A Constituição de 1990
A Constituição de 1990
A Constituição de 1990
/Freelancer de Conteúdos/
1.Introdução
O multipartidarismo em Moçambique, foi introduzido no início dos anos 1990, com a adopção de
uma nova constituição pluralista que consagrava a liberdade de associação, o que veio a ser
fundamentado com aprovação da lei 7/91, a assinatura dos Acordos Gerais de Paz (AGP)
estabeleceram as condições para o estabelecimento da democracia multipartidária, no país.
Nesta visão, o nosso trabalho objectiva-se de forma geral a analisar a constituição de 1990 e o
multipartidarismo em Moçambique, de forma específica iremos definir o conceito
multipartidarismo, não só, iremos contextualiza o termo multipartidarismo no contexto
moçambicano, e descrever a implementação do processo multipartidário em Moçambique.
1.1.1.Objectivos específicos
1.1.2.Objectivos específicos
Definir alguns conceitos chaves;
Contextualizar o multipartidarismo na realida moçambicana;
Descrever o processo de implementação do multipartidarismo em Moçambique;
1.2.Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos,
iremos usar a pesquisa bibliográfica, onde vamos trazer interpretações sólidas e
fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram-se sobre o tema em alusão
e também recorremos a pesquisa documental, para recolher informações em diversos
relatórios, monografias e teses de doutoramento.
2.Referêncial Teórico
2.1.Conceitos
Multipartidário
Na visão de Duverger citado por Oliveira e Duailibe (2010) o multipartidário é aquele em que
se caracteriza pela presença de três ou mais partidos políticos num contexto de disputa da pelo
poder num determinado sistema eleitoral.
Neste caso o multipartidarismo é o cenário onde as diversas percepções dos vários grupos
sociais são canalizadas, defendidas pelos partidos políticos e existem garantias constitucionais
para que a luta, manutenção do poder e exercício do poder.
2.2.1.Constituição de 1990
A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente: duas em 199211 e uma em
199612. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de se
introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição, verificandos
e desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais com
competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da unidade
do poder).
Tendo esta posteriormente desencadeada uma série de reformas políticas, sociais e económicas,
que transformaram o status quo nacional, e conduziram o país a várias crises que fertilizaram o
terreno para a eclosão de uma guerra civil, envolvendo o governo da FRELIMO e a RENAMO.
Segundo, Lundin (1995), com a independência, a FRELIMO escolhe para Moçambique uma via
de desenvolvimento rumo ao socialismo, seguindo a política do bloco que maioritariamente a
apoiou durante a luta de libertação a escolha do modelo e as práticas inerentes ao mesmo
alienaram moçambicanos. Retirou – se do processo indivíduos e grupos que defendiam outras
ideias, um estilo de vida diferente, de tudo que se propunha. Isto criou bases para que o processo
de desenvolvimento se tornasse vulneráveis as penetrações, que o inviabilizaram levando o País à
pobreza, ao conflito entre grupos e sectores sociais, e finalmente, à guerra, Ibid.
Para Brito (2009), foi nesse contexto de tentativa de construção de um poder político
monopartidario, de crise económica interna e confrontação política regional que surge a
RENAMO logo depois da independência serviu de expressão interna de clivagens e conflitos
sociais, acrescentando ao conflito uma dimensão de guerra civil, particularmente nas zonas centro
e norte do país.
A aprovação da lei 7/91, dos partidos políticos, que estabelece o quadro jurídico para a
formação e actividade dos partidos políticos, veio adequar a nova realidade em que o país se
encontrava, uma vez que a constituição de 1990 consagrava o pluralismo político, o estado de
direito democrático. Na visão de Brito (2010), este processo estava também relacionado com
os esforços de negociação com a Renamo, mas só iriam produzir frutos com o acordo geral de
paz assinado em Roma em 1992. O AGP ao estabelecer a paz e as regras de incorporação da
Renamo na sociedade moçambicana, significou a possibilidade prática de aplicar os novos
princípios constitucionais nomeadamente a realização de eleições multipartidárias e nesse
sentido foi um avanço sem precedentes para a possibilidade de construção de uma sociedade
democrática pluralista, Ibid.
Com a Constituição de 1990, ficou aberto o espaço político, mas este processo só adquiriu
verdadeiro conteúdo após a celebração do Acordo Geral de Paz em 1992, altura em que a
Renamo foi reconhecida como movimento legítimo e se iniciaram os preparativos para as
primeiras eleições multipartidárias. Ao fim de quatro eleições gerais, ficou claro que o sistema
político Moçambicano se caracteriza por uma bipolarização, ou seja, o Bipartidarismo em
torno dos dois partidos - Frelimo e Renamo - apesar de ser cada vez maior o domínio da cena
política por parte da Frelimo (Mazula, 2000).
Na visão de brito (2010) a ideia de path dependent trazida pelo institucionalismo histórico de Hall
e Taylor (1996), explica a crise do multipartidarismo, na medida em que ela olha para a trajectória
que o país percorreu e as implicações da mesma nas escolhas futuras. Partindo deste pressuposto
podemos afirmar que o país e o regime da Frelimo herdaram as práticas e as estruturas do regime
colonial que era caracterizado por um centralismo politico e governativo, facto que foi
transportado para a época pós – colonial.
A construção do processo democrático foi moldado com vista a acomodação da Renamo no novo
contexto politico, dai que a exclusão dos partidos “não armados” de origem não armada e não
com vista a promoção de uma sociedade democrática pluralista. Ora vejamos o facto da realização
do quadro institucional que orientou a realização das primeiras eleições, foi marcado pela
exclusão de outros partidos políticos, como revelam Lalá e Ostheimer (2003), “Os denominados
partidos não armados, criados a partir de 1990, tiveram poucas oportunidades para influenciar e
moldar o processo de transição, conforme demonstrou a conferência multipartidária para a
preparação do projecto de lei eleitoral. A oposição, sentindo-se excluída, assumiu que qualquer
acção política desencadeada pela Frelimo visava somente o seu próprio, Ibid.
Este facto acentua – se pelo facto dos partidos “não armados” enfrentarem dificuldades inerentes
ao seu próprio funcionamento, o que leva ao seu desaparecimento em períodos não eleitorais,
acentuando deste modo a bipolarização da cena política no que diz respeito á produção e defesa de
ideologias. O que se verifica é que o facto de a Frelimo ter sido o condutor da Máquina do Estatal
desde a independência o posicionou – se de uma forma privilegiada na preparação do processo
transitório para a democracia, tendo este preparado as suas formas de acomodação no novo
contexto politico, que se aproximava não abrindo espaço e nem deixando condições para que
pudesse enfrentar forte concorrência e nem para perda do poder.
Uma observação trazida por Weimer apud Sitoe et al (2005), respectiva a democracia
moçambicana, é que “o cenário em que os fundamentos de uma democracia real e cultura
democrática tem sido negligenciadas permitindo assim espaço para o cenário de cooptação, que
caracteriza – se pela centralização e concentração do poder. Esta característica da democracia
moçambicana à luz do path dependent é explicado pelo facto de o Estado após a independência ter
sido orientado seguindo se a lógica do partido único constituiu um alicerce que foi transportado
para o período pós – transição, o facto de a Frelimo controlar os recursos do Estado implicou o
transporte das formas de funcionamento das instituições democráticas. O facto de este ter se
afirmado como um partido dominante, mediante a utilização das práticas do clientelismo,
nepotismos e a aproximação aos seguimentos sociais a nível local, tem reduzido o espaço de
actuação dos outros partidos e a Renamo, cada vez mais tem revelado a falta de capacidade de
adaptação face aos desafios colocados face ao novo contexto.
3.CONCLUSÃO
O processo de inclusão política que tinha sido iniciado com o Acordo Geral de Paz foi
interrompido após as primeiras eleições. Com efeito, ao obter uma maioria absoluta no
parlamento, a Frelimo optou por governar só e rejeitou as pressões que na altura se faziam
sentir no sentido de formar um governo de unidade nacional, à semelhança do que tinha feito
o ANC na vizinha África do Sul. Deste modo, o sistema multipartidário implantado no país
manifesta-se apenas em circunstâncias formal e teórica, no sentido de que, na prática, reina o
bipartidarismo onde a Frelimo e a Renamo são os protagonistas, estando na periferia política
os chamados pequenos partidos ou partidos emergentes (PDD, PIMO, MDM,).