Jordana PDF
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iii
A Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida e que еm todos оs
momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.
Agradeço a minha família em especial a minha mãe Ana Regina pelo incentivo nаs horas
difíceis, e pela compreensão nos momentos de minha ausência.
A Prof Dra. Márcia Teresinha Veit pela orientação, acolhimento, paciência e especialmente
pela oportunidade de crescimento que tive em sua companhia.
Aos professores Dr. Gilberto da Cunha Gonçalves e Dra. Márcia Regina Fagundes Klein pela
co-orientação, suporte e incentivo.
Ao professor Dr. Salah M. Hasan pelo apoio nа elaboração deste trabalho.
A todos do corpo docente e colaboradores da Unioeste em especial do programa de Pós –
Graduação em Engenharia Química.
A todos оs professores que me auxiliaram no processo dе formação profissional, sеm nominar
terão оs meus eternos agradecimentos.
A Jean C. A. Bosquete e Andy A. S. Mendonza pela amizade nas horas debruçadas sobre os
trabalhos, antes de cada prova, nas dificuldades e conquistas especialmente os momentos de alegria
que compartilhamos no mestrado, vocês foram sempre verdadeiros amigos.
As amigas Adriane F. Bido e Gessica Wernek, companheiras dе casa, trabalhos, TPM´s,
gordices e principalmente risadas, vocês serão como irmãs que levarei por toda vida.
Ao João E. Variza por dividir as preocupações, alegrias, tristezas e pelo carinho durante esta
jornada.
Ao André Carraro e Jéssica Zannete pelo apoio prestado durante a realização desta pesquisa.
A CAPES pelo apoio financeiro.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigada.
Meus Agradecimentos
iv
Sonhos determinam o que você quer. Ação
determina o que você conquista.
Aldo Novack
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................vii
LISTA DE TABELAS...................................................................................................ix
LISTA DE ABREVIAÇÕES..........................................................................................x
RESUMO.........................................................................................................................xi
ABSTRACT...................................................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1 Motivação do trabalho ................................................................................................ 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 4
2.1 Mandioca e sua importância econômica ......................................................................... 4
2.2 Processo produtivo da fécula ............................................................................................ 4
2.3 Resíduos na industrialização da mandioca ..................................................................... 5
2.3.1 Manipueira.................................................................................................................. 7
2.4 Toxicidade do íon cianeto ................................................................................................. 8
2.5 Tipos de tratamento de efluente de fecularia .................................................................. 9
2.6 Processo de coagulação/floculação ................................................................................. 10
2.6.1 Coagulantes químicos .............................................................................................. 11
2.6.2 Coagulantes naturais................................................................................................ 12
2.7 Ensaios de ecotoxicidade em efluentes .......................................................................... 13
2.8 Carbono orgânico total ................................................................................................... 15
2.9 Processo de separação por membranas ......................................................................... 16
2.9.1 Fouling em membranas ........................................................................................... 18
2.10 Reuso de água na indústria .......................................................................................... 19
2.11 Enquadramento para lançamento e reuso de águas .................................................. 21
3 MATERIAS E METODOS ............................................................................................... 24
3.1 Coleta e caracterização do efluente ............................................................................... 24
3.2 Agente coagulante/floculante ......................................................................................... 25
3.2.1 Preparo da solução padrão dos coagulantes e do floculante ................................ 26
3.2.2 Seleção dos coagulantes e tempo de sedimentação ................................................ 27
3.3 Planejamento experimental de Plackett & Burman .................................................... 28
3.3.1 Planejamento fatorial completo 2k .......................................................................... 30
3.4 Processo de separação por sembranas.......................................................................... 30
3.4.1 Unidade experimental .............................................................................................. 30
3.4.2 Características das membranas .............................................................................. 33
3.4.3 Procedimento experimental de filtração do efluente ............................................ 34
vi
3.4.4 Parâmetros e índices de desempenho ..................................................................... 34
3.4.5 Limpeza das membranas ......................................................................................... 36
3.5 Processo combinado: coagulação/floculação e separação por membranas ................ 36
3.6 Testes de toxicidade com Artemia salina ....................................................................... 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 38
4.1 Caracterização físico-química do efluente .................................................................... 38
4.2 Ensaios de coagulação/floculação .................................................................................. 41
4.2.1 Seleção dos coagulantes e tempo de sedimentação .................................................... 41
4.2.2 Eficiência de remoção .............................................................................................. 50
4.3 Avaliação dos parâmetros de processo de coagulação/floculação .............................. 54
4.3.1 Planejamento saturado de Plackett&Burman (PB) .............................................. 54
4.3.2 Planejamento Fatorial Completo ............................................................................ 60
4.3.2.1 Coagulante natural ............................................................................................... 60
4.3.2.2 Coagulante sulfato de alumínio ............................................................................ 66
4.4 Processo de separação por membranas ......................................................................... 73
4.4.1 Permeabilidade hidráulica das membranas............................................................... 73
4.4.2 Ensaios de filtração .................................................................................................. 74
4.4.3 Validação dos resultados experimentais obtidos ................................................... 82
4.4.4 Enquadramento da água e avaliação da possibilidade de reuso ......................... 86
4.4.5 Ensaios de toxicidade ............................................................................................... 88
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 91
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................... 93
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 94
ANEXO A ................................................................................................................................ 110
ANEXO B ................................................................................................................................. 116
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Processamento de uma tonelada de mandioca para obtenção de fécula, correntes de
entradas e saídas de água................................................................................................................5
Figura 2.2 - Processamento de uma tonelada de mandioca para obtenção de fécula, correntes de
entradas e saídas de água...............................................................................................................6
Figura 2.3 - Tipos de fouling em membranas causado por acúmulo de sólidos: (a) bloqueio
completo dos poros, (b) bloqueio intermediário do poro, (c) constrição dos poros (d) formação da
camada de torta.............................................................................................................................19
Figura 3.1 – Reação de obtenção do polímero orgânico catiônico via reação de Mannich ...........26
Figura 3.2 – (a) Modulo experimental; (b) Diagrama esquemático da unidade experimental de
filtração por membrana ...............................................................................................................32
Figura 4.1 – Curva de redução da turbidez (a- POP) (b- SL), (c- SG), (d, WW) (e 5ST), (f,
Al2SO4)3) e cor (g-POP) (h-SL), (i-SG) (j-WW), (k-5ST) (Al2(SO4)3 -l) nas concentrações de 160
a 800 mg L-1 no pH natural do efluente (Turbidez inicial média = 2400 NTU, Cor aparente média
= 11700 mg Pt-CoL-1)..................................................................................................................43
Figura 4.2 – Curva dos sólidos sedimentáveis para as diferentes concentrações dos coagulantes:
(a) POP;(b) SL; (c) SG; (d) WW; (e)5ST; (f) sulfato de alumínio (Al 2(SO4)3) no pH natural do
efluente.........................................................................................................................................47
Figura 4.3 – Dados experimentais para o floculante Zetag® 8185 em cinco diferentes
concentrações do co-polímero (10 a 1000 mg L-1): (a) Turbidez; (b) Cor; (c) sólidos
sedimentáveis...............................................................................................................................49
Figura 4.4 – Porcentagem de remoção de cor e turbidez dos coagulantes: (a) POP; (b) SL; (c) SG;
(d) Acquapol WW; (e) Acquapol 5ST; (f) sulfato de alumínio (Al2(SO4)3 para as concentrações
de 160 a 800 mg L-1......................................................................................................................51
Figura 4.5– Remoção de cor e turbidez utilizando o co-polímero Zetag® 8185 nas concentrações
de 1 a 150 mg L-1..........................................................................................................................52
Figura 4.6 – Gráficos de Pareto do coagulante Tanfloc POP para (a) turbidez; (b) cor, para um
nível de significância de 5%.........................................................................................................56
Figura 4.7 – Gráficos de Pareto para o coagulante sulfato de alumínio para (a) turbidez; (b) cor,
para um nível de significância de 5%...........................................................................................57
Figura 4.8 – Gráficos de Pareto para o floculante Zetag® 8185 para (a) turbidez; (b) cor, para um
nível de significância de 5%.........................................................................................................59
Figura 4.9 – Diagrama de Pareto para a resposta turbidez (a) e cor (b) utilizando o coagulante
Tanfloc POP para o planejamento fatorial completo 22 (α=0,05)................................................62
Figura 4.10 – Superfície de resposta (a) e gráfico de contorno (b) para remoção de turbidez
utilizando o planejamento 22 para o coagulante Tanfloc POP.....................................................63
Figura 4.11 - Resíduos do modelo, resposta cor aparente, obtido pelo planejamento 22 utilizando
o coagulante Tanfloc POP: (a) Gráfico dos resíduos versus valores preditos; (b) Gráfico da
probabilidade normal dos resíduos...............................................................................................64
Figura 4.12 – Superfície de resposta (a) e gráfico de contorno (b) para remoção de cor utilizando
o planejamento 22 para o coagulante Tanfloc POP......................................................................64
viii
Figura 4.13– Diagrama de Pareto para a resposta turbidez (a) e cor (b) utilizando o coagulante
Sulfato de Alumínio para o planejamento completo 23 (α=0,05).................................................69
Figura 4.14 - Resíduos do modelo obtido pelo planejamento 23 utilizando Sulfato de Alumínio
para a cor aparente: (a) Gráfico dos resíduos versus valores preditos; (b) Gráfico da probabilidade
normal dos resíduos......................................................................................................................69
Figura 4.15 – Superfície de resposta pH x Conc. de coagulante (a) e gráfico de contorno pH x
Conc. de coagulante (b) para a remoção de cor utilizando o planejamento 23 e o coagulante Sulfato
de Alumínio..................................................................................................................................71
Figura 4.16 – Fluxo de permeado com água deionizada para a membrana de (a) Microfiltração
(MF 108) e (b) Ultrafiltração (UF 104) nas pressões de 0,6 bar, 0,8 bar e 1 bar para a vazão de
0,5 litros por minuto (LPM).........................................................................................................74
Figura 4.17 – Fluxo de permeado obtido utilizando membrana de (a) Microfiltração (MF 108) e
(b) Ultrafiltração (UF 104) para as pressões de 0,6, 1 e 1,4 bar para vazão de 0,5L m-1(MF) e 0,8
Lm-1 (UF)......................................................................................................................................75
Figura 4.18- Fluxo médio de permeado para as diferentes pressões transmembrana entre 70 e 110
minutos de filtração.......................................................................................................................77
Figura 4.19- Fluxo de permeado obtido para a membrana de Microfiltração (MF 108) ∆P= 1,4
bar.................................................................................................................................................83
Figura 4.20 - Número médio de Artemias totais mortas em função das concentrações de efluente
de fecularia bruto, coagulado e microfiltrado...............................................................................87
ix
LISTA DE TABELAS
x
Tabela 4.10 - Eficiência de remoção de turbidez em diferentes estudos utilizando
taninos................................................................................................................................66
Tabela 4.11– Matriz do Planejamento fatorial completo 23 para o ensaio de
coagulação/floculação utilizando o Al2SO4.......................................................................67
Tabela 4.12 - Estimativa dos coeficientes de regressão do planejamento 23 para a remoção
de turbidez e cor aparente, utilizando o coagulante Al2SO4
(α=0,05)..............................................................................................................................68
Tabela 4.13– Análise de Variância (ANOVA) do planejamento 23 para as respostas
turbidez e cor aparente utilizando o coagulante Sulfato de Alumínio (α=0,05)................70
Tabela 4.14 - Estimativa dos efeitos e coeficientes de regressão para a remoção de
DQO,para intervalo de confiança de 95% utilizando o coagulante Sulfato de
Alumínio............................................................................................................................71
Tabela 4.15– Análise de Variância (ANOVA) do planejamento 23 para as respostas DQO
utilizando o coagulante Sulfato de Alumínio (α=0,05).....................................................72
Tabela 4.16 - Eficiência de remoção de diferentes parâmetros no tratamento de efluentes
usando o coagulante Al2SO4..............................................................................................72
Tabela 4.17 – Características físico-químicas do permeado obtido do processso de
Microfiltração (MF108) em temperatura ambiente utilizando vazão de 0,5 L m-
1
..........................................................................................................................................78
Tabela 4.18 – Remoções (%) e fouling obtido nos processos de Microfiltração e
Ultrafiltração utilizando as pressões 0,6, 1 e 1,4 bar........................................................79
Tabela 4.19 – Resultados da caracterização do permeado (MF 108) e requisitos para fim
de lançamento e reuso de efluentes....................................................................................85
Tabela 4.20 - Valores médios da caracterização e coagulação do efluente de
fecularia..............................................................................................................................83
Tabela 4.21 Valores de DL50 obtidos com a espécie Artemia salina em diferentes diluições
do efluente de fecualria bruto e tratado..............................................................................86
xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
xii
TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FECULARIA UTILIZANDO
COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO E SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo estudar o tratamento da manipueira por processo combinado de
coagulação/floculação e separação por membranas, visando o reuso não potável desta água. Para
o pré-tratamento do efluente foi realizada uma triagem utilizando cinco coagulantes naturais
(Acquapol WW, S5T e Tanfloc POP, ST, SG), um químico (Al2SO4) e um floculante catiônico
(Zetag® 8185). Planejamentos experimentais Plackett & Burman (PB12) seguido de um fatorial
completo 2k foram utilizados a fim de obter as melhores condições experimentais no processo. O
sobrenadante obtido na etapa de coagulação/floculação foi submetido a um processo de separação
por membranas de micro e ultrafiltração variando-se as pressões (0,6, 1 e 1,4 bar), sendo
analisados os fluxos de permeado, fouling e eficiência de remoção. O efluente bruto e a água
resultante do tratamento nas melhores condições dos ensaios de coagulação/floculação e filtração,
foram submetidos a um ensaio de toxicidade utilizando o organismo Artemia salina. A partir da
triagem selecionou-se o tempo de sedimentação de 15 minutos e o Tanfloc POP dentre os
coagulantes naturais. A melhor condição de operação da coagulação/floculação obtida através dos
planejamentos experimentais foi de 1 min para TMR, 10 min de TML, 180 rpm para VMR e 10
rpm de VML, pH de 8,5 e concentração do coagulante de 440 mg L-1, com remoções de 88,5 %
para cor e 78,9 % de turbidez. O modelo ajustou-se aos dados de remoção do parâmetro cor no
planejamento fatorial completo utilizando o coagulante Tanfloc POP. Os ensaios de filtração (MF
e UF) apresentaram na pressão de 1,4 bar, remoções acima de 90 % de cor e turbidez, e acima de
70 % para nitrogênio e TOC, porém com baixa remoção de DQO (menor que 20%). A toxicidade,
do efluente mesmo tratado (66 % e 100 %) apresentou-se tóxico para o organismo teste devido a
presença de cianeto livre. O permeado obtido (MF) poderia ser utilizado para fins menos nobres
dentre as classes (2, 3 e 4) sugeridas pela ABNT NBR 13.969/1997. Os resultados obtidos neste
estudo demonstram o potencial dos processos de C/F, MF e UF, para tratamento da manipueira.
Palavras-chave: efluente de fecularia, coagulação/floculação, permeado, reuso.
xiii
TREATMENT OF WASTEWATER FROM STARCH USING
COAGULATION/FLOCCULATION AND MEMBRANE SEPARATION
ABSTRACT
This research aimed to study the treatment of manipueira by combined process of
coagulation/flocculation and membrane separation, targeting the non-potable reuse this water. For
pretreatment of the effluent triage was performed using five Natural coagulants (Acquapol WW,
and S5T Tanfloc POP, ST, SG), a chemical (Al2SO4) and a cationic flocculant (Zetag ® 8185).
Experimental designs Plackett & Burman (PB12) followed by a full factorial 2k was used in order
to obtain the best experimental conditions in the process. The supernatant obtained in step of
coagulation/flocculation underwent a process of separation of micro-and ultrafiltration
membranes varying pressures (0,6, 1 and 1,4 bar), permeate flows being analyzed, fouling and
removal efficiency. The raw sewage and water resulting from treatment in the best conditions of
coagulation/flocculation and filtration, underwent a toxicity test using brine shrimp body. From
the selected sorting the sedimentation time 15 minutes and Tanfloc POP among the natural
coagulants. The best condition of operation of the coagulation/flocculation obtained through
experimental planning was 1 min to 10 min, TMR TML, 180 rpm for VMR and 10 rpm of VML,
pH of 8.5 and coagulant concentration of 440 mg L-1, with removals of 88,5% to turbidity and
78,9% color. The model adjusted to the data in the color parameter removal complete factorial
planning using coagulant Tanfloc POP. The tests of filtration (MF and UF) presented on pressure
of 1,4 bar, above 90% removal of colour and turbidity, and above 70% for nitrogen and COT, but
with lower COD removal (less than 20%). The toxicity of that treated wastewater (66% and
100%) reported toxic to the test organism due to the presence of free cyanide. The permeated
obtained (MF) could be used for less noble purposes among the classes (2, 3 and 4) suggested by
the ABNT NBR 13,696/1997. The results obtained in this study demonstrate the potential of C/F,
MF and UF, for treatment of manipueira.
xiv
1. INTRODUÇÃO
1
iii. Utilizar o planejamento experimental Plackett & Burman (PB12) para estudo
das variáveis influentes no processo de coagulação/floculação;
iv. Utilizar um planejamento completo para obter as melhores condições
operacionais selecionadas no PB12;
v. Aplicar diferentes pressões transmembrana para o tratamento do sobrenadante
resultante da coagulação/floculação na separação por membranas de modo a
obter a melhor condição de operação;
vi. Caracterizar o efluente tratado após a coagulação/floculação e separação por
membranas e avaliar a possibilidade de reuso desse efluente industrial;
vii. Avaliar a toxicidade no efluente bruto, tratado por coagulação/floculação e no
permeado tratado após separação por membrana;
viii. Avaliar se os resultados dos parâmetros monitorados atendem os padrões da
legislação para lançamento de águas residuais, bem como se alcançam os
padrões de reuso direto para fins não potáveis.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
Extração e
Lavagem e
Mandioca Ralação separação da
descascamento
fécula
5
descartada no ambiente ou destinada a complementação de alimentação animal (SOUZA
et al., 2015).
Para cada tonelada de raiz de mandioca processada, são produzidos cerca de 250
a 280 kg de fécula de mandioca, 20 a 50 kg de cascas e para o bagaço entre 20 a 40 kg,
que é composto pelo material fibroso da raiz e apresenta teor de umidade de
aproximadamente 85 %. Estes, geralmente, são destinados à alimentação animal ou
dispostos no meio ambiente (FAO 2011; RODRIGUES et al., 2011).
Os principais resíduos líquidos gerados no processamento da mandioca segundo
CEREDA (2001) são: água de lavagem das raízes, originária dos lavadores/
descascadores; água de extração da fécula, que corresponde à água de constituição da raiz
diluída com a água de extração; manipueira ou água vegetal, que corresponde ao líquido
resultante do processo de extração e purificação da fécula.
Na Figura 2.2 é apresentado o fluxograma de entradas e saídas de água para um
processo industrial utilizando uma tonelada de mandioca para obtenção de fécula.
Figura 2.2 - Processamento de uma tonelada de mandioca para obtenção de fécula, correntes de
entradas e saídas de água (KUCZMAN, 2007).
6
apresentar um composto que pode gerar cianeto tóxico para a maioria dos seres de
respiração aeróbia (MENEGHETTI & DOMINGUES, 2008).
2.3.1 Manipueira
7
Na Tabela 2.1 observam-se diferenças para as três amostras coletadas de
manipueira quanto aos valores dos parâmetros caracterizados, fato atribuído ao tipo de
raiz, solo e condições climáticas que variam de acordo com o local em que foram
processadas as raízes.
GAMEIRO et al. (2003), analisaram o destino dos resíduos de 68 indústrias de
amido localizadas nos estados de SC, PR, SP e verificaram que 93 % delas acumulam a
manipueira em lagoas. Destas fecularias, apenas 6 % segundo os autores destinam o
resíduo na lavoura, servindo como fertirrigação, e 1 % lançam o líquido diretamente em
rios.
A fécula de mandioca é um produto de importância econômica em muitas partes
do mundo. Contudo, a manipueira resultante deste processamento pode representar séria
ameaça para o ambiente e a vida aquática em águas receptoras, pois apresenta um alto
teor de matéria orgânica e cianeto. Este cianeto é responsável pela redução da
disponibilidade de oxigênio dissolvido no meio, causando a morte dos organismos
aeróbios e quando lançado no solo prejudica o equilíbrio entre nutrientes
(KAEWKANNETRA et al., 2009; WOSIACKI & CEREDA, 2002).
8
Em estudo da toxicidade de cianocomplexos, realizado por LITTLE et al. (2007),
utilizando hexacianocobalto(III), que em ambiente aquático e na presença de luz libera
íons cianeto, mostrou-se altamente tóxico aos microcrustáceos Daphnia magna,
Ceriodaphnia dúbia e principalmente ao peixe Oncorhynchus mykiss na presença de
radiação emitida por um simulador solar.
O cianeto é extremamente tóxico para os seres humanos, causando a morte quando
inalado em concentrações acima de 100 mg/m3 de cianeto de hidrogênio, a exposição
aguda a concentrações de 6 a 49 mg/m3 podem causar fraqueza, dor de cabeça, náuseas,
aumento da taxa de respiração, e irritação dos olhos e da pele (EPA, 2013).
9
compostos de nitrogênio, cianoglicosídeos e fibras insolúveis presentes no efluente
(SAVITHA et al., 2009).
Para que um processo de tratamento de efluentes contendo cianeto, como o
efluente de fecularia seja efetivo algumas variáveis devem ser consideradas como: vazão
do efluente, concentração do cianeto, espécies químicas, nível técnico dos empregados
da empresa, níveis permitidos de lançamento e preço do processo de tratamento (ISMAIL
et al., 2009).
10
ótimo” de floculação que corresponde à situação em que as partículas coloidais
apresentam menor quantidade de carga eletrostática superficial.
A ABNT-NBR 12216/1992, sugere que, as condições ideais de gradiente de
velocidade e tempo de mistura rápida e lenta (TMR e TML) devem ser determinadas em
ensaios laboratoriais, se não for possível recomenda um tempo de mistura rápida(TMR)
< 5 min e tempo de mistura lenta 20 a 40 min (TML):
11
2.6.2 Coagulantes naturais
12
2.7 Ensaios de ecotoxicidade em efluentes
13
Tempo de
Parâmetro Definição
Exposição
CEO Concentração de efeito observado: menor concentração de 7 dias
agente tóxico que causa efeito deletério estatisticamente
significativo nos organismos no tempo de exposição e nas
condições do teste.
Tabela 2.3 – Principais normas da ABNT para ensaios de toxicidade e seus requisitos
(OLIVEIRA, 2011) (continua)
Norma Tipo de Espécie Duração Efeito Expressão dos
Ensaio Observado Resultados
NBR Agudo Daphnia similis e 48 h Imobilidade CE50, FT ou
12713: Daphnia magna tóxico e não
2009 tóxico NBR
12648:2005
Crônico Chlorella
vulgaris
NBR Crônico Chlorella 72 h ou Inibição do CENO, CEO, VC,
12648: vulgaris,Scenedesm 96 h crescimento CIp, FT ou tóxico
2005 us subspicatus e da biomassa e não tóxico
Pseudokirchneriella algácea
subcaptata
14
Norma Tipo de Espécie Duração Efeito Expressão dos
Ensaio Observado Resultados
NBR Crônico Daniorerioe 7 dias Letalidade CENO, CEO ,
15499: Phimealespromelas (Daniorerio) VC, CIp tóxico,
2007 e letalidade não tóxico e
e efeito agudo
crescimento
(Pimephales
promelas)
NBR Agudo Vibrio fischeri 30 min Inibições de CE20, CE50 e
15411- luminescência FT
1:2006
Legenda: FT: (fator de toxicidade) - a menor diluição do efluente que não causa efeito deletério
agudo aos organismos, num determinado período de exposição, nas condições de ensaio; CEN0:
concentração de efeito não observado; CE0: concentração de efeito observado; VC: Valor crônico
(é a média geométrica dos valores de CENO e CEO); CE20:Concentração de efeito 20%;
CE50:Concentração de efeito 50%;CIp: concentração de inibição) - concentração nominal da
amostra que causa redução de uma determinada porcentagem no desenvolvimento embriolarval
dos organismos em relação ao controle (p = 12%, 25%, 50% ou outra porcentagem), nas
condições de ensaio.
O carbono orgânico total (COT) é definido como qualquer composto que contêm
átomos de carbono, com exceção de CO2 e substâncias relacionadas, sua medição
proporciona um método rápido e preciso de determinar o grau de contaminação biológica
das águas residuais, sendo um indicador do caráter orgânico do efluente (CHOUA et al.,
2010).
O COT é obtido pela oxidação do carbono orgânico dissolvido e particulado, logo,
é uma medida direta da diversidade de compostos orgânicos em vários estados de
oxidação em uma amostra de água, se tornando um bom indicador de qualidade de água
(PARRON et al., 2011; CETESB, 2014).
Os limites aceitáveis (Tabela 2.4) para o COT na Legislação Brasileira são
estabelecidos pelo CONAMA - Resolução 357/2005 que dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, e estabelece condições
e padrões de lançamento de efluentes.
15
Tabela 2.4- Valores máximos de COT de acordo com a classe dos corpos hídricos
CONAMA 357 (2005)
Classes dos corpos hídricos Valor máximo de COT
Águas Salinas/Salobras – Classe I 3,0 mg L-1 C
Águas Salinas/ Salobras – Classe II 5,0 mg L-1 C
Águas Salinas/ Salobras - Classe III ≤ 10 mg L-1 C
16
Tabela 2.5 - Principais diferenças entre os processos comerciais de membranas que são
utilizados no tratamento de água e esgoto (SCHNEIDER et al., 2001;HABERT et al.,
2006). Adaptado
Membrana Força Porosidade Mecanismo de Material retido
Motriz Separação
Microfiltração ΔP (0,5 – 0,1 µm – Por tamanho Protozoários, bactérias,
2atm) 0,2 µm vírus (maioria),
partículas Moléculas
Massa molar
> 500k Da
(0,01μm).
Ultrafiltração ΔP(1-7 1.000 – Por tamanho Material removido na
atm) 100.000 Da MF + colóides +
totalidade de vírus
Macromoléculas Massa
molar >
5.000 Da
Nanofiltração ΔP 200 – 1.000 Por tamanho Íons divalentes e
(5 – Da trivalentes, moléculas
25 atm) orgânicas com tamanho
maior do que a
porosidade media da
membrana
Osmose ΔP <200 Da Sorção/difusão Íons, praticamente toda
inversa (15 – a matéria orgânica
80 atm)
17
Em estudo realizado no tratamento de efluente têxtil SUMISHA et al. (2015),
utilizaram uma membrana de ultrafiltração (poli éter sulfona) a uma pressão de 5 bar e
obtiveram remoções de 98 % de turbidez e 88 % de DQO. Também utilizando membrana
de poli éter sulfona SALAHI et al. (2015) visando o tratamento de águas residuais
oleosas, obtiveram remoções de 99,2 % de turbidez e 83,1 % de DQO para a pressão de
operação 3 bar.
18
Figura 2.3- Tipos de fouling em membranas causado por acúmulo de sólidos: (a) bloqueio
completo dos poros, (b) bloqueio intermediário do poro, (c) constrição dos poros (d)
formação da camada de torta. Adaptado de NG-YIN et al. (2014).
19
- Reuso indireto planejado da água: quando os efluentes depois de tratados são
descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para
serem utilizadas à jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.
- Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados,
são enviados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo
lançados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em
indústria ou irrigação.
Os fatores que irão determinar a qualidade da água em sistemas de reuso são: os
processos produtivos, odor, cor, características físico-químicas e biológicas, o nível de
tratamento das águas residuais. Juntamente com um planejamento adequado,
levantamento das necessidades de água em cada etapa dos processos industriais e
parâmetros de qualidade requerida, pode-se reutilizar a água até mesmo no processo que
a gerou (GARCIA & PARGAMENT, 2015; MIERZWA, 2002).
O manual de reuso de água da Agência Ambiental Americana (Environmental
Protection Agency - EPA, 2004) apresenta algumas sugestões de diretrizes (Tabela 2.7)
como: processos de tratamento de efluentes; qualidade da água para reuso;
monitoramento; e as distâncias mínimas para proteger as fontes de água potável de
contaminações e as pessoas de riscos à saúde.
Conforme JUNIOR (2006), para a implantação destas práticas se faz necessário
primeiramente diminuir o desperdício de água nos processos, pois o reuso não repõe
integralmente a necessidade de água de uma planta industrial, uma vez que existem
limitações de ordem técnica, operacional e ambiental que restringem a utilização em
sistemas internos (fechado). A importância de uma alta vazão do fluxo tangencial sobre
as superfícies das membranas é deslocar os compostos acumulados evitando a obstrução
dos poros, contudo a eficiência do sistema de filtração depende principalmente das
pressões exercidas (ROCHA, 2003).
O uso de efluentes secundários tratados corresponde a apenas 17 % da demanda
de água não potável pelas indústrias, e estes podem ser utilizados em sistemas de
refrigeração e outros usos menos restritivos, tais como lavagem de pisos, equipamentos,
e como água de processo em indústrias mecânicas e metalúrgicas (HESPANHOL, 2002).
Em estudo de implantação do reuso dos efluentes em circuito fechado de uma
indústria de reciclagem de plásticos realizado por BORDANALLI & MENDES (2009),
foi demonstrada a viabilidade e exequibilidade do tratamento, por coagulação com o uso
20
de hidroxicloreto de alumínio (PAC) e polieletrólito auxiliar, decantação e filtração em
manta geotêxtil. WEBER et al. (2010), conduziram um estudo de uso racional e reuso da
água em uma indústria de papel ondulado em que o consumo médio de água foi reduzido
em 45 %.
22
Tabela 2.7 - Diretrizes para água de reuso estabelecidas pela Agência Ambiental Americana (EPA, 2004)
Qualidade Água Monitoramento da Agua Distância de
Tipo de Reuso Tratamento Comentários
Recuperada Recuperada Segurança
Reuso industrial -Secundário -pH entre 6 e 9 -pH semanal -90 m da área de - Gotas de aspersão
(resfriamento de -Desinfecção -DBO ≤30 mg L-1 -DBO semanal acesso ao público não devem alcançar
uma passagem) -SST ≤30 mg L-1 -SST diário locais de acesso de
≤ 200 coliformes -Coliformes diário operários.
termotolerantes por - Cloro residual contínuo
100 ml
- Cloro residual
mínimo 1 mg L-1
Reuso industrial -Secundário - Variáveis dependem -pH semanal - 90 m da área de - Gotas de aspersão
(torres de -Desinfecção da taxa de recirculação -DBO semanal acesso ao público não devem alcançar
resfriamento) -Coagulação -pH entre 6 e 9 - SST diário (pode ser reduzido locais de acesso de
química e -DBO ≤ 30 mg L-1 - Coliformes diário ou eliminado se operários
filtração -SST ≤ 30 mg L-1 -Cloro Residual continuo houver alto grau de - Tratamento
podem ser - ≤ 200 coliformes desinfecção) adicional para evitar
necessárias termotolerante por 100 incrustação,
mL corrosão,
- Cloro residual 1 mg L- crescimento
1 biológico e espumas.
23
3 MATERIAS E METODOS
O efluente utilizado nos experimentos foi gentilmente cedido por uma indústria
processadora de mandioca localizada no oeste do Estado do Paraná. As coletas do efluente
foram realizadas de acordo com o guia nacional de coletas e preservação de amostras das
agências CETESB/ANA (2011), e armazenadas em galões de polipropileno de 50 litros.
Quatro coletas de efluente foram realizadas em datas distintas para a realização
dos experimentos de: i) caracterização e seleção de coagulante/floculante; ii) ensaios
preliminares seleção do coagulante e planejamento experimental; iii) ensaios de filtração
e; iv) combinação coagulação/floculação/membranas.
Os procedimentos analíticos foram realizados em duplicata, também conforme
metodologias do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
(APHA, 2005). O efluente coletado foi submetido a ensaios de caracterização, sendo os
parâmetros físico-químicos analisados apresentado na Tabela 3.1.
24
Parâmetro Unidade Método Procedimento Equipamento
DQO mg O2 L-1 Colorimétrico (APHA 2005)- Espectrofotômetro
em refluxo 5220 D (Hitachi U-1800)
fechadod
Fósforo Total mg L-1 Colorimétrico Mackereth et al. Espectrofotômetro
Dissolvido (1978) (Vision SB-1810-S)
Íon cianeto mg L-1 Colorimétrico (8027 Piridina- Espectrofotômetro
(livre) Pirazalone Kit-Hach (Hitachi U-1800)
Cyaniver)
Nitrogênio mg L-1 Titulométrico Mackereth et al.
Total (1978)
pH - Potenciométrico (APHA 4500-OG pHmetro digital
Digimed (Modelo
DM-22);
Sólidos Totais mg L-1 Gravimétrico (APHA -2540 C)
-1
Sólidos Fixos e mg L Gravimétrico (APHA- 2540 E)
Voláteis
Sólidos mL (L h)-1 Gravimétrico (APHA 2540 F)
Sedimentáveis
0 Termômetro
Temperatura C Termométrico (APHA - 2550 B)
Incoterm (Modelo
ASTM 8C-86);
Turbidez NTU Nefelométrico (APHA- 2130 B) Turbidímetro
(Modelo 2100P)
25
Figura 3.1 - Reação de obtenção do polímero orgânico catiônico via reação de Mannich. Adaptado
MANGRICH et al. (2014).
26
3.2.2 Seleção dos coagulantes e tempo de sedimentação
27
Valor(controle)–Valor(amostra)
Eficiência= {( )} *100 (3.1)
Valor(controle)
Uma análise de variância (ANOVA, teste de Tukey HSD) foi realizada para
avaliar quais tratamentos foram significativos, comparando as médias de remoção de cor
e turbidez entre as concentrações dos coagulantes estudados, no tempo de sedimentação
anteriormente selecionado, utilizando o software Statistica® versão 7.0 para um nível de
significância de 5% (p<0,05).
28
Tabela 3.3 – Faixas de valores reais e codificados utilizados no planejamento (PB 12)
Nível
Código Variável -1 0 1
X1 Concentração do Coagulante (mg L-1) 0 320 640
X2 Velocidade de Mistura Rápida (rpm) 120 150 180
X3 Velocidade de Mistura Lenta (rpm) 10 20 30
X4 pH 4,5 5,5 6,5
X5 Tempo de Mistura Lenta (min) 10 15 20
X6 Tempo de Mistura Rápida (min) 1 3 5
*X7 Concentração de Co-polímero (mg L-1) 0 5 10
*Associado ao coagulante inorgânico e ao natural.
Tabela 3.4 – Matriz do Planejamento Saturado de Plackett & Burman (PB 12)
Ensaio X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7
1 1 -1 1 -1 -1 -1 1
2 1 1 -1 1 -1 -1 -1
3 -1 1 1 -1 1 -1 -1
4 1 -1 1 1 -1 1 -1
5 1 1 -1 1 1 -1 1
6 1 1 1 -1 1 1 -1
7 -1 1 1 1 -1 1 1
8 -1 -1 1 1 1 -1 1
9 -1 -1 -1 1 1 1 -1
10 1 -1 -1 -1 1 1 1
11 -1 1 -1 -1 -1 1 1
12 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
13 0 0 0 0 0 0 0
14 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0 0
29
3.3.1 Planejamento fatorial completo 2k
30
para conexões na unidade e válvulas gaveta para controle de pressão (permeado e
concentrado).
31
(a) (b)
FI-02 Indicador de vazão do VG-01 Controle de Pressão FI-01 Indicador de vazão do
1 TQ-01 Tanque PP-5L 5 9 13
permeado da B-01 retido 0,4 a 4LPM
VE-02- Bloqueio de PI-01 Indicador de Pressão VG-02 Controle de Pressão B-01 Bomba Diafragma 220
2 6 10
permeado (concentrado)-1 a 5 bar do concentrado L/h; 5 Bar
VG-03 Controle de Pressão
VE-01- Válvula de PI-02 Indicador de Pressão
3 7 11 do permeado
Abertura do tanque (permeado) - 1 a 5 bar
VE-03 Bloqueio de permeado
4 Membrana 8 12 Micro controlador
para leitura de vazão
Figura 3.2 – (a) Modulo experimental; (b) Diagrama esquemático da unidade experimental de filtração por membrana (Pam Membranas Seletivas Ltda. 2011)
32
3.4.2 Características das membranas
𝐽
𝐾= (3.2)
𝛥𝑃
Em que:
K Permeabilidade hidráulica (L m-2 h-1 bar-1);
J Fluxo de permeado através da membrana (L∙m-2∙h-1);
P Pressão (bar).
33
3.4.3 Procedimento experimental de filtração do efluente
34
O fluxo de permeado representa a medida de vazão do permeado (L∙m-2∙h-1) através
da membrana, sendo determinado pela variação de pressão aplicada. É calculado de acordo
com a equação 3.3 (CHERYAN, 1998):
𝑉𝑝
𝐽𝑝 = (3.3)
𝑡𝐴
Em que:
Jp Fluxo do permeado (L∙m-2∙h-1);
A Área da membrana (m2);
VP Volume do permeado recolhido (mL);
t Tempo para permeação (s).
Em que:
Ja Fluxo com água após o experimento com efluente (L∙m-2∙h-1);
Jd Fluxo de água com a membrana limpa (L∙m-2∙h-1)
𝐶𝑝
𝑅 (%) = [1 − 𝐶 ] 100 (3.5)
𝑅
Em que:
Cp Concentração do composto no permeado (mg L-1)
35
3.4.5 Limpeza das membranas
36
Tabela 3.6 – Condições experimentais e parâmetros analisados no processo combinado
Coagulação/Floculação Filtração
Condições Concentração de coagulante (mgL-1); Pressão (bar)
experimentais
VML, VMR (rpm); TMR, TML
(minutos); pH
37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
CONAMA
Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 430/11
Parâmetro CEMA IAP
(11/2014) (03/2015) (04/2015) (11/2015)
70/2009*
Sólidos suspensos totais 301,7 431,41 6670,42 115,4± 12,5 -
(mg L-1)
Temperatura (°C) 26,30,49 27,7 0,71 26,80,14 24,7 ± 0,35 <40 °C
Turbidez (NTU) 17252,8 29398,5 21274,2 1282± 8,5 -
39
fecularia e obtiveram 2211 µS cm-1 para condutividade, 8616 mg L-1 para sólidos totais e
1640 mg L-1 para sólidos fixos.
A turbidez do efluente industrial (2939 NTU) está associada à elevada quantidade de
sólidos totais (6286 mg L-1) presente no efluente, valor este próximo ao obtido por LIMONS
(2008), de 6000 mg L-1. Os sólidos totais correspondem ao material particulado originado
de resíduos de mandioca e terra aderida as raízes que ocorre principalmente durante a
lavagem e higienização da mandioca no processo.
Segundo CHOU et al. (2010), nas águas residuais, quando são encontrados altos
valores de COT estes constituem um indicativo de fontes poluidoras dos corpos receptores.
PINTO et al. (2010) e FEIDEN & CEREDA (2003), obtiveram em torno 3352 e 2604 mg
L-1 de carbono orgânico total para a manipueira proveniente do processamento da mandioca,
valores estes próximos aos determinados no presente trabalho (2261 e 3305 mg L-1).
O parâmetro nitrogênio total não se enquadrou no limite estabelecido pelo
CONAMA 430/2011 (20,0 mg L-1) nas três coletas realizadas, e o fósforo total dissolvido
não é regulamentado pela legislação, porém este é um importante nutriente para processos
biológicos que pode, em excesso, provocar a eutrofização das águas.
Apesar do nitrogênio também ser responsável pela eutrofização, o fator limitante para
a ocorrência da eutrofização é normalmente o fósforo, pois as algas cianofíceas possuem a
capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico, fazendo com que este se torne assimilável
(BRAUN & HILGEMANN, 2014).
A concentração de cianeto livre variou entre 1,3 e 2,33 mg L-1 não atendendo ao
limite (0,2 mg L-1) estabelecido pela legislação CONAMA 430/11. MELO et al.(2005),
obtiveram uma concentração de 0,8 mg L-1de cianeto livre para o efluente proveniente do
processamento de mandioca para fabricação de polvilho. Para amostras de efluente de
fecularia, SUHARTINI et al. (2013), determinaram uma concentração média de cianeto total
de 4,16 mg L-1.
Os parâmetros DBO5, DQO, cianeto e nitrogênio apresentaram-se acima dos limites
estabelecidos pela legislação, sendo também determinada uma alta presença de sólidos no
efluente. Estes poluentes mesmo passando por lagoas de tratamento, ainda podem apresentar
algum dano ao ambiente. Assim, o processo de coagulação/floculação seguido da filtração
empregando membranas pode representar uma alternativa para melhorar a qualidade da água
de despejo, além de possibilitar a reutilização da água tratada (não potável) na indústria.
40
4.2 Ensaios de coagulação/floculação
41
(a) (g)
(b) (h)
(c) (i)
42
(d) (j)
(e) (k)
(f) (l)
Legenda:
Figura 4.1 – Curva de redução da turbidez (a-POP) (b-SL), (c-SG), (d-WW) (e-5ST), (f- Al2SO4)3) e
cor (g-POP) (h-SL), (i-SG) (j-WW) (k-5ST) (Al2(SO4)3-l) nas concentrações de 160 a 800 mg L-1 no
pH natural do efluente (Turbidez inicial média = 2400 NTU, Cor aparente média = 11700 mg Pt-Co
L-1)
43
Em todos os ensaios realizados, amostras controle foram empregadas sem a adição
de coagulante e submetidas às mesmas condições de velocidade e tempo de mistura. O
efluente bruto (lote 2) apresentou uma turbidez inicial de 2939 NTU e de 11675 mg Pt-Co
L-1 para a cor aparente em sua caracterização, e após armazenagem e utilização nos ensaios
controle atingiu valores entre 260 e 337 NTU e 1860 e 3165 mg Pt-Co L-1, respectivamente,
após 20 minutos de experimento. Nos ensaios controle (sem coagulante) foi observada uma
aglomeração natural das partículas em suspensão com sedimentação no efluente, porém bem
menos intensa do que com a adição dos diferentes coagulantes.
Comparando os resultados obtidos da turbidez remanescente na amostra de efluente
tratado (Figura 4.1(a) – (e)), pode-se constatar que a concentração de 320 mg L-1 de
coagulante natural apresentou maior eficiência na redução do parâmetro avaliado,
correspondendo a 23,5 NTU (POP), 30,5 NTU (SL), 32,5 NTU (SG), 41NTU (WW) e 38, 5
NTU (5ST) para um tempo de 15 minutos de sedimentação.
A amostra de efluente tratada com o coagulante Tanfloc POP (Figura 4.1 (a))
apresentou como melhor resultado 13,5 NTU de turbidez residual para a concentração de
coagulante de 800 mg L-1 e 15 minutos de sedimentação. A diminuição deste parâmetro para
o coagulante SL (Figura 4.1 (b)) foi de 28,5 NTU para a concentração de 480 mg L-1 de
coagulante. Os melhores resultados de redução de turbidez para os coagulantes Acquapol
WW (30,5 NTU) e Acquapol 5ST (37,5 NTU) foram obtidos na concentração de 640 e 320
mg L-1 de coagulante, respectivamente, em 20 minutos de sedimentação (Figura 4.1 (d)- (e)).
Dentre os coagulantes naturais avaliados o melhor resultado em termos de redução
de turbidez, foi obtido utilizando-se o Tanfloc SG (Figura 4.1 (c)) na maior concentração de
coagulante (800 mg L-1), alcançando 9,5 NTU em 15 minutos de experimento.
Avaliando de maneira geral os resultados, verifica-se que existe melhora na redução
do valor de turbidez quando são empregadas concentrações maiores do que 320 mg L-1 de
coagulante natural (POP, SG, WW). Contudo, este aumento em média corresponde a no
máximo 20 unidades de redução de turbidez, requerendo para tanto, mais que o dobro da
concentração de coagulante anteriormente citada (320 mg L-1), encarecendo os custos do
tratamento para uma pequena melhora.
Na Figura 4.1 (g), (h), (i), (j) e (k), observa-se uma redução do parâmetro cor na
concentração de 320 mg L-1 para os coagulantes naturais POP (655 mg Pt-Co L-1), SL (650
mg Pt-Co L-1), SG (1055 mg Pt-Co L-1), WW (1585 mg Pt-Co L-1) e 5ST (530 mg Pt-Co L-
1
) para um tempo de sedimentação de 15 minutos.
44
As melhores reduções de cor ocorreram para o coagulante POP (Figura 4.1 (g)),
equivalente a 576 e 535 mg Pt-Co L-1, respectivamente, para as concentrações de 320 e 640
mg L-1, em 20 minutos de sedimentação. O coagulante SG (Figura 4.1 (i)) e WW (Figura 4.1
(j)) apresentaram seus melhores resultados para a concentração de 320 mg L-1 e 480 mg L-1,
obtendo respectivamente, 985 mg Pt-Co L-1 e 1550 mg Pt-Co L-1, em 10 e 15 minutos de
sedimentação. As maiores reduções de cor foram alcançadas para o coagulante SL (Figura
4.1 (h)) nas concentrações de 320 e 480 mg L-1, de 615 e 580 mg Pt-Co L-1, respectivamente,
em 10 minutos de sedimentação. Para o coagulante Acquapol 5ST (Figura 4.1 (k)) o menor
valor de cor remanescente ocorreu na concentração de 320 mg L-1, alcançando 520 mg Pt-
Co L-1 para 20 minutos de sedimentação.
Acima da concentração de 480 mg L-1 de coagulante SL e 5ST, houve um aumento
dos valores para os parâmetros de cor e turbidez, indicando um excesso de solução
coagulante empregada para tratar a amostra de efluente. Os coagulantes vegetais a base de
taninos (POP, SL, SG, WW, 5ST) apresentaram cor castanha escura mesmo quando diluídos,
assim de acordo com OLIVEIRA et al. (2013), o aumento de sua concentração na água causa
o aumento da polimerização que pode tornara cormais intensa e acastanhada.
A partir destes resultados, a concentração de 320 mg L-1 de coagulante natural
apresentou a melhor condição experimental para obtenção do menor valor de cor e turbidez
remanescente no efluente para um intervalo de 10 a 15 minutos de sedimentação quando
comparada as demais concentrações estudadas. Um menor tempo de sedimentação e
concentração de coagulante tem grande importância para a indústria, pois envolve a
diminuição de custos operacionais em seu processo de tratamento de efluente.
Para o coagulante inorgânico sulfato de alumínio foram obtidas reduções de turbidez
(Figura 4.1 (f)) e cor (Figura 4.1 (l)) de 174 NTU e 1160 mg Pt-Co L-1, respectivamente, na
concentração de 640 mg L-1 e um tempo de sedimentação de 15 minutos.
Estudos comparativos entre o sulfato de alumínio e taninos para o tratamento de água
para fins potáveis apresentaram maiores remoções de turbidez quando utilizados coagulantes
naturais (CORAL et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2013). Esse melhor resultado no tratamento
de águas utilizando taninos em relação ao sulfato de alumínio ocorre devido ao floco
originado pela adição do coagulante Tanfloc apresentar superfície relativamente maior,
ocasionando maior área de contato do que os flocos formados pelo sulfato de alumínio,
promovendo maior clarificação, com menores valores de cor e turbidez (TRATAMENTO
DE ÁGUA, 2006).
45
Taninos também vêm sendo aplicados no tratamento de lixiviado de aterro sanitário
e na remoção de corantes, com significativasreduções principalmente do parâmetro cor
(PEDROSO et al., 2012; BELTRÁN-HEREDIA et al., 2009; BONGIOVANI et al., 2010).
Segundo GUZMAN et al. (2013), extratos de origem vegetal, testados e relatados na
literatura são eficientes na remoção de turbidez, em comparação com o sulfato de alumínio.
Na Figura 4.2 são apresentadas as curvas dos sólidos sedimentáveis em função do
tempo obtidas em Cone Imhoff para os cinco coagulantes naturais e o sulfato de alumínio.
(b)
(a)
(c) (d)
46
(e) (f)
Legenda:
Figura 4.2 – Curva dos sólidos sedimentáveis para as diferentes concentrações dos
coagulantes: (a) POP;(b) SL; (c) SG; (d) WW; (e)5ST; (f) sulfato de alumínio (Al2(SO4)3)
no pH natural do efluente.
47
No tratamento de água de efluente municipal BELTRÁN-HEREDIA et al. (2009),
obtiveram um valor de formação de lodo de cerca de 150 mL L-1 em cone Imhoff, utilizando
uma concentração de 100 mg L-1 de tanino.
O aumento dos sólidos sedimentáveis ocorre devido, aos taninos atuarem em
sistemas de partículas coloidais, neutralizando cargas, auxiliando na formação de pontes
entre estas partículas, sendo este processo responsável pela formação de flocos e
consequente sedimentação (GRAHAM et al., 2008).
Uma vantagem da utilização de coagulantes naturais a base de tanino é que geram
lodo biodegradável e de fontes renováveis, por ser de origem vegetal, além de ser uma
alternativa aos coagulantes químicos comumente utilizados, sulfato de alumínio e cloreto
férrico. Também, os coagulantes/floculantes naturais apresentam vantagens em relação aos
químicos, especificamente quanto à baixa toxicidade (BELTRÁN-HEREDIA et al., 2010;
MATOS et al., 2007).
O lodo resultante do tratamento de águas (ETA e ETE) que utilizam como
coagulante/floculante os polímeros catiônicos orgânicos naturais pode ser matéria prima
para produção de fertilizante orgânico de liberação lenta e controlada de nitrogênio e quando
ligado à estrutura orgânica polimérica poderá ser utilizado para a nutrição de plantas, com
altos níveis de aproveitamento do nitrogênio disponível (MANGRICH et al., 2014).
O comportamento do co-polímero (floculante) Zetag 8185 também foi avaliado
quanto a redução dos parâmetros turbidez, cor, pH e geração de sólidos sedimentáveis
durante o tratamento da amostra de efluente (Figura 4.3). Os ensaios foram realizados no pH
natural do efluente e em temperatura ambiente (T=26 0C). O pH foi analisado em intervalos
de cinco minutos, sendo observado uma variação de 0,10 unidades de pH em relação ao
ensaio controle.
48
(a) (b)
(c)
Legenda:
Figura 4.3 – Dados experimentais para o floculante Zetag® 8185 em cinco diferentes concentrações
do co-polímero (1 a 150 mg L-1): (a) Turbidez;(b) Cor; (c) sólidos sedimentáveis
49
microalgas e peixes, sendo que a variante catiônica do polímero é substancialmente mais
tóxica do que a aniônica e apresentam um risco para a fauna aquática (KERR et al., 2014;
HARFORD et al., 2010).
A partir dos resultados obtidos para os ensaios de coagulação e floculação quanto aos
parâmetros turbidez, cor, pH e sólidos sedimentáveis para os diferentes coagulantes,
estabeleceu-se o tempo de sedimentação em 15 minutos para os ensaios posteriores.
Na Figura 4.4 são apresentadas as eficiências de remoção de turbidez e cor aparente
do efluente utilizando os coagulantes naturais e o inorgânico sulfato de alumínio para o
tempo de sedimentação de 15 minutos.
(a) (b)
(c) (d)
50
(e) (f)
Legenda:
Figura 4.4 – Porcentagem de remoção de cor e turbidez dos coagulantes: (a) POP; (b) SL;
(c) SG; (d) Acquapol WW; (e) Acquapol 5ST; (f) sulfato de alumínio (Al2(SO4)3 para as
concentrações de 160 a 800 mg L-1
51
VAZ et al. (2010), obtiveram remoções de cor e turbidez acima de 96 % utilizando
o coagulante Acquapol C1 e Tanfloc SG para um tempo de sedimentação de 20 e 50 minutos,
respectivamente.
No estudo comparando a eficiência entre coagulantes a base de taninos (Tanfloc,
Acquapol C1 e S5T) e sulfato de alumínio na concentração de 160 mg L−1, BELTRÁN-
HEREDIA et al. (2012), obtiveram remoções do surfactante de 2 % para o sulfato de
alumínio, 36 % para 5ST, 60 % para Acquapol C1 e Tanfloc.
As eficiências de remoção de turbidez e cor obtidas para o floculante Zetag 8185
para o tempo de sedimentação de 15 minutos são apresentadas na Figura 4.5.
Figura 4.5– Remoção de cor e turbidez utilizando o co-polímero Zetag 8185 nas
concentrações de 1 a 150 mg L-1
A maior eficiência de remoção tanto de cor (84 %) quanto de turbidez (93 %) para a
amostra de efluente de fecularia foi obtida na concentração de 150 mg L-1 do co-polímero,
seguida da concentração de 100 mg L-1 mantendo-se a partir desta concentração valores de
remoção praticamente constantes. Conforme anova apresentada no Apêndice A item 7 não
há diferença significativa nas remoções entre as concentrações de 150 a 10 mg L-1. Sendo
então selecionada a menor concentração de 10 mg L-1 para continuidade dos experimentos.
Observa-se de maneira geral uma menor eficiência de remoção de cor em relação a
turbidez para todos os coagulantes e co-polímero utilizados. Os coagulantes naturais e o co-
52
polímero apresentaram eficiências maiores para remoção de turbidez e cor comparada ao
sulfato de alumínio, destacando-se o coagulante Tanfloc POP.
Dentre os coagulantes naturais, os critérios para a seleção do melhor coagulante se
basearam nos valores obtidos para a remoção de cor e turbidez da amostra de efluente,
atendendo a este requisito o coagulante Tanfloc POP e Acquapol 5ST.
Para auxiliar na escolha do coagulante natural, buscou-se o menor custo de operação
do processo de tratamento do efluente, sendo apresentadas na Tabela 4.2 as cotações de
preços de cada coagulante obtidas junto aos seus fabricantes (Março 2015).
53
as médias de remoção, enquanto que para a cor aparente houve diferença significativa entre
todos os tratamentos.
Tabela 4.3 – Comparação de médias (teste de Tukey) de remoção de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante Tanfloc POP)
Tratamentos Média de remoção Média de remoção
(Conc. coagulante, mg L-1) de turbidez (%) de cor aparente (%)
160 51,0 49,0
320 94,0 a, b 82,0
b
480 93,0 86,0
640 94,0 a, b 72,0
800 97,0 84,5
a, b indicam médias iguais (p-valor > 0,05)
Tabela 4.4– Matriz dos resultados finais de turbidez e cor utilizando o coagulante Tanfloc
Pop e Sulfato de Alumínio no PB12
POP Al2SO4
Ensaio Coag. VMR VML PH TML TMR Zetag
Turb. Cor Turb. Cor
1 640 120 30 4,5 10 1 5 93 1580 231 2040
2 640 180 10 6,5 10 1 0 21 510 374 3200
3 0 180 30 4,5 20 1 0 96 1450 285 2510
4 640 120 30 6,5 10 5 0 37 510 539 3550
5 640 180 10 6,5 20 1 5 28 650 535 3830
6 640 180 30 4,5 20 5 0 173 1650 340 2700
7 0 180 30 6,5 10 5 5 640 4210 811 4650
8 0 120 30 6,5 20 1 5 482 3180 815 4673
9 0 120 10 6,5 20 5 0 512 4110 583 3927
10 640 120 10 4,5 20 5 5 89 1310 127 1550
11 0 180 10 4,5 10 5 5 177 1590 118 1370
12 0 120 10 4,5 10 1 0 139 1540 213 2410
13 320 150 20 5,5 15 3 10 26 450 496 3480
14 320 150 20 5,5 15 3 10 25 410 456 3080
15 320 150 20 5,5 15 3 10 17 390 418 3000
16 320 150 20 5,5 15 3 10 15 370 428 3060
Nestes ensaios os valores iniciais de turbidez e cor aparente do efluente (lote 2) foram
de 1887 NTU e 7175 mg Pt-Co L-1, valores em torno de 40 % menores em relação aos
obtidos na caracterização, atribuída a degradação natural do efluente.
Os resultados apresentados na Tabela 4.4 demonstram que o coagulante natural
Tanfloc POP apresentou o melhor resultado de redução de cor e turbidez nas condições do
ensaio 2, sem a presença do co-polímero Zetag 8185 e com concentração de coagulante de
55
640 mg L-1, pH de 6,5, VMR e VML de 180 e 10 rpm, respectivamente, e TMR e TML de
1 e 10 minutos, respectivamente.
Comparando-se os resultados do sulfato de alumínio (Al2SO4) com o coagulante
natural, verifica-se que o Al2SO4 mesmo combinado com o floculante Zetag 8185 nos
ensaios 1, 5 e 13 a 16 não alcançaram a mesma eficiência de remoção para cor e turbidez
quando da utilização do coagulante a base de tanino.
Na análise dos gráficos de Pareto para os coagulantes POP e Al2SO4 apresentadas na
Figuras 4.6 e 4.7, respectivamente, observou-se quais variáveis possuem efeito significativo
sobre as respostas cor e turbidez em um nível de significância de 5% ou p-valor = 0,05. São
consideradas significativas as variáveis que ultrapassam a direita da linha tracejada.
(a) (b)
Figura 4.6 – Gráficos de Pareto do coagulante Tanfloc POP para (a) turbidez; (b) cor, para
um nível de significância de 5%
56
influência negativa sobre as respostas cor e turbidez à medida que a concentração de
coagulante de sulfato de alumínio apresentou influência positiva. Ou seja, deve-se diminuir
as variáveis pH e VML e aumentar a faixa de concentração do coagulante nos próximos
ensaios com o intuito de se obter menores valores finais de cor e turbidez.
(a) (b)
Figura 4.7 – Gráficos de Pareto para o coagulante sulfato de alumínio para (a) turbidez; (b)
cor, para um nível de significância de 5%
57
Tabela 4.5 – Matriz dos resultados finais de turbidez e cor utilizando o co-polímero
Zetag8185 no PB12
Ensaio Coagulante VMR VML pH TML TMR Turbidez Cor
1 640 120 30 4,5 10 1 27 400
2 640 180 10 6,5 10 1 29 765
3 0 180 30 4,5 20 1 304 2190
4 640 120 30 6,5 10 5 26 730
5 640 180 10 6,5 20 1 18 780
6 640 180 30 4,5 20 5 23 410
7 0 180 30 6,5 10 5 662 2470
8 0 120 30 6,5 20 1 542 4870
9 0 120 10 6,5 20 5 437 3990
10 640 120 10 4,5 20 5 20 380
11 0 180 10 4,5 10 5 211 2200
12 0 120 10 4,5 10 1 208 2130
13 320 150 20 5,5 15 3 58 800
14 320 150 20 5,5 15 3 55 838
15 320 150 20 5,5 15 3 54 880
16 320 150 20 5,5 15 3 64 1040
58
apresentou maior influência positiva sobre as variáveis respostas cor e turbidez, enquanto o
pH possui influência negativa sobre as respostas. Assim ao diminuir o pH e aumentar a faixa
de concentração do coagulante pode-se obter um menor valor para as variáveis respostas.
(a) (b)
Figura 4.8 – Gráficos de Pareto para o floculante Zetag 8185 para (a) turbidez; (b) cor, para
um nível de significância de 5%
59
4.3.2 Planejamento Fatorial Completo
Baseando-se nas análises estatísticas obtidas no PB12 para o Tanfloc POP, realizou-
se o estudo das variáveis pH e concentração do coagulante utilizando um planejamento
fatorial completo 22 com triplicata no ponto central, totalizando 7 ensaios.
A concentração do coagulante foi variada a partir de (640 mg L-1) e também o pH
(6,5). As demais variáveis foram fixadas de acordo com o melhor resultado do PB12 sendo:
VMR de 180 rpm, VML de 10 rpm, TMR de 1 min e TML igual a 10 min. Na matriz do
planejamento (Tabela 4.6) são apresentadas as variáveis pH e concentração de coagulante
na forma codificada pelos níveis +1 e -1 e os valores reais das mesmas. As respostas na
matriz referem-se às porcentagens de remoções obtidas para cor aparente, turbidez e DQO,
ao final do processo de coagulação/floculação, em que para cada ensaio também foi utilizado
um controle (branco) submetido às mesmas condições (sem adição de coagulante) para que
assim fossem calculadas as porcentagens de remoção.
60
Porém, o ensaio 2 utilizando o maior pH (8,5) e a menor concentração de coagulante
(440 mg L-1) pode ser considerado a combinação mais eficiente para a remoção de turbidez,
cor e DQO devido ao fator econômico. Enquanto a menor redução das variáveis respostas
cor e turbidez foi obtida no ensaio 3, com pH 4,5 e concentração do coagulante de 800 mg
L-1. Este resultado é associado a elevada quantidade de coagulante e o baixo pH, que não
possibilitou a atuação eficiente do coagulante.
Segundo CANIZARES et al. (2009), deve-se ao pH, a significativa influência sobre
as espécies formadas durante os processos de coagulação, afetando as mudanças de pH
portanto, as eficiências obtidas na remoção de poluentes.
A remoção de DQO não se apresentou tão eficiente quanto para as outras duas
variáveis respostas, possivelmente devido à natureza orgânica do coagulante e do alto valor
da demanda química de oxigênio obtida para o efluente bruto, o que influenciou
negativamente a resposta.
Na Tabela 4.7 são apresentados os coeficientes obtidos para o planejamento fatorial
completo 22 utilizando o coagulante Tanfloc POP, nível de significância de 5 %,
considerando-se ambas as respostas, turbidez e cor.
61
Figura 4.9 – Diagrama de Pareto para a resposta turbidez (a) e cor (b) utilizando o coagulante
Tanfloc POP para o planejamento fatorial completo 22 (α=0,05)
Na Tabela 4.8 observa-se para a turbidez que o Ftab (3;3;0,05)= 9,28 foi maior que o
Fcalc= 2,58, isto indica que a regressão não se ajusta aos pontos obtidos, porém à presença de
falta de ajuste é evidenciada pelos coeficientes de regressão obtidos (R2 = 0,8703; R2Ajustado
= 0,7415), ou seja, o modelo proposto não é válido para predizer o comportamento do
62
processo de remoção de turbidez. Tal situação ocorre quando o modelo não descreve
satisfatoriamente a relação funcional entre os fatores experimentais e a variável resposta.
Porém, o estudo da superfície de resposta pode ser uma ferramenta para definir a
direção a ser tomada, para a realização de experimentos que levem a maiores reduções no
processo de remoção de turbidez. Na Figura 4.11 são apresentadas a superfície de resposta
e o gráfico de contorno.
(a) (b)
Figura 4.10 – Superfície de resposta (a) e gráfico de contorno (b) para remoção de turbidez
utilizando o planejamento 22 para o coagulante Tanfloc POP
Para análise do modelo proposto foram plotados os gráficos dos resíduos (Figura
4.11), nos quais se observa que os resíduos distribuíram-se aleatoriamente em torno do zero
63
(para os valores preditos) e há ausência de outliers (nenhum ponto fora da faixa de -2 a +2),
logo pressupõe-se que os resíduos distribuem-se de forma normal.
(a) (b)
Figura 4.11 - Resíduos do modelo, para a resposta cor aparente, obtido pelo planejamento 22
utilizando o coagulante Tanfloc POP: (a) Gráfico dos resíduos versus valores preditos; (b) Gráfico
da probabilidade normal dos resíduos
(a) (b)
Figura 4.12 – Superfície de resposta (a) e gráfico de contorno (b) para remoção de cor
utilizando o planejamento 22 para o coagulante Tanfloc POP
64
O caminho de máxima inclinação obtida pela superfície de resposta indica que
maiores remoções ocorrem na faixa de 400 a 350 mg L-1 de concentração do coagulante
Tanfloc POP e em pH básico de 8,0 a 9,0.
Os efeitos obtidos para a DQO (Tabela 4.9) comprovam que o tratamento de
coagulação-floculação não foi eficiente para remoção do parâmetro utilizando o coagulante
natural Tanfloc POP, conforme observado pelo baixo valor de R2= 0,349.
Tabela 4.9 - Estimativa dos efeitos e coeficientes de regressão para a remoção de DQO no
intervalo de confiança de 95 % utilizando o coagulante Tanfloc POP
Variáveis p-valor Coeficiente Erro puro
Intercepto 0,001725 10,21429 0,424825
pH 0,014600 4,60000 0,561991
Conc. de Coagulante 0,366920 -0,65000 0,561991
pH x Conc. de coagulante 0,269563 -0,85000 0,561991
2 2
R = 0,349; R ajustado = 0,0
65
LIMA et al. (2009), atribuem o aumento do pH da manipueira como o fator que mais
influenciou na redução da turbidez. Nas superfícies de respostas obtidas (Figura 4.13 (a) e
(b)) o pH em torno de 7,0 e 8,0 propiciou remoção acima de 80 % para cor e turbidez indicado
ser possível obter maiores rendimentos de remoção de turbidez e cor se o efluente apresentar
pH alcalino.
De maneira geral os autores (SANCHÉZ-MARTIN, 2009; LIMA et al., 2009;
SOUZA et al., 2013) obtiveram valores de remoção de cor e turbidez acima de 80%
utilizando tempos de sedimentação entre 1 h e 2h, enquanto aplicando-se 15 minutos de
sedimentação neste estudo obteve-se remoções muito semelhantes aos dos referidos autores.
Para o tratamento de vinhaça utilizando o coagulante Tanfloc SG, SOUZA et al.
(2013), utilizaram as condições de operação VML de 50 rpm e TML de 30 min, obtendo
como resultado maior eficiência do Tanfloc em menores concentrações (150 mg L-1) para
compostos inorgânicos (cor e turbidez) e em altas concentrações (250 mg L-1) para os
orgânicos, com 45 % de remoção de DQO.
No presente estudo, o tratamento do efluente de fecularia utilizando o coagulante
Tanfloc POP no planejamento experimental completo, resultou em uma melhor eficiência
de remoção de cor (78,9 %) e turbidez (88,5 %) utilizando-se a menor concentração de
coagulante (440 mg L-1) e pH de 8,5 levando-se em conta a relação custo benefício.
66
Tabela 4.11– Matriz do Planejamento fatorial completo 23 para o ensaio de
coagulação/floculação utilizando o Al2SO4
Ensaio X1 X2 X3 pH VML Conc. Al2SO4 Cor Turbidez DQO
(rpm) (mg L-1) (%) (%) (%)
1 -1 -1 -1 3,8 20 540 27,5 48,6 1
2 1 -1 -1 5,2 20 540 13,4 27,1 4,8
3 -1 1 -1 3,8 40 540 38,9 37,4 1,5
4 1 1 -1 5,2 40 540 18,2 29,7 13,4
5 -1 -1 1 3,8 10 740 19,3 44,1 2,6
6 1 -1 1 5,2 20 740 20,9 26,3 5
7 -1 1 1 3,8 40 740 48,5 47,5 7,4
8 1 1 1 5,2 40 740 21,9 13,7 9
9 0 0 0 4,5 30 640 22,6 42,1 5,3
10 0 0 0 4,5 30 640 24,8 43,3 2,4
11 0 0 0 4,5 30 640 23,5 40 1,1
O melhor resultado para remoção de cor e turbidez ocorreu no ensaio 7, com pH igual
a 3,8, concentração de coagulante 740 mg L-1 e 40 rpm para VML. A menor remoção destes
parâmetros foi obtida para o ensaio 2, com pH igual a 5,2, VML de 20 rpm e concentração
de coagulante de 540 mg L-1. Estes resultados indicam a necessidade de grandes
concentrações de coagulante para a obtenção de boa eficiência de remoçãode cor e turbidez,
além da possível correção de pH da amostra de efluente de fecularia, a qual variou numa
faixa de 5,92 a 7,1.
Ao contrário do observado para o coagulante natural, o aumento do pH em relação
ao pH natural do efluente não favoreceu a redução das variáveis cor e turbidez. ZHOU et al.
(2008), estudaram a remoção de cor e turbidez em efluente de uma fábrica de fermento com
pH 8,0 utilizando o sulfato de alumínio, obtendo conforme a concentração de coagulante,
reduções de cor de 68-69 % (4,0 g L-1) e 87-89 % (4,5 g L-1), e de 65 % para turbidez com
tempo de sedimentação de uma hora.
Na Tabela 4.12 são apresentados os coeficientes de regressão para as respostas
avaliadas no presente estudo para a turbidez e a cor aparente.
67
Tabela 4.12 - Estimativa dos coeficientes de regressão do planejamento 2 3 para a remoção
de turbidez e cor aparente, utilizando o coagulante Al2SO4 (α=0,05)
Turbidez Cor aparente
Variáveis Erro Erro
p-valor Coeficiente p-valor Coeficiente
puro puro
Intercepto 0,000192 36,3455 0,503623 0,000172 25,40909 0,333485
(1) pH 0,003401 -10,1000 1,181101 0,002726 -7,47500 0,782091
(2) VML 0,063780 -2,2250 1,181101 0,004515 5,80000 0,782091
(3) Conc. de
0,141201 -1,4000 1,181101 0,056473 1,57500 0,782091
Coagulante
pH x VML 0,687242 -0,2750 1,181101 0,007985 -4,35000 0,782091
pH x Conc. de
0,041719 -2,8000 1,181101 0,088573 1,22500 0,782091
Coagulante
VML x Conc.
0,910557 -0,0750 1,181101 0,046478 1,75000 0,782091
de Coagulante
Turbidez: R2= 0,7962 Cor aparente: R2=0,9797
68
(a) (b)
Figura 4.13– Diagrama de Pareto para a resposta turbidez (a) e cor (b) utilizando o
coagulante Sulfato de Alumínio para o planejamento completo 23 (α=0,05)
Na Figura 4.14 são apresentados os gráficos de distribuição dos resíduos, onde não
foi detectada a presença de outliers e observa-se que os resíduos distribuem-se de forma
aleatória em torno do zero para os valores preditos. Assim, foi possível utilizar o teste F para
verificar a validade do modelo.
(a) (b)
Figura 4.14 - Resíduos do modelo obtido pelo planejamento 23 utilizando Sulfato de
Alumínio para a cor aparente: (a) Gráfico dos resíduos versus valores preditos; (b) Gráfico
da probabilidade normal dos resíduos
69
Tabela 4.13– Análise de Variância (ANOVA) do planejamento 23 para as respostas turbidez
e cor aparente utilizando o coagulante Sulfato de Alumínio (α=0,05)
Causas Turbidez Cor aparente
de variação SQ GL MQ Fcalc SQ GL MQ Fcalc
Modelo (d) 934,74 6 155,74 1,30 923,85 6 153,97 4,17
Resíduos (a+b= c) 239,31 4 119,66 73,77 4 36,88
Falta de ajuste (a) 233,73 2 116,87 41,89 71,33 2 35,66 29,15
Erro puro (b) 5,58 2 2,79 2,45 2 1,22
Total (c + d) 1.174,04 10 997,62 10
SQ: Soma Quadrática; GL: Graus de Liberdade; MQ: Média Quadrática
Turbidez: Ftab(6;4;0,05) = 6,16; R2 = 0,7962; R2 Ajustado = 0,4904
Cor: Ftab(6;4;0,05) = 6,16; R2 = 0,9261; R2 Ajustado = 0,8151
70
(a) (b)
Figura 4.15 – Superfície de resposta pH x Concentração de coagulante (a) e gráfico de
contorno pH x Conc. de coagulante (b) para a remoção de cor utilizando o planejamento 23
e o coagulante Sulfato de Alumínio
Tabela 4.14 - Estimativa dos coeficientes de regressão para a remoção de DQO, para
intervalo de confiança de 95 % utilizando o coagulante Sulfato de Alumínio
DQO
Variáveis
p-valor Coeficiente Erro puro
Intercepto 0,017308 4,86364 0,648308
(1) pH 0,083536 2,46250 1,520417
(2) VML 0,098649 2,23750 1,520417
(3) Conc. de
0,641777 0,41250 1,520417
Coagulante
pH x VML 0,352900 0,91250 1,520417
pH x Conc. de
0,194278 -1,46250 1,520417
Coagulante
VML x Conc. de
0,965141 -0,03750 1,520417
Coagulante
R2= 0,7671
71
Os resultados da análise de variância para DQO (Tabela 4.15) indicam que a
regressão não se ajustou aos pontos obtidos de maneira aceitável devido ao baixo valor dos
coeficientes de regressão R2= 0,7671 e R2ajustado=0,4178 sendo que Fcal<Ftab.
72
Os ensaios realizados por SOUZA (2014), demostraram que o coagulante sulfato de
alumínio foi mais efetivo para remoção de cor e turbidez em pH baixos, os melhores
resultados com sulfato de alumínio foram obtidos em pH 5,3 e dosagem de 3.900 mg L-1.
Em comparação com este estudo, a redução do pH indicou melhores remoções, porém
devido a baixa concentração não foram obtidas remoções de turbidez, cor e DQO
satisfatórias.
Segundo ZHOU et al. (2008), quando o alumínio é subdosado, as partículas são ainda
fortemente carregadas negativamente e repelem-se mutuamente, levando a uma alta turbidez
residual. Porém, quando mais coagulante é adicionado, as forças eletrostáticas são
minimizadas e mais flocos são formados, resultando em diminuição da turbidez e
possivelmente da cor.
Este fato pode explicar os baixos valores de remoção de cor aparente e turbidez
utilizando o sulfato de alumínio para o efluente de fecularia, o que também foi constatado
nas superfícies de contorno, que indicaram a necessidade do aumento da concentração desse
coagulante para obtenção de maiores remoções dos parâmetros. Cabe ressaltar, que a maior
concentração de coagulante empregada resulta em uma maior geração de lodo, que requer
uma adequada disposição final, bem como torna o processo de tratamento deste efluente
mais dispendioso.
73
(a) (b)
Figura 4.16 – Fluxo de permeado com água deionizada para a membrana de (a)
Microfiltração (MF 108) e (b) Ultrafiltração (UF 104) nas pressões de 0,6 bar, 0,8 bar e 1
bar para a vazão de 0,5 litros por minuto (LPM)
74
diferentes pressões para as membranas de microfiltração e ultrafiltração. As curvas dos
fluxos permeados obtidos para a amostra de efluente apresentaram boa reprodutibilidade
com pequenos desvios padrões.
(a)
(b)
Figura 4.17 – Fluxo de permeado obtido utilizando membrana de (a) Microfiltração (MF 108) e (b)
Ultrafiltração (UF 104) nas três pressões para vazão de 0,5 L m-1 (MF) e 0,8 Lm-1 (UF)
75
Comparando o fluxo permeado do efluente após a coagulação/floculação com os
valores obtidos utilizando a água deionizada, verifica-se uma expressiva redução no fluxo
permeado em função do tempo de filtração para ambas as membranas (MF e UF). Este
comportamento pode ser associado as características do efluente alimentado ao sistema, o
qual possui maior quantidade de sólidos suspensos que podem causar uma maior
incrustração (fouling) e a formação de uma película sobre a superfície das membranas.
Tanto na microfiltração quanto na ultrafiltração do efluente, observa-se que um
aumento no fluxo de permeado foi obtido com o aumento da pressão de operação. O fluxo
de permeado tende a aumentar com o aumento da pressão operacional devido a maior força
motriz aplicada sobre a superfície da membrana (DATTA et al., 2009).
Durante o processo de MF e UF, o aumento da pressão teve grande influência nos
fluxos de permeado, em que o mesmo decresceu rapidamente nos primeiros 10 minutos, e a
partir dos 80 minutos se manteve estável e em pequeno declínio em relação ao fluxo inicial,
fato devido à deposição e compactação das substâncias em suspensão na superfície da
membrana (fouling).
Em estudo realizado por XU et al. (2011), utilizando coagulação/floculação e
posterior ultrafiltração com membrana de poli (éter sulfona) para o tratamento de águas
brutas, foi constatado em todos os casos a drástica diminuição nos fluxos no início do
experimento, seguido por declínios de fluxos relativamente constantes.
Segundo MOHAMMADI & ESMAEELIFAR (2004), a pressão transmembrana em
que um valor constante de fluxo de permeado é atingido, pode ser considerada ótima, pois a
tendência para formação da camada de torta e o subsequente efeito de incrustação, é baixo.
O escoamento tangencial à membrana limita o acúmulo do material retido sobre a
mesma, ou seja, o fluxo de permeado tende a permanecer constante com o tempo, mas em
um valor menor, na mesma pressão de operação, devido ao aumento da concentração das
espécies retidas próximo à superfície da membrana que provoca uma resistência adicional à
transferência de massa (HABERT et al., 2006).
Os maiores fluxos de permeado neste estudo foram obtidos utilizando-se a maior
pressão de operação (1,4 bar), atingindo, ao término do experimento, valores de 8,78 e 4,56
L h-1 m-2 para a MF e a UF, respectivamente.
Na Figura 4.18 é apresentado o efeito da variação da pressão transmembrana sobre o
fluxo de permeado, em relação à média dos fluxos obtidos entre 70 e 110 minutos de filtração
(MF e UF), o qual corresponde ao tempo de estabilização do JP dos experimentos.
76
16
Microfiltração
14
Ultrafiltração
10
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6
Pressão Transmembrana (bar)
Figura 4.18- Fluxo médio de permeado para as diferentes pressões transmembrana entre 70
e 110 minutos de filtração.
77
Tabela 4.17 – Características físico-químicas do permeado obtido do processso de Microfiltração (MF 108) vazão de 0,5 L m-1 e Ultrafiltração
(UF104) vazão 0,8 L m-1em temperatura ambiente
0,6 bar 1 bar 1,4 bar 0,6 bar 1 bar 1,4 bar
Turbidez
360 6,8±1,8 4 ± 0,0 1,2±0,28 8,5 ± 0,1 1,05±0,01 0,75± 0,1
(NTU)
Cor (mg Pt-Co L-1) 3130 257,5±3,5 215±7,07 85±7,1 115±7,1 62,5 ±3,5 75±7,1
Cianeto (mg L-1) 0,8 0,72±0,1 0,41±0,01 0,27±0,05 0,285±0,01 0,21 ±0,1 0,18± 0,02
DQO (mg L-1) 6086 4605,6±14 4163±7,0 3865±7,1 4225 ± 7,1 2658 ±7 2000± 11
Nitrogênio (mg L-1) 108 61,2±0,2 69,8±0,2 23,6±0,21 42,8± 0,2 51,3±0,2 31,5± 0,4
COT (mg L-1) 3371 1754,4±12 2040,6±0,8 860,7±2,8 1291,3±6,0 1365,8±2,8 1041,7±7,4
78
Os resultados obtidos para os parâmetros avaliados (Tabela 4.17) permitem comparar
a qualidade dos permeados produzidos pelas diferentes membranas (MF e UF) e avaliar a
possibilidade de reuso destas águas oriundas de fecularia.
Os valores do parâmetro pH ao término das filtrações com as membranas (MF e UF)
praticamente não sofreram alterações, pressupondo-se que não ocorreram reações entre os
componentes no efluente e o material da membrana.
Observa-se que o aumento da pressão transmembrana tem maior influência na
redução de turbidez, cor e sólidos totais, sendo menor para DQO e cianeto. Este
comportamento se repete tanto para a membrana de microfiltração quanto para a de
ultrafiltração. A eficiência de remoção obtida para cada variável analisada é apresentada na
Tabela 4.18.
Tabela 4.18 - Remoção (%) e fouling obtido nos processos de Microfiltração e Ultrafiltração
utilizando as pressões 0,6, 1 e 1,4 bar
Parâmetro MF 108 UF 104
0,6 bar 1 bar 1,4 bar 0,6 bar 1 bar 1,4 bar
Turbidez (NTU) 98 ±1,77 99±0,00 99±0,28 98±0,07 99±0,07 99±0,07
Cor (mg Pt-Co L-1) 92±3,54 95±10,61 96±10,61 96±7,07 98±3,53 98±7,07
-1
Cianeto(mg L ) 9±0,09 49±0,01 66±0,05 64±0,01 73±0,01 77±0,02
DQO(mg L-1) 35±13,86 41±7,07 45±7,07 31±7,07 56±7,07 67±10,6
Nitrogênio(mg L-1) 43±0,02 35±0,02 69±0,01 60±0,01 52±0,22 71±0,01
COT (mg L-1) 48 ± 0,02 39±0,02 74±0,0 62± 0,01 59±0,01 69±0,01
*Fluxo (L h-1 m-2) 9,12± 0,3 9,35±0,62 13,8±0,83 2,95±0,34 3,67±0,36 5,1±0,21
Fouling 0,74±0,00 0,84±0,01 0,89±0,01 0,76±0,01 0,87±0,01 0,90±0,01
*média dos fluxos obtidos entre 70 e 110 min
79
pode ser explicado pela presença de heteroátomos (elementos diferentes do carbono e
hidrogênio: N, S, P) que tendem a aumentar a polaridade dos compostos orgânicos,
aumentando, consequentemente, a relação COT/DQO (AQUINO et al., 2006).
O nitrogênio, teve uma redução com o aumento da pressão de operação para as
membranas de MF e UF, apresentando a maior remoção na pressão de 1,4 bar, de 69 % e 71
%, respectivamente.
BRIÃO & TAVARES (2007), aplicaram um processo de ultrafiltração (membrana
de polieterssulfona) para o tratamento de efluentes de laticínio, aplicando uma pressão de 3
bar. Os autores obtiveram 75,5 % de remoção de DQO e 98 % de remoção de nitrôgenio.
Enquanto SILVA et al. (2011), no tratamento de água residuária de um abatedouro de
bovinos utilizaram o processo de microfiltração (Membrana de poliimida) a 1,5 bar, e
alcançaram remoções de DQO de 92 % e de 9 % para o nitrogênio.
No tratamento de águas residuárias de uma ETE, KIM et al. (2005), combinaram
coagulação/floculação (Al2SO4 0 a 100 mg L-1) à um processo de separação por membranas
de microfiltração (polissulfona a 0,3 bar). Eles obtiveram eficiências de remoção de COT de
56 % (C/F) e 70 % (C/F e MF) para a maior concentração de coagulante (100 mg L-1).
No presente estudo, o cianeto (66 % na MF e 77 % na UF) e a DQO (45 % na MF e
68 % na UF) apresentaram as menores remoções comparadas à cor e turbidez, mesmo na
maior pressão de filtração (1,4 bar). Este resultado se apresenta no limite aceitável para o
cianeto, que é de 0,2 mg L-1 de acordo com a legislação Federal CONAMA 430/2011, porém
o valor obtido para a DQO (1832,5 mg L-1) ainda não se enquadraria na legislação estadual
(Resolução 070/2009) que restringe este parâmetro a 350 mg L-1 para lançamento de
efluentes.
Contudo, estes parâmetros não são previstos na legislação de reuso de água NBR -
13.969 de 1997, logo um teste de toxicidade do permeado poderia prover maiores
informações sobre o efeito destes.
De maneira geral, a membrana de ultrafiltração apresentou resultados superiores de
remoção para cianeto, DQO e sólidos totais em comparação com a membrana de
microfiltração nas três pressões avaliadas. Nestas mesmas condições de pressão, os
resultados obtidos foram semelhantes na remoção de turbidez e cor para ambas as
membranas. Em relação as diferentes pressões, a pressão de 1,4 bar foi a que apresentou os
melhores resultados de remoção para todas as variáveis analisadas.
80
A demanda química de oxigênio foi o único parâmetro que não atendeu o padrão
exigido pela legislação (350 mg L-1) para lançamento de efluente seguindo a Resolução
estadual CEMA 070/2009. Este resultado demonstra a necessidade de um tratamento
complementar com vistas a melhorar a qualidade do efluente permeado quanto a este
parâmetro, podendo-se sugerir um processo de nanofiltração, adsorção ou processos
oxidativos.
As limpezas das membranas de MF e UF foram realizadas ao fim de cada ensaio,
primeiramente utilizando água deionizada para medir o fouling causado pelo tratamento de
efluente e então realizado os processos de limpeza descritos na metodologia.
Os resultados do fouling (Tabela 4.18) obtidos para cada pressão nas mesmas vazões
dos ensaios de filtração mostram que o fouling tende a aumentar com o crescimento da
pressão transmembrana aplicada, isso ocorre devido ao aumento da concentração das
macromoléculas nas paredes das membranas ao longo do tempo, causando incrustração e
consequentemente a diminuição do fluxo de permeado (HABERT et al., 2006).
De maneira geral a redução do fluxo (sujo) de permeado apresentou-se linear
seguindo o aumento da pressão, alcançando 90 % de fouling na membrana de ultrafiltração
a 1,4 bar, o que é explicado pela sua menor área de permeação, enquanto que para a
membrana de microfiltração o menor fluxo ocorreu na pressão de 1 bar (84 %) e 1,4 bar (89
%). Quando os fluidos reais são processados, o fenômeno de incrustação, devido à
acumulação de matéria filtrada resulta em uma resistência adicional ao fluxo de permeado e
até em uma modificação de eficiência de remoção (GUIZARD & AMBLARD, 2008).
Comparando-se os fluxos com água deionizada obtidos após as etapas de limpeza das
membranas com os fluxos de permeado na caracterização (0,6 e 1 bar) das membranas, pode-
se afirmar que apesar de não terem sido exatamente iguais, os valores de recuperação de
fluxo de água devem estar perto de 90 % ao valor do fluxo inicial (original) como indicado
por fabricantes, demonstrando que o procedimento de limpeza mostrou-se eficiente quanto
a recuperação do fluxo de permeado para as membranas de micro e ultrafiltração.
81
4.4.3 Validação dos resultados experimentais obtidos
82
Tabela 4.19– Valores médios obtidos para os parâmetros na caracterização e no processo combinado
Coagulado Remoção Remoção Remoção
Parâmetros Bruto C/F-M/F
/Floculado C/F (%) MF 108 (%) Global*(%)
6127,5 ±
Cor (mg Pt-Co L-1) 919 ± 15,5 73 75 ± 7,0 96 99
10,06
2,33 ±
Cianeto (mg L-1) 0,71± 0,01 60 0,2 ± 0,01 70 90
0,063
1541,5 ±
Condutividade (µS cm-1) 2552,5±20,5 - 847,2±3,5 - -
0,70
COT (mg O2 L-1) 4160±14,1 2783,7 ± 12,4 27 1041,7±7,4 33 75
6130± 3255± 21,2
DQO (mg O2 L-1) 5951,5 ± 36,7 3 45 47
8,23
83,21± 23,6 ± 2,14
Nitrogênio (mg L-1) 70,1± 1,98 - 69 60
2,56
6,72 ± 5,9 ± 0,2
pH 6,01 ± 7,1 - - -
0,014
6890 ± 290 ± 14,1 51 -
Sólidos totais (mg L-1) 995± 7,0 52
84,8
115,4± 6,8± 1,7 86 93
Sólidos suspensos totais (mg L-1) 50,8± 1,7 65
12,5
42,5 ± ¤ ¤ ¤
Sólidos sedimentáveis mL (L h)-1 145± 8,6 ¤
3,53
24,7 ±
Temperatura (ºC) 25,3±0,43 - - - -
0,35
Turbidez (NTU) 1282± 8,5 50,5± 6,36 95 2,1 ± 0,14 95 100
¤ Não detectado; * Remoção final (MF) comparada ao efluente bruto, - não realizado
83
Observa-se que os valores obtidos para o efluente bruto foram semelhantes aos
das demais coletas em relação aos parâmetros turbidez, DQO e nitrogênio (Tabela 4.1),
porém os valores de cor e sólidos sedimentáveis apresentaram-se levemente inferiores
devido a coleta ter sido realizada no início da semana em que a indústria ainda estava
operando em capacidade reduzida, processando menor quantidade de raízes.
As remoções de 73 % de cor aparente e 95 % para turbidez obtidas neste ensaio
de coagulação/floculação foram próximas aos valores obtidos no ensaio completo na etapa
de coagulação/floculação (Tanfloc POP) (91 %) para turbidez e (78,9 %) para cor aparente,
não apresentando-se eficiente para a remoção de DQO neste lote devido a coleta ter sido
realizada no início das operações da indústria.
No processo de microfiltração as remoções de DQO e COT apresentaram-se abaixo
de 70 %, tal fato deu-se pelo alto valor da DQO (6127 mg L-1) de entrada (efluente bruto),
sendo que a variação de DQO entre os ensaios foi de 610 mg L-1, e para o COT de 180 mg
L-1, demonstrando a reprodutibilidade dos dados obtidos nos experimentos. No processo
combinado de coagulação/floculação e membrana o parâmetro pH se manteve praticamente
constante em torno de 6,0 com variação de 0,2 unidades.
O tratamento do efluente de fecularia utilizando a combinação do processo de
coagulação/floculação e microfiltração apresentou alta eficiência de remoção para os
parâmetros cor, turbidez, cianeto e sólidos suspensos. Com altos valores de remoção global
para todos os parâmetros exceto a DQO.
O fluxo de permeado médio obtido nos ensaios de microfiltração (MF 108) são
apresentados na Figura 4.19.
84
60
50
2
Fluxo de Permeado L h m
-1
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (min)
Figura 4.19- Fluxo de permeado obtido para a membrana de Microfiltração (MF 108) ∆P=
1,4 bar
O fluxo de permeado inicial foi de (50,14 L h-1 m-2), valor este próximo ao obtido
na Figura (4.17-a) (52,4 L h-1 m-2), pode-se observar que o fluxo neste ensaio decaiu mais
rapidamente ao longo do tempo comparado ao primeiro ensaio, em que na estabilização
fluxo do experimento (70 a 110 min) os valores variaram de 5,28 a 4,56 L h-1 m-2 abaixo do
obtido anteriormente (Figura 4.17-a) 12, 77 L h-1 m-2. Este decaimento do fluxo deve-se
provavelmente a maior quantidade de matéria orgânica (bruto= 4160 mg O2 L-1) presente
neste lote do efluente o que também explica o valor de fouling observado, cerca de 93 %
uma vez que no tratamento anterior este foi de 88%.
VIDAL & CAMPOS (2009) avaliaram a coagulação associada à membrana de
microfiltração (polipropileno a 1bar) para o tratamento de esgoto sanitário, em que os
resultados foram bem superiores quando utilizaram coagulação (FeCl3; 60 mg L-1) associada
a microfiltração com eficiência média de remoção acima de 95 % (DQO, turbidez e fosfóro).
A literatura relata que o pré-tratamento de coagulação/floculação pode ser usado
antes de um refino no efluente tratado visando o reúso, sendo este um dos processos mais
utilizados pelas indústrias, por promoverem a remoção de contaminates por precipitação,
reduzirem o processo de incrustração e melhorando o desempenho das membranas (HARUN
et al., 2010; KIM et al., 2005; JUNIOR & PAWLOWSKY, 2007).
85
4.4.4 Enquadramento da água e avaliação da possibilidade de reuso
86
Tabela 4.20– Resultados da caracterização da água residuária tratada (C/F e MF) e requisitos para fim de lançamento e reuso de efluentes
Padrão de Edificações Sistemas de
Lavagem Torres de Irrigação na
Parâmetro Unidade Valor médio Lançamento de descargas e fins combate
de pisos e Resfriamento(d) agricultura (e)
Efluentes ornamentais (b) incêndio (c)
veículos (a)
Cianeto mg L-1 0,2 ± 0,01 0,2 * - - 0,005
-
Cloro Residual mg L-1 0,07 ± 0,01 - 0,5 - 1,5 <1 1c -
Coliformes totais NMP/100 9 ± 1,4 - <200 ND 10 ≤200c 100
mL
Condutividade uS cm-1 847,2 ± 3,5 - - - - <1200 -
Cor mg Pt-Co L- 75 ± 7,0 - - - - - -
1
87
Os valores obtidos de DQO inviabilizariam o retorno deste efluente tratado para um
fim mais nobre, no caso o processo de beneficiamento das raízes (lavagem e descascamento),
entretanto este ainda poderia ser utilizado para fins menos nobres dentre as classes (2, 3 e 4)
sugeridas pela ABNT NBR 13.969/1997 sendo: lavagem de pisos, lavagem de veículos,
proteção contra incêndio.
Deve-se ressaltar que a legislação brasileira ainda não contempla os requisitos e
parâmetros necessários para a implementação de sistemas que visem o reuso de água
(potável e não-potável). Em qualquer caso, esses estudos são considerados necessários para
assegurar a aplicação efetiva e segura da reutilização de águas residuais, e assim aumentar a
confiança na água recuperada como um recurso valioso (WHO, 2006).
GALLEGO-MOLINA et al. (2013), estudaram o tratamento de efluente de curtume
pelo processo de C/F (cloreto férrico e polieletrólito) combinado a uma membrana de
microfiltração de polietersulfona (0,5 a 1,5 bar) e obtiveram 44 % de remoção de DQO e 29
% de nitrogênio e utilizaram o permeado obtido para reuso no processo de descalagem e
purga do couro.
A água está entre as matérias-primas de maior importância, portanto, é razoável
reutilizar a água dentro dos processos industriais tendo como propósito, a economia de água
e menor descarte de efluente nos corpos hídricos (KRALJ, 2015).
Tabela 4.21 – Valores da DL50 obtidos com a espécie Artemia salina em diferentes diluições
do efluente de fecularia bruto e tratado
Tratamento DL50 (%)
Bruto 5,38
Coagulado/floculado 23,7
CF/MF 27,6
88
Ocorre um claro decréscimo na toxicidade do efluente ao longo dos tratamentos, pois
segundo COSTA et. al (2008), os resultados numéricos de toxicidade para efluentes
expressos em %, demonstram uma relação inversa à toxicidade, ou seja, menores valores
numéricos indicam maiores toxicidades, para cinquenta por cento da população afetada.
Apesar desta melhora na qualidade do efluente, este permaneceu tóxico
possivelmente devido a presença de cianeto (0,2 mg L-1), alta carga de matéria orgânica
dissolvida que pode conter outros compostos tóxicos, sendo que apenas as menores
concentrações (33 % e 5 %) apresentarem organismos vivos para as amostras coaguladas e
microfiltradas.
No tratamento de vinhaça de cana-de-açúcar SOUZA et al. (2013), avaliaram a
toxicidade do efluente bruto e do C/F utilizando o coagulante a base de tanino Tanfloc (250
ml L-1), em diferentes alíquotas (0, 0,1, 0,3, 0,7, 1 e 2 ml) de vinhaça. Verificou-se que o
efluente bruto de vinhaça é extremamente tóxico com mortalidade de 100 % dos indivíduos
(Artemia salina) nas diluições estudadas, enquanto a coagulação/floculação reduziu a
toxicidade apresentando DL50= 50% para diluição 0,7 ml. Na Figura 4.20 pode-se observar
a quantidade de organismos mortos para os tratamentos avaliados no presente estudo.
Figura 4.20 - Número de Artemia totais mortas em função das concentrações de efluente de
fecularia bruto, coagulado e microfiltrado.
89
Constata-se que o efluente de fecularia, mesmo quando tratado nas suas maiores
concentrações (66 % e 100 %) apresentou-se tóxico para o organismo teste, e com a redução
de sua concentração para o efluente coagulado e microfiltrado, houve para a menor
concentração (5 %) a menor mortatildade dos mesmos.
FERRARI-LIMA et al. (2013), avaliaram a letalidade para Artemia salina de
efluente proveniente de um posto gasolina (caixa de separação de óleo) utilizando como
tratamento C/F com o coagulante Tanfloc (500 mg L-1), obtendo para o efluente bruto
DL50=1,31 % e para o coagulado 2,91 %, demonstrando a alta toxicidade deste efluente
mesmo tratado.
O efluente microfiltrado, apresenta condutividade de 847,2 µS cm-1 e COT de
1041,7 mg O2 L-1, tais valores demonstram a presença de sais e possíveis materiais
dissolvidos, fenóis, agrodefensivos, organoclorados entre outros, que podem estar
associadas a toxidade do efluente.
Ainda que os testes de toxicidade com efluentes sejam comumente realizados com
organismos de água doce, o uso de Artemia sp. justifica-se pelo fato de que a maioria dos
compostos nocivos têm o ambiente salino como destino final, mesmo quando não lançados
diretamente ao mar (PIMENTEL et al., 2011).
90
5 CONCLUSÕES
91
coagulação floculação utilizando um coagulante natural e microfiltração para o tratamento
de efluente de fecularia. Estes processos podem ser amplamente empregados no Brasil,
assim que houver redução de custos da tecnologia de membranas e também a
regulamentação da legislação de reuso das águas tratadas.
92
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
93
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109
ANEXO A
110
111
112
113
114
115
ANEXO B
116
APÊNDICE A- Análise de Variância (ANOVA) e testes de Tukey dos coagulantes
utilizados nos ensaios preliminares para as respostas cor e turbidez (p-valor > 0,05)
A1
Tanfloc POP
Análise de Variância (ANOVA)
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
0,00000
Intercepto 67568,40 1 67568,40 37538 0,000000 48302,5 1 48302,5 695,00
1
Tratamento 4692,60 4 1173,15 651,75 0,000001 2761,00 4 690,25 9,9317 0,01345
Erro 9,00 5 1,80 347,50 5 69,50
Soma 72539,4 10 7253,94 51.410,5 10 5.1410,5
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
{1}
(ppm)
41,00 92,5 91,0 92,5 96,0 38,5 78,5 83,0 66,0 81,5
0,000 0,000 0,000 0,000 0,0249 0,01 0,100 0,018
{1} 160
280 280 280 280 49 6082 011 549
0,0002 0,161 1,000 0,010 0,024 0,97 0,603 0,995
{2} 320
80 836 000 327 949 8720 017 255
0,0002 0,161 0,161 0,002 0,016 0,9787 0,365 0,999
{3} 480
80 836 836 808 082 20 545 685
0,0002 1,000 0,161 0,010 0,100 0,6030 0,36 0,436
{4} 640
80 000 836 327 011 17 5545 161
0,0002 0,010 0,002 0,010 0,018 0,9952 0,99 0,436
{5} 800
80 327 808 327 549 55 9685 161
A2
Tanfloc SL
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
568
56850, 94250, 0,00 43296, 43296, 21648, 0,0000
Intercepto 51,6 1 1
40 67 0000 40 40 20 00
0
243 1016,0 0,00 1701,6 0,0000
Tratamento 4 601,85 4 425,40 212,70
8,60 8 0000 0 09
Erro 3,00 5 0,60 10,00 5 2,00
589 45008 10 45008
Soma 10 5899,2
89
117
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento {1} {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm)
78,0 90,5 91,0 68,0 49,5 71,5 77,5 79,5 52,5 48,00
0,000 0,000 0,001 0,000 0,0405 0,01 0,000 0,000
{1} 160
512 456 088 271 28 2588 423 298
0,0005 0,983 0,000 0,000 0,040 0,64 0,000 0,000
{2} 320
12 833 272 271 528 5817 286 274
0,0004 0,983 0,000 0,000 0,012 0,6458 0,000 0,000
{3} 480
56 833 272 271 588 17 278 272
0,0010 0,000 0,000 0,000 0,000 0,0002 0,00 0,112
{4} 640
88 272 272 281 423 86 0278 532
0,0002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,0002 0,00 0,112
{5} 800
71 271 271 281 298 74 0272 532
A3
Tanfloc SG
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
648
64802, 28175, 0,00 34692, 34692, 6307,6 0,0000
Intercepto 02,5 1 1
50 00 0000 10 10 55 00
0
499 1249,7 0,00 0,0253
Tratamento 4 543,37 161,40 4 40,35 7,336
9,00 5 0001 59
11,5
Erro 5 2,30 27,50 5 5,50
0
698
Soma 10 6.981,3 34881 34881
13
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento
{1} {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm) 36,5 89,0 85,5 95,0 96,5 55,0 64,5 56,5 63,0 55,5
0,000 0,000 0,000 0,000 0,0483 0,96 0,089 0,999
{1} 160
271 271 271 271 15 1542 367 385
0,0002 0,278 0,052 0,022 0,048 0,08 0,961 0,059
{2} 320
71 095 759 063 315 9367 542 009
0,0002 0,278 0,008 0,004 0,961 0,0893 0,171 0,990
{3} 480
71 095 124 285 542 67 661 996
0,0002 0,052 0,008 0,850 0,089 0,9615 0,17 0,110
{4} 640
71 759 124 435 367 42 1661 717
0,0002 0,022 0,004 0,850 0,999 0,0590 0,99 0,110
{5} 800
71 063 285 435 385 09 0996 717
118
A4
Acquapol WW
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
6938 69388, 99127, 0,00 22657, 22657, 113288 0,00
Intercepto 1 1
8,9 9 00 0000 60 60 ,0 0000
1042, 0,00 0,00
Tratamento 4 260,65 372,36 355,40 4 88,85 444,2
6 0002 0001
Erro 3,50 5 0,70 1,00 5 0,20
7043
Soma 10 7043,5 23014 10 23014
5
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento {1} {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm)
63,0 86,5 88,0 89,5 89,5 36,00 50,5 52,0 51,5 48,0
0,000 0,000 0,000 0,000 0,0002 0,00 0,000 0,000
{1} 160
271 271 271 271 71 0271 271 271
0,0002 0,464 0,075 0,075 0,000 0,09 0,299 0,013
{2} 320
71 569 230 230 271 4604 414 236
0,0002 0,464 0,464 0,464 0,000 0,0946 0,792 0,001
{3} 480
71 569 569 569 271 04 891 730
0,0002 0,075 0,464 1,000 0,000 0,2994 0,79 0,003
{4} 640
71 230 569 000 271 14 2891 073
0,0002 0,075 0,464 1,000 0,000 0,0132 0,00 0,003
{5} 800
71 230 569 000 271 36 1730 073
A5
Acquapol 5ST
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
3226 32262, 2688,5 0,00 40068, 40068, 7285,2 0,00
Intercepto 1 1
2,40 40 33 0000 90 90 55 0000
6933, 1733,4 144,45 0,00 2300,6 104,57 0,00
Tratamento 4 4 575,15
60 0 0 0024 0 3 0053
Erro 60,00 5 12,00 27,50 5 5,50
3925
Soma 10 3.925,6 42397 10 42397
63.
119
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento {1} {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm)
51,5 87,5 85,0 41,5 18,5 64,0 81,5 78,5 48,0 44,5
0,000 0,001 0,152 0,001 0,0037 0,00 0,005 0,002
{1} 160
940 242 340 320 83 8596 604 369
0,0009 0,942 0,000 0,000 0,003 0,71 0,000 0,000
{2} 320
40 497 434 275 783 4091 369 314
0,0012 0,942 0,000 0,000 0,008 0,7140 0,000 0,000
{3} 480
42 497 506 278 596 91 456 360
0,1523 0,000 0,000 0,006 0,005 0,0003 0,00 0,606
{4} 640
40 434 506 311 604 69 0456 506
0,0013 0,000 0,000 0,006 0,002 0,0003 0,00 0,606
{5} 800
20 275 278 311 369 14 0360 506
A6
Sulfato de Alumínio (Al2SO4)
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
2246 22467, 7489,2 0,00 12531, 12531, 15664, 0,00
Intercepto 1 1
7,60 60 00 0000 6 60 50 0000
639,4 0,00 0,00
Tratamento 4 159,85 53,283 964,4 4 241,10 301,38
0 0274 0004
Erro 15,00 5 3,00 4,00 5 0,80
2312
Soma 10 2.312,2 13500 13500
2
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Trata- Turbidez (%) Cor (%)
mento {1} {2} {3} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm)
34,5 42,0 51,0 56,0 53,6 23,00 26,5 35,5 49,5 42,5
0,037 0,001 0,000 0,000 0,0549 0,00 0,000 0,000
{1} 160
445 320 521 775 41 0391 271 272
0,0374 0,017 0,002 0,006 0,054 0,00 0,000 0,000
{2} 320
45 990 673 311 941 1062 271 285
0,0013 0,017 0,152 0,631 0,000 0,0010 0,000 0,003
{3} 480
20 990 340 098 391 62 317 073
0,0005 0,002 0,152 0,631 0,000 0,0002 0,00 0,003
{4} 640
21 673 340 098 271 71 0317 073
0,0007 0,006 0,631 0,631 0,000 0,0002 0,00 0,003
{5} 800
75 311 098 098 272 85 3073 073
120
A7
Zetag 8185
Turbidez Cor
SQ GL MQ F p SQ GL MQ F p
7089 70896, 4121,8 0,00 57456, 57456, 669,65 0,00
Intercepto 1 1
6,40 40 84 0000 40 40 50 0002
1699, 0,00 3364,6 0,01
Tratamento 4 424,90 24,703 4 841,15 9,8036
60 1720 0 3836
Erro 86,00 5 17,20 429,00 5 85,80
7268
Soma 10 7.268,2 61250 61250
2
Teste de Tukey para comparações de médias de remoção (%) de turbidez e cor dos
tratamentos testados (concentrações de coagulante)
Turbidez (%) Cor (%)
Trata-
mento {3}
{1} {2} {4} {5} {1} {2} {3} {4} {5}
(ppm) 86,5
93,0 91,5 58,5 91,5 84,5 82,0 73,5 27,5 86,0
0,995 0,569 0,002 0,995 0,7507 0,01 0,000 0,942
{1} 150
163 504 364 163 11 6506 271 061
0,9951 0,750 0,002 1,000 0,750 0,04 0,000 0,407
{2} 100
63 711 860 000 711 6209 271 694
0,5695 0,750 0,005 0,750 0,016 0,0462 0,000 0,009
{3} 50
04 711 865 711 506 09 272 587
0,0023 0,002 0,005 0,002 0,000 0,0002 0,00 0,000
{4} 10
64 860 865 860 271 71 0272 271
0,9951 1,000 0,750 0,002 0,942 0,4076 0,00 0,000
{5} 1
63 000 711 860 061 94 9587 271
121