Ciências Biológicas Princípios de Fisiologia Vegetal Mendes Lucena e Medeiros
Ciências Biológicas Princípios de Fisiologia Vegetal Mendes Lucena e Medeiros
Ciências Biológicas Princípios de Fisiologia Vegetal Mendes Lucena e Medeiros
F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do
12
História
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Ciências Biológicas
Geografia
2ª edição
Fortaleza - Ceará 9
12
História
2015
Educação
Física
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
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zação, por escrito, dos autores.
Editora Filiada à
Capítulo 3 - Fotossíntese..................................................................... 49
3.1. Introdução........................................................................................ 51
3.2. Processo fotoquímico...................................................................... 52
3.3. Processo bioquímico ....................................................................... 55
3.4. Processo de difusão......................................................................... 61
3.5. Aspectos ecofisiológicos associados à fotossíntese....................... 62
Capítulo 5 - Respiração....................................................................... 81
5.1. Introdução........................................................................................ 83
5.2. Bioquímica da respiração................................................................ 83
5.3. Respiração nos órgãos vegetais...................................................... 90
Objetivos
•• Identificar os mecanismos e as forças propulsoras que operam no trans-
porte de água dentro da planta e entre a planta e seu ambiente;
•• Estudar as relações solo-água-planta em culturas submetidas à deficiên-
cia hídrica;
•• Analisar os mecanismos fisiológicos de resposta da planta ao estresse
hídrico.
b) Difusão
A difusão pode ser interpretada como movimento de moléculas por agi-
tação térmica aleatória de regiões de alta concentração (alta energia livre)
para regiões de baixa concentração (baixa energia livre). A difusão é calcula-
da pela Lei de Fick:
Aquaporina
(porp seletivo
para a água)
Bicamada
da
membrana
Moléculas de água
Figura 1.2 Água atravessando a membrana celular de plantas. (A) por difusão de mo-
léculas individuais através da bicamada lipídica; (B) por fluxo em massa, através de
poros seletivos formados por proteínas integrais da membrana, como as aquaporinas.
Fonte: Costa (2001).
Por definição:
Em que:
•• µ - µ º = diferença entre o potencial químico da água e o potencial químico
da água pura (Yw = 0);
•• V = volume molal parcial da água (volume de 1 mol de água:18x10-6 cm3 mol-1).
Figura 1.3 Cinco exemplos ilustram o conceito de potencial hídrico e seus componen-
tes. (A) Água pura; (B) Solução contendo 0,1 M de sacarose; (C) Célula flácida (em
ar) é mergulhada na solução 0,1 M de sacarose (uma vez que Ψw inicial da célula é
menor que o Ψw da solução, a célula absorve água. Após o equilíbrio, o Ψw da célula
aumenta para igualar o Ψw da solução, e o resultado é uma célula com pressão de
turgor positiva); (D) O aumento da [sacarose] na solução faz a célula perder água,
reduzindo o Ψp no caso, o protoplasto é capaz de se afastar da parede celular ,isto é,
a célula plasmolisa, pois moléculas de sacarose são capazes de passar pelos poros
relativamente grandes das paredes celulares. Por outro lado, quando uma célula seca
ao ar, como a célula flácida no painel C, a plasmólise não ocorre, uma vez que a água
retida por forças capilares na parede celular impede a infiltração do ar para dentro de
qualquer espaço vazio entre a membrana plasmática e a parede celular; e (E) Outra
forma de fazer uma célula perder água é pressioná-la lentamente entre duas placas.
Nesse caso, metade da água celular é removida, de forma que o potencial osmótico
aumenta por um fator 2.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Fisiologia Vegetal 15
•• Outras características
Alguns autores utilizam diversas variáveis que identificam, indiretamen-
te, o “status” hídrico da planta. Essas variáveis devem ser analisadas, de pre-
ferência em conjunto. Vejamos as mais importantes:
•• Elasticidade da parede celular (ε) = (∆Ψp/∆Ψp). V;
•• Condutância estomática (movimento dos estômatos);
•• Variações no diâmetro do caule;
•• Relação temperatura da folha / temperatura do ambiente;
•• Murchamento visual.
Figura 1.4 Respostas das plantas ao estresse hídrico. a) A sensibilidade das várias
funções e processos celulares durante a deficência hídrica. As linhas horizontais
contínuas mostram a gama de potencial hídrico para a qual, na maioria das plantas,
ocorre uma resposta clara; a linha tracejada vertical mostra o início do fechamento
estomático; b) Curso temporal das respostas metabólicas devido à perturbação da
turgidez.
Fonte: Larcher (2000); Costa (2001).
Figura 1.5 Rotas para absorção de água pelas raízes. Na rota simplástica, a água
flui entre células pelos plasmodesmas, sem atravessar a membrana plasmática. Na
transcelular, a água move-se através das membranas plasmáticas. Na apoplástica,
a água move-se pela parede celular sem atravessar a membrana, sendo bloqueada
pela estria de Caspary.
Fonte: COSTA (2001).
1.2.4. Movimento de água da folha para a atmosfera
A água move-se, na fase líquida, em toda extensão do sistema vascular, che-
Existem dois tipos básicos gando até os sítios de evaporação nas paredes celulares do parênquima la-
de células condutoras cunoso das folhas. Daí, através das câmaras subestomáticas, dos ostíolos e
no xilema, os traqueídes
da cutícula, ela se move para a atmosfera externa na fase de vapor. A cutícula
e os elementos de vaso,
sendo ambos mortos. Os cerosa é uma barreira efetiva no movimento de água. Estima-se que 5% da
traqueídes, considerados perda de água da folha seja pela cutícula. Os estômatos, por sua vez, aco-
evolutivamente mais plam a absorção de CO2 (Fotossíntese) com a perda de água na forma de
primitivos que os
vapor (Transpiração), conforme pode ser observado na Figura 1.7.
elementos de vaso,
são o único tipo de
célula condutora nas
gimnospermas.
Fisiologia Vegetal 19
Figura 1.7 Trajetória da água pela folha. A água é puxada do xilema para as paredes
celulares do mesófilo, de onde evapora para os espaços intercelulares dentro da fo-
lha. O vapor da água difunde-se, então, pelos espaços intercelulares da folha, através
do poro estomático e da camada limítrofe de ar parado, situada junto à superfície fo-
liar. O CO2 difunde-se na direção oposta, ao longo de seu gradiente de concentração
(baixa no interior, mas alta no exterior).
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
1.2.4.1. Transpiração
De toda a água absorvida pelas plantas, aproximadamente 95% é perdida
pela transpiração, e o restante é utilizado no crescimento e no metabolismo.
A transpiração pode ocorrer pelos estômatos (transpiração estomática), pela
epiderme cutinizada (transpiração cuticular) e pelas superfícies suberizadas
(transpiração peridérmica).
A sua importância tem sido bastante discutida. Acredita-se que pode
contribuir para a absorção e a distribuição de água e de sais minerais, para o
resfriamento da planta e a turgidez ótima (vantagens), tornando-se a principal
causa da perda da turgescência dos tecidos (desvantagem).
A transpiração depende de dois fatores principais: a diferença na con-
centração de vapor d’água entre a folha e a atmosfera externa, e a resistência
difusional (r) dessa rota. Essa resistência consiste de dois componentes: re-
sistência estomática (rs) e resistência da camada de ar limítrofe (rar). Assim, a
taxa transpiratória (T), em mol m-2 s-1, é determinada pela seguinte equação:
Cwv folha - Cwv ar
T = ----------------------
rar + rs
20
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Célula-guarda
Câmara subestomática
Figura 1.9 Alterações nas dimensões das células-guarda, vistas de cima, e a influên-
cia da orientação das microfibrilas e da espessura das paredes. a) Orientação das
microfibrilas nas paredes de um estômato elíptico (dicotiledôneas, monocotiledôneas
não-gramíneas, musgos, samambaias e gimnospermas): as setas indicam a direção
da expansão das células-guarda e o movimento durante a abertura do estômato. b)
Diagrama para as células de um estômato de gramíneas e palmeiras.
Fonte: WEYERS; MEIDNER (1990).
Figura 1.12 Alguns exemplos de diferentes formas que permitem às plantas sobre-
viverem à seca. a) Árvores de folhas caducas que armazenam água nos troncos; b)
suculentas que armazenam água no caule; c) suculentas que armazenam água nas
folhas; d) árvores e arbustos sempre-verdes e com raiz principal profunda; e) arbustos
de folhas caducas, frequentemente espinhosos; f) arbustos de caules clorofilados; g)
gramíneas que formam tufos com gemas de renovo protegidas pelas baínhas das
folhas e com sistema radicular extenso; h) plantas de hábito em roseta; i) geófitas
com raízes de armazenamento; j) geófitas com bulbos ou tubérculos; k) pluvioterófitas
(plantas anuais); l) plantas tolerantes à dessecação (tipo poiquilo-hídricas).
Fonte: LARCHER (2000).
Síntese do Capítulo
A água representa cerca de 80 a 95% dos tecidos em crescimento, constituin-
do-se o principal componente do protoplasma. Os mecanismos de transporte
de água do solo, através do corpo da planta, para a atmosfera, incluem fluxo
de massa, difusão e osmose, que estão associados a diferentes forças propul-
soras. O movimento de água através de barreiras semipermeáveis depende
da diferença de potencial hídrico (ψw), que é resultante dos seguintes com-
ponentes: ψw = ψp + ψs + ψg + ψm. Além de governar o transporte pela planta,
o ψw é utilizado como uma medida do seu “status” hídrico. O movimento de
água das raízes para a folha, via xilema, pode ocorrer devido a uma pressão
positiva na raiz ou a uma pressão negativa (tensão), desenvolvida na parte
aérea. Em plantas com alta taxa transpiratória, a absorção, o transporte e a
perda de água para a atmosfera são tão rápidas que a pressão positiva no
xilema não se desenvolve. Nesses casos, ocorre o estabelecimento de uma
pressão hidrostática negativa, gerada pela transpiração foliar. A planta pode
desenvolver mecanismos de tolerância, a fim de manter sua atividade meta-
bólica, crescer e desenvolver-se sob condições adversas, especialmente sob
deficiência hídrica.
Atividades de avaliação
1. Cite os componentes do potencial hídrico e analise o significado
de cada um.
2. Duas células estão em contato. A célula A apresenta ψs = -5 bar e ψp =
1 bar. A célula B tem ψs = -6 bar e ψp = 3 bar. Qual a direção de difusão
da água?
3. Descreva os processos de transporte de água realizados pelas plantas.
4. Faça uma análise sobre a sensibilidade de alguns processos fisiológicos
à redução do potencial hídrico.
5. Comente a respeito da absorção de água e da transpiração, considerando:
a) a importância para o crescimento e o desenvolvimento das plantas;
b) as rotas de absorção de água pelas raízes;
c) a defasagem diária entre absorção de água e a transpiração pela planta;
28
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Textos complementares
A seca como um fator de estresse
O termo “seca” significa um período sem precipitação apreciável, durante o qual o
conteúdo de água no solo é reduzido, de forma que as plantas sofrem com a au-
sência de água. Frequentemente, mas não invariavelmente, o estado de dessecação
do solo é acompanhado de forte evaporação causada pela demanda evaporativa do
ar e de altos níveis de radiação. Somente a deficiência de precipitação, entretanto,
não é capaz de ocasionar a aridez. As regiões polares, por exemplo, apesar de baixa
precipitação, não atingem a condição de aridez devido às baixas temperaturas; e, nas
regiões secas, as raízes da vegetação aberta alcançam horizontes permanentemente
úmidos na proximidade do lençol freático ou de rios (por exemplo, florestas de galeria
e formações arbustivas nos solos dos vales).
(...)Podem ser utilizados vários critérios baseados em medidas de umidade do solo e
na análise da distribuição da precipitação para a avaliação do grau de estresse mo-
mentâneo a que a planta está submetida em seu ambiente (informação especialmen-
te importante para a agricultura e para a silvicultura). Do ponto de vista ecofisiológi-
co, o conhecimento somente dos fatores externos proporciona uma base insuficiente
de dados para a interferência de conclusões precisas sobre o grau de seca. Somente
a planta por si mesma é capaz de mostrar, de maneira confiável, onde e quando a
ausência de água se torna um fator de estresse. Essa situação é revelada da melhor
maneira por meio do balanço hídrico do vegetal.
O quanto uma planta sofre em seu habitat devido às condições de seca não depende
somente de sua capaciadade de resistência à seca, mas também das condições pre-
ponderantes no habitat. O índice relativo de dessecação (IRD), que compara o défi-
cit de saturação hídrica momentâneo com um limite crítico de déficit de saturação
hídrica para a espécie em questão, pode dar uma ideia das variações dos valores de
deficiência hídrica no solo e na atmosfera, bem como o grau de seca atingido em um
local, o que essencialmente define a distribuição de uma determinada espécie.
Fonte: LARCHER (2000).
ativo das raízes não pode ser descartado. A ascensão hidráulica não apenas melhora
a condição hídrica da planta que exibe este fenômeno, como também a das plantas
vizinhas, que podem utilizar uma proporção significativa dessa porção de água.
A ascensão hidráulica é aparentemente comum e tem sido descrita tanto em plantas
adaptadas a condições áridas, como as artemísias e os carvalhos da região de chapar-
ral da Califórnia (EUA), quanto em plantas de habitats mais úmidos, como a alfafa,
a cevada e o milho. Mesmo o bordo (Acer saccharum), que cresce em ambientes
úmidos, exibe a ascensão hidráulica. Todd Dawson, um ecologista vegetal da Cornell
University (EUA), estimou que um bordo com 40 pés de altura é capaz de transferir
de 150 a 230 litros de água para as zonas superiores do solo todas as noites. Diferen-
ciando entre a água armazenada no solo e a água originada das chuvas de verão com
base em seu conteúdo de isótopos de hidrogênio (a chuva tende a possuir uma con-
centração mais alta do isótopo mais pesado de hidrogênio, o deutério, 2H). Dawson
foi capaz de determinar a fonte de água absorvida pelas raízes vizinhas. Ele descobriu
que muitas plantas, crescendo próximas aos bordos, utilizavam a água liberada por
essas árvores.
Fonte: RAVEN; EVERT; EICHHORN (2007).
Leituras
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
NOGUEIRA, R. J. M.; MORAES, J. A. P. V de; BURITY, H. A.; BEZERRA
NETO, E. Alterações na resistência à difusão de vapor das folhas e relações
hídricas em aceroleiras submetidas a déficit de água. Revista Brasileira de
Fisiologia Vegetal, v. 13, n. 1, p. 75-87, 2001. Disponível em: http://www.scie-
lo.br/pdf/rbfv/v13n1/9275.pdf
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
Artigos científicos
http: // www.scielo.br
30
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Referências
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versidade de Évora, 2001. 107 p.
FERRI, M. G. Fisiologia vegetal. v. 1. São Paulo: EPU, 1985. 350p.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002.356p.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Trad.: Carlos Henrique B. de A. Prado.
São Carlos: RIMA, 2000. 531p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
TÁVORA, F. J. A. F.; PINHO, J. L. N. Cadernos de fisiologia da produção:
estresse hídrico nas plantas. Fortaleza: UFC,1999.137p.
WEYERS, J. D. B.; MEIDNER, H. Methods in stomatal research. Longman
Scientific and Technical, Essex, 1990.
Capítulo 2
Nutrição Mineral
Fisiologia Vegetal 33
Objetivos
•• Avaliar as necessidades nutricionais das plantas e o modo como o solo e
a estrutura radicular influenciam a transferência de nutrientes inorgânicos
do ambiente para a planta;
•• Analisar os aspectos ambientais do uso de fertilizantes;
•• Descrever a fixação, a assimilação e a perda de nitrogênio pelas plantas.
Tabela 2.1 Níveis adequados no tecido de elementos que podem ser requeridos pelas
plantas.
Fonte TAIZ; ZEIGER (2009).
Kirkby (1987), citados por Taiz e Geizer (2009), sugeriram que os elementos
essenciais sejam classificados conforme seu papel bioquímico e sua função
fisiológica, o que pode ser observado na Tabela 2.2.
Nutriente Mineral Funções
Grupo 1 Nutrientes que fazem parte de compostos de carbono;
N Constituinte de aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucleicos, nucleotídeos,
coenzimas, hexoaminas, etc;
S Componente da cisteína, cistina, metionina e proteínas. Constituinte do ácido lipoi-
co, coenzima A, tiamina pirofosfato, glutationa, biotina, adenosina-5'-fosfossulfato e
3-fosfoadenosina.
Grupo 2 Nutrientes que são importantes na armazenagem de energia e na integridade estrutural;
P Componentes de fosfato açúcares, ácidos nucleicos, nucleotídeos, coenzimas, fosfolipíde-
os, ácido fítico etc. Tem papel central em reações que envolvem ATP;
Si Depositado como silica amorfa em paredes celulares. Contribui para as propriedades
mecânicas das paredes celulares, incluindo rigidez e elasticidade;
B Complexos com manitol, manans, ácido polimanurônico e outros constituintes das pare-
des celulares. Envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos nucleicos.
Grupo 3 Nutrientes que permanecem na forma iônica;
K Requerido como cofator de mais de 40 enzimas. Principal cátion no estabelecimen-
to do turgor celular e na manutenção da eletroneutralidade celular;
Ca Constituinte da lamela média das paredes celulares. Requerido como cofator por
algumas enzimas envolvidas na hidrólise de ATP e de fosfolipídeos. Atua como
mensageiro secundário na regulação metabólica;
Mg Requerido por muitas enzimas envolvidas na transferência de fosfatos. Constituinte
da molécula de clorofila;
Cl Requerido para as reações fotossintéticas envolvendo a evolução de O2;
Mn Requerido para a atividade de algumas desidrogenases, descarboxilases, quinases,
oxidases e peroxidases. Envolvido com outras enzimas ativadas por cátions e na
evolução fotossintética de O2;
Na Envolvido na regeneração do fosfoenolpiruvato em plantas C4 e CAM. Substitui o
potássio em algumas funções.
Grupo 4 Nutrientes que estão envolvidos em rações redox;
Fe Constituinte de citrocromos e ferro-proteínas não-heme envolvidas na fotossíntese, fixação
de N2 e respiração;
Zn Constituinte da álcool desidrogenase, desidrogenase glutâmica, anidrase carbônica etc;
Cu Componente da ácido ascórbico oxidase, tirosinase, monoamina oxidase, uricase, citocro-
mo oxidase, fenolase, lacase e plastocianina;
Ni Constituinte da urease. Em bactérias fixadoras de N2, é constituinte de hidrogenases'
Mo Constituinte da nitrogenase, nitrato redutase e xantina desidrogenase.
Tabela 2.2 Classificação dos nutrientes minerais das plantas de acordo com a
função bioquímica.
Fonte TAIZ; ZEIGER (2009).
36
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Figura 2.1 Analogia entre as origens dos nutrientes absorvidos por plantas cultivadas
em solo e em hidroponia.
Fonte: FURLANI et al. (1999).
2.4.2. Fertilizantes
Fertilizante é toda substância, mineral ou orgânica, natural ou sintética, forne-
cedora de um ou mais nutrientes das plantas. Os fertilizantes químicos são
denominados simples (contêm um nutriente mineral – ex.: N, P ou K) e com-
postos ou mistos (contêm dois ou mais nutrientes – ex.: NPK).
Os fertilizantes orgânicos originam-se de resíduos vegetais ou animais
ou de depósitos naturais em rochas. Para serem absorvidos pelas plantas,
os compostos orgânicos são primeiramente degradados, pela ação de mi-
crorganismos do solo, processo conhecido por mineralização. Esses adubos
apresentam as seguintes vantagens: melhora as propriedades físicas do solo;
aumenta a retenção de água durante o período seco; melhora a drenagem
em períodos chuvosos e libera os nutrientes lentamente. No entanto, a taxa
de mineralização é variável e a disponibilidade pode levar dias, meses ou anos
(desvantagem).
A taxa de mineralização varia com a temperatura, a disponibilidade de
água e o oxigênio, além do tipo e do número de microrganismos presentes
no solo. Baixa taxa de mineralização impede o uso eficiente de N ou P, e as
plantações podem sofrer perdas ainda maiores de nutrientes do que quando
se usam fertilizantes químicos.
•• Presença de outros íons: podem ocorrer três situações, a saber: Siner- As micorrizas são de
gismo (aumento na absorção de um íon pela presença do outro; Antago- ampla ocorrência: 83% das
dicotiledôneas, 73% das
nismo (a presença de um íon diminui a absorção de outro, evitando a sua monocotiledôneas e todas
toxidez); Inibição (diminuição reversível ou não da absorção de um íon as gimnospermas formam
pela presença do outro). associações micorrízicas.
Por outro lado, em solos
•• Presença de cálcio: o Ca2+ mantém a integridade funcional das mem- muito secos, salinos,
branas, estimulando a absorção de outros íons, desde que não esteja em alagados, de fertilidade
concentração elevada. extrema (baixa ou alta), ou
destruídos por atividade
•• Estado iônico interno: se os sítios da raiz disponíveis para a troca inicial de extração mineral,
estiverem tomados, a possibilidade de absorção fica reduzida, o mesmo não ocorrem micorrizas.
Plantas das famílias
ocorre se o vacúolo estiver saturado.
Brassicaceae (ex.: couve),
•• Concentração interna de açúcares: o teor adequado de carboidratos Chenopodiaceae (ex.:
espinafre) e Proteaceae
(CH2O)n nas plantas estimula a absorção ativa.
(ex.: macadâmia), assim
•• Potencialidade genética: a capacidade de absorção de sais varia entre como plantas aquáticas,
raramente ou nunca têm
e dentro da própria espécie.
micorrizas.
•• pH: quando apenas se considera a absorção radicular; pH inferior a 7 favo-
rece a absorção de ânions, e valores próximos a neutralidade, a de cátions.
•• Micorrizas: as micorrizas (associações simbióticas de certos fungos e ra-
O pH do solo afeta a
ízes de plantas) aumentam a área efetiva do sistema radicular solubilizam disponibilidade dos
alguns elementos do solo, colocando-os à disposição da planta (Figura 2.2). nutrientes minerais.
Toxidez de Fe, Mn e Al e
deficiências de P, Ca e Mg
são exemplos de alguns
problemas apresentados
por solos ácidos. A prática
da Calagem (adição de
calcário – mistura de
CaO, CaCO3 e Ca(OH)2)
pode elevar o pH desses
solos. Os solos alcalinos
são ricos em Ca e Mg;
pobres em Al, Cu, Fe,
Mn e Zn; e podem ter
deficiência de P. A adição
de enxofre elementar
Figura 2.2 Ectomicorrizas em plântulas de Pinus com 4 cm acima do solo.
pode ser utilizado para
Fonte: RAVEN; EVERT; EICHHORN (2001).
abaixar seu pH, uma vez
que o S absorvido pelos
microrganismos liberam,
subsequentemente, SO4- e
H+, acidificando o solo.
42
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Síntese do Capítulo
As plantas necessitam de uma variedade de elementos químicos para sua
nutrição, os quais são provenientes dos minerais ou do processo de minerali-
zação das substâncias orgânicas. Os elementos considerados essenciais são
classificados como macronutrientes (C, H, O, N, P, K, Ca, Mg e S) e micronu-
trientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn), conforme a quantidade requerida. Os
nutrientes desempenham várias funções específicas na estrutura, no cresci-
mento e no metabolismo vegetal, e essas funções são prejudicadas quando
46
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Atividades de avaliação
1. Quais os critérios básicos para caracterizar um elemento essencial?
2. Cite o símbolo químico e as principais funções dos macronutrientes e
micronutrientes para as plantas.
3. Cite os possíveis problemas e vantagens da absorção de nutrientes mi-
nerais pelas folhas.
4. Comente sobre os diversos fatores que afetam a absorção mineral.
5. Considerando que o pH do solo afeta a disponibilidade dos nutrientes
minerais, enumere alguns problemas de solos ácidos e alcalinos, e como
podem ser corrigidos.
6. Pesquise e descreva a associação existente entre leguminosas
e bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium na fixação
simbiótica do nitrogênio.
7. Explique como ocorre a redução do nitrato à amônia, caracterizando as
enzimas envolvidas.
8. Cite as principais enzimas responsáveis pela incorporação do NH4+, para
produção de aminoácidos.
Texto complementar
Compostagem
A compostagem, uma prática tão velha quanto a agricultura, tem atraído interesse
crescente como meio de aproveitar resíduos orgânicos por meio de sua conversão
Fisiologia Vegetal 47
Leituras
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
MARTINS, C. R.; PEREIRA, P. A. de P.; WILSON ARAÚJO LOPES, W. A.;
ANDRADE, J. B. de. Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre: a impor-
tância na química da atmosfera. Química Nova, v. 5, n. 3, 2003. Disponível
em: qnint.sbq.org.br/qni/visualizarMaterial.php?idMaterial=1
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
Artigos científicos
http: // www.scielo.br
http://www.infobibos.com/Artigos/2009_2/hidroponiap2/index.htm
http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/Soja/SojaTecnicaAlternativa.htm
http://pt.scribd.com/doc/3319817/Fixacao-Biologica-e-Assimilacao-de-Nitro-
genio
48
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Referências
FERRI, M. G. Fisiologia vegetal. v. 1. São Paulo: EPU, 1985. 350p.
FURLANI, P. R., SILVEIRA, L. C. P.; BOLONHEZI, D.; FAQUIM, V. Cultivo
hidropônico de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 52p.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
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LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002.356p.
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RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed., Rio
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Capítulo 3
Fotossíntese
Fisiologia Vegetal 51
Objetivos
•• Descrever as reações luminosas e de carboxilação, assim como os as-
pectos fisiológicos e ecológicos da fotossíntese;
•• Analisar o processo fotossintético em seu contexto metabólico, enfatizan-
do as interconexões e as características peculiares às plantas.
3.1. Introdução
As plantas, as algas e as bactérias fotossintetizantes são transformadoras primá-
rias de energia solar através da Fotossíntese, considerada como o processo bio-
lógico mais importante do nosso planeta. A energia química gerada no processo
fotossintético pode ser utilizada, além da assimilação do CO2, em outras reações
necessárias à manutenção das células e ao crescimento, como redução de ni-
trato e de sulfato, síntese de lipídeos, formação de cadeias polipeptídicas etc.
A energia luminosa, quando absorvida pela clorofila, provoca uma rea-
ção fotoquímica, resultando na retirada de elétrons da molécula de água (li-
berando O2) e, por consequência, na elevação dos elétrons para níveis mais
elevados (por meio dos fotossistemas I e II), possibilitando a síntese de ATP e
o poder redutor (NADPH), os quais serão utilizados para reduzir CO2 a com-
postos orgânicos. Resumindo numa equação, a fotossíntese pode ser repre-
sentada da seguinte forma:
↓energia luminosa
CO2 + 2H2O* → (CH O) + O
2 2
*
+ H2O
carboidrato
Figura 3.1 Organização geral do cloroplasto. O cloroplasto das plantas superiores está
circundado por duas membranas. A região que está dentro da membrana interna e que
circunda os tilacoides é o estroma. Ela contém as enzimas que catalisam a fixação do
CO2 e outras rotas biossintéticas. O espaço interno dos tilacoides é conhecido por lume.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Alguns herbicidas
bloqueiam o fluxo
fotossintético de elétrons.
Figura 3.3 A transferência de elétrons (e-) e prótons (H+) na membrana do tilacoide é
Entre eles, estão o DCMU
(diclorofenil-dimetiluréia) e
feita por 4 complexos proteicos. A água é oxidada, e os H+ são liberados no lume pelo
o metil viologen (paraquat). PSII. O PSI reduz o NADP+ a NADPH no estroma, por meio da ferredoxina (Fd) e da
O DCMU, também flavoproteína ferredoxina-NADP redutase (FRN). Os H+ são também transportados
conhecido como diuron, para o lume pelo complexo citocromo b6f e contribuem para o gradiente eletroquímico.
bloqueia o fluxo de elétrons Tais H+ necessitam, então, difundir-se até a ATP sintase, onde sua difusão através do
nos aceptores quinona gradiente de potencial eletroquímico será utilizada para sintetizar ATP no estroma. A
do PSII, por competição plastoquinona reduzida (PQH2) e a plastocianina transferem e- para o citocromo b6f
pelo sítio de ligação da e para o PSI, respectivamente. As linhas tracejadas representam a transferência de
plastoquinona. O paraquat elétrons; as linhas sólidas representam o movimento de prótons.
atua recebendo elétrons
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
dos aceptores primários
do PSI.
Fisiologia Vegetal 55
3.3.3. Ciclo C4
Hatch e Slack foram os primeiros pesquisadores a mostrar um esquema para
a redução do CO2 não utilizando somente a Rubisco como enzima envolvida
no processo. As plantas que apresentam o ciclo das C4 possuem duas enzi-
mas carboxilases principais e duas células fotossintetizantes distintas (Figura
3.7): células do mesofilo (opera a PEP carboxilase ou PEP case) e células da
bainha vascular (opera a Rubisco).
Fisiologia Vegetal 59
(A) (B)
(C) (D)
Quadro 1
Características que distinguem três grupos de plantas superiores em função do processo de fixação primária de CO2.
Características C3 C4 CAM
Coeficiente transpiratório (g
450 a 950 250 a 350 50 a 55
de H O/g de peso seco)
2
Figura 3.10 Pontos de resistência à difusão do CO2 do exterior da folha para os cloro-
plastos. O poro estomático é o ponto de maior resistência à difusão do CO2.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Síntese do Capítulo
Pela fotossíntese, a energia luminosa absorvida é convertida em energia quí-
mica, e o CO2 é fixado em compostos orgânicos. Os fótons de luz, absorvidos
principalmente pelos complexos-antena, localizados nos tilacoides do cloro-
plasto, excitam moléculas de clorofila, que, quando excitadas, liberam essa
energia na forma de fluorescência, calor, transferência de energia ou fotoquí-
mica. Os organismos fotossintetizantes possuem dois centros de reação (PSI
e PSII) que funcionam em série. As clorofilas do PSI apresentam absorção
64
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Atividades de avaliação
1. Cite onde ocorrem as etapas fotoquímica e bioquímica da fotossíntese e
o que produzem.
2. As etapas que constituem as reações dependentes de luz são realizadas por
quatro complexos proteicos: fotossistema II, complexo citocromo b6f, fotos-
sistema I e a ATP sintase. Além desses complexos, também encontramos
o complexo de foto-oxidação da água. Em relação a essa etapa, descreva:
a) O fluxo acíclico de elétrons;
b) O fluxo cíclico de elétrons;
c) O processo de síntese de ATP (fotofosforilação).
3. Em relação ao ciclo de Calvin (C3 ), mencione:
a) Enzima responsável pela fixação de CO2;
Fisiologia Vegetal 65
Textos complementares
Limitações da fotossíntese sob condições de campo
Sob as condições térmicas de latitudes medianas, o rendimento fotossintético é li-
mitado, principalmente, pela inclinação dos raios solares (diminuição da radiação)
e pela presença de nuvens. Por outro lado, sob as baixas temperaturas das regiões
temperadas, a aquisição de carbono da vegetação sempre-verde é reduzida consi-
deravelmente no final de outono, no inverno e na primavera. Temperaturas exces-
sivamente altas nessas zonas temperadas, mesmo em associações vegetais abertas,
têm um efeito secundário sobre a fotossíntese. No entanto, nos subtrópicos e nos
trópicos, o declínio da atividade fotossintética, como consequência do aumento de
temperatura, desempenha um papel importante na seleção das espécies. Em termos
globais, a deficiência hídrica é o fator ambiental de maior importância em relação à
limitação de assimilação.
O acompanhamento do curso diário das trocas gasosas de CO2 em vegetação escleró-
fila de matorral e em associações vegetais arbustivas mostram que as taxas máximas
de fotossíntese líquida durante a estação seca são de 1/5 a 2/3 menores que durante
a estação chuvosa. A grandeza da redução do ganho de CO2 em regiões áridas depen-
de do tipo de carboxilação empregado (C3, C4 e CAM), da forma de crescimento, da
sensibilidade da espécie, das características do local (em especial, a quantidade e a
profundidade do lençol freático) e da duração da seca.
Fonte: LARCHER (2000).
66
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Leituras
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
Fotossíntese
http://www.infoescola.com/bioquimica/ciclo-de-calvin/
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fotossíntese
http://docentes.esalq.usp.br/luagallo/cicloC4
http://docentes.esalq.usp.br/luagallo/cicloCAM
Artigos científicos
http: // www.scielo.br
Referências
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002.356p.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Trad.: Carlos Henrique B. de A. Prado.
São Carlos: RIMA, 2000. 531p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed., Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 3
ed., Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
TÁVORA, F. J. A. F. Apostila fisiologia da produção vegetal. Fortaleza:
UFC, 1998. 276p.
Capítulo 4
Translocação no Floema
Fisiologia Vegetal 69
Objetivo
•• Descrever alguns aspectos relevantes da translocação no floema, os
quais incluem a rota e os padrões de translocação, os materiais translo-
cados, o carregamento e o descarregamento do floema, a alocação e a
partição de fotoassimilados.
4.1. Introdução
Como já vimos nos Capítulos 1 e 2, o xilema é o tecido que transporta água e
sais minerais a partir das raízes até a parte aérea da planta. Já o transporte e O termo “floema” origina-
se do grego phloios,
a distribuição dos produtos da fotossíntese das folhas maduras para as áreas
que significa casca.
de crescimento e de armazenamento, como raízes, folhas novas, flores, frutos Anatomicamente, no
etc., são efetuados pelo floema. O floema também transporta moléculas sina- caule, o floema se localiza
lizadoras e redistribui água e vários compostos orgânicos pela planta. Alguns externamente ao xilema,
estando, então, mais
desses compostos chegam às folhas maduras via xilema, podendo ser trans-
próximo da casca do
feridos sem modificações ou metabolizados antes de serem redistribuídos. caule, razão pela qual foi
atribuído esse nome a este
tecido.
4.2. Rotas de translocação
Geralmente, o floema é encontrado no lado externo dos tecidos vasculares
primários e secundários. O floema é um sistema de transporte formado por um
conjunto de células especializadas, conhecidas por elementos crivados, que
incluem as células crivadas em Gimnospermas e os elementos do tubo criva-
do, típicos de Angiospermas. Células companheiras, células parenquimáticas
e, em alguns casos, esclereídes, fibras e células laticíferas também fazem
parte do floema. Porém, somente os elementos crivados estão envolvidos di-
Os elementos crivados
retamente na translocação (Figura 4.1). Nas gimnospermas, células albumi- são tipos raros de células
nosas, que não se originam da mesma célula-mãe da célula crivada, parecem vivas. Perdem seu núcleo
exercer as funções das células companheiras. Algumas características dos e o tonoplasto durante o
desenvolvimento. Além
dois tipos de elementos crivados em espermatófitas podem ser observadas
disso, o complexo de
na Tabela 4.1. Golgi, os microfilamentos,
os microtúbulos e os
ribossomos também estão
ausentes nessas células
quando maduras. A parede
celular não é lignificada,
embora, em alguns
casos, possa apresentar
espessamento.
70
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
O carregamento via
apoplasto ocorre em
plantas que possuem
células companheiras
comuns ou células de
transferência nas nervuras
terminais. Essas espécies
transportam quase que
exclusivamente a sacarose
e estão presentes nas
Figura 4.2 Modelo de translocação por fluxo de pressão no floema. Valores prováveis
famílias Fabaceae (feijão,
de ψw, ψp e ψs no xilema e no floema
ervilha), Chenopodiaceae
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009.)
(beterraba),
Solanaceae (batata,
4.7. Carregamento do floema tomateiro), Asteraceae,
Balsaminaceae,
Podemos dividir o carregamento em três fases: Boraginaceae,
Brassicaceae,
1. A triose-P produzida na fotossíntese (nos cloroplastos) é transportada
Geraniaceae, entre
para o citosol, onde a sacarose é sintetizada; outras. Espécies com
2. A sacarose do mesofilo se movimenta até as células vizinhas do ele- células intermediárias
fazem carregamento via
mento crivado, de célula a célula. Esse transporte é referido como
simplasto. Transportam 20
transporte de curta distância e pode ocorrer completamente pelo sim- a 80% de seus açúcares
plasto (plasmodesmas) ou parte via simplasto e parte via apoplasto; na forma de rafinose e/
ou estaquiose, além da
3. O carregamento no floema pode, então, ser feito. Os açúcares são
sacarose. Espécies com
transportados para os elementos de tubo crivado e as células com- carregamento simplástico
panheiras, em que se tornam mais concentrados do que no meso- estão presentes nas
filo. O carregamento no floema pode ocorrer via simplasto ou via famílias Convolvulaceae,
Cucurbitaceae (abobrinha,
apoplasto (através de um simporte sacarose-H+ na membrana plas-
melão), Lamiaceae
mática) – Figura 4.3. (Coleus blumei) etc.
74
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Figura 4.3 Esquema das rotas de carregamento do floema nas folhas-fonte. Na rota
totalmente simplástica, os açúcares movem-se de uma célula para outra pelos plas-
modesmas, durante todo o percurso entre as células do mesofilo até os elementos
crivados. Na rota parcialmente apoplástica, os açúcares entram no apoplasto em
determinado ponto. Para facilitar a compreensão, os açúcares são ilustrados entran-
do no apoplasto, próximo do complexo elemento crivado-célula companheira, mas
eles poderiam entrar no apoplasto no princípio da rota e moverem-se, então, para
as nervuras menores. Em qualquer caso, os açúcares são ativamente carregados
do apoplasto para as células companheiras e os elementos crivados. Os açúcares
carregados nas células companheiras parecem se mover para os elementos crivados
através de plasmodesmas.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2004).
4.9.2. Partição
O processo de redistribuição de nutrientes entre as várias partes da planta
é denominado partição. A partição segue um critério relativamente simples
já mencionado. Ela é realizada no sentido da fonte para o dreno, sendo que,
quanto maior a capacidade de um dreno para estocar ou metabolizar o açúcar
importado, maior é a sua chance de competir por fotossintatos exportados
pelas folhas adultas.
A capacidade do dreno para mobilizar fotossintatos em sua direção é
descrita como intensidade do dreno e depende do tamanho (biomassa total
do tecido-dreno) e da atividade (taxa de absorção de fotossintatos por unidade
de biomassa do tecido-dreno), como indicado a seguir:
Intensidade = tamanho do dreno x atividade do dreno.
A competição por assimilados pode ser ampliada quando o supri-
mento de assimilados é limitado. A prioridade pela partição depende do
estádio de desenvolvimento da planta. O poder potencial do dreno da in-
florescência cresce do florescimento para a frutificação. Em tomateiro, por
exemplo, a ordem de prioridade durante a floração é: raízes> folhas jo-
vens> inflorescência. Já durante a frutificação, ela muda para fruto> folhas
jovens> flores> raízes.
Estudos sobre alocação e partição de fotoassimilados têm sido
realizados com o intuito de melhorar o rendimento das plantas cultivadas. O
Índice de Colheita (IC) tem sido utilizado, com frequência, como um dos indi-
cadores de produtividade na seleção de genótipos de muitas espécies vege-
tais de interesse econômico, o qual é obtido pela relação entre o rendimento
econômico (ex.: produção de grãos) e o rendimento biológico (produção de
biomassa total da parte aérea).
IC = (RE / RB) x 100
Fisiologia Vegetal 77
Síntese do Capítulo
O transporte e a distribuição dos produtos da fotossíntese das folhas maduras
para as áreas de crescimento e de armazenamento são efetuados pelo floe-
ma, especificamente pelas células conhecidas como elementos crivados. O
floema também transporta moléculas sinalizadoras e redistribui água e vários
compostos orgânicos pela planta. Os materiais, carboidratos principalmente
(sacarose é o mais transportado), aminoácidos, proteínas, RNAs, hormônios
e alguns íons inorgânicos são translocados no floema, a partir das fontes (fo-
lhas maduras) para os drenos (raízes, folhas jovens, frutos etc.). O fluxo de
pressão é o mecanismo mais aceito para explicar a translocação de solutos,
em resposta a um gradiente de pressão gerado osmoticamente. O transporte
de açúcares para o interior e o exterior dos elementos crivados é denomi-
nado de carregamento e de descarregamento do floema, respectivamente.
Esses eventos podem ocorrer através das vias simplástica (plasmodesmas)
ou apoplástica. A regulação da distribuição do carbono fixado em várias vias
metabólicas é definida como alocação de assimilados, a qual compreende o
armazenamento, a utilização e o transporte. Já o processo de redistribuição
de nutrientes entre as várias partes da planta é denominado partição.
Atividades de avaliação
1. Qual é o tecido vascular responsável pelo transporte de açúcares e de outros
compostos orgânicos nas plantas, e qual é o principal açúcar transportado?
2. Faça um esquema da estrutura do floema e cite as funções das células
que o constituem.
3. Na maioria das vezes, os fotossintatos são translocados da fonte para o
dreno. O que você entende por fonte e por dreno?
4. Quais os materiais translocados no floema?
5. Explique o modelo de Fluxo de Pressão relacionado à translocação de
solutos no floema.
78
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Textos complementares
O transporte de moléculas sinalizadoras
Além de possuir, como função principal, o transporte de fotossintatos em longas dis-
tâncias, o floema é uma das vias de transporte para moléculas sinalizadoras de uma
parte a outra do vegetal. Tais sinais de longa distância coordenam a atividade de fon-
tes e de drenos e regulam o crescimento e o desenvolvimento da planta. Os sinais
físicos, como as mudanças de turgidez, poderiam ser transmitidos rapidamente por
meio do sistema interconectado dos elementos crivados. Moléculas consideradas tra-
dicionalmente como sinais químicos, tais como as proteínas e os hormônios vegetais,
são encontradas na seiva do floema, bem como mRNA e pequenos RNAs, as quais
recentemente foram incluídas na lista de moléculas sinalizadoras. Os carboidratos
translocados também podem atuar como sinais.
(...) Para ser determinada como sinalizador em plantas, a macromolécula deve
preencher alguns critérios:
• A macromolécula deve mover-se da fonte ao dreno pelo floema;
• A macromolécula deve ser capaz de sair do complexo elemento crivado-célula
companheira nos tecidos-dreno. De forma alternativa, a macromolécula deve de-
sencadear a formação de um sinal secundário que transmite a informação para os
tecidos-fonte, adjacentes ao floema, ou seja, deve iniciar uma cascata de sinal.
• Talvez, o mais importante: a macromolécula deve ser capaz de modificar as fun-
ções de células específicas no dreno.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Leituras
•• KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004. 454p.
•• TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al.,
4 ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
•• http: // www.orion.cpa.unicamp.br/sbfv/arquivos/aulas/grad01/09_ trans-
porte _de_ solutos_organicos/Floema.pdf
•• http://pt.scribd.com/doc/3805148/Biologia-Fisiologia-Vegetal-09-Floema-
•• http://www.fcav.unesp.br/download/deptos/biologia/durvalina/TEX-
TO_09_ Translocacao_no_Floema _02.pdf
Referências
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002. 356p.
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SANTOS, D. M. M. dos. Material da Disciplina de Fisiologia Vegetal, Unesp,
Jaboticabal. 2004. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/3805148/ Biologia-
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 3
ed., Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Capítulo 5
Respiração
Fisiologia Vegetal 83
Objetivos
•• Descrever as vias bioquímicas da respiração;
•• Analisar a respiração em seu contexto metabólico, enfatizando as interco-
nexões e as características peculiares às plantas.
5.1. Introdução
A respiração é um processo primário no qual compostos orgânicos reduzidos
são mobilizados e, subsequentemente, oxidados a CO2 e H2O, que produz
energia utilizável, poder redutor e compostos intermediários (esqueletos de
C), indispensáveis aos processos metabólicos.
A equação geral que define a respiração é inversa à utilizada para des-
crever a fotossíntese, conforme pode ser visualizada na Figura 5.1.
Figura 5.2 Visão geral da respiração. Os substratos para a respiração são gerados por
outros processos celulares e entram nas rotas respiratórias. As rotas da glicólise e das
pentoses- fosfato no citosol e no plastídio convertem açúcares em ácidos orgânicos,
via hexoses-fosfato e trioses-fosfato, gerando NADH ou NADPH e ATP. Os ácidos
orgânicos são oxidados no ciclo mitocondrial do ácido cítrico, NADH e FADH2 produ-
zidos fornecem energia para a síntese de ATP pela cadeia de transporte de elétrons e
ATP sintase na fosforilação oxidativa. Na gluconeogênese, o carbono oriundo da que-
bra de lipídeos é degradado nos glioxissomos, metabolizados no ciclo do ácido cítrico
e, então, utilizados para sintetizar açúcares no citosol por glicólise reversa.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
5.2.2. Glicólise
A glicólise ou via glicolítica, evolutivamente, é a mais antiga das vias respira-
tórias. Na glicólise (Figura 5.3), os carboidratos são convertidos a hexoses-
-fosfato, que são quebradas em duas trioses-fosfato, que, subsequentemen-
te, são oxidadas e rearranjadas para produzirem duas moléculas de piruvato
(ácido orgânico). Os produtos finais da glicólise vegetal incluem também outro
ácido orgânico, o malato. Além de preparar o substrato para ser oxidado no ci-
clo do ácido cítrico, essa rota respiratória produz ATP e NADH, apresentando
um saldo líquido de apenas 2 ATPs.
Em situações nas quais o oxigênio molecular não está disponível, a
célula não pode completar as demais fases da respiração. Então, as plan-
tas e os outros organismos podem prosseguir na metabolização do piruvato,
realizando uma ou mais formas de fermentação. Na fermentação láctica, o
piruvato é reduzido a lactato pela enzima lactato desidrogenase; enquanto
na fermentação alcoólica, o piruvato pode ser descarboxilado a acetaldeído,
e este, reduzido a etanol, pela ação das enzimas piruvato descarboxilase e
álcool desidrogenase, respectivamente.
A via glicolítica não é a única que pode ser utilizada para oxidação de
açúcares em células vegetais. A via oxidativa das pentoses-fosfato também
pode exercer essa função.
a série de reações conhecida como ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos
tricarboxílicos ou ciclo de Krebs, que tem sua ocorrência na matriz mitocondrial.
Cada volta dada no ciclo consome um grupo acetil e regenera uma molécula de
oxaloacetato, para que possa reiniciar o ciclo (Figura 5.4).
Figura 5.4 Reações e enzimas do ciclo do ácido cítrico vegetal. O piruvato é comple-
tamente oxidado a três moléculas de CO2. Os elétrons liberados durante essas oxida-
ções são utilizados para reduzir quatro moléculas de NAD+ a NADH e uma molécula
de FAD a FADH2.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009). Muitos tecidos vegetais,
não somente aqueles que
realizam o metabolismo
O ciclo do ácido cítrico apresenta as seguintes funções: ácido das crassuláceas
•• Redução de NAD+ e FAD, produzindo formas doadoras de elétrons: NADH e (CAM), estocam
FADH2, as quais são posteriormente oxidadas na CTE, para a formação de ATP. malato e outros ácidos
orgânicos nos vacúolos. A
•• Síntese de ATP pela fosforilação a nível de substrato (1ATP/piruvato). degradação do malato via
enzima málica mitocondrial
•• Formação de esqueletos de carbono para síntese de muitos compostos, é importante para regular o
por exemplo: α-cetoglutarato é usado na síntese de glutamato; oxaloace- nível de ácidos orgânicos
tato, na síntese de aspartato, e estes produzem outros aminoácidos. nas células – durante o
amadurecimento de frutos,
•• Em plantas, esse ciclo apresenta características singulares: por exemplo.
88
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
A cadeia transportadora
de elétrons em plantas (e
As proteínas individuais da CTE estão organizadas em quatro comple- fungos) contém múltiplas
xos (TAIZ; ZEIGER, 2009): NAD(P)H desidrogenases
•• Complexo I (NADH desidrogenase) – elétrons do NADH (ciclo do ácido e uma oxidase alternativa
(insensível ao cianeto,
cítrico) são oxidados e transferidos à ubiquinona; 4H+ são bombeados da azida ou CO).
matriz para o espaço intermembrana para cada par de elétrons que passa
pelo complexo.
•• Complexo II (succinato desidrogenase) – catalisa oxidação do succinato
no ciclo do ácido cítrico, sendo os equivalentes redutores transferidos via
FADH2, e proteínas Fe-S para o pool de ubiquinona; não bombeia prótons.
•• Complexo III (complexo bc1) – oxida a ubiquinona reduzida e transfere
os elétrons ao citocromo c; 4H+ bombeados para cada par de elétrons.
•• Complexo IV (citocromo c oxidase) – contém 2 centros de cobre
(CuA e CuB), e os citocromos (a e a3). Realiza a redução do O2 a
duas moléculas de H2O com quatro elétrons; 2H+ bombeados para
cada par de elétrons.
Na fosforilação oxidativa, a transferência de elétrons para o O2, do Com-
plexo I ao IV, é acoplada à síntese de ATP, a partir de ADP e Pi, via ATP sintase
(Complexo V), sendo que o número de ATP formado depende da natureza do
doador de elétrons. Inibidores específicos,
como rotenona para o
complexo I, antimicina
5.2.6. A respiração e outras vias do metabolismo de carbono para o complexo III,
em plantas cianeto para o complexo
IV e ácido salicil-
A biossíntese de proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, isoprenoides, porfirinas hidroxâmico (SHAM) para
e outras moléculas requerem, além de energia, esqueletos de carbono es- a oxidase alternativa, são
senciais para sua formação. A Figura 5.6 mostra as relações existentes entre importantes ferramentas
na investigação da
a respiração e outras vias do metabolismo de carbono nas plantas. Observe CTE das mitocôndrias
que as rotas respiratórias são fundamentais para a produção de uma grande vegetais. Por possuírem
variedade de metabólitos vegetais. rotas alternativas, as
plantas podem sobreviver
à exposição aos
inibidores dos complexos
respiratórios.
90
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Figura 5.6 A glicose, a rota das pentoses-fosfato e o ciclo do ácido cítrico contribuem
como precursores para várias rotas biossintéticas em plantas superiores. As rotas
mostradas ilustram a extensão com a qual a biossíntese vegetal depende do fluxo
de carbono por meio dessas rotas e enfatizam o fato de que nem todo o carbono que
entra na rota glicolítica é oxidado a CO2.
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Síntese do Capítulo
Respiração é a oxidação de compostos de carbono a CO2 e H2O, usando O2
como aceptor final de elétrons, sendo a energia liberada e conservada como
ATP. A respiração consiste em uma série de processos interligados, conhe-
cidos como glicólise, via oxidativa das pentoses-fosfato, ciclo do ácido cítri-
co e cadeia transportadora de elétrons. Na glicólise (citosol), o carboidrato é
convertido em piruvato, sendo sintetizado o ATP via fosforilação em nível de
substrato. O piruvato é transportado e oxidado na matriz mitocondrial a acetil-
-CoA, o qual é oxidado no ciclo do ácido cítrico em uma série de reações, ge-
rando ATP via fosforilação em nível de substrato, NADH e FADH2. No estágio
seguinte da respiração, ocorre a fosforilação oxidativa, onde os elétrons do
NADH e FADH2 passam pela cadeia transportadora de elétrons, na membra-
na interna da mitocôndria, para reduzir o oxigênio. A transferência de elétrons
para o O2 é acoplada à síntese de ATP, a partir de ADP e Pi, via ATP sintase.
A respiração vegetal não só apresenta características singulares, como está
acoplada a outras vias do metabolismo de carbono. A taxa respiratória varia
de acordo com a espécie e o hábito de crescimento da planta, o tipo e a idade
do órgão específico, as variáveis ambientais, a estação etc.
Atividades de avaliação
1. Calcule o quociente respiratorio (QR) dos compostos: C6H12O6; C16H32O2 e
C4H6O5, e diga qual o substrato oxidado.
2. Quais as funções da glicólise e da via das pentoses-fosfato?
3. Discuta sobre o destino do piruvato na glicólise.
4. Cite as funções e as características singulares do ciclo do ácido cítrico.
5. Faça a diferença entre fosforilação a nível de substrato e fosforilação oxidativa.
6. Comente sobre a respiração nos diversos órgãos da planta.
Fisiologia Vegetal 93
Texto complementar
A ecofisiologia e a respiração
A ecofisiologia pode ser definida como uma ciência experimental cujo objetivo é estu-
dar e descrever os mecanismos fisiológicos que determinam o que se observa na eco-
logia. Por isso, compreender as consequências das alterações, o controle e os aspec-
tos fisiológicos da respiração em plantas tem grande relevância para a ecofisiologia
vegetal. Para compreender melhor as consequências ecológicas, é necessário refletir
sobre como o processo respiratório ocorre na planta inteira, considerando ainda sua
inserção no ecossistema.
Um dos fatores que influenciam a respiração na planta é a idade. Plantas jovens
apresentam taxa respiratória elevada em relação a plantas mais velhas. Em plantas
jovens, a respiração relacionada aos tecidos em desenvolvimento é de 3 a 10 vezes
maior que a taxa respiratória relacionada à manutenção. Com isso, é possível inferir
que as taxas respiratórias do conjunto de plantas em dado bioma (floresta, cerrado
etc.) em regeneração apresentem uma taxa respiratória mais alta como um todo. Para
que o saldo seja positivo e o balanço de massas do sistema seja favorável durante o
processo de sucessão ecológica, as taxas respiratórias mais altas devem ser compen-
sadas por taxas fotossintéticas ainda mais altas.
No contexto ecofisiológico, é importante contrastar a importância da respiração
com a da fotossíntese pelas plantas. Um fator chave para qualquer planta é a manuten-
ção de sua taxa de crescimento. A ideia de que essa taxa esteja diretamente relacionada
à taxa de fotossíntese é tentadora, mas há evidências de que isso não ocorre sempre e
em todos os casos. É certo que parte do carbono assimilado é transformado em carboi-
dratos e irá servir como substrato para a respiração, mais isso varia, por exemplo, com
a capacidade máxima de crescimento de cada espécie. Plantas de crescimento rápido
assimilam mais do que respiram, enquanto as de crescimento lento não.
Outro aspecto importante que deve ser levado em conta é que as variáveis am-
bientais que alteram as taxas respiratórias agem de forma distinta sobre a fotossín-
tese, indicando que cada um dos processos deve ter regulação própria, apesar de
preservarem, obviamente, algumas ligações.
É interessante observar, ainda, que a situação é diferente em cada tipo de am-
biente e que os fatores limitantes ou estimulatórios do processo respiratório em di-
ferentes partes de cada planta são distintos. Apesar de toda essa complexidade, é
possível observar padrões na grande maioria das espécies. Tal constatação sugere
que o processo respiratório em plantas é evolutivamente conservado e confirma que
sua função principal é mesmo a de capacitar as plantas e obter energia, seja para a
produção de ATP, seja para a produção de calor.
Leituras
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
Artigos científicos
http: // www.scielo.br
Referências
FERRI, M. G. Fisiologia vegetal. v. 1. São Paulo: EPU, 1985. 350p.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002. 356p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed., Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 3
ed., Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
TÁVORA, F. J. A. F. Apostila fisiologia da produção vegetal. Fortaleza:
UFC, 1998. 276p.
Capítulo 6
Crescimento e Desenvolvimento
Fisiologia Vegetal 97
Objetivos
•• Apresentar conceitos de crescimento, diferenciação e morfogênese, que re-
presentam o desenvolvimento;
•• Mostrar os diversos parâmetros utilizados na análise quantitativa do crescimento;
•• Discutir os aspectos relevantes do crescimento e do desenvolvimento, como a
ação dos fito-hormônios, os movimentos de plantas e a fisiologia da germinação.
6.1. Introdução
Diferentemente do desenvolvimento animal, o desenvolvimento vegetal é um
processo contínuo, uma vez que os vegetais crescem durante toda a vida.
Porém, nem toda parte da planta cresce continuamente e nem todo o cres-
cimento ocorre simultaneamente, mas a planta mantém sua habilidade de se
desenvolver enquanto está viva. Neste capítulo, abordaremos alguns eventos
importantes e fatores que controlam o desenvolvimento das plantas.
6.2. Conceitos
Crescimento é o termo comumente aplicado às mudanças quantitativas que
ocorrem durante a vida de uma planta. É consequência não apenas da divisão
celular, mas também da expansão celular. Em plantas, o crescimento é ava-
Embriogênese: em
liado principalmente por aumento em volume (altura e diâmetro de caules ou
plantas, trata-se do
área foliar) ou em massa (pesos da matéria verde e seca). processo de divisão e de
Desenvolvimento é o termo usado para descrever as mudanças na diferenciação celulares,
que ocorre no rudimento
estrutura, nas funções das plantas e em suas partes durante a gênesis, o
seminal e na semente
crescimento, a maturação e o declínio de um indivíduo (ontogenia) e na su- imatura e estabelece
cessão de gerações (filogenia). O desenvolvimento, que tem características os padrões básicos de
quantitativas e qualitativas, envolve os processos de crescimento, diferen- desenvolvimento da planta
adulta: o padrão radial de
ciação e morfogênese.
tecidos, o eixo apical-basal
Diferenciação é um termo qualitativo que se refere à especialização de e os meristemas primários.
células e de tecidos para desempenhar funções específicas durante o desen- Nas espermatófitas, a
embriogênese transforma
volvimento. Em plantas, a diferenciação é frequentemente reversível, quando
um zigoto unicelular em um
células diferenciadas excisadas são colocadas em cultura de tecido. Neste indivíduo mais complexo
caso, ocorre o processo de desdiferenciação, no qual as células perdem suas contido em uma semente.
98
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
6.4.1. Auxina
•• Ocorrência, estrutura química e transporte
A auxina é considerada o hormônio de crescimento. Os sítios primários
da síntese de auxina são os órgãos com crescimento ativo, como meristemas
apicais da parte aérea e folhas jovens. Frutos jovens e sementes contêm altos
níveis de auxina, mas ainda não está claro se é sintetizada nesses locais ou
transportado dos tecidos maternos durante o desenvolvimento. Pode ainda
ser produzida em nível baixo nos ápices radiculares e em folhas maduras.
O transporte das auxinas é do tipo polar, em que o movimento ocorre
da região apical para a basal. No entanto, pode ser transportada de forma não
polar no floema.
A auxina de maior ocorrência natural é o ácido indol-3-acético (AIA),
sintetizado a partir do aminoácido triptofano. A Figura 6.2 mostra a estrutura
química de algumas auxinas naturais e de auxinas sintéticas.
Fisiologia Vegetal 101
•• Efeitos fisiológicos
•• No alongamento celular: promovem o crescimento de caules e coleóp-
tilos, mas podem inibir o crescimento de raízes. A Figura 6.3 ilustra o
efeito do AIA sobre o crescimento;
.
Figura 6.3 Efeito da aplicação de AIA sobre o crescimento do caule e da raiz.
Fonte: http://biologiasoberana.webnode.com.br/news/
Figura 6.4 Dominância da gema apical sobre as laterais exercida pelas auxinas. A
- planta controle. B - planta decapitada, tratada com lanolina pura (veículo inerte). C -
planta decapitada tratada com lanolina + auxina.
Fonte: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.
Partenocárpia: produção
de frutos sem fertilização. Figura 6.5 Formação de fruto partenocárpico, a partir da ação de auxina (AIA).
Em consequência, os Fonte: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.
frutos não têm sementes
funcionalmente maduras.
Ocorre naturalmente na
banana e no abacaxi.
Fisiologia Vegetal 103
6.4.2. Giberelinas
•• Ocorrência e estrutura química
As giberelinas (GAs) são compostos diterpênicos tetracíclicos, forma-
dos de unidades isoprênicas. Além do número de carbonos, as GAs diferem
quanto ao número e à posição dos grupos hidroxila, quanto ao estado de oxi- Pelo menos 136 GAs de
dação do C20 e quanto à presença ou à ausência da ponte de lactona entre ocorrência natural foram
identificadas, embora
C10 e C19. A mais estudada do grupo é GA3 é conhecida como ácido giberélico poucas apresentem
(Figura 6.6). As giberelinas presentes em toda a planta, podendo ser detecta- atividade intrínseca. Suas
das em caules, folhas, sementes, embriões e grãos de pólen. estruturas podem ser
visualizadas em http://
www.plant-hormones. info/
giberellin_nomenclature.
htm.
6.4.3. Citocininas
As citocininas são assim denominadas devido ao seu envolvimento na di-
visão celular (citocinese). São sintetizadas nas raízes, em embriões em
desenvolvimento, folhas jovens, frutos e nos tecidos da galha da coroa.
São também sintetizadas por bactérias, insetos e nematoides associados
às plantas.
•• Estrutura química
Galha da coroa: doença
A zeatina (isolada das sementes de milho, Zea mays) foi a primeira ci- da planta, que forma
tocinina natural descoberta (Figura 6.8). As citocininas naturais podem ser um tumor, resultante de
encontradas nas plantas, como um ribosídeo (no qual a ribose está ligada ao infecção de uma ferida
nitrogênio 9 do anel de purina), como ribotídeo (no qual a ribose possui um do caule, através de
uma bactéria de solo
grupo fosfato) ou como um glicosídeo (no qual a ribose está ligada ao nitrogê- denominada Agrobacterium
nio 3, 7 ou 9 do anel da purina, ou ao oxigênio da zeatina ou na cadeia lateral tumefaciens.
da di-hidrozeatina).
106
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
6.4.4. Etileno
O etileno, também conhecido como “hormônio do amadurecimento”, é o único
regulador vegetal gasoso, que apresenta atividade biológica em concentra-
ções bastante reduzidas.
Fisiologia Vegetal 107
•• Ocorrência
O etileno é uma molécula simples (CH2= CH2), que é inflamável e
sofre rápida oxidação. Na maioria dos tecidos de plantas, pode ser com-
pletamente oxidado a CO2. É sintetizado a partir do aminoácido metionina,
conforme a reação:
100 vezes em poucos minutos, e declinando para níveis baixos quando ocorre
a maturação.
•• Efeitos fisiológicos
•• Maturação das sementes;
•• Germinação precoce e viviparidade;
•• Acúmulo de reservas e tolerância à dessecação;
•• Dormência de sementes;
•• Fechamento estomático;
Fisiologia Vegetal 111
6.4.6. Brassinosteroides
Embora os esteroides fossem conhecidos há bastante tempo nos animais,
eles foram descobertos nos vegetais só recentemente. Os brassinosteroides
(BRs) são fitosteroides polioxigenados dotados de pronunciada atividade re-
guladora do desenvolvimento da planta.
•• Ocorrência
Atualmente, os brassinosteroides ocorrem naturalmente em uma alga
verde (Hydrodictyon reticulatum), uma briófita (Marchantia polymorpha), uma
pteridófita (Equisetum arvense) e 27 famílias de espermatófitas (gimnosper-
mas e angiospermas). Nas angiospermas, são encontrados em baixas quan-
tidades em anteras, pólen, sementes, raízes, caules, folhas, flores e tecidos
vegetativos jovens.
112
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
•• Efeitos fisiológicos
•• Promovem a expansão e a divisão celulares em partes aéreas;
•• Promovem inibição do crescimento da raiz;
•• Promovem a diferenciação do xilema durante o desenvolvimento vas-
cular;
•• Necessários para o crescimento de tubos polínicos;
•• Promovem a germinação de sementes.
•• Formação de enzimas;
•• Digestão das reservas;
•• Mobilização e transporte;
•• Assimilação metabólica;
•• Crescimento e diferenciação dos tecidos.
Determinadas condições devem ser satisfeitas para que ocorra a ger-
minação de sementes:
•• A semente deve ser viável;
•• A semente deve estar livre de dormência;
•• As condições ambientais (água, temperatura, oxigênio, luz) devem ser
favoráveis;
•• Condições satisfatórias de sanidade (livre de agentes patogênicos).
(a)
Fisiologia Vegetal 117
(b)
(c)
Figura 6.15 Germinação epígea (a); hipógea em monocotiledônea (b); hipógea em
eudicotiledônea (c).
Fonte: RAVEN; EVERT; EICHHORN (2007).
6.6.4. Dormência
A dormência em sementes apresenta vantagens e desvantagens (POPINI-
GIS, 1985):
•• Vantagens da dormência
•• Para as plantas: passarem o inverno na condição de semente;
•• Para o homem: evita que os embriões continuem a crescer e germi-
nem ainda na planta-mãe (viviparidade).
120
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Desvantagens:
•• Para que um lote de sementes supere a dormência são necessários
longos períodos (essencial à germinação uniforme);
•• A germinação se distribui no tempo;
•• Contribui para a longevidade das plantas invasoras;
•• Interfere com o programa de plantio;
•• Apresenta problemas de avaliação da qualidade da semente.
•• Tipos de dormência
•• Natural ou primária: se instala no final da maturação da semente,
ainda na planta-mãe. É tida como uma característica da espécie.
•• Secundária ou induzida: que nem sempre acontece, mas quando
ocorre, é por indução de condição ambiental especial (secagem ex-
cessiva da semente, baixos níveis de O2, baixo ψw, altos teores de CO2
ou luz vermelha ao extremo.
•• Principais causas de dormência em sementes
•• Embrião imaturo ou rudimentar: no processo de maturidade da se-
mente, o embrião não está totalmente formado, sendo necessário dar
condições favoráveis para o seu desenvolvimento. É comum em es-
pécies das famílias Orchidaceae, Orombancheae e Fanunculaceae.
•• Impermeabilidade do tegumento: o tegumento pode impedir a ab-
sorção de água. Ocorre principalmente na família Fabaceae (legumi-
nosas) e em algumas espécies das famílias Malvaceae, Convolvula-
ceae, Chenopodiaceae, Solanaceae e Liliaceae, entre outras. Além
do tegumento, o pericarpo e as paredes celulares podem restrigir as
trocas gasosas, como em muitas espécies de Poaceae (gramíneas).
•• Restrição mecânica: o tegumento ou a cobertura protetora pode apre-
sentar resistência mecânica capaz de inibir o crescimento do embrião.
É observada, por exemplo, em Paspallum notatum (capim pensacola).
•• Presença de inibidores: estudos mostram que a presença de subs-
tâncias, como o ácido abscísico, os compostos fenólicos (ácido ferúli-
co, cumarina etc.), os compostos cianogênicos (liberam cianeto) etc.,
pode induzir dormência em sementes.
•• Combinação de causas: uma causa de dormência não impede que
outras causas estejam presentes, ou seja, pode haver, na mesma es-
pécie, mais de uma causa de dormência. Nesse caso, combinações
de tratamentos têm que ser utilizadas para superar a dormência.
Fisiologia Vegetal 121
Síntese do Capítulo
O desenvolvimento vegetal é um processo bastante complexo, e alguns con-
ceitos, como o de crescimento, diferenciação e morfogênese, são importantes
na compreensão desse processo, e, a partir da medida do material vegetal
presente e do sistema assimilatório, a análise quantitativa do crescimento
pode ser realizada. O desenvolvimento vegetal é regulado por seis principais
tipos de hormônios: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscísico e
brassinoesteroides. Outras moléculas sinalizadoras foram identificadas mais
recentemente: ácido salicílico, ácido jasmônico e sistemina. Além de suas fun-
ções no crescimento e no tropismo, a auxina atua na regulação da dominância
apical, na iniciação de raízes laterais, na abscisão foliar, no desenvolvimento
do fruto etc. O uso comercial da auxina inclui compostos para enraizamento e
herbicidas. Um dos efeitos mais marcantes das giberelinas é o alongamento
do caule em plantas anãs ou em roseta, mas atuam ainda na determinação
do sexo, no crescimento do fruto, na germinação de sementes etc. As citocini-
nas participam da regulação da divisão celular, da maturação de cloroplastos
e da senescência. O etileno atua no amadurecimento de frutos e em outros
processos relacionados à senescência de folhas e de flores, e na abscisão
Fisiologia Vegetal 123
Atividades de avaliação
1. O que você entende por crescimento, diferenciação e morfogênese?
2. Como podemos avaliar o crescimento vegetal?
3. Descreva o efeito das auxinas no crescimento de caules e de raízes, na
dominância apical e no desenvolvimento de frutos.
4. Comente sobre o uso comercial das auxinas na agricultura.
5. Qual o efeito das giberelinas no crescimento do caule, na determinação
do sexo e na germinação de sementes.
6. Correlacione:
1. Auxina ( ) Derivado da metionina
2. Giberelina ( ) Amadurecimento de frutos climatéricos
3. Citocinina ( ) Sintetizado a partir do triptofano
4. Etileno ( ) Atua na divisão celular
5. Ácido Abscísico ( ) Inativado por oxidação ou por conjugação
124
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Texto complementar
Senescência e morte celular programada
A cada outono, as pessoas que vivem em regiões temperadas podem apreciar as lin-
das mudanças de cores que precedem a perda das folhas das árvores caducifólias. As
folhas mudam de cor porque as variações no comprimento do dia e as temperaturas
baixas desencadeiam os processos de desenvolvimento que levam à senescência e à
morte das folhas. (...) As folhas são programadas geneticamente para morrer, e sua
senescência pode ser iniciada por estímulos ambientais.
(...) Muitas plantas anuais, incluindo as principais culturas vegetais, como o trigo,
o milho e a soja, amarelam abruptamente e morrem após a produção dos frutos,
mesmo sob condições ótimas de crescimento. A senescência da planta inteira, após
um ciclo reprodutivo único, é denominada senescência monocárpica.
(...) A senescência pode ocorrer na planta inteira, como na senescência monocárpi-
ca; em nível de órgão, como na senescência foliar; e em nível celular, como na diferen-
ciação de elementos traqueais. O processo pelo qual as células individuais ativam um
programa de senescência intrínseco é denominado morte celular programada (MCP).
(...) A MCP pode ser iniciada por sinais específicos do desenvolvimento ou por eventos
potencialmente letais, tais como ataque de patógeno ou erros na replicação do DNA
durante a divisão celular. Ela envolve a expressão de um conjunto de genes envolvidos
na destruição de componentes celulares, culminando com a morte celular. (...)
Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009).
Fisiologia Vegetal 125
Leituras
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
Sites
http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/APOSTILA/REGULADORES.pdf
http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.
http://www.cpact.embrapa.br/ publicacoes/livro/fruticultura_
http://www.mundoeducacao. com.br/ biologia/auxinas.htm.
http://www.forest.ula.ve/~rubenhg/crescimento_vegetal
Artigos científicos
http://www.scielo.br
Referências
FERRI, M. G. Fisiologia vegetal. v. 1. São Paulo: EPU, 1985. 350p.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2004. 454p.
LACERDA, C. F. Apostila de fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2002. 356p.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Trad.: Carlos Henrique B. de A. Prado.
São Carlos: RIMA, 2000. 531p.
POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2 ed. Brasília, 1985. 289 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed., Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Trad.: Eliane R. Santarém et al., 4
ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. 848p.
126
MENDES, R. M. de S; LUCENA, E. M. de P; MEDEIROS, J. B. L. de P.
Sobre os autores
Roselita Maria de Souza Mendes: Engenheira Agrônoma pela Universidade
Federal do Ceará, com Mestrado e Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) pela
mesma instituição. É Professora Adjunta da Universidade Estadual do Ceará
desde 2003 e coordenadora do Laboratório de Botânica – LABOTAN. Atua na
área de Botânica, especificamente em Fisiologia e Sistemática Vegetal, nos
seguintes temas: Ecofisiologia, Fisiologia de sementes, Sistemática de esper-
matófitas e Composição florística e diversidade do Parque Botânico do Ceará.
F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia