2017 Relatório PedroCruz Benjamins SLB
2017 Relatório PedroCruz Benjamins SLB
2017 Relatório PedroCruz Benjamins SLB
Júri:
Presidente: Doutor Ricardo Filipe Lima Duarte
2017
Relatório de Estágio de Mestrado apresentado à
Faculdade de Motricidade Humana, como
requisito para obtenção do grau de Mestre em
Treino Desportivo, sob a orientação técnica e
científica do Professor Francisco Silveira Ramos.
Agradecimentos
Em segundo lugar um obrigado a toda a minha família, em especial aos meus pais,
irmão e avós que tudo fizeram para que chegasse até aqui. Um obrigado especial ao meu
pai, pelo apoio e confiança, aos meus avós e á minha tia pela ajuda e paciência nestes
últimos tempos!
Aos meus amigos de sempre, que não vou mencionar porque vocês sabem de quem são,
obrigado pelos momentos passados e pelos que vamos passar!
Á Vânia, por me mostrar que os limites da minha paciência não tem fim…e pelo que
temos passado.
Por último, ao professor Francisco Silveira Ramos, pelos conselhos e abertura com que
sempre se mostrou para falar daquilo que gostamos e pela disponibilidade ao longo
deste último ano.
III
Resumo
No meu estudo, o jogo de Futebol, que de uma aparente simplicidade torna-se mais
complexo a cada dia que passa, realça a importância da formação de todos os agentes
envolvidos, em especial treinadores e jogadores. Essa complexidade está presente desde
os objetivos que o jogo propõe, até à forma como se procede ao ensino/aprendizagem
do mesmo aos jovens jogadores. É então vital que os treinadores sejam capazes de
proceder a momentos de incremento de potencial desportivo e humano, de forma a
atingirem objetivos individuais e coletivos, tendo em vista o rendimento desportivo.
Este relatório de estágio, alicerçado em 3 áreas fundamentais, inicia-se com uma revisão
de literatura que sustenta a prática profissional.
IV
Palavras-Chave: Futebol; Sport Lisboa e Benfica; Futebol de formação; Modelo de
jogo; Modelo de treino; Controlo do treino; Controlo da competição; Treinador;
Jogador; Ensino/Aprendizagem.
V
Abstract
In my study, the Football has running from simplicity, in past, to a more and more
complex game, our days. Football highlights the importance of the
formation/professionalization of all the agents/ involved, in particular coaches and
players. This complexity is present not only on the multitasks proposed by the football,
but also on the teaching/learning process to young players. Therefore, it is crucial the
coaches capability to improve sport and human potential, in order to achieve individual
and collective goals, as way to sports performance.
This internship and subsequent report was developed aiming to increase and improve
the knowledge about professional football g professional knowledge in football. It was
developed in Sport Lisboa e Benfica, in the Benjamins C team, integrated in the Master
in Sports Training of the Faculty of Human Motricity of the University of Lisbon.
This internship report, organized on 3 key topics, begins with a literature review which
support the practice.
In Area 1, Organization and Management of the Training and Competition Process, the
main aim was to describe the planning, development and evaluation of the
training/competition process of the Benjamins "C" team of Sport Lisboa e Benfica, on
the season of 2015/2016. In this area is highlighted both the game and the training
model as defined by the club for the teaching/ earning process.
The area 2, the Innovation Project, had as main aim the interpersonal relations/group
dynamics analyses. This topic is essential, especially when the context is the football
development.
In area 3, Relation with the Community, it was developed an event as a seminar entitled
"Support and bases to build a Football Team – the way to develop a football player".
After the internship and the subsequent report have been completed, it is possible to
understand the importance of the definition of appropriate methodologies for the
harmonious development of young people, concerned with the maximization of their
capacities, based on the football development model.
VI
Keywords: football; Sport Lisboa e Benfica; football development; game modeling;
training modeling; training control; competition control; sport’ coach; football player;
teaching/learning process
VII
Índice
VIII
3 – Organização do Processo de Treino e Competição .................................................. 31
3.1 – Conceção e Planeamento da Prática .................................................................. 31
3.1.1 – Caraterização Geral da Equipa de Benjamins C do Sport Lisboa e Benfica31
3.1.2 – Objetivos da Equipa de Benjamins C do Sport Lisboa e Benfica ............... 39
3.1.3 – Modelo de Jogo ........................................................................................... 43
3.1.3.1 – Princípios Gerais ...................................................................................... 43
3.1.3.2 – Princípios Específicos .............................................................................. 46
3.2 - Condução e Operacionalização do Treino e Competição ................................... 54
3.2.1 - Modelo de Treino ......................................................................................... 54
3.2.2 – Planeamento Anual e Controlo de Conteúdos............................................. 55
3.2.2.1– Conteúdos a abordar no Escalão de Benjamins ........................................ 57
3.2.3 – Microciclo Tipo ........................................................................................... 58
3.2.4 – Unidade de Treino ....................................................................................... 61
3.3 – Avaliação e Controlo e do Treino e Competição ............................................... 61
3.3.1 – Avaliação do Treino e Competição ............................................................. 61
3.3.2 – Controlo do Treino e Competição ............................................................... 62
3.3.2.1 – Controlo do Treino ................................................................................... 63
3.3.2.2 - Controlo da Prática ................................................................................... 68
4 – Projeto de Inovação no Futebol ................................................................................ 71
4.1 – Introdução .......................................................................................................... 71
4.2 – Breve Enquadramento Teórico .......................................................................... 71
4.3 – Caraterísticas do Projeto .................................................................................... 73
4.4 – Metodologia ....................................................................................................... 73
4.4.1 – Público-Alvo ............................................................................................... 73
4.4.2 – Conceção e Periodização ............................................................................. 73
4.4.3 – Procedimentos ............................................................................................. 74
4.4.4 – Recolha de Dados ........................................................................................ 75
4.5 – Ferramenta de Controlo ..................................................................................... 75
4.6 – Apresentação e Discussão de Resultados .......................................................... 76
4.6.1 – Apresentação de Resultados Obtidos à Análise Relações
Interpessoais/Dinâmicas de Grupo .......................................................................... 76
4.6.2 – Discussão de Resultados Obtidos à Análise Relações
Interpessoais/Dinâmicas de Grupo .......................................................................... 83
4.6.2.1 – Integração Social ...................................................................................... 83
IX
4.6.2.2 – Liderança .................................................................................................. 84
4.7 – Conclusões ......................................................................................................... 85
5 - Relação com a comunidade ....................................................................................... 87
5.1 - Objetivo do evento ............................................................................................. 87
5.2 - Planeamento ....................................................................................................... 88
5.3 - Promoção do evento ........................................................................................... 90
5.4 - Público-alvo ........................................................................................................ 90
5.5 - Síntese dos conteúdos ......................................................................................... 91
5.6 - Balanço Final /Avaliação ................................................................................... 95
5.6.1 - Balanço final ................................................................................................ 95
5.6.2 - Avaliação evento .......................................................................................... 97
5.7 - Sugestões e observações ..................................................................................... 99
6. Conclusão ................................................................................................................. 101
7. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 103
8. Anexos ...................................................................................................................... 111
X
XI
Índice de Tabelas
Tabela 2 - Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Lisboa - Série "E2 - 5"- 1ª Fase. 6
Tabela 5 – Caraterização individual dos jogadores por resultados obtidos nos parâmetros de
“Avaliação” (rendimento avaliado com notas de 1 a 5, sendo 1 a nota mais baixa e 5 a mais alta) e
“Nível” (potencial avaliado com notas de A a D, sendo A a mais alta e D a mais baixa) nos
diferentes momentos de avaliação ............................................................................................... 33
Índice de Figuras
XII
Figura 10 – “Campo Grande” ...................................................................................................... 47
Figura 14 – Organização Ofensiva (Corredor Central – Setor Defensivo) com bola no DCD .... 49
Índice de Gráficos
Gráfico 1 – Número de jogadores do plantel distribuídos pelo seu mês de nascimento .............. 33
Gráfico 4 – Número e percentagem de jogadores do plantel distribuídos pelo seu pé dominante (Pé
Direito e Pé Esquerdo) ................................................................................................................. 34
Gráfico 5 – Caraterização da equipa através do valor médio de altura por posição preferencial
(Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado)............................................................................... 35
Gráfico 6 – Caraterização da equipa através do valor médio de peso por posição preferencial
(Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado)............................................................................... 35
XIII
Gráfico 8 – Número e percentagem de jogadores do plantel consoante o número de anos de prática
no clube ........................................................................................................................................ 35
Gráfico 9 – Valor médio dos anos de prática dos jogadores do plantel consoante a posição
preferencial (Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado)........................................................... 36
Gráfico 10 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva:
Complementar Separadas (Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.) .................... 63
Gráfico 11 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva,
categorizados pelas diferentes partes da unidade de treino: Parte Inicial; Parte Fundamental e Parte
Final: Complementar Separadas (Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.).......... 63
Gráfico 12 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva,
categorizados pelos diferentes conteúdos da unidade de treino: Coordenação (C); Speed, Agility and
Quickness (SAQ); Futebol de Rua (FR); Manutenção da Posse da Bola (MPB); Princípios de
Jogo/Ações Técnico Táticas Ofensivas e Defensivas, Coletivas e Individuais, (PJ/ATT); Modelo de
Jogo (MJ); Jogo Formal (JF); Reforço Muscular e Alongamentos (RM+A);Complementar Separadas
(Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.). ............................................................. 64
Gráfico 15 – Caraterização individual dos jogadores por jogos efetuados envolvendo jogos de
campeonato e torneios.................................................................................................................. 69
Gráfico 16 – Caraterização individual dos jogadores por minutos efetuados em Contexto de Treino e
em Contexto de Competição ........................................................................................................ 69
XIV
Gráfico 27 – 1ª Avaliação ............................................................................................................ 79
Índice de Quadros
XV
1 - Introdução
Como menciona Castelo (2003) no futebol procura-se atingir os objetivos do jogo que
passam por marcar golos na baliza adversária e evitá-los na própria baliza. No entanto, e
apesar desta aparente simplicidade, Garganta (1997) refere que num jogo de futebol
ocorrem situações que são compreendidas como ações de natureza complexa,
decorrentes de um extenso número de variáveis do jogo e também da imprevisibilidade
e aleatoriedade das ações que se colocam às equipas em confronto.
Ao longo do tempo o futebol, como fenómeno desportivo e social, tem despertado cada
vez mais interesse e mediatismo na nossa sociedade. Como consequência a evolução da
modalidade tem atingido proporções muito acentuadas, originando um aumento do
estudo científico do jogo de futebol, como são exemplos as inúmeras investigações
realizadas com o objetivo de identificar os fatores mais importantes e que levam a bons
desempenhos no desporto. A par desta evolução do jogo, e como necessidade de melhor
o compreender e potenciar, surgiram então novas formas de pensar o treino, quer no
designado Futebol Sénior, quer no Futebol de Formação.
É por o jogo ser tão complexo, que é necessário perceber a importância que o modelo de
jogo e o processo de treino assumem na atualidade, acompanhando assim a ordem
evolutiva deste fenómeno. Segundo Azevedo (2011), o modelo de jogo orienta todo o
processo de planeamento e operacionalização do processo de treino, com vista à
construção de uma forma de jogar, compreendendo a sua importância na
operacionalização do jogo pretendido. Como referem Magalhães e Nascimento (2010)
“o treino é um processo de natureza psicopedagógica que visa o desenvolvimento das
capacidades técnicas, táticas, físicas, cognitivas e psicológicas, dos praticantes e das
equipas (…) devidamente fundamentadas pelo conhecimento científico” (p. 23). Torna-
1
se então imperioso formar com qualidade, preparar os jogadores para o alto rendimento
através de caminhos bem definidos e delineados, tendo sempre em mente o
desenvolvimento harmonioso, de forma a atingir a maior potenciação possível dos
jovens. O exercício de treino é como refere Ramos (2003) é o elemento central do
processo e o responsável pela potenciação do rendimento global dos jogadores. Além do
treino, torna-se também fundamental perceber qual o papel da competição neste
processo evolutivo, pois ela é parte integrante do mesmo, sendo um palco de aplicação e
de avaliação de conhecimentos e aquisições, e do futebol de rua, um aspeto que leva
cada vez mais a grandes preocupações, devido à escassez do mesmo e repercussões
causadas nos jovens jogadores de futebol.
É regra geral nos clubes formadores de jovens jogadores a procura pelo denominado
jogador talentoso, pois são eles a grande valia da modalidade por muito que se queria
alterar esta conceção. Mas antes de mais é necessário perceber alguns pontos chaves em
relação a esta temática: O que é o talento?, Será que é inato?, Como se deteta, seleciona
ou identifica?, Como é que este se potencia?, Em que contextos se revela?, Quais as
caraterísticas de um jogador talentoso?
Tendo por base estas ideias, o relatório elaborado têm como objetivo o entendimento e
compreensão de um processo de treino e ensino/aprendizagem como aspeto
fundamental e essencial para a potenciação dos jovens jogadores e dos objetivos
definidos para a equipa.
2
formação, bem como à forma como se procede ao ensino/aprendizagem do mesmo, fez
com que a opção se tornasse simples e conciliadora com a prática profissional
desenvolvida.
Foi considerado pela I.F.F.H.S. o nono melhor clube do século XX e pela F.I.F.A. o
décimo segundo maior clube europeu do mesmo século. Atualmente é o sexto clube
classificado no ranking da U.E.F.A e o décimo segundo no ranking da I.F.F.H.S.
Tornou-se o clube mais titulado no contexto nacional, com 72 títulos nacionais e 3
internacionais, com o destaque para os 34 títulos de campeão nacional, as 25 taças de
Portugal, 5 Supertaças “Cândido de Oliveira”, 6 Taças da Liga e os 2 títulos de campeão
europeu conquistados nas épocas de 1960/1961 e 1961/1962.
3
bem como a equipa de Juvenis A e Iniciados A. Nos campeonatos distritais da
Associação de Futebol de Lisboa estão inseridos os escalões de Juvenis B na 1ª divisão
de honra, os Iniciados B1 e B2 na 1ª divisão de honra e a equipa de Infantis A no
campeonato distrital de futebol organizado pela Associação de Futebol de Lisboa. Na
área da iniciação as equipas de Infantis A, B, C, Benjamins A, B, C e Traquinas A no
campeonato distrital de futebol de 7 da mesma associação.
Como grande referência do clube, o nome Eusébio da Silva Ferreira surge de forma
marcante e abrupta. Nascido em Lourenço Marques, Moçambique, tornou-se o grande
marco do futebol do Sport Lisboa e Benfica, realizando ao serviço do clube 715 jogos
onde viria a marcar 727 golos, e do futebol português onde marcou 41 golos em 65
jogos pela Seleção Nacional Portuguesa.
Equipas Técnicas
Treinador Principal; Treinador-Adjunto; Treinadores Estagiários (equipas de Traquinas A e B);
Treinador de Guarda-Redes e Delegado.
Departamento de Psicologia
Departamento Médico
Técnicos de Equipamentos
Motorista
4
O coordenador técnico da área da iniciação do Sport Lisboa e Benfica, Rodrigo
Magalhães, coordena os escalões de Infantis e Benjamins, e o subcoordenador técnico,
João Gião, coordena os escalões de Traquinas e Petizes. A sua intervenção é total e as
suas decisões, em caso de necessidade, são soberanas em relação às decisões de
qualquer outro agente desportivo do clube. É, no entanto, uma intervenção que não
retira interferência nas decisões técnicas de cada equipa. O secretário, Alexandre Jesus,
está encarregue das burocracias de todas as equipas e o secretário técnico, Ricardo
Prudêncio, auxilia o coordenador técnico e subcoordenador técnico nas mais diversas
questões. As equipas técnicas são formadas por um treinador principal, um ou dois
treinadores adjuntos, um treinador de guarda-redes, um delegado e em alguns casos um
treinador estagiário. No caso da equipa de Benjamins C, o treinador principal e
responsável de escalão é António Ferreira, os adjuntos são Pedro Cruz e Pedro Lameiro,
o treinador de guarda-redes é Rafael Grácio. Pelo treinador principal passam as funções
de planificação, elaboração e operacionalização dos conteúdos e microciclos, com a
supervisão do coordenador técnico, realização dos documentos “Planeamento Anual de
Controlo de Conteúdos”, “Abordagem ao Jogo”, “Ficha de Jogador a Contratar” e
“Ficha de Observação Integrada” e é o responsável final pela realização da convocatória
para os jogos a realizar. Em contexto de jogo é responsável por receber e entregar os
atletas, pela abordagem ao jogo, feedback e palestra ao intervalo e no final do mesmo,
escalar a equipa inicial e realizar substituições. O treinador de guarda-redes, em
contexto de jogo é o responsável pelo aquecimento dos guarda-redes. O delegado da
equipa, nos jogos tem a função de preencher a “Ficha Técnica” e apresentar a bola de
jogo ao árbitro momentos antes do início do jogo e em caso do mesmo não estar
presente um treinador-adjunto assume esta função. Os fisiologistas têm a função de
assistências aos atletas do clube e aos atletas adversários em caso de não existir
fisiologista para os mesmos. Em contexto de treino, o treinador principal está
responsável pela instrução inicial, gestão e operacionalização do treino. O treinador de
guarda-redes é responsável pelo treino dos guarda-redes. Os fisiologistas têm a função
de assistir e recuperar atletas e de os manter hidratados. O departamento de psicologia
faz-se representar em jogos e treinos, ajudando os treinadores em caso de necessidade e
apoiando atletas no contexto desportivo, familiar e escolar. O departamento de análise e
observação tem a função de gravar os jogos e realizar futuras análises ao mesmo. Os
técnicos de equipamentos colocam com antecedência os equipamentos na rouparia,
como as camisolas, de manga curta e comprida, calções, meias e toalha, onde cada atleta
5
antes de iniciar o treino se desloca para o recolher. Em contexto de jogo a sua função
para por fazer um saco com todo o material necessário para o jogo, deixando-o
disponível para a equipa técnica. O motorista, em contexto de jogo, tem a função de
transportar treinadores, e em caso de necessidade atletas, e os equipamentos. Às
quintas-feiras é responsável pela recolha e transporte dos equipamentos dos atletas e dos
treinadores do Campo Sintético dos Pupilos do Exército para o Campo Sintético do
Estádio da Luz.
Tabela 2 - Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Lisboa - Série "E2 - 5"- 1ª Fase.
Clube Concorrente Campo
Clube Atlético e Cultural da Pontinha Complexo Desportivo “Carlos Lourenço – Relvado Sintético
Campo nº2
6
Futebol Clube Despertar Campo Parque Urbano 25 Abril Relvado Sintético
Clube Futebol “Os Belenenses” Campo Major Baptista Silva Relvado Sintético
7
camisola de manga curta, camisola de manga comprida, impermeável e casaco que
estarão na posse do clube e será fornecido a cada um antes de cada treino devidamente
lavado. Fornece ainda o equipamento de saída, que deve ser utilizado em todos os jogos,
que contém calçado, umas calças, uns calções, um polo, dois casacos e um chapéu. Os
atletas recebem o “Kit do Atleta” que contém um par de chuteiras, que deverá ser
utilizado para treinos e jogos, e o mesmo equipamento de saída fornecido aos
treinadores. Para o treino, a cada atleta é atribuído um número e uma letra que
identificará o seu equipamento até ao término da época. O clube fornece ainda um kit de
equipamento que é constituído por meias, calções, camisola de manga curta, camisola
de manga comprida, uma toalha e chinelos.
No Instituto dos Pupilos do Exército o Sport Lisboa e Benfica tem para sua utilização o
Campo Sintético dos Pupilos do Exército, uma secretaria onde trabalha o secretário do
clube, um gabinete onde trabalham coordenador técnico, subcoordenador técnico e
secretário técnico, um gabinete para os treinadores denominado de “Sala Luís Damião”,
uma rouparia e um parque de estacionamento para todos os agentes desportivos
envolvidos no clube e familiares dos atletas. Ao clube pertencem ainda 6 módulos onde
2 são utilizados para guardar alguns equipamentos e os restantes 4 funcionam como
salas para utilização dos agentes desportivos. Os treinadores possuem um balneário,
repartido entre treinadores do escalão de Benjamins e os atletas utilizam um dos
balneários das instalações.
A equipa treina nestas instalações às segundas e terças-feiras, das 18.15 até as 20.15
horas. O espaço atribuído à equipa de Benjamins C é meio campo, uma vez que as
equipas de Benjamins A e B partilham o restante meio campo.
8
equipa tem à sua disponibilidade 1 baliza de futebol de 11, 3 balizas de futebol de 7, 2
balizas de futebol de 5 e 4 mini-balizas.
O departamento médico está aberto sempre no horário do treino, todos os dias por
semana. Aí os fisiologistas tratam os atletas e têm a sua disposição todos os utensílios
necessários para exercerem a sua função. Este espaço possui ainda uma sala de espera e
um espaço com máquinas de musculação.
Em relação ao material de treino, o clube fornece o mesmo material que a equipa utiliza
no primeiro e segundo treino. No campo a equipa tem à sua disponibilidade 1 baliza de
futebol de 11 e 4 balizas de futebol de 7.
9
Análise ao Torneio;
Fichas de Observação Jogador Adversário;
Ficha de Jogador a Contratar;
Ficha de Observação Integrada;
Ficha de Jogador Indicado;
Balanço Final;
Para além do já referido, estas são algumas tarefas a cumprir:
Participação na “Reunião Técnica” e “Reunião de Avaliação”. A primeira é
realizada semanalmente e são debatidos os jogos realizados na semana anterior,
os futuros jogos a realizar e qualquer assunto identificado como pertinente;
Potenciação da evolução dos atletas de acordo com a metodologia
implementada;
Presença em treinos de captação, se assim for solicitado;
Intervenção, participação e feedback em contexto de treino e jogo. Apesar de o
treinador ser soberano em ambos os contextos, a liberdade de intervenção é
praticamente total.
Liderar a equipa em alguns contextos competitivos. É proporcionado pelo clube
liderar a equipa em alguns jogos, de cariz particular, e oficial em caso de
necessidade. Aliado a este contexto, o clube realiza todos os anos um
campeonato intra-escalão onde atribui a cada treinador adjunto do escalão em
questão uma equipa formada por atletas do mesmo escalão. Neste caso equipas
de Benjamins A, B e C são atribuídas aos treinadores adjuntos das equipas de
Benjamins A, B e C e é realizado um campeonato que é chamado de “Benfica
League”. Mensalmente são realizados os jogos liderando assim cada treinador
adjunto a sua equipa, sem qualquer intervenção dos treinadores principais.
Relacionar-me com dirigentes, treinadores, atletas e a encarregados de educação.
10
Este processo implica ao treinador estagiário/adjunto o estabelecimento de alguns
objetivos. Os objetivos principais passam pela organização e gestão do processo de
treino e competição, apresentação de um estudo de inovação e a realização de um
evento que se relacione com a comunidade.
O presente relatório de estágio é composto por 8 capítulos que por sua vez se
subdividem em vários subcapítulos.
11
adjunto/estagiário na equipa técnica, bem como a estrutura e objetivos do relatório de
estágio.
No sexto capítulo é onde são feitas as conclusões finais do estágio, com um resumo das
vivências e da prática.
12
2 – Revisão da Literatura
Segundo Garganta e Pinto (1996) o Modelo de Jogo deve ser entendido como um ponto
de partida e nunca como um modelo a atingir em absoluto.
própria, ou seja, uma identidade. Esse Modelo, como Modelo que é, assume-se
dado adquirido.
Faria (1999) cita Castelo (1994) referindo que à medida “que se vai construindo e
desenvolvendo um modelo de jogo é necessário submetê-lo à interrogação sistemática,
isto é, vai-se progressivamente construindo, des-construindo e re-construindo” (p. 24).
Desta forma, e segundo Carvalhal (2014, p. 80) “o modelo de jogo cresce, configurando
um todo que é muito mais que a soma das partes”. O mesmo autor refere, no entanto,
que o modelo de jogo é apenas idealizado porque “é aquilo a que aspiramos jogar, e
digo aspiramos porque nunca o chegamos a atingir”. Na mesma linha de pensamento,
Oliveira (2006) refere que o modelo de jogo final é inatingível visto que este está em
constante reconstrução e evolução.
13
Magalhães & Nascimento (2010) vão de encontro com estas ideias ao referirem que o
modelo de jogo é a forma como o treinador quer que a equipa se comporte na fase de
ataque, fase de defesa, transição defesa-ataque, transição ataque-defesa e esquemas
táticos. Caldeira (2013) complementa, definindo modelo de jogo como o conjunto de
ideias do treinador relativamente à forma de jogar da sua equipa, transparecendo tudo
aquilo que ele pensa que trará vantagens táticas e estratégicas no sentido de vencer.
Magalhães & Nascimento (2010) referem que o treinador deve saber claramente como
quer que a equipa jogue e quais os comportamentos que deseja dos seus jogadores nos
vários planos de jogo tanto no plano coletivo como no plano individual preparando a
equipa para a própria competição devendo de igual forma “potenciar os pontos fortes
(qualidades) dos seus jogadores e, consequentemente, da equipa, minimizando ou
eliminando os pontos mais débeis (deficiências)” (p. 174) até porque, e segundo
Oliveira (2004, p. 150) “as capacidades e as caraterísticas dos jogadores que constituem
a equipa devem ser aspetos importantes na criação de um Modelo de Jogo” uma vez que
o seu o enriquecimento “está dependente da capacidade que cada jogador tem de recriar
as suas capacidades e enriquecer os seus conhecimentos em benefício desse Modelo”.
Faria (1999) acrescenta que os jogadores devem também conhecer e saber fazer o que se
refere às ações defensivas e ofensivas de acordo com as referências numa relação
permanente e ajustada entre eles de modo a garantir a eficácia não só individual como
coletiva.
Castelo (1996) refere que o modelo de jogo é alicerçado em três aspetos fundamentais:
Conceção do jogo por parte do treinador (as suas perspetivas e ideias).
Análise das particularidades e potencialidades dos jogadores que constituem a
equipa.
Das tendências evolutivas (no presente e no futuro) do jogo de futebol.
Sendo assim, e de acordo com Oliveira (2003), a conceção de jogo de uma equipa dá-se
através das seguintes interações e ideias:
14
Figura 1 – Estrutura da organização do jogo de uma equipa de futebol (Oliveira, 2003).
- Defensivos;
Interação Organizações Estruturais
- Ofensivos;
- Transição Defesa/Ataque
- Transição Ataque/Defesa
Organização Funcional
Mourinho (2001) afirma que para elaborar um modelo de jogo é necessário conhecer:
15
Carvalhal, Lage, & Oliveira (2014) referem a existência de quatro momentos de jogo: 1)
Organização ofensiva; 2) Transição ataque-defesa; 3) Organização defensiva; 4)
Transição defesa-ataque. Afirmam ainda que para cada momento são criados princípios
de jogo, reconhecidos pelos jogadores e equipa como princípios de interação
relacionados com a conceção de um jogar. Carvalhal (2014) refere que “quando falamos
em princípios de jogo falamos da sua articulação, não só entre si, como também na
relação entre os subprincípios e concomitantemente a articulação entre estes” (p.80).
Segundo Carvalhal, et. al. (2014) “os princípios de jogo, nos vários momentos de jogo,
em diferentes escalas, é que vão conferir identidade à nossa ideia de jogo” (p. 19).
Figura 3 - Organização dos diferentes momentos de uma equipa de futebol (Guilherme Oliveira
2003, extraído de Magalhães e Nascimento, 2010, p. 175)
Segundo Araújo (2009) a preparação nos jovens é hoje considerada uma das principais
razões de futuros êxitos da prática desportiva. Pacheco (2004) complementa, destacando
a importância que o ensino do futebol assume na atualidade e a necessidade de os clubes
16
implementarem um modelo de formação, com programas, formas e uma metodologia de
treino adequadas.
Oliveira (2004) cit. Garganta (2002) ao referir que “o processo de treino visa induzir
alterações positivas observáveis, no comportamento dos jogadores e das equipas” (p.
114).
Garganta, Guilherme, Barreira, Brito, & Rebelo (2013) referem que o treino, enquanto
processo de preparação e desenvolvimento de competências, deve aproximar-se, o mais
possível, das exigências específicas da competição. Sendo assim, e como referem
Magalhães & Nascimento (2010), o processo de ensino-aprendizagem do futebol deve
centrar-se no jogo, dando prioridade aos processos de perceção e tomada de decisão
sobre os de mera execução. Fonte Santa (2004), nesta ordem de ideias, acrescenta que
num jogo de futebol o jogador deve saber o que fazer para depois saber como fazer.
Nesta linha de pensamento, Oliveira (2004) cit. Greco (1998) ao afirmar que “o
processo de ensino-aprendizagem-treino deve estar relacionado com a aquisição de
conhecimentos, que por sua vez vai otimizar os processos de decisão e de ação” (p.
120). Desta forma, o processo de ensino-aprendizagem-treino deve ser apresentado
através de situações de jogo que por sua vez, levarão à transmissão de conhecimentos e
comportamentos individuais, grupais e coletivos (Oliveira, 2004). Magalhães &
Nascimento (2010) acrescentam, afirmando “que o jogo deve ser utilizado como meio
preferencial do ensino/treino do Futebol, promovendo situações específicas do próprio
17
jogo, proporcionando aos atletas a aprendizagem de ações técnicas em estreita relação
com as ações táticas (perceção e capacidade de decisão)” (p. 39).
Segundo Oliveira et al. (2006) no treino os jogadores devem ser levados a entender
melhor o jogo e o jogar que se pretende uma vez que se os desportos de equipa em geral
se caracterizam pela necessidade de resolver situações de jogo variadas em completa
relação com o companheiro, adversário, e instabilidade do meio, e tudo isto de uma
forma integrada, não fazendo sentido criar tarefas no treino em que somente esteja
presente uma das componentes que aparece em jogo (Seirul-Lo, 1992 citado por
Oliveira & Tavares, 1996). Para reforçar esta ideia Costa et al. (2010), afirmam que a
aprendizagem das habilidades técnicas deve ser parte integrante de contextos com
tomada de decisão, onde o que importa está contido na situação de jogo, fornecendo
assim os praticantes de armas que os tornem capazes de resolver problemas que o
contexto específico lhes coloca.
Garganta & Pinto (1998) referem que a utilização de jogos reduzidos permite um maior
desenvolvimento por parte dos futebolistas. Garganta (2002) indo de encontro a esta
ideia, refere que este desenvolvimento é conseguido quando proposto
Fonte Santa (2004) acrescenta, referindo que esta forma de ensino é composta por
exercícios que fomentam melhorias nos domínios técnico, tático, físico, cognitivo e
psicológico ao invés de se direcionarem a um único objetivo.
Segundo Casarin, Reverdito, Greboggy, Afonso, & Scaglia (2011) este método baseado
no jogo tem enquanto objetivos o incremento do pensamento crítico, comunicação e a
habilidade de resolver problema da equipa em conjunto. Casarin et al. (2011) citam Kirk
& MacPhail (2002) acrescentando que a aprendizagem e motivação são incitadas uma
vez que os jogadores procuram soluções e não fazem gestos obrigados e estereotipados.
18
Oliveira (2004) refere ainda que esta metodologia “evidencia um desenvolvimento das
capacidades e dos conhecimentos específicos dos jogadores e do jogo contextualizado e
direcionado para os comportamentos desejados.” (p. 117). Garganta (2007) alerta para o
facto de se tornar cada vez mais clara a ideia de que a metodologia de aprendizagem
baseada no jogo é a que reduz a complexidade do fenômeno (jogo) “sem descurar a
especificidade do confronto, nos diferentes níveis de organização” (p. 14).
“O treino constitui a forma mais importante e influente na preparação dos atletas para
a competição.” (Garganta, 2004, p. 5)
Para Fonte Santa (2004, p. 41) “joga-se como se treina”. O mesmo autor acrescenta que
o treino necessita de ser mais exigente que o jogo uma vez que “quem não treina sujeito
a índices de exigência semelhantes ou superiores aos contidos num jogo, é óbvio que
não consegue corresponder àquilo que esse mesmo jogo lhe solicita”.
Pereira (1996) acrescenta ainda que a formação é a base do alto rendimento e a este
nível o treino surge como epicentro de todo o processo. Indo de encontro com esta ideia,
Garganta (2004) refere que apesar de muito se especular a propósito dos múltiplos
fatores que concorrem para o êxito em Futebol, continua a ser verdade que o treino
constitui a forma mais importante e influente de preparação dos jogadores para a
competição, uma vez que todo o processo de treino consiste na implementação de uma
cultura de jogo, em referência a conceitos e princípios, e que cada vez mais é possível
constatar que “quanto mais o nível de especialização aumenta, mais o papel do treino é
relevante” (Garganta, 2011).
Oliveira (1991); Ramos (2003) referem que treinar consiste em criar ou trazer para o
treino situações tático-técnicas e tático-individuais que o jogo requisita, que se vão
19
relacionar, positiva ou negativamente, com o rendimento desportivo. Segundo Ramos
(2009), o treino deverá perseguir os objetivos de desenvolvimento das capacidades dos
jogadores, utilizando formas cuja natureza contenham os restantes elementos do jogo e
sob uma atmosfera o mais próximo possível da que impera na atividade competitiva.
Garganta (2004); Garganta, et al. (2013) dizem-nos que treinar implica transformar
comportamentos, e sobretudo atitudes, sendo então percetível que o processo de ensino
e treino do Futebol assuma um papel cada vez mais relevante, nomeadamente no que
respeita à influência decisiva que exerce na formação dos praticantes e na preparação
destes para lidarem com a competição desportiva. Segundo os mesmos autores,
justifica-se uma cada vez maior sensibilização para o entendimento do processo de
ensino e treino, na sua íntima relação com a competição, de modo a propiciar a
exploração de cenários que permitam perceber a influência de certas competências e
circunstâncias na otimização do desempenho e na formação pessoal dos praticantes.
Garganta (2009) cit. (Ericsson et al., 1993; Howe et al., 1998; Helsen et al., 2000),
referindo que a quantidade e a qualidade de prática têm vindo a destacar-se como o mais
poderoso facto de distinção dos praticantes que atingem a excelência em disciplinas que
requerem um dilatado processo de treino sistemático e de instrução.
“O grande equívoco de muitos treinadores, digamos que mais teóricos, é que pensam
que as crianças de 7 ou 8 anos não querem ganhar. É um tremendo erro. Elas querem
ganhar! Inclusive mais que muitos adultos!” (Cruyff, 2002, p. 43)
Júnior & Korsakas (2006) referem que o desporto tem no seu contexto algo
indissociável, a competição. Para Fonte Santa (2004) necessitamos daqueles que nos
confrontam de forma a aferir os nossos progressos. Marques (2004) complementa,
referindo que a competição é o elemento mais estruturante de toda a formação
desportiva da criança e que a competição é a essência do desporto, e sem esta, o próprio
deixa de o ser.
Araújo (2001) afirma que é preciso formar de modo competitivo e pressionante, tal
como a realidade social e profissional assim o exige e que não há que ter medo da
competição e muito menos abdicar de todos os dias procurarmos ser melhores. O
mesmo autor, refere que não é possível, que só por via do treino sistemático e o mais
20
parecido possível com a situação real que irão enfrentar nos seus desempenhos
profissionais, que os jovens possam adquirir conhecimentos e hábitos capazes de lhes
proporcionarem as aptidões que são requeridas em competição.
Para Wein (2004) é clara a ideia de que a competição é uma necessidade tão natural e
vital para o ser humano como comer ou dormir, destacando ainda que é por meio de
situações competitivas que a criança se identifica consigo mesma e desenvolve o seu
carácter. Segundo Marques (2004) a competição é essencial e que a criança terá
dificuldade em rever-se num modelo sem vencedores e vencidos, sendo, no entanto,
imprescindível adaptá-la e moldá-la à sua imagem, adaptando então o jogo aos jovens e
não os jovens ao jogo dos adultos e do alto rendimento e que é necessário encontrar
modelos de competição que se identifiquem com as possibilidades dos mais jovens.
Magalhães & Nascimento (2010) acrescentam que nunca se deve por em causa que os
objetivos educativos e desportivos de cada etapa têm propriedade sobre os resultados.
Cruz (2005) refere que “as competições, no caso dos desportos coletivos, os jogos, são
uma estrutura essencial para a aprendizagem, constituindo um modelo de início e, em
simultâneo, um dos exames essenciais de todo o processo” (p. 3). Acrescenta ainda que
a competição é um elemento de estímulo muito importante, de desafio às capacidades
do praticante e uma forma de expressão das habilidades aprendidas, devendo, no
entanto, ser “controlada para poder intervir como catalisador da preparação dos jovens”
(p. 9).
Pereira (2003) questiona: “O que têm em comum Pelé, Eusébio, Cruyff, Maradona,
Ronaldo, Messi ou Cristiano Ronaldo, entre muitos outros, além de pertencerem à
restrita galeria de nomes notáveis do futebol mundial? O futebol de rua!”. Indo de
encontro com esta ideia, Garganta (2011) relembra o facto de “grande parte dos
melhores jogadores do mundo passaram por uma prática informal de Futebol de Rua,
brincar ao futebol para depois chegar ao Futebol mais a sério”.
21
Ramos (2003); Pacheco (2001) referem que é neste período, que se antecede à entrada
dos jogadores nos clubes, e que é essencialmente vivido na rua, local onde muitos dos
jogadores iniciam a sua prática de forma completamente espontânea onde depois
aparecem jogadores dotados de um grande virtuosismo técnico.
Michels (2001) diz que o Futebol de Rua é o sistema mais natural que é possível
encontrar e que ao “analisarmos o Futebol de Rua, concluiremos que a sua força reside
no facto de se jogar diariamente de uma forma competitiva, com uma preferência para
se jogar em todos os tipos de terreno”. Pacheco (2001; 2009) complementa referindo
que o Futebol de Rua é caraterizado pela informalidade, onde as crianças jogavam nas
ruas, praças dos bairros baldios e irregulares, jogado com um pequeno número de
jogadores e em espaços reduzidos, onde era desenvolvida a liberdade intuitiva e
criatividade. Valdano (2002) indo de encontro com a mesma ideia refere que numa
partida improvisada, de imediato alguém inventa algo. O mesmo autor refere que “no
meio desse combate de pés descalços, um jogador que possa não ser muito alto, nem
muito forte, nem muito rápido, soluciona o problema de uma forma original.”. Garganta
(2011) complementa, afirmando que
para jogar. O facto de jogarem com diferentes tipos de bolas, diferentes tipos de
própria atenção que um jogador tem de ter quando joga…a atenção a vários
Com o intuito de reforçar e aumentar o impacto do que em cima foi escrito, cito alguns
excertos de alguns dos melhores e mais reconhecidos jogadores de todos os tempos.
22
começavam de cada lado. Mas para mim era como se fosse o Maracanã, e foi o
local onde comecei a desenvolver as minhas aptidões. (Pelé, 2006)
O começo foi com uma bola de trapos, em que as mães rompiam uma meia e
deitavam fora, e nós utilizamos. Fazer as balizas era fácil, arranjavam-se 4
pedras, colocávamos duas de cada lado e contávamos uns passos em função do
número de jogadores que haviam, e jogávamos 3x3, 4x4; 5x5. (Eusébio, 1992)
Pelada para mim foi tudo (…) Eu ficava sempre ligado a tudo, em qualquer
segundo, qualquer vacilo de qualquer jogador. Eu estava atrás do goleiro e ele de
repente soltou a bola no chão, e eu estava atrás dele… peguei na bola e fiz golo.
Achei até que não ia valer (...) isso veio tudo da pelada. (Ronaldo Nazário, 2013)
Sem dúvida que uma das razões para a falta de qualidade técnica de muitos
jogadores, é resultado do lugar onde esses jovens aprenderam a jogar Futebol.
No meu tempo, a academia mais popular para descobrir os segredos deste
desporto era a rua. (John Cruyff, 2002)
23
2.3 – Talento
Devido à forma extensiva e pouco rigorosa que este termo é utilizado, Valdano (2001)
afirma que “dizer que um jogador tem talento é como não dizer nada, mas deixando a
impressão de que se sabe muito”. Na mesma linha de pensamento, Araújo (2004) diz
que o talento é um conceito que tem servido para justificar tudo aquilo que não se sabe
bem explicar e que tem que ver com o bom desempenho dos praticantes.
Garganta (2006) afirma que um talento é alguém capaz de uma performance acima da
média num dado domínio e em vários momentos. Para Marques (1991), um talento é
um indivíduo com determinadas características bio-psíquicas-sociais que, perante
determinadas condições deixa antever com segurança a possibilidade de obtenção de
elevados rendimentos nas etapas de prestações elevadas.
Garganta (2009; 2011) refere que esta questão do talento “pode enfatizar mais o papel
do treino ou o papel de nos acreditarmos que os jogadores já nascem feitos”, ou seja, o
possível entendimento da faceta inatista do talento. O mesmo autor refere “que se nos
acreditarmos no inatismo, nós desacreditamos o treino” (Garganta, 2011). Segundo
Garganta et al. (2013) esta predisposição, de acreditar que o talento natural determina o
sucesso ou o fracasso remete à ideia de que o Futebol não se ensina, sendo este um dos
erros de perspetiva que mais negativamente têm condicionado a evolução dos jogadores
e limitado progresso da própria modalidade. Garganta (2011) refere que “alguns
jogadores que prometem muito do ponto de vista do potencial talento acabam por se
perder porque não foram submetidos a um processo de treino adequado”. Garganta et al.
(2013) referem ainda que o suposto talento inato parece desempenhar um papel
reduzido no desenvolvimento da excelência e que grandes atletas, das mais variadas
24
modalidades, dizem o que lhes permitiu a entrada no alto rendimento foi sobretudo a
transpiração inerente à sua entrega de corpo e alma na busca da excelência. Coyle
(2012) complementa, afirmando que todo desenvolvimento é resultado de assimilação e
aplicação de novas informações. Indo de acordo com esta ideia Garganta et al. (2013)
referem que fortes evidências sugerem que altos níveis de desempenho estão, em grande
parte, relacionados com o tempo de prática sistemática e acumulada numa atividade
específica. Num estudo realizado, Ward & Williams (2003) concluíram que os
futebolistas jovens de elite tinham melhores habilidades devido às oportunidades que
lhes foram proporcionadas, ao invés de qualquer vantagem genética.
Garganta (2004) alerta para o facto de ser necessário treinar para se tornar um jogador
de alto nível, mesmo que se reconheça que “a genética predispõe para algo, mas que só
por meio da modificação das atitudes e comportamentos se consegue, efetivamente, sê-
lo” (p.7), ou seja, o “talento potencia a aprendizagem, mas não pode substitui-la, o que
significa que o capital biológico do jogador necessita de validação posterior” (p. 7-8).
Garganta (2011) acrescenta que “o treino tem um papel de atualização do talento e de
validação do talento”.
Garganta (2009) cit. Salmela (1997) alerta que o conceito de talento se alterou,
passando de uma associação a um conjunto de capacidades inerentes ao sujeito que
determinavam o seu rendimento, para uma associação às “aquisições operadas através
da prática sustentada e estruturada com o intuito de promover a melhoria do
desempenho desportivo” (p. 4).
25
Graça (2007) refere que as conceções perfilhadas em relação ao entendimento da noção
de “talento” têm fortes repercussões nas práticas de seleção, nas expectativas e
exigências, nas oportunidades de prática, assim como na motivação, na confiança e no
empenhamento dos jogadores.
Segundo Reeves, Nicholls, & McKenna (2009) identificar o potencial no futebol numa
idade precoce permite que os jogadores recebam o apoio e treino necessários para
acelerar o processo de talentos especializados. Franks et al. (1999) corroboram a ideia
dizendo que a identificação e recrutamento de um potencial jogador em idades mais
baixas garante que esse jogador receba posteriormente no clube treino especializado de
forma a poder evoluir progressivamente e potenciar ainda mais o seu talento.
Tendo em vista uma tomada de decisão mais acertada na seleção e deteção de talentos,
Garganta (2009) refere que é necessário ter em conta fatores como as diferenças etárias
e de maturidade, uma vez que, e segundo Helsen, Hodges, Van Winckel, & Starkes
(2000) o talento é ainda selecionado com base na estatura e desenvolvimento físico, e
não nas habilidades técnicas, táticas e psicológicas, fazendo com que os que são
fisicamente menos desenvolvidos sejam preteridos. Garganta (2011) alerta ainda para o
facto de se incorrer num erro grave, selecionando em poucas sessões, o que leva a que
alguns talentos passem despercebidos.
Segundo Garganta (2009), para se detetar e selecionar talentos, a atenção deve estar
dirigida para os seguintes pontos:
26
Os que, para além de apresentarem um rendimento atual superior aos da sua
idade, simultaneamente denotem condições para evoluírem significativamente
em resposta a um processo estruturado de treino/formação.
No entanto, Garganta (1995, cit. por Pacheco, 2001) acrescenta ainda, que de uma
forma geral, na deteção de talento é fundamental estar atento a pressupostos que
indiciem o talento de um jogador de futebol, que podem ser os seguintes:
Garganta (2009) cit. Starkes & Ericsson, (2003) referindo “que o percurso até à
excelência desportiva decorre de uma fusão complexa de habilidades, capacidades e
competências, cuja feição emerge das características do praticante e do modo como é
realizada a aprendizagem e o treino para a atingir” (p. 6). Complementando esta ideia,
Araújo (2009) refere que o talento desportivo resulta da relação entre fatores endógenos
e exógenos, distinguindo-se entre os primeiros a capacidade motora (força, velocidade,
coordenação, entre outros), as caraterísticas antropométricas, os sistemas e aparelhos
fisiológicos e etc., enquanto os fatores exógenos que mais influenciam o talento são a
27
prática multilateral da educação física e do desporto a partir das idades mais jovens e o
envolvimento social, ético e pedagógico em que decorre essa prática.
Para Rink, French, & Tjeerdsma (1996) é possível identificar um conjunto de traços
cognitivos e motores que caracterizam a excelência nos jogos desportivos.
28
Processo decisional mais rápido e preciso;
Mais rápido e preciso reconhecimento dos padrões de jogo (sinais pertinentes);
Superior conhecimento tático;
Maior capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das respostas do
oponente;
Superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo).
Para Durand-Bush & Salmela, (2002) os jogadores talentosos são os jogadores mais
comprometidos, autoconfiantes, menos propensos a ansiedade, mais capazes de utilizar
várias estratégias de confronto psicológico, mais motivados e mais capazes em manter
concentração. Janelle & Hillman (2003) complementam, dizendo que do seu ponto de
vista é necessário que os atletas caraterizem por um grande domínio da vertente
fisiológica, técnica, cognitiva e emocional. Os mesmos autores referem que ao nível
emocional, os atletas se caraterizam por:
29
30
3 – Organização do Processo de Treino e Competição
Tabela 4 – Caraterização Geral dos Jogadores por ordem alfabética. (Presente época não está
contabilizada para os itens de Anos no Clube e Anos de Prática)
Médio Direito
Aury Russo
Médio Direito
César Ferreira
Avançado
31
26/03/2006 Guarda-Redes Pé Direito 138 33.3 2 4
Diogo Clara
Médio Centro
Francisco
Madruga
Avançado
Médio Direito
Gonçalo Antunes
Médio Centro
Gonçalo Oliveira
Henrique Cruz
Avançado
Hugo Isidro
Defesa Central
Leandro Martins
Martim Ferreira
Médio Centro
Martim Ribeiro
Miguel Vieira
32
27/01/2006 Avançado Pé Esquerdo 144.5 31.1 2 3
Médio Esquerdo
Olívio Tomé
Avançado
Tomás Marques
Médio Direito
Xavier Cavaco
Tabela 5 – Caraterização individual dos jogadores por resultados obtidos nos parâmetros de
“Avaliação” (rendimento avaliado com notas de 1 a 5, sendo 1 a nota mais baixa e 5 a mais alta) e
“Nível” (potencial avaliado com notas de A a D, sendo A a mais alta e D a mais baixa) nos
diferentes momentos de avaliação.
Jogador A 2 C 2 C 3 C
Jogador B 3 B 4 B 3 B
Jogador C 4 B 3 B 3 B
Nota: Esta tabela serve como exemplo de um documento do clube, onde as notas atribuídas são
reais mas atribuídas a jogadores fictícios de forma a proteger os mesmos e a informação aqui
explanada.
Gráfico 1 – Número de jogadores do plantel distribuídos pelo seu mês de nascimento: Janeiro (Jan),
Fevereiro (Fev), Março (Mar), Abril (Abr), Maio (Mai), Junho (Jun), Julho (Jul), Agosto (Ago),
Setembro (Set), Outubro (Out), Novembro (Nov), Dezembro (Dez).
5
JOGADORES
4
3
Nº DE
2
1
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MÊS
33
Caraterização da equipa por trimestre de nascimento
12 62.5%
Nº DE JOGADORES
10
8
6 25%
4
6.25% 6.25%
2
0
1 2 TRIMESTRE 3 4
7 37.5%
6
Nº DE JOGADORES
25%
5 25%
4
3 12.5%
2
1
0
Guarda-Redes Defesa Médio Avançado
POSIÇÃO
Gráfico 4 – Número e percentagem de jogadores do plantel distribuídos pelo seu pé dominante (Pé
Direito e Pé Esquerdo)
Nº DE JOGADORES
12 62.5%
10
8 37.5%
6
4
2
0
Pé Direito Pé Esquerdo
PÉ DOMINANTE
34
Caraterização da equipa por altura
Gráfico 5 – Caraterização da equipa através do valor médio de altura por posição preferencial
(Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado).
141
140
139 137,5
138
136,12
137
136
135
Guarda-Redes Defesa POSIÇÃO Médio Avançado
Gráfico 6 – Caraterização da equipa através do valor médio de peso por posição preferencial
(Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado).
36 35,65 35,02
35
PESO (CM)
34
33 31,8
32
31 29,55
30
29
Guarda-Redes Defesa POSIÇÃO Médio Avançado
8 50%
31.25%
6
JOGADORES
4
Nº DE
8
31.5% 31.5%
JOGADORES
6
18.75%
Nº DE
4 12.5%
2
0
0 1 2 3
Nº DE ANOS DE PRÁTICA NO CLUBE
35
Caraterização da equipa por anos de prática da modalidade e posição preferencial
Gráfico 9 – Valor médio dos anos de prática dos jogadores do plantel consoante a posição
preferencial (Guarda-Redes, Defesa, Médio e Avançado).
4 4 3,75
DOS DE ANOS DE
VALOR MÉDIO
PRÁTICA
3,5 3,33
3
3
Guarda-Redes Defesa Médio Avançado
POSIÇÕES
Como já foi referido o plantel iniciou a época desportiva com 15 jogadores. Para os
dados presentes anteriormente foram contabilizados 16 jogadores, devido a à integração
de um atleta na fase inicial da época, e por ser este o número de jogadores que se
encontra inscrito pelo clube na Associação de Futebol de Lisboa.
Na Tabela 4 é realizada uma caraterização geral dos jogadores, por ordem alfabética,
abordando os dados que seriam necessários para as análises seguintes. O item
“Posição/Posições” têm a função de caraterizar a posição onde o jogador em questão
acumulou mais minutos de competição. Esta distinção foi feita derivado de todos os
atletas, em exceção aos guarda-redes, passam por diversas posições em contexto de jogo
e treino e esta foi a forma encontrada de lhe atribuir uma posição.
36
com o potencial atribuído ao jogador e as classificações variam da seguinte forma: A -
Jogador de elevado potencial, a investir pelo clube; B – Jogador com algum potencial, a
transitar para o escalão seguinte; C – Jogador de pouco potencial, a sua continuidade
depende da contratação de jogadores de qualidade superior ou não; D – Jogador com
muito pouco potencial, sem capacidade para permanecer no clube. No 1º momento de
avaliação 4 jogadores foram classificados com a nota A, 10 obtiveram a classificação de
B e 1 a nota C. Podemos então classificar o potencial médio da equipa como “Jogadores
com algum potencial, a transitar para o escalão seguinte” uma vez que o a classificação
B foi obtida em maioria. No 2º momento de avaliação 3 jogadores foram classificados
com a nota A, 11 obtiveram a classificação de B e 1 a nota C. Novamente, podemos
classificar o potencial médio da equipa como “Jogadores com algum potencial, a
transitar para o escalão seguinte” uma vez que o a classificação B foi obtida em maioria.
É necessário referir que neste momento existem duas alterações no plantel, uma vez que
um dos jogadores abandonou o clube e outro foi contratado. No 3º momento de
avaliação 1 jogador foi classificado com a nota A, 10 obtiveram a classificação de B e 1
a nota C. Podemos então classificar o potencial médio da equipa como “Jogadores com
algum potencial, a transitar para o escalão seguinte” uma vez que o a classificação B foi
obtida em maioria.
O Gráfico 3 tem a função de caraterizar a equipa por posição onde o jogador em questão
acumulou mais minutos de competição. Esta distinção foi feita derivado de todos os
atletas, em exceção aos guarda-redes, passam por diversas posições em contexto de jogo
37
e treino e esta foi a forma encontrada de lhe atribuir uma posição. Percebemos que
existem 2 guarda-redes (12.5%), 4 defesas (25%), 6 médios (37.5) e 4 avançados (25%).
No Gráfico 6 foi utilizado o valor médio do peso para caraterizar a equipa, segundo as
posições preferenciais dos jogadores. O valor mais alto foi obtido pela posição de
guarda-redes (35.65 kg) e o segundo mais alto obtido na posição de defesa (35.02 kg).
Os médios têm um peso médio de 31.8 kg e o valor mais baixo, dos avançados, é de
29.55 kg.
É possível então constatar que existe uma clara relação entre a altura e peso com a
posição em que os jogadores mais tempo foram utilizados.
38
prática, respetivamente. Os valores mais baixos foram obtidos na posição de Avançado
(3) e médio (3.33).
Competição Objetivo
É necessário, e antes de mais, contextualizar estes objetivos uma vez que se tratam de
objetivos impostos a equipas compostas por jogadores em fase de aprendizagem e que
todos os objetivos se enquadram numa perspetiva de processo evolutivo e não de
obtenção de resultados. Importa salientar também que o cumprimento destes não
alterará o trabalho e decisões da equipa técnica de forma a atingir os mesmos. Como já
referido, todos os objetivos são impostos pela coordenação técnica e surgem no
seguimento da principal linha orientadora do trabalho desenvolvido todos os dias, que é
a potenciação máxima de todos os atletas. Tendo em conta o rendimento e o potencial
dos atletas do clube e o clube em questão, os objetivos não poderiam ser diferentes dos
apresentados na tabela 6.
39
apuramento para a Fase de Apuramento de Campeão, o objetivo colocado é o
expectável uma vez que a fase referida é o campeonato onde as maiores adversidades se
encontram. O objetivo seguinte diz respeito ao Campeonato Distrital da A.F.L. –
Juniores E”1” – Fase de Apuramento de Campeão, campeonato disputado entre
jogadores do ano de 2006. Mais uma vez o objetivo enquadra-se no contexto encontrado
devido ao clube em questão, rendimento e potencial dos jogadores do mesmo.
Relativamente aos objetivos relativos aos torneios, e sendo aqui os momentos de real
adversidade e transcendência por parte dos jogadores do clube, os objetivos são
novamente expectáveis pelas mesmas razões explanadas nos objetivos anteriores.
40
Atletico´s Cup 2016* 2º Classificado
* Torneios realizados no papel de Treinador-Principal; **Torneio realizados com jogadores de idade mais
baixa; ***Torneios realizados no papel de Treinador-Principal e com jogadores de idade mais baixa
41
transcendência, com exceção feita aos jogos em casa contra o Clube Escolar
Republicano Tenente Valdez, onde na 3ª jornada o resultado foi de 4-3, e fora contra o
Clube Atlético e Cultural da Pontinha, na 9ª jornada onde o resultado foi de 0-1.
Nos jogos realizados em contexto de Torneio Nacional, jogos em que o clube pretende
proporcionar contextos não encontrados nos campeonatos disputados, a exigência e as
adversidades encontradas não foram mais uma vez satisfatórias.
Neste contexto foi possível defrontar equipas de diferentes países, como por exemplo,
H.S.C Hannover, F.C. Schalke 04, B.V.B Dortmund, F.C. Koln, Manchester City F.C.,
Liverpool F.C., Sevilla F.C., C. Atlético de Madrid, Málaga F.C., R.C. Celta de Vigo,
42
Villareal F.C., F.C. Internazionale Milano, A.C. Chievo Verona, Juventus F.C., Udinese
C., Bologna F.C., Torino F.C., A.S. Roma, S.S. Lazio, Ajax F.C., F.C. Krasnodar, S.K.
Rapid, F. Austria Wien, Besiktas F.C., entre outras.
Por fazer parte da cultura do clube, é necessário que em qualquer contexto seja implícita
uma atitude positiva e agressiva perante o jogo. A vontade de “assumir” o jogo e
comandá-lo obriga a que a posse da bola esteja presente, mantendo-a durante o maior
espaço de tempo possível. A integração de todos os jogadores, corredores e setores no
processo ofensivo e defensivo, a circulação com variedade e objetividade da posse da
bola, a criação de várias oportunidades de finalização, estarão também vincadas no
futebol praticado pela equipa, que se pretende organizada em ambos os processos. Esta
organização é procurada através dos princípios de jogo, que marcarão também todo o
trabalho formativo.
Este Modelo de Jogo é realizado com uma clara ideia de potenciação individual e
coletiva do atleta, estimulando e procurando a criatividade dos mesmos.
43
Capacidade para provocar e aproveitar os erros adversários;
Capacidade para jogar a um ritmo elevado;
Provocar e tirar partido de mudanças bruscas do ritmo de jogo;
Procura pela largura e profundidade no processo ofensivo, mobilidade;
Boa circulação da bola;
Luta constante pela posse da bola;
Equipa compacta a defender com setores próximos e avançados;
Acertada tomada de decisão;
Variabilidade de ação.
O processo ofensivo é aquele que será mais vivenciado pelos nossos jogadores na
maioria dos contextos onde vão estar inseridos. É importante então uma enorme
eficiência nos momentos de posse da bola pretendendo com a mesma atrair, fixar e
enganar os adversários através de uma elevada taxa de variabilidade de ações, de
mobilidade e criatividade imposta pelos jogadores com o intuito de criar situações de
finalização. No processo defensivo a mudança de atitude deverá ser brusca e eficaz na
procura da recuperação da bola. A racionalização do espaço será vital neste processo.
Processo Ofensivo:
Existem duas ideias claras na forma de abordar este processo. A primeira é o ataque
rápido à baliza adversária de forma a realizar a transição defesa-ataque, e a segunda é a
manutenção da posse da bola entrando então em organização ofensiva.
Transição Defesa-Ataque
44
Imediatamente depois da conquista da posse da bola a equipa deverá oferecer máxima
largura e profundidade ao ataque, transitar entre setores e corredores de forma rápida,
oferecer cobertura ofensiva ao portador da bola e criar linhas de passe em profundidade
e largura.
Organização Ofensiva
Em organização ofensiva o objetivo passa por manter a posse da bola, com paciência,
até encontrar o momento certo para atacar a baliza adversária.
Na 3ª fase, fase da criação para a finalização, é necessário que a equipa esteja larga e
profunda de forma a ter imprevisibilidade nas suas ações, e que a mobilidade e a
criatividade estejam impostas de forma a provocar e aproveitar erros adversários.
Processo Defensivo:
A equipa aborda este processo tentando recuperar a posse da bola da forma mais rápida
possível, mantendo a equipa equilibrada, realizando a transição ataque-defesa, e
organizando protegendo de forma clara o corredor central, em organização defensiva.
45
Transição Ataque-Defesa
Organização Defensiva
Terreno de Jogo
Figura 5 – Divisão do campo por corredores Figura 6 – Divisão do campo por setores
(Corredor Lateral Esquerdo (C.L.E.), (Setor ofensivo (S.O), Setor Médio Corredor
Central (C.C.) e Corredor Lateral Ofensivo (S.M.O), Setor Médio Defensivo
Direito (C.L.D.) (S.M.D.) e Setor Defensivo (S.D.)
46
Sistema Tático
Figura 8 – Sistema Tático por linhas Figura 9 – Sistema Tático por Losangos
47
Processo Ofensivo
Transição Defesa-Ataque
Organização Ofensiva
48
Organização Ofensiva - Bola corredores laterais
Figura 14 – Organização Ofensiva (Corredor Central – Setor Defensivo) com bola no DCD.
Neste momento, DCD ataca o corredor central em condução. DCE, após DCD iniciar
esta ação, deverá dar cobertura ofensiva ao portador da bola encurtando a distância entre
ambos e posicionando-se no corredor central de forma a o proteger e acompanhar o
desenvolvimento do processo ofensivo. MC realiza movimentação de arrasto, criando
assim uma linha de passe e espaço para portador da bola poder decidir e executar. AV
dá profundidade ao ataque, e MD e ME profundidade e largura aos corredores laterais.
Processo Defensivo
49
o jogador não é o primeiro, segundo ou terceiro mais perto do portador deve reforçar o
corredor central.
Transição Ataque-Defesa
O jogador mais perto da bola tem a função de pressionar o portador. Isto deve-se ao
facto da equipa querer recuperar imediatamente a posse da bola e em caso de não o
conseguir, permitir concentrar (posicionalmente) entrando em organização defensiva.
Organização Defensiva
A equipa deve manter-se coesa e curta uma vez que é pretendido defender num curto
espaço de terreno. É idealizado que a equipa efetue “Campo Pequeno” como mostra a
Figura 11, defendendo zonalmente.
50
Esta organização no espaço deve-se à pressão realizada ao portador da bola, com AV,
ME e MC. Os restantes elementos da equipa deveram posicionar-se de acordo com a
distância e ângulos criados de forma a dar cobertura defensiva. É possível observar a
formação de duas linhas na diagonal (linha média e defensiva).
O AV deverá fechar o espaço interior, sempre mais inclinado para o corredor lateral
direito. MC faz uma aproximação rápida ao portador da bola e MD aproxima de modo a
realizar a diagonal na linha média, efetuando a cobertura defensiva. O DCE e DCD
reduzem a profundidade adversária, aproximando do setor médio, fechando o corredor
da bola e corredor central. GR retira profundidade adversária, descaído para o corredor
da bola.
51
Organização Defensiva Setorial – Adversário em posse no corredor central
Setor Defensivo
Esquemas Táticos
Canto
Como demonstrado na figura 18, no canto onde a bola é colocada na área, deve ser
batido pelo médio do lado do corredor da bola, neste caso ME, de forma tensa
procurando o segundo e terceiro espaço. O AV deve atacar o primeiro espaço de forma
agressiva. O DCE deve simular uma entrada no segundo espaço e realizar uma
desmarcação circular de forma a atacar o terceiro espaço. O MC aproxima do corredor
lateral estando preparado para dar equilíbrio e/ou recuperar a posse da bola em caso de
perda. O MD equilibra a equipa, ocupando o corredor central e GR controla a
profundidade.
52
Em relação ao canto curto, figura 19, o AV deverá de forma abrupta aproximar do
jogador responsável por bater o canto, neste caso, ME, dando uma linha de passe. No
caso de AV voltar a passar a bola a ME as movimentações de DCE, DCD, MC, MD e
GR são as mesmas explicadas na figura 18.
Esquema Tático
Na figura 20, a bola deverá ser batida pelo médio do lado do corredor da bola, neste
caso ME, de forma tensa procurando o segundo e terceiro espaço. O AV deve atacar o
primeiro espaço de forma agressiva. O DCE deve simular uma entrada no segundo
espaço e realizar uma desmarcação circular de forma a atacar o terceiro espaço. O MC
aproxima do corredor lateral estando preparado para dar equilíbrio e/ou recuperar a
posse da bola em caso de perda. O MD equilibra a equipa, ocupando o corredor central
e GR controla a profundidade.
Esquemas Táticos
Canto - Defensivo
Figura 21 – Canto Defensivo
53
Na figura 21, o médio do lado do corredor da bola, neste caso ME, oferece proteção no
primeiro espaço e prepara eventual aproximação ao recetor do passe no caso de o canto
ser batido de forma curta pelo adversário. DCE, DCD e MD ocupam as zonas do
segundo e terceiro espaço. MC protege a entrada da grande área e está preparado para
assumir marcação individual se necessário. AV está preparado para a transição ofensiva
mas preparado para assumir marcação individual se necessário.
Livre
Corredor Lateral
Na figura 22, o médio do lado do corredor da bola, neste caso ME, e MC formam
barreira. DCE, DCD e MD ocupam as zonas do primeiro, segundo e terceiro espaço.
AV está preparado para a transição ofensiva mas preparado para assumir marcação
individual se necessário.
O Sport Lisboa e Benfica procura que o seu modelo de treino contribua para o
desenvolvimento harmonioso do praticante na vertente física, intelectual, emocional e
social. Pretende também que o seu processo de ensino-aprendizagem se torne sobretudo
cognitivo, ou seja, que esteja focado na compreensão do jogo e que o meio de ensino
seja o jogo. É então vital que o modelo de treino imposto permita aos praticantes uma
aprendizagem baseada em ações e situações semelhantes às vividas durante o jogo de
futebol através da descoberta guiada, tornando-se mais cognitivo do que
comportamental, onde será ele o próprio a descobrir a solução a cada problema dentro
da superação intrínseca a cada momento do treino. Para isto, a estratégia de
54
manuseamento da complexidade do jogo e do treino, permitem a utilização de formas
jogadas e jogos reduzidos que permitem ao praticante desenvolver-se técnica, física e
psicologicamente da mesma que forma que desenvolve os seus processos de perceção e
tomada de decisão, respeitando assim as necessidades individuais e coletivas dos
jogadores e da equipa.
O facto da aprendizagem neste tipo de modelo de treino ser feita de uma forma mais
fluída, uma vez que se encontra sempre em contextos próximos e relacionados com os
que os jogadores encontram em jogo, proporcionam aos mesmos níveis de satisfação e
de prazer em treino bastante superiores aos encontrados num tipo de treino demasiado
focado em excessivas repetições de ações técnicas e completamente
descontextualizados daquilo que é o jogo.
55
2 5 16 Realização de 13 jogos de caráter amigável, onde 11 são
Jogos Particulares e 2 de torneio do clube “Benfica League”.
(15UT+1AF)
Realização de 1 jogos oficiais para o Campeonato Distrital
Juniores “E2” – Série 5.
56
Internacional.
Conteúdos Técnico-Táticos
Conteúdos Físicos
57
resistente). Na flexibilidade, o praticante inicia a aprendizagem de exercícios mais
básicos.
Conteúdos Psicológicos
58
- 1 exercício + finalização - Exercícios do
plano
Flexibilidade -Imprevisibilidade implementado
- Exercícios do plano
implementado
(D+M/M+A) (D+M/M+A)
- 5’ - 5’ - 5’
59
Reforço Muscular
- Exercício 9
Conteúdos e Volume
Flexibilidade 20’
60
Alongamentos 15’
É dividido em três partes: Parte Inicial; Parte Fundamental e Parte Final. A parte inicial
é destinada ao S.A.Q. onde os praticantes desenvolvem a sua relação com bola, ações de
drible, finta e simulação, capacidades coordenativas e condicionais e também ao
Futebol de Rua onde realizam trabalho com diferentes superfícies de contacto. Na Parte
Fundamental existe uma incidência nos jogos reduzidos e formas jogadas nos exercícios
de Manutenção da Posse da Bola, de Princípios de Jogo/Ações Técnico-Táticas
Ofensivas e Defensivas, Individuais e Coletivas, Modelo de Jogo e Jogo Formal. A
Parte Final é sempre destinada à aplicação do Reforço Muscular e Alongamentos.
61
Ficha de Evolução Individual do Atleta – Aqui é analisada e avaliada a
performance de cada atleta em todos os conteúdos desde o desenvolvimento
funcional que compreende as ações de drible, finta e simulação e as ações
técnico-táticas individuais e coletivas, ofensivas e defensivas. É também
analisado o volume possível e volume total em contexto de treino e de jogo, o
número de convocatórias, de jogos realizados, de titularidade e golos;
Ficha de Avaliação;
Análise ao Torneio – Realizado após qualquer torneio, este documento foca a
sua análise aos jogos realizados, classificação obtida, prémios individuais, o
terreno de jogo, o transporte, a alimentação, o alojamento, o acompanhamento, a
organização e observações a fazer sobre o torneio propondo ou não a aceitação
do clube ao torneio em futuros convites;
Fichas de Observação Jogador Adversário – Documento onde é realizada uma
análise a determinado jogador adversário, avaliando as suas competências.
Ficha de Jogador a Contratar e correspondente Ficha de Observação Integrada –
O primeiro documento apresenta uma caraterização do atleta. O segundo é uma
análise ao atleta após treino ou treinos realizados com a equipa de Benjamins C
com uma final avaliação qualitativa indicando ou não a sua contratação por parte
do clube. Estão também indicados os dados gerais do atleta, o planeamento que
envolve o atleta a vir treinar com o plantel.
Ficha de Jogador Indicado, se esse for o caso. No caso de observar algum atleta
que potencialmente poderá ingressar no clube, é necessário o preenchimento
desta ficha, abordando os dados gerais do atleta e observações a fazer sobre o
mesmo.
Balanço Final. Neste documento, realizado após o final da época desportiva,
aborda as seguintes questões: planificação, resultados desportivos, objetivos
formativos, regras de conduta para treinador principal e adjuntos, casos de
indisciplina e sugestões.
62
Ficha de Jogo – Este documento compreende o preenchimento de um cabeçalho
identificativo do jogo em questão. In loco, deverá ser registada a equipa que
inicia cada parte do jogo, as substituições e o tempo a que são realizadas, o
registo de golos e assistências, uma análise breve ao adversário. A posteriori é
realizado uma análise individual de cada atleta do Sport Lisboa e Benfica e uma
análise ao processo ofensivo e defensivo da equipa. Em relação ao adversário é
analisado o seu sistema tático e processo ofensivo e defensivo, registada a
equipa inicial, jogadores mais influentes e o registo do marcador e tempo do
golo;
Abordagem ao jogo – Neste documento está explanada a equipa inicial, as
missões técnico-táticas individuais e coletivas para ambos os processos do jogo
e uma revisão de comportamentos a adotar em cada esquema tático;
Gráfico 10 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva:
Complementar Separadas (Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.).
400
300 257
203
200
79 69
100 54
0
Comp. Sep. Comp. Int. Fase I Fase II Fase III
Nº Exercícios
Gráfico 11 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva,
categorizados pelas diferentes partes da unidade de treino: Parte Inicial; Parte Fundamental e
Parte Final: Complementar Separadas (Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.).
192
200 165
100 65 58 55 52
38
24
2 0 11 0 0 0 0
0
Parte Inicial Parte Fundamental Parte Final
Comp. Sep. Comp. Int. Fase I Fase II Fase III
63
Gráfico 12 – Caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a época desportiva,
categorizados pelos diferentes conteúdos da unidade de treino: Coordenação (C); Speed, Agility
and Quickness (SAQ); Futebol de Rua (FR); Manutenção da Posse da Bola (MPB); Princípios de
Jogo/Ações Técnico Táticas Ofensivas e Defensivas, Coletivas e Individuais, (PJ/ATT); Modelo de
Jogo (MJ); Jogo Formal (JF); Reforço Muscular e Alongamentos (RM+A);Complementar
Separadas (Comp. Sep); Complementares Integradas (Comp. Int.).
200 192
100
65 66
50
40 38
27 28 31
24
14 18 18
11 10 11
0 0 0 0 0 0 0 2 0 3 2 0 5 0 3 4 0 0 0 0 0 0 0 0
0
C SAQ FR MPB PJ/ATT MJ JF RM+A
Comp. Sep. Comp. Int. Fase I Fase II Fase III
64
Formas Separadas – Incluem elementos de um só fator de preparação e
desenvolvem-se fora das condições de jogo.
Figura 23 – Resumo da Taxonomia proposta (Queiroz, 1986)
Fase II - Ataque*Defesa+GR
Complementar Integrada
Separada
No Gráfico 10 é feita uma caraterização das formas dos exercícios aplicados durante a
época desportiva, contabilizando o número de exercícios lecionados nas suas diferentes
formas: Complementar Separada, Complementar Integrada, Fase I, Fase II e Fase III, e
onde é possível constatar uma clara predominância dos Exercícios da forma
Complementar sobre os restantes. Os gráficos seguintes permitem uma melhor análise,
uma vez que ao analisar de uma forma mais minuciosa podemos concluir que a análise
que inicialmente poderia ser feita seria algo enganadora e pouco condizente com a real
forma de trabalhar e de proceder modelo de ensino e aprendizagem defendido pelo
clube.
Através do Gráfico 11, onde é feita uma caraterização dos exercícios pelas suas formas
mas distribuídos pelas diferentes partes da unidade de treino, onde é possível começar a
tirar mais e melhores conclusões, como a grande incidência dos exercícios da Forma
Complementar na Parte Inicial e Parte Final, e dos exercícios de Fase III na Parte
Fundamental.
65
jovens, e devido às constantes fases de crescimento, era notória uma grande
variabilidade na qualidade de execução, em curtos espaços de tempo, dando outra
relevância a este tipo de trabalho realizado. Apesar de ao longo do ano terem sido
introduzidos novos exercícios, foi também mantida uma base sempre repetida ao longo
do tempo. Relativamente ao Speed, Agility and Quickness (S.A.Q.), segundo conteúdo
abordado na primeira e última unidade de treino da semana, e último conteúdo abordado
na denominada Parte Inicial, existe uma preponderância dos exercícios de Fase II. Com
os objetivos centrados na potenciação das Ações Técnico-Táticas Individuais, Ofensivas
e Defensivas, os exercícios escolhidos permitem também um elevado grau de
desenvolvimento das componentes físicas, psicológicas e cognitivas. Neste conteúdo,
existiu variedade dos exercícios aplicados, todos com um objetivo em comum: a
potenciação e incremento de ações de drible/finta e simulação, com destaque no entanto
para um exercício específico, da forma Fundamental – Fase II – (GR+1*1), nas suas
diferentes variantes, intercalado entre a utilização de Jokers, aumento do número de
defesas e avançados, estipulação de áreas limite para realizar o remate, entre outras.
Notório foi também a utilização de exercícios onde o número de jogadores envolvidos
fosse reduzido, de forma a potenciar o número e frequência de ações de cada jogador.
Relativamente ao conteúdo Futebol de Rua, que pertence também à Parte Inicial e que
ocorria na segunda unidade de treino de cada microciclo, existiu uma maior dispersão
de exercícios, quer a nível de formas, quer a nível de exercícios lecionados. O foco
estava centrado na potenciação da relação com bola por parte dos jogadores,
promovendo o contacto com diferentes superfícies, estimulando mais uma vez as ações
de drible/finta e simulação, a imprevisibilidade e criatividade. Nestes momentos, existiu
a preocupação por parte dos treinadores de reduzirem e/ou não darem o feedback, de
forma a criar a maior semelhança possível com o Futebol de Rua. Como é possível
perceber nos dados do gráfico 12, os exercícios de Fase III foram os mais realizados,
seguidos dos exercícios de Fase II e Complementar Integrada. O número de jogadores
utilizados nestes momentos foi também reduzido, promovendo muitos jogos de 4*4,
3*3, 1*1 e 1* todos, com variantes com a utilização ou não de balizas e de Guarda-
Redes, diferentes tipos de bolas, de ações de finalização, entre outras.
66
Complementar Integrada. Também neste conteúdo foram realizados vários exercícios
diferentes ao longo dos microciclos, sendo, no entanto, alguns repetidos. Nos jogos de
Fase III foram realizados vários exercícios com delimitação de setores e corredores,
promovendo jogos de GR+4*4+GR, GR+5*5+GR com variantes de utilização de
Jokers, que facilmente se transformavam em jogos de superioridade e inferioridade
numérica, diferentes tipos de balizas e de zonas de finalização. Nestes momentos era
possível trabalhar o Modelo de Jogo, com a compreensão dos princípios de jogo do
ataque e da defesa, desenvolvimento de ações técnico-táticas ofensivas e defensivas,
individuais e coletivas, entre outras. Nos exercícios da forma Complementar Integrada,
foram realizados exercícios de superioridade numérica, como por exemplo de 6*3 e
4*2, onde os objetivos poderiam variar desde o desenvolvimento da receção orientada,
do passe, o aumento da capacidade de visão periférica, desmarcação de apoio com a
procura do 2*1, marcação e contenção ao portador da bola, recuperação rápida da posse
de bola; desenvolvimento da capacidade e velocidade de análise/perceção/antecipação,
desenvolvimento de ações técnico-táticas ofensivas e defensivas, individuais e coletivas,
entre outras.
67
defensivo. Sempre com o objetivo de trabalhar a Organização Ofensiva Coletiva,
Setorial e Inter-Setorial (Defesas+Médios/Médios+Avançados), Transição
Defesa/Ataque, Organização Defensiva Coletiva, Setorial e Inter-Setorial
(Defesas+Médios/Médios+Avançados), Transição Ataque/Defesa, os exercícios
realizados da Fase III foram alternando ao longo da época, com predominância no
entanto para alguns exercícios que se foram repetindo. Os exercícios foram sempre
alternando entre igualdades, superioridades e inferioridades numéricas e utilização de
Jokers, como são exemplos exercícios de GR+4*4+GR, 5*6+2GR, GR+5*6+GR,
GR+3*3+GR+2J, diferentes tipos de balizas, diferentes ações de finalização, divisão do
campo em setores ou corredores, entre outras.
O último conteúdo da Parte Fundamental das unidades de treino, o Jogo Formal, foi
sempre realizado na forma de GR+6*6+GR, enquadrado portanto nos exercícios de
Fase III.
12000 11970
7459
MINUTOS
6000
0
Contexto de Treino Contexto Competitivo
CARÁTER DO CONTEXTO
6000
1560 2040 1430 1729
450 700
0
UT Futsal Jogo Oficial Jogo Particular Torneio Torneio Benfica
Nacional Internacional League
68
Gráfico 15 – Caraterização individual dos jogadores por jogos efetuados envolvendo jogos de
campeonato e torneios.
100 92 86 98 98 91
84 85 84 83
75
Nº DE JOGOS EFETUADOS
80 72
60 65
58
POR JOGADOR
60
40 29
22
20
JOGADOR
Gráfico 16 – Caraterização individual dos jogadores por minutos efetuados em Contexto de Treino
e em Contexto de Competição.
12000 11250 11490 11280 11130 11370 11680 11490 11970 11490 11970 11250 10890
10170
10000
7890
8000
5850
6000 4320
3331 3648 3521 3612 3805 3593
4000 2742 3035 2686 2903 3055
2120 2408 2288
1482
2000 890
0
Aury R.
Diogo C.
Francisco M.
Martim F.
Hugo I.
Miguel V.
César F.
Diego T.
Gonçalo A.
Henrique C.
Olívio L.
Gonçalo O.
Leandro M.
Martim R.
Tomás M.
Xavier C.
Contexto Treino Contexto Competição
No Gráfico 14, é possível realizar uma melhor análise, com o intuito de perceber os
diversos contextos que os jogadores foram expostos durante toda a época. É possível
constatar que as competições oficiais, além da baixa adversidade imposta, representam
um valor muito baixo em todo o volume de prática dos jogadores. É possível também
perceber a preocupação do clube em acrescentar momentos competitivos e de um
grande valor em termos de volume, através da participação em Jogos Particulares,
Torneios Nacionais e Internacionais, acrescentando ainda o Torneio de Clube “Benfica
69
League” e Atividades de Futsal. Fica claro que sem estes momentos, o volume de
prática seria muito pouco assinalável.
O Gráfico 16, onde é realizada uma caraterização individual dos jogadores por minutos
efetuados em Contexto de Treino e em Contexto de Competição, surge no seguimento
dos gráficos anteriores, permitindo uma análise mais centrada nos jogadores. As
análises a serem efetuadas remetem um pouco para o já referido, onde é ainda mais
clara a importância do Contexto de Treino, onde os jogadores têm a maioria das suas
vivências na modalidade. É de realçar a homogeneidade conseguida entre todos os
valores, com exceção feita nos já referidos casos do Aury Russo e César Ferreira por
motivos de lesão, o Henrique Cruz por abandono do clube e o Xavier Cavaco por
entrada mais tardia no clube.
70
4 – Projeto de Inovação no Futebol
4.1 – Introdução
Acrescento ainda que devido ao facto de estar inserido numa população tão jovem,
acresce a importância desta temática, uma vez que os jovens se encontram em processo
formativo como jogadores de futebol mas também como seres humanos, que se querem
de valores íntegros e respeitadores, para se poderem relacionar e integrar na sociedade
que vivemos.
Este projeto, que tem como base a realização de um teste sociométrico para a perceção
das relações interpessoais/dinâmica de grupo da equipa, tem como objetivos a avaliação
de existência de elementos isolados no grupo, avaliação de existência de pequenos
grupos dentro do próprio grupo e identificação de líderes.
Como referem Rosado & Mesquita (2011) no panorama desportivo, essencialmente nos
mais jovens, são vividos períodos que tem repercussões nos períodos do seu
desenvolvimento pessoal e social, onde se adquirem competências que os
acompanharão e os definirão como seres humanos. Os mesmos autores acrescentam
ainda que os clubes e técnicos, entidades e agentes formadores impactantes na vida dos
mais jovens, devem prestar atenção a este processo de desenvolvimento, intervindo
sobre ele, estimulando, retardando ou inibindo o mesmo, uma vez que o desporto
persegue objetivos centrados no pessoal, social e moral, incidindo-se no
71
desenvolvimento de competências, atitudes e comportamentos de interação social.
Citando (Danish, Petitpsas, & Hale, 1990; 1993) os mesmos autores destacam o menor
foco atribuído às questões relacionadas com a formação pessoal e social dos jovens,
centrando-se a formação e o treino sobretudo nos aspetos biológicos e de rendimento.
Rosado & Mesquita (2011) referem que a prática desportiva deverá potenciar a
capacidade das relações interpessoais e intergrupais. Nesta linha de pensamento, Cruz &
Antunes (1996) referem que o desporto “implica necessariamente interações sociais ou
processos de grupo, os quais, em desportos de competição, têm essencialmente um
caráter intergrupal (dado o seu objetivo central de vitória), apesar de também existir um
caráter interpessoal” (p. 426).
Segundo Cruz & Antunes (1996) “depois da família, uma equipa desportiva poderá ser
o grupo mais influente a que determinados indivíduos pertencem” (p. 425). Lewin
(1965) refere que um grupo é mais eficiente quando a competência dos membros está
aliada com as relações interpessoais vivenciadas no seio do mesmo. Costa (2001)
complementa quando refere que as relações interpessoais são um fator essencial para
um funcionamento real no grupo. Cotterel (1996) refere que o grupo proporciona
experiências positivas, através da aceitação e reconhecimento do indivíduo, como
alguém que contribui para as finalidades de existência do próprio grupo. No entanto, e
como alerta Sherif (1966) as relações vividas no grupo podem levar a uma
sobrevalorização do grupo e à desvalorização dos elementos que não fazem parte deste.
Segundo Forsyth (2009) as pessoas, geralmente, associam-se aos seus semelhantes. Já
Chaix-ruy (1964) refere que a escolha dos membros do grupo varia também de acordo
com a atividade a realizar uma vez que os indivíduos com quem se gosta de realizar
determinada tarefa poderão não ser os mesmos com que preferiria executar outra tarefa.
No entanto, Rubio (2003) alerta para o facto de que todos os elementos integrantes de
um grupo estão implicados no processo de manutenção do mesmo, no que diz respeito
tanto às próprias tarefas, como às atitudes no sentido de fortalecer cada vez mais a
coesão e a relação da equipa de forma a obter os melhores resultados.
72
Assim, e segundo Cruz & Antunes (1996) os dados proporcionados por este tipo de
análises, podem “fornecer informações de máxima utilidade prática para os treinadores,
de modo a que estes possam resolver e prevenir problemas interpessoais no seio da
equipa” (p. 437). Na mesma linha de pensamento, Kirschner (1992) refere que a
perceção da forma como os grupos operam através das relações que se estabelecem
entre seus componentes representa uma importante contribuição para uma adequada
intervenção.
Este projeto foi constituído pela realização de duas avaliações distintas, a Avaliação
Inicial e Avaliação Final.
4.4 – Metodologia
4.4.1 – Público-Alvo
73
Avaliação Inicial foi pensada de modo a contabilizar as primeiras relações vividas entre
os jogadores no início da época desportiva e a data da Avaliação Final definida com o
intuito de absorver o máximo de contextos, em especial os de competição vivenciados
em torneios internacionais.
Foi definido inicialmente o local onde seriam realizadas as avaliações, a Sala Luís
Damião, bem como a forma de proceder à recolha de dados.
Após a avaliação inicial, e retiradas conclusões, foi elaborada uma Ficha Diagnóstico
Individual (Anexo VII) onde foram definidas estratégias a adotar tendo em vista os
objetivos propostos durante a época desportiva. Para o controlo desses mesmos
objetivos, forma elaboradas outras fichas, de forma a controlar os diferentes contextos
onde os jogadores se encontravam inseridos, sendo denominadas de Ficha de Treino
(Anexo VIII), Ficha de Jogo (Anexo IX) e Ficha de Torneio (Anexo X).
4.4.3 – Procedimentos
74
A informação foi analisada e verificada individualmente por mim e pelo elemento do
Departamento de Psicologia do Clube, que no final das contabilizações comparávamos
os dados obtidos de forma a manter a fiabilidade necessária para a elaboração deste
projeto.
Foi realizada uma base de dados (Anexo VI), onde seriam depois colocadas todas as
respostas, em formato digital, para futuras análises.
No local definido, a sala Luís Damião, e nas datas previstas, 20 de Outubro de 2015 e 2
de Junho de 2016, os dados necessários para realização da base de dados do projeto de
inovação foram obtidos.
Relativamente aos dados para o controlo dos objetivos propostos, foram retirados em
todas as Unidades de Treino após a data de 20 de Outubro de 2015, Jogos de
Campeonato e Torneios Internacionais que foram realizados até à data de 01 de Junho
de 2016.
75
Em relação à fiabilidade destas ferramentas, é necessário referir que cada um dos dois
elementos presentes, treinador estagiário e elemento do Departamento de Psicologia do
Clube/Treinador-Adjunto, responsáveis pela avaliação e controlo dos dados, nos
diferentes contextos, recolheram os dados necessários e no final destas mesmas recolhas
eram comparados os resultados obtidos nas duas Fichas.
1ª Pergunta
Através do gráfico 17 é possível constatar que o elemento mais vezes escolhido foi o
Jogador G com seis (6) escolhas (21,43%), seguido do Jogador L com cinco (5)
(17,86%) e do Jogador C com quatro (4) (14,29%). No entanto, é possível perceber
também que os Jogadores E, M e N não contabilizaram nenhuma (0) escolha e os
Jogadores A, B, F e H foram apenas escolhidos uma (1) vez (3.57%). No gráfico 18 é
possível perceber que o elemento mais vezes escolhido foi o Jogador G com quatro (4)
escolhas (14,29%), seguido dos Jogadores J e L com três (3) (10,71%). No entanto, é
possível perceber também que os Jogador A não contabilizou nenhuma (0) escolha e os
Jogadores D e H foram apenas escolhidos uma (1) vez (3,57%).
76
No gráfico 19 é possível apurar que o Jogador G foi escolhido sempre primeiro no total
das seis (6) escolhas obtidas. O Jogador L, apesar das cinco (5) escolhas, foi sempre
escolhido em segundo lugar. Já o Jogador C, escolhido três (3) vezes, só por uma vez
foi escolhido em primeiro lugar. Relativamente aos Jogadores escolhidos apenas uma
vez, A e B, foram escolhidos em primeiro lugar.
No gráfico 20 é possível apurar que o Jogador G foi escolhido três vezes em primeiro
lugar no total das quatro (4) escolhas obtidas e os Jogadores L e J, no total das três (3)
escolhas, foram escolhidos em primeiro lugar duas vezes. Relativamente aos Jogadores
escolhidos apenas uma vez, E, M e N, foram escolhidos em segundo lugar, ao contrário
do Jogador B que foi escolhido em primeiro. Outro dado que este gráfico permite
retirar, é a existência de dois grupos dentro do próprio grupo, um deles formado pelos
Jogadores C, G e N e outro pelos Jogadores J, K e E.
2ª Pergunta
No gráfico 21 é possível reconhecer que o elemento mais vezes escolhido foi o Jogador
G com sete (7) escolhas (25%), seguido do Jogador J com seis (6) (21,43%) e do
jogador L com cinco (5) (17,86%). No entanto, é possível perceber também que os
Jogadores B, E, M e N não contabilizaram nenhuma (0) escolha. Já o gráfico 22 indica o
Jogador J como mais escolhido, com cinco (5) escolhas (17,86%), seguido do Jogador
G quatro (4) (14,29%). Como elementos menos votados surgem os Jogadores A e D,
com zero (0) escolhas, seguido dos Jogadores B, E, M e N, ambos com uma (1) escolha
(3,57%).
77
Gráfico 23 – 1ª Avaliação Gráfico 24 – 2ª Avaliação
Através do gráfico 25 é possível constatar que o elemento mais vezes escolhido foi o
Jogador G com treze (13) escolhas (23.21%), seguido do Jogador L com dez (10)
(17.86%) e do Jogador J com nove (9) (16.07%). No entanto, é possível perceber
78
também que os Jogadores E, M e N não contabilizaram nenhuma (0) escolha e que o
Jogador B foi escolhido apenas uma (1) vez (1.78%).
No gráfico 26, e através da sua análise, os Jogadores G e J são definidos como os mais
escolhidos, com oito (8) escolhas (14,29%). Do lado inverso, o Jogador A não obteve
escolhas e o Jogador D apenas foi escolhido uma (1) vez (1.78%).
No gráfico 28 é possível apurar que o Jogador G foi escolhido seis vezes em primeiro
lugar no total das sete (7) escolhas obtidas bem como o Jogador J. Relativamente ao
Jogador escolhido apenas uma (1) vez, D, é de salientar que foi escolhido em primeiro
lugar.
3ª Pergunta
79
O gráfico 29 demonstra que o elemento mais vezes escolhido foi o Jogador G com nove
(9) escolhas (32,14%), seguido do Jogador J com oito (8) (28,57%). Os Jogadores A, D,
E, H e L não contabilizaram nenhuma (0) escolha, e os Jogadores F, I, M e N, apenas
foram escolhidos uma (1) vez (3,57%). O gráfico 30 indica o Jogador J como o mais
escolhido, contabilizando nove (9) escolhas (32,14%), à frente do Jogador G com seis
(6) (21,43%). Em contrapartida, os Jogadores A, D, I, K e L, surgem com zero (0)
escolhas e os Jogadores B, E, H e M com uma (1) (3,57%).
O gráfico 31 indica que o Jogador G foi escolhido oito vezes em primeiro lugar e uma
vez em segundo no total das nove (9) escolhas obtidas. O Jogador J, nas oito (8)
escolhas, foi escolhido em primeiro lugar cinco vezes e em segundo lugar três vezes.
Relativamente aos Jogadores escolhidos apenas uma (1) vez, F, M e N, foram sempre
escolhidos em segundo lugar. A e B. No gráfico 32 os dados apresentados mostram que
o Jogador J, nas nove (9) escolhas que foi alvo, oito (8) delas foram feitas em primeiro
lugar e apenas uma (1) em segundo. O Jogador G foi seis (6) vezes escolhido, quatro na
condição de primeira escolha e duas na condição de segunda. Relativamente aos
Jogadores B, E, H e M além de serem escolhidos apenas uma (1) vez, foram sempre
escolhidos em segundo lugar.
80
4ª Pergunta
Segundo os dados do Gráfico 35, o Jogador G foi escolhido sempre primeiro no total
das sete (7) escolhas obtidas. O Jogador J, nas sete (7) que obteve, foi escolhido em
primeiro lugar três vezes e o Jogador L, apesar das sete (7) escolhas, apenas por uma
vez foi escolhido em primeiro lugar. Relativamente aos Jogadores escolhidos apenas
uma vez, A e I, foram escolhidos em primeiro lugar. O Jogador D foi apenas escolhido
em segundo lugar. No gráfico 36 os dados apresentados indicam que o Jogador J, nas
81
nove (9) escolhas que foi alvo, seis (6) foram feitas em primeiro lugar e três (3) em
segundo. O Jogador G foi seis (6) vezes escolhido, três (3) na condição de primeira
escolha e três (3) na condição de segunda. Relativamente ao Jogador E, escolhido
apenas uma (1) vez, foi escolhido em segundo lugar.
Através do gráfico 37 é possível constatar que o elemento mais vezes escolhido foi o
Jogador G com dezasseis (16) escolhas (28,57%), seguido do Jogador J com quinze (15)
(28,78%). No entanto, é possível perceber também que os Jogadores E e H não
contabilizaram nenhuma escolha e que os Jogadores A, D, F, M e N foram apenas
escolhidos uma (1) vez (1,79%). No gráfico 38, e após a sua análise, o Jogador J é o
elemento mais escolhido, com 18 escolhas (32,14%), seguido do Jogador G, escolhido
12 vezes (21,43%). É possível perceber também que os Jogadores A e D não foram
escolhidos por nenhum dos restantes elementos e que os Jogadores B, H e M foram
escolhidos apenas uma (1) vez (1,79%).
82
Segundo os dados do Gráfico 39, o Jogador G foi escolhido primeiro vinte e oito vezes
no total das vinte e nova (29) escolhas obtidas. O Jogador J, nas vinte e quatro (24)
escolhas que registou, foi escolhido em primeiro lugar catorze vezes e o Jogador L,
apesar das dezassete (17) escolhas, apenas por uma vez foi escolhido em primeiro lugar.
Relativamente aos Jogadores escolhidos apenas uma (1) vez, M e N, foram escolhidos
em segundo lugar. O gráfico 40 demonstra que nas dezoito (18) escolhas que o Jogador
J foi alvo, catorze foram como primeira escolha e quatro como segunda. Em relação ao
Jogador G, é possível perceber que no total nas doze (12) escolhas, sete das escolhas
foram obtidas em primeiro lugar e as restantes cinco em segundo. Relativamente aos
Jogadores com apenas um (1) voto, B, M e H, foram sempre selecionados em segundo
lugar.
Após a análise e constatação de dados relativos às questões “Da Equipa atual, escolha
os seus 2 melhores amigos, por ordem de preferência”, pergunta nº1, e “Da Equipa
atual, escolha o nome dos dois jogadores com quem mais gosta de jogar, por ordem de
preferência”, pergunta nº2, os Jogadores E, M e N foram identificados como elementos
ignorados pelo grupo, e como tal, identificados como jogadores a trabalhar durante a
época desportiva, criando contextos onde fossem favorecidos de forma a serem
elementos integrantes e aceites dentro do grupo. A estes três elementos juntou-se o
Jogador F, uma vez que a equipa técnica e o Departamento de Psicologia, em
concordância e de forma independente aos resultados obtidos na Avaliação Inicial,
defiram também como prioridade um trabalho de cariz mais individual, de forma a
tornarem-no um elemento mais aceite na equipa.
O Jogador E na Avaliação Inicial não registou escolhas nas duas questões aplicadas mas
após a Avaliação Final foi escolhido pelos seus colegas três (3) vezes (5.36%), sendo
83
que duas (2) (3,57%) correspondem à 1ª pergunta e uma (1) (1,79%) corresponde à 2ª.
Estes dados correspondem de igual forma aos Jogadores M e N.
O Jogador F, na Avaliação Inicial obteve duas (2) escolhas (3,57%), uma (1) escolha na
pergunta nº1 (1,79%) e uma (1) escolha na pergunta nº2 (1,79%), conseguiu obter
quatro (4) escolhas (7,14%) na Avaliação Final.
4.6.2.2 – Liderança
84
Relativamente aos Jogadores E, F, M e N, importa referir que após o trabalho
desenvolvido durante a época desportiva, fez também com que lhes fossem
reconhecidos alguns traços de liderança pelos restantes companheiros de equipa, uma
vez que conseguiram ser mais vezes escolhidos na Avaliação Final do que tinham sido
na Avaliação Inicial, com exceção feita ao Jogador M que manteve o número de
escolhas entre as Avaliações realizadas.
O Jogador E, que na Avaliação Inicial não foi escolhido nenhuma vez, conseguiu obter
duas (2) escolhas (7,14%) na Avaliação Final, apesar de o ser sempre como segunda
escolha, em cada uma delas nas diferentes questões aplicadas.
O Jogador F, na Avaliação Inicial, obteve uma (1) escolha na pergunta nº3 (3,57%),
conseguindo no entanto ser escolhido três (3) vezes (10,71%) na Avaliação Final.
Relativamente à pergunta nº4, onde na Avaliação Inicial não foi escolhido nenhuma (0)
vez, na Avaliação Final foi escolhido uma (1) vez (3,57%).
4.7 – Conclusões
85
elementos identificados conseguiram que lhes fossem reconhecidas caraterísticas de
liderança pelos restantes elementos do grupo. Em relação a estes dados, é possível
depreender que as estratégias implementadas foram corretas. No entanto, e em relação a
este aspeto, os dados recolhidos surgem também como uma consequência do trabalho
realizado tendo em vista a integração social, uma vez que permitiu aos jogadores
identificados serem vistos de formas diferentes pelo grupo, permitindo que lhes fossem
reconhecidas caraterísticas que na Avaliação Inicial não tinham sido detetadas.
Sendo assim, e perante tais evidências, fico certo de que a ideia que me moveu a realizar
este estudo de investigação estava correta, e após a conclusão do mesmo com a certeza
da importância deste fator. É então natural que se possa concluir que a implementação
de estudos deste tipo trás benefícios às crianças e jovens, ajudando à sua potenciação e
desenvolvimento como cidadãos e jovens praticantes da modalidade de futebol,
devendo trazer ainda mais benefícios quando aplicados de forma sistemática ao longo
da sua formação.
86
5 - Relação com a comunidade
87
5.2 - Planeamento
88
Rodrigo Magalhães foi convidado devido ao facto de ser Coordenador-Técnico da Área
de Iniciação do Sport Lisboa e Benfica e lhe ser reconhecido um vasto conhecimento
nas questões que eram pretendidas de ser abordadas neste seminário. Sendo tutor de
estágio de um elemento do grupo e existindo facilidade de contacto pareceu ao Grupo
de Estágio essencial a presença do mesmo.
Gilberto Freitas foi convidado por ser treinador no escalão de sub-15 do Vitória Sport
Clube. Representando um dos clubes mais importantes do futebol nacional na formação
de atletas, pertencendo à equipa técnica e sendo tutor de um dos elementos do grupo foi
prontamente convidado.
Hugo Leal, coordenador do futebol de formação do Estoril Praia Futebol Clube, foi
convidado devido ao facto de trabalhar num clube importante da Associação de Futebol
de Lisboa e poder partilhar as suas vivências como atleta de futebol. A sua visão, devido
ao facto de ter sido atleta de alta competição, pareceu-nos bastante interessante podendo
de uma outra perspetiva de abordar estes temas.
89
5.3 - Promoção do evento
Para a divulgação foi criado um cartaz que foi enviado por correio eletrónico, através
dos contatos do grupo de estágio e das redes sociais, nomeadamente pelo “Facebook”,
sendo ainda divulgado através de contatos pessoais realizados pela organização. Este
cartaz foi também exposto na Faculdade de Motricidade Humana, através da
colaboração com a sua Associação de Estudantes. Posteriormente, foi também entregue
um certificado de participação aos indivíduos que atenderam aos dois dias da ação de
formação.
5.4 - Público-alvo
Como já foi referido, esta ação de formação foi criada com o intuito de chamar tanto
treinadores de futebol creditados como estudantes da área. Tendo como objetivo chamar
o maior número de público possível, até para o debate ser muito mais proveitoso,
qualquer adepto da modalidade que tivesse disponibilidade e interesse podia presenciar
a ação de formação. Mas ainda assim, até pelas temáticas abordadas, o público-alvo que
se pretendia atingir seriam treinadores de futebol, possivelmente jovens treinadores de
futebol, que trabalhassem com crianças, independentemente do nível competitivo, no
seu percurso formativo. Sendo assim, até pela nossa afiliação à Faculdade de
Motricidade Humana, um dos públicos mais indicados para presenciar a ação de
formação seriam os estudantes da Faculdade, tanto os da Licenciatura como os do
Mestrado, nomeadamente os afetos à modalidade do Futebol.
Com o imbróglio que se criou com o facto de a ação deixar de ser creditada, o grupo
calculou que apesar de ser um evento direcionado para os treinadores em geral, muitos
poderiam não aparecer movidos pela não creditação do evento. Após sabermos que não
seria creditado, mais certezas tivemos que o principal tipo de público-alvo seriam os
estudantes, e demais interessados nas temáticas abordadas.
90
5.5 - Síntese dos conteúdos
Cada orador representou um clube, uma instituição da qual fazem parte e que se regem
por visões e missões distintas, ou seja cada clube tem a sua cultura e a sua ideologia e,
por conseguinte, o seu método de trabalhar e de ensinar. Para além disto, mas na mesma
sequência de ideias, deve-se perceber que as realidades ao nível de recrutamento de
jovens talentos são, inevitavelmente, diferentes.
91
processo de desenvolvimento desportivo, a intervenção pedagógica no treino e na
competição e a questão da importância dos pais na prática desportiva das crianças e nos
jovens.
Com isto, os oradores prepararam a apresentação a seu gosto, sendo que o principal
objetivo seria evidenciar a forma como cada clube que representam trabalha.
92
assente no futebol de 7 e de 11 na instituição referida. Inicialmente introduziram-se
alguns conceitos importantes para se perceberem processos que acontecem nas fases
sensíveis e em faixas etárias mais baixas e, posteriormente, falou-se acerca do feedback
e da correção que se dá aos jovens para melhorar os seus gestos técnicos. O que ensinar
e como ensinar é bem definido pelo Vitória Sport Clube e há um pressuposto científico
a alicerçar todo esse conhecimento. O que fazer aos 6 anos, aos 9, quais os aspetos
metodológicos do processo de ensino-aprendizagem da técnica desportiva, quais as
capacidades coordenativas a ensinar, os gestos técnicos e os exercícios têm padrões pré-
definidos. Após o conteúdo da técnica individual passou-se para o assunto do modelo de
jogo implementado pelo Vitória Sport Clube nos escalões de futebol de 7 e de futebol
de 11. Ainda que seja um tema algo controverso, porque muitos autores defendem que o
jogo de futebol nas idades mais jovens deve ser algo anárquico, as ideias no Vitória
Sport Clube são de que, desde novos, os jovens necessitam de entrar num processo de
critério que lhes permita ganhar ferramentas para atingir o mais alto nível, ainda que,
reforcem, o essencial é o trabalho técnico. Nesta ordem de ideias o modelo de jogo está
estruturado em princípios ofensivos, defensivos, organização ofensiva, defensiva e
transição ofensiva e defensiva. Para concretizar foi apresentado o morfociclo padrão dos
iniciados “A”, do Vitória Sport Clube. O morfociclo divide-se nos diversos dias da
semana, com as preocupações que se devem ter em conta nos respetivos dias. Como
exemplo, se a competição acontecer ao domingo, segunda-feira é um dia de
recuperação, mais focado para a técnica individual e com pouca carga dada aos
jogadores, terça-feira é o dia de folga, à quarta-feira, mais exigência física aos
jogadores, com trabalho mais em espaços reduzidos, à quinta-feira utilizam-se espaços
maiores, procurando não dar muito fadiga aos jogadores, procurando que entrem num
registo aeróbio e à sexta-feira um treino mais calmo, com espaços menores mas bastante
descontínuo, abordando mais a estratégia para o jogo do fim-de-semana.
O evento, neste seu último dia, seguiu um rumo que raramente é tão falado e tão pouco
questionado no mundo do futebol. Esse tema é referente à importância de se ter bons
treinadores a trabalhar com jovens. Afinal de contas, qual o papel que o treinador tem
com os seus jovens? É importante avaliar o desempenho do treinador? Estas questões
93
foram focadas e respondidas pelo representante do Sporting Clube de Portugal, Paulo
Leitão. Ao longo da sua apresentação ficou evidente a sua grande preocupação para com
a avaliação do treinador. Foi transmitida a ideia de que um treinador não pode ser só
avaliado pelos seus resultados, mas sim pela sua pedagogia e pela forma como aborda
cada questão, como o feedback que dá em cada situação no treino e competição, a forma
como lida com os seus jovens jogadores e como prepara o treino e os seus exercícios.
Uma técnica implementada no clube é a filmagem da postura dos treinadores durante os
treinos, sendo que estes têm um microfone anexado, o que permite, posteriormente,
analisar os seus desempenhos nos mais diversos parâmetros e critérios definidos
previamente. Por muito bom que seja o plantel na sua dinâmica tática e na sua qualidade
técnica, nunca será uma equipa de sucesso se o treinador não for competente. Portanto,
o treinador tem um fator decisivo para aquilo que pode ser a formação do jovem tanto
como jogador, como ser humano. É fundamental que o treinador domine e tenha um
conhecimento profundo do jogo e que seja um elemento bastante ativo e competente,
pois afinal de contas é alguém responsável pelo processo de desenvolvimento dos
jovens e a sua pedagogia tem de ser adequada às idades, assim como a sua forma de
estar e de comunicar.
Por último, o representante do Estoril Praia, Hugo Leal, optou por uma curta exposição
em que falou acerca das diferenças entre aquilo que era a formação na altura em que era
jovem atleta e os dias que correm e também a sua experiência e preocupações enquanto
coordenador da formação do Estoril Praia. Desta forma revelou que na altura em que era
jovem, os responsáveis pelos clubes não tinham tantas preocupações nem tanto interesse
em saber como formar jogadores, como potenciar um jovem a singrar no mundo
futebol, assim como paralelamente não havia tantas condições como hoje em dia. O
conhecimento que existe, não existia na altura, pelo que o jogador tinha que evoluir
muito à custa da sua qualidade e que se tivesse talento chegava ao maior patamar do
futebol português, ao contrário do que acontece agora, pois há múltiplos fatores que
influenciam o rendimento do jogador e que são tidos em conta.
94
Quanto à formação do Estoril Praia foi também interessante perceber a realidade de um
clube que não vive com tanta estabilidade financeira, nem desportiva que os clubes
representados anteriormente no evento. No Estoril Praia a convicção é de que a
formação é um lugar de diversão para os jovens. Não há o mais pequeno interesse nos
resultados desportivos, apenas o interesse pelo desenvolvimento do jovem enquanto
pessoa. O facto de o resultado não ser o fator essencial, advém também do Estoril ser
um alvo de recrutamento, ou seja, um jogador que tenha muito potencial, dificilmente
consegue resistir às investidas dos clubes com maior poderio financeiro. No início de
cada época é feita uma reunião com todos os encarregados de educação dos jovens, dos
mais diversos escalões de formação do Estoril e é dito nessa reunião a todos quais
realmente são as metas a atingir durante o ano. Para além disso, é referido a importância
que os encarregados de educação têm para o crescimento dos seus jovens tanto como
jogadores, como pessoas, uma vez que é tradicional observarem-se pais que vêm nos
seus filhos, os seus sonhos e não os deixam viver os deles, uma vez que querem a todo o
custo que os seus jovens sejam futebolistas do mais alto nível. No Estoril há essa
capacidade para se alertar os encarregados de educação e até se criam torneios em que
estes jogam e simula-se um ambiente de pressão parecido àquele que tão
frequentemente se pode constatar por esses jogos de formação fora. Desta forma, os pais
colocam-se no lugar dos seus filhos e percebem os efeitos nocivos que podem trazer ao
processo de desenvolvimento deles.
De uma forma sintética o evento teve sucesso. Ao longo do seu decurso, desde a ideia
inicial até à sua conclusão foram muitas as dificuldades, os improvisos e as falhas que
resultaram em dúvidas, se seria o caminho certo a percorrer ou não. Inicialmente, a ideia
estava prevista para que fosse outro assunto a ser tratado, contudo após algumas
reflexões e com a ajuda do orientador de estágio, professor Silveira Ramos, chegou-se a
um consenso e traçou-se o rumo certo a seguir, pois estava em discussão a formação de
jovens em Portugal, área essa em que todos os elementos do grupo estão a estagiar. A
ideia começou por ser o “embrião” do evento.
95
associação de Lisboa era o objetivo principal. Conseguiu-se convencer a que assim
fosse, mas com a condição de se adiar as datas do evento, uma vez que estava previsto
ser realizado em finais do mês de Março, pelo que se adiou para finais de mês de Abril.
Quanto aos conteúdos definiu-se claramente o que se pretendia abordar durante os dois
dias.
Com tudo bem definido, faltaria apenas encontrar as pessoas certas para fazerem as suas
apresentações. Conseguiu-se chamar à atenção de quatro grandes instituições clubísticas
do foro nacional e fazer com que as quatro estivessem disponíveis a participar neste
evento, estando uma das quais localizada a mais de 350 quilómetros de distância do
local onde seria realizada a ação de formação e isso merece ser evidenciado.
Após o plano estar completamente definido começou-se com a divulgação, mas por um
conjunto de falhas de comunicação o evento não pôde ser creditado, infelizmente. Ora
essa perda acabou certamente por ter as suas consequências, pois esse fator seria
fundamental para atrair mais pessoas.
Numa ideia geral e com os resultados obtidos no inquérito, que se formulou para
perceber o agrado do público para com o evento, é possível constatar que este foi muito
interessante e que teve sucesso. Um dado que não pôde ser avaliado, mas que ajuda
também há reflexão, é o facto de se ter conseguido, nos dois dias, ter criado um debate
muito longo entre plateia e oradores. Essa troca de ideias e de opiniões revela também
que o público teve interesse tanto em expor dúvidas e questões como partilhar
comentários. E essa partilha é o que leva a crer que a ação de formação correu de forma
excelente e com sucesso, pois era o grande objetivo.
Assim, seguidamente iremos fazer uma breve avaliação do evento, tendo como base o
questionário entregue a cada um dos 44 participantes na ação de formação, para termos
dados mais precisos.
96
5.6.2 - Avaliação evento
Como forma de avaliar a ação de formação realizada, o grupo criou um questionário que
foi entregue e preenchido pelos participantes. As primeiras alíneas do questionário
procuravam identificar os praticantes pela sua idade, função no futebol e se eram
estudantes, com o objetivo de caraterizar o público que atendeu ao evento. De seguida,
o questionário pedia aos espetadores que avaliassem numa escala de 1 (Muito Fraco) a 5
(Muito Bom) as seguintes componentes da ação: pertinência do tema; preletores
convidados; conteúdos das preleções; divulgação da ação e satisfação geral.
Por último foram efetuadas duas perguntas que se relacionariam diretamente com a
apreciação global do evento e com a relação com a comunidade. As perguntas eram:
”Voltaria a participar nesta ação?” e “Recomendaria esta ação a outras pessoas?” As
respostas possíveis seriam de caráter de Sim ou Não. Também foi deixado um espaço
no qual os indivíduos podiam deixar as suas sugestões e observações sobre a ação.
30
25
20
NÚMERO
15
10
5
0
< 20 20-39 40-59 >60
IDADE
25%
75%
30
25
20
15
10
5
0
Treinador Jogador Coordenador Analista de Outros
Técnico jogo
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Pertinência do tema Preletores Conteúdo das Divulgação da ação Satisfação Geral
convidados preleções
Pela observação do gráfico é possível verificar que a pertinência do tema foi o aspeto
mais bem cotado pelos inquiridos. A componente que apresentou valores mais baixos
foi a divulgação da ação.
98
Por último, salientar o fato de o total dos inquiridos respondeu que Sim às perguntas: “
Voltaria a participar nesta ação?” e “Recomendaria esta ação a outras pessoas?”,
demonstrando a satisfação unânime com o evento realizado.
Claramente que o principal aspeto que poderia ter contribuído para que o evento tivesse
ainda mais sucesso, algo que foi constatado também pelas respostas ao questionário das
pessoas que participaram no evento, foi a reduzida divulgação do evento. Os problemas,
que foram vários, que o grupo de estágio nº5 passou para a realização deste evento
foram muitos, e certamente atrapalharam e influenciaram a divulgação do mesmo.
Assim, para uma próxima, certamente deveria ser uma área a planear melhor, sobretudo
anteciparmos desde logo hipóteses que não parecia que pudessem acontecer, como foi o
facto de deixarmos de contar com o apoio da A.N.T.F.
99
100
6. Conclusão
101
É possível concluir também a real necessidade pela busca de adversidades em
momentos competitivos, não fazendo dos jogos de campeonato os únicos momentos de
competição. Este ponto é essencial uma vez que só desta forma se consegue fomentar
aos jovens um volume e uma adversidade da prática necessária para um
desenvolvimento que se quer potenciado.
Em relação à Área 2, fica bem explicita a importância que deve ser dada ao controlo das
relações interpessoais/dinâmica de grupo. É visível, através dos resultados obtidos no
projeto de inovação, que o foco nesta vertente do treino potencia as relações entre os
elementos do grupo instigando de igual forma uma dinamização de valores de
solidariedade e de integração em crianças e jovens que se querem integrados na
sociedade em que vivemos. A estes fatores, podemos acrescentar que o rendimento
coletivo e individual é influenciado por este treino.
Como forma de conclusão, é possível afirmar que este ano de estágio no Sport Lisboa e
Benfica potenciou a transcendência e a evolução a nível pessoal e profissional com a
envolvência em contextos de grande exigência e responsabilidade, proporcionando por
exemplo o meu envolvimento como Treinador-Principal da equipa em contextos de
treino e de competição extremamente adversos, tornando ainda mais clara a minha
necessidade e prazer de me envolver em contextos de superação, fazendo do espírito de
sacrifício uma resposta para a evolução que se quer permanente.
102
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Ward, P., Hodge, N., Starkes, J., & Williams, A. (2007). The road to excellence:
110
8. Anexos
111
112
Área 1
31-06 Set
3
Anexo I – Cronograma de Atividades de Estágio
07-13 Set
14-20 Set
21-27 Set
28-04 Out
05-11 Out
12-18 Out
19-25 Out
20
26-01 Nov
31
2015
02-08 Nov
09-15 Nov
16-22 Nov
23-29 Nov
30-06 Dez
07-13 Dez
14-20 Dez
21-27 Dez
28-03 Jan
04-10 Jan
11-17 Jan
18-24 Jan
25-31 Jan
30
01-07 Fev
2
08-14 Fev
13
15-21 Fev
22-28 Fev
29-06 Mar
07-13 Mar
14-20 Mar
21-27 Mar
28-03 Abr
2016
04-10 Abr
11-17 Abr
18-24 Abr
20 e 21
25-01 Mai
02-08 Mai
09-15 Mai
16-22 Mai
23-29 Mai
28
30-05 Jun
2
06-12 Jun
13-19 Jun
20-26 Jun
26
113
Anexo II – Controlo de Conteúdos - Calendário Anual – Benjamins C do Sport Lisboa e Benfica, época 2015/2016
SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
P H - S LB x
1 1 U.T. 11 1 1 U.T. 36 1 1 U.T. 54 1 U.T. 63 1 1 P la yh o u s e 1
C- Ap .Ca mp .
2 2 2 U.T. 24 2 U.T. 5 2 2 U.T. 55 2 2 6 ª J . Re a l 2 2 U.T. 95
3 3 P-SLB x FC Alverca
3 3 U.T. 37 3 3 U.T. 5 3 U.T. 64 3 3 U.T. 83 3
4 4 4 U.T. 5 4 4 U.T. 42 4 U.T. 56 4 4 U.T. 72 4 4
C- 1ª F. 6 ª J . T - VIII
5 P-SLB x CAC 5 U.T. 12 5 U.T. 25 5 5 U.T. 43 5 5 P-SLB x EF Benfica
5 Estádio U.T. 73 5 U.T. 84 5
AMAVITA Fo o t Torneio
6 6 U.T. 13 6 6 6 U.T. 5 6 T- Sintra Cup 20166 6 U.T. 5 6 6
C- 1ª F. 2 ª J . T- XI C- Ap .Ca mp .
7 U.T. 1 7 U.T. 5 7 C.F. 7 7 U.T. 44 7 7 U.T. 65 7 U.T. 74 7 11ª J . S .C. 7
Torneio
C- 1ª F. 7 ª J .
8 U.T. 2 8 U.T. 14 8 8 Da ma ia G.C. 8 8 8 U.T. 66 8 8 8
C- 1ª F. 10 ª J . C- Ap .Ca mp .
9 U.T. 5 9 9 U.T. 26 9 9 F.C. 9 9 U.T. 5 9 7 ª J . C.E.R. 9 U.T. 85 9
P H - S LB x
10 U.T. 3 10 P-SLB x UD Leiria10 U.T. 27 10 U.T. 38 10 EF Be n fic a 10 10 U.T. 67 10 Benfica League 10 U.T. 86 10
T - Raddatz
11 11 11 U.T. 5 11 11 U.T. 45 11 U.T. 57 11 11 U.T. 75 11 11 Immobilien
C- 1ª F. 8 ª J . S F C- Ap .Ca mp . T - Raddatz
12 P-SLB x GD Fabril 12 U.T. 15 12 U.T. 28 12 Da ma ie n s e 12 U.T. 46 12 12 4 ª J . S .C.P . 12 U.T. 76 12 U.T. 87 12 Immobilien
C- Ap .Ca mp . P H - S LB x T - Estoril
13 13 U.T. 16 13 13 P H - S LB x S o n h o XXI 13 U.T. 5 13 1ª J . S .C. 13 S o n h o XXI 13 13 13 Foot 2016
C- 1ª F. 3 ª J . P H - S LB x C- Ap .Ca mp .
14 U.T. 4 14 U.T. 5 14 C.E.R. 14 U.T. 39 14 U.T. 47 14 EF D. J o ã o I 14 14 U.T. 77 14 12 ª J . S .L. 14 T - Estoril Foot 20
114
Anexo III
C Equipa P J V E D GM GS DG
4 C.A.C. 24 12 8 0 4 75 34 +41
7 C.D. Estrela 17 12 5 2 5 44 38 +6
8 A. Amavita F. 16 12 5 1 6 32 74 -42
11 S. C. Palmense 6 12 2 0 10 26 91 -65
115
Jogos Realizados para o Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Lisboa – Juniores E”2”
116
Anexo IV
C Equipa P J V E D GM GS DG
117
Jogos Realizados para o Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Lisboa – Juniores E”1”
– Apuramento de Campeão
118
Anexo V – Ficha Análise das Relações Interpessoais/Dinâmicas de Grupo
Nome: ______________________________________________________________
Equipa: _____________________________________________________________
Data: _______________________________________________________________
A. _________________________
B. _________________________
2. Da Equipa atual, escolha o nome dos dois jogadores com quem mais gosta de
jogar, por ordem de preferência.
A. _________________________
B. _________________________
A. _________________________
B. _________________________
A. _________________________
B. _________________________
119
Anexo VI – Base de Dados análise Relações Interpessoais/Dinâmicas de Grupo
Pergunta/
Pergunta nº1 Pergunta nº2 Pergunta nº3 Pergunta nº4
Nome
Jogador A
Jogador B
Jogador C
Jogador D
Jogador E
Jogador F
Jogador G
Jogador H
Jogador I
Jogador J
Jogador K
Jogador L
Jogador M
Jogador N
120
Anexo VII – Ficha Diagnóstico Individual
Nome: ______________________________________________________________
Equipa: _____________________________________________________________
Data: _______________________________________________________________
Diagnóstico:
Procedimentos:
Descrição:
121
Anexo VIII – Ficha de Treino
Nome: ______________________________________________________________
Data: _______________________________________________________________
Durante os exercícios aplicados no treino fez parte do grupo onde estavam presentes
líderes?
122
Anexo IX – Ficha de Jogo
Nome: ______________________________________________________________
Data: _______________________________________________________________
Jogo: _______________________________________________________________
123
Anexo X – Ficha de Torneio
Nome: ______________________________________________________________
Data: _______________________________________________________________
Torneio: ____________________________________________________________
124
Anexos XI – Questionário da Ação de Formação
Pertinência do Tema 1 2 3 4 5
Preletores Convidados 1 2 3 4 5
Divulgação da Ação 1 2 3 4 5
Satisfação Geral 1 2 3 4 5
Observações/Sugestões:
125
Anexo XII – Cartaz de Divulgação e Certificado da Ação de Formação
126