Esboços Bíblicos - de Gênesis A Apocalipse - Charles H. Spurgeon PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 337

I

,. Aprendendo com o
Princtpe ~dos PregAdores

Digitalizado Por:

Cláudio Henrique
Espero e creio_que esses esboç.os não serão d e muita utilidade a pessoas que
. deixam de pensar por si m esmas. D e tais "faladores'' não tenho a mínima
.. compaixão. Meus·esboços pretendem ser auxílio à pregação, e n ada mais [ ... ]
Em todos esses esboços, a verdade evangélica está exposta tão claramente quanto
sou capaz de expô-la. Isto prejudicará a minha obra na estima daqueles cuja
·admiração não cobiço; porém, não me causará alarme, pois o peso de sua
censura não é grande.
Sejam quais forem os tempos, não haverá dúvida alguma quanto. à posição
que o escritor destes esboços assumirá, na hora da controvérsia. Nada sei, senão
as doutrinas da graça, o ensino da Cruz, o Evangelho da Salvação; e escrevo
somente para que essas coisas sejam publicadas mais amplamente. Se aqueles
que crêem nessas verdades me honrarem, usando meus esboços, regozijar-me-
ei e confiarei que a bênção de Deus. acompanha seus discursos. Não é pequeno
o prazer de ajudar os irmãos na fé a semearem a semente viva da Palavra de
D eus, ao lado de todas as águas. ·
. Nunca foi o meu propósito ajudar homens a entregarem uma mensagem
que não seja própria deles. É mau sinal, quando os profetas furtam suas pr~fecias
uns dos outros, pois então é provável que eles- todos eles -·se tornem falsos
profetas. Mas assim · como o jovem profeta torpou emprestado um machado
de um amigo, e n ão foi censurado por isso, porquanto os golpes que ele dava
com o ·machado eram seus próprios golpes, do m esmo modo possamos refrear-
nos d e condenar aqueles que encontram um tema que lhes seja sugerido, uma
linha de pensamento lançada diante deles e, de todo coração os utilizem para
falar ao povo.
Isso não se d everia constituir em um costume deles; cada homem deve
possuir .seu próprio m achado, e que não tenha ele n ecessidade d e clamar: "Ai!
M eu senhor! Porque era emprestado". Mas há m om entos de pressão especial,
de enfermidade física ou cansaço mental, ocasião em que o homem fica contente
com a ajuda fraternal, e pode usá-la, sem nenhuma dúvida. Para tais ocasiões é
que tentei prover. .
. Que eu possa ajudar alguns de meus irmãos a pregarem de tal m an eira
que conquistem almas para Jesus! O calor humano, o testemunho .pessoal são
muito úteis n esse sentido, e, portanto, espero que, acrescentando seu pró prio
testemunho sincero às verdad es que aqui esbocei, muitos crentes possam falar,
com ê.Xito, a favor do .Senhor. Confio n1eus humildes esforços a Ele, a quetn
desej·o servir por m eio daqueles. Sen1 o Espírito Santo, nada há senão utn vale
d e ossos secos; rnas se o Espírito vier dos quatro ventos, cada linha se tornar~i
vívida de energia . .

Vosso irnülo em C risto Jesus,


Westwood , ·In arço de 1886
C H. Spwgeon
14
1. Apressando a Ló
"Ao an1anhecer, apertaran1 os anj os co1n L ó" (Gn 19.15).

Esses personagens eram anjos ou aparições divinas? Não importa: eram


n1ensageiros enviados por Deus, para salvar. Em qualquer caso, eles nos ensinam
como lidar com os homens, já que desejamos despertá-los e abençoá-los.
Imaginem os dois anjos com as quatro rriãos ocupadas .efil: conduzir _para fora
a Ló, sua esposa e suas duas filhas.
I. O JUSTO PRECISA SER APRESSADO
1. Em quê? Em questões de obediência a seu Senhor.
Em sair do mundo (v.26) .
. Em buscar o bem de sua família (v.l2).
2. Por quê~ A carne é fraca. Ló, sendo já velho, estava caracterizado
demais pelo mundanismo.
Sodoma exercia uma lenta influência.
3. Por quais meios? Lembrando-os de su~s obrigações e oportunidades.
- Levando-os a considerar a rápida passagem do tempo e a brevidade
da vida.
Advertindo-os da ruína certa.
II. OS PECADORES PRECISAM SER APRESSADOS
1. Os pecadores são muito indolentes e se inclinam a protelar.
Eles se acomodam na Sodoma do pecado. ·
Não crêem em nossa advertência (v.l4).
A letargia é o grande invento de Satanás para ruína deles.
- 2. Nossa tarefa é apressá-los.
Devemos, nós mesmos, ser diligentes como aqueles o foram.
Também devemos ser pacientes e repetir nossos apelos.
Devemos ser resolutos e segurá-los pelas mãos.
3. Temos muitos argumentos para apressá-los, corn relação a eles.
_ O iminente perigo em qu~ se encontram, enquanto protelam·.
O p ecado de tardarem, quando D eus ordena.
A suprema necessidade de un1a decisão imediata.
Q uando ce rto jovem fez pública profissão do evangelho , seu p~1 i,
so bren1aneira ofendido, deu-lhe este conselho: "Tiago, prilneiro você devcri:1
firmar-se nun1 botn r;:1n1o de con1ércio , para depois pensar nesse assunto lk
religião" . "Papai'', disse o filho, "Jesus C risto 1ne aconselha de 1nodo d iferen rc.
Ele diz: "Buscai prirneiro o Reino de Deus".
"Irmão'', disse uin moribundo, "por qu e você não foi mat s 1n s ts l l 'lll ('

I I
cmnigo~ acerca de minha ~Jma?'"'Caro Tiago,, replicou o irmão, "falei con1 você
por diversas vezes". "S im", foi a resposta, ((você não te1n culpa; mas você setnpre
foi tão calmo a esse respeito; gostaria que você se tivesse ajoelhado por min1, o u
m e tivesse agarrado pelo pescoço e n1e sacudisse, pois tenho sido descuidado , e
quase d escambei para o inferno''.

2. Lutar com Deus


uCon1o prínc ipe lutaste co1n Deusn (Gn 32.28).

Quando Jacó prevaleceu com D eus , não tinha 1nais motivo algum para
temer a Esaú. Era o poder de um único indivíduo, revelado em momentos de
profunda afli ção: quão m aior poder se en contrará onde dois ou três
concordarem em oração!
I. O QUE ESSE PODER NÃO PODE SER
Não pode ser mágico. Alguns parecem imaginar que as orações ~o
encantamentos, mas isso é inútil (Mt 6 .7).
Não pode ser louvável.
Não pode ser independente. D eve ser dado pelo Senhor.
II. BONDE PROCEDE ESSE PODER
I. Provém da natureza do Senhor: Sua bondade e ternura são excitadas
pela visão de nossa tristeza e franqueza. Um soldado que estava prestes
a 1natar un1a criança, pôs de lado sua arma, quando o pequenino
gritou: ((Não 1ne mate; sou tão pequeno".
2. Proced e d a pro1nessa d e D eus. Em sua aliança, no evan gelh o e na
Palavra, o Senhor se liga con1 grilhões àqueles que sabem con1o
pleitear sua verdade e fidelidade.
3. Brota d os relaciona1nentos da graça. Utn pai, certan1ente, ou virá os
próprios filhos.
4. Surge d e atos prévios do Senhor. A escolha que ele faz de seu povo,
é u1n poder diante dele, visto que ele não tnuda seus propósitos.
III. COMO PODE SER ELE EXERCIDO
L Deve haver profundo senso de franqueza (2Co 12.1 O).
2. Deve haver fé simples na bondad e do Senhor (Jó 14. 12).
A fé pisa o mundo e o inferno;
Eb ve nce a n1orte c o desespero:
E, o que é ainda mais estranho dizer,
Ela ve nce o céu pela o r::1ção.
3. D eve haver o bediência séria à sua vo ntade (Jô 9.3 1 ).
4. () co ra ç~o inte iro d eve ser derra mado (O s 12.4).
IV QUAL USO PODE SER DADO A ESSE PODER
1. Para nós rnesmos.
· Para nosso próprio livramento de algun1a provação.
Para nosso consolo futuro, força e crescimento, quando, àsem cl har1 ~,·: 1
de Jacó, forn1os sujeitos a provas sucessivas.
2. Para outros.
As esposas e os filhos de Jacó foram preservados, e o coraç~o de
Esaú foi abrandado.
Ern outros casos, Abraão, Jó, Moisés, Samuel, Paulo, etc. lutaram
· com Deus pelo bem de outros.
Quão terrível é não poder lutar com Deus, rnas combater contra ele
con1 nossos frágeis braços!
Jacó, embora homem, um homem só, viajante, cansado, sim, en1bora
urn verní.e facilmente esmagado e pisado sob os pés, e não h01nem (Is 41.14) ,
entretanto, na oração em particular, rnostrou-se tão potente que venceu ao
Deus onipotente; ele é tão poderoso que vence o Todo-poderoso (Thomas
Brooks).
Quantas vezes tenho visto urna criança lançar os braços etn torno do
pescoço de seu pai, e conquistar por meio de beijos e importunações e lágrirnas
o que havia sido recusado. Quen1 já não se rendeu à in1porrunação, n1esnio
quando utn anirnal irracional olha para nossa face com olhos súplices, pedindo
alitnento? É Deus rnenos compassivo que nós? (Dr. Guthrie).
Esta é a chave que tem aberto, e depois fechado, o céu. Ela te1n vencido
exércitos poderosos, tem desvendado segredos tais que ultrapassam a.habilidade
do próprio diabo en1 descobrir. Ela ren1 sufocado planos desesperados no
próprio ventre onde foram concebidos, e tern feito recair sobre os próprios
inventores aqueles engenhos de crueldade, preparados contra os santos, de
sorte que estes herdaram os patíbulos que erigiram para nós outros. Ao golpe
da oração, as portas da prisão se tên1 aberto, as sepulturas têrn devolvido seus
rnortos, e o leviatã do mar, incapaz de digerir a sua presa, teve de vonlitá-la
(W Gurnall).

3. "Tenho Fartura"
"Disse EsaCr: EulcnbL) n1uitt">s bens". (Disst' JacL):)
url"cn ·1 10 rwrhrra 1 1 ) 11 )
( "
lH1 ~::>
( -.,
::>. (-:;, . .•

É tão raro quão agracLivel encor1trarnlo-nos con1 um homen1 que rc nh ;l


brtura; a grande maioria esd lutando por obrer mais. Aqui ve mos du ;ls pcssn:1 s

17
yue estavam contentes. bois irmãos de rernperamento diferente, cada qual
dizendo: ''Tenho fartura". Onde en contraremos dois irmãos con1o esses?
I. EIS UM ÍMPIO QUE TEM FARTURA
Pelo fato de Esaú ter outras falhas, não há necessidade de que esteja
descontente e ávido: o contentamento é un1a excelên cia moral, tanto
quanto uma graça espiritual. Ele tem, porén1, o seu lado mau. Tende
a desprezar as riquezas espirituais.
Poçle, pois, ser um sinal de alguém ter a sua porção nesta vida.
II. EIS UM HOMEM PIEDOSO QUE TEM FARTURA
1. É uma pena que isso não seja verdadeiro acerca de cada cristão.
Alguns parecem ansiosos pelas coisas do rnundo, embora professem
estar separados dele.
2. É prazeroso ter fartura. O contentamento sobrepuja as riquezas.
3. É agradável ter algo sobressalente para os pobres; e esse deveria ser o
objetivo do n osso labor (Ef 4.28). .,
4. O melhor de tudo é ter todas as coisas. "Tudo é vosso" (1 Co 3.22).
Uma pobre cristã que estava quebrando o jejum com um pedaço de pão
e uma xícara de água, exclamou: ''O quê! Tudo isto e Cristo também!''
Um ·pregador puritano, pedindo a bênção para um arenque e algurnas
batatas disse: ''Senhor, damos-te graças, porque rebuscaste o mar e a terra, a
fim de achar alimento para teus filhos" (Máximas para Meditação).
Não fica a abelha tão satisfeita em nutrir-se do orvalho, ou sugando o
néctar de uma flor, quanto o boi que pasta nas montanhas? [ ... ] O
descontentamento rouba a urn homem o poder de desfrutar o que possui.
Un1a gota ou duas de vinagre azedam todo urn copo de vinho.

4. José Abre os Celeiros


uJosé abriu todos os celeiros" (Gn 41.56).

Observe a generosidade da providên cia ern exaltar José para salvar a casa
de Israel, sim, e o mundo inteiro, de rnorrer de forne. A seguir, note a grandeza
da graça soberana en1 exaltar a Jesus para salvar o seu povo, e para ser a salvação
de D eus até os confins da terra.
José havia enchid o d e antemão os \'astos celeiros, é: nosso texto m os tra
como ele usou o que fo ra arn1azenado - "José abriu todos os celeiros" . Quanto
ma is f-oi feito por Jesus: sermos participantes da sua gra ç;1!
I. JOSÉ ABRIU OS CELEIROS POR AUTORIDADE REAL
I . Só por me io de José é que se podia aproximar do Rei (v. 55) . Assim
l : tt td>(~ t tt :t( <> tl t cn· (·nm.J csus (Jn 14.6) .

10
2. O rei ordenou que se obedecesse a José (v.55) (Jo 5.23) .
3. Em toda a terra, ninguém podia abrir un1 celeiro , exceto José
(Jo 3.35).
II. JOSÉ ERA A PESSOA CERTA PARA ABRIR OS CELEIROS
1. Ele planejou os celeiros e foi apontado com justiça, para controlá-
los. Ver os versículos 33-36 e 38 (Hb 1.1-3).
2. Ele o fez numa escala nobre (v.49).
3 . Teve sabedoria para distribuir bern. Traça-se facilmente aqui um
, paralelo, porquanto nosso Senhor é aquele Mordomo, um dentre
mil, que proveu para a fome de nossa alma (Cl1.19; Jo 1.16).
III. JOSÉ, REALMENTE, ABRIU OS CELEIROS
1. Com essa finalidade os enchera. A graça existe para ser desfrutada.
2. Ele os abriu no tempo certo (v.55-56).
3. Ele os manteve abertos, enquanto durou a fome. Nunca se fecharam,
enquanto se aproximou um solicitante faminto.
IV JOSÉ ABRIU OS CELEIROS A ·TODOS QUANTOS VINHAM
1. Muitos vinham de longe, em busca de alimento (v.57) .
2. Não se sabe de ninguém que tenha sido despedido vazio. José,
porém, apenas vendia, ao passo que Jesus dá de graça. Quer vir a ele
em busca de pão celestial?
William Bridge disse: ((Em Jesus Cristo há o suficiente para servir a todos
nós. Se dois, seis ou vinte homens estão com sede e vão beber de uma garrafa,
enquanto um está bebendo, os demais sentem inveja, porque pensam que não
haverá o bastante para eles também; m as se urna centena estiver com sede, e
todos forem ao rio, enquanto um está bebendo, os demais não sen tem inveja,
porque h á o suficiente para todos".
((Todas as bênçãos espirituais por meio das quais a Igreja é enriquecida,
estão em Cristo e são concedidas por Cristo. O apóstolo cita algumas das rnais
escolhidas en1 Efésios 1.3. Nossa eleição é detenninada por ele (v.4) . Nossa
adoção é por ele (v.5). Nossa redenção e remissão de pecados são a·mbas,
mediante ele. Todas as transações graciosas entre D eus e o seu povo realizam-
se através de C risto. Deus nos ama por n1eio de Cristo; ele ouve as nossas
o rações, mediante Cristo; ele nos perdoa rodos os pecados, po r meio de Cristo.
"Medi ante Cristo, ele nos justifica; median te Cristo, ele nos santifica;
mediante C risto, ele nos sustém; rnedianre C risto, ele nos aperfe içoa. Toda's ;ls
suas relações co nosco são por tneio de Cri~ro; tudo o que remos vem de C risrn;
wdo o que es pe ramos ter, depende dele. Ele é ;1 dohradi ç t d e ntúo so hrl' :1 q tt :d
g ira a nossa sal vação" (Ralph Ro binso n ).

l'l
5. Pequena para um Cordeiro
acada Ulll ton1ará para si Un1 cordeiro, segundo a casa dos pais, Ulll

cordeir o para cada fan1dia. Mas, se a fatnília f o r pequena para un1


cordeiro, então, convidará ele o seu vizinho 1nais próxin1o, confonne
o nún1ero das almas; confonne o que cada un1 puder co1ner, p or aí
11
calculareis quantos baste1n para o cordeiro (Êx 12.3-4).

O cordeiro devia ser comido inteiro, comido por todos, e comido de


uma só vez. O Senhor Jesus deve ser recebido na alma, como seu alimento, e
cada um do seu povo deve fazê-lo com um Cristo total, e neste instante.
I. O TEXTO LEMBRA-NOS DE UM PRIVILÉGIO PRIMÁRIO
1. Que cada homem de Israel comeu a páscoa para sipróprio; "conforme
o que cada um puder comer". Do mesmo modo nos alimentamos de
Jesus, cada qual conforme seu apetite, capacidade e força para fazê-lo .

2. Mas essa mesma deliciosa refeição deve ser desfrutada por toda a
família: "um cordeiro para cada família".
Que não se desprezem esses dois privilégios. Que nenhum homem
·esteja contente sem a salvação pessoal, nem sem a salvação de toda a
sua casa. Ambos os privilégios nos são prometidos naquele famoso
texto de Atos 16.31.
II. O TEXTO MENCIONA UMA POSSIBILIDADE E PROVÊ PARA ELA
Pode haver falta de pessoas que se alimentem do Cordeiro, embora não
possa haver falta de alimento p ara elas se nutrirem. A última coisa que foi
providenciada para a grande festa das bodas foram os convidados. Os bois e os
animais cevados foram monos, e tudo já estava pronto, bem antes que "a sala
do banquete ficasse repleta de convivas:".
1. Uma só família certamente é recompensa pequena demais para Jesus
-pequena demais para o Cordeiro.
2. Uma só família é pequena demais p ara render-lhe todo o louvor,
adoração, serviço e amor que Ele merece.
3. Uma só família é pequena demais para fazer toda a obra de anunciar
o Cordeiro de Deus, manter a verdade, freqüentar a igreja, conquistar
o mundo. Portanto, convid emos o vizinho n1ais próxin1o de nossa
casa. Se nosso vizinho não vier quando convidado, a respo nsabilidade
n:io é nossa; n1as se ele pereceu porque não o convidan1os, a culpa
pelo sa ngue recairia sobre nós. ((Se não falares[ . . . ] o seu sangue eu
P d v 11t :trHI:1rv i de ti"(E:;. 33. 8).

/ (1
III. O TEMA TODO SUGERE IDÉIAS SOBRE A COMUNHÃO DOS
VIZINHOS NO EVANGELHO
1. É bom que indivíduos e famílias se desenvolvam sem egoísmo e
busquem o bem de todo um círculo amplo.
2. É uma bênção, quando o centro de nossa sociedade é o "cordeiro".
3. Inúmeras bênçãos já fluem para nós, advindas das amizades que
surgiram de nossa união em Jesus. A camaradagem da Igreja te~
sido um dos frutos nesse sentido.
Um. menino perguntou à sua mãe qual dos personagens de "O
Peregrino" ela mais apreciava. Ela respondeu: "Cristão, é claro; ele é o herói da
história toda". O menino disse: ''Eu não, mamãe, eu gosto mais de Cristiana,
pois quando Cristão saiu em sua peregrinação, partiu só, mas quando Cristiana
saiu, levou consigo os filhos" .
Um homem se dirigia ao trabalho certa manhã, quando lhe disseram que
o rio havia transbordado e estava inundando o vale, levando morte e destruição
por onde passava. Seu informante não parecia muit9 preocupado com o
problema, mas o corajoso operário desceu em
disparada para a parte mais
baixa do vale gritando: ''Se for assim, alguém tem de avisar as pessoas". Por sua
oportuna advertência, salvou a vida de muitas pessoas.

6. Oração Temporã
"Por que clatnas a mim?" (Êx 14.15).

Pode chegar a ocasião quando esta pergunta tem de ser feita, mesmo a
um homem como Moisés. Há um período quando clamar deveria ceder o
lugar à ação; quando a oração é ouvida e o Mar Vermelho se abre,. seria
vergonhosa desobediência permanecer tremendo e orando.
I. ÀS VEZES, A RESPOSTA SERÁ MUITO INSATISFATÓRIA
1. Porque fui educado para fazer assim. Alguns têm demonstrad? total
hipocrisia pela repetição de fórmulas de oração, aprendidas na
infância.
2. Faz parte de minha religião. Esses tais oram como um dervixe dança
ou un1 faquir manrén1 o braço erguido para o alto; nada sabem,
porén1, da realidade espiritual da oração (Mt 6. 7).
3. En1 tninha tnente, ax:ho 1nais fácil fazer assin1. Acha mesmo tu'do
tnais fácil? Não se pode d:1r o caso de que suas oLl )·ôvs l (lrrn :ti s
escarneçam de Deus e, assim, aun; c iii C111 sctr 1>1.:r: tdn ~ (!,. , 1. 1/, 1r1 ;
Fz 20 ..~ 1).
I I

II. ÀS VEZES, A RESPOSTA REVELARÁ IGNORÂNCIA
1. Quando ela impede o arrependimento imediato. Em vez de deixar o
pecado e lamentá-lo, algumas pessoas falam em orar. "Obedecer é
n1elhor do que sacrificar", e é melhor que as súplicas.
2. Quando impede a fé em Jesus. O evangelho não é "orar e ser salvo";
e sim, "crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo" (Mt 7.21; Jo 6.47).
3. Quando supomos que ela nos adapta a Jesus. Devemos ir a ele como
pec~dores, e não apresentar nossas orações como ostentação de justiça
(Lc 18. 11 , 12) .
III. ÀS VEZES, A RESPOSTA SERÁ PERFEITAMENTE CORRETA
1. Porque é meu dever. Estou em dificuldades e devo orar ou perecer.
Suspiros e clamores não são feitos para ordenar, mas são as explosões
irresistíveis do coração· (Sl42.1; Rm 8.26).
2 . Porque sei que serei ouvido, sinto, portanto, forte desejo de me
dirigir a Deus, em súplica. "Porque inclinou para mim os seus
ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver" (Sl 116.2).
3 . Porque nela me deleito; ela me traz descanso à mente e esperança ao
coração. Ela é um meio suave de comunhão com o meu Deus.
·((Quanto a mim, bom é estar junto a Deus" (Sl 73.28).
4. Onde devem estar aqueles que dependem de suas próprias orações?
Quais são aqueles que vivem sem orar?
Quais são aqueles que não podem apresentar motivos para orar,
mas repetem, supersticiosamente, palavras sem sentido?
Uma ansiosa indagadora, a quem apresentei claramente a grande ordem
do evangelho, "crê no Senhor Jesus", constantemente frustrava minhas tentativas
de afastá-la do seu ego e levá-la a Cristo. Por fim, ela gritou: "Ore por mim!
Ore por mim!" Parece que ela ficou grandemente chocada, quando afirmei:
"Não farei tal coisa. Já orei por você; mas, se você se recusa a crer na Palavra do
Senhor, não vejo nenhum motivo para que eu ore. O Senhor pede que você
creia em seu filho e, se você não crê, mas persiste em fazer de Deus mentiroso,
você perecerá, e bem o merece". Isso a fez cair em si. Ela rogou-me de novo
que lhe dissesse qual o caminho da salvação, e a recebeu calmamente, como
uma criança. Seu corpo tremia, sua face brilhava, e ela bradou: "Senhor, posso
crer; de fato, eu creio e estou salva. Agradeço-lhe o recusar-se a consolar-n1e
em tninha descrença". Depois, ela disse rnui suavemente: "Não quer orar por
n1im agora?" Cenan1ente o fiz, e juntos nos regozijamos, porque ela podia
apresentar a oração da fé.
No grande degelo de um dos rios norre-an1ericanos, havia um ho1nen1
sobre um dos blocos de gelo, que ainda não se separara da massa intacta. Ern
22
seu horror, contudo, não percebeu isso, mas ajoelhou-se e começou a orar cn 1
voz alta, para que Deus o livrasse. Os espectadores que se encontravam na
praia gritaram-lhe: "Homem, pare de orar e corra para a praia". Isso é o que cu
diria a alguns de vocês: "Não descansem na oração, mas creiam em Jesus''
(citado no Christian, 1874) .
Certa ocasião, quando Bunyan se esforçava por orar, o tentador sugeriu-
lhe "que nem a miser~córdia de Deus, nem ainda o sangue de Cristo, de modo
algum interessados nele, poderiam ajudá-lo, devido ao seu pecado. Portanto,
era inútil. orar". Entretanto, pensou ele consigo mesmo: "Vou orar". "Mas",
disse o tentador, "seu pecado é imperdoável". "Bem", disse ele, "vou orar".
"De nada adianta", disse o adversário. E ele ainda respondeu: "Vou orar". E
começou a orar assim: "Senhor, Satanás me diz que nem a tua misericórdia e
nem o sangue de Cristo são suficientes para salvar a minha alma. Senhor, devo
honrar mais a ti, crendo que queres e p9des, ou a ele, crendo que tu nem
queres e nem podes? Senhor, de bom grado te honraria, crendo que tu podes
e queres". E enquanto assim falava, "como se alguém lhe tivesse dado um
tapinha nas costas", veio-lhe à mente este texto das Escrituras: "Homem, grande
é a tua fé".

7. Quem é do Senhor?
"(Moisés) p ôs-se em pé à e ntrada do arraial e disse: Quem é do
SENHOR venha até mim. Então, se ajuntaram a ele todos os
filhos de Levi" (Êx 32.26).

Decisão é aquilo que o Senhor procura em seus ministros, e, quando a .


encontra, ele a recompensa.
Todo hometn verdadeiro deve ser decidido, pois no presente está em
andamento um horroroso conflito, e a maldição .cairá sobre os neutros.
I. OS AMIGOS DO SENHOR E O QUE DEVEM FAZER
Devem confessar sua lealdade abertamente. "Consagrai-vos ao
Senhor hoje"(v.29).
D evem apresentar-se e tomar posição: "Quem é do Senhor, venha
até mim". Isso fazemos pela união pública com a igrej a, por censurar
ousadamente o pecado, por testificar a favor da verdade, por não
nos conformarmos com o mundo, e por nos conform armos com·
Cristo, nosso Senhor (2Co 8.5).
D eve1n estar dispostos a ser mino ri :1: urn :1 ! ri l)( , ,,, 1111 ,1 rt~r n · , '" '
necessário for.

II. O EXÉRCITO DO SENHOR E SEUS ESTÍMULOS
Devem tornar-se agressivos. "Cada um cinja a espada sobre o lado"
(v.27). A causa deles é a causa da justiça e da verdade. Uma boa
causa é um alicerce finne, urn poderoso estímulo de bravura. "Três
vezes armado está aquele cuja causa é justa. Não teme. Prossegue na
luta. A verdade prevalecerá". Cristo mesmo é o nosso capitão. Quen1
pode hesitar, tendo tal comandante? "Príncipe e governador dos
povos'' (Is 55 .4).
o
É lado da consciência, e também de um coração puro.
É aquele lado da guerra que termina em céu e em vitória, pelos
séculos sem fim (Ap 19. 14).
III. PROPOSTAS PARA ALISTAMENTO
Tome partido- confessando a Cristo publicamente, no batismo.
Submeta-se ao treinamento- esteja disposto a aprender e aceite a
disciplina.
Vista a farda- use as vestes de santidade, o fardamento do am.or,
toda a armadura de Deus (Ef 6. 13, 18).
Entre primeiro na guerra civil. Trave a guerra dentro de sua própria
alma. Mate o p ecado, conquiste o ego, ponha por terra as altas
pretensões etc.
Marche para o campo de batalha. Combata a falsidade, a superstição,
a crueldade, a opressão, a embriaguez e o pecado de todo tipo, em
qualquer lugar.
Guizot, em sua Vida de S. Luís de França, diz que este tinha muitos
vassalos que também eram vassalos do rei da Inglaterra, e que surgiram tnuitas
questões sueis e difíceis quanto à extensão do serviço que eles deviam a esses
reis. Afinal, o rei francês ordenou a todos os nobres que tinham terras em
território inglês, que comparecessem à sua presença, e então lhes declarou:
"Como é impossível a qualquer homem que vive em meu reino, e tem possessões
na Inglaterra, servir corretamente a dois senhores, deveis vincular-vos totalmente
a mim, ou então, inseparavelmente ao rei da Inglaterra". Então concedeu-lhes
determinado prazo, para fazerem a escolha.
Um querido an1igo meu, chefe d e família com filhos e filhas crescidos,
morreu repentinamente. No dia anterior à sua morte, todos os membros da
bmília estiveratn com ele , inclusive o poder da graça salvadora. A alegria do
pai era grande, à rnedida en1 que punha a 1não sobre urn após outro de seus
filhos, dizendo con1 coração transbordante: "E este é do Senhor! e este é do
Senhor! " Que aconteceria a nosso o uvinte, se devesse estar ao lado do leito de
morte de um pai piedoso? Será que esse pai se regozijaria co1n ele, por ser ele
do Senhor?

24
8. Pondo a Mão sobre a Oferta
uE porá a 1não sobre a cabeça da oferta pelo pecado" (Lv 4.29).

O problema de muitas almas é como se interessarrem por Cristo, a ponto


de serem salvas por Ele. ]a1nais se poderia fazer uma pergunta mais ponderada.
É claro que isso é absolutamente necessário, mas, infelizmente, tem sido
temerosamente negligenciado por muitos. Cristo morreu em vão, se não se
crer nele.
O texto nos dá uma resposta figurativa à pergunta: Como pode o sacrifício
de Cristo estar à minha disposição?
I. A INTENÇÃO DO SÍMBOLO
1. Era uma confissão de pecado. Se não houvesse pecado, não haveria
necessidade de oferta pelo pecado.
A esta se acrescentava uma confissão do merecimento de castigo, ou
por que deveria a vítima ser imolada.
Havia, igualmente, o abandono de todos o~ demais métodos de
remoção do pecado. As mãos estavam vazias e postas somente sobre
a oferta pelo pecado.
Faça isto junto à cruz, pois somente ali o pecado é removido.
2. Era um consentimento ao plano de substituição.
Alguns levantam dúvidas quanto à justiça e à certeza desse método
de salvação; mas aquele que deve ser salvo não faz assim, pois vê que
o próprio Deus é o melhor juiz da justiça desse ~étodo e, se ele está
contente, por certo que também podemos estar satisfeitos.
Não há outro plano que satisfaça a questão, ou mesmo a considere
com justiça. O sentido de culpa do homem não se satisfaz co~
outras pessoas.
3. Era um estado de dependência- dependia da vítima
Para o coração confiante, não é muitíssimo mais seguro estar em
Jesus Cristo?
Considere a natureza do sofrimento e da morte, pelos quais se fez a
expiação, e descansará nela.
Considere a dignidade e o valor do sacrifício de quem enfrentou a
morte. A glória da pessoa de Cristo aun1enta o valor de sua expiação
(Hb 10.5-10) .
Lembre-se de que nenhun1 dos santos que agora estão no céu, teve
qualquer outro sacrifício expiador. ((Jesus sotnente" tern sido o lema
de todos os justificados. "Jesus, poré1n, ofereceu para sempre, um
{mico sacrifício pelos pecados" (Hb 10.12).
o("
( I

Aqueles dentre nós que somos salvos, só descansam ali; por que não
o deveria você, e todo aquele que estiver com você?
II. SIMPLICIDADE DO SÍMBOLO
1. Não havia ritos antecedentes. A vítima estava ali, e as mãos eram
postas sobre ela: nada mais do que isso. Não acrescentamos a Cristo
nem prefácio nem apêndice; ele é o alfa e o ômega.
2. O ·ofertante vinha com todo o seu pecado. ''Assim como estou".
Era para que seu pecado fosse removido que o ofertante trazia o
sacrifício; não porque ele mestno já tivesse removido.
3. Nada havia de mérito ou preço, em sua mão.
4. Nada havia em sua mã.o. Nenhum anel de ouro para indicar riqueza;
nenhum sinete de poder; nenhuma jóia a indicar categoria. O
ofertante vinha como homem, não como letrado, rico ou honorável.
Quando Christmas Evans estava prestes a morrer, diversos ministros
estavam ao redor de seu leito. Ele lhes disse: ((Preguem Cristo ao povo, irmãos;
olhem para mim; em mim mesmo nada sou, senão ruína. Mas olhem para
mim em Cristo; sou céu e salvação".
Não é a quantidade de sua fé que o salvará. Uma gota de água é tão
verdadeira água como o oceano inteiro. Assim, uma pequena fé é fé verdadeira,
tanto quanto a maior. Um menino de oito dias é tão realmente homem como
um homem de sessenta anos; uma fagulha de fogo é fogo tão verdadeiro quanto
uma grande chama; um homem enfermo está tão verdadeiramente vivo quanto
um homem saudável. De modo que não é a medida de sua fé que o salva- é o
sangue de que se apossa que o salva.
Da mesma forma que a frágil mão de uma criança, que leva a colher à
boca, a alimentará, assim também o braço forte de um homem; pois não é a
mão que o alimenta - ainda que ela ponha a carne em sua boca, é a carne
levada a seu estômago que o nutre. Se puder apegar-se a Cristo, ainda que
fracamente, ele não o deixará perecer[ ... ] As rnais fracas mãos podem receber
un1a dádiva, tanto quanto as mais fortes. Ora, Cristo é a dádiva e a fé fraca
pode sust ê-lo tanto quanto a fé vigorosa, e C risto é tão verdadeiramente seu
quando tem débil fé, quanto é seu, quando alcançou aquele júbilo triunfante
pela força da fé (Welsh).
2(i
9. Contra o Queixume ·
uQueixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o
SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENH.OR ardeu entre eles t:
consumiu extremidades do arraial"(Nn1 11.1).

Observe como o_dano começou nos arredores, entre a multidão mista, e


como o fogo do Senhor consumiu as extremidades do arraial. O grande perigo
da Igreja está em seus viveiros ou parasitas; esses infectatn o verdadeiro Israel.
I. UM ESPÍRITO DESCONTENTE CAUSA PESAR AO SENHOR
1. Poderíamos inferir isso de nossos próprios sentimentos, quando os
dependentes, os filhos, os criados ou aqueles que recebem esmolas
estão sempre resmungando.
Cansamo-nos deles e nos iramos contra eles.
2. No caso dos homens para com Deus, a murmuração é muito pior,
visto como não merecem bem algum de suas mãos, mas bem ao
contrário. "Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se
cada um dos seus próprios pecados" (Lm 3.39; 51103.10).
II. UM ESPÍRITO DESCONTENTE IMAGINA QUE ACHARIA PRAZER
NAS COISAS QUE LHE FORAM NEGADAS
Israel tinha o maná; porém suspirava por peixes, pepinos, melões,
cebolas, etc.
1. É prejudicial a nós mesmos, pois nos impede de desfrutar o que já
temos. Leva os homens a difamarem o alimento dos anjos,
chamando-o de "este pão vil". Levou Hamã a não pensar em sua
prosperidade, porque um simples homêm lhe negou reverência
(Et5.13).
2. É uma calúnia para com Deus e ingrato para com ele.
3. Leva à rebeldia, à falsidade, à inveja e a toda sorte de pecados.
III. UM ESPÍRITO DESCONTENTE MOSTRA QUE A MENTE
PRECISA SER TRANSFORMADA
A graça poria nossos desejos em ordem e manteria nossos
pensamentos e afeições em seus devidos lugares; deste modo:
1. Contentamento co1n aquilo que temos (Hb 13. 5) .
2. Em relação a outras coisas, moderados no desejo. "Não 1ne dês nem
a pobreza nem a riqueza" (Pv 30.8).

I 'I

3. En1 relação às coisas terrenas que podem estar faltando, plenamente


resignados. «Não seja como eu quero e, sim, con1o tu queres"
(Mt 26.39) .
4. Primeiro, e mais ansiosamente, desejar a D eus. "Minha alma tem
sede de D eus", etc. (51 42.2).
5. Em seguida, buscar ardentemente os melhores dons (lCo 12.31).
6. Seguir sempre em amor o caminho mais excelente (1 Co 12.31).
Li a respeito de César que preparou uma grande festa para seus nobres e
amigos. Aconteceu que o dia designado foi de tamanha má sorte que nada se
poderia fazer para a honra de sua reunião. Em conseqüência disso, desgostoso
e enraivecido, ordenou a todos quantos tivessem arcos, que atirassem suas
setas contra Júpiter, o principal" d eus deles, como que em desafio contra ele,
por aquele tempo chuvoso; feito isso, suas setas não chegaram ao céu e caíram
sobre suas próprias cabeças, de modo que muitos deles ficaram gravemente
feridos.
Assim, nossos queixumes e murmurações, que são outras tantas setas
atiradas ,contra o próprio Deus, retornarão sobre nossas cabeças ou nossos
corações; não o alcançarão, mas nos atingirão; não lhe causarão dano, mas nos
ferirão; portanto é preferível ser mudo a ser murmurador; é perigoso
contender com aquele que é fogo consumidor (Hb 12.19) (Thomas Brooks).
No mesmo texto (Nm 17. 10), os israelitas são chamados de
«murmuradores" e ((rebeldes"; e não é a rebelião como o pecado da feitiçaria?
(15m 15.23). Você que é murmurador, para Deus é como um bruxo, um
feiticeiro, como aquele que lida com o diabo. Este é um pecado de primeira
grandeza. A murmuração, muitas vezes, termina em maldição; a mãe de Mica
deitou maldições, quando os talentos de prata foram tirados (Jz 17.2). Assim
faz o murmurador, quando uma parte de sua propriedade lhe é tirada. Nossa
murmuração é a música do diabo; trata-se do pecado que Deus não pode
suportar (T. Watson).
Não ouso lamuriar-n1e assim, como não ouso amaldiçoar ou jurar (João
Wesley) .
Uma criança estava chorando de raiva, quando ouvi sua tnãe dizer-lhe:
"Se você está chorando sem motivo, logo vai chorar cotn razão". E do son1 de
uma tapa recolhi o ensino 11101-al de que os que choran1 por nada, estão tàzendo
1lllt :t v:t r:t para suas próprias costas e, provaveln1ente, serão castigados por ela.

20
1O. O Desespero do Homem é a Oportunidade de Deus
"Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se co1npadecerá dos
seus servos, quando vir que o seu poder se f oi, e já não b.á nem
escravo nen1livre" (Dt 32.36).

Para os ímpios, o tempo de sua queda é fatal; não se levantam novamente.


Sobem cada vez mais alto na escada da riqueza; mas, por fim, não podem subir
mais; seus pés escorregam, e tudo está acabado.
Não é assim, porém, com os três personagens dos quais agora passamos a
falar; eles são julgados neste mundo, para que não sejam condenados depois
(1 Co 11.32).
I. A PRÓPRIA IGREJA DO SENHOR
1. Uma igreja pode ser amargamente provada- ((o poder se foi, não há
escravo nem livre".
Por falta de um ministério fiel, pode não haver aumento; e aqueles
que permanecerem, podem tornar-se fracos e .desanimados.
Pelo declínio geral de ouvintes, membros etc., uma igreja pode ficar
amargamente angustiada. Várias circunstâncias podem espalhar o
povo, tais como dissensão interna, heresia perniciosa e falta de vida
espiritual. Onde não há alimento espiritual, as almas famintas não
acham lar (Jó 15.23).
2. A provação é permitida:
Para revelar os servos do Senhor e expulsar os hipócritas (Is 33.14).
Para provar a fé dos crentes sinceros e fortalecê-la.
Para manifestar a própria graça de Deus, sustentando-os em tempos
de provação, e visitando-os com bênçãos futuras.
Para assegurar a si mesmo a glória, quando forem concedidos· dias
mais felizes.
II. O CRENTE PROVADO
1. Seu poder pode ter-se ido. Pessoalmente, ele se torna inútil. A saúde
corporal falha, a prudência fica desnorteada, a habilidade é tirada, a
coragem naufraga, as próprias forças espirituais se afastam
(Lm 3. 17, 18) .
2. Sua ajuda terrena pode fálhar. "Não há nem escravo nem livre" . Un1
homen1 sem amigos tnove a con1paixão de Deus.
3. ~ode ser assaltado por dúvidas e ten1ores, e dificiltnenre sabe o que
fazer consigo mesn1o (Jó 3.23-26). E1n tudo isso, pode h ~1vn C l.'i t ÍJ',o
pelo seu pecado. E o contexto o descreve <.k s.s:l Jll :ll l<'Í I':l.

"'

III. O PECADOR CONVICTO


Este é purificado de tudo quanto se orgulhava.
1. Sua justiça própria cessou (Jó 9.30,31).
2. Sua capacidade de executar obras aceitáveis cessou (Ef 2.1).
3. Seus orgulhosos sonhos românticos passaram (Is 29.8) .
4. Seus deleites mundanos, sua ousada provocação, sua descrença, sua
fanfarronice, sua falta de cuidado, sua vã confiança, tudo se foi.
5. Nada ficou, senão a compaixão de Deus (Sll03.13).
Depois que a maré baixou ao máximo, volta.
O filho pródigo gastou tudo, antes de voltar.
O fim dos recursos humanos é a oportunidade de Deus.
Os desesperos são garantia para a importunação.
Um homem que chegou ao fim de sua sabedoria, não chegou ao fim de
sua fé (Matthew Henry).
O Dr. Brown fala em sua obra, Horae Subsecivae, da maravilhosa resposta
que a velha crente escocesa deu ao desafio de seu pastor, com referência à base
de sua fé. "Janet", disse o ministro, ((que diria você se, depois de tudo o que fez
por vocé, Deus permitisse que você fosse lançada ao inferno?" "Como ele
quiser", respondeu Janet; "se ele fizer isso, perderá mais do que eu"- querendo
dizer com isso que ele perderia sua honra pela verdade e pela bondade. Portanto,
o Senhor não pode abandonar seu povo na hora de sua necessidade.
Uma pessoa que não sabia nadar, caiu na água. O homem que sabia nadar
saltou para salvá-la. No entanto, em vez de agarrar imediatamente o homem
que se debatia na água, manteve-se a alguma distância, até que aquele cessasse
de lutar; então ele o segurou e o puxou para fora da água. Quando as pessoas
por perto lhe perguntaram por que não agarrara imediatamente o homem que
estava afogando-se, ele respondeu: "Eu não podia tentar salvar o homem,
enquanto ele pudesse tentar salvar-se". O Senhor age desse modo para com os
pecadores; eles devem parar de se esforçar e, então, o Senhor manifestará o
poder de sua graça sobre eles.
Enquanto um pecador tiver seu próprio pão mofado, não se nutrirá do
maná celestial. Dizem que meio pão é melhor que nada, mas isso não é verdade,
pois rendo 1neio pão, os h01nens são levados a uma existência de penúria; n1as,
quando não têm pão algum, corren1 para Jesus, en1 busca do alimento que
desce do céu. Enquanto un1a ahna tiver un1 centavo com o qual possa beneficiar-
se, loucamente recusará o perdão gratuito de suas dívidas: mas a penúria absoluta
leva-a às verdadeiras riquezas.
30 .
11. Incapacidade Morar
"Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor" (Js 24.19).

Em resposta ao desafio de Josué, o povo tinha dito: «Nós também


serviremos ao Senhor, pois ele é nosso Deus". Mas Josué os conhecia bem
demais para confiar neles, e lembrou-lhes que eles estavam empreendendo .o
que não poderiam executar. Não creram nele, mas clamaram: «Não, antes
serviremos ao Senhor". A história posterior, porém, provou a veracidade da
advertência de Josué. A Palavra de Deus nos conhece melhor do que nos
conhecemos a nós mesmos. A onisciência de Deus vê cada parte de nosso ser
como um anatomista vê as várias porções do corpo, portanto ele conhece a
nossa natureza m oral e espiritual muitíssimo bem. Um fabricante de relógios é
o melhor especialista de um relógio e aquele que fez o homem, tem o melhor
conhecimento de sua condição e capacidade. Ressaltemos a importância de
seu veredicto quanto à capacidade humana.
I. CERTEZA DA VERDADE DE QUE O HOMEM ~ÃO REGENERADO
NÃO PODE SERVIR A DEUS
Não se trata de uma incapacidade física, porém moral, e não está
em sua constituição física, mas em sua natureza decaída; não é de
Deus, mas do pecado.
1. A natureza de Deus presta serviço perfeit~, impossível ao homem
depravado (ver contexto, v.19).
2. O melhor serviço que os homens poderiam prestar, como homens
não-regenerados, careceria de coração e intenção, sendo, portanto,
inaceitável (Is 1.15).
3. A lei de Deus é perfeita; quem pode ter esperanças de cumpri-la? Se ·
um simples olhar pode cometer adultério, quem observará a le.i, em
todos os seus pontos? (Mt 5.28).
4. A mente carnal é inclinada para a vontade própria, para a busca de
seus próprios interesses, ou seja, o egoísmo, a luxúria, a inimizade,
o orgulho e todos os demais males (Rm 8. 7).
II. O DESÂNIMO QUE BROTA DESSA VERDADE
Argumenta-se que isso levará os homens ao desespero, mas nossa
resposta é que esse tipo de desespero a que a verdade leva os homens,
é muitíssimo desejável e salutar.
1. Ela tira a coragen1 dos homens para realizarerú wna tarefa in1possível. '
Eles podiam muito bem alimentar a esperança de inventar un1 moro-
perpétuo con1 relação a uma obediência presente e perfeita, que
fosse deles Ines1nos, tendo já c01netido pecado.

~ I
Se o homem tentasse segurar uma escada com as próprias mãos, ao
mesmo tempo que fosse subindo até o topo da escada, teria menor
dificuldade nisso do que em fazer que a sua natureza má atingisse a
santidade.
2. Ela desencoraja a seguir um curso prejudicial.
O farisaísmo é un1a atitude tnoral; é uma orgulhosa rejeição da
misericórdia oferecida, é uma rebelião contra a graça. A
autoconfiança de qualquer tipo é inimiga do salvador.
3. Desestimula a confiança nas cerimônias ou em qualquer outra
religiosidade exterior, assegurando aos homens que tais coisas são
mais do que insuficientes.
4. É·um desencorajamento a qualquer outro meio de auto-salvação e,
desse modo, tira dos homens a fé no Senhor Jesus. Nada melhor
poderia suceder-lhes (Gl 2.22,23).
III. NECESSIDADES DAS QUAIS ESSA VERDADE NOS LEMBRA
Homens não-regenerados, antes que possam servir a Deus, têm
necessidade do seguinte:
Uma nova natureza, que só o Espírito Santo pode criar em vocês.
Reconciliação. Como pode um inimigo servir a seu rei?
Aceitação. Até que sejam aceitos, seu serviço não pode agradar a
Deus.
Ajuda contínua. Devem ter essa ajuda para se manterem no caminho,
uma vez que já estão nele (15m 2.9; Jd 24,25).
Nenhuma vespa pode fabricar mel; antes de fazê-lo, é necessário que se
transforme em abelha. Uma porca não se assentará para lavar a cara, como um
gato o faz diante do fogo; nem a pessoa debochada se deleitará na santidade.
Nenhum diabo pode louvar 0-Senhor como os anjos o fazem, e nenhum homem
não-regenerado pode prestar culto aceitável como os anjos (George Bush, em
Notas sobre }osue}.
A existência do pecado em nós amarra-nos a certas conseqüências, das
quais não temos condições de fugir, assim como um idiota não tem capacidade
de alterar seu aspecto de idiotia; ou cotno a mão paralisada nao tem poder de
libertar-se de sua paralisia (B. W Newton).
((O homem não pode ser salvo por obediência perfeita, pois não pode
realizá-la; não pode ser salvo por obediência imperfeita, pois Deus não a aceitará"
(um evangelista i~glês).

12
"Corre, corre e trabalha, a lei ordena,
Mas não me dá nem pés nem mãos;
Contudo, sons mais suaves traz o evangelho,
Ele me pede para voar e me dá asas".

12. A Oliveira Fiel


uPorém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os
a
homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?" d 9. 9).

As árvores estavam sob o governo de Deus, e não queriam rei; mas nesta
fábula, elas "se foram", e desse modo renunciaram a seu verdadeiro lugar. Então
procuraram ser iguais aos homens, esquecidas de que Deus não as fizera, a fim
de se conformarem a uma raça decaída. Revoltando-se, elas se esforçaram por
aliciar as melhores, que haviam permane~ido fiéis.
I. AS PROMOÇÕES APARENTES NÃO DEVEM ATRAIR-NOS
A pergunta a ser feita é: Deixaria eu?.
A ênfase deve recair sobre o pronome eu. Deixaria eu? Se Deus me
deu dons peculiares ou graça especial, é para que eu passe a brincar
com esses dons? Deveria eu abrir mão deles, a fim de obter honra
para mim mesmo? (Ne 6.11). Uma posição mais elevada pode parecer
desejável, mas seria certo obtê-la a tal custo? (]r 45.5).
Posso esperar a bênção de Deus sobre trabalho tão estranho? Formule
a pergunta no caso de riqueza, honra, poder, que são postos diante
de nós. Deveríamos agarrar-nos a eles, com risco de viver menos em
paz, de sermos menos santos, menos dados à oração, menos úteis? ·
II. NÃO SE DEVE BRINCAR COM AS VANTAGENS REAIS
A maior vantagem da vida é ser útil, tanto para Deus como piu a os
homens. 'c Por mim elas honram a Deus e ao homem". Devemos
prezar esse alto privilégio de todo o coração.
Também podemos opor-nos às tentações, refletindo que a perspectiva
é surpreendente. "Deixaria eu o meu óleo?" Para uma oliveira fazer
isso seria desnatural: para um crente deixar a vida santa seria pior
(Jó 6.68).
O retrospecto seria terrível - "deixar o n1eu óleo". O que deve
significar deixar a graça, a verdade, a santidade de Cristo? Len1bre-·
se de Judas.
Tudo terminaria em d esapontamento, pois nada poderia c01npens:.u
a perda do Senhor. Tudo o n1ais é tnorre (]r 17. 1 .~ ).

UI. DEVE-SE TIRAR PROVEITO DA TENTAÇÃO


Aprofundemos mais a raiz. A mera sugestão para deixar nosso óleo
deveria fazer que nos agarrássemos mais depressa a ele. Sintamo-nos
mais contentes, e falemos mais carinhosamente de nosso estado de
graça, para que ninguém ouse seduzir-nos. Quando Satanás nos vê
firmados de modo feliz, tem menos esperança de derrotar-nos.
Muitos, com o fito de obter salário mais elevado, têm deixado o
companhei~ismo santo e oportunidades sagradas de ouvir a Palavra e crescer
em graça. Tais pessoas são tão tolas como os pobres índios, que deram ouro aos
espanhóis, em troca de miçangas. As riquezas obtidas com o empobrecimento
da alma sempre constituem maldição. Aumentar os negócios de sorte que não
possam comparecer aos cultos é tornar-se realmente mais pobres; abrir mão
do prazer celestial e, em trocá, receber cuidados terreais é uma lamentável
variedade de comércio (George Herbert).

1 3. Rute Decide-se por Deus


"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não
seguir.-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares,
ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus"
(Rt 1.16).

Esta é uma heróica e franca confissão de fé e foi feita por uma mulher
jovem, pobre, viúva e estrangeira.
I. A AFEIÇÃO PELO PIEDOSO DEVE INSPIRAR-NOS À PIEDADE
Muitas forças se combinam para efetivar isso:
1. Há a influência do companheirismo: devemos ser afetados por
~ pessoas piedosas, mais do que por pessoas más, desde que nos
submetemos à sua influência.
2. Há a influência da admiração. Imitação é o mais sincero louvor;
seguimos aquilo que nos favorece. Portanto, imitemos os santos.
3. Há a influência do temor de separação. Seria horrível estarmos
eternamente separados dos entes queridos que buscam nossa salvação;
é doloroso, inclusive, ter de deixá-los participando da n1esa do
enhor, e nós, não.
li. AS RESOLUÇÕES PIEDOSAS SÃO PROVADAS
I . Por implicar pagar o preço. Vocês mesmos terão de separar-se de
sc11s amigos, como o fez Rute. Terão de partilhar a sorte do povo de
I k us, c )111 0 Rute partilhou com Noe1ni (Hb 11.24 ,26) .
2. Pelos deveres implícitos da religião. Rute deveria trabalhar nos
campos. Algumas pessoas orgulhosas não se sujeitaram às norn1as
da casa de Cristo, nem aos regulamentos da vida diária dos crentes.
3. Pela aparente frieza dos crentes. Noemi não a persuadiu a ficar com
ela, mas ao contrário. Ela era mulher prudente e não queria que
Rute viesse com ela por persuasão, mas por convicção.
III. TAL PIEDAPE DEVE ESTAR PRESENTE, PRINCIPALMENTE NA
ESCOLHA DE DEUS
1,. Essa é a possessão distintiva do crente. "Teu Deus é o meu Deus".
2. Seu grande artigo de fé. "Creio em Deus".
3. Sua confiança e constância (ver Rt 2.12). "Este é Deus, o nosso
Deus p ara todo o sempre: ele será nosso guia até à morte"
(15m 48.14).
IV. MAS A PIEDADE DEVE IMPLICARA ESCOLHA DE SEU POVO
Um parente próximo está entre eles. O verdadeiro Boaz está disposto
a levar-nos para si próprio, e redimir a nossa herança.
Façamos uma escolha deliberadà, humilde, firme, alegre, imediata
a favor de Deus e de seus santos~ aceitando a hospedagem deles
neste mundo e indo aonde quer que eles vão.
O ex-escravo convertido manifestou expressão feliz à sua d ecidida adesão
a Cristo, quando disse: "Já passei o ponto donde não .se pode vo.ltar mais. Vou
direto para o meu lar no céu. E se você não me encontrar no primeiro dos doze
portões lá em cima, dá uma olhada no seguinte, pois cu ré r~ ho de cst~1r lá". Ah!
Quem nos dera ter milhares assim, em nossas congr ·g:I\'Õt·s; pois po r falta de
fé, eles nunca poderão chegar ao ponto de ond e n:io sv volt :1 111 ~1is.
o poder do caráter cristão, que .se irradi:l 11:1r:, ·c, 110 aspecto e nas palavras
de um crente, está ilustrado d e •nodo b~..·lfss irllo no seguinte incidente: Um
afegão, em certa ocasião, passou 111n:1 ltdr:t cr11 ·01upanhia do Dr. William
Marsh, da Inglaterra. Q u:111do o1r vi 11 q11 c o I r. Marsh falecera, disse: ((Sua
religião agora scd :1 minlt :t rclir,i:1o; snr l cus será o n1eu Deus; pois devo ir
para onde d · foi , c ver d e 11< >vo :1 s11:1 f:lCc".
Sei ( jiH' scw.; p:11tos de .s:1 ·o c c i11zas são rnelhores do que as risadas do tolo
(Rirtll('rl (> nl ).
Sv <> l>n vn d e I ) cus não se envergonhar de nós, não precisaren1os,
vn vngo11 k1r -r1os deles . E u não gostaria de ir a un1a reunião pública, disfarçado
d · hdr:in ; pref-Iro minhas próprias roupas, e não posso entender como há crentes
q11 c podem conduzir-se corn vesrimentas tnundanas.

14. Do Senhor é a Guerra


"Saberá ·to da esta multidão que o SENHOR salva, não com espada,
nen1 co1n lança; porque do SENHOR é a guerra, e ele vo s entregará
nas nossas Inãos" (1 S1n 17.47).

Sempre há dois modos de considerar a mesma doutrina. A verdade contida .


no texto po~e ser usada como narcótico ou como estimulante. Alguns são tão
perversos, a ponto de dizer que se a guerra é do Senhor, estamos escusados de
combater; como se, vendo que a seara é do Senhor, pudéssemos, com justiça,
recusar-nos a semear ou ceifar. Vemos como Davi usou essa verdade; ela lhe
inflamou a alma e lhe encorajou os braços. Todos estamos guerreando de um
ou de outro lado, e o pior de tudo é que há quem se vanglorie de sua
neutralidade. Para o cristão, essas palavras são tão verdadeiras que ele pode
ostentá-las em sua bandeira, escrevendo-as como título do "livro das guerras
do Senhor".
I. O GRANDE FATO: "DO SENHOR É A GUERRA" .
. 1. Desde que ela seja a favor da verdade, do direito, da santidade, do
amor, e de todas as cosias que o Senhor ama, a batalha é do Senhor
(Sl 45.4).
2. Seu nome e glória são o objetivo da guerra. É honra para Ele ver sua
justiça estabelecida na terra. O evangelho glorifica a Deus de modo
extraordinário; os homens se chocam com a honra divina, quando
se opõem a ela, e o Senhor defenderá seu próprio nome; desse modo,
nosso conflito se torna a guerra de Deus (Is 40.5).
3. Combatemos somente por seu poder. O Espírito Santo é a nossa
força; nada podemos fazer sem o Senhor; por isso, a guerra é dele,
no mais elevado grau (2Co 13.12; 20.12).
4. Ele nos pediu que lutemos. Por ordem de nosso rei, entramos nessa
guerra. Não somos franco-atiradores, agindo por conta própria, mas
guerreiros sob o seu comando (1 Tm 6.12).
II. SUA INFLUÊNCIA SOBRE AS NOSSAS MENTES
1. Fazemos pouco caso da oposição. Quem pode resistir ao Senhor?
2. Não fican1os intiinidados por nossa fraqueza. "Quando estou fr;1co,
então estou forte". O Senhor nos fortalecerá e1n sua própri ~1 lut :1.
3. Atir;1mo-nos à obra de rodo o coração. D evem os ranro :10 Sc11ltor
que pr · i~;1 mos co mb:u er por Ele (1 Co 16.1 3 ).
36
4. Escolhemos as melhores armas. Não o usamos detonar c tnhocs do
Senhor, usando pólvora do diabo. funor, verdad e, zelo, or: t~:i n v
paciência deveriam estar em suas melhores condições, na guerra de
Deus (2Co 10.4).
5. Confiamos na vitória. Pode o Senhor ser derro tado? Ele ven ceu ~~
Faraó e fará o mesmo com Satanás, no tempo devido (1 Co 15.25 ).
III. LIGAÇÕES EM CONEXÃO COM ELA
Faça dela a causa de Deus. Nunca deixe que ela se afunde no egoísmo.
· Por seu motivo. Vise à sua glória somente. Elimine todos os desígnios
Sinistros.
Por seu método. Lute a favor da fé, conforme Jesus teria lutado, e
não de u m modo que o Senhor desaprove.
Por sua fé. Pode confiar que D eus luta suas próprias batalhas?
O sr. Oncken disse-me que foi intimado a comparecer perante o prefeito
de Hamburgo, o qual lhe ordenou que deixasse de realizar reuniões religiosas.
''Vê este dedinho?" gritou ele. "Enquanto eu puder mover este dedo, arrasarei
os batistas". "Sim", disse Oncken, "vejo seu dedinho, e também vejo um grande
braço que o senhor não pode ver. Enquanto o grande braço de Deus estiver
erguido a nosso favor, seu dedinho n ão nos causará terror" (David Gracey em
The Sword and the Trowell).
Não é da vontade de Deus que seu povo seja um povo tímido (Matthew
H enry).
Diz-se dos quakers perseguidos, que, olhando firmemen re para a fo rça de
seu líder Todo-poderoso, eles
"Não diziam: Quem sou? mas, ao contr~üio, .
De quem sou, para que não tenh a m ·do?'' (llnriÍJ dos Primitivos Amigos)
A força de Lutero consisti;:t n:1 (·(>f'll 1:t corno rk l a n ~·ou a carga da Reforma
sobre o Senhor. Em o raçrto, ·k rog:tv:t çqr\lÍilll:li1H.:ntc: «Senhor, esta causa é
tua, e não minlt:t. Po nant o, r 11.c 111:1 p n'>pria o bra; po rque se este evangelho
não prosperar, n ft~> scd l .tii <.: H > so·;.inho que sair:.í perdendo, mas o teu próprio
11o 11tc scd d< -.'l t> IH .I dll' '.
1\ J.titdt :t kt hcl IH,:d iu :t 11111 11cgociante que fosse ao exterior, a serviço
d1·l.t, <', •1t1 :11td n ck li tencio nou que o seu próprio negócio ficaria arruinado, ,
<'l.t l\ 'ld11111 1: "( :tlid a dos meus negócios, que eu cuidarei dos teus". Se a batalha
I~ 11 :qH' 11:1s do Se nh o r, podemos estar certos de que ele nos dará a vitória.

15. O Despojo de Davi
I{Est e é o despoj o d e Davi" (l Sm 30.20).

Ven1os en1 D avi utn tipo do Senhor Jesus, em seus conflitos e vitórias, e,
cotno en1 milhares de coisas, assim também no despojo. A ele, como guerreiro
contra o mal, pertencem os despojos de guerra.
I. TODO O BEM QUE USUFRUÍMOS VEM POR MEIO DE JESUS
T:udo o que tínhamos sob a lei, o despojador tomou.
Por nosso grande chefe nos fez participar dos despojos.
1. Foi por causa de Davi que Deus concedeu êxito às hostes de Israel.
2. Foi sob a liderança de Davi que ganharam a batalha.
Assim se dá também com Jesus, o capitão de nossa salvação
(Hb 1.10).
Dentro de nós, ele operou grande livramento. Venceu o valente,
tomou dele a sua armadura, e dividiu seus despojos (Lc 11.22). Ele
pode dizer juntamente com Jó: "Dos seus dentes lhe fazia eu cair a
vítimà' (Jó 29.17).
Nossa herança eterna se perdera; ele a redimiu (Ef 1.14).
A presa foi tomada ao poderoso. "Davi recuperou tudo,.
II. AQUILO QUE ESTÁ ALÉM DO QUE PERDEMOS, DEVIDO AO
PECADO, NOS VEM MEDIANTEJESUS (V.20)
Tal como Jesus nos fez mais seguros do que éramos, antes da queda,
assim ele nos tornou mais ricos também.
1. A posição exaltada do homem que tem um relacionamento vital
com Deus. Isso não nos pertencia, a princípio, mas o Senhor Jesus
a adquiriu para nós. Eleição, filiação, herança, vida espiritual, união
com Cristo, fidelidade a Jesus, comunhão com Deus e a glória futura
da festa das bodas- tudo isso são despojos de escolha.
2. O fato de que somos criaturas remidas, pelas quais o criador sofreu,
é uma honra que a ninguém pertence senão aos homens, e somente
mediante Jesus Cristo (Hb 2.16).
3. Nossa ressurreição, jóia que não se acha na coroa dos serafins, vem
por nosso Senhor ressurreto (2Co 4.14).
4 . Nossa manifestação da plena glória do Senhor. Nossa experiência
declarará a todos os seres inteligentes o que há de mais selecionado
em sabedoria, amor, poder e fidelidade de D eus (Ef 3. 1O).
III. AQUILO QUE DE BOA VONTADE DAMOS A JESUS, PODE SER
CHAMADO DE SEUS DESPOJOS
1. Nossos corações perrence1n só a ele, para sempre. D aí, tudo o que
temos e somos, pertence a ele. ''Este é o desp~jo de Davi"- o an1or c
a gratidão de nossas vidas (lJo 4.19).
2. Nossas dádivas especiais. Nossos dízimos e coisas consagradas são
para ele. Demos abundantemente (Ml 3.1 O). Abraão deu a
Melquisedeque o dízimo dos despojos (Gn 14.20).
3. Entregue-se a Jesus agora, e encontrará nele a sua segurança, o seu
céu. Que diz você? É o despojo de Davi?
Em caso contrário, Satanás e o pecado o despojam todos os dias.
(I) O pecado não assume a culpa que a graça não possa remover. (2) O
pecado não deforma a beleza que a graça não possa renovar. (3) O pecado não
perde bem-aventurança que a graça não possa restaurar (Esboço de sermão sobre
Rm 5.20 de Charles Vince).
Todos nos lembramos do poema "O Homem de Ross". Tudo de bom
que havia no lugar, veio dele. Pergunte-se quem fez isto ou aquilo.
«Foi o homem de Ross, responde cada bebê que balbucia".
Assim também, à medida em que examinamos cada bênção de nosso feliz
estado, e perguntamos de onde ela veio, a .única respos_ta é: "É o despojo de
Jesus. A mão crucificada conquistou-a para nós".

16. Oração Estimulada


uPois tu, ó SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel,·fizeste ao teu servo
esta revelação, dizendo: Edificar-te-ei casa. Por isso, o teu servo se animou
para fazer-te esta oração" (28m 7.27).

Quantas vezes Deus faz para seus servos o que eles d~sejam fazer para ele!
Davi queria edificar casa para o Senhor, e o Senhor edificou-lhe casa.
I. COMO ELE CONSEGUIU SUA ORAÇÃO?·ELE "SE ANIMOU .PARA
FAZER ESTA ORAÇÃO".
Ele se animou para orar, o que é sinal de que buscava a oração.
Aqueles que oram ao acaso nunca serão aceitos; devemos buscar
cuidadosamente as nossas orações (Jó 13.4).
Ele sentiu o ânimo em seu coração- não em um livro, nem em sua
n1emória, nem em sua cabeça, nem em sua imaginação, nem mesmo
etn sua língua (Sl 84.2).
Isso prova que ele tinha coração, sabia onde o mesmo se achava,
podia olhar para ele, e muitas vezes o buscou (Sl 77.6). '
Deve ter sido u1n coração vivo, pois, do contrário, não haveria nele
u1na oração viva.

.39
'
Deve ter sido um coração crente, pois, do contrário, não se teria ani-
mado a ''fazer esta oração".
Deve ter sido um coração sério, e não frívolo, esquecidiço, frio,
indiferente, pois, do contrário, teria achado ali mil vaidades, e não
se animaria a orar. Pergunta: Será que seu coração se animaria a orar
nestes nossos dias? (Os 7.11).
II. COMO ESTA ORAÇÃO VEIO A ESTAR EM SEU CORAÇÃO?
1. O próprio Espírito do Senhor instruiu-o a orar. Dando-lhe um
senso de necessidade. As grandes bênçãos nos mostram nossa
necessidade, como no caso de Davi.
2. O Senhor inclinou-o a orar.
Tem-se dito que uma promessa absoluta tornaria a oração
desnecessária; ao pass·o que a primeira influência de tal promessa é
sugerir a oração. O Senhor inclinou o coração de Davi:
Aquecendo-lhe o coração. A oração não prospera num poço de gelo.
III.COMO PODE ENCONTRAR ORAÇÃO EM SEU CORAÇÃO?
Olhe para seu coração, e faça busca diligente.
Pense em sua própria necessidade, e isso sugerirá as petições.
· Pense em seus deméritos, e clamará humildemente ao Senhor.
Pense nas promessas, nos preceitos e nas doutrinas da verdade, e
cada uma dessas coisas o obrigará a se ajoelhar.
Tenha Cristo em seu coração, e a oração se seguirá (At 9 .11).
Viva perto de Deus, e falará com ele com freqüência.
Encontra orações e outras coisas santas em seu coração? Ou está ele
cheio de vaidade, mundanismo, ambição e impiedade?
Lembre-se de que é aquilo que for seu coração (Pv 23.7).
"Passo grande parte de meu tempo", disse M'Cheyne, "afinando meu
coraçao -
- para a oraçao. ))

Não é o papel vistoso e a boa redação de uma petição que prevalecem


diante de um monarca, mas sim, o seu motivo. E para aquele rei que discerne
o coração, o motivo do coração é o motivo de tudo, e é só isso que ele leva em
conta; ele escuta o que o coração fala, e considera tudo como nada, onde
aquele se faz silencioso. Qualquer outra excelência na oração é apenas sua
forma e aspecto exterior; tnas esta é a sua vida (Leighton).
Perguntei a u1na joven1 amiga minha: "Você orava antes de converter-
se?"Ela respondeu que orava de conformidade com um tnodelo. Então indaguei:
"Qual é a diferença entre as suas orações atuais e aquelas que fazia antes de
co nhecer ao Senhor?" E sua r~sposta foi: "Naquele tetnpo eu repetia as orações
<JII C outTos me rinh:1m ensinado, m:1s agor:1 eu rne anirno a fazê-las eu n1esma".
Há um ótimo motivo para se bradar "Eureca!", quàndo nos animan1os a
orar, isto é, quando encontramos a oração em nosso coração. O Sr. Bradford
jamais cessaria de orar e de louvar, enquanto não sentisse seu coração totalmente
engajado nesse exercício santo. Se em meu coração não está o impulso de orar,
devo orar até que esteja. Mas, que alegria em pleitear com Deus, quando o
coração faz jorrar poderosos jatos de súplica, à semelhança de um gêiser em
plena ação! Quão poçlerosa é a súplica, quando a alma inteira é tomada por
um único desejo -vivo, faminto, expectante!
Sob ~ipótese nenhuma nos devemos esquecer de que Deus não respeita a
aritmética das nossas orações, isto é, quão numerosas são elas; nem respeita a
retórica das nossas orações, ou seja, quão prolongadas são elas; nem respeita a
música das nossas orações, isto é, quão melódicas são elas; entretanto, Deus
sempre respeita a divindade das nossas orações, o que é eqüivalente a dizer, o
quanto provêm elas do coração. A verdade é que, na oração, não as dádivas,
mas as graças, é que prevalecem (Trapp).

17. Apegado ao Altar


uFugiu ele para o tabernáculo do SENHOR e pegou nas pontas do altar.
Foi Benaia ao tabernáculo do SENHOR e disse a Joabe: Assim diz o rei:
Sai daí. Ele respondeu: Não, morrerei aqui" (lRs 2.28,30).

Joabe tinha muito pouco de religião; entretanto, fugiu para o altar, ao ser
perseguido pela espada.
Muitos recorrem ao uso da religião exterior, quando a morte os ameaça.
Então vão mais longe do que as Escrituras prescrevem; não somente vão ao .
tabernáculo do Senhor, mas têm necessidade de apegar-se ao altar.
I. RECORRER EXTERNAMENTE A ORDENANÇAS NÃO LEVA À
SALVAÇÃO
Se um homem depender de ritos externos, morrerá ali.
Os sacramentos, na saúde ou na enfermidade, não servem de ·m eio
de salvação. Destinam-se apenas aos que já estão salvos, e serão
prejudiciais aos demais (I Co 11.29).
Ministros. Esses são encarados por alguns moribundos co m toda
reverência. Na hora da morte recorren1 às suas or:1ções, :\ bc:ir:t d<>
leito. Atribui-se in1porrância aos sermões e ceri môni:1s ft'tll l'hr, ·~ . ( )1J t' .
superstição!
Sentimentos. Pavor, ·dclcite, deva ncio, d cS('SIH'I'P ; 1'. 1< l.1 11111 dt•ln.
po r Sll;1 VC'í'., I"C111 l)l ('J'('~· id o ('O IIfl :lfl \. 1 1 <IIII l l,l /il ' 11 ,1 110•j lll!llll I , IIII

II
"
são todos fúteis. Que coisa horrível é perecer, tendo a mão posta
sobre o altar de Deus!
II. RECORRER ESPIRITUALMENTE AO VERDADEIRO ALTAR LEVA
À SALVAÇÃO
Usaremos o caso de Joabe como ilustração.
I. Seu ato: ele ''pegou das pontas do altar".
Fazemos isso espiritualmente, fugindo da espada da justiça para a
pessoa de ]esus.
E apegando-nos à sua grande obra expiatória, unindo-nos, desse
modo, pela fé, à sua propiciação.
2. A exigência feroz de seu adversário. "E disse a Joabe: sai daí"!
Essa é a exigência dos fariseus incrédulos, que ensinam salvação por
meio das obras hum.anas.
Acusando a consciência dentro do homem.
Satanás, citando falsamente as Escrituras Sagradas.
3. A desesperada resolução de Joabe. "Não, morrerei aqui".
Essa é uma resolução sábia, porquanto nós:
Devemos perecer em alguma parte.
Não podemos tornar nosso caso pior, se nos apegarmos a Cristo.
Não temos mais aonde apegar-nos. Nenhuma outra justiça ou
sacrifício.
Não podemos ser arrastados para longe, se nos apegarmos a Jesus.
Recebemos esperança do fato de que ninguém pereceu aqui.
4. A segurança garantida. "Quem crê no filho tem a vida eterna''
(]o 3.36). Se perecesse confiando em Jesus, sua ruína seria:
Derrotar a Deus.
Desonrar a Cristo.
Desanimar os pecadores de virem a Jesus.
Desencorajar os santos, levando-os a duvidar de todas as promessas.
Angustiar os glorificados, que se regozijaram com os penitentes,
mas que agora veriam que estavam equivocados.
Venha, pois, imediatamente, ao Senhor Jesus, e aposse-se da vida
eterna. Pode vir; ele o convida.
Deve vir; ele lhe ordena.
Deve vir agora; pois agora é o ten1po aceitável.
Quando un1 hornem vai sedento ao poço, sua sede não é n1itigada só pelo
fato de ter ido lá. Ao contrário, ele au1nenta a cada passo que ele can1inha. É
por aquilo que extrai do poço que sua sede é satisfeita. Por igual modo, não é
pelo 1nero exercício corporal de atender às ordenanças que encontrará paz,

42
mas por sentir o gosto de Jesus nas ordenanças, cuja carne. é, na verdade, con 1ida,
e seu sangue, na verdade, bebida (M'Cheyne).
Um piloto gosta de ter o leme em suas mãos; um médico deleita-se cm
que lhe confiem casos difíceis; um advogado fica contente ao incumbir-se de
uma causa; do mesmo modo, Jesus sente-se feliz por ser utilizado. Jesus anseiJ
por abençoar, pelo que diz a todo pecador, como disse à mulher, junto ao
poço: "Dá-me de beber". Considere você que pode refrigerar a seu redentor!
Pobre pecador, apres'se-se a fazê-lo.

18. Comunhão Íntima


"Chegou a Jerusalém com mui grande comitiva; com camelos carregados de
especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas; compareceu perante
Salomão e lhe expôs tudo quanto trazia em sua m ente, ( 1Rs 1O. 2).

Geralmente não é uma atitude sábia revelar tudo o que está em nosso
coração. Sansão atingiu o clímax da insensatez, quando. fez assim com Dalila.
Todavia, se pudéssemos encontrar-nos com um Salomão que pudesse resolver
todas as nossas dificuldades, poderíamos fazê-lo com sabedoria.
Temos em Jesus alguém maior que Salomão, o qual é a sabedoria
encarnada. O prejuízo está em que com ele ficamos calados demais, e com
nossos amigos mundanos somos comunicativos demais. Esse mal deve ser .
corrigido.
I. DEVEMOS COMUNICAR A ELE TUDO QUANTO ESTÁ EM
NOSSO CORAÇÃO.
1. Negligenciar o trato com Jesus é muito indelicado; pois ele nos ·
convida a falar com ele. Deveria ser o nosso noivo celestial privado
da comunhão de nossas almas?
2. Ocultar qualquer coisa de um amigo tão verdadeiro denuncia o
triste fato de que há algo errado, que precisa ser ocultado.
3. O não comunicar-nos com Jesus se agrava grandemente, por nossa
costumeira ansiedade de contar nossos problemas a outros. Faremos
do homem um confidente, e ocultaremos o assunto ao nosso Deus?
II. NÃO PRECISAMOS DEIXAR DE COMUNICAR, POR FALTA DE
ASSUNTO I

1. Nossas tristezas. Ele sabe quais são elas, consolar-nos-á nesses


n1on1entos, fazendo-1ios tirar proveito e removendo-as no devido
tetnpo.
2. Nossas alegrias. Ele as fará sóbrias e moderadas. Alegria sem Cristo é
sol sem luz; sua essência passou. Alegria sem Jesus seria tão má co1no
o bezerro de ouro que provocou a ira do Senhor.
3. Nossos sucessos e fracassos deveriam ser relatados ao quartel-general.
Os discípulos do martirizado João levaram-lhe o corpo, e foran1
narrar o fato a Jesus (Mt 14.12). Os próprios evangelistas de nosso
Senhor voltaram e narraram o que fora feito (Lc 9.1 0).
4. Nossos temores; temor de cair, de sentir necessidade, de falhar, de
desfalecer, de morrer. Mencioná-los a Jesus é extingui-los.
III. NEM DEVERÍAMOS DEIXAR DE COMUNICAR, POR FALTA DE
MOTIVOS
1. Quão engrandecedor e animador é o relacionamento com o Filho
de Deus!
2. Quão consoladora e estimulante é a comunhão com aquele que
venceu o mundo!
3. Quão seguro e saudável é um caminhar diário com o sempre bendito
Filho do homem!
4. Quão próprio e natural é que os discípulos falem com seu mestre, e
os santos, com seu salvador!
Um operário, em tempo de necessidade, desistiria de tudo, antes de separar-
se de suas ferramentas; pois perdê-las seria perder tudo. Ler a Palavra d e Deus
e orar são as ferramentas do artífice cristão; sem elas, ele é inútil. Como é,
então, que quando o tempo pressiona, por tantas vezes ele as põe de lado ou as
diminui? Que é isso, senão vender suas ferramentas?
Se houver qualquer coisa que eu faça, se houver qualquer coisa que eu
deixe inacabada, que seja eu perfeito na oração (Henry Martin).
A falta de sagrada comunhão é algo muito doloroso. O verdadeiro amor
é comunicativo; não tolera ocultar segredos a seu amado, nem refrear-se em
sua conversa co n1 ele. Quanto mais forte for a fé, tanto n1ais necessidades ele
relatará, e as relatará n1ais plenan1enre. Sente falta de alguma coisa, d a qual
você não pod e fàlar a seu Senhor? Isso significa que a necessidade não é real,
ou então que sua fé é pequena (Ef3.12). "Pelo qual te1nos ousadia". A palavra
traduzida ousadia é <
<contar tudo, (Thomas Boston).
44
19. O Abatimento de Elias
uEle rnesrno, porém, se foi ao d eserto, can1inho de un1 dia, e veio, · ~l·
assentou deb aixo de un1 zin1bro; e pediu para si a n1orte e disse: Bus lL~;
ton1a agora, ó SENI-IOR, a minha alma, pois não sou m elhor elo qu e
rneus pais" ( 1Rs 19 .4) .

Podemos aprender muito da vida de outros. O próprio Elias é não somente


um profe~a, mas uma profecia. Sua experiência nos serve de instrução. Às vezes
entramos num estranho e misterioso estado de depressão, e é bom saber, por
via das Escrituras, que alguém esteve no Vale da Sombra da Morte. Os cansados,
com o coração abatido, duramente provados, estão em condições de desfalecer.
Em momentos tais, imaginam que algo estranho lhes sucedeu; mas, a verdade
não é essa. Examinando as areias do tempo, podem ver a marca dos pés de utn
homem, e isso deve confortá-los, ao descobrirem que ele não era um homem
insignificante, e, sim, um poderoso servo do Senhor. Analisemos:
I. A FRAQUEZA DE ELIAS . .
1. Era homem de paixões como as nossas (Tg 5 .17).
Ele falhou no ponto em que era mais forte, como muitos outros
santos têm feito. Abraão, Jó, Moisés, Pedro, etc.
2. Sofreu terrível reação. Aqueles que sobem, também descem.
A profundidade da depressão é igual à altura do arrebatamento.
3. Estava muito cansado com a excitação do Carmelo e com a corrida
fora de comum, acompanhando o carro de Acabe.
4. Seu desejo foi insensato. "Toma agora, ó Senhor, a minha alma".
Ele fugiu da morte. Se quisesse morrer, Jezabel tê-lo-ia obrigado, e
ele não precisaria fugir.
Ele era mais necessário do que nunca, para sustentar a boa causa.
É estranho que aquele que escapava da morte, tivesse clamad~:
"T10ma a mtn. ha a1ma.I"

Quão imprudentes são nossas orações, quando nossos espíritos


sucumbem!
II. A TERNURA DE DEUS PARA COM ELE
1. Deus pen~itiu que Elias dorn1isse; isso foi melhor que remédio, ou
censura íntima.
2. Deus o alimentou cotn alitn ento próprio.
3. Deus permitiu que ele contasse seu pesar (ver v. 1O); muitas vezes,
esse é o mais imediato alívio. Elias expôs seu probletna, e assim , ,
acalrnou a própria mente.

4. Deus revelou-se e também revelou os seus caminhos. O vento, o


terremoto, o fogo e até a voz suave, foram vozes de Deus. Quando
sabemos o que é Deus, ficamos menos preocupados com outras
questões.
5. Deus lhe contou boas novas. "Também conservei em Israel sete
mil" (v.l8). Desse modo, foi afastado seu sentimento de solidão.
6. Deus lhe deu mais trabalho para fazer- ungir outros, pelos quais os
propósitos de castigo e de instrução do Senhor seriam efetuados.
Aprendemos algumas lições úteis.
Raramente é certo orar para morrer; é melhor deixar o assunto com Deus;
não podemos destruir as nossas próprias vidas, nem pedir ao Senhor que o
faça. .
Nas E~crituras, três santos oraram para que Deus lhes desse a morte:
Moisés, Elias e Jonas. As três orações ficaram sem resposta. Para o pecador,
nunca é certo buscar a morte; pois a morte, para ele, é inferno. O suicida
intencional sela a sua própria condenação.
Que é isto que ouvimos? Elias desfalecendo e desistindo! aquele espírito
heróico, abatido e prostrado! Ele que teve coragem de dizer na face de Acabe: .
"Eu nã~ tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai", ele que pode
ressuscitar ao morto, abrir e fechar os céus, fazer fogo e água descer com suas
orações; ele que ousou repreender e contradizer a todo o Israel; ele que ousou
matar os quatrocentos baalitas com a espada- agora se encolhe em face dos
sobrecenhos e das ameaças de uma mulher? Quer ele livrar-se de sua vida, por
que temia perdê-la? Quem pode esperar constância destituída da carne e do
sangue, se o próprio Elias falhou?
O mais forte e mais santo fiel sobre a terra está sujeito a alguns
desfalecimentos de temor e debilidade; estar sempre e invariavelmente bem é
próprio somente dos gloriosos espíritos que se acham no céu. Dessa maneira,
o sábio e santo Deus terá seu poder aperfeiçoado em nossa fraqueza. É em vão
que nós, enquanto carregarmos esta carne conosco, esperemos tão perfeita
saúde que não desanimemos, ocasionalmente, com acessos de indisposição
espiritual. Não é novidade que homens santos desejem a morte; quem pode
estranhar ou culpar o desejo de auferir vantagem? Pois o viajar cansado anela
por descanso; o prisioneiro, por liberdade; o banido, pelo lar; é tão narural
isso, que a disposição contrária seria monstruosa. O benefício da mudança é
um justo 1notivo para nossa predileção; tnas pedir a n1orre por causa de um
aborrecimento da vida, por causa de uma impaciência de sofrer é uma fraqueza
imprópria de u1n santo. Não basta, ó Elias! Deus ainda tem n1ais trabalho para

46
ti; o teu Deus te honrou mais do que a teus pais, e deves viver para honr:í-lo
(Bispo Hall).
Elias "levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi". Melhor, porém, seria
que ele permanecesse fiel à sua tarefa de profeta e respondesse como Crisóstomo
respondeu quando a imperatriz Eudóxia o ameaçou. "Ide dizer a ela", declarou
ele, "que nada ten1o senão o pecado''. Ou como Basílio respondeu, quando
Valente, o imperado~ ariano, mandou avisá-lo de que ele (Valente) seria a
morte de Basílio: "Gostaria que ele fosse", disse este; "apenas ir-me-ei mais
cedo para. o céu".
Lutero teve seus acessos de medo, embora comumente ele dissesse: "Não
me preocupo nem com o favor nem com a fúria do Papà'. Gregório não
duvidava em dizer que pelo fato de Elias ter começado a deliciar-se com altos
conceitos de si próprio, pelos grandes feitos que realizara, Deus permitiu que
ele ficasse sujeito ao temor, e a desesperar-se, para sua humilhação. Vemos fato
semelhante em Pedro, assustado por uma simples moça; para mostrar-nos quão
fracos somos, como a própria água, quando deixados, p~)f um pouco, a nosso
bel-prazer (John Trapp).
Quem disse a Elias que "bastavà'? Deus não foi; ele sabia o que bastava
para Elias passar a sofrer. Ainda não era o bastante. Deus tinha mais para
ensinar-lhe, e tinha mais trabalho para ele fazer. Se o Senhor o tivesse pegado
pela palavra, e também tivesse dito "basta", a história de Elias não teria sua
glória coroadora (Kitto) .
I. Causa do desalento de Elias. (I) Diminuição da força .física. (2) Segunda
causa- carência de simpatia. "Eu fiquei só". Acentue-se a palavra só. A solidão
de sua posição lhe era chocante. (3) Carência de ocupação. Enquanto Elias
teve o trabalho de profeta para realizar, difícil como era esse trabalho, tudo ~a
muito bem; mas sua ocupação terminou~ Amanhã, e depois de amanhã·, que
lhe restou na terra para fazer? A miséria de nada ter para realizar procede de
causas voluntárias ou involuntárias em sua natureza. (4) Quarta causa -
desapontamento em suas expectativas de êxito. No Carmelo, o grande objetivo
pelo qual Elias vivera parecia a ponto de realizar-se. Os profetas de Baal foram
mortos- Jeová foi reconhecido a uma só voz; a falsa adoração foi derrubada.
O objetivo da vida de Elias- a transformação de Israel num reino de Deus-
quase foi realizado. Em um só dia todo esse quadro brilhante foi aniquilado.
II. Tratamento dado por Deus ao desalento. (1) Prirneiro, Deus reuniu as
forças exaustas de seu servo. Leia-se a história. Refeições miraculosas fora m
servidas- então Elias dorme, acorda e come; e, con1 a força daquela cornida .
Elias can1inha jornada de quarenta dias. (2) A seguir, Jeová acaln1ou-lhc a
mente cheia de tormentos pelas influências curadoras da natureza. Ordenou
que o furacão varresse o céu, e que o terremoto abalasse o solo. Acendeu os
céus, até que se tornassem uma massa de fogo. Tudo isso expressava e refletia
os sentimentos de Elias.
O modo pelo qual a natureza nos acalma é encontrando expressões mais
adequadas e mais nobres para nossos sentimentos do que podemos achar nas
palavras - expressando-as e exaltando-as. Na expressão, há alívio. (3) Além
disso, Deus fê-lo sentir a seriedade da vida. Que fozes aqui, Elias? A vida é
ação. A vida de um profeta é para ação mais nobre- e o profeta não estava
atuando, mas lamentando-se. Tal voz se repete a todos nós, despertando-nos
de nossa letargia; ou de nosso desalento, ou de nosso lazer demorado: "Que
fazes aqui?" aqui nesta curta vida? (4) Deus completou a cura pela certeza da
vitória: "Também conservei e.m Israel sete mil: todos os joelhos que não s~
dobraram a Baal". Assim, pois, a vida de Elias não foi um fracasso, afinal de
contas (F. W Robertson).

20. Onde está o Deus de Elias?


"Toro.ou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu as águas e disse: Onde .
está o SENHOR, Deus de Elias?" (2Rs 2.14).

O grande objetivo a ser desejado é Deus, Jeová, o Deus de Elias. Com ele,
todas as coisas florescem. Sua ausência é nosso declínio e morte.
Aqueles que entram em qualquer trabalho santo, deveriam buscar o Deus
que esteve com seus predecessores. Se o Deus de Elias é misericórdia, também
é o Deus de Eliseu. Ele mesmo est'ará conosco, pois "este é Deus, o nosso Deus
Para todo o sempre: ele será nosso guia até à morte" (SI 48.14).
De igual modo, não necessitamos das antiguidades do passado, nem das
novidades do presente, nem das maravilhas do futuro; só queremos o D eus
lriúno, Pai, Filho e Espírito Santo, e então veremos entre nós maravilhas
semelhantes àquelas dos tempos de Elias. "Onde está o Senhor, Deus de Elias?"
O velho manto, usado com confiança no mesmo Deus, dividiu as águas para
as duas bandas. O poder continua onde costumava estar.
I. A PERGUNTA TRANSFORMADA EM ORAÇÃO
Hoje, nossa única necessidade é do Deus de Elias.
1. O Deus que o manteve fiel, deve fazer-nos pennanecer firn1es, caso
fiquemos sozinhos na verdade (1 Co 1.8).
2. O D eus que ressuscitou o morto por meio dele, deve levar-nos a
l Tgtt<T os homens de sua morte no pecado (lRs 17.22).
3. O Deus que lhe deu alimento para uma longa jornada, deve preparar-
nos para a peregrinação da vida, e preservar-nos até o fim ( 1Rs 19 .H).
4. O Deus que dividiu o Jordão para o profeta, não nos falhará, quando
o estivermos cruzando para a nossa Canaã (2Rs 2.8).
II. A PERGUNTA RESPONDIDA. O SENHOR, DEUS DE ELIAS, NÃO
ESTÁ MORTO, NEM DORMINDO, NEM DE VIAGEM.
I. Ele contin~a no céu, observando atentamente os que ele reservou.
Eles podem estar ocultos nas cavernas, mas o Senhor sabe que são
seus.
2. Ele ainda é movido pela oração, a abençoar uma terra sedenta.
3. Ele ainda é capaz de manter-nos fiéis, no meio de uma geração
infiel, de sorte que não nos ajoelharemos diante de Baal.
4. Ele vem em vingança. Não ouve as rodas de seu carro? Ele levará o
seu povo.
Como é bom ter aquela presença, de modo a ser amparado com sua
força!
Como é maravilhoso viver de modo a nunca m·ais fazer essa pergunta!
((Deus da rainha Clotilde", gritou o infiel Clóvis I da França, quando em
dificuldade, no campo de batalha; "Deus da rainha Clotilde! concede-me a
vitória!" Por que ele não invocou seu próprio deus? Saunderson, que era grande
admirador dos talentos de Sir Isaac Newton, mas dava pouca importância à
religião deste, quando estava em bom estado de saúde, não obstante foi ouvido
a dizer, em tom lúgubre, no leito da morte: <<Deus de Sir ~saac Newton, tem
misericórdia de mim!" Por que essa troca de deuses na hora da morte? (Discursos
aos Moços pelo Rev. Daniel Baker).
O Deus de Elias deu-lhe a experiência do doce fruto da dependência do
Senhor, e de uma pequena contribuição, com sua bênção (lRs 17.10).·Mas,
onde está hoje o Deus de Elias, quando o que temos parece estar cheio de
vento, que na verdade para nada serve? Nossa mesa tem abundância, mas nossas
almas morrem de fome; nossa bondade, às vezes, parece uma nuvem matutina,
que escurece a face dos céus, e promete chuva pesada, mas imediatamente se
revela como uma pequena nuvem, como a mão de um homem, que está pronta
para nada; sim, esta geração está cega pelos meios que tendem a iluminar
naturalmente. Ah! << Onde está o Senhor, o Deus de Elias?"
O Deus de Elias deu-lhe a experiência de uma ousadia gracios:1 par~t
enfrentar a n1ais ousada perversidade da geração em que ele viveu, cm ho r:t <.: l:t
fosse uma das piores. Isso se evidenciou, sobrctu lo, cnt .'i ·u v rwo rrrro \'0 111
Acabe (I Rs 18.1). Mas, o nde csr:'Í :tgor:t o I c I I.'i ( k I·:I i : t.~;, nr q 11 .111 11 1.1•, 111 H1(11 cl.rd c··,

. j ll
'
de nosso tempo encontram uma resistência tão tímida, enquanto se necessita
tanto de uma expressão heróica pela causa de Deus, de uma língua que fale por
Ele, e de um coração para agir? O s perversos do mundo, embora tenham em
mãos uma causa má, buscam-na ousadamente; mas o povo de Deus envergonha-
se de sua causa honesta, devido à sua covardia, e sente-se desanimado por
aparecer nela. Se Deus nos desse um outro espírito, mais próprio para tal tempo,
trairíamos nossa confiança e traríamos sobre nós a maldição da geração que
nos sucedesse.
O Deus de Elias deu-lhe a experiência de estar capacitado a ir longe com
a força de uma refeição (lRs 19.8). Mas onde estão agora tais experiências,
enquanto há tão pouca força nas refeições espirituais, para as quais agora nos
assentamos? Este é um tempo quando há muita necessidade de tal experiência;
parece que o Senhor está dizendo a seu povo: "Levanta-te e come, pois a jornada
é longa''; e quem sabe que jornada difícil alguns terão de fazer, antes que
obtenham outra refeição? Quem nos dera mais poder nutritivo na doutrina
pregada entre nós!
O Deus de Elias deu-lhe a experiência de o Senhor remover as dificuldades
de seu caminho, quando ele mesmo nada podia fazer sobre elas: o Jordão
dividido. Assim Pedro teve livremente aberto o portão de ferro; pois quando o
Senhor toma em suas mãos a obra, embora nos pareça sem esperança, terá
bom êxito com ele (Thomas Boston).

21 . Olhos Abertos
"Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que
veja. O SENHOR abriu os olhos do 1noço, e ele viu que o n1onte estava
cheio de cavalos e carros de f ogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6.1 7).

l. O OLHO NATURAL ESTÁ CEGO PARA AS COISAS CELESTIAIS


Deus está em toda parte, mas os olhos cegos pelo pecado não o vêem.
Os homens são maus, culpados, caídos; mas não vêem suas próprias
feridas, pisaduras e chagas em putrefação.
Essa falta de discernimento espiritual torna o homem ignóbil.
Sansão cego é um espetáculo triste; de juiz em Israel, decaiu à
condição de escravo na Filístia.
Isso conserva um homem contente com o rnundo; ele não vê quão
pobre é aquilo pelo qual se esforça, sofre, peca e sacrifica o céu.
Isso põe o homen1 em perigo. ccSe um cego guiar outro cego, cairão
ambos no buraco" (Mt 15. 14).

50
II. SÓ DEUS PODE ABRIR OS OLHOS DO HOMEM
Podemos guiar os cegos, mas não podemos fazê-los v ·r; p()d< 'llt tl',
colocar a verdade diante deles, mas não podemos abrir-lhes ns (l lltP:.:
esse trabalho pertence exclusivamente a Deus.
1
Alguns usam olhos artificiais, outros experitne n tan 1 <>( td n ,•, I

telescópios, lentes coloridas, etc., mas tudo em vão, quand o os ()lltn:,


são cegos.~ cura vem somente do Senhor.
1. Dar vista é tão maravilhoso quanto a criação. Quem pode f31.lT '1 1''
. olho? No pecador, a faculdade da visão espiritual terminou .
2. O homem nasce cego. Suas trevas são parte dele mesmo (]o 9.3/.) .
Satanás simulou isso no jardim, quando disse: "[ ... ] se vos abrir:tt)
os olhos e, como Deus, seríeis [... ] (Gn 3.5).
III. PODEMOS PEDIR-LHE QUE ABRA OS OLHOS DOS HOMENS.
DEVEMOS CLAMAR: ''SENHOR, PEÇO-TE QUE LHE ABRAS OS
OLHOS, PARA QUE VEJA". .
1. Quando os ouvimos rogando, deveríamos rogar ao Senhor em favor
deles. A oração deles deveria incitar a. nossa. ·
2. As orações dos outros trazem-nos proveito, portanto devem os
reembolsar a bênção ao tesouro de oração da igreja.
3. Abrir-lhes os olhos glorificará a Deus; oremos com grandl·
expectativa, crendo que Ele honrará a seu Filho.
IV. DEUS ABRE, DE FATO, OS OLHOS DOS HOMENS
1. Ele tem feito isso num momento. Observemos os muitos milagres
operados por nosso Senhor em cegos.
2. Ele pode abrir seus olhos. Muitas são as formas de cegueira, mas
todas elas estão compreendidas naquela grande declaração: ((()
Senhor abre os olhos dos cegos" (SI 146.8).
V. MESMO AQUELES QUE VÊEM,.PRECISAM DE MAIOR VISÃO
1. Nas Escrituras há mais para ser visto. "Desvenda os meus olhus,
para que eu contemple as maravilhas da tua lei" (Sl119.18).
2. Nas grandes doutrinas do evangelho há muita luz latente.
3. No próprio Jesus Cristo há glórias escondidas. ((Senhor, queremo."
ver a Jesus" (Jo 12.12; Hb 2.9).
Uma das mais tristes condições da criatura humana é ler a Palavr:t dv
D eus cotn utn véu no coração, passar com os olhos vendados pelos Jnaravilhos(l.',
testemunhos do amor e graça redentores que as Escrituras contê m. 1~: t~
igualtnente triste, se não realmente censurável, passar con1 olhos vcnd :td w;
pelas obras de Deus, viver num mundo de flores, e estrelas, e ocasos do so l,<'
mil objetos gloriosos da natureza, e nunca ter um passageiro t n 1crn;sr I

despertado por qualquer deles (Deão Goulbourn).



22. Mestiços
"Não temeram ao Senhor~
"Temiam o Senhor e, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios deuses~
"Até ao dia de hoje[ ... ] não te1nem o Senhorn (2Rs 17.15,33,34).

É tão necessário advertir as pessoas contra o falso como insistir quanto ao


verdadeiro. A conversão, que é uma mudança divina, é imitada, e o espúrio é
imposto c~mo o genuíno. Isso satisfaz ao propósito do diabo de vários modos:
tranqüiliza a consciência dos irresolutos, adultera a igreja, prejudica-lhe o
testemunho, e desonra a verdadeira religião.
I. SEU PRIMEIRO ESTADO. "NÃO TEMERAM AO SENHOR".
1. Tinham pouca ou ·nenhuma religião de qualquer tipo.
2. Mas viviam próximos de um povo temente a Deus, e próximos do
rei Ezequias, sob o qual houve grande reavivamento. Tal influência
cria grande dose de religiosidade.
II. SUA CONVERSÃO FINGIDA. "TEMIAM AO SENHOR".
1. Eram impelidos somente pelo medo; os ((leões" eram seus
evangelistas, e seus dentes eram argumentos cortantes.
2. Foram instruídos por um sacerdote infiel; um daqueles que praticara
o culto do bezerro, e agora deixava de censurar-lhes o amor aos
falsos deuses. Tais pessoas têm muito pelo que responder.
3. Mas a conversão deles era radicalmente defeituosa; porque não havia
arrependimento.
Não foi oferecido sacrifício expiatório sobre o único altar de Deus.
O s falsos deuses não foram abandonados (v.19). Enquanto o pecado
reina, a graça se faz ausente.
Não prestaram obediência a Deus. Mesmo a adoração deles era vazia.
«Temiam o Senhor e, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios
deuses"; uma distinção muito significativa.
O ébrio religioso. Vejam-no a chorar! Ouçam-no a falar! Ele tem
pavor de Deus, porém, serve a Baco.
O avarento santarrão. Ele tem "fé salvadora" no seu pior sentido.
III. SEU VERDADEIRO ESTADO. ''NÃO TEMEM O SENHOR".
1. Possuem-no não como seu único Deus.
2. Agem de modo a provar que não lhe pertencem. Vejam a história
futura desses samaritanos, no livro de Neemias.
Na verdadeira conversão deve haver:
Quebra de ídolos. O pecado e o ego devem ser abandonados.
Con cen tr3ção. Nosso único Deus deve ser adorado e servido.
23. A Lição de Uzá
"Davi e todo o Israel alegravam-se perante _Deus com t odo
o seu e1npenho" (1Cr 13.8).
"Ten1eu Davi o Senhor" (lCr 13.12).
"Foran1 Davi [... ] para fazer subir co1n alegria
, a arca da aliança" (1Cr 15.25).

As cojsas certas devem ser feitas de modo certo, ou falharão. Neste caso, a
falha foi triste e marcante, pois Uzá morreu, e a arca foi conduzida para a casa
de Obede-Edom.
I. A FALHA. PRIMEIRO TEXTO (ICR 13.8).
Ali estavam as multidões. As multidões não asseguram a bênção.
Houve cântico pomposo, com _harpas, trombetas, etc., mas tudo
terminou em lamentação. Cerimonial suntuoso não é garantia de
graça.
Havia energia: "Alegravam-se perante Deus com todo o seu
))
empenho.
Não era adoração maçante e sonífera, mas um culto brilhante, cheio
de vida; no entanto, tudo fracassou.
Não houve sacrifício. Isso foi uma falha fatal; como podemos servir
ao Senhor, sem sacrifício?
II. O TEMOR. SEGUNDO TEXTO (1CR 13.12).
A terrível morte de Uzá causou grande temor. Do mesmo modo o
Senhor matou Nadabe e Abiú, por oferecerem fogo estranho; e os
homens de Bete-Semes por olharem para dentro da arca.
Seu próprio senso de indignidade, para um trabalho tão santo, fê-lo
clamar: "Como trarei a mim a a.rca de Deus?"
Alguns fazem da santidade de Deus e da severidade de sua lei, uma
desculpa para perversa negligência.
Outros sentem-se esmagados de temor santo; e, por isso, fazem
pequena pausa, até que estejam mais bem preparados para o serviço
santo.
III. A ALEGRIA. TERCEIRO TEXTO (ICR 15.25).
1. Deus abençoou a Obede-Edon1. D esse rnodo poden1 as aln1as
humildes habitar com Deus e não rnorrer.
2. Davi fez os preparativos e exercitou seu pensamento.
3. Adequou-se à mente do Senhor (v.l5) .
4. Os sacerdotes ocupavarn seus lugares. Hornens e rnétodos devem
ambos ser governados por Deus (v.I4).

I\
5. Ofereceram-se sacrifícios (v.26). O grande e perfeito sacrifício deve
estar sempre na frente.
O cumprimento de um dever de modo errado altera sua natureza e o torna
l''''
pecado. Conclui-se que a "lâmpada dos perversos é pecado'' (Pv 21.4) e que
a oração dos perversos é considerada como uivo nas suas camas (Os 7. 14).
Tomar a comunhão indignamente não é contada co1no comer a Ceia do Senhor
(1 Cr 11.20). Se uma casa for construída somente de madeira resistente e boas
pedras, mas não for bem alicerçada e construída corretamente, seu morador
pode amaldiçoar o dia em que veio morar sob o seu teto.
Os deveres não executados de acordo com o reto preceito são apenas metade
do serviço que devemos a Deus, e também a pior metade (Thomas Boston).

24. Roboão, o Indeciso


uFez ele o que era mau, porquanto não dispôs o coração para buscar
ao SENHOR" (2Cr 12.14).

Esse é o resumo da vida de Roboão; não era tão mau como alguns, mas
praticou o mal de diversos modos, não tanto de propósito quanto por
negligência.
Os maus efeitos do pecado de seu pai e da idolatria de sua mãe refletiram-
se no filho; mas havia outra causa, a saber, a falta de disposição do coração.
I. ELE NÃO COMEÇOU A VIDA, BUSCANDO AO SENHOR
1. Aquilo que começa sem Deus termina em fracasso (2Cr 10.1).
2. Aqueles que rejeitam a sabedoria divina geralmente recusam toda
outra sabedoria (2Cr 10.8).
3. Ele nada tinha da sabedoria de seu pai. Como podem agir
prudentemente e com prosperidade aqueles que não são guiados
pelo Senhor (2Cr 10.13,14)?
II. ELE NÃO ERA FIRME E PERSEVERANTE EM BUSCAR AO SENHOR
1. Por três anos, sua lealdade a Deus fê-lo prosperar, por trazer para
Judá os melhores tipos de pessoas que fugiam do culto ao bezerro,
instituído por Jeroboão (2Cr 11.13, 17), 1nas depois abandonou o
Senhor, que o fizera prosperar.
2. Tornou-se orgulhoso, e D eus o entregou nas 1nãos de Sisaque (v.5).
3. Hun1ilhou-se e foi perdoado, 1nas despojou a casa do Senhor para
subornar o rei do Egito.
4. Não introduziu.grandes refonnas nem celebrou grande páscoa, mas
admitiu que "o Senhor é justo" (v.6).
III. ELE NÃO CUIDOU DE BUSCAR AO SENHORCOMPLETAMEN'J'E
Entretanto, nenhum homem é bom por acidente; ninguém anda
direito que n ão tenha pretendido fazê-lo. ·Sem coração, a religião
deve morrer.
O tipo de preparação exigido por mim, a fim de ser diligente e
aceitável na busca ao Senhor meu Deus, é algo deste estilo:
Sentir e confessar a minha necessidade de Deus em todo o meu
v1ver.
. C lamar a Ele por ajuda e sabedoria
Entregar-me à sua orientação, e não seguir o conselho de pessoas
vãs, nem fazer alarde para os que estão ao meu redor.
Ansiar por ser correto em tudo, examinando as Escrituras e,
mediante a oração, procurar saber o que devo fazer.
Servir ao Senhor cuidadosa e ardentemente, nada deixando ao acaso,
à paixão, à moda ou ao capricho.
Quão desejável o poder confirmador do Espí_rito Santo!
Quão desejável a união vital com o Senhor Jesus!
O pregador estuda seu sermão cuidadosamente, embora tal sermão ocupe
apenas parte de uma hora; e não é o sermão de nossa vida digno de cuidado e
consideração? {Jma vida santa é uma obra de arte muito m ais elevada do que a
mais valiosa pintura ou estátua preciosa, no entanto, nenhuma destas duas
pode ser produzida sem pensamento. O homem deve estar na melhor de suas
condições, a fim de produzir um poema imortal, mas um~ centena de linhas
resumem todo o seu conteúdo. Não sonhemos que o poema muito maior de
uma vida santa possa fluir como um verso de improviso.

25. Pedido de Socorro e Louvor Prestado


uJudá se congregou para pedir socorro ao SENHOR; t anilién1 de todas as
·cidad es de Judá veio gente para buscar ao SENHOR" (2Cr 20.4:).

Chegou a Josafá a notícia repentina de uma grande invasão, e, como


verdadeiro homem de Deus, ele se pôs a buscar o Senhor, e proclamou um
jej wn. O povo se congregou com toda a presteza, e a nação inteira clamou
ardentemente ao Senhor por sua ajuda.
I. COMO ELES PEDIRAM SOCORRO
Expressaram a sua confiança (v.6) .
Invocaram os seus atos passados (v.7).
Confessaram a sua condição. Eles:
Não tinham força. '< Em nós não há força para resistirmos a essa
grande multidão.
Não tinham plano. "E não sabemos nós o que fazer" (v.l2).
Então elevaram suas almas a Deus. "Nossos olhos estão postos em
.,
tl .
Para o~de poderian1 eles olhar com maior certeza?
II. COMO O RECEBERAM
Mediante segurança renovada. "O Senhor é conosco" (v.l7).
Mediante o acalmar de seus temores. "Não temais".
Mediante o insistir com eles por maior fé (v.20).
Mediante orientação precisa (v.l6).
III. COMO ELES ATUARAM POR MEIO DESSE SOCORRO
Adoraram. Com todo sinal de reverência, o rei e seu povo prostraram-
se perante Jeová (v.l8). A adoração prepara-nos para o combate.
Louvaram. Antes tinham recebido misericórdia. Leia-se o v. 21.
Viram o cumprimento da promessa (v.24).
Bendisseram ao Senhor (v.26).
Tiveram descanso (v.30).
Não há um motivo para que nos congreguemos também, agora,
para pleitear contra os moabitas, os amonitas e os edomitas da
superstição, do mundanismo e da infidelidade?
Este capítulo, que começa com perigo, medo e perturbação em toda
a volta, termina com júbilo, calma e paz. Duas palavras parecem
sobressair-se neste capítulo- Louvor e Oração -irmãs gêmeas que
devem andar sempre juntas. Uma palavra liga-as aqui- Fé.

26. Uma Boa Razão para um Grande Zelo


"Agora, pois, com o som os assalariados do r ei e não nos con vém ver a
desonra dele, por isso, mandamos dar-lhe aviso" (Ed 4.14).

Havia na terra certas pessoas de duas caras, mestiças. Elas queriam unir-se
na edificação de Jerusalém. Os judeus recusaram-nas. Iradas, escreveram ao
rei. C hatnaratn os judeus de povo turbulento, e disseram a Artaxerxes que lhe
escreviam movidas de gratidão.
Era falso; 1nas os hipócritas, frequentemente, usarn as rnelhores palavras
para acobertar seu dolo. Tiretn essas palavras daquelas bocas imundas e as
coloquem na sua boca e na minha. Elas se ajustam bem a nós, se as aplicarn1os
ao grande Rei dos reis.

56
I. UM FATO RECONHECIDO
<<Somos assalariados do rei".
Temos uma nova vida, portanto novas necessidadc.s, 11ov: t lott H' c·
nova sede, e Deus nos tem sustentado de seu próprio p:tl:ício.
1. Temos uma porção que não falha.
Tempos de necessidade têm surgido, mas também ten1 ~urgido 11
suprirnento da necessidade.
2. Temos uma porção que satisfaz a alma.
.Uma alma que recebe o que Deus lhe dá, tem tanto quanto ela pod ·
comportar, e tanto de quanto puder necessitar. Nada há a invcj:t r,
no estado de coisas do mundo. Quanto mais se tem, tanto ma1s
difícil é abandoná-lo.
II. UM DEVER RECONHECIDO
"Não nos convém ver a desonra dele". Bom raciocínio, que nos
vem a calhar. Quais são as coisas que podem desonrar a Deus em
nossas vidas?
1. Nós mesmos. Você que se proclam_a éristão, está fazendo qualquer
coisa que desonra a seu Deus- em casa, em seus negócios, na vida
social?
2. Nossos amados. Os pais não devem tolerar qualquer coisa que traga
desonra a Deus, naqueles sobre os quais exercem controle.
Lembremo-nos de Eli.
3. Mutilar, interpretar mal sua Palavra. Sempre devemos formular nosso
protesto contra as falsas doutrinas.
III. UM PLANO DEAÇÃO SEGUIDO DE PERTO
"Por isso, mandamos dar-lhe aviso".
Como faremos isso? É um exercício sagrado dos santos relatar ao
Senhor os pecados e as tristezas que eles observam entre o povo, as
blasfêmias, o ensino falso e o sofisma abominável.
Depois que aquelas pessoas avisaram ao rei, cuidaram de pleitear
com ele. É um pobre expediente aquela oração que não encerra
petição. João Knox clamava com freqüência em oração: "Dá-me a
Escócia ou eu morro! "
Le1nbro-n1e da observação de un1 médico unitariano, a qual julguei
1nuitíssin1o co rreta. Ele dizia de certo calvinista que foi acusado de falar
incisivan1enre contra os unitarianos. "Perfeitamente certo; e assün deve ele
proceder, porque, se o calvinista está certo, o unirariano não é cristão, en1
absoluto, n1as, se o unitariano está certo, o calvinista é um idólatra, porque
adora a um que é homem e não o Filho de Deus".
57

"Não podemos dar a nossos filhos corações novos, mas podemos cuidar
que nada haja dentro de nossos portões que seja aviltante ao evangelho de
Jesus Cristo. Encarrego-os de cuidar disso. Mas vocês dizem que não podem
controlar seus filhos. Então que o Senhor tenha misericórdia de vocês! É sua
tarefa fazê-lo, e devem fazê-lo, ou então logo desco brirão que eles os
controlarão".

2 7. Aqueles que se Agradam


'Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e
à dos teus servos que se agradam de temer o teu no1ne" (Ne 1.11).

Neemias acreditava que havia outros orando, além dele. Não era ele tão
melancólico, tão cheio de si mesmo, tão incompassivo a ponto de pensar que
só ele amava a casa do Senhor e orava por ela. Cria que o Senhor tinha muitos
servos que oravam, além dele. Nisso ele era mais esperançoso do que ·Elias
(2Re 19.10,18).
I. ISSO INCLUI TODOS QUANTOS TÊM QUALQUER RELIGIÃO
VERDADEIRA
1. A verdadeira piedade é sempre uma questão de desejo.
Não é costume, moda, hábito, excitamento, paixão ou sorte.
2. Cada parte dela é uma questão de desejo.
Arrependimento, fé, amor, etc. Nada disso pode encontrar-se em
um homem, a menos que ele se agrade em possuí-los.
Oração, louvor, serviço, esmolas e todos os atos bons são questões
de desejo do coração. Que haja abundância deles!
Outro tanto pode-se dizer do céu, da ressurreição e das glórias futuras
do reinado de Cristo na terra.
Os homens bons são como Daniel, homens de desejos (Dn 9.23).
O desejo é o sangue vital da piedade, a origem da santidade, a aurora
da graça e a promessa da perfeição.
II. ISSO INCLUI MUITOS GRAUS DE GRAÇA
1. Aqueles que ardente e cordialmente desejam ser retos para con1 Deus,
embora receiem julgar-se salvos, esses estão sempre desejando.
2. Aqueles que sabem que temem a Deus, n1as se agradan1 ern temê-lo
rnais ainda. Alguns dos melhores homens são dessa categoria.
3. Aqueles que se deleitan1 nos can1inhos de Deus, e desejam pern1anecer
neles todos os dias de sua vida. Ninguém persevera na santidade, a
menos que deseje fazê-lo. Desejos ternos gerarn um caminhar vigilante,
e pelo Espírito de Deus, conduzern a uma vida consistente.
58
Ora, todas essas pessoas podem orar aceitaveltnente; na v Tlbdc,
estão sempre orando, pois os desejos são verdadeiras o ra~·ol·s .
Precisamos das orações de todas essas pessoas, be1n como as dos
santos adiantados. Os soldados rasos são a parte princip<tl de um
exército. Se ninguém orasse, exceto os crentes eminentes, nos.so
tesouro de súplicas estaria escassamente suprido.
Finalmente, OREMOS AGORA- todos nós, grandes e pequenos.
Oremos no Espírito Santo, e, por esse modo, sustentemos nosso.s
ministros, missionários e outros obreiros que, à semelhança de
Neemias, iam à frente, no serviço sagrado.
Quando Napoleão voltou de Elba, um homem que trabalhava num jardim,
reconheceu o imperador e imediatamente pôs-se a segui-lo. Napoleão
cumprimentou-o calorosamente, dizendo: "Eis nosso primeiro recruta''. Ainda
quando uma só pessoa comece a orar por nós, e embora sejam débeis as suas
orações, devemos recebê-la com agrado. Aquele que ora por mim, enriquece~n1e.
Grãos de areia e gotas de chuva combinam-se para o maior dos propósitos
e o realizam. Pode haver mais oração verdadei_ra, numa pequena reunião de
desejos obscuros do que na grande assembléia, onde tudo é feito mais com
capacidade do que com a agonia do desejo.
Nunca permita que seu pastor perca seu livro de orações. Este deveria ser
escrito nos corações do seu povo. Se você não pode pregar, ou dar liberalmente,
ou tornar-se um oficial na igreja, pelo menos pode orar sem cessar.

28. Exaltação de Ester ou Quem .Sabe?


"E quen~ sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a
rainha?' (Et 4.14).

Não percam tempo com generalidades, mas vão direto às personalidades.


Bem poderíamos dizer de qualquer igreja cristã, ou de qualquer cristão, que
tem seu próprio lugar, claramente indicado no propósito da misericórdia divina.
Se acendermos uma vela, muito embora seja posta num castiçal de ouro, não
é acesa para iluminar a si própria, mas para que possa iluminar a todos os que
estão na casa.
I. A PRIMEIRA PALAVRA É "OUVIR"
1. Ouvú~ dar ouvidos a u1na pergunta. Separan1 seus interesses dos
interesses do seu povo e de seu Deus? Pretendern dizer: «Cuid<tr ·i
de n1inha própria salvação, mas não se suponha que eu tOm (.:
interesse en1 salvar outros?" Em tal espírito, n 5o digo que cs tar~o
perdidos, mas digo que já estão perdidos.
2. Ouçam, Deus pode viver sem vocês. Crescimento e livramento virão
para seu povo de algum outro lugar, se não vierem de vocês. O
grande proprietário da vinha terá fruto no fim do ano e, se a árvore
não o produzir, ele a cortará.
II. O CONVITE AGORA É ((CONSIDERA''
1. Considerem por que o Senhor os trouxe para onde estão agora. Ele
fez isso por sua própria causa? Pretende ele, com tudo isso,
meramente que pratiquem auto-indulgência?
Somos membros de um só corpo, e Deus age paraconosco com esse
fato em vista. Ele não abençoa a mão por amor à mão, mas por
amor ao corpo todo. São salvos - para que possam salvar; são
ensinados - para qu.e possam ensinar.
2. Considerem os talentos com que foram dotados para a obra do Senhor.
São dotados de uma capacidade especial para determinado trabalho,
de sorte que ninguém é tão adequado quanto vocês; são uma chave
para uma fechadura, para a qual nenhuma outra chave servirá tão
bem. Que cada um de vocês sinta que chegou à posição onde está,
para momentos como este. Vocês e seu trabalho são feitos um par~
o outro; Deus os reuniu, e que ninguém os separe.
III. A PALAVRA AGORA É '~SPIRAR"
Subam à maior altura possível. Cumpram sua vocação no mais
elevado nível. Façam de tudo que têm certeza de que são capazes e
ainda almejem algo que está no topo das questões. Digam a si
mesmos: ''Quem sabe.?"
1. Ninguém sabe os limites de suas possibilidade para Deus.
Embora não sejam mais que um nada, um zero, ainda assim Deus
pode fazer algo de vocês. Ponham o algarismo um diante de um
zero, e terão dez diretamente. Que dois ou três zeros se combinem
para servir ao Senhor; e, se o Senhor Jesus estiver à frente deles,
esses nadas se tornarão dezenas de milhares.
Em tempos escuros, Deus fabrica lâmpadas com as quais elimina a
escuridão. Martinho Lutero está junto ao coração de seu pai, na
floresta, quando o Papa está vendendo suas iníquas indulgências;
logo sairá e porá paradeiro ao cantar do galo do Pedro rornanista,
negador Je Cristo. João Calvino está estudando calmamente, quando
a falsa doutrina está grassando mais, e ele se fará ouvir em Genebra.
Quando Luís Napoleão foi encerrado na fortaleza de Ham, e todos o
ridicularizavam por seus tolos ataques sobre a França, ainda assim ele disse de
si próprio: ((Quen1 sabe? Sou sobrinho de rneu tio, e ainda posso assentar-n1e
60
no trono imperial". E conseguiu fazê-lo, antes que se passass<..: nl ttttrir o :) ·'"'1 ',
Quem sabe? Sabe alguém o que Deus pode fazer por vocês e por s .,, irtr ~· ttt H~t lt~ , :'
Sabe alguém que capacidades existem latentes dentro de vocês?
Carreguem seu canhão com pedaços brutos de rochas o u pcdr~ts, 1 ir: Hio~,
da estrada; se não tiverem à mão nada melhor; encham-no com bastant<..: 1H'll vo t.t,
e o detonem. Quando nada mais tiverem para arremessar cont ra o inimigo,
coloquem-se no canhão.
Havia um homem que lutava, na Câmara dos Comuns, por aquilo que
ele julgava ser um grande benefício para os marítimos, mas não prevalec ·u .
Por fim, 'r ompeu com todas as regras da casa e agiu como um fanático; e, ao
verem que o homem estava tão decidido que estava prestes a desfalecer e n1orrcr,
disseram: "Devemos fazer algo,. E foi feito.
Um entusiasmo que se apodere de vocês é provável que se apodere d<..:
outros. Não fracassem por falta de fervor. Não importa se os homens pensam
que estão loucos. Quando tiverem sobrepujado a si mesmos, o dilúvio de zelo
suportará toda a oposição que estiver diante dele . Quando se tornaren1
fanaticamente insanos, a ponto de serem absorvidos por uma paixão pela glória
de Deus, pela salvação dos homens, pela divulgação da verdade e pela reforma
das massas decaídas, haverá em vocês a mais verdadeira sanidade e a mais
poderosa força.

29. A Pergunta do Homem Triste


uPor que se co ncede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem D eu s
cercou de t odos os lados?" Üó 3.23) ..

A situação de Jó era tal que a vida se lhe tornou enfadonha. Queria saber
por que deveria continuar vivo para sofrer. Não podia a misericórdia ter
permitido que ele morresse antes de nascer? A luz é muitíssimo preciosa, mas
podemos vir a indagar por que ela é concedida.
I. O CASO QUE LEVANTA A QUESTÃO
1. Ele caminha em profunda dificuldade, tão profunda que não pod e
ver-lhe o fim. Não pode ver qualquer motivo para consolo, quer
em Deus, quer no homem. ((Seu caminho está oculto''.
2. Não pode ver n1otivo p ara isso. Nenhum pecado especial fo i
' con1etido. Nenhum bem possível parece provir desse caso.
3. Não é capaz de dizer o que fazer na sua situação. A paciência é
árdua, a sabedoria é difícil, a confiança é escassa, e a alegria esd fora
de alcance, enquanto a m ente se acha em profunda tnelancolia.
Mistério traz miséria.
(i i
4. N ão é capaz de ver uma saída (Êx 14.3).
II. A QUESTÃO EM SI: "POR QUE SE CONCEDE A LUZ?", ETC.
1. É uma pergunta insegura. É a exaltação indevida do julgamento
humano. A ignorância deveria afastar-se da arrogância.
2. Reflete-se sobre Deus. Insinua que seus caminhos precisam de
explicação, e são irracionais, injustos e insensatos, ou despidos de
bondade.
III. RESPOSTAS QUE PODEM SER DADAS A ESSA PERGUNTA
1. Para um ímpio, há respostas suficientes ao alcance da mão.
É a misericórdia que, prolongando a luz da vida, guarda vocês de
pior sofrimento. Para vocês, o desejar a morte é estar ávido pelo
inferno.
Não sejam tão tolos.
É o amor que os chama ao arrependimento. Toda tristeza pretende
encaminhá-los para Deus.
2. Para o homem piedoso, há motivos ainda mais evidentes.
Suas provações são enviadas:
Para permitir que veja tudo quanto está em você. Em profunda
perturbação da alma, descobrimos do que somos feitos.
Para trazê-lo para mais perto de Deus. As cercas o cercam para Deus;
a escuridão o faz apegar-se mais a ele. A vida continua para que a
graça seja aumentada.
Para fazer de você um exemplo para outros. Se o nosso caminho
fosse sempre brilhante, não poderíamos exibir tão bem o poder
sustentador, consolador e libertador de Deus.
Ao mesmo tempo que os homens, muitas vezes, desejam a morte, e sentem
que ela seria um alívio, poderia ela ser para eles a maior calamidade possível.
Poderiam estar totalmente desprevenidos para recebê-la. Para um pecador, o
túmulo não contém descanso; o mundo eterno não propicia repouso. O
propósito de Deus, em tais tristezas, pode ser mostrar aos ímpios quão
intolerável seria a dor futura, e quão importante é que estejam preparados para
n1orrer. Se não podem suportar as dores e tristezas de umas poucas horas nesta
curta vida, corno poden1 enfrentar os sofrimentos eternos? Se é tão desej<1vel
ficar livre das tristezas do corpo, aqui- se sentirmos que o tÚn1ulo, com tudo
quanto há de repulsivo nele, seria um lugar de repouso, quão in1porrante é
descobrir um tneio de estar, a salvo, das dores eternas!
O verdadeiro lugar para o pecador livrar-se do sofrirnento não é o tt.'unulo;
é na 1nisericórdia perdoadora de Deus e naquele céu lÍlnpido para o qual ele é

(,;
convidado, mediante o sangue da cruz. Naquele céu sagrado está o l1 n il o
descanso verdadeiro do sofrimento e do pecado; e o céu será tanto tnais do ·~,·
na proporção da extremidade da dor que é suportada·na terra (Barnes).

30. Submissão do Pecador a seu Espreitador


uSe pequei, que n1al te fiz a ti, ó Espreitador dos homens?" Gó 7.20).

]ó podia defender-se perante os homens, mas empregou outro to1n,


quando se curvou diante do Senhor; ali ele clamou: "Se pequei". As palavras se
adaptariam a qualquer santo aflito; pois, na verdade, foram ditas por um deles;
mas também podem ser usadas pelo pecador penitente, e, nesta ocasião,
queremos encaminhá-las para esse uso.
I. UMA CONFISSÃO. "PEQUEI".
Em palavras, isto não é mais do que uns hipócritas, como Judas,
Saul e Balaão podiam dizer. Não é verdade que muitos que se
chamam de ((miseráveis pecadores" .não passam de mesquinhos
zombadores? Porém, o coração de ]6 estava certo de que sua confissão
. .
sena aceita.
1. Ela ~ra pessoal. Pequei, por mais que os outros possam ter feito.
2. Foi uma confissão para o Senhor. Ele dirige a confissão, não para
seus companheiros, mas par~ o espreitador dos homens.
3. Foi uma confissão operada pelo Espírito. Ver o v. 18, onde ele atribui
seu pesar à visitação de Deus.
4. Foi um sentimento. Ele foi profundamente atingido pela confissão.
(Ler o capítulo inteiro.) Esse único fato, "pequei", é suficiente para
caracterizar a alma com a marca de Caim, e queimá-la com as chamas
do inferno.
5. Foi uma confissão conflitante. Mesclada com muita descrença, Jó
ainda tinha fé no poder de Deus para perdoar. Uma confissão
descrente pode aumentar o pecado.
I. UMA INDAGAÇÃO. "QUE MAL TE FIZ A TI?"
Nesta pergunta vemos:
1. Sua disposição para fazer qualquer coisa, por mais que o Senhor
pudesse exigir, provando assim sua seriedade de p ropósitos.
2. Sua confusão; ele não era capaz de dizer o que ofereceria, ou para
onde se voltaria; mas alguma coisa precisava ser feita.
3. Sua subn1issão sem restrições. Não impôs condições; pediu apenas
para conhecer as condições do Senhor.
II. UM TÍTULO. "Ó ESPREITADOR DOS HOMENS!"
Observador dos homens, portanto conhecedor do 1neu caso, de
1ninha miséria, de minha confissão, de Ineu desejo de perdão, de
minha total inutilidade.
Espreitador dos homens.
Por sua infinita longanimidade, que se refreia de castigar.
Por suas liberalidades diárias de suprimento, mantendo vivo ao
ingrato.
Pelo plano de salvação, livrando os homens de caírem no poço do
abismo, tirando o tição do fogo.
Assim que Jó confessou seu pecado, desejou conhecer um remédio. Os
perversos podem clamar: "Peccavi", pequei; mas depois não passam a dizer,
como aqui: "Que Inal te fiz?" Abrem sua ferida, mas não põem nela pomada,
e, assim, as feridas feitas pelo pecado são mais pútridas, e se tornam mais
perigosas. J ó seria orientado sobre o que fazer para obter remédio; ele aceitaria
a graça perdoadora e a graça prevalente em quaisquer condições (Trapp).
Jó era um daqueles que as Escrituras descrevem como ((perfeitos", mas
clamO'll "pequei". Noé era perfeito em sua geração, mas nenhum ébrio nos
permitirá esquecer que ele teve a sua falha. Abraão recebeu a ordem: ((Anda na
minha presença, e sê perfeito", mas ele não foi absolutamente destituído de
pecado. Zacarias e Isabel eram irrepreensíveis, no entanto a descrença em
Zacarias foi suficiente para deixá-lo mudo durante nove meses.
A doutrina da perfeição, sem pecado na carne, não é de Deus, e aquele
que se vangloria de possuir tal perfeição, declarou, de imediato, a sua ignorância
de si próprio e da lei do Senhor. N ada revela mais um mau coração do que o
gloriar-se en1 sua própria bondade. Aquele que proclama seu próprio louvor,
publica a sua própria vergonha.
Por si mesmo, o homem é uma criatura tão frágil, que é grande maravilha
não ter sido ele, há muito tempo, esmagado pelos elementos, exterminado
pelas feras, ou extirpado pelas doenças. A onipotência ten1-se curvado à
preservação do homem, e tem compelido todas as coisas visíveis a formaren1
utn guarda-costas do homen1 . Cretnos que o rnesmo espreitador dos homens,
que tem guardado a raça humana desse n1odo, vigia co m igual assiduidade a
cada indivíduo.
A rendi ção incondicional implícita na pergunta: "Que mal te fi z a ti? '', é
absoluran1ente essencial a rodo hotnem que espera ser salvo. Deus nunca
levantará o cerco, enquanto não lhe dennos as chaves da cidade, abrinnos cada
portão e pedirmos ao vencedo r que ande por todas as ruas e ron1c posse da
cidadela. O traidor deve entregar-se e confiar na clemência do prín cipe.
Enquanto não se fizer isso, a batalha continuará; pois o primeiro req ui~ iw
para a paz con1 Deus é a submissão c01npleta.

31 . O Convicto Conhecimento de Jó
uPorque eu sei que o 1neu Redentor vive" (Jó 19 .25).

Dificuldades muito grandes de tradução. Preferimos uma leitura sincera


a wna que se possa obter por fraude piedosa. Parece que Jó, levado ao desespero,
recorreu à verdade e à justiça de Deus. Podemos usar as palavras no mais
completo sentido evangélico, e não ser culpados de mutilá-las; na verdade,
nenhum outro sentido expressaria bem o significado que lhes dá o patriarca.
De que outra esperança poderia ele obter consolação, senão daquela vida e
glória futuras?
I. JÚ TINHA UM VERDADEIRO AMIGO ENTRE OS SEUS AMIGOS
CRUÉIS.
Ele lhe chama de seu redentor, e conta com ele em sua dificuldade.
O vocábulo hebraico admite três traduções, como segue:
1. Seu parente
O mais aparentado de todos. Nenhum parente é tão próximo quanto
Jesus. Ninguém é tão chegado nem tão bondoso.
De modo voluntário. Não forçado a ser irmão, mas de coração e de
livre vontade escolhe nossa natureza; portanto, mais do que irmão.
Não se acanha de admiti-lo. ((Por isso é que não se envergonha de
lhes chan1ar irmãos" (Hb 2.11). Mesmo quando eles o abandonararn,
ele chamou ''meus irmãos" (Mt 28.10).
De modo eterno. Quem nos separará? (R.t11 8.35).
2. Seu defensor
De toda acusação falsa; pleiteando as causas de nossa alma.
De todo escárnio e zombaria; pois aquele que nele crê não sed
envergonhado ou confundido.
Das acusações verdadeiras, igualmente; suportando ele n1esrno o
nosso pecado e fazendo-se nossa justiça, e, desse modo, justificando-
nos.
Das acu~a<;ões d e Sa tan is. ''O Senh o r te repreende, ó SatanJs!"
(Zc 3.2). "Foi expulso o acusador de nossos irmãos" (Ap 12.1 0).
'1 . Seu redentor
4. Redin1indo sua pessoa da escravidão.
Redúnindo das 1nãos do inilnigo suas propriedades, privilégios e
alegrias perdidos.
Reditnindo tanto por preço quanto por poder.
II. JÓ TINHA VERDADEIRA PROPRIEDADE, NO ivtEIO DE POBREZA
ABSOLUTA
Ele fala de "n1eu redentor'', como que a dizer: "Tudo mais se passou,
mas meu redentor ainda é meu, e vive para mim".
Ele quer dizer:
1. Aceito-o como tal, entregando-me em suas n1ãos.
2. Já tenho sentido algo de seu poder, e confio porque tudo está ben1
comigo mesmo agora, visto que ele é o meu protetor.
3. Apegar-me-ei a ele continuamente. Ele será a minha única esperança
na minha vida e na morte. Posso perder tudo o mais, mas nunca a
redenção de meu Deus, o parentesco com meu salvador.
III. JÓ TINHA UM PARENTE VIVO DENTRE UMA FAMÍLIA
MORIBUNDA.
"Meu redentor vive" .
Ele admitia o grande Senhor como vivo para sempre:
Que temos nós a ver com o Cristo morto da Igreja de Roma?
Nosso redentor vive.
Que temos com o Cristo dos unitarianos, que se foi embora? Nosso
divino defensor permanece no poder de uma vida sem fim.
IV. JÓ TINHA CERTEZA ABSOLUTA, NO MEIO DE NEGÓCIOS
INCERTOS?
"Eu sei". Ele não tinha a menor dúvida sobre a questão. Tudo o
n1ais era questionável, 1nas isso era certo.
Sua fé lhe deu certeza. A fé traz evidência segura; ela dá conteúdo
àquilo que ela recebe, e no-lo faz saber.
Suas provações puderan1 fazê-lo duvidar. Por que fariam ? Elas não
afetaran1 o relacionainento con1 seu Deus, ou o coração do seu
redentor, ou a vida de seu defensor.
T ên1 vocês esse co nhecimento?
Agem de acordo com tal cerreza?
N}o querem , neste mon1ento , adorar devo tam ente se u am;Í.vel
parente?
En1 tempos de provações difíceis, os crentes são ( 1) desviados de si próprios,
a fln1 de contarem com seu Deus, se u redentor; (2) levados a buscar dentro de
si próprios un1 conhecimento firme inquestionável- ((Eu sei"; (3) levados :1
agarrar-se, mediante a fé pessoal, naquilo que está exposto no pacto da graça -
''meu redentor". Levados a viver mais do invisível .;__ o redentor vivo e seu
futuro advento.
Os santos provados, quando em densas trevas, têm sido levados a 1naiores
descobertas de verdade consoladora. "A necessidade é a 1nãe da invenção".
AquiJó achou um argun1ento procedente da justiça de Deus, para seu consolo
pessoal. Deus não poderia deixar seu servo sincero sob difa1nação; portanto, se
ele morresse sem defesa, e os anos passassem de maneira que os vermes lhe
consurnissen1 o corpo, ainda assim surgiria um defensor, e o ]ó difamado e
injuriado teria seu nome limpo.
Desse modo, o Espírito revelou ao patriarca afligido um estado futuro,
um quase-parente vivo, um juízo futuro, uma ressurreição e uma eterna
justificação dos santos. Muita luz entrou· através de uma estreita janela, e] ó
ganhou infinitamente mais por meio de suas perdas temporárias, do que teria
ganho sem elas.
Uma fé fraca contenta-se em sair das dificuldades, pois recua diante das
mesmas; como Marta, considerando que Lázaro 1norrera havia quatro dias e
começava a decompor-se, sua fé começou a falhar; agora era tarde demais para
remover a pedra do túmulo. Mas a fé, em sua força considera tudo isso, sublinha
essas impossibilidades, e ainda as vence; como Elias, em sua contenda com os
sacerdotes de Baal, tomou todas as desvantagens para si 1nesmo. "Derramai
água" , disse ele; e de novo: "Derramai mais água"; e a fé trará fogo do céu para
queimar o sacrifício.
"Ainda que eu morra'', disse J ó, "e apodreça e me decon1ponha no túmulo
-e não só isso, mas que o fogo consuma meu corpo, ou o mar me trague, ou
as feras me devorem, ainda assin1 meu corpo me será restaurado; a 1norte será
praedae suae custos (o guarda de sua presa), como o leão que matou o profeta, e
depois ficou ao lado de seu corpo e não o consumiu". A fé que Jó possui, se ri
das impossibilidades e se envergonha de falar de dificuldades; juntamente con1
Abraão, considera não o seu próprio corpo amortecido, mas crê acima da
esperança e contra ela; sabia que Deus o restauraria (R. Brownrig) .
A fé esd, ou deveria es tar, fortemente persuadida do qu e ela crê. É urn a
evidência, nlo un1a conjectura; não uma suposição, m as uma certeza inabaLive l.
Cercamen re deveríamos saber aquilo cm que cremos: «Sabemos que és mestre
vi ndo da parte d e Deus" (Jo 3.2). "Te1nos crido e conhecido que ru és o sanro
de Deus" (]o 6.69). "Sabemos que [ ... ] ternos da pane de Deus um edifício"
(2Co 5.1) . "Sabemos qu e ( ... ] seremos semelhantes a ele" ( lJ o :1.2). "Sede
f-Irm es, ína bal:lveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no
Senho r, o vosso trabalho não é vão" (l Co 15.38) .
Os crentes do passado fazem-nos sentir vergonha de n ós m es1nos, a nós
qu e vive1nos so b a luz clara d o evangelh o. J ó viveu n1uito te1npo, antes que o
evangelho fosse revelado ; a redenção das ahnas era, naquele te1npo, um grande
mistério, sendo parciinoniosamente revelad a a uns poucos; somente um d entre
mil poderia trazer essa n1ensagen1 a um pecador condenado, de que D eus
ach ara um resgate (Jó 33 .22) (M anton).

32. Rebelando-se Contra a Luz


uosperversos são inirnigos da luz n (Jó 24.13).

Esses, evidentem ente, tinham luz, que representava um grande p rivilégio,


visto com o andar pelas Inontanhas escuras é uma terrível m aldição. Entretanto ,
esse p rivilégio pode transformar-se em um m al.
A luz tem soberania em si, de sorte que resistir a ela é rebelar-se contra
ela. D eus a con cedeu para que fosse uma d emonstração de si m esmo, pois
D eus é luz; e ele a revestiu co1n uma m edida de sua majestade e poder de juízo.
A rebelião contra a luz tem , em si, um alto grau de pecado. Podia ser uma
virtude rebelar-se contra as trevas; mas o que se deverá dizer d aqueles que se
opõem à luz? que resistem à verdade, à santidade e ao conhecitnento?
I. A LUZ DENUNCIA OS REBELDES
Pessoas bem instruídas, acostumad as a ensinar a outros, voltam-se
contudo, para o mal; são traidores rep ugnantes.
Filhos de pais cristãos que peca1n contra seu antigo treinam ento; as
orações e súplicas por eles, os preceitos e exemplos que lhes foram
dados , tudo é jogad o fo ra. O uvintes d a Palavra, que sufocam
deliberadamente, por muitas vezes, e com violência, as convicções.
II. A LUZ DESCREVE AS FORMAS DESSA REBELIÃO
Alguns recusam a luz, indispo ndo-se a conhecer m ais do que seria
conveniente para eles; portanto, negatn a si 1nesmos o tempo para
tneditar, ausenta1n-se dos sermões, negligencian1 a leitura devocional,
afastam -se da co1npanhia piedosa, evitan1 ser reprovados.
O utros z01nban1 d ela e a combaren1, chama ndo a luz de trevas e as
trevas de luz. In fideli dade, obscen idad e, perseguição e coisas tais,
to rn am-se se u refúgio e abrigo
M ui tos a obsc urecem para outros, o bstruindo suas operações entre
os h ome n s, oc ul ta n do s ua p ró pria lu z so bre o alqu e ire,
ridicularizando os esfo rços alheios, etc.
III. A LUZ DECLARA A INSENSATEZ DESSA REBELIÃO
A luz é a nossa melhor amiga, e é sabedoria obedecer-lhe; rcsist i r :t
ela é rebelar-se contra o próprio interesse pessoal.
A luz ainda uiunfa. As corujas pian1, rnas a lua brilha. A opos içiio :'t
verdade e à justiça é inútil; ela pode tnesmo promover aquilo q uc
pretende iinpedir.
A luz conduziria a mais luz. Consente com ela, pois será benéfica à
tua· própria' alrna.
A luz levaria ao céu, que é o centro da luz.
Distanciado da costa da Nova Zelândia, u1n capitão perdeu seu navio
pelo fato de pilotar em face da luz de aviso, até que deu de encontro à rocha
que havia imediatamente abaixo do farol. Disse que estava dormindo, mas
isso não recuperou o que se perdeu com o naufrágio, nem o salvou de ser
condenado. É uma coisa terrível que os raios da luz do evangelho guiem un1
hon1e1n à sua ruína.
Não se pode negar que os maus pecam, sabendo o que fazem; mas os
piedosos têm uma luz que os dernais hornens não possuem, uma luz divina,
penetrante, como nenhurn hipócrita pode obter. Têm melhores olhos do que
os outros, para ver o pecado; e, para eles, imiscuir-se com o pecado e abraçar
essa imundícia, é preciso provocar a Deus e fazer que seu rosto se enfureça.
Vocês, pois, que são povo de Deus, fujam do pecado; seus pecados se realçam
n1ais e trazem em si maior agravo do que os pecados dos não-regenerados
(Thomas Watson).

33. O Hipócrita é Desmascarado


ulnvocará a Deus en1 to elo o te1npo?" (J 6 2 7.1 O).

Um hipócrita pode ser un1a in1itação muito perfeita de um cristão. Professa


conhecer a Deus, falar com ele, dedicar-se a seu serviço e invocar a sua proteção;
pode, inclusive, exercitar a oração, ou, pelo rnenos, sÍlnulá-la. Entretanto, o
mais inteligente fingin1ento falha en1 algurn ponto, e pode ser descoberto por
detern1inados sinais. Aqui a prova é: "Invocará a Deus em todo o tempo?"
I. ORARÁ ELE EM TODAS AS OCASIÓES DE ORAÇÃO?
Orar~í., ele en1 partic ular? ou depende de olhos humanos c do aplauso
dos homens?
Orad, se for proibido d e bzê-lo? Dan iel orou. Orad ele?
Orar<l., enquanto trabalha? Praticará a oração curta e fervorosa?
Buscar<Í. orientação a cada hora?
Orará nos tnomentos de prazer? terá temor santo de escandalizar
cotn sua língua? ou suas companhias o farão esquecer-se de Deus?
Orará nas trevas da alma? ou ficará amuado e em silêncio?
II. ORARÁ ELE IMPORTUNAMENTE?
Se não vier resposta, perseverará? É como o cavalo bravo, que será
amarrado a um poste por ordem de seu proprietário?
Se vier uma resposta dura, continuará a rogar? Sabe como lutar com
o anjo e dar golpe por golpe?
·se ninguém tnais orar, será o único e lutará contra o vento e a maré?
Se Deus lhe responder mediante desapontamento e derrota, sentirá
que as demoras não são negações, e ainda assim orará?
III. CONTINUARÁ ELE A ORAR POR TODA A VIDA?
O hipócrita logo abandona a oração, sob d etermin adas
circunstâncias.
Se estiver em dificuldade, não orará, mas correrá em busca de socorros
humanos.
Se se livra da dificuldade, não orará, mas se esquecerá totalmente de
seus votos. Se os homens se riem dele, não terá coragem de orar.
Se os homens sorrirem para ele, não cuidará de orar.
1. Ele se cansa. Pode fazer um esforço vigoroso, mas não o mantém.
As orações curtas são o que lhe agradam.
2. Ele se torna seguro. As coisas vão bem e ele não vê necessidade de
orar; ou ele é santo demais para orar.
Ouvimos falar de uma menina que fazia suas orações, e então acrescentou:
((Até logo, Deus; vamos todos para Saratoga; papaizinho e mamãezinha não
vão à reunião, ou não oram mais, até voltarmos de lá". Receamos que muitos
que vão às praias ou outros lugares nos feriados, dão adeusinho a Deus, quase
da mestna tnaneira (Gurhr~e).
Acaz não pede um sinal, mesmo quando Deus lho ordena, para que não
tente ao Senhor (Is 7.1 O, 12); uma grande demonstração de n1odéstia, mas um
sintoma seguro de infidelidade. Não pediria para si um sinal, porque não poderia
crer no fato; não para evitar perturbar a D eus, mas a si mesmo. Parece tnuito
cortês, porém, revela-se n1uito atrevido.
D esse n1odo, esse hipócrita servirá a D eus esporadicatnente, quando ben1
lhe pareça. Nunca perturba a Deus, a menos que D eus o perturbe. Na saúde,
na riqueza, n a paz, pode consolar a si próprio. Jamais ora, excero quando esd
em dific uldade; cm sua af-lição, buscará cedo a D eus (Os 5 .15). D eus se con tenra
cm ir-se embora e retornar a seu lugar, pois, do contdrio, esse hon1em nunca
o hu scll'i ~t. Ou and o D eus o atinge, ele põe D eus a par de sua n1iséria, mas
q1J :111d n w; l <' lllj H ls Jn l·IIJor:111l , exclui Deus de sua alegria (San1uel C rook).

/(I
34. Chuva e Graça: uma Comparação
"Quen1 a briu r egos para o aguaceiro o u canúnho para os r e lân1pagos
dos trovões; paTa que se faça cl1over sobre a ·t:erra, oncle não há
njn guén1, e n o ern1o, en1 que não há gente; paTa dessed entar a t erra
deserta e assolada e p ara fa zer crescer os renovos da eTva?"
(Jó 38.25-27).

D eus desafia o homem a comparar-se com seu criador, rnesrno na sirnples


questão dá chuva. Pode ele criá-la? Pode ele rnandar uma chuva sobre o deserto,
para regar as ervas solitárias, que de outra sorte pereceriam ao calor abrasante?
Não, ele nem m esmo pensaria em fazer tal coisa. Esse ato generoso vem
exclusivan1ente da parte do Senhor.
I. SÓ DEUS DÁ A CHUVA, COMO TAMBÉM SÓ ELE DÁ A GRAÇA
Ele dirige cada gota, e d á a cada folhinha de grama a sua própria
gota de orvalho- a cada crente, sua porção de graça.
Ele modera a força, d e sorte que ele não abate.ou afo ga a erva tenra.
A graça vem d e fonna suave. A convicção, o esclarecimento, etc.,
são enviados na devida m edida.
Ele a retém en1 seu poder. Absolutamente, de acordo com sua
vontade, Deus concederá chuva para a terra ou graça para a alma.
II. A CHUVA CAI SEM CONSIDERAR OS H0!\1ENS, E ASSIM
TAMBÉM A GRAÇA
A graça não espera pela observação do homem . .Corno a chuva cai
onde n ão há ninguém , assi m também a graça n ão corteja a
publicidade. Nen1 sua cooperação. Ela ''não espera pelo homem,
nern depende dos filhos dos homens" (Mq 5.7).
Nem suas orações. A gran1a não pede chuva, mas esta ven1.· "Fui
achado daqueles que n ão rne buscavarn" (Is 65.1).
III. A CHUVA CAI ONDE MENOS SE PODERIA ESPERÁ-LA
Ela cai onde n ão há vestígio d e chuvas anteriores, inclusive sobre o
deserto assolado; assin1, a graça entra nos corações que até então
não tinhan1 sido aben çoad os, onde a grande necessidade era o único
apelo que subia ao céu (Is 35 .7).
Ela cai onde parece nada have r p a ra re tribuir o be n e fício. M uitos
corações s5o t5o naturalmente rão estéreis quanto o deserto (Is 35 .6).
Ela cai onde a necessidade parece insacd.vel; "para d essed e n tar a
J ,
terra nesena .
Alguns casos parecem exigir um oceano de graça; mas o Senho r

71
satisfaz a necessidade, e s ua graça cai onde a alegria e a glória são
dirigidas a Deus por corações gratos. Duas vezes nos diz que a chuva
cai ((onde n ão há gente''. Quando o Senhor opera a conversão, não
se vê o hornern; só o Senhor é exaltado.
IV ESSA CHUVA É MUITÍSSIMA APRECIADA PELA VIDA
A chuva traz alegria às sementes c plantas, nas quais há vida.
A vida em botão sabe disso; a rnais tenra erva se regozija nela; assim
se dá com aqueles que corneçan1 a arrepe nder-se, que crêen1
debilmente, e, portanto, estão apenas vivos.
A chuva gera desenvolvitnento. A graça tambérn aperfeiçoa a graça.
Botões de esperança transformam-se em fé vigorosa. Bo~ões de
sentimento florescem em amor. Botões de desejo transformam-se
em ·resolução.
Botões de confissão chegam à confissão pública. Botões de utilidade
desabrocham em fruto.
A chuva produz a saúde e o vigor da vida. Não é assim com a graça?
A chuva cria a flor com sua cor e perfume, e Deus se alegra.
O fruto pleno da natureza renovada vem da graça, e o Senhor se
alegra muito com isso.
Reconheçamos a soberania de Deus quanto à graça.
C lamemos a ele por graça.
Esperemos que el e no-la envie, embora possamos sentir-nos
tristemente estéreis e c01npletamente fora do caminho dos rneios
comuns de graça.
Quão agradáveis são os efeitos da chuva para as plantas que enlanguescen1,
a fitn de torná-las verdes e belas, cheias de vida e fones, fragrantes e deleitosas!
Do mesn1o modo, o efeito qas influências de Cristo é muitíssimo desejável às
almas desfalecidas, para ilun1iná-las e anitná-las, para confirn1á-las e fortalecê-
las, para consolá-las e atnpÜ~-l as, para abrir-lh es o apetite e satisfazê-las,
transformá-las e embelezá-las (John Wilson) .
Não seja para mim con1o urna nuvern sem chuva, para que eu não seja
para você con1o un1a árvore sen1 fruto (Spurstowe).
A gran1a cresce; abre-se o botão da flor; a fo lha estende-se; as flores exalam
sua fragrância como se estivesse sob ornais cuidadoso cultivo. Tudo isso deve
ser obra d e Deus, visto co mo não se pode nem mesmo fingir que o homem
esteja ali, para produzir ta is efeitos. Talvez estivéssemos 1nuitíssi mo m ais
impressionados com o se nso d a presença de Deus no d eserto ínvio ou na
cunpi na in tcrmin<ivcl, onde não cxisrc nin guén1, do que no mais e~ tupe ndo
parque ou no jardin1 cultivado com o máximo de gosto que o hon1em pudesse
preparar. No primei ro c1so, vemos som enre a mão de D eus; no segundo,
L'S I":l nlo.s ;l<.l mirando consta ntemente a habilidade do homem (Ba rn es).

7)
35. Bom Ânimo para o Necessitado
"Pois o n ecessitado não será para se1npre esquecid o, e a esperan ça
elos a flitos não se b á J c fru strar perpetua1nenten (819.18).

O valor prático de urn texto depende muito, igualmente, do h01nem a


quem ele é endereçado. A canção do trovador era encantadora para Ricardo
Coração de Leão, porque ele conhecia os versos responsivos. A trilha é cheia
de significado para o índio, porque seus olhos vivos sabern segui-la; ela não
significaria para um homen1 branco nem um décimo do que significa para o
índio. A vista do farol é animadora para o m arinheiro, pois o farol lhe indica o
parad eiro. Do m esmo modo, aqueles que são espiritualmente pobres e
necessitad os, apegam-se avidamente a essa promessa, prezam-na e dela se
alimentam com contentamento.
I. DUAS EXPERIÊNCIAS AMARGAS CHEGARAM AO FIM
1. "O necessitado não será para sempre esquecido". Você tem sido
esquecido:
Por antigos arnigos e admiradores.·
Nos arranjos feitos e nos planos projetados.
Nos juízos formados e nos louvores dados.
Na ajuda apreciada e na confiança expressa.
Na realidade, você não tem sido um fator nos cálculos; tem sido
esquecido como um defunto. Isto o tem magoado profundan1ente,
pois houve tempo em que era consultado entre os primeiros.
Isso não será assim para sempre.
2. 'A Esperança dos aflitos não se há de frustrar p erpetuam ente".
Você tern fi cado desapontado:
Ern sua natural expectativa de justiça, gratidão, relacionan1en to,
idade, sin1patia, caridade, etc.
Em sua confiança no hornern.
Nn juízo que faz de si m esrno.
Ern suas expectativas d a providência.
Esse desapontam ento será apenas temporário. Sua esperança não se
h~í. de frustrar perpetuamente; rcccbed mais do qu e espera.
II. DOIS SOMBRIOS TEMORES REMOV1DOS. TEMORES QUE SÃO
NATURALMENTE SUGERIDOS POR AQUILO QUE JÁ
EXPERIMENTOU
1. Não sed esquecido para sempre:
Não se encontrará con1 o esquecitnento final.
No dia de grave perturbação.
Na noite de pesar e alarma, por causa do pecado.
Na hora da morte.
2. Nen1 perecerá a sua esperança:
Sua fraqueza não frustrari o poder de Deus.
Seu pecado não esgotará a graça de Deus .
.Suas enfennidades constitucionais não causarão sua ruína.
Suas provações futuras não serão demais para você.
III. DUAS DOCES PROMESSAS FEITAS
1. "Não será para setnpre esquecido"; não será menosprezado:
No propiciatório, quando estiver rogando.
No púlpito e na Palavra, quando sua alma estiver faminta.
En1 seus sofriinentos e serviço, quando sua principal consolação
será o que o Senhor pensa de você.
2. "A esperança não se há de frustrar perpetuamente". Não ficará
desapontado.
A paz visitará os seu s corações.
O pecado será vencido externa e internamente.
Que o pobre espere em Deus.
Que se regozije ele no futuro, se acha que o presente é limitado.
Acima de tudo isso, que descanse na promessa de um Deus fiel.
Perguntaram a um idoso cristão, que jazia em seu leito de morte, nutn
estado de fraqueza tão extrema que tnuitas vezes ficava totalmente inconsciente
do que se passava ao seu redor, qual a causa de sua p erfeita paz. Replicou ele:
"Quando sou capaz de pensar, penso em Jesus; e quando sou incapaz de pensar
nele, sei que ele está pensando en1 1nin1".
Há trinta anos, antes que o Senhor tne obrigasse a sair da casa de meu pai
e de minha cidade, marquei esta passagetn em Isaías: "Saberás que eu sou o
SENHOR" [ ... ] (Is 49.23). Dos muitos livros que agora possuo, a Bíblia que
traz esta marca é o único livro que me pertencia naquele tempo. Ela agora está
junto de n1i1n, e acho que, en1b~ra. os n1eus cabelos, antes escuros cotno a
noite, se tornassem grisalhos, a tidta que marcava esse texto ficou tnais escura,
J n1edida que o tetnpo avançou, correspondendo , e, na realidade, recordando,
à crescente intensidade da convicção de que "não serão envergonhados" aqueles
que esperam em ri. Eu acreditava enr;io, mas agora renho certeza, e posso
escrever "probarun1 esr" (esd. co mprovado) com rodo o meu coração, en1 face
do símbolo que essa marca representa de minha anriga fé [.. .] Em muitas
circunstâncias perigosas, nas muitíssimas cenas d e provação, no n1 c 1o lk
desfalecimentos interiores e te1nores externos, e sob torturas que rasgam u
coração, e dificuldades que o esn1agan1, tenho esp erado em ti, e eis aqui est01 1
hoj e corno alguém que n ão foi envergonhado (Dr. John Kitto).

36. Salus ]ehovae (Salvação de Jeová)


uVen~ do Senhor a salvação dos justos" (813 7.39)

Salvação é um tenno muito amplo, e descreve a vida inteira dos verdadeiros


crentes- sua exp eriência total, desde su a pritneira consciência d e ruína até sua
entrada na glória. Sentem sua necessidade d e ser perpetuamente salvos do ego,
do p ecado, de Satanás e do mundo. Confiam em Deus no tocante à preservação,
e o fim deles é paz (v. 37).
I. ESSA É A ESSÊNCIA DA SÃ DOUTRINA
A salvação do justo vem do Senhor, do próprio Jeová Triúno, Pai,
Filho e Espírito Santo, em:
1. Planejar
2. Providenciar
3 . Começar
4 . Levar avante
5. Completar.
II. ESSE É UM FATO NECESSÁRIO. OS SANTOS O RECONHECEM,
POIS:
1. Seus conflitos interiores fazem-nos saber que só Deus deve operar a
salvação. São inconstantes e frágeis demais para se salvarem.
2. Suas tentações exteriores levam-nos à mesma conclusão.
Estão bem guardados aqueles a quem De:us guarda, rnas ninguén1
mars.
3 . O ódio do mundo afasta-os de toda esperan ça nessa parte. Deus é
rnaior do que um mundo ern armas.
III. ESSE É UM MOTIVO PARA SERMOS HUMILDES
1. D espoja o justo d e todo orgulho, n o fato de ser salvo.
2. D e toda exultação no ego, porque continua en1 sua integridade.
3 . De roda censura indevida dos caídos; pois o próprio justo te ri a
h1lhado , se o Senh or n ão o tivesse erguido.
4 . De roda au toconflança quanto ao futuro, visw como sua fraq u ez~1 é
merente e p ennanente.
5. D e roda aurogloriflcação, 1nesmo no céu , visro como em toda.s as
coisas ele é devedor à graça soberana.

I I
IV ESSE É UM FRUTÍFERO TERRENO DA ESPERANÇA
1. Em referência às nossas próprias dificuldades, D eus pode con ceder-
nos livramento.
2. Con1 referência a nossos irn1ãos provados, o Senhor pode sustê-los,
santificá-los e livrá-los.
3. Con1 referência aos pecados, não podem ser degradados, obstinados,
ignorantes ou falsos den1ais; Deus pode salvar até os piores.
'<_A sa~vação vem do Senhor". Essa é a essência da pregação de Jon as; Uina
só palavra para todos; a verdadeira moral de sua história. Os marinheiros podiam
ter escrito ezn seu navio, em vez de Castor e Pólux, ou outro dístico seznelhante,
a frase A salvação vem do Senhor; no capítulo seguinte, os ninivitas poderiam
ter escrito em seus portões: A salvação vem do Senhor; e toda a raça humana,
cuja causa é dirigida e pleiteada por D eus, contra a dureza do coração de Jonas,
podia ter escrito nas palmas de suas mãos: A salvação vem do Senhor. É o
argumento de ambos os Testamentos, o esteio e sustento do céu e da terra.
Atnbos poderiam desaparecer, e toda as suas juntas separadas, se não existisse a
salvação do Senhor (King, sobre Jonas) .
Assim os santos possuem o céu. Não por conquista, mas por herança .

Conquistado por um outro braço, além do deles próprios, aquele dia apresenta
o znais forte contraste que se pode imaginar, do espetáculo no palácio da
Inglaterra, quando o rei exigiu saber de seus nobres reunidos mediante quais
títulos eles detinham as suas terras. Que título? Em face da arrojada pergunta,
cen1 espadas foram desembainhadas. Avançando sobre o alannado monarca-
"Mediante estes" - disseram eles - "conquistamos, e mediante es tes as
,
n1an teren1os .
Quão diferente a cena que o céu apresenta! Todos os olhos estão voltados
para Jesus, co1n olhar de a1nor; a gratidão fulgura en1 cad a peito, e avolun1a
cada cântico; agora, con1 harpas douradas, eles entoatn o seu louvor; e agora,
descendo de seus tronos para prestar-lhe hornenagem , atiram suas coroas nun1
montão resplandecente, aos pés que foram cravados no Calvário. D essa cena,
aprendatn em nome de quen1 se d eve buscar a salvação, e diante de cujos
n1éri tos se deve esperar por ela; e cQm un1a fé en1 harn1onia com a adoração
dos céus, seja esta a vossa linguagen1- "Não a nós, Senhor, não a nós, tnas ao
teu nome cU glória" (Dr. Guduie).
_.Este riach o logo secarf', disse um deles, "Não", disse seu con1panheiro,
"ele flui de uma fonte viva que nun ca se soube que blhasse no ver:ío ou no
inverno". Um hometn era reputado co1n o muito rico por aqueles que viam
suas casas d ispend iosas, seus cavalos e suas despesas; mas havia outros q uc


julgavam que seu nome logo estaria na Gazette, LU11 jornal que traz os no! I I('.~.
dos impontuais em seus pagamentos, pois não dispunha de capital. '( Nad ~t h:í
atrás dele", disse um , e o que ele disse significava muito. Ora, o crente tem :1
profundidade eterna para sua fonte de suprimento, e a cornpleta suflciên cia lk
Deus como substância de sua riqueza. Que pode ten1er?
Se a salvação fosse em parte de Deus e em parte do h01nem, seria um
negócio tão deploráve,l corno a imagem do sonho de Nabucodonosor, a qual
era, ern parte, de ferro, e ern parte, de barro. Terminaria num desn1oronamento.
Se dependêssen1os de Jesus, em certa medida, e dependêssemos de nossas
próprias obras, em certo grau, nosso fundamento estaria em parte sobre a
rocha e em parte sobre a areia, e toda a estrutura ruiria. Oh, que privilégio
conhecer o sentido pleno das palavras: /1 salvação vem do Senhor".
Só a experiência pode inculcar essa verdade na 1nente dos homens. Um
horne1n jaz quebrado, ao pé do precipício, com todos os ossos deslocados pela
queda, no entanto espera salvar-se. Pilhas de pecados cairão sobre ele e o
sepultarão, mas sua autoconfiança viverá. Montanhas de transgressão verdadeira
o sufocarão, mas ele se agitará num esforço autoconfiante, trabalhando como
os ciclopes que o Etna amontoou sobre eles. Esmagada até os átomos, cada
partícula de nossa natureza exala a presunção. Reduzido a pó, nosso próprio
pó está pungente de orgulho. Só o Espírito Santo pode fazer um homem receber
aquela sentença humilhadora: (/1. salvação vem do Senhor)}.

37. Pardais e Andorinhas


uO pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os
seus fi lhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei 1neu e
Deu s n1eu!" (Sl 84.3)

Davi, como exilado, invejava os pássaros que habitavam ao redor da casa


do Senhor. Assim o cristão, quando excluído da asse1nbléia dos santos, ou em
deserção espiritual, anela por estar uma vez ruais en1 casa, com Deus. Esses
pássaros acharam no santuário o que acharíarnos ern Deus.
I. CASAS PARA SI MESMOS
1. Consideren1os o que eran1. Pardais.
Criacuras sem valor. Duas ou cinco moedinhas de ínflmo valor.
Criaturas necessitadas, que precisam de ninhos, alime nro e rudo
ma1s.
Criaturas ntunerosas; n1as nenhuma delas foi enxotada.
2. Consideren1os o que desfrutavam .

11
Segurança.
Descanso.
Habitacão.
>

Deleite.
Sociedade.
Proximidade.
Tudo isso na casa de Deus, junto de seus altares. Do mesmo modo,
. os crentes encontram tudo em jesus Cristo.
Não é qualquer pássaro que faz isso. A águia é ambiciosa demais. O
abutre é imundo demais. O corvo-marinho é muito voraz. O gavião
é por demais belicoso. O avestruz é muito selvagem. As aves
dornésticas são muito dependentes do homem. A coruja gosta muito
da escuridão. Esses pardais eram pequenos e amáveis.
II. NINHOS PARA SEUS FILHOTES
Os filhos deveriam estar alojados na casa de Deus. O santuário de
Deus deveria ser o berçário dos pequeninos.
1. Ali estão seguros e livres. A andorinha, o "pássaro da liberdade",
contenta-se em encontrar ninho para si, junto aos altares de Deus.
Ela não tem medo de escravidão ali, quer para si mesma, quer para
seus filhotes.
2. Elas estarão alegres ali. Deveríamos tentar fazer nossos filhinhos
felizes em Deus e em sua santa adoração.
3. É provável que eles voltem ao ninho, como o fazem as andorinhas;
con1o o pequeno salmão retorna ao riacho, onde foi desovado.
As crianças se lembram de suas primeiras impressões.
4. As crianças, verdadeiramente conduzidas a Cristo, encontram toda
bênção nesse fato.
São ricas: habitam no palácio de D eus.
São educadas: permanecem no ternplo do Senhor.
Estão seguras pelo tempo e pela eternidade.
Está suspirando por Cristo, para si rnesmo e seus filhos?
Está contente sern Cristo? Então não é provável que esteja cuidando
de seus filhos? r
J<i possui um lar en1 Jesus? Não descanse, enquanto os seus não
estiveren1 alojados no mesmo lugar.
Si r Thumas More cosrumava freqüentar a igreja paroquial d e Chelsea, e
ali , vestindo uma sobrepeliz, ia cantar com os coristas nas n1issas n1;.Uutinas e
so lenes. Aconteceu, cerro dia, que o duque de Norfold, vindo a Chelsea jantar

70
com ele, encontrou-se na igreja assiln envolvido. "Meu· Lord Chanceler u rtl
sacristão! Um sacristão! O senhor desonra o rei e seu cargo!" "Não", repli ou
ele sorrindo, "sua graça não pode supor que o rei, nosso 1nestre, se escandaliza d
comigo por servir a m eu mestre, ou , por essa forma, considerar o seu cargo
desonrado".
((Deus não falha", com o disse alguém belamente, "em encontrar uma
casa para os mais indignos, e ninho para os m ais inquietos dentre os pássaros".
Que confiança isso deveria insuflar-nos! Como deveriam os descansar! ( Things
Newand Old)
Como norma, os filhos de pais piedosos são piedosos. Nos casos onde
isso não se verifica, há um m otivo. Tenho observado cuidadosarnente e
percebido a ausência de oração em família, incoerência flagrante, aspereza,
indulgência ou negligência na admoestação. Se forem treinados nos caminhos
de Deus, não se afastarão deles.

38. Proteção Angélica conforme o Mandado de Deus


uPorque aos seus anjos d ará ordens a.teu respeito , para que te
gu a rden1 en1 todos os t eu s can1inhosn (Sl 91.11).

Som os peregrinos em nossa jornada para Canaã. Aquele que nos libertou
pelo livramento da páscoa, também provê para nossa jornada à terra que mana
leite e mel. Todo o caminho, até à Terra prometida, está coberto por esse
divino salvo-conduto.
I. HÁ CAMINHOS QUE NÃO ESTÃO NA PROMESSA
"Todos os teus ca1ninhos" são tnencionados; mas algumas trilhas
não devem ser seguidas pelos filhos de Deus, e não são seus can1inhos.
1. Caminhos de presunção. Nesses carninhos os homens correja1n o
perigo e, por assiln dizer, d esafiam a D eus. "Atira-te abaixo", disse
Satanás a nosso Senhor, e então insistiu sobre a promessa (Mr 4.6).
2. Caminhos de pecado, desonestidade, n1entira, vício, confonnidade
com o mundo, etc. Não temos pern1issão para encurvar-nos na casa
de Rimon (Ef 5.12).
3. Can1i nhos de n1undan isn1o , egoís1no, ganância, ambição. O s
caminhos pelos quais os hon1ens busc1n1 engrandecin1en ro pessoal,
geralmente são escuros e tortuosos, e não de Deus (Pv 28 .22 L'
l'I!n 6.9).
4. c~uninhos de adoração da von tade, teimosi;l, o h~ tin ;llJin, (l ll( :lsi:l,
devaneio, in1pulso absurdo, etc. (J r 2. I R).

t' l
5. Caminhos de doutrina errônea, práticas superficiais, ceriinônias
elegantes, ilusão lisonjeira, etc. (2Tm 3.5).
II. HÁ CAMINHOS EM QUE A SEGURANÇA ESTÁ GARANTIDA
1. O carninho da fé humilde no Senhor Jesus.
2. O caminho da obediência aos preceitos divinos.
3. O caminho da confi~nça infantil na orientação providencial.
4. O caminho do princípio rígido e da integridade severa.
5. O caminho do serviço consagrado e da busca da glória de Deus.
6. O caminho da separação santa e do andar com Deus.
III. ESSES CAMINHOS CONDUZEM A CONDIÇÕES VARIADAS
1. São mutáveis e variados; ''todos os teus caminhos".
2. Às vezes são pedregosos e difíceis; "pé contra pedra".
3. Podem envolver terríveis tentações.
4. Podem ser misteriosarnente provadores. O s demônios podem invadir
o caminho - mas o santos anjos irão enfrentá-los.
5. São essencialmente seguros, ao passo que as estradas suaves e fáceis
são perigosas.
IV.MAS, ENQUANTO CAMINHAM NELES, TODOS OS CRENTES
ESTÃO SEGUROS .
1. O próprio Senhor está interessado neles. ''Aos seus anjos dará ordens
a teu respeito". Pessoalmente ele cornandará aqueles santos, para
que vigiem seus filhos. Davi deu ordens para que poupasse1n Absalão,
mas seu pedido não foi considerado. Não é assim com Deus.
2. Cada qual é vigiado pessoaltnente. "Dará ordens a teu respeito, para
que te guardem" (Is 42.6 e Gn 28.15).
3. Essa vigilância é perpétua- "Todos os teus catninhos" (Sll21. 3-4).
4 . Tudo isso lhes vem da parte de Jesus, a quern pertencen1 os anjos, e
a quem servetn (Is 43.4).
Com que alegria deveríamos cuidar dos outros! Com que vigor
deveríamos sustentá-los, sen1pre que estivesse isso ern nossas forças!
Rejeitar utn irmão que tropeça não é angelical, rnas rnuito ao
contrário.
Enquanto o rei Williarn, nun1a batalha ern Flandres, dava ordens no rnais
intenso da luta, viu , para sua surpre~a entre seu estado-maior, um tal de Michael
Godhey, negociante em Londres, e vice-governador do Ba nco da Inglaterra,
que assin1 se expunha, a fin1 de sarisE1zer a sua curiosidade. () rei, dirigindo-se
a ele, disse: "Senhor, não deveis correr esses riscos; não sois un1 soldado, não
pod eis ser útil aqui". "M ajesrade" , respondeu Godfrey, "nJo corro m aior risco
do que vossa M ajestade''. "Não é assim", disse William; "esto u aqui onde é
meu dever estar e, sem presunção, posso confiar minha vi.da à guarda d e L CLJ." ;
1nas vós [ .. .]" Não foi preciso completar a senten ça, porque, n aquele n1csmo
instante, un1a bala de canhão prostrou Godfrey sem vida aos pés do rei. Ele
teria sido sábio, se houvesse restringido os ca1ninhos d e sua vocação e d ever.
Un1 santo moribundo pediu q ue seu nome fosse posto na lápide do seu tútnulo,
com as datas de seu nascimento e morte, e com uma única palavra- "Guardado."
Nenhum anjo jamais prestará suas contas com pesar, dizendo: ''Não pude
gu ardá-lo; as p edras eram demais, os seus pés era1n n1uito frágeis, e o caminho
muito lon go". Não, seretnos guardados até o fim; portanto temos a proteção
de seu Seriho r, alérn dos anjos; ele gu arda os pés de seus san tos (15m 2.9).

39. Louvor Vivo


uOs n1ortos n ão lou vmn o SENHOR, n e1n os que desce1n à região do
silêncio. Nós, p oré1n, bendiren1os o SENI-IOR, desde agora e para
sempre. Aleluia!n (81115.17 -18)

O Deus vivo deve ser adorado por uma p essoa viva. Um Deus bendito
deve ser bendito por uma pessoa bendita. s·eja lá o que for que os outros
façam, nós devemos b endizer a J eová. Quando nós o bendizemos, n ão
deveríamos repousar, até que outros fizessem o mesmo; deveríamos clamar-
lhes: "Louvai ao .Senhor" . Nosso exemplo e nossa persuasão deveriam levá-los
a louvar.
I. UMA MEMÓRIA LAMENTÁVEL. ((OS MORTOS NÃO LOUVAM O
SENHOR, NEM OS QUEDESCEMÀREGIÃO DE SILÊNCIO". ISSO
NOS FAZ LEMBRAR:
1. Das vozes silenciad as n os coros de Sião. Homens bons e verdad eiros
que n ão rnais cantam entre nós, n etn falam . .
2. De nosso próprio silên cio que se aproxima depressa; no que concerne
a este mundo, em breve estaremos entre os m ortos e silentes.
3. Dos ímpios que nos rodeiatn, que já estão espiritualn1ente 111ortos,
e n ão podem louvar ao Senh or, porquanto estão 1nudos. ·
II. UMA FELIZ RESOLUÇÃO . "NÓS , PORÉM, BENDIREMOS O
SENHOR".
No coracão,
·'
no cântico, no testemunho, na acão, ·'
estan1os resolvidos
a dar ao Senho r o nosso lo uvor an1orável; porque:
1. Somos bendi ros do Senho r; não deven1os nós ben d izê-lo?
2. Ele n os abençoar<:l. Mais e 111ais ele nos revelado seu an1o r; louve mo-
lo mais e n1ais. Seja este o nosso voto fi rn1e, que nós o bendire mos,
venha o quer vier.
III. UM COMEÇO APROPRIADO. ((BENDIREMOS O SENHOR,
DESDE AGORA E PARA SEMPRE".
1. Quando espiritualmente renovados e confortados. Quando as
palavras quatro vezes repetidas, "ele abençoará", se tiverem tornado
verdadeiras en1 nossa experiência (vs.12-14).
2. Quando levados a confessar a Cristo. Então deveríamos co1neçar o
salmo da vida que jamais termina. Serviço e louvor devem andar
. JUlHOS.
3. Quando os anos começam e terminam- os dias de Ano Novo, de
aniversário natalício, etc. - bendigamos ao Senhor:
Pelos pecados cometidos durante o ano, e que foram perdoados.
Pelas necessidades supridas durante o ano.
Pela misericórdia desfrutada durante o ano.
IVUMA CONTINUAÇÃO DURADOURA. ((DESDE AGORA E PARA
SEMPRE".
1. O cansaço não deve interrompê-la. Renovaremos nossas forças, à
medida que bendissermos ao Senhor.
2. A queda final não lhe porá fim; o Senhor guardará nossa aln1a em
seu ca1ninho, e nos fará louvá-lo todos os nossos dias.
3. Nem a morte, igualmente, interromperá nossos cânticos, mas os
elevará a uma disposição mais pura e mais completa.
4. Nem qualquer suposta calamidade privará o Senhor de nossa
gratidão.
"O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do
Senhor" (J ó 1.21 ).
Louvar é a mais elevada função que qualquer criatura pode desempenhar.
Os rabinos têin um belo pedacinho de ensino sepultado entre suas bobagens,
acerca dos anjos. Dizem eles que há dois tipos de anjos- os anjos de serviço e
os anjos de louvor - e desses dois tipos, o segundo é o mais elevado, e que
nenhum anjo dessa classe louva a Deus duas vezes; mas, tendo erguido a sua
voz no salmo do céu, então cessa de ser. Ele aperfeiçoou seu ser, atingiu a
altura da grandeza, fez aquilo para o que fora destinado; agora, que desapareça.
A roupagem de lenda é muito polye, mas o pensatnento que ela encerra é
aquele pensamento sempre veraz e solene, sen1 o qual a vida nada é: "A finalidade
principal do hon1e1n é glorificar a D eus'' (Dr. Maclaren).
Quando bendizen1os a Deus pelas Inisericórdias, nós as prolongan1os, e
quando o bendizemos pelas misericórdias, geraln1enre lhes pon1os fin1. Quando
cltt.:g: ll t tt~s :tu ln t 1vn r, :tri ngi mos o dcsígi nio de UJna dispensação, e ten1os colhido
I' I
I lI
os seus fr utos. Louvor é uma alma em flor, e urna bênçãb secreta e cordial do
Senhor é a alma que produz fruto . Louvor é o mel vital, que o coração devoto
suga de cada flor da providência e graça. Não ter louvor é como estar morto;
louvor é a coroa da vida.

40. Qual é o seu Consolo?


liO que rne consola na n1inha angústia é ist o: que a tua palavra n1e
vivifica" (81119.50).

Em alguns sentidos, o m esmo fato sucede a todos nós; a homens bons, a


grandes homens, a homens bem educados, bem como aos maus, aos obscuros
e aos ignorantes. Cada um d esses pode falar de "minha aflição". "O coração
conhece a sua própria amargura" (Pv 14 .10).
É um grande n egócio quando "mi·n ha aflição" está, em cada caso,
equilibrada por "m eu consolo". Foi assim no caso de Davi, e ele representa
bem todos os crentes. e como é com cada um de nossos ouvintes?
I. OS CRENTES TÊM SEU CONSOLO -PECULIAR
1. Esse consolo é diferente de outros. Os homens mundanos obtêtn
suas gotas de consolo das fontes que preferem; mas o homem piedoso
conta com sua experiência da Palavra, e diz: "Isto é que me consola"
(SI 4.6).
2. Isto, como algo ao alcance da n1ão. Ele n ão diz é aquilo, como se
apontasse para algo distante; mas é isto, como que segurando-o.
II. ESSE CONSOLO VEM DE FONTE PECULIAR. '~ TUA PALAVRA
ME VIVIFICA".
1. Em parte, esse consolo é exterior.
A Palavra de Deus, cheia de promessas, é nosso consolo (Rn1 15.4).
A Palavra de Deus, cheia de relatos de sua bondade, é a confinnação
da confiança que depositamos nele (SI 77.5-10).
2. Em parte, esse consolo é interior.
Na experiência passada, sente o poder da Palavra em elevá-lo:
Da morte para a vida (5111 6.8).
De vida inferior para outra tnais elevada (SI 11 9 .67).
Na experiência presente sente, pois, o seu poder em ftzer:
Sua mente n1enos tnundan a.
Seu coração n1ais propenso à oração.
Seu espírito nuis terno.
Sua fé n1ais simples.
III. A FORMA DE NOSSO CONSOLO É UMA PROVA DE CARÁTER
1. Alguns co ntam cotn as riquezas; quando seu grão e seu vinho
aumentaram , disseram: ((O que m e consola é isto". Preocupatn-se
com a principal oportunidade; são mundanos (Lc 12.1 9) .
2. Alguns recorretn a sonhos e visões, pesságios e fantasias, impressões
e pressentimentos; são supersticiOsos.
~ - Alguns corretn para o pecad o, a bebida, o jogo, a com p.anhia
mundana, a dissipação, as drogas; são maus.
4. Alguns vão à procura d e colegas para obter conselho e assistên cia;
sabedoria não têm, e ficarão desapontados (Jr 17.5).
Qual é o seu consolo?
Este bendito volume o tem vivificado?
Nesse caso, conte com ele em tod as as provações, porquan to nunca
lhe falhará.
Diz o Rev. E. Paxton H ood: ((Quando, certo dia, visitei meu am ado amigo ·
Benj amim Parsons, que estava à m orte, eu lhe disse: "Cotno está h oje, senho r?
Ele r-espondeu: ''Minha cabeça d escansa mui suavem ente em três travesseiros
- poder infinito, amor infinito e sabedoria infinita" .
''Fale-m e agora som ente na lín gua das Escrituras", disse um cristão
moribundo. "Posso confia r nas palavras d e D eus; 1nas, quando se trata de
palavras de hotnens, preciso de esforço para pensar se posso confiar nelas"
(Ralph Erskine) .
Estava eu questionando a n1inha vida espiritual, eu, que po r tan to tempo
preguei a outros. Entrei numa assembléia um po uco rústica. Um hometn- de
poucas letras - pregava o evangelho; pregava-o de coração; nünhas lágrin1as
começaram a correr; n1inha abna saltava ao som da Palavra do Senh or. Q ue
consolo aqui! Q uão fre qüenten1ente tenho pensad o nele, d esd e aq uele
mom ento! A palavra que deu vid a; meu coração não estava m orto à sua
influência; era eu uma daquelas pessoas felizes que conhecem a sã alegria. A
certeza brilhava en1 m inha alma- aPalavra havia n1e despertado.
Que energia um texto infundirá n um hon1em! H á mais conteúdo en1
Lllna só sen ten ça d ivin a do q ue em enormes volumes de composição humana .
1-U tin ruras das quais uma go ra é 111<lis poderosa q ue grandes doses das diluições
l "( > 11llllls. 1\ Bíbli a é a essê ncia da verdade; é a m en te d e Deus, a sa bedoria do

1·'1n 11 u . ( ·. ,(h pal : t v r~t el e Deus faz os home ns vive rem , e eles são m an tidos co m
V I\ l.1
41 . Refúgio em Deus
"En1 ti é que rne re{ugio" (Sl 143 .9).
Que rnisericórdia é para todos nós que Davi não foi homen isento de
provações! Todos temos sido enriquecidos por sua dolorosa experiência. Ele
era:
"Um hornem tão' multiforme que parecia ser não um só, mas o resurno
de toda a raça h uma na".
Será que o fato de sermos provados não pode constituir uma bênção para
outros? Nesse caso, não devemos nós ficar contentes em contribuir com nossa
quota para o benefício da família redirnida?
Davi pode ser nosso exemplo; refugiemo-nos em Deus, como ele o fez.
Traren1os proveito a nossos inimigos, se imitarmos esse prudente guerreiro em
sua rnaneira habitual de escapar aos adversários.
O ponto importante, contudo, é não só ver o que Davi fez, mas fazer do
rnesrno rnodo, pronta e constantemente. O que é essencial, pois, a fim de
irnitarmos o homem de Deus?
I. PERCEPÇÃO DE PERIGO. NENHUM HOMEM FUGIRÁ, SE NÃO
ESTIVER COM MEDO; DEVE HAVER CONHECIMENTOS E
APREENSÃO DO PERIGO, OU NÃO HAVERÁ FUGA.
1. Ern rnuitos casos, os homens perecem, porque não têm senso de
perigo. O ar nocivo não é observado, o recife oculto na água não é
visto, o trem corre para a colisão inadvertida. A ignorância do perigo
fá-lo inevitável. O s homens ousarão morrer, sern medo do inferno.
2. Cada homem está realmente em perigo. O pecador donne no topo
de um mastro.
3. Alguns perigos são percebidos vagarosarnente: aqueles ligados com
o doce pecado.
II. SENSO DE FRAQUEZA. NENHUM HOMEM BUSCARÁ REFÚGIO,
SE SENTE QUE É CAPAZ DE ENFRENTAR A LUTA COM SUAS
PRÓPRIAS FORÇAS.
1. Todos sornos fracos e incapazes de lutar, à altura, contra o pecado.
2. Alguns se julgam homens de coragem, poderosos; n1as esses est5o
denrre os fraquissimos denrre os fi-acos.
3. O fracasso do passado deveri a ensinar-nos a não confiar na própria
força.
4. Num profundo senso de fraqueza, nos tornamos forres; na forç;t
imagin~1ria esd a pior forma de fraqu cz;1.

,,,
1 I I
III. PREVISÃO PRUDENTE. "EM TI É QUE ME REFUGIO".
1.. Ele não se aventuraria en1 direção ao perigo, ou esperaria até que o
perigo o surpreendesse; mas agarrou o tempo pelos cabelos e fugiu.
Amiúde, essa é a mais elevada forma de coragem.
2. Escapar através do temor é prudência adn1irável. Não é motivo
~nferior. Pois Noé, sendo temente a Deus, "aparelhou uma arca"
(Hb 11..7) .
3." Enquanto pudermos fugir, temos obrigação de fazê-lo; pois pode vir
o tempo quando seremos incapazes disso. Davi diz, "refugio-me";
ele quer dizer - "estou-me refugiando, sempre me refugio em ti,
meu Deus".
O homem não deveria viver como um irracional, que nada vê além
da campina em que se alimenta. Devt:ria prever o mal e esconder-
se: pois essa é a prudência comum (Pv 22.3).
IV.CONFIANÇA SÓLIDA. "EM TI ME REFUGIO ". ELE ESTAVA
SEGURO:
1. De que h avia segurança em Deus.
2. De que podia refugiar-se em Deus.
3. De que podia refugiar-se imediatarnente.
V. FÉ ATIVA. NÃO FICOU EM ATITUDE PASSIVA, MAS LEVANTOU-
SE.
Isso se pode ver claramente:
Em seu refúgio em Deus. Direitura, rapidez, avidez.
Com relação a alguns pecados, não há segurança senão na fuga. Nosso
livro para estudo de francês representava Mentor, dizendo a seu discípulo, na
corre de Calipso: ((Fuja, Telêmaco; n ão resta outro rnodo de vencer, senão pela
fuga!" "Fugir das luxúrias da juventude; não se deve con1bater contra elas, mas
fugir delas".
Muitas vezes, o povo de Deus descobre, por experiência própria, que os
lugares de sua proteção são lugares de destruição. Bern, quando todos os dernais
lugares falharem , C risto não falhará. Veja-se con1o foi con1 Davi (51142.4-5).
Mas, quando seu lugar d e refúgio, eq1 Ziclague, deixo u de existir, ainda assin1
\
seu sa lvador n}o deixou de existir; "po1·ém Davi se reanimou no Senhor se u
Deu~, (1Sn1 30.6). É um grand e ânimo para os crentes o f~no de que Crisro é
luga r d e refü gio. (1) Ele é um luga r de reft'tgio seguro e forre (Is 33 .1 6) . (2) Ele
é unl refúgio amplo. (3) Ele é u1n refúgio para a alma , e tambén1 para o corpo .
(4-) Ele rornou a seu cargo refugiar-n os; f! eus confiou todos os seus eleitos a
< ~ ri s ro , para lJll t' ck· lh l's dC
· rcft'tgio (Ralph Robinson).
Sob a influência de grande temor, as minhas tímidas criaturas, às vc1.cs,
têm procurado os hornens e1n busca de segurança. Ouvimos contar de um ~1
pon1ba que voou para o regaço de uma senhora, a fim de escapar de u1n gavijo;
e tainbém de Uina lebre que correu para u1n hornem ern busca de abrigo. A
confiança dos frágeis garante a proteção dos fo rtes. Seria realmente brutal aquele
que recusasse proteção a uma confiança tão simples. Certamente, se em nossc:t
necessidade fugirmos 'para o seio de nosso Deus, poderemos estar certos de
que o amor e a majestade, unidos, nos sorrirão.

42. "As Coisas não são o que Parecem"


uTo d os os cmninbos do h o n1en1 são puros aos seus olbos, 111as o
SENHOR pesa o espíriton (Pv 16.2).

De quando em quando, em épocas de colapso e desastre, fazem-se grandes


descobertas, concernentes àqueles que pareciam comercialmente sadios, mas
se revelarn corrompidos. Tudo parecia sólido e garantido-, até que veio a ruína
inevitável, e então ninguém achava que podia·confiar no seu vizinho. Não há
dúvida de que esses maquinadores pensavam que seus carninhos eram "puros",
mas os acontecimentos revelaram as suas 1nãos sujas.
Fracassos espirituais de n atureza similar ocorrem na igreja. Grandes
reputações explodem, altas profissões se dissolvem. O s h omens persuadem a si
mesmos na crença de que são retas, e de que estão fazendo o que é direito.
C hega o tempo da pesagem, e suas profissões fica1n desn1ascaradas.
I. OS CAMINHOS DOS PUBLICAMENTE PERVERSOS. MUITOS
DESSES ''PUROS" AOS SEUS PRÓPRIOS OLHOS-
Para efetuar essa auto-ilusão: dão nomes bonitos ao p ecado.
Pensam n1al dos outros, ach ando que os outros são 1nuito piores do
que eles mesmos, e nisso acham motivo para suas desculpas .
II. OS CAMINHOS DOS EXTERNAMENTE RELIGIOSOS PARECEM
"PUROS".
Sua observância de cerimônias.
Sua freqüência regular aos cultos.
Sua püblica profissão de religiosidade.
Sua generosidade co m a causa, e seu in te resse geral pelas coisas boas.
Assim , pasrores, ddco nos, mernbros, etc. podem vangloria r-se, no
encanw , quando o Senhor pesa se us espíri tos, podem ser reprovados .
III. OS CAMINHOS DO MESTRE MUNDANO. ELE SE JULGA "PURO".
CONSIDERE, HONESTAMENTE, SE ELE É "PURO":
En1 sua vida particular? Em suas indulgências secreras t' oculras?
"'''
I 1{
Etn seus prazeres e divertimentos?
En1 suas companhias e em sua conversação?
Em seu lugar de d evoções que foi abandonado, en1 s ua Bíblia
esquecida, ern sua religião morna, etc.
Que revelação, quando houver a pesagem de seu espírito!
IV. OS CAMINHOS DO APÓSTATA SEGURO. IMAGINA ELE QUE SEU
CAMINHO É '(PURO", QUANDO UM POUCO DE OBSERVAÇÃO
LHE MOSTRARÁ MUITOS PONTOS LAMACENTOS:
Declínio na oração em particular (] ó 15 .4).
O pecado vai assumindo gradualmente o controle (]r 15.1 O).
Conversação escassam ente espiritual (Ef 5.4).
Po u ca leitura das Escrituras (Os 8. 12).
O coração com eça a endurecer-se (Hb 3. 13).
Quão belas p arecem todas as coisas, quando o inverno as alvejou! Que
leito real deve ser visto na região celeste! A colcha é mais alva d o que q u alquer
lavad eira n a terra poderia alvejá-la! Aqui utn anjo podia descansar e levantar-se
tão puro como quan do se reclinou sobre ela. Ora essa! é um esterqueiro, e
n ada 'mais.
H avia na cidade um indivíduo que alegava que todos os navios que
entravatn n o porto eram seus. Ele andava pelo cais com certo ar real, conversava
muito sobre possuir uma esquadra, e se gabava o suficiente de ser assim. Como
ch egou ele a ser assim tão rico? Ouçam, ele é louco. Convenceu-se dessa doidice,
mas, n a verd ade, não tem nem uma banheira. Que absurdo! Não são tnuitas as
vítimas de uma auto-ilusão ainda p ior? São ricos e reforçados de bens, segund o
sua própria noção; mas são nus, pobres e tniseráveis.
((Este deve ser o caminho certo; veja cotno é suave! Quantos pés passaram
por ele!" Essa é, precisan1ente, a marca da estrada larga, que conduz à p erdição.
((Mas veja cotno ela dá voltas para cá e para lá, e que variedade d e direções
ron1a! Não é a linha inflexível de utn fan ático" . Exatatnente, nisso está a prova
d e que é a estrada errada, pois a verdade é uma só, é in1utável.
''Mas eu gosto muito dela". Isso tatnbén1 é susp eito, pois aq uilo de que
um hotnern n ão-renascido tanto gostr, provavelrne n te é coisa n1á. Os corações
I >11scam aqu ilo que se assemelha a eles: e os ho men s destituíd os Ja gra<;a gosram
dos ct inhos desriruído.c.; da graç:1.
"Cos r~ui a que eu andasse por aqueb estrada estreita e ~íspera? '' Sin1, gostaria,
p()is e la conduz à vida; en1bo ra poucos sejam os que a en contran1; os q ue a
l'll t'or tlTa 111 , declaran1 que é um c uninho prazeroso. É n1elhor seguir un1a esrrada
:Í...; I ~~ -r.:t p: t r:1 o cé u , do q ue um a es trada suave para o infe rno .

''\
~
'
11 I
43. Sondando os Corações
/lO Senhor sonda os corações" (Pv 21 .2).

O s exarnes feitos pelo Senhor são cornpletos e exatos. A rnoeda do santuário


era o dobro daquela usada para pesagens comuns, pelo rnenos é o que nos
dizern os rabino; espe~·a-se daqueles que se professatn santos que façam mais
que os outros. A moeda do santuário era o padrão ao qual todos os pesos
comuns deverian1 conformar-se. A lei do Senhor é o padrão de moral. As
balanças de Deus estão sempre em orden1, sempre fiéis e exatas.
I. A PESAGEM DOS CORAÇÕES
1. Deus já fez a pesagem. O propósito, o pensarnento, a palavra e a
ação de cada hon1em foram postos na balança no primeiro rnomento
da sua existência. Não se engana Deus em nenhum instante.
2. As provações formam uma importante ordem de provas. A
impaciência, a rebelião, o desespero, o deslize, a apostasia vieram
depois de severa aflição ou perseguição.
3. Prosperidade, honra, facilidade, êxito são balanças nas quais muitos
são achados ern falta. O louvor suscita orgulho, as riquezas criam
mundanismo, e as deficiências do homem são desco bertas
(Pv 27.21).
4. Grandes crises em nossas próprias vidas, nas famílias, no pensamento
religiosos, nos assuntos público s, etc., são pesos e balanças.
Dificilmente se pode adivinhar o que vai no coração de um homem,
quando tudo vai bem.
5. A verdade é sernpre perscrutadora do coração. Alguns abandonararn
a Jesus, quando ele pregou detenninada doutrina. Os corações são
pesados pelo tratamento que dão à verdade. Quando rejeiran1 a
Palavra de D eus, essa Palavra os condena.
II. OS CORAÇÕES SÃO PESADOS
Os corações variarn muito, n1as podern dividir-se en1 três classes
gerais, sobre as quais nos deteren1os, esperando que nossos cor:tt;í>t·s
se julguern a si próprios.
1. C orações achados e m f:1l ta ilncdiacam e n re
() coração n ~1ftl r;ll (J r 17. 9; 1Co 2 . l lí).
(") coraç}o E1lso (C)s 10 .2) .
O coraçJo insensíve l. N~o h:í dt ·l i...111 , 1' 11!' 1}',1.1 Pll 't~ ' llt 'd , Hi t · ( t >·. /./ ).
() coraç:io pcrV(Tso, rd wld1·, '' ' ' 'd ii i.H i t lt ' I''' ·'""'·
2. ( :pr:tt;éw.\ qll <' \ 1' llln '. l l .l lll l.dlll'oll ', tl fl I " '• llj'1t l 11 IH I'dt ' ll <l l ,
"Outro coraçao", tal con1o teve Saul. Urna nova fase de sentimentos,
rnas não utna nova natureza.
U1n coração hurnilhado, co1no o de Acabe, quando Elias profetizou
sua ruína. Hurnilhado, 1nas não hu1nilde; voltado, mas náo voltado
da iniqüidade.
3. Corações de peso cerco.
O coração trêtnulo: arrependido, que tetn 1nedo de pecar, etc.
O coração terno: sensível, afeiçoado, anelante.
O coração partido: lamentoso, ansioso, hutnilde, despretensioso.
O coração puro: ama só aquilo que é bom e puro, lamenta o pecado
que nele existe, betn cotno nos outros, suspirando por santidade.
O coração estável: descansa firmemente, permanece constante, etc.
Está seu coração pronto para a pesagem? Não tem medo da prova
final? Essa confiança está bem alicerçada?
Na mitologia pagã, Morno, o deus da censura, é representado a censurar
Vulcano, porque, na forma humana, que ele fizera de barro, não pusera uma
janela no peito, pela qual, o que fosse feito ou pensado, pudesse vir à luz
facilmente . Não concordamos com Morno, ne1n pensamos como ele, que
de~ejava ter uma janela no peito, para que todos pudessem ver-lhe o coração.
Se tivéssen1os tal janela, pediríamos as folhas da janela e as manteríamos bem
fechadas.

44. Para os Mercadores Celestiais


uCon1pra a verdade, e não a vendas (Pv 23.23).

Ao descrever os peregrinos pela Feira da Vaidade, diz Bunyan: ''O que


não divertia nen1 um pouco os rnercadores era que esses peregrinos pouco
ligavam para suas mercadorias; tarnpouco cuidavam de olhar para elas; e se os
chamassetn para cotnprar, tapavam os ouvidos com os dedos e gritavam: "Desvia
os meus olhos, para que não vejam a vaidade"; e olhavam para cima, dando a
entender que seu comércio estava no céu.
«Un1 dos mercadores arriscou, zo1nbeteiran1ente, olhar para o carro dos
hon1ens, e dizer-lhes: "Que quereis -Cotnprar?" Mas eles, olhando-o co1n
seriedad e, disseram -]h e: "Co mp ramos a verdade".
I. A MERCADORIA: "A VERDADE".
1. A verdade doutrinal. O evan gelho. ()s três "r r" - ruí na, redenção e
regeneração. As doutrinas da graça.
Um co mprador do evangelho deve aprender a discrin1Ínar, d e tnodo
a poder rejeitar:

l)('\
Salvação sem Cristo como Deus.
Perdão sen1 sacrifício expiatório.
Vida sem o novo nascimento.
Regeneração se1n fé.
Fé sem obras.
2. Verdade experimental. O novo nascimento e a vida celestial são
pedras pr,eciosas autênticas. M as destas há imitações vulgares.
Discriminar entre a verdadeira religião e:
Fé sem arrependimento.
Falar sem sentir.
Vida sem lutas.
Confiança sem exame.
Perfeição sem hu1nildade.
II. A COMPRA: " COMPRA A . VERDADE". AQUI VAMOS ,
IMEDIATAMENTE:
1. Corrigir um erro. Estritamente falando, a verdade e a graça não
podem ser compradas ou vendidas. Mas as Esctituras dizem: «Vinde
e comprai, sem dinheiro e sern preÇo, vinho e leite".
2. Explicar a palavra. Ela foi adequadamente escolhida; portanto, para
sermos salvos, devemos estar prontos a comprar a verdade, se ela
tiver de ser comprada.
3. Parafrasear a sentença.
Compra o que é verdadeiramente a verdade.
Compra toda a verdade.
Compra somente a verdade.
Compra a verdade a qualquer preço.
Compra a verdade agora.
4 . D ar motivos para a con1pra:
Em si mesma, ela é preciosíssin1a.
Precisa dela agora, para mil finalidades úteis.
Precisará dela no tempo e na eternidade.
5. Dirija-se ao mercado.
"Compre de mim", disse C risto.
O dia do mercado começa agora: "Vi nde, comprai".
III. A PROIBIÇÁO: "NÁO A VENDAS".
Alguns a venden1 em troca de um meio de vida; da respeitabilidade;
da rep utação de ser científico c ponderad o; para agradar a un1
anligo; pelo prazer de pecar; em troca de absolutamen te nada,
se não de n1era devassidão; n1as você deve aga rrar-se a ela como J
própria vida.
Cotnpre a qualquer preço, e não a venda a preço algum.
Sem ela, está perdido. Não a venda!
Ela é um legado que nossos antepassados compraram com seu sangue, o
qual deve tornar vocês dispostos a abrir n1ão de qualquer coisa, e a gastar
qualquer coisa, para que possa1nos, tal con1o o sábio negociante mencionado
no evangelho (Mt 13.45), comprar a pérola preciosa, que vale tnais do que o
céu e a terra, e que fará um homem viver feliz, morrer confortavelmente, e
reinar eternainente (Thomas Brooks).
Ora, conforme, eu disse, o caminho para a Cidade Celestial passa
exatatnente por essa cidade onde é mantida essa feira de luxúria; e aquele que
quiser ir à Cidade sem passar por aqui, deverá sair do mundo. O próprio
Príncipe dos príncipes, quando aqui esteve, passou por esta cidade, a caminho
de seu próprio país, e isso também em um dia de feira.
Realmente, conforme penso, foi Belzebu, o principal senhor dessa feira,
que o convidou a comprar as suas vaidades; sim, ele o teria feito senhor da
feira, caso lhe prestasse reverência ao passar pela cidade; por tratar-se de urna
pessoa de tanta honra, Belzebu o levou de rua em rua, e lhe mostrou todos os
reinos do mundo en1 pouco tempo, com o objetivo de poder, se possível,
ind.uzi-lo a regatear e comprar algUinas de suas vaidades; mas ele não tinha
intenção de negociar, portanto deixou a cidade sem gastar u1n níquel naquelas
vaidades. Essa feira, portanto, é n1uito antiga, de longa duração, e muito
in1porrante (Bunyan) .

45. A Glória de Deus em Esconder o Pecado


"A glória ele Deus é encobrir as coisas, 1nas a gló ria dos reis é
esquadrinbá -las" (Pv 25.2).

Quando a justiça é frustrada, tendo seus olhos vendados pelo suborno,


ou é desencan1inhada por preconceito, ou etnbaraçada por falsidade, isso
constitui prejuízo e desonra p ara um rei, e ele é forçado a esquadrinhar o
problema a fundo. A honra d e un1 magistrado está na d escob erta do crin1e,
1nas a glória de Deus está etn que ele, graciosa e justainente, oculta a c ulpa da
VISta.
Com D e us 1üo há necess idade de pe rscrutar, pois ele vê tudo; sua glória
é encontrar aquilo que é bastante claro a se us o lhos, encobrindo-o justa e
efetivamen re.
I. A GLÓRIA DO SENHOR É COBRIR O PECADO
l . A culpa, os agravos, os n1otivos e os dese n ganos de uma vida, o
Senhor é capaz de remover para sen1p re, pelo sa ng ue ex piador.
2. Reconhecido e confessado o p ecado, ele ainda pode cobri r, d e nwdu
que n ão mais será mencionado contra nós, para sen1pre.
3 . Ele pode fazer isso com justiça, mediante a obra de Jesus.
4. Ele pode fazer isso sem compensação por parte do ofensor, d evido
àquilo que o substituído fez.
5. Ele pode fazer isso sem qualquer efeito mau sobre os outros; nenhuma
pessoa pensará que Deus é conivente com o pecado, vendo que ele
lançou stia punição sobre Jesus.
II. ISSO DEVERIA SER GRANDE ESTÍMULO PARA BUSCAR ALMAS
1. Não para tentar encobrir-lhes o próprio pecad o, visto que é obra de
Deus esconder suas iniqüidades, e elas podem deixar a questão com
ele.
2. Para atribuir glória a Deus, crendo em seu poder de ocultar o pecado,
até mesmo seu pecado carmesim.
3. C rer que ele está disposto a fazer isso, agora, a favor das almas.
III. ISSO DEVERIA SER PODEROSO ESTÍMULO PARA OS SANTOS
1. Para glorificarem a Deus, que lhes cobre o pecado. Que falem de
perdão com exultação, e contem como o Senhor atira o pecad o para
trás de suas costas, atira-o n as profundezas do mar, apaga-o de uma
vez, e o põe onde, se for procurado, não será achad o. Jesus "pôs fim
))
ao pecado .
2. Para visar à cobertura dos pecados de outros, conduzindo-os a Jesus,
para que suas almas sejam salvas d a morte.
3 . Para imitar o Senhor, que esquece os pecados daqueles que se
arrependem. Devemos pôr de lado, para sempre, qualquer rnal que
nos tenham feito, e rratar os convertidos, como se eles não houvessem
caído em desgraça, anteriormente. Quando virn1os um pródigo,
"rragan1os a 1nelhor roupa e o vistan1os", para que toda a sua nudez
seja encoberta e seus farrapos sejam esquecidos.
Venha e desnude seu pecado, para que o Senhor possa encobri-lo
imediatamente.
Os esforços d a sra. Elizabeth Fray, entre as prisioneiras de Newgate,
d everan1 muito de seu êxi to à ternura con1 que lidou co1n as 1n ulheres. ((Nunca
pergunto quais foram os seus crirnes, pois rodos te1nos deixado a desejar", era
sua calm a rep rovaç~o a ~·d gum cu rioso, ~1ccrca da ofensa fe ita por alguma
pn s1oneira.
O dr. Duncan designava os racionalistas alem ães que discutiam os pecados
dos patriarcas de "Aq ueles esc ritores parecidos com Cão!" (referência a Cão,
filho de Noé, que foi amaldiçoado- nota do tradutor). Muitas vezes d isse ele:
"Falemos com carinh o das faltas d os santos do Antigo Tesr:1m cnro".
11\
46. Boas Novas
"Como água fria para o sedento, tai s são as boas-novas vindas d e
11
un1 país r en1oto (Pv 25.25).

Só nos dias quentes de verão é que podemos apreciar a ilustração aqui


en1pregada, pois habitamos um país bem regado, onde a sede é facilmente
rnitigada. Entretanto, podemos ilnaginar-nos na situação de Hagar, Ismael e
Sansão, o.u de uma caravana no deserto, ou dos pobres marinheiros em um
barco sobre o mar, morrendo por um gole de água.
I. BOAS NOVAS DE DEUS PARA OS PECADORES
O pecado lança os homens para um país remoto, mas aqui estão as
boas novas:
1. Deus se lembra de você com piedade.
2. Ele preparou um caminho para seu retorno.
3. Ele enviou um mensageiro a convidá-lo para voltar ao lar.
4 . Muitos já voltaram e agora se regozijam.
5. Ele providenciou todos os meios para o trazer ao lar.
6. Pode voltar imediatamente. "Tudo está pronto".
Se essas boas novas forem recebidas, serão extremamente refrescantes
para as almas sedentas. Para outras, serão lugar-comum.
II. BOAS NOVAS DO CÉU PARA OS SANTOS
1. As boas novas vêm do céu. Pela aplicação da Palavra, por parte do
Espírito, e pelos doces sussurros do amor de Deus.
2. Se susp ensas por um momento, a renovação é mais agradável do
que nunca, assirn como a água fria é duplan1ente refrescante a UJna
alma especialmente sedenta.
III. BOAS NOVAS DA TERRA PARA O CÉU
Causa alegria ao círculo don1éstico ouvir que:
1. Os pecadores estão arrepend endo-se.
2 . Os santos estão correndo sua corrida com santa diligência.
3. As igrejas estão sendo edificadas e o evangelho sestá propagando-se.
4. Mais santos estão arnadurecen do e indo para o lar.
As nações havaianas de um futuro estado o nde ninguém existia, eran1
peculiarmente vagas e funestas, e o Sr. Ellis diz que a maior parte das pessoas
parecia considerar as novas de ora lorl ia j e.Ht (vida se m fi1n po r Jesus) con1o as
mais alegres notÍcias que j;i tinham o uvido, "rompendo sobre eles)), para usar a
própria expressão deles, ~'como luz d a rnanhã". "Meu espírito nunca n1orred ?
c este po bre e frágil corpo poderá viver de novo?" exclam o u un1 velh o cacique,

\) . 1
e esta deliciosa surpresa parecia o sentilnento geral dos nativos (Six Months i11
the Sandwich Isfands, por Miss Bird).
O dr. Field, em seu livro "Jornada pelo Deserto", fala de estar no monte
Sinai, e escreve: "Aqui, numa passagem entre as rochas, sob um enorme bloco
de granito, está uma fonte de água, que os árabes afirmam nunca falhar. Foi
muito grato, no calor do dia, especialn1ente quando encontratnos neve numa
fenda das rochas, a q~al, adicionada ao frio natural da fonte, deu-nos água
gelada no monte Sinai".

47. O Servo Honrado


uO que trata da figueira con1erá do seu fruto; e o que cuida do seu senhor
será honrado" (Pv 27.18).

I. CRISTO É NOSSO SENHOR


1. Nosso Senhor exclusivo. Servimos a outros, para que possamos servi-
lo; não dividimos nosso serviço. ((Um. só é vosso guia, o Cristo".
2. Nosso Senhor por excelência. Não há outro igual no universo.
3. Nosso Senhor escolhido. De boa vontade tomamos o seu jugo; para
nós, servi-lo é como possuir um reino. "Eu amo a meu Senhor"
(Êx 21.5).
4. Nosso gracioso Senhor, suporta nossas faltas; anima-nos, quando
desfalecemos; ajuda-nos, quando cansados; cuida de nós na
enfermidade, instrui- nos con1 paciência, promete grande
recompensa, e assim por diante.
5. Senhor de nossa vida. Nosso ouvido está pegado junto às ombreiras
de sua porta; so1nos seus por toda a eternidade.
II. NOSSA TAREFA É SERVI-LO
1. Isso é expresso pelo sentido de ((tratar da figueira". Devemos cuidar
de nosso Senhor como um bom servo está atento às ordens de seu
Senhor.
Permanecendo cotn ele. Nunca abandonando seu partido uen1
deixando de ter cotnunhão com ele.
Defendendo-o. Não perrnirindo que ninguém úle contra ele cn1
que lhe injurie a honra, enquanto tivennos língua para bbr._
Lutando por seus objetivos. Consagrando-nos a levar a cabo os
grandes propósitos d e nosso Senhor, e pondo de lado tudo quanto
posse servir-nos de obstáculo nessa busca.
2. Isso é expresso pelas palavras ''cuida do seu senhor" .
L~s pe rando por sua Palavra. "Fala, Senhor, porque o teu servo ouve"
( I S1n 3.9; S1 8 5. 8) .
Buscando seu so rriso . ('Faze resplandecer o teu rosto sob re o teu
servo" (Sl 3 1.1 6) .
D ependendo dele para obter fo rças. "Concede a tua força ao teu
servo" (Sl 86.1 6).
E sperando o cumprimento de s uas promessas. ((L embra-te da
promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar"
(Sl 119:49) .
Consagrado a seu serviço - corpo, altna e espírito.
Não tendo objetivos particulares (1 Cr 12.1 8).
Submisso à sua v~ntade. Pronto a sofrer ou trabalhar, confonne ele
venha a indicar (Lc 17.7-10).
O contrário disso é:
Buscar a si mesmo. É cobiçar honra, riquezas, comodidade, prazer.
Guiar-se pelo ego; faze r a própria vontade, m as fingir que serve a
D eus. Aplauso de si próprio, roubando a nosso Senhor a glória que
só a ele pertence.
III. NOSSO SERVIÇO TRARÁ HONRA
1. Entre os seus conservos, cá em baixo.
2. Entre os próprios inimigos, que serão forçados a admirar a sinceridade
e a fidelidad e que exibimos para com n osso Senho r.
3. Proveniente d e n osso Senhor, que n os d ará agradável senso d e
aceitação aqui, on d e estam os.
4 . N o dia de juízo, perante o unive rso con gregado .
5 . Por toda a eternidade, entre anjos e espíritos glorificad os.
Sintamos pesar, po r n ão o h avermos sentido tnelhor.
Arrependamo-nos, se n ão o temos servido de m an eira alguma.
Orem os para que ele nos receba ainda hoj e em seu serviço.
"D o is idosos pastores se encontraran1 certo sábado, numa estação em
G ales, enquanto se encaminhavam para p regar n o domingo em suas respectivas
igrejas. ((Espero", disse o sr. H arris, de M erthyr, ao sr. Powell , de C ardiff -
''esp ero que o grande Senho r ma ni feste seu rosto amanhã". "Bem , se ele não se
ma n if-~s rar", rep li cou o sr. Powell, •<f1lare i bem dele pelas suas cos tas".
R u rherfo rd , falando d e rn ~1.n eira com o o Senho r o es timulo u co m grande
co mpanheirism o, enquanto o servia, diz en1 sua m aneira singular: "Q uando
rn <.: u Senh o r m e m anda leva r seus recad os, a1niúde ele m e d ,í. um di nheirinho",
<p1 1. '1'("1ldo dizer co m isso que, tão cerro co mo D eus o havia emp regado, Ele lhe
dava wna rnoedinha como recompensa, con1o fazen1os corn os meninos aos
quais mandamos levar os nossos recados.
Urn cão que segue a todo rnundo não pertence a ninguérn, e ninguém
cuida dele. Quanto rnais mostra sua dedicação a seu senhor, tanto rnaior será o
apego do homem a ele. No serviço dornéstico, não devernos m anter un1 criado
que passe metade do tempo aguardando instruções de outro patrão.
Os velhos e fiéis ,criados passam a considerar todas as propriedades dos
seus senhores como deles mesmos. Um desses disse: "Aí vem o nosso carro, e
ali estão nossos queridos filhos voltando da escola!" Nosso Senhor Jesus gosta
de ver que sentimos comunhão - uma comunidade de interesses com ele
próprio. Ele faz que tal serviço seja sua própria recompensa, e, além disso,
acrescenta o céu. Ele não despedirá seus velhos criados, mas lhes concederá
que estejam com ele em sua glória, tal como estiveram com ele, em sua
humilhação.

48. O Temor ao Homem Destruído pela


Confiança em Deus
"Quern terne ao hon1en1 anna ciladas, mas o que confia no SENHOR
está seguro"(Pv29.25).

Temos aqui um provérbio constituído de duas partes; cada metade é


verdadeira por si mesrna; e, juntas, formam um todo eficaz e cheio de ensino.
Aquele que teme ao homem está em grande perigo, exatamente por esse fato;
aquele que confia no Senhor não corre perigo de qualquer natureza; confiar
no Senhor é o grande antídoto contra o temor do homem.
I. AQUI ESTÁ UM MAL MUITO COMUM. "QUEM TEME AO
HOMEM ARMA CILADAS".
1. Esse mal leva os homens a grandes pecados, às vezes, apanhando-os
e prendendo-os corno aves apanhadas pelo passarinheiro. Arão cedeu
ao clamor popular e fabricou o bezerro. Saul cuidou rnais em ser
honrado entre o povo do que em agradar ao Senhor. Pilatos temeu
que un1a acusação chegasse a César, e assim violentou sua consciência,
e Pedro negou a seu mestre, por n1edo de uma simples criada.
2 . ln1pede a n1uiros de se co nverreren1 ; seus compa nh eiros
ridiculizariam , seus amigos ficariam aborrecidos, e eles poderian1
ser perseguidos.
3. Imped e outros de co nfessarem sua fé. Tentarn entrar no céu por
wna porta dos fundos. "Co m a boca se co nfessa a respeito da
salvação" (Rm 10.10) .
4. Rebaixa a dignidade dos ho1nens de betn. Davi era uma pobre
criatura diante de Aquis, e tnestno o pai Abraão fez triste papel,
quando negou que Sara era sua esposa.
5. Serve de obstáculos a 1nuitos, no cumprimento de deveres que exigem
coragem. Jonas não irá a Nínive, porque pode ser to1nado como
falso profeta, se Deus perdoar aquela cidade. O s pregadores gálatas
se apartaran1 para a falsa doutrina, a fim de serem reputados por
sábios, etc.
II. AQUI ESTÁ UMA SALVAGUARDA MUITO PRECIOSA. "O QUE
CONFIA NO SENHOR ESTÁ SEGURO".
Não o temor escravizador do homem, mas a confiança infantil no
Senhor é que será a proteção do crente.
1.o que confia, está a salvo do temor do homeln.
Deus está conosco, pelo que somos fortes, e n ada temos a temer.
Estamos firmes, e não tem eremos.
Oramos, e perdemos todo o temor.
Preparando-nos para o pior, e o temor desaparece.
2. Afinal, o que é o temor? Que pode fazer-nos o homem?
Estando Deus conosco, nossa segurança é perfeita, contínua, eterna,
muito embora toda a raça humana esteja contra n ós (Rm 8:31).
III. AQUI ESTÁ UMA DOUTRINA MUITO GLORIOSA. PODEMOS
TOMAR, NO MAIS AMPLO SENTIDO , A DOUTRINA DA
SEGUNDA SENTENÇA, "O QUE CONFIA NO SENHOR ESTÁ
SEGURO"~
1. Do poder condenatório e conquistador do pecado.
2. Da força dominante da tentação.
3. D o efeito amortecedor da tristeza.
4. Da força destruidora de Satanás.
5. Da morte, do inferno e de todo o mal.
6. De todo o dano que os homens possam infligir.
7. Temerá a um verme, ou confiará etn seu Deus?
8. Quebre a armadilha e1n que o temor o enredou.
9. Entre no palácio da segurança pela porta da confiança.
A alma que não pode confiar inteir~unente e1n D eus, quer se agrade ou
não <lO ho m em , n unca pode ser-lhe verdadeira por muito te1npo; pois, enquanto
cs t~-.l com o.s olhos postos n o homem , esd perdend o a Deus, e apunhalando o
c risriani sm o bem no coração (J\Ilanton).
"' ll: mor do h omem". Íd olo infl exível- boca sangrenta- m ui tas aln1as
l {' l t~ clt· d \' vn r: ~tlo (.~; ,,, ~ ·: td u 11 0 ini~Tn o! Seus olhos esrão c heios de ódio contra
I

1 1/l
os discípulos de Cristo. Zombarias e escárnios estão à espreita en1 sua E1cc. \ )
riso escarnecedor rosna em sua garganta. Deite por terra esse ídolo. Ele o af::t~ ta
da oração secreta, da adoração doméstica a Deus, impede-o de confessar :1
Cristo publicamente. Você, que tem sentido o amor e o Espírito de Deus, faça
esse ídolo em pedaços. "Quern, pois, és tu, para que temas o homem, que é
mortal?'' "Não temas, ó vermezinho de Jacó", "Que tenho eu com os ídolos?"
(M'Cheyne).
Um fogo extingue outro. Nada mata tão eficazmente o temor do homem
como abundância de temor a Deus. A fé é uma armadura para a alma e, vestidos
com tal armadura, os homens entram no mais aceso da batalha, sem medo de
ferimentos. O temor do homem amortece a consciência, distrai a meditação,
impede a atividade sagrada, silencia o testemunho e paralisa o poder do cristão.
É uma armadilha engenhosa que alguns não percebem, ernbora já tenham
caído nela.

49. A Palavra do Rei


"Porque a palavra do rei ten1 autoridade supre1nan (Ec 8.4).

Só Deus é legitimamente soberano setn limites. Ele é Rei no mais absoluto


sentido da palavra; e assim deve ser, pois ele é supremamente bom, sábio,
JUSto, santo, etc.
Como ele é o criador de tudo, o domínio sobre suas criaturas é Uina
questão de direito natural.
Ele tem poder infinito, corn o qual executa a sua vontade real.
Mesrno ern suas mínimas palavras há onipotência.
I. PARA EXCITAR NOSSA REVERÊNCIA
Consideremos cuidadosamente:
1. Sua palavra criadora, pela qual todas as coisas surgiram do nada.
2. Sua palavra preservadora, pela qual todas as coisas permanecem.
3. Sua palavra destruidora, pela qual ele abalará céus e terra.
Quem pode resistir diante de qualquer dessas palavras, sem adoração
tremente? O poder está presente en1 todas elas no rnais pleno grau,
pois cada uma é a palavra de um Rei.
II . PARA ASSEGURAR NOSSA OBEDIÊNCIA
1. Cada prece ito d eve ser obedecido de imediato , d e cora ~·a o ,
plenan1ente , por todos, visto con10 o Rei ordena.
2. Seu serviço n5.o deve ser evitado, porquanto isso é rebelar-se co nrr:1
nosso soberano. Jonas n5.o achou isso vantajoso: pois o Se nh o r 11 :i C1
\)1)
está para brincadeiras, e tàrá que os fugitivos saibam que seu braço é
longo.
3. É preciso arrepender-se da desobediência. Se cairmos no pecado,
deixemos que a Palavra do Rei tenha poder gracioso para subjugar-
nos, a ponto de sentirn1os pesar no coração.
III. PARA INSPIRAR NOSSA CONFIANÇA
I. Para que ele possa perdoar aos penitentes, pois assim-prometeu em
. sua Palavra.
2. Para que conceda aos crentes poder para renovarem suas vidas.
"Enviou-lhes a sua palavra e os sarou" é verdadeiro, espiritualmente
falando.
3. Para que dê aos tentados poder para vencer a tentação. Deus assegura
a vitória dos crentes contra qualquer ataque de Satanás, 1nediante a
palavra. Essa foi a arma que Jesus usou no deserto.
4. Para que dê aos sofredores poder para suportarem tudo com
paciência, e para tirarem vantagem da provação.
5. Para que dê ao moribundo esperança, paz, visão beatífica, etc. U1na
só palavra do Senhor da vida tira da morte o seu aguilhão.
. IV. PARA ORIENTAR NOSSO ESFORÇO CRISTÃO
1. Não devemos procurar poder em coisa alguma. Educação, oratória,
música, riqueza, cerimonialismo, tudo isso é fraqueza em si, se
dependermos desses elementos.
2. Devemos confiar na palavra de nosso Rei como instrumento de
poder, sempre que procurarmos fazer obras em seu nome. Preguetnos
a Palavra: pois nada mais quebrará os corações duros, consolará os
desesperados, gerará fé, ou produzirá santidade. Roguemos a palavra
em nossas orações: pois o Senhor certamente cun1prirá suas
pr01nessas, porque ninguém pode contestar Uina vida que se ordena
segundo os preceitos do Senhor. Utna vida obediente está cheia de
um poder, perante o qual homens e demônios rendem h01nenagem.
Leia muito a Palavra real.
Mais que nunca fale a palavra do Rei, que é o evangelho da paz.
Creia na palavra do Rei Jesus, e seja ousado em d efendê-la. Incline-
se diante dela, e sej:-t paciente e feliz.
Nenhuma língua mexe corn as profundezas de minha natureza con1o a
Palavra de Deus; e nenhwna produz calnu tão profunda dentro de meu espírito.
Como nenhuma outra voz é capaz de r;lZê-lo, ela me con1ove até às U.gritnas,
humilha-tne ao pó, inHatna-me de entusiasmo, enche-tne de felicidade, eleva-
m e J santidade. Cada tàculdade de meu ser possui o poder da Palavra sagrada:

I l 'l \
suaviza rninha memória, ilumina minha esperança, estimúla rninha in1aginaç:-io ,
dirige n1eu juízo, comanda n1inha vontade e anima meu coração.
A palavra do homem encanta-me para o ternpo; mas eu sobrevivo e
ultrapasso seu poder; ela é totaln1ente o contrário da Palavra do Rei dos reis:
ela rne governa mais soberanarnente, rnais pratica1nente, mais habitualmente,
mais completa1nente cada dia. Seu poder é para todas as ocasiões: para a
enfermidade e par,a a saúde, para a solidão e para a cornpanhia, para as
emergências pessoais e para as assembléias públicas. Prefiro ter atrás de tniin a
Palavra de Deus a ter todos os exércitos e todas as marinhas de guerra de todas
as grandes potências; sim, prefiro-a a todas as forças da natureza; pois a Palavra
de Deus é a fonte de todo o poder do universo, e nela há um suprimento
infinito de reserva.

50. A Rosa e o Lírio


uEu sou a rosa de Sarotn, o lírio d os vales" (Ct 2.1).

Ternos aqui o Noivo a louvar a si próprio, .e esse é um faro a ser considerado


con1 atenção.
Esse auto-elogio não está tnanchado de orgulho: tal falta não poderia ser
encontrada no humilde Jesus. Isso que poderia parecer seu egoísmo, não é
egotismo. Ele não recomenda a si próprio por sua própria causa, mas por
nossa causa. Ele se apresenta em termos brilhantes, porque:
Em sinal de condescendência, deseja o nosso amor. Que pena é que
ele se preocupe corn isso! Entretanto, ele tem sede desse amor. Em
sabedoria, ele usa o rnelhor n1odo para conquistar o nosso an1or.
Em ternura, ele se digna a descrever a si próprio, para que nos
encoraje1nos por sua familiaridade en1 louvar a si próprio perante
nós.
Essa é mna das mais eficazes provas de hmnildade.
Por necessidade, ele se descreve a si próprio, pois, quetn mais poderia
d escrevê-lo? "Ninguém conhece o Filho senão o Pai" (Mt 11.27) .
I. A EXCESSIVA DELÍCIA DE NOSSO SENHOR
Ele se cornpara, con1o e1n outros lugares, não só ao pão necess<1rio e
à ~ígua refrescante, mas às Hores encantadoras. Em Jesus h~itodos os
d eleites, bem como todas as coisas necess~irias .
1. Ele é ago ra tudo o que foi <ln tes , pois sua forma de dizer "Eu sou"
percorre a eternidade con1 uma força que não diminui.
2. Ele é deleiroso aos olhos d a fe, assim como as flores para os olhos
físicos. Q ue h;,1 de Jnais belo do que rosas e lírios?
3 . Ele é deleitoso no ar01na que dele vem. Nele reside uma fragrância
deleitosa, diversa e perman ente.
Entretanto, os cegos não vêem as cores, e os homens sem olfato não
perceben1 odor algun1, nas mais perfumosas flores; e os homens
carnais não vêem deleite en1 Jesus. Rosas e lírios exigem olhos e luz,
antes que possa1n ser apreciados, e para conhecer a Jesus, temos de
ter graça e disposições graciosas. Diz ele: ((Eu sou a rosa de Sarom";
. e, de fato, ele o é essencialmente; mas a questão séria é esta: ''Ele é
isso para ti?" Sim ou não?
II. A DOCE VARIEDADE DE SUA DELÍCIA
1. Da rosa, m ajestade; do lírio, amor.
2. Da rosa, sofrirnento; do lírio, pureza.
3. De ambos, un1a grande variedade; todas as rosas e todos os lírios;
todas as belezas do céu e da terra se acham em Jesus.
III. EXCESSIVA LIBERDADE DE SUA DELÍCIA
1. Significava ser arrancada e desfrutada como as rosas e os lírios.
2. Abundante como uma flor comum. Ele não é como uma orquídea
rara, mas como as anêmonas que cobriam as planícies de Sarom, e
como os lírios abundantes em todos os vales da Palestina.
3. Permanecer num lugar comum, como as rosas em Sarom e os lírios
nos vales, onde cada pessoa que por ali passava tinha liberdade de
colhê-los como bem entendesse. Não en contrado em declives
inacessíveis, ou en1 cercados guardados, Jesus se encontra a céu
aberto: uma flor de todos. Essa é a idéia predon1inante no texto.
Todos os que desejarn a Cristo, podem tê-lo.
4. Fragrância que se espalha, não num quarto ou ntuna casa, mas por
toda a parte, perfumando cada brisa que passa.
5. Entretanto, rosas e lírios deixam de representar nosso amado com
relação à sua virtude imarcescível. Em breve eles murch am , mas ((ele
- morre" .
nao
((Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales"; palavras muito próprias nos
lábios do Senhor Jesus C risto, en1 quem não constitui plágio de outros, m as
co ndescendência e graça, para recornendar-se aos filhos dos hon1ens. "Sou
n1anso e humilde", seria expressao de o rgulho em Gabriel, mas é hum ildade
em Jes us, o qu al se rebJixou para que pudesse tornar-se manso e humilde. "Eu
sou a videira verdadeira", ''Eu sou o bom Pastor'', erc., são expressões semelhantes
de verchde e graça, e do mesmo n1odo aq ui. (A. Moody Stuarr).
Não às flores que somente os ricos e poderosos poden1 possuir, rnas àquelas
obtidas facilrnenre é que ele se cornpara; pois ele se1npre se inclinou para os

102
mais hun1ildes, e o povo corr1um se1npre o ouviu com prazer (H. K. Wood,
em The Heavenly Bridegroom and His Bride).

51 . Constrangendo o Amado
"Encontrei logo o a1naclo da n1inha ahna; agarrei-1ne a ele e não
o deixei ir eniliora" (Ct 3.4).

I. "ENCONTREI-O"; OU, AMOR EM COMUNHÃO


1. Eu estava indagando por ele.
2. Eu tinha ido além de todos os homens e recursos, e não poderia
contentar-me com ninguém, senão com ele.
3. Olhei p ara a sua pessoa. Ele chegou mais perto em sua palavra e
ordenanças. Percebi-o pelo Espírito. A fé o viu claramente.
4. Fiquei to1nado de contentamento. Não procurei a ninguém rnais,
pois ao encontrá-lo, eu havia encontrado tudo o de que preciso na
terra e no céu.
II. "AGARREI-ME A ELE"; OU, AMOR EM PO.SSESSÃO
1. Mediante a resolução de meu coraÇão, resolvendo jamais perdê-lo.
2. Mediante apelos lacrimosos, rogar-lhe que não me faça vil, retraindo-
me dele.
3. Fazendo que ele seja m eu, de modo geral. Ele fica onde é apreciado
e eu o ponho num alto trono, em meu espírito.
4. Renunciando a todos os outros amores, pecados, ídolos, etc. Ele é
ciumento, e me conserva totaltnente para ele.
III. "NÃO O DEIXEI IR EMBORA"; OU, AMOR EM COMUNICAÇÃO
1. M ediante nosso próprio espírito: comunicando-nos com Jesus antes
de irmos à adoração pública, e indo ali com ele en1 nossa con1panhia.
2. M ediante a nossa palavra: deveríamos falar de tal modo a anunciar
a Jesus, e prornover comunhão com ele. Quantos falam de modo
controverso, ou sem sabor, ou com oratória carnal etn que não há
espaço para o amado! Oh, quem dera um estilo crucificado de falar!
Ver o de que a igreja necessita!- Cristo en1 seu n1eio.
Ver corno é provável que ele venha!- Não deixá-lo ir etnbora.
Ver o que deve ser feiro prim eiro ~ - Ele deve ser agarraJo.
Ver quem sáo os únicos que poden1 Elzer isso~ -Aqueles que o acharam.
Entretanto, ver t~llnbén1 quem pode enco ntrá- lo:- Todos os que o
~unan1 e buscam.
Estamos nós inclusos nesse número?

103
Agarrá-lo de maneira a não ofendê-lo. Primeiro, por indolência. Quando
a alma se torna sonolenta ou descuidada, C risto vai embora. Em segundo
lugar, por ídolos. Você não pode segurar dois objetos. Em terceiro lugar, estando
indisposto a ser santificado. En1 quarto lugar, por un1a casa Ílnpia. ((Até que o
fiz entrar e1n casa de n1inha tnãe" . Letnbre-se de levar a Cristo para a sua casa,
e deixe-o governar ali. Se andar com Cristo lá fora, mas nunca o levar para
casa, logo perderá a companhia para sempre (M'Cheyne).
«Encontrei-o"; eu, um homem, encontrei o Senhor da Glória; eu, um
escravo d~ pecado, encontrei o grande libertador; eu, o filho das trevas, encontrei
a luz da vida; eu, o último dos perdidos, encontrei meu salvador e meu Deus;
eu, viúva e desolada, encontrei meu amigo, 1neu amado, meu esposo. Vão e
façam do mesmo modo, filhos e filhas de Sião, e vocês o encontrarão; pois
((então encontrarão quando ·buscarem de todo o seu coração".

52. Convite para um Confronto


"Vinde, p ois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos
pecad os sejarn corno a escarlata, eles se tornarão brancos con1.o a
n eve; a inda que sejarn vennelb.os co1no o cannesirn, se t o rnarão
corno a lã" (Is 1. 18) .

A condição pecaminosa dos hotnens é terrível em extremo. Isso é


vividamente exposto nos versículos anteriores do capítulo. Estão totaln1ente
alienados de seu Deus.
I. UM CONVITE PARA UM CONFRONTO
Os pecadores não cuidam em pensar, considerar e olhar os problemas
de frente; porém, são instados a esse dever desagradável. Se discutem,
de preferência o fazetn contra Deus, etn vez de o fazeren1 con1 ele;
mas aqui a proposta não é para discutir, mas para tratar, tendo em
vista a reconciliação. Isso os corações ímpios tan1bé1n rejeitan1.
1. Preferem atender às ordenanças cerimoniais. Os desetnpenhos
externos são mais fáceis, e não den1andan1 pensatnento.
2. Contudo, o probletna é daqueles que exigem an<ílise seriíssÍlna, e a
merece; pois nela estão envolvidos D eus, a al n1a, o céu e o inferno.
Nunca um s<:ibio consel ho foi n1ais desejável.
3. É muito gracioso da p<Hte do Senhor sugeri r um confro nto. Os reis
náo cos tumam convidar os criminosos para discutirem com eles.
4. O convire é uma garantia de que ele deseja paz, est;:Í disposto a
perdoar e esd. ansioso por endireitar-nos.
1(14
II. UMA AMOSTRA DO DISCURSO DA PARTE DE DEUS
1. A base princip al d e difere nça foi mencionada- "ainda que os vossos
p ecad os são como a escarlata". Deus chama os mais notórios
pecadores para que Venham a ele, reconhecendo-os con1o tais.
2. Essa base de diferença será retnovida pelo próprio Deus - "eles se
tornarão brancos como a neve". Ele perdoará e, assim, p orá fin1 à
discórdia.
3. Ele remove'r á a ofensa perfeitamente- "como a neve- como a lã" .
Ele removerá a culpa do pecado para sempre.
Ele satisfará a p ena do p ecado.
Ele destruirá o domínio do pecado.
Ele impedirá a volta do pecado.
III. ESSA AMOSTRA DO DISCURSO É RESUMO DO ARGUMENTO
COMPLETO
Cada objeção especial é antecipada:
1. In1porrância singular d e seus p ecados - "vermelhos como o
.
))

carmesim .
Isso é satisfeito por uma grande expiação, a qual purifica de todo o
pecado.
2. A prolongada continuação de seus p ecados. Tecido tinto de escarlata
perm aneceu por muito tempo no tanque de tingir. O sangue de
Jesus purifica Ílnediatamente.
3. A luz em face da qual seus pecados foram cometidos. Isso lhes dá
uma cor brilhante. "Todo pecado e blasfêrnia serão perdoados aos
homens".
4. O desespero que seus pecados crian1: eles são tão gritantes que estão
sempre diante de vocês, mas serão totalinente lavados pelo sangue
do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do rnundo.
Certo tecido escarlata primeiro é tinto no grão, depois tinto na peça;
desse tnodo, o tingitnento é duplo. E assim é co1n referência à culpa do pecado;
son1os tintos duas vezes, porque todos somos pecadores por nascimento,. ben1
como por prática. Nossos pecados são co1no a escarlata, mas, pela fé en1 Cristo,
serão brancos con1o a neve: por utn interesse na expiação de C risto, en1bora
nossas ofensas sejan1 vern1elhas con1o o carn1esim, elas se tornarão cotno a lã;
isw é, serão rio brancas como a lã que não foi tingida (fl·iend(J' Greetings).
Q uando um homem assiinilou o pecado, a ral ponto que agora o p ecado
é tão dele como a pele negra é parte e quinh ão d o etíope, ainda assim o Senhor
pode retnover o pecado tão con1pl eramenre como se o negro se tornasse um
verd adeiro caucasian o. Retira as pintas d os ngres human os, c não dcix; t
nenhuma delas.
Considere como era tingida a escarlara de Tiro; não m ergulhada
superficialmente, mas embebida completamente no líquido que a coloria, como
sua alma, no hábito de pecar. Então era retirada por algum tempo, a fi1n de
secar, e posta de novo no líquido, encharcada e saturada segunda vez no tanque;
dizia-se, portanto, que era tinta duas vezes; como se queixa de haver reincidido
no mesmo pecado. Sim, a cor incorporou-se de tal1nodo ao tecido, não sendo
cor superficial, mas infiltrada na própria substância da lã, que, esfregando-se
um trapo de escarlata ein algo branco, ele lhe conferirá uma coloração
avermelhada; como, possivelmente, sua prática e precedente pecaminosos
também infectam aqueles que anteriormente eram bons, por sua maldade. No
entanto, tais pecados vermelhos, tão solene e substancialmente coloridos,
facilmente se tornam brancos, uma vez lavados no sangue de nosso salvador
(Thomas Fuller).

53. Nenhuma Chuva


"Às nuvens darei ordem que não derra1nen1 chuva sobre ela (Is 5.6).

·A chuva é essencial para o crescimento da semente e do fruto, e sua ausência


por tempo prolongado constitui um terrível julgamento temporário,
especialmente em climas quentes.
Especialmente é sinal de ira estarem as nuvens carregadas, mas não cair
uma só gota de chuva: ter os meios de graça, porém não vir nenhuma graça,
. .
JUntamente com os meiOs.
Consideremos:
I. O QUE SIGNIFICA
1. Ministros com permissão de pregar, mas se1n poder.
2. A Palavra lida, mas sem aplicação ao coração.
3. Formalidade na oração mantida em boas condições, mas nenhun1a
demanda com Deus.
As nuvens, feitas para chover, recebem ordens d e não fazê-lo; o
próprio Deus, co1n quen1 está a chave da chuva, deu ordens; ordenou
que retivessem totalmente suas chuvas refrescantes. Não há ligação
necessária entre ordenanças exteriores e graça; podemos ter nuvens
das primeiras, e nenhuma gota da segunda.
II. O QUE ENVOLVE
1. Nenhuma conversão, porquanto a conversão vern pelo Espirita.
2. Nenhuma restauração de apóstatas. Plantas ressequidas não revivem,
quando não h<i eh uva.
10 6
3. Nenhum refrigério aos cansados: consolo e força não vêm sc n ;to
pelo orvalho do céu.
4 . Nenhuma atividade espiritual. Indiferença reina Inediante a rotin a,
até a morre. Os obreiros se movimentam quais son âmbulos.
III. COMO SE MANIFESTA
Uma temporada espiritualmente ressequida deixa suas marcas
próprias n o, indivíduo.
1. O h01nem sente-se saturado com o evangelho e cansado dele.
2 . Com eça a criticar, censurar, sofismar e desprezar a Palavra.
3. Em breve estará pronto a deixar de ouvi-la.
4. Ou o uve e perverte a Palavra, quer para gloriar-se, ridicularizar,
estabelecer controvérsias ou viver m al.
É terrível quando aquilo que deveria constituir sabor de vida para a
vida, se transforma em sabor de morte para a 1none, quando as
próprias nuvens se recusam a chover.
É isso o que ocorre com qualquer de nós?
IV. COMO SE PODE EVITAR
Usemos humildemente os recursos, sem depositar neles a nossa
confiança, e depois -
1. Confessem os nosso demérito. O Senhor bem pode ter retirado de
nós a sua graça.
2. Reconheçamos nossa dependência das chuvas celestiais de influência
espiritual.
3. Oremos incessantem ente, até que, como Elias, façamos chover.
4. Olhemos somente para Jesus. "Ele descerá con1o chuva".
5. Demos valor ao mínimo sinal da graça, esperando por ela como o
profeta aguardou do topo do Carmelo, até que viu a pequena nuvern
subir do céu.
6. Usemos m ais diligenten1ente a bênção, quando ela retornar,
produzindo fruto p ara Deus.
A graça de Deus pode salvar almas sem qualquer pregação; n1as toda a
pregação d o mundo não pode salvar almas, sem a graça de D eus (Benjamin
Beddon1e).
Às vezes o o uvinte se q ueixa de que não h::í alimento para sua al m:::~.; quando
a verdade é que não h~1 alma para o alin1en to (Joseph Parker) .
Todo pregador deve ter sentido que en1 certos lugares seu trabalho foi em
vão. Por alguma causa que ele d esconhece, não h ~1 resposta a seus apelos, não
h ~1 fruto de seu ensin o. C onh eço um lugar do qual o s r. Whi tefield foi
escorraçado, e se dizia que, a partir daí, parecia haver uma influência maligna
sobre o lugar; e, na verdade, parecia mesmo. Tenho vtsto igrejas atuando
erroneamente e definhando desde aquele tetnpo.
Por outro lado, perceben1os quando há orvalho ao redor, e saben1os quando
há u1na benéfica abundância de chuva. Tenho pregado, à vezes, com absoluta
certeza de êxito, porque havia uma chuva doadora de graça sobre santos e
pecadores, sobre o pregador e o povo.
Lemos num jornal o seguinte:
"Havia un1 velho cobrador de pedágio, numa tranqüila estrada do
interior, cujo hábito era fechar o portão à noite e tirar sua soneca. Numa noite
escura e molhada, lá pela meia-noite, bati à sua porta, chamando: "Portão,
portão!" "Já vou indo", dizia a voz do velho. Bati algum te1npo até que, afinal,
fiquei com tanta raiva que saltei do cavalo, abri a porta e pedi explicações por
que ele gritava, "Já vou indo", fazia vinte minutos, e nunca vinha. "Quem está
aí?" disse o velho numa voz calma, sonolenta, esfregando os olhos. "Que deseja,
senhor?" Depois, despertando: "Deus o abençoe, Senhor, e lhe peço perdão
porque estava dormindo; fiquei tão acostumado a ouvi-los bater, que respondo
que já vou indo em meu sono, e não tomo conhecÍinento de mais nada".
· Desse modo o ministério nada pode realizar, porque o ouvinte habitual
permanece em sono profundo, do qual só o Espírito de Deus pode despertá-
lo. Quando a influência secreta do céu cessa de falar ao coração, a n1elhor fala
ao ouvido pouco ou nada adianta.

54. Resposta aos Inquiridores


~~Que se responderá, p ois, aos n1ensageiros elos gentios? Que o SENHOR
fundou a Sião, e nela enconhan1 r efúgio os aflitos elo seu povon(Is 14.32).

É evidente que Sião atrai a atenção. Os mensageiros dos gentios indagam


a respeito dela.
A Igreja provoca a atenção devido:
1. À peculiaridade do seu povo.
2. À especialidade de seu ensino.
3. À singularidade de suas pretensões.
4. À g randio.') idade de .seus privilégios.
I. QUE PERGUNTAM OS MENSAGEIROS?
Concernen te a Sião, ou à l grcja, pergunram:

100
1. Qual é a sua origem? (51 78.68,69)
2. Qual é a sua história? (51 87.3)
3. Quem é seu Rei? (51 99.2)
4. Qual é sua constituição? (Gl 4.26)
5. Quais são suas leis? (Ez 43. 12)
6. Qual é seu tesouro? (Sll 47.12-14; Ap 21.2 1)
7. Qual é sua atual segurança? (5148. 13)
8. Qual é seu destino futuro? (SI 102.16)
II. POR QUE PERGUNTAM?
1. Alguns, por mero desprezo. Talvez, quando conhecerem mais, seu
desprezo se evapore.
2. Alguns, por zelosa curiosidade. Porém, muitos dos que vêm a nós
por esse pobre motivo são levados a Cristo. Zaqueu desceu da árvore,
de um modo como não havia subido.
3. Alguns, pelo desejo que ela exige pela franquia? Que se exigirá de
seus cidadãos? Haverá vagas para mais cidadãos?
III . POR QUE DEVERIAM RECEBER RESPOSTA?
1. Ela pode silenciar os sofismas.
2. Ela pode ganhá-los para Deus.
3. Para nós será bom apresentar uma razão da esperança que há em
nós.
4. Glorificará a Deus contar o que sua graça tem feito por sua igreja e
o que ela está preparada para fazer.
IV. QUAL DEVERIA SER A RESPOSTA?
1. Que sua origem está em Deus. "O Senhor fundoú a Sião".
2. Que seu povo é pobre em si mesmo, e confia em outrem. É uma
cidade para a qual os pobres vão em busca de refúgio, como n1uitos
fugian1 para a caverna de Adulão, por estaretn em divida ou por
estare1n descontentes.
3. Que a confiança deles está no alicerce lançado pelo Senhor.
Visitando uma passagem abobadada no palácio d e Nero, em Roma,
mostrararn-nos certos afrescos no teta. Para exibir tais afrescos, erguia-se tuna
vela nun1a vara telescópica, que passava de q uadro para quadro. Que a vela
represente o crente, e que ele esteja disposto a ser levantado de tal modo , na
viela, a ponto de brilhar sobre aqueles altos tnistérios de nossa fé sagr::tda, que,
de c urro n1o do, jan1ais seria percebida por o utros hotnens. No passado, san tos
eminentes serviran1 a tal propósito; suas vidas lançavam luz so bre verdad es
inapreci<ive is que, d e o utro n1odo, terian1 sido esquecidas.
Um jovem cafre, que foi trazido à Inglaterra, a fin1 de preparar-se para o
trabalho missionário em seu próprio país, quando levado à Catedral de SJo

I t liJ
Paulo, olhou pasmado para o zimbório durante algUin tempo, como que absorto
em maravilha, e, qua ndo, afinal, r01npeu o silêncio, perguntou: "Foi o h omem
que fez isro?" Aqueles que alcança1n mna boa visão da suntuosidade e da glória
do templo espiritual podem fazer p ergunta semelhante. Podemos dizer-lhes
que ((D eus é o arquiteto e edificador" de tal templo.
Os inquiridores deviam receber resposta. Nunca é bom ser mudo para
ouvidos atentos . Con1o disse alguém, com muita sabedoria: "Ten1os de dar
contas do silêncio ocioso, assim como da palavra ociosa" .
Nosso testemunho deve ser claro e vigoroso. A narrativa lúgubre que alguns
fazem de provações e tentações em país distante; esses seguidores improdutivos
e descontentes nunca farão qualquer pessoa dizer: "Quantos trabalhadores de
meu pai têm pão com fartura!" (Mark Guy Pearse) .

55. Nosso Esconderijo


"Cada utn servirá de esconderijo contra o vento, de refúgio contra a
t empestade"(Is 32.2).

Imensos benefícios vieram às nações mediante reis como Davi, profetas


co mo Samuel, libertadores como Gideão, legisladores como Moisés. Mas o
que são todos os homens juntos, quando comparados com o Home1n Cristo
Jesus?
Consideremos que:
I. ESTA VIDA ESTÁ SUJEITA A TEMPESTADES
1. Misteriosos furacões internos que causam a mais horrível confusão
Inental.
2. Esmagadoras ten1pestades de abatünento espiritual devido ao pecado.
3. Ataques selvagens de inimigos humanos, que escarnecem , difan1am,
ameaçam, etc.
4. Vendavais difíceis de perdas temporárias, privações e outras aflições.
II. O HOMEM CRISTO JESUS É NOSSO ESCONDERIJO DESSAS
TEMPESTADES
1. Como verdadeiro h01nem , simpatizando conosco.
2. C01no mais do que homem, governand o roda temp estade .
3. C01n o homem substituto: Nele somos liberros da ira divina; nele
estamos abrigados das rajadas de Satarüs; nele habi ra mos acim a da
provação, mediante comunhão feliz com ele.

110
4. Como o homem vindouro, não temos medo dás catástrofes políticas
ou das rupturas sociais, porquanto "ele deve reinar". O fin1 está
garantido. "Eis que vem com as nuvens" (Ap 1.7).
III. CUIDEMOS DE ABRIGAR-NOS NO HOMEM
1. Que esteja diante de nós, interpondo-se entre nós e o castigo do
pecado. Esconda1no-nos atrás dele, mediante a fé.
2. Que diariamente nos proteja do mal, como nosso escudo e refúgio
(51119.114).
6 vocês, que estão fora de Cristo, a tempestade está caindo! Venham a
este abrigo; apressem-se a vir para este esconderijo!
Ele é um esconderijo espaçoso: "Ainda há lugar". Como em Adulão todo
o exército de Davi pôde esconder-se, assim Jesus é capaz de receber exércitos
de pecadores.
Oculto-me sob as asas de meu senhor. durante a grande chuva, e as águas
não me atingem. Que os tolos riam a risada dos tolos, e zombem de Cristo, e
peçam aos chorosos cativos na Babilônia que cantem para·eles uma das canções
de Sião. Podemos cantar,mesmo em nossa tempestade do inverno, na
expectativa de um sol de verão, quando vier outro ano. Não há poderes criados
no inferno, ou fora do inferno, que possam frustrar a obra de nosso Senhor,
ou de estragar nosso canto de júbilo. Alegremo-nos e regozijemo-nos, portanto,
na salvação de nosso Senhor, pois a fé jamais causou olhos lacrimosos, ou uma
fisionomia triste, ou desfalecimento e morte (Samuel Rutherford).
Un1 abrigo de nada serve, se nos postamos diante dele. O pensamento
dominante de muitos pretensos cristãos está em suas próprias obras, sentÍlnentos
e realizações: colocar o nosso ego diante de Jesus é o mesmo que ficar do lado
do tnuro, onde sopra o vento. Nossa segurança está em ficar atrás de Jesus, e
deixar que ele se poste contra o vento. Devemos ficar totalmente escondidos,
ou Cristo não poderá ser nosso esconderijo.
Os beatos tolos ouvem falar do esconderijo, mas nunca entram nele. Quão
grande é a insensatez de tal conduta. Ela faz que Jesus não tenha valor ou
efeito algum. O que é um teto para um homem que fica ao ar livre, ou un1
barco para quem se afunda no tnar? Mesmo o h01nen1 Cristo Jesus, embora
ordenado por D eus para ser refúgio contra a ten1pesrade, a ninguém pode
abrigar senlo aqueles que estão nele. Venha, pois, po bre pec:1dor, enrre o nde
puder; esconda-se nele que, eviden re1nente, queria escondê-lo, pois ele recebeu
ordens par:1 ser esconderijo, e deve ser usado con1o tal ou, então, se perderia o
verdadeiro obj etivo de sua vida e n1orte.

III
56. Olhar que Vivifica
"Olhai para n1Ín1 e sede salvos, vós, t o d os os linlites da t erra; porque
eu so u Deus, e não há o tÜl"l) 71
(Is 4 5 .22).

As nações têm olhado para seus ídolos durante esses séculos todos, 1nas
em vão. Muitas delas estão olhando para suas filosofias elaboradas, mas tudo
em vão . .Falsas religiões, políticas, alianças, teorias, organizações e homens -
tudo será em vão para salvar as nações. Elas devem olhar para D eus.
I. QUE SIGNIFICA A PALAVRA "OLHAI'' COM REFERÊNCIA A DEUS?
1. Admitir sua realidade, olhando para ele. Considerar que há um
Deus, e entronizá-lo em nossa mente como uma verdadeira pessoa,
e verdadeiro Deus e nosso Senhor.
2. Dirigir-nos a ele em oração.
3. Reconhecer que só dele pode vir a salvação.
4 . Permanecer somente nele para a salvação. Manter os olhos fixos
nele como a estrada da manhã de nosso dia.
II. PARA QUE ASPECTO DA SALVAÇÃO DEVEMOS ASSIM OLHAR?
Para cada aspecto, desde o começo até ao fim.
1. Perdão. Este deve ser ato de Deus, e só pode vir mediante a expiação
que ele proveu em Cristo Jesus.
2. Prepara para o perdão, a saber, vida, arrependimento, fé. A graça
deve preparar-nos para mais graça.
3. Renovação do coração é a obra do Espírito Santo: olhe para ele a
fim de obtê-la. A regeneração deve vir s01nente do Senhor.
4. Sustento na vida espiritual vem somen te do Senhor. Todo
crescimento, força, fruto, deve ser buscado nele.
III . QUAL É NOSSO ESTÍMULO PARA OLHAR?
Olhe agora, neste exato momento.
1. A orden1 está no tempo presente: "Olhai para 1nin1".
2. A pron1essa está no n1esn1o tempo do verbo: "e sede salvos" . É u1n
faça-se tal como o «haja luz". O efeito é imediato.
3 . Sua necessidade de salvação é urgente: já esd perdido.
4. O tempo presente é seu, não tem outro tempo para usar; pois o
passado se foi , e o futu ro será presente quando vier.
5. Seu ren1po pode terminar em breve. A tnorte ven1 repen tinamen te.
A idade nos vem sorrateira. A vida mais longa é curta.
6. É o tempo que Deus escolhe; compete-nos aceitá-lo.
A este texto, abaixo de Deus, devo rneu próprio livramento do desespero.
Un1a explicação da obra de Jesus, feita por um humilde pregador leigo e sem
instrução, fez-se acompanhar de um apelo direto a mim. "Jovem, és miserável,
e nunca serás feliz, a menos que obedeças a esta mensagem. Olha! Olha!"
Olhei, e, naquele in~tante, perdi minha esmagadora carga de culpa. Tudo m e
era claro. Jesus havia levado os pecados de todos os crentes. Eu cri, e sabia que
ele havia levado os meus, e, portanto, eu estava livre. A verdade incomparável
de que o amor divino me substituiu, era luz e liberdade para a minha alma.
Um olhar me salvou e, para minha presente salvação, não tenho outro recurso
senão ainda olhar. "Olhando para Jesus" é um lema, tanto para o
arrependimento como quanto para o pregador, tanto para o pecador assim
como para o santo (C. H. S.).
Há uma história comovente de um célebre homem de letras: Heinrich
Heine, prematuramente incapacitado por enfermidade, e, finalmente, cardíaco
e esgotado. Em um dos museus de arte de Paris há a famosa estátua chamada
Vênus de Milo, a fascinadora deusa do prazer que, pelo rude acidente de tempo,
perdeu ambos os braços, mas ainda preserva muito de sua suprema e
encantadora beleza. Aos pés desta estátua, Heine atirou-se em remorso e
desespero, e, para empregar suas próprias palavras: <'Ali fiquei. por longo tempo,
e chorei tão apaixonadamente que uma pedra deve ter tido compaixão de
mim. A deusa olhou-me compadecidamente, porém ela era inútil para consolar-
me. Ela olhava como se quisesse dizer: ((Não vês que não tenho braço,s, e,
portanto, não posso prestar-te ajuda?" Assim, vão e inútil é olhar para qualquer
outro, em busca de socorro e conforto, exceto para aquele de quem se declara:
((Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar'?.
Alguns clérigos precisariam de un1a semana para dizer-lhe o que deve
fazer para ser salvo: rnas o Espírito Santo usa apenas cinco letras para fazê-lo.
C inco lerras - ((olhai!"
Não seja sen1elhante ao home m na casa de Intérprete (personagem de "O
Peregrino", de João Bunyan - nota do rradutor), cujos olhos estavam fixos no
chão onde varria, levantando Inuita poeira, e não erguia os olhos para aquele
que lhe oferecia un1a coroa celestial. "Olhai" para cima! "Olhai" para cima!

II ~
57. O Redentor Descreve-se a si Próprio
"Por que razão, quando eu vin1, ninguén1 apareceu? Quando cl1mnei,
nin~uén1 respondeu? Acaso, se en c olbeu tanto a n1inha 1não, que já
não pode r e1nir ou já não há força en1 111in1 para livrar? Eis que pela
n1inha repreensão faço secar o 1nar e torno os rios un1 deserto, até que
cheiren1 n1.al os seu s peixes; po is, n ão h avendo água, n1orren1 de sede.
Eu visto os céus de negridão e lhes ponho pano de saco por sua coberta.
O SENHOR Deus 111e deu língua d e erudit os, para que eu saiba dizer
boa palavra ao can sado. E le 1ne desperta todas as n1anhãs, clesperta-n1.e
o ouvido para que eu ouça con1o os eruditos. O SENHOR Deus n1e
abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não 1ne retraí. Ofereci as cost as
aos que m e ferian1 e as f aces, aos que n1e arrancavan1. os cabelos; não
esconcli o r osto aos que n1e afrontavmn e 1ne cu spian1" (Is 50.2-6).

Não havia ninguém para aceitar o desafio divino: ninguém para responder
pelo h omem culpado. Ao chamado de D eus por alguétn que pudesse salvar,
não' h o uve resposta, m as apenas o eco de sua voz.
I. EIS O MESSIAS COMO DEUS!
1. Ele vem em plenitude de poder. "Encolheu-se tanto a n1inha n1ão?''
2. Seu poder de salvar é igual àquele com o qual destrói. Sirva de
exemplo o Egito: "Faço secar o mar".
3. Seu poder é aquele que produz os fenôtnenos da natureza. "Visto os
céus de negridão".
4. Isso deveria excitar profunda gratidão, que aquele que repreende o
mar era ele n1esrno repreendido; aquele que veste os céus de negridão
esteve ele m es1no en1 trevas, por nossa causa.
II. EI-LO COMO O MESTRE INDICADO
1. Obediente em todas as coisas: "Não fui rebelde". Em nenhun1 ponto
Jesus rejeitou a vontade do Pai, n etn mes1no no Getsêmani.
2 . Perseverando etn todas as provações: "Não n1e retraí". Ele não
abandonou a tarefa <írdua, mas fez seu rosto como u1n seixo para
lev<í.-la de vencida .
.~. Corajoso em tudo: co nforme se vê no ve rsículo seguin te do texto.
Que modelo para nosso serviço! Considere-o e in1ite-o.
III. EI-LO COMO O SOFREDOR INCOMPARÁVEL!
1. Sua co mplera submissão; suas costas, sua L1ce, seu cabelo, seu rosro.
2. Sua submissão espontânea: «Ofereci as costas ·aos que rne feriam".
"Não escondi o rneu rosto".
3. Sua submissão hun1ilde, suportando o açoite cruel, e o máxüno de
zombaria: "afronta e cusparadas".
4. Sua subrnissão paciente. Nern urna palavra de reprovação ou de
ressentunento.
Junte o primeiro ,e o último: Deus e o Sofredor. Que condescendência!"
Que capacidade de salvar!
Junte os dois nomes do meio: o Mestre e o Servo, e verá quão docemente
ele serve ensinando e ensina servindo.
Imagino-me colocado no mundo, no tempo quando se esperava o Cristo,
e incumbido de anunciar-lhe que Deus estava para mandar seu próprio Filho,
havendo-o dotado de "língua de eruditos". Que alvoroço em todas as escolas
de filosofia! Que ajuntamentos dos sábios da terra!
Mas essa pessoa divina falará por si mesma à multidão reunida de filósofos
e sábios. "Sim, o Senhor Deus deu-me a língua de eruditos; e desci para que
pudesse falar com aquela língua a todas as nações da terrá. Porém, ele não me
deu a língua para que eu pudesse contar corno. rolam pelos espaços as estrelas
e os planetas, ou resolver as disputas dos sábios".
Ele não me deu a língua para que eu soubesse falar-lhes uma palavra, a
vocês, disputadores deste mundo; n1as simplesmente para que eu soubesse
dizer palavra oportuna ao cansado. Oh, quão abatidos estão os semblantes
cheios de expectativa dos filósofos e sábios! "Isso é tudo?" exclamam eles. "Foi
só para isso que se concedeu a língua de eruditos? Isso requer, ou pode isso
en1pregar a língua de eruditos?"
Não, homens de ciência, não se retirem irados. Com toda a sua sabedoria
nunca foram capazes de fazer isso. O cansado os buscou ern vão. Ele .não
encontrou "palavra no rnornento oportuno", nenhuma palavra de conforto e
sustento; por que se indignam, pois, com o ramo de conhecimento aqui
atribuído à "língua de eruditos"? (Henry M elvill)

58. O Rosto do Redentor Permanece como um Seixo


"Porque o SENI-IO.R Deus 1ne ajudou, pel o que não n1e se nti
en\'c~rgtl nhadu; por isso, {i z o n1eu ro sto como un1 se ixo e se i que não
serei envergonhado" (ls 50.7).

Não havia se ixo no coração de Jesus, mas havia muito em sua face. Ele era
rào resoluro quão subn1isso. Leiamos juntos o versículo seis e este - "Nilo
escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam [... ] Fiz o 1neu rosto
como um seixo". Bondade e resolução estão casadas.
Em Lucas 9.51, lemos: ''Manifestou, no semblante, a intrépida resolução
de ir para Jerusalém". Em nosso Senhor não havia desvio, embora ninguétn o
ajudasse e todos o atrapalhassem. Não ficava confuso com os pensamentos de
sua própria alnu, netn se envergonhava ante a zon1baria dos outros.
I. PROVADA A SUA INTRÉPIDA RESOLUÇÃO
l. Pelas ofertas do mundo. Eles fariam dele um rei.
2. Pelas persuasões dos amigos. Pedro censurou-o. Todos os discípulos
se maravilharam em face a sua determinação. Seus parentes
procuravam uma carreira muito diferente para ele.
3. Pela indignidade de seus clientes. Aquele que comia pão com ele o
traiu. Seus discípulos o abandonaram e fugiram. A raça toda
conspirou para tnatá-lo.
4. Pela amargura que ele provou, ao entrar nesta obra grande . .
5 . Pela facilidade com que poderia ter abandonado a empresa. Pilatos
teria soltado a Jesus, se ele o tivesse pleiteado. Legiões de anjos teriam
vindo em seu resgate. Ele mesmo poderia ter descido da cruz.
6. Pelos insultos daqueles que zombavam dele. O povo, os sacerdotes,
os ladrões: "Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo".
7. Pela tensão total da agonia de morte. A dor, a sede, a febre, o
desfalecimento, a deserção, a morte: nenhum desses fatores o
demoveu de sua invencível resolução.
II. SUA INTRÉPIDA RESOLUÇÃO IMITADA
1. Nossa finalidade deve ser a glória de Deus, como era a dele.
2. Nossa instrução deve ser o ensino de D eus, como era a sua.
3. Nossa vida deve combinar obediência ativa e passiva, como a sua
vida combinava (ver versículos 5 e 6).
4. Nossa força deve estar em Deus, como estava a dele.
5. Nosso caminho deve ser o da fé, como era o seu. N otemos o versículo
dez, e sua notável ligação com o assunto todo.
6. Nossa resolução deve ser feita cuidadosamente, e levada a cabo
resolutamente, até que possamos dizer, etn nossa n1aneira e grau:
"Tudo está consun1ado".
Um apoio divino e secreto foi pres tado à natureza humana de nosso
red entor; poi s ~1 grande obra em que ele estava empenhado d etnandava
abundante energia. Disse alguém , co m muito acen o, que ''teria quebrado os
corações, as costas e os pescoços de todos os glo riosos anjos do cé u, e de todos
os poderosos hom ens na terra, se el es se ti vesse1n en1penhado nessa obra".

11 6
Jesus confiou na ajuda do Pai, segundo nosso texto; é isso o cap:1ci tou :1
contetnplar os tren1endos inilnigos da paixão com uma resolução do tipo
mais intrépido.
Fé en1 Deus é o n1elhor alicerce para a firme resolução, e a firme resoluç5o
é o melhor preparativo para u1n grande en1preendimento. Nada h á tão duro
que não possa ser cortado por algo mais duro: contra seu duro labor, nosso
Senhor firmou sua determinação mais dura ainda. Seu rosto era como um
seixo; não pode virá-lo para que ele deixe sua obra, nem enternecê-lo para
compadecer-se de si mesmo. Estava firmado nisso: devia morrer, porque queria
salvar seu povo; e devia salvar seu povo, porque o amava mais do que a si
mesmo.
Os santos se esforçam por imitar a firme resolução de seu Senhor em
render-se. Por exemplo, um campônio escocês, morrendo como mártir no
cadafalso, disse: ((Vim aqui para morrer por Cristo, e se tivesse tantas vidas em
minhas mãos como tenho cabelos na cabeça, eu daria todas por Cristo".
Oh, que mar de sangue, mar de ira, de pecado, d~ tristeza e miséria o
Senhor Jesus teve de atravessar para seu bem interior e eterno! Cristo não
alegou: ((Esta cruz é por demais pesada para eu suportá-la; esta ira é grande por
demais para que eu fique sob ela; este cálice, que contém em si todos os
ingredientes do desagrado divino , é amargo demais para eu tomar um gole,
quanto mais para sorvê-lo todo! " Não, Cristo não se baseia nisso; não alega
dificuldade no serviço, mas vence tudo, resoluta e heroicamente, confonne
mostra o profeta. C risto não trata com menosprezo a ira do Pai, a carga de seus
pecados, a malícia de Satanás e a fúria do mundo, mas suave e triunfantemente,
vence a tudo isso.
Ó alrnas, se esta consideração não elevar seu espírito acima de todos os
desestímulos co1n que se encontram, para possuírem a Cristo e seu serviço, e
para aderiretn e apegarem a Cristo e seu serviço, receio que nada o fará! Uma
alma que não é comovida por isto, que não é erguida e levantada por isto, a
fim de ser resoluta e corajosa no serviço de Deus, não obstante todos os perigos
e todas as dificuldades, é uma alma abandonada de Deus a n1uita cegueira e
dureza (Thomas Brooks).

59. Cristopatia
~~"Pelas suas pisacluras .fon1os sarados" (Ts 5.3.5).

Que capítulo! Uma Bíblia e1n miniaturJ. O evangelho em sua essência.


Quando nosso assunto nos aproxin1a da paixão d e nosso Sen h or, n ossos

I I7
scncin1encos d everiarn ser profundarnente solenes, nossa atenção solenemente
~t rdente. Ouçarn, o azorrague está caindo! Esqueçarn-se de tudo, exceto das ((suas
pisaduras". Cada un1 de nós ten1 pane na flagelação; nós o ferimos, por certo; é
do cerro que ((pelas suas pisaduras fon1os sarados"?
Observemos corn profunda atenção:
I. QUE DEUS TRATA AQUI O PECADO COMO UMA DOENÇA
O pecado é rnuito pior do que uma doença; é um crime intencional;
mas a misericórdia de nosso Deus leva-o a considerá-lo sob esse
aspecto, a fin1 de que possa lidar com ele, ern graça.
1. O pecado não faz parte essencial do homem, confonne foi ele criado:
é algo anormal, perturbador e destrutivo.
2. O pecado põe as faculdades fora dos eixos, rompe o equilíbrio das
forças vitais, assim como a doença perturba as funções orgânicas.
3. Enfraquece a energia moral, como a doença debilita o corpo.
4. Causa dor, ou amortece a sensibilidade, conforme o caso.
5. Com freqüência, produz poluição visível. Alguns pecados são tão
aviltantes como a lepra era no passado.
6. Tende a aumentar no hornem, e se revelará fatal, antes que decorra
multo te1npo.
O p ecado é uma doença hereditária, universal, contagiosa, deformadora,
incurável, mortal. Nenhum rnédico humano pode lidar com ele. A morte, que
põe tern1o a toda dor do corpo, não pode curar essa doença: ela exibe seu
poder supremo na eternidade, depois que o selo da perpetuidade foi posto
sobre ela por mandado. ((Continue o imundo ainda sendo in1undo".
II. QUE DEUS DECLARA AQUI O REMÉDIO POR ELE
PROVIDENCIADO
Jesus é seu Filho, a quen1livreinente entregou por todos nós.
1. Eis o ren1édio celeste: as pisaduras de Jesus, o corpo e na alma.
Cirurgia singular, o próprio Curador é ferido, e esse é o rneio da
nossa cura.
2. Lembre-se de que essas pisaduras foram substitutivas: ele sofreu em
nosso lugar.
3. Aceite essa expiação, e estar<Í. salvo por ela. A oração roga pela cirurgia
divina. A crença é o tecido de linho que retém o emplastro. A ve rdade
é a mão que a segura junto à ferida. O arrependim ento é o primeiro
sinroma da cura.
4 . Não deixe que co isa algLUna interfira no único rern édio . Veja os luga-
res próprios da oração, da fé c do arrependim ento; não faça rnau uso
delas, L1zendo d elas rivais das "pisaduras". Pelas pisaduras de Jesus

110
son1os sarados, e só por elas. Deus apresenta utn retnédio, o único
ren1édio. Por que buscar outro re1nédio?
III. QUE ESSE REMÉDIO DIVINO É IMEDIATAMENTE EFICAZ
1. N ossa consciên cia é curada de seu sofrimento: aliviada, 1nas não
amortecida.
2. Nosso coração é curado de seu an1or ao pecado. Odiamos o m al que
açoitou o nosso an1ado.
3. Nossa vida é curada de sua rebeldia. Tornamo-nos zelosos de boas
obras. Se está sarado, comporte-se de acordo com isso. Abandone a
companhia enferma. Faça a obra de um hometn saudável. Louve ao
Médico e sua cirurgia singular. Publique lá fora os seus louvo res.
A árvore do bálsa1no verte sua resina balsâmica, para curar as feridas
daqueles que a corran1; e nosso bendito salvador não fez a mesma coisa?
Zombatn dele, e ele ora por eles. Derrarnarn seu sangue, e ele torna-o em
remédio para a cura deles. Perfuram-lhe o coração, e ele abre ali uma fonte
para o pecado e a itnpureza deles. Já se ouviu dizer algum~ vez, antes ou depois,
que um m édico sangrasse e, d esse modo, curasse os seus pacientes, o u que um
príncipe ofendido n1orresse para expiar as traições dos seus súditos rebeldes?
Nosso bálsamo celeste é uma cura para todas as enfennidades. Se você se
queixa de que n ão há pecados como os seus, lembre-se de que não há salvação
como a de C risto. Se tern cotnpletado o circuito do pecado, lembre-se de que
o sangue de Jesus C risto purifica d e todo o pecado. Ninguém jamais pereceu
por ser grande pecador, a menos que também fosse um pecador incrédulo.
Jatnais deixou de ser curado u1n p aciente que aceitou do grande M édico o
bálsatno de seu sangue expiador.
Veja como C risto, cuja tnorte lhe foi tão amarga, se torna en1 doçura para
nós. A rejeição foi dele, n1as a aceitação é nossa. A ferida foi dele, mas a cura é
nossa. O sangue foi dele, mas o bálsamo é nosso. O s espinhos foram dele, m as
a coroa é nossa. A morte foi dele, mas a vida é nossa. O preço foi dele, tnas a
con1pra é nossa. H á m ais poder no sangue de C risto para salvar do que ein seu
pecado para destruir. Creia apenas no Senhor Jesus, e sua salvação será realizada
(arualizado d e Spiritual Chymist, de Spurstow).
Você, que vive desse re1nédio, fale bem dele. Conte a o utros , ~l medida
em que tiver oportunidade, que encontro u o salvador. Se todas as pessoas que
sentiram a eflckia das feridas de un1 salvador n1oribundo, apreendida pela fé,
publicassem seus casos, quão grandes se demonstrarian1 seu poder e graça! (John
N ewton).
Ele sara a n1ente de sua cegueira; o coração, de sua dureza, a natureza, de
sua perseverança; a vontade, de sua relutância; a n1e1nória, de seus deslizes; a
consciência, de seu entorpecimento e as afeições, de sua desordem, tudo de
acordo com suas graciosas promessas (Ez 36.26, 27) (John Wilson).
O dr. Cheyne era Lun médico tão eminente quão piedoso, mas admitia-se
que era severo em seu regime. Quando receitava, e o paciente con1eçava a fazer
objeções ao tratamento, dizia: «Vejo que você ainda não está bem doente para
. ,
mlm.
Alguns ainda não estão bem doentes para Cristo- queremos dizer, em
seu próprio entendimento, mas, quando descobrem e sentem que estão
completamente perdidos, e não têm outra ajuda ou esperança, de todo o coração
consentem em suas recomendações, conquanto misteriosas, conquanto
humilhantes, conquanto difíceis (Jay).

60. Arrependimento
"Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensarnentos; converta-
se ao SENHOR, que se co1npadecerá delen (Is 55.7).

Este é o grande capítulo de convite do evangelho. Quão livre! Quão pleno!


Quão claros e presentes são os chamados para receber a graça!
· I. NATUREZA DA CONVERSÃO
1. Ele se relaciona com a vida e a conduta. O ((caminho" do homem.
Seu caminho natural: aquele no qual corre, quando abandonado a
si mesmo. Seu caminho habitual; com o qual está acostumado. Seu
caminho predileto; onde encontra o seu prazer. O caminho geral; a
estrada larga na qual pode correr. Esse caminho, diz o nosso texto,
deve ser "deixado". Deve o hon1em arrepender-se em atitude e ação.
Não basta que ele adtnita que o canlinho é errado; professe estar
triste por segui-lo; resolva deixá-lo, e fique só em resolução, ou
movin1ente-se nele mais cautelosamente.
Não , deve deixá-lo totalmente, de imediato, e para sempre.
2. Ela se relaciona con1 o hon1em no tocante a Deus. ((Converta-se ao
Senhor".
Ela lhe pede que ponha un1 paradeiro ao orgulho, à negligência, à
oposição, à desconfiança, à desobediência e a todas as den1ais forn1as
de alienação do Senhor. O perverso d eve f12er rneia volta c voltar:
não tnais andar de un1 Jado para outro, n1as volta r ao lar.
II. O EVANGELHO DA CONVERSÃO
1. Ele cotua com un1a pron1 ess~1 segura. "O Senhor se con1padecerá
dele".

I ..J")
l
2. O perdão que o acompanha resulta de uma expiação plena, que ro rn ;1
o p erdão abundante, justo, seguro e fácil de crer para a consciência
despertada.
Que o p ecador considere a necessidade de total mudança de pensainen to
no seu interior, e de seu ca1ninho no exterior! Deve ser algo completo e radical,
ou não terá utilidade.
Total e tenível ruína deverá advir, se continuar no n1al. Possa esta hora
ver o momento decÍsivo no curso de sua vida! Deus disse: "Converta-se". O
que o impede?
Willian1 Burns pregava certa noite ao ar livre, a uma enorme multidão.
Nem bem terminara, quando um home1n se dirigiu timidamente a ele e lhe
disse: "Ó senhor! q uer vir comigo e ver minha mulher, que está morrendo?"
Burns anuiu, mas o homem disse imediatamente: ''Mas receio que quando o
senhor souber onde ela está, n ão queira vir". "Irei onde quer que ela esteja",
respondeu ele.
Então, o homem, tremendo, disse-lhe que era proprietário da mais
inferior taverna, em um dos mais miseráveis distritos da cidade. "Não importa:",
disse o missionário. "Vamos embora". Enquanto iam , o homem olhou no
rosto do servo de Deus, e disse com seriedade: "Ó senhor, vou desistir do
negócio quando vencer o prazo". Burns replicou: " Não h á prazos com Deus".
Por 1nais que o pobre publicano, tremendo, tentasse conseguir que Burns
conversasse com ele a respeito do estado de sua alma e do caminho da salvação,
foi incapaz de extrair dele outra palavra além destas - "Não há prazos com
Deus".
C hegaram, afinal, à loj a. Atravessaram-na, a fim de chegar ao quarto de
n1orte. Após breve conversa com a mulher moribunda, o servo do Senhor se
pôs a orar, e, enquanto orava, o publicano deixou o quarto, e logo se ouviu um
barulho, algo semelhante a uma rápida sucessão de fortes pancadas com um
grande Inartelo. Não era aquele um barulho muito inadequado para se fazer
nun1a ocasião tão solene como aquela? Estaria louco o homem? Não.
Quando Burns chegou à rua, notou que a tabuleta onde o publicano
anunciava as m ercadorias estava espalhada em pedaços n a calçada. O negócio
fo ra abandonado de tuna vez para se1npre. Na realidade, o h01nen1 havia voltado
as costas para sua taverna inferior, e se co nvertera ao Senhor, que tivera
mis ericórdia d ele, e se volta ra para o nosso De u s, o qual p e rd oo u
ab unda nteinente todos os se us p ecados. Nada transpirou en1 sua vida
posterior para desacreditar a realidade de sua conversão (William Brown, em
}~yjit! Sounc~ .
61 . Rico em Perdoar
"Converta-se ao SENI-IOR, que se con1.paclecerá dele, e volte- se para o
nosso D eu s, porque é rico en1 penloar " (Is 65 . 7 ).

T. CONSIDEREMOS A ABUNDÂNCIA DO PERDÃO DIVINO


1. A abundância dos objetivos do perdão. D esde os dias de Adão até
hoj e, D eus tein perdoado multidões dentre os povos, classes e idades.
Prontan1ente perdemos a paciência, quando muitos ofendem, tnas
não é assim con1 o nosso D eus. "Tens perdoado a este povo desde a
terra do Egito até aqui" (N m 14.19).
2. Os pecados abundantes que são perdoados. Que1n pode contar os
pensamentos, pálavras e atas que são perdoados! São repetidos ad
nrtuseam (até a náusea) (Is 43.24; Ap 3.16).
3. Os m eios abundantes de perdão.
A expiação de seu Filho, e a sua justiça.
O mérito infinito do advogado imortal.
O Espírito Santo sernpre presente para aplicar as provisões do
evangelho.
4. A facilidade abundante das condições de perdão.
Não há condições pesadas de penitência ou purgató rio.
Basta pedir e obter; arrepender-se e confiar.
Inclusive o arrependimento e a fé necessários tambén1 são conferidos.
5. A abundante plenitude do perdão.
Este cobre todo o pecado, passado, presente e porvir.
6. As bênçãos abundantes que o acompanhatn.
Liberdade do poder dominador do pecado inerente.
Adoção do crente na fatnília celestial.
Aceitação tão plena que podemos desafiar os acusadores.
Comunhão com o Deus três vezes santo.
Admissão final na própria glória, com os perfeitos.
II. CONSIDEREMOS SUAS INFERÊNCIAS PRÓPIUAS
1. Não há, pois lugar para o desespero. Se o Senhor perdoasse apenas
un1a vez e outra, seria bon1 buscar seu favor, n1estno na escassa
oporrunidade d e obr~- l o; m as, agora, voltemo- nos p ara ele en1
segurança e esperança, cerros do perdão.
2. Aqui esd um convire es pecia l para os piores pecadores, visto co1no
a n1isericórdia abundante é n1uitíssitno apropri ada para seu caso; e,
de modo algum, o menos culpado deixe de vir, pois h~i lugar para
vlcs.
I J I
3. Se tal n1isericórdia for tnenosprezada, podetnos estar certos de qtl l '
tal atitude trará grande ira.
O pecad o, que não é grande d emais para ser abandonado, não é grande
den1ais para ser perdoado. Q ue é un1a pequena fagulha de fogo, se ela cai no
tneio do oceano? Assin1 são os p ecados d e utna pessoa arrependida, quando
tratados pela misericórdia de D eus (Thomas Horton).
U1n dos cativos seguidores do Duque de Monmouth foi trazido perante
Jatnes II. ''Sabes que está em m eu poder perdoar-te?" disse o rei. "Sim", disse o
homem que conhecia bem seu caráter cruel, "mas não está em vossa natureza".
Conquanto imprudente fosse esta resposta, sua veracidade logo se comprovou.
Felizn1ente, sabem os que D eus n ão só tem o p oder, m as também tem a
disposição para n1ostrar nlÍsericórdia. "Ao Senhor, n osso D eus, perten ce a
misericórdia".
Senhor, antes d e eu cometer um pecado, ele 1ne parece tão raso que posso
atravessá-lo a pé enxuto, isento de qualquer culpabilidade; m as depois que o
cometi, muitas vezes ele n1e parece tão profundo que só me resta afogar-m e.
Desse 1nodo, estou sempre nas extremidades: ou meus pecados são tão pequenos
que não precisam de qualquer arrependimento, ou tão grandes que não podem
obter o teu perdão. E1npresta-me, ó Senhor, uma canoa de teu santuário, na
tnedida exata da dimensão de minhas ofensas. Mas, oh! à medida em que n1e
revelares 1n ais de minha nüséria, revela-me ta1nbé1n m ais de tua misericórdia;
para que, se rninhas feridas, em m eu entendimento, se ampliarem mais do que
tuas tendas, 1ninha alma corra para elas. Se m inha 1naldade parecer maior do
que a tua bondade, apenas a espessura de um fio d e cabelo, ao menos por un1
mo1nento, ainda assim haja espaço e te1npo suficientes para eu ficar en1 eterno
desespero (Thomas Fuller).

62. Volta! Volta!


u\ lolta, ó pérfida Israel, diz o SENI-l O R': Convertei-vos, ó filbos rebeldes,
diz o SENHOR': u\ Tohai, ó filhos rebeldes, eu curar ei as vossas rebeliõesn
(Jr 3.1 2, 14,22).

É terrível que un1 cren te se rebele.


T lo grande 1nisericórdia lhe fo i den1onsrrada.
Tão grande am or desfrutou .
Tlo gra ndes perspectivas estão dian te dele.
Tão gra nde conforto é sacrificado por sua rebeldia.
I. ADMIRAÇÃO DESPERTADA PELO CHAMADO
Parece que h avia muitos motivos pelos quais o Senhor não deveria convidar
o rebelde a voltar. Seguiremos a orientação do capítulo, que recompensará
ricatnente uma exposição cuidadosa.
I . O zelo costumeiro do amor. Notemos a terrível imagem do versículo
um. Uma adúltera d evassa tem perm issão d e voltar a seu marido.
2. A abundância do pecado: "Poluíste a terra" (v. 2). A própria terra
· sentiu a lepra da idolatria.
3. A perversão da misericórdia. D eus n ão conserva a sua ira para sempre,
e eles pecaram o mais que puderam, por causa da sua lo nganimidade
(v.5).
II. LEMBRANÇAS SUSCITADAS PELO CHAMADO
Ele não lembra você de outros dias?
1. Quando pela primeira vez veio a Jesus?
2. Quando era feliz com o utros crentes?
3. Quando podia ensinar e advertir a outros?
4. Quando começou a d esviar-se um pouco?
.III. INSTRUÇÕES DADAS PARA FACILITAR A OBEDIÊNCIA AO
CHAMADO
1. "T ão-som ente reconhece a tua iniqüidade" (v. 13). Que problema
simples!
2. Lamentar o mal: '' Pranto e súplicas" (v. 2 1). Não lamen ta os seus
p ecados m esmo agora?
3. Fidelidade renovada sinceramente: "Eis-me aqui, viem os ter contigo;
porque tu és o Senhor nosso D eus" (v. 23).
IV. PROMESSAS FEITAS AOS QUE RESPONDEM AO CHAMADO
Esses obterão -
1. Orientação especial: "E vos levarei a Sião" (v. 14) .
2. A limento próprio: " Que vos apascentem com conhecimento
(v. 15).
3 . Introspecção espiritual (ver vs. 16 e 17).
Corn relação ao rebelde conscien te, o tríplice convite deve n1ostrar
~
urgencra: . "' vor 1tal..,, "Converter-vos.
. r 1taL
r" "' vo .,,
Eu estava ca nsado de um coraç8.o frio com relação a C risto e seu sacrifício
c ;1 obra de seu Espíri to - de um coração fri o no púlpito, na oração secreta e no
estudo. Nos quinze an os anteriores eu sentira meu coração arder interiormente,
como se fosse para Emaús com Cristo.
N um dia q ue jan1ais esquecerei, enquanto ia de Dogelly para fvfachynllcrh,
l ' st1hia e m din:~·J.o d e C ;1da ir Idri s, co nsiderei q ue era m eu d eve r orar, embora

1.'·1
sentisse duro o coração e fosse mundana a estrutura de ~eu espírito. Tendo
começado em o nome de Jesus, log senti como se as algemas fossem afrouxadas,
e a antiga dureza de coração foi abrandando-se, e, conforme eu achava,
montanhas de gelo e de neve iam dissolvendo-se e derretendo dentro em min1.
Esse fato gerou em minha alma a confiança na promessa do Espírito Santo.
Senti a minha mente aliviada de grande escravidão: as lágrimas corriam
copiosamente, e fui constrangido a clamar pelas graciosas visitas de Deus,
restaurando em minha alma a alegria de sua salvação (Christmas Evans).
Às vezes fico inteiramente atordoado em face das excessivas riquezas de
sua graça. Como pode Cristo continuar perdoando dia após dia, e hora após
hora; às vezes, por vergonh a, quase sinto medo de perguntar (A. L. Newton).
É como disse o poeta:
Assemelhar-se ao homem é cair em pecado,
Assemelhar-se ao diabo é habitar no pecado,
Assemelhar-se a Cristo é afligir-se pelo pecado,
Assemelhar-se a Deus é deixar o pecado (Longfellow).

63. Impiedade Resoluta


"Não quiseram voltar" (Jr 5.3).

L QUEM NÃO QUIS VOLTAR?


1. Aqueles que disseram tanto. Com honestidade ou presunção fora
do comum, fizeram pública declaração de que nunca deixariam seus
caminhos pecaminosos.
2. Aqueles que fizeram promessa de arrepender-se, mas não a
cumpnram.
3 . Aqueles que ofereceram outras coisas, em vez de volta verdadeira a
Deus: cerimônias, religiosidade, moralidade e coisas sen1elhantes.
4 . Aqueles que apen as voltaram na aparência. Formalistas, meros
professantes e hipócritas.
II. O QUE ESSA RECUSA REVELA
1. Intenso amor ao pecado.
2. Falta de a1nor ao grande Pai, que lhes pedi u q ue voltasse1n.
3. D esprezo a D eus: rejeitaram seu conselho, sua orden1, c inclusive, a
ele mesmo.
4. Resolução de prosseguir no mal. Esse é seu supren1o orgulho , "não
quiseram voltar".
5. Leviandade en1 assuntos sérios. Estão ocupados demais, estão ansiosos
demais por alegria, etc. Ainda há n1uito ten1po.

I :../"I
III. QUAL O VERDADEIRO MOTIVO DESSA RECUSA?
1. Pode ser presunção; talvez so nhem que já estão no caminho certo.
2. Às vezes é pura negligência. O h01netn recusa-se a considerar seus
m elh o res interesses. Resolve ser negligente; tnorte e inferno e céu
são para ele brinquedos para divertir-se.
3 . Aversão à santidade. No fundo h á isto : os homen s n ão podem
suportar a hutnildade, a abnegação e a obediência a Deus.
4·. Preferência pelo presente, acima do futuro eterno .
D a cruz do Senhor Jesus vetn o co nvite para que volte. Apresse-se a voltar
para o lar!
A porta do céu fecha de baixo, não de cima. "Mas as vossas iniqüidades
fazem separação", diz o Senhor (Williams, de Wern) .
Lord Byron , pouco antes d e seu falecimento, foi o uv ido a dizer " D everei
in1plo rar misericórdia? lrnplorar rnisericórdia(' Depois de uma longa pausa,
acrescentou: "Vamos, vam os, nada d e fraquezas; sejamos homem até o fim!"
O motivo pelo qual um homem mau n ão se volta para Deus n ão é p orque
não pode (embora não possa), mas porque não quer. Não poderá ele dizer no
dia do julgamento: "Senhor, tu sabes que eu fiz o melhor que pude para .s er
santo, mas não consegui". O homem que n ão tinha as vestes nupciais n ão
poderia dizer: "Senhor, não consegui obtê-las" . E le apen as "emudeceu"
(W. Fenner).

64. O Descanso Como Sinal


"Perguntai pelas veredas antigas, qual é o bon1 cmninhoi a ndai por e le e
ach ar eis descan so para a vossa al1na n (J r 6.16).

O asp ecto distintivo do bon1 e antigo caminho é que nele ach amos
descanso para as nossas altnas.
O d escanso nunca se acha à parte d o evangelho e da fé ern Jesus.
O descanso não vem da riqueza, d a saúd e, da honra, ou de qualquer
o utro bem terreno.
I. NO "BOM CAMINHO" AC HAMOS DESCANSO, SE ANDARMOS
NELE
1. O ca minho do pe rd ão, m ed ia nte a ex piação, d<1 d esca n so à
• A •

consCienCia.
2. O c uninho da fé na Palavra, com o uma criança, d~1 desca nso ao
en rendimen w .
.-L() camin ho de co nfi ar nossos negócios a Deus (Lí desca nso à m ente.

I 1
(1
4. O caminho de obedecer às ordens divinas dá descanso à ahna.
5. O caminho da comunhão corn Cristo dá descanso ao coração.
II . DESCANSO ACHADO POR ANDAR NO ((BOM CAMINHO" É BOM
PARA A ALMA
1. Traz satisfação, 1nas n ão auto-satisfação.
2. Traz senso de segurança, mas não leva a pecado presunçoso.
3. Cria contentamento, tnas tambétn excita desejos de progresso.
III. DESCANSO DESSE TIPO DEVE SER DESFRUTADO AGORA
1. Você ·deve estar no ca1ninho, saber que está nele, e tentar manter-se
bem no meio da estrada. Creio verdadeiramente em Jesus, e o perfeito
descanso virá. "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus"(Rm 5.1).
2. Você não deve ter dúvidas de que o caminho é bom, e que é o
caminho do Senhor.
3. Você deve sentir intensa satisfação em Jesus. Assim fará, a menos
que viva à distância dele, e desse modo perderá sua presença e seu
sorriso. Um Cristo presente é uma fonte de deleite.
Desafiamos aos rornanistas, aos sacramentalistas, aos autojustificadores e
que tais a que digam se têm qualquer descanso. Roma não o promete, nem
mes1no aos seus próprios adeptos, quer neste mundo, quer no mundo vindouro;
mas continua rezando suas missas para o repouso das almas de seus próprios
cardeais falecidos, que evidentemente não estão em descanso. Se seus mais
eminentes sacerdotes vão para o purgatório, onde ficará o povo em geral?
Convidamos a todos os que labutam e se afadiga1n, a vir e experimentar o
Senhor Jesus, e ver se ele não lhes dá descanso imediato e para sempre.
Chama-se "o bon1 ca1ninho". Não é o caminho fácil; o preguiçoso· e o
tolo buscam esse, mas não vale a pena buscá-lo, pois conduz à pobreza e à
perdição. Tambén1 não é o caminho popular, pois poucos há que o encontram.
Porém é o bon1 caminho, feito por um bom Deus, em infinita bondade para
as suas criaturas; pavimentado por nosso bom Senhor Jesus, con1 dores e
rrabalhos in1ensuráveis; e revelado pelo botn Espírito àqueles cujo bem eterno
ele busca (C. H . S.).
Aqui hJ uma trilha repisada sob nossos pés. Conservemo-la. Pode ela
bem ser o mais cuno caminho; pode não nos conduzir por todas as mar~w ilhas
e sublimidades que pedestres mais ousados puderam ver: poden1os perder
pitoresca queda de ~í.gua, uma nod.vel geleira , uma vista encantadora: mas a
trilha nos levad seguros a nossos alojamentos, onde passa r a noite (Dr. Dale) .

127
65. O Etíope
"Pode, acaso, o etíope n1udar a sua pelen (J r 13.23).

Jeremias falara àquelas pessoas, e elas não lhe deram ouvidos; chorara por
elas, e elas não o levaram a sério. Os próprios juízos de Deus não conseguiram
1novê-las, e ele chegou à conclusão de que elas eram incorrigíveis e não podiam
melhorar, tal como um negro não pode tornar-se branco.
I. A PERGUNTA E SUA RESPOSTA: ''PODE ACASO O ETÍOPE
MUDAR SUA PELE?"
A resposta que se espera é: ((Não pode".
A impossibilidade exterior é mudar o etíope a cor de sua própria
pele, um experimento físico ainda não realizado.
A impossibilidade interior é a mudança de coração e caráter, por
alguém ((acostumado a fazer o mal".
Pode ele- quererá ele- transformar-se? Nunca.
A dificuldade, no caso do pecador, está -
1. Na força do hábito. O uso é uma segunda natureza. A prática da
transgressão tem forçado cadeias e amarrado o homem ao maL
2. No prazer do pecado, o que fascina e escraviza a mente.
3. No apetite do pecado, que adquire intensidade proveniente da
indulgência. Embriaguez, lascívia, cobiça, etc., são uma força
crescente.
4. Na cegueira do entendimento, que impede os homens de verem o
mal de seus caminhos, ou notarem o perigo dos mesmos.
Por esses motivos, respondemos à pergunta na negativa: os pecadores não
poden1 regenerar-se, assim como o etíope não pode mudar a pele.
Por que, então, pregar-lhes?
É ordem de Cristo, e temos por obrigação obedecer.
A incapacidade deles não impede nosso ministério, pois pode
acompanhar a Palavra.
Por que dizer-lhes que é seu dever arrependerem-se?
Porque é assim: a incapacidade moral não é desculpa; a lei não deve
ser rebaixada, pois o home1n se tornou tnau den1ais para guardá-la.
Por que Ja!tlr-lhes desst7 ilzctlpttr.:idade moral?
Para levá-los ao desespero do ego, e fazê-los olhar para C risto.
fi. OUTRA PERGUNTA E RESPOSTA. PODE A PELE DO ETÍOPE SER
MUDADA? OU PODE O PECADOR SER FEITO DE NOVO?
Esse é u1n assunto n1uito diferente, e nele está a porta de esperança para
os ho1nens.

1 2~
Sen1 a menor dúvida o Senhor pode fazer um negro tornar-se branco.
O n1aior pecador pode ser transfonnado em santo.
As bases para assim crermos são muitas.
Eis algumas delas -
1. Tudo é possível para D eus (Mt 19.26).
2. O Espírito Santo tem poder especial sobre o coração humano.
3. O Senhor Jesus decidiu operar esta maravilha, e para esse fim veio a
este mundo, morreu e ressuscitou. ((Ele salvará o seu povo dos pecados
deles" (Mt 1.12).
4. Muitos desses pecadores de azeviche foram transformados por
completo.
5. O evangelho está preparado com esse fim.
N isso reside a esperança para o mais inveterado pecador.
Não no banho do batismo;
Não nas lágrimas ardentes do remorso;
Nem na panacéia dos votos e promes~as;
Mas em sua Palavra de poder, que opera grandes maravilhas da graça.
Se fosse possível àqueles que têm estado por séculos, no inferno, retornar
à terra (e não serem regenerados), creio firmemente que, não obstante tudo o
que sofreram pelo pecado, ainda assim o amariam, e voltariam à sua prática
(John Ryland).
As seitas cristãs da Síria parecem considerar un1 verdadeiro caso de
conversão de drusos ao cristianismo como inadrnissível. ((Os filhotes de lobo",
dize1n eles, ((não são dornesticados,. A conversão de muitos pecadores parece
igualrnente iinpossível, m as quantos desses triunfos da graça são registrados
cotno aquele que John Newton descreveu de si próprio: (( Eu era outrora um
animal selvagem , que vivia na costa da África, rnas o Senhor Jesus apanhou-
me, domesticou-me, e agora as pessoas vêm ver-me como se fossen1 ver os
leões na torre".
Não podia ter havido socorro?
Senhor, tu és santo, tu és puro:
M eu coração não é tão mau,
Tão louco, n1as tu podes, certo, purifi cá-lo.
Fala, bendito Senhor, queres tll conceder
A rnin1 os m eios para rorná-lo li mpo?
Sei que queres: teu sangue foi vertido.
Devia ele ainda co rrer em vão?
(C hristopher H arvei, em ((Schola Cordis" [Escola do Coração]) .
I , I)
66. Estímulo à Oração
"Invoca-1ne, e t e responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e
ocultas, que não sabes n (J r 3.3 ..3).
Esta é um a palavra de prisão: aqueles que estio espiritualmente presos
sabem apreciá-la.
Essa era a segunda vez que o Senhor falava ao profeta, estando ele no
calabouço. Deus não abandona seu povo, pelo fato de estar e1n má reputação
com o mundo, nem mesmo quando aprisionado. Não, ao contrário, ele dobra
suas visitas, quando estão em dupla dificuldade.
O texto pertence a todo aflito servo de D eus.
Estin1ula-o de maneira tríplice-
I. A CONTINUAR EM ORAÇÃO. "INVOCA-MEr'
1. Ore, mesmo que já tenha orado. Ver o capítulo anterior ,a partir do
décimo sexto versículo.
2. Ore, ainda que esteja na prisão, depois de orar. Se o livramento
demora, torne suas orações mais importunas.
3. Ore, pois a Palavra do Senhor vem a você com essa ordem.
4 . Ore, pois o Espírito Santo o inspira e o ajuda.
II. A ESPERAR RESPOSTA PARA A ORAÇÃO. "E TE RESPONDEREI;
ANUNCIAR-TE-EI".
O Senhor responderá porque -
1. Ele indicou a oração, e fez os preparativos para sua apresentação e
aceitação. Ele não podia querer dizer que ela é Uina simples farsa:
isso seria tratar-nos como a tolos.
2. Ele inspira, estimula e aviva a oração; e certamente ele nunca z01nbará
de nós, excitando desejos que nunca pretendeu satisfazer. Tal
pensamento quase blasfema contra o Espírito Santo, que escreve a
prece no coraçao.
3. Ele fez sua pron1essa no texto; e muitas vezes ela se repete e1n outra
parte: ele não pode mentir ou negar-se a si tnesn1o.
III. A ESPERAR GRANDES COSAS COMO RESPOSTA À ORAÇÁO.
"ANUNCIAR-TE-E! COISAS GRANDES E OCULTAS".
Leia o capíndo anterior, a partir do versículo dezoito, e dele aprenda
que deven1os procurar certas coisas-
1. . Gra ndes em co nselho: plenas de sabedoria e signif-lcaçjo.
2. Coisas divinas: "Anunciar-re-ei". Essas esra.o enumeradas nus
versículos que se segue1n ao texto, até ao fim do capítulo: são elas -
saúde e cura (v.6).
Livramento do cativeiro (v. 7).
Perdão das iniqüidades (v.8).
Veja como os sofredores podem obter livramentos inesperados.
Veja como os trabalhadores podem realizar maravilhas surpreendentes.
Veja como os que buscam podem achar mais do que ousam esperar.
Um jovem engenheiro estava sendo examinado, quando lhe fizeram a
indagação: "Suponha que, sob sua supervisão, foi construída uma bomba a
vapor para um barco, e você sabe que tudo está em perfeita ordem. Mas, quando
a mangueira é jogada na água, ela não puxa água; que pensaria você?" "Eu
pensaria, senhor, que deveria haver defeito em algum lugar". "Mas tal conclusão
é inadmissível, pois a suposição é de que tudo está perfeito, no entanto a
bomba não funciona". "Então, senhor", respondeu o estudante, "eu deveria
examinar o lado do navio, para ver se o rio se secara". Assim também pareceria
que se a verdadeira oração não é respondida, é que a natureza de Deus deve ter
mudado.
O povo de Deus, que ora, chega a conhecer muito mais de sua mente do
que outros; como João, e1n prantos, conseguiu abrir o livro; e Daniel, pela
oração, teve o segredo do rei revelado em visão noturna (Trapp).
Sir Walter Raleigh pediu certo dia um favor à rainha Isabel, e esta lhe
disse: "Raleigh, quando você deixará de pedir?" Ao que ele retrucou: "Quando
vossa Majestade deixar de dar". Peçamos grandes coisas a Deus. Espere1nos
grandes coisas de Deus. Que sua bondade no passado nos faça "persistentes na
oração" (New Encyclopaedia ofIllustrative Anecdote).
A prisão mamertina, onde uma provável tradição declara que Paulo esteve
confinado por algum tempo, tem sua entrada através de uma abertura redonda
no piso de outra prisão, situada acima dela. O compartimento superior é
bastante escuro, mas o inferior são as próprias trevas, de sorte que o
aprisiona1nenro do apóstolo foi do tipo 1nais rigoroso.
Observan1os, contudo, um faro estranho - no chão duro há un1a bela
fonte de ~1gua, clara e cristalina, que sen1 düvida era tão fresca nos dias de
Paulo como é agora. Naturahnente, os p apistas crêen1 que a fonte é nlÍraculosa;
nós, que não somos tão crédulos con1 as tradições, vemos nela, ao contdrio,
um símbolo pleno de instrução: nunca houve un1a prisão, para os servos de
D eus, que não tivesse un1a fonte d e consolação (C. H .S.).
67. Não vos comove isto?
uNão vos co1nove isto, a todos vós que passais pelo canlinho? Considerai e
vede se bá dor igual à n1inha, que veio sobre tniln, con1 que o SENHOR
1ne afligiu no dia do furor ela sua ira" (L1n 1.12).

Quando os cristão pensam no Calvário e em seu Senhor ferido e sangrando,


não poqem deixar de imitar a Jeremias e imaginar seu Senhor clamando, da
cruz, as palavras de nosso texto. Em todas as épocas da igreja esse tem sido um
texto predileto.
I. OS SOFRIMENTOS DO FILHO DE DEUS NA CRUZ FORAM
TOTALMENTE INIGUALÁVEIS
1. Por causa da divina dignidade de sua pessoa. Reis têtn 1norrido,
filósofos têm morrido, mas nunca um como ele, pois aquele que
verteu seu sangue no Calvário era profeta, sacerdote e rei, o Filho
eterno de Deus.
2. Por causa da perfeita inocência de seu caráter. Nisto está uma tristeza
que jamais poderá ser esquecida, que ele teve de derramar seu sangue
e morrer, e, além disso, deve sofrer a ponto de ser relacionado com
o pecado.
3. Porque, em seu caso, houve tal conjunção de tristezas. Às vezes
vocês e eu temos tristeza sobre tristeza, e as coisas são tão difíceis.
Mas com Cristo parecia que cada forma de tristeza foi liberada para
agir contra ele.
4. Porque toda a sua tristeza foi assumida voluntariamente. Não estava
sob compulsão de qualquer força que ele mesmo não pudesse
controlar.
II. OS SOFRIMENTOS DE CRISTO TÊM EM SI MESMOS UM
PROFUNDO INTERESSE PARA MUITOS
1. Multidões têm encontrado, nos sofrimentos d e Cristo, a cura de
seu desespero. E nessa cura operaran1 cotnpleta transformação de
suas vidas. O apóstolo Paulo, no ca1ninho de Da1nasco, respirando
ameaças e rnorte, torna-se o 1naior d e todos os pregadores de Cristo.
2. Os sofrim en tos de Cristo prepararam essas multidões para atos
heróicos. Bastava Cristo levantar seu dedo mínimo para n1over
exércitos de hon1ens e Inulheres, prontos a enfi·e ntar a morte e a
desafiar as cha1nas.
3. Ensinam os homens a odiar o pecado , quando vêem as agomas
mcdi an re as quais foi obtida a redenção do pecado.

I' I
III. QUE TEM VOCÊ A VER COM ELE?
1. Para n1LÚtos, ele nada significa. Sobem como balão e estão cheios e
inflados de prosperidade. Mas quando o vinho estiver azedo e o
ouro corroído, como vai ser?
2. Pode significar tudo para os pesados de coração. Você é culpado?
Gostaria de ser perdoado? Volte-se e olhe para ele. O lhe até que
seus olhos ~stejam cheios de lágrimas. ·
3. Se não quiser aceitá-lo, que tem você para oferecer em seu lugar?
Você que diz que os cristãos não estão fazendo bem algum.
Experimente você mesmo fazer alguma coisa. Vá aos tnoribundos,
aos enfermos, leve-lhes garrafas de sua filosofia, conforte-os com o
elixir da dúvida científica. Siga em frente!
Nunca me esquecerei do momento quando apertei a mão de Livingstone.
Tenho na conta de uma das grandes honras de tninha vida tê-lo conhecido.
Era o amor de Cristo que o fazia andar pela África ínvia e morrer entre os
pagãos [ ... ] Lá em sua Smithfield havia homens e mulheres que eram forçados
a ficar junto a estacas incandescentes e queimar; e eram vistos a bater palmas
quando cada dedo se tornava uma vela, e gi·itar: ((Ninguém, senão Cristo!
Ninguém, senão Cristo!"
Havia uma 1noça pobre que por n1uito tempo fora cristã, mas estava com
o coração triste por causa de doença; e quando o pastor foi visitá-la, este lhe
disse: ((Bem, Susana, co1no vai sua esperança?" Disse ela: ''Senhor, temo que
eu não seja cristã. Não amo o Senhor Jesus Cristo". "Ora, sen1pre pensei que o
amasse. Você agia co1no cristã", disse ele. ((Não", respondeu da, "receio que eu
renha enganado a mitn mesma, e que não o an1o". Sabian1ente, o pastor
can1Ínhou até à janela e escreveu num pedaço de papel: "Não amo o Senhor
Jesus C risto", e disse: ''Susana, aqui está um lápis. Assine o seu n01ne ai".
"~-Jão, senhor", disse ela, "eu não poderia assinar isso". "Por que não?" "Eú tne
faria etn pedaços antes de assinar esse papel, senhor". "Mas por que não assiná-
lo, se é verdade?" ''Ah, senhor", disse ela, "espero que não seja verdade. Acho
que o amo " .

68. Melhor do que Outrora


"T:;ci-l<)::'-L~ i !, abitu.r-vus Cl Hlll) dantes L' vt )S hc1lo rl'Í 111l'l hnr cln que l )trl:rnra; e
sé1 bereis q ue eu sou o S.ENH OFt (Ez 36. ]J).

Para os hipócritas e forn1alisras aproxima-se um fim; mas os verdadeiros


filh os de Deus se levantam depois de quedas e dedínios. Co n J-<.nnH.~ diz o
pmf-e ra (ver Mq 7.8).
Bênção maior do que aquela que perderan1 pode ainda ser concedida aos
errantes recuperados.
I. QUE HAVIA DE TÃO BOM OUTRORA?
Como a terra de Israel, no começo, manava leite e n1el, assim nosso
prirneiro estado tinha em si uma riqueza singular.
1. Desfrutávamos de um vívido senso de perdão gratuito e pleno.
2. Conquistávamos repetidas vitórias sobre as inclinações pecaminosas
. e as tentações externas; e isto nos fazia jubilosos em Cristo.
3. Sentíamos grande deleite na oração, na Palavra, na comunhão, etc.
4. Éramos abundantes em zelo e serviço, e a alegria do Senhor era a
nossa força.
Lemos acerca dos "primeiros caminhos de Davi" (2Cr 17.3). Somos
instados à prátic·a de nossas "primeiras obras" (Ap 2.5).
II. PODEMOS DESFRUTAR DE ALGO MELHOR QUE OUTRORA?
Certarnente que sim, se o Senhor cumprir essa promessa; e é certo
que ele cumprirá, se andarmos mais intimamente com ele~
1. Nossa fé será mais forte, mais firme, mais inteligente.
2. Nosso conhecimento será mais pleno e profundo.
3. Nosso amor será mais constante, prático e paciente.
4. Nossa oração será mais prevalecente.
5. Nossa utilidade será mais ampla, mais permanente.
6. Todo o nosso ser será mais maduro.
Devemos brilhar mais e mais até ser dia perfeito (Pv 4.18).
III. COMO PODEMOS DESFRUTAR DESSA MELHORIA?
1. Devemos voltar à nossa primeira fé simples em Jesus.
2. Devemos abandonar os pecados que nos alienararn de Deus.
3. Devemos ser mais perfeitos e sérios.
4. Devemos buscar comunhão mais estreita con1 C risto.
5. Devemos lutar mais resolutamente para progredir nas coisas divinas.
Admitirernos a liberdade de nosso Deus! Ele promete tratar-nos melhor
do que outrora. Que mais pode ele fazer?
Os tratarnentos de Deus corn seu povo são melhores no final; podem ter
rnuita bondade e misericórdia pela manhã, rnas terão muito mais ao entardecer.
((Fá-los-ei habitar-vos como dantes". Os judeus tinham o rnelhor vinho no
final; antes, tinhanl leite e n1el, rnas o banquete das coisas gordurosas, cheias
de tutano, e dos vinhos velhos, ben1 clarificados, foi oferecido a eles no final
de seu dia ; finalmente, tinham a C risto e ao Evangelho.
A princípio, Abraão tinha muito do Inundo, e depois dele, seu filho !saque.
'cAssim ;lbençoou o Senhor o últirno estado de Jó rnais do que o prin1eiro".

I ~ 'I
Simeão, etn seus últin1os dias, v1u a C risto e o segurou em seu s braços
(William G reenhim).
Aqueles que não voltam aos d everes que negligenciaram, n ão podem
esperar voltar ao conforto que perderan1 (G. S. Bowes).
Médico realmente capaz é aquele que, encontrando um home m
extremamente aflito, não somente tem êxito em restaurar-lhe a saúde, mas, na
realidade, põe-no em melhores condições do que antes, tratando com o seu
remédio não somente a doença que lhe causou o sofrimento, mas alguma
outra que está n1ais profunda, contudo raramente percebida pelo paciente.
Tal é a medicina da tnisericórdia. De m odo gracioso, D eus lida com os
pecadores que se arrependem. Deve ser pior que um irracional aquele que
rransforn1e isso num argumento para pecar. O verdadeiro filho de Deus sente
seus olhos lacrimejarem, quando pensa em amor tão superabundante.

69. Noções Erradas sobre o Arrependimento


uMultiplicarei o fruto das árvores e a n ovidade do campo, para que ja1nais
receb ais o opróbrio da fome entre as nações. Então, vos lembrareis dos
vossos n1aus ca1ninbos e d os vossos feitos qt~e não foram b o n s; t ereis nojo
de vós n1esn1os p or causa das vossas iniqüidades e das vossas
abon1inaçõesn (Ez 36.30-31).

O arrependimento é produzido no coração, pelo senso do amor divino.


Isso situa o arrependimento em sua verdadeira luz, e nos ajuda achar
muitos enganos.grandes que têrn obscurecido esse assunto. Muitos se afastam
de C risto e da esp erança, por compreenderetn erroneamente essa matéria. Eles
têm -
I. IDÉIAS ERRÔNEAS DO QUE É O ARREPENDIMENTO
Eles o confundem com-
1. Auto-acusação mórbida, a qual é fruto da dispepsia, ou melancolia,
ou insanidade. Essa é uma enfern1idade da mente, e n ão uma graça
do Espírito. Aqui o m édico pode faze r mais do que o pastor.
2. D esci·ença, d esânimo, desespero: os quais nem m estno constituem
ajuda para o arrependimento, rnas, ao contrário, tendem po r
endurecer o coração.
3. Pavor do inferno e se nso de ira que podem oco rrer mesmo aos
demôni os, e ainda assin1 não serian1 levados ao arrependimenro.
Certa d ose desses eletn entos pode acompanhar o arrependimento,
mas não faz parte d ele.
O arrependiinento é horror ao mal.
O arrependirnento é urn senso de vergonha.
O arrependimento é um desejo ardente d e evitar o pecado. Todos
estes produzidos pelo senso do arnor divino.
II. IDÉIAS ERRÔNEAS DO LUGAR OCUPADO PELO ARREPEN-
DIMENTO
1. Alguns o consideram como uma causa granjeadora de graça, como
· se o arrependimento merecesse remissão: grave erro.
2. Outros o consideram erroneamente como uma preparação para a
graça; uma bondade humana, lançando fundamento para a
misericórdia: esse é urn erro mortal.
3. É tratado como .uma espécie de qualificação para crer, e mesmo
corno a base para crer: tudo isso é legalismo, contrário à verdade
cristalina do evangelho.
4. Outros o tratam corno argumento para a paz n1ental. Arrependeram-
se até aí, e isso deve estar certo. Isso é edificar nossa confiança sobre
um falso fundamento.
·III. IDÉIAS ERRÔNEAS DE COMO -~-PRODUZIDO NO CORAÇÃO
Não é produzido pelo esforço distinto e imediato de arrepender-se.
Nem por forte excitamento nas reuniões de avivarnento.
Nem por meditar sobre o pecado, a rnorte, o inferno, etc.
Mas o Deus de toda a graça produz-
1. Por sua livre graça, a qual, por sua ação, renova o coração (v.26).
2. Por trazer à nossa mente a sua grande misericórdia.
3. Por fazer-nos receber nova misericórdia (vs.28-30).
4. Por revelar a si n1esn1o e a seus rnétodos de graça (v.32).
Não há argurnentos sernelhantes àqueles extraídos da consideração das
grandes e gloriosas coisas que Cristo fez por vocês; e se esses não os conquistarem
e não os atraírem, não acho que o arremesso de fogo do inferno em seus rostos
o conseguirá (Thornas Brooks).
Arrependin1ento -lágrirna vertida dos olhos da fé.
O favor de Deus derrete os corações duros rnais cedo do que o fogo de
sua indignação; sua bondade é muito penetrante, e chega aos corações dos
pecadores, mais cedo do que suas ameaças e curancas; é co1no unu pequena
chuva que encha rca, a qual vai até às r<1Ízes das plantas, ao passo que a chuva
violcnra se vai c produz pouco benefício. Foi a bondade de D<wi que refreo u o
u >r;H~:ío d l' S:u d ( 1Sm 24), e a bondade de Deus é que quebra os corações dos
I1V(':I d() l'l'S.
O leite e o mel do evangelho afetarn os corações dos pecadores m;tis do
que o fel e o absinto da lei; Cristo, no n1onte Sião, traz mais arrependimento
do que Moisés no rnonte Sinai (William G reenHill) . .
"Algun1as pessoas'', diz Philip H enry, "não querem ouvir tàlar n1uito cm
arrependirnento, n1as julgo-o tão necessário que, se eu morresse no púlpito,
desejaria morrer pregando arrependirnen to; e, se fora do púlpito, praticando-
))

o.

70. Um Homem Turbado por seus Pensamentos


uOs seus pensmnentos o turbarain" (Dn 5.6).

Para muitos homens, pensar é uma tarefa fora do comum.


No entanto, é característico do homem que ele pense.
Não é de adrnirar que, quando o pensamento é imposto a alguns hon1ens,
eles se turbem.
I. NÃO PARECIA PROVÁVEL QUE SEUS PENSAMENTOS O
TURBASSEM
1. Era um monarca irresponsável e negligente.
2. H avia endurecido seu coração com orgulho (v.22-23) . Daniel disse:
((E te levantaste contra o Senhor do céu".
3. Bebia vinho e este atuava sobre ele (v.2) .
4. Provocava distúrbio em lasciva cornpanhia.
5. Sua aventura era profunda profanação (v.3); teve a ousadia de ab usar
dos vasos sagrados, em seus banquetes, con1o expressão de seu
desprezo ao Deus de Israel, Deus que ele desprezava.
Nenhurn hornern se torna sábio ou ponderado, mediante a taça de
vinho.
Nenhurn hornen1 está fora do alcance das setas de Deus.
Nenhuma consciência está tão morta que Deus não possa desperd-
la.
II. ENTRETANTO, BEM PODIAM SEUS PENSAMENTOS TURBÁ-LO
1. Pois o que via era de estarrecer (v.5).
2. Po rque o que não podia ver era sugestivo. ()nde estava a mão? ()ndc
estava o escrito r? Que havia ele escrito? Que indicava?
3. Porque o que fizera era alarmante. Seu próp rio passado rel uziu dianrc
dele. Suas guerras, op ressões, blasfernias e vícios cruJ is.
O que deixara de bzer, apresentou-se diante dele (v.23) .
O que estava no aro de faze r, ponanto, surpreendeu-o.

I II
III. E NÃO PODIAM SEUS PENSAMENTOS TURBAR ALGUNS DE
VOCÊS?
1. São prósperos. Não são animais cevados para a matança?
2. São levianos com as coisas santas. Negligenciam, ou ridicularizam
ou usarn sem sinceridade, as coisas de Deus.
3. Misturam-se con1 os impuros. Não perecerão junto cotn eles?
4. A história de seus pais poderia instruí-los, ou, pelo n1enos, turbá-
. los.
5. O escrito sagrado, "defronte do candeeiro", é contra vocês. Leiam
as Escrituras Sagradas, e verão por si mesmos.
Consciência sem ação é cotno um braço ressequido nas almas de muitos;
mas o Senhor da consciência um dia lhe dirá: "Estende-te, e faze a obra que te
compete" .
Como um formigueiro, quando mexido, movimenta suas formigas em
todas as direções, assim a consciência do pecador, turbada pelo Espírito ou
pelos juízos de Deus, traz perante sua visão milhares de atos que enchem a
alma de agonia e angústia (McCosh) .
. O Duque de Wellington disse uma vez que poderia ter salvado a vida de
mil homens em um ano, tivesse ele capelães ou quaisquer pastores religiosos.
A intranqüilidade das mentes deles reagia sobre seus corpos, e os mantinham
em febre contínua, uma vez que ela se apossasse de suas estruturas. Nosso
ofício bendito é falar de u1n que pode "n1inistrar a uma mente enferma". Aquele
cuja graça pode livrar da "má consciência", e por n1eio d e quem são removidos
todo o n1edo e perturbação interiores.
Carlos IX, da França, em sua juventude, tinha sensibilidades humanitárias
e ternas. O diabo que o tentou, foi a m ãe que o c riou. Quando, pela primeira
vez, ela lhe propôs o 1nassacre dos huguenotes, ele encolheu-se de horro r:
"Não, não, senhor! Eles são meus súditos amáveis". Depois veio a hora crítica
d e su a vida. Tivesse ele acariciado aquela sensibiFdade n atu ral ante o
derramamento de san gue, e jam ais a Noite de S. Banol,<?meu teria desgraçado
a história d e seu rein ado, e ele próprio teria escapado ao ;e morso terrível que o
enlouquecia e1n seu leito de tnorte.
A seu mé ri to, d isse ele nas suas últimas horas de v ida: "Dormindo o u
aco rdad o, vejo os vultos destroçados dos huguen otes passando diante d e tnirn.
Go te jam sangu e. Mostram rostos h orrendos para mim. Apontan1 para suas
k rid ~1 s <thcrtas e zo mbam d e mim . O h , tivesse eu poupado pelo m enos as
t' I'Í : trH 'Íirlr :rs dv pl'i1o! " Fnt:ío rompeu em g ritos e gen1idos ago nizantes. Dos
! H II Il ', dt• :.11 .1 il!'ll· Vl ' IIÍ :I SIH H S: lll ) ',l'l' IH<l .

I III
III
Foi ele utn dos raros casos históricos que confirma·m a possibilidade do
fenôtneno que manifestou a angüstia de nosso Senhor, no Getsêmani. Isso
resultou de ter resistido, anos antes, ao recuo de sua consciência jove1n ante o
exrretno da culpa (Austin Phelps).

71 . Oração em Favo r da Igreja


uAgora, pois, ó Deus' nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e
sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por a1nor do
Senhor" (Dn 9 .17).

Esse homem de coração veraz não vivia para si mesmo. Daniel era ardoroso
amante de seu país.
Sua oração é instrutiva para nós.
Ela sugere nossas ferventes súplicas a favor da igreja de Deus, nestes dias.
I. O LUGAR SANTO "TEU SANTUÁRIO".
O templo era típico, e, para nossa edificação, deveremos ler o texto
como se ele quisesse significar a casa espiritual. Há muitos pontos
no símbolo que são dignos de nota, mas estes podem ser suficientes:
1. O templo era único e, como só podia haver um templo para Yahweh,
assim também há apenas uma igreja.
2. O tetnplo resultou de grande custo e vasta mão-de-obra; assim
também foi a igreja edificada pelo Senhor Jesus, a um custo que
jatnais pode ser avaliado.
3. O templo era o santuário da habitação de Deus.
4. O templo era o lugar onde Deus era adorado.
5. O templo era o trono de seu poder: sua palavra provinha de
Jerusalém; ali ele governava seu povo e destroçava seus initnigos.
II. A ORAÇÃO FERVOROSA. "SOBRE O TEU SANTUÁRIO ASSOLADO
FAZE RESPLANDECER O ROSTO".
1. Ela estava acima de todo egoísmo. Essa era sua única oração, o
centro de todas as suas orações.
2. Ela se lança sobre Deus. <<ó Deus nosso".
3. Era mna confissão de que ele nada podia fazer de si n1es1no. Homens
honestos não pedetn a Deus que faça o que eles tnestnos podem
fazer.
4 . Pedia uma ~unpla bênçao. "Faze resplandecer o teu rosto".
Isso signitlcaria muitas coisas, que tan1bé1n in1ploran1os, a favor da
ig reja de Deus.

I \' 1
Ministros em seus lugares, fiéis em seu serviço.
Verdade proclamada em sua clareza. O rosto de Deus não pode
brilhar sobre falsidade ou equívoco.
Deleite na c01nunhão.
Poder no testemunho. Quando agradamos a Deus, sua Palavra é
poderosa.
III. A CONDUTA CONSISTENTE. É SUGERIDA POR ESSA ORAÇÃO.
1. Lancemo-la fervorosamente no coração. Quer para alegria ou tristeza,
que a condição da igreja nos preocupe profundan1ente.
2. Façarnos tudo o que pudermos por ela, ou nossa prece será uma
zombaria.
3. Nada façamos para entristecer ao Senhor; pois tudo depende de seu
sorriso. ((Faze resplandecer o teu rosto".
4. Oremos muito mais do que temos feito. Cada um de nós s·eja um
Daniel.
Durante os ternpos turbulentos na Escócia, quando o tribunal papista e a
arist~cracia se armavam para suprimir a Reforma naquela terra, e a causa da
cristandade protestante estava em perigo iminente, tarde, certa noite, John
Knox foi visto a deixar seu gabinete de estudo, e passar da casa, ern baixo, para
urn lugar fechado nos fundos da casa.
Un1 amigo o seguiu, e, depois de alguns tnomentos de silêncio, ouviu-se
a sua voz como se ele estivesse em oração. Instantes depois a tonalidade de sua
voz se transformou em palavras inteligíveis, e, de sua alma em luta, subia ao
céu a petição fervente: ((Ó Senhor, dá-rne a Escócia ou eutnorro!" Depois uma
pausa de silenciosa calma, quando novamente a petição irr01npeu: ((Ó Senhor,
dá-n1e a Escócia ou eu morro!"
Uma vez mais tudo ficou quieto, em completo silêncio, quando, com
paixão ainda Inais intensa a intercessão três vezes repetida tornou-se mais forte:
'-,,

((Ó Senhor, dá-rne a Escócia ou eu rnorro! " '··--


E Deus lhe deu a Escócia, a despeito da rainha Maria e de seu Cardeal
Bcatoun; uma te rra e Ulna igreja de nobre lealdad e a C ri sto e à sua co roa.
A igreja pode estar enferma, mas não esd. 1110rta. Mo rrer ela não pode,
poi.s o sangue d e um Rei eterno a adquiriu, o poder d e un1 Espírito e te rno
agora a preserva, e a misericórdia de un1 D e u s ererno finalmente a coroar~1
(Thomas Adams).
72. Caminhos Cercados ·
11
Portanto, eis que cer c arei o seu can1inho corn espinh os; e levantarei wn
n1tno contra ela, para que el a não acbe as suas veredas. E la irá en1
seguúnento ele seus a1nantes, porén1 não os alcan çará; buscá-los-á, sen1,
contudo, os acbar; então, dirá: Ire i e t ornarei para o 1neu prin1eiro
Inarido, porque 1nel11.or 1ne ia então elo que agoran (Os 2.6-7).
Este é um parêntese misericordioso ern un1a passagem repleta de ameaças.
I. O CARÁTER OBSTINADO DE MUITOS PECADORES
1. Os meios comuns perderam seu objetivo. O s pormenores são
apresen tados nos versículos anteriores; e depois lemos "portanto":
mostrando que, por causa de fracassos passados, o Senhor estava
para tentar outras medidas.
2. Os meios extraordinários deveriam ser usados agora.
3. Mesmo esses meios falhariam. Os homens pulam por sobre as cercas,
escalam os muros, para ch egar aos seus pecados queridos.
4. Só o poder divino pode vencer o homem endurecido. D eus mesmo
deve intervir, ou ninguém se voltará para ele.
Que pecadores devem ser aqueles a quem nern a cerca nem o muro
detêm , a menos que D eus também esteja ali, em onipotência da graça!
II. OS MEIOS QUE DEUS USA PARA RECUPERÁ-LOS
1. Agudas aflições: ceEis que cercarei o seu caminho corn espinhos".
Muitos são provados e levados a pensar, m ediant.e o sofrimento.
2. Dificuldades intransponíveis: <<e levantarei un1 n1uro". O Senhor de
amor põe paradeiros eficazes, na estrada daqueles a quem ele quer
salvar.
3. Perplexidades que cegan1: «Para que ela não ache as suas veredas".
4. Fracassos totais: «Ela irá em seguim ento , porén1 não os alcançará" .
5. Amargos desapontamentos: ccbuscá-los-á, sen1, contudo, os achar".
Esses severos castigos, com freqüência, são úteis nos primeiros dias
de impressão religiosa; são a aradura antes da serneadura.
III. O RESULTADO ABENÇOADO, AFINAL ALCANÇADO
1. A lembrança é despertada: ((Melhor m e ia".
2. Extorq uída confissão d e perda L.unenr<ivel: "lv[elhor me ia en tão do
))

que agora .
3. Resolu ção ton1ada: "Irei e tornarei".
4. Afeição incitada: ((Tornarei para o m eu primeiro marido".
Vo lternos para o Senhor, antes que ele use espinhos para deter-nos.
Se já estamos cercados~ consideren1os os nossos caminhos.
1·11
"Cercarei o seu caminho''. Há a cerca de proteção, para que o mal se
afaste deles; e a cerca da aflição, para que se afastein do mal. A cerca de proteção
vocês a tê1n em Isaías 5.5, onde Deus ameaça tirar a sebe da sua vinha; de Jó se
diz que Deus o cercou de todos os lados. Mas a cerca mencionada aqui é a
cerca da aflição. ''Cercarei o seu catninho", isto é, trarei sobre vocês chagas e
pesadas aflições para os guardaren1 do 1nal.
A consciência ferida é uma cerca de espinhos; mas esta cerca espinhosa
conserva nossos espíritos rebeldes no verdadeiro caminho, os quais, de outro
modo, estariam desgarrando-se; e é melhor ser mantido no caminho certo
com arbustos espinhosos do que perambular sobre leitos de rosas, num caminho
errado, que conduz à perdição (Thomas Fuller).
Um jovem ministro nos Estados Unidos, popular e mui bem sucedido,
viu-se envolvido nas malhas da infidelidade, deixou o púlpito, filiou-se a um
clube de infiéis, e escarnecia do nome que pregara a outros como salvador do
mundo. Adoeceu, porém, e estava em seu leito de morte. Seus amigos reuniram-
se em torno dele e tentaram consolá-lo com suas teorias frias e geladas, mas em
vão. Voltou-lhe o antigo pensamento- a antiga experiência veio perante ele. E
disse: ''Mulher, traga-me meu Testamento Grego".
' Em seu leito, voltou-se para o décimo-quinto capítulo da primeira epístola
aos Coríntios. Quando terminou a leitura do capítulo, grandes lágrimas de
júbilo lhe rolavam pela face. Fechou o livro e disse: ''Mulher, volto, finalmente,
à antiga Rocha, para morrer".

73. Qual será a Colheita?


"Porque sen1eimn ventos e segarão torn~entas; não baverá seara; a erva
não dará farinba; e, se a der, con1ê-la-ão os estrangeirosn (Os 8. 7).

A vida é utn tempo de sen1ear. De todos os homens se pode dizer que


"eles semeiam".
Os homens prudentes formulam a pergunta: ''Qual será a colheita?"
I. O RESULTADO DE CERTAS SEMEADURAS SERÁ TERRÍVEL.
PORQUE SEMEIAM VENTOS, E SEr;ARÃO TORMENTAS.
1. Homens viciados sen1eiam suas n1ás ações, e não precisamos dizer o
que seg;.uáo. Os debochados, ébrios e libertinos est1o ~o nosso redor,
e trazen1 e1n suas próprias pessoas as pritnícias da terrível colheita
da transgressáo .
.?. . T c o rÍ ;."ts i morais vão tnuito alén1 de sua intenção original. A
l':1 1H'et JI:t\-:io c r;.t um n:1d:1 cheio de ar, mas o resultado é un1a ton11enta,
ljl lt' I H H' l )( ll l l' l'l':l ltHI<) qt1:11Jro for:t consrruído.

II I
3. As heresias na igreja també1n leva1n a Inales inesperados. Erros,
aparentemente insignificantes, tornam-se em Inales lamentáveis. O
uso de um símbolo desenvolve-se em idolatria. Pequenas disputas
resultam em rancores e divisões.
4. A tolerância do pecado em uma família é fonte produtiva de um
mal esmagador. Veja o caso de Eli.
5. A tolerânci~ do pecado em vocês mesmos. A indulgência ocasiona'!
torna-se hábito, e o hábito é como o vento abrasador do deserto,
perante o qual a vida expira, e a esperança é varrida, de vez. Mesmo
aros permissíveis podem tornar-se um excesso perigoso.
II. O RESULTADO DE ALGUMAS SEMEADURAS É FRACASSO MANI-
FESTO. "NÃO HAVERÁ SEARA".
A semente tenta debilmente crescer; porém, dá em nada.
1. A presunção esforça-se inutilmente para produzir reputação.
2. O farisaísmo luta sem êxito, para obter a salvação.
3. A sabedoria humana luta ociosamente, para produzir novo evangelho.
4. Meros preguiçosos e palradores aparentàm ser üteis, mas é uma
ilusão. Aquilo que parece realizado, logo se desvanece. Boa conversa,
mas sem conteüdo.
5. Aquele que passa a vida sem fé em Cristo e obediência à sua vontade,
pode sonhar com um futuro feliz, mas se decepcionará: "Não haverá
seara" .
III. O RESULTADO DE MUITAS SEMEADURAS É INSATISFATÓRIO.
"A ERVA NÃO DARÁ FARINHA".
1. O homem vivia para o prazer, e encontrou tédio.
2. Vivia para a fama, e juntou vaidade.
3. Vivia para o ego, e encontrou miséria.
4. Vivia por suas próprias obras e religiosidade, 1nas não ceifou paz
mental, nem salvação real.
Sem Deus, nada é sábio ou forte ou digno de ser feito.
Somente o viver para Deus é semeadura sábia.
Possa o Senhor destruir totalmente todas as nossas sem eaduras na carne,
para que não colhamos corrupção! (Gl 6.8).
Possa o Senhor Jesus suprir-nos de boa se mente, e abençoar-nos n:1
semeadura! Oh, quen1 dera rern1os un1a vida cons::tgrada!
Um apólogo oriental conta-nos de Abdala, a quem um espírito 1nau veio
a princípio con1o urna n1osca, so rvendo un1a partícula mínin1a de xarope. Ek
não enxo tou a criatura, e, para sua surpresa, ela Jum entou de tam:1 nho,
tornando-se co mo un1 g:1fanhoro. Co ntinu ou ele in ltJi gc nrc, c :1 criatllr;t l() i
I I1
crescendo, e fez tão rápido aumento que se transfonnou ern enorn1e monstro
que devorou o que ele tinha para seu sustento, e, por fim, o matou, deixando
no jardim, onde sacrificou a sua vítima, un1a 1narca de pés de quase três metros
de comprimento. Assim cresce o pecado nos ho1nens, até que ele se torna um
hábito gigantesco e o n1ata.
Agostinho conta-nos de um jovem que pensava que o diabo tinha feito as
1noscas e coisinhas assiin pequeninas. Mediante a influência desse erro,
aparentemente insignificante, foi conduzido, passo a passo, até que no fim
atribuía tudo a Satanás, e deixou de crer em Deus. Desse modo, o erro semeia
vento e colhe tormenta. A exatidão escrupulosa da fé é tanto u1n dever quanto
uma prática cuidadosa, no terreno da 1noral.
Davi Hume, o historiador, filósofo e cético, passou a vida difamando a
Palavra de Deus. Em seus · últimos momentos, gracejava com aqueles que
estavam ao seu redor; poré1n, os intervalos eram preenchidos de tristeza.
Escreveu ele: "Estou amedrontado e confundido com a solidão desesperadora
em que a minha filosofia me colocou. Quando volto meus olhos para· dentro
de mim mesmo, nada encontro senão dúvida e ignorância. Onde estou? E
quem sou eu? Começo a ver-1ne na mais deplorável condição que se possa
ilnaginar, cercado das minhas densas trevas" (New Encyclopaedia ofAnecdote).

74. Uma Doença do Coração


IJO seu coração é falso; por isso, serão culpadosn (Os 10.2).

Israel, como nação, dividiu sua lealdade entre Yahweh e Baal e, dessa
maneira, tornou-se imprestável, e foi abandonada ao cativeiro.
Deus fez um só coração no homem, e o esforço para ter dois, ou dividir o
único que te1n, de toda maneira é algo danoso à vida do hon1e1n.
Un1a igreja dividida e1n facções, ou diferindo e1n doutrina, torna-se
herética, ou contenciosa, ou fraca e inütil.
O cristão que tem em mira outro obj-efivo, além da glória de seu Senhor,
por certo levará tuna vida pobre e sem proveitÓ. Ele é um idólatra, e todo o seu
caráter será culpado.
O que vai e1n busca de Cristo, nunca o encontrará, enquanto seu coração
desejar ardenten1ente os prazeres peca minosos , o u a co nf! Jnça f1risaica: sua
busca é defeituosa detnais para obter êxito.
Um rninistro que almeja algo n1ais do que seu único objetivo , seja a Etn1a,
~~ c rudi~;ií o, a filosofia , a retórica ou o lucro , detnonsuar::í. que é un1 servo de
I \' II S, 11111ir() clt cio de E.1lras.
! ·' 111 qtl ,d'I'WI d,,,., <': 1.'\I>S, t·ss: t d c>VItt,·a do cora ~·ii.o é uma moléstia terrível.
I. A DOENÇA. ''O SEU CORAÇÃO É FALSO".
O mal deve ser visto -
l. N a idéia que eles fazetn de seu estado: dizem que são ''miseráveis
pecadores", mas crêem que são excessivamente respeitáveis.
2. Na base de sua confiança: professatn fé em Cristo, m as confiatn n o
ego; tentam misturar graça e o bras .
3. No objetiv~ de sua vida: D eus e M amom, Cristo e Belial, o céu e 6
mundo .
4. No objeto de seu amor. É Jesus e algum amor terreal. Não podem
dizer "somente Jesus".
II. O MAU EFEITO DA DOENÇA. "POR ISSO SERÃO CULPADOS".
1. Deus não é amado, d e form a alguma, quando n ão é amado
totalmente.
2 . C risto é insultado, quando se a~tnite um rival.
3. A vida coxeia e vacila, quando n ão tem atrás de si um coração íntegro.
III. TENTATIVAS DE CURA
1. Que ele se condena pelo fato de render tão pouco de seu coração a
Deus. Por que esse pouco, senão tudo? Por que seguir esse caminho
de qualquer tnaneira, senão o caminho todo?
2. Que sua salvação exigirá todo seu pensamento e coração; pois não
se trata de assunto setn ünportância (Mt 11.12; 1Pe 4. 18) .
3. Que Jesus deu seu coração completo para nossa redenção, pelo que
não é coerente de nossa parte ser d e coração dividido.
4. Que todos os seres po tentes do universo têm coração dividido.
Os homens maus estão ansiosos por seus prazeres, lucros, etc.
O diabo opera o m al com todas as suas forças.
Os hon1ens de bem são zelosos p or C risto.
Leiarn, o uçan1, orem, arrep endatn-se; creiarn de todo o seu coração, e en1
breve se regozijarão de todo o coração.
Em Brooklyn, urn ministro recebeu a visita de un1 hon1em de n egócios,
que lhe disse: "Venho indagar, senhor, se Jesus Cristo rne aceitará na firnu
corno sócio com anditário". "Por que p ergunta?" disse-lhe o ministro. "Porque
desejo ser Ineinbro da firn1a, e não quero que ninguén1 o saiba" . A resposta foi:
"Cristo não aceita sócios co mandi drios".
Alguns dizen1 que o diabo ren1 os pés fendidos; 1nas, seja Li como fo r o pé
do d iabo, o que é certo é q ue seus filhos têm o co ração fe ndido; metade par~·~
Deus, e a outra metade para o pecado; metade para C risto, e a o urra n1e r~H.1 c
pa ra o nnmdo presente. D eus ten1 um cantinho nele, e o restante é p:1ra o
pecado e o diabo (Richard Alleine).

1·1~
Quanto ao rnal de não ser uma coisa ne1n outra, alguén1 acha ilustração
nas vias aquáticas da C hina do Sul, as quais, no tempo de inverno, são
inteiramente inúteis para fins de c01nércio. A temperatura é quase torturante,
pois não é bastante fria para congelar os canais, de sorte que o gelo suporte o
tráfego; nem bastante quente para descongelá-los, de n1aneira que pudessem
ser navegados pelos barcos.

75. O Soar do Relógio


"Sen1eai para vós outros en1 justiça, ceifai segundo a Inisericórdia; arai o
cmnpo de pousio; porque é ten1po de buscar ao SENHOR, até que ele
venha, e cl1ova a justiça sobre vósn (Os 1O.12).

Que deveríamos pensar de um lavrador que deixasse seu mais produtivo


campo ficar em descanso, sem produzir, ano após ano? Entretanto, os homens
negligenciam suas almas; e, além de serem improdutivos, esses campos interiores
se enchem de ervas daninhas e ficam excessivamente nocivos .
. I. QUANDO É TEMPO? "É TEMPO".
l.Na exata primeira hora de responsabilidade, de modo algum é cedo
demais.
2. No presente é tarde, mas não tarde demais. "É tempo".
Quando o castigo chegar, busque ao Senhor imediatamente; pois
agora é o momento exato, ((para que não te suceda coisa pior
(Jo 5.14).
3. Não pecaram por ten1po suficiente? (lPe 4.3).
4. Quando assumem grandes responsabilidades e entram numa nova
fase de vida: casados, quando se tornan1 patrões, pais, etc.
(1 Cr 22.19).
5. Quando o Espírito de Deus opera especialmente, e, portanto, outros
são salvos (At 3.19).
II. QUAL É O TRABALHO PECULIAR? "BU~CAR AO SENHOR".
1. Aproxin1<u-se de Deus: buscá-lo en1 adoração, oração, etc. (Sl1 05.4).
2. Pedir perd:lo, enquanto ele esd peno, mediante a expiação de Jesus
(l s 55.6).
3. Obrer as Gê nçãos relacionadas ao novo nascim en to (Jo 1.1 2, 13).
4. Viver para sua glória: buscar sua honra en1 rodas as coisas (Mr 6.33).
Supondo-seque haja uma pausa en tre a busca e a bê nção , n;'io o lhe m para
algttm;l ourra direç:lo, mas ainda assim busquetn ao Senhor.
Que ruais poderão fazer? (Jo 6.68).
É certo vir. Ele virá, e não tardará (Hb 10.37).
III. QUE VIRÁ DISSO?
1. Ele virá. A vinda de Deus em graça é tudo o de que precisam .
2. Ele virá em abundância de graça, satisfazendo sua serneadura
obediente. Observem o preceito: "Semeai em justiça".
Depois notem a promessa: "E chova a justiça sobre vós.
3. Etn conseqüência da vinda do Senhor a vocês, em justiça, "ceifai
segundo a misericórdia''.
Venham, pois, e busquem ao Senhor nesta mesma hora! Se quiserem
encontrá-lo, ele está em Cristo. Creiam, e já o acharam, e acharam nele a
justiça (Rm 3.22).
Sir Thomas More, quando prisioneiro na Torre de Londres, não deixava
que lhe cortassetn o cabelo, dizendo que havia uma controvérsia entre ele e o
rei, em relação à sua cabeça, e enquanto essa controvérsia não chegasse a mn
resultado feliz, não se importaria, de modo algum, com ~eu aspecto exterior.
Utilizando a espuma do palavreado de seu espírito sagaz, podemos tirar
proveito solene dele; pois certamente todo o custo que conferirmos a nós
mesmos, para tornar nossas vidas prazerosas e alegres para nós, não passará de
insensatez, até que se decida o que virá a ser a pendência entre Deus e nós,
qual será o desfecho da controvérsia que Deus tem contra nós, e que não é por
nossas cabeças, mas por nossas almas. Não seria esse, o mais sábio curso com o
qual começar a produzir a nossa paz? e então poderemos tanto mais cedo levar
uma vida feliz.
Tem sido dito: "Aquele que evita dívidas, fica rico". Certíssimo é que a
alma perdoada não pode ser pobre; porquanto tão logo a paz é concluída,
abre-se um livre comércio entre Deus e a alma. Utna vez perdoados, podemos
então navegar para qualquer porto que esteja nos domínios de Deus, e seremos
bem-vindos. Todas as promessas estão abertas com seus tesouros e dizem: ((Aqui,
pobre alma, recolhe toda a carga de coisas preciosas, tanto quanto sua fé pode
suportar e levar etnbora!" (John Spencer).
Un1a menina estava rren1endo, chorando e batendo tin1idamente à porra
da biblioteca de um pastor. "Entre", disse uma voz animadora. A maçaneta da
pana girou lentatnente, e hi estava a menina soluçando de emoção. "(~ual é o
problema, minha querida filha?" disse o simp<l.tico pastor. ''Oh, senhor, renho
vivido sere anos sem jesus!" foi a resposta. A n1enina estava comemorando
exaramen te seu sérin1o an ive rs~irio natalício ( T'/u: British Jv!essenger).
Diz Thomas Fuller: "Deus convida a muicos com seu cerro dourado a

1·17
quen1 ele nunca fere com sua vara de ferro". Se os convites de sua graça fossem
n1ais livrernente aceitos, muitas vezes escaparíamos aos castigos de sua mão.
Oh, que os homens apenas soubessein que o te1npo de saúde, de felicidade
e de prosperidade é uma ocasião tão propícia quanto possa ser, para buscar ao
Senhor! Na verdade, qualquer hora é boa oportunidade para buscar ao Senhor,
enquanto ela estiver presente conosco. Aquele que fosse sábio não acharia
melhor ~ia no calendário, para expulsar a insensatez, do que o dia de hoje, no
qual vive.
Mas que nenhum homem brinque co1n o tempo, pois num instante o
dado pode ser lançado; e está escrito acerca do ímpio: "Também eu me rirei na
vossa desventura, e, en1 vindo o vosso terror, eu zotnbarei" (Pv 1.26).

7 6. O Interior mais do que o Exterior


"Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao
SENHORn (]12.13).

. I. DOUTRINA GERAL DE QUE A VERDADEIRA RELIGIÃO É MAIS


INTERIOR DO QUE EXTERIOR
A expressão "Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes" lança
algo como uma censura sobre o que é meramente externo.
1. Isso diz respeito às fonnas e cerimônias inventadas pelos homens.
2. Relaciona-se, tambén1, com as ordenanças do próprio Deus, se
praticadas se1n a graça, depositando-se a confiança nelas como se
elas fossem eficazes.
Entre as coisas boas que podem tornar-se setn proveito, poden1os citar-
A leitura da Bíblia.
A posse de urn credo ortodoxo.
A freqüência às ordenanças.
Todas essas coisas deveriatn ter seu devido lugar en1 nossas vidas: porém
não provan1 santidade, visto que un1 pecador pode praticá-las na aparência. A
ausência de un1 coração autên rico torna-as todas inúteis.
II. DOUTRINA DE QUE O HOMEM TENDE l\1AIS À OBSERVÂNCIA
EXTERIOR DO QUE ÀS O~UESTÕES INTERIORES
() homen1, assim sendo, é parcial com relação às co isas ex ternas-
1. Porque ele não é espiritual, ITtas ca rn~l por natureza.
2. Porque o que é interior é mais difícil dó que o q ue é externo, e exige
pensamento, diligência, cuidado, humilhação, etc.
3. Porque an1a o pecado. Rasga suas vestes, porque elas n ão são ele
próprio; rnas a rrancar seus pecados queridos é corno arrancar seus
próprios olhos.
4. Porque não cuida de subrneter-se a Deus. A lei e o evangelho são
arnbos desagradáveis a ele; ele não quer saber de nada que dernande
a obediência de seu coração a Deus.
Muitos são, os que enchem os pátios exteriores de observância·
religiosa, que evitam o lugar santo do arrependimento, da fé e da
consagração.
III. DOUTRINA ESPECIAL DE QUE RASGAR O CORAÇÃO É MELHOR
QUE QUALQUER ATO EXTERNO DE PIEDADE
1. É preciso entender o que significa rasgar o coração. É:
Ter o coração partido, contrito, terno, sensível.
Ter o coração entristecido, devido aos pecados cometidos.
Ter o coração separado do pecado, como que por santa violência.
A visão do pecado d everia rasgar o coração, sob.retudo quando visto
à 1uz da cruz.
2. Rasgar o coração deveria ser atitude praticada. "Rasgai os vossos
corações.
Isso requer grande esforço. Pode o homern rasgar-se.
Leva-nos a olhar para urn poder rnais elevado.
Só Jesus satisfaz isso. Olhando para aquele a quem ternos traspassado,
nossos corações rasgarn-se.
Isso, quando plenamente realizado, deixa-nos a seus pés. Só ele "sara
os de coração quebrantado, e lhes pensa as feridas".
Un1a antiga história hebréia conta con1o un1a pobre criatura deixou seu
leito de enfennidade, certo dia, e, con1 pernas can1baleantes, foi ao ten1plo.
Tinha vergonha d e ir, pois era tnuito pobre e não tinha sacrifício para oferecer;
n1as, quando se aproxiinava, ouviu o coro, que entoava: "Pois n ão te con1prazes
em sacrifícios, do contrário eu tos traria; e n ão te agradas de holocaustos.
Sacrifícios agrad<iveis a Deus são o espírito quebrantado; coração con1pungido
e contrito não o d esprezas, ó D eus" .
Vieram outros adoradores e passaram adiante d ele, r11as ele nada tinha.
Po r fim , prostrou-se dian te do sacerdote, que lhe disse: "Que que res ru , filh o
meu ? N ão te ns ofe rta?" e ele responde u: " Não, n1e u pai , pois na no i te passada
urna pobre vi úva ve io a rnim con1 seus filhos, e eu nada tinha para oferecer-
lh es senão os dois pombinhos que esrava m prontos para o sacrifício, . "Enrão
trag~t, disse o sacerdote, "um e b d e Hor de farinha". "Nen1 isso te nh o, m eu
pai", disse o velho. "Hoje tninha enfernlidade e pobreza me deixaran1 apenas o
suficiente para tneus filhos que morrem d e fome; não tenho nem m es1no um
efa d e farinha". •' Por que, então vieste a mim?" perguntou o sacerdote. "Porque
os ouvi cantando: Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado.
Não aceitará Deus 1neu sacrifício, se eu disser: Senhor, tem misericórdia de
rnim, pecador"?
Então o sacerdote levantou o velho do chão e lhe disse: '<Sim, és bem-
aventurado, meu filho; essa oferta é melhor do que milhares de rios de azeite"
( The Worfd ofProverb and Parable por E. Paxton Hood).
Se essa hipocrisia, esse descanso nas realizações externas era tão odioso a
Deus sob a lei, uma religião cheia de sombras e cerin1ônias, certamente será
n1uito 1nais odioso sob o evangelho, uma religião de muito maior simplicidade
e que exige tanto mais sinceridade de coração, mesmo porque alivia o h omem
exterior das realizações dos direitos e das observâncias legais.
Portanto, se agora, sob o evangelho, pensa1nos em enganar ao Deus Todo-
poderoso, como Mical enganou a Saul, u1n dia descobriremos que n ão
zo1nbamos de Deus, mas de nós mesmos; e que nossa porção entre os hipócritas
será maior do que a porção deles (William Chillingworth).
Como são as vestes para o corpo, assim as cerimônias para a religião. En1
um corpo vivo, as vestes preservam o calor natural; ponha-as nu1n defunto, e
elas nunca lhe d arão vida. As cerimônias ajudatn a autnentar a devoção; mas
não poden1 criá-la num coração morto. Essas vestimentas da religião num
hotnem santo são como as vestes de Cristo e1n seu corpo santo; porétn, unidas
a um coração profano, são corno as vestes d e Cristo nos assassinos que o
crucificaram (Ralph Browring) .

77. O Prun1o
uMostrou-n1e tan1bé1n isto: eis que o Senhor estava sobre un1 11lllrO
levantado a pnuno; e tinha un1 pnnno na 1não n (A1n 7.7).

As n1etáforas de Atnós são tnuito poderosas, embora sen1 ornatos e simples.


( ) Senhor co ntinua ::1 adorar a mesm~1 regra inE1lível: onde quer que ele esteja,
ce m um pnuno na n1ão.
I. O PRUMO É USADO NAS CONSTRUÇÕES
En1 tudo quanto edifican1os, d even1os agu· pela regra segura da
Justtça.
1. Na consrrução d e Deus é assin1.
Ele retira os velhos muros, quando examinados pelo prun1o e slo
achados en1 falta. A verdade reg uer a remoção da falsidade.
Ele edifica e1n verdade e realidade.
Ele edifica em santidade e pureza.
2. Na edificação de nossa própria vida deveria ser assiin.
Não a pressa, mas a verdade, deve ser o nosso objetivo.
Não segundo os olhos humanos, mas de acordo com os fatos.
Deveríamos construir d e acordo com a Palavra: à vista de D eus;
segundo o exemplo de Cristo; mediante o Espírito, em santidade.
3. Em nossa edificação da igreja deveria ser assi1n.
Ensinando somente as Escrituras em todas as coisas.
Nada pregando, alétn do evangelho.
Pondo os pecadores em posição inferior, pela lei, e exaltando a graça
divina.
Levando os homens à santidade e à paz pelas doutrinas da verdade.
Exercitando a disciplina, para que a igreja seja pura.
II. O PRUMO É USADO PARA EXAMINAR ·
1. Podemos usá-lo:
No muro da justiça própria, da presunção, da vanglória, etc.
No muro do viver descuidado.
No muro da confiança nos cerimoniais.
2. Deus o usa nesta vida.
3. Ele o usará no fim.
III. O PRUMO SERÁ USADO PARA DESTRUIR
1. Mesmo os salvos serão salvos, precisamente, tnediante nosso Senhor
Jesus, e, no caso deles, cada pecado será destruído, e cada vestígio
do mal será ren1ovido, antes que eles entrem nos céus.
2. Nenhuma dor será injustamente infligida.
Conhecimento ou ignorância aumentarão ou diminuirão o nún1ero
de açoites (Lc 12.47, 48).
3. Os que rejeitatn a Cristo, acharão sua sentença intolerável, porque
eles mesmos serão incapazes de negar sua justiça (Lc 19.27). Os
perdidos sabetn que sua miséria é merecida.
4. Visto con1o cada sentença será infalível, não haverá revisão. Tão
in1 parcial e justo ser<Í cada veredicto, que valer<1 par~t sempre
(Mt 25.46).
Foi feita a pergunta «Que é a verdade?" nunu instituição de surdos-n1udos,
quando um dos 1neninos traçou uma linha reta. ''E o que é a falsidade?" A
resposta foi un1a linha torruosa (G. B. Bowes).

I~ I
Whitefield dizia arniúde que preferia ter urna igreja con1 dez homens
retos con1 Deus, a urna com quinhentos, dos quais o mundo risse
disfarçadan1ente (Joseph Cook) .
Livingstone, como missionário, estava ansioso por evitar wna igreja grande
de adeptos notninais. ((Nada", escreveu ele, "rne induzirá a formar un1a igreja
impura". «Cinqüen ta acrescentados à igreja" soa ben1 lá na sede da rnissão,
mas se apenas cinco desses são genuínos, que adiantará no Grande Dia?"
(Blaikie):
Na terra, os pecadores sempre são punidos menos do que rnerecem, e, no
inferno, nunca mais do que merecem (Benjarnin Beddome).

78. Auto-engano
A soberba do teu coração te en ganou" (O b 1.3).

Isso é verdadeiro ~1o tocante a todas as pessoas orgulhosas, pois o orgulho


I
e auto-engano.
Pode haver pessoas orgulhosas nesta congregação.
·Aqueles que estão certos de não teren1 orgulho, provavelrnente sãO os
1nais orgulhosos de todos. Os que se orgulha1n de sua humildade são realmente
orgulhosos.
I. ELES ESTAVAM ENGANADOS
1. Quanto à avaliação que outros fazian1 deles. Pensavam que eram
tidos etn honra, mas o profeta diz: <<Tu és mui desprezado" (v. 2).
2. Quanto à sua segurança pessoal. Sentian1-se seguros, n1as estavam
próximos de sua ruína (v. 3, 4) .
3. Quanto à sua sabedoria pessoal. Falavam dos ((sábios d e Edom"
(v. 8); mas o Senhor disse: "Não há em Edo1n entendiinento" (v. 7).
4. Quanto ao valor dos que mereciam sua confiança. Edotn confiou
en1 alianças, 1nas estas falharam completainente. ((Os que gozatn da
tua paz te enganaratn" (v. 7). Parentes ricos, atnigos influentes, aliados
experirnentados- todos falharão con1 aqueles que neles confiarn.
II. SEU PRÓPRIO ORGULHO OS ENGANOU
l. Ern cada um dos ponros acima mencionados, o orgulho est<Í no
fundo d e seu erro.
2 . D e qualquer n1aneira, o orgulho dispõe o hotn em a ser enganado.
Seu juízo é pervertido por ele: ral hom en1 não .é capaz de julgar.
,l.)t' l l p:1d r:ío Sl' ror na impreciso: seus pesos são blsos .
• 't' l l d, ·~.,·j,,: . < <llt vid :1111 :1 liso nj:t, v s t1 :1: in sL· n s:H ez :tceir:l-:1.
1•

I I I
III. ESSE ORGULHO OS LEVOU A MAUS CAMINHOS
1. Mostravam-se desafiadores. "Quen1 n1e deitará por terra?"
2. Estavam destituídos de compaixão. "Tu mesmo eras um deles"
(v. 9-12). O orgulho é desurnano.
3. Eles n1esmos participaram da opressão (v. 13, 14).
4. Mostraram desprezo pelas coisas sagradas. "Bebestes no n1eu santo
mont=" (v. 1"6).
IV. ESSES MAUS CAMINHOS GARANTIRAM-LHES A RUÍNA
1. A provocação deles trouxe-lhes inimigos.
2. O desprezo que votararn a Deus, fê-los dizer: cce ninguém mais restará
da casa de Esaú, (v. 18).
Odiando toda forma de soberba, descansemos humildemente nele.
Se um homem é perfeccionista e pensa que não tem pecado, isso é prova
não de que seja melhor, mas apenas de que é mais cego do que o próximo
(Richard Glover).
Adão itnaginou que a formosa fruta o tornaria sen1elhante ao seu criador,
mas Deus resistiu ao seu orgulho, e aquela fruta o tornou semelhante à serpente
que o tentara com ela. Absalão pensou que a rebelião o faria rei, mas Deus
resistiu ao seu orgulho, e sua rebelião o impeliu a enforcar-se numa árvore
(Henry Smith).
O ernbaixador veneziano escreveu a respeito do Cardeal Wolsey: "De
fato, percebo que a cada ano ele aun1enta rnais en1 poder. Quando vin1 à
Inglaterra pela primeira vez, ele costumava dizer: Vossa Maj estade fará assim e
assin1. Posteriormente, costumava dizer: Faremos assim e assim. Mas agora ele
di2: Farei assim e assim". Entretanto, a história mundial registra corno o orgLilho
de Wolsey ia à frente da destruição, e con1o seu espírito arrogante ia à frente da
queda.
Napoleão Bonaparte, intoxicado pelo êxito, e no auge de seu poder, disse:
"Eu faço as circunstâncias". Que Moscou, o Elba, Waterloo e Santa Helena,
aquela ilha rochosa onde ficou aprisionado e levou wna vida angustiada,
testifi qu em de s ua cotnp le ta inutilid ad e, e m sua qu eda humi lh ante
(]. B. Gough).
l)a Ines ma maneira que D eus tem dois lugares de habi t~lÇJu, o c é tl c 11111
coração contrito, assim t~unbé m o diabo - o in ferno L' um cor: 1 ~,·iío oq•,Jdll P.'\ 1)
(T. \XI;uson) .

I I
I
79. O Arrependin1ento dos Ninivitas
"Começou Jnna~ a percorrer a cidade caminh o de um d ia, e pregava, e
clizi a : A inela qu arerüa c1 ias, e N íni ve será snhvertida" (] n 3 .4) .
"Nj nivita~ se levantarão, no Jní:r.o, con1 esb geração e a concleu a rão;
porque se arrcpenclerarn con1 a prega~;ão de Jonas. E eis aqui esl á quem é
maior do que Jonas" (lVlt 12.41).

Nosso Senhor nunca perdeu a paciência com um aud.irório, e nunca fez


acusação injuriosa contra qualquer homem: sua reprovação era bem merecida.
Os ninivüas se arrependeram e se voltaram para Deus. No enran to,
I. OS CONVITES AO ARREPEN DIMENTO NÃO FORAM MUITOS
Muitos incrédulos têm sido advertidos c convidados vezes, sem conta,
rodavia permanecem impenitentes.
Nínive não tinha privilégios: estava nas trevas do paganismo.
Nínive ouviu apenas um profeta; e não foi dos grandes nem muito
aferuoso.
Nín ive ouviu aquele profeta som ente uma vez; e foi um serm ão ao
ar livre, muiro curto e monótono.
Nínive não ouviu nenhuma palavra de boas novas; ouviu o trovão -
da lei, e nada mais.
A obediên cia ao aviso, no entanto, foi imediata, universal, prática e
aceitável, de tal modo que a cidade foi poupada.
II. A 1vfENSAGEM DO PROFETA NÃO FOI ENCORAJADORA
1. N ão proclamava nenh uma promessa de perdão.
2. Nem mesmo mencionou o arrependimenw e, em conseqüência,
não ofereceu esperança aos peniten tes.
3. Predisse ruína esmagadora e final: "Nínive será subverrida". Sua
mensagem co meçou e terminou ameaçando.
4. .tv1encionou uma data que se aproximava veloz: "Ainda quarenta
. ,
d1as .
EntretantO, dessa tremenda mensagem o povo fez um eva ngelho, e agiu
de acordo com ele, a ponro de acha r livrame n to; enqtw nto a muiros de nós a
ri ca, segura e graruira promessa de Deus n ão rem rompido noss~l descrença.
111. O PRÓPRIO PROFETA NÃO OS AJ UDOU EM SUA ESPERANÇA
.Jonas n~o er~l um pasmr <lm;ivd , cerno, ;msioso por achar a ovelha perdida.
1. Não gostava do minisrério em que estava engajado e, sem dúvida,
desincumbia-se dele de modo duro e ~íspero.

I 1-1
2. Não proferi a n enhuma palavra de amor simpático, pois nilo rin l1:1
nenhuma palavra assim, vinda do coração. Era da escola de E lias, c
desconheceu o amo r que ardia no co ração de Jesus.
3. Não fez nenhuma oração de amorosa compaixão.
4. Ficou triste, quando a cidade foi poupada.
No entanro, aquelas pessoas obedeceram à sua voz, e obtiveram
misericórdi~l, po r darem ouvidos à sua advertência. Isso não reprova
a muitos q ue têm sido favorecidos com admoes tações tern as e
amorosas? Certamente que reprovou aqueles que viviam nos dias de
no sso Senhor, pois n ão há duas pessoas q ue pudessem of'erecer
co ntraste mais singular que Jo nas e nosso Senh or.
Na verdade, alguém "maior", melhor e mais terno que Jonas esrava ali.
IV. A ESPERANÇA A QUE OS NINIVITAS PODIAM CHEGAR ERA
FRACA
Não era mais d o que- "Quem sabe?"
1. Não tinham revelação alguma do caráter do D eus de Israel.
2. Nada sabiam de um sacrifício exp iatório .
3. N ão haviam recebido convire para ·buscar ao Senhor, nem m esmo
ordem para se arrependerem.
4. O argum ento deles e ra principalmente negativo.
Nada se disse contra o arrependi mento deles.
Não poderiam ficar pior, por se arrependerem.
5. O argumento positivo era fraco.
A missáo do profeta foi uma advertên cia: mesmo uma advertência
imp lica em cerro grau d e misericórdia; aven turam-se com base
naquela mera esperança, dizendo: "Quem sabe?"
Náo temos nós t odos, pelo menos , essa mesma esperança?
Náo temos m uito mais no evangelho?
Náo nos ave nturamos com base nela?
D eus adverte antes de ferir, e assusta antes de lurar. '<_Ainda quarent;l d ias,
e N inive será subvertida". Oh, p ros tremo -nos perante o Sen hor, nosso criador!
E nrão sua ira se rá aplacada de mod o que sejamos poupados diariamente, e
suas balas que visam a atingir-nos devem passar por cima de nós (Thomas
Ful ler).
"Ouvi E1lar", diz o sr. Daniel Wi Lson, cm um de seus sermões, ''de
derc rmin ada pessoa cujo nom e não posso me ncionar, que fo i tenrada a pôr
termu a seus dias e perder-se; esse era, porta mo, seu md hor cam inho para
termi nar a vida, o que, se posto em pr<1rica, serviria para aum entar-lhe o pec1do,
e, conseq üenrem cnre, sua miséria, da qual não podia fugir; e vend o que dcvc::: ria
estar no inferno, qu~nto ma is cedo fosse para lá, t anro mais cedo conheceria o
pior; o que era preferível a estar esgotado com a expectativa ato rme ntadora do
que escava por v 1r. .
"Sob a influência de sugestões como essas, dirigiu-se a um rio, com o
propósiro de atirar-se nele; mas, quando estava prestes a atirar-se, pareceu-lhe
ouvir uma voz q ue dizia: "Quem sabe?" como se as palavras tivessem sido
proferid~s em voz audível. Assim, pois, foi levado a tOmar uma posição: seus
pensamentos foram dominados, e, desse modo, começou a agir segundo a
menção da passagem: "Quem sabe?" (Jn 3.9), isto é, o que Deus pode fazer, ao
proclamar · sua graça glo rio sa. Quem sabe, um assim possa encom :rar
misericórdia? ou qual ser<l o desfecho da oração humilde, ende reçada aos céus
a esse respeito? Quem sa be quais os propósitos de Deus em minha recuperação?
"Com pensamentos tais como esses, se nd o infl uenciado até esse ponto,
de modo a resolver tentar, agradou a Deus, graciosamente, capacitá-lo a atirar-
se, p ela fé, sobre Jesus Cristo por meio de todas as suas dúvidas e temores. Só
Jesus é capaz de salvar perfeitamente todos quantos vêm a Deus, por intermédio
dei~, humildemente, desejando e esperando misericórdia por amor a ele, para
a sua própria alma. E nisso não ficou desapontado, mas veio a tornar-se um
eminente cristão e ministro. E, de sua própria experiência das riquezas da
graça, foi muiro út:il à conversão e conforto de outros" (Religious and Moral
Anecdotes).

80. O Pior dos Inimigos


"Nlas, há p<Ynco, se lev,mtou o meu povo como inimig1/ (lv'lq 2 .8).

Quando os homens es rão em diflculdade, são capazes de lança r a culpa


em Deus.
Aqui o Senhor reponde à q ueixa de Israel conrra ele, com uma q ueixa
profun damente verdade ira contra eles.
I. OUÇAMOS A TRISTE ACUSAÇÃO
Quanto a esr::t, h ~í profunda dor, como que vinda do Deus de amor.
1. F.r:1m ~eu povo. ''tvleu povo''. Deus rem inimigos em nt'1mero
suficiente, sem que seus próprios anudos se: rornem rais. É horrívd
ingraridáo c rraição que os deiros se rebelem .
2. Levancaram-sc ·'como inimigo'' . Amigos desleais túem agudamente,
e muicls vez.cs .são nui.s cruéis qu e outros antagonisr:ls. Na realidade,
é cru el qllt os bvorecido.s se ergam co mo inimigos.

I ~~ )
3. Ulrimameme tinham feiro isw: "Mas há pouco" - "onrcm'' , ll: ~L·
na margem. O pecado era recente, a fe rida estava sangrando,'' olC n~.:1
era extrema. Tinham a inclinação para a obstinação.
4. Tinham agido assim mali ciosamente. (Ver a última pane do
versícu lo). Procuravam briga com aquele que "não pensa em guc..: rra".
Deus deveria receber nosso amor, mas nos vo ltamos contra ele, sem
causa.
II. OUÇAMOS A EVIDÊNCIA MAIS LAMENTÁVEL PELA QUAL A
ACUSAÇÃO É SUSTENTADA.
Tomando as palavras "meu povo" como alusão a codos os que se professam
cristãos, muiros deles "levantam-se como inimigos", por causa de:
1. Sua separação do Se nhor. "Quem não é por mim, é contra mim
(Mt 12.30).
2. Seu m.undanismo. Po r isso o zel~ do Senhor se move, pois o mundo
fo i feiro seu r ival, n o coração. "A am izade d o mundo é ini miga de
Deus" (Tg 4.4).
3. Sua d es crença, que inju r.ia s ua honra, s u a veracidad e, s ua
imutabilidade (l ]o 1.1 O).
4. Suas h eresias, q u e lutam contra sua verdade revelada. É obra intàme,
quando a igreja e seus pastores se opõem ao evangelho.
5. Sua profanidade. Os q ue se professa:m profànos são, por excelência,
"inimigos da cruz de Cristo" (Fp 3. 18) .
6. Sua rnornidão, pela qual enfermam a seu salvador (Ap 3.16),
emristecem ao Espíri ro (Ef4.30), estim u lam os pecadores no pecado
(Ez 16.54), e d esestimulam :lOS que b uscam a Deus.
III. ATENTEMOS PARA AS MAIS TRISTES ADVERTÊNCIAS
N enhum bem virá, possivelmem e, da oposição ao Senhor; porém,
h ão de seguir-se, inevitavellnenre, os males mais d olorosos.
1. No caso de cristãos autên ti cos, advirão a eles pesados castigos e
humilhações (Lv 26.23, 24).
2. Com estes vi rão os mais rrisres ais e agoni as d e coração.
3. N o C lSO d e m eros professantes, em breve virão o abandono da
profissão, a imor:did:tde, a maldade sé rup h , etc.
o~ ~)<.:'Clc..los dos perversos perfuram o lado de Crisro, lll:l~ os pecadns d()s
pininsos rln c:tm-lh e a bn<..::l
·'
110 corado.
·"
Ctrlylt~, r:, l:lndo das mud anças produzidas pelo rempo, d iz: "Qu:ío rdgic:t
11k é a vis ra de> velhos amigos: uma cois~1 da qu~tl re~1lmenre s('mpre me esqui vo!"
O pt'cado fez mud~mçts ;li nda mais dolorosas ern algu ns que outrora c- rarn
<.:onrados ('11m:.' os amigos de Deus.

I í ~·
Farnaces, filho de Mirridates, rei de Ponto, enviou uma coroa a César, no
tempo em que estava em rebelião contra este. César recusou o presente, dizendo:
"Primeiro, que ele abandone sua rebelião, e depois recebere i a coroa". H <i muitos
que põem uma coroa de glória na cabeça de Cristo, m edia nte boa profissão,
mas põem uma coroa d e esp inhos em sua cabeça, med iante má conversão
(Secker).
Depois que o pobre Sabat, um árabe que havia professado fé em C risto,
mediante os esforços do Rev. W Martyn, apostatou d o cris tianismo e escreveu
a favor do islamismo, foi e ncontrado em Malaca, pelo finado Rev. Dr. Milne,
q u e lhe formulou algum as perguntas m uito incisivas, em resposta às quais ele
disse: "Sou feliz! Tenho sob re a cabeça um monte de areias ardentes. Quando
pretendo algo, não sei o que estou .fazendo!" É, na realidade, mau n egócio
abandonar ao Senhor, nosso Deus (Bmú E1zcyciopaedia).

8 1. Apelo do Senhor a seu Próprio Povo


uPovo m.eu, que t e ten1l o feito? E con1 que t e enfadei?
Respo nde-me!" (Mq 6.3).

Lo nge esteja de nós ser negligentes, quando Deus t:em controvérsia


conosco, pois para ele é questão de profunda solenidade. Condescendendo
en1 graça, ele dá muito valor à afeição d e seu povo, e não a perder<Í sem esforço. ,'
.t

I. UMA EXCLAMAÇÃO COMOVENTE. "POVO MEU"


Não é admirável que tal linguagem seja usada pelo Deus Eterno?
1. É a voz de solene austeridade.
2. É o grito de tristeza. O vocativo es d regado de lágrimas.
3. É o apelo do amor. Amor injuri ado, mas vivo, apelan te, lutador e
sup licante.
4. f a linguagem do desejo. O amor divino deseja ardentemente a
reconciliação do rebelde: anseia por ter sua leal afeição.
11. UM FATO DOLOROSO. "[ ... ] TE ENFADEI [... ]" ·i
lsr~1e l agia como se estivesse cansado de Deus.
I. E.sravam enfadados de seu nome. Baal c Asraroce est<lVam na moda,
~: u Deus vivo foi desprezado.
2. Escavam cnf;Hbdo.s de ~ua
adoração. O sacrifício, o sacerdote, o
lug:tr sanm, ;l o ra ç5o, etc., tudo fora desprezado .
.:i. r·:.s ravam enf1cbdo.s de obedecer JS suas leis, embora das fossem
ll 'l. l '. ~· jiJ:, l :J.s , 1.· s~.· dvsr ina.sscm :10 hem deles.

I I
4. Escavam enfadados de suas restrições: queriain liberdade para st:
arruinarem m edian te a trans gressão.
III. U MA PERGUN1A PACIEN TE. " QUE T ENH O FEITO?" ETC.
Amor extraordinário ! O p róprio Deus s ubmete~se a j u lgam ento.
1. Q ue aro sin gular de Deus poderia in d uzir-n os a abandon ar o seu
caminh o? "Q ue re ren ho feiro?"
2 . Q ue ca min h o con rín u o de D eus po deria causar-nos enfado? «Com
que re enfadarei?''
3. Que ripo de testemunho podemos aprese n ta r co n tra Deus?
" Responde-me".
Se estamos en f 1dados com nosso D eus, é-
Por causa de nossa o bstinação insensata.
Por causa de nossa imaginação volúveL
Por causa de n osso débil am o r a ele e à santid ade.
O ra, há u ma coisa p ara a q ual precisamos ch am ar a are n ção d os rebeld es:
que o Senhor n unca os aband onou; eles é que o abandonaratn! O Senho r
nunca os deixou; eles é que o deixaram! E isso, também, sem n enhum motivo.
O amor n ão gosta de ser esquecido. Vocês, m ães, ficariam com o coração
pa rti do, se seus filh os os d eixassem , e nunca lhes escrevessem uma palavra, o u
enviassem q ualq uer lembran ça de sua afeição por vocês; e Deu s insiste com os
rebeldes, como um pa i insiste com os q ueridos q ue se d esviaram . E ele ten ra
trazê- los de volta. Ele pergunta: "Que vos renho fe i ro p a ra que me
aban do násseis?" As m ais ternas e am orosas palavras en contradas em nossa Bíblia
são de Yah weh pa ra aqueles que o deixaram se m motivo (D. L. M o od y) .
Q u e aqueles q ue são ten tados a at~1srar-se do Senhor, lembrem-se da
resposta d e Cristão a Apolião, quan d o este p rocurou persuadi-lo a voltar a
esquecer-se de seu Senhor: "ó destruid or Apolião, para falar a verdade, gosto
de servir a ele, d e seu salário, de seus ser vos, de seu govern o, de sua compan h ia,
e de seu pais, ma is do que dos reus; d eixa, po is, de querer pers uadir-m e. So u
servo dele, e a ele segui
'-
rei".
Qu~mdo um juiz inflei exigiu que blasfemasse conrr;l Crisro, Polic1rpo
deu -lhe esc~t resposw in rel igenre e devor~1: "Tenho vivido durante o irema e s..:is
anos. Nc:m u ma vez. scqu~r ele me p rejudico u em q ualq w::r coi s~t ; por l]Ll l',

pois, deveria eu blasfemar conrra o meu D eus, q ue em nada me e mbaraço u t

tfll n~td;t me prejudicou?"


82. A Fortaleza
"0 SENHOR é bom, é .fortaleza no clia da angústia e CL)nhece
os que n e Ie se refugiam" (Na 1. 7).

Top<lmos aqui com uma ilha, no lago tormentoso de Na um. Tudo é cal mo
neste versículo , embora o contextO inteiro seja abalado pela tempestade.
I. DEUS. "O SENH O R É BO M ".
l. Bom, em si mesmo, essencial e independentemente.
2. Bom, eterna e imutavelmente.
3. Bom em todos os seus aros graciosos.
4. Bom em se u ato presente, seja esse qual for.
Se alguém mais pode ser bom ou não, sabemos que o Senhor o é
(lv1c 19.17).
II. DEUS E M R ELAÇÃ O A NÓS . " FO RTALEZA NO DIA DA
ANGÚSTIA" .
1. Sob circunstâncias especiais, nosso refúgio.
No dia da angústia, quando a provação é especial e veemente.
No dia da angústia: passageiro , mas assim m esmo longo, o bastante
para durar o quanto d ura a vida, a menos que o Senho r o impeça.
No dia da angústia: q uando por d entro, por fora, c ao derredor,
parece haver somente cuidado, temor, necessid ade e trisrez.a.
2 . M antendo a nossa paz.
3. Desafiando nossos inimigos, que não ousam atacar tal fortaleza.
4. Permanecendo sempre o mesmo: refúgio seguro para os necessitados.
III. DEUS CONOSCO. "CONHECE OS QUE NELE SE REFUGIAM''.
1. Seu terno cuidado para suprir todas as s uas necessidades.
2. Sua comunhão amorosa com eles, o que cons titui a melhor prova
de que ele os co nhece, e que s~i.o se us amigos amados.
3. Se u reco nhecimenro franco: agora ele os possui; e co nfessad seus
n omes diante de rodos os mund os reunidos (Ap 3.5).
Ultimamente, quando es tive mos no Vale de Yosem ite, nosso gu ia nos
E1lou de um:1 série de terríveis rerremoms q uc houw no V;lle. h:i dr ios :Ul OS.
0:-; poucos habi canres que ali mo rav;lm, for;lm arrancados de seus leicos, à
nn i r~.:. Fr:{gcis c1b:11Us for:1111 dcsrro~~:1cbs. Eno rmes pcdr~ls soltas fo ram
arrem(;'ssadas do precipício para o vale. Esses abalos se reperiram por d iversos
di;ls, :né que as pessoas foram rom:t<..bs de p;'inico, e estavam :1 pomo de cai r no
~.kses pero.
"Que é que vocês fizeram?" pergumamos. O guia· (apontando par<l :t

poderosa e inabalável rocha,EJ Capitan, que se ergue ali a m il metros de alrura,


no lado sul do vale, com uma base compacta de cinco quilômetros), respondeu:
'' D ecidimos ir c acampar ao abrigo da anriga rocha C:1piran; porque se essa se
abalasse, sa bíamos que o mundo se acabaria" (D r. C uyler).
Tamar pode disfarçar-se e camin har por u m caminh o não costumeiro, de
sorte que Judá não a conheça. Isaque, pela deficiência de sua vista, pode abençoar
a Jacó e o mitir a Esaú. A necessidade do tempo pode faze r que José se esq ueça
de seus irmãos, ou seja por eles esquecido. Salom ão pode duvidar quanto a
quem a criança pertencia por direito, e Cristo pode vir aos seus, e não ser
recebido: mas o Senhor conhece aqueles que são seus, e seus olhos estão sempre
postos so bre eles.
O tempo, o lugar, o rnodo de fala r ou o traje não podem obscurecer ou
roldar seus olhos o u o uvidos. Ele pode discernir D aniel na cova; e Jó no meio
da suj eira, embora não tenha mudad o tanto. ((ue esteja)o!J.aS alojado no ventre
do grande peixe, que Pedro seja posto em prisão apertada, ou Lázaro vestido de
trapos, ou Abel role no sangue; ainda assim ele pode chamá-los pelo nome e
enviar seus anjos para confortá-los. A ignorância e o esquecimento podem
leva r o amor e o conhecimento a perder se us traços n a criatu ra, mas o Senhor
não é acidental a qualquer deles, pois seus o lhos, com o sua essên cia, estão em
roda parte; ele conhece todas as coisas" (Things New mzd Old de Spencer).
Muitos falam em co nfiar em Deus, quand o realmeme nada sabem da fé
verd adeira. Como vamos saber q uem é crente e quem não o é? Essa pergunta
é difícil de ser respondida em tem pos de prosperidade, mas não no dia da
angl!sria; então o verdadeiro crente estará calmo e tranqüilo em se u Deus, c o
m ero impostor chegou ao fim de sua esperteza. O texto parece sugerir <lssim.
Todos podem encomrar um ninho de ave no inverno, quando as <:Í rvores esrão
despi d as de sua folha gem, mas as fol has verdes os o cultam. Do mesmo mod o,
os cremes são revelados pela adversidade .
Uma coisa, entretanto, não se deve esquecer: quer conheçam os ou não
aos crentes, Dcu.s os co nhece. Ele não inclui um hipó('rita no número, n tm
exclui uu1 nente since ro , aínd:.1 que re nha poucl fe. Conhece ín bl ívcl e
univend mcnrc:. Sed que ele mr conhece como um d;tquele.s que confi;Hll
nele? O Senhor conhece os qu e são .seus, e eles o conhece m como sua rorr;lleza.
Tenho eu tal conhccimemo?
Icd
8 3. A Soberba Destruidora
uEis o sGberho! S ua a ln1a. não é reta nele; 1na::; o justo viv~rá
pela ~Llil fc( (H c 2 .4).

A demora no lívramen ro pesa os homens na balança.


A incerteza é muito penosa, e constitui prova perscrutadora.
Isso divide os homens em duas classes, pelo faro de revelar seu verdadeiro
caráter.
O soberbo e o justo põem-se em posição de destaque; o orgulhoso e o
justo distanciam-se como pólos opostos; e o resultado da provação, nos dois
casos, é cão diferente como a m orre difere da vida.
O retardamento d a promessa -
I. REVELA GRANDE FALTA. "SUA ALMA NÃO É RETA NELE".
O homem mos tra-se impaciente, e n ão agüentará a espera. Isso é orgulho
em sua plenitude, pois discu te com o Sen ho r e o usa dar-lhe ordens.
1. É muito natural que sejam os orgulhosos. Desse modo caíram nossos
primeiros pais, e n ós lhes herdamos a falha.
2. O orgulho assume m ui tas formas e, dentre elas, esse jactanc~oso
hábito de pensar que devemos ser servidos imediatamente.
3. Em qualquer caso, o orgulho é irracional. Quem somos nós para
que o Senhor seja nosso servo, e nosso relógio lhe determine o tempo?
II. DESCOBRE UMA O POSIÇÃO GRAVE
Ele se cansa do evangelho, que é a som a das promessas, e se torna avesso
ao exercício da fé que o evangelho exige.
Seu orgulho o faz rejeitar a salvação pela graça, mediante a fé em Jesus.
1. Ele é importan te demais para considerá-la.
2. É sábio demais para crer nela.
3. É bom dem ais para precisar dela.
4. É avançado demais em ''cultura" para supo rtá-la.
III. D IRIGE-NOS A U1v1 CONTRASTE AGRADÁVEL
1. O homem realmente justo é verdadeiramente humilde.
2. Sendo humilde, não ousa duvidar de Deus, mas deposita em sua
Palavra uma fé implícita.
3. Sua fé o mantém vivo nJ provaç;io. e o conduz às alegri:1s e privilégios
da vida espiritual.
4. S11:1 vida vence :1 prov:1ção, e ~e transtorm ~l cm vida eterna.
Como o primeiro passo na direção do céu é a humildade, assim, o primeiro
1,:tssn em dires:fio ao inferno t? o orgulho. O orgulho diz que o evangel ho é
I<,Ji ·c, tll :ls n L'V:Ill gelho semp re demonsrra que o orgulho é que: é loucura.
Deve mostrar-se orgulhoso o pecador que está indo pa·ra o inferno? Deve
mostrar-se orgulhoso o santo que d ele foi salvo recememenre~ Deus teria
preferido q ue seu povo vivesse pobre a que vivesse orgulhosamente (Mason) .
Pobreza de espírito é a mala onde Cristo põe as riquezas de sua graça
(Rowland Hill).
Devemos esvaziar-nos do ego, ames que possamos encher-nos da graça;
devemos despojar-nos de nossos trapos, antes que possamos vestir-nos de
retidão; devemos dcspi~-nos, para que possamos ser vestidos; feridos, para que
possamos ser curado; mortos, para que possamos receber vida; sepultados em
desgraça, para que possamos ressuscitar em glória. Estas palavras, ''Semeia-se o
corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita
em glória", são tão verdadeiras, em se tratando da alma, quanro o são, em se
tratando do corpo.
A arte do cirurgião pode emprestar-nos uma ilustração: o osso que fo i
ajustado de maneira errada d eve ser novamente queb rado, para ser posto em
posição correta. Quero gravar esta verdade em vossa memória. É cerro que
uma alma cheia de si não tem lugar para Deus; e, como a estalagem de Belém,
apinhada de hóspedes de menor importância1 um coração já ocupado pelo
orgulho e sua comitiva ímpia não tem acomodação, n a qual possa nascer CristO
em nós, a "esperança da glórià' (Gu thrie).
Não fosse o orgulho , os anjos que estão no inferno, deveriam es tar no cé u
(Jz 6). Não fosse o orgulho, N abucodonosor, que está na floresta, deveria estar
tranqüilo em seu palácio (Dn 4). Não fosse o o rgu lho, Faraó, que jaz com os
peixes, deveria estar com seus n o bres (Êx 14) . Nenhum pecado empurrou
tantos para baixo quanto esse, que prometia elevá-los.
O Papa é o pai de todos os fil hos do orgulho , pois senta-se no templo de
Deus e é adorado como deus (2Ts 2.4) [... ]Não fosse unicamente por orgulho,
os fariseus teria m recebido a Cristo tão delicadamente como seus discípulos;
não fosse apenas o orgulho, Herodes teria adorado a Cristo tão humildemente
como os pastores.

84. Fé: Vida


"Eis o soberbo! Sua é\bna não é reta nele; n1as o justo viverá
pelil Sllil fé" (H c 2.4; Rm 1.17; G13.11 i Hb 10.38).

Qu;lndo o E.spíriw de D eus reperc com freqi.iênci:l o que diz, csr:í :1pebndo,
desse modo, para nossa atençlo especial. Uma doutrina decl3rada com ranra
freqüéncia deve ser preg;1da consramemenre. Uma dourrina declarada com ranca
frtqüên c:ia, ctda um de nossos ouví mes devt recebê-la .sem a menor hesiução.
1. C( l NS II )EREMOS OS QUATRO T EXTOS COMO UM SÓ
< > c11sino ~cla ro. "O justo viverá pela sua fé».
I. A vida é recebida mediante a fé, o que to rna um homem jusro.
O homem começa a viver por um livramento total, da condenação
e da morre penal, tão Jogo crciJ. em Jes us. O homem começa a viver
como um ressuscitado da morre espiri tual, assim que tenha fé no
Senhor Jesus Cristo.
2. A vida é sustentada pela fé, que mantém um homem justo.
Aquele que é perdoado e vivificado, vive, daí para a frente, como
começou a viver - a saber, pela fé.
Vive pela fé, em todas as condições, -
Na alegria e na tristeza; na riqueza e na pobreza;
N a força e na fraqueza; em labor e em abatimento; na vida e na
nwrte.
Vive melhor, quando a fé está em suas melhores condições, muito
embora, em outros aspecros, possa ser severamente provado.
V ive a vida de Cristo de modo muito mais feliz, quando ma1s
intensamente crê em Cristo Jesus.
II. CONSIDEREMOS OS QUATRO TEXTOS EM SEPARADO
Se lermos com precisão, verificaremos que a Bíblia não contém ..
repetições. O contexto dá novo sentido a cada aparente repetição. •
1. Nosso primeiro texto (H c 2.4) apresenta a fé como algo que capacita ·
o homem a viver em paz e humildade, conquanto a promessa ainda
não tenha chegado a seu cumprimento. Enquanto esperamos,
vivemos pela fé, e não pela vista.
Somos, desse modo, capazes de resistir, em face dos triunfos
temporários dos rnaus.
Desse modo, somos preservados da impaciência orgulhosa em fà.ce
da demora.
2. Nosso segundo cexto (Rm 1.17) apresenta a fé como algo que opera
a salvação do mal que há no mundo, mediante a lascívia. O capítulo
em que esse versículo se enconrr;1, apresenra terrível visão da natureza
humana, e significa que somente a fé no evangelho pode crazer-nos
1-e, na fo rma de-:
Escbrecimenro mencll da vida, no qu e concerne ;lO verdadeiro Deus
(Rm 1. 19-2:1).
Pureza moral da vida (Rm 1.24 e s.s.).
3. No~.-;n ren:eiro rexro (Gl3.11) ap resen ra a fé como algo <.Jlll' 11o~ rr:1z
:tl) li Llt jus1iflc\~·ão que nos salv:~ da Sl'nrcnç:l de morte.

I l ,.I
Nada pode ser mais chro, mais positivo, mais completo do que ess;t
declaração de que ninguém é justificado diante de D eus, excr.:ro
pela fe.
·Luuo a negativa quanto a positiva sao bastante claras.
4. Nosso q uarto textO (Hb 10.38) apresenta a fé como a vida da
perseverança final.
Há necessidade de fé, enquanto aguardamos o céu (vss. 32-36).
A ausência de tal fé nos levaria a retroceder (vs. 38) .
Esse retrocesso seria um indicio fatal.
Esse retrocesso nunca pode ocorrer, pois a fe salva a alma de rodos
os ricos, mantendo seu rosto volc:ado até o fim, para o céu.
Que pode faze r você, que não tem fé?
De q ue outro modo pode ser aceito por D eus?
E111 que base pode desculpar sua descrença em seu Deus?

Você perece, antes de crer nele?


No Tal mude, os judeus têm esta declaração: "Toda a lei foi dada a l'vfo isés,
no Sinai, em seiscentos e treze preceitos". Davi, no Salmo 15, os reduz a onze.
Isaías, os reduz a seis (33.15). Miquéias, a três (6.8). Isaías, novam ente a dois
(5.6) . H abacuque, a este: " O justo viverá pela sua fé"(Lightfoot).
A alma é a vida do corpo. A fé é a vida da alma. Crisro ~ a vida eh fe
(Flavel) .
Inscritas num portal distante,
Visíveis como o brilho de urn:1 cstrd:t,
Legíveis somente peb lu z l)ll C das d :í c>,
Estão as palavras viv if·lc:tdoras d:t :tl11t :t.

f;dit '/1(' t lllrl l .il't'

Crer em De us n~o é l'c>I S: t ~ k .'i cllll l' tH•s; L- ,, indício de um cora_ç:.lo


reconciliado co 111 [ )l·ll::, o si1t.d d:t vc nbdcira cspi ritu.d idade da mente. É a
esstnci:t d :1 vcrdatlcira .tdnr:t\·:tu , :1 r:1i·;. d:t obediênc ia sincera. Aquele que crê
em Dc11s, :1 dt'.'ljiVÍ lll cl,· ,. ,,.11:. JH'c :H IIls, prc~il:1- lh c maior ho nra do que querubins
L' Sl't.dÍII :-; , t'l l l '-.11.1 I I IIII Ílllt.l .tclc>l'.lt,:;IO.

l'c ' Ci tll'll :l ( l iÍ.•,: t t: :1 ~ ~: ~ ( :()111<) l', l'l1fá0, (jllt' :\ d <.!SC1"1.:11Ç':l0 Cl'Ífll t' filO grand e

qtH· ··:. t.í 111:11 1.1.!:1 j•:11:1 :1 rL·prov:l<;:"io, como mal conden:trô rio. <..Juc· L·xdui us
11111111'11:. tJ,, ~, , : ,e Scj:t Li o que for que ponha cm segundo lugar, dt· ;1 f·c :1
pri11t :r!.Í:1. 1-'.l:t 11 ~10 0 coi~:t vi, pois é a sua vida.

I (I )
85. Porventura
"Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu
juizo; buscai a justiça, buscai a 1nan~idão; porventura, lograreis esconder-
vos nt) dia da ira dt) SENHORn (Sf 2.3).

Nas q uestões espiriruais, podemos receber estímulo d o mais tênue sinal


de esp era.nça, quando vem de Deus: "porventura lograreis esconder-vos".
A busca de refúgio, aqui ordenada, só é dirigida aos mansos e jusros: mas
temos alegria em proclamar um esconderijo p ara o culpado, e pedir-lhe que
busque o Senhor, mesmo quando o estímulo é mínimo.
I. EM MUITOS CASOS REGISTRAD OS, O "PORVENTURA" T EM
PROVOCADO E JUSTIFICADO UMA AÇÃO JUSTA.
1. Um "po rventura" levou Jônatas a atacar a guarnição dos filisteus
(lSm 14.6). Isso deveria encorajar os santos a empreendimentos
sagrados.
2. Um "porventura" animou a D avi, quando Absalão se rebelou e Simei
o amaldiçoou (2Sm 16.12). Esperemos em Deus, nas nossas horas
sombrias.
3. Um "porventura" induziu os leprosos a entrarem no arraial dos sírios
(2Re 7.4).
4 . Um "porventura", na forma de "quem sabe?", rro uxe rodos os
ninivitas ao arrependimento (Jn 3.9).
Se corrermos para Jesus, mediante a fé como a de uma criança, haverá
m ais do que um "porventura" de que o resultado será feliz.
II. NO CASO DE UM I NQU IRIDO R SINCERO, O "PORVENT URA" É
DE FORÇA FORA DO CO MUM
H <i toda a probabilidade de o arrependimento obter a salvação, se
nós:
1. Considerarmos a nawreza graciosa de nosso Deus (Mq 7. 18).
2. Considerarmos a gloriosa obra de Cristo cm favor dos pecadores
(lTm 1. 15).
3. Considerarmos o nümcro t:: u car~ircr daqueles que foram salvos
(Ap 5.9; 7.9 e lCo 6.11).
4. Consider;nmos ~~ oniporência do Espíri ro Sanw (jo 3 .8).

] h(1
III. MAS, N O CASO DO INQUIRJDOR, ELE TEM MUITO MAIS EM
QUE SE BASEAR DO QUE EM UM SIMPLES "PORVENTURA".
Há inúmeras e seguras promessas na Palavra de Deus, e estas vi~am:
Ao arrependimento (Pv 28.1 3 e Is 55.7) .
À fé (Mq 1.16; Jo 3.18 e At 16.31).
À oração (Mt 7.7 e At 2.21).
Que essas promessas sejam objeto de estudos, e seu estímulo seja aceito
por imediata co ncordância com suas exigências.
Consideremos que Deus previu rodos esses acontecimentos, quando fez
essas pro messas e, por conseguinte, ele n ão as fez em erro.
Consideremos que ele é o mesmo que era quando fez a promessa, e, assim,
na realidade, a tàz todos os dias.
Certa vez se ouviu o dr. John Duncan dirigir-se a uma m endiga, em
Edimburgo: "Ora, você m e prometerá que buscará. Mas note, buscar não a
salvará, embo ra isso seja seu dever; e, se vocé b uscar, encontrará, e o encontrar
',
asa1vara .
Nossa esperança não depende de desemaranhar uma linha como "imagino
assim" ou 'o é prov~ivel", porém o cabo, a corda resistente que prende nossa
âncora, é o juramento e a promessa daquele que é a verdade eterna; nossa
salvação está presa com a própria mão de D eus, e com a própria fo rça de
Crisro, na estaca da im utável natureza de Deus (Rurherford).
Quanto tempo um mendigo esperará, e qufio ansiosamente rogará, embora
nlo ten ha promessa alguma de esmola, mas apenas a chance rara d e ganhar a
moedinha de alguém que passa! Quão trabalhosamente os pescado res lançarão
suas redes, por repetidas vezes, embora nada tenha sido apanhado por enquanto,
c o único estímulo que têm é a possibilidade d e que o peixe ven ha d esse modo!
Quão desesperadamenre os homens me rgu lh:1 m no mar com a expecrariv;1 de
ach ar pérolas nas conchas de ostras , e encontram mons tros ferozes das
profun dezas, com a espe rança incerta de en riquecer.
E n~o se ch ega r~ o os homens a Det1s, quando suas perspecriv:1s são mu iw
nuis hri lhamcs, suas expecta tivas muito mais jusrifidvcis? Quanro a mim ,
lançarei minha alma ent~ rm ~l JOS pés de C risro, na crença tlrmc c in aba l:ívd d e
que de me curad, e depoi~ o segu irei , aonde quer q ue ele vJ, em rran qüila
segur~lllÇl de que ele me co nduzida seu rein o e glória eternos (C. H. S.).

1()7
86. Impuro e Impurificando
"Então, per-guntou Ageu: Se al~uéi11 t1ue se tinha tornado in1puro pelo
Ct1ntato com um cn111o m orto tocar nalguma destas coi~as, ficará ela
imunda? Respontlerum os sacerdotes: Fici.1rd. im uncla. Então, pn)sseguiu
Ageu: A ssim é este p ovo, e assim esta nação perante 1nirn, di% o
SENHOR; assim é toclct a obra elas suas rnãos, e o que ctli oferecen1: tudo
é imundo" (.Ag 2.13-14).

O profera faz os sacerdotes rorn arem-se testemunh as comra si m esmos e


con tra o povo. Esse foi um meio poderoso de evidenciar a verdade.
Que quadro! Uma pessoa impura tornando tudo impuro, onde quer que
ponha as mãos! N ão poderi·a mover-se, sem espalhar a impureza por todos os
lados. Tal era o povo pecador nos dias de Ageu, no juízo de Deus deles, e ele
n un ca julga severamente demais .
Tais são os pecados hoje em dia.
I. TERRÍVEL IMPUREZA. AQUI NOS ATEMOS AO N OSSO T EXTO.
1. As coisas comuns são poluídas por homens de natureza impura.
Por fàzerem deuses delas, d izendo: "Que comeremos?,
Por excessos n o uso delas. Por gluronaria, embriaguez, etc.
Por exage ro no guard~"i-bs. Os bens do avarento são amaldiçoados.
2. As coisas sagradas são poluídas por hom ens de natureza imp ura.
Usam o evangelho como desculp a para o pecado.
Oferecem orações em zombaria solene.
Tran sformam o louvor numa execução musical.
Transformam as ordenanças em hipocrisia ou coisa pior.
3. As boas obras são poluídas, quando reto rnam do contacto com
homens m aus: "Ass im é toda a obra das suas mãos".
Podem se r ca ridosos, por osten tação.
Podem ser religiosos, para serem vistos pelos homens.
Podem ser severa mente justos, a fim de vingar-se.
Podem ser h umildes, com o intuito de a tingir seus fins.
O pecado lanço u a Gtuda de uma serpente sobre rodo o universo,
torn<md o ~1 pró pria cri;H;:lo sujeita :1 v;ticb(k. Que- é qu e- o ho mem
toca e que n;1o degrade e corrompa? Aqui csd um :1mplo ca mpo
para medira ~·;lo , c abun da nte moti vo para ht tmilh a~:~o.
11. O REMÉD IO TOD O -S UFlCIENT E. AQ UI VA MOS ALÉM DE
NOSSO TEXTO.
1. H;wia um s;Krifício (Nm 19.2-4 e H c 9.22).
2. Havia uma 4ueima (vss. 5 e 6). O pecado é odioso, e d~vemos \'é-1()
como tal. Deve ser queimado fora do arraial.
3. Havia uma água de separação.
4. Havia a aplicação com hissopo. A fé precisa receber a purific..tção.
"Purifica-me com hissopo, e fi carei limpo".
Veja, ó pecador, sua necessidade de purificação, ames que tente qualquer
coisa. Antes disso, n ad~ é, ou tem, ou f.u, que seja puro diante de Deus. Depois
disso, ro das as coisas serão sagradas para você.
"Meus amigos dizem por toda parte que não sou cristão. Apenas tenho
desmentido a acusação, executando minhas devoções de Pdscoa (me:; pt!quc.•:;)
publicamente, provando, desse modo, a mdos, o meu vivo desejo de terminar
minha longa carreira, na religião cm que nasci; e renho cumprido esse
importante ato após uma dúzia de ataques de febre executiva, os quais me
fizeram cemer que eu morresse, antes que pudesse assegurar-vos de meu respeito
e de minha devoção" (Voltaire, dirigindo-se a Madamc Du Barri, Que mostra
de coisas santas poluídas!)
Estando Diógenes ao lado de uma <Ígua de banho imunda, ouviram-no
clamar: "Onde deverão lavar-se os que se lavam aqui?" Quando os próprios
deveres religiosos dos homens são impuros, que esperança podem eles ter de
tornar-se lim pos? Aqueles que transformam a oração num escárnio e as
ordenanças, num espetáculo, transformaram o remédio em veneno e como
serão curados?
Uma cri ança contraiu uma moléstia contagiosa. Ela vem acariciar você, e
você a empurra. Ela move uma peça de mobília, e você lhe ordena que rire as
mJos dali. Ela deve ficar isolada, impedida de comacto com a fan1ília.
Suponhamos que ela persista em deixar o quarco e junrar-se ao restante
da f~1mília. Não importa quáo bom seja o motivo, ela esrá procedendo de
maneira errada e agindo prejudicialmente. Q.uanto tnais trabalha com empei1ho,
na casa, e corre de um lado para outro, tanto mais espalha a desordem. O
trabalho doméstico que ela f1z, seria muito bom, se ela estivesse com salide;
como esd, cada movimento seu é um perigo, e seus melhores esforços sáo
pcngosos.
A cri ança tem de ser curada, antes que possa prest:u benefício verdadei ro
à Eunília: enq uanto estiver infeccionada. conr;.1min:u:l tudo em que- tocar, e
prcjud icad :1 rodos qu antos se aproximan:-m dda.
Q .uc os nJo-co nverridos fossem b:1su.nrc s:1bios p:1ra ve r qut, a pri11cípi u,
não precÍS:Hn de tanto trabalho p~H~l flzcr qua nro prêCiS:llll dt puriltClr-se d:t
cont<1 minaçlo, a tlm de que sejam capazes dt> pratica r bn~1s obras!
Numa das escolas para crianças pobres, tu Irl anda, um clérigo fez :1
pergunra: " Que é a santidade?" Após alguns momenros, um pob re menino
irlandês convertido, mal vestido, roupa. suja, pulou e disse: "Eu sei, seu
reverendo , é tá limpo pru dentro" (G. S. Bowes).

8 7. Pequenas Coisas que não devem ser Desprezadas


"Pois quem despreza o dia dos bm11i!eles con1e~:osn (Zc 4.10).

É grande o n(Lmero das pessoas que desp rezam {(o dia dos humildes
começos " .
Geralmente é o modo de Deus começar suas grandes obras, com um dia
de pequenos começos.
Assim, se nora q ue nada há nos próprios meios usados.
Assim, o poder divino é exibido de modo mais pleno.
Assim, a fé é exercida e destinada a ensinar muitas lições.
Por que deveriam os homens desprezar aquilo que Deus ordena?
Eles demonstram o seu desprezo de várias maneiras.
Fingem ter compaixão por tais fraquezas (Ne 4.2).
Vituperam e censuram (lSm 17.28).
O lham com desdém e lançam no ridículo (Mt 13.55 eAt 17.18).
I. AQUELES Q UE DESPREZAM A OUTROS QUE ESTÃO NO DIA DE
HUMILDES COMEÇOS
1. Não sabem que há criancinhas em graça, e que essas são verdadeiros
fl.lhos de D eus? Duvidam desse fato eviden te?
2. Vocês mesmos, outrora, não eram pequen os assim ?
3. Não foram os maiores dos santos muiw débeis, outrora?
Teriam agido desse modo com eles?
4. Nosso Senhor não cuidou ternamente dos co rdeirinhos? (Is 4. 11).
II. AQUELES QUE DESPREZAlvf O DIA DOS HUMILDES COMEÇOS
EM SI MESMOS
1. Com freqüência, deixarão de obse rvar e n utrir pensam enros c
sentimentos que os levariam a C risto.
2. Não são capazes de c rer que a salvação pode vir por meios co muns
ou m edi :ln\e se us aru~lis conhecime n tos e emoções: esses são
pequenos dema is cm sua es tima; anelam por si na is e maravilhas.
:3. Se nutrissem seus fracos desejos, e suas débeis resoluções, e rímid~1s
crenças e rrêm ulas es peranças, d eles adv iria o bem.

17t"'\
4. Não há dúvida de que muitos pensam mal de·sua própria L'UJtdi ~r:tu ,
quando D eus pensa bem d elas. Julgam que a pequena fé. e a pcqut' lt.l
vida e a pequena força são inúteis; mas o Senhor n1o pen.s;l assi111.
III . AQUE LES QU E NÃO DESPREZ AM O DIA D OS H UM JLUE.S
C O M EÇ O S
1. Pastores esperan çosos. Estamos atentos aos sinais graciosos, e somos
mais propensos a ser desencaminhados por nossas arden tes esperanças
do q ue cair na falta oposta de desprezar o d ia dos humild es começos.
2. Pais ansiosos. Anseiam ver o florescimento da graça em seus tllhos.
Os mínimos sinais de vid a espiritual os encantariam.
3. Sábios ganhadores de alm as. Alegram-se por ver "primeiro a erva".
Venham a ele, todas vocês, almas trementes!
Qua ndo o menin o começo u a desenhar retratos em sua lousa, e a fazer
esboços com carvão, nele escava, em forma embrion ária, o grande arrisca. Não
eram todos que podiam perceber seu gênio, que d esabroch ava, mas aquele que
percebeu e estimulou o jovem a p rossegui r na arte co m sua vocação, en controu
satisfàção a vida inteira, por tê-lo ajudado. ·
Tivesse ele olh ad o com desdém para o jovem d esenhisça, e teria vivido
para ver sua insensatez; mas agora sen te prazer em cada triunfo o b tid o pelo
renomado pintor. Sentirão u m a alegria assim , apenas d e uma ordem mais
elevada e mais espiritual, se estim ularem cedo a piedade, e ensinarem ao terno
coração o caminho da paz e da sa ntidad e.
Reprimir os desejos voltados para o céu, porque nele.s está presen te algo
de infantil, é pe r versa crueldad e: desbastem a videira de seus ramos
improdutivos, mas não a arranquem . Fomentem e nurram mesmo o mais
tênue sinal de graça. "Não desperd ices, pois há bênção nele" (Is 65.8).
Uma tarde, no tei que estava no culto uma jovem que eu sabia ser p rofessora
da Escola Dominical. Após o cu lto, p erguntei-lhe onde estava a classe. Ah !
disse ela: "fui ~1 escola e encontrei som ente um menino, e por isso, vim embora".
"Somente um menino!" disse eu; "pense no valor de cal alma! as chamas de
uma Reforma podem escar latentes naquele rapaz em formação; pode haver
um novo Knox, o u um Wesley, o u um ·w h irefleld em sua classe" (0. L. Moody).
O rnusgo é apenas uma pequenina planta, mas quando suas sementes
C;lem em ptlllranos profundos, alagad iços e traiçoeiros, elas c rescem, e uncm o
terre no de cal modo que se rorna perfeitamente seguro pa~sar por cima -
cons rr uir, na verJ ade , uma ponte ampb e durável. "Em roda a criação se obrém
os mais gr~1 n diosos e complicados fins, pelo emprego dos mais simples me ios"
(James Neil, em Rrr:r;fi·om tbe R.et~bw ofJVature).

17 1
88. Presos de Esperança
"Quanto a ·ti, Siã()1 por causa do sél.ngue da tua aliança, tirei <.l.S teus cativos
da cova em que não havia água. \~) ltai il fortaleza, ó preSlJ~ tle l:Sp~ran~a;
tmnbém, b o je, vos a nunciu que tuctl vo::: restituin:i em cl.oJJn/ (Zc 9 .11 - 12).

Este é um texto maravilhoso p ara aqueles que se acham no mais baixo


estado meneai possível. Que o Senhor f~1ça deste texto uma bênção p ara eles.
I. CONDIÇÃO DOS T RlST ES. "CATIVOS DA COVA EM QUE NÃO
HAVIA ÁGUA".
1. Prisioneiros: presos, a liberdade se foi.
2. Prisionei ros numa cova: fuga impossível, trevas intoleráveis , destino
inevitável, terrível desconforto presente.
3. Cativos numa cova onde não havia água: sem conforto, e,
provavelmente, a p erecer de sede. O conforto no pecado é mortal; a
ausência desse conforto é esperançosa.
II. CAUSA DE SEU LIVRAMENTO. "TI REI OS TEUS CATIVOS".
1. O Senhor onisciente vigia-os em sua prisão, e sabe de quem são
pns10ne1ros.
2. Ele tem o poder e o direito de libertar os cativos. Quem pode prender
aqueles a quem ele liberta?
3. Ele tirou-os "por causa do sangue".
Medianre a expiação pelo pecado, feita perante Deus.
Mediante a paz criada na consciência do penitente.
Uma vez que a alma conheça a bênção d a "aliança", e o poder
garantidor do ''sangue", ela já n~io é m ais prisio neira.
III. CAMIN H O RECOMEND ADO PARA OS LIBERTOS. "VOLTAI À
FORTALEZA, 6 PRESOS D E ESPERANÇA".
1. Para que a esperança seja a sua caracrcrísrica. Quando eles se sentirem
como prisioneiros, que renham esperança, e assim se cornem "presos
de esperança" .
2. Para que C risto seja a sua fortaleza.
3. Para se vol tarem para ele rodos os dias, o dia todo.
4 . Para se voltarem para ele, sob retudo quan do se sentirem presos.
111. CONFORTO CONCEDIDO ÀQUELES QUE SE VOLTAM PARA A
FORTALEZA.
"'Eunbérn hoje vos ;l!HIIKÍo l)Lll:' ruJo vos resriwirei em dobro".
l. l )eus é r<.ipido em conceder seu conforro ~tquel cs que se voltam para
.ksus. "l~1mhém hoj e vos anu nci o".

-,
1 /..:.
2. Deus é abundante em su a misericórdia: "Tudo vos restituirei em duh n ,...
O do b ro de vossas dificuJ dades (Jó 13. 10) .
O dobro d e vo ssas expectativas (Is 61 .7) .
O dobro de vossas realizações: ''graça sobre graça" (J o 1. 16).
O dobro d e vossa fé (Ef 3.20) .
3. Deus consola em sua promessa; pois ela é:
Clara: "Vos anuncio".
Presente: "Também h oje vos an uncio".
Positiva: "An u nciarei que farei".
Pessoal: "Eu vos restituirei".
Com que gratidão e aleg ria essas intimações de esperança deveriam ser
recebidas por aqueles que estão, naturalmente, em tão miserável co n dição!
Diz um célebre relato q ue, quan do T iro Flamínio, d u ranre os jogos p ú blicos,
proclamou a liberdade da Grécia, depois que ela Fora conquistad a pelos
roman os, a principio os mag istrados perman eceram num silencioso espanro,
m as ato contí n uo irromperam n um grito que p rosseguiu por duas horas:
"Liberd ade, Liberdade!"
Parece-me que tal alegria, e maior do que esta, deveria aparecer entre os
miserávei s pecadores, quando se tàzem essas p roclamações de liberdade. E n ão
são elas feiras agora? Não tenho estado a falar-lhes , com base na Palavra d e
Deus, que em bora estivessem condenados sob a justa sentença d a lei, mediante
um reden ror, essa sentença pode ser revogada, e suas abrias podem ser restauradas
à vida e à felicidade? Não ten ho estado a provar que, embora Satanás os retivesse
em escuro cativeiro, ainda pela lei do grande redentor, podem ser resgatad os
d e suas m ãos, e feitas mais do q ue vencedores por intermédio dele?
N áo lhes tenh o dito qu e, não obsrame a dolorosa e inútil luta q ue têm
rido até aqui, com a fragilidade e as corrupções de uma natureza depravada,
ainda podem receber aquelas comunicações do Espírito que os purificarão e
fo rta lecerão, e os capacitarão à perfeita san tidade no temor de D eus? Presos de
esperança, cairão no desespero? (Dr. Doddriges).

8 9. Convalescença Espiritual
uEu o~ fortél lecerei 11t) SENHOl\., e anc.lu r5o lh) seu 11l1m e,
cliz o SENHOR" (Zc 10. 12).

Elas são de c~1l modo esq uecidas, c t:lntas vezes perseguid as, c gera lmenrc
r:io dtspreza das , qu t é bom que pensemos nas profec ias de um glorillso
fururo, acêrca d o qual o Senhor E1lou a seu povo escolhi do.
1\bs a her~mç:1 do Israel namral e tÍpico pcrrence, em seu signifi cado
espi ritu al , ao l.sr:1el esp iritual. E essa pro m essa é nossa.

I ...I I'
1. PROMESSA DE FORTALECi MENTO DIVINO. ((EU OS FORTALE-
CEREI NO SENHOR".
1. Isso é dolorosamente necessário.
Somos, naturalmente, fracos como a água.
Na presença de grandes tarefas, sentimos a nossa fraqueza.
Precisamos de força p:ua vigiar, caminhar, trabalhar e guerrear.
2. É prometido gratuitamente. (Ver também o vs. 6).
A justiça poderia deixar-nos abandonados a nós mesmos.
O amor cerno observa a nossa necessidade.
O poder infinitO sup re-a abundantemente.
3. É concedido divinamente: "Eu os fortalecerei".
Donde se deduz- é certo na realização.
4. É recebido aos poucos. Prosseguimos de força em força.
Pelo uso dos meios da graça: oração, comunhão com Deus, exercício
espiritual, experiência, e assim por dianre.
5. É percebido com deleite.
Uma excelente ilustração é a do homem enfermo que recuperou as
próprias forças .
Tal como em seu caso, assim, no nosso:
O apetite volta: sentimos gosto na Palavra.
As dificuldades desaparecem: a carga torna-se leve.
Desejo d e atividade: a força anseia por exe rcício.
II. ATIVIDADE CRISTÃ PRED ITA. "E ANDARÃO NO SEU NOME".
1. Desfi-uraráo de facilidade- implícita no ato de andar.
2. Possuirão liberdade: esse é o meio de andar próprio da liberdade.
3. Perseverarão nessa atividade do andar; e cada vez mais clamando
jubilosamente: "Avante, e para o alto!"
4. Consagrarão essa atividade com cuidado: ''Andarão no seu nome"-
fazendo tudo cm nome do Senhor Jesus.
III. AMBAS AS BÊNÇÃOS SÃO GARANT IDAS
1. Eis a graça onipotenre na bênção divina: "Fortalecerei".
2. Aqui esd a bênção divina, na ex pressão "andarão", d e livres agentes
consagrados.
3. Eis o divino "diz. o Senhor" da infalível fidelidade.
Rebra sir w~drer Scorr, cm sua autobiografia, que, quando era cnança,
uma de suas pernas ficou p~Hali.sada, c, quando b lhou a habilidade m édica,
um tio bondoso o induziu :1 exercitar os múscuiDs da pcrn;t sem energia,
pux;mdo um relógio de ouro diante dde, no soalho, renundo-o a arrastar-se
cm busca do relógio, c d esse modo m :ll1tendo e, ao5 poucos, aumentando a
l<.nç: t vit:ti L· mttsc td:tr.
Assim Deus lida conosco em nossa infància espiritual e na fraqu eza de
nossa Fé. Quão fracos os nossos esforços, quão morosos os nossos movimentos!
Mas a vitalidade espiritual é trazida à rona, desenvolvida, fortalecida por aqueles
esforços e movimentos, morosos e fracos que sejam.
A falta de força é m ais grave do que a fura de qualquer tipo de p osse exterior.
Um homem rico e fraco está em posição muito pior do que um pobre e forte; e o
pobre forte é, rea.lmençe, o mais rico dos dois. A fraqueza diminui o trabalho ,
reduz o desfrute e agrava grandemente o sofrimento de qualquer natureza.
Além do mais, em muiros casos, é causa de maldade - levando diretam ente
à transgressão e expondo o indivíduo a tentações violentas e excessivamen te
perigosas. De sorte que, como m eio de preservar-nos contra o pecado, d evemos
buscar forças diariamente.
Todo homem p recisa de fo rças; mas n inguém tem dentro d e si a força
para enfrentar as exigênc ias que lhe são impostas. Precisa de fortalecimento.
O cristão não constirui exceção a essa regra. Precisa de fo rça. Sua conversão
não foi uma translação para a inatividade, para a facilidade e para uma calm a
inin terrupta. Sua obra não é o cântico incessant~ d e salmos~ enquanto se reclina
em verde pastos e se assenta ao lado de águas rranqüilas. Há momentos quando
se deita em verdes pastagens; mas se deita cansado; e deita-se, para que possa
levantar-se de novo um homem mais forte, para entrar em batalhas mais ferozes,
e para trabalh ar com mais afinco. Descansamos, não por causa do descanso,
mas p <tra que possamos trabalh ar novamente (Samuel Martin).

90. Pranteando ao Pé da Cruz


uE St)bre a casa de Davi e sobre os l1c1bitante.s de Jerusalém derran1arei o
espírito da graça e de sC1plicas; o lbarào para aqu ele a quem traspassaram;
pra.nteá-lo-ào como quem pranteia por m11 unigên ito e cborarã<J por ele
como se cbora a1nargan1ente pelo priinogê niton (Zc 12.10).

Observe a no tável mudança de pessoas: "Olharão para mim", e "pranteá-


le-ão". Essas mudanças indicam unidade e d iferenciação e sugerem - nos a
unidade da divindade e a trindade das pessoas.
Quem fala é o Senho r "que este nd eu o céu (v. 1) , mas diz., ''par:1 mim, ;1
quern traspassar:1m".
f: Dcu.s-Jesus que é traspassado, e quem d erram a o espírito da graça.
É um<l maravil ha que Jesus te nha sido cruc ifi cado, qu:md o a lei judaic1
exigia o aped rejamento; e que, ao ser crucificado, o soldado romano , cmbor:1
igllor<l:;sc a p rofecia, o tivesse rr:tspassado com a s11a l :t n ~·;L

lt I
A tristeza evangélica pelo pecado deve ser nosso cema neste rempo.
I. É CRIADA PELO ESP ÍRITO SANTO , "O ESPÍRITO D E GRAÇA E
DE SÚPLICAS".
I. Não é produzida por mera consciência, nem por terror, nem pelo
prego d e alguma forma de penitência; muito menos pela música,
por quadros, etc.
2. Vem como um dom da graça: ''Derramarei" . O entendimento é ---
esclarecido, o coração renovado, etc. , por um ato distinto do Espírito
de Deus, enviado p elo Pai.
3. É assistida pela oração: "graça e súplicas" . N isso difere do remo rso,
o o

que Jamais ora.


II. É CAUSADA PO~ OLHAR PARA JESUS. "OLHARÃO PARA MIM, A
QUEM TRASPASSARAM" .
Não se pode, portanto, preparar para aquele o lhar: olhamos para
Jesus como somos, e esse olhar nos leva ao arrependimento.
1. Vemos o horrível ódio que o pecado rem contra a pureza, pois
assassinou o Santo; e isso, quando ele se ap resentava n a mais amável
e atraente forma.
2 . Vemos sua ingratidão contra o amor. O pecado retribui infinita
compaixão com ódio inveterado, portanto crucifica a Jesus.
3. Vemos sua aversão a Deus. Ele o mataria, se pudesse, e, na real idade,
o fez, O pecado é deicida em sua intenção e tendência. ..
.;

4. Vemos que tamanha é a terrível cul pa de nosso pecado no faro de


que nada, exceco um infinito sacrifício, p od eria expiá-la.
III. É A PRINCIPAL DAS TRISTEZAS. "PRANTEÁ-LO-ÃO COMO
QUEM PRANTEIA POR UM UNIGÊNITO".
l. Comparável a uma terrível agonia paternal, por um unigênito, ou
por um primogênito: ambos os casos, fontes especiais de rri.steza.
2. É pessoal e particular (ver v. 12 a 14).
3. Propaga-se, e é social. <'A terra p ranteará" (v. 12).
IV. Etvf SI NÃO É UMA PURIFICAÇÃO PELO PECADO
Por ela confessamos o crime, mas não podemos removê-lo por ela.
A convicç~'io é urn es pelho par:1 mostrar nossas manchas, e n5.o um
b;lnho para limp;í-las.
1. Eb reconhece que remos necessid;H.ie da foncc; porém , em si mesma,
I1JO é Ul1la f-ome puriftcadOLl.

2. Acomp:111ha o o lhar salvado r par~1 j<:!s u.s, 111<1S não é riv:tl d esse olhar.
J. n ovi:t dn C[',O , ~: r:11nhém dL· Stll prÓpriO ego.
4. Leva a Jesus: pranteamos por ele; e es ta nossa yj nculação com Jesus
é muitíssimo eficaz em nossos corações.
Vem, coração que sangra , e olha para Jesus, a fim de obteres a cura!
Vem, co ração duro, e olha p ara Jesus, a fim de obteres quebrantamento!
Vem, coração descuidado, pois a visão de Jesus pode p render a ri também!

91. À Parte
"A terr a pranteará, c~da fa1nília à parle; a família da casa de Davi à parte, e
suas Inulheres à parte; a fan1íha ela casa de Natã à parte, e suas n1ulheres à
parte; a família da casa de Levi à parte, e suas mulb.ercs à parte; a família
dos sÍlneflas à parte, e suas mulheres à parte. Todas as mais fa.nú1ias, cada
fan1ília à parte, e suas m:u.lheres à parte" (Zc 12.12-14).

O verdad eiro arrependimento se faz acompanhar de pranro. Não pode,


em si mesmo, se r tristeza, mas o arrependimento que não inclui tristeza pelo
pecado seria mera simulação. É uma mudança de m ente, e.essa envolve a tristeza
pelo passado.
Temos de d uvidar daquele arrependimen to que n ão tem lágrimas em
seus olh os, n em pranto em seu coração.
I. O EFEITO IN DIVIDUALIZADOR DA TRISTEZA PELO PECADO.
OBSERVE A REPETIÇÃO DA EXPRESSÃO ((À PARTE".
1. Vemo-la também , quando esse pranto é universal. "A terra pranteará,
cada família à pane". A mais ampla distribuição da graça não
diminuirá seu poder sobre cada indivíduo em separado.
2. Vemo-la na distinção entre família e família, m esmo quando ambas
temem ao Senhor.
A família real.
A família do profeta.
A família do sacerdote.
A família com um.
A fam ília dos simeítas à pane.
II. COMO SE REVELA ESSA IN DIVIDUALIDADE?
1. Cada indivíduo vê muiro mais de se u próprio pecado: está sozinho
<.jlla lllo ao !\eu cuare r.
2. Cada indiv íduo deseja estar sozinho, quanro ao lugar. Nilo im porta
onde, se ~w lado da cam~, ou no campo. ou no celeiro: a so lid:1o J
desejada, e deve se r obrid:1.

l ~/
3. Cada indivíduo tem seu próprio tempo. De imedi<lto . o pen itente
precisa pramear, seja de manhã, ao meio-dia, ou à noite: o tempo
não lhe é dete rm inado por meio de rcgulamcncos.
4. Cada indivíduo tem sua própria maneira. Alguns são silenciosos;
outros clamam em voz altél: um cho ra , outro n5o o faz tão
literalmente, mas está absolutamente mais triste. Um scme o coração
partido, outro lamenta sua dureza, etc.
5. Cada indivíduo rem seu próprio segredo. Ninguém pode entrar
n ele, mesmo que deseje fàzê-lo. Cada pranteador rem um segredo
oculto em sua própria alma, e não pode revehi-lo aos homens.
III. COMO EXPLICAR ESSA INDIVIDUALIDADE?
1. Em parte se explica por uma vergonha natural e justificável, que
nos impede de confessar os pecados p erante outrem.
2. O co ração deseja abrir-se diante de Deus, e a presença de uma terceira
pessoa seria uma interrupção.
3. O h omem est~í cônscio de que sua culpa era toda dele mesmo, c,
quando ele dissocia dela rodos os demais , instintivamente vem a
Deus à parte, e exclusivamente, por sua própria iniciativa.
4. Esse é o sinal da sinceridade. A piedade fingida fal a sobre religião
com o algo nacional, e deleita-se em exibir-se como ral, na assembléia
ou nas ruas. A verdadeira piedade é do coração, e, sendo "em espírito
e em verdade", é algo profundamente pessoal.
Reco nhece o faro de que você deve morrer à parte, e, em certo sentido,
ser julgado e sen ten ciado à parte. Jamais esqueça sua própria individualidade.
Deve ter C risto para si mesmo, e você mesmo deve nascer de novo , ou está
perdido.
Deixe que a questão da eternidade o monopolize.~ qucscão intensamente
pessoal; em vez de tornar-se egoísta, mais ela expa ndirá se u coração. Aquele
que nunca cons iderou sua própria a lm a, não pode considerar a alma de outrem
(Br ownlow Norch ).
A pergun ta "culpado ou inocente?" d eve ser formulada a cada prisioneiro
em separado, e cada q ual deve respo nder por seu nome c apresentar seu apelo
pessoal. C:::tso o perdão seja concedido , deve rr~1zer o nome do indivíduo, e
deve ser em irido d isrint~lmcnre t:m bvor dele, ou sed um documemo que não
rer~1 va lor para ele. Em cada caso, a culpa e o perdão J evcm rer relação pessoal.
Mas, con1o é difíci l f:l:t.er um homem perceber isso!
Oh, quem dera pudéssemos pregar num esri lo e m que o pronome "tu" se
multiplicasse mil vezes, e pudéssemos bzcr cada ouvinte sentir que somos rão
pesso:lis quamo Nati, que d isse: "Tu és o homem''. Se nossos ouvinr~~ 11~u
clamarem : "Porventura sou eu, Senh or?", devemos di rigir-nos a dcs cu111 :1
pahwra: ''Tenh o uma mensagem de Deus para ti".

92. O An1or Questionado e Exigido


Eu vus h~ n11l) a m aJ o, Lliz o SE NHO I~; rn as v()::; Ji zeis:
11

Em=que nos tens an1aclo?" (lvll1. 2).

I. DECLARADO O AMOR DE DEUS, "EU VO S TEN H O AMADO, DIZ


O SENHOR".
Esse amor tem sido demonstrado p ara todo crente:
1. Na eleição em C risto Jesus, desde a etern idade.
2. No perdão do pecado, n a j ustificação pela fé, n a adoção, na
santificação, etc.
3. Na p reservação até ao presente, e na promessa para rodo o futuro.
4. Essa é uma lisra insuficiente dos me ios pelos .q uais o Senhor tem
diro a cada alma rege nerada: "E u vos renho am ado" .
II. QUESTIONADO O AMOR DE DEUS. "MAS VÓS DIZEIS: EM QUE
NOS TEM AMADO?"
1àl pergunta tem sido feit o:
1. Sob g r andes afl i çõe s, q u a n do p a rec ia n a o h aver alívio.
Petulantemente, o afli to tem questionado o amor divino.
2. E m vista dos maus, q ue prosperam em seu d ia de soberba, muitos
pobres crentes desprezados têm duvidado, temerariam ente, do amo r
es pecial de De us.
3. Em tempos de dúvida penosa, quanto ~l p rópria salvação pessoal, ou
sob pesadas ten cações de Satanás, a mes ma dúvida tem surgid o.
III. CONSIDERADO O AMOR DE DEUS
1. Amor q ue lamen ta. D eus d eve ser n·arado desse modo?
D eve ele clamar lamentosamenre: "Eu vos renho amad o; m as vós dizeis:
Em que nos tem am ado?"
2. Amor que su pli ca. N ão diz ele co m ênE1se: «Volrai pa ra mim"?
3. Amor ;1bundamc:. Nossa pergunr~\ nos envergo nh;t. De us nos am ~1
de dez mil maneiras. Am a- nos a ponco d e str paciente, mes mo
qu;lndo questiona mos, perversamente, u se u am or.
Se fosse maravilhoso ver um rio lançar-se da terra com seu volume de
água coral, o que não seria contemplar vasta fonte, da qual todos os rios da
terra devessem, imeJiatamenre, sair borbulhando, milhares deles nascidos ao
mesmo tempo? Que espetáculo seria! Quem pode concebê-lo? No entanto, 0
amor de Deus é essa fonte, da qual surgem todos os rios da misericórdia que
têm trazido alegria à nossa raça - rodos os rios da graça no tempo presente e
de gló ria ,no futuro. Minha lama, fica junto a esse manancial sagrado, e
adora e. magnifica para sempre e sempre a Deus, nosso Pai, que n os tem
amado (C. H. S.).

93. A Luz do Sol


uf.1a.s para vós outros q~e temeis o meu nome n ascen1 o sol da justiça,
trazendo salvação nas suas asaSj saireis e saltareis co1nO bezerros
soltos da estrebaria" (1'v114.2).

Há uma enorme distinção entre os homens- "Aquele que serve a Deus e


aquele que não o serve".
Temer a Deus é a marca que distin gue um homem de oulro, muiLO m ais
do que riqueza, classe social ou nacionalidade. -:
A vinda d e Cristo é uma calamidade ou um a bênção para os homens, ~
segundo o caráter deles.
Que mudança de figuras! Para os maus, "uma fornalha"! (v. 1). Para os
tementes a D eus, um "so 1"1.
T. PENSEMOS EM NOSSO SENHOR COMO O SOL
1. Ele é o centro de todo o sistema· de graça.
2. Ele é para nós a grande gravidade e o grampo, que nos mantém nos
nossos lugares, como o sol mantém os planetas em suas órbitas.
3. Ele não tem variação nem sombra de mudança (Tg 1.17).
Em si mesmo, ele é para sempre o mesmo, brilhando sem cessar.
4. Para nós, ele rem seus nascimentos e seus ocasos. Se, por um instante,
esramos na sombra, aguardamos se u nascimento.
O que seria o mundo sem o sol, isso sería m os nós, sem nosso Senhor.
Podemos conceber as uevas, a morre, erc.?
II. DESFRUTEMOS AS BÊNÇÃOS QUE ELE ESPALHA
I. Oue luz de co nhecimenro, que calor de ::tmor, que radi::tç:ío de alegria
r~·~.·l'hl' nws ckk! Andemos nesse sol.

I I ',\ I
2. Que saúde ele dá! Cura para os enfermos, saúde para os fortes.
3. Que liberdade ele traz! "Saireis)) .
Quando o sol atinge certo ponto, em seu curso anuaL o rebanho,
que está no estábulo, é conduzido para as pastagens da montanha.
Assim o Senhor Jesus liberta o seu povo, e o povo sai.
4. Que crescimento ele estimula!- "Saltareis como bezerros soltos da .
.,
estre bana .
Um coração q ue comunga com Jesus, possui o frescor da juventude,
facilidade de vida, e outras vantagens, que satisfazem admiravelmente
a comparação com os "bezerros soltos da estrebarià'.
Não temos de criar o sol, mover o sol, ou comprar o sol; temos apenas de
camin har à luz do sol, gratuita e abençoadamente. Por que hesitamos?
Por qual motivo, mediante a fé, não passamos das trevas para a sua
maravilhosa luz?
Há uma bela fábula da mitologia antiga, para mostrar que Apolo, que
representa o sol, matou enorme serpente venenosa com setas que não erravam
o alvo, mesmo atiracl:1s de longe. Ele insinua que os raios de sol, arremessados
do céu com ímpeto, destroem muitas coisas mortais que resrejam pelo chão, e
assim tornam o mundo uma habitação mais segura.
Nesse aspecto, a parábola é um traço de verdade, e coincide com um
aspecto da aliança eterna. A luz que vem do rosto de Jesus, quando recebe
permissão de jorrar diretamente num coração humano, destrói as coisas nocivas
que o amedrontam, como as setas de Apolo mataram a serpente (W. Arnot).
Um homem indagou com zombaria: "Que vantagem tem o homem
religio~o sobre qualquer outro, como eu? O sol não brilha tanto para mim
como para ele?" ''Sim", respondeu-lhe o companheiro, um lutador piedoso,
"mas o homem religioso tem dois sóis brilhando sobre ele, ao mesmo tempo-
um sobre seu corpo , e ou tro sobre sua alma" ( The Biblicczl TreasUJJ').

I' I
94. Filiação Questionada
"Se é:> Filbo de Deus" (lvlt 4 ..3).

Não há pecado em ser tentado (Hb 4.15).


A tentação não p recisa levar-nos a pecar.
Pode ser que nos seja necessário ser tentados para prova. A sinceridade, a _
fé, o amor e a paciên cia são, desse modo , postos à prova. Capaci tamo-nos, ao
confortar e acautelar os outros.
A solidão não impede que sejamos tentados.
Esra pode, inclusive, ajudar a tentação. Jes us foi ten ta do no deserto.
N em mesmo o jejum e a oração afastam sempre o tentador, pois Jesus -
havia se utilizado amplamen te d esses elementos.
Satanc.\s sabe introduzir um assunto: nosso texto é exemplo disso.
Ele começou a série toda de tentações, com uma dúvida lançada sobre a
filiação de nosso Senhor e com uma ciraçáo das Escrituras, feira de maneira astuciosa.
I. O TENTADOR ATACA COM UM "SE"
1. Não com uma negação direta. Isso seria alarmante demais. A dúvida
presta-se mais ao propósito satânico do que a heresia.
2. E le pôs em dúvida um texto claro d a Bíblia: "Tu és meu fi lho"
(SI 2.7).
3. Ele p ôs em dúvida toda uma vida. Desde o começo Jesus estivera
empenhado nos negócios de seu Pai; entretanto, depois de trinta
anos a sua divina filiação foi posta em dúvida.
II. O TENTADOR ATIRA O «SE" NUM P ONTO VITAL
1. Em nossa filiação. No caso de nosso Senhor, ele atacou sua fi liação
humana e divin a. Em nosso caso, ele nos faria duvidar de nossa
regeneração.
2. N a honra de nosso Pai. Ele nos ten ta, fazendo duvidar da providência
de nosso Pai, e culpá-lo, por deixar-nos famintos.
lll. O TENTADOR SUSTENTA AQUELE «SE" COM AS
CIRCUNSTÂNCIAS
1. Tu estás só. Sed que um pai abando naria a seu filh o?
2. Tu esds no deserto. É esre o lugar para o herdeiro de Deus?
J. Tu ~sds com as teras. Péssima companhi a para o Filho de Dçus!
4. Tu estás com tome. Como poderia um pai amoroso J<.:ixar com
fomç a seu filho perfeito?
Ajunr<.: rodas essas coisas, e a pergunta do [emador <Hi nge, com uma força
l r vttl!' tl(l:t , :~< ptl'lt ' tptt· Sl' :1eh :1 l~1minto e soz inho.
Quando vemos outros provados desse modo, achanios que elts são nussus
irmãos? Não pomos em d úvida a sua filiação, como fizeram co m Jó os seus
amigos? E quando somos nós mesmos que duvidamos?
IV. QUANDO VENCIDO, O "SE" DO TENTADOR TORNA-SE ÚTl L
1. Q _uando vem de Satanás, é uma certidão de nossa autên ricl
descendência espiritual. Ele só põe em dúvida a verdad e: portanro,
somos filh<;>s verdadeiros. Ele leva apenas os filhos a duvidar de sua
filiação: portanro somos filhos.
2. Quando o "se" é vencido, retira o ferrão das dúvidas e suspeições do
homem. Pois, se respondermos ao diabo , não teremos medo dos homens.
3. Passada a tentação, geralmen te é a vez do prelúdio, p ara q ue os
anjos venham e nos sirvam, como no caso do nosso Senhor.
Nenhuma bonança é tão profunda como aquela que ocorre depois
de grande tempestade (Me 4.39).
Quão diferente é o uso que Jesus fàz dessa palavra "se" naquelas lições de
instrução divina e consolação celeste, que tão amiúde deu a seus discípulos,
quando esteve na terra! Ele sempre a emprego u, para inspirar confiança; nunca,
a fim de provocar a desconfiança. Tomemos rao somente um exemplo: "Ora,
se Deus veste assim a erva do campo, que hoj e existe e amanhã é lançada no
forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé". Que contraste há
entre essa argumentação divina e a maliciosa insinuação do arquiinimigo de
Deus e dos homens! (Daniel Bagot).
Deus teve apenas um Filho sem qualquer corrupção, mas não teve nenhum
sem remação. D e tal so rte é a ini m izade de Satanás para com Deus Pai que,
quanto mais próximo e querido lhe for qualquer filho, tanro mais Satan ás
perturbará e atormen ta rá a es te com tentações. Ninguém foi tão bem amado
quanro Cristo; e ninguém foi tão tentado quanto ele (Thomas Brooks) . .
Oh, esta palavra, "se"! Oh, pudesse eu arrancá-la do meu coração! (> tu ,
veneno de todos os m eus prazeres! Tu, mão gelada, que me rocas com tanta
o
frcqüê ncia e me congelas com seu toque! "Se!" ''Se!" (Robert Robin son).

9 5. A Feitura de Pescadores de Homens


uE disse - l h~:~::: : V inc_lc apôs mim, e e u vns L1rei
p e:::~a Jun:~s <.L l·wm e u s'' (1\lt -±.19).

A co nversão se demonstra plenamenre, quando d a leva os convertidos :l


buscare m a conversilo de ou tros: seguimos m ;lÍS verdad eiramente <1 C risro.
quando nos rornam os pescadores de ho mens.

I:: I
I. T EM O S DE FAZER ALG UMA COISA. "VINDE AP ÓS M IM ".
1. Devemos separar-nos para ele, a fim de que possamos perseguir o
seu objerivo.
N ão podemos segui-lo, a menos que abandon emos outros (Mt 6.24).
2. D evemos ficar com ele, para que possamos apanhar seu espírito.
3. D evemos ser- lhe o bedientes, p ara que possamos aprender seu
método.
E nsinar o que ele ensinou (1tf t 28.20) .
E nsin ar com o ele ensinou (Mt 11.29 e l Ts 2.7).
Ensinar a tais co mo ele ensinou, a saber, aos pobres, aos desprezados,
às crianças, etc.
II. ALGUIY1A CO ISA TEM D E SER FEITA POR ELE. "EU VOS FAREI".
1. Pelo fato de segt1irmos a Jes us, ele opera a con vicção e a co n ve rsão
nos homens. Ele usa o n osso exemplo como meio para esse fim.
2. Por seu Espírito, ele nos qualifica p ara alcançar os homens.
3. Por sua operação secreta no co ração dos homens, ele nos aj uda em
nosso trabalho.
III. UMA FIGURA QUE N O S INSTRUI. "PESCADORES DE H O MENS".
O homem que salva alm as é como o p escador no mar.
1. O p escador é dependente e contl.anre.
2 . É diligente c perseveran te.
3. É in teligente e vigilan te.
4. É laborioso e abnegado.
5. É ousado e não reme aventurar-se em mar perigoso.
6. Obtém êxito. Não é pescador aquele que nunca apanha n ad a.
Aprecio muito suas reuniões de oração, mas não podem realizá-las em
d emasia: devem os trabalhar, enq uan to oramos, e orar, enquan to trabalham os.
Prefiro ver um homem, salvo das p rofun dezas do abism o, lançando as Unhas
da vida a outros que lutam no remoinho da morte, a vê-lo ajoelhado na rocha.
dando graças a D eus po r sua libertação; p o rque creio que Deus aceitará a ação.
em favor de outros, como a mais elevada expressão possível de g ratidão que a
alma salva pode oferece r (Thomas Gunthrie) .
O pastor é um pescador. Como ral, d eve ajustar-se a seu emprego. Se
;dgum peixe morde :l isca so menre de di:1, ele dL·vc pescar de db; se ourros
mordem a isca ao luar, ele deve pesd-los ao luar (Richa rd C ec i!).
( )uJ ro di:1, cs rav:1 ve ndo um velho ;1 pescar rrura.s, p uxando-as un 1a após _
111 111 .1 . •J! ,.!', I t' lll l' ll ll'. "!:.11, IIIL'll vel hn, você pesca com hab ilidade", d isse-lhe eu;

"1 ·' '•'·' 1 I'"' ' '" " I lll .llll<' lt> d i' P~"~C:l dnrc.s l:í L' lll h:ti'xo e m e p:m:ce que n5o estão
111 •, ' , 11 " I1 ' 11 ,11 I,," I > ' , llt 1 • t ' lj',l tt · 11 •, t· • • 11t·, '• :1 ' ': 11 :1 d (· I'C \<".1 r 11 o l h:1 c,. " Ik n 1, 111l' 11

I~I
senhor, há uês regras para pescar truta, e não adianta remar, se voce não as
observa. A primeira é : mamen ha-se fora da vista; a segunda é: mantenha-se
mais distante da vista; e a terceira é: m antenh a-se mais distante ainda da vista.
Então vocé consegue pescá-la". Boas regras para pescar homens também, p ensei
eu (Guy Pearse).

96. Os Repudiados
'JNen~ todo o que me diz n (lYlt 7.21-23).

Uma das melhores provas d e que qualquer coisa é como ela aparecerá no
momento da morte, na manhã da ressurreição, e no dia d o juizo. Nosso Senhor
nos apresenta um q uadro das pessoas como aparecerão "naquele dia".
L ELAS FORAM MUITO RELIGIOSAS
1. .Fizeram pública confissão. Disseram: "Senhor, Senhor".
2. Empreend eram serviço cristão, e serviço de alta classe.
3. Obtiveram notável êxito.
4. Foram notórias por sua energia prática.
5. Foram diligentemen te ortod oxas.
Fizeram tudo em nome de Cristo. As palavras "teu nom e, são
mencionadas por três vezes.
II. CONSERVARAM-SE ASSIM POR LON GO TEMPO
1. Não foram silenciadas pelos homens.
2. Não foram rejeitadas publicam ente pelo próprio Senhor, durante a
vida.
3. Esperavam entrar no Reino, e apegaram-se a essa falsa esperança, até
o fim. Ousaram dizer "Senhor, Senhor", ao próprio Cristo, no final.
III. ESTAVAM FATALMENTE ENGANADAS
1. Profetizaram, m as n ão oraram.
2. Expeliram demônios, mas o d ia bo não foi expelido da vida deles.
3. Deram atenção aos prodígios, m as não aos fatos essenciais.
4. Operaram maravilhas, mas também foram praticantes de iniqüidade.
IV D ESCOBRIRAM ESSE FATO D E MODO TERRÍVEL
l. A solenidade do que ele disse: "Nunca vos conheci". Ele havi a sido
omitido na religião deles. Que omissão!
2. O rerror <.JUe isso implicava: deviam apa rt<lr-se d e roda c:sperança, c
conrinuar aparrados p~1ra sempre.
3. A rerrível verdade do que ele disse. Ebs eram co mpler;lmente
esrran has ao seu co raç~o. N:to as havi:1 e~co lhido , lll'l11 cnm1 111 ~a do
com L'las. nem a:-; lwvÍ;l aprovado , ll l' lll nlilLII":I (k·l.t.'i.
4. A solene firmeza do que ele disse. Sua sentença nunca seria revogada,
alterada ou findada. Ela permanece: ''Aparta-re de mim».
Vemos Deus em muitas obras simples, mais do que em obras ma ravilhosas.
O hriseu, à porta do céu, diz: "Senhor, fi z muicas obras maravilhosas em Teu
nome". 1\lfas, sed. que alguma vez ele fez maravilhoso o Nome do Senhor?
(T. T. Lynch).
Eu os conheci muito bem por "ovelhas negras'', ou, melhor, por bodes
rép robos. Eu os conheci como mercenários e hipócrit<ls, mas nunca os
conheci com um conhecimento especial de amor, deleite e complacência.
Nunca reconheci, aprovei e acei tei sua pessoa e seu desempenho (ver SI 1.6 e
Rm 11.2) (John Trapp).
Não se diz "Ou trora .os conheci, mas não posso admiti-los agora"; mas
"Nuncrt vos conheci- como verdadeiros arrependidos, suplicantes de perdão,
crentes humildes, seguidores autênticos" (E. R. Conder).
Note a franca confissão de nosso Senhor perante homens e anjos e,
especialmente, aos próprios homens- «Nunca os conheci". Conheço algo a
seu respeitO; sei q ue professaram grandes coisas; mas não se familiarizaram
comigo; e o que quer que conheçam a meu respeito, vocês náo me conhecem.
Eu não era da sua companhia, e não os co nheci. Se ele os tivesse conhecido,
não os teria esquecido.
Aqueles que aceitam seu convite, "Vinde a mim", nunca o ouvirão dizer:
'Apartai-vos de mim" (C. H. S.).
Apartai-vos de mim- uma sentença temível, uma terrível separação. "De
mi rn", disse Cristo, que me fiz homem por amor a vós, que ofereci meu sangue
para vossa redenção. " D e mim", que vos convidei à misericórdia, e não quisestes
aceitá-la. "De mim", que comprei um reino de glória para os que crescem em
mim, e havia decidido honrar suas cabeças com coroas de alegria eterna.
"Ap artai-vos de mim)): de minha amizade, de meu companheirismo, de meu
paraíso, de minha presença, de meu céu (Thomas Adams).

97. Um Hon1en1 chan1ado Mateus


"Partin.cl() Jesus clali, viu um hotnem cbama<.lo ]'v1ateus ::entuclo na
eo l(:l·{lrÍ.l e <.lis~c-lb l": St>gue -n1 c! Ele SL' l..:·v.1tÜuu L' u ::õL'~uiu"
(/V\t 9.9).

Iv1ateus está escrevendo agui a respeito de si próprio. No remos sua modéstia


na expressão "u m honú:m, chamado Mateus", e sua omíss:to do Etto de que a
lesr~1 n1encionada no vs. 1O rc:1lizou-se em sua própria casa.
O relam esd situado imediatamente após um mi lagre, como se a sugerir
que a conversão de lvbteus se deveu a um mi lagre.
Há pontos de similaridade entre o milagre e a conversão.
Mateus estava espiritualmente paralisado por seu pecado e por sua atividade
de ganhar d inheiro; daí precisar ele da ordem di vi na: ''Levama-tc c anda".
I. SEU CHAMADO PARECIA ACIDENTAL E IMPROVÁVEL
1. Jesus esti\~era por muitas vezes em Cafarnaum, localidade que
escolhera para se r a "sua própria cidade" . No entanto, Mateus
permanecia sem salvação. Era provável, portanto, que agora ele fosse
chamado? Já não se havia fechado o seu dia de graça? Jesus estava
e m penhado em outro negócio, porquanto lemos: " Partindo Jesus
dali". Se ria p rov,ível que agora ele chamasse a Mateus? "Viu um
h omem chamado 1v1ateus", porquanto j ~:i o previra. Conhece-o,
porque já o conhecera com antecedência.
Em rudo isso há um paralelo entre Mateus e nós.
II. SEU CHAMADO NÃO ESTAVA EM COGITAÇÃO E NÃO FOI
PROCURADO
1. Ele estava em condição degradante. Ninguém, exceto os mai~ vis dentre
os judeus, cuidaria de cobrar impostos para o conquistador romano.
Mateus, como discípulo, não traria honra para o Senhor Jesus.
2. Ele não teria ousado seguir a Jesus, mesmo que tivesse desejado
fazê-lo. Sen tia-se indigno demais.
3. Os outros discípulos rê-lo-iam repel ido, caso ele propusesse a vir,
sem o convire fran co do Senhor.
4. O clum~H.lo foi de pura graça, conforme está escrito: "Fui h11scado
dos que não perguntavam por mim'' .
III. SEU CHAMADO VEIO DO SENHOR, QUE O CONHECIA
1. Viu rodo o mal que estivera nele, e nele continuava.
2. Viu nele o seu escolhido, seu redimido, seu convertido, seu discípulo,
seu apóstolo e seu biógrafo.
O Senhor chama co nforme lhe apraz, mas vê o que esrá fazendo. A
sobe rania não é cega, mas age com ilimitada sabedoria.
IV. SEU CHAMADO FOI SUBLIMEMENTE SIMPLES
1. Fora m poucls as palavras: "Segue-me!".
2 . A insrru ção I-(> i cbra: ''Segue-me" .
.) . O modo de .Jesus dirigi r-::;~ <l ck foi pessoal: "disse-lhe".
4. A ordem teve cadrer real: "disse".
Est:í regisrrad o, mui sucinramemc: '}.:sus viu ... disse-lhe ... Ele se
Ievanrou " .
1.'17
V. SEU CHAivfADO FOI IMEDIATAMENTE EFICAZ
l. lvfateus seguiu imediatamente: "Ele se levantou e o seguiu".
2. SegLtiu integralmente: trouxe consigo sua voz e sua pena.
3. Seguiu para sempre, j~mais tendo abandonado a seu Líder.
VI. SEU CHAMADO FOI UMA PORTA DE ESPERANÇA PARA
OUTROS
1. Sua salvação encorajou ou tros publicanos a virem a Jesus.
':?-· Sua casa aberta deu oportunidade a que seus amigos ouvissem a
Jesus.
3. Seu ministério pessoal conduziu outros ao Salvador.
4. Seu evangelho escrito tem convencido a m uitos, e continuará a
fazê-lo sempre.
Estão vocês enterrados· em negócios até o pescoço? Estão "se ntados na
coletoria". Ainda assim pode vir a vocês, imediatamente, um chamado. E , na
realidade, vem.
Ouçam-no atentamente, levantem-se com decisão, e respondam já.
Diz um antigo escritor: "Nossa chamada é incerta com respeito ao lugar,
pois Deus chama algun s de seus navios; alguns, de suas lojas; alguns, de sob os
abrigos: e outros, do mercado; de sorte q ue, se um homem co nseguir que sua
p rópria alma compreenda q ue ele certamente é chamado, pouco importa o
tempo e o lugar onde isso ocorra".
Como agora eu amava aquelas palavras que falavam do chamamento de
um cristão! Como quando o Senhor disse a um: "Segue-me"; e a outros: "Vinde
após mim". Oh , pensava eu, quem dera ele d issesse assim para mim : quão
alegremen te eu correria após ele! Raramen te eu podia ler a respeito de alguém
que Cristo ch am ou e que, n o momento, eu não tivesse este desejo: «Gostaria
de ter estado em suas vestes! Quem me dera ter nascido Pedro, ou João!".
M ui tas vezes, pensei: "Tivesse eu ouvido o Senhor quando ele os chamou,
como teria gritado: "6 Senh or, chama-me, também!". Mas, eu tem ia que ele
não me ch amasse (John Bunya n).
Lemos, na literatura clássica, como a lira de Orfe u encantava com sua
música não somente as fe ras, mas as próprias ~irvorcs e rochas do Olimpo, de
sorte que elas saíam de seus lugares para segui-lo. Assim C risto, nosso Orfeu
cele.srial , co m ;1 mt.'tsica de su:1 gr~1c i osa fala, atrai para Si aqueles q ue s5.o
m c: nos .suscepríveis a inHuências be nignas do que ~1s fe ras, as :l rvo res e as
pedras, inclusive as :1 lmas pobres, e ndurecid~1s. insensíveis, pec:1minosas.
Pern"li ta-lhe tanger sua harpa dourada e sussurrar em seu coraçio: "Vem, segue-
me". c você, como ou tro .tvhreus, será conquisrado.

,,,...'
I \
98 . Aprendendo em Particular-o que
Ensinar en1 Público
"O que vos dig o às escuras, dizei- o a plena luzi e o que se vos diz ao
ouvi(LJ, proclarnai-o d os eirados" (Nlt 10.27).

Ser úteis é o grande desejo de nossas almas, se somos discípulos de Jesus.


Não devemos correr, enquanro não estivermos preparados. Este versículo
descreve, e, por implicação, promete o p reparo necessário ao coração.
I. Uiv1 PRIVILÉGIO INEST IMÁVEL
1. Temos permissão de reconh ecer a presença de nosso Senhor conosco,
pessoalmente.
2 . Somos capacitados a sentir como proferida a nós a sua Palavra.
Imediatamente: "Eu vos digo" . Con ta to pessoal.
V igorosamente: "ao ouvido". ·
3. Temos o privilégio de receber repetidas vezes tais comunicações.
Por um milhar de razões, precisamos dessa instrução em particular,
dessa comunicação pessoal com o nosso Comandante-em-chefe.
II. UM PROCESSO PREPARAT ÓRIO
Vemos, po r motivo do contara pessoal com nosso Senhor-
1. A verdade em sua personalidade: vivendo, aruando, sentindo. Pois
ele é "o caminho, e a verdade, e a vida".
A verdade não é teo ri a ou ilusão em C risto. Ele fala ve rdade
substancial.
2 . A verd ade, cm sua p ureza, acha-se em Cristo, no seu ensino escriro
e n aquilo que ele fa la ao coração. A verdade procedente do homem
é mista e adulterada. A de Jesus n ão rem mistura, é gen uína.
3. A verdade rem seu poder. Ela vem de modo su rp ree ndente,
pers uasivamente. E também de modo convincente e oniporenrc, da
pane do Senhor. A verdade viviftca e susre nra.
4. A verdade, em sua certeza. "Em verdade, em verdade" era seu lema.
III. A PROCLAMAÇÃO CONSEQÜENTE
Co rtejando a publicidade, devemos pregar "dos eirados".
Que mensagem é esra que o uvimos ao ouvido? Damos nosso
testem unh o espontâneo de que:
1. H~i paz no sa ngue de jesus.
2. Hêí poder sanrit!caJor em seu Espíri ro Sanro.
3. H~í descanso na fé em nosso Senhor e Deus.
4 . H ;í segurança na conformidade a nosso grande exem pio.

1 •...;•)
De: um cerro pregador se disse: "Ele prega, como se Jesus Cristo estivesse
a seu lado. Você não vê como, a rodo instante, ele se vira como se estivesse
diz.endo : 'Senhor Jesus, que devo dizer em seguida?"'. Toma meus Líbios, e que
eles fiquem cheios da mensage1n que vem de Ti (Francis R. Havergal).
Os possu idores da verdade divin~l anseiam por divu lgá-la. "Pois", como
diz Carlyle, "dizem Y.Ue o ouro recém-aJ Y.uiridu arde nos bolsos até, que seja
posto em circulação; que muito mais o seja a verdade recém -adquirida".
Por muitas vezes, no su l da França, tive necessidade de acender um fogo,
mas eu encontrava pouco ou nenh um conforto, quando meu desejo havia
sido satisfeito. Os habitantes daquela região de clima moderado constroem
suas lareiras tão mal que todo o calor sobe pela chaminé. Não importa quão
grande seja a chama, só a larc:ira parece aquecer-se.
Assim, muitos que professam a nossa santa fé, parecem obter graça, e luz
e sentimentO piedoso apenas para si mesmos: o calor deles sobe por sua própria
chaminé. O que se diz a eles às escuras, o que se diz aos seus ouvidos, nunca
beneficia os ouvidos de ninguém (C. H. S.).

99. Carregando a Cruz


uE quem não t o1na a sua cruz e ve1n após 1nin1 não
é cligno de n1.im" {l\ilt 10.38).

Imaginemos uma procissão que rem à frente Jesus carregando a cruz, e


uma mu ltidão arrás dele, levando a cruz. Este não é um cortejo fictício, mas
uma verdadeira marcha de sofrimento. Ela se estende por rodo o tempo.
Obedientemente, indaguemos:
I. QUAL ÉA MINHA CRUZ PECULIAR?
"Q.uem nao ~ rama a sua cruz" .
1. Pode-se suportar a reprovação e a falta de bondade, ou permanecer
cm pobreza e obscuridade para o bem de outros.
2. Pode ser o sofrimento de perdas e perseguições, por amor de Cristo.
3. Certamenre significa consagrar tudo a Jesus, curvar-me inteiramente
sob a ca rga bendita do serviço, com o qual ele me honra.
II. QUE DEVO FAZER COM ESSA CRUZ?
''Tonu ... vem após mim''.
1. Devo rom~1-la deliberadameme.
Nlo l:Scolher uma cruz.. ou ir il buscl <.k OUU<l fo rm :1 dt: prov~1ç3o.
Não Elzer uma cruz por petulância e ohstinação.
Não murmurar, em bce da cruz que me coube.
Não desprez;i-b, por estoicismo calejado, ou obsrinacia negl igé nLi;t
do dever.
Não des maiar sob ela, cair d ebaixo dela, ou correr dela.
2. D evo enfrentá-la OLtsadamenre. Depois de tudo , ela é apenas um;t
cruz de madeira.
3. D evo supord.-b pacientemente, pois renho de carregá-la por pequeno
percurso apen.as.
4. D evo renu nci~~r a mim mesmo, alegremente, pois meu Senhor assim
o diz. Ela é uma carga re al, uma carga santificada, uma carga
santificadora, uma carga que traz comunhão com Cristo.
III. O QUE DEVERIA ENCORAJAR-ME?
1. A necessidade: não posso ser discíp ulo, sem levar a cruz.
2. A sociedade: melhores homens do que eu j~i carreguei.
3. O amor: Jesus levou uma cruz mu itO mais pesada do que a minha.
4. A fé: a graça sed concedida em m~dida igual ao peso da cruz.
5. A expectação: a glória será sua recompensa. Não há cruz sem coroa.
Quando Alexand re, o Grande, marchava através da Pérsia, seu caminho
es tava coberto de gelo e neve, a tal ponto que seus soldados, esgotados com
duras caminhadas, ficaram desencorajados c não se dispunham a prosseguir.
Percebendo esse faro, ele desceu do cavalo e foi a pé no meio deles rodos,
abrindo ele m esmo caminho com uma picareta, enquanto rodos eles,
envergonhados, primeiro seus amigos, d epois os capitães do seu exército, e,
por fim, roda a soldadesca, se puseram a segui-lo.
Assim deveriam rodos os homens seguir a Cristo, seu Salvador, pelo <1spero
e desagradável caminho da cruz, que ele percorreu ames dele~. Havendo ele
bebido para eles o cálice de sua paixão, devem empenhar-se ago ra por ele, ao
oferecer-se oportunidade; havendo ele deixado para eles o exem plo de seu
sofrimento, devem eles segui-lo pelos mesmos passos de tristeza (Joh n Spcncci').
A cruz é mais Hcil para aquele que a carrega do que para aquele que a
arrasta (J. E. Vaux) .
O que se nos pede é que tornemos, e não que façamos a nossa cruz. Deus,
em sua providência, providenciará uma para nós. E somos solicitados a tomd-
la; nada ouvimos sobre depô-la. Nossas dificuld:1des e nossas vidas vivetTl e
morrem juntas (W. Gurnall).
A cruz de Cristo é a mais suave carga que já suporrei; ela é uma carga tal
co mo as a.sas são para os pJssaros, ou as ve b s para o barco, p~1ra conduzir- ml'
ao meu porco de dest ino (Samuel Rutherford).
Seja qual for o caminho, Cristo esd ~1li; c estar com ele é alegria bastante
para qualquer criaru ra, seja homem ou anjo. Ele não diz " Id e", aponra nd o
para um caminho solirário, em que não o enco n tramos; ele d iz "Vinde após
mim", de modo que não temos de dar um só passo onde não vemos suas
pegadas, e onde a sua presença ainda não possa ser encontrada.
Se as pedras pontiagudas cortam nossos pés, elas feriram antes os pés de
Cristo. Se as trevas se rornam densas aqui e ali , a escuridão que o cercava era
mais densa. Se muitas vezes temos de agüentar firmes e lutar, ele passo u por ·
conflitos mais ferozes. Se a cruz é pesada para nossos ombros, ela é leve, quando
comparada com aquela que ele levou. Disse Baxter: C risro não me guia através
do espaço mais som brio do que aquele <{Ue ele arravessou". Se a estrada fosse
mil vezes mais áspera do que é, ainda valeria a pena caminhar p or ela, pelo fato
de caminharmos ali com Crisro. Seguir a Jesus significa ter comunhão com
Jesus, e a alegria dessa comunhão é indizíveL
Quando Cristo nos dá a cruz para levar, ele clama: "Meu amor leva a
metade!'' (Anónimo).

100. Descanso para os Cansados


"\Tinde a mirn, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e
el.l. vos aliviarei. T01nai sobre vós o n1eu jugo e aprendei d e m im,
porque sou 1nanso e humild e de coração; e achareis descanso
para a vossa altna. Porque o n1eu ju go é suave, e o meu fardo é
leven (Mt 11:28-30).

Primeiramente, Jesus ensinara a solene verdade da responsabílidade humana


(vss. 20-24); e depois ele proclamara, alegremente, em oração, a dourrina da
eleição; agora ele volta a apresentar um convite gratuitO e pleno à.queles que
precisam de descanso. Esses crês faros são perfeitamente consistentes, e devem
ach ar-se em coda a pregação crisrã.
I. UM CARÁTER QUE DESCREVE A PESSOA
1. T rabalho, "rodos os que estais cansados" no trabalho, em qualquer
de suas formas.
No culto da religião formal, no esforço por guardar a lei, ou em
qualquer outro modo de autojustificação.
No culto do ego, p::~r;1 obrer hom:1, comod i<.hdc, c>rc.
No culto a Sacan~1s, bscívia, bebida, infidel idade.
2. Sobrecarregado. Sâo chamados os "sobrecarregados".
Sobrecarreg~1dos de pecado, culpa, pavor, remorso, medo da morte.
Sobrecarreg~1dos de cuidado, ansiedade, ambição, erc.
Sobrecarregados de trisreza, pobreza, opressão, calünia, etc.
II. UMA BÊN ÇÃO QUE CONVIDA A PESSOA
1. Descanso a ser dado. "Eu vos aliviarei".
À consciência, pela exp iação e pelo perdão.
À menre, pela infa lível instrução e estabelecim ento.
Ao coração, um alívio para am ar.
Às energias, por oferecer um objetivo digno de ser atingido.
Às apreensõ~s, assegurando que tu do coopera p ara o bem.
III. UMA DIREÇÃO PARA GUIAR A PESSOA
1. " Vinde a mim".
Venha a um a Pessoa, a Jesus, o Salvador e Exemplo vivo.
Venha imediatamente. J esus está pronto agora. E você, está pronto?
2. "Tonuzi so bre vós o m eu jugo".
Seja o bed ien te ao m eu comando.
Esteja dispos to a se conformar a _mim, no serviço e no carregar do
fardo.
3. "Aprendei de mim" .
Você n ão sabe; m as d eve estar contente em aprender.
N ão fique maquinando; m as deve ter mente para aprend er.
Deve aprender de cor, e imitar m inh a mansid ão e humildade.
"Eu vos aliviarei". Alívio p ara a consciência sobrecarregada, em perdão;
para o imelecro inquieto, em verd ade, para o coração dorido, sedento , em
amor divino; para o espíri to roído d e cuidados, em p rovidência e prom essas de
Deus; para o cansado de tristeza e sofrimento, no p resente, amegozo, e, dentro
cm breve, no verdadeiro desfrute de ''seu alívio" (E. R. Co nder).
''Vi nde", disse Cristo, "e eu vos aliviarei". Não vos mostrarei alívio, nem
apenas vos falarei de alívio, mas eu vos darei alívio. E u so u a p rópria fidelidade
e não posso m entir. Eu vos aliviarei. E u , q ue renh o o poder maior p ara _dar
alívio, q ue ren ho a von tade m aior de d;.i.-lo, o m aior d ireito de <.H -lo, vinde
pecado res sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Al ívio é o mais d esejável bem, o m ais con veniente bem, e, para você, o
maior bem. Venha, disse Cristo; isto é, creia em m im, e eu o aliviarei; eu lhe
darei paz com Deus e paz com a consciência: eu transformarei a sua tempestade
numa bonança que d u ra para sempre; eu lhe darei alívio tal que o m undo não
pode dar-lhe c nc:::n1 tid-lo de você (Thom:ts Brooks).
Senhor. ru nos tlzeste para ri, e 1úo podemos encontra r desc:-mso aré q ue
o encontremos em ri! (Agostinho) .
l-U mu iras cabeças desca nsa nd o ao seio de C risto, mas ali h<i. lug:tr paLl a
rua C·tbeça rambém (Samuel Ruthe rFord ).
1O1. O Porquê e Portanto da Düvida
"E, prln1tamcnte, ]t!sus, esten den do a m ão, tomou-l1 e lhe disse:
Homem ele pecjtt e na L~, por q ue cluvidaste?" (l\1t 14.31).

Nosso Senhor não interrogou o duvidador, antes que houvesse salvado ao


que se afundava na água.
Su~s censuras são sempre o portunas.
Q uando a graça da fé realmente se faz presente, a d úvida rem de responder
po r si mesma, e morrer, se não puder d efender-se.
I. POR QUE DUVIDA, Ó C RISTÃO?
1 . .Nlencionemos alguns p resumíveis motivos válidos.
Pode citar exp eriências p~ssadas d e promessas queb rad as?
O presente m al es tá além do poder d a on ipotência d iv ina?
Estão abo lidas as p romessas? Estão anulados os propósiros da graça?
De us m udou ? Sua misericórd ia su m iu para sempre?
Nenhum desses m o tivos p resu míveis existe.
2. Ouçamos seus verdadeiros motivos, se ousa declará-los.
Meu sen so de culpa é peculiarmen te p r ofundo e claro.
Meus fracassos justificam o desesp ero , quando vistos ao lado das
realizações de outros h o m en s e de m inhas próprias ob ri gações.
M inhas provações são tão peculiares, tão aterradoras, tão lon gas e
tão variadas.
Meu coração me falha. N ão suporto mais.
3. Devanos sugerir os verdadeiros rnotivos de ma dttvida?
Você é auroconfl.an te, e essa confiança fa lhou.
O lha em demasia para as co isas, vistas à luz dos sentidos; c agora
q ue está rudo escuro , em conseqüência, está pe rturbad o.
T irou os o lhos de seu Senhor.
II. PO R QUE DUVI DA, 6 PECAD OR?
1. Suponhamos bons motivos pam as swzs dtividas.
Outros creram e pereceram?
Expe rimenrou a fé em Jesus, e :1chou que ela era vã?
O s:1ngue de Jesus perdeu seu pod er?
O Espíriro S:1nro deixou de conforwr, ilum in:tr e renovar?
O Evangelho fói revogado? A misericô rdi:l d é Deus actbo u-se para
sempre?
Nenhum d esses moti vos poc.k receber res posta afl rmariva.
2. Ouç11mos seus motivos aparentes.
Seus pecados são grandes, numerosos, agravados e singulares.
Não pode pensar que a salvação é para você.
Há muito que repeliu o chamado do evan gelho.
Seu coração é h orrorosamen te duro e insensível.
Nenhum desses é motivo suficiente para duvidar do amor rodo-
poderoso. ,
3. Aprendamos a lidar com tais dúvidas.
Arrependa-se delas, pois d esonram o poder e a promessa do Pai, o
sangue de Cristo e a g raça do Espírito Santo.
Ponha fim a dúvidas, crendo apen as no que é seg uramente
verdadeiro.
Corra tanto quanto possível por outro caminho. Creia wtalmente.
Em todo o caso, estejamos certos de que crer em Deus é bom senso
santificado, e duvidar dele é loucura extravagante.
Simpatizo muito com Billy Bray, cuja esposa lhe disse, ao voltar ele para
casa, depois de ter distribuído rodo o seu dinheiro: "Nunca vi um homem
assim em minha vida. Você sai e cuida das esposas e filhos dos outros, e os
ajuda, e sua própria esposa e seus filhos passam privações". Billy, com grande
inte nsidade, disse: " Bem, mulher, ainda não passou fome". E isso era faro, pois
lá estava ela, testemunha viva do que ele acabara de dizer (H enry Varlcy).
O bom velho, Sr. Crisp, que foi diretor do Colégio Batista em Bristol,
duranre cinqüenta anos, encaminhava-se para o fim da vida, temeroso de que
sua fé viesse a falhar. Quando o fizeram lembrar-se das palavras: "Aq uele que
não poupou o se u próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura
não nos dará graciosamente com ele todas as cousas?, ele disse, depois de repetir
e enfatizar as ültimas palavras: "Não. Seria errado duvidar; não posso, .não
ouso, não duvidarei!" (S. A. Swaine, em Faithful ]\;fen).
Cerras pessoas pensam que duvidar faz parte necessária da experiência
cristã. Porém, de maneira alguma é assim. Uma criança pode ter profunda
experiência do amor paterno, no entanto pode nunca ter duvidado dele. Nem
rodas as experiências do cristão são experiências crisrãs. Se muiros cristãos ficam
desan imados, isso não constitui m o tivo para que eu também fique; antes, é
um morivo pelo <.Iu;tl devo 11car vigilante contra o deünimo. Qw: dizer se
muitas ovelhas esrjo ~1tacadas de piolhos? Devo flc:t r ansioso p~1ra ser rosquiado,
a rim de parecer-me com ebs? Nunca duvide do Senhor, aré que ren h a motivo
para tanro; e enrão nunca duvichd dele, enq uanto tiver vida.
102. Convidados para as Bodas
u Então, clis~e aos se us servos: E stá pronta a festa, 1nas os con vidaJos
nào e r an1 dig nos. Ide, pois, par a as cncnlzilbaclas <.los cmninb(lS e
convidai para as b LKlus a quantos encontrardes. E, saindo aqueles
servos p elas estraJas, reuniran1 toclL)S us que enCL)nharain, maus e
bons; e c1 sala do banquete ficou r epleta de convidados" (Nlt 22.8-10).

O grande desígni o de Deus é realizar o casamento de seu Filho.


Nosso Sen hor Jesus esposou sua Igreja, e d eve haver uma fes ta de
casamento.
I. O PRIMEIRO CONVITE FOI UM FRACASSO
Isso se vê na história judaica.
O convite foi repelido.
1. Não porque envolvesse sofrimenro, pois era uma festa de casamento
-aquela para a qual foram convidados.
2. Nem porque não houvesse preparativos adeq uados- "Está pronta a -
festa".
3. Nem porq ue os convites n ão tivessem sido entregues ou não tivessem
sido entendidos- eles "foram enviados".
4. Mas p orque os convidados n ão serviam para a grande alegria.
Não eram leais ao seu Rei. ...-
Estavam totalmente absorvidos em seus p róprios in teresses.
O amor deve reinar; a misericórdia deve ser gloriosa; Cristo deve
revelar a sua graça. De outra sorte, ele não terá alegria em sua união
com a H umanidade.
II. A ORDEM FOI AMPLIADA
1. O desapontamen to deve suscitar atividade e empreendimento - "Ide".
2. O desapontamentO sugere m udança de esfera - ((para as encruzilhadas
dos caminh os".
3. É preciso manter ampla perspectiva - "a quantos encontrardes".
4. É p reciso provocar pu blicidade - "saind o aqueles servos pelas
,
estradas .
lll. A NOVA MISSÃO FO l CUMPRIDA
L Os ancigos servos, que escaparam ~ morce~ foram enviados de novo.
2. Saíram imediaramenre. Nem um ~1 hor~t p oderia perder-se.
3. Encam in haram todos q uan ros encontraram , a um só cen tro.
4. Reu n iram rodos os tipos de personagem- "rodos os que enconcraran{.
S. Enconrrar<lm-nos dispostos a vir.
Os maus, por causa de ligeira refeição matutina, perdem a ceia d e glória
do Cordeiro (ver Ap 19.9); onde estas quatro coisas concordam) p erfaz.em um
per-feiro banquete: um bom tempo , a eternidade; um bom lugar, o céu; uma
boJ companhia, os santos; o bom ânimo, a glória (Thomas Adams).
O diabo não gosta d e pregação ao ar livre; nem eu. Eu gosto de uma sala
cômoda, espaçosa, uma almofada macia, um púlpiro boni to; mas ond e está o
meu z.elo, se não calco todas essas coisas aos pés, a fim de salvar mais uma
alm a? (John W esley). '
Somos tolos em perder tempo nas águas rasas de nossos templos e capelas,
quando lá fora há águas p rofundas, cheias de pescadores pescan d o. Precisamos
de novos ouvintes: q uanto 1nais novas as notícias para qualque r homem, tanto
mais provJvel é qu e ele as considere como boas novas.

103. Entrada e Exclusão


"E, sajnJ o e las para cmnprar, cl1egou o noivo, e ns que estavan1
apercebidas entraran1 co n1 ele para as b odasj e fe~hou-se a portan
(J\.1t 25.10) ..

Durante o período de espera, as virgens eram muito parecidas entre si,


assim co m o em nossos dias, é difícil discernir entre o falso professante e o
verdadeiro. Quando se ouviu o g rito da m eia noire, começou a surgir a .diferença,
confo rme aparecerá também, quando se aproximar o segundo advento.
I. O S PREPARADOS E SUA ENTRADA
1. Que é essa prontidão? "As que estavam apercebidas".
Não é fruto da narurez.a.
D eve ser o bra da graça.
C onsiste, principalmente, de uma obra secreta, operada em nós.
D e se rmos reconciliados com Deus, pela morte de seu Filho.
De sermos regenerados, e assim nos tornarmos ad equados para a glória.
De sermos ungidos com o Espírito, c preparados para o serviço sagrado.
2. O que é essa entrada?
Imediata. ''As que estavam apercebidas, entrarrzm'' . Tão logo o noivo
chegou, elas e ntraram. O amor n5o tolera d emoras.
Ínrinu. Elas ·'entraram com ele:".
Alegre. Entraram com ele "prLm tiS bodtr./'.
11. OS DESPREVlN IDOS, E SUA EXCLUSÃO
l . O que é esse descu ido?
É a ausência de um seo-redo
t>
essencial; mas essa a usê n c ia~ coerente
co m muita preparação aparcnre.
Aquelas pessoas tinham o nome e o carácer de virgens.
Tinham as lâm padas ou archotes de verdad eiras damas de honra.
Eram com panheiras das verd adeiras virgens.
Aruaram como as verdadeiras; em suas vircudes e defeitos.
Acordaram como as verdadeiras, despertadas p elo m esmo grito.
Oraram também, segundo um modelo - "D á-nos d e vosso azt:ite,.
Porém, nunca estiveram preparadas para entrar com o Rei.
Não tinham aquele cuidad o sincero para prevenir-se, daí o fl amejar
extern o das lâmpadas, mas não havia o óleo oculto e interno.
2 . O que é essa exclusão?
Era universal para todas as que não estavam prevenidas.
Foi completa: "e fech ou-se a porra" - fechou-se com roda a segurança
para as que estavam fo ra, como as que estavam dentro.
Foi justa; pois não estavam prevenidas, e, ass im, fizeram pouco caso
do Re i.
Foi final. Desde a notícia fatal de que a porra se fechara, não houve
notícias de que tinha sido aberta, ou que algum a vez o será.
Uma senhora, na Escócia, o uviu Whitefield pregar sobre as palavra~ ((E
fechou-se a porra". Estando sentada perto de dois jovens espirituosos, m as à
distância considerável do púlpiro, ela pode observar a jocosidade deles, e ouviu
u m dizer ao outro, em tom baixo: "Bem, o que acontecerá se a porca se fechar?
Alguém a abrirá". Desse m odo, torceram a solenidade do texto.
O Sr. \X!hitefield não tinh a ido lo nge em sua mensagem, q uando disse:
"É possível que haja algum a pessoa descuidada, frívola, que desvie a força deste
in1pressionan te assunto, pensando levianamente, 'Que importa se a po na se
h:char? Alguém a abrid."' . O s dois jovens fica ram paralisados e olhavam entre
si. O sr. W hirefield co ntinuou: "Sim; alguém a abrirá. E eu vos digo que porta
se rá: a po rta do abismo sem fundo - a porta do inferno! - a porra que oculta
dos olhos dos anjos os horrores da condenação eterna!".

104. O escarnecido dos Soldados


"l "'ecr=ndo uma c nroêt ele espinhos, puse ram- lha na cabeça e, na lllélO

tlireitu., um cnn iç:o; e, ajt)elb andn-se diante dele, o escar11eci am,


tlizcnc.ld: S<l,\'t' l'L'Í tio;:; jLH.leu~!" (J'dt )..f .-)9).
1

I. APR ENDA AQUI UMA LIÇÃO PARA SEU CORAÇAO


No Senhor da glória, feito, desse modo, cemro de crud zo mbaria:
I. Vede o qut: o pecado mere-cia. É rodo lançado sobr~ ele. Ridículo
por sua lo ucura. D everia t er desprezado, por sua louca rebel i:io,
contra a vontade onipo tente do gran de Rei.
Escárnio por suas preten sões. Como ousava ele propor-se usurpar o
domínio de corações e vidas q ue pertenciam somente a Deus?
Vergonha por sua audácia. Teve a ousadia de desafiar para batalha
ao Etern o. Oh, pecad o fanfarrão e vil!
2. Veja o quapro seu Salvador condescendeu por sua causa. Ele se fez
substituto do h omem rolo e pecaminoso. E foi tratado como tal.
Foi escarnecido por soldados da mais insignificante patente.
Fizeram dele um fa n toche para h om ens que bancam o bobo.
3. Veja como seu Redentor amou você.
Suportou desdém imens ud .vel, suporto u em silêncio, .su porto u até
o amargo fim. E tudo por amor ao seu povo.
4. Bernardo costumava dizer: "Q uanto mais vil CristO se fez por nós,
ranto m ais q uerid o ele nos deve ser".
II. APRENDA AQUI UMA LIÇÃO PARA A SUA C ONSCIÊNCIA
1. Jes us ainda pode ser escarnecido.
Pela condenação de sua doutrin a. Muitos que aparentam adm irar
seu caráter, fazem isso. Esse é o pecado peculiar à época presente.
Pelas resoluções ramadas e nunca cumpridas. Os pecadores fazem
voros, ma.s nu nca os pagam; confessam suas faltas e se apegam a
elas. Isso é insultar ao Sen ho r. Pelas crenças nunca obedecidas.
É comum fingi r uma crença que n unca afeta a vida, zombar de
grandes verdades, agindo co ntrariamente a elas. ·
2 . Se culpado de escarnecê-lo, que deve fazer?
Não se deses pere, mas confesse c lamen te o se u pecado.
N ão dê tudo por perdido. C reia e vi va.
N ão repita a lo uca ofensa. Arrependa-se, e abandone o crime.
3. Que deve flze r em qualquer caso?
Coroe-o com amor.
Entregue-lhe o cerro com obediência.
Vocês, pecadores, destruam os pecados que afl igiram a seu Salvador!
Vocês, Santos, resistam a rodo desdém do mundo, por amor <l ele!
Aré onde, sim, at~ onde desces, ó m, co-ererno Filho de tl:U P:1i ererno?
Ar~ que ponto re rehaixas por m im ? Pequei , e tu és punido; ex:drei a mim
nwsmo, e ru és abatido; cobri - me de :nos vergonhosos, c ru és :1çoirado;
desnudei- me, e w és vestido com manws de deso n ra; m inh:t cabeça divisou o
mal, c a cua é ferida com espi n hos; e u referi dur;lrncnlc, cr u és dllrall ll'l li L'

1 1)1 1
ferido p ara meu benefício; ren ho desonrado o teu nome, e tu, por minha
causa, és escarnecido; foste feito objeto de zombaria dos homens, por minha
causa, cu que renho m erecido ser insultado pelos demôni os! (Bispo Hall) .
A cabeça de Cristo sa ntificou rodos os espinhos; suas costas, rodos os
vergões; suas m ãos, rodos os cravos; seu lado, rodas as lanças; seu coração,
rodas as tristezas que pudessem sobrevir a qualyue r de se us filhos (Samuel
Clark, em The Saint's Nosegay).
Sermos ridicularizados pode dar-nos comunhão com o Senhor Jesus, mas
ridicularizar os outros pode pôr-nos em comunhão com seus perseguidores
(C. H. S.) .
Durante os últimos momentos de uma amável senhora, ela perdeu a fala.
Porém, esforçava-se por articular a palavra "Traga". As pessoas amigas ignorando
o que ela queria dizer, ofereceram-lhe alim ento, mas ela m eneou a cabeça e de
novo repetiu a palavra "Traga,. Pensando que ela desejava ver algumas das
amigas ausentes, elas lhe foram trazidas. Novamente, porém, ela meneou a
cabeça; e então, em grande esforço, conseguiu completar a sentença - "Traga o
diadema real, e coroe-o Senhor de todos".
Em seguida passou deste mundo para esrar com Jesus (Newman Hall).

1OS. Ouvindo com Atenção


uEntão, lbes disse: Atentai no que o uvis. Con1 a 1n ediJa con1 que
tiverde.::: m.eclido vos lnediYão t a1ubém, e ainda se vos acrescentar á"
(lvlc 4.24).

Nos dias aruais remos muitas inscruçóes sobre a pregação; mas nosso Senhor
m inisuo u instruções principalmente quanto a ouvir. A arte da atenção é rão
difícil quanto a da homilética.
I. EIS UM PRECEITO. "ATENTAI NO QUE OUVIS" .
1. Ouvir com discriminação, afastando-se da d outrina t~lsa (Jo 1 0.5).
2. Ouvir com atenção, ouvir real e ardememente (J\,1c 12.23).
3. Ouvir com intenção d e reter, esforç:mdo-se p ara lembrar a verdade.
4 . O uvir desejosamente, orando para que a Palavra lhe seja uma bênção.
11. EIS AQUI UM PROVÉRBIO. ''COM A MEDIDA CO.M QUE
T IVERDES MEDIDO VOS M EDIRÃO TAMBÉM".
1. Aqueles que desejam ~1 c h a r r:1lras, acham-nas em quanridade
suflc ieme.
2. Aqueles <1ue buscam a verd ~Hi e sólida, ap rendem- na de qualquer
ministério fiel.
3 . Aqueles que têm fome, encon tram alimento. ·
4. Aqueles que trazem a fé, recebem a certeza.
5. Aqueles que vêm alegremente, cornar-se-ão alegres.
N inguém, contudo, acha a bênção por dar ouvid os ao erro.
III. EIS UMA PR01Y1ESSA. "E AINDA SE VOS ACRESCENTARÁ".
Vocês, que ouvem, terão -
1. Mais desejo de ouvir.
2. Mais compreensão do que ouvem.
3 . Ivfais convicção sobre a verdade que ouvem.
Ouvir bem. O ensino de Deus m erece a m ais profunda atenção. Esse
ensino retribui a melhor consideração.
Ouvir muitm vezes. N ão desperdiçar o di a de descanso, nem qualquer de
seus cul tos.
Pouco adianta ver um homem correr para ouvir um serm:lo, se engan:1 e
trapaceia, tão logo volte para casa (John Selden).
Ebenezer Blackwell era um rico banqueiro, m etodista zeloso e grande
amigo dos irmãos Wesley. "Vai ouvir o Sr. Wesley pregar?" indagou alguém ao
Sr. Blackwell. "Não", respondeu ele, "vou OU\;ir D eus; ouço a D eus, seja U
quem fo r que pregue; de omro modo, perderia todo o meu trabalho" (John
Bunyan) .
Alguns podem ficar contemes em ouvir todas as coisas agradáveis, como
as promessas e misericórdias de D eus. M as os juízos e as reprovações, as ameaças
e restrições não podem suportar. Assemelh am-se àqueles que, na medicina,
cuidam apenas do cheiro agradável ou da aparência do remédio, como pílula~
douradas, mas não levam em co nta a eficácia do material.
Alguns podem ouvir, d e boa vontade, o que concerne a outros homem L'
seus pecados, suas vi das e maneiras, m as nada que se relacione com eles. <.lll
com seus próprios pecados; como alguns homens podem dispor-se a ouvir
falar da morte de outros h omens, mas não ficam p ara ouvir falar da sua própri: t
(Richard Srock).
O significado desta p assagem revela-se nas palavras do velho rab ino:
"Tenh o aprendido muito de m eus professo res; mais de meus compan heiros;
m:1s o máximo de meus alunos ". Quanro mais luz você der a outrem, r:llll\l
nuiur luz voe~ obred. Você consegut: melhor domíni o da vcn.bde, po mk:rallll o·
a com o desejo de co mun id-la. O amor, que comunica o que você r~m, ~tl> rc
seu cor~tç;lo para receber algo ainda mais elevado (R ic h ~ud Glover).

1
t11
106. Ele correu, e Ele Correu
"Quanclo, d e lon ge, viu Jesus, correu e o adorou" (l\1c 5 .6) .
"\linlla ele ainda lo nge, quando seu pai o avi stou, e, ccnnpadecido
del e, corrend o, o abraçou, e l)e ij ou" (Lc 15.20).

Esses dois textos têm cerra ~o se de aparente setnelhança: d e longe, 0


homem ~orreu para Jesus, e o Pai correu em direção ao pródigo, que ainda
estava longe.
·I. O LUGAR DO PECADOR: "LONGE".
Jesus está longe, na apreensão do pecador.
1. Quanto ao caráter. Que diferença entre o endemoninhado e o Senhor
Jesus; entre o filho pródigo e o grande Pai!
2. Quanto ao conhecimento. O endem oninhado conhecia a Jesus,
mas pouco sabia do seu amor. O pródigo conhecia pouco o grande
coração de seu pai.
3. Quanto à p ossessão. O endemoninhado não tinha m eios d e possuir
o Salvador; ao contrário, gritou: "Qu e tenho eu contigo?". O filho
pródigo pensava que perdera todo o direito junto a seu pai,
porquanto disse: "Não sou digno de ser chamado teu filho".
Imensurável é a distância entre D eus e o pecador: é grande como o
abismo entre o pecado e a santidade, a morre e a vida, o inferno e o céu.
II. O PRIVILÉGIO DO PECADOR. "VIU A JESUS".
Até m esmo isso, você que está sob a influên cia fortíssima d e Satanás, é
capaz d e ver acerca de Jesus. Sabe que:
1. Há tal Pessoa. Ele é Deus e Home1n, o Salvador.
2. Ele fez grandes coisas.
3. Ele é capaz d e expulsar os poderes do n1al.
4. Ele foi compreendido, amado e aceito pelo Pai.
Deus perdoará um pecad or p enitente, mais depressa do que uma mãe
tiraria seu filhinho d o fogo (Vianney).
Quando D eus o u o h01nem é fortemente 1novido, o primeiro passo é
correr. Urna a]1na etn aflição corre para Jesus; D eus, en1 co1npaixão, corre para
encontrar <Ds errantes que voltan1. Un1 passo lento evidencia um coração
indisposto; por isso, a detnora en1 arrepender-se é sinal morra!. Com o pecado
dentro d e você, C risto diante d e você, o ren1po a pressioná-lo, a eternidade a
agua rdar por você, o in fer no abaixo de você, o céu acin1a de você, ó pecador,
que possa correr bem! É o passo daquele que vai en1 busca da caça q ue deseja,
daquele q ue anseia po r conquistar o prên1io, d aq uele que foge do vi ngado r de
s; lltgll l'. /\ qt1d c qu e lkseja obter o cé u, d eve correr para ele (C. H. S.).
107. A Livre Agência de Cristo
"Então, cbegaran1 a B et saida; e l11e h ouxeran1 un1 cego, r oganclL) - ll,v
que o t ocasse. Jesu s, t on1ando o cego pela n1ão, l evou-o para ·f o r a dc1
aldeia e, aplicando-llte sali va aos olltos e in1po nclo-lbe as 1nãos,
p erguntou- lb.e: \ lês algun1a co isa? Este, reco brando a vista,
respond eu: \ fe jo os h on1en s, p orqu e co1no árvores os vejo, andando .
Então, n ovan1ente' ll'le pôs as 1nãos nos o lhos, e ele, passand o a ver
claratne nte, ficou r estabelecido; e tudo di stinguia de tnodo p erfeiton
(Me 8.22-25).

Os homens chegam a Cristo por diferentes processos: um é o próprio


Cristo que o ach a; outro vem a ele; outro é transportado por quatro; e este
cego é trazido. Isso importa pouco, contanto que cheguemos a ele. .
I. É COMUM A FRAQUEZA DE FÉ ESPERAR A BÊNÇÃO
PREDETERMINADA
((Rogando-lhe que o tocasse".
1. Sonhamos que a libertação de mna dificuldade deve vir de cerro
modo.
2. Buscamos santificação pelas aflições ou por êxtases.
3. Esperamos que um reavivamento tome forma estereotipad a.
II. EMBORA NOSSO SENHOR HONRE A FÉ, NÃO ACATA SUA
FRAQUEZA
Ele nad a fez ao cego diante dos olhos deles; rnas levou-o para fora da
cidade. Não cederia à observação ou à curiosidad e deles.
Não o curou instantaneam ente, conforme esperavam .
Usou d e um recurso que nunca havian1 sugerido - aplicou saliva aos
olhos e lhe impôs as m ãos.
1. D esse modo, recusou-se a fomentar a superstição que lhe limitava o
poder.
2. D esse n1odo, uso u de um m étodo mais adequado ao caso.
III. EMBORA O NOSSO SENHOR REPROVE A FRAQUEZA, HONRA
A PRÓPRIA FÉ
1. O cego consentira cn1 ser levado a Jesus, e Jesus o levounuis adiante.
2. Seus arnigos havian1 pedido visão, e o Senho r deu visão. Se temos
orado, pedindo fé, ele ate nderá ao pedido.
Porventura é o enfermo o n1édico, para que escolha o ren1édio? (Madamc
Swetchin e) .
Tão competentes são as pessoas, como no caso de Naamã, para assentar
em suas próprias mentes o n1étodo de operação da graça, que é difícil superar
suas concepções antecipadas. Encontrei un1a jovem, perante a qual expus 0
catninho da salvação , son1ente pela fé. Ela demorou en1 aceitá-lo ou mesmo
compreendê-lo; e quando o aprendeu, e a alegria lhe encheu o coração, exclamou
com surpresa: "Nunca pensei que a.s pessoas pudessen1 encontrar paz deste
modo". "Por que não?", perguntei-lhe. E ela respondeu com toda a energia:
"Eu sempre acreditei que a pessoa deve quase ir para o inferno, a fitn de obter
o céu. Meu pai ficou tão desesperado que tiveratn que encerrá-lo num hospício
por seis meses, e então, afinal, ele compreendeu a religião" (C. H. S.).

108. O Mendigo Cego de Jericó


"Parou Jesus e disse: Cb.arnai-o. Cban1aran1, então, o cego, dizendo-
lhe: '""fen1 born ânirno; levanta-te, ele te charna. Lançando de si a
capa, levantou - se de un1 salto e foi ter con1 Jesus" (Me 10.49-50).

Este homem é um retrato de como deveria tornar-se alegre cada um


daqÚeles que buscatn a Cristo.
No isolamento de suas trevas e de sua profunda pobreza, ele pensou que
Jesus era o Filho de Davi, e disso ficou persuadido.
Embora não enxergasse, fez bom uso de seus ouvidos. Se não temos todos
os dons, usemos aquele que possuímos.
I. ELE BUSCOU AO SENHOR EM CONDIÇÕES DE DESESTÍMULO
1. Ninguém estimulou a sua busca.
2. Muitos se opuseran1 a seus esforços. "Muitos o repreendiam, para
que se calasse" (vs. 48).
3. Por algum tetnpo, o próprio Jesus não lhe deu aten ção.
4. Não passava de um tnendigo cego , e só isso era bastante, para que
n1uitos requerentes se sentissen1 tolhidos.
II. RECEBEU ESTÍMULO
Esse estímulo veio do Senhor, que tnandou ch atná-lo.
Há:diversos tipos de chamados, que chegan1 aos hon1ens, a pedido do
Sen hor Jesus:
1. O chan1ado universal. Jesus é levantado, para que todo aquele que
olhar para ele possa viver (J o 3. 14, 15). O evangelho é pregado a
roda a criatura.
2. () chamado do indivíduo. Aq ueles qu e labutam, qu e es rão
sl> l ll'l'L': liTL'!.!,~ld ns . Muic1s silo ~1s promessas do evangelho que chan1a111
para Jesus os q ue estão cobertos de pecados,- os que choram, os
cansados (Is 55.7; Mt 11.28 e At 2.38,39).
3. O chamado n1inisterial. Feito pelos servos enviados do Senhor, c,
assim , apoiados por sua autoridade (At 13.26,38,39 e 16.31).
III. MAS O ENCORAJAMENTO NÃO O CONTENTOU - AINDA
BUSCOU A JESUS
Recusar-se a ir a Jesus e ser curado teria sido, na verdade, uma tolice.
1. Ele levantou'-se. Esperançosamef!.te, resolutam ente, abandono u sua
postura de mendigo. Para recebermos a salvação, devemos estar alerta,
e ter seriedad e de propósitos. ·
2. Lançou de si a capa e todo impedimento. Nossa ·justiça, nosso
confortável pecado, nosso h ábito - qualquer coisa, tudo devemos
deixar por causa de C risto.
3. Foi a Jesus. Na escuridão de sua cegueira, seguiu a voz do Salvador.
4. Expôs seu problema. "Mestre, que eu torne a ver" .
5. Recebeu a salvação. Jesus lhe disse: ((A tua fé te salvou". Obteve
visão perfeita; e em todos os sentidos flcou em· perfeita saúd e.
IV TENDO ACHADO A JESUS, SEGUIU-0
1. Usou sua vista para ver o seu Senhor.
2. Tornou-se seu discípulo confesso (ver o vês. 52).
3. Foi com Jesus, em seu caminho para a cruz e para a coroa.
4. Permaneceu um betn conhecido discípulo, sendo m encionado o
nome de seu pai.
((Parou Jesus e disse: chamai-o". Nessa circunstância, · ele adtninistrou
censu ra e instrução: censura, o rdenando que aj udassem o pobre h omem os
que se esforçavam por impedi-lo; instrução, ensinando-nos, que embora ele
não precise de nossa ajuda, não dispensará nossos serviços; que devemos ajudar-
nos uns aos o utros. Que embora n ão possarnos recuperar o próxi1no, com
freqüência podetnos levá-lo ao lugar e aos meios de cura (William Jay) .
Neste mundo, o êxito vem somente àqueles que Inostram d etenninação.
Podemos esperar a salvação, se nossa mente não está verdad eiraJnente preparada?
A graça torna um homen1 tão decidido a ser salvo como este mendigo estav3
decidido a chegar-se a Jesus e receber a vista. "Preciso vê-lo", disse um
pretendente, à porta de um h01nen1 público. O se nhor não pode vê-lo" , disse-
lhe o criado; porén1 o homen1 esperava à porta. U rn ::unigo veio vê-lo, e lh e
disse: '' Você não pode ver o chefe, nus eu posso responder-lhe" . "Não", disse
o infortunado pleiteante, «passarei toda a noite aq ui , junto à porta, ma~ ve re i
o homem. Só ele servirf'.
Não é de ~1dm i rar que, depois d e mui t~•~ ncg;tt i v; r~, ll 11 :d 111\'1 11 c ,·I,· l ( , li." V) •,11i 11
1
\1 I
o que desejava. Seria rnaravilha infinitarnente maior, se um pecador insistente não
obtivesse audiência do Senhor Jesus. Se deve obter a graça, obtê-la-á. Se não foi
deixado para trás, também não o será. Quer as coisas pareçam favoráveis ou
desfavoráveis, avance até que encontre a Jesus, e por certo O encontrará (C. H. S.).

109. Getsêmani
uForan1 a un1 lugar cba1nado Getsêmanin {Me 14.32).

Foi uma mudança mortal da comunhão agradável da Ceia para a solitária


agonia do jardim.
I. A ESCOLHA DO JARDIM
1. Mostrou sua serenidade mental e sua coragem.
Foi ao seu lugar costumeiro e de oração secreta.
Foi para ali, embora Judas conhecesse o lugar.
2. Manifestou sua sabedoria.
Sagradas lembranças ali aumentavam-lhe a fé.
A profunda solidão era apropriada às suas orações e clamores.
3. Legou-nos lições.
Nutn jardim, o Paraíso foi perdido e reconquistado.
No Getsêmani, prensa de azeite de oliveira, nosso próprio Senhor
foi esmagado.
II. O EXERCÍCIO EFETUADO NO LOCAL
1. Ele tomou todas as devidas precauções a favor dos outros.
Não queria que os discípulos tivessem surpresas, pelo que lhes pediu
que vtgtassem.
2. Solicitou a simpatia de seus amigos.
Podemos não desprezá-la, embora, à semelhança de nosso Senhor,
provemos sua debilidade, e clamemos: "Não pudestes vigiar nem
uma hora?"
3. Orou e lutou com Deus.
Etn posição e maneira hlllnílimas (ver vs. 35).
Em comovente repetição de seu chunar (ver vss. 36 e 39).
En1 terrível agonia de espírito, a ponto de suar sangue (Lc 22.44).
4. Por repetidas vezes buscou a simparia hun1ana, mas desculpou seus
an1igos, quando falharam corn ele (ver vs. 38) . Não devemos ter
amargura de es píri to, mesmo quando ficamos amargamente
desapontados.
III. O TRIUNFO OBTIDO NO LOCAL
1. Eis sua perfeita resignação. Ele luta corno ((se possível", ma~ vc 11 ·~:
co1n "não seja o que eu quero , e, sim, o que tu queres". Ele to nossu
exemplo de paciên cia.
2. Note o serviço angélico prestado. O Sofredor, tnanchado de sangue,
ainda tem todo o céu a seu chamado (ver Mt 26.53).
3. Lembre-se de sua sublime atitude para com os seus iniinigos.
Ele os enfrenta corajosamente (Mt 26.55) .
Ele os faz cair por terra (Jo 18.6).
Ele se rende, m as não à força (Jo 18.8).
Ele vai para a cruz, mas transforma-a en1 trono.
O falecido Rev. W H. Krause, de Dublin, visitava uma senhora em estado
depressivo: "Fraca, oh, tão fraca! ". Ela lhe disse que estivera com a mente muito
perturbada naquele dia, porque, em meditação e oração, achou impossível
governar seus pensamentos, e se manteve meramente repetindo as mesmas
coisas uma porção de vezes. ·
"Bem, minha querida amiga", foi sua pronta resposta, "no evangelho há
provisão também para isso. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando sua alma estava
profundamente triste, até à morte, orou por três vezes, e repetiu as mesmas
palavras" . Essa aplicação oportuna das Escrituras foi para ela uma fonte a
confortá-la grandemente.
"Faça-se a minha vontade, e não a tua'', transformou o paraíso num deserto.
"Faça-se a tua vontade, e não a minha", transformou o deserto em Paraíso, e
fez do Getsêmani a porta do céu (E. D e Pressense).
"Então lhe apareceu um anjo do céu que o confortava". O que! O Filho de
Deus recebe auxílio de um anjo, que é apenas criatura sua? Sim. Daí podemos
aprender a esperar ajuda e conforto de pessoas simples e coisas co1nuns, quando
é do agrado de D eus. Toda força e conforto vêm de Deus, mas ele fez das criaturas
ministros seus, para trazê-los. Devemos dar graças tanto a elas como a ele (Reflexões
Práticas sobre Cada Versículo dos Santos Evangelhos, por um clérigo).

11 O. Fontes de Lágrimas de Arrependimento


uE, caindo en1 si, d esatou a c b o r ar" (Me 14.72).

O arrependin1ento é eferuado pelo Espírito de D eus. Mas ele o efetua em


nós, por levar-nos a meditar no rnal do pecado.
I. ESTUDEMOS O CASO DE PEDRO E USEMO-LO PARA NOSSA
PRÓPRIA INSTRUÇÃO
1. Ele co nsiderou que havia negado a seu Senhor.
Ser;:l que nunca fizen1os tal coisa?
2()7
Isso pode ser feito de Inuitas maneiras.
2. Ele refletiu sobre a excelência do Senhor, a quem negara.
3. Ele lembrou-se da posição na qual fora posto pelo Senhor- fazendo-
o apóstolo, e logo um dos primeiros.
Não temos sido colocados em posições de confiança?
4. Ele lembrou-se do tratamento especial que havia desfrutado.
Ele, Tiago e João tinham sido..muitíssimo favorecidos (Mt 17. 1-13;
· 26.36-46 e Me 5.37-43).
Não temos nós desfrutado de feliz comunhão com nosso Senhor?
5. Ele recordou-se de que havia sido solenemente advertido pelo Senhor.
Não temos nós pecado contra a luz e o conhecimento que temos?
6. Ele recordou-se de seus próprios votos, promessas e jactâncias. '~nda
que todos se escandalizem, eu, jamais!" (ver vs. 29).
Não temos nós quebrado declarações muito sérias?
II. ESTUDEMOS NOSSAS PRÓPRIAS VIDAS, E USEMOS O ESTUDO
PARA NOSSA POSTERIOR HUMILHAÇÃO
1. Pensemos em nosso pequeno progresso na vida cristã.
2. Pensetnos em nossas apostas ias e nos descaminhos do coração ..
3. Pensemos em nossa negligência com as almas dos outros.
4. Pensemos em nossa pouca comunhão com nosso Senhor.
5. Pensemos na pequena glória que estamos trazendo para seu grande
nome.
6. Pensemos em nossas incomparáveis obrigações para com seu infinito
amor.
III. ESTUDEMOS OS EFEITOS DESSES PENSAMENTOS SOBRE
NOSSAS PRÓPRIAS MENTES
1. Podemos pensar nessas coisas sem en1oção? É possível, pois muitos
escusam seu pecado, alegando circunstâncias, constituição,
companhia, comércio ou destino. Chegam mesm_o a lançar a culpa
sobre Satanás ou algum outro tentador. Certos corações duros tratam
o assunto com suprema indiferença.
Isso é perigoso. É de temer que tal homem não seja Pedro, mas
Judas; não é um santo caído, mas um filho da perdição.
2. Somos movidos po r pensamentos dessas coisas?
H <'i o utras ret1exões que poden1 n1over-nos tnuito mais.
Nosso Senhor nos perdoa e nos conta con1o seus irn1ãos.
Ele nos pergunta se o amatnos, e nos pede que apascentetnos seu
rch:t n h o. Cenam en te, quando dan1os Í1nporrância a esses tetnas,
d vvv oco rrcr :1 :1cl:1 um de nós- ''E, caindo em si, desatou a chorar"·
A r ecordação d e Pedro, do que ouvira anteriorn1ente, foi outra
oportunidade de seu arrependimento. Não considerainos bastante o quan to
necessitamos mais de recordação do que de informação. Conhecemos nülhares
de coisas, 1nas é necessário que elas sejan1 mantidas vivas em nossos corações,
por un1a constante e vívida recordação. Portanto, é extremamente absurdo e
infantil que as pessoas digam: "Você não me diz nada, exceto o que já conheço" ..
Eu respondo: "Você se ~squece de muitas coisas". Portanto, é necessário que se
ensine uma linha de cada vez, e um preceito de cada vez (Is 28.1 O, 13).
O próprio Pedro disse, depois, em suas epístolas: "Por esta razão sempre
estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas cousas, embora estejais
certos da verdade já presente convosco". Somos propensos a esquecer-nos
daquilo que sabemos. Já que devemos considerar isso, qualquer boa coisa que
conhecemos, só é boa para nós, na m edida em que é lembrada com propósito
(Richard Cecil).
Pedro caiu horrorosamente, mas, pelo arrependimento, ergueu-se com
alegria. Um olhar de amor, vindo de Cristo, leva-o a desf~zer-se em lágrimas.
Ele sabia que o arrependimento era a chave para o réino da graça. Imediatamente
sua fé tornou-se tão forte que ele saltou, por assim dizer, num m ar de águas
para vir a Jesus; agora se arrepende tanto que, por assim dizer, saltou num mar
de lágrimas por causa daquilo que fizera, sem Cristo.
Dizem alguns que, após sua triste queda, ele chorava de quando em
quando, e que sua face estava, inclusive, sulcada de contínuas lágrimas. Mal
., . . . ,- . .
tomara o veneno, e Ja o vomitara, antes que este anng1sse os o.rgaos vitais; nem
bem ele havia pegado esta serpente, e ele a transforn1ara numa vara, afim de
açoitar sua alma com reinorso, por ter pecado em face de tão clara luz, de tão
vigoroso amor e de tão suaves descobertas do coração de Cristo para com ele.
Clemente observa que Pedro se arrependeu de tal sorte que, em toda a
sua vida posterior, todas as noites, quando ouvia o galo cantar, caía de joelhos,
c, chorando amargamente, pedia perdão por seus pecados. Ah! Almas, vós
podeis pecar facilmente como os santos, mas podeis arrepender-vos como os
santos? Muitos podem pecar com Davi e com Pedro, mas não se arrependem
com Davi e Pedro, e, por isso, deve1n perecer eternainente (Th on1as Brooks).
Nada tornará mais limpa a face dos filhos de Deus do que se lavarem eles,
todas as n1anhãs, en1 suas lágrimas (Samuel Clarck).
Os gregos antigos pensavam que a n1emória deveria ser fonte de tortura
no mundo vindouro, pelo que puseran1 entre os dois Inundos as ;;iguas do
Lete, o rio do esquecimento. Os cristãos, poré1n, não querem nenhUin rio do
esquecimento nas fronteiras do Elísio. O Calvário está desse lado, e isso basta
(Alexander Maclaren).
111. Um Triste Âmago e uma Alegre Mensageira
"E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido
co1npanbeiros de Jesus, se acbavan1 ·tristes e choravan1 n (Nlc 16.10).

I. UM GRUPO MUITO TRISTE. "(ELES) SE ACHAVAM TRISTES E


CHORAVAM".
Que cena! Vemos uma latnentação comum, expressa abundantemente
por meio de lágrimas e lamentações. Estavam tristes:
1. Porque haviam crido etn Jesus e o amavam. Portanto, estavam
preocupados com que sucedera.
2. Porque sentiam muito perdê-lo.
3. Porque se lembravam de sua própria má conduta para com ele.
II. UMA MENSAGEIRA CONSOLADORA
Maria Madalena chegou e lhes contou que Jesus havia ressuscitado, e
que lhe havia aparecido.
1. Ela fazia parte daquele grupo. As testemunhas da ressurreição de ·
nosso Senhor eram tais que seus discípulos, e, na verdade, todo o
mundo, podia crer co1n toda a certeza.
2. Ela chegou com a melhor das notícias.
Declarou que Jesus reahnente havia ressuscitado. A ressurreição de
nosso divino Senhor -
Afasta a causa de nossa tristeza.
Assegura-nos o auxílio de um Redentor ~ivo (Jo 14.19).
Garante a nossa própria ressurreição pessoal (1 Co 15 .23) .
Traz-nos a justificação pessoal (Rm 4.25) .
3. Não acreditaram nela.
A descrença pode tornar-se crônica: não haviam crido no Senhor,
quando eles lhes predissera sua ressurreição, e, por isso, não creram
naquela testemunha ocular, que lhes relatara o fato.
A descrença é cruelmente injusta; fizera1n de Maria Madalena uma
mentirosa, no entanto todos eles a estimavam.
III. UMA REFLEXÃO QUE A CONFIRMA.
1. Não somos os únicos que têm latnentado um Senhor ausente.
2. Não so1nos os únicos n1ensageiros que tên1 sido rejeitados.
3. Ten1os certeza, sen1 qualquer dúvida, da ressurreição de Cristo.
4 . A evidência é n1ais abundante do que a que testifica en1 favor d~
qualquer dos grandes aconrecirnentos históricos.
Os apóstolos crerarn nela, a ponto d e morrerern corno suas
I CSil'l1l LI 11 has.
Na famosa galeria de arte de Bolonha há um notável quadro pintado por
Don1enichino, representando um anjo postado ao lado da cruz vazia, da qual
0 corpo de Cristo acabara de ser tirado. Ele segura nas mãos a coroa de espinhos
que acabara de cair da fronte augusta do Sofredor. E a expressão que lhe vai na
face, à medida em que sente co1n os dedos a agudeza de um dos espinhos
salientes, é cheia de significado. É un1 olhar carregado de admiração e surpresa.
Para a natureza p~ra, itnaculada, imortal do anjo, todo aquele sofritnento .
era um profundo mistério. A morte de Cristo foi, igualrnente, um mistério
para os seus discípulos (Hugh Macmillan).
A tristeza é, não obstante, aguda, embora se fundamente em um engano.
Jacó lamentou José amargamente ainda que seu filho querido não tivesse sido
feito e1n pedaços, n1as estivesse no caminho de se tornar senhor do Egito.
Entretanto, embora haja no mundo tanta tristeza com bom fundamento,
é pena que se tenha de enfrentar uma angústia desnecessária, e enfrentada
aque1es que têtn os melhores motivos possíveis para se alegrarem. O exemplo
que temos diante de nós, no texto, é típico. Milhares estão hoje lamentando e
chorando, enquanto deveriam estar-se regozijando. .
Oh! o volume de pesar desnecessário! A de~crença trabalha para o pai das
mentiras nessa questão, e produz miséria e falsidade entre aqueles que, na
verdade, não são filhos da tristeza, mas herdeiros da luz e da alegria.
Levanta-te, fé, e com tua luz, afugenta ·esta escuridão! E se mesmo tu
deves ter tua luz atiçada por uma humilde Maria, não desprezes sua bondosa
ajuda.

1 12. Coisas Prodigiosas


uHoje, viinos prodígios" (Lc 5.26).

O mundo está extenuado, e anseia por algo novo.


O tnaior estranho no mundo é Jesus; ele é o menos visto e de quem
menos fala a maioria dos homens!
Se os homens viessem e o vigiassem, veriam coisas prodigiosas.
Sua pessoa, sua vida, sua morte, seus ensinatnentos, tudo está repleto de
coisas prodigiosas.
O que ele fàz agora tem, con1o setnpre teve, o elen1ento de estranheza e
maravilha em si.
I. OBSERVE AS COISAS PRODIGIOSAS FEITAS NAQUELE DIA
I. Poder presente para ensinar aos douras (vs. 17).
2. Jesus perdoando o pecado con1 un1a palavra (vs. 20).

.'I I
3. Jesus lendo os pensamentos (vs. 22).
4. Jesus fazendo um homem levar o leito que o trouxera (vs. 25).
II. OBSERVE AS COISAS PRODIGIOSAS DO DIA DE CRISTO
I. O Criador dos ho1nens nasceu entre os hon1ens. O infinito é utn infante.
2. O Senhor de todos, servindo a todos.
3. O Justo é acusado, condenado e sacrificado pelo pecado.
4. O Crucificado, ressurgindo dentre os mortos.
5. A morte é morta pela morte do Senhor.
Esses foram apenas incidentes numa vida toda estranha e admiráveL: ..
III. OBSERVE AS COISAS PRODIGIOSAS VISTAS PELOS CRENTES,
EM SEU DIA, DENTRO DE SI MESMOS E NOS OUTROS
1. Um pecador auto-condenado é justificado pela fé .
2. Um coração natural é renovado pela graça.
3. Uma alma é preservada em vida espiritual, no meio de males mortais,
como a sarça que ardia, mas não era consumida.
4. A força é aperfeiçoada na fraqueza.
A vida nunca envelhece a um companheiro de Jesus.
Acha que ela está envelhecendo-o, e é você um crente?
Busque a conversão de seus familiares e de sua vizinhança.
Busque conhecer mais de Jesus, no trabalho entre os homens.
Isso o levará a ver coisas cada vez mais prodigiosas, até que veja a mais
prodigiosa de todas, com Cristo na glória.
Um prodígio agradável e santo deve ser aceito por completo; mas um
:t.
prodígio frio, cético, deve ser resistido como sugestão que procede de Satanás.
A fé considera todas as coisas como possíveis a Deus; a descrença é que, de
modo incrédulo, acha estranha a obra de sua mão.
Guthrie de Fenwick, pastor escocês, certa vez visitou uma mulher . ..
moribunda. Encontrou-a n1uito ansiosa quanto à sua condição, porém muito
ignorante de tudo. Ela recebeu com muita alegria a explicação do evangelho,
que ele lhe fez, e logo em seguida morreu. Ao voltar para casa, Guthrie disse:
"Hoje vi uma coisa prodigiosa- uma mulher a quem encontrei num estado de
natureza, vi-a num estado de graça e deixei-a num estado de glória".
NUin manuscrito deixado por um velho pastor escocês, da primeira metade
do século XVIII, há notável relato da conversão de Lord Jeddart, que havia
sido fan1oso en1 sua tetneridade no pecado, e do espanto que isso causava entre
os cristãos.
Pouco d epois de sua conversão, e antes que o Eno fosse conhecido, ele se-··-
aproximou da tnesa do Senhor. Sentou-se perto d e uma senhora que esrava
co m ;ls m::ios no rosto, e que não o vira, até que ele lhe entregou o cálice que

/ I/
tinha na mão. Quando ela viu que era Lord Jeddart, que fora tão famoso pelo
pecado, caiu num terrível estremecimento, pela enorme adn1iração que tal homem
estivesse ali. Ele percebeu o fato, e disse: ((Senhora, não ·s e perturbe: a graça d e
Deus é livre! ". Isso acalmou a senhora. Mas quando consideramos o tipo d e
homem que Lord Jeddart havia sido, podemos entender a surpresa da tnulher.
Quando eu chegar ao céu, verei ali três Inaravilhas -a primeira maravilha
será ver ali muitas pes~oas que eu não esperava ver; a segunda maravilha ser~
notar a ausência de muitas pessoas que eu esperava ver; e a terceira e maior
de todas as maravilhas será encontrar-me lá (John Newton).

113. Aos seus Pés


"E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas
lágrin1as e os enxugava con1 os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés
e os ungia con1. o ungüe.n to" (Lc 7.38).

L É UMA POSTURA CONVENIENTE


A postura é admirável, e por muitos m:otivos.
1. Visto que ele é divino, prestemos-lhe reverência, na mais humilde
atitude.
2. Visto que somos cheios de pecado, façamos humilde confissão.
3. Visto que ele é Senhor, sejamos plenamente submissos.
Os melhores estão alegremente a seus pés, curvando-se perante ele.
Os piores deverão ir para lá, quer queiram ou não:
II. É UMA POSTURA PROVEITOSA
1. Para um arrependido que chora (Lc 7 .38).
Nossa humildade facilitará o arrependimento.
Nossa humilde submissão trará certeza.
Nossa plena obediência nos preparará para o serviço.
2. Para u1n convertido que descansa (Lc 8.35) .
Em tal posição, os de1nônios são expelidos e já não nos governam mais.
3. Para um intercessor súplice (Lc 8.41).
Suplican1os melhor, quando estamos na atitude mais hun1ilde.
Podemos ser ch efes de sinagoga, mas, quando nosso coração se parte,
achan1os o Jn <:í.xinlo d e esperança "aos seus pés,.
4 . Para un1 adorado r agradecido (Lc 17.16) .
Desse n1odo é que o leproso curado expressou a sua gratidão.
Desse tnodo os anJOS ado ran1, dando-lh e graças, enquanto !1c
encurvan1.

I II
5. Para um santo que contempla a glória do Senhor (Ap 1.1 7) .
Dominado totalmente, humilhado, enlevado, exausto corno excesso
de êxtase.
Ele é sobrernodo digno: presten1-lhe reverência.
Ele tem recebido de vocês tanto desdém: beij em-lhe os pés.
111. É UMA POSTURA SEGURA
1. Jesus não nos repelirá nessa posição, pois devemos assumi-la.
2. Jesus não rejeitará os que se submetem humildemente, aqueles que,
em desespero, se lançam diante dele.
3. Jesus não permitirá dano algum àqueles que buscam refúgio a seus
pés.
4. Jesus não nos negará o privilégio eterno de permanecermos ali.
Quando os missionários dinamarqueses que trabalhavam em Malabar,
designaram alguns de seus convertidos para traduzirem um catecismo, no qual
se afirmava que os crentes se tornavam filhos de Deus, um dos tradutores ficou
tão maravilhado que, de repente, depôs a pena e exclamou: "Isso é demais.
Deixem-me, antes, traduzir: Eles terão permissão para beijar seus pés" (G. S.
Bov,.res).
O Rev. Young visitava, num dia tempestuoso, um membro de sua
congregação, um velho que vivia em grande pobreza, numa cabana solitária,
distante alguns quilômetros de Edimburgo. Encontrou-o sentado com a Bíblia
aberta sobre os joelhos, mas em circunstâncias exteriores de grande desconforto,
com a neve acumulando-se sobre o telhado e junto à porta, e sem fogo para
aquecer-se. "Que está fazendo hoje, João? ", perguntou o Rev. Young ao
encontrar. "Ah, senhor", disse o feliz cristão, ((estou sentado sob a sombra de
Cristo com grande prazer" ( The Cristian Treasury) .
O fin1 de toda a pregação cristã é lançar o pecado tremendo aos pés da
nlÍsericórdia (Vinet).

114. Amor ao Máximo


"Qual deles, portanto, o an1ará Inais?" (Lc 7.42).

I. PRIMEIRO, DEVEMOS SER SALVOS DO MESMO MODO QUE


OUTROS
A estrada que conduz à eminên cia em amor é sin1plesmente o caminho
plano da salvaçio, pelo qual devem viaj ar todos os que estáo em Cristo.
1. Todos estan1os en1 débito. D evemos adn1itir de todo o coração ser
esse o nosso caso.

'I I
2. O amoroso Senhor perdoa em cada caso: pessoaimente, ten1os grand e
necessidade de tal rernissão. E deven1os sentir esse fato.
3. En1 cada caso, ele perdoa liberahnente, ou sem qualquer consideração
ou compensação; assim deve ser conosco. Devemos aceitar a livre
graça e o favor irnerecido.
II. DEVEMOS ALMEJAR TER PROFUNDO SENSO DE PECADO
1. Foi a consci~ncia de grande dívida que criou o grande amor na mulhet
arrependida. Não o seu pecado, mas a consciência do pecado é que
constituiu a base de seu caráter amoroso.
2. Deve ser cultivado. Quanto mais lamentamos o pecado, melhor; e
devemos ter em mira grande ternura de coração, con1 referência a ele.
A fim de cultivá-lo, devemos buscar:
Uma visão mais clara das exigências da lei (Lc 10.26,27).
Uma consciência mais ampla do arnor de Deus por nós (lJo 3.1,2).
Uma avaliação mais sincera do preço da redenção (lPe 1.18,19).
Uma persuasão mais segura do quanto é perfeito o nosso perdão
também nos ajudará a mostrar a vileza de nosso pecado (Ez 16.62,63) .
III. ISSO LEVARÁ A UMA CONDUTA ALTAMENTE AMOROSA PARA
COM NOSSO SENHOR
1. Desejaremos estar perto dele, bem aos seus pés.
2. Mostraremos humildade profunda, deleitando-nos mesmo em lavar-
lhe os pés.
3. Exibiremos completa contrição, contemplando-o com lágrimas.
4. Prestaremos serviço sincero; fazendo tudo o que está em nossas forças,
para Jesus, assim como fez esta mulher.
Uma experiência espiritual, inteiramente saboreada com um profundo e
amargo senso de pecado, é de grande valia para aquele que a teve. É terrível no
aw d e beber, porém, é sadia nos intestinos, e em toda a vida, após a rnorte.
Possiveln1enre, muito da piedade superficial da época surja da facilidade e
leveza com que os homens obtêm paz, nestes dias evangelísticos.
Não julgaríamos os convertido modernos, mas certamente preferitnos
aquela fonna de exercício espiritual que leva a alma pelo caminho da cruz
chorosa, e a faz ver sua negrura diante dessa cruz, e lhe assegura que está
"completamente limpa". H á n1uitos que fazem pouco caso d o pecad o, portanro,
fazem pouco caso do Salvador.
Aquele que es teve perante o D eus de Jesus Cristo, convicto e cond enado,
com a corJa no pescoço, é o hon1 em que deve chorar de alegria, quando é
perd oado, odiar o mal que lhe foi perdoado, e viver para a honra do Redentor,
por cuj o sangue foi purificado.

21'i
Os blasfemadores ousados devia1n ser entusiastas pela honra de seu Senhor,
quando são lavados de suas iniqüidades. Como dizen1 que os caçadores furtivos, . ·
recuperados, se tornatn os melhores guardadores, assim deveriam os tnaiores
dentre os pecadores constituir a tnatéria-prima, da qual a graça transformadora
do Senhor criará grandes santos.
Tenho ouvido dizer que a profundidade de um lago da Escócia corresponde
à altura das montanhas que o cercam. Tão profundo é seu senso de obrigação.
pelo pecado perdoado, quão alto é seu amor àquele que o perdoou (C. H. S.).
O a~or ao Salvador surge no coração de um homem salvo, na proporção .
do senso em que admite sua própria pecaminosidade, por um lado, e na
proporção da misericórdia de Deus, por outro lado. Assim, a altura do amor
de um cristão ao Senhor é como as profundezas de sua própria humildade: .
quando a raiz se aprofunda invisível, no solo, o ramo florido se ergue mais alto
no céu (William Arnot).

1 15. Boas Vindas para Jesus


uAo regressar Jesus, a Inultidão o recebeu co1n alegria, porque todos
o estavatn esperandon (Lc 8.40).

Jesus se dirigiu àqueles que o repeliram na terra de Gadara. E ali salvou a


um homem, para mostrar a liberalidade e a soberania de sua graça.
Então abandonou a região não hospitaleira, para mostrar que ele não se .· :.j
impõe à força, a ninguém. A sabedoria abandona aqueles que recusam seus .-
conselhos (Pv 1.24). Aqueles a quem o Senhor escolheu, devem estar dispostos
no dia do seu poder (Sll10.3).
I. UMA BELA VISÃO. "TODOS ESTAVAM ESPERANDO-O".
Podemos ver essa espera sob diferentes formas.
1. Um grupo de oração, uma igreja sincera, buscando reavivamento e
preparados para cooperar na obra, para que venha o reavivamento. . :.~
2. Um pecador em busca, suspirando por misericórdia, examinando
as Escrituras, ouvindo a Palavra, indagando dos cristãos, orando
constantemente, e, desse modo, "esperando por ele". ~
3. Um cristão que parte desta vida, ansiando pelo lar, dizendo como
Jacó: "A tua salvação espero, ó Senhor!"(Gn 49.18).
II. UMA CHEGADA CERTA. «AO REGRESSAR JESUS".
1. Seu espírito j;:i esd Li, fazendo-os esperar (R1n 8.23).
2. Sua pron1essa esd. li "Eis que estou convosco rodos os dias" (Mt 28.20)"."
3. Seu hábito é estar Lí. Suas delícias ainda estão com os filhos dos
hon1ens (Pv 8.31).

III. UMA ACOLHIDA CORDIAL. "A MULTIDÃO O RECEBEU COM
ALEGRIA".
1. Os temores deles tornaram-no bem-vindo.
Terniam que ele pudesse ter-se ido deles, para sen1pre (Sl 77. 7).
2. As esperanças deles tornaram-no bem-vindo.
Confiavam que agora seus enfern1os seriam curados e seus monos
seriam ressuscitados.
3. As or.1ções deles tornaram-no bem-vindo.
Aqueles que oram para que Jesus venha, ficam contentes quando
ele vem.
4. A fé que eles tinham, tornou-o bem-vindo.
Jairo agora contava ter sua filha curada (ver vs. 41) .
5. O amor que eles tinham, tornou-o bem-vindo.
Quando nosso coração está com ele, regozijamo-nos em seu
aparectmen to.
6. O cuidado deles por outros tornou-o bem-vindo.
Jesus jamais desaponta aqueles que nele esperam.
Jesus nunca repele aqueles que o recebem com agrado.
Não se pode dizer que uma congregação recebe o Senhor com agrado, a
menos que todos estejam ali, o que requer pontuaLidade; a menos que tenham
vindo com o propósito de encontrá-lo, o que implica em expectação piedosa; a
menos que estejam prontos a ouvi-lo, o que envolve atenção; e a menos que
estejam resolvidos a acatar seu ensino, o que demanda obediência.
Quando os habitantes de Mentone desejaram uma visita do Príncipe de
Savóia, abriram-lhe carninho sobre as montanhas. Cavaram túneis nos montes,
construíran1 pontes nos vales, para que o amado soberano pudesse receber as
boas vindas de seus súditos.
Se realmente damos boas vindas ao Senhor Jesus, devemos fazer uma
estrada para ele, pondo por terra nosso orgulho, elevando nossos pensamentos,
removendo nossos maus hábitos e preparando nossos corações. Jamais Uina
alma construiu utna estrada para o Senhor e depois deixou de desfrutar de sua
con1panhia (C.H.S.). ·

116. O Amor Sente-se à Vontade


"'"fi nha e la un1a in11à, c ban1ada lvlaria, e esta quedava-se assentada
aos pés dt, Sc·nhl)r auuvir-1 h e o s ensinamentos" (Lc 10.3 9).

Mana procurava servir ao Senhor da rnelhor maneira que podia.

217
Maria estava cheia de a1nor a Jesus, segundo sabe1nos, pelo fato de que ela
O ungiu. E por isso ela também o serviu com o que tinha de melhor.
Ela assim fazia, ouvindo-lhe os ensinan1entos.
I. AMOR COM CALMA. ''ESTA QUEDAVA-SE ASSENTADA AOS PÉS
DO SENHOR".
Como Maria:
Sentir-nos-íamos perfeitamente à vontade com Jesus, nosso Senhor. 7.•~~
Sentir-nos-íamos livres dos cuidados mundanos - deixando tudo
com Jesus.
Todo nosso futuro, nesta vida e na eternidade, seguro em suas mãos .
queridas.
Sem temor, desfrutemos o lazer com Jesus -lazer, mas não preguiça
-lazer para amar, aprender, COinungar e imitar.
II. O AMOR EM ATITUDE HUMILDE. '~OS PÉS DO SENHOR, .
1. Um arrependido, que constitui reconhecimento de minha
indignidade.
2. Um discípulo, que constitui confissão de minha ignorância.
3. Um recebedor, que constitui admissão de minha necessidade.
• III. AMOR QUE OUVE.'~ OUVIR-LHE OS ENSINAMENTOS,.
Ouvindo a ele mesmo. Estudando-o e lendo seu próprio coração.
Ouvindo, .e não introtnetendo nossos próprios pensamentos, noções, ;;
raciocínios, indagações, desejos e preconceitos, que nós mesmos formamos.
Ouvindo e esquecendo as observações e descrenças dos outros.
Deus deleita-se em lidar conosco, quando estamos a sós. Ele apareceu a
Abraão, que se achava sentado à entrada de sua tenda (Gn 18). O Espírito
Santo desceu sobre os apóstolos, e encheu toda a casa onde estavam sentados
(At 2). O eunuco, sentado em sua carruagem, foi chamado e se converteu ante
a pregação de Filipe (At 8) . (Henry Smith).
O que devetnos louvar mais, a humildade ou a docilidade de Maria? Não
a vejo pegar uma banqueta e sentar-se perto dele, ou uma cadeira e sentar-se
acÍina dele. Mas, como que desejando mostrar que seu coração estava no mesmo
nível dos seus joelhos, ela se assenta a seus pés. Ela ficou humildemente sentada, ., _~~
e foi ricamente aquecida co1n seus raios celestiais. Quanto maior a submissão, . "':~
tanto tnaior a graça. Se houver utn sulco no vale, etn posição inferior a outro, ~
para lá correrão as águas (Bispo Hall).
O Dr. C harles queixava-se: Sou en1purrado para fora de 1ninha _____
espiritualidade. ..::

?IK
11 7. O Bom Pastor em Três Posições
"Q ual, dentre vós, é o bon1 en1 que, p ossuindo cen1 ov~ JJ, ns c
p erdendo u111 a. delas, n ão deixa no deserto as n oventa e nove e v.t i
en1 busca da que .se perdeu, até en contrá-la? Acbando-a, p õe- nu
sobre os on1bros, cheio d e júbilo . E, indo para casa, reúne os an1j g<)~
e vi zinbos, dize n4o -lbes: Alegrai-vos conligo, porque já acbei a
rnii~ba ovelba perdidan (Lc 15.4-6).

O amor de Jesus não é mero sep.timento; é ativo e enérgico.


É amor preveniente, que vai atrás da ovelha que não tem noção de voltar
ao rebanho, da qual se extraviou.
É absorvente, fazendo-o deixar tudo mais.
L NA BUSCA. "ATÉ ENCONTRÁ-LA'.' .
Observem-no bem, como suas forças, coração, todas as suas faculdades,
tudo "vai em busca da que se perdeu".
1. Não há regozijo em seu aspecto. Ele anseia pela. que se perdera.
2. Não há hesitação em sua mente. Apesar da aspereza do caminho, ou
da duração do tempo ou da escuridão da noite, ele ainda vai em
busca da que se perdera.
3. Não há rancor em seu coração. Os muitos extravios da ovelha lhe
custaram caro, mas ele não os leva em conta, contanto que possa
achá-la.
II. NA CAPTURA. "ACHANDO-A . ... ".
1. A errante está segura. Quão firme agarra!
2. Ele carrega o peso. Não há repreensão nem empurrão; apenas a ação
de levantar. Um auto-carregamento, uma c01nodidade da que se
perdeu.
3. A distância percorrida. Cada passo foi dado pelo Pastor.
Ele deve percorrer penosamente toda aquela extensão de caminho
pela qual a ovelha perambula, tão despreocupadamente.
A ovelha é conduzida de volta, sem qualquer sofrünento de sua parte.
III. NO LEVAR PARA CASA. "INDO PARA CASA".
1. O céu é lar para Cristo.
2. Jesus deve conduzir-nos ·ao longo do carninho inteiro para lá.
3. Jesus quer que outros se regozij e1n com ele, pela realização de seu
pro pós i to. '
4. Un1 só pecador pode alegrar o céu inteiro (ver vss. 7 e 1O).
Aprendamos uma lição, de cada um dos três quadros que examinamos:
De perseverança, até que as almas sejam salvas.
De paciência com as almas recém-encontradas.
De encorajamento, na expectativa da reunião em glória daqueles pelos
quais labutamos, em nome de Jesus.
Num entardecer, em 1861, quando o General Garibaldi voltava para casa,
encontrou um pastor sardo, lamentando a perda de um cordeiro de seu rebanho. ·
Imediatamente Garibaldi voltou-se para seu estado maior e anunciou a sua
intenção de explorar a montanha, em busca do cordeiro. Organizou-se uma
grande expedição. Trouxeram lanternas, e velhos oficiais de muitas campanhas
saíram, cheios de zelo, à caça do fugitivo. Mas não foi encontrado nenhum
cordeiro, e os soldados receberam ordem de recolher-se.
Na manhã seguinte, o ajudante de ordens de Garibaldi encontrou-o
dormindo profundamente. Ficou surpreso com isso, pois o general sempre se
levantava antes de todos. O ajudante retirou-se pé ante pé e voltou meia hora
mais tarde. Garibaldi ainda dormia. Após outra demora, o ajudante de ordens
acordou-o. O general esfregou os olhos, e a mesma coisa fez o ajudante, quando
viu ,o velho guerreiro tirar de sob as cobertas o cordeiro perdido, e pediu:-lhe :
que o levasse ao pastor. O general havia continuado a busca durante a noite,
até encontrar o animal. Do mesmo modo, o Bom Pastor vai em busca de sua
ovelha perdida, até encontrá-la (The Preachers Monthly).
Cristo, Pastor. Ele é o Bom Pastor que dá sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11);
o Grande Pastor que de novo foi trazido dentre os mortos (Hb 13.20); o
Supremo Pastor que se há de manifestar (lPe 5.4); o Pastor e Bispo das almas
(1 Pe 2.25); ele é o Pastor das ovelhas, que reúne os cordeiros com seu braço, e
os leva em seu seio (Jo 10; Is 40.11); o Pastor de Israel (Ez 34.23); e o Pastor
do Senhor (Zc 13.7). (John Bate).
Por que ele não empurra a ovelha à sua frente, especialmente ao ver que
ela estava em muito boas condições para perder-se? Primeiro, porque, embora
ela tivesse vigor mais do que suficiente para perder-se, não tinha sabedoria
suficiente para proceder direito. Segundo, porque, provavelmente, a tola
ovelha se havia cansado com sua vagueação. "Os povos se fatigam em
vão" (H c 2.13). Portanto, o bondoso Pastor a traz para casa, em seus próprios
on1bros (Thon1as Fuller).
Yan1 Sing, ao prestar exa1nes para ser adrnitido corno n1ernbro por
experiência, perante a Igreja Batista de San Francisco, en1 resposta à pergunta, -·--- ·
"Corno você encontrou Jesus?", respondeu: "Eu não e ncon trei a Jesus, ·
absoluran1ente; ele é que me encontrou". E fo i aprovado.
118. O Memorial Ordenado
"E, to1nando un1 pão, tendo clado graças, o partiu e lbes deu,
dizend o : I st o é o 111eu corpo ofereci d o por v 6s; fazei ist o enJ
rnen1ória de mÍln. Se1nelhanten1ente, depois de cear, ton1.ou o cálic e,
dizendo: Este é o cálice da nova ali ança n o 1neu sangue derran1ado
en1, favor d e vósn (Lc 22.19-20).

Temos aqui instruções completas para observância da Ceia do Senhor.


Verá o que era, e como era realizada.
As instruções são simples, claras, definidas.
I. O PRINCIPAL OBJETIVO DA CEIA É UM MEMORIAL PESSOAL
"Em memória de mim". Devemos lembrar-nos não tanto d e suas
doutrinas ou preceitos e, sim, muito mais de sua pessoa.
Lembrem-se do Senhor Jesus nesta Ceia:
1. Como o guarda de seus corações.
2. Como o objeto de sua gratidão.
3. Como o Senhor de sua conduta.
4. Como a alegria das suas vidas.
II. O MEMORIAL É NOTÁVEL EM SI
1. Simples, e, portanto, como ele mesmo, que é a verdade transparente
e despretensiosa. Apenas pão partido e vinho despejado.
2. Freqüente - "todas as vezes que o beberdes" - apontando, assim,
para nossas necessidades cons~antes. Ele pretendia' que a Ceia fosse
desfrutada com freqüência.
3. Universal, e, desse modo, mostrando a necessidade de todos. "Bebam
deles todos". Em cada terra, todo o seu povo deve comer e b~ber
nessa mesa.
4. Sua morte é a melhor memória dele mesmo, e é anunciando sua
morte que nos lembramos dele.
III. O OBJETIVO É UM CONVITE EM SI MESMO
1. Podemos ir a um memorial, embora freqüente e tristemente nós
nos tenhamos esquecido de Cristo. N a realidade, isso será motivo
para rrn1os.
2 . Podemos ir, embora outros se esqueçam dele. Não van1os para julgá-
los, n1as para nos lembrannos dele.
À rnesa sagrada não deven1os levar nenhurn o utro assun to.
N~o nos carreguen1os de lamentações, resoluções, etc.

// I
Mediternos inteiran1ente e apenas nele, cuja carne é, de fato, comida, e
cujo sangue é, de fato, bebida (Jo 6.55).
Nosso Senhor Jesus tem seus próprios memoriais de nós, do n1esmo modo
como nos deu u1n memorial d ele mesn1o. Os sinais dos cravos constituem
lembranças d e urn tipo peculiarmente pessoal e permanente: ''Eis que nas palmas
das minhas mãos te gravei" (Is 49.16). Por essas marc~s, ele vê o que já sofreu, e
compromete-se a nada fazer à parte daqueles sofrimentos, pois suas m ãos, com as - ---~
quais ele .t rabalha, estão traspassadas. D esde que ele traz, desse n1odo, as marcas de
sua paixão, também nós devemos trazê-las, mas em nossos corações (C. H. S.).
"Fazei isto em memória de mim".
-1. Essa ordem implica que o conheçamos. Para nos lembrarmos é
preciso, primeiramente, que conheçamos. De nada adiante dizer a
um cego de nascença: "Lembra-te do brilho do sol".
2. Ela revela o amor d e Cristo. Por que deveria ele querer que nos
lembrássemos dele? Os moribundos têm dito a alguns de nós: "Pense
em mim algumas vezes; mas não m e esqueça" . É da própria natureza
do amor que ele deseje ser lembrado.
3. Implica em uma tendência a esquecer. Deus nunca estabelece uma ·
instrução desnecessária. É um pecado que n ão nos lembremos ~ais
vezes de Cristo. Devíamos usar, agradecidamente, todo auxílio à .-: ~~
memória (Esboço do sermão do Dr. Stanford).

1 19. Servus Servorum (Servo dos servos)


"Eu sou co1n o quen1 serve n (L c 2 2. 2 7).

Fato singular, corn relação aos apóstolos. Estavam ao mesmo tempo


perturbados com duas perguntas: "Qual deles parecia o rnaior?" e "Quem seria,
d entre eles, o traidor de seu Mestre?" .
Onde deveria haver abundante humildade, introduziu-se a ambição.
O remédio que ele usou, foi a sua própria conduta (Jo 13.12-17).
I. A POSIÇÃO DE NOSSO SENHOR
1. Em todo o curso de sua vida na terra, Jesus sempre tomou o lugar
d e servo ou escravo.
Su a o relha foi perfurada, por sua entrada no pacto. "Minhas orelhas
foram furadas, o u perfuradas" (SI 40.6, à tnargem ; Ex 21 .6). Seu
ofício foi anunciado por ocasião d e sua vind a: "Eis aq ui estou para ·- - .-
fazer, ó Deus, a tua von tade" (5140.7; Hb 10.5,9). Sua natureza foi
aj ustada para o serviço: ele assum iu a "forn1a de servo" (Fp 2.7).

.'
I I I
Ele assunúu o lugar rnais humilde entre os homens (Sl22.6; Is 53.3).
Ele preocupou-se cornos outros, e não consigo n1esmo. ((O próprio
Filho do homem não veio para ser servido" (Me 10.45).
Ele deixou de lado a sua própria vontade (Jo 4.34 e 6.38).
Ele suportou, pacienten1ente, toda espécie de ultraje (1 Pe 2.23).
II. ADMIRA-NOS QUE ELE DEVIA SER SERVO ENTRE SEUS
PRÓPRIOS SERVOS.
A maravilha desse fato tornou-se ainda maior:
1. Visto como ele era o Senhor de tudo, por natureza e essência
(Cl 1. 1 5-19).
2. Visto que ele era superior em sabedoria, santidade, poder e em tudo
mais, no grau mais perfeito (Mt 8.26,27 e Jo 14.9).
3. Visto que ele foi, tão grandemente, o Benfeitor deles (Jo 15.16).
III. A EXPLICAÇÃO DO FATO
Devemos buscar explicação mediante sua própria natureza.
1. Ele é tão infinitamente grande (Hb 1.2-4).
2. Ele é tão imensuravelmente pleno de arnor (Jo 15.9 e l}o 3.16).
IV. A IMITAÇÃO DO FATO
Imitemos a nosso Senhor:
1. Em escolher desempenhar alegremente o mais humilde dos ofícios.
2. Em manifestar grande humildade de espírito, e humildade para
suportar o que nos sobrevier (Ef 4.1-3, Fp 2.3 e lPe 5.5).
3. Em suportar alegremente a injustiça, em vez de quebrar a paz, vingar-
nos, ou ofender a outros (1 Pe 2.19,20 e 3.14).
O texto não censura o nosso orgulho?
Não suscita ele o nosso a1nor adorador?
Por que tantos cristãos professos se ((sentem superiores", e por isso não
empreendem trabalho humilde a favor de Deus e da humanidade? Ouvimos
falar de um ministro de Cristo que se queixava que seu posto estava ((abaixo de
seus talentos!" Como se a alma de um mendigo estivesse abaixo do gênio de
um Paulo!
Alguns não se acham disposto.s a trabalhar numa escola da missão ou
distribuir folhetos ntun bairro pobre, esquecendo-se, estranhamente, de que
seu divino Mestre foi missionário. Nunca aprenderarn esses tais que a toalha
com a qual Jesus enxugou os pés de seus discípulos brilhava mais do que a
púrpura que envolvia os braços de César? Não sabern eles que o posto de
honra é o posto de serviço? "Minha cadeira na Escola Dominical é 1nais
importante do qu e n1inha cadeira no Senado", disse un1 enúnente estadista
cristão (Dr. Cuyler).

221
120. "Pai, Perdoa-lhes ... "
uContuclo, Jesu s di zia: Pai, perdoa-lhes, p orque não sabem o que
fazen1" (Lc 23.34).

Dirijamo-nos ao Calvário, para aprender como podemos ser perdoados.


Depois, demoremo-nos ali, para aprender como podemos perdoar.
Ali veremos o que é pecado, como este assassina o Senhor do amor.
I. VEMOS O AMOR DE JESUS SUPORTANDO O SOFRIMENTO,
Até o final da maldade humana.
Até o extremo sofrimento da vergonha (Fp 2.8 e Hb 12.2).
Até o limite extremo do sofrimento pessoal (SI 22.1-18).
II. VEMOS A REVELAÇÃO DESSE AMOR:
Amor, quando em agonia de morte, ainda ora.
Amor assim traz o céu para socorro daqueles com os quais se preocupa.
III. VEMOS COMO O AMORÁVEL JESUS ORA
A favor de seus cruéis assassinos, e no próprio ato.
A favor do pleno e imediato perdão para eles.
Por nenhum outro motivo, senão a ignorância deles; e só a graça
poderia sugerir ou aceitar esse apelo.
· IV. VEMOS COMO ESSA ORAÇÃO TANTO ADVERTE QUANTO
SUPLICA
Adverte, portanto sugere que há limite à possibilidade de perdão.
Os homens podem pecar de tal modo que não lhes reste apelo à
ignorância; não, nenhum apelo de qualquer natureza. Suplica, pois
ela demonstra que se houver apelo, Jesus o atenderá.
V. VEMOS COMO ELE INSTRUI DESDE A CRUZ
Ele nos ensina a perdoar o erro máximo (Me 11.25).
Ele nos ensina a orar por outros, até nosso último alento (At 7.59,60).
Há algo nesse pedido que, a princípio, me confunde, e que- me faz
perguntar, com reverência, em que sentido Cristo o fez. Certamente a ignorância
não é o apelo do evangelho. A ignorância não dá a nenhum homem direito
sobre Deus ... Não devemos dizer: "Sendo justificados pela ignorância, remos
paz con1 Deus .. . " A ignorância não é inocência; muitas vezes ela é pecado; e·
um pecado não é salvação para outro.
A ignorância que os iniJnigos de Cristo rên1 do que está envolvido em seu
crime capital coloca-os no terreno da tnisericórdia e pennire que seu perdão
lhes seja UJna possibilidade- possibilidade suprida pela cruz de Cristo. Talvez
nenhun1 hon1em saiba o que faz, quando rejeita a Cristo. Sarar{ás sab ia o que
t'lzia, e nada do que ouvi1nos no evangelho, é dito a favor dele. Mas os pecadores

224 . ; . . .J
hun1anos não podem conhecer plena1nente; e sua ignorância, embora n ~to
apague o pecado, torna-o perdoável (Charles Stanford).
Ó Salvador, tu não podes deixar de ser ouvido! Aqu~les que, por ignorância
e simplicidade assitn te perseguiran1, encontraJn o resultado feliz de tua
iútercessão. Agora vetnos con1o foi que três mil altnas se converterarn logo
após um sermão. Não foi a pregação de Pedro; foi tua oração que se 1nostrou
assÍln eficaz. Agora possuem graça para conhecer e confessar de onde recebem ·
tanto o perdão quanto a salvação, e podem retribuir sem blasfêmias, com ações
de graça.
Que pecado existe, Senhor, que me faça perder a esperança da remissão?
Ou que ofensa não me disponho a perdoar, quando tu oras pelo perdão de
teus assassinos e blasfemadores? (Bispo Hall).
Foi, por sinal, de verdadeira grandeza moral, no caráter de Fócion, que,
estando para ser morto, alguém lhe perguntou se tinha quaisquer ordens para
deixar a seu filho, ele exclamou: "Sim, por todos os meios possíveis, digam-lhe,
de minha parte, para esquecer-se do mau tratamento que recebi dos atenienses".
Tal espírito de perdão, transformou um pagão, ·muito mais transformará
um discípulo do meigo e amoroso Cristo, que, na hora de sua morte, orou:
((Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Ninguém que se recusa a
perdoar a um inimigo tem direito a reivindicar espírito cristão, nem mesmo a
cimentar seu perdão por algum ato de amor abnegado.
Um rapaz abusava tanto dos colegas menores, numa escola, que o professor
pediu o voto da escola para saber se ele deveria ser expulso. Todos os alunos
menores votaram por sua expulsão, exceto um que não teda, talvez, cinco
anos. Mas sabia muito bem que o mau rapaz continuaria a abusar dele.
'(Por que, então, você votou para que ele ficasse?", perguntou o professor.
"Porque, se ele for expulso, talvez nada 1nais aprenda a respeito de Deus, e,
desse n1odo, se torne ainda n1ais perverso". "Então, você lhe perdoa?", perguntou
o professor. ((Sim", disse ele, ('papai e mamãe me perdoam quando erro; Deus
me perdoa também; e devo perdoar do tnesmo modo" (The Bíblica! Treasury).

12 1. Uma Visitação Divina


uFala va tn a i nela estas coisas quando Jesus apareceu no 1neio ele les e
lbes disse: Paz seja convo~co!" (Lc 24.36).

I. QUANDO ELE APARECEU


1. Quando haviam procedido indignan1ente, evitando-o, ao ser ele
traído e abandonando-o en1 seu julgan1ento.
2. Quando estavam despreparados e incrédulos, duvidando de sua
promessa expressa, e repelindo o testemunho dos seus mensageiros.
3. Quando necessitavam grandemente de sua presen ça, pois estavam
como ovelhas sem pastor.
II. O QUE ELE DISSE. "PAZ SEJA CONVOSCO".
1. Era uma bên ção: ele lhes deseja a paz.
2. Era uma declaração: estavam em paz com Deus.
.3. Era uma ordem: ele os inspirou com a paz.
4. Era uma absolvição: ele anulou todas as ofensas que poderiam ter-
lhes estragado a paz.
III. O QUE RESULTOU DE SEU APARECIMENTO
1. Ele acabou com as dúvidas deles. Inclusive Tomé teve de livrar-se de
sua obstinada descrença.
2. Ele revelou e selou seu amor nos corações deles, ao mostrar-lhes
_. I

suas maos e seus pes. .


3. Ele lhes refrescou a memória. "São estas as palavras que eu vos falei" -
(ver o vs. 44).
4. Ele lhes abriu o entendimento (ver o vs. 45).
5. Ele lhes mostro u a posição que deveriam ocupar. "Vos
testemunhas destas cousas" (ver o vs. 48).
6. Ele os encheu de alegria (Jo 20.20). .,
Dizem que há profundezas no oceano que nenhuma te1npestade pode ;:·::
agitar; elas estão fora do alcance de todas as tormentas que varrem e agitam a ·''
superfície do mar. E há alturas no céu azul, lá em cima, a que nenhuma nuvem
chega, onde nenhuma tempestade assola, o nde tudo é brilho perpétuo, e nada
existe para perturbar a profunda calma. Cada uma dessas coisas é um emblema
da alma que Jesus visita; a quem ele fala de paz, e cuja lâmpada de esperança
1
ele põe em ordem (Tweedie).
Na v_ida do Dr. John Duncan h á um episódio comovente que relata o
quanto ele sofria de melancolia religiosa . .Suas lutas m entais muitas vezes
foram penosas, lançando sombra sobre toda sua vida e trabalho.
Certa ocasião, foi para sua classe na faculdade, en1 estado de extrema::-·:<
de pressão. Durante a oração de abertura, contudo, a nuvem se desfez. Seus ..
o ll1 os brilh ~v~ m , su~s feições estavan1 descansadas e, antes de co1neçar sua
preleção, disse, com patética simpatia: "Meus caros jovens, eu acabo de ter
t1rn ~1 vis:io moment:lnea de Jesus".
:;, 1111os soldados de Jesus C risto. Agora, aq uilo que anin1a o bÍ·aço do soldado
,. llw 1; '' t :dvcv o cu r:t~·: o, qu :mdo se encaminha para a batalha, não é tanto a
ltttdtld .tll dP t' X t~ l < ito do <jll :d 1:1z p :liTL'. mas o cad rer do chefe a q uetn segue.
Relata-se que, em uma das batalhas do Duque de Wellington, utna parcela
do exército estava cedendo, sob a pressão do inimigo, quando ele se pôs no
meio deles. Um soldado gritou em arrebatan1ento: "Aí .está o duque - Deus o
abençoe! Prefiro ver-lhe a face a ver uma brigada inteira". E essas palavras,
fazendo que todos os olhos se voltas sem para o chefe, deram tal confiança a
seus camaradas que repeliram o inimigo; sentiram que estava ao lado deles
quem nunca fora derrotado antes, e que não o seria agora.
Um meu amigo militar, com quem falei sobre esse assunto, disse que,
embora nunca tivesse ouvido falar do fato, podia muito bem admiti-lo como
verídico: a presença do notável general, acrescentou ele, valia, em qualquer
tempo, por cinco mil homens (Tait, Comentário de Hebreus).

122. Atitude de Nosso Senhor na Ascensão


"Então, os levou para Betânia e, ergt~endo as tnãos, os abençoou"
(Lc 24.50).

A cena, em si, foi muito notável.


Tão diferente do que a superstição teria divisado.
T ão calma- nenhum carro de fogo ou cavalos de fogo.
Tão majestosa - não havia anjos, nem outros agentes para emprestar
esplendor imaginário. Somente o poder do próprio Senhor e Deus, operando
tudo em sublime simplicidade.
I. SUAS MÃOS SE ERGUERAM PARA ABENÇOAR
1. Essa bênção foi dada com autoridade. Ele os abençoou, enquanto
seu Pai o reconhecia, recebendo-o no céu.
2. Essa bênção foi tão plena que, por assim dizer, esvaziou-lhe as tnãos.
Viran1 aquelas amadas tnãos assim descarregadas de suas bênçãos.
3. A bênção era para aqueles que estavam abaixo dele, e além do som
de sua voz: ele espalhou bênçãos sobre todos eles.
II . AQUELAS MÃOS ESTAVAM PERFURADAS
Todos podiam vê-las, enquanto olhavam atentos para o alto.
1. Desse modo, sabiam que eram as mãos de Cristo.
2. Assim viram o preço da bênção. Sua crucificação comprou bênção
contínua para todos os seus retnidos.
3. Desse modo viran1 o caminho da benção: vern daquelas n1ãos
hurnanas, através daquelas feridas sacrificiais.
III. AQUELAS MÃOS DOMINAM
Suas nüí.os são onipotentes. Aquelas mesn1as n1ãos qu e :1bençoaram
seus discípulos, agora seguram , em benefício deles, P cc rrn:
) JI
1. Da providência: tanto en1 pequenas como em grandes questões.
2. Do julgamento futuro e do reino eterno.
Que ponto Jesus escolheu co1no local de sua ascensão? Não escolheu Belém, -·
onde as hostes angélicas lhe entoaram louvores; ne1n o Tabor, onde seres celestiais --
pairaram em torno dele, em homenagetn; nem o Calvário, onde rochas fendidas
e túmulos abertos haviam proclamado a sua divindade; nem o átrio do templó~ 7 7
ern toda a sua suntuosa glória, onde, por séculos, sua própria Shekinah brilhafà ~---~;
e1n tn~stico esplendor. Porém, ele consagra mais uma vez o nome de uina . :~ ~
hutnilde aldeia, Betânia. Ele consagra um Lar de Amor (Dr. Macduff, em ··
Memories ofBethany) .
Pode-se dizer que a maneira como Cristo ascendeu aos céus foi um exemplo : ~: ~"
de simplicidade e sublimidade divinas, combinadas, que dificilmente acham -
paralelo. Durante o ato de abençoar seus discípulos, ele se apartou deles, foi
elevado e d esapareceu atrás de uma nuvem. Não houve pompa; não podia ter ,.
sido n1ais simples. .
Como podem os seguidores desse Senhor e Mestre confiar na pompa e
no cerimonial para divulgar sua religião, quando ele, seu fundador, não deu :.·~_:::-:
apoio a tais apelos aos sentidos dos homens? Tivessem alguns homens bons ·:.~
sido consultados sobre a forma d e ascensão, e podemos imaginar o resultado··. ~
(N. Adams).
Esta não é a cena de leito de morte. "Nada há aqui para lágrimas". Não · 7~·
estamos no fim, mas no começo de uma vida. Não há sinal de lamentação, po:r_Í:~~~~
estar terminada uma grande carreira, porque os lábios de um grande Mestre se _;-~1~
emudeceram para sempre; não há motivo para aquela melancólica pergunta 7'.::.:t
que duas vezes ressoou aos ouvidos de Eliseu: "Sabes que o Senhor hoje tomará ~ 1
o teu senhor, elevando-o por sobre a tua cabeça? Respondeu ele: Também eu o ·_:n
sei; calai-vos". Não, a cena que tetnos diante de nós é cena de vitória tranqüila. ·..-' ~
A obra terrena do Redentor está concluída; a obra que aquela curta , -t
permanê~cia na terra se destinava a inaugurar, deve começar agora. Estamos ..#.4-~·;,
na presença daquele que disse: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na ..·. :~
terra"; e tatnbém: "Tende bom ânimo, eu venci o mundo'' (Dr. Butler em .~:~·-.::.
Head Master ofHarrow) . .·
Aquela maravilhosa tnão de Cristo! Era aquela mesma mão que tão :~ ·:~:-J
prontatnente se estendera para resgatar a Pedro, quando afundava nas ondas ...-. :
do I11<H da Galiléia. Era aquela n1es1na n1ão que se erguera à vista dos discípulos -~
interrogadores, na terceira noite, depois que a viran1 inerte no tÚinulo. Er~___:....;.._
;lqucb mesn1a m;'io que o incrédulo Totné devia ver, antes qué cresse no seu ·
1)(>de r rL·s.~ ut-rcro; lTa ;1quela mestna mão que foi estendida, para que não somente

v i·1:11' , '" · '~ l<>C: tsst· n s si11 :1is dos cravos em sua paln1a. Era aquela n1esma mão

.
I I 11
••
que os discípulos viram, pela última vez, erguida nu1na benção de despedida,
quando a nuven1 O separou deles.
Sornente depois de dez dias é que reconhecerarn a plenitude da bênção
que veio daquela mão de Cristo, estendida e perfurada. Pedro, no Pentecoste,
deve ter pregado co1n aquela última visão da 1não de Cristo, ainda recente em
sua men1ória, quando disse: "A este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor
e Cristo". Aquela mão, ~om os sinais dos cravos, bate à porta do coração para ·
entrar. Aquelas n1ãos, com suas m arcas profundas do amor, acena para o
peregrino cansado, que está na estrada celestial (F. B. Pullan).

12 3. A Mensagem do Batista
"No dia seguinte, viu João a Jesu s, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro d e Deus, que tira o pecado d o n1undol" (Jo 1.29).

No caso que temos diante de nós, o pregador foi homem notável, e seu
tema, ainda mais notável. João Batista prega a respeito de Jesus.
Ten1os aqui un1 n1odelo para todos os nlinistros de Cristo.
I. O MENSAGEIRO DA VERDADE
1. É aquele que vê Jesus por si mesmo (vs. 33).
Ele se regozija etn anunciar a Jesus como Aquele a quem ele mesmo
viu e reconheceu, e ainda esperava rever.
Ele anuncia a Jesus como quem já viera, e como quem virá.
2. Ele chama a atenção dos hotnens para verem a Jesus. "Eis o Cordeiro
de Deus" .
Isso ele faz simples e continuamente: é sua única rnensagen1. João
pregou esse mesmo sennão "no dia seguinte" (vss. 3 5 e 36).
3. Ele leva seus próprios seguidores a Jesus. Os discípulos de João
ouviram-no falar, e puseram-se a seguir a Jesus (vs. 37).
Tinha força suficiente para induzir homens a serem seguidores de
Jesus.
Tinha humildade bastante para induzir seus seguidores a deixá-lo, a
firn de seguirern Jesus. Essa foi a glória de João Batista.
Tinha graça suficiente para regozijar-se, por ser assim .
Nossa pregação deve fazer que os ho1nens v;ío alén1 de nós n1esmos,
para C risto. "Porque n;ío nos pregan1os a nós mes mos, mas a C risto
Jesus corno Senhor" (2Co 4 .5).
4. Ele se perde a si mesmo, em Jes us.
Vê tal necessidade. "Con!Jém que ele cn.: sç:;1 c q 1w ctt di lll i1111 : t" ( )() . \ j ()).

I I{)
II. A VERDADEIRA MENSAGEM
A palavra de João era breve, mas incisiva. ~:.::t;:'-!
1. Ele declarou que Jesus fora enviado e ord enado da parte "de Deus". ·:·~
2. Declarou que Jesus era o único sacrifício real, divinamente indicado :~-~
para o pecado - <<o Cordeiro de Deus". .:
3. Declarou que Jesus é o único que remove a culpa humana- «que ·-- ·:~
tira o pecado do mundo". ··
III..A VERDADEIRA RECEPÇÃO ÀQUELA MENSAGEM
1. Crer nela e, desse modo, reconhecer a Jesus como nosso sacrifício .·~:·;~
removedor do pecado.
2. Seguir a Jesus (vs. 37).
3. Seguir a Jesus, mesmo que estejamos sozinhos.
4. Ficar com Jesus {vs. 39).
5. Sair e falar a outros acerca de Jesus (vss. 40 e 41).
Em 1857, um dia ou dois antes de pregar no Palácio de Cristal, fui decidir ~~;.
onde deveria ser posta a plataforma; e, para examinar as propriedades acústicas ·. ·.
do edifício, gritei em alta voz: ((Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do - ,
mundo". -
'
.
.. ... t

• Em uma das galerias, um operário que nada sabia do que estávamos .:.~- . .
fazendo, ouviu as palavras, e elas lhe chegaram à alma como uma mensagem · :-~..
do céu. Convicto por causa de seu pecado, deixou as ferramentas, foi par~ ·,·~-:=:
casa, e ali, após um período de luta espiritual, encontrou paz e vida. ao :~.':·
contemplar o Cordeiro de Deus. Anos mais tarde, narrou e~se fato a algué~<~~.f
que o visitava em seu leito de morte (C. H. S.).
Observe isto: quão simples os meios, quão grande o resultado! João ....·:.
simplesmente declarou: <<Eis o Cordeiro de Deus!". Aqui não há apelo veemente, . ·~
não há censura irada, não há urgência fervorosa que pretenda impressionar; é . :, -·-
um~ declaração simples e séria da verdade de Deus. Que n1ais têm os servos de ,~:~
Cristo a fazer, senão anunciar a verdade, o evangelho, a vontade de Deus, ....
revelados na Pessoa e na obra de Cristo? ...
Quão importante é dar toda a nossa energia e força a isso do que o esforço ~~-'
de reforçar e aplicar, ameaçando e convocando, instando e pressionando, e~ > :~
perorações trovejantes ou enternecedoras! A própria verdade troveja e enternece, ·:<·.
desperta e sussurra, fere e consola; ao entrar na altna, traz consigo luz e força: .:h
Quão cahnos e obj etivos parecen1 os sern1ões de C risto e d os apóstolos! Quão .· ~<~~
poderosos pela consciência que os permeia: essa é a verdade de D eus, a luz do -.·:.: :
céu, o poder d o alto! "Eis o Cordeiro de Deus" (Adolph Saphir) . -- - ..-;
,o nra-sc de João Wesley que, pregando a um auditório de cortesãos e .~7!,
nobres, ttsn11 o rcx ro "raça de víboras,, e denunciou a rodos, sen1 poupar a -:_;~
"'-ó..:.;:l
.:._··c;;

I \ 1) --"=~
I ''~
ninguém. «Esse sennão deveria ser pregado em Newgate", disse um cortesão
descontente a Wesley, ao passar por este. "Não", disse o intrépido apóstolo,
"ali tneu texto teria sido: Eis o Cordeiro de D eus, que tira o pecado do mundo".
Nenhum arauto poderia viver rnuito tempo no deserto, alimentando-se
de gafanhotos e mel silvestre, se não tivesse de falar de um hon1em ou de
uma era mais nobre do que ele mesmo, e mais brilhante do que sua hora
crepuscular. João viveu mais verdadeiramente alimentando-se da profecia que
proclamava, do que de mel e gafanhotos (Dr. Parker).

124. Jesus Sentado ]unto à Fonte


aEstava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-se Jesus
junto à fonte, por volta da h o ra sexta" (Jo 4.6).

Quão esgotada estava a sua constituição humana! Estava mais cansado do


que os discípulos.
Mesmo assim, sua abnegação era notável.
Não se pouparia da fadiga.
Não operaria um milagre em benefício próprio.
I. DEIXEM QUE SUA CONSCIÊNCIA TRACE UM QUADRO
ESPIRITUAL DE SEU SALVADOR CANSADO
1. Ele está cansado com os nossos pecados (Is 43.24).
2. Ele está cansado com o nosso culto formal (Is 1.14).
3. Ele está cansado com os nossos erros de descrença (5195.10).
4. Ele está cansado com nossa resistência ao seu Espírito (Is 63.1 O).
5. Ele está cansado com as nossas contestações e rebeldias (MI 2.17).
Talvez tenhamos cansado ao Senhor, de modo especial, conforme se lê
em Amós 2.1-13, onde são mencionadas singulares provocações. .
Essa é uma grave pergunta, feita pelo profeta Isaías: «Ainda fatigais
também ao meu Deus?" (Is 7. 13).
II. DEIXEM QUE SUA CONSCIÊNCIA TRACE UM RETRATO
ESPIRITUAL DE SEU SALVADOR, À ESPERA.
1. Ele espera pelos que vêm à fonte: aproveita todas as oportunidades
para abençoar, tais como a aflição, o ouvir da Palavra, a c01nemoração
de um aniversário, ou tnesmo o mais elementar sucesso na vida.
2 . Espera pela maior pecadora, aquela que tinha cinco tn aridos.
3 . Espera para aceitar e cotnissionar.
4. Esp era con1eçar, por utna aln1a convertida, a reunião de grande
colheita de aln1as, cotno no caso dos satnaritanos.
Quanto ten1po ele ten1 aguardado por alguns de vocês!
23 1
III. DEIXEM QUE SEU ARREPENDIMENTO TRACE OUTRO
QUADRO
Troquern a posição do personagem.
1. Fiquem vocês mesmos cansados do seu carninho pecarninoso.
2. Esperern e vigiem, até que venha o seu Salvador.
3. Peçam que lhes dê de beber e, assin1, fazendo, dêen1-lhe de beber,
pois esse é o seu melhor refrigério.
4. Bebam vocês mesmos da água viva; e depois, corram a contá-lo a
outros.
Embora simpatizen1os com a canseira corporal de nosso Senhor, será bom
lernbrar a canseira de alma que o pecado deve ter-lhe causado. Ele tinha de
abençoar aos homens, mas eles rejeitaram o pão da vida. Queria tê-los reunidos,
rnas não o quiseram. Deve ter ficado especialmente cansado com a ostentosa
hipocrisia dos fariseus, e com tolos legalisrnos dos escribas, con1 seus dízimos
de hortelã, do endro e do cominho. Muitas vezes, ele se cansou com a obstinada
descrença dos judeus e a provocadora falta de fé, entre os seus próprios
discípulos.
O pecado, a argumentação astuciosa, a difamação, o egoísmo, a dureza
de ooração daqueles que estavam perto dele, devem ter esgotado sua alma
santa, fazendo dele, a cada dia, um Varão de Dores. Entretanto, nunca deixou
a fonte, nunca se recusou a dar água viva a uma alma sedenta , nunca cessou de
rogar aos homens que viessem a ele e bebessem (C. H. S.).
Quando cansados, ainda assim estejamos vigilantes para fazer o bem.
Cansado e sentado junto à fonte, nosso Senhor ainda está em atitude de
observação. "Nunca estou cansado demais para orar", disse um pastor que,
após un1 dia de trabalho fatigante, verificou que sua hospedeira estava pronta
a desculpá-lo de dirigir a oração da família. ·
Quando Deus abençoa a Palavra, os verdadeiros pastores se esquecen1 de
sua fadiga e continuam noite a dentro corn indagações. Infelizmente, quando
o Espírito Santo nada tem a fazer corno coração de um homem, este se escusa
de "fazer hora extra", como, de certa feita, ouvi urn professor dizer, quando
deixava ele a sala, no instante em que o culto tenninara. Um outro, ao descrever
un1 pastor, disse: "Oh, ele é frio! É dos que pensarn que é errado ser muito
religioso. Não suporta o zelo". Cabe a nós mostrar um caminho mais excelente.
(~uando Brainerd, grande servo d e D eus, n ão mais podia pregar, porque
L'~ tava em se u leito de morre , chamou para junto d e si um menino índio e
telHou ensin ar-lhe o alhbero. Vivamos salvando almas, e n1orrarnos assim
(( :. 11 . S.) .

.~L '
125. O Trabalho no Dia de .Descanso
UE aquele Jja era sábado" (Jo 5.9) .

Os evangelhos registram seis casos especiais de cm·as, realizadas no dia de dese:1..nso.


1. A expulsão de un1 espíri to n1aligno (Lc 4.31-35) .
2. A mão ressequid a é restaurada (Lc 6.6-10).
3. A mulher epcurvada que se endireito u (Lc 13.10-17).
4. A cura d e um hidrópico (Lc 14.1-6).
5. A cu ra de um paralítico (Jo 5.1-9).
6. O cego que teve abertos os o lhos (]o 9.1-14).
Como Deus descansou no sábad o, e o santificou, para Jesus, sendo ele o
próprio Deus, o descanso consistia de curar; e assim ele santificou esse dia.
I. ESSAS C URAS SATISFAZEM MUITOS CASOS
1. Os que estavam côn scios de incapacidade espiritual (Lc 6.6-1 O).
2. Os que se curvaram ao peso d e grande sofrimento (Lc 13.10-1 7).
3. Os cegos de nascença (Jo 9.1-14). Muitos se ach am nessa condição.
Não vêem nenhuma verdade espirituâl, m·as permanecem em total
escu ridão quanto à completa verdade do evangelho.
II. ESSAS CURAS REPRESENTAVAM PROCESSOS COMUNS
1. Uma p alavra pessoal ao sofredor. "Estende a mão" (Lc 6. 1O).
Ele era incapaz, no entanto isso lhe foi ordénado, e ele obedeceu.
Esse é o m étodo d o evangelho.
2. Uma palavra aceita como realizada. "Mulher, estás livre d a tua
enfermidad e" (Lc 13.1 2) . A fé transforma a pro~essa em fato e o
ensino do evangelho, ern salvação real.
3. Poder sen1 proferir uma só palavra (Lc 14.4) .
III. NENHUMA DESSAS CURAS FOI BUSCADA
Esse é un1 aspecto especial com relação a todas elas:
1. O endemoninhad o rogou a C risto que o d eixasse só (Lc 4.34).
2. O homen1 de mão ressequida não pensava em ser curado (Lc 6.6) .
3. A n1ulher enferma n ão tinha esperança de cura (Lc 13.11).
4. O hidrópico não pediu tal bênção (Lc 14.2).
5. O hmnern enfermo estava paralisado den1cús para buse:1.r a Cristo Uo 5.5).
6. Nunc1 se ouvira dizer q ue os olhos de un1 cego de nascença fosse n1
abertos, pelo que aq uele cego não esperava a cura (Jo 9.32) .
Em seu leito de morte, Brainerd disse: "Nasci nu m d bado; ten ho moti vos
de esperança, porque nasci de novo nun1 sábado; e espero n1o rrer neste s~1bado".
O primei ro dia cb sem ana foi assinalado, porque nele fo i dada a luz da
natureza, e é muitíssimo agradável que, agora, ele seja um dia escolhido para a
concessão da luz da graça (C. H . S.) .

126. "Onde Estará Ele?"


"Ora, os judeus o procuravan1 na festa e perguntavan1:
Onde estará ele?n (Jo 7.11).
...
.

Neúhu1n homem que uma vez tenha ouvido falar de Jesus, pode
permanecer, por mais tempo, indiferente a ele; deve ter algutn tipo de interesse -
pelo Senhor Jesus.
I. CONSIDEREM AS FORMAS SOB AS QUAIS A PERGUNTA FOI FEITA
1. Odio, com desejo feroz de matá-lo e destruir a sua causa. Herodes
era típico dessa atitude.
2. Infidelidade, negando com zombaria sua existência, escarnecendo
de seus seguidores, porquanto sua causa parece qu.e não progride e
não avança (2Pe 3.4).
3. Medo, duvidando tristemente de sua presença, poder e prevalência.
Onde está aquele que "anda sobre os altos do mar?" (Jó 9.8). .
4. Penitência, buscando-o humildemente, para que possa confessar
e
seu pecado, co.n fiar no Senhor mostrar-lhe sua gratidão (Jó 23.3).
II. DAÍ A RESPOSTA EXPERIMENTAL DOS SANTOS
1. Ele está no propiciatório, quando clamamos em segredo.
2. Ele está na Palavra, quando folheamos as páginas sagradas.
3. Ele está na fornalha da provação, revelando-se, santificando a
provação, levando-nos à vitória.
4. Ele está perto d e nós; sim, conosco e em nós.
III. FAÇAM A PERGUNTA A VOCÊS
1. Está ele na base de sua confiança?
2. Está ele na raiz de suas alegrias?
3. Está ele no trono de seus corações?
4. É a sua presença manifesta em seus espíritos, em suas palavras e em
seus aros?
5. Está ele diante de vocês, no fim de sua jornada, o tenno para o quai
can1inharn diarian1en te e com pressa?
lV. PERGUNTEM AOS ANJOS
Eles, a un1a voz, responde1n que o Senhor Jesus C risto está:
1. No seio do Pai.
2. No cen tro da glória.
3. No trono do governo .

.n ·l
12 7. Cristo, ·Causa de Dissensão
uAssin1, bouve un1a dissensão entre o povo por causa delen (Jo 7.43) .

Até hoje, a m aior divisão que há no n1undo é "por causa dele" .


I. HOUVE DISSENSÃO ENTRE OS QUE NÃO ERAM DISCÍPULOS
1. Alguns não admitiam nenhuma de suas reivindicações.
2. Outros admitiam uma parte, mas negavam o resto.
3. Diversos admitiam suas reivindicações, mas negligenciavam levar a
cabo as suas legítimas conseqüências.
4. Uns poucos se tornaram seus ouvintes sinceros, indo com ele até ao
ponto que haviam aprendido de sua parte.
II. HOUVE DISSENSÃO ENTRE OS CRENTES E OS NÃO CRENTES
H á grande divisão na hora presente:
1. Em questão de opinião: sobretudo quanto ao Senhor Jesus.
2. Em questão de confiança: muitos confiam em si próprios; só os
piedosos confiam em Jesus.
3. Em questão de amor: diferentes prazeres e objetivos provam que os
corações andam atrás de objetivos dive-rsos.
4. Em questão de obediência, caráter e linguagem.
5. En1 questão de desenvolvimento, crescimento e tendência.
6. Em questão de destino. As direções das linhas da vida apontam para
diferentes lugares como o final da jornada.
Essa divisão separa os m ais queridos amigos e parentes.
Essa é a m ais real e profunda diferença que há n o mundo.
III. PORÉM, QUANDO CHEGA A FÉ, A UNIDADE É. PRODUZIDA
1. As nacionalidades se combinam. O Calvário cura a Babel.
Judeus e gentios são um em Cristo
2. As peculiaridades pessoais cessarn de dividir.
Os obreiros de Cristo estão certos de serem fundidos ern um só
corpo, por suas dificuldades comuns.
3. As particularidades mentais sentem o toque da unidade.
Os cristãos de todas as modalidades de educação tornam-se um ern
Jesus Cristo.
Os santos no céu serão tantos como as ondas, n1as um só com o o mar.
As .arnbições, que de outro n1odo desinregr1riam , são vencidas e
lançadas aos pés de Jesus.
D ividamos, se houver di visão.
Unan1o-n os estreitamente, se ho uver verdadeira união en1 C risto.
C risto, que é ap ropriadan1ente o Autor d:1 paz, é, por ca usa da fraq ueza
dos homens, n1otivo de discórdia (João C alvino).
231
Jamais viveu alguém que tenha ouvido tão profundamente os corações
dos hon1ens con1o Jesus Cristo. Os rnaiores governantes que já governaram, os
maiores guerreiros que já combateran1, os rnaiores rnesrres na arte, ou na ciência,
ou na literatura, jan1ais afetaram a tantos, e em tão grande n1edida, quanto
jesus de Nazaré.
Ele rnudou o curso da história do mundo, e tornou sua condição quase -
inconcebivelmente diversa do que teria sido, se não fosse sua vinda. Seus ensinos
são recebidos pelas mais in1porrantes nações da terra. Milhões de homens se
dizen1 cristãos. Ele ocupa o mais elevado posto na estima e afeição das multidões.
Por sua causa, hornens têm vivido como jamais outros viveram ou se dispuseram
a viver: por sua causa, morreram como jamais outros morreram ou morreriam.
Mas na proporção da, fé, da veneração, do amor com que Cristo é
considerado por uma parte da humanidade, estão a descrença, o desprezo e o
ódio que outros demonstran1 para com ele. Os pólos não se acham mais
distanciados do que os sentimentos dos homens em relação a Cristo. Não há
nada a respeito do qual estejam em mais completa diferença.
Se você canta, "Nome algum, no céu e na terra, se compara ao de Jesus",
é bom que saiba que o judeu amaldiçoa esse nome, e o infiel o trata como o

nome de um impostor. Considera a Cristo como digno de seu mais sincero
amor? Há aqueles que o consideram com um rancor apaixonado. O próprio
Satanás não pode ser mais amargo e hostil a Cristo do que certos homens.
Tendo-se originado entre os judeus, a princípio, a religião cristã foi tida
pela poderosa Roma como rnera seita judaica, e partilhava, igualmente, a
impunidade e o desprezo com que esse povo sen1pre foi tratado por seus senhores
imperiais. O que un1 C láudio ou Vespasiano sabia, ou cuidava saber, dessa
nova seita de cristãos ou nazarenos, mais do que sabia daqueles outros nomes
de seitas de fariseus, saduceus, essênios, libertinos e que tais? ... Cristo era,
então, apenas "um Christus", e as controvérsias entre seus seguidores e os
sacerdotes judeus, apenas urna daquelas torpes discórdias a que estavam
. . .
cronrcarnente SUJeitos os povos rnqliletos.
Futurarnente, à medida que a nova igreja se fortalecia, começou a fazer·
sua existência e presença sentidas no n1undo, e então se pôs em seu verdadeiro
caráter e espírito diferente, face a face corn Roma. Un1a vez frente a frente,
instintiv~unente cada un1a reconheceu a outra como sua natural e irreconciliável
ininúga, e imed iaramen rc teve início , e n rre elas, uma guerra de ódio mortal,
que só podia rerminar com a queda de uma ou de outra. Não ha\;ia espaço, no
mundo, para Cristo e para César, d e modo que un1 deveria rnorrer (lslay Burns).
128. Um Lugar para a Palavra
''A núnba palavra não está en1 vôsn (Jo 8.3 7).

I. QUE LUGAR A PALAVRA DEVERIA OCUPAR NO CORAÇÃO DOS


HOMENS?
1. Un1 lugar interior: nos pensamentos, na metnória, na consciência, .
nas afeições. ,"Guardo no coração as tuas palavras" (51119.11). (Ver
também Jo 15.16 e Cl 3.1 6).
2. Um lugar de honra; ela deveria receber atenção, reverência, fé,
obediência (Jo 8.47; Lc 6.46 e Mt 7.24,25).
3. Um lugar de confiança. Devemos, em todas as coisas, depender da
firme Palavra de protnessa, visto como Deus não mente, não erra,
não muda (Is 7.9; 1Sm 15.29 e Tt 1.2) .
4. Um lugar de amor. Deveria ser prezada acima de nosso alimento
diário, e defendida com nossas vidas (Jó 23.12 e Jd 3) .
II. POR QUE ELA NÃO ESTÁ EM MUITOS HOMENS?
1. Estão, por demais, ocupados, e, assir:n, 'não podem dar-lhe guarida.
2. Ela não surge como uma novidade, portanto a rejeitam.
Estão cansados da velha história.
Estão cansados de pão? De ar? De vida?
3. São sábios demais, têm cultura en1 demasia, são elegantíssimos para
render-se ao governo de Jesus (Jo 5.44 e Rm 1.22).
4. Um desses é o motivo pelo qual rejeitam a Palavra?
Que não estão falando sério?
Que são amigos do pecado? Que são gananciosos de mau lucro?
Que necessitam de mudança de coração?
III. QUE RESULTARÁ DE NÃO ESTAR EM VOCÊS A PALAVRA?
1. Toda rejeição anterior dessa Palavra envolveu vocês ern pecado.
2. A Palavra pode deixar de pedir lugar em vocês.
3. Podem tornar-se oponentes violentos da Palavra, como aqueles
judeus.
4. A Palavra os condenará no último grande dia (Jo 12.48).
O único motivo por que tantos estão contra a Bíblia é porque saben1 que
a Bíblia está contra eles (G. S. Bowes) .

I I/
129. O Verdadeiro e o não-Verdadeiro
"Saben1os que Deus não atende a pecadores; n1as, pelo contrário, se
algué n1 ten1e a Deu s e prat1ca a sua vontade, a este atende" (Jo 9.31).

É 1nau d estacar passagens bíblicas de seu contexto, e tratá-las como


Escritura infalível, quando são penas ditos de homens.
Agindo assim totalmente, poderíamos provar que não há Deus (5114.1),
que De~s se esqueceu de seu povo (Is 49.14), que Cristo foi bebedor de vinho
(Mt 11.19), e que devemos adorar o diabo (Mt 4 .9).
Nunca se fará isso. Devemos indagar quem proferiu a sentença, antes de
pregarmos, baseados nela.
Nosso texto é a expressão de um cego arguto, que estava longe de ser bem
instruído. Deve ser tomado pelo que valia; mas de modo algum deve isso ser
reputado como un1 dos ensinamentos de Cristo.
I. O DITO NÃO É VERDADEIRO EM ALGUNS SENTIDOS
1. Deus ouve, sim, os pecadores, ou nunca ouviria a nenhum deles;
pois não há homem sobre a terra que não peque (lRs 8.46).
Nem um só santo seria ouvido; pois até os santos são pecadores.
2. Deus, na verdade, algumas vezes ouve e responde a homens não .
regenerados:
Para guiá-los ao arrependimento ( 1Rs 21.17)
Para deixá-los sem desculpas (Ex 10.16.17).
3. Deus, na verdade, ouve graciosamente os pecadores, quando clamam
por misericórdia.
Não crer nisso é reduzir o evangelho a nenhum evangelho.
Não crer nisso seria negar os fatos. Davi, Manassés, o ladrão
moribundo, o publicano, o filho pródigo confirmam esse
testemunho (Is 55.7).
II. O DITO É VERDADEIRO EM OUTROS SENTIDOS
1. Deus não ouve a oração do pecador, se1n a mediação de nosso Senho~
Jesus Cristo (lTm 2.5 e Ef2.18).
2. Não ouvirá oração iníqua, formal e insensível (Pv 15.29).
3 . Não ouvirá o h01nem que, obstinadan1ence, continua em pecado e
pennanece na incredulidade (Jr 14.1 2 e Is 1.15).
4. Não ouvir~:í. aquele que não perdoa (Me 11.25,26).
5. Não ouvirá seu próprio povo, quando o pecado é obstinadatnente
tolerado e enrretido e1n seus corações (SI ()6. 18).
6. Não o uvid pecadores que n1orren1, sen1 arrepender-se.
No final, Deus fechará os ouvidos para eles, como fez com as
virgens néscias, que clamavam: "Senhor, senhor, abre-nos a
porta!" (Mt 25.11).
Nossos pecados é que bloqueiam a passagen1 de nossas orações. Não é a
vasta distância entre o céu e a terra, nern a espessura das nuvens, nern as tríplices
regiões, nem sete vezes os mundos, nem o firmarnento do céu, mas somente
os nossos pecados é ~ue impedem a ascensão de nossas orações. "Quando
multiplicais as vossas orações, não as ouço". Por que? "Porque as vossas mãos
estão cheias de sangue". Deus não ouvirá nenhuma daquelas petições que lhe
são apresentadas com mãos sangrentas.
Nossas orações são nossas letras de câmbio, e elas são permitidas no céu,
quando procedem de corações piedosos e humildes; mas estando quebrados
em nossa religião e falidos na graça, Deus protestará nossos títulos; ele não será
conquistado com nossas orações (Thomas Adams).
Deus não é "nem duro para ouvir, nem duro para dar".
O sangue do carneiro e o sangue de porco são semelhantes entre si;
entretanto, o sangue de porco não deve ser oferecido, porque era sangue de
porco; assim a oração de um homem não regenerado pode ser muito bem
estruturada e certa no que se refere às petições, como em tudo mais que é
requerido imediatamente, numa oração, mas não é aceita, por causa do coração
e do indivíduo de onde ela procede (Samuel Clark) .
É difícil ilustrar essa verdade, porque, na vida humana, nada há que tome
o lugar correspondente ao que ocorre, quando um pecador não arrependido
presume orar a Deus. ·
Todos os governos recebem muitas petições, mas nenhuma de qualquer
pessoa que esteja em rebelião contra sua autoridade. É universalrnente
reconhecido que a rebelião contra qualquer governo, por si mesma, r~tira
qualquer direito de petição a ele. Desse modo, a oração que o não arrependido
dirige a Deus, é u1na das coisas mais despropositadas e monstruosas que se
possa conceber.
Que cidade rebelde, sitiada pelas forças do governo legal, se aventuraria a
pedir ajuda ao governo, por causa da grande aflição que nela prevalece, enquanto
todo o ten1po seus habitantes não tiverem a tnais leve intenção de render-se ao
governo? ( Tbe Preacher's Monthly).
130. A Porta
"Eu sou a p o rta . Se al gu én1 entrar por nlÍrn, ser á salvoj e n t r ará, e
sairá, e ac b ará pa stagen1" (Jo 10.9).

Nosso Senhor apresenta-se de 1nodo n1ui condescendente.


As mais sublimes e poéticas figuras não têm a mínima glória para descrevê-
lo; ele, poré1n, escolhe as figuras simples, que as mentes mais modestas podem
apreend~r.
Uma porta é um objeto comum. Jesus queria que pensássemos nele com
freqüência.
A porta de um aprisco é a mais rústica forma de porta. Jesus condescende
em ser qualquer coisa, contanto que possa servir e salvar o seu povo.
I. A PORTA. NESTA ILUSTRAÇÃO TÃO FAMILIAR, VEMOS -
1. Necessidade. Suponhamos que não houvesse nenhuma; nunca
poderíamos ter acesso a Deus, paz, verdade, salvação, pureza ou céu.
2. Singularidade. Há somente uma p orta; não nos cansemos,
procurando outra. A salvação se obtém, entrando-se por essa porta,
e por nenhuma outra (At 4.12).
3. Personalidade. O próprio Senhor Jesus é a porta. "Eu sou a porta'',
disse ele; não ceriinônias, doutrinas, profissões, realizações, mas o
próprio Senhor, nosso Sacrifício. -.
....
II. OS USUÁRIOS DA PORTA
1. Eles não são meros observadores, ou pessoas que batem à porta, ou
se assentam diante dela, ou guardas que marcham para cá e para lá,
à sua frente. M as entram por fé, amor, experiência e comunhão.
2. São pessoas que possuem a qualificação única: entram d e verdade. A
pessoa é "alguém", 1nas a distinção fundatnental é a entrada.
Uma porta visivelmente marcada como A PORTA, naturalmente
deve ser usada. O notável anúncio de "Eu sou a porta", e as promessas
especiais que o acompanharn, constituem o mais liberal convite qut::
. .
se possa 1mag1nar.
III. OS PRIVILÉGIOS DESSES USUÁRIOS
1. Salvação. "Será salvo". D e itnediato, para setnpre, completatnente.
2. Liberdade. " Entrará e sairá". Não é wna porta de prisão, tnas uma
porra para o rebanh o, cuj o Pasto r d<1 liberdade.
3. Acesso. "Entrará", para pleitear, para ocultar-se,. para buscar ·
Gln1aradagem, instrução, alegria.
4. Saída. "Sairf', para serviço, progresso, etc.
5. Nutrição. ((E achará pastagem". Nosso alimento espiritual se .acha
Inediante Cristo, em Cristo e em torno de Cristo.
Stern, estadista alemão, descreveu deste modo a obra da Reforma: ((Graças
ao céu, o Dr. Lutero tornou a entrada para o céu um tanto mais curta, ao
den1itir un1a multidão de porteiros, mordomas e mestres de cerimônia" (John
Bate).
Não podemos sai~ de casa ou a ela retornar, sem toparmos com algum ·
lembrete ou símbolo de nosso Senhor. Tão perto quanto ele está no símbolo,
assim está ele da realidade (C. H. S.).
Não há meia dúzia de saídas de nosso pecado e miséria- nem mesmo
uma escolha de caminhos sobre as montanhas íngremes e os desolados lugares
de desperdício desta vida mortal, de maneira que, por qualquer deles possamos,
afinal, alcançar o céu; mas há somente um caminho.
Mas, se este é o caminho único, do mesmo modo é um caminho
perfeitamente seguro. Via única, via certa é um provérbio latino em que essa
verdade está formulada, de maneira mui convincente (Deão Howson).

131 . A Importância do Amor


"Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se 1ne
amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior
do que eu" Oo 14.28).

I. DEVERÍAMOS TENTAR VER AS COISAS À LUZ DE CRISTO


1. Ele vê o todo das coisas. Não diz apenas ((vou", mas também, ((volto
para junto de vós".
2. Ele vê através das coisas. Não diz ((morro", mas olha além e diz ((vou
para o Pai".
3. Ele vê o verdadeiro comportamento das coisas. Os fatos que estavam
para suceder eram, em si mesmos, tristes, mas levariam a resultados
felizes. "Se me amásseis, alegrar-vos-íeis".
II. NOSSO AMOR DEVE DIRIGIR-SE À SUA PESSOA
1. Ele é a fonte de todos os benefícios que ele concede.
2. An1ando-o, nós o temos, e também a seus benefícios.
3. Amando-o, prezarnos ainda mais os seus benefícios.
4. Amando-o, sÍinpatizan1os con1 tudo o que ele faz.
5. Atnando-o, amarnos a seu povo, pôr c.u nor a ele.
6. Ainando-o, nosso an1or enfrenta toda a sorte de repulsa por sua causa.
7. Amando-o, o Pai nos arna (Jo 14.23) .
III. NOSSA TRISTEZA NÃO PODE PÔR EM DÚVIDA O NOSSO
AMOR
Entretanto, no caso dos discípulos, nosso Senhor disse de maneira
justa: "Se me amásseis".
Poderia ele, cheio de tristeza, dizer-nos a mesma coisa-
1. Quando nos lamentatnos de sua vontade, devido às duras aflições. -
2. Quando temen1os morrer, e, desse modo, demonstramos
indisposição de ânimo para estar com nosso Senhor. Certamente,
se o amássemos, nos regozijaríamos por estar com ele.
IV. NOSSO AMOR DEVERIA FAZER-NOS REGOZijAR COM A
EXALTAÇÃO DE NOSSO SENHOR, EMBORA ELA REPRESENTE
NOSSA PERDA PESSOAL
1. Aparentemente ~ra perda para os discípulos que o Senhor fosse para
o Pai; e podemos pensar que o abrir mão de certas coisas seja prejuízo
para nós outros:
Quando somos afligidos, e ele é glorificado por nossas tristezas. ·
Quando somos eclipsados, e, como resultado, o evangelho se propaga.
Quando somos privados de privilégios para o bem de outros.
, 2. Ir para seu Pai era grande lucro para nosso Senhor.
Desse modo, ele deixou o campo de sofrimento para sempre.
Desse modo, reassumiu a glória que tinha posto de lado.
D esse modo, recebeu a glória conferida pelo Pai.
O cristão não se importa se as coisas lhe vão mal, contanto que tudo lhe
vá bem com Jesus Cristo; diz, como Mefibosete disse a Davi: "Fique ele
muito embora com tudo, pois já voltou o rei, meu senhor, em paz à sua casa"
(25m 19.30). Assim, para que tudo vá bem com o nome de D eus, Moisés não
se importa, ainda que seu nome seja apagado do livro da vida; e, disse João
Batista: "Convém que ele cresça e que eu diminua. Pois esta alegria já se cumpriu
em mim" (Ralph Venning).

132. Uma Senha


"Levantai-vos, varno-nos daqui" (Jo 14.31).

Nosso Senhor es tava so b ordens de marchar, e sabia disso: não era para_ele
ficar nesta terra.
O uçamos como ele chann a si n1esn1o, e a todos os seus, para se poren1 a _.---
c tmird1o, embo ra haja suor de sangue e n1orte sangrenta no cu11inho.
I. A SI·.NIIA DE NOSSO MESTRE
l'11 1 ltl<'in dc.'.s: t t 'I IHI <..' i o nan tc p;lL1Vra:

II I'
t
1. Ele expressou seu desejo de obedecer ao Pai.
Não foi impedido pelo sofrimento que esperava.
2. Indicou sua prontidão para defrontar-se com o arqui-inimigo. ((Aí
vem o príncipe do mundo. Levantai-vos, vamo-nos daqut.
Estava preparado para a prova. "Ele nada tem em mitn".
3. Revelou sua atitude prática. Observemos, por todo o capítulo, a
energia de ~1osso Senhor. Estava sempre a caminho. <'Vou. Volto
para junto de vós. Eu o farei. Eu rogarei. Levantai-vos, vamos-nos
daqui".
Ele prefere ação aos mais sagrados ritos, e assim deixa a mesa da
Ceia com esta palavra em seus lábios.
Prefere ação à mais agradável conversa. ((Já n ão falarei muito
convosco. Levantai-vos, vamos-nos daqui".
II. NOSSO PRÓPRIO LEMA. ((LEVANTAI-VOS, VAMO-NOS DAQUI".
Sempre em marcha, sempre avante, devemo,s seguir adiante (Ex 14.15).
1. Separados do mundo, quando pela primeira vez chamados pela graça
(2Co 6.17).
2. Separados de associações proihidas, se, como crentes, nos
encontrarmos como Ló em Sodoma. "Livra-te, salva a tua vida"
(Gn 19.17) .
3. Separados das realizações presentes, quando crescemos na graça
(Fp 3.13, 14 e 1Co 6.17).
4. Separados de todo o regozijo em nós mesmos. Não se deve parar
por um só instante. A auto-satisfação deveria surpreender-nos.
5. Suportar as aflições que nos forem mandadas pelo Senhor
(2Co 12.9).
6. Morrer, quando a voz do alto nos chamar para o Lar (2Trn 4.~).
Un1 hotnem notável disse, certa vez, com muito acerto, estas palavras que
valem a pena lembrar: "Tende em mente que já estais começando a errar quando
vos sentis um pouquinho contentes com vós mesmos, por estardes andando
direito". Acautelemo-nos contra isso como uma cilada de Satanás, e esforcen1o-
nos por manter a atitude apostólica: "por humildade, considerando cada um
. . ))

aos outros supenores a SI mesmo .


E pennita1n-n1e que os acautele para não con1eterem o engano de supor
que pode1n resguardar-se efetivamente contra essa auto-complacência pelo Inero
uso de reconhecidas expressões teológicas, atribuindo devidan1enre todo o
méri ro e louvor a Deus. Na maioria das vezes elas são apenas as vestes do
orgulho espiritual, e de rnaneira algun1a devem ser confundidas con1 a verdadeira
humildade (W. H. M. H. Aitken).
2 4~
Pressionado de todos os lados p~lo inimigo, o General Melas, d a Áustria,
1nandou um 1nensageiro a Suwarrow, perguntando para onde d everia "retirar-
,s
se . uwarrow escreve u a 1apts:
, . (( para a cnente)) .
O s zelosos ficam impacientes co1n quaisquer impedimentos. Como disse
Edmund Burke aos leitores de Bristol: "Dai-nos vosso aplauso quando corremos;
consolai-nos quando caímos; anünai-nos quando nos recupera1nos; m as deixai-
nos avançar- pelo amor de Deus, deixai-nos avançar!".
Irmão, seja este o nosso lema, o nosso grito: "Avante". Até que a última_ _,
ovelha errante, lá longe, nas encostas da montanha desert~, ouça a voz de
Cristo e se reúna a seu rebanho (A. H . Baynes) .

133. "Eis aqui o Vosso Rei!"


"Eis aqui o vosso rein (Jo 19.1 4).

I. EI-LO PREPARANDO O SEU TRONO


1. Ele lança o alicerce do trono em sua natureza sofredora.
2. Faz dele um trono de graça, por suas aflições expiadoras.
II. EI-LO RECLAMANDO A NOSSA HOMENAGEM
Ele reclama e conquista a nossa adoração:
1. Pelo direito do amor supremo.
2. Pelo direito de total aquisição.
3. Pelo direito de consagração agradecida, a qual, de todo o coração,
lhe dedicamos, num sentido de gratidão amorável.
III. EI-LO PROVANDO A CERTEZA DE SEU REINO
1. Ele é Rei ali, em sua vergonha? Então, certamente agora ele é Rei,
que ressuscitou dos mortos e se foi para a glória.
2. Ele é Rei, em meio à vergonha e à dor? Então é capaz de ajudar-nos,
se esnvermos no mesmo caso.
3. Ele é Rei, enquanto paga o preço de nossa redenção? Então,
certamente, ele é Rei agora, porque o preço já foi pago e se tornou o
Autor de eterna salvação.
4. Ele é Rei no tribunal de Pilatos? Então, verdadeiramente, sê-lo-á, .
quando Pilatos estiver perante o seu tribunal, para ser julgado.
É muito pior desprezar um Salvador vestido de seu manto do que crucificá-
lo em seus farrapos. Uma afronta a utn príncipe, assentado em seu trono, é
n1ais cri1ninosa do que quando se acha disfarçado cotno südito e dissin1ulado,
nas ro upas de servo. C risto entrou na glória, após se us sofritnentos; todos
q uantos são seus inin1igos, d evetn entrar na n1iséria, depois de sua prosperidade:
e todo aquele que não for governado po r seu cerro de ouro, será esm agado por
sua vara (Stephen C harnock) .

244
Será que Pilatos esperava d erreter o coração dos judeus, por un1a espécie
de piedade escarnecedora? Pensava que eles se desviariam de tão perverso
objerivo e ficariam envergonhados d e havê-lo acusado de traição? Talvez sim.
Porém, falhou. As tristezas de Jesus, em si mesmas, não vence1n o ódio do
ho1nen1; mas esse fato prova o quanto se tornou desesperadam ente endurecido
o coração hutnano.
Concedido o Espírito Santo, nada há mais provável para conquistar os
homens do que cont~mplá-lo em suas tristezas. Olha, ó homem, e vê o que
teu pecado fez, o que teu Redentor suportou, e o que ele reclama de ti! Ei-lo,
não como o de outrem, mas como o teu! Olha para ele não apenas como teu
Amigo, teu Salvador, mas teu Rei! Olha para ele, e cai-lhe aos pés imediatamente,
e confessa-te súdito amoroso de Cristo! (C. H. S.).

134. Um Lenço
"Perguntou-lhe Jesus: Mulher, p o r que choras?
A que1n procuras?" (Jo 20.15).

Desd e a queda, a mulher tem tido muitos motivos para chorar.


Jesus en caminhou-se para a morte, em meio a mulheres chorosas, e, na
sua ressurreição, encontrou u1n pequeno grupo de tais mulheres. As primeiras
palavras do Salvador ressurreto são dirigidas a uma mulher que chorava.
Aquele que nasceu de mulher, veio para enxugar as lágrimas da mulher.
I. É NATURAL A TRISTEZA?
1. Está desolado? O Salvador ressurreto o conforta; pois -
Ele, o Ajudador vivo está com você.
Ele simpatiza com você, pois uma vez perdeu seu an1igo Lázaro;
sim, ele próprio morreu.
2. Estão enfermos os seus amados? Ele vive para ouvir a prece em favor
da cura.
3. Está você tnesmo enfermo?
Jesus vive para minorar as suas dores.
Jesus vive para sustentar o seu coração, sob o sofrimento.
Jesus vive para dar vida a seu .corpo, como fez con1 sua aln1a.
II. É ESPIRITUAL A TRISTEZA?
1. Distinga. Vê se ela é boa ou n1<'Í. "Po r que cho ras?" .
É tristeza egoísta? Envergonhe-se dela .
.É rebelde? Arrependa-se dela.
É ignorante? Aprenda de Jesus, e, assÍin, fuja dela.
É d esesperada? C reia e1n D eus e espere se1npre.

245
2. Declare. Diga a Jesus tudo sobre ela. "Por que choras?".
É tristeza por outros? Ele chora com você.
Estão os entes amados permanecendo etn pecado?
Está a igreja fi.·ia e n1orta?
É a tristeza de uma busca santa? Ele o satisfaz.
As suas orações fracassam?
Sua velha natureza se rebela?
É a tristeza de alguém em dúvida? Ele o fortalecerá.
Venha a Jesus como um pecador.
É a tristeza de um pecador que busca? Ele o receberá.
Chora por causa de pecado passado? ·
Ele o aceita: nele tem tudo o que está buscando.
Uma mulher hindu disse a um missionário: "Certamente a sua Bíblia foi
escrita por uma mulher". "Por quê?", "Porque ela diz tantas coisas bondosas a
favor das mulheres. Nossos pundits nunca se referem a nós, senão para reprovar-
nos" (Bispo Hall).
As primeiras palavras que Cristo proferiu, após sua ressurreição, àqueles a
quem apareceu, foram: "Mulher, por que choras?". É uma boa pergunta, depois
da ressurreição de Cristo. Qual a causa de choro que resta, agora que Cristo
ress'uscirou? Nossos pecados foram perdoados, porque ele, nosso Chefe e Fiador,
sofreu a morte por nós; e se Cristo ressuscitou, por que choramos? Se somos - ·· ·1
pecadores abatidos, humilhados, que temos interesse em sua morte e ~ ­
ressurreição, não temos causa para angústia (Richard Sibbes).
"Os homens bons choram facilmente", diz o poeta grego; e quanto
tnelhores, tanto mais inclinados a chorar, sobretudo na aflição. Podem ver isso
em Davi, cujas lágrimas, em vez de pedras preciosas, eram os ornamentos de
seu leito; em J ônatas, Jó, Esdras, Daniel e outros. "Como", diz alguém, "Deus
enxugará minhas lágrimas no céu, se eu não derramei nenhuma na terra? E
como ceifarei com júbilo se não semeio com lágrimas? Eu nasci com lágrimas,
e morrerei com lágrin1as? E por que, então, deveria eu viver sem elas, neste vale
de lágrimas?" (Thomas Brooks).

135. Noli me Tangere (Não n1e Toques)


uRecon1endou-lbe Jesus: Não 1ne detenbas; porque ainda não subi
para tne u Pai, 1nas va i ler con1 os 1neus innãns e dize-lbes: Subo
pa 1·a meu Pai e vossu Pai, par a 1ne u Deus e vosso l) eus" (J o 20 .1 7) ·

I. A CAUTELA. " NÃO ME DETENHAS".


l . l'()d l ' llln:-; Clrll alizar o q1tc é espiritual.
Essa ten1 sido sen1pre uma tendência, n1esn1o em se tratando dos
melhores cristãos; e tem desencaminhado a muitos, nos quais a
afeição tem sido mais forte do que o intelecto.
2. Podemos buscar 1nuitíssin1o apaixonadamente o que não é, de forma
nenhuma, essencial.
A certeza do sentido, pelo toque ou de outra maneira: quando a
certeza da fé é muito melhor, e totalmente suficiente.
3. Podemos almejar agora o que seria melhor no futuro ..
Quando ressuscitarmos para a glória eterna, seremos capazes de
desfrutar o que agora não deve1nos pedir.
II. A MISSÃO. "VAI TER COM OS MEUS IRMÃOS".
1. Isso era melhor para ela. Sozinha, a contemplação pode degenerar
no sentimental, no sensorial, no impraticável.
2. Isso foi feito, inquestionavelmente, por essa santa mulher. O que
ela havia visto, declarou.
O que ouvira, contou. .
Diz-se que as mulheres são comuüicativas; e assim houve sabedoria
na escolha.
III. O TÍTULO. "MEUS IRMÃOS".
1. Seus irmãos, embora ele estivesse prestes a ascender a seu trono.
2. Seus irmãos, embora eles o tivessem abandonado em sua vergonha.
Relacionamento admitido mais do que nunca; desde que o senso de
culpa que eles tinham os amedrontou. Para eles, ele era um verdadeiro
José (Gn 45.4).
IV AS BOAS NOVAS. "SUBO PARA MEU PAI E VOSSO PAI".
1. Pelas notícias de sua partida, eles deveriam animar-se.
2. Pela sua ascensão ao Pai comum, devem sentir-se confortados com
a perspectiva de eles tambén1 chegarein lá. Ele não vai para um· país
desconhecido, Inas para o lar seu e deles (Jo 14.2).
É em busca disso que os homens labutarão, e têm labutado, desde o con1eço
do Inundo - serem afeiçoados demais às coisas da vista e dos sentidos.· Eles
adorarão a Cristo, 1nas precisam ter diante de si um retrato. Adorarão a Cristo,
mas devem reduzir seu corpo a um pedaço de pão. D evem possuir uma presença,
e, assim , en1 vez de elevar seus corações a D eus e a Cristo, d e modo celestial,
puxam a D eus e a C risto para baixo , onde estão.
Isso é o que farão o orgulho e a base terreal do hon1em. Portanto diz
C risto: "Não n1e d etenhas" d essa rnaneira; cornigo agora não é corno era antes.
D evem os dar aten ção ao significado e ao conceitos básicos d e C risco. Q ue
d isse Paulo, em 2Co 5. 16? "Assim que nós, daqui por diante , a ninguén1
conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos a Cristo segundo a carne,
já agora não o conhecemos deste modo" (Richard Sibbes).
A quem tu a enviaste? ((Vai ter con1 meus irmãos". Bendito Jesus! Quem
são esses? Não eram eles teus seguidores? Sitn, não fora1n eles que te
abandonaram? No entanto, ainda os chamas de innãos. Oh, admir.ável
humanidade! Oh, infinita n1isericórdia! Como é que elevas o título deles
contigo? A princípio eram teus servos, e, depois, teus discípulos; um pouco
antes de tua morte, eram Teus amigos; agora, após a tua ressurreição, já são
teus irmãos. Tu que foste infinitamente exaltado, mais alto do mortal ao imortal,
desceste tanto a ponto de chamar irmãos àqueles que antes eram amigos,
discípulos, servos (Bispo Hall).
Enquanto a subida de Elias se possa comparar ao vôo de um pássaro que
ninguém pode seguir, a ascensão de Cristo é, por assim dizer, uma ponte entre
o céu e a terra, lançada para todos os que são atraídos a ele, por sua existência
terrena (Baumgarten).

136. Sinais e Evidências


"E logo disse a To1né: Põe aqui o dedo e vê as 1ninhas 1nãos; chega
' ta1nbén1 a 1não e põe-na no 1neu lado; não sejas incrédulo,
1nas crenten (Jo 20.27).

Tomé põe o seu Senhor à prova, e assim provou a sua paciência.


O Senhor aceitou a prova, e assim provou a sua condescendência.
Possivelmente, alguns dentre nós desejariam provas de tipo assim.
I. NÃO DESEJE SINAL ALGUM
1. É desonroso para seu Senhor.
2. É prejudicial para nós mesmos. A fé que demanda tais provas deve
ser fraca; e nessa fraqueza reside um incalculável dano.
3 . É perigoso. Facilmente podemos ser desviados para a infidelidade
ou para a superstição, se dermos guarida a esse desejo de obter sinais.
Imaginemos em que poderia ter-se transformado Tomé, sob a ·
influência de sua descrença, se seu Senhor não houvesse interferido.
II. VOLTE-SE, PORÉM, PARA AS FERIDAS DE CRISTO
1. O s selos de sua morre. Ele morreu real e verdadeiramente. Cotno
poderia ele sobreviver àquela ferida em seu lado?
2 . lden titlcação de sua pessoa, con1o realn1ente ressurreta.
3. (Js sinais de seu amor. Ele i1os gravou na paltnas de suas mãos.
"i . /\ s in sígnias ele seu conflito, das quais ele não se envergonha, pois
<" XÍh l' .1.\ lli<'S ill : ts.

I ~~ ~
5. O s memoriais de sua paixão, pelos quais ele se·manifesta na glória
como o Cordeiro que foi morto (Ap 5.6)
Conte-se a um habitante de clima quente que,.em certa época do ano, a
água que ele só tem visto em estado líquido se torna sólida e bastante dura para
ca1ninhar-se por ciina dela - e isso lhe parecerá inacreditável: nunca viu tal
coisa, e, raciocinando a partir do que sabe, julga tal coisa incrível. Se T01né
tivesse julgado constan,temente de acordo com a regra que professava, quão ·
pouco poderia e::e ter crido!
Crer apenas naquilo que podemos compreender, ou reduzir a algumas de
nossas formas de conhecimento, não é, absolutamente, honrar a autoridade de
Deus; é sim uma crítica que fazemos à sua sabedoria e veracidade: à sua sabedoria
- como se ele não pudesse dizer-nos mais do que sabemos; e à sua veracidade
-como se ele não merecesse confiança, se pudesse fazê-lo (William Jay).

137. Grilhões que não Podem Reter


"Ao qual, p o rétn, Deus ressuscitou, rompendo os gólhões da tnorte;
p orquanto não era possível fo sse ele retido por ela" (At 2.24).

I. NÃO ERA POSSÍVEL QUE OS LAÇOS DA MORTE RETIVESSEM A


NOSSO SENHOR
Ele atribuiu a sua superioridade sobre escravidão da morte:
1. À ordem do Pai, para que tivesse o poder de reaver a vida (Jo 10.18).
2. À dignidade de sua pessoa humana.
Como em união com Deus.
Como sendo absolutamente perfeita em si mesma.
3. Da natureza das coisas, visto como sen1 ela não teríamos:
Certeza de nossa ressurreição ( 1Co 15 .17).
Certeza de justificação (Rm 4.25).
Representativa possessão do céu (Hb 9 .24).
II. NÃO ERA POSSÍVEL QUE QUAISQUER OUTROS LAÇOS
RETIVESSEM O SEU REINO
1. O firme estabelecimento do erro não impedirá a vitória da verdade.
Os colossais sisternas da filosofia grega e da astúcia eclesiástica romana
passaram; e o mesn1o sucederá a outros poderes do mal.
2. A erudição de seus inin1igos não resis tir~1 à sua sabedoria. Ele
confundiu os s~íbios durante sua vida na terra; n1uito mais br<Í por
seu Santo Espírito (l Co 1.20).

) jl )
3. A ignorância da raça humana não obscurecerá sua luz. ('Aos pobres
está sendo pregado o evangelho" (Mt 11.5). As raças degradadas
receben1 a verdade (Mt 4.16).
4. O poder, a riqueza, a rnoda e o prestígio da falsidade não esmagarão
o seu reino (At 4 .26) .
III. NÃO É POSSÍVEL MANTER EM ESCRAVIDÃO QUALQUER COISA
QUE LHE PERTENÇA
1. O P?bre pecador que luta, há de escapar aos grilhões de sua culpa,
depravação, dúvidas, Satanás e o mundo (SI 124.7).
2. O escravizado filho de Deus não será mantido ativo pela tribulação,
tentação ou depressão (SI 34.19 e 116. 7).
3. Os corpos de ~eus santos não serão mantidos na sepultura
(lCo 15.23 e lPe 1.3-5).
4. A criação que geme ainda irromperá para a gloriosa liberdade dos
filhos de Deus (Rm 8.21).
Conta-se que o imperador Teodósio, tendo, numa grande ocasião, aberto
todas as prisões e libertado os prisioneiros, teria dito: "E agora, prouvera a
.
Deus que eu pudesse abrir todos os túmulos e dar vida aos mortos!".
Mas não há limite ao grande poder e à graça real de Jesus. Ele abre as
.

prisões da justiça e as prisões da morte, com igual e infinita facilidade: ele


redime não somente a alma, mas também o corpo (Dr. Stanford).

13 8. Feridas que Vivificam


"Ouvindo eles estas coisas, coinpungiu-se-lhes o coração e
p erguntara1n" (At 2.3 7) .

O sermão de Pedro não foi un1a bela exibição de eloqüência;


Nem foi um apelo muito patético;
Nem um alto grito, porém vazio, de "Crede, crede!".
Foi uma declaração simples, clara, e um argumento sobriamente sério.
I. A IMPRESSÃO SALVADORA COMPUNGE O CORAÇÃO "'·
Ficar enfurecido é mortal (At 5.33); ter o coração cotnpungido é urn
ato salvador.
1. Toda verdadeira religião deve ser do coração.
Sen1 isso:
As cerin1ônias são inúteis (Is 1.13).
A ortodoxia da cabeça é vã (Jr 7.4).
A profissão e a mo ralidade constran gida falhan1 (2Trn 3.5) .
2 ..ltnpressões que não co1npungem o coração, poden1 até 1nesn1o ser
rnás.
Podem excitar à ira e à oposição.
Poden1 levar à hipocrisia completa.
Pode1n criar e fomentar uma esperança espúria.
II. QUE VERDADES TAL COMPUNÇÃO PRODUZ?
1. Freqüentem~nte, a verdade do Evangelho tem produzido, pelo poder
do Espírito Santo, uma ferida indelével nas mentes céticas. e
antagônicas.
2. O senso de algutn pecado especialmente alarmante, com freqüência,
desperta a consciência (25m 12. 7).
3. A instrução na natureza da lei e a conseqüente hediondez do pecado
têm sido abençoadas para esse fim (Rm 7.13).
4. A exatidão, severidade e terror do julgamento, e a conseqüente
punição do pecado são pensamentos excitadores (At 16.25-30).
5. A grande bondade de Deus tem levado muitos a verem a cruel
brutalidade do pecado contra ele (Rm 2.4).
III. QUE MÃO TORNA ESSAS PUNÇÕES DOLOROSAS?
1. A rnesma 1não que grafou as verdades penetrantes, também as aplica.
2. Ela está bem familiarizada com nossos corações, e assim pode alcançá-
los.
3. Ele é o Vivificador, o Consolador, o Espírito que nos ajuda em
nossas enfermidades, mostrando-nos os fatos a respeito de Jesus:
seu fruto é amor, alegria, paz, etc. Não precisamos desesperar-nos
totalmente, quando formos feridos por un1 Amigo tão terno.
IV. COMO PODEM SER CURADAS ESSAS PUNÇÕES?
1. Son1ente aquele que é divino, pode curar um coração ferido.
2. O único remédio é o sangue de seu coração.
3. A única mão para aplicá-lo é aquela que foi traspassada.
4. O único pagan1ento exigido é recebê-lo alegren1ente.
A conversão é um trabalho de argumento, pois o juízo é ganho pela verdade.
É urna obra de convicção, pois os despertados têm seus corações compungidos.
É u1na obra de indagação, pois perguntam: "Que fare1nos para ser salvos?". E,
por ültimo, é un1a obra de consolo, pois seus súditos receben1 remissão de
pecados, e o don1 do Espírito Santo (Joseph Sutcliffe).
"Esteja absolut~unente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus ...
Deus o fez Senhor". Julgo in1ponante aquele colossal "pois" de Pedro. É a n1ais
fone palavra do primeiro discurso feito en1 defesa do cristianismo. O Espírito
Santo foi pro1netido; ele tinha sid? derran1ado; saibam, pois, todos aqueles
I
que o recebem, que o poder que está atrás da lei natural....:. nosso Senhor, que.
foi e há de vir - está agora respirando sobre os séculos, co1no respirou sobre
nós, simbolican1ente. Ele derramou isto; estejam absolutan1ente certos, pois,
todos os homens que Deus o fez Senhor. Quando aqueles que se reuniram em
Jerusalén1, naquela ocasião, ouviram aquele «pois", ficaram con1 o coração
compungido (Joseph Cook).
Toda obra do coração deve ser obra de Deus. Somente o grande Criador ·
do coração pode ser o grande Quebrantador do coração (Richard Baxter).
O Consolador veio para convencer o mundo. O Consolador! Parece-lhes
um nome estranho, meus irmãos, para Aquele que veio com tal incumbência?
Parece-lhes que, convencer vocês de seus pecados, ao invés de consolá-los, ele
tenha que cobri-los de v.erg?nha e confusão e fazê-los afundar até ao pó, em
angústia e desalento indizíveis?
Não, queridos irmãos, não é assim. Aqueles dentre vocês a quem o Espírito
convenceu realmente de pecado, reconhecerão que não é assim. Afirmarão
que, ao convencê-los do pecado, ele provou que é, na verdade, o Consolador.
Se a convicção e a conseqüência do pecado surgem de qualquer outra fonte, -
então, na realidade, é suficiente esmagar-nos com vergonha e ferir-nos com
' .
tetnores inimagináveis. Mas quando surgem do Espírito de Deus, trazem cura
e consolo em suas asas.
Lembrem-se do que é o pecado, do que o Espírito nos convence- de que
não cremos em Cristo. Toda outra convicção de pecado seria sem esperança; · _
aqui, a esperança acompanha a convicção, e é uma com ela. Se temos um
profundo e vívido sentimento do pecado de não crer em C risto, devemos
sentir, ao m esmo tempo, que Cristo veio para retirar esse pecado, juntamente
com todos os demais pecados (]. C. Hare) .
Quando u1n homem é ferido com uma seta farpada, as agonias que sofre,
fazem-no retorcer-se de dor; mas quanto mais ele luta para retirar tal arma de
sua carne, tanto mais ela se emaranha em seus tendões, o feritnento se amplia ...
e aumenta a tortura.
Quando, pelo poder do Espírito Santo, um homem é ferido, por causa·
do p ecado, e as setas do Altíssimo lhe dilaceratn a alma, com freqüência ele
tenta arrancá-las com suas próprias n1ãos, mas verifica que a tniséria se torna
pior, e, por fi1n, JS ferid:J.s infhn1an tes lhe Glusan1 desfalccÍlnenro e desespero.
Son1ente o Bo m Médico s:J.be con1o ali viar a dor, sen1 dilacerar e supurar o
espíriro (H andbook of 1llusrration).
139. A Mordaça ·Dourada·
u\Tendo con1 eles o ho1nen1 que fora curado, nada tinha1n que dizer
en1 contrário" (At 4.14).

A oposição dos ímpios é:


Natural, visto que o coração do homem é depravado.
Suportável, visto que nosso Senhor e seus apóstolos a sofreram.
Inofensiva, se confiamos o caso a Deus.
Dominada para o bem, pela graça divina e pela sábia providência.
Aqueles que diriam qualquer coisa, se pudessem, nada podem dizer do
que desejariam, quando vêem diante dos olhos as curas operadas pela Palavra
do Senhor Jesus.
I. O EVANGELHO É VINDICADO POR SEUS RESULTADOS
1.. Numa ampla escala, em muitas nações: Brasil, Inglaterra, as ilhas do
Pacífico, Jamaica, Madagascar, e assim por diante.
2. Em conversões individuajs de pecadores conhecidos. Alguns dos
piores homens têm-se tornado e~emplos evidentes do poder
purificador do Evangelho. .
3. E1n santos e felizes leitos de morte. Destes há em abundância por
toda a história, entre todas as categorias; e nunca deixam de convencer-
os sinceros.
II. AS OBRAS E OS OBREIROS DO EVANGELHO DEVEM BUSCAR
ATUAÇÃOSEMELHANTE
Hoje em dia, os homens pedem resultados: a árvore deve produzir fruto,
ou então ouve-se o grito: "Derrubai-a". Não escapamos a esta prova.
1. O pastor deve encontrar, em seus convertidos, uma prova de sua
vocação, e uma defesa de suas doutrinas, métodos, peculiaridaqes,
etc.
2. Mesmo nosso Senhor perde ou ganha honra dentre os homens,
segundo se comportam os seus seguidores.
III. O EVANGELHO E SEUS OBREIROS MERECEM RECOMPENSA
EM NOSSAS MÃOS
Aqueles que são curados deveriam estar ousadamenre, com Pedro e
João, con1o testemunhas e colaboradores. Isso sugere urna série de
perguntas de ordern prática:
1. Te1n o evangelho produzido resulrados abençoados en1 nós ?
2. Ten1o-nos apresentado ao lado dos pregadores do evan gelho como
evidência de que ele operou nossa cura? Estam os con sranl Ctltctll L'
dando testemunho da verdade e valor d0 F v:lngdlt< l <i< · ( :1i:-:1():·
,,, I
3. A influência do Evangelho sobre nós continua assim e aumenta em
santidade de vida, a ponto de ser um crédito para sua influência?
No curso de u1na de suas viagens, pregando a Palavra, o Rev. Wesley foi a
Epwonh. Ele se ofereceu para ajudar o dirigente dos serviços religiosos no dia
seguinte (don1ingo), mas ele e sua oferta foram recusados. À tardinha, postou-
se sobre o túmulo de seu pai e pregou à maior congregação que Epworth já
havia contemplado.
Isso·fez noite após noite. Também pregou durante sua estada de oito dias
e1n diversas aldeias circunvizinhas, onde foram fundadas sociedades, e se realizou
uma grande obra entre o povo, e algumas pessoas sofreram por isso. "Seus
vizinho irados", diz Wesley, "levaram um vagão carregado desses novos herejes
perante um magistrado. Mas quando este perguntou o que eles haviam feito,
houve profundo silêncio; pois esse era um ponto que seus condutores haviam
esquecido. Por fim, um disse: 'Fingiam ser melhores do que outras pessoas, e
oravam desde a manhã até à noite!' e outro disse: 'Eles converteram minha
esposa. Antes de ele ir lá entre eles, ela tinha uma língua! E agora ela é tranqüila
como um cordeiro!'. 'Leve essa gente embora, leve-os de volta!', respondeu o
juizl 'e deixem que eles convertam todos os desordeiros da cidade' " (Vida de
Wesley, de Tyerman).
Lord Peterborough, mais famoso por seu espírito de humor do que por
sua religião, quando se hospedou com Fenelon, o Arcebispo de Cantuária,
ficou tão encantado com sua piedade e nobre caráter que lhe disse, ao partir:
"Se eu ficar aqui por mais tempo, torna-me-ei cristão, a despeito de mim
mesmo" (G. S. Bowes).
Alguns cavalheiros foram ver o Rev. Mathew Wilks, para queixar-se das
excentricidades de seus sermões. Wilks ouviu-os atentan1ente, e depois preparou
uma longa lista de nomes. "Aí está", disse o esq ui sito pregador, "todas essas
almas preciosas professa1n ter encontrado a salvação, mediante o que os senhores
se agradam em chamar meus caprichos e esquisitices. Podem os senhores fazer .
uma lista semelhante de todos os sóbrios irmãos que tanto os senhores têm
estado a exaltar?" Isso foi o mesmo que água fria na fervura: retiraram-se eni
silêncio.
O co1nporramento de alguns professantes muitas vezes tem dado aos maus
a oportunidade de censurar a religião. Lactâncio relata que os pagãos gostavam
de dizer: ''Não podia ser bom o Mestre, quand o se us discíp ulos eran1 t~o
. ,,
nuns .
A malícia dos pecadores é tal que eles reprovarão a retidão da lei, por
causa da asnkia de suas vidas que se desviam dela. O h, quen1 dera que vossa
vil b p11r:1 pusesse um cadeado nos Ubios im pu ros deles! (Willi<un Secker).
) ::;. I
140. Estevão e Saulo
uAs teste1nunbas cleixaran1 su as vest es aos pés d e u n1 juve n1 cb a1na(.lu
Saulon (.A_t 7.58).

O Espírito Santo registra o rnartírio de Estevão, rnas não entra en1


pormenores de seus sofriinentos e morte, como teriam sido capazes de fazê-lo
narradores não inspirados ..
O objetivo do Espírito Santo não é satisfazer a curiosidade, nem ferir os
sentimentos, ma~ instruir e levar à ~mitação.
Ele nos fala da postura do mártir- "ajoelhando-se"; sua oração - "Senhor,
não lhes imputes este pecado"; e sua serenidade- "adormeceu". Poder-se-iam
escrever volumes sobre cada um desses pontos. .
I. CONTRASTE SUGERIDO: ESTEVÃO E PAULO
1. Estevão, espiritual; em sua mens-agem dava grande importância à
natureza espiritual da religião, e a comparativa insignificância de
suas exterioridades (ver vs. 48- 50).
Saulo, supersticioso, cultuando a forma e o ritual, cheio de reverência
pelo templo, os sacerdotes, e assim por diante.
2. Estevão, humilde; crente no Senhor Jesus, salvo somente pe~a fé.
Saulo, um fariseu; com sua justiça própria, tão orgulhoso quanto
podia ser.
II. UMA SINGULAR INTRODUÇÃO À VERDADEIRA RELIGIÃO
Muitos têm sido levados a Deus por meios um tanto-semelhantes.
O jovem Saulo encontrou-se com a religião de Jesus, na pessoa de
Estevão, e, desse modo, viu-a com as seguintes circunstâncias:
1. A visão de uma face brilhante.
2. A audição de um nobre discurso.
3. A visão de uma rnorte triunfante.
Esses elementos não converteram a Saulo,' rnas tornaram-lhe m ais difícil
ser não-convertido, e, sem dúvida, em dias posteriores, forarn alvo' de
suas considerações.
Apresentemos a religião aos homens, de tal maneira que a lembrança
de sua apresentação seja digna de ser conservada.
III. UM EXEMPLO NOTÁVEL DO CUIDADO DO SENHOR POR SUA
IGREJA
1. A morre de Estevão foi ttn1 terrível golpe J causa; ma.s naqt1 ck·
mom ento, seu sucessor estava bem p<.:rto.
2 . Esse s ucesso r esrav:1 nas fl leir:1s do ini nlig<).

1
lI
3. Esse sucessor foi muito mais itnporrante que o próprio mártir, Este-
vão.
IV UM GRACIOSO MEMORIAL DE PECADO ARREPENDIDO
Não foi Paulo quem deu a Lucas a infonnação sobre ele próprio? E fez
que ficasse registrada nos Atos dos Apóstolos?
Foi bom para Paulo lembrar-se de seu pecado, antes de converter-se.
Será bom para nós que nos lembremos do nosso pecado.
1~Para criar e renovar sentimentos de humildade.
i Para inflamar o amor e o zelo.
3. Para aprofundar nosso amor às doutrinas da graça soberana.
Um pintor espanhol, num quadro de Estevão, ao ser conduzido ao local
da execução, representou Saulo caminhando ao lado do mártir com tranqüila
melancolia. Ele consente na morte de Estevão por causa de uma convicção de
dever, sincera, mas errada; e a expressão de seu semblante contrasta fortemente
com o furor dos doutores judeus co!lfusos e com a ferocidade da turba que se
aglomera junto à cena de derramamento de sangue.
Literalmente considerada, tal apresentação não é muito consistente, quer
com a conduta de Saulo imediatamente depois, quer com suas próprias
exP.ressões concernentes a si próprio, em períodos posteriores de sua vida. Mas
o quadro, conquanto historicamente incorreto, é poeticamente verdadeiro. O
pintor trabalhou de acordo com a verdadeira idéia de sua arte, ao lançar sobre
o semblante dos perseguidores a .sombra de seu arrependimento, aquele que
teria no futuro.
·Não podemos dissociar o martírio de Estevão da conversão de Paulo.
Não se poderia perder o espetáculo de tanta constância, tanta fé, tanto amor.
Não é exagero dizer com Agostinho que, "a Igreja deve Paulo à oração de
Estevão" (Conybeare e Howson).
Tão logo Satanás ouviu falar da conversão de Saulo, ordenou aos demônios
que entrassem em profunda lamentação (John Ryland, Senior).
Dentre os líderes do grande reavivamento do século XVIII estavam o
Capitão Scott e o Capitão Toriel ]oss, o primeiro, capitão da cavalaria, e o.
segundo, capitão de navio. Ambos se tornaram pregadores famosos. Deles disse
Whitefield: "Deus, que se assenta sobre as águas, pode trazer um tubarão do
oceano, e un1 leão da floresta, para anunciar seu louvo r".
14 1. "A.nós"
uA nós no s ·fni enviacla a palavra desta salvação" (At 13.26).

I. O QUE É A PALAVRA DESTA SALVAÇÃO?


1. É o testemunho de que Jesus é o Salvador prometido (vs. 23) .
2 . A palavra que pro.m ete perdão a todos quantos de1nonstram
arrependimento de p'ecado, e fé no Senhor Jesus (vss. 38 e 39).
3. Em uma palavra, é a proclamação da salvação perfeita mediante o
Salvador ressuscitado (vss. 32 e 33).
É uma palavra de salvação; pois ela declara, descreve, apresenta e obriga
a salvação.
É.uma palavra enviada, pois a dispensação do evangelho ~ uma missão
de misericórdia da parte de Deus, o evangelho é uma mensagem, Jesus
é o Messias, e o próprio Espírito Santo é enviado para operar a salvação
entre os homens.
II. DE QUE MANEIRA O EVANGELHO NOS É ENVIADO?
1. Na comissão geral, a qual ordena que ele seja pregado a roda criatura.
2. Na providência, que nos trouxe este dia para que ouvíssemos a
Palavra.
3. Na adaptação peculiar do evangelho a seu caso, caráter e necessidade.
Um remédio que serve para sua doença, evidentemente se destina a vocês.
Seria fato lamentável, se tivéssemos de selecionar, mesmo que fosse
uma só pessoa, e dizer-lhe: "Esta palavra não foi enviada a você".
III. EM QUE POSIÇÃO A PALAVRA NOS COLOCA? .
1. Na posição de favor singular. Profetas e reis morreram sem ouvir o
que vocês ouvem (Mt 13.16).
2. De grande dívida para com os mártires e homens de Deus, em
épocas passadas e em nosso dias; pois viveram e n1orreram, a fim de
trazer a vocês o evangelho.
3. De grande esperança; pois confiamos em que a aceitarão e viverão.
4. De grande responsabilidade; pois, se a negligenciarem, con1o
escaparão? (Hb 2.3).
IV. DE QUE MANEIRA TRATARÃO ESTA PALAVRA?
1. De que tnaneira vil e tola retardarão a sua resposta?
Esse é un1 canlinho tnuito perigoso, e muitos perecen1 nele.
2. Farão o papel de hipócri ta e fingirão recebê-la, enquanto em seu
coração a rejei tam?
3. Representarão o papel do convertido remponirio?
4. Não é preferível que aceiren1 a palavra de salvação com pr:Jí'v r?
Disse Jesus: "Pregai o evangelho a toda criatura». Posso imaginar Pedro
perguntando: "Que é isso, Senhor! Devemos oferecer a salvação aos homens
que te crucificaram?". E imagino a resposta de Jesus: "Sim, Pedro, quero que
pregues meu evangelho a todos, começando em Jerusalém. Proclama a salvação
aos homens que me crucificaram".
"Pedro, Eu gostaria que encontrasses aquele homem que pôs a coroa de
espinhos na m.i nha cabeça; dize-lhe que, se ele aceitar a salvação como um
dom, Eu .lhe darei uma coroa de glória, e nela não haverá um espinho sequer.
Procura aquele soldado que enfiou a lança em meu lado, em meu próprio
coração, e dize-lhe que há um caminho mais próximo de tneu coração do que
aquele. Meu coração está cheio de amor por sua alma. Proclama a salvação
para ele" (D. L. Moody).
A quem o Deus de salvação enviou "a palavra de salvação?". Ele a enviou
a todos os pecadores que a ouvirem. É uma palavra que se ajusta aos problemas
dos pecadores; portanto, é enviada a eles. Se for inquirido: com que propósito
é enviada aos pecadores? É enviada como uma palavra de perdão ao pecador
condenado. Por isso todo pecador condenado pode apostatar-se dela, dizendo:
Esta palavra foi enviada a mim. Foi enviada como uma palavra de paz ao
pecador rebelde.
' Foi enviada como uma palavra de vida para os mortos. É uma palavra de
liberdade para os cativos, de cura para os enfermos, de purificação para os
impuros. Uma palavra de orientação para os desnorteados, de refrigério para os
cansados. Foi enviada como palavra de conforto aos desconsolados; e como
uma palavra de atração e fortalecimento à alma destituída de forças . Foi enviada,
em resumo, como uma palavra de salvação, e todos os tipos de salvação e
redenção para a alma perdida, dizendo: "Cristo veio buscar e salvar o que
estava perdido" (Condensado por Ralph Erskine).

142. Crescendo e Prevalecendo


"Muitos dos que creran1, viera1n confessando e denunciando
publicamente as suas próprias obras. Tan1bén1 n11litos d os que
havianl praticado artes Inágicas, reunindo os seus livros, os
quei1naran1 diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que
n1o ntavan1 a c inqüenta 1nil denários. Assin1, a palav ra <.lo Senbor
c r escia e preva lecia puc.le rosa mente" (J\t 19.18-20).

O evangelho é o n1esn1o de sempre.


A raç~ humana n ão mudou de coração.
Os pecados a serem vencidos são os mesmos. ·
O Espírito Santo é igualmente poderoso para convencer e renovar.
1. Alguns discípulos foram mais esclarecidos, despertados e levados a
buscar um grau mais elevado de graça.
2. Um ministério ousado proclamava e defendia a verdade.
3. Surgiu a oposição. Esta é sempre un1 sinal necessário. D eus não
trabalha por muito tempo, sem que o diabo também trabalhe.
a
4. Começou imitação fraudulenta.
II. A PALAVRA DE DEUS CRESCENDO
1. Numa igreja formada com muitos presbíteros adequados.
2. ·Num povo convertido e que confessa abertamente a sua conversão.
Está a Palavra de Deus crescendo entre nós? Se não, por que não? É
uma semente viva, e deveria crescer. ·
É uma semente viva, e crescerá,~ menos que a impeçamos.
III. A PALAVRA DE DEUS PREVALECENDO
O crescimento suscita oposição; mas onde a Palavra cresce com
vitalidade interior, prevalece sobre a opos_ição exterior.
1. Parece que Paulo não permaneceu, continuamente, no mau hábito
de usar artes mágicas; mas a luz do evangelho mostrou a culpa da
feitiçaria, e a providência lançou desprezo sobre ela.
2. Exposto o pecado, foi ele confessado por aqueles que tinham sido
culpados do mesmo, e por aqueles que haviam iniciado o seu estudo.
3. A destruição que promoveram envolveu despesa, e esta foi realizada
voluntariamente; essa despesa deu peso ao testemunho.
É um tempo abençoado numa alma, é um tempo abençoado numa família,
é um tempo abençoado numa congregação, é um tempo abençoado em um
país- quando a Palavra de Deus cresce poderosamente e prevalece . ..
É um tempo abençoado, quando se vê que os pecadores estão deixando
seus pecados e buscando o Salvador; quando se vê que os homens estão
abandonando seus lucros ímpios; quando os taberneiràs estão pondo abaixo
suas bebidas alcoólicas e as destroem - quando desistem de suas licenças; e é
um tempo abençoado, quando os jogadores de cartas arre1nessam para longe
seus baralhos e passam a ler a Bíblia. É utn tempo abençoado, quando os
an1antes de roupas espalhafatosas pegam essas roupas e as destroetn (Robert
Murray M'Cheyne).
O evangelho, à sen1elhança de un1a planta de grande vigor, crescerei entre
as pedras. Assin1 tenho-o visto crescer entre hipócritas, formalistas e mundanos;
e tenho-o visto agarrando utn e outro, e, na verdade, n1uiros, a despeito do
solo circundante desfavorável. "Assim a palavra do Senhor crescia e prevalecia
poderosamente" (Richard Ceci!).
O Conde de Rochester, de quem se diz que era "un1 grande espirituoso,
urn grande erudito, um grande poeta, um grande pecador, e um grande
arrependido", deixou à esposa, sob cuja custódia estavatn seus documentos, a
estrita incumbência de queimar todos os seus escritos profanos e lascivos, que
só prestavam para promover o vício e a Ílnoralidade; e pelos quais ele havia
ofendido tanto a Deus_, e havia envergonhado e blasfemado da santa religião
na qual fora batizado.

143. O Boi e a Aguilhoada


"Saulo, Saulo, por que 111e persegues? Dura coisa é recalcitrares
contra os aguilhões" (At 26.14).

Jesus mesmo, lá do céu, segundo o seu costume, ainda fala em símiles.


I. O BOI. UM HOMEM CAÍDO NÃO MERECE TIPO MAIS ELEVADO
1. Estão agindo como irracionais, em ignorância e paixão.
Vocês não são espirituais, são irrefletidos, irracionais.
2. Deus, porém, valoriza vocês mais do que um homem valoriza um boi.
3. Portanto, ele os alimenta e não os mata.
II. O AGUILHÃO DO BOI. VOCÊS TÊM LEVADO O SENHOR A
TRATÁ-LOS COMO O LAVRADOR TRATA A UM BOI TEIMOSO
1. O Senhor os tem experimentado com meios gentis, uma palavra,
um puxão de rédea, etc.; por amor paternal, por ternas admoestações
de amigos e mestres, e pelas gentis instigações de seu Espírito.
2. Agora ele usa meios mais severos:
De ameaça solene, por. sua lei.
De terrores de consciência, e pavor de julgamento.
De perda de parentes, filhos e amigos.
De enfermidades e variadas aflições.
De aproximação da morte, com um futuro sotnbrio além dela.
III. OS COICES CONTRA O AGUILHÃO
1. Há rebeliões infantis contra a restrição.
2. Há zombarias contra o evangelho, os n1inistros e as coisas sagradas.
3. Há pecados intencionais contra a consciência e a luz.
4. H ,.l ultrajes e perseguições contra o povo de D eus.
5. H á altercações, infidelidades e blasfên1Ías.
IV. A DUREZA DE TUDO ISSO PARA O PRÓPRIO BOI .
Ele se fere contra o aguilhão, e sofre n1uito rnais do que seu condutor pretende.
1. No presente. São infelizes: estãos cheios de desassossego e alarma,
estão aurnentando seu castigo e atormentando seus corações.
260
2. No tnelhor futuro possível. Sentirão atnargos pesares, terão hábitos
desesperados a vencer e muito mal a desfazer. Tudo isso, se, afin al,
se arrependerem e obedeceren1.
O Dr. John H all, en1 un1 dos seus sennões, comparou os ataques da
infidelidade ao cristianismo a un1a serpente que rói utna lin1a. Enquanto ela se
tnantinha roendo, sentia-se grandemente encorajada, ao ver autnentar a pilha
de .fragmentos; até que, sentindo dor, e vendo sangue, descobriu que estivera
desgastando seus próprios dentes contra a lima, porém, a lima não sofrera
dano algum (Pollok) .
O Espírito de Deus pode utilizar qualquer m aneira para trazer os pecadores
ao arrependimento e à fé no Redentor. Comentando certa vez as palavras "O
boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono de sua m anjedoura; mas
Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende", o orador procurou
mostrar ao seu auditório quão estranhamente culpado é o coração humano,
desprezando a bondade de Deus e esquecendo-se de que ele existe.
Três ou quatro dias depois, um fazendeiro, que estivera presente, estava
dando forragem a seu gado, quando um de seus bqis, evidentemente grato por
seu cuidados, começou a lamber-lhe o braço nu. Instantaneatnente, cotn esse
sÍinples incidente, o Espírito Santo despertou convicção na mente do fazendeiro.
Irrompeu em lágrimas, e exclamou: cc Sim, é verdade. Quão maravilhosa é a
Palavra de Deus! Este pobre animal mudo é realmente mais grato a mim do
que eu, a Deus, no entanto, estou em débito com ele por tudo. Que pecador
sou eu!". A lição encontrou guarida nesse coração, e ali operou efetivamente,
levando-o a Cristo.

144. Acendendo uma Fogueira


uOs bárbaros trataran1-nos con1 singular hurnaniclade, p o rque, .
acendendo urna f ogueira, acolherarn-nos a todos p or causa ela chu va
que caía e p o r cau sa do fri o" (At 28.2).

I. SOMOS CAPAZES DE FICAR FRIOS


1. O rnundo é uma região fria para os homens benevolentes.
2. Por causa de nosso pecado inato, sotnos frios, e detnasiadan1enre
c:tpazes de nos tornarn1os indiferentes ou congelados.
3. As estações frias ta rnbén1 chegan1, quando tudo em derredor esd
sujeito a conge lar-se.
Pastores, igrejas, santos, freqüentemente são frios con1o o gelo.
4. Influências cotu?:elanres
'-'
estão ae-ora
o
Li fora. Pensan1ento n1oderno,
n1undanismo, d epressão no comércio, depreciação da oração, etc.
Se nos rendermos ao poder do frio , a princípio nos sentiremos em
desconforto, depois inativos, e, finalrnente, prontos para morrer.
II. HÁ MEIOS DE AQUECIMENTO
1. A Palavra de Deus é con1o fogo. Ouvida e lida, ela tende a aquecer
o nosso coração.
2. Oração em particular, social e em família. Isso é como carvão de
. lenha.
3. Meditação e comunhão com Jesus. "Enquanto eu meditava, ateou-
se o fogo" (SI 39.3). ((Porventura não nos ardia o coração, quando
ele no caminho nos falava?" (Lc 24.32).
4. Comunhão com outros cristãos (Ml3.16).
III. DEVERÍAMOS ACENDER FOGUEIRAS PARA OUTROS
Com relação a um verdadeiro reavivamento, convém lembrar-nos de
que ele tanto se parece com o fogo mencionado no texto, como difere
dele.
1. Deve ser acendido nas dificuldades- ((por causa da chuva que caía".
As achas da madeira estão molhadas, o coração está inundado, a
atmosfera está úmida. Não é fácil faze r fogu eira em t~is
circunstâncias; no entanto, deve ser feita.
2. O fogo de que necessitamos, não pode, contudo, ser aceso por
bárbaros; a chama deve vir do alto.
3. Uma vez acesa a chama, a fogueira começa com os pequenos.
Pequenos gravetas são bons para acender fogo .
4. É bon1 nutrir a chama, pondo-a sobre seus joelhos e soprando-a
mediante súplicas quentes e de todo o coração.
5. Ela deve ser alimentada com combustível. Pensem no grande Paulo,
apanhando um feixe de gravetas. Que cada qual traga a sua porção.
6. O fogo é de grande utilidade, mas pode reavivar mais do que uma
víbora. Graças a Deus, o fogo que reativou a criatura para a vitalidade
venenosa, também a destruiria.
Como manter o calor espiritual. O conselho de Philip Henry à sua filha,
foi: "Se você quiser manter-se aquecida nesta estação fria (inverno em 1692),
siga quatro instruções: 1. Fique onde há sol. Sob seus raios benditos há calor e
conforto. 2. Fique perto do fogo. 'Não é a Minha Palavra um fogo?'. Quantas
passagens aninudoras há! 3. Mantenha-se ern n1ovÍlnento e en1 ação- ativando
a graça e o dorn de Deus que há e1n você. 4. Busque a con1unhão ~ristã. 'C01no
podê alguén1 aquecer-se sozinho?' " (Pena!i para Setas).

262
145. Concernente à Paciência d·e Deus
"Ou desprezas a riqueza da sua bonclade, e tolerância, e

longanitnidacle, ignorando que a bondade de Deus é que te conclnz


ao arrependitnento?n (R1n 2.4) .

É exemplo de divina condescendência que o Senhor discute com os


homens, e lhes faz est'a pergunta, e outras semelhantes (Is 1.5; 55.2, Jr 3.4 e
Ez 33.11).
É um fato triste que qualquer pessoa que tenha visto os juízos de Deus
sobre outros, e tenha escapado, deduza, dessa misericórdia especial, um motivo
para adicionar pecado a pecado (Jr 3.8).
I. HONREMOS A BONDADE E A TOLERÂNCIA DO SENHOR
1. Elas se manifestam a nós sob uma forma tríplice-
A bondade que tem suportado 6 pecado passado (SI 78.38).
A tolerância que nos suporta no presente (SI 103.1 O) .
A longanimidade que, no futuro, como no passado e no presente,
·está preparada para suportar a culpa (Lc 13.7-9).
2 . Manifestam -se em sua excelência por três considerações -
A pessoa que demonstra. É "a bondade de Deus", que é onisciente
para ver o pecado, justo para odiá-lo, poderoso para puni-lo, no
entanto paciente para com o pecador (SI 145.8).
O ser que a recebe. Ela é concedida ao homem, um ser culpado,
insignificante, vil, provocador e ingrato (Gn 6.6).
A conduta para a qual ela é uma resposta. É a resposta do amor ao
pecado. Freqüentemente Deus tolera, embora os pecados sejam
muitos, temerários, agravados, ousados, repetidos, etc. (Ml3.6).
II. CONSIDEREMOS COMO PODEM SER DESPREZADAS
1. Reivindicando-as como nosso direito, e falando como se Deus fosse
obrigado a tolerar-nos.
2. Pervertendo-as em motivo para dureza de coração, presunção,
infidelidade e mais pecado (Sf 1.12 e Ec 8.11).
3. Incitando-as como uma apologia para a procrastinação (2Pe 3.3,4).
III. SINTAMOS A FORÇA DE SUA DIREÇÃO
1. Ele não é duro e desarnoroso, do contr<irio não nos teria poupado.
2. Continuar a ofendê-lo seria cruel para ele, e ignon1inioso para nós
n1esn1os. Nada pode ser rnais vil do que tornar a tolerância en1 n1otivo
d e provocação.
3. Evidencia-se a sua tolerância pelo fato de que ele se regozijará em
aceitar-nos, se nos voltarmos para ele. Ele poupa, para que possa salvar.
A tolerância e a longanimidade de Deus para con1 os pecadores são
verdadeirarnente espantosas. Ele den1orou 1nais para destruir Jericó do que
para criar o mundo (Benjamim Beddome).
D e acordo com o provérbio dos judeus, "Miguel voa apenas com uma
asa, e Gabriel com duas"; Deus é rápido em enviar anjos de paz, e voam
aceleradarp.ente; mas os mensageiros da ira vêm lentamente: D eus é mais
apressado em glorificar a seus servos do que em condenar os maus (Jeremy
Taylor).
É notável que os magistrados romanos, quando sentenciavam alguém a
ser açoitado, diante deles era posto um feixe de varas atadas com muitos nós
firmes . O motivo era este: 'que enquanto o bedel, ou o flagelador, estava
desatando os nós, o que deveria fazer em determinada ordem, e não em qualquer
forma apressada ou repentina, o magistrado podia ver o procedimento e as
maneiras do delinqüente, se estava triste por sua falta, e mostrava qualquer
esperança de emendar-se, para que pudesse revogar sua sentença ou mitigar a
punição; do contrário, deveria ser corrigido com toda a severidade.
Assim Deus, na punição dos pecadores, quão paciente se mostra! Quão
relutante em castigar! Quão lento para irar-se, se houver apen as qualquer
esperança d e recuperação! Quantos nós ele desata! Quantas vezes esfrega as
mãos em seu caminho para justiçar! Ele não nos julga por lei marcial, mas
pleiteia conosco: "Por que haveis de m orrer, ó casa de Israel?".
Pecar contra a lei é ousadia, mas pecar contra o amor é ato pusilâni1ne. Rebelar-
se contra a justiça é inescusável, mas lutar contra a misericórdia é abominável.
Aquele que pode picar a mão que o nutre é nada menos do que un1a víbora.
Quando um cão morde seu próprio dono, e isso quando está sendo alimentado e
acariciado, ninguém se admirará se seu dono tornar-se seu executor.

146. "Jesus Nosso Senhor"


uJesus, nosso Senhor" (Rn1 4.24).

Este Non1e, Senhor, é un1 grande contraste cotn a en carnação e a


h wnilhação .
Na rnanjedoura, em pobreza, vergonha e morte, Jesus ainda era o Senhor.
I. SUAS TERNAS CONDESCENDÊNCIAS ENCARECEM O TÍTULO
1. Nós o co nf-essan1os con1o Senhor nuis plenamente e sen1 reservas,
porqu e ele nos amou e a si m esmo se deu por nós.
2. Em todos os privilégios que nele nos são conferidqs, ele é Senhor- en1
nossa salvação, temos recebido a "Cristo Jesus, o .Sénhor" (C l 2 .6).
Ao entrar no templo, verificamos que ele é a. cabeça do corpo, a
quetn tudo está sujeito (Ef 5.23).
En1 nosso trabalho pela vida, ele é Senhor. "Para o Senhor vive1nos"
(Rrn 14.8). Glorificamos a Deus em seu notne (Ef 5.20).
Na ressurreição, ele é o primogênito dentre os morros (Cl1.18).
No advento,' sua aparição será a glória principal (Tt 2.13).
Na glória eterna, ele será adorado para sempre (Ap 5.12 e 13).
II. NOSSOS CORAÇÕES AMOROSOS LÊEM O TÍTULO .COM ÊNFASE
PECULIAR
1. Nós damos esse título a ele somente. Moisés é um servo, mas somente
Jesus é o Senhor. "Um só é vosso Mestre" (Mt 23.8,10).
2. A ele sem reservas. Desejatnos que nossa obediência seja perfeita.
3. A ele em todas as questões de administração na igreja, e na
providência. "É o Senhor, faça o que bem lhe aprouver" (25m 3.18).
III. ACHAMOS DOÇURA NA PALAVRA "NOSSO" .
1. Ela nos faz lembrar nosso interesse pessoal no Senhor.
Cada crente usa esse título no singular, e, de coração, chan1a-o "Meu
Senhor".
Davi escreveu: "Disse o Senhor ao meu Senhor".
Isabel disse: "A mãe do meu Senhor".
Madalena disse: "Levaram o meu Senhor".
Tomé disse: "Meu Senhor e meu Deus".
Paulo escreveu: "O conhecimento de Cristo Jesus, tneu Senhor", etc.
2. Nosso zelo por torná-lo Senhor impede a auto-exaltação: "Vós,
porén1, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre.
Ne1n sereis cha1nados guias, etc." (Mt 23.8, 1O).
3. Nossa alegria comum em Jesus como nosso Senhor transforma-se en1
evidência da graça, e, assim, de união uns com os outros (1 Co 12.3).
Devia constituir-se o grande cuidado de cada um de nós seguir ao Senhor
plenamente. Devemos, num curso de obediência à vontade de Deus e serviço
em sua honra, segui-lo universalmente, setn dividir; honesran1enre, setn
dissimular; com bon1 ânin1o, sem disputar; e constantemente, sen1 declinar;
isto é segui-lo plenan1enre (Matthew Henry).
Discípulo de Cristo é aquele qu e se entrega e coloca inteira mente à
disposição de C risto; que aprende o que ele ensina; que crê o que ele revela;
que b z o que ele ordena; que evita o que ele proíbe; que suporta o que lhe for
infligido por ele ou para d e, na expectativa daquela recon1pensa que ele
7/.. ,..
~ 01
pr01neteu. Tal é o discípulo de Cristo, e, desse modo, ele, e ninguém mais, é
cristão (David Clarkson).
Foi considerado um ato de maravilhosa condescendência da parte do rei
George III, quando visitou ele a tenda da cigana moribunda, na floresta de
Windsor, e travou conversação religiosa com ela. Que pensaríamos de Jesus~ 0
qual, embora fosse o Rei da glória, desceu até nós e ton1ou sobre Si os nossos
pecados e as nossas dores, para que pudesse proporcionar-nos comunhão com
ele para sempre?

14 7. Herdeiros de Deus
uOra, se somos filb.os, sornas tan1bé1n herdeiros, herdeiros de Deus e
co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, ta1nbé1n com ele
seremos glorificados" (Rm 8.17).

Este capítulo é cómo o jardim do Éden, que continha toda sorte de deleites.
Se alguém estivesse limitado a pregar exclusivamente sobre o capítulo oitavo
de Romanos, teria assunto para a vida toda. Cada linha desse capítulo serve de
text'o. É uma mina inesgotável. Paulo põe diante de nós uma escada dourada,
e de cada degrau sobe para algo mais elevado: da filiação passa à condição de
herdeiro, e da condição de herdeiro à cc-herança com o Senhor Jesus. ~-
I. A BASE DA HERANÇA. ''SE SOMOS FILHOS, SOMOS TAMBÉM
HERDEIROS".
1. Ela nãose deduz da criação comum. Não está escrito- se somos
criaturas, somos também herdeiros.
2. Nem se encontra na descendência natural. Não está escrito -se
somos filhos de Abraão, somos também herdeiros (Rm 9.7 e 13).
3. Não pode ser por serviço meritório. Não se acha escrito- se somos
servos, somos também herdeiros (Gl4.30).
4. Netn por observâncias cerimoniais. Não está escrito - se somos
circuncidados ou batizados, somos também herdeiros (Rm 4.9, 12).
O faro de sermos regenerados ou nascidos de novo para Deus, por
seu Santo Espírito, é nossa única base de esperança e herança.
II. A UNIVERSALIDADE DA HERANÇA. ''SE SOMOS FILHOS, SOMOS
TAMBÉM HERDEIROS".
1. O an1or de Deus é o 1nesn1o para todos eles.
2. ~lodos eles são abençoados sob a n1esn1a protnessa (Hb 6.17).
3. A herança é suficienten1en te grande para todos eles.

2ó6
III. A HERANÇA QUE CONSTITUI OBJETO DA CONDIÇÃO DE
HERDEIRO. ((HERDEIROS DE DEUS".
Nossa herança é divinamente grande. Somos:
Herdeiros de todas as coisas. "O vencedor herdará estas cousas"
(Ap 21. 7). ((Tudo é vosso" (1 Co 3.21).
Herdeiros da salvação (Hb 1.14).
Herdeiros da vida eterna (T t 3. 7).
Herdeiros da graça da vida (IPe 3.7).
Herdeiros da promessa (Hb 6.17).
Herdeiros da justiça (Hb 11.7).
Herdeiros do reino (Tg 2.5).
IV. A PARTICIPAÇÃO DOS PRETENDENTES À CONDIÇÃO DE
HERDEIROS. "CO-HERDEIROS COM CRISTO".
1. Esta é a prova de nossa qualidade de herdeiros. Não somos herdeiros,
a menos que sejamos herdeiros com Cristo, mediante Cristo e em
Cristo.
2. Isso assegura nossa parte na herança, pois Jesus·não a perderá, e seu
título de posse e o nosso são um só e indivisível.
3. Estaco-herança prende-nos mais firmes a Jesus, visto que nada somos
e nada temos à parte dele.
Como Deus trata os homens. ((Ele os perdoa e recebe em sua casa, faz que
todos sejam filhos, e todos os seus filhos são seus herdeiros, e todos os seus
herdeiros são príncipes, e todos os seus príncipes são coroados" (John Pulsford).
Como um defunto não pode herdar uma propriedade,· assim uma alma
morta não pode herdar o reino de Deus (Salter).
Como a justificação é união e comunhão com Cristo, em sua justiça, e a
santificação é união e comunhão com Cristo, em sua santidade, ou seu caráter
santo e natureza santa, assim, por analogia de raciocínio, a adoção deve. ser
considerada como a união e comunhão com Cristo, em sua qualidade de Filho;
certamente a mais elevada e a melhor união e comunhão das três (Dr. Candlish) .
.Herança. Que é herança? O pagamento de um soldado não é herança;
também não constituem herança os honorários de um advogado ou de um
médico; nem os lucros do comércio; nem os salários provenientes do trabalho.
As recompensas da bdiga e da habilidade são os ganhos das mãos que as
receben1. O que é herdado, por outro lado, pode ser a propriedade de un1
recén1-nascido; e assirn o diaden1a, h<í rnuito conquistado pelo braço vigoroso
da coragen1, e pela prin1eira vez incluído no brasão de un1 escudo gasto ern
com bates, agora está sobre o berço de un1 infante que chora (Dr. Guduie).

267
148. Desobediência ao Evangelho.
uMas nen1 todos ohedeceran1 ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor,
~

quen1 acreditou na nossa pregação?" (Rn1 10.16).

O hometn é a 1nesma criatura desobediente em todas as dispensações.


Deploramos sua rejeição do evangelho, e o mesmo fez Isaías, que falou em
nome de toda a companhia dos profetas.
Umás das maiores provas da depravação do coraÇão do homem é que ele
não obedece mais ao evangelho do que à lei, mas desobedece a seu Deus, quer
ele lhe fale em amor ou mediante a lei.
I. O EVANGELHO VEM AOS HOMENS COM A FORÇA DE UMA
ORDEM
Os homens não têm opção de aceitá-lo ou rejeitá-lo, conforme lhes
agrade (At 17.30).
O evangelho tem em mira:
1. Garantir.a honra de Deus. Não .é a oferta de um igual para seu igual,
mas do grande Deus para um pecador condenado.
2. Dar ousadia a seu proclamador. O pastor agora fala ousadamente,
revestido da autoridade de seu Senhor.
3. Encorajar o inquiridor humilde. Ele deve, com plena liberdade,
crer em Jesus, visto como lhe foi ordenado fazê-lo, e foi ameaçado,
se assim não fizesse.
II. QUAIS SÃO, POIS, AS REIVINDICAÇÕES DO EVANGELHO À
OBEDIÊNCIA?
1. A autoridade daquele que envia. Seja o que for que Deus ordene, o
homen1 é obrigado a executar.
2. O motivo daquele que envia. O amor brilha na orden1 do evangelho,
e nenhum homem deve menosprezar o amor infinito.
3. O grande dom daquele que envia: ele rios deu seu Filho unigênito.
4. A seriedade daquele que envia. Todo o seu coração está no evangelho.
Note-se a elevada posição que o esquerna da salvação ocupa, na estima ·
de Deus.
III. QUAL A OBEDIÊNCIA QUE O EVANGELHO EXIGE?
Não o n1ero ouvir, acreditar, gostar, profess:u ou proclamar; n1as uma
obediência, de coração, à sua ordem.
O evangelho den1anda:
1. Fé no Senhor Jes us Cristo.
2. Renúncia d:1 justiça própria, e confiss~o de culpa .
.). Arrependimento e abandono do pecado , na prática.
4. Confissão pública de seu notne, a seu próprio modo, a saber, pelo
batisn1o.
Um poderoso argun1ento, para provar a initnizade do coração hUinano
contra Deus, é a falta de êxito do evangelho; essa falta de êxito nada mais é, e
nem nada 1nenos, do que a ininüzade. O propósito do evangelho é colocar-
nos em união com o Filho de Deus, e levar-nos a crer naquele que ele enviou.
Cristo busca ajuntar almas para Deus, mas elas não querem ser recolhidas.
Esse é um assunto de tremenda consideração, que, ao chamar Deus aos
homens, por intermédio de seu próprio Filho, haja poucos que vão a ele. Quão
poucos são os que dizem: "Dá-me Cristo, ou estou perdido! Ninguém pode
reconciliar-me com Deus, senão Cristo!". Diariamente vocês são buscados por
Cristo, para serem reconciliados, mas em vão! Que significa isso senão inimizade
obstinada, invencível? (John Howe).
Desobedecer ao evangelho é muito pior do que quebrar a lei. Para a
desobediência à lei há o remédio do evangelho, mas para a desobediência ao
evangelho não se pode encontrar remédio. "Não resta .m ais sacrifício pelos
pecados" .

149. Paciência, Consolo e Esperança


uPois tudo quanto, outrora, foi escrito, para o n osso e n sino f o i
escrito , a fin1 de que, pela paciência e pela consolação das
Escrituras, t enhamos esperança" (R1n 15.4).

Este é o texto do qual o velho Hugh Latimer costumava pregar


continuamente, em seus últimos dias. Certamente esse texto lhe deu muita
liberdade de ação.
O apóstolo declara que as Escrituras do Antigo Testamento tinham o
propósito d e ensinar aos crentes do Novo Testamento.
As coisas outrora escritas foram escritas para o nosso tempo.
O Antigo Testamento não está desgastado; os apóstolos aprenderam dele.
Nen1 cessou sua autoridade; ainda é certo, naquilo que ensina.
I. A PACIÊNCIA DAS ESCRITURAS
1. Tal con1o elas inculc.1n1.
Paciência en1 roda d esign ação d a vontad e divina.
Paciência na perseguição hun1ana e na oposição satânica.
Paciência sob as cargas fraternais (Gl 6 .2).
Paciência p<H~l esperar que se CL11npranl as promessas divinas.
2. Tal como elas demonstram por meio de exemplos.
Jó triunfalmente paciente sob diversas aflições.
José perdoando, pacientemente, a crueldade de seus irmãos, e
suportando as falsas acusações de seu senhor.
Davi, em n1uitas provações e sob muitas censuras, espera
pacientemente pela coroa, e se recusa a injuriar a seu perseguidor.
Nosso Salvador paciente sob todas as formas de provação.
II. O CONSOLO· DAS ESCRITURAS
1. Tal como elas inculcam.
Pedem-nos que nos elevemos acima do temor (5146.1 -3).
Insistem conosco, para que pensemos pouco nas coisas transitórias.
Ordenam-nos enc:ontrar alegria em Deus.
2. Tal como elas demonstram.
Enoque andando com Deus.
Abraão encontra em Deus o seu escudo e grande galardão.
Davi se fortalece em Deus.
Ezequias estende a carta perante o Senhor.
III. A ESPERANÇA DAS ESCRITURAS
As Escrituras pretendem operar em nós uma boa esperança.
A esperança da salvação (1 Ts 5.8) .
"A bendita esperança e a manifestação do nosso Salvador" (Tt 2.13).
A esperança da ressurreição dos mortos (At 23.6) .
A esperança da glória (Cl1 .27).
Quanta matéria importante encontrarnos, condensada neste simples
versículo! Que luz e glória ele jorra sobre a Palavra de Deus! Foi bem observado
que temos aqui sua autoridade, visto que é a palavra escrita; a sua antiguidad~,
visto que foi escrita outrora; a sua utilidade, visto que foi escrita para nosso
aprendizado (James Ford).
Certa vez Oliver Crornwellleu em voz alta Filipenses 4.1 1-13, e em seguida
observou: "Ali, no dia em que morreu meu pobre filho, esta Escritura quase
me salvou a vida".
Quando George Peabody estava em casa de Sir Charles Reed, viu o caçula
da família trazer a seu pai uma grande Bíblia para a hora devocional. Disse o
Sr. Peabody: ;,Ah, rneu rapaz, agora você carrega a Bíblia: n1as virá ten1po quando
você d escobrir;:Í que a Bíblia deve carregar você".
"Fal-e-me agora so mente na linguagen1 das Escrituras,, diss~ un1 cristão
n1oribundo. '' Posso confiar nas palavras de Deus; n1as quando se uata das
))
palavras do h01nen1, faço enorme esforço para pensar se posso confiar ne1as
(G. S. Bowes).
270
Como exemplo de paciência, consolo e esperanÇa provenientes d o
evangelho, notemos o trecho seguinte do Dr. Payson: "Os cristãos poderiam
evitar muitas dificuldades, se cressem que Deus é capaz de fazê-los felizes, sen1
qualquer outra coisa. Deus vem-me privando de uma bênção após outra; Inas,
na Inedida em que cada uma era removida, ele vinha e tomava seu lugar; e
agora, quando estou paralítico e incapaz de mover-n1e, sou mais feliz do que
nunca em minha vida~ ou do que esperava ser. Seu eu tivesse crido nisso há
vinte anos, poderia ter evitado muita ansiedade".

150.Comp~dosporPreço
uE que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço.
Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo" (lCo 6.19-20).

Com que ardor o apóstolo persegue o pecado, para destruí-lo! Ele não é
tão pudico a ponto de deixar intocável o pecado, mas clama, em linguagem
claríssima: "Fugi da impureza!". A vergonha não esçá na censura, mas no pecado
que a exigiu.
Ele persegue essa perversidade infame com argumentos (ver vs. 18).
Ele arrasta-a para a luz do Espírito de Deus. '~caso não sabeis que o vosso
corpo é santuário do Espírito Santo?" (ver vs. 19).
Ele a mata, ao pé da cruz. "Fostes comprados por preço".
Consideremos este último argumento, para que possamos achar ali a morte
para os nossos pecados.
I. UM FATO BENDITO. "FOSTES COMPRADOS POR PREÇO".
"Fostes comprados". Essa é aquela idéia de redenção que os hereges
modernos ousam chamar de mercantil. A redenção mercantil é a redenção das
Escrituras; pois a expressão "comprados por preço" é dupla declaração daquela
idéia.
1. Isso é um fato ou não. "Fostes comprados, ou não estais remidos".
Terrível alternativa.
2. Se é fato, é o fato da vossa vida. Maravilha das maravilhas.
3. Permanecerá para vocês, eternamente, o maior de todos os fatos. Se
absolutamente verdadeiro, nunca deixará de ser verdadeiro, e nunca
será excedido, em importância, por nenhun1 outro evento.
4. Portanto, deve operar poderosamente em nós, tanto agora corno
para todo o sen1pre.
II. UMA CONSEQÜÊNCIA CLARA. "NÃO SOIS DE VÓS MESMOS".
Negrttiva. É claro que, se são coin1xados, não são de si mesmos.
1. Isso envolve privilégio.
Não são os seus próprios provedores: as ovelhas são nutridas por seu
pastor.
Não são seu próprio guia: os navios são pilotados por seu piloto.
2. Isso ta1nbém envolve responsabilidade.
Não somos de nós mesmos, para prej udicar ao corpo ou à alma.
Nem somos de nós 1nesmos, para desperdiçar, en1 ociosidade,
. diversão ou especulação.
Não somos de nós 1nesmos para exercer capricho e seguir nossos
próprios preconceitos, afeições depravadas, Vontades caprichosas ou
apetites desordenados.
Positiva. "O vosso C<?rpo é santuário do Espírito Santo".
Pertencemos totalmente a Deus. Nosso corpo e nosso espírito
incluem o homem em sua totalidade.
Sempre somos de Deus. Uma vez que o preço foi pago_, a ele
pertencemos para sempre.
III. CONCLUSÃO PRÁTICA. '~GORA, POIS, GLORIFICAI A DEUS
NO VOSSO CORPO".
Glorifiquem a Deus no seu corpo.
Pela pureza, castidade, temperança, diligência, contentamento,
, . ." .
renuncia, paClenCla, etc.
Glorifiquem a Deus:
Num corpo sofredor, tendo paciência até à morte.
Num corpo trabalhador, mediante a santa diligência.
Num corpo adorador, que se encurva em oração.
Num corpo bem governado, mediante a renúncia de si mesn1o.
Num corpo obediente, fazendo a vontade do Senhor com prazer.
Glorifiquem a Deus no seu espírito.
Pela santidade, fé, zelo, amor, devoção, contentamento, fervor,
humildade, expectação, etc.
Mas por que se deveria exigir preço tão enorme? Vale o homem esse custo? ·
Em algumas partes do mundo, um homem pode ser con1prado pelo preço de
urn boi. Não era o ho1nen1 simplesmente, mas o homem en1 detern1inada relação
que tinha de ser rcdin1ido. Veja-se o homen1 que sen1pre foi un1 ébrio, preguiçoso,
indigno. Muito beni lhe fi ca o epíteto "in1presrável"- inútil, sen1 valor.
Mas esse hon1en1 co mete um crÍine, pelo qual é sentenciado à forca ou à
prisão perpétua. Vão e tenten1 co1nprá-lo agora. Redin1an1-no .e façan1 dele
seu servo . Ainda que o homen1 1nais rico do país ofereça tudo quanto possui
para adquirir aquele homem se1n valor, sua oferta se r~1 totaltnente em vão; por

·' 7.'
que? Porque agora não h.á somente o homem a ser considerado, rnas tan1bém
há a lei. É preciso pagar um grande preço, para remir um homem da condenação
da lei; n1as Cristo veio para redin1ir da maldição da lei divina a todos os homens
(Willian1 Robinson).

151 . Exame Antes da Comunhão


"Exarnine-se, pois,, o bon1em a si 1nesn1o, e, assÍin, con1a do pão, e
beba do cálice" (lCo 11.28).

A Ceia do Senhor não é para todos, mas somente para aqueles que são
espiritualmente capazes de discernir o corpo do Senhor.
Ela não se destina à conversão dos pecadores, mas à edificação dos
discípulos.
Daí, a necessidade de exame, para que não nos introduzamos onde não
temos o direito de estar.
I. O OBJETIVO DO EXAME
1. Para que saibamos a responsabilida~e que pesa· sobre nós.
O exame não é feito pelo rninistro; cada qual examina a si mesmo.
2. Para que possamos comungar solenemente, e não chegarmos à mesa
do Senhor descuidadamente, como um acontecimento natural.
Devemos sondar o coração, e então aproxirnar-nos da mesa, com
humildade.
3. Para que nos acheguemos à rnesa inteligenteme~te, sabendo para
1\

que vamos e por que.


II. A MATÉRIA DO EXAME
1. Trata-se de uma festa.
Tenho vida? Un1 morro não se assenta em banquetes.
Tenho apetite? De outro rnodo, como poderia comer?
Sou amigo do Senhor, que é o Hospedeiro?
Estou vestido corn as vestes próprias do casamento?
2. Jesus nos pede que testemunhemos de sua rnorte.
Tenho fé en1 sua morte?
Vivo por sua rnorte?
3. Jesus nos pede que façan1os isso, cotnendo o pão.
É esse ato de comer o sírnbolo de un1 fato, ou é sirnples zornbaria?
É Jesus, real e verdadeirarnente, ali1nento de minha alma?
4. Jesus pede a cada crente que Elça isto, en1 união com os ckrnais.
Sou verdadeiran1ente un1 de seu povo, e um com clvs?

I /I
5. Jesus pede a seu povo que se lernbre dele nessa Ceia.
Minhas relações passadas corn ele são de tal ordem que desejo lembrá-
las?
Amo-o tanto que desejo trazê-lo en1 minha memória?
Vocês, que vieratn a esta n1esa desatentatnente, arrependam-se de sua má
intromissão, e fiquem de fora até que se endireitem.
Vocês, que nunca vieram, lembrem-se de que se não estão preparados
para a COJnunhão, aqui em baixo, não estão preparados para o céu, lá em cima.
Todos vocês, meditem em Jesus, e, tendo-se examinado para sua
humildade, tomem-no para sua consolação.
As três perguntas que Philip Henry aconselhava as pessoas a fazerem a si
mesmas, em auto-exame, antes da participação na Ceia, eram: O que sou eu?
Que tenho feito? Que deseJo? (John Whitecross).
O dever exigido para prevenir o pecado e o perigo da comunhão indigna
é o grande e necessário dever de auto-exame. É uma metáfora tomada aos
ourives, que provam a verdade de seu ouro pela pedra de toque, a pureza de
seu ouro pelo fogo, e o peso de seu ouro pela balança.
Aqui temos: 1. A pessoa que examina: "Examine-se, pois o homem". 2. A
pes~oa examinada: é ('ele mesmo"; ele deve convocar-se ao tribunal da consciência
e interrogar a si mesmo. (1) Concernente a seu estado, se tem ou não o direito de
vir. (2) Seus pecados e deficiências. (3) Seus desejos e necessidades. (4) Seus fins
e desígnios; se é para obedecer à ordem de seu Salvador prestes a morrer, no ~
sentido de testemunhar de sua morte, renovar e selar sua aliança com Deus,
obter aproximação e comunhão com ele, nutrição para sua alma e suprimento
de suas necessidades. E (5) concernente a suas graças e qualificações,
particularmente quanto ao conhecimento, fé, arrependimento, temor, amor,
gratidão, desejos santos e nova obediência (John Willison).

152. Alguns Dormem


"Porén1 alguns já clonnen1n (lCo 15.6).

Sün, os companheiros de Jesus morreran1, urn a un1.


Entretanto, não se usa nenhurna obra de lamentação. Não se diz que eles
pcrcceran1, ou passaran1 para a terra das som bras, mas que "j<i donnen1".
O espírito est<:1 con1 Jesus na glória; o corpo repousa até sua n1anifesração.
I. A FIGURA AQUI USADA
1. Un1 ato do tipo n1ais natural: "donnem".
É o ténnino ápropriado de un1 dia de cansaço.
N5.o é doloroso, mas é o firn da dor.
2. Uma posição de segurança contra mil perigos.·
3. Uma condição de maneira nenhutna destrutiva.
Nem o sono nem a n1orte destroem a existência, netn n1esn1o lhe
causam dano.
4. Uma posição cheia de esperança.
Despertaretnos desse sono.
Despertaremos sem dificuldades. ·
Levantar-nos-emos grandemente renovados.
II. OS PENSAMENTOS SUCITADOS POR ESSA FIGURA
1. Como temos tratado aqueles que agora dormem?
Valorizamos sua presença viva, seu trabalho e testemunho?
Não deven1os ser mais bondosos para com aqueles que ainda vivem?
2. Como fazer para que nós também estejamos preparados para dormir?
Está nossa casa em ordem?
Está nosso coração em ordem?
Nosso trabalho cristão está em ordem?
3. Quão pacientemente deveríamos nós agüentar sob os trabalhos e
sofrimentos do dia, visto que há um.descanso para o povo de Deus!
III. AS ESPERANÇAS CONFIRMADAS POR ESSA FIGURA
1. Os que dormem ainda despertarão.
A voz do Pai deles os erguerá.
Serão, de fato, acordados: cheios de saúde e energia.
Terão novas vestes para vestir.
Não dormirão novamente.
2. Os que dormem, e nós tambén1 desfrutaremos de doce comunhão.
O sono não destrói o amor dos irmãos e innãs agora.
Levantar-nos-etnos como uma família incólume, todos salvos no
Senhor.
Não nos entristeçamos desesperados por aqueles que dormem.
Não temamos dormir em tão boa companhia.
Durante a última enfermidade de um piedoso ministro escocês, um amigo
lhe' perguntou se ele pensava em morrer; ao que respondeu: ccRealn1ente, an1igo,
não tne preocupo se rnorro ou não; pois seu eu 1norrer, estarei corn Deus, e se
eu viver, ele estani cOinigo" (Arvine).
O dedo de Deus tocou-o, e ele dorn1iu (Tennyson).
Falando da morre de un1 arnigo querido, S. T. Coleridge disse: (' I:~
recuperação, e n!io morte. Ben1 aventurados são os que dorn1en1 no Se nhor; a
vida deles esd oculta en1 Cristo. Na vida de seu Redentor a vida esd esco ndida,
e na sua glória ela sed revelada. O s fisiologistas s u s rc nt ~un q11 · ~ dur:tnt c o
I 'J I
L I I
sono, principaln1enre, que crescen1os; o que não poden1os nós esperar de tal
sono, em tal seio?".
Deve haver vida en1 Cristo, antes que a rnorte se transforn1e em sono
nele. "Luís, o arnado, dorn1e no Senhor,, disse o sacerdote que anunciou a
n1orte d e Luís XV. ((Se", foi o severo comentário de Thom~s Carlyle, ((se tal
massa de preguiça e concupiscência dorme no Senhor, quem, pensais vós, donne
ern outra parte.I" .

153. Consolado e Consolando


"Bendito seja o Deus e Pai d e n osso Senhor Jesus Cristo, o Pai de
nlÍsericórdias e Deus de toda con solação! É e le que n os conforta em
t oda a nossa tribulação, para podennos consolar os que estiverem
en1 qualquer angústia, con1 a consolação con1 que nós n1.esmos
so1nos contemplados por Deus" (2Co 1.3-4).

L A OCUPAÇÃO CONFORTADORA. BENDIZER A DEUS. ((BENDITO


SEJA DEUS".
Se um homem na aflição bendiz a Deus:
1. Isso revela que seu coração não está vencido
A ponto de agradar a Satanás pela murmuração , ou
A ponto de matar sua própria alma pelo desespero.
2. Anuncia que Deus lhe enviará imediatas libertações, para trazerem
à tona novos louvores. É natural emprestar mais a um homem,
quando é devidamente paga a taxa de juros sobre o que ele tem.
Nunca o homem bendisse a Deus, sem que, mais cedo ou mais
tarde, Deus o abençoasse.
3. Traz lucro ao crente, acima da medida.
Afasta a mente da dificuldade atual.
Eleva o coração a pensamentos e considerações celestiais.
4. É um direito do Senhor, em qualquer estado em que nos achemos.
II. O FATO CONFORTADOR. ((É AQUELE QUE NOS CONFORTA EM
TODA A NOSSA TRIBULAÇÃO".
1. Deus, pessoalmente, condescende em confortar aos santos.
2. Deus faz isso habitualn1ente. Ele sernpre ten1 estado perto, para
confortar-nos en1 todo tempo passado, nunca nos deixando sozinhos,
unu vez sequer.
3 . Deus, efetivamenre, faz isso. Ele sen1pre ren1 sido capaz de confortar-nos
· em roda a tribulação. Nenhun1a provação tem entravado a sua habilidade.
4. Deus faz isso eternan1ente. Ele nos conforrará até o fim, pois ele é o
"Deus de toda consolação!, e ele não pode mudar.
III. O DESÍGNIO CONFORTADOR. "PARA PODERMOS CONSOLAR".
1. Para fazer-nos consoladores d e outros. O Senhor ten1 isso en1 n1ira: o
Espírito Santo, o Consolador, prepara-nos, para sermos consoladores.
Há grande necessidade desse santo serviço, neste n1undo envolto
em pecado.
2. Para fazer-'n os consolado res em grande escala. "Para podermos
consolar aos que estiverern em qualquer angústia". Devemos estar
familiarizados com todos os tipos de angústia, e prontos a simpatizar
com todos os sofredores.
Muitas aleluias
Q ue soam no lar do Pai
Soluçaram seu primeiro ensaio
Nas sombra·s de um quarto escuro.
Não temos mais religião do que aquela que temos, em tempos de provação
(Andrew Fuller).
Ele adiaria uma viagem planejada, de preferência a deixar um p obre
paroquiano que precisava de sua assistên cia; e do conhecimento que tinha da
natureza hurnana, era capaz, de maneira notável, de lançar-se nas circunstâncias
daqueles que precisavam de seu auxílio. Não h avia simpatia com o a dele
(Chambers,falando a respeito de George Crabbe) .

154. Os Tempos do Verbo


"O qual nos livrou e livrará de tão grande n1orte; en1 quen1 ten1os
esperad o que ainda continuará a livrar-nos n (2Co 1.10).

Os gran1áticos ach am aqui uma lição sobre o emprego dos tempos verbais;
e os cristãos podem aj untar-se a esse exercício, com proveito.
Podemos considerar o passado, o presente e o futuro, cad a um po r si.
Podemos, também, examiná-los en1 suas relações recíprocas.
I. O TEXTO SUGERE TRÊS SEQÜÊNCIAS DE IDÉIAS
1. A rnen1ó ria fala dos livratnentos no passado:
De n1one violenta. No caso de Paulo, "tão grande morre'' pode
significar mo rte às rnãos das turbas enfurecidas, ou peJo imperador.
De nossa morre no pecado: "Tão grande tno rte,, na verdade.
De feroz desespero, quando sob condenação.
De destruição pela calúnia, ou coisas setnelhan ces.
2. A OBSERVAÇÃO CHAMA A ATENÇÃO PARA O LIVRAMENTO
PRESENTE.
Pela bondosa mão do Senhor, no presente somos preservados -
De perigos de vida invisíveis.
De ataques sutis de Satanás.
Dos erros desmedidos dos tempos.
Do pecado inato e da corrupção natural.
3: A expectativa vê pela janela do futuro.
Somente a fé repousa em Deus, "em quem temos esperado", e através
dele, ela aguarda o futuro livramento:
De todas as futuras provações comuns.
Das perdas e aflições vindouras, e da enfermidade que nos pode
sobrevir.
Das debilidades e desejos da época.
Das tristezas peculiares da morte.
Essa expectativa nos faz caminhar cheios de contentamento.
II. O TEXTO APRESENTA TRÊS LINHAS DE ARGUMENTAÇÃO
1. Desde o começo, o Senhor liberta, e daí podemos afirmar que ele
ainda livrará, pois,
Ern nós não há motivo para que ele começasse a amar-nos. Se o
amor de Deus surge de sua própria natureza, esse amor prosseguirá.
O conhecimento que Deus tem, não é recente. Ele sabia, de antemão
de todo o nosso mau comportamento; daí, não há outro motivo
para que ele nos expulse.
2. Da atitude continuadora do Senhor em livrar, podemos afirmar
que ele ainda livrará, pois·
Seus livramentos têm sido tantos;
Tem demonstrado tanta sabedoria e poder;
Tem vindo a nós, quando temos sido tão indignos;
Tem prosseguido em linha ininterrupta.
III. O TEXTO ESTÁ ABERTO A TRÊS INFERÊNCIAS
1. Inferimos que sempre estaren1os em perigo, quanto à necessidade
de sermos libertos ; não sornos, portanto , tnagn ânimos, mas
ten1erosos.
2. Inferiinos nossa constante necessidade da própria interposição divina.
Só ele satisfez nosso caso no passado, e só ele poderá satistàzê-lo no
futuro; portanto , permaneceríarnos sernpre perto do Senhor.
3. Inferimos que nossa vida toda deveria estar cheia d e louvor a D eus,
o qual, no passado, no presente e no futuro é nosso Libertador.

17K
Em primeiro lugar, corno Deus ten1 un1 ternpo para todas as coisas, ass im
será para nosso livramento. Em segundo lugar, o tempo de D eus é o n1elhor
tempo. Ele é o melhor discernidor das oponunidades ..En1 terceiro lugar, esse
ternpo será quando ele houver realizado sua obra en1 nossas alrnas, especialn1cntc
quando ele nos houver feito confiar Nele. Como aqui, quando Paulo aprendeu
a confiar em Deus, então ele o livrou (Richard Sibbes).
Os nobres romanos não poderiarn ter dado maior prova de confiança, en1
sua cidade e no seu exército, do que quando compraram as terras que seus
inimigos cartagineses ocupavam, acampados ao redor da cidade.
E nós não podemos dar maior prova de nossa confiança em Deus do que
confiando nele, na terra que nossos inimigos, as trevas, e as enfermidades e os
problemas parecem possuir, e agindo, como se Deus fosse o senhor deles, e
mais poderoso do que todos eles. Isso é apenas agir de acordo com a verdade
(Sword and Trowel, 1887).

155. To das as Promessas


uPorque quantas são as promessas de Deus, tantas t ên1 nele o sirn;
porquanto tarnbén1 por ele é o an1én1 par~ glória ele Deus, por nosso
intern1édio" (2Co 1.20).

I. A DIGNIDADE DAS PROMESSAS. ELAS SÃO ((AS PROMESSAS DE


DEUS".
1. Cada uma delas foi feita por ele, de acordo com o propósito de sua
própria vontade.
2. Elas são os vínculos entre seus decretos e seus atos; são a voz do
decreto e o arauto do ato.
3. Elas demonstran1 as qualidades daquele que as proferiu . . São
verdadeiras, imutáveis, poderosas, eternas, etc.
4. Permanecem em união com Deus. Após um lapso de séculos, elas
ainda são as suas promessas tanto quanto o erarn, quando, .pela
primeira vez, ele as proferiu.
II. A VARIEDADE DAS PROMESSAS. "QUANTAS SÃO AS
PROMESSAS".
1. Elas se achan1 tanto no Antigo con1o no Novo Test::tmen tos; desde
o Gênesis ao Apocalipse, percorrendo séculos de ten1po.
2. São d e an1bos os tipos- condicionais e incondicio nais: pro1nessas
para derenninadas obras, e pron1essas de orden1 absoluta.
3. São de todos os tipos de coisas- corporais e espirituais, pesso::tis e
. .
gerais, eternas e te1npora1s.
4. Elas contêm bênçãos para vários personagens, tais como-
Os arrependidos: Lv26.40-42; Is55.7; 57. 15 eJr3.12,13.
Os crentes: Jó 3.16, 18; 6-47; At 16.3 1 e lPe 2.6 .
Os benfeitores: Sl 37.3,39,40; Pv 3.9, 1 O e At 10.35.
Os que orarn: Is 4 1.1 7; Lrn 3 .25; Mt 6.6 e 511 45.8.
Os obedientes: Ex 19. 5; Sl119.1-3els 1.1 9.
Os sofredores: Mt 5.10-12; Rm 8.17 e 1Pe 4.12-14.
III. A ESTABILIDADE DAS PROMESSAS. "AS PROMESSAS DE DEUS
TÊM NELE O SIM; PORQUANTO TAMBÉM POR ELE É O AMÉM'.
A palavra grega "sim" e a palavra hebraica "am ém'' são empregadas
para acentuar certeza, tanto aos gentios quanto aos judeus.
1. A estabilidade das promessas está em Cristo Jesus, além de todos os
riscos; pois ele é: ·
A testemunha da promessa de Deus
A segurança do pacto
A soma da substância de todas as promessas
O cumprimento das promessas, por sua real encarnação.
Sua morte expiatória, seu apelo vivo, seu poder de ascensão, etc.
·IY. RESULTADO DAS PROMESSAS. "A GLÓRIA DE DEUS, POR NOSSO
INTERMÉDIO".
1. Glorificamos seu amor condescendente em fazer a promessa.
2. Glorificamos seu poder, à medida que o vemos cumprindo a
promessa.
3. Glorificamo-lo por nossa fé, a qual honra sua veracidade, por esperar
as bênçãos que ele prometeu.
4. G lorificarno-lo etn nossa experiência, a qual prova que a promessa é
verdadeira.
Um orador, na reunião de oração da rua Fulton, disse: "Conto todos os
cheques como dinheiro em caixa, quando estou acertando as contas e levantando
o saldo", e assim , quando sentin1os que não ternos muitos dos bens deste
n1undo, pelo n1enos podemos agarrar-nos às promessas de Deus, pois .
representarn exatarnente saques à vista sobre a n1isericórdia divina, e podemos
contá-las entre nossas posses. Então nos sentirernos ricos, e é rica a aln1a que
confia na Palavra de D eus e ton1a suas promessas con1o algo para uso presente.
As pron1essas são con1o as roupas que usan1os: se houver vida no corpo,
elas n os aq uece1n; d o co ntr~1ri o, n ão. Quando h <i f é viva, a pron1essa
proporcionar;i agrac.Llvel conforto, mas nun1 coração n1orto e incrédulo, ela é
fria e ineficaz. Ela não ten1 n1ais efeito do que despejar un1 estiinulante cardíaco
na garganta de u1n defunto (Willian1 Gurnell).
Se confia nas promessas de Deus por si n1esn1as, e não confi a no Jcsu.'i
C risto que nelas está, tudo resultará em nada ... Qual a razão por que rantas
altnas trazem uma pr01nessa ao trono da graça e dele levam tão pouco? Ebs
confian1 na prornessa, sern confiar no Cristo que estci na prornessa (Ftzit!~ful
Teate) .
É quando essas promessas são reduzidas à experiência- quando as vemos
lilnpando-nos cle to~a a impureza da carne e do espírito, fazendo-nos ·
participantes da nCJ.tureza divina, levando-nos a andar dignos da vocação com
a qual somos chamados, enchendo-nos de bondade e benevolência, suportando-
nos de bon1 ânimo em todas as nossas provações- é então que elas glorificam
a Deus ((por nosso intermédio" (William Jay).

156. Tristeza e Tristeza


"Porque a tristeza segundo Deus produz arrependin1ento para a
salvação, que a ninguén1 traz pesar; 1nas a tristeza d o Inundo produz
n1orte" (2Co 7.10).

Já foi o tetnpo quando a experiência interior era considerada como tudo,


e a pregação experimental era a ordem do dia.
Os pecadores eram insensatamente influenciados-por certos ministros a
olhar para seus próprios sentimentos, e muitos começaram a buscar conforto
em sua própria n1iséria.
Agora é ((somente crer". E está muito certo; mas devemos discriminar.
Deve haver tristeza pelo pecado, a qual p roduz arrependimento.
I. AFASTAR CERTAS IDÉIAS ERRÔNEAS, COM RELAÇÃO AO
ARREPENDIMENTO E À TRISTEZA PELO PECADO
Dentre os enganos populares, devemos mencionar as suposições:·
1. De que a m era tristeza da n1ente, em referência ao pecado, é
arrependimento.
2. De que pode haver arrependimento, sem tristeza pelo pecado. ·
3. De que devernos atingir detenninado ponto de miséria e horror, ou
então não seren1os levados a un1 arrependin1ento aútêntico.
4. De que o arrependirnento ocorre urna vez, e então estará acabado.
II. DISTINGUIR ENTRE AS DUAS TRISTEZAS MENCIONADAS NO
TEXTO
I. A tristeza piedosa, que produz arrependiinento para <1 salvação, é:
Tristeza pelo pecado con1erido contra Deus.
Tristeza pelo pecado , o riunda de con1pleta 1nudança da Inente.

201
Tristeza pelo pecado, a qual aceita alegremente a salvação pela graça.
Tristeza pelo pecado, a que eleva à obediência futura.
2. A tristeza do rnundo é:
Causada pela vergonha de ser descoberto;
Assistida por severos pensamentos de Deus;
Leva à vexação e ao 1nau hun1or;
Incita o endurecimento do coração;
Lança a alma em desespero;
Produz a pior espécie de morte.
É preciso arrepender-se dessa tristeza, pois, em si mesma, ela é
pecaminosa e terrivelmente proliferadora de mais pecado.
III. TOLERARA NÓS COM MISERJCÓRDIA, EM TRISTEZA PIEDOSA
PELO PECADO
Venham, enchamo-nos de um pesar sadio, porque:
1. Temos quebrado uma lei perfeita e pura.
2. Temos desobedecido a um evangelho divino e gracioso.
3. Temos entristecido a um Deus bom e glorioso.
4. Te1nos menosprezado a Jesus, cujo amor é terno e ilimitado.
5. Temos sido ingratos, embora amados, eleitos, redimidos, perdoados,
justificados, e em breve, glorificados.
Em Romanos 2.2,4 temos um texto que poderá ajudar-nos aqui. Essas
duas insinuações aliadas, porém distintas, podem ser postas em linhas paralelas,
e tratadas como uma equação; assim:
<~ bondade de Deus é que te conduz ao arrependirnento".
c~ tristeza segundo Deus produz arrependünento".
Em resultado dessa comparação, aprendemos que a bondade de Deus
conduz ao arrependimento, pelo caminho da tristeza segundo Deus. A série
de causa e efeito corre assim: bondade de Deus, tristeza segundo Deus,
arrependimento.
Não nos enganemos: medo do inferno não é tristeza pelo pecado; pode
ser nada mais do que lamentar, porque Deus é santo.
Tão duro é o coração há rnuito acostumado ao n1al, que nada pode derretê-
lo senão a bondade; e nenhlllna bondade, senão a de Deus; e nenhu1na bondade
dl' D e us, sen5o a maior. Graças a D eus por seu do m indizível. ((Olhando para
.Jes us" é o grande re1nédio pa ra produzir tristeza segundo Deus, num coração
hu1nano.
Era un1 coração duro que trem ia sob os raios d e seu olhar an1oroso no
u1nb ral da sala d e julgamenro de Pilatos. Quando Jesus olhou para Pedro,
Pedro saiu e cho ro u. O amo r de E m a nuel não perd eu e m nada seu poder
derretedor; os mais duros corações, quando fican1 expostos a ele, devem Huir
em breve. A bondade de Deus, corporificada em Cristo crucificado, torna-se
sob o 1ninisrério do Espírito, a causa da tristeza segundo Deus nos crentes
(William Arnot).
Pecado, arrependimento e perdão asse1nelh_am-se aos três meses prilnaveris
do ano - setembro, outubro e novembro. O pecado entra como seten1bro,
estrondoso, teinpestuoso e cheio de forte violência. O arrependimento sucede·
como outubro, chuvoso, choroso e cheio de lágrimas. O perdão segue como
novembro, brotando, cantando, cheio de alegria e flores. Nossos olhos devem
estar cheios de outubro, com tristeza de arrependimento; e então nossos corações
estarão cheios de novembro, com alegria verdadeira do perdão (Thomas Adams).

157. Uma Consulta a Ser Evitada


"Sen1 detença, não consultei carne e sangue" (Gl 1.16).

Paulo, uma vez convertido, tomou um curso indepe.n dente.


Sendo ensinado por Deus,
Não consultou àqueles que já eram crentes, para que não parecesse haver
recebido sua religião de segunda mão.
Não consultou parentes, que lhe teriam aconselhado cautela.
Não consultou seus próprios interesses, todos eles postos e1n direção
contrária. Esses ele considerou como perda, por amor a Cristo.
Não consultou a sua própria segurança, mas arriscou a vida por Jesus.
I. A FÉ NÃO PRECISA DE GARANTIA, MAS DA VONTADE DE DEUS
1. Bons homens, em todos os ternpos, têm atuado de acordo com esta
convicção.
Noé, Abraão, Jacó, Moisés, Sansão, Davi, Elias, Daniel, os três que
foram lançados na fornalha, etc.
2. Pedir 1nais é praticainente renunciar ao Senhor como nosso
Comandante e Guia, e elevar o home1n e1n seu lugar.
3. Hesitar por causa de seus próprios interesses é desafiar aberran1ente
ao Senhor. ·
II. O PRINCÍPIO TEM UMA AMPLA ÁREA DE APLICAÇÃO
1. A deveres conhecidos.
Em abandonar o pecado, não deven1os consultar a sociedade.
No trato honesto, não deven1os consultar o costume do com ércio.
Na consagração a Cristo, não devemos adorar o padrão inferior que
é tão cotnum entre nossos irn1ãos cristãos.
No serviço, não deven1os consultar o gosto pessoal, a facilidade, a
honra, a perspectiva de progresso ou a remuneração.
2. A serviço especial. Não deve mos ser iinpedidos deste por:
Considerações de fraqueza pessoal.
Considerações de falta de 1neios visíveis.
Considerações de como o utros interpretarão nossos atos.
Não consultem aqui ne1n mesmo a seus irmãos, pois:
Bons homens podem não ter a sua fé.
Não podem julgar a sua vocação.
Não podem afastar a sua responsabilidade.
III. O PRINCÍPIO RECOMENDA-SE A NOSSO MELHOR
JULGAMENTO
Ele se justifica por:
1. O juízo que exercemos sobre outros.
Culpamo-los, quando não têm opinião própria.
Aplaudimo-los, se são corajosamente fiéis.
2. O juízo de uma consciência esclarecida.
3. O juízo de um leito de morte.
' 4 . O juízo de u1n mundo eterno.
((Senhor", disse o Duque de Wellington a um oficial de engenharia que
insistia na impossibilidade de executar as instruções que recebera, <<não peço a
sua opinião; eu lhe dei minhas ordens, e espero que sejam obedecidas".
Essa deveria ser a obediência de todo seguidor de Jesus. As palavras que
ele proferiu são nossa lei. Não ten1os pennissão de opor a elas nossos julgamentos
ou fantasias. Mesmo que houvesse n1orte no ca1ninho,
((Não nos cotnpete discutir por quê:
Só nos cabe ousar e 1norrer";
E, ao 1nandado de nosso Mestre, avançar através de torrentes de águas ou
cha1nas (Feather for Arrows).
Mas esta é dura lição de ser aprendida. Faz algun1 ten1po, li a respeito de
u1n capitão alen1ão que a descobriu. Ele adestrava uma companhia de
voluntários. O terreno de exercício era um can1po à be ira n1ar. Os homens
estavam se saindo muito be1n nos exercícios; porén1, o capitão achou que deveria
dar-lhes uma li ç3o .sobre obediência às ordens. MarchavJm para cima e para
baixo, na linha da <Ígua, a algun1a distância d esta. Por fin1 , ele lhes deu orden1
de 1narchar direramente en1 direção ~l ~ígua, e ve r até que ponto iria m.
()s hon1ens es tão marchando ao longo da água. "Co1npanhia, ·alto", diz o
capitão. Em um mon1enro eles paran1. "À direira, volver", é apróxitna ordem.
No mesn1o instante começam a marchar diretan1ente para a ~ígua; enquanto
.z ,'-\4
n1archam, mais e mais se aproxin1an1 dela. Logo chega1n à margen1 da água.
Então há uma parada repentina. ''Por que parara1n? Eu não disse alto,, grito u
o capitão. ((Ora, capitão aqui está a água,, disse utn dos soldados". "Ben1, e o
que ten1 isso? , , gritou ele, grande1nente excitado. "Água nada é; fogo nada é;
tudo é nada. Quando eu digo Em fi·ente, marchar, então vocês deve1n 1narchar
en1 frente". O capitão estava cerro; o prin1eiro dever de un1 soldado é aprender
a obedecer (Dr. Richard Newton).
Deus leva o homem a executar aquilo para o que ele foi chamado. Eu
en1preenderia governar 1neia dúzia de mundos, se Deus me chamasse para
tanto; mas se ele não me chamou a fazê-lo, não me atrevo a governar meia
dúzia de ovelhas (Dr. Payson).

158. Sob Prisão


"Mas, antes que viesse a fé, estávan1os sob a tutela da lei e nela
encerrados, para essa fé que, de futuro, baveria de revelar-se" (013.23).

Temos aqui un1a história condensada do mundo, antes que o evangelho


fosse plenamente revelado pela vinda de nosso Senhor Jesus.
A história de cada alma salva é uma semelhança, em miniatura, da história
dos séculos. Deus age de acordo com os mesmos princípios, tanto com a raça
11lunana como com os indivíduos.
I. O PERÍODO INFELIZ. ''ANTES QUE VIESSE A FÉ".
1. Por natureza, não tínhamos idéia de fé. Jamais ocorreria à mente
humana que poderíamos ser salvos pela confiançà em Jesus.
2. Quando ouvimos falar da fé con1o meio de salvação, não a
entendemos. Não podería1nos persuadir-nos de que as palavras
empregadas pelo pregador tivessem o seu sentido comum e USl;lal.
3. Viinos a fé en1 outros, e nos n1aravilhamos con1 seus resultados; mas
não poderíamos exercê-la por nós mes1nos.
4. O motivo dessa incapacidade era 1noral, e não n1ental:
Éran1os orgulhosos, e não cuidávatnos de renunciar à nossa justiça
própria. Não podería1nos apreender o conceito de salv~ção pela fé,
por ser algo contrário ao curso con1tun de nossas opiniões.
II. A CUSTÓDIA EM QUE NOS ENCONTRÁVAMOS. "ESTÁVAMOS
SOB A TUTELA DA LEI".
J. Esdvarnos sempre d entro da esfera da lei. Na realid ade, 1úo h ~í
como sair dela. Con1o rodo o mundo era son1ente un1a pri são para
o homl'm que ofendia a C ésar, assin1 rodo o unive rso n8.o é n1elhor
do que uJna prisão para o pecador.
2. Estamos sempre esperneando contra os laços da lei, pecando e
queixando-nos, porque não pudemos pecar mais.
3. Não teríamos coragem de on1iti-la totalmente e desafiar o seu poder.
Assim, no caso de muitos de nós, ela nos impediu e nos manteve
cativos, con1 suas aborrecidas proibições e ordenanças.
4. Não podería1nos encontrar descanso. A lei despertou a consciência,
e temor e vergonha acompanham tal despertamento.
5..Não poderíamos nem mesmo cair na letargia do desespero; pois a
lei excitou a vida, embora não nos permitisse ter esperança.
III. A REVELAÇÃO QUE NOS LIBERTA: ((A FÉ QUE DE FUTURO
HAVERIA DE REVELAR-SE''. A ÚNICA COISA QUE PODERIA
TIRAR-NOS DA PRISÃO, ERA A FÉ. A FÉ CHEGOU, E ENTÃO
ENTENDEMOS:
1. O que deveria ser crido.
Salvação por intermédio de outrem.
Salvação do tipo muitíssimo abençoado, gloriosa1nente segura e
completa.
Salvação por intermédio de pessoa gloriosíssima.
• 2. O que era crer.
Vimos que era "confiança", implícita e sincera.
Vimos que era cessação do ego e obediência a Cristo.
3. Por que cren1os.
Estávamos encerrados para esse único meio de salvação.
Estávamos excluídos de todos os outros.
Estávamos compelidos a aceitar a graça livre, ou perecer.
A lei e o evangelho são duas chaves. A lei é a chave que encerra todos os
homens sob condenação, e o evangelho é a chave que abre a porta e os deixa
sair (William Tyndale) ..
A lei desempenha o papel de uma sentinela que guarda todas as avenidas,
exceto uma, e esta conduz à fé do evangelho aqueles que são forçados a tomá-
la. Eles estão encerrados para essa fé como sua única alternativa- à semelhança
de un1 initnigo levado pelas táticas superiores de um general adversário a tomar
uma única posição, en1 que pode n1anter-se, ou fugir para a única cidade em
que pode achar refúgio ou segurança. Esse parece ter si do um estilo favorito da
argun1entação de Paulo, e o n1odo pelo qual n1uitas vezes levou a cabo un1a
guerra intelecrua l com os inimigos da causa de se u Jv[cs rre. Constitui a base
daquela magi s rr~1l e decisiva seqüência de raciocínios que remos en1 sua epístola
~1os Romanos.
A lei visava a preparar os homens para Cristo, ao mostrar-lhes que não há
outro meio de salvação, exceto por intennédio dele. Tinha ela dois fins especiais:
o prin1eiro era trazer as pessoas que vivia1n sob seu domínio, à consciência do
domínio mortal do pecado, para encerrá-las, por assim dizer, numa prisão da
qual somente uma porta de escape seria visível, a saber, a porta da fé em Jesus.
A segunda intenção era cercar e guardar a raça escolhida à qual a lei fora
dada- a fim de mantê~la como povo peculiar, separado de todo o mundo, de·
sorte que, no tempo próprio, o evangelho de Cristo pudesse brotar desse povo
e sair dele como a alegria e o consolo de toda a raça humana (T. G. Rooke) .

159. Impedimentos Vários


"Vós corríeis b e1n; quen1 vos in1pediu de continuardes a obedecer à
verdade?" (015.7).

Jan1ais censurem indiscriminadamente; adn1itam e louvem aquilo que é


bo1n, para que possam mais eficazmente reprovar o mal. Paulo não hesitou em
louvar aos gálatas, e dizer: "Vós corríeis bem" . .
I. DEVEMOS USAR O TEXTO COM REFERÊNCIA AOS CRENTES
IMPEDIDOS
1. Evidentemente estão impedidos.
Não são tão amáveis e zelosos como foram.
Estão abandonando a antiga fé em troca de novos conceitos.
Estão perdendo sua primeira alegria e paz.
2. Que1n os impediu?
Fui eu? Então orem por seu pastor.
Foram seus innãos? Devem ter sido prova contra eles; não poderiam
pretender fazê-lo. Orem por eles.
Foi o mundo? Por que tanto no Inundo?
Foi o diabo? Resistam a ele.
Não foram vocês mesmos? Isso é altamente provável.
Será que, por orgulho, não se tornaran1 auto-satisfeitos?
Não negligenciaram a oração, a leitura da Bíblia, os n1eios públicos
da graça, a 1nesa do Senhor, etc.?
.1. Deven1 consider;i-lo, e apressar seu passo.
Seu prejuízo j<1 é grande. Podiam, por este tempo, já estar longe no
ccun i n ho.
sua tendência natural sed ainda n1ais afrouxada.
É grande o seu perigo de seren1 apanhados po r erro c pec 1do.

Jl'
' ~~
I
II. DEVEMOS USAR O TEXTO COM REFERÊNCIA AOS PECADORES
RETARDATÁRIOS
1. Às vezes fo rarn incitados a correr.
Deus ten1 abençoado sua Palavra, p ara seu d espenarnento.
D e us ainda não os abandonou; isso é evidente.
O caminho da salvação d e Deus ainda está aberto perante vocês.
2. O que os tem impedido?
.A justiça própria e a confiança en1 si rnesmos?
A falta de cuidado, a procrastinação, a negligência?
O amor da auto-indulgência, ou a prática secreta de pecados agradáveis?
Companhias frívolas, céticas ou perversas?
Descrença e desconfiança quanto à misericórdia d e Deus?
3. Os piores males decorrerão de estarern impedidos.
Aqueles que não obedecern à verdade tornar-se-ão confiantes nas
mennras.
Verdade não obedecida é desobedecida, e assim o pecado se
multiplica.
A verdade desconsiderada torna-se acusadora, e seu testemunho
assegura a nossa condenação.
Deus tenha n1isericórdia dos impedidores. Devemos reprová-los.
Deus tenha misericórdia d os impedidos. Devemos despertá-los.
Cecil diz que alguns adoram a máxima indiana de que é melhor andar do
que correr; é melhor ficar de pé do que andar; e é rnelhor sentar do que ficar de
p é; e é melhor d eitar-se do que sentar-se.
Esse n ão é o ensino do evangelho. É coisa boa estar andando no caminho
d e Deus, rnas é n1elhor estar correndo -fazendo progresso real e visível, dia a
dia avançando em experiência e em realizações. Davi compara o sol a um
homern forte que se regozija em correr urna corrida; n ão tern medo dela nem
recua por causa dela, mas deleita-se na oportunidade de p ô r à rnostra todos os
seus recursos. Quern assim corre, corre bem (The Christian- O Cristão).
Alguns estão ocupados demais; corre1n em den1asia de un1lado para outro,
e por isso não podem correr be1n; alguns corrern rnuito depressa na saída;
fican1 sem fôlego (T. T. Lynch).
É possível que os irm}os na fé possc.m1 entravar. Mu itas vezes, son1os
obrigados a a justar nossa m a rch a à de nossos companheiros d e viagen1. Se são
v;1garosos, é muito prov;Í.ve l que também nos ro rn en1os vagarosos. Son1os
capazes d e dormir con1o donnen1 os demais. So mos estimulados ou ~1eprirnidos,
apressados ou re tardados por aqueles com os quais nos associan1 os na
L"~tm ~Ha<.bge m c risr;l .
Há, ainda, n1aior motivo p ara temer que, em rnuitos casos, os an1igos e
companheiros mundanos sejam os irnpedido res. Na verdade, nada mais poden1
ser do que isso. N inguén1 pode ajudar-nos n a corrida senão aqueles que estão
correndo: todos os den1ais d evem entravar. Permita-se a um cristão fonnar
amizade intiina con1 uma pessoa ímpia e, a partir desse rnomento, todo o
progresso estacionará; ele deve voltar; pois, quando seu companheiro vai na
direção contrária, como pode o cristão caminhar com ele, a não ser que vire as
costas para o caminho por onde antes trilhava? (P.).
Um marinheiro observa - "Navegando de Cuba, pensávamos que
havíamos percorrido cento e vinte quilômetros em nosso curso; mas na próxima
observação, verificamos que havíamos perdido mais de quarenta. Era uma
corrente m arítÍina inferior. O navio ia à frente, impulsionado pelo vento, mas
voltava por fo rça da corrente".
Assim, o curso de um ho1nem na religião pode, muitas vezes, parecer
direito e progressivo, mas a subcorrente de seus pecados costumeiros leva-o
para caminho muito contrário do que ele pensa (Ch~eve~).

160. O Escândalo da Cruz


"Logo, está desfeito o escândalo da cruz" (Gl 5.11).

Paulo pretende declarar aqui que o escândalo da cruz nunca cessou, e


nunca poderá cessar. Supor que cessou é loucura.
A religião de Jesus é muitíssimo pacífica, suave e benevolente.
Entretanto, sua história mostra que ela tem sido assaltada com o m ais
arnargo ódio, todo o tempo. Ela é claramente ofensiva à m ente não regenerada.
Não há motivo para crer que ela seja um pouquinho mais agradável ao
mundo do que era antes. O mundo e o evangelho continuarn inalterados~
I. ONDE RESIDE O ESCÂNDALO DA CRUZ?
1. Sua doutrina de expiação escandaliza o orgulho do homen1.
2. Seu ensino simples escandaliza a sabedoria do homem e ·sua
artificialidade.
3. O fato de ser um rernédio para a ruína do hon1em escandaliza seu
pode r in1aginário d e salvar-se a si próprio.
4. O f:.uo de dirigir-se a todos os pecadores escandaliza os Euiseus.
S. Sua vinda com o un1a revelação escandaliza o ''pensan1enro moderno".
6. Sua elevada santidade escandaliza o amo r do hor11em ao pecado.
II. COMO SE MOSTRA ESSE ESCÂNDALO?
l. Con1 freqüê nc ia, pela persegu ição real aos crentes.
2. Na maioria das vezes, caluniando os crentes e menosprezando-os
com o antiquados, tolos, débeis mentais, taciturnos, presunçosos, e
assim por diante.
3. Muitas vezes, deixando de pregar sobre a cruz. Muitos, atualmente,
pregam um evangelho sem Cristo, sem sangue.
4. Ou por introduzir novos significados nos vocábulos ortodoxos.
III. QUE SUCEDE ENTÃO?
1. _N isso está a loucura, que os homens se escandalizam:
Com aquilo que Deus ordena;
Com aquilo com que devem ganhar o dia;
Com a única coisa capaz de salvá-los;
Com aquilo que está repleto de sabedoria e beleza.
2. Nisto está a graça: ·
Que nós, que outrora éramos escandalizados pela cruz, agora
achamos que ela é:
A única esperança de nossos corações;
A grande alegria de nossas almas;
O alegre motivo de ufania de nossas línguas.
• 3. Nisto está a busca do coração:
Talvez estejamos secretamente escandalizados com a cruz.
Talvez não escandalizemos os que têm ódio à cruz. Muitos cristãos
professos nunca escandalizam aos mais ímpios.
Será que é pelo faro de não darem testemunho da cruz?
Os pregadores que aderem ao espírito do século, pertencem ao mundo, e
o mundo os ama; nós, porém , devemos rejeitá-los.
Não nos angustiemos com o escândalo da cruz, mesmo quando ele nos
alcançar com o mais an1argo escárnio.
Busquemos tal escândalo e aceitemo-lo COlTIO sinal de que estamos no
caminho certo.
Há, na mente humana, uma necessidade que nada, senão a expiação,
pode satisfazer, embora seja pedra de tropeço para os judeus, e loucura para os
gregos. Nas palavras de Henry Rogers: "Adapta-se à natureza humana como
utn remédio an1argo pode servir para un1 paciente. Aqueles que o tomaram,
que experimentaram sua eficácia e recuperaran1 a saúde espiritual, alegremente
proclan1an1 seu valor. Mas aqueles que não o romaran1, e não o experi n1enraran1,
para esses ainda é uin veneno desagrad~:ível".
Abro um livro antigo, escrito por Arnôbio , em oposiçilo ao c~·isrianistno ,
e leio: "Nossos deuses não se desagradan1 de vocês, cristãos, por adoraren1 o
Deus Todo-Poderoso; tnas vocês tnantêm a di vindade de alguén1 que tnorreu .
na cruz, e crêe m que ele ainda est::í vivo, e o ado ram com süplicas diárias" .
l l)()
Mostraram-me em Roma, no Museu Kircheriano, uma placa de reboco
de uns trinta centímetros quadrados, que pertenceu a um muro de u1n palácio
descoberto, no monte Palatino, não faz muitos anos. No pobre barro estava
traçada uma cruz na qual havia uma figura hwnana com a cabeça de anitnal. A
figura estava pregada na cruz, e, diante dela, estava representado um soldado
de joelhos, e estendendo as 1nãos na atitude grega de devoção. Em baixo de
tudo estava rabiscado <:;m letras gregas, muito grosseiras: "Alexanmenos adora·
ao seu deus".
Aquela representação do pensamento central do cristianismo foi feita num
momento de zombaria, por algum soldado rude, nos dias de Caracala; mas
agora ele fulgura em Roma, como um monumento majestosíssimo de sua
época no mundo (Joseph Cook).
A cruz é a força de um pastor. De minha parte, não sairia sem ela para o
1nundo. Eu me sentiria como um soldado .sem armas, como um artista sem
seu pincel, como um piloto sem bússola, como um operário sem ferramentas.
Outros, se quiserem, que preguem a lei e a moralidade.
Outros, que falem dos terrores do inferno e das alegrias do céu. Outros,
que encharquem suas congregações com ensinos acerca dos sacramentos e da
igreja. Dêem-me a cruz de Cristo. Essa é a única alavanca que até aqui tem
revirado o mundo de cabeça para baixo, e tem feito os homens abandonarem
os seus pecados.
E, se esta não o fizer, nada o fará. Um homem pode começar pregando
com perfeito conhecimento do latim, grego e hebraico; mas fará pouco ou
nenhum be1n a seus ouvintes, a menos que conheça algo da cruz. Nunca
houve pastor que fizesse muito para a conversão de almas, e que não se
apegasse muito ao Cristo crucificado. Lutero, Rutherford, Whitefield,
M'Cheyne foram, todos eles, eminentíssimos pregadores da cruz. Essa .é a
pregação que o Espírito Santo ten1 prazer em abençoar. Eles amam honrar
àqueles que honram a cruz (J. C. Ryle).
Meus pensamentos, outrora ligeiros em torno de coisas prejudiciais para
en tretecer,
Que são agora, quando duas 1nortes horrendas estão próximas?
U1na impede, a outra sacode a sua lança.
En1 vão suspiro pela ajuda da pintura e da escultura:
Meu único refúgio é aquele amor divino,
Que da cruz estendeu seus braços para salvar.
Últánas linhas escrita!>' por Miguel Ângelo, quando estrwa com mais de
oitenta r1nos de idade.
16 1. Semeando e Colhendo
"Não vo s e nganeis: de Deus não se z on1ba; pois aquilo que o b o tne 1n
sen1ear, isso ta1nbén1 ceifarán (Gl 6.7).

I. DEUS NÃO É OBJETO DE BRINCADEIRA


1. Quer pelas noções de que não haverá recompensas nem castigos.
2. Quer pela idéia de que simples profissão de fé basta para salvar-nos.
3. ·Quer pela imaginação de que escaparemos no n1eio da multidão.
4. Quer pela suposição supersticiosa de que determinados ritos
endireitarão tudo, afinal, quaisquer que tenham sido as nossas vidas.
II. AS LEIS DE SEU GOVERNO NÃO PODEM SER POSTAS DE LADO
1. É assim na natureza. A lei é inexorável. A gravitação esmaga o homem
que se opõe a ela.
2. É assin1 na providência. Maus resultados certamente advêm de erro social.
3. A consciência diz-nos que assim deve ser. O pecado deve ser punido.
III. SEMEADURA DO MAL TRARÁ COLHEITA DO MAL
1. Isso se vê no presente resultado de certos pecados.
Pecados de luxúria trazem doença para a estrutura do corpo.
Pecados de idolatria têm conduzido os homens a práticas cruéis e
degradantes.
Pecados de temperamento têm causado crimes, guerras, contendas
e misérias.
Pecados do apetite, especialmente a embriaguez, causam necessidade,
miséria, delírio, etc.
2. Isso se vê, quando o pecador fica desapontado com o resultado de
sua conduta.
Sua malícia lhe consome o coração; sua ganância lhe devora a alma;
sua infidelidade lhe destrói o conforto; suas paixões violentas lhe
agitan1 o espírito.
IV. A SEMEADURA DO BEM TRARÁ COLHEITA DO BEM
l.Quais são as suas sementes?
Com relação a Deus, no Espírito se1nean1os fé e obediência.
Con1 relação ao h01nem, aznor, verdade, justiça, bondade, tolerância.
Con1 relação a si próprio, controle do apetite, pureza, etc.
2. Qual é a colheita do Espírito?
Vida eterna em nós, e m o rada no céu, p<lra todo o sem pre.
Não se trata de questão aberta, e 111 absoluto, se devo sen1ear hoj e ou não;
a única questão a d ecidir é : scn1earei o bem o u o mal ? Todo homem sempre
cs d sem eando para sua própria colheir<1 na eternid ad e, ou pragas ou rrigo.
Confonne o homem setneia, assim também colherá; aquele que setneía o ventu
da vaidade, colherá o vendaval da ira.
Suponhan1os que utn homem recolha certa quantidade de pedrinhas
111iúdas e as pinte cuidadosatnente, de sorte que pareçan1 trigo, e as semeie em
seus ca1npos na primavera, esperando uma colheita de trigo con1o seu vizinho,
na época da ceifa. Esse home1n está louco; é um tolo em pensar que por um
truque imbecil pode escapar às leis da natureza e zombar do Deus da natureza.·
Entretanto, igualmente tola é a conduta, e muito mais· pesado o castigo
do homem que semeia a perversidade agora, e espera ceifar segurança final. O
pecado não é tão somente inútil e desastroso; é, eminentemente, um trabalho
enganador. Os homens não se atiram fora de propósito; o pecado ilude ao
pecador e fá-lo perder a alma.
Mas semear a justiça nunca foi, e nem é, agora, trabalho perdido. Todo
ato é feito pela graça de Deus e, a seu comando, é vivo e frutuoso. Pode parecer
que sai da vista, como a semente sob o solo; porém , surgirá de novo. Cristãos,
lancemos a semente! A vista não acompanhará a semente até longe; mas quando
a vista falha, semeie1n em fé, e colherão b reven1en te erri alegria (Willian1 Arno t).
Pensa algué1n que perderá por causa de sua caridade? Nenhum homem
do mundo, quando semeia sua semente, pensa que a perderá; espera aUinento
da colheita. Ousa você confiar no terreno, e não em Deus? Por certo Deus é
tnelhor pagador do que a terra; a graça concede maior recompensa do que a
natureza. Cá e1n baixo você pode receber quarenta grãos por um; mas no céu
(pela promessa de Cristo), ce1n vezes mais: boa medida, recalcada, sacudida e
transbordante.
"Bem aventurado o que acode ao necessitado"; aí está a semeadura: ''O
Senhor o livra do dia do mal" (5141.1); eis a colheita. Isso é tudo? Não. Mateus
25.35: "Tive fon1e e me destes de comer; tive sede e 1ne destes de beber" -
confortaste-me na miséria; aí está a setneadura. Venite, beati. "Vinde, benditos
de tneu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado"; essa é a colheita
(Th01nas Ada1ns).

162. Medindo o Imensurável


"Segundo a riqueza ela sua g lôria ... conbec er o mnor de Cristo, que
exceclt' todo enten ~lin1e1Üo, para que sejais tunwclus ele hlLLl cl

plenitude de Deus" (Ef .3.16- 19).

Ele queria que n1edíssen1os o imensudvel, 1nas prin1eiro ele nos bria
adequados para ran to.
Faren1os nosso ponto principal a quádrupla medição, porém, notaremos
aquilo que vem antes, e aquilo que vem depois.
I. O PREPARO PRÉVIO EXIGIDO PARA ESSA MEDIÇÃO
1. Ele queria que os homens tivessem suas faculdades espirituais vigorosas.
HO homem interior": compreensão, fé, esperança, amor, todo o poder
necessário", procedente de uma fonte divina.
"Mediante o seu Espírito,. O poder exigido é espiritual, santo,
celestial, divino, realmente concedido pelo Espírito Santo.
2. Ele queria ter o assunto sempre diante deles.
"E assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé,.
"Nos vossos corações". O amor deve aprender a medir o amor de Cristo.
É revelado ao cor;1ção, de preferência ao intelecto.
''Pela fé". O homem carnal mede pela vista; o santo, pela fé.
3. Ele queria tê-los exercitados na arte da medição.
"Estando vós arragaidos e alicerçados em amor", etc.
Nós mesmos devemos amá-lo, se quisermos medir o amor de Cristo.
II. MEDIÇÃO
1. A largura. Imensa.
Abrangendo todas as nações. "Pregai o evangelho a toda criatura" ..
Cobrindo hostes de iniqüidades. "Toda sorte de pecado".
Abrangendo todas as necessidade, cuidados, etc.
Conferindo bênçãos ilimitadas para esta vida e no mundo vindouro.
2. O comprimento. Eterno.
Amor eterno na fonte. A eleição e a aliança.
Amor incessante no seu fluxo. Redenção, chamamento, perseverança.
Amor permeado de paciência. Longanimidade, perdão, fidelidade,
paciência, imutabilidade.
Amor ilimitado, em comprimento, excedendo a extensão de nosso
pecado, sofrimento, apostasia, idade ou tentação.
3. A profundidade. Incompreensível.
Inclinação do amor divino, condescendendo em considerar-nos,
comungar conosco, receber-nos em amor, suportar nossas faltas, e
erguer-nos de nosso baixo estado.
Inclinação do amor, personificado en1 Cristo.
Ele se inclina, e se faz encarnado; suporta nossas tristezas; carrega
nossos pecados e sofre nossa vergonha e n1one.
Onde está a n1edida de tudo isso?
Nossa fraqueza, vileza, pecaminosidade, desespero co ns"rituen1 urn
faror de n1edição.
294
Sua glória, santidade, grandeza, divindade, formam o o utro fato r.
4. A altura. Infinita.
Conforme desfrutada ern privilégio presente, estando unido com Jesus.
Conforme revelada na glória futura.
Como nunca será plenan1ente compreendida pelos séculos.
III. RESULTADO PRÁTICO DESSA MEDIÇÃO. "PARA QUE SEJAIS
TOMADOS DE TODA A PLENITUDE DE DEUS".
Eis palavras ,cheias de mistério, dignas de ponderação.
Tomados. Que grandes coisas o homem pode ter!
Tomados de Deus. Que exaltação!
Tomados da plenitude de Deus. O que deve ser isso?
Tomados de toda a plenitude de Deus. Que mais se poderia imaginar?
Na históri a do evangelho verificamos que Cristo teve quádrupla
hospitalidade entre os filhos dos homens; alguns o receberam em casa, e não
no coração, como Simão, o fariseu, que não lhe deu ósculo, nem água para os
pés; alguns o receberam no coração, mas não em casa, como Nicodemos e
outros; alguns nem no coração e nem em casa, como os malvados, imundos
gerasenos; alguns, tanto em casa como no coração, à semelhança de Lázaro,
Marta e Maria.
E que assim façam todos os bons cristãos; esforcem-se para que Cristo
habite em seus corações, pela fé; para que seus corpos se tornem templos do
seu Espírito Santo; para que agora, na vida presente, enquanto Cristo está à
porta de seus corações, batendo para encontrar guarida, destravem eles suas
almas e o deixem entrar; pois, se têm alguma esperança de ~ranspor as portas
de
da cidade Deus, no futuro, devem abrir os corações, as portas de sua própria
cidade, para ele, aqui neste mundo (John Spencer).
<<Quanto maior o diâmetro da luz, tanto maior a circunferência das trevas".
Quanto mais sabe um homem, tanto mais pontos de contacto ele estabelece
com o desconhecido.

163. O Verdadeiro Aprendizado


"Mas não foi assin1 que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o
tendes o uvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade en1 Jesus n
(Ef 4.20-21 ).

I. NOSSALIÇÃO. "APRENDESTES A CRISTO".


Esse aprender a C risto é:
Muito 111ais do que aprender d outrina, preceito ou cerimônia.
Muito tnais do que conhecer a Cristo, ou aprender de C risto.
Inclui diversas formas de conhecimento.
1. Conhecê-lo como um Cristo pessoal.
2. Conhecer sua natureza e tratar com ele, conseqüentemente.
3. Conhecer seus ofícios e como usá-los.
4. Conhecer sua obra concluída para Deus e para nós.
5. Conhecer sua influência sobre os homens, e experimentá-la.
6. Conhecer, por aprender a Cristo, o caminho para viver com ele.
II. DE 'Q UE MODO NÃO TEMOS APRENDIDO A LIÇÃO
1. A ponto de permanecermos onde estávamos antes. Inalterados, mas
em paz.
2. A ponto de desculpar o pecado, por causa de sua expiação.
3. A ponto de sentir liberdade de pecar, por causa do perdão.
4. A ponto mesmo de cometer pecado e1n nome de Cristo.
5. A ponto de confessar que não podemos vencer o pecado e, assim,
nos assentarmos sob o domínio de alguma tentação constitucional.
6. A ponto de professarmos reverência por seu nome e caráter, e então
pensar pouco na verdade que ele revela.
III. DE QUE MODO TEMOS APRENDIDO A LIÇÃO
Conhecemos a verdade, e a conhecemos em sua melhor luz:
1. Conforme ensinada diretamente por ele e por seu próprio Espírito.
2. Conforme corporificada, distintamente, em sua vida e em seu caráter.
3. Conforme ela se relaciona com ele e o honra.
''Nesse caso", disse ele, ((tendes aprendido a verdade, conforme ela está
em Jesus'', a qual, como outras doutrinas dos filósofos, não os ensina a despir-
se dos males de sua conversação exterior s01nente, e vestir uma nova conversação
na antiga natureza, con1o mna pele de ovelha numa natureza d e lobo; aquele
que não mais corresponde àquela verdade da graça que Cristo exige; porém,
ela ensina a despir-se do velho homem, cotno a causa de todos os males na
conduta externa; e isso é o que ele queria dizer, quando disse: «Quanto ao
trato passado, vos despojeis do velho homem", sem o que é impossível reformar
a conduta (Thomas Goodwin).
Uma ilustração das observações precedentes encontra-se e1n Lord Ches-
terfield, que treinou seu filho único, não para a bandonar o vício, n1as para ser
um cavalheiro na prática.
Algumas pessoas, em vez de se "despojarem do velh o homem", vestetn -
no melhor ainda, em nova l~> rma (Bernardo) .
A sabedoria não san tificada é a tnelho r ferran1enta do diabo.
Um punhado de vida decente vale um barril de aprendizado.
164. Calçados Celestiais
acalçai os pés COlll a preparação elo evangelbo da paz (Ef 6.15).
n

I. EXAMINEMOS OS CALÇADOS
1. Eles vêm do bendito fabricante. Aquele que é habilidoso en1 todas
as artes, e sabe, por experiência, o que é necessário, visto como ele
rnesrno can1~nhou pelos mais ásperos caminhos da vida.
2. Eles são feitos de material excelente: ((a preparação do evangelho da
paz". Bem experimentado, macio no uso, durável.
Paz com Deus quanto ao passado, futuro e presente.
Paz com a Palavra, e1n todos os seus ensinamentos.
Paz interior consigo mesmo, sua consciência, temores, desejos, etc.
3. São calçados tais como Jesus usou, e todos os santos também.
4. São de natureza tal que nunca se desgastam: são velhos, mas sempre
novos; podemos usá-los em todas as épocas e en1 todos os lugares.
II. EXPERIMENTEMOS CALÇÁ-LOS
Observemos com prazer:
1. Como eles se ajustam perfeitamente. São feitos para servir a cada
um de nós.
2. Como eles apóiam de modo excelente: podemos pisar com santa
ousadia sobre nossos lugares elevados, com esses calçados.
3. A força de marcha que têm para o dever diário. Ninguém se cansa
ou sente os pés feridos, quando está calçado assim.
4. A maravilhosa proteção que dão contra as dificuldades do caminho,
((Pisarás o leão e a áspide" (SI 91.13).
III. OLHEMOS PARA OS DESCALÇOS AO NOSSO REDOR
O pecador está descalço. Entretanto, dá pontapés nos espinhos. Como
pode ter esperanças de completar a peregrinação celestial? O seguidor
está com sapatos gastos, ou então com sapatos apertados. Seus bonitos
chinelos logo estarão gastos. Não gosta do evangelho, não conhece
sua paz, não busca sua preparação.
Só o evangelho fornece o calçado apropriado para todos os pés. Voen1os
Íinediatamente para o evangelho. Venha1n, pobres 1nendigos sen1
sapatos!
"Ponde-lhe srzndálias nos pés/', estavan1 enue as prin1eiras palavras de
boas vindas ao pródigo que retornava. Estar descalço era, en1 Israel, sinal de
grande desgraça, indicativo de herança perdida, de estado de n1iséria e pent'tria
(ver Dr 25 .1 0).
''Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz" (Ef 6 .15). Esta
passagem foi parafraseada assim: "Calçado com o pisar firme do sólido
conhecitnento do evangelho''. A palavra "preparação'' significa estado de
preparação ou prontidão. Comparar 2Tm 4.2: "Insta, quer seja oportuno, quer
não"; também Rm 1.15: "Estou pronto a anunciar o evangelho". Esse estado
de prontidão é be1n agradável a Deus. "Quão formosos são os teus passos
dados de sandálias, ó filha do príncipe!" (Ct 7. 1; c( Is 52.7) . (Sra Gordon).
O calçado do evangelho não calçará seu pé, enquanto o pé estiver inchado
com qualquer humor pecaminoso (quero dizer, qualquer injustiça ou prática
in1pia). Esse mal deve ser purificado por arrependimento, ou não poderá usar
o calçado da paz.
Seu sapato, ó cristão! Ainda não está calçado? Ainda não está pronto para
marchar? Se o possui, o que tem a temer? Teme que alguma pedra fira seus pés,
através de tão grossa sola? (William Gurnall).
Paulo estava calçado assim - Rm 8.38 - "Estou bem certo de que nada
me separará do amor de Deus". "Sabemos que todas as cousas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8.28). E esse equipamento o fez
caminhar por caminhos dificeis, cheio de ânimo, caminhos nos quais as chuvas
de afliçÕes caíam tão espessas como granizos. Isso faz que os filhos de Deus, ·
embora não literalmente, mas de alguma sorte, pisem a áspide e o basilisco;
sim, desafiar víboras e não receber ferimento; ao passo que, se os pés estão um
pouquinho nus com a ausência dessa paz, qualquer coisa pode causar-nos dor
aguda (Paul Bayne).

165. A Alegria, um Dever


uAlegrai-vos sen1pre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vosn (Fl4.4).

I. A GRAÇA ORDENADA. "ALEGRAI-VOS".


1. É cheia de deleite: o júbilo de nossas almas chegou, quando veio a
alegria.
2. É de1nonsrrativa: é alé1n da paz; ela lampeja, brilha, canta.
E por que não? A alegria é um pássaro; que ela voe pelos céus abertos,
e que todos ouçam a sua 1núsica.
3. É estitnulante e incita seu possuidor a ações corajosas.
4. É fluente para o bern. A alegria dos santos atrai pecadores a Jesus.
Apanhan1-se mais moscas con1 un1a colherada de 1nel do que con1
un1 barril de vinagre.
5. É contagiosa. Outros se alegram com nosso regozijo.
6. É ordenada:
Porque a alegria nos torna semelhantes a Deus.
Porque é para nosso proveito.
Porque é boa para os outros.
II. A ALEGRIA DISCRIMINADA. "NO SENHOR".
1. Quanto à esfera. "No Senhor".
Trata-se daquele círculo sagrado no qual o cristão sempre deve passar ·
a vida. '
2. Quanto ao objeto. "No Senhor".
Devemos alegrar-nos no Senhor, Pai, Filho e Espírito Santo.
Devemos alegrar-nos no Senhor Jesus, morto, ressurreto, etc.
Não em coisas temporais, pessoais, políticas ou pecuniárias.
Não no ego e seus feitos (Fp 3.3).
III. O TEMPO INDICADO. "SEMPRE".
1. Quando não puderem alegrar-se ein qualquer outro, alegrein-se em
Deus.
2. Quando puderem alegrar-se em outras coisas, santifiquem tudo com
alegria em Deus.
3. Quando não se tiverem alegrado antes, comecem imediatamente.
4. Quando se alegram há longo tempo, não cessem nem um momento.
5. Quando outros estiverem com vocês, levem-nos nessa direção.
6. Quando estiverem sozinhos, desfrutem ao máximo essa alegria.
IV. ACENTUANDO A ORDEM. "OUTRA VEZ DIGO, ALEGRAI-VOS".
Paulo alegrava-se. Habitualmente, era homem feliz.
Esta carta aos Filipenses é peculiarmente alegre. Examinemo-la do
princípio ao fin1. O apóstolo é alegre em tudo:
Ele adoça a oração com alegria: 1.4.
Ele se regozija, porque Cristo é anunciado: 1.18.
Ele deseja viver para gozo da igreja: 1.25.
Para ver os membros pensando, igualmente, con1 sua alegria: 2.2.
Sua alegria era que não correra em vão: 2.16.
Sua despedida a eles foi: 'Alegrai-vos no Senhor": 3.1.
Ele fala daqueles que se gloriam em Cristo Jesus: 3.3.
Ele chan1a a seus convertidos de sua alegria e coroa: 4.1.
Ele expressa sua alegria na bondade deles: 4.4,1 O, 18.
Nos dias de trabalho, alegre-se no Senhor, que lhe dá forças para trabalhar,
e o alin1enta con1 o labor de suas n1ãos. Nos dias festivos, alegre-se no Senho r,
que o presenteia corno tutano e a gordura de sua casa. Na a hund~n c i:-1, al egre-
se sen1pre, porque o Senhor dá; na necessidade, alegr '- se, pn rt jli L: o Se nho r
tira, e, conforme for do agrado do Senhor, assitn as coisas se passam (Edward
Murray).
O calendário do pecador tetn apenas uns poucos dias do ano assinalados
con1 dias festivos; mas todos os dias do calendário do cristão se acham assinalados
pela n1ão d e D eus como dia de regozijo (Anônimo).
Num hornem bom é itnpiedade estar triste (Ed\vard Young).
Quando enviado para Elba, Napoleão adorou, em orgulhoso desafio a
seu destino, o lema "Ubicunque felix" (Feliz em toda parte). Não era verdadeiro
no seu caso; mas o crente pode ser verdadeiramente "Feliz em toda parte", e
sempre.

166. Çristo, o Criador


"Pois nele foran1 criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as invisíveis, sejan1. tronos, seja111 soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por Ineio dele e para
e le" (Cll.l6).

Qualquer tema que exalta o Salvador é precioso para os santos.


Este é um texto em que o pregador não pode esperar fazer mais do que
mostrar quão vastamente o seu rema está acima dele.
I. CONSIDEREMOS A PRÓPRIA AFIRMAÇÃO
1. O próprio céu foi criado por e para Jesus.
Existe tal lugar, bem como tal estado, e desse lugar Jesus é o centro.
Enoque e Elias, em seus corpos, estão lá; Jesus, como homem, está
lá, e ali estará o seu povo.
Deus, corno espírito puro, não precisava de tal lugar; nem os anjos,
pois en1 toda parte veriam a Deus.
O céu foi criado para Jesus e para o povo que ele levará lá, a fim de
ser unido a ele para sempre.
Existe por Jesus e para Jesus.
Tudo no céu é preparado por Jesus. Ele é o projerista de tudo.
Tudo no céu reflete a Jesus. Ele é a alma de tudo.
Tudo no céu louva a Jesus. Ele é o Rei de tudo.
2. Os anjos. Todas as suas categorias foran1 feiras por ele e para ele.
Par<l ador<1-lo e glo riflci-lo com sua adoração.
Para alegrar-se com ele e nele, como se alegram, quando os }")ecadores
se arrependem.
Para guardar o povo de Cristo na vida e levá-lo a ele na n1orte.
Para executar seus propósitos de juízo, como no caso de Faraó, etc.
Para realizar seus propósitos de livran1ento, corno no caso de Pedro,
tirado da prisão.
3. Este mundo foi feito por ele, a fim de ser:
Un1 lugar para ele viver e nele morrer.
Um palco para seu povo viver e nele atuar.
II. EXAMINEMOS AS REFLEXÕES QUE DAÍ SURGEM
1. Jesus é Deus, portanto. "Pois nele foram criadas todas as cousas".
2. Jesus é a chave do universo; seu centro e explicação.
Todas as coisas devem ser vistas à luz da cruz, pois todas as coisas
existem por intermédio dele.
3. Viver para Jesus, é, pois, descobrir o verdadeiro objetivo de nossa
existência, e estar de acordo com_toda a criação.
4. Não vivendo para Jesus, não podemos ter qualquer bênção.
5. Só podemos viver para ele, à medida que vivemos por ele, pois assim
fazem todas as coisas. ·
6. É claro que ele deve triunfar. Tudo vai bem. Se olharmos para a
história do mundo desde seu trono, rodas as coisas são "para Ele".
"Ele deve reinar". Consolemo-nos uns aos outros com essas palavras.
Que honra ser o menor pajem na comitiva de tal príncipe!
Quando os juízes perguntaram a Piônio, o mártir cristão. "Que Deus
adoras tu?", ele respondeu: "Adoro àquele que fez os céus, que os embelezou
co1n estrelas e que enriqueceu a terra corn flores e árvores''". "Queres dizer",
perguntaran1 os magistrados, ''Aquele que foi crucificado (illum dicis qui
cruciflxus est) ?". "Certamente", replicou Piônio. "Aquele a quem o Pai enviou
para salvação do mundo". .
Como Piônio morreu, assim morrerarri Blandina e todo o exército daqueles
que, nos primeiros três séculos, sem conhecer coisa alguma do Credo Niceno,
susrenraran1-no iinplicitamente, se não explicitamente, e o proclarnaram em
chamas e nos calabouços, etn fome e nudez, nos instrumentos de suplício e ao
fio da espada (Joseph Cook).
Na criação, Deus nos n1osrra sua n1ão, mas na redenção Deus nos dá seu
coração (Adolphe l\1onod).
Lhn pagão disse muito be1n: Si essem luscinia- se eu fosse un1 rouxinol,
canta ria como um rouxinol ; !ii rdrruclrt - se eu fosse uma cotovia, vo~t ri :1 a grande
'-

altura con1o uma cotovia. Visto con1o sou hon1en1, que deve ri:t cu l:ti'.L"I" sc r r ~o
conhecer, amar e louvar a D eus sen1 cessar, e glori !l e u :1 l11 L'tr C ri , ,dpr· ~
As coisas são inúteis ou mal colocadas, quando não buscam ou não servem
o fin1 a que se destina1n; portanto, que utilidade temos, se não correspondemos
a nosso próprio fim? Somos como o ramo da videira, que não presta senão
para fazer um cabide, onde pendurar qualquer coisa (Ez 15.2); para nada serve,
senão para ser lançado no fogo , a menos que produza fruto. Para que servimos,
se não atendemos ao fi1n para o qual fomos criados? (Thomas Manton).

16.7. Cristo é Tudo


"No qual não pode haver grego nen1 judeu, circuncisão netn
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; p o rén1 Cristo é tudo
en1 todos" (Cl3.11).

Há dois mundos: o velho e o novo. Esses mundos são habitados por dois
tipos de humanidade, o velho homem e o novo homem, concernentes aos
quais vejam-se os versículos nono e décimo.
No primeiro, há muitas coisas que não se acham no segundo.
No segundo, há muitas coisas que não estão no primeiro.
I. é:> QUE HÁ DE NOTÓRIO NO VELHO
1. Distinções nacionais. "Onde não pode haver grego nem judeu".
Jesus é homem. No mais amplo sentido, ele não é nem judeu nem
gentio. Nele não vemos nenhuma nacionalidade restritiva: e nossa
nacionalidade peculiar desaparece diante dele e con1 ele.
2. Distinções cerimoniais. ((Não pode haver circuncisão nem
incircuncisão". A separação típica foi afastada.
Tanto judeus quanto gentios estão unidos em um só corpo, pela
cruz.
3. Disti~ções sociais. ((Não pode haver escravo, nem livre".
A graça divina nos capacita a ver que:
Essas distinções são transitórias.
Essas distinções são superficiais.
Essas distinções são de pequeno valor.
Essas distinções inexistein no reino espiritual.
II. O QUE HÁ DE NOTÓRIO NO NOVO
"Cristo é tudo em todos" e isso em n1uitos sentidos.
l. C risto é toda a nossa cultura. N ele rivalizamos com os "gregos" e os
ul trapassan1os.
2. C risto é toda a nossa revelacão.
, Glorian1o-nos nele, ass im cotno os
" jud eus" se uf~llla va m em ter recebido os oráculos de D e us.

)( )/
3. Cristo é todas as nossas tradições naturais. Ele é mais para nós do
que as mais novas idéias que cruza1n as mentes "bárbaras".
4. Cristo é toda a nossa invencibilidade e liberdade.
Os «eiras" não tinharn tal independência ilimitada, co1no achamos
en1 Cristo.
Cristo não é absolutamente valorizado, a menos que ele seja valorizado
acima de tudo (Agostinho).
Ele é um caminho, se alguém está transviado;
Ele é um manto, se alguém está nu;
Se alguém se encontra com fome, ele é pão;
Se alguém for escravo, ele é livre;
Se alguém está fraco, quão forte é ele!
Para os mortos ele é vida, para os enfermos, saúde;
Para o cegos é vista, para os necessitados, riqueza,
Urn prazer sem perda, um tesouro sem segredo.
(Giles Fletcher).
Não posso deixar de reverenciar a memória daquele clérigo (Rev. Welsh)
que, ern profunda meditação, após algum sermão que tivesse tratado de Cristo,
com as lágrimas caindo abundantemente de seus olhos, antes que ele se desse
conta, instado para a causa em questão, honestamente confessava que chorava,
porque não podia atrair seu insensível coração a apreciar a Cristo, devidamente.
Temo que esta seja uma mente rara nos cristãos, pois muitos pensam que um
pouquinho é suficiente para Jesus, e esse mesmo pouquinho é demasiado para
ele! (Samuel Ward).
"Afinal, u1na noite, enquanto me encontrava numa reunião de oração,
veio o grande livramento. Recebi o pleno testemunho do Espírito de que o
sangue de Jesus me havia purificado de todo pecado. Senti que eu era nada, e
Cristo era tudo em todos. Agora eu o recebi alegremente em todos os seus
ofícios; meu Profeta, para ensinar-rne; meu Sacerdote, para expiar por mim;
meu Rei, para reinar sobre mim. Oh, que felicidade há em Cristo, e tudo por
um tão pobre pecador como sou! Esta mudança feliz ocorreu na minha vida
no dia 13 de março de 1772" (William Carvosso).
Dannecker, o escultor alemão, levou oito anos esculpindo um rosto de
Cristo: e, afinal, fez um rosto em que as etnoções de amor e tristeza estavam
tão perfeitamente cornbinadas que os espectadores choravam, quando olhavam
para ele.
Posteriormente, solicitado a empregar seu grande talenro numa esr<hua
de Vênus, respondeu: "Depois de olhar fixan1ente, por tanto tempo, o rosto
de C risto, pensa que agora posso voltar minha atenção para un1a deusa pagã?''
Aqui está o verdadeiro segredo de desacostumar-se dos ídolos mundanos, "o
poder expulsivo de uma nova afeição".
168. Reunião Feliz de um Ministro
"Outra razão ainda ten1os nôs para, incessa nte tnen t e, dar graças a
D eus: é que, tenclo vó s rece bido a palavra que ele nós ouvistes, que é
ele Deus, aco lhestes não con1o palavra ele l1o n1ens, e sÍin co1no, en1
verdade é, a palavra de Deus, a qual, con1 ef eito , está operando
eficazn1ente e1n vós, os que credes. Tanto é assiin, innãos, que vos
tornastes inútadores das igrejas ele Deus existentes na Judéia e1n
Cristo Jesu s; porque tmnbén1 padecestes, d a parte dos vossos
patrícios, as n1esn1as coisas que eles, por sua vez, sofreran1 dos
judeus" (l'Ts 2 .13-14).

Paulo abre seu coração à amável igreja de Tessalônica.


Ele sabia o que era estar preocupado pelos coríntios e pelos gálatas, mas
encontrava d escanso, quando pensava nos tessalonicenses.
Os mais experimentados pastores têm alguns pontos brilhantes.
Ao apresentar suas alegres lembranças de Tessalônica, Paulo nos oferece
un1a visão de três coisas.
I. OS PASTORES AGRADECEM. "OUTRA RAZÃO TEMOS PARA ...
DAR GRAÇAS A DEUS".
Os pastores nem sempre estão gemendo e chorando, embora muitas
vezes o façam. Têm seus momentos de ação d e graças, co1no no caso
de Paulo.
1. Este seguiu-se a um trabalho fatigante (ver vs. 9) . Só quando
semeamos em lágrimas, ceifaremos com júbilo.
2. Estava apoiado por uma vida santa. Detenha-se em cada ponto dos
versículos 1Oe 11. Os pastores não consagrados terão poucos motivos
d e alegria.
3. Impedia todo louvor de si próprio. Davam graças a Deus, e isto é o
contrário d~ glorificar a si mesmo.
4. Era de caráter social. "Dan1os graças a Deus"; Paulo, Silas e Timóteo.
Manren1os fraternal reunião de júbilo, quando Deus nos abençoa
dentre as pessoas que <Unan1os.
5. E ra d e carárer pern1anente- "incessan temente" . Jamais poden1os
cessar de lo uvar ao Sen ho r por sua bo nd ad e en1 salvar as aln1as.
IL OS OUVINTES RECEBEM A PALAVRA. "TENDO VÓS RECEBIDO
A PALAVRA .. . QUE É DE DEUS,.
1. Eles rece beram a Palavra d e Deus: o uv iran1-na calm a.1ne nte,
;Hcnd c r;llll ;1 eL1 candidamente, consideraram -na cuidadosamenre.
2. Receberc.un a Palavra de Deus corn cordialidade. Aceitaram 11a pc l.t
fé , corn confiança pessoal e júbilo.
3. Não receberan1 a palavra do homem. É bon1 n1anter as port :ts
fechadas nessa direção.
4. Receberam-na con1o a Palavra revelada de Deus, e por isso a receberan1.
Con1 reverência a seu caráter divino.
Com a segur~ança de sua infalibilidade.
Com obediência à sua autoridade.
Com a experiência de seu poder sagrado.
III. OS CONVERTIDOS EXIGEM A SEMELHANÇA DE FAMÍLIA
1. Eram como os cristãos da Judéia, os melhores deles, em fé; em
experiência, em aflições.
2. Nunca tinham visto as igrejas de Deus na Judéia, e não eram
itnitadores, no entanto vieram a ser fac-sín1ile daqueles cristãos.
3. Essa é a confirmação singular do caráter divino da obra.
O mesmo Senhor opera em todos os crentes, e, na maior parte, a
mesma experiência ocorre em todos os santos, en1bora possam nunca
ter v1sto uns aos outros.
Essa similaridade de todos os regenerados apresenta un1 valioso
conjunto de evidências experimentais da origem divina dos
convertidos.
Não nos atemorizemos pela oposição, pois, em Tessalônica, Paulo foi
perseguido; no entanto, foi triunfante.
l(Quern quer que tenha feito este livro, também rne fez"·, disse um chinês
convertido; "ele me conta os pensamentos de meu coração,.
O "Relato da Missões Morávias entre os Índios Norte-Americanos", de
Loskiel, ensinou-rne un1a coisa. Nele achei Lllna extraordinária ilustração da
uniformidade corn a qual a graça de Deus opera nos hornens. Crantz, em seu
"Relato das Missões na Groelândia", mostrou a graça de Deus, operando nurn
homem-peixe- un1a criatura estúpida, um beberrão, insensível- dificihnente
separável do peixe em que vivia. ·
Loskiel n1ostra a 1nesrna graça, operando num homern-diabo - um
guerreiro feroz, sanguinário, vingativo, dançando sua dança de guerra infernal
con1 a men re de uma fúria. A graça di vi na co nduz esses hornens ao m esmo
ponto: ela desperta, esrin1ula e eleva o groenbndês- eleva-o a un1 novo tipo
de vida- parece que quase lhe confere novos sentidos: abre-lhe os olhos, inclin ~t­
lhe os ouvidos e desperta-lhe o coração; e o que ela adiciona, ele sanritlca. A
mestna graça doma o espírito altivo do índio - ela o reduz ;l mansíd;io, J
docilidade e à si mplicidade de un1a criança.
\(l J
169. Cansaço em Fazer o Bem
"E vós, irn1ãos, não vos canseis de fazer o ben1n (2Ts 3.13).

Leiam os dois versículos anteriores, e observem a censura do apóstolo aos


intrornetidos na vida alheia, os quais tambén1 não trabalham.
I. UM RESUMO DA VIDA CRISTÃ. ELE CHAMA DE "FAZER O BEM,.
1. O trabalho religioso consiste de fazer o bem. Pregar, ensinar, escrever
liv'ros e cartas, reuniões de temperança, classes paras estudos bíblicos,
distribuição de folhetos, conversação pessoal, oração em particular,
louvor, etc.
2. A obra de caridade é "fazer o bem". O pobre, a viúva, o órfão, o
ignorante, o enfermo, o caído e o desanimado d evem ser socorridos
com terno cuidado.
Tudo é "fazer o bem'', quando é feito com sentido de dever, com
dependência de Deus e fé em sua Palavra; por amor a Cristo, de boa
vontade com outros obreiros, com preces pela orientação, aceitação
e bênção.
• As ações mais comuns se tornam santas, e os trabalhos enfadonhos.
se transformam em divinos, quando o motivo é puro e elevado.
I. ADVERTÊNCIA QUANTO A CAUSAS DO CANSAÇO EM FAZER O
BEM
1. Exemplos ociosos tentam os diligentes à ociosidade (vs.l1).
2. Pessoas intrometidas e desordenadas na igreja impedem o serviço
diligente de muitos (vss. 11 e 12).
3. Os perturbadores, tais como os "homens perversos e maus",
desacorçoam aqueles que serviriam ao Senhor (vs. 2).
II. ARGUMENTO CONTRA O CANSAÇO EM FAZER O BEM
"E vos, irmãos, não vos canseis de fazer o bem".
1. Não percam o que já realizaram.
2. Consideram que outros praticam renúncias por coisas inferiores: os
soldados, os lutadores, os ren1adores numa corrida de barcos, etc.
3. Lembren1-se de que os olhos do Senhor estão sobre vocês, sua m ão
está con1 vocês, seu sorriso en1 vocês, sua orden1 sobre vocês.
4 . Mediten1 na grandeza do serviço em si, co m o feiro para o Senhor e
para sua causa gloriosa.
Mais do que isto, porém. Devo ser un1 "bem-Elzer". A palavra grega expressa
beleza, e esta entra no pensamento apostólico. A verdadeira devoção é.<lll1orável.
C.luando ela é inferior na beleza, rransforn1a-se en1 algo monstruoso. Mas,
confo rme Paulo a usou, vai muito além disso, e significa toda a excelência moral.
Atividade não basta; pois a atividade intensíssin1a podcs<.:r u rn ltt.d . 1 .1'1t il 1· 1
é tão ativo, tão constante, tão zeloso quanto Gabriel. Mas aquele é UI li d l' 111 <'111 it 1
e este um Serafitn. Qualquer atividade que não seja um bem ~ St' lltp r c , {'
unicamente, 1naldição. Melhor estar morto, ser Inatéria inen c - UIJI : t pvd 1. 1,
u1n torrão de terra- do que um réptil que pica, ou um derr1ônio des Lruidor; ('
nisso reside a grande mudança prática na regeneração. Ela transfornu u 11 tl' l'l ,
fazedor num fazedor do bem. Não é tanto uma mudança de energia, como {
de orientação (Charles Wadsworth, D. D.).
Os h ebreus têm um ditado, segundo o qual Deus se deleita mais nos
advérbios do que n os substantivos: n ão é tanto uma questão do que é feito,
mas uma questão de como é feito, que a Deus importa. Não quanto, mas quão
bem! É o fazer o bem que se encontra com um bem feito. Sirvamos a D eus,
portanto, não nominal ou verbalmente, mas adverbialmente (Ralph Venning).

170. A Palavra Fiel


"Fiel é a palavra e digna d e toda a aceitação: que Cristo J esus
veio ao rnund o para salvar os p eçadores, dos quais
eu sou o principaln (1 Tn1 1.15).

Paulo havia descrito sua design ação no vs. 12. A seguir, passou a falar da
graça manifestada no chamado d e tal pessoa para o ministério (vs. 13), e da
graça posterior pela qual ele foi sustentado nesse ministério.
I. COMO PREGAMOS O EVANGELHO
1. Com o uma certeza. Ele é uma "palavra fiel". Nós não duvidamos da
verdade de nossa mensagem, pois, do contrário, com o poderíamos
esperar que cressem nela? C remos, e estamos certos, porque:
Ela é lllna revelação de D eus.
É atestada por milagres.
Traz seu testemunho em si m esm a.
Tem demonstrado o seu poder sobre nossos corações.
2. C01no uma verdade quotidiana. Ela é para nós um ((dito", um provérbio.
3. Con1o a exigir a sua atenção. (( Digna de roda a aceitação".
Devem crer que ela é verdadeira.
Deven1 apropriar-se dela.
Devem flzê-lo, pois é dign a de sua ace iraç~o.
II. QUE EVANGELHO PREGAMOS?
1. O evangelho de utna pessoa: !(Cristo Jesus".
Ele é o Ungido de D eus: "Cristo" .
Ele é Salvador dos homens: "Jcsu.•. t.
Ele morreu, m ~1s vive pa r~t sempre.
2. O evangelho pa ra os pecad o res.
Para os tai~, .Jes us viveu c trabalh o u.
Para os tais, ele mo rreu e fez expiação.
Pa ra os tais, ele env iou o evangelh o de p erd ão.
Para os tais, ele pleiteia o céu .
3. O. evangelho de livra1nento eficaz. "Para salvar os pecadores".
Não para salvar a metade deles.
Não para torná-los salváveis .
Não para ajudá-los a salvarem a si m esm os.
Não para salvá-los como justos.
Mas para salvá-los completa e eficazmente de seu s pecados.
III. POR QUE PREGAMOS O EVANGELHO ?
1. Porque fomos salvos por ele.
2. Po rque não p odemos deixar de fazê-lo, pois um impulso interior
nos compele a falar do milagre de misericórdia operad o e1n nós.
Não crerão nUina palavra tão segura?
' Não aceita rã o un1a verdade tão alegre?
Não virão a um Salvador tão con veniente?
Um visitante em Roma diz: "Fiquei chocado com a freqüência com a
qual os sacerdotes e outros exibidores de curiosidades da Igreja usam a frase
"diz-se,- on dit - quando d escrevem relíquias e raridades. Não garantem que
sejatn aquilo que têm a reputação de ser. "Diz-se". Têm eles vergonh a de su as
curiosidades? Tentain satisfazer suas consciências? Não expressam sua crença
p essoal: apenas - diz-se. O s pregadores do evangelh o não falan1 desse n1odo.
(( Po is nós não podemos d eixar d e falar das cousas que vimos e ouvÍlnos".
H á uma bonita palavra no texto- é a p alavra "aceitação'' . Ela é totalrnente
provida p ara vós. É muito semelhante a uma ceia. Encontrarão a n1esa posta e
tudo pronto. Não se espera que tenhan1 de trazer n ada, absolutamente.
Cena vez uma pobre viúva me convidou a tomar ch á, e e u levei algo em
meu bolso. Po rém, nun ca m ais f:-u-ei isso. Eran1 dois bolos; e quando os
desen1 brulhei e coloquei sobre a rnesa, ela os apanhou e arrernessou p ela janela
J rua , e disse: "Convidei-o pa ra o chá, não lh e pedi qu e p roviden ciasse o ch á
para mim". Ass in1 é com C ris to; ele con vida, ele providenci a e nada deseja
exce ro a n ós m esmos; e se levamos qualquer co isa, ele a rejeit<H<Í. Só pod emos
cear con1 ele, quando van1os ral com o son1os.
Lutero COtl[a : '(Um a vez o diabo n1c disse: 'Martinho Lutero , você é um
grande p ecador, c esrar3 cond enado às penas do inferno!' Pare! Pare! Eu lhe
~ n;--;
disse; uma co isa por vez. Sou u.m gr:l nel e pecad or, é verd ad e, e111 h o r:1 vt )( t · 11 :1t'
tenha o direito d e dizer-mo. Eu o co nfesso . Q ue vem a seguir? l>o n :t l tl o, st'J.Í
co ndenado. Esse não é bom argun1ento. É verdade que so uLUll gr:1 nde pcc tdor.
n1as está escrito que Jesus C risto veio para salvar os pecado res ; porta lti o, u 1
serei salvo.' Agora, vá-se en1bora. Assim eu detive o diabo com sua p ró p ri ~t
espada, e ele se foi latnentando, porque não pode abater-me, chan1ando- mc
de ·p ecador".

171 . O Nosso Evangelho


"E, por isso, estou sofrendo estas coisas; t od avi a, n ão 1ne
envergonb.o, porque sei en1 quen1 tenb.o crido e estou certo
de que ele é poderoso para guardar o 1neu d epósito
até aquele Dia" (2 1\n 1.12).

I. O QUE ELE HAVIA FEITO


1. O caso de sua alma estava ali, parajesus curá-lo como Médico.
2 . As solicitações de sua alma estavam ali, para serem suprid3s po r
Jesus como Pastor.
3. O curso de sua alma estava ali, para ser dirigido por Jesus co m o
Piloto.
4. A causa de sua alma estava ali, para ser defendida por Jesus como
Advogado.
5. O cuidado de sua alma estava ali, para ser guardad o por Jesus co mo
Protetor.
II. O QUE ELE SABIA. ((SEI EM QUEM T ENHO CRIDO".
1. Ele conhecia o Senhor J esus por seu encontro pessoal corn ele, 11 :1
estrada de Damasco, bem com o en1 outras ocasiões. ·
2. Pela conumhão con1 ele. Esse caminho está aberto a todos os san1 os.
3. Por experiên cia, rnediante a qual ele experünentara e provara sc11
amor e sua fidelidade.
Ternos essa familiarid ad e pessoal con1 o Senhor ?
Se ren1os, corn alegria confiarernos a ele tudo quanto somos.
Ili. DE QUE ELE ESTAVA SEGURO. "DE QUE ELE É PODEROSO PAI{ /\
G UARDAR", ETC.
1. O pod er d e Jesus p<Hél gua rdar tod as as aln1as a ele confiadas:
Ele é divino; portanto, o nipotenre para salvar.
Sua ob ra esd consumada, de sorte qu e ele satisflz todas as ex igê1tci:ts
da lei.
Sua sabedori a é perl-eita, d e modo que cvitad todos os perigos.
Sua def:esa é const:111r ',c s ·mprc prcv~1lcu.:, p~1r:·1 preservar o que lhe pertence.
2. pod er J c Jesus 1 ara guarcbr a ..1ln1a do próprio Paulo.
3 . O pod er de Jesus, para guardar-lhe a alma nas pesadas provações
que cstavan1 b ze ndo pressão sobre ele. "Estou sofrendo ... não me
envergo nho ; porque es tuu certo Je que ele é poderoso para guardar".
4. O poder de Jesus para guardar-lhe a alma, até o fim de todas as
co.isas: "até aquele dia".
IV. O QUE, POIS, ELE ERA
1. Muito cheio de ânimo. Ele tinha todo o tom e o ar de um homem
inteiramente feliz.
2. Muito confiante. Embora prisioneiro, diz: "Não me envergonho".
Ele não se envergonhava de sua condição, nem da causa de Cristo, e
nem da cruz.
3. Muito grato. Alegremente louvava ao Senhor, em quem confiava.
O texto é uma confissão de fé, ou forma de adoração.
Quando o Dr. James W Alexander estava n1orrendo, sua esposa procurou
consolá-lo com palavras preciosas, vindas das Escrituras: ''Eu sei em quem eu
tenho ctido". Dr. Alexander rapidamente a corrigiu, dizendo: ''Não em quem ·
eu tenho crido"; mas 'eu sei quem eu tenho crido"'. Ele não permitiria que
nem se quer uma pequena preposição entrasse entre sua alma e seu Salvador.
''Perdi aquela cansativa escravidão da dúvida, e quase desespero, que me
manteve acorrentada por tantos anos. Tenho os mes1nos pecados e as mesmas
tentações que antes, e não n1e esforço contra eles rnais do que antes, e muitas
vezes é um trabalho bem difícil. Antes eu não podia ver por que eu deveria ser
salva, agora não posso ver por que não deveria ser salva, se Cristo morreu pelos
pecadores. Nessa palavra eu me firmo e ali descanso" (Frances R. Havergal).
O prefeito de Roma perguntou ironicamente a Justino, o Mártir, se ele
acreditava que, depois de sua decapitação, subiria ao céu. Justino replicou:
''Estou tão certo da graça que Jesus Cristo obteve para mim, que nern uma
sombra de dúvida pode penetrar em minha mente" .
Donald Cargill, no patíbulo, a 27 de julho de 1681, enquanto passava
sua usadíssima Bíblia a um de seus amigos, que estavan1 ali p erto, deu este
testernunho: ''Bendigo ao Senhor, porque nesses trinta anos e mais tenho estado
enl paz con1 Deus, e ela jarnais foi abalada. E, ago ra, estou tão seguro d e n1eu
interesse em Cristo e paz com D eus, como tudo que e.sd dentro desta Bíblia,
c o Es pírito d e D eus pode b zcr-m e. E não tenho terror algum em EKe da
mo rte, nem n1edo do inferno, por causa do p ecado, como n ão teria, se nunca
ti vesse pecado: pois to dos os m eus pecados foram gratuitamente perdoados e
·n mplcr:~m c ntc lavados pelo sangue precioso e a intercessão d e Jesus C risto".

' l l)
172. Misericórdia no Dia do Juízo
"O St•nh o r Ih e cn ncedn, naquele Dia, a c bar núsericórclia ela parle c.lt)
Se nhor" (2Tnl 1.18).

O 1nelhor modo de mostrar nossa gratidão a alguns homens, por sua


bondade, seria orar em favor deles.
Mesmo os melhores dentre os homens serão melhores com nossas orações.
I. "NAQUELE DIA".
"Naquele dia'': ele não é especificamente descrito, porque é bem
conhecido entre os cristãos que muito pensam nele. Será que pensamos
suficientemente nesse dia? Se pensamos, sentiremos nossa grande
necessidade de achar misericórdia da parte do Senhor, quando esse dia
chegar.
Sua data não é marcada. Isso apenas gratificaria a curiosidade.
Sua duração não é especificada. Será um dia comum? Será bastante
longo para o juízo deliberado de todos os h ome11-s?
Sua glória será a revelação de Jesus, vindo do céu sobre o trono do juízo.
Isso o tornará muitíssimo memorável.
As decisões tomadas nesse dia serão estritamente justas, indiscutíveis,
inalteráveis, etc.
Será o último dia e, daí em diante, o estado dos homens será fixado
para júbilo ou aflição.
II. A MISERICÓRDIA
Todos necessitarão dela. Certamente nós mesn1os precisaremos dela.
Para despertar-nos, pensen1os naqueles que não acharão misericórdia
da parte do Senhor, naquele dia:
Aqueles que não tiveram rnisericórdia dos outros.
Aqueles que viveram e morreram, sem se arrependerern.
Aqueles que negligenciaram a salvação. Como escaparão?
Aqueles que disseram não precisar de misericórdia: os farisaicos.
Aqueles que não buscaran1 n1isericórdia: procrastinadores c
indiferentes.
Aqueles que zornbara1n de Cristo e repeliran1 o evangelho.
III. HOJE
Não gos rarían1os que se d esesperassem quanto ao futuro , mas rivcsse r11
esperança de achar n1isericó rdia no presente, para que possam c n l.'nntr:í
la "naquele dia',.
Lembrem-se de que agora é o tempo aceitável, pois:
Ainda não estão perante o tribunal do juízo.
I II
Ainda estão onde a oração é ouvida.
Estão onde a fé salvará a todos que a exercitaran1 para cotn Cristo.
Estão onde o Espírito insta.
Estão onde o pecado pode ser perdoado, de un1a vez para setnpre.
Estão onde reina a graça, etnbo ra seja abundante o pecado.
Um cavalheiro apresentou un1 infiel a um pastor, com a seguinte
observação: "Ele nunca cornparece aos cultos". "Ah!", disse o ministro, ((espero
que o senhor: esteja enganado". "De maneira algun1a", disse o estranho; ((eu
sempre passo o domingo acertando minhas contas". "Então, ai!", foi a calma,
porém solene resposta, "o senhor verificará que o dia de juízo será passado da
mesma maneira" (G. S. Bowes).
Quando Thomas Hooker estava às portas da rnorte, alguétn lhe disse:
((Irmão, você vai receber a recompensa de seus labores". Humildemente, ele
replicou: ((Irmão, vou receber misericórdia".
Por causa dessa tremenda frase- ((.Juízo eterno" -considerem os seus caminhos
e sejam sábios! Se seu verdadeiro significado pudesse ilun1iná-los neste m01nento,
que consternação traria sobre cada espírito! Cada homem, embora anteriormente
sereno como a morte, saltaria a seus pés, e clatnaria: Diga-tne, diga-me neste ·
momento, o que devo fazer! (Charles Stanford, D. D.).

173. A Palavra de Deus não Está Algemada


/{Pelo qual estou sofrendo até alge1nas, con1o Inalfeitor; contudo, a
palavra (le Deus não está a lgen1ada" (2T111 2 . 9) .

A ressurreição de Cristo era a grande âncora de Paulo. Examinemos o vs.


8, no qual ele a menciona como a essência mesma do evangelho.
Ele próprio sofria algemado, mas não estava sem consolo.
Sua grande alegria é que a Palavra de Deus não está algemada.
I. EM QUE SENTIDO ISSO É VERDADEIRO
A Palavra de Deus não está algemada:
1. De sorte que não possa tornar-se conhecida.
Os n1inistros que a pregan1, poden1 estar aprisionados, rnas não, a
Palavra.
O Livro que a contén1, pode ser quein1ado , mas a verdade permanece.
2. D e so rre que não possa consolar a aln1~L
A convicção de pecado não in1pedid o consolo, quando a 'fé é dada.
() desespero conrlrmado ser;:i vencido, assim como Sans~o ron1peu
as co rdas com as quais for<l atado.

) I .:
3. D e sorte que não possa prevalecer sobre o erro.
Infidelidade, ritualisn1o, papismo, fanatismo, etc., nJo ;H~H~t<, c>
evangelho, a ponto de n1anterem seu n1aléfico poder sobre P .'i
hornens.
O evangelho deve realizar e realizará os propósitos de Deus.
II. POR QUAIS MOTIVOS ISSO É VERDADEIRO?
A Palavr:J. de Deus não pode estar algemada, visto como:
1. Ela é 3. voz do Todo-Poderoso.
2. Ela é assistida pela eficaz operação do Espírito Santo.
3. Ela cria tal entusiasmo nos corações onde habita, que os homens
devem declará-la amplamente: ela deve ser livre.
III. QUAIS OUTROS FATOS PARALELOS A ESTE?
Como a prisão de Paulo não era o aprisionamento da Palavra de Deus,
do mesn1o modo:
A morte dos pastores não é a morte do evangelho.
A debilidade dos obreiros não é sua debilidade.
A escravidão da rnente dos pregadores não é suá escravidão.
A frieza dos homens não é a sua frie~a.
A falsidade dos hipócritas não a falsifica.
A ruína espiritual dos pecadores não é a sua derrota.
A sua rejeição, por parte dos incrédulos, não. é sua derrota.
N um retrato de Tyndale, ao lado do heróico homem, está utn artifício:
um livro ardendo em chamas está atado a uma estaca, enquanto se vêem diversos
livros sen1elhantes voando do fogo. O significado é u1n fato histórico. Tonstal,
bispo de Londres, havia comprado boa quantidade de Novos Testamentos de
Tyndale e os havia queimado. O dinheiro pago por eles deu a Tyndale a
oportunidade de fazer nova e mais correta edição.
Lá pelos fins do século XVIII, antes dos ten1pos das grandes Sociedades
Bíblicas, houve durante certo período, aflitiva falta de Bíblias nos Estados
Unidos, causada en1 parte pela prevalência da infidelidade francesa, e etn parte
pela geral apatia religiosa que se seguiu à Guerra Revolucionária. Naquele
período, un1 h01nen1 foi a un1a livraria en1 Filadélfia e quis comprar urna Bíblia.
"Não tenho nenhlllna", disse o livreiro. ((Não há un1 só exemplar para venda
na cidade; e posso acresccn ta r tnai s isto'', disse de (pois era da linha do
pensan1ento francês), "dentro de ci nqüenta anos não haverá Lin1a Bíblia seq uer
n o mundo". A resposta ríspida do freguês foi: ((Haverá abund<1 nc i;1 de Bíblias
no rnundo, rnil anos depois d e sua morte e de ter ido o senhor para o inte rno"
( The Cf.,riJtirm Age- A Era C ris rã).

>I I
C omo un1 pássaro no ar, a verdade voa com asas velozes; cotno um raio
de luz, ela entra em palácios e cabanas; como o vento que não encontra
en1pecilhos, ela se ri das leis e proibições. As paredes não podem confiná-la,
nen1 as barras de ferro, aprisioná-la; ela é livre e liberta. Que cada homem livre
esteja a seu lado, e, assim sendo, que jamais permita ele que uma dúvida de seu
êxito final lhe obscureça a alma (C. H. S.).
A verdade é mais incompreensível do que a água. Se for comprimida
numa direçãb, extravasará através da massa compressora, e se tornará 1nais
visível através dos esforços para cornprimi-la (Dr. Pusei).

17 4. Jóias do Evangelho
uA fin1 de ornare1n, e1n todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso
Salv ador" (Tt 2.10).

I. UM NOME DE ADORNO PARA O EVANGELHO. '~ DOUTRINA


DE DEUS, NOSSO SALVADOR".
1. Ela expõe sua grandeza: "doutrina de Deus".
· Nossa queda, ruína, pecado e castigo foran1 grandes.
Nossa salvação e redenção são grandes.
Nossa segurança, felicidade e esperanças são grandes.
2. Ela expõe sua certeza. Ela é "de Deus''.
Ela vem mediante a revelação de Deus.
É garantida pela fidelidade de Deus.
É imutável como o próprio Deus.
3. Ela expõe sua relação corn Cristo Jesus: "de Deus, nosso Salvador''.
Ele é o Autor, a Substância e o Proclamador do evangelho.
Ele é o objeto do evangelho. O evangelho glorifica a Jesus.
II. UM MÉTODO DE ADORNO PARA O EVANGELHO
1. As pessoas que devem adornar o evangelho.
Nos dias de Paulo, os servos ou escravos.
Em nossos dias, os pobres servos das classes n1ais humildes.
2. O tnodo pelo qual essas pessoas poden1 adornar o evangelho, de
maneira especial.
Restringindo suas línguas: "Não sejan1 respondões".
Honesrjdade escrupulosa: "não furten1" (vs. 1O).
Car~he r digno de confiança: "dêen1 prova de roda a tldelidade".
'JI1du isso t: tria seus senhores adnliraren1 o evangelho de C risto .
.' · ( ) m()d() de :1do rn u da dml(rina geral.

j 1·1
Negativamente: ela está fundada,
Não nos requintes do pensamento filosófico.
Não no espalhafato d o discurso retórico.
Positivatnente: ela encontra-se em outra direção.
O adorno, se realn1ente o for, é conveniente à beleza.
Santidade, compaixão, contentamento, etc., são coerentes com tl
evangelho.
Muitas vezes, o adorno é um tributo à beleza. Tal é a conduta piedo.s:1:
ela honra o evangelho.
O adorno é publicidade da beleza. A santidade chama a atenção para
a beleza natural do evangelho.
O adorno é um realce da beleza. A piedade acentua a excelência da
doutrina.
Esforcemo-nos por adornar o evangelho, n1ediante:
Estrita integridad e nos negócios.
Cortesia constante no comportamento.
Amor altruísta a todos quanto nos cercam.
Pronto perdão às ofensas.
Paciência abundante nas provações.
Calma santa e autodomínio a todo o tempo.
Sim, e observen1, isso deve ser feito não como prerrogativa de uns poucos
esp írito s altam ente d otado s, e n as ocasiões em que podem elevá- los
orgulhosamente, diante dos olhos arregalados do universo . .
Como se verifica n o texto, o apóstolo estava escrevendo do poder d os
pobres escravos cretenses; do poder deles, também , não em algun1a tremenda
provação, como de tortura ou martírio, a que a crueldade de seus senhores, às
vezes, os submetia em sua fé, 1nas do poder que tinhatn de fazê-lo <'em tudo"-
no serviço diário, hurnilde, degradante de un1 criado - nas pequenas coisas
como tarnbém na grandes, nos estábulos e apriscos miseráveis, bem corno n o
esplendor do palácio; em absoluto, "em tudo", adornar o glorioso evangelho
de Deus.
Ó benditos escravos de Creta! Caminhando so b o chicote e as cadeias,
no entanto com os corações da fé, sob o peso de suas cargas, e un1 sorriso de
amo r entre suas lágrin1as, Elzendo a obra de Deus, irnpossível a u1n anjo!
(Charles Wordsworth, O. D.).
Todos j<í ouvin1os falar da hi stó ri a de uma n1en ina que di sse rcr-sc
co nvertido, portanto agora ela "chorava debaixo das es teiras". Koba, 11111 índ io
ba ue rreiro ) recentem e nte d eu evidênc Í;1S d e sua o n v -rs~ (l , ao di'l.t'l"; " 1:,, llltl
rodos o.s di;1s, c rr:1h:tlh o co m :1 <.' Jt x: td :t Jll l l' ltlfi vtl , !1· t t'lll d.t ·," l 1,,, f t ~tll t l ,,,,, J
li I
poderia fornecer n1aior evidên cia de sua sinceridade do que essa. Pois o trabalho
manual não é a principal alegria ou o orgulho de utn índio guerreiro.
Un1 homen1 brâtnane escreveu a um certo 1niss ion ário: "Es tamos
descobrindo quen1 é o senhor, realinente. O senhor não é tão bom quanto o seu
Livro. Porque se o seu povo fosse ao 1nenos tão bom con1o o seu Livro, então o
senhor conquistaria a Índia para Jesus Cristo, no espaço de cinco anos".

1 75. História de um Escravo Fugitivo


"Pois a credito que ele ve io a ser afastado de ti te1nporarian1ente, a
fin1 de que o recebas para sen1pre n (F1n 15).

A natureza é egoísta, tnas a ·graça é atnorosa. Aquele que alardeia que não
se importa com ninguém, e ninguétn se in1porra com ele, é o reverso de um
cristão . O apóstolo Paulo tinha coração e simpatia eminentemente grandes.
I. CONSIDEREMOS ONÉSIMO, UM EXEMPLO DE GRAÇA DIVINA
1. Vemos a graça de Deus em sua eleição.
Não havia homens livres, para que D eus elegesse a un1 escravo?
Onésimo fazia parte de um pacote de detritos de uma pia de pecado.
No entanto, o amor eterno que não tomou conhecimento de reis e
príncipes fixou os olhos naquele escravo.
2. Em sua conversão. Quão improvável parece que se converta. Um
escravo asiático, quase co1nparável a qualquer pagão de nossos dias.
Era desonesto e ousado bastante para fazer a longa viagen1 até Roma.
M as o amor eterno pretende co nverter o hom em , e ele será
con vertido.
3. Vetnos a graça de D eus no caráter produzido en1 Onésimo.
Encontratnos pessoas esquisitas que, se1n dúvida, irão para o céu,
etnbora sejam rabugentas; uma espécie de ouriços espirituais.
Ilustram a sabedoria e a paciência de Deus, tnas não são bons
con1panheiros. Onésitno era um espírito bonito, terno e amoroso,
e isso foi obra da graça de Deus.
II. NOT EMOS UM EXEMPLO INTERESSANTE DE PECADO
DOMINADO
OnésÍino não tinha direito de roubar a seu .senhor e fu gir; mas Deus se
agrado u en1 E1Zer uso desse crime, para a co nversJo dele.
1. Ven1os co n1 o Deus don1inou tudo. N inguém será capaz de tocar o
coração desse esc ravo alén1 de Paulo, mas ele estav;.:t na prisão en1
Ron1a, e l)nésinlo, em Colossos. O diabo o levar<l a Ronu, ten tando-
o a furtar, e depois fugir. O diabo não sabia que assim perderia '1111
servo que estava a seu dispor. Muitas vezes o diabo faz papel de bn ho.
III. TESTEMUNHEMOS UM EXEMPLO DE MELHORIA D l··.
RELAÇÕES
Muitas vezes, é preciso lo ngo tempo para aprender grandes verdades. Talvez
File1notn ainda não houvesse descoberto que era errado ter escravos. O texto
fala d e Onésin1o como ''innãos caríssiino", já não m ais escravo.
Quando Onésüno voltar, será melhor servo, e Filemom, melhor senhor.
File1nom poderia ter se recusado a recebê-lo de volta, suspeitando dele, e poderia
tê-lo tratado rude1nen te; não, porén1, se ele fosse verdadeiro cristão.
Muito melhor é que d eixe passar uma falta que poderia ter notad o, a
notar uma falta que deveria ter deixado passar.
Rowland Hill costumava dizer que n ão d aria um centavo pela compaixão
de u1n homen1, se o seu cão e o seu gato n ão estivessem em melhores condições,
d epois d e ter-se ele convertido. H á muita im portân cia nessa observação.
Tudo n a casa anda melhor, quando a graça lubrifica as rodas .. . Não
acredito em seu cristianism o, m eu amigo , se p ert~nce à igreja e às reuniões d e
oração, n1as n ão, ao seu lar.
Faz uns três anos eu estava falando co1n um idoso pasto r, e ele con1eçou a
rem exer no bolso do paletó, m as d emorou algum tempo, para que achasse o
que queria. Afinal, tirou u1na carta que estava q uase d esfeita em pedaços, e
disse: ((D eus Todo-Poderoso te abençoe!" . E eu disse: ((Amigo, o que significa
isso?''. Ele disse: "Eu tinha um filho. Pensei que ele seria o esteio de minha
velhice, n1as ele se transviou , afastou-se d e n1im, e eu não seria capaz d e dizer
para onde foi, apenas 1ne disse q ue ia para os Estado Unidos. N as d ocas d e
Lo ndres co1nprou passage1n, a fi1n de ir para os Estados U nidos, m as n ão
en1barcou no dia aprazado". O idoso pastor n1e pediu que lesse a carta, e eu a
li; dizia n1ais ou m en os assin1: "Papai, estou aqui nos Estados Unidos. Encorirrei
e1np rego, e D eus n1e fez prosperar. Escrevo para pedir-lhe p erdão pelas mil
coisas errad as que lhe fiz, e pela angústia que lhe causei, po is, bendito seja
Deus, en contrei o Salvado r e m e uni à igreja de D eus aqui, e espero pássar
n1inha vida no serviço d e Deus.
Aco nteceu o seguinte: Não ernbarquei para os Estad os Unidos no dia en1
q ue c u esperava. Fui até ao tabernáculo para ver o q ue era aqu ilo, e Deus m e
enco ntro u. O Sr. Spurgeon disse: talvez ha ja aq ui um filh o fugitivo. O Senho r
o chama por sua graça. E ele fez isso". E en tão d isse o ministro, po ndo a ca rta
de lado: "Agora esse m eu fi lho esd rno n o, e est:i no céu. Eu amo o senho r c o
b rei enq uan to viver, po is fo i o insrnm1en to para co nduzi-lo :1 C ri sro".

~I 7
176. A Espada do Senhor
"Porqu e a palavra d e D eu s é v iva e efi caz, e n1ais cortante d o que
qualquer espada d e d ois gun1es, e penetra até ao ponto d e di vidir
aln1a e espírito, juntas e n1edulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos d o coraçãon (Hb 4.12).

I. AS QUALIDADES DA PALAVRA
1. Ela é divina. É a Palavra de D eus.
2. Ela é viva. "A palavra de Deus é viva".
Em contraste com nossas palavras, que morrem, a Palavra de Deus
. .
continua viva.
Ela tem vida em si mesma. Ela é a "semente viva e incorruptível" .
Ela cria vida aonde chega.
Nunca pode ser destruída ou exterminada.
3. Ela é eficaz: "Viva e eficaz''.
Ela leva convicção e conversão.
• Ela dá consolo e confirmação.
Ela rem poder para elevar-nos a grandes alturas de santidade e
felicidade.
4. Ela é cortante: "Mais cortante do que qualquer espada de dois gumes".
Ela fere menos ou mais a todos quantos nela tocam .
Ela mata o farisaísmo, o pecado, a incredulidade, etc.
5. Ela é penetrante. "Penetra até o ponto d e dividir".
Ela abre o ca1ninho para chegar ao coração endurecido.
Ela p enetra na n1enor abertura.
6. É discrinlinadora. ((Até ao ponto de dividir alm a e espírito" .
Ela separa coisas n1uito p arecidas: religião natural e religião espiritual.
Ela separa o exterior do interior: religião interna e externa, ''j untas e
Inedulas" .
7. É discernente. "Apta para discernir os pensamentos e propósitos do
-
))
coraçao .
Ela retalha o hon1em coJno o aço ugueiro retalha a carcaça, e revela
as Ltcu ldades e te ndências secretas da alma.
III. AS LIÇÕES QUE DAÍ DEVERÍAMOS APRENDER
C~u e reverencien1os grandemente a Palavra, como realmente 61lada por
D eus.
(~ue nos acheguen1os a ela, para despertan1eJHO de nossas próprias
aimas.
Que nos acheguemos a ela, pata buscar poder, qüando lutamo~ n a ~
batalhas em prol da verdade.
Que nos acheguemos a ela em busca de força cortante, para marar
nossos próprios pecados e ajudar-nos na destruição dos m ales do d ia.
Que lhe demos permissão para criticar-nos, e a nossas opiniões c
projetas, aros e tudo quanto nos diz respeito.
Bendiga a Deus pela eficácia da Palavra em sua alma. Algumas vezes ela j ~i
pungiu seu coração, seu fio fez sair sangue de suas luxúrias? Bendiga a Deus
por isso; seria como se fosse a utn cirurgião para lancetar uma ferida e retirar
uma parte purulenta do seu corpo, embora ele o submeta a uma tortura estranha,
ao fazê-lo.
E espero que pense em como Deus lhe propiciou grande bondade .. . Não
há outra espada como essa em todo o mundo, que pode curar, cortando; nem
outro braço poderia usar essa espada e ter feito desse modo com ela, exceto o
Espírito Santo.
A Palavra de Deus é algo sagrado demais, e a pregação é obra soleníssima,
para que brinquemos e nos divirtamos com elas, como é costume de alguns,
que fàzem do sermão apenas um assunto de dest~eza mental e refinada oratória.
Se pensamos em fazer o bem, devemos dirigir-nos aos corações dos homens,
não em palavra somente, mas com poder. Satanás não se mexe por causa de
mil sátiras e exibições espirituosas de retórica. Portanto, tire essa espada de
sua bainha e, com seu fio nu, dê golpes; verificará que esse é o único m eio de
perfurar as consciências de seu povo e fazer sair sangue dos pecados deles
(William G urnall).
Diz a Srta. Whately: "Despertar a mente entorpecida e não adestrada, no
caso de uma mulher muçultnana, é coisa maravilhosa, pois elas es tão
m e ~gulhadas na ignorância e na degradação; mas enquanto eu lia para wna
delas, faz poucas setnanas, ela exclan1ou: ora, isso é exatamente con1o se eu
estivesse lá fora, no 1neio da escuridão, e a senhora me desse uma lâmpada para
que eu pudesse ver n1eu ca1n inho".
O Rev. Jatnes Wall, de Roma, relata os seguintes lances de conversão,
n1ediante a leitura da Bíblia: un1 dos convertidos, quando pela primeira vc1.
recebeu de p resente um Novo Testamento, disse: ((Muito bem; é do tamanho
certinho para eu fazer meus cigarros", c assim começou a fLLlná-lo. Fwnou
todos os evangelhos, até que chegou ao capítulo d ez de João, quando lhe d eu
na cabeça que devia ler um pedacinho dele, pois, se não o fizesse, logo n5o lhe
restaria tnais o que ler. A primeira palavra co nseguiu o intento desejado, c o
homem deu a si próprio a interpretação de Cristo.
177. Confiança Junto ao Trono
"Acheguen1u-n os, portanto, confiaclan1ente, junto ao trono da
graça, a fin1 ele recebennos nlisericôrclia e ac11arn1os graça para
socorro en1 ocasião oportuna" (I-IlJ 4.16) .

A oração ocupa lugar importantíssimo na vida do cristão. Este versículo é


dos mais atra~ntes convites à oração.
L AQUI É DESCRITO NOSSO GRANDE RECURSO. "O TRONO DA
GRAÇA".
Outrora era chamado "propiciatório"; mas agora é o "trono".
Ao chegar-nos a Deus em oração, vamos:
1. A Deus como Rei, coin reverência, confiança e submissão.
2. A Alguém que dá como um Rei: portanto, pedimos em grande
quantidade e com grande expectativa. Ele tem riquezas d e graça e
poder.
3. A Alguém que está sentado num trono "de graça", com o propósito
de dispensar graça. É seu desígnio, seu objetivo exibir-se como Rei.
II. ÂQUI ESTÁ UMA EXORTAÇÃO AMOROSA. "ACHEGUEMO-NOS".
1. Procede de Paulo, homem con1o nós outros, m as um crente
experiente, que havia provado muito do poder da oração.
2. Procede da igreja toda, que por ele falava.
3. Procede do Espírito Santo; pois o apóstolo falava por inspiração.
O Espírito, fazendo intercessão em nós, diz: '~cheguemo-nos".
III. AQUI ESTÁ UM ADVÉRBIO DE MODO. "ACHEGUEMO-NOS
CONFIADAMENTE".
Não orgulhosamente, ne1n presunçosamente, nen1 cotn ton1 de
exigência, pois é o trono; n1as "confiadatnente", pois é o trono da
graça.
1. Poden1os aproxiinar-nos sen1 reservas, com todos os tipos de petições.
2. Podetnos aproximar-nos livremente, con1 palavras simples.
3. Pode1nos ap roximar-nos esperançosatnente, com plena confiança
d e sern1os ouvidos.
4. Podemos aproxin1ar-nos fervoros~unente, cotn insistência d e apelo.
IV. AQUI ESTÁ UM MOTIVO PARA CONFIANÇA. "ACHEGUEMO-
NOS, PORTANTO".
1. Podemos a p ro x i nLH - no s, quando p re e i sa r m os de g rande
tnisericórdia, por ca usa de nosso pecado.
Podemos aproximar-nos, quando tive rmos pequena d ose de graça.
2. Há outros motivos para nos achegarmos pronta e confladalncll tv.
O caráter de Deus nos encoraja a ter confiança.
Nossa relação con1 ele, como filhos, dá-nos grande liberdade.
Cristo já nos foi dado. Portanto, Deus nada nos negará.
Nossos sucessos anteriores, junto ao trono da graça, fornecen1-nos
uma sólida confiança.
3. O maior motivo de todos nos achegarmos, com confiança, está em
Jesus.
Uma vez que ele foi morto, e o propiciatório está borrifado com o
seu sangue.
Ele ressuscitou e justificou-nos por sua justiça.
Acheguemo-nos ao trono, quando somos pecaminosos, a fim de achar
misericórdia.
Acheguetno-nos ao trono, quando fracos, para achar ajuda.
Acheguemo-nos ao trono, quando tentados, para achar graça.
Quando Deus promulga leis, está num trono legislativo; quando aplica
essas leis está num trono governatnental; quando prova suas criaturas por essas
leis, está num trono de julgamento; mas quando recebe petições e dispensa
favores, está num trono de graça.
Uma ousadia santa, u1na familiaridade disciplinada, esse é o verdadeiro
espírito de oração certa. De Lutero se disse que, quando orava, era com tanta
reverência como se orasse a um Deus infinito, e com tanta familiaridade como
se falasse ao seu amigo mais próxitno (G. S. Bowes) .
Essa palavra, confiadamente, significa liberdade, sem re~trição. Podem ser
livres, porque são ben1-vindos. Podem usar de liberdade de expressão. A palavra
é ernpregada assitn em Aros 2.29 e 4.1 3. Vocês tên1liberdade de expressar seus
pensamentos livremente, de expor o que vai em seus corações, de falar de suas
dores, de suas necessidades, de seus ternores e de suas angústias. Como outras
pessoas não podem impedi-los de falar a Deus, prescrevendo-lhes as palavras
que devem usar, assitn também não têm necessidade de restringir-se, e podetn
expor com liberdade tudo quanto sua condição exigir (David Clarkson) ..
Quando os hon1ens oram, n1anifestando sujeição servil, empregando frases
frias e estabelecidas, e uma solenidade rastejante, o livre Espírito do Senhor
ben1 pode censur;,i -las. Estão achegando-se a un1 tirano? Intrepidez santa, ou
pelo n1enos esperança infantil é n1uicíssin1o conveniente a un1 o·isc~o.
A obtenção de tnisericórdia ven1 etn prin1eiro lugar; depois encontrar
graça para auxílio en1 ternpos de necessidade. Não se pod e inverter a ordem
estabelecida por Deus. Não acharão graça para ajuda en1 ten1pos de necessidad e,
enquanto não tiveren1 buscado e achado rniseri córdia para salvar.
Não rêm o di rei to de co n rar con1 o auxílio, proteção e orien ração til'
~ .' I
I k us, e todos os demais esplêndidos privilégios que ele promete aos ((filhos de
Deus, n1ediante a fé em Jesus Cristo", até que tenham esta primeira bênção, a
misericórdia de Deus em Jesus Cristo; pois é ((em" Jesus Cristo que todas as
protnessas de Deus são Sim e Amém (Frances R. J-Iavergal).

178. A Educação dos Filhos de Deus


uE1nbora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu" (Hb 5.8).

I. A FILIAÇÃO NÃO ISENTA DE SOFRIMENTO


1. Nem mesmo Jesus, como Filho, escapou ao sofrimento.
Ele era o Filho, peculiarmente, e acima de todos os demais.
Ele era o primogênito honrado e amado.
Ele era o Filho fiel e sem pecado.
2. Nenhuma honra atribuída aos filhos de Deus os isentará de sofrimento.
3. Nenhuma santidade de caráter, nem perfeição de obediência pode
isentar os filhos de Deus da escola do sofrimento.
4, Nenhuma oração dos filhos de Deus, conquanto fervorosa, removerá
deles todo espinho na carne.
5. Nenhum amor que um filho de Deus tenha, o impedirá de ser provado.
II. O SOFRIMENTO NÃO FRUSTRA A CONDIÇÃO DE FILHO.
O exemplo de nosso Senhor serve de modelo para todos os filhos de Deus.
1. Sua pobreza não desmente sua qualidade de Filho (Lc 2.12).
2 . Suas tentações não abalam sua filiação (Mt 4.3) .
3. As calúnias que ele suportou, não a põe em risco (Jo 10.36).
4. Seu temor e tristeza não a colocam em dúvida (Mt 26.39).
5. O abandono que os homens lhe votaram, não a invalidou (Jo 16.32).
6. Ter sido ele abandonado por Deus não a alterou (Lc 23.46).
7. Sua morte não lançou dúvida sobre ela (Me 15.39).
Ele ressuscitou, e, desse modo, provou que o Pai se agradou dele
(]o 20.17).
Nunca houve Filho mais verdadeiro, mais belo ou mais amado do
que o principal de todos os sofredores. "Hornem de dores, e que
sabe o que é padecer".
111. O SOFRIMENTO TEM UM PODER PECULIAR, PARA ENSINAR
OS FILHOS VERDADEIROS
I . Ele toca o hon1en1 no que este é: seus ossos, su a carne, seu .coração.
2. Ele examina suas graças, e varre, por con1pleto, aquelas imposturas
que n ão constituem provas de o bedi ência , mas fingimentos de
o bsti n ;H~:í n .
3. Ele vai à raiz, e prova a veracidade de nossa natureza. Mostra se n
arrependimento, a fé, a oração, etc., são meras exterioridades o u s5o
frutos do coração.
4. Prova nossa paciência, e faz-nos ver quão longe estamos da obediência
que julgamos ter. Podemos dizer: "Ainda que ele me mate, nele ·
confiarei''.
A pergunta ansiosa- Sou filho?
O desejo anelante - Que eu aprenda a obediência.
A disciplina aceita- Submeto-me a sofrer.
As correções são as garantias de nossa adoção, e as insígnias de nossa
condição de filhos. Deus só teve um Filho sem pecado, porém nenhum sem
tristeza. Como Deus não corrige a ninguém, a não ser os seus próprios, assim
todos os que são seus, devem estar certos de que serão corrigidos; e devem
aceitá-lo como um favor também (lCo 11.32). (John Trapp).
Dou meu testemunho espontâneo de que devo mais ao fogo, e ao martelo
e à lima do que a qualquer outra coisa na oficina do meu Senhor. Às vezes
chego a duvidar que tenha aprendido qualquer coisa, a· não ser por meio da
vara. Quando minha sala de aula está escura, vejo muitíssimo mais (C. H. S.).
Disse Lutero: "Eu nunca soube o significado da Palavra de Deus, até que
entrei em aflição. Sempre achei que ela é o meu melhor professor".
Um pastor estava em convalescença de perigosa enfermidade, quando
um de seus amigos se dirigiu a ele nestes termos: "Irmão, en1bora pareça que
Deus o está trazendo das portas da morte, entretanto levará muito tempo,
antes que o senhor recupere suficientemente suas forças e readquira vigor mental
bastante, para pregar-nos como de costume''. O bom homem respondeu: "Você
está enganado, meu amigo, pois esta enfermidade de seis semanas ensinou-me
mais das coisas divinas que todos os meus estudos anteriores e todos os meus
dez anos de ministério juntos" (New Cyclopaedia ofAnecdote) .

179. O Cordeiro Manco


uE fazei can1inhos r etos para os pés, para que n ão se extravie o que é
n1anco; antes, seja curado" (I-Ib 12.13).

À s vezes, enconrr<uno-nos com aqueles que são velozes de pés e alegres de


espírito. Prouvera a Deus que todos fossem assim! Como, porém, não são, é
preciso que o manco seja considerado.
I. EM TODOS OS REBANHOS, HÁ OVELHAS MANCAS
1. Algumas são mancas por natureza e de nascença.
Prontas a se desanimare1n e a duvidar.
Prontas a descrer e cair em erro.
2. AlgUinas têm sido m al nutridas. Isso lhes provoca úlceras nos pés e
tnanqueira. Muitas recebem doutrinas falsas.
3. Algun1as têtn sido atorn1entadas e, ass in1, levadas à tnanqueira.
Pelos perseguidores, com suas calúnias, insultos, ridicularização, etc.
Por irmãos orgulhosos, cruelmente devotos, severamente críticos, etc.
4. Algumas se debilitaram por causa da aspereza da estrada.
A excessiva preocupação do mundo as tem deprimido.
O excessivo conflito interior as tem deixado angustiadas.
A excessiva controvérsia as tem atormentado.
5. Algumas sofreram quedas terríveis.
Isso lhes quebrou os ossos, a ponto de impedir-lhes o progresso.
Isso lhes rompeu o tendão da utilidade.
Isso deixou-as aleijadas, com referência à alegria santa.
II. O RESTANTE DO REBANHO DEVE BUSCAR A CURA DESSAS
OVELHAS
l; Buscando a companhia delas, e não as deixando perecer pelo
caminho, por motivo de negligência, desprezo e desesp ero.
2. Esforçando-se por consolá-las e restaurá-las.
3. Traçando caminhos retas para os nossos próprios p és.
Mediante indiscutível santidade de vida.
M ediante o ensino claro do evangelho, em nosso modo simples.
Mediante manifesto júbilo no Senhor.
III . O PASTOR DO REBANHO CUIDA DAS TAIS
l. O conforto delas: ele providenciou todos os m eios de curar a 1nanca.
2. A esperança delas: ele é n1uito terno e carinhoso, e não deseja que
nenhuma delas se extravie e pereça.
3. A confiança delas: a cura trará para ele muita hon ra e grata afeição;
donde se conclui que ele as guardará.
As ovelhas estão sujeitas a muitas doenças, muitas d elas são fracas e débeis;
dessas, o bom Pastor se compadece e se esforça por sarar e fortalecê-las.
Do tnesmo modo, os santos d e Deus estão sujeitos a tnuitas fraquezas,
tentações e afli ções, que moveram o Todo-Poderoso j grande Cüinpaix~o e
censura r severamente os pastores de Israel, por sua crueldad e e desleixo para
co m seu rebanho: "A fraca não fortalecestes, a doente não curastes", etc. Ele
diz, port~1nto, que ele m esn1o ron1c.uá o trabalho em suas próprias n1ãos: ''A
qtll' h r;hlt I igarci c <1 enferm a fortalece rei", etc. (Benjam im Keach ).

I ·~:\ 11r( ·ss( ws '·slu ' h d ;ts L' n o çC>es e lcv:1das num serm ~o assen1elham-se ao

\/ I
cadáver de Asael no catninho, que só fazia os hon1en s pararem e o lh ~tt'L' tll
fixamente, mas de n1odo algum lhes trazia benefício ou os tornava m elho res. (:
n1elhor apresentar a Verdade, em sua simplicidade nativa, do que encher :1s
o relhas de pérolas falsas (Thomas Brooks) .
D everia ocorrer entre um cristão vigoroso e outro fraco o que ocorre
entre duas cordas de alaúde: assin1 que é tangida, a outra vibra; assin1 que um
cristão fraco fosse golpeado, logo o forte vibraria. ((Lembrai-vos dos·
encarcerados, como se presos com eles" (Hb 13.3). (Thomas Brooks).

180. Ouvi! Ouvi!


11
Tende cuidado, não r ecuseis ao que fala. Pois, se não escaparan1
aqueles que recusaran1 ouvir quen1, divinan1ente, os advertia sobre a
terra, tnuito 1n en os n ós, os que n os d esviamos daquele que dos céu s
n os advert e" (Hb. 12.25).

Jesus ainda nos fala no evangelho.


Que privilégio ouvir tal voz, com tal men'sagem!
Que pecado cruel é recusar a Jesus uma audiência!
I. HÁ NECESSIDADE DESSA EXORTAÇÃO, PROCEDENTE DE
MUITAS CONSIDERAÇÕES
1. A excelência da Palavra. Ela reclatna atenção obediente.
2 . A prontidão de Satanás em impedir-nos de acolher a Palavra divina.
3. Nossa própria indisposição para acolher a mensagen1 santa e celestial.
4. Já te1nos rejeitado por tempo demasiadamente longo.
II. HÁ MUITOS MODOS DE RECUSAR AQUELE QUE FALA
1. Não ouvindo. Ausência ao culto público, negligência da leitura da
Bíblia. "O s que se desviarn dele~ .. ". ·
2. Recusando-se a crer. Intelectualmente crendo, mas não com o coração.
3 . Sendo ofendido. Ira contra o evangelho, indignado e1n face da
ling uagem clara, oposição à honesta censura pessoal.
III. HÁ MUITAS CAUSAS PARA ESSA RECUSA
1. Sabedoria confiante em si n1esma, orgulhosa detnais para ouvir a
voz de Deus.
2. Ó dio à sa ntidade, o qual prefere o obstinado ao obediente, o lascivo
ao puro, o ego ísta ao divin o.
3. Temor do Inundo, o qual c·U ouvidos a ameaças, o u subo rnos, o u
liso nj as, e não o usa agir co rretamen te.
4. P:·ocrastinação, a qual grita "am anhã", mas que r dizer "nunca".
IV. A SENTENÇA QUE DEVEMOS TEMER, SE RECUSARMOS A
CRISTO
Aqueles a quem Moisés falou na terra, e que o repelirarn, não escaparam.
1. Pensemos na condenação deles, e aprendamos que destruição
igualmente certa ocorrerá a todos quantos repelem a Cristo.
Faraó e os egípcios.
Os murmuradores, que morreram no deserto.
Coré, Datá e Abirã.
2. Vejamos como pereceram alguns na igreja.
Judas, Ananias e Safira, etc.
3. Vejamos como pereceram outros que permaneceram no mundo, e
se recusaram a deixá-lo pelo rebanho de Cristo.
Não escaparão pelo aniquilamento, nem pelo purgatório, nem
mediante restituições universais.
Parece que temos tratado a Palavra como se ela tivesse entrado por um
ouvido e saído pelo outro; mas a Palavra, não nos esqueçamos, não transigirá
conosco, até que nos tenha julgado no último dia (Juiz Hale).
Um ~obre, músico muito competente, que muitas vezes havia observado
a desatenção do Rev. Cadogan durante sua execução, disse-lhe um dia: "Venha
cá, estou decidido a fazê-lo sentir a força da música; preste atenção especial a
esta peça". A peça foi tocada como devia. "Bem, o que o senhor diz agora?".
"Ora, exatamente o que eu disse antes". "O que! Pode o senhor ouvir isto e
não ficar encantado? Bem, estou completamente surpreso com sua
insensibilidade. Onde estão seus ouvidos?"
"Tenha paciência comigo, meu senhor", replicou o Sr. Cadogan, "visto
como eu, também tenho ficado surpreendido. Muitas vezes, do púlpito, tenho
posto diante do senhor as verdades mais profundas e emocionantes; tenho
feito soar notas que poderiatn ter ressuscitado a mortos; tenho dito: certamente
agora ele sentirá, mas parece que o senhor nunca se encantou com a minha
rnúsica, embora infinitamente. mais interessante do que a sua. Eu, também,
tenho estado pronto a dizer, com espanto: Onde estão os seus ouvidos?"
Um dos modernos pensadores ten1 estado a sustentar a doutrina da salvação
universal numa determinada casa, com muito zelo. Uma criança, que ouvira
sua f1la pestilenta, dizia, depois, a cornpanheiro seu: "Agora poden1os furtar e
mentir, e fazer coisas 1nás, pois não há inferno , quando n1orren1os". Se tais
pregadores adquiren1 grande poder en1 nosso país, não tetnos necessi.dade de
levantar a questão de un1 inferno no futuro, pois teren1os un1 inferno aqui
mesmo" (C. H. S.).
181. Bem-Aventurado o Homem Aprovado
"Ben1-aventurado o h o1nen1 que suporta, cotn p erseverança, a
provação; porque, depois de ter sido aprovado, ·receb erá a coroa dJ
v ida, a qual o Senhor protneteu aos que o an1an1" (T g 1.12) .

Ser bem-aventurado é ser feliz, favorecido, próspero, etc.


Mas a bem-aventurança tem uma ênfase secreta, sagrada, totalmente sua;
pois o favor e a prosperidade são de tal ordetn que só Deus pode concedê-los.
Quem não desejaria ser abençoado por Deus?
I. OS BEM-AVENTURADOS NESTA VIDA
1. Em nosso texto, a bem-aventurança não se acha relacionada com
facilidades, isenção de provações ou ausência de tentações.
Os tesouros que não foram provados, podem ter pouco ou nenhum
valor; não assim aqueles que p·assaram pelo fogo. Ninguém pode
reconhecer-se bem-aventurado, se temer que uma provação debilite
quanto ele tem de excelente. .
2. A bem-aventurança pertence àqueles que enfrentam as provas.
Esses têm fé, ou ela não seria provada; e a fé é bem-aventurada.
Esses possuem retidão, pureza, verdade, paciência; e tudo isso é algo
bem-aventurado.
3. A bem-aventurança se deriva de uma experiência paciente.
Betn-aventurança da gratidão, por ser sustentado.
Bem-aventurança de santa dependência, nas horas de fraqueza
consciente.
Bem-aventurança da familiaridade com Deus, desfrutada na aflição.
II. OS BEM-AVENTURADOS NA VIDA VINDOURA
1. D e serem coroados. Coroados con1o, se nunca estiveram na guerra?
Coroados, porque vitoriosos sobre os inimigos.
Coroados, porque cumpriram as condições para receber o prêmio.
2. De alcançarem a glória e a "coroa da vida", suportando a provação;
assim a vida só pode desenvolver-se, quando surgem sua flor e coroa.
3. D e possuírem uma coroa viva, de alegria infindável.
Se essas tremendas provações não os tnatarem, nada o fará.
4. De recebere1n essa coroa da vida, direran1enre da parte de D eus.
A pron1essa divina é que a revela e demonstra.
A peculiar consideraçáo de D eus por aqueles que O an1an1, a assegura
duplamente.
Sua própria n1ão a dad.

327
As aflições não tornam n1iserável o povo de Deus. H á uma diferença n1Llito
grande entre um cristão e um mundano: seu melhor estado é a vaidade (51
39.5); e o pior estado de um cristão é a felicidade. Aquele que arna a Deus, é
con1o urn dado; lançado alto ou baixo, está sempre de pé; às vezes pode ser
afligido, rnas é sen1pre feliz (Thornas Manton) .
Muitos fo rarn os tipos de coroas em uso entre os romanos venced ores; a
princípio, carona civica, feita de ramos de carvalho, d ada pelos ron1anos àquele
que salvasse a vida de qualquer cidadão, na batalha contra os inimigos.
Muralis, coroa de ouro, d ada àquele que tivesse escalado em primeiro
lugar as muralhas de qualquer cidade ou castelo.
Triumphalis, que era de louros, concedida ao principal general ou cônsul
que, após alguma vitória importante, voltava para a pátria em triunfo.
Essas, como muitas outras, como as coroas imperial, régia e principesca
(mais grinaldas ou diademas d o que coroas), não se comparam à coroa de
glória que D eus tem preparado para aqueles que O amam. Quem é capaz de
expressar a glória dessa coroa? Ou a que coisa gloriosa será ela assemelhada? Se
eu falasse a língua dos homens e d os anjos, tnesrno assim seria incapaz de
descrevê-la com a dignidade que ela rnerece. N ão é apenas uma coroa de glória,
n1as possui diversos outros títulos de preeminência, dos quais serão participantes
todos os piedosos; uma coroa de justiça pela imputação da justiça de Cristo;
uma coroa de vida, porque aqueles que a possuem, serão capazes de vida eterna;
uma coroa de estrelas, porque aqueles que a recebem, brilharão como as estrelas,
para todo o sempre (John Spencer).

182. Mais e Mais


Ant es, ele dá n1aior gr aça; pelo que diz: Deus resiste aos soberb os,
111as dá graça ~os lnlnlilcles" (T g 4.6).

Prática com o é a epístola de T iago, o apóstolo não negligencia enaltecer a


graça de Deus, co nforn1e fazen1, nestes ten1pos, os pregadores que não pregarn
o evangelho.
Erran1os, se elogian1os os frutos, sern levar em conta a raiz da qual
proceden1 . Toda virtude deve ter sua origem na graça divin a.
I. OBSERVEMOS O T EXTO EM SUA CONEXÃO
1. Ele apresenta un1 contraste. "An tes, ele d~1 maior graça" .
Dois mo ri vns poderosos se confro!nan1. " É con1 ci(une que ~)(H nós
:Jn sl· i:l <> l ~s píriro , que ele fez habitar em nós?''; da parte de Deus isso
,: :•. tli .'.kil!l jl(ll': "/\ tnt·s. v i<' d:í 111:1ior gr:1~·;1" .

I I \'
I, I t
2. Ele sugere uma nota de adn1iração.
Quando descobrimos mais de nossa fraqueza, D eus nos dá n1aior
graça.
3. Aprendemos onde obter as arn1as de nossa guerra: deven1os olhar
para aquele que concede graça.
4. Ele nos estimula a continuar a luta.
Enquanto houver uma paixão na alma crente que ouse levantar-se;
Deus dará graça para lutar com ela.
5. Ele indica claramente a vitória.
((Ele dá 1naior graça" é uma promessa clara d e que:
D eus não nos abandonará; antes, aumentará m ais e mais a força da
graça, de sorte que o pecado d eve render-se, finahnente rendendo
se ao domínio santificador d a graça.
II. OBSERVEMOS A VERDADE GERAL DO TEXTO
D eus está se1npre a dar. O texto fala desse fato como o 1nodo e h ábito
do Senhor: ((Ele dá maior graça".
Isso deveria ser:
1. Uma verdade de uso diário para nós.
2. Uma prornessa diária, pleiteada em favor d e outros.
3. Uma certeza em p erspectiva das duras provas de enfermidade e morte.
III. CONHEÇAMOS A VERDADE, POR APROPRIAÇÃO ESPECIAL
1. Minha pobreza espiritual é, então, por n1inha própria culpa, pois o
Senhor dá maior graça a todos quanto crêem obtê-la.
2. M eu crescimento espiritual será a glória do Senhor, pois só posso
crescer, porque ele dá maior graça. Oh, crescer constanten1ente!
Quando Matthew H enry era m enino , ficou muito impressionado con1
um sennão sobre a parábola do "grão d e mostarda" . Ao voltar para casa, disse
à sua irmãzinha: '~cho que recebi un1 grão de graça". Era a semente do
co1nentário que fora ((lan çada sobre as águas" (Charles Stanford) .
Recebo graça todos os dias! Todas as horas. Quando, pela graça d~ seu
príncipe, o rebelde é tirado d e sob o n1achado do algoz nove vezes por dia,
vinte vezes por dia, pelo espaço d e quarenta anos, quão agrad áveis são para ele
os perdões multiplicados e as s uspensões d a pena da graça! En11neu caso, estão
as Inultidões de redenções n1ultipl icadas! Aq ui, a reden ção é ab undante! Eu
m e sujo cada hora. C risto lava; eu caio, a graça m e levanta; c hego a este dia,
es ra n1an h ã, sob a reprovação da justiça, n1as a graça me perdoa; e ass im todo
o teinpo, até que a graça m e ponha no cé u (Samuel Ruth e rfo rd ) ..
Uma tneouena 0araca
~1 ·'
nos levad furur~1mcnrc ;H> cé 11 , 111 ;1S : 1 t•,r:111 d(' )',l':ll,,l
j

nos rr:u;Í o cl-u agnr:t (A rn o ld 11 i v irH·) .


I 'I J
Oh, que coisa triste quando os cristãos são o que sempre foram! Deveríeis
ter tnaior graça; vossa palavra deveria ser: ego non sum ego- Não sou o mesmo;
ou: nunc oblita mihi - agora meus velhos cursos estão esquecidos; ou, como
diz o apóstolo Pedro: ''Basta o tempo decorrido ... andando em dissoluções"
(lPe 4.3) (Thomas Manton).

183. Se é Assim - e Então?


"E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai con1.parecer o
Ílnpio, sin1, o pecador?n {lPe 4.18).

"Com dificuldade é salvo", ressalta a dificuldade da salvação.


Alguns pensam que é fácil começar a crer; mas o profeta clamou: ''Quem
creu?" e Jesus pergunta: "Contudo, quando vier o Filho do homem, achará
L' ;>"
porventura rena terra..
Não é coisa fácil ser salvo: a graça onipotente é necessária.
Não é coisa insignificante estar perdido, mas é possível perder-se p or
negligência.
L O FATO: "É COM DIFICULDADE QUE O JUSTO É SALVO".
1. Dessa relação, concluímos que os justos são salvos com dificuldade,
por causa do rigor da norma divina. O grão de boa qualidade suporta
a foice, o mangual, a joeira, a peneira, o moinho e o forno.
A maior prova de todas é o juízo onisciente do Deus zeloso.
Que graça será necessário para vencer essa provação!
2. Da experiência dos santos, chegamos à m esma conclusão.
Acham difíceis muitos aros salvadores, como por exemplo -
Apegarem-se somente a Cristo, e como pecadores.
Vencerem a luta quotidiana da carne.
Resistirem ao mundo com suas lisonjas, ameaças e maus costumes.
Vencerem a Satanás e suas horríveis tentações.
II. A INFERÊNCIA DO FATO: "ONDE VAI COMPARECER O ÍMPIO,
SIM, O PECADOR?"
l. Se mesmo a verdadeira moeda é tão severarnente provada, o que
será "prata rejeitada" ?
2. Se com dificuldade o s san tos obtêm o céu , o que ser;:i dos ín1pios?
C.2ue podem fazer aqueles que não têm Deus?
(~uc faze r sem diligência? Quando o negociante, e1nbora cu_idadoso,
t'S l:Í pndcndo todo o seu capital, que será do esbanjado r?

()!H ' 1. 11< ' 1' .•.c 111 ;1 vnlLtd c? Ouando o fogo conson1e casas muito

111 ' 111 I (I II ., ,, I d l l.t ·. I I" (' ,,.í d(' St'l' d:l I(' li h;J' d () 1-e Jl o c do rcs (O Iho?
I
3. Se os santos são disciplinados tão severan1ente, que jus tiça se ::.pli ·; 11 :~
ao pecador francamente desafiante? .
III. OUTRA INFERÊNCIA: "ONDE COMPARECERÁ O MHRO
PROFESSANTE?"
Se os verdadeiramente piedosos enfrentam dura luta pela salvaç5.o;
O formalista verificará que as cerimônias são um pobre consolo.
O falso professante será arruinado por sua hipocrisia.
O presunçoso descobrirá que seu ousado orgulho é um pobre auxílio.
IV. OUTRA INFERÊNCIA: ENTÃO A ALMA TENTADA PODE SER
SALl04.
O aparecimento da corrupção nos faz vacilar.
Um mundo perseguidor nos prova amargamente.
As tentações ferozes, vindas de fora, nos causam perplexidade.
A perda da alegria interior nos deixa indecisos.
O fracasso, nos esforços sagrados, prova a nossa fé.
Mas, em tudo isso, temos comunhão com os justos de todos os
tempos.
Eles estão salvos, e nós também estaremos.
Quando o apóstolo usa a frase- "Se é com dificuldade que o justo é salvo",
certamente não quer dizer que há alguma dúvida acerca da suficiência absoluta
e infinita da base de sua salvação; ou que há alguma incerteza no resultado
final.
Sua Linguagem se refere à dificuldade em Levá-Los com êxito, até à salvação
final deles; refere-se à necessidade de usar a vara e a fornalha; o processo, em
muitos casos severos, de correção e purificação.
Se for exigida "provação ardente", e o horror que Deus tem ao pecado, e
seu amor a seus filhos não permitem que ela seja detida, para eliminar a liga
remanescente da santidade deles, o que devem seus inimigos esperar da av·ersão
que ele tem ao mal, inimigos esses em que o pecado não é mera liga de um
material melhor, porém tudo é pecado junto? (Dr. Wardlaw).
H á muita dificuldade para retirar Ló de Sodoma, para retirar Israel do
Egito. Não é assunto fácil conseguir que um homem deixe o estado de corrupção
(Richard Sibbes).
Disto estou certo, que nenhuma devoção rnenor do que aquela que levo u
os n1ártires através das charnas, nos conduzirá in1pol uros através do mundo
presente (Sra. Paltner).
Onde comparecere:í ele, quando, para que pudesse não con1parecer, ele se
contencaria em ficar asfixiado sob o peso das rnontanhas e dos outeiros, SL'
pudessen1 oculd-lo do comparecimento ? (Arcebispo Lighron).
184. O Conhecimento do Senhor é Nossa Proteção
~~É por q ue o Senh or sab e ]iv r ar da provação os pie dosos e r eser var,
sob castigo, os inju s·tos para o D ia de Juizo" (2Pe 2.9).

"O Senhor sabe". Nossa fé no excelente conhecÍlnenro de Deus é grande


fonte de consolo para n ós:
Em referência a do utrinas desconcertantes.
Em referência a profecias enigmáticas.
Em referência a prom essas m aravilhosas.
Em referência a providências desoladoras.
Em referência a tentações dolorosas.
L O C ONHECIMENTO DE DEUS COM REFERÊNCIA AO CARÁTER
1. Ele conhece os piedosos -
Na provação, quando ela não é conhecida por o utros.
Na tentação, quando dificilmente conhecida por eles m esm os.
2. Ele conhece os injustos-
Embora façam ruidosas profissões de piedade.
,Embora não sejarn h onrados por suas grandes possessões.
Deus não comete n enhum erro, quer quanto à parcialidade, quer
n o tocante à severidade.
II. O CONHECIMENTO DO SENHOR COM REFERÊNCIA AOS
PIEDOSOS
1. O conhecimento que ele tem do caso deles é perfeito. Antes da
ten tação, durante e depois dela, ele conhece as tristezas que sen tem.
2. Em cad a caso, ele sabe con1o livrá-los.
3. Ele conhece o rnodo que mais o glorificará.
4. O conhecimento do Senhor deveria levá-los a confiar nele, con1
santa confian ça, e nunca pecar, a fim de escaparem.
III. O CONHECIMENTO DO SENHOR COM REFERÊNCIA AOS
INJUSTOS
O Senhor sabe rnelho r:
1. Con1o reservá-los sob resrrjções. Ele possibjlita poupá-los da sentença,
e ainda n1anter a lei e a orden1.
2. Como e quando abatê-los, quando suas iniqüidades atingcn1 o n1~himo .
3. C01no lidar com eles n o juízo , e por rodo o estado futuro. C>s
n1isrérios da cond enação e terna estão seguros em S ll <l mão . .
N o cap ítulo 12 d e Aros, achan1os duas belas il ustrações do rraran1enro
qu e o Se nhor dis pe nsa ao s jus tos e aos iníquos, relacionadas con1 a vida de
Pcd ro.
Pedro, na prisão, foi inesperada1nente libertado.
H erodes, no trono , foi comido pelos vermes.
Na laje de un1 pequeno tümulo que continha o corpo de uma crianc inh ~t
que fora levada à praia durante os vendavais, sem qualquer indício quanto à d<tLI
de nascÍlnento, norne ou pais, foi posto o epitáfio: "Deus sabe" (Leisure I-lou r).
Na Vida e Cartas de G. Ticknor, encontra-se uma observação con1 o
propósito de mostrar que, estando em Bruxelas e conversando com algumas
pessoas da elite da sociedade local, constantemente não podia evitar a recordação
de que duas das generosas pessoas intelectuais com as quais se assentava, estavan1
sob sentença de morte, se fossem achadas dentro dos domínios da Áustria.
Não podemos esquecer que muitos dos que nos rodeiam, agora estão "sob
condenação" e estão "reservados para o dia do juízo".

18 5. Posteriormente
uAmados, a gora, son1.os filbos de Deus, e ainda não se Inanifestou o
que b.averen1os de ser. Saben1.os que, quand o el ~ se n1anifestar,
seren1.os sen1elb.antes a e le, porque haveren1os de vê-lo co1no ele é"
(lJo 3.2).

I. "AINDA NÃO SE MANIFESTOU O QUE HAVEMOS DE SER"


No presente estamos velados, e viajamos pelo mundo, incógnitos.
1. Nosso Mestre não se manifestou aqui em baixo
Sua glória estava velada pela carne.
Sua Deidade estava oculta pela fraqueza.
Seu poder estava escondido sob tristeza e debilidade.
Suas riquezas estavam sepultadas sob pobreza e vergonha . .
O mundo não o conheceu, pois ele se fizera carne.
2. É preciso que nossas necessidades tenharn uma noite, antes de nosso
amanhecer, urn preparo escolar antes da faculdade, afinação, antes
, . .
que a mustca esteJa pronta.
3. Este não é o tempo no qual manifestar a nossa glória.
O inverno prepara as flores , n1as não as faz brotar.
A m a ré vaza nte revela os segredos do tnar, mas muitos de nossos
rios não poden1 , então, ser navegados por ga rbosos navios.
Para tudo h~1 esraç5o própria, e este não é o ten1po de glória.
II. "SABEMOS QUE, QUANDO ELE SE MANIFESTAR",
1. Falan1os da manifestação de nosso Senhor, sem dLIVi<.b . "S;1hcmns".
2. Nossa fé é tão segura que eb se rorna co nh ccim vnt() .

III
Ele se manifestará nesta terra em pessoa.
III. "SEREMOS SEMELHANTES A ELE"
1. Tendo um corpo semelhante ao seu corpo.
Sem pecado, incorruptível, sem dor, espiritual, vestido com beleza
e poder, e ainda tnuitíssimo real e verdadeiro.
2. Tendo uma alma semelhante à sua alma.
Perfeita, santa, instruída, desenvolvida, fortalecida, ativa, livre de
tentações, de conflito e sofrimento.
3. Tendo tais dignidades e glórias, como ele se veste.
Reis, sacerdotes, conquistadores, juízes, filhos de Deus.
IV. "HAVEMOS DE VÊ-LO COMO ELE É"
1. Essa visão gloriosa aperfeiçoará a nossa semelhança.
2. Será o resultado de sermos semelhantes a ele.
3. Será evidência de sermos semelhantes a ele, visto como ninguém,
exceto os puros de coração, poderá ver a Deus.
A visão será arrebatadora.
A visão será transformadora e transfiguradora.
A visão será permanente, uma fonte de bênção eterna .

Deus demonstrou poder, ao criar-nos, e amor, ao fazer-nos filhos. Platão
dava graças a Deus, por havê-lo feito homem, e não um animal irracional; e
que motivo têm eles para adorar o amor de Deus, o Deus que fez filhos! O
apóstolo lhe acrescenta, eis! (Thomas Watson).
Esses relances divinos do futuro, concedidos por Deus, revelam-nos mais
do que todo o nosso pensar. Que intensa verdade, que significado divino há na
palavra criadora de Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhançar' Proclamar a semelhança do Invisível, ser participante da
natureza divina, partilhar com Deus do seu governo do universo é o destino
do homem. Seu lugar é, na verdade, de glória indizível.
Situar-nos entre duas eternidades, o propósito eterno no qual fomos
predestinados a ser conformes cotn a imagem do Filho primogênito, e a realização
eterna desse propósito, quando seremos se1nelhantes a ele em sua glória. De
todos os lados, ouvimos a voz: ó vós, que trazeis a in1agem de D eus! Ponde-vos a
caminho para partilhar a glória de Deus e de Cristo, viver uma vida semelhante
à de D eus, un1a vida sen1elhanre 21 de C risto!!! (Andrew Murray).
Um cego convertido disse certa vez: "Jesus Cristo sení a primeira pessoa
<-JU C eu hei de ver, pois meus olhos se abrirão no céu".
"Você vai estar con1 Jesus e vê-lo co1no ele é", disse un1 amigo a Rowland
li iii V III sc11 kit o de mo rte. "Sim", respondeu o Sr. Hill , con1 ênf~1se , "e serei
\f"lllt 'fl,t t/1/ t ' .1 <'I<·; ' " 1'.t' l~ 11 polll o c · ~tlrnin :liHl'".

H ·l
186. Vida Provada por Amor
uN ós saben1os que já passa1nos da 1norte para a vida, porque an1an1ut.i
os irn1ãos; aquele que não ama, pennanece na n1orten (lJo 3.14).

I. SABEMOS QUE ESTÁVAMOS MORTOS


1. Não tínhamos sentimento, quando a lei e o evangelho se dirigiam a
I
nos.
2. Não tínhamos fome e sede de justiça.
3. Não tínhamos força de movimento, rumo a Deus, em arrependimento.
4. Não tínhamos a respiração da oração ou o pulso do desejo.
II. SABEMOS QUE PASSAMOS POR Ul\tlA MUDANÇA SINGULAR
1. O inverso da mudança natural da vida para a morte.
2. Não é mais fácil de descrever do que a transfonnação que a própria
morte produz.
3. Essa mudança varia em cada caso, quanto a seus fenômenos
exteriores, mas é essencialmente amesma em todos.
4. Como regra geral, seu curso é como segue: .
Começa com sensações dolorosas.
Leva a uma triste descoberta de nossa fraqueza natural.
Manifesta-se pela fé pessoal em Jesus.
Opera no homem, mediante arrependimento e purificação.
Continua mediante a perseverança na santificação.
Completa-se em júbilo, infinito e eterno.
5. O período dessa transformação é uma era para .ser lembrada no
tempo e pela eternidade, com grato louvor.
III. SABEMOS QUE VIVEMOS
1. Sabemos que a fé nos deu novos sentidos, compreendendo um novo
mundo, desfrutando um reino de coisas espirituais.
2. Sabemos que temos novas esperanças, temores, desejos, deleites e
assim por diante.
3. Sabemos que temos novas necessidades, tais como respiração,
aliinento, instrução, correção celestial e assim por diante.
IV. SABEMOS QUE VIVEMOS, PORQUE AMAMOS. "PORQUE
AMAMOS OS IRMÃOS".
1. Nós aman1os a eles, por amor a Cristo.
2. N ós am amos a eles) por amor à verdade.
3. Nós amamos a eles) por causa deles mesmos.
4. Nós amamos a eles, porque o n1undo os odeia.
5. Amamos a companhia deles, seu exe m pio t Stl:t s cx ort: t ~·(H·s .
6. Nós os amamos, apesar dos entraves da enfermidade, inferioridade ...
AssÍln como no evangelho ele resgata a palavra logos dos usos anticristãos;
assim, nesta epístola, ele resgata a palavra «saber, e tem ern 1nira fazer que seus
"filhinhos, sejan1 gnósticos no sentido divino. O conhecin1ento é excelente,
n1as o can1inho que conduz a ele não é pela especulação intelectual, conquanto
aguda e sutil, n1as pela fé em Jesus Cristo e sujeição a ele, de acordo com
aquelas palavras bem joaninas, no evangelho de Mateus: "Ninguém conhece o
Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar'' (Dr. Culross).
O mundo se1npre gosta de crer que é impossível saber que somos
convertidos. Se perguntarem aos do mundo, eles dirão: ''Não tenho certeza;
não posso dizer'' , mas a Bíblia inteira declara que podemos receber o perdão
dos pecados, e sabemos que já o temos recebido (R. M. McCheyne).
Nos primeiros tempos do cristianisn1o, quando ele triunfou sobre o antigo
paganismo do Inundo romano, ele fundou uma nova sociedade, ligada por
esse santo e mútuo amor. As catacumbas de Roma dão notável testemunho
dessa graciosa fraternidade. Ali estavam os corpos de membros da mais alta
aristocracia romana, alguns até da família dos Césares, lado a lado co1n os
restos de escravos e trabalhadores obscuros.
E no' caso dos n1ais antigos túmulos, as inscrições não fazem alusão alguma
à posição que ocupava na sociedade aquele que estava ali sepultado; não se
preocupavam se havia sido un1 cônsul ou um escravo, um tribuno da legião ou
um soldado raso, um patricia ou um artesão. Bastava-lhes saber que tinha sido
um crente em Cristo, um homern temente a Deus. Não cuidavatn de perpetuar
na morre as vãs distinções do mundo; eles haviatn aprendido o glorioso ensino
do Senhor: "Um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos, (E. De Pressense).

18 7. Fé Vitoriosa
"Porque t odo o que é nascido de D eu s vence o n1undo; e esta é a
vitória que vence o n1undo: a nossa fé" (lJo 5.4).

I. A CONQUISTA: "VENCE O MUNDO".


1. Nós nos libertatnos dos costun1es do n1undo.
2. Manren1os nossa liberdade de obedecer a un1 Senhor n1ais elevado
em todas as coisas. Não somos escravizados pelo pavor da pobreza,
pela ganância d as riquezas, pelo comando oficial, pela ambiçlo
pessoal, pelo amor J. ho nra, pelo medo (_b vergonha , ou pela f~>rça
d os números.
3. Estamos acima da autoridade do n1undo. Seus velhos cos llllll v~ <III
suas novas leis são para seus próprios filhos: nós não o co ns id c r~111 1< 1....
como un1 govern ador, ou cotno um juiz.
4. Estamos acima de sua religião. Obtemos nossa religião d ireta m cl ll t·
de Deus e de sua Palavra, e não de fontes humanas.
Como alguétn em quem se viu esta conquista, leia a história de Abra:te>.
Pense nele em relação à sua saída do lar, suas andanças solitárias, seu
comportamento para com Ló, Sodoma e seu rei, !saque, etc.
II. A NATUREZA CONQUISTADORA. "TODO O QUE É NASCIDO
DE DEUS".
1. Só essa natureza empreenderá a competição com o mundo.
2 . Só essa natureza pode continuá-la. Todo o mais se cansa na luta.
Essa natureza nasceu para conquistar. Deus é o Senhor, e aquilo que
é nascido dele, é real e governa.
III. A ARMA CONQUISTADORA. "NOSSA FÉ".
Capacitamo-nos a ser conquistadores, levando em conta:
1. A recompensa invisível que nos aguarda . .
2. A presença invisível que nos certa. Deus e uma nuve1n de
testemunhas mantêm-nos em plena inspeção.
3. A união mística com Cristo, operada em nós, pela graça.
Descansando em Jesus, vencemos o mundo.
IV. A ESPECIALIDADE DA CONQUISTA. "ESTA É A VITÓRIA".
1. Para a salvação, achando o descanso da fé.
2 . Para imitação, achando a sabedoria de Jesus, o Filho de Deus.
3. Para consolação, vendo a vitória garantida para ~1ós, em Jesus.
Eis o vosso conflito - nascidos para batalhar.
Eis o vosso triunfo - feitos para conquistar.
Quando perguntaram a um viajante se ele não se admirava d e
extraordinária estrutura de algum edifício majestoso, respondeu: "N ão, pois
estive em Roma, onde se vêem melhores todos os dias" . Ó crente, se o Inundo te
tenta com visões raras e curiosas perspectivas, bem podes zombar delas, tendo
visto, por conte1nplação, no céu, e sendo capazes, pela fé, de ver infinita1nente
melhores deleites cada hora do dia! "Esta é a vitória que vence o mundo, a
nossa fé" (Feathers for Arrows).
O cren~e não apenas vence o n1undo en1 suas defonnidades, tnas em s ua~
aparentes excelên cias. Não pelo modo con1o Alexandre e outros conquistadores
o venceram, mas d e un1 n1odo muito tnais nobre; pois eles, longe d e ve nccrl' lll
o mundo , foran1 escravos do tnundo. O hotnem que submete à morte a ourros
dez nül hon1ens, não vence o n1undo.
O verdadeiro conquistador é aquele que pode dizer, co1n Paulo: "Graças
a Deus que nos dá a vitória, por intern1édio d e nosso Senhor Jes us Cristo", e:
'(Quen1 nos separará do amor de Cristo? Será tribulação? .... etc. Em todas
estas cousas, porém, somos n1ais que vencedores, por n1eio daquele que nos
amou". Tal pessoa pode recorrer, pela fé, a wn padrão infalível- a Palavra de
Deus; na verdade, não há outro. Ele descobre o tnundo, e o mundo não lhe
será imposto. Quando tentado a aceitar as boas coisas d o mundo co1no sua
porção, ele as rejeita; porque tetn algo n1elhor ao seu alcance.
Desse Inodo, a fé em Cristo ven ce a influência corrupta, o amor
desordenado, o 1nedo servil, a idolatria, a inimizade, a falsa sabedoria e as
máximas do mundo; ela vence não somente a loucura, 1nas a própria religião
secularizad a, enqua nto for ela uma religião enganadora (Richard Cecil).
Afirma-se desta elegante criatura (a Ave do Paraíso) que ela sen1pre voa
contra o vento, visto cotno, de outro modo, sua bonita mas delicada p lumagen1
ficaria arrepiada e se estragaria. São Aves do Paraíso, num sentido espiritual,
somente aqueles que abrem bem seu caminho contra o vento do mundanistno;
um vento que sempre sopra en1 direção contrária à direção do céu (J. D. Hull).

188. Por Causa da Verdade


uPor causa ela verdade que pennanece en1. nós e conosco
estará para sen1pre" (2J o 2).

I. A VERDADE É UMA NECESSIDADE CRISTÃ


Uma vez que se tenha permitido à verdade de Deus obter entrada no
coração hun1ano, e subn1erer o hon1en1 todo a ela própria, não há
poder hun1ano ou inferno que possa d esalojá-la.
1. Receben1os a Verdade não cotno un1 con vidado, 1nas corno o senhor
da casa. Que1n assim não crê, não é cristão. Aqueles que sen ren1 o
poder vital do evangelho e conhecen1 a força do Espírito Santo,
quando ele abre, aplica e sela a Palavra do Senhor, preferirian1 ficar
reduzidos a pedaços a se apartarem do evangelho de sua salvação.
2. A Verdade será nosso sustento en1 vida, nosso consolo na n1one ,
nosso cântico de ressurreição , nossa glória eterna.
II. A VERDADE É UM PRIVILÉGIO CRISTÃO
1. Sen1 ela , nossa fé pouco valeria. Algurnas verdades superamos e
d eixamos para rds, pois sJ.o apenas rudim entos ~ lições para
principianres, porém não poden1os lidar assim con1 a verdade divina.
F.mhor:t eb sej:1 :1l imenro su:1ve para bebés, no mais :1 lto sentido, é
l ·:rnH · Sll l'Ui c rtt :r p;tr;t ;H.IuiLos.
, ,,
\ l t I
2. C01n ela muito aprendemos.
A verdade que so1nos pecadores, está dolorosam ente conosco, par:1
humilhar-nos e fazer-nos vigilantes. A mais bendita verdad e que
rodo aquele que crê no Senhor Jesus será salvo, permanece conusco
cotno nossa esperan ça e nosso júbilo.
II. A VERDADE NOS FAZ EXERCITAR O NOSSO AMOR
Nenhum círculo estreito pode conter nossas graciosas simpatias. Tão
an1pla cotno a eleição da graça, deve ser a comunhão de nosso coração.
Muito erro pode estar misturado com a verdade recebida. Façamos guerra
contra o erro, m as também amemos o irmão, pela m ed ida da verdade que
vemos nele; acima de tudo, atnemos e espalhemos a verdade a nós mesm os.

189. Saúde da Alma


"An1ad o, aci1na ele tudo, f aço vot os por tua prosperidade e saúde,
assin1 con1o é próspera a tua a bna" (3 Jo 2).

I. EXAMINEMOS AS PALAVRAS DO TEXTO


1. "Faço votos" . Mais corretamente, como está n a n1argem. "Oro". A
oração é un1 desejo santificado. Transforma seus desejos, seus votos,
em orações.
2. ('Por tua prosperidad e". Podemos pedir prosperidade para n ossos
an1igos, especialmente se, como Gaio, servem a Deus e sua causa
com todo o seu ser.
3. "E saúde". Esta é necessária ao desfrute da prosperidad e. Que
adian taria tudo o mais, sem ela?
4. "Ass in1 como é próspera a tua al1na". Fica1nos surpresos cotn este
d esejo: a saúde esp iritua l d e Gaio torna-se o padrão d.e su a
prosperidade exterior! Ousan1os orar d esse m od o, a favor de muitos
de n ossos amigos?
II. MENCIONEMOS OS SINTOMAS DA SAÚDE PRECÁRIA
1. Baixa temperatura. Mornidão é u1n n1au sinal. Nos n egócios, ra l
h om en1 conseguiria pouco; n a religião, absolutam ente nada.
Esta é terrível, no caso de um pastor.
t~~ perigosa, n o caso de um ouv in te.
2. C o ração contraído.
Enq uanto alg uns p raticun misericó rdia, o utros são in tolerantes, c
co rtam rod os os que não seg uem , d etalhadamen te, os seus p:H.I rf>L'S.
Se não am amos aos irmão.-;, al go de L'rrado h:í co nosco.

I \11
3. U1n apetite fraco e1n relação ao alilnento espiritual.
4. Dificuldade de respirar.
Quando a oração é um dever cansativo, tudo está errado conosco.
III. INSINUEMOS MEIOS DE RECUPERAÇÃO
1. Procurar alimento bon1. Ouvir a pregação do evangelho. Estudar a
Palavra de Deus.
2. Respirar livremente. Não restringir a oração.
3. Exercitar-se na piedade. Trabalhar para Deus.
4. Voltar ao ar nativo: respirar a atmosfera do Calvário.
5. Viver perto do mar. Morar perto da total suficiência de Deus.
6. Se essas coisas falharem, eis uma antiga receita: "Carnis et Sanguinis
Christi". Tomar esse medicamento, diversas vezes por.dia, num cálice
das lágrimas de arrependimento, é cura certa.
Nas Escrituras, o pecado recebe os non1es de doenças. É chamado a chaga
do coração (lRs 8. 38). H á tantas moléstias da alma como do corpo. A
etnbriaguez é uma hidropisia espiritual; a segurança é uma letargia espiritual; a
inveja é um cancro espiritual, a luxúria é uma febre espiritual (Os 7.4) . A
apostasia é a recaída espiritual; a dureza de coração é pedra espiritual; a
insensibilidade de consciência é uma apoplexia espiritual; a insegurança de
julgamento é uma paralisia espiritual; o orgulho é um tumor espiritual; a
vanglória é coceira espiritual. Não há nenhuma enfermidade do corpo que
não tenha algUina doença da alma que se emparelhe com ela, e traga o seu
nome (Ralph Robinson).
Se fosse tirada uma fotografia de uma pessoa em estado de saúde forte,
vigorosa, e outra, da mesma pessoa, após grave enferm.idade ou quando esteve
quase à morte por inanição, ou enfraquecida por confinamento, dificilmente
as reconheceríamos como sendo da mesma pessoa, un1 caro e velho amigo que
amamos! Maior ainda seria a transformação, se pudéssen1os tirar um retrato
espiritual de muitos que outrora foram santos de Deus, cordiais, vigorosos,
cuja alma ficou inanimada, por falta do alimento espiritual adequado, ou por
nutrir-se de "cinzas", em vez de pão (G. S. Bowes).

140
190. Doxologia de Judas
"Ora, àquele que é poderoso para vos gu ardar ele tropeços e pa r.J Vl 1:::

apresentar con1 exu ltação , Ílnacul aclos diante da sua gló ria, ao C1n i ·~ 1
Deus, n osso Salvador, n1ediante Jesu s Cristo, Senb o r n osso, g]t1ria,
n1ajestacle, in1péri o e sob er a nia, a ntes d e todas as eras, e agora, e p o r
todos os séculos. Àn1é1n!n (Jd 24- 25).

I. ADOREMOS ÀQUELE QUE PODE IMPEDIR-NOS DE CAIR


1. Precisamos evitar a queda, no sentido de preservação de:
Erro de doutrina, muito predominante nesta época.
Erro de espírito, tal corno falta de amor, ou falta de discernimento,
ou descren ça ou credulidade, ou fanatismo, o u presunção.
Pecado exterior. Ai! C on1o podem descer tanto os melhores!
2. Ninguém, exceto o Senhor, pode impedir-nos de cair.
Não podemos guardar a nós mesmos sem ele.
Nenhum lugar garante segurança: a igreja, o ·aposento particular, a
rnesa da comunhão - todos são invadidos pela tentação.Não h á
normas e regulamentos que nos impeçam de tropeçar.
H ábitos estereotipados só podem ocultar pecados mortais.
3 . O Senhor pode fazê-lo. Ele é "poderoso para guardar", e é o ''único
Deus, nosso Salvador". Sua sabedoria faz parte de seu poder.
Por advertir-nos: essa advertência pode ser pelo fato de notannos as
quedas de outros, o u por adrnoestações internas·, o u pela Palavra.
Mediante urn arnargo senso de pecado, que nos faz detestá-lo corno
Uina criança que foi queimada, ten1 pavor do fogo.
Mediante a providência, aflição, etc., que rernoven1 as oportunidades
d e pecar.
Mediante seu Espírito Santo, que renova em nós desejos santos.
II. ADOREMOS ÀQUELE QUE NOS APRESENTARÁ IMACULADOS
EM SEU TRIBUNAL
1. Ninguén1 que esteja coberto de faltas, pode resistir naquele tribunal.
2. Ninguém pode livrar-nos da culpa antiga, ou guardar-nos de culpa
d iá ria no fúturo, exceto o próprio S::d vador.
_::;. Ele o Eu;L Não seríamos exorrados a louv;1-lo por uma capacidade
que ele nunca usaria.
4. Ele o Eld "com exultação", tan to para ele mesm o co rno para nó.s.
III. ADOREMO-LO COM OS MAIS ELEVADOS TRIBUTOS DE
LOUVOR

1. Desejando-lhe glória, n1ajestade, império e soberania.
2. Atribuindo-os a ele quanto ao passado, pois ele é "antes de todas as
eras " .
3. Atribuindo-os a ele "agora".
4. Atribuindo-os a ele "por todos os séculos".
Não podemos resistir um Inoinento a n1ais do que Deus nos sustenta;
somos como uma bengala na mão de u1n homem; tire-se a mão, e a bengala
cai ao chão; ou melhor, somos co1no um bebê nas mãos da an1a (Os 11.3); se
deixados sobre nossos próprios pés, logo cairemos. A graça criada nunca
oferecerá tantas dificuldades.
Philip Dickerson, idoso pastor batista que morreu a 22 de outubro de
1882, tnomentos antes da morte, disse: "Há setenta anos o Senhor to1nou-rne
a seu serviço, e eu não tinha personalidade. Ele 1ne deu um bom caráter, e por
.,
sua graça o conservei .

191 . A Vinda com as Nuvens


'
"Eis que ven1 co1n as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o
traspassaran1. E todas as tribos da terra se lame ntarão sobre ele.
Certan1ente. Àmén1!" (Ap 1. 7).

I. NOSSO SENHOR JESUS VEM


1. Esse fato é digno de uma nota de admiração- "Eis!".
2. Deveria ser vividamente reconhecido, até clamarmos: ''Eis que vern!".
3. Deveria ser zelosamente procla1nado. Deveríamos usar o grito do
arauto: ''E'rs.I''
4. Deve ser indubitavelmente confirmado con1o verdadeiro.
Certamente ele ven1.
Foi predito há muito tempo. Enoque (Jd 14).
Ele mesmo nos advertiu da vinda. "Eis que venho sern demora".
Ele fez da santa Ceia utn sinal da vinda. "Até que ele venha".
5. Deve ser considerado con1 interesse in1ediato.
"Eis! ", pois esse é o maior de todos os aconrecitncntos.
··Eis que vem" , o acontecimento est~l às portas.
"Ele", que é seu Senhor e Noivo, ven1.
6. Deve estar acompanhado de un1 sinal peculiar- "con1 as nuvens".
As J'lLI VlllS s}o sinais distinrivos de seu segundo advento.

)·I .1
Os sinais da presença divina. "O pó dos seus pés".
A coluna de nuvem era assim no deserto.
Os ernblen1as de sua n1ajestade.
As insígnias de seu poder.
As advertências do seu juízo. Aquelas nuvens juntas estão carregadas
de trevas e tempestade.
II. A VINDA DE NOSSO SENHOR SERÁ VISTA POR TODOS
1. Será um aparecimento literal. Simplesmente cada pessoa não pensar;:Í
nele, de forma individual; antes, "todo olho o verá".
2. Será conternplada por todos os tipos de homens vivos.
3. Será vista por aqueles que morreram há muito.
4. Será vista por seus reais assassinos, e outros como eles.
5. Será manifesta àqueles que não desejam ver ao Senhor.
6. Será uma visão na qual vocês terão uma parte.
III. SUA VINDA CAUSARÁ TRISTEZA. "E TODAS AS TRIBOS DA
TERRA SE LAMENTARÃO SOBRE ELE".
1. A tristeza será geral. "Todas as tribos da terra''.
2. A tristeza será muito amarga. "Lamentarão".
3 . A tristeza prova que os homens não se converterão universalmente.
4. A tristeza também mostra que os homens não esperarão da vinda de
Cristo um grande livramento.
Eles não cuidam de escapar ao castigo.
Não procuram aniquilamento.
Não buscam a restauração.
Se o fizessern, a vinda de Cristo não provocaria lamentação.
5. A tristeza, em certa medida, surgirá de sua glória, ao verern que o
rejeitaran1 e lhe ofereceram resistência. Essa glória será contra eles.
Mesmo assim, Senhor Jesus, vern depressa! Entrementes, não é o céú que
pode afastar-te de n1im; não é a terra que pode afastar-rne de ti; ergue tu a
minha alma para urna vida de fé contigo; permite-me desfrutar a tua
conversação, enquanto espero por teu retorno (Bispo Hall).
"Todo olho o verá" . Todo olho; o olho de cada homem que estiver vivo,
seja ele quen1 for. Ninguéin poderá impedi-lo. A voz da trombeta, o brilho da
chama dirigirão todos os olhos para ele, rodos os olhos estarão fixos nele. Seia
un1 olho tão ocupado, ou tão inútil, seja qual for o ernprego, seja qual for a
diversão que tinha no mornento anterior, já não mais será capaz de cmpreg<i-lo
ou diverti-lo. O olho se levantar<1 para Cristo, e não rnais olhad para baixo
para considerar dinheiro, livros, terras, casas ou jardins.
Seus olhos e os meus. Ó pensan1en ro terrível! Bendi ro Jes us! Q ue n:ío ' I c
veja mos arravés de lágrilnas; que nao tremamos, e ntão, en1 face da visão!
(D r. Dodridge).
"Enr5.o, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro ... Então Pedro,
saindo dali, chorou an1argamente". Assi m será, porém, num sentido diferente,
con1 os pecadores, no dia do juízo. Os olhos de Jesus, como juiz dos pecadores,
se fi xarão neles, e o olhar desp ertará suas Ineinórias adonnecidas, e revelará
suas cargas de pecado e vergonha- crimes incontáveis e arnaldiçoados, n egações
piores que a de Pedro, durante a vida toda, e dos quais não se arrependeram,
zombarias do amor que tanto os buscou , e menosprezo votado à misericórdia
que os chamou- tudo isso lhes traspassará o coração, enquanto contemplarem
o olhar de Jesus.
Eles sairão e fugirão da presença do Senhor - sairão para nunca mais
voltarem, fugirão para as trevas exteriores, se for possível que elas os escondam
daquele terrível olhar fixo. E chorarão amargamente- choro como nunca an-
tes choraram, lágrimas ardentes, escaldantes, tais como as tristezas d a terra
nunca arrancaram- choro que nunca será consolado, lágrimas que nunca serão
enxutas. Seus olhos serão fontes de lágrimas, n ão penitenciais e curado ras, mas
an1argas e cheias de remorso - lágrimas de sangue - lágrimas que p artirão o

coração e inundarão a alma em angústia insondável (An ônin1o) .

192. O Arrependimento que· Glorifica a Deus


"O quarto an jo d erran1ou a sua taça sobre o sol, e f oi -lhe dado
quein1ar os h on1ens con1 fogo. Co1n efeito, os h o n1ens se qu eirnaran1
con1 o inte n so calor, e bl asfe1na r an1 o non1e d e Deus, que ten1
autori d a d e sobre estes fl agelos, e n e1n se ar rependeran1 para lbe
d aren1 glória" (Ap 16.8-9) .

Os juízos d e D eu s p o r s i n1 esmos n ão prod u zem o ve rd ad eiro


arrependimento; pois esses hon1ens "n em se arrependeram para lhe daren1 gló ria" .
I. ELES PODEM PRODUZIR ARREPENDIMENTO
1. Urn arrependin1ento carnal, causado por 1nedo d o castigo . Cain1.
2. Um arrependimento transitório, que passa com o juízo. Faraó.
3 . Um arrependimento superfi cial, qu e retém o pecado. Herodes.
4. Um arrependimento d esesperado r, q ue rern1ina en1 n1orte. Judas.
No caso que temos diante de nós, neste capítulo, os hom e n ~ sob os
f-lagelos fo ran1 de mal a pior, da impenitência à blasfêmia; mas on de
l·d rristcza pi edosa, o pecado é abandonad o .

I li
II. ENVOLVEM OS HOMENS EM MAIOR PECADO, QUANDO NÃO
SE ARREPENDEM.
1. O pecado deles se torna mais un1 pecado de conhecin1ento.
2. O pecado deles se torna n1ais u1n pecado de desafio.
3. O pecado deles se torna un1 pecado de falsidade diante de Deus
Votos quebrados, resoluções esquecidas; tudo isso é n1entir ao
Espírito Santo.
4. O pel:ado deles se torna um pecado de ódio para com Deus.
Até se sacrificam, para ofender ao seu Deus.
5. O pecado deles se torna mais e 1nais deliberado, custoso, obstinado.
6. O pecado deles fica, desse modo, provado que está enraizado em
sua natureza.
III. DEVEM SER CONSIDERADOS COM DISCRIÇÃO
1. Usados pela graça de Deus, tendem a despertar, impressionar,
subjugar, humilhar e levar ao arrependimento.
2. Podem não ser considerados como benéficos em si mesmos.
Satanás não é melhorado por sua tnÍ$éria.
O perdido, no inferno, fica mais e1npedernido com suas dores.
Muitos homens perversos fican1 piores, por causa de sua pobreza.
Muitos enfermos não são realmente penitentes, mas hipócritas.
3. Deveríamos arrepender-nos, quando não estamos sob juízo e terror.
Porque verificaretnos que é mais doce e mais nobre sern1os atraídos
do que sennos en1purrados como "gado 1nudo que é levado".
Seja nosso ünico objetivo "dar-lhe glória".
As árvores podem florescer razoaveln1ente na prin1avera, sem que tenham
frutos na época da colheita; e alguns têm exercícios agudos da alma, que nada
1nais são do que o antegozo do inferno (Boston).
Creio que se verificará que o arrependimento da maioria dos hotnens não
é tanto tristeza pelo pecado como pecado, ou verdadeiro ódio ao pecado, quanto
tristeza mal-humorada, porque não lhes é pennitido pecar (Pensamentos Íntimos,
de Adam).
Não h <í arrependimento no inferno. São quein1ados com calor, e
blasfen1am o notne de Deus, n1as não se arrependen1 para dar-lhe glória.
lvfaldi zem-no por suas dores e feridas, tnas não se arrependem de suas ações . ()
verdadeiro arrependin1enro surge da fé e da esperança, não pode, porén1, haver
fé d e que h,1 livramento, onde h~:i conhecimento certo de castigo etern o;
conhecin1enco e sentido excluem a fé. N ão pode haver esperan ça de tenninação
o nde houver cadeias d e desespero. Haver;i tristeza deses perada pela do r, mas
não tristeza que indique arrependimento.

li I
N i nguén1 é salvo senão pelo sangue do Cordeiro; mas, se o mundo acabar,
L'Ss:t f·()nte es tará completamente seca. O verme da consciência os roerá com

esse ren1orso, trazendo às suas tnentes a causa de suas presentes calamidades;

quantas vezes foram convidados para o céu, e quão facilmente poderiam ter
esc:1pado do inferno. Chorarão pela perda de un1 e tatnbém do outro, não por

causa de qualquer um deles, o que seria arrependimento ... Eles sofrem, eles
blasfemam (Thomas Adams).
Como é terrível ler que "por causa do flagelo da chuva de pedras, os
hotnens blasfemaram de Deus!". Quão verdadeiro é que a aflição faz que os
homens bons sejam melhores, e os homens maus, piores! A ira não converte a
ninguém. É a graça que salva. O castigo não atnolece, endurece. Os juízos
levam os homens a blasfemar, e quanto tnaior o flagelo, tanto mais eles
blasfemam. Que representação solene, porém , verdadeira, da conseqüência
das advertências tantas vezes negligenciadas! Veja a atividade do homen1 no
estado futuro- no céu, louvar; no inferno, blasfemar (George Rogers).

193. A Ceia das Bodas do Cordeiro


uEntão, :f.ne falou o anjo: Escreve: Bein-aventurados aqueles que são
cbainados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as
verdadeiras palavras de Deus" (Ap 19.9).

I. A DESCRIÇÃO DO NOIVO
O apóstolo inspirado fala dele como "o Cordeiro".
Esse é o nome especial que João dá a seu Senhor. Talvez ele o tenha
aprendido, por ouvir o Batista clamar, junto ao Jordão, <<Eis o Cordeiro".
1. Con1o o Cordeiro, ele é o único sacrifício eterno pelo pecado:
Ele não será outro além disso, em sua glória.
2. Como o Cordeiro, sofrendo pelo pecado, ele é especialmente glorioso
aos olhos dos anjos e de todas as inteligências santas; e assim, no seu
jubiloso dia, ele se revestirá desse caráter.
3. Con1o o Cordeiro, ele detnonstra, en1 roda a plenitude, o seu an1or
à sua igreja; e assirn ele aparece nessa form a, no dia do triunfo de
seu amor.
4. C01no o Cordeiro, ele é o n1ais amado de nossas aln1as.
Eis com o ele nos amou até à morre!
I. O SIGNIFICADO DA CEIA DAS BODAS
1. A conren1plação e perfeição da igreja. "A esposa a si n1esn1a j<í. se
. ))

aravio u .
2. O arrebara1nento d a igreja para a con1unhão n1ais ínti1na e nta i~
feliz com Cristo, em sua gló ria.
3. O início de um d escan so ininterrupto, eternamente. eco Senho r reu
D eus .. . renovar-re-á no seu amor". A igreja, à semelhan ça de Rute,
en contrará descanso n a casa de seu esposo.
III. AS PESSOAS CHAMADAS À CEIA
1. O s que são chamados, aceitam o convite.
2. Os que agora possuem fé, o que é sinal de admissão.
3. Aqueles que amam o Noivo e a noiva.
4. Aqueles que vestem, na cerimônia das bodas, as vestes da santificação.
5. Aqueles que vigiam com lâmpadas acesas.
IV. A BEM-AVENTURANÇA ATRIBUÍDA A ELES
1. Serão bem-aventurados na verd ade, quando estiverem naquela festa,
po1s:
Os que são chamados, serão admitidos.
Os que são admitidos, vão casar-se.
Os que se casarem com Jesus, serão eternamente felizes. Quantos
casatnentos conduzem à miséria! Porétn, não é assim nesse caso.
Alguns não serão bem-aventurados d essa maneira!
Não ser abençoado é ser amaldiçoado.
Aquele que outrora pendia tão triste sobre a cruz, a favor de todos, olhará
em redor aquela brilhante companhia, e em cada vestidura branca, e em cada
semblante iluminado, contemplará o fruto de Seus sofrii?Jentos. "Ele verá o
fruto do penoso trabalho d e sua alma, e ficará satisfeito". Será a união eterna
de Deus ,cun1prida em seu m ais profundo desígnio- un1 povo dado a Cristo,
d esde antes de todos os n1undos; e que eles estão, naquele dia, rodos escolhidos
- todos reunidos - todos lavados - todos salvos - e nenhum deles se perdeu!
(James Vaughan).
Não ousamos dizer que nosso Senhor nos amará mais do ele nos ama agora;
entretanto, ele se mostrará mais indulgente en1 seu arnor por nós; manifestará
n1ais arnor, veren1os n1ais do arnor e o entenderemos rnelhor; é cotno se ele nos
an1asse mais ainda. Ele abrirá inteiram ente o seu coração e a sua alrna para nós,
con1 rodos os seus sentitnen tos, segredos e propósitos e nos pcnnirid ter
conhecÍlnento dos mesmos, até onde, pelo menos, possamos co n1preendê-los. E
para a nossa felicidade é que os conheceren1os. Essa festa de casam en to será a
festividade, o triunfo n1esmo do an1or - o Salvador exaltado havcr<1 de n1osrrar
ao universo inteiro que ele nos an1a ao lin1ite extren1o a que o amo r pode avançar,
e nós, por nossa vez, haveren1os d e arná-lo com un1 fervor, com uma grarid;-io c
co m uma adoração que tornarão novos os próprios céus.
194. As Escrituras Divinamente Verdadeiras
uE ac r escentou : São estas as verda deiras palavras de Deus"
(r-\ p 19.9) .

Essas palavras se relacionam con1 o que as precede in1ediatarnente.


O julgamento da igreja meretriz (vs. 2).
O glorioso e universal reino d e Cristo (vs. 6).
A ce rteza de recompensa e a glória de C risto com seus salvos, no período
glorioso final (vss. 7 e 8).
I. UMA CORRETA AVALIAÇÃO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
1. As palavras que achamos no Antigo e no Novo Testamento são
verdadeiras. Livres de erro, certas, duradouras, infalíveis.
2. Essas palavras, pois, são verdadeiras e divinas, em oposição às:
Palavras do homem. Estas podem ser verdadeiras ou não.
Pretensas palavras de Deus. Falsos profetas, e h omens com intelecto
infecundo professam falar em n01ne de D eus, menten1, porém .
3. Todas essas palavras são verdadeiras e divinas.
•"São estas as verdadeiras palavras de D eu s".
Nem severas demais para serem verdadeiras, nem terríveis demais para
serem proferidas por um Deus de amor, como alguns ousam dizer.
Nem boas den1ais para seren1 verdadeiras, como temem os que tremem .
Nem antigas demais para serem verdadeiras, como afinnam os
caçadores de novidades.
Ne1n simples den1ais p ara serem verdadeira1nente divinas, como
insinua1n os sábios, segundo o Inundo.
II. RESULTADO DA FORMAÇÃO DE TAL AVALIAÇÃO
Se crerem que "são estas as verdadeiras palavras de D eus":
1. Darão ouvidos a elas com atenção, e julgarão o que ouven1 dos
pregadores, rnediante esse padrão infalível.
2. Receberão essas palavras con1 segurança.
Isso produzirá confiança e cornpreensão.
Isso produzir;i descanso do coração.
3. Subn1eter-se-ão com reve rência a essas palavras, obedece rão a seus
preceitos, crerão em seus ensinan1cntos e darão valor ~ls suas p rofecias.
4. Esperarão o cumprim ento das promessas divinas, quando em
dificuldad es .
5. Apegar-se-ão, con1 p ertin ~í.c ia, à verdade revelada.
6. Proclan1<Í.-Ias-ão co m intrepidez.
III. NOSSA JUSTIFICATIVA PARA FORMAR TAL AVALI/\(.:/\0
Em nossos dias, podemos ser acusados de bibliolatriã e ou tn >S 111 '" () "'
cnmes; porem nos apegaremos a nossa crença na n1sp1raçao, p o 1s:
• I ' • • - '

1. As Escrituras são o que professam ser- a Palavra de D eus.


2. Nelas há singular Inajestade e poder; e vemos isso, quando a verd :td c
de Deus é pregada.
3. Há uma onisciência maravilhosa nas Escrituras, o que percebenw .....
quando ela desvenda o mais íntimo de nossas almas.
4. Elas nos provaram, por si mesmas, que são verdadeiras.
Elas nos advertem do fruto amargo do pecado, e nós o ren1os
provado.
5. O testemunho do Espírito Santo em nossos corações confirma nossa
fé nas Sagradas Escrituras. Cremos, e somos salvos do pecado,
mediante a crença. Devem ser verdadeiramente divinas essas palavras
que operam, em nós, graciosos. resultados.
Donde, senão dos céus, poderiam homens inexperientes em artes,
Nascidos em diversas eras, em divers~s partes-,
Entrelaçar verdades tão concordantes? Ou como, ou por que
Deveriam todos conspirar para aplicar-nos uma mentira?
Deles foram dores não solicitadas, conselhos n ão agradecidos,
Penúria como ganh o, e martírio como preço.
(D ryden).
Da maioria das coisas, como se pode dizer: "Vaidade de vaidades, tudo é
vaidade". M as da Bíblia se pode dizer verdadeiramente: ((Verdade d e verdades,
tudo é verdade" (Arrowsmith).

Você também pode gostar