Ação MPT
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URGENTE!
TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA.
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SUMÁRIO
I – DOS FATOS
II – DO DIREITO
II.I – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
II.II – NECESSIDADE DE EXPEDIÇÃO E FISCALIZAÇÃO, PELO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, DE NOVO
PROTOCOLO DE SAÚDE E SEGURANÇA APLICÁVEL A ESTABELECIMENTOS DE ENSINO PRIVADOS, COM
REGRAS SETORIZADAS, DETALHADAS E DE CARÁTER COGENTE
II. III – NECESSIDADE DE PADRONIZAÇÃO DO CRONOGRAMA DE RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS PARA
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO PÚBLICOS E PRIVADOS
II. IV – TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA
II. V – FUNDAMENTOS PARA A TUTELA DE URGÊNCIA
III – PEDIDOS LIMINARES
IV – PEDIDOS DEFINITIVOS
V – DEMAIS REQUERIMENTOS
VI – ISENÇÃO DE CUSTAS
VII – AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS
VIII – VALOR DA CAUSA
I – DOS FATOS
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Nesse cenário, destacam-se as seguintes normativas da Organização Mundial de
Saúde e do Estado brasileiro:
(...) Somente nove unidades de saúde, entre públicas e privadas, possuem hoje
pelo menos um leito com suporte para hemodiálise, necessário em diversos casos
graves da doença. Só há 38 tipos de leitos com esse suporte disponíveis hoje.
Outras 13 unidades de saúde não possuem leitos de UTI sem suporte para
hemodiálise vagos. A maior parte dos pacientes internados na rede do DF têm
entre 65 e 69 anos, sendo que 12% do total de internados ficam mais de 16 dias
em um leito, em média.
Lista de espera
Às 15h desta terça-feira, 43 pessoas com confirmação ou suspeita de
coronavírus estavam na lista de espera por um leito de UTI, de um total de 102
pacientes aguardando vagas, incluindo todas as doenças. Dos casos de covid-19,
32 moradores do DF que estão na lista fazem parte dos dois tipos de prioridades
mais graves estabelecidas por médicos e dependem do atendimento de UTI para o
tratamento adequado. (...). Grifos nossos.
(...) Capítulo III – Das atividades permitidas. Art. 4º Ficam liberadas as atividades
educacionais presenciais nas escolas, universidades e faculdades da rede
pública e privada, devendo ser observados os protocolos e medidas de segurança
estabelecido no art. 5º e no Anexo Único deste Decreto. (...)
5
isolamento domiciliar, pelo período de quatorze dias, exceto se apresentar
resultado de exame laboratorial que comprove ausência de infecção pelo
novo coronavirus. § 4º Na falta de regulamentação específica da atividade
no Anexo Único deste Decreto, valem as regras estabelecidas neste artigo.
(...).
Em razão da forte preocupação dos professores com o retorno das aulas presenciais
justamente no ápice da pandemia da Covid-19 e considerando que as regras de segurança
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estabelecidas pelo DF não indicam padrões específicos e pormenorizados de higienização e de
utilização de equipamentos de proteção, o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos
Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) solicitou ao MPT reunião para dialogar
sobre estratégias de atuação, com o escopo de se garantir o direito fundamental à saúde dos
trabalhadores do setor, tendo a reunião ocorrido em 06-07-2020. Na aludida reunião, o Sinproep-
DF se declarou contrário ao retorno das aulas presenciais sem que haja segurança para
professores e alunos quanto aos protocolos a serem adotados para se evitar a disseminação da
doença Covid-19. (DOC. 4).
7 Sobre as consequências, inclusive letais, da citada síndrome, vide DOC. 10 anexo a esta petição inicial.
8 Disponível em:< https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-07/oms-reconhece-evidencias-sobre-transmissao-da-
covid-19-pelo-ar>. Acesso em: 23 de julho de 2020.
9 Coronavirus : soixante-dix écoles fermées pour des cas avérés ou suspectés de Covid-19
Après la relance « progressive » du 11 mai, certains établissements ont déjà fait marche arrière, par mesure de précaution.
Disponível em: <https://www.lemonde.fr/education/article/2020/05/19/soixante-dix-ecoles-fermees-pour-des-cas-averes-ou-
suspectes-de-covid-19_6040118_1473685.html>. Acesso em: 17 de julho de 2020.
10 Disponível em: <https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2020/07/06/coronavirus-sociedade-de-pediatria-do-df-critica-
volta-das-aulas-presenciais-em-escolas.ghtml>. Acesso em: 17 de julho de 2020.
8
A Sociedade de Pediatria do DF também emitiu nota contra o retorno das aulas
presenciais. (DOC. 8). Transcreve-se:
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casos contabilizados acometeram crianças e adolescentes. O DF já testou 10% da
população e atualmente se discute a progressão da flexibilização das medidas de
isolamento e reabertura das atividades escolares e econômicas. O DF foi um dos
primeiros estados a suspender o funcionamento de escolas e a propor o
isolamento social. Tais medidas nos mantiveram em uma situação epidemiológica
bastante confortável em comparação às outras unidades da federação. As escolas
estão fechadas desde 12 de março e o comércio desde o dia 19 do mesmo mês. A
reabertura parcial do comércio ocorreu em 2 de maio, e desde então notou-se um
aumento significativo dos casos. No dia 27 de maio o DF registrou 551 e acumulou
7.761 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus desde o início das
notificações. Já no dia 6 de junho, foram notificados 1.642 casos com 15.850
acumulados e daí por diante, houve uma progressão rápida e considerável dos
casos confirmados. Sabemos que muitos brasilienses não respeitam as medidas
de isolamento desde que foram implementadas e que nas últimas semanas notou-
se aumento da circulação e aglomeração de pessoas. Nessas condições, reabrir
todas as atividades até o final de julho ou início de agosto pode ser uma
decisão precipitada, devido à situação que nos encontramos tanto a nível
distrital como nacional; em especial se tratando de escolas, onde o
comportamento é imprevisível e o número de assintomáticos é inestimável,
tornando a possibilidade de contágio exponencial. Atualmente, o Brasil é o
único país que ainda apresenta média de 1000 mortos por dia, e o isolamento
social é ainda, uma das poucas medidas eficazes no combate da propagação da
doença. Assim exposto, no cenário atual, a Sociedade de Pediatria do Distrito
Federal não recomenda o retorno das crianças à escola. Grifos nossos.
Segundo Dimas Covas, a solução para diminuir as mortes e casos seria aumentar
o isolamento social para 70%, o que já era recomendado por especialistas no início
da pandemia, mas que deixou de ser o principal critério para a reabertura.
(...)
11 Disponível em<https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/07/14/sp-tem-explosao-de-um-boeing-747-por-dia-e-mortes-por-
covid-19-podem-ficar-em-patamar-elevado-ate-2021-diz-diretor-do-butantan.ghtml>. Acesso em 23 de julho de 2020.
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"As aulas absolutamente não podem voltar em setembro. Nós temos hoje no
Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus zanzando por aí. Se você reabrir agora
em agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando distância de dois metros. No
primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai
dobrar depois de 10 dias e quadruplicar depois de 15 dias. Então, abrir as
escolas agora é genocídio", declarou.
São Paulo planeja a retomada gradual das aulas a partir de 08 de setembro para
as cidades que tiverem mais de 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo de
flexibilização, segundo o governo paulista. A proposta prevê ainda combinação de
aulas presenciais e virtuais (veja aqui). Grifos nossos.
Testagem
Distanciamento
Não será permitido que os estudantes permaneçam nas escolas por mais de um
turno. Eles também serão sensibilizados quanto aos novos hábitos, como o uso de
máscaras, lavar as mãos com frequência, evitar contato físico e não compartilhar
objetos, entre outros.
Educação Infantil
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retorno do processo educacional, mas de forma segura e absolutamente
planejada”, garante o secretário de Educação, Leandro Cruz.
14
escolar, para garantir o distanciamento entre os alunos; que as unidades escolares
da rede privada têm autonomia e poderão optar por não retornar às aulas
presenciais no dia 27-07-2020; que o Decreto do GDF permite o retorno, mas não
o impõe, sendo que várias escolas já comunicaram que não retornarão às aulas
presenciais no dia 27-07; que a SEE-DF possui reuniões do Grupo de Trabalho
sobre o retorno às aulas nesta semana e também terá reunião com o SINEPE-DF
nesta quinta-feira, dia 23-7; que o cronograma de retorno às aulas presenciais é
diferente para a rede pública em razão do formato das escolas, que possuem
alunos de todas as faixas etárias enquanto que escolas da rede privada, muitas
vezes, apenas têm alunos de determinadas faixas (exemplo: apenas ensino
infantil/apenas ensino médio); que muitas escolas privadas têm prédios e entradas
diferenciadas para alunos de diferentes faixas etárias, não havendo contato entre
alunos de séries distintas; que compreendem que, se a escola privada não
estiver preparada para o retorno seguro das aulas presenciais, deverá optar
por adiar o retorno das aulas.
No que diz respeito ao Protocolo de Saúde e Segurança elaborado pela SEE-DF para
as escolas particulares, embora represente avanço em relação ao cenário anterior, tal documento
apresenta inconsistências, tais como divergências quanto à metragem do distanciamento
mínimo entre pessoas, além de se mostrar insuficiente para a garantia da saúde e segurança dos
membros da comunidade escolar, tendo em vista que não traz detalhamentos essenciais para
se evitar a disseminação do contágio e os impactos negativos da Covid-19.
Quanto à posição das escolas sobre o tema, verifica-se que o Jornal Metrópoles
divulgou reportagem, em 23-07-2020, em que, pelos relatos de representantes de escolas
particulares tradicionais do Distrito Federal, constata-se não há tratamento uniforme para a
matéria. Algumas escolas regressarão as atividades presenciais na primeira semana de agosto,
outras em meados de agosto e outras ainda dialogarão com os pais sobre as datas de retorno.
"Após pesquisas internas com os pais, as entidades verificaram que, em média, cerca de 80% dos
responsáveis consultados são contra a volta. Eles entendem que os filhos ficarão mais expostos
ao novo coronavírus”. 14
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Diante de todo o exposto, a circunstância exige prevenção da lesão ao
ordenamento jurídico-social, impondo-se uma resposta efetiva por parte do Poder
Judiciário, para que milhares de trabalhadores da educação privada no DF e,
consequentemente, milhares de alunos (crianças e adolescentes), bem como os seus
respectivos familiares, tenham seu direito fundamental à saúde efetivamente garantido.
II – DO DIREITO
Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o
descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos
trabalhadores.
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Logo no art. 1º, incisos III e IV, da Constituição foram contemplados como fundamentos
da República Federativa do Brasil os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Ora, não há como se falar em valorização do trabalho humano sem que haja respeito
ao meio ambiente laboral.
Deste modo, o trabalho seguro, hígido e saudável, mais do que um princípio, constitui-
se em uma obrigação de todo o empregador, público ou privado, pois a saúde e a segurança
estão entre os direitos fundamentais do trabalhador (art. 7º, XXII).
15 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 2ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1998, pp. 4 e 5. Apud
SADY, João José. Direito do Meio Ambiente do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000, p. 20.
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...merece referência em separado, o meio ambiente do trabalho como local
em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de
vida está, por isso, em íntima dependência da qualidade daquele ambiente.
É um ambiente que se insere no artificial, mas, digno de tratamento especial,
tanto que a Constituição o menciona explicitamente no art. 200, VIII, ao
estabelecer que uma das atribuições do sistema único de saúde consiste em
colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
O ambiente do trabalho é protegido por uma série de normas constitucionais
e legais destinadas a garantir-lhe condições de salubridade e segurança.
Nos termos do art. 3º, da Lei n. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, entende-se por meio ambiente: “o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas”. Neste contexto, entende-se que o legislador englobou neste conceito não só o meio
ambiente natural ou físico, mas também o meio ambiente artificial, cultural e do trabalho, por
serem decorrência das relações humanas
16 LEAL, Ronaldo Lopes; “Competências do Ministério Público do Trabalho” - Ações Civis Públicas, Revista do TST, Brasília, vol.
65, n. 1, Síntese, out/dez. 1999, pag. 60)
20
Diante dos dispositivos e normas acima referenciados pode-se concluir que a saúde é
um direito fundamental do trabalhador, consistindo em dever daquele que se utiliza de sua mão de
obra adotar as medidas preventivas para garantir esse direito. Ainda, à luz desse panorama
jurídico, impõe-se que o Poder Público, especialmente em uma conjuntura de pandemia,
imponha regras e restrições aos estabelecimentos particulares de ensino, que objetivem
garantir a saúde e segurança dos trabalhadores do setor, com reflexos benéficos a toda a
comunidade escolar e à população em geral.
Cabe destacar que o princípio da precaução tem aplicação exatamente quando está
presente a incerteza científica. Ou seja, havendo a incapacidade da própria ciência oferecer
medidas de segurança para a sociedade, seja em face do desconhecimento real das
potencialidades de dano de eventual fato ou medida, seja em virtude do desconhecimento do
impacto da introdução de determinado elemento em novos ambientes, aplica-se o princípio da
precaução para fundamentar as ações e medidas a serem tomadas. Neste caso, a Covid-19 é um
exemplo típico de problema socioambiental onde ainda existe elevada incerteza sobre os seus
impactos potenciais ou definitivos.
Além disso, tendo em vista que o meio ambiente do trabalho é uno e indivisível, o
protocolo de saúde e segurança deverá conter recomendações a serem seguidas por toda a
comunidade escolar, nela se compreendendo, trabalhadores (empregados diretos ou
terceirizados), alunos e pais ou responsáveis.
17 O art. 232, da Lei n. 5.321/2014 estabelece que: “na ausência de legislação específica à preservação da saúde do trabalhador,
devem ser adotados regulamentos e normas estabelecidos por órgãos e entidades de notório saber e idoneidade, como a Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, a Organização Mundial de Saúde - OMS, a Organização Internacional do Trabalho - OIT,
entre outras.” Disponível em <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=267740>. Acesso em: 23 de julho de 2020.
21
Protocolo Sanitário apresentado pela SEE-DF (DOC. 13), de Protocolo Sanitário do estado de São
Paulo para retorno às aulas presenciais em setembro de 2020 (DOC. 14) e de Nota técnica
elaborada pela Divisão de Perícias do MPT (DOC. 15), indicam-se parâmetros mínimos para a
elaboração, pelo GDF, de novo protocolo de saúde e segurança para as escolas particulares:
22
8) Aferição de temperatura de todas as pessoas que entrarem na instituição de
ensino, com a utilização de termômetros sem contato;
11) Limitação de, no máximo, 3 (três) horas diárias para a permanência dos alunos
nas unidades escolares, a fim de reduzir o tempo de exposição social e
consequentemente de contágio da Covid-19;
14) Proibição de que alunos que façam parte dos grupos de risco para
desenvolvimento de quadros graves de Covid-19 ou que residam no mesmo
domicílio que outras crianças e/ou adultos que pertençam a grupos de risco
conforme disposto pelas autoridades de saúde, retornem às atividades presenciais,
salvo por recomendação expressa de autoridade médica;
23
17) Garantia de que aqueles com resultados negativos e que tiveram sintomas
compatíveis com a Covid-19 durante o período de distanciamento social tenham
acesso a testes sorológicos para determinar infecção prévia;
18) Afastamento imediato de todas as pessoas que tiveram contato direto com
casos confirmados de Covid-19, sendo que tais pessoas deverão ser avaliadas em
serviço de saúde e testadas quando houver indicação.
18 O afastamento das atividades laborais deve se dar sem prejuízo da remuneração. Em tais casos, o trabalhador somente deverá
retornar às suas atividades, desde que seja confirmada mediante atestado médico, da rede privada ou pública, sua aptidão para o
trabalho;
24
26) Utilização de marcações nos pisos para sinalizar o distanciamento de 2 metros
na formação de filas;
27) Exigência de que se evite que pais, responsáveis, ou qualquer outra pessoa de
fora entre na instituição de ensino, privilegiando-se as comunicações telefônicas
ou por Internet ou, quando estritamente necessário, agendar atendimento
presencial, a fim de evitar aglomerações;
28) Recomendação para que trabalhadores e estudantes lavem as mãos com água
e sabão ou a higienizem com álcool em gel 70% ao entrar e sair da instituição de
ensino, e antes das refeições realizadas em ambiente escolar;
32) Higienização dos prédios, das salas de aula e, particularmente, das superfícies
que são tocadas por muitas pessoas (grades, mesas de refeitórios, carteiras,
puxadores de porta e corrimões), antes do início das aulas em cada turno e sempre
que necessário;
34) Remoção do lixo no mínimo três vezes ao dia e seu descarte com segurança;
25
36) Proibição do uso de ventiladores e da função de ventilação dos aparelhos de
ar-condicionado;
44) Recomendação a estudantes para evitar tocar nos bancos, portas, janelas e
demais partes dos veículos do transporte escolar;
46) Limpeza periódica dos veículos do transporte escolar entre uma viagem e
outra, especialmente das superfícies comumente tocadas pelas pessoas;
47) Fornecimento de álcool em gel 70% nos veículos do transporte escolar para
que os estudantes possam higienizar as mãos;
26
48) Exigência de que cada estabelecimento de ensino constitua um comitê para
acompanhar as medidas de prevenção, monitoramento e controle da transmissão
do novo Coronavírus, devendo proceder às conferências necessárias para o
atendimento do protocolo de saúde e segurança, sempre que necessário;
49) Suspensão da utilização de catracas e pontos eletrônicos cuja utilização
ocorra mediante biometria, especialmente de impressão digital, para alunos e
trabalhadores;
56) Modificação das atividades esportivas de forma que sejam realizadas apenas
ao ar livre;
62) Recomendação aos trabalhadores e aos alunos a evitar, sempre que possível,
compartilhamento de equipamentos e materiais didáticos e escolares;
63) Recomendação para que os alunos ocupem sempre a mesma cadeira e mesa
dentro da sala de aula, com controle e mapeamento do local;
65) Higienização do piso das áreas comuns a cada troca de turno, com solução
desinfetante indicada para este fim como, por exemplo, o hipoclorito de sódio 0,1%
(água sanitária);
66) Higienização, uma vez a cada turno, de superfícies de uso comum – maçanetas
de portas, corrimãos, botões de elevadores, bebedouros, interruptores, puxadores,
teclados de computador, mouses, bancos, mesas, telefones, acessórios em
instalações sanitárias etc. com álcool 70% ou preparações antissépticas ou
sanitizantes de efeito similar.
Educação Infantil
Reitera-se que é evidente que crianças de menor faixa etária são menos suscetíveis a
controle de etiqueta respiratória e regras de higiene, estando mais propensas a manter contatos
físicos com outras crianças e objetos, o que aumenta os riscos de contaminação desse grupo e,
consequentemente, aumenta a vulnerabilidade de trabalhadores da educação que lidam
diretamente com esse grupo de alunos. Por tais razões, é plausível e recomendável que esse
público seja o último a retornar às aulas presenciais.
Logo, conclui-se que o retorno às aulas presenciais, seja na Rede Pública ou Privada
de Ensino, apenas poderá ser concretamente efetivado quando as autoridades públicas sanitárias
declararem minimizados os riscos de contaminação dos estudantes e quando houver condições
necessárias para segurança no ambiente escolar.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
31
A presente Ação Civil Pública tem por lastro probatório atas de reuniões realizadas
pelo MPT com entidades sindicais profissional, patronal, com associação de pais e com
representantes da Secretaria de Educação do DF, além de Nota Técnica Pericial, elaborada por
servidor público tecnicamente qualificado para identificar não conformidades com a legislação de
proteção da saúde e segurança do trabalho.
Na mesma senda segue a literatura jurídica, como se extrai da análise feita por Célio
Pereira Oliveira Neto:
32
Portanto, mostram-se presentes nesta demanda todos os elementos necessários para
o deferimento da tutela de urgência, com a concessão de liminar inaudita altera parte, para
assegurar o completo respeito à vida e à saúde dos trabalhadores e a própria efetividade do
processo.
Posto isso, o MPT requer a concessão de liminar inaudita altera parte, para determinar
que o réu:
III.1) No prazo de 24 (vinte e quatro horas), expeça ato normativo que suspenda
a permissão prevista no Anexo Único, letra “F”, item 2, do Decreto n. 40.939/2020
de retorno, a partir de 27-07-2020, das aulas presenciais nas escolas particulares
de Ensino Básico do Distrito Federal, com fixação de cronograma de retorno às
aulas presenciais na Rede Privada de Ensino semelhante ao fixado para a
Rede Pública de Ensino, devendo consignar que o novo cronograma apenas será
executado se as autoridades públicas de saúde efetivamente constatarem que
foram minimizados os riscos de contaminação e desde que haja condições
necessárias para segurança no ambiente escolar;
III.2) No prazo a ser fixado por este douto Juízo, expeça ato normativo que
contenha novo protocolo de saúde e segurança aplicável a estabelecimentos
de ensino privados, com regras setorizadas, detalhadas e de caráter cogente,
que fixem, no mínimo, as exigências abaixo listadas, devendo o réu fiscalizar
o efetivo cumprimento desse protocolo pelas escolas particulares de Ensino
Básico do DF:
33
4) Fornecimento, pelos empregadores, de máscaras aos empregados, adequadas aos
graus de risco de contaminação a que o trabalhador estiver exposto e em quantitativo
suficiente e que atenda à limitação do período de uso da máscara (vide itens 1.7 e 1.8 do DOC.
15);
10) Proibição de fornecimento de refeições por autosserviço (self-service). Caso não sejam
fornecidas refeições empratadas, a instituição de ensino deverá destacar um profissional
para servir as refeições (devidamente protegido, inclusive com a utilização de protetor facial
(face shield);
11) Limitação de, no máximo, 3 (três) horas diárias para a permanência dos alunos nas
unidades escolares, a fim de reduzir o tempo de exposição social e consequentemente de
contágio da Covid-19;
12) Limitação máxima de 50% do contingente de alunos por sala em aulas presenciais,
facultando-se a divisão dos alunos, por sala de aula, em dois grupos, alternando-os entre
uma semana de atividades presenciais e a outra de atividades à distância, viabilizando, assim,
a adesão aos protocolos de higiene e oportunizando que, se os alunos apresentarem sintomas
durante a semana de aulas presenciais, tenham uma semana de observação domiciliar e chances
de diminuição do contágio.
13) Possibilidade de que os pais ou responsáveis que desejarem permanecer com os filhos
em casa no modelo mediado por tecnologias optem pelo ensino exclusivamente remoto,
sem qualquer prejuízo ou sanção, para fins de frequência e garantia da vaga;
14) Proibição de que alunos que façam parte dos grupos de risco para desenvolvimento de
quadros graves de Covid-19 ou que residam no mesmo domicílio que outras crianças e/ou
adultos que pertençam a grupos de risco conforme disposto pelas autoridades de saúde,
retornem às atividades presenciais, salvo por recomendação expressa de autoridade médica;
15) Custeio, por empregadores, de exames a serem realizados quinzenalmente, para que
empregados possam detectar eventual contágio da Covid-19;
16) Garantia de testagem PCR de todos os profissionais e alunos para a efetiva retomada
das atividades;
17) Garantia de que aqueles com resultados negativos e que tiveram sintomas compatíveis
com a Covid-19 durante o período de distanciamento social tenham acesso a testes
sorológicos para determinar infecção prévia;
34
18) Afastamento imediato de todas as pessoas que tiveram contato direto com casos
confirmados de Covid-19, sendo que tais pessoas deverão ser avaliadas em serviço de
saúde e testadas quando houver indicação.
23) Orientação dos pais, responsáveis e alunos a aferirem a temperatura corporal antes da
ida para a instituição de ensino e ao retornar para casa. Caso a temperatura esteja acima de
37,5°C, recomendar que permaneçam em suas residências;
25) Proibição de eventos como feiras, palestras, reuniões presenciais, seminários, festas,
assembleias, competições e campeonatos esportivos;
27) Exigência de que se evite que pais, responsáveis, ou qualquer outra pessoa de fora
entre na instituição de ensino, privilegiando-se as comunicações telefônicas ou por Internet
ou, quando estritamente necessário, agendar atendimento presencial, a fim de evitar
aglomerações;
28) Recomendação para que trabalhadores e estudantes lavem as mãos com água e sabão
ou a higienizem com álcool em gel 70% ao entrar e sair da instituição de ensino, e antes das
refeições realizadas em ambiente escolar;
29) Recomendação para que trabalhadores e alunos lavem as mãos ou a higienizem com
álcool em gel 70% após tossir, espirrar, usar o banheiro, tocar em dinheiro, manusear
alimentos cozidos, prontos ou in natura, manusear lixo ou objetos de trabalho
compartilhados, tocar em superfícies de uso comum, e antes e após a colocação da
máscara;
30) Exigência o uso de máscara dentro das instituições de ensino, no transporte escolar e
em todo o percurso da residência até a instituição de ensino, com ressalvas as crianças que,
pela faixa etária ou condições peculiares não podem utilizar máscaras por risco de asfixia;
31) Proibição da utilização de objetos compartilhados que não sejam higienizados antes do
uso;
20 O afastamento das atividades laborais deve se dar sem prejuízo da remuneração. Em tais casos, o trabalhador somente deverá
retornar às suas atividades, desde que seja confirmada mediante atestado médico, da rede privada ou pública, sua aptidão para o
trabalho;
35
32) Higienização dos prédios, das salas de aula e, particularmente, das superfícies que são
tocadas por muitas pessoas (grades, mesas de refeitórios, carteiras, puxadores de porta e
corrimões), antes do início das aulas em cada turno e sempre que necessário;
34) Remoção do lixo no mínimo três vezes ao dia e seu descarte com segurança;
35) Manutenção de ambientes bem ventilados com as janelas e portas abertas, evitando o
toque nas maçanetas e fechaduras;
40) Previsão de normas de saúde e segurança específicas para a Educação Infantil, tais
como a exigência de higienização de brinquedos, trocadores de fraldas, tapetes de
estimulação e todos os objetos de uso comum antes do início das aulas de cada turno e
sempre que possível;
44) Recomendação a estudantes para evitar tocar nos bancos, portas, janelas e demais
partes dos veículos do transporte escolar;
46) Limpeza periódica dos veículos do transporte escolar entre uma viagem e outra,
especialmente das superfícies comumente tocadas pelas pessoas;
47) Fornecimento de álcool em gel 70% nos veículos do transporte escolar para que os
estudantes possam higienizar as mãos;
36
50) Readequação dos espaços físicos, respeitando o distanciamento mínimo de dois
metros por pessoa;
52) Delimitação, por meio de sinalização, da capacidade máxima de pessoas nas salas de
aula, ambientes compartilhados e elevadores, respeitando o distanciamento mínimo
obrigatório;
53) Organização dos fluxos de circulação de pessoas nos corredores e espaços abertos
evitando contato e respeitando o distanciamento mínimo de 2 metros;
54) Fornecimento de recipiente com álcool em gel 70% em todos os espaços escolares;
56) Modificação das atividades esportivas de forma que sejam realizadas apenas ao ar livre;
57) Recomendação de que os alunos de cada turma fiquem sempre na mesma sala, para
evitar troca de espaços e grande movimentação nos corredores. Os professores devem ser
os únicos a trocar de sala;
58) Recomendação de que os estudantes não permaneçam na escola após o término das
aulas;
60) Recomendação aos trabalhadores e aos alunos para usar lenços descartáveis para
higiene nasal e bucal e a descartá-los imediatamente em lixeira com tampa,
preferencialmente de acionamento por pedal ou dispositivo semelhante;
61) Recomendação aos trabalhadores e aos alunos a não utilizarem adornos, como anéis e
brincos (NR 32, do então MTE), a fim de evitar a disseminação do contágio da Covid-19;
62) Recomendação aos trabalhadores e aos alunos a evitar, sempre que possível,
compartilhamento de equipamentos e materiais didáticos e escolares;
63) Recomendação para que os alunos ocupem sempre a mesma cadeira e mesa dentro da
sala de aula, com controle e mapeamento do local;
65) Higienização do piso das áreas comuns a cada troca de turno, com solução
desinfetante indicada para este fim como, por exemplo, o hipoclorito de sódio 0,1% (água
sanitária);
66) Higienização, uma vez a cada turno, de superfícies de uso comum – maçanetas de
portas, corrimãos, botões de elevadores, bebedouros, interruptores, puxadores, teclados de
computador, mouses, bancos, mesas, telefones, acessórios em instalações sanitárias etc.
com álcool 70% ou preparações antissépticas ou sanitizantes de efeito similar.
sob pena de multa (astreintes) em valor a ser fixado por este douto Juízo, por
cada subitem descumprido, cumulativamente, por oportunidade em que se verificar o seu
descumprimento, valor que deverá ser revertido a projeto a ser elaborado pelo MPT quanto
à execução de campanhas, pesquisas, perícias, capacitação de profissionais, aquisição de
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equipamentos de materiais e recursos na área da educação pública, que visem a beneficiar
a sociedade trabalhadora do Distrito Federal, ora atingida pela conduta ilícita do réu ou,
subsidiariamente, ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), previsto na Lei n.
9.008/1995, nos termos do art. 5º, § 6º e da Lei n. 7.347/1985.
Esclarece-se que a tutela jurisdicional requerida nesta ação civil pública não impede
que escolas particulares optem por continuar exclusivamente com o ensino remoto enquanto
perdurar a pandemia da Covid-19.
Requer que a aferição quanto ao efetivo cumprimento das obrigações acima previstas
seja feita com o auxílio de banco de dados oficiais à disposição do MPT e de órgãos de
fiscalização de normas de saúde e segurança do trabalho.
IV –PEDIDOS DEFINITIVOS
sob pena de multa (astreintes) em valor a ser fixado por este douto Juízo, por
cada subitem descumprido, cumulativamente, por oportunidade em que se verificar o seu
descumprimento, valor que deverá ser revertido a projeto a ser elaborado pelo MPT quanto
à execução de campanhas, pesquisas, perícias, capacitação de profissionais, aquisição de
equipamentos de materiais e recursos na área da educação pública, que visem a beneficiar
a sociedade trabalhadora do Estado do Distrito Federal, ora atingida pela conduta ilícita do
réu ou, subsidiariamente, ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), previsto na Lei n.
9.008/1995, nos termos do art. 5º, § 6º e da Lei n. 7.347/1985.
Esclarece-se que a tutela jurisdicional requerida nesta ação civil pública não impede
que escolas particulares optem por continuar exclusivamente com o ensino remoto enquanto
perdurar a pandemia da Covid-19.
Requer que a aferição quanto ao efetivo cumprimento das obrigações acima previstas
seja feita com o auxílio de banco de dados oficiais à disposição do MPT e de órgãos de
fiscalização de normas de saúde e segurança do trabalho.
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V – DEMAIS REQUERIMENTOS
VI – ISENÇÃO DE CUSTAS
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VII – AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS
Por derradeiro, reitera-se que os documentos juntados a esta petição inicial foram
retirados do Procedimento Promocional n. 001683.2020.10.000/5 - 48, sendo desnecessária a
autenticação das cópias, com esteio na Lei n. 10.522/2002 e na Orientação Jurisprudencial n. 134,
da SDI-1, do Tribunal Superior do Trabalho. De toda sorte, declara o autor que os documentos ora
juntados são cópias autênticas, para os fins do artigo 830 da Consolidação das Leis do Trabalho,
com a redação da Lei n. 11.925, de 17/04/2009.
Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para fins processuais.
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