Mercado de Capitais
Mercado de Capitais
Mercado de Capitais
Lisboa
2016
UNIVERSIDADE
LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS
Lisboa
2016
Nelson Mandela
DEDICATÓRIA
Obrigado.
AGRADECIMENTOS
Desta forma, manifesto os meus agradecimentos: A Jeová Deus pela benignidade imerecida de
conceder-me a vida, saúde e sabedoria, ao meu orientador Professor Doutor Paulo Alves, pelos
conhecimentos transmitidos, pela paciência e disponibilidade.
À Cleimita Sousa.
Por fim, a minha eterna e especial gratidão a minha mãe, Conceição António Peliganga,
restantes familiares e amigos, que sempre estiveram presentes, manifestando a sua dedicação,
incentivo e apoio incondicionais.
RESUMO
ABSTRACT
This study aims to analyze the Capital Markets in the present study is meant to examine the
Capital Market in Angola. It is intended specifically: (1) evaluate the performance of the
Exchange and Debt Securities Angola (BODIVA), how will allow investors to leverage their
financial assets (2); study the behavior of the South African capital markets and Nigeria, in
order to obtain conclusions that may be useful in strengthening the Angolan capital
markets; (3) measuring access to and use of financial services by households.
Various methods, such as descriptive, bibliographic, exploratory and field were used. Of the
examination, it was concluded that private investors are afraid to participate in the capital
market, particularly the stock market for the following reasons: 1) lack of confidence in the
transparency of the institutions; 2) little financial culture and 3) income poverty.
The capital market will benefit all stakeholders (State Enterprises, Financial Institutions and
Investors). For this to happen it is necessary to invest in financial education, create laws
that protect all and follow the example of the largest African economies.
Keywords: Financial System, Capital Market, Stock Exchange, Savings, Economic Growth
ABREVIATURAS
CONTEÚDO
RESUMO ............................................................................................................................................. 6
ABSTRACT ......................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 14
CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 17
1.1 Crescimento, Desenvolvimento Financeiro e Económico ................................................... 17
1.1.1 Crescimento e Desenvolvimento ................................................................................. 17
1.1.2 Desenvolvimento Financeiro e Crescimento Económico ......................................... 19
1.2 Sistema Financeiro ................................................................................................................ 22
1.2.1 Mercado Financeiro........................................................................................................ 23
1.2.2 Mercado de Capitais ...................................................................................................... 25
1.2.3 Bolsa de Valores............................................................................................................. 27
CAPÍTULO II – SISTEMA FINANCEIRO DE ALGUNS PAÍSES AFRICANOS ...................... 28
2.1 Enquadramento socioeconómico ........................................................................................ 28
2.1.1 Enquadramento socioeconómico de Angola.................................................................. 31
2.2 Sistema financeiro angolano ................................................................................................ 32
2.2.1 Evolução do sistema financeiro angolano .................................................................. 32
2.2.2 Principais indicadores financeiros, macroeconómicos e caraterização bancária 33
2.2.3 Comparação dos mercados financeiros nigeriano e sul-africano ........................... 45
CAPÍTULO III – MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA ......................................................... 51
3.1 Funcionamento do Mercado de Capitais ....................................................................... 51
3.1.1 Comissão de Mercado de Capitais .............................................................................. 51
3.1.1.1Evolução ........................................................................................................................ 51
3.1.1.2 Atribuições .................................................................................................................... 51
3.1.1.4 Organismos supervisionados .................................................................................... 53
3.1.1.5 Principais Instrumentos Negociados nos Mercados de Capitais ......................... 54
3.2 Mercado da Bolsa de Valores ........................................................................................ 55
3.2.1 Bolsa de Valores e Dívida de Angola .......................................................................... 55
3.2.2 Funcionamento da BODIVA: Regulamentos/Requisitos para Entrada na Bolsa . 55
3.2.3 Competências ................................................................................................................. 56
3.2.4 Requisito para entrada na bolsa .................................................................................. 56
3.2.3 Fatores Condicionantes do desenvolvimento da Bolsa de Valores e Dívida de
Angola ........................................................................................................................................ 58
3.2.4 Vantagens da Bolsa de Valores e Dívida de Angola .......................................... 60
INDICE DE FIGURAS
Figura 4 – Nº de balcões………………………………………………………………..............40
INDICE DE TABELAS
Tabela 1- Classificação dos níveis de IDH baixo, médio e elevado por país ............... 31
INTRODUÇÃO
A bolsa de valores constitui um centro de liquidez, sendo uma peça fundamental para a
viabilização do mercado primário de títulos. Não havendo mecanismos de negociação que
permitam uma maior transparência no mercado, a tarefa da sua implementação fica
diminuída nos seus objetivos. Sendo assim, a celebração do negócio em bolsa, a análise
das ordens e a relação entre o investidor e o intermediário devem ser objeto de tratamento
específico.
A abertura da bolsa constitui uma nova porta de acesso à capitalização e financiamento
das empresas, principalmente nacionais, representa uma alternativa ao financiamento
bancário e viabiliza a dispersão do capital social das sociedades abertas. Uma Bolsa de
valor sólida contribui para o fortalecimento da económia, desta forma podemos definir a
importância de um mercado de capitais na economia de um pais.
Os pontos acima referidos, tornam este tema interessante pelos benefícios que a
criação da bolsa trará ao país e ao continente africano, visto que se prevê que a bolsa de
Angola será umas das maiores de África.
No capítulo I é feita a revisão de literatura que tem como objetivo dar a conhecer o
atual estado da arte sobre o tema pelo que é caracterizado e explicitado o mercado
financeiro, mercado de capitais, bolsa de valores e analisado de que forma podem
contribuir para o crescimento e consequente desenvolvimento económico e financeiro.
OBJECTIVO GERAL
ESPECÍFICOS
(1) Avaliar de que forma a atuação Bolsa da Dívida e Valores de Angola (BODIVA)
permitirá que os investidores rentabilizem os seus ativos financeiros;
(3) Medir o acesso e uso dos serviços financeiros por parte das famílias.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Para o presente estudo foram utilizados vários métodos complementares entre si, tais
como a pesquisa descritiva que consistiu na análise de uma parte da população (amostra)
por meio de um questionário com vista à obtenção de resultados, pesquisa bibliográfica
(Universidade Lusófona, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa,
Biblioteca Nacional de Portugal), abrangeu a leitura, análise e interpretação de livros que
serviram de base aos conteúdos téoricos.
Celso Furtado (2004) afirmou rispidamente que a diferença dos conceitos estava no
facto do crescimento económico não passar da preservação de privilégios das elites que
satisfazem a sua avidez pela modernização e o desenvolvimento corresponder a um
projeto de cunho social implícito. De acordo com Feldman (2014) é importante saber a
diferença entre desenvolvimento económico e crescimento económico, sendo que
crescimento económico em termos conceptuais retrata a economia como uma máquina
que transforma inputs (fatores produtivos) em outputs sendo que o crescimento dá-se
quando os outputs vão aumentado através de tecnologia ou inovação.
desenvolvimento económico das sociedades em cinco fases1. Tal como (Robbins, 1968)
reforça ao considerar na perspetiva dos sistemas económicos então pode-se entender o
crescimento económico como sinónimo de aumento – em termos absolutos- de capital ou
da capacidade de produtiva de uma população.
1A primeira fase corresponde á sociedade tradicional em que a estrutura se alastra dentro de funções de
produção limitadas. Na segunda fase são criadas as pré-condições para o arranque (take-off), permitindo a
mudança de uma estrutura tradicional para uma nova e moderna estrutura de produção impulsionada pelo
avanço tecnológico. Na terceira fase após o take-off o desenvolvimento económico torna-se numa situação
normal onde são difundidas novas técnicas agrícolas ou industriais. Na quarta fase caminha-se para a
consolidação da economia ocorrendo, aproximadamente, seis decénios após o arranque, pelo que verifica-se
uma capacidade de expansão para além das indústrias em que as aptidões são aprimoradas, de maneira a que
se possa produzir quaisquer bens. Na quinta fase entra-se por fim na era do consumo em massa que é
alcançável quando se verifica o aumento do rendimento real por pessoa, de modo que as necessidades
básicas de consumo são ultrapassadas.
2 Para mais informações consultar Joseph A.Schumpeter (1911), John M. Keynes (1937) e Michal Kalecki
(1943)
3 Soubbotina (2004), indica que por vezes esse crescimento económico em alguns casos resulta em ou a partir
de desigualdades, alto desemprego, fracos processos democráticos, perda da identidade cultura e acima de
tudo uso abusivo dos recursos naturais.
4Tem a ver com um aumento da quantidade de depósitos, empréstimos, operações no mercado de capitais,
Michael Thiel (2001), considerou que a literatura económica é menos consensual sobre
como e em que medida o financiamento afeta o crescimento económico, porém, entre
várias conclusões, as evidências sugeriram que o financiamento é importante para o
crescimento nos estágios iniciais da evolução económica. No entanto, no que diz respeito
às economias industriais, a evidência é menos conclusiva a nível agregado, dado que se
verifica uma tímida evidência dos mercados de ações como sendo mais forte do que as
variáveis da atividade bancária. Mas o autor adverte que a falsa ideia de que os sistemas
baseados no mercado são constantemente superiores aos sistemas financeiros baseados
em bancos, realçando o facto do grau de desenvolvimento e estrutura do sector financeiro
dependerem fortemente de questões jurídicas que regem a proteção dos investidores e
transparência.
poupança. Nessa mesma linha de pensamento, Fry (1980) advogou que reprimir o
mercado financeiro tende a impactar de forma negativa o crescimento económico. Em
género de reforço das ideias desses autores, Berthelemy e Varoudakis (1995),
sublinharam que um desenvolvimento financeiro desajustado pode inibir o crescimento
económico.
Pelo facto de grande parte dos estudos serem cross-country, Arestis e Demetriades
(1997), salientaram as deficiências dessa metodologia, uma vez que consideram que esse
género de estudos não atendem às especificidades de cada país, nomeadamente, a nível
da estrutura institucional do sistema financeiro, das políticas de cada sistema político e da
governabilidade. Deste modo, ambos concluíram que a relação causal entre o
desenvolvimento financeiro e o crescimento económico varia de país para país.
Não são todos os autores que consideram a existência de uma relação positiva entre
desenvolvimento financeiro e crescimento económico. Ho (2002) avaliou o papel dos
intermediários financeiros enquanto estimuladores do crescimento económico e o seu
estudo revelou uma fraca evidência na contribuição do setor financeiro para o crescimento
económico, sobretudo, pelo facto da poupança arrecadada ter sido destinada para setores
não produtivos da economia.
Todavia, Hassan et al. (2011), estudaram essa relação baseando-se nas diversas
regiões do globo e no rendimento dos países, pelo que as evidências demonstraram que
há uma relação causal positiva nos dois sentidos em quase todas as regiões, excetuando
os países africanos e do leste da Ásia e Pacífico, onde há causalidade num sentido, do
crescimento económico para o desenvolvimento financeiro, justificado pelo PIB per capita
baixo e a fraca robustez do sistema financeiro. Assim sendo, recomendam que,
particularmente, a região da África Subsaariana deverá aumentar o nível de abertura ao
exterior de forma a estimular o crescimento económico que será alcançável com um
aumento da poupança interna.
Dai que, Odhiambo (2008) testou a relação causal tridimensional dinâmica entre
profundidade financeira e crescimento económico, usando a poupança como uma variável
intermitente e concluiu que o crescimento económico provocou o aumento da poupança
que por sua vez conduziu ao desenvolvimento do setor financeiro no Quénia. E não o
contrário. Noutro estudo, Odhiambo (2010), resolveu averiguar a relação causal
tridimensional, desta vez utilizado o investimento como variável intermitente pelo que
concluiu que o crescimento económico impulsionou o investimento que causou o
desenvolvimento financeiro na África do sul. Nesse sentido, o autor resolveu recomendar
um aumento de políticas promotoras ao crescimento económico enquanto medidas que
reforçarão o investimento e o desenvolvimento financeiro.
Fomentar a poupança;
Transformar a poupança em créditos;
Dirigir os créditos às atividades produtivas;
Gerir as aplicações e estabelecer um mercado para elas.
Segundo Leão & Lagoa (2012), uma das principais funções do sistema financeiro é
assegurar o financiamento da economia. Uma vez que os agentes económicos, precisam
de fundos para financiar as suas atividades, as empresas necessitam de meios para a
aquisição de capital fixo, pagamento de salários, compra de mercadorias entre outros, os
organismos públicos precisam de fundos para a satisfação das necessidades coletivas,
como a construção de infraestruturas públicas e o pagamento dos ordenados dos
funcionários públicos. As famílias necessitam de recursos para a realização das suas
necessidades, como a aquisição de habitação, viatura, educação entre outras. É
necessário que a economia seja regulada para um melhor funcionamento e satisfação dos
agentes económicos, que pode ser feita através do sistema financeiro.
Para os autores Leão & Lagoa (2012), o sistema financeiro corresponde “ ao conjunto
de instituições, instrumentos e mercados que asseguram duas grandes funções na
economia – a canalização de fundos para os agentes económicos que deles necessitam e
a cobertura parcial dos riscos a que os agentes económicos estão expostos.” Sendo que a
canalização de fundos está relacionada com o crédito bancário, as ações e obrigações. E a
cobertura de riscos, relaciona-se com os seguros e produtos financeiros derivados, como
os futuros, opções entre outros. Os bancos, fundos de investimentos, fundos de pensões,
companhias de seguros, bolsas e corretores são instituições financeiras. Ao passo que as
ações, obrigações, entre outros são instrumentos financeiros.
Tendo em conta que na economia existem os agentes superavitários (que têm dinheiro
em excesso) e agentes deficitários (que necessitam de dinheiro), torna-se crucial que a
economia crie elos de ligação entre ambos. Esta ligação é estabelecida por meio dos
mercados financeiros (também denominado mercado do dinheiro) que segundo Andrezo &
Lima (2007) correspondem ao conjunto de instituições e instrumentos que oferecem
alternativas de aplicação e captação de recursos financeiros, com vista a criação de
liquidez e gestão de riscos. O mercado financeiro de acordo com os autores encontra-se
dividido em quatro mercados específicos 6 : Mercado monetário, mercado de crédito,
mercado de derivados e mercados de capitais.
Sendo que este mercado divide-se de acordo com alguns critérios, a saber:
6Mercado Monetário: composto por operações com espaço de tempo bastante curto, que tem como finalidade
atender as necessidades imediatas de liquidez, abrangendo basicamente os títulos públicos.
Mercado de Crédito: é caracterizado pelas operações de curto, médio prazo e aleatório, com vista à satisfação
das necessidades de financiamento , empréstimos por parte das famílias e empresas.
Mercado de Derivados: é composto por um conjunto de operações em que os valores são consequência do
desempenho de outros ativos, ou seja tem como objectivo a negociação da transferência dos riscos. Podem
por exemplo estar associados a um determinado bem como mercadorias ou acções, índices ou ativos
financeiros como o dólar americano.
Mercado de Capitais: é caracterizado pelas operações de médio, longo ou indeterminado prazo, com vista ao
financiamento em capital fixo.
No mercado primário são criados os títulos com vista à capitalização das empresas, no
mercado secundário são negociados os títulos emitidos no mercado primário, o que
proporciona liquidez aos títulos. A diferença entre os dois mercados cinge-se ao facto de
que no mercado primário as empresas procuram obter recursos para os seus negócios e
No mercado primário são emitidos os ativos financeiros por meio de emissão pública e
privada, o que possibilita a abertura do capital das empresas ao público, assim como
permite que haja um equilíbrio entre a oferta e a procura.
Após a emissão e subscrição dos novos títulos, os mesmos são colocados no mercado
através de duas formas:
Subscrição pública: por meio dela é feita a venda de títulos públicos, sem que os
investidores estejam previamente definidos.
Para Coelho & Oliveira (2015), no mercado de capitais as operações são de médio e
longo prazo com vista ao financiamento e investimento dos particulares e empresas, por
meio da mobilização da poupança das famílias com vista ao financiamento das empresas.
Encontrando-se o mercado dividido em primário e secundário.
Conforme Mota & Tomé (1991), as funções primordiais das bolsas de valores são:
Segundo o relatório do Business Insider (2015) baseado no Banco Mundial seis das
treze economias com maiores perspetivas de crescimento são africanas com taxas acima
dos 7%8. Estima-se que as economias da África subsaariana cresçam na sua totalidade
4,5% colocando o subcontinente no topo das regiões com o crescimento mais acelerado
do mundo (Angolan Economic Outlook,2015).
7
Relatório do Ministério da Economia (2015) – Evolução do Comércio Internacional de Mercadorias com
Angola 2010 - 2014
8 Etiópia, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Tanzânia, Moçambique, Ruanda.
Tabela 1 – Classificação dos níveis de IDH baixo, médio e elevado por país
9 Das dez economias que mais têm melhorado o seu ambiente de negócios entre Junho de 2013 a Junho de
2014 constam cinco países africanos, sendo eles Benin, Costa do Marfim, República Democrática do Congo,
Senegal e Togo.
10 Não há registo de dados referentes à Somália e Sudão do Sul.
11 Em 2014, 17 dos 52 países africanos atingiram o IDH médio e elevado.
12 Matérias-Primas
O relatório Angola Doing Business (2015) relata que embora haja essa forte
dependência face aos recursos supramencionados aborda-se a questão da diversificação
da economia, especificamente, a estimulação de alguns setores hibernados, como a
agricultura. Urge a necessidade de se revitalizar a produção agrícola pelas suas imensas
potencialidades (terra agrícola fértil, clima favorável e abundância em recursos hídricos)
que não justificam o facto de se continuar dependente da importação de géneros
alimentícios14.
Não se pode negligenciar o papel da construção civil é fundamental dado que dotará o
país de infraestruturas necessárias não só para alicerçar a agricultura, mas também outros
setores deficitários (fornecimento de energia15 e de água). Dai que embora os recentes
constrangimentos verificados devido à redução do investimento público, não devem cessar
os investimentos realizados na reabilitação e expansão de estradas, caminhos férreos,
portos e aeroportos que estão a transformar as infraestruturas do país e contribuirão para o
aumento da produtividade (BDA, 2012).
13 A fábrica de Gás Natural Liquefeito (LNG) no Soyo, no Norte de Angola, representa o principal esforço do
país para comercializar e desenvolver os seus recursos de gás natural (BDA, 2012).
14 Pretende-se aumentar, melhorar e diversificar gradualmente a oferta proveniente dos produtores nacionais.
Este sector estratégico é fundamental para a redução dos gastos concernentes às importações alimentares e
no aumento do emprego nos próximos anos (BDA, 2012).
15 O fornecimento de electricidade é um dos grandes problemas do país não só para as famílias, mas também,
para as empresas, com a capacidade produtiva permanecer em níveis bastante deficientes (ADB,2015)
Em 1991, por meio da lei orgânica do BNA, foi aprovada a Lei reguladora das
instituições financeiras, como consequência da nova política económica e financeira que
tinha em vista a separação das atividades do Banco Central do comercial ou de negócios.
Em 1992, foram criados novos bancos comerciais angolanos constituídos sobre a forma de
sociedades anónimas de capitais públicos, nomeadamente o Banco de Poupança e
Crédito (BPC, ex. BPA), e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), e três bancos de capitais
estrangeiros, o Banco Totta e Açores (BTA), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o
Banco Português Atlântico (BPA).
Lucro e Rentabilidade
Rendibilidade dos Activos (ROA) 1,1 1,2 1,2
Rendibilidade do Capital (ROE) 8,8 9,5 9,6
Custos totais/proveitos totais 99,7 99,8 99,8
Cost-to-income=Custo Administrativo e de comercialização/ Produto Bancário 42,9 43,1 45,7
Taxa de Emprestimos -Taxa de Depósitos à ordem (Spread) 14,1 14,6 16,2
Taxa de Depositos de Poupanças 5,5 5,1 5,0
Margem Financeira / Margem Bruta de Intermediação 54,5 53,4 53,4
Liquidez
Activos liquidos/ Activos Totais 42,3 42,4 42,7
Activos liquidos/ passivos de curto prazo 54,1 54,3 56,2
Credito total/depositos totais 56,0 56,2 57,8
passivo ME/passivo total 33,0 33,1 32,6
fazendo do setor bancário angolano o terceiro maior da África subsaariana, atrás apenas
da África do Sul e Nigéria. Atualmente a banca conta com vinte e quatro bancos e outras
instituições financeiras. (ver figuras abaixo)
Segundo o Relatório da Deloitte (2014) – Banca em Análise, o total global dos ativos
bancários foi de 6.621 mil milhões de AOA em 2013, o que significou um acréscimo de
12% relativamente a 2012. Sendo que a posição dos maiores bancos manteve-se
constante, o BAI liderou a lista com 15,7%.
No estudo da KPMG (2014)16 concluiu-se que o setor bancário apesar de ainda ser
concentrado tem crescido a um ritmo considerável. Relativamente ao crédito líquido
concedido o BPC, BAI, BIC, BPA e BFA, lideram com quotas que variam entre os 22% e
5%. Apesar de haver uma tendência de crescimento de bancos menores, o sistema
bancário ainda é concentrado. (ver figuras abaixo).
Figura 4 - Nº de Balcões
Como regulador do setor bancário, o BNA tem levado a cabo um conjunto de medidas
como a implementação da governação corporativa, controlo interno e auditoria externa e
outras, com o objetivo de desenvolver o setor financeiro.
2013 2014
Taxa de Crescimento do PIB % 6.8 4.7
Taxa de Desemprego % 25 26
Taxa de Inflação % 12.4 13.29
Taxa de Juro % 10.5 11
Balança Comercial 4506 1425
Dívida Pública % PIB 34.57 31
Moeda: Valores em milhões de AOA
A taxa de juro registou um aumento em 2015 face a 2014 em cerca de 0,5 %, a taxa
interbancária também aumentou em 0,01 % em 2015, ao que o balanço do Banco Central
apresenta um aumento de 184 bilhões de AOA em 2015 face ao período anterior, houve
um amento em 2015 na taxa de concessão de crédito em 0,5 %. Os empréstimos aos
bancos diminuíram em 50189 milhões de AOA em 2015.
Tabela 11 – Impostos
O país tem passado por uma reforma fiscal com o objectivo de modernizar o sistema
fiscal angolano, e adaptar-se a nova realidade sócio – económica. Para esse efeito tem se
procedido a criação e alteração de alguns diplomas. Verificamos na tabela acima, que o
imposto pago pelas empresas (Imposto Industrial) sofreu em 2015 uma diminuição em 5
pontos percentuais face a 2014, situando-se agora em 30%. A taxa de Imposto sobre o
Rendimento do Trabalho (IRT) não sofreu alteração, assim como a contribuição a
Segurança Social (SS), paga pelas empresas (8%) e pelos trabalhadores (3%).
Janeiro
- - - - - - 5.488.344.123,10 40.776.781.940,19
Fevereiro
4.678.280.871,07 3.262.851.783,38 1.732.128.818,56 - - - 15.142.466.468,31 35.258.726.917,50
Março
3.895.998.756,73 3.773.109.038,81 4.565.116.114,99 - 14.160.921.282,98 - 22.828.376.495,70 38.509.381.561,82
Abril
3.271.967.905,39 68.125.183.730,26 - 2.299.721.211,90 8.343.785.092,46 - 35.115.643.179,77 19.505.445.555,01
Maio
3.064.089.845,19 12.011.525.558,63 - 3.558.828.755,00 34.765.700.201,60 28.092.397.580,79 28.916.101.192,80 26.341.587.996,16
Junho
4.101.558.667,24 111.715.711.296,08 - 1.902.607.748,46 13.319.954.523,76 11.031.683.965,85 11.364.388.574,50 24.826.674.414,77
Julho
4.129.154.484,27 50.048.688.438,64 - 1.330.574.866,21 6.943.489.339,46 7.738.297.599,07 6.537.485.760,73 11.763.223.020,48
Agosto
3.813.507.020,13 21.930.957.138,13 - 3.843.288.192,24 2.872.380.893,70 2.599.799.481,09 12.973.162.271,31 25.215.352.558,46
Setembro
4.123.363.681,57 22.815.232.951,78 - 3.277.131.815,81 2.119.796.562,32 4.641.322.910,56 13.421.185.878,85 25.061.992.506,74
Outubro
3.778.020.276,07 26.638.896.393,25 - 1.250.354.569,16 299.789.152,11 63.524.165.022,49 18.323.763.204,00 16.016.964.099,24
Novembro
6.505.587.491,97 1.468.977.003,46 - 1.350.643.604,69 549.905.000,00 30.776.027.529,30 7.511.970.631,22 60.718.921.979,17
Dezembro
- 56.599.100.300,16 118.173.642.627,88 6.768.224.129,70 599.936.000,00 15.721.746.767,56 63.952.055.019,36
Total 41.361.529.000 378.390.233.633 124.470.887.561 25.581.374.893 83.975.658.048 164.125.440.857 241.574.942.800 323.995.052.550
Janeiro
19 444 615 000,00 80 283 821 000,00 446 250 000,00 0,00 0,00 - 9 746 518 000,00 60 875 150 000,00
Fevereiro
76 198 469 000,00 43 921 651 000,00 0,00 29 026 926 000,00 0,00 - 59 844 316 000,00 99 915 916 000,00
Março
82 772 652 000,00 80 731 741 000,00 0,00 53 617 225 000,00 11 653 757 000,00 - 69 560 354 000,00 56 007 125 000,00
Abril
88 014 848 000,00 281 440 000,00 0,00 43 613 930 000,00 19 092 218 000,00 - 43 514 144 000,00 40 336 937 000,00
Maio
76 221 298 000,00 54 009 026 000,00 0,00 43 920 022 000,00 20 052 306 000,00 26 515 563 000,00 30 756 261 000,00 147 447 130 000,00
Junho
92 086 005 000,00 41 276 673 000,00 0,00 50 857 167 000,00 20 052 306 000,00 16 671 441 000,00 15 175 322 000,00 9 552 873 000,00
Julho
127 132 217 000,00 39 829 010 000,00 0,00 22 720 494 000,00 14 249 809 000,00 27 197 509 000,00 31 026 284 000,00 6 943 253 000,00
Agosto
126 158 950 000,00 15 318 955 000,00 0,00 21 549 116 000,00 10 691 285 000,00 46 347 598 000,00 27 604 359 000,00 32 464 339 000,00
Setembro
149 150 159 000,00 0,00 0,00 17 103 973 000,00 9 752 914 000,00 48 274 750 000,00 56 772 771 000,00 53 029 301 000,00
Outubro
170 744 845 000,00 0,00 0,00 13 444 663 000,00 10 616 538 000,00 62 729 408 000,00 57 009 365 000,00 29 744 165 000,00
Novembro
146 420 262 000,00 9 558 228 000,00 38 604 976 000,00 18 694 510 000,00 13 615 232 000,00 44 489 371 000,00 51 997 557 000,00 65 382 880 000,00
Dezembro
149 843 520 000,00 48 686 824 000,00 63 802 278 000,00 21 936 176 000,00 14 193 549 000,00 33 478 929 000,00 27 811 162 000,00
TOTAL 1 304 187 840 000 413 897 369 000 102 853 504 000 336 484 202 000 143 969 914 000 305 704 569 000 480 818 413 000 601 699 069 000
Até ao início do ano de 2014, estavam cotadas na bolsa de Joanesburgo (JSE) cerca
de 350 empresas, com uma capitalização bolsista de 10761 mil milhões de Rands, o que
representa um aumento de mais de 40% face ao período homólogo. Os setores que mais
contribuem para o peso desse índice são, a indústria que representa cerca de 14%,
mineração 11%, setor financeiro 8%, petrolífero 6,5% e o retalho 5%. (ver figura abaixo).
A Nigéria situa-se na África Ocidental, possui muitos recursos naturais tais como
jazidas de petróleo e gás, betume e, ainda, recursos minerais como estanho, ferro, carvão,
cal, nióbio, chumbo, zinco, betume, bauxita e solos para cultivo. O sistema financeiro
nigeriano tem passado por algumas transformações, os monopólios foram desfeitos de
forma a incentivar o investimento privado, a banca foi recapitalizada para permitir o
surgimento de instituições maiores e mais modernas com o objetivo de angariar e manter
investimentos de longo prazo.
A Nigéria, a par da África do Sul são as maiores economias africanas, fruto do forte e
contínuo crescimento económico cerca 6,8% por ano em média e o seu PIB representa
35% da região subsaariana18 é o sexto maior exportador de petróleo a nível mundial e
possui um enorme potencial agrícola. Em 2014, a taxa de crescimento do PIB foi de 7% e
estima-se em 7,3% em 2015, impulsionado pelos sectores não-petrolíferos
(telecomunicações, construção e engenharia civil e hotelaria). O setor petrolífero é o que
tem maior peso no PIB, cerca de 15% e representa 90% das receitas em moeda
estrangeira. O país produz e comercializa igualmente gás e carvão para o mercado interno.
A agricultura é um dos setores chave visto que empregou mais de 45% da população e
contribuiu em mais de 20% para o PIB da Nigéria em 2014, as telecomunicações, que tem
crescido exponencialmente representam cerca de 9% do PIB, ao passo que a atividade
bancária e seguradora representa cerca de 4% do PIB.
A economia da Nigéria é sólida devido ao baixo nível de dívida pública e do défice
orçamental, inflação estável e crescimento é diversificado. (ver quadro abaixo).
3.1.1.2 Atribuições
Tendo como objetivo o desenvolvimento das suas competências, a CMC rege-se por
quatro (4) pilares. As competências da Comissão do Mercado de Capitais (CMC)
desenvolvem-se nos seguintes pilares basilares:
Poder de regulação
Poder de supervisão
Poder de fiscalização
Dívida Pública
Dívida Corporativa
Fundos de Investimento
Ações
Futuros
De acordo com a Lei (LIF) n.º 13/05 de 30 de Setembro de 2005, encontram-se sujeitas
à supervisão da Comissão do Mercado de Capitais (CMC) as seguintes entidades:
BODIVA funcione em pleno, este trabalho passa pela seleção da plataforma eletrónica de
negociação e pós-negociação, tendo em vista o alcance da estratégia delineada pela CMC,
que pretende desenvolver o mercado secundário de dívida pública titularizada, esses
títulos possuem um risco quase nulo e essa experiência servirá para os outros títulos a
serem lançados a posteriori, como as acções e futuros.
3.2.3 Competências
Compete a BODIVA efetuar a gestão dos mercados regulamentados, designadamente
a Bolsa, Mercado de Balcão organizado e Mercado Especial de Dívida Pública, a
prestação de serviços adicionais, como assistência nas ofertas públicas, divulgação de
informações e formação. A CEVAMA responsabiliza-se pela gestão do sistema
centralizado de valores mobiliários para efeitos de custódia, compensação e liquidação,
prestando serviços aos emitentes no processamento de eventos corporativos.
Comunicados de imprensa
Atualizações regulares da página de internet
Relatórios anuais e periódicos
Publicações destinadas aos acionistas e eventos com investidores
Relatórios dos analistas
3.2.4.1 Empresas
As empresas decidem abrir o seu capital, quando necessitam de capitais
para expansão dos seus projetos, reestruturação de passivos, profissionalização,
liquidez, melhoria da imagem institucional seja a nível nacional ou internacional,
essa capitalização pode ser feita por meio da bolsa de valores, ao abrir o capital as
empresas beneficiam das seguintes vantagens (Pinheiro, 2012):
Possibilitar a entrada de novos investidores, que facultarão o acesso
contínuo ao capital através da participação de ações e outras formas
complementares de financiamento;
Melhorar a imagem da empresa e capacidade de atrair clientes,
fornecedores e trabalhadores, premiando-os com ações ou dando-lhes a
possibilidade de as adquirir;
Permitir a aquisição de outras empresas, ao utilizar as ações da empresa
como alternativa à liquidez;
Reduzir a dependência de créditos;
Aumentar a flexibilidade nas decisões estratégicas sobre a estrutura de
capitais (relação entre os capitais próprios e alheios);
Aumentar a capacidade negocial da empresa perante os intermediários
financeiros;
Promover soluções para a sucessão quando se tratam de empresas
familiares: a abertura de capital reduz o impacto sobre a empresa de problemas
internos derivados de desentendimentos pessoais ou familiares, sendo que a saída
dos descontentes é feita por meio do mercado de capitais, através da venda das
ações;
Melhor desempenho: a entrada de novos sócios obriga a um maior rigor na
gestão da empresa, uma vez que eles investem os seus recursos e esperam que a
empresa tenha bons resultados de forma a remunerar o seu investimento, caso as
empresas não tenham um bom desempenho eles procurarão outras empresas que
ofereçam maior retorno.
3.2.4.2 Famílias
A par das empresas, as famílias também têm benefícios ao investir no mercado de
capitais, através da bolsa, procuram investimentos que ofereçam as três premissas
básicas do investimento, nomeadamente: Maior Retorno, proteção e prazo. Os aspetos
Para além das vantagens deve-se analisar o comportamento financeiro das famílias
que vislumbra-se desafiante pelas dificuldades encontradas na sua medição. O Acesso
aos Serviços Financeiros (ASF) por parte das famílias não significa o uso dos mesmos.
Claessens (2006) elabora uma distinção interessante ao considerar o acesso como a
disponibilidade de serviços financeiros de boa qualidade a custos reduzidos (oferta),
enquanto o uso corresponde a utilização dos mesmos (intersessão das curvas da oferta e
da procura). De acordo com Claessens (2006) o equilíbrio é alcançado ao estabelecer-se
uma relação de compatibilidade entre os custos estabelecidos pelas instituições e o
rendimento das famílias, sendo que se o custo for elevado haverá uma redução ou a não
utilização dos serviços financeiros, caso o custo seja inferior haverá um aumento na
utilização.
Escassos estudos têm-se debruçado no equilíbrio entre a procura e a oferta, pelo que
os modelos de Stiglitz e Weiss (1981) abordam as questões das assimetrias de
informação, a seleção adversa e o risco moral que fazem com que as instituições
financeiras não sejam por vezes capazes de possuir preços que satisfaçam as
necessidades socioeconómicas de alguns indivíduos. No entanto, elementos como as
habilitações literárias, a faixa etária, o ambiente institucional, rendimento médio do
agregado familiar e a localização geográfica constituem fatores socioeconómicos que
determinam o acesso e uso dos serviços financeiros nos países menos desenvolvidos. De
sublinhar os fatores comportamentais que podem influenciar o acesso e uso dos serviços
4.1 Metodologia
A amostra foi organizada de forma com base em alguns critérios de estratificação por
género (sexo masculino e feminino), idade, nível de escolaridade, localização geográfica e
situação laboral. O inquérito foi feito de porta-a-porta seguindo o método de random-route,
os participantes forma selecionados de forma aleatória.
Este Inquérito foi realizado com o objetivo de apurar o grau de literacia financeira da
população angolana residente em Luanda com idade igual ou superior a 17 anos. Para tal
foi definida uma amostra de 600 indivíduos numa população de cerca de 6,5 milhões de
habitantes25 que possibilita por inferência estatística, estimar os resultados com um erro
médio de 5 por cento para uma probabilidade de 95 por cento. A selecção da amostra foi
24 Questionário em Apêndice.
25
Censo (2014) – Instituto Nacional de Estatistica (INE)
feita de forma aleatória, o que permitiu que todos os indivíduos da população tivessem as
mesmas hipóteses de serem seleccionados. A segmentação da amostra com base nos
seguintes critérios acima mencionados, permitiu a decomposição em:
Género: masculino/feminino;
Idade: 17 a 26 anos, 26 a 40 anos, 41 a 59 anos e mais de 60 anos;
Localização geográfica (Luanda): Cacuaco, Belas, Cazenga, Icolo e Bengo, Luanda
(Ingombota, Kilamba Kiaxi, Maianga, Rangel, Samba e Sambizanga), Quissama e
Viana;
Situação laboral: empregado e desempregado;
Nível de escolaridade: ensino básico (1º ao 9º ano), ensino médio (10º ao 12º ano)
e ensino superior (licenciatura, mestrado e doutoramento).
Na classificação por faixa etária (figura 11.1), nota-se que mais da metade dos
inquiridos está na faixa etária dos 26 aos 40 anos, e logo a seguir vem os indivíduos entre
os 17 e 26 anos.
Figura 11.2 – Género
Quanto à distribuição por género (figura 11.2), verificamos que a maior parte dos
inquiridos (61%) é do sexo masculino, enquanto o restante é do sexo feminino.
Figura 11.3 – Situação laboral
44%
56%
Relativamente à situação laboral (figura 11.3), (56%) dos indivíduos do sexo masculino
encontram-se empregados e para o sexo feminino corresponde a (44%).
Nível de Escolaridade
Ensino Básico Ensino Médio Ensino Superior Não responderam
3%
10%
35%
52%
Na classificação dos inquiridos por nível de escolaridade (figura 11.4), verifica-se que a
maior parte dos inquiridos (35%), possui o ensino básico, (52%) o ensino médio, (10%) o
ensino superior, ao passo que (3%) não respondeu.
Localização geográfica
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Cerca de (70%) dos inquiridos responderam que a maior parte dos rendimentos
auferidos eram gastos em alimentação, (13%) em despesas correntes (água, eletricidade,
renda, entre outros), (9%) para a educação, (4%) para a saúde, (2%) para o lazer e (1%)
para outros. (Questão 4).
Para além da aversão a perda, muitos indivíduos têm medo que suas as perdas sejam
conhecidas pelos outros, segundo (Odean,1998b) esse receio inibe muitas vezes ao
investimento em negócios que poderiam ser lucrativos, ou ao relato das perdas nos
investimentos, o que é contrario a teoria da utilidade que serve para analisar a satisfação
dos agentes económicos.
A falta de confiança nas instituições nacionais, medo que as instituições financeiras
(bancos e empresas) possam ir a falência e não conseguir reaver os seus recursos leva a
muitos investidores a se tornarem avessos às perdas e riscos.
A maior parte dos inquiridos, revelou-se avesso ao risco visto que preferem um ganho
menor, mais seguro a ganhos maiores mas menos prováveis, isso reflete-se na pré
disposição a investimentos considerados mais seguros (deposito a prazo, entre outros), a
investimentos mais arriscados (ações, obrigações, certificados e aforro, entre outros).
4.3.2 Recomendações
Num mundo cada vez mais globalizado e em interconexão existem vários métodos que
podem permitir a fluidez interativa com os indivíduos para além do aconselhamento
presencial ou telefónico. A internet pode desempenhar um papel crucial através do e-
government, onde por um lado, pode motivar os cidadãos a acederem aos Websites
aliciando-os através de incentivos como a premiação e, por outro, prestando um
aconselhamento mais personalizado requerendo que o usuário se registe e forneça os
seus dados pessoais (receitas, despesas, poupanças existentes e metas, dívidas e
propensão ao risco). Apesar das potencialidades do mercado financeiro angolano imperam
constrangimentos infraestruturais que reduzem drasticamente o nível do acesso e uso das
tecnologias de informação para os fins supra referidos por razões de ordem
socioeconómica que excluem uma expressiva fação da sociedade.
E, por fim, a sexta recomendação consiste num sistema fiscal que estimule o mercado
de valores mobiliários, ou seja, já que o sistema fiscal compreende o conjunto de impostos
de um país é necessário que esses impostos não sejam tão elevados de forma a
31 IAPMEI – foi criado em Portugal em 1975 tem como objetivo auxiliar as micro, pequenas e médias empresas.
CONCLUSÃO
Para futuros trabalhos relativos á sociedade angolana, sugerimos que sejam realizados
numa ótica audaz mais direcionada para os benefícios e impactos diretos a em termos
socioeconómicos, tais como; 1) medir o impacto do desenvolvimento da Bolsa de valores
na realidade social e económica; 2) Verificar se a fluidez dos mercados financeiros
contribuirá para a redução da pobreza; 3) Compreender o contributo da educação
financeira para o desenvolvimento social e económico.
BIBLIOGRAFIA
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crisis”
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http://www.bancosdeangola.co.ao/
https://www.jse.co.za
www.bna.ao
www.cmc.gv.ao
www.imf.org
www.minfin.gv.ao
www.resbank.co.za
www.worldbank.org
www.businessinsider.com
APÊNDICES E ANEXOS
Apêndices
Nível Situação
Sexo Idade Faixa Etária Escolaridade Município Laboral
N
600 528 528 588 600 600
Válido
Ausente 0 72 72 12 0 0
Média ,66 33,48 3,26 0,76 0,39 0,33
Mediana 0,60 33,00 3,00 0,70 0,32 0,30
Desvio
,476 6,548 1,360 ,826 2,369 ,473
Padrão
Variância ,227 42,873 1,850 ,682 5,614 ,223
Sexo
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido
234 49,0 49,0 49,0
Feminino
Masculino 366 61,0 61,0 100,0
Total 600 100,0 100,0
Idade
Nível Escolaridade
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Ensino Básico 210 35,0 36,08 36,08
Ensino Médio 312 52,0 53,61 89,69
Ensino Superior 60 10,0 10,31 100,0
Total 582 97,0 100,0
Ausente 18 3,0
Total 600 100,0
Situação Laboral
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Empregado (masculino) 336 56,0 56,0 56,0
Desempregado (feminino) 264 44,0 44,0 100,0
Total 600 100,0 100,0
UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS - ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E DAS ORGANIZAÇÕES iii
ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE
VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS
Município
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Válido Luanda 102 17,0 17,0 17,0
Cacuaco 120 20,0 20,0 33,0
Belas 30 5,0 5,0 42,0
Cazenga 150 25,0 25,0 67,0
Quissama 42 7,0 7,0 74,0
Icolo e
24 4,0 4,0 78,0
Bengo
Viana
132 22,0 22,0 100,0
Rendimento
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido 5000-10000 66 11,0 11,5 11,5
10000-35000 300 50,0 52,1 63,5
35000-50000 108 18,0 18,8 82,3
50000-100000 72 12,0 12,5 94,8
Mais de 100000 30 5,0 5,2 100,0
Total 576 96,0 100,0
Ausente 24 4,0
Total 600 100
Gastos
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido Alimentação 240 40,0 40,0 40,0
Saúde 60 10,0 10,0 50,0
Educação 96 16,0 16,0 66,0
Lazer 6 1,0 1,0 67,0
Água, luz, renda de
174 29,0 29,0 96,0
casa….
Poupança mensal
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Válido 500 - 5.000 270 45,0 45,0 45,0
6.000 - 10.000 60 10,0 10,0 55,0
15.000 - 50.000 162 27,0 27,0 82,0
Mais de 50.000 108 18,0 18,0 100,0
Total 600 100 100
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Motivo da desconfiança
Não são credíveis 210 35,0 35,0 35,0
Não prestam informação 204 34,0 34,0 69,0
Os serviços não são de qualidade 186 31,0 31,0 100,0
Total 600 100 100
Porcentagem Porcentagem
Frequência Porcentagem
válida acumulativa
Já ouviu falar do Mercado de Capitais e
Válido
Bolsa de valores
Sim 234 39,0 39,0 39,0
Não 366 61,0 61,0 100,0
Total 600 100,0 100,0
Questionário
Desempregado Mais de 60
Em que município vive?
UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS - ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E DAS ORGANIZAÇÕES vii
ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE
VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS
UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS - ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E DAS ORGANIZAÇÕES viii
ANTÓNIO ERCÍLIO GOMES JÚLIO - MERCADO DE CAPITAIS EM ANGOLA: IMPACTOS DA CRIAÇÃO DA BOLSA DE
VALORES PARA AS EMPRESAS E FAMILIAS
Outra razão…………………………………………………………………………………………………
INÍCIO DE
SIGLA NOME ATIVIDADE
BPC Banco de Poupança e Crédito 1976
BCI Banco de Comércio e Indústria 1991
BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 1993
BFA Banco de Fomento Angola 1993
BMA Banco Millennium Angola 1993
BAI Banco Angolano de Investimentos 1997
BCA Banco Comercial Angolano 1999
SOL Banco Sol 2001
Fonte: BNA