

A elaboração de um Inquérito sobre Literacia Financeira envolve a seleção de uma


amostra que espelhe de forma correta as características do universo populacional, para
que seja possível através das respostas dos participantes aferir, por inferência estatística o
grau de literacia financeira da população em geral.

Este Inquérito foi realizado com o objetivo de apurar o grau de literacia financeira da
população angolana residente em Luanda com idade igual ou superior a 17 anos. Para tal
foi definida uma amostra de 600 indivíduos numa população de cerca de 6,5 milhões de
habitantes25 que possibilita por inferência estatística, estimar os resultados com um erro
médio de 5 por cento para uma probabilidade de 95 por cento. A selecção da amostra foi

24 Questionário em Apêndice.
25
Censo (2014) – Instituto Nacional de Estatistica (INE)

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feita de forma aleatória, o que permitiu que todos os indivíduos da população tivessem as
mesmas hipóteses de serem seleccionados. A segmentação da amostra com base nos
seguintes critérios acima mencionados, permitiu a decomposição em:

 Género: masculino/feminino;
 Idade: 17 a 26 anos, 26 a 40 anos, 41 a 59 anos e mais de 60 anos;
 Localização geográfica (Luanda): Cacuaco, Belas, Cazenga, Icolo e Bengo, Luanda
(Ingombota, Kilamba Kiaxi, Maianga, Rangel, Samba e Sambizanga), Quissama e
Viana;
 Situação laboral: empregado e desempregado;
 Nível de escolaridade: ensino básico (1º ao 9º ano), ensino médio (10º ao 12º ano)
e ensino superior (licenciatura, mestrado e doutoramento).

4.3 Análise descritiva dos resultados do inquérito

O questionário possibilitou averiguar o nível de conhecimento sobre conceitos


financeiros da população angolana, alguns dos quais são bastante comuns no quotidiano,
esta análise foi feita com base nas respostas dos inquiridos. Através dos resultados pode-
se avaliar a compreensão financeira da população, conhecer a sua sensibilidade aos
riscos, a capacidade de planeamento e os hábitos de poupança.

4.3.1 Caraterização dos Inquiridos

A caraterização dos inquiridos permitiu uma melhor interpretação dos resultados do


questionário. A amostra foi estratificada de acordo com os critérios: género, faixa etária,
situação laboral, nível de escolaridade e localização geográfica.

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Figura 11 – Classificação dos inquiridos por critérios de estratificação


Figura 11.1 – Faixa Etária

Na classificação por faixa etária (figura 11.1), nota-se que mais da metade dos
inquiridos está na faixa etária dos 26 aos 40 anos, e logo a seguir vem os indivíduos entre
os 17 e 26 anos.
Figura 11.2 – Género

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Quanto à distribuição por género (figura 11.2), verificamos que a maior parte dos
inquiridos (61%) é do sexo masculino, enquanto o restante é do sexo feminino.
Figura 11.3 – Situação laboral

Situação laboral (empregado/a)


Masculino
Feminino

44%
56%

Relativamente à situação laboral (figura 11.3), (56%) dos indivíduos do sexo masculino
encontram-se empregados e para o sexo feminino corresponde a (44%).

Figura 11.4 – Nível de escolaridade

Nível de Escolaridade
Ensino Básico Ensino Médio Ensino Superior Não responderam

3%
10%

35%

52%

Na classificação dos inquiridos por nível de escolaridade (figura 11.4), verifica-se que a
maior parte dos inquiridos (35%), possui o ensino básico, (52%) o ensino médio, (10%) o
ensino superior, ao passo que (3%) não respondeu.

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Figura 11.5 – Localização geográfica

Localização geográfica
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%

Quanto à classificação por localização geográfica (figura 11.5), constatou-se que a


maior parte (25%), vive no município do Cazenga, vindo logo a seguir Viana (22%),
Cacuaco (20%), Luanda (17%), Belas (5%), Quissama (7%) e Icolo e Bengo (4%).

Quando questionados sobre o nível de rendimentos, cerca de (11%) dos inquiridos


referem que mensalmente auferem entre 5.000 a 10.000 kwanzas, (50%) aufere entre
10.000 a 35.000 kwanzas, (18%) entre 35.000 a 50.000 kwanzas, (12%) entre 50.000 e
100.000 kwanzas e (5%) ganha mais de 100.000 kwanzas. Ao passo que (4%) não
responderam a questão sobre quanto auferiam. (Questão 3).

Cerca de (70%) dos inquiridos responderam que a maior parte dos rendimentos
auferidos eram gastos em alimentação, (13%) em despesas correntes (água, eletricidade,
renda, entre outros), (9%) para a educação, (4%) para a saúde, (2%) para o lazer e (1%)
para outros. (Questão 4).

4.3.1.1 Orçamento, planeamento de despesas e poupança

O orçamento familiar permite organizar as finanças da família. É composto pelos


rendimentos (salários, juros recebidos de aplicações, entre outros) e gastos (habitação,
alimentação, água, eletricidade, saúde, entre outros) que devem ser discriminados de
forma minuciosa. A parte restante do orçamento constituirá a poupança e permitirá
acumular recursos para fazer face a situações imprevistas, como a diminuição temporária
de rendimentos ou a ocorrência de despesas fortuitas e em muitos casos preparação da
reforma, associada ao envelhecimento populacional.

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Este inquérito pretendeu aferir a sensibilidade da população para a poupança e hábitos


de planeamento e orçamentação familiar. Quando questionados sobre a poupança, (42%)
dos inquiridos referiram que fazem poupança e (58%) não poupa e, ainda, destaca-se o
facto de (70%) dos inquiridos ter respondido que o dinheiro que poupa é gasto
posteriormente. Salienta-se o facto de que (19%) investe em alguma aplicação bancária e
(11%) gasta em outros domínios. Dos indivíduos que poupam, (45%) poupa mensalmente
entre 500 e 5.000 kwanzas, (10%) entre 6.000 e 10.000 kwanzas, (27%) poupa entre
15.000 e 50.000 kwanzas e (18%) mais de 50.000 kwanzas. Dos indivíduos que não fazem
poupança, (58%) referem que os rendimentos são insuficientes (acham que ganham
pouco), (30%) dizem que não é prioridade e (12%) referem outros motivos.

Ao analisarmos a inclusão no sistema bancário, constatamos que (20%) dos inquiridos


não são detentores de uma conta bancária , destes indivíduos (62%) têm idades
compreendidas entre os 17 e os 26 anos e mais de 60 anos. Cerca de (80%) indica que os
rendimentos não são suficientes para abrir uma conta bancária, (11%) preferem utilizar a
conta de outra pessoa, familiares ou amigos. Dos inquiridos (92%), mencionam que as
contas que possuem é corrente e (8%), têm conta poupança. A maior parte dos inquiridos
(77%) responderam que guardavam o dinheiro no banco, (10%) em casa e (13%) em outro
lugar.

Ao serem questionados sobre a confiança nas instituições financeiras, ou seja, nos


bancos, (56%) dos inquiridos responderam que confiam nos bancos, uma fação de céticos
(44%) responderam que confiam nos bancos porque não prestam as devidas informação o
que faz com que (22%) opinem que os serviços não são de qualidade.

Procuramos saber o grau de familiaridade dos inquiridos com os termos Mercado de


Capitais e Bolsa de Valores, (39%) dos inquiridos referiram que já tinha ouvido falar e
sabia o que eram, sendo que o restante não estava familiarizado, acerca dos produtos
transacionados (23%) responderam que conheciam quais eram os produtos
transacionados nesses mercados e (77%) desconhecia. Quando questionados se
investiriam na bolsa de valores, (65%) responderam que não investiriam, sendo que (57%)
justificaram a sua decisão com a falta de confiança nas empresas angolanas, segundo
(22%) é muito arriscado e incorrem ao risco de perder os rendimentos, finalmente, (17%)
consideram que os seus rendimentos são insuficientes e (4%) apresentaram outros
motivos. De acordo Kahnman & Tverski (1979), Rekenthaler (1998), a generalidade das
pessoas são avessas ao risco, ou seja são mais afetadas pelas perdas do que pelos
ganhos (sentem mais ao perder do que ao ganhar).

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Para além da aversão a perda, muitos indivíduos têm medo que suas as perdas sejam
conhecidas pelos outros, segundo (Odean,1998b) esse receio inibe muitas vezes ao
investimento em negócios que poderiam ser lucrativos, ou ao relato das perdas nos
investimentos, o que é contrario a teoria da utilidade que serve para analisar a satisfação
dos agentes económicos.
A falta de confiança nas instituições nacionais, medo que as instituições financeiras
(bancos e empresas) possam ir a falência e não conseguir reaver os seus recursos leva a
muitos investidores a se tornarem avessos às perdas e riscos.

A maior parte dos inquiridos, revelou-se avesso ao risco visto que preferem um ganho
menor, mais seguro a ganhos maiores mas menos prováveis, isso reflete-se na pré
disposição a investimentos considerados mais seguros (deposito a prazo, entre outros), a
investimentos mais arriscados (ações, obrigações, certificados e aforro, entre outros).

4.3.2 Recomendações

4.3.2.1 Métodos de educação e consciencialização financeira


A educação e consciencialização financeira devem atender à proteção financeira do
consumidor. As iniciativas de educação e sensibilização financeiras podem assumir
diversas formas, incluindo a instrução de conceitos sobre finanças pessoais e serviços
financeiros, assim como o desenvolvimento de habilidades, atitudes e comportamentos
fundamentalmente necessários para a tomada de decisões. As habilidades incluem, por
exemplo, a compreensão do risco e recompensa, planeamento e orçamento familiar,
avaliação da informação e comparação de produtos. As atitudes e comportamentos são
particularmente complexos na área de poupanças e investimentos, sendo que as
preferências de risco individuais variam bastante26. É importante que a educação financeira
estimule os indivíduos a tomarem autoconsciência da propensão ao risco e a aumentarem
o seu comportamento de adequação da poupança e do investimento27.

Por norma, o aconselhamento financeiro fornecido por intermediários pode contribuir


para a tomada de decisões individuais, mediante a disponibilização de informações que
servirão para os consumidores se posicionarem e se consciencializarem em relação às
consequências das suas escolhas, atendendo às circunstâncias particulares e ao momento
da sua vida. Este processo de avaliação da informação veiculada pelos fornecedores dos
serviços financeiros poderá proporcionar o aumento do bem-estar financeiro ao ajudar o

26 Para mais informações consultar (Lewis, S. & F. Messy, 2012)


27 Para mais informações consultar (Redhead, K., 2008),

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individuo no processo de filtração e análise da informação, possibilitando à partida uma


melhoria da cultura financeira.

Num mundo cada vez mais globalizado e em interconexão existem vários métodos que
podem permitir a fluidez interativa com os indivíduos para além do aconselhamento
presencial ou telefónico. A internet pode desempenhar um papel crucial através do e-
government, onde por um lado, pode motivar os cidadãos a acederem aos Websites
aliciando-os através de incentivos como a premiação e, por outro, prestando um
aconselhamento mais personalizado requerendo que o usuário se registe e forneça os
seus dados pessoais (receitas, despesas, poupanças existentes e metas, dívidas e
propensão ao risco). Apesar das potencialidades do mercado financeiro angolano imperam
constrangimentos infraestruturais que reduzem drasticamente o nível do acesso e uso das
tecnologias de informação para os fins supra referidos por razões de ordem
socioeconómica que excluem uma expressiva fação da sociedade.

Os meios de comunicação social pela sua eficiência na abrangência de um número


alargado de pessoas são relevantes na medida em que através de campanhas publicitárias
podem disponibilizar programas televisivos onde concedam conselhos sobre poupança e
investimentos, como acontece em países como África do Sul, Singapura, Turquia, México,
Irlanda, Austrália, entre outros. No entanto, importa advertir que não devem ser programas
e/ ou publicidades extensas e com uma linguagem complexa, mas sim programas que
contenham um vocabulário simples, objetivo e claro seduzindo o telespetador num curto
espaço de tempo.

Para, além disso, o ensino vai assumindo um posicionamento estratégico e central no


que concerne à educação financeira. Cada vez mais vão surgindo currículos escolares
quer em países mais desenvolvidos quer em países em vias de desenvolvimento que
incutem desde o ensino pré-escolar até ao ensino secundário os conceitos e a importância
da educação financeira, algo muito eficaz, por exemplo, na superação das dificuldades que
certos encarregados de educação podem sentir por serem analfabetos28. A orientação de
alguns organismos internacionais como a OCDE que tem-se debruçado sobre a educação
financeira nas escolas sublinha a necessidade de se criarem condições que atraiam e
interessem os alunos, utilizando contextos familiares e reais, estudos de casos,
investigação que proporcionem atividades de resolução de problemas comunitários que
envolvem diretamente os alunos29.

28 Para mais informações consultar (OECD INFE, 2012),


29 Para mais informações consultar (OCDE, 2012)

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De salientar também, os seminários, workshops e programas especializados para


adultos com o objetivo de incentivar a poupança, conhecimentos e habilidades acerca da
gestão financeira (orçamento) e, ainda, estimular o investimento diversificado, como
acontece em alguns países como a África do Sul, Singapura, Japão, Irlanda, Colômbia,
Arábia Saudita, entre outros30.

Como fora explicado acima, a educação financeira é frequentemente utilizada para


apoiar iniciativas de incentivos que podem ter um impacto positivo não só na vida de quem
poupa e investe, mas também, a nível da economia nacional.

4.3.2.2 Recomendações sobre o desenvolvimento do sistema


financeiro e mercado de capitais
A primeira recomendação feita para o desenvolvimento do sistema financeiro e de
mercado de capitais consiste no desenvolvimento do sistema de segurança social,
particularmente ao nível do segundo e terceiro pilar. Após muitas economias terem falhado
com o sistema de welfare-state surgiram os pilares da Segurança social que ditaram as
mudanças na forma de gestão da mesma, isto é, no que tange às responsabilidades que
deixaram de ser única e exclusivamente do Estado e passaram a ser divididas em três
pilares, nomeadamente, Estado, Empresas e os Trabalhadores. O primeiro pilar é gerido
pelo Estado, sendo de carácter obrigatório. O segundo pilar é de carácter privado, tem
como base uma contribuição definida de natureza obrigatória. Por fim, o terceiro pilar é de
carácter individual e facultativo, o que representa as poupanças tradicionais, tais como: 1)
os fundos de pensões que são instituições construídas autonomamente com o objetivo de
gerir os rendimentos dos participantes; 2) Planos de Poupança Reforma que funcionam
como os fundos de investimento de produtos financeiros (ações, obrigações, entre outros),
na qual juntam-se um conjunto de pessoas com objetivos comuns com vista a diversificar
os riscos e a maximizar os retornos. Atualmente a taxa de contruibuição para a segurança
social para os trabalhadores é de 3%, caso a taxa fosse aumentada hipotéticamente para
5%, poderia ser constituído um fundo autónomo e transparente que fizesse a gestão dos
2% que corresponderiam a diferença. Os contribuintes receberiam anualmente juros
referente a parte que contribuíram para o fundo, os juros auferidos, por menores que
fossem os valores estimularia-os a investirem no mercado financeiro com vista a obtenção
de ganhos maiores. Todos sairiam a ganhar, além dos ganhos financeiros os investidores
particulares aumentariam a confiança nas instituições financeiras e probabilidade de
investir no mercado de capitais, o Estado teria uma fonte alternativa de rendimentos
(contrair empréstimos ao fundo e pagar juros).

30 Para mais informações consultar (Reddy, M., et al, 2005)

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A segunda recomendação prende-se com o aumento da concorrência do mercado de


arrendamento face ao mercado de venda de imóveis modo a desenvolver uma nova
atividade e produtos financeiros (sociedades gestoras de investimento imobiliário e REIT-
Real Estate Investment Trust): Os REIT´s são investimentos em imóveis, que funcionam de
forma semelhante aos fundos mútuos, em que pequenos e grandes investidores adquirem
participações em empreendimentos imobiliários, como shopping centers, hotéis,
condomínios, entre outros. Os investidores recebem dividendos oriundos das atividades
desenvolvidas. As sociedades gestoras de investimento imobiliário devem participar na
bolsa, para que todos os interessados no sector imobiliário possam adquirir os vender
participações e tornar o sector mais competitivo.

A terceira recomendação é a criação de um quadro regulatório e de referência de nível


internacional que proteja acionistas minoritários, uma vez que é necessário que as leis
defendam todos, particularmente os mais vulneráveis, ou seja, os acionistas minoritários.
As regras devem ser elaboradas de uma forma que os investidores se sintam confortáveis
e seguros ao investirem muitas das vezes as poupanças de toda uma vida. Na ausência
dessa proteção aos investidores estes não se sentem motivados a investir as suas
poupanças culminando numa situação complexa que impacta o fluxo de investimentos e,
consequentemente, o crescimento do país. E, assim sendo, com vista ao incentivo do
investimento é necessário que os gestores tenham consciência de que serão
responsabilizados caso pratiquem uma gestão danosa, dado que existirão condições
baseadas nas leis do mercado de capitais para criarem multas pesadas de forma a
responsabilizar os possíveis infratores (advogados, bancos, auditores, entre outros).

A quarta recomendação prende-se com a privatização de algumas empresas públicas


que como qualquer atividade têm vantagens e desvantagens, sendo que o nosso foco será
nas vantagens, tais como: 1) por vezes há a necessidade de se privatizar, porque nem
sempre o Estado consegue ser eficiente em todas as áreas de atuação; 2) normalmente as
empresas privadas tendem a desviar menos os seus recursos, atendendo ao facto dos
proprietários terem um maior controlo, porque se ocorrem desvios são eles os principais
prejudicados; 3) as empresas privadas geralmente crescem mais rapidamente, visto que
os trabalhadores são obrigados a dar o seu melhor e por regra o crescimento dentro da
organização é meritório e fruto de muito esforço; 4) as privatizações promovem a
concorrência entre as empresas e consequentemente aumenta a eficiência, porque os
clientes procuram sempre a melhor qualidade ao menor preço; 5) ao privatizar algumas
empresas o Estado passa a ter mais recursos, fruto da privatização, que podem servir para
a satisfação das suas necessidades como, a construção de infraestruturas – estradas,
escolas, hospitais; 6) a privatização dá maior dimensão ao mercado de capitais, o

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

aumentando de volume, através do mercado secundário, tornando-se mais líquido e abre


novas portas ao investimento, permitindo o aumento do número de pessoas que possuem
as ações da empresa, o que favorece a dispersão de capitais e, consequente, liquidez dos
títulos. Visto que geralmente os investidores estrangeiros participam na privatização, a
mesma serve para reforçar a confiança dos investidores num país. É também vantajosa
para os investidores individuais já que constitui uma via para a diversificação dos riscos e a
oportunidade de participar em grandes empresas que de outra forma seria impossível. As
empresas privadas precisam muitas vezes de financiamento, que pode ser feito através do
mercado de capitais por meio da entreda de novos sócios, como vimos anteriormente.

A quinta recomendação prende-se com o desenvolvimento da atividade de capital de


risco como acontece, por exemplo, em Portugal. O Instituto de Apoio a Pequenas e Médias
Empresas e à Inovação31 (2006) define o capital de risco como uma forma de investimento
empresarial cujo objetivo primordial passa pelo financiamento das empresas, auxiliando-as
na gestão para a promoção do seu crescimento e desenvolvimento. Assume-se como
relevante para o processo de empreendedorismo na medida em que é a principal fonte de
investimento para as novas e pequenas empresas e outras com elevado risco no que
consiste à rentabilidade dos recursos investidos. Representa uma alternativa de
financiamento para o início de atividade, transformação ou expansão, sobretudo, nas
empresas cujo orçamento é insuficiente por estarem numa fase embrionária e/ou
dificuldades pelo que é imprescindível que se exerça esse acompanhamento para que
possam crescer, limitando alguns riscos de prejuízos. Contrariamente ao que acontece no
financiamento através de empréstimos onde se efetuam a devolução do capital
emprestado mediante o pagamento de juros, na atividade capital de risco há um
investimento por parte dos investidores dos diversos recursos (financeiro, tempo e
capacidade) e o seu reembolso depende somente do sucesso e fracasso da empresa.
Nesse sentido difere das demais formas de financiamento (crédito bancário, subsídios
públicos, as ofertas de mercado de bolsa e angariação de capital de risco) pela realização
de uma análise minuciosa dos projetos apresentados no que se refere ao seu potencial de
crescimento e a relação de risco. Após a análise e aprovação o capital de risco participa
diretamente na valorização e crescimento, isto é, no fundo, o sucesso do seu negócio
depende do sucesso do investimento feito.

E, por fim, a sexta recomendação consiste num sistema fiscal que estimule o mercado
de valores mobiliários, ou seja, já que o sistema fiscal compreende o conjunto de impostos
de um país é necessário que esses impostos não sejam tão elevados de forma a

31 IAPMEI – foi criado em Portugal em 1975 tem como objetivo auxiliar as micro, pequenas e médias empresas.

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

desincentivar o investimento em valores mobiliários, isto é nos bens e obrigações que


podem ser transacionados pelas empresas. O sistema fiscal deve ser competitivo de forma
a atrair o Investimento Direto Estrangeiro (IDE), visto que em mercados de capitais sólidos
não investem só os nacionais. Tal é imprescindível para o desenvolvimento de mercado de
capitais e a economia do país.

Angola possui um sistema fiscal, que compreende os impostos individuais e coletivos


(Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, Imposto sobre Aplicação de Capitais, Imposto
Predial Urbano, Imposto Industrial entre outros). O sistema fiscal tem passado por uma
reforma com vista a modernização, para tal tem sido feitas adaptações, reformulações e
aprovações de novos diplomas que permitirão uma maior equidade, neutralidade,
competitividade e simplicidade. Num sistema fiscal justo e equitativo são recompensadas
as pessoas que mais trabalham, que investem no país e criam novos postos de trabalho. É
de realçar que as boas políticas fiscais estimularão a competitividade, que irá catapultar os
investimentos, que consequentemente permitirão a criação de novos postos de trabalho e,
consequentemente, o crescimento e desenvolvimento socioeconómico do país. O aumento
da competitividade poderá ser feito através do aumento da eficiência das instituições
tributárias, criação de leis que protegem os trabalhadores, redução de alguns impostos de
forma a estimular o investimento em pequenas empresas, se os impostos forem baixos as
empresas (particularmente as pequenas) não correrão o risco de falta de liquidez. Para
que os investidores estrangeiros apliquem os seus recursos que irão proporcionar
benefícios económicos ao país, é necessário que se estabeleçam boas políticas fiscais,
visto que as mesmas são fulcrais no incentivo ao investimento, crescimento, geração de
empregos e solidez das empresas. O investimento estrangeiro traz imensas vantagens, ao
nível da produção (novas tecnologias), geração de empregos, novos conhecimentos a
gestão empresarial, entre outros.

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

CONCLUSÃO

O aumento da interação das economias africanas com as economias das potências


emergentes e tradicionais tem permitido esmiuçar as potencialidades dos países africanos.
As potencialidades não se cingem apenas às questões económicas, mas também, às
sociais que interconectadas evidenciam a necessidade de se criarem estruturas financeiras
capazes de satisfazer as exigências crescentes dos principais intervenientes da economia
angolana. Embora sejam nítidas as dificuldades no funcionamento do mercado de capitais
e da bolsa de valores em Angola, vislumbra-se a sua importância em termos de
contribuição para diversificação das formas de financiamento da economia nacional,
permitindo uma maior abertura e prestação de contas por parte das empresas nacionais.

As fontes alternativas de financiamento como o mercado de capitais por meio da bolsa


de valores vão criar condições para que os agentes económicos angolanos possam
contribuir para o crescimento económico e, posteriormente, para o desenvolvimento
económico dos vários setores, tais como a agricultura, telecomunicações, serviços,
indústria transformadora, construção civil, entre outros. Notoriamente que não depende
apenas das empresas investirem no crescimento e desenvolvimento económico, mas
também, dos particulares (famílias) que terão um papel preponderante no aumento da
produção, na criação de emprego, no aumento do rendimento e da poupança, propiciando
uma maior arrecadação de receitas fiscais por parte do Estado.

Pretendia- se com o presente estudo saber se as famílias estariam dispostas a investir


nas empresas participantes na bolsa de valores e que beneficíos teriam, quer as famílias
como as empresas. Nesse sentido, através do inquérito efetuado, pode-se concluir que
uma parte considerável dos investidores particulares (65%), receia participar no mercado
de capitais, por meio da bolsa de valores, por diversos fatores, dentre os quais destacam-
se: 1) a falta de confiança na transparência das instituições (empresas e bancos),
resultado da restrição ao acesso às informações empresariais aos stakeholders e a fraca
gestão corporativa; 2) a pouca cultura financeira (pouco conhecimento dos produtos/
serviços financeiros, as suas vantagens e riscos; 3) os rendimentos (uma parte
considerável dos inquiridos acha os rendimentos auferidos insuficientes para investir em
ativos financeiros, porque só servem para cobrir as necessidades básicas). Os objectivos
do trabalho formam confirmados, na medida em o mercado de capitais angolano tem
grandes potencialidades e trará benefícios a todos os intervenientes.

De realçar também, que o nível de escolaridade influencia a opinião dos inqueridos,


visto que as pessoas com um maior grau de instrução estão mais dispostas a investir na

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

bolsa do que os menos instruídos. Em relação ao género conclui-se que os indivíduos do


sexo masculino têm maior pré-disposição para participar na bolsa. A análise da faixa etária
dos participantes ao questionário, permitiu-nos verificar que as pessoas mais jovens são
mais propensas ao risco e que estão mais abertas a possibilidade de investir na bolsa de
valores. A situação laboral acaba por ser um fator condicionante para certos indivíduos,
porque alguns estão dispostas a participar no mercado de capitais, mas por se
encontrarem desempregados e não possuírem poupança, por diversos fatores
anteriormente enunciados, não conseguem participar. A localização geográfica tem
influência, pelo estudo, verifica-se que as pessoas que vivem nos municípios centrais da
cidade de Luanda, têm uma maior pré-disposição a investir na bolsa de valores.

O presente estudo deverá servir de reflexão para todos os intervenientes no mercado


de capitais, na medida em que oferece sugestões que se aplicam a todos. As empresas
devem ser mais transparentes de forma a captar mais e novos investidores, os investidores
devem apostar mais na educação financeira para conhecer os melhores produtos
financeiros em que investir e os possíveis riscos que correrão. O Estado deve continuar a
criar condições para o pleno funcionamento do mercado de capitais, como plataformas, leis
rigorosas e equitativas, assim como estimular a cultura financeira.

Não obstante foram detetadas algumas limitações gerais a nível de dados


concernentes à poupança privada e investimento referente à economia angolana pelo que
recorreram-se às informações estatísticas disponíveis. No que tange aos dados recolhidos
através do inquérito foram verificadas, essencialmente, duas limitações a nível da
participação e da perceção dos conceitos referentes aos termos financeiros.

Para futuros trabalhos relativos á sociedade angolana, sugerimos que sejam realizados
numa ótica audaz mais direcionada para os benefícios e impactos diretos a em termos
socioeconómicos, tais como; 1) medir o impacto do desenvolvimento da Bolsa de valores
na realidade social e económica; 2) Verificar se a fluidez dos mercados financeiros
contribuirá para a redução da pobreza; 3) Compreender o contributo da educação
financeira para o desenvolvimento social e económico.

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APÊNDICES E ANEXOS

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Apêndices

Método de amostragem Simples


Número de amostras 600
Nível de intervalo de
95,0%
confiança
Tipo de intervalo de
Percentil
confiança

Estatísticas Método Bootstrap

Nível Situação
Sexo Idade Faixa Etária Escolaridade Município Laboral
N
600 528 528 588 600 600
Válido
Ausente 0 72 72 12 0 0
Média ,66 33,48 3,26 0,76 0,39 0,33
Mediana 0,60 33,00 3,00 0,70 0,32 0,30
Desvio
,476 6,548 1,360 ,826 2,369 ,473
Padrão
Variância ,227 42,873 1,850 ,682 5,614 ,223

Sexo
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido
234 49,0 49,0 49,0
Feminino
Masculino 366 61,0 61,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

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Idade

Nível Escolaridade

Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Ensino Básico 210 35,0 36,08 36,08
Ensino Médio 312 52,0 53,61 89,69
Ensino Superior 60 10,0 10,31 100,0
Total 582 97,0 100,0
Ausente 18 3,0
Total 600 100,0

Situação Laboral

Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Empregado (masculino) 336 56,0 56,0 56,0
Desempregado (feminino) 264 44,0 44,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

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Município

Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Luanda 102 17,0 17,0 17,0
Cacuaco 120 20,0 20,0 33,0
Belas 30 5,0 5,0 42,0
Cazenga 150 25,0 25,0 67,0
Quissama 42 7,0 7,0 74,0
Icolo e
24 4,0 4,0 78,0
Bengo
Viana
132 22,0 22,0 100,0

Total 600 100,0 100,0

Rendimento

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido 5000-10000 66 11,0 11,5 11,5
10000-35000 300 50,0 52,1 63,5
35000-50000 108 18,0 18,8 82,3
50000-100000 72 12,0 12,5 94,8
Mais de 100000 30 5,0 5,2 100,0
Total 576 96,0 100,0
Ausente 24 4,0
Total 600 100

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Gastos

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido Alimentação 240 40,0 40,0 40,0
Saúde 60 10,0 10,0 50,0
Educação 96 16,0 16,0 66,0
Lazer 6 1,0 1,0 67,0
Água, luz, renda de
174 29,0 29,0 96,0
casa….

Outros 24 4,0 4,0 100,0

Total 600 100 100

Poupança mensal

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido 500 - 5.000 270 45,0 45,0 45,0
6.000 - 10.000 60 10,0 10,0 55,0
15.000 - 50.000 162 27,0 27,0 82,0
Mais de 50.000 108 18,0 18,0 100,0
Total 600 100 100

Confiança nas instituições

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa

Válido Confio 264 44,0 44,0 44,0


Não confio 336 56,0 56,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

Motivo da desconfiança
Não são credíveis 210 35,0 35,0 35,0
Não prestam informação 204 34,0 34,0 69,0
Os serviços não são de qualidade 186 31,0 31,0 100,0
Total 600 100 100

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Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Já ouviu falar do Mercado de Capitais e
Válido
Bolsa de valores
Sim 234 39,0 39,0 39,0
Não 366 61,0 61,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

Conhecimento dos produtos


transcionados
Ações 222 37,0 37,0 37,0
Obrigações 120 20,0 20,0 57,0
Planos de poupança 36 6,0 6,0 63,0
Fundo de investimentos 24 4,0 4,0 67,0
Depósitos a prazo 108 18,0 18,0 85,0
Juros 90 15,0 15,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

Investiria na Bolsa de Valores


Sim 210 35,0 35,0 35,0
Não 390 65,0 65,0 100,0
Total 600 100,0 100,0

Motivo de não investir


Acha os seus rendimentos insuficientes 102 17,0 17,0 17,0
Acha muito arriscado e pode perder o
132 22,0 22,0 39,0
seu dinheiro
Não confia nas empresas angolanas 342 57,0 57,0 96,0
Outra razão 24 4,0 4,0 100,0
Total 600 100 100

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ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE
VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Questionário

As questões apresentadas têm como finalidade avaliar o grau de conhecimento da


literacia financeira em Angola, especificamente assuntos relacionados com o Mercado de
Capitais e a Bolsa de Valores e Dívida de Angola (BODIVA), capacidade de planeamento
das despesas e poupança e alguns conceitos financeiros.

Para responder as questões assinale com um X a sua opção


Faixa
Sexo Nível de escolaridade etária
M F Ensino básico 17 – 26
Situação laboral Ensino médio 26 – 40
Empregado Ensino superior 41 -59

Desempregado Mais de 60
Em que município vive?

Para responder as questões assinale com um X a sua opção Sim Não


1 - Quantas pessoas vivem em sua casa?
1a3
4a7
Mais de 7
2- Sabe o que é um orçamento familiar e como fazê-lo?
3- Qual é o rendimento médio mensal da sua família?
5.000 -10.000 Kwanzas
10.000 - 35.000 Kwanzas
35.000 - 50.000 Kwanzas
50.000 - 100.000 Kwanzas
Mais de 100.000 Kwanzas
4- Em quê a sua família mais gasta mensalmente?
Alimentação
Saúde
Educação
Lazer
Água, luz, renda de casa….
Outros
5- A sua família faz poupança?
6- Se sim quanto é que poupa por mês?
500 - 5.000 Kwanzas

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6.000 - 10.000 Kwanzas


15.000 - 50.000 Kwanzas
Mais de 50.000 kwanzas
7- O que faz com o dinheiro que poupa?
Gasta mais tarde
Deixa na conta para gastar mais tarde
Investe em alguma aplicação financeira
Outros
8- A sua família não faz poupança, porque:
Rendimento não permite (acha que ganha pouco)
Não é prioridade
Outra razão
9- Têm alguma conta bancária?
Se sim, é uma conta (pode escolher mais de uma opção):
Corrente (movimenta regularmente)
Poupança
Se não, porquê (justifique)
10- Onde guarda o dinheiro que ganha?
Em casa
No banco
Em outro lugar
11 - Confia nas instituições financeiras /bancos?
12 - Se não, porque:
Os serviços não são de qualidade
Não prestam informação
Outra razão
13- Já ouviu falar em mercado de capitais e bolsa de valores?
14 - Sabe que produtos serão transacionados na bolsa de valores?
15- Sabe o que são:
Ações
Obrigações
Planos de poupança
Fundo de investimentos
Depósitos a prazo
Juros
16- Investiria na bolsa de valores?
17- Porque não investiria?
Acha os seus rendimentos insuficientes
Acha muito arriscado e pode perder o seu dinheiro

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Não confia nas empresas angolanas

Outra razão…………………………………………………………………………………………………

Fonte: Elaboração própria

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Anexo I – Estrutura do Sistema Financeiro

Fonte: Pinheiro, 2012

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VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS

Anexo II- Lista de instituições financeiras autorizadas pelo BNA

INÍCIO DE
SIGLA NOME ATIVIDADE
BPC Banco de Poupança e Crédito 1976
BCI Banco de Comércio e Indústria 1991
BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 1993
BFA Banco de Fomento Angola 1993
BMA Banco Millennium Angola 1993
BAI Banco Angolano de Investimentos 1997
BCA Banco Comercial Angolano 1999
SOL Banco Sol 2001

BESA Banco Espírito Santo Angola 2002


BRK Banco Regional do Keve 2003
BMF Banco BAI Microfinanças 2004
BIC Banco BIC 2005
BNI Banco de Negócios Internacional 2006
BPA Banco Privado Atlântico 2006
BDA Banco de Desenvolvimento de Angola 2006
BANC Banco Angolano de Negócios e Comércio 2007
VTB Banco VTB - África 2007
FNB Finibanco Angola 2008
BKI Banco Kwanza Investimento 2008
BCH Banco Comercial do Huambo 2010
SBA Standard Bank de Angola 2010
BVB Banco Valor 2010
BRG Banco Prestígio -
BPAN Banco Pungo Andogo -
BPPH Banco de Poupança e Promoção Habitacional -
BCS Credisul - Banco de Crédito do Sul -
ECO Ecobank de Angola -
SBCA Standard Chartered Bank de Angola 2014

Fonte: BNA

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