2 TOITIO Fichamento
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Desde o final dos anos 1960, houve mudanças significativas na forma das
sociedades ocidentais compreenderem o gênero e a sexualidade. No Brasil,
esse processo se tornou mais visível em fins dos 1970, com a emergência de
mobilizações e movimentos sociais que fariam romper a ditatura militar, o que
incluiu o surgimento de organizações feministas e de gays e lésbicas.
Com o marxismo não foi diferente. Pelo menos desde os 1970, um rico debate
se desenvolveu com o feminismo, ainda que muitas vezes isso fosse tratado
como uma subárea, um subtema da teoria.
Apesar das diferenças e “rupturas” traçadas entre ambas as teorias, penso que
não são teorias antagônicas, sendo possível estabelecer uma articulação entre
essas duas formas de investigação, evidenciando os pontos em comum e os
divergentes, e os analisando à luz dos acontecimentos históricos concretos e
debatendo com o desenvolvimento teórico atual.
Ambas são teorias complexas, com várias correntes muito diferentes entre si e,
por isso, devem ser entendidas em sua pluralidade: como não existe marxismo
no singular, também não existe pós-estruturalismo no singular. Por isso, o
diálogo proposto será, mais especificamente, com as contribuições de Michel
Foucault e de Judith Butler.
Lutas particulares?
Nesse sentido, a autora afi rmou que o “âmbito” da reprodução está circunscrito
pela regulação sexual, sendo por meio das formas obrigatórias de exclusão
que se defi ne e naturaliza a esfera da reprodução. Tais formas obrigatórias
são resultado do mesmo processo de construção da hegemonia heterossexista
e de seus “gêneros”, de modo que as formas de sexualidade excluídas e
produzidas como aberrantes são uma ameaça fundamental para o
funcionamento adequado da economia politica capitalista.
Nota-se que ele não reduziu sua resposta às relações sociais de produção, e
sim ao conjunto das relações sociais que não pode ser compreendido se
abstraído do “curso da história”. No entanto, considerar a historicidade dos
processos implica em considerar a historicidade da própria teoria.
Por outro lado, historicizar a teoria garante uma leitura dialética dos clássicos:
reconhecendo os traços de evolucionismo que permeiam suas obras; mas,
também, evitando críticas infundadas que rejeitam o marxismo devido à
ambiguidade em naturalizar as relações de gênero e de sexualidade.
Ambas são válidas, dentro do mesmo marco teórico, de maneira que o que
determina qual definição será mobilizada é o ponto de vista, o objeto e os
objetivos da investigação.
Afirmar que o capital não tira proveito das relações de sexualidade e gênero
porque as grandes corporações defendem os direitos LGBT não tem sentido.
Não é porque as mesmas corporações fazem campanha a favor de mulheres,
negros/as ou imigrantes, que isso significa que elas não lucram com as
desigualdades em que estas/es estão inseridas/os.