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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SISTEMAS DE ENERGIA


ELÉTRICA ÊNFASE EM QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

REATORES PARA CONTROLE DO FLUXO DE


POTÊNCIA E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A
QUALIDADE DE ENERGIA

Por:
José Vicente de Oliveira Júnior

Monografia de Final de Curso

Orientador: Ivan José da Silva Lopes

Belo Horizonte, Março de 2012.

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SISTEMAS DE ENERGIA


ELÉTRICA ÊNFASE EM QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

REATORES PARA CONTROLE DO FLUXO DE


POTÊNCIA E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A
QUALIDADE DE ENERGIA

Monografia submetida à Banca Examinadora designada pela Comissão Coordenadora do Curso de Especialização
em Sistemas de Energia Elétrica, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Certificado de Especialista em
Sistemas de Energia Elétrica com ênfase em Qualidade da Energia Elétrica.

Professor Ivan José da Silva Lopes


Orientador

Belo Horizonte, Março de 2012.

2
REATORES PARA CONTROLE DO FLUXO DE
POTÊNCIA E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A
QUALIDADE DE ENERGIA

José Vicente de Oliveira Júnior

Monografia submetida à Banca Examinadora designada pela Comissão Coordenadora do Curso de Especialização
em Sistemas de Energia Elétrica, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Certificado de Especialista
em Sistemas de Energia Elétrica com ênfase em Qualidade da Energia Elétrica.

Aprovada em____de_______de______.

Professor Ivan José da Silva Lopes


Orientador

Professor Wallace do Couto Boaventura


Relator

3
AGRADECIMENTOS

A minha família pela compreensão, paciência, incentivo e apoio;

Ao professor Ivan José da Silva Lopes, orientador deste trabalho, pelas oportunas
recomendações dadas durante as atividades.

4
RESUMO

Esta monografia tem por objetivo apresentar como os reatores a seco com núcleo de ar
veem se mostrando eficazes em redes interligadas, com cargas assimétricas em linhas
paralelas, resultantes de diferentes impedâncias ou capacidades de linha diferentes em
aumentar a capacidade de transmissão da rede sem a construção de novas linhas.

Inicialmente são apresentados os tipos básicos construtivos dos reatores a normas


técnicas e uma visão geral da utilização histórica dos reatores a seco com núcleo de ar.

Em seguida a abordagem é focada nas aplicações para reatores onde a tecnologia dos
reatores a seco com núcleo de ar tem obtido relevância de mercado em relação a outras
tecnologias de equipamentos. Uma visão especifica da aplicação de reatores a seco com
núcleo de ar utilizados para maximizar a transferência de potência entre linhas paralelas com
diferentes impedâncias é apresentada juntamente com três estudos de caso de aplicações bem
sucedidas e registradas desta aplicação.

Finalizando, é apresentada uma conclusão onde serão debatidos os resultados


conseguidos nos três estudos de caso, os impactos gerais da instalação de um reator no
sistema elétrico e a relevância deste equipamento para com a qualidade da energia do sistema
elétrico.

Palavras-chave: Reatores a Seco com Núcleo de Ar; Reatores para Controle do Fluxo de
Potência.

5
ABSTRACT
The present work has the objective of presenting how the dry type air core reactors are
effective in interconnected networks with asymmetric loads in parallel lines, resulting in
different line impedances or different capabilities to increase the transmission capability of
the network without building new lines.

First of all, the basic constructive types of reactors, the reference standards and an
overview of the historical use for dry type air core reactors are presented.

Then, the approach is focused at the applications where the technology of dry type
air core reactors has gained relevant market in comparison with other reactors technologies. A
specific vision of the application of the dry type air core reactor, used to maximize power
transfer between parallel lines with different impedances, is presented along with three
registered cases of successful applications.

Finally, a conclusion is presented where the achieved results in the three cases are
discussed; the overall impacts of the installation of a reactor in the electrical system and the
relevance of this equipment with the power quality of the electrical system.

Key Words: Dry Type Air Core Reactors; Power Flow Control Reactors.

6
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 4

RESUMO .................................................................................................................... 5

ABSTRACT .............................................................................................................. 6

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ 8

ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................... 10

CAPÍTULO 1 : INTRODUÇÃO .................................................................. 11


1.1 Considerações Iniciais .............................................................................................. 11
1.2 Aspectos Construtivos .............................................................................................. 11
1.2 Normalização.......................................................................................................... 13
1.3 Background e Perspectiva Histórica...................................................................... 14

CAPÍTULO 2 : REATORES A SECO NÚCLEO DE AR......... 15


2.1 Reatores em Derivação.................................................. ........................................... 15
2.2 Reatores Controlados por Tiristores ........................................................................ 17
2.3 Reatores Limitadores de Corrente........................................................................... 19
2.4 Reatores para Filtros de Harmônicas........................................................................ 21
2.5 Reatores Associados a Bancos de Capacitores.............. ........................................... 22
2.6 Reatores para Fornos a Arco Elétrico...................................................................... 23
2.7 Reatores para Ensaios Usados em Laboratórios...................................................... 24
2.8 Reatores para Aplicação em HVDC......................................................................... 24
2.9 Reatores para Controle de Fluxo de Potência.......................................................... 26

CAPÍTULO 3 : REATORES PARA CONTROLE DE FLUXO DE


POTÊNCIA .................................................................................................................. 29
3.1 Introdução..................................................................................................................29
3.2 Controle de Fluxo de Carga em Redes de Transmissão.......................................... 29
3.3 Soluções, Teoria e Técnicas para Controle de Fluxo De Carga.............................. 30
3.4 Características de Reatores Série de Alta Tensão................................................... 32
3.5 Projeto e Instalação de um Reator a Seco com Núcleo de Ar................................ 33
3.6 Estudo de Caso 1: Use of Reactors for Power Flow Control in 110 kV Network…. 35
3.7 Estudo de Caso 2: High Voltage Series Reactors for Load Flow Control…............. 38
3.8 Estudo de Caso 3: Carbon-SpanishFork #I 138kv Line Series Reactors……............ 43

CAPÍTULO 4: CONCLUSÃO .................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................48


7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Reator a seco com núcleo de ar e enrolamento aberto 12

Figura 2 – Reator a seco com núcleo de ar e enrolamento encapsulado 12

Figura 3 – Reator com núcleo de ferro imerso o óleo 13

Figura 4 – Conexões típicas para reatores “shunts” 16

Figura 5 – Reatores conectados no terciário do transformador 16

Figura 6 – Configuração típica de um SVC 18

Figura 7a – Tensão de Corrente de um TCR 18

Figura 7b – Espectro de Harmônicos das Correntes de um TCR 18

Figura 8 – Reatores Controlados por Tiristor 19

Figura 9 – Reatores Associados a Bancos de Capacitores 22

Figura 10 – Esquema típico de um reator para forno a arco elétrico 23

Figura 11 – Diagrama de um HVDC, ilustrando as aplicações dos reatores. 24

Figura 12 – Configurações típicas de filtros 25

Figura 13 – Chaveamento de um Reator para controle de fluxo de potência 27

Figura 14 – a) Modelo básico de uma rede - b) Diagrama fasorial 31

Figura 15 – Reator a seco com núcleo de ar 33

Figura 16 – Componentes auxiliares de um reator série 34

Figura 17 – Rede de 110kV da Isar-Amperewerke na área das Subestações


36
Neufinsing e Hohenbrunn
Figura 18 – Carregamento das linhas, após a perda da linha 3 36

Figura 19 – Reatores a seco com núcleo de ar na SE Landsham 37

Figura 20 – Curva de tendência do custo do equipamento versus perda 39

Figura 21 – Linhas de Transmissão da Verbung-APG 380/220 kV 40

Figura 22 – O fluxo de carga nos três circuitos duplos de 220 kV 41

8
Figura 23 – Sistema Carbon SpanishFork antes da instalação dos reatores 44

Figura 24 – Sistema Carbon SpanishFork depois da instalação dos reatores 45

Figura 25 – Reatores do sistema Carbon SpanishFork 45

9
ABREVIATURAS E SIGLAS

VAR – Volt Ampere Reativo

EHV – Extra Alta Tensão

HVDC – High-Voltage, Direct Current

IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers

IEC – International Eletrotechnical Commission

SVC – Static VAR Compensator

TCR – Thyristor-Controlled Reactor (Reator Controlado por Tiristores)

BIL – Basic Impulse Level (NBI)

RLC – Reator Limitador de Corrente

PST – Phase shifting transformers

FACTS – Flexible AC transmission system

UPFC – Universal Power Flow Controller

TRV – Transient recovery voltage

10
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Os reatores/indutores, sejam a seco com núcleo de ar ou imersos em óleo, vêm se
mostrando muito eficazes nas aplicações onde se fazem necessários, contribuindo em muito
com a qualidade da energia para o sistema elétrico como um todo. Seja para uma aplicação
extremamente típica para este equipamento, como limitador de corrente de curto-circuito em
média tensão ou como parte de um arranjo um Statcom, os reatores são parte integrante do
sistema de potência.

Devido á minha experiência pessoal com os reatores a seco com núcleo de ar, é um
fato que esta monografia apresentou-se ligada às aplicações onde a tecnologia de reatores a
seco com núcleo de ar é mais utilizada do que as das outras formas de construção dos
reatores. A escolha do tema “REATORES PARA CONTROLE DO FLUXO DE POTÊNCIA
E SUAS CONSEQUENCIAS PARA A QUALIDADE DE ENERGIA” como o ponto
principal desta monografia se deu principalmente pela ausência de registros desta aplicação
para o sistema elétrico brasileiro.

Neste capítulo são apresentadas as considerações iniciais, a normalização aplicável e


um background com uma perspectiva histórica para os equipamentos elétricos reatores. No
capitulo dois é apresentado as principais aplicações para os reatores a seco com núcleo de ar.
No capitulo três será apresentado mais especificamente a utilização de reatores a seco para o
controle de fluxo de potência, onde serão apresentados os aspectos básicos para esta pratica e
a analise de três estudos de caso de aplicações bem sucedidas e registradas dos reatores a seco
com núcleo de ar para controle do fluxo de potência. No capitulo quatro será apresentada uma
conclusão onde serão debatidos os resultados conseguidos com a aplicação dos reatores a seco
com núcleo de ar para o controle de fluxo de potência e sua relevância com a qualidade de
energia.

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Reatores, como os capacitores, são básicos nos sistemas de transmissão e distribuição.
Dependendo de sua função, os reatores são conectados em série ou em derivação com o
sistema, singularmente (reatores limitadores de corrente, reatores “shunt”) ou em conjunto
com outro componente básico tal como capacitores (reatores para chaveamentos de
capacitores “shunt”, reatores para descarga de capacitores e reatores para filtros) [18].

Reatores são utilizados para prover reatância indutiva ao sistema de potência para uma
vasta variedade de aplicações. Isto inclui: limitadores de corrente de falta, limitadores de
“inrush” para capacitores e motores, filtros de harmônicos, compensadores de VAR, redução
de ripple (reatores de alisamento), bloqueadores de sinal no sistema de potência (bobinas de
bloqueio), aterramento de neutro, amortecimento de transientes chaveados, redução de”
flicker” para aplicações de fornos a arco, dissintonia, balanço de carga e condicionamento de
potência. Reatores podem ser instalados nos mais variados níveis de tensão tipo industrial, de

11
distribuição ou transmissão podendo ser de poucos Amperes até centenas de Amperes com
níveis de corrente de falta até dezenas de milhares.

1.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS


Reatores podem ser do tipo seco ou imerso a óleo. Reatores a seco podem ser
construídos com núcleo de ar ou núcleo de ferro [18].

No passado, reatores somente poderiam ser do tipo enrolamento aberto (Figura 1); a
sua resistência mecânica é fornecida por um sistema mecânico de fixação que proporciona o
isolamento entre as espiras.

Figura 1. Reator a seco com núcleo de ar e enrolamento aberto; retirada de [18].

Reatores a seco com núcleo de ar modernos possuem seus enrolamentos


completamente encapsulados com o isolamento das espiras providos por filmes, fibra ou
esmaltes dielétricos (Figura 2).

12
Figura 2. Reator a seco com núcleo de ar e enrolamento encapsulado; retirada de [18].

Reatores imersos em óleo (Figura 3) podem ser construídos com entreferros ou blindagem
magnética. Reatores imersos em óleo são principalmente usados para reatores “shunt” em
EHV e alguns reatores de alisamento em HVDC. Reatores a seco com núcleo de ferro são
usualmente usados em baixa tensão e instalação interna, para aplicações tais como filtragem
de harmônicos e condicionamento de potência (di/dt, alisamento, etc.).

Figura 3. Reator com núcleo de ferro imerso a óleo; retirada de [18].

13
No passado, reatores a seco com núcleo de ar (enrolamento aberto) eram limitados a
aplicações na classe de tensão de distribuição. Reatores modernos (enrolamento encapsulado)
são empregados em todas as faixas de tensão dos sistemas de transmissão e distribuição,
incluindo desde EHV (reator serie de alta tensão) a HVDC (reatores filtros, reatores de
alisamento (smoothing)).

1.2 NORMALIZAÇÃO
Tanto os reatores a seco com núcleo de ar, quanto os equipamentos bobinas de
bloqueio, possuem normas técnicas que provém consideráveis informações, não somente
características nominais críticas, características operacionais, tolerâncias e listas de ensaios,
mas também linhas gerais para instalação e considerações importantes específicas da
aplicação.

Dentre as normas atualmente utilizadas para especificação, projeto e ensaios de reatores


citam-se:

IEEE C57.21-2008 (IEEE Standard Requeriments, Terminology, and Tests Code for Shunt
Reactors Rated Over 500kVA) [1]

IEEE C57.16-1996 (IEEE Standard Requirements, Terminology, and Tests Code for Dry-
Type Air Core Series-Connected Reactors) [2]

ANSI/IEEE Std 32-1972 (Reaffirmed 1984) (IEEE Standard Requirements, Terminology, and
Test Procedure for Neutral Grounding Devices) [3]

ANSI C93.3-1995 (Requirements for Power-Line Carrier Line Traps) [4]

IEC 60076-6 Edition 1.0 2007-12 (Power Transformers – Part 6: Reactors) [5]

IEC 60353 Second Edition 1989-10 (Line Traps for a.c. power systems) [6]

ABNT NBR 5119 Segunda Edição 28.01.2011 (Reator para Sistemas de Potência -
Especificação) [7]

ABNT NBR 7569 NOV/1982 (Reatores para Sistemas de Potência – Método de Ensaio) [8]

ABNT NBR 8119 JUL/1983 (Bobina de Bloqueio – Especificação) [9]

14
1.3 BACKGROUND
Reatores sempre fizeram parte do sistema de potência. O tipo da tecnologia
empregada para várias aplicações tem mudado constantemente baseado na evolução dos
projetos e construção ou desenvolvimento de novos materiais. Reatores a seco com núcleo de
ar foram tradicionalmente utilizados em aplicações de limitação de corrente devido à inerente
linearidade da indutância com relação á corrente. Para esta aplicação, o tipo de fabricação
encapsulado é usualmente a escolha mais adequada devido a suas características mecânicas de
suportar altas correntes de falta. Inicialmente, reatores série em alta tensão eram do tipo
imerso em óleo. Entretanto, no inicio dos anos 1970 os requerimentos desta aplicação foram
alcançados pelos reatores a seco com núcleo de ar. Devido a este desenvolvimento, a última
versão da IEEE C57.16-1996 [2], a recomendação padrão para reatores serie, é agora uma
recomendação somente para reatores a seco com núcleo de ar. A tecnologia empregada para
modernos reatores “shunts”, por outro lado, depende do nível de tensão envolvida. Reatores
“shunts” para transmissão são usualmente imersos em óleo, ao passo que os reatores
conectado ao terciário ou ao secundário ou diretamente á linha, em tensões inferiores ou
iguais a 230kV, utilizam tecnologia a seco com núcleo de ar ou são imersos em óleo [18].

15
CAPÍTULO 2: REATORES A SECO COM NÚCLEO DE AR
Neste capítulo é apresentada a gama de aplicações de reatores a seco com núcleo de
ar. Por apresentarem um conjunto de características semelhantes, pode-se centralizá-las nas
seguintes aplicações.

2.1 REATORES EM DERIVAÇÃO


(COMPENSAÇÃO REATIVA REGIME PERMANENTE)
Reatores em derivação são usados para compensar a potência reativa capacitiva gerada
por linhas de transmissão sob carga leve ou cabos subterrâneos. Normalmente, estes reatores
são conectados ao terciário de transformadores de potência em sistemas de até 245kV, mas
podem também ser conectados diretamente à linha [18].

Linhas de transmissão de alta tensão, quando particularmente longas, geram uma


quantidade substancial de energia reativa quando levemente carregadas. Por outro lado, elas
absorvem grande quantidade de potência reativa em atraso quando muito carregadas. Como
consequência, a menos que a linha de transmissão esteja operando em equilíbrio de potência
reativa, a tensão no sistema não pode ser mantida em valores nominais.

( )
( ) (1)

Para atingir um equilíbrio de potência reativa aceitável, a linha deve ser compensada
para se obter uma condição operacional. Em condições de carga pesada, o equilíbrio de
potência é negativo e a compensação capacitiva (suporte de tensão) é necessária, geralmente
fornecida pelo uso de capacitores “shunt”. Por outro lado, quando a linha se encontra com
carga leve, o equilíbrio de potência é positivo e a compensação indutiva é necessária,
geralmente fornecida pelo uso de reatores “shunt”. A grande capacitância inerente aos
sistemas de transmissão quando levemente carregadas pode causar dois tipos de sobretensão
no sistema que pode ser controlada através do emprego de reatores “shunt”.

O primeiro tipo de sobretensão ocorre quando o efeito capacitivo sobressai em uma


linha levemente carregada. Isto é referido como efeito Ferranti: a tensão de operação aumenta
com a distância ao longo da linha de transmissão. A corrente reativa atrasada quando
consumida por um reator “shunt” reduz a influência capacitiva na linha, portanto, reduz a
sobretensão.
Outro tipo de sobretensão é causado pela interação da capacitância da linha com
alguma porção de energia reativa indutiva saturável do sistema, a este efeito dá-se o nome de
ferrorressonância.

Quando se comuta um transformador na linha, a tensão no final da linha pode subir


para um valor suficiente para saturar a indutância do transformador. A interação entre esta
16
indutância e a capacitância da linha pode gerar harmônicos causando sobretensões. A
aplicação de um reator “shunt” no terciário de um transformador pode reduzir esse tipo de
sobretensão, reduzindo a tensão para valores abaixo daquele em que a saturação do núcleo do
transformador pode ocorrer. O reator a seco com núcleo de ar fornece também uma baixa
indutância não saturável em paralelo com a impedância do transformador.
Na Figura 4 são apresentadas as conexões típicas de reatores nas redes de energia. Os
reatores “shunt” podem ser conectados diretamente à linha de transmissão a ser compensada.
A conexão pode ser no final de uma linha de transmissão ou em um ponto intermediário,
dependendo das considerações do perfil de tensão.

Figura 4. Conexões típicas para reatores “shunts” ; retirada de [18].

Reatores “shunts” podem ser conectados ao sistema de transmissão através do


terciário do transformador ligado à linha de transmissão a ser compensado; tipicamente
13.8kV, 34.5kV e 69 kV.

Reatores “shunt” conectados ao terciário de um transformador (Figura 5) podem ser


do tipo a seco com núcleo de ar ou trifásicos imersos em óleo ou monofásicos imersos em
óleo.

Figura 5. Reatores conectados no terciário do transformador, 20kV, 20MVAr por fase ;


retirada de [18].

17
Reatores “shunt” conectados diretamente a linha são geralmente do tipo de construção
imersos em óleo.
Reatores conectados no terciário (Figura 5), possuem algumas diferenças operacionais
quando comparados com reatores diretamente conectados à linha:

 Reatores “shunts” conectados no terciário requerem um esquema de proteção


simples;

 Dispositivos de manobra para reatores “shunt” conectados no terciário de conexão


são mais baratos;

 Reatores “shunts” conectados ao terciário podem ser instalados em bancos de forma


independente dividindo-se a potência requerida em um numero maior de bancos
tornando a operação mais flexível e também não impõem uma queda de tensão
significativa durante a comutação;

 Apesar de alguns dos benefícios operacionais listados acima, o uso de reatores


“shunts” conectados ao terciário depende da capacidade de potência disponível no
terciário do transformador. Na maioria dos casos, existe capacidade ociosa no
terciário que permite a compensação através do uso de reatores “shunt” conectada ao
terciário. A Figura 5 é uma foto típica de reatores “shunt” conectado ao terciário.

No entanto, nos casos em que não há capacidade suficiente de compensação total do


lado do terciário, ou por qualquer outro motivo, reatores “shunt” conectados ao terciário não
podem ser empregados. Uma abordagem alternativa é a conexão de reatores no secundário do
transformador. Reatores “shunts” conectados ao secundário não vão impor carga extra no
transformador uma vez que reatores são conectados durante algumas horas quando a carga é
leve ou durante uma temporada de carga leve do ano. Reatores “shunts” conectados ao
secundário também estão disponíveis nos tipos de construção imersos em óleo ou do tipo seco
com núcleo de ar. Para ambas as formas de conexão, ao terciário ou diretamente à linha, a
proteção é uma consideração importante. Detalhes sobre práticas de proteção podem ser
encontradas no guia da IEEE,''Shunt Reactor Protection Pratics'' [10] e também no guia IEEE
C37. 109 [11].

2.2 REATORES CONTROLADOS POR TIRISTORES


(COMPENSAÇÃO DE REATIVA DINÂMICA)
Com as características operacionais do sistema aproximam-se cada vez mais de seus
limites, tais como a estabilidade dinâmica ou de tensão, ou, no caso de grandes cargas
industriais dinâmicas, (tais como fornos a arco), surge então a necessidade de compensação
dinâmica. Tipicamente, compensadores estáticos de VAR (SVC) são usados para fornecer
compensação dinâmica em uma barra, através do uso de microprocessadores, para a
manutenção de uma reserva dinâmica de apoio reativa quando há uma necessidade [18].
18
A Figura 6 ilustra uma configuração típica para um SVC. A Figura 7a mostra a tensão
e a corrente em uma fase de um reator controlado a tiristor TCR quando  (ALFA) não é
zero. A Figura 7b mostra os espectros harmônicos das correntes, como um percentual da
corrente fundamental, gerado pelo TCR para vários ângulos de disparo  (ALFA).

Figura 6. Configuração típica de um SVC; retirada de [18].

Figura 7. a)Tensão de Corrente de um TCR, b) Espectro de Harmônicos das Correntes de um


TCR; retirada de [18].

19
Pela variação do ângulo de disparo  (ALFA) do reator controlado por tiristor (TCR),
a de corrente absorvida pelo reator pode ser continuamente variada. O reator comporta-se
como uma indutância infinitamente variável. Consequentemente, o apoio capacitivo fornecido
pelo capacitor fixo (FC) e pelos capacitores controlados a tiristores (TSC) pode ser ajustado
para a necessidade específica do sistema. A eficiência, bem como o controle de tensão e
estabilidade dos sistemas de energia, ganham altos índices de confiabilidade com a instalação
de SVCs. O uso de SVCs (Figura 8) também é consagrado em sistemas de potência de cargas
industriais.

Exigências de aumento da produção e regulamentos mais rigorosos quanto ao


consumo de potência reativa e mitigação de perturbação no sistema de potência podem exigir
a instalação de SVCs. Fornos a arco elétrico em siderúrgicas são exemplos típicos de carga
industriais que podem causar incômodo aos consumidores pela geração de flicker. Uma
instalação típica de uma usina siderúrgica é mostrada na Figura 8. As características dos
reatores controlados a tiristor são: 34 kV, 710 A, e 25 MVAR por fase.

Figura 8. Reatores Controlados por Tiristores; retirada de [18].

2.3 REATORES LIMITADORES DE CORRENTE


Reatores limitadores de corrente (RLC) são usados para reduzir os valores da corrente
de curto-circuito a níveis compatíveis com a capacidade dos equipamentos conectados no lado
da carga do reator. Estes reatores têm hoje grande aplicação, desde os simples alimentadores
de distribuição até os reatores de transmissão, ligação entre barramentos e balanceamento de
carga de até 800kV e NBI de 2100kV [18].

Reatores limitadores de curto-circuito são usados para controlar os níveis de


curto-circuito no sistema elétrico de potência, cobrindo a faixa que vai desde grandes
complexos industriais, sistemas de distribuição até sistemas de transmissão HV/EHV.

RLC são primariamente instalados para reduzir a corrente de curto-circuito mecânica e


térmica a níveis consistentes com os demais componentes do circuito (especialmente
transformadores e disjuntores) e para reduzir quedas de tensão súbitas nas seções das barras
20
para níveis consistentes com os valores praticados na coordenação de isolamento. Altas
correntes de falta nos sistemas de distribuição ou transmissão, se não limitada, podem causar
falhas catastróficas dos equipamentos de distribuição a apresentar um sério perigo à saúde da
equipe de operação.

Sumariamente, reatores limitadores de corrente são instalados para reduzir a


magnitude das correntes de curto-circuito de modo a atingir um ou mais dos objetivos
seguintes:

 Redução do carregamento eletromecânico e stress térmico nos enrolamentos dos


transformadores, deste modo estendendo a vida útil dos transformadores e
equipamentos associados;

 Melhoria na estabilidade da barra primária de tensão durante o evento de uma falta em


um alimentador;

 Redução da corrente de falta fase-fase para valores menores que da corrente de falta
fase-terra ou vice versa;

 Proteção dos transformadores de distribuição e demais equipamentos a jusante e


dispositivos a partir da rápida propagação inicial de transitórios de frente de onda,
devido a falhas na operação dos disjuntores;

 Redução da exigência de suportabilidade térmica e dinâmica dos dispositivos de


comutação, tais como religadores, seccionadoras e fusíveis limitadores;

 Controle sobre as perdas em regime permanente e do fator de qualidade em qualquer


frequência desejada; esta característica é particularmente importante para as redes,
onde altas correntes harmônicas devem ser amortecidas sem aumentar as perdas na
frequência fundamental;

 Aumento da confiabilidade do sistema;

Reatores limitadores de corrente podem ser instalados em diferentes pontos da rede de


energia e, como tal, são normalmente referidos por um nome que reflete a sua localização ou
aplicação.

Nomenclaturas mais comuns são:

 Reatores de fase: Instalados em série com linhas;

 Reatores entre barras: usado para unir duas barras de forma independente;

 Aterramento neutro: reatores instalados entre o neutro de um transformador e terra.


Reatores para aterramento de neutro são usados para reduzir as correntes de falta para
terra;
21
 Reatores Duplex instalados entre uma única fonte e duas barras. Reatores Duplex são
reatores limitadores de corrente formados por duas bobinas enroladas em oposição.
Estes reatores propiciam uma reatância baixa em condições normais e uma reatância
elevada em condições de falta [18].

2.4 REATORES PARA FILTROS DE HARMÔNICAS


Reatores para filtro de harmônicas são usados em conjunto com capacitores e, às
vezes, resistores, formando circuitos sintonizados de correntes harmônicas. Estes reatores
podem ser fornecidos com taps de indutância, anéis especiais para controle do fator de
qualidade, e podem ser fabricados com tolerâncias controladas [18].

A presença crescente de cargas não lineares e o uso generalizado de aparelhos


eletrônicos de comutação em sistemas de potência industriais estão causando um aumento de
harmônicos no sistema de energia. As principais fontes de harmônicos são cargas de arco
industrial (fornos a arco, aparelhos de solda), conversores de energia para acionamento de
motores de velocidade variável, iluminação fluorescente, cargas residenciais, tais como
televisores, computadores domésticos, etc.

Dispositivos eletrônicos aplicados em sistemas de transmissão de energia modernos


que incluem também sistemas de HVDC, sistemas FACTS, tais como compensadores
estáticos SVC, trazem consigo grande conteúdo harmônico.

Harmônicos podem ter efeitos prejudiciais sobre os mais diversos equipamentos,


como transformadores, motores, chaves seccionadoras, bancos de capacitores, fusíveis e relés
de proteção. Transformadores e motores podem sofrer um aumento das perdas e aquecimento
excessivo. Capacitores podem falhar prematuramente, provenientes de um maior aquecimento
e aumento do stress dielétrico.

A fim de minimizar a propagação de harmônicos nas redes de distribuição de energia


ou no sistema de transmissão, filtros conectados em paralelo (“shunt”) são muitas vezes
aplicados normalmente perto da origem dos harmônicos. Filtros “shunt” na sua concepção
são constituídos de uma indutância série (reator de filtro) e capacitância (capacitor de filtro).
Se mais de uma ordem harmônica deve ser filtrada, vários conjuntos de filtros de classificação
diferentes são aplicados ao mesmo barramento. Filtros mais complexos também são usados
para múltipla filtragem harmônica. Mais informações podem ser encontradas na
recomendação do IEEE, ''Selecting Ratings for Capacitors and Reactors in Application
Involving Single Tuned Filters''[12].

22
2.5 REATORES ASSOCIADOS A BANCOS DE CAPACITORES
Reatores associados a capacitores são projetados para instalação em série com bancos
de capacitores em derivação de modo a limitar as correntes de “inrush”, correntes de
descarga durante curto-circuito e para controlar a frequência de ressonância do sistema após a
adição de bancos de capacitores. Estes reatores podem ser instalados em sistemas de até
800kV, e 2100kV de NBI [18].

A aplicação de capacitores de potência em sistemas de transmissão e distribuição tem


sido aceita como a solução viável e exequível para suporte de VAR e tensão, correção de fator
de potência e problemas de qualidade de potência.

A aplicação de capacitores em sistemas de potência pode criar condições anormais


transitórias e de regime, tais como:

 Chaveamento Back-to-back: pode resultar em danos para o dispositivo de


chaveamento do capacitor;

 Corrente de falta durante a desenergização do banco: pode danificar outros


dispositivos de chaveamento da subestação;

 Sobretensões transitórias no transformador de corrente do banco;

 Criação de um circuito (caminho) de baixa impedância para harmônicas de alta ordem


superior no sistema, resultando em sobrecarga harmônica nas latas dos capacitores.

Reatores associados a capacitores são os equipamentos que podem resolver todos os


problemas acima. Outros equipamentos tais como disjuntores equipados com resistores ou
indutores de pré-inserção ou disjuntores com dispositivo de comutação de onda também
podem ser utilizados para resolver os problemas acima. A Figura 9 é uma foto de uma
instalação típica utilizando reatores associados a capacitores.

Figura 9. Reatores Associados a Bancos de Capacitores; retirada de [18].

23
2.6 REATORES PARA FORNO A ARCO ELÉTRICO
Reatores para forno a arco elétrico são conectados em série com o transformador do
forno, fazendo com que o sistema de alimentação, considerado essencialmente como de
tensão constante, se converta em um sistema de corrente constante. Como resultado, o forno
passa a operar, com eficiência maior em até 15% e também em consumo reduzido de
eletrodos.

O reator série pode ser instalado no alimentador de média tensão (lado de alta tensão
do transformador do forno) de um forno a arco elétrico AC, a fim de melhorar a eficiência,
reduzir o consumo de eletrodo do forno, limitar a corrente de curto-circuito (reduzindo assim
a forças mecânicas sobre os eletrodos do forno). Reatores podem ser construídos junto
(interno) ao transformador do forno ou unidades separadas. Podem ser imersos em óleo ou do
seco com núcleo de ar. Normalmente, os reatores são equipados com taps para facilitar o
desempenho do forno. A Figura 10 mostra um esquema típico de um reator para forno a arco
elétrico.

Figura 10. Esquema típico de um reator para forno a arco; retirada de [18].

24
2.7 REATORES PARA ENSAIOS USADOS EM
LABORATÓRIOS
Reatores de teste são usados em laboratórios de alta tensão e alta potência. Aplicações
típicas incluem limitação de corrente, testes sintéticos de disjuntores, armazenamento de
energia indutiva, linhas artificiais [18].

2.8 REATORES PARA APLICAÇÃO EM HVDC


Em um sistema HVDC, reatores são usados para diversas funções, como mostrado na Figura
11.

Figura 11. Diagrama de um HVDC, ilustrando as aplicações dos reatores; retirada de [18].

25
Os reatores de alisamento HVDC são ligados em série com uma linha de transmissão
HVDC ou inseridos em um ponto intermediário no circuito DC de um link “back-to-back”
para:

 Reduzir os harmônicos do lado DC;

 Reduzir a elevação da corrente causada por falhas no sistema DC;

 Reduzir a intensidade da corrente ripple em sistemas de corrente continua;

 Melhorar a estabilidade dinâmica do HVDC sistema de transmissão;

Estes reatores com potência de até 300MVAr (equivalente), são necessários em


sistemas de transmissão em corrente contínua de alta tensão de até 800kV.

Reatores de filtro (Figura 12) são instalados para a filtragem de harmônicos no lado
AC (corrente alternada) e no lado DC (corrente contínua) dos conversores. Filtros CA servem
para dois propósitos ao mesmo tempo: fornecimento de potência reativa e redução das
correntes harmônicas. Reatores para filtros AC são utilizados em três tipos de configurações
de filtro empregando combinações de resistores e capacitores: Filtro de sintonia simples,
filtros de dupla sintonia e filtros passa alta. Os filtros de sintonia simples são normalmente
projetados para filtrar as harmônicas de baixa ordem no lado CA do conversor. Os filtros de
sintonia dupla são projetados para filtrar múltiplas frequências discretas, utilizando um
circuito combinado de filtros simples. Um filtro passa altas é essencialmente um único filtro
sintonizado amortecido. O amortecimento achata e alarga a resposta do filtro, é mais eficaz na
cobertura de harmônicos de alta ordem. Reatores para filtros DC são instalados em paralelo
com a linha DC, no lado da linha dos reatores de alisamento. A função desses bancos de
filtros DC é reduzir ainda mais as correntes harmônicas na linha DC (Figura 11) [18].

Figura 12. Configurações típicas de filtros; retirada de [18].

26
2.8 REATORES PARA CONTROLE DE FLUXO DE
POTÊNCIA
Reatores para controle de fluxo de potência são conectados em série, em linhas de
transmissão de até 800kV. Estes reatores modificam a impedância da linha, introduzindo uma
tensão em quadratura, controlando o fluxo de potência e assegurando a máxima transferência
de potência em linhas adjacentes [18].

Dentre as mais recentes aplicações de reatores série no sistema de transmissão, estão


os reatores destinados ao controle de fluxo de potência ou suas variantes e mitigação de sobre
tensões.

O fluxo de potência através do sistema de transmissão é uma função da impedância e


da tensão complexa (magnitude e fase) nos finais da linha. Em sistemas interligados, o
controle do fluxo de potência é uma grande preocupação para as concessionárias, porque
fluxos de potência não planejados podem dar origem a uma série de problemas tais como:

 Sobrecarga das linhas;

 Aumento das perdas do sistema;

 Redução das margens de segurança;

 Violações contratuais relativas à importação / exportação de energia;

 Aumento do nível de falta além dos suportados pelos equipamentos;

Casos típicos de ineficiência do fluxo de potência e limitações encontradas no sistema


de potência moderno podem ser resultado de um ou mais dos seguintes casos:

 Não otimização do paralelismo das impedâncias das linhas de transmissão resultando


em uma linha atingindo seu limite térmico bem antes de outra linha, limitando assim a
otimização da transferência do fluxo de potência;

 Linhas paralelas com diferentes relações de X/R: uma potência reativa significante irá
fluir na direção oposta do fluxo de potência ativa;

 Altas perdas em linhas quando estas estão fortemente carregadas do que as perdas de
linhas paralelas, resultando em perda da capacidade de transferência de potência;

 “Loops” de potência (a diferença entre o fluxo de potência planejado e o atual):


embora inerente para sistemas interconectados, os “loops” de potência podem ser tão
severos que podem comprometer a confiabilidade do sistema;

27
Reatores para fluxo de potência são usados para melhorar o fluxo de potência nas
linhas de transmissão através da modificação da impedância de transferência. Como os
sistemas das concessionárias crescem e o numero de interconexões aumentam, operação das
linhas de transmissão paralelas estão se tornando cada vez mais comum em ordem para prover
potência adequada para os centros de carga. Além disso, a complexidade das redes de energia
contemporânea resultam em situações em que o fluxo de potência atual (por uma determinada
linha de uma concessionária) pode ser afetado pelo chaveamento, carregamento e uma
condição de interrupção que ocorra em outra área de serviço.

O posicionamento estratégico de reatores para fluxo de potência pode servir para


aumentar a máxima de transferência de potência, reduzir as perdas de transferência de
potência e melhorar a confiabilidade do sistema. A inserção de reatores para fluxo de potência
de alta tensão em um circuito de baixa impedância permitiu que linhas paralelas alcançassem
os limites térmicos simultaneamente e por isso aperfeiçoar a máxima transferência de
potência por meio de perdas globais reduzidas.

Quando a remoção de fontes de geração ou linhas em uma área afeta o carregamento


em outra área, pode-se mitigar este problema com o uso de reatores. Neste caso, o reator série
fica normalmente em“by pass” e quando o sistema se encontra na condição de contingência
este reator é inserido no sistema equilibrando os fluxos novamente.

A Figura 13 mostra os tipos de chaveamento de um reator para controle de fluxo de


potência. No sistema, um transformador de corrente é usado para detectar uma condição de
sobrecarga na linha. Sobre a detecção de uma condição de sobre corrente o sistema de
controle irá executar o dispositivo de “by-pass” e inserir o reator em série com a linha de
transmissão

Figura 13. Chaveamento de um Reator para controle de fluxo de potência; retirada de [18].

28
Com as redes de energia em constantes mudanças, algumas vezes um valor de
impedância único não é adequado para todas as diferentes topologias de rede. As topologias
de rede podem mudar algumas vezes durante o ano, devido à característica sazonal de
carregamento, ou no futuro, como uma consequência do adicionamento de novas gerações, ou
cargas para a rede. Para adaptar a estas mudanças, uma solução e o uso de reatores para
controle de fluxo de potência com “taps” chaveados. A Figura 13-B mostra um reator para
controle de fluxo de potência com “taps” chaveados usando a “make and break” esquema de
chaveamento. Este esquema emprega seis chaves com chaveamento sobre carga, que podem
alterar a impedância sobre carga, circuitos de controle e intertravamento são usados para
evitar chaveamentos não desejáveis.

No capitulo 2 foi apresentado as aplicações mais típicas onde os reatores a seco com
núcleo de ar apresentam vantagens técnicas e econômicas em relação a outras tecnologias
construtivas de reatores. Com conhecimento mais amplo da tecnologia de reatores a seco
com núcleo de ar e o desenvolvimento de novos materiais praticamente todos os aspectos
técnicos relativos a reatores podem ser atingidos pelos reatores a seco com núcleo de ar. A
tensão nominal nos reatores “Shunts” permanece como o principal limite físico a ser vencido
para que os reatores a seco com núcleo de ar possam ser apresentar vantagens técnicas e
comercias para todas as classes de equipamentos / aplicações.

A seguir no capitulo 3 é apresentada uma visão especifica da aplicação de reatores a


seco com núcleo de ar utilizados para maximizar a transferência de potência entre linhas
paralelas com diferentes impedâncias e três estudos de caso de aplicações bem sucedidas e
registradas desta aplicação.

29
CAPÍTULO 3: REATORES PARA CONTROLE DE FLUXO DE
POTÊNCIA
Neste capítulo é apresentada a utilização dos reatores a seco com núcleo de ar para
controle de fluxo de potência e três estudos de caso onde a aplicação dos reatores a seco com
núcleo de ar apresentou vantagem em relação a outras soluções.

3.1 INTRODUÇÃO
A privatização dos mercados de eletricidade é uma tendência em todo o mundo. A
mudança da estrutura estatal para o mercado aberto conduz a um aumento significativo na
comercialização de energia elétrica. A operação da planta de energia atual é impulsionada por
aspectos econômicos, a quantidade de fluxo nas redes é determinada principalmente pela
situação econômica e não somente por aspectos técnicos. As condições e requisitos das cargas
decorrentes da comercialização de energia no mercado atual podem causar problemas sendo
muitas vezes forçada a entrar nas limitações físicas das redes. Além disso, o aumento de
transmissão de grandes quantidades de energia elétrica a longas distâncias utilizando
diferentes áreas de controle requer mais esforços para coordenar e supervisionar a troca de
energia [17].

Um exemplo deste conflito de exploração das redes de transmissão para além dos
limites inicialmente previstos tornou-se claramente visível no blackout na Itália em 28 de
setembro de 2003. A Itália importava quase 7 GW do exterior, que era equivalente a 24% da
demanda total na Itália e, acima de sua geração. O resultado do fluxo de carga empurrou as
linhas de interconexão entre a Itália e os seus vizinhos a um estado operacional perto dos
limites. Consequentemente, o fracasso de uma linha de transmissão interligando, que é
tolerável no estado de operação normal, juntamente com o fato de que medidas corretivas não
foram tomadas no tempo necessário, uma falha da segunda linha adicional, levou ao
isolamento da área de controle italiano que não foi capaz de acompanhar e isolar a área
causando um apagão em todo o país. Em geral, há uma série de abordagens para superar ou
mitigar os problemas de fluxo de carga, incluindo a instalação de reatores em série em alta
tensão (HV) do tipo seco.

3.2 CONTROLE DE FLUXO DE CARGA EM REDES DE


TRANSMISSÃO
O problema básico que motiva a necessidade de controle de fluxo de carga em redes
de energia elétrica é o fato de que nos mercados desregulamentados de energia, os fluxos de
energia contratada, que são orientados para a situação econômica, resultam em gargalos cada
vez maiores na rede de transmissão física. Como resultado, procedimentos especiais gerando
custos significativos devem ser introduzidos de forma a permitir a operação normal da rede
sem violar constantemente às regras de segurança [17].

30
Outros problemas são causados por:

 Diferentes fluxos de potência aos planejados em pontos de interconexão das redes, que
podem ocorrer por muitas razões. Se os sistemas estão operando perto de seus limites,
mesmo pequenos desvios já podem levar à condições de operação difícil;

 Transferências de energia causando loops de potência em redes de fronteira subjacente


ou ligados, que são às vezes muito difíceis de prever no planejamento operacional,
também pode levar a difíceis condições de funcionamento;

 Distribuição irregular de carga das linhas de impedância diferentes entre diferentes


áreas de controle podem ocorrer, resultando na limitação da capacidade total de
transporte pelo primeiro componente alcançar seu limite de carga térmica e não se
baseia em todos os componentes, atingindo os seus limites ao mesmo tempo;

É um objetivo das empresas de energia reforçar o mercado de eletricidade. Por isso


estes problemas têm de ser resolvidos - especialmente, a capacidade de transporte disponível
tem de ser aumentada. Ao mesmo tempo em que em alguns casos, construção de novas linhas
se torna cada vez mais difícil devido aos custos administrativo e ecológico as técnicas de
controle de fluxo ganham importância (exemplo: FACTS) permitindo a operação segura das
redes existentes em conjunto com o aumento do transporte de energia.

3.3 SOLUÇÕES, TEORIA E TÉCNICAS PARA CONTROLE DE


FLUXO DE CARGA
Existem três técnicas básicas para controle ativo de fluxo de potência: transformadores
de deslocamento de fase (PST), FACTS (sistemas flexíveis de transmissão AC), e elementos
de impedância série, tais como reatores ou capacitores. Enquanto PST são comumente usados
em redes de energia em todo o mundo, elementos de impedância e, especialmente FACTS
(para controle de fluxo de carga) são usados principalmente em grandes sistemas de
transmissão [17].

31
Alguns princípios básicos são considerados usando um modelo simples de rede. Na Figura 14
mostra duas barras (A & B) interligadas por duas linhas em paralelo. Cada linha possui sua
reatância especifica (X1 & X2). VA & VB são as tensões respectivas para as barras A & B. O
fluxo de potência esta no sentido de A para B e é representado por SAB. O diagrama fasorial
mostra que a tensão VB é igual a VA menos a queda de tensão provocada pelo produto da
reatância e a corrente que circula na linha.

Figura 14. a) Modelo básico de uma rede e b) Diagrama fasorial ; retirada de [17].

Duas áreas de controle são ligadas através de duas linhas com impedâncias X1 e X2.
Com resistências e elementos “shunt” negligenciados, e assumindo que as tensões VA e VB
são fixadas pelas redes conectadas, então a potência ativa transferida de A para B é:

(2)

O transformador de deslocamento de fase (PST) influencia o fluxo de potência ativa,


alterando o ângulo de fase entre a tensão de entrada e a tensão de saída de uma linha de
transmissão, permitindo assim controlar-se a potência ativa que flui pela linha. Enrolamentos
específicos das bobinas do transformador permitem mudanças do angulo de fase para 30°, 60°
ou 90°, onde o angulo de 60° é mais comumente usado. Além disso, a magnitude da tensão
também é influenciada com comutadores de taps. Sem mudança de fase, transformadores
afetam apenas a magnitude da tensão e em consequência apenas o fluxo de potência reativa é
afetado.

FACTS - especialmente no tipo mais geral, o UPFC (Universal Power Flow


Controller) - permite uma ampla gama de controle dos fluxos de potência ativa e reativa.
UPFCs podem influenciar a magnitude de tensão, o ângulo de transmissão e impedância da
linha. Além disso, usando eletrônica de potência, FACTS podem reagir muito rapidamente
permitindo também o controle de aspectos dinâmicos.

Elementos de impedância série, tais como reatores e capacitores, também permitem o


controle de fluxo de potência ativa de maneira simples, alterando a impedância das linhas de
conexão. Usando a equação 2 acima pode se ver facilmente que se as reatâncias de linha
simétrica X1 = X2 resultam em uma transmissão de energia simétrica (I1 = I2 e P1 = P2 =

32
PAB / 2). A instalação de um reator de série na linha 1 aumenta X1. Usando a condição para
fasores de linha jX1 I1 = I2 j X2, é óbvio que o I1 atual decresce com a relação entre as
reatâncias - o "controle de fluxo de carga" implica em maior transmissão de potência para a
linha 2.

3.4 CARACTERÍSTICAS DE REATORES SÉRIE DE ALTA


TENSÃO
Um reator série pode ser um dispositivo eficaz para implementar a capacidade de
transmissão de energia. A impedância necessária do reator é facilmente determinada por
estudos do sistema. Reatores série podem ser inseridos de forma permanente para melhorar o
compartilhamento de carga entre as linhas de impedância diferentes, ou, temporariamente,
para aliviar o carregamento das linhas críticas sob condições operacionais específicas [18].

O custo relativamente baixo junto com os curtos prazos de implementação, bem como
facilidade de transporte fazem dos reatores série particularmente atraentes quando o problema
de fluxo de carga é uma condição de curto ou médio prazo que deverá ser resolvida, como por
exemplo a futura construção de uma nova linha. Um período de tempo inferior a 6-8 meses
após a aprovação do projeto de energização já viabiliza a utilização de reatores série. Como
descrito anteriormente reatores podem ser tanto do tipo seco ou a imerso em óleo. Devido a
suas características de projeto e sua rentabilidade, reatores a seco com núcleo de ar tornaram-
se a tecnologia preferida para muitas aplicações. A tecnologia de reatores a seco com núcleo
de ar tem sido aplicada para um grande número de projetos de controle de fluxo de carga em
sistemas e subsistemas de transmissão. As principais características dos reatores núcleo de ar
comparados aos imersos em óleo com núcleo ferromagnético são:

 Indutância linear. Como não existe um núcleo de ferro e, portanto nenhum efeito de
saturação magnética, a impedância de reator a seco com núcleo de ar é constante a
partir de níveis mínimos de corrente para corrente de falta. Esta característica LxI
linear faz dele um candidato ideal para ser usado como um reator série para controle
de fluxo de carga;

 Ausência de óleo isolante. Uma vez que reatores a seco não possuem um sistema de
isolamento de óleo, não há perigo de incêndio e outras preocupações ambientais.
Além disso, nenhum sistema de coleta de óleo deve ser implementado, pois não há
óleo que pode vazar para o chão e nenhum equipamento auxiliar para a supervisão de
óleo se faz necessário;

 Isolamento para a terra. O isolamento para terra é simples fornecidos por isoladores
suporte;

 O campo magnético externo. Devido à ausência de um núcleo magnético ou uma


blindagem magnética o reator a seco com núcleo de ar produz um campo magnético
33
externo. No entanto, a intensidade do campo cai muito rapidamente com o aumento
da distância do reator, uma vez que um indutor possui uma característica dipolo
magnético e o campo decai com a terceira potência da distância;

3.5 PROJETO E INSTALAÇÃO DE UM REATOR A SECO


COM NÚCLEO DE AR
A Figura 15 mostra um detalhe de componentes de um reator a seco com núcleo de ar.

Figura 15. Reator a seco com núcleo de ar; retirada de [17].

A lista a seguir apresenta as características principais de construção de reatores de alta tensão


do tipo seco com núcleo de ar [17]:

 O enrolamento do reator consiste de certo número de camadas concêntricas de


enrolamento, todas eletricamente conectadas em paralelo nas suas extremidades por
solda nas estruturas metálicas de fixação (cruzetas);

 Os condutores de alumínio que formam as camadas do enrolamento são isolados


através de isolantes elétricos sólidos, encapsuladas por fibra de vidro impregnada em
resina epóxi;

 O número de camadas e suas respectivas espiras são selecionados com base de


requerimentos de corrente e indutância;

34
 A altura do enrolamento é projetada de modo que o stress de tensão axial implica em
valores de tensão superficial pequenos, comparados aos valores típicos de stress
superficial aplicados em isoladores;

 A tensão entre espiras em condições de operação nominal (regime) são bem abaixo
dos níveis em que uma descarga superficial pode ocorrer;

 As camadas do enrolamento são radialmente espaçadas por fibra de vidro com alta
rigidez mecânica "espaçadores" que formam dutos naturais de refrigeração para as
camadas do enrolamento;

 A cruzeta superior e inferior do enrolamento é presa por amarrações de fibra de vidro


localizadas ao longo do enrolamento;

 Os reatores são montados em um conjunto de isoladores suporte e pode incluir


também vigas metálicas para fornecer distâncias adicionais no entorno do reator.
Calotas anticorona ou anéis podem ser fornecidos para a blindagem das cruzetas;

Reatores a seco com núcleo de ar são por concepção unidades monofásicas, onde um
conjunto de três unidades forma um conjunto trifásico. Componentes auxiliares, tais como
disjuntores de by-pass, capacitores de controle de TRV (tensão de restabelecimento
transitória) e pára-raios, usualmente acompanham a aplicação. O diagrama de uma linha na
Figura 16 ilustra o arranjo de um reator em série e seus possíveis componentes auxiliares em
uma subestação.

Figura 16. Componentes auxiliares de um reator série; retirada de [17].

A instalação de um reator série vai ter um impacto sobre o disjuntor existente.


Geralmente, o reator tende a aumentar a taxa de elevação da Tensão de Recuperação
Transitória (TRV) aparecendo no lado da linha do disjuntor, para faltas no lado da linha do
35
reator. Isso pode requerer a adição de um capacitor para reduzir a taxa de elevação do TRV.
Normalmente, o capacitor é conectado de linha para terra no lado da linha do disjuntor, mas
também pode ser conectado em paralelo com o reator. Se reatores são destinados para a
operação sob condições de carga específicas, então eles serão equipados com um disjuntor em
estado normalmente fechado, sendo que estes disjuntores irão retirar o reator quando a linha
estiver operando em condições normais. Quando a linha se encontra sob condições criticas o
disjuntor de desvio é aberto e então o reator é inserido no sistema. Uma vez que o disjuntor de
desvio não é instalado para condições de faltas claras, uma chave que opera sob carga também
pode ser usada ao invés de disjuntores.
Embora os reatores série sejam adequadamente protegidos pelo pára-raios de linha,
podem ser utilizados também pára-raios adicionais instalados em paralelo com o enrolamento
dos reatores. A tensão nominal do pára-raios é determinada para estar em conformidade com
a queda de tensão que aparece entre os terminais do reator em condições de curto-circuito.
Em alguns projetos reator com “taps” são preferidos para fornecer alguma flexibilidade de
ajuste para condições futuras do sistema. “Taps” em reatores a seco com núcleo de ar de
grandes potências nominais são normalmente conseguidos através de bobinas individuais, que
são ligados em série e empilhados formando uma fase. A variação da reatância e o número de
“taps” dependem das necessidades do projeto.

A seguir, são apresentadas três experiências reais, sendo duas delas na Europa
(Alemanha e Áustria) e uma nos EEUU da utilização de reatores a seco com núcleo de ar para
aumentar a capacidade de transferência de potência em linhas paralelas com diferentes
impedâncias entre si.

3.6 ESTUDO DE CASO 1: USO DE REATORS PARA


CONTROLE DO FLUXO DE POTÊNCIA EM UMA REDE DE
110KV
O exemplo utilizado consiste em uma parte da rede de 110 kV do Sistema da Isar-
Amperwerke localizado na Alemanha. A linha de 110 kV Isar-Amperwerke AG, expandiu-se
de 500 km em 1960 para cerca de 2100 km no presente. Devido a menor taxa de crescimento
da demanda de novas cargas, juntamente com o aumento de problemas para se obter a
permissão para construir novas linhas aéreas, as empresas de energia elétrica tiveram de tomar
medidas para aumentar a capacidade de transmissão da rede existente. Linhas existentes
podem ser reforçadas através da instalação de condutores maiores. Outra possibilidade de
aumentar capacidade é a inserção de reatores, semelhantes aos utilizados para limitar as
correntes de curto-circuito. A adição de reatores, tais como reatores série, em redes malhadas
cujas linhas paralelas apresentam diferentes impedâncias ou diferentes capacidades resultam
no aumento da impedância de carregamento de linhas fortemente carregadas. A parcela de
suas respectivas cargas é distribuída para partes vizinhas da rede.

36
Para a análise de uma parte da rede da Isar-Amperewerke devemos considerar a
ilustração da Figura 17. O ponto em consideração era uma parte da rede a leste da cidade de
Munique, na área das subestações Neufinsing Hohenbrunn, servindo uma área de 500 km²,
com aproximadamente cerca de 150 MW. Com a perda da linha 3, a capacidade de carga
limite máxima da linha 1 foi alcançado. Linha 2 e 4 exibidas no mesmo tempo apresentam
uma reserva de carga considerável (Figura 18).

Figura 17. Rede de 110kV da Isar-Amperewerke na área das Subestações Neufinsing e


Hohenbrunn ; retirada de [16].

37
A razão para a grande parte da carga transferida para a linha 1 (e consequente
compartilhamento da carga desproporcional) foi a baixa impedância da linha da Neufinsing
para Hohenbrunn, através das subestações: Aschheim Neubiberg e Ottobrunn. A subsequente
sobrecarga na linha poderia ter sido resolvida com a construção de uma linha adicional, que
teria sido a quinta linha entre Neufinsing e Hohenbrunn. No entanto, teria sido uma solução
muito cara. Nesta situação, Isar-Amperewerke decidiu-se sobre uma abordagem diferente. Por
meio da instalação de reatores com núcleo de ar, a impedância da linha 1 foi mais do que
duplicada. O que resultou que todas as linhas restantes quando expostas, mesmo no caso de
distúrbios, em uma uniformidade de compartilhamento da carga. (Figura 18).

Figura 18. Carregamento das linhas, após a perda da linha 3 - a) sem Reatores - b) com
Reatores ; retirada de [16].

Os reatores foram concebidos em série como fase única, a tecnologia empregada foi
reatores a seco com núcleo de ar, uma indutância de 19 mH e uma capacidade de corrente
média de 600 A. As dimensões aproximadas de 2.4 metros de altura e um diâmetro externo de
1.3 metros (Figura 19).

38
Figura 19. Reatores a seco com núcleo de ar na SE Landsham; retirada de [16].

O ponto de transição entre a linha aérea proveniente de Neufinsing S / S e o cabo que


continua para Aschheim Hohenbrunn S / S (na Subestação Landsham) foi o ponto escolhido
para instalação. Devido à economia de espaço com o uso da configuração de instalação
triangular, que era perto do pórtico de entrada, a localização dos selos de extremidade do cabo
puderam permanecer inalteradas. Pára-raios, que estão localizados entre os cabos e os
reatores, são utilizados para proteção contra sobre tensões.

O aumento desejado na impedância resultou em uma série de outros "Efeitos


colaterais", que exigiu avaliação (exemplos: TRV; regulação de tensão; níveis de curto
circuito, etc.). No entanto, os cálculos demonstraram que nem o campo eletromagnético, nem
o comportamento alterado na reflexão na conexão linha Cabo / aéreo resultarão em condições
inaceitáveis de operação. Devido ao uso de reatores série na rede de 110 kV entre Neufinsing
S / S e Hohenbrunn S / S, a eficiência na capacidade de reserva da linha foi criada, o que
permitiu garantir o fornecimento, sem qualquer sobre carregamento da rede por mais de 4
anos (1996 foi o ano de implementação da solução dos reatores).

39
3.7 ESTUDO DE CASO 2: REATORES SERIE EM ALTA
TENSÃO PARA O CONTROLE DO FLUXO DE CARGA
Dentro da rede de transmissão austríaca, o efeito da liberalização conduziu a um
número de gargalos causados por alterações no fluxo de carga devido ao novo regime de
energia da planta. Para garantir uma reserva no funcionamento da rede Power Grid Verbund-
austríaca (APG), o operador do sistema austríaco de transmissão (TSO), teve de aplicar
medidas com custos elevados de gestão dos congestionamentos (CM), como remanejamento
da geração de energia das estações produtoras. Em uma etapa posterior, a APG construiu
novas linhas aéreas 380 kV para superar as situações de gargalo, mas como a construção de
novas linhas foi adiada por extensos procedimentos de autorização e forte oposição por parte
do público, a APG foi forçada a tomar medidas CM até que novas linhas puderam entrar em
operação. Foi avaliada uma série de abordagens para superar ou mitigar os problemas de
fluxo de carga, incluindo a instalação de reatores em série de alta tensão (HV) do tipo seco.

Os reatores requeridos forneceram uma impedância de 50 Ω. Eles foram instalados em


série com uma linha de transmissão de 220 kV. Os dados básicos são fornecidos na Tabela 1.

Tabela 1 . Dados básicos.

Tensão Nominal do Sistema 220kV, 50Hz

Reatância Nominal 50 Ω

Corrente Nominal 800 A

Corrente de Curto-circuito Térmica 2.65kArms 1 seg.

Nível de Impulso Atmosférico 1050kVp

Um projeto de um reator a seco com núcleo de ar baseado nestes dados teve como sua
principal característica a queda de tensão entre os terminais do reator em condições normais
de operação e pela elevação de temperatura causada ao isolante quando circula pelos
condutores a corrente nominal. Devido à baixa relação da corrente de curto em relação à
corrente nominal (3.3 vezes) a corrente de curto-circuito não influencia o projeto do
enrolamento. Outros fatores, entretanto, como limitações físicas impostas pela produção e
transporte também foram considerados. Baseado nos dados previamente especificados o
reator foi projetado utilizando um isolante solido com classe de temperatura tipo F, o que
resultou em uma bobina de 2,7 m de altura e 3 m de diâmetro exterior. A massa do reator
dependeu das perdas do enrolamento selecionada. Assumindo um valor típico de perdas por
fase (com referência a 75 ° C de temperatura média) na ordem de 90 kW, a massa de uma
única fase, incluindo isoladores suporte foi de cerca de 8 toneladas por fase.
40
Para uma determinada relação de diâmetro x altura utilizando um determinado isolante
elétrico, o reator pode ser projetado para diferentes perdas nominais. Isto é conseguido
variando o numero de camadas e seção transversal dos condutores elétrico. A Figura 20
mostra a variação do custo do equipamento em função das perdas. Assumindo-se um fator de
perdas capitalizado (Em EUR / kW) específico para a aplicação, a curva de tendência dos
custos permite uma seleção ideal das perdas do reator para atingir o custo mínimo do ciclo de
vida.

Figura 20. Curva de tendência do custo do equipamento versus perda (valores por fase, incl.
isoladores suporte) ; retirada de [17].

41
Devido ao regime de operação do sistema de potência da APG, o mesmo apresentava
graves congestionamentos na sua rede de transmissão, especialmente entre o norte e a região
sul (Figura 21). A conexão entre as duas regiões era fornecida por três linhas de circuito duplo
com quase 50 anos de idade. Fortes diferenças no equilíbrio do balanço de potência com um
excedente de até 1900 MW na Região Norte e um déficit de cerca de 1.400 MW Região Sul,
combinada com os fluxos de potência externos (incluindo os “Loops” de potência não
intencionais), levaram a uma sobrecarga das linhas muito além do critério de segurança (n-1).
Sem medidas CM, o critério de segurança (n-1) nas linhas de 220 kV de norte para o sul era
ultrapassado por longos períodos com tendência a chegar ao limite térmico de operação das
linhas. Restrições operacionais, a retirada de operação de usinas térmicas ineficientes na
Região Sul e a construção em curso de plantas de energia eólica (até 1000 MW) na Região
Norte aumentaram em um segundo instante os pontos de congestionamento em um futuro
próximo. Além de medidas CM, a limitação dos fluxos de energia aumentando a impedância
das linhas do norte para sul com reatores série foi um método eficaz para atenuar os
congestionamentos. Com as características técnicas dos reatores série mencionadas
anteriormente, os possíveis efeitos sobre a rede da APG foram analisados por estudos de fluxo
de carga.

A Figura 21 mostra a rede de transmissão 380/220 kV da Verbund-APG. As linhas de


220 kV de norte a sul são as linhas sujeitas a problemas de congestionamento. As linhas de
380 kV são marcadas com linhas pontilhadas. Este alto carregamento das linhas só é tolerável
em conexão com o dispositivo automático de desligamento, que foi instalado em acordo com
o CENTREL-TSOs - se o fluxo de carga em linhas específicas atingir 115% do limite
térmico, linhas de interconexão para República Checa e Hungria são automaticamente
desligadas em uma sequencia pré-definidas. A instalação de reatores série leva a um aumento
das impedâncias de linha que é tecnicamente comparável com um aumento na extensão das
linhas de transmissão existentes. Essa variação na rede resulta em uma limitação do fluxo nas
linhas, com o objetivo de alcançar níveis aceitáveis de fluxos de carga.

42
Figura 21. Linhas de Transmissão da Verbung-APG 380/220 kV ; retirada de [17].

Para investigar o impacto do uso de reatores série em uma linha real, reatores série
foram instalados para fins de cálculo em uma condição de fluxo de carga instantâneo (caso
base) da rede da APG. Em uma primeira etapa reatores serie com uma impedância de 50 Ω
foram instalados em ambos os circuitos da linha de 220 kV de circuito duplo Ernsthofen -
Weissenbach. Baseado em uma situação típica de carga elevada (caso base), um cálculo foi
feito para analisar os efeitos e desvios a partir do caso base. Um alívio das linhas Ernsthofen-
Weissenbach foi atingido, deslocando o fluxo principalmente para os ramos adjacentes das
linhas de 220kV de St. Peter - Salzach e Wien Südost - Ternitz com uma ligeira redução do
fluxo total do norte para o sul e interior da Áustria (Figura 22). Devido à existência de três
circuitos de linhas duplas paralelas de 220 kV pouco robustas do norte para o sul no interior
da Áustria, a instalação de reatores série em apenas uma linha, não é suficiente para atenuar o
congestionamento. Em uma segunda etapa, a instalação de reatores série para cada circuito de
todas as três linhas de 220 kV de St Peter -Salzach, Ernsthofen - Weissenbach e Wien Südost
- Ternitz foi simulado.

Em uma terceira etapa, conexão série de dois reatores (cada 50Ω) por circuito e linha
foi simulada. A Figura 22 apresenta os resultados de todos os cálculos (da primeira simulação
até a terceira) descrevendo a possível redução da carga em cada linha e o fluxo resultante de
norte para o sul em cada linha dependendo da instalação de reatores série. Os resultados dos
cálculos de fluxo de carga com base na instalação de reatores série estão na mesma ordem de
grandeza das reduções do fluxo de carga possível possíveis com a aplicação de medidas de re-
despacho das cargas. Considerando-se os enormes custos com a aplicação de medidas de re-

43
despacho das cargas, esta medida fornece uma alternativa CM proporciona benéficos
adicionais.

Figura 22. Fluxo de carga nos três circuitos duplos de 220 kV; retirada de [17].

Além da queda de tensão elevada em todos os reatores, o terceiro passo da simulação


com uma conexão de dois reatores (2 x 50 Ω) série para cada circuito indicou também que os
ângulos de tensão excediam 35°. Este efeito foi bastante analisado e indica possíveis limites
para o funcionamento da rede. O resultado do estudo na rede é que o fluxo de carga do norte
ao sul, no interior da Áustria pode ser reduzido com um sucesso limitado através da instalação
de reatores série HV. Devido ao aumento da impedância da linha dentro da rede austríaca, o
fluxo de carga foi deslocado para linhas adjacentes nos países vizinhos. A parte sul da Áustria
é cada vez mais suprida por fluxos de energia oriundos da parte ocidental da Áustria e da
Eslovênia. Estes efeitos foram discutidos com os TSOs vizinhos e precisaram ser
consideradas no cálculo da capacidade de transferência de rede entre países vizinhos (caso
contrário, os loops de potência iriam ocorrer). Através da aplicação de reatores série constitui-
se uma nova possibilidade interessante e eficaz para aliviar os gargalos na rede de transmissão
da APG. Especialmente em combinação com outras medidas, tais como o uso de
transformadores com opção de mudança de fase e condições especiais de comutação dentro
da rede, a instalação de reatores (comutáveis) série torna-se um opção atrativa para controle
de fluxo de energia.

A comparação dos custos do re-despacho das centrais elétricas, comparados ao custo


de investimento para reatores série fornece uma boa razão para considerar a instalação de
reatores série enquanto a extensão da rede de 380 kV não pode ser realizada. Um benefício
adicional foi uma redução significativa das perdas de transmissão, evitando o alto
carregamento das linhas de 220kV linhas existentes.

44
As linhas de conexão de 220kV entre o norte e o sul do operador do sistema Verbund-
Austrian Power Grid estavam em algum momento extremamente sobrecarregadas. Para
reduzir o fluxo de potência a APG necessitava aplicar medidas significativas até que as novas
linhas de 380kV estivessem comissionadas. Esta foi a razão pela qual APG fez os primeiros
estudos considerando o uso de reatores série HV em sua rede como uma solução alternativa.

Comparados com outras tecnologias, como PST e FACTS, o controle de fluxo de


potência através de reatores série oferece muitas vantagens. Como os custos de investimento
são bastante baixos e a um tempo de retorno curto, reatores série seriam uma alternativa
interessante para a gestão dos congestionamentos em caso de estrangulamentos que serão
finalmente removidos com a construção de novas linhas de transmissão.

Controle de fluxos de carga deve ser predominantemente utilizado para reduzir os


“loops” de potência e congestionamento de linhas. No entanto, deve-se salientar que o
aumento da impedância das linhas em uma rede local através do uso de reatores séries pode
impor restrições adicionais - também em linhas paralelas.

45
3.8 ESTUDO DE CASO 3: CASO CARBON-SPANISH FORK
#1 REATORES SERIE EM UMA LINHA DE 138KV
As linhas de transmissão encarregadas de escoar a energia do sistema Carbon para a
área SpanishFork consistem de duas linhas em 138kV que ficam localizadas no estado de
Utah nos EEUU. A Linha # 1 foi construída em 1923 com condutor 4/0 de cobre, e a Linha #
2 foi construído em 1957 com um condutor de CAA 795. Além disso, a linha Carbon-Upalco-
Ashley de 138 kV interliga a área de Carbon com a região leste do estado de Utah. No
entanto, o fluxo na linha é sempre de leste a oeste, e como tal esta linha é uma fonte de
potência que deve também ser transferida do sistema para SpanishFork.
A potencia nominal da Linha # l é de 75 MVA e a da Linha # 2 é de 208 MVA, com
temperatura de referência de 35C. Quando a temperatura ambiente é inferior ao valor de
35C, estas linhas podem operar com potência maiores. Contudo, devido aos ajustes dos relés
de proteção térmica o fluxo de potência não pode exceder o SPOL (curto período de
sobrecarga “Short period overload”). O SPOL das Linhas # 1 e # 2 são respectivamente 113
e 254 MVA. Antes da instalação do reator série, o fluxo de Carbon para Spanish Fork se
dividia naturalmente 40% sobre a Linha # 1 e 60% na Linha # 2, mas a capacidade térmica
total das duas linhas estava dividida 26% a 74%. O fluxo na Linha # l excedia sua capacidade
contínua de 75 MVA sempre que o fluxo de Carbon para Spanish Fork excedia 180 MVA
limitando assim sua a capacidade de transferência em dias quentes.

Para esta condição, a Linha # l poderia ser efetivamente aberta e a capacidade de


transferência aumentada porque a limitação em seguida, tornar-se-ia os 208 MVA da Linha
# 2. Menor temperatura ambiente resultava em capacidades mais elevadas de transferência,
mas a transferência tinha que ser mantida de forma segura abaixo de 250 MW, devido ao
SPOL da Linha # 1 quando ambas as linhas estavam em serviço, ou seguramente abaixo de
240MW por causa do SPOL da Linha #2 quando a Linha #1 estivesse aberta. Para as
condições de interrupção de linha, a capacidade de transferência do sistema de transmissão
138 kV Carbon para Spanish Fork baseava-se na perda simultânea de ambas as linhas. Por
causa da diferença significativa na capacidade térmica das duas linhas a perda da Linha #2,
quando o fluxo total de Carbon para Spanish Fork excedia 140 MW, resultava em um evento
em cascata que levava a perda da Linha #1.

Fluxos de reativos e regulação de tensão também eram problema quando se aumentava


o fluxo de Carbon para Spanish Fork. Devido a uma relação X/R muito baixa, o sentido do
fluxo reativo na Linha #1 era de Spanish Fork para Carbon. As relações X / R das Linhas #1
e #2 eram 1.4 e 5.7 respectivamente. Com um fluxo total de 180 MW de Carbon para Spanish
Fork o fluxo líquido reativo era de 59 MVAR, saindo de SpanishFork e 34 MVAR entrando
em Carbon. A maior parte do fluxo reativo estava na Linha #1. Consequentemente, o sistema
138kV de SpanishFork não somente fornecia as perdas reativas de Carbon para SpanishFork,

46
mas também fornecia fluxo reativo entrando na área de Carbon onde este fluxo tinha que ser
absorvida pela estação geradora de Carbon.

As perdas no sistema de transmissão de 138 kV de Carbon para SpanishFork pioravam


muito com o aumento do fluxo na Linha #1. As perdas, como uma porcentagem do fluxo de
Carbon para SpanishFork , começavam em 4.1% em condições de transferência (100 MW), e
ultrapassavam 10% em condições de transferências máximos (250 MW). Devido à pequena
bitola dos condutores até 70% das perdas ocorriam na Linha # 1. Em anos anteriores,
transferências de energia excediam 140 MW na maior parte do tempo, e geralmente um pico
abaixo de 220 MW.
No final de 1991, recebeu-se a confirmação de que uma nova geração de 50 MW em
Sunnyside, Utah entraria em operação e a sua interconexão com o sistema elétrico seria pelo
sistema de transmissão radial de Carbom. Esta geração aumentaria em 50MW o fluxo de
transmissão de Carbon para SpanishFork. Como o sistema de transferências existente de
Carbon para SpanishFork já atingia os limites de transferência em condições normais, foi feito
análises de varias alternativas. A alternativa mais barata foi adicionar um reator a seco com
núcleo de ar em série com a Linha #1 para equilibrar os fluxos entre as linhas com base na
capacidade térmica de cada linha.

47
A Figura 23 abaixo mostra a Linha #1 atingindo o limite de transmissão quando a potencia a
ser transferida atingia 180MW.

Figura 23. Simulação Power World.

48
A Figura 24 abaixo mostra as duas linhas atingindo o máximo da transferência de potência
283MW após a instalação dos reatores em série com a linha

Figura 24. Simulação Power World.

Cada reator tal como ilustrado na Figura 25, possui 3 metros de altura, 2.4 metros de
diâmetro, pesa 7700 quilos, são montados 1.8 metros acima do solo sobre colunas de
isoladores. A indutância de cada reator é de 164 mH, o que equivale a 62 ohms a 60 Hz. O
isolamento entre terminais é de 650kVp e de fase para terra de 650kVp. A corrente nominal
dos reatores é de 460 Amperes (ligeiramente maior do que a classificação SPOL da Linha #1).

49
Figura 25. Reator Carbon-Spanish Fork; foto divulgação Trench Limited [19].

Ao adicionar os reatores em série com a linha #1, a reatância da Linha #1 passou a ser
de 2,8 vezes a reatância da Linha # 2. Considerando que, a capacidade térmica da Linha # 2 é
de 2,8 vezes a capacidade térmica da Linha # 1. A reatância adicional faz com que o fluxo de
Carbon para SpanishFork divida-se entre as linhas com base na capacidade térmica de cada
linha, permitindo assim maximizar a capacidade de transferência do sistema de transmissão
(Ver Figura 24).

Com a instalação dos reatores, o fluxo de Carbon para SpanishFork agora divide 26%
sobre a Linha # 1 e 74% na Linha # 2, ou seja na mesma proporção da divisão da capacidade
térmica entre o linhas. Antes da instalação dos reatores os limites normais e de SPOL da
Linha #1 eram atingidos quando fluxo total de Carbon para SpanishFork atingia 180MW e
250 MW respectivamente. Agora as Linhas #1 e #2 atingem seu limite térmico quando o
fluxo total de Carbon para SpanishFork atinge 283 MW. A Capacidade adicional é disponível
quando a temperatura ambiente é inferior a 35C. Esta capacidade de transferência adicional é
fundamental na manutenção da produção da usina de Carbon e o cumprimento das obrigações
contratuais com os dos proprietários da geração de Utah.

Os fluxos reativos e regulação de tensão melhorarão com a instalação dos reatores


série. Quando uma linha de transmissão tem uma relação X / R baixa, um componente reativo
significativo seguirá na direção oposta à do fluxo de potência ativa. O fluxo reativo que chega
a estação SpanishFork é 42 Mvar. A linha consome cerca de 8 Mvar e entrega 34 Mvar para
Carbon, apesar de que a tensão em Carbon ser maior do que em SpanishFork. A adição dos

50
reatores série aumentou a relação X/R da Linha #1 para 3.3 comparados com os 1.4 sem a
adição dos reatores série.

A condições de interrupção da capacidade de transferência do sistema de transmissão


de 138kV da Carbon para SpanishFork é novamente a perda simultânea de ambas as linhas.
A perda da Linha #2 que passou para 180 MW (140 MW sem os reatores série) resulta no
desligamento em cascata da Linha #1 isto é devido à diferença significativa na capacidade
térmica das duas linhas. Os reatores série reduziram as perdas no sistema de transmissão de
138kV de Carbon para SpanishFork. As perdas no sistema de transmissão de 138 kV de
Carbon para SpanishFork são agora 29% menores do que antes da instalação dos reatores. O
impacto da redução de perdas é significativo tendo em conta o aumento das transferências de
potência.

O valor em dólares de economia de energia é dependente de qual cenário de


transmissão de energia se usa como base. A economia de energia sobre o sistema Carbon para
SpanishFork tende a ser maior durante condições de carga pesada do sistema. Assumindo que
esta economia de energia por si só vale um mínimo de 13 mils / kWh. A economia durante
um período de 1 ano está entre $ 429.000 e 496.000. Os 13 mils / kWh são um valor
conservativo porque o fluxo total e as perdas do sistema de Carbon para Spanish Fork são
bastante elevadas durante o verão. Há muitas horas durante o ano que o valor de 35 a 40 mils /
kWh poderia ser aplicado. Para fins de comparação, o custo de implementação do reator série
foi de aproximadamente $ 827.000.

51
CAPÍTULO 4: CONCLUSÃO
No capítulo 4 são apresentadas as conclusões sobre a utilização dos reatores a seco
com núcleo de ar no sistema de potência e a possibilidade em alguns casos de se equilibrar as
impedâncias de linhas paralelas aumentando-se assim a potência total a ser transferida nestas
linhas.

Foram apresentados três estudos de caso de utilização bem sucedida de reatores a seco
com núcleo de ar onde rearranjo de impedâncias nas linhas de transmissão através de reatores
trouxe um ganho significativo na capacidade de transmissão destas linhas. Dois casos na
Europa (Alemanha e Áustria) e um nos EEUU. Os casos da Europa, pode-se se perceber que
por se tratar de uma solução barata e de rápida implementação, os reatores, mesmo não sendo
a solução final para o problema de distribuição dos fluxos de potência em linhas paralelas
tornaram atraentes até que investimentos maiores (construção de novas linhas) puderam ser
feitos. No caso dos EEUU a necessidade do aumento de transferência de potência pode ser
viabilizada equilibrando-se as impedâncias de duas linhas de transmissão com impedâncias
diferentes de forma a atingir a capacidade máxima de transferência de potência de cada linha
ao mesmo tempo.

Neste contexto, foi visto que como uma função básica, quando inserimos um reator
em série numa linha de transmissão provemos uma impedância para limitar a corrente de falta
ou redistribuir os fluxos na rede de acordo com a nova configuração de impedâncias. Quando
utilizados para redistribuir os fluxos, os reatores funcionam como se estivéssemos
aumentando o comprimento da linha. Por isso em uma nova configuração de impedâncias
teremos linhas fisicamente paralelas, mas com respostas diferentes devido ao acréscimo da
nova impedância. Assim como os reatores limitadores de curto-circuito em EHV as questões
de perdas; regulação de tensão; TRV, e o impacto da relação X/R sobre os disjuntores devem
ser analisada.

Provavelmente, o uso de reatores a seco com núcleo de ar para o controle do fluxo de


potência se mostrará mais atraente em sistemas muito malhados, onde o crescimento do
consumo anual de energia não requer extensos investimentos no sistema como um todo ou
ainda que estes investimentos possam ser adiados por algum tempo. Adiamentos estes, que
podem trazer benefícios econômicos por si só em se postergar estes investimentos ou ainda
investimentos que requerem tempo para aprovações, por exemplo, de entidades civis ou
ambientais. Em sistemas elétricos que já tiveram seu desenvolvimento em épocas anteriores
onde atualmente, com pequenas intervenções, é possível dar uma sobre vida ao sistema até
que estes novos investimentos sejam mesmo inadiáveis, esta aplicação tem-se mostrado
bastante eficiente.

52
A qualidade da energia do sistema elétrico é sempre o foco que deve ser almejado
pelos operadores do sistema elétrico. É de suma importância que os operadores tenham
conhecimento de todas as alternativas que possam ser utilizadas para que a qualidade da
energia fornecida aos consumidores seja cada vez maior. Devido às restrições cada vez
maiores à construção de novas linhas (sejam elas econômicas ou ambientais), novas técnicas
estão sendo implementadas para aumentar a quantidade de energia transferida entre dois
pontos utilizando linhas já existentes. Foi objetivo de este trabalho apresentar como uma
alternativa, o rearranjo das impedâncias de linhas de transmissão paralelas utilizando-se
reatores a seco com núcleo de ar. Assim como os PST e as tecnologias FACTS (FSC; SVC;
STATCOM... etc.), a possibilidade do rearranjo de impedâncias através do uso de reatores a
seco com núcleo de ar deve ser considerada pelos operadores do sistema; pois dependendo
das condições do circuito e do tempo para implantação de soluções definitivas, os reatores a
seco com núcleo de ar poderão ser utilizados poderão aumentar a quantidade de energia
transferida e assim proporcionar uma maior qualidade da energia do sistema elétrico como um
todo.

53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Reactors Rated Over 500kVA)

2.IEEE C57.16-1996 (IEEE Standard Requirements, Terminology, and Tests Code for Dry-
Type Air Core Series-Connected Reactors)

3.ANSI/IEEE Std 32-1972 (Reaffirmed 1984) (IEEE Standard Requirements, Terminology,


and Test Procedure for Neutral Grounding Devices)

4.ANSI C93.3-1995 (Requirements for Power-Line Carrier Line Traps)

5.IEC 60076-6 Edition 1.0 2007-12 (Power Transformers – Part 6: Reactors)

6.IEC 60353 Second Edition 1989-10 (Line Traps for a.c. power systems)

7.ABNT NBR 5119 Segunda Edição 28.01.2011 (Reator para Sistemas de Potência -
Especificação)

8.ABNT NBR 7569 NOV/1982 (Reatores para Sistemas de Potência – Método de Ensaio)

9.ABNT NBR 8119 JUL/1983 (Bobina de Bloqueio – Especificação)

10.ANSI/IEEE C37.109-1988 ( IEEE Guide for the Protection of Shunt Reactors)

11. IEEE C37.109-2006 (Protection Shunt Reactors)

12. IEEE C37.109-2006 (Selecting Ratings for Capacitors and Reactors in Application
Involving Single Tuned Filters')

13. M. R. Sharp, Trench Limited, R. G. Andrei J. C. Werner, American Electric Power; A


Novel Air-Core Reactor Design To Limit The Loading Of A High Voltage Interconnection
Transformer Bank

14. Bonheimer, D., Lim, E., Dudley, R.F., and Castanheira, A., A Modern Alternative for
Power Flow Control, IEEE=PES Transmission and Distribution Conference, Sept. 22–27,
1991, Dallas, TX, 1991.

15. G. Wolf, P.E , Senior Member, IEEE, J. Skliutas, Member, IEEE, G. Drobnjak, Member,
IEEE, and M. De Costa; Alternative Method of Power Flow Control
Using Air Core Series Reactors

16. Richard Eckerle and Armin Friedrich, Isar-Amperewerke AG, Munich


Translated from German into English by Wilhelm Endfellner and Richard Dudley (Trench),
Use of Reactors for Power Flow Control in 110 kV Network

54
17. K. PAPP Trench Austria GmbH; G. CHRISTINER H. POPELKA Verbund-APGAG M.
SCHWAN FGH e.V. Mannheim, High Voltage Series Reactors for Load Flow Control

18. Richard F. Dudley, Michael Sharp, Antonio Castanheira, Behdad B. Biglar Trench
Limited; Chapter 10 Reactors of Electric Power Transformer Engineering (Second Edition);
Edited by James H. Harlow

19. Bill Hall, Pacificorp; Carbon-Spanish Fork #I 138kv Line Series Reactors

55

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