Guia Do Investidor CMVM

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COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Índice

Apresentação.................................................................................. 03

1. A CMVM................................................................................. 04

2. Valores Mobiliários................................................................. 09

3. Ofertas Públicas..................................................................... 23

4. Informação e Emitentes de Valores Mobiliários..................... 27

5. Mercados de Valores Mobiliários........................................... 37

6. Intermediários Financeiros..................................................... 46

7. Fundos de Investimento......................................................... 56

8. Investidores............................................................................. 70

Glossário......................................................................................... 83
Apresentação

O QUE É O GUIA DO INVESTIDOR?

O Guia do Investidor é uma publicação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


(CMVM) que contém uma explicação sintética do funcionamento dos mercados de
valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados e uma breve descrição dos
seus principais intervenientes.

A QUEM SE DESTINA?

O Guia do Investidor destina-se a todas as pessoas que pretendam adquirir alguns


conhecimentos sobre o funcionamento dos mercados de valores mobiliários e sobre os
direitos e deveres que lhes assistem em virtude de investirem as suas poupanças em
valores mobiliários ou noutros instrumentos financeiros.

QUEM CONSULTAR EM CASO DE DÚVIDA?

Se a leitura deste Guia suscitar alguma dúvida, poderá contactar a CMVM através da
Linha Verde do serviço de Apoio ao Investidor (800 205 339) ou através de correio
electrónico, pelo endereço [email protected]. Nos cadernos n.º 1 e n.º 8 deste Guia são
descritas as várias formas de contacto com a CMVM e com o seu serviço de Apoio ao
Investidor.

As caixas que se encontram neste Guia têm como finalidade:


• dar mais desenvolvimento a alguns assuntos;
• remeter o leitor para outras partes do Guia;
• dirigir alertas aos investidores.

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários 3


1. A CMVM
1. A CMVM

O QUE É A CMVM?

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários - também conhecida pelas iniciais


CMVM - foi criada em Abril de 1991 com a missão de supervisionar e regular os
mercados de valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados (tradicionalmente
conhecidos como “mercados de bolsa”) e a actividade de todos os agentes que neles
actuam.
A CMVM é um organismo público independente, com autonomia administrativa e
financeira. As receitas da CMVM não provêm do Orçamento Geral do Estado,
resultando fundamentalmente das taxas de supervisão que cobra pelos serviços que
presta.

O QUE É A SUPERVISÃO?

A supervisão exercida pela CMVM consiste:


• No acompanhamento permanente da actuação das pessoas ou entidades que
intervêm no mercado de capitais com o objectivo de detectar actos ilícitos,
nomeadamente na negociação em bolsa;
• Na fiscalização do cumprimento de regras;
• Na detecção de infracções;
• Na punição dos infractores, designadamente por aplicação de coimas;
• Na concessão de registos de pessoas e operações para verificar se foram
cumpridas as regras aplicáveis (esses registos podem ser consultados na página
da CMVM na Internet em www.cmvm.pt); e
• Na difusão de informações, nomeadamente sobre empresas cotadas, através do
seu site na Internet.

QUAIS SÃO AS PESSOAS OU ENTIDADES SUJEITAS À SUPERVISÃO DA CMVM?

Estão sujeitas à supervisão da CMVM as seguintes pessoas e entidades:


• Os emitentes de valores mobiliários;
• Os intermediários financeiros;
• Os consultores autónomos;
• As entidades gestoras de merca- dos, de sistemas de liquidação e de sistemas
centralizados de valores mobiliários e entidades que têm como objecto social a
compensação de operações em mercados de derivados sobre mercadorias;
• Os investidores institucionais;
• Os fundos de investimento;
• Os titulares de participações qualificadas em sociedades abertas;
• Os fundos de garantia, os sistemas de indemnização dos investidores e as
respectivas entidades gestoras;
• Os auditores e as sociedades de notação de risco;
• Os fundos e as sociedades de capital de risco;
• Os fundos e as sociedades de titularização de créditos e ainda as sociedades
gestoras de fundos de titularização de créditos;
• Outras pessoas que exerçam, a título profissional ou acessório, actividades
relacionadas com valores mobiliários.

5 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Estando sujeitas à supervisão da CMVM, estas entidades devem prestar-lhe toda a
colaboração solicitada.
Dentro dos limites permitidos por lei, a CMVM informa o público sobre as violações
detectadas e as sanções aplicadas.
A CMVM efectua a supervisão presencial dos intermediários financeiros e das
entidades gestoras de mercados, de sistemas centralizados de valores e de sistemas
de liquidação. Essa supervisão é efectuada por equipas que, mediante acções de
rotina, acompanham a actividade destas entidades, tanto nas suas instalações como
através da Internet ou de meios electrónicos de controlo directo e contínuo.

O QUE É A REGULAÇÃO?

A regulação consiste na elaboração de normas sobre o funcionamento de um sector da


actividade económica e/ou sobre o funcionamento de mercados e a actividade das
entidades que neles intervêm.
A CMVM regula o funcionamento dos mercados de valores mobiliários, a realização de
ofertas públicas, a actuação de todas as entidades que operam nesses mercados e, de
um modo geral, todas as matérias que dizem respeito a esta área de actividade.
Na sua actividade de regulação, a CMVM aprova e publica no seu Boletim mensal:
• Regulamentos;
• Instruções que visam definir procedimentos internos de certas categorias de
entidade;
• Recomendações dirigidas a uma ou mais pessoas sujeitas à sua supervisão;
• Pareceres genéricos sobre questões que lhe sejam colocadas por escrito
por qualquer das entidades sujeitas à sua supervisão ou pelas respectivas
associações.
Ao aprovar estes actos, a CMVM contribui para que o mercado português de valores
mobiliários seja dotado de uma regulação moderna e actualizada.
Existem normas aplicáveis aos mercados e às actividades a estes associadas que
assumem a forma de Lei ou Decreto-Lei e, por isso, não são aprovadas pela CMVM
mas sim pela Assembleia da República ou pelo Governo. É o caso do diploma mais
importante neste sector de actividade - o Código dos Valores Mobiliários, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de Novembro.

O QUE É A COOPERAÇÃO?

Através da cooperação, a CMVM procura:


• Tornar a supervisão mais eficaz;
• Aproximar a sua actuação das práticas seguidas pelas instituições que, noutros
países, desempenham as mesmas funções;
• Combater as actuações fraudulentas de carácter internacional.
A CMVM coopera com outras autoridades nacionais que têm funções de supervisão e
regulação do sistema financeiro como:
• O Banco de Portugal (BdP);
• O Instituto de Seguros de Portugal (ISP).
A CMVM participa em organizações internacionais como a Organização Internacional
das Comissões de Valores (IOSCO/OICV), o Comité das Autoridades de
Regulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários (CESR) e o Instituto
6 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
1. A CMVM

Iberoamericano de Mercados de Valores (IIMV), além de acompanhar os trabalhos de


instituições da União Europeia (UE).

QUAIS OS OBJECTIVOS DA CMVM?

A CMVM prossegue os seguintes objectivos:


• A protecção dos investidores;
• A eficiência e a regularidade de funcionamento dos mercados;
• O controlo da informação;
• A prevenção de riscos;
• A prevenção e a repressão de actuações ilegais.

COMO É QUE A CMVM PROTEGE OS INVESTIDORES?

No sector financeiro e, em particular nos mercados de capitais, têm vindo a ser


reforçados os mecanismos de protecção daqueles que têm maior dificuldade em fazer
defender os seus direitos – os investidores. Esta é uma exigência decorrente da
sofisticação e da complexidade técnica que têm acompanhado o desenvolvimento dos
mercados.
A CMVM protege os investidores quer mediante o exercício permanente das funções
de supervisão e regulação que lhe são conferidas por lei, quer ainda desenvolvendo
serviços que visam assegurar um apoio directo ao público em geral e aos investidores
em particular.
O Caderno n.º 8 deste Guia inclui uma descrição detalhada dos serviços criados pela CMVM com o
objectivo de apoiar os investidores.

QUE SERVIÇOS SÃO DISPONIBILIZADOS AO PÚBLICO PELA CMVM?

A CMVM disponibiliza ao público:


• O serviço de Apoio ao Investidor;
• O serviço de Mediação de Conflitos;
• O Sistema de Indemnização aos Investidores;
• O site na Internet, em www.cmvm.pt.

COMO ESTÁ ORGANIZADA A CMVM?

A CMVM é dirigida por um Conselho Directivo, constituído por um Presidente, um


Vice-Presidente e três Vogais, nomeados pelo Conselho de Ministros, sob proposta do
Ministro das Finanças, para um mandato com a duração de cinco anos.
Ministro das Finanças, para um mandato com a duração de cinco anos.
São ainda órgãos da CMVM a Comissão de Fiscalização e o Conselho Consultivo.
A Comissão de Fiscalização acompanha e controla a gestão financeira da CMVM e é
composta por três membros, nomeados pelo Ministro das Finanças, sendo um deles
revisor oficial de contas.
O Conselho Consultivo é um órgão de consulta e assessoria ao Conselho Directivo,
competindo-lhe pronunciar-se sobre os assuntos que lhe sejam submetidos por este
e apresentar-lhe recomendações e sugestões. No Conselho Consultivo estão
representadas as entidades sujeitas à supervisão da CMVM.

7 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Internamente, a CMVM está organizada em Direcções, Gabinetes, Departamentos e
Núcleos. As funções gerais das várias unidades orgânicas da CMVM encontram-se
previstas no seu Regulamento Interno, que pode ser consultado em www.cmvm.pt.

COMO CONTACTAR A CMVM?

A CMVM pode ser contactada, de 2.ª a 6.ª feira, entre as 9h30m-12h30m e as


14h30m-17h00m através de qualquer um dos seguintes meios:

Por Carta ou Presencialmente


Lisboa - Av. da Liberdade, n.º 252,
1056-801, Lisboa

Porto - Rua Dr. Alfredo Magalhães, n.º 8, 5.º


4000-061, Porto.

Telefonicamente
Através da Linha Verde do serviço de Apoio ao Investidor (800 205 339) ou através
dos números de telefone:
(21) 317 70 00 e (22) 208 44 02

Por fax
Através dos números:
(21) 353 70 77/8 ou (22) 208 43 01.

Por e-mail ou via Internet


Para [email protected] ou em www.cmvm.pt.

8 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


2. VALORES
MOBILIÁRIOS
2. Valores Mobiliários

O QUE SÃO VALORES MOBILIÁRIOS?

Valores mobiliários são documentos emitidos por empresas ou outras entidades, em


grande quantidade, que representam direitos e deveres, podendo ser comprados e
vendidos, nomeadamente na Bolsa.
Para as empresas que os emitem, representam uma forma de financiamento alternati-
va ao crédito bancário. Para os investidores, são um modo de aplicação de poupanças
alternativo aos depósitos bancários e a outros produtos financeiros que se caracteriza
por oferecer níveis diferentes de risco e rendibilidade.

As letras e as livranças são exemplos de outros documentos que representam direitos e deveres e que
podem ser comprados e vendidos. No entanto, não são valores mobiliários.

Os valores mobiliários que fazem parte de uma mesma emissão conferem aos seus
titulares os mesmos direitos e deveres.
Os documentos que representam os valores mobiliários podem ser títulos em papel
(valores mobiliários titulados) ou registos informáticos semelhantes aos registos de
dinheiro junto dos bancos (valores mobiliários escriturais). Estes últimos facilitam a
circulação dos valores, são mais seguros e possibilitam um exercício de direitos mais
eficiente.

QUAIS SÃO OS VALORES MOBILIÁRIOS MAIS CONHECIDOS?

Os valores mobiliários mais conhecidos são:


• As acções;
• As obrigações;
• Os títulos de participação;
• As unidades de participação em fundos de investimento;
• As unidades de titularização de créditos;
• Os warrants autónomos;
• Os direitos destacados de valores mobiliários;
• Os certificados;
• Os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis;
• Os valores mobiliários convertíveis por opção do emitente (reverse convertibles);
• Os valores mobiliários condicionados por eventos de crédito (credit linked notes).
Além dos valores mobiliários, podem ser negociados em bolsa instrumentos financeiros
derivados (nomeadamente, futuros e opções).
Podem ser emitidos outros valores mobiliários além dos aqui descritos, pelo que o
investidor deve informar-se sempre sobre as características de cada instrumento antes
de o adquirir. Neste Guia são descritos os valores mobiliários mais conhecidos.

O QUE É A RENDIBILIDADE E O RISCO?

A rendibilidade é a taxa de rendimento gerado pelo investimento durante um determi-


nado período de tempo. Inclui normalmente duas parcelas: a evolução dos preços do
valor mobiliário no qual se investiu (denominada mais ou menos valia, consoante a
evolução tenha sido positiva ou negativa) e a remuneração periódica (dividendos, no
caso de acções, e juros, no caso de obrigações) desses valores mobiliários.

10 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


A rendibilidade é normalmente expressa em percentagens ou gráficos.
As rendibilidades passadas não constituem garantia de rendibilidades futuras.

O risco representa a incerteza relativa à variação futura da rendibilidade. Esta incerteza


está relacionada, por exemplo, com oscilações imprevisíveis do preço dos valores em
que se investiu.
A rendibilidade potencial e o risco são diferentes em cada tipo de valores mobiliários.

2.1 AS ACÇÕES

O QUE SÃO ACÇÕES?


As acções são valores mobiliários que representam uma parcela do capital social de
uma sociedade anónima.
O prazo de constituição das sociedades é fixado nos respectivos estatutos.

Ter acções de uma sociedade significa ser accionista, o que confere ao investidor um
conjunto de direitos sobre a sociedade. Estes direitos variam em função do número e
da categoria de acções detidas.

QUE DIREITOS CONFEREM AS ACÇÕES AOS INVESTIDORES?

As acções conferem aos investidores, nomeadamente, o direito:


• A estar presente nas reuniões da assembleia geral e a votar;
• A ser informado sobre os negócios da sociedade, em determinadas condições;
• A participar nos lucros da sociedade e a receber dividendos, na proporção das
acções detidas;
• A receber a quota de liquidação quando a sociedade seja extinta e na medida em
que existam bens no seu património a distribuir após o pagamento de todos os
credores.
Nos estatutos das sociedades podem encontrar-se outros direitos e deveres dos
investidores, bem como limitações ao exercício do direito de voto.
As sociedades com acções cotadas na bolsa são obrigadas a divulgar os seus estatutos no respectivo
site na Internet.

COMO SABER QUANTO VALEM AS ACÇÕES E SE A RESPECTIVA COTAÇÃO NA BOLSA


CORRESPONDE A ESSE VALOR?

Avaliar uma acção consiste em determinar o seu preço justo, que deve reflectir o valor
da empresa. A cotação das acções num mercado de bolsa tende a aproximar-se do
valor efectivo da empresa, na medida em que o preço incorpora toda a informação exis-
tente sobre a mesma.
A avaliação de acções é complexa por duas razões:
• As variações das principais fontes de rendibilidade das acções de uma empresa
cujas acções são negociadas em mercado (dividendos e mais-valias de capital)
são difíceis de prever; e
• O risco pode variar de acção para acção, dependendo de um conjunto bastante
diferenciado de factores, como por exemplo a evolução das taxas de juro, o
comportamento de outras empresas e mercados, etc.
11 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
2. Valores Mobiliários
O valor nominal das acções é o valor inscrito no título ou no registo e tem apenas relevância contabilísti-
ca. A soma do valor nominal da totalidade das acções corresponde ao capital social da empresa.

2.2 AS OBRIGAÇÕES

O QUE SÃO OBRIGAÇÕES?

As obrigações são valores mobiliários com uma duração limitada que representam uma
parte de um empréstimo contraído por uma empresa ou entidade junto dos investidores.
Ter obrigações significa, portanto, ser credor de um emitente. Decorrido um determina-
do período, o investidor terá direito a receber o valor que inicialmente investiu e periodi-
camente receberá juros, se estes tiverem sido acordados.
Consoante os tipos de obrigações, no momento da emissão são fixados:
• O valor nominal, que corresponde ao valor que será reembolsado no final do res-
pectivo prazo;
• O prazo do empréstimo e, por conseguinte, a duração das obrigações;
• A existência e periodicidade do pagamento de juros;
• A taxa de juro aplicável (fixa ou variável).
O valor nominal das obrigações é o valor inscrito no título ou no registo e corresponde ao montante do
empréstimo que será restituído ao investidor no final do prazo.

O investidor deve ter em atenção que o investimento em obrigações incorpora risco de


crédito, ou seja, existe a possibilidade de o investidor não receber o valor investido e/ou
os juros, se o emitente enfrentar dificuldades financeiras.
Podem emitir obrigações as sociedades anónimas, as sociedades por quotas, o Esta-
do, as autarquias locais e outras entidades (como as cooperativas).
As obrigações podem assumir diversas modalidades:
• Com juro suplementar ou prémio de reembolso, fixo ou dependente dos lucros da
sociedade;
• Com juro e plano de reembolso, dependentes e variáveis em função dos lucros;
• Convertíveis em acções;
• Com direito de subscrição de uma ou mais acções (também chamadas obriga-
ções com warrants);
• Com prémio de emissão.

QUE DIREITOS CONFEREM AS OBRIGAÇÕES AOS SEUS DETENTORES?

As obrigações conferem os seguintes direitos:


• A receber um juro com a periodicidade fixada ou no fim do prazo de empréstimo,
conforme o que tiver sido estabelecido no momento da emissão;
• A receber o valor nominal no fim do prazo do empréstimo;
• A ter conhecimento das decisões dos accionistas e participar nas assembleias
gerais através da nomeação de um representante comum dos obrigacionistas;
• A ser informado quanto ao andamento dos negócios da sociedade, através do
representante comum dos obrigacionistas.

12 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


COMO DETERMINAR O VALOR REAL DAS OBRIGAÇÕES?

Avaliar uma obrigação consiste em determinar o seu preço justo, que pode não coincidir
com o seu valor nominal ou com o valor a que é comprada e vendida. O preço de uma
obrigação deve corresponder ao valor actual dos rendimentos a gerar no futuro (soma
dos juros periódicos e reembolso).

2.3 AS UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO

O QUE SÃO UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO?

As unidades de participação são as parcelas em que se divide o património de um


fundo de investimento. A duração das unidades de participação deve ser equivalente ao
prazo de duração do fundo.
Os fundos de investimento são organismos de investimento colectivo constituídos pelas
poupanças de vários investidores.
O conjunto dessas poupanças constitui um património dividido em partes iguais,
com as mesmas características e sem valor nominal, designadas por unidades de
participação.
O Caderno n.º 7 deste Guia fornece informação detalhada sobre fundos de investimento.

COMO É CALCULADO E DIVULGADO O VALOR DAS UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO?

O valor da unidade de participação corresponde à divisão do valor total do património


do fundo pelo número de unidades de participação em circulação.
O valor do património do fundo, por sua vez, é calculado, sempre que possível, a
preços de mercado. Por exemplo, o valor de um fundo que investe em acções cotadas
corresponderá, em determinada data, à cotação das acções que integram o seu patri-
mónio nessa mesma data.
O valor das unidades de participação é um elemento essencial à análise da evolução
do fundo de investimento no que respeita à rendibilidade e ao risco.
O valor da unidade de participação é calculado e divulgado pela entidade gestora do
fundo e pode ser consultado junto da própria entidade gestora, das entidades que
comercializam o fundo (normalmente os balcões dos bancos), e no site da CMVM na
Internet, em www.cmvm.pt. Essa divulgação é diária, no caso de se tratar de fundos
abertos, e mensal, tratando-se de fundos fechados.
As sociedades gestoras de fundos de investimento são intermediários financeiros sujeitos a registo na
CMVM.
O Caderno n.º 6 deste Guia fornece informação detalhada sobre a actividade de gestão de fundos de
investimento.

2.4 AS UNIDADES DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS

O QUE SÃO UNIDADES DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS?

À semelhança das unidades de participação, as unidades de titularização são as


parcelas em que se divide o património de um fundo de titularização de créditos, cujo
valor nominal é definido no regulamento de gestão do fundo.

13 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


2. Valores Mobiliários

Podem existir unidades de titularização de diferentes categorias (que conferem direitos


iguais entre si mas diferentes das demais), por exemplo, de acordo com o grau de
preferência no pagamento dos rendimentos periódicos, ou no reembolso do valor
nominal.
Os fundos de titularização de créditos são organismos de investimento colectivo tal
como os fundos de investimento, constituídos pelas poupanças de vários investidores,
cujo património é composto por créditos.

2.5 OS TÍTULOS DE PARTICIPAÇÃO

O QUE SÃO TÍTULOS DE PARTICIPAÇÃO?

Os títulos de participação são valores mobiliários tendencialmente perpétuos que


conferem o direito a uma remuneração com duas componentes: uma fixa e outra variá-
vel. Tanto a remuneração fixa como a variável são determinadas sobre uma percenta-
gem do valor nominal do título de participação.
Os títulos de participação podem ser emitidos por empresas públicas e por sociedades
anónimas pertencentes maioritariamente ao Estado.
O valor nominal dos títulos de participação é o valor inscrito no título ou no registo, que corresponde ao
montante do empréstimo e só excepcionalmente será restituído ao investidor, servindo de base ao
cálculo da remuneração fixa e variável.

Os títulos de participação só são reembolsáveis se as entidades que os emitiram o


decidirem, mas nunca antes de terem decorrido 10 anos desde a sua emissão, ou se
essas entidades entrarem em falência.

QUE DIREITOS CONFEREM OS TÍTULOS DE PARTICIPAÇÃO AOS SEUS DETENTORES?

Os títulos de participação conferem aos seus titulares os seguintes direitos:


• Receber uma remuneração anual, composta pela parte fixa e pela parte variável;
• Tomar conhecimento dos negócios das entidades que os emitem, nos mesmos
termos previstos para os accionistas;
• Reunir e deliberar em assembleia de detentores de títulos de participação para
apreciar assuntos do interesse comum;
• Eleger um representante comum dos detentores de títulos de participação, que os
representa perante a sociedade.

2.6 OS WARRANTS AUTÓNOMOS

O QUE SÃO WARRANTS AUTÓNOMOS?

Os warrants autónomos são valores mobiliários com uma duração limitada que confe-
rem ao investidor um direito sobre outros valores mobiliários ou activos financeiros,
designados “activo subjacente”.
Por exemplo, uma emissão de warrants autónomos sobre acções pode conferir ao investidor o direito a
comprar ou a vender essas acções numa data pré-determinada.

Esses activos podem ser, nomeadamente, acções, obrigações, índices bolsistas, taxas
de juro ou taxas de câmbio.
14 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
O investidor tem sempre a possibilidade de optar por exercer ou não o seu direito. O
warrant confere, portanto, um direito e não uma obrigação.
No investimento em warrants, o período de exercício é essencial. Ao contrário do investimento em
acções ou obrigações, em que o não exercício de direitos não implica a perda dos valores, no
investimento em warrants o não exercício pode implicar a perda total de eventuais ganhos.

Os warrants podem ser emitidos por bancos, pela Caixa Económica Montepio Geral,
pela Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, por sociedades de investimento, pelo
Estado, por sociedades anónimas (desde que os activos subjacentes sejam valores
mobiliários próprios) e por outras instituições de crédito e sociedades financeiras
de corretagem previamente autorizadas pelo Banco de Portugal. Podem ainda emitir
warrants autónomos as entidades que tenham uma garantia prestada por outra
entidade idónea.

QUE DIREITOS CONFEREM OS WARRANTS AUTÓNOMOS AOS INVESTIDORES?


Os warrants podem conferir um dos seguintes direitos:
• A comprar o activo subjacente;
• A subscrever o activo subjacente;
• A vender o activo subjacente;
• A receber uma diferença em dinheiro entre dois preços – o preço do activo subja-
cente no momento de exercício e o preço de exercício.
Existem warrants de compra (ou call warrants) e warrants de venda (ou put warrants).
Nos primeiros é conferido o direito a comprar o activo subjacente. Nos segundos é con-
ferido o direito a vender o activo subjacente.
Consoante o momento em que o investidor pode exercer o seu direito, os warrants
podem ser:
• de tipo americano, em que o titular do warrant o pode exercer em qualquer
momento, desde a subscrição ou aquisição até à data de maturidade;
• de tipo europeu, em que o detentor o pode exercer apenas na data de
maturidade.
A duração dos warrants, ao contrário das acções e dos títulos de participação, é sempre limitada.
Maturidade é a designação que se dá ao fim do prazo de duração dos warrants.

O exercício dos warrants na data de maturidade nem sempre é automático. Nesse


caso, o detentor dos warrants terá que declarar a sua intenção de exercício. Se não
o fizer, os warrants vencem-se sem que o investidor receba qualquer quantia a que
tenha direito. A declaração de exercício deve ser remetida para a entidade identificada
no prospecto.
Os warrants também divergem no tipo de liquidação. Se o seu exercício der lugar ao
recebimento, subscrição ou entrega do activo subjacente (o que não é o caso dos
warrants sobre índices, taxas de juro ou taxas de câmbio), então fala-se em liquidação
física. Pelo contrário, se o seu exercício apenas implica o pagamento ao investidor de
uma diferença de preço, a liquidação é financeira.
A CMVM publicou em 2001 um conjunto de “Recomendações aos Investidores em warrants autónomos”
onde se encontram outras informações sobre os warrants, nomeadamente indicações sobre as variáveis
de que depende o valor do warrant e formas de avaliação dos warrants.

15 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


2. Valores Mobiliários

Dependendo das condições de emissão, podem existir warrants que prevejam as


chamadas barreiras (knock-in e knock-out). Nalguns casos, atingida essa barreira o
warrant expira sem qualquer valor. Essas características constam do prospecto e do
anúncio de lançamento.

2.7 OS DIREITOS DESTACADOS

Alguns valores mobiliários conferem direitos que podem ser destacados e negociados
separadamente, por exemplo, em bolsa. Estes direitos destacados são valores mobiliá-
rios e têm como principal característica o prazo de duração muito curto.
São direitos destacados, por exemplo, os direitos de subscrição e os direitos de incor-
poração.
O Caderno n.º 5 deste Guia contém informação sobre a negociação autónoma de direitos de subscrição.

O QUE SÃO DIREITOS DE SUBSCRIÇÃO?

Quando as sociedades decidem aumentar o capital social através da emissão de novas


acções, os investidores que já detenham acções dessa sociedade terão, em regra,
direito de preferência na compra das que serão emitidas.
Os investidores que tenham acções de uma sociedade que decidiu aumentar o seu capital devem estar
atentos para que possam exercer os direitos de subscrição ou optar pela sua venda em bolsa. Se não o
fizerem, perderão qualquer valor que corresponda a esses direitos.

Das acções existentes são destacados novos valores mobiliários, chamados direitos de
subscrição. Estes valores mobiliários são negociados separadamente das acções,
normalmente durante um mês, e conferem aos investidores o direito a subscrever
novas acções da sociedade, ao preço que for fixado na deliberação de emissão.
No fim do período em que podem ser negociados ou exercidos, os direitos de subscri-
ção caducam, deixando de existir.

O QUE SÃO DIREITOS DE INCORPORAÇÃO?

Todas as empresas podem destinar anualmente uma parte dos lucros para constituição
de reservas, devendo a reserva atingir pelo menos 1/5 do capital social. Essa reserva
pode ser incorporada no capital social, dando lugar à emissão de novas acções e à
atribuição de “direitos de incorporação” aos accionistas.
Ao contrário do que sucede nos direitos de subscrição, nos direitos de incorporação o
titular não tem de pagar para receber as acções.
Os direitos de incorporação podem, nalgumas situações, ser negociados autonoma-
mente.

2.8 OS CERTIFICADOS

O QUE SÃO CERTIFICADOS E QUE DIREITOS ATRIBUEM AOS INVESTIDORES?

Os certificados são valores mobiliários que têm uma duração limitada e atribuem aos
investidores o direito a receber em dinheiro o valor de um activo subjacente numa data
determinada.

16 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Contudo, pode ser estabelecido pela empresa que os emite:
• Um limite máximo dos ganhos que cada investidor pode obter;
• A garantia de recebimento de um valor mínimo, ou seja, a garantia de que cada
investidor vai sempre receber uma determinada quantia fixa, que pode ser igual,
inferior ou superior ao valor inicialmente investido;
• Que o valor do activo subjacente não seja apurado num único momento, mas em
diferentes momentos no tempo.
Uma vez que o valor a receber pelo investidor depende do valor do activo subjacente,
os certificados podem ter risco de capital, ou seja, na maturidade o investidor pode
receber menos do que o valor inicialmente investido.

QUEM PODE EMITIR CERTIFICADOS?

Podem emitir certificados os bancos, a Caixa Económica Montepio Geral, a Caixa Cen-
tral de Crédito Agrícola Mútuo e as sociedades de investimento.

2.9 OS VALORES MOBILIÁRIOS OBRIGATORIAMENTE CONVERTÍVEIS

O QUE SÃO VALORES MOBILIÁRIOS OBRIGATORIAMENTE CONVERTÍVEIS


E QUE DIREITOS ATRIBUEM AOS SEUS TITULARES?

Os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis são valores com duração limitada


que obrigam a empresa que os emite a entregar ao investidor, numa determinada data,
uma quantidade de acções ou obrigações. O investidor poderá receber menos do que
o valor inicialmente investido se o preço das acções ou obrigações entregues for, na
data fixada, inferior a esse montante.
As acções ou obrigações a entregar ao investidor são emitidas pela mesma empresa
que emite o valor mobiliário obrigatoriamente convertível ou por outra empresa
integrada no seu grupo.

QUEM PODE EMITIR VALORES MOBILIÁRIOS OBRIGATORIAMENTE CONVERTÍVEIS?

Podem emitir valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis os bancos, a Caixa Eco-


nómica Montepio Geral, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, e outras entidades
que apresentem garantia adequada.

HÁ DEVERES INFORMATIVOS ESPECIAIS RELATIVAMENTE


A VALORES MOBILIÁRIOS OBRIGATORIAMENTE CONVERTÍVEIS?

Os prospectos e as mensagens publicitárias destes valores mobiliários devem explicar


que o investidor irá receber acções ou obrigações e não dinheiro, bem como alertar
para a possibilidade de perda do valor investido.
O Caderno n.º 3 deste Guia contém uma explicação sobre o prospecto bem como uma descrição da
informação que inclui.

17 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


2. Valores Mobiliários

2.10 OS VALORES MOBILIÁRIOS CONVERTÍVEIS POR OPÇÃO DO EMITENTE


(REVERSE CONVERTIBLES)

O QUE SÃO VALORES MOBILIÁRIOS CONVERTÍVEIS POR OPÇÃO DO EMITENTE


E QUE DIREITOS ATRIBUEM AOS INVESTIDORES?

Os valores mobiliários convertíveis por opção do emitente são valores mobiliários com
uma duração limitada que dão à empresa que os emite a possibilidade de escolher
entre:
• Entregar ao investidor uma determinada quantia em dinheiro, correspondente ao
valor nominal do valor mobiliário; ou
• Entregar ao investidor uma determinada quantidade de acções ou obrigações ou
o respectivo valor em dinheiro na data fixada para a entrega.
As acções e obrigações só podem ser entregues ao investidor se o valor do
activo subjacente for inferior ao valor de referência fixado na altura da emissão. À
semelhança dos certificados e dos valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis, o
investimento em valores mobiliários convertíveis por opção do emitente pode implicar a
perda total do montante investido.
Apesar de o investidor só poder vir a receber acções ou obrigações, o activo
subjacente aos valores mobiliários convertíveis por opção do emitente pode ser
constituído por acções e obrigações (as que podem ser entregues ou outras), índices
de valores mobiliários, índices de índices ou cabazes de mobiliários. Assim, o
investidor tem de acompanhar, quer a evolução do activo subjacente, quer a do activo
que lhe pode ser entregue, para poder tomar as suas decisões de investimento.

QUEM PODE EMITIR VALORES MOBILIÁRIOS CONVERTÍVEIS POR OPÇÃO DO EMITENTE?

Podem emitir valores mobiliários convertíveis por opção do emitente os bancos, a Caixa
Económica Montepio Geral, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, e outras
entidades que apresentem garantia adequada.

HÁ DEVERES INFORMATIVOS ESPECIAIS RELATIVAMENTE A VALORES MOBILIÁRIOS


CONVERTÍVEIS POR OPÇÃO DO EMITENTE?

Os prospectos e as mensagens publicitárias destes valores mobiliários devem explicar


que o investidor poderá vir a receber acções ou obrigações e não dinheiro e alertar para
a possibilidade da perda do valor investido.

2.11 OS VALORES MOBILIÁRIOS CONDICIONADOS POR EVENTOS DE CRÉDITO


(CREDIT LINKED NOTES)

O QUE SÃO VALORES MOBILIÁRIOS CONDICIONADOS POR EVENTOS DE CRÉDITO


E QUE DIREITOS ATRIBUEM AOS SEUS TITULARES?

Os valores mobiliários condicionados por eventos de crédito têm duração limitada


e conferem aos investidores o direito a receber numa data previamente fixada uma
quantia em dinheiro ou valores mobiliários representativos da dívida de uma empresa,
desde que se verifiquem determinados eventos (chamados eventos de crédito).

18 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Estes eventos de crédito são definidos nas condições da emissão pela entidade que
emite os valores mobiliários. Os eventos de crédito podem ser, por exemplo, situações
em que uma empresa não cumpra as suas obrigações de pagamento relativas a
empréstimos obrigacionistas ou a determinados contratos.
São valores mobiliários representativos da dívida de uma empresa, por exemplo, as obrigações.

Se os valores mobiliários condicionados por eventos de crédito não garantirem ao


investidor o reembolso em dinheiro do valor inicialmente investido, o respectivo valor
nominal deve ser de pelo menos € 25.000.
Podem ser entregues ao investidor valores mobiliários que sejam representativos da
dívida de uma empresa diferente da empresa que emite os valores mobiliários
condicionados por eventos de crédito, desde que sejam negociados em bolsa ou num
mercado equivalente.

QUEM PODE EMITIR VALORES MOBILIÁRIOS CONDICIONADOS POR EVENTOS DE CRÉDITO?

Podem emitir valores mobiliários condicionados por eventos de crédito os bancos, a


Caixa Económica Montepio Geral, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, e outras
entidades que apresentem garantia adequada.

HÁ DEVERES INFORMATIVOS ESPECIAIS RELATIVAMENTE A VALORES MOBILIÁRIOS


CONDICIONADOS POR EVENTOS DE CRÉDITO?

Os prospectos e as mensagens publicitárias destes valores mobiliários devem explicar


que o investidor poderá vir a receber acções ou obrigações e não dinheiro e alertar para
a possibilidade de perda do valor investido.

2.12 OS FUTUROS E AS OPÇÕES

O QUE SÃO FUTUROS?

Existem produtos financeiros que permitem aos investidores:


• Por um lado, controlar o risco e assegurar a rendibilidade do investimento,
garantindo o preço de um bem no futuro;
• Por outro lado, tirar partido de uma previsão sobre a evolução dos preços.
Por exemplo, um investidor que tenha hoje 100 acções cuja cotação é de 1 euro, pode
celebrar hoje também um contrato em que assuma a obrigação de as vender, passados
12 meses, a 1 euro e 10 cêntimos, procurando não só evitar uma eventual descida da
cotação das acções mas também assegurar uma rendibilidade de 10 cêntimos nesse
período descontada do preço do contrato.
Outro investidor que preveja uma subida da cotação das mesmas acções, no prazo de
12 meses, para 1 euro e 20 cêntimos, pode também celebrar hoje um contrato em que
assuma a obrigação de comprar essas acções no final dos 12 meses a 1 euro e 10
cêntimos.
Se a sua expectativa se confirmar e não tivesse celebrado este contrato, para adquirir
as acções o investidor teria que as comprar em bolsa pagando 1 euro e 20 cêntimos.
Celebrando este contrato e tendo assumido o compromisso de as comprar a 1 euro e
10 cêntimos, o investidor pode tirar partido da sua previsão e beneficiar da diferença
entre esse valor e a cotação, acrescido do preço pago pelo contrato.
19 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
2. Valores Mobiliários

É possível desenhar uma hipótese semelhante caso a previsão sobre a evolução das
acções seja de descida.
Este tipo de contratos designa-se “contratos de futuros”. São, portanto, contratos
padronizados de compra e venda a prazo, pelo qual duas partes (o comprador e o
vendedor) acordam um preço relativo a uma transacção futura de determinado produto
ou activo.

O QUE SÃO OPÇÕES?

Retomando o mesmo exemplo, um investidor que tenha hoje 100 acções cuja cotação
é de 1 euro, pode celebrar hoje também um contrato que lhe confira o direito a vender,
se assim o entender, passados 12 meses, a 1 euro e 10 cêntimos.
Se a cotação das acções se mantiver ou descer no final desse período, o investidor,
descontando o valor pago pelo contrato, poderá vender as acções assegurando uma
determinada rendibilidade. Se, pelo contrário, a cotação das acções subir poderá optar
por não as vender a esse preço, efectuando a venda na bolsa a uma cotação mais
elevada.
Outro investidor que preveja uma subida da cotação das mesmas acções, no prazo de
12 meses, para 1 euro e 20 cêntimos, pode também celebrar hoje um contrato que lhe
confira o direito de comprar essas acções no final dos 12 meses a 1 euro e 10
cêntimos.
Se a sua expectativa se confirmar e não tiver celebrado este contrato, para adquirir as
acções o investidor terá que as comprar em bolsa pagando 1 euro e vinte cêntimos
pelas mesmas.
Celebrando este contrato, o investidor poderá comprá-las a 1 euro e 10 cêntimos,
tirando partido da sua previsão e beneficiando da diferença entre esse valor e a
cotação, ou seja 10 cêntimos, descontado do preço pago pelo contrato. Caso as
cotações desçam, o investidor pode optar por não comprar, perdendo, nesse caso, o
preço pago pelo contrato.
Este tipo de contratos chama-se “opções”. São também contratos estabelecidos entre
duas partes pelos quais o comprador adquire o direito de comprar (opção de compra ou
call option) ou de vender (opção de venda ou put option), durante um certo período
de tempo, um activo (activo subjacente) por um preço estabelecido no momento de
celebração do contrato (o preço de exercício), pagando para isso um prémio.
Da definição de opção podem distinguir-se quatro posições possíveis que o investidor
pode assumir num investimento em opções, em particular:
Opção Opção
de COMPRA de VENDA
Paga o prémio e Paga o prémio e
Comprador adquire o direito de comprar um adquire o direito de vender um
activo ao preço de exercício activo ao preço de exercício
Recebe o prémio e Recebe o prémio e assume o
Vendedor assume o compromisso de compromisso de comprar um
vender um activo ao preço de activo ao preço de exercício
exercício

20 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


QUAL É A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE OS FUTUROS E AS OPÇÕES?

A principal diferença entre os contratos de futuros e os contratos de opções reside na


fixação ou não de obrigações para as partes:
• Nos futuros, tanto o comprador como o vendedor do contrato assumem a
obrigação de comprar ou vender o activo subjacente (por exemplo acções, taxas
de juro ou taxas de câmbio) numa data futura a um preço estabelecido no
presente; e
• Nas opções, o comprador do contrato (que paga o prémio) não assume nenhuma
obrigação, adquirindo apenas o direito a comprar ou vender o activo subjacente.
A obrigação é exclusiva do vendedor do contrato (que recebe o prémio) que fica
sujeito à opção tomada pela outra parte (de comprar ou vender).
No Caderno n.º 5 deste Guia é feita uma descrição dos mercados de derivados.
O princípio fundamental associado aos mercados de futuros e de opções, e que os distingue dos
mercados a contado, é a sua dimensão temporal, resultante do desfasamento entre o momento da
negociação (celebração do contrato) e o momento da realização da transacção.

PORQUE SE CHAMA “INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVADOS”


AOS FUTUROS E ÀS OPÇÕES?

Os contratos de futuros e de opções são chamados instrumentos financeiros derivados


porque:
• Não são valores mobiliários (a sua natureza e a forma como são negociados são
diferentes);
• São criados com base noutro valor, ou, dito de outra forma, são “derivados de
outros valores” (o activo subjacente).
Os instrumentos financeiros derivados são negociados em mercados especiais – os
mercados a prazo.
Há valores mobiliários que apresentam muitas semelhanças com os contratos de
opção, como os warrants autónomos.

2.13 OUTROS VALORES MOBILIÁRIOS E INSTRUMENTOS FINANCEIROS

EXISTEM OUTROS VALORES MOBILIÁRIOS E INSTRUMENTOS FINANCEIROS?

Têm surgido instrumentos financeiros que apresentam um grau de complexidade supe-


rior à dos valores mobiliários tradicionais e dos futuros e opções.
Estes produtos combinam as características de vários tipos de valores mobiliários mas
também destes e dos depósitos bancários (os chamados depósitos estruturados, em
que parte do investimento é remunerado com uma taxa fixa e a remuneração da parte
restante é indexada à valorização de um índice, de um cabaz de acções, etc.) e dos
seguros (seguros unit linked ou seguros em que o prémio é investido total ou parcial-
mente em outros activos, como fundos de investimento).
Sempre que lhe for proposta a aquisição de produtos estruturados, o investidor deve procurar informar-se
sobre as suas características independentemente do nome sob o qual estes são apresentados.

21 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


3. OFERTAS
PÚBLICAS
3. Ofertas Públicas

O QUE É UMA OFERTA PÚBLICA NO MERCADO DE CAPITAIS?


O QUE SÃO OPAS, OPVS , OPSS E OPTS?

Uma oferta pública no mercado de capitais é uma proposta de negócio feita ao mesmo
tempo à generalidade dos investidores. O nome dado aos vários tipos de ofertas varia
consoante o tipo de negócio proposto. Existem os seguintes tipos de ofertas:
• A oferta pública de subscrição (OPS), em que uma empresa ou fundo de
investimento que vai emitir valores mobiliários (acções, obrigações ou unidades
de participação) propõe à generalidade dos investidores que os subscrevam
(comprando);
As ofertas públicas de subscrição visam captar as poupanças de um grande número de investidores e
assegurar, dessa forma, o financiamento de novas empresas, criadas para desenvolver projectos
económicos de grande envergadura, ou permitir às empresas cotadas a realização de novos
investimentos mediante o aumento do seu capital social.
A realização de uma oferta pública de subscrição não implica necessariamente a possibilidade de
negociação em bolsa dos valores emitidos.

• A oferta pública de venda (OPV), em que uma empresa ou um investidor propõe


à generalidade dos investidores que comprem determinados valores mobiliários;
Quando as ofertas públicas de subscrição ou de venda têm como finalidade, não só a dispersão do
capital social das empresas pelos investidores, mas também a negociação das acções em bolsa,
costumam chamar-se, na linguagem corrente dos mercados, IPO’s, iniciais da expressão inglesa Inicial
Public Offering.

• A oferta pública de aquisição (OPA), em que uma empresa ou um investidor


propõe à generalidade dos investidores comprar-lhes determinados valores
mobiliários;
• A oferta pública de troca (OPT), em que uma empresa ou um investidor propõe
à generalidade dos investidores comprar-lhes determinados valores mobiliários
entregando em pagamento outros valores mobiliários.
As ofertas públicas (à generalidade dos investidores) distinguem-se das ofertas
particulares porque implicam a prestação de informação num formato padronizado e
estão sujeitas a registo na CMVM.
Os documentos que contêm informação obrigatória sobre as ofertas chamam-se
“prospecto” e “anúncio de lançamento” e estão sempre à disposição dos investidores no
site da CMVM na Internet, entre outros locais. Na preparação das ofertas públicas e na
elaboração destes documentos é obrigatória a intervenção de um intermediário
financeiro.
Veja a definição de intermediário financeiro no Caderno n.º 6 deste Guia.

São sempre ofertas públicas as que são dirigidas:


• A destinatários indeterminados, ou acompanhadas ou precedidas de prospecção
de investidores, de publicidade ou de recolha de intenções de investimento;
• À totalidade dos accionistas de uma sociedade aberta;
• A mais de 200 pessoas.
Veja a definição de sociedade aberta mais à frente neste Caderno.

23 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


COMO É QUE OS INVESTIDORES PODEM ACEITAR UMA OFERTA PÚBLICA?

Para aceitar uma oferta pública é necessário transmitir uma ordem a um intermediário
financeiro e preencher um documento escrito, salvo nos casos em que a CMVM tenha
autorizado a transmissão telefónica das ordens.
A ordem de aceitação só pode ser recebida pelos intermediários financeiros após o
registo da oferta na CMVM.
Só podem aceitar ordens dos investidores para aceitação de ofertas os intermediários financeiros
autorizados a prestar os serviços de execução ou transmissão de ordens por conta de outrem, ou de
gestão de carteiras por conta de outrem.

O QUE É O PROSPECTO E O ANÚNCIO DE LANÇAMENTO?

O prospecto e o anúncio de lançamento são, nas ofertas públicas, os documentos ofi-


ciais que garantem a prestação aos investidores de toda a informação necessária
para uma tomada de decisão de investimento esclarecida e fundamentada.
A organização da informação nestes documentos está sujeita a modelos, o que permite
e facilita a comparação da informação sobre várias ofertas públicas, sobre vários valo-
res mobiliários e sobre várias empresas.
O prospecto e o anúncio de lançamento incluem obrigatoriamente informação sobre:
• Quem lança a oferta;
• O tipo de oferta;
• A qualidade em que os intermediários financeiros intervêm na oferta;
• O preço e montante global da oferta, ou o intervalo entre o preço máximo
e o preço mínimo, natureza e condições de pagamento;
• O prazo da oferta;
• O critério de rateio;
• As condições a que a oferta fica sujeita;
• Os locais de publicação e distribuição do prospecto;
• A entidade responsável pelo apuramento e pela divulgação do resultado
da oferta.
O prospecto inclui ainda informação sobre:
• As pessoas responsáveis pelo seu conteúdo;
• Os objectivos da oferta;
• O emitente dos valores e a actividade por este desenvolvida;
• A actividade que desenvolve quem lança a oferta;
• A estrutura de administração e fiscalização do emitente dos valores;
• A composição dos órgãos sociais do emitente dos valores e de quem lança a
oferta, no caso de ser uma empresa;
• Os intermediários financeiros que integram o consórcio de colocação, quando
exista.
Certas ofertas públicas são preparadas por vários intermediários financeiros, normalmente bancos de
investimento, que se associam para distribuir os valores pelos investidores.
Quando isto acontece, fala-se na existência de um “consórcio de colocação”.

O prospecto pode ser composto por um ou vários documentos.

24 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


3. Ofertas Públicas

Um exemplo de prospecto composto por mais do que um documento é o prospecto de


referência, documento actualizado anualmente que contém a informação incluída num
prospecto completo, com excepção da caracterização dos valores mobiliários que são
objecto da oferta. Esta informação consta de um prospecto complementar, que é
publicado normalmente após a publicação do prospecto de referência, mas que deve
ser lido em conjunto com este.
Se a entidade que lança a oferta já tiver publicado um prospecto de referência
actualizado e aprovado pela CMVM, fica dispensada de elaborar um prospecto
completo, bastando-lhe requerer a aprovação de um prospecto complementar e
disponibilizar os dois documentos em conjunto.
O anúncio de lançamento é publicado em simultâneo com o prospecto num meio de
comunicação de grande difusão ou no boletim de cotações.
Por sua vez, o prospecto deve ser divulgado através de publicação num ou mais
jornais de grande circulação no País, ou sob a forma de brochura colocada
gratuitamente à disposição do público. Estes documentos são ainda disponibilizados no
site da CMVM na Internet, em www.cmvm.pt.
Tanto o prospecto como o anúncio de lançamento só podem ser publicados depois do
registo da oferta na CMVM.
Ao registar as ofertas públicas, a CMVM não está a recomendar qualquer investimento,
limitando-se a averiguar se as condições em que são lançadas obedecem à lei,
nomeadamente quanto à informação que deve constar do prospecto e do anúncio de
lançamento.

O QUE É O ANÚNCIO PRELIMINAR?

Sempre que uma empresa ou uma pessoa toma a decisão de lançar uma oferta pública
de aquisição sobre valores de outra empresa, deve publicar um anúncio preliminar
indicando:
• O seu nome ou denominação;
• O nome da empresa sobre cujos valores incide a oferta;
• Quais os valores que pretende comprar;
• O preço oferecido;
• A percentagem de direitos de voto que já possui nessa sociedade ou que lhe
podem ser imputados.
• O intermediário financeiro que presta assistência à oferta, se já tiver sido indicado.
A empresa que lança a oferta, a empresa visada na oferta, os seus accionistas e mem-
bros dos órgãos sociais, e ainda todas as pessoas que lhes prestam serviço devem
guardar segredo sobre a preparação da oferta até à publicação do anúncio preliminar.
Os anúncios preliminares de ofertas públicas são divulgados no site da CMVM na Inter-
net em www.cmvm.pt.

O QUE É O RATEIO?

O rateio é uma forma de repartir os valores mobiliários nas situações em que não são
suficientes para satisfazer a totalidade das ordens transmitidas pelos investidores nas
ofertas públicas.
Ou seja, o facto de um investidor dar uma ordem de subscrição (numa OPS) ou de
compra (numa OPV) de uma determinada quantidade de valores não quer dizer que
25 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
venha necessariamente a subscrever ou comprar essa quantidade. Havendo mais
ordens de aceitação da oferta do que valores, é preciso fazer um rateio.
Para assegurar a igualdade de tratamento dos destinatários da oferta, o rateio é
normalmente realizado pelo método proporcional.

26 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


4. INFORMAÇÃO
EEMITENTES
DE VALORES
MOBILIÁRIOS
4. Informação e Emitentes
de Valores Mobiliários
O QUE É PRECISO SABER PARA INVESTIR EM VALORES MOBILIÁRIOS?

A informação desempenha um papel fundamental no investimento em valores


mobiliários.
Tomar a decisão de investir, pressupõe:
• Conhecer as características e direitos inerentes a cada um dos valores
mobiliários e produtos financeiros disponíveis nos mercados, bem como o risco
que lhes está associado;
• Acompanhar a informação que pode condicionar a evolução do investimento,
como por exemplo os principais dados sobre a conjuntura económica, as
cotações apuradas em bolsa e os factos relevantes divulgados pelas empresas
que emitem valores mobiliários.

QUE INFORMAÇÃO PODE INFLUENCIAR O INVESTIMENTO


NOS VÁRIOS TIPOS DE VALORES MOBILIÁRIOS?

No investimento em acções, o retorno para os investidores pode variar em função de


factores tão diversos como a conjuntura económica, a evolução dos negócios das
empresas que as emitem, a forma como as empresa são geridas ou mesmo a
visibilidade que têm noutros mercados. Neste caderno dedica-se uma atenção
particular aos deveres de informação que as empresas cujo capital está disperso (as
sociedades abertas) têm relativamente aos investidores.
As acções negociadas em bolsa permitem aos investidores um acompanhamento
ininterrupto, não só porque as respectivas cotações são publicadas diariamente em
boletins editados pela própria bolsa, mas também porque estão sujeitas a deveres de
informação mais exigentes e despertam maior interesse aos órgãos de comunicação
social.
A existência de maior ou menor procura de determinadas acções na bolsa é outro dos
factores que pode ser determinante no investimento neste tipo de valores mobiliários.
Quanto maior é o número de negócios realizados sobre determinadas acções (liquidez),
menor tende a ser a diferença entre o valor das ofertas de compra e das ofertas de
venda das mesmas (spread bid-ask), o que contribui para fixar uma cotação mais
próxima do valor justo.
Para os investidores em obrigações, a necessidade de acompanhamento da
informação varia consoante as obrigações tenham sido emitidas a uma taxa fixa ou a
uma taxa variável.
Como a remuneração das primeiras não está directamente dependente da evolução da
conjuntura económica, a informação relevante para a decisão de investimento centra-se
no acompanhamento da situação financeira da empresa que as emite e na segurança
oferecida quanto ao pagamento dos juros e/ou ao reembolso do capital, de acordo com
as condições estabelecidas na emissão.
Os tipos de valores mobiliários mais comuns são descritos no Caderno n.º 2 deste Guia.

O investimento em obrigações de taxa variável exige, em acréscimo, um


acompanhamento próximo da informação sobre a conjuntura económica,
designadamente sobre a variação das taxas de juro.

28 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


O investimento em obrigações deve também atender à informação existente sobre as
taxas em vigor no mercado e ao preço de mercado das obrigações.
O investimento em warrants é particularmente exigente no que respeita ao acompa-
nhamento da informação. Uma vez que a remuneração do investimento depende de
quatro variáveis:
• O valor pago pelo warrant;
• A paridade (número de warrants necessários para comprar ou vender uma unida-
de do activo subjacente);
• O preço de exercício;
• O valor do activo subjacente;
É necessário conhecê-las para determinar, a qualquer momento em que o warrant
possa ser exercido, se está “in-the-money” e pode proporcionar um ganho, se está
“at-the-money” e o valor é nulo, ou se está “out-of-the-money” e proporciona uma perda.
O valor de activos subjacentes como as taxas de câmbio, as taxas de juro, as acções,
as obrigações ou os índices bolsistas é normalmente divulgado na imprensa
especializada ou em sites de informação financeira na Internet.
O Caderno n.º 7 deste Guia contém uma descrição da informação que deve ser recolhida pelos investidores em
fundos.

QUE CARACTERÍSTICAS DEVE TER, COMO E ONDE PODE SER OBTIDA A INFORMAÇÃO
ESSENCIAL PARA TOMAR A DECISÃO DE INVESTIR
E PARA ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO?

Toda a informação que seja susceptível de influenciar as decisões dos investidores


deve ser completa, verdadeira, actual, clara, objectiva e lícita.
A informação de que o investidor necessita para tomar a decisão de investir ou para
acompanhar a evolução do investimento deve ser-lhe prestada:
• Por um lado, pela generalidade dos intermediários financeiros (bancos, corretoras,
financeiras de corretagem, gestoras de patrimónios, gestoras de fundos
de investimento e sociedades de investimento), que têm ainda a obrigação de avaliar
o grau de conhecimento dos investidores que são seus clientes e determinar a
informação de que necessitam para realizar um investimento esclarecido;
O Caderno n.º 6 deste Guia contém uma descrição dos principais deveres dos intermediários financeiros
relativamente aos seus clientes.

• Por outro lado, pelos empresas emitentes, relativamente aos valores que emitem;
• E ainda pela CMVM, através do seu site na Internet, nomeadamente quanto aos
intermediários financeiros que estão autorizados a prestar serviços em Portugal, aos
fundos de investimento autorizados e às comunicações feitas pelas empresas
emitentes de valores.
A imprensa especializada em economia e mercados financeiros efectua o
acompanhamento dos negócios das principais empresas cotadas na bolsa e dos
negócios das principais empresas cotadas na bolsa e dos principais produtos
financeiros.

QUAIS SÃO OS DEVERES DE INFORMAÇÃO DOS EMITENTES EM RELAÇÃO AOS INVESTIDORES?


Entre a informação que deve ser prestada aos investidores pelas empresas emitentes,
distingue-se:
29 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
4. Informação e Emitentes
de Valores Mobiliários
• A informação económico-financeira de carácter periódico
em que se inclui a publicação das contas e a descrição da
actividade da empresa em determinado período.
• A informação de carácter contínuo sobre os negócios ou
outros factos com influência na vida da empresa que possam
alterar a avaliação que os investidores fazem do investimento
realizado.

QUAL É A FREQUÊNCIA DE INFORMAÇÃO PERIÓDICA PRESTADA PELOS EMITENTES?


• As sociedades com acções admitidas no Mercado de Cotações Oficiais
devem apresentar os documentos de prestação de contas após o termo do ano
económico. Essas sociedades devem ainda apresentar os documentos após o
termo do primeiro trimestre (até ao dia 30 de Maio de cada ano, quando o ano
contabilístico da empresa corresponda ao ano civil), primeiro semestre (até ao
dia 30 de Setembro de cada ano nos mesmos casos) e terceiro trimestre (até ao
dia 30 de Novembro de cada ano também nos mesmos casos);
• As sociedades com acções admitidas no Segundo Mercado devem apresen-
tar os documentos de prestação de contas após o termo do ano económico e do
primeiro semestre (até ao dia 30 de Setembro). Não são obrigadas a apresentar
informação financeira trimestral;
• As sociedades com acções admitidas em mercados não regulamentados
apenas são obrigadas a apresentar documentos de prestação de contas anuais;
• As sociedades com outras categorias de valores mobiliários admitidos em
mercados regulamentados apenas são obrigadas a apresentar contas anuais.
Incluem-se nestas categorias as obrigações e os warrants autónomos.
Caso o emitente esteja obrigado à prestação de contas consolidadas (ou do grupo), os
deveres apontados devem ser cumpridos sob a forma individual e consolidada.

QUE TIPO DE INFORMAÇÃO PERIÓDICA É PRESTADA PELOS EMITENTES?

A informação periódica prestada pelas sociedades inclui os seguintes elementos:


• Informação económico-financeira anual - relatório de gestão, balanço,
demonstrações de resultados e de fluxos de caixa, respectivos anexos,
certificação legal de contas e relatório elabora do por auditor externo registado
na CMVM. Os emitentes de acções negociadas em mercado regulamentado
devem ainda incluir informação quanto às práticas do Governo das Sociedades.
• Informação económico-financeira semestral – informação relativa à actividade
e resultados desse semestre, balanço, demonstração de resultados, respectivos
anexos e relatório de revisão limitada elaborado por auditor registado na CMVM.
• Informação económico-financeira trimestral inclui informação relativa à
actividade, resultados e situação desse trimestre. Esta informação trimestral não é
auditada.
Nalguns segmentos de mercado, o dever de informação económico-financeira pode ser
diferente, sujeitando-se a exigências mais apertadas. É o que se passa,
nomeadamente, com as sociedades cujas acções são admitidas nos Next Segments da
Euronext Lisbon.

30 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Os deveres de informação relativamente a valores mobiliários admitidos a mercados
não regulamentados, como é o caso do mercado PEX, gerido pela OPEX, constam das
regras do mercado.

O QUE É O RELATÓRIO DO AUDITOR EXTERNO?

Os auditores são profissionais cuja principal função é atestar que a informação


financeira prestada pelos emitentes apresenta uma imagem verdadeira e apropriada.
Caso os auditores detectem diferenças entre a informação prestada e o que é exigido
pelas normas de contabilidade, devem relatar esta situação no relatório de auditoria que
acompanha a informação prestada pelos emitentes, sob a forma de reserva.
As reservas podem assumir duas formas: por desacordo (quando o tratamento
contabilístico feito pelo emitente não está conforme com os princípios contabilísticos
geralmente aceites) ou por limitação de âmbito (quando o auditor não consegue
exprimir a sua opinião sobre uma dada situação).
Os auditores podem ainda relatar ênfases para assinalar situações que, mesmo que
se conformem com os princípios contabilísticos geralmente aceites, merecem destaque.

QUAIS SÃO AS NORMAS DE CONTABILIDADE APLICÁVEIS EM PORTUGAL?

Actualmente, os emitentes com valores admitidos em mercado aplicam, na elaboração


das suas demonstrações financeiras, o Plano Oficial de Contabilidade ou, caso estejam
em causa instituições financeiras, o Plano de Contas do Sector Bancário.
A partir de 2005, todos os emitentes com acções admitidas em mercados sedeados
nos Estados-membros da União Europeia passarão a elaborar e apresentar as suas
demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as Normas Internacionais de
Contabilidade (NICs), também denominadas Normas Internacionais de Relato
Financeiro (IFRS). Esta medida visa aumentar a comparabilidade entre activos
negociados noutros Estados, bem como entre sectores económicos que actualmente
apresentam demonstrações financeiras segundo planos de contas distintos,
contribuindo para uma maior eficiência dos mercados de capitais.

O QUE É O GOVERNO DAS SOCIEDADES?

Por governo das sociedades entende-se o conjunto de regras e de práticas respeitantes


à tutela, ao relacionamento e aos conflitos de interesses entre pessoas envolvidas na
actividade das sociedades com acções negociadas em bolsa – com especial relevo
para os instrumentos de protecção dos investidores.
O governo das sociedades abrange questões como:
• A transparência dos mecanismos de decisão das sociedades;
• A gestão adequada de conflitos de interesses inerentes às sociedades,
designadamente através de uma divisão equilibrada de poderes nos órgãos
sociais e da existência de adequados mecanismos de sindicabilidade e de
incentivos tendentes à optimização da sua actuação;
• A participação dos accionistas na vida da sociedade, nomeadamente no exercício
do direito de voto;
• O desenvolvimento de um ambiente ético nas sociedades, acautelado designada-
mente através de normas de conduta auto-impostas.

31 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


4. Informação e Emitentes
de Valores Mobiliários
A CMVM formulou um conjunto de Recomendações sobre o Governo das Sociedades
Cotadas, cuja última revisão e actualização data de Novembro de 2003. Tais
recomendações encontram-se disponíveis no site da CMVM na Internet (em
www.cmvm.pt). Desde 2001, o relatório anual dos emitentes com acções negociadas
em mercado regulamentado inclui um capítulo ou relatório autónomo dedicado a este
tema.

UMA EMPRESA DEVE CUMPRIR AS RECOMENDAÇÕES SOBRE O GOVERNO DAS SOCIEDADES?

As Recomendações não são vinculativas. No entanto, a CMVM entende que


representam as melhores práticas de governação de um emitente e as que melhor
contribuem para um mercado de valores mobiliários eficiente.
Uma vez que o regime de governo das sociedades é sobretudo baseado em deveres
de informação sobre as opções assumidas por cada emitente nesta matéria, confia-se
aos investidores o juízo sobre a sua importância.
Nesta perspectiva, o investidor pode reconhecer que em face de determinadas
circunstâncias de uma empresa, uma Recomendação específica pode não contribuir
em concreto para a melhoria do seu governo. Ainda que um emitente considere
inadequado o acolhimento de uma Recomendação, deve prestar informação
fundamentada sobre a sua não aplicação.

QUE TIPO DE INFORMAÇÃO CONTÍNUA É PRESTADA PELOS EMITENTES?

A informação contínua inclui, nomeadamente, factos relevantes, participações


qualificadas, alterações aos órgãos sociais ou a elementos de identificação das
sociedades, convocatórias de assembleias de titulares, informação sobre os valores
mobiliários negociados (como pagamento de juros ou dividendos, negociação em
acções próprias ou ainda reembolsos) e sobre os valores a emitir (como aumentos de
capital).

O QUE É UM FACTO RELEVANTE?

Chama-se facto relevante ao facto que não seja do conhecimento público e que, devido
à sua incidência sobre a situação patrimonial ou financeira de uma empresa emitente
ou sobre o andamento normal dos seus negócios, seja susceptível de afectar de
maneira relevante o preço das acções, ou, no caso das obrigações, susceptível de
afectar de maneira relevante a capacidade de cumprir os seus compromissos.
Os emitentes devem avaliar constantemente se os factos que os afectam são
enquadráveis na definição de facto relevante.
Os factos relevantes são divulgados no site da CMVM na Internet antes de serem
difundidos por qualquer outro meio. Todas as pessoas que tenham conhecimento dos
factos relevantes devem guardar segredo sobre os mesmos e abster-se de negociar
valores emitidos pela empresa respectiva até à divulgação.

ONDE É POSSÍVEL CONSULTAR A INFORMAÇÃO PRESTADA PELOS EMITENTES?

Todas as informações prestadas obrigatoriamente pelas empresas emitentes de valores


mobiliários cotados podem ser consultadas no site da CMVM na Internet.

32 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Os emitentes de acções cotadas são também obrigados a disponibilizar informação
num site próprio na Internet.

4.1 A ANÁLISE FINANCEIRA

O QUE É UM ANALISTA FINANCEIRO?


Um analista financeiro é um profissional especializado na análise da situação
económico-financeira das empresas e dos mercados onde se estas se integram. Estas
análises são também conhecidas por research.
Um research inclui uma opinião fundamentada sobre a empresa analisada e, no caso
de empresas cotadas, inclui também:
• Uma recomendação quanto à decisão de investimento (as classificações variam
consoante o analista, mas tipicamente são «compra», «manutenção» ou «venda»
do valor mobiliário em causa); e
• Perspectivas ou previsões para a evolução das cotações no curto ou médio prazo
(price-targets).

UM ANALISTA FINANCEIRO É UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO?

Alguns analistas são colaboradores de intermediários financeiros registados na CMVM.


Outros são colaboradores de grandes casas de investimento internacionais ou exercem
a sua actividade a título individual.

QUE REGRAS SÃO APLICÁVEIS AOS ANALISTAS FINANCEIROS?

Os analistas inscritos na Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF)


devem cumprir o Código de Conduta dessa associação.
A actividade de analista financeiro não está sujeita a registo junto da CMVM, nem
directamente sujeita à sua supervisão. No entanto, a informação divulgada pelos
analistas deve respeitar os requisitos da informação susceptível de afectar as decisões
dos investidores e ser completa, verdadeira, actual, clara, objectiva e lícita.
A CMVM formulou em 2001 um conjunto de “Recomendações sobre os relatórios de
research e seus intervenientes (emitentes, analistas, intermediários financeiros e
público investidor)”, disponíveis no site da CMVM na Internet (em www.cmvm.pt).

4.2 AS SOCIEDADES ABERTAS

O QUE SÃO SOCIEDADES ABERTAS?

São sociedades abertas as que têm o capital disperso pelo público, nomeadamente as
que tenham as suas acções admitidas à negociação num mercado regulamentado ou
que tenham feito uma oferta pública de venda de mais de 10% do seu capital ou de
subscrição.

QUAIS OS DEVERES ESPECIAIS DAS SOCIEDADES ABERTAS?

As sociedades abertas são obrigadas a indicar nos actos externos a qualidade de


sociedade aberta.
33 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
4. Informação e Emitentes
de Valores Mobiliários
Para além deste dever, as sociedades abertas estão obrigadas a respeitar o princípio
da igualdade de tratamento dos investidores em valores mobiliários por si emitidos que
pertençam à mesma categoria e a comunicar ao mercado a identidade dos accionistas
que detenham um número elevado de acções.

COMO SE PERDE A QUALIDADE DE SOCIEDADE ABERTA?

A qualidade de sociedade aberta pode-se perder, o que depende de decisão da CMVM,


que é comunicada ao mercado. Nalgumas circunstâncias, a declaração de perda da
qualidade de sociedade aberta implica que um accionista se ofereça para comprar as
acções dos accionistas que não tenham votado favoravelmente a proposta.
A perda de qualidade de sociedade aberta também acontece quando um accionista
passe a ser o único titular da totalidade das acções representativas do capital de uma
sociedade aberta por utilização do mecanismo da aquisição potestativa

O QUE É A AQUISIÇÃO POTESTATIVA?

A aquisição potestativa, nas sociedades abertas, consiste na compra, por qualquer


pessoa (singular ou colectiva) que tenha adquirido acções correspondentes a mais de
90% dos direitos de voto em resultado de uma oferta pública de aquisição geral, das
restantes acções, mediante determinadas condições, sem que os titulares das mesmas
tenham de consentir na venda.
A aquisição potestativa, nas sociedades abertas, só pode ser desencadeada nos
6 meses seguintes à oferta pública de aquisição em resultado da qual o adquirente
passou a deter acções correspondentes a mais de 90% dos direitos de voto.
O preço oferecido pela aquisição potestativa das acções remanescentes não pode ser
inferior ao mais elevado dos seguintes montantes: o maior preço pago pelo adquirente
nos seis meses imediatamente anteriores à data do anúncio preliminar da aquisição
potestativa ou o preço médio ponderado desses mesmos valores apurado em mercado
de bolsa durante o mesmo período. Se a contrapartida não puder ser determinada com
recurso a estes critérios ou se a CMVM entender que a mesma não se encontra
justificada ou não é equitativa, será designado um auditor independente para proceder
à fixação da mesma.

QUANDO É QUE A AQUISIÇÃO POTESTATIVA SE TORNA EFICAZ?

A aquisição potestativa torna-se eficaz a partir da data da publicação, pelo comprador,


do registo atribuído à operação pela CMVM. Esta publicação permite ao sócio
maioritário adquirir as acções remanescentes.
Os titulares das acções remanescentes não são individualmente informados da compra
potestativa das acções. A informação é prestada aos accionistas minoritários através da
publicação de anúncios divulgados através do site da CMVM na Internet.
As acções podem portanto deixar de estar inscritas nas contas dos accionistas
minoritários sem o consentimento destes.
O valor do preço é depositado, à ordem de cada titular das acções adquiridas, num
intermediário financeiro indicado pelo comprador nos anúncios acima referidos. Para
receber esse valor, os titulares das acções devem dirigir-se aos balcões desse
intermediário financeiro e proceder ao seu levantamento, directamente ou recorrendo a

34 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


serviços de intermediação financeira.

NO CASO DE O ACCIONISTA MAIORITÁRIO PODER PROCEDER


A ESTE TIPO DE AQUISIÇÃO POTESTATIVA E NÃO O FIZER,
O QUE PODE FAZER CADA UM DOS ACCIONISTAS MINORITÁRIOS?

Podendo o accionista maioritário proceder à aquisição potestativa - o que nas


sociedades abertas só acontece se tiver passado a deter o correspondente a 90% dos
direitos de voto em resultado de uma oferta pública de aquisição geral - e não o
fazendo no prazo de 6 meses, cada um dos accionistas minoritários passa a ter o direi-
to de alienar potestativamente as suas acções.
Decorridos seis meses sem que tenha sido lançada a aquisição potestativa, cada
accionista minoritário pode dirigir ao accionista maioritário, por escrito, um convite para
que no prazo de 30 dias, lhe faça uma proposta de compra das acções. Se essa
proposta não for recebida ou não for aceite, cada accionista minoritário pode declarar
perante a CMVM a sua decisão de vender potestativamente as acções, fazendo
acompanhar essa declaração de um documento comprovativo da consignação em
depósito ou bloqueio das acções e da indicação do preço, calculado nos termos acima
referidos para a aquisição potestativa.
Depois de verificar a existência de todos os requisitos da venda potestativa, a CMVM
notifica o sócio maioritário, após o que a venda se torna eficaz.

EXISTEM OUTROS TIPOS DE AQUISIÇÃO POTESTATIVA E ALIENAÇÃO POTESTATIVA?

A aquisição potestativa e a alienação potestativa são mecanismos aplicáveis a todas as


outras sociedades portuguesas. Porém, em sociedades que não sejam sociedades
abertas, os procedimentos são diferentes dos aqui enunciados, não tendo a CMVM
qualquer intervenção no processo.

EM QUE É QUE A AQUISIÇÃO POTESTATIVA É DIFERENTE


DA PERDA DE QUALIDADE DE SOCIEDADE ABERTA?

Na perda de qualidade de sociedade aberta, os accionistas minoritários não são força-


dos a vender as suas acções, podendo optar por fazê-lo num prazo de três meses ou
por continuar a deter uma participação na sociedade se a forma de perda de qualidade
de sociedade aberta contemplar a aquisição. Na aquisição potestativa não é dada essa
opção aos accionistas minoritários.

35 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


5. MERCADOS
DE VALORES
MOBILIÁRIOS
5. Mercados
de Valores Mobiliários
O QUE SÃO OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS?

Os mercados de valores mobiliários são um “espaço” ou uma “organização” que se


destina a facilitar o encontro entre a oferta e a procura de valores mobiliários ou de
outros instrumentos financeiros. As empresas e os Estados que emitem os valores aí
negociados pretendem dessa forma obter financiamento junto dos investidores, pela
captação de poupanças.

O QUE É O MERCADO A CONTADO E O MERCADO A PRAZO?

No mercado a contado, as operações são liquidadas num prazo reduzido (numa


situação normal, sê-lo-ão no máximo três dias úteis após a realização da transacção)
dos valores transaccionados. No mercado a prazo, essa entrega (liquidação) ocorre
num espaço de tempo mais longo, que corresponde ao prazo pré-fixado em cada
contrato negociado.
A liquidação, nos mercados de capitais, consiste:
• na transferência dos valores da conta do vendedor para a conta do comprador;
• na transferência do pagamento em dinheiro da conta do comprador para a conta do vendedor.

Em Portugal, o principal mercado a contado é o Eurolist by Euronext Lisbon e o único


mercado a prazo é o Mercado de Futuros e Opções.

COMO FUNCIONAM OS MERCADOS DE BOLSA?

Tradicionalmente, os mercados de valores mobiliários funcionavam em grandes salas


onde os corretores transmitiam com o auxílio de gestos e sinais, as ordens dos seus
clientes. A entidade que geria o mercado registava as diversas ordens de compra e de
venda, calculava a cotação de cada valor mobiliário e dava como realizadas as
operações, promovendo a sua liquidação.
Actualmente em Portugal, a negociação realiza-se através de sistemas electrónicos.
Os corretores trabalham a partir dos seus escritórios, onde introduzem as ordens dos
clientes no sistema informático de negociação do mercado, passando aquelas a
designarem-se por ofertas. Quando se encontram duas ofertas de sentido inverso, o
sistema realiza a operação de compra e venda e informa os corretores que as enviaram
que as ofertas foram executadas.
O sistema informático em que assenta actualmente o funcionamento dos mercados portugueses
(plataforma de negociação) passou a ser o mesmo que é utilizado pelas bolsas de Paris, Amesterdão,
Bruxelas e Londres (esta última apenas relativa ao mercado de derivados).

O QUE SÃO MERCADOS REGULAMENTADOS E MERCADOS NÃO REGULAMENTADOS?

Mercados regulamentados são aqueles que funcionam regularmente e cumprem


requisitos exigentes ao nível da prestação de informação (sobre os emitentes dos
valores admitidos e sobre as operações efectuadas), da admissão dos membros do
mercado e dos valores mobiliários e do respectivo funcionamento, sendo como tal
autorizados pelo Ministro das Finanças, ouvida a CMVM.
Os mercados, sejam regulamentados ou não regulamentados, publicam diariamente
um boletim (ainda que, em alguns casos, apenas em suporte electrónico) em que são

37 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


incluídas informações relativas aos mercados por ela geridos.

QUE MERCADOS EXISTEM EM PORTUGAL?

Em Portugal existem actualmente:


Mercados regulamentados:
• Eurolist by Euronext Lisbon;
• O Mercado de Futuros e Opções;
• O Mercado Especial de Dívida Pública (MEDIP);
Mercados não regulamentados:
• EasyNext Lisbon;
• O Mercado Sem Cotações;
• O PEX.
O Eurolist by Euronext Lisbon e o Mercado de Futuros e Opções são mercados de
bolsa.

QUEM GERE OS MERCADOS DE VALORES MOBILIÁRIOS?

Os mercados são geridos por entidades registadas na CMVM que devem demonstrar
possuir os meios técnicos e humanos adequados ao exercício desta actividade.
Os mercados de valores mobiliários portugueses são geridos:
• Pela Euronext Lisbon – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A..
Entidade gestora do Eurolist by Euronext Lisbon, do Mercado de Futuros e
Opções, do Mercado Sem Cotações e do EasyNext Lisbon;
• Pela MTS Portugal – Sociedade Gestora do Mercado Especial de Dívida Pública,
SGMR, S.A.
• Entidade gestora do Mercado Especial de Dívida Pública;
• E pela OPEX – Sociedade Gestora de Mercado de Valores Mobiliários não
Regulamentado, S.A. Entidade gestora do PEX.
Euronext Lisbon é o nome da empresa que resultou da integração da BVLP no grupo Euronext, que
congrega ainda as empresas que gerem as bolsas de Paris, Amesterdão e Bruxelas e a bolsa de
derivados Liffe.

O funcionamento dos mercados de valores mobiliários e a actividade das entidades


que os gerem estão sujeitos a normas que visam a protecção dos investidores, a
transparência dos mercados e o seu funcionamento regular.
São as próprias entidades gestoras de mercados que definem as regras relativas ao
funcionamento dos mesmos, devendo porém submetê-las a registo junto da CMVM. Às
entidades gestoras de mercado compete ainda:
• A admissão dos membros dos mercados, que podem executar as ordens dos
investidores;
• A admissão, suspensão e exclusão dos valores mobiliários que podem ser
negociados pelos investidores;
• A fiscalização da execução das operações, do comportamento dos membros do
mercado e do cumprimento dos deveres de informação;
• A prestação de informações aos investidores sobre os valores mobiliários
admitidos à negociação, as operações realizadas, respectivos preços e as
tabelas das comissões que incidam directamente sobre os investidores.

38 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


5. Mercados
de Valores Mobiliários
QUE VALORES MOBILIÁRIOS SÃO NEGOCIADOS EM CADA MERCADO?

Actualmente, são negociados:


• No Eurolist by Euronext Lisbon: Acções, Obrigações de dívida privada e pública,
Direitos de Subscrição, Incorporação e Cisão, Warrants Autónomos, Warrants
Destacados, Títulos de Participação, Unidades de Participação, Certificados,
Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis, Valores Mobiliários
Convertíveis por Opção do Emitente e Valores Mobiliários Condicionados por
Eventos de Crédito;
• No EasyNext Lisbon:
Valores Mobiliários Estruturados;
• No Mercado Sem Cotações: Acções, Obrigações, Direitos de Subscrição,
Incorporação e Cisão e Unidades de Participação;
• No Mercado Especial de Dívida Pública: Obrigações representativas da dívida do
Estado e Bilhetes do Tesouro;
• No PEX: Acções e Obrigações representativas de dívida privada, warrants
autónomos e warrants estruturados.
No Mercado de Futuros e Opções são negociados contratos de futuros sobre acções
de sete emitentes portugueses e sobre o índice PSI-20.
A admissão à negociação em cada mercado dos valores mobiliários observa os
requisitos estabelecidos por lei, por regulamento da CMVM e por regulamentos das
respectivas entidades gestoras.

O QUE SÃO ORDENS DE BOLSA?

Para comprar ou vender os valores mobiliários em bolsa, os investidores têm que


transmitir uma ordem a um intermediário financeiro - banco, sociedade corretora ou
sociedade financeira de corretagem.
As ordens de bolsa podem ser dadas por escrito, oralmente ou através da Internet. As
ordens dadas oralmente devem ser reduzidas a escrito ou gravadas pelo intermediário
financeiro.
As ordens devem conter sempre os seguintes elementos:
• A identidade do investidor que dá a ordem;
• O tipo de ordem (compra ou venda);
• O valor mobiliário que se pretende negociar;
• A quantidade e;
• O preço.

QUE TIPOS DE ORDENS EXISTEM?

No que respeita ao preço, há vários tipos de ordens:


• As ordens ao mercado destinam-se a permitir aos investidores comprar ou
vender um determinado valor mobiliário ao melhor preço do mercado. Assim, a
oferta de compra ou venda introduzida no sistema de negociação dará origem a
um negócio assim que surgir qualquer oferta de sentido inverso. O remanescente
da oferta ao mercado que não for executa da continuará no sistema até que surja
nova oferta de sentido inverso;

39 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


• As ordens limitadas e as ordens ao mercado limitadas destinam-se a permitir
aos investidores comprar ou vender ao limite de preço nelas especificado ou a um
melhor preço, no caso das primeiras, ou ao melhor limite de preço das ofertas de
sentido oposto disponível naquele momento no sistema, no caso das segundas.
Em ambas o comprador apenas está disposto a comprar ao limite de preço
indicado ou a um valor mais baixo, enquanto que o vendedor apenas está
disposto a vender ao limite de preço indicado ou a um valor mais alto.
• As ordens «stop» tornam-se efectivas apenas quando a cotação atinge ou
excede um determinado valor, no caso de uma ordem de compra, ou atinge ou é
inferior a um determinado valor, no caso de uma ordem de venda, tornando-se
depois uma ordem «ao mercado» ou «limitada».
Os investidores podem também definir um prazo de validade para as suas ordens. Se
não o fizerem, as ordens são válidas apenas até ao fim do dia em que forem dadas. O
prazo de validade das ordens não pode, em qualquer caso, exceder um ano.

O QUE SÃO COTAÇÕES? COMO SE FORMAM?


As cotações são os preços formados nos mercados a contado.
Assim, se a cotação de uma acção é de € 1 e um investidor dá uma ordem para a
comprar a € 2, e um segundo investidor dá uma ordem para a vender também a € 2, a
cotação passará a ser de € 2 a partir do fecho desse negócio.
Usualmente, a referência à cotação corresponde ao último preço efectuado na sessão
de bolsa ou preço de fecho.

QUE TIPOS DE NEGOCIAÇÃO EXISTEM? O QUE DISTINGUE A NEGOCIAÇÃO EM CONTÍNUO


DA NEGOCIAÇÃO POR CHAMADA?

Devem distinguir-se, no mercado a contado, dois tipos de negociação: em contínuo e


por chamada.
Na negociação em contínuo, as cotações formam-se continuamente porque as ofertas
de compra e de venda interferem entre si, ao longo de toda a sessão de negociação (e
não apenas em períodos de tempo pré-determinados) gerando múltiplas operações.
Neste tipo de negociação, têm prioridade:
• as ordens de melhor preço (prioridade preço);
• havendo ordens de preço igual, as ordens transmitidas há mais tempo (prioridade
tempo).
Na negociação por chamada, as ofertas são agrupadas e só é realizado o encontro
entre elas em determinados momentos da sessão. Esta modalidade de negociação tem
por base o princípio da maximização da quantidade transaccionada e, depois, o
princípio da menor variação de preço face ao último preço de fecho realizado em
sessão de bolsa anterior.

QUAL É O PAPEL DA INFORMAÇÃO NA FORMAÇÃO DAS COTAÇÕES?

A informação tem um papel fundamental na formação das cotações. Por exemplo,


quando as empresas anunciam lucros acima do que é esperado, haverá mais pessoas
dispostas a comprar acções emitidas por essas empresas, na expectativa de receber
dividendos mais avultados ou simplesmente para tirar partido do crescimento dessa

40 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


5. Mercados
de Valores Mobiliários
empresa. Por outro lado, haverá também pessoas dispostas a vender acções dessas
empresas, já que o valor dessas acções terá aumentado, permitindo-lhes assim realizar
algum lucro com a sua venda. O inverso também pode acontecer quando a informação
incida sobre factos com impacto negativo sobre as empresas.
Existem inúmeros tipos de informação susceptíveis de influenciar positiva ou
negativamente as cotações.
No entanto, deve assinalar-se que a influência da informação relativa às sociedades e
à economia em geral na evolução das cotações é constante. Com a vulgarização do
uso da Internet, a informação circula com grande rapidez, exigindo dos investidores
uma atenção contínua ao que se passa na economia e nas empresas.

PORQUE É QUE A NEGOCIAÇÃO POR VEZES É SUSPENSA?

Em Portugal, existem regras que impõem a divulgação das informações que possam
afectar a avaliação que os investidores fazem das empresas e dos valores mobiliários
por elas emitidos que sejam negociados em bolsa. Os factos relevantes sobre as
empresas têm que ser divulgados através do site da CMVM na Internet, em
www.cmvm.pt, antes de o serem por qualquer outro meio.
Sempre que ocorram circunstâncias susceptíveis de perturbar o regular
desenvolvimento da negociação, a entidade gestora do mercado, por sua iniciativa ou
por ordem da CMVM, deve suspender a negociação dos valores mobiliários. Desta
forma, os investidores têm tempo para conhecer a informação e alterar as suas ordens
de compra ou venda, designadamente revogando-as ou modificando a quantidade ou o
preço.
Com a suspensão da negociação pretende-se, portanto, tornar o mercado mais
transparente, minimizando ou mesmo eliminando a possibilidade de determinados
investidores disporem de informação privilegiada, ou seja, de informações relevantes
que não são do conhecimento público.
O facto de se deixarem de verificar os requisitos de admissão à negociação também
pode determinar a suspensão da negociação.

O QUE SÃO OS ÍNDICES?

Os índices são números ou percentagens que ilustram a evolução


de um determinado mercado ou de um determinado segmento do
mercado.
Existem índices de preços e de rendimentos que podem, por
exemplo, servir de base à negociação de futuros e opções. Os
índices de rendimentos assentam na mesma metodologia de
cálculo dos índices de preços, contemplando adicionalmente a
correcção pela distribuição de dividendos ilíquidos de impostos
(no caso dos índices accionistas).
«PSI» são as iniciais de Portuguese Stock Index ou Índice Português de Acções. 20 é o número das
emissões consideradas no cálculo do índice.

Em Portugal, existem onze índices de preços que permitem verificar qual a evolução do
mercado accionista. São eles o PSI-20, o PSI Geral e os 9 PSI sectoriais.

41 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


COMO É CALCULADO O ÍNDICE PSI-20?

O cálculo deste índice obedece a regras que estabelecem, designadamente, os critérios


de selecção das emissões incluídas no índice bem como a ponderação de cada uma.
A gestão deste índice, o seu cálculo e divulgação são asseguradas pela Euronext
Índices B.V., empresa do grupo Euronext, juntamente com uma comissão
especializada, denominada Euronext Index Steering Committee.
O PSI-20 é o índice português mais utilizado na negociação de futuros. É um índice de
preços calculado com base numa amostra de 20 emissões de acções negociadas no
Mercado de Cotações Oficiais. O valor base de cálculo do PSI-20 foi de 3.000 pontos e
teve por referência os preços de fecho da sessão de bolsa de 31 de Dezembro de
1992. O índice é calculado e divulgado pela Euronext Lisbon, a cada 15 segundos,
durante toda a sessão de bolsa.
Até 04 de Abril de 2004, a evolução do PSI-20 foi a seguinte:

Actualmente, a selecção das 20 emissões que compõem o PSI-20 baseia-se na


dimensão (quantidade de acções negociadas), dispersão accionista (free float ou
quantidade de acções dispersas por pequenos accionistas), liquidez previsível
(quantidade de negócios realizados em bolsa), profundidade, regularidade e
continuidade de formação de preços dessas emissões. A composição do índice é
revista semestralmente.

EXISTEM OUTROS ÍNDICES IMPORTANTES?

Os mercados de valores mobiliários são mercados livres, abertos à participação


de investidores nacionais e estrangeiros. Assim, o comportamento dos mercados
portugueses é permanentemente influenciado pelo comportamento dos restantes
mercados, nomeadamente norte americanos, europeus e asiáticos.
Existem inúmeros índices que traduzem a evolução dos vários mercados, entre os
quais o Dow Jones (EUA), o Nasdaq 100 (EUA), o Ibex 35 (Espanha), o CAC (França),
o FTSE (Reino Unido), o DAX (Alemanha), o Euronext 100, o Euronext 150 (Paris,
Amsterdão, Bruxelas e Lisboa), o Nikkei (Japão) e o Hang Seng (Hong Kong).
42 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
5. Mercados
de Valores Mobiliários
Existem jornais, programas televisivos e radiofónicos e sites na Internet que divulgam,
durante todo o dia, a evolução destes índices, permitindo aos investidores de todo o
mundo seguir os vários mercados.

QUAIS SÃO AS COMISSÕES COBRADAS QUANDO SE REALIZA UMA OPERAÇÃO DE BOLSA?

As comissões cobradas quando se realiza uma operação de bolsa são definidas pelo
intermediário financeiro do qual o investidor é cliente, e incluem a remuneração dos
serviços bancários, de corretagem e de bolsa prestados. O custo do serviço de bolsa é
definido pela entidade gestora do mercado.
Por cada operação de compra ou venda de valores mobiliários a contado são devidas à
entidade gestora do mercado em causa comissões que podem variar consoante o
número de ofertas introduzidas no sistema e/ou o número de negócios realizados por
cada banco, corretora ou financeira de corretagem. A comissão é devida pelos
intermediários financeiros que intervieram na operação que, por sua vez, podem
cobrá-la aos seus clientes investidores.
As tabelas de comissões e outras quantias que o intermediário financeiro cobre aos
clientes pela prestação dos seus serviços são afixadas em todos os seus balcões e em
locais de atendimento ao público, ainda que informáticos, de forma bem visível.

É POSSÍVEL VENDER FORA DE MERCADO AS ACÇÕES E OUTROS VALORES MOBILIÁRIOS


NEGOCIADOS EM BOLSA?

As ordens de compra ou de venda de acções e outros valores mobiliários cotados


podem ser executadas fora do mercado em que os mesmos estejam cotados, desde
que os investidores prestem o seu consentimento expresso, por escrito, ao respectivo
banco, corretora ou financeira de corretagem.

O INVESTIDOR PODE DISPOR DO DINHEIRO NO MESMO DIA EM QUE VENDEU AS ACÇÕES


OU OUTROS VALORES?

Existe um espaço de tempo que separa a realização de uma operação (nomeadamente


em bolsa) e a respectiva liquidação. Esse período de tempo destina-se a permitir que
as acções ou outros valores transitem da conta do vendedor para a conta do comprador
(liquidação física) e que o respectivo valor em dinheiro seja depositado na conta do
vendedor (liquidação financeira). Nos casos normais o prazo para a liquidação das
operações não pode exceder três dias úteis.
Deste modo, o vendedor poderá dispor do seu dinheiro no máximo até três dias úteis
após a data da operação.
Caso o vendedor pretenda comprar acções ou outros valores com o produto da venda
sem que este tenha sido ainda creditado na sua conta (conta não provisionada), o
intermediário financeiro pode recusar-se a aceitar a respectiva ordem.

O INVESTIDOR PODE DISPOR DAS ACÇÕES OU DE OUTROS VALORES


NO MESMO DIA EM QUE OS COMPROU?

As acções ou outros valores comprados em bolsa não são imediatamente inscritos na


conta do investidor.

43 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Apesar disso, é possível ao investidor vender acções no mesmo dia que as comprou,
desde que a venda tenha lugar no mesmo mercado regulamentado em que ocorreu a
compra - operação designada por day-trade. Deste modo visa-se a obtenção de mais
valias decorrentes da oscilação rápida dos preços nos mercados, nomeadamente de
bolsa.
Uma operação de day-trade consiste na compra, num determinado dia, seguida da venda, nesse mesmo
dia, dos mesmos valores mobiliários.

A PARTIR DE QUE MOMENTO AS ACÇÕES COMEÇAM A SER NEGOCIADAS


SEM DIREITO AOS DIVIDENDOS?

A partir do terceiro dia útil anterior ao período de pagamento dos dividendos as acções
começam a ser transaccionadas sob a forma de ex-direitos, ou seja, sem direito ao
dividendo.

3º dia 2º dia 1º dia Período de


pagamento

Negociação na forma de
ex-direitos

Deste modo, numa operação realizada a partir do terceiro dia útil anterior ao pagamento
dos dividendos, quem tem direito ao dividendo é o vendedor. A indicação das acções
que estão a ser negociadas na forma de ex-direitos é fornecida pela entidade gestora
do mercado.

44 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


6.
INTERMEDIÁRIOS
FINANCEIROS
6. Intermediários
Financeiros
O QUE SÃO INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS?

Intermediários financeiros são as empresas prestadoras dos serviços que permitem aos
investidores actuar nos mercados de capitais.
Essas empresas só podem iniciar e exercer a sua actividade depois de demonstrarem
possuir meios e idoneidade para a prestação de cada serviço e obterem um registo na
CMVM.
São intermediários financeiros:
a) As instituições de crédito (vulgarmente designadas por “bancos”);
b) As empresas de investimento em valores mobiliários (sociedades corretoras,
sociedades financeiras de corretagem, sociedades gestoras de patrimónios, e
outras sociedades qualificadas pela lei como empresas de investimento ou
autorizadas a prestar algum serviço de investimento);
c) As sociedades gestoras de instituições de investimento colectivo (ou fundos de
investimento).

QUE TIPO DE SERVIÇOS SÃO PRESTADOS AOS INVESTIDORES PELOS


INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS?
QUAIS SÃO AS ACTIVIDADES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA?
Os intermediários financeiros são registados, caso a caso, para prestar as seguintes
actividades de intermediação financeira: serviços de investimento, serviços auxiliares
dos serviços de investimento ou gestão de instituições de investimento colectivo (ou
fundos de investimento).
No Caderno n.º 7 deste Guia explica-se em que consiste a gestão de fundos de investimento.

Os serviços de investimento que podem ser prestados aos investidores são:


• Recepção, transmissão e execução de ordens por conta de outrem:
o intermediário financeiro executa, na bolsa, noutro mercado ou fora de mercado, as
ordens dos investidores, ou transmite-as a outro intermediário financeiro. Apenas os
intermediários financeiros que são “membros do mercado” podem executar as
operações. Se o intermediário financeiro que recebe a ordem não for membro do
mercado onde o cliente quer realizar a operação, tem de a transmitir a outro
intermediário financeiro que o seja, para que este a execute.
• Gestão de carteiras por conta de outrem: consiste na gestão de patrimónios,
nomeadamente dos valores mobiliários que pertencem aos investidores.
A gestão é feita de forma individual e personalizada, atendendo às necessidades,
perfil de risco e objectivos de cada cliente; a política de investimentos é definida
de forma mais ou menos discricionária, consoante as condições e poderes
conferidos pelo cliente (através do contrato de gestão) e de acordo com o perfil
acordado (isto é, a maior ou menor apetência do investidor para exposição a
aplicações de risco, os objectivos do investimento - por exemplo, a obtenção de
um rendimento fixo com uma determinada periodicidade - e o significado que o
capital investido representa no património global do cliente).
Os actos de gestão desenvolvidos pelos intermediários financeiros no âmbito
deste serviço podem incluir:
• A selecção dos activos (acções, obrigações, unidades de participação em
fundos de investimento, por exemplo) que devem constituir a carteira;
46 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
• A compra e a venda desses activos;
• O exercício dos direitos inerentes aos activos (cobrança de juros ou de
dividendos, por exemplo);
• A guarda dos activos (registo ou depósito, tratando-se de valores
mobiliários).
Os serviços auxiliares dos serviços de investimento prestados aos investidores são:
• Registo e depósito de valores mobiliários: o intermediário financeiro mantém
os valores mobiliários dos investidores registados ou depositados em contas.
Sempre que uma ordem de um investidor é executada, o intermediário financeiro
em que a conta foi aberta regista um movimento na conta de valores mobiliários
desse investidor.
Neste serviço insere-se ainda o exercício de direitos inerentes aos valores
mobiliários dos clientes (por exemplo, recebimento de dividendos, no caso das
acções, ou de juros, no caso das obrigações).
• Concessão de crédito para realização de operações sobre valores mobiliários:
consiste na concessão de crédito aos investidores, em dinheiro ou em valores
mobiliários, para que estes realizem operações em bolsa, noutros mercados ou fora
de mercado. A prestação deste serviço implica o pagamento de um juro pelos
investidores, para além de outras contrapartidas que sejam previstas no contrato de
concessão de crédito celebrado com o intermediário financeiro.
• Consultoria para investimento em valores mobiliários: consiste no aconselha-
mento dos investidores, e pode ser exercida por intermediários financeiros e por
consultores autónomos autorizados pela CMVM.
A prestação de qualquer um destes serviços implica o pagamento de uma
comissão pelo cliente ao intermediário ou consultor autónomo, que constitui a
remuneração do serviço prestado.

QUE CUSTOS SÃO SUPORTADOS PELOS INVESTIDORES QUANDO RECORREM AOS SERVIÇOS
DE UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO?

Pela prestação de serviços aos investidores, os intermediários financeiros cobram


comissões cujo valor não está sujeito a limites legais.
Os investidores têm direito a ser informados, previamente à prestação de qualquer
serviço, sobre as comissões aplicáveis. Os intermediários financeiros devem afixar, em
local visível a todos os investidores, a tabela das comissões que cobram pela prestação
de cada serviço, não podendo cobrar valores superiores.
Para além das comissões (remunerações dos intermediários financeiros pelos serviços
que cobram), os investidores poderão ainda ter de suportar outros custos:
• Custos de transacção dos valores mobiliários;
• Taxas ou impostos.
Quando um investidor se apresenta a receber o produto da venda de valores
mobiliários ou a proceder ao pagamento de valores mobiliários que adquiriu, ao valor da
operação poderá, portanto, ser descontado (no caso de uma venda) ou acrescentado
(no caso de uma compra) o valor dos respectivos custos.

POR QUE MOTIVO É IMPORTANTE SABER SE UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO


ESTÁ REGISTADO? COMO PODE SER OBTIDA ESSA INFORMAÇÃO?

47 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


6. Intermediários
Financeiros
Recorrer a serviços prestados – ainda que num balcão de atendimento, através de sites
na Internet ou através do telefone – por empresas não autorizadas, pode causar
prejuízos avultados aos investidores.
O registo dos intermediários financeiros visa não só assegurar o controlo prévio dos
requisitos para o exercício de cada uma das actividades de intermediação financeira
(incluindo a idoneidade dos seus responsáveis) mas também abrangê-los em
mecanismos de carácter obrigatório – como o Sistema de Indemnização aos
Investidores – que salvaguardam os investidores em caso de eventuais prejuízos.
Os sites na Internet através dos quais determinados serviços são disponibilizados aos investidores estão
sujeitos a um controlo por parte da CMVM. Essa menção é feita, normalmente, no próprio site.

Por isso, é importante que os investidores comprovem se a empresa que se propõe


prestar-lhes determinado serviço está registada para prestar aquele serviço.
No site da CMVM, em www.cmvm.pt, é possível aceder à lista de todos os
intermediários financeiros portugueses registados, bem como dos serviços que cada
um deles está autorizado a prestar.
Não aceite a prestação de serviços por empresas não registadas.

Certos serviços podem ser prestados em Portugal também por empresas estrangeiras,
desde que estas estejam registadas no respectivo país e o comuniquem à CMVM. No
site da CMVM é possível verificar também quais as empresas estrangeiras que podem
actuar em Portugal.

COMO ACTUAR QUANDO UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO NÃO ESTÁ REGISTADO NA CMVM?

O registo dos intermediários financeiros é exigido por lei e visa proteger os investidores.
O exercício desta actividade por empresas não autorizadas é, por isso, ilegal, devendo
ser denunciado à CMVM.

QUE TIPO DE ACTUAÇÃO E QUE MEIOS SÃO EXIGIDOS AOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS?

6.1 DEVERES GERAIS DOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS

A actividade dos intermediários financeiros deve ser sempre


orientada pela protecção dos interesses legítimos dos seus
clientes investidores e pela eficiência do mercado. No relaciona-
mento que estabelecem com outros intervenientes nos mercados
de capitais, os intermediários devem ainda agir com boa fé,
de acordo com elevados padrões de diligência, lealdade e
transparência.
Aos intermediários financeiros é exigido, nomeadamente, que:
• Adoptem elevados níveis de aptidão profissional, mantendo a sua organização
empresarial equipada com os meios humanos, materiais e técnicos necessários
para exercer a actividade de forma eficiente, evitando procedimentos errados ou
negligentes;
• Garantam uma separação clara entre o seu património e dos seus clientes, não
podendo dispor dos valores mobiliários ou dinheiro que a estes pertence sem

48 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


acordo escrito, e devendo depositar o dinheiro dos clientes numa conta bancária
com alguma menção que permita distingui-la da sua própria conta;
• Contabilizem diariamente o saldo credor ou devedor, em dinheiro e em valores
mobiliários, de cada um dos clientes e mantenham um registo diário das
operações realizadas por conta própria e por conta destes;
• Evitem o conflito entre os seus interesses e os dos seus clientes investidores,
fazendo com que estes prevaleçam sempre;
• Assegurem um tratamento equitativo e transparente dos clientes;
• Não coloquem em risco a regularidade de funcionamento, a transparência e a
credibilidade do mercado.
Para garantir o cumprimento destes deveres os intermediários financeiros são ainda
obrigados a:
• Manter em arquivo, durante pelo menos 5 anos, os documentos e registos
relativos a todas as operações relativas a valores mobiliários e a emitir
certificados desses registos sempre que estes lhe forem solicitados pelos clientes
ou pelas autoridades;
• Registar na CMVM um regulamento interno aplicável aos seus dirigentes e
trabalhadores, que estabelece regras deontológicas e medidas de organização
adoptadas.
A CMVM verifica continuamente se estas obrigações estão a ser cumpridas,
nomeadamente através de acções de supervisão realizadas nas instalações dos
intermediários financeiros.
Os intermediários financeiros podem “angariar clientes”. Esta actuação designa-se
“prospecção de investidores”, e é permitida desde que seja realizada pelo intermediário
que exerce a actividade de intermediação para a qual tenta angariar clientes ou por
pessoas por ele contratadas. Os prospectores devem sempre identificar-se, indicar qual
a empresa que representam e informar os investidores dos actos que podem praticar.
Os prospectores não podem receber qualquer importância em dinheiro ou remuneração
dos investidores que contactam.

DEVERES DOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS NA RELAÇÃO


COM CADA UM DOS INVESTIDORES SEUS CLIENTES

Os intermediários financeiros devem, independentemente do serviço que prestam,


conhecer a situação financeira dos seus clientes, bem como os seus objectivos e
experiência em matéria de investimentos, por forma a determinar qual a informação que
lhes deve ser prestada para garantir uma tomada de decisão de investimento
esclarecida e fundamentada.
Incumbe aos intermediários financeiros informar os investidores nomeadamente sobre:
• Os riscos envolvidos nas operações a realizar;
• Qualquer interesse que o intermediário financeiro tenha no serviço a prestar;
• A existência de fundo de garantia ou outro mecanismo de protecção dos
investidores;
• O custo do serviço a prestar;
• A execução e os resultados das operações que efectue por conta deles, bem
como a ocorrência de dificuldades especiais ou a inviabilidade de execução das
mesmas;

49 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


6. Intermediários
Financeiros
• As circunstâncias que possam justificar a modificação ou revogação das ordens
ou instruções dos clientes.
Os intermediários não podem, com vista à cobrança de comissões, incitar os clientes a
realizar operações que estes não desejam.

DEVERES DOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS NA PRESTAÇÃO DE DETERMINADOS SERVIÇOS

• Recepção, transmissão e execução de ordens dos investidores


Se uma ordem for emitida fora do estabelecimento do intermediário financeiro, sem que
exista uma prévia relação de clientela com o investidor, este dispõe de um prazo de
3 dias úteis para voltar atrás na sua decisão e comunicar ao intermediário financeiro o
seu “arrependimento”.
A prestação deste serviço é normalmente precedida da abertura de uma conta de
registo e depósito de valores mobiliários, independentemente do meio pelo qual são
transmitidas as ordens: ao balcão, por telefone, fax ou Internet.
No Caderno n.º 5 é feita uma descrição dos vários tipos de ordens.

A recepção de ordens para a realização de operações a prazo (com futuros e


opções) deve ser precedida da celebração de contrato escrito entre o intermediário
financeiro e o investidor.
Quando recebe uma ordem, o intermediário financeiro deve:
• Verificar se a pessoa que a emitiu reúne todas as condições necessárias para o
fazer;
• Determinar o momento exacto em que a ordem é recebida, designadamente a
data e a hora.
As ordens dos investidores podem ser aceites ou recusadas pelo intermediário
financeiro.
Caso aceite a ordem, o intermediário financeiro deve cumprir os deveres de boa
execução, que o obrigam:
• A executá-la nas condições e no momento indicado pelo investidor,
• Na falta de indicações do investidor, a executá-la nas melhores condições
permitidas pelo mercado, imediatamente ou no momento mais adequado.
Deve ainda cumprir os seguintes deveres de informação:
• Informar o investidor sobre a execução da ordem, dando-lhe a conhecer as
condições em foi executada, a ocorrência de dificuldades relevantes ou a
impossibilidade de o fazer, e as circunstâncias que possam justificar a respectiva
modificação ou revogação;
• Comunicar ao investidor a realização das operações ordenadas, em regra até ao
final do dia da realização;
• Emitir as notas de execução das operações (que devem conter informação
detalhada sobre a operação – a data e a hora da sua realização, a quantidade e o
preço de valores mobiliários negociados, e os custos associados), até 24 horas
após a execução;
• Enviar ao investidor o extracto mensal dos movimentos efectuados na conta de
dinheiro.
Até ao terceiro dia útil após a execução da ordem, o intermediário financeiro deve
entregar ao investidor os valores mobiliários adquiridos ou o dinheiro resultante da
venda.
50 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
O intermediário financeiro pode recusar uma ordem sempre que:
• O investidor não lhe fornecer todos os elementos necessários à boa execução da
mesma;
• For evidente que a operação ordenada contraria os interesses do investidor (salvo
se este confirmar a ordem por escrito);
• O intermediário financeiro não estiver em condições de fornecer ao investidor toda
a informação exigida para a execução da ordem;
• O investidor não prestar a caução exigida por lei para a realização da operação
(por exemplo, nos futuros);
• Ao investidor não for permitida aceitação de uma determinada oferta pública
(tratando-se de ordem para esse efeito);
• O investidor não provar que os valores mobiliários a alienar estão disponíveis, ou
não tenha promovido o respectivo bloqueio, se o intermediário financeiro lho tiver
exigido, ou não puser à sua disposição o montante necessário à liquidação da
operação;
• O investidor não confirmar a ordem por escrito, se tal lhe for exigido pelo
intermediário financeiro.
A recusa de uma ordem deve ser transmitida imediatamente pelo intermediário
financeiro à pessoa que a emitiu.

• Gestão de Carteiras
A prestação deste serviço deve ser precedida da assinatura de um contrato escrito
entre o investidor e o intermediário financeiro para gestão de carteiras por conta de
outrem. Os intermediários financeiros não podem prestar este serviço aos investidores
com quem não tenham previamente celebrado esse contrato.
Se o contrato for celebrado fora do estabelecimento do intermediário financeiro, sem
que exista uma prévia relação de clientela com o investidor, este dispõe de um prazo de
3 dias úteis para voltar atrás na sua decisão e comunicar ao intermediário financeiro o
seu “arrependimento”.
Por este contrato, o investidor transfere para o intermediário financeiro os poderes de
definição de estratégia e de decisão concreta de investimento, mas continua a poder
emitir instruções que vinculam o intermediário financeiro. Este, por seu turno, obriga-se
a desenvolver todos os actos necessários à valorização da carteira de valores
mobiliários. Trata-se apenas de uma obrigação de desenvolver os melhores
esforços para a valorização, e não de uma obrigação de fazer com que a carteira se
valorize.
O contrato inclui um conjunto de cláusulas contratuais gerais (previamente
registadas na CMVM), que estabelecem as regras aplicáveis à generalidade dos
investidores, clientes desse intermediário financeiro, e um conjunto de cláusulas
particulares, com as condições negociadas com cada investidor.
Antes de celebrar um contrato de gestão de carteira, o investidor deve pedir ao intermediário financeiro
informação nomeadamente sobre:
• as cláusulas contratuais gerais do contrato de gestão de carteira utilizadas pelo intermediário
financeiro;
• a definição e caracterização dos perfis de risco oferecidos;
• as estratégias e políticas de investimento para cada um dos perfis de risco;
• a natureza, os riscos envolvidos e as implicações do serviço em causa;
• os custos que irá suportar.

51 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


6. Intermediários
Financeiros
Do contrato devem constar, designadamente:
• A composição inicial da carteira;
• O tipo de activos financeiros (acções, obrigações, futuros, opções, etc.) que
podem integrar a carteira;
• Os actos que o gestor pode ou deve praticar em nome do cliente;
• A periodicidade com que o intermediário financeiro enviará informação ao cliente
relativa à situação da carteira;
• Os critérios de determinação das comissões.
Os intermediários financeiros devem informar os investidores sobre o risco a que ficam
sujeitos em consequência da gestão de carteiras.
Devem ainda remeter aos clientes deste serviço, o extracto mensal da conta, contendo
os movimentos realizados nas contas de dinheiro, e informação periódica sobre a
situação da carteira, incluindo a sua composição e a valorização de cada um dos
valores que a integram.

• Registo e Depósito de Valores Mobiliários


Para abrir uma conta de registo e depósito de valores mobiliários (em que são
registadas todas as operações sobre aqueles valores) é necessária a celebração de um
contrato escrito entre o intermediário financeiro e o investidor, até 8 dias após a
abertura da conta, em que são definidas as condições em que o serviço será prestado.
Este contrato inclui cláusulas contratuais gerais (previamente registadas na CMVM),
que estabelecem as regras aplicáveis à generalidade dos clientes do intermediário
financeiro, e cláusulas particulares, com as condições negociadas com cada
investidor.
No âmbito deste serviço, os intermediários financeiros devem remeter periodicamente
aos investidores extractos das contas, com indicação dos movimentos efectuados e do
saldo. Devem prestar aos investidores as informações que estes solicitem sobre as
suas contas de valores mobiliários.

• Consultoria para Investimento


A prestação deste serviço pode ser precedida da assinatura de um contrato escrito
entre o investidor e o intermediário financeiro ou o consultor autónomo (autorizado pela
CMVM).
Por este contrato, estes obrigam-se a prestar ao investidor aconselhamento sobre
investimentos em valores mobiliários. Este contrato é diferente do contrato de gestão de
carteiras, porque neste caso o investidor não pretende que o intermediário financeiro
decida ou realize os seus investimentos, mas apenas ser aconselhado para que seja,
ele próprio, a decidir e a tomar a iniciativa de realizar as operações.
Além de deverem informar os investidores sobre o risco em que incorrem, os
intermediários financeiros ou os consultores autónomos devem apresentar aos
investidores uma estimativa dos custos dos investimentos a realizar e dos serviços de
consultoria, e devem informá-los sobre a existência de interesses próprios que se
relacionem com a consulta efectuada.
O consultor deve ainda emitir uma nota de honorários escrita por cada consulta,
indicando o objecto da consulta e a pessoa que a prestou.

OS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS SÃO RESPONSÁVEIS PERANTE OS CLIENTES?

52 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Os intermediários financeiros estão sujeitos a indemnizar qualquer pessoa pelos
prejuízos que causem em consequência da violação dos seus deveres.
Quanto se trate de clientes do intermediário financeiro, ou da violação de deveres de
informação: basta ao investidor demonstrar um prejuízo patrimonial que se deva a uma
actuação de um intermediário financeiro contrária a normas legais ou regulamentares,
para que o intermediário financeiro, se não conseguir provar que agiu sem culpa, seja
obrigado a indemnizá-lo.
Para solicitar a indemnização pelos danos sofridos, o investidor pode:
• Efectuar uma reclamação junto do intermediário financeiro que lhe causou o
prejuízo;
• Recorrer ao serviço de Mediação de Conflitos da CMVM, que tentará promover a
resolução do conflito sem recurso aos tribunais judiciais; e
• Propor uma acção nos tribunais judiciais (só estes têm poderes para decidir se o
intermediário financeiro tem de pagar uma indemnização ao cliente).
No Caderno n.º 8 deste Guia é feita uma apresentação do serviço de Mediação de Conflitos da CMVM.

No caso de o intermediário financeiro ter agido apenas com falta de cuidado


negligência), o investidor dispõe de um prazo de 2 anos para lhe exigir indemnização
pelos danos que tenha sofrido em virtude de um negócio com aquele, pelo que deverá
agir assim que tiver conhecimento dos factos.

Sempre que o investidor sofra um prejuízo pelo facto de um intermediário financeiro não
ter capacidade para lhe restituir os valores mobiliários registados ou depositados ou
reembolsar-lhe o dinheiro destinado ao investimento em valores mobiliários, poderá
recorrer ao Sistema de Indemnização aos Investidores.
No Caderno n.º 8 deste Guia é explicado o funcionamento do Sistema de Indemnização aos Investidores.

53 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


7. FUNDOS
DE INVESTIMENTO
7. Fundos
de Investimento
O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO?

Um fundo de investimento é um património que pertence a várias pessoas, destinado


ao investimento em determinados activos e gerido por profissionais (sociedades
gestoras). Às pessoas que investem em fundos dá-se o nome de “participantes”.
O património de um fundo pode ser investido em diversos bens, como por exemplo
acções e obrigações, de modo a constituir um conjunto diversificado de valores
mobiliários ou outros activos. Nesse caso, deve designar-se “fundo de investimento
mobiliário”. O património pode também ser constituído essencialmente por imóveis;
nesse caso, o fundo designa-se “fundo de investimento imobiliário”.
O conjunto de valores que constituem o património de um fundo chama-se carteira.
A constituição de um fundo depende de autorização prévia da CMVM.

O QUE DISTINGUE OS FUNDOS DAS OUTRAS FORMAS DE INVESTIMENTO?

Os fundos de investimentos são uma alternativa ao investimento directo nos bens que
compõem o seu património porque:
• São geridos por profissionais que conhecem os mercados em que esses bens são
negociados;
• Permitem, através da diversificação do seu património, diminuir o risco dos
investimentos;
• Permitem reduzir os custos de transacção (nomeadamente de corretagem),
relativamente àqueles que um investidor teria de suportar por cada operação,
em virtude de transaccionarem grandes quantidades de valores e, no caso do
investimento em imóveis, devido às isenções fiscais de que beneficiam;
• São caracterizados pela simplicidade quanto à forma de investir e o reembolso
dos montantes aplicados é feito duma forma previamente fixada;
• No caso dos fundos imobiliários, permitem o acesso dos pequenos investidores
a mercados à partida inacessíveis, atendendo ao elevado montante dos
investimentos exigidos.

QUAIS SÃO OS RISCOS DE INVESTIR EM FUNDOS?

Ao investir em fundos, os investidores assumem riscos idênticos, embora menores, aos


que assumiriam caso optassem pelo investimento directo nos activos que integram o
património dos fundos, já que esse risco se “dilui” nos vários tipos de activos.
No caso dos fundos de investimento mobiliário, as acções, obrigações e outros activos
que compõem o património sofrem flutuações de preços, pelo que a possibilidade de
perder parte ou a totalidade do capital investido constitui um risco.
Da mesma maneira, o rendimento proveniente do investimento em fundos de
investimento imobiliário corresponderá às variações nos preços dos imóveis e no
mercado de arrendamento.
Cada fundo tem, no entanto, características e riscos próprios. Normalmente, a um
maior risco está associado um maior potencial de rendibilidade.

QUAIS SÃO AS SEMELHANÇAS E AS DIFERENÇAS ENTRE OS FUNDOS DE INVESTIMENTO


E A GESTÃO DE PATRIMÓNIOS?

55 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Tanto nos fundos de investimento como na gestão de patrimónios, o investidor entrega
as suas poupanças para que sejam geridas por profissionais. No entanto, na gestão
de patrimónios o investidor tem a possibilidade de ordenar ao gestor a prática de
determinados actos, o que não acontece nos fundos de investimento.
No Caderno n.º 6 deste Guia é feita uma descrição da actividade de gestão de patrimónios.

Os fundos de investimento permitem normalmente um montante de investimento inicial


inferior ao exigido pelas sociedades gestoras de patrimónios, sendo por isso mais
acessíveis à generalidade dos investidores.
As mesmas sociedades podem exercer as actividades de gestão de patrimónios e gestão de fundos. Os
investidores devem distinguir, previamente à realização de qualquer investimento, o tipo de gestão a que
pretendem entregar as suas poupanças, de forma a adequá-la ao seu perfil e objectivos.

Os fundos de investimento permitem, em comparação com a gestão de patrimónios,


uma menor adequação do investimento ao perfil de cada investidor, já que se destinam
indiferenciadamente a um conjunto de pessoas.

O QUE SÃO AS UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO?

Cada fundo é dividido em partes, com características iguais e sem valor nominal, que
se chamam unidades de participação e são valores mobiliários.
O Caderno n.º 2 deste Guia contém uma descrição de unidades de participação.

A participação dos investidores no fundo faz-se através da subscrição (compra) e


resgate (venda) de unidades de participação directamente junto das respectivas
entidades comercializadoras ou através da negociação das unidades de participação
em bolsa.

ONDE PODEM SER SUBSCRITAS E RESGATADAS AS UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO?

As unidades de participação podem ser subscritas:


• Junto da entidade gestora de cada fundo;
• Junto das entidades que têm a seu cargo o respectivo registo e depósito,
normalmente os balcões de um banco; ou
• Junto de outras entidades que procedam à sua comercialização.
É possível subscrever e resgatar unidades de participação através de meios como o
telefone e a Internet. Pode encontrar no site da CMVM na Internet, em www.cmvm.pt, a
listagem das entidades autorizadas a comercializar fundos de investimento através da
Internet.
Em situações excepcionais, as subscrições e resgates de unidades de participação
podem ser suspensas, o que é de imediato comunicado aos investidores através de
todos os meios utilizados para a comercialização das unidades de participação.
Algumas unidades de participação em fundos de investimento mobiliário são também
negociadas em bolsa, pelo que os investidores, em vez de as subscreverem ou
resgatarem, podem comprá-las e vendê-las à semelhança de outros valores mobiliários.

56 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


7. Fundos
de Investimento
COMO É CALCULADO O VALOR DA UNIDADE DE PARTICIPAÇÃO?
ONDE ESTÁ ACESSÍVEL?

O valor da unidade de participação corresponde à divisão do valor global do fundo pelo


número de unidades de participação detidas pelos participantes e é calculado pela
respectiva entidade gestora de acordo com regras pré-estabelecidas.
O valor da unidade de participação serve de base às subscrições e aos resgates e
permite acompanhar a evolução do fundo, nomeadamente quanto à sua rendibilidade e
risco.
O valor da unidade de participação de cada fundo é divulgado no site da CMVM
na Internet, em www.cmvm.pt, e também pela entidade gestora, pelas entidades
comercializadoras e, regularmente, pela imprensa.

O INVESTIMENTO EM FUNDOS É SEMPRE REALIZADO COM BASE NO VALOR


DAS UNIDADES DE PARTICIPAÇÃO?

Nos fundos de investimento mobiliário, o investimento é sempre realizado com base no


valor das unidades de participação. No entanto:
• Ou o valor foi divulgado no próprio dia do pedido de subscrição ou resgate e este
realiza-se “a preço conhecido”;
• Ou o valor apenas vai ser determinado e divulgado em momento posterior ao do
pedido e este realiza-se “a preço desconhecido”. Neste caso, para calcular o
montante do investimento, o investidor deve tomar como referência o último valor
conhecido da unidade de participação e considerar a evolução verificada nos
mercados.
Nos fundos de investimento imobiliário o modo de determinação do valor da unidade
de participação para efeitos de subscrição e resgate é fixado por cada fundo.

COMO É AVALIADO O PATRIMÓNIO DOS FUNDOS?

O património dos fundos de investimento mobiliário é avaliado a preços de mercado,


sempre que estejam disponíveis (é o caso das cotações, nos fundos que investem em
valores mobiliários cotados).
Nos fundos de investimento imobiliário, os imóveis que integram o respectivo
património são avaliados por peritos registados na CMVM.
Por vezes decorrem erros em resultado dessa avaliação. Nos casos em que os
mesmos não são imediatamente detectados, a entidade gestora deve desencadear os
seguintes procedimentos destinados a proteger os investidores:
• Compensar o fundo e os investidores, sempre que se verifiquem prejuízos; e
• Publicar o valor corrigido no Boletim de Cotações da Euronext Lisbon.
Relativamente aos fundos de investimento constituídos a partir de 2004 e, a partir de 1 de Janeiro de
2006, todos os fundos que se encontrarem em actividade, a entidade gestora pode optar pela publicação
do aviso no Sistema de Difusão de Informação da CMVM.

57 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


COMO E POR QUEM É FEITA A GESTÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO?

A gestão dos fundos de investimento é efectuada por entidades


gestoras que são intermediários financeiros e que actuam por
conta e no interesse exclusivo dos participantes.
As principais funções da entidade gestora consistem:
• Na escolha dos valores que devem integrar o património do
fundo;
• Na compra e venda desses valores de forma a obter uma
maior rendibilidade;
• No exercício dos direitos inerentes aos valores que integram
o património do fundo (por exemplo, a cobrança de juros ou de dividendos, o
exercício de direitos de voto, ou a cobrança de rendas);
• No cálculo do valor da unidade de participação.
O Caderno n.º 6 deste Guia inclui uma descrição de todas as actividades de intermediação financeira.

Nos fundos de investimento mobiliário, as entidades gestoras podem subcontratar a


actividade de gestão do fundo, não deixando, todavia, de ser responsáveis perante os
investidores pela boa gestão do fundo.

QUE ESPÉCIES DE FUNDOS DE INVESTIMENTO EXISTEM?


Existem duas espécies de fundos de investimento:
• Os fundos abertos, em que os investidores podem subscrever e resgatar as
unidades de participação em qualquer momento, sendo o número de unidades de
participação do fundo em circulação variável;
• Os fundos fechados, em que o número de unidades de participação é fixo,
podendo os investidores proceder à sua subscrição num determinado período e
ao seu resgate ou reembolso, em regra, apenas na liquidação do fundo, em data
pré-definida.
Nos fundos de investimento abertos, a divulgação do valor da unidade de participação é diária, enquanto
que nos fechados e nos fundos de investimento mobiliário ocorre apenas no final de cada mês.

Nos fundos de investimento imobiliário existe uma terceira espécie de fundos: os fundos
mistos. Distinguem-se pelo facto de determinado valor do fundo ser repartido por um
número fixo de unidades de participação e o restante por um número variável.
As primeiras não podem, em regra, ser resgatadas, tendo o investidor apenas direito
ao respectivo reembolso no momento da liquidação do fundo e a participar na
assembleia de participantes.
As unidades de participação em número variável podem ser subscritas e resgatadas e
conferem ao investidor o direito:
• À distribuição prioritária de uma quota-parte dos resultados do fundo;
• Ao resgate das unidades de participação; e
• Ao reembolso prioritário do seu valor, em caso de liquidação do fundo.

QUE DOCUMENTOS CONTÊM A INFORMAÇÃO ESSENCIAL SOBRE O MODO DE FUNCIONAMENTO


DE CADA FUNDO?

58 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


7. Fundos
de Investimento
Todos os fundos de investimento são obrigados a publicar documentos em formato
oficial, aprovados pela CMVM, que contêm as informações necessárias para que os
investidores possam tomar uma decisão fundamentada sobre o investimento que lhes
é proposto, designadamente quanto aos custos, risco, objectivos e política de
investimentos.
Fundos do mesmo tipo podem ter custos, risco, objectivos e políticas de investimento diferentes.

Cada um dos fundos de investimento mobiliário publica:


• Um prospecto simplificado (que deve ser entregue ao investidor antes de este
subscrever unidades de participação); e
• Um prospecto completo, que inclui o regulamento de gestão.
Cada um dos fundos de investimento imobiliário publica:
• Um regulamento de gestão;
• Um prospecto (que deve ser entregue ao investidor antes de este subscrever
unidades de participação).
Estes documentos estão constantemente sujeitos a actualizações e podem ser
consultados pelos investidores no site da CMVM na Internet, em www.cmvm.pt, junto
das entidades gestoras, das entidades que comercializam as unidades de participação
ou através dos outros meios utilizados para aquela comercialização (por exemplo, a
Internet).
Para permitir um melhor acompanhamento por parte dos investidores, os fundos
publicam ainda, obrigatoriamente:
• Relatórios e contas anuais e semestrais;
• A composição mensal do seu património, o respectivo valor global e o número de
unidades de participação em circulação.
Estas informações estão também acessíveis no site da CMVM na Internet, em
www.cmvm.pt.

O QUE É A RENDIBILIDADE DE UM FUNDO E COMO É MEDIDA?

A rendibilidade é a forma de quantificar, normalmente em percentagens e com


referência a um período de tempo, o rendimento gerado pelo fundo, deduzido dos
custos suportados pelos investidores.
O cálculo de medidas de rendibilidade tem sempre por base valores expressos em
euros, sem prejuízo da possibilidade de divulgação, em simultâneo, de medidas de
rendibilidade não ajustadas pelo efeito cambial, desde que devidamente identificadas.
A CMVM divulga no seu site na Internet, em www.cmvm.pt, as rendibilidades
calculadas pelos fundos ou pela Associação Portuguesa dos Fundos de Investimento,
Pensões e Patrimónios (APFIPP).
Em todas as acções publicitárias, a difusão de medidas de rendibilidade deve ser
acompanhada:
• Pela identificação do fundo e da respectiva entidade gestora;
• Pela identificação do período de referência;
• Pela informação sobre a existência de prospecto e local onde pode ser
consultado;
• No caso de unidades de participação negociadas em bolsa, pela identificação da
bolsa;

59 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


• Pelo esclarecimento em termos adequados, de que os valores divulgados
representam dados passados, não constituindo os mesmos garantia de
rendibilidade para o futuro dado que o valor das unidades de participação pode
aumentar ou diminuir em função da avaliação dos activos que integram o seu
património.
Nas acções publicitárias dos fundos de investimento constituídos a partir de 2004 e, a partir de 1
de Janeiro de 2006, de todos os fundos que se encontrarem em actividade, esse esclarecimento é
substituído pela menção “as rendibilidades divulgadas representam dados passados, não constituindo
garantia de rendibilidade futura, porque o valor das unidades de participação pode aumentar ou diminuir
em função do nível de risco que varia entre 1 (risco mínimo) e 6 (risco máximo)”.

QUE CUSTOS SÃO SUPORTADOS PELOS INVESTIDORES EM FUNDOS?


ONDE SE ENCONTRAM PREVISTOS?
Os investidores em fundos suportam as seguintes comissões:
• Comissão de subscrição - se existir, é cobrada pela entidade comercializadora
no momento em que o investidor subscreve as unidades de participação. O seu
montante é adicionado ao valor das unidades de participação.
• Comissão de resgate - se existir, é cobrada pela entidade comercializadora no
momento em que o investidor recebe o valor do resgate das unidades de
participação. O seu montante é subtraído ao valor das unidades de participação.
Normalmente, a comissão de resgate varia na proporção inversa do prazo de
permanência das unidades de participação no fundo.
• A comissão de gestão - é suportada directamente pelo fundo e destina-se a
remunerar os serviços prestados pela entidade gestora. O valor da unidade de
participação já incorpora este custo.
As comissões de subscrição, de resgate e de gestão, a respectiva fórmula de cálculo e
a periodicidade de pagamento devem estar previstas no regulamento de gestão e no
prospecto de cada fundo.
Para além destas comissões os fundos suportam ainda os seguintes custos:
• A comissão de depósito, que consiste na remuneração dos serviços de registo e
depósito dos valores mobiliários que constituem o património do fundo;
• Pagamento dos serviços de fiscalização da actividade de gestão do fundo
prestados pelos auditores externos;
• Pagamento da taxa de supervisão devida à CMVM;
• Pagamento de despesas com a compra e venda de valores do fundo como
comissões de corretagem, comissões dos mediadores e emolumentos notariais e
registrais;
• Impostos resultantes da compra e venda dos títulos que compõem a carteira do
fundo.
Estes custos são suportados directamente por cada fundo, pelo que o valor da unidade
de participação já os incorpora.
Os prospectos simplificados de todos os fundos de investimento constituídos a partir de
2004 e, a partir de 2006, de todos os fundos que se encontrem em actividade, devem
conter a respectiva taxa global de custos (TGC) relativa ao ano anterior.
Esta informação indicará a percentagem que os custos referidos representam no valor
do fundo de investimento.

60 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


7. Fundos
de Investimento
Quanto maior for a taxa global de custos, melhor terá que ser o desempenho do fundo
para alcançar a mesma rendibilidade de um fundo cuja taxa seja mais baixa.

OS RENDIMENTOS GERADOS PELOS FUNDOS (JUROS, DIVIDENDOS, RENDAS)


PODEM SER DISTRIBUÍDOS AOS INVESTIDORES OU SÃO SEMPRE INCORPORADOS
NO PATRIMÓNIO?

Os rendimentos gerados pelos fundos podem ser periódica, parcial ou totalmente


distribuídos aos investidores. Chamam-se, nesse caso, “fundos de distribuição”.
Sempre que o fundo distribui rendimentos, é reduzido o valor das unidades de
participação. Normalmente, é dada ao investidor a possibilidade de optar por receber o
montante dos rendimentos ou voltar a investi-lo na subscrição de mais unidades de
participação.
Os fundos que não distribuem os rendimentos, passando estes a fazer parte do
património, chamam-se “fundos de capitalização” ou “de acumulação”. Os
rendimentos acumulados são incorporados no valor da unidade de participação pelo
que o investidor irá receber o respectivo valor apenas no momento do resgate.

PODEM OCORRER FUSÕES DE FUNDOS?

A fusão de fundos pode realizar-se através:


• Da incorporação de um ou mais fundos de investimento, o que implica
transferência total do património de um ou mais fundos, denominados fundos
incorporados, para um outro fundo, denominado por fundo incorporante; ou
• Da criação de um novo fundo de investimento para o qual se transfere a
totalidade do património dos fundos objecto de fusão.
Podem ser objecto de fusão dois ou mais fundos desde que não existam entre eles
divergências substanciais ao nível das respectivas políticas de investimento.
Relativamente a todos os fundos de investimento constituídos a partir de 2004 e, a partir de 1 de Janeiro
de 2006, todos os fundos que se encontrarem em actividade, a entidade gestora pode optar pela
publicação do aviso no Sistema de Difusão de Informação da CMVM.

QUAIS OS DEVERES DAS ENTIDADES GESTORAS NO CASO DE UMA FUSÃO DE FUNDOS?


E QUAIS OS DIREITOS DOS PARTICIPANTES?

Quando ocorra a fusão de fundos é dever da entidade gestora, com uma antecedência
mínima de 30 dias em relação à data da fusão:
• Publicar um aviso no Boletim de Cotações da Euronext Lisbon e num jornal de
grande circulação com as principais condições da fusão;
• Comunicar individualmente a cada participante dos fundos:
• As principais condições da fusão;
• A data da fusão;
• Eventuais aumentos de comissões ou agravamento de outras condições
de subscrição e resgate;
• Explicação sobre as consequências da fusão, nomeadamente no que
respeita à manutenção do valor proporcional das unidades de participação
detidas e à eventual modificação da sua quantidade;

61 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


• A existência de períodos de suspensão de resgate e de subscrição das
unidades de participação;
• A inexistência de comissões de subscrição ou de resgate e de quaisquer
custos adicionais em consequência da operação de fusão;
• A possibilidade do resgate e subscrição das unidades de participação
de efectuar nas mesmas condições praticadas pelo fundo em que são
investidores até à data da fusão; e
• Eventuais alterações dos locais ou meios de comercialização das
unidades de participação ou substituição da entidade gestora.
Relativamente a todos os fundos de investimento constituídos a partir de 2004 e, a partir de 1 de Janeiro
de 2006, todos os fundos que se encontrarem em actividade, a entidade gestora pode optar pela
publicação do aviso no Sistema de Difusão de Informação da CMVM.

Os investidores em fundos objecto de fusão têm direito a:


• Deter um número de unidades de participação proporcional ao valor das unidades
de participação detidas nos fundos envolvidos, à data da fusão;
• Não suportar quaisquer comissões de subscrição ou de resgate ou outros custos
adicionais em consequência das operações relativas à fusão;
• Ser informados pela entidade gestora, através da comunicação individual acima
referida, sobre as características da fusão.
Relativamente a todos os fundos de investimento constituídos a partir de 2004 e, a
partir de 1 de Janeiro de 2006, todos os fundos que se encontrarem em actividade, os
participantes em fundos objecto de fusão passam também a ter direito a:
• Suportar as comissões de resgate ou transferência relativas às unidades de
participação detidas dos fundos incorporados, caso se verifique um agravamento
das comissões de resgate ou transferência no fundo que resultar da fusão; e
• Proceder ao resgate das unidades de participação sem pagar a respectiva
comissão até um mês a data da fusão, caso se verifique um aumento global das
comissões de gestão e de depósito ou uma alteração substancial da política de
investimentos.

QUE TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO EXISTEM?

Os fundos de investimento mobiliário podem ser divididos em vários tipos, em função


das suas políticas de investimento e dos principais activos que integram o seu
património.
• Fundos de Tesouraria
Caracterizam-se pela predominância das aplicações de curto prazo e de elevada
liquidez (como títulos de dívida pública).
São fundos de risco baixo e com uma rendibilidade que corresponde à das taxas de
juro do mercado monetário, destinam-se a investidores com necessidades de liquidez a
curto prazo e/ou com grande aversão ao risco, afirmando-se como uma alternativa ao
investimento nos depósitos bancários.
Nos fundos internacionais, poderá assumir especial relevo o risco cambial, ou seja, as
variações que o valor da unidade de participação está sujeita em função das oscilações
das divisas em que os activos do fundo estão denominados.

62 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


7. Fundos
de Investimento
• Fundos do Mercado Monetário
Estes fundos são similares aos fundos de tesouraria, mas devem ter uma maior
percentagem do seu património investido em aplicações de curto prazo e de elevada
liquidez e em depósitos bancários.
• Fundos de Obrigações
São os fundos cujo património é composto maioritariamente por obrigações.
Estes fundos possuem um risco acrescido relativamente aos anteriores podendo, em
contrapartida, oferecer maior rendibilidade. O risco mais relevante nesta categoria de
fundos é o risco de crédito das obrigações em que investem.
O risco de crédito das obrigações consiste na possibilidade das empresas que as emitem não
procederem ao pagamento das suas dívidas (juros ou capital).

Os fundos de obrigações podem ainda distinguir-se entre:


• Fundos de Obrigações de Taxa Fixa
São fundos que investem principalmente em obrigações de taxa fixa (obrigações
cujos emitentes pagam periodicamente um juro calculado com base numa taxa que se
mantém inalterada até a obrigação se vencer). Estes fundos estão sujeitos ao
risco de taxa de juro.
Se esta subir, o valor das obrigações detidas pelo fundo tenderá a baixar. Em
consequência, o valor das unidades de participação tenderá também a diminuir,
havendo um risco de perda do capital investido.
«Taxa fixa» não significa taxa garantida, nem estabilidade do investimento. Refere-se apenas ao tipo de
taxa nas obrigações em que o fundo investe.

• Fundos de Obrigações de Taxa Variável


São fundos que investem principalmente em obrigações de taxa variável.
Apesar de estarem sujeitos também ao risco de taxa de juro, adaptam-se melhor à
variação das taxas de mercado uma vez que os emitentes das obrigações pagam
um juro que periodicamente é revisto em função dessa variação. Dado que o risco
associado a este tipo de fundos é menor do que nos fundos de obrigações de taxa fixa,
a rendibilidade potencial é também menos elevada.
• Fundos de Acções
São os fundos que investem principalmente em acções. Estes fundos apresentam
maior risco, pelo facto de o valor das unidades de participação ser muito sensível ao
risco de variação de preço das acções em que investem.
O risco associado a estes fundos pode ser muito diferente, particularmente no que
respeita às bolsas e países em que investem. Distinguem-se, por exemplo, os fundos
que investem quase total ou exclusivamente em acções portuguesas e de outros
Estados-membros da União Europeia ou em acções Norte Americanas, daqueles que
investem em acções provenientes de países cuja situação económica e política pode
fazer prever grandes variações no valor da carteira do fundo.
• Fundos Mistos
São os fundos que combinam características dos fundos de obrigações e dos fundos
de acções, pelo que o risco e a rendibilidade associados a estes fundos varia em
função do maior ou menor peso que as acções e obrigações têm no património, bem
como dos países em que investe.

63 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


• Fundos de Fundos
São os fundos que investem principalmente em unidades de participação de outros
fundos.
A política de investimentos e o risco de um fundo de fundos é, por isso, determinado
pelas características dos fundos em que investe. Assim, se um fundo de fundos investir
apenas em unidades de participação de fundos de acções, o seu risco será equivalente
ao de um fundo de acções.
• Fundos de Índice
São fundos de acções ou obrigações cuja política de investimentos consiste na
reprodução integral ou parcial de um determinado índice de acções ou obrigações. Em
regra, estes fundos apresentam comissões de gestão mais baixas do que os fundos de
acções ou de obrigações, uma vez que a gestão se limita à reprodução do índice.
• Fundos Garantidos
São fundos que têm associadas garantias de capital e/ou de um determinado perfil de
rendimentos. Para tal dispõem dos seguintes mecanismos:
• Garantias prestadas por uma terceira entidade, embora a gestão do fundo
deva ser conduzida de modo autónomo à eventual necessidade do seu
accionamento;
• Utilização de instrumentos financeiros adequados a esse objectivo, normal-
mente produtos derivados.
• Fundos Flexíveis
São fundos que não assumem qualquer compromisso quanto à composição do seu
património.
Todas as acções publicitárias ou informativas relativas a estes fundos devem incluir
uma menção sobre a flexibilidade na constituição do seu património. A subscrição das
unidades de participação só é válida se o investidor assinar um boletim de subscrição,
cujo modelo é aprovado pela CMVM, que inclua a mesma menção.

QUE TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PODEM SER UTILIZADOS NA GESTÃO


DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO?

Os riscos a que os fundos de investimento se encontram expostos podem ser reduzidos


ou aumentados pela utilização de instrumentos financeiros derivados (nomeadamente,
futuros e opções).
O Caderno n.º 2 deste Guia contém uma descrição dos contratos de futuros e opções.

A utilização destes instrumentos com o objectivo de cobertura do risco permite que os


fundos fiquem protegidos de eventuais riscos, mas impedem-nos também de beneficiar
de ganhos maiores, caso a evolução do mercado seja favorável.
Por outro lado, a utilização destes instrumentos com o objectivo de exposição ao risco
permite que os fundos beneficiem de rendibilidades superiores no caso de evolução
favorável do mercado, mas associadas a um nível de risco mais elevado.

O QUE É UM AGRUPAMENTO DE FUNDOS?


Os agrupamentos de fundos são conjuntos de fundos diferentes (por exemplo, fundos
de acções, de obrigações e de tesouraria), geridos pela mesma entidade, que permitem
aos investidores transferir o seu investimento entre os fundos do agrupamento sem
suportar quaisquer comissões de subscrição e de resgate.
64 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
7. Fundos
de Investimento
O QUE SÃO FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO?

São fundos cujo património é constituído maioritariamente por imóveis.


Os fundos imobiliários podem desenvolver as seguintes actividades:
• Aquisição de imóveis para revenda, arrendamento e outras formas de exploração
onerosa, situados em Estados Membros da União Europeia;
• Projectos de construção de imóveis com a finalidade de depois desenvolver uma
das actividades anteriores.
A revenda e o arrendamento de imóveis possibilitam a obtenção de um retorno
periódico quer pela evolução dos preços quer pela cobrança de rendas.
O desenvolvimento de projectos de construção de imóveis exige a imobilização do
capital durante um certo período de tempo, sendo o retorno do investimento
(correspondente, em regra, às mais valias prediais) concretizado a médio ou longo
prazo.

O QUE SÃO FUNDOS ESPECIAIS DE INVESTIMENTO?

São fundos cujo património não permite a sua classificação como fundos mobiliários ou
fundos imobiliários. São dirigidos a segmentos específicos de investidores, definidos no
prospecto e no regulamento de gestão do fundo.
As carteiras destes fundos podem integrar valores mobiliários, instrumentos financeiros
derivados, liquidez, e outros activos (avaliados periodicamente) que:
• Sejam bens duradouros;
• Tenham um valor determinável;
• Não sejam prédios urbanos ou rústicos;
• Não sejam activos que resultem directamente da exploração de actividades
agrícolas.
Os fundos especiais de investimento devem observar ainda os seguintes requisitos:
• O nome do fundo deve identificar e limitar a política de investimentos;
• O património do fundo deve ser composto principalmente pelo tipo de activos
mencionado no seu nome;
• A subscrição de unidades de participação deve ser efectuada através de um
boletim de subscrição, cujo modelo é aprovado pela CMVM, que contém uma
menção sobre o risco inerente ao investimento proposto ao investidor.

O QUE SÃO FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO?

São organismos de investimento colectivo que têm por finalidade o investimento em


participações em sociedades com potencial elevado de crescimento e valorização, a fim
de beneficiarem do respectivo rendimento.
Estes fundos são normalmente dirigidos a investidores institucionais mas podem
também ser oferecidos a pequenos investidores, caso em que adoptam a designação
“Fundos Comercializáveis junto do Público”.

O QUE SÃO FUNDOS DE TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS?

São organismos de investimento colectivo cujo património é constituído principalmente


por créditos. Os valores mobiliários que os representam chamam-se unidades de
titularização de créditos.
65 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
Estes fundos são normalmente dirigidos a investidores institucionais mas podem
também ser oferecidos a pequenos investidores.
O Caderno n.º 2 deste Guia contém uma descrição das unidades de titularização de créditos.

OS FUNDOS DE INVESTIMENTO ESTRANGEIROS


PODEM SER COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL?

Os fundos de investimento estrangeiros podem ser comercializados em Portugal desde


que:
• A CMVM não se oponha (caso dos fundos harmonizados, isto é, que obedeçam
às mesmas regras europeias a que estão sujeitos os fundos portugueses) ou
autorize (caso dos fundos não harmonizados, isto é, que obedeçam a regras
distintas das regras europeias a que estão sujeitos os fundos portugueses) a
comercialização;
• Ofereçam aos investidores as mesmas condições de segurança e protecção dos
fundos constituídos em Portugal.
As entidades que comercializam estas unidades de participação devem disponibilizar
aos investidores informação equivalente à que é prestada em relação aos fundos
portugueses.
No site da CMVM (em www.cmvm.pt) pode consultar quais são os fundos estrangeiros
que podem ser comercializados em Portugal, por quem, de que país provêm, qual é a
entidade gestora e quem é o depositário.
Na divulgação de informações sobre fundos estrangeiros, podem ser utilizadas
unidades monetárias diferentes do euro.
A fiscalidade a suportar pelo investidor em unidades de participação de fundos
estrangeiros pode também ser diferente da prevista para os fundos nacionais.

66 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


8. INVESTIDORES
8. Investidores

Investidores são todas as pessoas ou empresas que participam no mercado de capitais


com o objectivo de, através do financiamento das empresas, valorizarem as suas
poupanças ou os seus activos.
No entanto, devido às diferenças de formação, experiência e capacidade financeira, os
investidores particulares têm necessidades de protecção diferentes que são tidas em
conta nas leis relativas ao mercado de capitais e nos regulamentos da CMVM.
São estas diferenças que determinam a distinção entre:
• Investidores institucionais ou profissionais e
• Investidores não-institucionais.
Os investidores não institucionais, “pequenos investidores ou investidores “não institucionais” são os que
têm mais necessidade de protecção

QUEM SÃO OS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS E OS INVESTIDORES NÃO-INSTITUCIONAIS?

São investidores institucionais:


• As instituições de crédito (bancos);
• As empresas de investimento;
• As empresas de seguros;
• As instituições de investimento colectivo e respectivas entidades gestoras;
• Os fundos de pensões e respectivas entidades gestoras;
• Os fundos de titularização de créditos, respectivas sociedades gestoras e
demais sociedades financeiras previstas na lei;
• As sociedades de titularização de créditos;
• As sociedades de capital de risco, fundos de capital de risco e respectivas
sociedades gestoras;
• Outras instituições financeiras autorizadas ou reguladas, e ainda
• Outras entidades, dotadas de uma especial competência e experiência relativas
a valores mobiliários, que a CMVM qualifique, em regulamento, como
investidores institucionais.
Também não gozam da protecção conferida aos investidores não institucionais os
Estados, as Regiões Autónomas, os Bancos Centrais, as instituições supranacionais e
as instituições financeiras de Estados que não sejam membros da Comunidade
Europeia e exerçam actividades semelhantes às referidas acima.
Os demais investidores são considerados investidores não institucionais, ou “pequenos
investidores”, ou ainda investidores não profissionais, e apenas estes podem recorrer a
serviços como o serviço de Apoio ao Investidor e o serviço de Mediação de Conflitos da
CMVM, e à acção popular.
Ver mais à frente neste caderno a forma de recorrer ao serviço de Mediação de Conflitos e ao serviço de
Apoio ao Investidor, ambos da CMVM.

A CMVM PREOCUPA-SE COM A PROTECÇÃO DOS INVESTIDORES?

A protecção dos investidores é um dos principais objectivos da CMVM. Trata-se de uma


exigência de funcionamento do próprio mercado. Baseando-se todo o mercado no
apelo à poupança por parte do público, da protecção dos investidores depende a
confiança nos mercados e continuação do investimento em valores mobiliários.

68 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


A CMVM supervisiona os mercados de valores mobiliários e instrumentos financeiros
derivados, mas não garante o mérito ou a oportunidade das decisões de investimento
de cada um. A sua actuação visa apenas garantir a regularidade das decisões de
investir, em termos informativos (a decisão deve ser esclarecida), de igualdade de
oportunidades (impedindo desigualdades informativas e de acesso aos mercados), e de
funcionamento dos mercados (no que respeita à correcta e transparente formação dos
preços).

QUE SERVIÇOS DISPONIBILIZA A CMVM AOS INVESTIDORES?

A CMVM assegura diversos serviços que vão ao encontro das necessidades dos
investidores. Tais serviços são os seguintes:
• O serviço de Apoio ao Investidor,
• O serviço de Mediação de Conflitos,
• O Sistema de Indemnização aos Investidores.
• O seu site na Internet, em www.cmvm.pt

O QUE É O SERVIÇO DE APOIO AO INVESTIDOR?

O serviço de Apoio ao Investidor foi criado pela CMVM para:


• Responder às dúvidas dos investidores;
• Receber e dar seguimento às suas reclamações e queixas, e ainda
• Apoiar a realização de acções de formação dos investidores.
Serviço de Apoio ao Investidor:
- Presta Informação;
- Recebe queixas;
- Promove acções de formação

ESTE SERVIÇO ESCLARECE AS DÚVIDAS DOS INVESTIDORES?

Sim. Através do serviço de Apoio ao Investidor, a CMVM está disponível para


responder a todas as dúvidas que o funcionamento dos mercados de valores
mobiliários possa suscitar.
Se deseja apresentar um pedido de informação à CMVM poderá encontrar, no espaço
do site da CMVM reservado ao Apoio ao Investidor um formulário para a apresentação
deste tipo de pedidos.
Este serviço não retira a obrigação dos intermediários financeiros e dos emitentes de
valores mobiliários de prestar aos investidores todas as informações necessárias para a
tomada de uma decisão de investimento esclarecida.
Os investidores podem, contudo, procurar o serviço de Apoio ao Investidor da CMVM
sempre que tenham dúvidas nomeadamente sobre o seguinte:
• Quem lhes deve prestar a informação ou onde a devem procurar;
• Se determinada pessoa ou empresa está registada na CMVM como banco,
corretora, financeira de corretagem, gestora de patrimónios ou fundos de investi-
mento, podendo, por isso, prestar-lhes serviços de intermediação financeira;
• Se determinada operação foi registada na CMVM;
• A linguagem técnica utilizada nos documentos relativos aos valores mobiliários e
aos mercados; ou ainda
• Os seus direitos.
69 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
8. Investidores

Nestas, como noutras situações, o serviço de Apoio ao Investidor está apto a prestar
aos investidores todos os esclarecimentos necessários.

COMO PODEM OS INVESTIDORES APRESENTAR RECLAMAÇÕES?

A CMVM, através do serviço de Apoio ao Investidor, recebe as reclamações dos


investidores contra as pessoas ou entidades submetidas à sua supervisão.
Antes de se dirigir ao serviço de Apoio ao Investidor para apresentar uma reclamação,
o investidor reclamante deverá, no entanto, contactar a entidade que lhe prestou o
serviço, tentando, dessa forma, resolver o conflito que os opõe.
Para tanto, deverá, em primeiro lugar, manifestar o seu descontentamento à pessoa
com quem lidou directamente no momento da prestação do serviço. Em algumas
situações – designadamente quando existam erros de fácil correcção – este mero
contacto informal poderá ser suficiente para resolver a situação.
Quando, porém, a pessoa com quem o investidor lidou directamente não satisfaça
a sua pretensão, o investidor deverá apresentar formalmente uma reclamação à
entidade em causa.
Os intermediários financeiros são obrigados a implementar internamente os
procedimentos necessários para assegurar a recepção, o encaminhamento e o
tratamento das reclamações dos seus clientes, devendo, antes de iniciar a prestação
de serviços, informar o investidor sobre a forma de os utilizar.
Algumas entidades emitentes dispõem também de «gabinetes de apoio aos
investidores», habilitados a receber e resolver reclamações e queixas.
No caso dos intermediários financeiros, a reclamação de um cliente deverá ser
apreciada por pessoa diferente da que praticou o acto reclamado, devendo ainda estar
expressamente fixados os procedimentos concretos a adoptar na apreciação da
reclamação e o prazo máximo de resposta ao cliente - prazo este que o investidor
deverá conhecer, a fim de controlar a oportunidade da resposta.

QUE PASSOS DEVE DAR O INVESTIDOR PARA APRESENTAR UMA RECLAMAÇÃO?

Quando o investidor reclamante não obtenha resposta da entidade reclamada no prazo


fixado, ou quando a resposta dada não seja satisfatória para o investidor, o passo
seguinte será apresentar a sua reclamação ao Serviço de Apoio da CMVM.
As reclamações, quando dirigidas à CMVM, devem ser efectuadas por escrito, de
forma clara e fundamentada, identificando com rigor a entidade reclamada, os factos
objecto de reclamação e a pretensão que o investidor reclamante pretende ver
satisfeita. Da reclamação deverá ainda constar a identificação completa do investidor
reclamante, incluindo nome e apelido, domicílio e número de telefone.
O investidor deverá fazer acompanhar a sua reclamação com cópias de todos os
documentos respeitantes aos factos invocados e que possam ser úteis à análise da
situação (por exemplo, cópia do contrato de investimento subscrito, correspondência
trocada, extractos de valores mobiliários ou de numerário, etc.) bem como com cópia da
reclamação enviada à entidade reclamada e da resposta eventualmente remetida por
esta entidade.
A CMVM disponibiliza no seu site na Internet, no espaço reservado ao Apoio ao
Investidor, um formulário para a apresentação de queixas/reclamações.

70 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


COMO ACTUA A CMVM PERANTE RECLAMAÇÕES DOS INVESTIDORES?

Ao receber uma reclamação de um investidor, a CMVM faz uma apreciação sumária da


situação e contacta a entidade reclamada, expondo-lhe os factos descritos pelo
investidor bem como o entendimento que eventualmente tenha sobre a matéria. A
CMVM pode simultaneamente formular e dirigir recomendações a ambas as partes,
esclarecendo ainda se considera ou não a conduta da entidade reclamada conforme as
regras do mercado de valores mobiliários.

A CMVM CONTRIBUI PARA A MELHORIA DA FORMAÇÃO DOS INVESTIDORES?

Sim, através do serviço de Apoio ao Investidor, a CMVM apoia a organização e realiza


acções que têm como objectivo melhorar o conhecimento que o público tem sobre os
mercados de valores mobiliários e o seu funcionamento.
Através da edição de livros, guias e brochuras, a CMVM procura proporcionar também
uma ampla difusão da informação necessária ao esclarecimento dos investidores.

COMO PODE CONTACTAR O SERVIÇO DE APOIO AO INVESTIDOR?

O serviço de Apoio ao Investidor funciona de 2.ª a 6.ª feira, entre as 9h30m-12h30m e


as 14h30m-17h00m, podendo ser contactado por um dos seguintes meios:

Presencialmente
Lisboa - Av. da Liberdade, n.º 252, 1056-801, em Lisboa ou
Porto - Rua Dr. Alfredo Magalhães, n.º 8, 5.º, 4000-061,Porto.

Telefonicamente
Através da Linha Verde (gratuita): 800 205 339.
ou dos números de telefone (21) 317 70 00 e (22) 208 44 02.

Por Carta
Para as moradas acima indicadas.

Por fax
Através dos números:
(21) 353 70 77/8 ou (22) 208 43 01.

Por e-mail
Pelo endereço: [email protected]

QUE INFORMAÇÃO É DISPONIBILIZADA NO SITE DA CMVM NA INTERNET?

O site da CMVM na Internet foi criado com o objectivo de prestar informação aos
investidores de forma mais rápida e completa.

71 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


8. Investidores

Por esse meio, a CMVM disponibiliza permanentemente informação, em suporte


acessível aos investidores, sobre as funções e a utilidade dos mercados, sobre as
actividades de intermediação, sobre as sociedades abertas, bem como sobre a
actividade da CMVM, que se pretende cada vez mais transparente.
Os valores mobiliários e os instrumentos financeiros derivados são bens cujo valor
varia em função de diversos factores, entre os quais um vasto conjunto de informações,
como seja:
• Quem emite os valores mobiliários?
• Quais as suas características e as dos mercados em que estão admitidos?
• Como tem evoluído a situação do emitente, que negócios tem realizado e quais
têm sido os seus lucros?
A CMVM divulga através da Internet os factos e elementos de natureza pública que
constem dos respectivos registos ou que lhe sejam obrigatoriamente comunicados no
âmbito da supervisão.
Assim, no site da CMVM na Internet é possível consultar a seguinte informação:
• Informação sobre os registos concedidos pela CMVM: Para saber se
determinada operação foi já registada na CMVM e poder planificar os seus
investimentos, bem como para acompanhar as alterações aos registos das pessoas
e entidades sujeitas à supervisão da CMVM, os investidores têm à sua disposição
esta funcionalidade, que é objecto de actualização diária.
• Informação sobre emitentes: Todas as comunicações feitas aos investidores pelas
entidades emitentes de valores mobiliários são divulgadas através do site da CMVM
na Internet: as contas anuais, semestrais e trimestrais; as comunicações de compra
e venda de acções próprias, a identificação dos principais accionistas das empresas,
sobre aumentos de capital e ofertas públicas, e os calendários para o pagamento de
juros e dividendos, entre outras comunicações contínuas; os factos relevantes; os
relatórios sobre o Governo das Sociedades; ofertas públicas; perda de qualidade de
sociedade aberta; informação sobre admissão à negociação de valores mobiliários:
prospectos de referência e de admissão à negociação (de acções, de obrigações, de
warrants, de certificados e de outros valores mobiliários).
O site da CMVM na Internet tem um papel preponderante na divulgação dos factos
relevantes na vida das empresas (os quais podem alterar os preços dos valores
mobiliários no mercado), já que estas comunicações não podem ser difundidas por
qualquer outro meio antes de o serem por este. Até que ocorra esta divulgação, tem
de ser guardado segredo sobre estes factos.
• Informação sobre fundos de investimento: o site da CMVM na Internet permite
aceder a uma base de dados sobre fundos de investimento mobiliário, fundos de
investimento imobiliário e fundos de titularização de crédito, onde podem ser
consultados, para cada fundo, informação sobre a rendibilidade, o valor diário da
unidade de participação, o resumo da carteira, os prospectos e os relatórios e
contas, o exercício de direitos de voto pelos fundos de investimento mobiliário que
detêm acções; a informação estatística (indicadores de síntese mensais sobre
fundos de investimento mobiliário, informação trimestral sobre gestão de activos); a
informação sobre rendibilidades (através deste link, acede-se aos sites na Internet
das entidades gestoras dos fundos, sendo delas a responsabilidade sobre a
informação divulgada sobre rendibilidade).

72 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


São ainda disponibilizadas as listas de intermediários financeiros autorizados a
comercializar fundos de investimento através da Internet e de participações de
fundos de investimento estrangeiros comercializados em Portugal.
A composição detalhada da carteira de cada fundo de investimento imobiliário cons-
tituído em Portugal é disponibilizada na sua versão actualizada (trimestralmente).
É também disponibilizada informação sobre Fundos de Titularização de Créditos
(informações relevantes e base de dados).
• Informação sobre intermediários financeiros: nesta área os investidores podem
consultar todos os elementos de indentificação dos intermediários financeiros regis-
tados na CMVM e ainda a identificação de outras empresas autorizadas a exercer
intermediação financeira em Portugal sem estarem registadas na CMVM para o efei-
to, bem como as comunicações recebidas pela CMVM de outras entidades de
supervisão sobre esse tipo de empresas. São ainda disponibilizadas listagens com a
seguinte informação: endereços dos intermediários financeiros que prestam serviços
através da Internet e cujos sites foram submetidos à apreciação da CMVM; institui-
ções de crédito e empresas de investimento que exercem actividades de inter-
mediação financeira em Portugal em regime de livre prestação de serviços; participa-
ções qualificadas em intermediários financeiros; prospectores que actuam por conta
de cada intermediário financeiro (e da pessoa registada na CMVM como responsável
pela supervisão da actividade daqueles prospectores).
• Informação sobre mercados de valores mobiliários: lista dos mercados de valo-
res mobiliários, regulamentados e não regulamentados, que se encontram registados
na CMVM.
• Informação sobre consultores autónomos: lista dos consultores autónomos regis-
tados na CMVM, e respostas às questões mais frequentes sobre consultoria autóno-
ma para o investimento em valores mobiliários.

• Informação sobre auditores: lista dos auditores registados na CMVM.

O QUE É O SERVIÇO DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS?

A CMVM dispõe actualmente de um serviço destinado à mediação voluntária de


conflitos entre, por um lado, investidores não institucionais e, por outro, intermediários
financeiros, consultores autónomos, entidades gestoras de mercados, entidades
gestoras de sistemas e emitentes.
Trata-se, como o próprio nome indica, de um meio de resolução de conflitos que se
caracteriza pela intervenção junto das pessoas em litígio e fora dos tribunais, de uma
terceira pessoa ou entidade imparcial - o mediador - cuja função é colocá-las em
contacto e, eventualmente, apresentar-lhes propostas para que elas estabeleçam um
acordo de resolução do conflito em que se encontram.
As partes apenas submetem ao mediador um determinado litígio, se assim o
entenderem. Podem, da mesma forma e a todo o tempo, desistir do processo de
mediação. Contudo, o serviço de Mediação de Conflitos da CMVM não paga
indemnizações aos investidores. À excepção das situações apreciadas pelo Sistema de
Indemnização aos Investidores, só os tribunais judiciais têm competência para apreciar
se os intermediários financeiros, os consultores autónomos, as entidades gestoras
de mercados ou os emitentes devem ser condenados a esse pagamento, e para os
condenar. Por outro lado, tenha em consideração que nem a apresentação de
73 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
8. Investidores

reclamação perante a CMVM nem o recurso ao serviço de Mediação de Conflitos da


CMVM suspendem ou interrompem os prazos para o investidor propor uma acção nos
tribunais judiciais, pedindo a condenação das entidades referidas ao pagamento da
indemnização que pretende. O investidor deve estar, por isso, atento ao decurso
desses prazos.

QUEM É QUE PODE DESENCADEAR A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS?

O procedimento de mediação voluntária de conflitos inicia-se mediante solicitação


expressa de um investidor não institucional ou de uma associação de defesa dos
investidores, dirigida à CMVM, em que se descreva o objecto do litígio, a pretensão e
os seus fundamentos e a entidade ou entidades visadas.

QUAIS OS PROCEDIMENTOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS?

A mediação utiliza procedimentos simples e informais. Uma vez aceite o pedido de


mediação pela entidade contra a qual se reclama o mediador marca uma audiência com
os interessados e estipula a agenda de mediação, estabelecendo os passos que
conduzirão ao acordo das partes. O processo termina quando as partes celebram um
acordo escrito que resolve o diferendo que as opunha, com a satisfação da pretensão
do requerente, com a desistência de qualquer das partes, ou quando o mediador
conclua fundadamente pela impossibilidade de um acordo.

QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS?

O procedimento de mediação caracteriza-se por ser imparcial. A mediação será


conduzida de forma isenta e equidistante, sem favoritismos e sem que haja conflito de
interesses entre o mediador (e a sua equipa) e os mediados.
O procedimento de mediação é rápido, o que constitui uma das maiores vantagens da
mediação. Tal não obsta, no entanto, a que sejam fixados prazos para as necessárias
sessões de mediação. Como já se disse, a apresentação de um pedido de mediação
não interrompe os prazos para propor acções nos tribunais judiciais, devendo ser
acauteladas eventuais situações em que a entidade reclamada aceita a mediação
apenas para garantir o decurso do prazo de interposição da acção, sem ter qualquer
intenção de vir a chegar a acordo com o investidor reclamante.
O procedimento de mediação é gratuito, o que significa que os mediados não terão de
pagar quaisquer taxas ou despesas pela prestação deste serviço.
Por fim, o procedimento da mediação é confidencial, o que significa que existe um
dever de segredo por parte do mediador e de toda a sua equipa, relativamente às
informações que obtenham no decurso da mediação.

COMO SE RESOLVE O CONFLITO NA MEDIAÇÃO?

A solução eventualmente apresentada pelo mediador às partes é sempre proposta e


nunca imposta. No entanto, uma vez resolvido o litígio entre as partes, é reduzido a
escrito o acordo a que chegaram, e este acordo passa a ter a natureza de transacção
extrajudicial, servindo, designadamente, como título executivo caso a pessoa
prejudicada tenha de recorrer aos tribunais judiciais a fim de assegurar o eventual
pagamento de qualquer quantia em dívida.

74 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


O QUE É O SISTEMA DE INDEMNIZAÇÃO AOS INVESTIDORES?

O Sistema de Indemnização aos Investidores foi criado com o objectivo de proteger


especialmente os “pequenos investidores", garantindo o pagamento dos montantes que
lhes são devidos por um intermediário financeiro que não tenha capacidade financeira
para restituir ou reembolsar os instrumentos financeiros depositados ou confiados para
gestão, ou o dinheiro entregue expressamente destinado a ser investido em
instrumentos financeiros.
O Sistema de Indemnização aos Investidores pode ser accionado em situações de incapacidade
financeira de um intermediário financeiro. Só o Banco de Portugal pode verificar essa incapacidade
financeira.

A incapacidade financeira da entidade participante no Sistema deve ser verificada pelo


Banco de Portugal, ouvida a CMVM, no prazo máximo de 21 dias após ter sido gerada
a situação de incumprimento face ao investidor.
O Sistema será também accionado quando o Banco de Portugal divulgue publicamente
a decisão de revogar a autorização para o exercício da actividade concedida à entidade
participante.

O SISTEMA PAGA INDEMNIZAÇÕES?

O montante das indemnizações é calculado com base no valor dos instrumentos


financeiros à data do accionamento do Sistema, não sendo compensadas eventuais
desvalorizações.
O Sistema garante o reembolso até ao limite de € 25.000 por cada investidor, sendo
este limite estabelecido por investidor e não por conta. Assim, por exemplo, se numa
conta com 3 titulares estiverem registados ou depositados valores mobiliários no valor
de € 100.000, o montante máximo da indemnização seria, todavia, de € 75.000
(€ 25.000 por cada investidor).
A indemnização é paga aos investidores no prazo máximo de três meses (ou,
excepcionalmente, seis meses) contados da verificação da admissibilidade dos créditos
e uma vez apurado o montante em dívida.

QUAIS AS ENTIDADES QUE PARTICIPAM NO SISTEMA DE INDEMNIZAÇÃO?

Participam no Sistema:
• As empresas de investimento e as instituições de crédito (bancos) autorizadas a
efectuar operações de investimento, com sede em Portugal;
• As empresas de investimento e as instituições de crédito com sede fora da União
Europeia, relativamente aos créditos decorrentes das operações efectuadas pelas
suas sucursais em Portugal, a menos que aqueles já se encontrem cobertos por
outro sistema de indemnização, em termos equivalentes aos proporcionados pelo
sistema português; e
• As empresas de investimento e as instituições de crédito com sede noutro país da
União Europeia, se a garantia oferecida pelo Sistema português for mais favorável
do que a garantia oferecida pelo Sistema em que participem nos seus que a
garantia oferecida pelo Sistema em que participem nos seus países de origem.

75 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


8. Investidores

O QUE É A ACÇÃO POPLAR?

A fim de obter indemnização por danos que tenha sofrido, um investidor terá, na maioria
das vezes, de recorrer aos tribunais. Mas os investidores não institucionais, as
associações de defesa dos investidores e as fundações que tenham por fim a sua
protecção, podem também lançar mão de uma acção popular.
Podem recorrer à Acção Popular os investidores não institucionais, as associações de defesa dos
investidores e as fundações de defesa dos investidores.

A acção popular, no âmbito do Mercado de Valores Mobiliários, consiste no direito de


recurso aos tribunais judiciais a fim de garantir a tutela de interesses individuais
homogéneos ou colectivos dos investidores não institucionais.
Em caso de sucesso de uma acção popular civil, relativamente aos investidores
lesados que não tenham intervindo na acção e não se encontrem individualmente
identificados, será fixada uma indemnização global cujo montante é entregue a uma
pessoa ou entidade encarregada de distribuir o dinheiro à medida que forem sendo
identificados os investidores prejudicados.
Se determinadas indemnizações não forem pagas por razões de prescrição ou de
impossibilidade de identificação dos investidores lesados, as mesmas revertem para o
fundo de garantia relacionado com a actividade em que se insere o facto que sustenta
o pedido de indemnização ou, não existindo tal fundo de garantia, o sistema de
indemnização aos investidores.

SE É INVESTIDOR, TOME AS SEGUINTES PRECAUÇÕES:

• Dirija-se apenas a intermediários financeiros (banco,


sociedade corretora, financeira de corretagem, gestora de
patrimónios ou gestora de fundos de investimento)
registados na CMVM. Verifique em www.cmvm.pt se o
intermediário financeiro está registado na CMVM. Se
pretende realizar algum investimento através da Internet,
verifique se o site foi submetido à apreciação da CMVM.
• Como investidor, tem o direito de ser informado e esclarecido pelos
intermediários financeiros quanto às possibilidades de investimento. Faça
perguntas sobre os rendimentos de cada aplicação e sobre o nível de risco e
vantagens associados a uma determinada decisão de investimento. Peça
esclarecimento para todas as suas dúvidas.
• A informação prestada deverá ser adequada à sua situação económica e deverá
ser tão mais detalhada e simples quanto menores sejam os seus conhecimentos
sobre os mercados de valores mobiliários.
• Peça documentos, em particular os prospectos, relativos aos valores mobiliários
que pensa adquirir e leia-os. Não deixe esse trabalho para mais tarde. Toda a
informação está contida nos documentos. Se a leitura dos documentos só for
feita depois de realizada a aplicação, pode já não ser possível desistir do
investimento. Nunca decida sem ter um conhecimento completo de toda a
informação publicada.

76 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


• Seja prudente com os relatórios de análise financeira (research) e as
recomendações de investimento. Peça ao intermediário financeiro que lhe
indique qual é a informação divulgada pelos emitentes dos valores mobiliários e
quais os estudos e previsões que são feitos a partir desses documentos.
• Pergunte quais são os aspectos que podem contribuir para uma maior ou menor
rendibilidade do seu investimento. Se o risco for maior ou menor do que aquele
que pretende assumir, peça para lhe ser indicada outra opção de investimento.
• Verifique os preços (comissões) praticados por cada intermediário financeiro pela
prestação dos vários serviços. Pergunte quanto custa realizar determinada
operação. Questione sobre outras taxas ou impostos que incidam sobre o seu
investimento.
• Peça sempre que a informação lhe seja prestada por escrito. O «diz que disse»
não lhe permite demonstrar nada.
• Os investidores têm direito de pedir cópia de todos os documentos que assinem
aquando do investimento efectuado e têm o direito de pedir ao intermediário
financeiro que reduza a escrito, em documento datado, assinado e carimbado, as
informações que lhe transmitiu e que formaram a base da sua decisão de
investir.
• Como investidor, tem o direito de ser informado sobre a execução e os
resultados das operações que tenha ordenado, bem como sobre a ocorrência de
dificuldades ou inviabilidade de execução da operação e ainda sobre quaisquer
circunstâncias que possam justificar a modificação, revogação ou recusa das
ordens transmitidas, quando tal seja o caso. Acompanhe a evolução do valor
mobiliário antes e durante o investimento, para reavaliar os seus investimentos
sempre que necessário.
• Se não quer assumir um elevado grau de risco, não «ponha todos os ovos no
mesmo cesto». Investir todo o seu dinheiro no mesmo tipo de valores mobiliários
pode significar um risco acrescido. Se diversificar o seu investimento, os ganhos
apresentados por uns valores mobiliários poderão compensar as perdas sofridas
com outros.
• Tenha presente o facto de o investimento em valores mobiliários ser normalmente
um investimento de longo prazo (à excepção de certos investimentos, como por
exemplo os fundos de tesouraria, que têm uma natureza de curto prazo) e que as
rendibilidades obtidas no passado não representam qualquer garantia de
obtenção de rendibilidades semelhantes no futuro.
• Se tiver contraído um empréstimo para comprar valores mobiliários tenha em
conta que, às perdas verificadas pode ainda acrescer uma dívida avultada
resultante dos juros entretanto vencidos.
• Consulte o site da CMVM na Internet. Acompanhe as notícias publicadas nos
jornais e os anúncios divulgados pelas empresas. Se algum facto lhe suscitar
dúvidas, contacte o seu intermediário financeiro ou o serviço de Apoio ao
Investidor da CMVM, presencialmente, por telefone, por fax ou por correio
electrónico, e faça perguntas.
• Se um determinado serviço não lhe é prestado com qualidade, reclame. Os
investidores têm o direito de ser informados sobre os procedimentos internos
adoptados pelos intermediários financeiros para o recebimento e tratamento de
reclamações e ainda sobre os prazos estimados de resposta a essas
reclamações.
77 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
8. Investidores

• Se a sua reclamação não tem o tratamento adequado, dirija-se ao serviço de


Apoio ao Investidor da CMVM e reclame novamente. Não pense que «não vale a
pena reclamar porque ninguém faz nada». A CMVM só poderá defender os seus
legítimos interesses se lhos der a conhecer.
• Se sofreu um prejuízo causado pela violação dos deveres de outra pessoa ou
entidade, responsabilize-a. Pode ter direito a uma indemnização. Reclame e
prontifique-se a levar a questão até às últimas consequências.
• Associe-se a outros investidores. Participar em associações não aumenta a sua
razão em caso de conflito; porém, o contacto com outros investidores permite-lhe
ficar a saber aspectos que provavelmente desconhece e recorrer a certos meios
que as leis reservam às associações de defesa dos investidores (o diploma que
regula actualmente as associações de defesa dos investidores é o Decreto-Lei
n.º 294/2003, de 21 de Novembro).

78 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


GLOSSÁRIO

Activo subjacente: activo que serve de base a outros instrumentos financeiros, como
sejam os futuros, as opções e os warrants autónomos.

Assembleia geral: órgão das sociedades anónimas em que participam os detentores


de acções, um representante dos detentores de obrigações e um representante dos
detentores de títulos de participação.

BdP: Banco de Portugal

Call: termo utilizado para referir o direito que está incorporado em determinados
instrumentos financeiros, como warrants autónomos e opções. A call representa,
genericamente, o direito de comprar o activo subjacente.

Carteira (de activos; de valores mobiliários; do fundo): conjuntos de bens (valores


mobiliários, imóveis ou dinheiro).

Certificados: valores mobiliários que atribuem ao titular o direito a receber em dinheiro


o valor de determinado activo subjacente nas condições fixadas na deliberação de
emissão.

CMVM: Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Cotação: preço de um valor mobiliário formado no mercado de bolsa a contado e que


resulta do encontro da oferta e da procura.

Day-trade (negociação diária): expressão usada para designar a compra, num


determinado dia, seguida da venda, nesse mesmo dia, dos mesmos valores
mobiliários.

Dividendos: montante em dinheiro que os titulares de acções recebem, a título de


participação nos lucros das empresas. A sua distribuição (e respectivo pagamento)
depende da existência de lucros e da política de distribuição de dividendos seguida por
cada sociedade.

79 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Glossário

Emissão: operação pela qual os valores mobiliários são criados e oferecidos aos
investidores que os queiram adquirir. A emissão e subscrição são operações que
ocorrem no mercado primário. Este opõe-se ao mercado secundário de que o exemplo
mais conhecido é o mercado de bolsa.

Ex-direitos: expressão utilizada quando se verifica a negociação de um valor


mobiliário, normalmente acção, sem um direito que lhe esteve associado na emissão.
Por exemplo, sem o direito ao recebimento de dividendos, ou sem o direito de
subscrição/incorporação de acções atribuído no âmbito de uma operação de aumento
de capital.

Exercício automático: as opções e os warrants autónomos podem ou não ter


exercício automático na maturidade. Ter exercício automático significa que o emitente
procede ao pagamento devido ao titular do warrant ou da opção sem que este tenha
de manifestar a sua intenção de o exercer.

FIFO: First In First Out, que corresponde a um dos métodos de custeio das vendas e
que significa que, na venda de valores mobiliários, deve considerar-se que se estão a
vender aqueles que foram adquiridos há mais tempo.

Free float: proporção do número de acções dispersas e disponíveis para negociação


no mercado face à totalidade do capital social admitido à negociação em bolsa.

FTSE: Financial Times Stock Exchange. É a abreviatura usada para designar o índice
do mercado accionista londrino (London Stock Exchange), vulgarmente conhecido por
Footsie.

Fundos (de investimento/OIC) abertos: são fundos em que o número de unidades de


participação é variável, uma vez que em qualquer momento se podem realizar
subscrições e resgates.

Fundos (de investimento/OIC) fechados: são fundos cujo número de unidades de


participação é fixo, ocorrendo apenas o reembolso na data de liquidação do fundo.

Futuro: contrato de compra ou de venda de um activo num determinado momento


futuro a um preço específico acordado hoje. Os contratos são estandardizados, ou seja,
padronizados quanto a quantidades, data de entrega e localização. É um instrumento
financeiro derivado.

Instrumentos Financeiros: a expressão inclui valores mobiliários e instrumentos


financeiros derivados (nomeadamente, futuros e opções).

condições

80 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Instituições de Crédito: empresas cuja actividade consiste em receber do público
depósitos ou outros fundos reembolsáveis a fim de os aplicarem por conta própria
mediante a concessão de crédito. São instituições de crédito os bancos, as caixas
económicas, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, as caixas de crédito agrícola
mútuo, as sociedades de investimento, as sociedades de locação financeira, as
sociedades de factoring, as sociedades financeiras para aquisição a crédito, as
sociedades de garantia mútua, as instituições de moeda electrónica e outras empresas
que como tal sejam qualificadas pela lei.

Intermediário financeiro: empresa que presta serviços relacionados com os mercados


de valores mobiliários a investidores ou a outras empresas.

ISP: Instituto de Seguros de Portugal.

LIFO: Last In First Out, que corresponde a um dos métodos de custeio das vendas e
que significa que, na venda de valores mobiliários, deve considerar-se que se estão a
vender aqueles que foram adquiridos mais recentemente.

Liquidação: concretização de uma operação realizada nos mercados, que envolve a


entrega dos valores mobiliários ao comprador (liquidação física) e do dinheiro ao
vendedor (liquidação financeira).

Maturidade: a maturidade ou data de maturidade é o período ou momento durante o


qual ou até ao qual o direito contido num determinado instrumento financeiro pode ser
exercido ou é válido. O termo utiliza-se não só para referir uma data em concreto (data
de maturidade) como um período de tempo e é usado, por exemplo, para warrants
autónomos, opções, futuros e obrigações.

MCO: Mercado de Cotações Oficiais.

MEDIP: Mercado Especial de Dívida Pública.

Mercado a contado: mercado no qual as operações realizadas se traduzem numa


entrega quase imediata ao investidor dos valores e dinheiro relativos os respectivos
negócios.

Mercado a prazo: mercado onde se realizam operações a prazo, nomeadamente


futuros, opções, reportes e empréstimos de valores mobiliários, cuja liquidação ocorre
num prazo mais longo (na data de vencimento dos contratos).

81 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Glossário

Obrigações de cupão zero: são aquelas em que o pagamento dos juros é feito na
maturidade, conjuntamente com o reembolso do capital investido, e não durante a vida
do empréstimo.

OPA: Oferta Pública de Aquisição.

OPS: Oferta Pública de Subscrição.

OPT: Oferta Pública de Troca.

OPV: Oferta Pública de Venda.

OTC: Over-the-counter, expressão que significa fora de mercado.

Opção: instrumento financeiro derivado que dá ao seu detentor o direito, mas não a
obrigação, de comprar ou vender um determinado activo, num determinado momento
futuro a um preço acordado hoje.

Ordens: instruções dadas pelos investidores aos intermediários financeiros para a


realização de operações.

Preço de exercício (strike price): corresponde, no caso das opções e warrants


autónomos, ao preço (cotação ou outro referencial que conste das condições do
instrumento em causa) ao qual o detentor da opção ou do warrant tem o direito de
adquirir/alienar o activo subjacente. Exercer uma opção ou um warrant autónomo
significa fazer valer, perante o emitente, o direito de comprar ou vender o activo
subjacente.

Preço do activo subjacente: a determinação do preço do activo subjacente é feita de


acordo com as indicações contidas na ficha técnica do instrumento financeiro.
Normalmente é utilizada uma média de preços formada em mercado ou um preço do
activo subjacente em mercado a contado.

PSI-20: PSI são as iniciais de Portuguese Stock Index ou Índice Português de Acções.
20 é o número das emissões consideradas no cálculo desse índice.

Put: o termo é utilizado para referir o direito que está incorporado em determinados
instrumentos financeiros, como warrants autónomos e opções. Assim se fala em
put warrant e put option. A put representa, genericamente, o direito de vender o activo
subjacente.

82 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Reembolso e resgate: os dois termos são parecidos: significam que o investidor
recebe o valor a que tem direito. Por exemplo, o reembolso de uma obrigação é o
pagamento ao investidor do valor a que tem direito a receber. Quando se diz que uma
obrigação foi reembolsada, isso significa que foi paga, que o emitente devolveu ao
investidor o valor que este tinha inicialmente investido. O termo resgate, apesar de ter
também este sentido, é mais aplicado ao acto de exigir à entidade gestora de um fundo
de investimento o reembolso do valor das unidades de participação que se detêm. (Nos
fundos de investimento existe a realidade do reembolso do valor das unidades de
participação, em caso de liquidação do fundo).

Reservas: são montantes que ficam retidos na sociedade para utilização futura. Podem
ser usadas fundamentalmente para cobertura de prejuízos bem como para
incorporação no capital social (através de um aumento de capital por incorporação de
reservas).

Subscrição: é uma forma de aquisição de valores mobiliários. Os valores podem ser


adquiridos mediante uma operação de compra e venda (por exemplo, em mercado de
bolsa) ou directamente ao emitente (ou a um intermediário financeiro que o represente).
Quando os valores são emitidos, a operação pela qual são adquiridos pelo investidor é
a subscrição. Quando os valores já existem, não são objecto de subscrição, mas de
aquisição.

Taxa Global de Custos (TGC): percentagem do valor líquido global do fundo de


investimento/OIC que a soma dos custos suportados pelo fundo representa. Os custos
somados são a comissão de gestão, a comissão de depósito, a taxa de supervisão e
outros custos operacionais, sendo excluídos os custos de transacção.

Valores mobiliários condicionados por eventos de crédito: valores mobiliários que


atribuem um direito de crédito ao titular que é condicionado pelos eventos de crédito
descritos na deliberação de emissão.

Valores mobiliários convertíveis por opção do emitente: valores mobiliários que,


atribuindo um direito de crédito ao titular, permitem ao emitente cumprir a sua obrigação
na data de vencimento, alternativamente, nos termos fixados na deliberação de
emissão, mediante pagamento em dinheiro do valor nominal do valor mobiliário
convertível por opção do emitente ou mediante a entrega de acções ou obrigações ou
do seu contravalor em dinheiro.

Valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis: valores mobiliários que,


atribuindo um direito de crédito ao titular, obrigam o emitente a uma entrega de acções
ou obrigações na data de vencimento, nos termos fixados na deliberação de emissão.

83 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


Glossário

Valor nominal: traduz o valor facial do valor mobiliário, ou seja, o valor que aparece
impresso no título ou inscrito no registo informático junto do intermediário financeiro.

Vencimento e amortização: os dois termos têm uma característica em comum:


referem-se à extinção dos direitos que um valor mobiliário confere. Quando se diz, por
exemplo, que uma obrigação chegou ao dia de vencimento ou ao dia de maturidade,
isso significa que próximo dessa data o investidor receberá o valor a que tem direito e
que a partir desse momento a obrigação desaparece, caduca.

Warrants: valores mobiliários que conferem direitos ou deveres relativos a outros


valores mobiliários, índices, taxas de juro ou outros instrumentos financeiros.

84 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


CMVM - COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
AVENIDA DA LIBERDADE, N.º 252
1056 - 801 LISBOA
TELEFONE: 21 317 70 00
FAX: 21 353 70 77
E-MAIL: [email protected]
WEB SITE: www.cmvm.pt

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