Introdução A Lógica
Introdução A Lógica
a Lógica
Material Teórico
Lógica do Juízo ou das Proposições
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Lógica do Juízo ou das Proposições
• Introdução
• Definição de Juízo
• A Linguagem e suas Funções
• Frase, Oração, Sujeito e Predicado
• De Volta ao Termo
• Diferentes Tipos de Juízos e Proposições
• Proposições Categóricas
• As Relações entre Proposições
• Verdade, Falsidade e Indeterminação das Proposições
• Conclusão
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Oferecer ao aluno, do ponto de vista da formalidade lógica, os funda-
mentos da análise das proposições em suas múltiplas relações;
· Aprender a identificar os diferentes tipos de juízo e suas respectivas
proposições representativas;
· Reconhecer os elementos constitutivos do juízo categórico e a estru-
tura formal da proposição categórica;
· Distinguir proposições universais, particulares, singulares, afirmativas
e negativas;
· Aprender a deduzir com precisão lógica a verdade, falsidade ou a
indeterminação de uma proposição com base nas leis das relações
entre as proposições categóricas derivadas e ilustradas no desenho
do quadrado das oposições.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Contextualização
Leia o artigo de opinião “Aula de lógica na política brasileira - Afinal, impeachment é golpe
Explor
Nesse contexto, você verá o quão importante, oportuno e eficiente são o apren-
dizado e o domínio das habilidades lógicas para a discussão de qualquer que seja o
assunto, sobretudo quando ele é alvo de tanta polêmica.
8
Introdução
Preste atenção nos próximos dois juízos. E apenas para começar, entenda juízo
como impressão, opinião, afirmação ou negação sobre alguma coisa. Observe.
Viu? Esse é o tipo de juízo que será objeto de estudo nesta nova unidade. O juízo
é expresso por uma proposição: A é B. A é rosa; B é cor-de-rosa. Portanto, assim
como o conceito é expresso por um termo e o termo, por sua vez, por uma ou
mais palavras, o juízo é expresso por proposição, o que vamos estudar com mais
detalhes nos próximos itens.
Definição de Juízo
O Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
assim define o sentido lógico de juízo: “Estabelecimento de uma relação determinada
entre dois ou mais termos (sujeito e predicado), relação que pode assumir o caráter
de ser verdadeira ou falsa” (FERREIRA, 1999, p. 1166).
Compreendeu? O que caracteriza o juízo não é apenas o termo, mas ele numa
oração que o integra ou o separa de outro(s) termo(s). No primeiro caso (A), “bola de
tênis” é um termo que se expressa através de três palavras: “bola, “de” e “tênis”. É
9
9
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Importante! Importante!
Maiores detalhes sobre esse assunto podem ser lidos na obra Introdução à Lógica, de Cesar
Explor
De forma sintética, tal como faz Irving M. Copi (1978, p. 47 - 56), admitimos três
funções ou usos da linguagem, embora reconheçamos que há uma complexidade
maior no uso da linguagem para fins de comunicação e expressão da realidade:
1º) comunicar ou transmitir informações; 2º) expressar sentimentos, interesses e
atitudes; 3º) indicar o que deve ser feito, isto é, ordenar ação.
10
O juízo é uma operação da mente ligada à primeira função da linguagem (A),
ou seja, é ato expresso em proposição que visa a transmitir alguma informação
sobre alguma coisa, alguém ou uma situação. São essas proposições que podem ser
classificadas categoricamente como verdadeiras ou falsas. Exemplos: A) A banana é
fruta; B) Que banana gostosa! C) Pegue uma banana e a traga para mim. A proposição
A é linguagem do 1º tipo, a B do 2º e a C do 3º.
os elementos básicos de uma proposição em seu sentido lógico? Que tal uma consulta à
gramática? Seguem abaixo alguns conceitos básicos sobre frase e oração segundo a Nova
Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001,
p. 119 - 122).
Por isso, toda oração é uma frase, mas nem toda frase é uma oração.
Exemplos de:
Frase
– Cuidado!
– Que ótimo!
– Parabéns, meu irmão!
11
11
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Oração
– Hoje vou ao mercado.
– Não quero bebida!
– Verde é cor.
Quando uma frase contém mais de um verbo, então não é só uma oração
simples, mas uma oração composta.
Proposição
Paulo é feliz
S é P
1 Jamais confunda “proposição” com “preposição”. Preposição é uma classe de palavra cuja função é modificar,
ampliar ou explicar o sentido de outra palavra numa dada oração. Por exemplo, a preposição “de” estabelece
uma relação com os termos de uma oração que amplia ou explica melhor o significado do termo antecedente por
aquele que o acompanha. Ex.: Aquele instrumento é de madeira. A preposição “de” estabelece uma relação entre
instrumento e madeira, explica de que o instrumento é feito. Proposição é uma sentença ou enunciado, na lógica
formal, no modo de oração declarativa, que afirma ou nega algo (predicado) a respeito de um sujeito.
12
Veja como a proposição é uma declaração que pode ser verdadeira ou falsa,
diferente de outras orações que nem sempre são proposições declarativas com esse
sentido de afirmar ou negar algo que pode ser falso ou verdadeiro.
Alguns exemplos de frases ou orações que são proposições e outras que não são:
De Volta ao Termo
O que mais importa como condição que precede à análise das proposições
categóricas e a relação entre elas sob a ótica da verdade e falsidade é o conceito de
extensão dos termos.
13
13
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
1º) o sujeito “bolas” ao afirmar que são “algumas”, não todas, indica que esse
termo na proposição é de dimensão particular. Particular é a extensão devida a um
termo que não diz respeito à totalidade dos seres que pertencem ao seu conjunto;
Todas as bolas
Algumas bolas
14
Toda borracha = tudo o que
pode ser feito de borracha
De borracha
= apenas
algumas bolas
Mamíferos
Répteis
Aves
15
15
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
O sujeito “os seres humanos” aponta para todos os seres humanos, portanto é um
termo de extensão universal. O predicado, por sua vez, por estar posicionado numa
proposição negativa, também é de extensão universal. Obviamente, nessa proposição,
os peixes se referem a todo o conjunto, à totalidade dos peixes; os seres humanos não
são todos os peixes. O ser humano está fora do universo total dos peixes.
Todos os
Seres NÃO SÃO Peixes
Humanos
Portanto, sempre que temos uma proposição negativa o seu predicado será
necessariamente de extensão universal.
16
d) juízos de valor – são aqueles que enunciam opiniões com o caráter de
valor, estabelecem relações entre as coisas segundo uma hierarquia de
valores e declarando se uma coisa é boa, má, melhor ou pior que outra;
ex.: o comportamento daquele homem é melhor do que o de seu vizinho.
17
17
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Proposições Categóricas
As proposições categóricas são aquelas que manifestam juízos passíveis de
avaliação em relação à verdade ou falsidade do que declaram. Por exemplo: este
anel é cilíndrico. Dessa proposição pode-se admitir sua verdade ou a sua falsidade.
A verificação dessa verdade se faz objetivamente na realidade. Esse aspecto da
verdade é papel das ciências empíricas e não da lógica formal.
18
Para que você entenda o pressuposto acima mencionado, preste atenção
no seguinte exemplo, que a princípio, considerando o conteúdo de realidade, é
completamente absurdo, mas do ponto de vista da lógica formal é válido. Se, por
acaso, a proposição “todos os répteis voam” fosse verdadeira, necessariamente,
do ponto de vista da lógica formal, a proposição contrária, “nenhum réptil voa”,
seria obrigatoriamente falsa. Embora se saiba que a primeira proposição, do ponto
de vista da realidade objetiva, seja falsa, para a lógica formal esse aspecto não
importa, pois o que conta é a formalidade das consequências que se deduzem da
relação entre as proposições de mesmo conteúdo – nas duas proposições o sujeito
são “os répteis” e o predicado é o atributo de voar aplicado ao “sujeito”. Se essa
identidade entre sujeito e predicado existe nas proposições, então as relações entre
elas podem ser analisadas segundo a verdade ou falsidade de uma e de outra.
Contudo, para extrair leis e regras a respeito das relações entre proposições
de mesmo conteúdo, é preciso antes saber como se classificam as proposições
categóricas segundo o critério de sua qualidade e de sua quantidade.
19
19
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Agora você está pronto(a) para aprender quais são leis que ordenam as relações
entre proposições.
As leis que regem as relações entre as proposições ficam mais claras quando
ilustradas e derivadas com ajuda do tradicional quadrado dos opostos2.
2 Não se sabe ao certo qual é a origem do quadrado dos opostos, também chamado quadrado lógico ou quadrado
das oposições. Sabe-se que tem uma fundamentação na lógica de Aristóteles (384 – 322 aC.) e, por isso, alguns
o chamam de quadrado aristotélico. O fato é que o quadrado dos opostos foi sendo desenvolvido pela lógica dos
filósofos estoicos e medievais. Alguns admitem que foi Boécio (480 - 525) quem deu a sua forma final.
20
( A ) Universal Afirmativa Universal Negativa ( E )
(Todo S é P) A contrárias E (Nenhum S é P)
s
subalternas
subalternas
ria
co
tó
nt
di
ra
di
ra
tó
nt
ria
co
s
(Algum S é P) I subcontrárias O (Algum S não é P)
( I ) Particular Afirmativa Particular Negativa ( O )
21
21
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
22
Exemplo: se “alguns seres humanos são racionais” (I) é proposição falsa, a
sua oposta (A) “todos os seres humanos são racionais” é falsa; (E) “nenhum ser
humano é racional” é verdadeira; (O) “alguns seres humanos não são racionais”
é verdadeira.
Para finalizar esta unidade, falta apenas extrair as leis gerais que regem as
relações possíveis entre os diferentes tipos de proposições considerando suas
posições dentro do quadrado das oposições.
Conclusão
Em primeiro lugar, é preciso considerar a identidade das relações entre as
oposições e nomeá-las conforme a figura do quadrado das oposições desenhado
no item 6. A seguir, serão expostas as leis que regem cada uma dessas relações nos
termos da verdade, falsidade e indeterminação das proposições (Cf. MARITAIN,
1980, p. 155 - 158).
23
23
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
A E I O
V V F V F
A
F F IND IND V
V F V F V
E
F IND F V IND
V IND F V IND
I
F F V F V
V F IND IND V
O
F V F V F
Olhando para a tabela, veja como fica fácil fazer as inferências, isto é, extrair
as consequências ou leis necessárias das relações entre as proposições. Observe
alguns exemplos, começando pela parte de cima da tabela, tomando a 1ª coluna
vertical da esquerda para a direita, cruzando com a primeira coluna horizontal de
cima para baixo.
24
Comparando as contrárias e as subcontrárias, pode–se afirmar: as contrárias
não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo
tempo, enquanto as subcontrárias não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas
podem ser verdadeiras. Ou seja, da verdade de uma das contrárias se conclui a
falsidade da outra, mas de sua falsidade nada se pode concluir. Da verdade de uma
das subcontrárias nada se pode concluir da outra, mas de sua falsidade se pode
concluir a verdade da outra.
Faça esse exercício com cada uma das outras relações de oposição (contra-
ditórias e subalternas) entre as proposições da tabela, cruzando uma a uma,
procurando aplicá-la em exemplos concretos, e você compreenderá o sentido
necessariamente lógico dessas leis de relações entre proposições categóricas.
Uma vez compreendida a lógica das proposições como expressão da lógica dos
juízos, o aprendizado das leis do raciocínio que faz o encadeamento entre duas
ou mais proposições já está encaminhado.
25
25
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
RachaCuca - Navios no Porto
Exercite a lógica das inferências a partir de proposições verdadeiras, e a partir delas chegue
às demais informações.
https://goo.gl/0AwbbF
Audiovisual
Raciocínio Lógico “Lógica das Proposições” Parte I
Assista à videoaula do Prof. Nelson Carnaval. É uma breve aula de sete minutos sobre
a proposição lógica. Ele define proposição como qualquer enunciado declarativo que
tenha o valor lógico de verdadeiro ou falso e a distingue de outras sentenças que não
podem ser definidas como proposição, exatamente porque não declaram algo que
possa receber o valor de verdadeiro ou falso.
https://youtu.be/e6nuWYwMsM4
Leitura
Tomo I: Lógica e Cosmologia – Capítulo II
Leia a parte do Capítulo II - Lógica das Proposições, da obra de Regis Jolivet (Tratado de
Filosofia. Tomo I: Lógica e Cosmologia – Rio de Janeiro: Editora Agir, 1969, 416 p).
São três páginas que deverão repetir alguns conceitos da unidade de forma breve, fixando
seu aprendizado dos diferentes tipos de proposições e das leis que regem as relações de
oposição entre as proposições categóricas.
Capítulo II: https://goo.gl/by9tCj
Livro Completo: https://goo.gl/BaWKIH
26
Referências
AGUIAR NETTO. Lógica. 4ª edição. São Paulo: Curso Filo Juris Preparatório
às Faculdades de Direito, Economia, Administração de Empresas e Psicologia.
S/D. 186 p.
27
27