352-Texto Do Artigo-978-1-10-20140701 PDF
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ESTUDO DE CASO
Lívia Rocha Caldas Ramos
Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica
dos Institutos Superiores de Ensino do CENSA
[email protected]
Resumo:
Este estudo discute a Psicopedagogia como forma de lidar com as dificuldades de
aprendizagem através de um olhar e postura clínica, além de uma intervenção adequada
e organizada. Faz-se necessário, ressaltar a importância do Psicopedagogo em estar
preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas de sua prática, tais
como: resistências, sentimentos, bloqueios, lapsos, entre outros; tendo como missão
facilitar e orientar o atendimento aos portadores de problemas de aprendizagem escolar,
fazendo-os perceber suas potencialidades, recuperando, dessa forma, os diferentes
aspectos cognitivos, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. Para a elaboração
desse trabalho, foram aplicados testes padronizados a fim de confirmar ou descartar
possíveis dificuldades. Todas as informações e scores adquiridos durante os testes
contribuíram para o entendimento de determinados fatores envolvidos auxiliando, assim,
no diagnóstico psicopedagógico. Ficou evidenciado nos dados obtidos a idéia de uma
prática psicopedagógica dinâmica e flexível, veiculada entre teoria e prática, tendo o
sujeito como autor, o social como contexto e a aprendizagem como processo na
construção do ser e do saber, além de oportunidade de crescimento, de um olhar dirigido
ao sujeito que é único e possui sua própria história que deve ser respeitada.
Abstract:
This study discusses Psycho pedagogy as a way of dealing with the learning difficulties
through a glance and clinical posture, besides an appropriate and organized intervention.
It’s necessary to emphasize the importance oh the Psycho Pedagogue in being prepared
to work with possible reactions in front of some task ok his/her practice, such as:
resistances, feelings, blockades, lapses, among others; tends as mission to facilitate and
to guide in the service to the bearers of problems of school learning, making them notice
their potentialities, recovering in that way, the different aspects cognitive, affectionate-
emotional and of academic contents. For the elaboration of this work a study of cases was
accomplished with a child and applied standardized tests in order to confirm or to discard
possible difficulties. All of the diagnosis psycho pedagogical. It was evidenced in the
obtained data of that study the idea of a dynamic and flexible psycho pedagogic practice,
transmitted between theory and practice, tends the subject as author, the social as context
and the learning as process in the being’s construction and of the knowledge, besides
growth opportunity, of a glance driven to the subject that it is only and it possesses his/her
own history should be respected.
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INTRODUÇÃO
No mundo atual, os espaços e tempos do aprender estão para além das escolas e
devem ser percebidos na complexidade e na totalidade da vida de cada sujeito inserido
na dinâmica relacional do viver e conviver com ou outros, ou seja, de ensinantes e
aprendentes, educadores e educandos.
Esta mudança de olhar sobre as relações existentes entre ensinar e aprender,
presentes na aquisição do conhecimento, mostra a flexibilidade no exercício de cada um
desses papéis visto que, em determinados momentos o sujeito é o ensinante e em outros,
o aprendente.
Portanto, cada ser humano apresenta um modo peculiar e singular de entrar em
contato com o conhecimento e com a aprendizagem. Constrói-se essa aprendizagem
desde o nascimento do indivíduo, através do qual ele se enfrenta com a angústia inerente
ao conhecer-desconhecer.
Pretende-se assim obter uma compreensão global da forma de aprender da criança
em estudo, bem como dos desvios que estão ocorrendo no processo de aprendizagem e
adaptação escolar, a fim de auxiliá-la e encaminhá-la aos devidos atendimentos
necessários à melhoria e avanço de sua aprendizagem.
Através de um estudo psicopedagógico será analisada a evolução da criança dentro
de uma expectativa dinâmica, investigando alguns traços importantes, a fim de obter
dados para considerar causas e conseqüências de cada resultado dos testes aplicados.
A propósito, Bossa (2000, p.94), relata que “pensar o trabalho psicopedagógico na
clínica remete refletir sobre a prática”, pois muitos são os fatores contribuintes que
comprometem o seu processo de aprendizagem.
O “olhar clínico” apresenta o intuito de verificar e compreender qual o sintoma
apresentado pelo aprendente, e então, através dessa análise clínica, elaborar o
diagnóstico psicopedagógico averiguando as dificuldades apresentadas. Faz-se
necessário ressaltar que o sintoma se caracteriza pela manifestação de um conflito, de
um problema, ou por somatização, denotando num mal psíquico.
Essa manifestação do sintoma pode se dar de forma consciente, uma vez que, o
sujeito se comporta de uma determinada forma em virtude de elucidar o problema e que
muitas vezes se manifesta na queixa do mesmo; ou de modo inconsciente, quando o
sujeito age de maneira “não adequada” segundo padrões pré-estabelecidos seja pela
família, escola, sociedade ou mesmo quando somatiza em vista da dificuldade existente.
Dessa forma, para Fonseca (2008), o observador quando assume a função de
mediatizador deve humanizar a interação, induzindo no observado novos e renovados
processos e procedimentos cognitivos visando relacionar e interagir com a informação
transmitida.
O ato clínico implica na observação. Representa um momento de equilíbrio entre a
palavra e o que está acontecendo, baseado num olhar de sensibilidade concreta.
Nesse sentido, a avaliação psicopedagógica verifica a compatibilidade entre o nível
de desempenho da criança na escola e a sua faixa etária e/ou escolaridade, suas
atitudes, competências ou inabilidades que facilitam ou interferem no processo de
aprender.
Segundo Fernández (1991, p.127), “não se trata de ajudar o paciente para que
confesse o importante, mas que ele fale do que carece a importância.”
O uso de instrumentos na avaliação psicopedagógica são ótimos recursos e
ferramentas auxiliares no processo. É importante que estes testes apresentem as
propriedades psicométricas: validade, fidedignidade e padronização para que o trabalho
do psicopedagogo tenha objetividade e direção.
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A validade mede exatamente o que o teste propõe. A fidedignidade é a reprodução
fiel dos resultados e a padronização evita falhas tornando mais apropriado a interpretação
dos resultados.
Segundo relatos de Weiss (2007), é possível entender que o uso dos testes e provas
representa um recurso a mais a ser explorado num diagnóstico psicopedagógico. Além
dos testes, é necessário a observação acurada, a escuta durante o processo de execução
e o olhar clínico.
Dessa forma, para contribuir com a resolução das dificuldades de aprendizagem é
necessário que o Psicopedagogo siga a direção e as indicações mais apropriadas para
que o trabalho psicopedagógico seja eficaz, oportunizando o prazer de novas
aprendizagens.
O presente estudo foi realizado durante cinco sessões com R., de onze anos,
estudante de escola pública, repetindo pela quarta vez a primeira série (correspondente
ao 2º ano do Ensino Fundamental), encaminhada por um fonoaudiólogo com suspeita de
Dislexia.
Dislexia, conforme Fonseca (2008), é uma específica dificuldade de aprendizado da
Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em
Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como
causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver
com acuidade visual ou auditiva como causa primária.
Uma criança disléxica faz confusão de letras ou fonemas semelhantes. Além de
discriminar mal os sons, pode também confundir os sinais gráficos. Esta confusão de
símbolos torna a leitura incompreensível. Ao pedir para uma dessas crianças fazer uma
redação, nota-se que tem dificuldades na construção das palavras e das linguagens. O
texto geralmente é breve, com pensamentos limitados, a ordenação das palavras é falha
e a pontuação é anormal. O distúrbio faz com que a criança perca a vontade de estudar,
ficando marginalizada na turma, tornando-se agressiva.
A identificação precoce dos sintomas, segundo Teixeira (2006), é essencial para o
diagnóstico e início do tratamento, pois quanto mais cedo identificado, menores serão os
prejuízos acadêmicos e sociais a que essa criança estará exposta.
Os problemas de aprendizagem e os transtornos comportamentais podem prejudicar
gravemente o futuro do indivíduo, caso não seja detectado e tratado corretamente. Nesse
sentido, foram avaliados os seguintes aspectos sobre determinados transtornos e
dificuldades:
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quantidade de informações não selecionadas seria tão grande e desorganizada que
nenhuma atividade se tornaria possível.
Ao responder os estímulos que lhe são significativos, Brandão (1995 apud LIMA,
2005), o sistema nervoso mantém contato com as informações que chegam através dos
órgãos sensoriais, dirigindo a atenção para o que é relevante garantindo a interação com
o meio.
Entende-se por orientação espacial a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e
orientar-se em relação aos objetos, as pessoas e o seu próprio corpo em um determinado
espaço. A percepção visual está incluída em praticamente quase todas as ações
humanas, desde o situar-se no espaço, como fator de equilíbrio, localização e memória
visual, até a execução de tarefas como ler e escrever, por exemplo, além de outras ações
que acompanham o desenvolvimento global, tais como a atenção seletiva que refere-se à
capacidade de emitir respostas a um estímulo específico desconsiderando aqueles não
relevantes e a atenção sustentada que representa a capacidade do indivíduo em mantê-
la focalizada em uma seqüência de estímulos, por um período de tempo, para conseguir
desempenhar determinada tarefa. Ainda é caracterizada por uma habilidade em detectar
estímulos (nível de vigilância) e por uma diminuição no desempenho ao longo do tempo.
Para que uma criança alcance a maturidade escolar desejada é necessário que ela
esteja pronta para começar o aprendizado direcionado. Isso acontece quando o seu
físico, a sua relação social e o seu pensar demonstram o fim da fase anterior.
E ao ingressar à escola, a criança necessita estar preparada em diversos aspectos:
emocional, mental, social e físico. Toda informação colhida permite entender melhor as
dificuldades apresentadas no intuito de oferecer uma orientação e propostas mais
adequadas à sua situação pessoal.
Quando uma criança adquire uma maturidade social para sentir-se à vontade fazendo
parte de um grupo, quando desenvolve a sensibilidade de sentir-se como grupo, significa
que ela já se encontra madura para aceitar ordens, solicitar indicações, aceitar o certo e o
errado, o bom e o mal como algo inquestionável.
Faz-se necessário ressaltar que a maturidade escolar é um processo natural de
evolução. Ferreiro (1993) afirma que a criança deve adquirir condições necessárias de
“maturidade” antes de entrar em contato com um objeto.
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IV. Stress Infantil.
V. Atraso na Inteligência.
O indivíduo, também pode passar por momentos em que sua inteligência encontra-se
comprometida. Nesse caso, é importante averiguar.
A inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar,
resolver problemas, abstrair idéias, compreender idéias e linguagens e aprender.
O indivíduo que aprresenta atraso na inteligência, não consegue por exemplo, realizar
tarefas caracterizadas como difíceis, complexas e abstratas.
De acordo com Fernández (1991), o pensamento humano é um só, onde
acontecem a significação simbólica e a capacidade de organização lógica.
A questão da maturidade deve ser tratada com especial atenção, pois para avaliar
uma criança nesse aspecto é necessário que ela esteja pronta e com os conhecimentos
interiorizados. Esses conhecimentos a criança assimila antes na sua forma subjetiva,
sendo guiada a observar e reproduzir ou registrar com carinho e exatidão o mundo que o
professor lhe apresenta. Assim ela cria uma base moral e sólida em sua inteligência
afetiva que lhe servirá como alicerce sobre o qual edificará um raciocínio lógico, sendo
seu instrumento próprio para julgar e avaliar a si própria e ao mundo.
Fonseca (1995), admite que a aprendizagem da leitura constitui uma relação
simbólica entre o que s eouve e diz com o que se vê.
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VIII. Atraso na Consciência Fonológica
Promover um ensino de qualidade tem sido o grande desafio do Brasil, tendo em vista
inúmeros problemas refletidos nas políticas educacionais. Muitos programas, segundo
Bossa (2002), têm sido implementados pelo poder público para incentivar o ingresso de
brasileiros à escola e garantir a sua continuidade e permanência, assegurando, ainda, aos
indivíduos, um ensino com qualidade que possa promover plenamente a formação de sua
cidadania.
Apesar da proliferação de programas voltados para a melhoria e a qualidade da
escola, ainda não se conseguiu erradicar do sistema educacional público o fenômeno do
fracasso escolar, conseqüentemente, a diminuição dos altos índices de reprovação e
evasão.
Muitos educadores, conforme Cordié (1996), atribuem o mau desempenho do aluno, o
seu insucesso ou fracasso escolar, em decorrência da dificuldade de aprender e reter
conteúdos. A dificuldade de aprendizagem, portanto, se constitui como um dos principais
agravantes para o fracasso escolar do aluno. Neste estudo, os termos dificuldade de
aprendizagem, dificuldade escolar, problema de aprendizagem serão empregados num
mesmo sentido, se referindo a maneira pela qual o fracasso escolar é expresso.
O baixo rendimento e/ou desempenho escolar são pontos de partida para detecção de
problemas relacionados à leitura, à escrita e a cálculos-matemáticos.
METODOLOGIA:
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Na entrevista inicial R. alegou não gostar da escola antiga. Declarou que as
atividades eram muito chatas e que não tinha vontade em realizá-las.
A menina mora com seus pais e mais dois irmãos, sendo a do meio. Foi trazida ao
atendimento psicopedagógico pela mãe.
Sua professora relata que a aluna apresenta ser uma criança esperta e inteligente,
mas que não rende como o esperado, apresentando baixo rendimento escolar.
Como já foram citados anteriormente os testes são importantes para a descoberta de
possíveis dificuldades e/ou transtornos. Neste estudo de caso, foram realizados os
seguintes testes:
2- TESTE DE TRILHAS
O Teste das Trilhas avalia a percepção visual, orientação espacial, atenção seletiva e
atenção sustentada. Conforme Capovilla (2006, p.240) “o Teste das Trilhas fornece
validade para instrumentos na identificação de crianças com TDA-H”.
O teste é dividido em duas partes. Na forma A a criança deverá traçar com o lápis a
seqüência de números em ordem numérica sem tirar o lápis do papel, com tempo máximo
de 30 segundos.
Na forma B a criança deverá traçar com o lápis a seqüência de letras e números em
ordem alfabética e numérica sem tirar o lápis do papel, com tempo máximo de 60
segundos.
3– TESTE DE CANCELAMENTO
O teste avalia as mesmas funções que o Teste de Trilhas, tais como: percepção
visual, orientação espacial, atenção seletiva e atenção sustentada.
Tem como comando de aplicação uma folha com vários desenhos misturados,
inclusive sinos. A criança deverá encontrar os sinos, marcando-os num tempo máximo de
3 minutos.
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O Teste Becasse têm como objetivo estabelecer contato entre a criança e o
profissional, avaliando a maturidade escolar de modo projetivo, rápido e de fácil aplicação.
Através do teste é possível conhecer a criança e suas eventuais dificuldades.
O teste é dividido em duas partes. Na primeira, a criança deverá escolher de
acordo com as figuras quais ela se identifica. Após a escolha deverá colorir. Na segunda
parte, ela deverá completar as figuras solicitadas.
O profissional deverá, na primeira parte, estar atento à escolha das figuras e ao ato
de colorir da criança, no intuito de avaliar a capacidade motora, a adaptação à realidade
na escolha das cores. Na segunda parte deverá verificar o estágio preliminar do desenho
e da escrita.
142
O Teste avalia a habilidade de discriminar fonemas e sons da fala, responsáveis
por diferenciar entre pares lexicais mínimos. Ele deve ser aplicado individualmente.
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T a b e l a 1 – TDAH – Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Tabela geral (Amostra
Total)
144
T a b e l a 2 – TDAH – Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Tabela de Classificação
dos Percentis
Percentil Classificação
Até 25 Abaixo da expectativa – apresenta
menos problemas que a maioria das
crianças.
2 – TESTE DE TRILHAS
145
3– TESTE DE CANCELAMENTO
No Teste de Depressão quanto maior for o resultado da soma dos scores, maior
será o comprometimento.
Percentil Classificação
0 a 27 Preservado
28 a 37 Média e/ou dentro da média
38 a 54 Comprometido
FONTE: GOUVEIA, R. V. et al. Inventário de Depressão Infantil – CDI: Estudo de
Adaptação com Escolares de João Pessoa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria 44(7): 345-9,
1995.
146
6- TESTE DE STRESS – ESI
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Tabela 5 – Teste de Raven – Matrizes Progressivas: Normas em Percentis, Médias e Desvios
padrão para as crianças de Porto Alegre por faixa etária
1 10 11 11 13 14 16 17
5 11 12 13 13 18 18 20
10 11 12 14 14 19 20 21
20 12 13 15 16 20 21 24
25 13 14 16 16 21 21 25
30 13 14 17 17 22 22 25
40 14 16 18 19 24 24 26
50 15 17 19 21 25 26 28
60 15 18 20 23 26 27 29
70 16 19 21 24 27 28 30
80 18 21 23 26 28 29 32
90 20 23 25 28 30 30 34
95 21 25 25 29 30 32 35
99 23 25 28 31 32 34 35
Percentil Classificação
De 22 a 27 Forte
De 16 a 21 Médio
De 10 a 15 Fraco
De 0 a 9 Fraquíssimo
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F O N T E : CAMPOS, M. R. Teste de Maturidade para a Leitura. Rio de Janeiro: CEPA,
1994.
R. Alcançou 25 pontos apresentando classificação forte, ressaltando boa
coordenação motora, discriminação de sílabas, vocabulário, conhecimento do conceito de
medida e raciocínio lógico.
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11 - TESTE DE DESEMPENHO ESCOLAR – TDE
Classificação
Superior > 19 >9 > 63 > 90
Médio Superior 12-18 7–8 39-62 55-89
Médio Inferior 2-11 3–6 2 -38 9-54
Inferior <1 <2 <1 <8
FONTE: STEIN, L. M. Teste de Desempenho Escolar – TDE. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1994.
Utilizando a tabela acima das normas para a 1ª série, tem-se que R. apresenta um
desempenho em Aritmética, Leitura e Escrita situado numa faixa médio inferior àquele
esperado para seu nível de escolarização. Quanto ao desempenho de R. no teste como
um todo, observa-se que ficou situado no nível médio Inferior.
.
Quadro 2 – Resultados Alcançados no Teste de Desempenho Escolar
Resultados Escore Bruto Classificação
Escore Bruto de LEITURA: 27 Médio Inferior
Escore Bruto de Escrita: 4 Médio Inferior
Escore Bruto de ARITMÉTICA:8 Médio Inferior
Escore Bruto Total: 39 Médio Inferior
CONCLUSÃO
Após todos os testes terem sidos aplicados e avaliados, foi possível perceber que
R. apresentou comprometimento em muitos deles, tais como: teste de Raven, teste de
Trilhas e Cancelamento, além de TDAH, Stress Infantil, Consciência Fonológica e teste de
Desempenho Escolar.
Mediante aos resultados dos testes de Consciência Fonológica e o de
Desempenho Escolar, verificou-se que R. obteve muita dificuldade nas áreas de escrita,
leitura e aritmética, revelando dessa forma, uma possível Dislexia, conforme
encaminhamento do fonoaudiólogo.
O fechamento de uma hipótese diagnóstica, tal qual resulta das reflexões
precedentes, necessita do trabalho de uma equipe pluridisciplinar, onde cada membro
intervém em função de sua especialidade, e dessa forma, interagem com os elementos
comuns entre si, compondo o meio no qual se insere. Acima de tudo, a avaliação do
diagnóstico deve centrar-se num processo de interação, visando estimar, encorajar e
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promover a capacidade de aprendizagem dos alunos e não avaliar somente o seu
potencial intelectual, mas sim, todo o processo que o engloba.
Não se pode, segundo Dolle (2004), fazer interpretações não fundamentadas ao
tentar compreender as dificuldades de uma criança.
A hipótese diagnóstica sobre Dislexia poderá confirmar ou não as suspeitas do
Psicopedagogo. Para tal, serão necessários, alguns encaminhamentos.
Segundo relatos da mãe de R., a menina encontra-se na maioria das vezes
distraída, tantos nas tarefas de casa solicitada por ela, quanto na rotina da escola. De
acordo com informações fornecidas pela mãe, apesar de ajudá-la nos exercícios
escolares, a menina apresenta muita dificuldade, que já vem persistindo durante quatro
anos seguidos, resultando em quatro repetências consecutivas.
No Teste de TDA-H, R. apresentou comprometimento no fator Problemas de
Aprendizagem pois ao relacionar os dados obtidos da avaliação quantitativa, associada a
avaliação qualitativa (ocorrência) de quais sintomas e em qual intensidade, foi possível
concluir que, de acordo com a percepção da professora, R. apresentou no contexto
escolar dificuldades mais severas , como por exemplo: não rende de acordo com o
esperado em Português e tem dificuldade para entender problemas de Matemática.
Apresentou também leve dificuldade em concentrar-se nas aulas. Apesar dos
sintomas de Déficit de Atenção estarem dentro da média, é importante observar se em
outras avaliações e testes aconteceram o mesmo.
Quanto aos fatores Hiperatividade / Impulsividade e Comportamento Anti-Social,
apresentou sintomas abaixo da expectativa. Mesmo estando ciente de que o teste não foi
aplicado corretamente segundo explicação relatada anteriormente, é possível suspeitar
então, que as maiores dificuldades de R. diz respeito a Problemas de Aprendizagem. A
intensidade apresentada nesse fator pode justificar seu desempenho escolar segundo
queixa da professora de projetos.
Ainda segundo informações obtidas através da mãe, R. tem demonstrado muita
impaciência em suas atitudes dentro de casa e fora dela. No teste Escala de Stress
Infantil, R. apresentou sinais comprometedores nas Reações Físicas e Psicofisiológicas,
sendo necessário que a mesma continue com seu atendimento psicológico, a fim de que
o psicólogo forneça meios de propiciar a redução de stress, identificando quais os
estressores mais relevantes no cotidiano da criança, e se esta causando prejuízo
significativo em sua vida.
Apresentou também comprometimento no Teste de Trilhas e de Cancelamento.
Além do atendimento psicológico, faz-se necessário um acompanhamento com um
Neuropediatra, para que este avalie se há a existência ou não de distúrbios neurológicos
relacionados à aprendizagem e verificar se há a necessidade do uso de medicamento no
caso de TDAH.
A mãe de R. relatou que a filha sempre fora uma menina exemplar, mas que em
menos de um ano tem apresentado comportamento estranho, deixando-a surpresa, pois
apesar de ser muito esforçada e inteligente, ultimamente tem demonstrado
comprometimento em sua inteligência. No Teste de Inteligência de Raven, R. apresentou
inteligência abaixo da média, estando com um comprometimento grave, sendo necessário
o encaminhamento ao Neuropediatra a fim de que o profissional avalie tal
comprometimento.
Na realização do testes avaliados, foi possível perceber em R., muita impaciência e
desânimo. No Teste de Consciência Fonológica e no TDE R. apresentou sinais
significativos de comprometimento, sendo necessário uma estimulação da consciência
fonológica, além dos processos de leitura, escrita e aritmética, a fim de resgatar o atraso
da inteligência nas dificuldades pedagógicas encontradas. Isso será possível através de
atendimento psicopedagógico.
Mediante a realização do diagnóstico das dificuldades apresentadas no estudo de
caso relatado, fica claro que a Psicopedagogia apresenta papel fundamental no processo
de detectar os sintomas, avaliá-los, tratar ou encaminhar, se for o caso.
É importante relatar que o saber psicopedagógico, antes de tudo, é o trabalho de
auto-análise das próprias dificuldades e possibilidades no aprender, pois a formação do
Psicopedagogo, assim como requer a transmissão de conhecimentos e teorias, também
requer um espaço para a construção de um olhar e escuta psicopedagógica a partir de
uma análise de seu próprio aprender.
A prática psicopedagógica, se faz, então, sob olhar clínico e sob o trabalho
competente do Psicopedagogo e dos elementos de intervenção. Dessa forma, propõe-se
que este, aproveite do “poder” que lhe é atribuído para possibilitar que o atendimento
clínico seja um espaço de escuta do desejo e de trocas acima de tudo.
E para concluir, que o Psicopedagogo reflita sobre seu exercício, pois não basta ter
o domínio teórico e sim, a capacidade de selecionar e processar saberes infinitos, de
acordo com cada caso, para dar conta de cada um, identificando as possíveis
intervenções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS