Produção de Brotos Vegetais em Ambiente Protegido

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PRODUÇÃO DE BROTOS VEGETAIS EM AMBIENTE PROTEGIDO

Eduardo Vargas Camargo da Rosa1, Simone2, Thaís3, Vínícius4 e Paulo Elias5.

Resumo – O consumo de sementes germinadas ou brotos vem sendo uma alternativa saudável na alimentação humana,
já que se desenvolve em pouco tempo, pode ser produzido em espaços urbanos reduzidos e é um alimento de fácil
digestibilidade e com composição nutricional interessante, sendo consumido na forma de saladas, sopas, sanduíches e
sucos detox. Um dos brotos mais produzidos e apreciados atualmente são os de alfafa (Medicago sativa), planta
forrageira leguminosa utilizada para alimentação animal nos meses de inverno no Rio Grande do Sul. A pesquisa em
questão objetiva avaliar a produção de brotos de alfafa em diferentes tipos de substratos e sistemas produtivos. Foi
conduzido um experimento entre setembro e outubro de 2019 na Uergs unidade Santana do Livramento, testando a
produção de brotos de rabanete, couve manteiga e agrião, nos substratos espuma fenólica e vermiculita, em sistema
float, no interior de uma estufa plástica tipo túnel baixo. Os tratamentos experimentais foram constituídos de dois
substratos (vermiculita fina e espuma fenólica) e três hortaliças (rabanete, couve e agrião). Não houve diferença
estatística significativa entre os substratos para a variável precocidade de germinação, já que o tempo desde a
semeadura até a emissão dos cotilédones foi de três dias para o rabanete, a couve e o agrião. Sobre a porcentagem de
germinação, 100% das sementes de agrião testadas germinaram nos substratos espuma fenólica e vermiculita, o que
provavelmente seja atribuído à granulometria reduzida dessa semente de hortaliça, em comparação ao rabanete e a
couve. Para a variável matéria fresca da parte aérea, houve diferença significativa entre os tratamentos testados, onde os
brotos de rabanete (14,02 g), couve (3,99 g) e agrião (10,45 g) obtiveram as maiores médias no substrato espuma
fenólica. 279 palavras, máximo de 200!!!

Palavras-chaves: microgreens, substratos, estufa plástica.

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PRODUÇÃO DE BROTOS VEGETAIS EM AMBIENTE PROTEGIDO


TÍTULO EM INGLÊS

Abstract – The consumption of germinated seeds or sprouts has been a healthy alternative in human feeding, since that
it develops itself in a short time, can be produced in reduced urban spaces and it is some food of easy digestibility and
with interesting nutritional composition, and it is consumed in the form of salads, soups, sandwiches and detox juices.
One of the most produced and appreciated sprouts currently are the ones of alfalfa (Medicago sativa), leguminous
forage plant used for the animal feeding in the months of winter in Rio Grande do Sul. The research in question aims to
evaluate the production of alfalfa sprouts in different types of substrates and productive systems. It was conducted an
experiment between September and October of 2019 in Uergs, Santana do Livramento unit, testing the production of
sprouts of radish, kale and watercress, in phenolic foam and vermiculite substrates, in float system, in the interior of a
plastic greenhouse, low tunnel type. The experimental treatments were constituted of two substrates (thin vermiculite
and phenolic foam) and three vegetables (radish, kale and watercress). There was no significant statistical difference
among the substrates for the variable precocity of germination, once that the time since the seeding until the emission of
cotyledons was of three days for the radish, the kale and the watercress. About the percentage of germination, 100% of
the tested watercress seeds germinated in the phenolic foam and vermiculite substrates, which is probably attributed to
the reduced granulometry of this seed of vegetable, in comparison with the radish and kale. For the fresh matter variable
of the aerial part, there was significant difference among the tested treatments, where the sprouts of radish (14.02 g),
kale (3.99 g) and watercress (10.45 g) obtained the greatest averages in the phenolic foam substrate.

Keywords: microgreens, substrate, plastic greenhouse .


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1. INTRODUÇÃO

O consumo humano de sementes germinadas, ou brotos, é bem difundido e apreciado há


certo tempo na China, Japão e Estados Unidos, com crescimento anual de 5 a 10% (TANG et al.,
2014). No Brasil, observa-se o crescimento da demanda por esse tipo de produção vegetal (LIMA,
2006) que se desenvolve em um curto espaço de tempo, pode ser produzido em espaços urbanos
reduzidos, é um alimento de fácil digestibilidade e com composição nutricional interessante para
consumo humano.
Esse incremento no interesse de consumo dos brotos vegetais também se deve à busca atual
por uma vida mais saudável, o que tem encorajado a população a uma dieta mais rica em hortaliças,
frutas, cereais, oleaginosas, leguminosas e seus brotos comestíveis (MARQUES et al., 2017).
A produção de brotos tem como objetivo germinar os grãos de forma controlada, para
garantir plântulas sem fibras e coloração uniforme, assim como ausência do tegumento da casca
aderente (MARCOS FILHO, 2005). A fase de germinação é a mais rica em nutrientes de todo o
desenvolvimento vegetal, pois nessa fase os elementos minerais são facilmente digeridos e
assimilados pelo organismo, já que as proteínas são decompostas em aminoácidos, as gorduras em
ácidos graxos e os carboidratos complexos em açúcares simples (CARVALHO; NAKAGAWA,
2000).
Sementes germinadas e brotos são didaticamente diferenciados. A semente germinada
relaciona-se ao primeiro estádio pós-germinação (dois a três dias) e o broto corresponde a um
estádio mais avançado de desenvolvimento (cinco a dez dias), com a planta apresentando raiz, haste
e clorofila evidente, com perda da casca e assimilação de quase toda reserva nutritiva da semente,
com 8 a 10 cm de altura (MARCOS FILHO, 2005).
O broto é o estágio avançado de germinação da semente, que tem a capacidade de
potencializar as reservas nutritivas armazenadas e necessita o contato com a água, o ar e o calor
para começar a germinar (EMBRAPA SOJA, 2017). O rendimento da produção de brotos é
considerado alto, normalmente um quilo de sementes produz de cinco a 12 quilos de brotos,
dependendo da espécie e do tempo de brotação (VIEIRA, 2016).
Os brotos mais comercializados no Brasil são os de feijão mungo verde, seguido pelos
brotos de alfafa, trevo e rabanete (RIBEIRO, 2016), que podem ser consumidos in natura no
preparo de saladas, em sucos detox, em sanduíches ou em sopas, pratos refogados e assados,
apresentando grande potencial como novos alimentos, sendo também ótimas opções aos indivíduos
adeptos ao veganismo.
A alfafa (Medicago sativa L.) é uma planta pertencente à família das Fabaceaes, também
conhecida como luzerna, alfafa de flor roxa, alfafa verdadeira, alfafa de provença, alfafa cultivada e
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melga dos campos (FRANCO, 2008). No Brasil, e especialmente no Rio Grande do Sul, essa
leguminosa é comumente utilizada como forrageira na alimentação animal durante os meses de
outono inverno.
Para a produção de brotos de alfafa de adequada qualidade, é necessário que as sementes
sejam de origem idônea, com elevada pureza e vigor, sem contaminação por outras espécies ou por
agrotóxicos, além de terem pouco tempo de armazenamento.
O cultivo de brotos comestíveis demanda pouco consumo de água e energia elétrica, além de
ser um trabalho que dispensa o uso intensivo da força braçal. Outros fatores favoráveis que tornam
essa atividade rentável são o baixo investimento inicial e sistema produtivo simples e de baixo custo
(MARQUES, 2017). Além disso, o período compreendido entre o plantio e a colheita dos brotos
para o consumo humano é extremamente curto, o que proporciona um rápido retorno financeiro
(RIBEIRO, 2016).
A produção de brotos vegetais pode ser em ambiente protegido coberto com filme plástico
agrícola transparente (PEBD) ou em câmara de germinação com ambiente controlado, ambos
sistemas necessitando de irrigações frequentes.
O substrato utilizado na produção dos brotos de alfafa apresenta grande influência no
processo germinativo, pois fatores como estrutura, aeração, capacidade de retenção de água e grau
de infestação de patógenos podem variar de acordo com o tipo de material usado (GUERRINI;
TRIGUEIRO, 2004).
A produção de brotos é rápida, dura cerca de seis a dez dias, e pode ser realizada em
qualquer época do ano e região, sem a necessidade de solo, fertilizantes, agrotóxicos e de luz solar
direta. Tem-se observado que o rendimento de produção (proporção broto/semente) é alto, onde
normalmente um quilo de sementes produz de cinco a 12 quilos de brotos, dependendo da espécie
empregada e do tempo de brotação (VIEIRA, 2016).
A temperatura também é um fator importante para a correta germinação das sementes,
porque regula a rapidez de absorção da água, que aumenta com a sua elevação. Embora muitas
plantas germinem dentro de uma ampla faixa de temperatura, elas não germinarão acima ou abaixo
de certas faixas específicas para a espécie. Para a alfafa a temperatura mínima de germinação está
entre 0°C e 5°C; e a máxima, entre 45°C e 48ºC, sendo que a temperatura ótima de germinação se
encontra entre 25°C e 30°C (SCHARDONG et al., 2013).
O principal interesse durante a produção de brotos está na região do hipocótilo (região entre
as duas primeiras folhas despontantes e as raízes), que deve ser longo (cerca de 5 cm), devendo
apresentar coloração clara, consistência firme, melhor sabor e, consequentemente, boa qualidade
final dos brotos (DUQUE et al., 1987; MARQUES et al., 2017).
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Os brotos são consumidos crus, por isso devem ser mantidos em locais com extrema
higienização e manipulados nas mesmas condições. Como qualquer agroindústria alimentícia, os
funcionários que tiverem contato direto com a produção devem manter as mãos limpas para
proteger as plantas de possíveis contaminações, utilizar uniformes, toucas, luvas e sapatos
adequados. Além disso, deve-se manter o local sempre limpo e isento de pragas e de vetores, como
roedores e insetos (RIBEIRO, 2016).
A produção de brotos vegetais pode ser uma atividade agrícola interessante para o município
de Santana do Livramento Uruguai (latitude: -30.8897, longitude: -55.5323 30° 53′ 23″ Sul, 55° 31′
56″ Oeste), que está localizado na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, sendo uma
cidade que faz fronteira seca com o Uruguai, através da cidade de Rivera. Dessa forma, Santana do
Livramento tem a peculiaridade de atrair grande número de turistas em função da zona livre para
compras (“Free Shops”), do turismo rural e dos restaurantes de alta gastronomia, que podem ser
importantes pontos de escoamento dos brotos vegetais.
Os brotos são muito utilizados na alta gastronomia por serem delicados e chamarem a
atenção em qualquer preparo culinário em que sejam adicionados, atraindo olhares na composição
final dos pratos. Alguns brotos possuem sabor marcante, como o rabanete e a rúcula, e associam
frescor às preparações culinárias.
Aliado a isso, a produção de brotos pode ser uma estratégia de diversificação de renda para
os agricultores situados no município, já que em Santana do Livramento existem cerca de 30
assentamentos da reforma agrária, composto predominantemente por agricultores familiares.
Segundo Macedo (2014), caracterizam-se como agricultores familiares aqueles produtores rurais
que utilizam em sua propriedade a mão de obra predominantemente familiar, tendo a renda
proveniente das atividades econômicas desenvolvidas na propriedade rural, com baixo aporte de
tecnologia externa e sendo a unidade produtiva gerida pela família.
Para Cantelli et al. (2017), a produção de brotos vegetais no Brasil ainda é restrita ou quase
inexistente, necessitando de pesquisas sobre as tecnologias que proporcionem uma produção de
qualidade, referentes ao sistema produtivo, substratos, necessidade de luz, tempo ideal para o
completo desenvolvimento, produtividade e rendimento, entre outros fatores.
Segundo Oliveira et al. (2013), para a consolidação do mercado consumidor de brotos, são
necessárias tecnologias que permitam a produção em larga escala e técnicas de processamento que
certifiquem a segurança alimentar do gênero, possibilitando um comércio vantajoso e interessante
para os produtores.
Nesse contexto, o tema proposto pela pesquisa em questão objetiva avaliar a produção de
brotos de alfafa (Medicago sativa L.) em diferentes tipos de substratos e sistemas produtivos.
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2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi executado na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), na
área externa do campus central, na cidade de Santana do Livramento, RS, no período de 24 de
setembro a 08 de outubro de 2019.
A classificação climática de Santana do Livramento é do tipo Cfa, segundo Köppen e Geiger
(1928), caracterizada por verão quente e temperado, com temperatura média de 18,4 °C e
pluviosidade média anual de 1.467 mm.
O período da execução do experimento foi o início da primavera, podendo ser considerado
ameno-quente, com temperaturas médias mínimas de 17,4°C e máximas de 18,9°C
(ACCUWEATHER, 2019) e precipitação mensal média de 130mm (CLIMATEMPO, 2019).
Durante o período de experimento ocorreu um índice pluviométrico atípico, sendo registrados
351,8mm para o mês de outubro de 2019 (INMET, 2019).
As hortaliças testadas na produção dos brotos vegetais foram o rabanete (Raphanus sativus)
cultivar Sparkler, a couve manteiga da geórgia (Brassica oleracea) cultivar acephala e o agrião da
água folha larga (Nasturtium officinale) cultivar Folha Larga.
A escolha das espécies vegetais do experimento foi baseada em pesquisas com produção de
brotos vegetais que podem ter sabor mais picante, como o rabanete e o agrião, ou apresentar sabor
mais suave, como a couve, sendo todas hortaliças potencialmente viáveis para a produção de
microverdes em hidroponia (VIEIRA, 2016).
O experimento foi conduzido em hidroponia, a partir de bandejas plásticas preenchidas com
substratos em sistema floating, no interior de um ambiente protegido modelo túnel baixo (Figura 1),
construído com arcos de PVC e cobertos com PEBD transparente de 100 micras. Os arcos de PVC
para a construção do túnel baixo tinham diâmetro de 1,27cm e foram separados 80cm entre si.
Figura 1 – Estufa plástica modelo túnel baixo, para a produção de brotos vegetais.

Fonte: Acervo fotográfico dos autores (2019).


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O sistema denominado de “floating” (piscina flutuante) tem sido muito utilizado para a
produção de mudas de alface e outras hortaliças folhosas, e consiste em se colocar bandejas com
substrato inerte em piscinas contendo água, adicionada de solução nutritiva, para que ocorra a
irrigação e também nutrição das plântulas (FURLANI, 2009). Com isso, diminui a preocupação do
olericultor em manter sempre úmido os substratos com sistemas de irrigação tradicionais, já que no
sistema floating a irrigação ocorre por capilaridade.
Foram utilizadas bandejas plásticas brancas de cozinha (30 cm x 40 cm) como recipiente
para adicionar as bandejas plásticas transparentes menores (10 cm x 15 cm), que continham os
tratamentos experimentais (Figura 2).

Figura 2 – Disposição dos tratamentos experimentais inseridos em cada bloco experimental.

Fonte: Acervo fotográfico dos autores (2019).


Os tratamentos experimentais foram constituídos de dois substratos (vermiculita fina e
espuma fenólica) e três hortaliças (rabanete, couve e agrião), sendo: tratamento 1) rabanete em
substrato vermiculita; tratamento 2) rabanete em substrato espuma fenólica; tratamento 3) couve em
substrato vermiculita; tratamento 4) couve em substrato espuma fenólica; tratamento 5) agrião em
substrato vermiculita; tratamento 6) agrião em substrato espuma fenólica.
Os substratos utilizados foram previamente umedecidos antes da semeadura, sendo a
espuma fenólica submersa em água pura durante 24 horas a fim de realizar uma lavagem prévia de
possíveis contaminantes existentes, e a vermiculita foi encharcada e deixada em drenagem livre
durante 1 hora.
Para a semeadura, utilizou-se a densidade de 2,36 g por bandeja plástica transparente para o
rabanete, 0,84 g para a couve e 0,02 g para o agrião. Essa diferença de densidades de semeadura
deu-se em função do peso específico de cada semente da hortaliça utilizada. As sementes de
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hortaliças utilizadas no experimento caracterizavam-se por serem livres de agrotóxicos e de


transgênicos.
Utilizou-se a solução nutritiva da marca Hortibras®, recomendada para fertirrigação e
hidroponia de alface. Foi realizada a diluição dos sais componentes da solução nutritiva em água
pura, na seguinte proporção: nitrato de cálcio 7,2 gramas, mineral misto 4,65 gramas, MAP
purificado 1,35 gramas, sulfato de magnésio hepta hidratado 4,26 gramas, con micros light 0,09
gramas e fertilizante de ferro 6% EDDDHA 0,32 gramas, diluídos conforme recomendação do
fabricante. A diluição da solução nutritiva foi realizada no Laboratório de Química da Uergs,
unidade Santana do Livramento, totalizando o equivalente à 9 litros de solução final, que foi
utilizada no experimento.
A solução nutritiva era formulada semanalmente, à medida que ocorria a absorção pelas
raízes das plântulas. Porém, intercalou-se a irrigação no sistema floating com solução nutritiva e
água pura, para não causar um estresse salino e morte das plântulas, em função de uma elevada
concentração de sais na zona radicular. Era oferecida solução nutritiva durante quatro dias da
semana e água pura durante os outros três dias. Houve monitoramento semanal da solução nutritiva,
através de medições da condutividade elétrica e do pH da, com condutivímetro e pHgâmetro
portátil, apresentando média de 5,99 de pH e 0,17 m.V-1 de condutividade.
O delineamento estatístico adotado foi definido como blocos casualizados, com seis
tratamentos e 24 repetições para cada hortaliça testada. Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Cada bloco casualizado era formado pela coleção completa de todos os tratamentos
experimentais, já que em cada bloco existia as hortaliças rabanete, couve e agrião testadas nos
substratos vermiculita e espuma fenólica.
Os blocos ficaram situados lado a lado no interior da estufa plástica tipo túnel baixo, sob as
mesmas condições climáticas (temperatura, umidade relativa do ar, ventos, radiação solar) vigentes
durante todo o período do experimento (Figura 3).
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Figura 3 – Tratamentos experimentais testados, no delineamento blocos casualizados, no interior da


estufa plástica túnel baixo.

Fonte: Acervo fotográfico dos autores (2019).


O manejo do túnel baixo consistia na abertura e fechamento diário para a retirada da
umidade relativa do ar interna, exceto em dias de chuva, onde o ambiente protegido permanecia
fechado.
Durante o período do experimento foi necessário adicionar uma tela plástica sombrite 50%,
em função do índice de radiação solar e das temperaturas que tendiam a se elevar.
As variáveis medidas durante o experimento foram: precocidade de emergência (contagem
dos dias desde a semeadura até a emissão dos cotilédones); porcentagem de germinação (quantidade
de sementes que efetivamente germinaram após cinco dias da instalação do experimento).
O peso de brotos foi determinado através da aferição do peso da matéria fresca e da matéria
seca da biomassa da parte aérea utilizando-se balança de precisão e os dados expressos em gramas
(HSU et al.,1980; OLIVEIRA et al., 2013).
Após a pesagem da matéria seca da parte aérea, as plantas de alface foram acondicionadas
em sacos de papel pardo e desidratadas em estufa com circulação de ar forçado, em temperatura
média de 70ºC, até que atingissem peso constante, o que normalmente ocorre após 48h. O valor da
umidade foi obtido pela diferença de peso entre a matéria fresca e da matéria seca (AOAC, 1995;
OLIVEIRA et al., 2013).

3. RESULTADOS E DICUSSÃO
Na Tabela 1 estão representados os resultados das variáveis agronômicas de crescimento
vegetal avaliadas durante o experimento com produção de brotos de rabanete, couve e agrião em
substratos com solução nutritiva em sistema float nos tratamentos testados, sendo (T1) vermiculita e
(T2) espuma fenólica.
Podemos observar que houve diferença estatística significativa para as variáveis
porcentagem de germinação, peso de matéria fresca e peso de matéria seca da parte aérea, onde o
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tratamento com o substrato espuma fenólica (T2) apresentou as maiores médias de crescimento de
brotos das hortaliças testadas, em comparação com o substrato a base de vermiculita (T1).
Não houve diferença estatística significativa entre os substratos para a variável precocidade
de germinação, já que o tempo desde a semeadura até a emissão dos cotilédones foi de três dias para
o rabanete, a couve e o agrião.

Tabela 1 - Variáveis agronômicas de crescimento vegetativo avaliadas na produção de brotos de


rabanete, couve e agrião: precocidade de germinação (dias), porcentagem de germinação (%),
matéria fresca e seca da parte aérea (g). Santana do Livramento, Uergs. 2019.
Precocidade Porcentagem Matéria Matéria
Tratamentos germinação germinação fresca seca
(dias) (%) (g) (g)
Rabanete    

T1) Vermiculita 3a 12,50 b 7,85 b 0,57 b


T2) Espuma fenólica 3a 16,67 a 14,02 a 1,06 a

Couve    

T1) Vermiculita 3a 14,58 a 2,84 b 0,24 b


T2) Espuma fenólica 3a 14,58 a 3,99 a 0,33 a

Agrião    

T1) Vermiculita 3a 100,00 a 9,74 b 0,55 a


T2) Espuma fenólica 3a 100,00 a 10,45 a 0,65 b

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Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo
teste
de Tukey a 5% de probabilidade.

A pesquisa realizada por Pinheiro et al. (2012) com germinação de rabanete em substrato
comercial (Plantmax®) comparativamente com substrato formulado a base de vermiculita, fibra de
coco e areia, apresentou resultado similar de três dias para a precocidade de germinação.
Senra et al. (2012) verificou que velocidade média de germinação e emergência de sementes
de agrião, cultivar Folha Larga, em substrato de areia foi de 2,24 dias, estando de acordo com os
valores encontrados na pesquisa em questão.
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A elevada velocidade de germinação e emergência das hortaliças rabanete, couve e agrião


possivelmente tenha relação com a retenção de água dos substratos testados, já que segundo
Castellane e Araújo (1994), fatores como estrutura, aeração, capacidade de retenção de água e grau
de infestação de patógenos, podem variar de um substrato para o outro, favorecendo ou
prejudicando a germinação das sementes.
Guerrini e Trigueiro (2004), afirmam que substratos comerciais como as espumas fenólicas
têm como característica uma porcentagem de micro poros considerada adequada para a produção de
mudas de hortaliças, o que confere a esse material uma capacidade de retenção de água satisfatória,
influenciando positivamente a germinação e o desenvolvimento do sistema radicular das mudas. A
vermiculita também pode ser considerada um substrato adequado para a germinação de sementes,
em função da uniformidade de granulometria, porosidade e elevada retenção de água, aliado ao fato
de ser estéril, devido ao processo de expansão que é realizado com temperatura entre 800 e 900ºC
(ISOLANTES, 2009).
Em relação à variável porcentagem de germinação, percebe-se na Tabela 1 que 100% das
sementes de agrião testadas germinaram nos substratos espuma fenólica e vermiculita, o que
provavelmente seja atribuído às características morfológicas dessa semente, que possuía uma
granulometria reduzida em comparação ao rabanete e a couve (Figura 3), o que proporcionou uma
maior densidade de sementes por célula durante o processo de semeadura.
Figura 3 – Comparativo entre as granulometrias das sementes de agrião, couve e rabanete,
respectivamente da esquerda para a direita.

Fonte: Acervo fotográfico dos autores (2019).


Outro fator que pode ter influenciado na elevada porcentagem de germinação das sementes
de agrião foi a época da condução do experimento, entre setembro e outubro de 2019, com
temperaturas em elevação típicas da primavera, favorecendo essa hortaliça adaptada ao clima
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ameno. Aliado a isso, a abundância de água fornecida pelos substratos vermiculita e espuma
fenólica, também favoreceu o desempenho da germinação do agrião.
A espuma fenólica e a vermiculita têm se mostrado substratos interessantes e práticos para a
produção de mudas, sendo utilizados para a germinação de sementes como material inerte, ou seja,
que não interfere na nutrição vegetal. A espuma provê boa sustentação para a muda, além de ter alta
capacidade de retenção de água e excelente aeração, o que evita problemas degenerativos no
sistema radicular, apresentando também isenção de patógenos e pragas e fácil manuseio (NETO, et
al., 2010).
O agrião cultivar Folha Larga produz plantas vigorosas, de alta capacidade de
perfilhamento, com folhas tenras e arredondadas, que por se tratar de uma planta semiaquática, a
espécie se desenvolve adequadamente em água abundante (FILGUEIRA, 2008).
Para as sementes de rabanete os substratos testados apontaram diferença estatística na
variável porcentagem de germinação, sendo a espuma fenólica superior à vermiculita, com 16,67%
e 12,50%, respectivamente.
Para as sementes de couve não houve diferença estatística significativa entre os substratos
testados, onde ambas hortaliças apresentaram 14,58% de porcentagem de germinação.
Percebe-se que as porcentagens de germinação para rabanete e para couve, tanto em espuma
fenólica quanto em vermiculita, foram baixas em comparação a pesquisas realizadas por Neto et al.
(2010) trabalhando com a cultura da alface no substrato espuma fenólica, que foi de 68 até 81,28%
de germinação. Segundo Trani et al. (2014), a couve é uma cultura da estação outono-inverno que
tem uma boa adaptação a frios intensos e resistência a geadas, desenvolvendo-se bem na faixa de
temperatura média entre 16 e 22 °C, temperatura mínima entre 5 a 10 °C e temperaturas máximas
de 28 °C. Temperaturas fora dessas faixas prejudicam o desenvolvimento da planta e acarretam
prejuízos na parte comercial de interesse.
Para o rabanete, pesquisas feitas por Steiner et al. (2009), com as cultivares Branco
Comprido e Vermelho Comprido, apresentaram máxima germinação em temperaturas variando de
10 a 20 º C, sendo que a temperatura de 35 º C afetou negativamente a germinação dessa hortaliça.
Durante o experimento com produção de brotos, ressalta-se que as temperaturas do ambiente
foram de 26°C e 14°C, respectivamente a média máxima e média mínima (ACCUWEATHER,
2019). Porém, a estufa plástica potencializa as temperaturas ambientais, devido ao acúmulo de
energia no interior do ambiente protegido em função das características do material plástico
agrícola Costa et al. (2004).
Para a variável matéria fresca da parte aérea, houve diferença significativa entre os
tratamentos, onde rabanete (14,02 g), couve (3,99 g) e agrião (10,45 g) obtiveram as maiores
médias no substrato espuma fenólica.
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Na matéria seca da parte aérea as médias mais elevadas foram obtidas também no substrato
espuma fenólica, onde o rabanete apresentou 1,06 g), a couve 0,33 g e o agrião 0,65 g. Os dados de
matéria fresca obtidos têm uma relação linear direta com a matéria seca da parte aérea das hortaliças
testadas, de acordo com afirmação feita por Prasad et al. (1994).

4. CONCLUSÕES
Para as condições locais onde o experimento foi conduzido, conclui-se:
1) A produção de brotos de couve, agrião e rabanete no sistema float, foi influenciado pelos
substratos testados, onde, o substrato espuma fenólica apresentou superioridade no crescimento
vegetal, relacionando peso da matéria fresca e peso da matéria seca, e as variáveis precocidade de
germinação e porcentagem de germinação, não obtiveram diferença estatística na produção de
couve e agrião, quando comparados ao substrato vermiculita.
2) O tratamento realizado com substrato espuma fenólica no cultivo de agrião, couve e rabanete
no sistema float, apresentou melhores resultados, possivelmente este fato está relacionado as
características do substrato, podendo ser observadas melhor retenção de água e maior densidade,
oferecendo melhor ambiente aos cultivos, potencializando o crescimento das plantas testadas.
3) A produção de microgreens em sistema float em perímetro urbano mostra-se um ótimo meio
para obter alimentos de forma pratica e saudável, sendo assim evidenciado que o substrato espuma
fenólica obteve os melhores resultados nos parâmetros analisados e indicado para produção de
microgreens.
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