Manual Decisoes Criminais Esmal PDF

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Manual Prático de Decisões Criminais 3

Manual Prático de
Decisões Criminais
4 Manual Prático de Decisões Criminais
Manual Prático de Decisões Criminais 5

Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas

Manual Prático de
Decisões Criminais
Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas:
Des. Washington Luiz Damasceno Freitas

Diretor - Geral da ESMAL:


Des. James Magalhães de Medeiros

Coordenadores:

Eliana Acioly Machado de Oliveira


Fausto Magno David Alves
João Paulo Martins da Costa
José Eduardo Nobre Carlos
Lorena Carla Santos Vasconcelos Sotto - Mayor
6 Manual Prático de Decisões Criminais

PRESIDENTE
Des. Washington Luiz Damasceno Freitas

VICE-PRESIDENTE
Des. João Luiz Azevedo Lessa

CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA
Des. Klever Rêgo Loureiro

DIRETOR – GERAL DA ESMAL


Des. James Magalhães de Medeiros

A316m
Alagoas. Tribunal de Justiça. Escola Superior de
Magistratura de Alagoas. Núcleo de Estudos Criminal.
Manual Prático de Decisões Criminais / Escola Superior de
Magistratura de Alagoas, 2015.

294 p.

1. Sentença Criminal. 2. Decisão Criminal. 3. Manual.


4. Núcleo de Estudos Criminal. II. Título.
CDDir:341.432
Catalogação na Fonte: Mirian Ferreira Alves – CRB-4: 2.131

Editoração e Diagramação:

Iris Melo Lima Vasconcelos


Luciana Alves da Rocha - Estagiária de Biblioteconomia
Marília Rodrigues Pereira - Estagiária de Biblioteconomia
Mirian Ferreira Alves
Manual Prático de Decisões Criminais 7

Colaboradores:

Ana Cecília Vieira Barbosa


Céfora Patrícia F. dos Santos Fidelis
Carlos Bruno Ramos
Ewerton Gabriel P. de Oliveria
Jennyfer Nascimento Silva
José Braga Neto
Juliana Dias Gois R. de Queiroz
Juliane Melo Klingenfus
Kássia Suelen Torres de Castro
Larissa Omena Leite
Lourival Cezar de Oleiveira Filho
Luana Karoliny Menezes S. dos Santos
Nathalia Bezerra Mota
Roberto Marques
Tales de Moraes Rodrigues
Vanessa de Gusmão Coêlho
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Nota Introdutória

James Magalhães de Medeiros

Com grata satisfação apresentamos à comunidade jurídica, especialmente


à judiciária, os Manuais Práticos de Decisões Cíveis e Criminais produzidos pela
Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas – ESMAL– que com essa
iniciativa corajosa, contribui de forma inédita para a eficiência e a eficácia da
atividade fim do Poder Judiciário.
Os trabalhos representam a primeira incursão no mercado editorial de
uma ferramenta de orientação prática para a ação jurisdicional. A qualidade do
resultado alcançado na formatação pode ser medida pela sua utilidade, não só para o
Estado de Alagoas, mas também para além de suas fronteiras.
O espírito altivo dos colaboradores eleva ainda mais o valor da presente
obra, ao elaborarem um conteúdo já em absoluta conformidade com o novo Código
de Processo Civil, que ainda se encontra em período de vacatio legis, estando a sua
interpretação em plena ebulição. A julgar pela já difícil tarefa de se percorrer todas
as disposições da novel legislação, em exíguo espaço de tempo, revela-se o quão
intenso e engajado estiveram os responsáveis por este irrepreensível resultado, razão
pela qual merecem o reconhecimento e o agradecimento de todos os usuários do
sistema.
Para além dos atributos da iniciativa, convém acentuar que os produtos
trazidos à luz e expostos à crítica, representam iniciativa construtiva da Escola
Superior da Magistratura em prol da atividade cotidiana do Poder Judiciário: a
prestação jurisdicional, que se manifesta na, e, sobre a realidade judicante, por
intermédio direto e imediato dos atos judiciais. Com o propósito de valorizar essa
inestimável atividade de produção, pensamos na construção de ferramenta que
pudesse ter pronto impacto no ofício de criação das unidades, sobretudo, pelos
gabinetes.
Os manuais colocados agora à disposição dos leitores contêm modelos de
atos judiciários os mais diversos, desde despachos simples e de mero
impulsionamento processual, perpassando por decisões interlocutórias, até se chegar
às sentenças, tanto as terminativas quanto as definitivas, tudo em linguagem
acessível, direta e desformalizada, exatamente para oferecer ao operador do direito
um instrumento útil, de fácil manuseio.


Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas e Diretor - Geral da Escola
Superior da Magistratura do Estado de Alagoas - ESMAL.
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Contudo, necessário se faz esclarecer que a presente obra não possui


índole dogmática e tampouco é destinada a ofertar sólidos ensinamentos referentes a
ramo específico ou particular da Ciência do Direito. Seu destino é eminentemente
pragmático. Trata-se assim, de obra vocacionada à ação prática. Por este motivo,
suas indicações doutrinárias são raras, apresentadas apenas quando imprescindíveis,
e com o mero propósito indicativo ou sugestivo, permitindo, sempre, ao julgador, a
ampla liberdade de escolha do posicionamento que entenda ser mais pertinente e
justo ao caso concreto.
Não se há esconder, destarte, que o vetor celeridade tenha impulsionado a
construção de ferramenta com tais características, voltada sobremodo ao auxílio do
cotidiano. A velocidade, em quase tudo no trato social, tem representado, nos
tempos atuais, um valor, que talvez o preço disso, nos venha a ser cobrado em futuro
próximo ou remoto. Não é diferente com a expectativa que se lança sobre o Poder
Judiciário, sobretudo ao diante de sua posição, que tem avançado nos últimos
tempos, requisitando-se sempre um pronto amparo, na perspectiva da pressa,
especialmente, mas também no viés da capacidade de regular seus novos campos de
atuação, que se dilatam dia após dia.
Mas nem mesmo em um mero relampejo de pensamento, pretendeu-se ou
enxergou-se nos manuais um antídoto para a cura da difundida morosidade do Poder
Judiciário. Até porque, justiça seja feita, lentidão que haja no sistema, jamais pode
ser atribuída, isoladamente a esse Poder da República, por não deter as ferramentas
adequadas para movimentar toda a complexidade da gestão judicante.
Esse problema é multi-complexo, contando com diversos fatores, que vão
desde limitações orçamentárias e deficiências administrativas a construções
normativas perniciosas, desenhando, cuidadosamente, o cenário que se tem hoje no
Brasil.
Não obstante, é inegável que se pretendeu, criativamente, contribuir, em
alguma medida, para a melhoria da velocidade da atividade judicial, atento que
estamos a esse valor que impregnou o tecido social hodierno. Todavia a agilidade é
apenas um dentre tantos outros valores com que lida diuturnamente o Judiciário, tão
ou mais caros para a sociedade ou para o jurisdicionado. Tanto é verdade a acertiva,
que se tem expandido a sua esfera de atuação, atingindo, com isso, protagonismo
jamais antes experimentado.
Assim atuando, pois, confirma a sua posição de guardião da vida civil e
das liberdades individuais, para tutelar bens jurídicos coletivos, intervir nas políticas
públicas e sindicar a própria atividade política, interferindo, diretamente, na
condução da nação.
Porque sempre estivemos absolutamente conscientes da função
constitucional do Poder Judiciário e atentos aos novos rumos e níveis que vêm
Manual Prático de Decisões Criminais 11

atingindo a sua atividade, é que não pretendemos oferecer um manual de receitas,


com respostas prontas para os casos que tramitem ou venham a tramitar. Longe
disso, os manuais apresentam duas destacadas funcionalidades, ambas, a seu modo,
aptas a contribuir para o vetor da celeridade, mas também susceptíveis de influir,
positivamente, na qualidade das decisões.
A primeira delas está na capacidade que têm de servir de farol, a iluminar
o início da estrada, e nem sempre toda a trajetória, competindo a cada gabinete e
magistrado enriquecer o modelo com as peculiaridades do caso, assim como com
seus talentos individuais. E a segunda, os manuais prestam-se a, efetivamente,
solucionar os casos mais simples, rotineiros ou repetitivos, servindo de atalho, e para
os quais o modelo seja bastante à boa, justa e adequada prestação jurisdicional,
reservando ao magistrado, enquanto profissional técnico-jurídico, tempo para se
dedicar aos casos mais complexos, os quais sempre lhe requisita mais engenho e
arte.
Dessa forma, esperamos que os Manuais de Decisão Judicial Cível e
Criminal, produzidos pela Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas,
possam contribuir com o propósito de prestar, em boa medida, uma orientação eficaz
e segura dos atos judiciais.
Em ainda apresentando, parece-me, ainda, apropriado render meus
merecidos agradecimentos, primeiramente, e sempre, a Deus, que é condutor maior
de nossas vidas e de todos os nossos projetos e sonhos.
Logo em seguida, aos Juízes que compuseram ambos os núcleos de
estudo: Carlos Aley Santos de Melo, Eliana Augusta Acioly Machado, Fausto
Mágno David Alves, João Paulo Martins, José Eduardo Nobre Carlos, Laila
Kerckhoff dos Santos, Lorena Carla Santos Vasconcelos Sotto - Mayor, Lucas
Lopes Dória Ferreira, Phillippe Melo Alcântara Falcão e Ygor Vieira de Figueiredo.
Todos foram responsáveis por conduzir os grupos de colaboradores, produziram,
solitária e coletivamente o conteúdo da obra, além de terem revisado todo o material.
Não menos destacadas foram as participações hábeis e afinadas dos Juízes
Coordenadores da Escola Superior da Magistratura: Alexandre Machado de
Oliveira, André Avancini D‟Avila, Joyce Araújo dos Santos e Luciana Raposo Dias,
que, juntamente com os demais, formam um grupo coeso, proativo e jovem,
trazendo ares renovados e vivacidade à ESMAL.
Agradeço também ao devotado corpo de funcionários, sem distinção, que,
muito dedicadamente, ficou responsável pelos ajustes formais da obra, assim como
aos colaboradores, cujo empenho não seria possível finalizar este projeto.
Acredito que todo esforço é válido para a humanização do mundo, e
sendo o Direito um caminho nessa direção, então vamos trabalhar a Justiça.
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Manual Prático de Decisões Criminais 13

SUMÁRIO

1 ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL COM


FORMAÇÃO DE COISA JULGADA ............................................................ 23
2 AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL ......................................... 24
3 EXCLUDENTE DE ILICITUDE ............................................................ 24
4 ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL .............................. 26
5 ARQUIVAMENTO INDIRETO ............................................................. 28
6 REMESSA DE PEÇAS DE INFORMAÇÃO AO PROCURADOR-
GERAL DE JUSTIÇA. ART. 28 DO CPP. ..................................................... 29
7 ART. 28 DO CPP. INSISTÊNCIA NO PEDIDO DE
ARQUIVAMENTO. ......................................................................................... 29
8 INQUÉRITO POLICIAL QUE APURA CRIME DE AÇÃO PENAL
DE INICIATIVA DO OFENDIDO ................................................................. 30
9 DILAÇÃO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO
POLICIAL E TRAMITAÇÃO DIRETA ........................................................ 31
10 INCOMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. REMESSA AO JUIZ
COMPETENTE. ............................................................................................... 32
11 INCOMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. CRIME DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO. REMESSA AO JUIZ COMPETENTE. ........... 33
12 BUSCA E APREENSÃO ......................................................................... 33
12.1 Despacho inicial ...................................................................................... 33
12.2 Decisão deferimento ................................................................................ 33
12.3 Indeferimento .......................................................................................... 36
12.3 Arquivamento do Incidente ..................................................................... 38
13 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ...................................................... 39
13.1 Despacho inicial....................................................................................... 39
13.2 Decisão Deferimento ................................................................................ 39
13.3 Indeferimento ........................................................................................... 43
14 QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS .......................... 45
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14.1 Despacho inicial....................................................................................... 45


15 QUEBRA DE SIGILO DE DADOS BANCÁRIO E FISCAL .............. 48
15.1 Despacho inicial ...................................................................................... 48
15.2 Decisão Deferimento ............................................................................... 48
15.3 Indeferimento .......................................................................................... 52
16 PRISÃO TEMPORÁRIA ........................................................................ 53
16.1 Despacho ..................................................................................................53
16.2 Decisão Deferimento ............................................................................... 53
16.3 Indeferimento do pedido de revogação da prisão temporária ................ 56
16.4 Prorrogação do tempo da prisão temporária ......................................... 57
16.5 Indeferimento do pleito de prisão temporária ......................................... 57
16.6 Decisão de arquivamento do incidente ................................................... 59
17 PRISÃO PREVENTIVA. DEFERIMENTO .......................................... 59
18 PRISÃO PREVENTIVA. INDEFERIMENTO ..................................... 62
19 REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR EXCESSO DE
PRAZO............................................................................................................... 63
20 LIBERDADE PROVISÓRIA. DEFERIMENTO .................................. 65
21 LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO. ............................. 66
22 MEDIDAS PENAIS CAUTELARES. DESPACHO CONCEDENDO
PRAZO PARA O INVESTIGADO SE MANIFESTAR. ............................... 67
23 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.
ARBITRAMENTO DE FIANÇA E IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS PENAIS
CAUTELARES. ................................................................................................ 68
24 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
DELITO. FIANÇA ARBITRADA PELA AUTORIDADE POLICIAL ...... 71
25 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
DELITO. ARBITRAMENTO DE FIANÇA E IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS
PROTETIVAS ................................................................................................... 72
26 DEFERIMENTO DE PEDIDO DE DISPENSA DE FIANÇA ............. 76
Manual Prático de Decisões Criminais 15

27 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.


CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA. ............................................... 77
28 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA. ............... 80
29 NÃO HOMOLOGAÇÃO DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
DELITO. RELAXAMENTO. .......................................................................... 82
30 AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. INCOMPETÊNCIA PELO LUGAR DA
INFRAÇÃO. REMESSA. ................................................................................. 85
31 NÃO HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
DELITO. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS. .............................. 86

CAPÍTULO II: MEDIDAS CAUTELARES E INCIDENTES


PROCESSUAIS................................................................................. 89
1 ARRESTO PRÉVIO ................................................................................ 89
2 ARRESTO ................................................................................................. 89
3 SEQUESTRO DE BENS (IMÓVEIS) – PEDIDO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO .......................................................................................................... 90
4 SEQUESTRO DE BENS (MÓVEIS) – PEDIDO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO .......................................................................................................... 91
5 SEQUESTRO DE BENS - LEVANTAMENTOS .................................. 91
6 HIPOTECA LEGAL – DESPACHO INICIAL ..................................... 92
7 HIPOTECA LEGAL – DECISÃO .......................................................... 92
8 RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA - DECISÃO
(DEFERIMENTO) ............................................................................................ 93
9 RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA - DECISÃO
(INDEFERIMENTO) ....................................................................................... 94
10 RESTAURAÇÃO DE AUTOS - DECISÃO (INSTAURAÇÃO) .......... 94
11 RESTAURAÇÃO DE AUTOS – JULGAMENTO ................................ 95
12 SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. .. 96
13 SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. INDEFERIMENTO ........................ 96
16 Manual Prático de Decisões Criminais

14 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. INSTAURAÇÃO EX


OFFICIO. .......................................................................................................... 97
15 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL – PEDIDO DA DEFESA -
DEFERIMENTO .............................................................................................. 98
16 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL - HOMOLOGAÇÃO DE
LAUDO ............................................................................................................ 100

CAPÍTULO 3: FASE PROCESSUAL PENAL ........................... 101


1 RECEBIMENTO DA DENÚNCIA ....................................................... 101
2 DECISÃO. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. INÉPCIA .......................... 102
2.1 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Pressuposto Processual. ............ 103
2.2 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Condições da Ação. ................... 104
2.3 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Justa Causa................................ 104
3 MANUTENÇÃO DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. ART. 399
DO CPP. ........................................................................................................... 108
4 SENTENÇA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. ........................................... 109
4.1 Fundamentação ........................................................................................ 109
4.2 Dispositivo................................................................................................ 109
5 DECISÃO. MUTATIO LIBELLI. ........................................................ 109
6 EMENDATIO LIBELLI. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
ROUBO...... ...................................................................................................... 110
7 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS ...... 119
8 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA.... ................................................................................... 121
9 SENTENÇA. ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA ..................................... 126
10 DECISÃO. RECEBIMENTO. RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO..........................................................................................................130
11 DECISÃO. RECEBIMENTO. APELAÇÃO. ...................................... 131
12 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO RETROATIVA E AUTOFÁGICA. ... 131
13 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. ................................... 138
14 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ........................... 139
Manual Prático de Decisões Criminais 17

15 SENTENÇA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. DECADÊNCIA ... 139


16 SENTENÇA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. ABOLLITIO
CRIMINIS. ...................................................................................................... 140
17 SENTENÇA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. MORTE DO
AGENTE. ......................................................................................................... 142
18 SENTENÇA CONDENATÓRIA. PORTE DE ARMA. ...................... 143
19 SENTENÇA CONDENATÓRIA. FURTO. ......................................... 148
20 SENTENÇA CONDENATÓRIA. LESÃO CORPORAL ................... 153
CAPÍTULO IV: PROCEDIMENTO DO JÚRI ................................ 157
1 RECEBIMENTO DE DENÚNCIA ....................................................... 157
2 REJEIÇÃO DA DENÚNCIA ................................................................ 157
2.1 Inépcia................... ................................................................................... 157
2.2 Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal............................ ....................................................................................... 158
2.3 Ausência de justa causa ........................................................................... 159
3 PRONÚNCIA .......................................................................................... 160
3.1 Homicídio simples ................................................................................... 160
3.2 Pronúncia – Homicídio Qualificado ........................................................ 162
3.3 Pronúncia (Coautoria) ............................................................................. 165
3.4 Dos crimes conexos .................................................................................. 171
4 IMPRONÚNCIA .................................................................................... 172
5 ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA ................................................................... 174
6 SENTENÇA. DESCLASSIFICAÇÃO. ................................................. 176
7 JUÍZO DE RETRATAÇÃO .................................................................. 178
7.1 Prova de materialidade e indícios de autoria. Manutenção da
pronúncia......................... ................................................................................... 178
7.2 Juízo de retratação. Excesso de linguagem não demonstrado. Manutenção
da pronúncia................... .................................................................................... 179
18 Manual Prático de Decisões Criminais

8 DESPACHO. PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA


JULGAMENTO EM PLENÁRIO. ARTIGO 422 DO CPP. ....................... 181
9 PEDIDO DE DESAFORAMENTO ...................................................... 181
10 SENTENÇAS EM PLENÁRIO ............................................................. 183
10.1 Homicídio simples ................................................................................ 183
10.2 Homicídio qualificado ........................................................................... 185
10.3 Desclassificação pelos jurados ............................................................. 187
10.4 Sentença. Homicídio + infrações conexas. ............................................ 190
11 ATAS DE SESSÃO DO JÚRI ............................................................... 194
11.1 Termo de instalação e abertura da sessão de julgamento do tribunal do
júri............................... ........................................................................................ 194
11.2 Termo de verificação de cédulas ........................................................... 195
11.3 Lista de presença dos jurados ................................................................ 195
11.4 Decisão sobre justificativas apresentadas e eventual aplicação de multa
a jurado faltoso............. ...................................................................................... 196
11.5 Certidão de apregoamento das partes .................................................. 196
11.6 Certidão de presença do réu ................................................................. 197
11.7 Termo de sorteio do conselho de sentença ............................................ 197
11.8 Termo de compromisso dos jurados ...................................................... 198
11.9 Instrução plenária – oitiva de testemunhas........................................... 199
11.10 Termo de interrogatório do réu ............................................................ 200
11.11 Debates, leitura dos quesitos e esclarecimentos .................................. 201
11.12 Termo de julgamento ............................................................................ 206
11.13 Termo de encerramento........................................................................ 207
11.14 Roteiro da sessão doJúri ...................................................................... 207

CAPÍTULO V: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ..................... 210


1 DESPACHO INICIAL TCO ................................................................. 210
2 DECISÃO DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA TCO..................... 211
Manual Prático de Decisões Criminais 19

3 DECISÃO - REMESSA AO JUÍZO COMUM .................................... 212


4 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR COMPOSIÇÃO DE
DANOS............................................................................................................. 213
5 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE HOMOLOGAÇÃO DE
TRANSAÇÃO PENAL. .................................................................................. 213
6 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR. RENÚNCIA AO DIREITO
DE REPRESENTAÇÃO OU QUEIXA ......................................................... 214
7 TERMO DE AUDIÊNCIA DE OFERECIMENTO DE DENÚNCIA215
8 TERMO DE AUDIÊNCIA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO ..................................................................................................... 216
9 DECISÃO REVOGAÇÃO TRANSAÇÃO PENAL ............................ 217
10 DECISÃO REVOGAÇÃO SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO. .................................................................................................... 218
11 SENTENÇA – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE POR
CUMPRIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL. ........................................... 218
12 SENTENÇA – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE PELO
CUMPRIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO . 220
13 DESPACHO NOTIFICAÇÃO LEI DE DROGAS .............................. 220
14 DECISÃO RECEBIMENTO DE DENÚNCIA LEI DE DROGAS.... 221
15 DECISÃO DESTRUIÇÃO DE DROGA APREENDIDA. .................. 222
16 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA TRÁFICO DE DROGAS. ................. 223
17 SENTENÇA CONDENATÓRIA TRÁFICO COM REDUÇÃO ....... 225
18 SENTENÇA CONDENATÓRIA TRÁFICO SEM REDUÇÃO ........ 231
19 SENTENÇA DESCLASSIFICATÓRIA PARA USO DE DROGAS . 237
20 DECISÃO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS – LEI
MARIA DA PENHA. ...................................................................................... 240
21 DECISÃO. REMESSA PARA JUIZADO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA. ................................................................................................. 242
22 DECISÃO DECRETANDO PREVENTIVA PELO
DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS ............................ 243
20 Manual Prático de Decisões Criminais

23 SENTENÇA LESÃO CORPORAL. LEI MARIA DA PENHA. ........ 244


24 SENTENÇA. RENÚNCIA. REPRESENTAÇÃO. LEI MARIA DA
PENHA............................................................................................................. 247

CAPÍTULO VI: PROCESSO DE EXECUÇÃO .......................... 249


1 EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO COM PROGRESSÃO. ............... 249
2 EXECUÇÃO PENAL. INDEFERIMENTO PROGRESSÃO. EXAME
CRIMINOLÓGICO ........................................................................................ 251
DO INDEFERIMENTO DA PROGRESSÃO DE REGIME ...................... 251
3 EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO FECHADO PARA
SEMIABERTO. DOMICILIAR. FALTA DE CONDIÇÕES
SEMIABERTO................................................................................................ 253
4 EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO SEMIABERTO PARA
ABERTO. ......................................................................................................... 258
5 EXECUÇÃO PENAL. REGIME FECHADO PARA SEMIABERTO.
CRIME ANTERIOR LEI DOS CRIMES HEDIONDOS. PRISÃO
DOMICILIAR. ................................................................................................ 259
6 EXECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE ESTABELECIMENTO
ADEQUADO PARA REGIME SEMIABERTO. ......................................... 263
7 EXECUÇÃO PENAL - LIVRAMENTO CONDICIONAL E
REMIÇÃO – REEDUCANDO REINCIDENTE ......................................... 265
8 EXECUÇÃO PENAL – REGRESSÃO CAUTELAR – FUGA –
SEMIABERTO................................................................................................ 268
9 EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DE PENAS. ............................ 270
10 EXECUÇÃO PENAL. EXAME CRIMINOLÓGICO.
DEFERIMENTO. ........................................................................................... 272
11 EXECUÇÃO PENAL. EXAME CRIMINOLÓGICO.
INDEFERIMENTO. ....................................................................................... 275
12 EXECUÇÃO PENAL. PRISÃO DOMICILIAR. DOENÇA. ............. 277
13 EXECUÇÃO PENAL. TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO
FEDERAL. ...................................................................................................... 279
Manual Prático de Decisões Criminais 21

14 EXECUÇÃO PENAL – DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA APÓS


TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO FEDERAL .................................... 288
15 EXECUÇÃO PENAL. SENTENÇA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA................................................................................................ 289
REFERÊNCIAS ................................................................................ 291
22 Manual Prático de Decisões Criminais
Manual Prático de Decisões Criminais 23

CAPÍTULO I: FASE PRÉ-PROCESSUAL

1 ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL COM FORMAÇÃO DE


COISA JULGADA

O Delegado de Polícia instaurou, mediante portaria, o presente Inquérito


Policial visando à apuração da responsabilidade penal pelo(s) delito(s) de_____
mencionado(s) nos autos.
Instado a manifestar-se, o ilustre Representante do Ministério Público,
após constatar a inexistência de ilícito penal diante da atipicidade dos fatos narrados,
requereu o arquivamento do das peças de investigação.
É o que se tem a relatar. Passo a decidir.
Com a Constituição Federal de 1988, a ação penal passou a ser ato
privativo do Ministério Público, conforme se infere do seu art. 129, I. Ocorre que,
para o ajuizamento da ação penal pelo Ministério Público, além de estarem
satisfeitos os requisitos estabelecidos nos arts. 41 e 395 do CPP, torna-se premente
que não incida quaisquer das hipóteses previstas no art. 397 do Código de Processo
Penal.
Nesta vertente, segundo a regra do art. 397 do Código de Processo Penal,
o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar a existência
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado
evidentemente não constitui crime; ou extinta a punibilidade do agente.
Assim, devendo o réu ser absolvido sumariamente acaso haja a incidência
das hipóteses normativas previstas no art. 397 do CPP, em caso de deflagração de
eventual ação penal pelo Ministério Público, com maior propriedade caberá ao
Judiciário realizar uma filtragem, a fim de obstar demandas penais temerárias,
quando o próprio Ministério Público entende pela inexistência do crime (ou pela
incidência de alguma causa de extinção da punibilidade), com o escopo de evitar que
o processo criminal seja iniciado quando o investigado tenha logrado êxito em
demonstrar prematuramente a atipicidade da conduta (ou a incidência de causa
extintiva da punibilidade).
(Promover a análise do caso trazido aos autos, especificando a hipótese
normativa que justifica o arquivamento, tal como exemplos abaixo).
24 Manual Prático de Decisões Criminais

2 AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL

Para a doutrina atual, que segue o conceito analítico de crime, o primeiro


substrato do ilícito penal, qual seja, a tipicidade, não ocorrerá apenas com a
subsunção do fato à norma (tipicidade formal), devendo existir, de igual forma, a
incidência da tipicidade conglobante.
No caso dos autos (relatar a situação fática), está clara a configuração da
tipicidade formal. Porém a tipicidade penal não se resume a configuração da
tipicidade formal (perfeita adequação da conduta do agente ao modelo abstrato
previsto na lei penal), devendo ser acrescida pela tipicidade conglobante
(antinormatividade da conduta do agente e ser o fato materialmente típico).
Fazendo um juízo de prelibação, está demonstrado que, embora estejam
presentes a conduta, o nexo, o resultado, a tipicidade formal e a antinormatividade
da conduta, uma vez que a mesma não é incentivada pelo ordenamento; o desvalor
do resultado da ação perpetrada pelo investigado foi insignificante, devendo incidir
o princípio da bagatela, o que tornaria a conduta atípica, ante a ausência da
tipicidade material.
Grife-se que o direito penal é regido, dentre outros, pelo princípio da
intervenção mínima e da lesividade. Ou seja, o direito penal deve ser a ultima ratio
donde se conclui que a sua intervenção deverá ocorrer apenas quando sejam
violados, de forma relevante, os bens mais importantes elencados pelo legislador,
não competindo ao Judiciário punir crimes de bagatela.
Destarte, a ausência da tipicidade material exclui a tipicidade conglobante
e, ato contínuo, a própria tipicidade penal. Assim, da análise dos elementos de
informação extrai-se a presença dos vetores que regem o princípio da
insignificância: a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

3 EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Segundo o conceito analítico do crime, o fato punível é composto pela


tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.
No caso dos autos, está demonstrado que o investigado praticara a
conduta contra si imputada de (relatar o fato), razão pela qual não há dúvidas de que
o fato ora tratado se subsume à hipótese trazida no art.__, do Código Penal.
Está demonstrada, de igual modo, a materialidade delitiva, tal como se
verifica do laudo pericial colacionado aos autos às fls. __.
Manual Prático de Decisões Criminais 25

Devidamente demonstrada a tipicidade do fato, surge o indício de ser o


mesmo antijurídico, segundo a teoria da ratio cognoscendi, o que só não ocorrerá
acaso incidam algumas das hipóteses previstas no art. 23 do Código Penal, ou seja,
acaso o agente esteja amparado por uma causa de justificação.
Nos autos, alega o investigado ter agido sob os auspícios da legítima
defesa. Nesse contexto, faz-se necessária verificar se os requisitos objetivos e
subjetivos da legítima defesa estão presentes.
(Deve-se demonstrar a presença da totalidade dos elementos da causa de
justificação).
Extinção da punibilidade
Tal como se observa dos autos, incide no caso, in examine, a causa de
extinção da punibilidade prevista no art. __ do Código Penal, haja vista que (Relatar
a causa de extinção da punibilidade e sua demonstração nos autos). (...)
Portanto, inexistindo fato típico, o pleito de arquivamento dos presentes
autos, com fincas no art. 18 do CPP, deve ser acolhido. Destaque-se que sendo o
presente feito arquivado por atipicidade, fica vedada a reabertura da presente
investigação haja vista que haverá coisa julgada material quando o arquivamento for
motivado pela atipicidade do fato, pelo reconhecimento de uma das causas de
extinção da punibilidade ou causas excludentes. Nestas hipóteses há resolução do
mérito e por conseguinte a ocorrência da coisa julgada material.
Desta forma, HOMOLOGO o pleito do Ministério Público e
DETERMINO o arquivamento destes autos de inquérito policial, com as cautelas
legais.
Intimações e comunicações necessárias.
Arquive-se.
OU
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos transparece, incidindo a
hipótese normativa prevista no art. 107, inciso __, do Código Penal, impõe-se a
declaração de extinção da punibilidade.
Desta forma, HOMOLOGO o pleito do Ministério Público e
DETERMINO o arquivamento destes autos de inquérito policial, com as cautelas
legais.
Intimações e comunicações necessárias.
Arquive-se.
Local, Data.
Juiz de Direito
26 Manual Prático de Decisões Criminais

4 ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Autoria desconhecida
Cuida-se de Inquérito Policial que visa à apuração do crime de __
perpetrado em face de __.
Após o transcurso das investigações, a autoridade policial não logrou êxito em
descobrir a autoria do intento criminoso.
O Ministério Público, às fls. _____, pugnou pelo retorno do Inquérito
Policial à Delegacia de Polícia a fim de cumprir com as diligências arroladas na
respectiva peça.
Com o cumprimento das diligências, os autos voltaram ao parquet.
Em manifestação de fls. ____, o Ministério Público, em face da
impossibilidade de se averiguar o autor do fato criminoso, ficando desprovido de
elementos essenciais para o oferecimento da denúncia, uma vez que não há a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a teor
do art. 41 do Código de Processo Penal, pugnou pelo arquivamento do presente
feito.
É o que se tem a relatar. Passo a decidir.
Com a Constituição Federal de 1988 a ação penal passou a ser ato
privativo do Ministério Público, conforme se infere do art. 129, I.
Ocorre que, para o ajuizamento da ação penal, devem estar satisfeitos os
requisitos estabelecidos no art. 395 do Código de Processo Penal, dentre os quais se
infere a justa causa, configurada pelo lastro probatório mínimo.
Desta forma, em inexistindo base para o oferecimento da denúncia, uma
vez que as diligências policiais se mostraram inócuas, o pleito de arquivamento dos
presentes autos, com fincas no art. 18 do CPP, deve ser acolhido, haja vista que, não
obstante haja a materialidade delitiva, configurada pelo ___________, resta patente
que não existe qualquer indício de autoria, sendo a mesma desconhecida.
Outrossim, o arquivamento por ausência de provas não impede a
continuidade das investigações e, acaso novas provas surjam, o início da ação penal.
Desta forma, arrimado nas disposições insculpidas no artigo 28 do CPP,
acolho o requerimento promanado pelo representante do Parquet neste Juízo e
DETERMINO o arquivamento destes autos de inquérito policial, com as cautelas
legais, sem embargo de desarquivamento, se novas provas surgirem. (art. 18 do
CPP).
Façam-se as comunicações, anotações e registros pertinentes.
Manual Prático de Decisões Criminais 27

Ausência de justa causa

Cuida-se de Inquérito Policial que visa à apuração da responsabilidade


penal pelo(s) delito(s) mencionado(s) nos autos.
Após o transcurso das investigações, a autoridade policial não logrou
êxito em descortinar a responsabilidade penal perseguida nos autos.
Instado a manifestar-se, o ilustre Representante do Ministério Público,
após constatar a inexistência de provas capazes de embasar uma denúncia contra o
investigado, requereu o arquivamento do inquérito.
É o que se tem a relatar. Passo a decidir.
Com a Constituição Federal de 1988 a ação penal passou a ser ato
privativo do Ministério Público, conforme se infere do art. 129, I.
Ocorre que, para o ajuizamento da ação penal, devem estar satisfeitos os
requisitos estabelecidos no art. 395 do Código de Processo Penal, dentre os quais se
infere a justa causa, configurada pelo lastro probatório mínimo.
Desta forma, em inexistindo base para o oferecimento da denúncia, uma
vez que as diligências policiais se mostraram inócuas, o pleito de arquivamento dos
presentes autos, com fincas no art. 18 do CPP, deve ser acolhido, haja vista que as
provas colhidas durante as diligências realizadas são insuficientes para dar
sustentação à denúncia.
Outrossim, o arquivamento por ausência de provas não impede a
continuidade das investigações e, acaso novas provas surjam, o início da ação penal.
Desta forma, arrimado nas disposições insculpidas no artigo 28 do CPP,
acolho o requerimento promanado pelo representante do Parquet neste Juízo e
DETERMINO o arquivamento destes autos de inquérito policial, com as cautelas
legais, sem embargo de desarquivamento, se novas provas surgirem. (art. 18 do
CPP).
Façam-se as comunicações, anotações e registros pertinentes.
Fato atípico (suicídio)
Cuida-se de Inquérito Policial que visa a apurar a morte de __.
Após o transcurso das investigações, a autoridade policial concluiu que o
de cujus cometeu suicídio, não descortinando a participação de terceira pessoa.
Em manifestação de fls. _____, o Ministério Público pugnou pelo
arquivamento do presente feito.
É o que se tem a relatar. Passo a decidir.
Conforme se observa do caderno investigatório, a autoridade policial não
logrou êxito em demonstrar a participação de terceira pessoa na morte de __.
28 Manual Prático de Decisões Criminais

Desta maneira, tendo o de cujus cometido suicídio resta evidente que o


fato é atípico, motivo pelo qual o pleito de arquivamento dos presentes autos, com
fincas no art. 18 do CPP, deve ser acolhido.
Outrossim, o arquivamento por ausência de provas não impede a
continuidade das investigações e, acaso novas provas surjam que indiquem a
participação de terceira pessoa, o início da ação penal.
Desta forma, HOMOLOGO o pleito do Ministério Público e
DETERMINO o arquivamento destes autos de inquérito policial, com as cautelas
legais.
Façam-se as comunicações, anotações e registros pertinentes.
Local, Data.
Juiz de Direito

5 ARQUIVAMENTO INDIRETO

Cuida-se de pleito formulado pelo Ministério Público Estadual a fim de


que este juízo reconheça a sua incompetência para julgar o presente feito,
declinando-a para o Juízo da comarca de __.
O Ministério Público alega que haveria conexão processual entre o crime
apurado nos presentes autos e o crime de __ perpetrado naquela comarca.
É o necessário a relatar. Decido.
Tendo em voga as regras de definição de competência estabelecidas nos
artigos 69 e seguintes do CPP, entendo que, no caso dos autos, não assiste razão ao
parquet, uma vez que (fundamentação).
Assim, uma vez que não se trata de conflito de competência e tampouco
conflito de atribuições, haja vista que o dissenso envolve, de um lado, uma
autoridade judiciária e do outro, membro do Ministério Público, bem como em face
do princípio da independência funcional do membro do parquet, recebo a presente
peça como pleito de arquivamento indireto, motivo pelo qual, discordando das
razões invocadas pelo promotor, uma vez que entendo ser este juízo competente para
conhecer e julgar a presente demanda, aplico, por analogia, a regra do art. 28 do
CPP, determinando a remessa dos presentes autos ao Procurador-Geral de Justiça
para os fins do art. 28 do CPP.
Com o retorno dos autos, volte-me conclusos.
Local, Data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 29

6 REMESSA DE PEÇAS DE INFORMAÇÃO AO PROCURADOR-GERAL


DE JUSTIÇA. ART. 28 DO CPP.

Cuida-se de Inquérito Policial iniciado mediante portaria que visa a


apurar (descrever o fato).
Após desenvolvidas as investigações necessárias, o feito foi enviado ao
crivo ministerial.
E m parecer de fls. __, o Ministério Público requereu o arquivamento do
presente inquérito policial, ao argumento de que não haveria elementos suficientes
para dar sustentação à deflagração da ação penal acusatória.
Desta forma, não subsistindo o fato típico previsto no art. __ da Lei __ ,
pugna pelo arquivamento do inquérito policial.
É o necessário a relatar. Decido.
No caso dos autos, o Ministério Público pugna pelo arquivamento do
feito, pois não teria o investigado, na concepção do parquet, agido para perpetração
do fato típico ora em apuração.
(Descrever os elementos de informação que infirmam a conclusão do
Ministério Público).
Face ao quanto exposto e diante do que dispõe o art. 28 do CPP que
determina que o magistrado exerça a função anômala de fiscalização da atuação do
Ministério Público, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça ao considerar
improcedentes as razões invocadas pelo promotor, determino a remessa dos
presentes autos ao Procurador-Geral de Justiça para os fins do art. 28 do CPP, uma
vez que os elementos de informação mostram-se suficientes para oferecimento da
denúncia, haja vista a comprovação da materialidade e indícios de autoria.
Com o retorno dos autos, volte-me conclusos.
Local, Data
Juiz de Direito

7 ART. 28 DO CPP. INSISTÊNCIA NO PEDIDO DE ARQUIVAMENTO.

Cuida-se de Inquérito Policial iniciado mediante portaria que visa a


apurar (descrever o fato).
30 Manual Prático de Decisões Criminais

Após desenvolvidas as investigações necessárias, o feito foi enviado ao


crivo ministerial.
Em parecer de fls. __, o Ministério Público requereu o arquivamento do
presente inquérito policial.
Este juízo, em decisão de fls. __, valendo-se do que dispõe o art. 28 do
CPP, enviou os autos ao Chefe do Ministério Público Estadual.
Posteriormente, os autos retornaram, tendo o Procurador-Geral de Justiça
corroborado o pleito de arquivamento realizado.
É o necessário a relatar. Decido.
Estabelece o art. 28 do CPP que o magistrado exerça a função anômala de
fiscalização da atuação do Ministério Público, competindo remeter os autos ao
Procurador-Geral de Justiça ao considerar improcedentes as razões invocadas pelo
promotor.
Ocorre que tendo o Procurador-Geral de Justiça corroborado o pleito de
arquivamento anteriormente realizado, o magistrado fica vinculado ao referido
pedido, estando obrigado a atendê-lo.
Desta forma, em razão da norma legal, determino o arquivamento do
inquérito policial com as cautelas de praxe.
Intime-se o Ministério Público.
Dê-se baixa nos autos.
Local, Data
Juiz de Direito

8 INQUÉRITO POLICIAL QUE APURA CRIME DE AÇÃO PENAL DE


INICIATIVA DO OFENDIDO

1. Mantenha-se o feito sobrestado em cartório pelo prazo constante no art. 38 do


Código de Processo Penal.
2. Acaso haja oferecimento de queixa-crime pelo ofendido ou seu representante
legal, volte-me conclusos.
3. Em caso negativo, transcorrido o prazo acima, in albis, arquive-se, com as
cautelas de estilo.
Local, Data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 31

9 DILAÇÃO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO


POLICIAL E TRAMITAÇÃO DIRETA

A autoridade policial remeteu os presentes autos, requerendo dilação de


prazo visando a conclusão das investigações encetadas no Inquérito Policial __/__
que objetiva apurar o crime de __, conduta descrita no(s) artigo(s) __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público anuiu com o pleito de
dilação de prazo, ao tempo em que requisitou a realização das seguintes diligências
(….....).
Tendo em vista que compete ao delegado de polícia, na qualidade de
autoridade policial, a condução da investigação criminal e sendo o Ministério
Público, como titular da ação penal, o destinatário imediato dos elementos de
informação a fim de formar sua opinio delicti para o oferecimento, ou não, da
Denúncia Crime, bem como por se tratar de investigação de difícil elucidação e uma
vez que o investigado (indiciado) encontra-se solto, DEFIRO o pleito de dilação de
prazo, concedendo à autoridade policial o prazo suplementar de __ dias, a fim de
que seja concluída a investigação, com o cumprimento, inclusive, das diligências
requisitadas pelo parquet, a teor do artigo 10, §3º do Diploma Processual Penal.

Outrossim, considerando que o Inquérito Policial serve de base para a


ação penal, como elemento de informação, e em face do que dispõe a Resolução
03/2011, do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, determinando a tramitação
direta de Inquéritos Policiais entre a Autoridade Policial e o Ministério Público,
ressalvados os casos em que necessite provimento judicial de urgência ou de
privação de liberdade, denota-se que o presente inquérito policial não se enquadra
dentre as possibilidades de necessidade de intervenção judicial, razão pelo qual,
DETERMINO:
1. A baixa na distribuição e a remessa do inquérito policial à esfera
policial, a fim de sejam cumpridas as diligências requisitadas pelo Ministério
Público.
2. Que os demais pedidos de prorrogação de prazo sejam encaminhados
diretamente ao Ministério Público.
Local, Data
Juiz de Direito
32 Manual Prático de Decisões Criminais

10 INCOMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. REMESSA AO JUIZ


COMPETENTE.

Trata-se de Inquérito Policial presidido por autoridade policial, através do


qual indicia a pessoa de __ pela prática do(s) crime(s) de __.
Devidamente instado a manifestar-se, o representante do Ministério
Público sustenta a incompetência deste juízo para conhecer e julgar a presente
demanda, pugnando pelo declínio da competência e a consequente remessa dos
autos para a comarca de __, tendo em vista que (relatar os fundamentos
colacionados pelo Ministério Público).
Vieram-me conclusos.
Eis, em síntese, o que interessa. Fundamento e decido.
Em uma análise detida nos autos, depreende-se que razão assiste ao
Representante do Parquet.
Compulsando os autos, denota-se efetivamente que (razões de decidir).
Assim, resta claro que o delito em lume ocorreu em local diverso do
abrangido pela competência territorial exercida por esta Unidade Judiciária, pois,
conforme se observa dos autos, a consumação do crime de __ teria ocorrido na
comarca de __.
Desse modo, tendo em vista a presença de indícios da autoria do crime
ocorrido na cidade de __, incide a regra geral de fixação da competência ratione loci
(art. 70 do Código de Processo Penal), restando hialina a incompetência deste juízo.
Ante o exposto, com fulcro nos arts. 69, I, e 70, do Código de Processo
Penal, DECLARO A INCOMPETÊNCIA DESTE JUÍZO para processar e julgar o
presente feito, razão pela qual DETERMINO A REMESSA IMEDIATA DOS
PRESENTES AUTOS para a comarca de __, ressaltando àquele juízo que deverá
promover a remoção do segregado, nos moldes previstos no art. 289,§3º do CPP.
Cumpra-se.
Intime-se o parquet.
Promova-se a devida baixa no SAJ.
Local, Data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 33

11 INCOMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. CRIME DE MENOR


POTENCIAL OFENSIVO. REMESSA AO JUIZ COMPETENTE.

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, por seu promotor de justiça, no


uso de suas atribuições legais, ofereceu denúncia em desfavor de __, devidamente
qualificado, dando-o como incurso nas penas do artigo __, aduzindo, para tanto, as
questões de fato e de direito constante na peça inicial acusatória.
Ocorre que o delito em espeque é de menor potencial ofensivo, razão pela
qual a competência para conhecer e julgar a presente demanda é do Juizado Criminal
de __.
Ante o exposto, reconheço a incompetência deste juízo, declinando-a para
o Juizado Criminal de __, em virtude do fato narrado configurar, em tese, crime de
menor potencial ofensivo.
Dê-se a devida baixa.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Dê-se ciência ao MP.
Local, Data
Juiz de Direito

12 BUSCA E APREENSÃO

12.1 Despacho inicial

1. Processe-se em segredo de Justiça.


2. Vão os autos ao representante do Ministério Público.
3. Após, conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

12.2 Decisão deferimento

Cuida-se de representação realizada pela Autoridade Policial, na qual


pleiteia a expedição de mandado de busca e apreensão em diversas residências, a fim
de robustecer os elementos de informações constantes em caderno probatório, que
apuram os crimes de __.
34 Manual Prático de Decisões Criminais

A autoridade policial alega que __, motivo pelo qual pugna pela
expedição de mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nos seguintes
endereços:
__
Instado a manifestar, o Ministério Público opinou __.
É o relatório. Passo a decidir.
Ab initio, faz-se necessário relembrar que no processo penal vige a busca
pela verdade real. Neste contexto, tratando-se, a medida cautelar de busca e
apreensão domiciliar, de importante ferramenta para obtenção de subsídios que
propiciem o esclarecimento dos fatos apurados em inquérito policial, é presumido o
interesse processual. Eis como a matéria é tratada no art. 156 do Código de Processo
Penal:
Art.156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I– ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II–determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
Conforme se observa, o pleito tem por escopo, além de extirpar da
sociedade apetrechos e instrumentos utilizados no cometimento de crimes violentos,
obter subsídios mínimos aptos a ensejar o processamento dos investigados.
Neste contexto, a Constituição Federal de 1988 elencou uma série de
direitos e garantias individuais a fim de preservar, dentre outros, a vida privada e
intimidade das pessoas. Nesta senda, o art. 5, X, da CF, assim preceitua:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
É pacífico, na doutrina e na jurisprudência, que as garantias elencadas na
Constituição Federal não são direitos absolutos. Neste contexto, quando tais direitos
entrarem em confronto com outros direitos de igual envergadura, há de se fazer uma
ponderação a fim de solucionar o conflito surgido.
No caso dos autos, há dois direitos de envergadura constitucional
colidentes, quais sejam: o direito a intimidade e a vida privada e, do outro lado, a
segurança pública e a paz social.
Manual Prático de Decisões Criminais 35

Como sabido, a medida acautelatória de busca e apreensão, na seara


penal, objetiva evitar o desaparecimento das provas do crime, podendo ser decretada
pela autoridade judicial, tanto na fase inquisitorial quanto no desenvolvimento da
instrução criminal.
Neste viés, analisando os fatos trazidos à colação nos autos, não restam
dúvidas que as medidas são úteis e necessárias ao desenvolvimento da investigação
criminal, não havendo, meio menos gravoso pelo qual se possa aferir a participação
dos investigados em ilícitos penais.
Analisando-se cuidadosamente a representação formulada pela
Autoridade Policial, verifica-se a existência de fortes indícios de que nas
dependências dos imóveis mencionados poderão ser encontrados instrumentos
ligados à atividade criminosa, em especial referente aos crimes de __, bem como
outros elementos de convicção para comprovação da prática de ilícitos, como, por
exemplo, __. Vejamos:
(Demonstrar os argumentos levantados pela autoridade policial que
ensejarão no deferimento da medida)
Grife-se, por oportuno, que os direitos individuais existem até o exato
momento em que passem a servir como escudo protetivo de práticas escusas e
ilícitas, devendo, a partir de então, o magistrado, como fiscal da constituição federal,
conter o abuso cometido, dando guarida a outros direitos constitucionais, igualmente
relevantes.
Outrossim, o Código de Processo Penal, nos arts. 240 e seguintes,
estabelece as hipóteses e as condições em que deverão ocorrer as buscas
domiciliares. Cai a lanço a transcrição do artigo para melhor elucidação:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões
a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu;
36 Manual Prático de Decisões Criminais

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou


em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do
seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou
objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo
anterior.
Ressai, portanto, que o fato analisado nos autos, enquadra-se dentre as
hipóteses previstas em lei, aptas a ensejar a busca e apreensão.
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos transparece, DEFIRO A
REPRESENTAÇÃO ofertada pela Autoridade Policial e determino a expedição de
mandado de busca e apreensão, com base no art. 240, do CPP, visando a apreensão
de __ utilizados no cometimento do(s) crime(s) previsto(s) no(s) __ , em desfavor
das pessoas e nos endereços abaixo especificados :
__
E, em consequência, DETERMINO que:
1.os mandados de busca e apreensão sejam expedidos individualmente,
nos moldes do art. 243, do CPP, entregando-os à Autoridade Policial.
2. seja cientificado o Ministério Público.
3.Seja oficiado, à autoridade policial, requisitando seja comunicado
imediatamente, a este juízo, o resultado das diligências, por meio de relatório
circunstanciado.
Local, Data
Juiz de Direito

12.3 Indeferimento
Cuida-se de representação realizada pela Autoridade Policial, na qual
pleiteia a expedição de mandado de busca e apreensão em diversas residências, a fim
de robustecer os elementos de informações constantes em caderno probatório, que
apuram os crimes de __.
Alega que __, motivo pelo qual pugna pela expedição do mandado de
busca e apreensão a ser cumprido nos seguintes endereços:
__.
Instado a manifestar, o Ministério Público, opinou __.
Manual Prático de Decisões Criminais 37

É o breve relatório. Decido.


Como sabido, a medida acautelatória da busca e apreensão, na seara
penal, objetiva evitar o desaparecimento das provas do crime, podendo ser decretada
pela autoridade judicial, tanto na fase inquisitorial quanto no desenvolvimento da
instrução criminal.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal tratando do tema da busca e
apreensão domiciliar assim dispõe:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas
razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou
em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do
seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
Destarte, a regra legal consigna a possibilidade de busca domiciliar nos
casos acima enumerados, desde que autorizada judicialmente.
Entretanto, analisando-se cuidadosamente a representação formulada pela
Autoridade Policial, não é possível verificar a existência de indícios de que nas
dependências dos citados imóveis possam ser encontrados instrumentos ligados à
atividade criminosa, bem como outros elementos de convicção para comprovação da
prática de ilícitos.
No presente caso, a autoridade policial embasa a sua representação pela
busca e apreensão unicamente __.
Não há, instruindo o pedido, nenhum elemento, ao menos
perfunctoriamente, que respalde a existência de indícios a demonstrar a
plausibilidade da narrativa.
OU
38 Manual Prático de Decisões Criminais

No caso dos autos, a autoridade policial não especifica qual o imóvel seria
objeto da busca e apreensão, pleiteando a expedição de mandados para diversas ruas.
Ora, deferir tal medida seria entregar à autoridade policial verdadeiro cheque em
branco, chancelando a invasão indiscriminada de domicílios.
***
Desse modo, claudicante o embasamento fático do pedido de busca e
apreensão, o mesmo não merece ser deferido. Pensar de forma distinta seria
chancelar a invasão indiscriminada de residências, em violação ao disposto no art.
5º, XI da Constituição Federal.
Em face do exposto, INDEFIRO o pedido de BUSCA E APREENSÃO
formulado na presente representação policial, por entender não estarem presentes às
fundadas razões prescritas no artigo 240, § 1º, do Código de Processo Penal;
facultando a autoridade policial colacionar novos elementos de convicção a
instruírem o pedido, demonstrando as fundadas razões necessárias e suficientes ao
seu deferimento.
Comunique-se imediatamente à autoridade policial.
Dê-se vista ao Ministério Público.
Após, arquive-se.
Local, Data
Juiz de Direito

12.3 Arquivamento do Incidente

A autoridade policial representou a este juízo pela expedição de


mandados de busca e apreensão, sob a alegação de __.
Em decisão de fls. __, este juízo deferiu o pleito, determinando a
expedição dos mandados de busca e apreensão, os quais foram devidamente
cumpridos pela autoridade policial, conforme informado às fls. __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público pugnou pelo arquivamento
dos autos.
É o relatório. Passo a decidir.
A representação formulada pela autoridade policial trata-se de verdadeira
medida cautelar de natureza penal, a fim de obter elementos de informação a fim de
subsidiar eventual ação penal.
Neste sentido, possuindo a medida pleiteada natureza jurídica de medida
cautelar e estando presentes os requisitos do fumus comissi delicti e periculum
libertatis, o deferimento da medida se impôs.
Manual Prático de Decisões Criminais 39

Ocorre que, por tudo que dos autos transparece, denota-se que a medida
atingiu seu desiderato, exaurindo sua finalidade, motivo pelo qual acolho o pedido
parquet e determino o arquivamento dos presentes autos.
Cientifique-se o parquet, bem como a autoridade policial.
Cumpra-se.
Apense-se o presente incidente, ao competente Inquérito Policial.
Local, Data
Juiz de Direito

13 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

13.1 Despacho inicial

1.Processe-se em segredo de Justiça.


2.Vão os autos ao representante do Ministério Público.
3.Após, conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

13.2 Decisão Deferimento

Trata-se de Representação ofertada pelo Delegado de Polícia, com o


escopo de obter o monitoramento dos seguintes terminais __, a fim de __.
Alega __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou __.
É o necessário a relatar. Decido.
Inicialmente, há de se pontuar que vige no processo penal a busca pela
verdade real. Neste contexto, tratando-se, a interceptação das comunicações
telefônicas, de uma importante ferramenta para a obtenção de subsídios que
propiciam o esclarecimento dos fatos apurados é presumido o interesse processual
no deferimento do pedido. Eis como a matéria é tratada no art. 156 do Código de
Processo Penal:
Art.156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I– ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
40 Manual Prático de Decisões Criminais

observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da


medida;
II–determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
Nestes moldes, tendo em vista a busca pela verdade real e levando-se em
consideração que a autoridade policial provocou o Poder Judiciário, evitando-se,
desta forma, a quebra do sigilo ex oficio, o que poderia implicar na figura do juiz
inquisidor, haja vista o feito ainda encontrar-se na fase pré-processual, obnubilando
a visão do magistrado, resta patente, ao menos em tese, a possibilidade do
deferimento da medida pleiteada.
Devidamente demonstrada a utilidade da interceptação telefônica, passo a
analisar se estão presentes os requisitos ensejadores para o deferimento do pleito.
A Constituição Federal de 1988 elencou uma série de direitos e garantias
individuais a fim de preservar, dentre outros, a vida privada e intimidade das
pessoas. Nesta senda, o art. 5, X e XII, da CF, assim preceituam:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;
É majoritário o entendimento doutrinário e jurisprudencial que as
garantias elencadas na Constituição Federal não são absolutas. Neste contexto,
quando tais direitos entrarem em confronto com outros de igual envergadura, há de
se fazer uma ponderação a fim de solucionar o conflito surgido.
No caso dos autos, há dois direitos de envergadura constitucional
colidentes, quais sejam: o direito à intimidade, à vida privada e à inviolabilidade das
comunicações telefônicas e, do outro lado, à segurança pública e à paz da
coletividade.
Analisando os fatos trazidos à colação nos autos, não restam dúvidas que
a medida pleiteada é útil e necessária ao desenvolvimento da investigação criminal,
não havendo meio menos gravoso pelo qual se possa aferir a ocorrência do ilícito
penal em debate.
Nestes moldes, a fim de dar aplicabilidade ao preceito constitucional, o
legislador ordinário promulgou a Lei 9.296/96, a qual fornece as hipóteses e a forma
Manual Prático de Decisões Criminais 41

como poderá ser afastado o sigilo das comunicações telefônicas. Cai a lanço a
transcrição do art. 2º, da Lei 9.296/96 que traz os requisitos necessários para o
afastamento do sigilo telefônico:
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a
indicação e qualificação dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Analisando, a contrario sensu, os incisos I, II e III, do art. 2º, obtemos os
requisitos necessários para o deferimento da medida, quais sejam: indícios razoáveis
da autoria ou da participação em infração penal; a prova não puder ser feita por
outros meios disponíveis e a infração investigada ser punida com pena de reclusão.
Com relação ao inciso I, o mesmo está demonstrado, haja vista (elencar as
razões do convencimento).
Quanto ao inciso II, (elencar as razões do convencimento).
Por fim, quanto ao inciso III, o investigado, em princípio, praticou as
condutas __ que são punidas com pena de reclusão.
Assim, no caso em tela se fazem presentes os requisitos ensejadores da
medida pleiteada, razão pela qual, nos termos do art. 5º, da Lei n.º 9.296/96,
DEFIRO A REPRESENTAÇÃO ofertada pela autoridade policial,
AUTORIZANDO A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, pelo prazo de __ dias,
possibilitando a realização da análise dos dados contidos no IMEI __ e, por
conseguinte, o monitoramento das chamadas recebidas, não atendidas e efetuadas,
como também mensagens de voz e de texto.
Determino que o(a) analista judiciário(a) __ fique responsável pela
tramitação do presente feito, bem como pela expedição dos ofícios, nos moldes
descritos pela Resolução 59/2008 do CNJ, às operadoras de telefonia móvel e fixa a
fim de que (determinar as diligências a serem realizadas, dentre as quais, podemos
elencar:
- Envio imediato das ligações, especialmente no que se refere à identificação, em
tempo real, das chamadas originadas e recebidas, não atendidas e identificação das
42 Manual Prático de Decisões Criminais

mensagens de texto (short message service – SMS) e o fornecimento das alterações


cadastrais decorrentes das alienações dos números acima especificados.
- O fornecimento do SIGA-ME dos números monitorados para os telefones usados
pelos agentes de segurança pública, ora especificados__.
- A localização geográfica (ERB e AUDIT) dos telefones interceptados;
- Identificação, com base no CPF, dos números dos terminais telefônicos utilizados
por __ e forneçam os dados cadastrais de todos os números em extratos em papel e
mídia, essa em formato excel (com a indicação do número originador da chamada
com o CPF do titular e o número chamado e CPF do recebedor, constando, ainda,
data, hora e duração da chamada);
- Forneçam os IMEIs (international mobile equipment identity) dos aparelhos das
pessoas cuja quebra do sigilo foi decretada, ressaltando, nos referidos ofícios, que
terão acesso aos dados obtidos as seguintes autoridades policiais __.
-Encaminhem ou disponibilizem diariamente os históricos das chamadas originadas,
recebidas e não atendidas, bem como de todos os dados gerados pelos telefones
investigados, os quais deverão ser enviados diretamente à autoridade policial
judiciária em meio magnético ou digital, em formato Microsoft Excel ou “TXT”,
devendo ainda as informações serem enviadas para o endereço de correio eletrônico
__
- Na hipótese de haver mudança, cancelamento ou qualquer outra alteração dos
números interceptados, mantendo-se o mesmo aparelho ou serial, que seja realizada
a imediata comunicação à Autoridade Policial, procedendo a ininterrupta
interceptação dos números. (Se forem habilitadas novas linhas telefônicas nos
IMEIS interceptados, deverá a empresa proceder à imediata interceptação destas
linhas nos termos originariamente determinados.)
Dê-se ciência à Autoridade Policial, cientificando-lhe, ainda, que,
cumprida a diligência, deverá ser encaminhado, a este Juízo, o resultado da
interceptação acompanhado de Auto Circunstanciado, o qual deverá conter o resumo
da operação realizada, no prazo de 10 (dez) dias.
Ademais, autorizo que a autoridade policial solicite o pedido de
cancelamento da monitoração de qualquer número, antes do prazo final, caso não
mais encontre necessidade em seu prolongamento.
Atualize-se, o(a) analista designada, o banco de dados do CNJ que trata
das interceptações telefônicas.
Cientifique-se o Ministério Público.
Local, Data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 43

13.3 Indeferimento

Trata-se de Representação formulada pelo Delegado de Polícia, com


escopo de obter o monitoramento dos seguintes terminais, a fim de __.
Alega __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou __.
É o necessário a relatar. Decido.
Inicialmente, há de se pontuar que vige no processo penal a busca pela
verdade real. Neste contexto, tratando-se a interceptação das comunicações
telefônicas de uma importante ferramenta para a obtenção de subsídios que
propiciam o esclarecimento dos fatos apurados é presumido o interesse processual
no deferimento do pedido. Eis como a matéria é tratada no art. 156 do Código de
Processo Penal:
Art.156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I– ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II–determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
Nestes moldes, tendo em vista a busca pela verdade real e levando-se em
consideração que a autoridade policial provocou o Poder Judiciário, evitando, desta
forma a quebra do sigilo ex ofício, o que poderia implicar na figura do juiz
inquisidor, haja vista o feito ainda encontrar-se na fase pré-processual, obnubilando
a visão do magistrado, resta patente, ao menos em tese, a possibilidade do
deferimento da medida pleiteada.
Devidamente demonstrada a utilidade da interceptação telefônica, passo a
analisar se estão presentes os requisitos ensejadores para o deferimento do pleito.
A Constituição Federal de 1988 elencou uma série de direitos e garantias
individuais a fim de preservar, dentre outros, a vida privada e intimidade das
pessoas. Nesta senda, o art. 5, X e XII, da CF, assim preceituam:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
44 Manual Prático de Decisões Criminais

telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas


hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;
É majoritário o entendimento doutrinário e jurisprudencial que as
garantias elencadas na Constituição Federal não são absolutas. Neste contexto,
quando tais direitos entrarem em confronto com outros de igual envergadura, há de
se fazer uma ponderação a fim de solucionar o conflito surgido.
No caso dos autos, há dois direitos de envergadura constitucional
colidentes, quais sejam: o direito à intimidade, à vida privada e à inviolabilidade das
comunicações telefônicas e, do outro lado, à segurança pública e à paz da
coletividade.
Destaque-se que os direitos individuais devem sobrepor-se até o exato
momento em que passem a servir como escudo protetivo de práticas escusas e
ilícitas, devendo, a partir de então, o magistrado, conter o abuso cometido, dando
guarida a outros direitos constitucionais igualmente relevantes.
Nestes moldes, a fim de dar aplicabilidade ao preceito constitucional, o
legislador ordinário promulgou a Lei 9.296/96, que traz as hipóteses e a forma como
poderá ser afastado o sigilo das comunicações telefônicas. Cai a lanço a transcrição
do art. 2º, da Lei 9.296/96 que traz os requisitos necessários para o afastamento do
sigilo telefônico:
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a
indicação e qualificação dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Analisando, a contrario sensu, os incisos I, II e III, do art. 2º, obtemos os
requisitos necessários para o deferimento da medida, quais sejam: indícios
razoáveis da autoria ou da participação em infração penal; a prova não puder
ser feita por outros meios disponíveis e a infração investigada ser punida com
pena de reclusão.
Manual Prático de Decisões Criminais 45

Ocorre que, analisando a representação ofertada, não se verifica a


satisfação integral dos requisitos legais ensejadores do afastamento do sigilo das
comunicações telefônicas. Vejamos:
(Elencar as razões do convencimento).
Logo, considerando a excepcionalidade da medida em apreço e a natureza
dos direitos a serem relativizados, a concessão da medida vergastada em tais
condições mostra-se assaz temerária.
Destaque-se que o diploma legal em comento faz expressa menção a
existência de indícios razoáveis de autoria delitiva, tendo a doutrina, com apoio da
jurisprudência, se posicionado, inclusive, pelo não cabimento de interceptação
telefônica pré-delitual.
Assim, no caso em tela, não se fazem presentes os requisitos ensejadores
da medida pleiteada, razão pela qual, nos termos do art. 5º, da Lei n.º 9.296/96,
INDEFIRO A REPRESENTAÇÃO ofertada pela autoridade policial.
Intime-se.
Dê-se ciência ao MP.
Após, arquive-se.
Local, Data
Juiz de Direito

14 QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS

14.1 Despacho inicial

1. Processe-se em segredo de Justiça.


2. Vão os autos ao representante do Ministério Público.
3. Após, conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

14.2 Decisão Deferimento

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial na qual


pleiteia o afastamento do sigilo de dados telefônicos visando à colheita de material
probatório que descortine o crime de __ o qual teria sido supostamente cometido por
__.
Alega a autoridade policial __.
46 Manual Prático de Decisões Criminais

O Ministério Público, em parecer, opinou __.


É o relatório. Decido.
Inicialmente, há de se pontuar que vige no processo penal a busca pela
verdade real. Neste contexto, tratando-se o afastamento do sigilo de dados
telefônicos de importante ferramenta para obtenção de subsídios que propiciem o
descortinamento do crime de __, é presumido o interesse processual no deferimento
do pedido. Eis como a matéria é tratada no art. 156 do Código de Processo Penal:
Art.156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer,
sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I– ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;
II–determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Nestes moldes, tendo em vista a busca pela verdade real e levando-se em
consideração que a autoridade policial provocou o Poder Judiciário, evitando, desta
forma a quebra do sigilo ex ofício, o que poderia implicar na figura do juiz
inquisidor, haja vista o feito ainda encontrar-se na fase pré-processual, obnubilando
a visão do magistrado, resta patente, ao menos em tese, a possibilidade do
deferimento das medidas pleiteadas.
Ademais, o deferimento dos (especificar as diligências, tais como,
extratos reversos, relatórios das ligações efetuadas e recebidas, definição das ERB's,
qualificação dos titulares das linhas) serão de grande valia o esclarecimento do fato
em apuração.
Devidamente demonstrada a utilidade do afastamento do sigilo telefônico,
passo a analisar se estão presentes os requisitos ensejadores para o deferimento do
pleito.
A Constituição Federal de 1988 elencou uma série de direitos e garantias
individuais a fim de preservar, dentre outros, a vida privada e intimidade das
pessoas. Nesta senda, o art. 5, X e XII, da CF, assim preceituam:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
Manual Prático de Decisões Criminais 47

hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de


investigação criminal ou instrução processual penal;
É majoritário o entendimento doutrinário e jurisprudencial que as
garantias elencadas na Constituição Federal não são absolutas. Neste contexto,
quando tais direitos entrarem em confronto com outros de igual envergadura, há de
se fazer uma ponderação a fim de solucionar o conflito surgido.
No caso dos autos, há dois direitos de envergadura constitucional
colidentes, quais sejam: o direito à intimidade e à vida privada e, do outro lado, à
supremacia do interesse público e à segurança pública.
Analisando os fatos trazidos à colação nos autos, não restam dúvidas que
a medida pleiteada é útil e necessária ao desenvolvimento da investigação criminal,
não havendo meio menos gravoso pelo qual se possa aferir a ocorrência do ilícito
penal em debate.
Destaque-se, ademais, que os direitos individuais devem sobrepor-se até o
exato momento em que passem a servir como escudo protetivo de práticas escusas e
ilícitas, devendo, a partir de então, o magistrado, conter o abuso cometido, dando
guarida a outros direitos constitucionais igualmente relevantes.
Ora, conforme se infere do pleito, a quebra do sigilo de dados tem por
escopo obter subsídios aptos a ensejar a persecução criminal, bem como aferir de
maneira escorreita a participação ou não dos investigados __ na suposta prática dos
crimes em questão.
Com essa finalidade é que a Constituição Federal excepciona a
inviolabilidade dos dados telefônicos, ao expor, consoante já demonstrado, em seu
art. 5º, inciso XII, que, embora as mesmas sejam intangíveis, poderão, através de
ordem judicial, ser violadas.
No caso em tela, (razões fáticas) são hábeis a configurar o fumus comissi
delicti, ao passo em que a inexistência de outro meio menos gravoso para se
promover o regular deslinde das investigações serve à caracterização do periculum
in mora, enquanto requisitos de cautelaridade autorizadores da medida.
Por fim, cumpre destacar que a medida que ora se pleiteia - qual seja, a
quebra de sigilo de dados - não se submete aos requisitos exigidos pela Lei n.º
9.296/96, que, por sua vez, trata da possibilidade de relativização da inviolabilidade
do sigilo das comunicações telefônicas. Neste viés, devem estar demonstrados o
interesse público relevante e suspeita razoável de infração penal, tal como esposado
ao longo da presente decisão.
Diante do exposto, com fulcro no art. 5º, XII, da Constituição Federal,
DEFIRO A REPRESENTAÇÃO ofertada pela Autoridade Policial,
DECRETANDO A QUEBRA DO SIGILO DOS DADOS TELEFÔNICOS dos
48 Manual Prático de Decisões Criminais

aparelhos celulares de nº.__, de titularidade de __; ficando expressamente vedada a


interceptação de quaisquer outros terminais senão os acima identificados.
Requisite-se, às operadoras de telefonia __:
(Especificar diligências, tais como: extratos reversos, ligações discadas e
recebidas, bem como mensagens enviadas e recebidas, do dia __a __; as posições de
Estações Rádio Base (ERB) de nos dias __; etc).
Dê-se ciência à Autoridade Policial.
Por fim, intime-se o Ministério Público.
Local, Data
Juiz de Direito

15 QUEBRA DE SIGILO DE DADOS BANCÁRIO E FISCAL

15.1 Despacho inicial

1.Processe-se em segredo de Justiça.


2.Vão os autos ao representante do Ministério Público.
3.Após, conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

15.2 Decisão Deferimento

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial na qual


pleiteia o afastamento dos sigilos bancário e fiscal visando à colheita de material
probatório que descortine o crime de __ o qual teria sido supostamente cometido por
__.
Alega a autoridade policial __.
O Ministério Público, em parecer, opinou __.
É o relatório. Decido.
Inicialmente, há de se pontuar que vige no processo penal a busca pela
verdade real. Neste contexto, tratando-se o afastamento do sigilo fiscal e bancário de
importante ferramenta para obtenção de subsídios que propiciem o descortinamento
do crime de __ é presumido o interesse processual no deferimento do pedido. Eis
como a matéria é tratada no art. 156 do Código de Processo Penal:
Manual Prático de Decisões Criminais 49

Art.156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,


porém, facultado ao juiz de ofício:
I– ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II–determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
Nestes moldes, tendo em vista a busca pela verdade real e levando-se em
consideração que a autoridade policial provocou o Poder Judiciário, evitando, desta
forma a quebra do sigilo ex ofício, o que poderia implicar na figura do juiz
inquisidor, haja vista o feito ainda encontrar-se na fase pré-processual, obnubilando
a visão do magistrado, resta patente, ao menos em tese, a possibilidade do
deferimento das medidas pleiteadas.
Neste viés, a Constituição Federal de 1988 elencou uma série de direitos e
garantias individuais a fim de preservar, dentre outros, a vida privada e intimidade
das pessoas. Nesta senda, os incisos X e XII do art. 5º, da CF, assim preceituam:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;
É majoritário o entendimento doutrinário e jurisprudencial que as
garantias elencadas na Constituição Federal não são absolutas. Neste contexto,
quando tais direitos entrarem em confronto com outros de igual envergadura, há de
se fazer uma ponderação a fim de solucionar o conflito surgido.
No presente caso, embora o sigilo bancário e fiscal não estejam previstos
expressamente na Constituição Federal, o afastamento dos mesmos apenas poderá
ser decretada, excepcionalmente, quando houver interesse público relevante e
indícios reveladores de possível autoria de prática delituosa por parte daquele que
sofre a investigação penal realizada pelo Estado, uma vez que tais sigilos constituem
projeções realizadoras do direito constitucional à intimidade e à vida privada.
50 Manual Prático de Decisões Criminais

No caso dos autos, há dois direitos de envergadura constitucional


colidentes, quais sejam: o direito à intimidade e à vida privada e, do outro lado, à
supremacia do interesse público e à segurança pública.
Analisando os fatos trazidos à colação nos autos, não restam dúvidas que
a medida pleiteada é útil e necessária ao desenvolvimento da investigação criminal,
pois somente através da análise das informações bancárias e fiscais do(s)
investigado(s) poder-se-á avaliar a prática dos delitos __, não havendo meio menos
gravoso pelo qual se possa aferir a ocorrência do ilícito penal e a participação do(s)
investigado(s) nos ilícitos em questão.
Destaque-se, ademais, que os direitos individuais devem sobrepor-se até o
exato momento em que passem a servir como escudo protetivo de práticas escusas e
ilícitas, devendo, a partir de então, o magistrado, conter o abuso cometido, dando
guarida a outros direitos constitucionais igualmente relevantes.
No que se refere ao afastamento dos sigilos de dados fiscais e bancários a
lei que densificou o comando constitucional, dando efetividade ao mesmo, foi a Lei
Complementar 105/2001. In verbis:
Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas
operações ativas e passivas e serviços prestados.
§ 3º Não constitui violação do dever de sigilo:
III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do
art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996;
VI – a prestação de informações nos termos e condições
estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei
Complementar.
§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando
necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em
qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e
especialmente nos seguintes crimes:
(...)
Art. 3o Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela
Comissão de Valores Mobiliários e pelas instituições
financeiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário,
preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito às
partes, que delas não poderão servir-se para fins estranhos à
lide.
Embora, a princípio, as instituições financeiras e as autoridades
fazendárias devam preservar o sigilo das informações constantes em seus bancos de
dados, o afastamento é possível, desde que determinado pelo Judiciário após decisão
Manual Prático de Decisões Criminais 51

devidamente motivada, ponderado os princípios em colisão, tal como se dá nos


autos.
Portanto, funciona o Poder Judiciário como fiscal das garantias
constitucionais, impedindo o afastamento do sigilo de forma desarrazoada.
No caso em tela, (elencar os fundamentos) são hábeis a configurar o
fumus comissi delicti, ao passo em que a inexistência de outro meio menos gravoso
para se promover o regular deslinde das investigações serve à caracterização do
periculum in mora, enquanto requisitos de cautelaridade autorizadores da medida.
Tal como exposto, realizada a ponderação de interesses é de rigor o
afastamento do sigilo bancário e fiscal, uma vez que os dados obtidos poderão
demonstrar eventual evolução patrimonial do investigado, bem como transações
financeiras díspares, que não se coadunem, seja com a sua renda, seja com suas
rotinas financeiras.
Por fim, imperioso ressaltar que as informações obtidas com a quebra do
sigilo bancário e fiscal deverão ser mantidas no âmbito do presente processo,
ficando as autoridades competentes responsáveis pela não divulgação dos dados
obtidos.
Diante do exposto, DEFIRO A REPRESENTAÇÃO ofertada pela
Autoridade Policial, DECRETANDO A QUEBRA DO SIGILO DOS DADOS
BANCÁRIOS E FISCAIS de __, CPF __, no período compreendido entre __ e__.
E, em consequência, DETERMINO:
-a consulta por meio do sistema BACEN-JUD 2.0 acerca das informações abaixo
especificadas:
(Especificar diligências, tais como:
 Extratos das contas correntes e poupança;
 Extratos das aplicações financeiras individualizadas;
 Extratos das transferências, eletrônicas e convencionais, recebidas e/ou
realizadas, bem como os seus destinatários e/ou remetentes;
 Relação das operações e dos serviços contratados, com indicação das
isenções ou faixas de isenções.)
 A consulta por meio do sistema INFOJUD acerca das informações abaixo
especificadas: (especificar diligências, tais como):
 Dossiê Integrado Pessoa Física E Pessoa Jurídica;
 Cópias das declarações de ajuste anual do imposto de renda Pessoa Física;
 As operações de compra/venda de imóveis, com base na Declaração de
Operações Imobiliárias – DOI;
 Informações da Declaração de Informações sobre Operações Imobiliárias –
DIMOB;
52 Manual Prático de Decisões Criminais

 Cópias de declarações do ITR – Imposto Territorial Rural;


 Informações sobre as retenções de imposto de renda constantes da DIRF-
Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte;
 Histórico fiscal e evolução patrimonial, com informações sobre bens
adquiridos.)
Dê-se ciência à Autoridade Policial.
Por fim, intime-se o Ministério Público.
Local, Data
Juiz de Direito

15.3 Indeferimento

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial na qual


pleiteia o afastamento do sigilo de dados telefônicos/bancários/fiscais visando à
colheita de material probatório que descortine o crime de __ o qual teria sido
supostamente cometido por __.
Alega a autoridade policial __.
O Ministério Público, em parecer, opinou contrariamente ao pleito.
É o relatório. Decido.
Inicialmente, há de se pontuar que vige no processo penal a busca pela
verdade real. Neste contexto, tratando-se do afastamento do sigilo de dados
telefônicos/bancários/fiscais de importante ferramenta para obtenção de subsídios
que propiciem o descortinamento do crime de __, é presumido o interesse processual
no deferimento do pedido.
Ocorre que o afastamento dos sigilos (bancário/fiscal/telefônico), importa
numa violação ao direito à intimidade e à vida privada, motivo pelo qual apenas
deve ocorrer quando demonstrados interesse público relevante e suspeita razoável de
infração penal.
Assim, embora não haja direitos absolutos, a mitigação dos mesmos deve
estar fulcrada em fundamentos que justifiquem o afastamento de tais garantias
constitucionais, dentre os quais a inexistência de meio menos gravoso pelo qual se
possa aferir a ocorrência do ilícito penal.
Sob este aspecto, a razão para se decretar a quebra do sigilo deve restar
suficientemente demonstrada e a extensão desta depende da existência concreta de
causa provável a legitimar a adoção da referida medida excepcional, a fim de
justificar a necessidade de sua efetivação, o que não restou demonstrado no pedido
Manual Prático de Decisões Criminais 53

em apreço, não havendo causa legítima que justifique o fornecimento das


informações pretendidas.
No caso em tela, (razões de fato) não são hábeis a justificar o afastamento
do sigilo ora pleiteado.
Assim, INDEFIRO A QUEBRA DO SIGILO FISCAL, BANCÁRIO
E/OU TELEFÔNICO.
Intime-se.
Dê-se baixa no incidente, mantendo-o apenso aos autos principais.
Local, Data
Juiz de Direito

16 PRISÃO TEMPORÁRIA

16.1 Despacho

1. Dê-se vista ao Ministério Público para que se manifeste, com a urgência que o
caso requer.
2. Após, conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

16.2 Decisão Deferimento

Cuida-se de representação realizada pela Autoridade Policial pleiteando


pela decretação da prisão temporária dos investigados __.
Alega, em síntese, que __.
Desta forma, requer a prisão temporária dos investigados, a fim de colher
elementos de informação imprescindíveis para as investigações.
Juntou documentos.
Em parecer, o Ministério Público do Estado de Alagoas constatou a
necessidade do decreto temporário requerido pela Autoridade Policial, pugnando
pela decretação da prisão temporária dos investigados pelo prazo legal.
É o relatório. Passo a decidir.
A prisão temporária, regulada pela Lei 7.960/89, é prisão de natureza
cautelar que deverá ser deferida a fim de propiciar a colheita de provas, quando a
54 Manual Prático de Decisões Criminais

manutenção do investigado, em liberdade, possa prejudicar, de forma irremediável,


o andamento das investigações policiais.
Para que seja decretada a prisão temporária, devem incidir os requisitos
autorizadores previstos no art. 1º, da Lei 7.960/89, que limitam o seu espectro de
abrangência. Vejamos:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito
policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação
do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e
2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°,
2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223,
caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223
caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput,
combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro
de 1976);
Manual Prático de Decisões Criminais 55

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de


junho de 1986).
Embora sejam muitas as teorias acerca de quais requisitos devam estar
presentes para decretação da prisão temporária, filio-me à corrente de que seria
imprescindível a presença do inciso III, cumulado com o inciso I ou II, do art. 1º da
suso mencionada lei.
Assim, sendo a prisão temporária espécie de segregação cautelar devem
estar presentes os requisitos do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. Sob
este aspecto, está claro que os crimes arrolados no inciso III demonstram o fumus
comissi delicti, conquanto a presença dos incisos I ou II demonstram o periculum
libertatis, pois, em ambos os incisos, a manutenção do increpado solto, seria um
empecilho, um obstáculo para o desvendamento integral do crime.
No caso dos autos, patente a presença do inciso III, haja vista que o crime,
ora em apuração, está arrolado nas alíneas do referido inciso, o que satisfaz o fumus
comissi delicti, bem como o inciso I, uma vez que, segundo informado pela
autoridade policial e ratificado pelo Ministério Publico, a segregação dos
investigados é imprescindível para a elucidação do crime em tela.
No caso em apreço, segundo se entrevê da representação, o não
deferimento da pretensão da autoridade policial poderá comprometer a conclusão do
inquérito policial, uma vez que (razões de decidir).
Assim, diante das razões elencadas, bem como sendo insuficientes
quaisquer das medidas diversas da prisão previstas no art. 319, do CPP, entendo que
a prisão temporária é medida judicial que se impõe.
Destarte, por todo o exposto, DECRETO A PRISÃO TEMPORÁRIA
pelo prazo de 5 (cinco) ou 30 (trinta) dias dos indivíduos identificados como _,
findos os quais os mesmos deverão ser postos imediatamente em liberdade,
devendo qualquer pedido de prorrogação ser apresentado antes do término do prazo
destacado.
Expeça-se mandado de prisão, em duas vias, para recibo, servindo uma de
NOTA DE CULPA, ex vi o disposto no §4.º do art. 2º da Lei n.º 7.960/89, neles
anotando-se que o representado deverá permanecer separado de eventuais detentos
já definitivamente condenados.
Deve a autoridade que ordenar a prisão observar as garantias
constitucionais dos investigados:
1. O respeito à integridade física e moral.
2. O direito de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência a família e de
advogado.
56 Manual Prático de Decisões Criminais

3. A comunicação da prisão à família, à Autoridade Judiciária, ao Ministério Público


e à Defensoria Pública.
4. A identificação dos responsáveis pelo seu interrogatório.
Comunique-se, à autoridade policial, requisitando que seja imediatamente
comunicado, a este juízo, o resultado das diligências.
Cientifique-se o Ministério Público.
Publique-se. Intimem-se.
Local, Data
Juiz de Direito

16.3 Indeferimento do pedido de revogação da prisão temporária

Trata-se de pedido visando a revogação da prisão temporária decretada


por este juízo, realizado por __, sob a alegação de __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público pugnou pela manutenção da
aludida segregação.
É o breve relato. Passo a decidir.
Consta dos autos que o indiciado __ é possível autor do crime de __.
No caso, fora decretada a prisão temporária do investigado com o escopo
de (Razões de decidir). Ora, o objetivo da prisão temporária é garantir efetividade
aos procedimentos investigatórios, uma vez que há possibilidade concreta de
comprometimento da conclusão daquele pelo indiciado.
Assim, tem-se que a revogação da medida de exceção exige o
desaparecimento do receio de prejuízo nas investigações, o que não ocorre no
presente caso. Explico:
Em que pese o alegado pela defesa de que __, tais argumentos não são
suficientes para a concessão da revogação. Isso porque o fundado receio de
comprometimento das investigações persiste, pois, em liberdade, o investigado
poderá (fundamentar, concretamente).
Diante do quanto exposto, INDEFIRO o pedido formulado pela defesa e
mantenho a segregação temporária do indiciado __, pelo período remanescente,
com fulcro no que dispõe a Lei nº 7.960/89.
Publique-se. Intime-se.
Local, Data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 57

16.4 Prorrogação do tempo da prisão temporária

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial, na qual pugna


pela prorrogação da prisão temporária decretada em desfavor de __, sob o
argumento de que a medida é imprescindível para as investigações.
O Ministério Público opinou favoravelmente ao pedido.
Vieram-me conclusos.
É o necessário a relatar. Decido.
Preconiza o art. 2º da Lei 7.960/89 que a prisão temporária será decretada
pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do
Ministério Público e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.
Em se tratando de medida de exceção, a prorrogação da prisão
temporária, apenas deverá ocorrer em caso de extrema necessidade, devidamente
comprovada.
Sob este viés, entendo cabível a prorrogação da prisão temporária.
Vejamos:
(Razões de decidir)
Neste contexto, pelos argumentos acima expostos, aos quais acrescento os
fundamentos lançados na decisão que decretou a segregação temporária dos
investigados, acolhidos per relationem, prorrogo o prazo da prisão temporária dos
investigados por mais 05 (cinco) dias ou 30 (trinta) dias em virtude da
imprescindibilidade da medida para a conclusão das investigações.
Comunique-se a presente decisão ao Ministério Público e à autoridade
policial.
Local, Data
Juiz de Direito

16.5 Indeferimento do pleito de prisão temporária

Cuida-se de representação realizada pela Autoridade Policial pleiteando a


prisão temporária do investigado __.
Alega a autoridade __.
Desta forma, requer a prisão temporária do investigado, a fim de colher
elementos de informação imprescindíveis para as investigações.
Juntou documentos.
58 Manual Prático de Decisões Criminais

Em parecer, o Ministério Público opinou __.


É o relatório. Passo a decidir.
A prisão temporária, regulada pela Lei 7.960/89, é prisão de natureza
cautelar que deverá ser deferida a fim de propiciar a colheita de provas, quando a
manutenção do investigado, em liberdade, possa prejudicar, de forma irremediável,
o andamento das investigações policiais.
Para que seja decretada a prisão temporária, devem incidir os requisitos
autorizadores previstos no art. 1º, da Lei 7.960/89, que limitam o seu espectro de
abrangência.
Embora sejam muitas as teorias acerca de quais requisitos devam estar
presentes para decretação da prisão temporária, filio-me à corrente de que seria
imprescindível a presença do inciso III, cumulado com o inciso I ou II, do art. 1º da
suso mencionada lei.
Assim, sendo a prisão temporária espécie de segregação cautelar devem
estar presentes os requisitos do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. Sob
este aspecto, está claro que os crimes arrolados no inciso III demonstram o fumus
comissi delicti, conquanto a presença dos incisos I ou II demonstram o periculum
libertatis, pois, em ambos os incisos, a manutenção do increpado solto, seria um
empecilho, um obstáculo para o desvendamento integral do crime.
No caso dos autos, embora seja patente a presença do inciso III, o que
satisfaria o fumus comissi delicti, não vislumbro a presença dos incisos (I ou II), haja
vista que, quanto ao inciso II, possuindo o investigado residência fixa, bem como
podendo ser facilmente identificado quando da sua apresentação, não está
demonstrada a necessidade da segregação cautelar do investigado. De igual modo,
observo que já foram colhidos diversos elementos de informação aptos a
subsidiarem o inquérito policial e futura ação penal, tendo desvendado, em sua
inteireza, o crime praticado, não incidindo, portanto, o inciso I.
Diante das razões elencadas, não restando atendidos os requisitos legais,
INDEFIRO a REPRESENTAÇÃO pela prisão temporária de __.
Intime-se o Ministério Público.
Oficie-se à autoridade policial.
Após, arquive-se, com as cautelas de praxe.
Local, Data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 59

16.6 Decisão de arquivamento do incidente

A autoridade policial representou a este juízo pela decretação da prisão


temporária em desfavor de __, sob a alegação de __.
Em decisão de fls. __, este juízo decretou a prisão temporária de __, cujo
mandado de prisão foi devidamente cumprido pela autoridade policial, conforme
informado às fls. __, já encontrando-se o investigado em liberdade, após o
transcurso do prazo legal de sua segregação cautelar.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público pugnou pelo arquivamento
dos autos.
É o relatório. Passo a decidir.
A representação formulada pela autoridade policial trata-se de verdadeira
medida cautelar de natureza penal. Neste sentido, possuindo a medida pleiteada
natureza jurídica de medida cautelar e estando presentes os requisitos do fumus
comissi delicti e periculum libertatis, o deferimento da medida se impôs.
Ocorre que, por tudo que dos autos transparece, denota-se que a medida
atingiu seu desiderato, exaurindo sua finalidade, motivo pelo qual acolho o pedido
parquet e determino o arquivamento dos presentes autos.
Cientifique-se o parquet, bem como a autoridade policial.
Cumpra-se.
Apense-se o presente incidente, ao competente Inquérito Policial.
Local, Data
Juiz de Direito

17 PRISÃO PREVENTIVA. DEFERIMENTO

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial na qual requer


a decretação da prisão preventiva de __, pelo suposto cometimento do crime de __.
Alega a autoridade policial __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou __.
Vieram-me conclusos.
É o necessário a relatar. Decido.
A prisão preventiva é medida de exceção, que se assenta na Justiça Legal,
a qual obriga todo cidadão a se submeter a perdas e sacrifícios em decorrência de
uma necessidade social que tem como finalidade a busca do bem comum.
60 Manual Prático de Decisões Criminais

Como é cediço, para a decretação da prisão cautelar, sob a égide dos


princípios constitucionais do estado de inocência (artigo 5º, LVII, da Constituição
Federal) e da garantia de fundamentação das decisões judiciais (artigos 5º, LXI e 93,
IX, da Constituição Federal), deve-se demonstrar, de forma evidente, a satisfação
dos requisitos legais expostos nos artigos 312 e 313 do CPP.
Sob este aspecto, a Lei 12.403/2011 trouxe diversas alterações ao CPP,
especialmente no que diz respeito à prisão preventiva, bem como às medidas
cautelares penais, ampliando o leque de possibilidades ofertadas ao juiz para garantir
o bom andamento do feito criminal, expurgando do ordenamento jurídico a questão
da bilateralidade das medidas cautelares que se restringiam à hipótese do réu estar
solto ou preso.
No caso ora apreciado, o indigitado está sendo investigado (relatar as
causas da representação).
Desta forma, sendo a(s) infração(ões) imputada(s) ao increpado punida
com a pena de reclusão e superior a quatro anos, desde que preenchidos os demais
requisitos do art. 312 do CPP e não sendo proporcional a aplicação de medidas
cautelares penais, poderá ser decretada a sua prisão.
No que se refere aos demais requisitos, quais sejam, o fumus comissi
delicti e o periculum libertatis, os mesmos estão presentes no caso ora apreciado. O
primeiro requisito desdobra-se em dois aspectos, quais sejam, “prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria”. Já o periculum in mora compreende a
“garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal” (CPP, art. 312).
Quanto ao fumus comissi delicti, tal como se extrai das peças do caderno
probatório, as testemunhas apontam o investigado como (demonstrar indícios de
autoria).
De igual modo, a materialidade delitiva está demonstrada pelo __.
Quanto ao periculum libertatis, entendo que tal requisito resta, de igual
modo, presente e expressa-se na garantia da ordem pública (ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal).
Fundamentar, concretamente, como, por exemplo:
a) Garantia da Ordem Pública
Conforme exposto alhures, havia uma plantação de maconha, com mais
de dois mil pés, completamente irrigada, além da existência de trinta quilos de
drogas pronta para consumo, conquanto vinte quilos de semente, donde se infere o
profissionalismo da atividade.
Manual Prático de Decisões Criminais 61

Ademais, foi encontrada com o investigado três armas e considerável


número de munições, razão pela qual está claro que a soltura do mesmo gerará grave
perturbação social, uma vez que poderá manter a sua espiral criminosa.
Este fundamento da custódia cautelar visa a evitar que o suposto
delinquente pratique novos crimes, quer porque seja acentuadamente propenso à
prática delituosa, quer porque, em liberdade, encontrará os mesmos estímulos
relacionados com a infração cometida.
No caso, trata-se de uma gama de crimes extremamente deletérios para a
comunidade, motivo pelo qual a liberação do investigado estimulará a prática de
outros delitos e porá em risco a credibilidade da justiça, o que demonstra a
necessidade da decretação da prisão preventiva.
OU
b) Aplicação da Lei Penal
A garantia da aplicação penal (seja ela material ou processual) significa
garantir a finalidade útil do processo, qual seja, proporcionar ao Estado o seu direito
de punir, aplicando a sanção devida ao infrator.
Nesse contexto, uma vez que a lei refere-se à aplicação da Lei Penal, resta
claro que a prisão preventiva tem por objetivo não apenas garantir que o processo
criminal tenha o seu iter procedimental assegurado, mas, de igual forma, que a
sentença condenatória, eventualmente proferida, não se restrinja a mera retórica sem
qualquer efetividade, ante a eventual fuga do indigitado.
Neste viés, tendo o réu informado o seu endereço quando do seu
interrogatório na fase policial e não tendo ali sido encontrado para citação ou
declinado o seu novo endereço, despicienda a reiteração de diligências citatórias, a
fim de configurar que o mesmo objetiva furtar-se à aplicação da lei penal.
OU
Analisando os autos, constata-se que o investigado está homiziado em
local incerto e não sabido, razão pela qual urge a decretação da sua segregação
cautelar, uma vez que a fuga do réu para local incerto e não sabido torna incerta a
aplicação da lei penal, haja vista a sua nítida intenção de furtar-se à aplicação da lei
penal.
OU
c) Garantia da instrução processual
Ademais, há elementos nos autos dando conta que o investigado estaria
dificultando a instrução criminal ao (especificar, por exemplo: ameaçando
testemunhas, dificultando a atividade policial quanto ao descobrimento do ilícito,
etc).
62 Manual Prático de Decisões Criminais

***
Noutro giro, analisando os requisitos previstos no art. 282, do CPP,
denoto que a aplicação de quaisquer das medidas cautelares seria ineficaz ao fim
almejado. Desta forma, realizando o cotejo da necessidade da medida para se ver
assegurada a aplicação da lei penal, investigação ou instrução criminal e ordem
social contra a reiteração delitiva (art. 282, I, CPP); bem como a sua adequação à
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado (art. 282, II, CPP); e a impossibilidade da substituição da medida
eventualmente aplicada por outra medida cautelar de menor onerosidade (art. 282,
§6º), observo que nenhuma das medidas seria suficiente para garantir a aplicação da
lei penal, ou garantir a instrução criminal. Vejamos:
(Fundamentar a inaplicabilidade das medidas penais cautelares)
Portanto, nos moldes do art. 282, §6o, que determina que "a prisão
preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por
outra medida cautelar (art. 319)” não vislumbro, ao menos no presente momento
processual, saída distinta da prisão preventiva.
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos transparece:
1. Decreto a prisão preventiva de __, com fincas no art. 312 do CPP.
2. Expeça-se o competente mandado de prisão, encaminhando-o para a autoridade
policial e a central de mandados da Polícia Civil.
3. Atualize-se o Banco Nacional de Mandados de Prisão e o histórico de partes.
4. Cientifique-se o Ministério Público da presente decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

18 PRISÃO PREVENTIVA. INDEFERIMENTO

Cuida-se de representação ofertada pela autoridade policial, na qual


requer a decretação da prisão preventiva de __, pelo suposto cometimento do crime
de __.
Alega a autoridade policial __.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou __.
Vieram-me conclusos.
É o necessário a relatar. Decido.
Manual Prático de Decisões Criminais 63

Em que pese as argumentações colacionadas aos autos pela autoridade


policial, entendo que não estão satisfeitos os requisitos ensejadores da prisão
preventiva, uma vez que (FUNDAMENTAR)
Diante do exposto, INDEFIRO o pedido quanto à decretação da prisão
preventiva de __, uma vez que não restaram satisfeitos os requisitos legais (art. 312
e 313 do CPP).
Intime-se.
Local, Data
Juiz de Direito

19 REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR EXCESSO DE PRAZO

Trata-se de notitia criminis de cognição coercitiva em desfavor de __ que


foi preso e recolhido por força de prisão em flagrante delito por supostamente ter
praticado o crime de __.
Na oportunidade, o auto de prisão em flagrante foi homologado, sendo
convertido em prisão preventiva para garantir a ordem pública, bem como a
aplicação da lei penal.
Ocorre que o indiciado encontra-se segregado desde __, ou seja, há __
dias, sem que o inquérito policial tenha sequer sido concluído.
Neste viés, reza o art. 10 do Código de Processo Penal que se o indiciado
estiver segregado, o inquérito deverá findar-se em 10 (dez) dias.
Assim, extrapolado o prazo legalmente previsto para a conclusão do
inquérito policial, evidente a coação ilegal, eis que o indiciado está preso por mais
tempo do que determina a lei, tendo seu status libertatis atingido de forma
desautorizada.
Sob este aspecto, se a autoridade policial não remete o inquérito policial
concluído em 10 (dez) dias, extrapolando o prazo legal para sua conclusão, tratando-
se de indiciado preso, sem qualquer justificativa plausível para a delonga, constitui
constrangimento ilegal a macular a prisão cautelar do paciente, ensejando a
possibilidade de relaxamento, uma vez que o investigado não pode ser
responsabilizado pela ineficiência estatal, devendo-se dar guarida ao princípio
fundante da dignidade da pessoa humana.
Como é sabido, nossa Constituição Federal prevê que a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária, consoante os dizeres do artigo 5º,
inciso LXV. O referido preceito legal é de eficácia plena e imediata, devendo o juiz,
64 Manual Prático de Decisões Criminais

ao verificar que a prisão é ilegal, de imediato, mandar soltar o investigado, sendo


dispensável parecer do membro do Ministério Público.
Sob este aspecto, o Código de Processo Penal prevê em seu art. 316 que
"o juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem".
No caso em análise, diante da mora demonstrada, ainda que subsistam os
argumentos da prisão preventiva, os mesmos devem ceder ante o flagrante excesso
de prazo, uma vez que a prisão, no caso dos autos, está tendo desiderato que lhe é
estranho, qual seja, de cumprimento antecipado da pena, o que enseja a restauração
do status libertatis do investigado.
Portanto, embora não haja prazo peremptório para a prisão cautelar, o
mesmo não pode se mostrar irrazoável, sob pena de afrontar a dignidade da pessoa
humana e servir como cumprimento antecipado de pena, o que impõe a imediata
soltura do segregado.
Noutra vertente, a Lei 12.403/2011 trouxe diversas alterações ao CPP,
especialmente no que diz respeito às medidas cautelares penais, ampliando o leque
de possibilidades ofertadas ao juiz para garantir o bom andamento do feito criminal,
expurgando do ordenamento jurídico a questão da bilateralidade das medidas
cautelares que se restringiam à hipótese do réu estar soltou ou preso.
Nesse condão, o art. 282, §2º, do CPP, estabelece que "as medidas
cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial
ou mediante requerimento do Ministério Público".
No atual momento processual entendo que a aplicação de algumas
medidas penais cautelares serão suficientes para garantir a instrução criminal, bem
como evitar a prática de novas infrações penais.
Assim, tomando-se em conta a gravidade do crime, supostamente
perpetrado pelo increpado, as circunstâncias do fato e as condições pessoais do
mesmo, salta aos olhos a necessidade da aplicação das seguintes medidas penais
cautelares: __.
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos transparece, REVOGO,
de ofício, A PRISÃO PREVENTIVA DO RÉU __, com fulcro nos artigos 316,
648, II, do Código de Processo Penal, ao passo que, com fincas no art. 282 do CPP,
imponho ao mesmo as seguintes medidas penais cautelares:
__.
Expeça-se o competente alvará de soltura, com a ressalva de que o réu
não poderá ser posto em liberdade se por outro motivo estiver preso.
Manual Prático de Decisões Criminais 65

Expeça-se termo de compromisso a ser firmado pelo réu, ressaltando que


o descumprimento das medidas poderá ensejar nova segregação cautelar.
Cumpra-se. Publique-se. Intime-se.
Demais providências necessárias.
Local, Data
Juiz de Direito

20 LIBERDADE PROVISÓRIA. DEFERIMENTO

Trata-se de pedido de liberdade provisória formulado em favor de __.


Alega o requerente que __.
Informa que não há motivos que justifiquem a manutenção da sua
segregação cautelar, uma vez que não se fazem presentes os requisitos ensejadores
da prisão preventiva.
Aduz, ademais, que o investigado possui ocupação lícita, endereço fixo e
bons antecedentes.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou pela __.
É o que se tem a relatar. Passo a decidir.
Inicialmente, há de se esclarecer que a liberdade provisória e a prisão
preventiva são institutos diametralmente opostos e inconciliáveis. Ou seja, estando
presentes os requisitos da prisão preventiva não há que se falar em liberdade
provisória, conquanto inexistindo os requisitos da preventiva, a liberdade provisória
é de rigor.
Neste sentido, o pleito de concessão da liberdade provisória deverá ser
atendido quando não estiverem satisfeitos, em sua integralidade, os requisitos
autorizadores da decretação da prisão preventiva.
No caso dos autos, constata-se não existirem razões suficientes a justificar
a manutenção da prisão do indiciado, uma vez que __.
Ora, a prisão preventiva deve estar fundamentada nos requisitos,
cumulativos, estabelecidos o art. 312, quais sejam, fumus comissi delicti e o
periculum libertatis.
Quanto ao fumus comissi delicti, o mesmo é traduzido em prova da
materialidade e indícios suficientes de autoria.
Quanto ao periculum libertatis, o mesmo se reflete na garantia da ordem
pública, na aplicação da lei penal ou na garantia da instrução criminal.
No caso vertente, __ (fundamentar a inexistência dos requisitos).
De mais a mais, não há razão para se deixar segregado o flagranteado se,
ao final da ação penal, restando provado o fato punível, o mesmo suportará regime
prisional menos gravoso do que o que se apresenta neste momento, haja vista o
princípio da homogeneidade das prisões.
66 Manual Prático de Decisões Criminais

Desse modo, concedo a LIBERDADE PROVISÓRIA a __, nos termos do


artigo 310, parágrafo único do CPP.
Lavre-se o Termo de Compromisso de Comparecimento a todos os atos
processuais.
Cumpra-se, com urgência, expedindo-se o competente alvará de soltura,
devendo __ ser posto em liberdade se por al não estiver preso.
Publique-se. Intime-se.
Dê-se ciência ao MP.
Local, Data
Juiz de Direito

21 LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO.

Trata-se de pedido de liberdade provisória formulado em favor de __.


Alega o requerente que __.
Informa que não há motivos que justifiquem a manutenção da segregação
cautelar do mesmo, uma vez que não se fazem presentes os requisitos
ensejadores da prisão preventiva.
Aduz, ademais, que possui ocupação lícita, endereço fixo e bons
antecedentes.
Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou pela __.
É o necessário a relatar. Decido.
Inicialmente, há de se esclarecer que a liberdade provisória e a prisão
preventiva são institutos diametralmente opostos e inconciliáveis. Ou seja, estando
presentes os requisitos da prisão preventiva não há que se falar em liberdade
provisória, conquanto inexistindo os requisitos da preventiva, a liberdade provisória
é de rigor.
Neste sentido, o pleito de concessão da liberdade provisória deverá ser
atendido quando não estiverem satisfeitos, em sua integralidade, os requisitos
autorizadores da decretação da prisão preventiva.
No caso dos autos, analisando, de per si, os argumentos expendidos pelo
requerente, entendo que se fazem presentes os requisitos autorizadores da sua
segregação cautelar.
(Fundamentar, a existência dos requisitos legais, ainda que per
relationem).
Ademais, o fato do mesmo possuir residência fixa, ocupação lícita e bons
antecedentes não são motivos suficientes para a concessão da liberdade provisória,
pois os requisitos para a decretação da prisão preventiva são outros.
Manual Prático de Decisões Criminais 67

Sob esse prisma, permanecendo válido o fundamento que ensejou a


decretação da prisão preventiva, indefiro o pedido de liberdade provisória, mantendo
o increpado preso preventivamente.
Intime-se.
Local, Data
Juiz de Direito

22 MEDIDAS PENAIS CAUTELARES. DESPACHO CONCEDENDO


PRAZO PARA O INVESTIGADO SE MANIFESTAR.

O Ministério Público do estado de Alagoas representou pela prisão


preventiva de __, aduzindo que __.
É o relatório. Passo a decidir.
A prisão preventiva pode ser decretada pelo juiz, de ofício, quando da
persecução judicial; a requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou
mediante representação da autoridade policial, em qualquer fase do inquérito policial
ou da instrução criminal, desde que presentes os pressupostos (fumus boni iuris e
periculum in mora) e condições de admissibilidade, previstos em lei.
Ocorre que, não estando presentes os pressupostos da prisão preventiva,
uma vez que inexiste, até o momento, ofensa à garantia da ordem pública, da
aplicação da lei penal ou garantia da instrução processual penal, não há que se
decretar a preventiva.
Por outro lado, a Lei 12.403/2011 trouxe diversas alterações ao CPP,
especialmente no que diz respeito às medidas cautelares penais, ampliando o leque
de possibilidades ofertadas ao juiz para garantir o bom andamento do feito criminal,
expurgando do ordenamento jurídico a questão da bilateralidade das medidas
cautelares que se restringiam à hipótese do réu estar soltou ou preso.
Nesse condão, o art. 282, §3º, do CPP, estabelece que "ressalvados os
casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido
de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de
cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo".
Por outro lado, o mesmo artigo estabelece que poderá o magistrado
decretar de ofício referidas medidas.
Nesse contexto, uma vez que inexiste nos autos qualquer indicativo de
que a intimação dos investigados frustrará medida cautelar eventualmente imposta
aos mesmos, determino que os investigados sejam intimados, através de seus
68 Manual Prático de Decisões Criminais

advogados e pessoalmente, para que se manifestem acerca da eventual aplicação das


medidas cautelares de:
I- comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas
pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II- proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III- proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante;
Expirado o prazo, volte-me conclusos para decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

23 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.


ARBITRAMENTO DE FIANÇA E IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS PENAIS
CAUTELARES.

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrado em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do crime previsto no
artigo __.
Em virtude do preenchimento dos requisitos formais e materiais previstos
nos arts. 302, 304 e 306, bem como preservados os direitos constitucionais previstos
no art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF, haja vista constar a oitiva do Condutor,
de duas testemunhas e do conduzido, a entrega, ao mesmo, da Nota de Culpa, dos
Direitos e das Garantias Constitucionais, bem como a comunicação à família, a este
juízo, ao Ministério Público e remessa de cópia do Auto de Prisão em Flagrante à
Defensoria Pública, homologo o flagrante para que surta seus efeitos legais, haja
vista a sua higidez.
Outrossim, estabelece o art. 310, do Código de Processo Penal, com
redação dada pela Lei 12.403/2011, que, ao receber o auto de prisão em flagrante, o
juiz deverá fundamentadamente, a) relaxar a prisão ilegal; b) converter a prisão em
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
da prisão; ou c) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada, ou
não, com outras medidas penais cautelares (arts. 319 e 320, ambos do CPP).
Sob este aspecto, cai a lanço registrar que a Constituição Federal, ex vi do
seu art. 5º, LVII, colacionou, em meio às garantias individuais, o princípio da
Manual Prático de Decisões Criminais 69

presunção de inocência, estabelecendo que, antes de transitada em julgado a


sentença penal condenatória, ninguém será considerado culpado. Ademais,
estabeleceu em seu artigo 5º, LXVI, que "ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança".
Consagrou-se, assim, a liberdade individual como regra, enquanto as restrições à
mesma sempre figurarão no plano de exceção, dentro dos casos expressamente
previstos em lei.
Nesta esteira de raciocínio, encontrando-se preso, o flagranteado merece
ser posto em liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança e cumprimento
de algumas medidas penais cautelares, pelas razões abaixo elencadas.
Os pressupostos para a prisão cautelar encontram-se previstos no artigo
312, do CPP, que determina que “a prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria”.
Dispõe ainda o art. 313 do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;
No caso em tela, a pena privativa de liberdade prevista para o delito em
tese praticado é de __, razão pela qual (im)possível a decretação da prisão
preventiva, nos termos do art. 313, inciso __, desde que preenchidos os requisitos
contidos no art. 312 do CPP.
No que se refere aos demais requisitos legais (art. 312 do CPP), quais
sejam, o fumus comissi delicti e o periculum libertatis, os mesmos não estão
presentes no caso ora apreciado.
O primeiro requisito desdobra-se em dois aspectos, quais sejam, “prova
da existência do crime e indício suficiente de autoria”.
70 Manual Prático de Decisões Criminais

Já o periculum in mora compreende a “garantia da ordem pública, da


ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal” (CPP, art. 312).
Quanto ao fumus comissi delicti, tal como se extrai das peças do flagrante
delito, (relatar as peças que apontam para a existência do crime e indício suficiente
de autoria, acaso existentes).
Noutro giro, contudo, quanto ao periculum libertatis, tal requisito não se
faz presente a ensejar a segregação cautelar do indigitado, pois (expor as razões do
convencimento).
De mais a mais, a aplicação de algumas medidas cautelares previstas no
art. 319 do CPP mostra-se adequadas e suficientes para a instrução criminal, assim
como para evitar a prática de infrações penais.
Desta forma, realizando o cotejo entre a necessidade da medida, bem
como a sua adequação ao caso concreto, entendo que a decretação da prisão
preventiva seria medida inadequada e desnecessária. Sendo suficiente as medidas
abaixo delineadas.
Quanto à fiança, para a sua fixação deve-se considerar a pena máxima
abstratamente cominada ao delito (art. 325, do CPP).
De igual modo, o artigo 326 do CPP assevera que para determinar o valor
da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições
pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua
periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final
julgamento.
Neste sentido, tendo o indigitado sido preso por ter, em princípio,
cometido o crime de __ cuja pena máxima é de __, o valor da fiança deverá atender
aos limites de __ a __ salários mínimos.
No caso em comento, (fundamentar os requisitos legais), razão pela qual
fixo o valor da fiança em R$__.
Noutro giro, considerando que as medidas penais cautelares podem ser
aplicadas isoladas ou cumulativamente, torrna-se necessário, além da fiança já
arbitrada, que o indigitado se submeta as seguintes medidas penais.
(descrever as medidas penais e fundamentar a razão da sua aplicação.)
Assim sendo, HOMOLOGO O FLAGRANTE LAVRADO, contudo, não
se fazendo presentes os requisitos autorizadores da segregação cautelar (art. 312 e
313, do CPP) CONCEDO a LIBERDADE PROVISÓRIA a __ , mediante o
pagamento de fiança no importe de R$__, correspondente a __ salário-mínimo,
determinando-se a confecção de ALVARÁ DE SOLTURA do mesmo, depois de
comprovado o recolhimento do valor e se por outro motivo não estiver preso.
Manual Prático de Decisões Criminais 71

Tomada por termo a fiança, deverá constar a obrigação do afiançado de


comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do
inquérito e da instrução criminal e para o julgamento, sob pena de, em não
comparecendo o beneficiado, ser considerada quebrada a fiança.
Outrossim, deverá o investigado cumprir as seguintes obrigações:
__.
Intime-se o Ministério Público.
Comunique-se à autoridade policial, encaminhando-lhe cópia desta
decisão.
Intime-se a vítima, acerca da presente decisão.
Local, Data
Juiz de Direito

24 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO.


FIANÇA ARBITRADA PELA AUTORIDADE POLICIAL

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrado em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do crime previsto no
artigo __.
Em virtude do preenchimento dos requisitos formais e materiais previstos
nos arts. 302, 304 e 306, bem como preservados os direitos constitucionais previstos
no art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF, haja vista constar a oitiva do Condutor,
de duas testemunhas e do conduzido, a entrega, ao mesmo, da Nota de Culpa, dos
Direitos e das Garantias Constitucionais, bem como a comunicação à família, a este
juízo, ao Ministério Público e remessa de cópia do Auto de Prisão em Flagrante à
Defensoria Pública, haja vista que o flagrado não informou o nome de seu advogado,
homologo o flagrante para que surta seus efeitos legais, haja vista a sua higidez.
Outrossim, estabelece o art. 310, do Código de Processo Penal, com
redação dada pela Lei 12.403/2011, que, ao receber o auto de prisão em flagrante, o
juiz deverá fundamentadamente, a) relaxar a prisão ilegal; b) converter a prisão em
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
da prisão; ou c) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada, ou
não, com outras medidas penais cautelares (arts. 319 e 320, ambos do CPP).
Sob este aspecto, cai a lanço registrar que a Constituição Federal, ex vi do
seu art. 5º, LVII, colacionou, em meio às garantias individuais, o princípio da
presunção de inocência, estabelecendo que, antes de transitada em julgado a
72 Manual Prático de Decisões Criminais

sentença penal condenatória, ninguém será considerado culpado. Ademais,


estabeleceu em seu artigo 5º, LXVI, que "ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança".
Consagrou-se a liberdade individual como regra, enquanto as restrições à mesma
sempre figurarão como exceção, dentro dos casos expressamente previstos em lei.
Ocorre que, não sendo a pena privativa de liberdade máxima cominada
superior a 4 (quatro) anos (art. 322, do CPP), sendo o crime afiançável e não
incidindo o increpado nas vedações do art. 324, do CPP, a autoridade policial
arbitrou fiança nos limites previstos no art. 325 do CPP, tomando-se em conta os
parâmetros estabelecidos pelo art. 325 do mesmo diploma, tendo-a fixado no valor
de __.
Sob este aspecto, denota-se que o indigitado recolheu o valor da fiança,
encontrando-se em liberdade.
Outrossim, analisando os requisitos previstos no art. 282, do CPP e já
tendo sido arbitrada fiança ao increpado, não vislumbro a necessidade da aplicação
de nenhuma outra medida cautelar prevista no artigo 319 do mesmo diploma legal.
Desta forma, HOMOLOGO o auto de prisão em flagrante e não se
fazendo presentes os requisitos autorizadores da segregação cautelar (art. 312 e 313,
do CPP), HOMOLOGO, de igual modo, a FIANÇA arbitrada pela autoridade
policial, CONCEDENDO a LIBERDADE PROVISÓRIA a _____________,
mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de
revogação.
Cientifique-se o Ministério Público.
Local, Data
Juiz de Direito

25 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO.


ARBITRAMENTO DE FIANÇA E IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS
PROTETIVAS

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrado em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do(s) crime(s)
previsto(s) no(s) artigo(s) __ c/c a Lei 11.340/2006.
Em virtude do preenchimento dos requisitos formais e materiais previstos
nos arts. 302, 304 e 306, bem como preservados os direitos constitucionais previstos
no art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF, homologo o flagrante para que surta
seus efeitos legais.
Manual Prático de Decisões Criminais 73

Por outro lado, encontrando-se preso, o indigitado merece ser posto em


liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança e cumprimento de
algumas medidas penais cautelares, pelas razões abaixo elencadas.
Os pressupostos para a prisão cautelar encontram-se previstos no artigo
312 do CPP, que determina que “a prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria”.
Ocorre que não há nos autos elementos que denotem a necessidade de
garantir a ordem pública, a ordem econômica, a conveniência da instrução criminal
ou a aplicação da lei penal. Neste momento, inexistindo os requisitos dos artigos 312
e 313 do CPP, a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão parece ser a
medida mais razoável e apta a preservar a integridade dos envolvidos.
Sob este viés, dispõe os artigos 310, parágrafo único e art. 319 do CPP:
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
deverá fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e
se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas
cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
74 Manual Prático de Decisões Criminais

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de


folga quando o investigado ou acusado tenha residência e
trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública
ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução
do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Assim, não havendo qualquer vedação constitucional ou legal, reputo de
bom alvitre conceder-lhe liberdade provisória mediante fiança nos termos do CPP.
Neste sentido, o artigo 326 do CPP assevera que para determinar o valor
da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições
pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua
periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final
julgamento.
No que concerne ao crime, em tese, cometido, observando o disposto no
artigo 325, do CPP, fixo o valor da fiança em __ salários-mínimos.
Noutro giro, impende ressaltar que a Lei Maria da Penha impõe à
autoridade policial a obrigação de adotar algumas providências estabelecidas no
diploma legal a fim de resguardar a integridade física da vítima.
Assim, competiria à autoridade policial, dentre outras medidas:
encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde, assim como informar a
ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
Outrossim, deveria a autoridade policial remeter pedido com as medidas
protetivas de urgência. Vejamos:
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a
autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
Processo Penal:
Manual Prático de Decisões Criminais 75

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a


representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a
existência de mandado de prisão ou registro de outras
ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao
juiz e ao Ministério Público.
Ocorre que, não obstante a inércia da autoridade policial, poderá o juízo,
com base no poder geral de cautela, estabelecer algumas providências indispensáveis
à garantia da integridade física e moral da vítima, tal como se faz necessário no
presente caso. Para tanto, passo a apreciar acerca da presença dos requisitos
necessários ao arbitramento das medidas penais cautelares, quais sejam, o fumus
boni iuris e o periculum in mora.
Quanto ao fumus boni iuris, o mesmo está devidamente configurado
através __, que é indício da prática de violência doméstica.
Quanto ao periculum in mora, é estreme de dúvidas que a medida cautelar
visa a evitar ou fazer cessar lesão a direito da ofendida. No caso dos autos, uma vez
que o indigitado será posto em liberdade, deve-se acautelar a vítima, a fim de que a
mesma não venha a sofrer novas ameaças que podem, inclusive, vir a tornar-se
lesões corporais.
Em face do exposto, entendo estarem plenamente configurados os
requisitos necessários para a concessão das medidas protetivas de urgência, razão
pela qual passo a aferir, individualmente, cada uma das medidas arroladas em lei.
Quanto às medidas a serem impostas ao ofensor, são imprescindíveis a
aplicação das medidas abaixo expostas para evitar lesão à integridade física e moral
da vítima, quais sejam:
a) O afastamento do ofensor do domicílio ou local de convivência;
b) Obrigação de manter-se afastado da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, em, no mínimo, 200 metros.
76 Manual Prático de Decisões Criminais

c) Proibição de manter contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por


qualquer meio de comunicação.
Assim sendo, HOMOLOGO O FLAGRANTE LAVRADO, contudo, não
se fazendo presentes os requisitos autorizadores da segregação cautelar (art. 312 e
313, do CPP) CONCEDO a LIBERDADE PROVISÓRIA a __ , mediante o
pagamento de fiança no importe de R$__, correspondente a __ salário-mínimo,
determinando-se a confecção de ALVARÁ DE SOLTURA do mesmo, depois de
comprovado o recolhimento do valor e se por outro motivo não estiver preso.
Tomada por termo a fiança, deverá constar a obrigação do afiançado de
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do
inquérito e da instrução criminal e para o julgamento, sob pena de, em não
comparecendo o beneficiado, ser considerada quebrada a fiança.
Outrossim, deverá o increpado cumprir as seguintes obrigações:
1. Não se ausentar da comarca sem autorização judicial, por mais de oito dias;
2. Comunicar mudança de domicílio;
3. Comparecer a todos os atos judiciais para os quais for intimado;
4. Não cometer qualquer outra infração;
5. Não frequentar bares;
6. Afastar-se do lar no qual convive com a vítima.
7. Não se aproximar da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, a menos de
200 metros;
8. Não manter contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer
meio de comunicação.
Antes de se proceder a soltura do conduzido, cientifique-se, a vítima,
acerca da liberação do mesmo.
Dê-se ciência ao MP.
Comunique-se à autoridade policial, encaminhando-lhe cópia desta
decisão.
Local, Data.
Juiz de Direito

26 DEFERIMENTO DE PEDIDO DE DISPENSA DE FIANÇA

Cuida-se de pedido de dispensa/redução de fiança anteriormente arbitrada


por este juízo, realizada por __.
Alega o requerente que __.
Juntou documentos.
Manual Prático de Decisões Criminais 77

Instado a manifestar-se, o Ministério Público opinou __.


É o necessário a relatar. Decido.
Analisando os argumentos trazidos pelo requerente, devidamente
corroborados pelos documentos colacionados, denota-se que o preso não possui
condições de arcar com o recolhimento da fiança anteriormente arbitrada.
De mais a mais, o mesmo, embora lhe tenha sido concedida liberdade
provisória mediante o recolhimento do valor da fiança, permanece segregado há __
dias, sem que tenha logrado êxito em recolher a fiança estabelecida, donde nasce a
presunção da sua hipossuficiência financeira.
Neste viés, o artigo 325, § 1º, I(ou II) do CPP, permite a dispensa (ou
redução do valor) da fiança, se assim recomendar a situação econômica do preso.
Assim, feitas tais considerações, demonstrada a condição econômica do
preso e da sua família, dispenso o pagamento da fiança anteriormente fixada,
CONCEDENDO LIBERDADE PROVISÓRIA A__.
Expeça-se o competente alvará de soltura se por outro motivo não estiver
preso.
OU
Assim, feitas tais considerações, demonstrada a condição econômica do
preso e da sua família, reduzo o valor da fiança anteriormente arbitrada para __.
Após recolhido o valor da fiança, expeça-se o competente alvará de
soltura se por outro motivo não estiver preso.
Intime-se o investigado para que compareça ao cartório a fim de firmar
termo de compromisso, com relação as obrigações constantes nos artigos 327 e 328
do CPP.
Por fim, com a remessa do inquérito policial, dê-se vista ao Ministério
Público.
Publique-se. Intime-se. Cumpra-se.
Local, Data.
Juiz de Direito

27 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.


CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA.

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrado em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do crime previsto no
artigo __.
78 Manual Prático de Decisões Criminais

Em virtude do preenchimento dos requisitos formais e materiais previstos


nos arts. 302, 304 e 306, bem como preservados os direitos constitucionais previstos
no art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF, haja vista constar a oitiva do Condutor,
de duas testemunhas e do conduzido, a entrega, ao mesmo, da Nota de Culpa, dos
Direitos e das Garantias Constitucionais, bem como a comunicação à família, a este
juízo, ao Ministério Público e remessa de cópia do Auto de Prisão em Flagrante à
Defensoria Pública, haja vista que o flagrado não informou o nome de seu advogado,
homologo o flagrante para que surta seus efeitos legais, haja vista a sua higidez.
Assim, passo a analisar a possibilidade e a necessidade da conversão da
prisão em flagrante em preventiva. Vejamos:
A prisão preventiva é medida de exceção, que se assenta na Justiça Legal,
a qual obriga todo cidadão a submeter-se a perdas e sacrifícios em decorrência de
uma necessidade social que tem como finalidade a busca do bem comum.
Como é cediço, para a decretação da prisão cautelar, sob a égide dos
princípios constitucionais do estado de inocência (artigo 5º, LVII, da Constituição
Federal) e da garantia de fundamentação das decisões judiciais (artigos 5º, LXI e 93,
IX, da Constituição Federal), deve-se demonstrar, de forma evidente, a satisfação
dos requisitos legais expostos nos artigos 312 e 313 do CPP.
Sob este aspecto, a Lei 12.403/2011 trouxe diversas alterações ao CPP,
especialmente no que diz respeito à prisão preventiva, bem como às medidas
cautelares penais, ampliando o leque de possibilidades ofertadas ao juiz para garantir
o bom andamento do feito criminal, expurgando do ordenamento jurídico a questão
da bilateralidade das medidas cautelares que se restringiam à hipótese do réu estar
solto ou preso.
Nesse contexto, o art. 310, II do CPP possibilita ao magistrado,
fundamentadamente, "converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão".
No caso ora apreciado, o indigitado foi preso por __ (relatar as causas da
prisão cautelar).
Desta forma, sendo a(s) infração(ões) imputada(s) punida com a pena de
reclusão e superior a quatro anos, desde que preenchidos os demais requisitos do
art. 312 do CPP e não sendo proporcional a aplicação de medidas cautelares penais,
poderá ser decretada a sua prisão.
No que se refere aos demais requisitos, quais sejam, o fumus comissi
delicti e o periculum libertatis, os mesmos estão presentes no caso ora apreciado. O
primeiro requisito se desdobra em dois aspectos, quais sejam, “prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria”. Já o periculum in mora compreende a
Manual Prático de Decisões Criminais 79

“garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução


criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal” (CPP, art. 312).
Quanto ao fumus comissi delicti, tal como se extrai das peças do flagrante
delito, as testemunhas apontam o investigado como __ (demonstrar indícios de
autoria).
De igual modo, a materialidade delitiva está demonstrada pelo __.
Quanto ao periculum libertatis, entendo que tal requisito resta, de igual
modo, presente e expressa-se na garantia da ordem pública (ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal).
(Fundamentar, concretamente, a necessidade de garantir a ordem pública,
econômica, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal)
Noutro giro, analisando os requisitos previstos no art. 282, do CPP,
denoto que a aplicação de quaisquer das medidas cautelares seria ineficaz ao fim
almejado. Desta forma, realizando o cotejo da necessidade da medida para se ver
assegurada a aplicação da lei penal, investigação ou instrução criminal e ordem
social contra a reiteração delitiva (art. 282, I, CPP); bem como a sua adequação à
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado (art. 282, II, CPP); e a impossibilidade da substituição da medida
eventualmente aplicada por outra medida cautelar de menor onerosidade (art. 282,
§6º), observo que nenhuma das medidas seria suficiente para garantir a aplicação da
lei penal ou a instrução criminal. Vejamos:
(Fundamentar a inaplicabilidade das medidas penais cautelares)
Portanto, nos moldes do art. 282, § 6 o , que determina que "a prisão
preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra
medida cautelar (art. 319)” não vislumbro, ao menos no presente momento
processual, saída distinta da prisão preventiva.
Neste contexto, entendo que a garantia da ordem pública estará ameaçada
com a liberdade do agente. Isto posto, com fulcro nos arts. 311, 312 e 313, todos do
CPP, HOMOLOGO O FLAGRANTE, convertendo-o EM PRISÃO PREVENTIVA,
devendo __, permanecer segregado.
Comunique-se à autoridade policial, encaminhando-lhe cópia desta
decisão.
Intime-se
Dê-se vista ao MP.
Atualize-se o Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Local, Data.
80 Manual Prático de Decisões Criminais

Juiz de Direito

28 HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.


CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA.

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrado em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do crime previsto no
artigo __.
Em virtude do preenchimento dos requisitos formais e materiais previstos
nos arts. 302, 304 e 306, bem como preservados os direitos constitucionais previstos
no art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF, haja vista constar a oitiva do Condutor,
de duas testemunhas e do conduzido, a entrega, ao mesmo, da Nota de Culpa, dos
Direitos e das Garantias Constitucionais, bem como a comunicação à família, a este
juízo, ao Ministério Público e remessa de cópia do Auto de Prisão em Flagrante à
Defensoria Pública, homologo o flagrante para que surta seus efeitos legais, haja
vista a sua higidez.
Outrossim, estabelece o art. 310, do Código de Processo Penal, com
redação dada pela Lei 12.403/2011, que, ao receber o auto de prisão em flagrante, o
juiz deverá fundamentadamente, a) relaxar a prisão ilegal; b) converter a prisão em
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
da prisão; ou c) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada, ou
não, com outras medidas penais cautelares (arts. 319 e 320, ambos do CPP).
Sob este aspecto, cai a lanço registrar que a Constituição Federal, ex vi do
seu art. 5º, LVII, colacionou, em meio às garantias individuais, o princípio da
presunção de inocência, estabelecendo que, antes de transitada em julgado a
sentença penal condenatória, ninguém será considerado culpado. Ademais,
estabeleceu em seu artigo 5º, LXVI, que "ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança".
Consagrou-se, assim, a liberdade individual como regra, enquanto as restrições à
mesma sempre figurarão no plano de exceção.
Nesta esteira de raciocínio, encontrando-se preso, o indigitado merece ser
posto em liberdade provisória, mediante o cumprimento de algumas medidas penais
cautelares, pelas razões abaixo elencadas.
Os pressupostos para a prisão cautelar encontram-se previstos no artigo
312 do CPP, que determina que “a prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria”.
Manual Prático de Decisões Criminais 81

Dispõe ainda o art. 313 do CPP:


Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;
No caso em tela, a pena privativa de liberdade prevista para o delito, em
tese, praticado é de __, razão pela qual (im) possível a decretação da prisão
preventiva, nos termos do art. 313, inciso I, desde que preenchidos os requisitos
contidos no art. 312 do CPP.
No que se refere aos demais requisitos legais (art. 312 do CPP), quais
sejam, o fumus comissi delicti e o periculum libertatis, os mesmos não estão
presentes no caso ora apreciado.
O primeiro requisito se desdobra em dois aspectos, quais sejam, “prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria”.
Já o periculum in mora compreende a “garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal” (CPP, art. 312).
Quanto ao fumus comissi delicti, tal como se extrai das peças do flagrante
delito, (relatar as peças que apontam para a existência do crime e indício suficiente
de autoria, acaso existentes).
Noutro giro, contudo, quanto ao periculum libertatis, tal requisito não se
faz presente a ensejar a segregação cautelar do flagranteado, pois (expor as razões
do convencimento).
Destaque-se, no presente caso, a impossibilidade de se arbitrar fiança,
uma vez que se trata de crime inafiançável, nos termos do art. 1º, inciso __, da Lei
8.072/90.
Assim, a concessão de liberdade provisória sem fiança, aliada a outras
medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, é suficiente para a instrução
criminal e para evitar a prática de novas infrações penais, ficando o autuado sujeito
às seguintes condições:
82 Manual Prático de Decisões Criminais

(Especificar as condições, por exemplo:


a) comparecer a todos os atos do processo, sempre que intimado;
b) não mudar de residência ou ausentar-se da Comarca por mais de 08 (oito) dias
sem prévia comunicação ao juízo;)
Ante o exposto, nos termos do parágrafo único, do art. 310, do CPP
CONCEDO a LIBERDADE PROVISÓRIA, sem fiança, a __, qualificado nos autos,
que poderá responder em liberdade as acusações que lhe foram atribuídas, mediante
a obediência das seguintes condições:
(Medidas impostas)
Comunique-se, pessoalmente, a vítima, acerca do teor desta decisão, nos
moldes do art. 201, §2º do CPP.
Lavre-se termo de Liberdade Provisória e expeça-se Alvará de Soltura em
favor do indiciado, devendo o mesmo ser posto em liberdade, salvo se por al estiver
preso.
Intime-se o beneficiado para que compareça em Juízo, a fim de firmar
termo de compromisso, sujeitando-o às obrigações constantes na legislação
processual penal, devendo ser-lhe advertido que o descumprimento das medidas
cautelares impostas poderá ensejar a decretação de sua prisão preventiva.
Publique-se. Intimem-se
Dê-se ciência ao Ministério Público.
Local, Data.
Juiz de Direito

29 NÃO HOMOLOGAÇÃO DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


DELITO. RELAXAMENTO.

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante delito lavrado em desfavor


de__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do crime previsto no
__.
Compulsando as peças que instruem o Auto de Prisão em Flagrante,
observo que este deixou de preencher os requisitos formais previstos no Código de
Processo Penal. Demonstro:
(Especificar o(s) requisito(s) não satisfeito(s) pela autoridade policial, tais
como, por exemplo:
Determina o art. 306, caput, que "a prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada."
Manual Prático de Decisões Criminais 83

Desta forma, a comunicação ao Ministério Público é requisito formal da


prisão em flagrante e não tendo a autoridade policial diligenciado no sentido de
comunicar o flagrante ao parquet, o mesmo não está formalmente hígido, razão
pela qual não poderá ser homologado.
Pontue-se que o ofício constante no auto de prisão em flagrante
informando o encaminhamento das peças ao Ministério Público não pode ser
considerado como comunicação efetiva da prisão em flagrante delito ao órgão
ministerial, pois não há qualquer carimbo de recebimento do referido órgão,
aposição de assinatura de seus serventuários ou comprovação de recebimento de
eventual e-mail ou fac-símile pela instituição.
Assim, a mera formalização da comunicação, sem que a mesma tenha se
dado de forma efetiva, não supre o quanto exposto no art. 306, caput, do CPP.
OU
Determina o art. 306, em seu parágrafo primeiro que "será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública".
Ora, conforme se observa do interrogatório do réu, o mesmo foi
categórico ao afirmar que não tinha advogado constituído. Assim, diante dessa
informação, competiria à autoridade policial comunicar o flagrante à Defensoria
Pública (ainda que por meio de fac-símile), sendo tal ato requisito formal da
regularidade da prisão em flagrante, uma vez que garante o respeito aos direitos do
indigitado.
Portanto, não tendo a autoridade policial diligenciado no sentido de juntar
o comunicado do flagrante à Defensoria Pública, o mesmo não está formalmente
hígido, razão pela qual não poderá ser homologado.
OU
Quanto ao suposto crime de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei
11.343/2006, observo que o auto de prisão em flagrante deixou de preencher os
requisitos formais e materiais previstos no art. 50, §1º da Lei 11.343/2006.
Determina a Lei 11.343/2006, no artigo supracitado, que "para efeito da
lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do
delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga,
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea".
Desta forma, está claro que o laudo de constatação é peça imprescindível
para a lavratura do auto de prisão em flagrante. Ocorre que, compulsando os autos,
observo que a autoridade policial não diligenciou no sentido de juntar o competente
laudo de constatação. Portanto, inexistindo materialidade delitiva, o flagrante não
poderá ser homologado.
OU
84 Manual Prático de Decisões Criminais

Tal como se verifica dos autos, a conduta perpetrada ocorreu no dia __.
Contudo, ao invés de imediatamente comunicar o fato a este juízo, a autoridade
policial apenas veio comunicar o fato no dia __.
Assim, está claro que o mesmo não obedeceu ao quanto estabelecido no
art. 306, § 1o, do Código de Processo Penal, o que impede a homologação do
presente flagrante.
OU
Verifica-se do Auto de Prisão em Flagrante que não foi o indigitado preso
no momento em que cometeu a suposta infração penal ou quando acabou de cometê-
la. Da mesma forma, não há elementos para supor que tenha sido perseguido ou
encontrado, logo depois, em circunstâncias que fizessem presumir ser ele o autor do
fato, conforme requer o artigo 302 do Código de Processo Penal.
Denota-se, na verdade, que o flagranteado teria sido preso momentos
depois da suposta prática criminosa, em virtude de investigação preliminar realizada
pela polícia, o que não autoriza a prisão em flagrante.
Ora, este tipo de prisão não pode decorrer de diligências investigativas, na
qual tenha havido hiato temporal, uma vez que tal circunstância descaracteriza o
estado de flagrância, haja vista inexistir relação de imediatidade entre a conduta
criminosa e o momento do acautelamento.
Desta forma, a prisão não ocorreu em quaisquer das espécies de flagrante
previstas pelo Código de Processo Penal. Explico:
Segundo a doutrina, há três espécies de flagrante, quais sejam, o flagrante
próprio (art. 302, I e II, do CPP), impróprio (art. 302, III, do CPP) e o presumido
(art. 302, IV, do CPP).
No caso dos autos, o preso não foi capturado cometendo a infração, ou
tendo acabado de cometê-la. De igual modo, entre o cometimento do crime e o
início das diligências houve um hiato temporal de __ horas, o que desconfigura o
flagrante impróprio, pois a autoridade policial partiu em perseguição do suspeito
muito tempo após o cometimento do fato. Alfim, não tendo sido encontrado com o
suspeito objetos que façam presumir ser o mesmo o autor da infração, não vislumbro
o estado de flagrância, o que enseja o imediato relaxamento da prisão imposta pela
autoridade policial.
Assim, tal como demonstrado acima, o auto de prisão em flagrante não
atendeu em sua integralidade os requisitos legais, motivo pelo qual não está
formalmente hígido, razão pela qual não poderá ser homologado.
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos transparece, DEIXO DE
HOMOLOGAR a prisão em flagrante de __ pelo suposto cometimento do crime de
__, razão pela qual RELAXO A SUA PRISÃO, determinando a sua imediata
colocação em liberdade, se por outro al não estiver preso.
Expeça-se o competente alvará de soltura.
Manual Prático de Decisões Criminais 85

Dê-se vista ao Ministério Público.


Comunique-se à autoridade policial competente.
Intime-se eventual vítima, acerca da soltura do investigado.
Local, Data.
Juiz de Direito

30 AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA


FEDERAL. INCOMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO.
REMESSA.

Trata-se de prisão em flagrante delito promovida pela autoridade policial


em face do suposto cometimento de crime de __ perpetrado por __.
Bem lida as peças do auto de prisão em flagrante, observo que o
flagranteado praticou a conduta de __, cuja apreciação é de competência da Justiça
Federal.
Nestes termos, considerando que compete a União (especificar a
hipótese), salta aos olhos que o juiz naturalmente competente para apreciar o
presente auto de prisão em flagrante é o Juiz Federal da Seção Judiciária do Estado
de Alagoas, uma vez que a conduta atinge, diretamente, interesses da União (art.
109, da CF/88).
Assim, a análise da prisão em flagrante por esse juízo seria não apenas
açodada, mas inconstitucional, pois falece competência à justiça estadual para
apreciar crimes cometidos em detrimento de bens, serviços e interesses da União.
OU
A autoridade policial remeteu para esta Comarca auto de prisão em
flagrante delito onde se noticia, em tese, a conduta típica descrita no(s) artigo(s) __,
ocorrida na cidade de __.
O Código de Processo Penal, tratando da competência territorial, prevê
que:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Portanto, em análise inicial, denota-se que a infração consumou-se na
cidade de __, logo a jurisdição detentora de competência para (apreciar o presente
auto de prisão em flagrante) processar e julgar o fato é da Comarca de __.
Proceder de forma distinta seria suprimir o juiz competente da análise da
regularidade do flagrante e da possibilidade, ou não, da sua conversão em prisão
preventiva ou concessão das medidas previstas no art. 319 do CPP.
86 Manual Prático de Decisões Criminais

Diante do exposto, a fim de evitar qualquer irregularidade na análise da


prisão em flagrante, declaro este juízo absolutamente incompetente para analisar os
presentes autos e, por conseguinte, DETERMINO a remessa imediata destes autos à
autoridade judiciária da comarca de __ para apreciação do presente flagrante.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local, Data.
Juiz de Direito

31 NÃO HOMOLOGAÇÃO DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


DELITO. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS.

Trata-se de comunicado de prisão em flagrante lavrada em desfavor de


__, devidamente qualificado, investigado pelo cometimento do(s) crime(s)
previsto(s) no(s) artigo(s) __, c/c a lei 11.340/2006.
Analisando o auto de prisão em flagrante observo que o mesmo deixou de
preencher os requisitos formais e materiais exigidos em lei. Explico:
(Especificar o(s) requisito(s) não satisfeito(s) pela autoridade policial,
ressaltando que algumas hipóteses constam na peça “NÃO HOMOLOGAÇÃO DO
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO. RELAXAMENTO.”)
Por outro lado, nada obstante a necessidade de relaxamento da prisão em
flagrante, entendo que tendo a conduta sido perpetrada no âmbito das relações
domésticas, torna-se necessária a aplicação de algumas medidas protetivas em favor
da vítima. Portanto, em se tratando as medidas protetivas de verdadeiras medidas
cautelares, as mesmas podem ser aplicadas de ofício por este juízo, desde que
presentes os requisitos autorizadores, quais sejam, fumus boni iuris e periculum in
mora.
Pois bem.
Quanto ao fumus boni iuris, o mesmo está devidamente configurado
através do __, que é indício da prática de violência doméstica.
Quanto ao periculum in mora é estreme de dúvidas que a medida cautelar
visa a evitar ou fazer cessar lesão a direito da ofendida. No caso dos autos, uma vez
que o flagranteado será posto em liberdade, deve-se acautelar a vítima, a fim de que
a mesma não venha a sofrer novas ameaças que podem, inclusive, vir a tornar-se
lesões corporais.
Em face do exposto, entendo estarem plenamente configurados os
requisitos necessários para a concessão das medidas protetivas de urgência, razão
pela qual passo a aferir, individualmente, cada uma das medidas arroladas em lei.
Manual Prático de Decisões Criminais 87

Quanto às medidas a serem impostas ao ofensor, são imprescindíveis a


aplicação das medidas abaixo expostas para evitar lesão à integridade física e moral
da autora, quais sejam:
a) O afastamento do ofensor do domicílio ou local de convivência;
b) Obrigação de manter-se afastado da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, em, no mínimo, 200 metros.
c) Proibição de manter contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação.
Diante do exposto, DEIXO DE HOMOLOGAR o flagrante lavrado em
desfavor de __, razão pela qual deverá o mesmo ser posto IMEDIATAMENTE EM
LIBERDADE, devendo, contudo, firmar termo de compromisso das obrigações que
se seguem:
- afastar-se do domicílio ou local de convivência da ofendida;
- manter-se afastado da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,
em, no mínimo, 200 (duzentos) metros.
- não manter contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio de comunicação.
Expeça-se Alvará de Soltura em favor de __, qualificado nos autos,
devendo o mesmo ser posto em liberdade se por outro motivo não estiver preso.
Intime-se o Ministério Público.
Intime-se a vítima.
Comunique-se à autoridade policial, encaminhando-lhe cópia desta
decisão.
Local, Data.
88 Manual Prático de Decisões Criminais
Manual Prático de Decisões Criminais 89

CAPÍTULO II: MEDIDAS CAUTELARES E INCIDENTES


PROCESSUAIS

1 ARRESTO PRÉVIO

Vistos etc.
O Ministério Público requereu o arresto prévio de bens imóveis de
propriedade do denunciado.
Aduz existir certeza da materialidade e indícios da autoria do delito pelo
denunciado. Afirma ainda que promoverá a especialização da hipoteca legal mas,
como tal medida pressupõe arbitramento, avaliação, oitiva do denunciado e outros
momentos processuais, a demora em sua conclusão pode levar ao perecimento da
medida assecuratória.
Destarte, tendo em vista que se deve garantir a eventual e futura reparação
dos danos decorrentes da infração penal, com fulcro no art. 136 do CPP, DEFIRO o
pedido determinando seja lavrado o auto e anotado no Registro de Imóveis
competente o arresto do imóvel ____________.
Observo que, caso não seja intentado o procedimento que visa
especializar a hipoteca legal, a medida será revogada, independente de qualquer
manifestação.
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito

2 ARRESTO

Vistos etc.
O Ministério Público requereu o arresto de bens móveis de propriedade
do denunciado.
Aduz existir certeza da materialidade e indícios da autoria do delito pelo
denunciado. Ademais, afirma, juntando para tal, certidões e avaliações, que o
denunciado não possui bens imóveis suficientes para garantir a eventual e futura
reparação dos danos decorrentes da infração penal.
(analisar os requisitos acima)
Ante o exposto, determino a autuação em autos apartados e, com fulcro
no art. 137 do CPP, DEFIRO o pedido determinando o arresto dos bens móveis
90 Manual Prático de Decisões Criminais

descritos. Os bens arrestados serão entregues a __________ (terceiro estranho à


lide), que ficará responsável pelo depósito e administração dos objetos, segundo as
regras processuais civis (art. 139 do CPP).
Verificando que os bens móveis a arrestar são fungíveis e facilmente
deterioráveis, determino sua avaliação para que sejam levados a leilão público,
devendo ser o dinheiro apurado, depositado ou entregue a terceiro idôneo, que
assinará termo de responsabilidade (art. 137, § 1º c/c art. 120, § 5º do CPP).
OU
Verificando, ainda, que os bens arrestados geram renda mensal, conforme
se comprovou, estipulo que ________% de tal renda seja destinada para a
vítima/família da vítima.
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito

3 SEQUESTRO DE BENS (IMÓVEIS) – PEDIDO PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO

Vistos etc.
O Ministério Público requereu o sequestro de bens imóveis de
propriedade do denunciado, aduzindo que os mesmos resultam do crime de ______
praticado pelo denunciado.
(Especificar a suposta ilicitude da origem dos bens)
Assim, de acordo com o apontado pelo membro do Ministério Público, há
indícios veementes da proveniência ilícita dos bens mencionados.
Destarte, autuando-se em apartado, DEFIRO o pleito ministerial e, com
fulcro nos arts. 126 e 128 do CPP, determino o sequestro dos bens, mediante
lavratura do respectivo auto e a consequente inscrição no Registro de Imóveis, por
meio de mandado judicial.
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 91

4 SEQUESTRO DE BENS (MÓVEIS) – PEDIDO PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO

Vistos etc.
O Ministério Público requereu o sequestro de bens móveis de propriedade
do denunciado, aduzindo que os mesmos resultam do crime de ________ praticado
pelo denunciado.
(Especificar a suposta ilicitude da origem dos bens)
Assim, de acordo com o apontado pelo membro do Ministério Público, há
indícios veementes da proveniência ilícita dos bens mencionados.
Observo ainda não ser aplicável ao caso o disposto nos arts. 240 e
seguintes do CPP, não sendo cabível a busca e apreensão de tais bens.
Destarte, autuando-se em apartado, DEFIRO o pleito ministerial e, com
fulcro nos arts. 126 e 132 do CPP, determino o sequestro dos bens, mediante
lavratura do respectivo auto.
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito

5 SEQUESTRO DE BENS - LEVANTAMENTOS

Vistos etc.
Trata-se de expediente feito por _________ (terceiro adquirente dos bens
ou o próprio investigado/denunciado) para que seja feito o levantamento do
sequestro dos bens referenciados.
Aduz que não mais deve subsistir a constrição uma vez que (a ação penal
não foi intentada no prazo de sessenta dias da medida de sequestro ou oferta caução
que assegura o efeito previsto no art. 74, II, b, segunda parte do Código Penal ou foi
extinta a punibilidade/absolvido por sentença com trânsito em julgado).
Manifestação do Ministério Público concordando com o levantamento.
Com efeito, conforme reza o art. 131 do CPP, o levantamento do
sequestro é medida que se impõe já que (a ação penal não foi intentada no prazo de
sessenta dias da medida de sequestro ou trata-se de terceiro adquirente do bem
ofertando caução que assegura o efeito previsto no art. 92, II, b, segunda parte do
Código Penal ou foi extinta a punibilidade/absolvido por sentença com trânsito em
julgado).
92 Manual Prático de Decisões Criminais

Destarte, com fulcro no art. 131 do CPP, determino o levantamento do


sequestro dos bens __________.
Expedientes necessários.
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito

6 HIPOTECA LEGAL – DESPACHO INICIAL

Vistos etc.
____________________, devidamente qualificado nos autos, veio
requerer a este Juízo a especialização da hipoteca legal dos imóveis descritos às fls.
___, bens de propriedade do acusado, tendo em vista a garantia de futura reparação
dos danos decorrentes da infração penal.
Em virtude de futuro pagamento da responsabilidade civil e com base no
art.134, do CPP, presentes os requisitos enunciados do fumus commissi delicti e do
periculum in mora, determino o arbitramento do valor da responsabilidade e a
avaliação do(s) imóvel(is), pelo avaliador judicial (ou por perito nomeado pelo
Juízo, onde não houver avaliador judicial), autuando-se em apartados os autos do
incidente.
Com o arbitramento e avaliação nos autos, cientifique-se o MP e
intimem-se os interessados para que se manifestem em dois dias.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito

7 HIPOTECA LEGAL – DECISÃO

Vistos etc.
_________________, devidamente qualificado nos autos, veio requerer a
este Juízo a especialização da hipoteca legal dos imóveis descritos às fls.___, bens
de propriedade do acusado, tendo em vista a garantia de futura reparação dos danos
decorrentes da infração penal.
Por decisão deste juízo procedeu-se ao arbitramento da indenização e à
avaliação judicial dos bens imóveis, não tendo havido discordância pelas partes
interessadas e MP.
Manual Prático de Decisões Criminais 93

(Se houver discordância deve decidir se mantém ou altera a avaliação).


Nestas condições, com fulcro no art. 135 e parágrafos, do referido
Caderno Processual Penal, autorizo a inscrição, em hipoteca legal, do(s) imóvel(is)
acima citado(s).
Publique-se. Intime-se.
Local e data.
Juiz de Direito

8 RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA - DECISÃO


(DEFERIMENTO)

Trata-se de pedido de RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA,


formulado por _______, devidamente qualificado(a) nestes autos, ao argumento de
que teve seu bem apreendido (fl. __) na data de _______, em razão de ______.
Alega ser proprietário do bem, juntando, para tanto, os documentos de fls.
___.
Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou favoravelmente à
restituição pretendida.
É o relatório. Decido.
Compulsando os autos, denota-se que o bem apreendido não mais
interessa ao processo. Assim, despicienda a manutenção de sua apreensão, como se
percebe da leitura do art. 118 do Código de Processo Penal, a contrario sensu.
De mais a mais, o(a) Requerente comprovou a propriedade sobre o bem,
conforme se depreende dos documentos de fls.
Tais documentos não possuem vício de identificação ou de
individualização, não havendo dúvidas, assim, quanto ao direito do(a) Requerente.
Ante o exposto, com fulcro no artigo 120 do CPP, DEFIRO o pedido de
RESTITUIÇÃO, e por conseguinte, determino a devolução do bem ao Requerente,
mediante a comprovação da identidade e termo nos autos.
Publique-se. Intime-se. Ciência ao Ministério Público.
Local, data.
Juiz de Direito
94 Manual Prático de Decisões Criminais

9 RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA - DECISÃO


(INDEFERIMENTO)

Trata-se de incidente de RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA,


formulado por ______, devidamente qualificado(a) nestes autos, ao argumento de
que teve seu bem apreendido (fl.__) na data de ______, em razão de ______.
Alega ser proprietário do bem, juntando para tanto, os documentos de fls.
___.
Em razão da dúvida acerca da propriedade do bem, foi instaurado o
presente incidente, conforme determina o §1º do art. 120 do Código de Processo
Penal.
Instado a se manifestar, o Ministério Público, às fls.___, manifestou-se
desfavorável à restituição pretendida, tendo em vista que a propriedade não restou
comprovada e que o bem ainda interessa ao processo.
É o relatório. Decido.
Em razão de ________, é fato que o bem que se pretende restituir ainda
interessa ao processo penal.
Ademais, durante a tramitação deste incidente, o Requerente não
comprovou a propriedade do bem apreendido, restando insuficientes os documentos
apresentados às fls...
Portanto, os requisitos para o deferimento do pedido de restituição (arts.
118 e 120, caput, ambos do Código de Processo Penal) não se encontram
preenchidos, o que leva logicamente ao seu indeferimento.
Ante o exposto, em consonância aos artigos 118 e 120 do CPP,
INDEFIRO o pedido de RESTITUIÇÃO.
Publique-se. Intime-se. Ciência ao Ministério Público.
Local, data.
Juiz de Direito

10 RESTAURAÇÃO DE AUTOS - DECISÃO (INSTAURAÇÃO)

Após várias buscas internas (Chefe de Secretaria) e externas (Partes), os


autos do processo de nº..., não foram encontrados. Desta forma, não resta outra
opção senão a instauração do presente incidente de restauração de autos, nos termos
do art. 541 e seguintes do Código de Processo Penal.
Por consequência, determino a realização das seguintes diligências:
Manual Prático de Decisões Criminais 95

1 Certifique o Escrivão o estado do processo, segundo a sua lembrança, e


reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros (art. 541, §2º,
a);
2 Requisitem-se cópias do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal, no
Instituto de Identificação e Estatística ou em estabelecimentos congêneres,
repartições públicas, penitenciárias ou cadeias;
3 Citem-se pessoalmente as partes, ou, se não forem encontradas, por edital, com
o prazo de dez dias, para presente processo de restauração;
4 Requisitem-se à Autoridade Policial cópias das peças que integraram o
Inquérito Policial de nº ____.
Sem prejuízo das determinações anteriores, designo audiência para o dia
_____de ____ do ano de _____, às ____ hs, devendo as partes serem cientificadas
de que devem trazer o máximo de documentos referentes ao processo perdido, bem
como que serão ouvidas para fins da restauração.
Publique-se. Intime-se. Ciência ao Ministério Público.
Local, data.
Juiz de Direito

11 RESTAURAÇÃO DE AUTOS – JULGAMENTO

Trata-se de restauração de autos procedida em decorrência do extravio


dos autos do processo nº _____.
Foram as partes citadas.
Audiência realizada, momento na qual foram ouvidas as partes e
_______.
Após toda a instrução necessária e intimadas as partes sobre a restauração
aqui realizada, elas opinaram pela sua homologação.
É o relatório
Todas as medidas legais para fins de restauração dos autos do processo de
nº ____, previstas no art. 541 e seguintes do Código de Processo Penal, foram
adotadas.
As partes concordaram com a restauração realizada e pugnaram pela sua
homologação.
Diante do exposto, nos termos do artigo 547 do Código de Processo
Penal, HOMOLOGO a restauração para que produza seus legais e jurídicos efeitos.
96 Manual Prático de Decisões Criminais

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.


Com o trânsito em julgado, certifique-se a situação processual, atualizem-
se os antecedentes e tragam os autos conclusos.
Local, data.
Juiz de Direito

12 SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO.

Considerando que o presente processo é movido em desfavor de ____


pessoas, e que o processo penal está muito mais avançado em relação a _____ (ou
em razão das infrações terem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar diferentes; ou por outro motivo relevante), faz-se necessária a separação
processual e o prosseguimento do feito em relação a _______, em conformidade
com o art. 80, do Código de Processo Penal.
A manutenção da unidade do processo mostra-se contraproducente e
contrária ao princípio constitucional da duração razoável do processo, em razão do
número de acusados _______ (ou em razão das infrações terem sido praticadas em
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes; ou por outro motivo relevante).
Dessa feita, determino a separação do processo em relação a ___,
devendo a Secretaria providenciar a extração de cópia completa dos autos, a
respectiva autuação e demais providências necessárias à separação.
Intimem-se.
Após, retornem ambos os autos (estes e os novos) conclusos.
Local, data.
Juiz de Direito

13 SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. INDEFERIMENTO

Trata-se de pedido formulado por _______, em que alega o retardo na


instrução processual, sustentando em apertada síntese que _____.
Relatado. Decido.
(Fundamentar)
Tendo em vista os argumentos acima delineados, a separação do processo
neste momento não se mostra viável, porquanto, ocorrerá atraso na marcha
processual para os acusados.
Manual Prático de Decisões Criminais 97

Em que pese seja facultado ao magistrado a separação dos processos, não


se vislumbra, mesmo assim, alguma das hipóteses do art. 80, do Código de Processo
Penal.
Isto posto, com fulcro no citado artigo, indefiro o pedido de separação do
processo, por tudo o que foi esposado.
Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito

14 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. INSTAURAÇÃO EX


OFFICIO.

O Doutor _______, Juiz de Direito, respondendo pelo expediente da ____


Vara da Comarca _____, valendo-se de suas prerrogativas de Juiz Criminal, e
CONSIDERANDO que foram coligidos na instrução indícios de que o
réu supostamente sofria, por ocasião do fato, de deficiência mental capaz de retirar-
lhe ou reduzir-lhe a compreensão da ilicitude da infração penal;
CONSIDERANDO que constam dos autos Atestados e Declarações
médicas indicando anteriores internações do réu em hospitais psiquiátricos
CONSIDERANDO, enfim, que a solução da perícia realizada poderá
trazer relevantes consequências processuais e penais, inclusive no que tange à forma
de cumprimento da reprimenda em caso de eventual condenação (ou absolvição
imprópria);
RESOLVE, nos termos dos arts. 149 e 153, do Código de Processo Penal,
baixar a presente portaria e instaurar INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL do
acusado ____. Para o bom termo do feito incidental determina, ainda:
A autuação em apenso à ação penal de conhecimento e o registro da
presente portaria juntamente com cópia dos documentos de fls. ____, dos autos
principais;
A suspensão do curso do processo principal, nos termos do § 2 o do art.
149, do Código de Processo Penal, e a nomeação como curador ao acusado do
Doutor _____, seu defensor, que deverá prestar, no prazo de 05 (cinco) dias, o
compromisso de praxe;
A realização do exame no Centro Psiquiátrico Judiciário, no prazo de 45
(quarenta e cinco) dias, salvo se os peritos demonstrarem necessidade de maior
prazo, oficiando-se para tanto, ao Diretor do referido Centro, para que designe
profissional médico para tanto, devendo o mesmo Centro Psiquiátrico oficiar a este
98 Manual Prático de Decisões Criminais

Juízo para, em qualquer caso, informar acerca do sucesso ou não da diligência


determinada, sob pena de responsabilidade.
A entrega dos autos aos peritos, a fim de facilitar a realização do exame
(art. 150, §2º, CPP).
Formulo, desde já, os seguintes quesitos:
1º. Quesito: O acusado, ao tempo da ação, era, por motivo de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento?
2º. Quesito: O acusado, ao tempo da ação, por motivo de perturbação da saúde
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, estava privado da
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento?
3º. Quesito: O estado mental do acusado oferece perigo à sociedade?
4º. Quesito: O acusado é portador de algum distúrbio psiquiátrico?
5º. Quesito: O acusado está plenamente consciente de seus atos?
6º. Quesito: Qual o distúrbio psiquiátrico apresentado pelo acusado?
7º. Quesito: Esta patologia é passível de tratamento?
8º. Quesito: A patologia que acomete o acusado é permanente, progressiva ou
regressiva?
Intimem-se, a seguir, o Promotor e a Defesa para que, querendo,
apresentem outros quesitos, no prazo de 05 (cinco) dias.
Com a chegada do exame, apense-se aos autos principais e dê-se vista às
partes, pelo prazo de 05 (cinco) dias.
Cumpra-se com urgência.
Local e data.
Juiz de Direito

15 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL – PEDIDO DA DEFESA -


DEFERIMENTO

Pugna a Defensoria Pública pela instauração de incidente de insanidade


mental em relação ao acusado _______, visto que, pelo arcabouço probatório destes
autos e também em razão dos documentos médicos ora apresentados, o mesmo
aparenta possuir distúrbios mentais, sendo absolutamente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato.
Manual Prático de Decisões Criminais 99

O Ministério Público ofertou parecer favorável à instauração do incidente.


É o relatório
De fato, há indícios que o acusado possua distúrbios mentais. Assim,
havendo dúvidas a respeito da sanidade mental do réu, conforme se depreende dos
autos, e como forma de restar assegurado no caso concreto o princípio constitucional
da ampla defesa, bem como diante do fato de que a eventual inimputabilidade do
agente só poderá ser aferida através de exame psiquiátrico, defiro o pedido da defesa
e instauro, com fundamento no art. 149 do Código de Processo Penal, incidente de
insanidade mental, a fim de ser ele submetido a exame.
Assim:
1 Suspendo o processo, nos termos do art. 149, § 2º, do Código de Processo Penal,
até solução do incidente e nomeio, como curadora do réu, a Defensora Pública da
causa, que já vem atuando como sua defensora, que deverá prestar, no prazo de
05 (cinco) dias, o compromisso de praxe.
2 Formulo, desde já, os seguintes quesitos:
1º. Quesito: O acusado, ao tempo da ação, era, por motivo de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento?
2º. Quesito: O acusado, ao tempo da ação, por motivo de perturbação da saúde
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, estava privado da
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento?
3º. Quesito: O estado mental do acusado oferece perigo à sociedade?
4º. Quesito: O acusado é portador de algum distúrbio psiquiátrico?
5º. Quesito: O acusado está plenamente consciente de seus atos?
6º. Quesito: Qual o distúrbio psiquiátrico apresentado pelo acusado?
7º. Quesito: Esta patologia é passível de tratamento?
8º. Quesito: A patologia que acomete o acusado é permanente, progressiva ou
regressiva?
3 Autue-se o incidente em apartado, baixando-se portaria que será acompanhada
de cópia deste despacho, bem como de cópia integral dos autos do Processo-
crime em epígrafe.
4 Intimem-se, a seguir, o Promotor e a Defesa para que, querendo, apresentem
outros quesitos, no prazo de 05 (cinco) dias.
5 O exame deverá ser realizado no Centro Psiquiátrico Judiciário, no prazo de 45
(quarenta e cinco) dias, salvo se os peritos demonstrarem necessidade de maior
100 Manual Prático de Decisões Criminais

prazo, oficiando-se para tanto, ao Diretor do referido Centro, para que designe
profissional médico para tanto, devendo o mesmo Centro Psiquiátrico oficiar a
este Juízo para, em qualquer caso, informar acerca do sucesso ou não da
diligência determinada, sob pena de responsabilidade.
6 A entrega dos autos aos peritos, a fim de facilitar a realização do exame (art. 150,
§2º, CPP).
Com a chegada do exame, apense-se aos autos principais e dê-se vista às
partes, pelo prazo de 05 (cinco) dias.
Providências necessárias. Intimem-se. Ciência ao MP. Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito

16 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL - HOMOLOGAÇÃO DE


LAUDO

Vistos etc.
Foi instaurado incidente de insanidade mental do acusado ________.
Realizada a perícia, foi encaminhado aos autos o laudo de fls. ___.
Ministério e defesa se manifestaram quanto ao laudo.
Em suma, é o relato.
Passo a decidir:
Observe que a conclusão dos peritos é clara quando afirmam que o réu ao
tempo da ação, era, por motivo de doença mental (ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado), inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Assim, homologo, por sentença, para que produza seus devidos e
jurídicos efeitos, o laudo conclusivo constante do incidente de insanidade mental às
fls.___, relativo ao acusado _____________________________.
Sem custas.
Publique-se. Registre-se. Intime-se.
Local, data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 101

CAPÍTULO 3: FASE PROCESSUAL PENAL

1 RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

O Ministério Público do Estado de Alagoas, por seu/sua Promotor(a) de


Justiça, no uso de suas atribuições legais, ofereceu denúncia em desfavor de
_______ como incursos nas sanções previstas no art. ___ do Código Penal,
aduzindo, para tanto, as questões de fato e de direito constantes na peça inicial
acusatória.
Inicialmente, é de se notar que o Ministério Público detém legitimidade
para propor a presente ação penal, por ser a mesma de natureza pública
incondicionada.
No mais, presentes se encontram os pressupostos de admissibilidade
dispostos no artigo 41 do Código de Processo Penal, uma vez que narrada toda a
conduta delitiva, com todas as suas circunstâncias, qualificados os supostos autores
do fato e classificado o crime, a configurar a justa causa necessária para o
recebimento da denúncia oferecida.
Deixo de tecer maiores considerações acerca da materialidade delitiva e
indícios de autoria, a fim de evitar apreciação antecipada do mérito da causa.
Ante o exposto, e não sendo a hipótese descrita no artigo 395 do Código
de Processo Penal, RECEBO a denúncia ofertada pelo Ministério Público,
tomando-se o Cartório as seguintes providências:
1) Cite(m)-se o(s) réu(s) para responder(em) à acusação, por escrito, no prazo de
10 (dez) dias, nos termos do art. 396 do CPP.
2) Na resposta, o(s) denunciado(s) poderá(ão) arguir preliminares e alegar tudo o
que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário (art. 396-A).
3) Arguidas exceções, processe-se o incidente processual em autos apartados,
consoante disposto 95 a 112 do CPP (art. 396-A, § 1º).
4) Cientifique(m)-se o(s) réu(s) de que, caso não seja apresentada a resposta no
prazo assinalado e nem constituído advogado, será nomeado um Defensor
Público para assistí-lo(s) (art. 396-A, § 2º).
5) Junte-se aos autos certidão de antecedentes criminais do acusado, bem como
resultado da consulta via SAJ.
Após, conclusos.
Local e data.
102 Manual Prático de Decisões Criminais

2 DECISÃO. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. INÉPCIA

Vistos etc...
O representante do Ministério Público ofereceu denuncia em desfavor de
_____, imputando-lhe a prática do crime tipificado no artigo 329 do Código Penal.
Narra a peça acusatória que no dia ____, por volta das ____ horas, o
acusado teria desacatado policiais militares no momento em que era abordado e
submetido a revista pessoal, xingando-os, evitando a submissão à ação policial,
tentando agredi-los fisicamente.
É o relatório.
Decido.
Constato, de inicio, que, no caso dos autos, o crime imputado ao acusado
é aquele tipificado no artigo 329 do Código Penal (resistência). Fato é que a
denúncia genérica, vaga e incompleta, que não descreve objetiva e concretamente a
conduta delitiva do acusado, com todas as suas circunstâncias, há de ser tida por
formalmente inepta, vez que não observa o artigo 41 do Código de Processo Penal.
Na hipótese em testilha, a denúncia não se explicita como ocorreu a
resistência, de que modo se concretizou, se por atos, palavras, gestos etc. É cediço
que o denunciado tem que se defender de uma imputação precisa e bem delineada,
que lhe possibilite exercer amplamente sua defesa.
A descrição correta do fato, circunstanciado, é dever do promotor de
justiça. A denúncia há de permitir a identificação bem delineada da conduta, o que
não ocorre no caso. Precedentes no STF:
É inepta a denúncia que não descreve pormenorizadamente o fato criminoso,
dificultando o exercício da ampla defesa (art. 562/427).
Também assim o STJ:
Não contendo a denúncia, ainda que resumidamente,
elementos que tipifiquem a conduta do indiciado, nem
individualizem seu proceder, peca por inépcia, determinando,
assim, o trancamento da ação penal. Precedentes do STF e do
STJ. Recurso conhecido (RSTJ 24/415).
Assim, a inépcia da denúncia decorre de sua já apontada narrativa vaga,
que não descreve o fato típico em sua inteireza. Por essa razão, com fundamento no
artigo 41 do Código de Processo Penal, REJEITO A DENÚNCIA OFERECIDA
CONTRA O ACUSADO _____.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local e data.
Manual Prático de Decisões Criminais 103

2.1 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Pressuposto Processual.

O representante do Ministério Público ofertou denúncia em face de


________. Narra a inicial acusatória narra que ___________.
Vieram-me conclusos.
Decido.
O art. 395 do CPP arrola as hipóteses nas quais o juiz rejeitará a denúncia.
Dentre elas, figura a falta de pressuposto processual (art. 395, II, 1a. parte).
Pressupostos processuais são condicionantes da existência ou da validade
da ação penal, sendo reiteradamente classificados pelos doutrinadores como
objetivos ou subjetivos. Dentre os primeiros, figuram a capacidade de ser parte e a
capacidade postulatória. Os segundos são estratificados como intrínsecos e
extrínsecos.
A capacidade de ser parte, no pólo ativo da demanda processual penal,
toca ao Ministério Público ou ao ofendido, conforme se trate de ação pública ou
privada. No pólo passivo da demanda, a capacidade coincide com a imputabilidade,
cabendo aos maiores de dezoito anos.
A capacidade postulatória, outrossim, significa que a parte deve estar
representada por um Defensor Público ou advogado, que garantirá sua defesa
técnica.
Os pressupostos processuais objetivos intrínsecos, por sua vez, dizem
quanto aos requisitos da inicial acusatória, sendo que tal hipótese já foi tratada pelo
inciso I do art. 395 o CPP e ainda quanto à ausência de instrumento de mandato.
Finalmente, pressupostos processuais objetivos extrínsecos são os referentes à
inexistência de fatos que impeçam a constituição do processo, como a litispendência
e a coisa julgada.
Na presente hipótese, dessume-se que houve falta de _________,
redundando, portanto, na ausência de pressuposto processual _________, razão
porque a demanda não pode prosperar.
Por ser assim, imperiosa a rejeição da denúncia, como corolário da
preservação da garantia constitucional do devido processo legal.
Por todo o exposto, rejeito a denúncia direcionada em face de ________,
à vista da cabal inexistência de pressuposto processual ________, na forma
preconizada pelo art. 395, II do CPP.
Intime-se.
Preclusa a presente, arquivem-se os autos com as devidas baixas.
Local e data.
104 Manual Prático de Decisões Criminais

2.2 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Condições da Ação.

O representante do Ministério Público ofertou denúncia em face de


_______. Narra a inicial acusatória narra que __________.
Vieram-me conclusos.
Decido.
O art. 395 do CPP arrola as hipóteses nas quais o juiz rejeitará a denúncia.
Dentre elas, figura a falta de condições para o exercício da ação penal (art. 395, II,
2a. parte).
As condições para o exercício da ação penal, também comumente
denominadas pela doutrina como condições de procedibilidade, são as que devem se
fazer presentes em certas ações penais, de forma que não se revestem de caráter
geral. São, portanto, específicas e possuem natureza estritamente processual,
constituindo-se em condição sem a qual para a propositura da demanda processual
penal. Exemplos comumente apontados são a representação da vítima, a requisição
do Ministro da Justiça, as hipóteses previstas no art. 7º do CP.
Na presente hipótese, dessume-se que houve falta de __________,
redundando, portanto, na ausência de condição de procedibilidade _______, razão
porque a demanda não pode prosperar.
Por ser assim, imperiosa a rejeição da denúncia, como corolário da
preservação da garantia constitucional do devido processo legal.
Por todo o exposto, rejeito a denúncia direcionada em face de ______, à
vista da cabal inexistência de pressuposto processual _____, na forma preconizada
pelo art. 395, II do CPP.
Intime-se.
Preclusa a presente, arquivem-se os autos com as devidas baixas.
Local e data.

2.3 Decisão. Rejeição. Denúncia. Falta de Justa Causa.

O Ministério Público do Estado de Alagoas, por seu/sua Promotor(a) de


Justiça, no uso de suas atribuições legais, ofereceu denúncia em desfavor de
_____________ como incursos nas sanções previstas no art. ______ do Código
Penal, aduzindo, para tanto, as questões de fato e de direito constantes na peça
inicial acusatória.
Manual Prático de Decisões Criminais 105

Nos termos do art. 395 do CPP, a denúncia será rejeitada quando for
manifestamente inepta; faltar pressuposto processual ou condição para exercício da
ação penal; ou, ainda, faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Pois bem, no caso em testilha, das hipóteses colacionadas alhures,
percebe-se de maneira clara faltar justa causa para o exercício da ação penal, dada a
inexistência de lastro probatório mínimo que dê sustentação à acusação formulada.
Com efeito, para o regular e tranquilo exercício da ação penal contra o
denunciado, revela-se imprescindível lastreá-la em um mínimo de provas, ou até
mesmo diminutos elementos de informação colhidos durante a investigação do fato.
Este suporte probatório mínimo tem conexão com indícios da autoria, existência
material de uma conduta típica e alguma prova de sua ilicitude e culpabilidade, o
que, prima facie, não consta na inicial acusatória.
Neste sentido, o recente posicionamento do Supremo Tribunal Federal:
EMENTA Inquérito. Utilização indevida, em proveito próprio
ou alheio, de rendas públicas (art. 1º, II, do Decreto-lei nº
201/67). Imputação a prefeito municipal. Alegação de inépcia
da denúncia e de ilegitimidade passiva. Preliminares
rejeitadas. Falta de justa causa para a ação penal.
Caracterização. Inexistência de suporte probatório
mínimo a amparar a imputação. Prefeito que se limitou a
celebrar convênio com a Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA) para a construção de módulos sanitários. Licitação
realizada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, que
firmou o contrato de empreitada, realizou as medições de obra
e todos os pagamentos à contratada. Subordinação hierárquica
da Secretaria Municipal ao Prefeito que não gera, por si só, a
responsabilidade desse último. Impossibilidade, ademais, de
observância do plano original de trabalho do convênio.
Demora, tanto na liberação das verbas, por parte da FUNASA,
como na licitação das obras, o que acabou por gerar o aumento
do custo unitário inicialmente previsto. Licitação e contratação
que observaram a redução de meta. Execução parcial do
convênio justificada. Existência de seis boletins de medição
atestando a execução de 99,35% do objeto do contrato, os
quais não foram infirmados por mera vistoria da Caixa
Econômica Federal, realizada muito tempo após a conclusão
das obras, noticiando a execução de 54,43% do objeto
originário do convênio. Falta de aquiescência formal da
convenente à redução de metas e inércia do Prefeito em
106 Manual Prático de Decisões Criminais

prestar as contas inicialmente exigidas. Não estabelecimento


de sua responsabilidade penal, uma vez que as obras foram
realizadas e não há prova idônea de utilização indevida ou de
desvio de verba. Pretendida responsabilização criminal do
Prefeito por supostamente ter atestado a execução integral das
obras e serviços previstos no Convênio. Descabimento.
Documento que, além de expressamente consignar que o
cumprimento ocorreu com redução de meta, não teve
relevância causal, uma vez que foi firmado quando já findo o
mandato do Prefeito e muito tempo após as medições da obra
e dos pagamentos à contratada. Ação penal julgada
improcedente. 1. Não é inepta a denúncia que descreve,
suficientemente, o fato criminoso e suas circunstâncias, de
modo a possibilitar o pleno exercício do direito de defesa. 2. A
aferição da legitimidade passiva de parte na ação penal deve
ter por base o que o órgão acusador alega, abstrata e
hipoteticamente, na denúncia, razão pela qual a ausência de
substrato probatório mínimo que ampare a imputação se
imbrica com questão diversa, qual seja, a falta de justa causa.
3. A justa causa para a ação penal consiste na exigência de
suporte probatório mínimo a indicar a legitimidade da
imputação e se traduz na existência, no inquérito policial
ou nas peças de informação que instruem a denúncia, de
elementos sérios e idôneos que demonstrem a
materialidade do crime e de indícios razoáveis de autoria.
Precedentes. 4. O simples fato de o Prefeito ter firmado
convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para
a execução de obras no município é insuficiente para sustentar
a imputação de que se utilizou indevidamente, em proveito
próprio ou alheio, dos valores recebidos àquele título (art. 1º,
II, do Decreto-lei nº 201/67). 5. Uma vez que a licitação das
obras foi realizada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura,
que firmou o contrato de empreitada dela decorrente, realizou
as medições de obra e efetuou todos os pagamentos à
contratada, a mera subordinação hierárquica da referida
Secretaria Municipal ao Prefeito não gera, por si só, a
responsabilidade desse último por supostos desvios de verbas
na execução do contrato. Precedente. 6. A impossibilidade de
cumprimento das metas previstas no plano de trabalho
originário se deveu ao dilatado lapso temporal transcorrido
Manual Prático de Decisões Criminais 107

entre a celebração do convênio, a liberação dos recursos por


parte da FUNASA e a licitação, fato que implicou o aumento
do custo unitário dos bens a serem construídos. A falta de
aquiescência formal da convenente à redução de metas, assim
como a inércia do Prefeito em prestar as contas inicialmente
exigidas, não firmam, por si só, sua responsabilidade penal
pelo crime descrito no art. 1º, II, do Decreto-lei nº 201/67,
uma vez que as obras foram realizadas e não há prova idônea
de utilização indevida ou de desvio das verbas recebidas. 7.
Em face de seis boletins de medição atestando a quase
integralidade (99,35%) do cumprimento do objeto do contrato,
simples vistoria da Caixa Econômica Federal - realizada muito
tempo após a conclusão das obras - noticiando a execução de
54,43% do objeto originário do convênio, sem atentar para a
redução de metas decorrente do aumento do custo unitário dos
bens ou para o total de unidades efetivamente licitadas e
contratadas pelo Município, sem confrontar os boletins de
medição e sem outros elementos de prova que a corroborem, é
insuficiente para comprovar a materialidade do crime descrito
no art. 1º, II, do Decreto-lei nº 201/67. Inexistência, portanto,
de elementos sérios e idôneos que demonstrem a imputada
utilização indevida ou o desvio de valores transferidos ao
Município por força de convênio com a FUNASA. 8. O fato
de o Prefeito ter emitido relatório atestando a execução
integral das obras e dos serviços previstos no Convênio não
tem relevância causal para a imputação do crime descrito no
art. 1º, II, do Decreto-lei nº 201/67, uma vez que esse
documento, além de ter expressamente ressalvado o
cumprimento com redução de meta, foi firmado muito tempo
após as medições da obra e os pagamentos realizados à
contratada, e quando já findo o seu mandato. 9. Ação penal
julgada, desde logo, improcedente (art. 6º da Lei nº 8.038/90).
(STF, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, data de julgamento:
12/08/2014, primeira turma). Grifamos.
Posto isso, nos termos do art. 395, III, do CPP, REJEITO A DENÚNCIA,
considerando a falta de justa causa para o exercício da ação penal, haja vista a
inexistência de substrato probatório mínimo que autorize a deflagração da ação
penal em face de ______________.
P. I. Após a preclusão, arquive-se.
108 Manual Prático de Decisões Criminais

Local e data.

3 MANUTENÇÃO DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. ART. 399 DO


CPP.

O Ministério Público do Estado de Alagoas, por seu/sua Promotor(a) de


Justiça, no uso de suas atribuições legais, ofereceu denúncia em desfavor de
________como incursos nas sanções previstas no art.____ do Código Penal,
aduzindo, para tanto, as questões de fato e de direito constantes na peça inicial
acusatória.
A defesa do réu ofereceu resposta à acusação, nos termos do art. 396 e
396-A, ambos do CPP (fls.___).
Em síntese, é o relatório. Passo a decidir.
Analisando a(s) resposta(s) à acusação feita(s) pelo(s) réu(s), entendo que
ela(s) não traz(em) provas cabais de existência de causa excludente da ilicitude do
fato ou da culpabilidade do(s) agente(s).
Por outro lado, a(s) peça(s) defensiva(s) não teve(tiveram) o condão de
demostrar que esteja extinta a punibilidade do(s) acusado(s). Além disso, o fato
narrado na denúncia constitui, em tese, crime.
Assim, deixo de absolver sumariamente o(s) denunciado(s), ante a
inocorrência das situações especificadas no art. 397 do CPP, com redação dada pela
Lei nº 11.719/2008.
Deve-se destacar, todavia, que o magistrado, nesta fase do procedimento,
não deve adentrar incisivamente em detalhes sobre a materialidade e autoria do fato,
sob pena de realizar um juízo precipitado de mérito. Lado outro, imperioso ressaltar
o recente posicionamento do Superior Tribunal de Justiça nesse sentido, porquanto
entende àquela Corte que “a manifestação do Juízo processante não há de ser
exaustiva, sob pena de antecipação prematura de um juízo meritório que deve ser
naturalmente realizado ao término da instrução criminal, em estrita observância dos
princípios da ampla defesa e do contraditório.” (Habeas Corpus nº 167.378-SE, STJ,
5ª Turma, unânime, Rel. Min. Laurita Vaz , julgado em 23.8.2011, publicado no DJ
em 8.9.2011).
Posto isso, nos termos do art. 399 do CPP, designo o dia de de
para realização de audiência de instrução e julgamento. Inclua-se o processo na
pauta. Ou Posto isso, nos termos do art. 399 do CPP, designe-se audiência de
instrução e julgamento. Inclua-se o processo na pauta.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Local e data.
Manual Prático de Decisões Criminais 109

4 SENTENÇA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.

Vistos, etc.
O Ministério Público do Estado de Alagoas denunciou XXXX pela
prática de furto ocorrido em _________________.
Foi apresentada resposta escrita.
É o relatório. Decido.

4.1 Fundamentação

A hipótese reclama a absolvição sumária do acusado, vez que o fato


narrado não chega a constituir crime (art. 397, III, do CPP), à luz do princípio da
lesividade mínima. É que, in casu, apura-se a subtração de alguns itens de higiene
pessoal ocorridos há mais de cinco anos, o que afetou infimamente o patrimônio da
empresa vitimada.
Ao aviso de Cezar Roberto Bittencourt, “a criminalização de uma conduta
só se legitima se constituir meio necessário para a prevenção de ataques contra bens
jurídicos importantes” (BITENCOURT, 2012)

4.2 Dispositivo

Diante do exposto, e com fundamento no art. 397, inciso III, do Código


de Processo Penal (resolvendo o mérito), ABSOLVO SUMARIAMENTE o acusado
quanto aos fatos apurados nestes autos.
Sem custas.
Após o trânsito em julgado, arquive-se.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local e data.

5 DECISÃO. MUTATIO LIBELLI.

No decorrer da instrução processual, surgiram novos fatos, os quais


possuem o condão de alterar os termos da inicial acusatória.
A hipótese, portanto, é de mutatio libelli (art. 384 do CPP).
110 Manual Prático de Decisões Criminais

Por ser assim, remetam-se os autos ao Ministério Público para, querendo,


aditar a denúncia, no prazo de cinco dias.
Uma vez aditada a denúncia, intime-se a defesa para se manifestar em 5
dias.
Depois da manifestação defensiva, voltem-me conclusos para rejeitar ou
receber o aditamento.
Local e data.

6 EMENDATIO LIBELLI. SENTENÇA CONDENATÓRIA. ROUBO.

Relatório

O(A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de _______, nos autos qualificado(s), atribuindo-
lhe(s) a prática do(s) crime(s) de roubo com as causas de aumento de pena pelo uso
de arma e pelo concurso de pessoas, previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP.
Consta da peça acusatória, em síntese, que, no dia ____, por volta das
___, na rua ___, na cidade de ____, o acusado _______ em concurso com ______,
mediante violência e grave ameaça exercida com emprego de uma arma de fogo (ou
faca ou qualquer outra arma própria ou imprópria) -, subtraiu vários pertences de
________ .
Com a exordial, veio o inquérito policial.
A denúncia foi recebida em ___, com despacho positivo às fls.___.
O(s) acusado(s) foi(ram) interrogado(s) (fls.__) e apresentou(aram) defesa
(fls.__). Durante a instrução do feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas
partes (fls.__). Ou: Durante a instrução criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas
pelas partes e, em seguida, interrogado(s) o(s) réu(s) (fls.__).
Na fase das alegações finais, o representante do Ministério Público
ratificou o teor da peça exordial e asseverou que a materialidade e a autoria do crime
restaram comprovadas, razão pela qual requereu a condenação do(s) acusado(s)
(fls.__).
O(A) defensor(a) do(s) denunciado(s), por sua vez, requereu a absolvição
do(s) réu(s) (fls.__).
Vieram os autos conclusos para sentença.
Manual Prático de Decisões Criminais 111

Fundamentação
Da autoria e materialidade do crime

Imputa-se a _______ a prática do crime de roubo com as causas de


aumento de pena pelo uso de arma e pelo concurso de pessoas, previsto no art. 157,
§ 2º, I e II, do CP.
Roubo é a subtração de coisa móvel alheia mediante violência, grave
ameaça ou qualquer meio capaz de anular a capacidade de resistência da vítima (CP,
art. 157, caput). Trata-se de crime complexo, em que a lei penal protege a posse,
propriedade, integridade física, saúde e liberdade individual.
Como relação ao crime em epígrafe, a pretensão punitiva do estado deve
prosperar, pois a AUTORIA e a MATERIALIDADE do crime são induvidosas,
diante das provas carreadas aos autos.
Com efeito, o(s) réu(s), ao sere(em) ouvido(s) em juízo, confessou(aram)
que praticaram o crime, conforme se verifica às fls. A confissão do(s) acusado(s) foi
corroborada pelos depoimentos das pessoas ouvidas em juízo.
Realmente, a vítima ____ reconheceu o(s) acusado(s) com sendo um dos
autores (ou o autor) do crime, narrando, com riqueza de detalhes, a sua ação
delituosa, inclusive informando que a violência (ou a ameaça) foi exercida com
emprego de uma arma de fogo (ou faca) e que o delito foi praticado por mais de uma
pessoa (fls. 71).
No mesmo sentido foi o depoimento do(a) Sr(a). ____, que atestou que
presenciou o fato e apontou o(s) réu(s) como sendo um dos autores do roubo,
asseverando que o crime foi praticado por mais de uma pessoa e com uso de uma
arma de fogo (ou faca) (fls. 86-87).
Cumpre salientar que os bens das vítimas foram subtraídos mediante
grave ameaça (ou violência), razão pela qual não há como desclassificar o fato para
o crime de furto, como pretende a defesa, em suas alegações finais.
Além disso, não pode incidir o disposto no art. 29, § 2º, do CP ("Se algum
dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave."). Com efeito, o referido dispositivo legal só se aplica às
hipóteses de participação (moral, material), sendo certo que o réu foi co-autor do
delito. Além disso, não há nenhum elemento que indique que o acusado tinha a
intenção de cometer crime menos grave do que o de roubo.
112 Manual Prático de Decisões Criminais

Das causas da pena

Consta da denúncia que o crime de roubo foi praticado em concurso de


pessoas e que a violência/ameaça foi exercida com emprego de arma.
Conforme veremos, realmente aquelas circunstâncias restaram
comprovadas, razão pela qual a pena do(s) réu(s) deve ser aumentada, nos termos do
art. 157, § 2º, I e II, do CP.
Com relação ao concurso de pessoas, não há como esconder a realidade:
o(s) réu(s) praticou(aram) o crime em concurso (CP, art. 29, caput), conforme se
verifica dos depoimentos das pessoas ouvidas em juízo, já mencionados acima, as
quais asseveraram que o delito foi cometido por mais de um agente.
Cumpre salientar que a aludida causa de aumento de pena deve ser
reconhecida ainda que um dos agentes seja menor inimputável ou não tenha sido
reconhecido, pois a simples presença de mais de um agente facilita, de qualquer
forma, a concretização do delito, na medida em que torna mais árdua a defesa da
vítima.
Por outro lado, ficou provado, pelas provas acima já examinadas, que a
violência/ameaça foi exercida com emprego de uma arma de fogo (ou faca). Com
efeito, a vítima e as testemunhas afirmaram, com segurança, que o(s) réu(s)
usou(aram) uma faca/revolver para cometer o crime.
Cumpre salientar que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que
é desnecessário, para a caracterização da causa especial de aumento de pena prevista
no art. 157, § 2º, I, do CP, a apreensão e perícia de arma efetivamente utilizada para
o cometimento do crime de roubo, desde que fique comprovado por outros meios de
prova a sua potencialidade lesiva. Nesse sentido:
RECURSO ESPECIAL. ROUBO. EMPREGO DE ARMA
BRANCA. AUSÊNCIA DE APREENSÃO E DE EXAME
PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE. DEPOIMENTO DA
VÍTIMA. PROVA SUFICIENTE. RESTABELECIMENTO
DA MAJORANTE PREVISTA NO INCISO I DO チ˜ 2º DO
ART. 157 DO CÓDIGO PENAL.
1.Tratando-se de uma faca, a arma utilizada no roubo, é
dispensável para o reconhecimento da majorante prevista no
inciso I do チ˜ 2º do art. 157 do CP a sua apreensão e perícia,
mormente quando há depoimento firme e coerente da vítima
dando conta de seu efetivo uso.
2.Recurso especial provido. (STJ, 5ª Turma, Resp 1121391/SP,
Relator(a) Ministro JORGE MUSSI. Data do Julgamento:
Manual Prático de Decisões Criminais 113

17/06/2010, DJe 28/06/2010). (Destacamos).


Diante de tudo o que foi exposto, a conclusão a que se chega é a de que a
conduta levada a efeito pelo(s) réu(s) se subsume no preceito primário da norma
contida no art. 157, § 2º, I e II, do CP, restando o crime de roubo consumado sob a
forma dolosa, não pairando dúvidas de que o(s) acusado(s) seja o autor (ou um dos
autores) e de que não existe nenhuma circunstância que exclua o crime ou isente o(s)
réu(s) de pena.

Do concurso formal de crimes e da emendatio libelli

Como se observou claramente pelas declarações dos depoimentos das


pessoas ouvidas durante a instrução criminal (fls.___), o(s) réu(s), mediante uma só
ação e em um só contexto fático, praticou(aram) violência/grave ameaça contra duas
pessoas, produzindo multiplicidade de violações possessórias, ou seja, lesando o
patrimônio das duas vítimas. Nesses casos, em que há uma só ação, embora
desdobrada em vários atos, o agente responde por roubos em concurso formal, não
devendo se cogitar de crime único nem tampouco de concurso material ou de
continuidade delitiva. É esse o entendimento jurisprudencial dominante:
HABEAS CORPUS. ROUBO. CONCURSO FORMAL.
MAIS DE UM BEM JURÍDICO ATINGIDO.
PLURALIDADE DE VÍTIMAS. INOCORRÊNCIA DE
CRIME ÚNICO. COAÇÃO ILEGAL NÃO
DEMONSTRADA.
1.Evidenciado que o roubo foi praticado contra vítimas
distintas, na mesma situação fática e objetivando patrimônios
diferentes, tem-se como configurado o concurso formal, e não
a hipótese de crime único.
EXECUÇÃO. REGIME PRISIONAL FECHADO.
PACIENTE REINCIDENTE. MODO INTERMEDIÁRIO.
PRETENDIDA IMPOSIÇÃO. SÚMULA 269 DESTE STJ.
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. REPRIMENDA
SUPERIOR A QUATRO ANOS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.
1.Inviável a fixação do modo semiaberto ao paciente
reincidente quando, não obstante a favorabilidade de todas as
circunstâncias judiciais, a pena foi definitivamente fixada em
patamar superior a 4 (quatro) anos de reclusão, circunstância
que indica que o modo fechado para o início do desconto da
114 Manual Prático de Decisões Criminais

sanção privativa de liberdade mostra-se o mais adequado para


a prevenção e repressão do delito denunciado.
2.Ordem denegada. (STJ, 5ª Turma, HC 139740/MG,
Relator(a) Ministro JORGE MUSSI. Data do Julgamento:
05/05/2011, Dje: 23/05/2011) .
Cumpre ressaltar que o representante do Ministério Público descreve tal
situação na denúncia, embora não classifique os fatos expressamente como concurso
formal de delitos. Realmente, consta da peça acusatória que, no mesmo dia e hora e
no mesmo contexto fático, o réu, mediante violência e grave ameaça, subtraiu bens
de duas vítimas, tendo sido indicado o nomes das duas.
Assim, é o caso de se fazer a emendatio libelli, autorizada pelo artigo do
CPP, com redação dada pela Lei nº 11.719/2008, que diz que "O juiz, sem modificar
a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave".
Isso corre em razão de que a correlação entre a imputação e a sentença -
impeditiva de julgamento extra petita, ultra petita ou citra petita -, deve ser
verificada entre a sentença e o fato descrito na denúncia, e não entre aquela e a
capitulação jurídica atribuída aos fatos pela peça acusatória.
Realmente, conjuntamente com o princípio da correlação, vigora no
processo penal o princípio do jura novit curia (livre dicção do direito) e do narra
mihi factum dabo tibi jus (narra-me o fato e te darei o direito). Se o juiz conhece o
direito, é evidente que a errada capitulação do crime feita na denúncia não constitui
obstáculo à prolação de sentença condenatória, ainda que a pena a ser imposta seja
mais grave. Assim, a pena do réu será aumenta, nos termos do art. 70, caput, do CP.
Isto posto, julgo procedente a pretensão punitiva do estado, para, em
conseqüência, CONDENAR _____ como incurso nas penas do crime de roubo,
previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP c/c art. 70, caput, também do CP.

Da dosimetria da pena

Estando demonstrada a materialidade e a autoria do delito de roubo, resta


fazer a dosimetria da pena (CP, art. 68 e CF, 5º, XLVI).
Porém, antes de fixar a sanção, cumpre salientar que não tenho como
levar em consideração as agravantes do art. 62 do CP, posto que não existem provas
que revelem que o réu se enquadre em algumas das situações previstas naquele
dispositivo legal. Ademais, já estando reconhecida a causa de amento de pena pelo
concurso de pessoas, aplicar a agravante pelo mesmo concurso de agente constituir-
se-ia um condenável bis in idem.
Manual Prático de Decisões Criminais 115

Ressalte-se, ainda, que, no caso de concurso formal de crimes, não vigem,


em relação à pena de multa, as regras do art. 70 do CP, mas a prevista no art. 72
daquele mesmo código, que adota o sistema do cúmulo material das penas
pecuniárias, devendo, assim, as multas serem aplicadas distintas e integralmente, ou
seja, somadas.
Nessa fase da sentença, não se pode olvidar que a nossa lei penal adotou o
CRITÉRIO TRIFÁSICO de Nelson Hungria (CP, art. 68), em que na primeira etapa
da fixação da reprimenda analisam-se as circunstâncias judiciais contidas no art. 59
do CP, encontrando-se a pena-base; em seguida consideram-se as circunstâncias
legais genéricas (CP, arts. 61, 65 e 66), ou seja, as atenuantes e agravantes; por
último, aplicam-se as causas de diminuição e de aumento de pena, chegando-se à
sanção definitiva. É o que passarei a fazer.

Do réu

a) culpabilidade: A culpabilidade do agente restou evidenciada nos autos, sendo


muito censurável a sua conduta, já que agiu de maneira premeditada, fria e
astura, consistente no fato _____;
b) o(a) acusado(a) é considerado(a) primário(a) e não possui antecedentes
criminais, na media em que processos em curso não configuram tais
antecedentes em virtude do princípio constitucional da presunção de inocência
(Súmula 444 do STJ);
c) sobre a conduta social e a personalidade do acusado, não existe nada nos
autos, portanto, presumem-se boas;
d) o motivo do crime, normalmente, é o desejo de obter lucro fácil, elementar a
qualquer crime contra o patrimônio, razão pela qual não elevará a pena-base;
e) circunstâncias do crime prejudicam o réu, pois cometeu o crime _____;
f) consequências extrapenais do crime são normais para essa espécie de delito,
logo não incrementará a pena-base;
g) comportamento das vítimas: as vítimas não contribuíram em nada para a
prática do crime.

Desnecessária a observância do inc. I do art. 59 do CP, por inexistir


previsão de pena alternativa. A situação econômica do réu presume-se não ser boa
(CP, art. 60).
Assim, atento às circunstâncias analisadas, com fulcro no art. 157, caput,
do CP, fixo a pena-base em ____anos de reclusão e _____dias-multa sobre 1/30 do
116 Manual Prático de Decisões Criminais

maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato (CP, art. 49, § 1º).
Considerando a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, 'd', do
CP), reduzo a reprimenda para _____e 130 (cento e trinta) dias-multa sobre 1/30 do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato.
Inexistem agravantes.
Tendo em vista a incidência das causas de aumento de pena previstas no
art. 157, § 2º, incisos I (emprego de arma de fogo), II (concurso de pessoas) e V
(restrição da liberdade das vítimas) - e considerando as circunstâncias como se deu o
crime de roubo, já que foi cometido _______, elevo a sanção, ficando em ______ de
reclusão e ______dias-multa sobre 1/30 do maior salário mínimo mensal vigente ao
tempo do fato.
Incide, ainda, a causa de aumento de pena prevista no art. 70 do CP, pois
restou verificado a existência do concurso formal de crimes, conforme
fundamentação acima. Considerando que as penas dos delitos são idênticas e tendo
em vista que, conforme os réus mesmos admitiram, foram subtraídos bens de
______ vítimas, ou seja, foram cometidos ______ crimes de roubo, elevo a sanção
em 1/2 (um meio), ficando em _______ de reclusão.
As penas pecuniárias devem ser somadas, nos termos do art. 72 do CP, e
não apenas exasperadas. Considerando que foram cometidos _____ delitos de roubo
em concurso formal, a pena de multa definitiva é de _____ sobre 1/30 do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato.
A pena será cumprida inicialmente em regime fechado (CP, art. 33, § 2º,
'a', do CP). Para o pagamento da multa imposta, deverá ser observado o disposto nos
arts. 49, § 2º, e 50, ambos do CP.

Do réu

a) culpabilidade: A culpabilidade do agente restou evidenciada nos autos, sendo


muito censurável a sua conduta, já que agiu de maneira premeditada, fria e
astura, consistente no fato _____;
b) o(a) acusado(a) é considerado(a) primário(a) e não possui antecedentes
criminais, na media em que processos em curso não configuram tais
antecedentes em virtude do princípio constitucional da presunção de inocência
(Súmula 444 do STJ);
c) sobre a conduta social e a personalidade do acusado, não existe nada nos
autos, portanto, presumem-se boas;
d) o motivo do crime, normalmente, é o desejo de obter lucro fácil, elementar a
qualquer crime contra o patrimônio, razão pela qual não elevará a pena-base;
Manual Prático de Decisões Criminais 117

e) circunstâncias do crime prejudicam o réu, pois cometeu o crime _____;


f) consequências extrapenais do crime são normais para essa espécie de delito,
logo não incrementará a pena-base;
g) comportamento das vítimas: as vítimas não contribuíram em nada para a
prática do crime.
Desnecessária a observância do inc. I do art. 59 do CP, por inexistir
previsão de pena alternativa. A situação econômica do réu presume-se não ser boa
(CP, art. 60).
Assim, atento às circunstâncias analisadas, com fulcro no art. 157, caput,
do CP, fixo a pena-base em ____ anos de reclusão e _____ dias-multa sobre 1/30 do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato (CP, art. 49, § 1º).
Considerando a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, 'd', do
CP), reduzo a reprimenda para ___ anos de reclusão e ____ dias-multa sobre 1/30 do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato.
Inexistem agravantes.
Tendo em vista a incidência das causas de aumento de pena previstas no
art. 157, § 2º, incisos I (emprego de arma de fogo), II (concurso de pessoas) e V
(restrição da liberdade das vítimas) - e considerando as circunstâncias como se deu o
crime de roubo, já que foi cometido ________, -, elevo a sanção, ficando em
_______de reclusão e _______ dias-multa sobre 1/30 do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato.
Incide, ainda, a causa de aumento de pena prevista no art. 70 do CP, pois
restou verificado a existência do concurso formal de crimes, conforme
fundamentação acima. Considerando que as penas dos delitos são idênticas e tendo
em vista que, conforme os réus mesmos admitiram, foram subtraídos bens de _____
vítimas, ou seja, foram cometidos ______ crimes de roubo, elevo a sanção em 1/2
(um meio), ficando em ________.
As penas pecuniárias devem ser somadas, nos termos do art. 72 do CP, e
não apenas exasperadas. Considerando que foram cometidos _______ delitos de
roubo em concurso formal, a pena de multa definitiva é de _____ sobre 1/30 do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato.
A pena será cumprida inicialmente em regime fechado (CP, art. 33, § 2º,
'a', do CP), atendendo-se ao previsto no art, 387, §2º, do CPP (O tempo de prisão
provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro,
será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade). Para o pagamento da multa imposta, deverá ser observado o disposto nos
arts. 49, § 2º, e 50, ambos do CP.
118 Manual Prático de Decisões Criminais

Da indenização civil

Dispõe o art. 387, IV, do CPP, com redação dada pela Lei nº 11.719/2008,
que, em caso de condenação do réu, deve o magistrado fixará o valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelos ofendidos indiretos.
No caso em tela, não existem elementos suficientes para fixar o valor da
indenização, sequer em seu mínimo legal, pois não existem provas dos danos morais
nem dos materiais, vez que não consta nada nos autos sobre o valor dos objetos
subtraídos.
Por essas razões, se torna impossível o arbitramento do valor mínimo da
reparação dos danos, devendo a parte ofendida buscar a liquidação da sentença penal
condenatória no juízo competente, visando apurar o prejuízo efetivamente sofrido,
para poder ser indenizado.

Dispositivo

Posto isso, julgo procedente a pretensão punitiva do estado, para, em


conseqüência, CONDENAR ________ como incurso nas penas do crime de roubo,
previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP. Depois de feita, acima, a devida
individualização, a pena definitiva do réu é de _____ e _____ dias-multas sobre
1/30 do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, a ser cumprida
inicialmente em regime fechado (CP, art. 33, § 2º, 'a', do CP).
Condeno o(s) réu(s), ainda, ao pagamento das custas processuais; porém,
suspendo o pagamento dessa verba enquanto durar a situação de pobreza, tendo em
vista que ele(s) foram assistidos pela Defensoria Pública, logo, faz(em) jus aos
benefícios da assistência judiciária. Se dentro do prazo de 5 (cinco) anos, a contar
da decisão final, o assistido não puder satisfazer o pagamento daquelas verbas, a
obrigação será extinta pela prescrição, a teor do disposto no art. 12 da Lei nº
1.060/50. (Cf. Recurso Especial nº 1110476/SP, 2ª turma do STJ. Rel. Min. Herman
Benjamin, data do julgamento: 28/04/2009, DJe: 31/08/2009).

Providências finais

Por ser mais benéfico para o(s) acusado(s), determino a EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA, com fulcro no art. 2º, parágrafo único, da Lei nº
7.210/84, na súmula 716 do STF e na Resolução nº 113/2010 do Conselho Nacional
de Justiça. Assim, caso haja interposição de recurso e sendo este recebido, expeça-se
Manual Prático de Decisões Criminais 119

GUIA DE RECOLHIMENTO PROVISÓRIO, certificando-se nos autos tal


diligência. Sobrevindo decisão absolutória, mesmo não tendo transitado em julgado,
comunique-se imediatamente ao juízo da execução penal, para cancelamento da
referida guia.
Mantenho a prisão preventiva do(s) réu(s), por seus próprios
fundamentos, considerando que ainda subsistem os motivos ensejadores da
decretação da custódia cautelar.
Considerando que a(s) arma(s) e munições apreendida(s) não mais
interessam à persecução penal, encaminhe-se-as ao Comando do Exército para
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, nos
termos do art. 25 da Lei nº 10.826/2003.
P. R. I. Após o trânsito em julgado (CF, art. 5º, LVII):
1. Lance(m)-se o(s) nome(s) do(s) réu(s) condenado(s) no rol dos culpados;
2. Expeça(m)-se guia(s) de recolhimento DEFINITIVO para execução da(s)
pena(s) pelo juízo competente (LEP, art. 105);
3. Oficie-se à Justiça Eleitoral para fins de suspensão dos direitos políticos do(s)
réu(s) condenado(s) (CF, art. 15, III);
4. Preencha(m)-se o(s) Boletim(ns) Individual(is) do(s) acusado(s),
encaminhando-o(s) ao órgão encarregado da Estatística Criminal (CPP, art.
809);
5. Façam-se as demais comunicações de estilo e arquive-se.
Local e data.

7 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS

Relatório

O(A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de ______________, qualificado(s) nos autos,
atribuindo-lhe(s) a prática do crime de furto, previsto no art. 155, § 4º, I, do CP.
Consta na denúncia, em síntese, que no dia __________, por volta das 17
horas, na orla marítima da Barra de São Miguel, o(a) acusado(a), após destruição (ou
rompimento) de obstáculo, subtraiu o aparelho de telefone celular da vítima _____
Requereu, ao final, a citação do(s) réu(s) e a condenação dele(s) nas penas
cominadas ao delito acima mencionado.
A denúncia veio escoltada com os autos do inquérito policial. Foi
recebida a denúncia.
120 Manual Prático de Decisões Criminais

O acusado foi interrogado e apresentou defesa. Durante a instrução do


feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes. Ou: Durante a instrução
criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes e, em seguida,
interrogado(s) o(s) réu(s).
As partes apresentaram as alegações finais.

Fundamentação
Imputa-se ao(s) acusado(s) acima especificado(s) a prática do crime de
furto, previsto no art. 155, § 4º, I, do CP. A pretensão punitiva do Estado não merece
prosperar, pois não há provas suficientes para autorizar um édito condenatório.
De fato, o acusado, ao ser interrogado, negou ter cometido o crime. Por
outro lado, nenhuma das testemunhas ouvidas durante a instrução criminal
presenciou o fato, logo, não souberam dizer se o réu praticou realmente o delito. Ou:
De fato, o acusado não foi localizado para ser interrogado. Por outro lado, nenhuma
das testemunhas ouvidas durante a instrução criminal presenciou o fato, logo, não
souberam dizer se o réu cometeu o crime.
Como se percebe, não há provas que demonstrem que o(a) acusado(a)
tenha cometido o crime. Ora, para que o juiz declare a existência da
responsabilidade criminal e imponha sanção penal a uma determinada pessoa,
restringindo a sua liberdade, é necessário que adquira a certeza de que foi cometido
um ilícito penal e que seja ela a autora, ou seja, deve convencer-se de que são
verdadeiros os fatos narrados na peça acusatória. Como se sabe, o ônus da prova é o
encargo que tem a parte de demonstrar no processo a ocorrência de um fato que
alegou em seu interesse, sendo que, no processo penal de um Estado Democrático de
Direito que se propõe a respeitar a dignidade da pessoa humana, cabe ao acusador o
ônus de evidenciar a existência do fato e da respectiva autoria. De fato, a
Constituição Federal estatuiu – como consequência direta do princípio do devido
processo legal (art. 5º, LIV) – o denominado princípio da presunção de inocência,
segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória” (art. 5º, LVII). Tal regra também restou reforçada com
a adesão do Brasil à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de São
José da Costa Rica), conforme Decreto nº 678, de 6.11.92. Esta Convenção dispõe,
em seu art. 8º, 2, que “toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma
sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”. Por óbvio, não
pode o juiz condenar uma pessoa, restringindo a sua liberdade, sem a presença de
prova objetiva e robusta a respeito da autoria e da materialidade do crime.
A mera suspeita, que é uma opinião vaga, uma inferência que abre
caminho à dúvida, não se presta para tanto. Condenar com base em provas tão
frágeis como a dos autos, é o mesmo que ressuscitar o odioso e absurdo princípio da
Manual Prático de Decisões Criminais 121

presunção de culpa, adotado em regimes ditatoriais de triste memória, onde não se


respeita a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III).
Como se vê, para a condenação exige-se prova cabal e induvidosa.
Quanto mais atrozes forem os delitos, mais plena e clara deve ser a sua prova. E tem
que ser assim, caso se queira ter e viver num mundo melhor, mais sagrado e
respeitoso, onde o Estado, ao combater o crime, não queira igualar-se ao criminoso,
numa busca insana de realizar o Direito Penal a qualquer preço. No caso analisado
nestes autos, a conclusão a que se chega é a de que não existem provas suficientes
para embasar um decreto condenatório, razão pela qual deverá o magistrado
absolver o(a) acusado(a) por insuficiência de provas, em homenagem aos já citados
princípios da presunção de inocência e do in dubio pro reo.

Dispositivo

Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE A PRETENSÃO PUNITIVA DO


ESTADO, para, em consequência, com fulcro no art. 386, VII, do CPP, incluído pela
Lei nº 11.690/2008, ABSOLVER ____________, nos autos qualificado(s), da
imputação que lhe é feita neste processo, tendo em vista que não existem provas
suficientes que amparem um decreto condenatório.
Caso tenha sido decretada a prisão preventiva do(s) acusado(s), revogo-a.
Expeça-se alvará de soltura ou contramandado de prisão, conforme o caso. Publique-
se. Registre-se. Intime-se. Após o trânsito em julgado e a resolução sobre eventuais
bens apreendidos, arquive-se.
Local e data.

8 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

Relatório
O (A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,
ofertou denúncia em desfavor de _____________, qualificado(s) nos autos,
atribuindo-lhe(s) a prática do crime de furto, previsto no art. 155 do CP.
Consta na denúncia, em síntese, que no dia _____________, por volta das
17 horas, na orla marítima da Barra de São Miguel, o(a) acusado(a), após destruição
(ou rompimento) de obstáculo, subtraiu o aparelho de telefone celular da vítima
__________________.
122 Manual Prático de Decisões Criminais

Requereu, ao final, a citação do(s) réu(s) e a condenação dele(s) nas penas


cominadas ao delito acima mencionado.
A denúncia veio escoltada com os autos do inquérito policial.
Foi recebida a denúncia.
O acusado foi interrogado e apresentou defesa.
Durante a instrução do feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas
partes. Ou: Durante a instrução criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas
partes e, em seguida, interrogado(s) o(s) réu(s).
As partes apresentaram as alegações finais.

Fundamentação

Imputa-se ao(s) acusado(s) acima especificado(a) a prática do crime de


furto, previsto no art. 155 do CP.
A pretensão punitiva do Estado não merece prosperar, devendo o(s)
denunciado(s) ser absolvido(s), nos termos do art. 386, III, do CPP.
Com efeito, o fato levado a efeito pelo(s) acusado(s) não lesou
expressivamente o bem jurídico (patrimônio) tutelado pelo art. 155 do CP, sendo,
portando, materialmente atípico (atipicidade conglobante), dado a sua
insignificância.
No caso sob julgamento, o reconhecimento do princípio da insignificância
e a consequente absolvição do(s) acusado(s) se impõem, pois - embora haja provas
suficientes da autoria e materialidade de uma conduta aparentemente típica -, o
resultado advindo dela foi juridicamente irrelevante, não justificando a aplicação de
uma pena em resposta a um crime de bagatela, na medida em que o patrimônio, que
é o bem jurídico protegido pelo art. 155 do CP, não foi significativamente lesado ou
exposto a efetivo perigo de dano.
De fato, tratam os autos de um furto de (descrever o que fora furtado de
maneira sucinta), objeto(s) que é(são), notoriamente, de irrisório valor econômico.
Ora, o Direito penal é um recurso punitivo extremo, cumprindo ser
exercido somente quando os outros ramos do ordenamento jurídico mostrem-se
ineficientes, sendo certo que tal direito repressivo não deve intervir quando a lesão
advinda da conduta é mínima, reservando-se a sua atuação para as ofensas graves
aos bens jurídicos mais importantes. Formalmente o crime é conceituado com um
fato típico e antijurídico. A tipicidade é a adequação exata entre o fato concreto e a
descrição abstrata contida na lei.
Manual Prático de Decisões Criminais 123

O direito penal moderno, marcado pelos princípios da ofensividade e da


intervenção penal mínima, não se contenta que a tipicidade seja caracterizada pela
mera subsunção formal da conduta do agente à norma penal abstrata.
Exige, além disso, que a ação ou omissão do agente cause uma
significativa lesão ou um expressivo perigo concreto de lesão ao bem jurídico
protegido (princípio do nullum crimen sine iniuria), passando o crime a ser definido
com um fato ofensivo típico e materialmente antijurídico. Assim, diante de um
Estado Democrático de Direito, que tem como um de seus fundamentos a dignidade
da pessoa humana, é atípico o fato insignificante, de mínima perturbação social,
inexpressivo.
Nesse sentido, o jurista Luiz Flávio Gomes assevera que o Direito penal,
por ser o mais contundente meio de controle social de que se dispõe, só deve intervir
quando resulta absolutamente necessário para proteger bens jurídicos relevantes
diante de condutas externas capazes de causar, de modo intolerável (princípio da
fragmentariedade), uma lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido
(princípio da ofensividade) e sempre quando não exista outro meio mais idôneo e
menos agressivo que possa ser utilizado (princípio da subsidariedade ou da ultima
ratio) (GOMES, 2002, p. 32).
O princípio da ofensividade, que ora se invoca, é um dos mais
importantes para o Direito penal de um Estado que se diz Democrático de Direito e
que se propõe a respeitar a dignidade da pessoa humana (art. 1º, caput e inc. III, da
CF). O sobredito princípio consiste na determinação de que não há crime sem lesão
ou sem perigo concreto de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado (nullum
crimen sine iniuria). E mais: essa lesão ou perigo de lesão há de ser significativa,
pois, além da aludida ofensa, é preciso também constatar a intolerabilidade da
conduta ou do resultado, ou seja, somente os ataques insuportáveis é que podem ser
penalmente castigados. Como se percebe, outros dois princípios decorrem dos
princípios da intervenção mínima e da ofensividade. São eles os princípios da
fragmentariedade e da subsidiariedade. O princípio da fragmentariedade preceitua
que não basta um bem jurídico ser atacado para legitimar a proteção penal, essa
proteção só é legítima quando houver um ataque intolerável a um bem jurídico de
especial relevância, pois é o Direito penal “um arquipélago de pequenas ilhas no
grande mar do penalmente indiferente” (PRADO, 1999, p. 81).
Nesse sentido, dispõe art. 8º da Declaração Francesa dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789, in verbis: “a lei apenas deve estabelecer penas estrita
e evidentemente necessárias...”. Por outro lado, o princípio da subsidiariedade (ou da
ultima ratio) impede que a intervenção penal ocorra enquanto houver outros meios
para a proteção do bem jurídico que não sejam vias penais. Ora, sendo o direito
penal a mais dura de todas as intromissões estatais na liberdade do cidadão, só se
124 Manual Prático de Decisões Criminais

pode aceitar essa interferência quando outros meios menos duros não prometam um
êxito suficiente. Dos princípios acima citados, surge o princípio da insignificância,
que limita a ingerência penal, impondo uma interpretação restritiva da tipicidade do
fato e, por consequência, reduzindo a violência punitiva do Estado.
Com efeito, como já se disse alhures, para justificar a intervenção penal,
além da subsunção formal da conduta à letra da lei (tipicidade formal), torna-se
imprescindível a presença de uma ofensa ao bem jurídico protegido pela norma
penal primária. De fato, o delito não é só desvalor da ação (idoneidade lesiva da
conduta do agente) senão, sobretudo, desvalor do resultado (real afetação do bem
jurídico). A tipicidade, portanto, passa a ser entendida em sentido material, ou seja,
só será crime a conduta típica que ofenda efetivamente o bem jurídico penalmente
tutelado, pois a intervenção do Direito penal do ius libertatis somente se legitima
quando necessário (princípio da intervenção penal mínima). Assim, os princípios da
ofensividade e da intervenção penal mínima, que embasam o princípio da
insignificância, permitem excluir do âmbito do punível as condutas que, mesmo
cumprindo literalmente a descrição típica, mostram-se, em concreto, inofensivas ou
não significativamente ofensivas para o bem jurídico tutelado. Com efeito, não
resultando, de forma expressiva, nenhuma lesão ou efetivo perigo concreto de lesão
a esse bem jurídico, não se pode falar em fato típico. Como já se disse, no caso sob
julgamento, o reconhecimento do princípio da insignificância e a consequente
absolvição do(s) acusado(s) se impõem, pois - embora haja provas suficientes da
autoria e materialidade de uma conduta aparentemente típica -, o resultado advindo
dela foi juridicamente irrelevante, não justificando a aplicação de uma pena em
resposta a um crime de bagatela.
Nesse sentido, já decidiu o STJ:
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO TENTADO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.
MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DA
RES FURTIVA. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA
ESFERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. ORDEM
CONCEDIDA.
1.A conduta perpetrada pelo Paciente - tentativa de furto de 03
(três) caixas de refil Gillette, 01 (um) frasco de loção
bloqueadora solar Nívea e 01 (um) frasco de loção
bloqueadora solar Red Apple, bens avaliados no total em R$
73,95 (setenta e três reais e noventa e cinco centavos) - insere-
se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de
bagatela. 2. O fato não lesionou o bem jurídico tutelado pelo
Manual Prático de Decisões Criminais 125

ordenamento positivo, excluindo a tipicidade penal, dado o


reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do
agente, o mínimo desvalor da ação e por não ter causado
maiores consequências danosas. 3. Ordem concedida para,
cassando o acórdão impugnado, absolver o Paciente do crime
imputado, por atipicidade da conduta. (HC 222986/RJ,
[2011/0256896-0], Relator(a) Ministra LAURITA VAZ, 5ª
Turma do STJ, Julgamento: 27/03/2012; Dje: 03/04/2012)". E
ainda: "HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ABSOLVIÇÃO. 1. A
intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem
jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano com relevante
lesividade. Inocorrência de tipicidade material, mas apenas a
formal, quando a conduta não possui relevância jurídica,
afastando-se, por consequência, a ingerência da tutela penal,
em face do postulado da intervenção mínima. 2. No caso, não
há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do
comportamento do paciente, que subtraiu dois pés de tênis
(com numeração diversa) avaliados em R$ 30,00 (trinta reais),
sendo de rigor o reconhecimento da atipicidade da conduta. 3.
Ordem concedida. (HC 182323/SP, Relator(a) Ministro OG
FERNANDES, 6ª Turma do STJ, Julgamento: 16/02/2012,
Dje: 29/02/2012)
Portanto, a conclusão a que se chega é a de que o fato praticado pelo(s)
réu(s) é materialmente atípico, pois não lesou significativamente o bem jurídico
tutelado pelo art. 155 do CP, devendo ele(s) ser absolvido(s), em homenagem ao
princípio da insignificância, que é oriundo dos já citados princípios da dignidade da
pessoa humana, da ofensividade, da intervenção penal mínima, da subsidiariedade
e fragmentariedade do direito penal, todos necessariamente presentes em um Estado
que si diz Democrático de Direito e que tem a dignidade da pessoa humana como
um de seus fundamentos (CF, art. 1º, caput e inc. III).

Dispositivo

Isto posto, julgo improcedente a pretensão punitiva do Estado, e, em


consequência, com fulcro no art. 386, III, do CPP, ABSOLVO ________, nos autos
qualificado(s), da imputação que lhe é feita neste processo, tendo em vista que o fato
praticado por ele é materialmente atípico, em virtude de não ter lesado
significativamente o bem jurídico tutelado pelo art. 155 do CP.
126 Manual Prático de Decisões Criminais

Caso tenha sido decretada a prisão preventiva do(s) acusado(s), revogo-a.


Expeça-se alvará de soltura ou contramandado de prisão, conforme o caso.
Publique-se. Registre-se. Intime-se. Após o trânsito em julgado, arquive-
se.
Local e data.

9 SENTENÇA. ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA

EMENTA: Penal e Processual Penal. Tentativa de homicídio.


Autoria e materialidade comprovadas. Inexistência de causas
que excluam a ilicitude do fato. Laudo pericial que atesta ser o
réu inimputável e evidencia a sua periculosidade. Única tese
defensiva. Absolvição imprópria. Tribunal do Júri.
Desnecessidade. Inteligência do parágrafo único do art. 415,
CPP. Aplicação de medida de segurança de internação.

Relatório

O Representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de ____________, nos autos qualificado, atribuindo-
lhe a prática do crime de tentativa de homicídio qualificado, previsto no art. 121, §
2º, II e IV, c/c art. 14, II, ambos do CP.
Consta na denúncia, em síntese, que no dia ____, por volta das ___, no
local conhecido por __________, nesta cidade de __________, o réu praticou o
crime de tentativa de homicídio qualificado contra ________.
Infere-se, ainda, da inicial acusatória, que o acusado ________.
Finalmente, alegou o Promotor de Justiça aduziu que o acusado somente
não concluiu sua empreitada criminosa por razões alheias a sua vontade, já que fora
contido _______.
Requereu, ao final, a citação do réu e a condenação dele nas penas
cominadas ao delito supracitado.
Vieram, com a exordial, os autos do inquérito policial instaurado
mediante auto de prisão em flagrante.
A prisão em flagrante do réu foi homologada e convertida em segregação
preventiva (fls. ___).
A denuncia foi recebida em ___ (fl. ___).
O acusado foi citado e apresentou resposta á acusação (fls. ___).
Manual Prático de Decisões Criminais 127

Durante a instrução do feito, foram inquiridas as pessoas arroladas e, em


seguida, interrogado o réu (fls. ___).
Considerando a dúvida sobre a integridade mental do acusado, instaurou-
se incidente de insanidade (fls. ___).
Laudo de exame pericial atestando ser o réu, ao tempo do fato, incapaz de
compreender a ilicitude do fato e, ainda, de determinar-se de acordo com esta noção
(autos em apenso).
Laudo de exame de corpo de delito à fl. ___.
Em alegações finais, o representante do Ministério Público asseverou que
a materialidade e a autoria dos crimes restaram comprovadas, pugnando pela
aplicação de uma medida de segurança, sob o argumento de o acusado é
inimputável, devendo ser internado em hospital psiquiátrico para tratamento (fls.
___).
O defensor do réu, por outro lado, requereu a absolvição imprópria do
acusado, em razão de sua inimputabilidade, devendo ______ser submetido a medida
de segurança (fls. ___).
Vieram os autos conclusos para sentença.

Fundamentação

Cumpre salientar, precipuamente, que a aplicação de eventual medida de


segurança, em virtude da inimputabilidade, pressupõe que o agente, além de ser
dotado de periculosidade, tenha praticado um crime, ou seja, um fato típico e
antijurídico (ilícito), embora protegido por uma excludente de culpabilidade, que o
isenta de pena.
Assim, passo a analisar os pressupostos acima apontados.

Da autoria e da materialidade dos crimes e da ausência de causas excludentes


de ilicitude ou antijuridicidade

Imputa-se a _______, nos autos qualificado, a prática do crime de


tentativa de homicídio qualificado, previsto no art. 121, § 2º, II e IV, c/c art. 14, II,
ambos do CP.
A autoria e a materialidade do fato restou demonstrada, não havendo
prova de que o réu tenha agido sobre o amparo de alguma causa de exclusão de
ilicitude ou de antijuridicidade.
128 Manual Prático de Decisões Criminais

Com efeito, o laudo pericial de fl. ___ demonstra que a vítima foi
lesionada, e que o ferimento foi provocado por _____. Por outro lado, a autoria é
induvidosa, diante das provas produzidas em juízo.
Realmente, ___, vítima, asseverou que foi o réu o autor da lesão que
sofreu. Vejamos:
XXXX
XXXX
XXXX
No mesmo sentido, ____, em seu depoimento, informou ter ciência de
que o acusado fora o autor do fato, expressando-se da seguinte forma:
XXXX
XXXX
XXXX.
Por fim, em seu interrogatório, o réu confessou ter agredido a vítima,
afirmando ter ____ (fls. 120-121).
Diante do que foi exposto, a conclusão a que se chega é a de que a
conduta levada a efeito pelo acusado se subsume nos preceitos das normas contidas
nos arts. 121, c/c art. 14, II, ambos do CP, tendo ele tendo ele cometido o crime de
tentativa de homicídio, não existindo nenhuma circunstância que exclua a ilicitude
do fato.

Da periculosidade e da inimputabilidade

É imperioso o reconhecimento da inimputabilidade e da periculosidade do


acusado, sendo certo que esta última consiste no risco de reincidência, existente em
virtude da anomalia mental, que gera um estado de antissociabilidade, que impede o
agente de ter uma estrutura moral capaz de detê-lo.
No caso em tela, tal periculosidade restou evidenciada, havendo risco de o
acusado, caso seja solto, volte a cometer crimes.
Com efeito, o laudo pericial constante dos autos em apenso atestou que o
réu é portador de patologia mental codificada no CID 10, sob F06.8 (outros
transtornos mentais especificados devidos a uma lesão e disfunção cerebral e a uma
doença física). Os peritos revelaram, ainda, que o acusado tem “potencial
agressivo”, sendo pessoa com "alta periculosidade, de comportamento explosivo e
imprevisível", de modo que necessita de "acompanhamento médico especializado
em nível de internamento hospitalar, onde deverá submeter-se a acompanhamento
psicológico e medicamentoso: neurolépticos e anti-convulsivantes". Por fim,
Manual Prático de Decisões Criminais 129

concluíram que ele era, ao tempo da ação, por doença/anomalia psíquica,


inteiramente incapaz de entender o caráter delituoso dos fatos e totalmente incapaz
de determinar-se de acordo com esse entendimento (laudo em apenso);
Assim, é forçoso o reconhecimento da causa de exclusão da culpabilidade
do réu, estando ele isento de pena, por ser inimputável, nos termos do art. 26 do
Código Penal, com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984, in verbis:
É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Portanto, sendo incontroversa a existência da doença mental do réu, pois a
acusação e a defesa sobre esse ponto não discordaram, acolho as conclusões do
laudo técnico e, em consequência, reconheço inimputabilidade, a periculosidade e a
irresponsabilidade penal do acusado.
Por outro lado, após a devida comprovação harmônica e segura da
inimputabilidade de _______ - já que, ao tempo do fato, era portador de patologia
mental -, verificando-se, ser esta, a única tese defensiva aventada, levando, dessa
maneira, a aplicação do comando previsto no artigo 415, parágrafo único, do Código
de Processo Penal, o qual determina a absolvição do réu, sendo, pois, desnecessário
o encaminhamento ao Tribunal do Júri.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o
acusado, quando:
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do
crime.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV
do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista
no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a
única tese defensiva. (grifamos).
Essa absolvição sumária por inimputabilidade que trata o parágrafo único
do art. 415 do CPP tem dado azo ao que a doutrina e a jurisprudência reconhecem
como absolvição imprópria. Isto porque o réu, que pratica a infração, realiza-a em
situação de patologia mental, o que o torna isento de pena, nos moldes do art. 26 do
CP, alhures transcrito.
A isenção de pena, no entanto, é substituída pela aplicação de uma
sanção, denominada eufemisticamente de medida de segurança, as quais são
apresentadas em duas espécies: a) Internação em hospital de custódia e tratamento
130 Manual Prático de Decisões Criminais

psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; b) sujeição a tratamento


ambulatorial.
No caso em testilha, portanto, a teor do conjunto fático-probatório, a
mediada de segurança que se apresenta adequada à espécie é a internação, seja em
razão da periculosidade ________, seja em razão do fato previsto como crime ser
punível com reclusão.

Dispositivo

Posto isso, e considerando o que mais dos autos consta, com fulcro no art.
26 do CP e no art. 415, IV, do CPP, ABSOLVO o acusado _________, dada a sua
inimputabilidade. Entretanto, com base no art. 96, II, e 97, ambos do CP, submeto-o
a MEDIDA DE SEGURANÇA de INTERNAÇÃO em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, haja vista
que o fato praticado pelo acusado é punido com reclusão, atentando-se, ainda, ao
grau de periculosidade dele evidenciado no laudo pericial.
A internação será por tempo indeterminado, fixando o prazo mínimo em 1
(um) ano, devendo ser providenciado, em seu término, o exame de cessação de
periculosidade, que, se for o caso, deverá ser repetido anualmente, ou a qualquer
tempo, se o determinar o juiz da execução.
Em virtude da detração, deve ser computado, no prazo mínimo da medida
de segurança, o tempo de prisão provisória (CP, art. 42).
P.R.I. Após o trânsito em julgado:
a) expeça-se guia de internamento para a execução da medida de segurança, nos
termos dos arts. 171 e seguintes da Lei de Execução Penal (Lei nº 7210/84);
b) façam-se as comunicações de estilo; e
c) arquive-se.
Local e data.

10 DECISÃO. RECEBIMENTO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.

Sendo tempestivo, eis que apresentado no quinquídio legal, e adequado à


espécie, RECEBO o recurso em sentido estrito;
Intime-se o recorrente para, no prazo de 2 (dois) dias, oferecer as razões
do recurso, nos termos do art. 588 do CPP.
Manual Prático de Decisões Criminais 131

Após, intime-se a parte recorrida para oferecer as contrarrazões do


recurso, igualmente no prazo de 2 (dois) dias, também nos moldes do art. 588 do
CPP.
Em seguida, com a resposta do recorrido ou sem ela, venha-me o recurso
concluso, com o escopo seja reavaliada a decisão, nos termos do art. 589 do CPP.
Local e data.

11 DECISÃO. RECEBIMENTO. APELAÇÃO.

Sendo tempestivo, eis que apresentado no quinquídio legal, e adequado à


espécie, RECEBO o recurso de apelação;
Intimem-se às partes para, no prazo de 8 (oito) dias, apresentares razões e
contrarrazões do recurso, nos moldes do art. 600 do CPP. Ou, Já existindo nos autos
as razões do apelo do recorrente, intime-se o apelado, para, no prazo de 8 (oito) dias,
oferecer as contrarrazões do recurso, nos termos do art. 600 do CPP. Ou,
Considerando que o apelante declarou em sua petição (ou termo) que deseja arrazoar
na superior instância, remetam-se ao tribunal ad quem, no termos do art. 600, § 4º,
do CPP;
Em seguida, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça, nos
termos do art. 601 do CPP;
Intimem-se. Cumpra-se.
Local e data.

12 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO RETROATIVA E AUTOFÁGICA.

O(A) representante do Ministério Publico, com atribuições nesta


Comarca, ofertou denúncia em desfavor de ____________, nos autos qualificado(s),
atribuindo-lhe(s) a prática do crime de __________, previsto no art. 121
XXXXXXXX do CP.
O fato ocorreu no dia ____/___/_____ e a denúncia foi recebida no dia
___/ ___/ ____(fls. ___).
O(A) Promotor(a) de Justiça solicitou que fosse declarada extinta a
punibilidade do(s) réu(s), em virtude da prescrição, salientando que o(a) acusado(a)
era menor de 21 anos na data do fato (fls. ___).
É o sucinto relatório. Decido.
132 Manual Prático de Decisões Criminais

PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO

Enfrentando a prejudicial de mérito levantada pela Defesa, qual seja, de


incidência do instituto da prescrição, rejeito-a em relação ao crime de roubo,
considerando que o mencionado, cuja pena máxima em abstrato, sem contar com as
causas especiais de aumento da pena, é de 10 (dez) anos de reclusão, prescreve em
16 anos, consoante se extrai da simples leitura do art. 109, II do Código Penal. Com
efeito, a denúncia foi recebida em 28/03/2001, interrompendo, naquela data, o prazo
prescricional, o qual se aperfeiçoaria somente em 28/03/2017, encontrando-se o
presente feito, portanto, pronto para ser julgado, porquanto dentro do prazo previsto
em lei.
Entretanto, quando ao crime de porte ilegal de arma de fogo, cumpre
registrar, por necessário, que a pena máxima em abstrato para o crime tipificado no
artigo 10 da revogada Lei 9.437/1997 é de dois anos de detenção. Assim, a
prescrição em abstrato é de quatro anos, nos termos do artigo 109, II, do CP.
Prescreve o artigo 117, do Código Penal que são causas interruptivas da prescrição o
recebimento da denúncia e a sentença condenatória, incisos I e IV, respectivamente.
Pelo exposto, do período do recebimento da denúncia, em 28/03/2001, até
a presente data não ocorreu qualquer causa de interrupção prescrita no artigo 117, do
Código Penal. Desta forma, do período do recebimento da denúncia até o dia de hoje
já se passaram mais de doze anos. Portanto, a prescrição em abstrato deste crime
consumou-se em março/2005, devendo ser declarada extinta a punibilidade do Réu
quanto ao crime tipificado no art. 10 da Lei 9.437/97.

MÉRITO - FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a


finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática dos fatos
delituosos narrados na denúncia, configuradores dos crimes tipificados no art. 157, §
2º, I e II do CP e art. 10 da Lei 9.437/1997 c/c art. 70 do Código Penal Quanto ao
crime de roubo, a materialidade e a autoria restaram cabalmente comprovadas pelo
auto de exibição e apreensão de fl. 14, pelos depoimentos da vítima, das
testemunhas e da confissão dos acusados. Em que pese a alegação do Denunciado
_______de que tinha sido ameaçado por terceira pessoa apresentada como _____, o
certo é que não provou tais alegações, quando deveria e poderia fazê-lo,
considerando a regra de distribuição do ônus da prova prevista no art. 156 do CPP.
Ademais, cumpre esclarecer que, para configurar a alegada coação irresistível (art.
22 do Código Penal), esta deve ser feita pelo coator de maneira que o agente não
tenha outra escolha senão praticar o delito contra a sua vontade, o que não ocorreu
Manual Prático de Decisões Criminais 133

no presente caso, uma vez que o Réu poderia ter procurado imediatamente a polícia
para noticiar a coação, já que esta foi feita em momento diferente do crime, assim
como havia a escolha de não agir criminosamente.
Assim, rejeito a tese da defesa, restando configurada a conduta descrita no
art. 157 do Código Penal, não estando a vontade do Denunciado, portanto, viciada
pela coação moral irresistível.
Ultrapassada a tese da defesa, enfrento a existência de causas de aumento
da pena que, in casu, consistem na ameaça mediante uso de arma de fogo e no
concurso de pessoas, este último devidamente provado pelos depoimentos da vítima,
das testemunhas e da confissão dos acusados. Passando à análise da qualificadora de
emprego de arma de fogo (rectius, causa especial de aumento da pena), é de bom
alvitre destacar que o simples emprego, de modo a intimidar as vítimas, já configura
a tipificação da conduta como crime de roubo, diante da ameaça também elementar
do crime em análise - que tal instrumento confere. Desta forma, tal causa de
aumento incide ainda que não seja apreendida e periciada a arma de fogo utilizada
no delito de roubo, quando tal circunstância for comprovada por outros meios de
prova, em especial a palavra das vítimas e das testemunhas, como in casu, consoante
entendimento já pacificado do STF e do STJ. A propósito, vejamos:
HABEAS CORPUS. ROUBO. CONCURSO DE
ATENUANTES E AGRAVANTES. ARMA NÃO
APREENDIDA E NÃO PERICIADA. PREPONDERÂNCIA
DA REINCIDÊNCIA SOBRE A CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. ORDEM DENEGADA.
1. A questão de direito tratada nos autos deste habeas corpus
diz respeito à possível exclusão da causa especial de aumento
de pena decorrente do uso de arma de fogo, que não foi
apreendida nem periciada, e à preponderância da reincidência
sobre a atenuante da confissão espontânea;
2. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157,
§ 2º, I, do Código Penal prescinde da apreensão e da
realização de perícia na arma, quando provado o seu uso no
roubo, por outros meios de prova;
3. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no
sentido de que não se exclui a causa de aumento prevista no
art. 157, § 2º, I, do Código Penal por falta de apreensão da
arma, quando comprovado o seu uso por outro meio de prova.
Precedentes;
4. Corretas as razões do parecer da Procuradoria-Geral da
República ao concluir que o artigo 67 do Código Penal é claro
134 Manual Prático de Decisões Criminais

“ao dispor sobre a preponderância da reincidência sobre outras


circunstâncias, dentre as quais enquadram-se a confissão
espontânea. Afinal, a confissão não está associada aos motivos
determinantes do crime, e - por diferir em muito do
arrependimento - também não está relacionada à personalidade
do agente, tratando-se apenas de postura adotada pelo réu de
acordo com a conveniência e estratégia para sua defesa”;
5. Não há ilegalidade quando a circunstância agravante da
reincidência prevalece sobre a atenuante da confissão
espontânea na aplicação da pena. Nestes termos, HC
71.094/SP, rel. Min. Francisco Rezek, Segunda Turma,
unânime, DJ 04.08.95;
6. Habeas corpus denegado.(STF, HC 99446/MS, Rel. Min.
Ellen Gracie, 2ª Turma, 18/08/2009)
HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO. FURTO
QUALIFICADO. CONTINUIDADE DELITIVA. EMPREGO
DE ARMA DE FOGO. AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE
LESIVA. PRESENÇA DE MAJORANTES. FIXAÇÃO DA
FRAÇÃO DE AUMENTO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CRITÉRIO MERAMENTE MATEMÁTICO.
ILEGALIDADE. APLICAÇÃO DA FORMA
PRIVILEGIADA NO CRIME DE FURTO QUALIFICADO.
QUESTÃO NÃO DELIBERADA NA CORTE DE ORIGEM.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. WRIT PARCIALMENTE
CONHECIDO E, NESTA EXTENSÃO, CONCEDIDO.
1. A Terceira Seção desta Corte firmou o entendimento de que
a majorante de emprego de arma do roubo pode ser
comprovada pela palavra da vítima ou mesmo pelo
depoimento de testemunhas. Daí que não se torna
indispensável a apreensão da arma, com a posterior perícia, a
fim de ser constatada a sua potencialidade lesiva.
2. Não obstante, no caso em apreço, a arma de fogo foi
devidamente apreendida e periciada, ficando demonstrado que
não se encontrava apta a realizar disparos.
3. O entendimento desta Corte é no sentido de que as causas
especiais de aumento de pena, como o emprego de arma de
fogo e o concurso de agentes, que ensejam majoração, devem
ser precedidas de adequada fundamentação, consignando-se
circunstâncias concretas que justifiquem um acréscimo mais
Manual Prático de Decisões Criminais 135

expressivo, não sendo suficiente a simples menção ao número


de majorantes presentes no caso em análise.
4. Assim, a sentença condenatória encontra-se deficiente de
fundamento que justifique o incremento da reprimenda acima
do patamar mínimo. Além disso, afastada a qualificadora
relativa ao emprego de arma de fogo, por falta de
potencialidade lesiva, e restando apenas a referente ao
concurso de agentes, é de rigor a fixação do quantum de
aumento no patamar mínimo, ou seja, 1/3 (um terço).
5. O pleito de reconhecimento da figura do privilégio, prevista
no § 2º do art. 155 do Código Penal, ao delito de furto
qualificado ao qual fora condenado o paciente, não restou
apreciado na instância ordinária, até porque sequer foi
levantado nas razões recursais.
6. Não se conhece de recurso em habeas corpus cuja matéria
não se constituiu em objeto de decisão da Corte de Justiça
Estadual, sob pena de indevida supressão.
7. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nesta extensão,
concedida a ordem para, afastada a qualificadora referente ao
emprego de arma de fogo e diminuído o quantum de aumento
na terceira fase da dosimetria para 1/3, reduzir a pena do
paciente para 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão e 15 dias-
multa, mantidos os demais termos da sentença
condenatória.(STJ, HC 169942/MG, Rel. Min. Adilson Vireira
Macabu, Des. Convocado do TJ/RJ, 5ª Turma, Dje
21/06/2012)
Por fim, cumpre esclarecer que o Réu faz jus à atenuante da confissão,
uma vez que reconheceu em seu interrogatório que praticou o crime de roubo na
companhia da corré Maria Marta de Oliveira Silva, mediante emprego de armas de
fogo (fls. 133/135).

Dispositivo

Ante as razões explanadas, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a


pretensão punitiva do Estado e: 1. Declaro extinta a punibilidade de ______ pelo
reconhecimento da prescrição, com fundamento no artigo 107, IV, primeira figura
c/c 109, II, ambos do Código Penal; 2. CONDENO o Réu __________ como
incurso nas sanções penais do 157, parágrafo único, I e II do Código Penal.
136 Manual Prático de Decisões Criminais

Atendendo às circunstâncias previstas no art. 59 e levando em


consideração as diretrizes do art. 68, ambos do Código Penal, passo à
DOSIMETRIA DA PENA a ser aplicada ao Condenado:
Analisadas as diretrizes do art. 59 do Código Penal, denota-se que o Réu
agiu com a culpabilidade normal à espécie, motivo pelo qual deixo de valorá-la; não
possui antecedentes; não há elementos suficientes para valorar a personalidade e a
conduta social do Acusado; o motivo do delito o desfavorece, mas deixo de valorá-la
por fazer parte da própria estrutura do tipo penal, qual seja, subtração de coisa móvel
alheia; as circunstâncias encontram-se detalhadas nos autos, sendo desfavorável ao
Denunciado, mas deixo de valorá-la por fazer parte da estrutura do tipo, sob pena de
bis in idem; as consequências penais e extra penais não foram graves; o
comportamento da vítima não contribuiu para o cometimento do delito. Assim, fixo-
lhe a pena base em ______ e ______dias-multa, estes no valor unitário de 1/30 (um
trigésimo) do salário mínimo vigente ao tempo do fato, considerando que não há
elementos suficientes quanto aos rendimentos do Réu. Em que pese a existência de
uma circunstancia atenuante, qual seja, a confissão, deixo de aplicá-la diante da
vedação de diminuição da pena na segunda fase da dosimetria. Inteligência da
súmula 231 do STJ.
Havendo duas causas especiais de aumento da pena, nos moldes do § 2º,
incisos I e II, da art. 157, do CP, exaspero-a na metade, fixando a pena em ____
anos de reclusão e 20 (vinte) dias-multa. Não havendo causas de diminuição da
pena, torno-a definitiva, a ser cumprida inicialmente no regime semiaberto. Deixo de
substituir a pena privativa de liberdade por penas restritivas de direito, nos termos do
Código Penal, art. 44, I, e § 2º, do Código Penal.
Considerando que a pena aplicada em concreto foi de seis anos de
reclusão, verifico que operou-se a prescrição retroativa.
Sobre a possibilidade de se declarar a prescrição retroativa da pretensão
punitiva do Estado, a doutrina na sua maior parte é pela impossibilidade de
reconhecê-la ainda no primeiro grau de jurisdição, tendo em vista que depois de ser
prolatada a sentença, encontra-se esgotada a prestação jurisdicional no primeiro
grau.
Contudo, pelo fato de se prestar a jurisdição em todas as áreas nas
comarcas do interior, como é o caso em análise, este reconhecimento pode ser feito
com base no art. 66, II da LEP, onde o Juízo da Execução Penal, em geral o mesmo
da condenação, poderá decidir sobre a extinção da punibilidade através do
reconhecimento da prescrição retroativa, como bem estabelece a mais atual
jurisprudência:
Manual Prático de Decisões Criminais 137

HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. PENA-BASE


ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. PENA QUE
NÃO SUPERA DOIS ANOS. TRANSCURSO DO LAPSO
PRESCRICIONAL DE 4 ANOS. ART. 109 DO INCISO V,
CÓDIGO PENAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA, NA FORMA RETROATIVA.
1. A sentença condenatória, mantida pelo acórdão impugnado,
fixou a pena-base do Paciente um mês acima do mínimo legal,
considerando desfavoráveis as circunstâncias do crime, em
função de o Paciente ter subtraído bens cujo valor superou o
valor de mil reais, evidenciando-se, assim, fundamento
inerente ao próprio tipo penal, já considerado pelo próprio
legislador quando da fixação da pena abstratamente cominada,
não podendo, justamente por isso, ser novamente valorado
pelo julgador sob pena de incorrer-se no vedado bis in idem. 2.
Considerando que o recebimento da denúncia se deu em
03/12/2002 e a publicação da sentença em 21/01/2008,
evidencia-se a prescrição da pretensão punitiva, na forma
retroativa, ante o transcurso do lapso prescricional de 4 anos,
nos termos do art. 109, inciso V, do Código Penal. 3. Ordem
concedida para, mantida a condenação, reformar a sentença e
o acórdão, fixando a pena do Paciente em 2 anos de reclusão,
no regime aberto, e 10 dias-multa, no piso. Habeas corpus
concedido, de ofício, a fim de reconhecer a prescrição da
pretensão punitiva estatal e declarar extinta a punibilidade
quanto ao referido delito, nos termos dos fundamentos
explicitados no voto. (STJ, HC 130661/MG, Rel. Min. Laurita
Vaz, 5ª Turma, DJE 06/12/2010)
Comungando do entendimento colacionado aos autos, passo a analisar da
possibilidade de reconhecimento da prescrição retroativa da pretensão punitiva.
Condenado o réu a uma pena _____ de reclusão, observa-se que o prazo
prescricional é regulado pelo disposto no artigo 109, III, do CP, ou seja, em doze
anos. Assim, evidenciado está que decorreram mais de doze anos entre a data do
recebimento da denúncia (28/03/2011) e a data da sentença condenatória
(16/07/2014).
Significa dizer que ocorreu a extinção da punibilidade, pela prescrição
retroativa, nos moldes do § 1º, do artigo 110, do CP. Ressalte-se que, adotando o
princípio constitucional da razoável duração do processo e os princípios da
138 Manual Prático de Decisões Criminais

celeridade processual e da instrumentalidade das formas, a prescrição deve ser


reconhecida antes mesmo do trânsito em julgado da sentença, a qual é chamada pela
doutrina de sentença autofágica. Diante do exposto, declaro extinta a punibilidade de
______, em apuração nestes autos, com fundamento no art. 107, inciso IV, 1ª figura,
c/c art. 110, ambos do Código Penal além do art. 66, II da Lei 7.210. Publique-se.
Registre-se. Intimem-se. Arquivem-se oportunamente os autos, observadas as
formalidades legais.

13 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO RETROATIVA.

______________ foi denunciado pelo crime previsto no art. ___, do CP,


tendo sido condenado, conforme sentença de fls.___, já transitada em julgado para a
acusação.
É o sucinto relatório. Decido.
O réu __________ foi condenado a uma pena de ____ de reclusão,
conforme sentença de fls. ____.
De acordo com o art. 110 do CPP, a prescrição, depois de transitar em
julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos
prazos fixados no artigo 109 do mesmo código.
Nos termos do art. 109, ___, do CP, a prescrição ocorre em ___ anos, se o
máximo da pena é superior a ____ anos e não excede a ____, como é o caso dos
autos.
Por força do art. 117, I e IV, do CP, o curso do prazo prescricional
interrompe-se, dentre outras causas, pelo recebimento da denúncia e pela publicação
da sentença condenatória, podendo haver a prescrição entre essas duas causas de
interrupção (art. 110, § 1º, do CP).
No caso em tela, a denúncia foi recebida no dia ____ e a sentença
condenatória foi publicada no dia ____, já tendo, portanto, se passado mais de ____
anos, tendo, assim, indubitavelmente, ocorrido a prescrição da pretensão punitiva do
Estado em relação aos fatos descritos nos autos.
Prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo.
E como se trata de matéria de ordem pública, uma vez se verificando, deve o
magistrado, de ofício, declarar a extinção da punibilidade do autor do fato, nos
precisos termos do art. 107, IV, do CP e do art. 61 do CPP.
Isto posto, restando evidenciada a ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva do Estado, com fulcro no art. 107, IV, do CP e art. 61 do CPP, DECLARO
EXTINTA A PUNIBILIDADE de ______________ .
Manual Prático de Decisões Criminais 139

Caso tenha sido decretada a prisão preventiva do(a) acusado(a), fica ela
desde já revogada, devendo ser comunicado à autoridade policial ou expedido alvará
de soltura, na hipótese do acusado se encontrar preso.
P. R. I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.
Local e data.

14 SENTENÇA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.

_________, devidamente qualificado nestes autos, foi condenado à pena


de ___ anos de reclusão, por infração ao artigo____ do CP.
A sentença condenatória, última causa interruptiva de prescrição
verificada nos autos, foi publicada em ____ de ____ de ____ (fl.___ ).
O trânsito em julgado nunca veio a ocorrer, já que o denunciado ou seu
advogado jamais foram intimados da sentença
É o relatório. Passo a decidir.
O réu _______ foi condenado a uma pena de ___de reclusão, conforme
sentença de fls.___.
Com efeito, de acordo com o art. 110, § 1º do CP, a prescrição, depois da
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados
no artigo 109 do mesmo código.
Considerando que não houve recurso pela acusação, o prazo prescricional
deve ser regido pelos limites fixados na pena em concreto, sendo, portanto, de
_____.
A prescrição superveniente ocorreu em ______.
Posto isso, com fundamento nos artigos 107, IV, 109, 110, e 117 do CPB
e artigo 61 do CPP, DECLARO A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, pela
prescrição da pretensão punitiva - prescrição superveniente -, do fato imputado a
_____.
P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.
Local e data.

15 SENTENÇA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. DECADÊNCIA

Trata-se de Inquérito Policial que atribui a _______ a prática do crime


previsto no art. ____ do CP, cuja ação penal é pública condicionada à representação
140 Manual Prático de Decisões Criminais

da vítima, devendo ser exercida no prazo de 06 (seis) meses, por força dos arts. 38
do CPP e 103 do CP.
O referido prazo é decadencial, conta-se na forma preconizada pelo art.
10 do CP e começa a fluir do dia em que a vítima, ou seu representante legal, venha
a saber quem é o autor da infração penal, fato esse que ocorreu em ____, conforme
consta dos autos.
Até esta data a(s) vítima(s) não ofereceram a representação exigida pela
legislação, tendo se quedado inerte(s) por mais de 06 (seis) meses, ocorrendo, assim,
a decadência do direito de representação.
No caso em tela, a matéria é de ordem pública e, uma vez se verificando,
deve o magistrado, até mesmo de ofício, declarar a extinção da punibilidade do(a)
autor(a) do fato, nos precisos termos do art. 107, IV, do CP e do art. 61 do CPP.
Posto isso, considerando que se operou a decadência do direito de queixa
(arts. 38 do CPP e 103 do CP), com fulcro no art. 107, IV, do CP e art. 61 do CPP,
DECLARO EXTINTA A PUNIBILIDADE de _______, já qualificado(a) nos autos.
P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.
Local e data.

16 SENTENÇA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. ABOLLITIO CRIMINIS.

O representante do Ministério Público Estadual ofereceu denuncia contra


___, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, como incurso nas sanções do
art. 12 da Lei nº 10.826/2003, por ter sido encontrada uma arma em sua residência,
fato ocorrido no dia _____, nesta cidade de __________.
A denúncia foi recebida em ______________.
O réu foi citado pessoalmente e (não) apresentou resposta.
É o relatório. Decido.
Segundo o disposto no art. 61 do CPP, o juízo pode declarar extinta a
punibilidade, de ofício, em qualquer fase do processo, caso assim reconheça.
O art. 107 do CPB arrola algumas causas de extinção da punibilidade, não
sendo exaustivo tal rol, mas meramente exemplificativo.
Pois bem. Dentre tais causa, encontra-se arrolada a chamada "abolitio
criminis", ocorrendo quando um fato deixa de ser considerado como criminoso (art.
107, III, do CPB).
Conforme já exposto, existem outras causas de extinção da punibilidade,
como é o caso da "abolitio criminis temporária", que ocorre quando um fato deixa
de ser considerando criminoso durante um determinado período.
Manual Prático de Decisões Criminais 141

Trata-se justamente da hipótese relativa ao delito do art. 12 da Lei nº


10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), consistente na posse irregular de arma de
fogo de uso permitido. Desde a entrada em vigor do referido diploma legal, a União
vem editando sucessivas leis ordinárias e/ou medidas provisórias, prorrogando
prazos para a regularização de armas de fogo não registradas. A propósito, conferir a
atual redação do art. 30 da citada lei, cabendo ressaltar que a última prorrogação de
prazo foi estatuída a partir da Lei nº 11.922/2009, que permitiu tal regularização até
31.12.2009:
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro
até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de
documento de identificação pessoal e comprovante de
residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou
comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova
admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem
as características da arma e a sua condição de proprietário,
ficando este dispensado do pagamento de taxas e do
cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a
III do caput do art. 4o desta Lei.
Vale salientar que todas as vezes que o próprio Estado tolera uma
conduta, oferecendo uma oportunidade de regularização de uma situação fática,
significa dizer que a respectiva conduta não pode ser considerada criminosa no
período previsto no diploma legal atinente à espécie. Esse é justamente o
entendimento jurisprudencial imperante no Superior Tribunal de Justiça (STJ),
consoante os arestos abaixo transcritos.
Processo HC 74178 / RJ HABEAS CORPUS
2007/0004335-3 Relator(a) Ministra LAURITA VAZ (1120)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento
27/05/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 23/06/2008 Ementa
HABEAS CORPUS. PENAL. ESTATUTO DO
DESARMAMENTO. (Artigo 16, caput e inciso III, da lei
10.826/03. Abolitio criminis temporária. Atipicidade da
conduta. Anulação do decreto condenatório)
1. Diante da literalidade dos artigos relativos ao prazo legal
para regularização do registro da arma (artigos 30, 31 e 32 da
Lei 10.826/03), ocorreu abolitio criminis temporária em
relação às condutas delituosas previstas no art. 16, da Lei n.º
10.826/03. 2. A posse ilegal de armas de fogo, munição e
artefatos explosivos, praticada dentro desse período, não
142 Manual Prático de Decisões Criminais

configura conduta típica. 3. Ordem concedida para anular o


decreto condenatório na parte referente aos crimes do artigo
16, caput e inciso III, da Lei n.º 10.826/03, diante da
atipicidade da conduta do Paciente.
Ante o exposto, declarar extinta a punibilidade, nos termos do art. 107,
III, do CPB, aplicado por analogia, c/c o art. 30 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do
Desarmamento).
Encaminhem-se a armas de fogo (fl.__) ao Comando do Exército, para os
fins previstos no art. 25 da Lei nº 10.826/2003.
Cumpridas as formalidades legais, arquive-se.
P.R.I.
Local e data.

17 SENTENÇA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. MORTE DO AGENTE.

O (A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta


Comarca, ofertou denúncia em desfavor de ______, nos autos qualificado(a),
atribuindo-lhe a prática do crime previsto no art._____ do CP.
O (a) acusado(a) faleceu, conforme noticia a certidão de óbito constante
dos autos.
Por força do art. 62 do CPP, foi dado vista dos autos ao órgão Ministerial,
que opinou pela declaração de extinção da punibilidade do(a) réu(ré).
Relatados. Decido.
Analisando os autos, verifica-se que o réu já faleceu, conforme demonstra
a certidão de óbito de fls. ___.
Dispõe o art. 107, I, do CP, que se extingue a punibilidade “pela morte do
agente”. Isso se dá em decorrência do princípio mors omnia solvit (a morte tudo
apaga) e do preceito da Carta Magna segundo o qual nenhuma pena passará da
pessoa do delinqüente (CF, art., XLV, 1ª parte).
De fato, sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz
com que o Estado perca o jus puniendi, posto que não se transmite a seus herdeiros
qualquer obrigação de natureza penal, ex vi do princípio constitucional acima
referido.
Isto posto, com fulcro no art. 107, I, do CP e no art. 62 do CPP,
DECLARO EXTINTA A PUNIBILIDADE de _____________________.
Publique-se. Registre-se. Intime(m)-se. Após o trânsito em julgado,
arquive-se.
Manual Prático de Decisões Criminais 143

Local e data.

18 SENTENÇA CONDENATÓRIA. PORTE DE ARMA.

Relatório

O (A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de __________________, qualificado(s) nos autos,
atribuindo-lhe(s) a prática do crime de porte ilegal de arma de fogo, previsto no art.
14 da Lei nº 10.826/03.
Consta da peça acusatória, em síntese, que, no dia _____, por volta das
_____, o acusado foi preso em flagrante por estar portando uma arma de fogo sem a
devida autorização legal.
Requereu, ao final, a citação do(s) réu(s) e a condenação dele(s) nas penas
cominadas ao delito acima mencionado.
A denúncia veio escoltada com os autos do inquérito policial.
Foi recebida a denúncia em _______.
O acusado foi interrogado e apresentou defesa. Durante a instrução do
feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes. Ou: Durante a instrução
criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes e, em seguida,
interrogado(s) o(s) réu(s).
As partes apresentaram as alegações finais.

Fundamentação
Da autoria e da materialidade da infração

Imputa-se a __________ a prática do crime de porte ilegal de arma de


fogo, previsto no art. 14 da Lei nº 10.826/03, que diz ser crime a conduta de “portar
(...) arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
No caso em tela, a pretensão punitiva do Estado merece prosperar.
Com efeito, a materialidade e a autoria do delito são induvidosas, quer em
face da prova oral produzida em juízo, quer diante do auto de apreensão da arma de
fogo, constante dos autos.
144 Manual Prático de Decisões Criminais

Realmente, o réu admitiu que foi preso quando estava portando uma arma
de fogo. Por outro lado, o policial ouvido nesta audiência confirmou que prendeu o
acusado em flagrante por estar em poder de uma arma de fogo.
Cumpre salientar que a ausência de exame pericial na arma apreendida
não desconfigura o crime.
De fato, a materialidade do delito restou cabalmente comprovada através
do auto de apreensão da arma de fogo e do depoimento da(s) testemunha(s).
Ademais, o crime de porte ilegal de arma de fogo é de mera conduta ou de perigo
abstrato, não havendo necessidade de prova da potencialidade lesiva do artefato,
bastando a mera probabilidade de vir a ocorrer algum dano. Tanto é verdade que a
lei não exigiu a potencialidade lesiva, que o Estatuto do Desarmamento, em seu art.
14, tipificou criminalmente a simples conduta de portar munição, a qual,
isoladamente, ou seja, sem a arma, não possui nenhum poder ofensivo. É esse o
entendimento do STF:

EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS


CORPUS. PORTE DE ARMA DE FOGO. ART. 10 DA LEI
9.437/97 E SUPERVENIÊNCIA DA LEI 10.826/2003.
ABOLITIO CRIMINIS. INOCORRÊNCIA. PERÍCIA PARA
A COMPROVAÇÃO DO POTENCIAL LESIVO DA ARMA.
DESNECESSIDADE. ORDEM DENEGADA. I - É pacífica a
jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que a
vacatio legis prevista nos artigos 30 a 32 da Lei 10.826,
conhecida por "Estatuto do Desarmamento", não tornou
atípica a conduta do porte ilegal de arma. II - Para a
configuração do crime de porte de arma de fogo não importa
se a arma está ou não municiada ou, ainda, se apresenta
regular funcionamento. III - Primeiro porque o Estatuto do
Desarmamento, em seu art. 14, tipificou criminalmente a
simples conduta de portar munição, a qual, isoladamente, ou
seja, sem a arma, não possui qualquer potencial ofensivo. IV -
Depois, porque a objetividade jurídica dos delitos previstos no
Estatuto transcendem a mera proteção da incolumidade
pessoal, para alcançar também a tutela da liberdade individual
e de todo o corpo social, asseguradas ambas pelo incremento
dos níveis de segurança coletiva que ele propicia. V- Mostra-
se, pois, despicienda a ausência ou nulidade do laudo pericial
da arma por ter sido realizado por peritos sem conhecimento
técnico especializado. VI - Ordem denegada. (HC
Manual Prático de Decisões Criminais 145

93188/RS,Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,


Julgamento: 03/02/2009 , Órgão Julgador: Primeira Turma)".
(Destacamos).
No mesmo sentido, é o entendimento do STJ:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
PENAL. ESTATUTO DO DESARMAMENTO. PORTE
ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO.
NULIDADE DA PERÍCIA. DISPENSABILIDADE.
AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Esta Corte
Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de ser
prescindível a realização de laudo pericial para atestar a
potencialidade da arma apreendida e, por conseguinte,
caracterizar o crime previsto no art. 14 da Lei n.º 10.826/2003.
2. O legislador ao criminalizar o porte clandestino de armas
preocupou-se, essencialmente, com o risco que a posse ou o
porte de armas de fogo, à deriva do controle estatal, representa
para bens jurídicos fundamentais, tais como a vida, o
patrimônio, a integridade física, entre outros. Assim,
antecipando a tutela penal, pune essas condutas antes mesmo
que representem qualquer lesão ou perigo concreto. 3. Merece
prosperar a alegação de que os autos devem ser devolvidos
para que o Tribunal a quo prossiga no julgamento da tese
defensiva exposta na apelação criminal, consistente na
substituição da pena alternativa aplicada. Com efeito, o
acórdão recorrido, ao absolver o Agravante, não analisou essa
questão, de forma que a esta Corte está vedada a apreciação da
matéria, sob pena de supressão de instância. 4. Agravo
regimental parcialmente provido. (Processo AgRg no REsp
956746/RS (2007/0124649-4), 5º Turma do STJ, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, Data do Julgamento: 23/06/2009, DJe:
03/08/2009). (destacamos).
Assim, diante do que foi exposto, a conclusão a que se chega é a de que a
conduta levada a efeito pelo(a) acusado(a) se subsume no preceito primário da
norma contida no art. 14da Lei nº 10.826/03, restando configurado o crime de porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido, não pairando dúvidas de que o(s)
acusado(s) seja(m) o(s) autor(es) e de que não existe nenhuma circunstância que
exclua o crime ou isente o(s) acusado(s) de pena.
146 Manual Prático de Decisões Criminais

Da dosimetria da pena

Estando demonstrada a materialidade e a autoria do delito, resta fazer a


dosimetria da pena (CP, art. 68 e CF, 5º, XLVI). Cumpre salientar que, nessa fase da
sentença, não se pode olvidar que a nossa lei penal adotou o CRITÉRIO
TRIFÁSICO de Nelson Hungria (CP, art. 68), em que na primeira etapa da fixação
da reprimenda analisam-se as circunstâncias judiciais contidas no art. 59 do CP,
encontrando-se a pena-base; em seguida consideram-se as circunstâncias legais
genéricas (CP, arts. 61, 65 e 66), ou seja, as atenuantes e agravantes; por último,
aplicam-se as causas de diminuição e de aumento de pena, chegando-se à sanção
definitiva. É o que passarei a fazer:
a) culpabilidade: a conduta do(a) acusado(a) não se revelou altamente censurável,
por isso, não elevará a pena base;
b) dada a ausência de certidões no autos, presume-se que o agente é primário e
que não possui antecedentes criminais, logo, não aumentará a pena inicial;
c) sobre a conduta social e a personalidade do acusado, não existe nada nos
autos, portanto, não incrementará a reprimenta-base;
d) o motivo do crime não o desfavorece, razão pela qual não aumentará a pena-
base;
e) circunstâncias do crime não prejudicam o(a) acusado(a);
f) consequências extrapenais do crime são normais para essa espécie de delito,
logo não incrementará a pena-base;
g) comportamento da vítima: não há vítima determinada. Desnecessária a
observância do inc. I do art. 59 do CP, por inexistir previsão de pena alternativa.
A situação econômica do(a) acusado(a) presume-se não ser boa (CP, art.
60).
Assim, atento às circunstâncias analisadas, com fulcro no art. 14da Lei nº
10.826/03, fixo a pena-base em _______ e _______ dias-multa sobre 1/30 do maior
salário-mínimo mensal vigente ao tempo do fato (CP, art. 49, § 1º), que torno
definitiva, dada a ausência de agravantes e de causas de diminuição ou de aumento
de pena, sendo certo que a existência de qualquer atenuante restou prejudicada, vez
que a pena foi fixada no mínimo legal (súmula 231 do STJ).
A pena será cumprida inicialmente em regime aberto, vez que não há
provas de que o(a) acusado(a) seja reincidente (CP, art. 33, § 2º, „c‟).
Para o pagamento da multa imposta, deverá ser observado o disposto nos
arts. 49, § 2º, e 50, ambos do CP.
Manual Prático de Decisões Criminais 147

Da substituição da pena

Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal e sem prejuízo da


multa aplicada, considerando que a condenação foi superior a 1 (um) ano, substituo
a pena privativa de liberdade pelas seguintes penas restritivas de direito (CP, art. 44,
§ 2º, in fine):
a) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (CP, arts. 43,
IV, 46 e LEP, art. 149), que terá a mesma duração da pena substituída (CP, art.
55) e consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, conforme as suas
aptidões, e dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação,
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho;
b) prestação pecuniária, consiste no pagamento em dinheiro a entidade pública
ou privada com destinação social, de importância no valor de 1 (um) salário
mínimo (arts. 43,I e 45, § 1º, ambos do CP).

Dispositivo

Isto posto, julgo procedente a pretensão punitiva do estado, para, em


consequência, CONDENAR __________, nos autos qualificado, como incurso nas
penas do art. 14 Lei nº 10.826/03. Depois de feita, acima, a devida individualização,
a pena definitiva do(a) acusado(a) é de _______de reclusão e ______dias-multa
sobre 1/30 do maior salário-mínimo mensal vigente ao tempo do fato (CP, art. 49, §
1º), a ser cumprida em regime aberto (CP, art. 33, § 2º, „c‟).
Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal e sem prejuízo da
multa aplicada, considerando que a condenação foi superior a 1 (um) ano,
SUBSTITUO a pena privativa de liberdade pelas restritivas de direitos de i)
prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e ii) prestação
pecuniária, nas formas especificadas acima.
Condeno o(a) acusado(a), ainda, ao pagamento das custas processuais,
suspendendo o pagamento de tal verba, considerando que o(a) acusado(a) foi
assistido pela Defensoria Pública (ou Defensor Dativo), nos termos do art. 12 da Lei
nº 1.060/50.
148 Manual Prático de Decisões Criminais

Providências finais

Tendo em vista que o respondeu ao processo solto e que não se encontram


presentes os requisitos da prisão preventiva, autorizo o recurso em liberdade.
Caso tenha sido decretada a prisão preventiva do(s) acusado(s), revogo-a.
Expeça-se alvará de soltura ou contramandado de prisão, conforme o
caso. Considerando que a arma de fogo e munições apreendidas não mais interessam
à persecução penal, encaminhem-se-nas ao Comando do Exército para destruição ou
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, nos termos do art. 25
da Lei nº 10.826/2003.
Publique-se. Registre-se Intime-se. Após o trânsito em julgado (CF, art.
5º, LVII):
1) Lance-se o nome do(a) acusado(a) no rol dos culpados;
2) Expeça-se guia de recolhimento para execução da reprimenda pelo juízo
competente (LEP, art. 105), observando os comandos da Resolução nº 113/2010
do Conselho Nacional de Justiça;
3) Oficie-se à Justiça Eleitoral para fins de suspensão dos direitos políticos do(a)
acusado(a) (CF, art. 15, III);
4) Oficie-se ao órgão encarregado da Estatística Criminal (CPP, art. 809);
5) Façam-se as demais comunicações de estilo;
6) Arquive-se.
Local e data.

19 SENTENÇA CONDENATÓRIA. FURTO.

Relatório

O(A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de _________________, qualificado(s) nos autos,
atribuindo-lhe(s) a prática do crime de furto, previsto no art. 155, § 4º, I, do CP.
Consta na denúncia, em síntese, que no dia 27 de janeiro de 2012, por volta das 17
horas, na orla marítima da Barra de São Miguel, o(a) acusado(a), após destruição (ou
rompimento) de obstáculo, subtraiu o aparelho de telefone celular da vítima
_____________.
Requereu, ao final, a citação do(s) réu(s) e a condenação dele(s) nas penas
cominadas ao delito acima mencionado. A denúncia veio escoltada com os autos do
inquérito policial.
Manual Prático de Decisões Criminais 149

Foi recebida a denúncia em _____________.


O acusado foi interrogado e apresentou defesa.
Durante a instrução do feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas
partes. Ou: Durante a instrução criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas
partes e, em seguida, interrogado(s) o(s) réu(s).
As partes apresentaram as alegações finais.

Fundamentação
Da autoria e materialidade do crime

Imputa-se a ________ a prática do crime de furto qualificado pela


destruição (ou rompimento) de obstáculo, previsto no art. 155, § 4º, I, do CP.
Furto é a subtração de coisa alheia móvel.
O sujeito ativo de tal delito pode ser qualquer pessoa, pois a norma
incriminadora não prevê qualquer capacidade penal especial (crime comum). O
sujeito passivo, por sua vez, é o titular da posse, da detenção ou da propriedade.
O elemento objetivo do tipo é a subtração da coisa, por qualquer meio. Já
o elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de subtrair coisa
alheia móvel, “para si ou para outrem” (animus rem sibi habendi). O elemento
normativo está na qualidade de ser alheia a res.
Todos esses elementos do tipo penal restaram demonstrados nesse
processo, razão pela qual a pretensão punitiva do Estado merece, em parte,
prosperar.
Realmente, a autoria e a materialidade do crime em destaque restam
comprovadas.
Com efeito, o(a) acusado(a) ______________, ao ser interrogado em
juízo, confessou ter praticado o delito. Tal fato também é confirmado pelo
depoimento da vítima, que o reconheceu como o autor do delito, e das testemunhas
ouvidas durante a instrução, que apontaram o(a) acusado(a) como sendo a pessoa
que cometeu o furto (fls.).
Assim, a conclusão a que se chega é a de que o réu cometeu o crime de
furto.
150 Manual Prático de Decisões Criminais

Da qualificadora

O furto é qualificado, entre outros casos, quando o agente destrói ou


rompe um obstáculo que visa impedir subtrações.
Para a configuração da qualificadora, é indispensável que tenha havido
dano. Por isso, e por se tratar de infração que deixa vestígios, exige-se a realização
de exame pericial, nos termos do art. 158 do CPP. Tal exame não consta dos autos,
razão pela qual não será reconhecida a qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do
CP, devendo o fato ser desclassificado para o delito de furto simples.
Assim, a conclusão a que se chega é a de que a conduta levada a efeito
pelo réu se subsume no preceito primário da norma contida no art. 155, caput, do
CP, restando configurado o crime de furto simples, não pairando dúvidas de que o(a)
acusado(a) seja o(a) autor(a) e de que não existe nenhuma circunstância que exclua o
crime ou isente o(a) acusado(a) de pena (CP, arts. 20, 22, 23, 26 e 28, § 1º).

Da dosimetria da pena

Estando demonstrada a materialidade e a autoria do delito, resta fazer a


dosimetria da pena (CP, art. 68 e CF, 5º, XLVI). Nessa fase da sentença, não se pode
olvidar que a nossa lei penal adotou o CRITÉRIO TRIFÁSICO de Nelson Hungria
(CP, art. 68), em que na primeira etapa da fixação da reprimenda analisam-se as
circunstâncias judiciais contidas no art. 59 do CP, encontrando-se a pena-base; em
seguida consideram-se as circunstâncias legais genéricas (CP, arts. 61, 65 e 66), ou
seja, as atenuantes e agravantes; por último, aplicam-se as causas de diminuição e de
aumento de pena, chegando-se à sanção definitiva. É o que passarei a fazer: (se for
mais de um réu, faz uma dosimetria para cada um)
a) culpabilidade: a culpabilidade do réu é normal para essa espécie de delito, logo
não elevará a pena-base;
b) dada a ausência de certidões nos autos, presume-se que o agente é primário e
que não possui antecedentes criminais, assim, a pena inicial não pode ser
aumentada;
c) sobre a conduta social e a personalidade do(a) acusado(a), não há nada nos
autos, dessa forma, não incrementará a pena-base;
d) o motivo do crime, normalmente, é o desejo de obter lucro fácil, elementar a
qualquer crime contra o patrimônio, razão pela qual não elevará a pena-base;
e) circunstâncias do crime não prejudicam o(a) réu(ré);
f) consequências extrapenais do crime são normais para essa espécie de delito,
logo não incrementará a pena-base;
Manual Prático de Decisões Criminais 151

g) o comportamento da vítima, no caso concreto, não influencia na pena do réu.


Desnecessária a observância do inc. I do art. 59 do CP, por inexistir
previsão de pena alternativa.
A situação econômica do réu presume-se não ser boa (CP, art. 60).
Assim, atento às circunstâncias analisadas, com fulcro no art. 155, caput,
do CP, fixo a pena-base em __________ de reclusão e ______ dias-multa sobre 1/30
do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato (CP, art. 49, § 1º), que
torno definitiva, dada a ausência de agravantes, bem como de causas de diminuição
e de pena de pena, sendo certo que a existência de qualquer atenuante restou
prejudicada, vez que a pena foi fixada no mínimo legal (súmula 231 do STJ). A pena
será cumprida inicialmente em regime aberto, vez que não há provas de que o(a)
acusado(a) seja reincidente (CP, art. 33, § 2º, „c‟).

Da substituição da pena

Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal e sem prejuízo da


multa aplicada, substituo a pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito
de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (CP, arts. 43, IV,
46 e LEP, art. 149), que terá a mesma duração da pena substituída (CP, art. 55) e
consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, conforme as suas aptidões,
e dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais, devendo ser
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a
não prejudicar a jornada normal de trabalho.
SE A PENA FOR SUPERIOR A 1 ANO: 2.4. Da substituição da pena.
Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal e sem prejuízo da multa aplicada,
considerando que a condenação foi superior a 1 (um) ano, substituo a pena privativa
de liberdade pelas seguintes penas restritivas de direito (CP, art. 44, § 2º, in fine):
a) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (CP, arts. 43,
IV, 46 e LEP, art. 149), que terá a mesma duração da pena substituída (CP, art.
55) e consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, conforme as suas
aptidões, e dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação,
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho;
b) prestação pecuniária, consiste no pagamento em dinheiro a entidade pública
ou privada com destinação social, de importância no valor de 1 (um) salário
mínimo (arts. 43,I e 45, § 1º, ambos do CP).
152 Manual Prático de Decisões Criminais

Da indenização civil

Dispõe o art. 387, IV, do CPP, com redação dada pela Lei nº
11.719/2008, que, em caso de condenação do réu, deve o magistrado fixar o valor
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelos ofendidos indiretos. No caso em tela, não existem elementos
suficientes para fixar o valor da indenização, sequer em seu mínimo legal, pois não
existem provas do valor dos bens subtraídos. Ademais, não houve pedido expresso
de indenização.
Por essas razões, se torna impossível o arbitramento do valor mínimo da
reparação dos danos, devendo a parte ofendida buscar a liquidação da sentença penal
condenatória no juízo competente, visando apurar o prejuízo efetivamente sofrido,
para poder ser indenizado.

Dispositivo

Isto posto, julgo parcialmente procedente a pretensão punitiva do Estado,


para, em consequência, CONDENAR __________ como incurso(s) na pena do
crime de furto (art. 155, caput, do CP). Depois de feita a devida individualização,
acima, a pena definitiva do(a) acusado(a) é de 1 (um) ano de reclusão e 10 (dez)
dias-multa sobre 1/30 do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, a
ser cumprida inicialmente em regime aberto (CP, art. 33, § 2º, 'c').
Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal, e sem prejuízo da
multa aplicada, SUBSTITUO a pena privativa de liberdade pela pena restritiva de
direitos de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas. SE A PENA
FOR SUPERIOR A 1 ANO: Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal e
sem prejuízo da multa aplicada, considerando que a condenação foi superior a 1
(um) ano, substituo a pena privativa de liberdade pelas penas restritivas de direito
de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e prestação
pecuniária, na forma acima especificadas.
Condeno o(a) acusado(a), ainda, ao pagamento das custas processuais,
suspendendo o pagamento de tal verba, considerando que o(a) acusado(a) foi
assistido pela Defensoria Pública (ou Defensor Dativo), nos termos do art. 12 da Lei
nº 1.060/50.
Publique-se. Registre-se. Intime-se
Após o trânsito em julgado (CF, art. 5º, LVII):
a) Lance(m)-se o(s) nome(s) do(s) réu(s) condenado(s) no rol dos culpados;
b) Expeça(m)-se guia(s) de recolhimento para execução da(s) pena(s) pelo juízo
Manual Prático de Decisões Criminais 153

competente (LEP, art. 105), observando os comandos da Resolução nº 113/2010


do Conselho Nacional de Justiça;
c) Oficie-se à Justiça Eleitoral para fins de suspensão dos direitos políticos do(s)
réu(s) condenado(s) (CF, art. 15, III);
d) Preencha(m)-se o(s) Boletim(ns) Individual(is) do(s) acusado(s),
encaminhando-o(s) ao órgão encarregado da Estatística Criminal (CPP, art.
809);
e) Façam-se as demais comunicações de estilo e arquive-se.
Local e data.

20 SENTENÇA CONDENATÓRIA. LESÃO CORPORAL

Relatório

O (A) representante do Ministério Público, com atribuições nesta Vara,


ofertou denúncia em desfavor de __________________, qualificado(s) nos autos,
atribuindo-lhe(s) a prática dos crimes de lesão corporal, previsto no art. 129, § 1º,
____, do CP.
Consta da peça acusatória, em síntese, que, no dia ______, por volta das
_____, o acusado agrediu ______ com ______, sendo que, em razão dos vários
golpes sofridos, a vítima teve ______.
Requereu, ao final, a citação do(s) réu(s) e a condenação dele(s) nas penas
cominadas ao delito acima mencionado.
A denúncia veio escoltada com os autos do inquérito policial.
Foi recebida a denúncia em ________.
O acusado foi interrogado e apresentou defesa. Durante a instrução do
feito, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes. Ou: Durante a instrução
criminal, foram ouvidas as pessoas arroladas pelas partes e, em seguida,
interrogado(s) o(s) réu(s).
As partes apresentaram as alegações finais.

Fundamentação
Da autoria e materialidade do(s) delito(s)

Imputa-se a ______________ a prática do crime de lesão corporal,


previsto no art. 129, § 1º, _____, do CP.
154 Manual Prático de Decisões Criminais

Lesão corporal é a ofensa a integridade corporal ou a saúde de outrem


(CP, art. 129, caput). O sujeito ativo de tal delito pode ser qualquer pessoa, pois a
norma incriminadora não prevê qualquer capacidade penal especial (crime comum).
O sujeito passivo também é qualquer pessoa humana, exceto o agente, vez que a lei
não incrimina a mera conduta de autolesão. O elemento objetivo do tipo é ofender,
isto é, lesar, ferir, a integridade corporal ou a saúde de outrem. Já o elemento
subjetivo é a culpa ou o dolo, este último caso consiste na vontade livre e consciente
de produzir um dano ao corpo ou à saúde de outrem ou assumir o risco de produzí-lo
(animus laedendi ou nocendi).
No caso em tela, a pretensão punitiva do Estado merece prosperar, vez
que restaram comprovadas a autoria e a materialidade do crime.
Com efeito, o laudo de exame de corpo de delito atestou a existência da
lesão na vítima, bem como o fato dela ter _________ (fls.___).
A autoria do crime também é induvidosa, pois a vítima _____ declarou
que o réu lhe agrediu várias vezes com _________ e que, em virtude das agressões,
______.
Em reforço, a testemunha ______ informou que observou o denunciado
agredindo fortemente a vítima.
Assim, resta evidente que o acusado agrediu a vítima.
De tudo o que até agora foi exposto, a conclusão a que se chega é a de
que a conduta levada a efeito pelo(s) acusado(s) se subsume no preceito primário da
norma contida no art. 129, § 1º, _____, do CP, restando consumado o crime de lesão
corporal grave, não pairando dúvidas de que o(s) acusado(s) seja(m) o(s) autor(es) e
de que não existe nenhuma circunstância que exclua o crime ou isente os réu(s) de
pena.
Isto posto, julgo procedente a pretensão punitiva do Estado para, em
consequência, condenar ______________________ como incurso nas penas do art.
129, § 1º, _____, do CP.

Da dosimetria da pena

Estando demonstrada a materialidade e a autoria dos delitos, resta fazer a


dosimetria da pena (CP, art. 68 e CF, 5º, XLVI). Nessa fase da sentença, não se pode
olvidar que a nossa lei penal adotou o CRITÉRIO TRIFÁSICO de Nelson Hungria
(CP, art. 68), em que na primeira etapa da fixação da reprimenda analisam-se as
circunstâncias judiciais contidas no art. 59 do CP, encontrando-se a pena-base; em
seguida consideram-se as circunstâncias legais genéricas (CP, arts. 61, 65 e 66), ou
Manual Prático de Decisões Criminais 155

seja, as atenuantes e agravantes; por último, aplicam-se as causas de diminuição e de


aumento de pena, chegando-se à sanção definitiva. É o que passarei a fazer:
a) culpabilidade: a culpabilidade o(a) acusado(a) normal para esssa espécie de
delito, logo não elevará a pena-base;
b) dada a ausência de certidões atualizadas, o(a) acusado(a) é considerado
primário e sem antecedentes criminais;
c) sobre a conduta social ea personalidade o(a) acusado(a), não existe nada nos
autos, portanto, não aumentará a pena inicial;
d) o motivo do crime não desfavorece o(a) acusado(a);
e) circunstâncias do crime não prejudicam o(a) acusado(a);
f) consequências extrapenais do crime sãonormais para essa espécie de delito,
logo não incrementará a pena-base;
g) comportamento da vítima: a vítima não contribuiu em nada para a prática do
crime.
Desnecessária a observância do inc. I do art. 59 do CP, por inexistir
previsão de pena alternativa.
Assim, atento às circunstâncias analisadas, com fulcro no art. 129, § 1º,
do CP, fixo a pena-base em 1 ano de reclusão, que torno definitiva, dada a ausência
de agravantes e de causas de diminuição ou de aumento de pena, sendo certo que a
existência de qualquer atenuante restou prejudicada, vez que a pena foi fixada no
mínimo legal (súmula 231 do STJ).
Incabível a substituição por pena restritiva de direitos, em virtude de ter
havido violência à pessoa (art. 44, I, do CP).

Da indenização civil

Dispõe o art. 387, IV, do CPP, com redação dada pela Lei nº
11.719/2008, que, em caso de condenação do réu, deve o magistrado fixará o valor
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelos ofendidos indiretos. No caso em tela, não existem elementos
suficientes para fixar o valor da indenização, sequer em seu mínimo legal, pois não
existem provas de danos materiais ou morais eventualmente ocorridos. Ademais,
não houve pedido de indenização nem defesa do(a) acusado(a) nesse aspecto.
Por essas razões, se torna impossível o arbitramento do valor mínimo da
reparação dos danos, devendo a parte ofendida buscar a liquidação da sentença penal
condenatória no juízo competente, visando apurar o prejuízo efetivamente sofrido,
para poder ser indenizado.
156 Manual Prático de Decisões Criminais

Dispositivo

Posto isso, julgo procedente a pretensão punitiva do Estado, para, em


consequência, CONDENAR ____________ como incurso nas penas dos crimes de
lesão corporal, previsto no art. 129, § 1º, _____, do CP. Depois de feita, acima, a
devida individualização, a pena definitiva do réu é de 1 ano de reclusão, a ser
cumprida inicialmente em regime aberto (CP, art. 33, § 2º, „c‟).
23.4 Providências finais
1) Condeno o(s) réu(s), ainda, ao pagamento das custas processuais; porém,
suspendo o pagamento dessa verba enquanto durar a situação de pobreza, tendo
em vista que ele(s) foram assistidos pela Defensoria Pública (Advogado
Dativo), logo, faz(em) jus aos benefícios da assistência judiciária. Se dentro do
prazo de 5 (cinco) anos, a contar da decisão final, o assistido não puder
satisfazer o pagamento daquelas verbas, a obrigação será extinta pela
prescrição, a teor do disposto no art. 12 da Lei nº 1.060/50. (Cf. Recurso
Especial nº 1110476/SP, 2ª Turma do STJ. Rel. Min. Herman Benjamin, data
do julgamento: 28/04/2009, DJe: 31/08/2009).
2) Publique-se. Registre-se. Intime-se. Após o trânsito em julgado (CF, art. 5º,
LVII):
a. Lance(m)-se o(s) nome(s) do(s) réu(s) condenado(s) no rol dos culpados;
b. Expeça(m)-se guia(s) de recolhimento para execução da(s) pena(s) pelo juízo
competente (LEP, art. 105), observando os comandos da Resolução nº 113/2010
do Conselho Nacional de Justiça;
c. Oficie-se à Justiça Eleitoral para fins de suspensão dos direitos políticos do(s)
réu(s) condenado(s) (CF, art. 15, III);
d. Preencha(m)-se o(s) Boletim(ns) Individual(is) do(s) acusado(s),
encaminhando-o(s) ao órgão encarregado da Estatística Criminal (CPP, art.
809);
e. Façam-se as demais comunicações de estilo e arquive-se.
Local e data.
Manual Prático de Decisões Criminais 157

CAPÍTULO IV: PROCEDIMENTO DO JÚRI

1 RECEBIMENTO DE DENÚNCIA

Vistos.
A inicial acusatória observou os requisitos do art. 41 do CPP, assegurando
ao Imputado as condições necessárias para o exercício pleno das garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Dos autos se extrai a existência de indícios suficientes da autoria e da
materialidade delitiva, restando evidenciada a justa causa para a deflagração da ação
penal.
Assim, com apoio nos arts. 41 e 406 do CPP, recebo a denúncia e
determino a citação do Acusado para responder, por escrito, aos termos da
acusação, no prazo de 10 (dez) dias, podendo arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário, conforme dispõe o art. 406, §3º do mesmo Codex.
Na hipótese de não apresentação da resposta à acusação, certifique-se e,
imediatamente, sem necessidade de nova conclusão dos autos, dê-se vista dos
autos à Defensoria Pública para fazê-lo, no prazo de 10 (dez) dias.

2 REJEIÇÃO DA DENÚNCIA

2.1 Inépcia

O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia em face de


__________, imputando-o a conduta descrita no art. __________ do Código Penal
(ou da Lei nº ________).
É o relato do necessário. Decido.
Para que a inicial acusatória seja considerada apta a ensejar a ação penal,
é necessário que a mesma preencha os requisitos elencados no art. 41 do CPP.
Compulsando os autos, verifico, todavia, que a presente peça de pórtico
não expôs satisfatoriamente o fato criminoso, uma vez que tratou genericamente as
elementares do suposto delito, bem como não individualizou a conduta de cada um
dos supostos autores do fato, tornando-a sobremaneira genérica, o que não é aceito
em nosso sistema processual penal.
Ademais, não vislumbro na peça inicial as circunstâncias em que o
suposto delito foi praticado, tampouco qualificação do acusado ou esclarecimentos
158 Manual Prático de Decisões Criminais

pelos quais se possa identificá-lo.


Assim, não há outra solução senão a rejeição da denúncia, pela flagrante
inépcia que a vicia.
Pelo exposto, com fulcro no art. 395, I do CPP, rejeito liminarmente a
denúncia e extingo a persecução penal sem resolução do mérito, ao passo em que
determino o arquivamento dos autos, após as formalidades legais.
Expeça-se Alvará de soltura em favor do denunciado, se por outro motivo
não estiver preso.
P.R.I.

2.2 Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal

O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia em face de


__________, imputando-o a conduta descrita no art. __________ do Código Penal
(ou da Lei nº _______).
É o relato do necessário. Decido.
Para que a inicial acusatória seja considerada apta a ensejar a ação penal,
é necessário que a mesma preencha requisitos determinados pela lei processual
penal, dentre eles, os pressupostos processuais, correspondentes à legitimidade, à
possibilidade jurídica do pedido e ao interesse de agir, por sua vez representado pela
necessidade e utilidade da medida.
Compulsando os autos, verifico, todavia, que a presente peça de pórtico
não preencheu satisfatoriamente os pressupostos elencados acima.
1ª POSSIBILIDADE – ILEGITIMIDADE ATIVA:
Isso porque se trata de delito cuja natureza da ação é pública
incondicionada e a denúncia foi oferecida pelo ofendido, quando não restou
esgotado o prazo disponibilizado legalmente ao Ministério Público, único legitimado
para a propositura da ação penal em delitos como o presente.
2ª POSSIBILIDADE – ILEGITIMIDADE PASSIVA:
Isso porque foi oferecida denúncia contra menor de idade/portador de
doença mental, afastando, assim, a legitimidade passiva ad causam, por se tratar de
inimputável.
3ª Possibilidade – Impossibilidade jurídica do pedido:
Isso porque foi a denúncia descreve fato que não se adequa a nenhum tipo
penal previsto em lei. Trata-se, em verdade, de ________, que não constitui crime
no sistema penal brasileiro.
4ª POSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR:
Manual Prático de Decisões Criminais 159

Isso porque a denúncia descreve suposto crime de _________ (art.


______ do CP), tendo como objeto _______, que flagrantemente está abarcado pelo
princípio da insignificância, segundo o qual, em delitos praticados sem violência ou
grave ameaça, como constitui o próprio tipo penal ora denunciado, cujo objeto
possui valor ínfimo, afasta-se a tipicidade, pela ausência de necessidade e utilidade
da medida.
Assim, não há outra solução senão a rejeição da denúncia, pela flagrante
ausência dos pressupostos/condições processuais, que a maculam.
Pelo exposto, com fulcro no art. 395, II do CPP, rejeito liminarmente a
denúncia e extingo a persecução penal sem resolução do mérito, ao passo em que
determino o arquivamento dos autos, após as formalidades legais.
Expeça-se Alvará de soltura em favor do denunciado, se por outro motivo
não estiver preso.
P.R.I.

2.3 Ausência de justa causa

O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia em face de


__________, imputando-o a conduta descrita no art. __________ do Código Penal
(ou Lei nº ______).
É o relato do necessário. Decido.
Para que a inicial acusatória seja considerada apta a ensejar a ação penal,
é necessário que a mesma preencha requisitos determinados pela lei processual
penal, dentre eles a justa causa para a deflagração da ação penal, esta correspondente
à prova da materialidade e indícios suficientes de autoria.
1ª POSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE PROVA DA MATERIALIDADE:
Compulsando os autos, verifico, todavia, que à peça de pórtico não foi
juntada prova da materialidade, facilmente constatada por laudo de exame de corpo
de delito/laudo de exame cadavérico/laudo realizado no local do crime, o que afasta
sobremaneira a incidência da justa causa penal.
2ª POSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA:
Compulsando os autos, verifico, todavia, que a peça de pórtico não
convenceu satisfatoriamente quanto à existência de indícios mínimos de que o
denunciado tenha praticado o delito. Não há sequer nenhum depoimento que me leve
a crer que o indiciado foi o autor do delito, o que afasta sobremaneira a incidência da
justa causa penal.
Assim, não há outra solução senão a rejeição da denúncia, pela flagrante
160 Manual Prático de Decisões Criminais

ausência de justa causa, que a vicia.


Pelo exposto, com fulcro no art. 395, III do CPP, rejeito liminarmente a
denúncia e extingo a persecução penal sem resolução do mérito, ao passo em que
determino o arquivamento dos autos, após as formalidades legais.
Expeça-se Alvará de soltura em favor do denunciado, se por outro motivo
não estiver preso.
P.R.I.

3 PRONÚNCIA

3.1 Homicídio simples

I. Relatório
O Ministério Público ofereceu denúncia contra __________, devidamente
qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121, caput, do
Estatuto Repressivo Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que, no dia __________.
Instrui a denúncia o inquérito policial (fls. _____), contendo o laudos de
exame pericial no local do crime (fls. _____), cadavérico (fls. _____) e na arma de
fogo apreendida (fls. _____).
Denúncia recebida à fl. _____.
Defesa preliminar colacionada à fl. _____.
Folhas de antecedentes criminais à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu a Pronúncia
do acusado como incurso no art. 121, caput, do CP (fls. _____); ao passo em que a
defesa requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Decido.

II. Fundamentação
Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a
finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática do fato
delituoso narrado na denúncia, configurador do crime homicídio simples (art. 121,
caput, do Código Penal).
Manual Prático de Decisões Criminais 161

A materialidade delitiva restou comprovada no laudo pericial de fls.


_____ e pelo laudo cadavérico de fls. _____, tendo este último atestado que da ação
por instrumento __________ resultou o falecimento da vítima por __________.
Quanto à autoria, em que pese tenha o Réu negado esta qualidade, não
conseguiu provar que __________, não se desincumbindo, portanto, do ônus de
provar o que alega, nos moldes do art. 156, caput, do CPP.
Analisando os depoimentos das testemunhas, verifico que os indícios da
autoria recaem sobre o Acusado, sendo suficiente para levá-lo a julgamento pelo
Conselho de Sentença, não cabendo, in casu, o instituto da impronúncia.
É que, nesta fase do procedimento do Júri, também conhecida como Juízo
de admissibilidade, sumário da culpa, juízo de acusação ou judicium acusationis,
além de vigorar a regra do in dúbio pro societate, deve o Magistrado abster-se a uma
fundamentação técnica, despida de valorações subjetivas em prol de qualquer das
partes, limitando-se a fazer menção da viabilidade da imputação e da
impossibilidade, se for o caso, de se acolher, ao menos neste momento, algumas
teses da defesa.
Assim, verificando, como na presente casuística, que os indícios da
autoria recaem sobre o Réu, não há que se falar em dúvida razoável que enseje a
impronúncia deste.
Assim, havendo prova da materialidade do fato e indícios suficientes de
autoria, como há no presente caso, faz-se necessária a remessa do processo ao
Tribunal Popular através da Pronúncia, como expressão mais pura da aplicação da
nossa Constituição.
Cabe aos cidadãos da Comarca de __________, destarte, o julgamento
deste crime, uma vez que, em sede de sumário de culpa, entendo presentes os
requisitos para pronunciá-los.

III. Dispositivo
Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 413, caput, do CPP,
PRONUNCIO O RÉU __________, devidamente qualificado nos presentes autos, a
fim de que seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, pela possível prática
do crime de homicídio simples (art. 121, caput, do Código Penal).
SE O RÉU ESTÁ PRESO: Considerando que o Acusado foi
preventivamente preso com fundamento na __________ e não tendo havido
modificação ou extinção dos motivos que ensejaram a sua decretação, mantenho a
prisão preventiva decretada em seu desfavor, devendo aquele aguardar o julgamento
pelo Plenário do Júri segregado, na forma do art. 413, §3º do CPP.
Publique-se. Intime-se.
162 Manual Prático de Decisões Criminais

3.2 Pronúncia – Homicídio Qualificado

I. Relatório
O Representante do Ministério Público com ofício nesta Comarca
ofereceu denúncia contra __________, devidamente qualificado na exordial, como
incurso nas sanções penais do art. 121, §2º, __________, do Estatuto Repressivo
Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que, no dia __________.
Instrui a denúncia o inquérito policial (fls. _____), contendo o laudos de
exame pericial no local do crime (fls. _____), cadavérico (fls. _____) e na arma de
fogo apreendida (fls. _____).
Denúncia recebida à fl. _____.
Defesa preliminar colacionada à fl. _____.
Folhas de antecedentes criminais à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu a Pronúncia
dos acusados como incursos nos arts. 121, §2º, __________, do CP (fls. _____); ao
passo em que a defesa requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Decido.

II. Fundamentação
Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a
finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática do fato
delituoso narrado na denúncia, configurador do crime homicídio qualificado pelo
__________ (art. 121, §2º, __________, do Código Penal).
A materialidade delitiva restou comprovada no laudo pericial de fls. ____
e pelo laudo cadavérico de fls. __________, tendo este último atestado que da ação
por instrumento __________ resultou o falecimento da vítima por __________.
Quanto à autoria, em que pese tenha o Réu negado esta qualidade, não
conseguiu provar que __________, não se desincumbindo, portanto, do ônus de
provar o que alega, nos moldes do art. 156, caput, do CPP.
Analisando os depoimentos das testemunhas, verifico que os indícios da
autoria recaem sobre o Acusado, sendo suficientes para levá-lo a julgamento pelo
Conselho de Sentença, não cabendo, in casu, o instituto da impronúncia.
Manual Prático de Decisões Criminais 163

É que, nesta fase do procedimento do Júri, também conhecida como Juízo


de admissibilidade, sumário da culpa, juízo de acusação ou judicium acusationis,
além de vigorar a regra do in dubio pro societate, deve o Magistrado abster-se a uma
fundamentação técnica, despida de valorações subjetivas em prol de qualquer das
partes, limitando-se a fazer menção da viabilidade da imputação e da
impossibilidade, se for o caso, de se acolher, ao menos neste momento, algumas
teses da defesa.
Assim, verificando, como na presente casuística, que os indícios da
autoria recaem sobre o Réu, não há que se falar em dúvida razoável que enseje a
impronúncia deste.
Quanto às qualificadoras “__________”, “__________”, entendo que
devem, de igual forma, ser apreciadas pelos membros do Tribunal do Júri, em razão
da ausência de prova cabal de sua inexistência, o que impede sobremaneira a sua
exclusão.
O STJ tem entendido de igual forma quanto à inclusão de qualificadoras
na decisão de pronúncia. Vejamos, in litteris:

“PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS.


SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. HOMICÍDIOS DUPLAMENTE
QUALIFICADOS CONSUMADO E TENTADO.
PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA POR
MOTIVO FÚTIL. INVIABILIDADE. MATÉRIA A SER
DISCUTIDA NO TRIBUNAL DO JÚRI.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus
não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob
pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional,
exceto quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em
que se concede a ordem de ofício.
2. A decisão que submete o acusado a julgamento pelo
Tribunal do Júri deve ser motivada, inclusive no que se refere
às qualificadoras do homicídio, conforme estabelece o art. 93,
inciso IX, da Constituição Federal.
3. As qualificadoras propostas na denúncia somente
podem ser afastadas quando, de forma inequívoca,
mostrarem-se absolutamente improcedentes. Caso
contrário, havendo indícios da sua existência e incerteza
164 Manual Prático de Decisões Criminais

sobre as circunstâncias fáticas, deve prevalecer o princípio


in dubio pro societatis, cabendo ao Tribunal do Júri
manifestar-se sobre a ocorrência ou não de tais
circunstâncias.
4. Hipótese em que o acórdão impugnado fundamentadamente
faz referência às provas que indicariam que os crimes teriam
sido praticados por motivo fútil, o que torna imperioso a
manutenção da referida qualificadora, cabendo ao juiz natural
da causa o exame dos fatos a justificar a sua incidência, sob
pena de afronta à soberania do Tribunal do Júri.
5. Habeas corpus não conhecido.”.
STJ, HC 228924/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª turma, DJe
09/06/2015 – Grifo nosso
Assim, havendo prova da materialidade do fato e indícios suficientes de
autoria, como há no presente caso, faz-se necessária a remessa do processo ao
Tribunal Popular através da Pronúncia, como expressão mais pura da aplicação da
nossa Constituição.
Cabe aos cidadãos da Comarca de __________, destarte, o julgamento
deste crime, uma vez que, em sede de sumário de culpa, entendo presentes os
requisitos para pronunciá-los.

III. Dispositivo
Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 413, caput, do CPP,
PRONUNCIO O RÉU __________, devidamente qualificado nos presentes autos, a
fim de que seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, pela possível prática
do crime de homicídio qualificado pelo __________ (art. 121, §2º, ____, do Código
Penal).
Considerando que o Acusado foi preventivamente preso com fundamento
na __________ e não tendo havido modificação ou extinção dos motivos que
ensejaram a sua decretação, mantenho a prisão preventiva decretada em seu
desfavor, devendo aquele aguardar o julgamento pelo Plenário do Júri segregado, na
forma do art. 413, §3º do CPP.
Publique-se. Intime-se.
Manual Prático de Decisões Criminais 165

3.3 Pronúncia (Coautoria)

I. Relatório

O Ministério Público ofereceu denúncia contra __________, devidamente


qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121, § _____ do
Estatuto Repressivo Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que:
“__________”
Instrui a denúncia o auto de prisão em flagrante de fls. _____, com
conversão da prisão em preventiva (fls. _____), o inquérito policial (fls. _____),
contendo via original do auto de prisão em flagrante (fls. _____).
Denúncia recebida às fls. _____, tendo, na mesma oportunidade, sido
decretada a prisão preventiva em desfavor do denunciado.
Pedido de revogação de prisão preventiva em favor do Réu __________
às fls. _____, acompanhado dos documentos de fls. _____.
O Ministério Público opôs-se ao pedido de revogação de prisão
preventiva (fls. _____), tendo o MM. Juiz indeferido-o (fls. _____).
Resposta à acusação colacionada às fls. _____.
Laudos de exame cadavérico da vítima à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Laudo pericial realizado no local da morte da vítima às fls. _____.
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu __________
(fls. _____); a defesa do réu, por sua vez, requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Passo a fundamentar e decidir.

II. Fundamentação

Nessa fase processual, de decisão acerca da admissibilidade da inicial


acusatória, cabe ao magistrado verificar, tão somente, de acordo com os elementos
probatórios produzidos nos autos, a possibilidade do fato descrito na denúncia se
enquadrar naqueles elencados no art. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal,
como sendo de competência do Tribunal do Júri, e a existência de indícios
166 Manual Prático de Decisões Criminais

suficientes da respectiva e suposta autoria ou participação, bem como da


materialidade do delito.
Trata-se de decisão que, encerrando a fase de formação da culpa e
reconhecendo a competência do Tribunal do Júri à espécie, inaugura a fase de
preparação do plenário, que levará o caso ao julgamento de mérito pelo Corpo de
Jurados, juízes naturais dos crimes dolosos contra a vida.
Assim, estabelece o art. 413 do Código de Processo Penal como requisitos
para a pronúncia a prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria
ou de participação. Em relação à materialidade, a prova há de ser segura quanto ao
fato. Já em relação à autoria, bastará a presença de elementos indicativos que
revelem ter sido o acusado o autor da prática do delito, orientando o juiz, nesse
momento, pelo princípio do in dubio pro societate.
A Defesa não suscitou preliminares, razão pela qual, passo a adentrar no
meritum causae.
No que se refere à materialidade delitiva, esta restou demonstrada por
meio do Laudo de Exame Cadavérico.
Quanto à autoria, por sua vez, emergem dos autos indícios suficientes de
que os denunciados _______________ e ____________________ praticaram o
delito.
Com efeito, os depoimentos das testemunhas colhidos durante a instrução
criminal foram suficientes para gerar, neste julgador, a convicção da existência de
elementos suficientes de autoria exigidos nesta fase processual. Vejamos:
“___________”(depoimentos das testemunhas)
Por seu turno, foram realizados os interrogatórios dos acusados
_______________ (fls. ___) e _____________________ (fls. ___). Embora tenham
negado a autoria do fato, recaem sobre ambos os indícios de autoria, suficientes
neste momento processual para que sejam levados a julgamento pelo Egrégio
Tribunal do Júri.
Como se sabe, bastam, para a pronúncia, indícios de autoria, não se
fazendo indispensável a sua certeza, ante a aplicação do princípio in dubio pro
societate, cuja aplicação encontra-se amplamente difundida nos tribunais superiores.
Observo, ainda, a incidência de duas qualificadoras no crime em comento,
que merecem algumas considerações.
Quanto às qualificadoras “__________”, “__________”, entendo que
devem, de igual forma, ser apreciadas pelos membros do Tribunal do Júri, em razão
da ausência de prova cabal de sua inexistência, o que impede sobremaneira a sua
exclusão.
Manual Prático de Decisões Criminais 167

O STJ tem entendido de igual forma quanto à inclusão de qualificadoras


na decisão de pronúncia. Vejamos, in litteris:
“PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS.
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. HOMICÍDIOS DUPLAMENTE
QUALIFICADOS CONSUMADO E TENTADO.
PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA POR
MOTIVO FÚTIL. INVIABILIDADE. MATÉRIA A SER
DISCUTIDA NO TRIBUNAL DO JÚRI.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus
não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob
pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional,
exceto quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em
que se concede a ordem de ofício.
2. A decisão que submete o acusado a julgamento pelo
Tribunal do Júri deve ser motivada, inclusive no que se refere
às qualificadoras do homicídio, conforme estabelece o art. 93,
inciso IX, da Constituição Federal.
3. As qualificadoras propostas na denúncia somente
podem ser afastadas quando, de forma inequívoca,
mostrarem-se absolutamente improcedentes. Caso
contrário, havendo indícios da sua existência e incerteza
sobre as circunstâncias fáticas, deve prevalecer o princípio
in dubio pro societatis, cabendo ao Tribunal do Júri
manifestar-se sobre a ocorrência ou não de tais
circunstâncias.
4. Hipótese em que o acórdão impugnado fundamentadamente
faz referência às provas que indicariam que os crimes teriam
sido praticados por motivo fútil, o que torna imperioso a
manutenção da referida qualificadora, cabendo ao juiz natural
da causa o exame dos fatos a justificar a sua incidência, sob
pena de afronta à soberania do Tribunal do Júri.
5. Habeas corpus não conhecido.”.

STJ, HC 228924/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª turma, DJe


09/06/2015 – Grifo nosso
168 Manual Prático de Decisões Criminais

Assim, havendo prova da materialidade do fato e indícios suficientes de


autoria, como há no presente caso, faz-se necessária a remessa do processo ao
Tribunal Popular através da Pronúncia, como expressão mais pura da aplicação da
nossa Constituição.
Cabe aos cidadãos da Comarca de __________, destarte, o julgamento
deste crime, uma vez que, em sede de sumário de culpa, entendo presentes os
requisitos para pronunciá-los.

III. Dispositivo

Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 413, caput, do CPP,


PRONUNCIO O RÉU __________, devidamente qualificado nos presentes autos, a
fim de que seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, pela possível prática
do crime de homicídio qualificado pelo __________ (art. 121, §2º, ____, do Código
Penal).
Considerando que o Acusado foi preventivamente preso com fundamento
na __________ e não tendo havido modificação ou extinção dos motivos que
ensejaram a sua decretação, mantenho a prisão preventiva decretada em seu
desfavor, devendo aquele aguardar o julgamento pelo Plenário do Júri segregado, na
forma do art. 413, §3º do CPP.
Publique-se. Intime-se.

3.3 Pronúncia (Infrações Conexas)

O Ministério Público ofereceu denúncia contra __________, devidamente


qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121, § _____ do
Estatuto Repressivo Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que:
“__________”
Instrui a denúncia o auto de prisão em flagrante de fls. _____, com
conversão da prisão em preventiva (fls. _____), o inquérito policial (fls. _____),
contendo via original do auto de prisão em flagrante (fls. _____).
Denúncia recebida às fls. _____, tendo, na mesma oportunidade, sido
decretada a prisão preventiva em desfavor do denunciado.
Pedido de revogação de prisão preventiva em favor do Réu __________
às fls. _____, acompanhado dos documentos de fls. _____.
Manual Prático de Decisões Criminais 169

O Ministério Público opôs-se ao pedido de revogação de prisão


preventiva (fls. _____), tendo o MM. Juiz indeferido-o (fls. _____).
Resposta à acusação colacionada às fls. _____.
Laudos de exame cadavérico da vítima à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Laudo pericial realizado no local da morte da vítima às fls. _____.
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu __________
(fls. _____); a defesa do réu, por sua vez, requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Passo a fundamentar e decidir.
Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a
finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática do fato
delituoso narrado na denúncia, configurador do crime homicídio qualificado pelo
__________ (art. 121, §2º, __________, do Código Penal).
A materialidade delitiva restou comprovada no laudo pericial de fls. ____
e pelo laudo cadavérico de fls. __________, tendo este último atestado que da ação
por instrumento __________ resultou o falecimento da vítima por __________.
Quanto à autoria, em que pese tenha o Réu negado esta qualidade, não
conseguiu provar que __________, não se desincumbindo, portanto, do ônus de
provar o que alega, nos moldes do art. 156, caput, do CPP.
Analisando os depoimentos das testemunhas, verifico que os indícios da
autoria recaem sobre o Acusado, sendo suficientes para levá-lo a julgamento pelo
Conselho de Sentença, não cabendo, in casu, o instituto da impronúncia.
É que, nesta fase do procedimento do Júri, também conhecida como Juízo
de admissibilidade, sumário da culpa, juízo de acusação ou judicium acusationis,
além de vigorar a regra do in dubio pro societate, deve o Magistrado abster-se a uma
fundamentação técnica, despida de valorações subjetivas em prol de qualquer das
partes, limitando-se a fazer menção da viabilidade da imputação e da
impossibilidade, se for o caso, de se acolher, ao menos neste momento, algumas
teses da defesa.
Assim, verificando, como na presente casuística, que os indícios da
autoria recaem sobre o Réu, não há que se falar em dúvida razoável que enseje a
impronúncia deste.
Quanto às qualificadoras “__________”, “__________”, entendo que
devem, de igual forma, ser apreciadas pelos membros do Tribunal do Júri, em razão
170 Manual Prático de Decisões Criminais

da ausência de prova cabal de sua inexistência, o que impede sobremaneira a sua


exclusão.
O STJ tem entendido de igual forma quanto à inclusão de qualificadoras
na decisão de pronúncia. Vejamos, in litteris:
“PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS.
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. HOMICÍDIOS DUPLAMENTE
QUALIFICADOS CONSUMADO E TENTADO.
PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA POR
MOTIVO FÚTIL. INVIABILIDADE. MATÉRIA A SER
DISCUTIDA NO TRIBUNAL DO JÚRI.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus
não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob
pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional,
exceto quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em
que se concede a ordem de ofício.
2. A decisão que submete o acusado a julgamento pelo
Tribunal do Júri deve ser motivada, inclusive no que se refere
às qualificadoras do homicídio, conforme estabelece o art. 93,
inciso IX, da Constituição Federal.
3. As qualificadoras propostas na denúncia somente
podem ser afastadas quando, de forma inequívoca,
mostrarem-se absolutamente improcedentes. Caso
contrário, havendo indícios da sua existência e incerteza
sobre as circunstâncias fáticas, deve prevalecer o princípio
in dubio pro societatis, cabendo ao Tribunal do Júri
manifestar-se sobre a ocorrência ou não de tais
circunstâncias.
4. Hipótese em que o acórdão impugnado fundamentadamente
faz referência às provas que indicariam que os crimes teriam
sido praticados por motivo fútil, o que torna imperioso a
manutenção da referida qualificadora, cabendo ao juiz natural
da causa o exame dos fatos a justificar a sua incidência, sob
pena de afronta à soberania do Tribunal do Júri.
5. Habeas corpus não conhecido.”
STJ, HC 228924/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª turma,
DJe 09/06/2015 – Grifo nosso
Manual Prático de Decisões Criminais 171

Assim, havendo prova da materialidade do fato e indícios suficientes


de autoria, como há no presente caso, faz-se necessária a remessa do processo
ao Tribunal Popular através da Pronúncia, como expressão mais pura da
aplicação da nossa Constituição.
Cabe aos cidadãos da Comarca de __________, destarte, o julgamento
deste crime, uma vez que, em sede de sumário de culpa, entendo presentes os
requisitos para pronunciá-los.

3.4 Dos crimes conexos

Inicialmente, ressalta-se que o réu levado a julgamento pelo Tribunal do


Júri, em razão da decisão de pronúncia, poderá ser pronunciado por crimes conexos
ao principal, condição para atrair a competência do Tribunal constitucionalmente
estabelecido, pois, de outra forma, não seria este Juízo competente para decidir
acerca de crimes outros.
Denota-se dos autos que o réu foi denunciado também pela prática do
crime previsto no art. ______ do Código Penal Brasileiro, haja vista que
_____________________.
A Defesa sustenta que haveria, no presente caso, a incidência de
____________________.
Não é o que se infere do caso em comento.
Com efeito, ___________________________. (afasta a tese da defesa).
Entendo, pois, existirem indícios suficientes da ocorrência do crime
previsto no art. ______ do Código Penal, impossibilitando que seja afastada a
apreciação também deste crime pelo Conselho de Sentença.
Diante do exposto, com fundamento no art. 413 do CPP, PRONUNCIO o
réu __________________, já qualificado, como incurso nas sanções previstas pelo
art. 121, _________, _________, e art. _________, ambos do Código Penal
Brasileiro, por homicídio simples (ou qualificado) e ______________ (crime
conexo), a fim de submetê-lo a julgamento perante o Tribunal do Júri.
Considerando que o Acusado foi preventivamente preso com fundamento
na __________ e não tendo havido modificação ou extinção dos motivos que
ensejaram a sua decretação, mantenho a prisão preventiva decretada em seu
desfavor, devendo aquele aguardar o julgamento pelo Plenário do Júri
segregado, na forma do art. 413, §3º do CPP.
Publique-se. Intime-se.
172 Manual Prático de Decisões Criminais

4 IMPRONÚNCIA

I. Relatório
O Ministério Público ofereceu denúncia contra __________, devidamente
qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121, § _____ do
Estatuto Repressivo Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que:
“__________”
Instrui a denúncia o auto de prisão em flagrante de fls. _____, com
conversão da prisão em preventiva (fls. _____), o inquérito policial (fls. _____),
contendo via original do auto de prisão em flagrante (fls. _____).
Denúncia recebida às fls. _____, tendo, na mesma oportunidade, sido
decretada a prisão preventiva em desfavor do denunciado.
Pedido de revogação de prisão preventiva em favor do Réu __________
às fls. _____, acompanhado dos documentos de fls. _____.
O Ministério Público opôs-se ao pedido de revogação de prisão
preventiva (fls. _____), tendo o MM. Juiz indeferido-o (fls. _____).
Resposta à acusação colacionada às fls. _____.
Laudos de exame cadavérico da vítima à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Laudo pericial realizado no local da morte da vítima às fls. _____.
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu __________
(fls. _____); a defesa do réu, por sua vez, requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Decido.

II. Fundamentação

Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a


finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática do fato
delituoso narrado na denúncia, configurador do crime de homicídio ________ (art.
121, §_______, do Código Penal).
A materialidade delitiva restou comprovada nos laudos periciais de fls.
_____ e fls. _____ e pelo laudo cadavérico de fls. _____, tendo este último atestado
que ____________ resultou o falecimento da vítima por _______________.
Manual Prático de Decisões Criminais 173

A autoria, ao contrário, não restou provada, não havendo sequer indícios


da participação do réu __________.
Isso porque não há nos autos nenhuma prova a robustecer as alegações de
autoria do delito em face do Acusado, não havendo sequer indícios frágeis de sua
participação.
A única menção de que o referido acusado teve participação no delito
ocorreu em sede de investigação policial, que, em hipótese alguma no processo
penal pode servir de fundamento em decisão judicial, porquanto desprovida dos
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Observa-se, pois, que, em juízo, nenhuma testemunha indicou a
participação do réu, tampouco existe nos autos qualquer outro indício, a fim de
indicar que o mesmo praticou o delito.
Não há, repito, sequer indício frágeis da participação de __________ no
delito, de forma que a impronúncia é medida que se impõe, pela inexistência de
indícios de autoria, nos moldes do art. 414 do CPP.
Em que pese a prevalência, na fase de sumário de culpa, do princípio do
in dubio pro societate, este não deve predominar quando não houver
convencimento do Juízo acerca da existência do crime ou indício suficiente de
que o réu seja o seu autor.
Ademais, aceitar a utilização do Plenário do Júri sem qualquer respaldo
probatório, como no presente caso em relação ao Réu em análise, é por demais
temerário, havendo grande possibilidade de o Conselho de Sentença incorrer em erro
judiciário, o que afeta sobremaneira princípios importantes como o da plenitude da
defesa e da dignidade da pessoa humana.
Outro não é o escólio de Guilherme de Souza Nucci, in litteris:
"Por tais motivos, cabe ao magistrado togado impedir que o
júri seja reunido para julgar caso nitidamente falho, de onde
não poderá advir outra decisão senão a absolutória. A
impronúncia, nessa hipótese, é o caminho adequado. Se
posteriormente outras provas forem coletadas, ainda será
possível produzir a pronúncia". (Código de Processo Penal
Anotado, p. 676).
E arremata, citando Vicente Greco Filho:
"O raciocínio do juiz da pronúncia, então, deve ser o seguinte:
segundo minha convicção, se este réu for condenado
haverá uma injustiça? Se sim, a decisão deverá ser de
impronúncia ou de absolvição sumária" (p. 677) – Grifo
nosso
174 Manual Prático de Decisões Criminais

No mesmo sentido, orienta a jurisprudência:


EMENTA: APELAÇÃO - HOMICÍDIO QUALIFICADO -
RECURSO MINISTERIAL - PEDIDO DE PRONÚNCIA -
PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA
- AUSÊNCIA - SENTENÇA DE IMPRONÚNCIA
MANTIDA. - Nos termos do art. 414 do CPP, inexistindo
indícios suficientes de autoria, a impronúncia do réu é
medida de rigor.
(TJ-MG-APR: 10024095398202001 MG , Relator: Paulo
Cézar Dias, Data de Julgamento: 06/05/2014, Câmaras
Criminais / 3ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
16/05/2014) – Grifo nosso
Assim, diante da inexistência de indícios de autoria em relação ao réu, a
impronúncia é medida de rigor, conforme preleciona o art. 414 do CPP.

1. Dispositivo

Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 414 do CPP, JULGO


IMPROCEDENTE o pedido formulado na inicial acusatória e, por conseguinte,
IMPRONUNCIO O RÉU __________ por não haver indícios suficientes de
autoria em seu desfavor no fato delituoso descrito na denúncia, ressaltando-se que,
enquanto não estiver extinta a punibilidade, poderá, em qualquer tempo, ser
instaurado processo contra ele, desde que haja novas provas, tudo com
fundamento no art. 414 do CPP.
Em razão da impronúncia deste, revogo as medidas cautelares
aplicadas em seu desfavor.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

5 ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA

I. Relatório
O Ministério Público ofereceu denúncia contra __________, devidamente
qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121, § _____ do
Estatuto Repressivo Pátrio.
Narra a denúncia, em síntese, que:
“__________”
Manual Prático de Decisões Criminais 175

Instrui a denúncia o auto de prisão em flagrante de fls. _____, com


conversão da prisão em preventiva (fls. _____), o inquérito policial (fls. _____),
contendo via original do auto de prisão em flagrante (fls. _____).
Denúncia recebida às fls. _____, tendo, na mesma oportunidade, sido
decretada a prisão preventiva em desfavor do denunciado.
Pedido de revogação de prisão preventiva em favor do Réu __________
às fls. _____, acompanhado dos documentos de fls. _____.
O Ministério Público opôs-se ao pedido de revogação de prisão
preventiva (fls. _____), tendo o MM. Juiz indeferido-o (fls. _____).
Resposta à acusação colacionada às fls. _____.
Laudos de exame cadavérico da vítima à fl. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas __________ (fl.
_____), bem como foi realizado o interrogatório do Acusado (fls. _____).
Laudo pericial realizado no local da morte da vítima às fls. _____.
Nenhuma diligência complementar foi requerida pelas partes.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu __________
(fls. _____); a defesa do réu, por sua vez, requereu __________ (fls. _____).
É o relatório. Passo a fundamentar e decidir.

II. Fundamentação
Embora o Tribunal do Júri seja competente para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida (art. 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal), o legislador
ordinário estabeleceu um filtro para as acusações que não se amoldam ao perfil de
crimes dessa natureza.
É de se pontuar, neste sentido, que a lei nº. 11.689/2008 introduziu
importantes alterações no procedimento do Tribunal do Júri, especialmente no que
toca à absolvição sumária, o que, pela natureza processual de seus dispositivos,
devem ser aplicadas a este processo.
Os presentes autos têm por objetivo apurar a responsabilidade criminal do
denunciado pela prática do crime previsto no art. 121, ____, ______, do Código
Penal, ocorrido no dia ____/____/______ , em que fora vítima
________________________.
A prova da materialidade do fato está consubstanciada nos documentos
juntados aos autos, quais sejam, _______ (fls. _____).
Os indícios de autoria também recaem sobre o réu, arrimados pelos
relatos das testemunhas ouvidas em Juízo bem como pelo seu interrogatório,
176 Manual Prático de Decisões Criminais

oportunidade em que ______________, o que coaduna com os fatos narrados pelas


testemunhas, consoante trechos destacados abaixo.
“_________________” (acrescentar trechos dos depoimentos)
Com efeito, infere-se da leitura do artigo 415, inciso ____, do Código de
Processo Penal que deverá o juiz absolver, desde logo, o réu quando se convencer
_________________. É a absolvição sumária, decisão de mérito, que põe fim ao
processo, julgando improcedente a pretensão punitiva do Estado.
No caso em tela, resta evidente _________________.
Diante do exposto, julgo improcedente o pedido contido na denúncia e
ABSOLVO SUMARIAMENTE o acusado _________________, com
fundamento no artigo 415, inciso ____, do Código de Processo Penal.
Expeça-se o competente Alvará de Soltura, se porventura estiver preso.
Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as baixas
necessárias.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Sem custas.

6 SENTENÇA. DESCLASSIFICAÇÃO.

I. Relatório
O Ministério Público ofereceu denúncia contra _____________,
devidamente qualificado na exordial, como incurso nas sanções penais do art. 121,
caput, do CP.
Narra a denúncia que _________________.
O inquérito policial de fls. _______ acompanha a denúncia, que foi
recebida por este Juízo à fl. ____.
Laudo pericial de lesões corporais do Réu carreado às fls. ____ e laudo
pericial cadavérico (se houver) às fls. ____.
Defesa preliminar apresentada às fls. _____.
Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas arroladas pelo
Ministério Público (fls. _____) e pela defesa (fls. _____), bem como foi realizado o
interrogatório do(s) Réu(s) às fls. ______.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu ___________
(fls. ____); ao passo em que a defesa pleiteou _____________ (fls. _______).
É o relatório. Decido.
Manual Prático de Decisões Criminais 177

II. Fundamentação

Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a


finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado pela prática do fato
delituoso narrado na denúncia, configurador do crime homicídio simples (art. 121,
caput, do CP).
Analisando a prova oral produzida durante a instrução, verifico que não
há adequação típica entre o fato narrado na denúncia e a que se mostrou nos autos
com o tipo imputado ao Réu, por faltar o elemento subjetivo do homicídio, qual
seja, o anumus necandi (ou animus occidendi).
Com efeito, o Acusado não teve a intenção de matar a vítima, agindo com
animus laedendi (ou animus vulnerandi), porquanto _________, conforme se
depreende dos depoimentos das testemunhas ouvidas durante a instrução.
Vejamos alguns depoimentos, in litteris:
“_________________”. (depoimento das testemunhas)
Restou claro que __________________.
A propósito, veja-se julgado do TJMG:
“Para o reconhecimento da causa de diminuição prevista no art. 129, §4º, do CP é
necessário que o agente atue sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação
da vítima, circunstância que demanda prova inequívoca do comportamento
intimidatório do ofendido, não caracterizado nos autos” (TJMG, Processo
1.0223.02.099371-1/001[1]. Rel. Walter Pinto da Rocha, grifo nosso).

III. Dispositivo

Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 408 do CPP,


DESCLASSIFICO o delito de homicídio simples (art. 121, caput do CP) para
lesões corporais ______ (art. 129, _____ do CP) e, considerando a incompetência
deste Juízo para processar e julgar crimes comuns, determino a remessa dos autos ao
Cartório de Distribuição para que remeta a uma das Varas Criminais competentes
desta Comarca.
Publiquem-se. Intimem-se.
Ou (NA HIPÓTESE DE COMPETÊNCIA)
Ante as razões explanadas, com fundamento no art. 408 do CPP,
DESCLASSIFICO o delito de homicídio simples (art. 121, caput do CP) para
lesões corporais ______ (art. 129, _____ do CP).
178 Manual Prático de Decisões Criminais

Entretanto, com base nos princípios constitucionais do contraditório e


ampla defesa, preclusa a presente decisão, certifique-se e dê-se vista dos autos ao
Ministério Público para, querendo, aditar a denúncia, no prazo de cinco dias.
Após, intime-se a defesa para, no prazo de cinco dias, manifestar-se sobre
o aditamento à denúncia.
Cumpridas as determinações supra, voltem os autos conclusos para
designação de audiência de continuação, oportunidade em que serão ouvidas
testemunhas, será feito novo interrogatório do acusado, bem como serão realizados
novos debates e julgamento.
Publique-se. Intimem-se.

7 JUÍZO DE RETRATAÇÃO

7.1 Prova de materialidade e indícios de autoria. Manutenção da pronúncia.

Vistos, etc.
Trata-se de RECURSO EM SENTIDO ESTRITO interposto pelo acusado
_______________, devidamente qualificado, inconformado com a decisão de
pronúncia de fls. ____, pleiteando a retratação da decisão impugnada ou, caso não o
seja, a remessa dos presentes autos ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Após historiar os fatos de forma breve, aduz o recorrente que a decisão
que pronunciou o acusado ____________________.
Instado a se manifestar, o representante do Ministério Público apresentou
contrarrazões, pugnando __________________.
Vieram-me os autos conclusos.
É o relatório. Passo a decidir.
Reexaminando a decisão prolatada, concluo que a mesma não deve ser
modificada, cujos fundamentos bem resistem às razões do recurso, de forma que a
mantenho.
A materialidade do delito de homicídio veio demonstrada por meio do
laudo de exame cadavérico e das fotografias do local do fato. Por sua vez, os
indícios de autoria recaem sobre o Acusado, não havendo prova cabal em contrário.
Assim, existindo prova da existência do crime e indícios suficientes de
que seja o recorrente o autor, a denúncia oferecida pelo Ministério Público mostra-se
admissível, devendo a decisão de pronúncia ser mantida.
Nessa trilha, é importante ressaltar que para a decisão de pronúncia
bastam indícios de que o acusado tenha cometido o crime que lhe é imputado, em
Manual Prático de Decisões Criminais 179

observância à regra insculpida pelo legislador brasileiro no artigo 408 do Código de


Processo Penal e em consonância com o princípio in dúbio pro societate. A
jurisprudência é uníssona nesse sentido:
PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. TESE DE
EXCESSO DE LINGUAGEM. INOCORRÊNCIA.
A decisão de pronúncia encerra mero juízo de admissibilidade
da acusação, não se exigindo certeza, mas tão somente o
exame de prova da materialidade e de indícios da autoria, uma
vez que, nesta fase, prevalece o princípio do in dubio pro
societate. Hipótese em que, no decisum que pronunciou o réu,
não se vislumbra excesso de linguagem. O magistrado limitou-
se a apresentar fatos e provas presentes nos autos que apontam
indícios da participação do acusado no crime, não emitindo
juízo de valor capaz de influir no ânimo dos integrantes do
Conselho de Sentença.
Eventual referência a depoimentos colhidos durante a
instrução não leva, necessariamente, à conclusão de que houve
julgamento antecipado pelo juízo monocrático.
Agravo regimental desprovido.
(STJ, AgRg no REsp 1473460/AL, Rel. Min. Gurgel de Faria,
5ª Turma, DJe 04/08/2015).
Por tais razões, MANTENHO, na íntegra, a decisão de pronúncia.
Subam os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça de ____, com as
homenagens de estilo.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

7.2 Juízo de retratação. Excesso de linguagem não demonstrado. Manutenção da


pronúncia.

Vistos, etc.
Trata-se de RECURSO EM SENTIDO ESTRITO interposto pelo acusado
_______________, devidamente qualificado, inconformado com a decisão de
pronúncia de fls. ____, pleiteando a retratação da decisão impugnada ou, caso não o
seja, a remessa dos presentes autos ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Após historiar os fatos de forma breve, aduz o recorrente que a decisão
que pronunciou o acusado ____________________.
180 Manual Prático de Decisões Criminais

Instado a se manifestar, o representante do Ministério Público apresentou


contrarrazões, pugnando __________________.
Vieram-me os autos conclusos.
É o relatório. Passo a decidir.
Reexaminando a decisão prolatada, concluo que a mesma não deve ser
modificada, cujos fundamentos bem resistem às razões do recurso, de forma que a
mantenho.
Com efeito, compulsando os autos, verifico que não houve excesso de
linguagem, limitando-se a decisão de pronúncia a reconhecer a existência da
materialidade e que os indícios de autoria recaem sobre o(s) Acusado(s), consoante
trecho que ora colaciono:
“____________________” (trecho da decisão de pronúncia)
Nessa trilha, é importante ressaltar que para a decisão de pronúncia
bastam indícios de que o acusado tenha cometido o crime que lhe é imputado, em
observância à regra insculpida pelo legislador brasileiro no artigo 408 do Código de
Processo Penal e em consonância com o princípio in dúbio pro societate., o que foi
feito, repito, pela decisão recorrida. A jurisprudência é uníssona nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA.
NULIDADE DA CITAÇÃO POR EDITAL.
INOCORRÊNCIA. FUGA DO DISTRITO DA CULPA.
EXCESSO DE LINGUAGEM. INEXISTÊNCIA.
AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Quanto à nulidade da citação editalícia, as razões recursais
contrapõem-se às assertivas do acórdão recorrido de que
foram realizadas diligências tendentes à localização do
acusado, que, em verdade, se evadiu do distrito da culpa, sem
deixar informações concretas sobre o lugar onde poderia ser
encontrado, tanto que nessa condição permaneceu por 24 anos.
Nesse contexto, o acolhimento das razões recursais
demandaria incursão no acervo fático-probatório carreado aos
autos, providência inadmissível na via do recurso especial, a
teor da Súmula 7/STJ.
2. Inexiste nulidade, por excesso de linguagem, se a sentença
de pronúncia limitou-se à demonstração da prova da
materialidade do delito e à indicação dos indícios de autoria
que dão suporte à acusação.
Manual Prático de Decisões Criminais 181

3. Considerações a respeito da existência de indícios de


autoria, por demandarem ampla incursão em aspectos fáticos e
probatórios são incabíveis na via cognitiva estreita do recurso
especial, por expressa vedação do enunciado 7 da Súmula
desta Corte.
4. Agravo Regimental desprovido.
(STJ, AgRg no AREsp 197544/MG, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, 5ª Turma, DJe 03/08/2015).
Por tais razões, MANTENHO, na íntegra, a decisão de pronúncia.
Subam os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça de ____, com as
homenagens de estilo.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

8 DESPACHO. PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO


EM PLENÁRIO. ARTIGO 422 DO CPP.

Preclusa a decisão de pronúncia, intimem-se o Ministério Público e o


Defensor do pronunciado para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade
em que poderão juntar documentos e requerer diligência, na forma estabelecida pelo
art. 422 do Código de Processo Penal.
Expirado o prazo assinalado, o que deverá ser certificado, voltem-me os
autos conclusos para designação da sessão plenária.
Cumpra-se.

9 PEDIDO DE DESAFORAMENTO

Vistos, etc.
O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ofereceu denúncia em
desfavor de _______________, devidamente qualificado, dando-o como incurso nas
sanções previstas no art. 121, caput, do Código Penal, pela prática do crime de
homicídio, que teve como vítima a pessoa de _________________.
Narra na inicial acusatória que ________________.
O Ministério Público arrola testemunhas às fls. ___.
Termo de apreensão às fls. ______.
Certidão de antecedentes criminais às fls. ____.
182 Manual Prático de Decisões Criminais

Laudo de exame cadavérico às fls. ____.


Decisão recebendo a denúncia às fls. ____.
Citado, o denunciado apresentou defesa preliminar às fls. ____.
No decorrer da instrução, foram ouvidas as testemunhas arroladas pela
acusação (fls. ____), bem como pela defesa (fls. _____), sendo, ao final, interrogado
o denunciado (fls. ____).
As partes não requereram diligências.
Em suas alegações finais, o Ministério Público pugnou pela
________________; por sua vez, a defesa, em suas razões finais, requereu
______________.
Vieram-me os autos conclusos.
É o relatório. Passo a decidir.
Trata-se a presente de ação penal instaurada em desfavor de ________,
devidamente qualificado, para apurar a responsabilidade do mesmo na prática do
crime de homicídio, previsto do art. 121, caput, do Código Penal, ocorrido no dia
____/____/______, tendo como vítima _______________.
Pois bem. No procedimento relativo aos processos da competência do
Tribunal do Júri, a legislação processual, no art. 427 do CPP, prevê a possibilidade
de o Juiz representar pelo desaforamento do julgamento para outra comarca se o
interesse da ordem pública o reclamar ou se houver dúvida sobre a imparcialidade
do júri ou a segurança pessoal do acusado.
No caso dos autos, tenho que o desaforamento do julgamento da causa é
medida que se mostra indispensável para se garantir a imparcialidade na apreciação
dos fatos pelo Conselho de Sentença, segundo informações que chegaram ao
conhecimento deste Magistrado.
Assim, verificando que a imparcialidade do julgamento está ameaçada,
diante do receio dos jurados de livremente julgar o denunciado, o desaforamento é
medida que se mostra inafastável.
Ante o exposto, com fundamento no art. 427 do CPP, REPRESENTO
pelo desaforamento do julgamento do presente processo para outra comarca da
região, onde não exista o motivo acima anunciado, a influenciar no regular desfecho
da causa.
Remetam-se os autos ao Tribunal de Justiça de Alagoas, com as
homenagens deste Juízo.
Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Manual Prático de Decisões Criminais 183

10 SENTENÇAS EM PLENÁRIO

10.1 Homicídio simples

Em face do relatório já haver sido feito em processo, passo à decisão.


Trata-se de ação criminal movida pelo Ministério Público contra
__________, devidamente qualificado, denunciado como incurso nas penas do Art.
121, caput, do Código Penal Brasileiro, pela prática delituosa que teve como vítima
__________-.
Cumpridas as formalidades atinentes à espécie, o Conselho de Sentença
respondeu aos quesitos formulados nos seguintes termos, conforme
Termo de Votação nos autos:
1º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
2º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
3º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
4º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S).
O Conselho de Sentença, portanto, ao responder aos quesitos formulados
sem impugnações, reconheceu a materialidade e a autoria do delito, bem como que o
réu deve ser condenado, tudo conforme termo de votação incluso.

DOSIMETRIA E FIXAÇÃO DA PENA


Atendendo ao disposto nos artigos 59 e 68 do Código Penal Brasileiro,
passo a dosar-lhe a reprimenda penal.
Culpabilidade a ser valorada __________; antecedentes __________;
sobre a conduta social e a personalidade do agente__________; o motivo do delito
__________; as circunstâncias do crime __________; consequências extrapenais
__________.
Assim, atento às circunstâncias analisadas, fixo a pena-base em
__________ anos de reclusão.
Não concorrem circunstâncias atenuantes, nem agravantes.
OU
184 Manual Prático de Decisões Criminais

Inexistem circunstâncias atenuantes. Porém, considerando a agravante


________ (art. 61, inciso ____ ou art. 62, inciso _____ do CP), agravo a pena em
_______ anos (ou meses), ficando a pena intermediária em _________.
OU
Em que pese a existência da atenuante da ________ (art. 65, ______ do
CP), deixo de atenuar a pena, por ter sido esta fixada no mínimo legal. Inteligência
da súmula 231 do STJ; não há circunstância agravante.
OU
Diante da coexistência de circunstâncias atenuantes e agravantes,
considero como preponderante a circunstância ____________ sobre a
____________ e exaspero ou atenuo a pena em ___________, com base no art. 67
do CP.
Não havendo causa de aumento ou de diminuição da pena, converto-a em
definitiva.
A pena do réu será cumprida inicialmente em regime __________, nos
moldes do art. 33, _____ do CP.
OU
Considerando tratar-se de Acusado reincidente, deverá cumprir a pena em
regime inicialmente fechado (art. 33, §2º, alínea b do CP).
Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, eis que este
compareceu espontaneamente a todas as fases do processo, não sendo, portanto,
necessária e adequada a decretação de sua prisão cautelar.
Após o trânsito em julgado (CF, art. 5º, LVII):
C) Lance-se o nome do réu no rol dos culpados
(CPP, art. 393, II);
CI) Expeça-se guia para execução da reprimenda
pelo juízo competente (LEP, art. 105) ou, caso não haja
interposição de recurso com efeito suspensivo por parte
do Ministério Público, expeça-se guia de execução
provisória, devendo ser prontamente remetida ao juízo
da execução criminal, em conformidade com o disposto
pela Resolução nº 57 do Conselho Nacional de Justiça.
CII) Oficie-se à Justiça Eleitoral, comunicando a
condenação do réu, com sua devida identificação,
acompanhada de fotocópia da presente decisão, para
cumprimento do quanto disposto pelos artigos 71,
parágrafo 2º, do Código Eleitoral c/c 15, III da
Constituição Federal;
Manual Prático de Decisões Criminais 185

CIII) Oficie-se ao órgão encarregado da Estatística


Criminal (CPP, art. 809);
CIV) Façam-se as demais comunicações de estilo e
arquive-se.
Sem custas.
Publicada em plenário de julgamento, dou por intimadas às partes.
Registre-se.

10.2 Homicídio qualificado

Em face do relatório haver sido feito em plenário de julgamento, passo a


decisão.
Trata-se de ação criminal movida pelo Ministério Público contra
__________, devidamente qualificado, denunciado como incurso nas penas do Art.
121, § 2º, incisos __________, todos do Código Penal Brasileiro, prática delituosa
que teve como vítima __________.
Cumpridas as formalidades atinentes à espécie, o Conselho de Sentença
respondeu aos quesitos formulados nos seguintes termos, conforme Termo de
Votação nos autos.
1º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
2º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
3º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
4º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S).
O Conselho de Sentença, portanto, ao responder aos quesitos formulados
sem impugnações, reconheceu a materialidade e a autoria do delito, bem como que o
réu deve ser condenado, tudo conforme termo de votação incluso.

DOSIMETRIA E FIXAÇÃO DA PENA

Atendendo ao disposto nos artigos 59 e 68 do Código Penal Brasileiro,


passo a dosar-lhe a reprimenda penal.
186 Manual Prático de Decisões Criminais

O acusado __________, quanto à sua culpabilidade – __________;


antecedentes – __________; conduta social – __________; personalidade –
__________; motivos do crime – __________; circunstâncias do fato –
__________; consequências do crime – __________; comportamento da vítima –
__________.
Em assim sendo, e observando as diretrizes do art. 68 do mesmo diploma
legal, fixo-lhe a pena base privativa de liberdade em __________ anos de reclusão.
Reconhecida(s) qualificadora(s) sobejante(s) (art. 121, §2º, ____ do
CP), deve(m) esta(s) ser considerada(s), na dosimetria da pena, agravante(s) da
primeira, conforme orientam a doutrina e a jurisprudência nacionais (STJ, HC
199203/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, DJe 03/08/2015).
Ante a existência de ____ qualificadora(s), ora considerada(s) como
agravante(s), agravo a pena em ______ anos (ou meses) de reclusão, ficando a pena
provisória de ______ anos de reclusão.
Inexistem causas de aumento ou de diminuição da pena, e, assim, torno
definitiva a pena de _____ anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicialmente
________, considerando _______________.
OU
Não sendo reconhecido pelo Conselho de Sentença, em prol do réu,
circunstâncias atenuantes, nem agravantes, fixo a pena em __________ anos de
reclusão, e ante a inexistência de causas de aumento ou de diminuição, torno a pena,
em definitivo e em concreto, em __________ anos de reclusão, a serem cumpridos
em regime inicialmente fechado no Presídio __________, por se tratar de crime
hediondo, nos termos da Lei n° 8.072/90.
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais
OU
Sem custas em virtude da situação financeira do réu.
Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, eis que este
compareceu espontaneamente a todas as fases do processo, não sendo, portanto,
necessária e adequada a decretação de sua prisão cautelar.
OU
Diante das circunstâncias em que o crime foi praticado, aliado a
___________, decreto (ou mantenho) a prisão preventiva em face do Acusado,
sendo a medida restritiva, portanto, necessária e adequada ao presente caso, nos
moldes dos arts. _____ do CPP.
Transitada em julgado, lance-se o nome do réu no rol dos culpados,
expedindo-se a competente guia de execução, conforme provimentos da
Corregedoria-Geral da Justiça e a seguir, encaminhe-se cópia do boletim individual,
Manual Prático de Decisões Criminais 187

devidamente preenchido ao Instituto de Identificação da SDS/_____, bem como,


comunique-se ao cartório eleitoral competente, para os devidos fins.
Publicada em plenário de julgamento, dou por intimadas às partes.
Registre-se.

10.3 Desclassificação pelos jurados

Em razão do relatório haver sido feito em plenário de julgamento, passo a


decidir:
Trata-se de ação criminal movida pelo Ministério Público contra
__________, devidamente qualificado, foi denunciado como incurso nas penas do
Art. 121, § 2º, inciso II, c/c o Art. 14, inciso II, todos do Código Penal Brasileiro,
pela prática delituosa que teve como vítima __________.
Cumpridas todas as formalidades legais atinentes à espécie, foi o acusado
submetido à julgamento em sessão hoje realizada, havendo, ao seu final, o Egrégio
Conselho de Sentença, por unanimidade de votos, entendido que não houve a
tentativa de homicídio, operando-se, desta forma, a desclassificação para a
competência do Juiz Singular e, neste caso, do Presidente do Egrégio Tribunal do
Júri desta Comarca.
Assim, em apertada síntese, relatei.
DECIDO.
Cumpridas as formalidades atinentes à espécie, o Conselho de Sentença
respondeu aos quesitos formulados nos seguintes termos, conforme Termo de
Votação nos autos:
1º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
2º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
3º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
4º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S).
O Conselho de Sentença, portanto, ao responder aos quesitos formulados
sem impugnações, reconheceu a materialidade, mas acolheu a tese defensória,
declarando-se incompetente para julgar o crime, motivo pelo qual passo a
analisá-lo, por se tratar de desclassificação de natureza própria, ou seja, que
desloca a competência de julgamento do crime ao Juiz Presidente, que, conforme
188 Manual Prático de Decisões Criminais

leciona Guilherme de Souza Nucci, “poderá dar a configuração que bem entenda”
(Tribunal do Júri, 2008, p. 345).
A materialidade e a autoria encontram-se devidamente provadas, aquela
pelo auto de exame de lesão corporal de fls. ____, pelo laudo de exame
complementar de fl. ____ e pelos documentos médicos de fls. ____; e esta pelas
declarações da vítima ______________ (fls. _____) e pelos depoimentos das
testemunhas _______________ (fls. ______), _______________ (fls. ______) e
_________________ (fls. _______).
Compulsando detidamente a prova produzida durante a instrução
criminal, constato a inviabilidade de reconhecimento da causa de exclusão da
antijuridicidade da legítima defesa, considerando que o Acusado não repeliu
prontamente à agressão da vítima. Ao contrário, _______________.
Não se encontram presentes, destarte, os elementos para o
reconhecimento da excludente de ilicitude da legítima defesa (arts. 23, II e 25,
ambos do CP).
Assim, deve o Acusado ser responsabilizado pela prática do crime de
lesão corporal grave (ou gravíssima), consoante verificado no exame complementar
de fl. ____.
Ante as razões explanadas, JULGO PROCEDENTE a pretensão
punitiva do Estado e CONDENO o Réu ____________ como incurso nas sanções
penais do art. 129, § ____, ______ do CP.
Atendendo às circunstâncias previstas no art. 59 e levando em
consideração as diretrizes do art. 68, ambos do Código Penal, passo à
DOSIMETRIA DA PENA a ser aplicada ao Condenado:
O acusado __________, quanto à sua culpabilidade – __________;
antecedentes – __________; conduta social – __________; personalidade –
__________; motivos do crime – __________; circunstâncias do fato –
__________; consequências do crime – __________; comportamento da vítima –
__________.
Assim, fixo-lhe a pena base em ____ (______) anos de _________ .
Não há circunstâncias agravantes. Entretanto, diante da atenuante da
________ (art. 65, _______ do CP), atenuo a pena em _________ de reclusão e
________ dias-multa, passando a pena a _________ de ________________.
OU
Não concorrem circunstâncias atenuantes, nem agravantes.
OU
Manual Prático de Decisões Criminais 189

Inexistem circunstâncias atenuantes. Porém, considerando a agravante


________ (art. 61, inciso ____ ou art. 62, inciso _____ do CP), agravo a pena em
_______ anos (ou meses), ficando a pena intermediária em _________.
OU
Em que pese a existência da atenuante da ________ (art. 65, ______ do
CP), deixo de atenuar a pena, por ter sido esta fixada no mínimo legal. Inteligência
da súmula 231 do STJ; não há circunstância agravante.
OU
Diante da coexistência de circunstâncias atenuantes e agravantes,
considero como preponderante a circunstância ____________ sobre a
____________ e exaspero ou atenuo a pena em ___________, com base no art. 67
do CP.
Não havendo causa de aumento ou de diminuição da pena, converto-a em
definitiva.
A pena do réu será cumprida inicialmente em regime __________, nos
moldes do art. 33, _____ do CP.
OU
Considerando tratar-se de Acusado reincidente, deverá cumprir a pena em
regime inicialmente fechado (art. 33, §2º, alínea b do CP).
Tendo em vista que o crime foi cometido com violência à vítima, deixo
de substituir a pena privativa de liberdade por penas restritivas de direito, nos
termos do Código Penal, art. 44, I, e §2º, do Código Penal.
Deixo de fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados à
vítima, conforme determinado no art. 387, IV, do CPPP, em razão da inexistência de
uma base mínima que me conduza a aferir os valores despendidos pelo ofendido
para o seu tratamento médico, podendo este optar pela reparação civil dos danos
sofridos.
Concedo ao Denunciado o direito de apelar em liberdade, considerando
que respondeu a todo o processo criminal em liberdade, bem como não há elementos
concretos autorizadores da decretação da medida cautelar, na forma do art. 312 c/c
art. 387, parágrafo único, ambos do CPP.
Por fim, condeno o Réu ao pagamento das custas processuais.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

DELIBERAÇÕES FINAIS

Após o trânsito em julgado, tomem-se as seguintes providências:


190 Manual Prático de Decisões Criminais

1) Lance-se o nome do Condenado no Rol dos Culpados, procedendo-se o


respectivo registro no sistema eletrônico;
2) Proceda-se ao recolhimento do valor atribuído a título de multa, conforme o art.
686 do CPP;
3) Proceda-se à confecção da guia de execução e, após o cumprimento, remetam-
se ao Juízo das Execuções Criminais;
4) Para os fins do art. 809 do CPP, comunique-se à SSP/____, ao _________
(órgão responsável pela anotação de registros para fins de concessão de transação
penal ou suspensão condicional do processo) e à Secretaria de Defesa Social,
inclusive para alimentação do INFOSEG;
5) Comunique-se ao Cartório Eleitoral para os fins do art. 15, caput e III, da CF,
enviando-se cópia da presente sentença;
6) Proceda-se ao recolhimento das custas.
Expeça-se o competente Alvará de Soltura se por outro motivo não estiver
o acusado preso.
Comunicações de praxe.
Publicada em sessão de julgamento. Dou por intimadas as partes.
Registre-se.

10.4 Sentença. Homicídio + infrações conexas.

I. Relatório

___________, qualificado nos autos, foi denunciado pelo representante


do Ministério Público pela prática dos crimes previstos no art. 121, ____, _____, e
art. ______, c/c art. 29, todos do Código Penal Brasileiro, contra a vítima
_____________.
Relatório do processo constante nos autos às fls. _____, ao qual faço
remissão.
Levado o feito a julgamento, na sala de sessões do júri,
transcorreram os trabalhos do júri dentro da normalidade, nos termos da
assentada juntada aos autos. Em sessão, os jurados foram convidados a reunir-se na
sala secreta e teve início o julgamento com a votação dos jurados.
É a síntese do necessário.
Manual Prático de Decisões Criminais 191

I. Fundamentação

Em face do relatório haver sido feito em plenário de julgamento, passo a


decisão.
Trata-se de ação criminal movida pelo Ministério Público contra
__________, devidamente qualificado, denunciado como incurso nas penas do Art.
121, § 2º, incisos __________, todos do Código Penal Brasileiro, prática delituosa
que teve como vítima __________.
Cumpridas as formalidades atinentes à espécie, o Conselho de Sentença
respondeu aos quesitos formulados nos seguintes termos, conforme Termo de
Votação nos autos:
1º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
2º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
3º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S);
4º Quesito: ____ (_____) VOTO(S) SIM e ____ (______) VOTO(S),
____ (________) PREJUDICADO(S).
O Conselho de Sentença, portanto, ao responder aos quesitos formulados
sem impugnações, reconheceu a materialidade e a autoria do delito de homicídio
simples (ou qualificado), bem como a materialidade e autoria do crime conexo
(____________, art. _____ do CP), razão pela qual o réu deve ser condenado, tudo
conforme termo de votação incluso.
Por tais razões, atendendo ao disposto nos artigos 59 e 68, ambos do
Código Penal, passo a dosar a reprimenda penal da seguinte forma:

1 - Homicídio qualificado

O acusado __________, quanto à sua culpabilidade – __________;


antecedentes – __________; conduta social – __________; personalidade –
__________; motivos do crime – __________; circunstâncias do fato –
__________; consequências do crime – __________; comportamento da vítima –
__________.
Em assim sendo, e observando as diretrizes do art. 68 do mesmo diploma
legal, fixo-lhe a pena base privativa de liberdade em __________ anos de reclusão.
192 Manual Prático de Decisões Criminais

Reconhecida(s) qualificadora(s) sobejante(s) (art. 121, §2º, ____ do


CP), deve(m) esta(s) ser considerada(s), na dosimetria da pena, agravante(s) da
primeira, conforme orientam a doutrina e a jurisprudência nacionais (STJ, HC
199203/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, DJe 03/08/2015).
Ante a existência de ____ qualificadora(s), ora considerada(s) como
agravante(s), agravo a pena em ______ anos (ou meses) de reclusão, ficando a pena
provisória de ______ anos de reclusão.
Inexistem causas de aumento ou de diminuição da pena, e, assim, torno
definitiva a pena de _____ anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicialmente
________, considerando _______________.
Ou NÃO HAVENDO CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E
ATENUANTES E CAUSAS DE AUMENTO OU DE DIMINUIÇÃO DA PENA.
Não sendo reconhecido pelo Conselho de Sentença, em prol do réu,
circunstâncias atenuantes, nem agravantes, fixo a pena em __________ anos de
reclusão, e ante a inexistência de causas de aumento ou de diminuição, torno a pena,
em definitivo e em concreto, em __________ anos de reclusão.

2 – (Crime conexo)
O acusado __________, quanto à sua culpabilidade – __________;
antecedentes – __________; conduta social – __________; personalidade –
__________; motivos do crime – __________; circunstâncias do fato –
__________; consequências do crime – __________; comportamento da vítima –
__________.
Em assim sendo, e observando as diretrizes do art. 68 do mesmo diploma
legal, fixo-lhe a pena base privativa de liberdade em __________ anos de reclusão.
Ante a existência de da agravante ________, exaspero a pena em ______
anos (ou meses) de reclusão, ficando a pena provisória de ______ anos de reclusão.
Inexistem causas de aumento ou de diminuição da pena, e, assim, torno
definitiva a pena de _____ anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicialmente
________, considerando _______________.
OU NÃO HAVENDO CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E
ATENUANTES E CAUSAS DE AUMENTO OU DE DIMINUIÇÃO DA PENA.
Não sendo reconhecido pelo Conselho de Sentença, em prol do réu,
circunstâncias atenuantes, nem agravantes, fixo a pena em __________ anos de
reclusão, e ante a inexistência de causas de aumento ou de diminuição, torno a pena,
em definitivo e em concreto, em __________ anos de reclusão.
Manual Prático de Decisões Criminais 193

CONCURSO DE CRIMES

Diante do concurso material de crimes, disposto no art. 69 do CP, procedo


à soma das penas, totalizando-a em _______ de reclusão, a ser cumprida em regime
inicialmente ___________, na forma do art. 33, §____, do CP.
Considerando a quantidade total das penas de reclusão aplicada ao réu ser
superior a 04 anos e que se trata de crime cometido com violência à pessoa, verifica-
se que não faz jus ao benefício da substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direito, a teor do disposto no art. 44, inciso I do CPB.
Ausentes também as condições de ordem objetivas e subjetivas previstas
no art. 77 do CPB, já que além da pena de reclusão aplicada ao réu ter sido fixada
em quantidade superior a 02 anos, as condições judiciais do art. 59 não lhe são
favoráveis, como já especificado acima, o que demonstra que não faz jus também ao
benefício da suspensão condicional do cumprimento da pena.

DETRAÇÃO

Cumprindo o disposto no artigo 387, §2º, do CPP, que determina que o


tempo de prisão provisória seja computado para fins de determinação do regime
inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, percebo que o réu
_________________ não permaneceu recluso tempo suficiente para aplicação da
detração da pena e, consequentemente, alteração do regime inicial de cumprimento
da pena. Assim, consoante previsão no artigo 33, §2º, "a" e §3º, do Código Penal, a
pena cominada deverá ser cumprida em regime inicialmente fechado, cujos
requisitos para progressão de regime deverão ser verificados pelo juízo das
execuções penais.

DA PRISÃO PREVENTIVA

Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, eis que este


compareceu espontaneamente a todas as fases do processo, não sendo, portanto,
necessária e adequada a decretação de sua prisão cautelar.
OU
Diante das circunstâncias em que o crime foi praticado, aliado a
___________, decreto (ou mantenho) a prisão preventiva em face do Acusado,
sendo a medida restritiva, portanto, necessária e adequada ao presente caso, nos
moldes dos arts. _____ do CPP.
194 Manual Prático de Decisões Criminais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o trânsito em julgado, feitas as devidas anotações e comunicações,


deverão ser adotadas as seguintes providências: a) oficie-se o TRE para os fins do
art. 15, III, da CF/88; b) expeça-se a competente guia para a execução da pena,
expedindo-se ainda mandado de prisão de acordo com o regime de pena adequado e
arquivando-se definitivamente o presente processo; c) oficie-se o Instituto de
Identificação Criminal.
Custas pelo condenado
Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Sentença lida e publicada no Salão do Tribunal do Júri desta Comarca, às
horas, na presença dos réus, dos Srs. Jurados e das partes, saindo todos os presentes
intimados.
Local, data.

11 ATAS DE SESSÃO DO JÚRI

11.1 Termo de instalação e abertura da sessão de julgamento do tribunal do júri

Antes da abertura dos trabalhos, o MM. Juiz Presidente do Tribunal do


Júri, o(a) Dr(a). ______________, considerando a inexistência de casos de isenção
e dispensa de jurados ou pedido de adiamento de julgamento, mandando consignar
em ata as deliberações, verificou se a urna continha as cédulas dos 25 (vinte e cinco)
jurados sorteados, mandando que o escrivão procedesse à chamada deles (art. 462,
CPP).
Havendo mais de quinze jurados presentes, na forma do art. 463 do CPP,
o(a) MM Juiz(a) Presidente declarou instalados os trabalhos, anunciando o
processo que será submetido a julgamento.
Passou, então, a tomar conhecimento das faltas e escusas dos Jurados
faltosos, anunciando o resultado das dispensas e multas, conforme consta da
respectiva ata deste julgamento.
A seguir determinou ao senhor Oficial de Justiça que fizesse o pregão
das partes e testemunhas, recolhendo-as aos seus devidos lugares, separadas as
arroladas pelo Ministério Público das arroladas pela defesa, de modo que não
pudessem ouvir os debates, tampouco as respostas uma das outras.
Do que, para constar, lavrou-se este termo, que digitei e assino.
Manual Prático de Decisões Criminais 195

Sala das Sessões do Tribunal do Júri de ________, Estado de _____, aos


___________ de ______.
Escrivã (o)

11.2 Termo de verificação de cédulas

Prosseguindo nos trabalhos do Tribunal do Júri, em cuja sessão será


submetido a julgamento o réu ____________________, o MM. Juiz Presidente,
publicamente, nos termos do que dispõe o art. 462 do Código de Processo Penal,
abriu a urna e dela retirou todas as cédulas, uma a uma, verificando que a urna
contém as cédulas relativas aos 25 jurados sorteados. Neste momento, mandou que o
Escrivão procedesse à chamada deles. Do que, para constar, lavrei este termo, que
lido e achado conforme vai devidamente assinado. Sala das Sessões do Tribunal do
Júri, em _________, __________. Eu, ________________, escrivão, o digitei e
subscrevi.
(Local, data)
Juiz Presidente do Tribunal do Júri

11.3 Lista de presença dos jurados

Comparecimento
Nome
(sim ou não)

7
196 Manual Prático de Decisões Criminais

Sala das Sessões do Tribunal do Júri em ____________, Estado de


________, aos ___________ de ________.
Escrivã (o)

11.4 Decisão sobre justificativas apresentadas e eventual aplicação de multa a


jurado faltoso.

Vistos, etc.
Considerando que o jurado abaixo relacionado deixou de comparecer para
a presente sessão sem causa legítima, na forma dos arts. 436, § 2º e 442 ambos do
CPP, aplico-lhe a multa abaixo descriminada, de acordo com a sua condição
econômica.

Nome Valor da multa em salários mínimos

Desde já, fica todo e qualquer jurado faltoso automaticamente incluído na


próxima sessão periódica do Tribunal de Júri.
Registre-se esta decisão na Ata.
Intimem-se os jurados faltosos.
(Local, data)
Juiz Presidente do Tribunal do Júri

11.5 Certidão de apregoamento das partes

Certifico e dou fé, eu, Oficial de Justiça abaixo assinado, que exercendo
as funções de Porteiro nesse Tribunal do Júri, tendo anunciado o nº do Processo, o
artigo do Código Penal em que o réu estava incurso, bem como o nome da vítima,
apregoei à porta do Tribunal, em alta voz, o réu _______________, o Promotor de
Manual Prático de Decisões Criminais 197

Justiça, Dr. ____________, o Defensor do réu, Dr. __________, OAB/___ nº


_________ e as testemunhas, os quais compareceram, acudindo aos pregões.
Oficial de Justiça

11.6 Certidão de presença do réu

E, presente se achava o Réu que respondeu chamar-se _______________,


ter ______ anos de idade, tendo como seu defensor o Dr. __________. O referido é
verdade e dou fé.
Sala das Sessões do Tribunal do Júri em _________, Estado
de_________, aos _________ de _________.
Escrivã (o)

11.7 Termo de sorteio do conselho de sentença

Verificando que se encontravam na urna as cédulas relativas a todos os


jurados presentes, o MM. Juiz Presidente fechou-a e, antes do sorteio dos membros
do Conselho de Sentença, esclareceu sobre os impedimentos, a suspeição e as
incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 ambos do CPP.
Em seguida, o MM. Juiz Presidente também advertiu os jurados de que,
uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem
manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa,
na forma do § 2º do art. 436 do CPP.Finalmente, o MM Juiz passou ao sorteio,
dentre os jurados presentes, para a formação do Conselho de Sentença, como rezam
os arts. 467 e 468 do CPP, e foram selecionados para a composição do Conselho de
Sentença os seguintes jurados, todos admitidos pela defesa e pelo Ministério
Público:

Nome Idade Profissão


1
2
3
4
5
198 Manual Prático de Decisões Criminais

Os quais vestiram a toga e tomaram seus respectivos lugares a medida em


que eram aprovados. Durante o sorteio não foram recusados qualquer jurados.
A seguir, após levantar-se e determinar que todos também o fizessem, o
Juiz Presidente do Tribunal do Júri fez aos sete jurados a seguinte exortação: “Em
nome da Lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a
vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da Justiça”. Cada
um dos jurados, nominalmente chamados pelo Presidente, respondeu “Assim o
prometo” e em seguida assinaram o termo de compromisso.
Após assinatura do termo de compromisso, o MM. Juiz determinou ao
Oficial de Justiça que entregasse aos jurados cópia da Pronúncia e do relatório do
processo, como determina o parágrafo único do art. 472 do CPP.
Os demais jurados sorteados foram dispensados.
Do que, para constar, mandou o MM. Juiz de Direito Presidente, lavrar o
presente que, lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu,
_______________, Escrivão, o digitei e subscrevi.
Sala das Sessões do Tribunal do Júri em _________, Estado de _______,
_________ de _________.
Juiz Presidente

11.8 Termo de compromisso dos jurados

Certifico que, em plenário, constituído o Conselho de Sentença, o MM.


Juiz Presidente, levantando-se e, com ele, todos os presentes, tomou dos jurados o
compromisso legal pronunciando a seguinte exortação: “Em nome da Lei, concito-
vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão, de
acordo com vossa consciência e os ditames da justiça”. Em seguida, os jurados,
nominalmente chamados, cada um por sua vez, responderam: “ASSIM PROMETO”
e, em seguida, assinaram o presente termo de compromisso, na forma que se vê
abaixo.

Nome Assinatura
1
2
3
4
Manual Prático de Decisões Criminais 199

Do que dou fé e, para constar, digitei este termo que vai assinado por mim
____________, Escrivão, pelo Juiz Presidente e pelos senhores jurados.
(Local, data)
Juiz Presidente do Tribunal do Júri

11.9 Instrução plenária – oitiva de testemunhas

Prestado o compromisso pelos jurados, na forma do art. 473 e seguintes


do CPP, foi iniciada a instrução plenária, onde foram tomadas sucessiva e
diretamente, as declarações das testemunhas que se seguem abaixo, tendo o
Ministério Público dispensado a oitiva das testemunhas ______________, que não
residem nesta Comarca, segundo a certidão de fls. ____.
PRIMEIRA TESTEMUNHA OUVIDA, ARROLADA PELA
ACUSAÇÃO:
Nome: XXX
Nacionalidade: XXX
Estado Civil: XXX
Profissão: XXX
Data de Nascimento: XXXX
Filiação: XXXX
CPF: XXX
CI: XXX
Endereço: XXX
Testemunha compromissada e não contraditada, devidamente alertada das
penas do falso testemunho, sob palavra de honra e após prometer dizer a verdade do
que souber e lhe for perguntado, inquirida pelo Juiz Presidente, respondeu: QUE
Após, às perguntas formuladas pelo Ministério Público, respondeu:
QUE .
Finalmente, com a palavra o defensor do acusado, respondeu: QUE
Os jurados, através da Juiz Presidente, formularam perguntas a
testemunha, que respondeu: QUE .
E como nada mais foi perguntado, encerro o presente, que vai
devidamente assinado por mim. Eu, __________, escrivão, o digitei e subscrevi,
juntamente com a testemunha ouvida, cuja assinatura se colhe abaixo:
200 Manual Prático de Decisões Criminais

Juiz de Direito Presidente


Testemunha
Ministério Público
Advogado de Defesa
Réu

11.10 Termo de interrogatório do réu

Presente o acusado neste Plenário do Júri, na presença de seu defensor,


após ser-lhe concedida a oportunidade de entrevista em particular com o seu
defensor, o réu foi assim qualificado:
Nome: XXX
Nacionalidade: XXX
Estado Civil: XXX
Profissão: XXX
Local onde exerce suas atividades: XXX
Escolaridade: XXX
Data de Nascimento: XXX
Filiação: XXX
CPF: XX
CI: XXX
Endereço: XXX
Se já foi preso ou processado alguma vez (em caso afirmativo, qual o
Juízo do Processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena
imposta e se a cumpriu): XXX
Religião: XXX
Possui filhos? Quantos? XXX
O réu foi então cientificado do inteiro teor da acusação e informado pelo
MM. Juiz Presidente do Tribunal do Júri, do seu direito de permanecer calado e de
não responder perguntas que lhe forem formuladas. Foi informado, ainda, que o
silêncio não importará em confissão nem poderá ser interpretado em prejuízo da
defesa.
PERGUNTADO se é verdadeira a imputação que lhe é feita?
Respondeu: QUE;
Manual Prático de Decisões Criminais 201

PERGUNTADO se não sendo verdadeira a acusação, se tem algum


motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser
imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da
infração ou depois dela?
Respondeu: QUE *;
PERGUNTADO onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e
se teve notícia desta?
Respondeu: QUE *;
PERGUNTADO se conhece as provas já apuradas?
Respondeu: QUE *;
PERGUNTADO se conhece a(s) vítima(s) e as testemunha(s) já
inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas?
Respondeu: QUE *
PERGUNTADO se conhece o instrumento com que praticou a infração,
ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido?
Respondeu: QUE *
PERGUNTADO sobre todos os demais fatos e por menores que
conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração?
Respondeu: QUE
PERGUNTADO se tem algo mais a alegar em sua defesa?
Respondeu: QUE XXX
Após, às perguntas formuladas diretamente pelo Ministério Público,
respondeu: QUE *.
Finalmente, às perguntas formuladas pelo seu defensor de maneira
direta, respondeu: QUE *
Os jurados formularam perguntas ao réu por intermédio do Juiz
Presidente, que respondeu: QUE. E como nada mais foi perguntado encerro o
presente termo que vai devidamente assinado por mim. Eu, __________, Escrivão, o
digitei e subscrevi.
Juiz Presidente do Tribunal do Júri
Ministério Público
Advogado de Defesa
Réu

11.11 Debates, leitura dos quesitos e esclarecimentos


202 Manual Prático de Decisões Criminais

Encerrada a instrução no Plenário, o MM. Juiz assim se pronunciou:


“Passaremos agora aos debates orais. Peço atenção aos jurados, pois com base neles
Vossas Excelências produzirão o veredicto. Recomendo às partes para que
mantenham um nível adequado de debates, evitando atitudes incompatíveis com a
seriedade de uma Corte de Justiça. Solicito, ademais, que somente façam uso de
apartes após requerimentos a mim dirigidos e com minha autorização. Concedo a
palavra ao Ministério Público. Vossa Excelência tem o prazo de uma hora e meia
para sua fala, que deverá observar os limites da pronúncia. Encerrada vossa fala, terá
a palavra a defesa pelo mesmo prazo”.
Após as falas iniciais da acusação e da defesa, o MM. Juiz Presidente
indagou ao Órgão do Ministério Público se pretendia fazer o uso da réplica. Tendo
respondido afirmativamente, o MM. Juiz lhe concedeu o prazo de uma hora, que foi
seguido por outra hora de tréplica.
Terminados os debates, o MM. Juiz Presidente indagou aos Jurados se
estavam habilitados a julgar ou se precisavam de mais esclarecimentos.
Nada sendo indagado pelos Jurados, ainda nesta sessão pública, o MM.
Juiz Presidente passou à leitura resumida dos quesitos formulados, informando aos
Jurados que, quando da votação, iria esclarecer cada pergunta, informando as
consequências das respostas.
Finalmente, o MM. Juiz Presidente consultou o Órgão do Ministério
Público e a defesa se tinham algum requerimento ou reclamação a fazer com relação
aos quesitos, tendo ambos dito que estavam de acordo com os quesitos formulados.
Aos Jurados se indagou se necessitavam de outra explicação, ou se
poderia passar à votação, oportunidade na qual se daria nova explicação, tendo os
Jurados afirmado que poder-se-ia adentrar na votação.
O MM. Juiz solicitou que o Representante do Ministério Público e que o
Defensor assinasse a folha de quesitos elaborada, passando-se, então, ao julgamento
na sala secreta. Nada mais foi dito. Do que para constar, lavrei este termo que lido e
achado conforme, vai devidamente assinado. Eu, _____________, Escrivão, o
digitei e subscrevi.
Sala das Sessões do Tribunal do Júri em _________, Estado de
___________, aos __________ de _________.
Juiz de Direito Presidente
Ministério Público
Advogado de Defesa
Réu

QUESITOS DO CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA:


Manual Prático de Decisões Criminais 203

1) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
2) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
3) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
4) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
5) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
Juiz de Direito Presidente
Ministério Público
Advogado de Defesa
Réu

JURADOS

Jurado - 1 ____________________________________________
Jurado - 2 ____________________________________________
Jurado - 3 ____________________________________________
204 Manual Prático de Decisões Criminais

Jurado - 4 ____________________________________________
Jurado - 5 ____________________________________________
Jurado - 6 ____________________________________________
Jurado - 7 ____________________________________________

TERMO DE VOTAÇÃO
Aos ________ dias do mês de ________ de ________, na sala secreta das
deliberações do Júri, a portas fechadas, onde presentes se achavam o MM. Juiz
Presidente do Tribunal do Júri, Dr. _________ e o Conselho de Sentença, composto
dos seguintes jurados: 1 – ___________________; 2 - ___________________; 3 -
_______________________; 4 - ______________________; 5 -
______________________; 6 - ______________________; 7 -
______________________. O Promotor de Justiça, Dr. ______________; o
Defensor do Réu Dr. _________________, comigo Escrivão e os Oficiais de Justiça,
e de acordo com os arts. 485 a 491, do Código de Processo Penal, o MM. Juiz
Presidente procedeu à votação dos quesitos abaixo, relativos ao acusado
__________________, com observância de todas as formalidades legais, depois de
lidos e explicada a significação legal de cada um, tendo sido apurados os seguintes
resultados:

QUESITAÇÃO

1) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
2) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
3) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
4) XXX
( ) Sim
Manual Prático de Decisões Criminais 205

( ) Não
( ) Prejudicados
5) XXX
( ) Sim
( ) Não
( ) Prejudicados
Diante desse resultado, o MM. Juiz Presidente deu por encerrada a
votação, durante a qual estiveram presentes o Dr. Promotor de Justiça e o Defensor
do réu, sem, contudo, na mesma intervirem. E, de tudo, para constar, lavrei este
termo que, lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu,
___________________ Escrivão, o digitei e subscrevi.
Juiz de Direito Presidente
Ministério Público
Advogado de Defesa
Réu

JURADOS

Jurado - 1 ____________________________________________
Jurado - 2 ____________________________________________
Jurado - 3 ____________________________________________
Jurado - 4 ____________________________________________
Jurado - 5 ____________________________________________
Jurado - 6 ____________________________________________
Jurado - 7 ____________________________________________

Oficial de Justiça
Oficial de Justiça

CERTIDÃO

CERTIFICAMOS e damos fé, nós, Oficiais de Justiça abaixo assinados,


na forma exigida pelo § 2º do art. 466 do CPP, que, durante o julgamento de hoje,
deste Tribunal do Júri, mantivemos os senhores jurados incomunicáveis e, no ensejo
da votação, recolhemos as cédulas respectivas.
206 Manual Prático de Decisões Criminais

(local, data)
Oficial de Justiça
Oficial de Justiça

11.12 Termo de julgamento

Terminados os debates e tendo o Conselho de Sentença se declarado


habilitado para julgar a causa, o MM. Juiz Presidente, na forma do Código de
Processo Penal, se dirigiu para sala secreta, em companhia dos sete (07) Jurados,
membros do Conselho de Sentença, do Dr. ____________, Promotor de Justiça, do
Defensor do réu, Dr. _______________, do Escrivão do Júri, servindo de Secretário
do Conselho de Sentença e dos Oficiais de Justiça. Aí, o MM. Juiz Presidente
mandou distribuir a cada um dos Jurados, duas cédulas pequenas, uma contendo a
palavra “SIM” e a outra com a palavra “NÃO”, feitas de papel opaco, facilmente
dobráveis. Distribuídas as cédulas, o Juiz Presidente leu o quesito sobre a
materialidade do fato e mandou que o Oficial de Justiça apresentasse uma urna na
qual, cada Jurado, de persi, colocou o seu voto, no momento em que era chamado
por mim Secretário do Conselho, recolhendo o outro Oficial de Justiça, da mesma
maneira, as cédulas não utilizadas, ficando o voto de cada Jurado em completo
sigilo, como recomenda o art. 487 do CPP. Realizada a votação do primeiro quesito,
o Presidente abriu a urna com as respostas válidas e determinou que fosse registrado
a votação do quesito, tomando apenas a maioria de votos, como recomenda a nova
redação do art. 489 do CPP. Este procedimento se repetiu com relação aos demais
quesitos previstos nos incisos do art. 483 do CPP e descritos no termo de votação,
obtendo-se o seguinte resultado: Ao primeiro quesito obteve-se um total de ______
votos “SIM”, de ______ “NÃO”e _______ Prejudicados; Ao segundo quesito
obteve-se um total de ______ votos “SIM”, de ______ “NÃO”e _______
Prejudicados; Ao terceiro quesito obteve-se um total de ______ votos “SIM”, de
______ “NÃO”e _______ Prejudicados; Ao quarto quesito obteve-se um total de
______ votos “SIM”, de ______ “NÃO”e _______ Prejudicados; Ao quinto quesito
obteve-se um total de ______ votos “SIM”, de ______ “NÃO”e _______
Prejudicados; Concluída a votação, mandou o MM. Juiz lavrar este termo, que lido e
achado conforme, vai assinado pelo Juiz Presidente e pelos Jurados. Eu,
________________, Escrivão, o digitei e subscrevi.
Juiz Presidente do Tribunal do Júri

JURADOS:
Manual Prático de Decisões Criminais 207

Jurado - 1 ____________________________________________
Jurado - 2 ____________________________________________
Jurado - 3 ____________________________________________
Jurado - 4 ____________________________________________
Jurado - 5 ____________________________________________
Jurado - 6 ____________________________________________
Jurado - 7 ____________________________________________

11.13 Termo de encerramento

Lavrada a sentença, o MM. Juiz Presidente do Tribunal do Júri pediu que


todos os presentes ficassem de pé e procedeu à leitura da sentença, dirigindo-se ao
réu e informando-lhe acerca do veredicto.
Em seguida, encerrou a sessão com o seguinte pronunciamento:
“Agradeço ao Ilustre Promotor de Justiça e ao eminente Defensor pelo modo
escorreito como conduziram seus trabalhos nesta sessão, bem assim pelas palavras
de saudação a mim dirigidas. Agradeço, também, aos agentes policiais, aos
servidores desta casa, ao público presente e, com especial atenção, agradeço aos
senhores jurados pela presença, pela paciência e por terem colaborado para a
realização da Justiça neste dia. Bem sei das dificuldades havidas para o
cumprimento deste dever e imagino o quanto é custoso para Vossas Excelências
passarem tanto tempo desempenhando este mister. No entanto, a contribuição dos
senhores encerra uma obrigação da sociedade para que se possa fazer Justiça. Está
encerrada a sessão”. NADA MAIS FOI DITO. Lido e achado conforme, vai
devidamente assinado, Eu, _________________, Escrivão, a digitei e subscrevi.
Juiz Presidente do Tribunal do Júri

11.14 Roteiro da sessão doJúri

1. Verifica-se se a urna contém as cédulas dos 25 Jurados sorteados e assina-se


termo.
2. “PROCEDA-SE A CHAMADA DOS 25 JURADOS SORTEADOS, EXCETO
DAQUELES CUJA ESCUSA FORA DEFERIDA.”
3. Se houver mais de 15 jurados:
“DECLARO INSTALADA A SESSÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI. ESTÁ
ABERTA A SESSÃO.”
208 Manual Prático de Decisões Criminais

Se tiver menos de 15 jurados: SORTEAR TANTOS SUPLENTES QUANTO


BASTEM E DESIGNAR NOVA DATA PARA A SESSÃO DE JULGAMENTO.
4. Se houver menos de 15 jurados:
“SERÁ SUBMETIDO A NOVO JULGAMENTO O PROCESSO N.° ________,
QUE MOVE O MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA __________________.
5. Se houver mais de 15 jurados: “TOMEM OS RÉUS OS SEUS ASSENTOS.”
6. “RECOLHAM-SE AS TESTEMUNHAS A LOCAL ADEQUADO, (FICANDO
AS DE DEFESA SEPARADAS DAS DE ACUSAÇÃO).”
7. Proceder ao sorteio dos jurados presentes:
“PROCEDEREI AO SORTEIO DE SETE JURADOS DENTRE OS PRESENTES
PARA FORMAÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA, MAS ANTES ADVIRTO
QUE NÃO PODERÃO SERVIR NO MESMO CONSELHO:
I – marido e mulher;
II – ascendente e descendente;
III – sogro e genro ou nora;
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
V – tio e sobrinho;
VI – padrasto, madrasta ou enteado.
TAMBÉM NÃO PODERÁ SERVIR NO CONSELHO DE SENTENÇA:
I - quem tiver exercido qualquer função no processo ou foi nele testemunha;
II - quem for amigo íntimo ou inimigo capital do réu ou da vítima;
III – quem tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.
“ADVIRTO AINDA QUE OS JURADOS, UMA VEZ SORTEADOS, NÃO
PODERÃO COMUNICAR-SE COM OUTRAS PESSOAS, NEM MANIFESTAR
SUA OPINIÃO SOBRE O PROCESSO, SOB PENA DE EXCLUSÃO DO
CONSELHO.”
8. Após o sorteio de cada cédula, perguntar, primeiro à Defesa e, após, à Acusação,
se aceita ou recusa o jurado (três recusas imotivadas para cada parte).
Após o sorteio dos sete jurados: “TODOS DE PÉ, POR FAVOR, PARA O
COMPROMISSO DO CONSELHO DE SENTENÇA:
SRS. JURADOS, “EM NOME DA LEI, CONCITO-VOS A EXAMINAR ESTA
CAUSA COM IMPARCIALIDADE E A PROFERIR A VOSSA DECISÃO DE
ACORDO COM A VOSSA CONSCIÊNCIA E OS DITAMES DA JUSTIÇA.”
SR. JURADO __________________,: “ASSIM O PROMETO.”
10. “PODEM SE SENTAR. OS SRS. JURADOS NÃO SORTEADOS ESTÃO
POR HOJE DISPENSADOS.”
Manual Prático de Decisões Criminais 209

11. JURADOS RECEBERÃO CÓPIA DA PRONÚNCIA E RELATÓRIO DO


PROCESSO.
12. INSTRUÇÃO:
DECLARAÇÕES DO(A) OFENDIDO(A), SE POSSÍVEL;
TESTEMUNHAS ACUSAÇÃO;
TESTEMUNHAS DEFESA;
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO.
13. Após a instrução, serão anunciados os debates:
“PASSAREMOS AGORA AOS DEBATES ORAIS. PEÇO ATENÇÃO AOS
JURADOS, POIS COM BASE NELES VOSSAS EXCELÊNCIAS PRODUZIRÃO
O VEREDICTO. RECOMENDO ÀS PARTES PARA QUE MANTENHAM UM
NÍVEL ADEQUADO DE DEBATES, EVITANDO ATITUDES
INCOMPATÍVEIS COM A SERIEDADE DE UMA CORTE DE JUSTIÇA.
SOLICITO, ADEMAIS, QUE SOMENTE FAÇAM USO DE APARTES APÓS
REQUERIMENTOS A MIM DIRIGIDOS E COM MINHA AUTORIZAÇÃO.
CONCEDO A PALAVRA AO MINISTÉRIO PÚBLICO. VOSSA EXCELÊNCIA
TEM O PRAZO DE UMA HORA E MEIA PARA SUA FALA, QUE DEVERÁ
OBSERVAR OS LIMITES DA PRONÚNCIA. ENCERRADA VOSSA FALA,
TERÁ A PALAVRA A DEFESA PELO MESMO PRAZO”
16. Após a defesa, perguntar se o Ministério Público irá se utilizar da faculdade da
RÉPLICA. Se a resposta for afirmativa, dizer:
“VOSSA EXCELÊNCIA TEM UMA HORA PARA A RÉPLICA.”
17. Se a réplica for utilizada, perguntar à defesa se irá utilizar a faculdade da
TRÉPLICA. Caso seja afirmativo, dizer:
“VOSSAS EXCELÊNCIAS TERÃO UMA HORA PARA A TRÉPLICA.”
18. Após os debates, perguntar aos jurados:
“ESTÃO OS SRS. JURADOS HABILITADOS A JULGAR OU PRECISAM DE
MAIS ESCLARECIMENTOS?”
19. Se a resposta for afirmativa, ler os quesitos:
“PASSO A LER OS QUESITOS QUE SERÃO POSTOS EM VOTAÇÃO NA
SALA SECRETA.”
20. “TEM O MINISTÉRIO PÚBLICO OU A DEFESA ALGUMA
RECLAMAÇÃO A FAZER?”
21. Caso não haja nenhuma reclamação, dizer:
210 Manual Prático de Decisões Criminais

“PROCEDEREI AO JULGAMENTO. RETIRE-SE O RÉU. CONVIDO OS SRS.


JURADOS, O MINISTÉRIO PÚBLICO E O(A) DEFENSOR(A) A DIRIGIREM-
SE COMIGO ATÉ A SALA SECRETA.”
22. Na sala secreta, explicar os QUESITOS antes de cada votação e fazer um
TESTE para ver se os Jurados entenderam o sistema de votação.
23. Após a votação, lavrar o TERMO DE VOTAÇÃO, assinar e colher a assinatura
dos jurados e das partes (MP e Defesa).
24. Encerrada a votação na sala secreta e preparada a sentença, dizer:
“TRAGAM O RÉU PARA A LEITURA DA SENTENÇA.
Chegando o(s) Réu(s):
“TODOS DE PÉ PARA A LEITURA DA SENTENÇA.”
25. Ao final, agradecer e dispensar os Jurados:
“AGRADEÇO AOS SRS. JURADOS A PRESENÇA E O CUMPRIMENTO DO
DEVER. OS SRS. JURADOS ESTÃO DISPENSADOS”
26. A ATA será firmada pelo Escrivão, Juiz, Advogado/Defensor e Promotor.

CAPÍTULO V: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

1 DESPACHO INICIAL TCO


Manual Prático de Decisões Criminais 211

Designo audiência preliminar para o dia __ de _____ de 20__, às __:__


horas.
Intime-se o acusado e a vítima, nos termos do art. 67 da Lei 9.099/95,
informando-os da necessidade de comparecimento, acompanhados de advogado,
com a advertência de que na sua falta, será nomeado defensor público ou dativo.
Consulte-se o sistema processual em busca de informações sobre eventual
concessão do benefício da transação penal em relação ao autor, nos termos do art.
76, § 2º, II, da Lei 9099/95.
Requisite-se o envio, no prazo de 10 (dez) dias, da folha de antecedentes
criminais do acusado.
Cientifique-se o Ministério Público.
Publique-se. Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito

2 DECISÃO DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA TCO

Cuida-se de T.C.O. Instaurado pela prática do crime previsto no art. ____


do ____, tendo como autor do fato_____ e como vítima_____.
Narra o termo circunstanciado de fls. ____ dos presentes autos que
______ foi ________, por volta das ____ do dia __ de ____ do ano _____,
localizada no ____________.
Instado a se manifestar, o representante do Ministério Público requereu
fosse declinada a competência deste Juízo em favor da Comarca de _____, por ser
este competente para o processamento do feito.
Decido.
Compulsando os autos, verifica-se que a infração foi cometida na área de
jurisdição da Comarca de _______ e que, portanto, assiste razão à representante do
Ministério Público quando opina pelo declínio de competência face ao artigo 63 da
Lei 9.099/95, que dispõe:
“Art. 63 - A competência do Juizado será determinada pelo
lugar em que foi praticada a infração penal”.
Isto posto, declino da competência para processar e julgar o presente feito
com fundamento no artigo 63 da Lei 9.099/95, determinando a remessa dos autos ao
Juizado Especial Criminal da Comarca de ________.
Ciência ao Ministério Público.
212 Manual Prático de Decisões Criminais

Dê-se a devida baixa nos registros cartorários, procedendo às anotações


necessárias.
Cumpra-se.
Local, data
Juiz de Direito

3 DECISÃO - REMESSA AO JUÍZO COMUM

Trata-se de T.C.O. instaurado, em tese, pela prática de crime previsto no


art. ______ do ____, ocorrido no dia ____, no qual tem como autor do fato
________ e como vítima____.
Mesmo após a efetivação das diligências devidas, o pretenso autor do fato
não foi encontrado para ser intimado a comparecer à audiência preliminar, conforme
documentos de fls. ______, restando impossibilitada a composição de danos e o
oferecimento de proposta de transação penal.
O Ministério Público ofereceu denúncia em audiência, conforme termo de
fls. _____.
Tentada a citação do autor do fato, o mesmo não foi localizado no
endereço informado, conforme certidão de fls. ____.
Ademais, obedecendo ao comando do artigo 18, §2º da Lei 9.099/95, não
é possível a citação por edital no sistema dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Em manifestação às fls. _____, pronunciou-se o representante do
Ministério Público pela remessa dos presentes autos ao Juízo Comum.
Diante de tal situação, a Lei 9.099/95 prevê no seu art. 66 o envio dos
autos ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Pelo exposto, e considerando-se a impossibilidade de localização do autor
do fato, declino da competência para o processo e julgamento do presente feito, o
que faço com base no artigo 66, parágrafo único, da Lei 9.099/95, determinando, na
seqüência, a remessa dos presentes autos ao Juízo Comum, mediante distribuição.
Dê-se baixa no registro.
Redistribuam-se os autos.
Publique-se. Intime-se. Cumpra-se
Local, data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 213

4 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR COMPOSIÇÃO DE DANOS

Aos ___ dias do mês de ___ de 20__, às __:___ na ___ Vara, desta
Comarca de _________, no Fórum, presença de Sua Excelência o MM. Juiz de
Direito _______, comigo ______, o(a) representante do Ministério Público, Dr.
__________. Presente o autor do fato, acompanhado do Dr. ______. Presente a
vítima. Aberta a Audiência, as partes efetuaram a composição civil, nos seguintes
termos: ____________. Ouvido, o MP se manifestou nos seguintes termos:
“__________”. Em seguida o MM. Juiz proferiu a seguinte Sentença: "Dispensado
o relatório, nos termos do art. 81, § 3º, da Lei 9099/95. DECIDO. Designada a
presente audiência preliminar a vítima e o autor do fato realizaram a
composição civil de danos, conforme termos acima em epígrafe, o que resulta
na renúncia tácita ao direito de representação, nos termos do art. 74, § único,
da Lei 9.099/95. O MP pugnou pela homologação da composição civil e pela
extinção da punibilidade. Ante o exposto, HOMOLOGO o acordo celebrado
entre as partes por sentença, a fim de que produza os efeitos previstos no art.
74, caput, da Lei 9099/95 e JULGO EXTINTA a punibilidade do autor do
fato______, nos termos do art. 107, V, do CP, c/c o art. 74 da Lei 9.099/95,
determinando em consequência o arquivamento e a respectiva baixa na
distribuição dos presentes autos, após o trânsito em julgado. Sem custas.
Sentença publicada em audiência e desde já intimados os presentes. Registre-
se". Nada mais sendo dito, mandou o Juiz encerrar o presente termo, que lido,
assinam:
Juiz de Direito
Autor do fato:
Advogado:
Vítima:
Representante do MP:

5 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE HOMOLOGAÇÃO DE


TRANSAÇÃO PENAL.

Aos ___ dias do mês de ___ de 20__, às __:___ na ___ Vara, desta
Comarca de ______, no Fórum, presença de Sua Excelência o MM. Juiz de Direito
___________, comigo ______, o(a) representante do Ministério Público, Dr. _____.
Presente o autor do fato, acompanhado do Dr. _______. Presente a vítima. Aberta a
Audiência, foi dada a palavra a representante do Ministério Público, que assim se
manifestou: "MM. Juiz, após analisar os presentes autos, não vislumbra o MP
214 Manual Prático de Decisões Criminais

nenhum óbice a concessão do instituto da transação penal ao autor do fato, nos


termos da Lei 9.099/95, considerando as circunstâncias do art. 59 do Código Penal",
propõe o MP ao autor do fato a aplicação de prestação pecuniária correspondente a
______, iniciando o primeiro pagamento no dia ____ de _____ de 20___, e as
demais no mesmo dia dos meses subseqüentes. Em seguida, o Juiz concedeu a
palavra ao indiciado e seu defensor, que concordaram com a proposta. Prosseguindo,
exarou o MM. Juiz a seguinte decisão: "Vistos etc., Dispensado o relatório (art. 81, §
3º, da Lei 9.099/95). Considerando que o autor do fato preenche os requisitos do § 2º
do art. 76 da Lei 9.099/95, HOMOLOGO a transação celebrada, para que sejam
produzidos seus efeitos legais. Ficando o autor do fato ciente de que o
DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS, SEM PRÉVIA OU
IMEDIATA JUSTIFICATIVA, ENSEJARÁ A RETOMADA DO CURSO DO
PROCESSO CRIMINAL. Com base no parágrafo 4.º do artigo supramencionado
(art. 76), após transitada em julgado a presente decisão, deve ser REGISTRADA
EM LIVRO PRÓPRIO no sentido de impedir que o autor do fato seja novamente
beneficiado com o referido instituto durante o prazo legal de 05 (cinco) anos,
devendo os autos permanecerem em cartório durante o prazo da medida imposta,
certificando imediatamente o cumprimento integral ou eventual descumprimento e
fazendo conclusão. Sem custas. Ficam todos os presentes desde já intimados desta
decisão. ". Nada mais sendo dito, mandou o Juiz encerrar o presente termo, que lido,
assinam. Eu, ____ digitei e subscrevi.
Juiz de Direito
Autor do fato:
Advogado:
Vítima:
Representante do MP:

6 TERMO DE AUDIÊNCIA PRELIMINAR. RENÚNCIA AO DIREITO DE


REPRESENTAÇÃO OU QUEIXA

Aos ___ dias do mês de ___ de 20__, às __:___ na ___ Vara, desta
Comarca de _________, no Fórum, presença de Sua Excelência o MM. Juiz de
Direito _______, comigo ______, o(a) representante do Ministério Público, Dr.
__________. Presente o autor do fato, acompanhado do Dr. ______. Presente a
vítima. Aberta a Audiência, a vítima renunciou ao direito de representação em
relação ao autor do fato. Dada a palavra ao Ministério Público, o mesmo se
manifestou nos seguintes termos: “Trata-se de TCO instaurado em desfavor de
_____ por prática de suposto crime de ____ previsto no art. ____, do CP, perpetrado
contra _____, fato esse ocorrido em _______. Nesta audiência a vítima renunciou ao
Manual Prático de Decisões Criminais 215

direito de representação, operando-se, por conseguinte a extinção da punibilidade, a


teor do que dispõe o art. 107, V, do CP”. Em seguida, o MM. Juiz passou a
sentenciar: "Vistos etc. Tendo em vista o que consta no parecer do
representante do Ministério Público, uma vez que a vítima renunciou ao direito
de representação contra o autor do fato, sendo a mesma condição de
procedibilidade, JULGO EXTINTA A PUNIBILIDADE do autor do fato
_____, nos termos do art. 107, V, do CP. Dê-se baixa na distribuição. Dou a
presente por publicada em audiência e os presentes intimados". Nada mais
sendo dito, mandou o Juiz encerrar o presente termo, que lido, assinam. Eu, ____ o
digitei e subscrevi.
Juiz de Direito
Autor do fato:
Advogado:
Vítima:
Representante do MP:

7 TERMO DE AUDIÊNCIA DE OFERECIMENTO DE DENÚNCIA

Aos ___ dias do mês de ___ de 20__, às __:___ na ___ Vara, desta
Comarca de _________, presença de Sua Excelência o MM. Juiz de Direito
_______, comigo ______, o(a) representante do Ministério Público, Dr.
__________. Presente o autor do fato, acompanhado do Dr. ______, OAB/AL ___.
Presente a vítima. Aberta a Audiência, não oferecida a proposta de transação penal
em virtude de o autor do fato da ter sido beneficiado com idêntica medida nos
últimos cinco anos, conforme certidão de fls. __. Assim, foi concedida a palavra ao
Ministério Público, que apresentou denúncia nos seguintes termos: "Consta dos
autos o boletim de Ocorrência de fls. ___ que no dia _____ por volta das __:__
horas, o autor do fato ______. Assim, o denunciado praticou o crime previsto no art.
_____. Isto posto, denuncio o autor do fato_____ como incurso nas penas do art.
_____, do ____, o que requer sua intimação, bem como oitiva de testemunhas
arroladas nas fls. ____. Pede deferimento". Em seguida, o MM. Juiz proferiu o
seguinte despacho: “Com base no art. 78, da Lei 9.099/95, determino a entrega
de cópia do presente termo ao acusado aqui presente, o qual desde já fica citado
e intimado para responder aos termos constantes da inicial acusatória,
oralmente, em audiência de instrução e julgamento que ora designo para o dia
____ de ____ de 20__, às __:__ horas (art. 81, da Lei n.º 9.099/95), advertindo-o
que deverá comparecer acompanhado de advogado, sob pena de ser-lhe
nomeado defensor público. Advirta-se, ainda, ao acusado que deverá trazer as
216 Manual Prático de Decisões Criminais

suas testemunhas ou apresentar requerimento para a intimação destas, até 05


(cinco) dias antes da data designada para a realização da audiência (art. 78, §
1º, Lei n.º 9.099/95). Ficam o Ministério Público e a vítima, desde já, cientes da
audiência designada. As testemunhas arroladas pela acusação deverão ser
intimadas na forma do art. 67, da Lei 9099/95. Cumpra-se". Nada mais havendo,
mandou encerrar o presente que depois de lido e achado conforme, vai devidamente
assinado. Eu,____ o digitei e subscrevi.
Juiz de Direito
Autor do fato:
Advogado:
Vítima:
Representante do MP:

8 TERMO DE AUDIÊNCIA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO

Aos ___ dias do mês de ___ de 20__, às __:___ na ___ Vara, desta
Comarca de _________, no Fórum, presença de Sua Excelência o MM. Juiz de
Direito _______, comigo ______, o (a) representante do Ministério Público, Dr.
__________. Presente o autor do fato, acompanhado do Dr. ______, OAB/AL ___.
Presente a vítima. Aberta a Audiência, foi formulada pelo Ministério Público a
proposta de suspensão condicional do processo pelo prazo de 02 anos, e em
seguida advertiu o (a) autor (a) do fato das conseqüências da prática de nova
infração penal e da transgressão das condições impostas. Indagado (a) o (a)
autor (a) do fato se aceitava e prometia cumprir as obrigações fixadas, tendo
respondido positivamente, foi-lhe outorgada a suspensão condicional do
processo nesta própria audiência.
Condições Impostas:
1ª) Proibição de mudar do endereço informado nos autos, sem prévia comunicação
ao Juízo do novo local onde irá residir;
2ª) Comparecimento pessoal e obrigatório perante o Juízo, durante 02 anos,
trimestralmente, até o último dia útil de cada mês, para informar e justificar suas
atividades.
3ª) Proibição de frequentar bares e estabelecimentos análogos, que sirvam bebida
alcoólica após as 22:00 horas, durante 02 anos.
Em seguida, pelo (a) Meritíssimo (a) Juiz (a) foi proferida a seguinte
decisão: "HOMOLOGO por sentença a proposta formulada pelo Ministério
Manual Prático de Decisões Criminais 217

Público, para que produza os seus jurídicos e legais efeitos e, por conseqüência,
DECLARO SUSPENSO o presente feito, até o cumprimento final das condições
impostas, nos termos do artigo 89, da Lei nº 9.099/95. Lance-se o nome do (a)
autor (a) do fato no livro de beneficiados pela Lei nº 9.099/95 e procedam-se as
demais comunicações de praxe. Dada e publicada em audiência, ficam os
presentes intimados". Nada mais havendo, mandou encerrar o presente que depois
de lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu,____ o digitei e subscrevi.
Juiz de Direito
Autor do fato:
Advogado:
Vítima:
Representante do MP:

9 DECISÃO REVOGAÇÃO TRANSAÇÃO PENAL

Trata-se de crime de menor potencial em que ao réu foi beneficiado com


proposta de transação penal, mediante o cumprimento das condições que se avista à
fl. _____.
Intimado a se manifestar acerca do descumprimento das condições, o
autor do fato ficou inerte.
O Ministério Público manifestou-se pela revogação do benefício as fls.
____.
É o relatório. Decido.
Compulsando os autos, denoto que o autor do fato descumpriu as
condições impostas as fls. ___, conforme certidão de fls. ____.
Nos termos do ENUNCIADO 77 do FONAJE – “O juiz pode alterar a
destinação das medidas penais indicadas na proposta de transação penal”.
Assim, deve ser revogado o benefício da transação penal, tendo em vista a
ausência de justificativa do autor do fato, mesmo após ser intimado pessoalmente.
Ante o exposto, REVOGO o benefício da transação penal de fls. ____.
Intimem-se. Cumpra-se. Após, abra-se vista ao Ministério Público para as
providências necessárias.
Local, Data
Juiz de Direito
218 Manual Prático de Decisões Criminais

10 DECISÃO REVOGAÇÃO SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO.

Trata-se de ação penal em que ao réu, inicialmente denunciado, foi


proposta a suspensão condicional do processo mediante o cumprimento das
condições que se avista à fl. ___.
O denunciado requereu, à fl. ____, autorização para viajar para o Estado
da Paraíba, sendo fornecido a este juízo o endereço onde permaneceria naquele
Estado. Remetida carta precatória, não foi encontrado no endereço declinado,
consoante se vê pela certidão de fl. ____.
O Ministério Público pugnou pela revogação do benefício e a
continuidade da ação penal. Ouvida, a defesa do réu apresentou a justificativa de fls.
___.
É o relatório. Decido.
Nos termos do art. 89, § 4º: “A suspensão poderá ser revogada se o
acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta”.
Obviamente, a própria impossibilidade de acompanhar o cumprimento
das medidas impostas, por culpa exclusiva do próprio réu, que não forneceu
devidamente seu endereço correto ou sequer se preocupou com a sorte do processo,
equivale ao descumprimento das condições impostas.
No caso dos autos, a impossibilidade de acompanhamento das medidas
impostas significa o não cumprimento das medidas, pura e simplesmente.
Ante o exposto, REVOGO a suspensão condicional do processo outrora
concedida.
Intimem-se.
Após, voltem os autos conclusos para designação de audiência de
instrução e julgamento.
Cumpra-se.
Local, Data
Juiz de Direito

11 SENTENÇA – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE POR CUMPRIMENTO


DA TRANSAÇÃO PENAL.

Dispensado o relatório, nos termos do parágrafo 3° do artigo 81 da Lei


9.099/95.
Manual Prático de Decisões Criminais 219

Cuida-se de Termo Circunstanciado de Ocorrência n.º _____ instaurado


para apurar a prática, em tese, do crime previsto no art. ____, do ___, supostamente
praticado por _____.
Na audiência preliminar, o Representante do Ministério Público
apresentou proposta da transação penal, nos termos dos artigos 72 a 76 da Lei
9.099/95, que foi aceita pelo autor do fato e homologada por este juízo,
permanecendo os autos suspensos pelo prazo de _______ sem que houvesse
revogação do benefício concedido.
A Secretaria deste Juízo certificou o cumprimento da transação, tendo o
Ministério Público opinado pela extinção da punibilidade, uma vez que se constata
que o beneficiário cumpriu integralmente a obrigação (fls. ____).
No caso, resta comprovado pelos documentos acostados aos autos, bem
como pela certidão cartorária de fl.___, que o beneficiado cumpriu integralmente as
condições impostas na transação penal.
Manifestando sobre a matéria, o magistério de ADA PELLEGRINI
GRINOVER:
A extinção é da punibilidade mesmo, e não da pena. É a
pretensão punitiva estatal que está em jogo. A extinção da
punibilidade, dentre outras “conseqüências: a) é como se o
fato objeto do presente processo suspenso nunca tivesse
ocorrido na vida do acusado. Em outras palavras: não se fala
em reincidência, em maus antecedentes, etc.”
Também é o entendimento dos tribunais, conforme o seguinte julgado:
Transcorrido o prazo, com o cumprimento da transação
imposta, findo este sem incidentes, considerar-se-á extinta a
punibilidade. (RT - 6876/346).
Diante do exposto, e por tudo mais que dos autos consta, embasado no
art. 84 e parágrafos da Lei nº 9.099/95, com esteio no pedido contido no parecer
ministerial, bem como na nossa melhor doutrina e jurisprudência, e com fulcro no
art. 66, II, da Lei de Execuções Penais, declaro extinta a punibilidade de ____, já
devidamente qualificado, pelo cumprimento das obrigações.
Sem custas.
Após o trânsito em julgado, proceda-se às comunicações e baixas de
estilo, preencha-se o boletim individual, remetendo-o ao instituto de identificação
criminal e arquivem-se os autos, constando esta sentença nos registros para fins de
requisição judicial para impedimento de que o acusado receba o mesmo benefício
pelo prazo de 05 (cinco) anos, com fulcro no artigo 76, §4º da Lei 9.099/95.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
220 Manual Prático de Decisões Criminais

Local, Data
Juiz de Direito

12 SENTENÇA – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE PELO


CUMPRIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Versam os autos sobre a prática, em tese, do crime previsto no art. ____ ,


imputado a ______ .
A denúncia foi regularmente recebia em _____ e o réu regularmente
citado (fl. __)
Em audiência designada, foi proposta pelo Ministério Público a suspensão
condicional do processo mediante o cumprimento das condições que se avista às fls.
___ . O réu, assistido por advogado, aquiesceu com a medida, ficando o processo
suspenso pelo prazo de __ anos sem que houvesse revogação do benefício
concedido.
Conforme se vê pelo(s) documento(s) de fls.___ e certidão de fls.__, o réu
cumpriu as condições que lhe foram impostas e, instado a se manifestar, o Ministério
Público pugnou pela extinção da punibilidade do (a) acusado (a), uma vez que se
constata que o beneficiário cumpriu integralmente as condições impostas.
Como visto, o réu cumpriu as condições que lhe foram impostas em sede
de proposta de suspensão condicional do processo. Preceitua o art. 89, § 5º, da Lei
9.099/95, em relação ao cumprimento das medidas impostas como condição da
suspensão condicional do processo: “Expirado o prazo sem revogação, o Juiz
declarará extinta a punibilidade”.
Deste modo, considerando que o foram aceitas e cumpridas as condições
impostas para a suspensão condicional do processo, declaro extinta a punibilidade
do acusado __________ pelo cumprimento das condições impostas quando da
suspensão condicional do processo, com fulcro no art. 89, §5º da Lei n.º 9.099/95.
Com o trânsito em julgado desta sentença, remeta-se o boletim individual
ao Instituto de Identificação. Em seguida, arquive-se os autos.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito

13 DESPACHO NOTIFICAÇÃO LEI DE DROGAS


Manual Prático de Decisões Criminais 221

Notifique-se o acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo


de 10 (dez) dias, podendo argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e,
até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas, conforme art. 55, § 1º, da Lei n.º
11.343/06.
Em caso de não apresentação da resposta no prazo acima especificado,
desde já, NOMEIO o Defensor Público em exercício neste Juízo para oferecer, no
prazo legal, a referida defesa, concedendo-lhe vista dos autos com fulcro art. 55, § 3º
da Lei n.º 11.343/06.
Requisite-se a folha de antecedentes criminais do acusado.
Providências necessárias.
Juntada a defesa prévia, façam os autos imediatamente conclusos para
nova deliberação (art. 55, § 4º, Lei 11.343/06).
Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito

14 DECISÃO RECEBIMENTO DE DENÚNCIA LEI DE DROGAS

Trata-se de ação penal proposta pelo Ministério Público em desfavor de


__________, imputando-lhe a prática da conduta prevista nos arts. 33 e 35 da Lei
n°11.343/06.
Devidamente notificado (fl.____), o acusado apresentou defesa prévia,
por escrito, conforme fls._____.
É o relatório. Passo a decidir.
Compulsando-se os autos, vê-se que a peça acusatória atende os requisitos
do art. 41 do Código de Processo Penal, pois contém a exposição do fato criminoso
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do denunciado, a classificação do
crime e o rol de testemunhas.
Neste passo, RECEBO A DENÚNCIA, em todos os seus termos, em
relação ao acusado ____________, como incurso nas penas do art. 33 da Lei
n°11.343/06.
Designo Audiência de Instrução e Julgamento para o dia ___, de ___ de
20__, às __:___ horas, nos termos do art. 56 da Lei 11.343/06.
Cite-se o acusado, pessoalmente, bem como intime-se seu advogado.
Requisite-se o laudo de substância química definitivo.
222 Manual Prático de Decisões Criminais

Cientifique-se o Ministério Público.


Intimem-se as testemunhas arroladas pela acusação.
Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito

15 DECISÃO DESTRUIÇÃO DE DROGA APREENDIDA.

Trata-se de pedido de autorização para destruição de droga apreendida,


formulado pela autoridade policial, referente aos autos do processo n.__, conforme
auto de apresentação e apreensão de fls. ____.
Instado a se manifestar, o Ministério Público estadual pugnou pelo
deferimento do pedido formulado, conforme parecer prolatado as fls. ____.
Relatado. Decido.
De acordo com as mudanças trazidas pela Lei n. 12.961/2014, quando
houver laudo de constatação provisória, o juiz certificará a regularidade formal e
determinará a destruição das drogas apreendidas, devendo ser armazenada amostra
necessária para realização do laudo definitivo, conforme prescreve art. 3°, §3° da
Lei n. 12.961/2014, que altera o art. 50 da Lei n. 11.343/06.
Assim, a Lei n. 12.961/2014 antecipa a incineração da droga apreendida
na fase investigativa, dispensando a formação de culpa. Isso se dá devido aos riscos
de armazenamento de droga pelo poder público, riscos a saúde dos agentes públicos,
assim como custo ao erário.
Deste modo, defiro o pedido formulado pela autoridade Policial, e
determino a destruição da droga apreendida, conforme auto de apresentação e
apreensão de fls. ____, nos termos do art. 72 da Lei 11.343/06.
Oficie-se a autoridade de polícia para que execute a determinação
supramencionada, devendo comunicar ao Ministério Público dia e hora da
incineração com a antecedência necessária, lavrando auto de levantamento das
condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas
necessárias para a preservação da prova, conforme prescreve o art. 32, da Lei
11.343/06.
Providências necessárias.
Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 223

16 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA TRÁFICO DE DROGAS.

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, instaurada através de


denúncia oferecida pelo Ministério Público, com fulcro no Inquérito Policial nº
______ da Delegacia de Repressão às Drogas - DRN, contra _______, já
devidamente qualificados nos autos, dando-o como incurso nas sanções do art. 33 da
Lei nº 11.343/2006.
Narra a denúncia, em síntese, que ____________.
Analisando o Auto de Prisão em Flagrante verificou-se que o mesmo
estava de acordo com os ditames legais e constitucionais, dessa forma, foi
devidamente homologado, por este magistrado, em ____________, sendo a prisão
em flagrante convertida em preventiva.
Oferecida a denúncia, o acusado foi notificado e apresentou defesa prévia
as fls. _____.
Após, a denúncia foi recebida por este juízo em todos os seus termos em
__________(fls.__).
Em _____________, realizou-se a audiência de instrução e julgamento,
onde foi interrogado o réu, ouvidas duas testemunhas de acusação e uma de defesa
(fls.__).
Fora acostado aos autos o Laudo Toxicológico das substâncias
apreendidas (fls. ______).
As alegações finais foram apresentadas em Memoriais pelo membro do
Parquet Estadual, às fls._____, pedindo a condenação do réu nos termos da
denúncia. A defesa apresentou alegações às fls.______, requerendo a absolvição do
denunciado.
É o Relatório. Fundamento e Decido.
Cuida-se de Ação Pública Incondicionada, objetivando-se apurar a
responsabilidade criminal de _______________, pelo delito tipificado na peça
vestibular acusatória.
Não existindo preliminares a serem analisadas, passo à análise do mérito
da ação para observar que a materialidade do delito de tráfico de drogas se encontra
cabalmente comprovada pelo Laudo Toxicológico das substâncias apreendidas (fls.
_____).
Constata-se que a substância apreendida é a cannabis sativa, conhecida
popularmente como maconha, estando esta inserida na lista de substâncias
224 Manual Prático de Decisões Criminais

entorpecentes, de uso proscrito no Brasil, constando da Portaria nº 344, de 22 de


maio de 1998, atualizada pela Resolução RDC nº 202-ANVISA/MS de 01/11/2006.
No que se refere ao crime de tráfico de entorpecentes, previsto no art. 33
da Lei 11.343/06 imputado ao denunciado supra, faz-se importante consignar que,
para caracterização típica do delito, além da comprovação da materialidade,
necessária se faz analisar a autoria e a responsabilidade criminal do acusado, onde se
torna imprescindível cotejar os elementos de prova produzidos, com o quanto
disposto pelo artigo 52, inciso I, da Lei nº 11.343/06, o qual enumera as seguintes
circunstâncias a serem observadas: a) natureza e quantidade da substância
apreendida; b) local e condições em que se desenvolveu a ação criminosa; c)
circunstâncias da prisão e; d) conduta e antecedentes do agente.
Com relação à autoria e responsabilidade penal do réu, bem como quanto
às demais circunstâncias supracitadas, é imperioso analisar as provas carreadas aos
autos, cotejando-as com os fatos descritos na denúncia.
O réu ________ perante a autoridade policial, alegou que _________. Em
juízo o réu sustentou o seguinte relato ___________________. Por outro lado, as
testemunhas arroladas pela acusação, os policiais militares
_____________________, aduziram em Juízo que:___________________.
É inegável o relevo que deve ser dado ao depoimento de milicianos, ainda
mais que como agentes da lei são possuidores de fé pública, tendo por obrigação a
proteção da sociedade. Todavia, e como já consolidado na doutrina e jurisprudência
pátrias, seu valor equipara-se ao de qualquer outro testemunho, pelo que, para
embasar um édito condenatório ou absolutório é indispensável que suas afirmativas
sejam firmes, coerentes e encontrem eco no arcabouço probatório.
Se no direito penal inexiste responsabilidade objetiva, qualquer
condenação deve ser precedida de prova clara e certa. Em suma, certeza absoluta,
fundada em dados objetivos, indiscutíveis e de caráter geral que evidenciem o delito
e a autoria, não se admitindo para tanto nem mesmo a alta probabilidade desta ou
daquele.
Pode-se até admitir, por hipótese, que a possível droga encontrada era
efetivamente do réu e se destinava à mercancia, contudo, as provas de mera
probabilidade, sinônimo de insegurança, devem ser banidas do processo criminal.
Não ficando devidamente comprovado que a droga pertencia ao réu,
havendo divergência entre os depoimentos das testemunhas de acusação quanto a
certeza de que a droga encontrada no local teria sido descartada pelo réu. Deste
modo, no exame do conjunto probatório carreado aos autos com os fatores interiores
e exteriores dos réus, me convenço de que não restou comprovada a propriedade e
nem a mercancia da erva proscrita, pelo que inexiste espaço para a condenação
pedida na peça acusatória quanto ao tráfico.
Manual Prático de Decisões Criminais 225

Em suma, a autoria do delito do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 NÃO


restou devidamente comprovada em face da ausência de outras provas criminais
relevantes, além das drogas apreendidas, aliadas às declarações do acusado e das
testemunhas ouvidas em Juízo, além das condições em que se desenvolveu o
flagrante.
Portanto, tendo em vista a fragilidade das provas, deixando dúvidas de
que os réus praticaram um fato típico, bem como considerando militar em prol deste
o princípio do in dubio pro reo, impõe-se sua absolvição.
Sendo assim, tem-se que a versão trazida pelo réu em Juízo e as provas
testemunhais coletadas durante a instrução criminal oferecem fundamento pelo qual
devem ser valoradas na forma alegada, pois não se encontra respaldo probatório
suficiente para aduzir o cometimento do tráfico de drogas.
Art.155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Desta feita, tenho por insubsistente a tese aduzida pela denúncia, ao
imputar ao acusado as sanções penais do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, ao passo
que, motivado nos argumentos acima expostos, bem como nas provas trazidas à
colação, e, por não restar configurada a materialidade do delito de tráfico ilícito de
entorpecente, e, igualmente descaracterizada a autoria para tal delito, na pessoa da
acusada, é que venho JULGAR IMPROCEDENTE a denúncia para ABSOLVER,
com base no art. 386, VII, do CPP, a acusado __________.
Decorrido o prazo legal sem a interposição de recurso, oficie-se à
Distribuição, com cópia da sentença, no sentido de que sejam procedidas às devidas
e necessárias anotações, inclusive a respectiva baixa, no assentamento referente ao
réu ______________.
Por fim, considerando a juntada do laudo pericial, Informando que fora
separado material para contraprova, DETERMINO a incineração das drogas
apreendidas no Inquérito Policial competente, mediante prévia comunicação do dia e
hora da incineração para acompanhamento de representante do Ministério Público.
Dê-se ciência ao Ministério Público. Sem custas. P. R. I.
Local, data.
Juiz de Direito

17 SENTENÇA CONDENATÓRIA TRÁFICO COM REDUÇÃO


226 Manual Prático de Decisões Criminais

Vistos, etc.
Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, instaurada através de
denúncia oferecida pelo Ministério Público, com fulcro no Inquérito Policial nº
_____ da Delegacia de Repressão às Drogas - DRN, contra __________, já
devidamente qualificado nos autos, dando-o como incurso nas sanções do art. 33 da
Lei nº 11.343/2006.
A denúncia, em síntese, narra que _________________.
Analisando o Auto de Prisão em Flagrante verifica-se que o mesmo
encontra-se de acordo com os ditames legais e constitucionais, dessa forma, foi
devidamente homologado, pelo plantonista em _________, sendo a prisão em
flagrante convertida em preventiva.
Após o oferecimento da denúncia, que se deu em _________, este Juízo
determinou a notificação de ________.
A defesa prévia foi apresentada às fls.______, sendo a denúncia recebida
por este juízo em todos os seus termos em ___________.
Fora acostado aos autos o Laudo Toxicológico das substâncias
apreendidas (fls. _____).
Aos __________, realizou-se a audiência de instrução, sendo interrogado
o réu e ouvida duas testemunhas de acusação.
As alegações finais foram apresentadas oralmente, tendo o membro do
Parquet Estadual pela condenação, a defesa por sua vez, pugnou pela condenação no
mínimo legal.
É o Relatório.
Fundamento e Decido.
Cuida-se de Ação Pública Incondicionada, objetivando-se apurar a
responsabilidade criminal de __________, pelo delito tipificado na peça vestibular
acusatória.
Em relação à preliminar de ilegalidade do flagrante e consequentemente
das provas, diante da ausência de mandado de busca e apreensão esta não deve
prosperar.
É pacífico o entendimento que não há nulidade se os autos revelam
razões suficientes para a suspeita da prática de crimes, ainda mais em se tratando de
crime de tráfico de entorpecentes, cuja natureza é permanente, tornando
desnecessária, inclusive, a expedição de mandado de busca e apreensão para a
realização da diligência. Assim tem se manifestado o Superior Tribunal de Justiça,
conforme se pode constatar da ementa colacionada abaixo:
Manual Prático de Decisões Criminais 227

“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE


RECURSO ORDINÁRIO. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. CONCURSO DE PESSOAS. EXCESSO DE
PRAZO. NÃO CONFIGURAÇÃO. NULIDADE ANTE A
AUSÊNCIA DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO.
INEXISTÊNCIA. CRIME CONTINUADO. DISPENSABILIDADE.
PRISÃO PREVENTIVA. ALEGADA AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO PRISIONAL.
INOCORRÊNCIA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. (...) III - É dispensável o
mandado de busca e apreensão quando se tratar de flagrante de
crime permanente, como no caso de tráfico de drogas, sendo
possível a realização das medidas necessárias, não havendo falar
em ilicitude das provas obtidas. (Precedente). (...)(HC 309.554/BA,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
05/03/2015, DJe 27/03/2015).
Afastada a preliminar arguida, passo à análise do mérito da ação para
observar que a materialidade do delito de tráfico de drogas se encontra cabalmente
comprovada nos autos por meio do Auto de Prisão em Flagrante (fls. ______) e pelo
Laudo Toxicológico das substâncias apreendidas (fls. _____).
É indiscutível que o material apreendido se inscreve entre as substâncias
entorpecentes, que podem determinar dependência física e psíquica, conforme
demonstrado no laudo de exame toxicológico presente nos autos.
Foi feito teste em _____ em material vegetal, constatando que a droga
apreendida era cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha,
substâncias inseridas na lista de substâncias entorpecentes, de uso proscrito no
Brasil, constando da Portaria nº 344, de 22 de maio de 1998, atualizada pela
Resolução RDC nº 202-ANVISA/MS de 01/11/2006.
No que se refere ao crime de tráfico de entorpecentes, previsto no art. 33
da Lei 11.343/06 imputado ao denunciado supra, faz-se importante consignar que,
para caracterização típica do delito, além da comprovação da materialidade,
necessária se faz analisar a autoria e a responsabilidade criminal dos acusados, onde
se torna imprescindível cotejar os elementos de prova produzidos, com o quanto
disposto pelo artigo 52, inciso I, da Lei nº 11.343/06, o qual enumera as seguintes
circunstâncias a serem observadas: a) natureza e quantidade da substância
apreendida; b) local e condições em que se desenvolveu a ação criminosa; c)
circunstâncias da prisão e; d) conduta e antecedentes do agente.
228 Manual Prático de Decisões Criminais

Com relação à autoria e responsabilidade penal do réu, bem como quanto


às demais circunstâncias supra enumeradas, é imperioso analisar as provas carreadas
aos autos, cotejando-as com os fatos descritos na denúncia.
O réu __________, perante a autoridade policial, afirmou que _____. Em
juízo o réu sustentou o seguinte relato:
Por outro lado, as testemunhas arroladas pela acusação, os policiais
militares ______________ e _________________, aduziram em Juízo que:
Diante dos elementos de provas colacionados aos autos, observa-se que
deve prosperar a pretensão punitiva do estado, alicerçada em sua peça inicial, contra
o denunciado ______________.
Prima facie, diante da confissão do réu, somada aos depoimentos
prestados pelos policiais não resta dúvida que o réu estava praticando o crime de
tráfico de drogas.
As provas colhidas nos autos, mormente os depoimentos testemunhais,
confissão do acusado, bem como as circunstâncias da prisão em flagrante, conforme
se depreende dos referidos auto de apresentação e apreensão e laudo pericial, não
deixam dúvidas de que a cena do crime retratava a prática de tráfico de
entorpecentes.
Deste modo, não é necessário muito esforço para entender a ilicitude da
conduta do acusado e a infringência ao art. 33 da Lei 11.343/06, que assim dispõe:
“Art. 33 - Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 5 a
15 anos, e pagamento de 500 a 1.500 dias multa”.
In casu, não há dúvidas de que o acusado incidiu no que dispõe o art. 33
da Lei 11.343/06, pois o tipo penal enfocado tem, como núcleo do tipo, uma série de
comportamentos, que, uma vez realizado qualquer deles, em conjunto ou
isoladamente, ensejam a incidência da norma legal no fato e, como consequência,
fazendo surgir o “fato jurídico” contemplado no dispositivo legal.
Acrescente-se ainda que o delito em tela é daqueles elencados como
“crime hediondo” ex vi da Lei 8.072/90. E, por ser brilhante, vejamos o conceito de
crime hediondo formulado pelo Desembargador Alberto Silva Franco, in “Crime
Hediondo”, página 39: “O crime hediondo é aquele que causa repugnância por sua
depravação, sordidez ou imundície”.
Manual Prático de Decisões Criminais 229

Assim, as provas produzidas no curso da investigação criminal, todas elas


válidas pelo crivo da ampla defesa e do contraditório, foram suficientes para
comprovar a veracidade da versão exposta na denúncia.
Demonstradas a materialidade e a autoria delitiva, impõe-se notar que a
conduta do mesmo é bastante reprovável em todos os aspectos, pois restaram
incontrastáveis todas as acusações que lhes foram feitas e, destarte, toda a
responsabilidade na prática do crime capitulado na peça acusatória.
Ainda, o acusado não incidiu em erro de proibição ou de tipo. Portanto, é
imputável, tinha plena consciência do fato delituoso que vinham praticando e era
exigível que se comportasse em conformidade com o direito.
Quanto a imputação da causa de aumento prevista no inciso VI do art.40
da Lei n° 11.343/06, verifico que não há demonstração nos autos acerca do
envolvimento e utilização de menores.
Por fim, considerando o disposto no parágrafo 4º do artigo 33 da Lei em
comento, a pena aplicada poderá ser reduzida de um sexto a dois terços, vedada a
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.
Conforme se constata nas certidões constates nos autos (fl.____) o réu
não possui nenhuma condenação criminal, sendo primário e sem antecedentes. Nem
havendo nenhuma comprovação nos autos que o réu integra organização criminosa,
faz jus este ao benefício do aludido artigo.
Assim sendo, motivado nos argumentos acima expostos, bem como nas
provas trazidas à colação, e, por restar configurada a materialidade do delito de
tráfico ilícito de entorpecentes, e, igualmente comprovada a autoria do referido
delito na pessoa do acusado _____________, JULGO PROCEDENTE a denúncia
para CONDENÁ-LO como incurso nas sanções do art. 33 da Lei 11.343/06.
Para fins do que estabelecem os artigos 42 da Lei 11.343/06 e 59 do
Código Penal, passo à dosimetria da pena do acusado em tela, o que resultou no
seguinte:
Da Reprimenda do réu :
Culpabilidade:esta deve ser compreendida como “o juízo de
reprovabilidade, como o juízo de censura que recai sobre o responsável por um
crime.” No presente caso, nada há de relevante que leve esta circunstância a ser
considerada desfavorável. Antecedentes: o réu é primário. Conduta Social: é o
“estilo de vida do réu, correto ou inadequado, perante a sociedade, sua família,
ambiente de trabalho, círculo de amizades e vizinhança, etc.” Não há nos autos nada
que venha a desabonar a conduta social do réu. Personalidade: a personalidade do
230 Manual Prático de Decisões Criminais

agente não pode ser aferida por este Juízo, porquanto inexiste nos autos qualquer
laudo que faça qualquer menção à referida circunstância subjetiva. Motivo do
Crime: “são os fatores psíquicos que levam a pessoa a praticar o crime.” Verifica-se
nos autos que a obtenção de lucro fácil em detrimento da saúde alheia é o principal
motivo do crime, o que já é próprio do tipo, não podendo, portanto, esta
circunstância ser considera desfavorável ao réu. Circunstâncias do delito:
“Entende-se todos os elementos do fato delitivo, acessório ou acidentais não
definido em lei.” Não há nos autos elementos que devam ser valorados.
Consequências do Crime: não constam nos autos fundamentos suficientes para a
valoração dessa circunstância. Comportamento da vítima: no caso em epígrafe não
há que se falar em comportamento da vítima tendo em vista que esta é a
coletividade. Diante das circunstâncias judiciais acima analisadas fixo a pena base
em 05 (cinco) anos de reclusão.
Presente a circunstâncias atenuantes previstas no art.65, inciso I e inciso
II, alínea d (menor de 21 anos e confissão) e não estando presente circunstâncias
agravantes, deixo de reduzir a pena em virtude da súmula 231 do STJ, mantendo a
pena em 05(cinco) anos de reclusão.
Na terceira fase, presente a causa de diminuição do art.33, §4º, reduzo a
pena em 2/3, ausente causas de aumento de pena, fixo a pena definitiva 01(um)
ano e 08(oito) meses de reclusão em regime aberto.
Condeno-o, ainda, ao pagamento de 300 (trezentos) dias multa, fixando
cada dia multa em 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente à época do fato,
com a finalidade de prevenção e reprovação do delito.
Ainda, considerando que a Lei n 12.736/2012 prevê que o Juiz deverá
considerar, para fins de regime inicial de cumprimento da pena privativa de
liberdade, a detração do tempo em que o réu estive mantido sob prisão provisória.
Considerando que o réu permaneceu preso por ______ meses e ____ dias, realizo a
detração para abater o período mencionado, fixando como tempo restante para
cumprimento de pena ____ anos, ____ meses e ____ dias, mantendo o regime
prisional acima fixado.
Deste modo, considerando que o réu preenche os requisitos do artigo 44
do Código Penal e, com fundamento neste mesmo artigo, inciso I e § 2º, substituo a
pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos que serão fixadas
em audiência admonitória e determino que o presente processo seja encaminhado
para à Vara de Execução Penal competente. Intime-se o réu, pessoalmente, do
inteiro teor desta sentença.
Concedo ao réu o direito de apelar em liberdade, tendo em vista a fixação
de regime aberto para cumprimento de pena e a substituição por penas restritivas de
Manual Prático de Decisões Criminais 231

direitos. Expeça-se alvará de soltura com a cláusula “salvo se por outro motivo tiver
que permanecer preso”.
Sem custas, na forma da Lei.
Ainda, considerando a juntada do laudo pericial informando que fora
separado material para contraprova, DETERMINO a incineração das drogas
apreendidas no Inquérito Policial competente, mediante prévia comunicação do dia e
hora da incineração para acompanhamento de representante do Ministério Público.
Oportunamente, após o trânsito em julgado desta decisão, tomem-se as
seguintes providências: 1)Proceda-se o recolhimento do valor atribuído a título de
pena pecuniária, em conformidade com o disposto no art. 686, do Código de
Processo Penal; 2)Expeça-se a competente guia definitiva para cumprimento da pena
imposta; 3) Oficie-se ao Tribunal Regional Eleitoral deste Estado, comunicando a
condenação do réu, com sua devida identificação, acompanhada de cópia da presente
decisão, para cumprimento do quanto disposto pelo art. 71, § 2º do Código Eleitoral
c/c art. 15 da CF/88; 4) Faça a Sra. Escrivã as comunicações e anotações de praxe,
inclusive ao Instituto de Identificação do Estado de Alagoas; 5)Por fim, arquive-se,
com as cautelas de praxe.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local e data
Juiz de Direito

18 SENTENÇA CONDENATÓRIA TRÁFICO SEM REDUÇÃO

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, instaurada através de


denúncia oferecida pelo Ministério Público, com fulcro no Inquérito Policial nº
_______ do Departamento da Polícia Federal, contra _____________, já
devidamente qualificado nos autos, dando-o como incurso nas sanções do art. 33 e
40, inciso V da Lei nº 11.343/2006.
A denúncia, em síntese, narra que:_______________________.
Analisando o Auto de Prisão em Flagrante verifica-se que o mesmo
encontra-se de acordo com os ditames legais e constitucionais, dessa forma, foi
devidamente homologado, pelo juízo plantonista _________. 2014.
Após o oferecimento da denúncia, que se deu em _______, este Juízo
determinou a notificação do denunciado.
O réu apresentou defesa preliminar (fls. ______), sendo a denúncia foi
recebido em todos os seus termos por este juízo em __________.
232 Manual Prático de Decisões Criminais

Fora acostado aos autos o Laudo de Constatação das substâncias


apreendidas (fls. _____).
Aos ___________, fora realizada a audiência de instrução e julgamento,
onde foi interrogado o réu e ouvida duas testemunhas de acusação.
As alegações finais foram apresentadas em Memoriais tanto pelo membro
do Parquet Estadual às fls.______ pugnando pela condenação, quanto pela Defesa
às fls. _________pugnando pela absolvição do réu.
É o Relatório. Fundamento e Decido.
Cuida-se de Ação Pública Incondicionada, objetivando-se apurar a
responsabilidade criminal de __________, pelo delito tipificado na peça vestibular
acusatória.
Não existindo preliminares a serem analisadas, passo à análise do mérito
da ação para observar que a materialidade do delito de tráfico de drogas se encontra
cabalmente comprovada nos autos por meio do Auto de Prisão em Flagrante
(fls.______) e pelo Laudo de Constatação das substâncias apreendidas (fls._____).
É indiscutível que o material apreendido se inscreve entre as substâncias
entorpecentes, que podem determinar dependência física e psíquica, conforme
demonstrado no laudo de exame toxicológico presente nos autos. Verifica-se
que a quantidade de droga apreendida se reporta a ________ de cannabis sativa
Linneu, popularmente conhecida como maconha, de uso proscrito no Brasil,
constando da Portaria nº 344, de 22 de maio de 1998, atualizada pela Resolução
RDC nº 202-ANVISA/MS de 01/11/2006.
No que se refere ao crime de tráfico de entorpecentes, previsto no art. 33
da Lei 11.343/06 imputado aos denunciados supra, faz-se importante consignar que,
para caracterização típica do delito, além da comprovação da materialidade,
necessária se faz analisar a autoria e a responsabilidade criminal dos acusados, onde
se torna imprescindível cotejar os elementos de prova produzidos, com o quanto
disposto pelo artigo 52, inciso I, da Lei nº 11.343/06, o qual enumera as seguintes
circunstâncias a serem observadas: a) natureza e quantidade da substância
apreendida; b) local e condições em que se desenvolveu a ação criminosa; c)
circunstâncias da prisão e; d) conduta e antecedentes do agente.
Com relação à autoria e responsabilidade penal do réu, bem como quanto
às demais circunstâncias supra enumeradas, é imperioso analisar as provas carreadas
aos autos, cotejando-as com os fatos descritos na denúncia.
Ouvido o réu __________ perante a autoridade policial, afirmou que
_______, em juízo o réu sustentou o seguinte relato:_________________________.
Por outro lado, as testemunhas arroladas pela acusação, os policiais
_________ aduziram em Juízo, respectivamente, que:_____________________.
Manual Prático de Decisões Criminais 233

Diante das provas colacionadas aos autos, observa-se que deve prosperar
a pretensão punitiva do estado, alicerçada em sua peça inicial, contra o denunciado
__________________.
As provas colhidas nos autos, mormente os depoimentos testemunhais,
bem como as circunstâncias da prisão em flagrante, conforme se depreende dos
referidos auto de apresentação e apreensão e laudo pericial, não deixam dúvidas de
que a cena do crime retratava a prática de tráfico de entorpecentes.
Segundo os policiais o veículo exalava forte odor da droga, não havendo
dúvida que o mesmo tinha conhecimento da droga que estava transportando.
Deste modo, não é necessário muito esforço para entender a ilicitude da
conduta dos acusados e a infringência ao art. 33 da Lei 11.343/06, que assim dispõe:
“Art. 33 - Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 5 a
15 anos, e pagamento de 500 a 1.500 dias multa”.
In casu, não há dúvidas de que o acusado incidiu no que dispõe o art. 33
da Lei 11.343/06, pois o tipo penal enfocado tem, como núcleo do tipo, uma série de
comportamentos, que, uma vez realizado qualquer deles, em conjunto ou
isoladamente, ensejam a incidência da norma legal no fato e, como consequência,
fazendo surgir o “fato jurídico” contemplado no dispositivo legal.
Ainda, o acusado não incidiu em erro de proibição ou de tipo. Portanto, é
imputável, e tinha plena consciência do fato delituoso que vinha praticando e era
exigível que se comportasse em conformidade com o direito.
Ademais, o réu incidiu na conduta prevista no art.40, inciso V da Lei
11.343/06, in verbis:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são
aumentadas de um sexto a dois terços, se: V - caracterizado o
tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito
Federal;
A causa de aumento esta caracterizada tendo em vista que conforme
depoimento do réu na delegacia onde afirma que veio de outro Estado da federação,
e que tinha como destino final esta capital. Ademais, nota-se que, como dito
anteriormente, o carro exalava forte odor de droga, sendo impossível que o réu não
tivesse conhecimento acerca da droga.
234 Manual Prático de Decisões Criminais

Por fim, considerando o disposto no parágrafo 4º do artigo 33 da Lei em


comento, a pena aplicada poderá ser reduzida de um sexto a dois terços, vedada a
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa, o que não é o caso dos autos em relação ao réu ___________, tendo em
vista que o réu possui maus antecedentes.
Conforme consta na certidão de fl._____, o réu possui condenação
criminal transitada em julgado em outro estado da federação, não fazendo jus a
presente causa de diminuição.
Ademais, uma das condições para a aplicação do referido benefício é que
o réu não se dedique a atividades criminosas. Deste modo, deixo de aplicar a
referida causa de diminuição, tendo em vista que o mesmo possui antecedentes.
Assim sendo, motivado nos argumentos acima expostos, bem como nas
provas trazidas à colação, e, por restar configurada a materialidade do delito de
tráfico ilícito de entorpecentes, e, igualmente comprovada a autoria do referido
delito na pessoa do acusado _________________ JULGO PROCEDENTE a
denúncia para CONDENÁ-LO como incurso nas sanções do art. 33 e 40, inciso V
da Lei 11.343/06.
Para fins do que estabelecem os artigos 59 do Código Penal, passo à
dosimetria da pena do acusado em tela, o que resultou no seguinte:
Da Reprimenda do réu:
Culpabilidade: esta deve ser compreendida como “o juízo de
reprovabilidade, como o juízo de censura que recai sobre o responsável por um
crime.” No presente caso, nada há de relevante que leve esta circunstância a ser
considerada desfavorável.
Antecedentes: o réu é possuidor de maus antecedentes conforme consta
na certidão de fl._____ dos autos. Contudo, tal circunstância deve ser valorada como
neutra, uma vez que será utilizada como agravante na 2ª fase da dosimetria.
Conduta Social: é o “estilo de vida do réu, correto ou inadequado,
perante a sociedade, sua família, ambiente de trabalho, círculo de amizades e
vizinhança, etc.” Nos autos não há informações que venham desabonar a conduta do
réu.
Personalidade: a personalidade do agente não pode ser aferida por este
Juízo, porquanto inexiste nos autos qualquer laudo que faça qualquer menção à
referida circunstância subjetiva.
Motivo do Crime: “são os fatores psíquicos que levam a pessoa a praticar
o crime.” Verifica-se nos autos que a obtenção de lucro fácil em detrimento da saúde
Manual Prático de Decisões Criminais 235

alheia é o principal motivo do crime, o que já é próprio do tipo, não podendo,


portanto, esta circunstância ser considera desfavorável ao réu.
Comportamento da vítima: no caso em epígrafe não há que se falar em
comportamento da vítima tendo em vista que esta é a coletividade.
Circunstâncias do delito: são-lhe amplamente desfavoráveis, em
decorrência da quantidade elevada de drogas apreendidas, bem como frente a sua
natureza.
Consequências do Crime: são desconhecidas, tendo em vista que não se
chegou à confirmação exata do tempo em que comercializava droga.
Diante das circunstâncias judiciais fixo a pena base em ___ anos e _____
meses de reclusão.
Na segunda fase, não há atenuantes. Presente a agravante da reincidência,
agravo a pena em ____ anos, fixando a pena intermediária em ____ anos e ___
meses de reclusão.
Na terceira fase, não há causas de diminuição a serem consideradas.
Presente a causa de aumento prevista no art.40 V, aumento a pena em 1/6 fixando a
pena definitiva em ____ anos, ____ meses e _____ em regime prisional fechado.
Atendendo o preceituado no art. 60 de CP, em decorrência da situação
econômica do réu, fixo a pena pecuniária de _____ dias-multa, sendo cada dia-multa
no valor de _____ do valor do salário mínimo vigente ao tempo do crime.
Ainda, considerando que a Lei n 12.736/2012 prevê que o Juiz deverá
considerar, para fins de regime inicial de cumprimento da pena privativa de
liberdade, a detração do tempo em que o réu estive mantido sob prisão provisória.
Considerando que o réu permaneceu preso por ______ meses e ____ dias, realizo a
detração para abater o período mencionado, fixando como tempo restante para
cumprimento de pena ____ anos, ____ meses e ____ dias, mantendo o regime
prisional acima fixado.
Doutra banda, consoante determinação do art.387, parágrafo único, do
Código de Processo penal, passo a analisar a possibilidade do acusado recorrer em
liberdade. A posição do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que,
permanecendo preso o acusado durante a instrução criminal, não deverá ser solto
após prolação de sentença, a não ser que deixem de existir os requisitos para a prisão
cautelar.
Nesse sentido, cumpre destacar que, para a decretação da prisão cautelar,
sob a égide dos princípios constitucionais do estado de inocência (artigo 5º, LVII, da
Constituição Federal) e da garantia de fundamentação das decisões judiciais (artigos
5º, LXI, e 93, IX, da Constituição Federal), tal intento não pode provir de um
236 Manual Prático de Decisões Criminais

automatismo da lei, da mera repetição judiciária dos vocábulos componentes do


dispositivo legal ou da indicação genérica do motivo.
Necessária se faz a demonstração da existência do crime e de indícios
suficientes de autoria - fumus comissi delicti - e a demonstração do efetivo
periculum libertatis, consignado em um dos motivos da prisão preventiva, quais
sejam, a garantia da ordem pública ou econômica, a conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal (art. 312, CPP).
Uma vez verificadas as provas de autoria e materialidade na presente
sentença condenatória, busca-se no presente, a fim de validar a medida cautelar em
deslinde, a presença dos elementos ensejadores da prisão preventiva.
A prisão preventiva aspira, portanto, o acautelamento do meio social, de
modo que o agente não cometa novos delitos, quer porque seja propenso às práticas
delituosas, quer porque, em liberdade, encontrará os mesmos estímulos relacionados
com a infração cometida. Em casos tais, a custódia se faz necessária também como
meio de acautelar a própria credibilidade da justiça, em razão da gravidade dos
delitos e sua repercussão social.
Deste modo, tendo o réu sido condenado em regime fechado mantenho a
prisão preventiva de _________________, denego a este o direito de recorrer em
liberdade.
Independentemente do trânsito em julgado, com fundamento no verbete
da Súmula nº 716, do Supremo Tribunal Federal, extraia-se Carta de Guia para a
execução provisória da pena, remetendo-a para a Execução Penal.
Intimem-se o réu, pessoalmente, do inteiro teor desta sentença.
Sem custas, na forma da Lei.
Ainda, considerando a juntada do laudo pericial informando que fora
separado material para contraprova, DETERMINO a incineração das drogas
apreendidas no Inquérito Policial competente, mediante prévia comunicação do dia e
hora da incineração para acompanhamento de representante do Ministério Público.
Determino que o dinheiro apreendido seja revertido em favor do FUNAD.
Os demais bens devem ser encaminhados a destruição.
Oportunamente, após o trânsito em julgado desta decisão, tomem-se as
seguintes providências: Proceda-se o recolhimento do valor atribuído a título de
pena pecuniária, em conformidade com o disposto no art. 686, do Código de
Processo Penal; Expeça-se a competente guia definitiva para cumprimento da pena
imposta; Oficie-se ao Tribunal Regional Eleitoral deste Estado, comunicando a
condenação do réu, com sua devida identificação, acompanhada de cópia da presente
decisão, para cumprimento do quanto disposto pelo art. 71, § 2º do Código Eleitoral
c/c art. 15 da CF/88; Faça a Sra. Escrivã as comunicações e anotações de praxe,
Manual Prático de Decisões Criminais 237

inclusive ao Instituto de Identificação do Estado de Alagoas; Por fim, arquive-se,


com as cautelas de praxe.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local, data.
Juiz de Direito.

19 SENTENÇA DESCLASSIFICATÓRIA PARA USO DE DROGAS

Vistos, etc.
Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, instaurada através de
denúncia oferecida pelo Ministério Público, com fulcro no Inquérito Policial nº ___
Delegacia de Repressão às Drogas - DRN, contra ______, já devidamente
qualificada nos autos, dando-a como incurso nas sanções do art. 33 da Lei nº
11.343/2006.
A denúncia, em síntese, narra que _____________________________.
Analisando o Auto de Prisão em Flagrante verifica-se que o mesmo
encontra-se de acordo com os ditames legais e constitucionais, dessa forma, foi
devidamente homologado, por este magistrado, ________, sendo decretada a prisão
preventiva.
Após o oferecimento da denúncia, que se deu em ________, este Juízo
determinou a notificação da ré.
A ré apresentou defesa prévia às fls. _____, em seguida, foi recebida a
denúncia em todos os seus termos (fls. ___).
Foram acostados aos autos o Laudo Pericial Toxicológico das substâncias
apreendidas (fls.____).
Aos _____ foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento,
onde foi interrogada a ré, e ouvida uma testemunha de acusação.
O Ministério Público insistiu na oitiva da outra testemunha de acusação,
sendo designadas audiências para ______, não tendo comparecido a testemunha.
As alegações finais foram apresentadas em Memoriais tanto pelo
membro do Parquet Estadual quanto pela Defesa, respectivamente, às fls. ____ e
____.
O Ministério Público pugnou pela condenação da ré nos termos da
denúncia. Já a defesa pugnou pela absolvição.
É o Relatório. Fundamento e Decido.
238 Manual Prático de Decisões Criminais

Cuida-se de Ação Pública Incondicionada, objetivando-se apurar a


responsabilidade criminal de ______, pelo delito tipificado na peça vestibular
acusatória.
Não existindo preliminares a serem analisadas, passo à análise do mérito
da ação para observar que a materialidade do delito de tráfico de drogas se encontra
cabalmente comprovada nos autos por meio do Auto de Prisão em Flagrante (fls. __)
e pelo Laudo Pericial Toxicológico das substâncias apreendidas (fls.___).
Verifica-se que a quantidade de droga apreendida se reporta a _____ de
maconha, substância inserida na lista de substâncias entorpecentes, de uso proscrito
no Brasil, constando da Portaria nº 344, de 22 de maio de 1998, atualizada pela
Resolução RDC nº 202-ANVISA/MS de 01/11/2006.
No que se refere ao crime de tráfico de entorpecentes, previsto no art. 33
da Lei 11.343/06 imputado aos denunciados supra, faz-se importante consignar que,
para caracterização típica do delito, além da comprovação da materialidade,
necessária se faz analisar a autoria e a responsabilidade criminal dos acusados, onde
se torna imprescindível cotejar os elementos de prova produzidos, com o quanto
disposto pelo artigo 52, inciso I, da Lei nº 11.343/06, o qual enumera as seguintes
circunstâncias a serem observadas: a) natureza e quantidade da substância
apreendida; b) local e condições em que se desenvolveu a ação criminosa; c)
circunstâncias da prisão e; d) conduta e antecedentes do agente.
Com relação à autoria e responsabilidade penal da ré, bem como quanto
às demais circunstâncias supra enumeradas, é imperioso analisar as provas carreadas
aos autos, cotejando-as com os fatos descritos na denúncia.
Ouvida a ré ________ perante a autoridade policial, afirmou que
_______. Em juízo a ré sustentou que ___________.
Por outro lado, as testemunhas arroladas pela acusação, o policial militar
_________, aduziu em Juízo que ________________________.
Com efeito, a prova testemunhal coletada durante a instrução criminal
não trouxe informações coerentes, as quais denotassem sequer indícios suficientes
aptos a ensejar que a acusada comercializa a droga apreendida.
Ainda, cuidando-se das circunstâncias da apreensão e demais indícios,
ainda que relevantes, são eles insuficientes para embasar decreto condenatório in
casu.
É inegável o relevo que deve ser dado ao depoimento dos policiais
militares, ainda mais que, como agentes públicos são possuidores de fé pública.
Todavia, para embasar um édito condenatório, é indispensável que suas afirmativas
sejam firmes, coerentes e encontrem eco no arcabouço probatório.
Manual Prático de Decisões Criminais 239

No seu depoimento na delegacia a testemunha de acusação declarou que


com a ré foi encontrado duas balinhas de maconha, e que as pedras de crack foram
encontradas nas proximidades, enterrada perto de uma jangada.
Desta forma, diante da divergência no depoimento da testemunha de
acusação, não há nos autos provas suficiente de que a droga encontrada próxima à
jangada pertencia à ré.
Pela análise das provas verificadas nos autos, não se vislumbram indícios
suficientes que levem a crer ter a acusada praticado o crime previsto no artigo 33 da
Lei 11.343/2006, não havendo porque manter o caso na esfera de apreciação por este
Juízo. Ainda, a quantidade de droga apreendida não se apresenta por si só como
argumento para imputação do crime de tráfico.
"APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO ILÍCITO DE
DROGAS - AUSÊNCIA DE PROVAS CONCRETAS DA
CO-AUTORIA - CONDENAÇÃO COM BASE EM
INDÍCIOS - IMPOSSIBILIDADE - APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO REO". Em matéria criminal
tudo deve ser certo e preciso. Não existindo provas concretas
que tenha sido o recorrido coautor do crime de tráfico de
drogas, há de ser ele absolvido, por aplicação do princípio "in
dubio pro reo". Uma condenação não pode se basear em
meros indícios. Ementa: Desprovimento do recurso que se
impõe. Súmula: NEGARAM PROVIMENTO. Acórdão:
Inteiro Teor".
"A verossimilhança, por maior que seja, não é jamais a
verdade ou a certeza, e somente esta autoriza uma sentença
condenatória. Condenar um possível delinquente é condenar
um possível inocente" (JTJ 17/03/15)”.
Ademais, se no direito penal inexistente responsabilidade objetiva,
qualquer condenação deve ser precedida de prova clara e certa. Em suma, certeza
absoluta, fundada em dados objetivos, indiscutíveis e de caráter geral que
evidenciem o delito e a autoria, não se admitindo para tanto nem mesmo a alta
probabilidade desta ou daquele.
Desta feita, tenho por insubsistente a tese aduzida pela denúncia, ao
imputar aos acusados as sanções penais dos arts. 33 da Lei nº. 11.343/2006, ao passo
que, motivado nos argumentos acima expostos, bem como nas provas trazidas à
colação, e, por não restar configurada a materialidade do delito de tráfico ilícito de
entorpecente, e, igualmente descaracterizada as autorias para tal delito na pessoa dos
acusados, é que venho JULGAR IMPROCEDENTE a denúncia para
240 Manual Prático de Decisões Criminais

DESCLASSIFICAR o delito do art. 33 da Lei 11.343/2006 para as penas do artigo


28, da mesma Lei.
Preclusa a decisão, determino que os autos sejam encaminhados a um
juizado especial criminal a fim de serem aplicadas as penalidades cabíveis.
Sem custas, na forma da Lei.
DETERMINO, ainda, que seja realizada a incineração da droga
apreendida, posto que já realizados os exames periciais toxicológicos cabíveis, bem
como que seja comunicado previamente da hora e do local o Representante do
Ministério Público para acompanhar tal procedimento.
Os valores apreendidos devem ser devolvidos a ré, bem como o aparelho
celular apreendido.
Os demais objetos devem ser encaminhados a destruição.
Decorrido o prazo legal sem a interposição de recurso, oficie-se à
Distribuição, com cópia da sentença, no sentido de que sejam procedidas as devidas
e necessárias anotações, inclusive a respectiva baixa, nos assentamentos referentes
ao acusado.
Intime-se o acusado, pessoalmente, do inteiro teor desta sentença.
Sem custas.
Dê ciência ao Ministério Público.
P. R. I.
Local, data.
Juiz de Direito

20 DECISÃO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS – LEI MARIA


DA PENHA.

Versam os autos sobre crime de violência doméstica no qual a ofendida


__________ ofereceu representação em desfavor do acusado __________,
requerendo a aplicação das medidas protetivas de urgência previstas no art. 22 da
Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha.
Atendendo aos comandos do artigo 12, I e III da Lei 11.340/06, a
autoridade policial lavrou boletim de ocorrência e tomou a representação a termo,
encaminhando os autos a este Juízo.
O Representante do Ministério Público oficia pelo deferimento das
medidas protetivas pleiteadas.
Breve relato. Passo a Decidir.
Manual Prático de Decisões Criminais 241

Trata-se de requerimento de pronta adoção de medidas que visem coibir a


violência doméstica e familiar contra a mulher. As agressões à pessoa da requerente
e a seus bens, em tese, se enquadram na figura descrita no artigo 5º da Lei
11.340/06.
Analisando os autos, as provas colhidas pela autoridade policial e as
declarações prestadas pela vítima revelam fortes indícios de autoria e materialidade
de violência doméstica, sendo esta uma das formas de violação dos direitos
humanos.
Deste modo, uma vez constatada a prática de violência doméstica e
familiar, determino ao acusado __________ a aplicação das seguintes
determinações, concedendo em favor da vítima __________ as medidas protetivas
de urgência abaixo descritas, previstas no artigo 22 da Lei 11.340/06:
1) afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
2) proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,
fixando o limite mínimo de 300 metros de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer
meio de comunicação;
3) Caso o autuado resida no mesmo endereço da vítima, este deverá
retirar-se imediatamente da residência, passando a respeitar a distância mínima
anteriormente determinada.
Dê-se ciência desta decisão ao Ministério Público e à autoridade policial.
Intime-se a vítima, devendo esta ser cientificada acerca do inteiro teor da
presente decisão e que deverá informar imediatamente a este Juízo qualquer
descumprimento das medidas protetivas aqui determinadas por parte do autuado,
para que sejam tomadas as providências cabíveis.
Intime-se o acusado e seu defensor, fazendo consignar que o
descumprimento das determinações impostas implicará na decretação de prisão
preventiva em desfavor do agressor.
Publique-se. Intime-se. Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito
242 Manual Prático de Decisões Criminais

21 DECISÃO. REMESSA PARA JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

Versam os autos sobre auto de prisão em flagrante delito de __________,


acusado da prática criminosa descrita no artigo ___ da Lei ___.
Extrai-se dos autos que o suposto autor cometeu o crime de __________
contra a vítima __________, na qual mantinham uma relação de
parentesco/familiar/íntima. Narra a vítima que ______.
A Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, elenca os
casos que configuram violência doméstica, in verbis:
“Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;
III – “em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.”
Além disso, mesmo tratando-se de um suposto crime de estupro, não há
qualquer impedimento à incidência da supracitada lei, desde que o crime sexual
guarde relação direta com a violência doméstica familiar, o que é remansosamente
sustendo pela jurisprudência pátria.
Assim, diante do que fora exposto, declino da competência para
processar e julgar o presente feito, determinando sua imediata remessa ao Juizado
de Violência Doméstica da Capital, Juízo especial competente para apreciação da
matéria.
Promova-se a redistribuição do feito.
Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 243

22 DECISÃO DECRETANDO PREVENTIVA PELO DESCUMPRIMENTO


DAS MEDIDAS PROTETIVAS

Chegaram aos autos informações de que o acusado __________


descumpriu as medidas protetivas de urgência elencadas no artigo 22 da Lei
11.340/06 e aplicadas por este Juízo.
Narra a vítima __________ que o acusado... (breve relato dos fatos).
Instado a se manifestar, o Ministério Público pugna pela decretação da
prisão preventiva em desfavor do acusado.
Feito este sucinto relatório, passo a decidir.
O acusado demonstra que as medidas protetivas determinadas por este
Juízo não se apresentam como suficientes para impedir a violência que comete
contra a vítima.
Os elementos de prova colhidos até o presente momento processual
constituem indícios suficientes da autoria e da materialidade, recaindo sobre o
acusado. Assim, presente se encontra o “fumus comissi delicti”.
O representado vem descumprindo as determinações impostas e põe em
risco a integridade física e psicológica da vítima, violando as normas de direitos
humanos. Nestas situações, o art. 20 da Lei 11.340/2006 prevê a possibilidade de
aplicação de medida mais rigorosa, como o decreto preventivo.
A permanência do acusado em liberdade representa perigo concreto para a
vida e a integridade física e psíquica da vítima, ante a reiteração criminosa mesmo
após ter sido intimado das medidas protetivas de urgência aplicadas por este Juízo.
Deste modo, presente igualmente o “periculum libertatis”.
Ademais, o artigo 13 da referida lei permite a aplicação subsidiária do
Código de Processo Penal em causas criminais decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, desde que não conflitantes com o estabelecido
na legislação específica.
Deste modo, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA DE __________,
qualificado nos autos, com fulcro no artigo 20 da Lei 10.340/06 e artigos 282, §4º e
312, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal.
Expeça-se mandado de prisão em desfavor do acusado, com validade de
__ anos.
Intime-se a vítima, seu defensor e o Ministério Público acerca desta
decisão.
Comunicações necessárias.
Cumpra-se.
244 Manual Prático de Decisões Criminais

Local, data
Juiz de Direito

23 SENTENÇA LESÃO CORPORAL. LEI MARIA DA PENHA.

Trata-se de denúncia oferecida pelo representante do Ministério Público


em face de ______, já qualificado nos autos, por meio da qual imputa-lhe o crime de
lesões corporais de natureza leve (violência doméstica), previsto no art. 129, § 9º, do
Código Penal Brasileiro, por terem as lesões sido praticadas em face da ex
companheira do denunciado.
Relata a peça vestibular que no dia ___ de ___ de 20__, por volta das ___
horas, o denunciado, agrediu fisicamente a vítima _____, provocando-lhe lesões
corporais.
Infere-se dos autos que a vítima e o denunciado conviveram maritalmente
por vários anos, daí a tipificação do delito cometido conforme previsto no art. 129, §
9º, do Código Penal.
Recebida a denúncia, o réu foi regularmente citado e apresentou resposta
à acusação às fls. ______.
Oitiva da vítima e das testemunhas arroladas às fls. _____ e interrogatório
do acusado às fls. _____ dos autos.
Em alegações finais, o Ministério Público sustentou _____.
A defesa, por sua vez, alega em sede de alegações finais que _____.
É o relatório. Passo a decidir.
Trata-se de denúncia oferecida contra _____ pela prática do crime
descrito no art. 129, § 9º, do CP.
Alega o réu, em seus memoriais, que ______. Entretanto, o exame de
corpo de delito informa que a houve ofensa à integridade corporal da vítima, por
meio da utilização de instrumento contundente – _____.
Como cediço, a sentença penal condenatória necessita da certeza quanto à
materialidade e autoria do crime e, analisando as provas dos autos, não restam
dúvidas com relação à presença de ambas.
A materialidade, além de categoricamente atestada pelo laudo de fl.
_____, restou também comprovada por outros meios constantes dos autos, em
especial as provas testemunhais e depoimento da vítima, todos colhidos em
audiência.
Presente assim o exame de corpo delito direto e indireto, consubstanciado
no depoimento da vítima e testemunhos dados em juízo, nenhuma dúvida há que a
Manual Prático de Decisões Criminais 245

vítima sofreu lesões corporais de natureza leve, restando caracterizada ainda a sua
tipificação como violência doméstica, tendo em vista que agressor e vítima
conviveram durante alguns anos, possuindo filhos em comum.
Também não pairam dúvidas de que o denunciado tenha sido o autor das
lesões. A vítima, em depoimento prestado em juízo, narrou que: “________.”
Vê-se claramente que estão preenchidos os elementos constitutivos do
tipo penal e, por outro lado, não há quaisquer causas excludentes da ilicitude ou da
culpabilidade, estando sobejamente provadas a existência do crime e sua autoria.
Ante o exposto, julgo TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido
formulado na denúncia para condenar ______ como incurso nas penas previstas no
art. 129, § 9º, do Código Penal.
Passo à dosagem das penas em atenção ao disposto no art. 68, caput, do
mesmo código.
Analisando as diretrizes do art. 59 do Código Penal relação ao réu,
verifico que: a culpabilidade foi normal à espécie, posto que ínsita e própria do tipo
penal, devendo tal circunstância ser avaliada como neutra; o réu não possui registros
de antecedentes criminais, pelo que foi apurado, avaliando-se tal circunstância
como favorável; quanto à conduta social do acusado no seio da comunidade em que
reside, também não há referências no sentido de que sejam valoradas negativamente
e, assim, avalio-as de forma neutra; não há elementos para se aferir a personalidade
do réu, razão pela qual valoro tal circunstância como neutra; os possíveis motivos
prática dos crimes em comento são ínsitos à espécie, sendo esta circunstância
tomada como neutra; as circunstâncias dos crimes foram graves, visto que o réu
agrediu sua ex-companheira em frente aos filhos do casal, jogando-lhe objetos de
forma humilhante e desumana, devendo assim serem valoradas negativamente; as
consequências do delito foram normais à espécie; e, por fim, quanto ao
comportamento da vítima, esta em nada contribuiu para as agressões.
Por haver _____ circunstâncias judiciais desfavoráveis ao condenado,
fixo a pena-base em ____ ano/meses de detenção.
Deixo de aplicar qualquer das causas agravantes relativas à prevalência de
relações domésticas, contra descendente ou cônjuge ou contra criança por estas
circunstâncias já integrarem elementares dos tipos penais em apreciação. Não
concorrem atenuantes.
Não concorrem, ainda, causas de aumento ou diminuição de pena, razão
pela qual torno definitiva ao condenado a pena de _____ ano/meses de detenção.
A pena privativa de liberdade deverá ser cumprida, inicialmente, em
regime aberto, a teor do que dispõe o artigo 33, caput e § 2º, alínea "c" do CP. Sendo
os crimes cometidos mediante violência e grave ameaça contra pessoa, bem como
246 Manual Prático de Decisões Criminais

ante a vedação do artigo 17 da Lei 11.340/2006, incabível a substituição da pena


privativa de liberdade aplicada por restritiva de direitos.
Preenchidos os requisitos previstos no art. 77, I, II e III, do CP, aplico ao
réu a suspensão condicional da pena, pelo prazo de dois anos.
Em razão das circunstâncias favoráveis, bem como da impossibilidade em
promover a reparação dos danos provocados, concedo-lhe ainda o benefício previsto
no art. 78, §2º, do Código Penal.
Dessa forma, com fundamento nos arts. 78, §2º e 79, do Código Penal o
condenado ficará sujeito às seguintes condições, durante os dois anos de suspensão
da pena:
a) Proibição de frequentar bares, boates e prostíbulos;
b) Proibição de ausentar-se desta comarca, sem autorização do juiz;
c) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades;
d) Proibição de aproximar-se da vítima no limite de 50 metros de distância.
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais.
Intimem-se as partes, devendo o réu ser intimado na forma prevista no art.
392, do Código de Processo Penal.
Oportunamente, após trânsito em julgado desta sentença, adotem-se as
seguintes providências:
1) Oficie-se ao Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Alagoas comunicando a
condenação do réu – com sua devida identificação – acompanhada de fotocópia da
presente decisão a fim de que seja dado cumprimento ao quanto disposto no art. 15,
III, da Constituição Federal;
2) Oficie-se à Secretaria de Estado de Defesa Social e aos institutos que registram
antecedentes criminais informando acerca da condenação do réu;
3) Providencie-se para que a ofendida seja notificada, nos termos do art. 21 da Lei
11.340/2006, de todos os atos processuais relativos ao agressor;
4) Encaminhe-se a ofendida a programa oficial ou comunitário de proteção e
assistência, oficiando-se ao CRAS;
5) Após, cumpridas as determinações acima, voltem os autos conclusos para que se
possa dar início à Execução da pena.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local, data
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 247

24 SENTENÇA. RENÚNCIA. REPRESENTAÇÃO. LEI MARIA DA


PENHA.

Trata-se de suposta prática do crime previsto no art. 147 do CP, em


combinação com a Lei 11.340/2006, tendo como indiciado ______ e vítima _____.
Designada audiência nos termos do art. 16 da Lei 11.340/2006, a vítima
expressamente renunciou ao direito de oferecer representação contra o suposto
agressor e instado a se manifestar, o Ministério Público pugnou pela decretação da
extinção da punibilidade.
É o relatório. Decido.
O art. 16 da Lei 11.340/2006 assim dispõe:
“Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida
de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e
ouvido o Ministério Público”.
Pois bem. A apuração do delito em tese praticado depende de
representação da vítima e esta, em audiência especialmente designada, renunciou
ao direito de representar perante o Juiz e o membro do Ministério Público.
Nos termos do art. 107, V, que pode ser aplicado por analogia em
benefício do acusado, há extinção da punibilidade em casos tais.
Ante o exposto, mormente pela aplicação dos arts. 16 da Lei
11.340/2006 c/c art. 107, V, do CP, DECRETO a extinção da punibilidade de
_______ pelos fatos narrados no inquérito policial.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Após o trânsito em julgado, certificados nos autos, dê-se a devida baixa
e arquivem-se.
Local e data
Juiz de Direito
248 Manual Prático de Decisões Criminais
Manual Prático de Decisões Criminais 249

CAPÍTULO VI: PROCESSO DE EXECUÇÃO

1 EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO COM PROGRESSÃO.

Trata-se de pedido de remição cumulado com progressão de regime ao


semiaberto, formulado pela Defensoria Pública, em favor do reeducando ______.
Aduz que cumpre pena no regime fechado a __ anos em virtude da
condenação a ___ anos pela prática do crime ____. E que durante o cumprimento
de sua pena, exerceu atividades laborativas na faxina do Presídio ___ no total de
___ dias, conforme certidão de tempo de trabalho emitida pelo Diretor da unidade
prisional.
Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou favoravelmente
(fls. __).
É o relatório. Decido.
Inicialmente, analisarei o pedido de remição da pena pelo trabalho e,
posteriormente, a progressão de regime do fechado ao semiaberto.

Remição

A remição permite que o preso, por meio do trabalho ou estudo, diminua


o tempo de encarceramento, inicialmente, atribuído na sentença. A cada três dias
trabalhados ou 12 horas de estudo, o condenado cumprirá mais um de sua pena de
acordo com a Lei de Execução Penal:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime
fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por
estudo, parte do tempo de execução da pena.
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à
razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência
escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive
profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
No caso em tela, trata-se de remição pelo trabalho, em que o Diretor do
Presídio, nas fls. __, expediu certidão, atestando a execução pelo apenado de __
dias, durante o período de ___ a ___, nas atividades de faxina.
250 Manual Prático de Decisões Criminais

Com efeito, declaro remidos da pena do reeducando _____ dias ,


conforme art. 126, § 1º, inciso II da Lei nº 7.210/84.

Progressão de regime

O Código Penal preconiza que “as penas privativas de liberdade


deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso” (art. 32, § 2º, CP). A transferência é a passagem de um
regime para o outro. Se mais benéfico, é a progressão. Ao mais rigoroso,
regressão.
Para ter direito à progressão, o condenado à pena privativa de liberdade
deverá:
a) Cumprir ao menos 1/6 da pena no regime anterior, se condenado por crime
comum, ou 2/5 e 3/5 (para o reincidente), se condenado por crime considerado
hediondo ou equiparado previsto na Lei nº 8.072/90;
b) Ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento – art. 112 da LEP;
c) Se condenado por crime contra a administração pública terá a progressão
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto ilícito
praticado, com os acréscimos legais.
No caso vertente, o reeducando é primário e foi condenado a ___ anos
pela prática do crime ____, considerado hediondo de acordo com a Lei n.
8.072/90, o que exige o cumprimento de 2/5 da pena. Assim, foi preso no dia ___,
permaneceu segregado até a presente data e, somando-se ___ dias remidos,
cumpriu ___ anos de sua pena, equivalente a tempo superior a 2/5, o qual preenche
o requisito objetivo e temporal da lei.
De outro lado, o comportamento carcerário do apenado, emitido pelo
Diretor do Presídio, é considerado bom (fls. __), preenchendo o requisito subjetivo
de que trata o art. 112 da LEP.
Diante do exposto:
Declaro remidos ___ dias da pena do reeducando, referente ao período
de trabalho de _____ a ____;
Defiro a progressão do regime fechado ao semiaberto ao apenado por
ter preenchido os requisitos objetivos e subjetivos legais;
Inclua-se o processo em pauta para audiência admonitória;
Intimações necessárias;
Manual Prático de Decisões Criminais 251

Oficie-se ao Diretor do Presídio ____;


Atualize-se o histórico de partes.
Local e data.
Juiz de Direito.

2 EXECUÇÃO PENAL. INDEFERIMENTO PROGRESSÃO. EXAME


CRIMINOLÓGICO

Trata-se de reanálise acerca da possível concessão da PROGRESSÃO


DE REGIME PRISIONAL PARA O SEMIABERTO, em favor de ____,
devidamente qualificado nos autos, o qual fora condenado, à pena de ____ de
reclusão em regime inicialmente fechado, pela prática dos crimes previstos nos art.
214 c/c art. 224, caput, “a”, “c”, II, ambos do CP, conforme Sentença de fls. ____.
Com vistas, o Representante do Ministério Público opinou pela não
progressão de regime, em virtude do laudo do Exame Criminológico ser
desfavorável à concessão da benesse.
Em resumo, é o relatório.
Decido.

DO INDEFERIMENTO DA PROGRESSÃO DE REGIME

Para fins de progressão aplica-se a fração estabelecida no art. 2º, §2º da


Lei 8.072/1990, qual seja, 2/5 (dois quintos) calculados sobre a pena.
O reeducando deverá cumprir, então, para ter direito à progressão de
regime (Fechado – Semiaberto), o total de _____.
Assim, verifica-se que o reeducando cumpriu o requisito objetivo da
progressão de regime, uma vez que se encontra perfeito o tempo mínimo
necessário.
Entretanto, o mero requisito temporário se mostra insuficiente para a
concessão do benefício em tela, devendo também ser objeto de análise deste
Magistrado a aptidão do apenado em retornar ao convívio social.
Nesse diapasão, figurou-se a necessária e importante realização do
exame criminológico, por ter sido observada, à luz do presente caso, a exigência
de aferição mais aprofundada acerca da periculosidade do reeducando, com
fundamento legal na jurisprudência do STJ, por meio da Súmula nº 439, bem como
no entendimento do STF, em Súmula Vinculante nº 26.
252 Manual Prático de Decisões Criminais

Evidencia-se também, que não fora recomendado pelos profissionais


que compõem a junta responsável pela elaboração do exame criminológico o
imediato retorno do apenado ao convívio social, motivo este que predispõe a
ausência de mérito para a concessão do benefício da progressão de regime
prisional.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça manifesta-se, conforme
jurisprudência, in verbis:
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS.
PROGRESSÃO DE REGIME. EXAME
CRIMINOLÓGICO. ART. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO
PENAL. NOVA REDAÇÃO. LEI N.º 10.792/2003.
INDEFERIMENTO COM BASE EM LAUDOS TÉCNICO
DESFAVORÁVEIS. POSSIBILIDADE. DECISÃO
FUNDAMENTADA. AUSÊNCIA DE REQUISITO
SUBJETIVO. 1. O art. 112 da Lei de Execução Penal, com a
redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.792/03, estabelece
que, para a concessão da progressão de regime, há
necessidade do preenchimento cumulativo dos requisitos
objetivo e subjetivo, a saber: (i) ter o sentenciado cumprido
ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior; e (ii)
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento prisional. 2. A realização de
exame criminológico, antes obrigatória, deixou de sê-lo a
partir das alterações introduzidas pela Lei nº 10.792/03. O
que não exclui, porém, a prerrogativa do magistrado, nas
hipóteses em que julgue necessário, de exigir a prévia
submissão do apenado ao referido exame. Decisão esta que
reclama fundamentação adequada com demonstração da
necessidade concreta da perícia. 3. Uma vez realizados
exames ou laudos psicológicoa e sociais, nada impede que
sejam os mesmos levados em consideração no momento da
análise do pedido de progressão de regime, bastando, para
tanto, que a decisão negativa do pleito venha acompanhada
da devida fundamentação, com elementos concretos que
apontem não estar preenchido o requisito subjetivo
necessário à concessão da benesse, razão pela qual não há
falar em qualquer coação ilegal na hipótese em exame. 4.
Ordem denegada. (STJ - HABEAS CORPUS: HC 167046 /
SP , T6 - Sexta Turma, Min. VASCO DELLA GIUSTINA,
j. 19/05/2011, DJe 15/06/2011).
Manual Prático de Decisões Criminais 253

Desta feita, entendo que o reeducando não atende satisfatoriamente o


requisito subjetivo do benefício em análise, o qual se mostra tão indispensável
quanto o transcurso do lapso temporal mínimo necessário.
Nessas condições, com fulcro no art. 112 e 114, II da Lei 7.210/84,
INDEFIRO ao reeducando, a PROGRESSÃO DO REGIME FECHADO PARA O
SEMIABERTO, devendo o mesmo permanecer em regime fechado até que
obtenha laudo favorável ao seu retorno ao convívio social.
Dê-se ciência ao Ministério Público e à Defensa sobre o teor da presente
decisão.
Aguarde-se o cumprimento da pena em regime fechado, devendo ser o
mesmo reeducando submetido a novo exame criminológico no prazo de 06 (seis)
meses, a contar da publicação da presente Decisão.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito.

3 EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO FECHADO PARA


SEMIABERTO. DOMICILIAR. FALTA DE CONDIÇÕES
SEMIABERTO.

Trata-se de pedido de PROGRESSÃO DE REGIME, às fls. __, em


favor de __, devidamente qualificado nos autos, alegando o cumprimento de mais
de 2/5 da pena de __ anos de reclusão, que lhe foi imposta, pela prática do crime
previsto no art. __, sendo fixado o regime inicialmente fechado, conforme
Sentença de fls. __.
O representante do Ministério Público, às fls.__, manifestou-se pela
concessão do benefício em favor do reeducando.
Vieram os autos conclusos.
Decido.

DO EXAME CRIMINOLÓGICO

Quanto à realização de Exame Criminológico anteriormente solicitada


pelo douto representante do Ministério Público em seu parecer, deixo de
considerar a sua real necessidade, tendo em vista não vislumbrar a sua
imprescindibilidade para como requisito para o deferimento do pedido de
254 Manual Prático de Decisões Criminais

progressão de regime de pena, considerando as peculiaridades do caso concreto


dos autos.
Nesse sentido, o apenado, apesar de estar cumprido pena por crime
considerado hediondo, nos termos da Lei 8.072/90, não incidiu em outra prática
delituosa, seja antes ou depois do crime de Homicídio praticado, ostentando, ainda,
comportamento carcerário classificado como "ótimo" pelo Diretor do
Estabelecimento onde cumpre a pena.
Não se encontra demonstrada, portanto, a necessidade de realização do
referido exame, tendo apenas o representante do Ministério Público fundamentado
o seu parecer na gravidade abstrata do crime praticado, o que se encontra em
desacordo com o entendimento da jurisprudência pátria a respeito do tema.
Como é cediço, a Lei 10.792/03 eliminou a obrigatoriedade de Exame
Criminológico como requisito para concessão de progressão de regime, mantendo
somente a necessidade de bom comportamento carcerário, verificada através de
certidão do diretor do Estabelecimento Prisional.
Dessa forma, o entendimento deste Juízo é de que, apesar de haver
correntes que adotam a real abolição do mencionado exame do nosso ordenamento
Jurídico em sede de progressão de regimes, o que houve foi a retirada de sua
obrigatoriedade, tornando-se facultativa ao Magistrado a sua realização, conforme
critério do próprio Juiz da Execução Penal, com fulcro na análise das
particularidades do caso concreto dos autos, posição esta adotada pelo STF e pelo
STJ, senão vejamos:
HC 61792 / SP HABEAS CORPUS 2006/0140932-5. Ministro HAMILTON
CARVALHO. Julgamento em 10/05/2007. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS.
EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. NECESSIDADE DE EXAME
CRIMINOLÓGICO. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. AUSÊNCIA.1. À luz da nova
redação do art. 112 da LEP, somente se exige o exame criminológico quando se apurar a
sua necessidade, a qual deverá ser demonstrada por meio de dados concretos, não bastando
a referência à gravidade do delito. 2. Ordem concedida para restabelecer a decisão do Juiz
da Vara das Execuções Penais que deferiu a progressão de regime, com amparo em atestado
de boa conduta carcerária emitido pelo diretor do estabelecimento penitenciário. (grifos
acrescidos)
Assim, este Juízo sempre analisará os casos de forma individualizada, a
fim de que se possa fazer a devida fiscalização do cumprimento da pena de todos
os reeducandos, conforme dispõe art. 5° da Lei de Execuções Penais.
Nessas condições, com fulcro nos arts. 112 e 114, da LEP, INDEFIRO o
pedido da realização do EXAME CRIMINILÓGICO no reeducando ____.

DA PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL


Manual Prático de Decisões Criminais 255

O reeducando foi preso em __, conforme Guia de Recolhimento de fls.


__, permanecendo encarcerado até os dias atuais. Verifica-se, então, que o apenado
cumpriu, até a presente data, __ anos, __ meses e __ dias.
Dessa forma, quanto ao requisito objetivo para a possibilidade de
concessão do benefício pleiteado, tem-se que o apenado cumpre-o de forma
satisfatória, tendo em vista que o mesmo possui tempo superior à fração de 2/5
(dois quintos) exigida pelo art. 2, §2º, da Lei 8072/90, a qual consiste em apenas
__ anos e __ meses e __dias.
No que se refere ao requisito subjetivo, observa-se que o reeducando
ostenta __ comportamento carcerário, nos termos do RVC acostado aos autos em
fls. __, inexistindo qualquer fato que desabone a sua conduta durante o período em
que permaneceu preso, preenchendo, também, de forma satisfatória esse requisito.
Nesse sentido, o apenado, apesar de estar cumprido pena por crime
considerado hediondo, nos termos da Lei 8.072/90, não incidiu em outra prática
delituosa, seja antes ou depois do crime de Homicídio praticado, ostentando, ainda,
comportamento carcerário classificado como __ pelo Diretor do Estabelecimento
onde cumpre a pena.
Em que pese o inconformismo do parquet quanto à concessão do
benefício sem a realização do exame criminológico, esta alegação não deve
prosperar, pois está claro que o apenado já fazia jus a progressão de regime em
virtude de já estarem preenchidos os requisitos objetivo e subjetivo exigidos pelo
art. 112 da Lei de Execuções Penais.
Em análise dos autos, é possível constatar que o apenado não possui
indisciplinas, assim como, não possui outros processos crimes, possuindo ótimo
comportamento carcerário e certidão comprovando a prestação de trabalho,
conforme RVC/CT, às fls. __.
Saliento que esta decisão de progressão de regime foi clara quanto à
desnecessidade de realização do exame criminológico, pois a Lei 10.792/03
modificou o art. 112 deixando de ser obrigatória a realização do referido exame, de
forma que já é pacífico na jurisprudência brasileira que cabe ao Magistrado, após
analisar o caso concreto, decidir acerca da necessidade da referida perícia.
Nesse sentido, o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça: "... A
nova redação do art. 112 da Lei de Execuções Penais, conferida ela pela Lei
10.792/03, deixou de exigir a submissão do condenado a exame criminológico,
sem, contudo, afastar a possibilidade do Magistrado da Vara de Execuções Penais
determinar a sua realização se entender necessário para a formação de seu
convencimento" (grifos) (in HC n. 83.421/SP, DJ de 01/10/2007, Relatora em.
Ministra Jane Silva - Desembargadora Convocada do TJ/MG
256 Manual Prático de Decisões Criminais

Nessas condições, com fulcro nos artigos 112 da Lei de Execução Penal
c/c o art. 2, § 2º, da Lei 8072/90, concedo ao reeducando ____________, a
progressão DO REGIME FECHADO PARA O SEMIABERTO.
Ocorre, entretanto, que o estabelecimento até então responsável por
abrigar os reeducandos no presente regime – ______ – mostra-se com carência na
estrutura, sem possibilidade de abrigar os mesmos, ocasionando o ócio, a aquisição
de droga e mesmo a fuga em face da falta de fiscalização.
Como não poderia deixar de ser feito, tendo em vista a presente
situação, o estabelecimento prisional destinado ao regime semiaberto encontra-se
interditado por determinação deste Juízo, através do Incidente à Execução
requerido pelo Representante do MP.
Nesse caso, como o apenado não pode permanecer em regime mais
gravoso pelo simples fato de o sistema prisional estatal não possuir meios para a
manutenção de estabelecimentos prisionais adequados, o mesmo deverá passar a
cumprir a sua pena nas condições impostas ao regime aberto. É esse o
entendimento do STJ, conforme análise do seguinte julgado:
HC 125359 PR 2008/0286998-3 Relator(a): Ministro FELIX
FISCHER Julgamento: 27/04/2009 Órgão Julgador: T5 -
QUINTA TURMA Publicação: DJe 03/08/2009 - Ementa:
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. REGIME
SEMIABERTO. RÉU MANTIDO EM
ESTABELECIMENTO INCOMPATÍVEL. AUSÊNCIA
DE VAGA EM COLÔNIA AGRÍCOLA. REGIME
ABERTO. POSSIBILIDADE. - Constitui constrangimento
ilegal submeter o apenado a regime mais rigoroso do que
aquele para o qual obteve a progressão. Vale dizer, é
flagrante a ilegalidade se o condenado cumpre pena em
condições mais rigorosas que aquelas estabelecidas no
regime para o qual progrediu. Se o caótico sistema prisional
estatal não possui meios para manter os detentos em
estabelecimento apropriado, é de se autorizar,
excepcionalmente, que a pena seja cumprida em regime
mais benéfico, in casu, o aberto. O que é inadmissível é
impor ao apenado, progredido ao regime semiaberto, o
cumprimento da pena em regime fechado, por falta de vagas
em estabelecimento adequado (Precedentes). Habeas corpus
concedido. (grifo nosso)
Com efeito, ser-lhe-ão fixadas condições para o cumprimento do regime
prisional em comento, que deverão ser rigorosamente cumpridas, quais sejam:
Manual Prático de Decisões Criminais 257

1º Permanecer em sua própria residência durante o repouso noturno e nos dias de


domingo e feriados;
2º Sair para o trabalho a partir das 5 h e retornar até às 20 h;
3° Não praticar fato definido como crime;
4º Não frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação
duvidosa;
5º Não frequentar as dependências de quaisquer das unidades do sistema prisional
deste Estado, salvo com autorização judicial;
6º Não se ausentar desta cidade, sem prévia autorização deste Juízo;
7º Não mudar de endereço, sem prévia comunicação a este Juízo; e
8º Comparecer, mensalmente, perante este Juízo, para informar e justificar suas
atividades.
Acaso, entretanto, se mostre adequada, em momento posterior, a
capacidade do estabelecimento em voltar a abrigar os reeducandos, não é demais
lembrar que o cumprimento das presentes condições não se constitui em direito
adquirido pelos mesmos, pelo qual voltarão ao estabelecimento competente para a
fiscalização do regime semiaberto.
Inclua-se na pauta, para realização de audiência de advertência, devendo
o reeducando ser apresentado neste Juízo na data designada, oportunidade em que
ficará o reeducando advertido de que se deixar de cumprir qualquer das condições
acima impostas ou configuradas as demais hipóteses legais, acarretará na imediata
regressão de regime.
Caso aceitas as condições ora estabelecidas, expeça-se o competente
Alvará de soltura, quando da audiência de advertência, se não estiver preso por
outro motivo.
Encaminhe-se cópia desta Sentença ao Presidente do Conselho
Penitenciário.
Dê-se ciência ao Ministério Público e ao Defensor Público lotados neste
Juízo sobre o teor da presente Sentença.
Por fim, aguarde-se o cumprimento da pena, levando-se em
consideração que o reeducando somente fará jus a novo benefício de progressão de
regime no dia ___ caso não haja circunstâncias modificadoras.
P.R.I.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito.
258 Manual Prático de Decisões Criminais

4 EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO SEMIABERTO PARA


ABERTO.

Trata-se de pedido de PROGRESSÃO DO REGIME semiaberto para o


aberto, em favor de _______, devidamente qualificado nos autos, alegando o
cumprimento de mais de 1/6 da pena de 18 (dezoito) anos de reclusão,
remanescente após a progressão do regime fechado para o semiaberto, pela prática
do crime previsto no art. 121, § 2º, IV do Código Penal pátrio.
Em manifestação de fls. ______, o representante do Ministério Público
opinou pela progressão do regime semiaberto para o aberto.
Em resumo, é o relatório.
Os requisitos autorizadores da concessão da progressão de regime
prisional estão dispostos no art. 112 da LEP, da seguinte forma:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que
vedam a progressão.
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor." (grifo
nosso)
O reeducando progrediu para o regime semiaberto, no dia ______,
conforme Decisão de fls. _____, permanecendo no cumprimento regular de sua
pena até os dias atuais. Cumpriu, então, até a presente data, ____ anos, ___ meses
e ___ dias, ou seja, lapso temporal superior à 1/6 da pena remanescente imposta,
necessário para a progressão de regime, preenchendo, dessa forma, o requisito
objetivo para progressão de regime.
Doutra banda, não consta nos autos notícias de descumprimento das
condições impostas, bem como, a certidão emitida por este Juízo, às fls. ___, atesta
o comparecimento mensal do reeducando neste mesmo Juízo, preenchendo
também o requisito subjetivo.
Nessas condições, com fulcro nos arts. 112 e 114, da LEP, concedo ao
reeducando _________ a PROGRESSÃO DO REGIME SEMIABERTO PARA O
ABERTO, cuja fiscalização passará a ocorrer perante a ____ Vara de Execuções –
Regime Aberto (se houver).
Manual Prático de Decisões Criminais 259

Fixo, desde já, as seguintes condições, ficando o apenado advertido de


que acaso descumprida qualquer das condições abaixo impostas ou configuradas
as demais hipóteses legais, acarretará na imediata regressão de regime:
1º Permanecer em sua própria residência durante o repouso noturno;
2º Sair para o trabalho a partir das 5 hs e retornar até às 22 hs, sendo que, nos
domingos e feriados, o retorno deverá ser até às 19 hs;
3º Não praticar fato definido como crime doloso;
4º Não frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação
duvidosa;
5º Não frequentar quaisquer unidades do sistema prisional, salvo com autorização
judicial;
6º Não mudar de endereço, nem se ausentar desta cidade, sem prévia autorização
do Juízo da ___ Vara Criminal da Capital; e
7º Comparecer, mensalmente, perante o Juízo da ___ª Vara Criminal da Capital,
para informar e justificar suas atividades.
Inclua-se na pauta, para realização de audiência admonitória, devendo
ser o reeducando intimado para comparecer neste Juízo.
Encaminhe-se cópia desta decisão ao Presidente do Conselho
Penitenciário.
Dê-se ciência ao Ministério Público e a Defesa do reeducando sobre o
inteiro teor desta decisão.
Após, remetam-se os autos à _____ Vara de Execução Penal, via
distribuição, por ser aquele Juízo o competente para a fiscalização do cumprimento
de pena em regime aberto.
P.R.I.
Cumpra-se.
Local, data.
Juiz de Direito.

5 EXECUÇÃO PENAL. REGIME FECHADO PARA SEMIABERTO.


CRIME ANTERIOR LEI DOS CRIMES HEDIONDOS. PRISÃO
DOMICILIAR.
260 Manual Prático de Decisões Criminais

Trata-se de pedido de PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL


PARA O SEMIABERTO, em favor de ______________, devidamente qualificado
nos autos, alegando o cumprimento de mais de 1/6 da pena de 14 anos de reclusão,
que lhe foi imposta, pela prática do crime previsto no art. 121, §2º, II, IV, do
Código Penal, sendo-lhe fixado o regime inicialmente fechado, conforme Sentença
de fls. ___.
O Promotor de Justiça, em parecer às fls. ___ dos autos, manifestou-se
pelo deferimento da concessão da progressão de regime ao apenado, por entender
estarem atendidos os requisitos previstos no art. 112 da LEP, condicionando,
entretanto, a sua efetivação à ausência de Mandado de Prisão expedido por outro
juízo em desfavor do reeducando supracitado.
Vieram os autos conclusos.
Decido.
Os requisitos autorizadores da concessão da progressão de regime
prisional estão dispostos no art. 112 da LEP, da seguinte forma:
"Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que
vedam a progressão.
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor."
Assim, para que haja o deferimento do aludido benefício, o reeducando
deverá ter cumprido tanto o requisito objetivo, representado pelo tempo mínimo de
cumprimento da pena (1/6 um sexto), como o requisito subjetivo, aspecto
relacionado ao mérito do condenado, que indicam provável adaptação do
condenado ao regime mais benéfico.
Analisando o histórico carcerário do apenado, verifica-se que este foi
preso em ____, permanecendo encarcerado até os dias atuais, segundo histórico na
Guia de Recolhimento acostada aos autos. Verifica-se, então, que o apenado
cumpriu até a presente data, o total de __ anos, __ meses e __ dias.
Além disso, malgrado o crime cometido pelo reeducando ser
considerado hediondo, justifica-se o percentual de 1/6 (um sexto) da pena, pois a
data do cometimento desse delito é anterior ao do início da vigência da Lei nº
11.464/07, que modificou os prazos para crimes dessa natureza. E, para restar
inequívoco o entendimento, lembre-se:
Manual Prático de Decisões Criminais 261

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
(...)
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
(grifo nosso)
Dessa forma, quanto ao requisito objetivo para a possibilidade de
concessão do benefício pleiteado, tem-se que o apenado cumpre-o de forma
satisfatória, tendo em vista que o mesmo possui tempo superior à fração de 1/6
(um sexto) exigida pelo art. 112 da LEP, a qual consiste em apenas __ anos e __
meses.
No que se refere ao requisito subjetivo, observa-se que o reeducando
ostenta adequado comportamento carcerário, nos termos do RVC acostado aos
autos em fls. ___, inexistindo qualquer fato que desabone a sua conduta durante o
período em que permaneceu preso, preenchendo também de forma satisfatória esse
requisito.
Nessas condições, com fulcro no art. 112, da LEP, concedo ao
reeducando ___ a PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL DO FECHADO
PARA O SEMIABERTO.
Ocorre, entretanto, que o estabelecimento responsável por abrigar os
reeducandos no presente regime encontra-se interditado por determinação deste
Juízo, através do Incidente à Execução requerido pelo Representante do MP.
Nesse caso, como o apenado não pode permanecer em regime mais
gravoso pelo simples fato de o sistema prisional estatal não possuir meios para a
manutenção de estabelecimentos prisionais adequados, o mesmo deverá passar a
cumprir a sua pena nas condições impostas ao regime aberto. É esse o
entendimento do STJ, conforme análise do seguinte julgado:
HC 125359 PR 2008/0286998-3 Relator(a): Ministro FELIX
FISCHER Julgamento: 27/04/2009 Órgão Julgador: T5 -
QUINTA TURMA Publicação: DJe 03/08/2009.
Ementa: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS.
REGIME SEMIABERTO. RÉU MANTIDO EM
ESTABELECIMENTO INCOMPATÍVEL. AUSÊNCIA
DE VAGA EM COLÔNIA AGRÍCOLA. REGIME
ABERTO. POSSIBILIDADE.
262 Manual Prático de Decisões Criminais

Constitui constrangimento ilegal submeter o apenado a


regime mais rigoroso do que aquele para o qual obteve a
progressão. Vale dizer, é flagrante a ilegalidade se o
condenado cumpre pena em condições mais rigorosas que
aquelas estabelecidas no regime para o qual progrediu. Se o
caótico sistema prisional estatal não possui meios para
manter os detentos em estabelecimento apropriado, é de se
autorizar, excepcionalmente, que a pena seja cumprida em
regime mais benéfico, in casu, o aberto. O que é
inadmissível é impor ao apenado, progredido ao regime
semiaberto, o cumprimento da pena em regime fechado, por
falta de vagas em estabelecimento adequado (Precedentes).
Habeas corpus concedido. (grifo nosso)
Com efeito, serão fixadas ao apenado condições para o cumprimento da
sua pena em prisão domiciliar, que deverão ser rigorosamente cumpridas, sob pena
de imediata regressão de regime:
1º Permanecer em sua própria residência durante o repouso noturno e nos dias de
domingo e feriados;
2º Sair para o trabalho a partir das 5 hs e retornar até às 20 hs;
3º Não praticar fato definido como crime;
4º Não frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação
duvidosa;
5º Não se ausentar desta cidade, sem prévia autorização deste Juízo;
6º Não frequentar as dependências de quaisquer das unidades do sistema prisional
deste Estado, salvo com autorização judicial;
7º Não mudar de endereço, sem prévia comunicação a este Juízo; e
8º Comparecer, mensalmente, perante este Juízo, para informar e justificar suas
atividades.
Acaso, entretanto, se mostre adequada, em momento posterior, a
capacidade do estabelecimento em voltar a abrigar os reeducandos, não é demais
lembrar que o cumprimento das presentes condições não se constitui em direito
adquirido pelos mesmos, pelo qual voltarão ao estabelecimento competente para a
fiscalização do regime semiaberto.
Sendo assim, designo o dia __,às ___hs, para realização de audiência de
advertência, devendo, para tanto, ser solicitada a apresentação do reeducando neste
Juízo;
Caso aceitas as condições ora estabelecidas, expeça-se o competente
alvará de soltura, se não estiver preso por outro motivo;
Manual Prático de Decisões Criminais 263

Encaminhe-se cópia desta decisão, uma via ao Presidente do Conselho


Penitenciário;
Dê-se ciência ao Ministério Público e à Defesa sobre o teor da presente
Sentença;
Por fim, aguarde-se o cumprimento de pena em regime semiaberto,
levando-se em consideração que o reeducando somente fará jus ao benefício de
progressão de regime para o aberto no dia ________, caso não haja circunstâncias
modificadoras.
P.R.I.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito

6 EXECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE ESTABELECIMENTO


ADEQUADO PARA REGIME SEMIABERTO.

___________, devidamente qualificado nos autos, foi condenado pelo


Juízo de conhecimento à pena de 7 anos e 4 meses de reclusão, a ser cumprida,
inicialmente, em regime semiaberto, em virtude da prática do crime previsto no
art. 157, § 2º, I, II do CP, conforme Sentença de fls. 12/20.
Vieram os autos conclusos.
Decido.
O reeducando foi julgado pelo Juízo de Direito da Comarca de ______,
conforme cópia da Sentença referida supra, sendo fixado o regime, inicialmente,
semiaberto para o cumprimento da pena. Verifica-se, com isso, a necessidade de
fiscalização da execução da pena aplicada à reeducando.
Ocorre, entretanto, que o estabelecimento responsável por abrigar os
reeducandos no regime semiaberto deste estado encontra-se interditado por
determinação deste Juízo, através de Incidente à Execução requerido pelo
Representante do Ministério Público.
Destarte, nesses casos, a medida adotada, e a que melhor se adequa aos
fins da pena, é a concessão à reeducando da prisão domiciliar, haja vista ser
inaceitável manter o apenado em regime mais gravoso por conta da inércia do
Estado em providenciar estabelecimento adequado para os constritos em regime
semiaberto. Observe-se que a Superior Tribunal de Justiça já se manifestou nesse
sentido, in verbis:
264 Manual Prático de Decisões Criminais

HABEAS CORPUS. PENAL. PEDIDO DE PROGRESSÃO


AO MODO SEMIABERTO DEFERIDO. INEXISTÊNCIA
DE VAGA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL
ADEQUADO. PRISÃO DOMICILIAR. NATUREZA
EXCEPCIONAL. POSSIBILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA.1. Na esteira da jurisprudência consolidada
no âmbito do STJ, inexistindo vaga em estabelecimento
compatível com o regime semiaberto, é legítima a prisão
domiciliar do constrito, que não pode cumprir a pena em
local mais severo que o determinado na decisão
executória.2. Ordem concedida para permitir ao reeducando,
em caráter excepcional, que aguarde em prisão domiciliar o
surgimento de vaga em estabelecimento adequado ao regime
semiaberto. (grifo nosso) (175313 MG 2010/0102604-1,
Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento:
22/02/2011, T5 - QUINTA TURMA, data de publicação:
DJe 21/03/2011)
Com efeito, serão fixadas ao apenado condições para o cumprimento da
sua pena em prisão domiciliar, que deverão ser rigorosamente cumpridas, sob pena
de imediata regressão de regime:
1º Permanecer em sua própria residência durante o repouso noturno e nos dias de
domingo e feriados;
2º Sair para o trabalho a partir das 5 hs e retornar até às 20 hs;
3º Não praticar fato definido como crime doloso;
4º Não frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação
duvidosa;
5º Não se ausentar desta cidade, sem prévia autorização deste Juízo;
6º Não mudar de endereço, sem prévia comunicação a este Juízo; e
7º Comparecer, mensalmente, perante este Juízo, para informar e justificar suas
atividades.
Registre-se que acaso, entretanto, mostre-se adequada, em momento
posterior, a capacidade Do referido estabelecimento para voltar a abrigar os
reeducandos, não é demais lembrar que o cumprimento das presentes condições
não se constitui em direito adquirido pelos mesmos, pelo qual voltarão ao
estabelecimento competente para a fiscalização do regime semiaberto.
Paute-se audiência admonitória, intimando-se o apenado para que
compareça neste Juízo na data indicada.
Sendo assim,
a) Encaminhe-se cópia desta Decisão ao Presidente do Conselho Penitenciário;
Manual Prático de Decisões Criminais 265

b) Dê-se ciência ao Ministério Público e à Defesa;


c) Por fim, intime-se o reeducando para comparecer na data indicada para a
realização da referida audiência admonitória.
P.R.I.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de direito.

7 EXECUÇÃO PENAL - LIVRAMENTO CONDICIONAL E REMIÇÃO


– REEDUCANDO REINCIDENTE

Trata-se de pedido de LIVRAMENTO CONDICIONAL e REMIÇÃO,


em favor de ______, atualmente em regime ___, devidamente qualificado nos
autos, alegando o cumprimento de (1/2) da pena imposta de ___ anos de reclusão
pela prática do delito previsto no art. _____.
Com vista, o representante Ministério Público, às fls. __, opinou pelo
deferimento do pleito.
Com vista, o representante do Conselho Penitenciário, às fls. __, opinou
pelo deferimento do pleito.
Em resumo é o relatório.

DA REMIÇÃO DA PENA
A remição, caracterizada pelo desconto do tempo de pena privativa de
liberdade face ao trabalho exercido pelo apenado, na proporção de três dias
trabalhados por um dia de pena, encontra amparo no art. 126, §1º da LEP e é
concedida aos reeducandos que estejam cumprindo pena nos regimes fechado e
semiaberto que não tenham registro de faltas graves em seus prontuários.
Às fls. __ dos presentes autos, consta certidão exarada pelo Gerente
Geral do __, atestando que o apenado executou o serviço de ___ em um período de
___dias, entre ___________ e __________.
Destarte, com fulcro no art. art. 126, §1º, da LEP, DECLARO
REMIDOS do tempo de execução da pena do reeducando ______ o total de __
dias, referente ao período efetivamente trabalhado entre ________ até ________.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
O Livramento Condicional consiste na antecipação da liberdade ao
condenado que cumpre pena privativa de liberdade, desde que cumpridas
determinadas condições durante certo tempo. Serve como estímulo à reintegração
266 Manual Prático de Decisões Criminais

na sociedade daquele que aparenta ter experimentado uma suficiente regeneração,


representando uma transição entre o cárcere e a vida livre.
O livramento condicional, como consta no art. 131 da Lei de Execução
Penal, poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os requisitos do Art.
83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e o
Conselho Penitenciário, requisitos esses necessários para a concessão do benefício.
O artigo mencionado dispõe que:
Art. 83: O juiz poderá conceder livramento condicional ao
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a
dois anos, desde que:
I. Cumprida mais de 1/3 (um terço) da pena se o condenado
não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II. Cumprida mais da ½ (metade) se o condenado for
reincidente em crime doloso;
III. Comprovado comportamento satisfatório durante a
execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído e aptidão para prover à própria subsistência
mediante trabalho honesto;
IV. Tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-
lo, o dano causado pela infração.
V. Cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza.
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso,
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o
liberado não voltará a delinquir.
A doutrina pátria divide esses requisitos em objetivos e subjetivos.
Entre os primeiros, os requisitos de natureza objetiva, são aqueles que se referem à
sanção imposta pela prática do ilícito penal, quais sejam: a natureza da pena, a
quantidade da pena, tempo mínimo de cumprimento da pena, além da reparação do
dano, salvo efetiva impossibilidade. Já os requisitos de natureza subjetiva são
aqueles pertinentes à pessoa do condenado, são eles: bons antecedentes,
comportamento satisfatório durante a execução, bom desempenho no trabalho que
Manual Prático de Decisões Criminais 267

lhe foi atribuído, aptidão para prover a própria subsistência com trabalho honesto e
prognose favorável.
Assim, para que haja o deferimento do aludido benefício, o reeducando
deverá ter cumprido tanto o requisito objetivo, representado pelo tempo mínimo de
cumprimento da pena (1/2 um meio), já que é reincidente, como o requisito
subjetivo, aspecto relacionado ao mérito do condenado, que indicam provável
adaptação do condenado ao regime mais benéfico.
Analisando o histórico carcerário do apenado, verifica-se que este fora
preso em flagrante no dia ______. Obteve progressão para o regime semiaberto em
___. Cumpriu até hoje, nos dois regimes (fechado e semiaberto) __ anos e __ dias,
mais de 1/2, que corresponde a duas progressões de regime, conforme fls. __.
Assim, o reeducando cumpriu até a presente data __ anos, __ meses e
__ dias, preenchendo dessa maneira, o requisito objetivo para o Livramento
Condicional.
Dessa forma, quanto ao requisito objetivo para a possibilidade de
concessão do benefício pleiteado, tem-se que o apenado cumpre-o de forma
satisfatória, tendo em vista que o mesmo possui tempo muito superior à fração de
1/2 (um meio) exigida pelo citado art. 83, II da LEP, a qual consiste em apenas __.
No que se refere ao requisito subjetivo, observa-se que o reeducando
ostenta ____ comportamento carcerário, nos termos do RVC acostado aos autos
em fls. ___, inexistindo qualquer fato que desabone a sua conduta durante o
período em que permaneceu preso, preenchendo também de forma satisfatória esse
requisito.
Assim sendo, com fulcro nos arts. 83, II do CP, e 131, da LEP,
CONCEDO LIVRAMENTO CONDICIONAL ao reeducando _____ e, atendendo
ao comando dos arts. 85 e 132, respectivamente, dos aludidos diplomas legais,
imponho ao beneficiário o cumprimento das seguintes condições:
1º recolher-se a sua residência, no máximo, até às 22 horas, salvo se for escalado
para trabalho no período noturno;
2º comparecer, trimestralmente, perante o Juízo da ___Vara Criminal da Capital,
para informar suas atividades;
3º não mudar de residência, sem prévia comunicação a este Juízo;
4º não frequentar bares, boates, casas de jogos e locais de reputação duvidosa;
5º proibição de ausentar-se desta cidade, sem prévia autorização deste Juízo; e
6º obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho.
O não cumprimento de qualquer dessas condições, implicará na
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO, sujeitando o reeducando a reiniciar o
cumprimento do restante de sua pena em regime fechado. Revoga-se também o
268 Manual Prático de Decisões Criminais

livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em


sentença irrecorrível por crime cometido durante a vigência do benefício ou por
crime anterior, e for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a
pena que não seja privativa de liberdade.
No momento da quebra do benefício, sendo aplicada a REVOGAÇÃO,
segundo os artigos 141 e 142 da Lei de Execução Penal, sendo corroborado pelos
artigos 87 e 88 do Código Penal, Se a revogação for motivada por infração penal
anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da
pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a
soma do tempo das duas penas, mas no caso de revogação por outro motivo, não se
computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se
concederá, em relação à mesma pena, novo Livramento.
Encaminhem-se os autos ao Conselho Penitenciário para que se proceda
a solenidade da Carta de Livramento, encaminhado-a, com cópia desta decisão, ao
Diretor-Geral do Presídio.
Remetam-se os autos à __ Vara de Execução Penal, via distribuição, por
ser aquele Juízo o competente para a fiscalização do cumprimento de pena em
Livramento Condicional.
P.R.I
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito

8 EXECUÇÃO PENAL – REGRESSÃO CAUTELAR – FUGA –


SEMIABERTO

Trata-se de processo executivo penal que visa à execução e fiscalização


da pena unificada de 9 (nove) anos de reclusão, em regime fechado, imposta ao
reeducando ___, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, pelo
cometimento do crime previsto no art. 121, §2º, inciso II, do CP.
Foi requerido pelo Representante do Ministério Público a regressão do
regime prisional, às fls. ___, com consequente expedição de Mandado de Prisão,
posto que houve o conhecimento de que o apenado encontra-se foragido do regime
semiaberto.
Eis, em resumo, o relatório.
Decido.
Manual Prático de Decisões Criminais 269

DA REGRESSÃO CAUTELAR
O reeducando teve em seu benefício a concessão de progressão ao
regime semiaberto no dia ___, após cumprir ___anos, ___ meses e ___ dias de sua
pena (fls.___), sendo determinada a sua transferência para o estabelecimento
responsável pelo cumprimento da pena em regime semiaberto.
Apesar de ter tomado ciência das condições que lhe foram impostas,
constam nos autos, às fls. __, que o reeducando foragiu do referido
estabelecimento em ___________.
Deflui da análise pausada dos autos que o reeducando, tendo progredido
de regime, não observou as condições inerentes ao cumprimento do regime
semiaberto, encontrando-se, portanto, foragido. Assim prescreve o art. 118, I da
LEP:
“Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará
sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer
dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - Praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave;”(grifo nosso).
Repita-se que o reeducando foi transferido para cumprir o regime
semiaberto, no entanto, conforme informação prestada pela Direção do referido
estabelecimento prisional, o reeducando foragiu, o que pela LEP gera a sua
regressão, pois conforme disposição do art. 50, II da referida Lei, a fuga é
considerada como falta grave.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça manifesta-se, conforme
jurisprudência, in verbis:
"HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FUGA.
FALTA GRAVE. ART. 50, II, DA LEP. REGRESSÃO
CAUTELAR. OITIVA PRÉVIA DO SENTENCIADO.
DESNECESSIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. A fuga do
estabelecimento prisional constitui infração disciplinar de
natureza grave, consoante dispõe o art. 50, II, da Lei de
Execução Penal. 2. É assente na jurisprudência deste
Tribunal o entendimento no sentido de que a regressão
cautelar ao regime mais gravoso não exige a oitiva prévia do
segregado, a qual é necessária apenas quando a providência
for tomada em caráter definitivo. 3. Ordem denegada."
"EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. FUGA.
FALTA GRAVE. REGRESSÃO CAUTELAR DE
REGIME. PRÉVIA OITIVA. DESNECESSIDADE.
EXIGÊNCIA QUE SE IMPÕE PARA A REGRESSÃO
270 Manual Prático de Decisões Criminais

DEFINITIVA. ORDEM DENEGADA. 1. Nos termos do


art. 50, inciso II, da Lei de Execução Penal, a fuga
caracteriza falta grave, justificando a regressão cautelar do
regime prisional pelo Juízo da Execução. 2. A oitiva prévia
do condenado somente é exigível na transferência definitiva
para regime mais rigoroso. Precedentes desta Corte
Superior. 3. Ordem denegada."
In casu, o reeducando desrespeitou as condições para o cumprimento do
regime semiaberto, não havendo como se cogitar na possibilidade de sua
permanência nesta mesma situação.
Dessa forma, não poderá o Estado, como detentor dos interesses mais
elevados da pacificação da ordem pública, em virtude do condenado não merecer o
cumprimento de pena em regime prisional menos severo, ficar totalmente inerte,
provocando um sentimento de impunidade no apenado, que o levasse à
possibilidade de vir novamente a delinquir. É por essa situação, que se faz
necessária a manifestação cautelar deste Juízo, devendo o reeducando ser
recolhido e após ser designada audiência para a sua oitiva, nos termos do §2º do
art. 118, da LEP.
Ex positis, com base nos argumentos acima alinhavados, REGRIDO
CAUTELARMENTE o regime imposto para o fechado, devendo ser expedido o
competente MANDADO DE PRISÃO em desfavor do apenado ____.
Nestas condições:
a) Expeça-se o competente MANDADO DE PRISÃO;
b) Comunique a este Juízo quando do seu cumprimento;
c) Após, designar a devida audiência de justificação.
d) Dê-se ciência ao Ministério Público e à Defensoria Pública.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito.

9 EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DE PENAS.

Trata-se de pedido de unificação de penas, formulado pela Defensoria


Pública, em favor do reeducando _________, pelos crimes abaixo indicados:
1. Processo n°_____, oriundo da Comarca de _____, com pena fixada de
_______ de reclusão, em regime inicial fechado, e ____ dias-multa à razão de
1/30 do salário mínimo vigente à época do fato, pela prática do crime
Manual Prático de Decisões Criminais 271

previsto no art.______ do Código Penal, com trânsito em julgado no dia


____;
2. Processo n°____, oriundo da Comarca de ____, com pena fixada de____ de
reclusão, em regime inicial fechado, e ____ dias-multa à razão de 1/30 do
salário mínimo vigente à época do fato, pela prática do crime previsto no art.
____ do Código Penal, com trânsito em julgado no dia____;
Aduz que o crime cometido no item 1, ocorreu no dia___, sendo preso
em flagrante delito e, permaneceu preso até o dia____, quando empreendeu fuga.
Entretanto, no dia____, cometeu o delito descrito no item 2, mas não chegou a ser
preso, sendo condenado em____.
Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou no sentido que as
penas sejam somadas.
É o relatório. Decido.
As várias condenações em processos diferentes devem ser somadas para
o cumprimento. A soma das penas vem preconizada nos arts. 75 e 84 do Código
penal e nos artigos 66, III, “a” e 141 da LEP.
A competência para tal fim, observe-se, é do juiz da execução penal nos
termos do art. 66, III, “a” da LEP, visto que a competência do juiz da causa se
esgotou com a sentença condenatória.
A cada somatória os efeitos da resultante devem recair sobre a
determinação do regime, progressão, saídas temporárias, trabalho externo, etc,
devendo ser descontada a pena cumprida (art. 111 da LEP).
Assim, o total das penas é de ____ anos de reclusão e ____ dias-multa e
abatendo-se o tempo de pena cumprida de sua primeira prisão até o dia que fugiu,
equivalente a ____ anos/meses, servindo de base para futuros benefícios, a data da
prisão do segundo crime.
Diante do exposto DECLARO SOMADAS as penas em ____ anos,
____ meses e _____ dias de reclusão e _____ dias-multa, em regime fechado, já
desprezado o período de pena efetivamente cumprido referente ao primeiro crime,
consistente em _____ anos, de acordo com o art. 75, CP e art. 33, § 2º, “a” do CP.
O reeducando cumpriu, desde o cometimento do último delito ________
anos, ou seja, lapso temporal inferior ao necessário para concessão de quaisquer
benefícios da LEP, considerando o remanescente da pena de _______ anos e 1/6
da pena pela prática de crimes comuns, o qual adquirirá direito a progressão de
regime em ______.
Expeça-se nova guia de recolhimento com as penas somadas,
encaminhando uma via ao Diretor da unidade prisional e outra ao Presidente do
Conselho Penitenciário.
272 Manual Prático de Decisões Criminais

Dê-se ciência ao MP e Defesa desta decisão, bem como ao apenado.


Publique-se.
Local, data.
Juiz de Direito.

10 EXECUÇÃO PENAL. EXAME CRIMINOLÓGICO. DEFERIMENTO.

Trata-se de requerimento do representante do Ministério Público, às


fls.__, no sentido da necessidade de submeter o reeducando __ a exame
criminológico, haja vista a gravidade do delito praticado (crime hediondo).
Com efeito, compulsando os autos, verifica-se que o apenado foi
condenado à pena de 30 (trinta) anos de reclusão, em regime inicialmente fechado,
pela prática dos crimes de estupro contra duas vítimas menores de idade (art. 213
c/c art. 226, II, Código Penal), bem como pelo delito de atentado violento ao
pudor, também contra ofendida menor de idade (art. 214 c/c art. 226,II, Código
Penal).
Destarte, diante do cometimento dos crimes de natureza sexual e
praticados com violência, sendo, ainda, considerado o estupro crime hediondo pela
Lei 8072/90, e ausente certidão de ótimo comportamento, necessária a realização
de exame criminológico para se aferir se o reeducando faz jus ou não à progressão
de regime.
Registre-se, por oportuno, que apesar da exclusão da obrigatoriedade da
realização de exame criminológico como requisito para a progressão de regime
pelo art. 112 da Lei de Execuções Penais, o qual teve sua redação alterada pela Lei
10.792/2003, a jurisprudência pátria, inclusive havendo Súmula Vinculante sobre
o tema, é assente no sentido de que, entendendo o magistrado pela necessidade do
exame, poderá determinar a sua realização, desde que o faça de modo
fundamentado, senão vejamos:
(Súmula Vinculante n° 26, STF): PARA EFEITO DE
PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DE
PENA POR CRIME HEDIONDO, OU EQUIPARADO, O
JUÍZO DA EXECUÇÃO OBSERVARÁ A
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI N.
8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990, SEM PREJUÍZO DE
AVALIAR SE O CONDENADO PREENCHE, OU NÃO,
OS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO
BENEFÍCIO, PODENDO DETERMINAR, PARA TAL
Manual Prático de Decisões Criminais 273

FIM, DE MODO FUNDAMENTADO, A REALIZAÇÃO


DE EXAME CRIMINOLÓGICO. (Grifo nosso).
(Súmula 439, STJ): “Admite-se o exame criminológico
pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.”
"(...) A nova redação do art. 112 da Lei de Execuções
Penais, conferida pela Lei 10.792/03, deixou de exigir a
submissão do condenado a exame criminológico, sem,
contudo, afastar a possibilidade do Magistrado da Vara de
Execuções Penais determinar a sua realização se entender
necessário para a formação de seu convencimento" (HC n.
83.421/SP. Ministra Jane Silva – Des. Convocada do
TJ/MG. DJ de 01/10/2007, STJ). (grifos)
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. LEI 10.792/03.
PROGRESSÃO AO REGIME SEMIABERTO. EXAME
CRIMINOLÓGICO DISPENSADO PELO JUÍZO DA
EXECUÇÃO. EXIGÊNCIA PELO TRIBUNAL DE
ORIGEM. FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA.
IMEDIATO RETORNO AO REGIME MAIS SEVERO.
NECESSIDADE. SUPERVENIÊNCIA DE AVALIAÇÃO
TÉCNICA DESFAVORÁVEL À PROGRESSÃO. ORDEM
DENEGADA. LIMINAR CASSADA.
1. O advento da Lei 10.792/03 tornou prescindíveis os
exames periciais antes exigidos para a concessão da
progressão de regime prisional e do livramento condicional,
bastando, para os aludidos benefícios, a satisfação dos
requisitos objetivo - temporal – e subjetivo - atestado de
bom comportamento carcerário, firmado pelo diretor do
estabelecimento prisional.
2. O Supremo Tribunal Federal, todavia, no julgamento do
HC 88.052/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ de
28/4/06, afirmou que "Não constitui demasia assinalar, neste
ponto, não obstante o advento da Lei nº 10.792/2003, que
alterou o art. 112 da LEP - para dele excluir a referência ao
exame criminológico -, que nada impede que os magistrados
determinem a realização de mencionado exame, quando o
entenderem necessário, consideradas as eventuais
peculiaridades do caso, desde que o façam, contudo, em
decisão adequadamente motivada".
274 Manual Prático de Decisões Criminais

3. A particularização da situação do sentenciado, pela qual


se motiva a necessidade da diligência com os indícios sobre
a sua personalidade perigosa, extraídos do caso concreto,
constitui fundamentação idônea a justificar a realização do
exame criminológico.
4. Na hipótese dos autos, realizada avaliação técnica pelo
órgão competente, concluiu-se pela ausência do requisito
subjetivo, motivo pelo qual o paciente não faz jus ao
benefício pleiteado.
5. Ordem denegada. Liminar cassada. (grifo nosso)
Dessa forma, analisando as peculiaridades do caso contido dos autos,
que indicam o comportamento periculoso do reeducando, bem como a gravidade
concreta dos delitos praticados, entende este Magistrado pela imprescindibilidade
da realização de exame criminológico como condição para a progressão de regime
de cumprimento da pena. Este entendimento considera que a perícia é capaz de
fornecer ao julgador elementos e dados mais seguros para uma decisão correta,
sobretudo se considerada a insuficiência de informações contidas nos atestados de
comportamento carcerário dos apenados emitidos pelas Diretorias dos
Estabelecimentos Prisionais.
Nessa esteira de pensamento, registre-se, ainda, a análise da questão da
necessidade ou não da realização do exame criminológico à luz do Princípio do
Livre Convencimento Motivado do Juiz, pelo qual o Magistrado não mais fica
limitado ao formalismo da lei, embasando suas decisões com fulcro nas provas
existentes nos autos, levando-se em conta sua livre convicção pessoal
fundamentada.
Feitas tais considerações, entendo que, no caso dos autos, somente
através da realização do aludido exame é que poderão ser colhidas e trazidas ao
processo de execução as informações de profissionais especializados acerca da
possibilidade de retorno do apenado ao convívio social, resguardando-se, desse
modo, não apenas a sociedade, mas o próprio reeducando. Dessa forma, ressalte-
se, estar-se-á efetivando, inclusive, o fim de ressocialização da pena.
Diante do exposto, determino a submissão do apenado ___ ao Exame
Criminológico. Para tanto, oficie-se à Diretoria do Estabelecimento Prisional onde
o reeducando encontra-se cumprindo pena, a fim de que adote as providências
necessárias com vistas à realização e conclusão do referido exame, observado o
prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias.
Alcançado este prazo, com ou sem a juntada do Laudo de Exame
Criminológico, voltem-se os autos conclusos.
Cumpra-se.
Manual Prático de Decisões Criminais 275

Local e data.
Juiz de direito.

11 EXECUÇÃO PENAL. EXAME CRIMINOLÓGICO.


INDEFERIMENTO.

Trata-se de pedido para a realização do Exame Criminológico, às fls.


__, em favor de __ devidamente qualificado nos autos, como condição para o
deferimento da progressão de regime para o semiaberto, com pena de 05 anos de
reclusão, que lhe foi imposta, pela prática do crime previsto no art. 1, I “a” da Lei
9.455/1997, sendo fixado o regime inicialmente fechado, conforme Sentença de
fls. ___.
O representante do Ministério Público, às fls. ___, manifestou-se pela
realização de Exame Criminológico como condição para o deferimento do pleito.
É o Relatório.
Decido.

DO EXAME CRIMINOLÓGICO
O reeducando foi preso em __, conforme Guia de Recolhimento de fls.
__ , permanecendo encarcerado até os dias atuais. Verifica-se, então, que o
apenado cumpriu, até a presente data, _________.
Dessa forma, quanto ao requisito objetivo para a possibilidade de
concessão do benefício pleiteado, tem-se que o apenado cumpre-o de forma
satisfatória, tendo em vista que o mesmo possui tempo muito superior à fração de
__ exigida pelo art. 112 da LEP.
No que se refere ao requisito subjetivo, observa-se que o reeducando
ostenta adequado comportamento carcerário, nos termos do RVC acostado aos
autos em fls. __, inexistindo qualquer fato que desabone a sua conduta durante o
período em que permaneceu preso, preenchendo, também, de forma satisfatória
esse requisito.
Quanto à realização de Exame Criminológico anteriormente solicitada
pelo douto representante do Ministério Público em seu parecer, deixo de
considerar a sua real necessidade, tendo em vista não vislumbrar a sua
imprescindibilidade para como requisito para o deferimento do pedido de
progressão de regime de pena, considerando as peculiaridades do caso concreto
dos autos.
276 Manual Prático de Decisões Criminais

Nesse sentido, o apenado, apesar de estar cumprido pena por crime


considerado hediondo, nos termos da Lei 8.072/90, não incidiu em outra prática
delituosa, ostentando, ainda, comportamento carcerário classificado como "ótimo"
pelo Diretor do Estabelecimento onde cumpre a pena.
Não se encontra demonstrada, portanto, a necessidade de realização do
referido exame, tendo apenas o representante do Ministério Público fundamentado
o seu parecer na gravidade abstrata do crime praticado, o que se encontra em
desacordo com o entendimento da jurisprudência pátria a respeito do tema.
Como é cediço, a Lei 10.792/03 eliminou a obrigatoriedade de Exame
Criminológico como requisito para concessão de progressão de regime, mantendo
somente a necessidade de bom comportamento carcerário, verificada através de
certidão do diretor do Estabelecimento Prisional.
Dessa forma, o entendimento deste Juízo é de que, apesar de haver
correntes que adotam a real abolição do mencionado exame do nosso ordenamento
Jurídico em sede de progressão de regimes, o que houve foi a retirada de sua
obrigatoriedade, tornando-se facultativa a sua realização, conforme critério do
próprio Juiz, com fulcro na análise das particularidades do caso concreto dos
autos, posição esta adotada pelo STF e pelo STJ, senão vejamos:
HC 61792 / SP HABEAS CORPUS 2006/0140932-5.
Ministro HAMILTON CARVALHO. Julgamento em
10/05/2007.
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO
PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. NECESSIDADE
DE EXAME CRIMINOLÓGICO. FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA. AUSÊNCIA.
1. À luz da nova redação do art. 112 da LEP, somente se
exige o exame criminológico quando se apurar a sua
necessidade, a qual deverá ser demonstrada por meio de
dados concretos, não bastando a referência à gravidade do
delito.
2. Ordem concedida para restabelecer a decisão do Juiz da
Vara das Execuções Penais que deferiu a progressão de
regime, com amparo em atestado de boa conduta carcerária
emitido pelo diretor do estabelecimento penitenciário.
(grifos acrescidos)
Assim, este Juízo sempre analisará os casos de forma individualizada, a
fim de que se possa fazer a devida fiscalização do cumprimento da pena de todos
os reeducandos, conforme dispõe art. 5° da Lei de Execuções Penais.
Manual Prático de Decisões Criminais 277

Nessas condições, com fulcro nos arts. 112 e 114, da LEP, INDEFIRO o
pedido da realização do EXAME CRIMINILÓGICO no reeducando _____.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito.

12 EXECUÇÃO PENAL. PRISÃO DOMICILIAR. DOENÇA.

Trata-se de análise quanto à possibilidade de concessão do cumprimento


de pena em PRISÃO DOMICILIAR, requerido pela defesa, em favor do apenado
__________, devidamente qualificado nos autos, o qual fora condenado a uma
pena de 07 (sete) anos e 11 (onze) meses de reclusão, pela prática dos crimes
previstos nos arts. _____, todos do CP, sendo fixado o regime fechado.
A defesa _____ alega que, o reeducando em tela está acometido por
uma doença grave e permanente (________), necessitando de cuidados especiais
contínuos.
Em diligências, a Diretoria de Saúde do Sistema Prisional, através de
dois médicos especializados, realizaram perícia médica no qual foi constatado ser
portador de _____ e, segundo os médicos especialistas, o apenado não possui
condições de permanecer no Sistema Prisional, tendo em vista o precário estado de
saúde do reeducando e por estar com idade avançada – 70 (setenta) anos de idade.
Dado vista ao membro do Ministério Público, este foi pelo deferimento
do pleito.
Vieram-me os autos conclusos.
É o relatório. Passo a decidir
A Lei de Execuções Penais em seu art. 117 possibilita a prisão
domiciliar aos apenados em regime aberto.
Art. 117 - Somente se admitirá o recolhimento do
beneficiário de regime aberto em residência particular
quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
mental;
IV - condenada gestante.
Contudo, nossos Tribunais Superiores têm entendido que se realmente
comprovado que o apenado sofre de moléstia grave e que não existe
278 Manual Prático de Decisões Criminais

estabelecimento penal adequado para tratamento da doença, pode ser concedida


prisão domiciliar ao apenado, mesmo estando este em regime fechado, uma vez
que, tal medida é de cunho humanitário.
Vejamos algumas decisões nesse sentido:
" Somente em casos excepcionais, mesmo na hipótese de ter
sido estabelecido o regime fechado para o cumprimento de
pena, é possível o deferimento da prisão domiciliar, quando
demonstrada, de plano, a necessidade de especial tratamento
de saúde que não poderia ser suprido no local em que o
condenado se encontra preso". (STJ, HC 17.429-PR, 5a.T.,
rel. Min. Gilson Dipp, j. 15-08-2002, DJU 16-09-2002).
AGRAVO EM EXECUÇÃO . REGIME FECHADO .
PRISÃO DOMICILIAR . DOENÇA GRAVE .
EXCEPCIONALIDADE DA SITUAÇÃO. Torna-se
justificável o cumprimento da pena em prisão domiciliar
quando inviável o seu cumprimento no cárcere, em casos
especialíssimos, de doenças graves, que exijam cuidados
especiais. PROVIDO O AGRAVO DEFENSIVO.
(Agravo Nº 70026503102, Segunda Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jaime Piterman, Julgado
em 30/04/2009)
Observa-se que foi colacionado aos autos documentos comprovando o
estado de saúde debilitado do reeducando.
Ressalte-se ainda que, é de conhecimento de todos que o Sistema
Prisional da Capital não possui local adequado à manutenção do reeducando no
estado de saúde em que se encontra.
Dessa forma, com fulcro no art. 117 da LEP e com base na
Jurisprudência Pátria, AUTORIZO, em caráter excepcional, a PRISÃO
DOMICILIAR por prazo indeterminado, ao apenado ____ observando as
condições a seguir expostas, sob pena de Suspensão Cautelar.
Portanto, o reeducando deverá permanecer no cumprimento das
condições impostas quando da concessão da prisão domiciliar, quais sejam:
1º permanecer em sua própria residência, salvo necessidade para tratamento de
saúde;
2º não mudar de endereço, sem prévia comunicação a este Juízo;
3º não receber visitas, exceto advogado ou através de autorização judicial;
4º não utilizar aparelhos telefônicos; e
5º juntar mensalmente, podendo ser por pessoa de sua família, informações sobre
a evolução do tratamento a que será submetido.
Manual Prático de Decisões Criminais 279

Expeça-se o competente Alvará de Soltura.


Oficie-se a Direção do Presídio em que o reeducando encontra-se
recolhido, encaminhando cópia da Decisão.
Requisite-se o reeducando para dar-lhe ciência das condições a que fica
submetido para o dia ____.
Dê-se ciência da presente decisão ao Defensor Público e ao
Representante do Ministério Público.
Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de Direito

13 EXECUÇÃO PENAL. TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO


FEDERAL.

A Superintendência Geral de Administração Penitenciária de _____, por


meio do Superintendente Geral, invocando a Lei Federal n. 11.671/08 e Decreto
Federal n.6.877/09, solicita a este juízo, transferência de 04 (quatro) presos, entre
condenados e provisórios, para o presídio federal de segurança máxima, sob o
fundamento dos incisos I, II, IV e VI do art. 3º do Decreto Federal nº 11.671/08
(Dispõe sobre a transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais
federais de segurança máxima e dá outras providências).
Noticia através de ofício n° ___ datado de ______ do corrente ano que,
a solicitada transferência se mostra necessária em virtude dos referidos presos
demonstrarem um elevado grau de periculosidade:
“tratam-se de indivíduos comprovadamente ligados à
condutas perniciosas de grande lesividade, denotando aa
existência dos principais grupos criminosos, extremamente
organizados, com funções distribuídas entre seus partícipes,
com hierarquia e continuidade, são indivíduos temidos pelos
demais reeducandos, articulam homicídios e o tráfico de
drogas no interior do Sistema Penitenciário, possuem ainda
possibilidades de resgates utilizando-se de armamentos de
grande poder de fogo, proporcionando permanente
instabilidades no Sistema Prisional, possuem características
de liderança, alto poder econômico e articulação no mundo
do crime, em muitas vezes colocam em risco a sua
integridade física no ambiente prisional“.
280 Manual Prático de Decisões Criminais

Juntou documentos de fls. __ (ficha de perfil) bem como os prontuários


de cada preso.
Por seu turno, o Diretor do DEPEN/MJ reconhece a absoluta
procedência do pleito, informando ainda, a existência de 04 (quatro) vagas na
Penitenciária Federal em ____ para recebimento de presos.
O Ministério Público Estadual, em cota de vista, opina pelo deferimento
do pedido (fls. ___), afirmando ainda que, os Presídios do nosso Estado não
possuem estrutura para abrigar presos desse poderio, infelizmente.
Em contrapartida, as defesas dos reeducandos se manifestaram pelo
indeferimento do pleito. Defendem que não há provas de que os requerentes
perturbam a ordem e a disciplina e comandam ações criminosas dentro do Sistema
Prisional da Capital e que a transferência para outro Estado distante do seu
domicilio e de seus familiares, ocasiona prejuízos de ordem subjetiva e objetiva
para o mesmo e seus familiares e que não foi demonstrada a necessidade concreta
para as transferências.
No essencial, é o relatório. Passo a decidir.

I - COMPETÊNCIA DO JUIZ DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS PARA


TRANSFERIR PRESOS

O art. 66 - Compete ao juiz da execução:


V- determinar:
h – a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º do art. 86 desta Lei.
Por sua vez o art. 86, caput e § § 1º e 3º, assim dispõe:
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela
Justiça de uma unidade federativa podem ser executadas em
outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
§ 1º A União Federal poderá construir estabelecimento penal
em local distante da condenação para recolher os
condenados, quando a medida se justifique no interesse da
segurança pública ou do próprio condenado.
§ “3º Caberá ao juiz competente, a requerimento da
autoridade administrativa definir o estabelecimento prisional
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em
atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos.
Também vejamos o que disciplina o art. Art. 4 o da Lei 11.671 de maio
de 2008:
Manual Prático de Decisões Criminais 281

Art. 4o A admissão do preso, condenado ou provisório,


dependerá de decisão prévia e fundamentada do juízo
federal competente, após receber os autos de transferência
enviados pelo juízo responsável pela execução penal ou pela
prisão provisória.
§ 1o A execução penal da pena privativa de liberdade, no
período em que durar a transferência, ficará a cargo do juízo
federal competente.
§ 2o Apenas a fiscalização da prisão provisória será
deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de origem
ao juízo federal competente, mantendo aquele juízo a
competência para o processo e para os respectivos
incidentes.
Neste sentido manifesta-se a jurisprudência:
Pedido de transferência para outra unidade da federação:
Competência do juiz da execução (STF, HC 67.221-3 – PR,
Min. Célio Borja)”.
“HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PÉSSIMAS
CONDIÇÕES DOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS.
PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA. COMPETÊNCIA DA
VARA DAS EXECUÇÕES PENAIS. 1. O habeas corpus não
é a medida cabível para o deferimento de transferências e
incidentes na execução de pena provisória ou definitiva,
sendo que o órgão competente para decidir acerca desses
pleitos é a Vara de Execuções Penais ou outro órgão que a
Regimento Interno do Tribunal determinar. 2. A
superlotação e as precárias condições dos estabelecimentos
prisionais não permite a concessão da liberdade aos
sentenciados ou presos provisórios, visto que foram
recolhidos por decisões judiciais que observaram o devido
processo legal. 3. Ordem denegada, com recomendação.
(HC 34316 / RJ HABEAS CORPUS 2004/0035910-7 )
Logo, caracterizada está a competência deste juízo para transferência de
presos provisórios ou definitivos para outros estabelecimentos prisionais, uma vez
que a transferência está afeta à disciplina e manutenção da segurança dos presídios
e não caracteriza sanção penal.
282 Manual Prático de Decisões Criminais

II - LEGITIMIDADE PARA INSTAURAÇÃO DO PROCEDIMENTO

A Lei Federal nº 11.671/08 em seu art. 5º determina que a legitimidade


para requerer o processo de transferência do preso para estabelecimento penal
federal de segurança máxima é da autoridade administrativa, Ministério Público ou
o próprio preso.
Art. 5O São legitimados para requerer o processo de
transferência, cujo início se dá com a admissibilidade pelo
juiz da origem da necessidade da transferência do preso para
estabelecimento penal federal de segurança máxima, a
autoridade administrativa, o Ministério Público e o próprio
preso.
§ 1o Caberá à Defensoria Pública da União a assistência
jurídica ao preso que estiver nos estabelecimentos penais
federais de segurança máxima.
§ 2o Instruídos os autos do processo de transferência, serão
ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada, quando não
requerentes, a autoridade administrativa, o Ministério
Público e a defesa, bem como o Departamento Penitenciário
Nacional – DEPEN, a quem é facultado indicar o
estabelecimento penal federal mais adequado.
§ 3o A instrução dos autos do processo de transferência será
disciplinada no regulamento para fiel execução desta Lei.
§ 4o Na hipótese de imprescindibilidade de diligências
complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo de 5 (cinco)
dias, o Ministério Público Federal e a defesa e, em seguida,
decidirá acerca da transferência no mesmo prazo.
§ 5o A decisão que admitir o preso no estabelecimento penal
federal de segurança máxima indicará o período de
permanência.
§ 6o Havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá
autorizar a imediata transferência do preso e, após a
instrução dos autos, na forma do § 2o deste artigo, decidir
pela manutenção ou revogação da medida adotada.
§ 7o A autoridade policial será comunicada sobre a
transferência do preso provisório quando a autorização da
transferência ocorrer antes da conclusão do inquérito policial
que presidir
Manual Prático de Decisões Criminais 283

O requerimento deverá conter os motivos que justifiquem a necessidade


da medida e estar acompanhado da documentação pertinente, conforme art. 2º do
Decreto Federal n. 6.877/09.
No caso em tela, reconheço a legitimidade do Intendente Geral, visto
que é autoridade máxima do Sistema Penitenciário Estadual, bem como
preenchidos estão os requisitos legais, conforme documentos acostados aos autos.

III - DAS CARACTERÍSTICAS DE CADA REEDUCANDO SEGUNDO


RELATÓRIO APRESENTADO E CERTIDÕES DE ANTECEDENTES

1 ______: é considerado preso de altíssima periculosidade, envolvido com


homicídios, roubos e extorsões, porte ilegal de arma, participação em
tentativas de homicídio do Diretor da Casa de Custódia da Capital. Elemento
envolvido com quadrilha de tráfico de drogas Arregimente pessoas para o
tráfico de com influência sobre alguns detentos no presídio”
2 ___________: é considerado preso de altíssima periculosidade é acusado de
tráfico de drogas, porte ilegal de armas. É apontado como chefe do tráfico de
drogas nas regiões ______. É acusado ainda de ser mandante de vários
homicídios. Possui processo criminal em andamento na ____ Vara de
Entorpecentes, na ______ Vara Criminal da Capital/Tribunal do Júri entre
outros.
3 _________ preso por crime de roubo e formação de quadrilha, o chefe de
uma quadrilha. É acusado de assaltar as agências bancárias dos municípios de
___, ______e _______. Responde a diversos processos criminais.

IV - NECESSIDADE DA TRANSFERÊNCIA DO PRESO PARA PRESIDIO


FEDERAL– LEI Nº 11.671/08 E DECRETO Nº 6.877/09.
Quanto ao reeducando _____, este já atingiu o requisito objetivo/tempo
para progressão de regime prisional, guardando tão somente o resultado do Exame
Criminológico para preenchimento do requisito subjetivo e por não possuir
nenhum mandado de prisão em seu desfavor, INDEFIRO o pedido de
transferência.
Em relação aos demais detentos acima elencados, pelos elementos
apresentados caracterizadores das condutas dos referidos presos, observa-se que a
transferência dos mesmos ao Sistema Prisional Federal justifica-se através do
disposto na Lei nº 11.671/08 e o Decreto nº 6.877/09.
A exposição de Motivos da Lei nº 11.671/08, a qual teve como escopo
regulamentar as transferências para presídios federais, em seu item 3:
284 Manual Prático de Decisões Criminais

“(...)
3. Esses estabelecimentos federais têm o propósito de
resolver difíceis situações que vêm ocorrendo nos
estabelecimentos penais estaduais, atinentes a determinados
presos que demandam tratamento diferenciado, seja em
virtude de seu próprio interesse, seja em virtude do interesse
do Estado, conforme critérios estabelecidos pela legislação
que lidou com a criação de ditos estabelecimentos. Em
síntese: os estabelecimentos penais federais servem aos
presos cujo recolhimento a eles se justifique no interesse da
segurança pública ou do próprio preso, tenham eles sido
processados pela Justiça Especial ou Comum, Estadual ou
Federal.
A mesma Lei, em seu art. 3º, prevê as hipóteses em que serão admitidas
transferências para presídios federais:
Art. 3º Serão recolhidos em estabelecimentos penais federais
de segurança máxima aqueles cuja medida se justifique no
interesse da segurança pública ou do próprio preso,
condenado ou provisório.
O Decreto nº 6.877/09, e em seu art. 3º, estabelece que somente serão
passíveis de serem transferidos para presídios federais os apenados em uma das
hipóteses ali previstas, quais sejam:
Art. 3o Para a inclusão ou transferência, o preso deverá
possuir, ao menos, uma das seguintes características:
I - ter desempenhado função de liderança ou participado de
forma relevante em organização criminosa;
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua
integridade física no ambiente prisional de origem;
III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado -
RDD;
IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na
prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça;
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa
condição represente risco à sua integridade física no
ambiente prisional de origem; ou
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou
de grave indisciplina no sistema prisional de origem.
Manual Prático de Decisões Criminais 285

Além disso, constata-se que a permanência dos custodiados neste


Estado oferece grave risco à segurança interna dos presídios, sobretudo, por não
possuir neste Estado, unidade prisional adequada ao recolhimento dos presos que
se mostram com elevado grau de periculosidade.
Por sua vez, observa-se que a transferência dos reeducandos mostra-se
como única forma capaz de coibir a manutenção de práticas criminosas
encabeçadas pelos mesmos. Portanto, encontra-se patente a manifesta necessidade
e utilidade da medida em favor da segurança pública, valor constitucionalmente
protegido (art. 114, CF), pois não há qualquer dúvida de que se trata de pessoas
perigosas ao convívio social, que é uma ameaça a segurança pública, gerando
instabilidades no Sistema Prisional, razão pela qual deve ser recolhido com a
máxima cautela em presídio compatível como enorme risco por eles apresentados,
qual seja, o Sistema Penitenciário Federal.
Sintomática, no ponto, a documentação trazida aos autos, de modo
especial o perfil de cada um, que demonstra a periculosidade dos agentes, o que
sinaliza de modo intenso não apenas o risco às políticas públicas de segurança
promovidas por tais unidades, como também a dificuldade de órgãos de
persecução penal estaduais em estancar a contínua atividade criminosa e mesmo
mantê-lo preso.
Nesse sentido, os Tribunais pacificaram seus entendimentos, vejamos:
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO
PROVISÓRIA DECORRENTE DE SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA. TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO
FEDERAL. LEGALIDADE DA DECISÃO. REQUISITOS
PREENCHIDOS. 1. Embora o art. 103 da Lei de Execução
Penal assegure ao preso provisório permanecer custodiado
em presídio próximo de seus familiares e de seu meio social,
tal direito não é absoluto, pois o art. 86 do mesmo diploma
legal prevê a possibilidade de cumprimento da pena em
unidade federativa diversa daquela em que foi aplicada a
pena privativa de liberdade. Precedentes do STF e do STJ. 2.
A necessidade de transferência do ora paciente para presídio
federal foi suficientemente demonstrada pelo MM. Juízo
Federal a quo, principalmente pelas condições pessoais do
paciente, que apresenta alta periculosidade, já liderou fuga
de outro presídio e era um dos líderes do grupo criminoso
voltado para o tráfico internacional de drogas, tudo isso
aliado à falta de segurança dos presídios locais e ao poderio
econômico dos que praticam esse tipo de crime justificam a
medida para assegurar a ordem pública. 3. Ordem
286 Manual Prático de Decisões Criminais

denegada.(TRF 1ªREGIÃO, HC 54639 AM


2007.01.00.054639-4 Relator(a): DESEMBARGADOR
FEDERAL I'TALO FIORAVANTI SABO MENDES
Julgamento: 25/03/2008 QUARTA TURMA Publicação:
22/04/2008 e-DJF1 p.281).
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.
CUMPRIMENTO EM OUTRO ENTE FEDERATIVO.
TRANSFERÊNCIA. PREJUÍZO AO PACIENTE NÃO
COMPROVADO. PONDERAÇÃO DE INTERESSES. 1.
Todos os direitos fundamentais relativizam-se quando
confrontado uns com os outros, devendo, o caso concreto,
ser resolvido pela ponderação dos interesses envolvidos. 2.
Ao reconhecer a necessidade de medidas cautelares para a
manutenção da ordem pública, como a segregação
preventiva, a decretação do RDD, ou mesmo a manutenção
do paciente em outro Estado, o Juiz deve, como de fato o
fez, priorizar o interesse do Estado, que neste caso, exige o
sacrifício de alguns direitos individuais do paciente,
conforme autoriza o art. 86 da Lei nº 7.210/84. 3. A
transferência do paciente para o Presídio Federal de Campo
Grande/MS teve por objetivo atender sua reivindicação por
tratamento mais digno do que aquele oferecido em Bangu I,
sem, contudo, colocar em risco a ordem pública, garantida,
no Estado do Rio de Janeiro -onde o paciente tem grande
influência, inclusive dentro da estrutura policial e prisional -
apenas com o Regime Disciplinar Diferenciado. 4. A defesa
técnica do paciente não resta prejudicada pela medida
atacada, eis que o Estado tem cumprido o seu dever de
garantir a ampla defesa e o contraditório, inclusive,
providenciando as condições para a apresentação do
paciente nas audiências realizadas no Rio de Janeiro. 5.
Ordem denegada. (HC 5660 RJ 2008.02.01.002932-7
Relator(a):Desembargadora Federal LILIANE RORIZ
Julgamento: 13/05/2008 Órgão Julgador:SEGUNDA
TURMA ESPECIALIZADA Publicação: DJU -
Data:16/05/2008 – p.709)
Dos julgados, extraem-se como parâmetros para a medida: a
periculosidade ou a segurança do acusado, a gravidade do crime, a reiteração
criminosa, a ineficácia dos presídios estaduais e a prevalência do interesse público,
o que não discrepam dos critérios albergados pelo art. 3º da Lei n. 11.671/08 e
Manual Prático de Decisões Criminais 287

incisos I, II, IV e VI do art. 3º do Decreto Federal nº 11.671/08, restando delineada


a situação em comento.
Com efeito, admitir que o Poder Público deveria agir diferentemente do
decidido no caso concreto, seria um verdadeiro retrocesso, pois não pode se curvar
ou permanecer inerte diante das constrangedoras ameaças de segurança à
sociedade e ao sistema penitenciário.
Quanto à argumentação da defesa que a transferência do preso
acarretará prejuízo de ordem objetiva e subjetiva para o mesmo e familiares,
cumpre acentuar que o preso não sofrerá nenhum prejuízo no que toca ao processo
criminal que tramita em _____. Tampouco há empecilho a que seja interrogado
mediante carta precatória. O Estado de ________, não tem condições de mantê-los
custodiados, o que afasta, de pronto, a incidência do art. 103 da LEP.
Por outro lado, no que pertine à prova dos fatos, as informações
detalhadas e prestadas pelo Superintendente Geral, constituem prova de grande
importância por serem feitas por agente público, que pratica atos com presunção
de legalidade/ legitimidade e veracidade.
Sabe-se que os chefes do tráfico, integrantes da organização criminosa
em comento e outros cometem delitos nos presídios através de terceiros, mantendo
comportamento exemplar, apesar de matarem e traficarem fora e dentro das
unidades, sendo que neste caso, a palavra da autoridade penitenciária possui um
valor probante excepcional, pois, repita-se além de ter fé pública, eles são os
únicos conhecedores reais das atividades internas dos presídios.
Neste prisma a legalidade/legitimidade diz respeito à conformidade do
ato com a lei e a presunção de veracidade diz respeito à certeza que os atos
administrativos foram editados de acordo com o mundo dos fatos. No primeiro
caso, está devidamente constatado à obediência à lei e a segunda, repita-se,
alicerçado nos documentos do processo, comprovam os fatos trazidos em juízo.
O Superior Tribunal de Justiça, por seu turno, entende:
“(...) Os atos administrativos gozam de presunção de
legalidade e veracidade. Só prova em contrário poderá
afetar a eficácia. (...)” (STJ; ROMS 8628; MG; Sexta
Turma; Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiario; Julg.
18/08/1998; DJU 21/09/1998; pág 00232.)
Ante o exposto, acolhendo o requerimento do Superintendente Geral do
Sistema Penitenciário e as manifestações do Ministério Público Estadual e pelos
motivos acima expostos AUTORIZO a transferência dos presos acima
relacionados, por 365 (trezentos e sessenta e cinco) para o Presídio Federal de
_____________, com fundamento nos incisos I, II, IV e VI do art. 3º do Decreto
Federal n. 11.671/08.
288 Manual Prático de Decisões Criminais

A. Encaminhe-se, para tanto, a presente decisão e todos os documentos juntados


ao presente requerimento ao Juízo Federal da Seção de Execução Penal de
____________, bem como, o Processo de Execução Penal, sendo este o Juízo
competente para fiscalização da pena dos reeducandos;
B. Comunique-se ainda, ao Juízos de conhecimento em que os presos provisórios
possuem Ação Criminal em andamento, para adoção de providências
necessárias.
C. Cumpra-se.
Local e data.
Juiz de direito.

14 EXECUÇÃO PENAL – DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA APÓS


TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO FEDERAL

Trata-se de Execução da pena da pessoa de ____, o qual se encontra


detido na Penitenciária Federal de _____, conforme informações dos autos.
A Lei de Execuções Penais prevê a possibilidade de mudança do foro da
execução em casos de não ser preso provisório ou encontrar-se em regime especial
ou diferenciado. O STJ, em casos de conflito de competência, segue o critério do
local onde o apenado encontra-se recolhido:
Segundo o disposto nos arts. 65 e 86, caput, da Lei de Execução Penal
(Lei 7.2010/84), a administração da execução da pena e a solução dos respectivos
incidentes competem ao Juízo indicado na lei de organização Judiciária da unidade
federativa para onde foi o condenado transferido. (STJ, 3ªS. - CC, rel. Min. Carlos
Thibau, j. Em 1º-3-1990, v.u., RSTJ, 8/84)
A Lei 11.671/08, que, em seu art. 4º, §1º, também expressa atribuir
competência para a execução de pena aos presos encarcerados em presídio federal
à Justiça Federal da localidade onde se encontram, veja-se:
Art.4 [...]
§ 1º A execução penal da pena privativa de liberdade, no
período em que durar a transferência, ficará a cargo do juízo
federal competente.
Deve-se, portanto, considerar o local onde o executado encontra-se
cumprindo a pena em caráter permanente, qual seja, in casu, o Juízo e da Seção de
Execução Penal de _______, como o competente para executar a pena daqueles
que se encontram custodiados no Presídio Federal e analisar o mérito de pleitos
requeridos pelo apenado.
Manual Prático de Decisões Criminais 289

Diante desse fato, este Juízo é manifestamente incompetente para


administrar a pena e decidir sobre os possíveis incidentes.
Diante do exposto, DECLINO a competência deste Juízo para a Seção
Judiciária Federal de Execução Penal de ______, para onde devem ser enviados os
presentes autos.
Cumpra-se.
Local e data
Juiz de Direito.

15 EXECUÇÃO PENAL. SENTENÇA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


EXECUTÓRIA.

Vistos etc.
Trata-se de pedido de RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO
DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA, em favor de _________, devidamente
qualificado nos autos, alegando o cumprimento _____ da pena de ______ anos de
reclusão, que lhe foi imposta, pela prática do crime previsto no art. _____ do
Código Penal, sendo-lhe fixado o regime inicialmente ____, conforme Sentença de
fls. ____.
O Promotor de Justiça, em parecer às fls. ___ dos autos, manifestou-se
pelo deferimento do reconhecimento da aludida forma prescricional.
Vieram os autos conclusos.
Decido.

Fundamentação

Vislumbro que resta correto o entendimento ministerial. Ao compulsar


os autos, nota-se que a situação se amolda aos termos do inciso II, do art 112, do
CP.
A prescrição da pretensão executória estatal tem início no dia em que a
execução é interrompida. No caso dos autos, a interrupção da execução se deu com
a fuga do reeducando, no dia ______.
Assim, encontra-se prescrita a pretensão executória, vez que segundo o
art. 109, VI, do CP, sendo o máximo da pena inferior a 01 (um) ano, a prescrição
dar-se-á em 03 (três) anos. No caso, feitas as detrações necessárias, o restante a ser
cumprido quando da interrupção era de 07 (sete) meses e 21 (vinte e um) dias.
290 Manual Prático de Decisões Criminais

Ante o exposto, com base no art. 109, inciso III, c/c os arts. 112, II,
ambos do Código Penal, DECLARO PRESCRITA A PRETENSÃO
EXECUTÓRIA do Estado sobre a pena imposta ao reeducando nestes autos e, na
forma do art. 107, inciso IV, do mesmo Digesto Penal, julgo extinta referida pena.
Local, data.
Juiz de Direito
Manual Prático de Decisões Criminais 291

REFERÊNCIAS

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Malheiros, 2015.

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Jus Podivm, 2014.

GRECO, Rogério. Código Penal comentado. 3. ed. Niterói: Editora Impetus,


2009.

LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3. ed. Salvador: Editora
Jus Podivm, 2015.

LIMA, Rogério Montai de. Guia prático de sentença penal condenatória e


roteiro para o procedimento no tribunal do júri. São Paulo: Método, 2012.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 9. ed.


São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

______. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 8. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011.

______. Individualização da Pena. 6. ed. São Paulo: Editora Forense, 2014.

______. Tribunal do Júri. 6. ed. São Paulo: Editora Forense, 2015;

ROIG, Rodrigo Duque Estrada. Aplicação da pena: limites, princípios e novos


parâmetros. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

ROSSETTO, Enio Luiz. Teoria e aplicação da pena. São Paulo: Atlas, 2014.
292 Manual Prático de Decisões Criminais

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria


geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 12. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2015.

SCHMITT, Ricardo Augusto. Sentença Penal Condenatória. 9. ed. Salvador:


Editora Jus Podivm, 2015.

TÁVORA, Nestor; ANTONNI, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 2.


ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2009.
Manual Prático de Decisões Criminais 293

Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas

Composição Diretiva

DIRETOR – GERAL DA ESMAL


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294 Manual Prático de Decisões Criminais

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