Criacao Galinha Caipira PDF

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Criação Agroecológica de Galinhas

Caipiras
GRUPO DE EXTENSÃO EM INTERFACE COM PESQUISA ANIMAIS PARA AGROECOLOGIA

CRIAÇÃO
AGROECOLÓGICA DE
GALINHAS CAIPIRAS

VIÇOSA-MG
2018
Elaboração, distribuição e informações:
GRUPO DE EXTENSÃO EM INTERFACE COM PESQUISA ANIMAIS PARA AGROECOLOGIA
Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Veterinária
Avenida Peter Henry Rolfs s/n
CEP: 36570-000, Viçosa - MG
E-mail: [email protected]

Autoria:
Brenda de Araújo Dantas Jorge
France Maria Gontijo Coelho
Paula Thais Prado da Silva
Priscila Alves dos Santos
Paula Dias Bevilacqua

Ilustração:
Bárbara Costa Fernandes

Produção editorial:
Projeto gráfico e diagramação: Brenda de Araújo Dantas Jorge, Paula Thais Prado da Silva e Paula Dias Bevilacqua

Apoio: FAPEMIG, PROEXT-MEC/SESu, PEC/UFV e CNPq.


Apresentação

Olá agricultores e agricultoras!

Nós somos o Grupo Animais para Agroecologia, um grupo de


estudantes, professores e técnicos da Universidade Federal de Viçosa.

Atuamos, desde 2006, em municípios da Zona da Mata de Minas


Gerais, sempre em parceria com agricultoras/es familiares e organizações
sindicais, além do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata
(CTA/ZM).

Nosso trabalho aborda os diferentes aspectos da criação animal e


sempre procuramos um diálogo entre as técnicas e os saberes científicos
com os conhecimentos tradicionais das famílias agricultoras e
comunidades. Também temos a preocupação de pensar sobre a criação
animal levando em conta o bem-estar dos animais, o respeito ao meio

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ambiente, o não uso de agrotóxicos e a integração da criação com as outras
atividades desenvolvidas nas propriedades, procurando estimular uma
maior autonomia da família agricultora

Essa forma de criação animal se baseia em princípios agroecológicos!

Durante esses anos de atuação, conseguimos dialogar e construir de


forma coletiva conhecimentos sobre vários temas importantes para a
criação de galinhas caipiras, bovinos, suínos e peixes, tais como: formas não
convencionais de alimentação e tratamento (homeopatia, fitoterapia,
florais, entre outras); instalações; manejos de ordenha; reprodução e vários
outros.

Nesse material que disponibilizamos a você, vamos conversar sobre


a criação de galinhas caipiras.

Esperamos que as informações possam ser úteis a vocês!!

Com carinho,

Grupo Animais para Agroecologia

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O que é Galinha caipira?

Há algum tempo entendíamos como galinha caipira uma raça de


galinha, geralmente mais mestiçada. Hoje, como todas as raças se
misturaram muito, caipira se tornou o modo de criar as galinhas. Então,
quando vemos galinhas pastejando, que botam ovos da gema amarelinha,
livres de gaiolas estamos vendo galinhas caipiras!

As galinhas estão presentes na maioria das propriedades rurais.


Fornecem alimentos (ovos, carne), são fáceis de manejar, o excedente da
produção é de fácil comercialização e, há quem diga até que enfeitam os
quintais.

Para criá-las devemos ter atenção a três aspectos importantes, que


garantem a saúde e o bem-estar desses animais. Vamos falar então sobre
alimentação, instalações e sanidade.

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ALIMENTAÇÃO
Todos os animais necessitam de uma alimentação diversificada para
fornecer os nutrientes necessários para seu crescimento, bem-estar e
produção. Cada nutriente tem sua função.

A seguir apresentamos alguns alimentos que podem ser utilizados na


criação das galinhas caipiras.

PASTAGEM

Galinha também pasta!

O ato de pastejar é muito importante para as galinhas,


principalmente em ambiente rico em diversidade de espécies vegetais,
insetos e minhocas. Os hábitos de ciscar, bicar, caminhar, explorar o solo, o
banho de terra e de sol são próprios da natureza da galinha. Por isso, esses
hábitos são favorecidos quando os ambientes são ricos em diversidade.

Com a privação ou falta desse ambiente, as galinhas não conseguem


expressar suas características naturais, o que pode acarretar problemas
comportamentais (bicar umas às outras e canibalismo) e adoecimentos
(deficiência de vitaminas, minerais, proteínas, e baixa imunidade).

Esse ambiente, o pasto, pode ser proporcionado através da


implantação de piquetes. Os piquetes devem ser cercados, ter um tamanho
adequado (mínimo 3m2 por ave) e permitir a rotação das galinhas entre
eles, para evitar a degradação da área.

Para forrar o solo do piquete devemos dar preferência às forragens


ditas estoloníferas (exemplos: capim quicuio e amendoim forrageiro), que
têm raízes fortes e emaranhadas e, por isso, cobrem bem o solo, o que deixa
a galinha ciscar sem arrancar torrões. Também é importante observar se as
folhas das forragens são finas e se o porte é baixo, pois essas características
facilitam o acesso ao alimento e à digestão pelas galinhas (folhas finas tem
menor percentual de fibras não-digeríveis pelas aves).

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Com intuito de diversificar a alimentação das galinhas, podemos
inserir nos piquetes outras plantas alimentícias e de uso medicinal, como
as leguminosas, algumas plantas espontâneas (como o caruru, a beldroega,
a trapoeraba) e outras culturas que são descritas mais adiante.

ALIMENTOS NÃO-CONVENCIONAIS

A utilização de alimentos não convencionais na dieta de galinhas


apresenta várias vantagens:

➢ aproveitamento de resíduos das culturas agrícolas


➢ diminuição do custo da produção
➢ menor dependência de insumos externos (rações
convencionais e demais insumos
➢ agregação de valor aos produtos (carne e ovos)

Abaixo seguem alguns exemplos de alimentos que podem ser


utilizados na dieta das galinhas caipiras. Os mesmos foram categorizados
de acordo com suas principais características nutricionais.

1) Alimentos energéticos: são os carboidratos e gorduras responsáveis


pela energia. Sem eles os animais ficam fracos e atividades simples, como
andar e ciscar, não são possíveis.

● Mandioca: a raiz deve ser fornecida ralada e seca para evitar


intoxicações. Esse cuidado é necessário principalmente nas espécies
consideradas “bravas”, pois contêm um fator antinutricional
chamado ácido cianídrico.

● Milho: é o alimento mais usado na alimentação das aves. Para


fornecê-lo basta debulhar ou moer, não sendo necessário nenhum
tratamento adicional, pois não tem fatores antinutricionais. Além dos
carboidratos, o milho contém um pigmento chamado xantofila, que
dá à gema do ovo uma cor mais amarela.

● Abacate: pode-se fornecer o fruto sem nenhum tratamento e as

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folhas torradas ou trituradas misturadas ao fubá. Não é indicado que
ele seja fornecido sozinho e em grandes quantidades, pois pode
prejudicar a digestão dos animais, devido à grande quantidade de
gorduras/óleos.

● Amaranto: é uma forrageira espontânea, comum nas lavouras,


também conhecida como caruru. Os grãos podem ser fornecidos aos
animais.

● Sorgo: pode-se oferecer os grãos inteiros ou moídos. É uma


alternativa ao milho, entretanto deve-se atentar para o fato de que
ele não possui as substâncias (pigmento xantofila) que potencializam
a tonalidade dos ovos.

● Cana-de-açúcar: deve ser fornecida picada ou moída, após secagem.

● Outros: batata-doce, batata-baroa, beterraba, cenoura e inhame


também são fontes de energia e podem ser fornecidas sem
tratamento para os animais.

2) Alimentos proteicos: as proteínas são responsáveis pelo


desenvolvimento dos animais. Regulam a produção e manutenção dos
músculos (carne) e funções como a reprodução, que além da recria,
também é responsável pela produção dos ovos. Por isso, são extremamente
importantes para os animais em crescimento (pintos e frangos) e para as
poedeiras.

As fontes de proteína podem ser de origem vegetal e animal. Para as


galinhas é importante o fornecimento dos dois tipos, pois esses animais são
onívoros, ou seja, se alimentam tanto de plantas como de outros animais.

Os alimentos fontes de proteínas de origem animal consumidos


pelas galinhas são os insetos e minhocas, por isso é importante deixá-las
pastejar em local onde estes estão presentes. Ao ciscar revirando o solo
elas os capturam e se alimentam.

Já as fontes de proteína de origem vegetal são diversas, dentre elas


temos:

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● Feijão Guandu: os grãos podem ser fornecidos crus ou tostados. É o
alimento mais utilizado em substituição à soja.

● Labe-labe: pode fornecer os grãos tostados e moídos e as folhas


verdes. A maior concentração de proteínas está nos grãos.

● Mucuna (preta e cinza): os grãos podem ser fornecidos, mas devem


ficar de molho em água e, depois, serem cozidos ou torrados, para
diminuir a concentração dos fatores antinutricionais que podem
intoxicar as galinhas.

● Margaridão: pode-se fornecer a farinha de folhas. Além do alto teor


de proteínas, contém também xantofila, que é um dos pigmentos
responsáveis pela coloração da gema dos ovos.

● Girassol: as sementes podem ser fornecidas trituradas. A trituração


é recomendada, pois a casca da semente é muito fibrosa/grossa;
triturar junto com outros alimentos também ajuda a diminuir a
concentração de óleo na ração/farelo (muita fibra e óleos dificultam
a digestão das aves!). Além de ser rico em proteínas, o girassol
também dá cheiro agradável à ração/farelo, fazendo com que as aves
gostem mais e aceitem melhor o alimento.

● Amendoim-forrageiro: suas ramas podem ser oferecidas, à parte, no


galinheiro, ou como pastagem.

● Rami: pode-se fornecer as folhas verdes ou em farinha.

● Folhas da bananeira: podem ser oferecidas picadas e em pouca


quantidade, pois é um alimento muito rico em fibras, o que em
excesso prejudica a digestão das aves. Além de serem ricas em
proteínas, as folhas e o pseudocaule são medicinais, funcionando
como vermífugas.

● Ramas/Folhas da mandioca: a parte aérea da mandioca é fonte de


proteína. Pode ser fornecida aos animais, desde que torrada e em
pequenas quantidades, por causa da presença do ácido cianídrico
que em excesso faz mal. Além disso, por conter grande concentração
de fibras, não se deve fornecer em grande quantidade às aves.

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MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes são as vitaminas e os minerais. São assim


chamados, porque estão em menor concentração nos alimentos. Eles são
muito importantes para a saúde dos animais, pois fortalecem o organismo,
ajudando-o a prevenir e combater doenças. São também muito
importantes para a reprodução e o funcionamento em geral do organismo.

As frutas e verduras são os principais alimentos fontes de diversos


minerais e vitaminas. Para inserir esses alimentos na dieta das aves,
podemos fornecer restos de horta ou deixar as galinhas no pomar, para
aproveitar o excesso da produção, evitando perdas e desperdícios.

Além disso, esses alimentos também ajudam a prevenir ou combater


doenças. Por exemplo, podemos fornecer as folhas e caule das bananeiras
e as sementes de abóbora que agem como vermífugos.

● Goiaba: o fruto pode ser oferecido como fonte de vitaminas e


minerais e as folhas ajudam no controle da diarreia (fezes moles).
● Banana: o fruto pode ser oferecido, assim como as folhas e o
pseudocaule da bananeira. Atuam como medicinais, tanto para
prevenir quanto para tratar verminoses.
● Abóbora: essa verdura é rica em pigmentos que dão cor amarelada
aos ovos. Suas sementes também podem ser oferecidas, pois são
vermífugas.
● Chuchu: é rico em sais minerais. O uso de chuchu em uma
alimentação diversificada é forma de substituir a utilização do sal
mineral convencional.
● Mamão: assim como a abóbora, é rico em pigmentos que dão cor
amarelada aos ovos e suas sementes também são vermífugas.
● Couve: assim como outras verduras de cor verde escura, a couve é
rica em pigmentos que potencializam a cor amarelada dos ovos.

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ÁGUA

A água é essencial para todos os animais e deve ser fornecida à


VONTADE! A água de beber dos animas deve ser limpa, sem cheiro e sem
gosto; assim como a água que nós mesmos bebemos. As galinhas podem
beber água em quantidade maior que o dobro da comida consumida!

Caso se ofereça água sem qualidade, a chance dos animais contraírem


doenças é bem maior!

ATENÇÃO COM OS BEBEDOUROS! Devemos mantê-los sempre


limpos e sem lodo, longe dos poleiros para evitar que virem penicos dos
animais.

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INSTALAÇÕES
As galinhas caipiras são criadas soltas ou no pasto, mas ter um
galinheiro para que elas possam dormir e botar é vantajoso. Em alguns
locais, ataques de outros animais e roubos são comuns e o galinheiro pode
proteger esses animais. Além disso, no alojamento, podem-se concentrar
os ninhos, facilitando a coleta dos ovos.

Para que o ambiente não fique superlotado, o que facilita o


surgimento de doenças e estresse, que prejudicam o bem-estar e a
produção das galinhas, recomenda-se reservar 1m² para cada conjunto de
6 aves (6 galinhas/m²).

ATENÇÃO

TENHA O SOL COMO ALIADO

O sol pode ajudar a combater o crescimento de microrganismos


que causam doenças. A iluminação proporcionada pelo sol
também influencia na postura das galinhas.

Construa o galinheiro no sentido leste-oeste, ou seja, de onde o


sol nasce para onde se põe.

Assim, o galinheiro receberá iluminação durante todo o dia e


por todo o seu comprimento, mas sem bater diretamente sobre
as galinhas, o que seria prejudicial.

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Se as galinhas forem pastar em piquetes, uma dica é construir o
galinheiro no ponto de encontro dos piquetes disponíveis. Deixando uma
porta em cada parte do galinheiro, para que possa dar acesso a uma área
diferente.

Veja na figura um exemplo onde se trabalha a


rotação em 4 piquetes

No interior do galinheiro, deve-se colocar alguns equipamentos


importantes, como: bebedouros, comedouros, ninhos e poleiros.

Comedouros e bebedouros devem ser em número suficiente para


que todas as aves possam chegar até eles. As galinhas têm suas
“comandantes” e essas sempre se alimentam e bebem água primeiro,
seguidas das aves mais fortes e/ou amigas (Sim! As galinhas vivem em
comunidades e, portanto, desenvolvem relações de companheirismo.).
Desta forma, se o número de vasilhames disponível não for suficiente para
todas, algumas aves podem não se alimentar e nem beber água

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corretamente, prejudicando seu bem-estar e produção.

Comedouros e bebedouros podem ser feitos com o caule da


bananeira! É só partir o caule ao meio e cavar parte de sua massa. Além de
diminuir custos e reutilizar o caule, essa também pode ser uma estratégia
para fornecer vermífugo aos animais (lembre-se que a bananeira – folhas e
caule – é um ótimo vermífugo).

Os poleiros, preferencialmente, devem estar todos na mesma altura


(horizontais), assim não se estimula a competição entre as galinhas. E nunca
se deve colocar um poleiro perto (acima) dos bebedouros e comedouros,
pois isso pode levar as aves a contaminá-los com suas excreções (fezes e
urina).

Os ninhos são muitos importantes no galinheiro e devem ser quentes


e confortáveis. Para que nenhuma galinha fique sem local para postura,
construa 1 ninho para cada grupo de 5 aves (1 ninho/5 galinhas). É
recomendado que eles tenham por volta de 15cm de altura por 35cm de
largura e fiquem a 60cm do chão. Para forrar os ninhos, podem ser usadas
palhas e capins. O capim-gordura é bastante usado, devido à sua maciez.

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SANIDADE
As galinhas caipiras são mais resistentes às doenças, desde que
tenham uma alimentação diversificada e estejam em um ambiente
favorável ao seu bem-estar e saúde. Os cuidados no manejo previnem
doenças!

Além desses cuidados, podemos vacinar as galinhas contra algumas


doenças mais comuns e graves.

A vacinação é importante pois as doenças que frequentemente


atingem as aves são viróticas, ou seja, são transmitidas por um ser muito
pequeno (que não se consegue enxergar) e que se instala no corpo dos
animais. Quando uma ave fica doente, ela pode passar esse vírus para as
outras muito facilmente, seja pelas suas excreções (catarro, fezes, urina,
saliva) ou até mesmo pelo ar. Por isso essas doenças passam de uma ave
para as outras muito rápido.

Assim, devemos ter cuidado com a limpeza do local onde as aves


ficam e separar aves que apresentem sinais de doença das sadias.

Veja quais são as doenças mais frequentes e seus sinais mais


comuns:

● Newcastle (conhecida também como Tristeza ou Mal-de-roda):


É uma doença causada por vírus e se espalha por meio do ar, sendo
altamente contagiosa. As aves infectadas levam aproximadamente 5 dias
para apresentar os sintomas, que são: espirros constantes, dificuldade de
respirar, torcicolo, tremores, paralisia das asas e pernas, caminhar em
círculos, baixa produção de ovos e morte de forma repentina.

● Bouba aviária (conhecida também como Caroço ou Pipoca):


É uma doença causada por vírus e é altamente contagiosa. Ela é mais
comum em épocas quentes e chuvosas, em função do aumento da
quantidade de mosquitos que picam as aves transmitindo o vírus da
doença. Pode contaminar animais de todas as idades. Os sintomas mais
frequentes são os nódulos, conhecidos com caroços ou verrugas, que

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aparecem nas barbelas, em torno dos olhos, bico e também por toda crista.
Em casos mais graves, esses nódulos também aparecem na garganta das
aves e esse problema causa uma dificuldade na alimentação e respiração,
ocasionando a morte.

● Gumboro:
É uma doença transmitida por vírus e ataca os animais mais jovens de até
60 dias. Os sintomas principais são fezes esverdeadas (diarreia) e animais
mais magros pela falta de apetite. O vírus que transmite essa doença fica
presente nas fezes dos animais contaminados, por isso é importante a
limpeza do galinheiro, e separar os animais infectados.

● Bronquite Infecciosa (conhecida também como Gôgo):


Também é uma doença transmitida por vírus e ataca principalmente
animais mais jovens (até 60 dias). Os sintomas são dificuldade de respirar,
roncos, catarro, lágrimas nos olhos e rosto inchado.

Prevenir é o melhor remédio!


E para isso, além dos cuidados com a higiene e o bem-estar dos
animais, pode-se vacinar as galinhas. Geralmente as vacinas são aplicadas
nos primeiros dias de vida dos pintinhos, por meio de banhos ou gotas nos
olhos.

Entretanto, quando as doenças já estão estabelecidas ou quando


alguns sintomas começam a surgir podemos tratar os animais com plantas
medicinais e homeopatias. Abaixo vamos ver dois quadros que mostram as
principais indicações de cada grupo!

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Plantas medicinais
Tabela 1: Principais plantas medicinais utilizadas na criação de galinhas caipiras
Partes
Planta Indicações Forma de Preparo
utilizadas
Verminoses, infecções, Inteiros, macerados em
Dentes do
Alho controle e repelência de água ou álcool, em pó
alho
carrapatos junto com o sal ou a ração
Unguento, pomada ou gel
Babosa Cicatrização e inflamações Folhas (associados ao mel de
abelhas)
Folhas e Cortados, fornecidos junto
Bananeira Verminoses e diarreias
troncos à alimentação
Colocar folhas na cama ou
Citronela Repelente Folhas no ninho, plantar no pasto
ou ao redor das instalações
Macerada, em pó
Erva-de- Folhas e misturada à ração (pouca
Verminoses e repelente
santa-maria sementes quantidade), folhas na
cama
Infecções respiratórias, Pó das folhas misturado à
Eucalipto Folhas
verminoses e desinfetante cama
Contra dores, auxilia na
Hortelã
digestão e combate Folhas Em infusão
miúda
parasitas
Hortelã Contra inflamações,
Folhas Xaropes
pimenta expectorante
Contra infecções
Suco de limão com alho e
Limão respiratórias, “gogo” das Fruto
água
galinhas
Contra febres, diarreias, Planta
Melão-de- Maceradas ou cozidas
verminoses e “gogo” das inteira e
são-caetano junto com erva Macaé
galinhas sementes
Contra verminoses e auxilia Folhas e
Mentrasto Cozido
na digestão flores
Infusão, macerado ou em
Contra piolhos e Folhas e
Nim pó misturado à cama ou ao
verminoses sementes
ninho
Contra infecções
Tansagem Folhas Infusões
respiratórias
Auxilia na digestão, e
Poejo quando o animal não Folhas Infusões
consegue respirar direito
Auxilia no tratamento de
Pitangueira Folhas Cozidas
febres
Fonte: Adaptado de Guelber Sales (2005).

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Homeopáticos
Tabela 2: Principais preparados homeopáticos indicados no tratamento das aves
Preparado Processos de adoecimento em que pode estar indicado
Processos inflamatórios no início; resfriados; processos febris
Aconitum
causados por mudança de estação; gogo
Corrimento nasal claro; resfriados; dificuldades de respiração;
Alium Sativum
gogo; dispepsia fermentativa
Indigestão; endurecimento do papo por acúmulo de alimentos;
Antimonium crudum
calosidades dos pés por deficiência do manejo
Infecções com tristeza, sonolência, prostração, penas arrepiadas,
Arsenicum album asas caídas, crista azulada, paralisia com ou sem diarreia (sinais
geralmente presentes nos processos infecciosos severos)
Muda anual das penas nas aves adultas com maior predisposição
Calcarea carbonica ao adoecimento; transtornos durante o aparecimento das
primeiras penas nos pintos; raquitismo
Raquitismo, crescimento retardado. Pode ser associado à
Calcarea phosporica
Calcarea carbonica preventivamente
Cina Helmintíases/vermes intestinais
Processos infecto-contagiosos com sintomas de penas eriçadas,
Cuprum metalicum tristeza, crista violácea ou quase preta; diarreia abundante
comum na cólera e peste aviária
Enterites agudas com evacuações esverdeadas e depois
Ipeca amareladas, líquidas e abundantes, sujando as penas que
rodeiam a cloaca, às vezes com sangue; transtornos respiratórios
Inflamações dos olhos, com secreções purulentas ou
Mercurius solubilis mucopurulentas; ulcerações na cavidade oral; diarreias com
fezes mucosas ou muco sanguinolentas
Quadros respiratórios e nervosos como na doença de Newcastle;
Nux vomica endurecimento do papo; não consegue comer; intoxicações
alimentares e por tratamentos alopáticos
Infecções do aparelho respiratório; processos que sangram
Phosphorus
facilmente; pneumo-enterites
Queda de postura; inflamações do oviduto; distúrbios
Pulsatilla relacionados à postura; dificuldades para expelir o ovo;
conjuntivites agudas
Erupções da pele acometendo todo o corpo, podendo haver
Sulphur queda de penas; verminoses; infestações por piolhos e outros
parasitos; pruridos
Formação de excrescências na pele da cabeça, face, pálpebras e
cristas semelhantes a caroços como na Bouba Aviária; ceratites;
Thuya
como preventivo, antes das vacinações; transtornos durante a
muda
Fonte: Adaptado de Guelber Sales (2005).

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Nessa cartilha falamos sobre a alimentação, a saúde e a “casa” das
aves. Além desses pontos, existem outros assuntos importantes para a
criação de galinhas caipiras, como: escolha dos animais, reprodução,
produção de carnes e ovos; cuidados com os ovos e comercialização destes.
Esses assuntos poderão ser tratados em outro volume. Para isso contamos
com as experiências e relatos de todos vocês.

Seguimos juntos/as lutando pela nossa autonomia, soberania e


segurança alimentar, por um mundo socialmente justo e
ambientalmente seguro!

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AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem aos agricultores e às agricultoras que participaram


das atividades facilitadas pelo Grupo “Animais para Agroecologia” e aqui
sistematizadas.

A FAPEMIG, PROEXT-MEC/SESu e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da


Universidade Federal de Viçosa (PEC/UFV); CNPq; Centro de Tecnologias
Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e às organizações da agricultura
familiar da Zona da Mata de Minas Gerais.

Para falar conosco ou saber de nossas atividades, é só acessar:

● Facebook (rede social): página Grupo Animais para Agroecologia


URL: https://www.facebook.com/animaisagroecologia

● Site: www.animaisagroecologia.ufv.br
● E-mail: [email protected]

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Para elaborar esta cartilha, consultamos:

EMBRAPA Informação Tecnológica. Criação de galinhas caipiras. Brasília:


EMBRAPA, Meio-Norte. 2007. 73p. (Coleção ABC da Agricultura Familiar).

GUELBER SALES, M. N. Criação de galinhas em sistemas agroecológicos.


Vitória: Incaper. 2005. 284p.

GRUPO ANIMAIS PARA AGROECOLOGIA. Relatos de atividades do Grupo


com agricultores e agricultoras da Zona da Mata Mineira, no período de
2015 a 2017. (Informações disponíveis, porém não publicadas).

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