NR 17 Anexo II Comentado
NR 17 Anexo II Comentado
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INTRODUÇÃO
Esse anexo trata do trabalho em teleatendimento e telemarketing e aplica-se a todas as empresas que
mantêm esse serviço tanto na modalidade ativo (geração de chamadas) ou receptivo (recebimento de
chamadas, também conhecido como modalidade passivo), em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais
de relacionamento com clientes (call centers), para prestação de serviços, informações e comercialização de
produtos. Entende-se como call center o ambiente de trabalho no qual a principal atividade é conduzida via
telefone e/ou rádio com utilização simultânea de terminais de computador. Entende-se como trabalho de
teleatendimento/telemarketing aquele cuja comunicação com interlocutores clientes e usuários é realizada a
distância por intermédio da voz e/ou mensagens eletrônicas, com a utilização simultânea de equipamentos de
audição/escuta e fala telefônica e sistemas informatizados ou manuais de processamento de dados. O trabalho
dos operadores de teleatendimento/telemarketing é cercado de inúmeros riscos notadamente ergonômicos e
psicossociais. Dentre os principais fatores de adoecimento destacam-se:
2. OBJETIVO
O objetivo desse anexo é estabelecer parâmetros mínimos para o trabalho em atividades de
teleatendimento/telemarketing nas diversas modalidades desse serviço, de modo a proporcionar um máximo
de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente. Além das empresas especificamente voltadas para essa
atividade-fim, esse anexo aplica-se também a setores de empresas e postos de trabalho a ela dedicados. Esse
é o caso, por exemplo, de uma fábrica de laticínios que possui um serviço de atendimento ao cliente,
responsável pelo atendimento de chamadas referentes a dúvidas, reclamações, críticas e sugestões
(teleatendimento receptivo, ou passivo). O setor que realiza esse serviço está obrigado a cumprir as
determinações do Anexo 2 da NR17, apesar de essa não ser a atividade principal da empresa.
3.1 Assentos
Os assentos devem ser dotados de apoio em cinco pés, com rodízios cuja resistência evite
deslocamentos involuntários e que não comprometam a estabilidade do assento. Não devemos confundir esse
apoio em cinco pés com o apoio para os pés. O primeiro funciona como apoio da estrutura da própria
cadeira, enquanto o segundo como descanso para os pés.
As superfícies dos assentos onde ocorre contato corporal devem ser estofadas e revestidas de material
que permita a perspiração. A base deve ser estofada com material de densidade entre 40 a 50 kg/m 3. A altura
da superfície superior da base do assento deve ser ajustável, em relação ao piso, entre 37 e 50 centímetros,
podendo ser adotados até três tipos de cadeiras com alturas diferentes, de forma a atender as necessidades de
todos os operadores. A profundidade útil da base do assento deve estar entre 38 a 46 centímetros. O assento
deve ter borda frontal arredondada e características de pouca ou nenhuma conformação na base.
O encosto deve ser ajustável em altura e em sentido anteroposterior, com forma levemente adaptada ao
corpo para proteção da região lombar com largura de, no mínimo, 40 centímetros e, quanto aos encostos, de
no mínimo, 30,5 centímetros.
O assento também deve possuir apoio de braços regulável em altura de 20 a 25 centímetros a partir do
assento, e seu comprimento não deve interferir no movimento de aproximação da cadeira em relação à mesa,
nem com os movimentos inerentes à execução da tarefa.
6. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual,
salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou
em parte.
Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será
estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.
Art. 68. O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do art. 67, será sempre subordinado à permissão prévia da
autoridade competente em matéria de trabalho.
Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o repouso
dominical.
6.3 Escalas
Os empregadores devem levar em consideração as necessidades dos operadores na elaboração das
escalas laborais que acomodem necessidades especiais da vida familiar dos trabalhadores com dependentes
sob seus cuidados, especialmente nutrizes, incluindo flexibilidade especial para trocas de horários e
utilização das pausas. Tal determinação visa facilitar o planejamento doméstico, principalmente de mães com
crianças pequenas ou em fase de amamentação que dependem de terceiros para cuidar de seus filhos.
6.4.1 Pausas
As pausas deverão ser concedidas:
Pausa x Intervalo
Importante ressaltar a diferença entre pausa e intervalo. O objetivo das pausas é prevenir sobrecarga
psíquica, muscular estática de pescoço, ombros, dorso e membros superiores. As pausas integram a jornada
de trabalho. O intervalo é o período dedicado ao repouso e alimentação dos trabalhadores. O intervalo não
integra a jornada de trabalho.
Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja
para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja
inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
§ 1.º O excesso, nos casos desse artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo ou contrato coletivo e deverá
ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à autoridade competente em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo,
justificado no momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.
Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso mínimo de 15 minutos antes
do início do período extraordinário do trabalho, de acordo com o art. 384 da CLT.
O contingente de operadores deve ser dimensionado às demandas da produção no sentido de não gerar
sobrecarga habitual ao trabalhador, e deve ser suficiente para garantir que todos possam usufruir as pausas e
intervalos previstos no Anexo 2.
A norma não proíbe a utilização de procedimentos de monitoramento por escuta e gravação de ligações,
entretanto tal procedimento somente poderá ser realizado mediante o conhecimento do operador.
Além disso, os trabalhadores devem receber qualificação adicional à capacitação obrigatória referida
no item anterior quando forem introduzidos novos fatores de risco decorrentes de métodos, equipamentos,
tipos específicos de atendimento, mudanças gerenciais ou de procedimentos.
a) modelos de diálogos que favoreçam micropausas e evitem carga vocal intensiva do operador;
b) redução do ruído de fundo;
c) estímulo à ingestão frequente de água potável fornecida gratuitamente aos operadores.
Não devemos confundir as micropausas supracitadas com as pausas de dez minutos às quais o
trabalhador tem direito, conforme vimos anteriormente. As micropausas são pequenos momentos de silêncio
durante o diálogo de atendimento que permitem ao operador ouvir o cliente, de forma a reduzir a sobrecarga
vocal.
Infelizmente, apesar de todo o detalhamento da norma, o que vemos na prática são análises ergonômicas
com abordagens superficiais sobre as questões dos riscos ergonômicos, em especial no tocante à organização
do trabalho. No geral, o elaborador desse documento apenas reproduz os itens da norma sem qualquer
aprofundamento ou diagnóstico das condições de trabalho específicas do local em análise, não havendo
qualquer tipo de proposta significativa para melhorias no ambiente de trabalho.