Organizacoes Aprendentes
Organizacoes Aprendentes
Organizacoes Aprendentes
Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 9
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Introdução
A instabilidade do cenário mundial actual, que desencadeia mudanças contínuas nos sistemas sociais,
repercute na configuração de novos formatos organizacionais e na adopção de modelos gerências, os
quais, por sua vez, demandam trabalhadores e gestores dispostos a aprender, pois é a capacidade de
aprender que permite desenvolver competências que habilitam a organização a identificar, processar e
reter novas informações para ampliar o conhecimento e melhorar o processo de tomada de decisões e sua
capacidade competitiva. O crescente reconhecimento da importância do processo de aprendizagem e de
suas implicações no contexto do ambiente de trabalho contribuiu para a consolidação de um campo de
estudo que enfoca a aprendizagem nas organizações, em que concorrem académicos, consultores e
gestores. Esse campo tem sido caracterizado como integrado por duas grandes vertentes: a da
aprendizagem organizacional, representada sobretudo pelos pesquisadores académicos, e a vertente das
organizações que aprendem, desenvolvida especialmente por consultores e pesquisadores orientados para
a transformação organizacional.
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A PROBLEMATIZAÇÃO DO OBJETO: DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO
PSICOLÓGICO BÁSICO À APRENDIZAGEM NA OU DA ORGANIZAÇÃO
No final da década de 60 e durante a de 70, houve um grande impulso nos estudos sobre a dinâmica da
aprendizagem organizacional com os trabalhos pioneiros de Simon (1969, citado por Gomes, 2000, p.48)
e Argyris e Schon (1974). Só em anos mais recentes, todavia, a questão da aprendizagem organizacional
vem se difundindo cada vez mais entre pesquisadores e profissionais de áreas diversas que se dedicam ao
estudo das organizações formais de trabalho. Na década de 90, em particular, a aprendizagem assumiu a
condição de um dos temas mais pesquisados nos estudos organizacionais. Salgado e Espíndola (1996)
sustentam que na evolução do pensamento administrativo, a capacidade de aprender foi o tópico de
destaque nos últimos anos, e ajudou a difundir conceitos como o de aprendizagem e capacidade
organizacional, troca cultural, unidade estratégica, competência e empowerment.
As duas vertentes tratam o mesmo fenômeno a partir de óticas e interesses distintos. De acordo com
Tsang (1997), a primeira vertente - aprendizagem organizacional (AO) - interessa-se pela descrição de
como a organização aprende, isto é, focaliza as habilidades e processos de construção e utilização do
conhecimento, que favorecerão a reflexão sobre as possibilidades concretas de ocorrer aprendizagem
nesse contexto. A segunda vertente - organizações que aprendem (OA)
Definição de Conceitos
De acordo com DiBella, Nevis e Gould (1996) aprendizagem organizacional é a capacidade, conjunto de
processos internos que mantêm ou melhoram o desempenho baseado na experiência, cuja
operacionalização envolve a aquisição, a disseminação e a utilização do conhecimento – Organizacional -
Cognitivo/Comportamental.
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De acordo com Cook, Yanow (1993, p.384) aprendizagem organizacional e aquisição, sustentação e
mudança de significados intersubjectivos através da expressão e transmissão de acções colectivas de
grupo – Grupal - cultural.
A análise desses conceitos permite inferir sobre a diversidade e complexidade presente. As ênfases de
cada autor recaem nos aspectos culturais, ou nos cognitivos ou nos comportamentais, e todos relacionam
o processo de aprendizagem a mudanças de caracter cultural, ou, principalmente, cognitivo ou
comportamental. seus conceitos sugerem uma variabilidade entre uma dimensão que privilegia a mudança
potencial, a ser concretizada (Levitt & March, 1988, citado por Tsang, 1997, p.76), ou uma mudança real,
constatada pela observação (Swiering & Wierdsman, 1992, citado por Tsang, 1997, p.76).
Parte da variabilidade conceitual decorre da ênfase colocada pelo autor no nível de análise do fenómeno –
individual, grupal ou organizacional. Alguns autores falam de aprendizagem de indivíduos nas
organizações, considerando ser esse um fenómeno no plano individual. Há no entanto os que defendem
que as organizações como entidades, também têm mecanismos de busca, acesso, estoque e uso do
conhecimento gerado por seus membros, podendo-se falar em uma aprendizagem da organização. Esta
controvérsia nas formas de conceituar-se aprendizagem organizacional concretiza-se claramente na
questão levantada por Prange (2001): quem é o sujeito da aprendizagem? Afinal quem é que aprende: os
indivíduos na organização ou a própria organização?
Uma posição mais crítica nega à organização esse poder de aprender, pois ela não seria um ser humano.
Na verdade, fazemos uso de uma metáfora, ao antropomorfizar as organizações, atribuindo-lhes
propriedades humanas. Doving (1996) acolhe a perspectiva metafórica e afirma que a explicação do
fenómeno da aprendizagem organizacional só pode ser encontrada nas acções dos atores organizacionais.
Para Gheradi (2000), o termo aprendizagem organizacional também é uma metáfora fundamental que
permite analisar as organizações em relação ao conhecimento e ao processo de conhecer.
Os autores que restringem a aprendizagem ao nível individual afirmam que o indivíduo age e aprende na
organização. Ele é a fonte primária de aprendizagem. Para estes, são os indivíduos que criam, inclusive,
as formas ou estruturas organizacionais que permitem aprendizagem. Já aqueles que enfatizam a
organização, chamam a atenção para o fato de que a aprendizagem organizacional é algo maior que a
simples soma das aprendizagens individuais.
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Para Weick (1991, citado por Freire 2000, p.48) por exemplo, a aprendizagem individual ocorre quando
as pessoas dão diferentes respostas ao mesmo estímulo, enquanto a aprendizagem organizacional ocorre
quando um grupo de pessoas dá a mesma resposta a diferentes estímulos.
Probst e Büchel (1997) consideram a aprendizagem individual produto da reflexão de cada pessoa
singular que muda suas estruturas cognitivas e, consequentemente, seus comportamentos.
Ainda segundo os mesmos autores, para que haja a ponte entre a aprendizagem individual e a
organizacional, são necessárias a existência de comunicação, transparência e integração. Deve haver
processos de comunicação que permitam aos indivíduos explicitar seus modelos, crenças e valores.
Assim, podemos concluir que o eixo central estaria na criação de processos de comunicação e espaços
apropriados, que permitam as trocas de experiências, significados, crenças e valores individuais, o que
auxiliaria na construção de modelos compartilhados. Podemos afirmar que a aprendizagem
organizacional ocorre através de indivíduos (que são sempre os sujeitos deste processo), mas essa
aprendizagem é simultaneamente limitada por forças institucionais que, também produzidas pelos atores
organizacionais, emergem da natureza colectiva e social de qualquer empreendimento organizativo.
Assim ao mesmo tempo em que os indivíduos aprendem e criam estruturas organizacionais, estas
retroagem sobre o indivíduo e limitam sua capacidade de aprender e renovar as organizações.
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Organizações Que Aprendem
Como nos afirma Kiechel (1990), a noção de organizações que aprendem estão se tornando um amplo
guarda-chuva conceitual que nos ajuda a dar sentido a um conjunto de valores e ideias que buscam tornar
a organização mais responsáveis e ágeis no atendimento das necessidades dos seus consumidores. Esta é a
base para os inúmeros livros acerca de como se construir tais organizações – todos claramente dominados
por uma lógica prescritiva, com parcos fundamentos sólidos, voltados para fornecer modelos bem
sucedidos aos gestores. Ainda dentro desta vertente, há um grupo de pesquisadores preocupados em
descrever organizações que foram bem sucedidas nos seus processos de mudança e ajustes. Também, a
exemplo do que vimos na primeira vertente analisada, não existe consenso sobre o que define uma
organização que aprende . Algumas tentativas de delimitação conceitual são apresentadas a seguir. Garvin
(1993), assumindo um ponto de vista cognitivo/comportamental, define “organizações que aprendem”
(learning organizations) como aquelas capazes de adquirir, criar, produzir novos insights, transferir
conhecimentos e modificar o comportamento de seus membros
Para Senge (1990), as organizações que aprendem são instituições nas quais as pessoas se voltam para a
aprendizagem colectiva, o que requer o comprometimento com resultados que sejam motivadores. Assim,
uma organização de aprendizagem oferece um ambiente onde as pessoas ampliam sua capacidade de
inovar para atingir os resultados desejados; onde há estímulo para o desenvolvimento de novas formas de
pensamento; onde a aspiração colectiva ganha liberdade e as pessoas se conscientizam de que a
aprendizagem envolve colaboração mutual.
Segundo Peddler, Boydell e Burgyone (1989), as características das organizações que aprendem são
as seguintes:
Para Schaw (1994), uma organização que aprende é aquela que está apta a adquirir
conhecimentos, modificando seu funcionamento a partir da comparação de suas experiências
pessoais com as dos outros. Para esse autor, o aprendizado ocorre quando as pessoas
reflectem sobre as consequências de seus actos, principalmente quando conseguem
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estabelecer nexos causais e correlacionais entre os eventos, que levam ao sucesso ou ao
fracasso organizacional.
Schaw (1994) enumerou três actividades fundamentais que, impedidas de serem realizadas,
prejudicam o aprendizado:
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
Eden, C. e Huxham, C. (2001) Pesquisa-ação no estudo das organizações. Em Clegg, S.R.; Hardy, C. &
Nord, W. (orgs.) Handbook de estudos organizacionais: Reflexões e novas direções. v 2. São Paulo:
Atlas, p. 93-117.
Gomes, A.G.M. (2000). Aprendizagem Organizacional: Estudo de caso de uma mudança organizacional
na Alcan. Salvador.Dissertação de Mestrado. Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia.