Biofilmes 2018 Noturno

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BIOFILME DENTAL

Mecanismos de formação, arquitetura e potencial


patogênico
Maria Regina Simionato 2018
The mouth is an open system, rather like a
river, with a continual flow of liquid washing
out particles that do not attach and hold fast to
surfaces.
Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8

BIOFILMES: Comunidades de microrganismos altamente


organizadas embebidos em matriz orgânica acelular,cujos
constituintes tornam-se fenotipicamente diferentes dos
seus pares não aderidos. (Stoodley et al, 2002)
> 95% das bactérias existentes na natureza estão em biofilmes
1
2
Biofilme na superfície dental
=
Placa dental

3
Arquitetura do biofilme dental
 Microcolônias com aspecto de pilares ou cogumelos

 Sistema de canais - favorece o fluxo de nutrientes, produtos de


excreção, enzimas, metabólitos e oxigênio

4
 Matriz funcional formada por polímeros extracelulares
(bacterianos e do hospedeiro)

colonização, proteção das defesas do hospedeiro e dessecação

Jakubovics e Kolenbrander, 2010

5
Vantagens para os microrganismos que vivem em
biofilmes orais
 Persistência em ecossistemas com fluxo

 Heterogeidade espacial e ambiental


Ampla variedade de habitats com diversidade nutricional,
de concentração de oxigênio e de pH

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 Maior tolerância (fenotípico) e resistência (genotípico) bacteriana

 a mecanismos de defesa do -Matriz – reduz penetração do AM


hospedeiro -Taxa de crescimento baixa
-Células persistentes
 a formas reativas de oxigênio -eDNA – quelante de cátions e
aumenta a tolerância a AM com carga
 a proteases + (aminoglicosídeos por ex)
-Transferência de genes
 a antimicrobianos

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Proximidade, disposição espacial possibilitam:

④ Aquisição de novos genes, expressão de novas características

Expressão de um conjunto de genes que resulta em fenótipos


distintos de seus pares planctônicos

Marsh et al. 2011 8


⑤ Metabolismo mais eficiente
-Maior disponibilidade de nutrientes
-Compartilhamento ou complementação enzimática
Relações metabólicas entre bactérias orais do biofilme dental

Wright et al. Mol Oral Microbiol 28:83-101, 2013 9


 Sinalização célula-célula:
Microrganismos comunicam-se entre si, através de sinais químicos que
desencadeiam mecanismos de produção de novas proteínas e enzimas

TRENDS in Molecular Medicine

(Lamont e Hajishengallis 2015) 10


Rede complexa de moléculas sinalizadoras produzidas por
bactérias orais: moléculas pequenas, difusíveis e efetoras
Peptídeos estimuladores de competência Al-2 (Quorun Sensing)
(CSP) Mediada por moléculas auto-indutoras (AI)
-Pequenos peptídeos (17 a 21 aa) -Produzidos por Gram + e Gram –
-Produzidos por bactérias Gram + -Sinalização intra específica
Produção influenciada pelo pH -Sinalização interespecífica

Competência Mutualismo
Formação de biofilme Formação de biofilme
Liberação de DNA (eDNA) Porphyromonas gingivalis
Produção de bacteriocinas
Prevotella intermedia
Resistência ao stress
Fusobacterium nucleatum
S. mutans; S. gordonii

A sinalização célula-célula capacita os micro-organismos a sentir e


adaptar-se a várias situações de stress ambiental e,
consequentemente, regular a expressão de genes que influenciam
a capacidade de patógenos de causarem doenças
Jabukovics e Kolenbrander 2010; Guo et al. 2014; Marsh e Zaura 2017 11
Quorum sensing
- A formação de biofilmes requer a expressão coordenada de genes
de células individuais regulados por quorum sensing
-Células bacterianas individuais produzem um ou mais compostos de
baixo peso molecular que são transportados para fora da célula; se
várias células produzem o mesmo composto (AI), sua concentração
torna-se significante;
- Quando a concentração atinge certo nível, uma castata de
sinalização celular é iniciada, levando à indução de vários genes;
- Algumas moléculas auto-indutoras funcionam como comunicação
entre diferentes espécies e são importantes na formação de
biofilmes;
- A comunicação entre células é essencial para a formação de
biofilme, e a interferência nesse processo pode ser importante no
controle dos biofilmes.
Abraham WR. Antibiotics 5 (3) 2016 12
Película adquirida do esmalte
Camada acelular de proteínas que se ligam avida e rapidamente à
hidroxiapatita quando exposta à cavidade oral (0,1-1,0 m)

Base para o subsequente desenvolvimento da placa dental

Composição química e receptores

1. Glicoproteínas (mucinas e aglutininas; ex gp340)


2. Proteínas ricas em prolina (PRPs); estaterina
3. Amilase, lisozima, IgA-S, lactoferrina
4. Glicosiltransferases (Gtfs), glucanos
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Funções biológicas

1. Lubrificação da superfície do esmalte


(mucinas, proteínas ricas em prolina)

2. Proteção contra a desmineralização


(permeabilidade seletiva)

3. Atividade antimicrobiana
(lisozima, lactoferrina, lactoperoxidase, IgA-S)

4. Oferece receptores para os microrganismos colonizarem


a superfície dental
(glicoproteínas, PRPs, estaterinas, Gtfs, etc)

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Placa dental:
Biofilme complexo que se desenvolve na
superfície dos dentes e é um precursor direto
de cárie e doenças periodontais

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Etapas e formação do biofilme dental
A. Fase de colonização inicial
Adesão de bactérias à superfície

B. Fase de acumulação ou estruturação


Crescimento bacteriano em microcolônias sésseis

C. Maturação do biofilme

D. Fase de dispersão
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Etapas e formação do biofilme dental
A. Fase de colonização inicial
1. Células planctônicas ligam-se à
superfície dental por ligações de
baixa afinidade e baixa eficiência
(forças de Van der Waals e hidrofóbicas)
Reversível Película Adquirida

2. Células adsorvidas ligam-se à


superfície através de interações de
maior afinidade e eficiência,
usando adesinas específicas e
seus respectivos receptores
 Irreversível 17
A. Fase inicial de colonização

Streptococcus spp(> 60%)


S. gordonii
S. sanguinis
S. oralis
S. mitis
S. cristatus
S. mutans
Actinomyces spp
Veillonella spp
Gemella spp
Granulicatella spp
Jenkinson & Lamont . Trends in Microbiology, 2005.
Kingella spp 18
Mecanismos de adesão inicial

Adesinas Receptores
Lectinas Oligossacarídeos
Proteína Proteína
Interações iônicas ou hidrofóbicas

Locais preferenciais de colonização

Espécies Locais de colonização


S. sanguinis Superfícies lisas (V ou L/P)

Actinomyces spp Margem gengival

S. mutans Superfícies lisas IP


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B. Fase de acumulação ou estruturação

1. Divisão celular
+
2. Aderência interbacteriana (co-adesão)
agregacão de novas bactérias
recrutamento de células planctônicas adicionais

Crescimento rápido

Aumento da diversidade
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Mecanismos de co-adesão

a. Através de PEC
S. mutans + S. mutans
Actinomyces + Actinomyces

(Co-adesão intra-específica)

21
b. Através de componentes de saliva e do fluido gengival
S. sanguinis + S. sanguinis
S. gordonii + S. gordonii
S. oralis + S. oralis
Actinomyces spp + Actinomyces spp
(Co-adesão intra-específica)
c. Através de constituintes de superfície de bactérias de
diferentes espécies associados a fímbrias ou a fibrilas
Ex: S. gordonii + P. gingivalis
Fusobacterium nucleatum + S. sanguinis
(Co-adesão inter-específica e inter-genérica)

Aumento
Espigas da rosetas,
de milho, diversidade
cepilhos
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P. gingivalis

FimA Mfa

GAPDH SspA/B

S. gordonii

23
Lamont e Hajishengallis 2015
Fusobacterium nucleatum como ponte entre
colonizadores iniciais e tardios

Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8 24


C. Maturação do biofilme
Sucessão ecológica  Formação da placa dental madura
na estrutura da placa dental madura
Corynebacterium matruchotii

(espigas de milho e ouriços)

25
Mark Welch et al. 2016 PNAS
Estruturas de espiga de milho formadas por Corynebacterium
matruchotii (magenta) e cocos (verde) na placa

Welch et al. 2016 PNAS 26


Welch et al. 2016 PNAS 27
Filamentos e bacilos de vários gêneros formando estrutura na forma de ouriço

Welch et al. 2016 PNAS

28
Zijnge etal. PLOS One 5:9321e, 2010. 29
Espigas de milho

Jakubovics e Kolenbrander, 2010 30


D. Fase de dispersão

Liberação de células bacterianas


Bactérias associadas ao biofilme retornam à existência planctônica

Lazar V. Anaerobe 17: 280-5, 2011

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S. mutans: Proteína P1 é proteína formadora de amilóides

Incorporação de D- Aminoácidos na parede celular


(D-tirosina; D-leucina; D-triptofano; D-metionina)

Liberação de fibras amilóides bacterianas


ancoradas pela matriz extracelular

Dispersão do biofilme de S. mutans


Kolodkin-Gal et al. Science, 2010 32
Biofilme sobre epitélio gengival

Thurnheer et al 2014
33
Biofilme sobre epitélio gengival

Curtis et al 2011 34

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