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Introdução A Lógica

O documento discute a lógica das proposições, definindo juízo como a relação entre termos que pode ser verdadeira ou falsa. Ele explica que uma proposição representa um juízo através de uma oração com um sujeito e predicado ligados por um verbo. O objetivo é analisar os tipos de juízos e proposições e entender suas relações de verdade.
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Introdução A Lógica

O documento discute a lógica das proposições, definindo juízo como a relação entre termos que pode ser verdadeira ou falsa. Ele explica que uma proposição representa um juízo através de uma oração com um sujeito e predicado ligados por um verbo. O objetivo é analisar os tipos de juízos e proposições e entender suas relações de verdade.
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Introdução

a Lógica
Material Teórico
Lógica do Juízo ou das Proposições

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Valter Luiz Lara

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Lógica do Juízo ou das Proposições

• Introdução
• Definição de Juízo
• A Linguagem e suas Funções
• Frase, Oração, Sujeito e Predicado
• De Volta ao Termo
• Diferentes Tipos de Juízos e Proposições
• Proposições Categóricas
• As Relações entre Proposições
• Verdade, Falsidade e Indeterminação das Proposições
• Conclusão

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Oferecer ao aluno, do ponto de vista da formalidade lógica, os funda-
mentos da análise das proposições em suas múltiplas relações;
· Aprender a identificar os diferentes tipos de juízo e suas respectivas
proposições representativas;
· Reconhecer os elementos constitutivos do juízo categórico e a estru-
tura formal da proposição categórica;
· Distinguir proposições universais, particulares, singulares, afirmativas
e negativas;
· Aprender a deduzir com precisão lógica a verdade, falsidade ou a
indeterminação de uma proposição com base nas leis das relações
entre as proposições categóricas derivadas e ilustradas no desenho
do quadrado das oposições.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

Contextualização
Leia o artigo de opinião “Aula de lógica na política brasileira - Afinal, impeachment é golpe
Explor

ou não?”, escrito por Gilson Iannini no site da Revista Carta Capital:


https://goo.gl/HtvqnA

Independentemente de sua posição política a respeito, veja como o autor faz


uso de muitos conceitos que são centrais nessa unidade sobre juízos e proposições
lógicas. O uso dos instrumentos da lógica das proposições, o domínio dos termos,
a definição clara de sujeito e predicado e a demonstração das inferências válidas
sobre a verdade ou falsidade de proposições estão presentes no artigo para a defesa
de uma posição sobre o impeachment da presidenta Dilma, assunto atualíssimo e
extremamente polêmico, aliás que divide, como o autor mesmo admite, inclusive
juristas de reconhecida competência.

Nesse contexto, você verá o quão importante, oportuno e eficiente são o apren-
dizado e o domínio das habilidades lógicas para a discussão de qualquer que seja o
assunto, sobretudo quando ele é alvo de tanta polêmica.

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Introdução
Preste atenção nos próximos dois juízos. E apenas para começar, entenda juízo
como impressão, opinião, afirmação ou negação sobre alguma coisa. Observe.

Primeiro: “a rosa é uma flor cor-de-rosa” é um juízo verdadeiro.

Segundo: “a rosa não é uma flor cor-de-rosa”. Se o primeiro juízo é verdadeiro,


o segundo é verdadeiro ou falso? Pense rápido. Agora repense devagar... A conclu-
são parece ser óbvia. Se o primeiro juízo é mesmo verdadeiro, o segundo só pode
ser falso, não é mesmo?

Viu? Esse é o tipo de juízo que será objeto de estudo nesta nova unidade. O juízo
é expresso por uma proposição: A é B. A é rosa; B é cor-de-rosa. Portanto, assim
como o conceito é expresso por um termo e o termo, por sua vez, por uma ou
mais palavras, o juízo é expresso por proposição, o que vamos estudar com mais
detalhes nos próximos itens.

Definição de Juízo
O Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
assim define o sentido lógico de juízo: “Estabelecimento de uma relação determinada
entre dois ou mais termos (sujeito e predicado), relação que pode assumir o caráter
de ser verdadeira ou falsa” (FERREIRA, 1999, p. 1166).

Juízo é o segundo ato do espírito, da mente humana ou de qualquer ser racional.


No primeiro há uma simples apreensão. As coisas chegam à mente sem nada
ainda afirmar ou negar sobre elas. Por isso, nesse primeiro ato temos apenas
o termo, a expressão de um conceito que se aplica a alguma realidade: cadeira,
mesa, criança, estrela, etc. No entanto, quando o termo começa a se relacionar
com outros buscando sua definição, o conceito se abre para o segundo ato do
espírito: o juízo. Maritain define o juízo como:
“ato do espírito pelo qual ele une quando afirma ou separa quando nega,
ou ainda, segundo a terminologia tradicional, o ato do espírito pelo qual
ele “compõe” ou “divide” ao afirmar [...]” (MARITAIN, 1980, p. 109).

O exemplo a seguir distingue o termo como expressão da simples apreensão e


o termo quando ele é componente do juízo:
a) Bola de tênis (termo);
b) A bola é de tênis (juízo); A bola não é de tênis (juízo).

Compreendeu? O que caracteriza o juízo não é apenas o termo, mas ele numa
oração que o integra ou o separa de outro(s) termo(s). No primeiro caso (A), “bola de
tênis” é um termo que se expressa através de três palavras: “bola, “de” e “tênis”. É

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9
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

apenas uma constatação do espírito. No sentido lógico, a diferença entre a simples


apreensão e o juízo está no verbo, nesse caso o verbo ser; é o que se verifica nos
dois exemplos em “B”: primeiro uma afirmação, depois uma negação. A mente
para, observa e define: a bola (sujeito da observação) é de tênis (predicado que
identifica e qualifica o sujeito). Isso é um juízo e a sua representação é a proposição
ou sentença.

Importante! Importante!

Proposição, sentença e anunciado são conceitos que em lógica ainda se discute se


realmente são a mesma coisa ou se há distinções sutis entre eles. Para não complicar
demais, neste texto vamos tratá-los como sinônimos, mas daremos preferência ao uso
da palavra “proposição”, uma vez que é ela a mencionada no título da Unidade.

Maiores detalhes sobre esse assunto podem ser lidos na obra Introdução à Lógica, de Cesar
Explor

A. Mortari (2001, p. 10 - 15).

O que é, então, uma proposição? Preliminarmente, fiquemos com a noção de


que proposição é uma oração na qual um verbo liga ou não liga um termo sujeito a
outro predicado: o carro (sujeito) é (verbo de ligação entre um termo e outro) azul
(termo predicativo do sujeito). Antes de prosseguirmos com a análise da proposição
(itens 5, 6, 7 e 8) como expressão do juízo, é preciso esclarecer algumas coisas
sobre a linguagem e suas funções (item 2), distinguir frase e oração (item 3) e
verificar o caráter dos termos (item 4) quando eles compõem uma proposição.

A Linguagem e suas Funções


O juízo como ato do espírito e sua proposição representativa são formas
específicas da linguagem. A linguagem em suas múltiplas modalidades de expressão
(simbólica, escrita, pictórica, sonora) se presta a uma variedade de funções e
objetivos: comunicar sentimentos, vontades e interesses; descrever situações
e objetos; relatar acontecimentos e contar uma história; explicar conceito, leis
e teorias; indagar, admirar, ordenar e outros mais que a linguagem é capaz de
corresponder conforme a variedade do contexto ao qual ele se aplica.

De forma sintética, tal como faz Irving M. Copi (1978, p. 47 - 56), admitimos três
funções ou usos da linguagem, embora reconheçamos que há uma complexidade
maior no uso da linguagem para fins de comunicação e expressão da realidade:
1º) comunicar ou transmitir informações; 2º) expressar sentimentos, interesses e
atitudes; 3º) indicar o que deve ser feito, isto é, ordenar ação.

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O juízo é uma operação da mente ligada à primeira função da linguagem (A),
ou seja, é ato expresso em proposição que visa a transmitir alguma informação
sobre alguma coisa, alguém ou uma situação. São essas proposições que podem ser
classificadas categoricamente como verdadeiras ou falsas. Exemplos: A) A banana é
fruta; B) Que banana gostosa! C) Pegue uma banana e a traga para mim. A proposição
A é linguagem do 1º tipo, a B do 2º e a C do 3º.

Embora se possa julgar sobre a verdade ou falsidade de proposições do tipo B, o


gosto de alguém sobre uma coisa não é necessariamente falso ou verdadeiro, a não
ser que se queira julgar se a expressão é ou não fruto de simulação ou fingimento. Mas
aí o problema deixa de ser lógico e se transforma em psicológico. De qualquer forma,
o gosto como ato dos sentidos de alguém é sempre de caráter subjetivo e, por isso,
variável em relação à verdade da proposição. Outra pessoa pode afirmar o contrário
e ambas estarão expressando linguagem verdadeira. Portanto, só nos resta, do ponto
de vista da lógica, ao menos por enquanto, tomar como objeto de análise o juízo cuja
proposição cumpre a função informativa da linguagem. Os lógicos chamam esse tipo
de proposição categórica.

A análise das proposições categóricas exige um breve retorno às leis elementares


da sintaxe no uso da linguagem. Tratam-se dos componentes básicos da oração.

Frase, Oração, Sujeito e Predicado


Pense um pouco. Toda proposição é uma oração? Oração é a mesma coisa que frase? Quais
Explor

os elementos básicos de uma proposição em seu sentido lógico? Que tal uma consulta à
gramática? Seguem abaixo alguns conceitos básicos sobre frase e oração segundo a Nova
Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001,
p. 119 - 122).

Frase: enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação.


Explor

Oração: é frase que contém pelo menos um verbo.


Sintaxe: parte da gramática que descreve as regras segundo as quais as palavras se combi-
nam para formar frases.

Por isso, toda oração é uma frase, mas nem toda frase é uma oração.

Exemplos de:

Frase
– Cuidado!
– Que ótimo!
– Parabéns, meu irmão!

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UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

Oração
– Hoje vou ao mercado.
– Não quero bebida!
– Verde é cor.

Quando uma frase contém mais de um verbo, então não é só uma oração
simples, mas uma oração composta.

Período: é a frase organizada em forma de oração, de maneira simples ou


composta. Se simples, é período simples; se composto, período composto.

Exemplos (os verbos estarão em destaque). Período simples: O computador [é]


grande; período composto: O computador [é] grande, mas [trabalha] muito lentamente.

O que a lógica chama de proposição é de fato, do ponto de vista da gramática,


uma oração. Para fins da análise lógica, é preciso distinguir oração de proposição1,
pois nem toda oração é uma proposição, embora toda proposição expressa em
forma de discurso seja uma oração, a não ser que seja expressa na forma de
símbolos e representações matemáticas.

Numa proposição há sempre sujeito e o predicado. Na oração pode haver


predicado sem sujeito. “Já faz muito tempo que choveu” e “Que horas são?” são
orações sem sujeito, apenas com predicado.

Sujeito: é numa proposição o que, ou quem, sobre o qual se pronuncia uma


declaração. Ex. Paulo é feliz. O sujeito é aquele termo sobre o qual (no caso, quem)
se declara “é feliz”.

Predicado: é tudo o que se declara sobre o sujeito, geralmente é sua qualificação,


definição e seus atributos essenciais ou secundários. No exemplo acima, o predicado
é: “é feliz”. Gramaticalmente, o predicado inclui o verbo. Na lógica, o verbo de
ligação é apenas uma palavra que se costuma denominar de “cópula”, isto é, o
termo que estabelece a relação entre outros dois termos: sujeito e predicado.

Resumidamente, o que interessa à lógica do juízo ou das proposições pode


ser representado pela seguinte fórmula: “S é P” ou “S não é P”; “S” é o sujeito,
qualquer que ele seja; “P” é o predicado, qualquer que ele seja.

Proposição

Sujeito  Cópula  Predicado

Paulo é feliz

S é P

1 Jamais confunda “proposição” com “preposição”. Preposição é uma classe de palavra cuja função é modificar,
ampliar ou explicar o sentido de outra palavra numa dada oração. Por exemplo, a preposição “de” estabelece
uma relação com os termos de uma oração que amplia ou explica melhor o significado do termo antecedente por
aquele que o acompanha. Ex.: Aquele instrumento é de madeira. A preposição “de” estabelece uma relação entre
instrumento e madeira, explica de que o instrumento é feito. Proposição é uma sentença ou enunciado, na lógica
formal, no modo de oração declarativa, que afirma ou nega algo (predicado) a respeito de um sujeito.

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Veja como a proposição é uma declaração que pode ser verdadeira ou falsa,
diferente de outras orações que nem sempre são proposições declarativas com esse
sentido de afirmar ou negar algo que pode ser falso ou verdadeiro.

Portanto, do ponto de vista da lógica, proposição é todo enunciado declarativo


afirmativo ou negativo que tem valor lógico de verdadeiro ou falso. Exemplo:
Pedro é filósofo.

Alguns exemplos de frases ou orações que são proposições e outras que não são:

– O que você quer? (oração interrogativa não é proposição)


– Que delícia! (frase exclamativa não é oração nem proposição)
– Amanhã verei Ana Lúcia. (oração que expressa desejo ou promessa
não é proposição)
– A alma é imortal (oração declarativa que contém valor de verdadeiro
ou falso – então é proposição)
– A criança não é malvada (oração declarativa que contémvalor de verda-
deiro ou falso – então é proposição).

Sendo assim, só é proposição, do ponto de vista da lógica, aquelas orações que


pronunciam alguma coisa (predicado) sobre um sujeito que pode ser avaliada do ponto
de vista de seu caráter verdadeiro ou falso. Frases ou orações que não declaram outra
coisa senão desejos, ordens, promessas ou simplesmente nada declaram, apenas
exclamam ou perguntam, não são proposições.

Os termos “sujeito” e “predicado” são elementos essenciais de uma proposição.


Por isso, será preciso retomar a análise dos termos feita na unidade anterior para
identificar as diferentes formas lógicas de classificá-los, só que agora não somente
como termos isolados, mas como pertencentes ao conjunto de uma proposição.

De Volta ao Termo
O que mais importa como condição que precede à análise das proposições
categóricas e a relação entre elas sob a ótica da verdade e falsidade é o conceito de
extensão dos termos.

A extensão de um termo é noção que demonstra o seu caráter quantitativo


mais do que uma noção explicativa. A explicação de um termo é atribuição de sua
dimensão compreensiva. A extensão de um termo, por sua vez, diz respeito ao
conjunto dos objetos aos quais ele se refere ou pertence.

A lógica de Aristóteles (CHAUI, p. 185) sustentava uma classificação dos termos


quanto à sua extensão em três categorias: gênero, espécie e indivíduo. No exemplo
a seguir, podem-se verificar as três categorias: “Meu gato é um animal felino”.
Nessa proposição, encontramos as três categorias de termos:

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13
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

Meu gato = indivíduo (termo de extensão menor possível)


Felino = espécie (termo de extensão média)
Animal = gênero (termo de extensão maior)

Na proposição S é P, sendo que S são “algumas bolas” e P “são de borracha”,


qual é a extensão tanto do sujeito quanto do termo predicado? A resposta está na
quantidade, no conjunto ou totalidade dos seres que podem ser identificados como
parte de S (algumas bolas) e parte de outro (de borracha).

Do ponto de vista da lógica das proposições, não importa comparar um termo


com o outro de forma isolada, como se houvesse menos seres dentro do conceito/
termo/sujeito “bola” e mais seres feitos “de borracha”. Não se trata disso. No
entanto, a análise isolada talvez ilustre, pela distinção, o que de fato deve se levar
em conta: há muito mais seres feitos “de borracha” além da espécie de objeto que
chamamos “bola”. “De borracha” pode ser um boneco, calçado e tantos outros
objetos. De outro lado, há diferentes tipos de bola; bola de borracha, bola de couro,
de plástico, etc. A extensão do termo considerada isoladamente, isto é, fora de
uma proposição é uma coisa, dentro dela é outra.

A extensão do termo para fins da análise das proposições só interessa na posição


que os termos ocupam como sujeito ou predicado dentro da proposição e não fora
dela. Observe bem. Quando se afirma que “algumas bolas são de borracha”, temos
as seguintes informações do ponto de vista da extensão dos termos:

1º) o sujeito “bolas” ao afirmar que são “algumas”, não todas, indica que esse
termo na proposição é de dimensão particular. Particular é a extensão devida a um
termo que não diz respeito à totalidade dos seres que pertencem ao seu conjunto;

Todas as bolas

Algumas bolas

2º) o predicado “de borracha” quando se afirma como predicado do sujeito


“algumas bolas” também se refere a apenas uma parte dos seres que compõem a
totalidade do que pode ser “de borracha”, pois há muitas outras coisas que podem
ser feitas de borracha além de bolas. Desse modo, o predicado nessa proposição
também é particular.

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Toda borracha = tudo o que
pode ser feito de borracha

De borracha
= apenas
algumas bolas

Há outras duas possibilidades, além da particular, de classificar a extensão dos


termos numa proposição: singular e universal. Singular é a extensão de um termo
quando ele diz respeito apenas àquele sujeito predicado indicado. Exemplo: Paulo
não é Pedro. Tanto Paulo quanto Pedro são, respectivamente, sujeito e predicado
singulares. Só existe um Paulo e um Pedro, mesmo que haja inúmeras pessoas
com o mesmo nome, elas não são nem este Paulo, nem este Pedro. Mas suponha
que a proposição seja a seguinte:

Todos os mamíferos são animais

A palavra “todos” indica a extensão de mamíferos na proposição: são todos,


não um, nem alguns. Por isso, a extensão do sujeito “todos os mamíferos”, nessa
proposição, é universal. Porém, o termo predicado “animais” é de extensão
particular, pois numa proposição afirmativa o predicado é necessariamente
particular, pois haverá mais animais além do conjunto de todos os mamíferos;
há aves, peixes, répteis e outros. Por isso, nessa proposição o termo predicado
“animais” é apenas parte de sua totalidade, isto é, são apenas os animais que são
denominados mamíferos.

Mamíferos

Répteis

Aves

15
15
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

Em resumo, a extensão dos termos para fins de análise das proposições é de


três tipos: singular, particular e universal. A identificação de sua extensão depende
dos indicativos que antecedem os termos (todos, muitos, alguns, este, aquele) ou
de sua posição na proposição e, na identificação do predicado, da referência da
declaração, se é negativa ou afirmativa. Como já foi demonstrado acima, quando
o predicado está numa proposição afirmativa será sempre particular, mas ao
contrário, quando estiver numa proposição negativa, será universal.

Exemplo de termo predicado universal:

Os seres humanos não são peixes

O sujeito “os seres humanos” aponta para todos os seres humanos, portanto é um
termo de extensão universal. O predicado, por sua vez, por estar posicionado numa
proposição negativa, também é de extensão universal. Obviamente, nessa proposição,
os peixes se referem a todo o conjunto, à totalidade dos peixes; os seres humanos não
são todos os peixes. O ser humano está fora do universo total dos peixes.

Todos os
Seres NÃO SÃO Peixes
Humanos

Portanto, sempre que temos uma proposição negativa o seu predicado será
necessariamente de extensão universal.

Agora sim, já podemos analisar e classificar as proposições propriamente ditas.

Diferentes Tipos de Juízos e Proposições


Os Juízos segundo a Natureza de seus Objetos
Os juízos, segundo a natureza de seus objetos (SANTOS, 2007, p. 50), são
classificados em:
a) juízos reais ou empíricos – são juízos que dependem dos sentidos e da
observação da realidade material; ex.: seu automóvel é amarelo.
b) juízos ideais ou abstratos – são juízos que expressam ideias ou abstrações,
sem a dependência da realidade material; ex.: um triângulo tem três partes.
c) juízos metafísicos – são os que tratam de objetos que estão para além de
nossa capacidade de comprová-los pelos sentidos, isto é, materialmente; ex.:
a alma humana é imortal.

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d) juízos de valor – são aqueles que enunciam opiniões com o caráter de
valor, estabelecem relações entre as coisas segundo uma hierarquia de
valores e declarando se uma coisa é boa, má, melhor ou pior que outra;
ex.: o comportamento daquele homem é melhor do que o de seu vizinho.

Os Juízos segundo o Modo e a Fonte do Conhecimento


Outro critério para classificar juízos e suas proposições foi proposto pelo filósofo
Immanuel Kant (1724 – 1804). Ele identificou dois tipos de juízos segundo o
modo como se faz o juízo e a fonte do conhecimento que o produz: os analíticos
e sintéticos.
Os analíticos são juízos nos quais se afirma ou nega do sujeito o que já está
implicado na simples análise e decomposição do próprio sujeito. Não há necessidade
de buscar como fonte do conhecimento que produz esse juízo algo fora do sujeito,
isto é, em outra realidade material ou em outro conceito. O exemplo clássico dado
pelo próprio Kant é esse: o triângulo tem três lados.
Os sintéticos são juízos que reúnem, isto é, sintetizam um dado que vem da
experiência dominada e submetida aos sentidos e outro que procede da análise
do próprio sujeito como sua fonte de conhecimento. Ex.: A água entra em estado
de vapor quando atinge o ponto de 100 graus Celsius. Nesse caso, o juízo é feito
mediante a síntese entre a noção de água (sujeito) e a noção de temperatura
(predicado: entra em estado de vapor quando atinge o ponto de 100 graus Celsius).
Ambos, sujeito e predicado, existem independentemente um do outro e não seria
possível fazer esse juízo decompondo analítica e separadamente só o sujeito “água”.
Apenas quando testamos uma realidade sob a análise e o encontro dos dois (água
+ temperatura) é que se pode emitir o juízo como síntese entre sujeito e predicado.
Daí o nome de juízo sintético.
Há outras possibilidades de classificar os juízos e todas elas foram representadas
através de proposições exemplares. Cada um dos juízos acima possui sua
representação proposicional. Porém, como as classificações que acabaram de ser
feitas foram em cima de critérios do conteúdo ou do objeto do juízo, achamos
melhor usar a palavra juízo. Por isso, a partir de agora, exatamente pelo fato
de o critério ser formal e não mais de conteúdo, vamos usar a palavra da forma
discursiva do juízo: a proposição.

As Proposições segundo o Critério da Relação entre


Sujeito e Predicado
As proposições como representação do juízo em sua manifestação material
na forma discursiva, isto é, através de palavras numa dada sequência que faz
sentido e se expressa gramática e sintaticamente de modo a comunicar alguma
informação, segundo o critério da relação entre sujeito e predicado, podem ser
assim classificadas:

17
17
UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

a) proposições categóricas – são aquelas que enunciam o juízo com apenas


uma declaração simples e que usa a cópula (o verbo ser em sua forma “é”
ou “não “é”, “são” ou “não são”). Ex.: A casa é de alvenaria. Sua forma é S
é P. (S = sujeito; P= predicado)
b) proposições hipotéticas ou condicionais - são aquelas cuja afirmação (ou
negação) está subordinada a alguma hipótese ou condição.Ex.: Se você me
aceitar não bebo mais.
c) proposições disjuntivas - são aquelas compostas cuja relação entre uma e outra
se dá na condição de que quando uma é afirmada a outra necessariamente
é falsa. Geralmente estão presentes os termos “Se [...] então”, “Ou [...] ou” e
outros com a mesma função, como “Caso aconteça A [...] B [...]”. Ex.: Se Pedro
acertou, Paulo errou. As condicionais também podem ser compostas por duas
proposições hipotéticas juntas e implicadas na relação que estabelecem entre si.
Ex.: Ou me caso com Maria ou então vou embora.

Há outras formas de classificar juízos e suas proposições, mas ficaremos restritos


à análise das proposições categóricas, pois são elas o objeto preferencial da lógica
formal desenvolvida pelos filósofos desde Aristóteles. Não ignoramos outras formas de
proposições, sobretudo aquelas que se transformaram em objeto das lógicas simbólica,
científica e da programação de computadores a partir da idade moderna. No entanto,
o foco de nossa abordagem é a lógica das proposições categóricas, uma vez que elas
fundamentam e são a condição para a compreensão da lógica do raciocínio discursivo,
tema da próxima unidade e matéria imprescindível nos cursos de filosofia.

Proposições Categóricas
As proposições categóricas são aquelas que manifestam juízos passíveis de
avaliação em relação à verdade ou falsidade do que declaram. Por exemplo: este
anel é cilíndrico. Dessa proposição pode-se admitir sua verdade ou a sua falsidade.
A verificação dessa verdade se faz objetivamente na realidade. Esse aspecto da
verdade é papel das ciências empíricas e não da lógica formal.

A lógica formal não se preocupa com a verdade, como já foi demonstrado


anteriormente, desde a constatação e a objetividade do que declara uma proposição.
Não interessa se o anel é cilíndrico, importa apenas saber se é possível inferir - uma
vez admitida a verdade dessa declaração – a verdade ou falsidade de sua proposição
contrária. O conteúdo da verdade confirmada ou não pela realidade não importa
para a lógica das proposições. O que interessa à lógica das proposições é o caráter
formal das possibilidades de verdade ou falsidade admitidas quando se comparam
e se verificam as leis que regem as relações lógicas entre elas.

As relações entre as proposições categóricas (objeto da demonstração do item


7 que veremos a seguir) podem ser analisadas na comparação entre elas somente
do ponto de vista da formalidade e, portanto, se as preposições tiverem o mesmo
conteúdo, isto é, se possuírem os mesmos sujeitos e os mesmos predicados.

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Para que você entenda o pressuposto acima mencionado, preste atenção
no seguinte exemplo, que a princípio, considerando o conteúdo de realidade, é
completamente absurdo, mas do ponto de vista da lógica formal é válido. Se, por
acaso, a proposição “todos os répteis voam” fosse verdadeira, necessariamente,
do ponto de vista da lógica formal, a proposição contrária, “nenhum réptil voa”,
seria obrigatoriamente falsa. Embora se saiba que a primeira proposição, do ponto
de vista da realidade objetiva, seja falsa, para a lógica formal esse aspecto não
importa, pois o que conta é a formalidade das consequências que se deduzem da
relação entre as proposições de mesmo conteúdo – nas duas proposições o sujeito
são “os répteis” e o predicado é o atributo de voar aplicado ao “sujeito”. Se essa
identidade entre sujeito e predicado existe nas proposições, então as relações entre
elas podem ser analisadas segundo a verdade ou falsidade de uma e de outra.

Se colocarmos as mesmas proposições acima mencionadas em equações


abstratas, será mais fácil entender o caráter formal da análise da relação entre elas.
Considere S para répteis e P para o atributo voar. Se a proposição “todo S é P”
é verdadeira, logicamente, isto é, necessária e automaticamente, “nenhum S é P”
será falsa.

Contudo, para extrair leis e regras a respeito das relações entre proposições
de mesmo conteúdo, é preciso antes saber como se classificam as proposições
categóricas segundo o critério de sua qualidade e de sua quantidade.

O que é isso, qualidade e quantidade de uma proposição? É o critério que importa


na análise do caráter verdadeiro ou falso na relação entre proposições de mesmo
conteúdo, isto é, de proposições que tenham o mesmo sujeito e o mesmo objeto.

Classificação das Proposições segundo o Critério da Qualidade


A qualidade de uma proposição se define por sua afirmação ou negação.
Existem, portanto, proposições afirmativas e proposições negativas.

Exemplo de proposição afirmativa: João é advogado.


Exemplo de proposição negativa: João não é advogado.

Classificação das Proposições segundo o Critério da Quantidade


A quantidade de uma proposição se define pela extensão que se atribui ao sujeito
que se predica, isto é, se define pela quantidade declarada do sujeito sobre o qual
se afirma ou nega algum atributo. Em relação à quantidade, as proposições são de
três tipos: a) universais; b) particulares; c) singulares.
a) Exemplo de proposição universal: Todos os homens são advogados.
b) Exemplo de proposição particular: Alguns homens são advogados.
c) Exemplo de proposição singular: João (homem individualmente considerado)
é advogado.

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UNIDADE Lógica do Juízo ou das Proposições

Novamente insistimos nesse princípio e esperamos que você tenha observado


nos exemplos anteriores: as leis que regem a relação entre proposições só valem
para aquelas que declaram o mesmo conteúdo (mesmo sujeito – homem [João] e
mesmo predicado (advogado)).

Agora você está pronto(a) para aprender quais são leis que ordenam as relações
entre proposições.

As Relações entre Proposições


Quando se mistura, ou seja, se cruza o critério da qualidade com o da quantidade
para classificar as proposições, surgem quatro tipos, a saber: proposições universais
afirmativas, universais negativas, particulares afirmativas e particulares negativas.
Por convenção e costume, os lógicos adotaram as letras A, E, I e O para identificar
cada um desses tipos de proposição categórica.

A = Proposição Universal Afirmativa


Ex.: Todos os homens são mortais.

E = Proposição Universal Negativa


Ex.: Nenhum homem é mortal.

I = Proposição Particular Afirmativa


Ex.: Alguns homens são mortais.

O = Proposição Particular Negativa


Ex.: Alguns homens não são mortais.

As leis que regem as relações entre as proposições ficam mais claras quando
ilustradas e derivadas com ajuda do tradicional quadrado dos opostos2.

O Quadrado dos Opostos ou das Proposições Opostas


As proposições categóricas classificadas no item anterior como A, E, I e O
serão representadas pela fórmula básica de S para sujeito (seja qual for o sujeito)
e P para predicado (seja qual for o predicado). As inferências que decorrem na
relação entre elas, mais uma vez, é preciso que se afirme categoricamente, só são
válidas quando as proposições comparadas, ou melhor, confrontadas, ou ainda,
colocadas em oposição, possuem os mesmos sujeitos (S) e predicados (P).

2 Não se sabe ao certo qual é a origem do quadrado dos opostos, também chamado quadrado lógico ou quadrado
das oposições. Sabe-se que tem uma fundamentação na lógica de Aristóteles (384 – 322 aC.) e, por isso, alguns
o chamam de quadrado aristotélico. O fato é que o quadrado dos opostos foi sendo desenvolvido pela lógica dos
filósofos estoicos e medievais. Alguns admitem que foi Boécio (480 - 525) quem deu a sua forma final.

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( A ) Universal Afirmativa Universal Negativa ( E )
(Todo S é P) A contrárias E (Nenhum S é P)

s
subalternas

subalternas
ria
co


nt

di
ra
di
ra

nt

ria
co

s
(Algum S é P) I subcontrárias O (Algum S não é P)
( I ) Particular Afirmativa Particular Negativa ( O )

Finalmente, com as informações dadas e transportadas para o quadrado dos


opostos, podemos extrair as leis que governam as relações entre as proposições
e inferir delas algumas verdades, falsidades e indeterminações quando uma
verdade ou falsidade é de antemão admitida para uma das quatro proposições
(A, E, I e O).

Verdade, Falsidade e Indeterminação


das Proposições
Quando relacionamos um tipo de proposição com uma de suas opostas, por
exemplo, como já vimos, “todo S é P” (A) com uma de suas três opostas “nenhum
S é P” (E), admitindo que A é verdadeira, conclui-se que E é necessariamente falsa.
É esse o tipo de relação que será demonstrada, extraindo assim as leis necessárias
quando uma se encontra na oposição, quer dizer, frente à outra.

Para facilitar a compreensão, vamos começar com a proposição A e seguir a


ordem, depois E, em seguida I e por último, O. Primeiro será considerado o tipo
de proposição selecionada e admitida como verdadeira. Em seguida a relacionamos
com as outras três para ver o que acontece: se a outra será necessariamente
verdadeira, falsa ou indeterminada. A possibilidade de indeterminação significa
que não se pode determinar nem a falsidade nem a verdade da proposição oposta
àquela selecionada. Depois dessa primeira sequência, faz-se na mesma ordem,
começando igualmente com A, mas dessa vez admitindo a sua falsidade.

Sendo assim, abaixo apresentamos as leis das relações entre as proposições


opostas (COPI, 1978, p. 149). Como você já sabe o significado das representações
A, E, I e O, aplicaremos nos oito tipos de oposições o exemplo simples e mais
tradicional de proposição categórica, a do tipo S é P (Ex.: O ser humano é racional),
na qual, como se sabe, S (sujeito) é ser humano e P (predicado) é racional. Também
para facilitar a compreensão, o uso do verbo “opor” (que dá o nome ao quadrado

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das proposições opostas) será aplicado no sentido de “comparar” e “confrontar”,


indicando que uma proposição está diante da outra para fins de determinação ou
não de sua verdade e falsidade.

1º) Se A verdadeira, quando se opõe a E, E será falsa; a I, I será verdadeira; a O,


O será falsa.
Exemplo: se “todo ser humano é racional” (A) é proposição verdadeira, a sua
oposta (E) “nenhum ser humano é racional” é falsa; (I) “alguns seres humanos são
racionais” é verdadeira; (O) “Alguns seres humanos não são racionais” é falsa.

2º) Se E verdadeira, quando se a opõe a A, A é falsa; a I, I é falsa; a O, O


é verdadeira.
Exemplo: se “nenhum ser humano é racional” (E) é proposição verdadeira, a
sua oposta (A) “todo ser humano é racional” é falsa; (I) “alguns seres humanos são
racionais” é falsa; (O) “alguns seres humanos não são racionais” é verdadeira.

3º) Se I verdadeira, quando se opõe a E, E é falsa; a A, A é indeterminada; a O,


O é indeterminada.
Exemplo: se “alguns seres humanos são racionais” (A) é proposição verdadeira,
a sua oposta (E) “todos os seres humanos são racionais” (A) é indeterminada; (O)
“alguns seres humanos não são racionais” é indeterminada.

4º) Se O verdadeira, quando se opõe a A, A é falsa; a E, E é indeterminada, a I,


I é indeterminada.
Exemplo: se “alguns seres humanos não são racionais” (O) é proposição verdadeira, a
sua oposta (A) “todos os seres humanos são racionais” é falsa; (E) “nenhum ser humano
é racional” é indeterminada; (I) “alguns seres humanos são racionais” é indeterminada.

5º) Se A falsa, quando se opõe a E, E é indeterminada; a I, I é indeterminada; a O,


O é verdadeira.
Exemplo: se “todos os seres humanos são racionais” (A) é proposição falsa, a
sua oposta (E) “nenhum ser humano é racional” é indeterminada; (I) “alguns seres
humanos são racionais” é indeterminada; (O) “alguns não são racionais” é verdadeira.

6º) Se E falsa, quando se opõe a I, I é verdadeira; a A, A é indeterminada; a O,


O é indeterminada.
Exemplo: se “nenhum ser humano é racional” (E) é proposição falsa, a sua
oposta (I) “alguns seres humanos são racionais” é verdadeira; (A) “todos os seres
humanos são racionais” é indeterminada; (O) “alguns seres humanos não são
racionais” é indeterminada.

7º) Se I falsa, quando se opõe a A, A é falsa; a E, E é verdadeira; a O,


O é verdadeira.

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Exemplo: se “alguns seres humanos são racionais” (I) é proposição falsa, a
sua oposta (A) “todos os seres humanos são racionais” é falsa; (E) “nenhum ser
humano é racional” é verdadeira; (O) “alguns seres humanos não são racionais”
é verdadeira.

8º) Se O falsa, quando se opõe a A, A é verdadeira; a E, E é falsa; a I,


I é verdadeira.
Exemplo: se “alguns seres humanos não são racionais” (O) é proposição falsa, a
sua oposta (A) “todos os seres humanos são racionais” é verdadeira; (E) “nenhum ser
humano é racional” é falsa; (I) “alguns seres humanos são racionais” é verdadeira.

Para finalizar esta unidade, falta apenas extrair as leis gerais que regem as
relações possíveis entre os diferentes tipos de proposições considerando suas
posições dentro do quadrado das oposições.

Conclusão
Em primeiro lugar, é preciso considerar a identidade das relações entre as
oposições e nomeá-las conforme a figura do quadrado das oposições desenhado
no item 6. A seguir, serão expostas as leis que regem cada uma dessas relações nos
termos da verdade, falsidade e indeterminação das proposições (Cf. MARITAIN,
1980, p. 155 - 158).

I) Contrárias são as relações entre proposições A e E ou E e A.

II) Subcontrárias são as relações entre as proposições I e O ou O e I.

III) Subalternas são as relações entre as proposições A e I ou I e A; E e O ou O e E.

IV) Contraditórias são as relações entre as proposições A e O ou O e A; E e I ou


I e E.

I) Leis das proposições contrárias (A e E ou E e A)


1. Proposições contrárias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.
2. Proposições contrárias podem ser falsas ao mesmo tempo.

II) Leis das proposições subcontrárias (I e O ou O e I)


1. Proposições subcontrárias não podem ser falsas ao mesmo tempo.
2. Proposições subcontrárias podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.

III) Lei das proposições contraditórias (A e O ou O e A; E e I ou I e E)


1. Não podem ser nem verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo.

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IV) Leis das proposições subalternas (A e I ou I e A; E e O ou O e E)


1. Se A é verdadeira, I é verdadeira = Se E é v, O é v.
2. Se A é falsa, I é indeterminada = Se E é f, O é ind.
3. Se I é verdadeira, A é indeterminada = Se O é v, E é ind.
4. Se I é falsa, A é falsa = Se O é f, E é f.

Se as proposições A, E I e O forem colocadas numa tabela cruzada, o quadro


das leis que regem as relações entre elas, expostas acima, no que diz respeito à
verdade (V), falsidade (F) e indeterminação (IND), ficarão mais claras.

A E I O

V V F V F
A
F F IND IND V

V F V F V
E
F IND F V IND

V IND F V IND
I
F F V F V

V F IND IND V
O
F V F V F

Olhando para a tabela, veja como fica fácil fazer as inferências, isto é, extrair
as consequências ou leis necessárias das relações entre as proposições. Observe
alguns exemplos, começando pela parte de cima da tabela, tomando a 1ª coluna
vertical da esquerda para a direita, cruzando com a primeira coluna horizontal de
cima para baixo.

Na relação entre contrárias: se A é verdadeira (V), E será necessariamente


Falsa (F); se, porém, A é falsa (F), E tanto pode ser verdadeira (V) quanto falsa (F).
Isso significa que nessa relação quando uma proposição é verdadeira, a outra é
necessariamente falsa, e quando uma é falsa a outra é indeterminada.

Na relação entre subcontrárias: se I é verdadeira (V), O é indeterminada; se O


é verdadeira (V), I também é indeterminada; mas se I é falsa (F), O é verdadeira (V)
e se O é falsa (F), I é Verdadeira (V).

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Comparando as contrárias e as subcontrárias, pode–se afirmar: as contrárias
não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo
tempo, enquanto as subcontrárias não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas
podem ser verdadeiras. Ou seja, da verdade de uma das contrárias se conclui a
falsidade da outra, mas de sua falsidade nada se pode concluir. Da verdade de uma
das subcontrárias nada se pode concluir da outra, mas de sua falsidade se pode
concluir a verdade da outra.

Faça esse exercício com cada uma das outras relações de oposição (contra-
ditórias e subalternas) entre as proposições da tabela, cruzando uma a uma,
procurando aplicá-la em exemplos concretos, e você compreenderá o sentido
necessariamente lógico dessas leis de relações entre proposições categóricas.
Uma vez compreendida a lógica das proposições como expressão da lógica dos
juízos, o aprendizado das leis do raciocínio que faz o encadeamento entre duas
ou mais proposições já está encaminhado.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
RachaCuca - Navios no Porto
Exercite a lógica das inferências a partir de proposições verdadeiras, e a partir delas chegue
às demais informações.
https://goo.gl/0AwbbF

 Audiovisual
Raciocínio Lógico “Lógica das Proposições” Parte I
Assista à videoaula do Prof. Nelson Carnaval. É uma breve aula de sete minutos sobre
a proposição lógica. Ele define proposição como qualquer enunciado declarativo que
tenha o valor lógico de verdadeiro ou falso e a distingue de outras sentenças que não
podem ser definidas como proposição, exatamente porque não declaram algo que
possa receber o valor de verdadeiro ou falso.
https://youtu.be/e6nuWYwMsM4

 Leitura
Tomo I: Lógica e Cosmologia – Capítulo II
Leia a parte do Capítulo II - Lógica das Proposições, da obra de Regis Jolivet (Tratado de
Filosofia. Tomo I: Lógica e Cosmologia – Rio de Janeiro: Editora Agir, 1969, 416 p).
São três páginas que deverão repetir alguns conceitos da unidade de forma breve, fixando
seu aprendizado dos diferentes tipos de proposições e das leis que regem as relações de
oposição entre as proposições categóricas.
Capítulo II: https://goo.gl/by9tCj
Livro Completo: https://goo.gl/BaWKIH

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Referências
AGUIAR NETTO. Lógica. 4ª edição. São Paulo: Curso Filo Juris Preparatório
às Faculdades de Direito, Economia, Administração de Empresas e Psicologia.
S/D. 186 p.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994. 441 p.

COPI, Irving Marmer. Introdução à lógica. 2ª Edição. Tradução de Álvaro Cabral.


São Paulo: Mestre Jou, 1978. 281 p.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português


contemporâneo. 3ª Edição revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 748 p.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário


da língua portuguesa. 3ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2128 p.

JOLIVET, Regis. Tratado de Filosofia. Tomo I: Introdução geral à Lógica -


Cosmologia. Tradução de Geraldo Pinheiro Machado. Rio de Janeiro: Livraria Agir
Editora, 1969. 416 p. Versão online disponível em: <http://www.obrascatolicas.
com>. Acesso em: 18 jun. 2016.

LIARD, L. Lógica. Tradução de Godofredo Rangel. São Paulo: Companhia


Editora Nacional. 1968. 211 p.

MARITAIN, Jacques. Elementos de Filosofia II. A ordem dos conceitos. Lógica


Menor (Lógica Formal). Tradução de Ilza das Neves. 4ª edição. Rio de Janeiro:
Livraria Agir Editora. 1980. 318 p.

MORTARI, Cezar A. Introdução à lógica. São Paulo: Editora UNESP: Imprensa


Oficial do Estado, 2001. 393 p.

SANTOS, Mário Ferreira dos. Lógica e dialética. Lógica, dialética, decadialética.


São Paulo: Paulus, 2007. 304 p.

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