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“Que uma nova paixão não possa levar”
Baseado nas histórias de ‘Carne viva’ e ‘A faca e o
queijo na mão’ Uma obra de Grossi, o Antigo “Tudo é perigoso neste mundo, e tudo é necessário, disse como Eremita” Voltaire Primeira parte,
Uma data no espaço e algo novo? Ou todos esses
anos passaram e realmente ainda me sinto como uma Astarté criminosa? Aquela que não era culpada mas sentia que ia morrer assim? Estou fazendo um livro sobre uma Julia que não existe mais totalmente – eu nem existo!? Sou pura ficção da minha própria cabeça? Tudo isso, mais, e estou aqui, apresentando um corpo literário e nem um pouco conceitual – de lado com os esquemas, Julia sem subtítulos! É minha vida, meu lado pessoal, meu olhar para dentro, eu mesma. A desordem me atrai, intimidade jogada ao vento; sou muito mais mulher do que tantas piratas por aí! Nem se conhecem (…) Não preciso e nem tenho disponibilidade para ficar aqui enriquecendo muito, não sou nenhuma profissional. As coisas são, fatos existem. Somente falo o necessário; aquilo que veio do jeito bobo que é fica como tal. Analisar é bom, surpreender é, sei lá, interessante. Sei que poderia dar alguns caminhos, contudo, vai… deixar pistas é mais revelador. Sei também que vou deixar muitos fatos, pessoas e tal de lado, mas isso é normal, são acidentes do subconsciente – quem liga para tanto? Quem… não mais? Quem não considerou então os homens como eles na realidade são, são insetos se devorando uns aos outros em um átomo de… lama?
Ler não é criar uma expectativa? Qual o porquê de
se escrever este livro? Uma resposta pessoal ou coisa de mulher interativa...? E meu nome é Julia! Parando aqui, mostrando tantas páginas sobre uma Julia que não existe mais totalmente – eu nem existo! Vinte anos se passam, sou pura ficção da minha própria... cabeça moderninha. Mas ando aqui, me apresentando, esmagando dedinhos, literária e nem um pouco conceitual... de lado com os esquemas descritos, escritivos. É minha vida, o lado pessoal, olhar para dentro, por eu mesma, já que a desordem atrai (...) Não preciso, ué. É história, impressão, biografia, é quotidiano e mentalidade. E logo é a concentração bastarda; nada do que disse realizei no total, fica ainda faltando um cado (...) Espalho Julia em várias formas e ações, hunf, para aí colher uma mulher tentando abraçar o mundo, e ele é claro e vazio. Como um rio, tem dificuldades; é história, é narração, é o que há de momento. No canto, entre quatro paredes sujas à base de seduções e psicotrópicos, é pelo silêncio dos intervalos de fluxo mental seguido do jorrar que desenvolvo. Daí vem a composição, o mosto vale!
Dançar sobre mim? Nesse desejo, durante o
tratamento? Escrevo, um dia alguém vai ver ou ouvir as cartas de amor rasgadas e picadas em pedacinhos que foram jogadas no bolso; roubos, furtos, mentiras, reflexos, hábitos litigiosos, alguma adolescência cambaleando nas ruas. Às vezes, muitas vezes, roubo e minto coisas imateriais, mas porque é boa a adrenalina nas veias. É... de propósito, moças. Julgar as pessoas, autocrítica, perfeccionismo, mau humor, autoritarismo etc... ‘Ela é realista demais. Ela é frágil e tácita’, diziam. Tácita? Não pode ser real. Mas escondo, secreta, senhora de mim, tenho coisas a dizer… acho demasiado relevantes, fortes, feministas. Não pensem que eu sou esquisita ou má pessoa. Muito pelo contrário, sou apenas sincera e emotiva, adoro a vida e novos ares, a música que sai aleatória. Sou simples, mais do que pensam. Apenas pensativa um tanto – um óleo entre dedos me surpreendendo, cheiros, corpos, ahhh.
Óleo, as juntas renovadas e penso, vivo. Amante em
todos, Julia conflituosa, louca, e não escondo; quem é que pode me proibir? Em que lugar que não vemos referências? Não viemos do nada, Lispector também não! Deus na figura de um homem ou um homem na figura de um deus, quem veio do nada? Não adianta camuflar o instrumento, a curiosidade e a teimosia humana fazem mostrar o contrário. Vejam só as crianças, e crianças precisam de estrutura familiar, a positiva, para se tornarem adultos sem problemas. Mas vem a adolescência e aí... desculpem as crianças. Desculpem também as adolescentes, não é para atingir ninguém. Desculpa, claaro. Os sonhos da juventude devem ser cultivados e concretizados enquanto há tempo, porque quando se é adulta eles não voltam, sim, porque já foram esquecidos. Por isso, tento dizer tudo agora; por isso os dualismos, é necessário. No final das contas, humana demais. É da minha natureza ser assim; já sei até que ‘egoísmo é coisa da essência da gente, humanos sedentos por carne, devendo este mesmo egoísmo ser controlado e subjugado o mais rapidamente. Que conceito! Também não é só atual ser dramática, tudo deve é deixar de ser tabu, e de ser chato. Eu sou jovem, sinto isso, posso voltar ao Cosmos, voltar para tudo! Nesta continuação de algo, estou realmente suada. É assim que converso comigo mesma e chego à conclusão de que vou ser o que quero, porque não tenho mais limite – este foi o último desjejum do tipo sociedade, família. Ainda suada, muito mesmo! Mas e meu cérebro? Nossa, neste negócio já vou para me explodir, eu que dito as regras... até parei de pensar nas roupas de gola branca e casa mobiliada. Vou ter poucas coisas, intensamente suada. Serei a vergonha da sociedade em pessoa! Por exemplo, comer com colher e cuspir na mesa do patrão enquanto digo que me demito! Hahaha, e ter uma sanidade inventada, fazer tudo que anseio dar certo, como planejei, como é para ser. Já vejo até no meu delírio a sala aberta e a mulher que eu teria parecido, tudo embolado entre passado e futuro. Eis que vejo também que sou pura ânsia de liberdade, de ser arredia, feminista ou machista quando for a hora, mas um pouco sólida. A humana integral! Quero o conforto da emoção suprível, e alcançável é minha organização. Quero ser a imagem em um filme que admiro e minha consciência no livro que me identifico. Afundo a cara que tenho em mim e em mais ninguém, muitas vezes e muitas vidas em um só corpo encarnado. Voltei ao meu tempo, agora e nexo. Folheio! Tudo nestas folhas de caderno são impressões e a gaveta é bem restrita, não acham?
‘Ei, barbudos? Quem são essas pessoas em trajes? É,
trajes!! Ah, não... não traga, cara! Cansei de acreditar, me disseram demais que ser normal é o lance.’ Não? Irreal. Não é isso que quero. Basta de balas na cabeça, já fui torturada de verdade de outras formas, mesmo assim... abri minha mente, eu vi! Abri a cabeça para outro alguém, e soltei os cabelos em uma estrada sem volta. Aqui vai, aqui foi, ah, sim, é cotidiano e mentalidade. E lá no final a não- concentração, nada mais do que preciso (...) Espalho Julia em várias formas e ações; sou uma mulher tentando abraçar o mundo, e ele é claro e vazio... Como um rio, tem dificuldades, de novo e de novo. Hunnf, o silêncio dos intervalos, mais do fluxo mental seguido do jorrar, da composição… eu me desenvolvo. Daí vem o desejo, tratamento; escrevo. Um dia alguém vai ver ou ouvir as cartas de amor rasgadas e picadas em pedacinhos que foram jogadas no bolso; também os roubos, furtos, mentiras, reflexos, hábitos litigiosos, florescer, repetição. Mas eu me escondo, existo secretamente, senhora de mim com as coisas que tenho a dizer, não precisa uma aprovação! Não estão aqui porque tudo é pensativo demais?
Reflito, vivo, que mais posso dizer? Sou conflituosa e
não escondo o que amo, quem é que pode me podar? E quem deve deixar de ser tabu, deixar para poder viver em paz? Que posso fazer? O melhor no que faço? Nesta continuação, vinte anos sem subtítulo, o suor é que mantém tudo vivo, tudo às pressas, quente, bem (…) estava presa, até gostei por um tempo, ainda que… fosse necessário. Talvez como em uma gambiarra! Converso comigo mesma? Quem mais está aí, quem deve se juntar para assistir ao desenvolvimento? Querem um pouquinho? Ah é! Já não quero mais uma bala na cabeça, já fui torturada de verdade de outras formas, mesmo assim... minha mente! Abri e para outro alguém. ‘Como eu faria para liga-las???’ alguns diriam, hunnf, as mentes. Aqui vai, aqui foi, eu me vi quando estive compartilhando (…)
Botar tudo para fora é difícil, mas gratificante e então
prazeroso. Sei, e por que para muita gente é preciso se vender, render? Não há como, nesta nossa época, fazer, produzir extravagâncias literárias sem um movimento, sem um apoio? Sozinha, eu tento não ser comum – digo na voz de uma pessoa que está para, por exemplo, declamar seus poemas em praça pública... mas odeio o fato, não faria. Eu não vou fazer! Sou uma aprendiz, mas geralmente tudo o que escrevo é pequeno, não gosto de alongar algo em que posso me expressar por algumas linhas. Por isso, vou falar de “Maria” – quase esqueço! Maria é uma situação, um grupo de pessoas. Onde é que mora a sua Maria, hein? Quem é o obvio nesse algo, alguém? Ela tem a ver comigo e com como me sinto perdida às vezes, uma personagem meio fictícia, irada, morta de visões. Maria também era eu, sem rumo e em um lugar estranho; eu achava que não tinha casa, morava com meus avós. Da mesma premissa, Maria são pessoas perdidas, comum até demais – se acharem esquisito, não liguem, verão que tem a ver com o próximo capítulo.
Tenho também que falar desse nome de menina,
Maria. Não era nada, somente isso? Nem precisavam discutir, nem procurar soluções em… coisas estúpidas? Lálálá, heiiei, ohoh... huhuuu, quê? Se chamasse Julia ou Maria daria no mesmo, por que nunca olham de verdade para a gente, só para os próprios narizes. O ruim de ser uma Maria era a timidez daquela época, meu único problema era timidez; que fato, tinha um nome de menina nas atitudes de mulher. Qual nome? Ah, precisava dizer? Vocês gostam das coisas mastigadinhas para caramba (risos) Onde a Julia Maria viveria? Onde vivo, droga? Onde me largaram? Ela vive nas ruas, é? Ela sente fome e raiva. E quando aquele garoto rico jogou lixo nela, ela sentiu como se realmente fosse aquela sujeira; as mulheres merecem tudo isso? Parimos vocês, rapazes! Depois disso, e qualquer uma de nós vive onde quase não há sinal de liberdade, igualdade ou fraternidade. No coração, aqui, olha… somos tomadas pelos seus ódios sociais, pelos seus preconceitos raciais, seus, vários deles. Onde Maria vive? Onde tantas assim, ah, Maria. Oh, é por todo lado, tão (…) A inibição, a vergonha e o sentimento de inferioridade são fundamentos dessas vidas? Onde Maria vive? Poxa Maria! Ah... eu!
Mulher a... botar tudo para fora! Só que não é o
epíteto de uma fútil qualquer – se bem que eu tenho uma cara na moral, posso tirar umas fotocas; nunca disseram que sou das que assustam. Calma, é uma zoeira. Se bem que uma fútil diria que, sozinha, teria que ser visível. Fútil, ah fútil 1, 2, 3, vira você também uma aprendiz, um quadro de curiosidades ou ‘você sabia, e o sentido se multiplica. Porém, não é Sócrates o meu mestre, então, vocês que deem um jeito de ligar as partes e achar sentido…. Assim como para as Mariazinhas de que tanto falo, acudam as marias desse mundo! Vive? Oh, Maria! Ah, querida. E nesse raro ato de desespero ou alívio, cortei meu cabelo; antes ele era longo e castanho até o ombro; ficou bem curto agora, como Elis em seu auge. Aqui em casa ouço suas interpretações, lindas músicas repetidamente no som. Brindo ao meu vigésimo aniversário, sozinha e desconfiada da vida, som alto. Eu não me importo, é como deve ser uma pedra. Mas, olha, não posso aceitar perder, esperar o chute! É uma guerra, dura; tenho minhas armas, tenho uma pistola pregada na parte de dentro da perna, tenho belas saias sexy! Acham isso ruim? Quais juízes escolher? Vocês se perguntaram por que falei da “Maria”, certo? É só para ilustrar, queridinhos. Acontece que essa tal é como eu, um exemplo. ‘E mulheres retratadas’ Deixa quieto, ainda sou Julia, e digo que é impressionante como um só dia pode conter e acarretar tantos fatos relevantes e rumos ‘quiçá ‘ir- relevantes, sei lá (…)
E alguém me disse, ‘Para Julia, um recado: consorte,
apenas por sorte ei de esquecer que já li o teu livro. E apenas por esporte, Julia, não volte.’ Nossa, e esse alguém era alguém significante, uma mulher? Ah, sim, uma mulher. Dizer o nome seria trivial já que vocês não a conheçam e eu tenho um pouco de receio. Só rindo! O fato é que ela me deixou triste algumas vezes, cabe relembrar, estão embaixo de mim em subdivididas partes desordenadas; são letras sempre prontas para recordar ontem e hoje. Estão aí. E eu disse pelo bilhete, ‘Não há uma única mulher, por mais fria que seja, que uma nova paixão não possa levar aos maiores excessos. Para provar o que digo, não é preciso recorrer às antigas tragédias, citar nomes famosos dos séculos passados. Para isso, conto um episódio ocorrido em nossos dias’ Petrônio, Satíricon, já leram? E aqui tudo se embola, vamos falar da minha paixão. Segunda parte,
Hoje ia te preparar um jantar à luz de cinema e flores
secas daquela loja; e daí te colocar na parede, porque continua a mesma de quem fiquei com raiva. É que teu pouco esforço para gente me fez te deixar a sós, um quadro. Ainda gosto de tudo, mas sei muito bem viver longe daqui. O que vai acontecer, então? Não sei, é totalmente imprevisível, quase como ser uma anti-heroína; quase como ser uma anti-heroína você, e eu a vilã. Hoje então é um dia de decisão, agora que refleti já não tenho o que temer nem perder; e esse meu cabelo agora é meu mesmo. A influência passou, como o dia. Quando estiver derretendo de verdade, e começar a apodrecer, vou te perguntar se é verdade ou mentira, paixão ou ilusão, hora ou ano? Já não tenho o que perder, Larissa, agora que sei o que sou; quero e faço à minha imagem. Sou minha princesa e, se me tem como amiga, te quero longe, as coisas mudam.
Ontem e hoje, ah. E sobre esta água de piscina, à mão
de caneta amostra grátis, aí é que eu declaro, vou ser uma dessas rainhas! Já vi o ruim e caminho sobre o inventado, é bom. Já este e o mais estrelado dos céus e já sem lua minguante sobre guarda-sol, nossa piscina enchendo d’água. É a confirmação das noites estreladas, estrelas cadentes e insônia. Visto a armadura de pássaro sem casa; na cultura e quando varrer escritório dos outros, serei reconhecida; dita por ruim e palavras lembradas. Terei um canto sem esse calor que me adequa e poderei usar várias roupas sobrepostas como uma Judas Gato de botas. Vem e vai, zigue-zague, ganhei um chaveiro de bronze e uma conta bancária, mas e as despesas? Sim, sim, chegam sim. Há luz, que de longe é mimada, peixinhos de espécies diversas, pia com restos de almoço, mosquitos e sopas do governo, mas também há uma mulher com seu eu lírico inquieto, que vem e vai, zigue-zague, é assim (...) Ganhei um chaveiro de bronze e uma conta bancária, amiga, mas e as despesas sem norte? Sim, e elas, como as pagarei? Só na boa vontade, na poesia?
Uma tira de lã escreve no ar o nome de mulher numa
camisa verde. É a camisa em forma de tira; tinha furos que foram drenados pelos traçados contornos “x”, que, aliás, não foi dito, era verde também, mas tinha uma coloração clara e fina em seus traços pequenos. Depois do transcrito na camisa, essa tornou-se nova, tinha de novo a beleza de vitrine. Tudo mais que lhe faltava era o toque de artista da próxima dona – diga- se de passagem que ficou linda, mesmo já gasta e com bolinhas de algodão. Ela tinha uma nova apresentação, ainda que a mesma cara, mesmo cheiro. Por que, então, te deixaram assim? É distinta, já pode ser vendida! E no mostruário fica escrito que ‘se for confortável, esteja disponível’. Mas em outra loja terá o seguinte aviso ‘Vida a objetos inanimados. Preço justo!’ O subconsciente pôs uma etiqueta ruim na tua estampa, cara camisa nova, e impôs ‘Produza, faça mais desse tecido modificado’ É aí que eu comparo, o tempo é longo, devagar, cheio de surpresas a lápis (…) Um café, vou pegar um! Desculpe, mas tinha que contar esse episódio, mesmo ainda estando triste (…) A primeira vez que te vi você estava quente, você... ficou umedecida e me molhou os olhos e dedos. Ouvi a música lenta e deslizei como uma menina agradecida, seu gosto salgado e pouco azedo grudou no meu cérebro, tanto que meus cabelos tiveram de ser lavados. Tudo virava um macio e anestesiado, mas ela só me usou e testou até mandar embora, com fome, ah, querida folha de papel, minha mulher. Minhas pernas paradas, você contra mim, me beijou, e suas pernas também. Ainda está em mim, e ela sabe quando reclama, chora, faz tudo voltar, mas não vou te ajudar. É como o óleo entre dedos, só sentimentalismo, esse lance que escorre, Srta. Larissa. Viram? Está bom para alguém? Me condenem. Esse é o nome, e... apesar da vida curta, ela já foi muita coisa para muita gente diferente, depois para mim, daí segue.
Srta. Larissa. Às vezes, ela mesma não sabe o que é
ou quem é. Sentindo-se diferente, tenta lembrar o que aconteceu, mas apenas sabe que procurava algo – todos nós sabemos o que é. Por quanto tempo ela ficou cega? ‘As trevas a cercaram, envolveram aquela cabecinha, cresceram dentro dela, estavam sobre ela; tudo o que foi repugnante, peças e ação. Só então, neste momento frio e cotidiano, é que ela viu a verdade do instinto – sempre esteve lá, mas a tonta não tinha percebido. Sempre disseram a ela que desafinava, que não se importava com droga nenhuma. Por que aquela escuridão interferiu em sua vida tanto tempo? Todos nós sabemos o porquê. Ela desejava isso – validava sua existência. Bruxas e gritos, feitiços, quanta besteirada ‘Não se importa com nada nem conosco, não é’ Roupas pretas e botas com salto de agulhas, usa e nos usa. Nossa, como poderia ter sido boa para você, querida. ‘Eu quero sexo bom, Lari, Larissa, ah porcaria!’ Como repito essa bomba de nome! O que você vai me dar, além de munição para aniquilar ex-marido? Larissa, a mulher sozinha. Pensa e anda para lá e para cá, além de munição contra nós mesmas (…)
A sua mulher, separada, mas não só, vivendo ali em
um novo ângulo. Dessa forma, fica fácil trocar de vida, sair da rua, da velha rua, agora molhada pela chuva da estação. Tantas por aí, personagens das ruas; de pinguças de bares noturnos a mães como as nossas, todas olham as alternativas. Menos essa. Peço que repare por trás do palco, ele está limpo, mas também há alguma sujeira. É relativo, tantos cérebros não aproveitados passaram por ali. E tu? Fica sozinha, minha querida. Te amo tanto para que fique dessa maneira. Tudo está se modificando, é melhor ficar só então? Sei que prefere a mesma companhia, normal, cotidiana, não tiro a sua razão, você está certa. Porém… tenta algo tipo, sei lá, viajar! Muito fazem. Viaja para uma praia linda, tranquila, azul, doce, sono, amor... de mulher, casinha aconchegante, tudo para você. E manda a conta da água de coco! Não ficar só é a solução, vai mudar nossas vidas? Eu juro, leitura, escrita, fala... tudo na aprendizagem – e o mais difícil neste percurso é a audição –, dá para usar. Não é vazio tudo o que digo, o que digo é da mais pura sinceridade infantil descoberta – posso me orgulhar dessa qualidade. Se eu escrevi muito disso aqui, escrevi por você, Lari. E confundi, amei isso aí desde o dia do nosso carnaval a três, antes de tu gostar de crianças, antes de ter e largar o marido travesso. Quem sabe o porquê de haver química entre os corpos? Olha, eu gosto dela e acabou, fim de papo. Não resisto. Nestes últimos parágrafos acima disse o que poderia ter dito com uma só frase: ‘Venho aqui me apresentando, confundindo e escrevendo sobre saudade e aflição de você estar tão longe de mim, fofa’ Sim, o nome é Larissa – cabelo roxo, boca rosa, óculos amarelos, pele verde. Ela é o quê?
Limbo, limo, mofino e acidular, ainda algo ou coisa,
ainda é dia (...) Já estou cansada, já fui cobrada, irritada. ‘Só resta esperar’, vivem me dizendo, aff, e que mês que vem serei recompensada com meu salário de vozes. Acho é que vou gritar, espatifar o abajur, mostrar que não sou uma idiota! É a realidade a que se acostuma, o bisturi contra as veias, vexame e glória de mãos dadas transformados em supernovas de prazer... amordaçado. ‘Personagem é quem eu gostaria ou teria sido em minha vida imaginativa, a melhor, grande show. Não era melhor para esquecer, apagar, bloquear mentalmente as coisas ruins? Bom, é o que tento com essas passagens, fazer o quê, correto!? Para mim, só o ideal serve, caso contrário fico assim, deprê. E Julia para baixo nem é legal. Droga, suja e fedida de tanto escrever e pensar acerca desse mundo, poros expostos. Devemos pedir perdão? Por quê?? Tudo isso e ainda adoro meu cheiro; quando bom ou ruim, me ponho como uma doida se coçando e snifando... hunf, quer dizer, tenho minha marca. De madrugadas, sem luz, fico em casa só pensando, inválida, dengosa. Se eu pergunto tanto é porque preciso tanto, ahh. Com o tempo, a paciência vai paro beleléu!! Essas paradas de humanos cansativos, ah minha paciência, quem não?
Agora outro assunto, o outro lado das coisas; há
alguma coisa relevante nas estranhezas e, ah, esquece. Não quero ser tão chata quanto já estou sendo. Vou falar de meu jeito de escrever. Bom, eu gosto das quebras para deixar os escritos mais estranhos, mas para se ler é diferente; de uma forma que qualquer um possa ler, aí já é diferente. Depende de uma interpretação nada vocal. Eu sou bem desregulada no quesito quebra, pontuação, lógica. O que faço é bem livre e pausado, cheio de pedaços, igual nessa vida. Não acham que há beleza em esquemas assim? Coisas mais simples, digeríveis, ou mesmo bizarras? E no encaixe das partes, o têm a dizer? Calma. Devem estar se perguntando como essa desgraçada sabe escrever? Digamos que eu estudei ‘bastante quando deu vontade, ainda que escola pública no Rio de Janeiro deixe tanto a desejar. Não que sejamos burros, apenas o ensino foi pouco. Existe gramática na escola pública? Merenda tem? Para mim não! Enfim, odeio política. Não cedo. Ah, sempre volta, desculpem. Aqui estou sozinha, falando sozinha? Já falei da história da máscara que vi em um museu? Eu a achei linda, nem um pouco enrugada, até escrevi para ela. Hum... Leiam!
Olhei para ela, ela para mim, estávamos naquele
museu? Obsessão me prejudica, pensei, eu sei, é sabido, mas não tem mais nada para fazer. Peço desculpas a quem acreditava em mim, nessa máscara posta, e a quem já se irritou comigo com o que for. Comigo... deixa para lá, nem importa tanto assim. Olha aqui! A traidora, isso já fora de controle, não tenho mais limites. Chega de vida dupla, tantas caras, aventuras. Onde me esqueci? Minha consciência está dura. O que me tornei? Meu pulmão me expele. Sou uma traidora? Ou reveladora? Cheiro à desconfiança? E você, mulher de L, falará algo? É tempo de mortos-vivos, escravos, ufa! Uh, hahah, falei demais, opa (…) Lembro das mariposas, as cheias de vaidade, ambição; ambas nós, filhas de lares sem pão, calejadas, sempre lembradas como essas de carne e osso, assim como cogumelos na terra úmida. Ambas, sina? Seremos? As nuances dos desejos, deitadas iguais a felinos e felinas se entregando, qualquer sorte, aos nós. Desesperada, recorri às pequenas orações, bebi da água turva onde ninguém vê, pus meu útero em ruínas ao comércio sexual e... dessa forma tosca, me jogaram no cárcere do Homo Lascivus. −Quanto é o programa? −Importa? Tu não é rico? −Mas eu quero ouvir da tua boca o ‘teu preço! Eu calo. Vamos lá (...)
Ter simplicidade, o tempo que for, foi. Tenho que
dizer, não há verdade estática no mundo, somente pessoas com a sensibilidade exposta, e na incoerência é que moram todas as leis ditas e fraseadas. Por exemplo, uma noite estrelada é só uma noite estrelada, a incrível capacidade de associações da raça humana é que a transforma em poesia, literatura, verdade universal, e lá vai. Acontece mesmo o nadica de nada estigmatizado e estilizado? O vazio seco, absurdo, um complexo de viagens lisérgicas de alguns poetas virtuosos? Só porque saem do nada para a imaginação? Não me levem a mal, porfa. É a era moderna, pendular mas ainda arcaica, ser o que quer ser ainda é puro instinto. A repressão é um evento de domingo, como verdades falhas, eus estatelados. Pensem de novo, quis mesmo no medo morar uma verdade? Essa é a insegurança, o pudor. Que pouco! Sou contra isso pura intuição e vontade jovem, inspirei na observação. Senti na pele, carne, ossos... que para uma pessoa que se contenta com tão pouco e ao mesmo tempo busca tanto, uma palavra de coragem ou agradecimento conta muito, ah sim! É gratificante, tanto que quase choro de alegria. Mas sou dura.. alegria, um desenho, uma pintura do estado de graça. É a vez de se sentir bem comigo e com essa consciência? Eu converso com ela, falo, digo tudo para essa alegria. Porém, só consigo dizer tudo escrevendo; fosse uma pessoa, cara a cara desconversaria, fugiria, falava só besteira. É quase meu papel nessa peça chamada ‘vivência sendo descoberta. Me inspiro nas crianças que dizem o que vêm à cabeça, na sabedoria dos velhos que passaram por tanto. Agora, tento repassar. É na simplicidade das particularidades que me acalmo. Até os objetos inanimados podem ter vida – lembram da tira de lã de que comentei antes?? Só depende do seu amor pela cara e importância que eles podem dar para a gente. Pode haver relevância em tudo. Já disse o quanto sou fã da imaginação? Ainda tenho bonecas velhas e rasgadas de quando era menorzinha, e as trato como se só estivessem dormindo. Quem me dera o mesmo? Poderia até ter nascido uma planta. Sim, uma planta. Gosto de vê-las sendo tão lindas e mundanas; de um esplendoroso vigor, sua delicadeza e cor verde orgânico, as plantas são como a sabedoria de um povo, represando, sempre para fora. É verdade, gosto da ideia de ser uma planta, uma linda plantinha a ser observada por gente que me acha tão bela quanto a própria existência, tão significante quanto a natureza, vistosa à brisa, representando. Poderia ainda até ter nascido uma planta; profunda vida e amor; ser vivo, parte da coisa de átomos.
A planta sempre vive e é sinônimo de realização, ser.
A verdade, quase sempre ela, é tão simples. E, às vezes, nem tanto dolorosa quanto dizem. É o momento. O caminho da realização completa o ciclo na felicidade, hummm Vão dizer se rodo a bolsinha, e daí?? Tanto que, exemplificando, uma velhinha ficaria me encarando... muitas vezes. Eu estaria bolada com um monte de troço, daria um berro no ouvido dela, subitamente, feito louca ‘Que foi, chata??’ E ela estremeceria toda, soltaria um “Jesus!!!”, enfiaria o rabo entre as pernas. Mereceu? Aguenta. Mas já faz tanto que passou, dona velhota. O caminho do autoconhecimento não é tão difícil quanto pensam os cultos? Está vendo, nós, plebeias de tempo de vida, observamos externa e internamente, e vemos o quanto é simples, fácil pacas estragar tudo. É isso, antes de morrer você precisa entender. Não pode me enxergar vaga demais, recusa ‘isso. Não sei se logo, logo depois, ‘isso seria libertar, ser. Um dia conquistarei mais que isso, melhor. Isso é, um dia, vão ver! Um dia, uma hora liberto a Julia tanto quando me olho; e no espelho me identifico como pessoa e rio. Por que não disseram antes que há tantos sentidos nas sensações e palavras ao nosso redor? Tanto a se entender; queria agora poder domar o tempo e conduzir à perfeição levando a mil reflexões. Queria mais disponibilidade para crescer – cresço muito devagar, trabalho como uma formiga. Cadê a outra meia-lua? Eu tenho um fígado para ser comido. Sou muito esperta! em tudo. Já disse o quanto sou fã de minha imaginação? Bonecas, velhas, rasgadas, plantas, fêmeas, que mundo!
Um antes de… simplicidade. Ter disso também em
um livro cheio de aventuras de situações e fatos de brinquedo é complicado. Às vezes, penso que poderia ter me inspirado mais em Crusoé, por exemplo, e me aplicar em alguns momentos. Vejam abaixo ‘−Robinhouuu, me empresta uma agulha. −Mas para que, minha cara Julia? −Preciso costurar um vestido bem lindo. −Eu não preciso desses apetrechos por aqui, nem possuo!’ Isso responderia Róbinson Crusoé, tranquilamente, e com o clássico sotaque inglês. Mas os grandes livros da humanidade talvez não sejam tão bons quanto eu imaginava, é só a primeira impressão, nomes engordados! Enfim, escrever tem sido mais que uma distração. Para tanto, peço desculpas se me expressei mal em algo. Tenho tentado trazer para o coletivo o que em vários instantes passei, é quase uma impressão gigante. Mas não se preocupem, o papel branco não assusta, muito pelo contrário, ajuda. Afinal, a cor branca dá vazão à decoração. Viu? Apesar de nem gostar assim de tudo do que escrevo, poxa, admito que faço porque relevo o que meu inconsciente expulsa; sabe, dar sentido ao algo e não perecer uma ostra; até porque somente reclamar seria comum e fácil demais – puxei isso de família! Talvez gostando de sofrer eu seja mais forte e melhor a cada dia. Expurgando (…) Não algo tipo exaltar a morte ou o suicídio, não sou assim tão extrema. Nunca vi alguém que podia rir, chorar e sonhar virar carniça na minha frente, então não posso vir a ser tachada de hipócrita. O mal existe; a morte é algo sério, transparente, sóbrio. Aqui, rolo e enrolo, mas este é o relato de uma menina,
Estou tremendo. Meu coração batendo acelerado em
pique, o corpo nesse susto intenso. Nasci com um sopro; isso me agita e quase morro de tão eufórica nas batidas desse coração enfurecido. Meu peito duas vezes mais a pulsar, enlouqueço, gozo ao me perceber estática, silenciosa de êxtase (…) quase sento o sangue ferver e me arrepiar, embaçando os olhos. É um filme a minha vida (…) oh, merda, um tosco pornô? Tento ser meu tratamento, prazer aqui dentro... respirando rápido; seria um assassinato ter de ver de longe a Julia encarcerada. Cérebro meu, expulsa alguma coisa que preste para o resto da vida, vaaai (...) Palavras avulsas, vou para cama. Morta de sono, não consigo pensar em nada, somente digo essas coisas com coisas, coisas com palavras, coisas que dão errado, quase sonho. Haveria uma chuva para toda essa enxurrada, lavando tudo?
Passando os canais, vendo a tantas bobeiras e
imagens de todos os gêneros inúteis; são imagens sobre imagens, passando por elas sem dar importância, só para ver algo passar pelos meus olhos e nada fazer. Porra, nada. Mas já cansei disso também, TV não presta, prefiro cinema, livros, ruas. Meu nome já deve estar até soando mais suave e familiar aos ouvidos de quem diz, quem repete, não? Sou uma mulher em crise; até que provem o contrário, não me entrego ao chocolate e coca cola vendo TV ou filmes à noite no sábado – que, aliás, é a hora de atividade mesmo. Flerto com a banalidade e o vital, eu, eu tenho que dizer algo, falar não há verdade estática no mundo, somente pessoas com a sensibilidade exposta; eu digo que na incoerência é que moram todas as leis ditas e fraseadas, moldes. Por exemplo, quando dizem que a verdade é que o nada prevalece, que não existem os preenchimentos; dá para acreditar nesse vazio que é também complexo? Pior que sim!
Mascar quebra-cabeças e pregos? Bem, bem, chega
de encher linguiça à toa, já percebi que isso está parecendo um diário fútil, a textura de casca de ovo. Mas entendam, eu ainda estou viva – isso soa melodramático, mas não tem nada a ver –, e sou eu mesma que estou descrevendo minha ‘obra, canteiro de obras, eucarionte, doida. Ei, é compreensível, frequentemente. Não me condenem por nada – veio aqui, foi por ‘sua vontade! Alguém te impôs ler isso aqui?? Até poderia ter parado, entretanto viu de novo (...) Poderia existir um recanto onde eu me escondesse e estivesse lendo alguma coisa e pensando no que escrevo aqui, nesses tempos. E com gosto de sabão na boca o que eu faria é escrever, lidando com a realidade e associações, nenhum método e à moda ‘sem compasso; inspirando-me em vidas – minha e sua, Larissa, o objetivo seria fazer da gente um joguinho, tudo lascado. Um tipo raro, com finalidade; sim, de esclarecer isso e tentar alertar sobre os defeitos desse tipo de casal. Não é bem uma crítica, nem alusão – acho que pensaram isso; é o que acontece no dia a dia dessas uniões, lance indignado. É que Larissa tinha, ou tem!? uma particularidade a seu favor, era a mesma mulher de dia e de noite; desde a hora que acordava era uma corriqueira. Não seriam disfarces nem coisa forçada, era de verdade, uma humana. Larissa ingrata! Profunda desordem, ah... Onde fica a disposição conveniente? Em você que lê? A chave das associações? Caprichos. Onde se recolhe a disposição conveniente? Estilo camping? Em você, que lê? Você que é a chave das associações, então pensa aí. Olha que como é engraçado ver a gente na rua, digo, se ver em uma tela ou foto, selfie. A imagem, a cor que só o artista ou câmera sabe reproduzir. Contudo, quando me enxerguei, obscura, vi uma de mim que não conhecia, nem gestos ou fisionomia – no papel é ainda mais difícil explicar. Assim como convencer qualquer criatura sobre aquela lenda de pescador que fala das escamas, das virgens, dos peixes, e do bobó de camarão em suas férias de anos. Pensem nesse filme e na personagem que mais se identificam. Agora se imaginem lá. Viram? Serão o que quiserem – adoro imagens, adoro climas bem passados nelas! Há tantas possibilidades e formas além de sentimentos a se mostrar, humm, mas tudo isso é invenção ainda.
Mergulho. Peço desculpas à minha natureza e caio
nesse buraco que é a distração da leitura, a outra realidade! Caixa arquivo, eu entro. Despreocupada adentro como metamorfose ambulante, vários títulos de músicas tocando enquanto leio! Em minhas mãos, eu, mulher. Como meu pai um dia ensinou, ‘Vamos fazer tudo certo para não haver decepções. Te amo muito e quero teu bem. Digo isso para ressaltar minhas expectativas para o teu futuro, e rezar contigo, minha filha. Vamos, ajoelhados, no escuro, ao lado da cama, antes de dormir, pedindo que sejamos felizes’ E assim, tomada pela sabedoria dele, ‘Meu pai não queria que eu dissesse, mas rezamos todos os dias à noite pedindo felicidade’ Essa é uma boa lembrança da infância, dos nossos testamentos, bom lembrar disso. Aí minha cara – minha cara é ela, a Larissa. – ela falou um dia da situação de estar com a mente em branco – ir e vir como baratas tontas? Daí é que começamos o próximo diálogo juliar Atacando seres humanos, há sentido… nesse ponto? A rotina nem é tão importante assim, os grandes fatos relevantes sim. Certo dia, um cliente perguntou: −E agora, pra onde vai? −Eu? Me assustei! −É, tu! Nos divertimos aqui e tal... −Pra onde vai, pra tua mulher? −Hã? embranqueceu e mixurucou o cara. Devia ter uns 33 anos, casado há pouco, ainda sem filhos. Um tipo normal, que dá umazinha com a universitária depois do trabalho, para na casa de um amigo e toma banho para tirar o cheiro da outra, bebe sua cerveja, papeia um monte de escrotice, volta para os braços despreocupados da esposa. De quem é a culpa? Eu? Quem manda ele perguntar um troço desses?? Só porque sei e não reajo? Prendam o machista em flagrante, vai, corre que acham fácil! Da minha parte, eu adianto que sou uma viciada, acessível, essa falta de afeto que reclama não é só minha, é de todos. Sei que vivemos sob o signo do medo, que me resta se não lucrar?? −O que disse? ele pergunta novamente, como que se certificando. −Nada, só tava te zoando, bobinho! Vai ligar de novo pra mim? −Vou pensar no teu caso, gatona. E dessa forma se despede, não sem antes deixar algumas notas sobre um criado-mudo. Ah, o apego, as aortas que o digam! Também já desisti de ser como as outras, horizontalmente. Mas todos sabem, é malvadeza sim. Fatos lamentáveis com as esposas acontecem.. Eu ri? Mas por quê faria isso? Penso na cara do meu cliente, hunf, aquele a me assassinar no olhar, que me sustenta e condena ao vivo. É, os idiotas são os que detém as moedas! Fico suando, eles vêm e vão, são isso, monte de vãos. É ruim mesmo olhar por grana. Às vezes, suporto a dualidade vendo o chão, para baixo, tipo baixinho, punindo. Há sentido... nisso? Tem mesmo? Pelo que sei, aqui a fé se perdeu, escangalhada por usos e abusos, um sonoro não! E como me salvar se não possuo dindin para ter uma, sei lá, religião? Ah esse mundo despreocupado, desajeitado, nem sabe onde ir. E eu digo mais, guardem… merecemos, quem não foi envolvido? A rotina nem era tão importante, os grandes fatos relevantes sim. Só que ninguém liga muito (…) Eu saio, rodo por aí. Será que eu conseguiria? Imunda, pensei em refúgio nos braços da Lari. Mas cadê ela? Voluptuosamente atrapada, sofrendo de raiva; preciso daquelas mãos sujas também, são vários tipos né. Mas a terra me suga, eu rejeito ainda. Mas Larissa, escuta, eu preciso de carinho, explosões vulcânicas de emoção. Não que me escape das mãos a vaidade, invento tudo isso, mas é que... claro que entende, poxa!
Sigo meus passos, monte de ideias, memoriais. Ainda
pequena, como na vez em que fui à praia com meu padrinho, irmão da minha mãe, a esposa e filha dele… me ocorreu um negócio filhadapííí!*** Ele não sabia que eu não nadava!? E nesse esquecimento versus brincadeira, meu tio me largou numa parte funda do mar, e eu… ia afundar, ops, e tchau. Não, na verdade eu só me afoguei, mas tentei demonstrar orgulho e saí sozinha, ‘nadando algo do tipo para frente, quase sem ar, desesperada, ahhhhhrr, realmente debaixo d’água, roxa. Sobrevivi, mais uma vez. Mas o que isso tem com o quê desse capítulo? Na verdade não sei o que vou fazer, me perdi de novo no quebra-cabeças repetitivo, minhas pernas bambearam, penso de tudo (…) Eii, ainda quero falar de pessoas egoístas que não percebem a rotina que passa diante da fuça, nos significados e palavras atribuídas a sentenças que não deveriam relatar. Confuso? Olha para uma árvore e pensa em tudo o que ela está para a Vida – lembra de que a observação vale muito. Tenta, eu sei que pode. Agora olha ao redor, o que você faz pela Natureza? Dou minha trégua, mas sem resposta concreta nesse paradoxo de amor em significados distintos para cada mulher. Não depende só de minha vontade, compaixão deve ser recíproca, a vida em pares idem. A questão é que a responsabilidade materna em você, Lari, aflora. Em tal caso, a transviada sou eu, sirvo de lição de moral às outras mulheres – até porque o mal e o bem têm conotações diferentes. Isso, sempre a errada, te querendo mesmo que você tenha um filho, e criar o menino é algo mais importante que um antigo lance estritamente carnal – isso para ela. É uma pena ter sido tão ingênua – digo pelas duas, sim. Jogo a titica no ventilador mas sempre revejo suas pernas na minha cara, eu e meus gritinhos de pode mais. E pensamentos onde tudo é proibido e saboroso. Tenho que me descontrolar para ter cura? E tomar suco de laranja ou abrir a mente e mostrar um outro lado conotativo? Dominar meu corpo é minha cobiça, meu estado, e nela é sentir. Aprendi que a faca corta, a faca endemoniada despreza esses meios. A faca vs. o zero vestígio sentimental e seus delitos degenerados. Era para ter dito a ela que eu sou a faca, a faca e seus déjà vures curativando-se, cada dia sendo nova ou ainda eu mesma. Cada dia? Pois é, bem, mais uma fase, gratuidade alertando, a fase do píííí-íí
Sim, eu sou Julia, uma índia cidadã; isso, é um livro
de uma pessoa que nem existe totalmente; uma personalidade oculta; uma projeção; um exemplar de explicações. Trace meu rosto; eu, a criadora, nem pensei em nada. Serei o que você quiser, sua ilusão ou fetiche – é meu trabalho! Me limito em nome, nome esse que é uma referência. Sou a história e a interpretação, turbilhão de ideias perdidas, zombeteiras com minha paciência. Tanto que a Lari sempre perguntava: −Você não consegue parar quieta? −É que pensotudo aomesmo tempo! Que posso fazer, poxa? Eu ria e ria. −Tem calma. Vê se relaxa de vez em quando. Só isso. −Tem uma bebidinha, hãn? (…) A observação vale muito mesmo; talvez este seja um teste, mas será que ele ficou escroto ou cafajeste? Queria saber, já que não era a intenção. Foi tudo escorrido. Acho até que o título deveria ser “Julia e as confissões”, ou, hum, delitos, tais, confissões introspectivas; e mais reflexões, conclusões. Chato né, literatura, interação. E lá houve conhecimento prévio? Sai fora, quem uma hora não é pego em flagrante? Acho que errei no começo... nos meus princípios não. Ah, droga! De resto, nada existe como realmente pretendo, e não pensem que sou um ser narcisista, tampouco me deixo ser altruísta. Ah Lari, antifísica! Chama por Julia, sei lá, atendente. Será que ainda me resta poder de escolha? Mas não está pronta, não para a conjunção carnal de verdade, para a natureza ardente, as seguidas cópulas. Não você Lari, imagine ações antinaturais, e dia após dia. Larissa atrasada, peculiar. Provavelmente nem sabe também que eu só existo porque existem prostituidores, a inesgotável imaginação. Talvez eu devesse jogar na cara dela que eu sou a fada e a feiticeira, que a puta já existe antes de tu aí, que eu posso inventar quando quiser, o que for!! Como sou maleável, isso me faze lembrar o que um cliente certa vez disse no livro ‘É sério que pensa que vai ser assim gostosinha o resto da vida?’ Acho que ele não queria pagar. ‘Mas o que será que acontece com as putas velhas???’ Nem consigo mensurar. E aí, voltando para casa sozinha, pensei, tipo… ao me deparar com a cidade em movimento, repetindo a frase ‘Olhei para queles bonecos e ri. Vivos e controlados! Olhando daqui de cima, até que dá para brincar com eles’ É muito difícil escrever por extenso. Acho que não estou conseguindo fazer ter coerência direito, mas entendam… é difícil, é por causa da quantidade de assuntos e o espaço temporal. Poxa, também fico perdida na cidade que nomearei Briluz, a dos sonhos – Briluz, meu reino utópico!! Brilhou, nem vi, estou chapada em mágoas ilusórias! E que bom!
Os remédios me afastaram das pessoas, vão dizer que
é por isso, minha culpa, as dopações, as dopaminas, e deve ser, e eu me lasco. Como sou de libra, também balanço, mas pesei a mais, fui muito crítica como os defeitos das pessoas que vejo, tenho, essas coisas. Deve ser por causa da sua, da minha, da fragilidade por todo lado. É algo que tento consertar para o bem. Eis que acabo é estrebuchando tudo no asfalto pobre de tudo, ah. Por que a gente tem que estar sempre se ferrando? Por que não posso ganhar mais e viver melhor? Por que não me deixam escrever um romance sobre o proletário carioca? O título poderia ser “Os subalternos”. Por que não? O fato de não ser erudita atrapalha? Uma, é… que aprendeu na marra, ajudou na medida em que ditou os termos? É como me vêm, pensamento sobre pensamento? O mais real possível. Acho que essa parada é intuição do meu sangue indígena, obrigada.
Com um pouco de amor, até que enfim. Aff, vida
mastigada, compreensão fácil. Da grande percepção da existência tento cuidar, e sabe de uma coisa? A próxima frase é terrível ‘O viver é passível de limitação’, isso me dá arrepios; isso me causa revolta. Ei, eu sou mulher. Me dá asco, caraca. Odeio coisa pouca. Devia é receber um salário para poder existir assim tão bem, mas o dinheiro só nos isola, o amor como museu também! Julgo um porquê de nossa relação, e um porquê de nossa é... dês(…) relação? Hunn, como um filho pode mudar tudo. Essa tua cria, Larissa, que está para nascer, fruto de uma noite correta e de parceiro ocasional – e ocasional de raiva –, desgarrou até nós duas. O verbo do agora é parar e antecedido de poderia. Erramos, fazer o quê, o que é bom, dura pouco! Preciso voltar, pagar a língua. Há em mim um pesadelo de sangue e angústia cinza. E já sei o fim disso. Por que então é que sempre volto aqui? Está uma bagunça, talvez seja mesmo um pouco ignorante, gosto de aprender vivendo errando e tal, só que já fiquei melhor. Sabe, as jovens do meu tempo pensam que estão perdidas, procurando afeto onde nem existe mais, daí se iludem umas com as outras na infrutífera festa que termina no dia dos normais. Quem nunca caiu nisso? Eu mesma, fiz alguns rodeios necessários, mas volto ao assunto que me causa tristeza atualmente, ela, a cauuusa! Lembro agora de quando ouvi as tais palavras “não dá mais”, uma bomba tic-tac-tic-tac explodiu na minha esperançazinha. Olhei para o lado e vi só os pombos sujos do Rio. Mééér... ah! Abri essa porta quebradiça... ela é azul, tipo ausência de sentido, com amor (risos) Sim, mas eu preciso voltar! Já não sei o fim disso? Opaa. Por que, então, eu gosto de voltar? Sei não. Nada é sério quando se está um pouco chateada e dopada. O que preciso é amor; é isso um conto ou música? O que eu andei fazendo na casa dela? E deles? Que invasora, anos e anos pensando nisso, de destruidora de lares, que isso! O único que me mantém viva é idealizar, reclamar mesmo a honra dessa dança. Nisso me dou conta, eu te vejo, personificada na praça, no meio do público, desaplaudida e mirada, um vulto, a própria. Droga! O vento soprava, fiquei sóbria. Saio dali. Já que fui conduzida ao xadrez, serei a que atrai o adversário a fim de queimá-lo logo após? Passeio, eu me arrasto, quem sabe; minha maliciosa figura desaparece depois do vulto. Eram chamarizes. Meu casaco com pele impregnada, só ele suporta o frio do mar e dessa brisa. Mas acabo por dar de cara com um sujeito de rosto enigmático e expressão de reles... fanfarronice. Só para mudar meu rumo, ele vem e me pede um cigarro, assim: −Um fósforozinho, bela dama! −Aqui – passo a caixinha. −Agora o cigarro, diz isso com a maior calma do mundo... −Qual a tua? E como sabe que eu tenho essas coisas na bolsa, se eu nem fumava na tua frente? −Perdão, nem me apresentei! Meu nome é (...) Nesse instante bate um baita vento e meus cabelos me rodeiam, mó barulhão, eu, hein! Empretebranquei e o cara sumiu, aáái! Só gente maluca, entulho inútil de tentativas, dá descarga nisso, bate a poeira
‘E se ainda há poesia, liberdade’, eu poderia citar,
fazer mais desses versos sem saber se fiz ‘certo. Bom, não teria mais característica de poesia, seria quase um recado; quem sabe mais fácil para os que têm preconceito com poesia – para ler, eu quero dizer. Olha, se vou desperdiçar ou não, se vou estragar ou não, não sei. Nem sei, de verdade. Igual, se vou borrar um título, não importa, pelo menos eu tentei. Tenho que deixar de lado a hipocrisia, ostentações, o materialismo, vergonha e sei lá mais o quê, tem tantas coisas que são irrelevantes, vamos só pensar e dar nossas interpretações dos fatos, não distorcer. Cada um tem uma visão relevante das coisas, não é assim que falam? Não precisa padrão. É o seu poder de interpretação em jogo. Estou aqui chamando vocês de atrizes e eu de roteirista, vamos lá, pensem aí, mas não achem que classificar é o mesmo que achar sentido! ‘E se ainda há poesia, ahhh, merece o ponto final.’ Repito isso sob o influxo incompreensível, até selvagem, que é a curiosidade. Tive que ir lá, dei um pulo lá na terra dela!! Poetas disseram que ‘Bostafogo é um filme idealizado’, mas ‘Bota não é tão mitológica assim para mim. Ainda mais vindo desses mesmos poetas que disseram que ‘uma jovem mãe faz o sinal da cruz, refletindo seus anseios no bebê sorridente. Eu choro? Por isso? Forçação, já não era certo. Mas, e minha Larissinha? Peço crença, isso eu faço, escrever às pressas, as sem-vergonhice dessa descarada! Da mesma personalidade, mesma forma que invadi muitos lares, usei dos outros, me fartei de inocentes incêndios, tudo intencional; da mesma beleza sempre fui sinônimo de poesia, eu sim. Sou bela, sou então poesia? Preciso é de autoria? Ou seria melhor eu resolver esses troços sozinha, tocando no meu centro, exibindo a origem de tudo; desde felicidade até tristeza, o centro, o sexo!? Chafurdar, ui! Bom, não teria mais característica de poesia, de percalço, seria quase um recado. Ficaria mais fácil aos que têm preconceito com o tema – fazer poesia sem saber se está certo, ainda disso. Ser burra mesmo não seria mais fácil, né, querida? Tem mesmo é que deixar de lado sei lá mais o que possa impedir o corpo de mover. Filha, ei, estou aqui te chamando de atriz e eu de roteirista. Será que ainda é viável curtir a simplicidade? Tenho consciência de que me descaracterizo quando longe do cantinho. Odeio por isso ser tão metódica de vez em quando; dependo de mim e da forma com que me organizo e a meu espaço. Sei que preciso da parte feminina, da dócil de volta, por isso sinto tanto; falta a Lari aqui, no meu lar respirando levemente ao ler um bom livro ou roubando meu ar quando os rostos ficam próximos. Confesso que me deu um friozinho quando consegui uma fêmea depois de tanto, mas passa. Mas me deu um friozinho também perdê-la, e ouvir ‘Hey Ju, aiii. Só rindo. Porra de confusão, apenas quero um poema da individualidade, da realização, do chute na bunda da hipocrisia que ainda reina apesar dos esforços das nossas antepassadas!!! Eu lá me deixei levar? Só eu sonhei em ser mais que uma mulher atraente, é, gos- to-sa, em roupa colada, exibindo as coxas pelas ruas, corrompendo eu mesma minha inteligência? Como agora, passeando pela cidade cegamente sem dar nem um oi fácil? É que sempre vou e volto? Talvez devesse, talvez se fosse a minha opinião, minha. Para finalizar, droga (…) repito porque é necessário, é o poder de interpretação que vai em jogo, chamando muitas de nós de atrizes e roteiristas. Vamos, pensa! Quem foi o último que fez isso com a gente, o que já nem devia??! Classificar, dar sentido, ou acham? Eles achavam, e lá ficaram no passado!
Algo se transforma, está é cansando; não escrevo só
por mim, nem sobre meu eu; tive esse interesse de escrever sobre a vida dos outros – na verdade uma outra vida, sei lá, muitas… e ser uma observadora. As vivências tristes e traumas das sofredoras me interessam, no entanto percebi que isso cansa para caramba, isso para mim e para quem foi citada (…) Vou é deixar logo de lado; se algo dedicado a mim mesma já é dose, imagina o contrário com este cotidiano e mentalidade..! Tenho que me firmar, é isso. Por que o mal cobiça a nós, jovens? Eu hein. Algo se transforma, acaba. Seriam as respostas vindo? Será porque senti algo como saudade, coisa da minha língua(…) Tomara que para o meu bem! Ao cabo de três dias, mavontadeando, fui até uma loteria próxima para quitar a praga de uma conta. Wow, R$ 69,00 que poderia ser? Vocês sabem, essas contas vivem tendo que ser pagas. Nisso, saio pensando em comprar algumas miudezas novas... e sou surpreendida! Digo que obscureceu-se e apaguei, é, desmaiei, fui atropelada, estatelada, igual estrela no chão. Daí foi tudo embora, me senti a mãe dos outros, que baita coincidência! Logo eu atropelada, a devassidão, labéu daquilo? Imaginem quantos clientes ocasionais, quantos excessos de álcool pelas noites afora e quais improvisos premeditados não cometeria? Seria…? Que piada, eu ri da mortezinha. Acordo com um branco e olhares. Mas que pá de cal, que mentirosa sou. −Que passou comigo? perguntei, fraca ainda, como que recuperando do parto. Uma voz que não identifico disse, longe: −Calma, foi só um susto. −Ahãmn.. −Qual o seu nome, bela? −Julia... respondi zonza, montando os pensamentos e articulações. Se eu disser que era muuuuito igual à voz, ao timbre do esquisitão do fósforo, alguém estranharia? Me levanto. No sobressalto, verifiquei que já não estava mais lá, que danado! Bati a poeira, agradeci aos curiosos e fui. Mais tarde, no aconchego de casa, minha fotografia é a da caneta que ia na minha boca. Era o símbolo de algo que bem conheço e gosto, sim. Olhei pela janela e olha minha pose! Eu era tão fria quanto essa rua, não mais debaixo das asas ou barra da saia de mamães, mas um gelo brabo. Preciso ter doces de comer? Será que ajuda? Em caminho rápido? Deixo a caneta de lado; será que não faço mesmo só para mim, nem sobre eu? Tantos capítulos curtos e indiretos, hunnf, é sobre tudo. Antes não, mas hoje tive mais interesse de escrever sobre a vida dos outros, ser mesmo uma observadora, aquela surda que só presta atenção; na realidade, uma outra que não era do mesmo signo. As vivências tristes e traumas das sofredoras me interessam. Mas percebi que depois de estar no papel isso cansa, no meu caso e para quem foi citada. Vou deixar isso de lado por causa disso? Não, é um treco dedicado a um vão entendimento, este cotidiano e mentalidade, sei lá, meu dever.
E agora essa janela, essa barra de chocolate que se
derrete ante meus dedos! Por que o mal cobiça a nós, jovens? As jovens, idem. É isso, Larissa? Vou te encontrar, ser supersimpática mas não te ter, porra? Mas você sim, mais simpática que deveria, beirando a forçação? E eu também, ainda que fazendo ceninhas de ciúmes na pista, tipo semana passada? Já semana que vem só te ligo para marcarmos algo, do meu jeito; será que consigo ser assim e não uma dama de feriado?? Não quero te conhecer mais, nem mais ninguém, só olhar agora. Quero é esquecer tudo e, ai, me reapaixonar! Pois a vida é de verdade, opa, e algo se transforma, acaba, azeda, uma hora vai. Acaba, meu bem. C’est jolie, foi, daqui da janela eu vejo. O passado significa a volta ao lar, e você a carne humana a fazer sabão, ruum, tomara que para o meu melhor. Senti, droga, algo como saudade, coisa da minha língua. Bem, isso passa. Ao esfoliar todo encantamento dos meus poucos aniversários, foi-se, voltei aos tempos da pedra e dos incensos, reencarnando dessa maneira a feiticeira que tantas vezes encarnei. Agora tão acordada e nem bonita nem simpática; vivo nessa tarde encoberta, bem-bom de café e biscoitos e cobertas. Que chuva que não se aproxima? É cerrrrto, chuva sempre vem no Rio de Janeiro a plenos julho e agosto. Estou só, anotando anotações, pesquisando. Agora ‘o próximo’ Terceira parte,
E teve o dia em que choveu e ventou bastante, todos
corriam, até homens e mulheres, até a gente esquisita, ai, ai. Os guarda-chuvas, como pássaros, quebrados, jaziam no chão. Era novembro, um tipo de desfecho? Não, ou sim? Depende da entonação, hãnn!? Como naquele epílogo prematuro, eu diria, ou o laço. Não, não quero mais escrever sobre mim, tenho responsabilidades; venho abandonando a ideia de uma biografia; queria me dedicar a escrever mas será que eu sei fazer isso? Momentaneamente, constantemente? Não é só falar em primeira pessoa? Estou brincando, rs; isso de perder o dia todo rabiscando e no final ainda ficar com uma enxaqueca irritante é para os mártires. É coisa de desocupado? Porém…? Humm, queria me dedicar ainda mais a escrever sobre outros temas, talvez um romance. Acho, e tomara, que não vá passar fome, tem muito mais por aí. Aliás, não posso passar fome, com meu trabalho nunca fico sem nada, raramente alguém me esquece! Enfim, La... Lariss... Lalá, é muito difícil explicar; ter tantos cromossomos em comum e sermos tão… disparas, umas palavrinhas hein. Somos pessoas, portanto, este livro ficou assim incompleto, em várias partes, mal acabado, foi mal. Sei que a forma que utilizei foi desconexa, e como pude pensar que seria o contrário? Juntei as palavras e deixei o sentido subjetivo – a interpretação cabe a quem se esforçar. Aviso logo que tenho problemas, viu, tudo muda rapidão, o mundo girando mais e mais. Mas e o desenvolvimento emocional... ficou bom? ‘Não vivi; sobrevivi, cara’
Olha, desculpa de novo, por tudo; já disse até para
minha família. Ah... abusei de esquemas de conteúdo e blocos associativos, todo por um ciclo para se chegar a isso. E plaft, foi por cano abaixo! Rs. Como te olhar na cama, abraçada a um macho, a umas memórias de fumaça? Poxa Larissa, você só por baixo, baixo, aaahh. Me deu raiva na hora, porque peguei vocês em flagrante, sabe?! Mas fiquei e olhei, olhei fundo. Estive na fresta da porta e meio que gozei junto, humm. Mas tua cara de satisfeita não foi tão legal. Ri mais, evaporei daí. Na saída do prédio as luzes das vidas e mundos pela cidade me agrediam. O tóc, tóc, tóc surdo e enfurecido do meu salto alto chama a atenção, uma senhora vira para ver. Ela repara distante e retrai o corpo a si mesma, nota que está em outra enrascada. A doida que canta que ‘Prudência não, aaah meu Deus!!!’ Porém, mesmo ela vende umas jujubas bem visíveis, rs. Eu paro, escuto, presencio tanta bujinganga de camelô, desculpem se bizarrei a velhinha, estou rindo para tudo. Falei com ela, é apenas uma pobre ambulante chamada: −Tia Luka! Meu nome di verdadi, fiia! −Eu sei, minha querida. Eu te dei quatro reais. Falta cinquenta de troco. −Olha, antes de tu consegui erguê o narizinho eu já tinha alugado us modo na sarjeta, sabi e.. −Se tu soubesse que minha casa é que tem lanterna vermelha... −Pois então, mi dá essa gorjetinha, heheh, já qui somos tão parecida, amiga. Que papo estranho. Tchau, Tia! ‘Poxa, eu sigo meu caminho, ahh’ Eu hein! Deboche! Dita ruim e desalmada, não quero ser chamada de anti-heroína, nenhuma de nós, é que vivemos. Quem mais seria uma mulher rica quando ganhasse todos esses obrigadas ou parabéns? Aí sim me sentiria uma realizada? Mas que nada, ainda há necessidade de muita, mas muita água em pequenas doses ao longo do dia... meu rosto... refrescando a pele macia. Portanto, a água e a mulher são irmãs, dissolvem. Bato palmas para as mulheres, nós podemos com a razão de tudo! Assim para a água, a mesma premissa. Ah ia esquecendo! Algumas perguntas finais, prometo não ser mais tão, tão… pentelha! Somente para fechar o fluxo de pensamento desse troço, escuta 1) Já tomou forma? 2) Ocorreu a característica de algo? 3) Você, ao ler, teve qual impressão? 4) Qual a imagem que formou de mim e das situações aqui relatadas? 5) Entenderam o conceito de “Epílogo”? 6) Como anda a tua imaginação?
Mas espera, pera,pera! E o epílogo secreto, o real
gran finale das pobres almas? Ver o conceber de uma cena na cabeça é algo que me faz realizar? Você aí entrou no espírito, no campo da descoberta, da junção de ideias? E se ela voltasse, será que ia caber? É difícil separar. Boa sorte, Larissa. Pelo menos podemos tirar a grande lição de perdoar e tal, é justo. Para este final, poderia até ficar muito triste, mas é desnecessário tamanho clichê – sei que tudo isso passa, sei que qualquer melhora é melhor que zero. Sei também que em uma grande biografia os fatos ruins vão sendo sobrepostos pela síntese do bom tema. O ruim passa, é claro, reclama não. Por que se desesperar, não aprendemos tanto? Faz assim, a partir de agora agradecemos por viver e aprender todas essas coisas! Somos fortes, gostamos dessa vida, aprendemos todo dia. A vida é muito mais interessante que lamentar; a experiência conta tanto quanto se matar aos poucos. Você me disse isso, anotei e tudo, rs. Sabemos o que é melhor agora, acho que crescemos; viu como tentamos não vacilar nem cambalear? Ah, e sobre aquele assunto, é, aqueele, te digo que ainda há tantas sensações, deleites, vamos encontrar mais. E eu também não saberia ajudar na criação do teu filho, teeeeu fillho. Vocês devem se entender, eu vou tentar daqui, eu mesma não me criei toda ainda. E olha que sou mais desorientada, à mercê do mundo; pena não ser só homossexual, só um epílogo, um apêndice ou final, alguém que é brilhante, cheia de juventude, que… não sabe o quanto é incrível, rs. Quem também não? As que sabem não dizem, é coisa íntima. Aí! Sim, Julia… alguém que se constrói por tempo; eu decorro de vivência; sou alguém que dá oportunidades a quem acha que merece. E agora paramos aqui, é o agora, romance moderno de vitrine. Como é mesmo que chamam aquilo que desconhecem? Não tento nem responder. Me queimem junto, queima essa merda sem trama se não escrevermos com força! Não dá para entender? Ahhh Larissa, seu espectro... não me dana! Entra para o meu time, vamos tentar pensar aí, poxa ☺
Oi? Emblema volta? Até seria difícil separar, mas
fiquei é bolada, talvez porque foi assim repentino demais, sei lá. Boa sorte, lero-Lari. Naquela época até inventei uma história para não ficar muito por baixo, enviei por e-mail para evitar ter a desagradável surpresa de ouvir tua voz. Olha, já passou, e por isso vou falar de novo. Saca só: ‘Oi, francamente, eu não gostaria mais de receber nenhum recado seu. Das últimas vezes, meu novo namora-do não gostou (…) nem eu estou mais interessada em saber notícias do que você faz ou deixa de fazer. O que já tivemos terminou. Amo meu homem e não desejo que nada atrapalhe nosso relacionamento. Para que não haja mais desentendimentos entre eu e meu na-mo-ra- do, não quero mais que isso se repita. Boa sorte na sua vida e adeus. Cháaau!’ Foi polida, né!? Atira a primeira pedra quem faria diferente, éramos bobas, nem pensava direito. Cara, que tempo foi aquele? Ainda tenho algumas sensações, éramos as patinhas feias kkkk; é, as melhores são as que têm estilo, ficam memória. Inclusive achei outro bilhete aqui, se liga “Porém, vê- se apenas normal... à mercê do mundo, é, numa era de violência, pena não ser homossexual integralmente. Nesse contexto existirá logo um epílogo, apêndice e o final? Hein, filha!? Já para aquela que é brilhante, cheia de juventude, é, minha Julia... e não sabe o quanto é incrível? Ladra, linda, hipócrita. Algumas também não, mas as que sabem não dizem, é uma fatalidade íntima. Nada de dona de casa! Ééé, doninha de casa de touca e avental. Que pervertida, que fora da lei, à espreita relaxando um marido. A dona de casa vira é a carranca da sociedade, toda desmilinguida! Já uma sereia envolta em aura aliciadora, assassina, ela é como você. ‘A mulher que se deixa pouca nos antros caseiros é que devia ser enforcada’, Julia diz. ‘A quantos me procurarem eu direi que sempre fui contra’, outra frase dela. Sim, aqueçam suas questões. Minha Julia constrói pilares; esqueçam as Julia com corjas; atentem às oportunidades das Julias que acham que merecem. Isso é agora, fetiche moderno de vitrine (...) Como é mesmo que chamam aquilo que desconhecem? Ãn? Jus, jura, Julia, júbilo, e charme. Mas de mentira? Isso mesmo? Mas foi opcional, prazeroso, lucrativo, ah é. Mesmo iludida pela linda cliente aqui (…) Corta! Boa semana, Julia. A cena foi perdida.”
Acho que falei tanto, mas ainda tem outro bilhete,