Geotecnia Ambiental PDF
Geotecnia Ambiental PDF
Geotecnia Ambiental PDF
Geotecnia
Ambiental
Bibliografia.
ISBN 978-85-86238-73-4
08-01094 CDD-624.15
PREFÁCIO
Como a disciplina Geotecnia Ambiental é recente no currículo da maioria
das universidades do País, esta obra pode apresentar algumas lacunas,
uma vez que a própria evolução da Geotecnia Ambiental coloca conti
nuamente novas questões e abarca novos conhecimentos. Conto com a
apreciação crítica dos colegas e alunos, assim como com o próprio tempo,
para melhorar e completar este livro.
APRESENTAÇÃO
O capítulo 4 expõe temas de elevada importância prática para aterros
de resíduos sólidos: critérios de projeto, seleção de locais de disposição,
normalização e legislação. São discutidos conceitos de projeto, dados ne
cessários, segurança e emprego de métodos racionais para a seleção de
locais de disposição de resíduos sólidos urbanos. A construção e a ope
ração de aterros sanitários são apresentadas, bem como as legislações e
normalizações existentes. Como nos capítulos anteriores, este também
é exemplificado com resultados de pesquisas realizadas em diferentes
partes do mundo.
Creio que esta breve apresentação mostra a importância desta obra. Não
tenho dúvidas sobre sua utilidade para alunos de graduação, pós-gra
duação e profissionais geotécnicos e geoambientais. Trata-se de uma
valiosíssima contribuição da Profa. Boscov e da editora Oficina de Textos
para a Geotecnia e para a proteção do meio ambiente.
APRESENTAÇÃO
4 Aterros de resíduos
sólidos: conceitos
básicos, critérios de
projeto, seleção de
3
locais, normalização e
legislação - 93
Transporte de
poluentes em 4.1
solos-63 Conceitos
principais- 94
3.1
Aquíferos- 64 4.2
Panorama- 96
3.2
1 Resíduos sólidos:
rejeitas de
2 Geomecânica dos
resíduos sólidos
Mecanismos de
transporte de poluentes
em solos- 70
4.3
Critérios de
projeto-98
mineração, lodos urbanos-31
de ETA, resíduos da 3.3 4.4
construção civil- 11 2.1 Adsorção- 74 Seleção do local- 106
lndices físicos-33
1.1 3.4 4.5
Rejeitas de 2.2 Compatibilidade- 80 Construção e
mineração-13 Geração de chorume e operação de aterros
gases-39 3.5 sanitários - 11 O
1.2 Formulação teórica do
Resíduos da construção 2.3 transporte de poluentes 4.6
civil-21 Propriedades em solos-82 Legislação e
geotécnicas -47 normalização-114
1.3 3.6
Lodo de estação de 2.4 Formação de plumas 4.7
tratamento de Ensaios in situ em e modelagem O aterro como
água-26 maciços sanitários- 60 matemática- 88 biorreator-115
5 Projeto de aterros
de resíduos:
revestimento de fundo,
cobertura, sistemas de
drenagem-119
5.1
Materiais-120
a
5.2
Revestimento
de fundo- 125 Investigação e
monitoramento
5.3 geoambiental -209
Cobertura-132
5.4
Sistema de drenagem
6 Remediação -161
8.1
Investigação
geoambiental - 210
e tratamento 6.1
de gases-137
5.5
Gerenciamento de áreas
contaminadas-162 7 Barragens de
rejeitas-185
8.2
Monitoramento
de aterros de
Sistema de drenagem 6.2 resíduos- 213
superficial - 138 Classsificação das 7.1
técnicas de T ipos-187 8.3
5.6 remediação-164 Monitoramento
Barreiras 7.2 em obra de
verticais 139 6.3 Métodos remediação.-214
Técnicas de construtivos-190
5.7 remediação-167 8.4
Comentários sobre a 7.3 Monitoramento
impermeabilização-140 6.4 Seleção de locais- 198 geotécnico-215
Atenuação
5.8 natural-179 7.4 8.5
Revestimentos de fundo Possíveis Monitoramento
alternativos - 154 6.5 impactos- 199 ambiental- 226
Contaminação por
5.9 7.5
R
hidrocarbonetos
Coberturas derivados Projeto eferências
alternativas-156 do petróleo- 182 geotécnico -202 bibliográficas-237
1 Resíduos sólidos:
rejeitas de mineração, lodos
de ETA, resíduos da
construção civil
Ferro 2:1
Alumina 1:1-1:2,5
Carvão 1:3
Fosfato 1:5
Cobre 1:30
Ouro 1:10.000
o- 60 +--+------+----.+,'7-'<.H--,-II---"----+--'----+----+ 40 iE
transportada por tubulações, por gravidade ..,
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ou bombeamento, o que é uma alternativa de ....e<U
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menor custo operacional. ~
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15
1 Resíduos sólidos
Rejeitas finos
As propriedades geotécnicas de maior importância para o projeto de dis-
posição dos rejeitas finos são a compressibilidade e a permeabilidade.
Ambas se modificam consideravelmente com o tempo, devido ao aden-
samento dos rejeitas. Como no momento da disposição o teor de sólidos
é baixo, durante o adensamento ocorrem deslocamentos muito elevados,
a ponto de mudar significativamente o comportamento do material. A
permeabilidade e a compressibilidade devem, portanto, ser referidas ao
índice de vazios ou à tensão efetiva correspondente.
em que:
e = índice de vazios
cr= tensão efetiva
A, B = coeficientes de ajuste
em que:
k = coeficiente de permeabilidade
e = índice de vazios
C, D = coeficientes de ajuste
16
GEOTECNIA AMBIENTAL
Tab. 1.2 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE TRÊS TIPOS DE REJEITOS FINOS BRASILEIROS
is- PROCESSAMENTO DA BAUXITA MINERAÇÃO LAVRA EBENEFICIAMENTO PARA
PROCESSO PRODUTIVO
le. PARA OBTENÇÃO DA ALUMINA DE ESTANHO OBTENÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO
n- Empresa Alcan * Samarco
os Limite de liquidez LL (%) 37 a60 38 a 70 *
Limite de plasticidade LP (%) 23 a41 14 a38 *
A Índice de plasticidade IP(%) 3 a24 18 a 32 Não plástico
3
lO Peso específico aparente y (kN/m ) 13,0 a 16,0 * 19,5 a 26,0
Teor de umidade w (%) 83 a 214 * *
Teor de sólidos (%) 32 a 55 * 20 a 63
s- 3 32,0 a 36,0
Peso específico dos grãos Ys (kN/m ) 26,5 a 38,5 34,0 a 39,0
s.
Índice de vazios inicial e; 2,3 a 7,3 * 0,6 a 5,6
1-
A 5,5 4,4 1,75
/. Compressibilidade (kPa)
B -0,15 -0,25 -0,18
a
e 2,25 X 10-11 2,10 X 10-11 1,70 X 10-s
Permeabilidade (m/s)
D 4,25 3,00 4,15
1- A, B - coeficientes de ajuste da equação de compressibilidade
C, D - coeficientes de ajuste da equação de permeabilidade
1 Fonte: Padula, 2004.
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Diâmetro (mm) Diâmetro (mm) Diâmetro (mm)
10 10 10
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1 10 100 1.000 1 10 100 1.000 1 10 100 1.000
Tensão efetiva (kPa) Tensão efetiva (kPa) Tensão efetiva (kPa)
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1 1
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t t 1 t t 1 6
Permeabilidade (cm/s) Permeabilidade (cm/s) Permeabilidade (cm/s)
Fig. 1.3 Propriedades geotécnicas de rejeitas finos: (a) produção de alumina; (b) mineração de estanho; (e) lavra e
beneficiamento de minério de ferro
Fonte: Padula, 2004.
17
1 Resíduos sólidos
causa uma diminuição do índice de vazios de 0,8 em ambos os materiais,
ou seja, a compressibilidade dos dois materiais é semelhante. A plasti-
cidade dos dois materiais também é. Por outro lado, os coeficientes de
permeabilidade correspondentes às tensões efetivas de 10 e 50 kPa são de,
respectivamente, 7,3 x 10-9 m/s e 2,6 x 10-9 m/s para os rejeitos de produção
de alumina, e de 3,2 x 10-10 m/s e 9,5 x 10-11 m/s para os de mineração de
estanho. Já os rejeitos da lavra e beneficiamento para obtenção de mi-
nério de ferro não são plásticos e apresentam, para as tensões efetivas de
10 e 50 kPa, respectivamente, índices de vazios de 1,2 e 0,9 e coeficientes
de permeabilidade de 3, 1 x 10-s m/s e 9, 3 x 10-9 m/s, ou seja, são muito
mais permeáveis e menos porosos e compressíveis que os dois anteriores.
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19
1 Resíduos sólidos
Tab. 1.3 COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE MÉDIO DOS REJEITOS DE MINERAÇÃO DE FERRO
EMPÍRICO
PILHA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - MEDIDO IN SITU
1
FóRMULA DE TERZAGHl FóRMULA DE HAZEN 2
Xingu 6,7 x 10- 5 m/s 2,3 x 10-5 m/s 6,5 x 10- 5 m/s
Monjolo 5,3 x 10-5 m/s 3,3 x 10-5 m/s 5,1 x 10- 5 m/s
1
2 k = CDfo
k=Co (n-0,13)
~ Df0 (0,7+0,03T)
em que:
k- coeficiente de permeabilidade em
em que: cmls
k- coeficiente de permeabilidade em cmls C - coeficiente entre 90 e 120
C0 - coeficiente que depende do tamanho das partículas (variando entre 460 D 10 - diâmetro efetivo (10% em peso
para grãos angulosos e 800 para grãos arredondados) dos grãos têm diâmetro menor ou
n - porosidade igual a esse valor)
D 10 - diâmetro efetivo (10% em peso dos grãos têm diâmetro menor ou igual
a esse valor)
T - temperatura
Fonte: Espósito, 2000.
Quadro 1.1 CORRELAÇÕES ENTRE DE PERMEABILIDADE E ÂNGULO DE ATRITO EFETIVO COM POROSIDADE PARA os
REJEITOS DE MINERAÇÃO DE FERRO
20
GEOTECNIA AMBIENTAL
1.2 RES ÍDUOS DA CO NSTRUÇÃO CIVIL
GERAÇÃO
POPULAÇÃO RCD
GERAÇÃO
MUNICÍPIO (x1 0 3 habi- PER CAPITA ANO
RCD (t/dia)
tantes) (kg/ano.
habitante)
Belo Horizonte 3.400 2005 5
Brasília 4 .000 19973
2 .833 2005 5
Campinas 1.258 2005 5
Curitiba 2.467 2005 5
Diadema 458 2005 5
Distrito Federal 5.400 2005 4
Florianópolis 636 2005 5
Fortaleza 1.667 2005 5
Guarulhos 1.308 2005 5
Jundiaí 293 712 758 19971
Piracicaba 620 2005 5
Porto Alegre 1.933 2005 5
Recife 600 2005 5
Ribeirão Preto 456 1.043 714 1995 1
Rio de Janeiro 900 2005 5
Salvador 1.453 2005 5
Santo André 626 1.013 505 1997"1
São José do Rio Preto 324 687 662 19971
São José dos Campos 486 733 471 1995 1
São Paulo 10.000 16.000 499 2003 2
12.400 2005 5
Uberlândia 958 2005 5
Vitória da Conquista 310 19973
Fonte: 1 Pinto, 1999; 2 Motta, 2005; 3 Sposto, 2006; 4 Rocha e Sposto, 2005;
5
Sacilotto et ai., 2005.
-- - - ----- - --
Um problema para a reciclagem é a grande variação das características
dos RCDs, resultando na subutilização tanto em termos de quantidade
como de aplicações possíveis. Pesquisas vêm sendo feitas para desenvolver
tecnologias de caracterização dos resíduos que permitam a identificação
rápida das oportunidades de reciclagem mais adequadas para éada lote.
Segundo Ângulo (2005), avaliar a distribuição da densidade pode ser
um método simples e rápido para a classificação de lotes e controle do
comportamento mecânico dos concretos produzidos; os aglomerados e
argilominerais, que ocorrem na fração fina dos agregados e têm influência
no desempenho do concreto, também podem ser estimados por ensaios
laboratoriais.
O material reciclado também pode ser utilizado como concreto não estru-
tural, argamassa de assentamento e revestimento, e cascalho de estradas,
assim como no preenchimento de valas escavadas para finalidades di-
versas. A tecnologia de emprego dos agregados na produção de concreto e
de componentes pré-fabricados como blocos de pavimentação, meios-fios
e blocos de alvenaria é ainda rudimentar, mas vem sendo pesquisada e
aplicada.
24
G EOTECNIA A MBIENTAL
s
Fig. 1. 7 Central de
reciclagem de RCD
Além da Resolução Conama nº 307 (2002), que dispõe sobre a gestão dos
resíduos sólidos da construção civil, a ABNT tem duas normas relativas a
esses resíduos:
NBR 15.115 - "Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil - Execução de camadas de pavimentação
Procedimentos" (ABNT, 2004).
NBR 15.116 - "Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil - Utilização em pavimentação e preparo de
concreto sem função estrutural - Requisitos" (ABNT, 2004).
25
1 Resíduos sólidos
Fig. 1.8 Agregados reciclados
de concreto classificados
granulometricamente
Fonte: Motta, 2005.
27
1 Resíduos sólidos
A quantidade realmente produzida de resíduos no tratamento de água
muito superior aos valores apresentados na Tab. 1.6, pois nela não e
incluída a massa líquida. Lodos gerados de forma contínua com sistemas
de bombeamento automatizado apresentam teores de sólidos que variaII!
entre 0,1% e 2,5% (1 a 25 g de sólidos por litro de água), enquanto lodo
removidos por batelada podem alcançar até 5% de teor de sólidos (50 u
de sólidos por litro de água).
1-
ETA (mg/~)
PADRÕES
D METAIS ETA 11 ETA 21 ETA 31 ETA 4 2 ETA 5 2 ETA 6 2
CoNAMA
s
Alumínio 3.965 391 325 11.100 2,16 30 0,1
Bário 0,22 0,18 1,0
Cádmio 0,14 0,02 0,02 0,02 0,00 0,27 0,01
D
Cálcio 142,00 0,08
a
Chumbo 2,32 0,20 0,30 1,60 0,00 1,06 0,05
Cloreto 35,0 36,3 250
e Cobre 1,47 0,12 0,20 2,06 1,70 0,091 0,5
s Cromo
3,82 0,06 0,09 1,58 0,19 0,86 0,55
total
D
Ferro total 3.381 129 166 5.000 214 4.200
e
Ferro
') 6,14 0,12 5,00
solúvel
Magnésio 27,00 2,87 1,38
D
Manganês 1,86 7,80 3,44 60,00 3,33 30 0,5
D
Mercúrio 0,002
Níquel 2,70 0,14 0,12 1,80 0,00 1,16 0,025
Potássio 49,97 7,37 7,55
D Sódio 311 ,0 29,3 63,0
e Zinco 2,13 0,70 0,98 4,25 0,10 48,53
a Fonte: 1 Rea/i, 1999; 2 Cordeiro, 2000.
l-
s Parâmetros físico-químicos geralmente determinados para os lodos de
-,
)
ETA são o pH, a concentração de sólidos, o teor de umidade, a cor, a tur-
). bidez, a demanda química e bioquímica de oxigênio, os sólidos totais,
o suspensos e dissolvidos, e as concentrações de alguns metais. Todos esses
a parâmetros têm-se mostrado muito variáveis na literatura. Os valores re-
portados de pH, por exemplo, variam entre 5,0 e 8,9.
29
1 Resíduos sólidos
Outras características relevantes para a disposição, a reutilização e a reci-
clagem, como distribuição granulométrica, resistência, compressibilidade
e permeabilidade, ainda são pouco conhecidas.
30
G EOTECNIA A MBIENTAL
i- Geomecânica dos resíduos
de 2 sólidos urbanos
o
l-
m
Cinzas, pó Úmido, possui características de solo, compressível, pode ser ativo quimi-
camente e parcialmente solúvel
Fonte: Sowers, 1973.
32
G EOTECNIA A MBIENTAL
o Quadro 2.3 C LASSIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DOS RSU
IS
C OMPONENTE CARACTE RÍSTICAS
L-
Resíduos alimentares, de jardinagem e de varrição e aqu eles que
Orgânicos putrescíveis
O apodrecem rapidamente
1- Papéi s, madeiras, tecidos, couro, plásticos, borrachas, tintas , óleos
Orgânicos não putrescíveis
e graxas
Inorgân icos degradáveis Metais
s Inorgânicos não degradáveis Vidros , cerâmicas , solos minerais, cinzas e entulhos de construção
Fonte: Griso/ia et ai. , 7995.
)
1 Fibras
3 Volumes
Tab. 2.2 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RSLJ EM DIVERSAS CIDADES DO BRASIL MUNDO, EM %
PORTO Rio DE SÃO
COMPONENTE CuR1T1BA1 FORTALEZA1 MACEló1 RECIFE 3 5ALVADOR 5
ALEGRE1 JANEIR0 4 PAUL06
Materiais putrescíveis 66 66 50 74 60 63 70 58
Papel/papelão 3 15 16 11 15 14 16 13
Plástico 6 8 13 6 8 15 10 16
Metal 2 5 3 4 2 2 1,5 2
Madeira/ couro/vidro/
23 6 18 5 15 6 2,5 11
borracha/ outros
Fontes: 1 0liveira, 2001; 2 Universidade Federal de Alagoas, 2004; 3 Mariano e Jucá, 1998; 4 Comlurb, 2005; 5Santos e
Presa, 1995; 6 Limpurb, 2003.
34
G EOTECNIA AMBIENTAL
al
Tab. 2.3 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA EM REGIÕES DA CIDADE DO Rio DE JANEIRO, EM %
lS
Teor de umidade
O teor de umidade de um maciço sanitário é muito importante na
velocidade de degradação dos materiais putrescíveis e, consequentemente,
no desenvolvimento de pressões neutras e recalques. Por outro lado, é
um parâmetro muito difícil de determinar no caso de RSU, pois seus di-
versos componentes têm diferentes teores de umidade, como ilustrado
na Tab. 2.5, de modo que a distribuição da umidade no maciço é muito
heterogênea. Ademais, não há ensaio normalizado específico para a deter-
minação do teor de umidade dos RSU. A secagem de amostras
em estufa a 105ºC/110ºC, como normalizado para solos, pode
Tab. 2.5 TEOR DE UMIDADE DOS DIVERSOS
COMPONENTES DOS RSLJ
acarretar decréscimo de massa adicional à evaporação de água
TEOR DE UMIDADE
em razão da volatização de algumas substâncias.
COMPON ENTES
(%)
Metais 19,6
O teor de umidade varia com a composição gravimétrica, a
Papel 74,8
profundidade, a pluviometria e as condições de drenagem in-
Vidro 5,9
terna e superficial do maciço. A Fig. 2.1 mostra a variação do
Plástico 41,5
teor de umidade com a profundidade em maciços sanitários
Borracha 24,5
segundo alguns autores. Observa-se que não há uma ten-
Têxteis 55,0
dência nítida de variação do teor de umidade em função da
Pedra 12,6
profundidade nos maciços sanitários, uma vez que diversos
Madeira 69,8
efeitos podem se sobrepor, como a entrada de água de chuva
Matéria putrescível 47,0
pela cobertura, a geração de chorume e as condições internas
Fonte: Limpurb, 1997.
de drenagem do maciço.
36
G EOTECNIA A MBIENTAL
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O 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
Teor de umidade natural (%)
í- - Outubro 1988 (Blight et ai ., 1992) -o- Tradagem 1
0 ........ Novembro 1990 (Blight et ai., 1992) -o- Tradagem 2 Fig. 2.1 Variação do teor
de umidade dos RSU com a
IS - Gabr e Valera (1995)
Variação de valores medidos
1- - ··- Jucá et ai. (1997) D (Coumoulos et ai., 1995)
profundidade em maciços
sanitários
e
Peso específico
O peso específico dos RSU depende principalmente da composição gra-
vimétrica (elevados teores de materiais leves ou putrescíveis acarretam
menor peso específico), da distribuição granulométrica (resíduos tritu-
rados podem formar arranjos mais densos do que resíduos in natura) e do
grau de compactação (resíduos compactados são mais densos do que resí-
duos soltos). A espessura da camada de cobertura diária também influencia
a densidade dos RSU, pois se trata da aplicação de uma sobrecarga.
37
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
Embora os valores dos dados apresentados pelos diversos autores difiram,
o Quadro 2.5 permite constatar o aumento do peso específico dos RSU
em virtude da compactação, da degradação e da ocorrência de recalques.
Índice de vazios
O índice de vazios é uma grandeza calculada por meio de três parâmetros
que podem ser medidos, diretamente, pela equação a seguir:
e= Ys(l+w)_l
y
em que:
e - índice de vazios
Ys - peso específico dos sólidos
w - teor de umidade
y - peso específico aparente
O índice de vazios é, portanto, um valor sem muito significado para o caso dos
RSU. Valores reportados mostram uma grande variação, por exemplo, entre 1 e
15, para resíduos muito densos e soltos, respectivamente (Santos e Presa, 1995).
Distribuição granulométrica
A distribuição granulométrica dos resíduos varia com a idade destes, pas-
sando de material granular a material fino e pastoso; ao longo de tempo, com
a biodegradação do material putrescível, aumenta a fração fina do material.
38
G EOTECN IA A MBIENTAL
Na Fig. 2.2, são apresentadas curvas granulométricas de amostras de cerca
de 15 anos do Aterro Sanitário Bandeirantes, na região metropolitana de
São Paulo, coletadas em um furo a trado. Verifica-se a predominância da
fração pedregulho e menos de 10% de partículas finas .
(1j
~ 80 .....................
D..
Q.)
5- 60
E
Q.)
....,~40 --,.-.---
e
<l.)
~ 20
CL
0 +-~~-rrrn-~~~~~~~~~-rrra
0,1 10 100 1.000
Diâmetro (mm) Diâmetro da partícula (mm)
--- Lixo 9 meses - Lixo 7,5 anos
Fig. 2.2 Curvas granulom étricas de resíduos ....... Lixo 1 ano ••••• Lixo 15 anos
do Subaterro AS2 do Aterro Sanitário
Bandeirantes Fig. 2.3 Distribuição granulométrica de RSU ao longo
do tempo
Fonte: modificado de Jessberger, 1994.
Digestão anaeróbica
Aeróbica Anaeróbica
'ã,100
A biodegradação aeróbica dos resíduos sólido
~ go f----+- 1_1--+--- - - -
111_ _ _ _--+-_ _IV_ _ banos ocorre rapidamente e cessa quando se eso;
o
> 80 t-.:----+- --+--- - -- - - --+----- o ar presente no material depositado, enquan
E
"' 70 f---++---+---- -- - -- -+--- -- biodegradação anaeróbica pode durar por mui-
~
';;; 60 f--~ ~ ~ ----=-- - -- CH - - - - - + - - - -
,ro •• .'........... . .......... .. ... 55 % anos, sendo a principal responsável pela geração
~ 50
chorume e gases.
~ 4o i----t1f -- + -- - - ..-:-----==- - = = 1 = = -- 4o %
>l'tS
·5\ 30 ,--___,,.----.-----+-- - - -- - - - - + - - - - -
o A digestão anaeróbica, conforme menciona
5e.. 201---++-~-=----
.. ,, t ' - - -- -- - + - - - --
anteriormente, é composta das fases ácida e m
u 1O ••e;>±-,,-+---+-----":-,-.'-_-----===---:.:1..- _-:._-:_---:._-:_-:...+1-=._~~~~~-
o .. ••..< H, 5%
nogênica.
Tempo decorrido após a disposição
40
G EOTECNIA A MBIENTAL
eguir, os produtos solúveis gerados pela hidrólise são metabolizados
- interior das células das bactérias fermentativas e transformados em
:ompostos mais simples: ácidos graxos voláteis, álcoois, ácido lático, gás
rbônico, hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio. Como o principal
"Oduto das bactérias fermentativas são os ácidos graxos voláteis, elas são
enominadas acidogênicas.
na 42
b)
C H Ob + ( n - -a - - H 20 ➔ (n a + -b)C0 2 + (n
- - -
284
- + -a - -b)CH
284 4
41
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
dos nutrientes; e pH, DBO e DQO dos líquidos. A transformação da ma-
téria degradável no maciço sanitário em CH 4 e CO 2 envolve uma série de
reações e depende das condições do maciço.
em que:
A - produção específica de gás no aterro (t de C por t de resíduos por ano)
f - fração do carbono orgânico biodegradável que é realmente degradado
PO - concentração de carbono biologicamente biodegradável no resíduo
deposto (t/t)
k - constante de velocidade de degradação (ano- 1)
t - tempo (ano)
m c H4 =A * m resíduos * F * 16/ 12
em que:
mCH - produção de metano no aterro (t/ano)
4
A - produção específica de gás no aterro (t.r 1 .ano-1)
m resíctuos - massa de resíduos dispostos no aterro (t)
F - fração de metano no gás do aterro
16/12 - fator de conversão de massa de C para massa de CH 4
42
GEOTECNIA AMBIENTAL
Os modelos da Usepa (1998), Banco Mundial (World Bank, 2003) e IPCC
2006) relacionam massa de resíduos que entra anualmente no aterro,
tempo de atividade do aterro e/ou após fechamento, velocidade de geração de
metano e potencial de geração de metano. O modelo de estimativa de emis-
sões de gás metano de aterros sanitários da Usepa (1998) é expresso por:
em que:
Octt 4 - taxa de geração de metano no tempo t (m 3 /ano)
L0 - potencial de geração de metano (m 3/t de resíduo)
R - média anual de velocidade de entrada de lixo durante a vida útil do
aterro (t/ano)
k - constante de velocidade de geração de metano (ano- 1)
c - tempo desde o fechamento (ano)
t - tempo desde o início do aterramento (ano)
em que:
Ectt 4 - emissão de metano em massa (kg/ano)
P - pressão (1 atm)
Q - taxa de geração do poluente (m 3 /ano)
M - massa molecular do metano (g/mol)
R - constante universal dos gases(= 8,205 x 10-5 m 3 . atm. mo1-1 . K 1)
T - temperatura do gás (K)
em que:
ECctt 4 - emissão controlada de metano em massa (kg/ano)
Ectt - emissão não controlada de metano em massa (kg/ano)
4
43
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
llcoI - eficiência do sistema de coleta de gás do aterro
11cnt - eficiência do sistema de controle ou utilização de gás do aterro
em que:
ECc 02 - emissão controlada de gás carbônico em massa (kg/ano)
Eco - emissão não controlada de gás carbônico em massa (kg/ano)
2
EcH 4 - emissão não controlada de metano em massa (kg/ano)
llcoi - eficiência do sistema de coleta de gás do aterro
2,75 - razão do peso molecular de CO2 para o peso molecular de CH4
em que:
Octt 4 - taxa de geração de metano no ano i (m 3/ano)
L0 - potencial de geração de metano (m 3/t de resíduo)
mi - massa de resíduo depositado no ano i (t/ano)
k - constante de velocidade de geração de metano (ano- 1)
t - tempo após o fechamento (ano)
em que:
CH4 emitidOr - CH 4 emitido no ano T (t)
CH4 gerad0r - CH4 gerado no ano T (t)
x - tipo ou categoria de resíduo
RT - CH 4 recuperado no ano T
44
G EOTECNIA A MBIENTAL
OXT = fator de oxidação no ano T (fração)
.-\ massa de metano gerado no tempo T, por sua vez, é dada por:
B)
CH 4 gerador =mcov decompT * F * 16/ 12
em que:
CH4 gerad0r - quantidade de CH 4 gerado no tempo T
mcoo decomPr - massa de carbono orgânico decomposto no tempo T
F - fração de CH 4 por volume no gás gerado no aterro
16/12 - razão de massa molecular CH4 /C
em que:
mcoo decomPr = massa de carbono orgânico decomposto no tempo T
mcooo = massa de carbono orgânico degradável no aterro no tempo O
mcoo = massa de carbono orgânico degradável no aterro no tempo T
k = constante de velocidade de decaimento (ano- 1)
t = tempo (anos)
s
Pode-se observar uma grande semelhança entre todos os modelos de
geração de gás citados.
· água que incide sobre a superfície do aterro sanitário pode ser prove-
:!iente da precipitação (P), irrigação (IRR) ou recirculação de chorume
45
2 Geomecânica dos residuos sólidos urbanos (RSU)
(RC), ou ainda do escoamento superficial da área ao redor do aterro (ESex
Parte da água que atinge o aterro escoa superficialmente sobre a cobertw: ~
(ES) e parte volta à atmosfera por evapotranspiração (ET); o restante
infiltra e percola pela cobertura (INFc).
Vegetação
Cobertura de solo
N.A.
Barreira de baixa
Fi g. 2.5 Esquema do permeabilidade
balanço hídrico em
um aterro sanitário
@ o
5 +--+---+-~l::--+-----+---+---+ 5
:[
(l)
.:,
a ~ 1 O +--+---+---+---+----"l"'l"'-::-t:--------i
10
.:,
e e:
::,
!l 2 15 +--+---+--- + - - + -----tf-F------l :[ 15
o.. (l)
.:,
<d
.:,
'õ
20 +---+----+---+----+---+------< e: 20
30 35 40 45 50 55 60 ....e
::,
o..
Temperatura (ºC)
25
D 23 / 12/1997 - T. amb. 29,6ºC
D> 21 / 12/1998 - T. amb. 35 ,5ºC
♦ 2/ 2/ 1998- T. amb. 32 ,6ºC 30
o 19/ 3/ 1998 -T. amb. 29ºC
35
25 30 35 40 45 50 55 60 65
Temperatura (ºC)
Furo 9
-ô- 5/ 7 / 1990 - T. amb. 30ºC -D- 12/ 11/1990 - T. amb. 11 ºC
-o- 5/ 9 / 1990 -T. amb . 35ºC -1+- 27/ 3/ 1991 - T. amb. 22 ºC
48
GEOTECNIA A MBIENTAL
Resistência ao cisalhamento
A análise de estabilidade de aterros sanitários é geralmente feita com mé-
todos de equilíbrio limite de solos. O projeto deve atender a especificações
de geometria, visando sempre à disposição da máxima quantidade de re-
síduos na menor área possível, com declividades de taludes que garantam
a estabilidade do maciço sanitário com coeficientes de segurança usuais
em Engenharia Geotécnica, da ordem de 1,5.
"·~ ,,,
400 + - - - + - ----.H--+---+---+--.--'--1
,,, /
,,,
,,, /
a deformação axial, sem a existência de um pico - •· - •· •Grisolia et a/. (1995) - - Jessberger e Kockel (1993)
ou a tendência de atingir assintoticamente um
valor máximo; os corpos de prova diminuem de Fig. 2.7 Relação tensão-deformação típica dos RSU
Fonte: Manassero et ai., 1996.
tamanho durante o cisalharnento, apresentando
49
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
@ 1 .400.------.------r--.-------,-----,--,----::ao. deformação volumétrica de 10% a 15% para
~ 1.200 Teor de umidade natural -----+------+-__.,,.,__--l tensões confinantes de 100 a 400 kPa.
..,,,
';;;' 1.000+---+---+--+---t----;;.-cf---f-------i.
~ 800-t-- -----+----+--+--:~ -+---+-----:;;;,tF---------J Na prova de carga da Fig. 2.9, a carga vertica
'> também aumenta quase linearmente com o de -
~ 600- t - - - + -------±c;;;,9'"'------+ - ---+::;.~ - + --f-------:;;;,-"
.:,
.~ 400+ - ---:N-=-----+-----,=-,~--t------,::.a~=---f-----------i locamento .
V'>
e
~ 200iL.-t'~
'-=--::;;;a-""'♦
~-:....--_
-_....._
T __."9"------+--+---+-------I
o----+-----+--+----+---+- -f---------j Os RSU podem apresentar elevadas deformaçõe
o 5 10 15 20 25 30 35 sem atingir um estado de ruptura, com resistência
Deformação axial (%)
crescente em função da deformação. Assim, a
.._ cr3 100 kPa ....._ cr3 200 kPa - cr3400 kPa
coesão e o ângulo de atrito dos RSU devem ser
@ 16 sempre especificados para um nível de defor-
~ 14 mação aceitável para o maciço sanitário.
~
';;;' 12
u
·.:::
:ã:í 10 Parâmetros de resistência dos RSU são apre-
E
o>
::,
8
sentados no Quadro 2.7 e na Fig. 2.10. Esses
.~ 6
parâmetros são utilizados para a análise da es-
~ tabilidade dos taludes dos maciços sanitários,
E 4
-2 geralmente feita por meio de métodos de equilí-
8 2
brio limite desenvolvidos para solos.
o
o 5 10 15 20 25 30 35 40
Deformação axial(%) É notável a variabilidade dos parâmetros apre-
sentados no Quadro 2.7. A coesão varia entre
O e 60 kPa, e o ângulo de atrito, entre 20,5º e 49°.
Fig. 2.8 Comportamento tensão-deformação dos RSU:
(a) tensão desviadora em função da deformação axial; (b) Deve-se considerar que a composição dos RSU é
deformação volumétrica em função da deformação axial variável e também os métodos de obtenção dos
Fonte: Vilar et ai., 2006.
parâmetros, embora nem todos estejam men-
cionados nesse quadro, foram diversos: ensaios
o de cisalhamento direto, ensaios de compressão
20
Ê 1, triaxial, provas de carga e retroanálise de escor-
5 40
.8 60
e
E 80
' .....
...... .......
regamentos ocorridos. Os materiais também
variaram, de resíduos novos a antigos, de resíduos
"'~ 100
~ 120 ' ' ........ ""'--
in situ a amostras trabalhadas em laboratório.
Ademais, conforme mencionado, os valores da
coesão e do ângulo de atrito dependem do valor
140
160
O 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000
.... "' de deformação adotado por cada autor para de-
finir o estado de ruptura. Justifica-se, assim, a
Carga (kgf)
vasta faixa de variação da coesão e o ângulo de
Fig. 2.9 Carga vertical em função do deslocamento vertical em atrito dos RSU encontrados no Quadro 2.7.
prova de carga realizada em lisímetro de grandes dimensões
Fonte: modificado de Azevedo et ai. , 2006. a Fig. 2.10, alguns autores procuraram sistema-
tizar essas variações, definindo faixas de valores
para o projeto. Bouazza e Wojnarowicz (1999), por exemplo, sugerem va-
lores de ângulo de atrito de 25° a 35º para coesão nula; um ângulo de
atrito de 22º corresponderia a uma coesão entre 5 e 23 kPa . Sanchez et
al. (1993) sugerem valores de ângulo de atrito de 22,5° a 27º para coesão
nula, e uma coesão de 1 a 13 kPa para um ângulo de atrito de 22°.
50
GEOTECNIA AMBIENTAL
Quadro 2.7 PARÂM ETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMEN TO DOS RSU
COESÃO Â NGULO DE
PESQUISADOR Ü BSERVAÇÕES
C (kPa) ATRITO <D (º)
o 10 20 30 40 50 60 O 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Ângulo de atrito (º) Ângulo de atrito (º)
• Ensaios de laboratório ♦ Retroanálises
_. Parâmetros de projeto recomendados por Singh e Murphy (1990)
51
2 Geomecânica dos res íduos sól idos urbanos (RSU)
Nos projetos de aterros sanitários brasileiros, o deslizamento de grandes
proporções ocorrido em 1991 no setor AS-1 do Aterro Sanitário Bandei-
rantes em São Paulo constituiu um marco para a estimativa dos parâmetros
utilizados nas análises de estabilidade. Retroanálises efetuadas, conside-
rando condições de pressões neutras críticas, resultaram em valores de
c = 13,5 kPa e cp = 22º (Benvenuto e Cunha, 1991), que, a partir de então,
tornaram-se referência para projetos. Esses parâmetros foram reava-
liados posteriormente com outras hipóteses e dados complementares. Por
exemplo, Kaimoto e Cepollina (1996) levaram em consideração a idade
dos resíduos e sugeriram valores de coesão e ângulo de atrito de, respecti-
vamente, 13,5 kPa e 22º para resíduos antigos; para disposição superior a
dois anos e drenagem interna mais intensa, 16,0 kPa e 22º; e para resíduos
recentes, com disposição inferior a dois anos e submetidos a uma intensa
drenagem interna, 16,0 kPa e 28°. A proposta de considerar a variação dos
parâmetros ao longo do tempo é particularmente adequada para os RSU
brasileiros, que apresentam elevado teor de matéria putrescível.
52
G EOTECNIA A MBIENTAL
..adro 2.8 RECALQUES EM MACIÇOS SANITÁRIOS
- ~oR RECALQUE RELATIVO À ESPESSURA INICIAL
53
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
flutuação do nível de chorume, restrições biológicas (acidez, temperatura
e umidade) e idade do aterro.
A Fig. 2.11 mostra os resultados obtidos por Vilar et al. (2006) em en-
saios de adensamento edométrico de grandes dimensões. Como não se
atingiu um índice de vazios de equilíbrio nos estágios de carregamento
(Fig. 2.lla), foram construídas curvas de recalque para diferentes tempos,
as quais são praticamente paralelas, embora não lineares (Fig. 2.llb).
® ®
50 -,--..-r---~ - ~ ~ ~ - ~ ~ • 20 kPa 2,8
" 40 kPa 2 ,6
~o mi~. 11
e
45 +-~'1-~ rtc--+---+- + ----, .à 80 kPa
tí ~ 40 +---\t------'111..--+=-""~'lk!.:,:--t--l ► 150 kPa
2,4
"'~ 1 11. 11
1 min .
,oE E
E
~-; 35
◄ 320 kPa
M 540 kPa
,3 2,2
-~
> 2 ,0
"~, ~~ ~
Fig. 2.11 Ensaios de
adensamento em
.... ,c,1
X U-
~ ~ 30 +---+-'~-+--+----"'li.....+--,
C1)
~ 1,8
'~ ~ ~
a:: -1.000 + - - - - - + -- - + - - -- ----1 tura diária para os vazios da massa de resíduos: as camadas de
-1 .200 -+-------+- - - - - + - - - - - - - 1 solo ocupam inicialmente cerca de 20% do volume total de um
-1.400 - + - - - -- - - + - - - - - + - - -----1 aterro sanitário e apenas 5% após o carregamento das camadas
1 10 100 1.000 superiores (Morris e Woods, 1990). O ravinamento também é
Tempo (dias)
desencadeado após eventos imprevisíveis que favorecem a de-
Fig. 2.12 Recalques de RSU medidos no gradação dos RSU, tais como variações repentinas dos níveis de
aterro sanitário UTG-4 de Madri, Espanha chorume e inundações causadas por chuvas torrenciais ou pelo
Fonte: Pereira, 2000.
rompimento de tubulações (Abreu, 2000).
2
--....;::_:,
~ --
-................--- i"":,,
- - ['""- ,..._
--~
- - ""li., ......f,s ;;:; '.,.~
·- ~- ~ ,
""-- )..,.,_
'
_\
~
Fig. 2.13 Monitoramento
da superfície de diversos
aterros sanitários
4
r--. -...,.._
' ,... ,i: ~ Fonte: Kockel et ai., 7997.
*o> 6
r---..... ,..,_
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u 1,~
<IJ
o:: 12 e
;'.)
14
16
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18
10 100
Tempo (dias)
1.000
' .
10.000
)
Legenda
--- a
-o- b
-+- c
Pesquisador
Coduto e Huitric (1990)
Keene
Neil
(1977)
1987
-0- d Melener e Ri n leb (1987)
Notas
1nstrumento 1
--
-o- h Coduto e Huitric
-··- k
i Sanches Alcitum
•• • •• • 1
Sanches Alcitum
Gertioff
Reu er
1990
1993
19 3
(1993)
1991
Marco 314
Ponto 26
Ponto 28
c
......_ e Walts e Charles (1990) Celveri - ·- m Reuler 1991 D
--1!- f Walts e Charles (1990) 8rogborough -+- n Reuler (1991) A
-+- g Coduto e Hultric (1990) Marco 113 -❖-- O eu er (1991) B
em que:
~hi - recalque correspondente à fase de compressão inicial
H0 - espessura inicial do maciço sanitário
~ cr - acréscimo de tensão vertical aplicada ao maciço
E - módulo de elasticidade do maciço
55
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
t'1.h-
- p- - · log[ ~ª 'o+ó.cr
- -Cc - - ) - C'e· log[ ~ª 'o+ó.cr
- -)
H o 1 + eo cr'o cr' o
em que:
t'1.hP - recalque correspondente à fase de compressão primária
H0 - espessura inicial do maciço sanitário
Cc - índice de compressão primária
e0 - índice de vazios inicial
t'1.cr - acréscimo de tensão vertical aplicada ao maciço
cr' 0 - tensão efetiva vertical inicial
Cc' - coeficiente de compressão primária
em que:
t'1.h 5 - recalque correspondente à fase de compressão secundária
H0 - espessura inicial do maciço sanitário
Co. - índice de compressão secundária
tf - instante no qual se quer conhecer o recalque
ti - instante no qual termina a compressão primária
C~- coeficiente de compressão secundária
A Fig. 2.14 mostra como a velocidade dos recalques nos maciços sanitários
tende a diminuir com o tempo. Dados de recalques de RSU de diversos
locais são apresentados com curvas de C~ igual a 0,02, 0,07 e a 0,25.
56
G EOTECNIA A MBIENTAL
0,7
-1:r- Coduto e Huitric (1990)
V,
<CI.)
-+- Gasparini et ai. (1995)
*E
0,6
...._ Gasparini et ai. (1995)
et ai. (1993)
-tt- Grisolia
I
--...
-+- Hilde e Reginster (1995)
I -0- Siegel et ai. (1990)
<l 0,5
-+- Reuter e Noite (1995)
<il
u -+- Sanchez Alcitum et ai. (1995)
t'.
C1.) 0,4 -o- Coumoulos et ai. (1995)
>
o
"º(1jU<
E 0,3
õ
'+-
C1.)
""O
C1.)
""O 0 ,2
C1.)
""O
(1j
""O
·o 0,1
o
~ Fig. 2.1 4 Velocidade de
recalques em função do
o tempo
o 20 40 60 80 100 120 140
Fonte: Coumoulos e
Tempo decorrido do fechamento do aterro (meses)
Koryalos, 1997.
57
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
diferentes fenômenos estejam associados a esses dois coeficientes. O
que ocorre é que funções que não seguem uma lei logarítmica, tais como
as funções lineares, exponenciais e polinomiais, apresentam distorção
quando apresentadas em gráficos semilogarítmicos, formando dois ou
mais ramos bem distintos, que podem ser aproximados por segmentos
de retas; mas não há significado físico associado a esse efeito, que é pura-
mente matemático.
6- 10,0 ~
~
Q) '"~-
sido previamente ajustados a séries históricas de cr: 15,0
--------
dados. O Subaterro AS-5 é mais recente (iniciado
- oJ'
- - - ...
20,0
em dezembro de 1996), estava ativo na época do o 2 .000 4.000
estudo, possui drenagem interna de efluentes e Dias decorridos do fechamento da célula
59
2 Geomecânica dos res íduos sólidos urbanos (RSU)
estudo, o que certamente influenciou o desenvolvimento dos recalques .
O Modelo Hiperbólico proporcionou o melhor ajuste aos dados históricos
e forneceu as previsões mais próximas dos recalques reais para os marcos
do subaterro AS-2 . As previsões dos três modelos para o subaterro AS-5
subestimaram os recalques reais . O Modelo Clássico estimou os valores
mais elevados de recalque entre os modelos, e o de Meruelo, os mais
baixos.
Compactação
A compactação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil é geralmente feita
por tratores de esteiras, embora existam rolos compactadores específicos
para aterros sanitários.
®~ m
14
Na literatura, pode-se encontrar menção ao
E
z
---- fato de que os resíduos sólidos urbanos têm
~ 12
o
u
comportamento à compactação semelhante
(lJ
V,
ao dos solos, como mostra a Fig. 2.16.
60
G EOTECNIA AMBIENTAL
tes. SPT 12
~1
\ .•,,
res
ais
dispersão muito grande de valores. u
Q)
~u 6
.
't
■ -
-..
■
'' ..........
■ ■
~ ■ '•, •• _ ■
.
■ "■ 1
As principais dificuldades associadas à reali- u
Q)
~j .•f ·- _-......
zação desse ensaio são: baixo rendimento da
S}- 4 - - ··-~)-,.:....
Q)
~ :-·-:-:---------• ..................................
■' ~~t,"'~J . ~· ....."1 ~ ■
perfuração; dificuldade de extração dos tubos de Q)
a.. 2 -
■
...... .■ .
revestimento, com eventual perda de trechos de
ita tubo; eventual necessidade de relocação de son- o
:os o 100 200 300 400
dagem em virtude de materiais mais resistentes, Teor de umidade (%)
como o sistema de drenagem interna; utilização ■ Compactador 816F • Trator D6 ----- -· Curva de saturação = 100%
--
N.A.3,5 3 13 120
-
o
OI
4
5
6
7
41
14
10
10
180
120
130
200
5
LX
"'-,..,
~
--....... .,
- - -
RSU 8 9 80 r_.......---
je
9 5 100 -7 ...
e- 10 8 12 ,...?Ç_
D. 11,75
Silte
11
12
13
19
3
17
130
100
200
10 -
~
........
~
r --
r--::::--..
13,00
te 14 14 210 f I>-.
15 12 260 f ~
a- 15
16 13 250 1. X
la 17 9 200 / V
le 18 12 180 \... ,..
RSU 19 12 250 l l"'-.-.
--...,,.
Il 20 17 160 V
20
21 9 180 ............--)..
22 18 100 _x..
23 18 170 ~
24,55
Silte
24
25
26
27
12
3
6
8
320
40
70
140
25
__,,.
"'\\..
\ r---...
,./
- ------- -
l- 27,45 -
le Fim da perfuração
solo natural
e 30,00 30
o o 10 20 30 40 50 60
■
RSU - Matéria orgânica,
pedaços de madeira, plástico, -O- SPT (N)
e
metal, papel e borracha
-o- Torque (N.m)
D Cobertura de solo: silte x10
61
2 Geomecânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
o
- CPT
2
r.:.
- Nos ensaios CPT em aterros sanitários, tem-se obser-
4
-
~ vado a tendência a aumento das resistências de ponta
-
6
~-
e lateral com a profundidade, como mostra a Fig. 2.19.
-
~ X
-
8 "'"'
10
- ~- As dificuldades principais para a realização dos ensaios
- -- - CPT em aterros sanitários são: o cone frequentemente
112
<l) - encontra objetos resistentes que produzem picos na
'
""O
~ 14
i5
e Q:s:
ii:: ~-- - resistência medida; deflexões das hastes e reações su-
periores à capacidade do equipamento.
-2 16
e
o..
- -- - X
-
--
18
~
- -~
,.,-
h
Ensaio de infiltração em furos de sondagem
20
- -
22
- ~- - - - Os ensaios de infiltração em furos de sondagem dão
resultados muito variáveis, em razão da heterogenei-
24 ~
:::
~
o
3
6 ...
...
. ~
- ")
:[
~ 12
9
Ili
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21
11.) :;:::~
~,
-t< "-r-- Li ....
24
~ ~
~ '>:;:+
27 i'Jf '
Fig. 2.20 Coeficiente de 30
permeabilidade medido no 10-2 10-3 1o-4 10-S 10-6
Subaterro AS-2 do Aterro k (cm/seg)
Sanitário Bandeirantes por SPT-03 SPT-05
meio de ensaios de infiltração -+- s/revest. -*- s/ revest.
em furos de sondagem -O- c/revest. - • - c/revest.
62
G EOTECNIA AMBIENTAL
3 T/12nspt:J,le de,Pt:Jluenles
em solos
a
'·
s
e
:l
3.1 AQUÍFEROS
Conceituação
Aquífero é um estrato ou formação geológica que permite a circulação de
água por seus poros ou fraturas e de onde a água subterrânea pode ser ex-
traída em quantidades economicamente viáveis por meio de poços. Pode
ser considerado um reservatório de água subterrânea.
64
G EOTECN IA A MBIENTAL
a
o,
s
A Fig. 3.2 ilustra uma situação usual: um aquífero não confinado super-
ficial e um aquífero confinado subjacente, separados por um aquitardo.
Geralmente, o aquífero superficial de um determinado local é livre, sig-
nificando que não há uma camada confinante (aquitardo) entre ele e a
superfície. A água de recarga do aquífero livre é recebida diretamente a
partir da superfície, de precipitação ou de um corpo d'água com o qual
esteja conectado. Aquíferos confinados geralmente se localizam sob os
não confinados e têm o nível d'água acima de sua fronteira superior (aqui-
tardo).
~~~
N.A.
Aquífero livre
66
G EOTECNIA A MBIENTAL
repuxante ou surgente é aquele cujo nível piezométrico ultrapassa a super-
tipos: fície do terreno.
mum De acordo com a geologia da zona saturada, os aquíferos podem ser po-
fenô- rosos, fraturados ou fissurados, e cársticos. Aquífero poroso é aquele no
t água qual a água circula por poros de grandeza milimétrica; ocorre em rochas
~siano sedimentares, sedimentos não consolidados e solos arenosos residuais.
Os aquíferos porosos geralmente são os mais importantes, pelo grande
volume de água que armazenam e também por abrangerem grandes áreas.
68
G EOTECNIA A MBIENTAL
ia
r-
1/
u-
1e
e
A 1 m Condutividade hidráulica (K) - volume que
flui através de uma área de seção transversal Fi g. 3 .4 Transmissividade e
lo de um aquífero de dimensões 1 m x 1 m, condutividade de um aquífero
sob um gradiente unitário (1 m/ 1 m), durante Fonte: modificada de Drisco /1,
um certo tempo (normalmente um dia) 1989.
70
G EOTECNIA AMBIENTAL
um meio poroso (solo), tanto na zona saturada como na insaturada.
Advecção
dvecção é o processo pelo qual o soluto é carregado
pela água em movimento, mantendo-se constante
a concentração da solução. Solutos não reativos são Q = vA = uAv
~
,~~°?.
~
, _....-----__..
<!..o
º ~º
reção do fluxo médio em razão da variação de velocidade em magnitude 4::~ :
/ 1'!~.;~
e direção no espaço dos vazios. É um processo de mistura com efeito qua-
litativo similar à turbulência em regimes de águas superficiais. Um grupo
de partículas de soluto inicialmente próximas ocupará paulatinamente
Fig. 3. 8 Variação espacial das
um volume cada vez maior do domínio de fluxo, como representado na linhas de fluxo em relação à
Fig. 3.9. O espalhamento ocorre tanto na direção longitudinal como em direção do fluxo médio
71
3 Transporte de poluentes em solos
direções perpendiculares à direção do fluxo médio, sendo denominado,
respectivamente, de dispersão longitudinal e dispersão transversal. A
concentração de soluto diminui à medida que o espalhamento envolve
volumes crescentes, ou seja, a dispersão causa a diluição do soluto.
Direção do
fluxo médio _ __ Fluxo uniforme - - - ® ,,
1111
Efluente com soluto
na concentração c Tempo-
no tempo t
72
GEOTECNIA AMBIENTAL
nado, Quando um ensaio é realizado em laboratório, a única dispersão que pode
;al. A er medida é aquela observável em escala macroscópica. Entende-se que
volve o efeito macroscópico resulta dos processos microscópicos descritos ante-
riormente. Além da não homogeneidade na escala microscópica, podem
ocorrer também heterogeneidades na escala macroscópica, que causam
, soluto dispersão adicional à causada pelos processos microscópicos.
Difusão
Um fenômeno de transporte de massa simultâneo à dispersão mecânica
é a difusão, que resulta de variações na concentração de soluto na fase
líquida. É o processo pelo qual constituintes iônicos ou moleculares se
movem em razão da sua energia térmico-cinética na direção do gradiente
de concentração e em sentido oposto a este. A difusão causa um fluxo de
partículas de soluto no nível microscópico das regiões de maior para as
de menor concentração .
Dispersão hidrodinâmica
ade Denomina-se hidrodinâmica o espalhamento no nível macroscópico re-
L A
ultante tanto da dispersão mecânica como da difusão.
> de
; de Alguns autores consideram artificial a separação entre os dois processos,
) u; já que a dispersão mecânica induz gradientes de concentração que pro-
;tra vocam a difusão. À medida que um soluto é espalhado ao longo de um
de- vazio capilar, como resultado da dispersão mecânica, é criado um gra-
tias diente de concentrações na direção longitudinal, e a difusão tenderá a
ide equalizar as concentrações ao longo do vazio; ao mesmo tempo, um gra-
diente de concentrações de soluto será produzido entre linhas de fluxo
adjacentes em virtude da variação de velocidades na seção transversal do
vazio (Fig. 3.7), provocando a difusão molecular lateral entre linhas de
fluxo. Os dois fenômenos, portanto, são concorrentes; porém, a difusão
ocorre também na ausência de fluxo. Como a difusão é muito lenta, seu
efeito relativo na dispersão é mais significativo para baixas velocidades de
fluxo. A importância relativa da difusão molecular e da dispersão mecâ-
nica na dispersão hidrodinâmica é discutida no item 3.5 e pode ser mais
bem visualizada na Fig. 3.15 .
73
3 Transporte de poluentes em solos
escoamento. O líquido com soluto inicialmente ocupa uma região deter-
minada com uma interface abrupta, separando-a da região sem soluto.
Por causa da dispersão hidrodinâmica, uma zona de transição cada vez
mais larga vai sendo criada, por meio da qual a concentração de soluto
varia do valor inicial para a do líquido ao redor.
Reações químicas
Outros fenômenos a serem considerados no transporte de poluentes
em meios porosos são as reações químicas. Mudanças de concentração
podem ocorrer unicamente na fase líquida, ou em virtude da transfe-
rência do soluto para outras fases, como a matriz sólida ou a fase gasosa
da zona insaturada. As reações químicas e bioquímicas que podem alterar
a concentração de contaminantes são: adsorção-desadsorção, ácido-base,
dissolução-precipitação, oxidação-redução, complexação, degradação ou
síntese microbiana e decaimento radiativo, entre outras. As reações quí-
micas mais estudadas nos problemas geotécnicos relativos à disposição de
resíduos são as de adsorção e desadsorção de íons e moléculas na super-
fície das partículas de solo.
3. 3 ADSORÇÃO
Conceituação
Adsorção é um processo físico -químico no qual uma substância é acu-
mulada em uma interface entre fases. Quando substâncias contidas em
um líquido se acumulam em uma interface sólido-líquido, denomina-se
adsorvato à substância que está sendo removida da fase líquida e adsor-
vente à fase sólida na qual a acumulação ocorre.
74
G EOTECNIA A MBIENTAL
[- intéticas, resinas de troca iônica, adsorventes poliméricos, alumina ati-
). vada e montmorilonita, constituem alternativas viáveis.
~
lsoterm as
orção em um sistema sólido-líquido é a remoção de solutos da so-
- e sua concentração na superfície do sólido. Quando a concentração
luto remanescente na solução entra em equilíbrio dinâmico com a
ntração deste na superfície sólida, há uma distribuição definida de
-o entre a fase líquida e a sólida.
S=Kd C
/ ~ ~- ~..-....-....~
400 ~ -~ - - ~ - .. -
350 + - - - - + - - - - - + - ~ - - - - - + - - - . - " - '--------+
00 0
em que:
V .····· · ·· · · S - o grau de adsorção ou concentração de soluto na
parte sólida (massa de soluto adsorvida por unidade
t ::: ============
5 ,.., ,., .··7 L. -·-=·
.•··=·-=;.,=. .:=: =<=:
.. :..: =-=.. -=•=•-="=-:·-=·=•-="=-=
.. - de massa de adsorvente)
~ 200 + - - - - + ---h'"--------+----+---+------+
150
./ .✓··
+-_,__,,,_,__ _- - + - - - - - + - - - + - - - - - - - t
Kct- o coeficiente de distribuição ou adsorção
100
/ .. /
+-r---+-+--+--- - - + - - - - - + - - - + - - - - - - - t
C - a concentração de equilíbrio (massa de soluto por
! / / volume de solução)
j/ /
50 V
o +--- - - + - -- - - + - -- - - + - -- + - - - - - - - t A isoterrna linear está apresentada nas Figs. 3.12 e
o 10 20 30 40 50
e (gnl 3.13.
- - Linear ............... Freundlich _,,_ ,. _ ,., Langmuir
Outro modelo muito utilizado para adsorção em
Fig. 3.12 Alguns modelos de equilíbrio isotérmico de
solos é o de Freundlich ou de van Bernrnelen, basica-
adsorção
mente empírico, de 1926, representado na Fig. 3.12,
que pode ser expresso por:
78
GEOTECNIA A MBIENTAL
e-
ío
ra
logS = l ogK t + e logC
m m que:
m 'e e e - coeficientes empíricos da isoterma de Freundlich
je
.\ forma logarítmica resulta em uma reta com declividade e e intercepto
a-
uai a logK 1 para C = 1 (logC = O), conforme representado na Fig. 3 .13; o
as
:alor do intercepto é um indicador da capacidade de adsorção, e a decli-
je
:idade, da intensidade de adsorção.
d-
Linear Freundlich Langmuir
so s log S
e
log K1
o-
ou
1a
de
em que:
Qº é o número de moles de soluto adsorvido por unidade de peso do ad-
or sorvente ao formar uma monocamada completa na superfície, e b é uma
constante relacionada à energia ou à entalpia líquida da adsorção.
S = QºbC
79
3 Transporte de poluentes em solos
Para grandes quantidades adsorvidas de soluto, isto é, quando bC»1,
tem-se que:
em que:
k, ~ e ri são coeficientes empíricos da isoterma geral de adsorção não
linear.
3.4 COMPATIBILIDADE
80
G EOTECNIA A MBIENTAL
C >>l, ·dade, compressibilidade ou resistência. O termo compatibilidade entre
solo e poluente engloba as reações químicas cujos efeitos se relacionam à
nstância das propriedades geotécnicas.
E
lo. Esta é fortemente influenciada pelas forças de to.. '--'-
r---r.
- pulsão entre partículas de argila. As forças repul- Cl)
.:,
[~ ,-,
- -0
não ·..;as controlam os comportamentos de floculação, ~
e: iJ
Cl)
·c;
· · persão, contração e expansão. ~
Cl)
3 10-10
em que:
J - o fluxo de massa [ML-2r 1]
~m - variação de massa dentro do domínio no intervalo de tempo M
A - área da seção transversal ao fluxo do domínio
M - intervalo de tempo
em que:
c - concentração [ML-3]
82
G EOTECNIA A MBIENTAL
m m - massa de soluto no domínio
[1 - Vso 1ução - volume de solução (= nV, pois, por hipótese, o meio está satu-
rado)
n - porosidade
es V - volume do domínio
l -
Jadvecção = CV = C n U
-se
o
em que:
Jct·1rusãO - fluxo de massa por difusão
Dd - coeficiente de difusão do poluente no solo
z - direção do fluxo
em que:
Dd - coeficiente de difusão do poluente no solo
Dd,w - coeficiente de difusão do poluente na água
T' - fator tortuosidade
83
3 Transporte de polue ntes em solos
O coeficiente de difusão em solução, Dct,w é uma função complexa da massa
e raio molecular da espécie química, da valência e do raio iônico no caso
de migração de íons, da composição química, viscosidade e constante
dielétrica da solução, da concentração da espécie na solução e das condi-
ções ambientais de temperatura e pressão. Já a tortuosidade é função da
porosidade do solo (n), e da razão entre raio molecular ou iônico da es-
pécie (r) e dimensão média dos poros (r p). Quando a razão r/r p tende a
zero, o fluxo químico através do solo se aproxima da condição de fluxo
químico em solução aquosa livre; por outro lado, quanto mais fino o solo,
maior a razão r/r p, e mais relevante o efeito da tortuosidade.
8c
f dispersão = -nDdh oz
em que:
Jct.1spersao_ - fluxo de massa por dispersão
Dcth - coeficiente de dispersão hidrodinâmica
Dct - coeficiente de difusão
Dctm - coeficiente de dispersão mecânica
a é a dispersividade dinâmica ou dispersividade (característica do meio
poroso) [L]
u - velocidade de fluxo
n - porosidade
v - velocidade de Darcy
◊V l;f,í
.I
, oi~
~6~
u
-
10-2 10-1 1 1o 102 103 104 105 106
mecânica pura, mas acima do limite de validade da lei
Pe = (ud) / D.
de Darcy, de modo que os efeitos de inércia e turbu-
lência não podem ser desprezados. Fig. 3.15 Relação entre
difusão molecular e
Outros fenômenos a serem considerados no transporte de poluentes em dispersão mecânica
Fonte: modificada de
meios porosos são as reações químicas. As reações mais estudadas até o Bear, 1972.
momento são a adsorção de íons na superfície das partículas de argila. A
mudança de massa de soluto por unidade de volume, no domínio, por
causa da adsorção pode ser expressa por:
- - - - pas
o(nc) -- m
'V
é}t é}t
em que:
c - concentração de soluto na água dos poros
nc - massa de soluto em solução em um volume unitário do domínio
(m soluto =cVsolução =cnV=cn)
p - massa específica seca do solo
S - grau de adsorção
pS - massa de soluto adsorvida na parte sólida em um volume unitário do
domínio (m so 1uto = Sm s = SpV = pS)
<D - representa uma fonte ou um sorvedouro de soluto
l ou seja:
m = c.dz.A.n a(nc) ar
at az
r= r advecçã.o + r
difusão + r
dispersão mecânica = r
advecção + r
dispersão
aradvecção
-----'--=-nu-
0C
az az
ardispersão _ nD a2 c
az - dh az2
86
GEOTECNIA A MBIENTAL
ta . .-\ equação anterior também é conhecida como a Segunda Lei de Fick.
lC)
Considerando as duas parcelas, advecção e dispersão hidrodinâmica, e
ambém as reações químicas, tem-se a equação da advecção-dispersão.
de O transporte de poluentes inertes dissolvidos na água em um solo homo-
êneo isotrópico saturado em fluxo unidimensional pode ser descrito por:
las
ia, ôc ô2 c ôc
- = D dh - 2
- u- ± <D
de ôt ôz ôz
là
lo, .-\ parcela [u ôc/ôz] corresponde ao transporte de poluentes por fluxo
advectivo. A parcela [Dcth êlc/8z2] expressa o fluxo por dispersão hidrodi-
nâmica, ou seja, em virtude da difusão molecular e dispersão mecânica,
conjuntamente. A parcela [±<I>] refere-se às reações químicas, ou fontes e
orvedouros .
to
ôc ô2 c ôc
Rd - = D d11 - - - u -
ôt ôz 2 az
em que:
Rct - fator de retardamento, definido como:
an que:
- velocidade de fluxo da água
- velocidade do ponto onde c/c 0 =0,5 no perfil de concentrações
ue - velocidade relativa
87
3 Transpo rte de poluentes em solos
Kct varia normalmente de valores próximos a zero até 100 mi/g ou maiores;
se for nulo, a zona ocupada por contaminante não é afetada por reações
químicas; para Kct igual a 1 mi/g, o ponto de concentração média estará
retardado por um fator entre 5 e 11 em relação ao movimento da água;
para valores de Kct muito elevados, o soluto é essencialmente imóvel.
-
subterrânea
11 Infiltração + atenuação
Solo
Solos contaminados
Franja capilar Zona insaturada
\ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \\ \ \ \ \ \
Plumas de contaminantes Aquífero livre
Aquitardo
Aquífero confinado
Águas superficiais: rios , represas, lagos e mar
88
G EOTECNIA A MBIENTAL
·es; ubterrâneo, podem se dissolver na água e serem por ela carregados ou
5es flu írem corno urna fase líquida não miscível adicional. Por causa do efeito
ará a dispersão hidrodinâmica, os poluentes vão se espalhando à medida
ua; ue se movem pelo subsolo, e volumes maiores vão sendo atingidos pelos
poluentes a jusante da fonte. Forma-se assim a pluma de contaminação,
que é a região contaminada por um ou mais poluentes a partir da fonte.
de O conceito de pluma de contaminação é utilizado também em relação ao
de ar e a águas superficiais. A Fig. 3.18 ilustra a formação de urna pluma de
lti- contaminação.
1ue
)Il-
de =ábrica
rer
1te-
fiª Sol o nijo saturado
ase
i-
Zona
insaturada
Ê
N 0, 75
5
10
Fig. 3.20 Previsão de
distribuição de concentrações
a partir do vazamento de uma
o lagoa de contenção
o 25 50 75 100 125 150 Fonte: Allen, Purdue e Brown,
X(m) 1993.
91
3 Transporte de poluentes em solos
Aterros de resíduos sólidos:
4 conceitos básicos, critérios
de projeto, seleção de
locais, normalização e
\e~\s\ação
A União Europeia utiliza esses valores de 1995 como base para o compro-
misso de diminuir a geração de resíduos sólidos. As metas de redução para
RSU são: 75% até 2006, 50% até 2009 e 35% até 2016. A Alemanha, se-
gundo a "visão de 2020" apresentada ao público em 1999, planeja anular
a construção de aterros de resíduos sólidos a partir de 2020.
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) são considerados Classe IIA e estão dis-
postos em aterros sanitários. Resíduos industriais são geralmente deposi-
tados em aterros industriais, mas os de Classe IIA podem ser co-dispostos
94
G EOTECNIA A MBIENTAL
om os RSU. Os resíduos de saúde e de portos e aeroportos têm destinação
pecial.
4.2 PANORAMA
A geração diária de resíduos sólidos urbanos no Brasil é de 0,74 kg/dia
por habitante. Varia entre 0,47 e 0,70 kg/(hab.dia) nas cidades com até
200.000 habitantes, e entre 0,80 e 1,20 kg/(hab.dia) nas cidades com mais
de 200.000 habitantes (Ministério das Cidades, 2003).
@
100
VI
o
] 60 ~ 60
QJ ·a.
b.O 40 - + - - - - --+-< 'ü
~
f -- - - - - + - - - - - - - 1
·e 40
::::,
::::,
~ 20 ~ 20
QJ
o::
o o
Inadequada Controlada Adequada Inadequada Controlada Adequada
Princípios gerais
Um aterro de resíduos deve ser projetado e operado de forma a controlar
a emissão de contaminantes para o meio ambiente, com a finalidade de
reduzir a possibilidade de poluição das águas superficiais e subterrâneas,
do solo e do ar, e eliminar impactos adversos na cadeia alimentar.
A vegetação do local pode ser poluída por sucção pelas raízes, ou por
aderência às folhas de metais e outras substâncias tóxicas. Animais que
se alimentam da vegetação local podem sofrer elevação do teor de certas
substâncias nos tecidos e no sangue, com eventuais consequências de-
letérias à descendência e à cadeia alimentar. Os principais mecanismos
de migração de poluentes em um aterro de resíduos estão indicados
na Fig. 4.4.
99
4 Aterros de res íduos só lidos
Cobertura final
Cobertura intermediária
Drenagem de +-1:é,;;;;.=:==:::::::::::============:::::::.-
percolado
Solo compactado
Sistema de
Cobertura impermeabilização superior
intermediária 1
Drenagem de
percolado
Conceito de segurança
Um aterro de resíduos pode ser considerado uma estrutura para a qual
deve haver garantia de segurança em longo prazo baseada em projeto
geotécnico adequado. A segurança deve englobar os aspectos estrutural
e ambiental.
102
G EOTECNIA A MBIENTAL
í- Falhas podem ocorrer no projeto (erros na declividade para drenagem de
to percolado, na espessura ou na permeabilidade das camadas impermeáveis
a- e drenantes, na carga hidráulica de percolado), na construção (prepa-
o. ração inadequada da base, mau controle de qualidade dos materiais,
S- puncionamentos ou trincamento por secagem da camada impermeável,
0 ruptura das juntas ou dobras nos geossintéticos, defeitos de instalação dos
de sistemas de drenagem), na operação (danos na camada impermeável, ex-
el, pansão ou contração da camada impermeável causada pelo contato com
s o percolado, ruptura de drenas, entrada excessiva de águas pluviais) e no
s pós-fechamento (ruptura dos sistemas de impermeabilização e drenagem
a- por causa de recalques excessivos).
le
re As consequências das falhas dependerão principalmente do projeto, das
condições hidrogeológicas locais e das características dos resíduos. Muitas
falhas têm como consequência final o escape de percolado ou gás, que é,
na maioria dos casos, o evento mais preocupante.
m
3-0 A avaliação do impacto ambiental provocado pela migração de conta-
s minantes de um aterro de resíduos para o entorno engloba: a análise da
tie composição dos resíduos; a identificação dos produtos secundários de
e reação e decomposição; a determinação das características topográficas,
geológicas, geotécnicas e hidrológicas do local; a estimativa do transporte
e o destino dos constituintes dos resíduos e dos produtos secundários
móveis; a estimativa do impacto no meio ambiente e na saúde humana
se os componentes móveis atingirem receptores críticos; e a estimativa
do tipo e intensidade de exposição da cadeia alimentar, saúde humana e
ar meio ambiente.
106
G EOTECNIA A MBIENTAL
icamente aceitáveis. Porém, pelo contrário, grande parte dos aterros
nitários assim localizados causaram poluição do aquífero.
Dados necessários
Para o projeto de aterros de resíduos, são necessários dados relativos ao
local de disposição (topográficos, climáticos, geológicos e hidrogeoló-
gicos), aos resíduos (tipo, composição, comportamento, propriedades
físico-químicas, volume e velocidade de aplicação) e a outros materiais
que venham a ser empregados, como solos de empréstimo para compac-
tação de camadas impermeáveis e geossintéticos.
Métodos racionais
e A seleção de um local para a construção de um aterro de resíduos só-
lidos urbanos é um problema complexo que envolve aspectos múltiplos,
muitas vezes conflitantes. Por exemplo, a proximidade da fonte geradora
é desejável para minimizar custos de transporte; por outro lado, uma
maior distância das áreas urbanas é preferível por causa do aspecto sani-
tário, do impacto visual e dos odores, além da depreciação imobiliária do
entornd.
110
GEOTECNIA AMBIENTAL
m * a área de disposição é recoberta com um re-
ca vestimento inferior ou de base, composto por
10 camadas de drenagem e impermeabilização
o (Fig. 4.6);
e * a construção das camadas de RSU é feita
o pelo método de aterro em rampa (Fig. 4.7): o
lixo é descarregado de caminhões basculantes
no pé da rampa; o trator de esteiras empurra o
lixo de baixo para cima, subindo pelo talude
e compactando cada camada com três a cinco
passadas em toda a sua extensão;
Fig. 4.6 Construção do revestimento de fundo,
* o lixo depositado e compactado é coberto com camadas impermeabilizantes e drenantes
diariamente com uma camada de solo, inclu- Fonte: Monteiro et ai., 2006.
sive os taludes, em uma espessura aproximada
de 15 cm;
* o aterro é construído em células, com altura
geralmente entre 2 e 4 metros;
* as células são revestidas na base, topo e late-
rais por camadas de solo;
* há drenagem na base das células;
* para a sobreposição de uma célula, aguarda-
-se tempo suficiente para que se processe a
decomposição aeróbica do lixo;
* o topo do aterro recebe um sistema de im-
permeabilização superior ou cobertura final, Fig. 4.7 Aterro em rampa
composto por camadas de drenagem e imper-
meabilização;
* um sistema de drenagem superficial constituído de cana-
letas e escadas d'água é construído sobre a cobertura final e
no perímetro do aterro (Fig. 4.8);
* há drenos verticais para o escape dos gases gerados pela
decomposição anaeróbia do lixo (Fig. 4.9).
111
4 Aterros de resíduos sólidos
Além dessas operações fundamentais, procede-se à construção das es-
truturas de apoio: cerca de arame farpado ou tela para evitar entrada de
pessoal não autorizado, bem como para reter papéis, plásticos e outros
detritos carregados pelo vento; guaritas nos pontos de entrada e saída de
veículos; estradas de acesso e praças de descarga em boas condições de
trafegabilidade; instalações destinadas à administração e à fiscalização;
sistema de iluminação para o trabalho noturno; balança com capacidade
mínima de 30 toneladas; pátio para estocagem de materiais (brita, terra,
areia); eventualmente, a construção de dormitórios, almoxarifado, co-
zinha e instalações sanitárias.
de lixo
Lençol
freático impermeável
Fig. 4.10 Aterro
sanitário em
diversas fases e Camada Saída para estação
impermeável de tratamento
seus sistemas
Fonte: /PT, 2000.
112
G EOTECNIA A MBIENTAL
Fig. 4.11 Aterro sanitário
em implantação
Fonte: Felipetto, 2006.
114
G EOTECNIA AMBIENTAL
A Portaria nº 518 do Ministério da Saúde (2004) estabelece padrões de pota-
ilidade da água destinada ao consumo humano por meio de parâmetros
microbiológicos, físicos e organolépticos (detectados pelos sentidos) e
oncentrações de substâncias inorgânicas e orgânicas que afetam a saúde
u a qualidade organoléptica.
116
GEOTECNIA A MBIENTAL
removida nas emissões gasosas e pelos sistemas de coleta de percolado.
ara compensar as perdas de água e manter a atividade microbiana, pode
r necessário adicionar água do sistema de abastecimento, águas residuá-
·as, chorume ou outros líquidos.
- o
1m a4,5 m
o
15ma60m
o o
Fig. 4.16 Métodos de
aplicação de líquidos no
aterro biorreator
Fonte: Miura, 2005.
15 m
Resíduos Resíduos
Cobertura _,.___,,___., - -
o o
tTt tTt
o
rr., tTt o o Chorume
/
~
15 m
o o o o o o
Resíduos
15ma60m
1
4,5 m
3m
Fundo areia - - - - - ~ -
117
4 Aterros de resíduos sólid os
Quadro 4.1 EXPERIÊNCIAS COM ATERROS BIORREATORES
TÉCNICA VOLUME
LOCALIZAÇÃO DIMENSÃO CONCLUSÕESE RESULTADOS
UTI LIZADA REINJETADO
Lycoming 3 células: Recirculação 24.600 m 3 Aumento da velocidade de degradação e da
County, 13 ha e altura (1978-1984) (de 11/1979 a 1/1981) produção de metano (40% da capacidade
Pennsylvania, máxima de Aspersão e 49.200 m 3 nos três de CH 4 esgotada em quatro anos para a
EUA (1985) 21 m Trincheiras primeiros anos célula 1 e aumento de 100% em cinco anos
Trincheiras da produção da célula 2 -10.000m 3 /dia em
preenchidas 1983)
com material Recirculação por trincheiras e saturação
esmagado provocou fugas; reinjeção por poços foi a
Poços mais eficaz
Chorume estabilizou mais rapidamente
- --
CSD Seamer 2 células : 1 ha Recirculação 1980- 300 m 3 Redução rápida do teor orgânico do
Car, Reino e 4 m de altura por aspersão 1981 - 3.780 m 3 chorume com o aumento da umidade dos
Unido (1984) Densidade: (8/1980 a 1982 - 11.400 m 3 resíduos
0,80 a 12/1982) média de 530 m 3/mês Camada intermediária de argila ocasionou
0,99t/m 3 transbordamento; realização de furos na
superfície para melhorar infiltração
As quantidades residuais de DQO, azoto e
cloreto demandam um tratamento posterior
do chorume
Delaware 5 células: 3,6 a Recirculação Aspersão: Aceleração da taxa de biodegradação (re-
Solid Waste 8,9 ha (1983-1992) 0,38 m 3/min dução rápida da DQO, DBO e COT)
Authority, Aspersão Poços: 0,076 a Melhor qualidade do biogás (55% de CH 4 )
EUA (1993) Canalização 0,76 m 3/min Tratamento não caro do chorume (sistema
horizontal Total: 94.063 m 3 , de recirculação foi cerca de 10 vezes menos
Poços = 58,7% do chorume caro do que uma estação de tratamento)
produzido
-
CSD 3 células : Recirculação , Não disponíve l Redução em 50 % do tempo de estabili-
Bornhausen, 50 m 2 e 4 m camadas zação (230 dias para uma célula de 0,5 ha
Alemanha de altura finas fra- em vez de 460 dias)
(1989) 2 células : camente A recirculação de chorume "jovem " sobre
0,6 ha e 2 m compactadas célu las já estabilizadas reduziram de 90%
de altura permitindo a 99 % a taxa de DQO e DBO, demons-
aeração na- trando que a recirculação serve também
tural para tratamento de chorume
Aeração mais eficaz que recirculação
~
Yolo County, 2 células anae- Reinjeção Adição de água: 3.822 Diminuição da quantidade de metais e
EUA (2003) róbicas: 24,3 horizontal m3 substâncias orgânicas no chorume desde o
ha e 14,2 ha em toda a Recirculação de cho- começo da recirculação
1 célula aeró- altura (8/01 rume: 2.176,7 m 3 sobre A canalização horizontal sobre um leito de
bica: 12,1 ha a 12/02) e os anaeróbicos pneus esmagados é uma boa estratégia
adição com- para a reinjeção
plementar de Obstrução do tubo do sistema de reinjeção
água durante a recirculação
COT - Carbono orgânico total
Fonte: Miura, 2005.
118
GEOTECNIA A MBIENTAL
Projeto de aterros de
5 resíduos: revestimento de
fundo, cobertura, sistemas
de drenagem
5.1 MATERIAIS
Os solos são tradicionalmente os materiais mais utilizados nas obras civis
com finalidade de proteção ambiental, tanto em camadas de drenagem
como de impermeabilização. Os geossintéticos, contudo, vêm paulatina
mente substituindo os solos desde seu surgimento, na década de 1970, por
causa da homogeneidade, da boa caracterização das propriedades hidráu
licas e mecânicas, da facilidade de instalação, da variedade de funções e
crescente disponibilidade, principalmente quando faltam materiais natu
rais que atendam às especificações de projeto nas proximidades da obra.
Apesar do controle de qualidade na fabricação, o desempenho dos geos-
120
GEOTECNIA AMBIENTAL
Cobertura intermediária Cobertura ou revestimento superior
Drenagem de percolado
Fig. 5.2
Elementos de
contenção de
um aterro de
Revestimento de fundo ou de base resíduos
Solos
Os solos empregados nas camadas drenantes são areia, pedregulho, brita,
bica corrida (material britado sem separação granulométrica após a saída
do britador, com diâmetro entre O e 76 mm) e rachão (material britado
sem separação granulométrica após a saída do britador, com diâmetro
entre 20 e 76 mm).
Geossintéticos
Geossintético, segundo a NBR 12553 (ABNT, 2003), é a denominação ge-
nérica de produtos poliméricos (sintéticos ou naturais), industrializados,
desenvolvidos para utilização em obras geotécnicas, que desempenham
uma ou mais funções, entre as quais se destacam: reforço, filtração, dre-
nagem, proteção, separação, impermeabilização e controle de erosão
superficial. Em alguns casos, um geossintético pode ter múltiplas fun-
ções; por exemplo, uma camada de geocomposto para drenagem pode
também servir como proteção para a geomembrana subjacente.
Geotêxtil tecido X X X X
Geotêxtil não
X X X X X
tecido
Geomembrana X X
Geocomposto
X
argiloso
Geocomposto
X X X
para drenagem
Georredes X
Geogrelha X
Geocélu la X X X
Geomantas X
Fonte: modificado de Palmeira, 1998.
Fig. 5.3 Geotêxtil não tecido As propriedades dos geotêxteis dependem do polímero que os constitui e
Fonte: Nilex, 2007.
da estrutura determinada pelo método de fabricação.
122
G EOTECNIA A MBIENTAL
As geomembranas se caracterizam
por serem produtos flexíveis, contí-
nuos e impermeáveis, com espessuras
de 0,5 a 2,5 mm e coeficientes de per-
meabilidade entre 10-12 e 10-15 m/s.
As geomembranas de PEAD, bastante
resistentes a substâncias químicas
corrosivas como os hidrocarbonetos
cloradas, são as mais utilizadas em Fig. 5.4 Geotêxteis
aterros de resíduos. tecidos
Fonte: Palmeira, 1991 apud
Os geocompostos argilosos para barreira impermeável são membranas Silva, 2004.
constituídas por uma camada de bentonita entre dois geotêxteis (tecido
ou não tecido) ou uma camada de bentonita sob uma geomembrana,
como mostra a Fig. 5.5.
Bentonita + Adesivo
© Bentonita ligada aos geotêxteis inferior e @ Geomembrana e bentonita ligadas por adesivo
superior por grampeamento Fig. 5.5 Geocomposto argiloso
para barreira impermeável
1 1Bentonita Bentonita + Adesivo
1 1 1 1 (GCL)
Fonte: Daniel e Koerner, 1995.
123
5 Projeto de aterros de resíduos
Os geossintéticos são em sua maioria bidimensionais, fabricados em pai-
néis, lençóis ou panos de largura constante, e enrolados em bobinas.
No local de instalação, as bobinas são desenroladas sobre uma super-
fície devidamente preparada. Para cobrir a área necessária e formar uma
camada contínua, os painéis ou elementos são superpostos e emendados,
como mostra a Fig. 5.7.
Conceituação
O revestimento de fundo de aterros de resíduos tem como função re-
duzir o transporte de poluentes para a zona insaturada e/ou ao aquífero
subjacente até concentrações não prejudiciais à saúde humana e ao meio
ambiente. É compoito basicamente por camadas de impermeabilização
(liners), drenagem e tr nsição. A Fig. 5.8 apresenta um esquema ilustrativo
de um revestiment de fundo.
Para a impermeabilização, podem ser utilizadas camadas de solo com- Camada impermeável
de argila
pactado (compacted clay liner ou CCL), geossintéticos (geomembrana
- GM, ou geocomposto argiloso para barreira impermeável - GCL) ou,
mais usualmente, uma combinação destas. No exemplo apresentado, a
impermeabilização é obtida pela combinação da camada argilosa com a
geomembrana. Há uma tendência atualmente de substituir a camada de Fig. 5.8 Esquema ilustrativo do
solo pelo GCL quando faltam jazidas com características adequadas na revestimento de fundo
proximidade da obra.
Prescrições
Diferentes configurações de revestimento de fundo são exigidas pelas
normas técnicas e legislações de vários países. As Figs. 5.9 e 5.10 apre-
sentam revestimentos de fundo para aterros de, respectivamente, resíduos
perigosos e resíduos sólidos urbanos de diversos países.
r1~
revestimento de fundo para
aterros de resíduos perigosos,
segundo regulamenta ções de
diversos países
~0.5 m
~0 ,8 m
~. 03 m
~. 03 m
~0 ,6 m
~3 m
!· o;,
=== vi
Ê
o
~
~}
~,03 m
~.o3 m
~0.9 m
~
t
vi
~
126
G EOTECNIA A MBIENTAL
Europa
Áustria Bélgica
(ETC8) França
= 0 ,50 m
ô"
espmín
espmín = 0,45 m
espmín = 1,0 m espmín = 0 ,60 m espmín = 0 ,80 m
Kmáx = 10· 9 m/s Kmáx = 10·9 m/s Kmáx = 10·9 m/s Fig. 5.10 Sistemas de
revestimento de fundo para
aterros de RSU segundo
~ Resíduos ■ Geomembrana de PEAD D Terreno natural regulamentações de
127
5 Projeto de aterros de resíduos
Impermeabilização
Os sistemas de impermeabilização compostos são considerados a melhor
solução para proteção do subsolo e das águas subterrâneas, pois pro-
movem a:
*
Redução da condutividade hidráulica do sistema em vir-
tude da atenuação dos defeitos locais das geornernbranas e
camadas de solo, corno mostrado na Fig. 5.11.
128
G EOTECNIA A MBIENTAL
* os requisitos da barreira mineral são, em ;;:;
ordem de importância: condutividade hidráu- ~3 ~ - - ~ . ~ - - - - - -- -- - ~
~ o
lica baixa no campo, compatibilidade de longo o2 ~ - - - - - - - - - -- ---~
prazo com as substâncias químicas a serem ~
u'd ªT T
~ 1~ - - -+-- - - - --_-_-_-_-_+~---..:::-..:::-..:::-.:::~
contidas, capacidade alta de adsorção e coe-
~ >-------L-----·ES
-ficiente de difusão baixo; 6 o 1
~ 1 1
* os sistemas compostos que utilizam ge- !
.3
-1 + - - - - -f--'- - - - - - - - - - - 1
+...............
................ PAL ···· ············ ····· ··· ··· ······
omembranas proporcionam vantagens em -2 + - - - - - - - - - :- - - - -- - - 1
curto e em longo prazo, conforme já mencio- Argila Sistema composto
nado;
* as técnicas construtivas têm um papel fun-
Fig. 5.12 Concentrações de diclorometano em
lisímetros sob CCLs e revestimentos compostos
damental na eficiência final do sistema em de aterros nos EUA (ES - limite em vigor; PAL
- limite de intervenção)
termos de permeabilidade in situ.
Fonte: Edil e Benson, 2005 apud Shackelford,
2005.
Drenagem de percolado
O percolado gerado pelos resíduos depositados em um
aterro deve ser coletado e tratado, para evitar a contami-
nação do subsolo e águas subterrâneas por infiltração no terreno sob o
aterro, assim como de corpos d'água a jusante do aterro por escoamento
superficial. Ademais, a drenagem de percolado diminui as pressões neu-
tras na massa de resíduos, melhorando sua estabilidade geotécnica.
129
5 Projeto de ate rros de resíduos
Tubo de coleta Geotêxtil
de percolado (filtração/separação)
Fig. 5.14
Configuração da
camada drenante
(brita) no fundo
da célula: (a)
tapete; (b)
espinha de peixe
Fonte: Ferrari,
2005.
130
G EOTECNIA A MBIENTAL
mo mostra a Fig. 5.16. Os filtros são utilizados - Resíduos
obras geotécnicas onde há percolação para Camada superior de
o"nt\ff8Q?Y""... drenagem de percolado
;arantir a drenagem e evitar a ocorrência de ____ Geomembrana
....._~..i.;;,:;__l{Y~~-""'-1...M-_....
Argila compactada
·ping, carreamento de partículas de solo que Camada de detecção
de vazamentos
de criar cavidades e levar a obra à ruína. -----"'"""'l..,...,~-,,r,... Geomembrana
Argila compactada
131
5 Projeto de aterros de resíduos
.
1
O tratamento do percolado é atualmente um dos grandes problemas dos
operadores de aterros sanitários no Brasil, pois os métodos de tratamento
usuais não têm mostrado grande eficiência. Quando não é possível tratar
o chorume em estações de tratamento de esgoto convencionais próximas
ao aterro, é necessário transportá-lo para estações distantes ou implantar
Geotêxtil não tecido uma estação de tratamento no próprio aterro, elevando os custos de ope-
@
_(]_()_ [L ração. Portanto, minimizar a geração de percolado é um dos principais
aspectos operacionais de um aterro sanitário.
5.3 COBERTURA
Fig. 5.1 7 Mecanismos de O revestimento impermeável superior ou de cobertura de aterros de
colmatação de geotêxteis:
(a) formação de película; (b)
resíduos, executado sobre a última camada de resíduos disposta, tem
bloqueamento; (c) colmatação como funções principais: isolar os resíduos do meio ambiente ao redor,
física controlar a entrada ou saída de gases (por exemplo, saída de gases gerados
Fonte: Palmeira e Gardoni,
2000. pela decomposição de RSU ou entrada de oxigênio em resíduos sulfetados
de mineração) e limitar a infiltração de água na massa de resíduos para
diminuir a quantidade de percolado gerada.
+
+
3 :1
!
2%
i
2%
Fig. 5.18 Possíveis 3:1
configurações do sistema
de coleta de perco/ado
no fundo da célula
Fonte: modificado de
Daniel, 1993. O Poço de coleta/ poço de vis ita O Poço de visita • Tubulação de esgotamento
132
G EOTECNIA A MBI EN TAL
* camada de argila compactada com coeficiente de permea-
bilidade menor ou igual a 1 x 10-9 m/s;
* geomembrana com limitação de declividade transversal e
longitudinal após recalques;
* camada de proteção da geomembrana, de geotêxtil;
* camada drenante de águas pluviais, de material granular;
* camada de separação e filtração, de solo de granulometria
intermediária entre a de solo para cultivo e a da camada
drenante;
* camada de solo para cultivo. Camada de solo de cultivo
Camada de separação
A impermeabilização vem da combinação da camada argilosa com
------""'I eCamada
1--~--- filtração
de drenagem de
águas pluviais
a geomembrana. A camada drenante de águas pluviais tem a função .;;;.~.
1- aP...(vi.Camada de proteção (geotêxtil)
de reduzir a carga hidráulica sobre a barreira para evitar a infiltração, eomembrana
Camada impermeabilizante
diminuindo a geração de percolado e reduzindo pressões neutras na de argila
massa de resíduos. A camada drenante de gases evita a saída de gases
Camada de drenagem
formados na massa de resíduos para a atmosfera e direciona-os para o >------< de gases
Camada de regularização
sistema de coleta e tratamento de gases. Assim como no revestimento
de fundo, os materiais apresentados na Fig. 5.19 podem ser substitu- Resíduos
ídos por outros equivalentes.
I
"W<,\
l
-- Supêrfície
de ruptura
-
-
L,
1,0
0,1
o 2 4 6 8 10
Deformação angular (0°)
134
G EOTECNIA A MBIENTAL
as coberturas trincaram, em diversos climas, de áridos a úmidos; a per-
colação por camadas intactas, da ordem de 10 a 50 mm/ano em climas
úmidos e de 1 a 4 mm/ano em climas semi-áridos, aumenta para 100
a 150 mm/ano em climas úmidos e 30 mm/ano em climas semi-áridos
quando a camada de solo compactado trinca (ISSMGE, 2006).
300
cu250
e..
~
...
e,_
ô
200 ·5..200
cu (lJ
.:,
e..
~
... ....oe:
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"'
..e:
·o
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·ô 100 : 100 Grampeado
(lJ ·o
-e, e:
·~
•<lJ
o tí D
·.;;
e: (lJ
/Y.
~ 50 50
da espessura do geotêxtil.
135
5 Projeto de aterros de resíduos
compõe o GCL. Quando a geomembrana
é rugosa, o ângulo de atrito da interface
é maior para GCL composto de geotêxtil
não tecido. O ângulo de atrito da inter-
face é de qualquer maneira menor do que
o do próprio GCL, que no caso é um GCL
agulhado.
- Resíduos
Drenagem de gases
A camada de drenagem de gases é geralmente de areia, de cerca de 15 a
30 cm de espessura. Geotêxteis espessos, geomalhas e geocompostos para
drenagem também podem ser utilizados.
Os gases mais leves do que o ar, como o metano, fluem pela camada de
drenagem de gases até os drenos verticais e sobem por estes até a super-
fície. Os gases mais pesados do que o ar migram para o fundo das células
e são coletados junto com o percolado. A extração de gases também pode
ser forçada, com aplicação de vácuo.
M anta geotêxtil
141
5 Projeto de aterros de resíduos
Tab. 5.2 ALGUMAS PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE TRÊS SOLOS TROPICAIS DA
REGIÃO CENTRO-SUL DO BRASIL
ARGILA "ARENOSO FINO" SILTE SAPROLITICO
PROPRIEDADES
LATERÍTICA LATERÍTICO DE GNAISSE
% areia média (0,42 < <!> :s; 2,0 mm) 6 1 10
% areia fina (0,075 < q> :s; 0,42 mm) 21 45 30
% finos (<!> :s; 0,075 mm) 73 54 60
Limite de liquidez (%) 45 22 58
Classificação uses ML CL CH
V> \O
l 10-7 A permeabilidade do solo compactado, para uma dada
(lJ
-o
oj
\ energia de compactação, varia em função do teor de
;g
]5
oj
(lJ
E
oi 10-8
a.
(lJ
\\ umidade, conforme apresentado na Fig. 5.29: no ramo
seco, a permeabilidade diminui significativamente com
o aumento do teor de umidade até o teor de umidade
-o
ótimo, e praticamente não varia para teores de umi-
~
e
(lJ
'ü
~ 10-9
u
o
\o
.....
,~
\)
l'"'I
dade acima deste valor.
143
5 Projeto de aterros de resíduos
22
®
21
mE
--... 20 ~o,,.
z Cre ■ Loanda
~ 19
o sce/J ♦ Pequena Holanda
u
18 <"e o.: * Náutico natural
~ e li1
o
u /Jos "' Náutico 40 % passa na # 200
~
17
u o Náutico 60 % passa na # 200
QJ
16 1::,. Náutico 80 % passa na # 200
~
QJ
15 ~ , Ná,tirn 100% pa~, aa # 200
s:
QJ
o.. 14
13
12
5 10 15 20 25 30 35
Teor de umidade (%)
@
m
E
--...
z 18
~
o 17
u
~ 16
Fig. 5.31 Curvas de u
o
compactação de dois solos ~ 15
u
QJ
tropicais para diferentes o..
V, 14
QJ
energias de compactação: o
V,
13
QJ
(a) solo lateríticos (Bernucci, o.. 5 10 15 20 25 30 35 37
1995); (b) solos saprolíticos Teor de umidade (% )
(Godoy, 1992).
n-
1te
je
m
)S
'S,
o
Il
145
5 Projeto de aterros de resíduos
O coeficiente de permeabilidade dos solos geralmente diminui com o au-
mento da tensão confinante e do gradiente hidráulico. A norma ASTM
D5084-03 (2003) limita o gradiente hidráulico de laboratório para evitar
a subestimativa da permeabilidade de campo. Gradientes máximos são
recomendados para faixas de permeabilidade, conforme apresenta a
Tab. 5.3; para solos com coeficiente de permeabilidade menor ou igual a
10-9 m/s, o máximo gradiente recomendado é 30.
\.J 96-w---.+-
dos parâmetros de compactação, como exemplifica a Fig. 5.33. Outros
solos, contudo, apresentam variação pouco significativa do coeficiente
de permeabilidade em função do teor de umidade de compactação. A
-1 O 2 Tab. 5.4, mostra k (coeficiente de permeabilidade) ao longo de uma curva
Desvio de umidade em relação
à ótima lih (% l de compactação para três tensões confinantes, devendo-se lembrar que
para esse solo a variação do peso específico seco para a faixa de h (umi-
Fig. 5.33 Variação da
permeabilidade em função dos dade) estudada é muito pequena, como visto na Fig. 5.31b.
parâmetros de compactação para
um solo laterítico argiloso da Geotécnicos brasileiros obtiveram bons resultados na previsão da permea-
cidade de São Paulo
Fonte:Boscov, 2004.
bilidade de campo em barragens brasileiras, como mostra a Fig. 5.34,
graças a um profundo conhecimento dos materiais locais resultante de
146
G EOTECNIA AMBIENTAL
l- extensas campanhas laboratoriais, de rígido controle de compactação e
da prática acumulada em obras de barragens e rodovias em uma época de
r intensiva construção pesada no País.
)
Tab. 5.4 VARIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DE SOLO SILTOSO SAPROLÍTICO DE GNAISSE
l
DA CIDADE DE SÃO PAULO
l
TENSÃO CONFINAN TE DESVIO DE UMIDADE, COEFICIENTE DE
(kPa) w-wÓT (%) (ENERG IA NORMAL) PERM EABILIDADE, k (m/s)
50 -3 4,9 X 10-8
o 4 ,1 X 10- 8
+3 7,5 X 10-8
100 -3 4,5 X 10-8
o 2,5 X 10-8
+3 2,5 X 10-8
150 -3 2,7 X 10-8
o 2 ,1 X 10-s
+3 2,4 X 10-8
Fonte: Stuermer, 2006
1o--4
X Capivara (arenito)
>-L.. ,., .& Capivara (basalto)
/
◊ Ilha Solteira mín .
g_ 10-5 1/ D Ilha Solteira máx.
E
n;
u
~
,., * Tucuruí (arenoso)
T Nova Avanhandava mín.
/
O Nova Avanhandava máx.
♦ Porto Colômbia
1.,1
■ Salto Santiago
V t:,. Corumbá 1
(energia lab>>campo)
.,
1.,1
Os ensaios de campo mais utilizados para CCLs são o ensaio em cava tipo
Matsuo (ABGE, 1996), o mais utilizado no Brasil, o infiltrômetro de anel
duplo selado (ASTM, 2002) e o permeâmetro em furo de sondagem em
duas etapas (ASTM, 2006). Lisímetros de campo, sensores elétricos, ou até
nanoelementos podem ser boas soluções para a medição da permeabili-
dade in situ.
Solo
© Cilindro interno
Tensiômetro
Base
Piezômetro
que a infiltração ocorra unicamente pela base do furo, ou seja, em uma Vedação
Revestimento
situação com máximo efeito do fluxo vertical. A seguir o furo é estendido
abaixo da base do tubo de revestimento, ocorrendo também infiltração
pelas paredes do trecho de furo não revestido, ou seja, fluxo horizontal. D
Os coeficientes de permeabilidade horizontal e vertical podem ser calcu-
lados com base nos valores das permeabilidades obtidos nas duas etapas
do ensaio.
fico seco in situ pode ser determinado pelos métodos do funil de areia,
óleo, balança hidrostática, Hilf, MCV (moisture condition value), ensaios
de penetração e densímetro nuclear, entre outros. Alguns métodos para
determinar o teor de umidade in situ são: frigideira, álcool, speedy, forno Régua-
infravermelho, forno de microondas, resistividade, densímetro nuclear e Piezômetro
Geossintéticos
O controle de qualidade da instalação de geossintéticos tem evoluído
sensivelmente nos últimos anos. Há normalização internacional para ar-
mazenamento na indústria, transporte, recebimento, armazenamento na
obra, determinação de propriedades e instalação. No Brasil, muitos en-
saios de propriedades-índices e de desempenho têm sido normalizados
pela ABNT. Emendas, que eram uma importante causa de defeitos nas
geomembranas há dez anos, podem atualmente ser bem executadas e
testadas na hora. Há problemas de instalação e operação que persistem,
como furos associados a dobras e pregas, ancoragem, estabilidade dimen-
sional, resistência ao cisalhamento, entre outros, que são pesquisados e
debatidos no meio técnico. Alguns geossintéticos têm problemas especí-
ficos, por exemplo, a hidratação dos GCLs, que deve ser completa para
que apresentem a baixa permeabilidade esperada.
A Tab. 5.5 mostra que uma camada de solo compactado mal construída
permitiria a passagem de 1,12 t/m 2 .dia de líquido. Uma geomembrana
mal instalada, por sua vez, permitiria um fluxo de 9,35 t/m 2 .dia. O sis-
tema composto acarretaria uma notável redução do fluxo para 9,35 x
10-2 t/m 2 .dia.
151
5 Projeto de aterros de resíduos
Por outro lado, uma camada de solo compactado construída com
excelente qualidade apresentaria um fluxo ainda menor do que o sis-
tema composto de má qualidade construtiva; mesmo sendo o CCL
o único elemento impermeável, a vazão de escape seria igual a 1,12 x
10-2 e/m 2 .dia. O fluxo por uma geomembrana instalada com qualidade ex-
celente seria de 0,309 e/m 2 .dia, e por um sistema composto excelente, de
apenas 9,35 x 10·5 t/m 2 .dia! Fica patente a necessidade de construir com
qualidade, ou seja, de se proceder a um rígido controle da construção.
Identificação do rolo N
Gramatura A
Densidade N
Resistência à punção N
Resistência ao rasgo N
Danos de instalação A
Perfuração dinâmica e
Estabilidade em altas te mperaturas A
Coeficiente de expansão térmica A
Resistência química A
N - necessários em todas as situações, sempre exigidos no controle de recebimento
do material
A - necessários ao desenvolvimento do projeto, exigidos no controle dependendo das
especificações de projeto
C - resultados exigidos no controle em situações específicas
Fonte: Manassero e Spanna 1998; Bueno, 2003.
152
G EOTECNIA AMBIENTAL
rega o subsolo com aproximadamente 18 kPa) . Os maiores problemas em
relação ao GCL são a necessidade de hidratação completa para que atinja
a permeabilidade desejada, e a possibilidade de reações do percolado com
a bentonita, acarretando aumento da permeabilidade por floculação ou
abertura de trincas, entre outros. Devem-se considerar também as pos-
sibilidades de perda de bentonita durante a instalação, de ocorrência de
ressecamento se o GCL não for adequadamente recoberto e de elevação
do fluxo ao longo do tempo pela redução da espessura da bentonita sob
tensões de compressão.
Comentários finais
O valor máximo de permeabilidade de campo definido pela maioria das
legislações e normas para a camada de solo compactado é de 10·9 m/s. O
critério de projeto do valor máximo do coeficiente de permeabilidade,
contudo, não considera sua significativa variabilidade espacial em uma
camada de solo compactado. Um passo para a melhoria do projeto e cons-
trução de aterros sanitários seria uma especificação baseada em análise
estatística, relacionando o valor desejado a um intervalo de confiança;
para tal, seria necessário um controle baseado em ensaios rápidos e não
destrutivos. Outra possibilidade é especificar faixas de valores aceitáveis
para o coeficiente de permeabilidade, como é usual para os parâmetros
de compactação.
153
5 Projeto de aterros de resíduos
5.8 REVESTIMENTOS DE FUNDO ALTERNATIVOS
e
Barreiras reativas são aquelas às quais se adicionam materiais com a
finalidade de aumentar sua capacidade de atenuação. Corno a atenuação 1
compreende um conjunto de reações físicas, químicas e biológicas queres-
tringem a migração de poluentes, diferentes aditivos podem ser utilizados f
de acordo com o mecanismo de atenuação que se procura incentivar. Por
154
G EOTECNIA A MBIENTAL
- -emplo, para aumentar a adsorção de metais, podem ser adicionadas
_ ólitas, que apresentam uma elevada capacidade de troca catiônica. A
dição de cal virgem ou hidratada acarreta um aumento do pH do solo,
ropiciando a ocorrência de precipitação. A adsorção de compostos orgâ-
!icos apolares pode ser elevada pela adição de carbono orgânico na forma
e cinzas volantes com alto teor de carbono, tiras de pneus ou carvão
nanular ativado.
155
5 Projeto de aterros de resíduos
5.9 COBERTURAS ALTERNATIVAS
►
Evapotransp1ração
j
~
A,ma,ea.meato I
de umidade 1 ,..
Percolação Frente de Percolação
saturação
Saturação, S
o S; Direção dos esforços
Solo mais Fig. 5.39 Cobertura de
Gravi- Capilari - (1.)- barreira capilar: (a) seção
empo dade dade
Solo N 1l transversal; (b) frente
;g
maisfino ~-
- --
<'d
:g ~_J_-=:::::~~
t1
i ! :.õ
<'d
(1.)
E
Solo
mais fino
de saturação; (c) forças
atuantes; (d) re lações entre
Solo mais
grosso
e
:::J
'êe..
t2
! t õ:;
e..
permeabilidade e sucção
Fonte: Shackelfo rd e
Nelson, 1996.
Sucção,'P
157
5 Projeto de aterros de resíduos
O solo da camada inferior deve ser mais grosso do que o da camada su-
perior para que ocorra o efeito de barreira capilar; contudo, deve ser filtro
do outro, para evitar a ocorrência de piping.
(1)
(3)
Fe 3 + + 2H 2 0 ➔ FeO(OH)(s) + 3H + (4)
i-
0
159
5 Projeto de aterros de resíduos
6 Remediação
163
6 Remediação
A tendência mundial sugere a adoção de listas orientadoras com
valores de referência de qualidade, de alerta e de intervenção como uma
primeira etapa no diagnóstico de áreas suspeitas de contaminação, reme-
tendo à avaliação de risco, caso a caso, para as áreas comprovadamente
contaminadas. No Estado de São Paulo, a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental desenvolveu a lista de valores orientadores para
solos e águas subterrâneas (Cetesb, 2005) e de níveis aceitáveis de risco
(Cetesb, 1999), estabelecidos sempre que possível com base em dados
nacionais e em avaliação de risco à saúde humana. Consisideram-se as
seguintes vias de exposição: ingestão de água, solo e tubérculos, folhas
e frutos cultivados na área contaminada; inalação de vapores e material
particulado originado de um solo contaminado e contato dérmico com o
solo/poeira e com a água durante o banho.
.- -E Incineração
De st ruiçao / _ Dehalogenação
-E Aeróbica
f
Descontam1naçao Biorremediação Anaeróbica
- t, . Mista
Dessorçao erm1ca
-E
Separação/
Ex situ Reciclagem Lavag:m d~ S?lo
Extraçao qu1m1ca
Aeróbica
Destruição
-e
Biorremediação
-E Anaeróbica
Mista
f
Vitrificação
Fig. 6.1 Técnicas Extração a vácuo
de remediação
nos tratamentos
ln situ Separação
-E Extração em corrente
Lavagem de solo
166
do solo
contaminado
Imobil ização
-e Solidificação/estabilização
Vitrificação
G EOTECNIA A MBIENTAL
uma técnica, relacionados ao meio físico, ao desenvolvimento tecnológico
e à disponibilidade de recursos.
400
37,
302
300
200 185
168
138
11 ■ ■
-- -- - -
16 14 11 11 9
7 6 4 3
-
2 2 1 Fonte: Cetesb, 2007.
Encapsulamento geotécnico
O encapsulamento geotécnico consiste no confinamento de um local
contaminado por meio de barreiras de baixa permeabilidade, isolando-
-se a massa de resíduos ou de materiais contaminados dos seres vivos,
impedindo seu contato com águas superficiais, evitando a infilt ração e
a percolação de águas de chuva em seu interior, assim como o escape
de vapores para a atmosfera, e diminuindo o aporte de contaminantes
ao aquífero. O confinamento é obtido pela utilização conjunta de cober-
turas, barreiras verticais e horizontais de fundo, que envolvem todo o
material a ser isolado.
167
6 Remediação
É uma medida de remediação aceitável quando outras alternativas têm
custos proibitivos e/ou eficácia baixa, o que pode acontecer quando o
volume de solo a ser tratado é muito grande ou quando há diversos tipos
de contaminantes no solo, exigindo uma combinação de técnicas .
Coberturas
As coberturas são camadas de baixa permeabilidade que visam impedir a
entrada de águas de chuva no material confinado, o escape de gases para
a atmosfera, o acesso de seres vivos e o contato com águas superficiais.
Podem ser construídas com solos, misturas solo-aditivo e geossintéticos,
ou ainda com materiais alternativos. Barreiras capilares também podem
ser utilizadas quando se deseja evitar a migração ascendente de contami-
nantes por capilaridade. Dada a similaridade com as coberturas de aterros
de resíduos, consultar o Cap. 5 para mais informações.
Barreiras verticais
As barreiras verticais têm como objetivo evitar a contaminação das águas
subterrâneas, por meio do impedimento de fluxos horizontais de água
contaminada do material isolado para o solo adjacente. A barreira deve
fundamentalmente apresentar baixa permeabilidade para limitar o fluxo
de água contaminada; porém, outros mecanismos
Trincheira de transporte de poluentes devem ser adicional-
® de vedação
mente considerados: a difusão pode ocasionar fluxo
significativo de poluentes, mesmo sob percolação
desprezível, enquanto a adsorção pode retardar ou
atenuar a passagem dos poluentes.
7 Em geral, são construídas barreiras verticais em todo
fkl Trincheira Poços de
o perímetro da área contaminada (como ilustrado na
\g/ de vedação extração Fig. 6.3), usualmente engastadas em estratos natu-
rais de menor permeabilidade; isso não é necessário
quando os contaminantes estão localizados perto da
superfície do terreno. Podem também ser localizadas
em apenas parte do perímetro, a jusante da área con-
taminada, para melhorar a eficiência do sistema de
Fig. 6.3 Configuração típica de barreiras verticais para remoção de água subterrânea, ou a montante, para
remediação: (a) planta; (b) seção transversal evitar a entrada de água subterrânea limpa.
168
GEOTECNIA AMBIENTAL
.-\ permeabilidade da barreira deve ser significa- Preparo do material de aterro
e custos.
Tubulação de Armadura
® suprimento da lama "'- de reforço
r \.·, ,, ·,.
,. - ~
Muro guia
de concreto 1 1
- Tubulação
Trincheira
i com bentonita 11 1 l
Escavadeira ~ Lama bentonítica
169
6 Remediação
- ---- - ----- -- - - --
Barreira Equipamento
vertical de escavação Área contaminada
Barreira
horizontal
(superposição
de cilindros de
injeções de
cimento)
Fig. 6.8 Barreira horizontal construída por perfuração direcionada a
partir da superfície
Fig. 6.7 Barreira horizontal construída por inieções Fonte: adaptada de Assessment of Waste Barrier Containment
de cimento (jet grouting) System, 1997.
Fonte: Grassi, 2005.
170
GEOTECNIA AMBIENTAL
b Medidor
Medidor ~
isam de pressão
ento
Amostragens
solo
Vedação Ao painel
de controle
pro-
não
ram
. ..
"
. -'3
•"'
·g
adici onal
·o,
--
, ~
Cabo de força
Q
Controladores
ição o •
de nível (opcional)
. --== -? .
..
Fig. 6.9 Seção transversal típica
por
• +-
.
....◄ =
:;.""
~ .... 1
de um poço de bombeamento:
~
► (a) com bomba externa;
.
_..9=
~ (b) com bomba submersa
Bomba Fonte: modificado de Daniel,
1993.
a
volume retirado por um poço, da capacidade de armaze-
namento do aquífero. Esses dois parâmetros, essenciais
para o projeto do sistema, podem ser estimados por en-
l )~
_ > Limite da pluma
.- ·- ., .- · de contaminação
NA estático original
saios de bombeamento.
Aqü ífero não
contaminado
O ensaio de bombeamento objetiva determinar as pro-
priedades hidrogeológicas do aquífero: condutividade
hidráulica, transmissividade, coeficiente de armaze-
Fig. 6.1 O Sistema de
m namento e raio de influência do poço ensaiado. Esses bombeamento de águas
as parâmetros são essenciais para a elaboração de modelos numéricos de subterrâneas contaminadas
fluxo e transporte de contaminantes nas águas subterrâneas, que podem Fonte: modificado de Daniel,
10 1993.
n-
ser utilizados como ferramentas para o projeto de remediação. Durante
ie o ensaio de bombeamento, o nível d'água é acompanhado ao longo do
rebaixamento e da recuperação, tanto no poço de bombeamento como
em poços de observação localizados próximo a ele. O procedimento
n do ensaio de bombeamento está normalizado pela norma brasileira
le NBR 6.023 (ABNT, 2003).
Barreira hidráulica
A barreira hidráulica tem a finalidade de impedir o avanço da pluma de
contaminação e regredi-la quando próxima de rios ou nascentes (Fig. 6.11).
Consiste em bombear as águas subterrâneas contaminadas, direcioná-las
para uma estação de tratamento e depois descartá-las ou devolvê-las ao
aquífero por meio de injeção ou simples infiltração.
- NA
----------- ~----
~
Fluxo de água
Solo contaminado
1
Pluma de contam inante
173
6 Remediação
A técnica de perfuração direcionada a partir da superfície vem sendo
muito utilizada na última década para a instalação de cabos elétricos e
telefônicos. Em obras ambientais, é aplicada para a const rução de bar-
reiras hidráulicas e barreiras horizontais de fundo, para a drenagem
de antigos lixões onde há percolado armazenado no contato entre os
resíduos e o terreno, e para a injeção de ar e nutrientes com a finalidade
de acelerar a biorremediação. O furo para instalação de DHP é feito por
uma perfuratriz que, com o auxílio da injeção de polímeros estabiliza-
dores biodegradáveis, atravessa as camadas do subsolo predefinidas em
projeto, aflorando em um ponto também predefinido. O gel formado pela
reação dos polímeros injetados com água (cake) tem a função de impedir
o fechamento do furo e manter seu diâmetro constante, como a lama
bentonítica em paredes-diafragma. Para a instalação do tubo dreno no
furo, acopla-se o tubo na haste da perfuratriz no ponto de saída do furo,
e a perfuratriz percorre o caminho inverso ao da perfuração. A seguir,
executa-se a limpeza do furo e a completa retirada do gel da parede do
furo com jato de água de mangueira colocada dentro do tubo-dreno. A
Fig. 6.12 ilustra a instalação de um DHP, utilizando a tecnologia de perfu-
ração direcionada a partir da superfície.
Extração de vapores
A extração de vapores do solo é utilizada para retirar compostos orgânicos
voláteis (Volatile Organic Compound - VOC - Composto Orgânico Volátil)
da zona não saturada do subsolo. É indicada para poluentes originados
dos constituintes do petróleo e da manufatura de pesticidas, plásticos,
tintas, produtos farmacêuticos, solventes e têxteis.
Barreiras reativas
Nas barreiras reativas, o material reativo permeável é co-
locado dentro do aquífero de modo a ser atravessado pela
água contaminada, a qual se move por efeito do gradiente
natural. Os processos físicos, químicos ou biológicos que
ocorrem dentro da barreira levam à degradação, à imo-
bilização ou à adsorção do contaminante. O princípio Pluma
de funcionamento de uma barreira reativa é ilustrado na Fluxo -
Barreira reativa
Fig. 6.13. permanent~
Trata-se de um tratamento passivo in situ dos contaminantes, com um Fig. 6.13 Princípio
de funcionamento de
reator (a barreira reativa permeável) no caminho da pluma de contami-
uma barreira reativa
nação. Se a pluma for muito larga ou se estender em grandes profundidades, Fonte: Oi Molfetta e
podem ser utilizadas paredes verticais de baixa permeabilidade para dire- Sethi, 2003.
cionar o fluxo de água subterrânea (funnel and gate), permitindo que o
reator tenha menores dimensões, como ilustrado na Fig. 6.14.
Medidas em m
@Vista Parede confinante
43,0
Superfície
3,5
5,5
15 O
5,5
6
Parede confinante (funnel)
Uo.6
O ~ luxo de água subterrânea
®
•
Hidrogenólise P-eliminação
CI CI
PCE 'C=C/
C( 'CI
Tetracloroetileno
IrH-2e
H-C=C-Ci
~CI Cloroacetileno
CI CI
'C=C/
TCE
CI/ 'H
Tricloroeti leno
+C~/e
Ir H-2e H-C=C-H
~CI Acetileno
CI CI
c-DCE 'C=C/
H 'H
els= Dicloretileno
+<:~;2e
/ c!c
~~,s, ,2 Alcloro ~ alcan
X
('
H, /CI
vc H,,C=C,
H
Cloruna do vinil a
+<:~;2e
H, /H
H/C=C,
H
Etilino
Fig. 6.1 5 Declaração de solventes .,H-2e
e/orados: (a) ferro de valência nula;
(b) degradação de PCE e TCE HH
Fonte: Oi Molfetta e Sethi, 2003. H-C-C-H
1 1
176 HH
G EOTECNIA A MBIENTAL Etano
Os pontos principais no projeto de barreiras reativas são a estimativa da
taxa de degradação dos contaminantes; a seleção do material reativo; a
localização, a configuração e a permeabilidade do reator; a avaliação da
vida útil do reator e a espessura do reator em função das taxas de degra-
dação dos contaminantes e da velocidade de fluxo. Os dados necessários
para o projeto de barreiras reativas estão listados no Quadro 6.2.
ELEMENTO C ARACTERÍSTICAS
Biorremediação
Biorremediação é o processo de tratamento de solos e águas subterrâneas
contaminadas que utiliza microrganismos, como fungos e bactérias, para
degradar ou transformar substâncias perigosas em substâncias menos tó-
xicas ou não tóxicas.
177
6 Re mediação
Quadro 6.3 COMPARAÇÃO ENTRE A BARREIRA REATIVA E BOMBEAMENTO E TRATAMENTO
TÉCNICA VANTAGENS ÜESVANTAGEN S
178
GEOTECNIA AMBIENTAL
meio de reatores em batelada (slurry phase) ou em fase sólida (landfarming,
biopilhas e compostagem).
179
6 Remediação
Como exemplo de estudo para utilizar a atenuação natural monitorada
como alternativa de remediação, pode-se citar o caso da pluma de con-
taminação formada em Cape Cod, EUA, formada por mais de 60 anos de
descarte de águas residuárias de uma estação de tratamento de esgoto em
bacias de infiltração. A pluma apresentava mais de 6 km de comprimento
na direção longitudinal, com a presença de alguns compostos do esgoto
não removidos pelo tratamento, quando o descarte foi interrompido, em
1995. A questão frente à alternativa de remediação por atenuação natural
monitorada foi o tempo necessário para a recuperação do aquífero.
~
ii'j 1O
H
ui
o
-10 ' ' ' '
-200 O 200 400 600 -200 O 200 400 600 -200 O 200 400 600
Distância dos locais de infiltração das águas residuárias (m)
180
G EOTECNIA A MBIENTAL
inada ocorrerá entre 2021 e 2028, mais de 30 anos após a prática de
disposição de águas residuárias ter sido interrompida. Por outro lado, os
constituintes mais móveis, como o boro, foram carregados do 0,6 km
inicial da pluma em menos de oito anos pela água limpa do aquífero. A
biodegradação contínua de material orgânico retido no solo está mantendo
os níveis de oxigênio baixos e o pH elevado; em virtude dessas condições,
as concentrações de alguns poluentes, como o fósforo e o zinco, perma-
necerão elevadas por muitos anos. Os estudos indicam que ainda serão
necessárias pelo menos duas décadas para limpar totalmente o aquífero.
Hidrologia
Inundação intermitente Cobertura permanente
Tipo seco
ou permanente de água
Papel biogeoquímico
Fig. 6.17 Zona alagadiça em
Fontes, reservatórios ou Reservatórios
Fontes contexto regional
transformadores
Fonte: Dias e Boavida, 2001 .
181
6 Remediação
Indivíduos
Indivíduos
Atualmente há também zonas alagadiças criadas
vivos
de forma artificial, com fins ambientais, por
exemplo, para o tratamento de águas residuárias,
Vegetação chorume, drenagem ácida de mina e efluentes
emergent
Detritos
industriais, como ilustrado na Fig. 6.19. Uma
Água
aplicação mais recente é a atenuação de plumas
__._..L.-'IIJ_.....;.._~"'-"-,.i~~
. .,_ de contaminação em aquíferos rasos, para
Solos hídricos
remediação de água contaminada com hidrocarbo-
Subsolo
netos de petróleo e metais tóxicos, entre outros.
Os compostos podem ser mais densos do que a água, o que facilita sua
percolação em sentido descendente pelo aquífero, ou mais leves que a
água, tendendo a flutuar sobre o aquífero.
LNAL
Fase livre
N.A. N.A. / Fase residual
_y
~,
/ .. ----------=-=--
---- ~ \ ------------------------
-------------------------
-
Fluxo
- ~ -------------~
Fase dissolvida (pluma) -
Fluxo
Fase dissolvida
----\
:~~~-:~~----------------·
Aqüitardo
.--- Fase livre
As técnicas de remediação para a retirada da fase livre são: poços com es-
cumadeira (skimmer) (Fig. 6.21), trincheiras drenantes com escumadeira
(Fig. 6.22), barreira vertical associada a poços com escumadeira, bombea-
mento de água subterrânea e aplicação de vácuo.
183
6 Remed iação
Sistema de esteira Escumadeira é um recipiente dentro do poço ou trincheira
que captura o contaminante em fase livre da superfície
da água, à semelhança da escumadeira para retirada de
filmes ou impurezas da superfície de líquidos.
-"- - ~
solo contaminado, devolvendo-o a seguir à área remediada
ou dispondo-o em outro local.
o
o
7o
Saturado
º~º
o o
o
184
G EOTECNIA A MBIENTAL
Barragens
7 de rejeitas
10 m
186
G EOTECNIA A MBIENTAL
A seleção de locais é de fundamental importância no custo e na segurança
da barragem de rejeitas. Como envolve um grande número de fatores,
alguns deles conflitantes, tem-se procurado utilizar métodos racionais
para a escolha entre as alternativas.
7.1 TIPOS
Materiais de construção
As barragens de rejeitas podem ser construídas com materiais de emprés-
timo ou com resíduos das atividades mineradoras. Levanta-se inicial-
mente um dique de partida com solo de empréstimo. Os estágios poste-
riores (alteamentos) podem ser construídos com material de empréstimo,
com estéreis, por deposição hidráulica de rejeitas ou por ciclonagem dos
mesmos rejeitas.
Núcleo
En rocamento (Riprap ) impermeável Filtro
.....
N.A. 1
Dreno
Água represada
Rejeitas
Fig. 7 .3 Barragem de reieitos
construída como uma barragem
zoneada tradicional
Represamento
A configuração do represamento depende da topografia local. Os tipos
mais comuns de represamento são: anel, bacia, meia encosta e vale.
/
" O represamento em anel é apropriado para terrenos planos, onde faltam
/
" depressões topográficas naturais. Requer grande volume de aterro em
relação ao volume represado. Como o perímetro do reservatório é fe-
f'\ /
chado, eliminam-se as contribuições externas, da bacia hidrográfica,
□□
acumulando-se apenas a água da polpa lançada na barragem. Na Fig. 7.4,
apresenta-se um esquema ilustrativo de represamento em anel.
□□
O represamento em bacia não difere no arranjo espacial das barragens
convencionais para represamento de água; os rejeitos são confinados
por uma barragem perpendicular ao fluxo da bacia, localizada em uma
1/ depressão topográfica, conforme mostrado na Fig. 7.5. Para impedir a en-
" trada de água da bacia no reservatório e assim garantir a estabilidade
Fig. 7.4 Represamento em anel:
(a) simples; (b) múltiplos
estrutural da barragem, constroem-se obras adicionais de drenagem a
Fonte: Vick, 1983. montante.
189
7 Barragens de rejeitos
Aterro hidráulico
As barragens construídas com rejeitos se comportam corno aterros hidráu-
licos, ou seja, aterros construídos por transporte e deposição de solo em
meio aquoso. O desenvolvimento da tecnologia do aterro hidráulico foi
impulsionado pelo grande número de barragens construídas na Rússia
e nas demais repúblicas da ex-União Soviética, na segunda metade do
século XX.
191
7 Barragens de rejeitos
Método de montante
Inicialmente é construído o dique de partida e, nos alteamentos sub-
sequentes, o eixo da barragem se desloca para montante, conforme
esquematizado na Fig. 7.9.
Areias
Lama Dique de partida
(material de empréstimo)
Método de jusante
É assim chamado porque, nos alteamentos, o eixo da barragem se des-
loca para jusante. Nesse método, os rejeitas são ciclonados e o fluxo do
192
G EOTECNIA A MBIENTAL
@
Reservatório Linha freática
Diques de material
ligeiramente compactado
(6)
Reservatório
Dique de partida
(material de empréstimo)
193
7 Barragens de rejeitos
O método é eficiente para o controle da linha freática, pois prevê a
construção de um sistema contínuo de drenagem. Possibilita também a
compactação de todo o corpo da barragem. Proporciona maior segurança
graças aos alteamentos controlados, isto é, com disposição da fração grossa
dos rejeitos a jusante, compactação e sistema de drenagem. Com isso, as
probabilidades de piping e de liquefação são muito menores.
Rejeitas ciclonados
Rejeitas
, . , ...
.,.. ..'
li "· . . . ..
com enrocamento
Fonte: adaptado de Nieble, Dreno
1986. Dique de partida
Rejeitas ciclonados
Fig. 7.14 Comparação de volumes para vários tipos de barragem: (a) método de montante; (b) método de iusante;
(c) método da linha de centro
Fonte: adaptado de Vick, 1983.
O Quadro 7.3 apresenta uma descrição sucinta dos três métodos cons-
trutivos, destacando algumas de suas vantagens e desvantagens.
196
G EOTECNIA A MBIENTAL
Deposição em cavas de mineração subterrâneas
A disposição dos rejeitas nas cavas de mineração subterrâneas tem geral-
mente o objetivo de proporcionar uma plataforma de trabalho para as
atividades de extração de minério ou de apoio às paredes das escavações
subterrâneas.
Impermeabilização ··
-------
1
197
7 Barragens de rejeitos
conformada em pilhas em locais adequados. Para garantir a estabilidade
de longo prazo da pilha, os rejeitos devem ser misturados com material
de empréstimo para melhoria da resistência, ou serem submetidos a uma
separação prévia da fração argilosa.
Quadro 7.4 C RITÉ RIOS E INDICADORES PARA A SELEÇÃO DE LOCAL PARA DISPOSIÇÃO DE
RESÍDUOS
A SPECTOS FATORES
Formas de relevo
Decl ividade
Relevo e topografia Dinâmica da superfície (erosão, movimentos de massa, subsidências etc.)
Topografia
Zonas alagadiças
Represamento em anel
Represamento em baci a
Represamento a meia encosta
Arranjo da barragem Represamento em vale
Deposição em cava a céu aberto ou subterrânea
Opções especiais, ist o é, deposição su bmarina
198
G EOTECNIA A MBIENTAL
Quadro 7.5 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DA MINERAÇÃO NO BRASIL
SUBSTÂNCIA
ESTADO PRINCIPAIS PROBLEMAS AçôES PREVENTIVAS E/ou CORRETIVAS
MINERAL
Antigas barragens de contenção, poluição Cadastramento das principais barragens de
de águas superficiais decantação em atividade ou abandonadas;
Ferro MG caracterização das barragens quanto à
estabilidade; preparação de estudos para
estabilização
Utilização de mercúrio na concentração Divulgação de técnicas menos impactantes;
do ouro de forma inadequada; aumento monitoramento de rios onde houve maior
PA
da turbidez, principalmente na região de uso de mercúrio
Tapajós
Ouro
Rejeitas ricos em arsênio; aumento da Mapeamento e contenção dos rejeitas
MG
turbidez abandonados
Emissão de mercúrio na queima de amál- Divulgação de técnicas menos impactantes
MT
gama
Chumbo, Rejeites ricos em arsênio. Mapeamento e contenção dos rejeites
SP
Zinco e Prata abandonados
Rejeites ricos em arsênio Mapeamento e contenção dos rejeites
Chumbo BA
abandonados
Barragem de contenção de rejeitas de Realização das obras sugeridas no estudo
Zinco RJ antiga metalúrgica em péssimo estado de contratado pelo governo do Estado do Rio
conservação de Janeiro
Contaminação das águas superficiais e Atendimento às sugestões contidas no
Carvão se subterrâneas pela drenagem ácida prove- Projeto Conceituai para a Recuperação da
niente de antigos depósitos de rejeitas Bacia Carbonífera Sul-catarinense
Produção de areia em ltaguaí/Seropé- Disciplinamento da atividade; estudos de
dica: contaminação do nível freático, uso alternativas de abastecimento
RJ
futuro da terra comprometido por causa da
criação desordenada de áreas alagadas
Produção de areia no Vale do Paraíba Disciplinamento da atividade; estudos de al-
acarretando a destruição da mata ciliar, ternativas de abastecimento e de transporte
Agregados
SP turbidez, conflitos nos usos do solo,
para cons-
acidentes nas rodovias causados pelo
trução civil
transporte de areia
Produção de brita nas regiões metropo- Aplicação de técnicas menos
litanas do Rio de Janeiro e São Paulo, impactantes; estudos de alternativas de
RJ e SP acarretando: vibração, ruído, emissão de abastecimento
particulados, transporte, conflitos nos
usos do solo
Mineração em áreas de cavernas com im- Melhor disciplinamento da atividade pela
MGe pactos no patrimônio espeleológico revisão da Resolução Conama nº5 de
Calcário
SP 6/8/1987 (proteção ao patrimônio espele-
ológico)
Desmatamento da região do Araripe em Utilização de outros tipos de combustível e
Gipsita PE razão da utilização de lenha nos fornos de incentivo ao reflorestamento com espécies
queima da gipsita nativas
RO e Destruição de florestas e leitos de rios Racionalização da atividade para minimizar
Cassiterita
AM os impactos
Fonte: Faria, 2002.
200
GEOTECNIA AMBIENTAL
do ferro, por exemplo, cuja massa específica de 7,8 g/cm 3 é significati-
vamente superior à da maioria dos minerais (da ordem de 2,7 g/cm3). Já
em outros casos, utilizam-se processos químicos, colocando-se o minério
em contato com soluções que dissolvam o mineral de interesse. Alguns
desses compostos químicos são potencialmente poluentes, por exemplo,
o cianeto utilizado no beneficiamento do ouro.
3
Fe 7 S8 (s)+-0 2 +H 2 0 ➔ 7Fe 2 + +BSOJ- +2H+ (2)
2
A seguir, o cátion Fe 2+ é oxidado para Fe 3+, segundo a equação (3). A oxi-
dação do ferro depende do pH do meio, sendo que, para valores mais
baixos, ocorre mais lentamente. Essa reação é considerada a que deter-
mina a velocidade de toda a sequência de reações.
201
7 Barragens de rejeitos
4Fe 2+ + 0 2 + 4H + ➔ 4Fe 3 + + 2H 20 (3)
(4)
A pirita pode também ser oxidada pelo íon férrico (Fe 3+) em solução se-
gundo a equação (5); ou seja, o íon férrico pode agir como um catalisador,
gerando quantidades muito maiores de íon ferroso, sulfato e acidez.
(6)
Conceitos gerais
A barragem de rejeitos é projetada conceitualmente da mesma forma que
uma barragem de terra convencional, englobando a capacidade de carga
da fundação, a estabilidade dos taludes, as perdas de água pela fundação
e pelo maciço, os elementos de drenagem interna e superficial, a proteção
dos taludes contra a erosão e a instrumentação. O reservatório é proje-
tado, a exemplo dos aterros de resíduos, com tratamento da fundação,
revestimento impermeável de fundo, sistema de coleta e tratamento e/ou
reutilização de percolados, disposição controlada dos rejeitas, proteção
contra escape de material particulado, entre outros.
202
G EOTECNIA A MBIENTAL
ig. 7.16 apresenta o balanço hídrico do sistema, que inclui a água da
lpa, o escoamento superficial, a precipitação, a infiltração a partir do
o, a evaporação, a água liberada dos rejeitas durante o adensamento
coletada pelos drenos, a água utilizada no processo produtivo, a infi.1-
~ ção no subsolo e a percolação através da barragem.
Precipitação
Recuperação
Lama de
l l
Água
Trincheira coletora
Infiltração e percolação no
subsolo e água subterrânea
1 Fig. 7.1 6 Balanço hídrico em
uma barragem de reieitos
Vida útil
A previsão da vida útil da barragem de rejeitas, assim como o planejamento
dos alteamentos, baseiam-se no plano de lavra e no sistema de beneficia-
mento, bem como no comportamento geomecânico dos rejeitas.
203
7 Barragens de rejeitos
rejeitos, por exemplo, com a minimização da área utilizada: uma lavra
em faixas permite o lançamento dos rejeitos nas áreas anteriormente
lavradas, sem requisitar áreas virgens para a deposição dos rejeitos
(Mello, 1992).
ê
\ ' . . .... .
~
1 ano,,- l
2 ano, ,,,
'-l . 1
~
204
GEOTECNIA AMBIENTAL
Modos de ruptura
As barragens de rejeitos são estruturas que podem crescer ao longo de
20 anos ou mais até atingir sua capacidade final. Durante esse período,
podem ocorrer situações com potencial de ruptura com consequentes
impactos ambientais e perdas econômicas. É imperativo o controle de
construção associado a um monitoramento constante ao longo de toda a
vida útil da barragem para garantir segurança estrutural e ambiental. O
monitoramento das barragens de rejeitos deve começar no início da cons-
trução, estender-se por toda a vida útil e continuar durante um período
após sua desativação.
@ (Q)
Condição de
N.A. N.A. reservatório cheio
.....
N.A.
Condição de
reservatório baixo
© Fundação
N.A. impermeável
Fig. 7.19 Fatores que influenciam a localização da
superfície freática : (a) efeito da localização da lagoa;
1
(b) efeito da segregação na formação da praia e da variação
da permeabilidade lateral; (c) efeito da permeabilidade da
fundação
Fonte: Mel/o, 2006.
205
7 Barragens de rejeitos
Os principais modos de ruptura de uma barragem de rejeitos são:
*
capacidade de suporte da fundação insuficiente: quando
o solo ou rocha subjacente não tem resistência suficiente, a
ruptura ocorre em um plano sob a barragem, como mostrado
na Fig. 7.20;
*
elevação excessiva do nível d'água: pode ocorrer em vir-
tude de precipitação intensa, com consequente aumento da
umidade do material no reservatório, ou por causa do geren-
ciamento inadequado do ciclone;
*
galgamento: o nível d'água ultrapassa a crista da barragem,
erodindo a crista e o talude de jusante;
*
piping: a ocorrência de erosão interna tubular no corpo da
barragem geralmente a leva à ruptura geral;
d
d
60 m
d
Deslocamento máximo
1--- ---+
Antes
4m
(
A' 60 m A
Rejeitos
piroclásticos
206
G EOTECNIA A MBIENTAL
* velocidade de construção muito elevada: a construção mais
rápida do que a projetada pode acarretar o aumento excessivo
de pressões neutras no corpo da barragem;
* uso de máquinas pesadas acima da pilha e perto de sua
borda: a vibração de máquinas pesadas também pode causar
liquefação em materiais granulares fofos e saturados;
* escavações no pé do talude; e
* liquefação durante sismo: pode ocorrer na fundação de
barragens alteadas para montante ou no próprio corpo da
barragem construída com rejeitos, por causa da conjunção de
material granular muito poroso e saturado com vibrações in-
tensas que não permitem drenagem.
207
7 Barragens de rejeitas
1nvestigação e
8 monitoramento
geoambiental
Ensaios geotécnicos
Os ensaios geotécnicos para prospecção do subsolo são apresentados nos
livros Curso básico de mecânica dos solos, de Carlos Sousa Pinto, e Obras
de terra: curso básico de geotecnia, de Faiçal Massad, e detalhados no livro
Investigação in situ, de Fernando Schnaid.
Métodos geofísicos
Os métodos geofísicos são utilizados para o mapeamento e o monitora-
mento de plumas de contaminação, caracterização de feições geológicas
e hidrogeológicas dos locais investigados e detecção de estruturas enter-
radas, como tanques e tambores. Esses métodos baseiam-se no contraste
entre propriedades físicas dos diferentes materiais que compõem o
subsolo, tais como a condutividade elétrica, o magnetismo e a densidade.
Geofone Sinal de
rádio Detonador
Camada alterada
Arenito
Argilito
211
8 Investigação e monitoramento geoambiental
interpretação possibilita a caracterização de camadas de diferentes mate-
riais no subsolo. As ondas podem ser geradas na superfície do terreno ou
dentro de furos de sondagem.
Suscetibilidade a Rede elétrica Rede elétrica Mau contato dos ele- Linhas de alta tensão
interferências Objetos metálicos Objetos metálicos trodos com o solo Qualquer objeto
próximos próximos Outras correntes elé- metálico próximo
tricas no solo
Características Método de maior Detecção de Determinação da Detecção e quanti-
mais destacadas definição contaminantes dis- resistividade em pro- ficação de objetos
Detecção de seminados no solo fundidade metálicos
qualquer tipo de Determinação Grande profundidade
material enterrado rápida de variações de investigação
laterais
Fonte: Cetesb, 1999.
212
GEOTECNIA AMBIENTAL
madas de solos e rochas que compõem o subsolo, e um ensaio geo- @ Cravação a
2 cm/sec
etrico de condutividade elétrica para investigar a salinidade da água
bterrânea. 1 Hasteamento
Isolante
Piezocone de resistividade (RCPTU)
E
É um piezocone padrão acrescido de um módulo que permite medir E Dispositivo
~I para medida
antinuamente a resistência a um fluxo de corrente elétrica aplicada ao ~ da resistividade
215
8 Investigação e monitoramento geoambiental
(m)
895
890
ro
885 ..e
:::,
a.
880 E
ro
e..
875 ro
:::,
a::
PZV1 1B
868
860 PZV11A
MRS - Medidor de recalque superficial Revestimento de fundo
PZV - Piezômetro
Recompactar
o solo
50cm
217
8 Investigação e monitoramento geoambiental
mentos totais medidos nesses dois dias, respectivamente -25,330 cm e
-25,260 cm, dividida pelos sete dias decorridos entre as duas leituras.
Berma
Berma
Deslocamento horizontal : H atual
Deslocamento resultante
Fig. 8.6 Deslocamento de
um marco superficial
-20
-...1.1
" ....
~
...
- •1
••- 1 1
(a) recalque específico; (b)
velocidade de recalque
Fonte: Boscov e Abreu, 2000.
*
UJ
C<'.
-30
----- -r---a
t
- r----.
-40
-50
-60
o 5 10 Anos 15 20 25
@ 20
'@' 10
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9
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-20
o 5 10 Anos 15 20 25
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~
j •• -
j
-
•
-- -
-
n
~
~
•I
•• -·-·
•
~
♦
Fig. 8.8 Envoltória de valores
médios para velocidade de
deslocamento horizontal
Fonte: Boscov e Abreu, 2000.
ô -40
>
-50
-60
o 5 10 15 20 25
Anos
219
8 Investigação e monitoramento geoambiental
Tab. 8.3 VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS DO HISTÓRICO DE DADOS DO ATERRO SAN ITÁRIO
BANDEIRANTES
220
G EOTECNIA A MBIENTAL
o o,50
5 o,40
Deslocamento ve1ical parfial
--,30
1
o 1 1
- -5
Nível de alerta 2 1 1
o,20 ~
ª -1 0
~ -15
... . /~ 1/ \ ./ i'-._ -
1 1
Velo ida fo vertical
......
1
"O
o -20
7'
-0 ,10 g
Deslocamento vertica total oi
Q -25 -0 ,20>
-30 -0,30
-35 -0,40
-40 -0,50
Fig. 8.9 Deslocamentos
o"' "'
o m "'o "'o o"' "'o "'o "'o o"' "'o o"' "'o "' ~"' "'o "'o "'o "'o o"' "'o o"' "'o "'o "'o "'o "'o "'o
~ verticais de um marco
--- ---mm ---m ---st st---m ~ str----- --- "'--- ---"' ~ ~ \D --- ---t:: ---mr-- r--o--- r--r----- co--- o---co ---r--co co---st ---co
---"'"' ;;- \D
\D
--- ---
m m --- ---
--- °'--- ---~ --- o---m ---\D --- ---o --- ---"'st --- ---~ --- "' --- °'--- \D --- --- --- ---m --- --- --- ---m
N
~
N N ~ N N ~ N ~ co ~ N N ~ N N ~ ~ N
~
superficial
Data Fonte: Grassi, 2005.
Para utilizar critérios como os das Tabs 8.2 e 8.3 em outros aterros
sanitários, deve-se lembrar que a cada aterro sanitário correspondem ca-
racterísticas próprias para o desenvolvimento de recalques, deslocamentos
horizontais e respectivas velocidades. Fatores de grande influência são a
geometria do aterro, a composição dos resíduos, o clima e os sistemas de
drenagem implementados.
221
8 Investigação e monitoramento geoambiental
Unidade
de leitura
Ângulo de
inclinação , 9
j_
Tubo de
incli nômetro
1m
Bentonita
30cm
Pedra
30 cm
porosa
30 cm Filtro
15 cm
subterrâneo. A leitura do nível d'água dentro do tubo é feita por sua ex-
tremidade superior.
223
8 Investigação e monitoramento geoambiental
se localizam medidores de nível d'água e piezômetros são fechados para
proteger contra as intempéries e o vandalismo.
224
G EOTECNIA A MBIENTAL
tema de drenagem de percolado na estabilidade da massa de resíduos.
O monitoramento do sistema de drenagem geralmente é feito indire-
tamente, pela análise das pressões neutras de percolado na massa de
resíduos e da vazão de percolado. Esta, por sua vez, é geralmente medida
apenas no ponto de descarga do tubo coletor no reservatório de percolado,
fornecendo informações sobre o sistema de drenagem de percolado todo.
Na Alemanha, a regulamentação exige a distribuição de tubos coletores
com comprimento máximo de 400 m e espaçamento máximo entre tubos
de 30 m no revestimento de fundo; portanto, a medida de vazão de cada
tubo coletor refere-se a uma área de 12.000 m 2, o que, dependendo da
altura do aterro, pode representar um grande volume de resíduos.
0 ®
i 3.500
Com superfície selada em superfíci
20-r------..--.~-~ ~ selada
13.000
18 + - - -------+-i-1Ht--+
16+------+-<--+I+--+
8 2 .500 +----+--+-1.....-.------,.---.--...,_.---.--+
"'
14 + - - - - - -+-<H-+t---+ "'
,o
:;l 2.000 t ---t--Ht--1"---t-+--+-t---t--M'l'~-t1,----
Ê 12 +--- -- - -+-1-f----+ >
E ~
~ 10 + - - - - - - -+-ll-'+tllf--1--t+----t---tl-+---t---+---l ~ 1.500
,g 8 +--- + - -- -+-t+-+tlt+-+---+t--f--lL+t-f------t---t ~
~ 6 +---.-fN..._- - - + - - !++llllr,--l---f+--f¾-f'W-+--+---+--+
:i 1.000-r-----r-t-t,r-, o -e,
§ 6,72 m'!d o
4 +-IIIIF--Hllf-1-----+--!---IIH+.--+-++---+l-l-lf-HM-M:--r--+-+--+ ~
"'
e.,,
500 +---<-+-+-<---t--+---+-,f-+--+H--+1--- oE ""
2 +_:__:_____!~U WPH~___:!...__!WtllW-f--l.--+-11-=-1'!11..-,_:-il-i~ E
::,
QJ
e,::
o + - - - -- -- + - - - ' - - - - - f - - - - - ' -- " - - - - - - ' - - ' ~ o ~ - - + - - - - + - - + - - - + - - - - - + - - - + - ' -- -
11 / 00 11/01 11 /02 11/03 o 100 200 300 400 500 600 700 800
Data Tempo (dias)
Fig. 8.14 Medição contínua em tubo coletor de perco/ado: (a) vazões; (b) valores das vazões acumuladas
Fonte: Munnich e Bauer, 2006.
225
8 Investigação e monitoramento geoambiental
Outras medições
Outras medições no monitoramento geotécnico de aterros sanitários,
menos usuais, são:
* tensões totais com células de carga para estimar a densi-
dade dos resíduos;
* prova de carga para determinar parâmetros de resistência
e deformabilidade;
* permeabilidade do revestimento de base, cobertura e resí-
duos com o permeâmetro Guelph (Fig. 8.15a);
* permeabilidade dos resíduos por meio de ensaio de perda
de água em furo de sondagem;
* permeabilidade dos resíduos com o percâmetro
(Figs. 8.15b, c);
* sondagem a percussão (Standard Penetration Test - SPT);
* ensaio de penetração de cone (Cone Penetration Test - CPT).
Fig. 8 .1 5 Ensaios de
permeabilidade:
(a) permeâmetro Ghelph;
(b) e (e) percâmetro instalado
no campo
Fontes: Carvalho, 2006; Mahler
e Carvalho, 2004.
226
G EOTECN IA A MBIENTAL
Fig. 8.16 Coleta de
amostras: (a) curso
d'água; (b) reservatório
de perco/ado
Fonte: Monteiro, 2006.
Poço de montante
----+
J. _._. _._·ô . _ . -~1~9- . _ . _ . _t
subterrâneo
----+
227
8 Investigação e monitoramento geoambiental
O plano de monitoramento compreende estabelecer
Tubo de aço
o número e a localização dos poços de monitora-
Tubo PVC rígido
mento em função das características hidrogeológicas
Laje de proteção sanitária
do local e do tamanho do aterro, selecionar os
parâmetros a serem monitorados, especificar os pro-
cedimentos para coleta e preservação das amostras,
Preenchimento (material
E
u avaliar os valores naturais dos parâmetros (brancos
impermeável, argila, solo
o
lC'I da escavação)
ou background) e indicar a frequência de amostragem.
228
G EOTECNIA A MBIENTAL
Tab. 8.4 VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ESTABELECIDOS PARA O ESTADO DE
SÃO PAULO
Inorgânicos
Alumínio 7429-90-5 - - - - - 200
Antimônio 7440-36-0 < 0,5 2 5 10 25 5
Arsênio 7440-38-2 3,5 15 35 55 150 10
Bário 7440-39-3 75 150 300 500 750 700
Boro 7440-42-8 - - - - - 500
Cádmio 7440-48-4 <0,5 1,3 3 8 20 5
Chumbo 7440-43-9 17 72 180 300 900 10
Cobalto 7439-92-1 13 25 35 65 90 5
Cobre 7440-50-8 35 60 200 400 600 2.000
Cromo 7440-47-3 40 75 150 300 400 50
Ferro 7439-89-6 - - - - - 300
Manganês 7439-96-5 - - - - - 400
Mercúrio 7439-97-6 0,05 0,5 12 36 70 1
Molibdênio 7439-98-7 <4 30 50 100 120 70
Níquel 7440-02-0 13 30 70 100 130 20
Nitrato (como N) 797-55-08 - - - - - 10.000
Prata 7440-22-4 0,25 2 25 50 100 50
Selênio 7782-49-2 0,25 5 - - - 10
Vanádio 7440-62-2 275 - - - - -
Zinco 7440-66-6 60 300 450 1.000 2.000 5.000
Hidrocarbonetos aromáticos voláteis
Benzeno 71-43-2 na 0,03 0,06 0,08 0,15 5
Estireno 100-42-5 na 0,2 15 35 80 20
Etilbenzeno 100-41-4 na 6,2 35 40 95 300
Tolueno 108-88-3 na 0,14 30 30 75 700
Xilenos 1330-20-7 na 0,13 25 30 70 500
2
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos<>
Antraceno 120-12-7 na 0,039 - - - -
Benzo(a) antraceno 56-55-3 na 0,025 9 20 65 1,75
Benzo(k) fluoranteno 207-06-9 na 0,38 - - - -
Benzo(g,h,i) perileno 191-24-2 na 0,57 - - - -
Benzo(a) pireno 50-32-8 na 0,052 0.4 1,5 3,5 0,7
Criseno 218-01-9 na 8,1 - - - -
Dibenzo(a,h) antraceno 53-70-3 na 0,08 0,15 0,6 1,3 0,18
Fenantreno 85-01-8 na 3,3 15 40 95 140
lndeno(1,2,3-c,d) pireno 193-39-5 na 0,031 2 25 130 0,17
Naftaleno 91-20-3 na 0,12 30 60 90 140
229
8 Investigação e monitoramento geoambiental
Tab. 8.4 VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ESTABELECIDOS PARA O ESTADO DE
SÃO PAULO (CONTINUAÇÃO)
Benzenos clorados<2>
Clorobenzeno (Mono) 108-90-7 na 0,41 40 45 120 700
1,2-Diclorobenzeno 95-50-1 na 0,73 150 200 400 1.000
1,3-Diclorobenzeno 541-73-1 na 0,39 - - - -
1,4-Diclorobenzeno 106-46-7 na 0,39 50 70 150 300
1,2,3-Triclorobenzeno 87-61-6 na 0,01 5 15 35 (a)
1,2,4-Triclorobenzeno 120-82-1 na 0,011 7 20 40 (a)
1,3,5-Triclorobenzeno 108-70-3 na 0,5 - - - (a)
1,2,3,4-Tetraclorobenzeno 634-66-2 na 0,1 6 - - - -
1,2,3,5-Tetraclorobenzeno 634-90-2 na 0,0065 - - - -
1,2,4,5-Tetraclorobenzeno 95-94-3 na 0,01 - - - -
Hexaclorobenzeno 118-74-1 na 0,003 <3 > 0,005 0,1 1 1
Etanos clorados
1,1-Dicloroetano 75-34-2 na - 8,5 20 25 280
1,2-Dicloroetano 107-06-2 na 0,075 0,1 5 0,25 0,50 10
1,1,1-Tricloroetano 71-55-6 na - 11 11 25 280
Etenos clorados
Cloreto de vinila 75-01-4 na 0,003 0,005 0,003 0,008 5
1,1-Dicloroeteno 75-35-4 na - 5 3 8 30
1,2-Dicloroeteno - eis 156-59-2 na - 1,5 2,5 4 (b)
1,2-Dicloroeteno - trans 156-60-5 na - 4 8 11 (b)
Tricloroeteno - TCE 79-01-6 na 0,0078 7 7 22 70
Tetracloroeteno - PCE 127-18-4 na 0,054 4 5 13 40
Metanos clorados
Cloreto de metileno 75-09-2 na 0,018 4,5 9 15 20
Clorofórmio 67-66-3 na 1,75 3,5 5 8,5 200
Tetracloreto de carbono 56-23-5 na 0,17 0,5 0,7 1,3 2
Fenóis clorados
2-Clorefenol (o) 95-57-8 na 0,055 0,5 1,5 2 10,5
2 ,4-Diclorofenol 120-83-2 na 0,031 1,5 4 6 10,5
3 ,4-Diclorofenol 95-77-2 na 0,051 1 3 6 10,5
2,4,5-Triclorofenol 95-95-4 na 0,11 - - 1
- 10,5
2,4,6-Triclorofenol 88-06-2 na 1,5 3 10 20 200
2,3,4,5-Tetraclorofenol 4901-51-3 na 0,092 7 25 50 10,5
2,3,4,6-Tetraclorofenol 58-90-2 na 0,011 1 3,5 7,5 10,5
Pentaclorofenol (PCP) 87-86-5 na 0,1 6 0,35 1,3 3 9
Fenóis não clorados
Cresóis na 0,16 6 14 19 175
230
G EOTECNIA A MBIENTAL
Tab. 8.4 VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ESTABELECIDOS PARA O ESTADO DE
5ÃO PAULO (CONTINUAÇÃO)
Caracterização do percolado
Os parâmetros geralmente determinados para a caracterização do per-
colado são os mesmos mencionados para o controle de qualidade das
águas superficiais: alcalinidade, dureza, pH, fosfato, nitrogênio, sólidos
totais dissolvidos, oxigênio dissolvido, demanda química de oxigênio,
demanda bioquímica de oxigênio, cloretos, sulfatos, metais tóxicos (ferro,
zinco, cobre, níquel, cromo, cádmio, chumbo), coliformes totais e coli-
formes fecais.
234
G EOTECNIA A MBIENTAL
Quadro 8.5 CARACTERIZAÇÃO DO CHORUME DO LI XÃO DO MUNICÍPIO DE
V 1scoNDE DO R io BRANCO (MG)
PARÂM ETRO VALOR
235
8 Investigação e monitoramento geoambiental
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GEOTECNI A AMBIENTAL
Geotecnia Ambiental traz a primeira contribuição
consolidada da engenharia geotécnica brasileira às
mais contundentes questões ambientais urbanas do
momento: lixo urbano e resíduos sólidos em geral -
onde e como depositar?