Educação de Jovens e Adultos Fundamentos e Metodologias (40hs) Unidade II
Educação de Jovens e Adultos Fundamentos e Metodologias (40hs) Unidade II
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Unidade II
5 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos
Figura 6
A discussão sobre as práticas educativas da Educação de Jovens e Adultos apresenta uma história
enriquecida no tempo e no espaço, às vezes influenciada pelo poder público e outras, pelos movimentos
sociais, com experiências das mais variadas, descontínuas ou significativas. Podemos afirmar que os
diferentes caminhos foram dando o que podemos chamar de identidade a essa educação de pessoas
jovens e adultas analfabetas, que nunca foi prioridade da educação brasileira.
O movimento de educação popular que mais se destacou nessa área foi o de Paulo Freire, fonte
inspiradora de muitas experiências formais de escolarização de jovens e adultos, de grandes campanhas
alfabetizadoras. Devido à desvalorização social dos programas dessa iniciativa, o aparato teórico é
reduzido e não conta com instituições encarregadas pela produção de conhecimentos que auxiliem os
educadores de adultos na condução da prática pedagógica.
A metodologia da Língua Portuguesa é discutida tendo o texto de uso social como o condutor da
alfabetização de jovens e adultos, considerando a prática social e localização cultural. Comprometida
com o uso social da leitura e escrita, pretende romper com a aprendizagem de técnicas de leitura e
escrita e com a dicotomia das formas mecânicas de ler e aprender.
Vygotsky defende que os mecanismos psicológicos mais sofisticados não são inatos, originam‑se
e desenvolvem‑se na relação dos indivíduos em um contexto sócio‑histórico. Segundo esse pensador,
desde que o ser humano nasce, está em interação com seu grupo social, numa determinada cultura,
o que está carregado de instrumentos e signos, dos quais o indivíduo vai se apropriando por meio do
processo de internalização. Os instrumentos têm a função de mediar a ação social do homem com o
meio, de controlar as suas ações. Os signos, que podem ser símbolos, representações, marcas externas,
são “instrumentos psicológicos” que auxiliam os processos internos. Por outro lado, o homem cria
instrumentos e signos em sua ação sobre a natureza e si mesmo, construindo cultura.
A aprendizagem acontece, portanto, por meio de interações com o meio social, histórico e físico, e
estas permitem o desenvolvimento dos processos internos. Dessa maneira, os diferentes contextos sociais
e as interações são os fatores que possibilitam processos diferenciados de aprendizagem, conhecimento
e formas de pensamento.
Para Palácios, os processos de desenvolvimento estão relacionados a três grandes fatores: etapa da
vida, história e ambiente sócio‑histórico e cultural de cada indivíduo.
Para a Educação de Jovens e Adultos, essas informações são de suma importância para o
desenvolvimento do processo educativo. Assim, a história de vida de cada um, suas experiências,
as circunstâncias sociais, culturais e históricas em que vive propiciam processos de interação,
com a mediação de instrumentos e signos de sua cultura, de sua época histórica. Ao considerar
a idade adulta como de continuidade no desenvolvimento psicológico, as experiências
vividas e as circunstâncias culturais permitem situações de aprendizagem e promovem o
desenvolvimento psicológico.
Lembrete
Saiba mais
Assim, o que se distingue como imprescindível para o processo educativo é a qualidade de interação
que deve ser proporcionada pela escola quanto ao contato com os conteúdos no meio escolar, a relação
aluno e aluno, aluno e professor – da Educação de Jovens e Adultos.
No processo educativo, é preciso estar atento para fazer com que as diferenças presentes na sala de
aula tornem‑se uma igualdade de desenvolvimento na aquisição da linguagem escrita e na formação
de escritores ou produtores de textos e leitores de textos que compreendam, saibam interpretar o que
leram. A desigualdade presente deve ser considerada como desafio a ser usado a favor de um trabalho
pedagógico significativo e enriquecedor de projetos educacionais. Por isso é que educar na diversidade e
aprendizagem significativa são as duas faces da mesma moeda. É preciso não escolarizar a aprendizagem.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Observação
Pesquisadores apresentam diferentes posições teóricas a esse respeito. Um grupo que relaciona
desenvolvimento com aprendizagem defende que a escolarização formal é condição necessária para o
desenvolvimento de formas mais elaboradas de pensamento, o que muitas vezes leva ao entendimento
de que aqueles que não tiveram acesso à escolarização formal são inferiores intelectualmente.
Outros pesquisadores já afirmam que o desenvolvimento é que determina a aprendizagem e que o
desenvolvimento cognitivo é universal e nada tem a ver com a escolarização formal. Ainda, outro grupo
defende que a alfabetização é condição para o desenvolvimento do pensamento lógico‑formal e abstrato.
Essa postura teórica levou ao mito da alfabetização em sociedades letradas como o diferencial entre os
indivíduos, o que determina o grupo de indivíduos iletrados como deficitário no desenvolvimento de
formas mais elaboradas de pensamento. Há também os pesquisadores que entendem que a aquisição da
leitura e escrita desenvolve habilidades específicas que não influenciam no desenvolvimento cognitivo.
Nessa investigação, estão envolvidos o processo de instrução e o contexto de vida e social dos
indivíduos, a transformação social, política e econômica decorrente da Revolução de 1917. Os indivíduos
que usaram estratégias categoriais na resolução das tarefas propostas passaram pelo contexto escolar
e participaram das discussões coletivas sobre assuntos sociais vitais para sua época. Não foi o processo
de escolarização/alfabetização que determinou, exclusivamente, mudanças nos conteúdos e formas de
pensamento desses adultos envolvidos na pesquisa.
Tolchinsky (1995) afirma que as possibilidades que a escrita proporciona são os fatores e condições
do desenvolvimento cognitivo. A aprendizagem da escrita, por si só, não representa a possibilidade de
ampliação de novas formas de pensamento. A prática e a multiplicidade de usos e funções sociais dos
textos e os processos de leitura que envolvem a interpretação, discussão e produção de textos é que
afetam nossa maneira de pensar.
Oliveira (1992) acrescenta a essa discussão o papel da escola, que atua tendo como objeto privilegiado
o conhecimento e é espaço para o indivíduo aprender a pensar sobre o próprio conhecimento e a
relacioná‑lo com o conhecimento descontextualizado e independente de sua vida cotidiana.
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Unidade II
Kleiman (1995) apresenta o conceito de letramento para aprofundar a análise da prática social da
escrita, separando a alfabetização dos estudos sobre o impacto social da escrita. Para ela, letramento
significa o conjunto de práticas sociais que a escrita possibilita como tecnologia e sistema simbólico,
para atingir objetivos específicos e em contextos singulares. A alfabetização é um tipo de prática de
letramento. A autora apresenta, então, duas concepções de letramento baseadas em pesquisas de Brian
Street: modelo autônomo e modelo ideológico. O modelo autônomo de letramento trata a escrita
como produto completo de si mesma. É a lógica que rege a relação entre aprendizagem da escrita e
desenvolvimento cognitivo; assim, quem não possui a escrita é incapaz de desenvolver formas superiores
de pensamento. O modelo ideológico de letramento aborda a escrita e seus usos sociais e práticas que
possibilita; os significados da escrita estão contextualizados social e culturalmente pelo grupo social
que a vive.
Saiba mais
Ratto (2004) acrescenta que, mesmo não alfabetizado e nem escolarizado, o trabalhador realiza
práticas de letrado ao usar a língua, ao vivenciar no trabalho práticas discursivas e utilizar modelos
de outros, incorporando em sua oralidade a estrutura formal de texto escrito, para fins específicos.
Essa prática oral da linguagem escrita, propiciada pela interação com o meio, função que a língua
desempenha, leva ao desenvolvimento e transformação o indivíduo em sua capacidade linguística e à
conscientização de seu papel político na sociedade.
Durante (1998), partindo dessas discussões que estudamos, destaca‑se a importância da aprendizagem
da escrita e da leitura, cujas funções e usos em contextos diversificados propiciam o desenvolvimento
cognitivo. O uso da linguagem permite o acesso do indivíduo aos sentidos e significados sociais e
culturais, propiciando a participação crítica e transformadora na sociedade letrada. A alfabetização e a
escolarização são tipos de práticas de letramento, por isso a importância do processo de interação com
o contexto social, este como fator predominante para o processo de desenvolvimento e aprendizagem.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Há muitos autores que abordam os projetos de ensino como resposta de um trabalho pedagógico
significativo e participativo, de modo que os podemos conceituar de diferentes maneiras, tais como:
• uma forma de articular as situações de aprendizagem em situações‑problema que os alunos têm de resolver.
Como são organizados os trabalhos com projetos? Por temas, áreas do conhecimento, conceitos:
• sempre incluem: linguagem escrita e oral, meio natural e social, expressão artística;
• envolvem outros espaços para trabalhar as disciplinas que não estão incluídas nos projetos, como
a Matemática.
• são desenvolvidos diferentes projetos ao mesmo tempo e com durações diferentes; há projetos
que duram uma aula, outros, seis meses; há o desenvolvimento de conteúdos, em aulas, e de
projetos com o grupo/ classe.
As experiências desenvolvidas com esse tipo de organização de atividade nas escolas apresentam as
seguintes conclusões:
— a organização do horário;
— a organização da aula;
— a organização do espaço.
• Há traços característicos do projeto que o diferenciam de outra proposta globalizadora, quais sejam:
• É base do projeto a participação dos alunos na decisão e na sua realização, desde o início até o
encerramento.
• Parte do projeto envolve atividades diferenciadas, que são: recolher informações, trazer materiais
e elaborá‑los, ações estas em que os alunos e suas famílias podem se envolver.
Temas, áreas do conhecimento e conceitos podem ser escolhidos a partir do processo de “explosão
de ideias” trazidas pelos alunos e pelo professor. A discussão provocada e as visões apresentadas
podem ser organizadas a partir da argumentação contra ou a favor de cada opção e transformadas
em situações‑problema, sobre as quais a classe trabalhará, dividindo tarefas e responsabilidades para o
desenvolvimento do trabalho coletivo.
• a sociedade do conhecimento;
Após a escolha e a discussão coletiva acerca do tema a ser trabalhado, pode‑se desenvolver conteúdos
que despertem a curiosidade dos jovens e adultos, mediante um roteiro de tarefas.
• o acúmulo de informações;
Para tanto, é importante que seja realizada a exposição das tarefas a serem desenvolvidas ao longo
do projeto, para que o registro seja feito e conhecido por todos.
A finalização do projeto em registros, com o grupo da classe ou toda ela, pode ser feita por meio
de portfólios individuais, grupais ou coletivos, em apresentação ou montagem de exposição com a
participação da escola, da família, a serem realizadas na escola, em dias antecipadamente combinados.
Um novo modelo de prática pedagógica, centrada em cada um de seus alunos ou nos aprendizes,
a vontade de conceber situações didáticas ótimas, com situações de salas de aula abertas, amplas,
carregadas de sentido e de regulação, pode ser compreendida a partir da explicitação das seguintes
competências a serem trabalhadas pelos professores:
• Conhecer, com relação a determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução
em objetivos de aprendizagem.
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Unidade II
Por meio da didática, podemos encontrar um ponto de entrada nos sistemas cognitivos dos alunos,
para desestabilizá‑los o suficiente para incorporarem novos elementos e reorganizarem os já adquiridos
em função do novo conhecimento.
A grande tarefa cognitiva do aluno na escola é reestruturar seu sistema de compreensão do mundo.
É um importante trabalho cognitivo, pois necessita restabelecer o equilíbrio rompido e dominar a
realidade, de maneira simbólica e prática. Os obstáculos cognitivos devem ser superados a partir de certas
aprendizagens. As situações–problema apresentadas pelos projetos obrigam o aprendiz a transpor um
obstáculo, graças a uma aprendizagem inédita, que é o que configura o objetivo da nova aprendizagem.
Por outro lado, o erro do aluno deve ser compreendido como a informação que ele não sabe, e
compete ao professor usá‑la como ferramenta para ensinar.
Essa atitude do professor possibilita a aquisição de amplo repertório por parte do aluno. Na situação
de aprendizagem, é possível pensar numa sequência de atividades que possibilitem abordar o problema,
de diferentes formas. Planejar uma trajetória coletiva, com abordagem construtivista, acontece quando
se propõem situações que estimulem o conflito cognitivo entre alunos ou na mente do aluno, e isto por
meio de dispositivos e sequências didáticas, que fazem com que aprendam, que sejam mobilizados para
a compreensão e êxito na realização da tarefa.
O papel do professor é definir o tipo de relação de seu planejamento de aula com o saber que este vai
propiciar ao aluno, e, como consequência, o sentido da experiência e do trabalho escolar. É importante
envolver os alunos em situação de certa importância e duração, para garantir uma progressão visível ao
professor e também ao próprio educando. A dinâmica da pesquisa a ser realizada pelo educando, ou por
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
um grupo, ou pelo coletivo da classe é intelectual, emocional e relacional: exige o envolvimento pessoal
nas atividades, a cumplicidade, a solidariedade e a paixão de conhecer.
A progressão das aprendizagens dos alunos pode ser abordada com o desenvolvimento das seguintes
competências:
O professor, tendo como meta a aprendizagem, além de propor as situações propícias a ela, deve
se preocupar em saber como está ocorrendo para que possa fazer intervenções e alterações em seu
planejamento com o objetivo de garantir o sucesso do aluno na escola.
Vale apresentarmos, agora, a síntese dos objetivos gerais da proposta pedagógica para o primeiro
segmento do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos, elaborada pelo Ministério da
Educação em parceria com a associação Ação Educativa e coordenada por Vera Ribeiro:
5.4.3 Avaliação
O plano de trabalho deve ser avaliado não apenas quanto ao que os alunos sabem ou não sabem,
mas avaliar a proposta pedagógica, a adequação dos trabalhos do professor em relação aos alunos
que tem sob sua responsabilidade. Os objetivos didáticos é que devem orientar o estabelecimento de
critérios de do processo de avaliação continuada das aprendizagens. Quanto à avaliação final, devem
ser estabelecidos critérios que reflitam os aspectos essenciais das aprendizagens da Educação de
Jovens e Adultos como um todo, que estão relacionados aos pilares das competências e habilidades do
aprender a fazer e do aprender a aprender, que garantem independência e autonomia nos processos de
aprendizagem individual.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Podemos elencar, como critério de avaliação dos alunos da Educação de Jovens e Adultos das primeiras
séries (da primeira à quinta série) do Ensino Fundamental, o exame das seguintes competências:
Observação
Figura 7
Repetiremos aos jovens e adultos não alfabetizados pergunta similar àquela que fazemos a
professores quando desejamos saber da concepção das crianças sobre o sistema de escrita:
O jovem ou adulto se depara com a escrita no primeiro dia de aula? Que ideias ele pode ter sobre
isso?
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Unidade II
Outra pergunta a se fazer é a da pesquisa realizada por Ferreiro e outros pesquisadores em 1983 na
Cidade do México, Los adultos no alfabetizados y su conceptualiciones del sistema de escritura: qual o
conhecimento dos adultos pré‑alfabetizados sobre o sistema de escrita?
A pesquisa de Ferreiro e outros (1983) mostrou que, mesmo não passando por um processo normal
de escolarização, a pessoa jovem ou adulta tem uma concepção do sistema de escrita e com mais
semelhanças do que diferenças com relação à percepção das crianças.
Os adultos, então, já sabem que escrever não é a mesma coisa que desenhar, sabem quais são as
marcas que são utilizadas para escrever, as letras. Já avançaram quanto a níveis mais primitivos de
concepção da escrita.
Aprendizagem da escrita
Sabendo que escrever não é desenhar, as pessoas jovens e as adultas compreendem que há uma
variedade interna de letras para escrever, assim como uma quantidade mínima de letras para que algo
possa ser escrito. Elas têm, então, como pré‑silábica, a hipótese inicial de escrita, na qual não há controle
sobre o número de letras a serem utilizadas para escrever, ou seja, não há ainda a preocupação quanto
a quais e quantas letras usar, apresentando, às vezes, escritas fixas.
Na escrita em seguida, a aluna apresenta a hipótese de três letras para cada palavra e de não haver
a repetição de letras iguais, embora apresente a repetição das letras t e a.
Figura 8
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
O avanço nessa conquista é o que chamamos de hipótese silábica, na qual ainda há a presença
de escritas diferenciadas, as palavras podem se diferenciar segundo as características do objeto de
referência e há a diferenciação na quantidade, na ordem ou na variedade de letras.
Aos poucos, acontece a relação entre a palavra falada e a escrita, havendo, para cada emissão
sonora, a necessidade de uma letra. Num primeiro momento, essa letra pode ser qualquer uma, o que
nos permite dizer que o adulto está na hipótese silábica sem valor sonoro convencional. Contudo, à
medida que a pessoa vai percebendo que as letras tem um valor sonoro específico, a hipótese silábica
adquire um avanço, que é a escolha das letras na escrita das palavras com valor sonoro convencional.
No entanto, essa hipótese ainda tem problemas para resolver, pois não é aceita a escrita das palavras
com as letras iguais, como também palavras diferentes escritas da mesma maneira. Há o problema da
palavra monossílaba, visto que não há a aceitação da escrita de palavras com somente uma letra. O
plural é resolvido escrevendo tantas vezes a palavra quanto são os objetos repetidos, conforme explicam
Curto, Morillo e Teixidó (2000, p. 33), quanto ao caso que veremos em seguida, em que poderemos
também observar que a repetição e a sequência das letras é a mesma.
Figura 9
Quanto ao nome próprio, considerado um texto, é a escrita estável e ortográfica que está sempre
presente e que faz com que as hipóteses sejam repensadas. Na hipótese silábica, o nome próprio não
pode ser, então, escrito pela metade. Outra hipótese é de que somente substantivos e verbos precisam
ser escritos; os artigos não.
O avanço se dá por a criança acrescentar letras à escrita silábica. Antigamente, entendia‑se que
as pessoas que escreviam silabicamente “comiam” letras, mas, hoje, sabemos que, pelo contrário, elas
acrescentam. Estamos nos referindo à hipótese silábico‑alfabética, é quando, na escrita das palavras, já
são apresentadas algumas sílabas completas, com valor sonoro convencional ou não.
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Unidade II
Na escrita que veremos a seguir, a aluna já apresenta algumas sílabas completas e com valor sonoro
convencional.
Figura 10
Nessa hipótese, as pessoas podem ou não usar as letras corretas das palavras para escrever, ainda
há a discussão do que e como se escreve; muito conhecimento proveniente da linguagem oral é
levado para a escrita, e se o professor não ficar atento a isso, há a continuidade da escrita de forma
não ortográfica.
O educando, no texto em seguida, caso analisado por Durante (1998, p. 63), apresenta escrita
alfabética em sopa de, água e couve e escrita silábica em pedra e cebola, o que significa que ainda
apresenta muitas dúvidas e não quer abandonar a hipótese silábica.
Figura 11
A próxima hipótese é a alfabética, na qual a pessoa escreve a palavra com as sílabas completas,
consoantes e vogais, mas não há ainda a perfeita compreensão e conhecimento da escrita ortográfica.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Exemplo de aplicação
Reflita (em dez linhas) sobre o que Ferreiro e outros (1983) quiseram dizer, no trecho em seguida,
com reduzir a escrita a um código e a relação disso com o analfabetismo funcional. Ainda, comente
como podemos conduzir a alfabetização de jovens e adultos fugindo dessa concepção.
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Resolução do exercício:
Aprender a escrever e ler é mais do que juntar letras, é a construção da representação da linguagem
escrita. Ler e escrever são atividades que aprendemos para serem utilizadas fora da escola. Assim, os
textos utilizados devem ter função social real, ter significado para o educando, visto que se aprende a
lê‑los e a escrevê‑los a partir de situações significativas e reais, para evitar a aprendizagem mecânica,
que prioriza a memorização.
Aprendizagem da leitura
Quanto às ideias sobre leitura, as pessoas já constroem hipóteses acerca do que se pode ou não
ler; dos diferentes portadores de textos: já conhecem o que se lê no jornal, numa carta recebida de
amigos, num livro de contos de fadas. A interpretação de textos acompanhada de imagem é lida pela
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Unidade II
representação da imagem, e não pelo que está escrito no texto abaixo desta. Essa leitura pela decifração,
ou seja, antes da compreensão do texto, acontece a partir de indicadores textuais:
• o contexto e a situação em que se convida a ler são limitados e precisos (um exemplo é solicitar
ao aluno que trabalhe com o nome do seu amigo entre os nomes dos alunos da classe);
Nas escritas pré‑silábicas e silábicas, a leitura não é fixa, isto é, assim que a pessoa escreve, é
necessário perguntar‑lhe sobre o que escreveu, pois, passado mais tempo após ter escrito, ela não sabe
dizer o que escreveu, as palavras que usou e qual texto produziu. A interpretação da própria escrita é
pessoal e não fixa.
As estratégias de leitura a serem desenvolvidas para a compreensão do texto devem ser adequadas
ao portador apresentado, pois:
• Valorizar a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos.
Dessa forma, algumas perguntas devem ser feitas aos professores para a reflexão quanto ao trabalho
pedagógico a ser desenvolvido para jovens e adultos:
Qual deve ser o objetivo do ensino escolar da linguagem escrita? É para formar escrivães ou escritores?
As ênfases serão dadas à dimensão mecânica da escrita e da leitura ou à reflexão sobre seus usos, regras,
portadores de textos e destinatários?
Queremos ensinar a decifrar ou a ensinar a compreender o que a escrita significa e como significa?
Com relação aos textos de uso social, para que serve ler e escrever?
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Unidade II
Figura 12
Para construir o pensamento sobre a linguagem escrita, o trabalho pedagógico deve considerar a maior
compreensão das funções sociais da língua, permitir e apresentar antecipações significativas e pertinentes
quanto aos textos de uso social, com o objetivo de aproximá‑los do texto a ser trabalhado na escola.
Para que o processo educativo com a linguagem escrita seja realizado em direção a uma aprendizagem
significativa, é necessário não perder de vista o que é ler e escrever. A resposta é relativamente simples:
ler corresponde a compreender um texto, e escrever é produzir esse texto.
Partindo do princípio de que se lê e escreve para resolver problemas cotidianos, devem ser
desenvolvidas atividades que permitam aos jovens e adultos pensar sobre a leitura e escrita, para que
servem e como se constituem. Na medida em que essas atividades significativas devem estar voltadas
ao uso social da escrita e da leitura e a uma construção progressiva da linguagem escrita, vejamos
recomendação de Durante (1998, p. 72):
• Revisão textual.
Observamos que:
A predisposição para a aprendizagem vem quando escrever e ler tem sentido e há, por parte do
aluno, motivação para aprender. Por outro lado, com a crença de que poder é querer, o professor
consegue atuar com relação à autoestima do educando, garantindo a aprendizagem significativa. Nessa
perspectiva, o trabalho com a escrita e a leitura a serviço de projetos rende uma motivação altamente
contagiosa: permite a participação e envolvimento dos alunos nas tarefas, pelo prazer de pensar, de
modo que eles consigam escrever e ler para resolver suas necessidades.
O alfabeto
• Conhecer a grafia das letras nos tipos usuais (letra cursiva e de forma, maiúscula e
minúscula).
• Perceber que a sílaba é uma unidade sonora em que há sempre uma vogal eque pode
conter um ou mais fonemas.
• Usar espaço para separar palavras, sem aglutiná‑las ou separá‑las de forma indevida.
• Usar a escrita no sentido correto (da esquerda para a direita, de cima para baixo).
• Utilizar espaços ou traços para separar títulos, conjuntos de exercícios, tópicos etc.
Ortografia
• Perceber que uma mesma letra pode representar sons diferentes, dependendo de sua
posição na palavra.
• Identificar, nas palavras, os encontros consonantais cuja 2ª letra é R ou L (BR, CR, DR,
FR, GR, PR, TR; e BL, CL etc.).
• Identificar, nas palavras, os encontros vocálicos orais (ai, ou etc.) e nasais (ão, õe, ãe).
• Identificar, nas palavras, os dígrafos: CH, LH, NH; RR e SS; QU e GU e vogais nasais
formadas por acréscimo de M e N.
• Escrever corretamente palavras usuais com s com som de z; x com som de z; x com
som de z; je, ji ou ge, gi; ce, ci ou se, si; ç ou ss; h inicial.
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Unidade II
Acentuação
Os tópicos de conteúdo e objetivos didáticos relacionados à linguagem oral, de acordo com a proposta
para a EJA, na qual vimos nos detendo, de elaboração do MEC e da associação Ação Educativa são:
Narração
Descrição
• Ler em voz alta para um pequeno público textos em prosa breves, previamente
preparados.
Definição e exemplificação
Argumentação e debate
Listas
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Unidade II
• Escrever diferentes tipos de listas (lista de compras, lista de nomes de pessoas, nomes
de cidades, instrumentos de trabalho, animais etc.).
Receitas e instruções
• Identificar as partes que compõem uma receita (títulos, lista de ingredientes, modo
e tempo de preparo, ilustrações, fotografias).
• Utilizar títulos, ilustrações e outros elementos gráficos como chaves de leitura para
prever conteúdos de receitas e instruções.
Formulários e questionários
• Ler e analisar oral e coletivamente esses textos, atentando para a linguagem figurada,
observando que essa linguagem pode sugerir interpretações diversas.
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Unidade II
Jornais
• Saber qual a função dos jornais, como são organizados, de que temas tratam.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Substituição de palavras
Frase
7 MATEMÁTICA
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Unidade II
Os jovens e adultos não alfabetizados possuem conhecimentos matemáticos intuitivos, que foram
desenvolvidos em função das necessidades práticas do cotidiano. Realizam cálculos mentais para
resolver problemas cotidianos e imediatos.
O ponto de partida para a aprendizagem da Matemática são os conhecimentos prévios dos alunos,
e a escola deve ensinar os processos sistematizados e formais. A comunicação oral é importante, pois os
alunos possuem um conhecimento informal, baseado na linguagem oral, permite‑lhes o suporte para a
compreensão de noções e notações matemáticas, para a aprendizagem significativa de procedimentos
mais abstratos, como:
Csik (1995), no contato com jovens e adultos não alfabetizados, observou que a rapidez e a precisão
do cálculo dependem:
• do tipo de trabalho exercido e o cálculo que o aluno precisa realizar: a dona de casa, em seu
trabalho com pequenas quantidades, só sabe realizar cálculos com pequenas quantidades, e os
homens que trabalham na construção civil, atividade que envolve grandes quantidades, realizam
cálculos em milhares;
• do contexto social. Podemos pensar na diferença entre um grupo social pequeno, em que todos
os que o integram se conhecem, no qual, às vezes, a sobrevivência é baseada nas trocas, e uma
cidade urbana, em que, feiras livres e mercados se caracterizam por negócios, com transações
envolvendo moedas, necessitando de operações mais complexas.
O grande desafio do ensino da Matemática é organizar uma proposta que auxilie os jovens e
adultos na compreensão e na atuação em sua realidade, considerando condições sociais, humanas e
individuais e a necessidade de contar e de calcular. A resposta está, então, em usar o cálculo mental, a
realidade já vivenciada pelo aluno, o que é de seu domínio: oferecer‑lhe a oportunidade de raciocinar
a partir dos procedimentos mentais que emprega quando calcula, a fazer descobertas que poderão
se transformar no aprofundamento do cálculo mental, bem como por escrito. Essa passagem para o
cálculo escrito pode ser realizada a partir da reflexão e da explicação oral das soluções encontradas
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
para as questões realizadas em sala de aula. Depois disso, o professor pode solicitar que os alunos
formalizem, por escrito, o que foi exposto verbalmente, utilizando os conhecimentos matemáticos
envolvidos em cada questão resolvida. Sendo assim, A introdução de novas informações para a
construção dos conceitos básicos da Matemática e para a resolução dos problemas será apresentada
da mesma forma como essas noções foram construídas historicamente, desenvolvidas e padronizadas
pela humanidade.
Lembrete
Apoiados em Csik (1995) e no trabalho desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação de São
Paulo: Ensinar e aprender: construindo uma proposta, apresentamos, em seguida, roteiro de atividades
relacionadas ao estudo da Matemática no Ensino Fundamental da EJA:
I. O que é a Matemática?
1. Formação da dezena.
2. Formação da centena.
3. Formação do milhar.
1. Operações matemáticas.
2. Adição.
4. Técnica operatória.
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Unidade II
IV. Multiplicação:
2. Técnica operatória.
V. Subtração:
2. Técnica operatória.
VI. Divisão:
2. Técnica operatória.
VIII. Frações.
2. Medidas de áreas.
3. Porcentagem e gráficos.
X. Álgebra.
XI. Geometria.
Vejamos a síntese dos objetivos para o ensino de Matemática do primeiro segmento da EJA, constante
da proposta do MEC e da associação Ação Educativa:
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
89
Unidade II
Ainda a partir dessa proposta e também com relação ao Ensino Fundamental da EJA (1º segmento),
vejamos os tópicos de conteúdo e objetivos didáticos indicados para o desenvolvimento do bloco
Números e Operações Numéricas:
• Reconhecer, ler, escrever, comparar e ordenar números naturais pela observação das
escritas numéricas.
• Observar critérios que definem uma classificação de números (maior que, menor
que, terminados em, estar entre...) e regras utilizadas em seriações (mais um, mais
dois, dobro de, metade de, triplo de, terça parte de...).
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
• Ler e escrever números naturais com dois, três, quatro ou mais dígitos, distinguindo
o valor relativo dos algarismos, de acordo com a sua posição na escrita numérica.
• Ler, escrever, comparar e ordenar números racionais na forma decimal, até a ordem
dos milésimos.
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Unidade II
• Relacionar frações com denominador 10, 100, 1.000 com a representação decimal
(respectivamente 0,1, 0,01, 0,001).
• Reconhecer que as frações com denominador 100 podem ser representadas como
porcentagem (símbolo: %).
— transformação em número decimal (exemplo: 25% de 300 é o mesmo que 0,25 x 300);
— decomposição (exemplo: 25% de 300 é o mesmo que 2 vezes 10% de 300, que é
igual a 60; mais 5% de 300, que é igual a 15. Total: 75).
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
• Reconhecer que diferentes situações‑problema podem ser resolvidas por uma única
operação e que diferentes operações podem resolver uma mesma situação‑problema.
3 x 5 x 4 3 x 5 x 4 3x5x4
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Unidade II
3 x (4 + 5) 3 x (7 – 4)
12 + 15 = 27 21 – 12 = 9
Conceito
• Perceber que o número que indica a medida varia conforme a unidade de medida utilizada.
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Tempo
• Ler e utilizar o relógio de ponteiros e o relógio digital como instrumentos para medir
o tempo.
• Identificar o século como período de 100 anos (em conexão com estudos históricos).
Temperatura
Comprimento
• Reconhecer e utilizar os símbolos das unidades de medida usuais (m, cm, mm, km).
Capacidade
Massa
Superfície
— ao dimensionamento (maior, menor, mais curto, mais comprido, mais alto, mais
baixo, mais largo, mais estreito etc.);
— à posição (em cima, embaixo, entre, na frente de, atrás de, direita, esquerda etc.);
— à direção e sentido (para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, em
sentido contrário, no mesmo sentido, meia volta etc.).
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Unidade II
• Reproduzir a forma dos objetos por meio de construções com massa, argila, sabão,
varetas etc.
• Reconhecer características comuns aos corpos redondos como esfera, cone e cilindro.
• Planificar alguns sólidos geométricos, identificando a relação entre faces e figuras planas.
Tabelas e gráficos
Média aritmética
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Unidade II
• compreender o problema;
• executar o plano;
• justificar a solução;
• comunicar a resposta.
Podemos afirmar, então, que ler, escrever, falar, escutar, comparar, opor, levantar hipóteses e prever
consequências estão presentes no processo de aprendizado da Matemática e fazem parte do clima
propício para o desenvolvimento de competências e habilidades.
Todos reconhecem a importância dos conhecimentos sobre a vida em sociedade e acerca da natureza,
e estudá‑los faz parte do processo de desenvolvimento de habilidades e competências que permitem
aos alunos a compreensão da realidade onde vivem e a inserção na realidade. Devido à complexidade
crescente da vida moderna, é cada vez mais importante o domínio de conhecimentos sobre o mundo,
que devem ser acessados pelo aluno a partir dos estudos no Ensino Fundamental.
Os alunos da Educação de Jovens e Adultos apresentam interesses não só pela sua realidade
cotidiana, mas também pela relativa aos povos, aos conflitos religiosos, ao desenvolvimento científico e
às tecnologias. Assim como se interessam pela ampliação de suas experiências de lazer e convívio social,
trocas afetivas, também se interessam pela partilha de necessidades e realizações. Dessa maneira, compete
à escola introduzir abordagens mais abrangentes sobre a realidade, com conceitos e procedimentos
das ciências sociais e naturais, bem como o acesso ao patrimônio artístico e cultural. Nesse sentido,
a análise dos fenômenos é feita com base na observação e experimentação não dogmáticas que são
características das ciências sociais e naturais.
Vejamos a síntese dos objetivos gerais dessa área, Estudos da Sociedade e da Natureza, de acordo
com a proposta elaborada pelo MEC, em parceria com Ação Educativa:
2. Reconhecer a valorizar seu próprio saber sobre o meio natural e social, interessando‑se
por enriquecê‑lo e compartilhá‑lo.
Esses objetivos abrangem informações básicas sobre as quais os alunos jovens e adultos devem
discutir, buscando conhecê‑las, olhá‑las com mais atenção, tendo na escola, os conhecimentos
sistematizados sobre os conteúdos que existem sobre os assuntos.
Podemos apontar como blocos temáticos os caminhos para atingir os vários fenômenos sociais e
naturais, que não têm hierarquia ou importância na sua apresentação, mas devem ser coerentes com
a elaboração dos planos de ensino que os educadores escolhem para cumprir o projeto pedagógico
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Unidade II
que estão desenvolvendo. Os educadores são os responsáveis por selecionar, recombinar e sequenciar
conteúdos e sua complexidade para a prática educativa.
• Cidadania e participação.
Assim, o professor deve introduzir conceitos por meio de um programa de estudos, de projetos que
levem os alunos a uma atitude ativa na procura de informações, tendo fontes diversas: entrevistas,
biblioteca, internet, visitas a locais interessantes relacionados ao tema pesquisado. A forma de dar
continuidade ao trabalho escolar pode ser escolhida pelo professor, em função das necessidades de
seu grupo de alunos, envolvendo estratégias, procedimentos, ações voltadas à pesquisa, leitura, escrita,
apresentação oral ou escrita, relatórios conclusivos que atendam às abordagens científicas. Como já
vimos, as estratégias de abordagem dos conteúdos estão voltadas à resolução de problemas, respeitando
os conhecimentos, valores, normas dos diferentes grupos e fazendo com que, a partir do que já
conhecem, reconheçam a necessidade de outros conhecimentos para as respostas ao problema a ser
resolvido. Geralmente, as questões abertas permitem muitas possibilidades de solução e o necessário
aprofundamento teórico, que é o papel da escola, assim como a aprendizagem de conceitos científicos
e a sistematização de conhecimentos. As fontes de conhecimento que podem ser utilizadas são
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
importantes, pois vão permitir o acesso a informações que vão enriquecer a compreensão dos assuntos
que estão sendo estudados e levar o aluno à compreensão do processo de produção do conhecimento.
Podemos destacar, portanto, no bloco Educando e seu lugar de vivência, aspectos da identidade do
educando jovem e adulto, principalmente aqueles relativos à autoestima, pois esses alunos estiveram
fora da escola pelos mais diferentes motivos. Assim, podemos entender como importante a recuperação
das histórias de vida deles, de suas raízes, assim como a valorização do saber prático que possuem,
questão esta que viemos destacando durante toda nossa disciplina. Dessa forma, o centro educativo
deve ser entendido como o espaço onde o aluno pode conhecer o papel da escola em sua vida, o seu
direito de cidadania, assumindo o papel de cidadão consciente, superando sentimentos de inferioridade
e incapacidade. Parte‑se daí para o conhecimento da dimensão territorial da identidade, não mais
confinada à sua vida pessoal, familiar e de emprego, agora voltadas aos serviços sociais públicos e
privados existentes.
O bloco Corpo humano e suas necessidades parte da consciência do próprio corpo para a compreensão
das condições de geração, manutenção e melhoria da qualidade de vida. Focando da saúde individual à
coletiva, esse tópico de conteúdo discute as funções das diferentes partes do corpo, a manutenção da
vida individual, a preservação da espécie, as condições de vida da coletividade natural e social. Estudando
a anatomia e o funcionamento do organismo, permite o conhecimento das suas funções vitais e levanta
questões relativas à alimentação: o valor dos alimentos, como prepará‑los e conservá‑los, a importância
da água.
O bloco de conteúdo Os seres humanos e o meio ambiente traz a discussão da cultura sob o ponto de
vista de que somos parte da natureza, propondo a compreensão acerca do modo como nos relacionamos
com ela, como a transformamos; introduz o aluno no estudo dos modelos das ciências naturais. O primeiro
tema proposto para abordagem diz respeito aos ecossistemas e aos ciclos naturais e toca na questão da
natureza ser finita e exigir a necessidade do planejamento do desenvolvimento de forma sustentável.
Sendo assim, levanta a problemática da interdependência que existe entre seres vivos e o meio ambiente,
considerando que esta se dá por meio de um processo contínuo de transformações que devem estar em
equilíbrio. Nessa perspectiva, é proposta a abordagem de outro tema: a produção dos espaços rural e urbano
como um desafio da intervenção humana, considerando que, ao mesmo tempo em que são diferenciados
entre si, eles se complementam. Essa análise estende‑se à exploração de uma terceira temática: o homem
e sua morada no universo, levando o aluno a entender a necessidade de estudar os fenômenos relativos
às medidas de tempo, espaço, o movimento de nosso planeta no universo, o sistema solar e as concepções
históricas que foram sendo desenvolvidas para o pensamento científico atual.
O bloco de conteúdo As atividades produtivas e as relações sociais, que abrange os conceitos de trabalho,
tecnologia e emprego, entende o trabalho como atividade consciente e social do ser humano, que tem como meta
transformar o meio ambiente, de acordo com as suas necessidades sociais, históricas e culturais, e que, criativa
e em constante transformação, proporcionou o aumento da produtividade. Esse tópico considera importante,
dessa forma, compreender que as relações do homem com seu meio ambiente é que caracterizam o modo
como os homens se relacionam entre si, quanto às necessidades de trabalho, à produtividade, à divisão social e
aos métodos e técnicas que explicam a organização da sociedade. Busca‑se, então, nesse segmento de estudos,
entender a interdependência das atividades econômicas, seus setores e ramos; de como a produção e a circulação
das mercadorias afetam a estrutura econômica e a vida das pessoas; de como a escolaridade afeta a participação
social por meio da qualificação profissional, ou seja, o emprego ou desemprego. Esses estudos podem, com
isso, integrar como tema as relações de trabalho na história brasileira e introduzir os alunos na compreensão da
dimensão histórica da sociedade: trabalho assalariado, escravidão, a sociedade indígena e as migrações.
O bloco de conteúdo Cidadania e participação tem como meta discutir a cidadania, sua origem histórica
ligada à luta da burguesia contra o Antigo Regime na França, no século XVIII; como o desenvolvimento
histórico desse conceito foi se ampliando em concepções sobre os direitos trabalhistas e sociais, referindo‑se
hoje ao conjunto de direitos e deveres estabelecidos nas relações do indivíduo com Estado. Nessa perspectiva,
considera‑se a importância da Declaração dos Direitos Humanos, em 1948, na consolidação da ideia de pessoa
livre, portadora de direitos assegurados por lei, e de igualdade de condições para todos. Focando o contexto
brasileiro, esse segmento de estudos, propõe o estudo do regime político e o sistema administrativo, os
conceitos que explicam a estrutura organizativa do Estado brasileiro: república, presidencialismo, democracia
e Constituição. Outras compreensões são também buscadas, como o conceito de representação, o papel do
voto, do partido político e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como o entendimento: do
modo como a organização e a participação da sociedade fornecem o balanço entre os direitos civis e políticos;
da forma pela qual a democracia funciona e como se dá a realização da plena cidadania.
A seguir, apresentamos a bibliografia, composta de filmes, sites e leituras de outros livros que podem
aprofundar as questões aqui discutidas.
Bom estudo!
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Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e metodologia
Resumo
Exercícios
Questão 1 (prova de Pedagogia, Enade 2008). Os alunos da EJA chegam à sala de aula com saberes
construídos a partir de suas vivências em todos os contextos por onde circulam – familiar, profissional, de
lazer ou religioso. Os professores devem trabalhar tais saberes por meio de atividades em que sejam:
A) Avaliados para uma compreensão dos erros epistemológicos para corrigi‑los imediatamente.
Alternativa A: é incorreta.
Justificativa: a compreensão dos erros dos alunos pelo professor possibilita‑lhe construir situações
de sala de aula que lhes permitam ter suas dúvidas, bem como a continuação da construção do
conhecimento.
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Unidade II
Alternativa B: é correta.
Alternativa C: é incorreta.
Alternativa D: é incorreta.
Alternativa E: é incorreta.
Questão 2. Segundo Durante, Emilia Ferreiro realizou uma pesquisa sobre as concepções de sistema
da escrita de alunos adultos não alfabetizados. Assinale, em seguida, a alternativa que destaca uma das
conclusões dessa psicolinguista argentina:
A) Não há nenhuma semelhança entre a concepção de escrita por parte de adultos e a de crianças
não alfabetizados.
B) Os desenhos são para produzir escrita ou criar outras letras diferentes das usadas convencionalmente.
D) Os adultos têm maior compreensão das funções sociais da língua do que as crianças.
Justificativa: o adulto, depois de saber que desenhar não é escrever, constrói a hipótese pré‑silábica,
depois a silábica e suas variações, chegando à silábica alfabética, que antigamente era entendida por
“comer letras”; contudo hoje, depois da pesquisa das professoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, sabemos
que, nesse momento de aprendizagem, o aluno acrescenta letras e chega à hipótese alfabética.
Alternativa D: a afirmativa é correta, diz respeito a uma dentre outras conclusões expressas por
Ferreiro.
Justificativa: a professora Emilia Ferreiro também realizou pesquisas com jovens e adultos para
conhecer como eles pensam o sistema de representação da linguagem escrita e, apenas por pequenas
diferenças, essa construção passa por hipóteses semelhantes às infantis. Uma das explicações para a
compreensão das funções sociais da língua explica‑se por já serem adultos e estarem em contato com
a língua escrita e seus usos sociais.
Justificativa: os adultos já diferenciam como se escreve as palavras, usando letras, e, para situações
de escrita numérica, usando os números.
107
Figuras e ilustrações
Figura 1
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Figura 5
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Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_
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Figura 6
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108
Figura 8
CURTO, L. M.; MORILLO, M. M.; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o
professor pode ensiná‑las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artmed, 2000. v. 1. 1 fotografia, color.
Figura 9
CURTO, L. M.; MORILLO, M. M.; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o
professor pode ensiná‑las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artmed, 2000. v. 1. 1 fotografia, color.
Figura 10
CURTO, L. M.; MORILLO, M. M.; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o
professor pode ensiná‑las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artmed, 2000. v. 1. 1 fotografia, color.
Figura 11
DURANTE, M. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artmed, 1998. 1
fotografia, color.
Figura 12
EJA: III SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Prefeitura Municipal de Apucarana, PR.
1 foto, color. Disponível em: <http://apucarana.pr.gov.br/conteudo‑img/imagem‑2012‑03‑23
‑133251301496‑imgdim‑h‑600.jpg>. Acesso em: 23 nov. 12.
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
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110 minutos.
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NARRADORES de Javé. Direção: Eliane Caffé. Brasil, 2004. 100 minutos.
QUANDO tudo começa. Direção: Bertrand Tavernier. França, 1999. 117 minutos.
UMA MENTE brilhante. Direção de: Ron Howard. Roteiro: Akiva Goldsman. EUA, 2001. 108 minutos.
Textuais
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Exercícios
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116
117
118
119
120
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000