Letramento Universitário
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RESUMO
Denise F. Cicaroni Fernandes
Centro Universitário Anhanguera Considerando que a universidade tem o dever de proporcionar ao
unidade Leme
estudante uma formação que lhe propicie condições de desenvol-
denisecica@yahoo.com.br ver a leitura e a escrita de forma eficaz, principalmente no que
tange á leitura técnico-científica, que é primordial ao futuro de-
sempenho profissional, discutiremos algumas questões sobre o
Marcos A. Paladini dos Santos letramento dos alunos universitários, percorrendo as concepções
Faculdade Anhanguera de Limeira sobre o conceito de “indivíduo letrado” e refletiremos sobre práti-
marcospaladini@yahoo.com.br cas pedagógicas de instituições de ensino superior que envolvem a
prática da leitura e da escrita como eixo norteador das atividades
desenvolvidas em sala de aula. A complexidade dessa questão
exige um enfrentamento das instituições de ensino, assim como de
Alessandra C. Hernandes Burin
toda a sociedade, mesmo com toda limitação que esse contexto
Centro Universitário Anhanguera apresenta. Algumas experiências exitosas foram desenvolvidas e
unidade Leme
fazem parte da discussão, demonstrando suas possibilidades como
gelale@ig.com.br avanço nesta importante luta, visando a constituição de um ser
crítico e transformador, um novo homem para um novo tempo.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
Enfatiza ainda o mesmo autor que é necessária a reflexão sobre o papel inten-
cional do conhecimento “como a única ferramenta dos homens para a construção do
sentido de sua ação individual e coletiva” Severino (1998, p. 25).
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Há uma diversidade de conceitos que tentam dar conta dos entendimentos acerca do
termo letramento. Kleiman (1995) distingue duas concepções de letramento, o modelo
autônomo e o modelo ideológico. O modelo autônomo pressupõe um caminho único
de desenvolvimento das habilidades e aprendizagem do sistema, legitima o ensino em
massa; já o modelo ideológico associa as práticas de letramento à cultura e às estrutu-
ras de poder da sociedade, levando em conta os significados e as práticas culturais.
A partir das definições que serão apresentadas pode se perceber que os dife-
rentes entendimentos resgatam o papel do letramento enquanto modificador das práti-
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Soares (1999, p.18) define letramento como “[...] o resultado da ação de ensi-
nar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo soci-
al ou um indivíduo com conseqüência de ter-se apropriado da escrita.” Enquanto S-
cribner e Cole (apud KLEIMAN, 1995, p.19) escrevem que, “podemos definir hoje o le-
tramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema
simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”.
Tarapanoff (2004, p.3), ressalta que, “o objetivo da alfabetização em informação é criar
aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de encontrar, avaliar e usar a informação
eficazmente para resolver problemas ou tomar decisões”.
Ao refletir sobre as diversas concepções que tem por objetivo explicitar o con-
ceito de letramento, percebemos que existe um fio condutor que perpassa por todas e-
las, o da transformação causada na vida de quem se torna “letrado” (no sentido de ter
transformado a leitura e a escrita em prática social cotidiana). Soares nos diz que:
[...] socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é mais a mesma que era,
ela passa a ter uma outra condição social e cultural - não se trata propriamente de
mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu
modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura - sua relação com os outros,
com o contexto, com os bens culturais torna-se diferentes (SOARES, 2003, p.37).
O nível de letramento dos alunos, que será construído pelas práticas de leitura
e escrita é a ponte para a tomada de consciência e um modo de existir no qual o indiví-
duo compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa a compreender
o mundo.
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1 Empoderamento e cidadania.
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dar respostas às demandas colocadas pelo nível de letramento dos alunos universitá-
rios.
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dos dentro de universidades que buscam cultuar a leitura e a escrita atreladas ao con-
texto do ensino superior. Podemos citar o Projeto do Instituto de Pesquisa e Assessoria
em Linguagem - LITTERIS2, dentro de uma Universidade da rede privada, que tem
como objetivo específico implementar a prática da leitura e escrita como parte funda-
mental dos currículos de todos os cursos de graduação, como forma de enfretamento
dos sérios problemas de letramento dos alunos.
2 O Instituto Litteris é uma organização não governamental voltada para a assessoria e a pesquisa em linguagem.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAMBERG, R. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Bomlivro, 1987.
CENTROFANTI, E.M., S.M. & EL TEDESCO, T. Compreensão da leitura por universitários de
psicologia. Em G.P. Witter (Org.), Leitura e Universidade . Campinas, SP: Alínea, 1997
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