Aula 07 - Circuitos Magnéticos 2016 - Transformadores

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30/06/16

6661 –CIRCUITOS
MAGNÉTICOS

TRANSFORMADORES

Luis Gustavo Toledo Zulai


[email protected]
Departamento de Engenharia Química
Universidade Estadual de Maringá

Objetivos
• Conceitos e características de transformadores
• Aplicações de transformadores (geração,
transmissão e distribuição)
• Comportamento a vazio.
• Estudar o comportamento de um transformador
ideal e suas propriedades.
• Efeito da carga no secundário de um
transformador.
• Equações para Transformador Ideal.

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1. Conceitos iniciais
• O transformador é constituído por duas ou mais
bobinas (ou enrolamentos) acoplados por meio de
fluxo magnético comum.
• Se o enrolamento primário é ligado a uma fonte
de tensão alternada, um fluxo alternado vai ligar o
enrolamento secundário, a indução de uma
tensão alternada secundário.

1. Conceitos iniciais
• A maioria dos transformadores têm núcleos de ferro de
elevada permeabilidade para aumentar o grau de
acoplamento entre os enrolamentos.

Fluxo 𝝋
Figura 01 - transformador

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• Aplicando uma fonte de tensão alternada no


primário, este produzirá um fluxo alternado cuja
amplitude dependerá da: V ef
– tensão do primário ϕ=
– frequência da tensão aplicada 2πfN
– número de espiras
• O fluxo produzido pelo enrolamento primário
estabelece um enlace com o enrolamento
secundário, induzindo neste uma tensão cujo
valor depende do:
– número de espiras do secundário
– magnitude do fluxo comum Eef = 2πfNϕ
– frequência

• O acoplamento entre os enrolamentos pode ser


feito pelo ar, mas a eficiência aumenta com a
utilização de materiais ferromagnéticos para esta
finalidade.
• Neste caso o fluxo fica confinado, em sua maior
parte, a um caminho de alta permeabilidade
delimitado pelo material ferromagnético de alta
permeabilidade.
• Como a maioria dos materiais magnéticos utilizados
possuem ferro em sua composição, o transformador
que utiliza deste núcleo é denominado de
transformador de núcleo de ferro.
• Para se reduzir as perdas causadas por correntes
parasitas no núcleo, o circuito magnético consiste
geralmente de uma pilha de chapas delgadas.

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1.1. Transformador de Núcleo Envolvido


• Os enrolamentos envolvem as duas pernas do núcleo
magnético retangular

Figura 02 – transformador de núcleo envolvido

1.2. Transformador de Núcleo Envolvente


• Os enrolamentos envolvem a perna central de um
núcleo de três pernas

Figura 03 – transformador de núcleo envolvente

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1.3. Material para Núcleo


• Para transformadores que Vantagens
operam com frequências § baixo custo.
inferiores a algumas § baixas perdas no núcleo.
poucas centenas de Hertz:
§ alta permeabilidade em
chapas de aço-silício de
densidade de fluxo
0,014” (polegadas) elevados (1,0 𝑇 a 1,5 𝑇).

Figura 04 – chapas de aço para núcleos de transformadores

1.3. Material para Núcleo


Para transformadores usados em circuitos de
comunicação a alta frequência e baixos níveis de
energia são utilizadas ligas ferromagnéticas
pulverizadas e compactadas, conhecidas como ferrite.

Figura 05 – ligas magnéticas

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1.4. Fluxo Disperso


Para evitar o fluxo disperso, monta-se os enrolamentos
o mais próximo possível.

Figura 06 – enrolamentos

Figura 07 – transformador em corte Figura 08 – transformador trifásico

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Figura 09 – transformador em corte

2. Aplicações
2.1. Geração e Transmissão
• Possibilita elevar a tensão da energia elétrica
gerada nas usinas em valores viáveis para sua
transmissão.
• Os valores de tensão para transmissão mais
usuais no Brasil são 230 𝑘𝑉 e 500 𝑘𝑉.

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2.1. Geração e Transmissão

Figura 11 – torre de transmissão

Figura 10 – diagrama esquemático

Figura 12 – exemplo de transformador de alta tensão

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Figura 13 – exemplo de transformador de alta tensão em subestação móvel

Fotografia 14 – geradores para ensaio de impulso atmosférico e um impulso de manobra


em testes de certificação de transformadores. Fonte: LACTEC

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Figura 15 – exemplo de transformador de alta tensão

Figura 16 – exemplo de transformador de alta tensão em subestação

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2.2. Distribuição
• Permite a utilização de energia elétrica em
tensões adequadas para um padrão de
distribuição ou um dispositivo em particular.

• As tensões de linha, em baixa tensão, mais


usuais no Brasil são 220 𝑉, 380 𝑉 e 440 𝑉.

Figura 17 – ilustração de sistema de distribuição de energia

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Figura 18 – diagrama simplificado de sistema de distribuição de energia

Figura 19 – diagrama simplificado de sistema de distribuição de energia

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2.3. Outras Aplicações


• Circuitos de baixa potência, circuitos eletrônicos de
baixa corrente e circuitos de controle.

Figura 20 – transformadores aplicados em circuitos de baixa potência

2.3. Outras Aplicações


• Casar impedâncias, isolar eletricamente dois
circuitos ou retirar a componente DC de um
sinal, mantendo a componente AC

Figura 21 – outras aplicações de transformadores

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3. Operação a vazio (sem carga)


Transformador com secundário em aberto e uma
tensão alternada v1 aplicada aos terminais do
primário.
Uma pequena
corrente iϕ
(corrente de
excitação) flui no
primário e
estabelece um
fluxo alternado no
circuito magnético.
Figura 22 – transformador a vazio

Esse fluxo induz uma 𝑓𝑐𝑒𝑚 no primário igual a:


𝑑λ3 𝑑𝜑
𝑒3 = = 𝑁3
𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde:
λ3 = fluxo concatenado do enrolamento
φ = fluxo no núcleo no enlace dos enrolamentos
𝑁3 = número de espiras do enrolamento primário
Esta 𝑓𝑒𝑚, juntamente com a queda de tensão na
resistência de primário R 1 , deve-se igualar à tensão
aplicada 𝑣3:
𝑣 3 = 𝑅 3 𝑖 > + 𝑒3

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No presente estudo, desprezam-se os efeitos do fluxo


disperso do primário e a resistência de seu enrolamento.
𝑣 3 = 𝑒3
Considerando as formas de onda de tensão e fluxo como
senoidais, tem-se:
𝜑 = ϕABC sin 𝜔𝑡
Então,
𝑑𝜑
𝑒3 = 𝑁3 = ω𝑁3ϕABC cos 𝜔𝑡
𝑑𝑡
Portanto, a 𝑓𝑒𝑚 induzida está adiantada 90° em relação
ao fluxo.

O valor eficaz da 𝑓𝑒𝑚 induzida 𝐸3 é:


2𝜋𝑓
𝐸3 = 𝑁3 ϕABC = 2𝜋𝑓𝑁3 ϕABC
2
Se a queda de tensão na resistência de enrolamento for
desprezível (𝐸1 = 𝑉1):
𝑉3
ϕABC =
2𝜋𝑓𝑁3
O fluxo no núcleo é estabelecido pela tensão aplicada e a
corrente de excitação necessária é determinada pelas
propriedades magnéticas do núcleo.
A corrente de excitação ajusta-se de tal forma que a 𝑓𝑚𝑚
necessária é produzida de modo que o fluxo seja criado.

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Devido às propriedades não lineares do ferro, a forma de


onda da corrente de excitação difere da forma de onda
do fluxo.

Figura 23 - fenômenos de excitação. (a) Tensão 𝑒, fluxo 𝜑 e corrente de excitação 𝑖> ;


(b) Laço de histerese correspondente 𝜑×𝑖> .

• Se a corrente de excitação for analisada por métodos


baseados em série de Fourier, observa-se que ela
consiste de uma componente fundamental e uma
série de harmônicas ímpares.
• A componente fundamental pode ser decomposta
em duas componentes: uma em fase com a 𝑓𝑐𝑒𝑚 e a
outra atrasa 90𝑜 em relação à 𝑓𝑐𝑒𝑚.
• A componente em fase fornece a potência absorvida
no núcleo pelas perdas por histerese e correntes
parasitas. É referida também como componente de
perdas no núcleo da corrente de excitação.

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• Subtraindo esta componente da corrente de excitação,


tem-se a corrente de magnetização, que é composta
pela componente fundamental atrasada 90° em relação
à 𝑓𝑐𝑒𝑚, junto com todas as harmônicas.
• No caso de transformadores de potência típicos, a
terceira harmônica é cerca de 40 % da corrente de
excitação.
• As peculiaridades da forma de onda da corrente de
excitação não serão levadas em consideração, em nosso
estudo.
• Para os transformadores de potência típicos, a corrente
de excitação constitui cerca de 1 % à 2 % da corrente a
plena carga.

• Verifica-se, então, que as perdas do núcleo são


pequenas em relação à potência nominal.
• O valor das perdas no núcleo Pc é igual ao produto do
valor eficaz da 𝑓𝑐𝑒𝑚 E1 e a componente em fase da
corrente de excitação
𝑃S = 𝐸3 𝐼> cos 𝜃S 𝐼WS 𝐸X3
• As duas componentes da
corrente de excitação são 𝜃S
denominadas:
Ø Corrente de perdas no
núcleo: 𝐼WS (em fase com 𝐸X3 )
Ø Corrente de magnetização: 𝐼WA
𝐼W>
𝐼WA (em fase com ϕV)

V
ϕ

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Exemplo 2.1 – pág 75 – Fitzgerald


As perdas no núcleo e os volt-ampères de excitação do
núcleo da figura para 𝐵𝑚𝑎𝑥 = 1,5𝑇 e 60 𝐻𝑧 , foram
calculados (Exemplo 1.8 – Pág 43 – Fitzgerald) obtendo-se:
𝑃𝑐 = 16𝑊 e
(𝑉𝐼)𝑒𝑓 = 20𝑉𝐴 e a
tensão induzida foi
de 𝑉 = 274⁄ 2 =
194𝑉 eficazes.
Encontre o fator de
potência, a corrente
Ic das perdas no
núcleo e a corrente
de magnetização Im.

Solução:
Fator de potência:
3e
cos 𝜃S = = 0,80 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜 ,
fg
assim, 𝜃S = −36,9°.
Sabe-se que o fator de potência está atrasado porque o
sistema é indutivo.
(kl)mn
Corrente de excitação: 𝐼> = = 0,10 𝐴 eficaz
k
Componente de perdas no núcleo:
opúrs mt
𝐼S = = 0,082 𝐴 = 82 𝑚𝐴 eficaz
k
Componente de magnetização:
𝐼A = 𝐼> × sin 𝜃S = 0,060 𝐴 = 60 𝑚𝐴 eficaz

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4. Transformador Ideal
4.1. Propriedades
ü Resistência dos enrolamentos desprezíveis.
ü Todo o fluxo está confinado ao núcleo enlaçando
ambos os enrolamentos (fluxo disperso desprezível).
ü Não há perdas no núcleo.
ü A permeabilidade do núcleo é tão alta que apenas
uma 𝑓𝑚𝑚 de excitação insignificante é requerida
para criar o fluxo.

Figura 24 – representação de um transformador com carga

• No transformador a corrente do secundário é


definida como positiva quando sai do enrolamento.
• Uma corrente positiva no secundário produz uma
𝑓𝑚𝑚 de sentido oposto ao criado por uma corrente
positiva no primário.

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2.2. Características do transformador Ideal


• Considerando-se o que fora afirmado anteriormente,
quando uma tensão 𝑣3 variável no tempo for aplicada
aos terminais do primário, então um fluxo φ deve ser
estabelecido no núcleo de modo que a 𝑓𝑐𝑒𝑚 𝑒3 seja
igual a tensão aplicada.
𝑑φ
𝑣3 = 𝑒3 = 𝑁3 (1)
𝑑𝑡
• O fluxo magnético também concatena o secundário
produzindo uma 𝑓𝑒𝑚 induzida 𝑒f e uma outra tensão
igual a 𝑣f nos terminais do secundário dada por:
𝑑φ
𝑣f = 𝑒f = 𝑁f (2)
𝑑𝑡

Da ralação entre (1) e (2), obtém-se:


𝑣3 𝑁3
= (3)
𝑣f 𝑁f
Ao se conectar uma carga no transformador, passa a
existir uma corrente no secundário e
consequentemente uma 𝑓𝑚𝑚 𝑁f 𝑖 f. A tensão aplicada
ao primário não altera o fluxo 𝜑 do núcleo. Porém, na
condição ideal, a 𝑓𝑚𝑚 líquida deve ser nula, ou seja,
𝑁3 𝑖 3 − 𝑁f 𝑖 f = 0 ou 𝑁3 𝑖3 = 𝑁f 𝑖 f. (4)
Assim, o fluxo no núcleo e 𝑓𝑚𝑚 inalterada e a presença
de 𝑖 f são os meio pelo qual o transformador sabe que
circula uma corrente pelo seu secundário.

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Assim,
𝑖 3 𝑁f
= (5)
𝑖 f 𝑁3
ou 𝑣3 𝑖3 = 𝑣f 𝑖f (6)
A potência instantânea de entrada no primário é
igual à potência instantânea de saída do secundário,
desprezando-se os mecanismos dissipativos e de
armazenamento de energia.

Marcas circulares são usadas nos terminais dos


enrolamentos para indicar a polaridade dos
transformadores.
Terminais de mesma polaridade indicam que as
tensões nesses terminais estão em fase.

Figura 25 – indicação de polaridade em transformador

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4.3. Impedância refletida


Aplicando-se uma tensão senoidal e observando-se a
impedância
𝑁3 𝑁f
𝑉X3 = 𝑉Xf 𝑒 𝑉Xf = 𝑉X 𝑉X3 𝑁3 f 𝑉Xf
𝑁f 𝑁3 3 =
𝑁f 𝑁3 W3
𝐼 𝑁f 𝐼Wf
𝐼W3 = 𝐼Wf 𝑒 𝐼Wf = 𝐼W3
𝑁3 𝑁f
𝑉Xf 𝑉X3 𝑁3 f
Se 𝑍f = , então 𝑍3 = W = 𝑍f
W𝐼 𝐼3 𝑁f
f

Assim, uma impedância no secundário de um


transformador ideal pode ser refletida ou referida ao
primário pelo quadrado no número de espiras.

Observando-se os circuitos abaixo, eles são


indistinguíveis quando seus desempenhos são
observados a partir dos terminais 𝑎 − 𝑏. Esse modo de
transferir a impedância de um lado a outro de um
transformador é conhecido por impedância refletida.
Tensões e as correntes
também podem ser
referidas dessa forma:

Figura 26 – representações de impedância refletida

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Resumidamente, em um transformador ideal:


Ø As tensões são transformadas na razão direta das
espiras.
Ø As correntes são transformadas na razão inversa das
espiras.
Ø As impedâncias são transformadas na razão direta
ao quadrado das espiras.
Ø A potência e os volts-ampères não se alteram.

4.4.Equações para o transformador ideal


Lei de Faraday:
𝑑φ Potência de saída =
𝑣3 = 𝑒3 = 𝑁3
𝑑𝑡 potência de entrada
𝑑φ 𝑣3 𝑖3 = 𝑣f 𝑖f
𝑣f = 𝑒f = 𝑁f
𝑑𝑡
𝑣3 𝑁3
=
𝑣f 𝑁f

Lei de Ampère: Impedância refletida:


𝑁3 𝑖 3 = 𝑁f 𝑖 f 𝑉X3 𝑁3 f
𝑍3 = = 𝑍f
𝑖 3 𝑁f 𝐼W3 𝑁f
=
𝑖 f 𝑁3

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Exemplo 2.2 – pág 78 - Fitzgerald


O circuito equivalente da figura mostra um transformador
ideal em que a impedância 𝑅2 + 𝑗𝑋2 = 1 + 𝑗4 Ω está
conectada em série com o secundário. A relação de espiras
é 𝑁1 /𝑁2 = 5: 1.

a) Desenhe um circuito equivalente cuja impedância em


série seja refletida ao primário
b) Para uma tensão eficaz de primário de 120V e um
curto circuito conectado entre os terminais A-B,
calcule a corrente que flui no curto circuito.

Solução:
a) O novo circuito equivalente é mostrado abaixo. A
impedância do secundário é referida ao primário pela
relação de espiras ao quadrado. Assim,

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|} f
b) Da Eq. 𝑍3 = 𝑍f, um curto nos terminais A-B
|~
parecerá como um curto no primário do transformador
ideal do circuito mostrado anteriormente, porque a
tensão zero do curto será refletida para relação de espiras
|}
ao primário. Assim, a corrente do primário será dada
|~
por

correspondendo a um valor eficaz de 1,16 A eficazes. Da


• |~
equação • } = a corrente do secundário será igual a 5
~ |}
vezes a corrente do primário. Portanto, a corrente no
curto terá um valor eficaz de 5 1,16 = 5,8𝐴 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧𝑒𝑠

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