Guia Do Investidor CMVM
Guia Do Investidor CMVM
Guia Do Investidor CMVM
Índice
Apresentação.................................................................................. 03
1. A CMVM................................................................................. 04
2. Valores Mobiliários................................................................. 09
3. Ofertas Públicas..................................................................... 23
6. Intermediários Financeiros..................................................... 46
7. Fundos de Investimento......................................................... 56
8. Investidores............................................................................. 70
Glossário......................................................................................... 83
Apresentação
A QUEM SE DESTINA?
Se a leitura deste Guia suscitar alguma dúvida, poderá contactar a CMVM através da
Linha Verde do serviço de Apoio ao Investidor (800 205 339) ou através de correio
electrónico, pelo endereço [email protected]. Nos cadernos n.º 1 e n.º 8 deste Guia são
descritas as várias formas de contacto com a CMVM e com o seu serviço de Apoio ao
Investidor.
O QUE É A CMVM?
O QUE É A SUPERVISÃO?
O QUE É A REGULAÇÃO?
O QUE É A COOPERAÇÃO?
Telefonicamente
Através da Linha Verde do serviço de Apoio ao Investidor (800 205 339) ou através
dos números de telefone:
(21) 317 70 00 e (22) 208 44 02
Por fax
Através dos números:
(21) 353 70 77/8 ou (22) 208 43 01.
As letras e as livranças são exemplos de outros documentos que representam direitos e deveres e que
podem ser comprados e vendidos. No entanto, não são valores mobiliários.
Os valores mobiliários que fazem parte de uma mesma emissão conferem aos seus
titulares os mesmos direitos e deveres.
Os documentos que representam os valores mobiliários podem ser títulos em papel
(valores mobiliários titulados) ou registos informáticos semelhantes aos registos de
dinheiro junto dos bancos (valores mobiliários escriturais). Estes últimos facilitam a
circulação dos valores, são mais seguros e possibilitam um exercício de direitos mais
eficiente.
2.1 AS ACÇÕES
Ter acções de uma sociedade significa ser accionista, o que confere ao investidor um
conjunto de direitos sobre a sociedade. Estes direitos variam em função do número e
da categoria de acções detidas.
Avaliar uma acção consiste em determinar o seu preço justo, que deve reflectir o valor
da empresa. A cotação das acções num mercado de bolsa tende a aproximar-se do
valor efectivo da empresa, na medida em que o preço incorpora toda a informação exis-
tente sobre a mesma.
A avaliação de acções é complexa por duas razões:
• As variações das principais fontes de rendibilidade das acções de uma empresa
cujas acções são negociadas em mercado (dividendos e mais-valias de capital)
são difíceis de prever; e
• O risco pode variar de acção para acção, dependendo de um conjunto bastante
diferenciado de factores, como por exemplo a evolução das taxas de juro, o
comportamento de outras empresas e mercados, etc.
11 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
2. Valores Mobiliários
O valor nominal das acções é o valor inscrito no título ou no registo e tem apenas relevância contabilísti-
ca. A soma do valor nominal da totalidade das acções corresponde ao capital social da empresa.
2.2 AS OBRIGAÇÕES
As obrigações são valores mobiliários com uma duração limitada que representam uma
parte de um empréstimo contraído por uma empresa ou entidade junto dos investidores.
Ter obrigações significa, portanto, ser credor de um emitente. Decorrido um determina-
do período, o investidor terá direito a receber o valor que inicialmente investiu e periodi-
camente receberá juros, se estes tiverem sido acordados.
Consoante os tipos de obrigações, no momento da emissão são fixados:
• O valor nominal, que corresponde ao valor que será reembolsado no final do res-
pectivo prazo;
• O prazo do empréstimo e, por conseguinte, a duração das obrigações;
• A existência e periodicidade do pagamento de juros;
• A taxa de juro aplicável (fixa ou variável).
O valor nominal das obrigações é o valor inscrito no título ou no registo e corresponde ao montante do
empréstimo que será restituído ao investidor no final do prazo.
Avaliar uma obrigação consiste em determinar o seu preço justo, que pode não coincidir
com o seu valor nominal ou com o valor a que é comprada e vendida. O preço de uma
obrigação deve corresponder ao valor actual dos rendimentos a gerar no futuro (soma
dos juros periódicos e reembolso).
Os warrants autónomos são valores mobiliários com uma duração limitada que confe-
rem ao investidor um direito sobre outros valores mobiliários ou activos financeiros,
designados “activo subjacente”.
Por exemplo, uma emissão de warrants autónomos sobre acções pode conferir ao investidor o direito a
comprar ou a vender essas acções numa data pré-determinada.
Esses activos podem ser, nomeadamente, acções, obrigações, índices bolsistas, taxas
de juro ou taxas de câmbio.
14 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
O investidor tem sempre a possibilidade de optar por exercer ou não o seu direito. O
warrant confere, portanto, um direito e não uma obrigação.
No investimento em warrants, o período de exercício é essencial. Ao contrário do investimento em
acções ou obrigações, em que o não exercício de direitos não implica a perda dos valores, no
investimento em warrants o não exercício pode implicar a perda total de eventuais ganhos.
Os warrants podem ser emitidos por bancos, pela Caixa Económica Montepio Geral,
pela Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, por sociedades de investimento, pelo
Estado, por sociedades anónimas (desde que os activos subjacentes sejam valores
mobiliários próprios) e por outras instituições de crédito e sociedades financeiras
de corretagem previamente autorizadas pelo Banco de Portugal. Podem ainda emitir
warrants autónomos as entidades que tenham uma garantia prestada por outra
entidade idónea.
Alguns valores mobiliários conferem direitos que podem ser destacados e negociados
separadamente, por exemplo, em bolsa. Estes direitos destacados são valores mobiliá-
rios e têm como principal característica o prazo de duração muito curto.
São direitos destacados, por exemplo, os direitos de subscrição e os direitos de incor-
poração.
O Caderno n.º 5 deste Guia contém informação sobre a negociação autónoma de direitos de subscrição.
Das acções existentes são destacados novos valores mobiliários, chamados direitos de
subscrição. Estes valores mobiliários são negociados separadamente das acções,
normalmente durante um mês, e conferem aos investidores o direito a subscrever
novas acções da sociedade, ao preço que for fixado na deliberação de emissão.
No fim do período em que podem ser negociados ou exercidos, os direitos de subscri-
ção caducam, deixando de existir.
Todas as empresas podem destinar anualmente uma parte dos lucros para constituição
de reservas, devendo a reserva atingir pelo menos 1/5 do capital social. Essa reserva
pode ser incorporada no capital social, dando lugar à emissão de novas acções e à
atribuição de “direitos de incorporação” aos accionistas.
Ao contrário do que sucede nos direitos de subscrição, nos direitos de incorporação o
titular não tem de pagar para receber as acções.
Os direitos de incorporação podem, nalgumas situações, ser negociados autonoma-
mente.
2.8 OS CERTIFICADOS
Os certificados são valores mobiliários que têm uma duração limitada e atribuem aos
investidores o direito a receber em dinheiro o valor de um activo subjacente numa data
determinada.
Podem emitir certificados os bancos, a Caixa Económica Montepio Geral, a Caixa Cen-
tral de Crédito Agrícola Mútuo e as sociedades de investimento.
Os valores mobiliários convertíveis por opção do emitente são valores mobiliários com
uma duração limitada que dão à empresa que os emite a possibilidade de escolher
entre:
• Entregar ao investidor uma determinada quantia em dinheiro, correspondente ao
valor nominal do valor mobiliário; ou
• Entregar ao investidor uma determinada quantidade de acções ou obrigações ou
o respectivo valor em dinheiro na data fixada para a entrega.
As acções e obrigações só podem ser entregues ao investidor se o valor do
activo subjacente for inferior ao valor de referência fixado na altura da emissão. À
semelhança dos certificados e dos valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis, o
investimento em valores mobiliários convertíveis por opção do emitente pode implicar a
perda total do montante investido.
Apesar de o investidor só poder vir a receber acções ou obrigações, o activo
subjacente aos valores mobiliários convertíveis por opção do emitente pode ser
constituído por acções e obrigações (as que podem ser entregues ou outras), índices
de valores mobiliários, índices de índices ou cabazes de mobiliários. Assim, o
investidor tem de acompanhar, quer a evolução do activo subjacente, quer a do activo
que lhe pode ser entregue, para poder tomar as suas decisões de investimento.
Podem emitir valores mobiliários convertíveis por opção do emitente os bancos, a Caixa
Económica Montepio Geral, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, e outras
entidades que apresentem garantia adequada.
É possível desenhar uma hipótese semelhante caso a previsão sobre a evolução das
acções seja de descida.
Este tipo de contratos designa-se “contratos de futuros”. São, portanto, contratos
padronizados de compra e venda a prazo, pelo qual duas partes (o comprador e o
vendedor) acordam um preço relativo a uma transacção futura de determinado produto
ou activo.
Retomando o mesmo exemplo, um investidor que tenha hoje 100 acções cuja cotação
é de 1 euro, pode celebrar hoje também um contrato que lhe confira o direito a vender,
se assim o entender, passados 12 meses, a 1 euro e 10 cêntimos.
Se a cotação das acções se mantiver ou descer no final desse período, o investidor,
descontando o valor pago pelo contrato, poderá vender as acções assegurando uma
determinada rendibilidade. Se, pelo contrário, a cotação das acções subir poderá optar
por não as vender a esse preço, efectuando a venda na bolsa a uma cotação mais
elevada.
Outro investidor que preveja uma subida da cotação das mesmas acções, no prazo de
12 meses, para 1 euro e 20 cêntimos, pode também celebrar hoje um contrato que lhe
confira o direito de comprar essas acções no final dos 12 meses a 1 euro e 10
cêntimos.
Se a sua expectativa se confirmar e não tiver celebrado este contrato, para adquirir as
acções o investidor terá que as comprar em bolsa pagando 1 euro e vinte cêntimos
pelas mesmas.
Celebrando este contrato, o investidor poderá comprá-las a 1 euro e 10 cêntimos,
tirando partido da sua previsão e beneficiando da diferença entre esse valor e a
cotação, ou seja 10 cêntimos, descontado do preço pago pelo contrato. Caso as
cotações desçam, o investidor pode optar por não comprar, perdendo, nesse caso, o
preço pago pelo contrato.
Este tipo de contratos chama-se “opções”. São também contratos estabelecidos entre
duas partes pelos quais o comprador adquire o direito de comprar (opção de compra ou
call option) ou de vender (opção de venda ou put option), durante um certo período
de tempo, um activo (activo subjacente) por um preço estabelecido no momento de
celebração do contrato (o preço de exercício), pagando para isso um prémio.
Da definição de opção podem distinguir-se quatro posições possíveis que o investidor
pode assumir num investimento em opções, em particular:
Opção Opção
de COMPRA de VENDA
Paga o prémio e Paga o prémio e
Comprador adquire o direito de comprar um adquire o direito de vender um
activo ao preço de exercício activo ao preço de exercício
Recebe o prémio e Recebe o prémio e assume o
Vendedor assume o compromisso de compromisso de comprar um
vender um activo ao preço de activo ao preço de exercício
exercício
Uma oferta pública no mercado de capitais é uma proposta de negócio feita ao mesmo
tempo à generalidade dos investidores. O nome dado aos vários tipos de ofertas varia
consoante o tipo de negócio proposto. Existem os seguintes tipos de ofertas:
• A oferta pública de subscrição (OPS), em que uma empresa ou fundo de
investimento que vai emitir valores mobiliários (acções, obrigações ou unidades
de participação) propõe à generalidade dos investidores que os subscrevam
(comprando);
As ofertas públicas de subscrição visam captar as poupanças de um grande número de investidores e
assegurar, dessa forma, o financiamento de novas empresas, criadas para desenvolver projectos
económicos de grande envergadura, ou permitir às empresas cotadas a realização de novos
investimentos mediante o aumento do seu capital social.
A realização de uma oferta pública de subscrição não implica necessariamente a possibilidade de
negociação em bolsa dos valores emitidos.
Para aceitar uma oferta pública é necessário transmitir uma ordem a um intermediário
financeiro e preencher um documento escrito, salvo nos casos em que a CMVM tenha
autorizado a transmissão telefónica das ordens.
A ordem de aceitação só pode ser recebida pelos intermediários financeiros após o
registo da oferta na CMVM.
Só podem aceitar ordens dos investidores para aceitação de ofertas os intermediários financeiros
autorizados a prestar os serviços de execução ou transmissão de ordens por conta de outrem, ou de
gestão de carteiras por conta de outrem.
Sempre que uma empresa ou uma pessoa toma a decisão de lançar uma oferta pública
de aquisição sobre valores de outra empresa, deve publicar um anúncio preliminar
indicando:
• O seu nome ou denominação;
• O nome da empresa sobre cujos valores incide a oferta;
• Quais os valores que pretende comprar;
• O preço oferecido;
• A percentagem de direitos de voto que já possui nessa sociedade ou que lhe
podem ser imputados.
• O intermediário financeiro que presta assistência à oferta, se já tiver sido indicado.
A empresa que lança a oferta, a empresa visada na oferta, os seus accionistas e mem-
bros dos órgãos sociais, e ainda todas as pessoas que lhes prestam serviço devem
guardar segredo sobre a preparação da oferta até à publicação do anúncio preliminar.
Os anúncios preliminares de ofertas públicas são divulgados no site da CMVM na Inter-
net em www.cmvm.pt.
O QUE É O RATEIO?
O rateio é uma forma de repartir os valores mobiliários nas situações em que não são
suficientes para satisfazer a totalidade das ordens transmitidas pelos investidores nas
ofertas públicas.
Ou seja, o facto de um investidor dar uma ordem de subscrição (numa OPS) ou de
compra (numa OPV) de uma determinada quantidade de valores não quer dizer que
25 Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
venha necessariamente a subscrever ou comprar essa quantidade. Havendo mais
ordens de aceitação da oferta do que valores, é preciso fazer um rateio.
Para assegurar a igualdade de tratamento dos destinatários da oferta, o rateio é
normalmente realizado pelo método proporcional.
QUE CARACTERÍSTICAS DEVE TER, COMO E ONDE PODE SER OBTIDA A INFORMAÇÃO
ESSENCIAL PARA TOMAR A DECISÃO DE INVESTIR
E PARA ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO?
• Por outro lado, pelos empresas emitentes, relativamente aos valores que emitem;
• E ainda pela CMVM, através do seu site na Internet, nomeadamente quanto aos
intermediários financeiros que estão autorizados a prestar serviços em Portugal, aos
fundos de investimento autorizados e às comunicações feitas pelas empresas
emitentes de valores.
A imprensa especializada em economia e mercados financeiros efectua o
acompanhamento dos negócios das principais empresas cotadas na bolsa e dos
negócios das principais empresas cotadas na bolsa e dos principais produtos
financeiros.
Chama-se facto relevante ao facto que não seja do conhecimento público e que, devido
à sua incidência sobre a situação patrimonial ou financeira de uma empresa emitente
ou sobre o andamento normal dos seus negócios, seja susceptível de afectar de
maneira relevante o preço das acções, ou, no caso das obrigações, susceptível de
afectar de maneira relevante a capacidade de cumprir os seus compromissos.
Os emitentes devem avaliar constantemente se os factos que os afectam são
enquadráveis na definição de facto relevante.
Os factos relevantes são divulgados no site da CMVM na Internet antes de serem
difundidos por qualquer outro meio. Todas as pessoas que tenham conhecimento dos
factos relevantes devem guardar segredo sobre os mesmos e abster-se de negociar
valores emitidos pela empresa respectiva até à divulgação.
São sociedades abertas as que têm o capital disperso pelo público, nomeadamente as
que tenham as suas acções admitidas à negociação num mercado regulamentado ou
que tenham feito uma oferta pública de venda de mais de 10% do seu capital ou de
subscrição.
Os mercados são geridos por entidades registadas na CMVM que devem demonstrar
possuir os meios técnicos e humanos adequados ao exercício desta actividade.
Os mercados de valores mobiliários portugueses são geridos:
• Pela Euronext Lisbon – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A..
Entidade gestora do Eurolist by Euronext Lisbon, do Mercado de Futuros e
Opções, do Mercado Sem Cotações e do EasyNext Lisbon;
• Pela MTS Portugal – Sociedade Gestora do Mercado Especial de Dívida Pública,
SGMR, S.A.
• Entidade gestora do Mercado Especial de Dívida Pública;
• E pela OPEX – Sociedade Gestora de Mercado de Valores Mobiliários não
Regulamentado, S.A. Entidade gestora do PEX.
Euronext Lisbon é o nome da empresa que resultou da integração da BVLP no grupo Euronext, que
congrega ainda as empresas que gerem as bolsas de Paris, Amesterdão e Bruxelas e a bolsa de
derivados Liffe.
Em Portugal, existem regras que impõem a divulgação das informações que possam
afectar a avaliação que os investidores fazem das empresas e dos valores mobiliários
por elas emitidos que sejam negociados em bolsa. Os factos relevantes sobre as
empresas têm que ser divulgados através do site da CMVM na Internet, em
www.cmvm.pt, antes de o serem por qualquer outro meio.
Sempre que ocorram circunstâncias susceptíveis de perturbar o regular
desenvolvimento da negociação, a entidade gestora do mercado, por sua iniciativa ou
por ordem da CMVM, deve suspender a negociação dos valores mobiliários. Desta
forma, os investidores têm tempo para conhecer a informação e alterar as suas ordens
de compra ou venda, designadamente revogando-as ou modificando a quantidade ou o
preço.
Com a suspensão da negociação pretende-se, portanto, tornar o mercado mais
transparente, minimizando ou mesmo eliminando a possibilidade de determinados
investidores disporem de informação privilegiada, ou seja, de informações relevantes
que não são do conhecimento público.
O facto de se deixarem de verificar os requisitos de admissão à negociação também
pode determinar a suspensão da negociação.
Em Portugal, existem onze índices de preços que permitem verificar qual a evolução do
mercado accionista. São eles o PSI-20, o PSI Geral e os 9 PSI sectoriais.
As comissões cobradas quando se realiza uma operação de bolsa são definidas pelo
intermediário financeiro do qual o investidor é cliente, e incluem a remuneração dos
serviços bancários, de corretagem e de bolsa prestados. O custo do serviço de bolsa é
definido pela entidade gestora do mercado.
Por cada operação de compra ou venda de valores mobiliários a contado são devidas à
entidade gestora do mercado em causa comissões que podem variar consoante o
número de ofertas introduzidas no sistema e/ou o número de negócios realizados por
cada banco, corretora ou financeira de corretagem. A comissão é devida pelos
intermediários financeiros que intervieram na operação que, por sua vez, podem
cobrá-la aos seus clientes investidores.
As tabelas de comissões e outras quantias que o intermediário financeiro cobre aos
clientes pela prestação dos seus serviços são afixadas em todos os seus balcões e em
locais de atendimento ao público, ainda que informáticos, de forma bem visível.
A partir do terceiro dia útil anterior ao período de pagamento dos dividendos as acções
começam a ser transaccionadas sob a forma de ex-direitos, ou seja, sem direito ao
dividendo.
Negociação na forma de
ex-direitos
Deste modo, numa operação realizada a partir do terceiro dia útil anterior ao pagamento
dos dividendos, quem tem direito ao dividendo é o vendedor. A indicação das acções
que estão a ser negociadas na forma de ex-direitos é fornecida pela entidade gestora
do mercado.
Intermediários financeiros são as empresas prestadoras dos serviços que permitem aos
investidores actuar nos mercados de capitais.
Essas empresas só podem iniciar e exercer a sua actividade depois de demonstrarem
possuir meios e idoneidade para a prestação de cada serviço e obterem um registo na
CMVM.
São intermediários financeiros:
a) As instituições de crédito (vulgarmente designadas por “bancos”);
b) As empresas de investimento em valores mobiliários (sociedades corretoras,
sociedades financeiras de corretagem, sociedades gestoras de patrimónios, e
outras sociedades qualificadas pela lei como empresas de investimento ou
autorizadas a prestar algum serviço de investimento);
c) As sociedades gestoras de instituições de investimento colectivo (ou fundos de
investimento).
QUE CUSTOS SÃO SUPORTADOS PELOS INVESTIDORES QUANDO RECORREM AOS SERVIÇOS
DE UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO?
Certos serviços podem ser prestados em Portugal também por empresas estrangeiras,
desde que estas estejam registadas no respectivo país e o comuniquem à CMVM. No
site da CMVM é possível verificar também quais as empresas estrangeiras que podem
actuar em Portugal.
O registo dos intermediários financeiros é exigido por lei e visa proteger os investidores.
O exercício desta actividade por empresas não autorizadas é, por isso, ilegal, devendo
ser denunciado à CMVM.
QUE TIPO DE ACTUAÇÃO E QUE MEIOS SÃO EXIGIDOS AOS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS?
• Gestão de Carteiras
A prestação deste serviço deve ser precedida da assinatura de um contrato escrito
entre o investidor e o intermediário financeiro para gestão de carteiras por conta de
outrem. Os intermediários financeiros não podem prestar este serviço aos investidores
com quem não tenham previamente celebrado esse contrato.
Se o contrato for celebrado fora do estabelecimento do intermediário financeiro, sem
que exista uma prévia relação de clientela com o investidor, este dispõe de um prazo de
3 dias úteis para voltar atrás na sua decisão e comunicar ao intermediário financeiro o
seu “arrependimento”.
Por este contrato, o investidor transfere para o intermediário financeiro os poderes de
definição de estratégia e de decisão concreta de investimento, mas continua a poder
emitir instruções que vinculam o intermediário financeiro. Este, por seu turno, obriga-se
a desenvolver todos os actos necessários à valorização da carteira de valores
mobiliários. Trata-se apenas de uma obrigação de desenvolver os melhores
esforços para a valorização, e não de uma obrigação de fazer com que a carteira se
valorize.
O contrato inclui um conjunto de cláusulas contratuais gerais (previamente
registadas na CMVM), que estabelecem as regras aplicáveis à generalidade dos
investidores, clientes desse intermediário financeiro, e um conjunto de cláusulas
particulares, com as condições negociadas com cada investidor.
Antes de celebrar um contrato de gestão de carteira, o investidor deve pedir ao intermediário financeiro
informação nomeadamente sobre:
• as cláusulas contratuais gerais do contrato de gestão de carteira utilizadas pelo intermediário
financeiro;
• a definição e caracterização dos perfis de risco oferecidos;
• as estratégias e políticas de investimento para cada um dos perfis de risco;
• a natureza, os riscos envolvidos e as implicações do serviço em causa;
• os custos que irá suportar.
Sempre que o investidor sofra um prejuízo pelo facto de um intermediário financeiro não
ter capacidade para lhe restituir os valores mobiliários registados ou depositados ou
reembolsar-lhe o dinheiro destinado ao investimento em valores mobiliários, poderá
recorrer ao Sistema de Indemnização aos Investidores.
No Caderno n.º 8 deste Guia é explicado o funcionamento do Sistema de Indemnização aos Investidores.
Os fundos de investimentos são uma alternativa ao investimento directo nos bens que
compõem o seu património porque:
• São geridos por profissionais que conhecem os mercados em que esses bens são
negociados;
• Permitem, através da diversificação do seu património, diminuir o risco dos
investimentos;
• Permitem reduzir os custos de transacção (nomeadamente de corretagem),
relativamente àqueles que um investidor teria de suportar por cada operação,
em virtude de transaccionarem grandes quantidades de valores e, no caso do
investimento em imóveis, devido às isenções fiscais de que beneficiam;
• São caracterizados pela simplicidade quanto à forma de investir e o reembolso
dos montantes aplicados é feito duma forma previamente fixada;
• No caso dos fundos imobiliários, permitem o acesso dos pequenos investidores
a mercados à partida inacessíveis, atendendo ao elevado montante dos
investimentos exigidos.
Cada fundo é dividido em partes, com características iguais e sem valor nominal, que
se chamam unidades de participação e são valores mobiliários.
O Caderno n.º 2 deste Guia contém uma descrição de unidades de participação.
Nos fundos de investimento imobiliário existe uma terceira espécie de fundos: os fundos
mistos. Distinguem-se pelo facto de determinado valor do fundo ser repartido por um
número fixo de unidades de participação e o restante por um número variável.
As primeiras não podem, em regra, ser resgatadas, tendo o investidor apenas direito
ao respectivo reembolso no momento da liquidação do fundo e a participar na
assembleia de participantes.
As unidades de participação em número variável podem ser subscritas e resgatadas e
conferem ao investidor o direito:
• À distribuição prioritária de uma quota-parte dos resultados do fundo;
• Ao resgate das unidades de participação; e
• Ao reembolso prioritário do seu valor, em caso de liquidação do fundo.
Quando ocorra a fusão de fundos é dever da entidade gestora, com uma antecedência
mínima de 30 dias em relação à data da fusão:
• Publicar um aviso no Boletim de Cotações da Euronext Lisbon e num jornal de
grande circulação com as principais condições da fusão;
• Comunicar individualmente a cada participante dos fundos:
• As principais condições da fusão;
• A data da fusão;
• Eventuais aumentos de comissões ou agravamento de outras condições
de subscrição e resgate;
• Explicação sobre as consequências da fusão, nomeadamente no que
respeita à manutenção do valor proporcional das unidades de participação
detidas e à eventual modificação da sua quantidade;
São fundos cujo património não permite a sua classificação como fundos mobiliários ou
fundos imobiliários. São dirigidos a segmentos específicos de investidores, definidos no
prospecto e no regulamento de gestão do fundo.
As carteiras destes fundos podem integrar valores mobiliários, instrumentos financeiros
derivados, liquidez, e outros activos (avaliados periodicamente) que:
• Sejam bens duradouros;
• Tenham um valor determinável;
• Não sejam prédios urbanos ou rústicos;
• Não sejam activos que resultem directamente da exploração de actividades
agrícolas.
Os fundos especiais de investimento devem observar ainda os seguintes requisitos:
• O nome do fundo deve identificar e limitar a política de investimentos;
• O património do fundo deve ser composto principalmente pelo tipo de activos
mencionado no seu nome;
• A subscrição de unidades de participação deve ser efectuada através de um
boletim de subscrição, cujo modelo é aprovado pela CMVM, que contém uma
menção sobre o risco inerente ao investimento proposto ao investidor.
A CMVM assegura diversos serviços que vão ao encontro das necessidades dos
investidores. Tais serviços são os seguintes:
• O serviço de Apoio ao Investidor,
• O serviço de Mediação de Conflitos,
• O Sistema de Indemnização aos Investidores.
• O seu site na Internet, em www.cmvm.pt
Nestas, como noutras situações, o serviço de Apoio ao Investidor está apto a prestar
aos investidores todos os esclarecimentos necessários.
Presencialmente
Lisboa - Av. da Liberdade, n.º 252, 1056-801, em Lisboa ou
Porto - Rua Dr. Alfredo Magalhães, n.º 8, 5.º, 4000-061,Porto.
Telefonicamente
Através da Linha Verde (gratuita): 800 205 339.
ou dos números de telefone (21) 317 70 00 e (22) 208 44 02.
Por Carta
Para as moradas acima indicadas.
Por fax
Através dos números:
(21) 353 70 77/8 ou (22) 208 43 01.
Por e-mail
Pelo endereço: [email protected]
O site da CMVM na Internet foi criado com o objectivo de prestar informação aos
investidores de forma mais rápida e completa.
Participam no Sistema:
• As empresas de investimento e as instituições de crédito (bancos) autorizadas a
efectuar operações de investimento, com sede em Portugal;
• As empresas de investimento e as instituições de crédito com sede fora da União
Europeia, relativamente aos créditos decorrentes das operações efectuadas pelas
suas sucursais em Portugal, a menos que aqueles já se encontrem cobertos por
outro sistema de indemnização, em termos equivalentes aos proporcionados pelo
sistema português; e
• As empresas de investimento e as instituições de crédito com sede noutro país da
União Europeia, se a garantia oferecida pelo Sistema português for mais favorável
do que a garantia oferecida pelo Sistema em que participem nos seus que a
garantia oferecida pelo Sistema em que participem nos seus países de origem.
A fim de obter indemnização por danos que tenha sofrido, um investidor terá, na maioria
das vezes, de recorrer aos tribunais. Mas os investidores não institucionais, as
associações de defesa dos investidores e as fundações que tenham por fim a sua
protecção, podem também lançar mão de uma acção popular.
Podem recorrer à Acção Popular os investidores não institucionais, as associações de defesa dos
investidores e as fundações de defesa dos investidores.
Activo subjacente: activo que serve de base a outros instrumentos financeiros, como
sejam os futuros, as opções e os warrants autónomos.
Call: termo utilizado para referir o direito que está incorporado em determinados
instrumentos financeiros, como warrants autónomos e opções. A call representa,
genericamente, o direito de comprar o activo subjacente.
Emissão: operação pela qual os valores mobiliários são criados e oferecidos aos
investidores que os queiram adquirir. A emissão e subscrição são operações que
ocorrem no mercado primário. Este opõe-se ao mercado secundário de que o exemplo
mais conhecido é o mercado de bolsa.
FIFO: First In First Out, que corresponde a um dos métodos de custeio das vendas e
que significa que, na venda de valores mobiliários, deve considerar-se que se estão a
vender aqueles que foram adquiridos há mais tempo.
FTSE: Financial Times Stock Exchange. É a abreviatura usada para designar o índice
do mercado accionista londrino (London Stock Exchange), vulgarmente conhecido por
Footsie.
condições
LIFO: Last In First Out, que corresponde a um dos métodos de custeio das vendas e
que significa que, na venda de valores mobiliários, deve considerar-se que se estão a
vender aqueles que foram adquiridos mais recentemente.
Obrigações de cupão zero: são aquelas em que o pagamento dos juros é feito na
maturidade, conjuntamente com o reembolso do capital investido, e não durante a vida
do empréstimo.
Opção: instrumento financeiro derivado que dá ao seu detentor o direito, mas não a
obrigação, de comprar ou vender um determinado activo, num determinado momento
futuro a um preço acordado hoje.
PSI-20: PSI são as iniciais de Portuguese Stock Index ou Índice Português de Acções.
20 é o número das emissões consideradas no cálculo desse índice.
Put: o termo é utilizado para referir o direito que está incorporado em determinados
instrumentos financeiros, como warrants autónomos e opções. Assim se fala em
put warrant e put option. A put representa, genericamente, o direito de vender o activo
subjacente.
Reservas: são montantes que ficam retidos na sociedade para utilização futura. Podem
ser usadas fundamentalmente para cobertura de prejuízos bem como para
incorporação no capital social (através de um aumento de capital por incorporação de
reservas).
Valor nominal: traduz o valor facial do valor mobiliário, ou seja, o valor que aparece
impresso no título ou inscrito no registo informático junto do intermediário financeiro.